Exposição de Arte Castreja do Norte de Portugal

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SOCIEDADE MARTINS SARMENTO ARTE CASTREJA DO NORTE DE PORTUGAL CATÁLOGO DA EXPOSIÇÃO 15 de Setembro – 21 de Novembro Guimarães 1999

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Foi um enorme esforço, em tudo digno da memória dessa figura notável que foi o, para nós,sempre omnipresente Francisco Martins Sarmento, e desta Terra, Guimarães, e deste País,Portugal, que só com realizações desta qualidade se podem considerar integráveis eintegrados numa Europa que nada tem a ver com culturas de telenovela ou futebolísticas e3menos ainda ao ritmo pimba, pese embora serem estas, ainda!!, e o jet set lisboeta, as marcasde referência do portugal hodierno.

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SOCIEDADE MARTINS SARMENTO

ARTE CASTREJA DO NORTE DE PORTUGAL

CATÁLOGO DA EXPOSIÇÃO

15 de Setembro – 21 de Novembro Guimarães 1999

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INTRODUÇÃO

A realização da Exposição de Arte Castreja do Norte de Portugal é, para nós, uma iniciativa

importante a vários títulos.

E exactamente por isso, quisemo-la enriquecer com uma Exposição Bibliográfica de

monografias e estudos de Arte Antiga de Martins Sarmento.

Sublinhamos a relevância da exposição de arte castreja, não só por constituir uma justa

homenagem a Francisco Martins Sarmento, incontornável figura de referência da descoberta

do castrejo no noroeste peninsular, mas porque prenuncia uma nova ambição/desafio das

nossas preocupações museológicas.

De facto, o acervo do Museu Arqueológico Martins Sarmento há muito que exige uma

adequada proposta expositiva de acordo com a sua incontestável importância. Reconhecemos

as dificuldades em avançar com uma oferta que não só tem a ver com a opção de fundo a

tomar em relação às colecções a expor, como pelos materiais de suporte das mesmas, como

ainda pelos espaços a dedicar a este ex-libris da nossa Sociedade.

E na passagem do Centenário do nosso Patrono, tomámos, deliberadamente, a resolução de

avançar com a instalação de um Museu de Cultura Castreja no Solar da Ponte em Briteiros

(Salvador). Não só pelo Museu, em si, que é um velho sonho de sucessivas direcções, mas

pela justa ambição que temos de reformular, actualizando, a mostra museológica do nosso

acervo patrimonial arqueológico e porque a concretização deste sonho também imporá aos

responsáveis deste país a premência de instalação condigna do Museu Martins Sarmento.

Ao realizarmos esta Exposição e, principalmente, quanto à forma como a realizamos, estamos

a afirmar publicamente a nossa determinação e o grau de qualidade com que queremos marcar

os nossos desafios na área museológica.

Cremos que as imagens que ilustram este Catálogo são suficientemente expressivas da

extrema qualidade das peças apresentadas, e a relação pormenorizada das mesmas registará

para a posteridade que esta foi uma iniciativa dificilmente repetível.

E onde falhem as imagens, aqui deixamos o registo da verba que envolveu a concretização da

Exposição: 14 066 037$00, com 5 283 577$00, ou seja, 37.5% daquela verba, gastos com a

segurança da mesma.

Foi um enorme esforço, em tudo digno da memória dessa figura notável que foi o, para nós,

sempre omnipresente Francisco Martins Sarmento, e desta Terra, Guimarães, e deste País,

Portugal, que só com realizações desta qualidade se podem considerar integráveis e

integrados numa Europa que nada tem a ver com culturas de telenovela ou futebolísticas e

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menos ainda ao ritmo pimba, pese embora serem estas, ainda!!, e o jet set lisboeta, as marcas

de referência do portugal hodierno.

