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    DOCUMENTOS DA CNBB 85

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    CONErNCiA NACiONAl DOS BiSpOS DO BrASil

    EvANgElizAODA jUvENTUDE

    Desafos e esectas astoas

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    Paia

    rua pedo de Toedo, 16404039-000 So pauo Sp (Bas)

    Te.: (11) 2125-3549 ax: (11) 2125-3548htt://www.aunas.o.b [email protected]

    Teemaketn e SAC: 0800-7010081

    pa Socedade has de So pauo So pauo, 2007

    Nenhuma parte desta obra poder ser reproduzida ou transmitida

    por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrnico ou mecnico,

    incluindo fotocpia e gravao) ou arquivada em qualquer sistema ou

    banco de dados sem permisso escrita da Editora. Direitos reservados.

    Direo-geral: Flvia Reginatto

    Editora responsvel: Vera Ivanise Bombonatto

    APresentAo

    Aps dois anos de reexo e duas Assembliasda CNBB, a Igreja do Brasil recebe como presente odocumento: Evangelizao da juventude: desafos eperspectivas pastorais. No mesmo perodo em que opapa se encontra com a juventude brasileira, a CNBB

    publica este como instrumento dinamizador da aoevangelizadora no Brasil.

    Contemplando a realidade juvenil atual e desejan-do oferecer luzes para o trabalho junto aos jovens, estedocumento referncia para todos que, na Igreja, tmse colocado na evangelizao desta parcela to impor-tante da sociedade: pastorais da juventude, movimentos,congregaes religiosas, novas comunidades, gruposjuvenis e de crisma, Pastoral Vocacional, Pastoral daEducao e servios diversos.

    A evangelizao da juventude interessa muito Igreja e aos seus pastores. Temos um compromisso srio

    com a formao das novas geraes que, pressionadaspor tantas propostas de vida, necessitam de muito dis-cernimento, de coragem, de verdadeiros caminhos e,principalmente, de nossa presena amiga: Os jovenstm o direito de receber da Igreja o Evangelho e deser introduzidos na experincia religiosa, no encontrocom Deus e no contato com as riquezas da f crist.

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    no meio dos jovens e nossas estruturas organizativasencontraro neste documento valiosas orientaes e mo-tivaes para que os jovens se tornem verdadeiramenteapaixonados por Jesus Cristo e seus is discpulos emvista do bem de todos.

    Braslia, 26 de maio de 2007

    Memria de So Filipe Neri,Evangelizador da juventude

    Dom Dimas Lara Barbosa

    Bispo Auxiliar do Rio de JaneiroSecretrio-Geral da CNBB

    E os pastores da Igreja tm grande desejo de lhes co-municar a Boa-Nova de Jesus Cristo e de acolh-losna comunidade eclesial (Estudos da CNBB, n. 93,Apresentao).

    Estamos certos de que o presente e o futuro daprpria Igreja dependem desta nossa opo afetiva eefetiva por eles, como, tambm, a nossa sociedadeprogredir medida que puder contar com cidados

    verdadeiramente capacitados a testemunhar, defendere propagar os valores do Evangelho, todos eles a favorda vida plena para o ser humano.

    A busca de unidade de nossas foras eclesiaisem vista de um trabalho mais eciente encontra nestedocumento as suas linhas gerais e motivaes. A di-versidade de carismas, espiritualidades e pedagogia detrabalho juvenil para ns uma riqueza na Igreja deJesus Cristo. Quanto mais estivermos convencidos dovalor da unidade na diversidade mais os nossos jovensse beneciaro, as nossas comunidades se fortalecero

    e a nossa sociedade sentir a fora positiva de uma juventude convicta e entusiasmada pelos verdadeirosvalores pregados por Jesus Cristo.

    Uma adequada evangelizao, iluminada peloEsprito Santo que faz novas todas as coisas, nosgarantir uma juventude mais amada e animada emvista do Reino de Deus. A nossa presena educativa

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    Introduo

    1. Jesus, vendo que eles o seguiam, perguntou-lhes:Que procurais? Eles responderam: Mestre, ondemoras? Ele respondeu: Vinde e vede. Foram,viram onde Jesus morava e permaneceram comele aquele dia (Jo 1,38-39). A juventude mora

    no corao da Igreja e fonte de renovaoda sociedade. Os jovens de todos os tempos elugares buscam a felicidade. A Igreja continuaolhando com amor para os jovens, mostrando-lhes o verdadeiro Mestre Caminho, Verdadee Vida que os convida a viver com ele. Ns,pastores, consideramos urgente e importante otema da evangelizao da juventude para reeti-lo luz da Palavra de Deus e de tantas riquezase desaos deste momento histrico-cultural emque vivemos.

    2. Jesus envia a Igreja ao mundo para dar continui-

    dade sua obra. Evangelizar constitui, de fato,a graa e a vocao prpria da Igreja, a sua maisprofunda identidade. Ela existe para evangelizar,ou seja, para pregar e ensinar, ser o canal do domda graa. Junto aos jovens, ela quer ser um meioatravs do qual eles se percebam como lhos

    EN,n.4.

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    propostas concretas que favoream uma verdadei-ra evangelizao desta parcela da nossa sociedade.A responsabilidade de anunciar Jesus Cristo e seuprojeto aos jovens convoca-nos a uma constantevigilncia para que a vontade de Deus e os sinaisdos tempos sejam respondidos de modo adequado,principalmente em uma poca de muitas mudan-as.

    5. Queremos colaborar com a pluralidade de pasto-rais, grupos, movimentos e servios que existemem nossas Igrejas particulares para que trabalhemem conjunto, visando ao bem da juventude, epara que os nossos jovens, reconhecidos comosujeitos e protagonistas, contribuam com a aode toda a Igreja, especialmente na evangelizaodos outros jovens.

    6. Desejamos, juntos, abrir caminhos para favorecero desenvolvimento dos jovens, quanto ao anncio

    Maisqueaumareexo,somoschamadosaumamaiorproximidadedomundojuvenil,paraque,apartirdaprpriajuventude,descubramoscaminhosnovos

    naevangelizao,contemplandoseusreaisanseioseapresentando-lhesapessoadeJesusCristo,comseurostoverdadeiro,capazdeencantareatrair,paraqueosjovensoconheam,osigameencontremneleumarespostaconvincente;consigamacolherumamensageme tornarem-seseusdiscpulos[...].A evangelizaodajuventudenosejustifcaapenaspelapreocupaodaIgrejaemaumentarosseusmembros,ougarantirseuuturo.OempenhonaevangelizaodajuventudenascedaconscinciadaprpriaIgrejadesuamissoevangelizadora,desuafdelidadeaomandatorecebidoepelaconvicodariquezapresentenajuventude,eque,semela,aIgrejaseriaartamenteempobrecida(HomiliadeDomJosMauroPereiraBastosna44AssembliaGeraldaCNBB).

    amados de Deus e irmos de todos, capazes deentender e acolher com alegria a Boa-Nova quetransforma a partir de dentro de cada um e ao seuredor.

    3. A f h de ser apresentada aos jovens como umencontro amoroso com Deus, que toma feieshumanas na pessoa de Jesus Cristo: No incio doser cristo, no h uma deciso tica ou uma gran-

    de idia, mas o encontro com um acontecimento,com uma pessoa que d vida um novo horizontee, desta forma, o rumo decisivo. Desse modo,estaro em jogo duas realidades: o encontro pes-soal com Jesus Cristo e a aceitao de um projetode vida baseado no seu Evangelho. Essa adesonecessariamente incorpora a realidade em queo jovem vive como conseqncia de verdadeiraencarnao crist.

    4. Queremos renovar a opo afetiva e efetiva detoda a Igreja pela juventude na busca conjunta de

    Evangelizar,paraaIgreja,levaraBoa-Novaatodasasparcelasdahumanidade,emqualquermeioelatitude,epeloseuinuxotransorm-lasapartirdedentroetornarnovaaprpriahumanidade:Eisqueaonovastodasascoisas[...].AIgrejaevangelizaquando,unicamentefrmadanapotnciadivinadamensagemqueproclama,elaprocuraconverteraomesmotempoaconscinciapessoalecoletivadoshomens,aatividadeemqueelesseaplicam,eavidaeomeioconcretoquelhessoprprios(EN,n.8).

    Bento XVI, EncclicaDeus Amor,n..

    C.Documento de Santo Domingo,n.4.

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    do querigma, educao aos valores cristos, formao bblica e teolgica, iniciao vidalitrgica, ao ensino religioso nas escolas e univer-sidades, educao para a solidariedade e paraa fraternidade; superao de preconceitos;0 educao psicoafetiva; formao na ao e paraa cidadania. Estamos convictos de que a forma-o da juventude contribui para a promoo da

    dignidade de sua vida em todos os aspectos.

    7. Alegramo-nos com as muitas aes positivas queacontecem no meio da juventude e desejamos quea Igreja seja cada vez mais sinal e portadora doamor de Deus aos jovens, apresentando-lhes apessoa e o projeto de Jesus Cristo como proposta

    AIgrejaexisteparaevangelizar,isto,paraanunciaraBoaNotciadoReino,proclamadoerealizadoemJesusCristo(c.EN,n.4):suagraaevocaopr-pria.Ocentrodoprimeiroanncio(querigma)apessoadeJesus,proclamandooReinocomoumanovaedefnitivaintervenodeDeusquesalvacomumpodersuperiorquelequeutilizounacriaodomundo.EstasalvaoograndedomdeDeus,libertaodetudoaquiloqueoprimeapessoahumana,sobretudodopecadoedoMaligno,naalegriadeconheceraDeuseserporeleconhecido,deovereseentregaraele(CNBB.Diretrio Nacional de Catequese.Braslia,CNBB,

    006.n.30). C.CNBB,Diretrizes gerais 2003-2006,doc.7,n.3.

    8 Ibid.,n.4.

    Ibid.,n.3b.

    0 Ibid.,n.3.

    Ibid.,n.0.

    Ibid.,n.85.

    segura e transformadora para si e para o seu meio,convocando-os a se tornarem realmente membrosatuantes em suas comunidades de f, amando-os eacreditando em suas potencialidades, entendendo-os em suas buscas para contribuir com a defesa ea promoo da vida, incentivando-os a serem cadavez mais agentes de transformao da prpriarealidade, estimulando os que j esto engajados

    a viverem um processo contnuo de crescimento,converso pessoal e compromisso com a socieda-de, desenvolvendo um esforo amplo e constantede evangelizao de jovens que lhes proporcione oconhecimento da Palavra de Deus e que os ajudea discernir, criticamente, ideologias e propostasreligiosas que tentam reduzir ou instrumentalizara f.

    8. A evangelizao exige testemunho de vida,anncio de Jesus Cristo e adeso a ele, adeso comunidade, participao na misso da Igreja etransformao da sociedade. Evangelizar im-

    plica, em primeiro lugar, proporcionar o anncioquerigmtico da pessoa de Jesus Cristo. Em se-guida, esta experincia dever ser aprofundada emgrupos de convivncia que devem conduzir cate-

    Ibid.,n.05.EN,nn.7-4.

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    I. elementos PArA oconhecImento dA reAlIdAde

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    10. Conhecer os jovens condio prvia para evan-geliz-los. No se pode amar nem evangelizar aquem no se conhece. Por esse motivo, iniciamos

    com alguns elementos das realidades juvenis, bus-cando conhecer a gerao de jovens cuja evangeli-zao se apresenta como um dos grandes desaosda Igreja neste incio do sculo XXI. necessrioter em conta a variedade de comportamentos esituaes da juventude hoje e a diculdade dedelinear um nico perl da mesma no mundo eno Brasil. Alm do mais, trata-se de uma situaoexposta oscilao constante, marcada aindacom maior impacto pela velocidade social dasmudanas culturais e histricas, com as vulnera-bilidades e potencialidades dos jovens, tudo issoconfrontado com uma experincia signicativa daIgreja quanto evangelizao da juventude.

