Evolução das esquadrias.pdf

8
55 MIOTTO, J. L. / UNOPAR Cient., Ciênc. Exatas Tecnol., Londrina, v. 1, n. 1, p. 55-62, nov. 2002 Evolução das Esquadrias de Madeira no Brasil Evolution of Wooden Windows in Brazil Resumo Este trabalho tem como objetivo estudar a evolução das esquadrias de madeira no Brasil, particularmente as janelas usadas em construções residenciais, desde o Descobrimento até os dias atuais. Após a apresentação dos conceitos, faz-se uma análise histórica da evolução da janela de madeira e suas relações com o contexto econômico, tecnológico e cultural no qual se insere, especialmente os diferentes estilos arquitetônicos que ocorreram no país. Optou-se por uma abordagem envolvendo apenas a janela, já que ela aparece geralmente em maior número nas edificações, além do que sua quantidade, dimensões e formas contribuem com a estética do edifício, conferindo- lhe, sobretudo, ritmidade, iluminação, ventilação e privacidade, apresentando-se um levantamento iconográfico delas em diferentes épocas. Realizou-se uma consulta a grandes e pequenos fabricantes de esquadrias de madeira em que se constatou que, além da madeira serrada, os seus derivados vêm ocupando um lugar de destaque no rol das matérias-primas empregadas. Ressalta-se a importância das chapas de fibras, dos sarrafeados e das chapas de fibras de média densidade (MDF) para esse fim. Palavras-chave: janelas, janelas de madeira. Abstract This paper has the purpose to study the evolution of wood doors and windows in Brazil, particularly the usual windows in residential constructions, from the Discovery to the current days. After the presentation, a historical analysis of the evolution of the wooden window is made. Its relationship to the economic, technological and cultural context is also made, especially the different architectural styles that had occurred in the country. The approach uses basically the window, since it generally appears in great number in the constructions and the quantity, dimension and form contribute to the aesthetics of the building, conferring rhythm, illumination, ventilation and privacy to the construction. An iconographic survey of them at different times is presented. Consults were done to big and small manufacturers of wood doors and windows. It revealed that, beyond the sawed wood, derivatives occupy a prominent place in the roll of the raw material used. The use of the fiberboards, blockboards and medium density fiberboard (MDF) is also important for this end. Key words: windows, wooden windows. Introdução O início da utilização da madeira em construções remonta aos primórdios da civilização, quando o homem, à medida que inicia suas conquistas territoriais, desenvolve sistematicamente as construções primitivas, em grande parte do tipo palafíticas, que lhe garantem abrigo e proteção durante as suas jornadas explora- tórias. Associada à pedra – que também é encontrada na natureza em condições de aplicação imediata – a madeira serviu ao longo dos anos para a construção de abrigos, fabricação de armas, utensílios, ferramentas e para a construção de elementos de superação dos obstáculos naturais. Recorde-se que as importantes obras de engenharia e arquitetura, até o início do século XX, eram de madeira, pedra ou de ambos. É um material orgânico, de alta complexidade e organização, encontrada abundantemente na natureza em florestas naturais ou artificiais, resultantes de ativi- dades de reflorestamento. Por ser um material renovável, biodegradável e com um baixo consumo de energia em todas as fases de sua produção, aliado à sua elevada resistência mecânica, é empregada freqüentemente na fabricação de componentes para edificações, tais como: painéis divisórios, portas, caixilhos, lambris, forros e pisos. A construção civil e outros ramos da indústria – a moveleira, a de embalagens, etc. – utilizam-se da madeira maciça e dos produtos dela derivados, especial- mente as chapas de diferentes características. Dessa forma, sua aplicabilidade abrange as edificações de caráter permanente, como as habitações, assim como as de caráter provisório. Pode ser empregada em estado bruto sob a forma de peças roliças ou falquejadas, em estado bruto sob a forma de madeira serrada e aparelhada, ou, ainda, sob a forma de madeira recomposta, como compensados, aglomerados, chapas de fibras ou outros. Diante desse campo de aplicação diversificado, pretende-se discutir, neste trabalho, a evolução das ARTIGO DE REVISÃO / REVIEW ARTICLE José Luiz Miotto* * Mestrando em Engenharia de Estruturas na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da Universidade de São Paulo (USP) Docente da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) e-mail: <[email protected]>

Transcript of Evolução das esquadrias.pdf

  • 55MIOTTO, J. L. / UNOPAR Cient., Cinc. Exatas Tecnol., Londrina, v. 1, n. 1, p. 55-62, nov. 2002

    Evoluo das Esquadrias de Madeira no Brazil

    Resumo

    Este trabalho tem como objetivo estudar a evoluo das esquadrias de madeira noBrasil, particularmente as janelas usadas em construes residenciais, desde oDescobrimento at os dias atuais. Aps a apresentao dos conceitos, faz-se umaanlise histrica da evoluo da janela de madeira e suas relaes com o contextoeconmico, tecnolgico e cultural no qual se insere, especialmente os diferentes estilosarquitetnicos que ocorreram no pas. Optou-se por uma abordagem envolvendo apenasa janela, j que ela aparece geralmente em maior nmero nas edificaes, alm do quesua quantidade, dimenses e formas contribuem com a esttica do edifcio, conferindo-lhe, sobretudo, ritmidade, iluminao, ventilao e privacidade, apresentando-se umlevantamento iconogrfico delas em diferentes pocas. Realizou-se uma consulta agrandes e pequenos fabricantes de esquadrias de madeira em que se constatou que,alm da madeira serrada, os seus derivados vm ocupando um lugar de destaque norol das matrias-primas empregadas. Ressalta-se a importncia das chapas de fibras,dos sarrafeados e das chapas de fibras de mdia densidade (MDF) para esse fim.Palavras-chave: janelas, janelas de madeira.