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Ver legenda na página seguinte

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LEGENDA 1 Espaço da Exposição Bibliográfica 2 Suporte de equipamento de vídeo 3 Painel das estações castrejas do Norte de Portugal 4 Texto de apoio às estátuas de Guerreiros 5 Aspecto geral da 1ª sala 6 Estátua de Guerreiro SMS 7 Estátua de Guerreiro MNA 8 Estátua de Guerreiro MRDDS 9 Estátuas Sedentes SMS e CMPL 10 Estátua Sedente ANM 11 Aspecto geral: estátuas zoomórficas e painel de Foz Côa 12 Barrão MNA 13 Barrão MNA 14 Estátua de VIRGEM AFT 15 Réplica de gravuras de Foz Côa CNAR 16 Descodificação das gravuras da réplica 17 Painel de Foz Côa 18 Aspecto geral da 2ª sala 19 Citânia de Briteiros 20 Pórtico de Âncora 21 Ombrais da casa da Citânia 22 Maqueta de unidade doméstica 23 Maqueta dos BANHOS 24 Aspecto geral das epígrafes e pedras esculpidas 25 Pedra esculpida 26 Padieira da porta da Citânia 27 Trísceles 28 Tetrásceles 29 Pedra esculpida 30 Painel da Pedra Formosa 31 Painel da ourivesaria castreja 32 Aspecto geral da 3ª sala 33 Vitrines de joalharia de ouro 34 Vitrine do CARRO DE VILELA e ESPETO 35 Suporte de equipamento de vídeo

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EXPOSIÇÃO BIBLIOGRÁFICA DE FRANCISCO MARTINS SARMENTO

– monografias e Estudos de Arte Antiga –

organização: SOCIEDADE MARTINS SARMENTO comissária: Maria José Meireles

1 1. 1854

Pregão Escolástico. [Guimarães: Comissão dos Antigos Estudantes], 1854.

2. 1855 Poesias. Porto: Na Tipografia de Sebastião José Pereira, 1855.

3. 1877 Citânia: explicação das fotografias. [S.l.: s.n., 1877?]

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4. 1879

Arte Pré-Romana. Ocidente. Vol. 2, nº 44 (15 de Out. 1879) p. 157-158

5. 1879 Observação à Citânia do Sr. Doutor Emílio Hübner. Porto: Tipografia de António José da Silva Teixeira, 1879.

6. 1880 Ora Marítima: estudo deste poema na parte respectiva à Galiza e Portugal. Porto: Tipografia de António José da Silva Teixeira, 1880.

7. 1883 Expedição Arqueológica à Serra da Estrela em 1881: Secção de Arqueologia. Sociedade de Geografia de Lisboa. Lisboa: Imprensa Nacional, 1883.

8. 1884

Les Lusitaniens: extrait du compte rendu de la 9e session du Congrès International d'Antropologie et d'Archéologie Préhistoriques en 1880. Lisbonne: Academie Royale des Sciences, 1884.

9. 1884-

Revista de Guimarães. Guimarães: Sociedade Martins Sarmento: [1884]-. 10. 1887

Os Argonautas: subsídios para a antiga História do Ocidente. Porto: Tipografia de António José da Silva Teixeira, 1887.

11. 1887 Óbolo às crianças. Camilo Castelo Branco, Francisco Martins Sarmento. Porto: Joaquim Ferreira Moutinho, 1887.

12. 1891-93 Lusitanos, Lígueres e Celtas. Porto: Tipografia de António José da Silva Teixeira, 1891-1893.

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13. 1896

Ora Marítima: Estudo deste poema na parte respectiva às costas ocidentais da Europa. 2ª Edição. Porto: Tipografia de António José da Silva Teixeira, 1896.

14. 1899 A Arte Micénica no Noroeste da Hispânia. Portugália. Tomo I, faz. 1 1899 p. 1-12.

15. 1933 Dispersos: colectânea de artigos publicados, desde 1876 a 1899 sobre Arqueologia, Etnografia, Mitologia, Epigrafia e Arte Pré- -Histórica. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1933.

