Exercícios – O Cortiço

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  • 8/10/2019 Exerccios O Cortio

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    7. (UNIFESP-SP) correto afirmar que em e nas suascoxas as coxas dela o emprego de dela justifica-se pelofato dea) evitar uma ambiguidade e uma redao confusa, casousasse suas em seu lugar.b) exprimir valor possessivo, o que no aconteceria com oemprego do pronome suas.c) ser uma forma culta, ao contrrio do pronome suas.d) essa forma ser a nica possvel, uma vez que esse termo complemento do verbo.

    e) pretender-se evitar o valor possessivo, o que aconteceriacom o emprego de suas.Passaram-se semanas. Jernimo tomava agora, todasas manhs, uma xcara de caf bem grosso, moda daRitinha, e tragava dois dedos de parati pra cortar afriagem.Uma transformao, lenta e profunda, operava-se nele,dia a dia, hora a hora, reviscerando-lhe o corpo e alando-lheos sentidos, num trabalho misterioso e surdo de crislida. Asua energia afrouxava lentamente: fazia-se contemplativo eamoroso. A vida americana e a natureza do Brasilpatenteavam-lhe agora aspectos imprevistos e sedutoresque o comoviam; esquecia-se dos seus primitivos sonhos deambio, para idealizar felicidades novas, picantes e

    violentas; tornava-se liberal, imprevidente e franco, maisamigo de gastar que de guardar; adquiria desejos, tomavagosto aos prazeres, e volvia-se preguioso, resignando-se,vencido, s imposies do sol e do calor, muralha de fogocom que o esprito eternamente revoltado do ltimo tamoioentrincheirou a ptria contra os conquistadores aventureiros.E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos osseus hbitos singelos de aldeo portugus: e Jernimoabrasileirou-se. (...)E o curioso que, quanto mais ia ele caindo nos usos ecostumes brasileiros, tanto mais os seus sentidos seapuravam, posto que em detrimento das suas foras fsicas.Tinha agora o ouvido menos grosseiro para a msica,compreendia at as intenes poticas dos sertanejos,

    quando cantam viola os seus amores infelizes; seus olhos,dantes s voltados para a esperana de tornar terra,agora, como os olhos de um marujo, que se habituaram aoslargos horizontes de cu e mar, j se no revoltavam com aturbulenta luz, selvagem e alegre, do Brasil, e abriam-seamplamente defronte dos maravilhosos despenhadeirosilimitados e das cordilheiras sem fim, donde, de espao aespao, surge um monarca gigante, que o sol veste de ouroe ricas pedrarias refulgentes e as nuvens toucam de alvosturbantes de cambraia, num luxo oriental de arbicosprncipes voluptuosos. (Alusio Azevedo, O cortio.)

    8. (FUVEST-SP) Considere as seguintes afirmaes,relacionadas ao excerto de O cortio:I. O sol, que, no texto, se associa fortemente ao Brasil e

    ptria, um smbolo que percorre o livro comomanifestao da natureza tropical e, em certas passagens,representa o princpio masculino da fertilidade.II. A viso do Brasil expressa no texto manifesta aambiguidade dointelectual brasileiro da poca em que a obra foi escrita, oqual acatava e rejeitava a sua terra, dela se orgulhava eenvergonhava, nela confiava e dela desesperava.III. O narrador aceita a viso extico-romntica de umanatureza (brasileira) poderosa e transformadora,reinterpretando-a em chave naturalista.Aplica-se ao texto o que se afirma ema) I, somente.b) II, somente.

    c) II e III, somente.d) I e III, somente.e) I, II e III.

    9. (FUVEST-SP) Ao comparar Jernimo com umacrislida, o narrador alude, em linguagem literria, afenmenos do desenvolvimento da borboleta, por meio dasseguintes expresses do texto:I. transformao, lenta e profunda;II. reviscerando;III. alando;IV. trabalho misterioso e surdo.Tais fenmenos esto corretamente indicados em

    a) I, apenas.b) I e II, apenas.c) III e IV, apenas.d) II, III e IV, apenas.e) I, II, III e IV.

