evangélico - max lucado - nas garras da graça

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  • 8/14/2019 evanglico - max lucado - nas garras da graa

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    NNaass GGaarrrraass ddaa GGrraaaa

    Max Lucado

    CPADDigitalizado por BlackNight

    www.portaldetonando.com.br/forumnovo/

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    Sumrio:

    RECONHECIMENTOSINTRODUO

    1. A PARBOLA DO RIOI PARTE - QUE DESORDEM!2. A GRACIOSA IRA DE DEUS3. VIDA MPIA4. JULGAMENTO MPIO5. RELIGIO MPIAII PARTE - QUE DEUS!6. CHAMANDO OS CADVERES7. ONDE O AMOR E A JUSTIA SE ENCONTRAM8. CRDITO ONDE CRDITO NO DVIDA

    9. A LIGA PRINCIPAL DA GRAA10. O PRIVILGIO DOS INDIGENTESIII PARTE - QUE DIFERENA!11. A GRAA FUNCIONA12. VOLTANDO-SE A SI MESMO13. A GRAA SUFICIENTE14. A GUERRA CIVIL DA ALMA15. O PESO DO DIO16. A VIDA A BORDO DO BARCO DA COMUNHO17. O QUE REALMENTE QUEREMOS SABER

    CONCLUSO: NO SE ESQUEA DE CUIDAR DE MIM

    Reconhecimentos

    Deixe-me dizer uma palavra de agradecimento a:Karen Hill: Minha assistente e amiga, que ddiva voc!

    Steve e Cheryl Green, e a equipe editorial UpWords: Obrigado porserem to fiis.

    Charles Prince: Nosso erudito residente. Apreciamos seus inputs.

    Charles Swindoll: Suas palavras publicadas nas intersees

    mantiveram-me no mais alto caminho.Ancios, ministrio e membros da Oak Hills Church of Christ: Noh outra igreja onde eu prefira servir.

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    Steve Halliday: Obrigado por mais um excelente guia de estudo.

    Nacy Norris: Minha especial saudao a voc, pelas muitas pginasque tem suportado e aperfeioado em todos esses anos. Obrigado!

    Sue Ann Jones: Possa sua tinta vermelha fluir. Obrigado por suacuidadosa reviso.

    Meus companheiros da Word Publishing: Vocs conseguiram denovo! Bom trabalho.

    Dr. John Stott e seu criterioso livro Romans: Gods Good News forthe World. Sua sabedoria me foi inestimvel enquanto escrevia estelivro.

    Jenna, Andrea, Sara: Sinto muito por todos os papais que no po-

    dem t-las como filhas.E para Denalyn, minha esposa: Depois da graa de Deus, voc amelhor coisa que me aconteceu.

    E a voc, leitor: Tenho orado por voc. Antes que voc pegasse estelivro, pedi a Deus que lhe preparasse o corao. Posso pedir-lheque tambm ore por mim? Poderia fazer a orao de Colossences4.4 em meu favor? Obrigado. Sou honrado por voc ler estas

    pginas.Possa Deus segur-lo firmemente nas garras da sua graa.

    Introduo

    Minha nica qualificao para escrever um livro sobre a

    graa a roupa que uso. Deixe-me explicar.Durante anos, possui um elegante terno, com palet, cala, e

    at um chapu. Considerava-me totalmente garboso nesseconjunto, e estava certo de que os outros eram da mesma opinio.

    As calas, talhei-as do tecido de minhas boas obras,fortemente urdido de trabalhos realizados e projetos completados.

    Alguns estudos aqui, alguns sermes ali. Muita gente elogiava

    minhas calas, e, confesso, eu tinha a tendncia de pux-las empblico para que as pessoas pudessem not-las.

    O palet era igualmente impressionante; tecido de minhas

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    convices. A cada dia, eu me vestia em profundo sentimento defervor religioso. Minhas emoes eram absolutamente fortes. Tofortes que, para dizer a verdade, muitas vezes eu era solicitado aexibir meu manto de zelo em pblico, a fim de inspirar a outrem.Claro, eu aquiescia feliz.

    Enquanto isso, tinha tambm de expor meu chapu umquepe emplumado de sabedoria, feito por minhas prprias mos,tecido com fibras de opinio pessoal. Eu o usava orgulhosamente.

    Certamente, Deus est impressionado com minhas vestes,pensava eu com freqncia. Ocasionalmente, impertigava-me emsua presena para que Ele pudesse elogiar meus trajes feitos sobmedida. Ele nunca falava. Seu silncio deve significar admirao,convenci a mim mesmo.

    Mas ento o meu guarda-roupa comeou a deteriorar-se. Otecido de minhas calas esgarou-se. Minha melhor obra, ei-la adesintegrar-se. O que eu fazia j no podia concluir, e o pouco queintentava j no me constitua motivo de orgulho.

    No h problema, pensei. Vou trabalhar duro. Mas o trabalhoduro era um problema. Havia um buraco em meu palet deconvices. Minha determinao estava puda. Um vento frio

    golpeou-me o peito. Agarrei meu chapu, e puxei-o firmementepara baixo. A aba rasgou-se em minhas mos.

    Aps um perodo de poucos meses, meu guarda-roupa dejustia prpria desfez-se completamente. De cavalheiro vestido sobmedida, passei a mendigo esfarrapado. Receando pudesse Deusagastar-se com os meus trapos, remendei-os melhor que pude, ecobri meus erros. As roupas porm estavam muito gastas. E o

    vento era gelado. Desisti. Voltei para Deus. (O que mais podiafazer?)

    Numa quinta-feira invernal, entrei em sua presena,buscando no aplausos, mas aconchego. Minha orao foi dbil.

    Sinto-me nu.

    Voc estnu. E tem estado assim por um longo tempo. Oque Ele fez a seguir, jamais esquecerei.

    Tenho algo para lhe dar disse-me ele. E gentilmenteremoveu o restante dos fiapos, e apanhou um manto um mantoreal, uma veste de sua prpria bondade. Colocou-o em torno de

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    meus ombros. Suas palavras soaram cheias de ternura: Meufilho, agora voc est vestido com Cristo. (Ver Gl 3.27).

    Embora houvesse cantado o hino milhares de vezes, s entoo compreendi:

    Vestido unicamente de sua justia,

    Irrepreensvel perante o trono.

    Tenho o pressentimento de que alguns de vocs sabem doque estou falando. Voc vem usando um traje feito por si mesmo.

    Voc tem confeccionado suas vestimentas, honrado suas obras

    religiosas, e... j notou um rasgo no tecido. Antes que voc comecea remendar-se a si prprio, gostaria de partilhar com voc algunspensamentos sobre a maior descoberta de minha vida: a graa deDeus.

    Minha estratgia que gastemos algum tempo escalando asmontanhas da Epstola de Paulo aos Romanos. Escrita para auto-suficientes, essa epstola contrasta a posio de pessoas quepreferem envergar trajes feitos por si prprias, com a daquelas que,

    alegremente, aceitam o manto da graa. Romanos o maiortratado j escrito sobre a graa. Voc achar o ar fresco e a visoclara.

    Martinho Lutero chamou Romanos de A parte fundamentaldo Novo Testamento e... verdadeiramente, o mais puro Evangelho.Deus usou o livro de Romanos para mudar as vidas (e o guarda-roupa) de Lutero, John Wesley, Joo Calvino, William Tyndale,

    Agostinho, e milhes de outros.

    H inmeras razes para pensar que Ele far o mesmo a voc.

    Max LucadoMemorial Day, 1996

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    1. A Parbola do Rio

    Romanos 1.21-32

    Havia outrora cinco irmos, que moravam com o pai numcastelo, no alto de uma montanha. O mais velho era um filhoobediente. Seus quatro irmos, todavia, eram rebeldes. O paitinha-lhes grande cuidado por causa do rio; j lhes haviaimplorado que ficassem distante da margem, para que no fossem

    varridos pelo refluxo da mar. Mas eles no ligavam; a atrao dorio era-lhes demasiadamente forte.

    A cada dia, os quatro irmos rebeldes arriscavam-se cada vez

    mais perto do rio, at que, uma vez, um deles atreveu-se a tocar agua.

    Segurem a minha mo gritou ele. Assim no cairei.

    E seus irmos o fizeram. Quando ele porm tocou a gua, orepuxo arrastou-o com os outros trs para dentro da correnteza,rolando-os rio abaixo.

    Foram despencando de rocha em rocha, girando no leito dorio. Arrastados pelas vagas, eles se foram. Seus gritos de socorroperderam-se na fria do rio. Embora se debatessem tentandorecuperar a estabilidade, foram impotentes contra a fora dacorrenteza. Depois de horas de esforo, renderam-se ao puxo dorio. As guas finalmente lanaram-nos margem, numa terraestranha, num distante pas. O lugar era estril.

    Um povo selvagem habitava aquela terra. No era segura

    como o lar que eles tinham.Ventos frios gelavam a terra. No era quente como o lar que

    possuam.

    Montanhas inspitas assinalavam a terra. No eraconvidativa como o lar que conheciam.

    Embora no soubessem onde estavam, de uma coisa tinhamcerteza: no haviam sido feitos para aquele lugar. Por um longo

    tempo, os quatro jovens irmos ficaram deitados na margem,atordoados com a queda, e sem saber para onde se voltarem. Apsalgum tempo, reuniram coragem e tornaram a entrar na gua,

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    esperando andar rio acima. Mas a correnteza era demasiadamenteforte. Tentaram caminhar ao longo da margem, porm o terrenoera ngreme demais. Consideraram a possibilidade de subir asmontanhas, contudo, o cimo era muito alto. Alm de tudo, noconheciam o caminho.

    Finalmente, fizeram um fogo, e sentaram-se volta. No deveramos ter desobedecido nosso pai admitiram

    eles. Estamos a grande distncia de casa.

    Com o passar do tempo, os filhos aprenderam a sobreviver naterra estranha. Encontraram nozes para alimento, e mataramanimais para ter as peles. Eles tinham determinado no esquecer aterra natal, nem abandonar as esperanas de retornar. A cada dia,

    os quatro aplicavam-se tarefa de achar alimento e construirabrigo. A cada noite, acendiam o fogo e contavam histrias de seupai e do irmo mais velho, ansiando por v-los novamente.

    Ento, numa noite, um dos irmos ausentou-se da fogueira.Os outros o encontraram, na manh seguinte, no vale com osselvagens. Ele havia construdo uma choupana de barro e palha.

    Tenho me cansado de nossas conversas confessou

    ele. De que adianta recordar? Alm de que, esta terra no toruim. Vou construir uma grande casa e estabelecer-me aqui.

    Mas aqui no nosso lar. Objetaram os outros.

    No. Mas ser, se vocs no pensarem no verdadeiro

    Mas, e nosso pai?

    O que tem ele? Ele no est aqui. No est por perto. Devo viver para sempre na expectativa de sua chegada? Estou fazendonovos amigos; estou aprendendo novos caminhos. Se ele vier,muito que bem, mas eu no vou parar minha vida.

    E assim, os outros trs deixaram o construtor de cabanas, ese foram. Eles continuaram a se encontrar em volta do fogo,falando do lar e sonhando com o retorno.

    Alguns dias depois, o segundo irmo faltou ao encontro dafogueira. Na manh seguinte, os outros dois o acharam no alto de

    uma ladeira, fitando a cabana de seu irmo.

    Que desgosto desabafou ele, quando os dois seaproximaram. Nosso irmo um fracasso total. Um insulto ao

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    nome de nossa famlia. Podem imaginar um ato mais desprezvel?Construindo uma cabana, e esquecendo nosso pai?!

    O que ele est fazendo errado concordou o mais jovem. Mas o que fizemos igualmente mau. Nsdesobedecemos. Tocamos o rio. Ignoramos as advertncias de

    nosso pai. Bem, podemos ter cometido um ou dois enganos, mas

    comparados quele coitado da choupana, ns somos santos. Papaivai perdoar nosso pecado, e castigar a ele.

