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XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1 EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO URUPÁ, RONDÔNIA AMAZÔNIA OCIDENTAL Marcos Leandro Alves Nunes 1 *; Vinicius Alexandre Sikora de Souza 2 ; Margarida Marchetto 3 ; Ana Lúcia Denardin da Rosa 4 ; Sandra Ferronato Francenner 5 Resumo Este estudo pretende observar o índice de qualidade (IQA) em dez semanas de monitoramento, nos períodos chuvoso e seco na bacia do rio Urupá localizada em Rondônia, Amazônia Ocidental. No cálculo do IQA foram utilizados nove parâmetros (pH, temperatura, turbidez, OD, DBO, sólidos totais, nitrato, fosfato e Escherichia coli). Para a estação chuvosa, o IQA apresentou valores que exprimem qualidade média da água, valores estes em torno de 62. Enquanto, na estação seca seu valor médio de 79,83 denota qualidade boa da água. O aumento do índice de uma estação para outra foi de 28,76%, e o fim do deflúvio superficial parece ser o principalmente fator responsável pela melhora das características da água. Assim, tais valores sugerem a influência preponderante da sazonalidade na qualidade da água do manancial superficial e as melhorias na qualidade da água devem-se à diminuição das bactérias fecais e turbidez. Palavras-Chave Recursos hídricos, poluição, qualidade de água. EVOLUTION OF THE WATER QUALITY INDEX IN URUPA RIVER, RONDONIA - WESTERN AMAZON Abstract Thus, the purpose of this study was to assess water quality, measured for in ten week between rainy and dry seasons, in the Urupa basin, Rondonia, Western Amazon. A Water Quality Index (WQI) was calculated from nine parameters (pH, temperature, turbidity, DO, BOD, total solids, nitrate, phosphate and Escherichia coli). Seasonal averages IQA values were calculated for the rainy and dry seasons. Average IQA values ranged from 62 in the rainy season to 79,83 in dry season suggesting low water quality in the first one and good index for the last. Is shown that fecal bacteria and turbidibity pose a predominant influence over water quality seasonality. Keywords – Water resources, pollution, water quality. INTRODUÇÃO Em decorrência da ampla variação no tempo e no espaço dos parâmetros físicos, químicos e biológicos que caracterizam a qualidade das águas superficiais há a necessidade de um programa de monitoramento sistemático que inclui coletas frequentes em pontos de amostragem pré- determinados e análises de um grande número de parâmetros em laboratório que resultam em uma matriz de grandes dimensões e complexa interpretação para obter a real estimativa dessa variação. Contudo, conhecer e expressar a qualidade da água nem sempre é uma atividade fácil e exequível, 1 Mestrando em Engenharia Civil pela UFRJ e Engenheiro Ambiental pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR, [email protected]. 2 Mestrando em Engenharia Civil Pela UFRJ, Pós Graduando em Engenharia e Segurança do trabalho pela FASA e Engenheiro Ambiental pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR. 3 Professora Adjunta da Universidade Federal de Mato Grosso, Pós-doutorado pela Universidade de São Paulo. 4 Professora da Universidade Federal de Rondônia, mestre pela Universidade Federal de Santa Maria. 4 Engenheira Ambiental pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR.

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XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1

EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO URUPÁ, RONDÔNIA – AMAZÔNIA OCIDENTAL

Marcos Leandro Alves Nunes 1*; Vinicius Alexandre Sikora de Souza2; Margarida Marchetto3; Ana

Lúcia Denardin da Rosa 4; Sandra Ferronato Francenner5

Resumo – Este estudo pretende observar o índice de qualidade (IQA) em dez semanas de monitoramento, nos períodos chuvoso e seco na bacia do rio Urupá localizada em Rondônia, Amazônia Ocidental. No cálculo do IQA foram utilizados nove parâmetros (pH, temperatura, turbidez, OD, DBO, sólidos totais, nitrato, fosfato e Escherichia coli). Para a estação chuvosa, o IQA apresentou valores que exprimem qualidade média da água, valores estes em torno de 62. Enquanto, na estação seca seu valor médio de 79,83 denota qualidade boa da água. O aumento do índice de uma estação para outra foi de 28,76%, e o fim do deflúvio superficial parece ser o principalmente fator responsável pela melhora das características da água. Assim, tais valores sugerem a influência preponderante da sazonalidade na qualidade da água do manancial superficial e as melhorias na qualidade da água devem-se à diminuição das bactérias fecais e turbidez. Palavras-Chave – Recursos hídricos, poluição, qualidade de água.