    1. A afa ai

    11. A modernidade abriu as portas do mundo parauma nova atitude do homem e da mulher face

    queticamente a uma maturidade na f e prontidopara ser discpulo e protagonista na construodo Reino de Deus por toda a vida, buscando atransformao da sociedade.

    9. O presente texto quer ser um instrumento paraa evangelizao da juventude. Ele pretende noesgotar o assunto nem aprofundar a compreensodo fenmeno juvenil mas sim oferecer propostas

    evangelizadoras s realidades locais de modoprovocador, na busca de novos caminhos, numdilogo franco e construtivo com a cultura ps-moderna. Dividimos as reexes em trs partes:I. Elementos para o conhecimento da realidade

    dos jovens.II. Um olhar de f a partir da Palavra de Deus e

    do Magistrio.III. Linhas de ao.

    C.Diretrio geral para a catequese,n.4.

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    vida, acentuando a centralidade da razo, aliberdade, a igualdade e a fraternidade. Num pri-meiro momento, a Igreja fragilizou-se ao resistir possibilidade de mudana, distanciando-se dajuventude, da sua linguagem, de suas expressese maneiras de ser e viver diante do avano damodernidade. Uma das nalidades do ConclioVaticano II, convocado pelo Papa Joo XXIII,

    era ajustar melhor as instituies da Igreja snecessidades de nosso tempo.

    12. Nas ltimas dcadas, ao lado da cultura modernavem-se fortalecendo a cultura ps-moderna. Aps-modernidade no uma nova cultura que secontrape de modo frontal modernidade. Cons-tatam-se mudanas no cenrio, grande velocidadee volume da informao, rapidez na mudana docotidiano por parte da tecnologia, novos cdigose comportamentos. Devido globalizao e aopoder de comunicao dos meios eletrnicos,essas mudanas vm penetrando fortemente nomeio juvenil.

    13. A ps-modernidade no substitui a modernidade.As duas culturas vivem juntas. Os valores damodernidade continuam sendo importantes paraos jovens: a democracia, o dilogo, a busca defelicidade humana, a transparncia, os direitos

    C.SC,n..

    individuais, a liberdade, a justia, a sexualidade,a igualdade e o respeito diversidade. Uma Igrejaque no acolhe esses valores encontra grandesdiculdades para evangelizar os jovens.

    14. Os jovens de hoje e a Igreja em que vivem soinuenciados pelos impactos da modernidadee da ps-modernidade. Alguns elementos destemomento histrico exercem grande inuncia na

    mentalidade, nos valores e no comportamento detodas as pessoas. Ignorar estas mudanas di-cultar o processo de evangelizao da juventude o grupo social que assimila esses valores ementalidade com mais rapidez. Uma evangeliza-o que no dialoga com os sistemas culturais uma evangelizao de verniz, que no resiste aosventos contrrios.

    15. Dentre os muitos elementos da nova culturaps-moderna que influem no processo deevangelizao dos jovens e no fenmeno daindiferena de uma parcela da juventude face

    Igreja, destacamos a subjetividade, as novasexpresses da vivncia do sagrado e a centra-lidade das emoes.

    ArupturaentreoEvangelhoeaculturasemdvidaodramadanossapoca,comoooitambmdeoutraspocas(EN,n.0).

    MaisinormaessobreesseassuntopodemserencontradasnoAnexo:Impactodastendnciasdomundocontemporneosobreosjovens.

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    1.1 A subjetividAde

    16. A subjetividade, no contexto ps-moderno, particu-larmente em referncia juventude, merece estudose conhecimentos aprofundados para que o dilogoe a linguagem estabelecidos com os jovens tenhamimpacto e fora de convocao para o seguimentode Jesus. A evangelizao da juventude exige atua-lizao permanente do conhecimento da dinmica

    de sua subjetividade. H de se levar em conta a suacomplexidade. Este conhecimento possibilitar umadequado tratamento do fenmeno do subjetivismoque gera, facilmente, a permissividade, o egosmo,a identicao simples da felicidade com o prazer,a incompetncia para lidar com a pluralidade desolicitaes e ofertas, entre outras. Estas questesafetam a subjetividade humana, particularmente a

    juvenil.17. O ideal coletivo dos anos 1970-1980 de cons-

    truir um mundo melhor foi sendo substitudopor uma maior preocupao com as necessida-

    des pessoais, com os sentimentos, com o pr-prio corpo, com a melhora da auto-estima, coma conana, com a libertao dos traumas etc.O ambiente de descrdito dos grandes ideaiscoletivos em que vivem faz com que segmentosda juventude tenham forte tendncia de viversomente no presente, na cultura do descartvel.

    Este fenmeno tem o efeito de se concentrar, nomomento atual, na busca de sensaes e emo-es passageiras. Ao mesmo tempo, h outrossegmentos que manifestam preocupao comum futuro mais prximo.

    18. Nesse contexto faz-se necessrio buscar umequilbrio entre o projeto individual e o projetocoletivo. Os dois grandes movimentos de nosso

    tempo, o movimento pela justia social e o mo-vimento pela auto-realizao, so metades deum todo esperando para se unirem numa grandefora de renovao. Porm, o equilbrio deveser promovido com muita sensibilidade, pois aauto-realizao pressupe a relao com o outro,com a comunidade. Ao mesmo tempo, de maneiraalguma a comunidade deve ser sinnima de uni-formidade.

    1.2 AsnovAsexpressesdAvivnciAdosAgrAdo

    19. Em tal conjuntura, acontece uma redescoberta da

    dimenso religiosa. H a busca de uma espiritua-lidade que d unidade e gosto vida. Trata-se,

    entretanto, de uma religiosidade mais individual.

    Face a tanto medo, pressa e caos, muitas pessoas

    voltam-se para vrios tipos de manifestaes

    C.SteInem,G.Revolution rom within.Boston,Little/Brown,3.

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    religiosas e msticas (ocultismo, nova era, esote-

    rismo, horscopos, astrologia...). Outras pessoas

    refugiam-se em grupos fundamentalistas em que

    as verdades so ensinadas de maneira dogmati-

    zada, evitando, assim, a angstia da dvida.

    20. Embora esta mudana cultural possa oferecer umaterra frtil religio, importante analisar comcautela tais expresses do sagrado. A abertura para

    o transcendente no signica, necessariamente,uma aceitao das religies organizadas. Muitofermento espiritual est sendo elaborado foradas instituies. H estudos que demonstraramque muitos jovens esto procurando razes paraviver sem envolver-se com uma Igreja. Trata-sede uma espiritualidade centrada na pessoa e noa partir de uma vivncia institucional e, por isso,busca-se algo que satisfaa suas necessidades.

    21. No entanto, a mudana cultural abre uma portapara o processo de evangelizao dos jovens. Hoje mais fcil trabalhar a espiritualidade, em todas

    as suas dimenses, que na dcada de 1980, quandoo tempo dedicado s celebraes e orao erafreqentemente visto como algo secundrio face urgncia da transformao social. necessrio,contudo, resistir tentao de reduzir ou manipu-lar a mensagem do Evangelho para ganhar maisadeptos.

    1.3 A centrAlidAdedAsemoes

    22. Se antes se exaltava a razo, hoje se acentua aemoo. Se a importncia dada s emoes po-sitiva, sua absolutizao leva a um esvaziamentointelectual, do compromisso transformador e daconscincia crtica, leva supercialidade e faltade perseverana, podendo facilmente conduzir aofundamentalismo, que tem suas expresses dentro

    de todas as grandes religies.23. O fenmeno religioso que mais chama a ateno,

    dentro desse novo contexto cultural centrado nasemoes, o crescimento do neopentecostalismo,que acentua a subjetividade e o elemento afetivoem sua metodologia de evangelizao. Estefenmeno mais visvel pelo nmero de Igrejaspentecostais que nascem a cada dia, principal-mente nas periferias das grandes cidades. Coma diversificada oferta de escolha do sagrado,por parte do consumidor, a f regulada pelomercado, de modo especial, pela TV. A religio

    deixou de representar o espao da relao docrente com Deus para se transformar em veculode ascenso social ou em promessa de felicidade

    Htambmoutrosaspectosdoneopentecostalismo,comooatendimentoper-sonalizado,ausnciade burocraciaede exigncias,simplicidadededoutrina,exibilidademoral,espritodetolerncia,organizaosimplifcadaqueeliminaintermedirios,espaosbonitos,encontrosalegreseinormais.

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    plena. Troca-se a elaborao analtica que exigea dor da busca e da reexo por sesses de entre-tenimento religioso.

    24. A tendncia de acentuar os sentimentos, no mundocontemporneo, tem forte penetrao no meio dosjovens e levanta questes importantes referentes metodologia de trabalho pastoral. Por outro lado, medida que aumenta o nvel de escolaridade

    dos jovens, aumenta, tambm, a necessidade deuma base intelectual da f; caso contrrio, muitosacabam abandonando sua f. importante lem-brar que as duas culturas continuam convivendojuntas: a modernidade, que acentua a razo, e aps-modernidade, que acentua a centralidade dasemoes.

    25. H necessidade de levar em conta os dois enfoquesda cultura contempornea e manter um equilbrioentre os dois plos: o racional e o emocional.Emoes, sentimentos e imaginao precisamser integrados em uma metodologia que tenha

    objetivos claros. Ao mesmo tempo, a razo devedeixar espao para as emoes e a imaginao. Amensagem do Evangelho precisa ser apresentadacomo resposta s dimenses da vida do jovem.

    Dr.WilliamCsarCastilhoPereira,proessordaPUC-Minas.C.PereIra,WilliamCsarCastilho(org.).Anlise institucional na vida religiosa consagrada. BeloHori-zonte/RiodeJaneiro,OLutador/CRB,005.

    A formao deve ser integral, isto , consideraras diversas dimenses da pessoa humana e osprocessos grupais.

    2. Perl da juventude brasileira

    26. Nossa inteno considerar a juventude com suaspotencialidades para renovar a sociedade e a Igre-ja. A juventude a fase do ciclo de vida em que seconcentram os maiores problemas e desaos, mas, tambm, a fase de maior energia, criatividade,generosidade e potencial para o engajamento.

    27. Com relao juventude, a noo construda bem recente. Para efeitos de polticas pblicas, aidade adotada no Brasil vai dos 15 aos 29 anos,com diviso em subgrupos por agrupamento deinteresses e anidades, caminhando na linha dadenio pela necessidade de armao dos di-reitos juvenis. Trata-se de uma fase marcada porprocessos de desenvolvimento, insero social edenio de identidades, o que exige experimen-

    tao intensa em diversas esferas da vida. J nopodemos mais olhar para a juventude como ciclode breve passagem para a vida adulta. O perododa juventude se alongou e seu transformou, ga-

    C.FreItaS,MariaVirgniade. Juventude e adolescncia no Brasil;reernciasconceituais.SoPaulo,AoEducativa,005.p.3.

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    es relativas ao gosto musical ou estilo culturale as pertenas associativas, religiosas, polticas.

    31. H jovens que tm um padro de vida elevado,mas so uma minoria. A maioria dos 34 milhesde jovens brasileiros representa um dos segmentospopulacionais mais fortemente atingidos pelosmecanismos de excluso social. As estatsticasdemonstram que a juventude um dos grupos

    mais vulnerveis da sociedade brasileira. Ela especialmente atingida pelas fragilidades dosistema educacional, pelas mudanas no mundodo trabalho e, ainda, o segmento etrio maisdestitudo de apoio de redes de proteo social.

