EVEntO dE PrEMiAçãO dO iV COnCurSO dE FOtOgrAFiAS ... · Monte Sião é um município que fica no...

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Outubro de 2017 — N.º 544 FUNDADOR: Dr. Antonio Marcello da Silva - 15/01/1958 Diretores – Antonio Marcello da Silva (*1931). Pascoal Andreta (*1916 – +1982). Ugo Labegalini (*1931 – + 2012). A Capital Nacional da Moda Tricô Monte Sião é um município que fica no sul de Minas Gerais, na divisa com o estado de São Paulo. Pelo censo de 2010, conta com 20 870 habitantes. Sua área é de 292 km² e a altitude é de 850m. Monte-sionense é o gentílico para quem nasce em Monte Sião. Monte Sião sedia “V Congresso de Educação” Os Monges da Trindade, em parceria com a Fundação Cultural Pascoal Andreta e o Círculo Italiano Monte-sionense, fizeram a entrega da premiação do IV Concurso de Fotografias 2017 dia 20/10, às 19h, no Colégio Objetivo, em Monte Sião/MG. O tema deste ano – Um olhar bom para a vida – foi inspiração para mais de 185 fotógrafos participantes com mais de 300 fotografias inscritas, em diversas categorias: Geral colorida, geral preto e branco e Monte Sião. Estiveram presentes na entrega dos prêmios os 3 primeiros colocados de Monte Sião: Valquíria Tatiane Majoli, com a fotografia: “A gratidão num olhar”, em 1º lugar. Em segundo lugar, Wiliam Pieroni e em 3º lugar, Luis Fernando. O vencedor da categoria geral colorida foi o fotógrafo Cleber Gellio da Silva, com a fotografia: “Banho de São João”. A vencedora na categoria preto e branco nacional foi a fotógrafa Suzana Negrini, com a fotografia: “A força de um olhar”, que esteve presente no evento, e logo após receber a premiação das mãos do presidente da Fundação Cultural Pascoal Andreta, José Ayrton Labegalini, agradeceu aos Monges da Trindade pelo concurso. A exposição temporária com as fotografias vencedoras estará percorrendo alguns locais de Monte Sião, como o Santuário da Medalha Milagrosa, o Museu, o Festival de Inverno e outros locais. Além dos premiados em cada categoria, outras fotografias foram selecionadas com Menção Honrosa e farão parte do livro do concurso. Através da Diretoria da Educação, a prefeitura municipal local se- diou o V CONGRESSO DE EDUCAÇÃO, que se deu no pavilhão no Centro de Exposições e Lazer, no dia 19 deste mês. Foram oferecidas ao público presente, principalmente às pessoas ligadas ao ensino, duas palestras. A primeira – “A importância do planejamento e o papel do professor no processo de construção” – foi proferida pela professora Dr.ª Emilia Cipriano Sanches, de São Pau- lo – SP, e, a segunda, “Desafios da educação na nova sociedade do conhecimento”, pela filósofa, escritora, consultora e poeta Viviane Mosé, do Rio de Janeiro – RJ. Empreendimentos desse quilate enriquecem a população estudantil e seus orientadores – os professores - enquanto a sociedade benefi - cia-se com assuntos que aceleram o seu desenvolvimento intelectual. Estão de parabéns Prefeitura e Diretoria da Educação pela inicia- tiva. A Proclamação da República A Loja do Plácido: “Onde nossos avós já compravam” A mais antiga e tradicional loja da cidade completa 95 anos no decorrer de 2017. Criada por seu proprietário Plácido Bernardi, passando por Luciano Bernardi, filho, agora é dirigida por Bernardo Bernardi, neto. Leia mais nas páginas 7 e 8 desta edição. ZÉ ANTONIO Os brasileiros aprendem desde a infância que a Re- pública foi proclamada no Brasil pelo Marechal Deodo- ro da Fonseca no dia 15 de novembro de 1889. Quase nunca se diz, no entanto, que esta Proclamação da Repú- blica foi, de fato, um golpe militar comandado pelo Ma- rechal e que a grande maioria dos soldados e oficiais que dele participaram não tinham consciência de que estavam derrubando o regime monár - quico ao atenderem a con- vocação para a tomada do Quartel General do Exército no Rio de Janeiro. Conforme escreveu Eduardo Bueno em seu livro “Brasil, Uma His- tória”: “Na verdade, alguns dos militares de alta paten- te ali presentes sabiam que estavam tomando parte em uma quartelada. Mas, mes- mo os que pensavam assim, achavam que quem estava sendo derrubado era o pre- sidente do conselho de Mi - nistros, o Visconde de Ouro Preto. Jamais o imperador D. Pedro II – e muito menos a monarquia que ele represen- tava”. Deodoro da Fonseca (1829-1892) foi um militar de carreira que ascendeu na tropa graças à sua dedicação e seu comportamento exem- plar. Entrou como cadete no Exército Brasileiro em 1845 e onze anos depois já tinha a patente de capitão. Em 1865 foi lutar na Guerra do Para- guai, sendo promovido a ma- jor logo no ano seguinte e a coronel em 1868. Em 1874, recebeu a patente equivalen- te à de general. Em 1883, foi nomeado comandante militar do Rio Grande do Sul e, mais tarde, presidente interino da província gaú- cha. Mas, no início de 1887, envolveu-se na chamada Questão Militar ao recusar- se a punir o tenente-coronel Antônio de Sena Madureira, que havia se manifestado so- bre assuntos políticos pela imprensa, apesar de ter sido expressamente proibido de assim o fazer pelo Ministro da Guerra. Por esta insubordinação, Deodoro da Fonseca foi exonerado e transferido para o Rio de Janeiro. Foi rece- bido com reverências pelas tropas aquarteladas na então Capital Federal e convida- do a fundar e ser o primeiro presidente do Clube Militar. D. Pedro II, percebendo a insatisfação dos militares, demitiu o Ministro da Guer - ra e fez com que Deodoro fosse nomeado comandante militar de Mato Grosso ain- da em janeiro de 1887. Ape- sar de, neste mesmo ano, ter sido promovido a Marechal, Deodoro considerou essa sua nomeação uma espécie de desterro, sensação que só piorou em agosto de 1889, quando soube que o coronel Cunha Matos, seu desafeto, tinha sido nomeado presi - dente da província de Mato Grosso. Em setembro de 1889, Deodoro simplesmen- te abandonou seu cargo em Mato Grosso e foi para o Rio de Janeiro, certo de que seria punido por esta sua atitude. Deodoro estava amargurado e doente; passou quase todo o mês de outubro acamado. Porém, parece ter sido atraí - do neste período para a causa republicana pelo tenente-co- ronel Benjamin Constant, um professor da Escola Mili - tar da Praia Vermelha e tam- bém ressentido com o gover - no imperial. Uma boa parte dos mi - litares de alta patente tinha a convicção de que a Repú- blica devia ser proclamada com urgência porque consi - deravam que o imperador D. Pedro II, velho e doente, não tinha a quem o sucedesse. Sua sucessora seria a Prin- cesa Isabel, que não tinha a personalidade exigida para comandar o Brasil; o marido dela, o francês Conde d’Eu, que para os militares seria quem de fato governaria o Brasil depois da morte de D. Pedro, era considerado arrogante e detestado por muitos – além, é claro, de ser um estrangeiro. Em 11 de novembro de 1889, al - gumas personalidades ten- taram convencer Deodoro – cujo prestígio entre os mi - litares era muito grande – a liderar o movimento contra a monarquia. Declarando- se monarquista e amigo do imperador D. Pedro II, Deodoro recusou a oferta e concordou apenas em exigir a derrubada do gabinete mi - nisterial chefiado pelo Vis- conde de Ouro Preto. No dia 14 dede novem- bro de 1889, os republicanos fizeram chegar até Deodoro o boato, sem fundamento, de que o Visconde de Ouro Preto havia expedido um mandato de prisão contra ele e outros líderes militares, entre eles Benjamin Cons- tant. A falsa notícia de que sua prisão havia sido decre- tada convenceu Deodoro a levantar-se contra o governo imperial. Na manhã do dia 15 de novembro de 1889, o Marechal reuniu algumas tropas – segundo Eduardo Bueno, não mais que seis- centos soldados e oficiais – e dirigiu-se ao Quartel General do Exército e de lá decretou a demissão do Vis- conde de Ouro Preto. Não se falou na ocasião em Procla- mação da República. O Marechal Deodo- ro voltou para sua casa e aguardou o desenrolar dos acontecimentos. Pouco de- pois recebeu a notícia, esta verdadeira, de que o Vis- conde de Ouro Preto havia pedido demissão e que o imperador havia nomeado Gaspar Silveira Martins, um correligionário do Visconde, como ministro-chefe do ga- binete ministerial. A notícia desagradou Deodoro, que considerava que a mudança promovida pelo imperador em nada alterava a situação contra a qual havia se rebe- lado. Por volta de três horas da tarde do dia 15 de novembro de 1889, Deodoro recebeu e aprovou um documento que havia sido redigido na Câ- mara Municipal do Rio de Janeiro, declarando solene- mente proclamada a Repú- blica no Brasil. O Marechal então informou oficialmente ao imperador que ele havia assinado os atos que estabe- leciam o regime republicano. O imperador repeliu o con- selho de seus auxiliares mais próximos para que se refu- giasse no interior da provín- cia do Rio de Janeiro e orga- nizasse a resistência contra o golpe militar, pois não queria ser o causador de uma guerra civil. Assim, sem resistência, a República foi implantada no Brasil. Na noite de 15 de novem- bro de 1889, foi constituído o governo provisório da Re- pública, tendo como chefe o Marechal Deodoro. O gover - no provisório convocou um Congresso para elaborar a Constituição do país sob o re- gime republicano. Os mem- bros deste Congresso foram eleitos no dia 15 de setembro de 1890 e reuniram-se pela primeira vez no dia 15 de no- vembro de 1890. Este Con- gresso aprovou, praticamen- te sem alterações, o projeto de Constituição apresentado pelo governo provisório. Em 24 de fevereiro de 1891, o Congresso elegeu, de acordo com as disposições transitó- rias da nova Constituição, o presidente e o vice-presidente do primeiro período republi - cano: os Marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixo- to. Deodoro não teve vida fácil como Presidente da Re- pública. Depois de enfrentar seguidas crises, renunciou a seu mandato no dia 23 de novembro de 1891, sendo su- cedido por Floriano Peixoto. Cerca de nove meses depois de deixar a Presidência, em agosto de 1892, Deodoro da Fonseca faleceu. Fontes: 1) Brasil: Uma História – Eduardo Bueno (Editora Leya, 2010); 2) Wikipedia – verbete: Deodoro da Fonseca EVENTO DE PREMIAÇÃO DO IV CONCURSO DE FOTOGRAFIAS PROMOVIDO PELOS MONGES DA TRINDADE

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Outubro de 2017 — N.º 544FUNDADOR: Dr. Antonio Marcello da Silva - 15/01/1958Diretores – Antonio Marcello da Silva (*1931). Pascoal Andreta (*1916 – +1982). Ugo Labegalini (*1931 – + 2012).

A Capital Nacional da Moda TricôMonte Sião é um município que fica no sul de Minas Gerais, na divisa com o estado de São Paulo. Pelo censo de 2010, conta com 20 870 habitantes. Sua área é de 292 km² e a altitude é de 850m.

Monte-sionense é o gentílico para quem nasce em Monte Sião.

Monte Sião sedia “V Congresso de Educação”

Os Monges da Trindade, em parceria com a Fundação Cultural Pascoal Andreta e o Círculo Italiano Monte-sionense, fizeram a entrega da premiação do IV Concurso de Fotografias 2017 dia 20/10, às 19h, no Colégio Objetivo, em Monte Sião/MG.

O tema deste ano – Um olhar bom para a vida – foi inspiração para mais de 185 fotógrafos participantes com mais de 300 fotografias inscritas, em diversas categorias: Geral colorida, geral preto e branco e Monte Sião.

Estiveram presentes na entrega dos prêmios os 3 primeiros colocados de Monte Sião: Valquíria Tatiane Majoli, com a fotografia: “A gratidão num olhar”, em 1º lugar. Em segundo lugar, Wiliam Pieroni e em 3º lugar, Luis Fernando.

O vencedor da categoria geral colorida foi o fotógrafo Cleber Gellio da Silva, com a fotografia: “Banho de São João”. A vencedora na categoria preto e branco nacional foi a fotógrafa Suzana Negrini, com a fotografia: “A força de um olhar”, que esteve presente no evento, e logo após receber a premiação das mãos do presidente da Fundação Cultural Pascoal Andreta, José Ayrton Labegalini, agradeceu aos Monges da Trindade pelo concurso.

