Evangelho Segundo o Espiritismo

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PREFÁCIO Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos Céus, qual imenso exército que se movimenta ao receber as ordens do seu comando, espalham-se por toda a superfície da Terra e, semelhantes a estrelas cadentes, vêm iluminar os caminhos e abrir os olhos aos cegos. Eu vos digo, em verdade, que são chegados os tempos em que todas as coisas hão de ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos. As grandes vozes do Céu ressoam como sons de trombetas, e os cânticos dos anjos se lhes associam. Nós vos convidamos, a vós homens, para o divino concerto. Tomai da lira, fazei uníssonas vossas vozes, e que, num hino sagrado, elas se estendam e repercutam de um extremo a outro do Universo. Homens, irmãos a quem amamos, aqui estamos junto de vós. Amai-vos, também, uns aos outros e dizei do fundo do coração, fazendo as vontades do Pai, que está no Céu: Senhor! Senhor!... e podereis entrar no reino dos Céus. O ESPÍRITO DE VERDADE NOTA - A instrução acima, transmitida por via mediúnica, resume a um tempo o verdadeiro caráter do Espiritismo e a finalidade desta obra; por isso foi colocada aqui como prefácio. INTRODUÇÃO I - OBJETIVO DESTA OBRA Podem dividir-se em cinco partes as matérias contidas nos Evangelhos: os atos comuns da vida do Cristo; os milagres; as predições; as palavras que foram tomadas pela Igreja para fundamento de seus dogmas; e o ensino moral. As quatro primeiras têm sido objeto de controvérsias; a última, porém, conservou-se constantemente inatacável. Diante desse código divino, a própria incredulidade se curva. É terreno onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sob o qual podem todos colocar-se, quaisquer que sejam suas crenças, porquanto jamais ele constituiu matéria das disputas religiosas, que sempre e por toda a parte se originaram das questões dogmáticas. Aliás, se o discutissem, nele teriam as seitas encontrado sua própria condenação, visto que, na maioria, elas se agarram mais à parte mística do que à parte moral, que exige de cada um a reforma de si mesmo. Para os homens, em particular, constitui aquele código uma regra de proceder que abrange todas as circunstancias da vida privada e da vida pública, o principio básico de todas, as relações sociais que se fundam na mais rigorosa justiça. E, finalmente e acima de tudo, o roteiro infalível para a felicidade vindoura, o levantamento de uma ponta do véu que nos oculta a vida futura. Essa parte é a que será objeto exclusivo desta obra. Toda a gente admira a moral evangélica; todos lhe proclamam a sublimidade e a necessidade; muitos, porém, assim se pronunciam por fé, confiados no que ouviram dizer, ou firmados em certas máximas que se tornaram proverbiais. Poucos, no entanto, a conhecem a fundo e menos ainda são os que a compreendem e lhe sabem deduzir as conseqüências. A razão está, por muito, na dificuldade que apresenta o entendimento do Evangelho que, para o maior número dos seus leitores, é ininteligível. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

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  • PREFCIO

    Os Espritos do Senhor, que so as virtudes dos Cus, qual imenso exrcito que se movimenta ao receber as ordens do seu comando, espalham-se por toda a superfcie da Terra e, semelhantes a estrelas cadentes, vm iluminar os caminhos e abrir os olhos aos cegos.

    Eu vos digo, em verdade, que so chegados os tempos em que todas as coisas ho de ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos.

    As grandes vozes do Cu ressoam como sons de trombetas, e os cnticos dos anjos se lhes associam. Ns vos convidamos, a vs homens, para o divino concerto. Tomai da lira, fazei unssonas vossas vozes, e que, num hino sagrado, elas se estendam e repercutam de um extremo a outro do Universo.

    Homens, irmos a quem amamos, aqui estamos junto de vs. Amai-vos, tambm, uns aos outros e dizei do fundo do corao, fazendo as vontades do Pai, que est no Cu: Senhor! Senhor!... e podereis entrar no reino dos Cus.

    O ESPRITO DE VERDADE

    NOTA - A instruo acima, transmitida por via medinica, resume a um tempo o verdadeiro carter do Espiritismo e a finalidade desta obra; por isso foi colocada aqui como prefcio.

    INTRODUO

    I - OBJETIVO DESTA OBRA

    Podem dividir-se em cinco partes as matrias contidas nos Evangelhos: os atos comuns da vida do Cristo; os milagres; as predies; as palavras que foram tomadas pela Igreja para fundamento de seus dogmas; e o ensino moral. As quatro primeiras tm sido objeto de controvrsias; a ltima, porm, conservou-se constantemente inatacvel. Diante desse cdigo divino, a prpria incredulidade se curva. terreno onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sob o qual podem todos colocar-se, quaisquer que sejam suas crenas, porquanto jamais ele constituiu matria das disputas religiosas, que sempre e por toda a parte se originaram das questes dogmticas. Alis, se o discutissem, nele teriam as seitas encontrado sua prpria condenao, visto que, na maioria, elas se agarram mais parte mstica do que parte moral, que exige de cada um a reforma de si mesmo. Para os homens, em particular, constitui aquele cdigo uma regra de proceder que abrange todas as circunstancias da vida privada e da vida pblica, o principio bsico de todas, as relaes sociais que se fundam na mais rigorosa justia. E, finalmente e acima de tudo, o roteiro infalvel para a felicidade vindoura, o levantamento de uma ponta do vu que nos oculta a vida futura. Essa parte a que ser objeto exclusivo desta obra.

    Toda a gente admira a moral evanglica; todos lhe proclamam a sublimidade e a necessidade; muitos, porm, assim se pronunciam por f, confiados no que ouviram dizer, ou firmados em certas mximas que se tornaram proverbiais. Poucos, no entanto, a conhecem a fundo e menos ainda so os que a compreendem e lhe sabem deduzir as conseqncias. A razo est, por muito, na dificuldade que apresenta o entendimento do Evangelho que, para o maior nmero dos seus leitores, ininteligvel.

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  • A forma alegrica e o intencional misticismo da linguagem fazem que a maioria o leia por desencargo de conscincia e por dever, como lem as preces, sem as entender, isto , sem proveito. Passam-lhes despercebidos os preceitos morais, disseminados aqui e ali, intercalados na massa das narrativas. Impossvel, ento, apanhar-se-lhes o conjunto e tom-los para objeto de leitura e meditaes especiais.

    certo que tratados j se ho escrito de moral evanglica; mas, o arranjo em moderno estilo literrio lhe tira a primitiva simplicidade que, ao mesmo tempo, lhe constitui o encanto e a autenticidade. Outro tanto cabe dizer-se das mximas destacadas e reduzidas sua mais simples expresso proverbial. Desde logo, j no passam de aforismos, privados de uma parte do seu valor e interesse, pela ausncia dos acessrios e das circunstncias em que foram enunciadas.

    Para obviar a esses inconvenientes, reunimos, nesta obra, os artigos que podem compor, a bem dizer, um cdigo de moral universal, sem distino de culto. Nas citaes, conservamos o que til ao desenvolvimento da idia, pondo de lado unicamente o que se no prende ao assunto. Alm disso, respeitamos escrupulosamente a traduo de Sacy, assim como a diviso em versculos. Em vez, porm, de nos atermos a uma ordem cronolgica impossvel e sem vantagem real para o caso, grupamos e classificamos metodicamente as mximas, segundo as respectivas naturezas, de modo que decorram umas das outras, tanto quanto possvel. A indicao dos nmeros de ordem dos captulos e dos versculos permite se recorra classificao vulgar, em sendo oportuno.

    Esse, entretanto, seria um trabalho material que, por si s, apenas teria secundria utilidade. O essencial era p-lo ao alcance de todos, mediante a explicao das passagens obscuras e o desdobramento de todas as conseqncias, tendo em vista a aplicao dos ensinos a todas as condies da vida. Foi o que tentamos fazer, com a ajuda dos bons Espritos que nos assistem.

    Muitos pontos dos Evangelhos, da Bblia e dos autores sacros em geral s so ininteligveis, parecendo alguns at irracionais, por falta da chave que faculte se lhes apreenda o verdadeiro sentido. Essa chave est completa no Espiritismo, como j o puderam reconhecer os que o tm estudado seriamente e como todos, mais tarde, ainda melhor o reconhecero. O Espiritismo se nos depara por toda a parte na antigidade e nas diferentes pocas da Humanidade. Por toda a parte se lhe descobrem os vestgios: nos escritos, nas crenas e nos monumentos. Essa a razo por que, ao mesmo tempo que rasga horizontes novos para o futuro, projeta luz no menos viva sobre os mistrios do passado.

    Como complemento de cada preceito, acrescentamos algumas instrues escolhidas, dentre as que os Espritos ditaram em vrios pases e por diferentes mdiuns. Se elas fossem tiradas de uma fonte nica, houveram talvez sofrido uma influncia pessoal ou a do meio, enquanto a diversidade de origens prova que os Espritos do indistintamente seus ensinos e que ningum a esse respeito goza de qualquer privilgio. (1)

    (1) Houvramos, sem dvida, podido apresentar, sobre cada assunto, maior nmero de comunicaes obtidas numa poro de outras cidades e centros, alm das que citamos. Tivemos, porm, de evitar a monotonia das repeties inteis e limitar a nossa escolha s que, tanto pelo fundo quanto pela forma, se enquadravam melhor no

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  • plano desta obra, reservando para publicaes ulteriores as que no puderam caber aqui.

    Quanto aos mdiuns, abstivemo-nos de nome-los. Na maioria dos casos, no os designamos a pedido deles prprios e, assim sendo, no convinha fazer excees. Ao demais, os nomes dos mdiuns nenhum valor teriam acrescentado obra dos Espritos. Mencion-los mais no fora, ento, do que satisfazer ao amor prprio, coisa a que os mdiuns verdadeiramente srios nenhuma importncia ligam. Compreendem eles, que, por ser meramente passivo o papel que lhes toca, o valor das comunicaes em nada lhes exala o mrito pessoal; e que seria pueril envaidecerem-se de um trabalho de inteligncia ao qual apenas mecnico o concurso que prestam.

    Esta obra para uso de todos. Dela podem todos haurir os meios de conformar com a moral do Cristo o respectivo proceder. Aos espritas oferece aplicaes que lhes concernem de modo especial. Graas s relaes estabelecidas, doravante e permanentemente, entre os homens e o mundo invisvel, a lei evanglica, que os prprios Espritos ensinaram a todas as naes, j no ser letra morta, porque cada um a compreender e se ver incessantemente compelido a p-la em prtica, a conselho de seus guias espirituais. As instrues que promanam dos Espritos so verdadeiramente as vozes do cu que vm esclarecer os homens e convid-los prtica do Evangelho.

    II - AUTORIDADE DA DOUTRINA ESPRITA

    Controle universal do ensino dos Espritos

    Se a Doutrina Esprita fosse de concepo puramente humana, no ofereceria por penhor seno as luzes daquele que a houvesse concebido. Ora, ningum, neste mundo, poderia alimentar fundadamente a pretenso de possuir, com exclusividade, a verdade absoluta. Se os Espritos que a revelaram se houvessem manifestado a um s homem, nada lhe garantiria a origem, porquanto fora mister acreditar, sob palavra, naquele que dissesse ter recebido deles o ensino. Admitida, de sua parte, sinceridade perfeita, quando muito poderia ele convencer as pessoas de suas relaes; conseguiria sectrios, mas nunca chegaria a congregar todo o mundo.

