Exercício em Pacientes Oncológicos: Reabilitação · treino de resistência e treino...
Embed Size (px)
Transcript of Exercício em Pacientes Oncológicos: Reabilitação · treino de resistência e treino...
-
Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira
O Projeto Diretrizes, iniciativa da Associao Mdica Brasileira, tem por objetivo conciliar informaes da rea mdica a fim de padronizar condutas que auxiliem o raciocnio e a tomada de deciso do mdico.
As informaes contidas neste projeto devem ser submetidas avaliao e crtica do mdico, responsvel pela conduta a ser seguida, frente realidade e ao estado clnico de cada paciente.
1
Autoria: Associao Brasileira de Medicina Fsica e Reabilitao
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia
Elaborao Final: 30 de novembro de 2012 Participantes: Almeida EMP, Andrade RG, Cecatto RB, Brito CMM, Camargo FP, Pinto CA, Yamaguti WP, Battistella LR, Bernardo WM, Andrada NC, Imamura M
Exerccio em Pacientes Oncolgicos: Reabilitao
-
Exerccio em Pacientes Oncolgicos: Reabilitao2
Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira
DESCRIO DO MTODO DE COLETA DE EVIDNCIA:Esse diretriz revisou artigos nas bases de dados do MEDLINE (PubMed) e outras fontes de pesquisa, sem limite de tempo. Para tanto, adotou-se a estratgia de busca baseada em perguntas estruturadas na forma (P.I.C.O.) das iniciais: Paciente; Interveno; Controle e Outcome. Como descritores utilizaram-se: (Neoplasms OR Carcinogens OR Tumors OR Cancer) AND (Fatigue OR Asthenia OR Lassitude OR Muscle Fatigue OR Fatigue OR Muscles OR specific muscle OR Mental Fatigue OR Fatigue, Mental OR Cancer-related fatigue) AND (Exercise OR Physical Fitness OR Exertion OR Exercise Therapy OR Sports OR Exercise Movement Techniques OR Physical Fitness OR Physical Conditioning OR Physical Endurance); (Neoplasms OR Carcinogens OR Tumors OR Cancer) AND (Fatigue OR Asthenia OR Lassitude OR Muscle Fatigue OR Fatigue OR Muscles OR Specific Muscle OR Mental Fatigue OR Fatigue, Mental OR Cancer-related Fatigue) AND (Chemotherapy, Adjuvant OR Combined Modality Therapy OR Drug Therapy,combination OR Antineoplastic Combined Chemotherapy Protocols) AND (Exercise Tolerance OR Oxigen Consumption* OR Exercise OR Physical Fitness OR Exertion OR Exercise Therapy OR Sports OR Physical Fitness OR Physical Conditioning OR Physical Endurance); (Neoplasms OR Carcinogens OR Tumors OR Cancer) AND (Fatigue OR Asthenia OR Lassitude OR Muscle Fatigue OR Fatigue OR Muscles OR specific muscle OR Mental Fatigue OR Fatigue, Mental OR cancer-related fatigue) AND (Exercise OR Physical Fitness OR Exertion OR Exercise Therapy OR Sports OR Exercise Movement Techniques OR Physical Fit-ness OR Physical Conditioning OR Physical Endurance OR Intensity exercise); (Neoplasms OR Carcinogens OR Tumors OR Cancer) AND (Fatigue OR Asthenia OR Lassitude OR Muscle Fatigue OR Cancer-related fatigue) AND (Exercise OR Physical Fitness OR Exertion OR Exercise Therapy OR Sports OR Sports OR Exercise Movement Techniques OR Physical Fitness OR Physical Conditioning OR Physical Endurance); Neoplasm AND (Exercise OR Physical Fitness OR Exertion OR Exercise Therapy OR Sports OR Exercise Movement Techniques OR Physical Fitness OR Physical Conditioning OR Physical Endurance) AND Quality of Life ; (Bone Neoplasms OR Neoplasms Metastasis) AND (Exercise OR Physical Fit-ness OR Exertion OR Exercise Therapy OR Sports OR Exercise Movement Techniques OR Physical Fitness OR Physical Conditioning OR Physical Endurance) AND (Fracture Bone OR Fractures, Bone) AND (Exercise OR Physical Therapy) AND Fracture AND Neoplasm; (Bone Neoplasms OR Neoplasms Metastasis) AND (Exercise OR Physical Fitness OR Exertion OR Exercise Therapy OR Sports OR Exercise Movement Techniques OR Physical Fitness OR Physical Conditioning OR Physical Endurance) AND (Fracture Bone OR Fractures, Bone) AND (Exercise OR Physical Therapy) AND Fracture AND Neoplasm; (Neoplasms OR Carcinogens OR Tumor OR Cancer) AND (Signs and Symptoms Respiratory OR Dyspnea) AND (Breathing Exercise OR Exercise Therapy); (Neoplasms OR Carcinogens OR Tumor OR Cancer) AND (Oxygen Inhalation Therapy OR Positive Pressure Respiration OR PEEP); Neoplasms OR Cancer OR Tumor OR Carcinogens AND Terminally ill OR Terminal Care OR Palliative Care AND Oxygen Inhalation Therapy; Neoplasm AND (Muscle OR Muscle Strength OR Muscle Weakness OR Cachexia) AND (Androgens OR Anabolic Agents OR Nandrolone OR Oxandrolone) AND (Exercise OR Physical Therapy OR Rehabilitation); (Anthracyclines OR Trastuzumab OR Ciclofosfamide) AND (Physical Activity OR Exercise) AND (Cardiotoxicity); Neoplasm AND Thrombocytopenia AND (Exercise OR Rehabilitation OR Physical Therapy). Aps analise desse material, foram selecionados os artigos relativos s perguntas formuladas e, por meio do estudo dos mesmos, originou-se as evidncias que fundamentaram as diretrizes do presente documento.
GRAU DE RECOMENDAO E FORA DE EVIDNCIA:A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistncia.B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistncia.C: Relatos de casos (estudos no controlados).D: Opinio desprovida de avaliao crtica, baseada em consensos, estudos fisiolgicos ou modelos animais.
OBjETIVO: Oferecer informaes sobre os benefcios do exerccio fsico no tratamento de pacientes oncolgicos.
CONFLITO DE INTERESSE: Nenhum conflito de interesse declarado.
-
Exerccio em Pacientes Oncolgicos: Reabilitao 3
Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira
Introduo
Os avanos no diagnstico e tratamento do cncer tm pos-sibilitado aumento da sobrevida em um nmero cada vez maior de pessoas com doenas oncolgicas. Muitos desses pacientes podem apresentar vrios tipos de deficincias e incapacidades, sendo elas temporrias ou permanentes. Essas deficincias e incapacidades podem ser decorrentes da prpria evoluo da neoplasia ou de consequncias oriundas antes, durante e/ou aps o tratamento. O papel da reabilitao se destaca cada vez mais na teraputica dessa populao, refletindo-se como uma interveno de grande valia nesse contexto, com promoo da funcionalidade, da independncia, da incluso social e da qualidade de vida desses pacientes. O exerccio fsico com fim teraputico constitui um valioso instrumento da reabilitao dos pacientes com cncer e, por isso, importante avaliar a evidncia de sua eficcia na literatura cientfica do modo apresentado nesta diretriz.