    Venha instaram os dois irmos. Volte ao fogo conosco.

    No. Acho que devo manter o olho em nosso irmo. Algumprecisa conservar uma recordao de seus erros para mostrar apapai.

    Assim, os dois retornaram, deixando um irmo construindo eo outro julgando.

    Os dois filhos remanescentes ficaram perto do fogo,encorajando-se mutuamente e falando do lar. Ento, ao acordarnuma manh, o mais novo achou-se sozinho. Procurou pelo irmo,e encontrou-o perto do rio, amontoando pedras.

    As coisas no so assim explicou o amontoador depedras, enquanto trabalhava. Meu pai no vem a mim. Eu devoir a ele. Eu o ofendi. Insultei-o. Falhei com ele. H apenas umaopo: construirei um caminho de pedras sobre o rio, e irei at apresena de nosso pai. Pedra sobre pedra, eu as amontoarei atque sejam suficientes para eu viajar rio acima, em direo aocastelo. Ao ver quo duro eu tenho trabalhado, e quo diligentetenho sido, nosso pai no ter escolha: aluir a porta, e me deixarentrar em sua casa.

    O ltimo irmo no soube o que dizer. Voltou a sentar-sesozinho junto ao fogo. Certa manh, ouviu atrs de si uma vozfamiliar.

    Papai mandou-me buscar vocs, e lev-los para o lar.Levantando os olhos, ele viu a face de seu irmo mais velho.

    Voc veio buscar-nos! Gritou ele. E ambos ficaramabraados por um longo tempo.

    E os outros? Perguntou finalmente o mais velho.

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    Um fez uma casa aqui. O outro o est olhando. E o terceiroest construindo um caminho sobre o rio.

    E assim, o primognito ps-se a procurar os irmos. Foiprimeiro choupana de palha, no vale.

    Fora, estranho! enxotou o seu irmo, pela janela. Voc no bem-vindo aqui!

    Eu vim para lev-lo ao lar.

    Mentira! Voc veio pegar minha manso!

    Isto no uma manso ponderou o primognito uma choupana.

    uma manso! A mais bela da plancie. Eu a constru com

    minhas prprias mos. Agora, v embora. Voc no pode ficar comminha manso.

    Voc no se lembra da casa de seu pai?

    No tenho pai.

    Voc nasceu num castelo, numa terra distante, onde o ar clido, e os frutos, abundantes. Voc desobedeceu a seu pai, eacabou nesta terra estranha. Eu vim a fim de lev-lo para casa.

    O irmo perscrutou a face do primognito atravs da janela,como se estivesse vendo um rosto j visto num sonho. Mas apausa foi curta, pois, de repente, os selvagens atopetaram a janelatambm.

    V embora, intruso! exigiram eles. Esta casa no sua.

    Vocs esto certos respondeu o primognito. Masvocs no so nada dele.

    Os olhos dos dois irmos encontraram-se novamente. Maisuma vez o construtor sentiu um aperto no corao, mas osselvagens haviam conquistado sua confiana.

    Ele quer apenas a sua manso gritaram eles. Mande-o embora! E ele o mandou.

    O primognito foi procurar o segundo irmo. No teve de irmuito longe. Sobre a ladeira, prximo cabana, ao alcance da

    vista dois selvagens, estava o irmo acusador. Ao ver o primognito

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    aproximando-se, ele alegrou-se:

    Que bom que voc est aqui para ver o pecado de nossoirmo! Voc est sabendo que ele voltou as costas ao castelo? Estsabendo que ele nunca mais falou de casa? Eu sabia que voc viria,e tenho anotado cuidadosamente as aes dele. Castigue-o! Eu

    aplaudirei a sua ira. Ele a merece! Trate dos pecados de nossoirmo.

    O primognito falou suavemente:

    Precisamos cuidar de seus pecados primeiro.

    Meus pecados?

    Sim, voc desobedeceu o papai.

    O irmo deu uma risada sarcstica, e esmurrou o ar.

    Meus pecados no so nada. L est o pecador acusouele, apontando para a cabana. Deixe-me contar-lhe dos selvagensque ficam l...

    Prefiro que me fale de si mesmo.

    No se preocupe comigo. Deixe-me mostrar a voc quem que precisa de ajuda insistiu ele, correndo em direo choupana. Venha, ns espiaremos pela janela. Ele nunca me v.

    Vamos juntos. E ele chegou cabana, antes de perceber queseu irmo mais velho no o seguira.

    Depois disso, o primognito encaminhou-se para o rio. L,achou o terceiro irmo, afundado na gua at os joelhos,amontoando pedras.

    Papai mandou-me levar voc para casa. O outro nemlevantou os olhos.

    No posso conversar agora. Devo trabalhar.

    Papai sabe que voc caiu. Contudo, ele o perdoar.

    Ele pode interrompeu o irmo, esforando-se por mantero equilbrio contra a correnteza. Mas antes tenho de chegar aocastelo. Devo construir um atalho sobre o rio. Primeiro lhe

    mostrarei que sou digno. Ento, pedirei sua misericrdia. Ele j teve misericrdia de voc. Eu o transportarei rio

    acima. Voc jamais ser capaz de construir um atalho. O rio to

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    comprido! A tarefa grande demais para voc. Papai mandou-mecarreg-lo para casa. Eu sou forte.

    Pela primeira vez, o amontoador de pedras olhou para cima.

    Como voc ousa falar com tanta irreverncia? Meu pai noir me perdoar facilmente. Eu pequei. Cometi um grande pecado!Ele nos disse para evitarmos o rio, e ns desobedecemos. Sou umgrande pecador. Preciso trabalhar muito.

    No, meu irmo, voc no precisa de muito trabalho. Vocprecisa de muita graa. Voc no possui fora nem pedrassuficientes para construir a estrada. Foi por isso que nosso pai meenviou. Ele quer que eu o leve para casa.

    Est dizendo que no consigo? Est querendo dizer queno sou suficientemente forte? Veja meu trabalho. Veja minhasrochas. Eu j posso dar cinco passos!

    Porm ainda faltam cinco milhes frente!

    O irmo mais novo fitou o primognito com raiva.

    Eu sei quem voc. Voc a voz do mal. Est tentandoseduzir-me e afastar-me de meu santo trabalho. Para trs de mim,

    serpente! E ele jogou no primognito a pedra que ia pr no rio. Hertico! - gritou o construtor de estrada. - Deixe esta

    terra. Voc no pode me fazer parar! Construirei esta passagem, eapresentar-me-ei ante meu pai. Ento ele ter de perdoar-me. Euconquistarei o seu favor. Serei merecedor da sua compaixo.

    O primognito balanou a cabea.

    Favor conquistado no favor. Compaixo merecida no

    compaixo. Eu lhe imploro, deixe-me transport-lo rio acima.A resposta foi outra pedrada. Ento o primognito virou-se e

    saiu. O irmo mais jovem estava esperando junto ao fogo, quandoo primognito retornou.

    Os outros no vm?

    No. Um preferiu indultar-se; o outro, julgar; e o terceiro,trabalhar. Nenhum deles escolheu nosso pai.

    Ento eles permanecero aqui?

    O primognito balanou a cabea devagar.

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    Por enquanto.

    E ns voltaremos ao pai? indagou o mais novo.

    Sim.

    Ele me perdoar?

    Teria ele me enviado, se no fosse assim?

    E ento, o mais jovem subiu nas costas do primognito, einiciaram a jornada para o lar.

    * * *

    Todos os irmos receberam o mesmo convite. Cada um teve a

    oportunidade de ser carregado pelo irmo mais velho. O primeirodisse no, preferindo uma choupana de palha casa de seu pai. Osegundo disse no, preferindo analisar os erros de seu irmo, em

    vez dos seus prprios. O terceiro disse no, achando que seriamelhor causar uma boa impresso que fazer uma confissohonesta. E o quarto disse sim, escolhendo a gratido em lugar daculpa.

    Serei indulgente comigo mesmo resolveu um dos filhos.

    Compararei os outros a mim mesmo optou o outro.

    Eu mesmo serei o meu salvador determinou o terceiro.Confiar-me-ei a voc decidiu o quarto.

    Posso fazer-lhe uma indagao crucial? Lendo sobre essesirmos, qual deles descreve seu relacionamento com Deus? Aexemplo do quarto filho, voc tem reconhecido sua incapacidade defazer sozinho a jornada para o lar? Voc tem aceitado a mo

    estendida de seu Pai? Voc est preso nas garras da sua graa?Ou voc tem agido como um dos outros trs filhos?

    Um hedonista. Um judicialista. Um legalista. Iodos ocupadosconsigo mesmos, rejeitando o pai. Paulo discorre sobre esses trsnos primeiros trs captulos de Romanos. Demos uma olhada emcada um.

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    O Hedonista Construtor de Cabanas

    Romanos 1.21-32

    Voc pode identificar o construtor de cabanas? Ele troca suapaixo pelo castelo por um amor da plancie. Em vez de ansiar pelolar, decide-se por uma cabana. A meta de sua vida o prazer. Essa a definio de hedonismo, e tal a prtica desse filho.

    O hedonista dirige sua vida como se no houvesse pai em seupassado, presente, ou futuro. Talvez haja existido um pai emalgum lugar, nalgum passado remoto, a muito tempo atrs... mase quanto ao aqui e agora? O filho viver sem ele. Talvez haja, num

    futuro distante, um pai que venha e o reclame, mas e quanto ahoje? O filho tocar a vida ao seu prprio modo. Em vez deapropriar-se do futuro, ele satisfaz-se com o presente.

    Paulo tinha tal pessoa em mente, quando disse E mudarama glria do Deus incorruptvel em semelhana de imagem dehomem corruptvel, e de aves, e de quadrpedes, e de rpteis... ehonraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que bendito eternamente (Rm 1.23, 25). Os hedonistas fazem pobrespermutas; trocam manses por choupanas, e o irmo por umestranho. Trocam a casa do pai por um gueto na ladeira, emandam embora o irmo.

    MAPEANDO A PARBOLA

    O Hedonista Construtorde Cabanas

    Romanos 1.18-32

    O JudicialistaCensor

    Romanos 2.1-11Estratgia Indulgente comigo

    mesmoComparar a mimmesmo

    Meta Satisfazer minhaspaixes

    Monitorar meu vizinho

    Descrio Amante do prazer Dedo-duroPersonalidade Boa-vida OrgulhosoAuto-anlise Posso ser mau, mas e

    da?Posso ser mau, massou melhor que...

    Teologia Descuidado de Deus Tentar distrair a DeusGrande lema A vida curta. Divirta-

    se.Deus est de olho emvoc, e eu tambm

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    Queixa No posso folgar obastante.

    No poso ver o bastante

    Animal favorito Gato Co de guardaGasta tempo olhando O menu de opes A cerca do vizinhoViso da graa Quem, eu? Sim, voc!Viso do pecado Ningum culpado Ele culpado.

    tica de trabalho O que eu fao daminha conta.

    O que voc faz daminha conta.

    Expresso favorita Viva a vida! Endireite-se!Limites Se lhe parece

    agradvel, faa-o.Se lhe pareceagradvel, no o faa.

    Condio Enfadado AmargoPronunciamento dePaulo

    Voc no temdesculpas para ascoisas que faz.

    Voc no temautoridade para julgar.

    Verso chave Deus os entregou sconcupiscncias do seucorao (Rm 1.24)

    Portanto s inescusvelquando julgas, sejas,porque te condenas a timesmo naquilo em quejulgas a outro; pois tuque julgas, fazes omesmo

    MAPEANDO A PARBOLA

    O Legalista Amontoador de PedrasRomanos 2.17-3.20

    O Cristo Conduzido Pela GraaRomanos 3.21-25

    Salvar a mim mesmo Confiar-me a CristoAvaliar meus mritos Conhecer meu paiSobrecarregado Amante de DeusEstressado Sereno

    Posso ser mau, mas se eu trabalharduro... Posso ser mau, mas sou perdoado.