    32. Eis alguns dos principais problemas com os quaisse deparam, hoje, os jovens brasileiros: a dispa-ridade de renda; o acesso restrito educao dequalidade e frgeis condies para a permanncianos sistemas escolares; o desemprego e a inserono mercado de trabalho; a falta de qualicaopara o mundo do trabalho; o envolvimento com

    drogas; a banalizao da sexualidade; a gravidezna adolescncia; a AIDS; a violncia no campoe na cidade; a intensa migrao; as mortes porcausas externas (homicdio, acidentes de trnsitoe suicdio); o limitado acesso s atividades espor-tivas, ldicas, culturais e a excluso digital.

    C.Anexo:Situaosocioeconmicadajuventudebrasileira.

    33. O impacto da pobreza, em uma sociedade quesacraliza o consumo, relativiza os valores, atingea famlia, o primeiro lugar de socializao dojovem. Cresce o nmero de homens e mulheresque no fundam lares estveis, levando o ncleofamiliar a se desintegrar. Essa situao deixafortes cicatrizes emocionais na personalidadede muitos jovens em um momento crtico de

    suas vidas. Impressiona o nmero de jovens nascomunidades juvenis que enfrentam problemasemocionais srios.

    34. Destacam-se trs marcas da juventude na atuali-dade: o medo de sobrar, por causa do desempre-go, o medo de morrer precocemente, por causada violncia, e a vida em um mundo conectado,por causa da Internet. O sentido e a durezadessas marcas anseiam por uma Boa Notcia que,a partir de um olhar de f, pode ser encontradano interior da prpria juventude.

    noVaeS,Regina&VItal,Christina.Ajuventudedehoje:(re)invenesdapartici-paosocial.In:thomPSon,Andrs(org.).Associando-se juventude para construiro uturo.SoPaulo,Peirano,006.pp.-3.

    H3,milhesdebrasileiroscommaisde6anosealgumtipodeacessoIn-ternet,segundooIbope.Erammenosde0milhesem00.( Folha de S. Paulo,

    3/0/06,pginaA).ApesquisarealizadapelasONGsIbaseePlisrevelouque

    5,%dos8.000jovensentrevistadosnasregiesmetropolitanasnotinhamacessoacomputadores,masaexclusodigitalmuitoinfuenciadapelopertencimento

    declasse:se80%dosjovensdasclassesA/Btmesseacesso,entreosjovensdasclassesD/Eestendicecaipara4,%(IbaSe & PlIS,005,p.7).

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    35. Esse quadro aponta a necessidade de promovermudanas mais profundas e estruturais no modelode desenvolvimento econmico-social adotado nopas, com reorientao de investimentos que garan-tam os direitos bsicos da populao aos jovensem particular nas reas de educao, criao deempregos, infra-estrutura urbana, sade, acesso cultura e ao lazer, que tm repercusses na situ-

    ao de segurana pblica. Joo Paulo II acusouo liberalismo de subordinar a pessoa humana econdicionar o desenvolvimento dos povos s forascegas do mercado, sobrecarregando desde seuscentros de poder aos pases menos favorecidoscom cargas insuportveis. No mesmo discurso oSanto Padre considerava que o neoliberalismo cau-sou o enriquecimento exagerado de uns poucos custa do empobrecimento crescente de muitos,de forma que os ricos so cada vez mais ricos eos pobres cada vez mais pobres.

    2.2 protAgonismoepArticipAosociAl36. Duas imagens da juventude predominam nos

    meios de comunicao e na opinio pblica. Deum lado, as propagandas e as novelas apresentam

    JooPauloII,alandonasuavisitaaCuba,em8,emqueafrmouclaramentequenemomarxismonemtampoucoaversoneoliberaldocapitalismoapresen-taramsoluesparaumdesenvolvimentoequilibrado.

    os jovens como modelos de beleza, de sade ede alegria, despreocupados, e impem padresde vida e de consumo aos quais poucos jovensrealmente tm acesso. Os jovens tambm socaracterizados pela fora, ousadia, coragem, gene-rosidade, esprito de aventura, gosto pelo risco. Deoutro, nos noticirios, esto os jovens envolvidoscom problemas de violncia ou comportamentos

    de risco, que so, na maioria das vezes, negros eoriundos dos setores populares.

    37. Essas duas imagens polares convergem para omesmo senso comum que considera a juventudeindividualista, consumista e politicamente desin-teressada. Mas esses so esteretipos que no doconta da diversidade de experincias da juventudebrasileira. Por um lado, verdade que: a) segundopesquisas da Unicef, 65% dos adolescentes (de12 a 17 anos) nunca participaram de atividadesassociativas e/ou comunitrias;b) de acordo comum levantamento nacional recente, realizado peloInstituto Cidadania, entre jovens de 15 a 24 anosde todo o Brasil, apenas uma minoria participa

    SecretariaGeraldaPresidnciadaRepblica,CoordenaoNacionaldoProjovem,maro005,ReginaNovaes.

    ParamaioresinormaesverAbramo,Helena&Branco,PedroPaulo(orgs.).Retratos da juventude.SoPaulo,FundaoPerseuAbramo/InstitutodaCida-dania,005.

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    formalmente de movimentos estudantis, sindica-tos, grupos religiosos, associaes prossionaise partidos; 15% dos jovens participam de algumagrupamento juvenil.

    38. No entanto, atualmente no Brasil h uma sriede novas formas de participao juvenil, entre asquais podemos destacar: a) a pertena a grupos(pastorais, movimentos eclesiais, novas comuni-

    dades, redes, ONGs e outras organizaes juvenis)que atuam para transformar o espao local, nosbairros, nas favelas e periferias; b) a participaoem grupos que trabalham nos espaos de culturae lazer: grateiros, conjuntos musicais, de danae de teatro de diferentes estilos, associaes es-portivas; c) mobilizaes em torno de uma causae/ou campanha: grupos ecolgicos, comits daCampanha contra a Fome, aes contra a violnciae pela paz, grupos por uma outra globalizao etc.;d) grupos reunidos em torno de identidades es-peccas: mulheres, negros, indgenas, pessoas

    com decincia.39. Para alm do discurso corrente de que os jovens de

    hoje no participam, so desinteressados e aliena-dos, alguns estudos recentes tm demonstrado queos jovens desejam participar ativamente da vidasocial, tm muitas sugestes do que deve ser feitopara melhorar a situao do pas e querem dar sua

    contribuio. Entretanto, no encontram espaosadequados: as formas de participao presentesna sociedade e no Estado so percebidas pelos jovens como muito distantes de sua realidadecotidiana.

    2.3 perfilreligioso

    40. Constata-se que o perl religioso do jovem bra-

    sileiro semelhante ao da populao. Segundo oCenso de 2000, os catlicos no pas eram 73,8%da populao. Entre os jovens de 15 a 24 anos,eram 73,6%. Enquanto no conjunto da populaoa presena evanglica representava 15,5%, entreos jovens a adeso s Igrejas evanglicas era umpouco menor: 14,2%. A maior diferena encon-trava-se no grupo que se identicava como semreligio: na populao, 7,4%, e entre os jovens:9,3%.

    41. Embora expressivo, este dado no deve ser in-terpretado como um avano do atesmo entre ajuventude brasileira. A maioria desses jovens vivealguma experincia religiosa. Alguns estudos tm

    IbaSe & PlIS.Juventude brasileira e democracia;participao,eserasepolticaspblicas.RiodeJaneiro,s.n.,005.p.7.

    Emtodasasaixasetriasasoutrasreligies(espiritismokardecista,umbanda,candombl,judasmo,religiesorientais,isletc.)somaram3%e,entreosjovensde5a4anos,3,3%.

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    demonstrado que a grande maioria dos jovens semreligio acredita em Deus ou tem outras crenase, portanto, so inspirados por uma mstica, muitoembora no estejam vinculados a uma instituioreligiosa em particular.0

    42. Alm disso, fenmenos que marcam a dinmicado campo religioso na atualidade so intensica-dos quando se trata da populao jovem, como

    a busca contnua por uma expresso de f qued sentido s suas vidas (o que acelera o trnsitoreligioso); a atrao por manifestaes religiosasexticas; e a elaborao de snteses pessoais apartir do repertrio de crenas e prticas dis-ponveis em vrios sistemas religiosos. Nessecontexto, orescem espiritualidades relacionadas idia do estabelecimento de uma Nova Era,que integraria o ser humano ao cosmo, em umadimenso holstica, e responderia a preocupaesdesde aquelas relativas sade fsica e psquica,

    0 Emumapesquisanacionalrepresentativadajuventudebrasileira,realizadaemmetrpoles,cidadesgrandes,mdiasepequenas,etambmnointerior,%dosjovensseapresentaramcomosemreligio,sendoque0%declararamacreditaremDeus,masnoterreligio,e%identifcou-secomoateueagnstico(c.Juven-tude,percepesecomportamentos:areligioazadierena,artigodenoVaeS,ReginaemRetratos da juventude brasileira;anlisedeumapesquisanacional.SoPaulo,FundaoPerseuAbramo,005.pp.63-0).Outroestudodesenvolvidonumametrlopereoraessaconstatao:8,5%dos800jovensentrevistados,comidadesentre5e4anos,disseramacreditaremDeus(c.noVaeS & mello,

    Jovens do Rio,00).

    com as correspondentes prticas teraputicas, ato respeito e defesa da biosfera.

    43. Isso se d em uma fase do ciclo vital em que aspessoas costumam se questionar acerca de vriosaspectos de suas vidas: caminhos prossionais,continuidade dos estudos, relacionamento afe-tivo. recorrente a experimentao em muitosdesses mbitos originando vnculos provisrios.

    Tambm a adeso religiosa torna-se campo dereexes e experincias. Muitos jovens colocamem xeque a herana religiosa recebida na fam-lia, o que tem levado a diferentes percursos: aopo consciente pela tradio religiosa na qualforam educados; o rompimento com essa herana que pode se traduzir na converso a outrosistema religioso ou a desvinculao religiosa.Inclusive, tem-se vericado que jovens que nopassaram por uma socializao religiosa tmaderido a diferentes grupos religiosos.

    44. Muitos jovens ligados s instituies religiosas

    dispem generosamente de seu tempo livre paradesenvolver as atividades de seu grupo. Tambmporque nessas ocasies costumam estar em contatocom outros jovens e se alegram nesta convivn-cia. Tal disponibilidade ca reduzida quando os

    jovens iniciam os estudos universitrios ou a vidaprossional ou, ainda, quando associam trabalho

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    e estudo. Sem negar as motivaes religiosas destabusca de participao no grupo, so manifestaesque se iniciam com fora na adolescncia, na des-coberta de outras realidades alm da famlia, ondepossam construir sua autonomia e sua independn-cia. Da, a importncia pedaggica e teolgica deum acompanhamento adaptado da vivncia grupalnessa fase.

    45. A preocupao com a evangelizao da juventudeleva-nos, tambm, a olhar a crescente busca dosadolescentes por espaos grupais. Na ausnciade uma proposta evangelizadora que correspondas necessidades dos adolescentes, estes acabamse inserindo nos grupos destinados aos jovens.Neste cenrio, muitas vezes provocador de res-postas equivocadas para adolescentes e tambmpara jovens, necessitamos conhecer e aprofundaros elementos que marcam a vida destes sujeitos,

    Anoodeadolescncia,construdapelaUnice,quetambmadotadapeloEstatutodaCrianaedoAdolescenteECAeparaeeitodepolticaspblicas,

    delimitaaidadedosaos8anosincompletos.Apresentaaadolescnciacomoaseespecfcadodesenvolvimentohumanocaracterizadopormudanasetransormaesmltiplaseundamentaisparaqueoserhumanopossaatingiramaturidadeeseinserirnasociedadenopapeldeadulto.Noentanto,consideraquemuitomaisqueumaetapadetransio,contemplandoumapopulaoqueapresentaespecifcidades,dasquaisdecorremumariquezaepotencialni-cos.precisoconsideraraadolescncianasuacondiodegrandesdiversidadesedesigualdades,emseusespaosnaturais,culturaisesociais(c.F reItaS,MariaVirgniade.Juventude e adolescncia no Brasil;reernciasconceituais.SoPaulo,AoEducativa,005.p.).

    para que a evangelizao possa oferecer propostasdiferenciadas, segundo cada realidade.