    Quis Deus que a nova revelao chegasse aos homens por mais rpido caminho e mais autntico. Incumbiu, pois, os Espritos de lev-la de um plo a outro, manifestando-se por toda a parte, sem conferir a ningum o privilgio de lhes ouvir a palavra. Um homem pode ser ludibriado, pode enganar-se a si mesmo; j no ser assim, quando milhes de criaturas vem e ouvem a mesma coisa. Constitui isso uma garantia para cada um e para todos. Ao demais, pode fazer-se que desaparea um homem; mas no se pode fazer que desapaream as coletividades; podem queimar-se os livros, mas no se podem queimar os Espritos. Ora, queimassem-se todos os livros e a fonte da doutrina no deixaria de conservar-se inexaurvel, pela razo mesma de no estar na Terra, de surgir em todos os lugares e de poderem todos dessedentar-se nela. Faltem os homens para difundi-la: haver sempre os Espritos, cuja atuao a todos atinge e aos quais ningum pode atingir.

    So, pois, os prprios Espritos que fazem a propagao, com o auxlio dos inmeros mdiuns que, tambm eles, os Espritos, vo suscitando de todos os lados. Se tivesse havido unicamente um intrprete, por mais favorecido que fosse, o Espiritismo mal

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  • seria conhecido. Qualquer que fosse a classe a que pertencesse, tal intrprete houvera sido objeto das prevenes de muita gente e nem todas as naes o teriam aceitado, ao passo que os Espritos se comunicam em todos os pontos da Terra, a todos os povos, a todas as seitas, a todos os partidos, e todos os aceitam. O Espiritismo no tem nacionalidade e no faz parte de nenhum culto existente; nenhuma classe social o impe, visto que qualquer pessoa pode receber instrues de seus parentes e amigos de alm-tmulo. Cumpre seja assim, para que ele possa conduzir todos os homens fraternidade. Se no se mantivesse em terreno neutro, alimentaria as dissenses, em vez de apazigu-las.

    Nessa universalidade do ensino dos Espritos reside a fora do Espiritismo e, tambm, a causa de sua to rpida propagao. Enquanto a palavra de um s homem, mesmo com o concurso da imprensa, levaria sculos para chegar ao conhecimento de todos, milhares de vozes se fazem ouvir simultaneamente em todos os recantos do planeta, proclamando os mesmos princpios e transmitindo-os aos mais ignorantes, como aos mais doutos, a fim de que no haja deserdados. uma vantagem de que no gozara ainda nenhuma das doutrinas surgidas at hoje. Se o Espiritismo, portanto, uma verdade, no teme o malquerer dos homens, nem as revolues morais, nem as subverses fsicas do globo, porque nada disso pode atingir os Espritos.

    No essa, porm, a nica vantagem que lhe decorre da sua excepcional posio. Ela lhe faculta inatacvel garantia contra todos os cismas que pudessem provir, seja da ambio de alguns, seja das contradies de certos Espritos. Tais contradies, no h negar, so um escolho; mas que traz consigo o remdio, ao lado do mal.

    Sabe-se que os Espritos, em virtude da diferena entre as suas capacidades, longe se acham de estar, individualmente considerados, na posse de toda a verdade; que nem a todos dado penetrar certos mistrios; que o saber de cada um deles proporcional sua depurao; que os Espritos vulgares mais no sabem do que muitos homens; que entre eles, como entre estes, h presunosos e sofmanos, que julgam saber o que ignoram; sistemticos, que tomam por verdades as suas idias; enfim, que s os Espritos da categoria mais elevada, os que j esto completamente desmaterializados, se encontram despidos das idias e preconceitos terrenos; mas, tambm sabido que os Espritos enganadores no escrupulizam em tomar nomes que lhes no pertencem, para impingirem suas utopias. Da resulta que, com relao a tudo o que seja fora do mbito do ensino exclusivamente moral, as revelaes que cada um possa receber tero carter individual, sem cunho de autenticidade; que devem ser consideradas opinies pessoais de tal ou qual Esprito e que imprudente fora aceit-las e propag-las levianamente como verdades absolutas.

    O primeiro exame comprobativo , pois, sem contradita, o da razo, ao qual cumpre se submeta, sem exceo, tudo o que venha dos Espritos. Toda teoria em manifesta contradio com o bom senso, com uma lgica rigorosa e com os dados positivos j adquiridos, deve ser rejeitada, por mais respeitvel que seja o nome que traga como assinatura. Incompleto, porm, ficar esse exame em muitos casos, por efeito da falta de luzes de certas pessoas e das tendncias de no poucas a tomar as prprias opinies como juizes nicos da verdade. Assim sendo, que ho de fazer aqueles que no depositam confiana absoluta em si mesmos? Buscar o parecer da maioria e tomar por guia a opinio desta. De tal modo que se deve proceder em face do que digam os Espritos, que so os primeiros a nos fornecer os meios de consegui-lo.

    A concordncia no que ensinem os Espritos , pois, a melhor comprovao. Importa, no entanto, que ela se d em determinadas condies. A mais fraca de todas ocorre

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  • quando um mdium, a ss, interroga muitos Espritos acerca de um ponto duvidoso. evidente que, se ele estiver sob o imprio de uma obsesso, ou lidando com um Esprito mistificador, este lhe pode dizer a mesma coisa sob diferentes nomes. Tampouco garantia alguma suficiente haver na conformidade que apresente o que se possa obter por diversos mdiuns, num mesmo centro, porque podem estar todos sob a mesma influncia.

    Uma s garantia sria existe para o ensino dos Espritos: a concordncia que haja entre as revelaes que eles faam espontaneamente, servindo-se de grande nmero de mdiuns estranhos uns aos outros e em vrios lugares.

    V-se bem que no se trata aqui das comunicaes referentes a interesses secundrios, mas do que respeita aos princpios mesmos da doutrina. Prova a experincia que, quando um principio novo tem de ser enunciado, isso se d espontaneamente em diversos pontos ao mesmo tempo e de modo idntico, seno quanto forma, quanto ao fundo.

    Se, portanto, aprouver a um Esprito formular um sistema excntrico, baseado unicamente nas suas idias e com excluso da verdade, pode ter-se a certeza de que tal sistema conservar-se- circunscrito e cair, diante das instrues dadas de todas as partes, conforme os mltiplos exemplos que j se conhecem. Foi essa unanimidade que ps por terra todos os sistemas parciais que surgiram na origem do Espiritismo, quando cada um explicava sua maneira os fenmenos, e antes que se conhecessem as leis que regem as relaes entre o mundo visvel e o mundo invisvel.

    Essa a base em que nos apoiamos, quando formulamos um principio da doutrina. No porque esteja de acordo com as nossas idias que o temos por verdadeiro. No nos arvoramos, absolutamente, em rbitro supremo da verdade e a ningum dizemos: "Crede em tal coisa, porque somos ns que vo-lo dizemos." A nossa opinio no passa, aos nossos prprios olhos, de uma opinio pessoal, que pode ser verdadeira ou falsa, visto no nos considerarmos mais infalvel do que qualquer outro. Tambm no porque um principio nos foi ensinado que, para ns, ele exprime a verdade, mas porque recebeu a sano da concordncia. Na posio em que nos encontramos, a receber comunicaes de perto de mil centros espritas srios, disseminados pelos mais diversos pontos da Terra, achamo-nos em condies de observar sobre que principio se estabelece a concordncia. Essa observao que nos tem guiado at hoje e a que nos guiar em novos campos que o Espiritismo ter de explorar. Porque, estudando atentamente as comunicaes vindas tanto da Frana como do estrangeiro, reconhecemos, pela natureza toda especial das revelaes, que ele tende a entrar por um novo caminho e que lhe chegou o momento de dar um passo para diante. Essas revelaes, feitas muitas vezes com palavras veladas, ho freqentemente passado despercebidas a muitos dos que as obtiveram. Outros julgaram-se os nicos a possui-las. Tomadas insuladamente, elas, para ns, nenhum valor teriam; somente a coincidncia lhes imprime gravidade. Depois, chegado o momento de serem entregues publicidade, cada um se lembrar de haver obtido instrues no mesmo sentido. Esse movimento geral, que observamos e estudamos, com a assistncia dos nossos guias espirituais, que nos auxilia a julgar da oportunidade de fazermos ou no alguma coisa.

    Essa verificao universal constitui uma garantia para a unidade futura do Espiritismo e anular todas as teorias contraditrias. A que, no porvir, se encontrar o critrio da verdade. O que deu lugar ao xito da doutrina exposta em O Livro dos Espritos e em O Livro dos Mdiuns foi que em toda a parte todos receberam diretamente dos

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  • Espritos a confirmao do que esses livros contm. Se de todos os lados tivessem vindo os Espritos contradiz-la, j de h muito haveriam aquelas obras experimentado a sorte de todas as concepes fantsticas. Nem mesmo o apoio da imprensa as salvaria do naufrgio, ao passo que, privadas como se viram desse apoio, no deixaram elas de abrir caminho e de avanar celeremente. E que tiveram o dos Espritos, cuja boa vontade no s compensou, como tambm sobrepujou o malquerer dos homens. Assim suceder a todas as idias que, emanando quer dos Espritos, quer dos homens, no possam suportar a prova desse confronto, cuja fora a ningum lcito contestar.

    Suponhamos praza a alguns Espritos ditar, sob qualquer ttulo, um livro em sentido contrrio; suponhamos mesmo que, com inteno hostil, objetivando desacreditar a doutrina, a malevolncia suscitasse comunicaes apcrifas; que influncia poderiam exercer tais escritos, desde que de todos os lados os desmentissem os Espritos? E com a adeso destes que se deve garantir aquele que queira lanar, em seu nome, um sistema qualquer. Do sistema de um s ao de todos, medeia a distancia que vai da unidade ao infinito. Que podero conseguir os argumentos dos detratores, sobre a opinio das massas, quando milhes de vozes amigas, provindas do Espao, se faam ouvir em todos os recantos do Universo e no seio das famlias, a infirm-los? A esse respeito j no foi a teoria confirmada pela experincia? Que feito das inmeras publicaes que traziam a pretenso de arrasar o Espiritismo? Qual a que, sequer, lhe retardou a marcha? At agora, no se considera a questo desse ponto de vista, sem contestao um dos mais graves. Cada um contou consigo, sem contar com os Espritos.

    O princpio da concordncia tambm uma garantia contra as alteraes que poderiam sujeitar o Espiritismo s seitas que se propusessem apoderar-se dele em proveito prprio e acomod-lo a vontade. Quem quer que tentasse desvi-lo do seu providencial objetivo, malsucedido se veria, pela razo muito simples de que os Espritos, em virtude da universalidade de seus ensinos, faro cair por terra qualquer modificao que se divorcie da verdade.

    De tudo isso ressalta uma verdade capital: a de que aquele que quisesse opor-se corrente de idias estabelecida e sancionada poderia, certo, causar uma pequena perturbao local e momentnea; nunca, porm, dominar o conjunto, mesmo no presente, nem, ainda menos, no futuro.

    Tambm ressalta que as instrues dadas pelos Espritos sobre os pontos ainda no elucidados da Doutrina no constituiro lei, enquanto essas instrues permanecerem insuladas; que elas no devem, por conseguinte, ser aceitas seno sob todas as reservas e a ttulo de esclarecimento.

