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SIMONE SOUZA LOBÃO VERAS BARROS EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DE METALOPROTEINASES EM CARCINOMA EPIDERMÓIDE DE LÁBIO INFERIOR E LÍNGUA Natal / RN 2006

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SIMONE SOUZA LOBÃO VERAS BARROS

EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DE

METALOPROTEINASES EM CARCINOMA

EPIDERMÓIDE DE LÁBIO INFERIOR E LÍNGUA�

Natal / RN

2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL

CURSO DE DOUTORADO EM PATOLOGIA ORAL

EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DE

METALOPROTEINASES EM CARCINOMA

EPIDERMÓIDE DE LÁBIO INFERIOR E LÍNGUA�

Doutoranda: Simone Souza Lobão Veras Barros

Orientadora: Profa. Dra. Roseana de Almeida Freitas

Natal / RN

2006

Tese apresentada ao Colegiado do Programa de Pós-

Graduação em Patologia Oral da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para

obtenção do grau de doutor em Patologia Oral.

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Ao meu pai, Ruy (in memoriam), que sinto sempre

próximo de mim e sei que está intercedendo por nós

junto a Deus, por sua imensa capacidade de amar e

sua contagiante alegria;

À minha mãe, Mara, por quem tenho grande admiração e

cuja presença me dá extrema segurança e paz de espírito,

por seu amor, apoio e desprendimento;

Ao Robério, por seu amor, companheirismo, colaboração e por

sua disponibilidade em me acompanhar, o que foi essencial para

que eu pudesse cursar este doutorado;

A Robério Filho, Sérgio, Ruy e Juliana, verdadeiros e

preciosos presentes de Deus, por serem filhos tão carinhosos

e encherem minha vida de alegria,

dedico este trabalho.

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Agradecimentos

A Deus, meu sustentáculo em todos os reveses da vida, por sempre

sentir sua força e seu amor que me impulsionam e dão coragem para

enfrentar todos os desafios.

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À minha família, especialmente meus irmãos Ruy Júnior e Eduardo e minhas

cunhadas Adriana e Andréa, mas também tios e primos, pelo apoio, incentivo e auxílio

em tudo o que eu precisei, além do carinho e atenção dispensados aos meus filhos. À

minha tia-avó Miriam, pelas inúmeras viagens que fez a Natal, para estar perto de nós.

Ter uma família tão unida e presente me proporciona tranqüilidade e segurança para

superar todos os obstáculos.

À Dra.Roseana de Almeida Freitas, minha orientadora desde o mestrado, por

ter partilhado comigo, de maneira tão generosa, seus vastos conhecimentos científicos,

pela confiança em mim depositada e por incentivar e nortear meu desenvolvimento

como patologista e pesquisadora.

Aos professores do Programa de Pós-graduação em Patologia Oral, Dra. Lélia

Batista de Souza, Dr. Leão Pereira Pinto, Dra. Hébel Cavalcanti Galvão, Dra. Lélia

Maria Guedes Queiroz e Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa, que sempre serão

referências profissionais para mim, pelos ensinamentos transmitidos, pela dedicação ao

curso e pelo respeito e carinho que constantemente me dedicaram, minha admiração e

reconhecimento.

À minha grande amiga Carmen, que se alegra com minhas conquistas e me

apóia nos momentos difíceis, por sua amizade sólida e verdadeira. À Éricka, com sua

impressionante disponibilidade em ajudar os outros, pelas inúmeras vezes que recebi

seu auxílio, sua atenção e seu carinho.

Aos colegas da minha turma de doutorado Manuel, Flávio e Sormani, além de

Fernandinha e Antônio Luiz, pelas experiências e conhecimentos compartilhados e

pela convivência agradável. O respeito e cooperação entre nós nos proporcionaram

oportunidade de desenvolvimento e amadurecimento profissional e pessoal.

Aos demais colegas da Pós-graduação, com os quais tive oportunidade de

participar de discussões de lâminas, trabalhos de pesquisa ou cursar algumas

disciplinas: Claudine, Gustavo, Márcio, Márcia, Rivadávio, Rosilene, Roberta,

Andréa, Marta, Janaína, Karuzinha, Dani, Cassiano, George, João, Igor,

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Jamille,Tarsila, Francielle e Leonardo. Agradeço o convívio edificante e a troca de

conhecimentos.

Aos funcionários da Disciplina de Patologia Oral, Canindé e Hévio, que de

modo tão competente me auxiliaram realizando as etapas laboratoriais de diversos

trabalhos de pesquisa ao longo do curso e a Gracinha, Sandrinha e Idel, pela

dedicação à Pós-graduação, pela amizade e pela simpatia.

À professora Helena Jina, pela revisão ortográfica deste trabalho e por ser

uma tia tão querida e presente. Ao professor Kênio Costa Lima, pela análise estatística

dos dados coletados neste estudo e à professora Clarissa Carvalho, que me ajudou na

elaboração do summary.

À Associação Piauiense de Combate ao Câncer - Hospital São Marcos, em

Teresina-PI, por ter permitido a utilização de espécimes teciduais armazenados nos

arquivos do seu Serviço de Anatomia Patológica para a obtenção da amostra

investigada neste trabalho. Agradeço de modo especial à Dra. Teresinha Castello

Branco Carvalho e a toda a equipe da patologia.

À Universidade Federal do Piauí, instituição da qual sou professora, por ter

viabilizado meu afastamento a fim de cursar este doutorado e aos colegas do

Departamento de Patologia e Clínica Odontológica que me incentivaram,

principalmente minha amiga e colega de disciplina, professora Divana Parente lira.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que pela segunda vez me

recebeu, pela oportunidade de ampliar meus conhecimentos através do Programa de

Pós-graduação em Patologia Oral.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),

pelo apoio financeiro ao longo do curso e em todas as etapas do desenvolvimento desta

tese.

A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização

deste trabalho,

meus sinceros agradecimentos.

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

RESUMO

1 - INTRODUÇÃO............................................................................................. 21

2 - REVISÃO DA LITERATURA.................................................................... 24

2.1- CARCINOMA EPIDERMÓIDE ............................................................ 24

2.2- MATRIZ EXTRACELULAR ................................................................ 32

2.3- METALOPROTEINASES DE MATRIZ ............................................. 34

2.4- COLAGENASE-1 (MMP-1) ................................................................. 38

2.5- GELATINASES (MMP-2 E MMP-9) ................................................... 40

2.6- MATRILISINAS (MMP-7 E MMP-26) ................................................ 44

3 – PROPOSIÇÃO............................................................................................. 50

4 - MATERIAL E MÉTODOS......................................................................... 52

4.1- CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO.................................................... 52

4.2- POPULAÇÃO........................................................................................ 52

4.3- AMOSTRA............................................................................................. 52

4.4- CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DA AMOSTRA........................................ 54

4.5- ANÁLISE MORFOLÓGICA E GRADAÇÃO DE MALIGNIDADE... 54

4.6- ESTUDO IMUNO-HISTOQUÍMICO................................................... 56

4.7- ANÁLISE ESTATÍSTICA..................................................................... 59

4.8- IMPLICAÇÕES ÉTICAS....................................................................... 60

5 - RESULTADOS............................................................................................. 62

5.1- DADOS CLÍNICOS................................................................................. 62

5.2- RESULTADOS MORFOLÓGICOS........................................................ 63

5.3- RESULTADOS IMUNO-HISTOQUÍMICOS......................................... 65

5.4- RESULTADOS ESTATÍSTICOS............................................................ 80

6 - DISCUSSÃO................................................................................................. 92

7 - CONCLUSÕES............................................................................................ 111

SUMMARY.........................................................................................................113

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................115

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Página

QUADROS

Quadro 1 – Dados clínicos de 30 pacientes portadores de carcinoma epidermóide de lábio

inferior e língua, atendidos no Hospital São Marcos em Teresina – PI.53

Quadro 2 – Sistema de gradação de malignidade “modo de invasão” recomendado por

Bryne (1998).55

Quadro 3 – Especificidade, clone, diluição, fabricante, recuperação antigênica e

tempo de incubação dos anticorpos primários utilizados no estudo imuno-

histoquímico.

58

TABELAS

Tabela 1 – Distribuição dos casos de carcinoma epidermóide de lábio inferior e língua,

segundo o gênero e idade dos pacientes e presença de metástase. Natal / RN –

2006.

62

Tabela 2 – Escores de malignidade estabelecidos de acordo com o método de Bryne

(1998), por meio da avaliação morfológica de carcinomas epidermóides de

lábio inferior e língua. Natal/RN-2006

63

Tabela 3 – Expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases ( MMPs -1, 2, 7, 9 e 26),

nas células neoplásicas localizadas no front de invasão tumoral de carcinomas

epidermóides localizados em lábio inferior e língua. Natal/RN-2006

66

Tabela 4 – Expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases (MMPs -1, 2, 7, 9 e 26),

nas células neoplásicas localizadas no front de invasão tumoral de carcinomas

epidermóides de baixo e alto graus de malignidade. Natal/RN-2006

67

Tabela 5- Expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases ( MMPs -1, 2, 7, 9 e 26),

nas células estromais adjacentes ao front de invasão tumoral de carcinomas

epidermóides localizados em lábio inferior e língua. Natal/RN-2006

68

Tabela 6- Expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases ( MMPs -1, 2, 7, 9 e 26),

nas células estromais adjacentes ao front de invasão tumoral de carcinomas

epidermóides de baixo e alto graus de malignidade. Natal/RN-2006

69

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Tabela 7 – Distribuição dos casos de carcinoma epidermóide de lábio inferior e língua

segundo o grau histológico de malignidade e presença de metástase. Natal / RN-

2006.

80

Tabela 8 - Significância estatística entre a reatividade imuno-histoquímica das

metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26 no estroma tumoral e a localização anatômica

de carcinomas epidermóides orais. Natal/RN-2006.

84

Tabela 9 - Significância estatística entre a reatividade imuno-histoquímica das

metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26 no estroma tumoral e a gradação histológica

de malignidade de carcinomas epidermóides orais. Natal/RN-2006.

84

Tabela 10 – Tamanho da amostra, medianas, quartis, média dos postos e significância

estatística para a expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases 1, 2, 7, 9

e 26 no parênquima de carcinomas epidermóides de lábio inferior em relação

ao grau histológico de malignidade. Natal / RN-2006.

85

Tabela 11 – Significância estatística entre a expressão imuno-histoquímica das

metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26 no estroma de carcinomas epidermóides de

lábio inferior e seu grau histológico de malignidade. Natal/RN-2006.

86

Tabela 12 - Tamanho da amostra, medianas, quartis, média dos postos e significância

estatística para a expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases 1, 2, 7, 9

e 26 no parênquima de carcinomas epidermóides de língua em relação ao grau

histológico de malignidade. Natal / RN-2006.

87

Tabela 13 – Significância estatística entre a expressão imuno-histoquímica das

metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26 no estroma de carcinomas epidermóides de

língua e seu grau histológico de malignidade. Natal/RN-2006.

87

Tabela 14 – Tamanho da amostra, medianas, quartis, média dos postos e significância

estatística para a expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases 1, 2, 7, 9

e 26 no parênquima de carcinomas epidermóides de língua em relação à

presença de metástase. Natal / RN-2006.

88

Tabela 15 – Significância estatística entre a expressão imuno-histoquímica das

metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26 no estroma de carcinomas epidermóides de

língua e a presença de metástase. Natal / RN-2006.

88

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Tabela 16 – Coeficiente de correlação de Spearman (r) e significância estatística (p) entre

expressão das metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26 e os escores morfológicos

estabelecidos de acordo como método de Bryne (1998), em carcinomas

epidermóides de lábio inferior e língua. Natal/RN-2006

90

FIGURAS

Figura 1- Carcinoma epidermóide de baixo grau de malignidade, exibindo pleomorfismonuclear e ceratinizaação moderados, borda de invasão tumoral bem delimitadae intenso infiltrado inflamatório (HE / 400X).

64

Figura 2- Carcinoma epidermóide de alto grau de malignidade, com intenso pleomorfismonuclear, invasão tumoral em pequenos grupos celulares e escasso infiltradoinflamatório (HE / 400X).

64

Figura 3- Expressão imuno-histoquímica moderada da MMP-1 em carcinoma epidermóidede baixo grau de malignidade localizado em lábio inferior (Estreptoavidina-biotina 400X).

70

Figura 4- Moderada imunorreatividade da MMP-1 em carcinoma epidermóide de alto grau

de malignidade localizado em lábio inferior (Estreptoavidina-biotina 400X).

70

Figura 5- Expressão imuno-histoquímica de intensidade moderada da MMP-1 em

carcinoma epidermóide de baixo grau de malignidade localizado em língua

(Estreptoavidina-biotina 400X).

71

Figura 6- Moderada marcação imuno-histoquímica da MMP-1 em cordões celulares de

carcinoma epidermóide de língua exibindo alto grau de malignidade

(Estreptoavidina-biotina 400X).

71

Figura 7- Marcação inexpressiv de MMP-2 em carcinoma epidermóide de baixo grau de

malignidade localizado em lábio infeior (Estreptoavidina-biotina 400X).

72

Figura 8- Ausência de expressão da MMP-2 em carcinoma epidermóide de alto grau de

malignidade localizado em lábio inferior (Estreptoavidina-biotina 400X).

72

Figura 9- Ausência de expressão da MMP-2 em carcinoma epidermóide de baixo grau de

malignidade localizado em língua (Estreptoavidina-biotina 400X).

73

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Figura 10- Marcação inexpressiva da MMP-2 em carcinoma epidermóide de alto grau de

malignidade localizado em língua (Estreptoavidina-biotina 400X).

73

Figura 11- MMP-7 moderadamente expressa em carcinoma epidermóide de baixo grau de

malignidade localizado em lábio inferior (Estreptoavidina-biotina 400X).

74

Figura 12- Expressão imuno-histoquímica moderada da MMP-7 em carcinoma

epidermóide de alto grau de malignidade localizado em lábio inferior

(Estreptoavidina-biotina 400X).

74

Figura 13- Moderada imunorreatividade da MMP-7 em carcinoma epidermóide de baixo

grau de malignidade localizado em língua (Estreptoavidina-biotina 400X).

75

Figura 14- MMP-7 intensamente expressa em carcinoma epidermóide de alto grau de

malignidade localizado em língua (Estreptoavidina-biotina 400X).

75

Figura 15- Marcação inexpressiva da MMP-9 em carcinoma epidermóide de baixo grau de

malignidade localizado em lábio inferior (Estreptoavidina-biotina 400X).

76

Figura 16- Ausência de expressão da MMP-9 em carcinoma epidermóide de alto grau de

malignidade localizado em lábio inferior (Estreptoavidina-biotina 400X).

76

Figura 17- Marcação inexpressiva da MMP-9 em carcinoma epidermóide de baixo grau

de malignidade localizado em língua (Estreptoavidina-biotina 400X).

77

Figura 18- MMP-9 moderadamente expressa em carcinoma epidermóide de alto grau de

malignidade localizado em língua (Estreptoavidina-biotina 400X).

77

Figura 19- Moderada imunorreatividade da MMP-26 em carcinoma epidermóide de baixo

grau de malignidade localizado em lábio inferior (Estreptoavidina-biotina

400X).

78

Figura 20- MMP-26 intensamente expressa em carcinoma epidermóide de alto grau de

malignidade localizado em lábio inferior (Estreptoavidina-biotina 400X).

78

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Figura 21- Expressão imuno-histoquímica da MMP-26 em carcinoma epidermóide de

baixo grau de malignidade localizado em língua (Estreptoavidina-biotina

400X).