    46. Sensveis s manifestaes artsticas e culturaisda sociedade contempornea, jovens de diferentesidentidades religiosas aderem com entusiasmo aeventos semelhantes no mbito religioso (shows,concentraes em estdios etc.). Assim tem cres-cido o nmero de bandas e artistas religiosos.

    47. Em nossa Igreja h uma presena signicativade jovens em vrios setores da vida eclesial: nascomunidades eclesiais de base e nas parquias,participando das equipes de liturgia e de canto,atuando como catequistas, em diversas pasto-rais. Esto presentes tambm nas pastorais da juventude, nos movimentos eclesiais, nas novascomunidades e nas diferentes iniciativas promo-vidas pelas congregaes religiosas e institutosseculares.

    48. Muitas vocaes sacerdotais e religiosas e para ou-tros ministrios eclesiais tm sido suscitadas por

    essa participao. Chama a ateno o fato de queum nmero crescente de jovens esteja buscandopropostas vocacionais exigentes nos campos dacontemplao e da ao. Outro trao a destacar a responsabilidade e a seriedade com que muitosjovens catlicos, animados pela sua f, tm abra-ado a dimenso do servio, seja no cuidado aos

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    mais pobres, seja na atuao em movimentos eorganizaes sociais com vistas construo deuma sociedade justa e solidria. No entanto, nemsempre os jovens atingidos pela ao pastoral daIgreja na catequese crismal, grupos de jovens e emoutras iniciativas pastorais tm sido conquistadospara um slido engajamento na comunidade de fe muitas vezes eles no se sentem acolhidos em

    algumas parquias.

    3. Valor da experincia acumulada da Igreja

    49. Diante do desao de evangelizar a juventude con-tempornea, a Igreja no est comeando do zero.H um caminho histrico percorrido por ela querevela uma herana muito rica. H uma correnteatravs da qual uma gerao de jovens e agentesevangelizadores adultos passa a experincia acu-mulada para outra. A Igreja Catlica uma dasorganizaes que tm mais experincia acumula-da e sistematizada no trabalho com a juventude.

    importante resgatar essa experincia, estandoatentos aos sinais dos tempos. Em cada poca, medida que mudavam os desaos, os enfoques,os valores e o ambiente cultural da sociedade, amentalidade dos jovens tambm mudava. Os jo-vens so mais sensveis s mudanas e propensosa aceitar o novo. Tudo o que acontece na socie-

    dade tem seus reexos na ao evangelizadora dajuventude. Os jovens que so atingidos pela aoevangelizadora esto inseridos simultaneamentena sociedade e na Igreja.

    50. Em cada poca h necessidade de adequar asconcepes e as prticas de evangelizao para serelacionar com os jovens. Se a Igreja apresentouuma proposta que se tornou predominante, no

    signica que todos os jovens tenham aderido aela. Aprendemos com as conquistas e os erros dopassado. Nem tudo muda de uma poca para aoutra. Mudam, s vezes, os enfoques, o ponto departida, alguns elementos da metodologia, sendoque outros permanecem. Na Igreja do Brasil,muitas foras pastorais atuam junto aos jovense com eles. Cada uma delas tem a sua prpriariqueza e contribui, no interior da Igreja, para aevangelizao da juventude. Destacamos entreelas as pastorais da juventude, os movimentos

    Dascoisasmaistristeshojeveroassassinatodegruposdejovens.Nossajuven-

    tudemaiseliminadapelaviolnciadoqueseparticipassedeguerras.Esteanodajuventude(naArquidiocesedeMariana)umgrandeatopenitencialdaIgreja,pornosaberouvirajuventude[...].FaltamuitoparaassumirmosPuebla,esoremosporisso.AIgrejaprecisaserpovo,temqueirpobreza.Issocriamstica.Igrejaquerezadevetrabalharcomospobresepelospobres.Nopodemosdeixarcairosbraosdiantedetantalutadavidacontraamorte.Masdiantedavidasendoassassinada,Cristovemparatrazeramensagem:Euvimparaquetodostenhamvida!Acreditar,lutarpelavida,vivifcaestemundo(DomLucianoMendesdeAlmeidano8EncontroNacionaldaPastoraldaJuventude,emJaneirode006Campinas,SP,alandosobreaopopelosjovensepobreseitaemPuebla).

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    II. Um olhar de f a partIrda palavra de deUs e do

    magIstrIo

    51. Escutando e compreendendo os gritos e clamoresdos jovens, a Igreja chamada a evangelizar e serevangelizada na atualidade. necessrio olhar

    com f e luz da palavra da Igreja o caminhoevangelizador a ser percorrido, a partir do objetivogeral da ao evangelizadora da Igreja no Brasil,ponto de referncia de toda a ao pastoral:

    EVANGELIZAR

    proclamando a Boa-Nova de Jesus Cristo,

    caminho para a santidade,

    por meio do servio, dilogo, anncio e testemu-

    nho de comunho,

    luz da evanglica opo pelos pobres,

    promovendo a dignidade da pessoa,

    renovando a comunidade eclesial,

    formando o povo de Deus e

    participando da construo de uma sociedade

    justa e solidria,

    a caminho do Reino defnitivo.

    eclesiais, o servio pastoral das congregaese as novas comunidades. Reconhecemos que aevangelizao dos jovens obra de muitas mos,inclusive com a contribuio da Pastoral Familiar,Pastoral Vocacional, Pastoral Catequtica, aomissionria.

    EstaricaheranadaIgrejadoBrasiledaAmricaLatinaestdescritanoAnexo3.

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    52. Ser cristo signica conhecer a pessoa de JesusCristo, fazer opo por ele, unir-se a tantos outrosque tambm o encontraram e, juntos, trabalharpelo Reino e por uma nova sociedade. A evan-gelizao da juventude passa por alguns eixostemticos, a saber, o seguimento de Jesus Cristo,a Igreja, comunidade dos seguidores de Jesus, e aconstruo de uma sociedade solidria. A Igreja,

    consciente de sua misso, oferece seu ensinamen-to e a sua viso a respeito da juventude e de suaevangelizao.

    1. O seguimento de Jesus Cristo

    53. A busca juvenil de modelos e referncias uma porta que se abre para o processo de evan-gelizao. Aqui est a grande oportunidade deapresentar Jesus Cristo. Contudo, o seguimentode Jesus Cristo no se equipara ao seguimento deoutros lderes religiosos ou mestres. Estes podemindicar o caminho e apontar a porta, mas no so

    o caminho nem a porta. Quando encontramos ocaminho, podemos legitimamente esquecer o lderou o mestre. Jesus Cristo, porm, sendo Deus, ,ele mesmo, Caminho, Verdade e Vida. Assim,seguir o caminho entrar no Caminho, entrarem Cristo e Cristo em ns, numa profunda in-terioridade mtua, formando uma como nica

    personalidade mstica.J no sou eu que vivo,mas Cristo que vive em mim (Gl 2,20).

    54. Com criatividade pastoral, importante apresen-tar e testemunhar Jesus Cristo dentro do contextoem que o jovem vive hoje e como resposta s suasangstias e aspiraes mais profundas. Devemosapresentar Jesus de Nazar compartilhando avida, as esperanas e as angstias do seu povo.

    Um Jesus que caminha com o jovem, como ca-minhava com os discpulos de Emas, escutando,dialogando e orientando.

    55. Jesus Cristo o ponto culminante da ao de Deusna histria humana. O Verbo se fez carne e morouem nosso meio (cf. Jo 1,14). o fato mais deci-sivo da histria da humanidade. Jesus o rostohumano de Deus e o rosto divino do homem. testemunha do amor innito de Deus, que serevela em seus ensinamentos, em seus milagres eexemplo de vida. A partir da morte e ressurreiode Jesus Cristo e do envio do Esprito Santo, a

    Boa-Nova se espalhou para a humanidade. C.Paulo VI,noDocumentosobreIndulgncias.

    Documento de Puebla,n.76.

    UmresumointeressantedavidadeJesusapresentadoemcelam.Civilizao doAmor;tareaeesperana,orientaesparaapastoraldajuventudelatino-americana.SoPaulo,Paulinas,7.pp.0-.

    C.Ecclesia in America,n.67.

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    56. Jesus congrega ao seu redor um crculo de dis-

    cpulos e discpulas que o seguem. nesta vida

    comunitria que vo aprender o sentido de vida.

    O relacionamento diferente. Devem reconhecer-

    se como irmos (cf. Mt 10,24-25). Os Evangelhos

    mencionam, em primeiro lugar, os Doze (cf. Mt

    10,1) e, depois, para alm desse pequeno grupo,

    os setenta e dois que ele envia em misso (cf. Lc10,1) e todos os demais que o seguem (cf. Mt 8,21).

    Jesus sabia que no estaria muito tempo com eles.

    Precisava form-los e transform-los para a misso

    que deveriam assumir com seu retorno ao Pai.

    57. O jovem assim como todo cristo convida-do por Jesus a ser discpulo. O convite pessoal:

    Vem e segue-me (Lc 18,22). Ele sempre chama

    os seus pelo nome (cf. Jo 10,4). O entusiasmo

    provocado pelo convite revelado por Andr, que

    corre em busca do seu irmo Simo e lhe anuncia

    jubiloso: Encontramos o Messias (Jo 1,41). O

    seguimento e o testemunho at dar a vida so

    dois aspectos essenciais da resposta do discpulo.

    O relacionamento entre o Mestre e o discpulo

    signica uma vinculao pessoal com ele: Vs

    sois meus amigos (Jo 15,14).

    58. O grande modelo do seguimento Maria. Neladescobrimos todas as caractersticas do discipu-lado: a escuta amorosa e atenta (cf. Lc 1,26-38),a adeso vontade do Pai (cf. Lc 1,38), a atitudeproftica (cf. Lc 1,39-55) e a delidade a ponto deacompanhar seu lho at a cruz (cf. Jo 19,25-27) econtinuar sua misso evangelizadora (cf. At 2).

    59. Com efeito, o seguimento de Jesus um exerccio

    que inclui procedimentos prprios, fecundandoo corao do discpulo e discpula, gerando umaconscincia tica prpria para sustentar uma con-duta que no mundo aponte o compromisso coma vida e caminho do Reino denitivo. De modoespecial, o discipulado se exercita no caminhocatecumenal que Jesus Mestre aponta para a ex-perincia dos seus discpulos, como apresentadoem Mc 8,27-10,52. Partindo dali, Jesus e seusdiscpulos atravessavam a Galilia, mas ele noqueria que ningum o soubesse. Ele ensinava seusdiscpulos e dizia-lhes: O Filho do Homem vai ser

    entregue s mos dos homens, e eles o mataro.Morto, porm, trs dias depois ressuscitar. Maseles no compreendiam o que lhes dizia e tinhammedo de perguntar. Chegaram a Cafarnaum.Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: Que dis-cuteis pelo caminho?. Eles, no entanto, caramcalados, porque pelo caminho tinham discutido

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    quem era maior. Jesus sentou-se, chamou os Dozee lhes disse: Se algum quiser ser o primeiro, sejao ltimo de todos, aquele que serve a todos! (Mc9,30-35).