1. ExErccIo fsIco EfIcaz na rEduo dos sIntomas dE fadIga rElacIonada ao cncEr?
A fadiga uma das manifestaes mais frequentes em pacientes com cncer em tratamento com quimioterapia ou quimioterapia associada radioterapia. A denominada fadiga oncolgica est associada no s ao efeito medicamentoso do tratamento, mas tambm pode ser consequncia do prprio tumor ou outras condies associadas, metablicas, hematolgicas e nutricionais, que podem atuar como agravantes. Trata-se de uma condio de origem multifatorial e sua fisiopatologia ainda no de todo conhecida. Leva reduo da atividade fsica e perda de massa e fora muscular, alm de piora da qualidade de vida1(B). Exer-ccios fsicos so utilizados com a inteno de reduzir a fadiga, melhorar a capacidade fsica e a qualidade de vida dos pacientes em tratamento oncolgico, mesmo diante de evidncias de doena ativa ou no1(B).
Um estudo randomizado e controlado, com 269 pacientes com cncer submetidos quimioterapia, 73 homens e 196 mulheres, com idade mdia de 47 anos (20-65), compreendendo 21 tumores
-
Exerccio em Pacientes Oncolgicos: Reabilitao4
Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira
diferentes, avaliou essa questo. O principal critrio de excluso foi a presena de metstase ssea ou enceflica. Duzentos e trinta e cinco pacientes completaram o seguimento. O pro-grama compreendeu exerccios supervisionados de alta intensidade, precedidos de aquecimento, treino de resistncia e treino cardiovascular, associado a treino de baixa intensidade, repre-sentado por relaxamento e massagem corporal, totalizando nove horas por semana, durante seis semanas, em adio ao cuidado tradicional. As atividades foram distribudas em cinco dias da semana, com treino de alta intensidade trs vezes por semana, com 30 minutos de aquecimento, quarenta e cinco minutos de treino resistido e quinze minutos de treino cardiovascular, alter-nados com exerccios de baixa intensidade, duas vezes por semana, sendo eles, trinta minutos de relaxamento, exerccios de conscincia corporal e 30 minutos de massagem. A melhora da fa-diga foi evidenciada pela reduo mdia de -6,6 pontos (IC 95% -12,3 -0,9; p=0,02) com o uso do European Organization for Research and Treatment of Cancer Quality of Life Questionarie (FORTC QLQ C30)1(B).
A associao de exerccio fsico de alta e baixa intensidade pode melhorar a fadiga em pacientes com diversos tipos de cncer durante o tratamento quimioterpico1(B).
Em outro estudo randomizado e controlado, com 103 pacientes com cncer submetidos radioterapia para tratamento de cncer avana-do, 76 homens e quarenta e sete mulheres, com idade mdia de 59 anos, compreendendo 15 tipos de tumores diferentes, avaliou o impacto de um programa de exerccios sobre a fadiga oncolgica2(B). O programa compreendeu exerccios teraputicos de fortalecimento de
tronco e membros, visando a abordagem de grandes grupos musculares de membros supe-riores e inferiores, assim como o fornecimento de material educacional. O material didtico foi entregue pelo fisioterapeuta, com programa de exerccios trs vezes por semana, com durao de 90 minutos, dos quais os 30 minutos ini-ciais eram realizados com o fisioterapeuta. O treino aerbico no foi includo no programa, embora os pacientes tenham sido encorajados a pratic-lo.
Na autoavaliao analgica, observou-se melhora no bem-estar fsico a partir da quarta semana, no grupo da interveno (p=0,04). Fadiga e vigor no foram, significativamente, diferentes entre os grupos. Embora a realizao de exerccios teraputicos seja vivel durante a radioterapia ambulatorial em pacientes com cncer avanado e tenha melhorado o bem-estar dos mesmos, esse benefcio no foi sustentado e o exerccio no interferiu na fadiga deles. Exerccios teraputicos de fortalecimento de tronco e dos membros, visando a abordagem de grandes grupos musculares de membros superiores e inferiores, no associados ao trei-no aerbico, assim como entrega de material educacional, podem ser benficos e melhorar os sintomas de o bem-estar fsico em pacientes com diversos tipos de cncer avanado submetidos radioterapia, mas no resultaram em benefcio sustentado2(B).
Estudo randomizado e controlado envolveu 57 pacientes com cncer de prstata, recebendo terapia de supresso andrognica, com idade mdia de 70 anos. Pacientes com metstase ssea no foram includos nesse estudo. Todos os pacientes completaram o seguimento. A inter-veno consistiu em um programa de exerccios
-
Exerccio em Pacientes Oncolgicos: Reabilitao 55
Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira
com treino aerbico e resistido progressivo, duas vezes por semana, durante 12 semanas. Os exer-ccios de resistncia compreenderam chest press, seated row, shoulder press, triceps extension, leg press, leg extension e leg curl. Flexes abdominais tambm foram realizadas. O treino resistido compreendeu duas a quatro sries de 12 a 16 repeties. O treino aerbico consistiu de 15 a 20 minutos de treino cardiovascular com 65% a 80% da frequncia cardaca mxima e intensida-de de percepo de esforo percebida e mantida entre 11 e 13 na escala de Borg. Pacientes apresentaram aumento na massa magra em comparao ao grupo que recebeu os cuidados habituais: corpo total (p = 0,047), membros superiores (p = 0,001) e membros inferiores (p = 0,019). O grupo de exerccio tambm melhorou vrios aspectos da qualidade de vida, incluindo sade geral (p = 0,022), diminuio da fadiga (p = 0,021) e diminuio dos nveis de protena C-reativa (p = 0,008). No houve relato de eventos adversos durante o teste com 1-RM ou exerccio de interveno. A exposio ao exerccio melhorou, significativamente, fora fsica, funo e equilbrio em homens com hipo-gonadismo em comparao ao grupo controle. O regime de exerccio foi bem tolerado e deve ser recomendado como uma contramedida eficaz a efeitos adversos comuns relacionados ao trata-mento de supresso andrognica3(B).
Distinto estudo randomizado e controlado envolveu 40 pacientes com cncer de mama, submetidas radioterapia, com idade mdia de 43 anos. Trinta e sete pacientes completaram o estudo. As pacientes do grupo interveno realizaram um programa de exerccios com durao de 50 minutos, trs vezes por semana, durante cinco semanas. O treino consistiu em 10 minutos de aquecimento, 30 minutos de exerccios (com alongamentos focados em
cintura escapular; exerccios aerbicos, como caminhada na esteira e andar de bicicleta; e exerccios de fortalecimento), e 10 minutos de relaxamento. A frequncia cardaca alvo foi de 50% a 70% da frequncia cardaca mxima, ajustada pela idade. O estudo ana-lisado demonstrou melhora significativa da fadiga (p < 0,001) no grupo interveno em relao ao grupo controle4(B). O trabalho analisado apresenta uma pequena amostra e as pacientes foram avaliadas imediatamente aps a radioterapia. So necessrios estudos com amostras de tamanho maior e com maior tempo de seguimento para inferirmos melhor os benefcios do exerccio nessa populao. Apesar das limitaes do estudo, no houve relato de efeito negativo do exerccio durante a radioterapia para cncer de mama. O exer-ccio fsico deve ser estimulado e deve fazer parte da reabilitao dessas pacientes durante a radioterapia4(B).
