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ANTONIO HENRIQUE OLIVEIRA POLETTO
Exenteração pélvica e preservação
dos esfíncteres: análise de 96 casos
Tese apresentada ao Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências.
Área de concentração: Clínica Cirúrgica
Orientador: Prof. Dr. Ademar Lopes
Co-orientador: Dr. André Lopes Carvalho
SÃO PAULO 2004
iii
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, verdadeiros exemplos de simplicidade e honestidade,
por terem me educado e incentivado a minha formação.
À Denise, minha admirável esposa, companheira e médica preferida.
Ao Hospital do Câncer A.C. Camargo, da Fundação Antonio Prudente, por aliar
assistência médica de alta qualidade ao ensino prático e teórico da Oncologia.
iv
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Ademar Lopes, Diretor do Departamento de Cirurgia
Pélvica do Hospital A.C. Camargo, pelo ensinamento dos princípios da
cirurgia oncológica, pela confiança, incentivo e paciência com que me
orientou neste trabalho, abrindo os caminhos necessários para atingir este
objetivo.
Ao Dr. André Lopes Carvalho, Médico titular do Departamento de
Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital do Câncer, pela co-orientação
efetiva, amizade e imprescindível colaboração na elaboração deste trabalho.
Ao Dr. José Humberto Fregnani, pela amizade, dedicação e
fundamental colaboração neste estudo, fornecendo sugestões valiosas.
Ao Dr. Edson Augusto Ribeiro, amigo, companheiro, que muito me
incentivou e auxiliou na difícil tarefa de coleta de dados.
Ao Dr. René Aluísio da Costa Vieira, grande incentivador deste
trabalho.
v
Ao Dr. Everton Pontes, pela amizade, estímulo, sugestões e
imprescindível apoio na execução desta tese.
Ao Dr. Samuel Aguiar Junior, Dr João Gonçalves Filho e Dr Ivan Agra,
pela amizade e constante estímulo na execução deste trabalho.
À Dra. Nara Granja, Patologista, pela difícil tarefa de revisão das
lâminas deste estudo.
À Sueli Francisco Neves Epifânio, bibliotecária do Hospital do Câncer,
pelo apoio e eficiente ajuda no preparo deste estudo.
À todos aqueles que direta ou indiretamente participaram deste
trabalho, citados aqui ou não, expresso o meu mais profundo agradecimento.
vi
Esta tese está de acordo com:
Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver)
Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Serviço de Biblioteca e Documentação
Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias. Elaborado por Anneliese Carneiro
da Cunha, Maria Julia de A. L. Freddi, Maria F. Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Suely
Campos Cardoso, Valéria Vilhena. São Paulo: Serviço de Biblioteca e Documentação, 2004.
Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus.
vii
SUMÁRIO
Lista de abreviaturas e siglas Lista de quadros Lista de tabelas Lista de gráficos Resumo Summary 1 INTRODUÇÃO................................................................................................001
2 OBJETIVOS ....................................................................................................005
3 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................007 3.1 Histórico ........................................................................................................008 3.2 Aspectos clínicos dos pacientes no pré-operatório ...............................010 3.3 Indicações de exenteração pélvica ..........................................................013 3.4 Aspectos cirúrgicos.....................................................................................017 3.5 Aspectos da preservação esfincteriana ...................................................020 3.6 Aspectos relacionados ao prognóstico ....................................................023
4 MÉTODOS ......................................................................................................029 4.1 População do estudo ..................................................................................030 4.2 Metodologia..................................................................................................031 4.2.1 Diagnóstico e estadiamento ...................................................................031 4.2.2 Avaliação clínica pré-operatória.............................................................032 4.2.3 Procedimento cirúrgico............................................................................032 4.2.4 Classificação das margens cirúrgicas...................................................033 4.2.5 Seguimento dos pacientes .....................................................................033 4.2.6 Classificação dos pacientes conforme a última informação objetiva...034 4.2.7 Complicações pós-operatórias...............................................................035 4.3 Variáveis do estudo ....................................................................................035 4.4 Análise estatística .......................................................................................036 4.5 Aspectos éticos............................................................................................038
5 RESULTADOS ...............................................................................................039 5.1 Dados sociodemográficos e clínicos........................................................040 5.2 Situação à admissão ..................................................................................042 5.3 Sítio do tumor primário ...............................................................................043 5.4 Década de tratamento ................................................................................044 5.5 Tipo de exenteração pélvica......................................................................044 5.6 Margens cirúrgicas......................................................................................045 5.7 Preservação do esfíncter ...........................................................................045 5.8 Reconstrução dos tratos urinário e intestinal..........................................046 5.9 Morbidade e mortalidade pós-operatórias ..............................................047 5.10 Seguimento ..................................................................................................048 5.11 Variáveis associadas à preservação de esfíncter..................................051 5.11.1 Análise univariada....................................................................................051 5.11.2 Análise multivariada.................................................................................051
viii
5.12 Variáveis associadas à recorrência da doença......................................054 5.12.1 Análise univariada....................................................................................054 5.12.2 Análise multivariada.................................................................................054 5.13 Grupos de risco para recorrência .............................................................058 5.14 Variáveis associadas ao óbito...................................................................061 5.14.1 Análise univariada....................................................................................061 5.14.2 Análise multivariada.................................................................................061
6 DISCUSSÃO...................................................................................................065 6.1 Aspectos gerais ...........................................................................................066 6.2 Preservação dos esfíncteres .....................................................................069 6.3 Morbidade e mortalidade pós-operatórias ..............................................073 6.4 Aspectos relacionados à sobrevida..........................................................074
7 CONCLUSÕES...............................................................................................080
8 ANEXOS..........................................................................................................082
9 REFERÊNCIAS ..............................................................................................095
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ASA American Society of Anesthesiologists
CAPDC Comissão de Ética em Pesquisa
CEA Antígeno Carcinoembriônico
dp Desvio Padrão
EPA Exenteração Pélvica Anterior
EPM Exenteração Pélvica Modificada
EPP Exenteração Pélvica Posterior
EPT Exenteração Pélvica Total
HR “Hazard Ratio”
IC 95% Intervalo de Confiança de 95%
n Número de pacientes
NA Não aplicável
OR “Odds Ratio”
p Nível de significância
PET Tomografia com Emissão de Positrons (“Positron-emission
tomography”)
R0 Margens livres
R1 Margens microscopicamente comprometidas
R2 Margens macroscopicamente comprometidas
Ref. Referência
SAME Serviço de Arquivo Médico e Estatístico
SLD Sobrevida Livre de Doença
x
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Resultados das principais publicações envolvendo pacientes submetidos à exenteração pélvica.............................025
Quadro 2 - Variáveis independentes do estudo .............................................036
Quadro 3 - Critérios para definição dos grupos de risco para recorrência da doença após exenteração pélvica, segundo as variáveis independentes identificadas no modelo de riscos proporcionais de Cox ......................................058
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Freqüência das variáveis demográficas e clínicas para os 96 pacientes submetidos à exenteração pélvica ..................041
Tabela 2 - Distribuição dos 96 pacientes de acordo com a situação de admissão.....................................................................................042
Tabela 3 - Distribuição dos 96 pacientes conforme o sítio do tumor primário .............................................................................................043
Tabela 4 - Distribuição dos 96 pacientes de acordo com a década de tratamento e a preservação esfincteriana .............................044
Tabela 5 - Distribuição dos 96 pacientes conforme o tipo de cirurgia realizada e o sítio do tumor primário..............................044
Tabela 6 - Distribuição dos 96 pacientes conforme o tipo de cirurgia realizada .............................................................................045
Tabela 7 - Distribuição dos 96 pacientes conforme o tipo de cirurgia realizada e o tipo de reconstrução .................................046
Tabela 8 - Número e porcentagem de pacientes com complicações pós-operatórias................................................................................047
Tabela 9 - Situação clínica dos 96 pacientes submetidos à exenteração pélvica no final do estudo .......................................048
Tabela 10 - Número e porcentagem de pacientes com e sem preservação esfincteriana segundo as variáveis sociodemográficas ..........................................................................051
Tabela 11 - Número e porcentagem de pacientes com e sem preservação esfincteriana segundo as variáveis clínicas.........052
Tabela 12 - Número e porcentagem de pacientes com e sem preservação esfincteriana segundo as variáveis de tratamento ........................................................................................053
Tabela 13 - Número e porcentagem de pacientes com e sem preservação esfincteriana segundo a topografia do tumor primário..................................................................................053
Tabela 14 - Análise pela regressão logística múltipla das variáveis associadas a preservação de esfíncter .......................................054
Tabela 15 - Taxas de sobrevida livre de doença em 5 anos pelo método de Kaplan-Meier, segundo as variáveis sociodemográficas ..........................................................................055
xii
Tabela 16 - Taxas de sobrevida livre de doença em 5 anos pelo método de Kaplan-Meier, segundo as variáveis clínicas..........055
Tabela 17 - Taxas de sobrevida livre de doença em cinco anos pelo método de Kaplan-Meier, segundo as variáveis relacionadas ao tratamento ...........................................................056
Tabela 18 - Taxas de sobrevida livre de doença em cinco anos pelo método de Kaplan-Meier, segundo a topografia do tumor primário..................................................................................057
Tabela 19 - Análise das variáveis associadas à recorrência pelo modelo de riscos proporcionais de Cox ......................................057
Tabela 20 - Número de pacientes, taxa de sobrevida livre de doença em cinco anos e risco de recorrência conforme o grupo ..............................................................................................059
Tabela 21 - Número de pacientes, taxa de sobrevida livre de doença em cinco anos e risco de recorrência conforme o grupo ..............................................................................................059
Tabela 22 - Taxas de sobrevida global em cinco anos pelo método de Kaplan-Meier, segundo as variáveis sociodemográficas.........061
Tabela 23 - Taxas de sobrevida global em cinco anos pelo método de Kaplan-Meier, segundo as variáveis clínicas ........................062
Tabela 24 - Taxas de sobrevida global em cinco anos pelo método de Kaplan-Meier, segundo as variáveis relacionadas ao tratamento ........................................................................................063
Tabela 25 - Taxas de sobrevida global em 5 anos pelo método de Kaplan-Meier, segundo a topografia do tumor primário............064
Tabela 26 - Análise das variáveis associadas ao óbito pelo modelo de riscos proporcionais de Cox.....................................................064
xiii
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Curva de sobrevida livre de doença dos pacientes submetidos à exenteração pélvica ...............................................042
Gráfico 2 - Curva de sobrevida global dos pacientes submetidos à exenteração pélvica ........................................................................050
Gráfico 3 - Curva de sobrevida livre de doença dos pacientes submetidos à exenteração pélvica, conforme grupo de risco ...................................................................................................060
xiv
RESUMO
Poletto AHO. Exenteração pélvica e preservação dos esfíncteres: análise de
96 casos. [tese]. São Paulo, Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo, 2004. 113p.
A exenteração pélvica é método efetivo no tratamento de tumores pélvicos
localmente avançados. As cirurgias mais conservadoras, com preservação
funcional dos esfíncteres e reconstrução continente dos tratos intestinal e
urinário podem melhorar a qualidade de vida e estimular os pacientes a
aceitar a cirurgia. O objetivo deste estudo foi avaliar os resultados da
exenteração pélvica no tratamento dos tumores pélvicos localmente
avançados em relação à preservação dos esfíncteres e fatores associados
ao prognóstico. Analisou-se retrospectivamente os fatores relacionados à
preservação dos esfíncteres bem como os fatores associados ao
prognóstico em pacientes submetidos à exenteração pélvica. Dos 96
pacientes submetidos à exenteração pélvica, preservou-se pelo menos um
dos esfíncteres em 36 (37,5%). Na década de 1990 a taxa de preservação
esfincteriana foi significativamente maior do que na década de 1980 (47,6
versus 18,2%) (p = 0,005). As variáveis independentemente relacionadas à
preservação de esfíncter foram tratamento realizado na década de 1990 e
tumor de origem coloproctológica. A taxa de complicação pós-operatória não
foi influenciada pela preservação dos esfíncteres (p = 0,276). Não se
observou diferença estatisticamente significativa nas taxas de morbidade
entre as décadas de 1990 e 1980 (55,6% versus 75,8%; p = 0,075). Na
década de 1990 houve redução da taxa de mortalidade pós-operatória em
relação à década de 1980 (9,5% versus 27,3%; p = 0,023). Em nove
pacientes, as margens de ressecção estavam microscopicamente
comprometidas (R1) e, em cinco macroscopicamente comprometidas (R2).
As margens de ressecção não foram influenciadas pelo tipo de cirurgia (p =
0,104), nem pela preservação dos esfíncteres (p = 0,881). A taxa de
sobrevida livre de doença em cinco anos foi de 40,5%. Observou-se
xv
associação da recorrência com perda de peso (p = 0,006), índice de
Karnofsky (p = 0,035) e a topografia do tumor (p = 0,027). No modelo
multivariado, a perda de peso e os tumores de origem ginecológica foram as
variáveis independentes para recorrência. Pacientes portadores de tumores
ginecológicos ou com perda de peso foram considerados de alto risco para
recorrência e os pacientes portadores de tumores não ginecológicos e sem
perda de peso, de baixo risco. O grupo de alto risco apresentou chance de
recorrência cerca de sete vezes maior do que o de baixo risco. A sobrevida
livre de doença em 5 anos para os grupos de baixo e de alto risco foram,
respectivamente, de 78,0% e 21,2%. As variáveis associadas ao óbito foram
a idade superior a 60 anos (p = 0,007), a perda de peso (p = 0,004),
radioterapia pré-operatória (p = 0,043), década de tratamento (p = 0,050) e
preservação de esfíncter (p=0,026). No modelo multivariado as variáveis
associadas ao óbito foram tratamento realizado na década de 1980, a idade
superior a 60 anos e a perda de peso. Com os resultados deste estudo
podemos concluir que houve aumento significante da preservação dos
esfíncteres na década de 1990 sem aumento da freqüência de margens
cirúrgicas comprometidas nem prejuízo na sobrevida dos pacientes
submetidos à exenteração pélvica com preservação dos esfíncteres.
Descritores: Exenteração pélvica, ânus, neoplasias pélvicas, prognóstico e
estudos retrospectivos.
xvi
ABSTRACT
Poletto AHO. Pelvic exenteration and sphincter preservation: an analysis of
96 cases. [thesis]. São Paulo, Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo, 2004. 113p.
Pelvic exenteration (PE) is an effective method for treating locally advanced
pelvic tumors. More conservative surgeries, preserving sphincters and
continent reconstruction of the intestinal and urinary tract, which could
contribute to a better quality of life and encourage patients to accept this
procedure. The objective of this study was to evaluate the results of PE in the
treatment of locally advanced pelvic tumors, mainly considering sphincter
preservation and factors associated to the prognosis. Between 1980 and
2000, 96 PE were performed. Factors related to sphincter preservation as
well as factors associated to prognosis were respectively analyzed. Of the 96
patients treated with pelvic exenteration, at least one sphincter in 36 patients
was preserved (37.5%). In the 1990’s, the sphincter preservation rate was
significantly higher than in the 1980’s (47.6 vs. 18.2 %) (p = 0.005).
