Evolução e Perfil Dos Nomeados Para Cargos de Confiança Na Administração

download Evolução e Perfil Dos Nomeados Para Cargos de Confiança Na Administração

of 9

Transcript of Evolução e Perfil Dos Nomeados Para Cargos de Confiança Na Administração

  • 7/25/2019 Evoluo e Perfil Dos Nomeados Para Cargos de Confiana Na Administrao

    1/9

    EVOLUOEPERFILDOSNOMEADOSPARACARGOSDECONFIANANAADMINISTRAOPBLICAFEDERAL(1999-2014) RESULTADOSPRELIMINARES1

    Felix Garcia Lopez2

    1 INTRODUO

    Este texto apresenta resultados preliminares de uma pesquisa sobre o perl dos ocupantes de cargosde livre nomeao da administrao pblica federal direo e assessoramento superior (DAS).Procura-se responder, com base na anlise dos dados, algumas questes recorrentes no debate pblico

    sobre o perl dos quadros nomeados, as diferenas observadas entre reas de polticas pblicas,o espao das nomeaes por patronagem e o vigor da politizao neste nvel da burocracia.

    2 DIMENSIONANDO A BUROCRACIA DE LIVRE PROVIMENTO

    Os cargos DAS se hierarquizam em seis nveis, o nvel 6 o mais relevante, poltica e administrativamente.3Pode-se considerar, tambm, que quanto mais alto o nvel do cargo, mais intenso o imbricamentoentre decises de natureza poltica e decises tcnico-administrativas. A competncia para autorizaras nomeaes relativas aos diferentes nveis variou no tempo (Lameiro, 2011), mas tem prevalecidoa regra de provimento que restringe ao Presidente da Repblica (ou chefe da Casa Civil) autorizar e inuir em escolhas para os nveis 5 e 6, que representam pouco menos de 6% dos 23 mil cargos

    de livre nomeao atualmente disponveis na administrao federal, como indica a tabela 1.4

    TABELA 1Cargos DAS, por nvel hierrquico (dezembro/2014)(Em %)

    DAS Nmero (%)

    DAS-1 7.407 31,89

    DAS-2 6.368 27,41

    DAS-3 4.424 19,04

    DAS-4 3.682 15,85

    DAS-5 1.132 4,87

    DAS-6 217 0,93

    Total 23.230 -

    Fonte: Sistema Integrado de Administrao de Recursos Humanos (Siape).Elaborao do autor.

    1. Em todas a tabelas e grficos desta nota, foram excludos do clculo do total de cargos DAS da administrao pblica federal dois rgos:a Caixa de Financiamento Imobilirio da Aeronutica e a Fundao Osrio, que tm, contudo, volume de cargos residual.

    2. Tcnico de planejamento e pesquisa na Diretoria de Estudos e Polticas do Estado, das Instituies e da Democracia (Diest) do Ipea.

    3. H, ainda, os cargos de natureza especial (NES), mas em nmero muito reduzido. Eles no foram incorporados na anlise. Da mesma forma,no discutimos as funes gratificadas, em nmero bem expressivo, mas restritas ao servio pblico de carreira.

    4. Ver a Portaria no1.056/2003 publicada pela Casa Civil, em particular o Artigo 1oe o Artigo 4odo Decreto no4.734/2003 (Brasil, 2003).