O estudo seguinte levantado nesta diretriz foi randomizado e controlado, que avaliou o efeito do exerccio sobre a fadiga em 42 pacien-tes hospitalizados e submetidos a transplante de medula ssea, sendo 26 homens e 16 mu-lheres. Trinta e quatro pacientes completaram o seguimento. Os pacientes foram submetidos a exerccios aerbicos supervisionados, diaria-mente, com uso de bicicleta ergomtrica por 15 a 30 minutos (com frequncia cardaca de treino de 75% frequncia cardaca mxima para a idade), 15 a 20 minutos de exerccios resistidos de tronco, membros superiores e inferiores (duas sries de at 12 repeties) seguidos de 20 minutos de relaxamento, com frequncia de trs vezes por semana, durante quatro a seis semanas5(A).
-
Exerccio em Pacientes Oncolgicos: Reabilitao6
Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira
Nesse estudo, houve melhora da fadiga no grupo interveno, porm essa diferena no se mostrou estatisticamente significativa (p = 0,405 no trmino, p = 0,302 com trs meses e p = 0,097 com seis meses)5(A). Estudos ran-domizados, controlados, cegos e com tamanho de amostra maior devem ser realizados para avaliarmos melhor os benefcios do exerccio na melhora da fadiga nessa populao. Embora esse estudo no tenha encontrado benefcio direto na melhora da fadiga em pacientes aps o transplante de medula ssea, devemos reco-mendar a realizao de atividade fsica nessa populao, pelos benefcios que o exerccio pode, indiretamente, proporcionar para seu bem-estar e fadiga.
Analisamos, ainda, um estudo envolvendo 21 pacientes com cncer de prstata localizado, submetidos radioterapia, com mdia de idade de 69 anos. O programa de exerccios consistia em 10 minutos de aquecimento, seguidos de 30 minutos de treino aerbico, como cami-nhada, finalizando com cinco a 10 minutos de alongamentos, realizados pela manh, antes da radioterapia, trs vezes por semana, durante oito semanas, enquanto o grupo controle no reali-zou exerccio. O grupo interveno apresentou melhora estatisticamente significativa da fadiga (p = 0,02)6(A).
Na sequncia, verificamos um estudo que avaliou o efeito de um programa de exerccios em 155 pacientes com cncer de prstata rece-bendo terapia hormonal supressora, com mdia de idade de 68 anos. O programa de exerccios resistidos de tronco, membros superiores e infe-riores (duas sries de 8 a 12 repeties de 60% a 70% de uma repetio mxima), trs vezes por semana, durante 12 semanas, revelou-se eficaz
na reduo dos sintomas de fadiga em pacientes com cncer de prstata durante a terapia hor-monal supressora7(A).
A seguir, analisamos estudo que envolveu 121 pacientes com cncer de prstata, sub-metidos radioterapia, com mdia de idade de 66 anos. Os pacientes foram alocados em trs grupos: um grupo com exerccios aerbicos, outro grupo com exerccios resistidos e outro grupo sem exerccios, durante 24 semanas. Os exerccios resistidos (p = 0,010) e exerccios aerbicos (p = 0,004) apresentaram reduo da fadiga no curto prazo em pacientes com cncer de prstata submetidos radioterapia8(A). O exerccio resistido tambm resultou em melhora da fadiga a longo prazo (p = 0,002) em comparao com o cuidado usual nessa populao8(A).
Distinto estudo avaliou o efeito de um programa de exerccios em 147 pacientes com diversos tipos de cncer (a maioria mama, hematolgicos e ginecolgicos), sendo 24 homens e 123 mulheres, com mdia de idade de 49 anos. Os pacientes foram alocados em trs grupos: treinamento fsico, com duas horas de treino individual (exerccio resistido de tronco, membros superiores e inferiores com carga de treinamento entre 30% a 60% de uma repetio mxima, numa frequncia de duas vezes por semana associado aos esportes, tambm duas vezes por semana); outro grupo realizou o mesmo treino fsico associado com terapia cognitivo-comportamental (uma vez por semana durante duas horas); e o terceiro grupo, no foi submetido a nenhuma interveno. O treinamento fsico (aerbico + resistido), isola-damente, ou combinado com terapia cognitivo-comportamental, obteve efeitos significativos
-
Exerccio em Pacientes Oncolgicos: Reabilitao 77
Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira
(p
-
Exerccio em Pacientes Oncolgicos: Reabilitao8
Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira
cncer de prstata durante a quimioterapia7(A). Exerccios resistidos (p = 0,010) e exerccios aerbicos (p = 0,004) diminuram a fadiga no curto prazo em pacientes com cncer de prsta-ta, com mdia de idade de 66 anos, submetidos radioterapia8(A). O exerccio resistido tambm levou melhora da fadiga a longo prazo (p = 0,002) em comparao com o cuidado usual nessa populao8(A). O treinamento fsico, aerbico mais resistido, isoladamente ou com-binado com terapia cognitivo-comportamental, obteve efeitos significativos (p < 0,001) na reduo da fadiga em pacientes com diversos tipos de cncer quando comparado a nenhuma interveno9(A). O exerccio aerbico com frequncia cardaca de treinamento de 80% da frequncia cardaca mxima, realizado, diaria-mente, durante trs semanas, reduz de forma estatisticamente significante (p = 0,009) os sintomas de fadiga em pacientes com varia-dos diagnsticos de cncer aps o tratamento cirrgico10(B).
2. Qual a mElhor IntEnsIdadE E durao do ExErccIo fsIco para a rEduo dos sIntomas dE fadIga rElacIonada ao cncEr?
Conforme mencionado anteriormente, a fadiga oncolgica apresenta alta prevalncia em pacientes com cncer. Ela est presente em, aproximadamente, 65% dos casos, dos quais 29% apresentam fadiga grave12(B). Sendo assim, torna-se importante saber as modalidades e intensidades de exerccio a serem utilizadas em seu tratamento.
Para tanto, selecionamos um estudo com 269 pacientes com cncer, sendo 73 homens e 196 mulheres, com idade mdia de 47
anos variando de 20 a 65, portadores de 21 tipos de tumores diferentes e excluindo-se aqueles portadores de metstase ssea ou enceflica. Esse estudo avaliou o efeito do exerccio supervisionado com alta intensi-dade cardiovascular e treino de resistncia, relaxamento e massagem corporal, nove horas por semana, durante seis semanas, em adio ao cuidado tradicional. Apenas 235 pacientes completaram o seguimento. Comprovou-se que exerccios fsicos de alta e baixa intensidade podem melhorar os sin-tomas de fadiga em pacientes sobreviventes de cncer de mama13(B). A associao de exerccio fsico de alta e baixa intensidade pode melhorar a fadiga em pacientes com diversos tipos de cancer1(B). Exerccios supervisionados por seis semanas, com-pletando nove horas por semana, com alta intensidade trs vezes por semana, com 30 minutos de aquecimento, 45 minutos de trabalho de resistncia e 15 minutos de treinamento cardiovascular e alternados com exerccios de baixa intensidade duas vezes por semana com 30 minutos de relaxa-mento, exerccios de conscincia corporal e, ainda, 30 minutos de massagem, permitem reduzir a fadiga em -6,6 pontos (IC 95% -12,3 -0,9 com p = 0,02) avaliada pelo European Organization for Research and Treatment of Cancer Quality of Life Question-naire (EORTC QLQ - C30), com tamanho de efeito pequeno14(B) para moderado1(B), mas sempre significativo tamanho do efeito = 0,13 (IC 95% CI -0,06)3(B) e 0,33 (IC 95% 0,04-0,61)1(B), respectivamente.