    10. (FUVEST-SP) Os costumes a que adere Jernimo emsua transformao, relatada no excerto, tm comoreferncia, na poca em que se passa a histria, o modo devidaa) dos degredados portugueses enviados ao Brasil sem acompanhia da famlia.b) dos escravos domsticos, na regio urbana da Corte,durante o Segundo Reinado.

    c) das elites produtoras de caf, nas fazendas opulentas doVale do Paraba fluminense.d) dos homens livres pobres, particularmente em regiourbana.e) dos negros quilombolas, homiziados em refgios isoladose anrquicos.

    11. (FUVEST-SP) Um trao cultural que decorre dapresena da escravido no Brasil e que est implcito nasconsideraes do narrador do excerto aa) desvalorizao da mestiagem brasileira.b) promoo da msica e emblema da nao.c) desconsiderao do valor do trabalho.d) crena na existncia de um carter nacional brasileiro.

    e) tendncia ao antilusitanismo.12. (FUVEST-SP) No trecho dos maravilhososdespenhadeiros ilimitados e das cordilheiras sem fim,donde, de espao a espao, surge um monarca gigante, onarrador tem como refernciaa) a Chapada dos Guimares, anteriormente coberta porvegetao de cerrado.b) os desfiladeiros de Itaimbezinho, outrora revestidos porexuberante floresta tropical.c) a Chapada Diamantina, ento coberta por florestas dearaucrias.d) a Serra do Mar, que abrigava originalmente a densa MataAtlntica.e) a Serra da Borborema, caracterizada, no passado, pela

    vegetao da caatinga.

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    13. (FMABC-SP) Indique, nas alternativas seguintes, aque apresenta a descrio do cortio, caracterizado comohabitao coletiva em que as marcas do humano e as doanimal se identificam.a) E naquela terra encharcada e fumegante, naquelaumidade quente e lodosa, comeou a minhocar, aesfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, umagerao, que parecia brotar espontnea, ali mesmo,daquele lameiro, e multiplicar-se como larvas no esterco.b) Hoje quatro braas de terra, amanh seis, depois mais

    outras, ia o vendeiro conquistando todo o terreno queestendia pelos fundos da sua bodega; e, proporo que oconquistava, reproduziam-se os quartos e o nmero demoradores.c) Sentia-se naquela fermentao sangunea, naquela gulaviosa de plantas rasteiras que mergulham os ps vigorososna lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir,a triunfante satisfao de respirar sobre a terra.d) A roupa lavada, que ficara de vspera nos coradouros,umedecia o ar e punha-lhe um farto acre de sabo ordinrio.As pedras do cho, esbranquiadas no lugar da lavagem eem alguns pontos azulados pelo anil, mostravam umapalidez grisalha e triste, feita de acumulaes de espumassecas.

    e) Da a pouco, em volta das bicas era um zum-zumcrescente; uma aglomerao tumultuosa de machos efmeas. Uns aps outros, lavavam a cara, incomodamente,debaixo do fio de gua que escorria da altura de uns cincopalmos. O cho inundava-se. As mulheres precisavam jprender as saias entre as coxas para no as molhar; via-se-lhe a tostada nudez dos braos e do pescoo, que elasdespiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco;os homens, esses no se preocupavam em no molhar opelo, ao contrrio metiam a cabea bem debaixo da gua eesfregavam com fora as ventas e as barbas, fossando efugando contra as palmas da mo.

    RESPOSTAS:1)A 2)C 3)C 4)A 5)B 6)C7)A 8)E 9)E 10)D 11)C 12)D 13)E

    Dissertativos

    1. (Fuvest-SP) Considere o seguinte excerto de O Cortio,de Alusio Azevedo, e responda ao que se pede.(...) desde que Jernimo propendeu para ela, fascinando-acom a sua tranquila seriedade de animal bom e forte, osangue da mestia reclamou os seus direitos de apurao, eRita preferiu no europeu o macho de raa superior. Ocavouqueiro, pelo seu lado, cedendo s imposiesmesolgicas, enfarava a esposa, sua congnere, e queria amulata, porque a mulata era o prazer, a volpia, era o frutodourado e acre destes sertes americanos, onde a alma deJernimo aprendeu lascvias de macaco e onde seu corpoporejou o cheiro sensual dos bodes. Tendo em vista asorientaes doutrinrias que predominam na composio deO Cortio, identifique e explique aquela que semanifesta no trecho a e a que se manifesta no trecho b, aseguir:a) o sangue da mestia reclamou os seus direitos deapurao;b) cedendo s imposies mesolgicas.