    AbstractThis paper has the purpose to study the evolution of wood doors and windows inBrazil, particularly the usual windows in residential constructions, from the Discovery tothe current days. After the presentation, a historical analysis of the evolution of thewooden window is made. Its relationship to the economic, technological and culturalcontext is also made, especially the different architectural styles that had occurred inthe country. The approach uses basically the window, since it generally appears ingreat number in the constructions and the quantity, dimension and form contribute tothe aesthetics of the building, conferring rhythm, illumination, ventilation and privacy tothe construction. An iconographic survey of them at different times is presented.Consults were done to big and small manufacturers of wood doors and windows. Itrevealed that, beyond the sawed wood, derivatives occupy a prominent place in theroll of the raw material used. The use of the fiberboards, blockboards and mediumdensity fiberboard (MDF) is also important for this end.Key words: windows, wooden windows.

    O incio da utilizao da madeira em construesremonta aos primrdios da civilizao, quando ohomem, medida que inicia suas conquistas territoriais,desenvolve sistematicamente as construes primitivas,em grande parte do tipo palafticas, que lhe garantemabrigo e proteo durante as suas jornadas explora-trias. Associada pedra que tambm encontradana natureza em condies de aplicao imediata amadeira serviu ao longo dos anos para a construo deabrigos, fabricao de armas, utenslios, ferramentas epara a construo de elementos de superao dosobstculos naturais. Recorde-se que as importantesobras de engenharia e arquitetura, at o incio do sculoXX, eram de madeira, pedra ou de ambos.

    um material orgnico, de alta complexidade eorganizao, encontrada abundantemente na naturezaem florestas naturais ou artificiais, resultantes de ativi-

    dades de reflorestamento. Por ser um material renovvel,biodegradvel e com um baixo consumo de energia emtodas as fases de sua produo, aliado sua elevadaresistncia mecnica, empregada freqentemente nafabricao de componentes para edificaes, tais como:painis divisrios, portas, caixilhos, lambris, forros episos. A construo civil e outros ramos da indstria a moveleira, a de embalagens, etc. utilizam-se damadeira macia e dos produtos dela derivados, especial-mente as chapas de diferentes caractersticas. Dessaforma, sua aplicabilidade abrange as edificaes decarter permanente, como as habitaes, assim comoas de carter provisrio. Pode ser empregada em estadobruto sob a forma de peas rolias ou falquejadas, emestado bruto sob a forma de madeira serrada e aparelhada,ou, ainda, sob a forma de madeira recomposta, comocompensados, aglomerados, chapas de fibras ou outros.

    Diante desse campo de aplicao diversificado,pretende-se discutir, neste trabalho, a evoluo das

    ARTIGO DE REVISO / REVIEW ARTICLE

    *

    Mestrando em Engenharia de Estruturas naEscola de Engenharia de So Carlos (EESC)da Universidade de So Paulo (USP)Docente da Universidade Norte do Paran(UNOPAR)e-mail:

  • 56 MIOTTO, J. L. / UNOPAR Cient., Cinc. Exatas Tecnol., Londrina, v. 1, n. 1, p. 55-62, nov. 2002

    Evoluo das Esquadrias de Madeira no Brazil

    esquadrias de madeira no Brasil, particularmente dasjanelas, enfocando os aspectos tcnicos, histricos eeconmicos envolvidos, alm da contribuio da madeiranesse processo. No objetivando esgotar o assunto,este tema serve como uma investigao preliminar quedesperte a curiosidade e o interesse de arquitetos,engenheiros e demais estudiosos.

    !"#

    Muito antes da aplicao dos metais na fabricaodas esquadrias, a madeira j ocupava um papel dedestaque para esse fim, mesmo em construesrsticas e primitivas. Para se entender melhor a impor-tncia da madeira nesta evoluo, apresenta-se a seguirum estudo da janela destinada a fins residenciais,caracterizado pelos seus aspectos histricos e cons-trutivos. Relativamente aos aspectos histricos estoabordados, evolutivamente, o que se refere: s caractersticas funcionais das janelas de madeira,

    ligadas iluminao e ventilao, ao longo da histriado Brasil;

    s caractersticas estruturais no que diz respeito relao das janelas e vos de abertura com osrecursos tcnicos e construtivos utilizados no Brasil;e

    s caractersticas estticas das janelas, ligadas histria da arquitetura brasileira.

    Ressalta-se que o enfoque histrico-evolutivo poderiaenvolver tambm as portas. Porm, neste trabalho, foidada uma ateno especial s janelas, j que soutilizadas em maior nmero numa construo, partici-pando da composio de cheios e vazios. O seu nmeroe disposio traduzem-se em ritmidade, contribuindocom a esttica do edifcio.