16. 1990 Revista de Guimarães. 1990, vol. 100. ISSN 0871-0759.

17. 1991 Contos Populares. Org. A. Amaro das Neves. Guimarães: Sociedade Martins Sarmento, 1991.

18. 1992 Citânia: Álbum de Fotografias. Guimarães: Sociedade Martins Sarmento, 1992.

19. 1998 Antíqua: tradições e contos populares. Org. A. Amaro das Neves. Guimarães: Sociedade Martins Sarmento, 1998.

20. 1999 Antíqua: apontamentos de Arqueologia. Org. A. Amaro das Neves. Guimarães: Sociedade Martins Sarmento, 1999.

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EXPOSIÇÃO ICONOGRÁFICA

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Catálogo elaborado com textos integrantes da Exposição e fotografias de peças, maquetas, plantas e outro material exposto. Responsável J. Santos Simões

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ARTE CASTREJA NO NORTE DE PORTUGAL A cultura castreja do Noroeste peninsular apresenta uma forte personalidade no quadro da Proto-

História europeia. A sua originalidade foi já reconhecida pelos autores clássicos, em especial pelo

historiador e geógrafo grego Estrabão (64-63 a.C. – 24-25 d.C.), do tempo dos imperadores Augusto e

Tibério, de que se transcrevem algumas passagens da sua Geografia nesta exposição.

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Durante o seu desenvolvimento, que percorre o I Milénio a. C., desde pequenos povoados do final da

Idade do Bronze até ao aparecimento de grandes aglomerados urbanos, no final da Idade do Ferro, com

a Citânia de Briteiros, esta cultura conheceu, do mesmo modo que as civilizações europeias

congéneres, importantes inovações, que determinam os aspectos económicos, sociais e espirituais mais

marcantes desta "primeira Europa":

• a complexificação e hierarquização da sociedade e a problemática das origens do Estado;

• os movimentos migratórios e as relações entre os povos, com o alargamento dos intercâmbios de longa

distância, atlânticos, mediterrânicos e continentais, relacionados com a Antiguidade clássica e o mundo

céltico;

• a formação de famílias linguísticas e a identificação de entidades étnicas proto-históricas, ainda não

conhecedoras da escrita mas contemporâneas de outras civilizações que a utilizavam;

• os processos de proto-urbanização e urbanização;

• a especialização do artesanato, nomeadamente na metalurgia e na cerâmica;

• o aparecimento de um novo reportório de expressões simbólicas da predominância masculina, como se

evidencia nesta exposição sobre arte castreja do Norte de Portugal.

A iconografia castreja exprime, nas suas diversas formas, os aspectos mais relevantes da organização

social das comunidades indígenas no Noroeste peninsular.

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4 Dizem que os Lusitanos são hábeis em armar emboscadas e descobrir pistas; são ágeis, rápidos e de grande destreza. Usam um pequeno escudo de dois pés de diâmetro, côncavo para diante, que é preso ao corpo por correias de couro, porque não tem nem braçadeiras nem asa. Usam também um punhal ou um gládio. A maior parte dos guerreiros veste couraças de linho, e apenas alguns cotas de malha e capacete de tríplice cimeira. Mas em geral usam elmos de nervos. Os peões calçam polainas de couro e estão armados com lanças de ponta de bronze.

Estrabão, Geografia 3.3.6

A estatuária de guerreiros castrejo constitui um dos documentos arqueológicos mais significativos da

área meridional calaica, como evolução das estátuas-estelas da Idade do Bronze a que se associaram

elementos mediterrânicos e célticos. Considerados quase sempre como estátuas funerárias, devem,

antes, entender-se como representação tutelares dos chefes enquanto glorificação dos antepassados.

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As estátuas sedentes, por vezes tidas como femininas e igualmente funerárias, como outras congéneres

do mundo mediterrânico, poderão também sugerir-se como expressões de chefes sentados no trono nas

reuniões do conselho comunitário ou em actos cerimoniais.