    Da a necessidade da maior prudncia em dar-lhes publicidade; e, caso se julgue conveniente public-las, importa no as apresentar seno como opinies individuais, mais ou menos provveis, porm, carecendo sempre de confirmao. Essa confirmao que se precisa aguardar, antes de apresentar um princpio como verdade absoluta, a menos se queira ser acusado de leviandade ou de credulidade irrefletida.

    Com extrema sabedoria procedem os Espritos superiores em suas revelaes. No atacam as grandes questes da Doutrina seno gradualmente, medida que a inteligncia se mostra apta a compreender verdade de ordem mais elevada e quando as circunstncias se revelam propicias emisso de uma idia nova. Por isso que logo de principio no disseram tudo, e tudo ainda hoje no disseram, jamais cedendo

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  • impacincia dos muito afoitos, que querem os frutos antes de estarem maduros. Fora, pois, suprfluo pretender adiantar-se ao tempo que a Providncia assinou para cada coisa, porque, ento, os Espritos verdadeiramente srios negariam o seu concurso. Os Espritos levianos, pouco se preocupando com a verdade, a tudo respondem; da vem que, sobre todas as questes prematuras, h sempre respostas contraditrias.

    Os princpios acima no resultam de uma teoria pessoal: so conseqncia forada das condies em que os Espritos se manifestam. E evidente que, se um Esprito diz uma coisa de um lado, enquanto milhes de outros dizem o contrrio algures, a presuno de verdade no pode estar com aquele que o nico ou quase o nico de tal parecer. Ora, pretender algum ter razo contra todos seria to ilgico da parte dos Espritos, quanto da parte dos homens. Os Espritos verdadeiramente ponderados, se no se sentem suficientemente esclarecidos sobre uma questo, nunca a resolvem de modo absoluto; declaram que apenas a tratam do seu ponto de vista e aconselham que se aguarde a confirmao.

    Por grande, bela e justa que seja uma idia, impossvel que desde o primeiro momento congregue todas as opinies. Os conflitos que da decorrem so conseqncia inevitvel do movimento que se opera; eles so mesmo necessrios para maior realce da verdade e convm se produzam desde logo, para que as idias falsas prontamente sejam postas de lado. Os espritas que a esse respeito alimentassem qualquer temor podem ficar perfeitamente tranqilos: todas as pretenses insuladas cairo, pela fora mesma das coisas, diante do enorme e poderoso critrio da concordncia universal.

    No ser opinio de um homem que se aliaro os outros, mas voz unnime dos Espritos; no ser um homem, nem ns, nem qualquer outro que fundar a ortodoxia esprita; tampouco ser um Esprito que se venha impor a quem quer que seja: ser a universalidade dos Espritos que se comunicam em toda a Terra, por ordem e eus. Esse o carter essencial da Doutrina Esprita; essa a sua fora, a sua autoridade. Quis Deus que a sua lei assentasse em base inamovvel e por isso no lhe deu por fundamento a cabea frgil de um s.

    Diante de to poderoso arepago, onde no se conhecem corrilhos, nem rivalidades ciosas, nem seitas, nem naes, que viro quebrar-se todas as oposies, todas as ambies, todas as pretenses supremacia individual; que nos quebraramos ns mesmos, se quisssemos substituir os seus decretos soberanos pelas nossas prprias idias. S Ele decidir todas as questes litigiosas, impor silncio s dissidncias e dar razo a quem a tenha. Diante desse imponente acordo de todas as vozes do Cu, que pode a opinio de um homem ou de um Esprito? menos do que a gota d'gua que se perde no oceano, menos do que a voz da criana que a tempestade abafa.

    A opinio universal, eis o juiz supremo, o que se pronuncia em ltima instncia. Formam-na todas as opinies individuais. Se uma destas verdadeira, apenas tem na balana o seu peso relativo. Se falsa, no pode prevalecer sobre todas as demais. Nesse imenso concurso, as individualidades se apagam, o que constitui novo insucesso para o orgulho humano.

    J se desenha o harmonioso conjunto. Este sculo no passar sem que ele resplandea em todo o seu brilho, de modo a dissipar todas as incertezas, porquanto daqui at l potentes vozes tero recebido a misso de se fazerem ouvir, para congregar os homens sob a mesma bandeira, uma vez que o campo se ache suficientemente lavrado. Enquanto isso se no d, aquele que flutue entre dois

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  • sistemas opostos pode observar em que sentido se forma a opinio geral; essa ser a indicao certa do sentido em que se pronuncia a maioria dos Espritos, nos diversos pontos em que se comunicam, e um sinal no menos certo de qual dos dois sistemas prevalecer.

    III - NOTCIAS HISTRICAS

    Para bem se compreenderem algumas passagens dos Evangelhos, necessrio se faz conhecer o valor de muitas palavras neles freqentemente empregadas e que caracterizam o estado dos costumes e da sociedade judia naquela poca. J no tendo para ns o mesmo sentido, essas palavras foram com freqncia mal-interpretadas, causando isso uma espcie de incerteza. A inteligncia da significao delas explica, ao demais, o verdadeiro sentido de certas mximas que, primeira vista, parecem singulares.

    Escribas. - Nome dado, a princpio, aos secretrios dos reis de Jud e a certos intendentes dos exrcitos judeus. Mais tarde, foi aplicado especialmente aos doutores que ensinavam a lei de Moiss e a interpretavam para o povo. Faziam causa comum com os fariseus, de cujos princpios partilhavam, bem como da antipatia que aqueles votavam aos inovadores. Da o envolv-los Jesus na reprovao que lanava aos fariseus.

    Essnios ou esseus. - Tambm seita judia fundada cerca do ano 150 antes de Jesus Cristo, ao tempo dos macabeus, e cujos membros, habitando uma espcie de mosteiros, formavam entre si uma como associao moral e religiosa. Distinguiam-se pelos costumes brandos e por austeras virtudes, ensinavam o amor a Deus e ao prximo, a imortalidade da alma e acreditavam na ressurreio. Viviam em celibato, condenavam a escravido e a guerra, punham em comunho os seus bens e se entregavam agricultura. Contrrios aos saduceus sensuais, que negavam a imortalidade; aos fariseus de rgidas prticas exteriores e de virtudes apenas aparentes, nunca os essnios tomaram parte nas querelas que tornaram antagonistas aquelas duas outras seitas. Pelo gnero de vida que levavam, assemelhavam-se muito aos primeiros cristos, e os princpios da moral que professavam induziram muitas pessoas a supor que Jesus, antes de dar comeo sua misso pblica, lhes pertencera comunidade. E certo que ele h de t-la conhecido, mas nada prova que se lhe houvesse filiado, sendo, pois, hipottico tudo quanto a esse respeito se escreveu. (1)

    (1) A morte de Jesus, supostamente escrita por um essnio, obra inteiramente apcrifa, cujo nico fim foi servir de apoio a uma opinio. Ela traz em si mesma a prova de sua origem moderna.

    Fariseus (do hebreu parush, diviso, separao). - A tradio constitua parte importante da teologia dos judeus. Consistia numa compilao das interpretaes sucessivamente dadas ao sentido das Escrituras e tomadas artigos de dogma. Constitua, entre os doutores, assunto de discusses interminveis, as mais das vezes sobre simples questes de palavras ou de formas, no gnero das disputas teolgicas e das sutilezas da escolstica da Idade Mdia. Da nasceram diferentes seitas, cada uma das quais pretendia ter o monoplio da verdade, detestando-se umas s outras, como si acontecer.

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  • Entre essas seitas, a mais influente era a dos fariseus, que teve por chefe Hillel (2), doutor judeu nascido na Babilnia, fundador de uma escola clebre, onde se ensinava que s se devia depositar f nas Escrituras. Sua origem remonta a 180 ou 200 anos antes de Jesus Cristo. Os fariseus, em diversas pocas, foram perseguidos, especialmente sob Hircano -soberano pontfice e rei dos judeus -, Aristbulo e Alexandre, rei da Sria. Este ltimo, porm, lhes deferiu honras e restituiu os bens, de sorte que eles readquiriram o antigo poderio e o conservaram at runa de Jerusalm, no ano 70 da era crist, poca em que se lhes apagou o nome, em conseqncia da disperso dos judeus.

    (2) No confundir esse Hillel que fundou a seita dos fariseus com o seu homnimo que viveu duzentos anos mais tarde e estabeleceu os princpios religiosos e sociais de um sistema todo de tolerncia e amor, sistema hoje conhecido por Hilelismo. - A Editora da FEB, 1947.

    Tomavam parte ativa nas controvrsias religiosas. Servis cumpridores das prticas exteriores do culto e das cerimnias; cheios de um zelo ardente de proselitismo, inimigos dos inovadores, afetavam grande severidade de princpios; mas, sob as aparncias de meticulosa devoo, ocultavam costumes dissolutos, muito orgulho e, acima de tudo, excessiva nsia de dominao. Tinham a religio mais como meio de chegarem a seus fins, do que como objeto de f sincera. Da virtude nada possuam, alm das exterioridade e da ostentao; entretanto, por umas e outras, exerciam grande influncia sobre o povo, a cujos olhos passavam por santas criaturas. Da o serem muito poderosos em Jerusalm.

    Acreditavam, ou, pelo menos, fingiam acreditar na Providncia, na imortalidade da alma, na eternidade das penas e na ressurreio dos mortos. (Cap. IV, n. 4.) Jesus, que prezava, sobretudo, a simplicidade e as qualidades da alma, que, na lei, preferia o esprito, que vivifica, a' letra, que mata, se aplicou, durante toda a sua misso, a lhes desmascarar a hipocrisia, pelo que tinha neles encarniados inimigos. Essa a razo por que se ligaram aos prncipes dos sacerdotes para amotinar contra ele o povo e elimin-lo.

    Nazarenos. - Nome dado, na antiga lei, aos judeus que faziam voto, ou perptuo ou temporrio, de guardar perfeita pureza. Eles se comprometiam a observar a castidade, a abster-se de bebidas alcolicas e a conservar a cabeleira. Sanso, Samuel e Joo Batista eram nazarenos.

    Mais tarde, os judeus deram esse nome aos primeiros cristos, por aluso a Jesus de Nazar.

    Tambm foi essa a denominao de uma seita hertica dos primeiros sculos da era crist, a qual, do mesmo modo que os ebionitas, de quem adotava certos princpios, misturava as prticas do moisasmo com os dogmas cristos, seita essa que desapareceu no sculo quarto.

    Portageiros. - Eram os arrecadadores de baixa categoria, incumbidos principalmente da cobrana dos direitos de entrada nas cidades. Suas funes correspondiam mais ou menos dos empregados de alfndega e recebedores dos direitos de barreira.

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  • Compartilhavam da repulsa que pesava sobre os publicanos em geral. Essa a razo por que, no Evangelho, se depara freqentemente com a palavra publicano ao lado da expresso gente de m vida. Tal qualificao no implicava a de debochados ou vagabundos. Era um termo de desprezo, sinnimo de gente de m companhia, gente indigna de conviver com pessoas distintas.

    Publicanos. - Eram assim chamados, na antiga Roma, os cavalheiros arrendatrios das taxas pblicas, incumbidos da cobrana dos impostos e das rendas de toda espcie, quer em Roma mesma, quer nas outras partes do Imprio. Eram como os arrendatrios gerais e arrematadores de taxas do antigo regmen na Frana e que ainda existem nalgumas legies. Os riscos a que estavam sujeitos faziam que os olhos se fechassem para as riquezas que muitas vezes adquiriam e que, da parte de alguns, eram frutos de exaes e de lucros escandalosos. O nome de publicano se estendeu mais tarde a todos os que superintendiam os dinheiros pblicos e aos agentes subalternos. Hoje esse termo se emprega em sentido pejorativo, para designar os financistas e os agentes pouco escrupulosos de negcios. Diz-se por vezes: "vido como um publicano, rico como um publicano", com referncia a riquezas de mau quilate.

