TEOLOGIA BBLICA AVALIAO EXEGTICA

TEOLOGIA BBLICA AVALIAO EXEGTICA.

POR Joo Ricardo Ferreira de Frana.5 E, se algum de vs tem falta de sabedoria, pea-a a Deus, que a todos d liberalmente, e o no lana em rosto, e ser-lhe- dada.

6 Pea-a, porm, com f, em nada duvidando; porque o que duvida semelhante onda do mar, que levada pelo vento, e lanada de uma para outra parte.

7 No pense tal homem que receber do Senhor alguma coisa.

8 O homem de corao dobre inconstante em todos os seus caminhos.

Introduo: J temos dito que a carta que temos diante de ns consiste em uma carta que revela sabedoria na sua aplicabilidade prtica vida crist; tambm, todos vocs aqui nesta noite sabem que a carta de So Tiago deve ser encarada como livro sapiencial onde temos provrbios.

Aqui neste momento o apstolo, com muita brevidade, o assunto da sabedoria, bom que se diga que trata-se de uma introduo a este assunto da sabedoria, pois, esta temtica ser retomada pelo apstolo no captulo 3, ali ele delineia dois tipos de sabedoria uma que vem do cu e outra, da terra.

Nesta noite queremos tratar deste assunto com certa propriedade, pois, uma igreja que compreende que precisa de sabedoria uma igreja que est pronta para enfrentar todas as adversidades da vida. Este deve ser o nosso ponto de convergncia neste texto. Vejamos o que podemos aprender com este texto a medida que fazemos a exposio do mesmo:

Vs.5: Se algum de vocs no tem sabedoria, deve pedir a Deus, que d generosamente a todos sem encontrar culpa, e lhe ser dada.

Tiago demostra a arte de escrever ao ligar as palavras e frases chaves. Ele demonstra comunicao ao fazer o uso da prosa direta no seu texto, mas um prosa simples, clara onde o leitor e o ouvinte facilmente compreendem a mensagem que se lhe comunica o autor da carta. Mas, h algo que nos chama ateno neste texto:

a) A questo da necessidade: Esta orao se algum de vocs necessita de sabedoria a primeira parte de uma declarao factual numa frase condicional. A condicional no inicio do nosso texto Se no texto grego Eiv indica certeza. como se Tiago estivesse dizendo: Sei que vocs no vai admitir, mas vocs necessitam de sabedoria, uma outra traduo possvel seria: visto que alguns de vocs necessitam de sabedoria... se olharmos atentamente para o texto iremos perceber que Tiago trata de um assunto muito delicado, pois ningum quer ouvir que tolo, que comete erros e precisa de ajuda. O ser humano , por natureza, algum que se julga independente. Ele quer resolver seus prprios problemas e tomas as suas prprias decises. Um telogo puritano disse certa vez: A pacincia est mais no poder de um homem bom do que a sabedoria; a primeira precisa ser exercitada, e esta ltima deve ser perdidada. Aqui o orgulho humano abatido, pois, necessrio ao homem admitir que precisa de sabedoria. Mas a sabedoria no algo que ele possui. Tiago deixa isso muito claro ela pertence a Deus, pois a sabedoria uma virtude divina. Qualquer homem que admita a necessidade de sabedoria deve ir at Deus. Deus a nossa fonte de sabedoria, exatamente isso que Tiago est nos ensinando aqui. Se voc acha que no uma pessoa sbia isso revela que voc precisa ir at Deus e nele ach-la, e se assim, voc fizer mostrar que voc no tomado pelo orgulho. Tiago apela de maneira clara algum de vocs.

b) A Segunda considerao que precisamos fazer sobre este texto a natureza do pedido. O pedido revela humildade. O crente deve pedir sabedoria a Deus o apstolo deixa implcito que Deus a fonte da sabedoria como j consideramos. A sabedoria pertence a Deus.

Mas o que sabedoria? Essa a grande questo a ser analisada. Temos Tiago indicando que h um pedido a ser feito o pedido por sabedoria mas o que sabedoria? Tanto o Antigo quanto o Novo Testamentos procuram explicar esse termo. O grande Salomo o expressa valendo-se de um paralelismo sinonmico ao dizer em Provrbios 2.6: Porque o Senhor d a sabedoria,da sua boca vem a inteligncia e o entendimento. Salomo equaliza sabedoria com inteligncia e o entendimento. Ou seja, vale-se dos paralelos: Sabedoria, inteligncia e entendimento que so sinnimos para dar nfase ao fato de que todo conhecimento vem de Deus.

Alm disso, o Novo Testamento afirma que os cristos recebem sabedoria e o conhecimento de Deus.( 1 Co.10.30 - Mas vs sois dele, em Jesus Cristo, o qual para ns foi feito por Deus sabedoria, e justia, e santificao, e redeno;). Sabemos que a sabedoria a aplicao prtica do conhecimento. Para torna-se maduro e ntegro, o crente deve pedir a Deus sabedoria.

