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EVOLUÇÃO GEOHISTÓRICA DO LITORAL PORTUGUÊS E FENÓMENOS CORRELATIVOS

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EVOLUÇÃO GEOHISTÓRICA DO LITORAL PORTUGUÊS E FENÓMENOS CORRELATIVOS

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A'thistória da evolução do litoral português nos últimos vinte milénios

J. M. ALVEIRINHO DIAS(I)

1 - Faculdade de Ciências do Mar e do Ambiente. Universidade do Algarve. [email protected].

Resumo

A evolução do nível médio do mar e da linha de costa desde o último máximo glaciário até à actualidade, em Portugal, é ainda mal conhecida nos aspectos de pormenor. Aliás, o mesmo se verifica na generalidade das zonas costeiras mundiais. Porém, nos aspectos mais substantivos, bem como nos traços gerais, sabe-se já como se processou essa evolução e quais foram os principais mecanismos forçadores. Neste artigo apresenta-se, sob forma de história, uma . pequena análise sintética desses conhecimentos.

Abstract

Mean sea leveI and coastline evolution since the Last Glacial Maximum, in Portugal, is not well known in the different details . The sarne is true for the generality of the world coastal zones. However, the main features and the general picture of that evolution are already known. The main forcing mechanisms are quite well established. This paper presents a short criticaI synthesis of that knowledge under the form of a story.

1. Introdução

Os litorais são sistemas altamente complexos. Sendo definidos como interface múltipla entre a geosfera, a hidrosfera, a atmosfera e a biosfera, a complexidade aludida é reforçada pelos variados subsistemas das esferas referidas que se interceptam na zona costeira. São disso exemplo as inter­-influências entre o trânsito litoral de sedimentos, o fornecimento sedimentar

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proveniente das bacias hidrográficas, a granulometria e compOSlçao das partículas sedimentares, as relações de dependência sedimentar com a plataforma continental, a intensidade e direcção do transporte eólico, os condicionamentos impostos por afloramentos rochosos costeiros e o tipo de litologias e estruturas que os caracterizam ou, ainda, as taxas de subsidência ou emergência locais e regionais. Só em si, a componente da geosfera envolvida nos sistemas costeiros é caracterizada por múltiplos factores de geodinâmica interna e externa. Existem complexidades análogas quando se analisam as componentes relacionadas com a hidrosfera, com a atmosfera e com a biosfera, sendo que, normalmente, cada um dos factores destas influencia e é influenciado pela generalidade dos outros factores das outras esferas. Não é, assim, de estranhar que as zonas costeiras constituam as zonas mais dinâmicas à superfície da Terra. Devido à intensidade desse dinamismo não é fácil, normalmente, deduzir, com pormenor, a forma como os ambientes costeiros evoluíram nos últimos milhares de anos.

Neste contexto, é importante desmistificar e redefinir o que se entende por "equilíbrio do litoral". É vulgar falar-se no equilíbrio dinâmico de determinados trechos costeiros. Como a maior parte dos forçamentos que determinam as características do litoral apresentam elevada variabilidade a diferentes escalas temporais e espaciais, são muito raros os casos em que se consegue, efectivamente, atingir um equilíbrio dinâmico. Com efeito, o nível marinho está sempre a variar (devido às marés, a influências meteorológicas, à variabilidade da agitação marinha, à actuação de ondas infra-gravíticas, à elevação secular do nível médio do mar, etc.), tal como varia o abastecimento sedimentar, condicionado, por exemplo, pelas características do coberto vegetal das bacias hidrográficas, pelas diferentes litologias aflorantes, pelos caudais fluviais., pela actuação da maré, pela heterogeneidade da agitação marinha e pela variabilidade da intensidade e direcção do vento. Uma das principais características do litoral é a variabilidade da intensidade dos múltiplos forçamentos a que está sujeito. Consequentemente, as zonas costeiras estão sempre a tender para o equilíbrio dinâmico sem nunca (com raríssimas excepções) o atingirem.