Independent variables related to the sphincter preservation were decades
from the realization of surgery 1990’s and coloproctological tumors. The post-
operative complication rate was not influenced by sphincter preservation (p =
0.276). Statistically, there was no differentiation between the morbidity rates
during the 1980’s and 1990’s (55.6% versus 75.8%, p = 0.075). In the
1990’s, there was a reduction in the post-operative mortality rate compared
to the 1980s’ rate (9.5% versus 27.3%; p = 0.023). In nine patients, the
resection margins were compromised microscopically (R1) and in five
patients, macroscopically compromised (R2). The resection margins were not
influenced by the type of surgery (p = 0.104), nor by the preservation of
sphincters (p = 0.881). Disease free survival at five years was 40.5%. Among
the clinical variables, there was an association between recurrence and
weight loss (p = 0.006) and the Karnofsky index (p = 0.035). The topography
of the tumor showed links with recurrence (p = 0.027). In the multivariable
xvii
model, the independent variables related to recurrence were weight loss and
gynecological tumors. Patients with gynecological tumors or with weight loss
were considered high risk for recurrence, while patients with no gynecological
tumors and without weight loss were considered low risk. The high risk group
showed 7 times more chance of recurrence than the low risk group. Survival
rates of patients, who remained disease-free, after 5 years, for the low and
high risk group were 78.0% and 21.2% respectively. Death was linked to
ages over 60 (p = 0.007), weight loss (p = 0.004), pre-surgery radiotherapy (p
= 0.043), decades from the realization of surgery (p = 0.050) and the
sphincter preservation (p = 0.026). The independent variables related to
death were treatments in the 1980’s, ages over 60 and weight loss. Taking
into account the results in this research, we conclude that there was a
significant increase of sphincter preservation during the 1990’s and neither
the type of surgery nor sphincter preservation were associated to a higher
number of surgeries with compromised margins allows pelvic exenteration to
be performed with sphincter preservation, without harming survival rates.
Keywords: Pelvic exenteration, anus, pelvic neoplasm, prognostic and
retrospective study.
1. INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO - 2
Métodos de rastreamento para o diagnóstico precoce dos tumores
pélvicos ainda não foram amplamente aplicados, sendo que 50% dos
pacientes portadores de neoplasias pélvicas têm seu diagnóstico inicial em
estádios avançados (Benedet et al., 2001; Weir et al., 2003). As neoplasias
malignas primárias dos órgãos pélvicos durante sua evolução natural podem
invadir órgãos e estruturas adjacentes e apresentar metástases. No entanto,
alguns tumores pélvicos podem se estender localmente sem metástases à
distância sendo, nestas condições, denominados tumores pélvicos
localmente avançados (Brunschwig, 1948; Spratt et al., 1970).
Apesar do avanço tecnológico nas áreas de quimioterapia e
radioterapia, estes métodos terapêuticos continuam insuficientes para o
tratamento efetivo dos tumores pélvicos localmente avançados, sendo a
cirurgia a principal modalidade terapêutica empregada e, a ressecção com
margens livres, a única chance de cura para tais doentes (Brunschwing e
Daniel, 1954; Bricker et al., 1960; Symmonds et al., 1975; Rutledge et al.,
1977; Rodriguez-Bigas e Petrelli, 1996; Goldberg et al., 1998).
Detalhes da técnica cirúrgica têm impacto na taxa de recidiva e na
sobrevida global, assim como características inerentes aos tumores
também interferem no prognóstico e têm relação com maior taxa de
INTRODUÇÃO - 3
recidiva local (Heald et al., 1982; Heald e Ryall, 1986; Hunter et al., 1987;
Shingleton et al., 1989).
A exenteração pélvica total foi descrita pela primeira vez por
Brunschwig, em 1948, como tendo benefícios paliativos. No decorrer dos
anos, foram sendo obtidos melhores resultados e outros tipos histológicos de
tumores pélvicos também foram tratados com exenteração pélvica
(Brunschwing e Daniel, 1954; Bricker et al., 1960; Brunschwing et al., 1965;
Symmonds et al., 1975; Rutledge et al., 1977; Sevin e Koechli, 2001).
Na literatura, a indicação mais freqüente da exenteração pélvica é
para o tratamento de resgate das recidivas pélvicas centrais dos carcinomas
do colo do útero e dos carcinomas colorretais, quase sempre após
tratamento radioterápico (Symmonds et al., 1975; Rutledge et al., 1977;
Matthews et al., 1992; Rodriguez-Bigas e Petrelli, 1996; Sevin e Koechli,
2001).
O objetivo da exenteração pélvica é a ressecção com margens
livres. A exemplo de outras, essa cirurgia tem sido modificada nos últimos
anos. Classicamente, o conduto ureteroileal e a colostomia terminal são
as derivações não continentes mais utilizadas na exenteração pélvica
(Sevin e Koechli, 2001; Russo et al., 1999). Contudo a seleção criteriosa
dos pacientes, o aprimoramento da técnica cirúrgica, os avanços
tecnológicos e aspectos multidisciplinares permitem o tratamento
oncológico voltado também para a fase de reconstrução dos tratos
urinário e intestinal e a reabilitação dos pacientes (Hatch et al., 1990;
Fuhrman et al., 1992).
INTRODUÇÃO - 4
A reconstrução continente dos tratos urinário e intestinal, com
preservação dos esfíncteres anal e urinário, diminui a necessidade de
estomas definitivos e minimiza os danos psicológicos e sociais, podendo
melhorar a qualidade de vida.
2. OBJETIVOS
OBJETIVOS - 6
Em pacientes portadores de tumores pélvicos localmente avançados
submetidos à exenteração pélvica, pretende-se determinar:
a) - Evolução da preservação dos esfíncteres nas décadas de 1980 e
1990.
b) - Variáveis associadas à preservação dos esfíncteres.
c) - Influência da preservação dos esfíncteres na sobrevida.
d) - Variáveis associadas à recorrência da doença.
e) - Grupos de risco para recorrência da doença.
f) - Variáveis associadas ao óbito
3. REVISÃO DA LITERATURA
REVISÃO DA LITERATURA - 8
3.1 Histórico
Dunphy (1947) foi um dos primeiros autores a publicar resultados
promissores da ressecção radical em recidivas de carcinomas pélvicos.
Brunschwig e Pierce (1948) relataram os resultados de 65
necropsias de portadoras de carcinoma do colo do útero mostrando que,
em 50%, a doença era restrita à pélvis, fundamentando a possibilidade de
cura por meio das grandes ressecções pélvicas. O mesmo autor
descreveu, pela primeira vez, a exenteração pélvica e demonstrou
benefícios paliativos para 22 portadoras de tumores pélvicos localmente
avançados antes consideradas sem possibilidades terapêuticas. A cirurgia
consistia na ressecção em monobloco de todas as vísceras pélvicas,
incluindo segmento distal dos ureteres, linfadenectomia pélvica e
ressecção do peritônio. A ressecção perineal compreendia intróito vaginal
e ânus, por meio de uma incisão elíptica única. Os ureteres eram
reimplantados no sigmóide, criando uma colostomia úmida ou, em casos
especiais, diretamente na pele (Brunschwig, 1948).
Na mesma época, outros autores, em diferentes países,
compartilhavam a idéia de que alguns tumores pélvicos possuíam um
comportamento biológico favorável, podendo ser tratados com extensas
REVISÃO DA LITERATURA - 9
ressecções. Eugene Bricker relacionou a exenteração pélvica com o
tratamento dos carcinomas retais (Bricker et al., 1960).
Appleby e Deddish relataram, em 1950, oito casos de carcinomas
localmente avançados de reto submetidos à ressecção ampliada para
bexiga. No mesmo ano, Brintnall e Flocks (1950) reportaram nove casos de
pacientes portadores de carcinomas de reto submetidos à cirurgia
semelhante.
A ressecção dos tumores pélvicos localmente avançados em
monobloco com a bexiga criava problemas para reconstrução do trato
urinário. Tentaram-se derivações urinárias utilizando diversos segmentos
intestinais - ceco, cólon transverso e cólon esquerdo -, sem muito êxito.
Eugene Bricker, em 1950, confirmou a eficácia do conduto ureteroileal,
importante etapa no desenvolvimento dessa cirurgia. Desde então, houve
decréscimo na taxa de mortalidade cirúrgica de 23%, em 1948 (Brunschwig,
1948) para 5 a 10%, nas últimas décadas (Matthews et al., 1992; Lopez e
Monafo, 1993; Rodriguez-Bigas e Petrelli, 1996).
REVISÃO DA LITERATURA - 10
3.2 Aspectos Clínicos dos Pacientes no Pré-Operatório
Em geral os pacientes portadores de tumores pélvicos localmente
avançados candidatos à exenteração pélvica encontram-se entre a terceira e
a oitava década da vida, sendo que mais de 50% estão acima da quinta
(Brunschwing e Daniel, 1954).
Noventa por cento das vezes os pacientes submetidos à exenteração
pélvica são do sexo feminino e apresentam-se com histórico de sintomas
pélvicos há longo tempo (Lopez et al., 1994). Sangramentos vaginais, retais
ou uretrais, dor pélvica, tenesmo e alterações do hábito intestinal são os
sinais e sintomas encontrados com maior freqüência no pré-operatório.
Fístulas intestinais ou urinárias e obstruções intestinais também são
relatadas (Hogan e Boente, 1993; Yeung et al., 1994). Dos sintomas, a dor
pélvica é o mais habitual, presente em até 90% dos pacientes submetidos à
exenteração pélvica; no entanto, cerca de 20% deles podem ser
assintomáticos no pré-operatório (Spratt et al., 1972; Schiessel et al., 1986).
A tríade, dor ciática, obstrução ureteral e linfedema unilateral do
membro inferior são sinais e sintomas preditivos de tumor irressecável
(Hogan e Boente, 1993).
A avaliação pré-operatória com exames de imagem permite descartar
a presença de metástases à distância, principalmente em pulmões e fígado.
O comprometimento de estruturas pélvicas ósseas quase sempre é
identificado pela tomografia. Ressonância magnética e tomografia pélvica
avaliam a extensão do tumor para estruturas e órgãos adjacentes
(Freeney et al., 1986; Popvich et al., 1993).
REVISÃO DA LITERATURA - 11
O planejamento terapêutico pré-operatório por meio de exames de
imagem avalia a extensão das ressecções, mas em grande parte das vezes
o exame locorregional sob sedação e os achados intra-operatórios são
decisivos (Hogan e Boente, 1993). O toque retal e o vaginal permitem avaliar
localização, extensão e infiltração de estruturas adjacentes ao tumor (Lopez
e Mofano, 1993; Avradopoulos et al., 1996).
A tomografia com emissão de positrons (“Positron-emission
tomography” - PET) tem papel promissor na avaliação pré-operatória dos
pacientes portadores de tumores pélvicos localmente avançados. Na
detecção da recorrência local, tem sensibilidade de 88 a 100%, contudo os
resultados falso-positivos podem estar aumentados, principalmente nos
primeiros seis meses após a radioterapia (Ogunbiyi et al., 1997).
No planejamento pré-operatório, o PET tem importante papel no
diagnóstico de metástases. Em série de 114 pacientes portadores de
tumores colorretais avançados, 42 foram selecionados por intermédio de
tomografia computadorizada e reavaliados com o PET; dentre estes, 17
(40%) tiveram diagnóstico de doença adicional e alteração da conduta
terapêutica após emprego do exame (Desai et al., 2003).
Exames endoscópicos podem avaliar a invasão de órgãos adjacentes,
bem como as condições e os efeitos locais da radioterapia. A avaliação
endoscópica da doença actínica na bexiga e no reto pode ajudar na decisão
do tipo de reconstrução dos tratos intestinal e urinário a ser realizada (Lopez
e Mofano, 1993).
REVISÃO DA LITERATURA - 12
Mesmo após uma criteriosa avaliação pré-operatória, algumas séries
indicam que em até 50% das tentativas de ressecção existem achados intra-
operatórios de doença irressecável ou implantes tumorais fora da pelve
(Hogan e Boente, 1993). Miller et al. (1993), em estudo retrospectivo de 394
candidatos à exenteração pélvica e submetidos à laparotomia exploradora,
relataram que em 111 pacientes (28%) houve achados intra-operatórios que
interromperam o procedimento. A maior parte - 49 pacientes (44%) -,
apresentaram doença peritoneal, 45 (40%) mostraram comprometimento
linfonodal; os demais achados foram fixação parametrial e envolvimentos
hepático e intestinal.
Na última década, o aprimoramento da técnica de videolaparoscopia
permitiu seu emprego na oncologia. A utilização da videocirurgia para o
estadiamento pré-operatório dos tumores localmente avançados do trato
gastrintestinal alto tem sido descrita (Van Dijkum et al., 1997). O emprego
desse método no estadiamento pré-operatório de tumores pélvicos localmente
avançados vem sendo proposto por alguns autores. Plante e Roy (1998)
publicaram análise retrospectiva de 13 pacientes portadoras de recorrência
local de carcinoma do colo do útero tratadas inicialmente com radioterapia e
submetidas à videolaparoscopia exploradora no estadiamento pré-operatório.
Oito apresentaram achados videolaparoscópicos que evitaram a laparotomia
exploradora. Da mesma forma, Kohler et al. (2002) submeteram 41 pacientes,
portadoras de recorrência local de carcinoma do colo do útero à
videolaparoscopia exploradora no pré-operatório. Relataram que em 48,7%
delas houve achados que contra-indicaram a exenteração pélvica.
REVISÃO DA LITERATURA - 13
3.3 Indicações de Exenteração Pélvica
A origem dos tumores pélvicos nos diferentes sítios primários,
associada às características histológicas e ao comportamento biológico são
os principais fatores determinantes do tratamento. Sabe-se que carcinomas
do colo do útero e colorretais, mesmo quando recorrentes, podem
apresentar crescimento local lento e baixo risco de metástase à distância.
Da mesma forma, alguns tipos de sarcomas pélvicos também podem ter
essas características (Leake, 1992).
Spratt et al. (1970) descreveram características clínicas e patológicas
de adenocarcinomas colorretais que podem atingir grandes volumes e
infiltrar estruturas adjacentes, sem que haja comprometimento linfonodal. As
principais características apontadas foram extensão direta a estruturas
adjacentes e ausência de metástases linfonodais.
Bricker et al. (1960) estudaram 218 pacientes submetidos à
exenteração pélvica, 150 portadoras de carcinoma do colo do útero
localmente recidivados após tratamento radioterápico e 31 portadores de
carcinoma colorretal. Os autores concluíram que a ressecção dos tumores
do colo do útero após tratamento radioterápico foi a principal indicação da
cirurgia. Da mesma forma, Rutledge et al. (1977) publicaram série de 296
pacientes submetidos à exenteração pélvica, dos quais 176 (59%) foram
exenterações pélvicas totais. A maioria - 195 (65,8%) era portadora de
carcinomas localmente recidivados do colo do útero.
Outros tipos de tumores pélvicos localmente avançados, embora
menos freqüentes, têm sido tratados com exenteração pélvica, entre os
REVISÃO DA LITERATURA - 14
quais melanomas e sarcomas. Os tumores de vulva, vagina e canal anal têm
um comportamento biológico distinto, com risco de metástase à distância
dependendo diretamente do tipo histológico e das características do seu
crescimento (Brunschwing e Daniel, 1954; Bricker et al., 1960; Brunschwing,
1965; Symmonds et al., 1975; Rutledge et al., 1977; Lopez et al., 1994;
Sevin et al., 2001).
Miller et al. (1995) avaliaram retrospectivamente 21 portadoras de
carcinomas de vulva submetidas à exenteração pélvica. Nove (43%) haviam
sido irradiados anteriormente, 13 eram recidivas após vulvectomias e oito
tumores localmente avançados.
Tumores de ovário e endométrio têm taxa maior de disseminação
para fora da pélvis, o que torna menos freqüente a indicação de exenteração
pélvica na maioria das séries (Crowe et al., 1999).
