EVOLUÇÃO PALEOAMBIENTAL EM SALINAS DA NHECOLÂNDIA … · existence of macrophytes inside the...

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS Bárbara Fernandes Becker EVOLUÇÃO PALEOAMBIENTAL EM SALINAS DA NHECOLÂNDIA NO HOLOCENO SUPERIOR, PANTANAL SUL- MATOGROSSENSE Orientadora Profª. Drª. Silane Aparecida F. da Silva-Caminha Cuiabá 2014

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS

Bárbara Fernandes Becker

EVOLUÇÃO PALEOAMBIENTAL EM SALINAS DA

NHECOLÂNDIA NO HOLOCENO SUPERIOR, PANTANAL SUL-

MATOGROSSENSE

Orientadora

Profª. Drª. Silane Aparecida F. da Silva-Caminha

Cuiabá

2014

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

REITORIA

Reitora

Profª. Drª. Maria Lucia Cavalli Neder

Vice-Reitor

Prof. Dr. Francisco José Dutra Souto

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

Pró-Reitora

Profº. Drª. Leny Caselli Anzai

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

Diretor

Prof. Dr. Martinho da Costa Araujo

DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS

Chefe

Prof. Dr. Paulo César Corrêa da Costa

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS

Coordenador

Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz

Vice-Cordenador

Prof. Dr. Ronaldo Pierosan

iii

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Nº 50

EVOLUÇÃO PALEOAMBIENTAL EM SALINAS DA

NHECOLÂNDIA NO HOLOCENO SUPERIOR, PANTANAL SUL-

MATOGROSSENSE

______________________________________________________

Bárbara Fernandes Becker

Orientadora

Profª. Drª. Silane Aparecida Ferreira da Silva-Caminha

Cuiabá

2014

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Geociências do Instituto de

Ciências Exatas e da Terra da Universidade

Federal de Mato Grosso como requisito parcial

para a obtenção do Título de Mestre em

Geociências.

iv

EVOLUÇÃO PALEOAMBIENTAL EM SALINAS DA NHECOLÂNDIA NO

HOLOCENO SUPERIOR, PANTANAL SUL-MATOGROSSENSE

_______________________________________________________________

BANCA EXAMINADORA

______________________________________

Profª. Drª. Silane A. F. da Silva-Caminha

Orientadora (UFMT - PPGeoc)

______________________________________

Profª. Drª. Ana Claúdia Dantas Costa

Examinadora Interna (UFMT - PPGeoc)

______________________________________

Profª. Drª. Cátia Nunes da Cunha

Examinadora Externa (UFMT- PPGECB)

v

Aos meus pais, pelo amor e apoio incondicionais.

vi

Agradecimentos

Meus sinceros agradecimentos à:

A Universidade Federal de Mato Grosso, a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e ao

Programa de Pós-Graduação em Geociências;

A CAPES pela concessão da bolsa de estudos, ao CNPq e FAPEMAT pelo

auxílio financeiro;

Ao Herbário Central da UFMT e ao Curador Germano Guarim Neto;

Ao LAFO – UFRJ, pela análise de Geoquimica Orgânica;

A Silane A. F. da Silva-Caminha pela orientação, pelos inúmeros ensinamentos

profissionais e pessoais, pelas oportunidades oferecidas e, principalmente, por ter se

aventurado e se dedicado a fazer um trabalho muito além de seu ―tempo‖.

A Mario Luis Assine e Renato Laga Guerreiro pela colaboração desde o

princípio;

A Mauro Toledo pela ajuda com as análises multivariadas;

Aos meus pais, por todo amor e credibilidade que recebo. Sem vocês nada disso

seria possível:

Ao meu pai Jean N. Becker, agradeço por ter me mostrado o quanto pode ser

gratificante ver nascerem os frutos de um trabalho realizado com dedicação e esforço;

A minha mãe Andrea F. de Lima, agradeço por me ensinar o valor do tempo e

que, quando gasto em algo que não nos inspira, não pode ser recuperado;

A minha mãedrasta Eronice M. Becker, agradeço todo o amor e apoio que

desconhecem barreiras de sangue.

vii

A Rafael V. Nunes eu poderia agradecer por muitas coisas: a formatação, o

abstract, a figura de paleoambiente, o empréstimo da máquina fotográfica, as tentativas

de usar o R, as horas e horas de conversas sobre plantas, bixos e sistemas... Mas a

minha eterna gratidão a você é por ter se empolgado e se divertido comigo a cada passo

desse trabalho, por ter segurado a barra, em todos os sentidos, quando tudo parecia

perdido e por nunca duvidar até quando eu estava em duvida. Obrigada!

A toda equipe do Laboratório de Paleontologia e Estudos Palinológicos da

UFMT, em especial a Edvaldo J. de Oliveira por ter sido essencial para diagramação

desse trabalho, além de sempre nos agraciar com sua descontração e alegria;

A André Molina por me apresentar a geologia e me mostrar, desde

pequenininha, como exercer uma profissão com paixão e louvor. Agradeço a ele e a

Geominas pela sempre disposição em auxiliar no que fosse preciso. A Bruno

Vasconcelos agradeço por me mostrar a ciência que está por trás da geologia e todas as

histórias que podem ser contadas através dela.

Agradeço a todos os amigos que estivem juntos nessa caminhada, em especial:

A Caroline Rosa, Tammy Rado e Humberto Resende, por uma vida toda de

irmandade optada;

A Luana M. Scaloppe, Larissa Reis, Ronnayana Rayla, Rita Duarte, Luis Gabriel

Nunes, Mariana Sena, Nicolas Grohnert, Franco Antônio e Otavio Willms, porque

existem pessoas que entram em nossas vidas e já não podemos mais ser tristes;

A Fernanda Bretas, Luciano Basílio, Victor Rodrigues, Paulo Mitsuo Sakamoto

e toda família geológica que me recebeu como um dos seus.

viii

Sumário

Lista de Figuras .............................................................................................................. x

Lista de Tabelas ............................................................................................................ xii

Resumo ......................................................................................................................... xiii

Abstract ........................................................................................................................ xiv

CAPÍTULO 1 ................................................................................................................ 15

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 15

OBJETIVOS ................................................................................................................. 16

MÉTODOS DA PESQUISA ........................................................................................ 16

1.3.1 Coleta dos Testemunhos e Amostragem ...................................................................... 16

1.3.2 Amostragem para Datação Radiocarbônica ................................................................. 18

1.3.3 Análise de Geoquímica Orgânica .................................................................................. 18

1.3.4 Inventário Florístico ...................................................................................................... 18

1.3.5 Preparação de Pólens e Esporos em Sedimentos ........................................................ 19

1.3.6 Preparação de Pólens e Esporos Modernos ................................................................. 20

1.3.7 Montagem das Lâminas ................................................................................................ 20

1.3.8 Análise Qualitativa ........................................................................................................ 20

1.3.9 Análise Quantitativa ...................................................................................................... 21

1.3.10 Apresentação dos Dados Palinológicos ...................................................................... 22

1.3.11 Fotomicrografias .......................................................................................................... 23

ÁREA DE ESTUDO ..................................................................................................... 24

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 25

1.5.1 Características Gerais da Bacia ..................................................................................... 25

1.5.2 Geomorfologia ............................................................................................................... 27

1.5.3 Megaleque do rio Taquari ............................................................................................. 28

1.5.4 Dinâmica de Inundação e Clima Atual .......................................................................... 30

1.5.5 Unidades de Vegetação e Flora ..................................................................................... 30

1.5.6 Origem e Evolução das Lagoas Salinas.......................................................................... 32

1.5.7 Inferências Paleoambientais na região Central do Brasil ............................................ 33

CAPÍTULO 2 ................................................................................................................ 36

RESUMO ....................................................................................................................... 37

ABSTRACT ................................................................................................................... 38

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 39

ix

Vegetação e Clima de Nhecolândia........................................................................................ 40

MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 41

RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 46

Geoquímica orgânica - Carbono Orgânico Total (COT) ......................................................... 47

Análise Palinológica ................................................................................................................ 49

Análise Multivariada .............................................................................................................. 49

Palinozonas e interpretações ................................................................................................. 51

CONCLUSÕES .............................................................................................................. 55

Agradecimentos ............................................................................................................ 56

Referências bibliográficas ............................................................................................ 56

CAPÍTULO 3 ................................................................................................................ 66

RESULTADOS PALINOLÓGICOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................... 66

Testemunho NH15 .................................................................................................................. 66

Testemunho NH23 .................................................................................................................. 69

Inferências Paleoambientais .................................................................................................. 73

Referências bibliográficas ............................................................................................ 80

ANEXO I ........................................................................................................................ 92

PLATE I ..................................................................................................................................... 92

PLATE II.................................................................................................................................... 94

ANEXO II ...................................................................................................................... 96

DADOS ECOLÓGICOS .............................................................................................................. 96

ANEXO III ................................................................................................................... 100

Espécies encontradas na Palinoteca de Referência de Grãos de Pólens modernos com

espécies de Cerrado e Pantanal ........................................................................................... 100

x

Lista de Figuras

Capítulo 1 - Introdução

Figura 1: Perfil sedimentar do testemunho NH15, com a profundidade das 11 amostras

utilizadas para análise palinológica e a idade calibrada da amostra AM157.

Figura 2: Perfil sedimentar do testemunho NH23 com a profundidade das 16 amostras

utilizadas para análise palinológica e idades calibradas.

Figura 3: Mapa de localização da sub-região de Nhecolândia.

Figura 4: Imagem esquemática das unidades de paisagem em Nhecolândia.

Figura 5: Mapa de sub-regiões do Pantanal.

Figura 6: A) Lobos depocionais do megaleque do Taquari; B) Densidade de

paleocanais do megaleque do Taquari, Pantanal Sul-matogrossense. Sobrepostos estão

os canais distributários atuais e o rio taquari.

Figura 7: Mapa de cobertura vegetal da sub-região de Nhecolândia, Pantanal Sul-

matogrossense.

Figura 8: Mapa ilustrativos dos pontos de estudos paleoambientais na região Central do

Brasil.

Capítulo 2 – Artigo submetido

Figura 1: Mapa de localização da sub-região de Nhecolândia.

Figura 2: (A) Perfil sedimentar do testemunho NH15, com a profundidade das 11

amostras utilizadas para análise palinológica e a idade calibrada da amostra AM157. (B)

Perfil sedimentar do testemunho NH23 com a profundidade das 16 amostras utilizadas

para análise palinológica e idades calibradas..

Figura 3: (A) Resultados de COT, ST, RI e Carbonático do poço NH 15. (B)

Resultados de COT, ST, RI e Carbonático do poço NH 23. COT= Carbono orgânico

total; ST= Enxofre total; RI= Resíduo insolúvel.

Figura 4: (A) Gráfico de DCA do testemunho NH15 estabelecendo a relação das

espécies e as características locais. (B) Gráfico de DCA do testemunho NH23

estabelecendo a relação das espécies e as características locais.

Figura 5: Diagramas de porcentagem e concentração do testemunho NH15 com os

elementos dos grupos: gramíneas, savana, mata de cordilheira, mata de salina, lagoas e

brejos e floresta montana.

xi

Figura 6: Diagramas de porcentagem e concentração do testemunho NH23 com os

elementos dos grupos: gramíneas, savana, mata de salina, mata de cordilheira e lagoas e

brejos.

Capítulo 3 – Resultados Palinológicos e Considerações finais

Figura 9: Imagem esquemática da evolução ambiental nas duas lagoas salinas da região

de Nhecolândia, Pantanal Sul-Matogrossense.

Figura 10: Diagrama de porcentagem do testemunho NH15 com os elementos dos

grupos: gramíneas, savana, mata de cordilheira, mata de salina, lagoas e brejos e floresta

montana.

Figura 11: Diagrama de concentração do testemunho NH15 com os elementos dos

grupos: gramíneas, savana, mata de cordilheira, mata de salina, lagoas e brejos, floresta

montana e indeterminados .

Figura 12: Diagrama de porcentagem do testemunho NH23 com os elementos dos

grupos: gramíneas, savana, mata de salina, mata de cordilheira e lagoas e brejos.

Figura 13: Diagrama de concentração do testemunho NH23 com os elementos dos

grupos: gramíneas, savana, mata de salina, mata de cordilheira, lagoas e brejos e

indeterminados.

xii

Lista de Tabelas

Capítulo 1 - Introdução

Tabela 1: Quantidade de grãos contados no testemunho NH15, Pantanal Sul-

Matogrossense.

Tabela 2: Quantidade de grãos contados no testemunho NH23, Pantanal Sul-

Matogrossense.

Tabela 3: Grupos utilizados nos diagramas e os táxons neles incluídos.

Capítulo 2 – Artigo submetido

Tabela 1: Quantidade de grãos contados nos testemunhos NH15 e NH23, Pantanal Sul-

Matogrossense.

Tabela 2: Grupos utilizados nos diagramas e os táxons neles incluídos.

Tabela 3: Tabela mostrando dados da datação das amostras. Amostras AM157, AM237

e AM2316, profundidade, código do laboratório e idades convencionais, calibradas e

médias.

Tabela 4: Tabela apresentando os valores da análise de Geoquímica Orgânica do

testemunho NH15, onde COT= Carbono Orgânico Total; ST= Enxofre Total; RI=

Resíduo Insolúvel.

Tabela 5: Tabela apresentando os valores da análise de Geoquímica Orgânica do

testemunho NH23, onde COT= Carbono Orgânico Total; ST= Enxofre Total; RI=

Resíduo Insolúvel.

xiii

Resumo

A região de Nhecolândia possui uma paisagem distinta quando comparadas às outras

regiões do Pantanal, pois comporta áreas de lagoas limitadas por cordilheiras, faixas de

areia, e que podem estar interligadas por vazantes. Algumas dessas lagoas possuem

índices de salinidade podendo chegar até hipersalino. Acredita-se que a origem desses

lagos tenha sido nos últimos cinco mil anos. Aqui, apresentam-se análises palinológicas

e de geoquímica orgânica de sedimentos coletadas em duas lagoas salinas na região de

Nhecolândia, MS. Os dados indicam que há 3.410 +/- 30 anos AP a vegetação em volta

da lagoa foi composta por Bromeliaceae, Asteraceae, Arecaceae, Amaranthaceae e

Nymphaceae. Registros de Cabomba sp. há 2.300 anos AP mostram que os índices de

salinidade ainda permitiam a existência de macrófitas aquáticas dentro da lagoa. A

partir de cerca de 1.200 anos AP, aumento na quantidade de COT associados a grãos

que indicam florestas sazonalmente inundáveis sugerem o estabelecimento de vegetação

semelhante à atual.

Palavras chaves: palinologia, paleoecologia, quaternário, paleoambientes, wetland

xiv

Abstract

PALEOENVIRONMENTAL EVOLUTION IN SALINE POUNDS OF

NHECOLÂNDIA, UPPER HOLOCENE, PANTANAL OF MATO GROSSO DO SUL.

The region of Nhecolândia has a distinct landscape when compared to other Pantanal

regions since it bears areas with ponds limited by Cordilheira forest, sand stripes and

that may be connected by ebb tides. Some of these pounds have salinity indexes that

may reach the hyper-salinity. It is believed that the origin of these lakes was in the last 5

thousand years. Here, it is presented palinological and organic geochemistry analysis of

sediments collected at two saline pounds at the region of Nhecolância, MS. The

obtained data indicate that at 3.410 years BP the vegetation surrounding the pound was

composed by Bromeliaceae, Asteraceae, Arecaceae, Amarantaceae and Nymphaceae.

Registers of Cabomba sp. at 2.300 years BP show that the salinity indexes still allow the

existence of macrophytes inside the pound. Beyond 1.200 years BP, the increasing in

the quantity of COT associated to grains that indicate seasonal floodable forests, suggest

the establishing of vegetation similar to the current one.

Key-words: palinology, paleoecology, quaternary, paleoenvinroment, wetland.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

15

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

O Quaternário, período que abrange os últimos 2,6 milhões de anos, é marcado

por dois eventos principais de oscilações climáticas: eventos de resfriamento, as

glaciações, com intervalos maiores de duração de tempo, intercalados por eventos de

aquecimento, os interglaciais. A última grande glaciação terminou há 11.700 anos antes

do presente (AP) marcando o início do Holoceno (Salgado-Labouriau, 2007). Essas

oscilações afetaram a composição e distribuição da vegetação em zonas continentais

tropicais, influenciando de maneira expressiva a evolução dos biomas do continente

(Adams et. al. 1990; Ab´Saber, 2006).

A teoria dos refúgios é um dos exemplos da influência do clima sobre a biota. A

teoria afirma que devido o clima árido dos períodos glaciais a floresta fragmentou-se em

ilhas, separadas entre si por áreas de savana. Em consequência dos longos períodos de

isolamento, as comunidades biológicas diferenciaram-se gerando alta diversidade de

espécies da floresta amazônica (Haffer, 1969; Vanzolini & Williams, 1970; Brown &

Ab‘Saber, 1979; Ab´Saber, 2006).

Ainda no período Quaternário, evolui uma importante bacia sedimentar

classificada por Freitas (1951; apud Ab´Saber, 1988) como a única bacia tectônica deste

período no território brasileiro. Sobre essa bacia está depositado o trato de sistemas que

engloba a paisagem do Pantanal.

O Pantanal ocupa cerca de 40% da Bacia do Alto Paraguai abrangendo 138.000

km² do território brasileiro (Silva e Abdon, 1998; Costa & Telmer, 2006). O mesmo é

caracterizado como a maior planície inundável do planeta e vem sendo alvo de diversos

estudos que investigam a influência das mudanças ambientais sobre a fauna e a flora.

No entanto, como as mudanças climáticas afetaram composição florística do Pantanal

durante o Holoceno pouco se sabe.