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As representações zoomórficas estão mais

presentes nos territórios do interior, com grande

densidade na área dos Astures e dos Vetões,

podendo sinalizar relações com a prosperidade

e a fecundidade, por outra forma representada

numa estátua feminina, conforme modelos

conhecidos desde o Paleolítico.

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O conjunto de gravuras da Idade do Ferro na

região do Côa constitui o mais importante

núcleo de arte rupestre da Península Ibérica

datável deste período.

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Localizadas na sua generalidade junto à foz do

Côa e nas margens do curso médio do Douro,

as gravuras distribuem-se pelos painéis lisos

dos afloramentos xisto-grauváquicos que

constituem o substrato geológico regional.

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temática é variada, sendo constituída por

figuras zoomórficas, fundamentalmente cavalos,

mas também cervídeos e canídeos, estranhas

figuras antropomórficas e uma vasta panóplia

de armas datável da II Idade do Ferro por

paralelos de cultura material.

Apresentam-se exemplificativamente ilustrações

das Rochas 10 (réplica) e 23 do Vale da Casa

(rio Douro), 2 da Canada da Moreira, 1 de

Meijapão e 3 da Vermelhosa, que reflectem as

principais características da arte deste período:

motivos sempre gravados por incisão linear com

pontas aceradas de pedra ou ferro, por vezes

sobrepostos em densas estratigráfias figurativas

(Rocha 10 do Vale da Casa) associados ou não

entre si, em cenas que revelam os quotidianos e

o imaginário mitológico das sociedades

guerreiras e fortemente hierarquizadas, quase

de tipo feudal, tão típicas da II da Idade do Ferro

da Península Ibérica.

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O armamento figurado é constituído por lanças, falcatas e facas afalcatadas, espadas e punhais. Mais

comuns são as lanças, normalmente transportadas por guerreiros ou caçadores montados em cavalos

com pescoços longos e esbeltos num estilo muito ao gosto ibérico.

Conhecendo-se apenas uma só rocha com uma inscrição com caracteres de tipo celtibérico, ladeando

uma cena de caça ao veado (Rocha 23 do Vale da Casa) e sendo extremamente mal conhecida a cultura

material da Idade do Ferro desta região, não é ainda possível, identificar com segurança qual o nome do

povo que nos legou este vasto património rupestre, eventualmente um ramo celtibérico.

O espaço das estações castrejas, como a Citânia de Briteiros, estava ordenado de forma regular com

arruamentos ortogonais, que enquadravam conjuntos de unidades domésticas, formando uma espécie de

bairros subdivididos em diversos núcleos habitacionais, cada qual pertencente a um grupo familiar (avós,

filhos, netos e colaterais).

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CITÂNIA DE BRITEIROS

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A composição de cada um destes núcleos distribuía-se em torno de um pátio de acordo com a sua

função: cozinha com lareiras a forno, local de armazenagem de géneros, zonas de dormida, recinto para

guarda de animais, espaços de reunião com bancos ao redor e até recintos funerários.

A reconstituição etno-arqueológica de uma dessas unidades, na Citânia de Sanfins (Paços de Ferreira),

representa um importante contributo para a compreensão da célula base das comunidades proto-

históricas, identificadas como domus na inscrição da padieira de uma casa da Citânia de Briteiros.

Destacam-se destes núcleos de arquitectura doméstica o grande edifício de planta circular, para reuniões

do conselho comunitário, da Citânia de Briteiros, e os balneários, que sobressaem pelo seu

aparato e técnica construtiva.

Estes monumentos estavam situados no sopé dos povoados e eram abastecidos por uma nascente de

água, apresentando todos os elementos necessários para a realização de banhos: fornos, com chaminé,

para permitir a combustão e por onde era lançada a água sobre pedras aquecidas na fogueira para

provocar a vaporização; câmara de contenção, separada da ante-câmara por um orifício, decorado; na

ante-câmara, havia bancos corridos para os banhos de vapor e no átrio, tanques para banhos de água

fria.