Barakat et al. (1999) publicaram uma análise retrospectiva de 47 anos.
Quarenta e quatro pacientes foram submetidas à exenteração pélvica para
tratamento da recidiva do adenocarcinoma de endométrio. Nesse estudo, 34
pacientes (77%) haviam sido irradiadas anteriormente, 23 submetidas à
exenteração pélvica total, 20 à exenteração pélvica anterior e, uma, posterior.
Spirtos et al. (2000) publicaram resultados de 151 pacientes
portadoras de adenocarcinoma de ovário submetidas à exenteração pélvica
posterior. Todas receberam quimioterapia à base de cisplatina e, após 12
meses, foram reavaliadas por laparotomia exploradora. Os achados
cirúrgicos foram a presença de doença em 43,7% das pacientes, sendo
5,3% de doença pélvica e 38,4% de doença em abdome superior.
REVISÃO DA LITERATURA - 15
A indicação mais freqüente de exenteração pélvica é para o
tratamento de resgate das recidivas pélvicas centrais dos carcinomas do
colo do útero e dos carcinomas colorretais, quase sempre após tratamento
radioterápico (Symmonds et al., 1975; Rutledge et al., 1977; Bricker et al.,
1986; Matthews et al., 1992; Rodriguez-Bigas e Petrelli, 1996 Sevin e
Koechli 2001; Yamada et al., 2002; Selman e Copeland, 2002; Jimenez et
al., 2003; Lopez e Luna-Perez, 2004).
Grande parte dos autores concordam que a morbidade de remover
cirurgicamente quase todos os órgãos pélvicos deve ter a intenção de
oferecer o controle local do tumor, algum benefício na sobrevida e a
perspectiva de cura (Barber, 1969; Symmonds et al., 1975; Rutledge et al.,
1977; Bricker et al., 1986; Kraybill et al., 1988; Lawhead et al., 1989; Miller et
al., 1993; Yamada et al., 2002; Ike et al., 2003a). Resumidamente, as
principais contra-indicações ao procedimento são: doença metastática fora
da pelve; múltiplos implantes peritoneais pélvicos; comprometimento do
nervo ciático, de estruturas vasculares maiores e da parede pélvica; estado
nutricional deficiente, reserva cardiopulmonar limítrofe e incapacidade
psicológica (Poletto et al., 2001).
Deckers et al. (1976) analisaram 18 pacientes submetidos à
exenteração pélvica e, diante dos resultados obtidos com taxa de 0,5% de
mortalidade pós-operatória e melhora na qualidade de vida, concluíram que
a eliminação da dor pélvica, de fístulas e hemorragias poderiam justificar o
procedimento, ao contrário da exclusiva intenção curativa imposta pelas
proibitivas taxas de mortalidade.
REVISÃO DA LITERATURA - 16
Yeung et al. (1993) avaliaram 20 pacientes submetidos à exenteração
pélvica com indicação paliativa, relatando 25% de mortalidade pós-
operatória e 67% de melhora na qualidade de vida.
Brophy et al. (1994) analisaram 35 pacientes submetidos à
exenteração pélvica paliativa em uma única instituição, reportando 3% de
mortalidade pós-operatória e 88% de melhora na qualidade de vida.
Apesar de controversa, a inexistência de tratamentos paliativos para
determinadas situações envolvendo pacientes com tumores pélvicos
localmente avançados, aliada à queda nas taxas de mortalidade e
morbidade cirúrgicas, pode justificar a indicação paliativa da exenteração
pélvica (Woodhouse et al., 1995; Finlayson e Eisenberg, 1996; Kamat et al.,
2003).
REVISÃO DA LITERATURA - 17
3.4 Aspectos Cirúrgicos
Mesmo com os avanços observados na área de radioterapia e
quimioterapia, a ressecção com margens livres ainda é o único tratamento
capaz de oferecer chance de cura para pacientes portadores de tumores
pélvicos localmente avançados (Brunschwing e Daniel, 1954; Bricker et al.,
1960; Symmonds et al., 1975; Rutledge et al., 1977; Rodriguez-Bigas e
Petrelli, 1996; Goldberg et al., 1998).
Pacientes com recidivas locorregionais de carcinomas colorretais
tratados sem cirurgia apresentaram taxa de sobrevida inferior a 4% em cinco
anos (Avradopoulos et al., 1996). Pacientes portadores de recidivas locais
irressecáveis de carcinomas colorretais apresentaram expectativa média de
vida de sete meses (Rao et al., 1981). Shepherd et al. (1994) publicaram
taxa de sobrevida menor que 2% em dois anos para pacientes portadores de
tumores pélvicos localmente avançados considerados irressecáveis versus
54,1% para os submetidos à exenterações pélvicas.
A cirurgia denominada exenteração pélvica pode ser classificada, de
acordo com os órgãos ressecados, em exenteração pélvica total, anterior e
posterior e, em relação à preservação ou não dos músculos elevadores do
ânus, em supra-elevadora e infra-elevadora (Rodriguez-Bigas e Petrelli,
1996).
A exenteração pélvica total implica na ressecção de todos os órgãos
pélvicos; a posterior, ressecção do cólon distal, reto e sigmóide em
monobloco com útero e anexos e a anterior, bexiga em bloco com genitais
internos. As cirurgias que não se enquadram nesta classificação por
REVISÃO DA LITERATURA - 18
englobarem a ressecção total ou parcial de outros órgãos, ou ressecção de
partes moles, são classificadas como exenteração pélvica modificada
(Zagoury et al., 1998).
Detalhes da técnica cirúrgica têm impacto na taxa de recidiva e na
sobrevida global dos pacientes portadores de tumores pélvicos, assim como
as características inerentes aos tumores também interferem no prognóstico
e estão relacionadas com maior taxa de recidiva local (Heald et al., 1982;
Heald e Ryall, 1986).
Turner (1929) definiu aspectos importantes das ressecções
ampliadas, referindo que a possibilidade de ressecção dos tumores depende
da formação e experiência do cirurgião e da instituição. Posteriormente,
outros autores evidenciaram tal fato (Van Prohaska et al., 1953; Evans et al.,
1956; Gentil et al., 1989).
Gentil et al. (1989) sugeriram que a dissecção do tumor deveria ser no
sentido centrípeto e a ressecção em monobloco, princípios que devem ser
utilizados sistematicamente na ressecção ampliada. As margens macroscópicas
de ressecção devem ser de 2cm e as cadeias linfáticas dos órgãos afetados
incluídas na ressecção (Rao et al., 1981; Rodriguez-Bigas e Petrelli, 1996).
Na cavidade pélvica, estruturas podem ser envolvidas por aderências
e infiltração neoplásica, determinando, em alguns casos, grande volume
tumoral com comprometimento de múltiplos órgãos pélvicos (Kiss, 1990;
Gentil e Lopes, 1991). As aderências tumorais não devem ser violadas.
Órgãos e estruturas aderidas ao tumor devem ser ressecados em
monobloco (Petros et al., 1999).
REVISÃO DA LITERATURA - 19
Lopez e Mofano (1993) relataram, após revisão dos resultados de 248
pacientes submetidos à exenteração pélvica, que 40% das aderências
tumorais contêm células neoplásicas. A violação dessas aderências durante
a ressecção pode levar ao aumento da recorrência local e prejuízo para a
sobrevida, com taxas de 90 a 100% de recorrência local e zero a 23% de
sobrevida em cinco anos (Hunter et al., 1987).
Aproximadamente 10% dos carcinomas colorretais submetidos à cirurgia
apresentam invasão de outros órgãos ou de estruturas adjacentes (Davis e
Ellis, 1975). Curley et al. (1992), em estudo de 101 pacientes portadores de
carcinomas colorretais submetidos à exenteração pélvica, relataram que a
bexiga é o órgão pélvico com maior freqüência de invasão tumoral. Nas
mulheres, o acometimento tumoral do trato urinário é menos freqüente, devido
à barreira natural exercida pelo útero e vagina. Contudo, nos tumores com
invasão do septo retovaginal, a parede da vagina deve ser ressecada em
monobloco para obtenção de margens livres (Lopez e Spratt, 1999).
Indica-se ressecção de outras estruturas pélvicas, bem como de
estrutura óssea infiltrada pelo tumor, em situações em que seja possível
obter margens livres (Petros et al., 1999; Lopez e Luna-Perez, 2004).
REVISÃO DA LITERATURA - 20
3.5 Aspectos da Preservação Esfincteriana
Classicamente, o conduto ureteroileal e a colostomia terminal são as
derivações não continentes mais utilizadas em exenteração pélvica (Sevin et
al., 2001; Russo et al., 1999). Contudo, nos últimos anos, tem crescido o
interesse por cirurgias mais conservadoras a fim de garantir melhor
qualidade de vida para pacientes submetidos a tratamentos oncológicos.
A seleção criteriosa dos pacientes, o aprimoramento da técnica
cirúrgica e os avanços tecnológicos permitiram tratamento oncológico
voltado também para a fase de reconstrução e reabilitação dos pacientes
(Hatch et al., 1990; Fuhrman et al., 1992).
A fim de minimizar a morbidade e os danos psicológicos e sociais
causados pela exenteração pélvica, tem-se tentado restaurar os tratos intestinal
e urinário com a preservação dos esfíncteres. A preservação esfincteriana é
uma possibilidade historicamente recente. A preservação anal evoluiu da
anastomose manual (Cutait e Figliolini, 1961) para a anastomose mecânica
(Ravich e Steichen, 1979). A preservação urinária evoluiu do conduto ileal
(Bricker, 1950) à neobexiga ileal (Hautmann et al., 1988).
Dixon (1939) publicou resultados do tratamento conservador para
tumores de reto alto. Parks (1972) descreveu a técnica de anastomose colo-
anal, transanal. Ravich e Steichen (1979) publicaram a técnica de
anastomose mecânica término-terminal com utilização do grampeador
circular intraluminar.
A demonstração de que menos de 2% dos tumores do reto baixo
apresentam disseminação tumoral microscópica maior do que 2cm na
REVISÃO DA LITERATURA - 21
parede retal possibilitou a ressecção desses tumores com margens
oncologicamente corretas, preservando-se o complexo esfincteriano em
tumores localizados até 3cm da linha pectínea (Best e Blair, 1949; Penfold,
1974; Tjandra e Fazio, 1992). Alguns autores passaram a empregar técnicas
mais conservadoras em candidatos à exenteração pélvica. Hatch et al.
(1990) estudaram 31 pacientes portadoras de carcinoma do colo do útero
submetidas à exenteração pélvica com preservação do esfíncter anal, sendo
29 exenterações pélvicas totais. Todas haviam sido irradiadas previamente e
a maioria, 16 pacientes, eram portadoras de recidivas centrais maiores que
3cm. Houve 32% de morbidade e nenhum óbito no pós-operatório. A
sobrevida global foi de 68% e os autores concluíram que a exenteração
pélvica com anastomose colorretal tem sobrevida e morbidade aceitáveis,
devendo ser considerada para pacientes selecionados.
Fuhrman et al. (1992) analisaram os resultados de 10 pacientes
portadores de carcinomas colorretais submetidos à exenteração pélvica total
com preservação do esfíncter anal, destacando a eficiência oncológica da
cirurgia com preservação. As taxas de recorrência e de sobrevida foram
semelhantes às descritas na literatura, com a vantagem da melhor qualidade
de vida proporcionada pela ausência da colostomia.
Brodsky et al. (1993) descreveram quatro pacientes submetidos à
exenteração pélvica total com preservação esfincteriana e anastomose
colorretal baixa, relatando as vantagens da preservação do períneo, com
diminuição da taxa de morbidade e ausência da colostomia. Concluíram que
a reconstrução intestinal serviu para preencher anatomicamente o espaço
REVISÃO DA LITERATURA - 22
resultante da retirada de todos os órgãos pélvicos, resolvendo o problema
das complicações obstrutivas freqüentemente causadas pelas aderências
intestinais na cavidade pélvica.
Mirhashemi et al. (2000), em estudo retrospectivo de 77 pacientes
submetidos à exenteração pélvica com anastomose colorretal, concluíram
que a radioterapia prévia é o fator de risco mais importante para fístula ou
deiscência da anastomose colorretal, com taxas de 35% versus 7,5% para
os pacientes não irradiados. Nesta série, 27 pacientes (35%) eram
portadoras de carcinomas de ovário, não receberam radioterapia pré-
operatória e foram submetidas a anastomoses colorretais mais altas que
5cm da borda anal.
Husain et al. (2000) analisaram, em estudo retrospectivo, 33
portadoras de tumores ginecológicos localmente recidivados submetidas à
exenteração pélvica, sendo 97% deles irradiados previamente. Na série, 22
pacientes foram submetidas à exenterações pélvicas totais, sendo 13 com
anastomose colorretal baixa. Os autores relataram taxa de 54% de fístula da
anastomose colorretal com necessidade de reoperação e colostomia,
sugerindo que tal tipo de anastomose não deveria ser realizada nesse grupo
de pacientes.
Moutardier et al. (2003) avaliaram a eficiência da anastomose
colorretal em 89 pacientes portadoras de tumores ginecológicos primários e
localmente recidivados submetidas à exenteração pélvica com preservação
do esfíncter anal e anastomose colorretal. Os autores referiram taxa de
71,9% de anastomose funcional e 19% de fístula.
REVISÃO DA LITERATURA - 23
3.6 Aspectos Relacionados ao Prognóstico
No estudo dos fatores prognósticos que se referem às variáveis
relacionadas com a sobrevida, o estadiamento dos tumores - extensão
anatômica da doença - é o principal no tratamento do câncer. Aspectos clínicos
do paciente, tais como gravidade dos sintomas relativos ao câncer e às
comorbidades, são importantes para a escolha do tratamento, no risco de
complicações e no prognóstico de diversos tipos de câncer (Concato et al., 1992;
Peipert et al., 1993; Havlik et al., 1994, Yancik et al., 1998; Ribeiro et al., 2000).
No decorrer dos anos, foram obtidos melhores resultados com a
exenteração pélvica. Antes da década de 1980, a mortalidade operatória
variava de 8 a 33%, com morbidade de 75%. Depois, a mortalidade variou
de zero a 10%, com 50% de morbidade e a sobrevida global em cinco anos
variou entre 20 e 60%, de acordo com diferentes autores (Rodriguez-Bigas e
Petrelli, 1996; Goldberg et al., 1998).
Brunschwig e Daniel (1960) publicaram resultados de 592 pacientes
submetidos à exenteração pélvica com mortalidade de 23% e taxa de
sobrevida em cinco anos de 17%. Desde então, houve maior rigor na
seleção pré-operatória dos pacientes candidatos a esse tipo de cirurgia.
Barber (1969) analisaram 581 pacientes submetidos à exenteração
pélvica, relatando 20% de taxa de sobrevida em cinco anos com 20% de
mortalidade pós-operatória.
Orr et al. (1983) estudaram 125 pacientes submetidos à exenteração
pélvica, referindo 9,6% de mortalidade pós-operatória e 45,3% de taxa de
sobrevida em cinco anos.
REVISÃO DA LITERATURA - 24
Averette et al. (1984) demonstraram, em estudo retrospectivo, queda
significativa na taxa de mortalidade operatória ao longo de 15 anos. A taxa,
que era de 28,5% nos primeiros cinco anos do estudo, foi de 10,4% nos
últimos.
Lopez et al. (1994), em análise de 232 pacientes submetidos à
exenteração pélvica total no período de 1940 a 1989, relataram 42% de taxa
de sobrevida em cinco anos e 14% de mortalidade operatória, sendo 16,8%
nas três primeiras décadas do estudo e 10% nas últimas. Concluíram que o
declínio de morbidade e mortalidade operatórias se deve principalmente à
melhor seleção do paciente e ao avanço ocorrido nos cuidados peri
operatórios.