    $"%&'%

    O estudo, aqui apresentado, apia-se na anlise dosprincipais aspectos econmicos da histria do pas; nainterpretao dos recursos tcnicos ligados construocivil e disponveis em cada perodo; e, finalmente, nadiscusso dos diferentes estilos arquitetnicos que,sucessivamente, ocorreram no pas. A partir do seu levan-tamento iconogrfico, buscou-se uma breve explanaode sua funcionalidade, especialmente no que diz respeitos condies de iluminao e ventilao.

    Considera-se importante, como ponto de partida,definir o que vem a ser uma janela, j que o significadodo termo nem sempre preciso, como nos casos deesquadrias, tais como porta-balco, culos, entreoutros. De acordo com Corona e Lemos (1974), janela um nome genrico que se d a qualquer abertura ouvo destinado a proporcionar iluminao e ventilaoaos ambientes internos, facilitando, ao mesmo tempo,a visibilidade para o exterior. Difere da porta por no sernecessariamente um vo de acesso. Cumprindo o papelde proporcionar a entrada de ar, luz e o devassamentodo exterior, a janela deve, no entanto, proteger o interior

    das construes das intempries e zelar pela seguranados moradores. Tradicionalmente uma janela possuiuma verga (nome dado viga que fecha superiormenteas aberturas), duas ombreiras (peas que definem assuas laterais), o peitoril (superfcie de fechamentohorizontal inferior) e uma ou mais folhas. A diferenaentre janela e porta, conforme os mesmos autores, que esta ltima serve tambm para dar passagem ouacesso s pessoas e veculos.

    A tipologia, propores e quantidades das janelasde madeira empregadas em nossas construes, desdeo Descobrimento, esto atreladas ao progresso tecnol-gico e s condies culturais e econmicas do momento;condies que, numa anlise mais abrangente, caracteri-zam e explicam a prpria arquitetura brasileira. A arquite-tura brasileira sempre esteve totalmente associada aosciclos econmicos, sejam nacionais ou regionais(LEMOS, 1979). O Ciclo do Pau-Brasil, na primeirametade do sculo XVI, de carter eminentementeextrativista, pouco contribuiu na ocupao territorial dopas, embora esteja ligado criao de fortes efortalezas de defesa do litoral da colnia; enquanto queo Ciclo do Acar, predominante nos sculos XVI eXVII, e localizado principalmente no Nordeste, resultouem um grande incentivo ao desenvolvimento das cidadesdo litoral, que serviam para o escoamento da produo,totalmente dirigida metrpole.

    O Ciclo da Pecuria, ocorrido principalmente nosculo XVII, possibilitou uma maior penetrao no territriobrasileiro, contribuindo para a criao de cidades, emespecial com o advento das Entradas e Bandeiras (Ban-deirantismo). O Ciclo da Minerao do sculo XVIII,centralizado em Minas Gerais, favoreceu a uma maiorinteriorizao, com o fortalecimento de cidades e umaurbanizao mais sistemtica. No sculo XIX, iniciou-se o Ciclo do Caf, que, desenvolvendo-se no Sudestee Sul, foi o que mais contribuiu para a ocupao territo-rial do pas, incentivando a migrao, j que se necessi-tava de mo-de-obra intensiva, acelerando a busca detrabalho no campo. Finalmente, o Ciclo da Industrializa-o, j no sculo XX, possibilitou o crescimentovertiginoso de algumas cidades, entre as quais SoPaulo e Rio de Janeiro. Dessa forma, o estudo dasjanelas de madeira est, cronolgica e propositada-mente, subdivido conforme apresentado a seguir,intencionando-se uma identificao com tais cicloseconmicos.

    (%)*)*

    O incio da colonizao na Amrica Latinacaracteriza-se pela explorao de recursos naturais porparte dos pases colonizadores, sejam o ouro e a pratadas culturas maias, incas e astecas, seja a matria-prima, mais especificamente a madeira, do Brasil, nohavendo a preocupao do estabelecimento e formaode povoamentos fixos, em um primeiro momento. Aesse tipo de colonizao, denominada colonizao porexplorao, corresponde um sistema econmico, que,em um segundo momento, caracteriza-se pela formaode grandes latifndios para a produo de acar.

  • 57MIOTTO, J. L. / UNOPAR Cient., Cinc. Exatas Tecnol., Londrina, v. 1, n. 1, p. 55-62, nov. 2002

    Evoluo das Esquadrias de Madeira no Brazil

    Nesses tempos de colonizao, onde o extrativismo preponderante, os povoados existentes so pratica-mente nmades, muitas vezes formados por cabanascom estrutura e telhado, sem paredes para vedao,graas ao clima tropical. Sem paredes de fechamento,as esquadrias no so usadas.

    Nos primeiros sculos, nossa civilizao materialderivada da cultura branca limitou-se a se fixar no litoral na imagem antiga, como os caranguejos, a arranharas praias (LEMOS, 1979). No serto, poucos ndios emestios, zelando o gado necessrio indstria auca-reira da zona frtil das matas litorneas. A arquiteturalitornea firmou-se nas construes de pedra e cal,embora outras tcnicas tivessem sido experimentadasinclusive por Tom de Souza em Salvador. No serto, aarquitetura sempre foi mais simples e at mesmoprecria, prevalecendo as construes rsticasmarcadas pela presena indgena.

