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11/04/2014 - 18:39

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Ex-diretor da Petrobras e doleiro se associaram para obter contratos milionrios com a estatal

Scio-diretor da Ecoglobal afirma que Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef fizeram oferta de 18 milhes de reais pelocontrole da empresa. Objetivo, segundo investigao, era obter aditivos a contratos de prestao de servio

Daniel Haidar e Alana Rizzo

Sede da Petrobras, no Rio de Janeiro (Leo Correa)

(Atualizado s 20h46)

Interrogado na manh desta sexta-feira pela Polcia Federal, o empresrio Vladimir Silveira revelou um novo filo de investigao para a operao Lava-Jato. Segundo ele, o doleiro Alberto Youssef e o ex-

diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa se associaram para tentar comprar o controle da Ecoglobal da qual Silveira scio-diretor e, assim, lucrar com a obteno de contratos milionrios com a estatal. A

Polcia Federal investiga se, alm disso, eles tambm facilitaram e receberam comisses por um contrato de 443 milhes de reais que a Ecoglobal assinou. Em entrevista ao site de VEJA, Silveira afirmou que foi

procurado por emissrios do doleiro e do ex-diretor, que fizeram uma oferta de 18 milhes de reais por 75% da empresa. O negcio, segundo afirmou, no foi concretizado.

Silveira alega que desistiu da transao em outubro de 2013, quando soube que Youssef estava entre os interessados. No ms anterior, segundo afirmou, ele havia sido procurado por Pedro Storti e Paulo Juris.

Os dois se apresentaram como intermedirios da empresa Quality e de Paulo Roberto Costa. Apesar de s recentemente ter sido divulgado que Quality controlada por Youssef, Silveira alega que j em

outubro do ano passado descobriu na Internet que o doleiro estava por trs da proposta.

Leia tambm: Para oposio, operao na Petrobras evidencia necessidade de CPI

Disseram que falavam em nome da Quality e do Paulo Roberto Costa. Quando vi no Google o que era a Quality, apareceu o nome do Youssef e imediatamente eu me levantei. Disse que no fazia negcio com

pessoas com o pedigree desse Youssef. O primeiro contato foi na minha casa em Maca e o segundo e ltimo no meu escritrio no centro do Rio, alega Silveira.

A Polcia Federal suspeita que Costa tenha intermediado o ltimo contrato firmado pela Ecoglobal com a Petrobras, pelo qual a fornecedora receberia 443 milhes de reais para realizar testes de poos de

petrleo. Silveira diz que participou de licitao, por meio de convite, durante oito meses.

Os testes em poos de petrleo seriam uma atividade nova para a Ecoglobal, que tinha experincia, at ento, em servios de recuperao de efluentes e tratamento e descarte de gua oleosa. Segundo apurou o

site de VEJA, causou estranheza no mercado o fato de a Ecoglobal vencer a concorrncia, superando as propostas de companhias reconhecidas pela capacidade na rea de testes, como Schlumberger, Tetra e

Expro.

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Leia tambm: PF cumpre mandado de busca na presidncia da Petrobras

Silveira nega que tenha havido irregularidade na licitao e defende a capacidade tcnica da Ecoglobal. Fizemos algumas parcerias com fornecedoras de equipamentos e tecnologia no exterior e apresentamos

condies tcnicas que foram aprovadas pela Petrobras. Na fase de proposta comercial, tivemos o segundo menor preo. Como eram dois lotes (A e B), uma empresa foi escolhida por lote. No lote A, quem

venceu foi a Halliburton e no lote B foi a Ecoglobal, afirma.

At esse contrato, a Ecoglobal j tinha obtido pelo menos 28,6 milhes de reais em contratos com a Petrobras, de agosto de 2009 a abril de 2013. O primeiro contrato, que aparece no site de transparncia da

Petrobras, foi fechado em 19 de agosto de 2009. Depois de quatro aditivos, o servio alcanou 18,2 milhes de reais.

Interesses Os policiais suspeitam que Costa tenha usado sua influncia na Petrobras para favorecer a Ecoglobal na disputa pelo contrato de 443 milhes. Em e-mails enviados com cpia para Paulo Roberto

Costa, os intermedirios de Youssef chegam a mencionar que havia a possibilidade de conseguir um aditivo de at 15% nesse contrato. At hoje a prestao desses servios no teve incio.

Silveira se considera inocente e diz que se sente desonrado por ter sido envolvido nas investigaes. Ele foi conduzido sede da Polcia Federal no Rio de Janeiro para prestar depoimento, junto com a filha,

Clara, que tambm atua na empresa. Policiais tambm apreenderam documentos na sede da sua empresa em Maca, em um escritrio no centro do Rio e na casa dele e da filha. Sinto-me desonrado. A ltima

vez que fui conduzido por policiais foi pela polcia poltica, em 1968, disse Silveira.

Operao - A segunda fase da operao Lava-Jato, nesta sexta-feira, cumpriu 16 mandados de busca, quatro de conduo coercitiva (quando pessoas so conduzidas para prestar depoimento) e um de priso

temporria. Havia um segundo mandado de priso, mas o alvo no foi localizado pelos policiais. Alm da apreenso de documentos que sero analisados pelos investigadores, agentes recolheram em diversos

locais 70.000 reais em dinheiro. O material ser transportado para a Superintendncia da PF no Paran na tarde de sbado. Segundo nota da PF, a pessoa presa em So Paulo permanecer na capital paulista.

No incio da noite desta sexta-feira a Petrobras informou, em nota ao site de VEJA, que o contrato firmado com a Ecoglobal em 2013 foi assinado em 30 de julho, e foi precedido de regular procedimento

licitatrio. O contrato, diz a nota, foi firmado para fornecimento de equipamentos, pela Ecoglobal Overseas LLC, e prestao de servios de Avaliao de Formaes, pela Ecoglobal Ambiental Comrcio e

Servios Ltda.

A empresa nega que tenha havido negociao para estabelecimento de termos aditivos ao contrato. Segundo a Petrobras, o contrato no estava listado no portal da transparncia da empresa por ter vigncia

apenas a partir de 24 de julho deste ano. Diz a nota: O valor total estimado de R$ 444 milhes, com prazo previsto de 4 anos, a contar de 24/07/2014, quando h previso de incio dos servios. A partir

desta data o contrato estar disponvel no Portal da Transparncia, pois at o momento no houve qualquer desembolso por parte da Companhia no referido contrato. Em virtude de haver fornecimento de

equipamentos, que necessitam de prazo para fabricao, dado um prazo de mobilizao para o incio dos servios, que neste caso de 1 ano, sendo prtica comum para contratos similares.

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