    Subornar Deus Busca de DeusEu devo. Eu devo, e vou trabalhar. No sou perfeito, mas sou perdoado.No posso trabalhar o bastante. No posso agradecer-lhe o bastante.Castor guiaA lista de exigncias A abundncia das bnos divinasEu, no! Sim, eu.Eu sou sempre culpado. Eu era culpado.

    O que Deus requer, eu fao. O que Deus faz da minha conta.Ao trabalho! Obrigado!Se lhe parece agradvel, interrompa-o. Se lhe parece agradvel, examine-o.

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    Exausto AgradecidoVoc no tem soluo para o seuproblema.

    Voc no tem porque temer.

    quele que faz qualquer obra, no lhe imputado o galardo segundo graa,mas segundo a dvida Rm 4.4,5

    Mas o justo viver da f Rm 1.17

    O Judicialista Acusador

    Romanos 2. 1-11

    A proposta do segundo filho era simples: Por que tratar de

    meus prprios erros, quando posso enfocar os erros alheios?Ele um judicialista. Eu posso ser mau, mas desde que

    consiga encontrar algum pior, estou salvo. Ele alimenta suabenevolncia com as faltas de outrem. Se auto indica como oqueridinho do professor na escola primria. Tagarela sobre otrabalho malfeito dos outros, esquecendo-se do zero em suaprpria folha. Ele o co de guarda da vizinhana, mandando aspessoas porem em ordem as suas vidas, mas nunca notando o lixoem sua prpria calada.

    Venha, Deus, deixe-me mostrar-lhe as ms aes de meu vizinho convida o moralista. Deus, porm, no o segue at o vale. Portanto, s inescusvel quando julgas, homem, quemquer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que

    julgas a outro; pois tu que julgas, fazes o mesmo (Rm 2.1). Esse um golpe baixo, e Deus no cair nele.

    O Legalista Amontoador de Pedras

    Romanos 2.17-3.20

    E ento, vamos ao irmo do rio. Ahhh, aqui est um filho quens respeitamos. Diligente. Industrioso. Zeloso. Enrgico. Aqui est

    um companheiro que enxerga os prprios pecados, e prope-se aresolv-los sozinho. Sem dvida, ele merece nossos aplausos.Seguramente, digno de imitao. E, mais certo ainda, merecedor da misericrdia paterna. No ir o pai escancarar as

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    portas do castelo, quando vir o quo duro este filho tem trabalhadopara chegar ao lar?

    Sem ajuda do pai, o legalista est tentando resolver apendncia e vadear o rio da falta. Certamente, o pai ficar feliz em

    v-lo. Isto , se o pai o vir.

    Note bem, o problema no a afeio do pai, mas a fora dorio. O que puxou o filho para longe da casa paterna no foi umregato suave, mas uma tempestuosa corrente. Seria o filhosuficientemente forte para construir um caminho, rio acima, paraa casa do pai?

    Duvidoso. Ns, certamente, no conseguiramos. No h umjusto, nem um sequer (Rm 3.10). Oh, contudo, ns tentamos. No

    amontoamos pedras num rio, mas fazemos boas obras na terra.Ns pensamos: Se eu fizer isto, Deus me aceitar. Se eu der aulana Escola dominical... e pegamos uma pedra. Se eu for igreja... ecolocamos a pedra no rio. Se eu der este dinheiro... outra pedra. Seeu aturar o livro do Max Lucado... dez grandes pedras. Se eu lerminha Bblia, tiver a opinio correta sobre a doutrina certa, se euparticipar desse movimento... pedra sobre pedra, sobre pedra.

    O problema? Voc pode dar cinco passos, restam porm cinco

    milhes frente. O rio longo demais. O que nos separa de Deusno um crrego raso e manso, mas uma caudalosa corrente, umacachoeira, um opressivo rio de pecados. Ns ajuntamos,amontoamos e empilhamos, apenas para descobrir que malpodemos pisar, muito menos progredir.

    O impacto sobre os amontoadores de pedras notadamenteprevisvel: desespero ou arrogncia. Eles desistem, ou tornam-se

    orgulhosos. Pensam que jamais o faro, ou acreditam-se os nicoscapazes de faz-lo. estranho como duas pessoas podem olharpara as mesmas pedras amontoadas, e uma pender a cabea,enquanto a outra estufa o peito.

    Tal condio pode ser chamada de atesmo religioso. Este olema por trs do ousado pronunciamento de Paulo: Somos todospecadores, cada um de ns, afundando no mesmo barco com todoseles (Rm 3.19).

    mpio ou Piedoso?

    Que trio, no!

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    O primeiro, num banquinho rstico.

    O segundo, na cadeira do juiz.

    O terceiro, no banco da igreja.

    Embora possam parecer diferentes, h muita semelhana

    entre eles. Todos esto separados do pai. E nenhum est pedindoajuda. O primeiro indulgente com a prpria paixo; o segundomonitora seu vizinho; e o terceiro confia nos prprios mritos.

    Auto-satisfao. Auto-justificao. Auto-salvao. A palavraoperante auto. Auto-suficiente. No se importam com Deus,nem tampouco com o que Ele pensa deles (Rm 3.18 BV)

    A palavra usada por Paulo atesmo (Rm 1.18). A palavradefine a si prpria. Uma vida desprovida de Deus. mais quedesdenhar a Deus; descuidar de sua existncia. O desdm aomenos admite sua presena; o atesmo, no. Enquanto o desdmleva o povo irreverncia, o descuido o faz agir como se Deus fosseirrelevante, como se ele no contasse na jornada.

    Como Deus responde aos mpios? Por certo, no frivolamente.Porque do cu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade einjustia dos homens que detm a verdade em injustia (Rm 1.18).

    Paulo no aliviou. Deus est justamente irado com as aes deseus filhos.

    Posso desde j prepar-lo: os primeiros captulos de Romanosno so exatamente otimistas. Paulo d-nos as ms notcias, antesdas boas. Eventualmente, ele nos dir que somos todos candidatos graa, mas no antes de provar que somos todos,desesperadamente, pecadores. Temos de ver a desordem em queestamos, antes de apreciar o Deus que temos. Antes de recebermos

    a graa de Deus, devemos entender a sua ira. j que Paulo comeou por a, por a que comearemos.

    II PPaarrttee -- QQUUEEDDEESSOORRDDEEMM!!

    A perda do mistrio conduz perda da majestade.

    Quanto mais sabemos, menos acreditamos. Semmaravilhas no h admirao. Achamos que tudo figurado. Estranho, no acha?

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    O conhecimento do processo no deveria desmentir omilagre.

    Deveria, antes, suscitar a admirao.

    Quem tem mais razo para adorar que o astrnomoque viu as estrelas?

    Que o cirurgio que segurou um corao? Que ooceangrafo que sondou as profundezas?

    2. A Graciosa Ira de Deus

    Romanos 1.18-20

    A ira de Deus revelada do cu contra toda impiedadee injustia dos homens que suprimem a verdade pela

    justia, pois o que de Deus se pode conhecer manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.Romanos 1.18,19

    E se voc descobrisse que o seu namorado tem dormidocom a sua me? O auditrio silenciou. A adolescente sentada nopalco moveu a cabea em ardente expectativa.

    A me era uma mulher de meia idade, num vestido pretojusto, de brao dado com um rapaz magro, usando uma camisetasem mangas. Ela acenou para a multido. Ele sorriu.

    Era o programa de entrevistas de Christy Adams.

    Vocs dois realmente tm dormido juntos? A me, aindasegurando a mo do rapaz, olhou para ele. O jovem riu. Ela sorriu.

    Sim.

    Ela explicou como se sentira solitria desde o divrcio. Onamorado de sua filha no saa de sua casa, dia e noite, e... bem,uma tarde, ele estatelou-se no sof ao seu lado, e os dois come-

    aram a conversar, e uma coisa levou outra, e eles acabaramindo... Sua face ruborizou-se, e o rapaz encolheu os ombros,deixando o auditrio completar a histria. A garota estavasilenciosa e sem expresso.

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    Voc no se preocupa com o que isto pode ensinar suafilha? Inquiriu Christy.

    Estou apenas lhe ensinando os caminhos do mundo.

    E quanto a voc? perguntou Christy ao rapaz. Noest sendo infiel sua namorada?

    O garoto o fitou sinceramente espantado.

    Eu ainda a amo anunciou ele. Amando sua me,estou apenas ajudando-a. Somos uma famlia feliz. No h nada deerrado nisso!

    O auditrio explodiu com palmas e ovaes. Quando otumulto diminuiu, Christy falou aos amantes:

    Nem todos concordariam com vocs. Tenho um convidadoque vai reagir ao seu estilo de vida.

    Com isso, a multido aquietou-se, ansiosa por ver quemChristy havia recrutado para apimentar o dilogo.

    Ele o telogo mais famoso do mundo. Seus escritos tmsido seguidos por uns e debatidos por outros. Fazendo suaprimeira apario no Christy Adams Show, por favor recebam o

    controverso telogo, o erudito escritor, apstolo Paulo!Polidos aplausos saudaram o homem baixo e careca, usando

    culos e um casaco de tweed. Ele afrouxou um pouco a gravata,enquanto assentava sua frgil carcaa na cadeira do palco. Christypulou as boas-vindas.

    Voc tem se preocupado com o que estas pessoas andamfazendo?

    Paulo pousou as mos no regao, olhou para o trio, e entovoltou-se para Christy.

    O que importa no como eu me sinto, mas como Deus sesente.

    Christy fez uma pausa, e os ouvintes puderam ouvir osooohs! ecoando atravs do estdio.

    Ento diga-nos, por favor, Paulo, como Deus se sente arespeito desse criativo tringulo?

    Irado.

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    E por qu?

    O mal enfurece a Deus, porque destri os seus filhos. Oque estas pessoas esto fazendo mal.

    As fortes palavras suscitaram algumas vaias, um aplausoaqui e acol, e uma erupo de mos levantadas. Antes queChristy pudesse falar, Paulo continuou:

    Como resultado, Deus os tem deixado e permitido quesigam seu caminho pecaminoso. Seus pensamentos so escurido,seus atos so maus, e Deus est desgostoso.

    Um magricela sentado frente proclamou o seu protesto:

    O corpo dela. Ela pode fazer o que quiser!

    Oh, mas a que voc se engana. Seu corpo pertence aDeus e para ser usado por ele.

    O que estamos fazendo inofensivo objetou a me.

    Olhe para a sua filha instou Paulo, gesticulando para amenina, cujos olhos estavam cheios de lgrimas. No v que

    voc a tem prejudicado? Voc trocou amor saudvel por luxria.Trocou o amor de Deus pelo amor da carne. Trocou a verdade pela

    mentira. E trocou o natural pelo antinatural...Christy no pde mais conter-se:

    Voc sabe o quanto est sendo sentimentalide? Toda essaconversa sobre Deus, sobre certo e errado, e imoralidade? Vocno se sente fora da realidade?

    Fora da realidade? No. Fora de lugar, sim. Mas fora darealidade, dificilmente. Deus no fica impassvel enquanto seusfilhos toleram a perverso. Ele permite-nos seguir nossoscaminhos pecaminosos, e colher as conseqncias. Todo coraopartido, toda gravidez indesejvel, todas as guerras e tragdias, seseguidas pelo rasto, levaro ao ponto de partida: nossa rebelio aDeus.

    As pessoas pularam de seus lugares; a me ps um dedo nacara de Paulo, e Christy voltou-se para a cmera, deliciado com o

    pandemnio. Vamos fazer uma pausa anunciou ele por cima do

    alarido. No saiam. Temos mais algumas perguntas para nosso

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    amigo, o apstolo.