A exposição temporária com as fotografias vencedoras estará percorrendo alguns locais de Monte Sião, como o Santuário da Medalha Milagrosa, o Museu, o Festival de Inverno e outros locais.

Além dos premiados em cada categoria, outras fotografias foram selecionadas com Menção Honrosa e farão parte do livro do concurso.

Através da Diretoria da Educação, a prefeitura municipal local se-diou o V CONGRESSO DE EDUCAÇÃO, que se deu no pavilhão no Centro de Exposições e Lazer, no dia 19 deste mês.

Foram oferecidas ao público presente, principalmente às pessoas ligadas ao ensino, duas palestras. A primeira – “A importância do planejamento e o papel do professor no processo de construção” – foi proferida pela professora Dr.ª Emilia Cipriano Sanches, de São Pau-lo – SP, e, a segunda, “Desafios da educação na nova sociedade do conhecimento”, pela filósofa, escritora, consultora e poeta Viviane Mosé, do Rio de Janeiro – RJ.

Empreendimentos desse quilate enriquecem a população estudantil e seus orientadores – os professores - enquanto a sociedade benefi-cia-se com assuntos que aceleram o seu desenvolvimento intelectual.

Estão de parabéns Prefeitura e Diretoria da Educação pela inicia-tiva.

A Proclamação da República

A Loja do Plácido:“Onde nossos avós já compravam”

A mais antiga e tradicional loja da cidade completa 95 anos no decorrer de 2017. Criada por seu proprietário Plácido Bernardi, passando por Luciano Bernardi, filho, agora é dirigida por Bernardo Bernardi, neto. Leia mais nas páginas 7 e 8 desta edição.

ZÉ ANTONIO

Os brasileiros aprendem desde a infância que a Re-pública foi proclamada no Brasil pelo Marechal Deodo-ro da Fonseca no dia 15 de novembro de 1889. Quase nunca se diz, no entanto, que esta Proclamação da Repú-blica foi, de fato, um golpe militar comandado pelo Ma-rechal e que a grande maioria dos soldados e oficiais que dele participaram não tinham consciência de que estavam derrubando o regime monár-quico ao atenderem a con-vocação para a tomada do Quartel General do Exército no Rio de Janeiro. Conforme escreveu Eduardo Bueno em seu livro “Brasil, Uma His-tória”: “Na verdade, alguns dos militares de alta paten-te ali presentes sabiam que estavam tomando parte em uma quartelada. Mas, mes-mo os que pensavam assim, achavam que quem estava sendo derrubado era o pre-sidente do conselho de Mi-nistros, o Visconde de Ouro Preto. Jamais o imperador D. Pedro II – e muito menos a monarquia que ele represen-tava”.

Deodoro da Fonseca (1829-1892) foi um militar de carreira que ascendeu na tropa graças à sua dedicação e seu comportamento exem-plar. Entrou como cadete no

Exército Brasileiro em 1845 e onze anos depois já tinha a patente de capitão. Em 1865 foi lutar na Guerra do Para-guai, sendo promovido a ma-jor logo no ano seguinte e a coronel em 1868. Em 1874, recebeu a patente equivalen-te à de general. Em 1883, foi nomeado comandante militar do Rio Grande do Sul e, mais tarde, presidente interino da província gaú-cha. Mas, no início de 1887, envolveu-se na chamada Questão Militar ao recusar-se a punir o tenente-coronel Antônio de Sena Madureira, que havia se manifestado so-bre assuntos políticos pela imprensa, apesar de ter sido expressamente proibido de assim o fazer pelo Ministro da Guerra.

Por esta insubordinação, Deodoro da Fonseca foi exonerado e transferido para o Rio de Janeiro. Foi rece-bido com reverências pelas tropas aquarteladas na então Capital Federal e convida-do a fundar e ser o primeiro presidente do Clube Militar. D. Pedro II, percebendo a insatisfação dos militares, demitiu o Ministro da Guer-ra e fez com que Deodoro fosse nomeado comandante militar de Mato Grosso ain-da em janeiro de 1887. Ape-sar de, neste mesmo ano, ter sido promovido a Marechal, Deodoro considerou essa

sua nomeação uma espécie de desterro, sensação que só piorou em agosto de 1889, quando soube que o coronel Cunha Matos, seu desafeto, tinha sido nomeado presi-dente da província de Mato Grosso. Em setembro de 1889, Deodoro simplesmen-te abandonou seu cargo em Mato Grosso e foi para o Rio de Janeiro, certo de que seria punido por esta sua atitude. Deodoro estava amargurado e doente; passou quase todo o mês de outubro acamado. Porém, parece ter sido atraí-do neste período para a causa republicana pelo tenente-co-ronel Benjamin Constant, um professor da Escola Mili-tar da Praia Vermelha e tam-bém ressentido com o gover-no imperial.

Uma boa parte dos mi-litares de alta patente tinha a convicção de que a Repú-blica devia ser proclamada com urgência porque consi-deravam que o imperador D. Pedro II, velho e doente, não tinha a quem o sucedesse. Sua sucessora seria a Prin-cesa Isabel, que não tinha a personalidade exigida para comandar o Brasil; o marido dela, o francês Conde d’Eu, que para os militares seria quem de fato governaria o Brasil depois da morte de D. Pedro, era considerado arrogante e detestado por muitos – além, é claro, de

ser um estrangeiro. Em 11 de novembro de 1889, al-gumas personalidades ten-taram convencer Deodoro – cujo prestígio entre os mi-litares era muito grande – a liderar o movimento contra a monarquia. Declarando-se monarquista e amigo do imperador D. Pedro II, Deodoro recusou a oferta e concordou apenas em exigir a derrubada do gabinete mi-nisterial chefiado pelo Vis-conde de Ouro Preto.

No dia 14 dede novem-bro de 1889, os republicanos fizeram chegar até Deodoro o boato, sem fundamento, de que o Visconde de Ouro Preto havia expedido um mandato de prisão contra ele e outros líderes militares, entre eles Benjamin Cons-tant. A falsa notícia de que sua prisão havia sido decre-tada convenceu Deodoro a levantar-se contra o governo imperial. Na manhã do dia 15 de novembro de 1889, o Marechal reuniu algumas tropas – segundo Eduardo Bueno, não mais que seis-centos soldados e oficiais – e dirigiu-se ao Quartel General do Exército e de lá decretou a demissão do Vis-conde de Ouro Preto. Não se falou na ocasião em Procla-mação da República.

O Marechal Deodo-ro voltou para sua casa e aguardou o desenrolar dos

acontecimentos. Pouco de-pois recebeu a notícia, esta verdadeira, de que o Vis-conde de Ouro Preto havia pedido demissão e que o imperador havia nomeado Gaspar Silveira Martins, um correligionário do Visconde, como ministro-chefe do ga-binete ministerial. A notícia desagradou Deodoro, que considerava que a mudança promovida pelo imperador em nada alterava a situação contra a qual havia se rebe-lado.

Por volta de três horas da tarde do dia 15 de novembro de 1889, Deodoro recebeu e aprovou um documento que havia sido redigido na Câ-mara Municipal do Rio de Janeiro, declarando solene-mente proclamada a Repú-blica no Brasil. O Marechal então informou oficialmente ao imperador que ele havia assinado os atos que estabe-leciam o regime republicano. O imperador repeliu o con-selho de seus auxiliares mais próximos para que se refu-giasse no interior da provín-cia do Rio de Janeiro e orga-nizasse a resistência contra o golpe militar, pois não queria ser o causador de uma guerra civil. Assim, sem resistência, a República foi implantada no Brasil.

Na noite de 15 de novem-bro de 1889, foi constituído o governo provisório da Re-

pública, tendo como chefe o Marechal Deodoro. O gover-no provisório convocou um Congresso para elaborar a Constituição do país sob o re-gime republicano. Os mem-bros deste Congresso foram eleitos no dia 15 de setembro de 1890 e reuniram-se pela primeira vez no dia 15 de no-vembro de 1890. Este Con-gresso aprovou, praticamen-te sem alterações, o projeto de Constituição apresentado pelo governo provisório. Em 24 de fevereiro de 1891, o Congresso elegeu, de acordo com as disposições transitó-rias da nova Constituição, o presidente e o vice-presidente do primeiro período republi-cano: os Marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixo-to.

Deodoro não teve vida fácil como Presidente da Re-pública. Depois de enfrentar seguidas crises, renunciou a seu mandato no dia 23 de novembro de 1891, sendo su-cedido por Floriano Peixoto. Cerca de nove meses depois de deixar a Presidência, em agosto de 1892, Deodoro da Fonseca faleceu.

Fontes: 1) Brasil: Uma História – Eduardo Bueno (Editora Leya, 2010);

2) Wikipedia – verbete: Deodoro da Fonseca

EVEntO dE PrEMiAçãO dO iV COnCurSO dE FOtOgrAFiAS PrOMOVidO PELOS MOngES dA trindAdE

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PÁGINA 2 OUTUBRO | 2017

ENTIDADE MANTENEDORA: Fundação Cultural Pascoal Andreta

Conselho Administrativo – Bernardo de Oliveira Bernardi, Carlos Caetano Monteiro, Ivan Mariano Silva e José Cláudio Faraco.

Diagramação – Luis Tucci - MTb 18938/MGFotografia – José Cláudio Faraco Direção financeira – Anderson Labegalini e Diogo Labegalini de CastroSecretário de Redação – Carlos Caetano MonteiroJornalista responsável – Simone Travagin Labegalini (MTb 3304 – PR)

Colaboradores – Ariovaldo Guireli, Antonio Edmar Guireli, Antonio Marcelo da Silva, Bernardo de Oliveira Bernardi, Carlos Caetano Monteiro, Celso Grossi, Eraldo Monteiro, Fábio Magioli Cadan, Hermes Bernardi, Hudson Guireli (Uxo), Ilson João Mariano Silva, Ivan Mariano Silva, Jaime Gotardelo, José Alaércio Zamuner, José Antonio Andreta, José Antonio Zechin, José Ayrton Labegalini, José Carlos Grossi, José Cláudio Faraco, Luis Tucci, Luiz Antonio Genghini, Romildo Labegalini, Tais Godoi Faraco, Waldemar Gotardelo, Zeza Amaral.

Colaborações ocasionais serão apreciadas pelo Conselho Administrativo do jornal que julgará a conveniência da sua publicação. O texto deverá vir assinado e acompanhado do RG, endereço e telefone do autor, para eventual contato. Cartas enviadas à redação, para que sejam publicadas, deverão seguir as mesmas normas.

Toda matéria deverá ser enviada até o dia 20 do mês (se possível através de e-mail) data em que o jornal é fechado.

Redação: Rua Juscelino Kubitschek de Oliveira, 738 – Fone (35) 3465-1196

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MASSArinO VErSuS CHuPAnçAPASCOAL ANDRETA

Unha de fome como o Massarino não existia. Está para nascer outro igual. Era munheca como a mão de São Pedro e pão duro como ele só. Passava as tardes ban-zando pelas esquinas, abrindo palitos de fósforos em dois e picando fumo de corda com a unha do polegar.

– Que é de canivete, seu Massarino?

– Tá no bolso, reservado pra coisa de mais precisão. A unha sempre cresce e ca-nivete míngua. Amola hoje, amola amanhã... E quando o caboclo dá fé, de canivete só existe o cabo!

E lá vinha ele, relembran-do os conselhos do pai:

– Meu defunto pai sem-pre dizia: meu fio, se vancê

num quisé prová de pão que o diabo amassô e comê toi-cinho com muito pelo, tem que aprendê a fazê economia. Num vá de automóve onde pode ir a cavalo e num vá a cavalo onde pode ir a pé... Quem, nos dias de hoje, não abrí o zóio e medí o feijão em cabaça, tá roubado!

Na boia, a mistura de to-dos os dias era salada. Salada com arroz e feijão e salada com feijão e arroz. Salada no almoço e salada no jantar. Mas isso não era questão de paladar. Não! Comia salada porque a alface era cultivada por ele mesmo no quintal da casa e ainda porque salada não vai ao fogo. Não indo ao fogo, não queimava lenha; não queimando lenha, não su-java panela; não sujando pa-nela, não se consumia sabão;

não consumindo sabão, não se gastava dinheiro... Era um meio besta de economizar, mas, enfim, era um meio...