EVOLUTION OF THE WATER QUALITY INDEX IN URUPA RIVER, RONDONIA - WESTERN AMAZON

Abstract – Thus, the purpose of this study was to assess water quality, measured for in ten week between rainy and dry seasons, in the Urupa basin, Rondonia, Western Amazon. A Water Quality Index (WQI) was calculated from nine parameters (pH, temperature, turbidity, DO, BOD, total solids, nitrate, phosphate and Escherichia coli). Seasonal averages IQA values were calculated for the rainy and dry seasons. Average IQA values ranged from 62 in the rainy season to 79,83 in dry season suggesting low water quality in the first one and good index for the last. Is shown that fecal bacteria and turbidibity pose a predominant influence over water quality seasonality. Keywords – Water resources, pollution, water quality. INTRODUÇÃO

Em decorrência da ampla variação no tempo e no espaço dos parâmetros físicos, químicos e biológicos que caracterizam a qualidade das águas superficiais há a necessidade de um programa de monitoramento sistemático que inclui coletas frequentes em pontos de amostragem pré-determinados e análises de um grande número de parâmetros em laboratório que resultam em uma matriz de grandes dimensões e complexa interpretação para obter a real estimativa dessa variação. Contudo, conhecer e expressar a qualidade da água nem sempre é uma atividade fácil e exequível,

1Mestrando em Engenharia Civil pela UFRJ e Engenheiro Ambiental pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR, [email protected]. 2 Mestrando em Engenharia Civil Pela UFRJ, Pós Graduando em Engenharia e Segurança do trabalho pela FASA e Engenheiro Ambiental pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR. 3Professora Adjunta da Universidade Federal de Mato Grosso, Pós-doutorado pela Universidade de São Paulo. 4Professora da Universidade Federal de Rondônia, mestre pela Universidade Federal de Santa Maria. 4Engenheira Ambiental pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR.

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uma vez que a qualidade dos recursos hídricos envolve um número expressivo de parâmetros, muitas vezes, de difícil interpretação.

A utilização de algumas características da água, reunidas em índices de qualidade da água (IQA), objetiva exprimir a sua condição. É uma ferramenta simples e importante para analisar a evolução de sua qualidade ao longo do tempo em programas de monitoramento, prática de extrema importância.

O índice de qualidade da água (IQA) é composto por um conjunto de nove parâmetros considerados relevantes para a caracterização da qualidade das águas (SHINMA, 2004), no qual foi atribuído um peso para cada parâmetro, de acordo com a sua importância relativa ao cálculo do IQA (MACÊDO, 2005). Este índice foi desenvolvido em 1970 pela National Sanitation Foundation (NSF) a partir de um estudo desenvolvido nos Estados Unidos e baseado numa pesquisa de opinião junto a especialistas em qualidade de água. Segundo Ribeiro et al. (1999) o índice de qualidade da água é uma forma de apresentar o grande número de dados existentes, em um único número, possibilitando assim, a pronta interpretação e reconhecimento das tendências da qualidade da água, ao longo do tempo e do espaço. Realmente a apresentação dos noves parâmetros, em forma de tabela, torna a interpretação de cada um enfadonho para o público leigo. Assim, formas alternativas, como a proposta pela NSF, permitem que informações antes restritas aos profissionais da área de saneamento sejam lidas e entendidas facilmente por um amplo público. Sendo assim, este estudo objetivou obter um diagnóstico da qualidade da água bruta afluente à estação de tratamento de Ji-Paraná utilizando o índice de qualidade da água.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo A estação de tratamento de água Urupá (ETA Urupá) é responsável pelo abastecimento de

água da área urbana do município de Ji-Paraná/ RO, localizado na região centro-leste do estado e sua sede está locada nas coordenadas geográficas 10º56’41” S de latitude e 61º57’27” W de longitude e dista 373Km de Porto Velho, a capital do estado (Figura 1).

Figura 1 – Localização da Estação de Tratamento de Água de Ji-Paraná (ETA – Urupá).

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Esta estação é dotada de um único ponto de captação de água, próximo ao exutório da bacia do rio Urupá, e a tomada de água dista 300m, em linha reta, da ETA. A bacia do rio Urupá é mostrada na Figura 2.

Figura 2 – Bacia do rio Urupá.

Na Figura 3 são apresentados os principais usos do solo na bacia do rio Urupá. Ao analisá-la

depreende-se que o curso d’água principal, e demais tributários, drenam setores relativamente preservados e outros altamente antropizados. A parte mais preservada da bacia encontra-se na região de sua nascente, sendo ocupada essencialmente por floresta, enquanto, a mais degradada, nas proximidades de seu exutório constitui-se, fundamentalmente, por pastagem.