    De toda a dominao romana, o imposto foi o que os judeus mais dificilmente aceitaram e o que mais irritao causou entre eles. Dai nasceram vrias revoltas, fazendo-se do caso uma questo religiosa, por ser considerada contrria Lei. Constituiu-se, mesmo, um partido poderoso, a cuja frente se ps um certo Jud, apelidado o Gaulonita, tendo por principio o no pagamento do imposto, Os judeus, pois, abominavam a este e, como conseqncia, a todos os que eram encarregados de arrecad-lo, donde a averso que votavam aos publicanos de todas as categorias, entre os quais podiam encontrar-se pessoas muito estimveis, mas que, em virtude das suas funes, eram desprezadas, assim como os que com elas mantinham relaes, os quais se viam atingidos pela mesma reprovao. Os judeus de destaque consideravam um comprometimento ter com eles intimidade.

    Saduceus. - Seita judia, que se formou por volta do ano 248 antes de Jesus-Cristo e cujo nome lhe veio do de Sadoc, seu fundador. No criam na imortalidade, nem na ressurreio, nem nos anjos bons e maus.

    Entretanto, criam em Deus; nada, porm, esperando aps a morte, s o serviam tendo em vista recompensas temporais, ao que, segundo eles, se limitava a providncia divina. Assim pensando, tinham a satisfao dos sentidos tsicos por objetivo essencial da vida. Quanto s Escrituras, atinham-se ao texto da lei antiga. No admitiam a tradio, nem interpretaes quaisquer. Colocavam as boas obras e a observncia pura e simples da Lei acima das prticas exteriores do culto. Eram, como se v, os materialistas, os destas e os sensualistas da poca. Seita pouco numerosa, mas que contava em seu seio importantes personagens e se tornou um partido poltico oposto constantemente aos fariseus.

    Samaritanos. - Aps o cisma das dez tribos, Samaria se constituiu a capital do reino dissidente de Israel. Destruda e reconstruda vrias vezes, tomou-se, sob os romanos, a cabea da Samaria, uma das quatro divises da Palestina. Herodes, chamado o Grande, a embelezou de suntuosos monumentos e, para lisonjear Augusto, lhe deu o nome de Augusta, em grego Sebaste.

    Os samaritanos estiveram quase constantemente em guerra com os reis de Jud. Averso profunda, datando da poca da separao, perpetuou-se entre os dois povos,

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  • que evitavam todas as relaes recprocas. Aqueles, para tornarem maior a ciso e no terem de vir a Jerusalm pela celebrao das festas religiosas, construram para si um templo particular e adotaram algumas reformas. Somente admitiam o Pentateuco, que continha a lei de Moiss, e rejeitavam todos os outros livros que a esse foram posteriormente anexados. Seus livros sagrados eram escritos em caracteres hebraicos da mais alta antigidade. Para os judeus ortodoxos, eles eram herticos e, portanto, desprezados, anatematizados e perseguidos. antagonismo das duas naes tinha, pois, por fundamento nico a divergncia das opinies religiosas; se bem fosse a mesma a origem das crenas de uma e outra. Eram os protestantes desse tempo.

    Ainda hoje se encontram samaritanos em algumas regies do Levante, particularmente em Nablus e em Jafa. Observam a lei de Moiss com mais rigor que os outros judeus e s entre si contraem alianas.

    Sinagoga (do grego synagog, assemblia, congregao). - Um nico templo havia na Judia, o de Salomo, em Jerusalm, onde se celebravam as grandes cerimnias do culto. Os judeus, todos os anos, l iam em peregrinao para as festas principais, como as da Pscoa, da Dedicao e dos Tabernculos. Por ocasio dessas festas que Jesus tambm costumava ir l. As outras cidades no possuam templos, mas, apenas, sinagogas: edifcios onde os judeus se reuniam aos sbados, para fazer preces pblicas, sob a chefia dos ancies, dos escribas, ou doutores da Lei. Nelas tambm se realizavam leituras dos livros sagrados, seguidas de explicaes e comentrios, atividades das quais qualquer pessoa podia participar. Por isso que Jesus, sem ser sacerdote, ensinava aos sbados nas sinagogas.

    Desde a runa de Jerusalm e a disperso dos judeus, as sinagogas, nas cidades por eles habitadas, servem-lhes de templos para a celebrao do culto.

    Terapeutas (do grego therapeutai, formado de therapeuein, servir, cuidar, isto : servidores de Deus, ou curadores). - Eram sectrios judeus contemporneos do Cristo, estabelecidos principalmente em Alexandria, no Egito. Tinham muita relao com os essnios, cujos princpios adotavam, aplicando-se, como esses ltimos, prtica de todas as virtudes. Eram de extrema frugalidade na alimentao. Tambm celibatrios, votados contemplao e vivendo vida solitria, constituam uma verdadeira ordem religiosa. Flon, filsofo judeu platnico, de Alexandria, foi o primeiro a falar dos terapeutas, considerando-os uma seita do judasmo. Eusbio, S. Jernimo e outros Pais da Igreja pensam que eles eram cristos. Fossem tais, ou fossem judeus, o que evidente que, do mesmo modo que os essnios, eles representam o trao de unio entre o Judasmo e o Cristianismo.

    IV - SCRATES E PLATO, PRECURSORES DA IDIA CRIST E DO ESPIRITISMO

    Do fato de haver Jesus conhecido a seita dos essnios, fora errneo concluir-se que a sua doutrina hauriu-a ele na dessa seita e que, se houvera vivido noutro meio, teria professado outros princpios. As grandes idias jamais irrompem de sbito. As que assentam sobre a verdade sempre tm precursores que lhes preparam parcialmente os caminhos. Depois, em chegando o tempo, envia Deus um homem com a misso de resumir, coordenar e completar os elementos esparsos, de reuni-los em corpo de doutrina. Desse modo, no surgindo bruscamente, a idia, ao aparecer, encontra espritos dispostos a aceit-la. Tal o que se deu com a idia crist, que foi pressentida muitos sculos antes de Jesus e dos essnios, tendo por principais precursores Scrates e Plato.

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  • Scrates, como o Cristo, nada escreveu, ou, pelo menos, nenhum escrito deixou. Como o Cristo, teve a morte dos criminosos, vtima do fanatismo, por haver atacado as crenas que encontrara e colocado a virtude real acima da hipocrisia e do simulacro das formas; por haver, numa palavra, combatido os preconceitos religiosos. Do mesmo modo que Jesus, a quem os fariseus acusavam de estar corrompendo o povo com os ensinamentos que lhe ministrava, tambm ele foi acusado, pelos fariseus do seu tempo, visto que sempre os houve em todas as pocas, por proclamar o dogma da unidade de Deus, da imortalidade da alma e da vida futura. Assim como a doutrina de Jesus s a conhecemos pelo que escreveram seus discpulos, da de Scrates s temos conhecimento pelos escritos de seu discpulo Plato. Julgamos conveniente resumir aqui os pontos de maior relevo, para mostrar a concordncia deles com os princpios do Cristianismo. Aos que considerarem esse paralelo uma profanao e pretendam que no pode haver paridade entre a doutrina de um pago e a do Cristo, diremos que no era pag a de Scrates, pois que objetivava combater o paganismo; que a de Jesus, mais completa e mais depurada do que

    aquela, nada tem que perder com a comparao; que a grandeza da misso divina do Cristo no pode ser diminuda; que, ao demais, trata-se de um fato da Histria, que a ningum ser possvel apagar. O homem h chegado a um ponto em que a luz emerge por si mesma de sob o alqueire. Ele se acha maduro bastante para encar-la de frente; tanto pior para os que no ousem abrir os olhos. Chegou o tempo de se considerarem as coisas de modo amplo e elevado, no mais do ponto de vista mesquinho e acanhado dos interesses de seitas e de castas.

    Alm disso, estas citaes provaro que, se Scrates e Plato pressentiram a idia crist, em seus escritos tambm se nos deparam os princpios fundamentais do Espiritismo.

    Resumo da doutrina de Scrates e de Plato

    I. O homem uma alma encarnada. Antes da sua encarnao, existia unida aos tipos primordiais, s idias do verdadeiro, do bem e do belo; separa-se deles, encarnando, e, recordando o seu passado, mais ou menos atormentada pelo desejo de voltar a ele.

    No se pode enunciar mais claramente a distino e independncia entre o princpio inteligente e o princpio material. E, alm disso, a doutrina da preexistncia da alma; da vaga intuio que ela guarda de um outro mundo, a que aspira; da sua sobrevivncia ao corpo; da sua sada do mundo espiritual, para encarnar, e da sua volta a esse mesmo mundo, aps a morte. , finalmente, o grmen da doutrina dos Anjos decados.

    1I.A alma se transvia e perturba, quando se serve do corpo para considerar qualquer objeto; tem vertigem, como se estivesse bria, porque se prende a coisas que esto, por sua natureza, sujeitas a mudanas; ao passo que, quando contempla a sua prpria essncia, dirige-se para o que puro, eterno, imortal, e, sendo ela desta natureza, permanece a ligada, por tanto tempo quanto passa. Cessam ento os seus transviamentos, pois que est unida ao que imutvel e a esse estado da alma que se chama sabedoria.

    Assim, ilude-se a si mesmo o homem que considera as coisas de modo terra-a-terra, do ponto de vista material. Para as apreciar com justeza, tem de as ver do alto, isto , do ponto de vista espiritual. Aquele, pois, que est de posse da verdadeira sabedoria,

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  • tem de isolar do corpo a alma, para ver com os olhos do Esprito. E o que ensina o Espiritismo. (Cap. II, n 5.)

    III. Enquanto tivermos o nosso corpo e a alma se achar mergulhado nessa corrupo, nunca possuiremos o objeto dos nossos desejos: a verdade. Com efeito, o corpo nos suscita mil obstculos pela necessidade em que nas achamos de cuidar dele. Ao demais, ele nos enche de desejos, de apetites, de temores, de mil quimeras e de mil tolices, de maneira que, com ele, impossvel se nos torna ser ajuizados, sequer por um instante. Mas, se no nos possvel conhecer puramente coisa alguma, enquanto a alma nos est ligada ao corpo, de duas uma: ou jamais conheceremos a verdade, ou s a conheceremos aps a morte. Libertos da loucura do corpo, conversaremos ento, lcito esper-lo, com homens igualmente libertos e conheceremos, por ns mesmos, a essncia das coisas. Essa a razo por que os verdadeiros filsofos se exercitam em morrer e a morte no se lhes afigura, de modo nenhum, temvel.

    Est ai o princpio das faculdades da alma obscurecidas por motivo dos rgos corporais e o da expanso dessas faculdades depois da morte. Mas trata-se apenas de almas j depuradas; o mesmo no se d com as almas impuras. (O Cu e o Inferno, 1 Parte, cap. II; 2 Parte, cap. I.)