Mas salada, para ser sa-lada, precisa ter um azeitezi-nho, seja ele estrangeiro ou nacional. Pensando assim, o Massarino procurou o pro-prietário da farmácia São José e, com jeito de quem não quer nada, perguntou:

– O sinhô, por acaso, não terá aí um conta-gota encosta-do, velho, que não use mais?

– Tenho, sim.– E... Custa caro?– Não custa nada. Eu lhe

dou.– Nada? Muito agardeci-

do!E lá se foi, contente da

vida, com o conta-gotas na mão. Agora não corria o ris-co de botar na salada mais do

que as três suficientes gotas do tão caro óleo de caroço de algodão!

Um dia, Massarino be-bia aos golinhos, estalando a língua, chupando os beiços, uma gostosa caninha no Bar do Ciro. A Chupança – uma pedinte de encher o caneco – passando por ali, entrou. Com cara de misericórdia, mãos postas, olhando para cima à procura do céu, pediu numa voz trêmula, açucarada, me-líflua:

– Uma esmolinha, pelo amor de Deus!

O Massarino fez ouvido de mercador. Pegou o copo e deu mais uma chupadinha gulosa, como se a cantada não fosse para ele. A chupança percebeu o truque. Viu logo que aquele mato não dava lenha. Mas, como a alcunha

que carregava justificava, plenamente, sua persistência, voltou à carga, botando mais mel na voz, mais piedade nos olhos e mais dramaticidade nos gestos:

– Uma esmolinha, pelo amor de Deus, seu Massari-no!

Desta vez o homem não pôde se fazer de besta. Mas a questão era que, para arrancar um tostão de seu bolso, o cris-tão tinha que suar sangue. As-sim, sapecou nas bochechas da Chupança aquela desculpa batida, surrada, usada a torto e a direito por todo o mundo em todos os tempos:

– Agora não tenho troca-do. Passe mais tarde.

A Chupança botou de lado os disfarces usuais. Despiu-se da humildade mascarada e re-buçada. Encrespou as sobran-

celhas e faiscou ódio pelos olhos. Ameaçou as fuças do muquirana com o fura-bolo entesado e falou na sua voz natural, dura, estridente, chi-coteante:

– É... Mas pra bebê cacha-ça tem, né?

O Massarino esteve para soltar a tropa em cima da de-saforada, mas se conteve. En-goliu o restinho da cachaça e se desculpou:

– Mas o caso é que cacha-ça eu bebo no fiado!

E concluiu, liberal:– Se vancê fizé fiado tam-

bém, então pode marcá du-zentão na minha conta, que no fim do ano eu pago!

Nota: Esta crônica faz parte do livro “Monte Sião de Outras Eras”.

ARNALDO GUIRELI

Estávamos na primei-ra quinzena de outubro de mil novecentos e setenta e sete, mas já chovia bastan-te em nossa região. A dis-posição de quem vai a uma pescaria pensando em fazer grandes capturas e ter for-tes emoções, é candidato à frustração e à raiva, quando o objetivo é se divertir. Os profissionais pescadores de Monte Sião José Guireli, João Guireli, Ramiro Guirel-li , Lourenço Guireli Júnior e eu saindo bem cedo num sá-bado, no intuito de se passar algumas dias diante de uma natureza bela, de refrescar a cabeça, todos juntos, pois eram irmãos. Enfim, a pa-ciência também faz parte do aprendizado. Porém, o con-vite foi feito ao irmão “pinta roxa”- Sebastião Guireli, o qual estava nesta data com-promissado a levar vários galos combatentes à cidade de Jacutinga/MG, juntamen-te com os amigos Todi, La-zão do Nho Quim, Aurélio da Cota e o seu filho Zezé Guireli.

Seguimos a viagem com uma Variant cor branca do João e o outro veículo, o fusca vermelho do Ramiro, sentido a Pouso Alegre/MG onde faríamos nossa pesca-ria no Iate-clube “Rioverde”

Pescaria no Sapucaí- Poço da Pedra -

Crônica de saudadeno Poço da Pedra- Rio Sapu-caí.

Ao chegarmos em Pouso Alegre ainda cedo, fomos ao “Mercadão Municipal” para saborear pão com man-teiga e café bem quente. O Ramiro circulando tranqui-lamente no interior do mer-cado encontrou uma banca, onde, na chaleira, servia-se a mais pura “Sul Mineira” do Sr. Antonio Cassimiro, entre goles da purinha, o mesmo, acelerando a prosa num re-positório de “causos” com o comerciante o Ramiro foi também comprando fumo de rolo, isqueiro de flui-do, canivete, farolete, vara de bambu e outras coisas a mais. Num instante, o sumi-ço do Zé Guireli e do João, mais tarde com um bornal em que ele próprio confec-cionara cheio de queijo, lin-guiça e um cacho de banana ainda verde e um garrafão de “Sangue de Boi”. Seu Lou-renço com uma bela bota igual a do João Gotardello dizia: - Vamos embora que já está ficando tarde. Com muito custo chegamos ao sonhado “Poço da Pedra”. Fomos recebidos pelo ad-ministrador Sr. João Bento que nos ofereceu um galpão para acampar. Ficamos inde-cisos no primeiro momento, armar a barraca ou aceitar o oferecimento? Optamos

pelo último – já estava tarde e trabalhoso para escolher um local para acampamen-to. Foi das decisões mais aceitadas que já tomamos!

O administrador do Ia-te-clube era um homem de meia idade, magro, que gos-tava duma “branca” e duma prosa comprida.

- O que dá bastante aqui é a piava dourada e o mandi, fazendo acelerar mais ainda o ânimo do Zé Guireli que de imediato com as varas de bambu foi logo se ajeitando no “poço”, não esquecendo de passar o “Autan” para evitar os “fincudos”. En-tão, vieram logo, logo, seis exemplares que ofereceram luta tenaz, com longas car-reiras e espetaculares saltos. Enquanto os outros irmãos após retirar as tralhas dos veículos foram chegando à beira d’água para tentar pescar ainda alguns exem-plares; momento em que o João Guireli em posse de uma vara com um anzol comprado no açougue do “Davino Mathias” iscado com um pedaço de linguiça causou um grande espanto, pois o mesmo assobiava o dobrado “Dois Corações” interpretado pela banda mu-sical em que tocava sax-har-monia. Deixando a mesma “fincada” no barranco... mas o nosso cansaço não teve

Cante a estrofe abaixo com

a melodia do “Cuitelinho”:Lá na loja do Bernado

tem uma peça de cambraiatô inclinado pra comprá

e ucê fazer uma linda saiae depois vamo casá

nóis já tem corchão de paia, ai, ai

descanso: lá pelas sete da noite um temporal se jun-tou nos céus e caiu todinho em cima daquele galpão onde os pescadores tenta-vam repousar. Foi a noite dos desesperados: dezenas de goteiras imediatamente respingaram sobre os nos-sos colchões; o vento era tão forte, arrancou a parte inferior da porta do galpão, que corria sobre roldanas, ameaçando despencá-la em cima de todos nós (tivemos que calçá-la com uma velha roda de caminhão); por fim o granizo começou a me-tralhar o telhado, com tro-voadas idênticas a canhões. Aquela loucura atmosférica durou umas três horas e nós de olhos arregalados vendo a claridade dos relâmpagos nas frestas do galpão. Fica-mos só imaginando se es-tivéssemos acampados em “barracas”...

No outro dia, o que fazer numa enchente daquelas? Mas, a medida que o dia foi crescendo as águas co-meçaram a baixar e o nosso ânimo, a subir. Naquele mo-mento os irmãos resolveram ensaiar uma cantoria puxada pelo Ramiro e o Lola de-nominada “Ópera dos três vinténs” (ópera cômica) - o Zé Guireli e o João faziam o diálogo falado.

Fim da jornada.

Rua Maurício Zucato - Centro

A passagem do tempo, junto a verdadeiros compa-nheiros queridos, só é per-cebida quando eles adoecem ou morrem. Nós, os amigos que formamos a “família Guireli” também com vários defeitos e muitas virtudes

passamos a notar no final da década de 70 e 80 que o velho “capitão”- Zé Guireli- não estava bem.

E assim, o tempo passou. Todos os irmãos já regressa-ram para a Casa do Pai.

Ficou a saudade!

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Miniconto - VikingJOSÉ CARLOS GROSSI

O dia trouxe um fres-co sol por trás das esvoa-çantes cortinas. Velas da casa, enfunadas, queriam as aventuras longínquas e o veleiro já flutuava na imensidão...

Apanhou o disco da banda islandesa Sigur Ros, som de uma natureza estranha, de estrondosos vulcões, o vento gélido das planícies brancas e um mar de ondas pesadas nos rochedos ao mesmo tempo em que uma serenidade secular explodia gaivotas em pequenos sonhos.

Voltou ao teclado do computador para contar as histórias do seu velho es-pírito, morador das mais remotas regiões da alma, dos mais aprofundados segredos e deixou que ele o incorporasse, tomando para si seu corpo e pensa-mentos, até sentir-se, de repente, em um ser gracio-so e exuberante, nórdico, senhor de aventuras mari-nhas, conquistador de po-vos e arrebatador de pai-xões, em espessas barbas, cabelos lambendo as cos-tas, o elmo amassado em batalhas, um corpo pesado e forte preso por cintos de couro e fivelas de cobre, botas de rena, malcheiro-

sas, amarradas com fitas de algodão.

Pôde perceber que na mesa à sua frente havia uma jarra de bebida almis-carada e ardida, misto de ervas azedas e açucaradas e a grande taça de cobre, tomada em algum saque nessas intermináveis bus-cas de tesouros desneces-sários.

A mulher que servia bebida, pão e cordeiro as-sado, tinha os olhos azuis, os cabelos ruivos e cres-pos, encaracolados, des-cendo às cinturas. Sorria para ele como de costu-me e ao andar deixava a saia subir aos joelhos para enfeitiçar seus famintos olhos.

Um frescor de brisa, aquela mulher com uma tiara de flores amarelas, brancas e vermelhas... Sabor de paixão correndo nas veias. Uma linda mu-lher, alva como as névoas de Avalon...

Pudesse que a mulher morresse em seus braços nas tempestades do mar... Então não estaria mais só como sempre esteve, agar-rado ao mastro do navio nos turbilhões de raios e ventos gélidos esvoaçan-do seus cabelos, suas ves-tes e seus sonhos.

A mulher de alvos

seios passou por ele nou-tro sorriso, breve sorriso que desapareceu dentro da estalagem.

Homens brutos e mei-gas mulheres cantavam no salão da hospedagem, ta-petes de carneiro e o chei-ro de madeira daquelas pesadas toras que susten-tavam o telhado, as pare-des de tábuas mal encra-vadas e o odor podre que vinha de fora, da urina de cavalos na lama de neve. Agora esse era seu mundo, seu outro universo...

Uma hospedaria de vi-kings abrutalhados, bêba-dos, em bancos de madei-ra. Não estavam cruzando oceanos, as almas bus-cando conquistas... Não estavam à deriva na vida, esquecendo seus delírios em qualquer porto. Esta-vam embebedando-se da distância das esposas em terras perdidas no tempo, em amargas taças, descaí-dos das macias camas que um dia adormeceram seus sonhos, das comidas fres-

cas e dos campos de ceva-da que douraram seus dias. A mulher segurava o filho no colo enquanto acenava uma saudade, ele se lem-brou entrestecidamente...

Agora irascíveis batem as canecas no balcão man-dando que sejam servidos e bebem pelas barbas, bi-godes e arrancam nacos do cordeiro amansado em chamas e fumaças do es-quecimento.

Pois, por mais que se invente história, persona-gens e países, sempre se estará só; buscando um fu-turo e apenas encontrando um passado.

Então sua história aca-bou como há muito tem-po já havia acabado e ele flutuou os dedos sobre o teclado deixando que seu espírito nórdico se despe-disse em paz e esperou que a calma tarde o retornasse das distâncias do tempo.

Era preciso abrir os olhos e voltar à realidade.