    Deus Odeia o Mal

    Como lhe pareceu o dilogo acima? spero? (Paulo estava

    muito tenso.) Irreal? (A cena foi muito estranha.) Bizarro?(Ningum aceitaria tais convices.)

    No obstante a sua resposta, importante notar que, emborao roteiro seja fictcio, as palavras de Paulo no o so.

    Deus est contra toda impiedade e injustia dos homens(Rm 1.18). Aquele que insta-nos a odiar o que mal (Rm 12.9)tambm o odeia.

    Em trs duros versos, Paulo exprime:Deus os entregou impureza sexual... (Rm 1.24 NVI).

    Deus os entregou a paixes vergonhosas... (Rm 1.26 NVI).

    Deus os entregou a uma disposio mental reprovvel... (Rm1.28 NVI).

    Deus est irado por causa do mal.

    Para muitos, isto uma revelao. Alguns imaginam Deuscomo um rgido diretor de escola, to ocupado em controlar osplanetas, que nem se d conta de ns.

    Ele no assim.

    Outros o imaginam como um pai coruja, cego s maldades deseus filhos.

    Errado.

    Ainda outros insistem que ele nos ama tanto, que incapazde ficar bravo com nossas maldades.

    Eles no compreendem que o amor sempreaborrece o mal.

    Deus Tem Todo Direito de Estar Irado

    Muitos no entendem a ira de Deus, porque confundem iradivina com raiva humana. Ambas tm pouca coisa em comum. Aira dos homens tipicamente auto-acionada, e inclinada aexploses de temperamento e atos violentos. Ficamos irados por

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    havermos sido passados para trs, negligenciados, ou enganados.Esta a ira dos homens, no de Deus.

    Deus no fica zangado por no havermos feito como Ele quis.Ele se ira porque a desobedincia sempre resulta emautodestruio. Que tipo de pai se sentaria e assistiria seu filho

    ferindo-se a si prprio?Que espcie de Deus faria o mesmo? Voc acha que Ele d

    risadinhas quando v um adultrio, ou se ri em silncio de umassassinato? Pensa que Ele olha para o outro lado, quandoproduzimos programas de entrevistas baseados em prazeresperversos? Imagina que Ele balana a cabea e diz Humanos sohumanos?

    Eu no acho. Anote isto e sublinhe em vermelho: Deus estlegitima e justamente irado. Deus santo. Nossos pecados souma afronta sua santidade. Seus olhos so to puros, que nopodem ver o mal, nem contemplar aqueles que andam errados (Hc1.13).

    Deus est irado com o mal que arruina seus filhos. Contantoque Deus Deus, Ele no pode ver com indiferena a sua criaoser destruda, e o seu santurio pisado.

    No Temos Desculpa

    Meu pai tinha para com o lcool uma hostilidade semelhante ira de Deus. Jack Lucado odiava a bebida em qualquer uma desuas formas, porque ele conhecia o seu poder destrutivo. Suanatureza branda revoltava-se ante a idia de embriaguez. Ele nodeixou dvidas em minha mente de que odiava a bebida, e queria

    que seus filhos no tivessem nada a ver com ela.

    Mas os filhos nem sempre ouvem os pais. Aos quinze anos,maquinei um plano para embriagar-me, e o consegui. Tomeicerveja at no poder enxergar direito, ento fui para casa e

    vomitei at no poder parar em p. Meu pai foi ao banheiro, sentiuo cheiro da cerveja, atirou-me uma toalha, e afastou-se desgostoso.Eu cambaleei para a cama, sabendo que estava com um grande

    problema.Ele acordou-me cedo, na manh seguinte. (No houve como

    eu desfrutar da ressaca). Enquanto tomava banho, tentei achar

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    uma explicao. Meus amigos fizeram-me beber, ou Foi umacidente, ou Algum deve ter posto usque no ponche. Mas umaopo que eu jamais consideraria seria a ignorncia. No podianem pensar em dizer O senhor nunca me disse que eu no deviabeber.

    No teria sido apenas uma mentira, mas uma calnia contrameu pai. Ele nunca me havia dito? Nunca me tinha advertido?Nunca tentara ensinar-me? Eu sabia at demais para dizer queignorava o assunto. No havia desculpas para mim. De acordo comPaulo, todo somos culpados. Num dos trechos mais interessantesda Bblia, ele diz:

    Pois o que de Deus se pode conhecer manifestoentre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a

    criao do mundo os atributos invisveis de Deus, seueterno poder e sua natureza divina, tm sido vistosclaramente, sendo compreendidos por meio das coisascriadas, de forma que tais homens so indesculpveis(Rm 1.19,20 NVI, itlico meu).

    No temos desculpa, porque Deus se nos tem reveladoatravs da criao.

    Escreve o salmista: Os cus manifestam a glria de Deus e ofirmamento anuncia a obra das suas mos. Um dia faz declaraoa outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Semlinguagem, sem fala, ouvem-se as suas vozes em toda a extensoda terra, e as suas palavras at ao fim do mundo (Sl 19.1-4)

    Cada estrela um anncio. Cada folha, uma lembrana. Asgeleiras so megafones, as estaes, captulos da histria; e asnuvens, estandartes. A natureza uma cano de muitas partes,

    mas de um s tema e um s verso: Deus .Centenas de anos atrs, Tertuliano declarou:

    No foi a pena de Moiss que introduziu oconhecimento do Criador... A maior parte dahumanidade, mesmo sem nunca ter ouvido o nome deMoiss para no falar de seus livros conheceu,no obstante, o Deus de Moiss. A natureza a

    professora; a alma, a pupila... Uma flor da cerca viva...uma concha vinda do mar... uma pena de uma ave do

    pntano... falariam a voc de um Criador

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    mesquinho?... Se eu lhe oferecer uma rosa, voc nodesprezar seu Criador.

    A Criao a primeira missionria de Deus. Existem aquelesque nunca seguraram uma Bblia, ou ouviram um trecho das

    Escrituras, Existem aqueles que morrem antes que um intrpretetraduza a Palavra de Deus para a sua lngua. Milhes viveram nostempos antigos, antes de Cristo, e outros milhes vivem em terrasdistantes, longe dos cristos. E h os simplrios, incapazes decompreender o Evangelho. O que reserva o futuro dessas pessoasque nunca ouviram de Deus?

    Novamente, a resposta de Paulo clara. O corao humano

    pode conhecer a Deus atravs da natureza. Se isso for tudo o queuma pessoa pode ver, isso ser suficiente. preciso respondersomente ao que lhe dado. E se lhe dado apenas o testemunhoda Criao, ento isso lhe basta.

    O problema no que Deus no fale; ns que no ouvimos.Deus diz que sua ira dirigida contra qualquer coisa, ou qualquerum, que suprima o conhecimento da verdade. Deus ama seusfilhos, e odeia aquilo que os destri. Isto no significa que Ele se

    encolerize, perca sua tmpera, ou seja emocionalmenteimprevisvel. Significa, simplesmente, que Ele ama voc, e odeiaaquilo em que voc se torna quando o desobedece.

    Chame isto de santa hostilidade. Um justo dio do pecado.Um divino desgosto pelo mal que destri seus filhos.

    A questo no Como ousa irar-se um Deus amoroso?, masantes. Como poderia um Deus amoroso sentir menos que isso?

    3. Vida mpia

    Romanos 1.21-32

    E mudaram a glria do Deus incorruptvel em

    semelhana da imagem de homem corruptvel, e deaves, e de quadrpedes, e de rpteis... honraram eserviram mais a criatura do que o Criador. Romanos1.23,25

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    Pode um grilo conceber comunho? Tenho estado meditandona questo desde o ltimo domingo, quando ambos, o grilo e aindagaro surgiram no meu caminho. A Ceia do Senhor estavasendo servida quando, ao curvar minha cabea, avistei o visitanteembaixo do banco. Minha mente frtil imaginou-o entrando

    sorrateiramente pela porta lateral, esgueirando-se por entre os psdos diconos, e caminhando para a frente do santurio.

    A viso de um grilo despertou muitas emoes dentro emmim, nenhuma delas espiritual. Perdoem-me todos vocs, amantesde insetos, mas no fui atrado por sua beleza nem surpreendidopor sua fora. Normalmente eu no me interessaria pelo inseto,porm a presena de um bichinho no auditrio pareceu-mesimblica.

    Temos algo em comum, voc, eu, e o grilo: viso limitada. Esperoque o paralelo no o faa virar bicho {ai!), mas eu o achoapropriado. Nenhum de ns faz uma imagem correta da vida almdo espigo.

    Veja voc, tanto quanto interessa ao grilo, seu universointeiro um auditrio. Posso visualiz-lo levando o filho para forada parede, numa noite, e mandando-o levantar os olhos ao espigo.

    Ele coloca a pata em volta do filho e suspira: Como poderoso o firmamento sob o qual vivemos, filho!

    Ele sabe que o que est vendo apenas uma frao? E asaspiraes de um grilo... Seu mais alto sonho achar um pedaode po. Ele adormece com vises de migalhas de torta e pingos degelia.

    Seno, considere-o o heri do mundo dos grilos. O clebre

    inseto. Algum to veloz que pode cruzar uma sala cheia de ps.To corajoso, que explorou o interior do batistrio. To ousado, queaventurou-se a entrar num imponente gabinete, ou a saltar dopeitoril de uma janela. Existe, nas crnicas do reino dos grilos,uma historia sobre Venervel Grilo, que marchou pelas paredesbradando: O bicho-homem est vindo! O bicho-homem est

    vindo!?

    Os assombrados grilos sempre olham um para o outro eexclamam Oohh!?

    Talvez a principal questo seja: o que leva um grilo a adorar?

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    Ele reconhece que houve uma mo por trs do edifcio? Ou eleescolheu adorar o mesmo edifcio? Ou talvez um lugar no edifcio?Ele assume que, desde que ele no viu o construtor, no hconstrutor algum?

    O hedonista o faz. Desde que nunca viu a mo que fez o

    universo, ele assume que no h vida alm do aqui e agora. Acredita que no h verdade alm desta sala. Nenhum propsitoalm de seu prprio prazer. Nenhum fator divino. Ele no teminteresse no eterno. Como um grilo que se recusa a reconhecer umconstrutor, ele recusa-se a confessar seu Criador.

    O hedonista opta por viver como se absolutamente nohouvesse Criador. Novamente, a palavra de Paulo para isto atesmo. Escreveu o apstolo: Eles no se importaram em terconhecimento de Deus (Rm 1.28).

    O que acontece quando a sociedade v o mundo atravs dosolhos de um grilo? O que ocorre quando uma cultura se instalanuma choupana de sap, em vez de no castelo do pai? Existemconseqncias para a busca de prazeres mpios? Ele est maisinteressado em satisfazer suas paixes que no conhecimento doPai. Sua vida to vida de prazeres, que no sobra tempo nem

    espao para Deus.Ele est certo? correto gastar nosso dias vivendo pelo rumo

    do nariz, sem nos importarmos com Deus?

    Paulo afirma Absolutamente no!

    De acordo com o primeiro captulo de Romanos, perdemosbem mais que vitrais quando rejeitamos a Deus. Perdemos nossocritrio, nosso propsito, e nossa adorao. Em seus discursos se

    desvaneceram, e o seu corao insensato se obscureceu. Dizendo-se sbios, tornaram-se loucos (Rm 1.21,22).

    1. Perdemos Nosso Critrio

    Quando eu tinha nove anos, elogiei um aeromodelo de meucolega. Ele to-somente replicou:

    Eu o roubei.

    Deve ter notado meu espanto, e perguntou-me:

    Voc acha que isso foi errado?