  • 7/25/2019 Evoluo e Perfil Dos Nomeados Para Cargos de Confiana Na Administrao

    2/9

    46

    BOLETIMDEANLISEPOLTICO-INSTITUCIONAL| N. 8 | JUL.-DEZ. 2015

    Portanto, o presidente da Repblica, seu crculo imediato de assessores, e lideranas partidrias queintegram a coalizo inuem sobre a escolha dos ocupantes dos cargos mais importantes, mas no sobre a

    imensa maioria dos cargos. Por isso, inapropriado sugerir ascendncia da poltica partidria sobre umuniverso de 23 mil cargos. Entre as razes para esta inuncia se concentrar nos cargos superiores esto aprpria atribuio de poder administrativo concentrada nestes cargos de mais alto nvel e a obrigao dese restringir a 25% o nmero total de cargos DAS 1, 2 e 3, e a 50%, no nvel 4, o total de servidores semvnculos com o servio pblico (Decreto no5.497/2005), o que limita a discricionariedade das escolhas.5

    TABELA 2Proporo de DAS 4 a 6 ocupados por servidores pblicos federais (dezembro/2014)

    Nvel do cargo Total ocupado Servidores federais Servidores federais (%)

    DAS 4 3.682 2.206 60

    DAS 5 1.132 645 57DAS 6 217 91 42

    Fonte: Siape.Elaborao do autor.Obs.: Os servidores federais foram definidos pelo seguinte filtro: servidores ativos permanentes, requisitados de outros rgos da administrao federal,

    servidores federais cedidos, em exerccio descentralizado de carreira e servidores em exerccio provisrio.

    A este respeito, vale ressaltar que os ocupantes de cargos DAS mais altos, de nvel 4 a 6, somajoritariamente servidores federais (na mdia, 58%). Essa uma primeira indicao de que aburocracia de carreira controla dimenses importantes da administrao federal.

    Um argumento frequentemente utilizado sugere que o crescimento do volume de cargos de

    livre nomeao responde necessidade de ampliar a poltica de distribuio clientelstica de cargosno interior do aparato estatal. O crescimento do total de cargos DAS foi de 40%, comparando-se2014 a 1999. Este crescimento foi mais expressivo nos nveis superiores, 4, 5 e 6 (Lopez, Bugarin eBugarin, 2014). A tendncia de crescimento tambm observada nos quadros da burocracia civilpermanente, cuja ampliao no mesmo perodo foi da ordem de 26%, e nas funes de conana,que foi da ordem de 75%.6Como indica o grco 1, embora a proporo dos DAS tenha passado de3,3% para 3,7% do total de servidores civis ativos do Poder Executivo federal, estes mesmos cargostiveram participao reduzida em relao ao total de cargos e funes graticadas do Executivo federal,as quais so ocupadas por servidores efetivos, obrigatoriamente. Esta ltima mudana indica que ocrescimento dessas funes, ocupadas por servidores de carreira, foi mais expressiva que o crescimentodos DAS e, em conformidade com o que mostraremos adiante tambm para os cargos DAS, segue omovimento de ampliao da ocupao das posies de nomeao discricionria por servidores efetivos.

    Em 2014, dos aproximados 23 mil cargos DAS, metade estava ocupada por servidores pertencentess carreiras dos prprios rgos, e 30% por servidores sem vnculo com o servio pblico. Outros trstipos de vnculos adotados nos critrios classicatrios do servio pblico federal referem-se a servidorespblicos no vinculados s carreiras e totalizam 20% deste universo. Adotando-se uma denio ampla,

    5. Ademais, h pouca probabilidade de se atrair para a capital federal membros das redes polticas regionais para cargos de menor expresso(se bem que 30% destes estejam situados nos diferentes estados da federao).

    6. Todos eles seguem o movimento de recomposio do nmero de servidores federais observados nos anos 2000, aps a reduo cujo augefoi observado em meados da dcada de 1990. Os clculos forma realizados com base nas sries anuais do Boletim Estatstico de PessoaldoMinistrio do Planejamento, Oramento e Gesto (MP) Brasil (2015).

  • 7/25/2019 Evoluo e Perfil Dos Nomeados Para Cargos de Confiana Na Administrao

    3/9

    47

    EVOLUOEPERFILDOSNOMEADOSPARACARGOSDECONFIANANAADMINISTRAOPBLICAFEDERAL(1999-2014) RESULTADOSPRELIMINARES

    que soma servidores pblicos de dentro e fora da carreira, temos que 7 em cada 10 nomeados federaispossuem vnculo com o servio pblico, embora uma pequena proporo seja oriunda de requisies

    feitas a rgos estaduais e municipais.