(Do livro Doces outo-nos)

IVAN

O idoso tropeçou nos escombros da calçada, er-guida pelas raízes da ár-vore, fraturando ossos do joelho. As ambulâncias do pronto-atendimen-to estavam desativadas, com defeito no motor, os pneus carecas, sem com-bustível e, portando sem condições de socorrer um simples caso de resfriado. Alma caridosa conduziu a vítima ao pronto-atendi-mento que apenas prote-geu o local com gaze, já que não contava com mé-dico ortopedista e, caso houvesse, sem Raios X e material adequado pouco se poderia fazer. O idoso foi levado para sua casa, onde deveria aguardar na fila por oito meses para ser atendido por hospital

QUEM SOUBER, NÃO LEVANTE A MÃOpúblico da cidade vizi-nha. Havia 947 infelizes antes dele. Completado o prazo fixado, outra alma caridosa levou-o no pró-prio veículo – a prefeitura ainda não pudera restaurar as ambulâncias – ao hos-pital, onde foi informado que, por motivos alheios à vontade dos funcioná-rios, ele seria atendido somente depois de outros quatro meses. Desespera-do, perguntou o motivo de não haverem telefonado adiando o atendimento, ao que responderam “que a obrigação da repartição era atender doentes e, não, ligar para eles”. Depois de um ano acamado, a fratura consolidou-se, mas com o joelho dobrado (que era sua posição de dormir), de forma que passou a caminhar com muletas,

mesmo tendo as duas per-nas. Como não mais havia fratura, o pronto-aten-dimento concluiu que o caso estava solucionado e encerrado. Um advogado, porém, acionou a prefei-tura, exigindo indeniza-ção pelo mal causado. A prefeitura, em sua defesa, alegou que o acidente su-cedera na gestão anterior e, portanto, nada tinha a ver com o caso. Enquan-to isso, no Fórum, o pro-cesso esteve em tramita-ção por mais três anos: a cidade não contava com juiz efetivo e o substituto alegou outras prioridades para resolver. A municipa-lidade pensou em conce-der-lhe título de Inválido Benemérito, para que pa-rasse de perturbar as auto-ridades. Porém, verifica-do e constatado que havia

apenas dois eleitores em sua casa, optou-se por es-quecer a proposição, não por falta de vontade, mas de quórum na Comissão desinteressada e desvan-tagem na realização. De-sanimado, sem eira nem beira, o inválido consi-derou que a melhor pro-vidência seria morrer. E, por bem, morreu mesmo. Só que não se pôde fechar o caixão – o joelho dobra-do impedia – e o jeito foi sepultá-lo com o caixão sem tampa, em cova rasa, consequentemente, com o joelho de fora. Decom-posto, com os ossos à vis-ta, o joelho era visitado por muitos curiosos. Um deles, portador de antiga artrite, viu seu mal desa-parecer no dia seguinte à visita e, por conveniência, não citou a medicação

que usava. Declarou ser o joelho fonte de milagres e, por se tratar de pessoa rica, todos acreditaram, iniciando-se intensa pe-regrinação ao cemitério, em busca da cura para os males de cada um. Um pa-rente do joelho (negou-se a admitir parentesco com o defunto pobre) passou a solicitar pagamento para visitação e, sobre o túmu-lo vizinho, a apregoar as virtudes, curas, benefícios e até vinganças e pragas a quem negasse a contribui-ção justa e necessária para a manutenção da articula-ção prodigiosa. Os mila-gres se sucederam como enxurrada. Embora a con-tribuição dos necessita-dos fosse enorme, a renda era quase toda destinada aos peregrinos escolhidos para receber os favores do

joelho e, terminado o mi-lagre, todos saírem sau-dáveis, sorridentes e fe-lizes do cemitério e com seu cachê garantido. O primo do joelho não con-seguiu mais que algumas fazendas, poucos aparta-mentos, dois míseros ia-tes, uma praia particular denominada apropriada-mente “Recanto do Joe-lho”, onde se reúnem seus cabos eleitorais para, com toda certeza, elegê-lo a um cargo público de rele-vância, talvez o topo, des-de que sinecura. Seu lema junto aos eleitores: “De joelhos, e com fé, vence-remos”.

Se alguém souber de que país se trata, por fa-vor, não levante a mão; chega de passar vergonha.

CLARA CASTAGNA

O homem e a nature-za. Este parece um tópi-co tão gigante para dis-cutir. A maioria de nós nem sequer sabe qual é o real problema quan-do debatemos sobre ele. Mas ele é importante, e isto é algo que todos sa-bemos, ou, pelo menos, todos deveríamos saber.

Dentro de nossos cé-rebros humanos, uma série de inimagináveis reações químicas acon-tecem a todo segundo, e todas elas são de suma importância para a nossa sobrevivência. Estas rea-ções são o que chama-mos de sinapses, ou seja,

Os nossos cérebros, a natureza e uma perda muito, muito grande“uma junção entre duas células neurais, consiste em um desvio pelo qual os impulsos são passa-dos pela difusão de um neurotransmissor”. O que isso significa é que o nosso cérebro é res-ponsável pelas nossas emoções e ações, assim como em qualquer outro animal com um sistema neurológico completo. E nós nos esquecemos do fato de que, na maior parte do tempo, o nosso cérebro faz tudo isso sem realmente pedir a nossa permissão, assim como um instinto. Assim como um animal. Porque é o que somos.

Veja, o propósito da

nossa existência é basea-do na conexão, naquilo que nos torna quem real-mente somos, e, ao nos conectarmos com a natu-reza, nós estamos natu-ralmente mais propícios a nos sentirmos mais li-vres do que nos sentiría-mos sem ela.

A natureza, em todos os seus maravilhosos aspectos, é tanto parte de nós como nós somos parte dela. Sem ela, não seríamos completos, em contato com a nossa an-cestralidade e a nossa verdadeira história hu-mana e biológica que vive dentro de cada cé-lula de nossos corpos. Desta forma, para que

possamos manter a nos-sa estabilidade mental e nossa saúde, precisamos perceber quão importan-te é o papel da natureza na tarefa de manter-nos vivos, em todos os sen-tidos da palavra. Preci-samos respeitar o mundo em que vivemos no mo-mento presente porque a vida não se trata só de nós, mas também sobre os milhões de espécies que vivem conosco e que estão sendo maltratadas no processo. Pensar so-mente no futuro, isto é, em como viveremos caso o mundo termine e como acharemos vida fora da Terra, parece tão louco quanto achar que não há

nada para salvar. Assim, nossa socieda-

de precisa parar de pen-sar e se preocupar tanto com o que fazer quan-do a Terra for extinta e, sim, começar a pensar no que podemos fazer no presente para salvar o que temos agora, para o benefício da nossa pró-pria espécie e daquelas que vivem neste planeta também. Precisamos lu-tar para preservar a vida, pois, uma vez que ela desaparece, não há ne-

nhum planeta, nenhuma máquina ou ciência que pode substituir o que te-remos perdido.

Nota da Redação - O texto acima é a tradução da matéria, original-mente em inglês, com que nossa colaboradora Clara Castagna venceu concurso da Unesco, notícia que foi publi-cada em nossa capa da edição passada, de se-tembro.

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JOSÈ ANTONIOZECHIN

O que leva uma pessoa a querer o poder? Tipo as-sim, de simples cidadão, vulgar como qualquer ou-tro, desejar ser o magnâni-mo prefeito da cidade ou um ilustre vereador? O que move alguém em direção ao poder: dinheiro, prestí-gio, vaidade?...

O poder seduz, disso não tenho a menor dúvida, mas é tão efêmero quanto ilusório. E quando um ho-mem comum atinge o po-der, logo se esquece disso. A segunda coisa que esque-ce são suas promessas. E age como se estivesse aci-

ma do Bem e do Mal. Tor-na-se soberano, suserano, um semideus. Esquece de olhar para o passado e recordar o que aconteceu com tantos outros pode-rosos, a maioria deles esquecida pelos homens e pela própria história, afundados a sete palmos do chão. Nem busto vira-ram. Alguns se tornaram simples rodapé de duas linhas em enciclopédias que ninguém lê. Poucos, muito poucos, são os que se eternizam na História. Só aqueles que fizeram muito pela humanidade, com dignidade e com-petência, são lembrados com admiração. Sim, cla-

O POdEr, O POdEr.ro, há aqueles que ficaram marcados pelo Mal e tam-bém são lembrados, nem preciso citar nomes. Mas tenho certeza de que nin-guém quer ter uma biogra-fia marcada pelo negativo. Enfim, continuando...

Acho que qualquer pessoa gostaria de dei-xar uma imagem positiva para a posteridade. Então, quando tem a oportunida-de, acaba jogando a chan-ce fora?! Já que chegou lá, por que não ser um bom prefeito, um vereador in-teressado, um secretário competente? Por que não pensar na população e não em si próprio ou em inte-resses mesquinhos, muitas

vezes ilícitos? Custa ser ético, honesto, transpa-rente? Tudo tem que ser um jogo político sujo do toma-lá-dá-cá? Como es-tas pessoas chegam em casa depois de um dia de-sonesto ou improdutivo? Como encaram seus filhos e esposa? Que conversa têm com o travesseiro na solidão do quarto? Que sentimentos de arrepen-dimento têm quando vão se ajoelhar nas igrejas e fazem o sinal da cruz e en-golem hóstias sagradas? Esperam o perdão divino?

Fico sempre imaginan-do: o que pensa alguém que até outro dia não era ninguém e, de repente,

é alçado a um cargo im-portante, de destaque na sociedade? Prefeito!... Ve-reador!... Secretário!... Al-guém que se dizia de “ori-gem humilde” e, não mais que de repente, começa a usufruir das benesses e delícias do poder... Secre-tária bonitona, cafezinho a qualquer hora do dia, motorista particular no trabalho, viagens, home-nagens, carrão do ano na garagem da nova mansão em condomínio, emprega-das e jardineiro, infindá-veis convites para festas, centenas de presentes no final do ano dos vassalos e fornecedores interessados num troca-troca... Enfim,

aquele “chefão” poderoso que manda e desmanda, faz e desfaz, diz e desdiz. Que todos obedecem e alguns até temem. Então, o que será que pensa um cara desses? O que será que a esposa acha dele agora? E os filhos, que es-tão crescendo, o que dirão no futuro quando soube-rem o que fez o pai? E se tiverem pais vivos, senti-riam eles alguma vergo-nha do filho? E os antigos amigos que confiaram tan-to, o que pensarão? Enfim, o que restará para a Histó-ria?

Pensem nisso os pode-rosos de plantão.

ZEZA AMARAL

O tempo determina o valor de cada um. Nem tan-to ao mar nem à Terra. O planeta segue o seu curso imperial, determinando as estações do ano. E eu sigo as minhas palavras pelo que me foi dito por ances-trais cronistas, João do Rio, Vinícius de Moraes, Ru-bem Braga, Paulo Mendes Campos, Lauriston Pousa Bicudo, Lourenço Diaféria e, bem, tantos outros que a memória fraca esqueceu.

Aprendi com eles o mo-mento de pensar o País e, assim, tocar a vida em fren-te. E assim tem sido a mi-nha vida, sempre um tocar em frente.

Nunca vi uma situação tão danada como essa que o Brasil vive agora, 14 mi-lhões de desempregados que, considerando um tra-balhador cuidando de uma companheira e dois filhos,

somos 56 milhões de bra-sileiros sem renda.

Não há latrinas no Nor-te do País. Mais da meta-de do povo do Maranhão, Piauí, Alagoas, Amapá, Sergipe e Ceará não têm uma latrina sequer para fazer um xixi. O petismo esteve no Brasil por quase 13 anos e não resolveu as privadas brasileiras. A fer-rovia Transnordestina, tão importante para transpor-tar a produção da região, está parada. Mais de 5 bilhões de reais foram jo-gados fora. Hoje, segundo li em um jornal, o projeto será retomado a um custo de 11 bilhões de reais.

Mas vamos deixar de lado essas questões. Me-lhor falar da vida. Meu pedaço de papel é uma tela de vidro do monitor emol-durado por um plástico ou-trora branco e agora ama-relado, onde pinto palavras e faço cópias sem carbono;

A labaredaonde meus erros apago sem borracha. Nada colorido. É só o preto se refletindo no espelho do papel, palavras que bem gostaria de pintar com pincel de pelo de foca, ou de coelho, ou de gato, que jamais guardei o dia-cho dos nomes das cerdas. Egas e Toledo me ensina-ram sobre isso e esqueci.

O mouse é o cabo do pincel do teclado, rato de plástico, feio como só os ratos conseguem ser, e o meu tem um rabo fino e longo que enrosca no ca-lendário, no maço de cigar-ro, nos óculos, na paciência que devoto aos técnicos de informática que, bem sei, gostariam de ser donos da Microsoft ou engenheiros da NASA...