    Necessitando-se estabelecer povoamentos fixospara a catequizao dos ndios, as moradias passama utilizar sistemas de vedao, com pequenas aberturasem relao ao pano de parede. O sistema construtivoutilizado para a construo das moradias baseia-se nouso do barro cru e da madeira a taipa em que no permitido o uso de grandes aberturas. As janelaspossuem vergas, peitoris e ombreiras de madeira,rusticamente cortados, com uma folha de madeira queabre para o interior do ambiente, denominada escuro(RABBAT, 1988). Nesse tipo precrio de janela, ocontrole da ventilao restrito, na medida em que sh duas possibilidades de posicionamento do escuro aberto e fechado, no havendo sistema de ventilaopermanente sem a entrada de luz (Figura 1).

    Figura 1 Janela com escuro. Fonte: Rabbat (1988).

    As adaptaes ao clima tropical levaram a umaumento na dimenso das aberturas, possibilitandomaior ventilao e iluminao dos ambientes, apesarde manterem as mesmas caractersticas tipolgicas.Ento, baseados no mesmo princpio, surgem as janelasque aproveitam a estrutura das casas (esteios) comoombreiras, sendo em alguns casos geminadas comoutras janelas ou portas (Figura 2).

    Figura 2 Janelas geminadas. Fonte: Rabbat (1988).

    Enquanto que, no litoral, a produo arquitetnica praticamente uma translao da arquitetura portuguesapara o Brasil, no interior, particularmente em So Paulo,com a fundao do Colgio em 1554 pelos jesutas,pela primeira vez entre ns, houve a oportunidade dese formar uma linguagem arquitetnica de carter local,baseada numa recriao vinculada s condies ecol-gicas e a partir da inspirao ibrica, apoiada semprena tcnica construtiva da taipa (LEMOS, 1979).

    Um dos perodos que caracteriza a arquiteturacolonial paulista vai de 1611 a 1727, denominado perodobandeirista, em que h a sua disseminao pelo territriodevido ao ciclo da caa ao ndio. Grande parte das casasrurais bandeiristas apresentava fachada simtrica comalpendre central e dois prismas laterais brancos comuma janela no centro de cada um (CASTELNOU NETO,1998). As pequenas aberturas resultavam de um critriobaseado na acomodao ecolgica, ou seja, a conserva-o do calor interno, mantendo certa intimidade com atradio da arquitetura rabe.

    Uma das verses de janelas utilizadas pelos bandei-rantes em So Paulo, compostas por vergas, peitoris eombreiras de madeira, tem seu fechamento atravs debalastres de seo quadrada, posicionados em diagonalem relao s ombreiras, possibilitando ventilaopermanente com o resguardo do ambiente em relao luz do sol, e possuindo o escuro para vedar a claridade,quando necessrio (Figura 3).

    O sculo XVII caracteriza-se pelo ciclo aucareiro egrandes latifndios de cana de acar, principalmenteno nordeste do pas. O estilo arquitetnico correspon-dente o colonial, que apresenta janelas de vergasretas, ombreiras e peitoril de madeira, e uma ou duasfolhas de abrir, no possuindo sistema de controle daventilao (Figura 4).

  • 58 MIOTTO, J. L. / UNOPAR Cient., Cinc. Exatas Tecnol., Londrina, v. 1, n. 1, p. 55-62, nov. 2002

    Evoluo das Esquadrias de Madeira no Brazil

    Figura 3 Janela com balastresde seo quadrada.

    Fonte: Rabbat (1988).

    Figura 4 Janela colonial. Fonte: Rabbat (1988).

    (%)*

    At o fim da primeira metade do sculo XVII quasenada se sabia da regio situada atrs da Serra daMantiqueira. Aos poucos, os paulistas, por sua conta,vo procurando penetrar naquele mundo misterioso,principalmente sob o pretexto de buscar ndios paraabastecer o mercado de mo-de-obra aucareiranordestina (LEMOS, 1979). Em 1674, parte para oserto, em busca das minas, a bandeira de FernoDias Pais, sendo a primeira racionalmente organizadapara promover prospeces dentro do que de melhorse sabia na poca. Assim, diz esse autor que Minas fruta paulista que demorou mais de cem anos paraser colhida.

    O incio do sculo XVIII marcado pelo declnio doCiclo do Acar e o comeo do Ciclo da Minerao.

    Nos processos preliminares de fixao, as dificuldadesmateriais e a falta de recursos impediram uma franca eimediata manifestao da cultura reinol ali presente(LEMOS, 1979). Assim, os portugueses, de incio, tiveramque apelar para as tcnicas indgenas, mamelucas,mulatas ou negras, pois a estes, cabia naquele momento,a maior soma de facilidades de expresso.