Ao estudar somente mulheres portadoras de cncer de mama, a realizao de exerccios no conseguiu reduzir a fadiga11,15(B), com
-
Exerccio em Pacientes Oncolgicos: Reabilitao 99
Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira
(SMD - 0,12, IC 95% IC -0,37 - 0,13)1(B), lembrando-se que existe dificuldade de se-parar sintomas depressivos da fadiga nessa populao16(B).
RecomendaoH benefcio na utilizao de exerccio fsico
na reduo dos sintomas de fadiga relacionada ao cncer1,14(B), com controvrsias sobre esse benefcio na populao de mulheres em tra-tamento de cncer de mama11,15(B), embora na prtica clnica existam vrios relatos desses benefcios. O exerccio deve ser supervisiona-do, alternando alta intensidade, treinamento cardiovascular e trabalho de resistncia, com baixa intensidade, relaxamento e massagem, completando nove horas por semana, por pelo menos seis semanas1(B).
3. os ExErccIos fsIcos no supErvI-sIonados domIcIlIarEs so EfIcazEs na rEduo dos sIntomas dE fadIga rElacIonados ao cncEr?
Estudo simples cego com 119 mulheres com cncer, aps a quimioterapia, com ou sem radioterapia, e idade mdia de 59 anos, analisou essa questo. Compreendeu trs tipos de tumor: mama, colorretal e ovrio. As pacientes sabiam ler, escrever e entendiam o ingls e eram capazes de assinar um termo de consentimento informa-do. Foram excluidas pacientes com transplante de medula ssea, leso ssea ltica, hipertenso no controlada, diabetes mellitus, uma pontua-o de dor maior que trs numa escala de zero a dez, limitaes ortopdicas, histria de depresso maior, distrbios do sono, quimioterapia no ano anterior, malignidade relacionada sndrome da imunodeficincia adquirida, leucemia ou con-traindicaes ao exerccio. Cento e seis pacientes
completaram o estudo. Elas foram submetidas a um programa de exerccios que consistia em treino cardiovascular/aerbico, com uma mo-dalidade de atividade, por exemplo, caminhar, correr ou bicicleta, com frequncia de trs a cinco vezes por semana, intensidade entre 60% a 80% da frequncia cardaca mxima e dura-o de 20 a 30 minutos de exerccio contnuo. Alm da monitorizao da frequncia cardaca, a intensidade do exerccio tambm foi medida pela escala de Borg a ser mantida entre 12 e 14, at um pouco difcil. Os pacientes foram acompanhados por meio de chamadas telef-nicas. Nesse estudo especfico, o programa de exerccios domiciliares, no supervisionado, no demonstrou melhora significativa (p = 0,084) na reduo da fadiga ou de sintomas relacionados ao diagnstico de cncer ou ao seu tratamento, em pacientes do sexo feminino com diagnstico de cncer durante ou aps a quimioterapia e com ou sem radioterapia17(B), mas, possvel que a aderncia dos pacientes nesse estudo tenha interferido no desfecho analisado.
Distinto estudo randomizado e controlado avaliou 119 pacientes com cncer de mama du-rante quimioterapia ou radioterapia, com idade mdia de 51 anos. Cento e oito pacientes com-pletaram o estudo. Os participantes receberam uma prescrio escrita para andar cinco a seis vezes por semana, isso caminhada de moderada intensidade, com frequncia cardaca alvo de 50% a 70% da frequncia cardaca mxima. O regime era uma caminhada de 15 minutos rpida, que depois progrediu para 30 minutos. Esse programa foi realizado durante o tratamento, ou seja, seis semanas de radioterapia ou trs a seis meses de quimioterapia. Nesse estudo, o exerccio fsico aerbico domiciliar, caminhada de moderada
-
Exerccio em Pacientes Oncolgicos: Reabilitao10
Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira
intensidade, reduziu de forma estatisticamente significativa (p < 0,03) os sintomas de fadiga em pacientes com cncer de mama durante o tratamento18(A).
Um novo estudo com 61 pacientes com lin-foma ou leucemia no perodo ps-transplante de clulas-tronco hematopoiticas, com mdia de idade de 46 anos avaliou um programa de exer-ccio aerbico e resistido supervisionado, com-parado ao mesmo programa no supervisionado. O treinamento consistiu de exerccios aerbicos, tais como esteira, bicicleta ergomtrica e ca-minhada, somados a exerccios de resistncia, por exemplo, pesos livres, peso em mquinas contra as atividades da banda resistiva. Os par-ticipantes responderam ao Inventrio Breve de Fadiga (BFI), antes e aps quatro semanas de treinamento. Nesse estudo, o exerccio aerbico supervisionado, assim como o treino no super-visionado, realizado em pacientes com linfoma ou leucemia no perodo ps-transplante de clulas-tronco hematopoiticas, no se mostrou eficaz na reduo dos sintomas de fadiga19(B).
RecomendaoExerccio fsico aerbico domiciliar, como
caminhada de moderada intensidade, reduz de forma estatisticamente significativa (p < 0,03) os sintomas de fadiga em pacientes com cncer de mama durante o tratamento18(A). Um programa de exerccios domiciliares, no supervisionado, no se mostrou benfico na reduo da fadiga (p = 0,084) ou de sintomas relacionados ao diagnstico de cncer ou, ainda, ao seu tratamento, em pacientes do sexo femini-no com diagnstico de cncer durante ou aps a quimioterapia e, com ou sem, radioterapia, mas possvel que a aderncia dos pacientes nesse estudo tenha interferido no desfecho analisado.
No podemos concluir que o exerccio domici-liar no supervisionado no seja benfico nessa populao ou para outros pacientes oncolgicos. Mais estudos randomizados, controlados e bem desenhados so necessrios para demonstrar os benefcios do exerccio fsico nesses moldes.
Pelo benefcio que sabemos ser obtido com a atividade fsica regular, devemos estimular e encorajar esses pacientes a realizarem atividade fsica, mesmo que no supervisionada. Exerccio aerbico supervisionado, assim como o treino no supervisionado, realizado em pacientes com linfoma ou leucemia no perodo ps-transplante de clulas-tronco hematopoiticas, no se mostrou eficaz na reduo dos sintomas de fadiga19(B). Porm, esse resultado no significa que o exerccio no seja eficaz na reduo de fadiga nessa populao. Vrios fatores podem interferir no resultado e o perodo de quatro semanas pode ter sido insuficiente para demons-trar os benefcios que poderiam aparecer num programa de maior durao. Devemos encorajar e estimular os pacientes a realizar exerccios fsi-cos regulares, desde que suas condies clnicas permitam.
4. o ExErccIo fsIco EfIcaz na mElhora da QualIdadE dE vIda dE pacIEntEs com cncEr?