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    Disse-lhe que sim, e ele respondeu-me simplesmente:

    Pode ser errado para voc, no para mim. No fiz mal aningum quando roubei o avio. Conheo o dono. Ele rico; podecomprar outro. Eu, no.

    O que voc me diz desse argumento? Se voc no acredita navida alm das vigas do teto, tem pouco a dizer. Se no h um bemsupremopor trsdo mundo, ento como definimos bem dentrodomundo? Se a maioria das opinies determinam o bem e o mal, oque acontece quando a maioria est errada? O que voc fazquando a maioria do grupo diz que no h problema em roubar,atacar, ou mesmo disparar armas de fogo de um veculo emmovimento?

    O mundo sem moral do hedonista pode ficar bem no papel,ou soar importante num curso de filosofia, mas e na vida? Cheguepara o pai de trs crianas, cuja esposa o abandonou, e diga-lhe:Divrcio pode ser errado para voc, mas para mim, est tudocerto. Ou pea a opinio de uma adolescente grvida eamedrontada, para quem o namorado disse: Se voc tiver o beb,a responsabilidade ser sua. Ou ento pergunte a um aposentado,cuja penso foi roubada por um mercenrio que acreditava estar

    tudo bem, desde que no fosse apanhado.Por outro lado, uma viso piedosa do mundo tem algo a dizer

    ao meu ladro infantil. A f desafia esses crebros-de-grilo aresponder por um critrio superior, em vez de por uma opiniopessoal: Voc pode pensar que certo. A sociedade pode acharque est tudo bem. Porm o Deus que fez voc disse: Voc nodever roubar e Ele no estava brincando.

    A propsito, siga o pensamento mpio com a sua extensolgica, e veja o que voc ganha. O que acontece quando umasociedade nega a importncia do certo e errado? Leia a resposta naparede de uma priso, em Poland: Libertei a Alemanha daestpida e degradante falcia de conscincia e moralidade.

    Quem fez tal jactncia? Adolf Hitler. Onde esto afixadasestas palavras? Num campo de extermnio nazista. Os visitanteslem a declarao, e ento vem os resultados: uma sala

    abarrotada com milhares de libras de cabelos de mulheres, salascheias de retratos de crianas castradas, e fornos de gs queserviram para a soluo final de Hitler. Paulo descreve-o melhor:

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    Seu corao insensato se obscureceu (Rm 1.21).

    Ora, Max, voc est indo longe demais. No est esticando oque comeou com o roubo de um aeromodelo, para terminar numholocausto?

    Na maioria das vezes no chega a tanto. Mas poderia. E o queh para interromp-lo? Que dique pode segurar o fluxo doNegador-de-Deus? Que ncora usaria o secularista para impedirque a sociedade fosse sugada pelo mar? Se uma sociedade deletaDeus da equao humana, que sacos de areia empilharia contra acrescente mar de barbarismo e hedonismo?

    Como se expressou Dostoevsky, Se Deus est morto, entotudo justificvel.

    2. Perdemos nosso Propsito

    A seguinte conversa ocorreu entre um canrio na gaiola euma cotovia no peitoril da janela. A cotovia deu uma olhada para ocanrio e perguntou-lhe:

    Qual o seu propsito?

    Meu propsito comer sementes. Para qu?

    Para ficar forte.

    Para qu?

    Para poder cantar respondeu o canrio.

    Para qu? continuou a cotovia.

    Porque quando eu canto, ganho mais sementes.

    Ento voc come a fim de ficar forte para poder cantar, eento ganhar mais sementes para comer?

    Sim.

    H mais que isso para voc ofereceu a cotovia. Sevoc me seguir, eu lhe mostrarei. Mas voc deve deixar sua gaiola.

    difcil encontrar sentido em um mundo engaiolado. Masisto no nos impede de tentarmos. s cavar fundo o bastante emcada corao, e voc o achar: uma nsia de significado, uma

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    busca de propsito. To certo quanto um menino respira, um diaele querer saber: Qual o propsito de minha vida?

    Alguns buscam significado numa carreira. Meu propsito ser um dentista. Excelente vocao, mas dificilmente uma

    justificativa para a existncia. Eles optam por ser um fazedor

    humano em lugar de um ser humano. Fazer em vez de ser.Eles so aquilo que fazem; consequentemente, fazem muito.

    Trabalham muitas horas, porque se no trabalharem no teroidentidade.

    Outros so o que tm. Estes encontram significado num carronovo, numa casa nova, ou em roupas novas. Tais pessoas sodesmedidas para a economia, e desbastam o oramento porqueesto sempre buscando sentido em algo que possuam.

    Ainda h aqueles que procuram significado nos descendentes.Eles vivem de modo vicrio atravs dos filhos. Ai desses filhos. J bastante duro ser jovem, sem ter de ser ainda a razo de viver dealgum. Alguns tentam esportes, diverses, cultos, sexo. Tudomiragens no deserto. Dizendo-se sbios, tornaram-se loucos (Rm1.22).

    No deveramos encarar a verdade? Se no reconhecemos a

    Deus, somos destroos de naufrgio no universo. Na melhor dashipteses, somos animais desenvolvidos. E na pior, poeirareagrupada. No final da anlise, a resposta dos secularistas indagao Qual o significado da vida? uma s: No sabemos.

    Ou, como concluiu o paleontlogo Stephen J. Gould:

    Ns existimos porque um singular grupo de peixes,com uma anatomia peculiar, pde transformar

    barbatanas em pernas para criaturas terrestres;porque a terra nunca congelou inteiramente durante aera do gelo; porque uma pequena e tnue espcie,surgida na frica a um quarto de milho de anos,tinha treinado, at ento, para sobreviver a qualquercusto. Podemos anelar uma resposta elevada masno h nenhuma.

    O propsito do homem ser sacrificado sobre o altar doatesmo. Contraste isso com a viso de Deus para a vida: Porquesomos criao de Deus realizada em Cristo Jesus para fazer boas

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    obras, as quais Deus preparou de antemo para que ns aspraticssemos (Ef 2.10 NVI).

    Com Deus em seu mundo, voc no um acidente ouincidente; voc uma ddiva para o mundo, uma sublime obra dearte assinada por Deus.

    Um dos melhores presentes que j recebi uma bola defutebol assinada por trinta zagueiros profissionais. No h nada demais nessa bola. At sei que ela foi comprada com desconto numacasa de artigos esportivos. O que a torna singular so asassinaturas.

    O mesmo se d conosco. No esquema natural Homo Sapiensno h singularidade. No somos as nicas criaturas com carne,

    cabelo, sangue e corao. O que nos faz especiais no nossocorpo, mas a assinatura de Deus em nossas vidas. Somos sua obraprima. Somos criados sua imagem para as boas obras. Somossignificantes, no por causa do que fazemos, mas por quem somos.

    3. Perdemos Nossa AdoraoJ ouviu a histria do homem procurando as chaves sob a luz

    do poste? Seu amigo o v e pra a fim de ajud-lo. Aps algunsminutos, o amigo pergunta: Mas exatamente onde voc deixou cair as chaves? Em minha casa responde o homem. Em sua casa? Ento por que est procurando aqui fora? Porque a luz melhor aqui.

    Voc nunca achar o que precisa, se no procurar no lugarcerto. Se voc est procurando suas chaves, v para onde asperdeu. Se est a procura de verdade e propsito, v para o lado defora do espigo. E se est em busca do sagrado, mais uma vez,

    voc no conseguir ach-lo, se pensar como um grilo.E trocaram a glria de Deus, que sustenta o mundo inteiro

    em suas mos, por estatuetas baratas, que podem ser compradasem qualquer beira de estrada (Rm 1.21).

    Voltemos aos grilos por um instante. Suponha que essesgrilos sejam totalmente avanados e, freqentemente, se

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    empenhem na filosfica questo Existe vida alm do espigo? Alguns grilos acreditam que sim. Deve haver um criador

    desse lugar. Se no, como surgiu a luz? Como pode o vento sopraratravs dos orifcios? Como pode a msica encher o aposento?

    Admirados com o que podem ver, eles adoram o que no vem.Porm outros grilos discordam. A partir de estudos, eles

    acham que a luz vem por causa da eletricidade. O vento assoprapor causa do condicionador de ar, e a msica o resultado dacaixa acstica. No havida alm desta sala, declaram eles.Calculamos como tudo funciona.

    Vamos deixar os grilos ganhar essa? Claro que no! No porque vocs no entendem o sistema, devemos dizer-lhes, que

    vo negar a presena de algum do lado de fora dele. Alm disso,quem o construiu? Quem instalou o interruptor? Quem projetou ocompressor ou construiu o gerador?

    Mas no estamos cometendo o mesmo engano?Compreendemos como so formadas as tempestades. Mapeamos osistema solar, e transplantamos coraes. Medimos aprofundidade do oceano, e enviamos sinais a planetas distantes.Ns, os grilos, temos estudado o sistema e aprendido como este

    funciona.E assim, a perda do mistrio tem levado a perda da majestade.

    Quanto mais conhecemos, menos acreditamos. Estranho, noacha? O conhecimento do processo no deveria desmentir omilagre. O conhecimento deveria suscitar a admirao. Quem temmais razo para adorar que o astrnomo que v as estrelas? Que ocirurgio que segura coraes nas mos? Que o oceangrafo que

    sonda as profundezas? Quanto mais conhecemos, mais deveramosnos maravilhar.Ironicamente, quanto mais conhecemos, menos adoramos.

    Estamos mais impressionados com a nossa descoberta dointerruptor, que com o inventor da eletricidade. a lgica doscrebros-de-grilo. Em lugar de adoramos ao Criador, adoramos a criao(Rm 1.25).

    Sem maravilhas no h admirao. Achamos que tudo calculado. Uma das atraes mais populares da Disney World aJungle Cruise. As pessoas no se importam de passar quarenta ecinco minutos esperando no calor da Flrida, para ter a

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    oportunidade de entrar no barco e atravessar a floresta infestadade cobras. Elas o fazem pela emoo. Voc nunca sabe quando umnativo pular de uma rvore, ou um crocodilo sair da gua. Ascachoeiras encharcam voc, o arco-ris o inspira, e o filhote deelefante brinca na gua para seu divertimento.

    uma viagem total nas primeiras vezes. Mas depois dequatro ou cinco corridas rio abaixo, comea a perder a graa. Eudeveria saber. Durante os trs anos em que morei em Miami,Flrida, fiz umas vinte viagens a Orlando. Eu era solteiro e dono deum furgo, e levava qualquer um que desejasse passar um dia noReino Encantado. L pela oitava ou nona viagem, eu podia dizer osnomes de todos os guias e as piadas que eles contavam.

    Um par de vezes cheguei a cochilar durante a viagem. A trilhaperdera seus mistrios. de admirar que as pessoas durmamnuma manh de domingo (seja na cama ou na igreja)? Agora vocsabe. Elas j viram tudo. Por que ficar excitadas? Eles conhecemtudo. Nada mais h de sagrado. O santurio tornou-se enfadonho.Em vez de agitados, como meninos no parque, passamos a vidadormitando, como passageiros que repetem o mesmo percurso detrem todos os dias.

    Entende como as pessoas se tornam cheias de pecadossexuais, usando seus corpos iniquamente umas com as outras?(Rm 1.24).

    De acordo com o primeiro captulo de Romanos, atesmo uma pssima barganha. Nessa de viver o hoje, o hedonistaconstrutor de cabanas destri sua esperana de viver num casteloamanh.

    O que era verdade nos dias de Paulo, ainda o nos dias dehoje, e faramos bem se atentssemos para a sua advertncia. Docontrrio, o que nos livra de destruirmos a ns mesmos? Se no hcritrios nesta vida, nenhum propsito para esta vida, e nadasagrado acerca desta vida, o que nos impede de fazermos tudo oque quisermos? Nada responde um grilo ao outro.