    1.RESOLUO:a) do Naturalismo a concepo de que o comportamentohumano obedece ao determinismo de raa, ou seja,gentico, como se demonstraria na propenso da mestia,

    determinada por seu sangue, para o macho de raasuperior.

    b) As imposies mesolgicas representam odeterminismo do meio, ou seja, do ambiente, fsico e social,sobre o comportamento humano.

    2. (UNICAMP-SP) Leia o seguinte comentrio a respeitode O Cortio, de Alusio Azevedo.Com efeito, o que h nO Cortio so formas primitivas deamealhamento1, a partir de muito pouco ou quase nada,exigindo uma espcie de rigoroso ascetismo inicial e aaceitao de modalidades diretas e brutais de explorao,

    incluindo o furto (...) como forma de ganho e atransformao da mulher escrava em companheira-mquina.(...) Alusio foi, salvo erro meu, o primeiro dos nossosromancistas a descrever minuciosamente o mecanismo deformao da riqueza individual. (...) NO Cortio [o dinheiro]se torna implicitamente objeto central da narrativa, cujoritmo acaba se ajustando ao ritmo da sua acumulao,tomada pela primeira vez no Brasil como eixoda composio ficcional.

    1 Amealhar: acumular (riqueza), juntar (dinheiro) aos poucos.(MELLO E SOUZA, Antonio Candido de.De Cortio em Cortio. In: O Dicurso e a Cidade.

    So Paulo: Duas Cidades, 1993, p. 129-30.)

    a) Explique a que se referem o rigoroso ascetismo inicialda personagem em questo e as modalidades diretas ebrutais de explorao que ela emprega.b) Identifique a mulher escrava e o modo como se d suatransformao em companheira-mquina.

    2.RESOLUO:a) O ascetismo a que se refere Antonio Candido o esforoaustero de acmulo de dinheiro a que Joo Romo seentrega, deixando de lado veleidades de prazer, conforto ebem-estar.Em seu af de enriquecimento, ele chegou a dormir nomesmo balco em que atendia clientes, comia os pioreslegumes de sua horta para vender os melhores, no sepreocupava com vesturio, aparncia e amenidades davida. Essa febre de acumular, como diz o narrador doromance, determinar no dono do cortio umcomportamento brutal de explorao da massa animalizadados moradores da estalagem. Tal atitude se mostrar maiscruel em trs momentos: quando rouba a garrafa cheia dedinheiro do velho Librio, quando lucra com a indenizaodo seguro por causa do incndio que prejudicouimensamente os inquilinos e, o mais extremo, quandoengana Bertoleza, usurpando suas economias, e mais tardea descarta sem remorso em nome de um casamento deconvenincia com Zulmira.b) A mulher escrava Bertoleza, que se torna

    companheiramquina ao viver como amante de JooRomo e como instrumento das vontades do vendeiro, jque ela no s trabalha durante o dia na venda, como sai noite com o patro para roubar materiais de construo.

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    3. (Fuvest-SP-adaptada)Gente que mamou leite romntico pode meter o dente norosbife1naturalista; mas em lhe cheirando a teta gtica eoriental, deixa logo o melhor pedao de carne para correr bebida da infncia.Oh! Meu doce leite romntico!(Machado de Assis, Crnicas)1- Rosbife: tipo de assado ou fritura de alcatra ou filbovinos, bem tostado externamente e sangrante na partecentral, servido em fatias.

    A imagem do rosbife naturalista empregada, com humor,por Machado de Assis, para evocar determinadascaractersticas doNaturalismo poderia ser utilizada tambm para se referir acertos aspectos do romance O Cortio? Justifique suaresposta.

    3.RESOLUO:O cortio, como de esperar de uma obra naturalista,apresenta preocupao de exibir, sem eufemismo, rodeio oucensura, os aspectos mais degradantes do ser humano, oque compatvel com a imagem do rosbife, que sangrento. Eram cinco horas da manh e o cortioacordava, abrindo, no os olhos, mas a sua infinidade de

    portas e janelas alinhadas.Um acordar alegre e farto de quem dormiu de umaassentada sete horas de chumbo. Como que se sentiamainda na indolncia1de neblina as derradeiras notas daultima guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se luzloura e tenra2da aurora, que nem um suspiro de saudadeperdido em terra alheia.A roupa lavada, que ficara de vspera nos coradouros3,umedecia o ar e punha-lhe um farto acre4de saboordinrio.As pedras do cho, esbranquiadas no lugar da lavagem eem alguns pontos azuladas pelo anil, mostravam umapalidez grisalha e triste, feita de acumulaes de espumassecas.