Nesse sentido, a palinologia, ciência que estuda grãos de pólen e esporos além

de outros palinomorfos, pode encontrar registros de mudanças da vegetação ao longo do

tempo além de fazer inferências das variações climáticas ocorridas no passado ou dos

ambientes em determinada área. Em um sentido mais amplo, essa ciência pode

contribuir também ao conhecimento da história das plantas e de suas migrações ao

longo da história geológica (Salgado-Labouriau, 1973, 1984, 2001).

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

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OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo geral determinar mudanças ambientais

ocorridas no Holoceno Superior no Pantanal. Como objetivos específicos, pretende-se:

a) Identificar e quantificar os palinomorfos encontrados em sedimentos

depositados em duas lagoas salinas da região de Nhecolândia, no Mato Grosso do Sul;

b) Estimar idades relativas para os intervalos estudados;

c) Definir a vegetação predominante ao longo dos intervalos estudados;

d) Inferir mudanças ambientais com base nos palinomorfos e análise de carbono

orgânico total.

MÉTODOS DA PESQUISA

1.3.1 Coleta dos Testemunhos e Amostragem

Dois testemunhos foram perfurados em lagoas salinas na região da baixa

Nhecolândia – Mato Grosso do Sul, por meio de um vibro-testemunhador, que consiste

em um mangote (45mm) acoplado a um motor vibratório, preso ao um cilindro de

alumínio (7,6 mm) onde as sessões são recuperadas com auxílio de talha mecânica e

tripé.

As perfurações foram coordenadas pelo Professor Doutor Mario Luis Assine

(UNESP – Rio Claro). Os testemunhos foram identificados como NH-15 e NH-23 e

encaminhados para o Laboratório de Estudos do Quaternário do Instituto de

Geociências e Ciências Exatas (LEQ/IGCE) / UNESP - Rio Claro, aonde foram abertos,

descritos e amostrados.

O testemunho NH-15 possui aproximadamente 2,4 m de profundidade, com

datação inferida por termoluminescência (LOE) em 76.000 anos AP na base. A base do

testemunho é composta por areia fina e argila verde concrecionada passando para areia

fina à média, estrutura maciça, de cor amarelo claro. Subsequentemente é encontrado

areia fina argilosa e, no topo do testemunho, 0,5 m de argila rica em matéria orgânica,

sendo esse o intervalo usado para esse estudo. Dos primeiros 0,5 cm foram retiradas 11

amostras, identificadas na Figura 1 de AM151 a AM1511. Três amostras não

apresentaram conteúdo palinológico (Figura 1).

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

17

Figura 1: Perfil sedimentar do testemunho NH15, com a profundidade das 11 amostras

utilizadas para análise palinológica e a idade calibrada da amostra AM157.

O testemunho NH-23 possui 1,8 m de profundidade com datação LOE de 22.000

anos AP na base. Encontra-se predominantemente areia fina, sendo essa maciça na base

do testemunho, de cor amarelada e escurecendo para o topo, com presença de

fragmentos vegetais (carvão) e concreções argilosas verdes pontuais. A parte superior é

composta por material rico em matéria orgânica. Nesse intervalo foram retiradas 16

amostras, identificadas abaixo de AM231 a AM2316. Apenas uma não apresentou

palinomorfos (Figura 2).

Figura 2: Perfil sedimentar do testemunho NH23 com a profundidade das 16 amostras

utilizadas para análise palinológica e idades calibradas.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

18

Como descrito acima, os intervalos superiores de ambos os testemunhos

apresentaram sedimentos ricos em matéria orgânica sendo, portanto, amostrados para

palinologia somente nessas frações.

As amostras foram retiradas em intervalos de cinco em cinco centímetros em

ambos os testemunhos e posteriormente armazenadas em tubo Falcon contendo o

número e a profundidade da amostra (Ybert et. al., 1992). Os testemunhos encontram-se

armazenados no Laboratório de Estudos do Quaternário do Instituto de Geociências e

Ciências Exatas (LEQ/IGCE) / UNESP - Rio Claro.

1.3.2 Amostragem para Datação Radiocarbônica

Três amostras, uma do NH15 a 35 cm e duas do NH23 a 30 cm e 75 cm de

profundidade, foram enviadas ao laboratório Beta Analytic Inc. (Miami, EUA), para

datação pelo método AMS – Acelerador de Espectometria de Massa.

1.3.3 Análise de Geoquímica Orgânica

Foram enviadas 26 amostras para o Laboratório de Palinofácies e Fácies

Orgânicas (LAFO) da Universidade Federal do Rio de Janeiro para análise de Carbono

Orgânico Total (COT).

O equipamento foi um forno de indução determinador de carbono modelo WR-

12 LECO. Os parâmetros adotados foram os da American Society for Testing and

Materials -2008 e da United States Environmental Protection Agency (2002) (NCEA -

C - 1982).

1.3.4 Inventário Florístico

Alguns trabalhos foram utilizados para conhecimento da vegetação atual do

Pantanal: Ratter et. al. (1988, 2003), Pott, A. & Pott, V.J. (1994), Prado et. al. (1992),

Dubs (1992), Guarim-Neto et. al. (1996), Schessl (1999), Nunes da Cunha & Junk

(1999), Pott, A. & Pott, V.J. (1999), Silva et. al. (2000) e; mais especificamente da sub-

região de Nhecolândia: Pott et.al. (1986), Silva e Abdon (1996), Pott & Pott (1997),

Rodela (2006) e Rebelatto & Nunes da Cunha (2005) com intuito de gerar uma lista

para coleta de anteras no Herbário Central da Universidade Federal de Mato Grosso a

fim de conhecer a morfologia polínica da flora local e comparar com os grãos

encontrados no registro fóssil.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

19

1.3.5 Preparação de Pólens e Esporos em Sedimentos

Para sedimento escuro foram usados três gramas de amostra seca e para o

sedimento inconsolidado cinza foram usados cinco gramas. Logo após, foi adicionado

1mg de pólen de Kochia scoparia (L.) Schrad (1809) com quantidade estimada em

60.543 ± 3.574 grãos de pólen (Salgado-Labouriau & Rull, 1986).

O tratamento químico para recuperação dos palinomorfos contidos nos

sedimentos foi realizado no Laboratório de Estudos Palinológicos da Universidade

Federal de Mato Grosso e seguiu a técnica descrita por Faegri & Iversen (1989) com

algumas modificações. Devido à baixa concentração de silicatos não foi necessário à

utilização de HF e, em decorrência da coloração escura das amostras, fez-se necessário

à oxidação das mesmas usando HNO3. As etapas seguidas durante a preparação estão

descritas em detalhes a seguir:

A) Para a remoção dos carbonatos cada amostra recebeu 10 ml de HCL a

10%. As amostras foram agitadas manualmente e, para a completa remoção desse

ácido, e lavadas com água destilada e centrifugadas sucessivas vezes;

B) Para remoção dos ácidos húmicos, lignina e restos orgânicos foi usado 20

ml de hidróxido de potássio (KOH) concentrado a 10%. As amostras foram agitadas

manualmente e colocadas em banho Maria a 100° durante quatro minutos, seguido

por centrifugação e lavagem;

C) Antes da acetólise, adicionou-se 10 ml de ácido acético glacial;

D) Para remoção da celulose e do conteúdo citoplasmáticos dos grãos de

pólen e esporos, as amostras foram submetidas ao tratamento químico conhecido

como ―acetólise‖ (Erdtman,1960) que consiste na adição de 9:1 de anidrido acético e

ácido sulfúrico. Cada amostra recebeu cinco ml dessa solução e posteriormente

foram agitadas manualmente e levadas a banho-maria por 100° durante quatro

minutos;

E) A separação gravimétrica foi realizada com o auxílio do Cloreto de Zinco

(D=1.98-2.0). Após duas horas, o anel sobrenadante de cada uma das amostras foi

transferido para outro tubo e peneirado em malha de 10 micra;

F) Após a observação do material em microscópio óptico optou-se pela

utilização do Ácido Nítrico por dois minutos, visando à oxidação e clareamento do

mesmo;

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

20

G) Os resíduos foram acrescidos de 10 ml de Glicerol a 50%, ficando

imersos por aproximadamente 12 horas. Em seguida foram centrifugadas e

preparadas para a montagem das lâminas.

1.3.6 Preparação de Pólens e Esporos Modernos

A fim de estabelecer afinidades botânicas com grãos do Quaternário, foi criada a

Palinoteca de referência de grãos de pólen e esporos modernos de Cerrado e Pantanal.

Para isso foram coletadas anteras de exemplares florísticos no Herbário Central da

UFMT. Com o auxílio de pinça histológica (esterilizada a cada coleta) cada uma das

inflorescências foi armazenada em tubos Falcon contendo a identificação taxonômica e

número de herbário de cada exemplar. Os materiais foram tratados quimicamente

utilizando-se a técnica de acetólise de Erdtman (1960). A lista de espécies da Palinoteca

encontra-se em anexo nesta dissertação.

1.3.7 Montagem das Lâminas

A montagem das lâminas de material fóssil e moderno foi realizada de acordo

com a técnica de Salgado-Labouriau (1973) em gelatina glicerinada. Cinco lâminas de

cada amostra foram confeccionadas para análise paleoambiental e duas lâminas de cada

espécie para palinoteca de referência. O resíduo palinológico bem como as lâminas dos

dois materiais encontram-se armazenados no LEP - Laboratório de Estudos

Palinológicos da Universidade Federal de Mato Grosso.

1.3.8 Análise Qualitativa

A análise qualitativa visou à determinação taxonômica dos grãos de pólen e

esporos ao longo da sequência estratigráfica. Para a realização da análise foi usado um

microscópio óptico Nikon Eclipse E200MVR, com aumento de 200, 400 e 1000X. As

medidas foram tomadas com o auxílio de um retículo micrométrico. Para as

identificações comparou-se o material fóssil com seus representantes atuais, buscando-

se alcançar a categoria de menor nível hierárquico possível. Para isso foi usada a

coleção de referência com espécies de Cerrado e Pantanal pertencente ao Laboratório de

Estudos Palinológicos da Universidade Federal de Mato Grosso, além da literatura

especializada como Atlas, Catálogos e bibliografia específica (Salgado-Laboriau, 1973;

Faegri & Iversen, 1989; Jansonius & McGregor, 2002). .

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

21

Para cada táxon identificado foi elaborada uma pesquisa a cerca de suas

principais características ecológicas, hábito e locais de ocorrência. Os dados ecológicos

de cada táxon identificado, bem como as referências utilizadas encontram-se em Anexo.

Os palinomorfos foram ilustrados em estampas que também estão anexas (plates I e II).

1.3.9 Análise Quantitativa

Para cada amostra buscou-se fazer uma contagem de 300 grãos de pólens

(Tabelas 1 e 2). Esporos e o marcador exótico Kochia scoparia também foram contados,

mas não fizeram parte da soma polínica (Ybert et. al., 1992; Colinvaux et. al., 1999).

Para as amostras com baixa abundância de grãos de pólen buscou-se atingir a quantia de

200 grãos de pólen.

Tabela 1: Quantidade de grãos contados no testemunho NH15, Pantanal Sul-

Matogrossense.

Profundidade Polens Esporos Total

0 103 78 181

5 308 59 367

10 307 32 339

15 306 31 337

20 205 16 221

25 210 5 215

30 165 21 186

35 120 16 136

Total

contado

1724 258 1982

No testemunho NH15, três amostras atingiram a soma de 300 grãos. Os níveis

de 20 e 25 cm de profundidade atingiram a soma de 200 grãos de pólen, enquanto 0, 30

e 35 cm de profundidade não chegaram à quantia esperada.

Tabela 2: Quantidade de grãos contados no testemunho NH23, Pantanal Sul-

Matogrossense.

Profundidade Pólens Esporos Total

0 8 1 9

5 5 0 5

10 300 2 302

15 315 7 322

20 303 7 310

25 304 10 314

30 306 20 326

35 312 3 315

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

22

40 112 31 143

45 322 1 323

50 304 1 305

55 307 0 307

60 303 1 304

65 305 0 305

70 330 1 331

75 8 1 9

Total contado 3844 86 3930

Para o testemunho NH 23, os níveis 0, 5, 40 e 75 cm de profundidade também

tiveram a soma polínica abaixo do esperado. Aqueles níveis que não atingiram a soma

de 200 grãos de pólen e não estavam no centro da sessão foram excluídos dos diagramas

polínicos e das análises, com exceção do nível a 35 cm de profundidade do testemunho

NH15.

1.3.10 Apresentação dos Dados Palinológicos

Os diagramas de concentração e porcentagem foram elaborados com o auxílio

do Software C2 – Análise e visualização de dados paleoambientais. Os diagramas

polínicos mostram os registros da soma total de pólens, esporos e também o registro da

soma total dos grupos por preferências ecológicas das plantas, tais como: a) habitat:

Cerrado (Savana), Mata de Cordilheira, Mata de Salina, Lagoa/Brejo, Carandazal e

Caronal; e b) hábito: ervas, árvores, arbustos e ervas aquáticas.

A tabela 3 mostra os grupos por habitat e os táxons incluídos em cada um deles.

Tabela 3: Grupos utilizados nos diagramas e os táxons neles incluídos (Pott et. al.,

1986; Rodela & Nunes da Cunha, 2006; Sano et. al., 2008; Ribeiro & Walter, 2008).

Grupo Características Táxons incluídos

Cerrado (Savana) Árvores e arbustos sobre um

extrato gramíneo;

Poaceae; Cyperaceae; Cyperus sp. sp.; Arecaceae;

Copernicia alba; Emilia sp.; Melastomastaceae;

Polygala sp.; Gomphrena sp.; Anadenanthera sp.;

Tabebuia sp.; Tapirira sp.; Caryophyllaceae

Mata de

Cordilheira

Táxons arbóreos – arbustivos de

cerradão e mata de cerrado;

Poaceae; Cyperaceae; Cyperus sp. sp.; Bromeiliaceae;

Anacardiaceae; Emília sp.; Anadenanthera sp.;

Tabebuia sp.

Mata de Salina Vegetação de campo de cerrado

associada à margem de lagoas

salinas;

Copernicia alba; Tabebuia sp.; Gomphrena sp.

Lagoa/Brejo Táxons herbáceos ou arbustivos

adaptados a locais encharcados,

muito úmidos ou completamente

aquáticos;

Cyperus sp. sp.; Typha sp.; Pontederia sp.; Cabomba

sp.

Carandazal Associação de Copernicia alba

formando um cordão envolvendo

Copernicia alba

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

23

as praias de areia das lagoas

salinas;

Caronal Dominância Elyonorus muticus) e

presença de táxons herbáceos –

arbustivo;

Poaceae; Polygala sp.; Tabebuia sp; Gomphrena sp.

Nos diagramas de porcentagem os valores expressos para cada grupo ou táxon

correspondem à porcentagem do mesmo em relação à soma polínica. Os valores

percentuais de esporos de Briófitas e Pteridófitas correspondem a valores percentuais

em relação à soma polínica, na qual não estão incluídos.

Nos diagramas de concentração, foi utilizada a quantidade contada em cada

amostra do marcador exótico introduzido (Kochia scolparia) para calcular a

concentração de cada um dos palinomorfos (grãos/g). Assim, sabendo-se que para cada

amostra foi inserido aproximadamente um miligrama (60.543 ± 3.574 grãos de pólen)

de grãos de Kochia scoparia (Salgado-Labouriau & Rull, 1986), sua contagem nestas

amostras e o valor bruto de cada palinomorfo, foi estimada a concentração absoluta de

cada táxon.

Os diagramas de porcentagem e de concentração fornecem dados

complementares sobre a variação da vegetação ao longo do intervalo de tempo

analisado. Os diagramas de porcentagem mostram como um táxon ou grupo de táxons

variou em relação aos outros. Por sua vez, os diagramas de concentração expressam a

variação de determinado táxon ao longo do tempo, sem a influência da variação de

outros táxons. Para a interpretação palinológica e paleoecológica é importante que se

leve em consideração as informações obtidas em ambos os diagramas (Salgado-

Laboriau, 2007; Cassino & Meyer, 2013).

Com objetivo de sintetizar a dinâmica da vegetação, o programa PCORD foi

utilizado para gerar uma análise DCA - detrended correspondence analysis (Gauch,

1982), facilitando o estabelecimento das palinozonas. Para melhor controle cronológico

foi realizado cálculos das idades interpoladas a partir das datações obtidas por AMS.

Isso só foi possível assumindo que a taxa de sedimentação da área é constante entre o

intervalo datado e tendo o topo do testemunho (00 cm) idade moderna.

1.3.11 Fotomicrografias

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

24

As fotomicrografias dos palinomorfos foram efetuadas com o auxílio de uma

máquina fotográfica Canon EOS Rebel T3i acoplada ao microscópio óptico. As

imagens foram feitas em objetiva de 1000X. O processamento das mesmas contou com

o software Corel Draw.

ÁREA DE ESTUDO

A sub-região de Nhecolândia, a 160 Km de Corumbá, possui aproximadamente

27.000 km² ocupando a parte sul do megaleque do Rio Taquari. Ela limita-se ao norte

pelo rio Taquari, ao sul pelo rio Negro, a leste pela escarpa da Serra de Maracajú e a

oeste pelo Rio Paraguai (Abdon et. al., 1998; Assine, 2003). Os testemunhos NH15 e

NH23, aqui estudados, foram perfurados em duas lagoas salinas em uma zona de

transição entre a alta e baixa Nhecolândia (Figura 3).

Figura 3: Mapa de localização da sub-região de Nhecolândia e lagoas amostradas

(Modificado de Rezende Filho, 2006).

Segundo Alvarenga et.al. (1982), a sub-região de Nhecolândia é caracterizada

como uma planície fluviolacustre, vinculada a cursos fluviais intermitentes e defluentes

do rio Taquari. A mesma se destaca no sistema do leque aluvial do Taquari por suas

feições distintas com aproximadamente 9300 lagoas, conhecidas como baías, limitadas

por cordilheiras e interligadas por vazantes (Figura 4) (Almeida, 1945; Assine, 2003;

Fernandes, 2007; Alvarenga et. al., 1982).