    Como Deus se sente acerca de tal filosofia de vida? Deixe-medar-lhe uma dica. Como voc se sentiria se visse seus filhos

    contentando-se com migalhas, quando voc lhes tem preparadoum banquete?

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    4. Julgamento mpio

    Romanos 2.1-11

    Portanto, s inescusvel quando julgas, homem,quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmonaquilo em que julgas a outro-, pois tu, que julgas,fazes o mesmo. Romanos 2.1

    Sabe o que mais me perturba acerca de Jeffrey Dahmer?

    O que mais me perturba no so os seus atos, embora

    odiosos. Dahmer foi culpado de dezessete assassinatos. Onzecadveres foram encontrados em seu apartamento. Ele cortou bra-os e comeu partes dos corpos. Meu dicionrio contm 204sinnimos para vil, mas nenhum deles suficiente para descreverum homem que armazenou caveiras em seu refrigerador, e con-servou o corao de uma de suas vtimas. Ele redefiniu os limitesda brutalidade. O monstro de Milwaukee dependurou-se no maisbaixo degrau da conduta humana, e ento deixou-se cair. Mas no

    isto o que mais me aborrece.Posso dizer-lhe o que mais me incomoda a respeito de JeffreyDahmer? No foi o seu julgamento, por mais perturbador quetenha sido, com todas aquelas imagens dele sentado serenamentena corte, face glida, inerte. Nenhum sinal de remorso, nenhumasombra de pesar. Lembra-se de seus olhos de ao e seu semblanteimpassvel? Mas no falo dele por causa de seu julgamento. Huma outra razo. Permite-me dizer-lhe o que realmente me

    transtorna acerca de Jeffrey Dahmer? Posso contar-lhe?Sua converso.

    Meses antes que um companheiro de cela o assassinasse,Jeffrey Dahmer tornou-se um cristo. Falou de seuarrependimento. Estava triste pelo que fizera. Profundamente triste.Confessou sua f em Cristo. Foi batizado. Iniciou uma nova vida.Comeou a ler livros evanglicos e a assistir aos cultos na priso.

    Pecados lavados. Alma limpa. Passado perdoado.

    Isso me transtorna. No deveria, mas assim que me sinto.Graa para um canibal? possvel que voc tenha as mesmas

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    reservas. Se no quanto a Dahmer, talvez sobre outro algum.Quem sabe, relutante quanto a converso de um estuprador, quese arrepende no leito de morte, ou de um molestador de crianas,que se converte na ltima hora. Ns os sentenciamos, no numacorte, mas em nossos coraes. Temo-los posto atrs das grades e

    trancado a porta. Eles esto para sempre encarcerados, em nossarepugnncia. E ento, o impossvel acontece: eles se arrependem.

    Nossa reao? (Atrevamo-nos a confess-la?) Cruzamos osbraos, enrugamos a testa e dizemos: Deus no o deixar escaparassim to fcil. No depois do que voc fez. Deus bom, mas no tolo. A graa para pecadores normais, como eu, no parapervertidos iguais a voc.

    E para provar, buscamos Romanos. Porque do cu semanifesta a ira de Deus sobre... E Paulo alista pecado sexual,maldade, egosmo, dio, cime, assassinato (Rm 1. 18-30). Nsqueremos gritar Isso mesmo, Paulo! J era hora de algum falarcontra o pecado! J era tempo de se arrancar a mscara doadultrio e pr mostra a desonestidade! Pegue esses pervertidos.

    Agarre esses traficantes. Apoiado, Paulo! Ns, os decentes, osobedientes lei, estamos com voc!

    Reao de Paulo?Vocs so to ruins quanto eles. Quando afirmam que eles

    so maus e deveriam ser castigados, vocs esto falando de simesmos, pois fazem essas mesmas coisas (Rm 2.1 BV).

    Ooopa!

    Chamando a ateno sobre o gato construtor de cabanas, oco de guarda da ladeira vira o holofote para si mesmo.

    No Seguramos o Martelo

    No primeiro captulo de Romanos, Paulo confronta ohedonista. No captulo dois, ele trata com outro grupo: osmoralistas judiciais, que condenam a si mesmos naquilo em que

    julgam (Rm 2.1). Esto sempre apontando um dedo para algum.

    Portanto, voc que julga os outros indesculpvel; pois estcondenando a si mesmo naquilo em que julga, visto que voc que

    julga, pratica as mesmas coisas (Rm 2.1 NVI).

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    Quem essa pessoa? Poderia ser qualquer um ( homem,quem quer que sejas) que filtre a graa de Deus atravs de suaopinio pessoal. Qualquer um que dilua a misericrdia de Deus emseu prprio preconceito. o irmo do filho prdigo que no quiscomparecer festa (Lc 15. 11-32). o trabalhador de dez horas

    frustrado porque o que trabalhou apenas uma hora ganhou omesmo salrio (Mt 20. 1-16). o censor obcecado pelos pecados deseu irmo, e esquecido dos seus prprios.

    Se voc acha que pode julgar os outros (Rm 2.1), Paulo temum duro lembrete a voc. No lhe cabe a funo de segurar omartelo. E bem sabemos que o juzo de Deus segundo a verdadesobre os que tais coisas fazem (v.2).

    A palavra chave aqui juzo. Uma coisa ter uma opinio;outra, bem diferente, passar um veredicto. Uma coisa ter umaconvico; outra condenar a pessoa. Um coisa estar repugnadopelos atos de Jeffrey Dahmer (e eu estou). Outra totalmentediferente declarar que sou superior (no sou), ou que ele estfora do alcance da graa de Deus (ningum est).

    Como escreveu John Stott: Este (versculo) no umaintimao a suspender nosso senso crtico, ou renunciar toda

    censura e reprovao a outros, como algo ilegtimo. , antes, aproibio de nos levantarmos em julgamento outra pessoa econden-la (como seres humanos, no temos o direito de faz-lo),especialmente quando falhamos em julgar a ns mesmos.

    Cabe a ns odiar o pecado. Mas tratar com o pecador tarefade Deus. Ele convocou-nos a desprezar o mal; porm jamaisordenou que desprezssemos o malfeitor.

    Contudo, oh, como gostaramos de faz-lo! Existe algo maisdeleitvel que julgar os outros? O que daria mais satisfao que vestir a toga, sentar-se atrs da mesa, fazer soar o martelo edeclarar: Culpado!?

    Alm de que, julgar os outros um modo fcil e rpido desentir-nos bem com ns mesmos. Uma loja de conveninciaLevanta Ego. Olhando para todos os Mussolinis e Hitlers eDahmers do mundo, nos gabamos: Veja, Senhor, comparado a

    eles, no sou to mau.Esse o problema. Deus no nos compara a eles. Eles no

    so paradigmas. Deus . E comparado a ele, Paulo argumenta:

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    No h quem faa o bem (Rm 3.12). Na verdade, essa uma dasduas razes porque Deus o nico que pode julgar.

    Razo 1: No Somos Bons o Bastante

    Suponha que Deus simplifique o assunto e reduza a Bblia aum mandamento: Deves saltar bem alto no ar para que toques alua. No preciso amar o prximo, nem orar, nem seguir a Jesus;apenas toque a lua pela eficcia de um salto, e voc ser salvo.

    Nunca o faramos. Pode ser que uns poucos consigam pulartrs ou quatro ps, e outros menos cheguem a cinco ou seis;porm com a distncia que nos separa da lua, ningum chegarianem perto. Ainda que voc pudesse pular seis polegadas mais alto

    que eu, isto mal constituiria motivo de orgulho.Ora, Deus no nos chamou para tocar a lua, mas bem que

    poderia t-lo feito. Ele ordenou: Sede perfeitos, como perfeito o vosso Pai, que est nos cus (Mt 5.48). Nenhum de ns podesatisfazer o critrio de Deus. Como resultado, ningum de nsmerece vestir a toga, sentar-se na cadeira do juiz e julgar os outros.Por qu? No somos bons o bastante. Dahmer pode pular seispolegadas, e voc, seis ps, mas comparado s 230.000 milhasrestantes, quem pode orgulhar-se?

    A simples idia chega a ser cmica. Ns, os que saltamos trsps, olhamos o companheiro que pulou uma polegada, e dizemos:Que pulo ruim. Por que nos ocupamos com tais acusaes? uma manobra. Enquanto estou pensando em sua fraqueza, notenho de pensar na minha. Enquanto estou olhando seu pulo fraco,no tenho de ser honesto com o meu prprio salto.Estou como o

    homem que foi ao psiquiatra, com uma tartaruga na cabea e umatira de bacon pendurada em cada orelha, e disse: Estou aqui paraconsult-lo a respeito de meu irmo.

    a estratgia universal da impunidade. Todas as crianas ausam. Se eu puder deixar papai mais bravo com meu irmo do quecomigo, sairei livre. Ento, acuso. Comparo. Em vez de admitirminhas prprias faltas, encontro falhas nos outros. O jeito maisfcil de justificar os erros em minha casa achar erros piores na

    casa de meu vizinho.

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    Tal artifcio no funciona com Deus. Leia atentamenteas palavras de Paulo. Deus no se deixa levar tofacilmente. Ele enxerga claro atravs da fumaa, e o

    pega pelo que voc fez. Voc no acha que, pelosimples fato de apontar o dedo para outra pessoa, irdesviar a severidade divina de sobre voc, acha? Ou

    pensa que, s porque Ele um Deus to bondoso, vaideixar voc de fora? Melhor pensar nisto desde o

    princpio. Deus bom, porm no bobo. Em suabondade, Ele toma-nos firmemente pela mo, e leva-nos a uma mudana radical de vida (Rm 2.2-4).

    No somos bons o bastante para julgar. Pode ofaminto acusar o mendigo? Pode o doente zombar daenfermidade? Pode o cego julgar o surdo? Pode o

    pecador acusar o pecador? No. Apenas Um podejulgar, e este Um no est escrevendo nem lendo estelivro.

    Razo 2: No Sabemos o Bastante

    No somos apenas indignos; somos incompetentes. Nosabemos o bastante sobre a pessoa para julg-la. Condenamos um

    homem por cambalear nesta manh, mas no vimos a pancadaque ele levou ontem. Julgamos uma mulher.por andar mancando,mas no podemos ver o prego em seu sapato. Zombamos do medoem seus olhos, mas no fazemos idia de quantas pedras jtiveram de se desviar, ou de quantas flechas se esquivar.

    No ignoramos apenas o ontem, mas tambm o amanh. Ousara-mos julgar um livro antes que seus captulos fossem escritos?Podemos dar nossa opinio sobre um quadro, enquanto o artista

    ainda segura os pincis? Como pode voc repudiar uma alma,antes que o trabalho de Deus seja completado? Estou convencidode que aquele que comeou boa obra em vocs h de complet-laat o dia de Cristo Jesus (Fp 1.6 NVI).

    Cuidado! O Pedro que negou a Jesus na fogueira, esta noite,poder proclam-lo com fogo, amanh, no Pentecostes. O Sansoque hoje est cego e fraco pode usar suas ltimas foras parademolir os pilares do atesmo. O pastor gago desta gerao podeser o poderoso Moiss da gerao vindoura. No chame No delouco; talvez voc tenha de pedir-lhe uma carona. Portanto, nada

    julgueis antes do tempo, at que o Senhor venha (1 Co 4.5).

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    Um criminoso foi condenado morte por seu pas. Em seultimo momento, clamou por misericrdia. Houvesse ele pedidoclemncia ao povo, e ela lhe teria sido negada. Houvesse pedido aogoverno, e no lha teriam concedido. Houvesse pedido s suas

    vtimas, e elas ter-se-iam tornado surdas. Mas no assim com a

    graa. Ele virou-se para o vulto ensangentado, pendurado nacruz prxima a dele, e apelou: Jesus, lembra-te de mim, quandoentrares no teu reino. E Jesus respondeu-lhe dizendo: Em

    verdade te digo que hoje estars comigo no paraso (Lc 23.42,43).