    GRFICO 1Evoluo dos cargos DAS no universo de cargos e funes de confiana e gratificaes daadministrao federal e em relao ao total de servidores civis ativos (1999-2014)(Em %)

    27,3

    23,13,3

    3,7

    3,0

    3,2

    3,4

    3,6

    3,8

    4,0

    20

    22

    24

    26

    28

    30

    1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

    Proporo de cargos DAS em relao ao total de cargos e funes gratificadas ou de confiana da administrao federal

    Proporo de cargos DAS em relao ao total de servidores civis ativos da administrao federal

    Fonte: Boletim Estatstico de Pessoal (MP, 2015).Elaborao do autor.Obs.: Considera-se nesta anlise apenas o servio pblico civil. Os militares foram excludos.

    GRFICO 2Ocupantes de cargos DAS, por situao de vnculo com o servio pblico federal (dezembro/2014)(Em %)

    50,0

    29,4

    9,3 7,53,8

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    5

    15

    25

    35

    45

    Ativo permanente Nomeado cargocomissionado

    Requisitado Exerccio descentralizadode carreira

    Requisitado deoutros rgos

    Fonte: Siapenet.Elaborao do autor.Obs.: Servidores em exerccio descentralizado de carreira so servidores pertencentes s carreiras sem uma lotao especfica em rgo federal, e cujo

    exerccio da funo , por definio, descentralizado. Nestes esto, por exemplo, os especialistas em polticas pblicas e gesto governamental(conhecidos como EPPGG), osanalistas de finanas e controlee osadvogados-gerais da Unio.

  • 7/25/2019 Evoluo e Perfil Dos Nomeados Para Cargos de Confiana Na Administrao

    4/9

    48

    BOLETIMDEANLISEPOLTICO-INSTITUCIONAL| N. 8 | JUL.-DEZ. 2015

    Ao desagregar os dados por nvel, observa-se que a proporo de nomeados externos ao serviopblico amplia-se na razo direta da hierarquia: 62% dos ocupantes de cargos DAS 1 pertencem ao

    prprio rgo, no nvel 5 e 6 a proporo cai, respectivamente, para 18% e 10%.7

    GRFICO 3Evoluo do perfil dos nomeados para cargos DAS 5 e 6, por nvel e natureza do vnculo (1999-2014)(Em %)3A Nomeados para cargos DAS 5

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    10

    30

    50

    70

    90

    1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

    Requisitados de outros rgos federais

    Requisitados de outros nveis de governo ou estatais

    Sem vnculo com o servio pblico

    Servidores federais de carreiras com exerccio descentralizado

    Servidores federais da carreira do rgo

    1 33

    33

    44 4

    5 6 56 6 7

    88

    14 15

    1718

    13 1416 16

    17 16 17 1718 18 18

    21

    4444 44

    4649

    47 45 42 38 39 3839 35 32

    32 30

    14 1111

    10 10 1014

    13 14 13 11 10 10 12 11 12

    27 26 26 24 25 2522 24 26 26 28 27 31 30 30 30

    3B Nomeados para cargos DAS 6

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    10

    30

    50

    70

    90

    1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

    Requisitados de outros rgos federais

    Requisitados de outros nveis de governo ou estatais

    Sem vnculo com o servio pblico

    Servidores federais de carreiras com exerccio descentralizado

    Servidores federais da carreira do rgo

    21 1

    1 2 2 22 2 2 2 3 1 2 2

    2

    8 6 7 9 7 7 9 911 10 9 11 10 9 11 11

    53

    5457 53

    58

    5251

    47

    47 49 4746

    42 42 42 43

    10 9 5 86

    11 12 16 15 13 11 10 18 16 15 14

    27 29 30 29 26 2826 26 25 26 31 31 29 31 30 29

    Fonte: Siapenet.Elaborao do autor.