2. Os protagonistas da história: o nível do mar e a linha de costa

Perante as complexidades aludidas, compreende-se bem a difi~uldade em estabelecer, com rigor, principalmente nos litorais oceânicos, o que é a "linha de costa" e o que é o "nível do mar". Estas expressões, extremamente utilizadas, correspondem a conceitos teóricos muito importantes, mas cuja determinação, na prática, é bastante difícil. Basta, a este propósito, referir que o nível médio do mar apenas pode ser determinado a posteriori correspondendo, como o nome indica, à média dos valores d~ nível do mar

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, registados durante determinado período. Considerando ciclos anuais, em Portugal, e tendo como base os registos maregráficos (onde a actuação da onda já está, em grande parte, filtrada), a dispersão de valores chega a ~ultrapassar os 4 metros. Tal significa que, principalmente nos litorais oceânicos, as yliEhas de costa instantâneas podem variar, ao longo do ano, até dezenas de metros e, em casos extremos, ultrapassar a centena de metros.

Foram, aliás, estas dificuldades que estiveram na base na definição de níveis médios do mar teóricos, como é o datum normalmente utilizado nas cartas topográficas e que, em geral, corresponde ao nível médio do mar determinado num período de vários anos, no passado recente, e que, sabe-se, não corresponde ao actual nível médio do mar. Em Portugal, o datum normalmente utilizado nas cartas topográficas foi estabelecido no final do século XIX, encontrando-se o actual nível médio do mar uns 20 centímetros acima do nível então determinado. Como, frequentemente, a linha de costa representada nas cartas topográficas corresponde aos zero metros, tal significa que essa linha de costa, muitas vezes, está bastante afastada da actual linha de costa (definida como a linha média de contacto entre o mar e a terra).

Os problemas referenciados são apenas exemplificativos das indeterminações que fazem parte do quotidiano dos investigadores modernos que trabalham neste domínio científico. Com tecnologias bastante avançadas e instrumentações sofisticadas (em que se incluem, entre muitas outras, a micro-electrónica e as tecnologias satelitárias) o investigador da actualidade tem consciência de que "nível médio do mar" e "linha de costa" correspondem, apenas, a conceitos teóricos e que as expressões geomorfológicas, sedimentológicas, geoquímicas, microbiológicas (e muitas outras) apresentam grandes dispersões relativamente ao nível e à linha acima mencionados.

Se tal se verifica na actualidade, na Era da Ciência Instrumental, é evidente que a precisão dos dados relativos ao passado, restringidos a indicadores indirectos, muitas vezes questionáveis, e frequentemente adulterados pela evolução ambiental posterior, é muitíssimo menor. É importante relevar este facto porquanto, por vezes, estes temas científicos são abordados na literatura científica de forma mais ou menos leviana, não tendo em atenção as imprecisões intrínsecas aos métodos utilizados e tentando-se, com frequência, níyeis de precisão absolutamente incompatíveis com a qualidade dos dados existentes.

Aliás, analisando a extensa bibliografia internacional existente sobre a evolução dos ambientes costeiros desde o último máximo glaciário, é relativamente vulgar encontrar exemplos de alguma negação nas principais bases da Ciência. Efectivamente, é frequente: a) a eXtrapolação de conclusões obtidas num local singular para vastas regiões não tipificadas por esse local; b) a aplicação de modelos evolutivos desenvolvidos para determinadas zonas a outras com características completamente distintas; e c) a utilização de hipóteses construídas para uma região como sendo factos comprovados, aplicáveis a regiões distintas.

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Neste domínio científico, bem como na generalidade da Ciência, há que ter sempre presente que: os dados utilizáveis têm natureza fragmentária; os modelos construídos constituem, apenas, aproximações mais ou menos grosseiras à realidade factual; a replicação é básica em Ciência e, consequentemente, qualquer conclusão, para ser cientificamente fiável, carece de confirmação por investigadores independentes.

Acresce que, ao trabalhar-se no Passado (remoto ou recente), o investigador não tem a possibilidade de proceder à replicação experimental, tal como se faz, por exemplo, em Física ou em Química. Assim, a actividade do investigador está limitada ao domínio das hipóteses, que podem ser mais ou menos consubstanciadas com novos dados, mas que nunca podem ser confirmadas factualmente. Por exemplo, sabe-se que, em grande parte do globo terrestre, há 18 000 anos, o nível médio do mar se localizava a mais de

. 100 metros abaixo do nível actual. Todavia, não há, obviamente, registos instrumentais de tal acontecimento, nem tão pouco observações científicas coevas sobre o assunto, nem é possível efectuar a duplicação dessa ocorrência. Consequentemente, trata-se, apenas, de uma hipótese, não obstante existirem muitos milhares de dados convergentes que nos levam a acreditar que tal é uma "certeza". Porém, é fundamental que se tenha sempre presente que essa "certeza" mais não é do que uma hipótese e que continuará sempre a ser uma hipótese.