Figura 3- Mapa de uso e ocupação do solo da bacia do rio Urupá.

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Coleta de Amostras e Avaliação da qualidade da água bruta afluente

As amostras foram coletadas conforme a metodologia proposta no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 1995) em dez campanhas. As cinco primeiras ocorreram de 21/02/2011 a 21/03/2011, no primeiro dia útil de cada semana. A segunda metade aconteceu de 29/06/2011 a 27/07/2011.

As variáveis analisadas foram: Escherichia coli, pH, temperatura, nitrato, fósforo total, sólidos totais, turbidez e Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO). Na Tabela1 explicita-se a técnica utilizada para sua determinação.

Tabela 1 – Metodologias utilizadas na determinação das várias de qualidade da água

Variáveis Técnica

Microbiológicas Membrana filtrantes em meio cromogênico

pH Medidor multiparâmetros portátil

Temperatura Medidor multiparâmetros portátil

Oxigênio Dissolvido (OD) Titulometria

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) Titulometria

Nitrato Espectrofotometria de absorção ultravioleta

Fósforo Total Espectrofotometria de absorção ultravioleta

Sólidos Totais Gravimetria

Turbidez Espectrofotometria

Cálculo do Índice de Qualidade da Água – IQA

Inicialmente, calculou-se o valor dos nove sub-índices, conforme as equações ajustadas para as curvas de variação da qualidade da água apresentadas pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental - CETESB (2004). Posteriormente, o índice de qualidade da água foi calculado pelo produtório ponderado das características da água associado a cada um dos noves parâmetros conforme a fórmula 1.

IQA �����

�� �1�

Onde: IQA – índice de qualidade da água, um número de 0 a 100; �� = qualidade do parâmetro i obtido através da curva média específica de qualidade; wi = peso atribuído ao parâmetro, em função de sua importância na qualidade, entre 0 e 1.

Segundo o valor do IQA, a água pode ser classificada entre a categoria excelente e muito ruim (ver Tabela 2).

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Tabela 2 - Classificação do IQA Ponderação Categoria

90 < IQA ≤≤≤≤ 100 Excelente

70 < IQA ≤≤≤≤ 90 Bom

50 < IQA ≤≤≤≤ 70 Médio

25 < IQA ≤≤≤≤ 50 Ruim

0,0 = IQA ≤≤≤≤ 25 Muito ruim

FONTE: Adaptado de MACÊDO (2005); CETESB (2004).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O índice de qualidade da água variou entre 60,90 a 63,55, com média para a estação chuvosa de 62,00 (FIGURA 4A). Para este período, a água apresentou qualidade média, pois os valores estão inseridos nesta categoria conforme se nota na Tabela 2. No período seco, o índice oscilou entre 74,18 a 87,78, com média de 79,83, assim como se observa na Figura 4B, apresentando um IQA bom.

A B

Figura 4 - Variação do Índice de qualidade da água (A – Estação chuvosa, B – Estação seca).

No período chuvoso, as semanas 2 e 3 apresentaram o melhor IQA. Não há uma relação

clara entre o seu valor e os volumes precipitados, como se nota na Figura 4A. No ponto estudado, nas semanas com menores volumes precipitados ocorre tanto um decréscimo nos valores de IQA (5ª semana) quanto melhora no índice (3ª semana). Em estudo desenvolvido na microbacia do córrego Bomba, Molina et al. (2006) observaram que o aumento dos valores de IQA nos pontos monitorados coincidiu com os períodos mais chuvosos, sendo atribuído ao provável efeito de diluição, ocorrido em função do aumento da vazão veiculada no córrego e a consequente redução das concentrações dos contaminantes, dentro os quais, os indicadores microbiológicos. No entanto,

Semanas monitoradas

0 1 2 3 4 5 6

Pre

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taçã

o (m

m)

0

50

100

150

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250

IQA

60

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65

Precipitação IQA

Semanas monitoradas

0 1 2 3 4 5 6

IQA

70

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85

90

Pre

cipi

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o (m

m)

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0,2

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0,6

0,8

IQA

Precipitação

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Sales et al. (2007) explica o oposto, conforme estudo desenvolvido na Bacia do rio das Mortes, onde os mesmos atribuíram a depreciação do IQA ao escoamento superficial, responsável em carrear para o corpo hídrico matéria biodegradável.