    IV. A alma impura, nesse estado, se encontra oprimida e se v de novo arrastado para o mundo visvel, pelo horror do que invisvel e imaterial. Erra, ento, diz-se, em torno dos monumentos e dos tmulos, junto aos quais j se tm visto tenebrosos fantasmas, quais devem ser as imagens das almas que deixaram o corpo sem estarem ainda inteiramente puras, que ainda conservam alguma coisa do forma material, o que faz que a vista humana possa perceb-las. No so as almas dos bons; silo, porm, as dos maus, que se vem foradas a vagar por esses lugares, onde arrastam consigo a pena do primeira vida que tiveram e onde continuam a vagar at que os apetites inerentes forma material de que se revestiram as reconduzam a um corpo.

    Ento, sem dvida, retomam os mesmos costumes que durante a primeira vida constituam objeto de suas predilees.

    No somente o princpio da reencarnao se acha ai claramente expresso, mas tambm o estado das almas que se mantm sob o jugo da matria descrito qual o mostra o Espiritismo nas evocaes. Mais ainda: no tpico acima se diz que a reencarnao num corpo material conseqncia da impureza da alma, enquanto as almas purificadas se encontram isentas de reencarnar. Outra coisa no diz o Espiritismo, acrescentando apenas que a alma? que boas resolues tomou na erraticidade e que possui conhecimentos adquiridos, traz, ao renascer, menos defeitos, mais virtudes e idias intuitivas do que tinha na sua existncia precedente. Assim, cada existncia lhe marca um progresso intelectual e moral. (O Cu e o Inferno, 2. Parte: Exemplos.)

    V. Aps a nossa morte, o gnio (daimon, demnio), que nos fora designado durante a vida, leva-nos a um lugar onde se renem todos os que tm de ser conduzidas ao Hades, para serem julgados. As almas, depois de haverem estado no Hades o tempo necessrio, so reconduzidas a esta vida em mltiplos e longos perodos.

    a doutrina dos Anjos guardies, ou Espritos protetores, e das reencarnaes sucessivas, em seguida a intervalos mais ou menos longos de erraticidade.

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  • VI. Os demnios ocupam o espao que separa o cu da Terra; constituem o lao que une o Grande Todo a si mesmo. No entrando nunca a divindade em comunicao direta com o homem, por intermdio dos demnios que os deuses entram em comrcio e se entretm com ele, quer durante a viglia, quer durante o sono.

    A palavra daimon, da qual fizeram o termo demnio, no era, na antigidade, tomada m parte, como nos tempos modernos. No designava exclusivamente seres malfazejos, mas todos os Espritos, em geral, dentre os quais se destacavam os Espritos superiores, chamados deuses, e os menos elevados, ou demnios propriamente ditos, que comunicavam diretamente com os homens. Tambm o Espiritismo diz que os Espritos povoam o espao; que

    Deus s se comunica com os homens por intermdio dos Espritos puros, que so os incumbidos de lhe transmitir as vontades; que os Espritos se comunicam com eles durante a viglia e durante o sono. Ponde, em lugar da palavra demnio, a palavra Esprito e tereis a doutrina esprita; ponde a palavra anjo e tereis a doutrina crist.

    VII. A preocupao constante do filsofo (tal como o compreendiam Scrates e Plato) , a de tomar o maior cuidado com a alma, menos pelo que respeita a esta vida, que no dura mais que um instante, do que tendo em vista a eternidade. Desde que a alma , imortal, no ser prudente viver visando a eternidade?

    O Cristianismo e o Espiritismo ensinam a mesma coisa.

    VIII. Se a alma imaterial, tem de passar, aps essa vida, a um mundo igualmente invisvel e imaterial, do mesmo modo que o corpo, decompondo-se, volta matria, Muito importa, no entanto, distinguir bem a alma pura, verdadeiramente imaterial, que se alimente, como Deus, de cincia e pensamentos, da alma mais ou menos maculada de impurezas materiais, que a impedem de elevar-se para o divino e a retm nos lugares da sua estada na Terra.

    Scrates e Plato, como se v, compreendiam perfeitamente os diferentes graus de desmaterializao da alma. Insistem na diversidade de situao que resulta para elas da sua maior ou menor pureza. O que eles diziam, por intuio, o Espiritismo o prova com os inmeros exemplos que nos pe sob as vistas. (O Cu e o Inferno, 2 Parte.)

    IX. Se a morte fosse a dissoluo completa do homem, muito ganhariam com a morte os maus, pois se veriam livres, ao mesmo tempo, do corpo, da alma e dos vcios. Aquele que guarnecer a alma, no de ornatos estranhos, mas com os que lhe so prprios, s esse poder aguardar tranqilamente a hora da sua partida para o outro mundo.

    Eqivale isso a dizer que o materialismo, com o proclamar para depois da morte o nada, anula toda responsabilidade moral ulterior, sendo, conseguintemente, um incentivo para o mal; que o mau tem tudo a ganhar do nada. Somente o homem que se despojou dos vcios e se enriqueceu de virtudes, pode esperar com tranqilidade o despertar na outra vida. Por meio de exemplos, que todos os dias nos apresenta, o Espiritismo mostra quo penoso , para o mau, o passar desta outra vida, a entrada na vida futura. (O Cu e o Inferno, 2 Parte, cap. 1.)

    X. O corpo conserva bem impressos os vestgios dos cuidados de que foi objeto e dos acidentes que sofreu. D-se o mesmo com a alma. Quando despida do corpo, ela guarda, evidentes, os traos do seu carter, de suas afeies e as marcas que lhe

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  • deixaram todos os atos de sua visa. Assim, a maior desgraa que pode acontecer ao homem ir para o outro mundo com a alma carregado de crimes. Vs, Clicles, que nem tu, nem Plux, nem Grgias podereis provar que devamos levar outra vida que nos seja til quando estejamos do outro lado. De tantas opinies diversas, a nica que permanece inabalvel a de que mais vale receber do que cometer uma injustia e que, acima de tudo, devemos cuidar, no de parecer, mas de ser homem de bem. (Colquios de Scrates com seus discpulos, na priso.)

    Depara-se-nos aqui outro ponto capital, confirmado hoje pela experincia: o de que a alma no depurada conserva as idias, as tendncias, o carter e as paixes que teve na Terra. No inteiramente crist esta mxima: mais vale receber do que cometer uma injustia? O mesmo pensamento exprimiu Jesus, usando desta figura: "Se algum vos bater numa face, apresentai-lhe a outra." (Cap. XII, n 7 e n 8.)

    XI. De duas uma: ou a morte uma destruio absoluta, ou passagem da alma para outro lugar. Se tudo tem de extinguir-se, a morte ser como uma dessas raras noites que passamos sem sonho e sem nenhuma conscincia de ns mesmos. Todavia, se a morte apenas uma mudana de morada, a passagem para o lugar onde os mortos se tm de reunir, que felicidade a de encontrarmos l aqueles a quem conhecemos! O meu maior prazer seria examinar de perto os habitantes dessa outra morada e distinguir l, como aqui, os que so dignos dos que se julgam tais e no o so. Mas, tempo de nos separarmos, eu para morrer, vs para viverdes. (Scrates aos seus juizes.)

    Segundo Scrates, os que viveram na Terra se encontram aps a morte e se reconhecem. Mostra o Espiritismo que continuam as relaes que entre eles se estabeleceram, de tal maneira que a morte no nem uma interrupo, nem a cessao da vida, mas uma transformao, sem soluo de continuidade.

    Houvessem Scrates e Plato conhecido os ensinos que o Cristo difundiu quinhentos anos mais tarde e os que agora o Espiritismo espalha, e no teriam falado de outro modo. No h nisso, entretanto, o que surpreenda, se considerarmos que as grandes verdades so eternas e que os Espritos adiantados ho de t-las conhecido antes de virem a Terra, para onde as trouxeram; que Scrates, Plato e os grandes filsofos daqueles tempos bem podem, depois, ter sido dos que secundaram o Cristo na sua misso divina, escolhidos para esse fim precisamente por se acharem, mais do que outros, em condies de lhe compreenderem as sublimes lies; que, finalmente, pode dar-se faam eles agora parte da pliade dos Espritos encarregados de ensinar aos homens as mesmas verdades.

    XII. Nunca se deve retribuir com outra uma injustia, nem fazer mal a ningum, seja qual for o dano que nos hajam causado. Poucos, no entanto, sero os que admitam esse principio, e os que se desentenderem a tal respeito nada mais faro, sem dvida. do que se votarem uns aos outros mtuo desprezo.

    No est a o princpio de caridade, que prescreve no se retribua o mal com o mal e se perdoe aos inimigos?

    XII. pelos frutos que se conhece a rvore. Toda ao deve ser qualificada pelo que produz: qualific-la de m, quando dela provenha mal; de boa, quando d origem ao bem.

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  • Esta mxima: "Pelos frutos que se conhece a rvore", se encontra muitas vezes repetida textualmente no Evangelho.

    XIV. A riqueza um grande perigo. Todo homem que ama a riqueza no ama a si mesmo, nem ao que seu; ama a uma coisa que lhe ainda mais estranha do que o que lhe pertence. (Captulo XVI.)

    XV. As mais belas preces e os mais belos sacrifcios prazem menos Divindade do que uma alma virtuosa que faz esforos por se lhe assemelhar. Grave coisa fora que os deuses dispensassem mais ateno s nossas oferendas, do que a nossa alma; se tal se desse, poderiam os mais culpados conseguir que eles se lhes tornassem propcios. Mas, no: verdadeiramente justos e retos s o so os que, por suas palavras e atos, cumprem seus deveres para com os deuses e para com os homens. (Cap. X, n 7 e n e 8.)

    XVI. Chamo homem vicioso a esse amante vulgar, que mais ama o corpo do que a alma. O amor est par toda parte em a Natureza, que nos convida ao exerccio da nossa inteligncia; at no movimento dos astros o encontramos. o amor que orna a Natureza de seus ricos tapetes; ele se enfeita e fixa morada onde se lhe deparem flores e perfumes. ainda o amor que d paz aos homens, calma ao mar, silncio aos ventos e sono a dor.

    O amor, que h de unir os homens por um lao fraternal, uma conseqncia dessa teoria de Plato sobre o amor universal, como lei da Natureza. Tendo dito Scrates que "o amor no nem um deus, nem um mortal, mas um grande demnio", isto , um grande Esprito que preside ao amor universal, essa proposio lhe foi imputada como crime.

    XVII. A virtude no pode ser ensinada; vem por dom de Deus aos que a possuem.

    quase a doutrina crist sobre a graa; mas, se a virtude um dom de Deus, um favor e, ento, pode perguntar-se por que no concedida a todos. Por outro lado, se um dom, carece de mrito para aquele que a possui. O Espiritismo mais explcito, dizendo que aquele que possui a virtude a adquiriu por seus esforos, em existncias sucessivas, despojando-se pouco a pouco de suas imperfeies. A graa a fora que Deus faculta ao homem de boa vontade para se expungir do mal e praticar o bem.

    XVIII. disposio natural em todos ns a de nos apercebermos muito menos dos nossos defeitos, do que dos de outrem.

    Diz o Evangelho: "Vedes a palha que est no olho do vosso prximo e no vedes a trave que est no vosso." (Cap. X, n 9 e n 10.)

    XIX. Se os mdicos so malsucedidos, tratando da maior parte das molstias, que tratam do corpo, sem tratarem da alma. Ora, no se achando o todo em bom estado, impossvel que uma parte dele passe bem.

