Exercício Escrito Individuo e Sociedade Perguntas e Respostas

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Departamento de Antropologia Universidade Federal de Santa Catarina INDIVÍDUO E SOCIEDADE – EXERCÍCIO ESCRITO Prof. Theophilos Rifiotis (Departamento de Antropologia) Lembrando que um exercício escrito é um momento de reflexão e sistematização do processo de aprendizagem, procure concentrar sua atenção e organize seu pensamento e responda cada um dos quesitos propostos abaixo. 1. Apresentando argumentos das leituras feitas e das discussões desenvolvidas em sala de aula, como você caracterizaria a relevância da temática “indivíduo- sociedade” para a pesquisa antropológica. Desenvolva um exemplo para ilustrar o seu argumento. - “Além disso, prossegue o autor, ao não investigar sistematicamente essa imagem, os antropólogos perderiam a capacidade de dar conta do modo pelo qual os grupos pensam as relações do homem com a natureza e as instituições sociais, abrindo as portas para a projeção de nossa própria noção de pessoa sobre as outras sociedades. Cometeríamos, assim, o pecado capital da disciplina, o etnocentrismo, aqui travestido de individualismo.” Página 84 de Goldman, onde ele destaca a visão de Cartry. Destaco este trecho, pois ilustra muito bem minha opinião, onde esta noção de individuo que tem uma imensa ligação com essa noção de sociedade em sua significância e em sua construção. Acredito ser muito importante ter esta noção de individuo e sociedade para se intender em que ambiente você habita, para entender como funcionam as pessoas ao seu redor, no caso a sociedade, e também ter essa noção de pessoa, para tanto entender como agir a partir de algo que a sociedade oferece, afinal com princípios diferentes dos propostos pela sociedade, o sujeito vai optar por adaptar-se ou não, e também pela questão de autoconhecimento, acredito que tendo esta noção de individuo ele consegue usa-la para entender-se e para agir,

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Básica respostas das minhas impressões dos respectivos textos:

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Departamento de Antropologia Universidade Federal de Santa Catarina

INDIVÍDUO E SOCIEDADE – EXERCÍCIO ESCRITO

Prof. Theophilos Rifiotis (Departamento de Antropologia)

Lembrando que um exercício escrito é um momento de reflexão e sistematização do processo de aprendizagem, procure concentrar sua atenção e organize seu pensamento e responda cada um dos quesitos propostos abaixo.

1. Apresentando argumentos das leituras feitas e das discussões desenvolvidas em sala de aula, como você caracterizaria a relevância da temática “indivíduo- sociedade” para a pesquisa antropológica. Desenvolva um exemplo para ilustrar o seu argumento.

- “Além disso, prossegue o autor, ao não investigar sistematicamente essa imagem, os antropólogos perderiam a capacidade de dar conta do modo pelo qual os grupos pensam as relações do homem com a natureza e as instituições sociais, abrindo as portas para a projeção de nossa própria noção de pessoa sobre as outras sociedades. Cometeríamos, assim, o pecado capital da disciplina, o etnocentrismo, aqui travestido de individualismo.” Página 84 de Goldman, onde ele destaca a visão de Cartry.Destaco este trecho, pois ilustra muito bem minha opinião, onde esta noção de individuo que tem uma imensa ligação com essa noção de sociedade em sua significância e em sua construção. Acredito ser muito importante ter esta noção de individuo e sociedade para se intender em que ambiente você habita, para entender como funcionam as pessoas ao seu redor, no caso a sociedade, e também ter essa noção de pessoa, para tanto entender como agir a partir de algo que a sociedade oferece, afinal com princípios diferentes dos propostos pela sociedade, o sujeito vai optar por adaptar-se ou não, e também pela questão de autoconhecimento, acredito que tendo esta noção de individuo ele consegue usa-la para entender-se e para agir, afinal, se eu sou mais pessoa que você, eu tenho mais direito a vida que você, então havendo a necessidade ou não, posso fazer o que bem entender com sua vida, pois sou mais pessoa que você. Destaco isso praticamente com alguns posicionamentos religiosos que se vê por ai, de pessoas matando as outras por sua opção de parceiros, por opção religiosa, ou a própria etnia das pessoas pode ser posta em questão. Um ótimo exemplo disso é o que a professora Viviane Vedana trouxe em sala na ultima terça-feira, sobre o posicionamento das pessoas que são a favor da “justiça com as próprias mãos”, algumas pessoas que são a favor desse posicionamento são seguidores da religião cristã, onde se tem como norte a bíblia que nela traz os dez mandamentos e que um deles diz “não matarás”, nesse viés de justiça com as próprias mão ignora-se este ponto e classifica aquela pessoa como uma não pessoa, ou cria entre linhas para este mandamento. Nisto tento demonstrar o quão importante é esta noção de pessoa e sociedade.