    60. O desao para o jovem assim como para todosos que aceitam Jesus como caminho escutara voz de Cristo em meio a tantas outras vozes. Ojovem escuta a voz do Mestre de diferentes ma-

    neiras. A ao evangelizadora deve ajud-lo a tercontato pessoal com Jesus Cristo nos Evangelhos,por meio de sua mensagem, suas atitudes, sua ma-neira de tratar as pessoas, sua coragem profticae a coerncia entre seu discurso e sua vida. OsEvangelhos assinalam com freqncia que Jesusrezava e passava horas e noites em orao diantedo Pai. As celebraes e a orao so espaosimportantes onde este encontro pessoal acontecee aprofundado, no silncio e na contemplao.O jovem encontra o Senhor na leitura dos Evan-gelhos e na vida comunitria, na qual aprende a

    escutar a voz de Deus no meio das circunstnciasprprias de nosso tempo, vivenciando assim omistrio da Encarnao.

    61. A formao do discpulo acontece na vida decomunidade, onde se experimenta o mandamentonovo do amor recproco, que suscita um ambientede alegria, de amizade, de carinho, de acolhida

    e de respeito. O encontro com Cristo, presenteentre aqueles que se renem em seu nome (cf. Mt18,20), no amor, trar conseqncias e deixarmarcas indelveis na capacidade de relacionamen-to entre as pessoas, envolvendo os sentimentos,a inteligncia, a liberdade e o compromisso comum novo modo de agir na Igreja e na sociedade.Comunidades e grupos assim formados atrairo

    os que vierem de fora.62. Quem se torna discpulo de Jesus, transforma-se

    em portador de sua mensagem. Jesus chama odiscpulo para envi-lo em misso. No encontrocom Cristo, o novo discpulo sente-se impelidopelo Esprito Santo a anunciar aos outros a experi-ncia que teve com Cristo e como nele reconheceuo Messias, o Salvador. Como o Pai me enviou,tambm eu vos envio. Recebei o Esprito Santo(Jo 20,21-22). Depois da ressurreio: Ide, fazeicom que todos os povos se tornem meus discpu-los (Mt 28,19).

    63. O jovem o evangelizador privilegiado de outrosjovens. uma armao repetida em muitos do -cumentos da Igreja. Esta misso s pode nascerdo encontro pessoal com o Mestre, aprendendo aser sempre mais semelhante a Ele. Para evange-lizar, exige-se a experincia de ser evangelizado,

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    isto , de ter descoberto que Jesus o Caminho,a Verdade e a Vida.

    64. O encontro com Jesus Cristo no algo abstrato. necessrio caminhar com os jovens e fazer comeles a experincia de Jesus, Palavra eterna do Pai.Ele est presente na Sagrada Escritura, na liturgia,sobretudo na Eucaristia; na comunidade reunidaem seu nome, nos irmos e irms, especialmen-

    te nos mais necessitados. Caminhos pastoraispara suscitar este encontro so a orao pessoal,o dilogo ecumnico e religioso, o cotidiano davida (escola, bairro, trabalho, famlia...), as artes(msica, teatro, dana...) e toda a criao, numarelao harmoniosa com as criaturas.

    65. A evangelizao da juventude deve incluir umaslida formao tica, com uma proposta moralconsistente. Assim, a nova Evangelizao mani-festar sua fora missionria, sendo anunciadacomo Palavra viva.

    66. A sensibilidade especial dos jovens para as situ-aes de pobreza e desigualdade social nos abreum caminho espiritual e de formao de consci-ncia. Jesus revela que o pobre um sinal de suapresena em nosso meio. Tive fome e me destesde comer. Tive sede e me destes de beber. Era fo-

    C.Ecclesia in America,n..

    rasteiro e me acolhestes. Estive nu e me vestistes,doente e me visitastes, preso e viestes ver-me (Mt25,35-36). O pobre algum que no nos deixadormir em paz. Jesus alerta contra o perigo daprioridade dada s riquezas materiais, raiz da mdistribuio de renda. H uma pergunta que nopode deixar de nos incomodar: Por que a verdadede nossa f no teve maior incidncia social na

    Amrica Latina, num continente de cristos? Odiscpulo se compromete com coerncia de vida ede ao na transformao dos sistemas polticos,econmicos, trabalhistas, culturais e sociais quemantm na misria espiritual e material milhesde pessoas em nosso continente.

    2. Igreja, comunidade dos discpulos de Jesus

    67. Quando evangelizados com testemunho emetodologia os jovens se empolgam com apessoa e o projeto de Jesus Cristo. Por que, con-tudo, face Igreja muitos mostram resistncia?

    Muitos jovens tm diculdade para entender queeles so Igreja ou no se sentem acolhidos nascomunidades. Constatamos que a imagem quemuitos deles tm da Igreja de algo ultrapassado,

    celam.V Conerncia do Episcopado da Amrica Latina e do Caribe, Documento departicipao.SoPaulo,Paulinas,005.

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    burocrtico, e que fala uma linguagem que no seconecta com sua vida. Freqentemente compre-endem-na apenas como instituio e no como acomunidade dos seguidores de Jesus. Em muitosambientes universitrios e meios de comunicao,a Igreja apresentada como cmplice da injustiae, em diferentes situaes histricas, contra o pro-gresso humano. Falta aos jovens o conhecimento

    de tantas experincias de santidade e solidariedadena histria da Igreja, tendo como protagonistas osmissionrios Bem-aventurado Pe. Anchieta, Pe.Manoel de Nbrega, Bartolomeu de Las Casas.Em nosso tempo, tambm destacam-se outrosexemplos de vida crist, santidade e martrio: SoDomingos Svio, Santa Maria Goretti, Santo FreiGalvo, Bem-aventurada Madre Teresa de Calcu-t, o Servo de Deus, Joo Paulo II, os brasileirosPe. Manoel Gomes Gonzalez, o coroinha AdlioDaronch e Albertina Berkenbrock, a serem proxi-mamente beaticados, assim como Ir. Dulce, Dom

    Oscar Romero, Dom Helder Cmara, Ir. Dorothy,Pe. Josimo, Pe. Ezequiel Ramim, Dom LucianoMendes de Almeida, Dom Jos Mauro PereiraBastos e tantos outros. Nas cidades grandes, chamaa ateno a ausncia dos jovens na vida eclesial,de modo especial os de nvel social e escolaridademais elevada, para os quais no h um trabalho

    pastoral especco. Em alguns lugares, a Igreja seafastou e os perdeu. Advertimos a respeito da ne-cessidade urgente de apresentar missionariamentea verdadeira face da Igreja juventude e trabalhara relao entre f e razo.

    68. As resistncias contra a Igreja se vencem progressi-vamente com o amadurecimento da compreensodos contextos histricos e quando se destacam os

    aspectos positivos, como a credibilidade da Igrejanas pesquisas sobre as instituies sociais, comotambm o contato com experincias autnticas deIgreja que contradizem as armaes negativas.

    69. A Igreja santa, mas formada por homens e mu-lheres marcados pela realidade do pecado. Devido fraqueza humana, ela sofre continuamente atentao de se afastar da mstica do seu fundador.A Igreja que evangeliza precisa ser continuamenteevangelizada. Pode-se criticar muito a Igreja. Nso sabemos e o Senhor mesmo nos disse que ela como uma rede com peixes bons e ruins, um campo

    com trigo e joio. O Papa Joo Paulo II, que nosmostrou o verdadeiro rosto da Igreja nos numero-sos beatos e santos que proclamou, tambm pediuperdo pelo mal causado, no correr da histria,pelas palavras ou atos de homens da Igreja.

    HomiliadeBentoXVIparamaisdeummilhodejovensnaJornadaMundialdaJuventudeemColnia,em005.

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    70. Mesmo com a presena signicativa de jovens noespao eclesial, constatamos a ausncia da grandemaioria. Isto se reete, tambm, na diculdadede atrair vocaes para o ministrio presbiteral,para a vida consagrada e para o laicato. Na evan-gelizao da juventude est em jogo o presente eo futuro da Igreja. No entanto, a Igreja trabalhacom a juventude no somente para buscar voca-

    es que garantem sua continuidade mas tambmpara despertar a riqueza que trazem, ajudando-osa descobrir a vocao para o servio do Reino ea transformao da Igreja e de toda a sociedade.

    71. importante que os jovens sejam ajudados aentender que as cincias humanas apontam paraa ambivalncia de todas as estruturas. Por umlado, elas so necessrias. Sem as estruturas noh continuidade no tempo, e a mensagem originalmorre. A Igreja a presena viva do Cristo atuantena histria. Sem a Igreja, no estaria viva a mensa-gem de Jesus hoje e no teramos os Evangelhos.

    Atravs da Igreja, uma gerao de crentes passasua f seguinte. Por outro lado, as estruturas sedesgastam com o tempo, dicultando a compre-enso da Boa-Nova, que est em sua origem. Porisso, h necessidade de renovao contnua.

    72. Um caminho importante para despertar nos jovenso amor pela Igreja e o sentido de pertena a ela

    a referncia s experincias das primeiras Comu-nidades dos Atos dos Apstolos, para concretizarhoje a vida eclesial que nasceu do derramamentodo Esprito no Pentecostes, na qual resplandecia(cf. At 2,42-47) a orao, a delidade Palavra,a partilha dos bens e a Eucaristia (Frao doPo).

    73. Em nosso tempo, luz do Conclio Vaticano

    II e de tantas manifestaes dos papas e dosbispos, insiste-se na Comunho e Participao,palavras e realidades que indicam um caminhoa ser tambm proposto aos jovens. Sua raiz oBatismo, pelo qual se manifesta uma igualdadefundamental entre todos os cristos, fazendo-ostodos responsveis pela Igreja, cada qual segundoa prpria vocao. A Igreja, novo povo de Deus, descrita como Corpo de Cristo, uno na variedadedos membros, onde todos tm igual dignidade. uno o povo eleito de Deus: Um s Senhor, umas f, um s batismo; comum a dignidade dosmembros pela sua regenerao em Cristo, comum,a graa de lhos, comum, a vocao perfeio;uma s a salvao, uma s a esperana e a uni-dade, sem diviso.

    8 C.E4,5.

    conclIo VatIcanoII,Lumen gentium,n.3.

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    74. Por isso, muitos documentos do Magistrio ponti-fcio e episcopal apontam para a renovao da vidada Igreja atravs do caminho do servio, no qualtodos os is, comeando dos ministros ordena-dos, buscam superar a tentao do autoritarismo eassumir o modelo do lava-ps, atentos palavra doSenhor: Sabeis que os governantes das naes asdominam e os grandes as tiranizam. Entre vs no

    dever ser assim. Ao contrrio, aquele que quisertornar-se grande, entre vs, seja aquele que serve,e o que quiser ser o primeiro, dentre vs, seja ovosso servo. Desse modo, o Filho do Homemno veio para ser servido, mas para servir e dara sua vida em resgate por muitos (Mt 20,25-28).O modelo de todos Jesus, o Bom Pastor, queconhece os seus pelo nome e est disposto a darsua vida por eles.

    75. Cada cristo, por seu batismo, responsvel pelaconstruo da Igreja, para que ela seja um espelhodo amor de Deus no mundo e sinal do Reino. Na

    histria da Igreja, todas as vezes que se buscaramformas mais elevadas de vida no Evangelho,colocou-se na vida fraterna seu apoio funda-mental.0 importante que os jovens tenham aexperincia de relacionamento fraterno autnticoe do exerccio da autoridade como servio em sua

    0 C.CNBB,Diretrizes gerais 2003-2006,doc.7.

    comunidade paroquial, nas comunidades eclesiaisde base, nas pastorais nas quais se envolvem, nosmovimentos eclesiais ou novas comunidades comos quais se comprometem, como sinal de que possvel viver com autenticidade o seguimentode Jesus.

