Eventos expansão x crise no setor sucroalcooleiro

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REVISTA CANAMIX | AGOSTO | 2014 74 Eventos como parceiro e principal incentivador, tendo em vista que uma parte do Produ- to Interno Bruto (PIB) do estado está con- centrada na cana-de-açúcar, responsá- vel por movimentar cerca de 150 milhões por ano, perdendo apenas para a pecuá- ria como fonte de receita. Mesmo com a atual tensão que ronda as usinas, trabalhadores e acio- nistas, as perspectivas para os goianos são boas. Se comparada a das demais regiões, a safra deste ano sofrerá peque- nas perdas. De acordo com Rocha, Goi- Expansão x Crise O presidente do Sindicato da Indústria de Açúcar de Goiás analisa situação da cana-de-açúcar em seu estado, durante fórum em Ribeirão Preto, SP Marcela Servano “A crise de 2008 pode ter sido uma marolinha para alguns setores da economia brasilei- ra, mas, para a área sucroalcooleira, foi um desastre, afetando um campo que ti- nha cerca de 25% de crescimento anu- al”. Esta foi a frase dita pelo presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Açúcar do Estado de Goiás (Sifaeg), André Rocha, em entrevista à CanaMix, para resumir a situação do setor sucroe- nergético brasileiro. A análise foi feita du- rante o I Fórum Brasileiro de Economia e Finanças no Agronegócio, que discutiu “As ameaças ao mercado sucroenergéti- co” nos dias 13 e 14 de agosto, em Ri- beirão Preto, SP. O presidente da Sifaeg destacou, porém, que, apesar do setor viver sob intensas instabilidades, Goiás tem con- tado com o apoio do Governo Estadual para superá-la e, por isso, não tem sen- tido tanto os efeitos. Segundo ele, o po- der público precisa estar atento, atuando Fotos: Arquivo CanaMix Fórum, realizado no Centro de Convenções em Ribeirão Preto, SP, reuniu profissionais para debater o setor sucroenergético

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Eventos

como parceiro e principal incentivador, tendo em vista que uma parte do Produ-to Interno Bruto (PIB) do estado está con-centrada na cana-de-açúcar, responsá-vel por movimentar cerca de 150 milhões por ano, perdendo apenas para a pecuá-ria como fonte de receita.

Mesmo com a atual tensão que ronda as usinas, trabalhadores e acio-nistas, as perspectivas para os goianos são boas. Se comparada a das demais regiões, a safra deste ano sofrerá peque-nas perdas. De acordo com Rocha, Goi-

Expansão x CriseO presidente do Sindicato da Indústria de Açúcar de Goiás analisa situação

da cana-de-açúcar em seu estado, durante fórum em Ribeirão Preto, SP

Marcela Servano

“A crise de 2008 pode ter sido uma marolinha para alguns setores da economia brasilei-

ra, mas, para a área sucroalcooleira, foi um desastre, afetando um campo que ti-nha cerca de 25% de crescimento anu-al”. Esta foi a frase dita pelo presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Açúcar do Estado de Goiás (Sifaeg), André Rocha, em entrevista à CanaMix, para resumir a situação do setor sucroe-

nergético brasileiro. A análise foi feita du-rante o I Fórum Brasileiro de Economia e Finanças no Agronegócio, que discutiu “As ameaças ao mercado sucroenergéti-co” nos dias 13 e 14 de agosto, em Ri-beirão Preto, SP.

O presidente da Sifaeg destacou, porém, que, apesar do setor viver sob intensas instabilidades, Goiás tem con-tado com o apoio do Governo Estadual para superá-la e, por isso, não tem sen-tido tanto os efeitos. Segundo ele, o po-der público precisa estar atento, atuando

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Fórum, realizado no Centro de Convenções em Ribeirão Preto, SP, reuniu profissionais para debater o setor sucroenergético

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ás produziu 66 milhões de toneladas de cana em 2013. Para este ano, a previsão é que ultrapasse novamente os 60 mi-lhões, mas em número menor que o an-terior. Apesar disso, o cenário é conside-rado satisfatório pelo Sifaeg, já que, em outras regiões do país, a redução deve chegar a 14%.