Se, no caso antes referido, existem centenas de milhares de dados que consubstanciam a hipótese e que viabilizam o desenvolvimento de modelos que acreditamos serem fiáveis, o mesmo não se verifica na generalidade dos casos que incidem na evolução dos ambientes costeiros nos últimos milhares de anos. Com frequência, as hipóteses e os modelos são construídos tendo como base, apenas, algumas dezenas de dados. Utilizando o paralelismo expresso por Reeves (1981), constituem "apostas" no modo como a Natureza funciona, embora, com a vantagem sobre as apostas efectuadas nas mesas de jogo de, à luz de novas observações ou de novos cálculos, podermos rever essa "aposta", adequando-a melhor à possibilidade de acertar.

Consequentemente, os modelos sobre a evolução do litoral português no decurso dos últimos milhares de anos mais não são do que "apostas" que estão constantemente a ser modificadas à medida que vão sendo obtidos novos dados. É a dinâmica da "Verdade Científica" que se vai alterando em função da ampliação dos conhecimentos. O assunto constitui, porém, uma história aliciante, embora ainda muito fragmentária, por vezes com aspectos contraditórios, que raramente pode ser contada nos seus pormenores, mas que se vai progressivamente aperfeiçoando com novas contribuições. .

Assim, a história de que, a seguir, se esboçam alguns dos traços principais, corresponde a um modelo baseado num conjunto de hipótesE;s, que corresponde uma certa "Verdade Científica", e que está destinada, no futuro, a ser aperfeiçoada, pormenorizada, alterada e modificada.

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3. A história antes da História

Há 18 000 anos, no último máximo glaciário, a paisagem era substancialmente diferente da actual. As calotes glaciárias estavam bastante expandidas, cobrindo, na bacia norte-atlântica, o norte da Europa (até cerca do 500 N de latitude) e metade de América do Norte (chagando abaixo da latitude 400 N), verificando-se maiores precipitações e menores temperaturas no continente americano (e.g.: Velichko, 1981). Devido à acumulação de água, no estado sólido, nas calotes glaciárias e nos glaciares de montanha, o nível médio do mar encontrava-se muito abaixo do actual. Em Portugal, o nível médio do mar localizava-se, então, entre 120 a 140 metros abaixo do nível actual (Dias, 1985, 1987). A glaciação, nas montanhas do ocidente ibérico, encontrava-se no seu máximo, ostentando as principais serras (Estrela, Gerês, Cabreira, etc.), nas partes mais elevadas, espessas acumulações de gelo (e.g.: Daveau, 1977; 1980; Coudé, Coudé-Gaussen e Daveau, 1983). Devido a esse nível marinho rebaixado (Fig. 1), a linha de costa encontrava­se, na altura, próximo do bordo da plataforma continental, a algumas dezenas de quilómetros da actual (Fig. 2).

MILHARES DE ANOS ANTES DO PRESENTE O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1819

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FIG. 1 - Evolução do nível médio do mar, na plataforma continental portuguesa setentrional, nos últimos 18 000 anos. Adaptado de Dias (1987).

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A frente polar, na altura, localizava-se à latitude do norte de Portugal (e.g.: McIntyre, 1973), e a temperatura das águas, próximo da costa atingia valores que chegavam a ser inferiores a 4°C (e.g.: McIntyre et aI., 1976; Molina-Cruz e Thiede, 1978). Ao largo da costa portuguesa passavam, então, icebergs em estado de fusão acelerada (e.g.: Guillien, 1962), os quais chegavam a atingir a costa marroquina (e.g.: Kudrass, 1973). Em terra, existia forte contraste entre o ambiente frio da faixa atlântica, com muita neve, ventos fortes e nebulosidade elevada, e o resto da Península, sendo as estações chuvosas bastante mais duradouras do que actualmente, ocorrendo as maiores precipitações no Outono e na Primavera (Daveau, 1980). A erosão flúvio-glaciária, a fusão estival dos gelos e as pluviosidades primaveris conferiam aos rios fortes caudais hídricos que provocavam o transporte de grandes cargas sólidas, em que a quantidade de materiais grosseiros era elevada (Dias, 1987). As zonas hoje ocupadas pelos troços terminais dos rios correspondiam, nesses tempos, a vales bastante profundos, em fase erosiva intensa, cujos talvegues se localizavam várias dezenas de metros abaixo dos actuais. As vastas planícies litorais, actualmente submersas, correspondiam, nessa altura, a superfícies com vegetação dominante do tipo herbáceo, varridas por ventos que promoviam intenso transporte eólico.