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

25

Figura 4: Imagem esquemática das unidades de paisagem em Nhecolândia (Extraído de

Barbiero et.al., 2002).

Essas unidades de paisagem peculiares estão descritas abaixo e ilustradas na

Figura 4. Essa caracterização está de acordo com Alvarenga et. al. (1982) e Rezende

filho (2006).

Cordilheiras: são elevações de até quatro metros situadas entre ―baías‖ e

―salinas‖. Constituem uma região quase nunca alagável, exceto em cheias excepcionais.

Os solos são arenosos com vegetação típica de mata de cerrado (Tabela 3, número 2) e

cerradões.

Baías e Salinas: são lagoas com formas variando de circulares, semi-circulares

ou irregulares. Algumas destas lagoas apresentam elevado teor de sódio e potássio e,

por isso, são consideradas salobras e salinas. Em relação ao solo, dominam areias

quartzosas, podzóis e lateritas cobertas por vegetação de campo de cerrado (Tabela 3,

número 3).

Vazantes: São áreas situadas entre as cordilheiras. Na época de enchente essas

depressões drenam as águas entre as ―baías‖, transformando-se em curso fluvial

intermitente. Elas são compostas de solos podzois hidromórficos, lateritas hidromórficas

distróficas e planossolos distróficos. Geralmente são recobertos por campos graminosos.

Courixos: São cursos de águas alongados mais estreitos e profundos do que as

vazantes. Conectam lagoas vizinhas durante as cheias e podem secar durante secas

severas.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.5.1 Características Gerais da Bacia

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

26

O Pantanal representa uma depressão tectônica interior da Bacia do Alto

Paraguai com área de 361.666 Km² em território brasileiro. A Bacia do Alto Paraguai

(BAP) apresenta três grandes unidades geomorfológicas delimitadas por faixas de

altitude, sendo os: Planaltos (250-1065m), depressão periférica (150-250m) e Planície e

Pantanais Mato-grossenses (80-150m) (Alvarenga et. al., 1982; Del´Arco, 1982; Franco

e Pinheiro, 1982; Radam Brasil, 1984; Godoi Filho, 1986; Assine, 2003).

A unidade descrita como Planície e Pantanais Mato-grossenses é uma extensa

bacia de acumulação formada por aluviões modernos em contínuo processo de

empilhamento. Em consequência da baixa declividade, que é de 30-50 cm/km de leste a

oeste, essa região sofre inundações periódicas alimentadas pelo sistema do Rio Paraguai

e seus tributários (Brasil 1979; Franco e Pinheiro, 1982; Assine, 2003).

Até o Cretáceo, a depressão do Pantanal teria servido como área fonte para as

bacias sedimentares do Grupo Bauru e Parecis e após o cretáceo, falhas teriam

transformado a depressão em um anticlinal. No terciário superior, processos erosivos

moldaram o relevo rebaixando as superfícies circundantes, provocando recuo das

escarpas, dissecação das encostas e erosão de terraço, fornecendo sedimentos para a

região do Pantanal (Ab‘Saber, 1988).

A origem da bacia do Pantanal possui feições morfológicas que são registros da

evolução paleogeográfica condicionados pela tectônica e mudanças climáticas desde o

final do Pleistoceno e que está relacionada a esforços distencionais no arco flexural

(forebulge) da bacia de antepaís (foreland) do Chaco (Shiraiwa, 1994; Ussami et. al.,

1999; Assine, 2003).

O embasamento da bacia do Pantanal é constituído por rochas metamórficas e

magmáticas do Grupo Cuiabá. Na borda oeste da Bacia ocorrem rochas neo-

proterozóicas do Grupo Corumbá, em discordância o Grupo Cuiabá, apresentando-se

com leve caimento para sudoeste, constituindo o maciço de Urucum. Em sua borda

leste, sobre rochas pré-Cambrianas encontram-se sequências Paleozóicas

e Mesozóicas da Bacia do Paraná, constituindo os planaltos de Taquari-Itiquira e

Maracajú-Campo Grande (Assine, 2003).

O depocentro da bacia possui forma elíptica, alongada na direção norte-sul e

eixo maior de aproximadamente 200 km com espessura estimada em 550 m e taxa de

subsidência estimada para essa região é de 22 cm/1000 anos (Ussami et.al., 1999;

2000).

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

27

A Formação Pantanal possui três níveis, Qp1 – sedimentos de natureza arenosa e

conglomerática, situados próximos às rochas pré-cenozóicas e representantes da planície

aluvial antiga; Qp2 – com a maior área de distribuição, essa unidade intermediária

apresenta-se geralmente pelítica caracterizando a planície aluvial sub-recente, sendo

correspondente as áreas periodicamente inundáveis; Qp3 – aluviões recentes, areno-

siltosos, associados a calhas de rios (Alvarenga et.al., 1982).

1.5.2 Geomorfologia

Segundo Jimenez-Rueda et.al. (1998) os diferentes padrões de descarga do rio

Paraguai e seus tributários durante longos períodos resultaram em um mosaico de

formações geomorfológicas e uma grande diversidade de habitat dentro do Pantanal. Em

consequência, foram propostas diversas divisões para o pantanal em decorrência das

características diacrônicas de inundação e relevo ao longo dos tributários do rio

Paraguai (Adámoli, 1986; Alvarenga et.al., 1984; Silva e Abdon, 1998).

A divisão mais recente é de Assine (2003), aonde ele divide o Pantanal em nove

sub-bacias ou sub-regiões, representadas por leques aluviais e planícies fluviais. São

elas: Paraguai - Corixo Grande, Cuiabá, São Lourenço, Taquari, Aquidauana, Paraguai

– Nabileque (sistemas de leques aluviais), Piquiri, Paraguai – Paiaguás, Negro

(planícies fluviais) (Figura 5).

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

28

Figura 5: Mapa de sub-regiões do Pantanal segundo Assine (2003).

1.5.3 Megaleque do rio Taquari

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

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A feição geomorfológica mais notável na bacia do Pantanal é o megaleque do rio

Taquari, com diâmetro aproximado de 250km, o megaleque ocupa cerca de 35% da

bacia. Sua altitude varia entre 190 a 85 m e seu gradiente topográfico é de 36 cm/km

(Assine et. al., 1997; Assine, 2003).

Assine (2003) encaixa essa feição na categoria de leques aluviais de baixa

sinuosidade/meandrantes, sendo meandrante na parte superior e tendo evolução com

seis lobos deposicionais, sendo um recente que recebe sedimentos do rio Taquari

quando esse assume um padrão de drenagem distributário (Figura 6-A).

O sistema lacustre da Nhecolândia é justaposto, e sobreposto, a um complexo

sistema de drenagem. Suas numerosas lagoas (baías) estão distribuídas em meio a uma

rede de paleocanais distributários e canais tributários recentes. Esses paleocanais

registram mudanças recentes na paisagem, condicionadas por eventos de avulsão.

Aparentemente, a densidade de paleocanais está relacionada com a idade do lobo

deposicional (Figura 6-B). Sendo assim, os paleocanais são observados em maior

quantidade próximos ao canal atual do rio Taquari e em menor quantidade na porção sul

do leque, na região de Nhecolândia, cuja deposição é antiga (Assine, 2003; Zani &

Assine, 2011; Martins, 2012).

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

30

Figura 6: A) Lobos depocionais do megaleque do Taquari; B) Densidade de

paleocanais do megaleque do Taquari, Pantanal Sul-matogrossense. Sobrepostos estão

os canais distributários atuais e o rio taquari (Fonte: Zani & Assine, 2011).

1.5.4 Dinâmica de Inundação e Clima Atual

O transbordamento dos rios e as chuvas locais associadas ao baixo índice de

declividade da região geram os sistemas de pulsos de inundação. Com o inicio das

chuvas já é possível notar o aumento das águas nos rios e, em sequência, das baías,

courixos e vazantes no Pantanal. Rapidamente a água precipitada em toda BAP escoa no

sentido norte-sul, chegando ao nível de base do Rio Paraguai. O volume dessas águas

supera a capacidade de vazão do rio e, por consequência, ocorre um barramento natural

das águas. Com a água se acumulando planície acima ocorre o pulso de inundação. Com

o escoamento lento das águas o pulso acontece primeiro mais a norte da planície,

atingindo o sul mais tardiamente (Junk et. al., 2006; Gradela, 2008).

O clima na região é considerado tropical sub-úmido, com temperatura média

anual de 25,5 °C (Soriano 1999). Atualmente o Pantanal é quente, com duas estações

bem marcadas: seca de maio a setembro e chuvas de outubro a abril. A taxa de

precipitação local pode variar de 1.100 a 1.250 mm (Junk et.al., 2006).

1.5.5 Unidades de Vegetação e Flora

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

31

A vegetação no Pantanal Mato-grossense é resultado da interação de diferentes

regiões fitogeográficas como a Floresta Atlântica, o Chaco, a Floresta Amazônia e o

Cerrado (Adámoli, 1986; Nunes da Cunha & Junk 1999, 2001; Junk, 2006). De acordo

com Ribeiro e Walter (2008), o cerrado se caracteriza pela existência de diversas

fitofisionomias interdependentes, condicionadas por características de solo,

disponibilidade de água e nutrientes, a geomorfologia, topografia e latitude, entre

outros.

A metade da associação vegetacional do Pantanal é composta por espécies de

Cerrado e a vegetação é considerada como Savana hipersazonal, ou seja, uma vegetação

de savana sujeita a dois estresses contrastantes, um induzido pela seca e outro pela

prolongada inundação (Eiten, 1982; Sarmiento, 1984). A dinâmica de inundação causa

mudanças rápidas na cobertura vegetal promovendo uma grande diversidade de espécies

pioneiras, desde espécies arbustivas a lenhosas (Pott et. al., 2011).

Segundo Pott & Pott (2004), a vegetação que engloba o ―Complexo do Pantanal‖

abrange uma grande diversidade fisionômica como: campos inundáveis, capão

(formações campestres); mata ciliar, cerradão, floresta seca (formações florestais) e;

cerrado (formação savânica). Além disso, o pantanal sendo uma área alagável favorece

o desenvolvimento de plantas aquáticas em diversos ambientes, como: rios, courixos,

vazantes, baías (lagoas), brejos, campos alagáveis, entre outros. As lagoas salinas

normalmente não apresentam macrófitas aquáticas, somente algas, enquanto que as

―baías‖ apresentam uma grande diversidade florística, com espécies que podem ser

flutuantes, submersas, emergentes e epífetas. Esses ambientes também estão associados

à topografia, as características do solo e inundação (Pott & Pott, 1997, 2004).

Na região de Nhecolândia a vegetação é dominada por espécies de formações de

Cerrado (Savana) e formações campestres, principalmente de campo limpo (Figura 7).

Na região ocorrem ainda associações vegetais típicas de sua paisagem, tais como

(Radam Brasil, 1984; Rezende-Filho, 2006): O (a) Carandazal que representa uma

associação de palmeiras carandá (Copernicia alba), formando um cordão envolvendo as

praias de areia das lagoas salinas; no (b)Canjiqueiral ocorre, principalmente, canjiqueira

(Byrsonima intermédia) e capim-mimoso (Axonopus pupusii); a associação chamada de

(c) Gravatal forma faixas de caraguatá (Bromelia balansae) circundando as áreas de

cerrado nas cordilheiras e; no (d) Caronal destaca-se a presença de capim-carona

(Elyonorus muticus) cobrindo extensas áreas da Nhecolândia.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

32

Figura 7: Mapa de cobertura vegetal da sub-região de Nhecolândia, Pantanal Sul-

matogrossense (Fonte: MMA modificado).

1.5.6 Origem e Evolução das Lagoas Salinas

As lagoas salinas são o diferencial geomorfológico do Pantanal de Nhecolândia.

Elas estão sempre rodeadas por praias de areia sem vegetação. Outra característica que

as diferenciam das demais baías é o fato de estarem isoladas da drenagem atual,

protegidas pelas cordilheiras. Além disso, encontram-se em um nível topográfico mais

deprimido em relação ao entorno (cordilheiras, baías e vazantes) e são constantemente

abastecidas pela água do lençol freático. O pH das baías varia entre 5,7 e 6,8 enquanto

as salinas, ricas em sódio e potássio, possuem um pH que varia entre 9,0 e 11,0

(Sakamoto et. al., 1996; Sakamoto, 1997; Gradela, 2008).

Vários pesquisadores buscam entender a origem e evolução dessa paisagem e

principalmente da salinidade em algumas dessas lagoas, temas cuja discussão ainda está

em aberto.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

33

Ab´Saber (1988, 2006) sugeriu que as lagoas são formadas por mudanças no

padrão de drenagem dos rios da região durante o Holoceno, sendo responsáveis por

lagos de lóbulos internos de meandros, lagos barrados por diques marginais e lagoas em

ferradura. Outros autores sugerem que sejam originadas por processos de deflação

eólicos ocorridos durante fases mais áridas no Pleistoceno Tardio (Almeida, 1945;

Almeida & Lima, 1956; Assine et. al., 2004; Soares et. al., 2003). Onde as cordilheiras

seriam registros de paleodunas eólicas formadas em condições pretéritas de aridez

(Valverde, 1972 apud Assine, 2003). Tricart (1982) considera a origem das lagoas a

partir de depressões de deflação e Klammer (1982), colocou o relevo do Pantanal como

um ―deserto posto sob influência de clima úmido‖, com as lagoas sendo formadas em

áreas interdunares e as denominando de Salt pans.

Em relação à salinidade existente em algumas dessas lagoas, Barbiero et. al.

(2002), sugerem que a salinidade é oriunda de processos geoquímicos atuais, onde a

evaporação causa concentração e precipitação de íons nessas águas, aumentando sua

salinidade (Barbiero et. al., 2002, 2008; Furquim et. al., 2010). Essa hipótese descarta a

possibilidade dessa salinidade ser herança de processos ocorridos durante o Pleistoceno

(Evans, 1894; Cunha, 1943; Valverde, 1972; Tricart, 1982; Mourão, 1988; Ab´Saber

1988). Algumas dessas lagoas salinas possuem bancos de arenitos com cimentação

carbonática e, através da datação por C14 de conchas de gastrópodes coletadas nessas

camadas, Assine (2003) revelou a idade de 1.810±40 anos AP para essa formação, o que

pode ser uma evidência da sedimentação moderna das salinas.

1.5.7 Inferências Paleoambientais na região Central do Brasil

Alguns estudos palinológicos e paleoclimáticos para o final do Pleistoceno e

Holoceno foram desenvolvidos na região central do Brasil, tendo sido realizados

principalmente nos estados de Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais (Figura 8). No

entanto, poucos foram desenvolvidos na região do Pantanal devido principalmente a

dificuldade em se encontrar material orgânico nesse ambiente (Bezerra, 1999). De

forma geral, descreve-se abaixo sobre as principais mudanças climáticas e ambientais

desde o final do Pleistoceno.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

34

Figura 8: Mapa ilustrativo dos pontos de estudos paleoambientais na região Central do

Brasil.

Whitney et. al. (2011) sugerem, para 45.000 até 25.000 anos AP, um clima frio e

seco na região da Lagoa Gaiba, Pantanal sul-matogrossense, com predomínio de

vegetação herbácea (Altenanthera, Borreria/ Spermacoce, Asteraceae, Cyperaceae,

Poaceae). Entre 12.200 anos AP e 10.000 anos AP houve aumento na umidade, com

predomínio de Acalypha, Cecropia e Urticaceae. A partir dessa data dados

palinológicos mostram o aparecimento de vegetação de floresta tropical sazonalmente

inundável, como Anadenanthera, Astronium e Acalypha.

Muitos autores sugerem aumento da umidade na região central do Brasil no

intervalo entre 10.200 e 1.600 anos AP (Iriondo & Garcia, 1993; Stevaux, 1994; Ferraz-

Vicentini et. al., 1996; Parizzi et.al., 1998; Bezerra, 1999; Barberi et.al., 2000). Esses

dados são confirmados pela análise polínica de testemunhos extraídos de Lagoa

Cromínia (GO) e na vereda das Águas Emendadas (DF), onde pode ser observado a

partir de 3.500 anos a presença de Mauritia e outros tipos polínicos associados a solos

úmidos, Mata de galeria e Cerrado arbóreo (Ferraz-vicentini et.al., 1996; Barberi et.al.,

2000).

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

35

McGlue et. al. (2012) registraram um hiato deposicional na bacia do rio Paraguai

entre 5.300 e 2.600 anos AP, provavelmente decorrente de um epsódio de seca extrema

nessa região. Na turfeira Pau de Fruta na Serra do Espinhaço (MG) foi registrado um

clima seco entre 4.200 e 2.500 anos AP que pode estar associado ao fenômeno de

resfriamento global chamado de ―Idade do ferro‖, constatado pela presença de táxons de

Floresta Montana (Horák, 2009). Outros autores, através de análises de multitraçadores,

também sugerem um clima mais quente e seco na região do Pantanal, Chaco e nordeste

da Argentina (Corrientes), no intervalo que vai de 3.500 a 1.400 anos AP, seguido de

um novo registro de aumento de umidade (Iriondo, 1990; Assine et. al., 1997; Bertaux

et. al., 2002; Kuerten et. al., 2013).

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

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CAPÍTULO 2

ARTIGO SUBMETIDO

EVOLUÇÃO PALEOAMBIENTAL EM SALINAS DA NHECOLÂNDIA NO

HOLOCENO SUPERIOR, PANTANAL SUL-MATOGROSSENSE

BÁRBARA FERNANDES BECKER¹, SILANE A. F. DA SILVA CAMINHA², MÁRIO LUIS

ASSINE³, EDVALDO JOSÉ DE OLIVEIRA², MAURO B. DE TOLEDO4,

RENATO LAGA

GUERREIRO5

1 – Universidade Federal de Mato Grosso. Programa de Pós Graduação em Geociências. Av. Fernando

Correa da Costa, S/N. ICET/DGG, Bloco E, 139. Boa Esperança. 78060-900 Cuiabá-MT, Brasil.