    At esse momento histrico, tanto nas comunidadesdo litoral como nas do interior, a religio era o grandetema, a grande ocupao e a grande preocupao.Porm, em Minas do sculo XVIII, algo diferentecondicionou a instalao ali da Igreja. Os padres, paral enviados, eram seculares, no tendo sido permitidaa fixao de ordens religiosas e seus respectivosconventos. A sociedade, fragmentada em Irmandadesreligiosas de negros, de brancos ou de pardos, foi agrande impulsionadora da arquitetura na regio e emsuas construes, antes de tudo, visava-se ostentarimportncia ou prestgio. Nesse perodo, o estiloarquitetnico caracterstico o barroco, que se traduzem formas significantes, marcadas por uma exubernciadecorativa, xtase mstico e dinamismo compositivo,porm, impregnado com caractersticas locais. As orna-mentaes tpicas desse estilo baseiam-se no empregodo ouro obtido nos garimpos, sendo manifestadas,principalmente, na arquitetura religiosa.

    As residncias urbanas, desse perodo, utilizavamrtulas e gelosias em suas janelas, que constituemum sistema de controle de ventilao de origem muul-mana. As janelas de rtulas caracterizavam-se por duasfolhas de abrir, situadas externamente ao vo, comdobradias fixadas nas ombreiras pelo lado externo,compostas de treliado de ripa de madeira, formandoum desenho xadrez no ortogonal. Esse sistema devedao, colocado sobre as janelas j existentes, tinhaa funo de uma persiana, na medida em que possibili-tava a ventilao permanente do ambiente, quandofechadas, controlando a luminosidade do local. Asjanelas mantinham, internamente, sua forma original,com duas folhas de madeira que abriam para o interiordo cmodo e, em alguns casos, folhas tipo guilhotinaem posio intermediria s folhas de madeira e rtulas(RABBAT, 1988). Dificilmente se via o uso do vidro nasesquadrias deste perodo, dada pela dificuldade detransporte e importao. Em substituio ao vidro,algumas vezes se encontrava a mica ou malacacheta,um slico-aluminata de potassa, ferro ou magnsio, noformato de lminas delgadas e translcidas ou transpa-rentes, provenientes da regio de Gois.

    A rtula possibilitava uma forma eficaz de controleda iluminao e ventilao, adequada ao clima quente,alm de resguardar o interior da habitao da visuali-zao externa. O desenho do treliado das rtulas, bemcomo sua confeco, so complexos, requerendo umatcnica construtiva muito aprimorada (Figura 5).

    As gelosias so como uma espcie de caixote,sobreposto s janelas, acima do pavimento trreo,formando estruturas que aproveitam os balces dasjanelas para sustentao. constituda por treliadode madeira, semelhante s rtulas. A metade superiordo caixote composta por folhas de abrir, fixadas em

  • 59MIOTTO, J. L. / UNOPAR Cient., Cinc. Exatas Tecnol., Londrina, v. 1, n. 1, p. 55-62, nov. 2002

    Evoluo das Esquadrias de Madeira no Brazil

    sua parte superior. Possibilita a ventilao constantedos ambientes, com pouca entrada de luz, e protege ointerior da habitao da sua visualizao (Figura 6).

    Figura 5 Janela de rtula. Fonte: Rabbat (1988).

    Figura 6 Gelosias.Fonte: Rabbat (1988).

    Uma verso simplificada das gelosias e janelas dertula so as urupemas, encontradas em habitaesrurais menos sofisticadas. As urupemas, de significadoproveniente do termo indgena uru treliado de palha,so constitudas de uma folha tipo guilhotina, de treliade palha, posicionada em uma das metades do vo,deixando a outra metade livre, bem como um escuroque abre para o interior do ambiente. Essa esquadriapossibilita maior controle da ventilao e iluminao doambiente e protege a habitao da visualizao de seuinterior (Figura 7).

    As rtulas, urupemas e gelosias, utilizadas principal-mente em Minas Gerais e Bahia, tornaram-se usuaisem So Paulo e Rio de Janeiro no sculo XVIII. Umelemento arquitetnico interessante que surgiu na arqui-tetura barroca brasileira, no somente em Minas Gerais,foi o muxarabi ou muxarabi, que consiste em um treli-ado de madeira, que geralmente protegia os balcese as janelas e servia, alm de sistema regulador daventilao dos ambientes, como recurso para resguardodos interiores (CASTELNOU NETO, 1998).

    Figura 7 Janela com urupema.Fonte: Rabbat (1988).

    + (%))

    Os primeiros anos do sculo XIX, que antecedem aIndependncia, so facilmente assimilveis ao sculoXVIII, pois no lhes corresponderam grandes modifica-es, repetindo-se os esquemas urbansticos e arquite-tnicos coloniais, de origem ibrica, com discretas modifi-caes, e mantendo-se inalteradas as condies devida econmico-social, tais como o trabalho escravo ea agricultura de exportao (REIS FILHO, 1970). Todavia,a vinda da corte portuguesa para o Rio de Janeiro torna-se um marco decisivo para a arquitetura brasileira, poisresultou em uma srie de providncias, destinadas aalterar o quadro da vida da sociedade: a abertura dosportos, a imprensa, as novas escolas, a chegadasistemtica de profissionais qualificados e, principal-mente, novos materiais e produtos industrializadosprovenientes sobretudo da Inglaterra (LEMOS, 1979).