    76. Nas atividades pastorais com a juventude, faz-senecessrio oferecer canais de participao e en-

    volvimento nas decises, que possibilitem umaexperincia autntica de co-responsabilidade, dedilogo, de escuta e o envolvimento no processode renovao contnua da Igreja. Trata-se de va-lorizar a participao dos jovens nos conselhos,reunies de grupo, assemblias, equipes, processode avaliao e planejamento.

    77. Mas a Igreja no existe somente para fortalecera vivncia da f em comunidade. Existe paraconstruir o Reino, e o Reino mais amplo doque a Igreja peregrina. A Igreja, comunidade dosque crem em Jesus, constitui na terra o germe

    e o incio deste Reino, que, como fermento oupequena semente, faz a massa crescer e tornar-seimensa rvore.

    78. O Conclio Vaticano II prope, como vocao dahumanidade inteira, e como meta a ser efetiva eintensamente procurada, a fraternidade universal.Arma, tambm, que a revelao crist favorece

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    poderosamente esta comunho entre as pessoas,e ao mesmo tempo leva a uma compreenso maisprofunda das leis da vida social. Se a juventudefor levada a enxergar uma Igreja que procura serisso, graas ao caminho que segue, ter menos di-culdade de assumi-la com sua alegria vibrante.

    79. importante falar da Igreja aos jovens como oMistrio que persevera atravs da histria huma-

    na devido presena do Esprito Santo. A Igrejaexiste no somente para ser um lugar de encontroagradvel e de segurana dos que partilham amesma f; ela existe para evangelizar, isto , paraanunciar a Boa Notcia do Reino, proclamado erealizado em Jesus Cristo, atravs de nossasfragilidades e riquezas.

    80. Um grande desao reconhecermos que tambmno segmento da sociedade chamado juventude seencontram as sementes ocultas do Verbo, comofala o DecretoAd gentes, do Vaticano II. Entrar

    C.Gaudium et spes,n.38.OutrostextosrelevantessoGaudium et spes,n.78b(araternidadeuniversalcondiodapaz)eGaudium et spes,n.(odilogoemvistadaraternidade,respeitandoadiversidadedeetnias,culturasereligies).AraternidadeuniversalressaltadatambmcomofmdoannciodeCristo(Adgentes,n.8)edoapostoladodoscristosleigos(Apostolicam actuositatem,p.4)eundamentodaoposiodaIgrejaatodaormadediscriminaodaspessoashumanas(Nostra aetate,n.5).

    C.EN,n.4.

    AG,n..

    em contato com o divino da juventude enten-der sua psicologia, sua biologia, sua sociologia esua antropologia com o olhar da cincia de Deus.O jovem necessita que falemos para ele no so-mente de um Deus que vem de fora mas tambmde um Deus que real dentro dele em seu modojuvenil de ser alegre, dinmico, criativo e ousado.A evangelizao da Igreja precisa mostrar aos

    jovens a beleza e a sacralidade da sua juventude,o dinamismo que ela comporta, o compromissoque daqui emana, assim como a ameaa do pe-cado, da tentao do egosmo, do ter e do podere, com isto, auxiliar tambm na conscientizaode tudo aquilo que procura danicar esta obra deDeus. Uma verdadeira espiritualidade possibilitaao jovem encontrar-se com a realidade sublimeque h dentro dele, manter um dilogo constantecom aquele que o criou.

    81. Considerar o jovem como lugar teolgico acolhera voz de Deus que fala por ele. A novidade que

    a cultura juvenil nos apresenta neste momento,portanto, sua teologia, isto , o discurso queDeus nos faz atravs da juventude. De fato, Deusnos fala pelo jovem. O jovem, nesta perspectiva, uma realidade teolgica, que precisamos apren-der a ler e a desvelar. No se trata de sacralizaro jovem, imaginando-o como algum que no

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    erra; trata-se de ver o sagrado que se manifestade muitas formas, tambm na realidade juvenil.Trata-se de fazer uma leitura teolgica do que,de forma ampla, chamamos de culturas juvenis.Numa poca em que se fala tanto de inculturaoou em outros termos de encarnar-se na rea-lidade, de aceitar o novo, o plural e o diferente,na evangelizao da juventude, estaremos diante

    de feies muito concretas e imprevisveis. Dizerque, para a Igreja, a juventude uma prioridadeem sua misso evangelizadora, armar que sequer uma Igreja aberta ao novo, armar queamamos o jovem no s porque ele representa arevitalizao de qualquer sociedade mas tambmporque amamos, nele, uma realidade teolgica emsua dimenso de mistrio inesgotvel e de perenenovidade.

    3. Construo de uma sociedade solidria

    82. As Diretrizes Gerais da Ao Evangelizadorada Igreja no Brasil armam que participar daconstruo de uma sociedade justa e solidriaconstitui um dos objetivos da ao evangelizadorada Igreja no Brasil.

    UmbreveresumodoempenhodaIgrejanasolidariedadecomtodosseencontraemCNBB,Diretrizes gerais... 2003-2006,doc.7,nn.5-75.

    83. A evangelizao dos jovens no pode visar so-mente a suas relaes mais prximas comoo grupo de amigos, a famlia , a amizade, afraternidade, a afetividade, o carinho, as pequenaslutas do dia-a-dia. A ao evangelizadora devetambm motivar o envolvimento com as grandesquestes que dizem respeito a toda a sociedade,como a economia, a poltica e todos os desaos

    sociais de nosso tempo. H necessidade de animare capacitar o jovem para o exerccio da cidadania,como uma dimenso importante do discipulado.A dimenso poltica e social da f, contudo, deveser apresentada aos jovens de maneira que no sereduza a apenas uma ideologia.

    84. A sociedade brasileira , hoje, uma das mais desi-guais do mundo. Tal situao reete um modelosocial que prope um ideal de consumo ilusrio einatingvel para os pobres, somente possvel paraos mais ricos. Esse modelo alimenta a difuso daviolncia, resultado dos muitos conitos e tenses

    produzidos por um mundo desigual, incapaz derespeitar a dignidade das pessoas. Uma desigual-dade que, aos olhos do cristo, um escndalo e,ao mesmo tempo, um desao, diante do qual no

    Compequenasoscilaes,ospobresseapropriamdea4%darendanacional.Os0%maisricosseapropriamdecercade50%darendanacional(c.HenrI-queS,Ricardo[org.].Desigualdade e pobreza no Brasil.Braslia,Ipea,000.pp.-47).

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    basta protestar ou lamentar, mas preciso redo-brar com lucidez e perseverana o empenho naconstruo de uma sociedade justa e solidria.

    85. O cristo se identica com aquele que o bomsamaritano, que socorre a vtima dos assaltantes,smbolo de toda vtima inocente do mal do mundo,sem se perguntar sobre a raa ou a religio dele.Ele cura inmeras pessoas, vtimas da doena

    ou daquelas foras malignas que atacam os sereshumanos. Ele traz uma palavra de esperana aospobres e reparte o po com eles, promessa de umfuturo diferente, de um outro mundo possvel.Ele acolhe e perdoa os pecadores. Ele miseri-cordioso. Estende a mo para levantar o cado,acolhe com abrao o que volta arrependido e vaiao encontro do afastado. Devolve o ser humanos suas tarefas, s suas responsabilidades e suadignidade.

    4. Pronunciamentos do Magistrio sobre

    a juventude86. O Magistrio da Igreja se ocupou muitas vezes

    da evangelizao da juventude. Apresentamosalguns ensinamentos da Igreja que podem bali-

    C.Lc5,ss;Jo8,-;Lc3,3-43.

    NoAnexo4temosumaproundamentodestetema.

    zar as atividades que posteriormente queremospropor, em vista de um novo impulso em to im-portante tarefa pastoral. saudvel e inspiradoralimentar-nos do Magistrio da Igreja com relao evangelizao da juventude. Claro que seriaimpossvel apresentar tudo o que se fez e se falousobre juventude; portanto, chamamos ateno aquisomente para alguns textos.

    87. Joo Paulo II, na Christifdeles laici, retomou ariqueza do que o Conclio Vaticano II falou sobrea juventude, armando que a Igreja tem tantascoisas para dizer aos jovens, e os jovens tm tantascoisas para dizer Igreja. Este dilogo recproco,que dever fazer-se com grande cordialidade,clareza e coragem, favorecer o encontro e ointercmbio das geraes, e ser fonte de riquezae de juventude para a Igreja e para a sociedadecivil. Na sua mensagem aos jovens o Conclio diz:A Igreja olha para vs com conana e amor [...].Ela a verdadeira juventude do mundo [...]. Olhaipara ela e nela encontrareis o rosto de Cristo.

    88. Continua atual o desao lanado por Joo PauloII aos jovens brasileiros: urgente colocar Jesuscomo alicerce da existncia humana. Os melhoresamigos, seguidores e apstolos de Cristo foramsempre aqueles que perceberam, um dia, dentro

    C.ExortaoApostlicaChristifdeles laici,n.46.

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    de si, a pergunta denitiva, incontornvel, dianteda qual todas as outras se tornam secundrias:Para voc, quem sou eu? A vida, o destino, ahistria presente e futura de um jovem dependemda resposta ntida e sincera, sem retrica, semsubterfgios, que ele puder dar a esta pergunta.Ela j transformou a vida de muitos jovens.

    89. J em Medelln, o episcopado da Amrica Latina

    referia-se juventude como uma grande foranova de presso e como um novo organismosocial com valores prprios.0 A Igreja v najuventude a constante renovao da vida da hu-manidade. A juventude o smbolo da Igreja,chamada a uma constante renovao de si mesma.Por isso ela quer desenvolver, dentro da pastoralde conjunto, uma autntica Pastoral da Juventude,educando os jovens a partir de sua vida, permi-tindo-lhes plena participao na comunidadeeclesial.

    90. Em Puebla, o episcopado faz duas opes pre-ferenciais que marcaram a Conferncia: a opopreferencial pelos pobres e pelos jovens. Falandodas opes pastorais, a Conferncia inicia dizendo

    JooPauloIIaosjovensbrasileirosemBeloHorizonte(/7/80)emA palavrade Joo Paulo II no Brasil.SoPaulo,Paulinas,80.pp.37e38.

    0 Valemo-nosdeConcluses de Medelln;IIConernciaGeraldoEpiscopadoLatino-Americano.UmapublicaodoRegionalSul3daCNBB,68.Reerimo-nosaocaptulosobrejuventude,pp.3-37.

    que a Igreja cona nos jovens, sendo eles a suaesperana. Por ser dinamizadora do corpo social eespecialmente do corpo eclesial, a Igreja faz umaopo preferencial pelos jovens com vistas suamisso evangelizadora no continente.

    91. Em Santo Domingo, os bispos rearmam a opopreferencial pelos jovens feita em Puebla, de modono s afetivo mas tambm efetivamente: opo

    por uma Pastoral Orgnica da Juventude, comacompanhamento, com apoio real, com dilogo,com maiores recursos pessoais e materiais e comdimenso vocacional.

    92. O Episcopado Brasileiro ressalta: Cuidadoparticular merecem os jovens, considerando-se asituao que encontram na sociedade de hoje. Elalhes apresenta uma oferta imensa de experinciaspotenciais e de conhecimentos, mas no lhesfornece recursos adequados para satisfazer suasaspiraes. Alm disso, muitas vezes os desviapara caminhos ilusrios de busca do prazer. Os

    jovens so um grande desao para o futuro daIgreja, que deve torn-los protagonistas daevangelizao e artces da renovao social.