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2. Explique e discuta a seguinte passagem de "Uma Categoria do Pensamento Antropológico: A Noção de Pessoa" de Márcio Goldman:

"Por outro lado, se a análise de Mauss cumpre esse objetivo durkheimiano, num outro sentido, o texto parece escapar dos quadros mais rígidos da escola sociológica francesa. Sob a evolução quase linear da noção de pessoa, o que acaba sendo revelado é a variação das representações sociais em torno do indivíduo humano. É verdade que Mauss tem o cuidado de distinguir o sentimento, o conceito e a categoria de pessoa, fazendo da última um privilégio ocidental. De qualquer forma, a atenção na oscilação dos sentimentos e conceitos não deixa de constituir uma radicalização do projeto mais geral da sociologia durkheimiana. O texto apresenta, portanto, duas vertentes, que poderíamos denominar muito precariamente de evolutiva e de relativista. É difícil, contudo, deixar de concluir que, no espírito de Mauss, a primeira leva a melhor. Tudo se passa como se ele buscasse, através das incontestáveis variações a que a noção de pessoa está submetida ao longo da história e entre as sociedades, o caminho que teria conduzido ao pleno reconhecimento de uma essência dada confusamente desde o início - o que constitui, aliás, procedimento recorrente nas análises da escola sociológica francesa." (GOLDMAN, 1996, 86-87)

- A meu ver esta passagem procura dizer sobre o trabalho de Mauss que descreve a metodologia que Mauss utilizou, Goldman diz que Maus seguiu duas vertentes, a relativista e a evolucionista. Com a descrição que Mauss nos traz sobre cada grupo estudado e como todos tem semelhanças eu entendo o ponto de vista de Goldman no sentido evolucionista, e como Mauss nos traz relatos de “como era naquela época” como por exemplo de roma, acabo me sentindo na obrigação de concordar, ao ler o texto de Mauss, acabo percebendo ele caindo nesse viés evolucionista, como o próprio Goldman conta, Mauss também descreve bastante os sentimentos e as variações sociais, percebo como talvez uma tentativa de fugir dessa linha de raciocínio evolucionista, mas, ele acaba deixando muitas pistas que nos levam a essa questão. Mas, tentando olhar no ponto onde a noção de individuo é maleável, ela se altera, sem pensar que ela possa alterar para melhor ou pior, mas que ela se modifica, como o próprio Goldman diz neste mesmo trecho. Acabo tendo uma análise muito similar a de Goldman, pensando exatamente “duas vertentes, que poderíamos denominar muito precariamente de evolutiva e de relativista. É difícil, contudo, deixar de concluir que, no espírito de Mauss, a primeira leva a melhor.”, que eu acabo percebendo que Mauss não acredita na questão evolucionista, mas somente na questão de modificação, pelo menos a meu ver. Dou muito credito a Maus pela sua pesquisa, pelo seu trabalho que trouxe as pessoas a se questionarem e a pesquisarem sobre essas noções. (individuo-sociedade)

3. Explique e discuta a seguinte passagem de "Uma Categoria do Pensamento Antropológico: A Noção de Pessoa" de Márcio Goldman:

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"(…) se a "noção de pessoa" evidentemente varia de sociedade para sociedade, a noção desta noção não parece variar menos de antropólogo para antropólogo. Pessoa, personalidade, persona, máscara, papel, indivíduo, individualização, individualismo etc., são palavras empregadas ora como sinônimos ora como alternativas - ou ainda em oposição umas às outras. Isso provoca uma certa confusão terminológica que não tenho a menor pretensão de ser capaz de resolver, mas que vale a pena de toda forma tentar expor, uma vez que, como diz Paul Veyne (1978, p. 9), "a indiferença pelo debate sobre palavras se acompanha ordinariamente de uma confusão de ideias sobre a coisa." (GOLDMAN, 1996, 85)

- Compreendo essa passagem como uma instigada a futuros estudos de Goldman. Goldman tenta criar uma discussão, tenta dar visibilidade a essa questão ignorada por vezes, que muitos acreditam estar tudo certo e que não precisa se mexer. Sinto uma “pontadinha” de provocação da parte dele onde ele afirma que antropólogos por vezes se opõe em significados ou termos mas nunca descaradamente. Também vem exaltar a questão de multiplicidade de significados que Mauss nos traz, Goldman deixa mais uma vez claro o objetivo de Mauss na exposição de que essa noção de individuo é uma noção flutuante e inconstante, exposta a uma série de mudanças e influencias pelo decorrer dos tempos. Acho importante também exaltar a frase final deste trecho retirado do texto de Goldman, onde ele cita Paul Veyne que diz: “"a indiferença pelo debate sobre palavras se acompanha ordinariamente de uma confusão de ideias sobre a coisa.” E compreendo isso mais uma vez como uma provocação a tirar os pesquisadores de seu ponto de conforto e expor essa dificuldade que se perpetua sobre a noção o individuo. Exalto que o importante é discutir, tentar achar a solução e não simplesmente cruzar os braços e dizer que “não dá” ou que “já está dado”.