    7. Este padro em que h menor proporo de servidores da carreira dos rgos em posies de maior poder se explica por razes polticas,econmicas e institucionais, como sugere Lopez (2015).

  • 7/25/2019 Evoluo e Perfil Dos Nomeados Para Cargos de Confiana Na Administrao

    5/9

    49

    EVOLUOEPERFILDOSNOMEADOSPARACARGOSDECONFIANANAADMINISTRAOPBLICAFEDERAL(1999-2014) RESULTADOSPRELIMINARES

    A distribuio apresenta uma mudana signicativa quando inclumos na anlise os servidoresque pertencem a outras carreiras do servio pblico federal, os requisitados de outros rgos e membros

    de carreiras com exerccio descentralizado da funo. Ao inclu-los, resulta que os servidores do Estadoso maioria entre os nomeados, mesmo nos nveis mais altos de poder.

    A mudana mais importante decorre do salto na proporo de servidores requisitados deoutros rgos (que inclui a rubrica requisitados, somente), de 5% (n=408) no nvel 1 para 43%(n=97) no nvel 6, em 2014.

    Uma tendncia relevante foi a reduo da proporo de nomeados de fora das carreiras, inclusive nosnveis superiores. No nvel 4, ela se reduziu de 42% para 31%; no nvel 5, de 44% para 30%;no nvel 6, a reduo foi de 53% para 43%. No nvel 5 os servidores do prprio rgo passaram aocupar mais espao, de 13% para 21%; no nvel 6, a principal mudana se deu entre requisitados

    de outros rgos, que ampliaram seu espao de 36% para 44% dos 211 ocupantes de cargoneste nvel, em 2014. Se o volume de nomeados externos ao servio pblico for adotado comoparmetro para mensurar a prossionalizao do servio pblico, o sentido da mudana indica queo servio pblico federal est mais prossionalizado.8

    O perl dos ocupantes dos cargos em cada pasta ou rgo infraministerial varia em funoda combinao de fatores como a estrutura administrativa, a natureza das polticas implementadas,a trajetria das mudanas institucionais e o grau de institucionalizao do ministrio. Identicar taisvariaes um passo necessrio para qualicar meios e espaos de aprimoramento da burocracia denomeao discricionria.9

    Uma forma de diferenciar reas de polticas por relevncia e graus de prossionalizao identicar o espao ocupado por cada ministrio no universo dos cargos de livre nomeao, e dosservidores de carreira no universo de cargos do respectivo rgo. A Fazenda o ministrio com maiornmero de cargos e, a exemplo dos ministrios da Justia, Sade e Previdncia Social, sugere que ovolume de cargos DAS tem relao com a capilaridade dos rgos pelo territrio, como so as agnciasdo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), da Previdncia, e os institutos de sade e hospitaisfederais, no ministrio correspondente. O Ministrio da Educao (MEC) no entra neste rol porquesua estrutura capilarizada se estrutura por meio de funes de conana das universidades,por exemplo, no cargos. A Presidncia da Repblica, por seu turno, um rgo superior peculiar pois,alm de incorporar outros rgos com status ministerial, no possui uma carreira prpria.