    O Espiritismo fornece a chave das relaes existentes entre a alma e o corpo e prova que um reage incessantemente sobre o outro. Abre, assim, nova senda para a Cincia. Com o lhe mostrar a verdadeira causa de certas afeces, faculta-lhe os meios de as combater. Quando a Cincia levar em conta a ao do elemento espiritual na economia, menos freqentes sero os seus maus xitos.

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  • XX. Todos os homens, a partir da infncia, muito mais fazem de mal, do que de bem.

    Essa sentena de Scrates fere a grave questo da predominncia do mal na Terra, questo insolvel sem o conhecimento da pluralidade dos mundos e da destinao do planeta terreno, habitado apenas por uma frao mnima da Humanidade. Somente o Espiritismo resolve essa questo, que se encontra explanada aqui adiante, nos captulos II, III e V.

    XXI. Ajuizado sers, no supondo que sabes o que ignoras.

    Isso vai com vistas aos que criticam aquilo de que desconhecem at mesmo os primeiros termos. Plato completa esse pensamento de Scrates, dizendo: "Tentemos, primeiro, torn-los, se for possvel, mais honestos nas palavras; se no o forem, no nos preocupemos com eles e no procuremos seno a verdade. Cuidemos de instruir-nos, mas no nos injuriemos." E assim que devem proceder os espritas com relao aos seus contraditores de boa ou m-f. Revivesse hoje Plato e acharia as coisas quase como no seu tempo e poderia usar da mesma linguagem. Tambm Scrates toparia criaturas que zombariam da sua crena nos Espritos e que o qualificariam de louco, assim como ao seu discpulo Plato.

    Foi por haver professado esses princpios que Scrates se viu ridiculizado, depois acusado de impiedade e condenado a beber cicuta. To certo que, levantando contra si os interesses e os preconceitos que elas ferem, as grandes verdades novas no se podem firmar sem luta e sem fazer mrtires.

    [Captulo I]

    CAPTULO I

    NO VIM DESTRUIR A LEI

    As trs revelaes: Moiss, Cristo, Espiritismo. Aliana da Cincia e da Religio. -Instrues dos Espritos: A nova era.

    1. No penseis que eu tenha vindo destruir a lei ou os profetas: no os vim destruir, mas cumpri-los: - porquanto, em verdade vos digo que o cu e a Terra no passaro, sem que tudo o que se acha na lei esteja perfeitamente cumprido, enquanto reste um nico iota e um nico ponto. (S. MATEUS, cap. V, vv. 17 e 18.)

    Moiss

    2. Na lei moisaica, h duas partes distintas: a lei de Deus, promulgada no monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moiss. Uma invarivel; a outra, apropriada aos costumes e ao carter do povo, se modifica com o tempo.

    A lei de Deus est formulada nos dez mandamentos seguintes:

    I. Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito, da casa da servido. No tereis, diante de mim, outros deuses estrangeiros.

    II. No fareis imagem esculpida, nem figura alguma do que est em cima do cu, nem embaixo na Terra, nem do que quer que esteja nas guas sob a terra. No os

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  • adorareis e no lhes prestareis culto soberano. (1) II. No pronunciareis em vo o nome do Senhor, vosso Deus.

    (1) Allan Kardec cita a parte mais importante do primeiro mandamento, e deixa de transcrever as seguintes frases: "... porque eu, o Senhor vosso Deus, sou Deus zeloso, que puno a iniquidade dos pais nos filhos, na terceira e na quarta geraes daqueles que me aborrecem, e uso de misericrdia at mil geraes daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos." - (XODO, XX, 5 e 6.) Nas tradues feitas pelas Igrejas catlica e protestantes, essa parte do mandamento foi truncada para harmoniz-la com a doutrina da encarnao nica da alma. Onde est "na terceira e na quarta geraes", conforme a traduo Brasileira da Bblia, a Vulgata Latina (in tertiam et quartam generationem), a traduo de Zamenhof (en la tria kaj kvara generacioj), mudaram o texto para "at terceira e quarta geraes".

    Esses textos truncados que aparecem na traduo da Igreja Anglicana, na Catlica de Figueiredo, na Protestante de Almeida e outras, tornam monstruosa a justia divina, pois que filhos, netos, bisnetos, tetranetos inocentes teriam de ser castigados pelo pecado dos pais, avs, bisavs, tetravs. Foi uma infeliz tentativa de acomodao da Lei vida nica. - A Editora da FEB, 1947.

    III. Lembrai-vos de santificar o dia do sbado.

    IV. Honrai a vosso pai e a vossa me, a fim de viverdes longo tempo na terra que o Senhor vosso Deus vos dar.

    V. No mateis.

    VI. No cometais adultrio. VII. No roubeis.

    VIII. No presteis testemunho falso contra o vosso prximo. IX. No desejeis a mulher do vosso prximo.

    X. No cobiceis a casa do vosso prximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu asno, nem qualquer das coisas que lhe pertenam.

    de todos os tempos e de todos os pases essa lei e tem, por isso mesmo, carter divino. Todas as outras so leis que Moiss decretou, obrigado que se via a conter, pelo temor, um povo de seu natural turbulento e indisciplinado, no qual tinha ele de combater arraigados abusos e preconceitos, adquiridos durante a escravido do Egito. Para imprimir autoridade s suas leis, houve de lhes atribuir origem divina, conforme o fizeram todos os legisladores dos povos primitivos. A autoridade do homem precisava apoiar-se na autoridade de Deus; mas, s a idia de um Deus terrvel podia impressionar criaturas ignorantes, em as quais ainda pouco desenvolvidos se encontravam o senso moral e o sentimento de uma justia reta. E evidente que aquele que inclura, entre os seus mandamentos, este: "No matareis; no causareis dano ao vosso prximo", no poderia contradizer-se, fazendo da exterminao um dever. As leis moisaicas, propriamente ditas, revestiam, pois, um carter essencialmente transitrio.

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  • O Cristo

    3. Jesus no veio destruir a lei, isto , a lei de Deus; veio cumpri-la, isto , desenvolv-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e adapt-la ao grau de adiantamento dos homens. Por isso que se nos depara, nessa lei, o principio dos deveres para com Deus e para com o prximo, base da sua doutrina. Quanto s leis de Moiss, propriamente ditas, ele, ao contrrio, as modificou profundamente, quer na substancia, quer na forma. Combatendo constantemente o abuso das prticas exteriores e as falsas interpretaes, por mais radical reforma no podia faz-las passar, do que as reduzindo a esta nica prescrio: "Amar a Deus acima de todas as coisas e o prximo como a si mesmo", e acrescentando: a esto a lei toda e os profetas.

    Por estas palavras: "O cu e a Terra no passaro sem que tudo esteja cumprido at o ltimo iota", quis dizer Jesus ser necessrio que a lei de Deus tivesse cumprimento integral, isto , fosse praticada na Terra inteira, em toda a sua pureza, com todas as suas ampliaes e conseqncias. Efetivamente, de que serviria haver sido promulgada aquela lei, se ela devesse constituir privilgio de alguns homens, ou, sequer, de um nico povo? Sendo filhos de Deus todos os homens, todos, sem distino nenhuma, so objeto da mesma solicitude.

    O texto certo que, por merc de Deus, j est reproduzido pelas edies recentssimas a que nos referimos - tradues Brasileira e de Zamenhof -, que conferem com S. Jernimo, mostra que a Lei ensina veladamente a reencarnao e as expiaes e provas. Na primeira e na segunda geraes, como contemporneos de seus filhos e netos, o Esprito culpado ainda no reencarnou, mas, um pouco mais tarde - na terceira e quarta geraes - j ele voltou e recebe as consequncias de suas faltas. Assim, o culpado mesmo, e no outrem, paga sua dvida.

    Logo, tm-se de excluir a primeira 1 e 2 geraes e expressar "na 3 e 4, como realmente o original.

    Achamos conveniente acrescentar aqui esta nota, para facilitar a compreenso do estudioso que confronte a sua traduo da Bblia com a citao do Mestre. - A Editora da FEB, 1947.

    4. Mas, o papel de Jesus no foi o de um simples legislador moralista, tendo por exclusiva autoridade a sua palavra. Cabia-lhe dar cumprimento s profecias que lhe anunciaram o advento; a autoridade lhe vinha da natureza excepcional do seu Esprito e da sua misso divina. Ele viera ensinar aos homens que a verdadeira vida no a que transcorre na Terra e sim a que vivida no reino dos cus; viera ensinar-lhes o caminho que a esse reino conduz, os meios de eles se reconciliarem com Deus e de pressentirem esses meios na marcha das coisas por vir, para a realizao dos destinos humanos. Entretanto, no disse tudo, limitando-se, respeito a muitos pontos, a lanar o grmen de verdades que, segundo ele prprio o declarou, ainda no podiam ser compreendidas. Falou de tudo, mas em termos mais ou menos implcitos. Para ser apreendido o sentido oculto de algumas palavras suas, mister se fazia que novas idias e novos conhecimentos lhes trouxessem a chave indispensvel, idias que, porm, no podiam surgir antes que o esprito humano houvesse alcanado um certo grau de

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  • madureza. A Cincia tinha de contribuir poderosamente para a ecloso e o desenvolvimento de tais idias. Importava, pois, dar Cincia tempo para progredir.

    O Espiritismo

    5. O Espiritismo a cincia nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusveis, a existncia e a natureza do mundo espiritual e as suas relaes com o mundo corpreo. Ele no-lo mostra, no mais como coisa sobrenatural, porm, ao contrrio, como uma das foras vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenmenos at hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domino do fantstico e do maravilhoso. E a essas relaes que o Cristo alude em muitas circunstncias e dai vem que muito do que ele disse permaneceu ininteligvel ou falsamente interpretado. O Espiritismo a chave com o auxilio da qual tudo se explica de modo fcil.

    6. A lei do Antigo Testamento teve em Moiss a sua personificao; a do Novo Testamento tem-na no Cristo. O Espiritismo a terceira revelao da lei de Deus, mas no tem a personific-la nenhuma individualidade, porque fruto do ensino dado, no por um homem, sim pelos Espritos, que so as vozes do Cu, em todos os pontos da Terra, com o concurso de uma multido inumervel de intermedirios. , de certa maneira, um ser coletivo, formado pelo conjunto dos seres do mundo espiritual, cada um dos quais traz o tributo de suas luzes aos homens, para lhes tornar conhecido esse mundo e a sorte que os espera.

    7. Assim como o Cristo disse: "No vim destruir a lei, porm cumpri-la", tambm o Espiritismo diz: "No venho destruir a lei crist, mas dar-lhe execuo." Nada ensina em contrrio ao que ensinou o Cristo; mas, desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegrica. Vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realizao das coisas futuras. Ele , pois, obra do Cristo, que preside, conforme igualmente o anunciou, regenerao que se opera e prepara o reino de Deus na Terra.

    Aliana da Cincia e da Religio

    8. A Cincia e a Religio so as duas alavancas da inteligncia humana: uma revela as leis do mundo material e a outra as do mundo moral. Tendo, no entanto, essas leis o mesmo princpio, que Deus, no podem contradizer-se. Se fossem a negao uma da outra, uma necessariamente estaria em erro e a outra com a verdade, porquanto Deus no pode pretender a destruio de sua prpria obra. A incompatibilidade que se julgou existir entre essas duas ordens de idias provm apenas de uma observao defeituosa e de excesso de exclusivismo, de um lado e de outro. Da um conflito que deu origem incredulidade e intolerncia.