    Tanto quanto sabemos, Jeffrey Dahmer fez a mesma coisa. Etanto quanto sabemos, Jeffrey Dahmer obteve a mesma resposta.

    A splica de Dahmer no foi diferente da sua nem da minha. Elepode t-la feito na beliche de uma priso, e voc, num banco de

    igreja, porm do ponto de vista do cu, estamos todos tentandotocar a lua.

    E pela graa do cu, todos fomos atendidos.

    5. Religio mpia

    Romanos 2.17-3.18

    Eis que tu, que tens por sobrenome judeu, e repousasna lei, e te glorias em Deus; ...que tens a forma dacincia e da verdade na lei; tu, pois, que ensinas aoutro, no te ensinas a ti mesmo? Romanos2.17,20,21

    Vamos supor que eu o convide para navegar comigo.

    Eu no sabia que voc era marinheiro observa voc.

    Pode apostar que sou respondo eu.

    Diga-me, onde voc aprendeu a navegar? Fao brilhar um

    sorriso arrogante, e puxo do bolso um retrato amarelado. Vocolha para o marinheiro de p sobre a proa de uma escuna.

    Esse meu bisav. Ele atravessou o Cabo de Horn. A

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    navegao est em meu sangue.

    Seu bisav o ensinou a navegar?

    Claro que no. Ele morreu antes de eu nascer.

    Ento, quem o ensinou a navegar? Exibo um livro com

    capa de couro e orgulho-me: Li o manual.

    Voc leu um livro sobre navegao?

    Mais que isso. Fiz um curso no grmio do colgio. Possodizer-lhe a diferena entre proa e popa, e entre bombordo eestibordo. Voc precisa ver-me levantar um mastro.

    Voc quer dizer iar uma vela? Tanto faz. Numa viagem, conheci um capito de verdade.

    Apertei a mo dele! Ora, vamos, no quer navegar?

    Honestamente, Max, no acho que voc seja ummarinheiro.

    Quer uma prova? Quer uma prova real? D uma olhada,companheiro. Tenho uma tatuagem ge-nu--na. Levanto a

    manga e revelo uma sereia sentada numa ncora. Veja como elapula quando eu contraio o brao.

    Voc no est impressionado.

    Essa toda a prova que voc tem?

    Que mais preciso fazer? Tenho linhagem. Tenho livro.Tenho tatuagem. Todos a bordo!

    Provavelmente voc ficar em terra. At um marinheiro degua doce sabe que preciso mais que uma rvore genealgica,um curso de uma noite e uma tatuagem, para ser um navegador.

    Voc no confiaria num companheiro como eu para navegar seubarco. Paulo tampouco confiaria num confrade igual a mim paradirigir a igreja.

    Aparentemente, alguns foram difceis. Oh, eles no eram dotipo navegantes; eram do tipo religioso. Seus ancestrais no foram

    companheiros de bordo; foram companheiros de sinagoga. Notinham um livro sobre barcos, mas tinham um livro chamado Tor.E acima de tudo, tinham sido tatuados; tinham sido circuncidados.

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    E eles eram orgulhosos, orgulhosos de sua linhagem, sua lei, e suainiciao.

    Tenho o pressentimento de que eles estavam orgulhosostambm da carta de Paulo. Imagine a congregao ouvindo estaepstola. Judeus de um lado, gentios do outro. No est vendo o

    sorriso radiante dos judeus? Paulo fala declaradamente contra oscostumes mpios, e eles balanam a cabea aquiescendo. Pauloadverte quanto ira divina dirigida ao hedonista construtor decabanas, e eles sorriem. Quando Paulo, seu companheiro judeu,ralha com os miserveis incircuncisos, eles explodem em coro:Amm! Isso, Paulo, exorte-os!

    Mas ento Paulo os surpreende.

    Ele aponta o dedo para seus peitos estufados e verbera:E quanto a voc? Voc chama a si mesmo de judeu.Voc confia na lei de Moiss e se envaidece de estar

    perto de Deus. Voc sabe o que Ele quer que vocfaa, e sabe o que importante, porque temaprendido a lei. Voc pensa que um guia para oscegos e uma luz para os que esto nas trevas. Vocacha que pode mostrar aos tolos o que certo, e

    ensinar esses que nada sabem. Voc tem a lei, porisso pensa que sabe todas as coisas e dono daverdade. (Rm 2.17-20).

    No se vanglorie de sua linhagem

    Isso que voc est ouvindo no so fogos de artifcio; sogranadas. Sete granadas, para ser exato. Sete quentes e ferventes

    verbos lanados bem no centro do legalismo. Oua como explodem.Voc chama a si mesmo de judeu.

    Voc confia na lei de Moiss e se envaidece de estarperto de Deus.

    Voc sabe o que Ele quer que voc faa, e sabe o que importante,

    porque tem aprendido a lei.

    Voc pensa que um guia para os cegos e uma luzpara esses que

    andam em trevas.

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    Voc acha que pode mostrar aos tolos o que certo,e ensinar

    esses que nada sabem.

    ...voc pensa que sabe todas as coisas. (Rm 2. 17-20).

    Bum. Bum. Bum. Justamente quando os lderes pensavamque ganhariam elogios, foram detonados. Paulo disparou: Vocs,

    judeus, confiam na lei em vez de confiar no legislador, e ufanam-sede ter o monoplio de Deus. Vocs esto convencidos de que souma parte dos eleitos privilegiados que sabem (sem sombra dedvidas) o que Deus quer que se faa. E se isso no fosse ruim obastante, vocs pensam que so uma ddiva de Deus para osloucos e confusos. De fato, vocs pensam que sabem tudo.

    Algo me diz que Paulo dirigiu seu tiro ao prmio Pastor do Ano. Oapstolo, no obstante, est mais interessado em marcar um pontoque contar pontos, e seu ponto para os religiosos amontoadores depedras claro: No se vanglorie de sua rvore genealgica. Ternascido com um mezuz de prata na boca nada significa no cu. Af profundamente pessoal. No reino de Deus no h estirpe real,ou linhagem santa.

    Me vem mente a histria do filho do lenhador. Por algumarazo, o menino convenceu-se de que havia fantasmas na floresta.Isso preocupou seu pai que, havendo feito das rvores um meio de

    vida, esperava que o filho fizesse o mesmo. A fim de encorajar ofilho, o pai deu-lhe seu leno dizendo-lhe:

    Os fantasmas tm medo de mim, meu filho. Use este leno,e eles tero medo de voc. O leno far de voc um lenhador.

    E assim o rapaz fez. Usou o leno orgulhosamente, dizendo atodos que era um lenhador. Todavia, nunca entrou na floresta,nem nunca cortou uma rvore, mas desde que ganhara o leno dopai, considerava-se a si mesmo um lenhador.

    O pai teria sido sbio se houvesse ensinado ao filho que nohavia fantasmas, em vez de ensin-lo a confiar num leno.

    Os judeus confiavam nos lenos de seus pais. Dependiam da

    aba de sua herana. No importava que fossem ladres, adlterose escroques (Rm 2.22,23); ainda consideravam a si mesmas comoos eleitos de Deus. Por qu? Porque tinham o leno.

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    Talvez lhe tenham dado um leno. Talvez os ramos de suarvore genealgica estejam carregados de santos e profetas. Talvez

    voc tenha nascido numa casa pastoral e criado dentes num bancode igreja. Se assim for, seja agradecido, mas no acomodado.Melhor confiar na verdade que em um leno.

    Ou quem sabe voc no tenha pedigree. Seus ancestrais estomais nos registros da priso, que no rol de professores da EscolaDominical. Neste caso, no se preocupe. Assim como uma heranareligiosa no traz bnus, uma secular no traz dficits. rvoregenealgica no pode salv-lo, ou conden-lo; a deciso final sua.

    No Confie Num Smbolo

    Havendo tratado da questo da linhagem, Paulo agora enfocao problema da tatuagem. Ele volta sua ateno ao mais sagradoemblema judaico: a circunciso. A circunciso simbolizava aproximidade que Deus desejava com o seu povo. Deus ps umafaca para nossa auto-suficincia. Ele quer ser parte de nossaidentidade, de nossa intimidade, e at de nossa potencialidade. Acircunciso atesta que no h nenhuma rea em nossa vidademasiadamente privada, ou pessoal demais, para Deus.

    Ora, em lugar de ver a circunciso como um sinal desubmisso, os judeus viam-na como sinal de autoridade. Com otempo, passaram a confiar mais no smbolo que no Pai. O apstoloPaulo destri esta iluso ao proclamar: No judeu quem o apenas exteriormente, nem circunciso a que meramenteexterior e fsica. No! Judeu quem o interiormente, ecircunciso a operada no corao, pelo Esprito, e no pela leiescrita. Para estes o louvor no provm dos homens, mas de Deus(Rm 2.28,29 NVI).

    Mais tarde, Pauto indaga: Deus aceitou Abrao antes oudepois de ele haver sido circuncidado? (Rm 4.10). Perguntaimportante. Se Deus somente aceitou Abrao aps a circunciso,ento Abrao foi aceito de acordo com os seus mritos, e no porcausa de sua f.

    Qual a resposta de Paulo? Abrao foi aceito antes de sua

    circunciso (v.10). Ele foi aceito por Deus em Gnesis 15, ecircuncidado em Gnesis 17. Quatorze anos separam os doiseventos!

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    Se Abrao j tinha sido aceito por Deus, ento por que acircunciso? Paulo responde a questo com o seguinte verso: Elerecebeu a circunciso como sinal, selo da justia que ele tinha pelaf, quando ainda no fora circuncidado (Rm 4.11 NVI).

    O ponto de Paulo crucial: A circunciso era simblica. Seu

    propsito era mostrar o que Deus j tinha feito.Vejo um grande exemplo disso enquanto digito estas palavras.

    Em minha mo esquerda h um smbolo uma aliana de ouro.Embora no elaborada, ela inestimvel. Foi-me dada por minhaesposa no dia de nosso casamento. A aliana um smbolo donosso amor, um manifesto do nosso amor, uma declarao donosso amor, mas no a fonte de nosso amor.

    Quando nos desentendemos ou temos alguma dificuldade,no pego a aliana e a coloco num pedestal e oro para ela. No aesfrego nem lhe peo sabedoria. Se eu perdesse essa aliana,ficaria desapontado, mas nosso casamento continuaria. Ela umsmbolo. Nada mais.

    Suponha que eu tente fazer da aliana mais do que ela .Suponha que eu me torne um traste de marido, cruel e desleal.Imagine que eu falhe em prover s necessidades de Denalyn ou em

    cuidar de nossos filhos. Que um dia ela chegue ao ponto de dizer-me: Voc no um marido para mim. No h amor em seucorao, nem devoo em sua vida. Quero que voc se v.

    Como voc acha que ela reagiria, se eu rebatesse: Como vocousa dizer isto? Estou usando a aliana que voc me deu. Eununca a tirei um minuto sequer! certo que a espanquei e enganei,mas sempre usei a aliana. Isto no basta?

    Quantos de vocs acham que tal defesa a levaria a desculpar-se e a lamentar-se: Oh, Max, como sou esquecida. Voc tem sidoto sacrificial, usando esta aliana todos estes anos. certo que

    voc me tem espancado, me abandonado e me negligenciado, masdeixo tudo isso de lado porque voc tem usado a aliana?

    Conversa fiada. Ela nunca diria isso. Por qu? Porque partedo amor, a aliana nada significa. O smbolo representa o amor,porm no o substitui. Paulo acusa os judeus de confiar nosmbolo da circunciso, enquanto negligenciam a sua essncia.Poderia ele acusar-nos do mesmo erro?