    No incio de 1816, a vinda da Misso Cultural Francesaao Rio de Janeiro, chefiada por Lebreton, marca o comeodo movimento neoclssico brasileiro, de influnciafrancesa, que se consolida, inicialmente, na arquiteturaoficial do Rio de Janeiro. Esse estilo torna-se oficial noImprio brasileiro e incorporado nas construesresidenciais das classes mais abastadas da sociedade,tanto urbanas quanto rurais, embora no seja um movi-mento essencialmente nacional. O estilo neoclssicoortodoxo baseia-se em composies arquitetnicassimtricas e contidas, com frontispcios divididos emgrandes painis delimitados por pilastras e cimalhas,acolhendo envasaduras bem ritmadas e, todo o conjunto,coordenado visualmente pelo centro de interesse maiorque o fronto triangular (LEMOS, 1979).

    A chegada expressiva de imigrantes europeus e oCiclo do Caf abrem novas perspectivas de comrcioexterior, o que permite a importao de materiais etcnicas de construo, favorecendo um melhor nvelde acabamento nos detalhes construtivos do edifcio,entre os quais as janelas. Inicialmente, as novas tcnicasconstrutivas foram baseadas no uso racional da alvenaria,conseguindo-se vos maiores e os vazios passaram ase igualar aos cheios. Com o aumento do poder aquisitivodo povo, surgiu uma classe mdia influente, que impul-

  • 60 MIOTTO, J. L. / UNOPAR Cient., Cinc. Exatas Tecnol., Londrina, v. 1, n. 1, p. 55-62, nov. 2002

    Evoluo das Esquadrias de Madeira no Brazil

    sionou o novo governo a modernizar rapidamente oscentros urbanos e, para tanto, dever-se-ia banir comurgncia os balces de madeira, os muxarabis de trelias,as rtulas, as urupemas e os toldos das fachadas depedra (LEMOS, 1979). Havia um interesse especial daInglaterra nesse procedimento, visto que era o pas aptoa fornecer, com exclusividade, os vidros planos para asjanelas, substituindo os escuros tradicionais e as gradesde ferro fundido, no lugar dos paus recortados e dosbalastres torneados.

    As facilidades de locomoo, geradas com a infra-estrutura de transporte estabelecida para a movimen-tao de exportao do caf, principalmente as ferrovias,favorece a difuso dos materiais importados, notada-mente o vidro, material bastante difundido na Inglaterrano sculo XIX, cuja fragilidade quanto ao deslocamento,pde ser superada pelos novos meios de transporte(RABBAT, 1988). Podendo contar com este material o vidro atravs da importao, grande parte das janelasexistentes so reformadas e adaptadas novidade,possuindo alm dos escuros ou rtulas, folhas de vidrode abrir ou guilhotina. A utilizao do vidro permitiu maiorcontrole da iluminao dos ambientes (Figura 8).

    Figura 8 Janelas com folhas de vidro.Fonte: RABBAT (1988).

    Nas esquadrias, durante boa parte do sculo XIX,era comum conservar-se com vergas retilneas as portase janelas da fachada, tratando-se em arco pleno apenasa porta principal, de modo a destac-la do conjunto(REIS FILHO, 1970). A soluo mais comum, porm,era sempre em arco pleno. Muito freqente tambmera a substituio dos vidros nas bandeiras das portasprincipais, por grades de ferro forjado, com desenhos ea data da construo na parte central.

    As transformaes scio-econmicas ocorridas nasegunda metade do sculo XIX levaram a importantesmudanas no quadro arquitetnico brasileiro de atento. A supresso do trfico de escravos em 1850, ea abolio da escravatura, em 1888, culminam com asubstituio do trabalho escravo pelo remunerado e oincio da imigrao europia, favorecendo ao aperfeioa-mento das tcnicas construtivas. Por volta de 1870, noauge do Ciclo do Caf, que se iniciam transformaesefetivas nas tcnicas construtivas. Uma nova burguesia,constituda por militares, mdicos e engenheiros, comeaa se utilizar de uma arquitetura mais atualizada eelaborada que a neoclssica, tipicamente urbana e semo emprego do trabalho escravo (CASTELNOU NETO,1998). O aprimoramento dos recursos tcnicos

    relacionados aos componentes da edificao e aincorporao dos benefcios mais recentes dasociedade industrial caracterizam bem a arquitetura dasegunda metade do sculo.

    Em decorrncia da grande importao de materiais,equipamentos, costumes e mo-de-obra, surge o estiloecltico na arquitetura, que consiste na apropriao eexpresso de diversos estilos europeus, por parte dosarquitetos e engenheiros locais (RABBAT, 1988). Oecletismo propondo uma conciliao entre os estilos foi um veculo esttico eficiente para a assimilaode inovaes tecnolgicas de importncia (REIS FILHO,1970). Esse movimento traduz-se por uma maiordiversidade de tipologias residenciais e, conseqente-mente, de suas fachadas e aberturas. Os vos deabertura, nesse caso no mais vinculados ao sistemaconstrutivo da taipa de pilo, passam a ser maiores emais prximos entre si, formando fachadas diversifi-cadas. Grande parte do ecletismo brasileiro foi praticadopelas camadas mais pobres, que no podiam contratarprojetos eruditos com os arquitetos refinados.