4. Em Do Kamo, M.Leenhardt apresenta uma noção de pessoa na qual a categoria “indivíduo” como a conhecemos não é pertinente. Explique a noção desenvolvida por M.Leenhardt contrastando com “indivíduo”.

- Ele nos traz a noção que não há um individuo mas sim uma entidade, algo sem corpo mas repleto de “títulos” ou traços, o homem se torna apenas um receptáculo e o que seria o individuo seria essa “entidade” de títulos que ele traz. Nos diz que nas relações os indivíduos não são os protagonistas, mas sim a própria relação. Como o individuo carrega diversos “títulos” (traços) ele tem uma relação diferente com cada pessoa, que entra no “jogo de relações”, onde para ser alguém é necessário outro alguém, pois quem diz quem “eu” sou é a relação que tem com a pessoa que esta comigo que vai dizer. Ele nos diz que a posição “a” (por exemplo de jovem), é ocupada por diversos irmãos e irmãs. Ele diz que todos representam os mesmos personagens e que ao mesmo tempo eles são o mesmo personagem. Ele também explica que os próprios nativos não conseguem entender nem assumir essa posição de “eu”. E também nos traz que há situações que um membro é expulso e com isso ele é proibido de se comunicar com os outros,

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e por consequência ele perde sua “identidade” ele fica sem saber quem ele é no mundo, no todo (destaco que este individuo expulso também perde seus “títulos” o que colabora com o “quem sou?”.

Discuta a noção de pessoa a partir das seguintes passagens de Do Kamo(páginas 153-154):

5. "Vale decir que la idea de muerte no existe. No se muere en Melanesia, sino que, para usar una expresión popular francesa muy justa y que se acerca al pensamiento melanesio, 'on défunte'." (p. 55)

- Utilizando da noção de pessoa disposta a partir das páginas 153-154, entendo que a noção de morte não se dá da mesma maneira que a nossa pelo fato de não haver um individuo, para tanto é como se não morressem, mas não como se não houvesse o “evento” morte, mas sim como se o “espírito” se perpetua-se. Com essa noção de um individuo sendo um “todo”, fazendo parte do todo, mas, sem de fato essa noção de individuo, de individualidade, do “eu”. Isso devido as relações serem o que definem quem o individuo é. E como por exemplo há uma representação de posições, a posição “x” vários membros ocupam, e para eles, esta posição seria o individuo, se uma das pessoas morre, não fará diferença, e ainda, o individuo que morreu perde sua relação com os outros, por consequência, creio eu, que ele também perde sua identidade, isso tudo explicando sinteticamente. Como a morte deste individuo não afeta a sociedade, é como se essa morte não existisse.

6. "Esta escena dolorosa me dio la explicación de esos desconcertantes suicidios de mujeres jóvenes, cubiertas con los más ricos atuendos: la esposa ultrajada se destruye para entrar en la vida incorpórea donde tendrá el don de la ubicuidad. Sus adornos, el polvo negro de los guerreros, son los símbolos rituales que establecen la unión con los antepasados invisibles, son la carta de crédito que situará y respaldará a la difunta en el otro mundo, donde tendrá el don de la ubicuidad y muchas otras facilidades de acción. La esposa engañada se arroja confiada en el más allá para liberarse así de las limitaciones terrestres, para poder acosar al marido con su venganza y mantenerlo en el temor. Se mata para convertirse en una Erinnia. Y no deja de haber en esto un salvaje refinamiento." (p.56)

Nota: Na mitologia grega, Erigia refere-se a personificações da vingança.