O rio Urupá apresenta melhor qualidade de suas águas no período seco, segundo valores do IQA. Os resultados demonstraram que da estação chuvosa para a seca este índice aumentou 28,76%. Todavia, neste último período, há maior variabilidade do seu valor. Essa tendência torna-se nítida ao observar os coeficientes de variação das épocas chuvosa e seca, 2,06 e 7,5%, respectivamente, e exprimem a porcentagem de oscilação semanal do IQA em relação à média de cada período estudado. Esse efeito no período seco deve-se principalmente pela melhora da primeira para a última coleta das variáveis Escherichia coli e turbidez. Shinma (2004) obteve resultados parecidos a este estudo, e a concentração de coliformes fecais foram os responsáveis pelo IQA ter sido classificado como bom e não como ótimo. Essa variável influi decisivamente nos resultados não por apresentar os maiores valores, mas sim por possuir o segundo maior peso no cálculo do IQA.

Embora, não se verifique a influência da precipitação nos valores de IQA na estação chuvosa, o mesmo não acontece ao se comparar os valores do IQA entre as estações estudadas, comportamento mostrado na Figura 5. Ao analisar os dados apresentados na Figura 5 depreende-se que a ausência de chuvas favorece a melhora na qualidade da água, pois com o fim do escoamento superficial na bacia, minimiza-se a influência da poluição difusa. Sobre o efeito da sazonalidade das chuvas no IQA, Ferreira e Idê (2001) observaram tendência de degradação da qualidade da água com o início das chuvas, uma vez que o aumento das torrentes sobre a bacia foi responsável pela ampliação da poluição difusa.

Figura 5 – Variação temporal nos valores do IQA.

Entre as principais variáveis responsáveis pela perda da qualidade da água, no período

chuvoso, os autores enfatizam os coliformes fecais, sólidos totais e turbidez. O mesmo comportamento foi verificado nesse estudo e, assim como, no estudo citado, os maiores valores de turbidez e do indicativo microbiológico de contaminação provocaram uma depreciação nas características da água. Já na estação seca, a elevação dos valores de IQA atribui-se a diminuição das concentrações de E. coli e turbidez, parâmetros que possuem uma relação inversamente proporcional ao IQA.

O tempo de concentração (tc) da bacia é uma variável que ajuda a entender os valores de IQA em cada semana, uma vez que este exprime o tempo necessário para que toda a chuva efetiva

Semanas monitoradas

0 1 2 3 4 5 6

IQA

60

65

70

75

80

85

90

Estação chuvosaEstação seca

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precipitada passe pelo exutório. Para a bacia do rio Urupá, esta variável foi estimada pelo método de Ventura, o qual apontou um tc de aproximadamente 6 dias. Ao analisar a Figura 6 percebe-se que os dias precedentes as coletas que apresentaram precipitações pouco significativas tiveram melhor IQA, como a 2ª e 3ª semana. Porém, os piores índices ocorreram na 4ª e 5ª semana, onde se notaram volumes de chuva significantes nos dias anteriores as coletas.

Figura 6 – Precipitação média na bacia do rio Urupá.

CONCLUSÃO O IQA apresentou um valor médio de 62,00 na estação chuvosa e 79,83 no período seco,

evidenciando que a qualidade da água do Rio Urupá é melhor na estação seca, de acordo com o índice de qualidade da água. Entre os fatores determinantes para a melhora na qualidade da água, o fim do deflúvio superficial foi preponderante, pois transporta para o rio materiais com características poluentes. Assim, a diminuição da poluição difusa oriunda do escoamento superficial favoreceu a melhora na qualidade da água, refletindo-se no IQA. Verificou que mesmo no período chuvoso, onde se observou piores valores de IQA, os volumes precipitados e, consequentemente, as enxurradas determinam a melhora ou piora do IQA. Em semanas como menores volumes precipitados como as 2ª e 3ª ocorre uma melhora no IQA. Já em semanas com maiores índices pluviométricos há uma piora do IQA, conforme se verifica nas semanas 4 e 5.

Quanto à evolução da qualidade da água, no período chuvoso esta se manteve constante, ou seja, qualidade média. Parâmetros como a turbidez e bacteriológico representado pela E. coli foram os responsáveis pela água ter sido classificada como média e não com um IQA melhor na estação chuvosa. Todavia, os mesmo parâmetros foram os responsáveis pela melhora do índice de qualidade da água na estação seca, estando na categoria bom. Desta forma, no estudo da variação temporal, o IQA apresentou variações sazonais relevantes. REFERÊNCIAS APHA (American Public Health Association) (1995). Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. Washington.

Dias Juliano

44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

0

10

20

30

40

50

60

Dias de coleta: 52, 59, 66, 73, 80.

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