Goldberg et al. (1998) publicaram resultados de 154 pacientes
submetidos à exenteração pélvica no período de 1954 a 1994: o
monitoramento intensivo no pós-operatório e o uso profilático de heparina e
antibióticos foram os maiores responsáveis pela diminuição de morbidade e
mortalidade operatórias, ressaltando-se a dificuldade na análise das
variáveis associadas ao aprimoramento da técnica cirúrgica e anestésica
ocorrido no período.
O Quadro 1 evidencia os resultados das principais publicações
englobando pacientes submetidos à exenteração pélvica.
REVISÃO DA LITERATURA - 25
Quadro 1 - Resultados das principais publicações envolvendo pacientes
submetidos à exenteração pélvica
Autor Ano Pacientes Mortalidade operatória
(%)
Sobrevida em cinco anos
(%) Bricker et al. 1960 150 10 34 Brunschwing 1965 535 16 20 Barber 1969 581 20 20 Symmonds et al. 1975 198 8 33 Rutledge et al 1977 296 13 42 Orr et al. 1983 125 9,6 45,3 Rutledge e McGuffee 1987 448 10 53,7 Rodríguez Cuevas et al. 1988 252 17 49,6 Morley et al. 1989 100 2 61 Lopez et al. 1994 232 14 42 Wanebo et al. 1994 47 8,5 33 Hida et al. 1998 50 6 64 Jimenez et al. 2003 55 5,5 40 Lopez e Luna-Perez 2004 34 0 44
Alguns autores dividem os pacientes submetidos à exenteração
pélvica em grupos de portadores de tumores ginecológicos e colorretais para
análise dos fatores relacionados ao prognóstico. A sobrevida global para
pacientes com tumores colorretais localmente avançados submetidos à
exenteração pélvica varia entre 20 e 40% em cinco anos, comparada com 40
a 64% para as portadoras de tumores ginecológicos (Bricker et al. 1960;
Barber, 1969; Rutledge et al. 1977; Rutledge e McGuffee1987; Morley et al.
1989; Lopez et al. 1994; Hida et al. 1998; Crowe et al., 1999; Yamada et al.,
2002; Selman e Copeland, 2002; Jimenez et al., 2003; Lopez e Luna-Perez,
2004).
Fatores como o comprometimento dos linfonodos locorregionais têm
associação com pior prognóstico nos portadores de carcinomas colorretais
localmente avançados submetidos à exenteração pélvica. Lopez et al. (1987)
publicaram resultados de 24 pacientes com carcinomas colorretais
REVISÃO DA LITERATURA - 26
submetidos à exenteração pélvica. As taxas de recidiva e sobrevida em
cinco anos nos pacientes com linfonodos comprometidos foram 57% e 28%
respectivamente, versus 25% e 75% para pacientes com linfonodos não
comprometidos.
A apresentação inicial do paciente também tem relação com prognóstico.
Aqueles submetidos à exenteração pélvica para resgate de recorrência local
após algum tratamento têm pior prognóstico quando comparados a pacientes
não tratados. A taxa de sobrevida em pacientes sem tratamento prévio foi de
42% versus 20% para os recidivados (Hafner et al., 1991).
Ike et al. (2003a), em estudo retrospectivo, publicaram análise
multivariada dos resultados de 71 pacientes portadores de carcinomas
colorretais localmente avançados submetidos à exenteração pélvica,
concluindo que a idade e o comprometimento linfonodal foram fatores
prognósticos independentes.
Jimenez et al. (2003), em estudo retrospectivo de 55 pacientes com
carcinomas colorretais submetidos à exenteração pélvica, realizaram análise
univariada e identificaram cinco fatores associados com pior prognóstico:
sexo masculino, doença recidivada, ressecção abdominoperineal prévia,
margens de ressecção comprometidas e radioterapia intra-operatória. Na
análise multivariada, a ressecção abdominoperineal prévia foi o fator
independente preditivo de pior prognóstico (P < 0,04).
Ike et al. (2003b), analisando 45 portadores de carcinomas colorretais
localmente recidivados submetidos à exenteração pélvica, concluíaram que
o intervalo livre de doença foi o único fator prognóstico independente.
REVISÃO DA LITERATURA - 27
Outro aspecto estudado foi o comprometimento ósseo local pelos
tumores localmente avançados. Touran et al. (1990) publicaram série de 12
pacientes portadores de tumores colorretais submetidos à ressecção do
sacro, referindo sobrevida de 14% em 24 meses.
Wanebo et al. (1992), em estudo de 41 pacientes portadores de
tumores colorretais recidivados com envolvimento do sacro, relataram 24%
de sobrevida em cinco anos.
Lopez e Luna-Perez (2004) reportaram 44% de sobrevida em cinco
anos em série de 34 portadores de tumores pélvicos ginecológicos e
colorretais localmente avançados submetidos à exenteração pélvica
ampliada com ressecção parcial de ossos da pelve.
Muitos destes parâmetros também são verdadeiros para pacientes
com tumores ginecológicos localmente avançados. O tamanho do tumor, o
curto intervalo livre de doença após tratamento radioterápico e o
comprometimento linfonodal estão associados com pior prognóstico e maior
taxa de recidiva local (Tarraza e Ellerkmann, 1998).
Rutledge e McGuffee (1987) mostraram 26,3% de sobrevida em cinco
anos para pacientes com envolvimento linfonodal.
Shingleton et al. (1989) estudaram 143 pacientes portadoras de
carcinoma do colo do útero com recidiva após tratamento radioterápico e
submetidas à exenteração pélvica. Concluíram que o intervalo livre de
doença após radioterapia, o tamanho do tumor e a fixação na parede pélvica
foram associadas com prognóstico, sendo que as candidatas à exenteração
pélvica com maior chance de cura são aquelas portadoras de recidivas
REVISÃO DA LITERATURA - 28
centrais menores que 3cm, móveis e com intervalo livre de doença igual ou
superior a um ano no período pós-radioterapia.
Shepherd et al. (1994) publicaram resultados de 61 pacientes
submetidas à exenteração pélvica, a maioria (86,8%) portadora de tumores
ginecológicos. A análise multivariada mostrou quatro fatores relacionados
com pior prognóstico: idade superior a 69 anos, intervalo livre de doença
inferior a três anos, persistência de doença após tratamento prévio e
margens de ressecção comprometidas.
Ao rever a literatura, fica claro o número limitado de trabalhos que
avaliam os resultados da exenteração pélvica em relação à preservação dos
esfíncteres. No Brasil as publicações envolvendo exenterações pélvicas são
reduzidas. Poucos serviços possuem casuísticas suficientes que permitam
análise deste procedimento. Na literatura consultada não encontramos
trabalhos que analise fatores clínicos e cirúrgicos relacionados à
preservação dos esfíncteres nem sua evolução neste tipo de cirurgia.
Esta é a maior série brasileira de pacientes submetidos à exenteração
pélvica, sendo altamente representativa, fato que nos motivou a realizar este
estudo.
4. MÉTODOS
MÉTODOS - 30
4.1 População do Estudo
Foram estudados 96 pacientes submetidos à exenteração pélvica,
atendidos no departamento de Cirurgia Pélvica do Hospital A.C. Camargo,
Fundação Antonio Prudente, São Paulo, no período de janeiro de 1980 a
dezembro de 2000.
Os pacientes deste estudo seguiram os seguintes critérios de
elegibilidade:
a) - Terem se submetido à exenteração pélvica.
b) - Cirurgia com intenção curativa.
c) - Ausência de diagnóstico de metástase à distância no pré-operatório.
d) - Ausência de outras neoplasias concomitantes.
MÉTODOS - 31
4.2 Metodologia
Os dados foram coletados dos prontuários do Serviço de Arquivo
Médico e Estatístico (SAME) e sumariados em formulários padronizados
elaborados para este fim (Anexo 1). As informações foram armazenadas em
banco de dados informatizado1, o qual foi utilizado para análise estatística.
4.2.1 Diagnóstico e estadiamento
Segundo a padronização do atendimento do departamento de cirurgia
pélvica, todos os pacientes foram avaliados inicialmente por anamnese, exame
físico geral e exame locorregional. Realizaram-se biópsias dos linfonodos
clinicamente suspeitos localizados nas cadeias cervical, axilar ou inguinal. O
toque retal e o vaginal (em pacientes do sexo feminino) tiveram como objetivo
avaliar localização, extensão e infiltração de estruturas adjacentes ao tumor.
Além do exame clínico, exames de imagem como radiografia de tórax,
ultra-sonografia e tomografia computadorizada foram utilizados para o
estadiamento pré-operatório. Empregaram-se urografia excretora e
cistoscopia havendo suspeita pré-operatória do comprometimento das vias
urinárias. Para os portadores de adenocarcinomas colorretais foram feitas
colonoscopia e dosagem do antígeno carcinoembriônico (CEA).
A confirmação diagnóstica se deu pelo exame histopatológico do
fragmento tecidual proveniente das biópsias por retossigmoidoscopia,
cistoscopia, colposcopia ou da biópsia incisional do tumor visível ou
palpável. Confirmou-se o diagnóstico histológico pela revisão de lâminas,
complementado por imunoistoquímica, quando necessário.
1 Statistical Package for Social Science - SPSS 10.0 for Windows®
MÉTODOS - 32
4.2.2 Avaliação clínica pré-operatória
Na avaliação pré-operatória, os exames realizados foram hemograma
completo, glicemia de jejum, dosagem sérica de uréia, creatinina, sódio,
potássio, proteínas totais e frações e coagulograma completo. Para avaliação
cardiológica, eletrocardiograma e radiografia de tórax. Ecocardiograma e
espirometria foram efetuadas em casos selecionados.
4.2.3 Procedimento cirúrgico
Procedeu-se a ressecção do tumor em monobloco com os órgãos pélvicos
julgados macroscopicamente comprometidos, respeitando-se margens de
ressecção macroscópica de 2cm. A dissecção do tumor foi, preferencialmente, no
sentido centrípeto e as aderências tumorais não foram violadas.
As cirurgias foram classificadas de acordo com os órgãos ressecados
em exenteração pélvica total, anterior, posterior e modificada. A exenteração
pélvica total englobou a ressecção de todos os órgãos pélvicos. Os termos
exenteração pélvica posterior e anterior são aplicados em pacientes do sexo
feminino. Na exenteração pélvica posterior, cólon distal, reto e sigmóide foram
ressecados em monobloco com útero, ovários e tubas uterinas. Na exenteração
anterior, a ressecção compreendeu bexiga em monobloco com os órgãos
genitais internos. Quando, na exenteração pélvica, houve ressecção parcial ou
total de órgãos ou de partes moles que não se enquadraram nas classificações
descritas, a cirurgia foi denominada exenteração pélvica modificada.
Na exenteração pélvica anterior considerou-se preservação
esfincteriana a conservação do esfíncter urinário, e na posterior, do esfíncter
anal. Na exenteração pélvica total, o termo foi aplicado quando se conservou
MÉTODOS - 33
pelo menos um dos esfíncteres. A decisão de preservar ou não os
esfíncteres foi determinada pela filosofia de ressecção conservadora com
base no exame locorregional procedido antes da cirurgia, na localização do
tumor e na sua extensão para estruturas adjacentes.
Nos casos de preservação dos esfíncteres, a reconstrução do trato
urinário se deu por confecção da neobexiga ileal ortotópica e, a reconstrução
do trânsito intestinal, pela anastomose colorretal baixa.
4.2.4 Classificação das margens cirúrgicas
De acordo com as margens de ressecção do tumor, os pacientes
foram agrupados em: margens livres (R0), margens microscopicamente
comprometidas (R1) e margens macroscopicamente comprometidas (R2).
4.2.5 Seguimento dos pacientes
Houve seguimento dos pacientes por meio de consultas ambulatoriais
periódicas. Nos dois primeiros anos, estas foram trimestrais; do terceiro ao
quinto ano foram semestrais e, após esse período, anuais.
Os pacientes que não compareceram à consulta ou dos quais não se
obtiveram informações num período maior que duas vezes o estipulado para
seu retorno foram tidos como perdidos de seguimento após a data da última
informação.
As consultas de seguimento incluíram exame físico geral e exame
locorregional com toque retal e vaginal (sexo feminino). Os exames
periodicamente solicitados foram radiografia de tórax, ultra-sonografia ou
tomografia computadorizada, antígeno carcinoembriônico (a partir de 1985)
MÉTODOS - 34
e colonoscopia (a partir de 1990). Em casos selecionados, solicitaram-se
ressonância nuclear magnética e cintilografia óssea.
Neste estudo, considerou-se recorrência o retorno da doença
locorregionalmente ou à distância em pacientes que estavam livres de doença
após a exenteração pélvica. O diagnóstico da recorrência foi feito por
comprovação histopatológica ou por sinais clínicos evidentes (exemplo:
metástase pulmonar, bloco linfonodal retroperitoneal, detecção, ao exame físico,
de massa pélvica comprovadamente não identificada em exames prévios).
Definiram-se como recorrências locais aquelas que surgiram na cavidade pélvica
e ou região perineal. Todas as outras foram consideradas recorrência à distância.
4.2.6 Classificação dos pacientes conforme a última informação objetiva
Os pacientes foram classificados na data da última informação
objetiva em uma das seguintes categorias:
a) - Vivos sem câncer.
b) - Vivos com câncer.
c) - Óbito pelo câncer ou por complicações do tratamento.
d) - Óbito por outras causas.
e) - Perdidos de seguimento.
MÉTODOS - 35
4.2.7 Complicações pós-operatórias
As complicações pós-operatórias foram classificadas em infecção de
pele, deiscência da parede abdominal, obstrução intestinal, infecção urinária
complicações cardiovasculares, complicações pulmonares, sepse, trombose
venosa profunda, insuficiência renal aguda, fístula urinária e fístula intestinal.
4.3 Variáveis do estudo
As variáveis dependentes do estudo são a preservação dos
esfíncteres, o tempo para a recorrência e o tempo para o óbito. As definições
vêm a seguir. As variáveis independentes podem ser vistas no Quadro 2.
a) - Preservação dos esfíncteres: Este termo se refere à
preservação anatômica e funcional do esfíncter anal ou urinário quando pelo
menos um deles estava em risco de ressecção pelo tipo de cirurgia realizada
(exemplo: na exenteração pélvica anterior, considerou-se preservação
esfincteriana a conservação do esfíncter urinário; na posterior, o esfíncter
anal. Na exenteração pélvica total, o termo foi aplicado quando se conservou
pelo menos um dos esfíncteres).
b) - Tempo para a recorrência da doença: Tempo, em meses,
transcorrido entre a data da cirurgia e a data de diagnóstico da recorrência.
Nos pacientes em que não houve recorrência, a data final foi a da última
consulta ou informação.
c) - Tempo para o óbito: Tempo, em meses, transcorrido entre a
data da cirurgia e a data do óbito. Nos pacientes vivos, a data final foi a da
última consulta ou informação.
MÉTODOS - 36
Quadro 2 - Variáveis independentes do estudo
Tipo de variáveis Descrição
Sociodemográficas Idade, cor da pele e sexo
Clínicas Hemoglobina, perda de peso, sítio do tumor primário, comorbidade, classificação de performance (Karnofsky), classificação de risco anestésico (ASA)(*)
Tratamento
Década de tratamento, tratamento prévio, número de órgãos ressecados, transfusão de hemoderivados, complicação pós-operatória, tipo de ressecção, radioterapia pré-operatória, preservação de esfíncter(**)
(*) ASA = American Society of Anesthesiologists (**) A preservação de esfíncter foi considerada como variável independente no estudo
de recorrência e óbito
4.4 Análise Estatística
As informações coletadas foram armazenadas em um banco de
dados informatizado e posteriormente analisadas por software estatístico1.