- Essa questão de acabar com a própria vida para que seu traidor exposto para todos em minha concepção como espírita é muito confusa, afinal acreditar na vida após a morte é principio básico, mas, ao mesmo tempo acabar com a própria vida é algo que vai contra essa crença, pois é como se a pessoa estivesse tentando fugir das provas e aprendizados que teria nesta vida. Minha concepção como pesquisador acabo penando que pela cultura social que ele tem, acaba fazendo um certo sentido, afinal para eles é comum essa ação para expor a situação de traição. Acabo pensando mais uma vez no sentido que a morte tem para eles. Onde se um individuo morre ele não é notado, sendo que nessa situação sua morte significa algo, onde a relação da morte entra em relação com os vivos, onde eles entendem o significado que aquela mulher daquele cara cometendo suicídio, significa que ele traiu ela. Aqui

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até consigo ver uma certa noção de pessoa, entendo que (claro que pelo conexto) nota-se a “falta” daquele ser. O significado disso, no caso, as relações a partir disso, ainda se dão com o “marido”, mas, partiu da morte de alguém, que até onde compreendi, quando alguém morre deixa de existir, deixa de ter significado e ser considerado, e inclusive perde sua identidade, mas, aqui, consigo compreender essa linha tênue de uma “comunicação” com um morto, onde sua morte “conta” aos vivos algo feito pelo seu marido, acredito que talvez ai que esta o “Erinnia” que a vingança da pessoa morta seria “contar” que foi traída.

7. "El kamo mismo no está mejor delimitado ante sus propios ojos. Ignora su cuerpo, que no es más que un soporte. Sólo se conoce por la relación que mantiene con los otros. Existe únicamente en la medida en que ejerce su función en el juego de sus relaciones. No se sitúa sino por relación a ellas. Si se quiere indicar en un esquema, no sería un punto al que habría que señalar con ego, sino trazos diversos que marcaran relaciones, ab, ac, ad, ae, af, etc.(fig. 11). Cada trazo correspondería a él y su padre, él y su tío, él y su mujer, él y su prima, él y su clan, etc. Y en el centro de estos rayos un vacío que se puede circunscribir con las a que marcan el punto de partida de las relaciones. Estas a son réplicas de su cuerpo. El lugar vacío es él y él es quien tiene un nombre."

- Compreendo este trecho como o ponto principal da explicação de relações para os melanésios, aqui entendo que não há individuo, o individuo é formado pelas relações que se tem com o outro individuo, que (vide figura 11 do texto) não há um “a” central, mas vários “a”s, é um tanto complicado para nossa cultura ocidental de compreender isso sem colocar um “a” gigante e central, (algo comentado pelo professor em sala). Assim como o explicado em aula, o “a” não é o individuo, mas sim a relação se torna o individuo. Outra passagem que pode ser destacada para tornar isso muito claro é: “Jamás se encuentra un joven solo, sino siempre grupos de “Hermanos”... en las aventuras galantes temen estar solos, y la cita se concreta entre dos o tres mujeres y dos o tres hombres.” Compreendo aqui, que eles temem estarem sozinhos justamente por essa questão de individualidade, estando sozinho não se é ninguém. Ele também conta que “En realidad, en estos grupos representan todos el mismo personaje, son el mismo personaje.” Que isto também ajuda a ter uma noção de

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como funciona esse jogo de relações trobiandezas. Onde não se tem o individuo “criança” mas o grupo tem o status de “criança”, entendo que se uma morre ela perderá seu “status” por tanto sua identidade, pois ela não estará mais em relação com ninguém.

8. "Para comprender lo que escribo aquí, es necesario tener ante la vista el paisaje social de Melanesia. Jamás se encuentra un joven solo, sino siempre grupos de «hermanos» que forman bloque y mantienen juntos, y en bloque, las mismas relaciones con los otros grupos. Aun en las aventuras galantes temen estar solos, y la cita se concreta entre dos o tres mujeres y dos o tres hombres. Pensemos en los encuentros de los jóvenes y jovencitas en las islas Trobriand y en la choza para la juventud.) En realidad, en estos grupos representan todos el mismo personaje, son el mismo personaje. Es sugestivo comprobar en las lenguas actuales la existencia de nombres que designan un individuo y son términos colectivos: pamara: el sobrino uterino, se enuncia como plural.