79

Figura 22- Intensa imunoexpressão da MMP-26 em carcinoma epidermóide de alto grau

de malignidade localizado em língua (Estreptoavidina-biotina 400X).

79

Figura 23 – Expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26 no

parênquima de carcinomas epidermóides localizados em lábio inferior e língua.

81

Figura 24 – Expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26 no

parênquima de carcinomas epidermóides de baixo e alto graus de malignidade.

83

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RESUMO

O carcinoma epidermóide oral é uma neoplasia maligna de alta incidência e uma

importante causa de morbidade e mortalidade, que exibe, entretanto, variável

comportamento biológico, em função de diversos fatores. O objetivo do presente estudo

consistiu em avaliar a expressão imuno-histoquímica de MMP-1, MMP-2, MMP-7,

MMP-9 e MMP-26 em carcinomas epidermóides, em relação à localização da lesão e ao

seu grau histológico de malignidade. Foram selecionados 15 carcinomas epidermóides

de lábio inferior e 15 de língua, que, após avaliação morfológica, foram classificados

em neoplasias de baixo grau de malignidade (n=17) e alto grau (n=13), e

subseqüentemente submetidos à marcação imuno-histoquímica para as MMPs. Todos os

espécimes investigados expressaram pelo menos duas das metaloproteinases

pesquisadas, que foram mais evidentes no citoplasma das células tumorais localizadas

no front de invasão. Os carcinomas epidermóides de língua exibiram maior marcação

imuno-histoquímica de MMPs pelas células neoplásicas que aqueles de lábio inferior,

com diferença significativa estatisticamente para a MMP-9 (p=0,030). Os carcinomas

epidermóides de alto grau demonstraram maior expressão de metaloproteinases, exceto

para MMP-2, em comparação às lesões de baixo grau, com diferença significativa

estatisticamente para MMP-7 (p=0,0001) e MMP-26 (p=0,016). Adicionalmente foi

evidenciada uma relação direta entre os escores morfológicos de malignidade e a

imunopositividade às MMPs, com significância estatística para MMP-7 e MMP-26.

Com base nestes resultados, pode-se concluir que a maior expressão de MMPs pelas

células tumorais, especialmente MMP-9, pode contribuir para o maior potencial

invasivo dos carcinomas de língua em comparação aos labiais. Além disso, a gravidade

histológica dos carcinomas epidermóides parece estar relacionada à marcação imuno-

histoquímica de metaloproteinases, especialmente matrilisinas, o que sugere que a

capacidade de degradar membrana basal parece ser determinante no padrão de

diferenciação histológica das neoplasias pesquisadas. Os altos índices de positividade às

MMPs encontrados nos espécimes estudados refletem a marcante participação destas

enzimas no desenvolvimento dos carcinomas epidermóides de lábio inferior e língua.

Palavras-chave: Câncer oral, carcinoma epidermóide de lábio inferior, carcinoma

epidermóide de língua, metaloproteinase, imunohistoquímica.

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1 – INTRODUÇÃO

O carcinoma epidermóide constitui quase 95% das neoplasias malignas orais e

cerca de 38% dos tumores malignos situados em cabeça e pescoço (SCULLY, 2002),

ocorrendo especialmente em língua e lábio (GERVASIO et al., 2001; KERDPON,

SRIPLUNG, 2001). A agressividade desta lesão varia com uma série de fatores, no

entanto, de modo geral, os carcinomas de língua exibem comportamentos biológico e

clínico muito agressivos, enquanto as lesões de lábio tendem a ter bom prognóstico e

baixo grau de metástase (MIRANDA, 2002; DANTAS et al., 2003). A incidência do

carcinoma epidermóide tem aumentado nos últimos anos e seu prognóstico se mostra

variável, com taxas de sobrevida de cinco anos, oscilando entre 74,4%, para lesões

iniciais, e 29,0%, para carcinomas diagnosticados em estágio IV (INCA, 2006).

Diversos estudos têm sido realizados objetivando melhor conhecer o

comportamento biológico desta neoplasia. Segundo Bryne (1991) o prognóstico do

carcinoma epidermóide está relacionado à sua atividade proliferativa, grau de

diferenciação e potencial para invasão e metástase. Estes dois últimos processos

envolvem múltiplas etapas, como a degradação da membrana basal e matriz

extracelular, alterações na adesividade celular, movimento de células tumorais e

angiogênese (CURRAN; MURRAY, 2000). Assim, no processo de invasão tumoral as

células neoplásicas interagem entre si, bem como com as células do estroma e com os

componentes da matriz extracelular (ZIOBER; SILVERMAN; KRAMER, 2001).

As metaloproteinases de matriz (MMPs) consistem em uma família de enzimas

proteolíticas que participam dos processos de invasão e metástase, mas também

exercem funções fisiológicas, como a remodelação tecidual e a embriogênese

(WESTERMARK, KAHARI, 1999; IKEJIRI et al., 2005). Coletivamente, as MMPs são

capazes de degradar todas as proteínas da matriz extracelular (MEC) (SOUZA, LINE,

2002; VICENTE et al., 2005) e estão relacionadas à progressão tumoral tanto pela

capacidade de romper estas barreiras físicas como por regularem a angiogênese e

proliferação celular através da modulação de fatores de crescimento e citocinas

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estocadas na MEC (HAAS, MADRI, 1999; ZUCKER et al., 2001; FRANCHI et al.,

2002).

O estudo das metaloproteinases em variados tipos de neoplasias tem

demonstrado que estas enzimas podem ser úteis como marcadores prognósticos. Além

disso, a determinação precisa de quais MMPs estão envolvidas nos processos de invasão

tumoral e metástase nos diversos tumores pode permitir o desenvolvimento de drogas

dirigidas para MMPs específicas ou de inibidores para estas proteínas (CURRAN;

MURRAY, 2000).

Este trabalho tem o objetivo de investigar a expressão imuno-histoquímica de

metaloproteinases de matriz em carcinomas epidermóides de alto e baixo graus de

malignidade, localizados em lábio inferior e língua, dois sítios anatômicos nos quais são

observados comportamentos biológicos distintos. Com os dados obtidos, almeja-se

contribuir para um maior conhecimento acerca do carcinoma epidermóide oral,

especialmente no que diz respeito aos mecanismos envolvidos no processo de invasão

tumoral.

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2 - REVISÃO DA LITERATURA

2.1- Carcinoma Epidermóide

O câncer de boca é a neoplasia maligna mais comum da região de cabeça e

pescoço, excluindo-se o câncer de pele. A incidência desta patologia no Brasil é uma

das mais altas do mundo, estando entre o seis tipos de câncer que acometem mais

frequentemente o sexo masculino e entre os oito que mais afetam o sexo feminino

(NAGPAL, DAS, 2003; DEDIVITIS et al., 2004).

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, a estimativa para ocorrência de

câncer bucal no Brasil, em 2006, é de 13.470 casos, dos quais 10.060 devem acometer o

gênero masculino (INCA, 2006).

Já está bem estabelecido que o câncer oral tem etiologia multifatorial, na qual

estão envolvidos tanto fatores extrínsecos quanto intrínsecos, sendo provavelmente

necessária a ação de mais de um destes carcinógenos para a produção da malignidade

(NAGPAL, DAS, 2003; NEVILLE et al., 2004). De acordo com Boshoff e Weiss

(2001), ocorre, na maioria dos casos, um acúmulo seqüencial de mutações somáticas

por muitos anos, antes da expansão clonal de células transformadas.

A carcinogênese oral, portanto, é um processo multifásico que requer a

desestabilização de vários sistemas de controle que coordenam o comportamento celular

(PANDE et al., 2002; RAMALHO et al., 2002; SCHLIEPHAKE, 2003), havendo

ruptura da sinalização celular, reparo de DNA e ciclo celular, que são fundamentais para

a homeostase (BETTENDORF, PIFFKÒ, BÀNKFALVI, 2004). As lesões que se

tornam clinicamente evidentes são aparentemente resistentes aos mecanismos de defesa

da imunidade celular (KERREBIN et al., 1999).

O tabagismo e o etilismo crônicos são os principais fatores de risco para o

câncer de boca (MOORE et al., 2000; REGEZI, SCIUBBA, 2000; CANTO, DEVESA,

2002; BETTENDORF, PIFFKÒ, BÀNKFALVI, 2004; TROMP et al., 2005), pois

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apenas 15 a 20% dos pacientes portadores de lesões malignas orais não têm história

pregressa destes hábitos (VENTURI, CABRAL, LOURENÇO, 2004). Conforme

Venturi, Pamplona e Cardoso (2004), o risco de desenvolvimento de carcinoma de

células escamosas oral na população geral aumenta em cerca de sete vezes com o

tabagismo, e em até quinze vezes quando este hábito está associado ao consumo crônico

de álcool.

Cerca de 94% de todas as neoplasias malignas de boca são representadas por

carcinomas epidermóides, também denominados carcinomas espinocelulares e

carcinomas de células escamosas. Esta neoplasia é caracterizada por proliferação

desordenada das células da camada espinhosa do epitélio, expressando variáveis graus

de similaridade com suas células de origem (MOORE et al., 2000; DANTAS et al.,

2003).

O carcinoma epidermóide acomete especialmente pacientes entre a 5ª e 8ª

décadas de vida, tendo ocorrido, no entanto, aumento na incidência desta neoplasia em

pacientes mais jovens, com menos de 45 anos de idade (MAKENZIE et al, 2000;

NAGLER et al., 2002). Nestes, curiosamente, a etiologia parece mais ligada à infecção

por vírus oncogênicos, especialmente o HPV, que ao consumo de fumo e álcool

(VENTURI, CABRAL, LOURENÇO, 2004; VENTURI, PAMPLONA, CARDOSO,

2004).

O gênero masculino exibe risco duas a três vezes maior, de desenvolver

carcinoma epidermóide oral, que o feminino. Esta diferença, no entanto, tem diminuído,

provavelmente devido ao aumento do hábito do tabagismo entre as mulheres (REGEZI,

SCIUBBA, 2000).

Estudando 102 carcinomas de células escamosas intra-orais, Sawair et al. (2003)

verificaram que 68,8% dos pacientes faziam uso de tabaco e 67,6% de álcool. A idade

média dos pacientes foi de 64 anos, com pico de incidência entre 50 e 79 anos.

Dedivitis et al. (2004) avaliaram o perfil de pacientes portadores de carcinomas

epidermóides de boca e evidenciaram uma proporção homem-mulher de 3,35:1. As

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idades variaram de 46 a 91 anos, com mediana de 62 anos; 76,8% dos pacientes se

declararam tabagistas, enquanto 74% relataram ter o hábito do etilismo.

Em uma série de 306 carcinomas de cabeça e pescoço, Tromp et al. (2005)

evidenciaram 134 neoplasias orais. Os pacientes exibiram idades entre 34 e 89 anos,

com média de 62 anos e os homens foram cerca de duas vezes mais afetados que as

mulheres.

Com relação à localização anatômica, os sítios mais afetados pelo carcinoma

epidermóide oral são: língua, lábio inferior e soalho de boca (REGEZI, SCIUBBA,

2000; GERVÁSIO et al., 2001; NEVILLE et al., 2004).

O carcinoma de lábio representa entre 25 e 30% dos casos de câncer bucal e

ocorre especialmente em indivíduos de pele clara, que se expõem excessivamente ao

sol. Além da radiação solar, o tabagismo parece ser importante na etiologia desta

neoplasia, que eventualmente aparece na área do lábio que serve de apoio para cigarro,

cachimbo ou charuto (REGEZI, SCIUBBA, 2000; NEVILLE et al., 2004).

Cerca de 90% dos carcinomas epidermóides labiais estão localizados em lábio

inferior, estando muitas vezes associados à queilite actínica (ABREU et al., 2004;

VARTANIAN et al., 2004). De acordo com Canto, Devesa (2002) e Neville et al.

(2004) esta neoplasia tende a ter baixa agressividade, exibindo crescimento

relativamente lento, pequena taxa de recorrência e produzindo metástase tardiamente.

Abreu et al. (2004) investigaram 57 casos de carcinoma de células escamosas

(CCE) labial, dos quais 89,47% estavam localizados em lábio inferior. Os autores

observaram que 78,9% dos pacientes eram do gênero masculino e 89,47% eram

leucodermas.

Rodolico et al. (2004) estudaram 95 carcinomas epidermóides de lábio inferior e

observaram que nesta amostra mais de 96% dos pacientes eram homens e que em

22,10% dos casos foram constatadas metástases linfáticas. Neste grupo, a média de

idade foi de 72,8 anos, enquanto entre os pacientes sem evidência de metástase, a idade

média foi de 67,1 anos. Os autores verificaram que as seguintes características estão

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relacionadas ao risco de desenvolvimento de metástases para os linfonodos regionais:

tamanho da lesão primária, gradação histológica, espessura da lesão, presença de

invasão perineural e expressão da proteína p27.

Em um amplo estudo, envolvendo 617 pacientes portadores de carcinomas

labiais, com média de idade de 61 anos, Vartanian et al. (2004) constataram que 81%

dos casos foram diagnosticados em estágios precoces, classificados em T1 e T2. Os

autores verificaram também que os pacientes livres de metástase apresentaram melhores

taxas de sobrevida de 5 anos que aqueles com metástase linfática.

Para os carcinomas epidermóides intra-orais, a localização preferencial é a

língua, sendo a borda lateral posterior, a região mais afetada (REGEZI, SCIUBBA,

2000; O’CHAROENRAT et al., 2003; NEVILLE et al., 2004).

A língua é, além disso, o sítio anatômico mais freqüente de lesões agressivas

(NEVILLE et al., 2004). Os carcinomas de língua exibem significativa tendência à

recorrência pós-cirúrgica, principalmente nos dois primeiros anos (AL RAJHI et al.,

2000), têm grande predisposição para produzir metástase em linfonodos regionais

(HARRISON et al., 2003; O’CHAROENRAT et al., 2003), com índices que variam de

15 a 75%, dependendo da extensão da lesão primária (DANTAS et al., 2003) e são os

tumores orais que detêm as piores taxas de sobrevida (WÜNSCH FILHO, 2002).

AL-RAJHI et al. (2000) estudaram 85 casos de carcinoma de células escamosas

de língua diagnosticados em estágio precoce, sem evidência de metástase. Eles

observaram que 5 anos após o tratamento, 71,75% dos pacientes estavam vivos e 63%

se mostravam livres da doença. Os fatores prognósticos mais significantes neste

trabalho foram a profundidade tumoral e o tamanho da margem de ressecção.

NAGLER et al. (2002) identificaram em carcinomas de células escamosas

linguais algumas variáveis independentes, que demonstraram um efeito significativo na

sobrevida do paciente: estadiamento clínico, grau histológico de malignidade e

localização da lesão.

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Em um estudo desenvolvido por Gonzalez-Moles et al. (2002) o parâmetro que

exibiu maior relação com a sobrevida dos pacientes foi a profundidade tumoral. 76,76%

dos casos estudados ocorreram em homens e a média de idade foi de 58 anos.

Pesquisando as características de 50 casos de carcinoma de células escamosas de

língua, O’Charoenrat et al. (2003) constataram que o gênero masculino foi mais afetado

que o feminino e que a média de idade dos pacientes foi de 60 anos. Em 84% dos casos

a lesão primária estava localizada na borda lateral da língua, enquanto dorso e ventre

linguais sediaram, respectivamente, 12% e 4% destes carcinomas.

Em 2003, Dantas et al. investigaram 16 casos de carcinomas epidermóides de

língua e observaram, nesta amostra, grande predileção pelo sexo masculino (75% dos

casos) e maior incidência entre 61 e 70 anos de idade. A taxa de recorrência de cinco

anos após o tratamento da lesão primária foi de 56,25%.