Os fatores que reforçam as pers-pectivas favoráveis são o clima e o con-sumo de etanol no estado. “Enquanto os estados do Sudeste sofreram com a es-tiagem, o Centro-Oeste não teve este pro-blema, fato que ajudou na colheita e au-mentou a produtividade em relação aos demais. Além disso, nosso estado é o segundo maior consumidor de etanol do Brasil, perdendo apenas para São Paulo”, disse Rocha.

Desde o final dos anos 90, Goi-ás experimentou forte expansão no setor

sucroenergético, passando de 11 usinas para 36. Nos próximos anos, outras três, já em obras, deverão ser inauguradas e

já existe projeto para construção de mais uma. Segundo o presidente do sindicato, trata-se de um diferencial, considerando

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Empresários, representantes de usinas e associações, advogados, economistas e jornalistas participaram do evento

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que nenhuma outra unidade da federação tem tantas unidades novas e equipadas com tecnologias avançadas, como as que entrarão em funcionamento.

Rocha evita fazer mais previsões para o ano que vem, em função de 2014 ser ano eleitoral. “O humor do empresá-rio muda de acordo com as eleições”. Ele acredita, no entanto, que houve avanços no diálogo com o Governo Federal, que prometer adotar medidas em prol do se-tor, principalmente em relação à conces-são de crédito.

Fórum – O crescimento do setor sucroenergético na região Centro-Oeste não se restringe a Goiás. Dados da Fede-ração de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul), por exemplo, apontam que, nos últimos oito anos, o setor sucroenergético evoluiu 185% nes-te estado, enquanto a média do país foi de 50%.

Para Rocha, para que haja uma re-tomada dos negócios envolvendo a ca-na-de-açúcar, fóruns, encontros e ou-tros eventos do gênero são fundamentais para que sejam apontadas soluções e compartilhadas experiências que agre-guem valor às práticas do setor.

Um exemplo foi o I Fórum Brasilei-ro de Economia e Finanças no Agrone-

gócio, em Ribeirão Preto, SP, que con-tou com a participação de empresários, representantes de usinas e associações, advogados, economistas e jornalistas. O objetivo foi debater, nos dias 13 e 14 de agosto, no Centro de Convenções, as instabilidades atravessadas nas usinas.

No primeiro dia, foram discutidos os temas: Políticas e estrutura organi-zacional do setor com enfoque macro econômico; Eleições 2014 – perfil dos candidatos em relação ao setor agroin-dustrial; Disponibilidade de crédito x Cre-

dibilidade do setor; e Reestruturação de empresas x recuperação Judicial”. Além de André Rocha, o jornalista Luis Nassif, o empresário Maurilio Biagi (Maubisa) e o especialista em agronegócio Ricar-do Aragones (Banco Brasil Plural) foram debatedores.

O segundo dia foi focado nas po-líticas financeiras que os produtores de cana-de-açúcar podem implantar. Os as-suntos foram: Alternativas para reestrutu-ração financeira – uma visão abrangente para a cadeia produtiva sucroenergética; Financiamentos especiais para implanta-ção de termelétricas e etanol 2G”; e Li-nhas de crédito para o produtor rural. Os convidados foram o advogado Antônio Aires (Demarest Advogados), o consultor José Américo Rubiano (FINBIO) e o dire-tor de negócios Vinicius Grassi Pongitor (Sicoob/Cocred).

A consultora financeira Fernanda Lima aprovou a iniciativa de organizar um fórum para debater o setor. Segundo ela, propostas como essas podem modificar a forma como se trabalha na área, levan-do a uma maior profissionalização.

O próximo encontro será nos dias 13 e 14 de agosto de 2015, em Ribeirão Preto, com tema ainda não definido.

André Rocha, presidente do Sifaeg, diz que, apesar dos desastres provocados pela crise de 2008, Goiás não está sentindo tanto os efeitos

Consultores e outros especialistas em cana-de-açúcar apontaram rumos e perspectivas para superar instabilidades do setor sucroenergético

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