    Entretanto, das portas surgiam cabeas congestionadasde sono; ouviam-se amplos bocejos, fortes como omarulhar5das ondas; pigarreava-se grosso por toda a parte;comeavam as xcaras a tilintar; o cheiro quente do cafaquecia, suplantando todos os outros; trocavam-se dejanela para janela as primeiras palavras, os bons-dias;reatavam-se conversas interrompidas noite; a pequenadac fora traquinava j, e l dentro das casas vinham chorosabafados de crianas que ainda no andam. No confusorumor que se formava, destacavam-se risos, sons de vozesque altercavam6, sem se saber onde, grasnar de marrecos,cantar de galos, cacarejar de galinhas. De alguns quartossaiam mulheres que vinham pendurar c fora, na parede, agaiola do papagaio, e os louros, semelhana dos donos,cumprimentavam-se ruidosamente, espanejando-se7 luz

    nova do dia. (Alusio Azevedo, O Cortio, cap. III)1 Indolncia: preguia. 2 Tenro: brando. 3 Coradouro:lugar onde se pe roupa a corar ao Sol. 4 Farto acre:cheiro cido. 5 Marulhar: agitar. 6 Altercar: debater. 7 Espanejarse: sacudir-se.

    4.Eram cinco horas da manh e o cortio acordava,abrindo, no os olhos, mas a sua infinidade de portas ejanelas alinhadas.Que figura de linguagem foi empregada no trecho acima?Explique.

    4.RESOLUO:Prosopopeia (personificao, pois foram atribudas a um ser

    inanimado (o cortio) caractersticas de um ser animado (aao de acordar, abrir os olhos)..

    5.No confuso rumor que se formava, destacavam-se risos,sons de vozes que altercavam, sem e saber onde, grasnarde marrecos, cantar de galos, cacarejar de galinhas.Grasnar e cacarejar so palavras de sonoridade expressiva,chamadas onomatopeias. Por qu?

    5.RESOLUO:Essas palavras so chamadas onomatopeias porque seussons imitam ou sugerem os sons reais que representam.Uma aluvio de cenas, que ela [Pombinha] jamais tentara

    explicar e que at ali jaziam esquecidas nos meandros doseu passado, apresentavam-se agora ntidas etransparentes. Compreendeu como era que certos velhosrespeitveis, cuja fotografia Lonie lhe mostrou no dia quepassaram juntas, deixavam-se vilmente cavalgarpela loureira, cativos e submissos, pagando a escravidocom a honra, os bens, e at com a prpria vida, se aprostituta, depois de os ter esgotado, fechava-lhes o corpo.E continuou a sorrir, desvanecida na sua superioridadesobre esse outro sexo, vaidoso e fanfarro, que se julgavasenhor e que, no entanto, fora posto no mundosimplesmente para servir ao feminino; escravo ridculo que,para gozar um pouco, precisava tirar da sua mesma iluso asubstncia do seu gozo; ao passo que a mulher, a senhora,

    a dona dele, ia tranquilamente desfrutando o seu imprio,endeusada e querida, prodigalizando martrios, que osmiserveis aceitavam contritos, a beijar os ps que osdeprimiam e as implacveis mos que os estrangulavam. Ah! homens! homens! ... sussurrou ela de envolta comum suspiro. (Alusio Azevedo, O Cortio, cap. III).