Outro fato gritante no texto Deus deseja oferecer sabedoria a qualquer um que pedir com humildade. O reservatrio de Deus de sabedoria infinito ele d tal sabedoria de forma generosamente sem achar culpa.

c) A terceira considerao sobre este versculo a ddiva recebida. Algo que digo de nota que Deus no faz acepo de Pessoas. Ele d a todos, no importa quem seja, pois Deus deseja dar. Ele d continuamente isso percebido porque a palavra grega doqh,setai - dothesetai um no indicativo futuro o modo indicativo indica a certeza do recebimento; ou seja, ele de fato dar tal sabedoria. Toda as vezes que vamos a ele pedindo sabedoria ele nos d graciosamente. Este o ensino de Tiago aqui. Alm disso, ele d sem encontrar culpa. Quando pedimos sabedoria a Deus no devemos pensar que Deus se zangue conosco. No pense que isso uma forma de orgulho pedir mais sabedoria, mas um sinal de profunda humildade e reconhecimento que somente Deus soberano para faz-lo.

Vs. 6 : Contudo, quando pedir, deve crer, e no duvidar, pois, aquele que duvida como uma onda do mar, impelida e agitada pelo vento.

O verbo duvidar usado aqui de forma muito interessante, ao escrever este texto o autor que nos colocar alguns pormenores, iniciando com um contraste e depois por uma ilustrao. Vejamos:

a) A questo do contraste: A primeira questo que Tiago ensina de forma implcita que Deus deseja sinceridade do corao. Deus d generosamente sem reservas, portanto, ele espera que o cristo venha at ele em orao sem reserva. Joo Calvino tinha um grande lema: Ofereo meu corao a ti, Senhor, pronta e sinceramente, assim de modo semelhante devemos fazer. Deus no quer ver contraste entre f e dvida dentro do corao do crente alis, o termo crente o designa como algum que de fato confia em Deus!

Alm disso, a f e a dvida no podem estar presentes no ser humano ao mesmo tempo. Quando o ser humano cr, ele no duvida. E quando duvida porque falta-lhe f. O contraste revelado na instabilidade do ser humano no que diz respeito a estas questes. Hoje ele acredita, amanh no.

Isso tem alguma implicao para ns, pois quando o ser humano ora a Deus repleto de dvidas, Deus no responde. Quando expressa dvida na capacidade que Deu tem de ajudar, o ser humano indica que quer ser independente de Deus. Sem a sabedoria divina, o ser humano vacila, como a onda do mar e no tem estabilidade. A relao do crente verdadeiro com Deus totalmente distinta desta.

b) A Segunda considerao deste texto refere-se a sua ilustrao: Tiago cresceu jundo ao mar da Galilia como do Mar mediterrneo. A viso das ondas agitadas no lhe era estranha. Assim, ele aplica essa onda do mar, impelida e agitada pelo vento. O mar est sempre cheio de ondas e, quando o vento sopra, eles se mudam de direo.

A imagem do mar criada por Tiago aponta para a idia de instabilidade e inquietao. desse modo quem vive aquele que duvida.

Vs.7 8: Tal homem no deve achar que receber qualquer coisa do Senhor; um homem de mente dobre, instvel em tudo o que faz.

Quando lemos tais palavras confessamos prontamente que nossa f, por vezes, fraca e tmida. Muitos dos que esto aqui nesta noite j passaram grandes lutas. Ns lutamos com grandes perodos de dvidas.

O que Tiago est dizendo aqui? Ele no est se referindo pessoa que se afasta da dvida, mas quele de mente dobre e instvel. O ser humano de mente dobre, na verdade, tem duas personalidades ou duas almas. Pois exatamente isso que significa o termo grego di,yucoj - dipsychos o homem de duas almas. Uma dessas almas apela para a religio supondo que sendo religioso pode ajud-lo a encontrar a vida. A outra diz que no precisa de Deus, pois o homem deve ser independente e auto-suficiente. A lio aqui a seguinte: uma pessoa que duvida no espera receber nada de Deus. Tiago, portanto, observa que aquele que duvida no suponha ...Que alcanar de Deus alguma coisa...

Notaram como Tiago chama a pessoa que duvida? Ele diz: esse homem ele usa o pronome grego evkei/noj - ekeinose revela o desdm que Tiago tem para com o homem que possui uma alma dobre.; esse homem duvida do carter e da promessa de Deus. Ele pede sabedoria a Deus, mas duvida que Deus ir conced-la. Num momento ele ora a Deus e, no momento seguinte, ignora Deus. Sua orao se , de fato, uma orao no sustentada pela f. Uma orao sem f semelhante a um corpo sem alma. Penso que necessitamos fazer a orao do Pai daquele homem que tinha um filho epiltico: eu creio, ajuda-me na minha falta de f!(Mc.9.24) Cristo atendeu o pedido daquele homem, mas este mesmo homem lutou contra a falta de f que estava quase assolando o seu corao. Ele pediu ajuda e recebeu. assim que devemos nos portar diante da dvida.

Quais lies prticas podemos aprender destes trs versculos de Tiago?

1 Que somos nscios e precisamos de sabedoria: este o ponto. Quando somos chamados a exercemos alguma funo: Professor, gerente, domestico e ministro do evangelho devemos buscar em Deus sabedoria para sermos maduros e ntegros nos evangelho de Cristo.

2 Nem toda a dvida pecaminosa voc pode estar em dvida sob um determinado ensino do evangelho, mas uma vez que voc foi ensinado sobre aquela verdade, mas ainda assim decide no crer ou dvidar daquilo que j lhe foi manifestado isso descrena. disso que falamos quando vemos a passagem em apreo.

3 E por ltimo aprende que no pecaminoso reconhecer que no sabe, pois, a grande lio por trs disso a humildade. Deus quer que ns encontremos nEle unicamente a fonte de nossa sabedoria. Este deve ser o pensamento de cada um de ns.

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