Com o início da fusão dos gelos das calotes glaciárias e dos glaciares de montanha, e consequente elevação do nível médio do mar, reforça-se o processo de desequilíbrio das zonas costeiras. Na plataforma portuguesa, o nível relativo do mar parece ter subido a ritmo moderado até há cerca de 16 000 anos, atingindo profundidades actuais da ordem dos 100 metros, ou possivelmente menos, após o que se verificou período de relativa estabilização, que se prolongou até há cerca de 13 000 anos.

O modelo de evolução desde o último pleniglaciário até aos tempos recentes, estabelecido para a plataforma portuguesa setentrional, está expresso nas figuras 1 e 2. Vários trabalhos posteriores tendem a confirmá-lo nos seus traços gerais, designadamente noutras regiões portuguesas (e.g. : Drago, 1995; Magalhães, 2000; Cascalho, 2000; Rodrigues, 2002; Martins, 2004).

A rápida elevação do nível do mar que se verificou entre 13 000 e 11 000 anos AP (Antes do Presente) impediu que se verificasse rectificação significativa do litoral. Efectivamente, em geral, os estuários não conseguiam atingir o equilíbrio com o novo nível de base, pelo que funcionavam, essenci'almente, como elementos de captura da deriva litoral, mais do que como fornecedores sedimentares para o meio oceânico. Consequentemente, os litorais oceânicos eram essencialmente do tipo rochoso, sendo relativamente raras as acumulações arenosas.

Neste período verifica-se modificação do coberto vegetal, sendo; vegeta­ção herbácea que caracterizava vastas zonas sido substituída por vegetação arbórea (e.g.: Menendez-Amor e Florschutz, 1963; Roucoux, Shacldeton e Abreu, 1999). A temperatura das águas junto à Península atingia valores seme­lhantes, ou mesmo ligeiramente superiores, aos actuais (Duplessy et aI., 1981).

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FIG. 2 - Presumível evolução da linha de costa desde o Último Máximo Glaciário. Adaptado de Dias (1987), Rodrigues, Magalhães e Dias (1991) e Dias, Rodrigues e Magalhães (1997) e Dias et alo (2001).

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Há 11 000 anos verificou-se inversão climática muito rápida e de ordem maior. Foi o Dryas Recente, induzido por grandes cheias catastróficas provenientes de enormes lagos glaciários (jokulhaup), existentes principalmente na América do Norte, que se constituíram devido à rede de drenagem natural estar bloqueada por barreiras de gelo. Quando essa barreira de gelo se fundiu, abriu passagem a enormes volumes de água provenientes da acumulação da fusão glaciária, durante séculos ou milénios. Esta introdução súbita de água doce no Atlântico Norte provocou grandes modificações oceanográficas, que culminaram no rápido desenvolvimento de uma curta glaciação, com expressão global.

Na Península Ibérica, onde as características climáticas eram, já, de interglacial quente, verificou-se grande deterioração do clima, voltando a verificar-se condições glaciais bem marcadas. A frente polar, que tinha migrado para o Atlântico NW, reocupa posições anteriores, instalando-se à latitude da Galiza (Ruddiman e McIntyre, 1981). O nível do mar, que tinha atingido cotas da ordem dos - 40 m ou menos, volta a descer para os 60 m abaixo do nível actual (Dias, 1987).

A avaliar pelo que se verificou no NW da Península, o coberto vegetal responde a estas modificações climáticas, voltando a dominar a vegetação herbácea (Nonn, 1966). Perante o abaixamento do nível de base, os estuários instituíram-se como intensos fornecedores sedimentares para o litoral e para a plataforma continental, exportando grande parte dos materiais que, no período anterior, progressivamente neles se tinham acumulado. Relíquias dos depósitos então formados são bem evidentes, actualmente, na plataforma (e.g.: Dias e Nittrouer, 1984; Dias, 1985; Rodrigues, Magalhães e Dias, 1991; Abrantes, Magalhães e Dias, 1994; Cascalho et ai., 1994). Consequentemente, instituíram-se condições que propiciavam rápida rectificação do litoral, verificando-se extensas acumulações arenosas que tendiam a preencher as partes reentrantes da costa. As zonas costeiras apresentavam novamente características desérticas e o transporte eólico era intenso, conduzindo à constituição de vastos campos dunares, dos quais hoje se encontram, mesmo no litoral actual, abundantes vestigios, frequentemente no estado consolidado (Pereira, 1985; 1992).