[email protected]

2 – Universidade Federal de Mato Grosso, ICET/DGG. Av. Fernando Correa da Costa, S/N. ICET/DGG

Laboratório de Paleontologia, Bloco E, 150. Boa Esperança. 78060-900 Cuiabá-MT, Brasil.

[email protected]; [email protected]

3 – Universidade Estadual Paulista - Unesp, Instituto de Geociências e Ciências Exatas de Rio Claro,

Departamento de Geologia Aplicada. Avenida 24-A, 1515. Bela Vista. 13506-900 - Rio Claro – SP,

Brasil. [email protected]

4 – Grupo de Paleoecologia Tropical – PAETRO. Universidade Federal Fluminense, Instituto de

Geociencias, Departamento de Geologia. Av. Gal. Milton Tavares de Souza s/n, Gragoata, Niteroi – RJ,

Brasil. [email protected]

5 - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná. ACívica, 475, 85935-000, Assis

Chateaubriand - PR, Brasil. [email protected]

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

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RESUMO

A região de Nhecolândia possui uma paisagem distinta quando comparadas às outras

regiões do Pantanal, pois comporta áreas de lagoas limitadas por cordilheiras, faixas de

areia, e que podem estar interligadas por vazantes. Algumas dessas lagoas possuem

índices de salinidaque podem chegar até hipersalino. Acredita-se que a origem desses

lagos tenha sido nos últimos 5 mil anos. Aqui, apresentam-se análises palinológicas e de

geoquímica orgânica de sedimentos coletadas em duas lagoas salinas na região de

Nhecolândia, MS. Os dados indicam que há 3.410 +/- 30 anos AP a vegetação em volta

da lagoa foi composta por Bromeliaceae, Asteraceae, Arecaceae, Amaranthaceae e

Nymphaceae. Registros de Cabomba sp. há 2.300 anos AP mostram que os índices de

salinidade ainda permitiam a existência de macrófitas aquáticas dentro da lagoa. A

partir de cerca de 1.200 anos AP, aumento na quantidade de COT associados a grãos

que indicam florestas sazonalmente inundáveis sugerem o estabelecimento de vegetação

semelhante à atual.

Palavras chaves: Palinologia, Paleoecologia, Quaternário, Lagoas Salinas, Cabomba

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

38

ABSTRACT

PALEOENVIRONMENTAL EVOLUTION IN SALTY POUNDS OF

NHECOLÂNDIA, UPPER HOLOCENE, PANTANAL OF MATO GROSSO DO SUL.

The region of Nhecolândia has a distinct landscape when compared to other Pantanal

regions since it bears areas with ponds limited by Cordilheira forest, sand stripes and

that may be connected by ebb tides. Some of these pounds have salinity indexes that

may reach the hyper-salinity. It is believed that the origin of these lakes was in the last 5

thousand years. Here, it is presented palinological and organic geochemistry analysis of

sediments collected at two saline pounds at the region of Nhecolância, MS. The

obtained data indicate that at 3.410 years BP the vegetation surrounding the pound was

composed by Bromeliaceae, Asteraceae, Arecaceae, Amarantaceae and Nymphaceae.

Registers of Cabomba sp. at 2.300 years BP show that the salinity indexes still allow the

existence of macrophytes inside the pound. Beyond 1.200 years BP, the increasing in

the quantity of COT associated to grains that indicate seasonal floodable forests, suggest

the establishing of vegetation similar to the current one.

Key-words: Palinology, Paleoecology, Quaternary, Saline Pounds, Cabomba

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

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INTRODUÇÃO

A sub-região de Nhecolândia, no Pantanal, ocupa uma área de 27.000 km² na

parte sul do Megaleque do rio Taquari, sendo este um dos maiores leques aluviais do

mundo (Assine, 2003). Essa região possui um complexo de recursos naturais em

mosaico, com a ocorrência de savanas sazonalmente inundadas, cordilheiras (elevações

de fragmentos florestais), ―baías‖ (lagoas de água doce) e salinas (Almeida, 1945;

Alvarenga et. al., 1982; Assine, 2003).

As inúmeras lagoas salinas que existem na região são geralmente perenes e

rodeadas por praias de areias. Elas são topograficamente mais deprimidas que o entorno,

cercadas por cordilheiras e raramente secam totalmente ou são invadidas por águas de

inundação (Pott et. al., 1986; Sakamoto, 1997; Assine 2003; Almeida et. al., 2009). A

salinidade está relacionada a processos atuais de elevadas taxas de evaporação e

precipitação de íons (Barbiero et. al. 2002, 2008; Furquim et. al. 2010).

Algumas hipóteses vêm sendo sugeridas para a gênese dessas lagoas que deve

ter ocorrido somente nos últimos milhares de anos. Alguns autores afirmam que sua

origem está relacionada a processos eólicos durante as fases áridas do Pleistoceno

Tardio (Assine & Soares, 1997, 2004; Assine, 2003; Soares et. al., 2003). Outros

sugerem que foi devido às mudanças na dinâmica do sistema de drenagem dos rios

durante o Holoceno (Ab‘saber, 1988).

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

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Como descrito anteriormente, a região de Nhecolândia detém uma morfologia

singular, e suas lagoas salinas, isoladas do sistema de pulso de inundação do Pantanal,

constituem um ambiente propício para análise de deposição de palinomorfos ao longo

do tempo. Além disso, muitos dos fatores relacionados à origem e evolução das lagoas

levam em conta processos ocorridos nos últimos milhares de anos. Por esta razão,

estudos palinológicos foram desenvolvidos em sedimentos coletados em lagoas salinas

com objetivo de caracterizar a história paleoambiental da região no Holoceno superior.

Vegetação e Clima de Nhecolândia

A vegetação que recobre o Pantanal de Nhecolândia pode ser dividida em:

Cerrado (formações de Savana), mata de ‗‘salina‖, mata de cordilheira, vegetação

aquática de lagoas e brejos, Caronal e Carandazal (Adámoli, 1986; Pott et. al., 1986;

Pott et. al. 1989; Rebellato & Nunes da Cunha, 2005; Rezende-filho 2006; Ribeiro &

Walter, 2008), sendo que, especificamente dentro das lagoas salinas não há presença de

macrófitas. As lagoas salinas possuem uma faixa de areia sem vegetação seguida por

gramíneas e Bromeliaceae (Almeida et. al., 2009). Além disso, pode-se ter uma faixa de

Copernicia alba, que ocorre ao redor das salinas, formando a associação conhecida

como Carandazal (Pott et. al., 1986).

O clima na região é caracterizado como tropical sub-úmido, com temperatura

média anual de 25,5 °C e média pluviométrica de aproximadamente de 1180 mm/a

(Soriano, 1999).

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MATERIAIS E MÉTODOS

Dois testemunhos, aqui denominados de NH15 e NH23, foram coletados com o

auxilio de um vibro-testemunhador em duas lagoas salinas com coordenadas

18°55'41.08"S-56°33'5.66"O e 18°59'1.91"S-56°39'44.82"O, respectivamente (Figura

1).

Figura 1: Mapa de localização da sub-região de Nhecolândia e lagoas amostradas

(Modificado de Rezende Filho, 2006).

Para análise palinológica a amostragem foi realizada em intervalos de cinco

centímetros em ambos os testemunhos, sendo 11 amostras retiradas no NH15 (Figura

2A) e 16 amostras extraídas do NH23 (Figura 2B), totalizando 27 amostras. Somente a

fração superior dos dois testemunhos foi amostrada, pois possuíam intervalos ricos em

matéria orgânica.

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Para datação radiométrica pelo método AMS – Acelerador de Espectometria de

Massa, três subamostras foram enviadas para o Laboratório Beta Analytic Inc. (Miami,

EUA). Para controle cronológico foi realizado o cálculo das idades interpoladas no

testemunho NH23 a partir das datações obtidas por 14

C. Isso só foi possível assumindo

que a taxa de sedimentação da área é constante.

Figura 2: (A) Perfil sedimentar do testemunho NH15, com a profundidade das 11

amostras utilizadas para análise palinológica e a idade calibrada da amostra AM157. (B)

Perfil sedimentar do testemunho NH23 com a profundidade das 16 amostras utilizadas

para análise palinológica e idades calibradas.

Subamostras também foram enviadas ao Laboratório de Palinofácies e Fácies

Orgânicas (LAFO), Universidade Federal do Rio de Janeiro para Análise de Carbono

Orgânico Total (COT). Nesse trabalho foram analisados todos os níveis amostrados

para COT, porem optou-se por usar as informações somente das amostras que

apresentaram palinomorfos.

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43

O sedimento seco foi pesado e, para a preparação das amostras para análise

palinológica, foram utilizadas de três a cinco gramas dependendo da quantidade de

matéria orgânica da amostra. Cada amostra recebeu 1mg de pólen de Kochia scoparia

(L.) Schrad (1809) com quantidade estimada em 60.543,88 grãos. O tratamento químico

utilizado para preparação foi modificado a partir da técnica descrita por Faegri &

Iversen (1989). Devido à natureza orgânica da amostra não foi necessário acrescentar

HF e em algumas amostras, para diminuir e clarear a matéria orgânica do resíduo,

acrescentou-se HNO3 no final do processo. As lâminas foram montadas com gelatina

glicerinada (Salgado-Laboriau, 1973). O resíduo palinológico bem como as lâminas

desse material encontram-se armazenados no LEP - Laboratório de Estudos

Palinológicos da Universidade Federal de Mato Grosso.

A contagem e identificação dos grãos de pólen e demais palinomorfos foram

realizadas em microscópio óptico Nikon Eclipse E200MVR, com aumento de 200, 400

e 1000X. A identificação taxonômica foi realizada com o auxílio da Coleção de

Referência de Grãos de Pólen modernos com espécies de Cerrado e Pantanal

pertencente ao Laboratório de Estudos Palinológicos da Universidade Federal de Mato

Grosso, além de Atlas, Catálogos, e bibliografia especializada na área (Salgado-

Laboriau, 1973; Faegri & Iversen, 1989; Colinvaux et. al., 1999; Jansonius &

McGregor, 2002;). As fotomicrografias foram executadas com o auxilio de maquina

fotográfica Canon Rebel T3I acoplada ao microscópio óptico.

A análise quantitativa buscou alcançar um mínimo de 300 grãos de pólen em

cada nível (Ybert et. al. 1992; Colinvaux et. al. 1999) com exceção dos grãos de Kochia

scoparia e esporos. No entanto, em alguns níveis não atingiram essa contagem (Tabela

1 A e B).

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Tabela 1: Quantidade de grãos contados nos testemunhos NH15 (A) e NH23 (B),

localizados na região da Nhecolândia, Pantanal, Mato Grosso do Sul.

(A) Testemunho NH15

Profundidade (cm) Polens Esporos Total

0 103 78 181

5 308 59 367

10 307 32 339

15 306 31 337

20 205 16 221

25 210 5 215

30 165 21 186

35 120 16 136

Total contado NH15 1724 258 1982

(B) Testemunho NH23

Profundidade (cm) Polens Esporos Total

0 8 1 9

5 5 0 5

10 300 2 302

15 315 7 322

20 303 7 310

25 304 10 314

30 306 20 326

35 312 3 315

40 112 31 143

45 322 1 323

50 304 1 305

55 307 0 307

60 303 1 304

65 305 0 305

70 330 1 331

75 8 1 9

Total contado NH23 3844 86 3930

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Os diagramas palinológicos de porcentagem e concentração foram gerados

através do Software C2 – Análise e visualização de dados paleoambientais. Os cálculos

para os diagramas de porcentagem basearam-se na soma total de pólens contados e os

de concentração, no número de grãos de Kochia acrescentados e contados por amostra e

a quantidade contada de cada um dos palinomorfos. O cálculo foi realizado usando a

contagem de cada palinomorfo na amostra multiplicado pelo K. scoparia inserido

(~60.543,88 grãos) na amostra, dividido pelo K. scoparia contado em cada amostra. O

valor obtido foi dividido pelo peso da amostra (g).

As preferências ecológicas de cada táxon estão separadas em seis grupos (Tabela

2) e análises multivariadas de DCA (Gauch, 1982), usando-se o programa PCORD,

indicaram os limites das palinozonas aqui usadas.

Tabela 2: Grupos utilizados nos diagramas e os táxons neles incluídos (Pott et. al.,

1986; Rodela & Nunes da Cunha, 2006; Sano et. al., 2008; Ribeiro & Walter, 2008). Grupo Características Táxons incluídos

Cerrado (Savana) Árvores e arbustos sobre um extrato gramíneo;

Poaceae; Cyperaceae; Cyperus sp.; Arecaceae; Copernicia alba; Emilia sp.;

Melastomastaceae; Polygala sp.; Gomphrena sp.; Anadenanthera sp.;

Tabebuia sp.; Tapirira sp.; Caryophyllaceae

Mata de Cordilheira Táxons arbóreos – arbustivos de cerradão e mata de cerrado;

Poaceae; Cyperaceae; Cyperus sp.; Bromeiliaceae; Anacardiaceae; Emília sp.;

Anadenanthera sp.; Tabebuia sp. Mata de Salina Vegetação de campo de cerrado

associada à margem de lagoas salinas;

Copernicia alba; Tabebuia sp.; Gomphrena sp.

Lagoa/Brejo Táxons herbáceos ou arbustivos adaptados a locais encharcados, muito úmidos ou completamente

aquáticos;

Cyperus sp.; Typha sp.; Pontederia sp.; Cabomba sp.

Carandazal Associação de Copernicia alba formando um cordão envolvendo

as praias de areia das lagoas salinas;

Copernicia Alba

Caronal Dominância Elyonorus muticus) e presença de táxons herbáceos

– arbustivo;

Poaceae; Polygala sp.; Tabebuia sp; Gomphrena sp.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

O testemunho NH15 possui 2,4 m de profundidade sendo que a parte basal de

2,4 a 0,5 m é composta por areia fina (Figura 2A). Aqui, enfatizou-se somente a parte

superior por conter sedimentos orgânicos. A análise radiométrica por AMS do NH15

forneceu uma idade de 2.450±30 anos AP, para a profundidade de 30 cm (Tabela 3). A

amostragem para palinologia e nível datado está representada na Figura 2A.

O testemunho NH23 com 1,8 m de profundidade é composto por areia fina na

base (1,8 a 0,5 m) (Figura 2B). Já a parte superior é rica em matéria orgânica e de onde

foram retiradas as amostras para palinologia. A análise radiométrica por AMS estimou

idade de 3.410±30 anos AP para 75 cm de profundidade e, 960±30 anos AP paraa 30

cm de profundidade (Tabela 3).

Tabela 3: Tabela mostrando dados da datação das amostras. Amostras AM157, AM237

e AM2316, profundidade, código do laboratório e idades convencionais, calibradas e

médias.

Código da Amostra

Profundidade (cm)

Código de Laboratório

Idade C14

convencional

(anos AP)

Idade Calibrada (anos cal.

AP)

Idade média

(anos cal. AP)

AM157 30 353948 2.550±30 800 a 750 2.450±30

AM237 30 353950 1.030±30 970 a 1030 960±30

AM2316 75 353952 3.510±30 1.920 a 1.750 3.410±30

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Geoquímica orgânica - Carbono Orgânico Total (COT)

NH 15

Os valores de COT e valores de enxofre apresentam-se moderadamente

homogêneos, excetuando-se na base do testemunho, em 45,0 cm de profundidade, onde

ocorre a única anomalia relativa à seção estudada, porém, de um modo geral inexistem

teores baixos, conforme já apresentado. Os valores de Razão Insolúvel do poço NH 15,

possui assinatura geoquímica siliciclástica, porém, o intervalo situado entre 50,0 cm e

20,0 cm, compreendendo portanto 60,0% da seção estudada, possui alternância nos

valores de RI, indicando uma disponibilidade sazonal de carbonatos (Figura 3A, Tabela

4).

Tabela 4: - Tabela apresentando os valores da análise de Geoquímica Orgânica do

testemunho NH15, onde COT= Carbono Orgânico Total; ST= Enxofre Total; RI=

Resíduo Insolúvel.

Depth(cm) COT(%) ST(%) RI (%)

Carbonático

0 4,14 0,06 84 16

5 5,02 0,06 85 15

10 4,63 0,05 85 15

15 4,79 0,05 83 17

20 5,01 0,05 81 19

25 5,23 0,07 78 22

35 3,78 0,05 84 16

40 5,85 0,06 76 24

45 7,78 0,11 89 11

50 4,9 0,06 91 9

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NH 23

De modo geral, os valores de carbono apresentam-se heterogêneos, sendo

possível estabelecer dois picos de maior ocorrência, sendo da base para o topo: um em

45,0 cm de profundidade e um segundo pico na amostra coletada na superfície. Os

valores de enxofre apresentam-se relativamente homogêneos entre si, com variância

próxima a zero, porém, convém ressaltar, que, partindo da base para o topo, nos 20,0 cm

finais do testemunho ocorrem valores relativamente superiores aos da seção como um

todo. Os valores de RI, todo poço possui assinatura geoquímica siliciclástica, porém, o

intervalo situado entre 80,0 cm e 35,0 cm possui valores menores de RI, indicando a

maior tendência carbonática de toda a seção (Figura 3B, Tabela 5).

Tabela 5: Tabela apresentando os valores da análise de Geoquímica Orgânica do

testemunho NH23, onde COT= Carbono Orgânico Total; ST= Enxofre Total; RI=

Resíduo Insolúvel.

