exercicios+20.09

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ANÁLISE FUNCIONAL EXERCÍCIOS DE ANÁLISE DE CASOS CASO 1: História da Dona Raquel (Análise de Caso: controle aversivo. Extraído de Lombard-Platet, Watanabe, O.M. e Cassetari, L. Psicologia Experimental. 3. ed. São Paulo: Edicon). CASO CLÍNICO DE CONTROLE AVERSIVO Dona Raquel sempre foi dona de casa. Casada, um casal de filhos, só com o curso primário e uma vida econâmica bastante dificil. O marido trabalha como porteiro em um prédio até às 14 horas e, muitas vezes, antes de ir para casa, passa no bar da esquina. Ele, nessas ocasiões, chega bêbado em casa, para a hora do jantar. Dona Raquel também teve uma infância complicada: um pai autoritário que achava que "lugar de mulher era dentro de casa". Assim, cada vez que ela ousava pedir a ele para sair, ele a esbofeteava e a insultava. Seus irmãos, homens, podiam pedir para sair e eram logo atendidos pelo pai. Mesmo se ela saísse até a padaria (por ex., enquanto o pai não estivesse em casa), ao voltar, ela logo ia se sentar no sofá, próximo da hora de sua chegada, para que ele não brigasse com ela. Além disso, ela ficava bordando panos de pratos para serem vendidos e isso dava grande satisfação ao pai, que a elogiava muito quando a via fazendo isso. Abandonou os estudos na 4 3 Série. No início, quando ela tinha sete anos e estava na 1 3 Série pedia auxílio aos irmãos para fazer as tarefas e eles ajudavam. Já na 4 3 Série se pedisse colaboração deles, eles se recusavam terminantemente, ignorando-a a maior parte do tempo. Quando seu pai a via pedir ajuda, ele ainda berrava frases do tipo: "Eu tenho razão: mulher não é para estudar, elas são mesmo umas burras, devem ficar em casa", etc. Sua história não continuou muito feliz: executava sempre todos os afazes domésticos de modo adequado durante o dia e quando seu marido chegava bêbado em casa, lhe batia. Com o tempo, ela foi deixando de fazer seus afazeres domésticos tão caprichosamente como antes. Ela também tentava dialogar com o marido nessas ocasiões, mas ele a surrava ainda mais. Ela desistiu de falar qualquer coisa nessas horas. Um outro problema está ocorrendo com Dona Raquel: assim que o marido e/ou os filhos chegam em casa, ela começa a se queixar de dores de cabeça, nas pernas, diz que vai desmaiar, etc. De certo modo, todos acabam lhe dando uma certa atenção e a filha, se está próximo da hora do jantar, pede que ela se deite no sofá e serve o jantar para a família Ela afirma que gostaria de se separar do marido. Não o faz e acaba cumprindo todas as suas determinações, dispensando-lhe um tratamento até carinhoso, para evitar que ele lhe bata. Ela não conversa com os filhos sobre a separação, só fala de assuntos banais diários. Isso evita que a critiquem por continuar "com essa vida". Além disso, ela acaba fazendo coisas para o marido, que aparentemente criticaríamos: ele chega gritando em casa e pedindo para ela lhe servir "uma pinga". O que ela faz? Ela acaba servindo-lhe a pinga e deixando a garrafa (que ela havia escondido) sobre a mesa. Com isso, ele pára de gritar e de ameaçá-la de surra. Ao mesmo tempo, nessas ocasiões, frente aos gritos e ameaças do marido bêbado, Dona Raquel sente seu coração disparar, começa a tremer e a suar. Ela relata que tem a sensação de que vai morrer. a. Identifique no relato os trechos que fazem parte dos dados pessoais de Dona Raquel. b. Identifique no relato, os dados que fazem parte da história de vida passada de Dona Raquel. c. Qual o procedimento envolvido quando Dona Raquel, na infância, pedia a seu pai para sair? Construa o paradigma completo desse procedimento e coloque os dados do caso.

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ANÁLISE FUNCIONALEXERCÍCIOS DE ANÁLISE DE CASOS

CASO 1: História da Dona Raquel(Análise de Caso: controle aversivo. Extraído de Lombard-Platet, Watanabe, O.M. e Cassetari, L.

Psicologia Experimental. 3. ed. São Paulo: Edicon).CASO CLÍNICO DE CONTROLE AVERSIVO

Dona Raquel sempre foi dona de casa. Casada, um casal de filhos, só com o curso primárioe uma vida econâmica bastante dificil. O marido trabalha como porteiro em um prédio até às 14horas e, muitas vezes, antes de ir para casa, passa no bar da esquina. Ele, nessas ocasiões, chegabêbado em casa, para a hora do jantar.

Dona Raquel também teve uma infância complicada: um pai autoritário que achava que"lugar de mulher era dentro de casa". Assim, cada vez que ela ousava pedir a ele para sair, ele aesbofeteava e a insultava. Seus irmãos, homens, podiam pedir para sair e eram logo atendidos pelopai.