A caracterização da população do estudo, do tratamento efetuado e
do seguimento dos pacientes foi feita por meio de estatística descritiva
(média e desvio padrão, mediana, porcentagens).
A análise das variáveis associadas à preservação de esfíncter foi
inicialmente, realizada pelo teste de qui-quadrado de Pearson ou pelo teste
exato de Fisher. As variáveis com nível descritivo do teste de até 5,0% foram
selecionadas para a regressão logística múltipla.
As análises da recorrência e do óbito foram feitas, respectivamente,
pelo cálculo de sobrevida livre de doença e de sobrevida global. Os
pacientes com ressecção cirúrgica R2 foram excluídos da análise de
recorrência por não apresentarem tempo livre de doença. Para cada
MÉTODOS - 37
variável empregou-se o estimador produto limite de Kaplan-Meier (Kaplan e
Meier, 1958), usando o teste de log-rank para comparação entre as curvas.
Foram selecionadas para o modelo de riscos proporcionais de Cox (Cox,
1972) todas as variáveis com nível descritivo do teste de até 5,0% na análise
de Kaplan - Meier.
Para as análises multivariadas, utilizou-se a estratégia de modelagem do
tipo “stepwise forward selection”, no qual, a partir da variável mais significativa
da análise univariada, foram acrescentadas as outras, uma a uma, em ordem
decrescente. A variável permaneceu no modelo multivariado quando foi
estatisticamente significativa. A significância estatística foi determinada para um
valor de p < 0,05. As medidas de risco estimadas foram a “odds ratio” (OR) e a
hazard ratio (HR) obtidas, respectivamente, pela regressão logística múltipla e
pelo modelo de riscos proporcionais de Cox.
A definição dos grupos de risco para recorrência foi feita por
intermédio da interação entre as variáveis independentes associadas à
recorrência identificadas na análise multivariada. Para cada interação,
calculou-se a sobrevida livre de doença em cinco anos pelo produto limite de
Kaplan - Meier e determinou-se o risco da recorrência pelo HR obtido no
modelo de riscos proporcionais de Cox. Os pacientes foram divididos em
baixo e alto risco para recorrência, segundo as taxas de sobrevida livre de
doença em cinco anos obtidas para cada interação. Por fim, calculou-se a
taxa de sobrevida livre de doença em cinco anos e o risco (HR) de
recorrência para os grupos de baixo e alto risco.
MÉTODOS - 38
4.5 Aspectos Éticos
Este projeto foi submetido à Comissão de Ética em Pesquisa
(CAPDC) e aprovado em 17 de novembro de 2001. Os pesquisadores se
comprometeram a manter sigilo sobre a identidade dos pacientes.
5. RESULTADOS
RESULTADOS - 40
5.1 Dados Sociodemográficos e Clínicos
A idade dos pacientes variou de 16 a 79 anos, com média de 54,2
anos (dp = 13,3; mediana = 56 anos). A maioria tinha menos de 60 anos
(54,2%). Houve predominância do sexo feminino (79,2%) e de brancos
(81,3%).
As principais queixas dos pacientes foram sangramento retal ou
vaginal (52,1%) e dor pélvica (41,7%). O tempo de queixa da doença variou
de 1 a 84 meses (mediana = cinco meses).
Cerca de dois terços dos pacientes apresentavam doenças
associadas. Destes, 47,9% portavam uma; 18,7%, duas e, 2,2%, três
doenças associadas (comorbidade). A maioria, 88 pacientes, foi classificada
com índice de Karnofsky maior que 70,0% (Anexo C).
A maioria dos pacientes (80,2%) foi classificada como de baixo risco
anestésico, ASA I e II (índice proposto pela Sociedade Americana de
Anestesiologia que quantifica o risco anestésico). A Tabela 1 resume os
dados apresentados.
RESULTADOS - 41
Tabela 1 - Freqüência das variáveis demográficas e clínicas para os 96
pacientes submetidos à exenteração pélvica
Variável Categoria N (%)
Menos de 60 anos 52 (54,2) Idade
60 anos ou mais 44 (45,8) Feminino 76 (79,2) Sexo
Masculino 20 (20,8) Brancos 78 (81,3) Cor da pele
Não brancos 18 (18,7)
Sangramento retal ou vaginal 50 (52,1) Dor pélvica 40 (41,7)
Queixa principal
Outras queixas 6 (6,2) Não 48 (50,0) Sim 34 (35,5)
Perda de peso
Dado não disponível 14 (14,5) Menos de 12 34 (35,5) Hemoglobina
12 ou mais 62 (64,5) Sem doenças associadas 30 (31,2) Uma 46 (47,9)
Duas 18 (18,7)
Doenças associadas
Três 2 (2,2) Maior que 70% 88 (91,5) Karnofsky
Menor que 70% 8 (8,5) ASA I 16 (16,7)
ASA II 61 (63,5)
ASA III 12 (12,5)
Índice ASA
Dado não disponível 7 (7,3)
RESULTADOS - 42
5.2 Situação à Admissão
Vinte e oito pacientes (29,2%) não apresentavam qualquer
tratamento, 3 (3,1%) foram submetidos à laparotomia com biópsia e 65
(67,7%) haviam sido submetidos a algum tratamento prévio (Tabela 2).
Tabela 2 - Distribuição dos 96 pacientes de acordo com a situação de
admissão
Situação à admissão N (%) Intactos* 28 (29,2) Laparotomia e biópsia 3 (3,1) Cirurgia 16 (16,7) Cirurgia + radioterapia 20 (20,8) Cirurgia + quimioterapia 4 (4,2) Cirurgia + radioterapia + quimioterapia 17 (17,7) Radioterapia + quimioterapia 3 (3,1) Radioterapia 3 (3,1) Imunoterapia 2 (2,1) *Intactos= sem tratamentos prévios
RESULTADOS - 43
5.3 Sítio do Tumor Primário
Quarenta e seis pacientes (47,9%) eram portadores de tumores
coloproctológicos; 27, de ginecológicos (28,1%); 15, de urológicos (15,6%) e
oito, de sarcomas pélvicos (8,4%) (Tabela 3).
Tabela 3 - Distribuição dos 96 pacientes conforme o sítio do tumor primário
Sítio do tumor primário n % Colorretal 44 45,8 Coloproctológico Anal 2 2,1 Colo do útero 18 18,7 Vulva 5 5,2 Vagina 2 2,1
Ginecológico
Endométrio 2 2,1 Bexiga 13 13,5
Urológico Uretra 2 2,1
Partes moles Sarcomas 8 8,4 Total 96 100
RESULTADOS - 44
5.4 Década de Tratamento
A maioria dos pacientes (65,6%) foi tratada na década de 1990, sendo
47,6% deles com preservação de esfíncteres (Tabela 4).
Tabela 4 - Distribuição dos 96 pacientes de acordo com a década de
tratamento e a preservação esfincteriana
Preservação dos esfíncteres Não Sim Década
n (%) n (%) Década de 1980 27 (81,8) 6 (18,2)
Década de 1990 33 (52,4) 30 (47,6)
5.5 Tipo de Exenteração Pélvica
Das 96 exenterações pélvicas, 38 foram totais (39,6%), 29 anteriores
(30,2%), 19 posteriores (19,8%) e 10 modificadas (10,4%). A Tabela 5
resume a distribuição dos tipos de exenterações pélvicas conforme o sítio do
tumor primário.
Tabela 5 - Distribuição dos 96 pacientes conforme o tipo de cirurgia
realizada e o sítio do tumor primário
Tipo de cirurgia EPT EPA EPP EPM Sítio do tumor
primário n (%) n (%) n (%) n (%)
Colorretais 19 (41,3) 1 (2,2) 19 (41,3) 7 (15,2)
Ginecológicos 13 (48,1) 13 (48,1) - 1 (3,8)
Urológicos 1 (6,7) 14 (93,3) - -
Sarcomas 5 (62,5) 1 (12,5) - 2 (25,0) EPT = exenteração pélvica total; EPP = exenteração pélvica posterior; EPA = exenteração pélvica anterior; EPM = exenteração pélvica modificada
RESULTADOS - 45
5.6 Margens Cirúrgicas
Em nove pacientes, as margens de ressecção estavam
microscopicamente comprometidas (R1) e, em cinco, macroscopicamente
comprometidas (R2).
5.7 Preservação do Esfíncter
Preservou-se pelo menos um dos esfíncteres em 36 pacientes
(37,5%). O esfíncter urinário foi preservado em sete pacientes; o anal, em 25
e ambos os esfíncteres em quatro. A Tabela 6 mostra a distribuição da
preservação esfincteriana conforme a cirurgia realizada.
Tabela 6 - Distribuição dos 96 pacientes conforme o tipo de cirurgia
realizada
Tipo de cirurgia EPT EPA EPP EPM Preservação dos
esfíncteres n (%) n (%) n (%) n (%)
Não 21 (55,3) 24 (82,8) 11 (57,8) 4 (40,0)
Urinário 1 (2,6) 5 (17,2) NA 1 (10,0)
Anal 14 (36,8) NA 8 (42,2) 3 (30,0)
Anal + urinário 2 (5,3) NA NA 2 (20,0) EPT = exenteração pélvica total; EPP = exenteração pélvica posterior; EPA = exenteração pélvica anterior; EPM = exenteração pélvica modificada NA = não aplicável
RESULTADOS - 46
5.8 Reconstrução dos Tratos Urinários e Intestinal
A reconstrução do trato urinário empregada com maior freqüência foi
a do tipo conduto ureteroileal (Bricker) em 56 pacientes, seguida pela
neobexiga ileal ortotópica, em oito casos. Para a reconstrução do trato
grastrointestinal empregou-se anastomose colorretal baixa em 29 pacientes
e colostomia em 38 casos (Tabela 7).
Tabela 7 - Distribuição dos 96 pacientes conforme o tipo de cirurgia
realizada e o tipo de reconstrução
Reconstrução Número de pacientes EPT EPA EPP EPM
Anastomose colorretal 16 NA 8 5
Colostomia 22 NA 11 5
Neobexiga ileal ortotópica 2 5 NA 1
Cistectomia parcial NA NA NA 5
Conduto ileal (Bricker) 32 22 NA 2 EPT = exenteração pélvica total; EPP = exenteração pélvica posterior; EPA = exenteração pélvica anterior; EPM = exenteração pélvica modificada NA =não aplicável
RESULTADOS - 47
5.9 Morbidade e Mortalidade Pós-Operatórias
Registraram-se complicações pós-operatórias em 60 pacientes
(62,5%). As complicações mais comuns foram infecção de pele, deiscência
de parede e infecção urinária (Tabela 8). Não se observou diferença
estatisticamente significativa nas taxas de morbidades entre as décadas de
1990 e 1980 (55,6% versus 75,8%; p=0,075).
O óbito no período pós-operatório (até 30 dias) ocorreu em 15
pacientes (15,6%). A taxa de mortalidade pós-operatória naqueles com
menos de 60 anos foi de 7,7%, enquanto nos pacientes com mais de 60
anos foi de 25,0% (p=0,020). Na década de 1990 houve redução da taxa de
mortalidade pós-operatória em relação à década de 1980 (9,5% versus
27,3%; p = 0,023).
Tabela 8 - Número e porcentagem de pacientes com complicações pós-
operatórias
Variável n (%) Infecção da pele 45 (46,9)
Deiscência da parede 19 (19,8)
Infecção urinária 19 (19,8)
Fístula urinária 10 (10,4)
Insuficiência renal aguda 7 (7,3)
Fístula intestinal 7 (7,3)
Sepse 5 (5,2)
Cardiovascular e pulmonar 4 (4,2)
Trombose venosa profunda 3 (3,1)
Obstrução intestinal 2 (2,1)
RESULTADOS - 48
5.10 Seguimento
O seguimento dos pacientes variou de um dia a 188 meses (média =
25,5 meses; dp = 37,0; mediana = 13,8 meses).
A situação dos pacientes na data final da coleta de dados
(07/07/2001) era: 33 pacientes (34,4%) estavam vivos sem evidência de
doença; nove (9,4%) vivos com doença; 27 (28,1%) mortos por câncer; 15
(15,6%) mortos no pós-operatório; quatro (4,2%) mortos por outras causas e
oito (8,3%) perdidos de seguimento (Tabela 9).
As sobrevidas livre de doença e global em cinco anos do grupo de
pacientes estudados foram, respectivamente, de 40,5% e 41,9% (Gráficos 1
e 2).
Tabela 9 - Situação clínica dos 96 pacientes submetidos à exenteração
pélvica no final do estudo
Situação clínica n (%) Vivos sem câncer 33 (34,4)
Vivos com câncer 9 (9,4)
Óbito por câncer 27 (28,1)
Óbito por outras causas 4 (4,2)
Óbitos pós-operatórios 15 (15,6)
Perdidos de seguimento 8 (8,3)
RESULTADOS - 49
Gráfico 1 - Curva de sobrevida livre de doença dos pacientes submetidos
à exenteração pélvica
meses
6050403020100
Sob
revi
da li
vre
de d
oenç
a ac
umul
ada
1,0
,9
,8
,7
,6
,5
,4
,3
,2
,1
0,0
(*) Foram excluídos os pacientes com ressecção R2
n = 91 pacientes
RESULTADOS - 50
Gráfico 2 - Curva de sobrevida global dos pacientes submetidos à
exenteração pélvica
meses
6050403020100
Sob
revi
da g
loba
l acu
mul
ada
1,0
,9
,8
,7
,6
,5
,4
,3
,2
,1
0,0
n = 96 pacientes
RESULTADOS - 51
5.11 Variáveis Associadas à Preservação de Esfíncter
5.11.1 Análise univariada
Nenhuma variável sociodemográfica mostrou associação com a
preservação de esfíncter (Tabelas 10 e 11). Esta se correlacionou à década
de tratamento (p = 0,005) (Tabela 12) e à topografia do tumor (p = 0,028)
(Tabela 13). As duas variáveis foram selecionadas para análise multivariada.
5.11.2 Análise multivariada
As variáveis independentes associadas à preservação de esfíncter
foram tratamento realizado na década de 1990 (OR = 3,6; IC 95% = 1,2 –
10,4) e tumor de origem coloproctológica (OR = 3,8; IC 95% = 1,2 – 12,3)
(Tabela 14).