Profundidade (m) COT(%) ST(%) RI (%) Carbonático

0 3,92 0,07 91 9

5 2,91 0,05 90 10

10 2,29 0,02 93 7

15 1,6 0,03 95 5

20 0,24 0,01 97 3

25 0,29 0,03 98 2

35 2,43 0,04 84 16

40 2,67 0,03 84 16

45 4,76 0,04 80 20

50 2,25 0,04 84 16

55 1,36 0,03 82 18

60 1,28 0,03 79 21

65 1,84 0,03 82 18

70 1,04 0,03 80 20

80 0,77 0,03 80 20

85 0,27 0,03 94 6

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Figura 3: (A) Resultados de COT, ST, RI e Carbonático do poço NH 15. (B)

Resultados de COT, ST, RI e Carbonático do poço NH 23. COT= Carbono orgânico

total; ST= Enxofre total; RI= Resíduo insolúvel.

Análise Palinológica

28 tipos polínicos foram identificados nos dois testemunhos sendo que Poaceae,

Cyperaceae, Cyperus sp. e Typha sp. são os mais abundantes. A baixa diversidade

polínica em lagoas salinas pode ser explicada pela escassez de vegetação tanto dentro

como fora da lagoa (Pott et. al., 1986; Almeida et. al., 2009).

Análise Multivariada – Detrended Correspondence Analysis

O estabelecimento das palinozonas foi realizado usando-se da Análise de

Correspondência Destendenciada (DCA) (Figuras 4 A, B), as mesmas estão descritas

abaixo.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

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Figura 4: (A) Gráfico de DCA do testemunho NH15 estabelecendo a relação das

espécies e as características locais. (B) Gráfico de DCA do testemunho NH23

estabelecendo a relação das espécies e as características locais.

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Palinozonas e interpretações

NH15

A palinozona NH15-I tem inicio a 2.450±30 anos AP (idade calibrada) e mostra

abundância de elementos arbóreos de savana como Arecaceae, comum em solos úmidos

próximos a lagoas e Copernicia sp., associada a solos alcalinos e salinos (Pott et. al.,

1986; Marchant et. al., 2002). A baixa abundância (em relação a outras zonas) de Typha

sp., Cyperaceae e Cyperus sp. sugere que o ambiente poderia estar um pouco mais seco

nesse período, já que esses tipos preferem ambientes úmidos e ou encharcados (Pott et.

al., 1986; Marchant et. al., 2002). Por outro lado, a ausência de Typha sp. em conjunto

com abundância de Copernicia sp., pode indicar que a água da lagoa já era salina

naquele dado momento. Os altos valores de COT indicam que a 2.450±30 anos AP a

lagoa já estava individualizada, porém, aos 35 cm de profundidade, a quantidade de

carbono orgânico é a mais baixa em todo testemunho (3,78%), o que reforça a sugestão

de um período um pouco mais seco, com pouco aporte de água e índices baixos de

preservação da matéria orgânica (Bezerra & Mozeto, 2008).

Na palinozona NH15-II que tem início aos 25 cm de profundidade o ambiente

parece diferente, pois aparecem táxons arbóreos/arbustivos associados à mata de

cordilheiras como Anacardiaceae, Bromeliaceae, Asteraceae e Tapirira sp.(Pott et. al.,

1986; Marchant et. al., 2002). O aumento da quantidade de COT (5,23%), associado ao

repentino aumento de Typha sp., e o registro de Pontederia sp. podem representar

aumento na umidade. Eleuterius (1990) afirma que Pontederia resiste a níveis baixos de

salinidade na água, o que pode justificar o registro desse táxon em diversos níveis

desses testemunhos. Essa zona é marcada também por Copernicia sp., presente nas

matas ao redor das salinas (Pott et. al., 1986).

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52

Por outro lado, no topo da zona, de 15 a 10 cm, ocorre decréscimo no COT, que

passa a apresentar valores próximos de 4,5%, indicando que menos matéria orgânica

estava sendo depositada nesse ambiente. Associado a isso ocorre uma drástica redução

na abundância de Typha sp., ausência de Pontederia sp. e o aumento de táxons

associados a ambientes secos como Bromeliaceae e Asteraceae. No entanto, Arecaceae

e Podocarpus ocorrem nessa mesma zona sugerindo condições úmidas (Pott et. al.,

1986; Marchant et. al., 2002) (Capítulo 3, Figuras 9 e 10).

NH23

A palinozona NH23-I se inicia com baixos valores de COT (1,04%), mostrando

que há 3.138 anos AP (idade interpolada) o aporte de matéria orgânica no ambiente era

baixo. Seu registro polínico mostra uma vegetação aberta, com abundância de Poaceae e

táxons de vegetação de Savana e Caronal, como Melastomastaceae, Asteraceae e

Polygala sp. (Pott et. al., 1986). O registro de Gomphrena sp., Copernicia sp. e

Tabebuia sp. indica que a vegetação da mata ao redor da lagoa salina já estava

estabelecida, mas há 2.321 anos AP (idade interpolada) a salinidade da água ainda

permitia a presença de macrófitas aquáticas como Cabomba sp. (Pott et. al., 1986;

Marchant et. al., 2002).

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

53

Ainda nesse intervalo, observou-se vegetação associada a cordilheiras e de áreas

secas como Bromeliaceae e Asteraceae, caracterizando um período mais seco no

ambiente (Pott et.al., 1986; Marchant, 2002). Essa informação é semelhante aos dados

obtidos para a mesma idade no NH-15. No entanto, a partir de 1.777 anos AP (idade

interpolada) um pico de umidade pode ser observado, levando-se em conta a presença

de Anadenanthera sp., típica de vegetação de Floresta sazonalmente inundável além de

alta concentração de Typha sp. e Cyperaceae (Pott et.al., 1986; Marchant et.al. 2002;

Withney et. al., 2008). O aumento também na quantidade de carbono orgânico no

ambiente, que atinge 4,76%, pode confirmar essa informação (Bezerra e Mozeto, 2008).

A palinozona NH23-II, com inicio a 1.504 anos AP (idade interpolada), mostra

uma redução no aporte de matéria orgânica no ambiente (2,67%). Essa palinozona é

marcada pela abundância de grãos relacionados à vegetação aberta ao redor de salinas

como Asteraceae e Copernicia sp.(Pott et. al., 1986). A ausência de Typha sp. nesse

intervalo pode sugerir um ambiente seco, pobre em nutrientes, ou também índices altos

de salinidade na água dessa lagoa (Pott et. al., 1986; Marchant et. al., 2002; Bezerra e

Mozeto, 2008; Esteves e Suzuky, 2008).

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

54

A palinozona NH23-III inicia em 1232±30 anos AP (idade interpolada) e, de

maneira geral, mostra abundância de táxons relacionados a ambientes

úmidos/encharcados, como Arecaceae, Cyperus sp., Typha sp. e Pontederia sp., sendo

esta última espécie exclusivamente aquática e adaptada a baixos níveis de salinidade

(Pott et. al., 1986; Eleuterius, 1990; Marchant et. al., 2002). O registro polínico também

mostra táxons associados à mata de cordilheira como Bromeliaceae, Anacardiaceae e

Emilia sp. além de Copernicia sp., típica de vegetação ao redor de lagoas salinas. A

partir de 640 anos AP (idade interpolada), há abundância de Tapirira sp. e, por isso,

estabelecimento da vegetação de Floresta sazonalmente inundável, fato corroborado

pelo aumento nos valores de COT (2.29%) (Pott et. al., 1986; Marchant et.al., 2002;

Bezerra e Mozeto, 2008) (Capítulo 3, Figuras 11 e 12).

Em geral o Holoceno é caracterizado pelo aumento nos índices de umidade em

toda região central do Brasil (Stevaux, 1994; Ferraz-Vicentini & Salgado Laboriau,

1996; Parizzi et.al., 1998; Bezerra, 1999; Barbieri et.al., 2000). No Pantanal Sul-

matogrossense, a partir de 10.000 anos AP, os táxons já representavam vegetação de

floresta tropical sazonalmente inundável, fortalecendo a ideia de umidade naquela

região (Withney et. al., 2011).

Registros de Arecaceae, Cyperaceae e Typha sp., táxons relacionados a

ambientes úmidos e/ou encharcados indicam essas condições, embora haja eventos de

aridez.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

55

Ambos os testemunhos mostram que a vegetação era favorecida por um

ambiente mais seco de 3.138 até aproximadamente 1.777 anos AP, o que pode ser

correlacionado com a interpretação de Bertaux et. al. (2002), que sugeriram um clima

mais seco entre 3.800 e 2.500 anos AP para a região de Bonito (MS). Para Iriondo

(1990) e Iriondo e Garcia (1993) o clima também foi seco no Chaco-Pampa Argentino

de 3.500 a 1400 anos AP. Informações obtidas na bacia do rio Paraguai mostram um

hiato deposicional no período entre 5.300 e 2.600 anos AP decorrente de um forte

período seco (McGlue et. al., 2012).

De 1.770 a 1.232 anos AP, o registro polínico varia entre ambientes úmidos e

ambientes secos. A partir de 1.232 anos AP, a vegetação é composta por táxons de

Floresta sazonalmente inundável, o que corrobora com as inferências de clima úmido no

Chaco-Pampa Argentino a partir de 1.400 anos AP (Pott et. al., 1986; Iriondo, 1990;

Iriondo e Garcia, 1993; Marchant et. al., 2002; Withney et. al., 2011).

Ab‘Saber (1986) sugere que os principais contornos e ecossistemas do Pantanal

teria idade de pelo menos 5000 mil anos. A vegetação estabelecida nessa região há

3.140 anos AP (idade interpolada) mostrava abundância de Copernicia sp., gênero

pioneiro, e Bromeliaceae e Asteraceae, comuns em áreas secas . Há cerca de 2.320 anos

(idade interpolada) houve o registro da macrófita aquática Cabomba sp., sugerindo

baixos níveis de salinidade. A partir de cerca 1.200 anos AP, o ambiente revela táxons

arbóreos de Cordilheira e associação de Mata de salina.

CONCLUSÕES

Análises palinológica e de geoquímica orgânica de amostras coletadas em duas

lagoas salinas de Nhecolândia permitiram concluir que:

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

56

- De 3.140 a 1.770 anos AP (idades interpoladas), o ambiente parecia mais seco

que o atual, levando-se em conta os valores baixos e homogêneos de carbono orgânico

total e a presença de táxons comuns em áreas secas como Bromeliaceae, Asteraceae e

palmeiras Carandá (Copernicia alba);

- Por volta de 2.300 anos AP (idade interpolada), os índices de salinidade da

água em uma das salinas (NH23) ainda permitiam a existência de macrofitas aquáticas

não resistentes à salinidade como Cabomba sp.

- De 1.770 a 1.232 anos AP (idades interpoladas) a vegetação oscilou, com

umidade suficiente para o registro de Arecaceae, Cyperaceae e Typha sp., táxons

relacionados a ambientes úmidos e/ou encharcados;

- A partir de 1.232 anos AP (idade interpolada) o aumento na quantidade de

carbono orgânico total sendo depositado no ambiente, em conjunto com o registro de

táxons comuns em Florestas sazonalmente inundáveis como Tapirira sp. e

Anadenanthera sp., mostra o estabelecimento de uma vegetação semelhante a atual.

Agradecimentos

Esse trabalho foi realizado com auxilio dos projetos: 2007/55987-3(FAPESP);

401809/2010-2 (CNPq). Os autores agradecem aos órgãos financiadores CNPq,

FAPESP e FAPEMAT, ao Herbário Central da UFMT e ao LAFO – UFRJ. Agradecem

também a concessão das bolsas a Bárbara F. Becker (CAPES) e a Mario L. Assine

(FAPESP – 305108/2009-3).

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Legendas das figuras / Figures captions

Figura 1: Mapa de localização da sub-região de Nhecolândia e lagoas amostradas

(Modificado de Rezende Filho, 2006).

Figure 1: Location map of the Nhecolândia sub-region and the sampled pounds

(Modified from Rezende Filho, 2006).

Figura 2: (A) Perfil sedimentar do testemunho NH15, com a profundidade das 11

amostras utilizadas para análise palinológica e a idade calibrada da amostra AM157. (B)

Perfil sedimentar do testemunho NH23 com a profundidade das 16 amostras utilizadas

para análise palinológica e idades calibradas.

Figure 2: (A) Sedimentar profile of NH15 testimonial, with depths of the 11 samples

used in the palinological analysis and the calibrated age of sample AM157. (B)

Sedimentar profile of NH23 testimonial with depths of 16 samples used in the

palinological analysis and calibrated ages.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

63

Figura 3: (A) Resultados de COT, ST, RI e Carbonático do poço NH 15. (B)

Resultados de COT, ST, RI e Carbonático do poço NH 23. COT= Carbono orgânico

total; ST= Enxofre total; RI= Resíduo insolúvel.

Figure 3: (A) Results of COT, ST, RI and Carbonate of NH15 well. (B) Results of

COT, ST, RI and Carbonate of NH23 well. COT = total organic carbon; ST = total

sulphur; RI = insoluble residue.

Figura 4: (A) Gráfico de DCA do testemunho NH15 estabelecendo a relação das

espécies e as características locais. (B) Gráfico de DCA do testemunho NH23

estabelecendo a relação das espécies e as características locais.

Figure 4: (A) DCA graphic of NH15 testimonial establishing the relations of species

and local features. (B) DCA graphic of NH23 testimonial establishing the relations of

species and local features.

Figura 5: (A) Diagrama de porcentagem do testemunho NH15 com os elementos dos

grupos: gramíneas, savana, mata de cordilheira, mata de salina, lagoas e brejos e floresta

montana . (B) Diagrama de porcentagem do testemunho NH23 com os elementos dos

grupos: gramíneas, savana, mata de salina, mata de cordilheira e lagoas e brejos.

Figure 5: (A) Percentage diagram of the NH15 testimonial with the elements belonging

to: grass, savanna, cordilheira forest, salina forest, pounds and swamps and montane

forest groups. (B) Percentagem diagram of the NH23 testimonial with the elements

belonging to: grass, savanna, salina forest, cordilheira forest and pounds and swamps

groups.

Figura 6: (A) Diagrama de concentração do testemunho NH15 com os elementos dos

grupos: gramíneas, savana, mata de cordilheira, mata de salina, lagoas e brejos e floresta

montana . (B) Diagrama de concentração do testemunho NH23 com os elementos dos

grupos: gramíneas, savana, mata de salina, mata de cordilheira e lagoas e brejos.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

64

Figure 6: (A) Concentration diagram of the NH15 testimonial with the elements

belonging to: grass, savanna, cordilheira forest, salina forest, pounds and swamps and

montane forest groups. (B) Concentration diagram of the NH23 testimonial with the

elements belonging to: grass, savanna, salina forest, cordilheira forest and pounds and

swamps groups.

Legenda das tabelas / tables captions

Tabela 1: Quantidade de grãos contados nos testemunhos NH15 (A) e NH23 (B),

localizados na região da Nhecolândia, Pantanal, Mato Grosso do sul

Table 1: Counted quantity of grains in the NH15 (A) and NH23 (B) testimonials,

located at the region of Nhecolândia, Pantanal, Mato Grosso do Sul.

Tabela 2: Grupos utilizados nos diagramas e os táxons neles incluídos (Pott et. al.,

1986; Rodela & Nunes da Cunha, 2006; Sano et. al., 2008; Ribeiro & Walter, 2008).

Table 2: Used groups in the diagrams and the taxa included in them (Pott et. al., 1986;

Rodela & Nunes da Cunha, 2006; Sano et. al., 2008; Ribeiro & Walter, 2008).

Tabela 3: Tabela mostrando dados da datação das amostras. Amostras AM157, AM237

e AM2316, profundidade, código do laboratório e idades convencionais, calibradas e

médias.

Table 3: Table showing data of the sample dating. Samples AM157, AM237 and

AM2316, depth, laboratory code and conventional, calibrated and medium ages.

Tabela 4: - Tabela apresentando os valores da análise de Geoquímica Orgânica do

testemunho NH15, onde COT= Carbono Orgânico Total; ST= Enxofre Total; RI=

Resíduo Insolúvel.

Table 4: Table presenting the values of the organic geochemistry analysis of the NH15

testimonial, where COT = Total organic carbon; ST = total sulphur; RI = insoluble

residue.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

65

Tabela 5: Tabela apresentando os valores da análise de Geoquímica Orgânica do

testemunho NH23, onde COT= Carbono Orgânico Total; ST= Enxofre Total; RI=

Resíduo Insolúvel.

Table 5: Table presenting the values of the organic geochemistry analysis of the NH23

testimonial, where COT = Total organic carbon; ST = total sulphur; RI = insoluble

residue.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

66

CAPÍTULO 3

RESULTADOS PALINOLÓGICOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Testemunho NH15

(Figuras 10 e 11)

Palinozona NHEC15I: 35 – 25 cm de profundidade; idade aos 30 cm – 2.450±30 AP

(idade calculada);

A palinozona é caracterizada por uma altíssima porcentagem de elementos

herbáceos de savana, com valores que descressem para o topo da zona. Poaceae

apresenta seu maior valor percentual aos 35 cm de profundidade atingindo 90% da

assembleia polínica e diminui gradativamente até os 50%, aos 25 cm de profundidade.

O contrário ocorre com valores de concentração desse táxon, que apresenta 30.000

grãos/cm³ no início da deposição do testemunho e atinge 100.000 grãos/cm³ no limite

entre as palinozonas. Cyperaceae e Cyperus sp. sp. possuem valores percentuais iniciais

muito baixos (-5%), porém os mesmos aumentam discretamente em direção ao limite da

zona. Cyperaceae atinge 10% aos 30 cm de profundidade e Cyperus sp. sp. atinge 15%

aos 25 cm de profundidade. O mesmo ocorre com a concentração desses táxons que,

mesmo com valores altos desde o inicio da deposição (cerca de 200 grãos/cm³),

aumentam em direção ao limite da zona, quando Cyperaceae apresenta uma

concentração de 1.000 grãos/cm³ e Cyperus sp. sp. chega a 2.800 grãos/cm³. O extrato

arbóreo da savana está representado nessa zona pela Arecaceae, que apresenta valores

percentuais baixos em todo intervalo (-10%). A concentração inicial desse táxon é de

120 grãos/cm³ e diminui gradativamente até desaparecer no limite entre zonas.