    So chegados os tempos em que os ensinamentos do Cristo tm de ser completados; em que o vu intencionalmente lanado sobre algumas partes desse ensino tem de ser levantado; em que a Cincia, deixando de ser exclusivamente materialista, tem de levar em conta o elemento espiritual e em que a Religio, deixando de ignorar as leis orgnicas e imutveis da matria, como duas foras que so, apoiando-se uma na outra e marchando combinadas, se prestaro mtuo concurso. Ento, no mais desmentida pela Cincia, a Religio adquirir inabalvel poder, porque estar de acordo com a razo, j se lhe no podendo mais opor a irresistvel lgica dos fatos.

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  • A Cincia e a Religio no puderam, at hoje, entender-se, porque, encarando cada uma as coisas do seu ponto de vista exclusivo, reciprocamente se repeliam. Faltava com que encher o vazio que as separava, um trao de unio que as aproximasse. Esse trao de unio est no conhecimento das leis que regem o Universo espiritual e suas relaes com o mundo corpreo, leis to imutveis quanto as que regem o movimento dos astros e a existncia dos seres. Uma vez comprovadas pela experincia essas relaes, nova luz se fez: a f dirigiu-se razo; esta nada encontrou de ilgico na f: vencido foi o materialismo. Mas, nisso, como em tudo, h pessoas que ficam atrs, at serem arrastadas pelo movimento geral, que as esmaga, se tentam resistir-lhe, em vez de o acompanharem. E toda uma revoluo que neste momento se opera e trabalha os espritos. Aps uma elaborao que durou mais de dezoito sculos, chega ela sua plena realizao e

    vai marcar uma nova era na vida da Humanidade. Fceis so de prever as conseqncias: acarretar para as relaes sociais inevitveis modificaes, s quais ningum ter fora para se opor, porque elas esto nos desgnios de Deus e derivam da lei do progresso, que lei de Deus.

    INSTRUES DOS ESPRITOS

    A nova era

    9. Deus nico e Moiss o Esprito que Ele enviou em misso para torn-lo conhecido no s dos hebreus, como tambm dos povos pagos. O povo hebreu foi o instrumento de que se serviu Deus para se revelar por Moiss e pelos profetas, e as vicissitudes por que passou esse povo destinavam-se a chamar a ateno geral e a fazer cair o vu que ocultava aos homens a divindade.

    Os mandamentos de Deus, dados por intermdio de Moiss, contm o grmen da mais ampla moral crist. Os comentrios da Bblia, porm, restringiam-lhe o sentido, porque, praticada em toda a sua pureza, no na teriam ento compreendido. Mas, nem por isso os dez mandamentos de Deus deixavam de ser um como frontispcio brilhante, qual farol destinado a clarear a estrada que a Humanidade tinha de percorrer.

    A moral que Moiss ensinou era apropriada ao estado de adiantamento em que se encontravam os povos que ela se propunha regenerar, e esses povos, semi-selvagens quanto ao aperfeioamento da alma, no teriam compreendido que se pudesse adorar a Deus de outro modo que no por meio de holocaustos, nem que se devesse perdoar a um inimigo. Notvel do ponto de vista da matria e mesmo do das artes e das cincias, a inteligncia deles muito atrasada se achava em moralidade e no se houvera convertido sob o imprio de uma religio inteiramente espiritual. Era-lhes necessria uma representao semimaterial, qual a que apresentava ento a religio hebraica.

    Os holocaustos lhes falavam aos sentidos, do mesmo passo que a idia de Deus lhes falava ao esprito.

    O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evanglico-crist, que h de renovar o mundo, aproximar os homens e torn-los irmos; que h de fazer brotar de todos os coraes a caridade e o amor do prximo e estabelecer entre os humanos uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que h de transformar a Terra, tornando-a morada de Espritos superiores aos que hoje a

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  • habitam. E a lei do progresso, a que a Natureza est submetida, que se cumpre, e o Espiritismo a alavanca de que Deus se utiliza para fazer que a Humanidade avance.

    So chegados os tempos em que se ho de desenvolver as idias, para que se realizem os progressos que esto nos desgnios de Deus. Tm elas de seguir a mesma rota que percorreram as idias de liberdade, suas precursoras. No se acredite, porm, que esse desenvolvimento se efetue sem lutas. No; aquelas idias precisam, para atingirem a maturidade, de abalos e discusses, a fim de que atraiam a ateno das massas. Uma vez isso conseguido, a beleza e a santidade da moral tocaro os espritos, que ento abraaro uma cincia que lhes d a chave da vida futura e descerra as portas da felicidade eterna. Moiss abriu o caminho; Jesus continuou a obra; o Espiritismo a concluir. - Um Esprito israelita. (Mulhouse, 1861.)

    10. Um dia, Deus, em sua inesgotvel caridade, permitiu que o homem visse a verdade varar as trevas. Esse dia foi o do advento do Cristo. Depois da luz viva, voltaram as trevas. Aps alternativas de verdade e obscuridade, o mundo novamente se perdia. Ento, semelhantemente aos profetas do Antigo Testamento, os Espritos se puseram a falar e a vos advertir. O mundo est abalado em seus fundamentos; reboar o trovo. Sede firmes!

    O Espiritismo de ordem divina, pois que se assenta nas prprias leis da Natureza, e estai certos de que tudo o que de ordem divina tem grande e til objetivo. O vosso mundo se perdia; a Cincia, desenvolvida custa do que de ordem moral, mas conduzindo-vos ao bem-estar material, redundava em proveito do esprito das trevas. Como sabeis, cristos, o corao e o amor tm de caminhar unidos Cincia. O reino do Cristo, ah! passados que so dezoito sculos e apesar do sangue de tantos mrtires, ainda no veio. Cristos, voltai para o Mestre, que vos quer salvar. Tudo fcil quele que cr e ama; o amor o enche de inefvel alegria. Sim, meus filhos, o mundo est abalado; os bons Espritos vo-lo dizem sobejamente; dobrai-vos rajada que anuncia a tempestade, a fim de no serdes derribados, isto , preparai-vos e no imiteis as virgens loucas, que foram apanhadas desprevenidas chegada do esposo.

    A revoluo que se apresta antes moral do que material. Os grandes Espritos, mensageiros divinos, sopram a f, para que todos vs, obreiros esclarecidos e ardorosos, faais ouvir a vossa voz humilde, porquanto sois o gro de areia; mas, sem gros de areia, no existiriam as montanhas. Assim, pois, que estas palavras - "Somos pequenos" - caream para vs de significao. A cada um a sua misso, a cada um o seu trabalho. No constri a formiga o edifcio de sua repblica e imperceptveis animlculos no elevam continentes? Comeou a nova cruzada. Apstolos da paz universal, que no de uma guerra, modernos So Bernardos, olhai e marchai para frente; a lei dos mundos a do progresso. Fnelon. (Poitiers, 1861.)

    11. Santo Agostinho um dos maiores vulgarizadores do Espiritismo. Manifesta-se quase por toda parte. A razo disso, encontramo-la na vida desse grande filsofo cristo. Pertence ele vigorosa falange do Pais da Igreja, aos quais deve a cristandade seus mais slidos esteios. Como vrios outros, foi arrancado ao paganismo, ou melhor, impiedade mais profunda, pelo fulgor da verdade. Quando, entregue aos maiores excessos, sentiu em sua alma aquela singular vibrao que o fez voltar a si e compreender que a felicidade estava alhures, que no nos prazeres enervantes e fugitivos; quando, afinal, no seu caminho de Damasco, tambm lhe foi dado ouvir a santa voz a clamar-lhe: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" exclamou:

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  • "Meu Deus! Meu Deus! perdoai-me, creio, sou cristo!" E desde ento tornou-se um dos mais fortes sustentculos do Evangelho. Podem ler-se, nas notveis confisses que esse eminente esprito deixou, as caractersticas e, ao mesmo tempo, profticas palavras que proferiu, depois da morte de Santa Mnica: Estou convencido de que minha me me vir visitar e dar conselhos, revelando-me o que nos espera na vida futura. Que ensinamento nessas palavras e que retumbante previso da doutrina porvindoura! Essa a razo por que hoje, vendo chegada a hora de divulgar-se a verdade que ele outrora pressentira, se constituiu seu ardoroso disseminador e, por assim dizer, se multiplica para responder a todos os que o chamam. -Erasto, discpulo de S. Paulo. (Paris, 1863.)

    Nota. - Dar-se- venha Santo Agostinho demolir o que edificou? Certamente que no. Como tantos outros, ele v com os olhos do esprito o que no via enquanto homem. Liberta, sua alma entrev claridades novas, compreende o que antes no compreendia. Novas idias lhe revelaram o sentido verdadeiro de algumas sentenas. Na Terra, apreciava as coisas de acordo com os conhecimentos que possua; desde que, porm, uma nova luz lhe brilhou, pde apreci-las mais judiciosamente Assim que teve de abandonar a crena, que alimentara, nos Espritos ncubos e scubos e o antema que lanara contra a teoria dos antpodas. Agora que o Cristianismo se lhe mostra em toda a pureza, pode ele, sobre alguns pontos, pensar de modo diverso do que pensava quando vivo, sem deixar de ser um apstolo cristo. Pode, sem renegar a sua f, constituir-se disseminador do Espiritismo, porque v cumprir-se o que fora predito. Proclamando-o, na atualidade, outra coisa no faz seno conduzir-nos a uma interpretao mais acertada e lgica dos textos. O mesmo ocorre com outros Espritos que se encontram em posio anloga.

    [Captulo II]

    CAPTULO II

    MEU REINO NO DESTE MUNDO

    A vida futura. - A realeza de Jesus. - O ponto de vista. - Instrues dos Espritos: Uma realeza terrestre.

    1. Pilatos, tendo entrado de novo no palcio e feito vir Jesus sua presena, perguntou-lhe: s o rei dos judeus? - Respondeu-lhe Jesus: Meu reino no deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, a minha gente houvera combatido para impedir que eu casse nas mos dos judeus; mas, o meu reino ainda no aqui.

    Disse-lhe ento Pilatos: s, pois, rei? - Jesus lhe respondeu: Tu o dizes; sou rei; no nasci e no vim a este mundo seno para dar testemunho da verdade. Aquele que pertence a verdade escuta a minha voz. (S. JOO, cap. XVIII, vv. 33, 36 e 37.)

    A vida futura

    2. Por essas palavras, Jesus claramente se refere vida futura, que ele apresenta, em todas as circunstncias, como a meta a que a Humanidade ir ter e como devendo constituir objeto das maiores preocupaes do homem na Terra. Todas as suas mximas se reportam a esse grande principio. Com efeito, sem a vida futura, nenhuma razo de ser teria a maior parte dos seus preceitos morais, donde vem que os que no crem na vida futura, imaginando que ele apenas falava na vida presente, no os compreendem, ou os consideram pueris.

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  • Esse dogma pode, portanto, ser tido como o eixo do ensino do Cristo, pelo que foi colocado num dos primeiros lugares frente desta obra. E que ele tem de ser o ponto de mira de todos os homens; s ele justifica as anomalias da vida terrena e se mostra de acordo com a justia de Deus.