Em uma amostra de 23 pacientes portadores de carcinomas de células escamosas

de língua, Guttman et al. (2004) observaram as seguintes características: predileção pelo

sexo masculino (52,2% dos casos), média de idade na época do diagnóstico de 59 anos,

taxa de recorrência de 47,8% nos dois primeiros anos e ocorrência de metástase linfática

em 17,39% dos pacientes, neste mesmo período.

As características clínicas do tumor, especialmente o tamanho e a extensão da

disseminação metastática, consistem excelentes indicadores prognósticos do paciente.

Estes parâmetros permitem o estadiamento das neoplasias malignas, através do sistema

de classificação TNM, onde T se refere ao tamanho do tumor, N, à propagação aos

gânglios linfáticos regionais e M, a metástases à distância. A avaliação destas três

variáveis permite a classificação das lesões em estágios de I a IV (ABREU et al., 2004;

NEVILLE et al., 2004).

O sistema TNM tem forte relação com a agressividade da lesão e, por ser

amplamente aceito e utilizado mundialmente, possui a vantagem adicional de facilitar a

comparação de resultados. De acordo com Dantas et al. (2003) e Swair et al. (2003),

entretanto, o sistema TNM não fornece informações sobre as características biológicas

do tumor.

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O carcinoma epidermóide exibe ampla variação na sua morfologia microscópica,

em função do grau de maturidade das suas células. De acordo com Neville et al. (2004),

o aspecto histopatológico de um tumor encontra-se, de certa forma, relacionado com seu

comportamento biológico, embora sua correlação com o prognóstico não seja tão forte

quanto a do estadiamento clínico. A avaliação microscópica de uma neoplasia maligna

permite graduá-la de acordo com a gravidade do quadro histológico. Segundo Martins

Neto (1999) existem diversos sistemas de gradação histopatológica de malignidade, que

têm a função de fornecer subsídios que possibilitem a interpretação da agressividade da

neoplasia.

Em 1920, Broders propôs pela primeira vez um sistema de classificação

histopatológica para o carcinoma epidermóide oral, estabelecendo 4 graus de

malignidade de acordo com a diferenciação das células tumorais. Em uma publicação

posterior, em 1941, o autor enfatizou a associação entre a diferenciação tumoral e o

prognóstico da lesão.

Wahi (1971), em uma publicação da Organização Mundial da Saúde (OMS),

propôs um sistema de gradação de malignidade subdividido em três grupos, de acordo

com a análise dos seguintes parâmetros: ceratinização de células individuais, formação

de pérolas córneas, presença de pontes intercelulares, número e aspecto das figuras de

mitose, grau de pleomorfismo celular e nuclear, e presença de células gigantes

multinucleadas. Costa et al. (2002) avaliando 120 casos de carcinomas epidermóides

orais observaram correlação estatisticamente significativa entre o estadiamento clínico

TNM e a gradação histológica de malignidade proposta por Wahi.

Jackobsson et al., em 1973, idealizaram um sistema de gradação para carcinoma

epidermóide, no qual foram avaliadas as características tanto das células neoplásicas,

quanto da relação tumor-hospedeiro. Foram definidos oito parâmetros pelos autores:

estrutura neoplásica, ceratinização, pleomorfismo nuclear, número de mitoses, modo e

estágio de invasão, invasão vascular e infiltrado inflamatório linfoplasmocitário. Cada

parâmetro recebeu escores de 1 a 4, diretamente proporcional à gravidade do quadro

histológico.

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Em 1984, Crissman et al. estudaram carcinomas epidermóides de orofaringe,

utilizando uma modificação no sistema preconizado por Jackobsson (1973) para

avaliação morfológica das lesões e comparação com o estadiamento clínico TNM. Os

critérios histológicos utilizados foram: grau de ceratinização, pleomorfismo nuclear,

número de mitoses, padrão de invasão, infiltrado inflamatório e invasão vascular.

No mesmo ano (1984), Anneroth e Hansen analisaram histologicamente 52

carcinomas epidermóides de língua e assoalho de boca, adotando o método de

Jakobsson et al (1973), com uma pequena alteração: os autores aboliram o parâmetro

“invasão vascular”, por considerá-lo de difícil avaliação.

Anneroth, Batsakis e Luna, em 1986, utilizaram os seguintes parâmetros para

estabelecer o grau de malignidade de 89 casos de carcinoma epidermóide de assoalho de

boca: estrutura tumoral, tendência a ceratinização, aberrações nucleares, número de

mitoses, modo e estágio de invasão e resposta inflamatória. Para cada parâmetro foi

atribuído um escore de 1 a 4, sendo feita a média aritmética das pontuações de todos os

parâmetros para a obtenção do escore final. As lesões foram, então, consideradas de

baixo escore de malignidade, para valores entre 1,0 e 2,5, ou de alto escore para valores

superiores.

No ano seguinte, Anneroth, Batsakis e Luna fizeram uma revisão da

bibliografia relativa aos sistemas de gradação de malignidade e propuseram um novo

sistema para a classificação histológica dos cacinomas epidermóides orais, no qual

foram avaliados três parâmetros relativos à população tumoral (grau de ceratinização,

pleomorfismo celular e número de mitoses) e três relativos à relação tumor-hospedeiro

(padrão de invasão, estágio de invasão e infiltrado inflamatório linfoplasmocitário).

Bryne et al. (1989), estudando 68 espécimes de carcinomas de células escamosas

orais, testaram um sistema de gradação de malignidade baseado naquele preconizado

por Anneroth; Batsakis e Luna (1987), mas com avaliação apenas da área mais invasiva

do tumor. Além disso, o parâmetro estágio de invasão foi excluído e o escore final

passou a ser a somatória dos valores obtidos por cada parâmetro, sendo considerados de

baixo escore os valores de 5 a 10 e alto escore de malignidade os valores superiores a

estes. Os autores observaram que o sistema utilizado tem maior valor prognóstico em

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carcinomas de células escamosas orais que o método de Broders (1920) e concluíram

que as características histológicas das áreas mais invasivas dos tumores são importantes

indicadores do seu comportamento clínico.

Diversos trabalhos subseqüentes ressaltaram a importância, como indicador

prognóstico, da gradação histopatológica do front invasivo de carcinomas de células

escamosas orais (ODELL et al., 1994; BÀNKFALVI, PIFFKO, 2000; SAWAIR et al.,

2003; SCHLIEPHAKE, 2003; KUROKAWA et al., 2005; WOOLGAR, 2005).

Em um trabalho publicado no ano de 1992, Bryne e colaboradores confirmaram

a superioridade, como indicador prognóstico, do sistema de gradação de malignidade

proposto em 1989, em comparação com o método tradicional de Broders (1920). Os

autores verificaram que a exclusão do parâmetro “número de mitoses” não alterou a

significância do valor prognóstico, mas aumentou a reprodutibilidade.

Em 1998, Bryne fez uma revisão dos trabalhos que avaliaram as características

da frente de invasão tumoral e observou que esta é a área em que mais freqüentemente

as células tumorais exibem baixo grau de diferenciação, alto grau de dissociação celular,

maior índice de proliferação, expressão aberrante de moléculas de adesão e sinalização

molecular para angiogênese e migração. Neste trabalho, a autora propôs um novo

sistema de gradação de malignidade no qual a avaliação da área mais invasiva do tumor

permite o estabelecimento de valores entre 1 e 4 para cada um dos quatro parâmetros

estabelecidos: grau de ceratinização, pleomorfismo nuclear, padrão de invasão e

infiltrado inflamatório.

Em 1999, Martins Neto fez uma revisão da literatura sobre os sistemas de

gradação de malignidade do carcinoma espinocelular oral e identificou alguns

parâmetros histopatológicos comuns à maioria dos sistemas propostos, o que, segundo o

autor, indica a relevância destas características para a avaliação das lesões. São elas:

grau de ceratinização, atividade mitótica e atipias celulares e nucleares.

Miranda (2002), estudando carcinomas linguais e labiais, adotou o sistema de

gradação histopatológica de Bryne (1998). Entretanto, partindo do princípio de que um

dos parâmetros morfológicos estabelecidos por Bryne et al. (1989) foi abolido pela

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autora no trabalho publicado em 1998, Miranda sugeriu que também a pontuação

necessária para a classificação do grau de malignidade da lesão fosse modificada,

passando a ser: 4 a 8 pontos para baixo grau e mais de 8 pontos para alto grau de

malignidade.

2.2- Matriz Extracelular (MEC)

As células tumorais estão em contato com um microambiente que consiste de

uma matriz extracelular tridimensional e células estromais, tais como fibroblastos e

células endoteliais (LYNCH, MATRISIAN, 2002). Atualmente já ficou claro que os

constituintes deste microambiente podem afetar significativamente o comportamento

das células malignas (BROVERMAN et al., 1998; DECLERCK et al., 2004).

A matriz extracelular (MEC) consiste de uma rede complexa de macromoléculas

que preenchem os espaços intercelulares. As macromoléculas são constituídas por

proteínas fibrosas e não fibrosas imersas em uma substância fundamental formada por

glicosaminoglicanas e proteoglicanas. As proteínas fibrosas da MEC, como o colágeno

e a elastina, têm função principalmente estrutural, enquanto as proteínas não-fibrosas,

como laminina, fibronectina, tenascina, entactina, entre outras, são importantes na

adesividade celular (BRASILEIRO FILHO, 2004).

A matriz extracelular funciona como um reservatório de fatores biologicamente

ativos, como fatores de crescimento, citocinas, proteases, hormônios e outras moléculas

bioativas, que eventualmente interagem com a superfície celular (BORNSTEIN, SAGE,

2002).

Muitas propriedades das células, tais como a migração, aderência, proliferação,

grau de diferenciação e predisposição a apoptose, são influenciadas pelos constituintes

da matriz extracelular e pelos fatores bioativos nela armazenados (HEMLER,

RUTISHAUSER, 2000; BORNSTEIN, SAGE, 2002).

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De acordo com Alberts et al. (1997) além da matriz intersticial, há uma matriz

especializada em forma de lâmina que se localiza sob a superfície basal dos tecidos

epiteliais e endoteliais, além de envolver células musculares, adiposas e de Schwann.

Esta estrutura, denominada lâmina basal, exerce diversas funções fisiológicas: age como

barreira seletiva para o movimento celular e como filtro molecular, participa da

migração de células no desenvolvimento embrionário e nos processos de regeneração,

determina a polaridade das células e induz a diferenciação celular.

Apesar de sofrer variações de uma localização para outra, a composição básica

da lâmina basal consiste de colágeno IV, perlecana e glicoproteínas, como laminina e

entactina (ALBERTS et al., 1997). Em determinadas regiões do organismo, há um

acúmulo de fibras reticulares e complexos protéicos e glicoprotéicos em continuação

com a lâmina basal, formando a membrana basal, visível ao microscópio eletrônico

através da coloração pelo PAS ou pela impregnação das fibras reticulares pela prata

(JUNQUEIRA, CARNEIRO, 2000; SCULLY et al., 2005).

As neoplasias malignas exibem caracteristicamente um crescimento infiltrativo,

sendo capazes de invadir tecidos vizinhos, ganhar uma via de disseminação, chegar a

sítios distantes e neles originar novos tumores, denominados metástases (BRASILEIRO

FILHO, 2004).

A formação de metástases depende de inúmeras interações entre as células

malignas e componentes dos tecidos normais do hospedeiro, especialmente o estroma. É

um processo complexo, formado por múltiplas etapas, envolvendo: destacamento das

células da massa tumoral primária, migração em direção dos vasos sanguíneos ou

linfáticos, ruptura da membrana basal vascular, evasão da vigilância imunológica,

adesão ao endotélio vascular de órgãos distantes do sítio primário, emigração através

das junções inter-endoteliais, degradação da membrana basal e MEC periendotelial,

sobrevivência e proliferação no microambiente invadido (HONG et al., 2000,

STAMENKOVIC, 2000).

Todas as alterações genéticas sofridas pelas células neoplásicas, através das

mutações cumulativas, não terão conseqüências se não fornecerem meios para que as

células mutadas escapem da ação destrutiva de resposta do hospedeiro (LIAW,

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CRAWFORD, 1999). Apenas poucas células tumorais são capazes de vencer todos os

obstáculos e sobreviver para formar novas colônias, entretanto, são suficientes para

render ao paciente prognóstico altamente desfavorável (STAMENKOVIC, 2000).

Para iniciar o processo de invasão e posteriormente produzir metástase, as

células neoplásicas precisam degradar a membrana basal subjacente e a MEC

intersticial, o que é realizado pela ação de diversas proteases, secretadas por diferentes

tipos celulares e que podem ser divididas em cinco grupos: serinas, cisteínas, treoninas,

aspárticas e metaloproteinases. Destas enzimas, as que têm maior importância no

comportamento maligno de neoplasmas são as metaloproteinases, que desempenham

um papel crucial em invasão e metástase (KUMAGAI et al., 1994; WESTERMARCK,

KAHARI, 1999; STAMENKOVIC, 2000; MYOUNG et al, 2002; VICENTE et al.,

2005).

2.3- Metaloproteinases de Matriz (MMPs)

As metaloproteinases de matriz (MMPs) são uma família de endopeptidases

dependentes de zinco, que coletivamente são capazes de degradar essencialmente todos

os componentes da matriz extracelular (CURRAN, MURRAY, 2000;

O’CHAROENRAT et al., 2002; SOUZA, LINE, 2002; PALOSAARI et al., 2003;

ALA-AHO, KÄHÄRI, 2005; VICENTE et al., 2005).

As primeiras MMPs foram identificadas em 1962, quando pesquisadores

observaram que a reabsorção da cauda de girinos durante a metamorfose se dava por

meio de atividade enzimática, que tinha a habilidade de degradar colágeno em pH

neutro (STAMENKOVIC, 2000; PARDO, SELMAN, 2005).

Atualmente já está bem estabelecido que também em seres humanos as MMPs

são requeridas em diversas circunstâncias fisiológicas, como na embriogênese, reparo

de feridas, remodelação óssea, ovulação e involução pós-parto (WESTERMARCK,

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KAHARI, 1999; CURRAN, MURRAY, 2000; SOUZA, LINE, 2002; RUNDHAUG,

2003; IKEJIRI et al., 2005).

Tem sido relatado que em diversas enfermidades se observa aumento da

expressão ou atividade de MMPs, como em neoplasias, artrite reumatóide, osteoartrite,

dermatoses bolhosas auto-imunes, periodontites, desordens da articulação têmporo-

mandibular, entre outras (WESTERMARCK, KAHARI, 1999; CURRAN, MURRAY,

2000; GEARING et al., 2002; SOUZA, LINE, 2002; KIVELÄ-RAJAMÄKI et al.,

2003; TSAI et al., 2003; PEREIRA et al, 2005).

As metaloproteinases são, em geral, constituídas por domínios bem conservados:

um peptídeo sinalizador, um pró-peptídeo cuja clivagem proteolítica é necessária para a

ativação enzimática, um domínio catalítico com um sítio de ligação para o zinco e um

domínio c-terminal hemopexina, envolvido em interações com outras MMPs e

inibidores teciduais de metaloproteinases (TIMPs). Algumas MMPs exibem domínios

adicionais ou pequenas inserções (THOMAS, LEWIS, SPEIGHT, 1999;

WESTERMARCK, KAHARI, 1999; SOUZA, LINE, 2002; RUNDHAUG, 2003).