A vegetação que ocorre ao redor das lagoas salinas está representada nessa zona

pelo gênero Copernicia alba. O valor percentual desse táxon é baixo, atingindo 10% na

amostra AM157, seu valor percentual máximo em todo testemunho. A concentração

inicial desse táxon também é baixa (30 grãos/cm³), mas atinge seu valor máximo de 270

grãos/cm³ aos 30 cm de profundidade quando volta a diminuir. A família Asteraceae

também está presente na vegetação ao redor das lagoas salinas e, apesar de valor

percentual nulo, a concentração desse táxon no limite entre zonas é de 100 grãos/cm³.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

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A vegetação associada a ambientes úmidos e/ou aquáticos (Poaceae,

Cyperaceae, Cyperus sp. sp., Typha sp. e Pontederia sp.) apresenta valores percentuais

menores de 10% na amostra basal e aumentam para o limite entre zonas, quando

representam quase 45% da associação polínica. A concentração de Typha sp. aumenta

drasticamente e, de uma concentração basal menor do que 200 grãos/cm³, esse táxon

atinge 5.000 grãos/cm³ na amostra AM156. Pontederia sp. possui seu primeiro registro

aos 25 cm de profundidade, aonde sua concentração é de 100 grãos/cm³.

Além de Poaceae, Cyperaceae, Cyperus sp. sp. e Asteraceae, outros táxons

associados à vegetação de cordilheira registram seu primeiro aparecimento no limite

entre zonas. Os valores percentuais dos mesmos não atingem 5% aos 25 cm de

profundidade, entretanto, a concentração de Bromeliaceae é de 500 grãos/cm³ e

Anacardiaceae atinge 200 grãos/cm³.

Palinozona NHEC15II: 25-05 cm de profundidade:

A palinozona apresenta elementos de diversas fitofisionomias. O valor

percentual de Poaceae é decrescente para o topo do testemunho, quando representa 60%

da associação polínica. A concentração também diminui de 100.000 grãos/cm³ aos 25

cm de profundidade para menos de 20.000 grãos/cm³ aos cinco cm de profundidade.

Cyperaceae e Cyperus sp. sp. encontram-se melhor representadas nessa zona. Cyperus

sp. sp. representa entre 20 e 25% da assembleia em toda zona e Cyperaceae atinge 20%

aos 10 cm de profundidade. Os valores de concentração desses táxons são altos,

Cyperus sp. sp. alcança 800 grãos/cm³ aos cinco cm de profundidade e Cyperaceae

atinge 400 grãos/cm³ na mesma amostra. Elementos arbóreos como Arecaceae e

Tapirira sp. apresentam valores nulos de percentagem, mas seus valores de

concentração atingem 48 grãos/cm³ e 22 grãos/cm³, respectivamente. Todos os Táxons

acima citados, além daqueles associados à cobertura vegetal das cordilheiras,

representam a vegetação de Savana.

Os elementos de mata de cordilheira estão representados por Bromeliaceae e

Asteraceae. O valor percentual desses Táxons é nulo em toda palinozona. Bromeliaceae

atinge a concentração de 50 grãos/cm³ e Asteraceae pode apresentar até 20 grãos/cm³.

Copernicia alba representa a vegetação associada a lagoas salinas e seu valor

percentual não passa de 5% em todo intervalo. Os valores de concentração desse táxon

decrescem para o topo da palinozona, com cerca de 100 grãos/cm³ aos 25 cm de

profundidade e menos de 10 grãos/cm³ aos cinco cm de profundidade.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

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Elementos de áreas úmidas e/ou aquáticos estão representados nessa zona por

Typha sp. e Pontederia sp. (além de Poaceae, Cyperaceae e Cyperus sp. sp.). Sendo que

P. cordata só está registrada nas amostras de base e topo da palinozona. Seu valor

percentual não é considerável porem sua concentração atinge 48 grãos/cm³ aos cinco cm

de profundidade. A ocorrência de Typha sp. é percentualmente baixa em toda zona (-

5%) e a concentração, que atinge 500 grãos/cm³ aos 20 cm de profundidade, decresce

para o topo do testemunho.

A palinozona II registra a única ocorrência de um Táxon de Floresta Montana, o

gênero Podocarpus sp. alcança a concentração de 16 grãos/cm³ aos 10 cm de

profundidade.

O conjunto polínico das palinozonas NH15 I e II mostram:

A palinozona NH15-I tem inicio a 2.450±30 anos AP (idade calibrada) e mostra

abundância de elementos arbóreos de savana como Arecaceae, comum em solos úmidos

próximos a lagoas e Copernicia sp., associada a solos alcalinos e salinos (Pott et. al.,

1986; Marchant et. al., 2002). A baixa abundância (em relação a outras zonas) de Typha

sp., Cyperaceae e Cyperus sp. sugere que o ambiente poderia estar um pouco mais seco

nesse período, já que esses tipos preferem ambientes úmidos e ou encharcados (Pott et.

al., 1986; Marchant et. al., 2002). Por outro lado, a ausência de Typha sp. em conjunto

com abundância de Copernicia sp., pode indicar que a água da lagoa já era salina

naquele dado momento. Os altos valores de COT indicam que a 2.450±30 a lagoa já

estava individualizada, porém, aos 50 cm de profundidade, a quantidade de carbono

orgânico é a mais baixa em todo testemunho (3,78%), o que reforça a sugestão de um

período um pouco mais seco, com pouco aporte de água e índices baixos de preservação

da matéria orgânica (Bezerra & Mozeto, 2008).

Na palinozona NH15-II que tem início aos 25 cm de profundidade o ambiente

parece diferente, pois aparecem táxons arbóreos/arbustivos associados à mata de

cordilheiras como Anacardiaceae, Bromeliaceae, Asteraceae e Tapirira sp.(Pott et. al.,

1986; Marchant et. al., 2002). O aumento da quantidade de COT (5,23%), associado ao

repentino aumento de Typha sp., e o registro de Pontederia sp. podem representar

aumento na umidade. Eleuterius (1990) afirma que Pontederia resiste a níveis baixos de

salinidade na água, o que pode justificar o registro desse táxon em diversos níveis

desses testemunhos. Essa zona é marcada também por Copernicia sp., presente nas

matas ao redor das salinas (Pott et. al., 1986).

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

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Por outro lado, no topo da zona, de 15 a 10 cm, ocorre decréscimo no COT, que

passa a apresentar valores próximos de 4,5%, indicando que menos matéria orgânica

estava sendo depositada nesse ambiente. Associado a isso ocorre uma drástica redução

na abundância de Typha sp., ausência de Pontederia sp. e o aumento de táxons

associados a ambientes secos como Bromeliaceae e Asteraceae. No entanto, Arecaceae

e Podocarpus ocorrem nessa mesma zona sugerindo condições úmidas (Pott et. al.,

1986; Marchant et. al., 2002).

Testemunho NH23

(Figuras 12 e 13)

Palinozona NH23I: 70 – 45 cm de profundidade. Idade: 3.138 anos AP há 1.504 anos

AP (idades interpoladas);

Essa palinozona é caracterizada pela alta porcentagem de Typha sp., táxon

associado a áreas úmidas/alagadas (lagoas/brejos), que chega a 80% da assembleia

polínica aos 60 cm de profundidade. Nessa mesma amostra a concentração de Typha sp.

é altíssima e alcança 20.000 grãos/cm³, sendo esse o maior pico de concentração desse

táxon em todo testemunho. A ordem Poales inclui também Poaceae, Cyperaceae e

Cyperus sp., todos registrados nessa zona. Poales domina 75% da assembleia aos 70 cm

de profundidade, porém esses valores decrescem para o topo.

O contrário ocorre com a concentração de grãos nessa zona, que apresenta uma

queda aos 65 cm de profundidade (12.000 grãos/cm³), mas alcança valores altíssimos na

amostra superior da zona (60.000 grãos/cm³). Cyperaceae e Cyperus sp. estão presentes

em todo o intervalo com baixos valores percentuais, nunca ultrapassando 10% da

assembleia. Enquanto a concentração de Cyperus sp. não ultrapassa 400 grãos/cm³,

Cyperaceae atinge 12.000 grãos/cm³ aos 55 cm de profundidade.

Táxons associados à Savana ocorrem em percentagem nula nessa zona.

Anadenanthera sp. e o único registro de Melastomastaceae no testemunho ocorrem aos

55 cm de profundidade. Esses elementos apresentam concentração de 960 grãos/cm³ e

800 grãos/cm³, respectivamente. Polygala sp., Tabebuia sp. e Gomphrena sp. (também

associados a ―Caronal‖) também estão representadas nessa zona. Polygala sp. apresenta

uma concentração de 420 grãos/cm³ aos 50 cm de profundidade. Gomphrena sp. ocorre

somente na amostra basal do testemunho e apresenta 200 grãos/cm³. Tabebuia sp. é

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

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registrada aos 65 cm de profundidade e sua concentração é mais baixa, atingindo 72

grãos/cm³. Esses táxons possuem valores percentuais desconsideráveis.

Bromeliaceae e Emilia sp., além de Anadenanthera sp. , representam os

elementos associados a Matas de Cordilheiras. Bromeliaceae está presente em todo o

intervalo porem seu valor percentual mais alto não chega a 5% aos 45 cm de

profundidade. A concentração desse Táxon pode chegar a 420 grãos/cm³. Apesar de não

possuir valor percentual, Emilia sp. atinge a concentração de 960 grãos/cm³ aos 45 cm

de profundidade.

Além do gênero Emilia sp., a cobertura vegetal associada à margem de lagoas

salinas também está representada nessa zona por Copernicia alba, com uma

concentração altíssima na amostra superior da zona – 840 grãos/cm³, decrescendo para o

topo.

Um elemento chama a atenção nessa zona por ser um gênero exclusivamente

aquático e de água doce. Cabomba sp. ocorre aos 55 cm de profundidade e apresenta

420 grãos/cm³.

Palinozona NH23II: 45 - 35 cm de profundidade. Idade: 1.504 anos AP (idade

interpolada) há 1.232 anos AP (idade interpolada);

Essa palinozona é caracterizada por um aumento nos elementos associados a

matas ao redor de lagoas salinas. O Emilia sp. está presente em toda zona com valores

percentuais baixos (-5%). A concentração desse táxon é decrescente para o topo e atinge

100 grãos/cm³ aos 35 cm de profundidade. Copernicia alba também ocorre em todo o

intervalo, atingindo 5% da assembleia da zona. A concentração desse gênero também

decresce para o topo porem sem deixar de ser significativa, com 240 grãos/cm³ aos 40

cm de profundidade.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

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Poaceae, Cyperaceae, Tipo Cyperus sp. e são registrados em valores

decrescentes para o topo do intervalo, menos representadas em relação à palinozona

NH23I. Nota-se a ausência de Typha sp. nessa zona, reaparecendo no limite entre zonas,

quando sua concentração é de menos de 100 grãos/cm³.

Palinozona NH23III: 35-10 cm de profundidade. Idade: 1.232 anos AP (idade

interpolada) há 320 anos AP (idade interpolada), idade calcula a 30 cm: 960±30 anos

AP;

Poaceae, Cyperaceae e Cyperus sp. presentes em todo intervalo, com valores

decrescendo para o topo do testemunho. Poaceae representa 40% da assembleia na

amostra superior do testemunho. Cyperaceae e Cyperus sp. representam cerca de 5%

cada. A concentração de grãos de Poaceae é de 24.000 grãos/cm³ aos 10 cm de

profundidade, Cyperaceae e Cyperus sp. atingem 2.000 grãos/cm³ na mesma amostra.

Arecaceae, táxon arbóreo dominante na fitofisionomia ―Carandazal‖, ocorre em

todo intervalo. Apesar de seu valor percentual baixo (-5%), chega a concentrar 400

grãos/cm³ aos 15 cm de profundidade. O gênero Tapirira sp. também esta presente

nessa zona com concentrações que atingem 280 grãos/cm³. Todos os táxons citados

representam a vegetação de Savana.

A vegetação associada a cordilheiras está representada nessa zona por

Bromeliaceae e uma única ocorrência de Anacardiaceae. Ambas possuem valores

percentuais desconsideráveis, entretanto a concentração de Anacardiaceae na amostra

superior é de 180 grãos/cm e Bromeliaceae atinge 540 grãos/cm³, quando passa a

decrescer para o topo.

Elementos de áreas úmidas/aquáticas estão bem marcados nessa zona. Typha sp.

atinge 40% da assembleia na amostra superior do testemunho e sua concentração é a

mais alta na zona, cerca de 2.000 grãos/cm³. O gênero Pontederia sp. registra seu

aparecimento nessa zona, chegando a 5% da assembleia polínica. Sua maior

concentração (1.700 grãos/cm³) ocorre aos 25 cm de profundidade, quando passa a

diminuir.

O conjunto polínico das palinozonas NH23 I, II, III, mostra:

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

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A palinozona NH23-I se inicia com baixos valores de COT (1,04%), mostrando

que há 3.138 anos AP (idade interpolada) o aporte de matéria orgânica no ambiente era

baixo. Seu registro polínico mostra uma vegetação aberta, com abundância de Poaceae e

táxons de vegetação de Savana e Caronal, como Melastomastaceae, Asteraceae e

Polygala sp. (Pott et. al., 1986). O registro de Gomphrena sp., Copernicia sp. e

Tabebuia sp. indica que a vegetação da mata ao redor da lagoa salina já estava

estabelecida, mas há 2.321 anos AP (idade interpolada) a salinidade da água ainda

permitia a presença de macrófitas aquáticas como Cabomba sp. (Pott et. al., 1986;

Marchant et. al., 2002).

Ainda nesse intervalo, observou-se vegetação associada a cordilheiras e de áreas

secas como Bromeliaceae e Asteraceae, caracterizando um período mais seco no

ambiente (Pott et.al., 1986; Marchant, 2002). Essa informação é semelhante aos dados

obtidos para a mesma idade no NH-15. No entanto, a partir de 1.777 anos AP (idade

interpolada) um pico de umidade pode ser observado, levando-se em conta a presença

de Anadenanthera sp., típica de vegetação de Floresta sazonalmente inundável além de

alta concentração de Typha sp. e Cyperaceae (Pott et.al., 1986; Marchant et.al. 2002;

Withney et. al., 2008).

O aumento também na quantidade de carbono orgânico no ambiente, que atinge

4,76%, pode confirmar essa informação (Bezerra e Mozeto, 2008). A palinozona

NH23-II, com inicio a 1.504 anos AP (idade interpolada), mostra uma redução no

aporte de matéria orgânica no ambiente (2,67%). Essa palinozona é marcada pela

abundância de grãos relacionados à vegetação aberta ao redor de salinas como

Asteraceae e Copernicia sp.(Pott et. al., 1986). A ausência de Typha sp. nesse intervalo

pode sugerir um ambiente seco, pobre em nutrientes, ou também índices altos de

salinidade na água dessa lagoa (Pott et. al., 1986; Marchant et. al., 2002; Bezerra e

Mozeto, 2008; Esteves e Suzuky, 2008).

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

73

A palinozona NH23-III inicia em 1232±30 anos AP (idade interpolada) e, de

maneira geral, mostra abundância de táxons relacionados a ambientes

úmidos/encharcados, como Arecaceae, Cyperus sp., Typha sp. e Pontederia sp., sendo

esta última espécie exclusivamente aquática e adaptada a baixos níveis de salinidade

(Pott et. al., 1986; Eleuterius, 1990; Marchant et. al., 2002). O registro polínico também

mostra táxons associados à mata de cordilheira como Bromeliaceae, Anacardiaceae e

Emilia sp. além de Copernicia sp., típica de vegetação ao redor de lagoas salinas. A

partir de 640 anos AP (idade interpolada), há abundância de Tapirira sp. e, por isso,

estabelecimento da vegetação de Floresta sazonalmente inundável, fato corroborado

pelo aumento nos valores de COT (2.29%) (Pott et. al., 1986; Marchant et.al., 2002;

Bezerra e Mozeto, 2008).

Inferências Paleoambientais

Em geral o Holoceno é caracterizado pelo aumento nos índices de umidade em

toda região central do Brasil (Stevaux, 1994; Ferraz-Vicentini et. al., 1996; Parizzi

et.al., 1998; Bezerra, 1999; Barbieri et.al., 2000). No Pantanal Sul-matogrossense, a

partir de 10.000 anos AP, os táxons já representavam vegetação de floresta tropical

sazonalmente inundável, fortalecendo a ideia de umidade naquela região (Withney et.

al., 2011).

Registros de Arecaceae, Cyperaceae e Typha sp., táxons relacionados a

ambientes úmidos e/ou encharcados indicam essas condições, embora haja eventos de

aridez.

Ambos os testemunhos mostram que a vegetação era favorecida por um

ambiente mais seco de 3.138 até aproximadamente 1.777 anos AP, o que pode ser

correlacionado com a interpretação de Bertaux et. al. (2002), que sugeriram um clima

mais seco entre 3.800 e 2.500 anos AP para a região de Bonito (MS). Para Iriondo

(1990) e Iriondo e Garcia (1993) o clima também foi seco no Chaco-Pampa Argentino

de 3.500 a 1400 anos AP. Informações obtidas na bacia do rio Paraguai mostram um

hiato deposicional no período entre 5.300 e 2.600 anos AP decorrente de um forte

período seco (McGlue et. al., 2012).