    A proporo de servidores da carreira dos rgos ou demais servidores federais varia de formasignicativa entre pastas. Relaes Exteriores, Fazenda, Meio Ambiente e Cincia e Tecnologia tmmais servidores de suas carreiras; Esportes, Turismo, Cidades, Pesca e Aquicultura apresentam menosde um quarto de servidores de carreira; este ltimo apresenta a cifra de 97% dos nomeados semvnculos com o servio pblico. Em geral, ministrios que apresentam perl com menor proporo deservidores federais no tm carreiras prprias e no ocupam posio central no espectro das polticas

    8. relevante ressaltar que o crescimento observado do nmero de cargos DAS seria mais expressivo caso se mantivessem constantes anatureza de muitos desses cargos que foram, ao longo do tempo, convertidos em funes de confiana ou funes gratificadas. Ao mudardestatuse passarem a ser ocupadas obrigatoriamente apenas por membros da carreira, elas sugerem um movimento de profissionalizaoque passa despercebido por anlises que se fixam apenas em cargos de direo e assessoramento superior.9. Uma anlise comparada entre Ministrio da Cincia e Tecnologia e Ministrio da Integrao Nacional foi realizada por Borges e Coelho (2015).

  • 7/25/2019 Evoluo e Perfil Dos Nomeados Para Cargos de Confiana Na Administrao

    6/9

    50

    BOLETIMDEANLISEPOLTICO-INSTITUCIONAL| N. 8 | JUL.-DEZ. 2015

    pblicas federais.10O grco 4 ordena a proporo de servidores de carreira federal ou em exercciodescentralizado, por pastas, em 2014.

    GRFICO 4Cargos DAS ocupados por servidores vinculados carreira do ministrio ou em exerccio descentralizadoem relao aos oriundos de fora do servio pblico, por ministrio (dezembro/2014)(Em %)

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    10

    30

    50

    70

    90

    MPA

    ME

    Mtur

    MD

    MDSCF

    MME

    Minc

    Mcid

    MC

    MJ

    PR

    MDA

    MIN

    MP

    MT

    MEC

    MTB

    Mapa

    MS

    Mdic

    MCTI

    MMA

    MPS

    MF

    MRE

    2,9

    19,4

    31,032,3

    39,143,346,5

    49,352,152,9

    57,558,061,0

    67,669,970,871,171,4

    75,777,8

    82,883,0

    89,690,390,8

    Fonte: Siapenet.Elaborao do autor.

    O grco 5 apresenta visualmente as diferenas entre cinco ministrios com maior e menorproporo de servidores da carreira entre os quadros DAS, bem como a evoluo temporal,que retrata caractersticas importantes que devem ser mais bem exploradas em anlises comparadassobre razes da variao de perl dos quadros nomeados. Fazenda, Previdncia, Relaes Exteriores,Cincia e Tecnologia e Meio Ambiente so pastas que apresentam alta proporo de servidores dacarreira do rgo entre seus nomeados, embora a mudana de patamar deste ltimo s se inicie em 2004.Em contraste, Esportes, Turismo, Pesca e Aquicultura, Cidades e Desenvolvimento Social apresentambaixa proporo comparada de servidores de carreira. Dois fatores parecem importantes para estesltimos: so ministrios jovens, em processo de institucionalizao, sem carreiras prprias e/ou se

    situam fora do ncleo duro de polticas pblicas com maior tempo de existncia.

    A associao positiva entre o volume de servidores de carreira e a proporo de ocupantesde DAS dessas mesmas carreiras indica que a deciso do poltico em nomear servidores de fora dacarreira tambm constrangida pela oferta de quadros internos qualicados. Portanto, razovelesperar que a ampliao do nmero de servidores de carreira amplie o espao ocupadopor estes e a prossionalizao dos quadros DAS. O grco 6 apresenta a correlao entre ovolume de servidores de carreira nos rgos e a proporo de cargos DAS 4 a 6 ocupados poresses mesmos servidores, considerando que a obrigao de nomear pessoas vinculadas ao serviopblico inexiste (nos casos dos nveis 5 e 6) ou est limitado ao mnimo de 50% (DAS 4).

    10. No analisaremos o ministrio da Defesa por termos excludo a categoria requisitado militar do universo da anlise e, portanto,corrermos risco de produzir vis.