Mesmo se ela saísse até a padaria (por ex., enquanto o pai não estivesse em casa), ao voltar,ela logo ia se sentar no sofá, próximo da hora de sua chegada, para que ele não brigasse com ela.Além disso, ela ficava bordando panos de pratos para serem vendidos e isso dava grande satisfaçãoao pai, que a elogiava muito quando a via fazendo isso.

Abandonou os estudos na 43• Série. No início, quando ela tinha sete anos e estava na 13

Série pedia auxílio aos irmãos para fazer as tarefas e eles ajudavam. Já na 43• Série se pedisse

colaboração deles, eles se recusavam terminantemente, ignorando-a a maior parte do tempo.Quando seu pai a via pedir ajuda, ele ainda berrava frases do tipo: "Eu tenho razão: mulher não épara estudar, elas são mesmo umas burras, devem ficar em casa", etc.

Sua história não continuou muito feliz: executava sempre todos os afazes domésticos demodo adequado durante o dia e quando seu marido chegava bêbado em casa, lhe batia. Com otempo, ela foi deixando de fazer seus afazeres domésticos tão caprichosamente como antes. Elatambém tentava dialogar com o marido nessas ocasiões, mas ele a surrava ainda mais. Ela jádesistiu de falar qualquer coisa nessas horas.

Um outro problema está ocorrendo com Dona Raquel: assim que o marido e/ou os filhoschegam em casa, ela começa a se queixar de dores de cabeça, nas pernas, diz que vai desmaiar, etc.De certo modo, todos acabam lhe dando uma certa atenção e a filha, se está próximo da hora dojantar, pede que ela se deite no sofá e serve o jantar para a família

Ela afirma que gostaria de se separar do marido. Não o faz e acaba cumprindo todas as suasdeterminações, dispensando-lhe um tratamento até carinhoso, para evitar que ele lhe bata. Ela nãoconversa com os filhos sobre a separação, só fala de assuntos banais diários. Isso evita que acritiquem por continuar "com essa vida".

Além disso, ela acaba fazendo coisas para o marido, que aparentemente criticaríamos: elechega já gritando em casa e pedindo para ela lhe servir "uma pinga". O que ela faz? Ela acabaservindo-lhe a pinga e deixando a garrafa (que ela havia escondido) sobre a mesa. Com isso, elepára de gritar e de ameaçá-la de surra.

Ao mesmo tempo, nessas ocasiões, frente aos gritos e ameaças do marido bêbado, DonaRaquel sente seu coração disparar, começa a tremer e a suar. Ela relata que tem a sensação de quevai morrer.

a. Identifique no relato os trechos que fazem parte dos dados pessoais de Dona Raquel.b. Identifique no relato, os dados que fazem parte da história de vida passada de Dona

Raquel.c. Qual o procedimento envolvido quando Dona Raquel, na infância, pedia a seu pai para

sair? Construa o paradigma completo desse procedimento e coloque os dados do caso.

Ariane Fuccilli
Highlight
Ariane Fuccilli
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d. Diga o nome do procedimento envolvido quando seus irmãos pediam ao pai para sair.Justifique porque é esse o procedimento envolvido com os irmãos, usando os termostécnicos. Construa o paradigma referente a este caso.

e. Ainda quando pequena qual o procedimento que mantinha o comportamento de "sentar-seno sofá", próximo da hora de chegada do pai? Justifique sua resposta, usando os termostécnicos e diga também qual o nome técnico que recebe esse comportamento. Construa oparadigma.

f. Quanto ao comportamento de "bordar panos de pratos para serem vendidos", qual oprocedimento que mantinha esse comportamento? Por que? Construa o paradigma.

g. Quais as contingências que acabaram diminuindo a freqüência do comportamento de"pedir ajuda aos irmãos nos deveres de casa?" (para identificá-las, construa o paradigmacompleto referente ao comportamento). Qual o procedimento usado pelos irmãos?

h. Além disso, para esse mesmo comportamento (pedir ajuda para os deveres de casa), quaisas conseqüências oferecidas pelo pai? Qual o efeito delas sobre a freqüência dessaresposta? Qual o procedimento que controlava essa resposta? Construa o paradigma.

I. Em relação aos comportamentos de "executar os afazeres domésticos adequadamente" e"conversar com o marido, quando chegava bêbado", qual o estímulo conseqüente paraesses comportamentos? Qual o nome técnico desse estímulo conseqüente? Qual o efeitoobtido? E qual o nome técnico do procedimento envolvido?

j. Analise qual o procedimento envolvido no comportamento de "queixar-se de dores" econstrua o paradigma completo para esse comportamento.·

k. O controle dos comportamentos de "cumprir todas determinações do marido" e "conversarsobre assuntos banais com os filhos" é mantido pelo mesmo tipo de procedimento. Qual éo nome técnico desse procedimento e explique, usando os termos técnicos e os dados docaso, porque esse procedimento mantém esses diferentes comportamentos.