Estudo duplo-cego, randomizado e controlado, avaliou 103 pacientes portadores de cncer subme-tidos radioterapia, divididos em grupo controle e grupo recebendo um programa interdisciplinar de terapia fsica, alongamentos de musculatura de tronco e membros, e material educacional relacionado atividade fsica. Foram avaliados os parmetros de sensao subjetiva de bem-estar, e as escalas Linear Analog Scale of Assessment, The
-
Exerccio em Pacientes Oncolgicos: Reabilitao 1111
Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira
Profile of Mood States-Short Form, Fatigue-Inertia e Vigor-Activity subescalas. O programa de exerccios resistidos se associou melhora do bem-estar em pacientes com vrios tipos de cncer avanado durante a radioterapia, embora o benefcio no tenha se mantido a longo prazo20(A).
Um novo estudo cego, controlado e rando-mizado, com um grupo de 53 pacientes com cncer de mama, divididas em dois grupos, con-trole e exerccio aerbico, trs vezes por semana, durante 15 semanas, sendo que 52 pacientes completaram o estudo, avaliou o consumo de oxignio e encontrou melhora no pico de con-sumo de oxignio em teste ergoespiromtrico e tambm melhora na qualidade de vida em avaliao com a escala Functional Assessment of Cancer Therapy-Breast (FACT-B). Ambos os aspectos apresentaram correlao pelo teste de Pearson, demonstrando relao entre a qualida-de de vida, funo cardiopulmonar e exerccio fsico21(A).
Distinto estudo, controlado e randomiza-do, avaliou 111 pacientes de 18 a 50 anos, submetidos a quimioterapia para tratamento de linfoma, cncer de mama, cncer gineco-lgico ou de testculo. Esses pacientes foram divididos em grupo controle ou submetidos a 30 minutos de treino aerbico supervisio-nado, duas vezes por semana, durante 14 semanas. O estudo avaliou aspectos da qua-lidade de vida com o European Organisation for Research and Treatment of Cancer Core Quality of Life Questionnaire C30 (EORTC QLQ-C30) e mudanas no pico de consumo de VO2 (VO2 mx) em teste ergoespirom-trico. Encontrou modificaes no pico de consumo de oxignio e no condicionamento cardiopulmonar. No entanto, no encontrou
modificaes nos parmetros de qualidade de vida, talvez em decorrncia da variabilidade da amostra utilizada22(A).
Estudo realizado, randomizado, controlado e cego avaliou 89 pacientes com cncer de mama em uso de terapia adjuvante aps cirurgia, dividi-das em grupo controle e em uso de um programa multimodal interdisciplinar de terapia fsica para treino de equilbrio, coordenao, flexibilidade e relaxamento. Encontrou melhora nos aspectos de qualidade de vida avaliados nas escalas EQ-5 e EORTC, embora o custo econmico tenha sido alto23(A).
RecomendaoUm programa de exerccios de fortaleci-
mento associado ao alongamento durante tra-tamento oncolgico (quimioterapia, radioterapia ou hormonioterapia) em pacientes com cncer de mama eficaz na melhora da qualidade de vida20(A). O treino aerbico tem efeitos benficos na qualidade de vida em pacientes sobreviventes de cncer de mama20(A). Faltam estudos que avaliem a melhora da qualidade de vida com o exerccio fsico em outros tipos de cncer, mas relatos de estudos de menor poder demonstram haver benefcios dependentes do tempo de leso, do tipo de cncer e das comor-bidades clnicas associadas.
5. ExIstE rIsco adIcIonal dE fratura ao rEalIzar ExErccIo fsIco rEsIstIdo Em pacIEntEs com cncEr E mEtstasE s-sEa?
No encontramos em nossa busca estudos que avaliassem o risco ou ocorrncia de fratura associada ao exerccio fsico com treino resistido em pacientes com cncer e metstases sseas.
-
Exerccio em Pacientes Oncolgicos: Reabilitao12
Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira
6. o ExErccIo fsIco rEsIstIdo dImInuI o rIsco dE fratura Em pacIEntEs com cncEr E mEtstasEs ssEas?
No encontramos estudos que tenham avaliado, especificamente, a prevalncia de fraturas em pacientes portadores de cncer e metstase ssea, submetidos a programas de exerccio resistido. Entretanto, h estudos que avaliaram a influncia do exerccio em outros fatores de risco para fratura, associados ou no presena de metstase e/ou osteoporose em pacientes com cncer.
Um estudo controlado randomizado com 223 mulheres ps-menopausa sobreviventes de cncer de mama avaliou a densidade mineral ssea aps 24 meses de uso clcio, vitamina D e risedronato isolados, ou em associao a um pro-grama de exerccios resistidos supervisionados progressivos de mdia a alta intensidade. Cerca de 110 pacientes completaram o estudo. Nesse estudo, o exerccio fsico resistido no demons-trou benefcio adicional na densidade mineral ssea, mas uma tendncia menor de perda de massa ssea ao longo do tempo, em relao ao tratamento medicamentoso isolado24(B).
Diferente estudo randomizado controlado com 106 pacientes menopausadas, sendo que 67 delas completaram o estudo, portadoras de cncer de mama aps radioterapia ou quimiote-rapia, com apenas um ano de leso, todas sem uso de medicaes para melhora da densidade mineral ssea e livres da presena de osteopo-rose de qualquer etiologia, avaliou o uso de um programa de exerccios resistidos de moderada intensidade durante um ano, duas vezes por semana, quanto aos parmetros de densidade mineral ssea em quadril e coluna, peso e mar-
cadores de turnover sseo. O grupo que recebeu o programa de exerccios fsicos apresentou menor taxa de perda ssea com maior preservao da massa ssea, diminuindo assim o risco de fra-turas nessa populao25(B).
Mais um estudo randomizado e controlado, com 60 pacientes portadores de cncer de mama em uso de quimioterapia, comparou o uso de cido zoledrnico e clcio oral a um programa de exerccios domiciliares no supervisionados em relao densidade mineral ssea e encontrou diminuio da densidade mineral ssea e perda de massa ssea em maior intensidade no grupo submetido aos exerccios26(B). Apesar disso, no havia um grupo sem nenhuma interveno e, portanto, no foi possvel concluir se o exerccio fsico melhor ou no do que no fazer nenhum exerccio26(B).
RecomendaoEstudos que avaliam a incidncia de fraturas
e o uso de treino resistido em pacientes no oncolgicos, portadores de osteoporose leve e moderada, encontraram melhora na densidade mineral ssea desses pacientes. possvel que o exerccio fsico promova uma diminuio da perda ssea e talvez aumento na densidade ssea de pacientes portadores de metstase e/ou osteoporose aps cncer, levando a uma possvel diminuio do risco e da prevalncia de fraturas nessa populao. Alm disso, possvel que haja aumento no tnus muscular e que isso reflita numa melhora da marcha e do equilbrio, e na consequente reduo na incidncia de quedas e outros acidentes, diminuindo assim a incidncia de fraturas. So necessrios estudos randomi-zados e controlados que avaliem a incidncia de fraturas em pacientes com cncer e metstases sseas e/ou osteoporose realizando exerccio
-
Exerccio em Pacientes Oncolgicos: Reabilitao 1313
Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira
fsico resistido, comparando-os tambm ao tratamento medicamentoso convencional, bem como em relao aos seus efeitos colaterais e aos melhores parmetros de utilizao.