    3. Apenas idias muito imprecisas tinham os judeus acerca da vida futura.

    Acreditavam nos anjos, considerando-os seres privilegiados da Criao; no sabiam, porm, que os homens podem um dia tomar-se anjos e partilhar da felicidade destes. Segundo eles, a observncia das leis de Deus era recompensada com os bens terrenos, com a supremacia da nao a que pertenciam, com vitrias sobre os seus inimigos. As calamidades pblicas e as derrotas eram o castigo da desobedincia quelas leis. Moiss no pudera dizer mais do que isso a um povo pastor e ignorante, que precisava ser tocado, antes de tudo, pelas coisas deste mundo. Mais tarde, Jesus lhe revelou que h outro mundo, onde a justia de Deus segue o seu curso. E esse o mundo que ele promete aos que cumprem os mandamentos de Deus e onde os bons acharo sua recompensa. A o seu reino; l que ele se encontra na sua glria e para onde voltaria quando deixasse a Terra.

    Jesus, porm, conformando seu ensino com o estado dos homens de sua poca, no julgou conveniente dar-lhes luz completa, percebendo que eles ficariam deslumbrados, visto que no a compreenderiam. Limitou-se a, de certo modo, apresentar a vida futura apenas como um principio, como uma lei da Natureza a cuja ao ningum pode fugir. Todo cristo, pois, necessariamente cr na vida futura; mas, a idia que muitos fazem dela ainda vaga, incompleta e, por isso mesmo, falsa em diversos pontos. Para grande nmero de pessoas, no h, a tal respeito, mais do que uma crena, balda de certeza absoluta, donde as dvidas e mesmo a incredulidade.

    O Espiritismo veio completar, nesse ponto, como em vrios outros, o ensino do Cristo, fazendo-o quando os homens j se mostram maduros bastante para apreender a verdade. Com o Espiritismo, a vida futura deixa de ser simples artigo de f, mera hiptese; torna-se uma realidade material, que os latos demonstram, porquanto so testemunhas oculares os que a descrevem nas suas fases todas e em todas as suas peripcias, e de tal sorte que, alm de impossibilitarem qualquer dvida a esse propsito, facultam mais vulgar inteligncia a possibilidade de imagin-la sob seu verdadeiro aspecto, como toda gente imagina um pas cuja pormenorizada descrio leia. Ora, a descrio da vida futura to circunstanciadamente feita, so to racionais as condies, ditosas ou infortunadas, da existncia dos que l se encontram, quais eles prprios pintam, que cada um, aqui, a seu mau grado, reconhece e declara a si mesmo que no pode ser de outra forma, porquanto, assim sendo, patente fica a verdadeira justia de Deus.

    A realeza de Jesus

    4. Que no deste mundo o reino de Jesus todos compreendem, mas, tambm na Terra no ter ele uma realeza? Nem sempre o ttulo de rei implica o exerccio do poder temporal. D-se esse ttulo, por unnime consenso, a todo aquele que, pelo seu gnio, ascende primeira plana numa ordem de idias quaisquer, a todo aquele que domina o seu sculo e influi sobre o progresso da Humanidade. E nesse sentido que se costuma dizer: o rei ou prncipe dos filsofos, dos artistas, dos poetas, dos escritores, etc. Essa realeza, oriunda do mrito pessoal, consagrada pela posteridade, no revela, muitas vezes, preponderncia bem maior do que a que cinge a coroa real? Imperecvel a primeira, enquanto esta outra joguete das vicissitudes; as geraes que se

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  • sucedem primeira sempre a bendizem, ao passo que, por vezes, amaldioam a outra. Esta, a terrestre, acaba com a vida; a realeza moral se prolonga e mantm o seu poder, governa, sobretu-

    do, aps a morte. Sob esse aspecto no Jesus mais poderoso rei do que os potentados da Terra? Razo, pois, lhe assistia para dizer a Pilatos, conforme disse: "Sou rei, mas o meu reino no deste mundo."

    O ponto de vista

    5. A idia clara e precisa que se faa da vida futura proporciona inabalvel f no porvir, f que acarreta enormes conseqncias sobre a moralizao dos homens, porque muda completamente o ponto de vista sob o qual encaram eles a vida terrena. Para quem se coloca, pelo pensamento, na vida espiritual, que indefinida, a vida corprea se torna simples passagem, breve estada num pai ingrato. As vicissitudes e tribulaes dessa vida no passam de incidentes que ele suporta com pacincia, por sab-las de curta durao, devendo seguir-se-lhes um estado mais ditoso. A morte nada mais restar de aterrador; deixa de ser a porta que se abre para o nada e torna-se a que d para a libertao, pela qual entra o exilado numa manso de bem-aventurana e de paz. Sabendo temporria e no definitiva a sua estada no lugar onde se encontra, menos ateno presta s preocupaes da vida, resultando-lhe da uma calma de esprito que tira quela muito do seu amargor.

    Pelo simples fato de duvidar da vida futura, o homem dirige todos os seus pensamentos para a vida terrestre. Sem nenhuma certeza quanto ao porvir, d tudo ao presente. Nenhum bem divisando mais precioso do que os da Terra, torna-se qual a criana que nada mais v alm de seus brinquedos. E no h o que no faa para conseguir os nicos bens que se lhe afiguram reais. A perda do menor deles lhe ocasiona causticante pesar; um engano, uma decepo, uma ambio insatisfeita, uma injustia de que seja vtima, o orgulho ou a vaidade feridos so outros tantos tormentos, que lhe transformam a existncia numa perene angstia, infligindo-se ele, desse modo, a si prprio, verdadeira tortura de todos os instantes. Colocando o ponto de vista, de onde considera a vida corprea, no lugar mesmo em que ele a se encontra, vastas propores assume tudo o que o rodeia. O mal que o atinja, como o bem que toque aos outros, grande importncia adquire aos seus olhos. Aquele que se acha no interior de uma cidade, tudo lhe parece grande: assim os homens que ocupem as altas posies, como os monumentos. Suba ele, porm, a uma montanha, e logo bem pequenos lhe parecero homens e coisas.

    o que sucede ao que encara a vida terrestre do ponto de vista da vida futura; a Humanidade, tanto quanto as estrelas do firmamento, perde-se na imensidade. Percebe ento que grandes e pequenos esto confundidos, como formigas sobre um montculo de terra; que proletrios e potentados so da mesma estatura, e lamenta que essas criaturas efmeras a tantas canseiras se entreguem para conquistar um lugar que to pouco as elevar e que por to pouco tempo conservaro. Da se segue que a importncia dada aos bens terrenos est sempre em razo inversa da f na vida futura.

    6. Se toda a gente pensasse dessa maneira, dir-se-ia, tudo na Terra periclitaria, porquanto ningum mais se iria ocupar com as coisas terrenas. No; o homem, instintivamente, procura o seu bem-estar e, embora certo de que s por pouco tempo permanecer no lugar em que se encontra, cuida de estar a o melhor ou o menos mal que lhe seja possvel. Ningum h que, dando com um espinho debaixo de sua mo,

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  • no a retire, para se no picar. Ora, o desejo do bem-estar fora o homem a tudo melhorar, impelido que pelo instinto do progresso e da conservao, que est nas leis da Natureza. Ele, pois, trabalha por necessidade, por gosto e por dever, obedecendo, desse modo, aos desgnios da Providncia que, para tal fim, o ps na Terra. Simplesmente, aquele que se preocupa com o futuro no liga ao presente mais do que relativa importncia e facilmente se consola dos seus insucessos, pensando no destino que o aguarda.

    Deus, conseguintemente, no condena os gozos terrenos; condena, sim, o abuso desses gozos em detrimento das coisas da alma. Contra tais abusos que se premunem os que a si prprios aplicam estas palavras de Jesus: Meu reino no deste mundo.

    Aquele que se identifica com a vida futura assemelha-se ao rico que perde sem emoo uma pequena soma. Aquele cujos pensamentos se concentram na vida terrestre assemelha-se ao pobre que perde tudo o que possui e se desespera.

    7. O Espiritismo dilata o pensamento e lhe rasga horizontes novos. Em vez dessa viso, acanhada e mesquinha, que o concentra na vida atual, que faz do instante que vivemos na Terra nico e frgil eixo do porvir eterno, ele, o Espiritismo, mostra que essa vida no passa de um elo no harmonioso e magnfico conjunto da obra do Criador. Mostra a solidariedade que conjuga todas as existncias de um mesmo ser, todos os seres de um mesmo mundo e os seres de todos os mundos. Faculta assim uma base e uma razo de ser fraternidade universal, enquanto a doutrina da criao da alma por ocasio do nascimento de cada corpo torna estranhos uns aos outros todos os seres. Essa solidariedade entre as partes de um mesmo todo explica o que inexplicvel se apresenta, desde que se considere apenas um ponto. Esse conjunto, ao tempo do Cristo, os homens no o teriam podido compreender, motivo por que ele reservou para outros tempos o faz-lo conhecido.

    INSTRUES DOS ESPRITOS

    Uma realeza terrestre

    8. Quem melhor do que eu pode compreender a verdade destas palavras de Nosso Senhor: "O meu reino no deste mundo"? O orgulho me perdeu na Terra. Quem, pois, compreenderia o nenhum valor dos reinos da Terra, se eu o no compreendia? Que trouxe eu comigo da minha realeza terrena? Nada, absolutamente nada. E, como que para tornar mais terrvel a lio, ela nem sequer me acompanhou at o tmulo! Rainha entre os homens, como rainha julguei que penetrasse no reino dos cus! Que desiluso! Que humilhao, quando, em vez de ser recebida aqui qual soberana, vi acima de mim, mas muito acima, homens que eu julgava insignificantes e aos quais desprezava, por no terem sangue nobre! Oh! como ento compreendi a esterilidade das honras e grandezas que com tanta avidez se requestam na Terra!

    Para se granjear um lugar neste reino, so necessrias a abnegao, a humildade, a caridade em toda a sua celeste prtica, a benevolncia para com todos. No se vos pergunta o que fostes, nem que posio ocupastes, mas que bem fizestes, quantas lgrimas enxugastes.

    Oh! Jesus, tu o disseste, teu reino no deste mundo, porque preciso sofrer pira chegar ao cu, de onde os degraus de um trono a ningum aproximam. A ele s

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  • conduzem as veredas mais penosas da vida. Procurai-lhe, pois, o caminho, atravs das urzes e dos espinhos, no por entre as flores.

    Correm os homens por alcanar os bens terrestres, como se os houvessem de guardar para sempre. Aqui, porm, todas as iluses se somem. Cedo se apercebem eles de que apenas apanharam uma sombra e desprezaram os nicos bens reais e duradouros, os nicos que lhes aproveitam na morada celeste, os nicos que lhes podem facultar acesso a esta.

    Compadecei-vos dos que no ganharam o reino dos cus; ajudai-os com as vossas preces, porquanto a prece aproxima do Altssimo o homem; o trao de unio entre o cu e a Terra: no o esqueais. - Uma Rainha de Frana. (Havre, 1863.)

    [Captulo III]

    CAPTULO III

    H MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI

    Diferentes estados da alma na erraticidade. - Diferentes categorias de mundos habitados. - Destinao da Terra. Causas das misrias terrenas. - Instrues dos Espritos: Mundos superiores e mundos inferiores. - Mundos de expiaes e de provas. - Mundos regeneradores. - Progresso dos mundos.

    1. No se turbe o vosso corao. - Credes em Deus, crede tambm em mim. H muitas moradas na casa de meu Pai; se assim no fosse, j eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. - Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde eu estiver, tambm vs a estejais. ( S. JOO, cap. XIV, vv. 1 a 3.)

    Diferentes estados da alma na erraticidade

    2. A casa do Pai o Universo. As diferentes morad