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

74

De 1.770 a 1.232 anos AP, o registro polínico varia entre ambientes úmidos e

ambientes secos. A partir de 1.232 anos AP, a vegetação é composta por táxons de

Floresta sazonalmente inundável, o que corrobora com as inferências de clima úmido no

Chaco-Pampa Argentino a partir de 1.400 anos AP (Pott et. al., 1986; Iriondo, 1990;

Iriondo e Garcia, 1993; Marchant et. al., 2002; Withney et. al., 2011).

Ab‘Saber (1986) sugere que os principais contornos e ecossistemas do Pantanal

teria idade de pelo menos 5000 mil anos. A vegetação estabelecida nessa região há

3.140 anos AP (idade interpolada) mostrava abundância de Copernicia sp., gênero

pioneiro, e Bromeliaceae e Asteraceae, comuns em áreas secas . Há cerca de 2.320 anos

(idade interpolada) houve o registro da macrófita aquática Cabomba sp., sugerindo

baixos níveis de salinidade. A partir de cerca 1.200 anos AP, o ambiente revela táxons

arbóreos de Cordilheira e associação de Mata de salina (Figura 9).

Figura 9: Imagem esquemática da evolução ambiental nas duas lagoas salinas da região

de Nhecolândia, Pantanal Sul-Matogrossense.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

75

De maneira geral, o estudo aqui apresentado permitiu concluir que:

Das 27 amostras estudadas, nove apresentaram raros indícios palinológicos

(0cm, 40cm, 45cm e 50 cm de profundidade do testemunho NH15 e 0cm, 5cm, 75cm,

80cm e 85 cm de profundidade do testemunho NH23). Esses que não alcançaram a

contagem mínima foram excluídos dos diagramas e da análise multivariada.

Dos 28 tipos polínicos encontrados nos dois testemunhos, os mais abundantes

foram Poaceae, Cyperaceae, tipo Cyperus e Typha sp. Destes 28 tipos, 10 não foram

identificados e dos 18 restantes, 6 em nível família, 11 em nível de gênero e uma

espécie: Copernicia alba.

Observou-se baixa diversidade polínica que poderia ser explicada pela escassez

de vegetação em regiões adjacentes (Pott et. al., 1986; Almeida et. al., 2009).

A vegetação nos últimos 3400 anos AP indica que paleoambiente variou de

entre períodos mais secos que o atual e úmidos. Em aproximadamente 2.300 anos AP os

índices de salinidade da água em uma das salinas ainda permitiam a existência de

macrófitas aquáticas.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

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Figura 10: Diagrama de porcentagem do testemunho NH15 com os elementos dos grupos: gramíneas, savana, mata de cordilheira, mata de

salina, lagoas e brejos e floresta montana .

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

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Figura 11: Diagrama de concentração do testemunho NH15 com os elementos dos grupos: gramíneas, savana, mata de cordilheira, mata de

salina, lagoas e brejos, floresta montana e indeterminados.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

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Figura 12: Diagrama de porcentagem do testemunho NH23 com os elementos dos grupos: gramíneas, savana, mata de salina, mata de

cordilheira e lagoas e brejos.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

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Figura 13: Diagrama de concentração do testemunho NH23 com os elementos dos grupos: gramíneas, savana, mata de salina, mata de

cordilheira, lagoas e brejos e ideterminados

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

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Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

92

ANEXO I

_____________________________________________________________

PLATE I

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

93

Plate I: (INAPERTURADOS) a - Cyperaceae; b - Cyperus sp.; MONOPORADOS) c - Poaceae; d -

Typha sp.; MONOCOLPADOS) e - Copernicia alba; f- Arecaceae; g - Cabomba sp.; h - Pontederia sp.; i

- Bromeliaceae; TRICOLPORADOS) j - Anacardiaceae; k - Tapirira sp.; l - Asteraceae; m - Emilia sp.; n

- Melastomastaceae.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

94

PLATE II

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

95

Plate II: (TRICOLPADO) a - Tabebuia sp.; PERIPORADO) b - Caryophyllaceae; TETRAPORADO) c -

Dipladenia sp.; FENESTRADO) d - Gomphrena sp.; STEFANOCOLPORADOS) e - Polygala sp.;

POLÍADE) f - Anandenanthera sp.; BISSACADO) g - Podocarpus sp.; INDETERMINADOS) h -

Indeterminado IV; i - Indeterminado I; j - Indeterminado II; k - Indeterminado III; l -Indeterminado V; m

- Indeterminados VI; n - Indeterminado VIII.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

96

ANEXO II

_______________________________________________________________

DADOS ECOLÓGICOS

Ordem Poales

Família Poaceae

Dados ecológicos: A Família Poaceae é um importante componente da vegetação do

Cerrado, especialmente abundante no Campo Sujo e no Campo Cerrado (Goodland &

Ferri, 1979). Porém são ervas de distribuição cosmopolita, estando presentes em

desertos, ambientes marinhos e de água doce e em todos os outros tipos de ecossistemas

(Judd et al., 2009). Seu hábito de crescimento também é amplo, englobando desde

bambus arbóreos a touceiras cespitosas (Marchant et. al., 2002). O uso de Poaceae para

informações paleoecológicas não é recomendado já que, através do pólen, não é

possível separar formas terrestres de aquáticas, o que pode dificultar a separação de

mudanças locais de não locais (Marchant et. al., 2002).

Família Cyperaceae

Dados ecológicos: As Ciperáceas são plantas de hábito herbáceo de distribuição

cosmopolita, mas ocupam preferencialmente locais encharcados (Judd et. al., 2009). As

Ciperáceas são abundantes no Cerrado, e de acordo com Goodland & Ferri, 1979, mais

abundantes no Campo Sujo e no Campo Cerrado do que no Cerradão. São plantas de

hábito herbáceo de distribuição cosmopolita e ecologia bastante ampla, ocupando

preferencialmente lugares encharcados ou aquáticos (Judd et. al., 2009; Marchant et.al.,

2002).

Cyperus sp. sp.

Dados ecológicos: Encontrado em campos rupestres (Marchant et. al., 2002).

Família Typhaceae

Typha sp.

Dados ecológicos: Ervas semi-aquáticas rizomatosas altamente sensíveis à

disponibilidade de nutrientes, podendo indicar ambientes eutrofizados. Espécie

cosmopolita, distribuídas principalmente em terras baixas, ao longo de cursos de água,

brejos e pântanos (Marchant et.al., 2002).

Família Bromeliaceae

Dados ecológicos: Predominantemente epífetas dos Andes e habitats de terras baixas.

Podem ser encontradas em terras secas (Marchant et.al., 2002). No Pantanal podem ser

encontradas em Matas, ―Matas‖ de cordilheira e Caronal (Pott et. al., 1986).

Ordem Arecales

Família Arecaceae

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

97

Dados ecológicos: A família Arecaceae é amplamente distribuída em regiões tropicais a

subtropicais (Judd et. al., 2009). De acordo com Goodland & Ferri (1979), a maioria das

palmeiras do Cerrado são vegetais xeromorfos baixos presentes no Campo Sujo e no

Campo Cerrado; Mendonça et. al. (2008) indicam também a presença de vários gêneros

em Matas de Galeria e no Cerradão. Usualmente encontrado em locais úmidos de baixas

altitudes, particularmente em encostas úmidas (Marchant et.al., 2002).

Copernicia alba

Dados ecológicos: Espécie pioneira e tolerante ao fogo. Indicador de solos salinos e

alcalinos (Pott & Pott, 1997).

Ordem Commelinales

Família Pontederiaceae

Pontederia sp.

Dados ecológicos: No Pantanal habita, principalmente, as margens rasas dos rios, lagoas

e baías. Forma densas associações onde não existem correntezas (Pott & Pott, 1997).

Podem estar presentes em águas frescas e salinas (Eleuterius, 1990).

Ordem Sapindales

Família Anacardiaceae

Dados ecológicos: Anacardiaceae possui distribuição tropical e subtropical (Souza &

Lorenzi, 2008), no Cerrado, ocorrem nove gêneros arbóreos, presentes principalmente

em formações florestais como o Cerradão, a Mata Seca e a Mata Ciliar (Mendonça et.

al., 2008).

Tapirira sp.

Dados ecológicos: Árvores presentes em Florestas úmidas baixas, Floresta tropical

Amazônica, Atlântica e Chocó. Pioneira em distúrbios em florestas baixas, T.

guianensis é uma árvore comum em Florestas Sazonais Brasileiras (Marchant et. al.,

2002).

Ordem Asterales

Família Asteraceae

Dados ecológicos: Lianas, ervas, arbustos e árvores pequenas com ampla ecologia.

Distribuição principalmente Andina, presentes também em formações vegetais secas

(Marchant et.al., 2002). No Cerrado, as asteráceas são uma das famílias mais

representativas, se distribuindo principalmente nas fitofisionomias de vegetação

campestre e savânica (Hattori, 2009).

Emilia sp.

Dados ecológicos: Ervas presentes em vegetação de Savana e campo sujo. Podem

indicar áreas antrópicas (Salo et.al., 2008).

Ordem Myrtales

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

98

Família Melastomastaceae

Dados ecológicos: Lianas, arbustos pequenos e árvores de distribuição Neotropical.

Doze gêneros ocorrem em campos, Cerrado e brejo, representados no cerrado por 32

spp. (Marchant et. al., 2002).

Ordem Caryophylalles

Família Caryophyllaceae

Dados ecológicos: Principalmente ervas, cosmopolitas, frequentes em condições secas.

Alguns táxons são encontrados em terras baixas tropicais, especificamente em praias de

areia abertas. Podem dominar encostas secas expostas (Marchant et. al., 2002). No

Cerrado a família é representada pelos gêneros Paronychia e Polycarpaea. Podem

ocorrer em áreas de Savana, Campo limpo, Campo rupestre e Veredas (Sano et.al.,

2008).

Família Amaranthaceae

Tipo Gomphrena

Dados ecológicos: A família Amaranthaceae é, de acordo com Judd et. al. (2009),

cosmopolita e especialmente característica de ambientes alterados, áridos ou salinos. No

Cerrado, estão presentes trinta e três espécies, herbáceas ou subarbustivas, distribuídas

em praticamente todas as fitofisionomias do bioma, mas especialmente presentes no

Cerrado (stricto sensu) e nos Campos. G. fouticosa é comum em salinas (Marchant et.

al., 2002; Mendonça et. al., 2008).

Ordem Nymphaealles

Família Nymphaeaceae

Dados ecológicos: Ervas aquáticas encontradas nos trópicos a 2500 m até as terras

baixas. N. goudotiana forma uma associação aquática com Cabomba aquatica e Trapa

natans (Marchant et. al., 2002).

Cabomba sp.

Dados ecológicos: Erva aquática (Salo et.al., 2008).

Ordem Fabales

Família Mimosaceae

Anadenanthera sp.

Dados ecológicos: O gênero Anadenanthera é arbóreo, considerada uma espécie típica

da Caatinga (Silva, 2007). Esta espécie ocorre também no Cerrado, em Matas de

Galeria, Matas Secas e no Cerradão (Mendonça et al., 2008). Indicadores de Floresta

Tropical sazonalmente inundável e níveis maiores de umidade (Whitney et. al., 2011).

Ordem Polygalales

Familia Polygalaceae

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

99

Polygala sp.

Dados ecológicos: Ervas e Arbustos frequentes em pastagens no sul do Brasil e Savanas

abertas com solos pobres. P. salasima está presente em florestas secas, Cerrado e

campos. P. remansoensis também é importante no Cerrado (Marchant et. al., 2002). No

Pantanal estão presentes nas fitofisionomias ―Caronal‖ e Campo Limpo (Pott et. al.,

1986).

Ordem Scrophulariales

Família Bignoniaceae

Tabebuia sp.

Dados ecológicos: Árvores, presentes na floresta úmida Atlântica e Florestas baixas do

Pacifico no Panamá. Comuns em Florestas secas sazonais, florestas de restinga e

Cerrado. T. papyrifera comum em campos rupestres, T. nodosa comum no Chaco

Argentino e T. caraíba, T. impetiginosa, T. ochracea e T. serratifolia são frequentes no

Cerrado (Marchant et. al., 2002).

Ordem Coniferales

Família Podocarpaceae

Podocarpus

Dados ecológicos: No Brasil ocorrem nove espécies do gênero Podocarpus, a maioria

delas é típica da região amazônica. As duas espécies extra-amazônicas mais comuns são

P. sellowii e P. lambertii que têm ocorrência concentrada em florestas do Sul e do

Sudeste (Souza & Lorenzi, 2008). Mendonça et al. (2008) registraram no Cerrado a

ocorrência das duas espécies citadas e também da espécie P. brasiliensis, em Matas de

Galeria, Mata Seca, e na transição Cerrado-Mata Atlântica.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

100

ANEXO III

Espécies encontradas na Palinoteca de Referência de Grãos de Pólens modernos

com espécies de Cerrado e Pantanal

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

101

Acanthaceae Justicia brasiliana

Acanthaceae Lepidagathis cyanea

Acanthaceae Ruellia geminiflora

Acanthaceae Ruellia incomta

Acanthaceae Justicia chapadensis

Acanthaceae Justicia laevilingues

Alismataceae Echinodorus paniculatus

Alismataceae Echinodorus tenellus

Alismataceae Echinodorus sp

Alismataceae Sagittaria sp

Alstroemeriaceae Alstroemeria psittacina

Amaranthaceae Gomphrena alterosa

Amaranthaceae Alternanthera brasiliana

Amaranthaceae Gomphrena Pohlii Moq.

Amaranthaceae Gomphrena sp

Anacardiaceae Tapirira guianensis

Anacardiaceae Anacardium humile

Anacardiaceae Anacardium humile

Anacardiaceae Myracrodruon urundeuva

Anacardiaceae Myracrodruon urundeuva

Anacardiaceae Astronium fraxinifolium

Anacardiaceae Spondias lutea

Anacardiaceae Anacardium humile

Anacardiaceae Lithrea molleoides

Anacardiaceae Schinus polygamous

Annonaceae Duguetia furfuracea

Annonaceae Annona crassiflora

Annonaceae Cardiopetalum calophyllum

Annonaceae Xylopia aromatic

Annonaceae Xylopia emarginata

Annonaceae Xylopia sericea

Apocynaceae Allamanda angustifolia

Apocynaceae Aspidosperma macrocarpon

Apocynaceae Hancornia speciosa

Apocynaceae Mandevilla hirsuta

Apocynaceae Mandevilla illustris

Apocynaceae Mandevilla martiana

Apocynaceae Odontadenia lutea

Apocynaceae Prestonia coalita

Apocynaceae Tabernaemontana heterophylla

Apocynaceae Oxypetalum alpinum

Apocynacea Schubertia grandiflora

Apocynaceae Rhaddadonia pohlii Muell

Apocynaceae Rhabdadenia ragonesii

Apocynaceae Himatanthus obovatus

Apocynaceae Aspidosperma tomentosum

Apocynaceae Aspidosperma quebracho-blanco

Apocynaceae Aspidosperma sp.

Araceae Usuropatha sp

Araceae Xanthosoma pentaohyllum

Araliaceae Dendropanax cuneatus

Araliaceae Schefflera macrocarpa

Arecaceae Copernicia alba

Arecaceae Attalea phalerata

Arecaceae Attalea sp.

Arecaceae Butia eriospatha

Arecaceae Mauritiella armata

Arecaceae Syagrus graninifolia

Aristolochiaceae Aristolochia ridicula

Asteraceae Achyrocline satureioides

Asteraceae Aspilia floribunda

Asteraceae Baccharis dracunculifollia

Asteraceae Chresta exsucca

Asteraceae Eremanthus mattogrossensis

Asteraceae Ichthyothere sp.

Asteraceae Lepidaploa balansae

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

102

Asteraceae Lychnophora ericoides

Asteraceae Mikania capricorni

Asteraceae Paralychnophora bicolar

Asteraceae Piptocarpha rotundifolia

Asteraceae Aspilia floribunda

Asteraceae Aspilia sp

Asteraceae Eclipta alba

Asteraceae Eclipta prostrata

Asteraceae Emilia sargittata DC.

Asteraceae Emilia fosbergü

Asteraceae Eupatorium asperulaceum

Asteraceae Eupatorium clematideum

Asteraceae Mikamia cordifolia

Asteraceae Mikamia divaricate

Asteraceae Pacourina edulis

Azollaceae Azolla Caroliniana

Azollaceae Azolla filiculoides lam.

Balanophoraceae Heloisis sp.

Begoniaceae Begonia sp.

Bignoniaceae Jacaranda cuspidifolia

Bignoniaceae Tabebuia impetiginosa

Bignoniaceae Tabebuia caraiba

Bignoniaceae Andenocalymma bracteatum

Bignoniaceae Anemopaegma arvense

Bignoniaceae Anemopaegma glacum

Bignoniaceae Cuspidaria sp.

Bignoniaceae Cuspidaria floribunda

Bignoniaceae Cybistax antisyphilitica

Bignoniaceae Amphilophium eliongatum

Bignoniaceae Jacaranda copalia

Bignoniaceae Bignonia corymbosa

Bignoniaceae Pyrostegia venusa

Bignoniaceae Tabebuia aurea

Bignoniaceae Tabebuia heptaphylla

Bignoniaceae Tabebuia ochracea

Bignoniaceae Tabebuia roseoalba

Bignoniaceae Zeyheria montana

Bixaceae Bixa orellana

Bombacaceae Eriotheca grocilipes

Boraginaceae Cordia glabata

Boraginaceae Cordia nodosa

Bromeliaceae Bromelia balansae

Bromeliaceae Aechmea bromellifolia

Bromeliaceae Dyckia goiana

Bromeliaceae Tillandsia streptocarpa

Bromeliaceae Vriesea atra

Burseraceae Protium ovatum

Cabombaceae Cabomba furcata

Cabombaceae Cabomba sp.