7. ExErccIo mElhora os sIntomas rEspIra-trIos Em pacIEntEs com cncEr?
Estudo multicntrico realizado com pacien-tes submetidos a transplante hematopoitico halognico de clulas-tronco (HSCT), com um programa de exerccios, parcialmente, supervi-sionados, realizados em geral de uma a quatro semanas antes da admisso hospitalar, durante o perodo de internao, e que permaneceram em acompanhamento at seis a oito semanas aps a alta hospitalar, demonstrou benefcio na reduo da fadiga fsica, dispneia e melhora do desempenho fsico do grupo de estudo quando comparado ao grupo controle. A interveno para o grupo de estudo consistiu na tolerncia de trs sries e duas sesses de resistncia por semana atividade aerbica leve por poucos minutos e alongamento, resistncia (com e sem bandas elsticas de diferentes graus de resistncia de 8 a 20 repeties; duas a trs s-ries) e treino aerbico (caminhada por 20 a 40 minutos ou bicicleta), durante a hospitalizao. A intensidade do treino foi adaptada usando a escala de Borg e os pacientes foram avaliados em relao a dor, fadiga, estado emocional e, dependendo da resposta, categorizados em trs diferentes grupos no que se refere tolerncia ao exerccio: grupo verde, com maior exign-cia na srie de exerccios realizados de 30 a 40 minutos; grupo amarelo e vermelho, com grau mdio de exigncia na srie de exerccios realizados de 20 a 30 minutos ou de 15 a 20 minutos, de acordo com as condies clnicas do paciente. Entretanto, independente da
recomendao, os pacientes deviam caminhar sem interrupo quando fosse, fisicamente, possvel. Os exerccios fsicos foram contrain-dicados caso o paciente apresentasse sinais e sintomas de infeco (temperatura > 38C), dor intensa, nusea e tonturas, plaquetopenia (abaixo de 20 mil) e hemoglobina < 8g/dL. As sesses de exerccios deveriam ser inter-rompidas no caso de dor, tontura ou outras contraindicaes27(A).
Estudo realizado com pacientes com cncer de pulmo com capacidade mnima de caminhada de 50 metros, ausncia de dficits cognitivos ou doena grave do corao apresen-tou melhora da capacidade fsica mensurada com o Incremental- and Endurece Shuttle Walk Test (ISWT and ESWT) aps completar-se um programa de interveno. No entanto, no foram observadas mudanas na funo pulmonar e na qualidade de vida. A interven-o nesse estudo consistia em sete semanas de treino, duas vezes por semana, focado no treino de caminhada, treino de circuito, dosados de acordo com a intensidade da dispneia, para serem realizados, diariamente, em casa. O teste de ISWT demonstrou melhora da capacidade mxima aerbica em 12 a 17 pacientes que concluram o perodo de interveno de sete semanas, apesar da baixa aderncia ao progra-ma. Os autores demonstraram que no houve mudana na funo pulmonar em 15 dos 17 pacientes, antes e depois da interveno28(B).
RecomendaoExerccios supervisionados so benficos
para os pacientes que passam por um transplante hematopoitico halognico de clulas-tronco, quando realizados antes, durante e aps o per-odo de hospitalizao com um programa de trs
-
Exerccio em Pacientes Oncolgicos: Reabilitao14
Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira
sries e duas sesses de resistncia por semana atividade aerbica leve por poucos minutos e alongamento, resistncia (com e sem bandas elsticas de diferentes graus de resistncia, 8 a 20 repeties, duas ou trs sries) e treino aerbico (caminhada por 20 a 40 minutos ou bicicleta) durante a hospitalizao. A intensida-de do treino deve ser adaptada usando a escala de Borg, avaliando-se a presena de dor, fadiga e estado emocional. Os pacientes devem ser orientados a manter exerccio de caminhar sem interrupo quando, fisicamente, hbeis27(A).
Um programa de exerccios supervisionados por fisioterapeutas, com enfoque em exerccios respiratrios (pursed lip breathing, resting posi-tions and dyspnoea coping) e de caminhada em sesses com durao de noventa minutos (15 minutos para cada srie de exerccios) pode be-neficiar a melhora de pacientes com cncer de pulmo com capacidade mnima de caminhada de 50 metros, ausncia de dficits cognitivos ou doena grave do corao28(B).
8. o uso dE anabolIzantEs (nandrolona o maIs Estudado) assocIado ao ExEr-ccIo EfIcaz para auxIlIar o ganho dE massa muscular E fora muscular Em pacIEntEs com cncEr?
Em estudo comparando vrias doses do acetato de megestrol para atingir aumento de peso em pacientes com cncer, encontrou-se que o melhor ganho de peso ocorre com dose de 240 mg, levando a aumento mdio de 0,448 kg (IC 95% 0,21-0,874). No mesmo perodo de seguimento, pacientes sem uso da medicao tiveram perda de peso mdia de 1,090 kg (IC 95% 0,561 1,620)29(B).
Estudo randomizado, controlado e duplo cego, com 40 pacientes portadores de cncer de esfago, divididos em grupo controle (21 pacientes) e grupo tratamento (19 pacientes), recebendo decanoato de nandrolona por trs meses, avaliou o aumento de peso, apetite e a circunferncia de antebrao. No foi encontrada melhora em nenhum dos parmetros30(B), mas os autores sugerem que, em doses maiores, ou-tros benefcios poderiam ser alcanados.
Distinto estudo randomizado, com 475 pacientes portadores de caquexia ou anorexia ps-cncer (onde 311 completaram o estudo), recebendo dexametasona e megestrol ou fluoxy-mesterona, avaliou a melhora do apetite, sem observar melhora significativa em nenhum dos grupos31(B).
RecomendaesH indicao de uso teraputico dos ana-
bolizantes na sndrome de anorexia-caquexia em pacientes com cncer. O uso de megestrol (em doses variveis, geralmente, entre 160-480 mg, mas podendo chegar a 1600 mg) leva ao aumento do apetite, com RA = 3,86 (IC 95% 3,13-4,59), fornecendo NNT=3 (IC 95% 2-3) e aumento do peso com RA = 1,41 (IC 95% 0,88-1,94), fornecendo NNT = 7 (IC 95% 5-11)29(B). Esse benefcio na melhora do apetite e do peso confirmado tanto em pacientes com cncer quanto em portadores da sndrome da imunodeficincia adquirida32(B). No se pode esquecer que o acetato de megestrol apresenta taxa de trombose venosa profunda de at 5%31(B). H benefcio no uso de ana-bolizantes na sndrome de anorexia-caquexia em pacientes com cncer29,32(B). O acetato de megestrol (160-480 mg) leva ao aumento do apetite em uma pessoa a cada trs tratadas, assim
-
Exerccio em Pacientes Oncolgicos: Reabilitao 1515
Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira
como proporciona aumento do peso de uma a cada sete pessoas tratadas29(B). A melhor dose para aumento de peso de 240 mg, podendo aumentar o peso entre 200-870 gramas33(B). necessrio cuidado no seguimento desses pacientes, pelo risco aumentado de trombose venosa profunda31(B) e de outros efeitos cola-terais em mdio prazo ainda no identificados. Faltam estudos na anlise de decanoato de nandrolona, mas em doses altas, alguns relatos de caso sugerem haver benefcios, embora no se conheam os efeitos colaterais em mdio prazo. H controvrsias no uso de nadrolona para reduo da perda de peso em pacientes com cncer de pulmo, alguns trabalhos demonstram o possveis benefcios34(D), enquanto outros no35(B)36(D). H contraindicao ao uso de anabolizantes em pacientes portadores de cncer de prstata e cncer de mama37,38(D).