  • 7/25/2019 Evoluo e Perfil Dos Nomeados Para Cargos de Confiana Na Administrao

    7/9

    51

    EVOLUOEPERFILDOSNOMEADOSPARACARGOSDECONFIANANAADMINISTRAOPBLICAFEDERAL(1999-2014) RESULTADOSPRELIMINARES

    Os resultados sugerem que a prossionalizao dos quadros da burocracia de nomeao discricionriaamplia-se quando os rgos detm carreiras consolidadas.

    GRFICO 5Servidores vinculados carreira da pasta considerando a proporo entre estes e nomeados semvnculos com o servio pblico, em pastas selecionadas (1999-2014)(Em %)

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    10

    30

    50

    70

    90

    1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

    Mcid MCTI MDSCF ME MF MMA MPA MPS MRE Mtur

    Fonte: Siapenet.Elaborao do autor.

    GRFICO 6Proporo de servidores da carreira dos rgos federais superiores ocupando DAS 4, 5 e 6, em funodo nmero total de servidores de carreira do respectivo rgo (2014)(Em %)

    0,0

    0,2

    0,4

    0,6

    0,1

    0,3

    0,5

    4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

    Ativospermanentesvinculad

    osaorgos

    emrelaoaototaldeD

    AS4a6

    Logdo total dos servidores de carreira dos rgos superiores

    R2= 0,45222

    Mapa

    MCMcid

    MCTI

    MDA

    Mdic

    MDSCF

    ME

    MEC

    MF

    MIN

    Minc MJ

    MMA

    MME

    MP

    MPA

    MPS

    MSMTMTB

    Mtur

    PR

    Fonte: Siapenet.Elaborao do autor.Obs.: Foram excludos os ministrios da Defesa e das Relaes Exteriores por possurem rubricas prprias de classificao no sistema Siape, o que

    levaria a distores.

  • 7/25/2019 Evoluo e Perfil Dos Nomeados Para Cargos de Confiana Na Administrao

    8/9

    52

    BOLETIMDEANLISEPOLTICO-INSTITUCIONAL| N. 8 | JUL.-DEZ. 2015

    3 CONCLUSES

    Os dados e as evidncias resumidamente apresentados neste texto sugerem crescente prossionalizao

    dos quadros que ocupam cargos de conana na administrao federal, se tomarmos comomtrica o aumento do nmero de servidores nomeados que tm vnculos com carreiras federais.Informaes complementares poderiam tornar mais segura a evidncia de maior prossionalizao como o caso dos nveis de escolaridade dos nomeados , mas no h dados sistemticos econveis disponveis. Contudo, ao considerar que servidores de carreira so aprovados em seleescompetitivas, razovel considerar esta mtrica como uma evidncia segura de prossionalizao,embora indireta.

    Tambm foi apontado que o perl dos ocupantes dos cargos varia de forma signicativa entrergos e reas de polticas pblicas quando se analisa a natureza do vnculo do nomeado. Em reasmenos institucionalizadas e com carreiras menos estruturadas ou sem carreiras prprias, o espaoocupado por nomeados sem vnculos com o servio pblico maior, indicando haver relao entrea ampliao dos quadros de carreira dos rgos e estruturao de novas carreiras e o movimentode maior prossionalizao. A prossionalizao no , portanto, apenas uma escolha do poltico,mas sim constrangida pelo contexto institucional da escolha.

    Parece-nos ser indevido apontar um crescimento das nomeaes de patronagem, do siologismoou do uso dos cargos como moeda de troca no nvel federal, embora saibamos que esses motivosso relevantes para compreender os arranjos polticos aos quais o processo de formao da burocraciapoltica d resposta. Sobrevalorizar esta dimenso do processo de nomeaes ofusca aspectos igualmenteimportantes do debate sobre os meios de qualicar os quadros da burocracia de nomeao discricionria.