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    Substitua por um smbolo contemporneo, tal como batismo,santa ceia ou membro de igreja.

    Deus, eu sei que nunca penso no Senhor. Sei que odeio aspessoas e engano meus amigos. Abuso de meu corpo e minto minha esposa. Mas o Senhor no se importa, no ? Pois acima de

    tudo, eu fui batizado nesta igreja crist quando tinha doze anos.Ou: Em todas as pscoas, participo da comunho.

    Ou: Meu pai e minha me so a quinta gerao depresbiterianos, o Senhor sabe.

    Voc acha que Deus diria: Voc est certo. Voc nuncapensa em mim ou me respeita. Voc odeia seu vizinho e maltratasuas crianas, mas uma vez que voc foi batizado, passarei poralto a sua rebelio e seu mau caminho?

    Papo furado. Desassociado de quem o partilha, um smbolono tem poder.

    Em meu armrio h uma jaqueta da equipe desportiva dauniversidade. Eu a ganhei por jogar dois anos no time de futebol.Ela, tambm, um smbolo. Simboliza as longas horas de suor etrabalho no campo de treinamento. A jaqueta e uma cicatriz no

    joelho so recordaes de algo que pude fazer vinte anos atrs. Voc acha que se eu vestir a jaqueta agora, instantaneamenteficarei dez quilos mais leve e totalmente veloz? Voc acha que se euentrasse no gabinete de um treinador usando essa jaqueta, ele meestenderia sua mo e diria: Estvamos esperando por um jogadorcomo voc. Vai l e bote pra quebrar!?

    Conversa mole. A jaqueta meramente a lembrana de algoque outrora eu fiz. Ela no diz nada do que posso fazer hoje.Sozinha, ela no me transforma, no me capacita, nem me habilita.

    Nem sua herana tampouco o faz, ainda que voc sejadescendente de John Wesley.

    Nem sua participao na ceia o faz, ainda que voc seempanturre de po.

    Nem seu batismo o faz, ainda que voc seja submerso no Rio

    Jordo.Por favor, entenda. Smbolos so importantes. Alguns deles,

    como batismo e santa ceia, ilustram a cruz de Cristo. Eles

  • 8/14/2019 evanglico - max lucado - nas garras da graa

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    simbolizam salvao; demonstram salvao; proclamam salvao.Porm no concedem salvao.

    Depositar sua confiana num smbolo como pretender serum navegante s porque tem uma tatuagem, ou pretender ser umbom marido s porque tem uma aliana, ou pretender ser um

    jogador de futebol s porque tem uma jaqueta esportiva.Pensamos, honestamente, que Deus salvaria seus filhos

    baseado num smbolo?

    Que espcie de Deus olharia para um religioso hipcrita ediria: Voc nunca me amou, nunca me buscou ou obedeceu-me,mas porque seu nome est no rol de membros de umadeterminada denominao, eu o salvarei?

    Ou por outro lado, que espcie de Deus olharia para algumque o busca verdadeiramente e diria: Voc dedicou sua vida aamar-me a amar aos meus filhos. Voc entregou-me seu corao econfessou-me seus pecados. Eu gostaria de salvar voc que tofalho. Sinto muito, mas sua igreja celebra a santa ceiamensalmente, e isso muito. Por causa de um assunto tcnico,

    voc est para sempre perdido no inferno?

    Lero-lero. Nosso Deus abundante em amor e constante emmisericrdia. Ele nos salva, no porque confiamos em um smbolo,mas porque confiamos em um Salvador.

    Por favor, note que Paulo no mudou de assunto; mudouapenas de ouvintes. Seu tpico ainda o drama da vida mpia. Aira de Deus revelada do cu contra toda impiedade (Rm 1.18NVI).

    Da perspectiva divina, no h diferena entre o mpiofreqenta-festas, o mpio aponta-dedo, e o mpio freqenta-igreja.

    A turma do salo, o cl do palcio da justia, e o coro da igrejaprecisam da mesma mensagem: Sem Deus, todos esto perdidos.

    Ou como sintetiza Paulo:

    Todos ns, ntimos ou estranhos, iniciamos em idnticacondio. Isto , iniciamos como pecadores. As Escrituras nodeixam dvidas sobre isto: No h um justo, nem um sequer (Rm

    3.10).

    Assim como linhagem, leis e tatuagens no fazem de mim umnavegador, herana, rituais e cerimnias no me tornam um

  • 8/14/2019 evanglico - max lucado - nas garras da graa

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    cristo. Deus justifica o crente, no pelos mritos de sua crena,mas pelos mritos de Cristo.

    No Tente Fazer o que Somente Deus Pode Fazer

    Voltemos ao meu convite para navegar. Eu sei ter dito queprovavelmente voc no iria, mas vamos fingir que voc no toexigente quanto parece, e voc aceita entrar no barco.

    Voc comea a preocupar-se quando nota que icei a velasomente umas poucas polegadas sobre o mastro. Voc estranhaquando eu me posiciono atrs da vela parcialmente iada, ecomeo a soprar.

    Por que voc no desfralda a vela? indaga voc. Porque no consigo assoprar sobre a coisa toda explico

    ofegante.

    Deixe que o vento assopre insta voc.

    Oh, no posso fazer isto. Estou navegando este barco pormim mesmo.

    Essas so as palavras de um legalista, soprando e bufandopara impelir sua nave ao cu. (Alguma vez j se perguntou por quetantos religiosos parecem esbaforidos?)

    Com pouco estamos vogando sobre o mar, e uma fortetempestade nos ataca. A chuva bate no convs, e o pequeno naviosalta sobre as ondas.

    Vou lanar a ncora! grito eu.

    Voc est aliviado porque eu sei ao menos onde est a ncora,mas ento voc se surpreende ao ver onde a coloco Primeiro, pegoa ncora e a coloco perto da proa.

    Isto dever estabilizar o barco! Garanto eu aos grilos,mas claro, ele no se estabiliza. A seguir, levo a ncora para apopa. Agora estamos seguros! Mas o balano continua.Penduro a ncora no mastro, mas isto no ajuda.

    Finalmente, frustrado e com medo, voc agarra a ncora,arremessa-a nas profundezas, e grita:

    Voc no sabe que tem de ancorar em alguma coisa que

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    no seja voc mesmo?

    Um legalista no sabe disso. Ele ancora apenas em si mesmo.Sua segurana provm do que ele faz, de sua linhagem, sua lei esua tatuagem. Quando a tempestade desaba, o legalista lana suancora em seu prprio esforo. Ele salvar a si mesmo. Alm de

    que, ele no est no grupo certo? Ele no tem a lei exata? E ele nopassou pela iniciao correta? (Alguma vez j se perguntou por quemuitos religiosos tm a vida to tempestuosa?)

    Este o ponto: A salvao tarefa de Deus.

    Recorda a parbola do rio? O primeiro irmo, o hedonista,construiu uma choupana e chamava-a de manso. O segundoirmo, o judicialista, olhava para o primeiro e chamava-o de

    desajustado. O legalista, o terceiro irmo, empilhava pedras econfiava em sua prpria fora. Ele representa o beato mpio queamontoa suas boas obras contra a correnteza, pensando que elasfaro uma passagem rio acima. No final, os trs rejeitaram oconvite do irmo mais velho, e todos permaneceram igualmentedistantes do pai.

    A mensagem da parbola e a mensagem de Paulo aosRomanos so a mesma: Deus o nico que salva seus filhos.

    Existe um nico nome sob o cu que tem o poder de salvar, e essenome no o seu.

    Apesar da sereia em sua tatuagem.

    IIII PPaarrttee -- QQUUEEDDEEUUSS!!

    Considere o feito de Deus.Ele no fecha os olhos ao nosso pecado, nem compro-mete seu critrio.Ele no ignora nossa rebelio, nem afrouxa suasexigncias.Em vez de descartar nosso pecado, Ele o assume e,

    inacreditavelmente, sentencia a si prprio. A santidade de Deus honrada. Nosso pecado punido e... ns somos redimidos.

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    Deus faz o que no podemos fazer, e assim podemosser o que nem ousamos sonhar: perfeitos diante deDeus.

    6. Chamando os CadveresRomanos 3.21-26

    Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inteis. No hquem faa o bem, no h nem um s... para que toda boca sejafechada e todo o mundo seja condenvel diante de Deus.

    H algumas semanas, viajei ao Meio Oeste para buscarminhas duas filhas mais velhas. Elas haviam passado umasemana num acampamento. Esta no era a primeira vez queacampavam, mas era a primeira vez que ficavam to longe de casa.O local era vasto, e as atividades agradveis, mas seus coraesestavam pesados. Sentiam falta da mame e do papai. E a mamee o papai no se sentiam melhores.

    No querendo arriscar algum atraso nos vos, embarquei um

    dia antes. Os pais no podiam pegar os filhos antes das cinco datarde, ento desfrutei da regio; visitei alguns pontos e mantive umolho no relgio. Meu propsito no era fazer turismo. Meupropsito era minhas filhas.

    Cheguei ao acampamento s trs da tarde. Uma cordaesticada atravessava a estrada de terra, e um cartaz penduradonela recordou-me: Os pais no podem entrar antes das 5:00 hs.

    Eu no estava sozinho na corda. Outros pais j estavam ali.Havia muitas olhadas ao relgio. Nenhuma conversao profunda,apenas o esperado: Como vai? De onde voc ? e Quantosfilhos? Nada mais que isso. Nossas mentes estavam alm daquelaestrada de terra. Por volta de quatro e meia, notei que alguns paisse colocavam junto corda. A fim de no ser ultrapassado, fiz omesmo. As vagas estavam todas tomadas; havia espao somentepara mais um pai. Passei raspando numa me, que ignorava que

    os cavalos tinham sido chamados estrada. Senti muito por ela,mas no o suficiente para dar-lhe meu lugar.

    Cinco minutos depois, a conversa terminara. Nada mais de

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    brincadeiras; a coisa era sria. Os carros estavam na estrada. Oscorredores estavam na quadra. A contagem regressiva estava emcima. Tudo o que precisvamos era que algum abaixasse a corda.

    Dois conselheiros do acampamento apareceram para fazer ashonras. Eles sabiam como pegar uma das ponta da corda, e cruzar

    a estrada para permitir a entrada dos pais. Tal movimento teriasido fatal; eles no sobreviveriam ao pisoteamento. Em vez dearriscar suas vidas, eles pegaram cada um numa ponta da corda e,a um sinal previamente combinado, arriaram-na ao cho. (Eles jtinham feito isto antes).

    Estvamos livres!

    Eu estava pronto para este momento. J tinha esperado o

    suficiente. Comecei com um passo animado, mas pelo canto doolho, vi um pai comear com uma carreira. Ah, ento era assim, eh?Ainda bem que eu estava usando sapatos de corrida. Rompi numacarreira. Bastava de preliminares. A hora chegara, e a corda forabaixada. E eu estava disposto a qualquer coisa para levar minhasfilhas.

    Deus sente o mesmo.

    Deus est pronto a levar os que lhe pertencem. Ele, tambm,est separado de seus filhos. Ele, tambm, far o que fornecessrio para lev-los ao lar. Mais que isso, seu desejo deixa onosso no p. Esquea viagens de avio e carros alugados. Estamosfalando de encarnao e sacrifcio. Esquea uma noite no hotel;tudo o que fale de existncia na terra! Eu fui do Estado do Texasao Estado do Missouri. Ele foi do estado de ser adorado no cupara o de um beb em Belm.

    Por qu? Ele sabe que seus filhos esto sem o seu Pai. E Elesabe que somos incapazes de retornar sem a sua ajuda.

    Pecado, o Problema Universal

    Porm o que nos separa de Deus no uma corda e umapoltica de acampamento. O que nos separa de Deus o pecado.No somos fortes o suficiente para remov-lo, e no somos bons o

    bastante para apag-lo. Apesar d