9. o uso dE um programa dE ExErccIos fsIcos aErbIcos EfIcaz para rEduzIr a InsufIcIncIa cardaca Em pacIEntEs com cncEr Em uso dE QuImIotErpIcos cardIotxIcos (antracIclInas, trastu-zumab, cIclofosfamIda)?
Estudo de coorte com 17 pacientes com cncer, em quimioterapia e uso de trastuzu-mab e com treino aerbico, 30 a 60 minutos dirios, trs vezes por semana, durante quatro meses, no observou diminuio da dilatao do ventrculo esquerdo, bem como reduo da frao de ejeo cardaca, associada ao uso do trastuzumab39(B).
Diferente estudo simples cego, controlado e randomizado, com grupo de 53 pacientes por-tadoras de cncer de mama, divididas em dois grupos (controle e em uso de exerccio aerbico,
trs vezes por semana, durante 15 semanas), sendo que 52 pacientes completaram o estudo, avaliou o consumo de oxignio. Esse estudo encontrou modificaes no pico de consumo de oxignio em teste ergoespiromtrico e tambm melhora na qua-lidade de vida em avaliao com a escala Functional Assessment of Cancer Therapy-Breast (FACT-B). Ambos os aspectos apresentaram correlao pelo teste de Pearson, demonstrando relao entre a qualidade de vida, funo cardiopulmonar e exer-ccio fsico21(A).
Distinto estudo controlado e randomizado incluiu 111 pacientes de 18 a 50 anos, em uso de quimioterapia e portadores de linfoma, cncer de mama, cncer ginecolgico ou de testculo, divididos em grupo controle ou submetidos a 30 minutos de treino aerbico supervisionado, duas vezes por semana, durante 14 semanas. Esse estudo avaliou aspectos da qualidade de vida com a European Organisation for Research and Treatment of Cancer Core Quality of Life Questionnaire C30 (EORTC QLQ-C30) e mu-danas no pico de consumo de VO2 (VO2 mx) em teste ergoespiromtrico. Encontrou modi-ficaes no pico de consumo de oxignio e no condicionamento cardiopulmonar. No entanto, no encontrou modificaes nos parmetros de qualidade de vida, talvez devido variabilidade da amostra utilizada22(A).
RecomendaesO incio da administrao do trastuzumab
associado dilatao de ventrculo esquerdo e diminuio da frao de ejeo a despeito do treino aerbico em pacientes com cncer39(B). Um treino aerbico supervisionado melhora de forma significante o condicionamento cardior-respiratrio de pacientes com cncer em uso de quimioterpicos21,22(A). Embora haja controvr-
-
Exerccio em Pacientes Oncolgicos: Reabilitao16
Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira
sia e poucos estudos na literatura, o uso de treino fsico aerbico pode melhorar o condicionamento cardiopulmonar de pacientes portadores de cn-cer e uso de quimioterapia, mesmo em relao a outros quimioterpicos cardiotxicos, desde que controlado, supervisionado e respeitando os limites clnicos de cada paciente.
10. a cInEsIotErapIa sEgura para pacIEn-tEs com plaQuEtopEnIa gravE (abaIxo dE 30.000) InduzIda por QuImIotEr-pIcos?
Um estudo com um grupo de 12 pacientes (sendo que oito completaram o estudo), com 25 a 66 anos, com problemas hematolgicos devido quimioterapia e com contagem de plaquetas >
20.000 sem utilizao de concentrado de pla-quetas ou com plaquetopenia abaixo de 10.000 com reposio, foram todos submetidos ao mesmo perodo de trs meses de treino aerbico, trs vezes por semana, por 15 a 30 minutos, teve como resultado que a contagem de plaquetas foi de 27.000, com mnimo de 8.000. Nenhum paciente apresentou sangramento com plaquetas acima de 10.00040(B).
RecomendaoTreino ergomtrico supervisionado pode ser
seguro em pacientes com cncer e plaquetopenia grave induzida por quimioterapia, em pacientes com acima de 10 mil plaquetas.
-
Exerccio em Pacientes Oncolgicos: Reabilitao 1717
Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira
rEfErncIas
1. Adamsen L, Quist M, Andersen C, Mller T, Herrstedt J, Kronborg D, et al. Effect of a multimodal high intensity exercise intervention in cancer patients undergoing chemotherapy: randomised controlled trial. BMJ 2009 ;339:b3410.
2. Cheville AL, Girardi J, Clark MM, Rum-mans TA, Pittelkow T, Brown P, et al. Therapeutic exercise during outpatient radiation therapy for advanced cancer: Fe-asibility and impact on physical well-being. Am J Phys Med Rehabil 2010;89:611-9.
3. Galvo DA, Taaffe DR, Spry N, Joseph D, Newton RU. Combined resistance and ae-robic exercise program reverses muscle loss in men undergoing androgen suppression therapy for prostate cancer without bone metastases: a randomized controlled trial. J Clin Oncol 2010;28:340-7.
4. Hwang JH, Chang HJ, Shim YH, Park WH, Park W, Huh SJ, et al. Effects of supervised exercise therapy in patients receiving radiotherapy for breast cancer.Yonsei Med J 2008;49:443-50.
5. Jarden M, Baadsgaard MT, Hovgaard DJ, Boesen E, Adamsen L. A randomized trial on the effect of a multimodal intervention on physical capacity, functional perfor-mance and quality of life in adult patients undergoing allogeneic SCT. Bone Marrow Transplant 2009;43:725-37.
6. Monga U, Garber SL, Thornby J, Vallbona C, Kerrigan AJ, Monga TN, et al. Exercise
prevents fatigue and improves quality of life in prostate cancer patients undergoing radiotherapy. Arch Phys Med Rehabil 2007;88:1416-22.
7. Segal RJ, Reid RD, Courneya KS, Malone SC, Parliament MB, Scott CG, et al. Re-sistance exercise in men receiving androgen deprivation therapy for prostate cancer. J Clin Oncol 2003;21:1653-9.
8. Segal RJ, Reid RD, Courneya KS, Sigal RJ, Kenny GP, Prud'Homme DG, et al. Randomized controlled trial of resistance or aerobic exercise in men receiving radiation therapy for prostate cancer. J Clin Oncol 2009;27:344-51.
9. Van Weert E, May AM, Korstjens I, Post WJ, van der Schans CP, van den Borne B, et al. Cancer-related fatigue and rehabilita-tion: a randomized controlled multicenter trial comparing physical training combined with cognitive-behavioral therapy with phy-sical training only and with no intervention. Phys Ther 2010;90:1413-25.
10. Dimeo FC, Thomas F, Raabe-Menssen C, Prpper F, Mathias M. Effect of aerobic exercise and relaxation training on fatigue and physical performance of cancer patients after surgery. A randomised controlled trial. Support Care Cancer 2004;12:774-9.
11. Courneya KS, Segal RJ, Mackey JR, Gelmon K, Reid RD, Friedenreich CM, et al. Effects of aerobic and resistance exercise in breast cancer patients receiving
-
Exerccio em Pacientes Oncolgicos: Reabilitao18
Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira
adjuvant chemotherapy: a multicenter randomized controlled trial. J Clin Oncol 2007;25:4396-404.
