"Evangelii Gaudium"

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LINK: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/11/1376669-papa-defende-reforma-da-igreja-catolica-para-diminuir- desigualdade.shtml 26/11/2013 - 09h50 Papa ataca desigualdade e defende reforma da Igreja O papa Francisco defendeu a reforma da Igreja Católica e a inclusão de iniciativas que diminuam a riqueza e a hierarquia do Vaticano, em sua primeira exortação apostólica, divulgada nesta terça- feira. No texto, o pontífice ainda defende a posição contra o aborto e critica a "tirania" do capitalismo. Chamada de "Evangelii Gaudium" ("A Alegria do Evangelho"), a exortação apostólica divulgada nesta terça é o primeiro documento papal inteiramente escrito por Francisco. O texto usa um estilo próximo à pregação, no que difere da escrita acadêmica de seu antecessor, o papa emérito Bento 16. Francisco convidou o clero a fazer uma reforma profunda das instituições eclesiásticas, de modo que a Igreja "se torne mais fiel ao sentido que Jesus Cristo quis dar-lhe e às necessidades atuais da evangelização". Ele disse estar aberto a sugestões de reforma para o que chamou de "conversão pastoral". "Prefiro uma Igreja Católica arranhada, ferida e suja porque veio das ruas que uma instituição doente por estar confinada e agarrada à sua própria segurança", disse, criticando ainda a insistência de sacerdotes em expor as doutrinas e a centralização do Vaticano que, para ele, atrapalha o trabalho missionário. O pontífice ainda citou o papa João Paulo 2º, morto em 2005, a quem disse ter pedido para ajudar a encontrar uma nova forma de exercício da liderança eclesiástica por considerar que houve pouco avanço nos últimos anos.

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26/11/2013 - 09h50

Papa ataca desigualdade e defende reforma da Igreja

O papa Francisco defendeu a reforma da Igreja Católica e a inclusão de iniciativas que diminuam a

riqueza e a hierarquia do Vaticano, em sua primeira exortação apostólica, divulgada nesta terça-feira.

No texto, o pontífice ainda defende a posição contra o aborto e critica a "tirania" do capitalismo.

Chamada de "Evangelii Gaudium" ("A Alegria do Evangelho"), a exortação apostólica divulgada nesta terça é o primeiro documento papal inteiramente escrito por Francisco. O texto usa um

estilo próximo à pregação, no que difere da escrita acadêmica de seu antecessor, o papa emérito Bento 16.

Francisco convidou o clero a fazer uma reforma profunda das instituições eclesiásticas, de modo que a Igreja "se torne mais fiel ao sentido que Jesus Cristo quis dar-lhe e às necessidades atuais da evangelização". Ele disse estar aberto a sugestões de reforma

para o que chamou de "conversão pastoral".

"Prefiro uma Igreja Católica arranhada, ferida e suja porque veio das ruas que uma instituição doente por estar confinada e agarrada à sua própria segurança", disse,

criticando ainda a insistência de sacerdotes em expor as doutrinas e a centralização do Vaticano que, para ele, atrapalha o trabalho missionário.

O pontífice ainda citou o papa João Paulo 2º, morto em 2005, a quem disse ter pedido para ajudar a encontrar uma nova forma de exercício da liderança eclesiástica por considerar que houve pouco avanço nos últimos anos.

Ele também defendeu o uso de formas novas para o ensino do Evangelho, usando "novos caminhos e métodos criativos". "Não devemos encerrar Jesus nos nossos

esquemas chatos porque um anúncio renovado oferece aos crentes, aos mornos e aos não praticantes, uma nova alegria na fé e uma fecundidade evangelizadora".

POBREZA

Francisco defendeu as reformas como uma forma de aumentar a ação eclesiástica para diminuir a exclusão social e a desigualdade. Para o pontífice, ambas situações geram

violência no mundo e podem provocar uma explosão.

"Até que não se revertam a exclusão e a iniquidade dentro de uma sociedade e entre os distintos povos será impossível erradicar a violência".

Nesse sentido, atacou o sistema capitalista, ao qual chamou de "nova tirania" e pediu aos líderes globais que lutem para diminuir a pobreza, a desigualdade social e as diferenças de desenvolvimento entre os países.

"Enquanto os problemas dos mais pobres não forem radicalmente resolvidos através da rejeição da absoluta autonomia dos mercados e da especulação financeira, atacando as causas estruturais da desigualdade, não encontraremos solução para os problemas do mundo ou para muitos problemas".

ABORTO

Em sua exortação, de 142 páginas, Francisco reitera a posição da Igreja Católica sobre o aborto, afirmando que está "não está aberta à discussão" a interrupção da gravidez. No entanto, defende a maior influência das mulheres na liderança da instituição.

Ele ainda pediu aos países muçulmanos que permitam o cristianismo, assim como recomendou aos católicos que tratem com respeito os islâmicos. O pontífice também

defendeu o crescimento do diálogo com judeus, agnósticos e ateus.