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Dizem que alguns dos povos das margens do rio Douro vivem à maneira dos Lacónio (Esparta). Untam-se com óleo duas vezes (por dia) em lugares especiais e tomam banhos de vapor, feito com pedras aquecidas pelo fogo e (depois) banham-se em água fria.

Estrabão, Geografia 3.3.6

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A arte decorativa, em relevo e gravura, das casas e dos balneários, utilizando a decoração geométrica

típica da cultura castreja, em corda, espinha, círculos encadeados, tríscelos e tetráscelos, sinais espi-

ralados, cruciformes e serpen-tiformes ou motivos congéneres, evocam uma simbologia religiosa de fundo

ancestral, que F. Martins Sarmento reportava aos Lígueres ora interpretados como indo- -

europeus pré-célticos.

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A "Pedra Formosa" da Citânia de Briteiros, "talvez o mais notável monumento arqueológico do Museu" (M.

Cardoso), outrora havida como ara de sacrifícios ou frontispício de mausoléu, era a estela da ante--

câmara de um balneário castrejo.

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A ourivesaria proto-histórica do Norte de Portugal, potenciada pela riqueza aurífera da região, produziu

algumas séries das mais belas jóias da ourivesaria peninsular.

A um substrato da Idade do Bronze, reconhecido por uma série de jóias de ouro maciço e com decoração

incisa, associaram-se relações de origem centro-europeia e mediterrânica.

É uma terra rica em frutos, gado, ouro, prata e muitos outros metais.

Estrabão, Geografia 3.3.5

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As primeiras são marcadas pelo aparecimento de formas e motivos de teor celtizante e de novas técnicas

decorativas, como estampilhado e o repuxado sobre matriz, sendo mais visíveis no interior transmontano.

As influências mediterrânicas, que se revelam, por exemplo, na técnica da filigrama e do granulado,

conferindo às jóias, a par de um certo tradicionalismo, um alto grau de qualidade e originalidade, estão

mais presentes no litoral.

A sua exibição manifesta a importância assumida por estes jóias enquanto bens de prestígio da

hierarquia castreja.

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O colar de Baiões representa as jóias mais típicas do final da Idade do Bronze Atlântico Peninsular. A ourivesaria castreja da I Idade do Ferro manifesta uma mistura de estilos e tradições de procedência diversificada. A pulseira da Cantonha denuncia contactos culturais de origem centro-europeia, que vemos assentar sobre um substrato da Idade do Bronze. O magnífico tesouro de Baião é composto por elementos com óbvias ligações ao mundo mediterrânico e meridional, fenício e tartéssico, bem evidenciados na decoração de palmetas das arrecadas e no uso da solda. As jóias da II Idade do Ferro de uso masculino, como os torques (colares) e as viriæ (braceletes) do tesouro de Lebução, aproximam-se pela função e pela gramática decorativa do mundo céltico, enquanto as jóias de uso feminino, como as peças da Póvoa de Varzim, com técnica

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de granulado e filigrana, se podem relacionar com influências mediterrânicas com relações ao domínio de Cartago.

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O carro votivo de bronze encontrado juntamente com um espeto em Vilela (Paredes), na área meridional

do território da Citânia de Sanfins (Paços de Ferreira), com a figuração do sacrifício de um caprídeo,

representará uma alegoria dos rituais indígenas ao seu Deus da Guerra, equivalente a Ares ou a Marte,

conforme o texto de Estrabão.

Esta cenarização, com a imolação da vítima por sacerdotes, guerreiros de um lado e mulheres oferentes

do outro, poderá referenciar modelarmente uma organização hierárquica da sociedade castreja, tripartida e

trifuncional, à maneira indo-europeia, em torno das ideias da soberania, força e fecundidade.

Comem sobretudo carne de bode e sacrificam a Ares (Deus da Guerra) bodes, prisioneiros e cavalos, praticando hecatombes, como os Gregos, que, no dizer de Píndaro, "sacrificam tudo aos centos".