12. Klee M, Groenvold M, Machin D. Quality of life of Danish women: population-based norms of the EORTC QLQ-C30. Qual Life Res 1997;6:27-34.
13. Rogers LQ, Markwell SJ, Courneya KS, McAuley E, Verhulst S. Physical activity type and intensity among rural breast can-cer survivors: patterns and associations with fatigue and depressive symptoms. J Cancer Surviv. 2011;5:5461.
14. Schmitz KH, Holtzman J, Courneya KS, Msse LC, Duval S, Kane R. Con-trolled physical activity trials in cancer survivors: a systematic review and meta-analysis. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev 2005;14:1588-95.
15. Markes M, Brockow T, Resch KL. Exercise for women receiving adjuvant therapy for breast cancer. Cochrane Database Syst Rev 2006;(4):CD005001.
16. Rogers LQ, Markwell SJ, Courneya KS, McAuley E, Verhulst S. Physical activity type and intensity among rural breast can-cer survivors: patterns and associations with fatigue and depressive symptoms. J Cancer Surviv 2011;5:54-61.
17. Dodd MJ, Cho MH, Miaskowski C, Pain-ter PL, Paul SM, Cooper BA, et al. A randomized controlled trial of home-based exercise for cancer-related fatigue in wo-men during and after chemotherapy with
or without radiation therapy. Cancer Nurs 2010;33:245-57.
18. Mock V, Frangakis C, Davidson NE, Ropka ME, Pickett M, Poniatowski B, et al. Exercise manages fatigue during breast cancer treatment: a randomized controlled trial. Psychooncology 2005;14:464-77.
19. Shelton ML, Lee JQ, Morris GS, Massey PR, Kendall DG, Munsell MF, et al. A randomized control trial of a supervised versus a self-directed exercise program for allogeneic stem cell transplant patients. Psychooncology 2009;18:353-9.
20. Cheville AL, Girardi J, Clark MM, Rum-mans TA, Pittelkow T, Brown P, et al. Therapeutic exercise during outpatient radiation therapy for advanced cancer: Fe-asibility and impact on physical well-being. Am J Phys Med Rehabil 2010;89:611-9.
21. Courneya KS, Mackey JR, Bell GJ, Jones LW, Field CJ, Fairey AS. Randomized Controlled Trial of Exercise Training in Postmenopausal Breast Cancer Survivors: Cardiopulmonary and Quality of Life Ou-tcomes. J Clin Oncol 2003;21:1660-8.
22. Thorsen L, Skovlund E, Strmme SB, Hornslien K, Dahl AA, Foss SD. Effec-tiveness of Physical Activity on Cardiorespi-ratory Fitness and Health-Related Quality of Life in Young and Middle-Aged Cancer Patients Shortly After Chemotherapy J Clin Oncol 2005;23:2378-88.
23. Haines TP, Sinnamon P, Wetzig NG, Lehman M, Walpole E, Pratt T, et al.
-
Exerccio em Pacientes Oncolgicos: Reabilitao 1919
Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira
Multimodal exercise improves quality of life of women being treated for breast cancer, but at what cost? Randomized trial with economic evaluation. Breast Cancer Res Treat 2010;124:163-75.
24. Waltman NL, Twiss JJ, Ott CD, Gross GJ, Lindsey AM, Moore TE, et al. The effect of weight training on bone mineral density and bone turnover in postmenopausal breast cancer survivors with bone loss: a 24-month randomized controlled trial. Osteoporos Int 2010;21:13619.
25. Winters-Stone KM, Dobek J, Nail L, Ben-nett JA, Leo MC, Naik A, et al. Strength training stops bone loss and builds muscle in postmenopausal breast cancer survivors: a randomized, controlled trial Breast Can-cer Res Treat 2011;127:44756.
26. Swenson KK, Nissen MJ, Anderson E, Shapiro A, Schousboe J, Leach J. Effects of Exercise vs Bisphosphonates on Bone Mineral Density in Breast Cancer Patients Receiving Chemotherapy. J Supportive Oncology 2009;7:101-7.
27. Wiskemann J, Dreger P, Schwerdtferger R, Bondong A, Huber G, Kleindienst N, et al. Effects of a partly selfadministered exercise program before, during, and after allogenic stem cell transplantation. Blood 2011;117:2604-13.
28. Andersen A, Vinther A, Poulsen LL, Mellemgaard A. Do patients with lung cancer benefit from physical exercise? Acta Oncologica 2011;50:307-13.
29. Lesniak W, Baa M, Jaeschke R, Krzakowski M. Effects of megestrol acetate in patients with cancer anorexia-cachexia syndrome - a systematic review and meta-analysis. Pol Arch Med Wewn 2008;118:636-44.
30. Darnton SJ, Zgainski B, Grenier I, Allister K, Hiller L, McManus KG, et al. The use of an anabolic steroid (nandrolone deca-noate) to improve nutritional status after esophageal resection for carcinoma. Dis Esophagus 1999;12:283-8.
31. Loprinzi CL, Kugler JW, Sloan JA, Mailliard JA, Krook JE, Wilwerding MB, et al. Randomized comparison of megestrol acetate versus dexamethasone versus fluoxymesterone for the treatment of cancer anorexia/cachexia. J Clin Oncol 1999;17:3299-306.
32. Berenstein EG, Ortiz Z. Megestrol acetate for the treatment of anorexia-cachexia syndrome. Cochrane Database Syst Rev 2005;(2):CD004310.
33. Ruiz-Garca V, Juan O, Prez Hoyos S, Peir R, Ramn N, Rosero MA, et al. [Megestrol acetate: a systematic review use-fulness about the weight gain in neoplastic patients with cachexia]. Med Clin (Barc) 2002;119:166-70.
34. Chlebowski RT. Critical evaluation of the role of nutritional support with chemothe-rapy. Cancer 1985;55(1 Suppl):268-72.
35. Chlebowski RT, Herrold J, Ali I, Oktay E, Chlebowski JS, Ponce AT, Heber D, Block JB. Influence of nandrolone decanoate on
-
Exerccio em Pacientes Oncolgicos: Reabilitao20
Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira
weight loss in advanced non-small cell lung cancer. Cancer 1986;58:183-6.
36. Vansteenkiste JF, Simons JP, Wouters EF, Demedts MG. Hormonal treat-ment in advanced non-small cell lung cancer: fact or fiction? Eur Respir J 1996;9:1707-12.
37. Kopera H. Side effects of anabolic steroids and contraindications. Wien MedWochens-chr 1993;143:399-400.
38. Shahidi NT. A review of the chemistry, biological action, and clinical applications
of anabolic-androgenic steroids. Clin Ther 2001;23:1355-90.
39. Haykowsky MJ, Mackey JR, Thompson RB, Jones LW, Paterson DI. Adjuvant Tras-tuzumab Induces Ventricular Remodeling Despite Aerobic Exercise Training. Clin Cancer Res 2009;15:4963-7.
40. Elter M, Stipanov M, Heuser E, M von Bergwelt-Baildon, Bloch W, Hallek M, Bau-mann F. Is physical exercise possible in patients with critical cytopenia undergoing intensive chemotherapy for acute leukaemia or aggressive lymphoma? Int J Hematol 2009;90:199-204.