\. Qual o nome técnico que recebem esses comportamentos e justifique sua resposta, usandoos devidos termos técnicos.

m. Em relação aos comportamentos de "servir pinga e deixar a garrafa sobre a mesa", qual oprocedimento envolvido (dê o nome técnico)? Construa o paradigma completo quedemonstra que esse procedimento está em vigor. Dê o nome técnico do comportamento ejustifique sua resposta, usando os termos técnicos.

n. "Ter taquicardia, tremer e suar" são que tipos de comportamentos? Você deve ser capazde construir o paradigma completo referente a esses comportamentos, tentando mostraruma possível associação que tenha havido com os estímulos eliciadores do mesmo.

O que você fez em relação ao caso acima foi uma ANÁLISE FUNCIONAL, ou seja, vocêidentificou as variáveis das quais os comportamentos são função.

Ao fazer assim, identifica-se a contingência de três termos (a Tríplice Contingência ==Santecedente, a Resposta e o Sconseqüente) e toma-se mais viável uma intervenção a fim de seproduzir mudanças necessárias nesses comportamentos.

Ariane Fuccilli
Sticky Note
NÃO

ANÁLISE FUNCIONALEXERCÍCIOS DE ANÁLISE DE CASOS - RESPOSTAS

CASO 1: História da Dona Raquelc) Punição positiva.S ------------------------------Ft ------------------------------- S av~

Presença do pai pedir para sair apresentação de bofetada e insulto.

d) Fteforçamento positivo. Porque o caso indica que os irmãos continuam saindo, isto é, aresposta está sendo fortalecida, daí o conseqüente ser um reforço positivo e o procedimentoo reforçamento positivo.S--------------------------------Ft-----------------------------S rirPresença do pai pedir para sair apresentação de autorização

e) Fteforçamento Negativo. Porque ao sentar-se no som ela está evitando a briga que o paidela teria com ela, isto é, sua atitude evita um estímulo aversivo conseqüente o que reforçasua resposta. O comportamento chama-se esquiva.S-------------------------------------------Ft-------------------------------S r-Presença do horário sentar-se no sofá evitação da briga do pai com elade chegado do pai.

f) Reforçamento positivo. Porque o elogio do pai tem uma chance de levar a Raquel acontinuar bordando panos de prato, isto é, de fortalecer esta resposta. O que parece, pelodescrito, que acaba acontecendo ("quando a via fazendo isso"). Dona Ftaquel borda váriospanos.S--------------------------------------------R---------------------------------------S r~

Presença da hora bordar panos de prato apresentação de elogios do paide chegada do pai para serem vendidos

g) A contingência é a não apresentação da colaboração dos irmãos para fazer a lição. Oprocedimento usado por eles é a extinção (porque antes eles colaboravam).

~;;;;;~~-;h4:-S~ri~--------;;di~~j~:~-~~---~~-;~~1açãode ajuda

Presença da lição de casa no dever de casa

h) Berrar: "mulher não é para estudar", elas são mesmo umas burras, devem ficar em casa."O efeito é a diminuição na freqüência da resposta de pedir ajuda. O procedimento é puniçãopositiva.

S------------------------------------R------------------------------------s av~Presença do pai pedir ajuda aos irmãos apresentação de berros do pai: "Eu

no dever de casa tenho razão: mulher não é para...

i) Bater é o estímulo conseqüente apresentado pelo marido para o comportamento de"executar os afazeres domésticos" e surrar é o conseqüente para "conversar com o maridoquando chagava bêbado". O nome do estímulo conseqüente é estímulo aversivo positivo. O

efeito é a diminuição na freqüência da resposta. O procedimento chama-se puniçãopositiva.

j) Reforçamento Positivo.S-.----------.--..--.---.-------------~---...-R~--.~--..---.~----...------..-~------S r+Presença da chegada queixar-se de dores apresentação de atenção dedo marido e/ou dos todos e da filha que pede afilhos. ela para se deitar e então

esta serve o jantar.k) Reforçamento Negativo. Porque ao fazer assim ela evita estímulos conseqüentesaversivos que são: "o marido lhe bater" e os "filhos lhe criticarem". Desta forma, ficamfortalecidas estas respostas: "cumprir as determinações do marido" e "falar com os filhossobre assuntos banais", fazendo com que elas aumentem de freqüência, tornando-asfortalecidas.

I) Comportamentos de esquiva (e não de fuga!) porque eles a ajudam a evitar, a que elaentre em.eontato com o estímulo aversivo.

m) Reforça01ento negativo. Comportamento de fuga (e não esquiva!) porque ocomportamento retira o organismo do contato direto com o estímulo aversivo.S--------------------------------------------R------------------------------------S [-Presença do marido servir pinga e deixar retirada dos gritos e da amea.çagritando em casa a garrafa sobre a mesa de surra.

-----.. tremer e suar

n) São comportamentos respondentes porqueorganismo sem controle direto do indivíduo.la. FASE:SiMarido ~ ~.

bater e su~/~~

SnGritos e ameças

são involuntários e produzidos pelo

28. FASE:

Sc • tremer e suarGritos e ameças

Dona Raquel então, tremendo e suando interpreta estas alterações, muito exarcebadas,como uma sensação de que vai morrer. É compreensível, não?