Tabela 10 - Número e porcentagem de pacientes com e sem preservação
esfincteriana segundo as variáveis sociodemográficas
Variável Categoria Preservação de esfíncter Não Sim
n % n % p
Idade Menos de 60 anos 31 59,6 21 40,4 0,526
60 anos ou mais 29 65,9 15 34,1
Cor da pele Branca 47 60,3 31 39,7 0,345
Não branca 13 72,2 5 27,8
Sexo Masculino 11 55,0 9 45,0 0,436
Feminino 49 64,5 27 35,5
RESULTADOS - 52
Tabela 11 - Número e porcentagem de pacientes com e sem
preservação esfincteriana segundo as variáveis clínicas
Preservação de esfíncter Não Sim Variável Categoria
n % n % p
Menos de 12 21 61,8 13 38,2 Hemoglobina
12 ou mais 39 62,9 23 37,1 0,912
Não 26 54,2 22 45,8 Perda de peso
Sim 22 64,7 12 35,3 0,340
Não 22 73,3 8 26,7 Comorbidade
Sim 38 57,6 28 42,4 0,139
Maior que 70% 55 62,5 33 37,5 Karnofsky
70% ou menos 5 62,5 3 37,5 1,000
I e II (baixo risco) 48 62,3 29 37,7 ASA
III (alto risco) 5 41,7 7 58,3 0,214
RESULTADOS - 53
Tabela 12 - Número e porcentagem de pacientes com e sem preservação
esfincteriana segundo as variáveis de tratamento
Preservação de esfíncter Não Sim Variável Categoria
n % n % p
Década de 1980 27 81,8 6 18,2 Década do tratamento Década de 1990 33 52,4 30 47,6
0,005
Não 17 54,8 14 45,2 Tratamento prévio* Sim 43 66,2 22 33,8
0,284
Até 4 órgãos 49 62,8 29 37,2 N° de órgãos ressecados 5 ou mais órgãos 11 61,1 7 38,9
0,893
Não 4 66,7 2 33,3 Transfusão de hemoderivados Sim 56 62,2 34 37,8
1,000
Não 20 55,6 16 44,4 Complicações pós-operatórias Sim 40 66,7 20 33,3
0,276
R0 51 62,2 31 37,8 Tipo de ressecção R1/R2 9 64,3 5 35,7
0,881
Não 31 58,5 22 41,5 Radioterapia pré-operatória Sim 29 67,4 14 32,6
0,368
* Foram considerados sem tratamento prévio os pacientes intactos ou submetidos à laparotomia com biópsias
Tabela 13 - Número e porcentagem de pacientes com e sem preservação
esfincteriana segundo a topografia do tumor primário
Preservação de esfíncter Não Sim Variável Categoria
n % n % p
Coloproctológico 24 52,2 22 47,8
Ginecológico 22 81,5 5 18,5
Urológico 11 73,3 4 26,7 Sítio do tumor primário
Sarcomas 3 37,5 5 62,5
0,028
RESULTADOS - 54
Tabela 14 - Análise pela regressão logística múltipla das variáveis
associadas à preservação de esfíncter
Variável Categoria OR Bruta OR Ajustada IC 95% Década de 1980 1,0 1,0 Ref. Década do
tratamento Década de 1990 4,1 3,6 1,2 - 10,4
Ginecológico 1,0 1,0 Ref.
Urológico 1,6 1,6 0,3 - 7,3
Coloproctológico 4,0 3,8 1,2 - 12,3
Sítio do tumor primário
Sarcoma 7,3 4,7 0,8 - 27,4 OR: “Odds ratio” IC 95%: intervalo de confiança de 95%
5.12 Variáveis Associadas à Recorrência da Doença
5.12.1 Análise univariada
Nenhuma das variáveis sociodemográficas mostrou-se associada à
recorrência (Tabela 15). Entre as variáveis clínicas, houve associação com
perda de peso (p = 0,006) e com o índice de Karnofsky (p = 0,035) (Tabela
16). Das variáveis referentes ao tratamento, nenhuma se correlacionou à
recorrência (Tabela 17). A topografia do tumor esteve relacionada com a
recorrência (p = 0,027) (Tabela 18). Foram selecionadas para a análise
múltipla a perda de peso, o índice de Karnofsky e a topografia do tumor.
5.12.2 Análise multivariada
Mostraram-se como variáveis independentes para recorrência a perda
de peso (HR ajustada = 3,8; IC95% = 1,7 – 21,0) e os tumores de origem
ginecológica (HR ajustada = 9,3; IC95% = 1,1 – 76,6) (Tabela 19).
RESULTADOS - 55
Tabela 15 - Taxas de sobrevida livre de doença em 5 anos pelo método
de Kaplan-Meier, segundo as variáveis sociodemográficas
Variáveis Categoria n (*) Sobrevida livre (% em 5 anos)
p (Log-Rank)
Menos de 60 anos 50 44,8 Idade
60 anos ou mais 41 34,7 0,470
Branca 75 36,2 Cor da pele
Não branca 16 51,8 0,884
Masculino 18 27,2 Sexo
Feminino 73 43,5 0,922
* Recorrência: foram excluídos os pacientes com ressecção R2
Tabela 16 - Taxas de sobrevida livre de doença em 5 anos pelo método
de Kaplan-Meier, segundo as variáveis clínicas
Variáveis Categoria n (*) Sobrevida livre (% em 5 anos)
p (Log-Rank)
Menos de 12 33 34,7 Hemoglobina
12 ou mais 58 44,6 0,558
Não 47 63,9 Perda de peso
Sim 30 19,3 0,006
Não 29 34,0 Comorbidade
Sim 62 44,4 0,645
Maior que 70% 83 43,5 Karnofsky
70% ou menos 8 16,7
0,035
I e II (baixo risco) 72 47,3 ASA
III (alto risco) 12 36,0
0,387
* Recorrência- foram excluídos os pacientes com ressecção R2
RESULTADOS - 56
Tabela 17 - Taxas de sobrevida livre de doença em cinco anos pelo
método de Kaplan-Meier, segundo as variáveis relacionadas
ao tratamento
Variáveis Categoria n (*) Sobrevida livre (% em 5 anos)
p (Log-Rank)
Década de 1980 32 42,9 Década do tratamento Década de 1990 59 37,9
0,644
Não 31 64,5 Tratamento prévio Sim 60 63,6
0,523
Até 4 73 44,6 N° de órgãos ressecados
5 ou mais 18 0,0 0,070
Não 6 33,3 Transfusão de hemoderivados
Sim 85 41,0 0,140
Não 36 39,1 Complicações pós-operatórias
Sim 55 41,1 0,933
R0 82 43,8 Tipo de ressecção R1 9 0,0
0,076
Não 53 40,6 Radioterapia pré-operatória
Sim 38 39,9 0,939
Não 56 35,9 Preservação de esfíncter
Sim 35 45,6 0,124
EPT 35 37,8
EPA 29 50,3
EPP 17 44,9
Tipo de cirurgia***
EPM 10 21,4
0,341
* Recorrência: foram excluídos os pacientes com ressecção R2 ** Foram considerados sem tratamento prévio os pacientes intactos ou submetidos
a laparotomia com biópsias *** EPT = exenteração pélvica total; EPP = exenteração pélvica posterior; EPA =
exenteração pélvica anterior; EPM = exenteração pélvica modificada
RESULTADOS - 57
Tabela 18 - Taxas de sobrevida livre de doença em cinco anos pelo
método de Kaplan-Meier, segundo a topografia do tumor
primário
Variáveis Categoria n (*) Sobrevida livre (% em 5 anos)
p (Log-Rank)
Urológico 15 100,0
Sarcoma 8 53,3
Coloproctológico 42 40,6 Sítio do tumor primário
Ginecológico 26 13,5
0,027
* Recorrência = foram excluídos os pacientes com ressecção R2
Tabela 19 - Análise das variáveis associadas à recorrência pelo
modelo de riscos proporcionais de Cox
Variáveis Categoria HR bruta
HR ajustada IC 95%
Não 1,0 1,0 Ref. Perda de peso
Sim 2,9 3,8 1,7 – 8,9
Urológico 1,0 1,0 Ref.
Sarcoma 3,0 2,9 0,3 – 32,8
Coloproctológico 4,1 2,8 0,4 – 21,2
Sítio do tumor primário
Ginecológico 9,3 9,3 1,1 – 76,6
HR = “Hazard ratio” IC 95% = intervalo de confiança de 95%
RESULTADOS - 58
5.13 Grupos de Risco para Recorrência
Os pacientes foram inicialmente divididos em quatro grupos de risco
para recorrência, conforme perda de peso e origem do tumor primário
(Quadro 3). Em 14 casos não foi possível determinar o grupo de risco devido
à falta de informação sobre perda de peso. Cinco pacientes foram excluídos
em razão da ressecção R2.
A taxa de sobrevida livre de doença em cinco anos para os grupos 1,
2, 3 e 4 foram, respectivamente, de 78%, 21,3%, 36,8% e 0% (p = 0,0016)
(Tabela 20). Por não se ter observado diferença significativa na sobrevida
livre de doença entre os grupos 2, 3 e 4 (p = 0,781), estes foram reunidos
em um único, denominado ALTO RISCO (47 pacientes). Os pacientes do
grupo 1 foram considerados de BAIXO RISCO (30 pacientes).
O grupo de alto risco apresentou taxa de sobrevida livre de doença
em 5 anos de 21,2% e chance de recorrência cerca de sete vezes maior do
que o de baixo risco (HR = 7,4; IC 95% = 2,2 – 24,5) (Tabela 21). O Gráfico3
mostra as curvas de sobrevida livre de doença dos dois grupos.
Quadro 3 - Critérios para definição dos grupos de risco para
recorrência da doença após exenteração pélvica segundo
as variáveis independentes identificadas no modelo de
riscos proporcionais de Cox
Grupo de risco para recorrência Perda de peso Tumor ginecológico
1 Não Não
2 Sim Não
3 Não Sim
4 Sim Sim
RESULTADOS - 59
Tabela 20 - Número de pacientes(*), taxa de sobrevida livre de doença
em cinco anos e risco de recorrência conforme o grupo
Grupo de risco n Taxa de SLD
(% em 5 anos) HR IC 95% (HR)
1 30 78,0 1,0 Ref.
2 26 21,3 6,9 2,0 – 23,9
3 17 36,8 7,6 1,9 – 29,9
4 4 0,0 11,8 1,9 – 72,6 (*) Foram excluídos os pacientes com ressecção R2 SLD = Sobrevida livre de doença HR = “Hazard ratio” IC 95% = Intervalo de confiança de 95%
Tabela 21 - Número de pacientes(*), taxa de sobrevida livre de doença
em cinco anos e risco de recorrência conforme o grupo
Grupo de risco n Taxa de SLD
(% em 5 anos) HR IC 95% (HR)
Baixo (1) 30 78,0 1,0 Ref.
Alto (2,3 e 4) 47 21,2 7,4 2,2 – 24,5
(*) Foram excluídos os pacientes com ressecção R2 SLD = Sobrevida livre de doença HR = “Hazard ratio” IC 95% = Intervalo de confiança de 95%
RESULTADOS - 60
Gráfico 3 - Curva de sobrevida livre de doença dos pacientes
submetidos à exenteração pélvica, conforme grupo de risco
meses
6050403020100
Sob
revi
da li
vre
de d
oenç
a ac
umul
ada
1,0
,9
,8
,7
,6
,5
,4
,3
,2
,1
0,0
Baixo risco
Alto risco
p = 0,0001
(*) Foram excluídos os pacientes com ressecção R2
RESULTADOS - 61
5.14 Variáveis Associadas ao Óbito
5.14.1 Análise univariada
Entre as variáveis sociodemográficas, a idade superior a 60 anos
esteve associada ao óbito (p = 0,007) (Tabelas 22). Das variáveis clínicas, a
perda de peso também mostrou associação (p=0,004) (Tabela 23). As
seguintes variáveis referentes ao tratamento se correlacionaram ao óbito:
radioterapia pré-operatória (p = 0,043), década de tratamento (p = 0,050) e
preservação de esfíncter (p = 0,026) (Tabela 24). A topografia do tumor não
se relacionou com o óbito (Tabela 25).
5.14.2 Análise multivariada
As variáveis independentes associadas ao óbito foram: tratamento
realizado na década de 1980 (HR ajustada = 2,3; IC 95% = 1,2 – 4,4), idade
superior a 60 anos (HR ajustada = 2,2; IC 95% = 1,1 – 4,5) e perda de peso
(HR ajustada = 2,2; IC 95% = 1,1 – 4,4) (Tabela 26).
Tabela 22 - Taxas de sobrevida global em cinco anos pelo método de
Kaplan-Meier, segundo as variáveis sociodemográficas
Variáveis Categoria n (*) Sobrevida livre (% em 5 anos)
p (Log-Rank)
Menos de 60 anos 52 45,9 Idade
60 anos ou mais 44 37,3 0,007
Branca 78 36,1 Cor da pele
Não branca 18 59,4 0,185
Masculino 20 39,6 Sexo
Feminino 76 42,8 0,705
RESULTADOS - 62
Tabela 23 - Taxas de sobrevida global em cinco anos pelo método de
Kaplan-Meier, segundo as variáveis clínicas
Variável Categoria n Sobrevida
global (% em 5 anos)
p (Log-Rank)
Menos de 12 34 47,0 Hemoglobina
12 ou mais 62 39,4 0,602
Não 48 70,3 Perda de peso
Sim 34 23,1 0,004
Não 30 28,2 Comorbidade
Sim 66 53,5 0,533
Maior que 70% 88 44,6 Karnofsky
70% ou menos 8 21,9 0,288
I e II (baixo risco) 77 42,6 ASA
III (alto risco) 12 63,5 0,899
RESULTADOS - 63
Tabela 24 - Taxas de sobrevida global em cinco anos pelo método de
Kaplan-Meier, segundo as variáveis relacionadas ao tratamento
Variável Categoria n Sobrevida
global (% em 5 anos)
p (Log-Rank)
Década de 1980 33 30,2 Década de tratamento Década de 1990 63 51,5
0,050
Não 31 49,3 Tratamento prévio Sim 65 36,9
0,792
Até 4 78 44,6 N° de órgãos ressecados 5 ou mais 18 35,9
0,040
Não 6 41,7 Transfusão de hemoderivados Sim 90 42,4
0,250
Não 36 47,3 Complicações pós-operatórias Sim 60 38,6
0,439
R0 82 48,4 Tipo de ressecção R1/R2 14 0,0
0,101
Não 53 39,6 Radioterapia pré-operatória Sim 43 42,5
0,043
Não 60 30,5 Preservação de esfíncter Sim 36 59,9
0,026
EPT 38 41,2
EPA 29 43,4
EPP 19 42,5
Tipo de cirurgia
EPM 10 44,4
0,874
* Os pacientes intactos ou submetidos à laparotomia com biópsias foram considerados sem tratamento prévio
** EPT = exenteração pélvica total; EPP = exenteração pélvica posterior; EPA = exenteração pélvica anterior; EPM = exenteração pélvica modificada
RESULTADOS - 64
Tabela 25 - Taxas de sobrevida global em cinco anos pelo método de
Kaplan-Meier, segundo a topografia do tumor primário
Variável Categoria n Sobrevida
global (% em 5 anos)
p (Log-Rank)
Urológico 15 70,9
Sarcoma 8 75,0
Coloproctológico 46 38,4
Sítio do tumor primário
Ginecológico 27 48,6
0,839
Tabela 26 - Análise das variáveis associadas ao óbito pelo modelo de
riscos proporcionais de Cox
Variáveis Categoria HR bruta
HR ajustada IC 95%
Década de 1990 1,0 1,0 Ref. Década de tratamento
Década de 1980 2,2 2,3 1,2 - 4,4
Menos de 60 anos 1,0 1,0 Ref. Idade
60 anos ou mais 1,8 2,2 1,1 - 4,5
Não 1,0 1,0 Ref. Perda de peso
Sim 2,6 2,2 1,1 - 4,4
HR = “Hazard ratio” IC 95% = intervalo de confiança de 95%
6. DISCUSSÃO
DISCUSSÃO - 66
6.1 Aspectos Gerais
Mais de 50 anos se passaram desde a primeira descrição da
exenteração pélvica total (Brunschwig, 1948). Mesmo com a modernização e
o desenvolvimento da radioterapia e quimioterapia, a ressecção com
margens livres ainda é o tratamento de escolha e, a exenteração pélvica, o
único procedimento cirúrgico capaz de oferecer chances de cura para um
grupo seleto de pacientes (Bricker et al. 1960; Barber, 1969; Rutledge et al.