A expressão de MMPs é firmemente regulada, uma vez que seu efeito é

potencialmente devastador (CURRAN, MURRAY, 2000). Esta regulação ocorre pelo

menos em três níveis: transcricional, ativação proteolítica da pró-enzima e inibição da

atividade enzimática (STAMENKOVIC, 2000; NABESHIMA et al., 2002; POLETTE

et al., 2004).

A regulação transcricional das MMPs parece representar um etapa essencial,

pois a maioria das metaloproteinases tem seus genes expressos apenas quando há

remodelação tecidual ativa, fisiológica ou patológica (CURRAN, MURRAY, 2000;

SOUZA, LINE, 2002). Vários fatores podem estar envolvidos nesta regulação, como

citocinas, hormônios, fatores de crescimento e até mesmo fragmentos resultantes da

clivagem da MEC por MMPs (THOMAS, LEWIS, SPEIGHT, 1999; O’TOOLE, 2001;

NABESHIMA et al., 2002).

As metaloproteinases são, em grande parte, secretadas na forma de precursores

latentes, denominados pró-enzimas ou zimogênios, que precisam ser clivados no pró-

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domínio n-terminal para assumirem a forma ativa. Esta clivagem é usualmente realizada

por proteinases serinas, como a plasmina e tripsina, e ocasionalmente por outras MMPS

(THOMAS, LEWIS, SPEIGHT, 1999; CURRAN, MURRAY, 2000; STAMENKOVIC,

2000; MYOUNG et al., 2002; SORSA, TJÄDERHANE, SALO, 2004; VICENTE et al.,

2005).

Finalmente, a regulação da atividade proteolítica das MMPs pode ser feita

através de inibidores fisiológicos, especialmente pelos inibidores teciduais de

metaloproteinases (TIMPs), que são capazes de bloquear especificamente as formas

ativas de MMPs (WESTERMARCK, KAHARI, 1999; CURRAN, MURRAY, 2000).

A inibição das MMPs pelos TIMPs se dá pela formação de complexos enzima-

inibidor. A extensão da degradação da MEC pelas metaloproteinases, tanto em

condições fisiológicas quanto em eventos patológicos, é determinada pelo balanço entre

MMPs e TIMPs (KUMAMOTO et al., 2003; RAUVALA, PUISTOLA,

TURPEENNIEMI-HUJANEN, 2005).

Há atualmente quatro membros conhecidos desta família: TIMP-1, 2, 3 e 4, que

exibem 30 a 40% de homologia na cadeia de aminoácidos e possuem 12 resíduos de

cisteína conservados (WESTERMARCK, KAHARI, 1999; CURRAN, MURRAY,

2000).

Apesar dos TIMPs serem os maiores inibidores das MMPS, este não é seu único

efeito biológico, pois algumas destas proteínas também induzem alterações na

morfologia celular, estimulam o crescimento de vários tipos de células, estão envolvidas

no desenvolvimento de células germinativas e têm efeito na angiogênese

(WESTERMARCK, KAHARI, 1999). De acordo com Turpeenniemi-Hujanen (2005),

os TIMPs são capazes de reduzir a angiogênese tumoral, crescimento, migração e

metástase em modelos experimentais.

As metaloproteinases de matriz são abundantemente expressas em variadas

neoplasias malignas e estão implicadas em todos os estágios de sua progressão (IKEJIRI

et al., 2005). Interessantemente, tem sido demonstrado que, em significativo número de

casos, estas MMPs são expressas nas células estromais, tornando evidente que as células

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tumorais, além da produção endógena de MMPs, são capazes de utilizar as proteinases

produzidas por células do estroma (THOMAS, LEWIS, SPEIGHT, 1999; ZUCKER et

al., 2001; LYNCH, MATRISIAN, 2002; O’CHAROENRAT et al., 2002).

Apesar de estar claro que a associação entre as metaloproteinases e a progressão

neoplásica está diretamente relacionada com a sua capacidade de romper as barreiras

físicas representadas pela membrana basal e MEC intersticial, as metaloproteinases

também participam de outros processos do desenvolvimento tumoral, como a regulação

da angiogênese e proliferação celular através da modulação de fatores de crescimento e

citocinas armazenadas na MEC (KUSUKAWA et al., 1996; HAAS, MADRI, 1999;

ZUCKER et al., 2001; FRANCHI et al., 2002).

De acordo com Curran e Murray (2000), diferentes MMPs são capazes de

interagir com moléculas de adesão celular, de variadas classes, facilitando o movimento

de células através da matriz extracelular.

Conforme Lynch e Matrisian (2002), as metaloproteinases de origem tumoral ou

estromal podem processar moléculas da superfície celular, proteínas da MEC ou fatores

de crescimento e citocinas armazenados na matriz extracelular, causando alterações no

microambiente e favorecendo o crescimento tumoral, migração, invasão, angiogênese e

seleção de clones celulares resistentes a apoptose. Para estes autores, as MMPs podem

ser utilizadas como um meio de comunicação pelas células tumorais e estromais.

As metaloproteinases parecem estar envolvidas também na imunossupressão

associada ao câncer. Sheu te al. (2001) demonstraram que as MMPs podem induzir a

clivagem proteolítica de IL-2Rα em células T ativadas e suprimir a capacidade

proliferativa destas células.

Assim, as metaloproteinases são importantes para a criação de um ambiente que

facilite o início e manutenção do crescimento de tumores primários e metastáticos

(CHAMBERS, MATRISIAN, 1997).

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Regulação positiva na expressão de várias MMPs tem sido encontrada em

câncer humano e parece estar correlacionada a estágio avançado, invasividade,

metástase e pobre prognóstico (RUNDHAUG, 2003).

Com base em sua estrutura e especificidade de substrato, as MMPs são divididas

em cinco grupos principais: colagenases, gelatinases, estromelisinas, tipo-membrana e

outras metaloproteinases, incluindo as matrilisinas (WESTERMARCK; KAHARI,

1999, SOUZA; LINE, 2002). De acordo com Thomas, Lewis e Speight (1999), as

MMPs exibem um alto grau de similaridade estrutural entre si, havendo respectivamente

cerca de 80% e 50% de homologia na seqüência de aminoácidos intra e inter grupos.

2.4- Colagenase-1 (MMP-1)

As colagenases 1, 2 e 3, que correspondem respectivamente à MMP-1, MMP-8 e

MMP-13, são as principais proteinases capazes de iniciar a degradação de vários

colágenos fibrilares nativos, incluindo os colágenos tipo I, II, III e VII

(STAMENKOVIC, 2000; ALA-AHO, KÄHÄRI, 2005).

A MMP-1 foi a primeira metaloproteinase humana a ser clonada, sendo

considerada o protótipo para todas a colagenases intersticiais. Por ter sido obtida

inicialmente a partir de fibroblastos de pele, ficou conhecida também como colagenase

fibroblástica (PARDO, SELMAN, 2005). Esta metaloproteinase é a principal enzima

responsável pela degradação do colágeno I (ALA-AHO, KÄHÄRI, 2005).

De acordo com Brasileiro Filho (2004), o colágeno é a proteína mais abundante

da matriz extracelular intersticial e, em mamíferos, o colágeno tipo I representa cerca de

90% do total destas proteínas fibrosas. Sua clivagem, portanto, é um evento essencial

para que uma célula normal ou neoplásica possa se mover na matriz extracelular.

A proteólise do colágeno fibrilar resulta na produção de moléculas termicamente

instáveis, que se desnaturam e assumem a forma de gelatina, que pode, então, ser

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degradada por outros membros da família MMP (ZIOBER et al., 2000; PARDO,

SELMAN, 2005).

Além dos colágenos fibrilares, a MMP-1 tem diversos substratos entre as

moléculas da MEC, incluindo agrecan, nidogênio, perlecan e tenascina-C. A colagenase

1 também tem-se mostrado capaz de clivar moléculas da superfície celular e substratos

não-matriz (PARDO, SELMAN, 2005).

A expressão de MMP-1 pode ser detectada em uma variedade de processos

fisiológicos e patológicos, embora em situações de normalidade, em tecidos adultos,

seus níveis estejam usualmente baixos ou não detectáveis. Em cultura de células MMP-

1 é expressa por várias células normais, como queratinócitos, fibroblastos e células

endoteliais (LIN et al., 1997; ALA-AHO, KÄHÄRI, 2005).

Aumento na expressão de MMP-1 tem sido freqüentemente relatado em

carcinomas epidermóides, muitas vezes em associação com pobre prognóstico

(ZIOBER et al, 2000; FRANCHI et al, 2002; LIN et al, 2004; ALA-AHO, KÄHÄRI,

2005).

Objetivando examinar o papel das metaloproteinases em CCE oral, Ziober et al.

(2000) investigaram a habilidade das células HSC-3, uma linhagem de células obtida de

um carcinoma de células escamosas oral altamente invasivo, de degradar colágeno tipo

I. Os autores observaram que inicialmente as células expressaram MMP-2 e MMP-9.

Com a adição de EGF (fator de crescimento epidérmico), as células HSC-3 passaram a

secretar também MMP-1 e tornaram-se capazes de degradar completamente colágeno

tipo I. Além disso, foi demonstrado, por hibridização in situ, que MMP-1 não é expressa

em mucosa normal, apenas minimamente expressa em displasia epitelial oral e

carcinoma in situ e altamente expressa em CCE invasivo. Os autores concluíram que em

carcinoma de células escamosas invasivo a MMP-1 é expressa in vivo, regulada

positivamente por EGF e requerida para degradação do colágeno tipo I.

Em 2002, Franchi et al., investigando a expressão imuno-histoquímica de

metaloproteinases em carcinomas epidermóides de cabeça e pescoço, evidenciaram

moderada ou forte marcação para MMP-1 em 74,5% dos espécimes. Não foi detectada,

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entretanto, nenhuma correlação significativa entre a expressão desta colagenase e outros

indicadores de agressividade tumoral pesquisados, como marcadores de angiogênese e

de proliferação celular.

Utilizando imuno-histoquímica, Miranda (2002) avaliou a expressão de

proteínas da matriz extracelular em carcinomas epidermóides de lábio inferior e língua,

com variada gradação histológica de malignidade. O autor constatou, na maior parte dos

casos investigados, ausência ou fraca marcação para o colágeno I, substrato preferencial

da MMP-1.

Lin et al. (2004) estudaram o DNA genômico do sangue de 121 pacientes

portadores de carcinoma de células escamosas oral e observaram aumento do genótipo

2G no promotor da MMP-1 em maior freqüência que nos casos utilizados como

controle. Os autores concluíram que a presença deste genótipo no promotor da MMP-1

está associada ao risco de desenvolvimento de carcinomas epidermóides, o que já foi

verificado para carcinomas localizados em outras áreas do corpo.

2.5- Gelatinases (MMP-2 e MMP-9)

O grupo das gelatinases recebe esta denominação em função da sua capacidade

de degradar colágeno desnaturado (gelatina) e é constituído por dois componentes:

gelatinase-A (MMP-2) e gelatinase-B (MMP-9) (THOMAS, LEWIS, SPEIGHT, 1999;

KUBOTA et al., 2000).

Estas enzimas são capazes de clivar colágeno IV, que é o principal constituinte

da membrana basal, primeira barreira para a progressão de células epiteliais neoplásicas.

Desta forma, as gelatinases desempenham um importante papel nos processos de

invasão tumoral e metástase (HONG et al., 2000; LEV et al., 2002; ROBINSON et al.,

2003; TSAI et al, 2003; RAUVALA, PUISTOLA, TURPEENNIEMI-HUJANEN,

2005). Além do colágeno IV e gelatina, as MMPs 2 e 9 têm outros substratos, que

incluem: colágenos I, V e X e, para MMP-2, laminina (STAMENKOVIC, 2000).

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A MMP-2 é geralmente expressa constitutivamente, particularmente em células

estromais. A MMP-9, no entanto, é mais restrita e, em tecidos normais, exibe níveis

tipicamente baixos ou está ausente, sendo induzida em condições que requerem

remodelação tecidual (STAMENKOVIC, 2000; POLETTE et al., 2004).

As gelatinases parecem estar envolvidas no desenvolvimento de cistos e tumores

odontogênicos, participando ativamente das interações entre as células epiteliais e os

componentes mesenquimais (KUBOTA et al., 2000; KUMAMOTO et al., 2003;

WAHIGREN et al., 2003).

Diversos trabalhos têm relatado aumento na imuno-expressão de MMP-2 e

MMP-9 em carcinomas orais ou de cabeça e pescoço (HONG et al., 2000;

TOKUMARU et al., 2000; FRANCHI et al., 2002; KATAYAMA et al., 2004; KATO et

al., 2005; LIU et al., 2005; TURPEENNIEMI-HUJANEN, 2005; VICENTE et al.,

2005). De acordo com Dang et al. (2004), a MMP-9 é um importante modulador da

matriz extracelular em carcinomas epidermóides orais.

Avaliando a imunorreatividade de proteínas da membrana basal em carcinoma

epidermóides orais, Hirota, Yoneda, Osaki (1990) evidenciaram uma diminuição na

expressão de colágeno IV, especialmente em estágios mais avançados, estando

freqüentemente ausente em tumores com metástase linfonodal.

Hong et al. (2000) examinaram, através de imuno-histoquímica e zimografia, a

expressão de MMP-2 e MMP-9 em carcinomas de células escamosas orais com e sem

metástase, a fim de avaliar a importância destas proteinases em predizer o potencial

metastático das lesões estudadas. Eles observaram que ambas as metaloproteinases

tiveram maior expressão no grupo metastático, mas esta diferença só foi significativa

estatisticamente para a MMP-9, indicando, segundo os autores, que a produção de

MMP-9 pelas células tumorais poderia ser um fator mais importante no processo de

metástase linfática que a produção de MMP-2.

Tokumaru et al. (2000) estudaram a ativação de MMP-2 em amostras clínicas de

carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço, bem como em uma linhagem de

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células epiteliais malignas em co-cultura com fibroblastos. Eles observaram que a taxa

de ativação da pro-MMP-2 foi significativamente mais alta em tecidos carcinomatosos

que em tecidos normais e que esta taxa estava correlacionada significativamente com

presença de metástase linfática. Além disso, os resultados obtidos in vitro sugeriram que

os fibroblastos estromais produzem pro-MMP-2 e que a MMP-2 é ativada pelas células

neoplásicas.

As MMPs- 2 e 9 foram avaliadas através de imuno-histoquímica por Franchi et

al. (2002) em 43 casos de CCE de cabeça e pescoço, juntamente com a análise de

MMP-1 e de vários outros fatores envolvidos no crescimento tumoral e metástase. Os

autores não observaram correlação entre a expressão das MMPs estudadas e parâmetros

clínicos, entretanto tumores com expressão aumentada de MMP-9 tiveram mais

freqüentemente metástases linfáticas em comparação com os tumores com expressão

baixa ou ausente. Além disso, este trabalho demonstrou correlação entre a expressão de

MMP-9, ativação de óxido nítrico, taxa de p53 e angiogênese, nos casos estudados de

carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço.

Em carcinomas epidermóides de lábio inferior e língua, Miranda (2000)

demonstrou ausência de expressão imuno-histoquímica de colágeno IV e laminina na

membrana basal dos ninhos neoplásicos, em quase toda a amostra. Quando presente,

esta marcação exibiu fraca intensidade e padrão delgado e descontínuo.

Em 2002, Papparella et al. examinaram a expressão imunohistoquímica de

MMP-2 e MT1-MMP em uma série de 50 carcinomas mamários caninos. Este estudo

revelou aumento na expressão destas metaloproteinases nos carcinomas estudados,

entretanto, segundo os autores, pelo método imuno-histoquímico não foi possível

relacionar tal expressão com a progressão da doença.