Há 10 000 anos verifica-se nova modificação climática, instituindo-se, definitivamente, condições interglaciais. Considera-se, por isso, que o Holocénico se iniciou nessa altura. Durante dois milénios o nível do mar sobe de forma acelerada, após o que, progressivamente, as razões de subida se vão atenuando, até se atingir, entre 5000 e 3000 anos Ap, aproximadamente o nível actual. Perante esta subida do nível marinho a quantidade de sedimentos que era debitado para os litorais oceânicos era pequena, pois que ficavam retidos nos ambientes estuarinos. Foi principalmente nesta fase que se verificou a maior parte do preenchimento dos corpos estuarinos. Perante a escassez de abastecimento sedimentar, a tipologia do. litoral era, essencialmente, rochosa.

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Não há consenso, na comunidade científica, sobre as taxas de subida do nível marinho neste período, sobre a altura em que essas taxas começaram a diminuir, nem sobre a data em que o actual nível foi atingido. Porém, os diferentes resultados são convergentes no que se refere aos traços~ gerais ,acima esquematizados: elevação muito rápida do nível do mar iniciada há cerca de 10 000 anos, com intenso prrenchimento dos vales estuarinos; passados poucos milénios as razões de subida começaram a amortecer até que o nível do mar atingiu valores próximos do nível actual.

Existe, também, alguma controvérsia sobre se o nível médio do mar teria atingido, durante o Holocénico, valores superiores ao actual.

No final do 4° milénio - início do 3° milénio verifica-se ligeiro abaixamento da temperatura, o qual marca o final do Óptimo Climático (Episódio Hipsitermal) e o início do período Neoglaciário. A avaliar por dados colhidos no NW Ibérico (Valcarce et aI., 2003), este decréscimo de temperatura parece ter sido contínuo até 2500Ap, atingindo um mínimo de 2°C inferior à temperatura actual (Fig.3). De igual modo, o vento decaiu em frequência e intensidade, atingindo um mínimo cerca de 2200AP. Também a humidade parece ter decaído no período Neoglaciário, atingindo o mínimo cerca de 2700Ap, quando a pluviosidade anual atingiu valores entre 50% a 65% inferiores aos actuais. A pluviosidade aumentou novamente, atingindo um máximo (superior aos valores actuais) cerca de 2300, após o que voltou a decair.

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FIG. 3 - Reconstrução dos índices climáticos para o Noroeste Ibérico, adaptado de Valcarce et al. (2003).

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Perante estas condições instalou-se a instabilidade sedimentar. O ciclo sedimentológico estava já, de alguma forma, antropicamente modificado nesta altura, como é indiciado por leitos de carvão em sequências sedimentares então depositadas, síncronas com o declínio das florestas (e.g.: Rego, 1993; Cortizas, Valcarce e Maside, 2000). Os pequenos estuários entraram em equilíbrio, instituindo-se como exportadores de sedimentos para o litoral, mas a histerese dos estuários maiores foi bastante mais longa, pelo que o carácter rochoso continuava a predominar nos litorais oceânicos.

4. A história durante os tempos históricos

A história da evolução do litoral vai-se tornando mais pormenorizada à medida que nos aproximamos da actualidade. Não só os indicadores (sedimentológicos, geoquímicos, geomorfológicos, etc.) são, normalmente, mais frequentes e fiáveis, até porque menos adulterados pela evolução posterior, como a documentação (iconográfica, escrita, etc.) produzida pelo Homem se vai tornando mais abundante.

São bem conhecidos, nos seus traços gerais, os casos de rápida evolução de algumas zonas costeiras portuguesas, como são os casos, entre vários outros, da construção do litoral entre Mira e Espinho (Lagoa de Aveiro), do progressivo assoreamento da Lagoa da Pederneira (que desapareceu como corpo hídrico e corresponde, actualmente, a terrenos agrícolas), da extrema redução da área ocupada pela grande Lagoa de Alfeizerão (hoje restringida à pequena "Concha de São Martinho do Porto"), e da constituição do tômbolo de Peniche (ainda ilha aquando da Fundação da Nacionalidade).