Acabo de fazer uma incursão vagabunda pela cidade e encontrei compa-nheiros e velhas aventuras. Revi lugares de infância e as ladeiras que ralaram

meus joelhos e cotovelos em carrinhos de rolimã. E se chapéu tivesse o tiraria para as senhoras que pas-sam pelas calçadas renda-das em pedra portuguesa, onde ainda germinam des-protegidas flores suburba-nas. Nas minhas narinas, o aroma, de todas elas, flores e senhoras, uma profusão de cheiros e sons de con-versa baixa e grave, todas a caminho das bênçãos di-vinas da igreja; Deus existe também às tardes...

Pintar uma tela virtual com palavras não é fácil nem difícil. Mas é bom economizar nos adjetivos. É como amar com sus-tância; pois, mesmo que à procura de ser natural com quem se ama seja um tea-tro de instintos e química, somos espectadores de nós mesmos — e nada mais é tão natural quando quem amamos assim compreen-de. E tudo assim se torna

sempre difícil e até quem sabe impossível; imaginar, por exemplo, que a sauda-de, o amor, o ódio, a me-mória de tudo e todos, só existe por conta de um pro-cesso químico.

Não há quem possa pintar sem seus medos e preconceitos. A arte resi-de em nós mesmos. Tanto em quem a cria ou a quem a ela se destina. A arte e o homem se destinam a si mesmos. E não posso re-jeitar sentimentos como se fossem resto ou razão de alguma coisa química, de um alimento em gula, de um dar de ombros às se-xualidades mal resolvidas, ao drogado, ao policial corrupto, à fantasia demo-crática, ou até mesmo à pa-ciência cívica.

Tudo o que devo dizer a mim sempre digo pelas manhãs, quando acordo e escrevo pensamentos. Te-nho um pedaço de papel

virtual a pintar e vou esco-lhendo a cor de cada pala-vra. O resultado é sempre o mesmo preto e branco cotidianos.

A quem posso interes-sar nada mais tenho a dizer além do que sempre digo. Querer mais do que sem-pre faço é exagero besta. Amo e falo como sempre acho que se deve amar e falar. Tudo com muita pa-ciência e seriedade. E das dores e prazeres de ontem o resultado é sempre a mesma tela de palavras. E é assim o quadro natural do meu autorretrato.

Amo em cores quem eu amo, embora seja em preto e branco o que pinto em palavras envidraçadas, virtuais. E é sempre bom lembrar que o cinza é o re-sultado das cores de uma labareda. É isso. E sempre será assim.

Bom dia.

Restaurantes“Comida Sobrenatural” – comida natural - Rua 29 de Março, 113 – (35) 3465 2750“Cheiro Verde” – comida mineira – fogão a lenha – Praça do Rosário, 62 – (35) 3465 2295“Todo Sabor” – self-service- comida mineira – Padre Cornélio, 55 – (35) 3465 32 35“Tempero Mineiro” – Padre Cornélio, 45 – (35) 3465 2289“Rest. da Licinha”- comida mineira – fo-gão a lenha – Rod. MG 459 (km.6) – (35) 3465 1355“Cantinho da Costela” – rest. e churras-caria – Maurício Zucato, 60 – (35) 3465 6932“O Casarão” – self-service – por quilo - Juscelino Kubitschek, 537 – (35) 3465 2423“Prato D’Minas” – self-service – Juscelino Kubitscheck, 499 – (35) 3465 1930“Copett’s”- R. Mercado, 1193- (35) 3465- 6306“Vitória” – sef-service – José Guireli, 74 – (35) 9860 3056 e (35) 9146 8199“Quitutes da Analu” – Avenida das Fontes, 621

Pizzarias“Do Roberto” (também restaurante) – Juscelino Kubitschek, 1914 – (35) 3465

4855/2508“Mansão” (também restaurante) – Pref. José Carlos Francisco, 76 – (35) 3465 2712“Do Rex” – (disk-pizza) - (35) 3465-2289“Bella Toscana” (disk-pizza) – R. Minas Gerais – (35) 3465-5577

Choperias“Rest. e Choperia Monte Terraço” – R. Abílio Zucato, 499 – (35) 3465 4519“Mimi” (espetinhos e outros) – Pres. Tan-credo Neves, 367 – (35) 3465 3280

HotéisChalés Villa di Carpi – Rua Joaquim Vi-cente Lopes, 260 – Bairro Tanque - (35) 3465 8660Grande Hotel Monte Sião - Praça Prefei-to Mário Zucato,70 - (35) 3465 1228Guarany Country Hotel Fazenda - (35) 3465 1443/1998Hotel Galeria – Pref. José Carlos Francis-co, 180 - (35) 3465 2220Hotel Guarini – Pres. Tancredo Neves, 231 - (35) 3465 1190Hotel Minas Square – Rua Minas Gerais, 530 - (35) 3465 1705/1284Hotel Novo Horizonte – Praça Renato Franco Bueno, 64 - (35) 3465 1252Hotel Villa de Minas – Pres. Tancredo Neves, 431 - (35) 3465 2429/2718Hotel Sion – Praça Pref. Mário Zucato –

(35) 3465 2220

PousadasPousada Água da Mina – Rua Lindóia, 100- Parque das Fontes - (35) 9130 2681/8469 5632Pousada Monte Sião – Rod. MG 459 – km 05 – (35) 3465 4014

Visitação turísticaMuseu Histórico e Geográfico – Rua Maurício Zucato, 115 – (35) 3465 2467 (fechado na 2a. feira)Mosteiro da Santíssima TrindadeMirante com imagem de Nossa Senhora da Medalha, santa padroeiraPorcelana Monte Sião LtdaIgreja do RosárioFontanário da Água VirtuosaSantuário N. S. da Medalha MilagrosaPraça Prefeito Mário ZucatoReavida –Recanto de apoio à vidaLar S. José – casa dos idososPesqueiro Lago Azul – Bairro Furrier – (35) 8411 6333/8411 6310 Pesqueiro Padavini – Rod. M.Sião/O.Fino, Km 9 – (35) 3465 7132

Se sua empresa não está registrada neste espaço e se enquadra em alguma destas

categorias, comunique-se com a redação enviando todos os dados

referentes ao negócio.

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OUTUBRO | 2017 PÁGINA 5

CINEMA PARA QUEM GOSTA DE CINEMAJ. CLAUDIO FARACO

ENTRE DEUS E O PECADO” – (EUA/1960) – Diretor: Richard Brooks.

Brooks, de (“Os Pro-fissionais” e “A Sangue Frio”, dentre outros fil-mes), dirige Burt Lancas-ter, um dos maiores atores norte-americanos de todos os tempos. Esse filme, com 57 anos de produ-ção, corria o risco natural de envelhecimento por enfrentar uma extraordi-nária evolução do cinema principalmente nas últi-mas décadas, mas isso não aconteceu. Ao adquirir o filme para revê-lo, após tanto tempo, cheguei a fi-car preocupado com uma possível decepção, mas tanto Brooks na direção quanto Lancaster no pa-pel principal contribuíram

para mantê-lo atualíssimo, bem esquematizado e di-gerível, ajudados também pelo tema central. Lancas-ter, na melhor e mais ex-traordinária interpretação de sua vida, na pele de um jovem vendedor narcisista e mulherengo, aproveita-se de sua perfeita oratória e forte presença física para se impor como um grande líder religioso. Em pouco tempo, em parceria com Jean Simmons, ele ergue um milionário e inesgotá-vel “império da fé”. So-bre o tema, desnecessário mais detalhes, pois pela isca se deduz a caça. Basta olharmos hoje para vários canais de TV e centenas de Rádios espalhados pelo país, e identificaremos aquilo que o filme teve a coragem de estampar para o grande público lá no dis-tante ano de 1960. Para quem ainda não o viu, é simplesmente imperdível. Burt Lancaster fez mais de 70 filmes, dentre os quais citarei apenas três, todos exibidos no nosso saudoso Cine Brasil: “Trapézio”, “Sua Majestade, o Aven-tureiro” e “Julgamento em Nuremberg”. O primeiro, em duas sessões, a 1º de Janeiro de 1963, com a

lindíssima Gina Lollobri-gida, na época considera-da a mulher mais bela do mundo. Precisaria dizer que vi o filme duas vezes naquele mesmo dia? O se-gundo, em Maio de 1963 e o terceiro, em Outubro de 1964. Notável conquista-dor de prêmios, Lancas-ter ganhou dois dos mais importantes somente com o filme aqui analisado: o “Oscar” e o “Globo de Ouro”, encerrando defini-tivamente sua carreira ao falecer em 20 de Outubro de 1994, aos 81 anos de idade.

Alien, o Oitavo Pas-sageiro”: (Inglaterra/EUA), outro filme que revi com satisfação. Para quem aprecia mistura de ficção científica com ter-ror, acrescente-se a curio-sidade de ter sido uma obra mal aceita pela crítica

brasileira na época de seu lançamento. Sob a direção do badalado Ridley Scott, o tempo provou que o fil-me era originalíssimo, boa qualidade técnica e um tema apavorante ainda não explorado no cinema e que mexia com os nervos de todos. Os críticos, então, se viram obrigados a fazer um “Mea Culpa” muito sem graça. Não indico as três sequências, pois são fracas e desnecessárias. O original é perfeito na pro-posta e autossuficiente. Enredo: a nave espacial Nostromo, na verdade um rebocador comercial com sete tripulantes e uma car-ga de 20 milhões de tonela-das de minérios, retorna à Terra no momento em que recebem uma transmissão desconhecida provinda de um planetoide vizinho. Intrigados, resolvem ave-riguar aquele mistério, desconectam a refinaria da nave mãe e pousam no planeta, um mundo tene-broso, sombrio e entram em contato com o corpo sem vida de uma mons-truosa criatura alienígena. O impressionante cenário criado e filmado nos Estú-dios Shepperton de Lon-dres, já desperta intenso

Crônica da Guardinha: o mistério do Ipê AmareloJOSÉ ALAÉRCIO ZAMUNER

Bem quando chegou agos-to, um pouco de setembro, um Pé de Ipê amarelo abre suas flores em redoma lá da Guar-dinha, de roubar todos os olha-res, e vai espalhando encanto até Bueno Brandão, Socorro, vorteando por Lindoia, Águas, Itapira, Jacutinga, Ouro Fino... nenhum ninguém escapando da curva geodésica indo unin-do todos os olhares dos mais de mil poetas colibris, beija-flores, cuitelinhos, sebinhos, fifis, tiês, saíras, bilhians abelhinhas de todas as criaturinhas. Flores e mais flores cobrindo a Guardi-nha inteira e adjacência. Árvo-re antiga esta, subindo alto ao céu, mas que só agora choven-do mistério dessa forma...

...Não, não, narrador desta crônica, não é de agora, não, é de há muito tempo; ir-rompeu um imprevisto de um meninazinha, adorando o Ipê florido e com lições firmes e

bravas nos olhares indignados a um público atônito¬¬¬ no hall da igreja, após a celebra-ção. A reza era para sarar o es-panto do povo todo e livrá-los do encanto daquele Pé de Ipê e seus visitantes de bichinhos mais gentes poetas encantados que vinham aos montes em ro-marias à Guardinha. Este Ipê, continua a meninizinha, vem comigo desde tempos do Pe-legrino Tortelli, pare e repare e deixe o tempo existir solto só por si em êxtase, é feitiço nenhum, não, povo, só encan-to suave de durável instante... vem, deite-se folgado aqui...

neste relvado ao Pé do Ipê Florido, olhe quanta vida em flor primor, sinta a dança das pétalas no ar encantando os bichinhos todos, repare no por trás das coisas neste toldo amarelo de cada flor e cheiro, vá nos olhares pro céu azul de tons mesclantes, perceba cada mínimo inseto chegando, olhe lá as quantas abelhinhas e mais de mil minúsculas manda-

çainhas e tipos infinitos de bi-cos colibris recitando voo para uma chuva de pólen e pétalas amarelas descendo cobertor de forrar nossas almas estendidas neste relvado, deixe, deixe to-das descerem mel para as todas alegrias se elevarem com os bi-chinhos num canto uníssono a este Ipê Florido da Guardinha. Recite comigo:

Ipê Florido Floriu Ipê bem uno!!...Acordou meu olhar,Voltar lá para dondeCampos de memorar:

São buquês deste Ipê,Com mil-flor beija-flor:Laços lagos: espelhos...Destes olhos primor.

Vaguei por crua vida.Mares, montes cruzei.Não vi Ipê tão floridoDes’ que em ti avistei.

Meu riso é dos Tiés,

Nestes galhos Ipês...Zumbindo bato asas,Pairo pasmo em brasas...