Robinson et al. (2003) examinaram por zimografia os níveis de MMP-2 e MMP-

9 em linhagens de células derivadas de carcinoma oral e em ceratinócitos normais.

Além disso, avaliaram o comportamento celular através da observação da invasão e

motilidade destas células in vitro e do transplante ortotópico das células tumorais para

camundongos atímicos. Os autores encontraram correlação entre a expressão de ambas

as gelatinases pelos ceratinócitos orais malignos e a invasão e motilidade exibidas por

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estas células in vitro, entretanto nenhuma correlação foi observada com o potencial

metastático in vivo.

Em 30 espécimes de carcinoma epidermóide oral e em uma linhagem de células

derivadas de câncer oral, Tsai et al. (2003) verificaram que houve produção de MMP-2

e MMP-9 in vivo e in vitro e que a atividade das gelatinases foi regulada negativamente

por inibidores da proteína-kinase – C (PKC).

Estudando 23 casos de CCE primários de língua, Guttman et al. (2004)

avaliaram, por imuno-histoquímica, a expressão de MMP-9, TIMP-1 e os fatores

angiogênicos CD-34 e fator-8, comparando-a com os aspectos clinicopatológicos das

lesões. 60,9% dos espécimes exibiram imunopositividade, especialmente

citoplasmática, para MMP-9, entretanto, nenhuma correlação estatisticamente

significativa foi constatada entre a expressão de MMP-9 ou TIMP-1 e as características

tumorais avaliadas: tamanho, metástase linfática e recorrência. Os autores concluíram

que, dentre os marcadores examinados, apenas o grau de vascularização se relacionou

com a agressividade da neoplasia.

Com o objetivo de investigar se a expressão de MMP-2 e MMP-9 tem valor

predictivo para o curso clínico e prognóstico em estágios iniciais de carcinoma de

células escamosas oral, Katayama et al. (2004) utilizaram o método imuno-histoquímico

para avaliar a reatividade às gelatinases de 53 espécimes destas neoplasias. Seus

resultados indicaram que houve significante correlação entre a expressão de MMP-9,

mas não de MMP-2, com a ocorrência de metástase linfática ou à distância e pobre

prognóstico.

Nagel et al. (2004) investigaram a expressão de MMP-2, MMP-9 e TIMP-1, 2 e

3 em 20 tumores malignos e 6 neoplasias benignas de glândulas salivares, por meio de

imuno-histoquímica e zimografia. Foi evidenciado que a imunomarcação da MMP-2 foi

significativamente mais alta em tumores malignos que em adenomas. Os autores

constataram, ainda, que em carcinomas de glândulas salivares os desequilíbrios na

proporção entre MMPs e TIMPs são causados pela regulação positiva de MMPs, mas

não pela regulação negativa de TIMPs.

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Em 2005, Kato et al. verificaram, por meio de zimografia e imuno-histoquímica,

que MMP-2 e MMP-9 estão presentes em carcinomas epidermóides orais humanos nas

formas de pro-enzima e ativada. Estas enzimas também foram detectadas em células

estromais, o que levou os autores a sugerir que a interação entre células tumorais e

estromais parece desempenhar um importante papel na invasão e metástase destas

neoplasias.

Para investigar o valor prognóstico das MMPs 2 e 9, Liu et al. (2005) avaliaram

a reatividade imuno-histoquímica destas gelatinases em 72 espécimes de CCE de

laringe, comparando-as com as características clinicopatológicas e prognóstico. Seus

resultados indicaram que há expressão aumentada de MMP-2 e MMP-9 em carcinomas

de células escamosas de laringe, mas sem relação estatisticamente significante com os

aspectos clínicos ou histológicos do tumor. O aumento na expressividade de MMP-2

exibiu, entretanto, relação significativa com pobre prognóstico nas lesões estudadas.

Com o objetivo de avaliar a relação das MMPs 2 e 9 com prognóstico, Vicente

et al. (2005) estudaram a imunomarcação destas proteases em 68 carcinomas

epidermóides orais. Destes, 28% expressaram MMP-2 e 17% foram positivos para

MMP-9. Ambas as MMPs mostraram imunopositividade mais freqüentemente em

pacientes com metástase linfática, embora esta diferença não tenha sido estatisticamente

significante. A expressão imuno-histoquímica da MMP-9 exibiu associação

significativa com o grau de diferenciação tumoral, estágio – T e com o consumo de

álcool. Além disso, nos pacientes sem metástase linfática, a positividade para MMP-9 se

relacionou com baixas taxas de sobrevida.

2.5- Matrilisinas (MMP-7 e MMP-26)

As matrilisinas são representadas por dois componentes: a MMP-7 e a MMP-26.

Estas metaloproteinases possuem uma estrutura muito pequena, contendo apenas o

mínimo necessário para secreção e atividade. Entretanto, são capazes de clivar uma

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ampla variedade de substratos da matriz extracelular (LIU et al., 2002; YAMAMOTO et

al., 2004).

A secreção de MMP-7 (matrilisina 1) tem sido descrita em células epiteliais,

fibroblastos e macrófagos (WILSON, MATRISIAN, 1996), sendo expressa em

processos normais, como cicatrização de feridas e ciclo endometrial (BAIR et al., 2001).

A MMP-7 desempenha também um importante papel na manutenção da imunidade

inata em órgãos, tais como pulmão e intestino, onde ativa proteoliticamente peptídeos

anti-bacterianos, especialmente as pró-defensinas (BURKE, 2004).

Entre os substratos da MMP-7 podemos citar a fibronectina, gelatina, colágeno

tipo IV, laminina e elastina (BAIR et al., 2001; BURKE, 2004). Além disso, a MMP-7

também é capaz de clivar os zimogênios das proteases MMP-2 e MMP-9, sendo

importante na sua ativação (WILSON, MATRISIAN, 1996).

A MMP-7 tem sido detectada em células neoplásicas malignas de origem

epitelial, onde parece desempenhar um papel ativo em virtualmente todos os estágios da

progressão do câncer (WILSON, MATRISIAN, 1996; WIELOCKY, LIBERT,

WILSON, 2004). De acordo com Sasaki et al. (2001), esta matrilisina constitui um bom

marcador para a progressão tumoral.

A MMP-26 é a menor metaloproteinase conhecida atualmente, sendo também

denominada endometase ou matrilisina-2 (PARK et al., 2003; AHOKAS et al., 2005).

Ela foi identificada recentemente, tendo sido isolada simultaneamente por três grupos

independentes (COIGNAC et al., 2000; PARK et al., 2000; URÍA, LOPÉZ-OTÍN,

2000).

Por possuir um mecanismo autolítico de ativação do zimogênio, a MMP-26

pode ser distinguida de todas as demais metaloproteinases (PARK et al., 2000;

MARCHENKO et al., 2004).

A atividade proteolítica da MMP-26 contra vários componentes da MEC,

incluindo fibronectina, colágeno IV, vitronectina, gelatina e fibrinogênio, sugere que

esta matrilisina pode exercer uma importante função na progressão tumoral

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(TUNUNGLA et al., 2003; YAMAMOTO et al., 2004; AHOKAS et al., 2005). Além

disso, tem sido relatado que a MMP-26 é um ativador fisiológico e patológico de pró-

MMP-9 (URÍA, LOPÉZ-OTÍN, 2000; AHOKAS et al., 2005).

A MMP-26 é freqüentemente expressa em tecidos adultos normais, como útero,

placenta e rim, bem como em neoplasias malignas epiteliais de diferentes sítios

anatômicos, dentre os quais podemos citar: endométrio, esôfago, língua e pele

(TUNUNGLA et al., 2003; AMORIM, 2004; MARCHENKO et al., 2004; PILKA et al.,

2004; YAMAMOTO et al., 2004; AHOKAS et al., 2005).

Em 2000, Yamashita et al. estudaram 48 casos de carcinoma esofágico, dos

quais 64,58% apresentaram aumento na expressão de MMP-7. Este aumento ocorreu

especialmente no front invasivo tumoral e, segundo os autores, exibiu relação

estatisticamente significante com o prognóstico da lesão.

Investigando a expressão de MMP-7 em uma linhagem de células provenientes

de carcinoma epidermóide oral, Bair et al. (2001) constataram que integrina β1, N-

caderina e E-caderina estavam envolvidas na indução desta matrilisina.

A relação entre MMP-7 e angiogênese foi demonstrada por Nishizuka et al.

(2001) em câncer de cólon. De acordo com estes autores, a matrilisina-1 pode facilitar o

processo de metástase desta neoplasia, por ativar a formação de novos vasos adjacentes

aos ninhos de células neoplásicas, por mecanismo ainda não esclarecido.

Sasaki et al. (2001) avaliaram os níveis de RNAm da MMP-7 em uma amostra

constituída de 73 casos de câncer de pulmão. Neste trabalho foi constatado que os

tumores em estágios mais avançados (II a IV) exibiram níveis mais elevados de RNAm

da MMP-7 que as lesões em estágio I. Além disso, tumores com metástase linfática

mostraram níveis mais altos deste RNA, em comparação às lesões não mestatáticas.

Huo et al. (2002) examinaram o efeito da MMP-7 na proliferação de células

endoteliais de veia umbilical in vitro e concluíram que esta metaloproteinase induz

diretamente a angiogênese. Os autores sugeriram que a MMP-7 poderia ser um bom

alvo para a terapia contra o câncer.

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Objetivando averiguar a relação entre a expressão de matrilisinas e a

proliferação celular, Liu et al. (2002) analisaram através de imuno-histoquímica a

marcação para matrilisinas e Ki-67 em 130 pacientes portadores de carcinoma gástrico

em estágio avançado, sendo curiosamente verificada uma relação inversa entre estes

marcadores. Foi observado também que 79,2% dos casos expressaram MMP-7,

especialmente no front de invasão tumoral.

Em 86 casos de carcinoma endometrial e 50 fragmentos teciduais de endométrio

benigno, Tunungla et al. (2003) pesquisaram a expressão imuno-histoquímica de MMP-

26, TIMP-3 e TIMP-4. Foi constatado aumento da marcação para MMP-26 e TIMP-4

em células invasivas tumorais, células endoteliais, lesões de maior profundidade ou com

alto grau de malignidade. Estes resultados sugerem, de acordo com os autores, que

MMP-26 e TIMP-4 desempenham um papel importante nos processos de angiogênese e

invasão de tumores endometriais.

Amorim (2004) investigou a expressão imuno-histoquímica de MMP-7, MMP-

26 e B-catenina em 24 carcinomas epidermóides de língua divididos em dois grupos:

com e sem metástase. As lesões exibiram predominantemente marcação positiva ou

fortemente positiva para as matrilisinas, entretanto, não foi detectada correlação

significativa entre a imunorreatividade das MMPs pesquisadas entre si, nem com o

potencial metastático dos carcinomas linguais.

Em um estudo realizado por Pilka et al., publicado em 2004, a MMP-26 foi

pesquisada em 19 casos de carcinoma endometrial, 15 hiperplasias endometriais e 39

espécimes de endométrio normal, através de hibridização in situ, PCR e

imunohistoquímica. O RNAm de MMP-26 foi detectado apenas no componente

epitelial dos espécimes estudados. Curiosamente, entretanto, a expressão desta

matrilisina diminuiu com a perda da diferenciação histológica nos carcinomas

endometriais.

Yamamoto et al. (2004), examinando 50 casos de carcinoma de células

escamosas de esôfago, observaram, através de RT-PCR e imuno-histoquímica, que a

expressão da MMP-26 exibiu correlação significativa com a expressão da MMP-9.

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Além disso, os pacientes com expressão concomitante de MMP-9 e MMP-26 no front

invasivo tiveram piores prognósticos, o que levou os autores a concluir que estas

metaloproteinases desempenham um papel importante na progressão do CCE esofágico.

Em 2005, Ahokas et al. demonstraram que a MMP-26 pode ser expressa por

queratinócitos em associação com várias desordens benignas de pele, no reparo de

feridas e na carcinogênese cutânea inicial.

Bister et al. (2005) utilizaram imuno-histoquímica e hibridização in situ no

estudo de 18 espécimes de enterocolite necrotizante. Eles observaram, na maior parte

dos casos estudados, aumento da expressão de MMP-7 no epitélio, de MMP-1 e MMP-

26 nas células estromais e de MMP-9 em células inflamatórias. Os autores acreditam

que as metaloproteinases são os principais fatores envolvidos na destruição tecidual

evidenciada nesta patologia e que inibidores sintéticos de MMPs podem ser utilizados

como uma nova opção terapêutica no seu tratamento.

Através de imuno-histoquímica e hibridização in situ, Impola et al. (2005)

observaram a expressão de metaloproteinases em carcinomas de células escamosas de

pele e em úlceras crônicas. Eles constataram marcação epitelial de MMP-7 em todos os

casos de CCE da amostra, especialmente nas áreas mais invasivas do tumor, mas não no

epitélio das úlceras crônicas não malignas.

Utilizando uma linhagem de células cancerosas de mama, Wang, Reierstad e

Fishman (2005) demonstraram que a transfecção do gene MMP-7 promoveu invasão

das células pesquisadas e que a expressão de MMP-7 aumentou a secreção e ativação de

pró-MMP-9 e pró-MMP-2, sugerindo que esta matrilisina pode aumentar a invasividade

parcialmente através da ativação das gelatinases.

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3 – PROPOSIÇÃO

A proposição deste trabalho consistiu em avaliar a expressão imuno-

histoquímica de metaloproteinases (MMP-1, MMP-2, MMP-7, MMP-9 e MMP-26) em

carcinomas epidermóides de lábio inferior e língua, a fim de se verificar se há ou não

correlação entre a expressão destas enzimas e a localização anatômica da lesão ou seu

grau histológico de malignidade, estabelecido pelo sistema de gradação proposto por

Bryne (1998). Com este estudo, esperamos contribuir para um melhor entendimento do

comportamento biológico desta neoplasia, bem como do papel das metaloproteinases na

invasividade de carcinomas epidermóides de boca.

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4 - MATERIAL E MÉTODOS

4.1. CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

Este experimento consistiu em uma avaliação semi-quantitativa da expressão

imuno-histoquímica das metaloproteinases MMP-1, MMP-2, MMP-7, MMP-9 e MMP-

26 em uma série de casos de carcinomas epidermóides de lábio inferior e língua com

diferentes graus de malignidade histológica, a fim de observar se existe diferença no

padrão de expressão destas enzimas com relação à localização ou à gradação histológica

das lesões pesquisadas.

4.2. POPULAÇÃO

A população foi constituída pelos casos de carcinoma epidermóide oral,

registrados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital São Marcos, da Associação

Piauiense de Combate ao Câncer, em Teresina – PI.

4.3. AMOSTRA

Foram selecionados 15 casos de carcinoma epidermóide de língua e 15 de lábio

inferior, provenientes de tratamento cirúrgico de pacientes atendidos no Hospital São

Marcos em Teresina – PI. Os dados clínicos referentes aos casos selecionados

encontram-se no quadro 1.