    CNBB,Diretrizes gerais...,doc.7,n.8.

    Joo Paulo II,Christifdeles laici,n.46;c.tambmCNBB,Diretrizes gerais...,doc.6,nn.36e37.

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    III. lInhas de ao

    93. Depois de analisar a realidade e o perl destanova gerao de jovens, na primeira parte destedocumento, e, em seguida, confrontar esta reali-dade juvenil com os princpios da f, queremosapresentar alguns desaos, princpios orientado-

    res e linhas de ao que brotam desta realidadee das diversas experincias positivas que j vmacontecendo em nossa Igreja.

    94. No fostes vs que me escolhestes; fui eu que vosescolhi (Jo 15,16). Do encontro pessoal com JesusCristo nasce o discpulo, e do discipulado nasceo missionrio. O encontro pessoal a primeiraetapa. Em seguida, nasce um itinerrio, em cujasetapas vai amadurecendo pouco a pouco o com-promisso com a pessoa e o projeto de Jesus Cristo, luz do mistrio pascal. Cada etapa abre horizon-tes ao jovem para denir seu projeto de vida. Ojovem aprende a escutar o chamado de Cristo; abuscar uma vida interior de valores evanglicos;a sair do individualismo para pensar e trabalharcom os outros; a participar de uma comunidadeeclesial concreta; a se sensibilizar, como o bomsamaritano, com o sofrimento alheio; a partici-par de uma pastoral orgnica com os outros; aentender que a luta pela justia um elemento

    constitutivo da evangelizao; e a se comprometerde maneira decisiva com a misso. Estas etapasdevem levar a uma opo vocacional, entendidacomo vocao de leigo ou vocao de especialconsagrao, como presbtero ou religioso(a). Oque sustenta a caminhada a graa de Deus.

    95. Acreditamos que para responder de maneira qua-licada aos anseios da juventude, s necessidades

    da Igreja e aos sinais dos tempos, necessitamosdas seguintes linhas de ao:

    1a linha de ao:formAointegrAldo(A) discpulo(A)

    2a linha de ao:espirituAlidAde

    3a linha de ao:pedAgogiAdeformAo

    4a linha de ao:discpulosediscpulAspArAAmisso

    5a linha de ao:

    estruturAsdeAcompAnhAmento6a linha de ao:

    ministriodAAssessoriA7a linha de ao:

    dilogoferAzo8a linha de ao:

    direitovidA

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    1a linha de ao: formaointegraldo(a)discpulo(a)

    desAfioseprincpiosorientAdores

    96. Desaa-nos, de modo especial, a promoo de um

    processo de evangelizao que leve em conta as

    diferentes dimenses da formao integral num

    caminho que desperte e cultive os jovens e a co-munidade eclesial para a irrenuncivel dimenso

    vocacional do grupo. O conceito de formao

    integral importante para considerar o jovem

    como um todo, evitando assim reducionismos que

    distoram a proposta de educao na f, reduzin-

    do-a a uma proposta psicologizante, espiritualista

    ou politizante.

    Umgrupononascepronto,nemnascegrupo.Comoapessoa,eleprecisaserpreparadoeconvocadovida.Precisasergestado,paradepoisnascercomo

    grupo,passarpelasdiversasetapasdecrescimentoatchegarmaturidade.Comoagente,ogrupotambmmorreumdia:algunsprecocemente,outrosdepoisdecumpriremsuamissoedaremrutosSeogrodetrigonomorrer....preciso,pois,conhecerasetapasdeumplanejamentopelasquaispassaogrupo,afmdepoder,comoassessor(a),orientaroprocesso.Faz-senecessrio,igualmente,umplanodeormaoqueorienteoprocessoepossibiliteoseuacompanhamentoemcadaetapa(TeIXeIra,CarmemLcia[org.].Passos na travessia da ;metodologiaemsticanaormaointegraldajuventude.SoPaulo,CCJ,005.p.34).OcaminhovocacionaldescritoaquipodeservisualizadonogrfcoBdoAnexo5.

    EstasdimensespodemservisualizadasnogrfcoAdoAnexo5.

    97. O discipulado comea com o convite pessoal deJesus Cristo: Vem e segue-me (Lc 18,22). Naformao para o discipulado necessrio partirde uma formao integral. Quem trabalha naformao de jovens necessita estar atento s cincodimenses: psicoafetiva, psicossocial, mstica,sociopoltico-ecolgica e capacitao. Trata-sede efetivar, pedagogicamente, um conceito que se

    encaixa no contexto da sensibilidade da culturajovem e aponta para uma nova sntese que integreo racional com o simblico, a afetividade, o corpo,a f e o universo. Cada uma das cinco dimenses vista como uma relao que o jovem tem comum aspecto da sua vida, respondendo s perguntasde fundo que todo ser humano faz, consciente ouinconscientemente.

    Dimenso psicoafetiva Processo da

    personalizao

    98. As perguntas de fundo so: Quem sou eu? Qual a

    relao comigo mesmo? So perguntas importan-tes para o autoconhecimento e para a construoda personalidade do jovem. Sem a capacidadede autoconhecimento e autocrtica, o jovem incapaz de analisar as situaes com objetivida-de, de administrar os conitos e de se relacionarcom outros de uma maneira equilibrada. Sem

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    esta dimenso torna-se difcil o silncio interiore o encontro com Deus na orao e a verdadeiraconverso.

    Dimenso psicossocial Processo de integrao

    99. As perguntas de fundo so: Quem o outro? Comorelacionar-me com ele? Como tratar as relaes degnero? Como entender o relacionamento virtual

    hoje existente? Essa dimenso acentua a importn-cia das relaes entre as pessoas que acontecem,por exemplo, nas amizades, nos grupos, na vidaem comunidade, na famlia, no meio ambiente. Afelicidade do jovem depende da sua capacidadede comunicar-se com os outros, num dilogo queconsidera e respeita a cultura.

    100. A amizade algo natural e importante na vidado jovem. Face a uma cultura contempornea queincita concorrncia, o Evangelho prope umrelacionamento baseado no amor e no servio.

    101. A evangelizao da nova gerao de jovens precisa

    ir alm do nvel das idias e da formao terica.No se constri a comunidade crist somentecom idias. H necessidade de descer ao nvelda afetividade, de viver relaes de fraternidadevoltadas para o discipulado. Nosso esforo sercriar condies para que as pessoas possam vi-ver relaes de solidariedade e de fraternidade

    que permitam sua maior realizao, no contextoatual. Comunidade pressupe amizade, calorhumano, a aproximao afetiva e um projeto devida em comum.

    102. Essa dimenso busca motivar o jovem para oenvolvimento na comunidade eclesial. medidaque ele se sente valorizado em suas capacidades,consegue perceber o valor de caminhar com aque-

    les que partilham da mesma f em Jesus Cristo.Alm do mais, pouco a pouco, vai se envolvendonas suas atividades e se corresponsabilizando nasua misso. Os Atos dos Apstolos descrevem acomunidade dos primeiros cristos como sendoum s corao e uma s alma (At 4,32), e isto ojovem vai experimentando na vida comunitria.

    103. A sexualidade, dom de Deus, uma dimensoconstitutiva da pessoa humana, que nos impul-siona para a realizao afetiva no relacionamentocom o outro. Porm, os jovens vivem, hoje, emum ambiente erotizado em que a sexualidade ,

    infelizmente, banalizada e freqentemente trans-formada em meio egosta de prazer e de manipu-lao e corrupo das relaes mais profundasentre as pessoas. Neste contexto importantedesenvolver um programa de educao para oamor que integre a sexualidade em um projeto

    C.CNBB,Diretrizes gerais... 2003-2006,doc.7,n.3.

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    mais amplo de crescimento e maturidade no qualela seja baseada na liberdade e no no medo; leveem conta as exigncias da tica crist; leve aoamor e responsabilidade; desperte para a auto-estima, principalmente no cuidado com o corpodo prprio jovem e dos outros; tenha Deus, criadorda vida, da sexualidade e da alegria, como suafonte de inspirao.

    104. Um dos importantes espaos de formao acon-tece no relacionamento familiar. Atingida portantos fatores externos, nem sempre a famlia capaz de cultivar valores essenciais para a vida.O jovem, ento, exercitando no seio da famlia oamor, o perdo, a pacincia, o dilogo, o servio,vai amadurecendo como pessoa e, enquanto seforma, vai, ele mesmo, sendo portador de valoresem benefcio da famlia.

    Dimenso mstica Processo teolgico-espiritual

    105. As perguntas de fundo so: Qual a minha relao

    com Deus? De onde vim? Para onde vou? Qual osentido da minha vida? Qual o sentido da morte?Qual o sentido do sofrimento?

    106. A dimenso teolgica cultivada no estudo, nacatequese e no aprofundamento dos dados bsicosda f. Desse aprofundamento faz parte a iniciao leitura da Palavra de Deus, do conhecimento de

    Jesus Cristo e da Igreja. A dimenso espiritualcorresponde experincia de Deus. Isso pode serfeito atravs de retiros, da vivncia sacramental,da orao e do servio aos pobres. No bastaestudar Deus; necessrio tambm ter uma expe-rincia de Deus. A relao com Deus est tambmpresente nas outras dimenses e as ilumina. Osaspectos teolgico e espiritual no s caminham

    juntos mas tambm se complementam.Dimenso sociopoltico-ecolgica Processo

    de participao-conscientizao

    107. As perguntas de fundo so: Qual a minha relaocom a sociedade ao meu redor? Como organizar aconvivncia social? Podemos mudar a sociedade?Como me percebo como ser integrado nature-za? A conscincia da cidadania faz ver que todopoder emana do povo e em seu nome exercido.Essa dimenso abre o jovem para os problemas so-ciais locais, nacionais e internacionais: problemas

    de moradia, sade, alimentao, m qualidade daeducao, direitos humanos desrespeitados, discri-minao contra a mulher, violncia, guerra, ecolo-gia, biodiversidade. No se pode pregar um amorabstrato que encobre os mecanismos econmicos,sociais e polticos geradores da marginalizaode grandes setores de nossa populao. Aqui h

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    necessidade de formar o jovem para o exerccioda cidadania e direitos humanos luz do ensinosocial da Igreja. H necessidade de conectar a fcom a vida, a f com a poltica.

    Dimenso de capacitao processo metodolgico

    108. As perguntas de fundo so: Qual a minha relaocom a ao? A f sem ao, diz So Tiago, est

    morta. Como trabalhar? Como me organizaratravs de um consistente projeto pessoal de vida?Como administrar meu tempo? Como organizaras estruturas de coordenao que facilitam oacompanhamento sistemtico, a comunicao, oaprofundamento e a continuidade? Como coorde-nar uma reunio de grupo e assegurar conclusesconcretas? Como montar um curso? Como avaliare acompanhar sistematicamente, no dia-a-dia,os processos grupais de educao na f? Comoplanejar e avaliar a ao evangelizadora? Ashabilidades so necessrias para acompanhar as

    estruturas de apoio para o processo de evangeliza-o dos jovens. Sem estas habilidades, os projetospastorais no caminham.

    pistAsdeAo

    109. Avaliar periodicamente a situao pastoral paravericar se todas as dimenses da formao in-

    tegral esto sendo contempladas, no processo deevangelizao dos jovens, identicando as lacunasa serem preenchidas.

    110. Fazer um trabalho de conscientizao vocacional,ajudando o jovem a denir e a elaborar o seu pro-jeto de vida, contemplando todas as dimenses daformao.

    111. Organizar uma catequese crismal que, estando

    atenta formao integral dos jovens, procureoferecer-lhes, enquanto esto no processo cate-qutico, oportunidades signicativas de vivnciagrupal, de atividades comunitrias, de meditaoda Palavra de Deus, de experincia de orao,engajamento nas pastorais existentes nas comu-nidades etc.