Quem dera vida inteira,Cintilar nestes cachos:Olhos-flor; bicos-co-Libris: sorver-lhe a seiva

Por muito além das eras!...Pois este Ipê floridoTraz vida, chão à vera...Pelos tempos ungidos.... Num instante, todos

estavam em sonho profundo, deitados e entrelaçados nos dedos e mãos e relvado ao Pé do Ipê florido. Horas passando até quando despertaram e já ti-nham de voltar pra suas casas, após alguns dias e noites. O mistério de meninazinha havia sumido, rápido como apare-cem e somem aquelas flores e pétalas e pólen. E agora, após a lição, restava ao povo aguardar ansiosos a próxima florada do Pé de Ipê amarelo da Guardi-nha.

Cidade TurísticaCELSO GROSSI

Até que enfim, estamos seguros em afirmar que Monte Sião é uma cidade turística. Coincidentemente ou não, a nova administração municipal e o novo enfoque da comunidade em prol do turismo, conquistaram esse potencial incontestável para o progresso do município e boa qualidade de vida para seu povo. Monte Sião cons-ta, agora, da programação de viagens de férias ou de fim de semana dos turistas da região e, não somente, dos comerciantes e “sacoleiras”.

Observando as pessoas que nos visitam, constata-mos que a maior parte delas circula pela cidade de mãos vazias, sem sacolas, apenas

passeando, curtindo a beleza da Praça Mário Zucato, com sua enorme quantidade de bancos, disponíveis e som-breados, para um descanso prazeroso ou o aconchego dos novos hotéis, pousadas e restaurantes. Quem vem ao “nosso mundo” é rece-bido com carinho, respeito e maior atenção. Nosso povo sabe do quanto eles são importantes para nós, pela amizade criada ou pela evolução das atividades co-mercial, social e cultural, que nos proporcionam. Ob-servamos, também, que as crianças, acompanhadas de seus pais, são conduzidas por carrinhos enfeitados em volta do jardim ou brincam no pula-pula, tobogã e em outras peças de playground,

dispostas junto ao coreto; que, vendedores de pipoca, de sorvete, de água etc. são encontrados, nestes dias, em todas as ruas do centro; e que os turistas buscam no Santuário de N. S. da Meda-lha conforto espiritual e, no comércio, roupas de malhas e de tricô, porcelana e laticí-nios, produtos diferenciados em qualidade e preços. Ao voltarem para suas casas le-vam na bagagem o prazer de ter visitado, também, Águas de Lindóia- SP, e os que vêm àquela cidade, enriquecem a viagem visitando Mon-te Sião, no Sul das Minas Gerais. Tudo isto faz parte do planejamento turístico deles. Quem trabalha o ano inteiro e vem a Monte Sião, nas folgas, merece um bom

acolhimento e oferta das coi-sas boas que temos para lhes oferecer.

Todos ganham com o de-senvolvimento turístico da cidade, levando-se em conta que a atividade turística sem-pre foi e é, em todo mundo, o alicerce de uma boa quali-dade de vida e de uma sólida economia.

É muito gratificante, tam-bém, saber que, em qualquer parte do Brasil, reconhecem Monte Sião como a Capital Nacional do Tricô e onde se fazem os melhores ves-tuários de malhas do Bra-sil, fato este que a enobrece mas, em contrapartida, exi-ge maior comprometimento para com a qualidade desses produtos.

Acautelai-vos, oradores! Acautelai-vos, professores!

E vós, padres e pastores, acautelai-vos!Tendes o dom maior, mais forte, mais vibrante...

Tendes a PALAVRA!Podeis, com ela, arrebatar

multidões e fazer com que se atiremno abismo mais profundo;

e não tão profundoquanto o vosso, se o fizerdes.

Podeis, com ela,arrebanhar multidões;

e fazer com que transponhamtodos os umbrais

da ignorância e do medo,levando-as para um mundo de luz!

Mas...não tão fecundo quanto o vosso

se o fizerdes.Ah! A força da palavra!

Ah! Se pudéssemos sentirtodas as dimensões afetadas

pela vida de uma únicapalavra, de uma só palavra

que nos sai da boca,nós falaríamos menos, de certo, dizendo mais.

E, assim, todos ouviríamosmuito mais os pensamentos

do que a própria voz.E o Homem sempre entenderia,

para todo o sempre,que foi o VERBOque se fez carne

e habitou entre nós.

O autor, Moacyr Sacramento,o Moa, reside em Conservatória (RJ) onde tem seu ateliê com suas poesias expostas em telas emolduradas e primoro-samente ilustradas por sua esposa Marinete. Ad-quirindo ou não um livro seu, o poeta se dispõe a declamar, com verve e elegância, qualquer das poesias de seus livros dispostos pelo recinto. “A Palavra, o Verbo” foi transcrita do livro “Conver-so com verso”, com o seu consentimento explícito.

A Palavra, o Verbo

temor pelo desconhecido e conduz o filme no caminho desejado. Ao retornarem à nave, de volta à Terra, nin-guém desconfia que um dos tripulantes carregava dentro de si o óvulo de um terrível e inimaginável ser extraterrestre. Daí a tensão e o terror crescente tomam conta do filme. Dos atores, citarei apenas os dois mais conhecidos: John Hurt e Sigourney Weaver. Não precisava dizer, mas sem dúvida que, se visto na te-lona do cinema com som forte e mais envolvente, o impacto é muito maior. Lembrete importante: pro-duzido há 40 anos, o filme não contava com os imen-

sos recursos proporciona-dos pelo computador, hoje amplamente utilizados na indústria cinematográfi-ca. Alien contou com um orçamento de “apenas” oito milhões de dólares, praticamente o salário de dois atores de primeira li-nha nos dias atuais. Ape-sar de tudo, é considerado pela crítica internacional e também pelo público como o melhor filme de ficção já realizado. Assis-ti-o, pela primeira vez, no cinema de Ouro Fino, em 27/12/1979, em compa-nhia dos saudosos amigos Cid e Harry, ambos Gotar-delo, e Ismael Bernardi. “Au revoir!”

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N.º 544Outubro de 2017

Concurso de Poesia

Estão abertas desde o início de outubro as inscrições para a nova modalidade do “Concurso Fritz Tei-xeira de Salles de Poesia” – “Ensi-no Fundamental II e Ensino Médio” – dirigida à classe estudantil local. A partir do próximo mês de novembro estarão à disposição dos poetas as tradicionais classes Local e Geral, que vêm obtendo sucessivos êxitos devido à participação de todos os estados do Brasil, além de outros 14 países de quatro continentes. Infor-me-se com detalhes pelo site www.fundacaopascoalandreta.com.br /

Aniversários

No próximo dia oito de dezembro a Fundação Cultural Pascoal Andreta completa 35 anos de atividades cul-turais proporcionadas a Monte Sião, além da exposição permanente do Museu Histórico e Geográfico por ela criado e inaugurado em 1983.Em janeiro, no dia 15, este jornal chega ao seu 60º aniversário e, ape-sar da 3ª idade, mantém-se lépido, valente, inspirado, zeloso, vigilante, procurando sempre livrar os pés do ranço que a idade gera, brotando frutos intelectuais, tanto da estação como temporãos, pois que para a cultura não há tempo determinado.

Nasceu...

... no dia 15 de setembro, Lara, fi-lha de Bruna Zucato Cétolo Souza e Lucas de Paulo Souza. Lara é a pri-mogênita e neta, pelo lado materno, de Sônia e Acácio Cétolo, nossos conterrâneos e, pelo pai, Catarina e Pedro de Souza. Seja bem-vinda, Lara.

Pescaria do Godinho

O Godinho, no terceiro dia no rio Tapirapé, afluente do Araguaia, já estava enjoado de fisgar tucunarés, fidalgos, cacharas e outros peixes menores. Inventivo como ele só, li-gou o uatezape, puxou imagens de lutadores de boxe - parrudos, mus-culosos - amarrou no anzol e lançou a “isca” no rio. Surpreso e pasmado, viu saírem fisgadas duas piranhas, cinco traíras (todas com batom cha-mativo) e , olhem só, três piraputan-gas que, pelo som do nome, dá para imaginar de quem se trata. Ele jurou ser verdade, como também é verda-de a doação dos peixes que fez a alguns pescadores “sapateiros”. Se-não, ele provaria a pesca incomum.Mas, verdade mesmo, com o teste-munho dos companheiros de equi-pe, foi o que aconteceu a ele num restaurante, na volta a Monte Sião. O garçom, com a bandeja de salada na mão, delicadamente perguntou-lhe: — O senhor aceita acelga? — Aceito a celga, a sulda, a muda e a paapégica.

Elogio da Globo

Durante o jornal da Globo “Bom dia Brasil”, da manhã de 17 deste mês, o jornalista Chico Pinheiro ao falar da política de Minas Gerais, refe-riu-se a Monte Sião, citando suas malhas, a Porcelana e este nos-so jornal. Dirigindo-se à colega de trabalho, afirmou “... vou lhe trazer o jornal da cidade, jornal sensacio-

nal... não existe...”.Na manhã seguinte, cumprindo a promessa feita, mostra o nosso “Monte Sião” durante o mesmo noti-ciário, repete os elogios, resultando em várias congratulações enviadas por nossos leitores. Agradecemos à menção elogiosa ao “Monte Sião” e, para mostrar ao Chico nosso reconhecimento, em contrapartida citamos, também, a rede Globo, fato que a tornará co-nhecida, angariando novos teles-pectadores para a Emissora. Nossa retribuição é o apoio incondicional à Globo.Abraços, Chico. Apareça.

Crianças

Betina, 7 anos, alertada sobre o aniversário da avó, vai à sua casa e para em frente à aniversariante. A vovó, à espera de um abraço ou dos parabéns, ajuda:— O quê você vai me dizer?— Eu quero um chupa-chupa... de laranja.

Falecimentos

Faleceu, no dia 3, Breno Junqueira Gonçalves, aos 66 anos de idade. Deixa viúva a senhora Maria Idali-ce Dorta Junqueira Gonçalves, os filhos Bruno, Luciana e Henrique, além de noras, genro e dois netos. No dia 11, aos 74 anos de idade, Antonio Nílson Canela. Deixa viúva a senhora Walderez Gottardello Ca-nela, os filhos Walquíria e Adriano – ambos casados – nora, genro e ne-tos. Nílson foi vereador em quatro mandatos, presidente da Câmara e, através de proposta sua, a Fun-dação Cultural “Pascoal Andreta”,

NOVEMBRO DE 2017Dia 01

Doreni Schiavon R. CunhaOsmar Antonio Grossi

Dia 02Luciana Aparecida Genghini

Wellington S. O. MirandaDia 03

Célia Morelo VaIentim,Marumbi/PR

Ilionor Silvério da SilvaAline G. Castro Ribeiro

Silmara Alves VieiraDia 04

Lara RigheteCarla Cristina Barbosa

Celene Brigagão de FrancoDia 05

Rafael Jusinskas Labegalini,Maringá/PR

Juliana Ap.de BarrosRodrigo Labegalini

Patrícia ZucatoDia 06

Tauanna Carolina Alves, Gatinha doJornal em Fevereiro de 2010

Irineu Bernardi FilhoSelma R. Silva Barbosa

Nathália Laira GrossiDia 07

Ana Luiza Bossi VelosoFerdinando Righete,

Flávio Comune PennacchiMaria Gomes da SilvaEliana e Rosana Albino

Dia 08Adriana C. Freire

Dia 09Ana Maria Bernardi Guireli,

Valinhos/SPStéfanie Lima, Gatinha do jornal em

Julho de 2011.Ilson João Mariano Silva,colaborador deste jornal

Marcelo José RibeiroDia 10

Aline CaroliGeni Beghini

Maria Alice DiasCatarina E. LabegaliniAntonio Canela Grossi

Dia 11Aline Paola Inácio

Paulo César R. Santos Jr.Doraci Labegalini Nicioli,

Jundiaí/SPDia 12

Tereza SilvérioDia 13

Dorneles Canela

Zélia Massa DominguesDia 14

Marielene Moraes DuarteLuciana Jusinskas Labegalini,

Maringá/PRDia 15

Thais Figueiredo ComuneCyntia Canela

Lúcia Ioko IzumiDia 16

Maria Rosa Comune FariaSolange A. Vieira

Dia 17Cristiano Giglio Zucato

Dia 18Maria Nilza Bernardi Milan

Dia 19Jurema Aída Bassi

Ednaldo Hermínio ComuneIracema Ávila Santos

Dia 20Marli Honório Pennacchi

Everson LabegaliniDia 21

Elenice Pereira BonassiDia 22

Thais Valdissera dos SantosA. Marcos R. Cunha

Maria Cecília Daldosso QueirózDia 23

Bráulio Luís Cyrne BeltrameAna Priscila de Moraes

Carlos Eduardo R. ZucatoTeresa Vitorino QueirósJosé Eduardo da Silva

Robson LabegaliniDia 24

Emilene CanelaMaritana D. Gomes Pepe

Dia 25José RigheteIvo De Nez,Marumbi/PR

Leonardo Artur M. SilvaDia 27

Alexandre A. Lopes MussiMárcio Roberto Canela

Dia 28Maria Cândida G. Silva

Dia 29Ana da Silva Martins

Dia 30Luiza Pieroni Labigalini

Odair Megal Dinis,Mogi Guaçu/SP

Renato Franco BuenoAna Maria Caporali Borges,

Mogi Guaçu/SPKarim Dematei.