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Quadro 1 – Dados clínicos de 30 pacientes portadores de carcinoma epidermóide

de lábio inferior e língua, atendidos no Hospital São Marcos em Teresina – PI

CASO Localização da Lesão Idade do

Paciente

Gênero do

Paciente

Presença de

Metástase

01 Lábio inferior 78 M Não

02 Lábio inferior 67 F Não

03 Lábio inferior 73 M Não

04 Lábio inferior 90 M Não

05 Lábio inferior 35 M Não

06 Língua 60 F Não

07 Língua 42 M Sim

08 Língua 70 F Não

09 Lábio inferior 84 M Não

10 Lábio inferior 72 M Não

11 Lábio inferior 57 F Não

12 Língua 39 M Sim

13 Lábio inferior 64 M Não

14 Lábio inferior 39 M Não

15 Língua 55 M Não

16 Lábio inferior 69 F Não

17 Língua 68 M Sim

18 Língua 73 F Não

19 Língua 40 M Sim

20 Língua 55 M Não

21 Lábio inferior 81 F Não

22 Língua 67 F Não

23 Lábio inferior 84 M Não

24 Língua 53 M Não

25 Lábio inferior 31 F Não

26 Lábio inferior 79 M Não

27 Língua 77 M Não

28 Língua 70 F Não

29 Língua 54 M Sim

30 Língua 65 M Sim

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4.4. CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DA AMOSTRA

4.4.1. Critérios de Inclusão

Foram incluídos na amostra os casos de carcinoma epidermóide localizados em

lábio inferior e língua, resultantes de tratamento cirúrgico, sem quimioterapia ou

radioterapia prévia, cujo material emblocado em parafina encontrava-se em bom estado

de conservação e em quantidade suficiente para a realização do estudo imuno-

histoquímico.

4.4.2. Critérios de Exclusão

Foram excluídos da amostra os casos de carcinoma epidermóide de lábio inferior

e língua resultantes de biópsias incisionais e/ou espécimes com material insuficiente ou

com extensas áreas de necrose.

4.5. ANÁLISE MORFOLÓGICA E GRADAÇÃO DE MALIGNIDADE

Foram obtidos cortes de 5 µm de espessura de todos os casos selecionados,

estendidos em lâminas de vidro, corados pela técnica da hematoxilina e eosina e

observados em microscopia de luz. Foi realizada uma análise descritiva dos aspectos

histomorfológicos dos espécimes, com avaliação do front de invasão tumoral e

subseqüente classificação das lesões, através do sistema de gradação histológica

proposto por Bryne (1998) (Quadro 2).

Por meio do somatório dos escores obtidos em cada parâmetro, foi calculada a

pontuação final de cada espécime estudado, viabilizando sua classificação em: baixo

escore (4 a 8 pontos) ou alto escore de malignidade (> 8 pontos). Esta classificação foi

proposta por Miranda (2002), consistindo em uma adaptação à classificação de Bryne et

al. (1989).

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Quadro 2 – Sistema de gradação de malignidade “modo de invasão” recomendado

por Bryne (1998)

ESCORES

PARÂMETROS 1 2 3 4

Grau de

ceratinização

Altamente

ceratinizado

(+ de 50%

das células)

Moderadamente

ceratinizado

(20 a 50% das

células)

Mínima

ceratinização

(5 a 20% das

células)

Nenhuma

ceratinização

(0 a 5% das

células)

Pleomorfismo

nuclear

Pouco

(+ de 75% de

células

maduras)

Moderado

(50 a 75 de

células maduras)

Intenso

(25 a 50% de

células

maduras)

Extremo

(0 a 25% de

células maduras)

Padrão de

invasão

Bordas

infiltrativas

bem

delimitadas

Cordões, bandas

e/ou trabéculas

sólidas

infiltrativas

Pequenos

grupos ou

cordões de

células

infiltrativas

(n>15)

Dissociação

celular espraiada

e pronunciada,

em pequenos

grupos e/ou

individuais

(n<15)

Infiltrado

inflamatório

Intenso Moderado Escasso Ausente

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4.6. ESTUDO IMUNO-HISTOQUÍMICO

4.6.1. Estudo Imuno-histoquímico das Metaloproteinases

Do material emblocado em parafina, foram obtidos cortes de 3 µm de espessura,

que foram estendidos em lâminas de vidro previamente preparadas com organosilano

(3-aminopropyltrithoxy-silano, Sigma Chemical CO, USA) e submetidos ao método da

imuno-histoquímica pela técnica da estreptavidina-biotina peroxidase, descrita a seguir:

� Desparafinização em xilol (1), por 30 minutos, a 60 oC;

� Desparafinização em xilol (2), por 20 minutos, à temperatura ambiente;

� Hidratação em álcool etílico absoluto (1) por 5 minutos, à temperatura ambiente;

� Hidratação em álcool etílico absoluto (2) por 5 minutos, à temperatura ambiente;

� Hidratação em álcool etílico absoluto (3) por 5 minutos, à temperatura ambiente;

� Hidratação em álcool etílico 95°, por 5 minutos, à temperatura ambiente;

� Hidratação em álcool etílico 80°, por 5 minutos, à temperatura ambiente;

� Remoção de pigmentos formólicos em hidróxido de amônia a 10 % , por 10

minutos, à temperatura ambiente;

� Lavagem em água corrente por 10 minutos;

� Passagem em água destilada por duas vezes (5 minutos cada);

� Recuperação antigênica (Quadro 2);

� Resfriamento dos cortes até atingir a temperatura ambiente;

� Lavagem em água corrente (10 minutos);

� Duas passagens em água destilada (5 minutos cada);

� Bloqueio da peroxidase endógena com peróxido de hidrogênio 10 volumes, em

duas passagens de 15 minutos cada;

� Lavagem em água corrente (10 minutos);

� Duas passagens em água destilada (5 minutos cada);

� Duas passagens em solução de Tween 20 a 1 % em TRIS-HCl pH 7,4 por 5

minutos cada;

� Incubação com os anticorpos primários (Quadro 3) diluídos em solução de BSA

a 1 % em TRIS-HCl, pH 7,4.

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� Duas passagens em solução de Tween 20 a 1 % em TRIS-HCl pH 7,4 por 5

minutos cada;

� Incubação com o anticorpo secundário (Biotinylated link universal – DAKO)

� Duas passagens em solução de Tween 20 a 1 % em TRIS-HCl pH 7,4 por 5

minutos cada;

� Incubação com o complexo estreptavidina-biotina (DAKO, A/S, Glostrup,

Dinamarca) durante 30 minutos, à temperatura ambiente;

� Imersão em TRIS-HCl, duas trocas de 5 minutos cada;

� Incubação em solução contendo o agente cromógeno diamonobenzidina (DAB),

durante 3 minutos, diluída em TRIS-HCL pH 7,4 e ativada com peróxido de

hidrogênio 10 volumes a 0,3 %;

� Lavagem em água corrente por 10 minutos;

� Passagens rápidas em água destilada ( 3 trocas )

� Contra-coloração com hematoxilina de Mayer (10minutos) à temperatura

ambiente;

� Passagem em água destilada (2 vezes, por 5 minutos cada);

� Lavagem em água corrente por 10 minutos;

� Desidratação em álcool etílico em escala crescente de 80° ao absoluto por 3

minutos cada;

� Diafanização em xilol durante 10 minutos;

� Montagem da lamínula em resina Permount (Ficher Scientific, USA).

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Quadro 3 – Especificidade, clone, diluição, fabricante, recuperação antigênica e

tempo de incubação dos anticorpos primários utilizados no estudo

imuno-histoquímico.

4.6.2. Método de Análise da Imuno-expressão das Metaloproteinases

A avaliação da expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases nos

carcinomas epidermóides foi realizada na área do front de invasão tumoral, por meio de

microscopia de luz. Um adenocarcinoma de mama foi utilizado como controle positivo.

Inicialmente, foi observada a marcação para cada metaloproteinase estudada

apenas nas células neoplásicas. Seguindo a metodologia descrita por Franchi et al.

(2002), realizou-se a análise semi-quantitativa das células positivas, com subseqüente

classificação das lesões em quatro grupos:

Ac clone Especificidade Diluição Fonte Recuperação

antigênica

Tempo de

incubação

41-1E5 MMP-1 1:100 Cabiochen

(Oncogene)

Citrato pH 6,0

steamer, 30 min

Overnight

(18 horas)

17B11 MMP-2 1:50 Novacastra EDTA pH 8,0

steamer, 30 min

60 minutos

Ab-1/ID2 MMP-7 1:250 Labvision/

Neomarkers

Pepsina pH 1,8

a 1%, estufa a

37º, 60 min

Overnight

(18 horas)

2C3 MMP-9 1:20 Novacastra Citrato pH 6,0

steamer, 30 min

Overnight

(18 horas)

AHP756 MMP-26 1:250 Serotec Pepsina pH 1,8

a 1%, estufa a

37º, 60 min

Overnight

(18 horas)

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1. negativa (-);

2. baixa expressão (+) - menos de 10% de células positivas;

3. moderada expressão (++) - entre 10 e 50% de células positivas;

4. intensa expressão (+++) - mais de 50% de células tumorais positivas.

Os autores supracitados reorganizaram a amostra em dois grupos a fim de facilitar a

análise estatística. Neste trabalho, entretanto, optamos por trabalhar com os quatro

níveis de expressão, quando da análise das células neoplásicas.

Adicionalmente, foi realizada a avaliação da expressão imuno-histoquímica das

metaloproteinases nas células estromais adjacentes às células neoplásicas do front

invasivo. Para a classificação dos espécimes, adaptamos a metodologia de Franchi et al.

(2002), organizando a amostra em dois grupos:

♦ marcação negativa ou inexpressiva – 0 a 10% de células positivas;

♦ marcação expressiva – mais de 10% de células positivas.

4.7. ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os resultados obtidos foram submetidos ao tratamento estatístico com o objetivo

de testar as hipóteses levantadas. Para isso, foi utilizado o software SPSS 10.0 para

Windows.

Para a verificação das hipóteses de igualdade de expressão das

metaloproteinases no parênquima tumoral com relação à localização da lesão, seu grau

histológico de malignidade e presença de metástase, utilizou-se o teste não paramétrico

de Mann-Whitney, uma vez que esta expressão foi avaliada por meio do

estabelecimento de escores.

A existência de correlação entre a imunomarcação das células neoplásicas para

as metaloproteinases e os escores histológicos de malignidade foi investigada

utilizando-se o coeficiente de correlação de Spearman.

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Foi empregado o teste do Qui-quadrado ou o teste exato de Fisher (para

valores menores que 5) a fim de verificar se havia associação na distribuição dos dados

quando da intersecção de linhas e colunas das tabelas 2x2, contendo os seguintes

parâmetros:

� Localização da lesão e grau histológico de malignidade

� Localização da lesão e presença de metástase

� Expressão das metaloproteinases no estroma tumoral e:

o Localização da lesão

o Grau histológico de malignidade

o Presença de metástase

O nível de significância utilizado para todos os testes foi de 5%.

4.8. IMPLICAÇÕES ÉTICAS

Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte ( Nº 056/05 – CEP – UFRN).

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5 - RESULTADOS

5.1. DADOS CLÍNICOS

A partir de uma avaliação das informações clínicas dos casos pesquisados, foram

obtidos os dados explicitados na tabela 1. Foi verificada uma variação na idade dos

pacientes de 31 a 90 anos, na época do diagnóstico, com média de 66,9 anos para os

pacientes com carcinoma epidermóide de lábio inferior e 59,2 anos para os portadores

de lesão lingual.

Tabela 1 – Distribuição dos casos de carcinoma epidermóide de lábio inferior e

língua, segundo o gênero e idade dos pacientes e presença de metástase.

Natal / RN – 2006.

Dados Clínicos Lábio inferior Língua Total

n % n % n %

GÊNERO

Feminino 5 33,33 5 33,33 10 33,33

Masculino 10 66,67 10 66,67 20 66,67

Total 15 100 15 100 30 100

IDADE

31 – 50 3 20 3 20 6 20

51 – 70 4 26,67 10 66,67 14 46,67

71 - 90 8 53,33 2 13,33 10 33,33

Total 15 100 15 100 30 100

METÁSTASE

Ausente 15 100 9 60 24 80

Presente 0 0 6 40 6 20

Total 15 100 15 100 30 100

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5.2. RESULTADOS MORFOLÓGICOS

Dos 30 casos estudados, 17 (56,67%) exibiram baixo grau de malignidade,

enquanto 13 (43,33%) foram classificados como carcinomas epidermóides de alto grau

(Figuras 1 e 2). Dentre as lesões de lábio inferior, oito foram de baixo grau e sete de alto

grau. Em língua foram diagnosticados nove carcinomas de baixo grau e seis casos de

alto grau de malignidade. A tabela 2 expressa os resultados morfológicos observados

nas lesões de lábio inferior e de língua.

Tabela 2 – Escores de malignidade estabelecidos de acordo com o método de Bryne

(1998), por meio da avaliação morfológica de carcinomas epidermóides

de lábio inferior e língua. Natal/RN-2006.

Lábio inferior (n=15) Língua (n=15)Parâmetromorfológico

Escoren % n %

1 0 0 7 46,662 9 60 4 26,663 6 40 4 26,66

Grau deCeratinização

4 0 0 0 01 0 0 3 202 7 46,66 6 403 8 53,33 6 40

PleomorfismoCelular

4 0 0 0 01 3 20 0 02 7 46,66 6 403 4 26,66 4 26,66

Padrão deInvasão

4 1 6,66 5 33,331 9 60 6 402 5 33,33 7 46,663 1 6,66 2 13,33

InfiltradoInflamatório

4 0 0 0 06 0 0 4 26,667 6 40 1 6,668 2 13,33 4 26,669 3 20 2 13,3310 2 13,33 0 011 1 6,66 0 012 0 0 3 20

Escore TotaldeMalignidade

13 1 6,66 1 6,66

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5.3. RESULTADOS IMUNO-HISTOQUÍMICOS

Nos carcinomas epidermóides estudados, as metaloproteinases imunomarcadas

foram evidenciadas, ao microscópio de luz, como uma pigmentação acastanhada. A

positividade foi observada principalmente nas células tumorais, com marcação

predominantemente citoplasmática e ocasionalmente nuclear. As células positivas se

concentraram mais freqüentemente no front de invasão tumoral, sendo esta a área de

escolha para a avaliação da expressão das metaloproteinases nos carcinomas

epidermóides de lábio inferior e língua, investigados neste trabalho. Esta avaliação foi

baseada no método de Franchi et al. (2002) e os resultados obtidos estão discriminados

na tabela 3.

A intensidade da pigmentação e a proporção de células expressando as

metaloproteinases investigadas foram heterogêneas. Em alguns casos, extensas áreas da

massa tumoral exibiram positividade, enquanto em outros, apenas alguns cordões

celulares ou células neoplásicas dispersas se mostraram marcadas. Por vezes, pôde-se

observar negatividade nas áreas centrais de ninhos ou ilhotas neoplásicas, enquanto as

células periféricas exibiram reatividade, especialmente para as MMPs 7 e 26.

Todos os casos investigados expressaram, pelo menos, duas das

metaloproteinases pesquisadas. 93,33% dos casos demonstraram alguma positividade

para MMP-1 nas células tumorais do front de invasão. Este índice foi de 60% para

MMP-2, 63,33% para MMP-9, 93,33% para MMP-7 e 100% para MMP-26.

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Tabela 3 – Expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases ( MMPs -1, 2, 7, 9

e 26), nas células neoplásicas localizadas no front de invasão tumoral de

carcinomas epidermóides localizados em lábio inferior e língua.

Natal/RN-2006.

Lábio inferior (n=15) Língua (n=15)MMP % de célulaspositivas

n % n %0 1 6,66 1 6,66

<10% 2 13,33 2 13,33

10 – 50% 8 53,33 10 66,66

MMP-1

>50% 4 26,66 2 13,33

0 6 40 6 40

<10% 5 33,33 4 26,66

10 – 50% 4 26,66 5 33,33

MMP-2

>50% 0 0 0 0

0 0 0 2 13,33

<10% 4 26,66 1 6,66

10 – 50% 5 33,33 6 40

MMP-7

>50% 6 40 6 40

0 7 46,66 4 26,66

<10% 7 46,66 3 20

10 – 50% 1 6,66 7 46,66

MMP-9

>50% 0 0 1 6,66

0 0 0 0 0

<10% 4 26,66 3 20

10 – 50% 5 33,33 4 26,66

MMP-26

>50% 6 40 8 53,33

A amostra foi reagrupada, tomando como base o grau histológico de

malignidade dos carcinomas epidermóides estudados. A tabela 4 expressa o resultado da

avaliação imuno-histoquímica das metaloproteinases nas células neoplásicas do front

invasivo, nos 17 casos de baixo grau e nos 13 casos de alto grau de malignidade,

independente da localização.