Estrabão, Geografia 3.3.7

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EXPOSIÇÃO DE ARTE CASTREJA DO NORTE DE PORTUGAL

Guerreiros (4, 5, 6, 7, 8) Estátua de guerreiro de granito, fracturada. Santo Ovídio. Fafe

Guerreiro. Réplica de estátua de guerreiro de granito. Outeiro.

Lezenho. Campos. Boticas. MNA

Estátua de guerreiro de granito com inscrição. Castro de S.

Julião. Vila Verde. MRDDS

Estátuas sedentes (9, 10)

Granito. Sendim. Felgueiras. SMS

Masculina. Rua dos Biscainhos. Braga. ANM

De granito. Castro de Lanhoso. Póvoa de Lanhoso. CMPL

Berrões (11, 12, 13) Dois exemplares transmontanos de berrões de granito. MNA

Estátuas femininas (14)

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Virgem de granito, designada “estátua estela”. AFT

Outras peças (20, 21) Porta de Âncora, fracturada. Cividade de Âncora. Caminha. SMS

Porta da Citânia de Briteiros, (sem padieira original). Citânia de

Briteiros. Guimarães. SMS

Maquetas (22, 23) Núcleo Familiar da Citânia de Sanfins. MNA

Balneário da Santa Maria de Galegos. MNA

Arte decorativa (24, 25, 26, 27, 28, 29, 30) Uma padieira e sete peças em relevo e gravura, das casas e dos

balneários utilizando decoração geométrica típica da cultura

castreja, tríscelos, tetráscelos, sinais espiralados, cruciformes,

sepentiformes, etc.

Pedra Formosa (fotografia que remetia para o claustro de S.

Domingos, ao lado da exposição). Citânia de Briteiros.

Guimarães. SMS

Ourivesaria (33) Dois torques de ouro de terminais em urna com decoração. Tipo

D3. Fase III. Castro de Lanhoso. Póvoa de Lanhoso. MRDDS

Capacete de bronze decorado. Tipo derivado de Montefurtino B.

Facse IIIA. Castro de Lanhoso. Póvoa de Lanhoso. MRDDS

Torques de ouro maciço com decoração geométrica. Tipo A Fase

IA. Castro da Senhora da Guia. Baiões. S. Pedro do Sul MNA

Colar articulado de contas e pendentes de ouro. Fase IB. Baião.

MNA

Par de arrecadas de ouro em forma de lúnula radiada com lâmina

central semicircular decorada. Tipo AI. Fase IB. Baião. MNA

Colar articulado de ouro com pendentes e decorado. Fase II.

Estela. Póvoa de Varzim. MNSR

Par de pulseiras troncocónicas galonas com decoração. Tipo C.

Fase IB. Norte de Portugal. MNSR

Par de arrecadas de ouro em forma de coroa circular na parte

superior com triangular com botão terminal e sistema duplo de

suspensão. Tipo C. Fase II. Estela. Póvoa de Varzim. MNSR

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Par de arrecadas de ouro. Tipo C. Fase II. Laundos. Póvoa de

Varzim. MNSR

Par de largos aros com decoração. Fase IB. Bairros. S. Martinho

de Bougado. Santo Tirso. MNSR

Torques de ouro maciço com decoração geométrica. Tipo CI.

Fase IB. Gondeiro. Amarante. SMS

Torques de ouro maciço de terminais em dupla escória com

decoração Tipo D2. Fase II. Lebução. Valpaços. SMS

Torques de ouro de terminais em dupla escória com decoração

Tipo D2. Fase II. Lebução. Valpaços. SMS

Fragmento de torques de ouro de terminais de urna. Tipo D3.

Fase II. Lebução. Valpaços. SMS

Pulseira galonada com decoração geométrica. Tipo D. Fase II.