Popo de Sião

Km 6 da Rod. M.Sião - O.Fino -(35)3465 1355 – 9 9114 9447

RESTAURANTE DA LICINHA

Programe sua festa - nós temos o local!

Espaço para 250 pessoas

A rosa rosade casaveste o rosaque gosto

como o sanhaçode casacanta o cantoque gosto

e o gato pretode casaé o Frajolaque gosto

Não há sortePuro acasos

A flor não se vestepra mimA ave não só cantapra mime o gato só passa por mim

Todos cruzam a vidaatravessando por mimTodos estão a irqualquer seja o lado.

Bilhete

mantenedora deste jornal, foi decla-rada entidade de Utilidade Pública Municipal.Sebastião Maciel, pedreiro talento-so, perfeccionista, íntegro, calado, pois que as mãos falavam por ele. Deixou várias casas viúvas, que construiu com primor e extrema de-dicação; além de rastros, sombras grandes e grandiosas... o quê todos nós deveríamos fazer.No dia 27, Elza Sebastiana Lageba-lini, solteira, não deixa descenden-tes. Elza, foi uma figura ímpar, pois que foi amada por todos os que a conheceram.O “Monte Sião” envia seus votos de pesar às famílias enlutadas.

Nova Lanchonete

Experimente o espaço da mais re-cente lanchonete, instalada em ampla área, na esquina da Aveni-da das Fontes com a entrada para o bairro Magioli. Agradável, assea-da, atendentes educados, lanches saborosos, dois ambientes – um, descoberto – preços acessíveis e, o melhor: sem televisão para os fre-quentadores, sem som, sem músi-ca ao vivo. Dá até para conversar. Vá lá e comprove.

Distinção

No programa “Bom dia, Brasil”, aci-ma citado, o jornalista Chico Pinhei-ro citou três colaboradores deste jornal: José Cláudio Faraco, José Carlos Grossi e Toninho Guireli. Na próxima novela da emissora, os três de galãs, mais que certeza, serão os protagonistas das tramas amo-rosas. Te cuida, Antonio Fagundes.

1- Nasceu em Carmo de Minas em 1916 e faleceu em Belo Horizonte, em 1991, onde residiu a maior parte de sua vida.

Foi professor, jornalista, diretor de jornal e da Rádio Inconfidência. Responsável pela organização do Suplemento Li-terário do Minas Gerais.

Publicou: O ex-mágico; A estrela vermelha; O pirotécnico Za-carias; A casa do girassol vermelho; O homem do boné cinzento e outras histórias.

As fases se destacam e o destacaram como o representante di-reto do realismo fantástico. Entende-se como literatura fantástica aquelas narrativas em que ocorrem fatos inconcebíveis, inexplicá-veis, surreais e que produzem uma sensação de estranhamento nas pessoas.

Todos os contos do nosso homenageado manifestam a perspec-tiva que não revela a lógica e a racionalidade. O absurdo é que o conduz para questionar realidades.

Solitário. Mas, com um profundo e sincero apreço pela espécie humana. Tímido. Cerimonioso.

Conheci-o no Minas Gerais com o Ronald Claver e o Carlos Herculano Lopes em 1973. Manifestou desejo de conhecer Monte Sião. Ficou assim registrado a nossa fábula em ata.

Estamos escrevendo sobre MURILO RUBIÃO.

2- Fragmentos.(...) Não protestava. Tímido e humilde mencionava a

minha condição de mágico, reafirmando o propósito de não molestar ninguém.

Também, à noite, em meio a um sono tranquilo, costumava acordar sobressaltado: era um pássaro ruidoso que batera as asas ao sair do meu ouvido.

Numa dessas vezes, irritado, disposto a nunca mais fazer má-gicas, mutilei as mãos. Não adiantou. Ao primeiro movimento que fiz, elas reapareceram novas e perfeitas nas pontas dos tocos de braço. Acontecimento de despertar qualquer pessoa, principalmen-te um mágico enfastiado do ofício.

Urgia encontrar solução para meu desespero. Pensando bem, concluí que somente a morte poria termo ao meu desconsolo.

Firme no propósito, tirei dos bolsos uma dúzia de leões e, cru-zando os braços, aguardei o momento em que seria devorado por eles. Nenhum mal me fizeram. Rodearam-me, farejaram minhas roupas, olharam a paisagem, e se foram (...)

( O Pirotécnico Zacarias – Murilo Rubião).

3- A frase do mês:“Nessa hora os homens compreenderão que, mesmo

à margem da vida, ainda, vivo, porque a minha existência se transmudou em cores e o branco já se aproxima da terra para exclusiva ternura dos meus olhos” – Murilo Rubião.

LiterÁrio LX

Kuaia

8 Tenho inscrito versos indecifrá-veis em meus adentros Longos caminhos floridos riachos de rãs e libélulas caracóis, lesmas, escaravelhos e um céu tão azul que me é muito difícil transbordar 13 Minha alma guarda segredos que não sei Guarda amores que esqueci Liberta poesias que não escrevi e me reinventa toda manhã 18 Amei porque desentendia Mas um dia descompreendi imensamente 23 Anjo desdisse: poesia nem é mágica a gente que é 24 Quando posso desviro gente Quando posso nem desviro

Meu melhor é inventado

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OUTUBRO | 2017 PÁGINA 7

TONINHO GUIRELI

Quem nunca comprou uma roupa, um par de sa-patos, um cobertor, um guarda-chuva, uma peça de enxoval, um brinquedo, um tecido ou outro objeto na Loja do Plácido? Difícil de responder, pois o povo de nossa Monte Sião sem-pre foi “freguês de cader-neta” dessa famosa loja.

Eu me lembro de ter comprado, com o dinheiri-nho que ganhei no final de ano – do Tio Ramiro e do Tio Lola – um par de chu-teiras e um par de meias de futebol, isso quando meni-no ainda, claro. Eles sa-biam que eu jogava bola, e ao darem esse dinheiro me aconselharam a ir na Loja do Plácido, e adquirir esses apetrechos esporti-vos. E claro que eu fui, e pela primeira vez na vida usei uma chuteira nova. Na verdade esses dois queridos tios, que joga-vam bem futebol, queriam que eu os imitasse nesse particular, e acho que con-segui. E o tio Bastião Gui-reli, nunca deixou de me acompanhar mais à frente,

nos jogos que fiz pela As-sociação Atlética Monte-Sionense (A.A.M.). Esse querido tio, além de torcer por mim e pelo time, era uma espécie de “protetor”, pois se acontecesse qual-quer confusão em campo, ele era o primeiro a che-gar perto de mim (não sei como fazia; acho até que pulava os alambrados, sei lá!), mas sei que ele se colocava em posição de defesa à minha pessoa, o que eu via mais como um grande carinho, já que eu sabia me defender. E se alguém tocasse em mim, coitado desse alguém; meu tio virava um bicho! E me disseram que ele também foi bom jogador de bola, no tempo em que serviu o Exército Brasileiro, isso no Rio de Janeiro, mas eu não o vi jogar.

Voltando à famosa Loja do Plácido, hoje adminis-trada pelo nosso amigo Bernardo de Oliveira Ber-nardi (pra nós Bernardi-nho, ou BOB), essa loja continua na Rua Direita, há quase 100 anos, e no mesmo local em que se iniciou, em frente ao Hotel

A LOJA dO PLÁCidO (... e seus quase 100 anos)Guarini, e ao lado da an-tiga Loja do Beppe (Mo-terani), avô do nosso ami-go Zé Antonio (colunista deste Jornal). O Bernardo, que também é colaborador do Jornal Monte Sião, é neto do “seu” Plácido e é filho do Lucianinho Ber-nardi. O Lucianinho tra-balhou na Loja durante 70 anos, mais ou menos. O próprio Bernardo já con-ta com seus bons serviços na loja, há 35 anos. O tio João Guireli, que era casa-do com a tia Tereza, filha do Plácido, também traba-lhou na loja muitos anos (mais de 20) e até seu filho Ulisses prestou seus servi-ços à loja, durante anos. O senhor Plácido era casado com a Dona Filomena. Ele era da família Bernar-di, tinha muitos irmãos, e um era o meu sogro Ína-co, conhecido como Ico Bernardi. Tinha também muitos filhos, sendo um deles o nosso amigo e co-lunista do JMS, o famoso médico Hermes Bernardi, residente em Ouro Fino, e que para felicidade nos-sa participa das reuniões anuais dos colaboradores

e amigos do JMS, na Chá-cara do Ivan.

A Loja do Plácido é muito conhecida em Mon-te Sião, e tem como “slo-gan” a frase: Nossos avós já compravam na LOJA DO PLÁCIDO”. E ela, assim, vai atravessando os anos com seu comér-cio de tecidos, calçados, confecções, cama, mesa e banho, e outros produtos. Vocês não sabiam, mas os amigos Claudinho Fara-co, Armandinho Zucato, Ilson Mariano, Bastião do Gumé, Luizinho Pen-nacchi, Romildo Labe-galini, Zé Armelim, Silvi-nho Pennacchi, Paulinho do Ico, Josmar Beltrami, Carlinhos Comune, Ge-raldo Pimentel, Genghini, Alaércio, Carlão da Epo-nina, compraram suas primeiras cuecas (do tipo samba canção) nessa Loja; e o Ivan Mariano também. E é sabido que o costume dos moços na época – de quase antigamente – era carregar no bolso um pen-te da marca Flamengo, para melhorar seu pen-teado ao passar perto de uma moça. E onde eram

comprados esses famosos pentes? Na Loja do Pláci-do, é claro! E a Kelinha Comparini, que morava pertinho da loja, reno-vou seu “guarda-roupa” na Loja do Plácido, onde comprou lindas peças para usar em sua nova cidade, Englewood, no Estado da Flórida, USA, onde mora até hoje com suas filhas.

Ao perguntar ao Ivan Mariano se ele se lembra-va de alguma coisa a mais, para me dizer sobre a Loja do Plácido, eis o que ele me disse: O Plácido tinha por costume dizer, sempre, ao se despedir de alguém, que “se um dia não mais nos falarmos, que seja por sua culpa e não pela mi-nha”. Disse ainda, que a escada usada na loja para chegar às prateleiras estão com os degraus gastos de tanto o João Guireli, Pláci-do, Lucianinho, Bernardo, subirem por ela. Que os preços ainda são do pas-sado: R$3,70, R$12,20. E que quando passam de R$50,00 o Bernardo fica roxo, vai confessar e toma uma torrinha de hóstias para compensar a desfaça-

tez. E foi dito ainda, acre-ditem: há quem compre 50 cm de chita e leve o di-nheiro enrolado num lenço (só falta o Bernardo passar o ferro quente nas notas). E acho que é tudo verda-de, pois o Ivan não mente, jamais!

E o Bernardo, muito esperto, percebendo que o pessoal da zona rural sempre vem aos sábados pra cidade, para fazer suas compras diversas, e princi-palmente na Loja do Plá-cido, entabulou um acor-do com a Sorveteria do Galbiati. A cada R$20,00 gastos na Loja, o freguês ganha um vale para um sorvete de palito. E se gastar mais de R$20,00, ganha um vale para um sorvete de massa e ... um sorrisinho do Bernardo. É gente, o Bernardo não per-de uma!

Com a tranquilidade de nossa Monte Sião, aliada à do pessoal da loja, com certeza vamos comemo-rar os 100 anos da Loja do Plácido, e talvez muito mais.

IVAN

O sol entra no mundo pela Loja do Plácido. Todo mundo sabe. Quando des-ponta por detrás do Morro do Artur Pennacchi, que é onde o mundo começa, a primeira coisa que faz é adentrar a Loja do Pláci-do, depois de ser dado à luz pelo Morro. É também quando as peças dos teci-dos começam a confabular, antes mesmo do café, as da prateleira de baixo falando primeiro, pois que recebem os raios de sol mais tenros e animados. Só quando o Bernardo chega é que elas se calam, põem a mão na boca e dele riem baixinho, para que ele não perceba o falatório, que desconhece. Sempre foi assim, desde os tempos do Plácido.