Caesalpinaceae

(Leguminosae) Senna obtusifolia

Caesalpinaceae

(Leguminosae) Senna pendula

Campanulaceae Simphocampylus macropodus

Cannaceae Canna glauca L.

Capparidaceae Capparis retusa

Capparidaceae Crataeva tapia

Caryocaraceae Caryocar brasiliense

Cecropiaceae Cecropia pachystachya

Celastraceae Salacia elliptica

Celastraceae Plenckia populnea

Chrysobalanaceae Couepia grandiflora

Chrysobalanaceae Licania parvifolia Hub.

Chrysobalanaceae Hirtella glandulosa

Chrysobalanaceae Hirtella gracilipes

Chrysobalanaceae Licania humilis

Clusiaceae Kilmeyra rubiflora

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

103

Clusiaceae Kilmeyra coricacea

Clusiaceae Calophyllum brasiliense

Clusiaceae Kielmeyera neriifolia

Clusiaceae Visma micrantha

Cochlospermaceae Cocholospermum regium

Combretaceae Buchenavia tementosa

Combretaceae Combretum leprosum

Combretaceae Terminalia argentea

Combretaceae Terminalia fogifolia

Comelinaceae Dichorisandra hexandra

Comelinaceae Tripogandra diuretica

Commelinaceae Commelina sp

Commelinaceae Murdannia nudiflora

Connaraceae Connarus suberosus

Connaraceae Rourea induta

Convolvulaceae Bonamia sp.

Convolvulaceae Ipomoea marti

Convolvulaceae Jacquemontia tamnifolia

Convolvulaceae Merremia cissoides

Convolvulaceae Ipomoea argentea

Convolvulaceae Ipomoea asarifolia

Curcubitaceae Cyclanthera sp.

Cyperaceae Cyperus luzulae

Cyperaceae Cyperus giganteus

Cyperaceae Eleocharis nodulosa

Cyperaceae Bulbostylis paradoxa

Cyperaceae Lagenocarpus rigidus

Cyperaceae Cyperus ciperoides

Cyperaceae Cyperus albomarginatus

Cyperaceae Eleocharis acutangula

Cyperaceae Eleocharis cf. geniculata

Cyperaceae Fuirena umbellata Rottb.

Cyperaceae Oxycaryum cubense

Cyperaceae Rhynchospora acanthoma

Cyperaceae Rhynchospora armerioides

Cyperaceae Scleria Aff. Latifolia

Cyperaceae Scleria mitis

Dillleniaceae Davilla elliptica

Dillleniaceae Curatella americana

Droseraceae Drosera communis

Ebenaceae Diospyros hispida

Ericaceae Gaylussacia brasiliensis

Eriocaulaceae Paepalanthus giganteus

Erythroxylaceae Erythroxylum suberosum

Erythroxylaceae Erythroxilum citrifolium

Erythroxylaceae Erythroxilum deciduum

Euphorbiaceae Sapium haematospemum

Euphorbiaceae Euphorbia potentilloides

Euphorbiaceae Cnidoscolus cnicodendron

Euphorbiaceae Dalechampia cuiabensis

Euphorbiaceae Euphorbia hyssopifolia

Euphorbiaceae Manihot tripartita

Euphorbiaceae Pera glabrata

Euphorbiaceae Alchornea castaneofolia

Fabaceae Leptolobium dasycarpum

Fabaceae Andira vermifuga

Fabaceae Camptosema scarlatium

Fabaceae Centrolobium tomentosum

Fabaceae Chamaecrista desvauxii

Fabaceae Chamaecrista flexuosa

Fabaceae Clitoria guianensis

Fabaceae Dalbergia miscolobium

Fabaceae Desmodium

Fabaceae Dioclea virgata

Fabaceae Eriosema stenophyllum

Fabaceae Erythrina fusca

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

104

Fabaceae Galactia striata

Fabaceae Harpalyce brasiliana

Fabaceae Lupinus sp.

Fabaceae Macroptilium atropurpureum

Fabaceae Mimosa nuda

Fabaceae Mimosa sensitive

Fabaceae Parkia multifuga

Fabaceae Piptadenia moniliformis

Fabaceae Pterodon pubescens

Fabaceae Senna macranthera

Fabaceae Senna rugosa

Fabaceae Stryphnodendron adstringens

Fabaceae Stylosanthes scabra

Fabaceae Hymenae stigonocarpa

Fabaceae Diptychandra aurantiaca

Fabaceae Peltogyne sp.

Fabaceae Pterogyne sp.

Fabaceae Caesalpinia sp.

Fabaceae Dimorphandra sp.

Fabaceae Tachigali aureum

Fabaceae Cassia grandis

Fabaceae Hymenae courbaril

Fabaceae Amburana cearensis

Fabaceae Acosmium subelegans

Fabaceae Calliandra dysantha

Fabaceae Calliandra viscidula

Fabaceae Enterolobium contorsiliquum

Fabaceae Anadenathera colubrina

Fabaceae Inga vera

Fabaceae Inga laurina

Fabaceae Albizia niopoides

Fabaceae Plathymenia Reticulata

Fabaceae Acacia sp.

Fabaceae Albizia inundata

Fabaceae Prosopis sp.

Fabaceae Anadenanthera peregrina

Fabaceae Stryphnodendron obovatum

Fabaceae Mimosa sp.

Fabaceae Inga sp.

Fabaceae Dimorphandra mollis

Fabaceae Andira inermis

Fabaceae Andira cuiabensis

Fabaceae Andira vermifuga

Fabaceae Machaerium eriocarpum

Fabaceae Vatairea macrocarpa

Fabaceae Pterocarpus micheli

Fabaceae Bowdichia virgilioides

Fabaceae Dipteryx alata

Fabaceae Erythrina dominguezii

Fabaceae Machaerium acutifolium

Fabaceae Platypodium elegans

Fabaceae Aeschynomene fluminensis

Fabaceae Aeschynomene histrx

Fabaceae Discolobium leptophyllum

Fabaceae Discolobium pulchellum

Fabaceae Sesbania virgata

Fabaceae Vigna luteola

Fabaceae Vigna sp

Fabaceae Bauhinia curvula

Fabaceae Bauhinia rufa

Fabaceae Bauhinia ungulata

Salicaceae Casearia sp.

Gentianaceae Calolisianthus specious

Gentianaceae Deianira erubescens

Gentianaceae

Chelonanthus viridiflorus

(Irlbachia alata)

Gentianaceae Schultesia heterophylla

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

105

Gentianaceae Voyria sp.

Gentianaceae Curtia tennifolia

Humiriaceae Humiria balsamifera

Hydrocharitaceae Apalanthe granatensis

Hydrocharitaceae Egeria najas

Hydrophyllaceae Hydrolea spinosa

Icacinaceae Emmotum nitens

Iridaceae Cipura sp.

Iridaceae Trimezia sp.

Lamiaceae Aegiphila verticillata

Lamiaceae Amasonia hirta

Lamiaceae Hypenia densiflora

Lamiaceae Hyptis hirsute

Laminaceae Hyptis crenata

Laminaceae Hyptis conferta

Lauraceae Ocotea diospyrifolia

Lauraceae Nectandra amazonum

Lauraceae Ocotea spixiana

Lecythidaceae Cariniana rubra

Limnocharitaceae Hydrocleis modesta

Limnocharitaceae Hydrocleis mymphoides

Limnocharitaceae Limnocharis cf. flava

Limnocharitaceae Limnocharis laforestii

Loganiaceae Strychnos pseudoquina

Loganiaceae Antonia ovata

Loganiaceae Spigelia anthelmia

Loranthaceae Phthirusa abdita

Loranthaceae Psittacanthus robustus

Lythraceae Cuphea linarioides

Lythraceae Cuphea micrantha

Lythraceae Diplusodon virgatus

Lythraceae Physocalymma scaberrimum

Lythraceae Cuphea melvilla hindl

Lythraceae Cuphea cf. micrantha

Lythraceae Rotala mexicana

Lythraceae Rotala mexicana

Melastomataceae Acisanthera cf. uniflora

Malpighiaceae Byrsonima coccolobifolia

Malpighiaceae Byrsonima crassifolia

Malpighiaceae Byrsonima verbascifolia

Malpighiaceae Banisteriopsis campestris

Malpighiaceae Banisteriopsis gardneriana

Malpighiaceae Byrsonima basiloba

Malpighiaceae Byrsonima guilleminiana

Malpighiaceae Byrsonima intermedia

Malpighiaceae Byrsonima laxiflora

Malpighiaceae Byrsonima pachyphylla

Malpighiaceae Camarea ericoides

Malpighiaceae Pterandra hatschibachii

Malpighiaceae Stigmaphyllon calcaratum

Malpighiaceae tetrapteris multiglandulosa

Malvaceae Pavonia grandiflora

Malvaceae Pavonia rosa-campestris

Malvaceae Peltaea macedoi

Malvaceae Sida linifolia

Malvaceae Hibiscus pohlii

Malvaceae Hibiscus rosa-sinensis

Malvaceae Malachra radiata L.

Malvaceae Pavonia alnifolia Lt.

Malvaceae Pavonia garcheana

Malvaceae/Bomb Eriotheca gracilipes

Malvaceae/Bomb Pseudobombax longiflorum

Malvaceae/Bomb Luehea grandiflora

Marantaceae Thalia geniculata

Marantaceae Maranta panifolia

Marantaceae Thalia geniculata L.

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

106

Marcgraviaceae Norantea guianensis

Marcgraviaceae Schwartzia adamantium

Marsileaceae Marsilea polycarpa

Mayacaceae Mayaca fluviatilis

Mayacaceae Mayaca fluviatilis Aubl.

Mayacaceae Mayaca selldwiana Kunth

Melastomataceae Mouriri elliptica

Melastomataceae Cambessedesia hilariana

Melastomataceae Clidemia hirta

Melastomataceae Desmocelis villosa

Melastomataceae Lavoisiera grandiflora

Melastomataceae Macairea radula

Melastomataceae Marcetia sp

Melastomataceae Miconia albicans

Melastomataceae Miconia chamissois

Melastomataceae Miconia cuspidata

Melastomataceae Miconia elegans

Melastomataceae Miconia ferruginata

Melastomataceae Miconia rubiginosa

Melastomataceae Miconia stenostachya

Melastomataceae Microlicia euphorbioides

Melastomataceae Mouriri pusa

Melastomataceae Pterolepis sp

Melastomataceae Rhinchanthera grandiflora

Melastomataceae Tibouchina candolleana

Melastomataceae Tibouchina stenocarpa

Melastomataceae Tococa guianensis

Melastomataceae Trembleya parviflora

Melastomataceae Acisanthera sp.

Melastomataceae Rhynchanthera aff. cordata DC

Melastomataceae Rhychanthera grandiflora

Meliaceae Guarea guidonia

Meliaceae Trichilia stellato-tomentosa

Meliaceae Cabrelea canjerana

Menyanthaceae Nymphoides Grayana

Menyanthaceae Nymphoides Grayana

Mimosaceae Pterodon pubescens

Myrsinaceae Myrsine coriacea

Myrtaceae Eugenia aurata

Myrtaceae Myrcia guianensis

Myrtaceae Myrcia tomentosa

Myrtaceae Blepharocalyx suaveolens

Myrtaceae Eugenia bimarginata

Myrtaceae Eugenia dysenterica

Myrtaceae Eugenia klotzschiana

Myrtaceae Eugenia punicifolia

Myrtaceae Myrcia splendens

Myrtaceae Psidium widgrenianum

Najadaceae Najas microcarpa

Nyctaginaceae Guapira graciliflora

Nyctaginaceae Guapira noxia

Nyctagineae Pisonia ambigua

Nymphaeaceae Nymphaea amazonum

Nymphaeaceae Victoria amazonica

Ochnaceae Ouratea castaneifolia

Ochnaceae Ouratea confertiflora

Ochnaceae Ouratea hexasperma

Onagraceae Ludwigia tometosa

Onagraceae Ludwigia nervosa

Onagraceae Ludwigia octovalvis

Oxalidaceae Oxalis hirsutissima

Parkeriacea Ceratopteris cf. pteridoides

Passifloraceae Passiflora coccinea

Piperaceae Piper tuberculatum

Poaceae Guadua paniculata

Poaceae Hymenachne amplexicaulis

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

107

Poaceae Echinolaena inflexa

Poaceae Loudetiopsis chrysothrix

Poaceae Trachypogons spicatus

Poaceae Acroceras zizaniodes

Poaceae Acroceras sp.

Poaceae Brachiaria echinulata

Poaceae Brachiaria sp.

Poaceae Echinochloa crusgalli

Poaceae Echinolaena inflexa

Poaceae Hymenachne amplexicaulis

Poaceae Hymenachne donalifolia

Poaceae Leersia hexandra

Poaceae Luziola subintegra

Poaceae Oryza Glumipatula

Poaceae Oryza latifolia desv.

Poaceae Panicum cayennense lam.

Poaceae Panicum dichotomiflorum

Poaceae Paspalidium paludivagum

Poaceae Paspalum gardnerianum

Poaceae Paspalum interdedium

Poaceae Sacciolepis myuros

Poaceae Sacciolepis sp.

Polygalaceae Securidaca retusa

Polygalaceae Polygala ulei

Polygalaceae Polygala violacea

Polygalaceae Polygonum ferrugineum

Polygalaceae Polyogonum hydropiproides

Polygonaceae Coccoloba sp.

Polygonaceae Triplaris formicosa

Polygonaceae Triplaris americana

Polygonaceae Triplaris gardneriana

Pontederiaceae Eichhornia crassipes

Pontederiaceae Eichhornia azurea

Pontederiaceae

Pontederia cordata L. var

iancifolia

Pontederiaceae Pontederia parviflora

Proteaceae Roupala brasiliensis

Proteaceae Roupala montana

Rhamnaceae Rhamnidium elaeocarpum

Rubiaceae Alibertia edulis

Rubiaceae Cordieira sessilis

Rubiaceae Calycophyllum multiflorum

Rubiaceae Chomelia sp.

Rubiaceae Genipa americana

Rubiaceae Guettarda viburnoides

Rubiaceae Rudgea viburnoides

Rubiaceae Cordiera edulis

Rubiaceae Augusta longifolia

Rubiaceae Diodella teres

Rubiaceae Palicourea coriacea

Rubiaceae Palicourea marcgravii

Rubiaceae Palicourea officinalis

Rubiaceae Palicourea rigida

Rubiaceae Perama hirsuta

Rubiaceae Psychotria carthagenensis

Rubiaceae Psychotria colorata

Rubiaceae Richardia grandiflora

Rubiaceae Sabicea brasiliensis

Rubiaceae Sipanea hispida

Rubiaceae Tocoyena formosa

Rubiaceae Diodia kuntzei

Rubiaceae Diodia multiflora

Rutaceae Zanthoxylum rhoifolium

Rutaceae Zanthoxylum rigidum

Rutaceae Zanthoxylon rhoifolium

Rutaceae Esenbeckia pumila

Rutaceae Hortia oreadica

Becker, B.F. 2014. Evolução paleoambiental em salinas da Nhecolândia no Holoceno superior, Pantanal Sul-Matogrossense. Dissertação de Mestrado.

108

Rutaceae Spiranthera odoratissima

Salvinaceae Salvinia auriculata aubl.

Salvinaceae Salvinia molesta

Salviniaceae Salvinia auriculata

Sapindaceae Dilodendron bipinnatum

Sapindaceae Magonia pubescens

Sapindaceae Matayba guianensis

Sapindaceae Sapindus saponaria

Sapindaceae Talisia esculenta

Sapindaceae Serjania velutina

Sapotaceae Pouteria ramiflora

Sapotaceae Bumelia sartonum

Sapotaceae Chrysophyllum marginatum

Sapotaceae Pouteria torta

Scrophulariaceae Bacopa phylloides

Scrophulariaceae Bacopa cf. verticilata

Scrophulariaceae Bunchnera lavandulaceae

Scrophulariaceae Bunchnera rosea

Scrophulariaceae Conobea Scoparioides

Scrophulariaceae Lindernia crustaceae

Scrophulariaceae Melasma cf. stricta

Simarubacaea Simarouba versicolor

Solanaceae Solanum lycocarpum

Solanaceae Solanum palinacanthum

Solanaceae Schwenckia angustifolia

Sterculiaceae Helicteres lhotzkyana

Sterculiaceae Sterculia striata

Sterculiaceae Guazuma ulmifolia

Sterculiaceae Guazuma ulmifolia

Sterculiaceae Helicteres brevispira

Sterculiaceae Byttneria melastomifolia.

Sterculiaceae Byttneria rhanmifolia

Sterculiaceae Melochia lanata

Sterculiaceae Melochia aff. melissifolia

Styracaceae Styrax ferrugineus

Thelypteridaceae Thelypteris angustifolia

Thelypteridaceae Thelypteris conspersa

Tiliaceae Corchorus hirtus

Tiliaceae Luehea divaricata

Tiliaceae Luehea paniculata

Turneraceae Turnera sp.

Typhaceae Typha cf. dominguensis.

Ulmaceae Trema micrantha

Ulmaceae Trema micrantha

Verbenaceae Vitex cymosa

Verbenaceae Lantana trifolia

Verbenaceae Lippiaa lacunosa

Verbenaceae Petrea volubilis

Verbenaceae Stachytrpheta sp.

Violaceae Hybanthes sp.

Vitaceae Cissus erosa

Vochysiaceae Callisthene fasciculata

Vochysiaceae Qualea grandiflora

Vochysiaceae Qualea parviflora

Vochysiaceae Salvertia convallariodora

Vochysiaceae Vochysia cinnamomea

Vochysiaceae Vochysia divergens

Vochysiaceae Vochysia haenkeana

Vochysiaceae Vochysia thyrsoidea

Vochysiaceae Qualea multiflora

Vochysiaceae Vochysia thyrsoidea

Vochysiaceae Vochysia tucanorum

Xyridaceae Abolboda pulchella

Xyridaceae Abolboda poarchon