- Entendo este trecho como um complemento do trecho anterior, para me aprofundar nessa questão e torna-la (ou tentar) mais clara, a questão do individuo, sua individualidade e seu “eu”, trago uma passagem da pag 155, onde ele nos traz o seguinte: “El adagio «el nombre es la persona» no conviene al personaje. pues éstetiene relaciones complejas. Como se indica en la figura anterior, las a repetidaspueden ser el cuerpo del personaje o el de sus semejantes. En cada unade las posiciones de a. el personaje reviste un aspecto diferente que reclamaun nuevo nombre o sobrenombre. No existe nombre alguno que pueda abarcarlopor completo.” Que neste pedaço conta como funciona a questão de nomear um individuo do “clã”, aqui nos informa que não há nome nem sobrenome para ninguém, existe sim algo que prefiro chamar de “titulo” onde se é algo flutuante e que muda conforme a relação que se estabelece no momento, o auto em seguida a esse trecho que destaquei acima, nos traz o exemplo do “chefe da tribo” que ele mesmo tendo uma posição importante (para nossa cultura ocidental) acaba sendo difícil de entender como esse “ser” não tem um nome fixo, pois ele é importante, diferente superior... Só que para eles, ele é nem é “ele”, o chefe é uma representação inclusive de seus antepassados, volto a endossar que além de ser um tanto quanto complicado de entender, é ainda um pouco mais de explicar. Este chefe representa seus antepassados, representa um poder místico sobrenatural, representa ser o mais velho, e o mais novo, representa ser pai, vô, irmão... Essas relações, onde o irmão dele entra em contato com ele, ele se torna a “pessoa irmão”, quando alguém mais velho que o chefe entra em contato com ele, ele vira o “mais novo”. Este jogo flutuante de constante relações e a identificação de seus personagens se na no ato da relação, realmente quem identifica o individuo, é a relação que se estabeleceu naquele momento. Por isso Leenhardt nos traz a figura 12, onde o “a” flutua para “a”s diferentes conforme a relação estabelecia no momento.

9. "Se concibe entonces que en nuestro esquema podamos marcar diversas a y denominarlas réplicas del cuerpo del personaje al que aludimos. Si no puedo desposar a Kapo que está en a, tomaré su hermana segunda Hiké, que está también en a. Y noto que a no corresponde a un cuerpo humano único, sino a

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todos los cuerpos de hermanos y hermanas en la misma posición social. El cuerpo a, en efecto, es relativamente intercambiable;,a representa un grupo de gente semejante cuya realidad social no está en el cuerpo sino en ese lugar vacío en el que tienen su nombre, que corresponde a su relación (el nombre de cada niño es un término de posición: Kapo, Tiano = la infanta, etcétera)."

- Então este sentido de múltiplos corpos se entende como sendo o mesmo individuo, mas, interpretando as multifacetas que são solicitadas conforme a elação estabelecida no momento. Exalto mais uma vez que o sentido de individuo se solidifica na relação, que a relação que é o individuo, e ao mesmo tempo, que mostra quem é quem nesta relação. Ao mesmo tempo este “nome” (ou sentido de nome) também é flutuante, é uma mascara, como diria Mauss sobre os romanos, onde se traz uma interpretação e não uma real noção de individuo, onde um ser não é nada além de algo vazio, mas o que lhe preenche, é sua relação com o próximo. Destaco isso principalmente em questão do “chefe” que ele é um exemplo ótimo, um ser com uma posição de destaque, e que nos traz um “saco vazio” onde se não tiver relação com outro, não passa de um individuo sem nada, sem nome, personalidade, posição social. Outro ponto que pode ser ligado aqui é essa noção destacada na paguina 155 que nos traz “Si acaso alguien ha sido maldecido por un tío uterino encolerizado, es expulsado de la sociedade, se siente «en perdición». Obligado a huir, no existe ya ninguna relación a través de la cual pueda volver a encontrarse a sí mismo. Su palabra misma no manifiesta su ser, puesto que este ser no tiene correspondiente en la sociedad y ya no responde a ningún personaje reconocido; sufre por haber perdido su papel, en el que se sentía precisamente un personaje; ya no existe socialmente. Y como no se siente otra cosa que un ser social, sufre por no serlo. Es necesario que pueda ser nombrado; es necesario que represente un papel y tenga un nombre. Es el precio de su existencia.” Neste trecho magnifico e muito explicativo, ele traz toda essa necessidade da ralação com o outro pra o individuo ser alguém, e inclusive ter personalidade. Aqui nota-se que mesmo tendo esse sentido de “múltiplos corpos” nos é dado também a noção de necessidade do outro, afinal, mesmo tendo essa (brincarei com o termo) múltiplas personalidades, notamos que elas são totalmente dependentes de um outro, de alguém para comunicar-se, para definir, qual personalidade ser. Pois mesmo tendo esse “todo” em um individuo só, esse individuo é vazio. Trazendo isso para a nossa realidade vemos ai pessoas que para se encaixar em grupos, adotam certos posicionamentos, pensamentos, “gírias”, modos de agir e de se vestir, isso que esta pessoas age assim em todos os diversos grupos que frequenta, assim, colocando esse termo de pessoa vazia, ela é a representação disso em nossa sociedade, onde se tirar todos esses significados, essas mascaras, não se há nada no interior, não há personalidade, individualidade. É a perfeita relação entre nossa cultura e a melanésia.