O dono da Loja do Plá-cido chamava-se Plácido da Loja. Como sempre

deve ser, o Plácido usava óculos desde que nasceu. Não vou dizer que era gor-dinho para evitar a desele-gância; digamos, era roliço ou, quem sabe, cheinho. Não tinha, portanto, as in-convenientes linhas retas que deslustram um dono de loja. O Plácido tinha curvas e era convexo, mas sempre com a camisa para dentro da calça. Não fosse assim, seria vendeiro. Os lábios ele os tinha fiapos, apertados, prontos para de-tonar resposta espirituosa e de efeito. Mas nunca para aliciar o freguês, e vender mais; sempre fora gentil até com os maus pagado-res. Se, por exemplo, no seu balcão tivesse a marca de metro para facilitar a medida dos panos, o com-primento receberia dois centímetros mais para não lesar o comprador.

Quando aparecia, dona

Filomena não passava da porta que dava para o inte-rior da casa e ali ficava, ca-lada, para não embaraçar o marido. Mas, seus olhos

grandes dos Guarini vascu-lhavam a Loja em todos os seus departamentos – reta-lhos, chapéus, aviamentos, sapatos, carretéis, lenços

– tinha água de cheiro? - sombrinhas, tinta Gua-rany para tingir roupa – as vitrines e os alfinetes no vão das tábuas do balcão. Sorria pouco, assim como seu vestido sombrio e ta-lar. Depois, saía da moldu-ra da porta, sem que nem mesmo fazendeiro forte se atrevesse a chamá-la dona Filó, pois que Filomena já incluía austeridade.

Mesmo com toda genti-leza, o Plácido da Loja era também austero, severo, grave e rigoroso; e, nes-sas circunstâncias educou, com dona Filomena, ro-maria de filhos sabidos, ti-rando migalhas da Loja do Plácido. E, com o mesmo garbo na severidade, foi vereador do Districto e um dos responsáveis por ele-var Monte Sião a municí-pio. Para amenizar o rigor do caráter, sentado à porta da Loja, esticava a perna

sobre a calçada, dizendo aos transeuntes: “paga bar-reira senão não passa”.

É por isso tudo, penso, está mais que na hora de o Bernardo começar a en-gordar e, se não convexo, pelo menos fique roliço à maneira de um totem e, como essa marca familiar do clã Bernardi, reverencie seus ancestrais da Loja: o avô Plácido da Loja e seu pai Lucianinho da Loja do Plácido, nos seus 95 anos recepcionando o sol -o seu primeiro freguês de todas as manhãs - e que se aper-feiçoe, embora já saiba, nos diálogos com as peças das prateleiras lá de cima, que tirarão a mão da boca e irão revelar-lhe segre-dos plácidos que o dono pediu, inutilmente, para que guardassem. Mas isso é para quando o Bernardo for totem.

A Loja do Plácido

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B. O. B.

No começo dos anos 1920 havia entre Monte Sião e Socorro picadas e caminhos por onde passa-vam cavaleiros, andarilhos e tropas de burros transpor-tando mercadorias, levando produtos da terra e trazendo as novidades que chegavam pela linha férrea da máquina a vapor. Do mesmo modo existiam as ligações com Ouro Fino e Jacutinga por onde as mulas circulavam

levando principalmente grãos, palmito, queijo... E trazendo querosene, azeite, vinho, sal, farinha... Plácido, então com 30 anos, era um desses tropeiros. Tinha uma tropa sacudida cuja madri-nha atendia pelo nome de Ronda, sempre à frente dos pares de mulas levando pro-dutos primários e carreando para o interior além das ne-cessidades as manufaturas e maravilhas do progresso de São Paulo e outros grandes centros. Percebendo a carên-

cia da população e as possi-bilidades do lugar, o jovem descendente de italianos resolveu vender as mulas e abrir um comércio no po-voado onde seus pais eram bem estabelecidos.

Começou com uma pe-quena venda na chegada do Grotão, depois da ponte à direita após lavar os pés pra entrar na cidade.

Um ano e pouco mais tarde já havia mudado pra Rua Direita no velho casarão de esquina permanecendo por definitivo.

No princípio era um em-pório de secos e molhados. Tinha, enxada Duas Caras, feijão, batatas, açúcar mas-cavo vendidos a litro, fernet português,sardinha... Aos poucos foi se transformando e começou vender Alparga-tas Roda que também era conhecido como chinelo de corda, chora-melado e últi-mo recurso por ser barato. Passou a vender chitas, brim arranca-toco, zefir de Itaju-bá...

Sem muita precisão de datas, acredito que pouco antes da segunda guerra, nosso comércio deixou o

ramo de armazém pra se tor-nar loja de tecidos, calçados, armarinhos e variedade de produtos do gênero.

Como muitos negócios de família em nossa cida-de, a Loja tinha a casa do proprietário aos fundos ou seria o comercio à frente da residência? De forma que todos ajudavam no balcão, revezando no atendimento, uns mais outros menos. No entanto o filho Luciano foi quem sempre esteve na linha de frente ao lado do chefe.

No começo dos anos de 1960 meu avô convidou seu genro, João Guireli, pra tra-balhar com eles, pois tinha os requisitos necessários e atributos de sobra. Em pouco tempo João era o preferido da freguesia, além de gentil e atencioso, ele foi mestre em alfaiataria, entendido de cortes de pano, prático em economia de tecidos e bom em aritmética. Os fregueses adoravam! A pessoa dizia que tipo de roupa queria e ele entregava as quantidades pra cada peça, a melhor ma-neira de costurar e de cabeça fazias as contas pro freguês saber quanto iria gastar.

Com este trio: Plácido, Luciano e João a Loja vi-veu seu apogeu até agora, mas foram tempos de muito trabalho. O horário de fun-cionamento era de segunda a sábado das 8hs às 18hs e aos domingos até meio dia, sempre tinha os fregueses de última hora de modo que não tinham sossego.

Em 1982 o patriarca, já fora de combate, viúvo de sua companheira Filomena, sentado em sua poltrona na sala dizia pra dar água aos animais em delírios senis. Levantava, colocava o cha-péu e andava pelo corredor

cantarolando:

Vou ao bosque tomar café

Lá no quiosque eu vou à pé

Peguei a trilha segui em frente

Mais de uma milha e fui contente.

Quando retornei pra tra-balhar com meu pai. A ter-ceira geração chegando pra ajudar na continuidade do negócio.

Ao lado de meu genitor e meu tio João, passei a inte-grar o time de atendentes.

Neste ano faleceu meu avô e alguns anos depois tio João também se foi.

A construção atual, o mo-biliário da loja e a residência ao fundo foram edificados e

acabados entre 1954 e 1955. Neste período Plácido mu-dou-se provisoriamente com família e toda mercadoria pra uma casa velha com pe-queno cômodo de negócio na Rua Direita na altura do número 411.

Desde então a loja vem acumulando histórias da transformação da cidade e seus habitantes. Um legado de avô pra neto que agora te-nho procurado resgatar mui-tas passagens vividas naque-le ambiente.

São tantos os relatos acumulados que aos pou-cos estão sendo publicados como Crônicas da Loja nes-te jornal. Se tudo correr bem, continuaremos servindo ao povo com atenção, produtos úteis e preço justo.

Loja do Plácido - 95 anos

Plácido Bernardi

Luciano BernardiBernardo Bernardi

B. O. B.

Crônica curta, pois o tem-po nos furta.

Meu primo Silvio FaustoEscreveu um livro de retentivasNeste volume robustoNarra causos de raparigas.

Em um tempo passado, Agora mais do que antes,Um Fazendeiro abastadoTinha várias amantes.

Todas tinham ordens pra comprar fiado na loja da es-quina, desde que o vendeiro marcasse separado pra não gerar ciúmes e, principal-mente, que Dª Cacilda de nada ficasse sabendo. Tudo combinado previamente en-tre o negociante e o coronel.

No dia de fazer acerto, depois da colheita, vindo das bandas do Eleutério, o Coronel Zezito montava a mula castanha bem arreada, peitoral com argolas de alpa-ca e carregava na patrona o suficiente pra colocar em dia todos os débitos que acumu-lou da sua e as várias outras famílias que sustentava.

Chegando à cidade, pa-rou no Luiz do Juca por ser a primeira venda descendo o Morro do Lé.

Apeou da mula, em uma conversa rápida tomou um gole e colocou no balcão uma

nota bem maior que o neces-sário por um gole.

- Agora ficamos certos com aquela conta que restou?

E foi saindo...-Mas tem o troco desta

nota!-Eu bebo na volta. Seguiu por muitas ven-

das e negócios, uma por uma, deixando parte dos lucros amealhados durante aquele período e renovando o crédi-to farto que lhe era oferecido por todos comerciantes do lugar.

Após sair da Pharmácia de Assumpto, desceu a rua caminhando, puxando a mula pelo chão batido e coberto de saibro, que a Prefeitura havia esparramado a fim de melho-rar o leito carroçável. Passou no Bar do Ciro pra tomar uma gasosa e um pouco de conversa. Desceu a Rua Di-reita, parou, amarrou a mula na argola do meio-fio, entrou na Loja do Plácido onde lhe providenciaram uma cadeira ao lado do balcão pra uma conversa antes de ir aos ne-gócios.

– Então, Plácido, você acha que o Governo vai faci-litar a dívida dos cafeiculto-res que perderam quase tudo este ano?

– Primeiro vai esperar os honestos pagarem, outros pobres coitados entregarem a

vida pro Banco. Só depois de tudo isto os políticos fazem leis pra perdoar os caloteiros que se aproveitaram do cré-dito da Nação. A esperteza, o desrespeito e a impunidade estão valendo mais que o ca-ráter do cidadão.

– Estão vendendo a alma por preço baixo. Depois o tempo cobra caro.

– Quem na praça se veste, na praça se despe.

– Não vê o Quinzinho Ja-nuário? Era sacudido e tinha bom conceito do povo. De-pois achou que tinha o rei na barriga, de tanta besteira que fez e querer mostrar o que não tem, hoje precisa da caridade de um ou outro pra comer, não pode vir na cidade pelas cobranças. Vive de ocupação incerta, faz um bico aqui ou-tro acolá. Tirou a casaca de valente e vestiu a de covarde. Agora corre até da Edwiges que sempre fiava um peda-ço daquele fumo bom. Vive fugido das mocinhas que ele prometeu, ludibriou e acabou deixando desamparadas.

– Aqui se faz, aqui se

paga.– E por falar em pagar,

pega lá o livro e vamos acer-tar. Hoje você vai encher a burra!

O italiano que estava em sua cadeira de costume, le-vantou sem muita pressa e fez ranger a gaveta de onde tirou a caneta tinteiro, um pedaço de papel mata-borrão e o livro com o alfabeto sul-cado na borda. O que antes havia sido marcado indivi-dualmente no borrador fora transferido pro livro em uma única conta que o vendeiro acessou colocando a unha do dedão no buraquinho da letra J, abriu o livro, passou uma ou duas folhas e se de-parou com uma página cheia e no cabeçalho: José (Zezito) Cândido Figueira – Eleutério.

O vendeiro, debruçado no balcão e, o fazendeiro, do ou-tro lado, sentado com o pito na mão.

Iniciou-se uma espécie de ladainha onde um fala e outro concorda.

– A Candinha não pôde vir comprar, mas mandei en-

comenda pelo caminhão do leite e ficou em 43 contos.

O fazendeiro fingia que prestava atenção e dava um resmungo

– Hum.– A Margarida fez umas

compras e outro dia levou um cobertor dizendo ser presente pro casamento da Francisca. O dela ficou em 38 contos e quinhentos.

E ele:– Hum.– A Joana fez batizado

lá na capela, o enxoval e os cortes de vestido saíram tudo destas prateleiras. Gastou 57.

E ele:– Hum. Zezito continuava relaxa-

do na cadeira até que Plácido correu o dedo pra baixo na folha e continuou.

– Dª Cacilda foi só uma pecinha de goma elástica, dois carretéis de linha...

Ato súbito ele levanta, aproxima olhando pro livro e pergunta com voz firme e ar de preocupado:

- Quanto ela gastou desta vez?

- Um conto e cem.- Essas mulheres... Só me

dão despesas!

Crônicas da Loja iii

Júlia Uxo