    112. Mobilizar as escolas para que elas garantam emtodo o processo pedaggico uma formao inte-gral dos jovens.

    113. Envolver as famlias nos diferentes programasda ao evangelizadora, orientando-as a contri-burem de forma mais intensa na educao da fde seus lhos e buscando parceria com a PastoralFamiliar.

    114. Elaborar subsdios que favoream o amadureci-mento juvenil e promover cursos e encontros comtemticas relacionadas educao para o amor,corporeidade, homossexualidade, questes degnero, etnia, entre outras.

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    115. Estimular uma prtica humanizadora com jo-vens por meio da elaborao e prtica de novasmaneiras de relacionamento que superem ascontradies existentes e garantam o exerccio dopoder coletivo, da iniciativa e da criatividade deseus participantes, alm de estimular o processode formao integral, a comunho, a comunica-o e o Mistrio da Encarnao Mistrio da

    transformao do Reino de Deus concretizado nacapacidade de as pessoas se amarem.

    2a linha de ao: espiritualidade

    desAfioseprincpiosorientAdores

    116. A rapidez das mudanas, os atrativos de diferentesnveis e a agitao do cotidiano desaam a vivn-cia de uma verdadeira espiritualidade. Muitos jovens no vivem num contexto cristo, numafamlia crist, no foram iniciados na f.

    117. Por isso, todos ns pastores, agentes de pastoral,catequistas, educadores de jovens, pais de famlia,lideranas perguntamos: Como provocar nojovem o desejo do seguimento ao Senhor? Comomotiv-lo a uma espiritualidade compreensvele acessvel, cheia de sentido, gosto, orientao,segurana e alegria de viver? Como trabalhar a

    espiritualidade segundo a opo pelos pobres e ocompromisso com a construo de uma sociedadejusta e solidria, a Civilizao do Amor?

    118. A vocao santidade e a certeza de que a ju-ventude um lugar teolgico da comunicao deDeus desaam a Igreja a uma proposta de espiri-tualidade como caminho que d sentido vida, emum constante dilogo com o Pai, atravs de Jesus,

    no Esprito Santo. Consoante com os tempos ecom as caractersticas juvenis, a espiritualidadeproposta aos jovens deve contemplar a alegria, omovimento, a expresso corporal, a msica, ossmbolos, o envolvimento com a vida, a amizade,a convivncia, a espontaneidade etc.

    119. A espiritualidade a motivao central e a bssolapara orientar a vida de acordo com a vontade deDeus. Dessa forma, propomos aos jovens umamstica: centrada em Jesus Cristo e no seu proje-to de vida; acolhedora do cotidiano como lugarprivilegiado de crescimento e santicao; alegree cheia de esperana; marcada pela experinciacomunitria onde se medita a Palavra de Deus e secelebra a Eucaristia; apoiada no modelo do simde Maria e na certeza de sua presena maternae auxiliadora; conduzida pelo compromisso como Reino, traduzida no compromisso com a trans-formao social a partir da sensibilidade diantedo sofrimento do prximo.

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    120. Para alimentar constantemente a espiritualidadecrist, o jovem necessita encontrar instrumentos,pessoas e momentos que o marquem profunda-mente, provocando nele o desejo de verdadeiramudana. Estes meios colocam o jovem numprocesso constante de reviso de vida e de dis-cernimento vocacional diante de Deus e diantedo mundo. Alm disso, o jovem que, ao optar

    pelo Senhor, assume uma nova postura diante davida , naturalmente, percebido, notado, admira-do e seguido pelos seus companheiros: Jovensevangelizando jovens. Entre tantos meios paraeste exerccio cotidiano de crescimento na f,destacamos:

    121. A orAo pessoAl: o dilogo pessoal, ntimo,profundo com Jesus Cristo, no Esprito Santo, nosfortalece na dignidade de lhos diante do Pai. Ojovem criativo quando se sente vontade comDeus e amado por Ele. Olhando para Jesus, queno se cansava de rezar ao Pai, principalmente

    nos momentos de maiores decises, o jovem sesente motivado a fazer o mesmo. Alm do mais,tudo pode ser matria de orao e de conversacom aquele que s deseja a entrega total, irrestri-ta, constante a ele e, por isso, doao aos irmose irms. A sintonia com Jesus Cristo cura asferidas, corrige os passos, orienta a vida, perdoa

    os pecados, acorda do comodismo e da inrcia,critica as omisses e d a alegria de viver. No dpara ser de Cristo se no se reservam momentosespeciais para estar com ele. Este contato amigoanima converso, retomada do projeto devida, ao desejo de santidade, ao discernimentovocacional, ao compromisso com os mais pobrese sofredores, ao envolvimento na comunidade, ao

    fortalecimento da f, da esperana e do amor.122. A orAocomunitriA: nem sempre fcil re-

    zar com os outros, mas sabemos o quanto isto importante para a espiritualidade crist. Emcomunidade, eleva-se a Deus uma voz unssona.Juntos louvamos, pedimos, agradecemos, cho-ramos, cantamos, silenciamos. Em comunidade,apresentamos a Deus os sucessos, as fraquezas, ossonhos, as lutas do povo. As celebraes so mo -mentos fortes de espiritualidade. Entre elas, desta-camos a missa dominical. Ela ultrapassa os dias,as preocupaes, as frustraes, os problemas, o

    cansao, to presentes na rotina dos outros diasda semana. Domingo o dia de encontrar-se comos outros jovens e irmos, tambm eles desejososde novas respostas e foras para o seu cotidiano.Domingo o dia do Senhor. preciso recuper-locomo um dia especial de revigoramento espiritual,em que a Eucaristia ocupa lugar central.

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    123. A pArticipAonAcomunidAde: desde o incio daHistria da Salvao Deus forma um povo e vaise comunicando com ele, num processo constantede dilogo, convite converso e ao compromisso,com promessas de felicidade e delidade. Deusquis salvar a pessoa no isoladamente mas parti-cipante de um povo que o conhecesse na verdadee santamente o servisse (cf. LG, n. 9). A espiritua-

    lidade da comunho fraterna essencial na vidacrist e todo jovem convidado, desde cedo, afazer esta experincia fundante da f atravs deseu envolvimento nas diversas responsabilidadesassumidas na comunidade. O nosso testemunho deunidade, cultivado no exerccio de cada membrode uma mesma comunidade, mostrar ao mundoa fora transformadora da religio bem vivida. Aolado dos outros, descobrimos no s o que temosde comum ou de diferente, mas acreditamos nacomunicao de Deus que se serve de todos parafalar a todos.

    124. A leiturA orAntedAbbliA (lob): um mtodoque vem de antiga tradio da Igreja para ajudarno estudo e orao da Bblia. Ele contempla quatropassos: leitura, meditao, orao e contemplaoda Palavra de Deus. tambm chamada deLectioDivina. Deus, querendo deixar registrado na his-tria todo o seu projeto e sua vontade, serviu-se

    de vrias pessoas para escrever as experincias,as maravilhas, as quedas, as lutas, as fraquezase as conquistas do seu povo. Quanto mais mer-gulhamos nas Escrituras, mais nos identicamoscom este povo e adquirimos entendimento do quesomos, para onde vamos e o que devemos fazer.Nas Sagradas Escrituras entra-se em contato como povo que seguro da escolha de Deus nunca

    desanima e sempre se mostra criativo para en-frentar o mundo e propor novos caminhos. JesusCristo a Palavra de Deus por excelncia , aose colocar como Caminho, Verdade e Vida (Jo14,6) nos convida a conhec-lo profundamente.Assim, crer na Palavra de Deus essencial paraum processo de crescimento do jovem que querse comprometer cada vez mais com este projetodo Criador.

    125. A vivnciA dos sAcrAmentos: de maneira todaespecial encontramo-nos com Jesus na celebraodos sacramentos. O jovem, batizado, desejoso

    de se tornar adulto na f, descobre, atravs dapreparao e da celebrao do sacramento daCrisma, uma ocasio de receber os dons do Es-prito Santo e de ser ungido, isto , consagradopara a misso. importante que esta preparaoleve o adolescente e o jovem a ter uma experin-cia comunitria da f! Animado porque a Igreja

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    reconhece este grau de maturidade, o jovem sealimenta constantemente da misericrdia de Deuse do Po descido do cu. O sacramento daRecon-ciliao, preparado de maneira adequada e jovial, capaz de envolver e regenerar aquele que, nestafase delicada da vida, se sente bastante agredido,atormentado, seduzido por tantos contra-valoresda sociedade comodista e hedonista. Deus, que

    perdoa, tambm oferece um alimento ecaz aojovem fraco e frgil: o Corpo e o Sangue de seuamado Filho Jesus. A evangelizao da juventudeprecisa ter um corao eucarstico! A comunhoeucarstica, o exerccio da adorao ao Sants-simo e tantas outras manifestaes litrgicas,com linguagem apropriada, revigoram a vida dojovem e o incentivam a ser, tambm ele, po paraas necessidades do prximo.

    126. A devooA nossA senhorA: o reconhecimentoda presena materna de Maria se desenvolve apartir das celebraes litrgicas e das diversas

    expresses da piedade popular. Entre elas destaca-se a reza do tero, com a qual, enquanto o jovemse sente abraado pela Me, medita os mistriosda Paixo, Morte e Ressurreio de Jesus. Degrande valia so tambm as celebraes e as fes-tas marianas, as peregrinaes aos santurios deNossa Senhora, as procisses em sua homenagem.

    Ao mesmo tempo em que a comunidade em suasoraes apresenta os jovens a Maria, ela, tambm,apresenta Maria aos jovens.

    127. osdiversosencontrosespirituAis: nossa tradioeclesial comprova o valor perene de momentosespeciais para os jovens e com os jovens, cujafinalidade a formao e a espiritualidade.Encontros, jornadas e manhs de formao so

    capazes de congregar muitos jovens interessadosem encontrar algo mais profundo, desaador,envolvente. Palestras bem ministradas e o climade amizade so capazes de mexer com a vida dosjovens dando-lhes rumo, segurana, serenidade.Os diversos tipos de retiros, viglias, celebraesprovocam nos jovens grandes questionamentos edesejo de mudana de vida, principalmente quan-do so confrontados com a pessoa e a propostade Jesus Cristo. Estes momentos devem ser bemorganizados e conduzidos, de maneira que asvrias dimenses da vida sejam contempladas,

    e no se tornem demasiadamente emocionais oureivindicativas. Outras ocasies fortes de espiritua-lidade juvenil podem ser romarias, caminhadas,peregrinaes, acampamentos que, pedagogi-camente, ensinam e vivenciam valores como osacrifcio, a renncia, a perseverana. Sabendoque os jovens vivem a momentos de abertura e

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    acolhida, precisamos ser criativos nos convites,nas propostas, na linguagem e na conduo destesmomentos de graa.

    128. AsleiturAsereflexes: so de grande valia asleituras teolgicas, espirituais e documentos daIgreja como instrumento para o fortalecimento eo crescimento da f. A leitura da vida dos santose de seus escritos pode contribuir enormemente

    para despertar ou alimentar a vida dos jovens quehoje, mais do que nunca, sentem necessidade demodelos, lderes, testemunhos. Na histria danossa Igreja temos muitos santos e bem-aventu-rados jovens como, por exemplo: Ins, Tarcsio,Domingos Svio, Albertina Berkenbrock etc. Adevoo aos santos lembra aos jovens a sua vo-cao santidade.

    pistAsdeAo

    129. Orientar o jovem sobre o valor da orao pessoal,tornando-a, pouco a pouco, um hbito de vida.

    130. Proporcionar aos jovens uma liturgia inculturadaque contemple al