    Neste contexto surgem as janelas venezianas,utilizadas para a iluminao e ventilao dos dormitrios,possuindo em sua parte interna folhas de vidro tipoguilhotina e, externamente, duas folhas de venezianade abrir, tipologia utilizada at os dias atuais. Autilizao das venezianas, combinadas com folhas devidro, possibilita a ventilao permanente dos ambientes,mesmo sem a entrada de luz, desempenhando funosemelhante s antigas rtulas (Figura 9).

    Figura 9 Janela com veneziana.Fonte: RABBAT (1988).

    As estruturas metlicas importadas estiveram emgrande moda no Brasil do final do sculo XIX e incio doseguinte, chegando a caracterizar um tipo de arquiteturaoficial, principalmente grandes edifcios de uso pblico,como mercados, estaes de estrada de ferro etc.(LEMOS, 1979). Nessa fase histrica inicia-se o usode caixilhos de ferro, que posteriormente seroapropriados pela arquitetura moderna. As principaistransformaes nas tcnicas construtivas dessa pocaresidem na presena do imigrante europeu comotrabalhador assalariado e na mecanizao da produode materiais de construo. A conseqncia imediata a possibilidade de arquitetos e engenheiros imitaremcom perfeio, at nos detalhes, os estilos de todas

  • 61MIOTTO, J. L. / UNOPAR Cient., Cinc. Exatas Tecnol., Londrina, v. 1, n. 1, p. 55-62, nov. 2002

    Evoluo das Esquadrias de Madeira no Brazil

    Figura 10 Janelas de madeira baseadas emtipologias originais de janelas metlicas.

    Fonte: Rabbat (1988).

    , !%#"#

    Vrios e de significativa importncia foram os estilosarquitetnicos que sucederam ao movimento modernona arquitetura brasileira. Todavia, por no fazer parte doescopo deste trabalho, eles no esto aqui sendodiscutidos, como tambm pelo fato de no resultaremem implicaes representativas na tipologia dasesquadrias de madeira analisadas.

    O nvel de diversificao das tipologias de janelas brasileiro ou internacional no muito amplo. Amadeira e seus derivados podem ser consideradosmateriais bsicos para a construo de todo tipo deesquadrias, por permitir com facilidade o emprego dosmais variados tipos de ferragens e no exigiremequipamentos sofisticados e mo-de-obra exagera-damente especializada.

    possvel dizer que existe uma estreita relao entrea tipologia da janela e as exigncias do usurio doedifcio, relaes estas que se expressam por meio derequisitos de desempenho (RABBAT, 1988). Esse fator um dos norteadores da escolha do componente janela,no mbito de um projeto.

    Em consulta realizada junto a pequenos produtoresde esquadrias de madeira do norte paranaense e agrandes produtores nacionais, nota-se que a aplicaode recursos tecnolgicos no processo produtivo e aescolha e tratamento da matria-prima empregada agrande tnica do momento. Produtos obtidos a partirda industrializao da madeira, tais como o MDF(medium density fiberboard), as chapas duras e o sarra-feado (blockboard) tm sido empregados em volumecada vez maior para esse fim, devido ao fato de ofereceminmeras vantagens em relao madeira macia,destacadamente quanto estabilidade dimensional.

    as pocas. Com o aperfeioamento da tcnica, asparedes passam a ter espessura uniforme, permitindoa produo mecanizada de portas e janelas.

    -(%))

    No se percebem transformaes significativas naarquitetura brasileira at o fim da Primeira Guerra Mundial.At ento, a sociedade brasileira revelava umcompromisso com um passado recente, fundamentadono trabalho escravo e nas tradies coloniais. O perodoentre 1900 e 1930 caracterizou-se pela contnua substi-tuio e justaposio de inmeros estilos histricosque no conseguiram se firmar, pois no se procuravaadaptar as formas do passado aos programas novos,possibilitados pelo emprego de novas tcnicas emateriais, o que j ocorria na Europa (CASTELNOUNETO, 1998). O Movimento Neocolonial, que marcaesse perodo, serve como transio entre o Ecletismohistoricista e o Racionalismo moderno. no perodoentre guerras, com o declnio do Ciclo do Caf, a crisede 1929 e com o incio do Ciclo da Industrializao,que surgem transformaes na arquitetura, notadamentecom o desenvolvimento e divulgao das tcnicas doconcreto armado. a poca do surgimento dos primeirosarranha-cus e da verticalizao do centro urbano nasreas centrais das cidades.

    A dcada de 30 no foi quantitativamente muito ricaem manifestaes de modernidade racionalista naarquitetura (LEMOS, 1979). Foi o perodo ureo da arqui-tetura art deco, que chegou a ter certa popularidade eser confundida como uma arquitetura futurista. No Brasil,essa dcada foi marcada por manifestaes isoladasdos primeiros a desejaram a implantao do modernismo.O marco inicial desse movimento seria considerado oprojeto do edifcio-sede do Ministrio da Educao eSade, em 1937, no Rio de Janeiro.