    6. (UNIFESP-SP modificado) No texto, os pensamentosda personagema) recuperam o princpio da prosa naturalista, que condenaos assuntos repulsivos e bestiais sem amparo em teoriascientficas ligados ao homem, que pe em primeiro planoseus instintos animalescos.b) elucidam o princpio do determinismo presente na prosa

    naturalista, revelando os homens e as mulheres conscientesdos seus instintos em funo do meio em que vivem e,sobretudo, capazes de control-los.c) trazem uma crtica aos aspectos animalescos prpriosdos homens, mas, por outro lado, revelam uma forma dePombinha submeter-se a muitos deles para obtervantagens: eis a um princpio do Realismo rechaado noNaturalismo.d) constroem uma viso de mundo e o do homemidealizada, o que, em certa medida, afronta o referencial emque se baseia a prosa naturalista, que define o homemcomo fruto do meio, marcado pelo apelo dos seus sentidos.e) consubstanciam a concepo naturalista de que ohomem um animal, preso aos instintos, e, no que dizrespeito sexualidade, v-se que Pombinha considera a

    mulher superior ao homem; para ela, ter conscincia dessasuperioridade uma forma de obter vantagens.

    6.RESOLUO:A alternativa e interpreta corretamente os pensamentos dapersonagem Pombinha, que reconhece no sexo uma foradegradante, como o prprio do Naturalismo, capaz desubjugar velhos respeitveis.Resposta: E

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    7. Ao apresentar Botelho, escreve o autor:E agora, coitado, j velho, comido de desiluses, cheio dehemorroidas, via-se totalmente sem recursos e vegetava sombra do Miranda...H, nesse trecho, dois traos de estilo que so muitofrequentes nos escritores naturalistas: a associao dopsicolgico (ou emocional) com o fsico (ou material) e orecurso a notaes consideradas baixas, notaes devileza, de degradao ou de algo indecoroso. Exemplifiqueesses dois traos de estilo com elementos da frase citada.

    7.RESOLUO:Associao de emocional com fsico: comido de desiluses,cheio de hemorroidas. Notao baixa: cheio dehemorroidas.

    8.De incio, pode notar-se um grande contraste entre a vidado sobrado de Miranda e a do cortio: os habitantes doprimeiro vivem isolados, fechados em si e seus interessesindividualistas; ao contrrio, os habitantes do cortioparecem viver de forma intensamente comunitria,participando uns das vidas dos outros.Exemplifique esse contraste entre os dois estilos de vida.

    8.RESOLUO:Na casa de Miranda, nem os interesses do marido e damulher parecem ser partilhados, pois o casal se detesta eum no participa da vida do outro. O mesmo pode-se dizerrelativamente filha, Zulmira, ao parasita Botelho e aohspede Henriquinho, todos fechados em seus mundosindividuais. No cortio, a prpria precariedade faz que aspessoas tenham uma vida mais partilhada; assim, asmulheres trabalham juntas, numa atividadecomum e num local comum, e conversam sobre o que sepassa com os vizinhos; os homens comem reunidos noestabelecimento de Joo Romo.

    9.Meio-dia em ponto. O sol estava a pino; tudo reverberava

    luz irreconcilivel de dezembro, num dia sem nuvens. Apedreira, em que ela batia de chapa em cima, cegavaolhada de frente. Era preciso martirizar a vista paradescobrir as nuanas da pedra...No trecho acima, que inicia uma das descries muitoprecisas que se encontram em O Cortio, o autor utilizouduas fortes metforas: o adjetivo irreconcilivel e o verbomartirizar. Comente essas metforas, explicando seu efeitodescritivo.9.RESOLUO:Irreconcilivel um adjetivo que atribui luz uma qualidadedura, agressiva, muito prpria de um dia de sol forte no Riode Janeiro, em pleno meio-dia. A expresso martirizar avista uma hiprbole (exagero) que, metaforicamente,sugere quanto o brilho refletido pela pedra era intenso, de

    forma a ser necessrio forar muito, como que torturar,martirizar os olhos para poder distinguir alguma diferenanaquele bloco de pedra. Essas duas metforas personificamseres inanimados (por isso so chamadas prosopopeias) e,com isso, tornam muito viva a descrio.

    10.Por que o narrador diz que Pombinha ia acumulando noseu corao de donzela toda a smula daquelas paixes edaqueles ressentimentos, s vezes mais ftidos do que aevaporao de um lameiro em dias de grande calor?

    10.RESOLUO:Porque Pombinha, embora fosse uma jovenzinha inocente,conhecia os mais ntimos sentimentos os amores, os

    dios, ostemores de muitos moradores do cortio, que,sendo analfabetos, ditavam a ela as cartas que queriamenviar a seus entes queridos.