    Entre esses aspectos esto os efeitos nocivos da alta rotatividade dos quadros sobre a capacidade deplanejamento e implementao das polticas setoriais. Esta rotatividade, fustigada pelo multipartidarismodas coalizes de governo e frequentes reformas ministeriais, poderia ser atenuada por alteraes queconvertam cargos cujas atribuies so exclusivamente administrativas em funes destinadas aosmembros experimentados nessas funes, no interior de cada rgo federal (ou por carreiras transversais).Esta mudana ensejaria a oportunidade de denir com maior clareza o espao da poltica no interior dessesetor da burocracia, denio, hoje, turva. Tal movimento j foi trilhado por algumas agncias estatais,como o caso do INSS e do Tesouro Nacional.

    Converter cargos em funes para nomeados do interior dos rgos que teria como subproduto

    reduzir o problema do excesso de cargos, agora convertidos em funes com sistemas internos quedenam parmetros razoveis de seleo, premiando o desempenho, criaria incentivo adicional paraque servidores ampliassem sua qualicao e formao. Hoje, a regra cria escolhas que so percebidascomo aleatrias e nem sempre razoveis, se olhada do ponto de vista da racionalidade do processode seleo dos nomeados. Reduzir esta incerteza premiando desempenho e mrito tambm umestmulo qualicao no interior dos quadros de carreira do servio pblico.

    Adicionalmente, a implementao de sistemas efetivos de vericao do desempenho dosservidores em suas funes ou cargos seria de extrema relevncia, a exemplo da raramente implantadaestrutura piramidal de progresso.

  • 7/25/2019 Evoluo e Perfil Dos Nomeados Para Cargos de Confiana Na Administrao

    9/9

    53

    EVOLUOEPERFILDOSNOMEADOSPARACARGOSDECONFIANANAADMINISTRAOPBLICAFEDERAL(1999-2014) RESULTADOSPRELIMINARES

    A agenda de reformas visando qualicar as regras e os critrios de denio dos quadros daburocracia de mdio e alto escalo mostram que reduzir o universo do debate e apontar possveis

    efeitos deletrios da politizao ou riscos de aparelhamento partidrio do Estado deixam de ladodimenses que so to ou mais relevantes que estas para levar adiante uma reforma modernizadorada burocracia pblica federal.

    REFERNCIAS

    BRASIL. Portaria no1.056, de 11 de junho de 2003. Subdelega competncia para a prtica de atos deprovimento no mbito da administrao pblica federal, e d outras providncias. Dirio Ocial

    da Unio, Braslia, 2003.

    ______. Decreto no5.495, de 21 de julho de 2005. Dispe sobre o provimento de cargos em comissodo Grupo-Direo e Assessoramento Superiores (DAS), nveis 1 a 4, por servidores de carreira,no mbito da administrao pblica federal. Dirio Ocial da Unio, Braslia, 2005.

    ______. Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto. Boletim Estatstico de Pessoal e InformaesOrganizacionais. Braslia: MP, 2015. Disponvel em: . Acesso em: 8 dez. 2015.

    BORGES, A.; COELHO, D. O preenchimento de cargos da burocracia pblica federal nopresidencialismo de coalizo brasileiro. In: LOPEZ, F. (Org.) Cargos de conana no presidencialismode coalizo brasileiro. Braslia: Ipea, 2015.

    LAMEIRO, C. A ordenao dos cargos de direo e assessoramento superiores (DAS) como estratgiapara o fortalecimento institucional do presidente da Repblica. In: CARDOSO JR., J.; PIRES, R.Gesto pblica e desenvolvimento: desaos e perspectivas, v. 6, p. 175-195, Braslia, 2011.

    LOPEZ, F. (Org.) Cargos de conana no presidencialismo de coalizo brasileiro. Braslia: Ipea, 2015.

    LOPEZ, F.; BUGARIN, M.; BUGARIN, K. Rotatividade dos cargos de conana na administraofederal brasileira (1999-2013). Revista do Servio Pblico, v. 65, n. 4, p. 439-461, out./dez. 2014.