Monte da Saia. Grimancelos. Barcelos. SMS

Bracelete galonado. Tipo D. Fase II. Lebução. Valpaços. SMS

Par de arrecadas de ouro em pingente com hastes para

preensão. Tipo D. Fase III. Citânia de Briteiros. Guimarães.

SMS

Anel espiralado em quatro voltas. Fase III. Gondeiro. Amarante.

SMS

Carro Votivo e Espeto (34) Carro Votivo, bronze, 38.5 x 8 cm. Monte da Costa da Figueira.

Vilela. Paredes. Secs. IV/III a. C.

Espeto, bronze, 87.5 x 3.7 cm, Monte da Costa da Figueira.

Vilela. Paredes. Secs. IV/III a. C.

Espólios de:

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Arqto. Fernando Távora – AFT

Arqto. Nuno Meira – ANM

Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso – CMPL

Centro Nacional de Arte Rupestre – CNAR

Museu Martins Sarmento (SMS)

Museu Nacional de Arqueologia – Lisboa – MNA

Museu Nacional Soares dos Reis – Porto – MNSR

Museu Regional D. Diogo de Sousa – Braga –

MRDDS

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REGISTO FOTOGRÁFICO DE

ALGUNS ASPECTOS DA PREPARAÇÃO DA

EXPOSIÇÃO DE ICONOGRAFIA

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FICHA TÉCNICA DA EXPOSIÇÃO Apoio técnico: J. Santos Simões Maria José Meireles Apoio de secretaria Eduarda Ferreira Vigilância: Afonso Melo Costa Alberto Rodrigues Luís Miguel Fernandes Polícia de Segurança Pública Empresas: Casa Segura (Alarme) Contra-luz (Instalação eléctrica) Império (Seguros) Pinto & Magalhães Lda (Carpintaria) Securitas Teles & Cª (Alumínios) Transporte Reis (Braga) Transporte Feirexpo (Lisboa) Reporvídeo Montagem: Afonso Melo Costa (Operário Orientador) Adelino Novais, Manuel Freitas, Tiago da Costa (Pedreiros) Belmiro Ramalho (Serralheiro) Gaspar Pinto Carreira (Serralharia) Joaquim Abreu Sampaio (Operário) Manuel Campos (Carpinteiro)

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Organização

Sociedade Martins Sarmento

Comissário Científico

Armando Coelho F. Silva

Projecto

Armando Coelho F. Silva

Musealização

Textos

António Martinho Baptista Armando Coelho F. Silva

Musealização Alice Semedo

Armando Coelho F. Silva Montagem

Alice Semedo Armando Coelho F. Silva

Manuel Furtado Mendonça Sociedade Martins Sarmento Concepção Gráfica e Design

Paulo Lopes Execução gráfica

Designar – Alfredo Vale Arquitectura

Manuel Furtado Mendonça Maquetas

Aresta – Design Serigrafia Fotografia

Arte Fotográfica – Nuno Ribeiro Armando Coelho F. Silva

Paulo Lopes Videografia

Universidade Aberta – Armando Coelho F. Silva Colaboração

António Martinho Baptista Centro Nacional de Arte Rupestre

ETNOS – Património e Turismo Cultural, Lda. Fernando Távora

Museu Nacional de Arqueologia Museu Nacional Soares dos Reis

Museu Regional de Arqueologia D. Diogo de Sousa Nuno Meira

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FICHA TÉCNICA DO CATÁLOGO Título: Catálogo da Exposição Arte Castreja do Norte de Portugal Autor: J. Santos Simões et al Composição: J. Santos Simões Alexandra Cerqueira Ana Maria Fernandes Luís Miguel Fernandes Capa: Jóia, ouro fundido em molde e forjado, Bronze Final Cantonha, Costa, Guimarães Impressão: SMS / Cópia e Serviços Gráficos, Lda. Depósito Legal: 165040/01 ISBN: 972-8078-70-6 Direitos reservados por: Sociedade Martins Sarmento © Sociedade Martins Sarmento