A reconstituição dos forçamentos desta evolução é, todavia, em muitos aspectos, mais difícil e complexa do que se verifica antes dos tempos históricos. Pequenas oscilações climáticas históricas condicionaram, seguramente, os ritmos evolutivos. Porém, os sinais geológicos e geoquímicos por elas deixados estão totalmente integrados com os provenientes das actividades antrópicas, de tal forma que, na maior parte dos casos, dificilmente é possível distinguir o que é resultante do funcionamento normal dos sistemas naturais, e o que corresponde a impactes das actividades antrópicas.

O certo é que, na generalidade, durante os tempos históricos, a configuração do litoral português sofreu profundas modificações. Quer como resultado de forçamentos naturais, quer devido às actividades das populações , (desflorestações e desmatações, agricultura, etc.), o certo é que se verificou intenso abastecimento sedimentar ao litoral. Parece ter sido um pouco antes do início da nossa Era que os principais estuários entraram num certo equilíbrio, começando a exportar para o litoral grandes quantidades de sedimentos grosseiros. Iniciou-se, assim, progressiva rectificação da linha de costa, com continuação da erosão das partes salientes, e com acumulaçãp de sedimentos arenosos nas partes reentrantes .

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Até ao cerca do ano 600AD as modificações costeiras parece terem sido, apenas, precursoras. Admitindo que os resultados obtidos no Noroeste Ibérico (Valcarce et aI., 2003) são aplicáveis à generalidade do litoral português, a pluviosidade era semelhante à que se regista nos nossos dias e a temperatura atmosférica era, em média, mais baixa O,soC relativamente à actual. Tal pressupõe abastecimento sedimentar relativamente intenso, o que parece ser comprovado por um máximo de erosão dos solos. Porém, a força do vento era, comparativamente, pequena a muito pequena, o que permite deduzir que os temporais eram relativamente raros. Nestas condições, as transferências sedimentares para o litoral eram, em certa medida, dificultadas, e a deriva litoral era mais reduzida do que a que temos actualmente. Assim, este teria sido, em muito, um período de armazenamento de materiais sedimentares grosseiros nas zonas estuarinas.

É entre os anos 600 e 1000 que o comportamento anaclástico (construtivo) do litoral se parece ter intensificado, forçado por abundante pluviosidade (cerca de 3S% superior à actual) e por ventos fortes . As cheias viabilizavam amplas transferências sedimentares para os litorais oceânicos, designadamente dos materiais que anteriormente se tinham depositado nas zonas estuarinas. A frequência e intensidade dos temporais intensificavam as transferências aludidas e amplificavam a deriva litoral. Constituíram-se, assim, amplas praias arenosas (de que o litoral de Aveiro é, apenas, um exemplo) que, actuadas por ventos fortes, resultaram na constituição de grandes corpos dunares.

Posteriormente, durante a Pequena Idade do Gelo, prosseguiu intensamente a fase construtiva do litoral português. Estando já efectuada a reconstrução do índice da Oscilação do Atlântico Norte (NAO - North Atlantic Oscillation) até ao ano 1S00AD, e sabendo que é este fenómeno o principal condicionador climático na bacia norte atlântica, é possível deduzir, com algum pormenor, os períodos em que a evolução costeira foi mais intensa.

A configuração do litoral português no final do século XIX está amplamente documentada por textos descritivos, pinturas e fotografias. Em grande parte correspondia a um litoral em fase activa de acumulação.

5. A história no século XX

Como impacte de múltiplas actividades antrópicas o abastecimento sedimentar ao litoral reduziu-se progressivamente, mas de forma drástica, durante o século xx. Entre essas actividades podem referir-se a construção de barragens para aproveitamentos hidroeléctricos e para a agricultura, as dragagens portuárias, a exploração de inertes nos leitos fluviais, a construção de molhes de portos, as obras de "protecção costeira", e o pisoteio da dunas (Dias, 1990). A redução do abastecimento sedimentar foi reforçado pela

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Modificação Climática Global (Global Change) em curso e que, pelo menos parcialmente, foi (está a ser) induzida pelo próprio Homem.

Como resultado, o comportamento dos litorais oceânicos inverteu-se, registando-se forte erosão costeira que, nalguns pontos e em determinados períodos, tem excedido os 10m/ano. A generalidade do litoral português encontra-se em erosão, contrastando fortemente com o que se verificava há pouco mais de um século, quando a dominância era de acumulação.

Assim, a configuração do litoral modificou-se rapidamente. Em vastas regiões, os litorais arenosos estão progressivamente a converter-se em litorais rochosos artificiais.

Referências

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