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Tabela 4 – Expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases (MMPs -1, 2, 7, 9

e 26), nas células neoplásicas localizadas no front de invasão tumoral de

carcinomas epidermóides de baixo e alto graus de malignidade.

Natal/RN-2006.

Baixo Grau (n=17) Alto Grau (n=13)MMP % de célulaspositivas

n % n %0 2 11,76 0 0

<10% 2 11,76 2 15,38

10 – 50% 12 70,58 6 46,15

MMP-1

>50% 1 5,88 5 38,46

0 7 41,17 5 38,46

<10% 4 23,52 5 38,46

10 – 50% 6 35,29 3 23,07

MMP-2

>50% 0 0 0 0

0 2 11,76 0 0

<10% 5 29,41 0 0

10 – 50% 8 47,05 3 23,07

MMP-7

>50% 2 11,76 10 76,92

0 8 47,05 3 23,07

<10% 5 29,41 5 38,46

10 – 50% 4 23,52 4 30,76

MMP-9

>50% 0 0 1 7,69

0 0 0 0 0

<10% 5 29,41 2 15,38

10 – 50% 8 47,05 1 7,69

MMP-26

>50% 4 23,52 10 76,92

As figuras de 3 a 22 mostram a expressão imuno-histoquímica das MMPs 1, 2,

7, 9 e 26 em carcinomas epidermóides de baixo e alto graus de malignidade, localizados

em lábio inferior e língua.

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Foi evidenciada, adicionalmente, marcação imuno-histoquímica das células

estromais adjacentes às células neoplásicas do front invasivo tumoral, o que nos

motivou a realizar a análise da expressividade das MMPs também no estroma dos 30

casos de carcinoma epidermóide. Utilizamos, para isto, a método proposto por Franchi

et al. (2002), adaptando-o para avaliação do estroma. Os resultados obtidos constam nas

tabelas 5 e 6, que trazem, respectivamente, os dados agrupados de acordo com a

localização da lesão e seu grau histológico de malignidade.

A positividade estromal variou muito entre as metaloproteinases investigadas.

Todos os casos avaliados exibiram marcação expressiva para MMP-1 em estroma,

enquanto apenas 3,33% expressaram MMP-26. As demais metaloproteinases

demonstraram índices intermediários de positividade: respectivamente 50 %, 80 % e

26,66 %, para as MMPs 2, 7 e 9.

Tabela 5- Expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases ( MMPs -1, 2, 7, 9

e 26), nas células estromais adjacentes ao front de invasão tumoral de

carcinomas epidermóides localizados em lábio inferior e língua.

Natal/RN-2006.

Lábio inferior (n=15) Língua (n=15)MMP % de célulaspositivas

n % n %< 10% 0 0 0 0MMP-1

> 10% 15 100 15 100

< 10% 4 26,66 11 73,33MMP-2

> 10% 11 73,33 4 26,66

< 10% 2 13,33 4 26,66MMP-7

> 10% 13 86,66 11 73,33

< 10% 10 66,66 12 80MMP-9

> 10% 5 33,33 3 20

< 10% 15 100 14 93,33MMP-26

> 10% 0 0 1 6,66

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Tabela 6- Expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases ( MMPs -1, 2, 7, 9

e 26), nas células estromais adjacentes ao front de invasão tumoral de

carcinomas epidermóides de baixo e alto graus de malignidade. Natal /

RN-2006

Baixo Grau (n=17) Alto Grau (n=13)MMP % de célulaspositivas

n % n %< 10% 0 0 0 0MMP-1

> 10% 17 100 13 100

< 10% 9 52,94 6 46,15MMP-2

> 10% 8 47,05 7 53,84

< 10% 6 35,29 0 0MMP-7

> 10% 11 64,70 13 100

< 10% 10 58,82 12 92,30MMP-9

> 10% 7 41,17 1 7,69

< 10% 17 100 12 92,30MMP-26

> 10% 0 0 1 7,69

Foi observada marcação para MMPs, com freqüência variável, em células

ductais, fibras musculares, glândulas sebáceas e fibras colágenas. O epitélio adjacente

ocasionalmente exibiu imunopositividade para as metaloproteinases estudadas, sendo as

MMPs 7 e 26 expressas nas camadas mais profundas e as MMPs 2 e 9 principalmente

na camada córnea do epitélio de revestimento.

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5.4. RESULTADOS ESTATÍSTICOS

Para o tratamento estatístico dos resultados, foi utilizado o software SPSS 10.0

para Windows. O nível de significância estabelecido foi de 5%.

Inicialmente, por meio do teste do Qui-quadrado e exato de Fisher, constatou-se

que, nos carcinomas epidermóides investigados, a localização da lesão esteve

significativamente associada à presença de metástase, mas não ao grau histológico de

malignidade (tabela 7).

Tabela 7 – Distribuição dos casos de carcinoma epidermóide de lábio inferior e

língua segundo o grau histológico de malignidade e presença de metástase.

Natal / RN-2006.

Localização da lesãoVariáveis Independentes

Lábio inferior

n %

Língua

n %

Total

n %

p

Grau histológico de Malignidade

Baixo 08 47,1 09 52,9 17 100 0,713

Alto 07 53,8 06 46,2 13 100

Metástase

Ausente 15 62,5 09 37,5 24 100 0,017

Presente 0 0 06 100 06 100

Para se avaliar a expressão das metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26 no parênquima

tumoral, principal objetivo deste experimento, foi utilizado o teste de Mann-Whitney.

Com a amostra agrupada de acordo com a localização da lesão, observou-se que,

de modo geral, os carcinomas epidermóides de língua exibiram maior marcação para as

metaloproteinases, quando comparados àqueles localizados em lábio inferior, embora

esta diferença só tenha se mostrado significativa estatisticamente para a MMP-9 (figura

23).

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Figura 23 – Expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26 no

parênquima de carcinomas epidermóides localizados em lábio inferior e língua.

Localização da lesão

LínguaLábio inferior

Exp

ress

ãoda

MM

P-1

nopa

rênq

uim

atu

mor

al

3,5

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

,5

0,0

-,5

127

18

615

24

16

Localização da lesão

LínguaLábio inferior

Exp

ress

ãoda

MM

P-2

nopa

rênq

uim

atu

mor

al

2,5

2,0

1,5

1,0

,5

0,0

-,5

Localização da lesão

LínguaLábio inferior

Exp

ress

ãoda

MM

P-7

nopa

rênq

uim

atu

mor

al

3,5

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

,5

0,0

-,5

2927

Localização da lesão

LínguaLábio inferior

Exp

ress

ãoda

MM

P-9

nopa

rênq

uim

atu

mor

al

3,5

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

,5

0,0

-,5

Localização da lesão

LínguaLábio inferior

Exp

ress

ãoda

MM

P-2

6no

parê

nqui

ma

tum

oral

3,5

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

,5

Significância estatística observada através do teste Mann-Whitney para � = 0,05. Valores de p: 0,572

(MMP1), 0,843 (MMP2), 0,982 (MMP7), 0,030 (MMP9), 0,488 (MMP26).

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A amostra foi, então, agrupada de acordo com o grau histológico de malignidade

e a análise da expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases nas células

neoplásicas na área do front invasivo demonstrou maior positividade para MMPs nas

lesões de alto grau que naquelas exibindo baixo grau de malignidade, exceto para

MMP-2, em que se observou uma inversão desta tendência. Foi encontrada diferença

estatisticamente significativa na expressão das matrilisinas (MMP-7 e MMP-26) entre

os carcinomas epidermóides de alto e baixo graus de malignidade (Figura 24).

Nas células estromais, não foi evidenciada diferença significante ao tratamento

estatístico, na expressão das MMPs 1, 7, 9 e 26, quando se compararam as lesões de

lábio inferior àquelas localizadas em língua. A MMP-2, entretanto, foi

significativamente mais expressa no estroma dos carcinomas epidermóides de lábio

inferior (tabela 8).

Tomando por base o grau morfológico de malignidade, não foi constatada

diferença significativa na expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases 1, 2, 9 e

26 nas células estromais dos dois grupos de carcinoma epidermóide. Contudo, as lesões

de alto grau exibiram, em estroma, marcação significantemente superior para MMP 7

que as neoplasias de baixo grau de malignidade (tabela 9).

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Figura 24 – Expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26 no

parênquima de carcinomas epidermóides de baixo e alto graus de

malignidade.

Grau histológico de malignidade

Alto grauBaixo grau

Exp

ress

ãoda

MM

P-1

nopa

rênq

uim

atu

mor

al

3,5

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

,5

0,0

-,5

42

1816

15

Grau histológico de malignidade

Alto grauBaixo grau

Exp

ress

ãoda

MM

P-2

nopa

rênq

uim

atu

mor

al

2,5

2,0

1,5

1,0

,5

0,0

-,5

Grau histológico de malignidade

Alto grauBaixo grau

Exp

ress

ãoda

MM

P-7

nopa

rênq

uim

atu

mor

al

3,5

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

,5

0,0

-,5

112021

Grau histológico de malignidade

Alto grauBaixo grau

Exp

ress

ãoda

MM

P-9

nopa

rênq

uim

atu

mor

al3,5

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

,5

0,0

-,5

Grau histológico de malignidade

Alto grauBaixo grau

Exp

ress

ãoda

MM

P-2

6no

parê

nqui

ma

tum

oral

3,5

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

,5

13

37

Significância estatística observada através do teste Mann-Whitney para � = 0,05. Valores de p: 0,071

(MMP1), 0,789 (MMP2), <0,0001 (MMP7), 0,170 (MMP9), 0,016 (MMP26).

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Tabela 8- Significância estatística entre a reatividade imuno-histoquímica das

metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26 no estroma tumoral e a localização

anatômica de carcinomas epidermóides orais. Natal/RN-2006.

Localização da lesãoLábio inferior Língua

MMP % de célulaspositivas

(%) (%)

p

< 10% 0 0MMP 1> 10% 50 50

-

< 10% 26,7 73,3MMP 2> 10% 73,3 26,7

0,027

< 10% 33,3 66,7MMP 7> 10% 54,2 45,8

0,651

< 10% 45,5 54,5MMP 9> 10% 62,5 37,5

0,682

< 10% 51,7 48,3MMP 26> 10% 0 100

1,000

Tabela 9- Significância estatística entre a reatividade imuno-histoquímica das

metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26 no estroma tumoral e a gradação

histológica de malignidade de carcinomas epidermóides orais. Natal / RN-

2006.

Grau de malignidadeBaixo grau Alto grau

MMP % de célulaspositivas

(%) (%)

p

< 10% 0 0MMP 1> 10% 56,7 43,3

-

< 10% 60 40MMP 2> 10% 53,8 46,7

0,713

< 10% 100 0MMP 7> 10% 45,8 54,2

0,024

< 10% 45,5 54,5MMP 9> 10% 87,5 12,5

0,092

< 10% 58,6 41,4MMP 26> 10% 0 100

0,433

Após a avaliação da amostra total, procedeu-se, então, à análise estatística dos

dados obtidos dentro dos dois sub-grupos, de acordo com a localização da neoplasia:

lábio inferior e língua.

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Para os carcinomas epidermóides de lábio inferior foram encontradas diferenças

significativas na expressão das MMPs 1, 7 e 26 pelas células neoplásicas, entre as lesões

de baixo e alto graus de malignidade (tabela 10).

Tabela 10 – Tamanho da amostra, medianas, quartis, média dos postos e

significância estatística para a expressão imuno-histoquímica das

metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26 no parênquima de carcinomas epidermóides

de lábio inferior em relação ao grau histológico de malignidade. Natal / RN-

2006.

MMPs Grau de

Malignidade

n Mediana Q 25 Q 75 Média

dos

Postos

p

MMP-1 Baixo

Alto

8

7

2,00

3,00

1,00

2,00

2,00

3,00

5,44

10,93

0,009

MMP-2 Baixo

Alto

8

7

1,50

0

0,25

0

2,00

1,00

9,88

5,86

0,065

MMP-7 Baixo

Alto

8

7

1,50

3,00

1,00

2,00

2,00

3,00

5,44

10,93

0,012

MMP-9 Baixo

Alto

8

7

0,50

1,00

0

0

1,00

1,00

7,50

8,57

0,605

MMP-26 Baixo

Alto

8

7

2,00

3,00

1,00

2,00

2,00

3,00

6,00

10,29

0,049

A avaliação estatística da imunomarcação das metaloproteinases nas células

estromais das lesões de lábio inferior não demonstrou diferenças significativas entre os

carcinomas epidermóides estudados, com relação ao seu grau histológico de

malignidade (tabela 11).

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Tabela 11 – Significância estatística entre a expressão imuno-histoquímica das

metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26 no estroma de carcinomas epidermóides de

lábio inferior e seu grau histológico de malignidade. Natal/RN-2006.

Grau de malignidade

Baixo grau Alto grau Total

MMP % de células

positivas

n % n % n %

p

< 10% 0 0 0 0 0 0MMP 1

> 10% 8 53,3 7 46,7 15 100

-

< 10% 2 50 2 50 4 100MMP 2

> 10% 6 54,5 5 45,5 11 100

1,000

< 10% 2 100 0 0 2 100MMP 7

> 10% 6 46,2 7 53,8 13 100

0,467

< 10% 4 40 6 60 10 100MMP 9

> 10% 4 80 1 20 5 100

0,282

< 10% 8 53,3 7 46,7 15 100MMP 26

> 10% 0 0 0 0 0 0

-

Procedeu-se à avaliação dos carcinomas epidermóides localizados em língua,

através da análise da positividade das células neoplásicas do front de invasão tumoral

para as metaloproteinases, a fim de comparar as lesões de alto e baixo graus de

malignidade.

Não foram observadas diferenças significativas entre os dois grupos, com relação

à marcação para as MMPs 1, 2, 9 e 26. A MMP-7 foi significantemente mais expressa

no parênquima das neoplasias linguais de alto grau que naquelas de baixo grau de

malignidade ( tabela 12 ).

Quando o alvo do estudo foi o estroma tumoral dos carcinomas epidermóides de

língua, nenhuma diferença na expressão das metaloproteinases foi observada entre os

graus histológicos de malignidade (tabela 13).

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Tabela 12 – Tamanho da amostra, medianas, quartis, média dos postos e

significância estatística para a expressão imuno-histoquímica das

metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26 no parênquima de carcinomas epidermóides de

língua em relação ao grau histológico de malignidade. Natal / RN-2006.

MMPs Grau deMalignidade

n Mediana Q 25 Q 75 Médiados

Postos

p

MMP-1 BaixoAlto

96

2,002,00

2,001,00

2,002,25

8,337,50

0,673

MMP-2 BaixoAlto

96

01,50

00,75

1,502,00

6,729,92

0,149

MMP-7 BaixoAlto

96

2,003,00

0,502,75

2,003,00

5,6711,50

0,008

MMP-9 BaixoAlto

96

1,002,00

01,00

2,002,25

6,6710,00

0,131

MMP-26 BaixoAlto

96

2,003,00

1,502,50

3,003,00

6,729,92

0,136

Tabela 13 – Significância estatística entre a expressão imuno-histoquímica das

metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26 no estroma de carcinomas epidermóides de

língua e seu grau histológico de malignidade. Natal / RN-2006.