    Com o capital acumulado, atravs da exportao docaf, So Paulo se transforma, entre 1880 e 1930, nomaior centro econmico e industrial do pas. A industria-lizao reflete-se tambm na produo de esquadrias,em que as janelas de ferro passam a ocupar lugar dedestaque. Alguns anos defasados do movimentomodernista de 1922 surgem em So Paulo os arquitetosprecursores da arquitetura moderna no pas, trazendoinovaes no conceito de morar. As janelas de ferroso utilizadas com intensidade em seus projetos dearquitetura, concorrendo com as janelas de madeiraque tiveram, at ento, lugar de destaque.

    O uso generalizado do concreto, por volta da dcadade 1950, traz a possibilidade de execuo de grandesvos, inclusive para as aberturas. Surgem, com isso,os grandes panos de vidro, constitudos quase semprede janelas metlicas (RABBAT, 1988). Baseadas nadiversidade de tipologias de janelas metlicas,aparecem as janelas de madeira tipo basculante,maximo-ar e de correr, ampliando o uso da madeirapara esquadrias e possibilitando novas alternativas paraseu desempenho funcional em relao iluminao eventilao (Figura 10).

  • + %!

    A esquadria de madeira porta ou janela foicomponente indispensvel de praticamente todas asedificaes, desde as pocas mais primitivas at osdias atuais. Somente aps a Revoluo Industrial, coma obteno do ao em larga escala e a um custo acessvel, que os metais ganharam espao na sua fabricao.So elementos que permitem o acesso aos ambientes no caso das portas e tm a funo de garantirsegurana, privacidade, controle de luminosidade eentrada de ar.

    No Brasil, na medida em que a tecnologia construtivaevoluiu e novos estilos arquitetnicos foram introduzidos,percebe-se mudanas na tipologia, nas dimenses,quantidades e detalhes das esquadrias de madeira.Partiu-se da rusticidade e simplicidade de uma janelacomo o escuro, at chegar s venezianas, s janelasde correr, s basculantes ou outros tipos j descritos.Destaca-se a importncia do vidro na sua definiotipolgica. A partir do momento em que se pde dispordeste material no Brasil, com o advento das ferrovias, agrande maioria das janelas foram reformuladas parapoder receber a novidade.

    Relativamente sua durabilidade e eficincia emservio, diz-se que as janelas e portas de madeira tmum bom comportamento, desde que sejam tomadosalguns cuidados: na sua fabricao, efetuando o trata-mento qumico da madeira contra o ataque de agentesbiolgicos; na sua instalao, vedando com materialisolante as suas juntas e providenciando a execuode peitoris e pingadeiras; e, na sua manuteno, refa-zendo periodicamente as suas vedaes e protees(evitar verniz em peas localizadas externamente aoedifcio), de tal modo que a madeira seja continuamentepreservada. Com o emprego dos produtos derivados damadeira para a sua fabricao particularmente aschapas duras, os sarrafeados e as chapas de mdiadensidade (MDF), percebe-se uma melhoria em suaqualidade, especialmente pelas excelentes proprie-dades mecnicas e de estabilidade dimensional.

    Um estudo dos aspectos construtivos das esquadriasde madeira, em que se analise o seu ponto crtico emtermos de desempenho, seria um aprofundamentonecessrio e interessante ao prosseguimento destetrabalho, identificando-se as solues construtivasnecessrias para se corrigir as patologias. Tambm uma

    abordagem tipolgica poderia ser acrescentada,analisando-se as vantagens e desvantagens de cadatipo de janela.

    ./%

    BENEVENTE, V. A. Durabilidade em construesde madeira uma questo de projeto. 1995.Dissertao (Mestrado em Arquitetura) Escola deEngenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo,So Carlos.CASTELNOU NETO, A. M. N. Personagens daarquitetura brasileira. 1998. Monografia (Pesquisa emTeoria e Histria da Arquitetura) Centro de EstudosSuperiores de Londrina (CESULON), Londrina.CORONA, E.; LEMOS, C. A. C. Dicionrio daarquitetura brasileira. So Paulo: EDART, 1974.EUCATEX. Disponvel em: . Acesso em: 8 out. 2000.EUCATEX. Catlogo do fabricante. So Paulo, 1999.LEMOS, C. A. C. Arquitetura brasileira. So Paulo:Melhoramento, 1979.RABBAT, R.M. de C. Introduo ao desenvolvimentode esquadrias (janelas) de madeira de eucalipto parahabitao de interesse social. So Paulo, 1988. 90p.(Relatrio parcial de pesquisa n 1, IPT).REIS FILHO, N. G. Quadro da arquitetura no Brasil.So Paulo: Perspectiva, 1970.ROCCO LAHR, F. A. Notas de aula. So Carlos, 2000.(Apostila da disciplina de Normalizao para o projetoe a construo de estruturas de madeira, ministradano curso de Ps-Graduao, da Escola de Engenhariade So Carlos, da Universidade de So Paulo).ROCCO LAHR, F. A.; SALES, A. Notas de aula. SoCarlos, 2000. (Apostila da disciplina de MateriaisDerivados de Madeira Processos e Aplicaes,ministrada no curso de Ps-Graduao, da Escola deEngenharia de So Carlos, da Universidade de SoPaulo).VALLE, A. Utilizao de madeiras de reflorestamentona construo civil. Revista da Madeira, Curitiba, ano8, v. 43, p.20-23, 1999.