1977; Rutledge e McGuffee, 1987; Morley et al. 1989; Lopez et al. 1994;
Barber, 1998; Hida et al. 1998; Crowe et al., 1999; Yamada et al., 2002;
Selman e Copeland, 2002; Jimenez et al., 2003; Lopez e Luna-Perez, 2004).
Técnicas de irradiação trans-operatórias ainda são uma promessa
para o melhor controle locorregional da doença e a quimioterapia tem papel
adjuvante ou paliativo no tratamento dos tumores pélvicos localmente
avançados (Haddock et al., 2001; Moertel, 1994).
Quanto à indicação da cirurgia, a maioria dos autores concorda que a
morbidade de remover quase todos os órgãos pélvicos deve ser
compensada pelo controle local do tumor, benefício na sobrevida e,
principalmente, a possibilidade de cura (Barber, 1969; Symmonds et al.,
1975; Rutledge et al. 1977, Bricker et al., 1986; Kraybill et al., 1988;
DISCUSSÃO - 67
Lawhead et al., 1989; Miller et al., 1993; Yamada et al., 2002; Ike et al., 2003
b). A indicação paliativa é tema controverso na literatura. A melhora na
qualidade de vida, controle da dor, do sangramento e do odor, a diminuição
do número de internações hospitalares e a ineficácia de outros tratamentos
são resultados que podem justificar o emprego da exenteração pélvica
paliativa (Deckers et al., 1976; Brophy et al., 1994). No Brasil, esta indicação
é conduta de exceção (Poletto et al., 2001).
Vários tipos histológicos de tumores pélvicos têm sido tratados com
exenteração pélvica, entre os quais carcinomas, melanomas e sarcomas. O
mais freqüente é a realização da exenteração pélvica para tratamento das
recorrências centrais de carcinomas pélvicos (Symmonds et al., 1975;
Rutledge et al., 1977; Bricker et al., 1986; Matthews et al., 1992; Rodriguez-
Bigas e Petrelli, 1996 Sevin e Koechli, 2001; Yamada et al., 2002; Selman e
Copeland, 2002; Jimenez et al., 2003; Lopez e Luna-Perez, 2004).
Nesta série de 96 exenterações pélvicas, realizadas ao longo de 20
anos, 65 pacientes (67,7%) obtiveram indicação para o resgate de
recorrências locais ou de persistência de doença após algum tipo de
tratamento. Na maioria das séries publicadas existe um predomínio de
portadoras de carcinomas do colo do útero, diferentemente desta amostra,
na qual apenas 18 pacientes (18,8%) apresentaram esse diagnóstico.
No Brasil, o carcinoma do colo do útero é a terceira causa de morte por
câncer entre as mulheres, sendo estimados 16 mil novos casos por ano,
cinqüenta por cento deles diagnosticados em estádios avançados (Weir et al.,
2003; Brasil -Ministério da Saúde 2003). Desses casos, 20 a 40% recorrem
DISCUSSÃO - 68
após o tratamento radioterápico (Parkin et al., 1999). Aproximadamente 10%
das recorrências são centrais (Selman e Copeland, 2002).
São poucas as publicações nacionais sobre exenterações pélvicas.
Os dados estimados da incidência e do estadiamento do diagnóstico
sugerem que, possivelmente, muitas portadoras de recorrências locais de
carcinoma do colo do útero não são resgatadas cirurgicamente. A avaliação
de pacientes portadores de tumores pélvicos localmente avançados fora de
centros de referência ainda é freqüente e, na maioria das vezes, estes são
considerados sem possibilidades de ressecção pela falta de experiência e de
infra-estrutura hospitalar necessária para cirurgias de tal amplitude. Assim,
além das características inerentes aos tumores como o estadiamento e o
comportamento biológico, o cirurgião e sua instituição são fatores
determinantes no planejamento e tratamento dos tumores pélvicos
localmente avançados.
DISCUSSÃO - 69
6.2 Preservação dos Esfíncteres
Apesar de poucos trabalhos publicados, existem indícios dos
benefícios da preservação esfincteriana nos pacientes submetidos à
exenteração pélvica. Na série estudada, a exenteração pélvica com
preservação anatômica e funcional de pelo menos um dos esfíncteres (anal
ou urinário) foi realizada em mais de um terço (36/96) dos pacientes. Houve
aumento do índice de preservação dos esfíncteres em 2,5 vezes na década
de 1990 em relação à década de 1980. O tratamento realizado na década de
1990 e o tumor de origem coloproctológica foram as variáveis associadas à
maior probabilidade de preservação de esfíncter.
O aumento do índice de preservação dos esfíncteres na década de
1990 é reflexo da mudança da filosofia no tratamento do câncer pélvico. Na
década de 1970, a amputação abdômino-perineal era o procedimento de
escolha para o tratamento da grande maioria dos pacientes com câncer de
reto. A preservação do esfíncter era restrita aos tumores do terço superior
do reto. Aproximadamente 60% dos tumores do terço médio e quase 100%
dos tumores do terço inferior do reto eram tratados com amputação
(Williamns et al., 1985; Wolmark e Fisher, 1986).
O fato de menos de 2% dos tumores do reto baixo apresentarem
disseminação tumoral microscópica maior do que 2cm na parede retal permitiu
a preservação do esfíncter anal nos tumores colorretais localizados até 3cm da
linha pectínea (Best e Blair, 1949; Penfold, 1974; Tjandra e Fazio, 1992). A
diminuição da margem distal de ressecção desses tumores para 2cm, sem
prejuízo oncológico, aumentou a possibilidade das cirurgias com preservação
dos esfíncteres (Nivatvongs, 1992; Phillips, 1992; Kwok et al., 1996).
DISCUSSÃO - 70
No passado, a dificuldade técnica para a realização das anastomoses
colorretais baixas também foi fator limitante para a preservação
esfincteriana. Com o advento dos grampeadores cirúrgicos estas
anastomoses tornaram-se mais freqüentes, rápidas e seguras (Knight e
Griffen, 1980; Tjandra e Fazio, 1992). O aprimoramento da técnica cirúrgica
e a redução de morbidade e mortalidade operatórias permitiram o êxito da
filosofia conservadora no tratamento do câncer de reto e, analogamente, seu
emprego em pacientes submetidos à exenteração pélvica.
O papel da radioterapia pré-operatória na preservação dos esfíncteres
é tema controverso na literatura. Não há estudos que avaliem os resultados
da radioterapia com este fim na exenteração pélvica.
Por outro lado a preservação do esfíncter urinário é mais complexa do
que a do esfíncter anal por implicar na confecção de um novo reservatório
urinário. Este pode ser construído com um segmento de intestino delgado
excluso do trânsito intestinal. O reservatório é anastomosado com os ureteres e
com a uretra membranosa através de sutura manual (Hautmann et al. 1988). A
complexidade técnica, o aumento do tempo operatório e as potenciais
complicações decorrentes do método (fístulas, infecções, excesso de muco no
reservatório, complicações metabólicas) fazem do reservatório urinário ileal
ortotópico um procedimento de risco, o qual deve ser criteriosamente ponderado
para cada paciente (Bachor e Hautmann, 1993, Skinner et al., 1995, Flohr et al.,
1996). O comprometimento da função renal é freqüente nos pacientes com
tumores pélvicos localmente avançados, o que pode contra-indicar a confecção
do reservatório em pacientes com função renal limítrofe (Skinner e Sherrod,
DISCUSSÃO - 71
1990). Outra razão que limita a confecção de reservatórios ortotópicos é o risco
de recidiva pélvica após exenteração pélvica. O resgate cirúrgico com a
realização de nova derivação urinária torna-se complexo. Esses fatos justificam o
número reduzido de derivações urinárias ortotópicas nas reconstruções após
exenteração pélvica. Portanto, a preservação do esfíncter urinário envolve, além
dos aspectos anatômicos e oncológicos, aspectos clínicos e fisiológicos. Os
aspectos psicológicos e a possibilidade do autocateterismo também devem ser
avaliados nos candidatos a confecção do reservatório urinário.
Ainda hoje, o conduto ureteroileal não continente proposto por Bricker
em 1950 permanece como a reconstrução do trato urinário mais utilizada
nos pacientes submetidos à exenteração pélvica (Sevin e Koechli, 2001;
Russo, 1999). A relativa simplicidade e versatilidade técnica justificam sua
ampla aplicação.
Uma das dificuldades técnicas da exenteração é o preenchimento
anatômico da cavidade resultante da ressecção de todos os órgãos pélvicos.
Esta cavidade, após a cirurgia, é ocupada por alças intestinais as quais se
aderem às paredes pélvicas, podendo ocasionar obstrução intestinal. Várias
técnicas alternativas de preenchimento desta cavidade já foram descritas, mas
ainda não há um consenso quanto a melhor (Sevin e Koechli, 2001). Os
retalhos do músculo reto do abdome e do músculo grácil são opções para
reconstrução e preenchimento do assoalho da cavidade pélvica (Shibata et al.,
1999). Vale ressaltar que a reconstrução dos tratos urinário e intestinal, além de
minimizar os danos psicológicos e promover a melhor reabilitação, também
pode resolver o problema anatômico ocupando este espaço pélvico.
DISCUSSÃO - 72
Neste estudo, os pacientes submetidos à cirurgia com preservação
dos esfíncteres tiveram sobrevida global maior do que os sem preservação
(59,9% versus 30,5%), em análise univariada. Entretanto, esta diferença
perdeu a significância estatística quando a variável foi ajustada pela perda
de peso, idade e década de tratamento. Isto se deve, provavelmente, ao fato
da preservação esfincteriana ter sido realizada em maior proporção na
década de 1990, onde os pacientes também apresentaram uma melhor
sobrevida em relação à década de 1980 e de outros possíveis fatores
envolvidos na seleção destes casos não mensurados neste estudo. De
qualquer forma, a informação mais importante desta análise é que a
preservação esfincteriana não diminuiu a sobrevida dos pacientes submetidos à
exenteração pélvica nem se relacionou com aumento de cirurgias com margens
de ressecção comprometidas. Este fato deve ser considerado como resultado
da rigorosa seleção dos pacientes para cirurgias com preservação,
demonstrando que a preservação esfincteriana, quando realizada dentro dos
critérios oncológicos, não interfere na sobrevida.
DISCUSSÃO - 73
6.3 Morbidade e Mortalidade Pós-Operatórias
A exenteração pélvica é um procedimento cirúrgico associado a
complexidade técnica e morbidade. No decorrer dos anos foram
identificados fatores responsáveis pelos melhores resultados obtidos com
essa cirurgia (Lopez et al., 1994; Goldberg et al., 1998).
No presente estudo, 60 pacientes (62,5%) apresentaram algum tipo
de complicação pós-operatória, sendo (46,9%) infecção de pele. As taxas de
fístula urinária e intestinal foram de 10,4% e 7,3%, respectivamente.
Mirhashemi et al. (2000) concluíram que a radioterapia prévia é o fator
de risco mais importante para fístula ou deiscência da anastomose colorretal,
com taxas de 35,0% versus 7,5% para os pacientes não irradiados. Husain et
al. (2000) relataram taxa de 54% de fístula da anastomose colorretal com
necessidade de reoperação e colostomia, sugerindo que tal anastomose não
deveria ser realizada nesse grupo de pacientes.
No presente estudo, a radioterapia prévia não se associou com
aumento da morbidade pós-operatória. Na série apresentada não se
observou diferença na taxa de complicação pós-operatória entre aqueles
pacientes em que foram preservados ou não os esfíncteres. A ausência de
diferença entre as taxas de complicação está refletindo a baixa morbidade
da anastomose mecânica colorretal. Dado o reduzido número de casos com
preservação de esfíncter urinário, esta conclusão não pode ser aplicada com
segurança a este último grupo de pacientes.
Em análise univariada não se observou diferença significativa nas
taxas de morbidade dos pacientes tratados nas décadas de 1980 e 1990. No
entanto, houve diferença significativa, ocorrendo uma redução de
DISCUSSÃO - 74
aproximadamente três vezes da taxa de mortalidade pós-operatória na
década de 1990 em relação à de 1980.
A melhor seleção pré-operatória dos pacientes, o desenvolvimento da
anestesia e melhores cuidados no pós-operatório parecem ser os principais
responsáveis pela redução da mortalidade operatória na década de 1990.
6.4 Aspectos Relacionados à Sobrevida
A sobrevida global em cinco anos nos pacientes submetidos à
exenteração pélvica varia de 20 a 64% de acordo com as séries estudadas
(Bricker et al. 1960; Barber, 1969; Rutledge et al., 1977; Rutledge e McGuffee,
1987; Morley et al. 1989; Lopez et al. 1994; Hida et al. 1998; Crowe et al., 1999;
Yamada et al., 2002; Selman e Copeland, 2002; Jimenez et al., 2003; Lopez e
Luna-Perez, 2004). Na presente série, a taxa de sobrevida encontrada
(41,9%) está de acordo com a literatura. A avaliação dos fatores
relacionados ao prognóstico neste grupo de pacientes é complexa, pois as
séries são históricas e heterogêneas, envolvendo pacientes portadores de
tumores em diferentes situações.
Na literatura são citados como fatores prognósticos o tempo livre de
doença, o acometimento dos linfonodos locorregionais, o tamanho, a
localização e as características histopatológicas dos tumores (Lopez et al.,
1987; Shingleton et al., 1989; Tarraza e Ellerkmann, 1998; Ike et al. 2003 a;
Jimenez et al., 2003).
A apresentação inicial dos pacientes também foi descrita como fator
prognóstico (Hafner et al. 1991; Jimenez et al., 2003).
DISCUSSÃO - 75
A literatura é clara quanto à importância da ressecção com margens
livres para o prognóstico. Na série aqui apresentada, observou-se que, apesar
da criteriosa seleção pré-operatória, em 14 pacientes as margens de ressecção
estavam comprometidas (9-R1 e 5-R2), sendo destes, nove submetidos à
exenteração pélvica total sem preservação dos esfíncteres. Estes dados
demonstram que os limites anatômicos da cavidade pélvica podem impedir a
ressecção com margens ideais, ainda que haja a ressecção dos órgãos e
estruturas adjacentes. Contudo, neste estudo, as margens de ressecção não
mostraram diferença significativa na sobrevida, apesar do grupo submetido à
ressecção tipo R0 ter apresentado uma sobrevida global em cinco anos de
48,4% e de nenhum paciente com ressecções tipo R1 e R2 estar vivo aos cinco
anos. Este resultado se deve, muito provavelmente, ao reduzido número de
pacientes com ressecções tipo R1 e R2.
Na população estudada os fatores relacionados à sobrevida global
foram a década de tratamento, a idade e a perda de peso. A diferença nas
taxas de sobrevida global observada entre as décadas de 1980 e 1990 não
pode ser justificada pelo avanço ocorrido no tratamento oncológico. Apesar
da evolução tecnológica nas áreas de quimioterapia e radioterapia, para
estes pacientes, o tratamento oncológico não se alterou significativamente
nos últimos anos. Por outro lado, os melhores resultados obtidos com o uso
de antibióticos, da anestesia moderna, e dos cuidados intensivos no pós-
operatório tiveram importante impacto, diminuindo a mortalidade pós-
operatória. Na década de 1980 a mortalidade pós-operatória foi cerca de três
vezes maior do que na década de 1990, interferindo na sobrevida global.
DISCUSSÃO - 76
Além das características dos tumores, os aspectos clínicos do
paciente, tais como a severidade dos sintomas e as comorbidades, são
importantes na escolha do tratamento, no risco das complicações e no
prognóstico de diversos tipos de câncer (Concato, et al., 1992, Peipert et al.,
1993, Havlik et al., 1994, Yancik et al., 1998, Ribeiro et al., 2000).
Mathews et al. (1992), concluíram que a idade não deve ser
considerada, necessariamente, uma contra-indicação à exenteração pélvica.
Shepherd et al. (1994) relacionaram a idade superior a 69 anos com menor
sobrevida. No estudo aqui apresentado, apenas 8,7% dos óbitos não se
relacionaram com o câncer. Os demais foram decorrentes do tratamento ou
da própria neoplasia. Pacientes com 60 anos ou mais apresentaram taxa de
mortalidade pós-operatória três vezes maior do que a dos pacientes com
menos de 60 anos. Isto indica que pacientes com mais de 60 anos não
suportaram bem o intenso trauma cirúrgico resultante da exenteração
pélvica. Apesar do rigor da seleção pré-operatória, é freqüente a presença
de doenças subclínicas que podem ser descompensadas pelo grande porte
cirúrgico. A alta mortalidade no pós-operatório pode ter contribuído na
diminuição da sobrevida neste grupo de pacientes.
A desnutrição é outro fator relacionado ao óbito em pacientes com
câncer, sendo responsável pelo aumento de morbidade e do risco de óbito,
principalmente nos pacientes cirúrgicos. As causas da perda de peso
incluem anorexia, fatores mecânicos no trato gastrintestinal relacionados ao
tumor, efeitos colaterais do tratamento e alterações no metabolismo das
citoquinas e dos hormônios (Michael, 1999). Existe relação direta entre a
DISCUSSÃO - 77
capacidade de resposta ao trauma cirúrgico e o estado nutricional,
implicando diretamente na evolução clínica dos pacientes cirúrgicos (Inagaki
et al., 1974). Pacientes com perda de peso superior a 10% sofrem aumento
do risco de óbito (Buzby et al., 1980; Seltzer et al., 1982; Augusto, 1995).
Deve-se lembrar que a perda de peso também se relaciona com
doença em estádio avançado (Tammemagi et al., 2004). Neste estudo, a
identificação de perda de peso como uma variável prognóstica pode estar
mostrando que a cirurgia foi indicada em casos de doença sistêmica
clinicamente não diagnosticada. A freqüência de pacientes com tumores
pélvicos localmente avançados com doença sistêmica não diagnosticada no
pré-operatório pode chegar a 40% (Desai et al. 2003).
Em relação à recorrência da doença, mais de 90% das vezes acontece
nos primeiros dois anos após a cirurgia (Janicek e Averette, 2001). Detalhes de
técnica cirúrgica e as características anatomopatológicas dos tumores
interferem no prognóstico e estão relacionadas com maior taxa de recorrência
(Heald et al., 1982; Heald e Ryall 1986; Janicek e Averette, 2001). A
radioterapia pré ou pós-operatória exerce importante papel no tratamento,
aumentando o controle local da doença (Luna-Perez et al., 1996).
Neste estudo as variáveis independentes associadas à recorrência
foram a perda de peso e os tumores de origem ginecológica. Os pacientes
com perda de peso no pré-operatório tiveram risco de recorrência quatro
vezes maior. Da mesma forma, portadoras de tumores ginecológicos
apresentaram risco de recorrência nove vezes maior do que os demais
pacientes.
DISCUSSÃO - 78
Diante destes resultados os pacientes foram divididos em dois grupos,
conforme as variáveis em questão. Os pacientes sem perda de peso e com
tumor de origem não ginecológica foram considerados de baixo risco para
recorrência. Os demais portadores de tumores de origem ginecológica e ou
aqueles que relataram perda de peso foram considerados de alto risco.
Com esta classificação foi possível identificar grupos diferentes de
pacientes em relação à recorrência após a exenteração pélvica. A taxa de
sobrevida livre de doença do grupo de alto risco foi quatro vezes menor e o
risco de recorrência sete vezes maior do que a do grupo de baixo risco. Esta
análise sugere que a indicação da cirurgia em um paciente candidato à
exenteração pélvica com perda de peso e tumor ginecológico deve ser
avaliada com maior rigor.
Por fim, pode-se afirmar que a exenteração pélvica continua sendo a
única alternativa de tratamento eficaz para um seleto grupo de pacientes
com tumores pélvicos localmente avançados. A busca da cirurgia
dimensionada de acordo com os fatores prognósticos, evitando o excesso e
também o sub tratamento, tem sido a meta da oncologia cirúrgica.
O aumento no índice de preservação dos esfíncteres de 2,5 vezes na
década de 1990 em relação à década de 1980 reflete a mudança na filosofia
do tratamento do câncer pélvico também visto na exenteração pélvica.
A preservação dos esfíncteres não aumentou a morbidade nem
mortalidade pós-operatória e não determinou aumento da freqüência de
cirurgias com margens comprometidas nem prejuízo na sobrevida, levando a
crer que a preservação dos esfíncteres não determinou obrigatoriamente a
DISCUSSÃO - 79
perda da radicalidade oncológica. Assim o rigor na seleção pré-operatória
dos pacientes e no critério de ressecção permite que a exenteração pélvica
seja realizada com preservação dos esfíncteres sem prejuízo na sobrevida.
A falta de homogeneidade entre os pacientes desta série,
considerando os aspectos clínicos e cirúrgicos, fortalecem ainda mais os
resultados deste trabalho, retratando com fidelidade a realidade desta
cirurgia no Brasil.
É importante salientar que esta investigação evidenciou diferenças na
sobrevida dos pacientes quando consideradas as variáveis clínicas e
cirúrgicas. Estudos multicêntricos, com maior número de casos, precisam
ser realizados para melhor avaliar a preservação de esfíncter e os fatores
prognósticos nos pacientes submetidos à exenteração pélvica.
7. CONCLUSÕES
CONCLUSÕES - 81
Os resultados obtidos nas condições do presente estudo dos pacientes
portadores de tumores pélvicos localmente avançados e submetidos à
exenteração pélvica com intenção curativa permitem concluir que:
a) - Houve aumento significante do índice de preservação dos
esfíncteres na década de 1990 em relação à década de1980.
b) - Os tumores coloproctológicos estiveram relacionados à maior
probabilidade de preservação esfincteriana.
c) - A preservação dos esfíncteres não se associou com prejuízo na
sobrevida nem com aumento da freqüência de cirurgias com margens
comprometidas.
d) - As variáveis que se associaram à recorrência da doença no
modelo multivariado foram a perda de peso no período pré-operatório e os
tumores ginecológicos.
e) - Pacientes com perda de peso ou portadoras de tumores
ginecológicos foram considerados de alto risco, com significativa redução da
taxa de sobrevida livre de doença em relação aos pacientes de baixo risco.
f) - A idade maior de 60 anos, o tratamento realizado na década de
1980 e a perda de peso no período pré-operatório foram as variáveis
relacionadas ao risco de óbito no modelo multivariado.
8. ANEXOS
ANEXOS - 83
Anexo A - Protocolo
Nome: ____________________________________________________
01. Número do estudo: _________________________________________
02. RG: registro hospitalar: ______________________________________
03. Idade (anos): ______________________________________________
04. Sexo: (1) masculino (2) feminino
05. Cor da pele: (1) branca (2) não branca (3) amarela (4) ignorado
06. Situação a admissão:
(0) intacto (1) LE + Bx (2) LE+ RC (3) LE+RI (4) QT (5) RT (6) recidiva
07. Data do início do tratamento pré exenteração: ____/____/____
08. Data do início total do tratamento: ____/____/____
09. Tempo de evolução da doença (meses): ________________________
10. Tempo total de evolução da doença (meses): ____________________
11. Local do tumor primário:
(0) reto e sigmóide (1) ânus (2) colo do útero (3) vulva (4) vagina
(5) sarcoma (6) próstata (7) bexiga (9) outros _________________
12. Clínica pré-exenteração:
a. sangramento ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
b. dor ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
c. fístula ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
d. alterações intestinais ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
e. abdome agudo ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
f. assintomático ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
g. outros __________________________________________________
13. Diagnóstico:
(0) clínico (2) tomografia (3) ultra-som (4) biópsia
(5) outros _______________________(9) ignorado
14. Status Karnofisky:
(0) >70/BEG (1) 50>x>70/REG (2) x<50/MEG (9) ignorado
ANEXOS - 84
15. ASA:
(1) I (2) II (3) III (4) IV (9) ignorado
16. Morbidade associada:
(0) não (1) diabetes (2) HAS (3) DPOC (4) cardiopatia:_____
(5) tabagismo (6) nefropatia (7) outros: _________________ (8)
recidivado
17. Porcentagem de perda de peso = perda de peso x 100 = ............x 100 = .......... peso usual
(0) > 10% (1) < 10% (3) sem perda (9) ignorado
18. Albumina pré-operatória: _____________________________________
19. Hematócrito pré-operatório:___________________________________
20. Hemoglobina pré-operatório:__________________________________
21. CTL = % linfócitos x leucócitos = =
100 100
(0) >2000 (1) 2000<x<1200 (2) 1199<x<800 (3) x<799 (4) ignorado
22. Seqüência de tratamento pré-operatório:
(0) intacto (1) LE+BX (2) LE+RC (3) LE+RI (4) RXT
(5) QT (6) IM (7) recidiva
Cirurgia realizada - Título ____________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
**Titular responsável:________________________________________
23. Data da cirurgia na FAP: ____/____/____
24. Intenção da cirurgia na FAP:
(1) curativa (2) paliativa (9) ignorado
25. Tipo de exenteração:
(1) pélvica total (2) pélvica anterior (3) pélvica posterior
(5) modificada _____________________________ (com ou sem flap)
26. Preservação esfinceriana:
(0) não (1) urinário (2) anal (3) urinário + anal
27. Derivação urinária:
(0) não (1) Bricker (2) neobexiga (3) outros:_____________
ANEXOS - 85
28. Tempos de ressecção:
(0) 1 (1) 2 (2) 3 (9) ignorado
29. Número de órgãos ressecados:
(1) 1 (2) 2 (3) 3 (4) 4 (5) 5 (6) 6 (7) 7
30. Tipo de cirurgia:
(1) ressecção em bloco (2) separação de órgãos (3) outro: _________
(9) ignorado
31. Tempo cirúrgico (minutos): ___________________________________
32. Transfusão durante a cirurgia:
(1) sim (2) não (9) ignorado
33. Volume transfundido durante a cirurgia: _________________________
34. Complicações pós-operatórias:
(a) complicação pós-operatória ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(b) óbito pós-operatório ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(c) maior ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(d) cardiovascular (IAM, BCP, sangramento) ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(e) sepse ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(f) TVP (c/s/EAP) ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(g) insuficiência renal ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(h) fístula urinária ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(i) fístula intestinal (deiscência parcial, total) ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(j) menor ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(k) infecção da ferida ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(l) complicação parede ( ) sim ( ) não ( ) ignorado (infecção, deiscência, hérnia)
(m) obstrução intestinal ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(n) Urinária (retenção, UTI) ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(o) outro ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
35. Data da alta: ____/____/____
36. Anátomo-patológico - número (FAP): ___________________________
37. Tipo histológico:
(1) adenocarcinoma (2) CEC (3) carcinoma de células transicionais
(4) cloacogênico (5) sarcoma (6) outros
ANEXOS - 86
38. Grau de malignidade:
(0) bem diferenciado (1) moderadamente diferenciado
(2) pouco diferenciado (9) ignorado
39. T-tumor:
(0) 0 (1) 1 (2) 2 (3) 3 (4) 4 (5) 5 (9) ignorado
40. Linfonodos metastáticos:
(0) N0 (1) N1 (2) N2 (3) N3 (4) recidivado (9) ignorado
41. Número de linfonodos dissecados:_____________________________
42. Número de linfonodos comprometidos:__________________________
43. Local de metástase:
(0) não (1) pulmão/pleura (2) fígado (3) osso (4) cutâneo
(5) peritônio (6) FSC (7) outro: ________________ (8) recidivado
44. Estadiamento:
(0) 0 (1) I (2) II (3) III (4) IV (5) recidivado (9) ignorado
45. Embolização sanguínea:
(0) ausente (1) presente (2) recidivado (9) ignorado
46. Embolização perineural:
(0) ausente (1) presente (2) recidivado (9) ignorado
47. Embolização linfática:
(0) ausente (1) presente (2) recidivado (9) ignorado
48. Margem cirúrgica:
(0) livre (1) exígua (2) comprometida (9) ignorado
49. Ressecção:
(0) R0 (1) R1 (2) R2 (9) ignorado
50. Tipo de cirurgia:
(1) curativa (2) paliativa (margem comprometida/metástase)
(9) ignorado
ANEXOS - 87
51. Órgãos ressecados em bloco: (sim, caso = 1; não, controle = 2)
(a) ovário e trompa ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(b) útero ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(c) bexiga ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(d) intestino delgado ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(e) vagina ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(f) reto ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(g) próstata ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(h) ureter ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(i) parede ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(j) vasos gonadais ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(k) sacro ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(l) outro ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
52. Órgãos comprometidos no anatopatológico: (sim, caso = 1; não, controle = 2)
(a) ovário e trompa ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(b) útero ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(c) bexiga ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(d) intestino delgado ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(e) vagina ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(f) reto ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(g) próstata ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(h) ureter ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(i) parede ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(j) vasos gonadais ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(k) sacro ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
(l) outro ( ) sim ( ) não ( ) ignorado
53. Data da falha: ____/____/____
54. Local da falha:
(0) não (1) local (2) fígado (3) pulmão (4) carcinomatose (5)
osso
(6) MOPO (7) PV (8) outro: _________________ (9) ignorado
ANEXOS - 88
55. Tratamento pós-recorrência:
(0) não (1) cirurgia+res (2) radioterapia (3) quimioterapia
(4) cirurgia irressecável (5) grupo recorrência (6) MOPO (7) PV
(8) sem falha (9) ignorado
56. Seqüência de tratamento:
(0) LE+BX (1) LE+RC (2) LE+RI (3) quimioterapia
(4) radioterapia (5) ressecção cirúrgica pulmonar
(6) ressecção cirúrgica hepática (7) quimioterapia intraportal
(8) imunoterapia (9) ignorado
57. Dose de radioterapia:___________________________________cGy
58. Radioterapia:
(0) não (1) adjuvante (2) neoadjuvante (3) recidiva (4) outro_____
59. Quimioterapia:
(0) não (1) adjuvante (2) neoadjuvante (3) recidiva (4) imunoterapia
(5) quimioterapia portal (8) outro_________________ (9) ignorado
Tipo/tempo/dose: ______________________________
60. Data da última informação: ____/____/____
61. Status nesta data:
(0) MOCA (1) morte SOE (2) morte pós-operatório (até 30 dias)/
internação
(3) MOAS (4) vivo com doença (5) PV sem doença (6) vivo sem
doença
(7) perdido de vista RHD (9) perdido de vista
62. Período RHD-óbito (meses): ignorado (meses) ___________________
ANEXOS - 89
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ANEXOS - 94
Anexo C - Escala para avaliação do estado geral segundo Karnofsky
et al. (1949)
100 normal, sem queixas
90 normal, queixas menores
80 normal, alguns sintomas
70 cuida-se sozinho, incapacitado para o trabalho
60 requer assistência ocasional
50 assistência considerável, freqüentes cuidados médicos
40 incapacitado, requer assistência especial
30 incapacitado, hospitalização
20 muito doente, requer assistência permanente
10 moribundo
0 morto
9. REFERÊNCIAS
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