Grau de malignidadeBaixo grau Alto grau Total

MMP % de célulaspositivas

n % n % n %p

< 10% 0 0 0 0 0 0MMP 1> 10% 9 60 6 40 15 100

-

< 10% 7 63,6 4 36,4 11 100MMP 2> 10% 2 50 2 50 4 100

1,000

< 10% 4 100 0 0 4 100MMP 7> 10% 5 45,5 6 54,5 11 100

0,103

< 10% 6 50 6 50 12 100MMP 9> 10% 3 100 0 0 3 100

0,229

< 10% 9 64,3 5 35,7 14 100MMP 26> 10% 0 0 1 100 1 100

0,400

Em toda a amostra investigada, foram encontrados seis casos com presença de

metástase na época do diagnóstico, todos exibindo lesão primária localizada em língua.

Os 15 casos de carcinomas epidermóides linguais foram divididos em dois grupos (com

presença ou ausência de metástase) e a expressão das metaloproteinases foi investigada,

tanto em parênquima quanto em estroma.

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Não foi observada diferença estatisticamente significativa entre os carcinomas

de língua com e sem metástase, no que diz respeito à marcação imuno-histoquímica

para as MMPs 1, 2, 7, 9 e 26 (tabelas 14 e 15).

Tabela 14 – Tamanho da amostra, medianas, quartis, média dos postos e

significância estatística para a expressão imuno-histoquímica das

metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26 no parênquima de carcinomas

epidermóides de língua em relação à presença de metástase. Natal / RN-

2006.

MMPs Metástase n Mediana Q 25 Q 75 Médiados

Postos

p

MMP-1 AusentePresente

96

2,002,00

2,001,00

2,502,00

9,006,50

0,205

MMP-2 AusentePresente

96

01,50

00

1,502,00

7,289,08

0,415

MMP-7 AusentePresente

96

2,003,00

1,501,50

2,503,00

6,899,67

0,207

MMP-9 AusentePresente

96

1,002,00

00,75

2,002,00

7,508,75

0,571

MMP-26 AusentePresente

96

3,002,50

2,001,00

3,003,00

8,447,33

0,604

Tabela 15 – Significância estatística entre a expressão imuno-histoquímica das

metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26 no estroma de carcinomas epidermóides de

língua e a presença de metástase. Natal / RN-2006.

MetástaseAusência Presença Total

MMP % de célulaspositivas

n % n % n %p

< 10% 0 0 0 0 0 0MMP 1> 10% 9 60 6 40 15 100

-

< 10% 6 54,5 5 45,5 11 100MMP 2> 10% 3 75 1 25,5 4 100

0,604

< 10% 3 75 1 25,5 4 100MMP 7> 10% 6 54,5 5 45,5 11 100

0,604

< 10% 7 58,3 5 41,7 12 100MMP 9> 10% 2 66,7 1 33,3 3 100

1,000

< 10% 8 57,1 6 42,9 14 100MMP 26> 10% 1 100 0 0 1 100

1,000

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Utilizando-se o coeficiente de Spearman, investigou-se a correlação entre os

escores morfológicos dos carcinomas epidermóides, obtidos pelo método de Bryne

(1998), e a expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26,

avaliadas de acordo com Franchi et al. (2002).

Na tabela 16 pode-se observar que, de modo geral, houve uma relação direta

entre as variáveis, ou seja, quanto mais alto o escore de malignidade, maior a expressão

das MMPs. Apenas o escore do grau de ceratinização mostrou relação inversa com duas

MMPs: 1 e 9 , mas sem significância estatística.

A MMP-7 mostrou correlação direta e estatisticamente significativa com o

escore total de malignidade e com quase todos os escores parciais. A MMP-26 exibiu

correlação direta e estatisticamente significativa com o escore total e com o escore do

padrão de invasão (tabela 16).

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Tabela 16 –Coeficiente de correlação de Spearman (r) e significância estatística (p) entre expressão das metaloproteinases 1, 2, 7, 9 e 26 e

os escores morfológicos estabelecidos de acordo com o método de Bryne (1998), em carcinomas epidermóides de lábio inferior e

língua. Natal/RN-2006

Escore Total de

Malignidade

Escore do Grau de

Ceratinização

Escore de

Pleomorfismo Nuclear

Escore do Padrão de

Invasão

Escore do Infiltrado

InflamatórioMMP

r p r p r p r p r p

MMP-1 0,195 0,301 -0,142 0,453 0,287 0,124 0,033 0,862 0,104 0,583

MMP-2 0,148 0,435 0,213 0,258 0,283 0,130 0,004 0,984 0,011 0,955

MMP-7 0,542 0,002 0,378 0,040 0,612 0,000 0,223 0,236 0,391 0,033

MMP-9 0,286 0,126 -0,050 0,795 0,231 0,220 0,176 0,352 0,401 0,028

MMP-26 0,425 0,019 0,149 0,431 0,272 0,146 0,393 0,032 0,353 0,056

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6- DISCUSSÃO

O câncer de cabeça e pescoço está emergindo como um dos principais

problemas globais de saúde (O’CHAROENRAT et al., 2002; PANDE et al., 2002).

Embora consista em um grupo heterogêneo, composto por neoplasias de variados tipos

histológicos e diversas localizações, destaca-se dentre estas patologias o carcinoma

epidermóide oral, tanto por ser uma das principais causas de morbidade e mortalidade

por câncer no mundo, quanto por sua alta incidência (NAGPAL, DAS, 2003)

O carcinoma epidermóide oral ocorre predominantemente em pacientes do

gênero masculino, com idade média em torno de 60 anos (MOORE et al., 2000;

SAWAIR et al., 2003; DEDIVITIS et al., 2004; INCA, 2006). Em concordância com a

literatura, no presente trabalho 66,67% dos pacientes pesquisados eram do gênero

masculino. As idades dos pacientes na época do diagnóstico oscilaram entre 31 e 90

anos, com pico de incidência entre 61 e 70 anos na amostra total, 51 e 70 anos para os

pacientes com carcinomas linguais e entre 71 e 90 anos para portadores de lesões de

lábio inferior. Apesar de se ter verificado que a idade média dos pacientes com

carcinomas labiais foi ligeiramente mais alta que a observada nos casos de língua,

respectivamente 66,9 e 59,2 anos, estes valores estão dentro da faixa de variação

encontrada na literatura.

De acordo com Moore et al. (2000), a incidência do carcinoma epidermóide oral

tende a aumentar com a idade do paciente, entretanto alguns trabalhos têm ressaltado

um incremento da incidência desta patologia em pacientes jovens (MAKENZIE et al.,

2000; NAGLER et al., 2002; VENTURI, CABRAL, LOURENÇO, 2004; VENTURI,

PAMPLONA, CARDOSO, 2004). Em nossa amostra, apenas quatro pacientes estavam

com menos de 40 anos quando foi feito o diagnóstico.

O carcinoma epidermóide de boca exibe variabilidade em seu comportamento

biológico em função de uma série de fatores, dentre os quais podemos citar a

localização anatômica do tumor. Já está bem estabelecido na literatura que as neoplasias

localizadas em língua são mais agressivas, exibindo altas taxas de recorrência e

metástase (AL RAJHI et al., 2000; WÜNSH FILHO, 2002; DANTAS et al., 2003;

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NEVILLE et al., 2004). De acordo com O-Charoenrat et al. (2003), o alto potencial para

invasividade local e a grande propensão a metastatizar para os linfonodos cervicais

exibidos pelos carcinomas epidermóides linguais afetam a probabilidade de controle

regional da neoplasia.

Os carcinomas epidermóides de lábio inferior, por outro lado, são pouco

agressivos, raramente produzindo metástase ( REGEZI, SCIUBBA, 2000; NEVILLE et

al., 2004; VARTANIAN et al., 2004). Esta baixa taxa de metástase para linfonodos

regionais em associação com a maior facilidade de diagnóstico precoce, devido à

visibilidade da região, parece contribuir para que os carcinomas labiais tenham bom

prognóstico (CANTO, DEVESA, 2002).

Por este motivo escolhemos trabalhar com carcinomas epidermóides localizados

nestes dois sítios anatômicos: língua e lábio inferior, no intuito de fazer uma

comparação entre as neoplasias situadas em locais que tradicionalmente exibem

comportamentos biológicos tão distintos.

Com efeito, nos 30 casos constituintes da nossa amostra identificamos 06 nos

quais foram detectadas metástases linfáticas na época do diagnóstico, sendo notável o

fato de que em todos os casos a lesão primária estava localizada em língua. Aplicando o

teste exato de Fisher, foi detectada diferença estatisticamente significante entre os

carcinomas epidermóides localizados em lábio inferior e língua, no que diz respeito à

ocorrência de metástase.

Conhecer o comportamento biológico de uma lesão é essencial para adoção das

medidas terapêuticas mais indicadas para cada caso, evitando que o paciente seja

submetido a um tratamento mais rigoroso que o necessário ou que a escolha de

procedimentos inadequados venha a aumentar os riscos de desenvolvimento de lesões

recorrentes ou metastáticas.

Este problema tem movido numerosos pesquisadores em todo o mundo na busca

de indicadores prognósticos fidedignos, que complementem os indícios fornecidos pelo

estadiamento clínico do câncer, obtidos através do sistema TNM.

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Uma alternativa surgiu com o sistema de gradação morfológica preconizado por

Broders (1920, 1941) para a classificação dos carcinomas epidermóides de boca,

tomando por base o grau de diferenciação das células neoplásicas. Diversos outros

sistemas de gradação histopatológica foram propostos desde então, dentre os quais

podemos citar: Wahi (1971), conhecido como a classificação da Organização Mundial

da Saúde; Jackobsson et al. (1973), que foi o primeiro a utilizar características

histológicas indicativas da relação tumor-hospedeiro além das características das células

neoplásicas; Crissman et al. (1984) e Anneroth, Batsakis e Luna (1986, 1987), que

fizeram pequenas modificações a partir do sistema de Jackobsson et al., de 1973.

É notável, no entanto, que as neoplasias malignas são constituídas de populações

celulares heterogêneas, onde as células tumorais das áreas mais invasivas diferem

substancialmente das células centrais ou superficiais (BRYNE et al., 1989; BRYNE,

1991; KUROKAWA et al., 2005). O front invasivo tumoral parece ser constituído pelas

células neoplásicas mais agressivas, sendo, portanto, as características histológicas desta

região mais úteis para determinação das informações prognósticas do carcinoma oral

(BÀNKFALVI, PIFFKO, 2000; SAWAIR et al., 2003; SCHLIEPHAKE, 2003;

WOOLGAR, 2005).

Com base nesta convicção, Bryne et al. (1989) sugeriram um novo sistema de

gradação com avaliação apenas do front invasivo tumoral e estabelecimento de escores

de 1 a 4, de acordo com a gravidade histológica, para cinco parâmetros morfológicos.

Por este método, as lesões eram classificadas em baixo grau de malignidade, com

contagem total entre 5 e 10 pontos, ou alto grau de malignidade, com pontuação maior

que 10.

Em 1998, Bryne reviu seu método e excluiu um dos parâmetros morfológicos,

restando para serem avaliadas duas características da célula neoplásica (grau de

ceratinização e pleomorfismo nuclear) e duas características da relação tumor-

hospedeiro (padrão de invasão e intensidade do infiltrado inflamatório). Miranda (2002)

propôs que, tendo havido diminuição nos parâmetros avaliados pelo método de Bryne, o

número de pontos necessários para caracterizar o grau de malignidade também deveria

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ser alterado, passando a ser de 4 a 8 pontos para baixo grau e mais de 8 pontos para alto

grau.

Adotamos neste trabalho o sistema de gradação histológica de malignidade

preconizado por Bryne (1998), por ser um método rápido, de fácil realização e valor

prognóstico demonstrado em trabalhos anteriores (ODELL et al., 1994; BRYNE, 1998;

BÀNKFALVI, PIFFKO, 2000; SWAIR et al., 2003). Para classificação das lesões com

relação ao grau de malignidade, adotamos a modificação proposta por Miranda (2002).

Nos casos pesquisados no presente trabalho, houve uma variação do escore total

de malignidade entre 6 e 13 pontos, sendo 17 lesões (56,67%) classificadas como

carcinomas epidermóides de baixo grau de malignidade e 13 (43,33%) como alto grau.

Entre as neoplasias malignas de baixo grau constituintes da nossa amostra, oito se

localizavam em lábio inferior e nove em língua, enquanto entre as lesões de alto grau,

sete eram carcinomas labiais e seis linguais. Não foi encontrada diferença significativa

estatisticamente entre os carcinomas epidermóides de lábio inferior e língua, no que se

refere ao grau histológico de malignidade.

Este resultado é surpreendente, uma vez que, como já foi comentado

anteriormente, há evidente diferença prognóstica entre carcinomas de lábio inferior e

língua. Além disso, alguns trabalhos já detectaram correlação significativa entre

prognóstico ou estágio clínico da lesão e sua gravidade histológica, embora utilizando

diferentes sistemas de gradação histológica de malignidade (BRYNE et al., 1989,

BRYNE, 1991; COSTA et al., 2002; DANTAS et al., 2003). Ressaltamos, no entanto,

que por mais que se tente tornar um sistema de gradação de malignidade histológica um

exercício de caráter objetivo, com escores fundamentados em dados matemáticos, a

análise dos parâmetros continua sendo um exercício baseado na subjetividade dos

achados, o que pode levar a resultados conflitantes.

Diante destes fatos podemos constatar que a utilização de sistemas de gradação

histológica representa uma informação a mais para o estabelecimento do prognóstico do

carcinoma epidermóide oral, uma vez que, desta análise, pode-se inferir alguns dados do

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quão agressiva morfologicamente a neoplasia se apresenta. No entanto, estes sistemas

não podem ser usados, isoladamente, na indicação do prognóstico tumoral.

Considerando que no presente trabalho a localização da lesão exibiu associação

estatisticamente significante com presença de metástase, mas não com grau histológico

de malignidade, podemos supor que em nossa amostra as lesões de língua tiveram maior

tendência a metástase que os carcinomas epidermóides de lábio inferior, independente

da gravidade do quadro histológico.

Já está bem evidente que a agressividade de uma neoplasia é determinada por

sua capacidade de sobreviver, migrar, invadir tecidos vizinhos e eventualmente

colonizar um sítio secundário. De acordo com Liaw e Crawford (1999), todas estas

ações dependem das interações das células tumorais com as proteínas da MEC e da sua

habilidade em modificar o ambiente extracelular. Para isso, as células neoplásicas

utilizam mecanismos similares aos usados por células normais em eventos fisiológicos,

para migrar através de barreiras teciduais (THOMAS, LEWIS, SPEIGHT, 1999).

Um dos fatores críticos neste processo é a produção de enzimas proteolíticas que

promovem degradação e remodelação da matriz extracelular. As metaloproteinases de

matriz, especialmente, têm sido investigadas em numerosos trabalhos, sendo

reconhecida sua importância nos eventos envolvidos na progressão tumoral, como

invasão, metástase e angiogênese (CURRAN, MURRAY, 2000; STAMENKOVIC,

2000; LYNCH, MATRISIAN, 2002; NABESHIMA et al., 2002; RUNDHAUG, 2003;

DECLERCK et al., 2004; SORSA, TJÄDERHANE, SALO, 2004; PEREIRA et al.,

2005).

A proposição deste estudo foi pesquisar a expressão de cinco destas

metaloproteinases (MMPs 1, 2, 7, 9 e 26) em carcinomas epidermóides de lábio inferior

e língua. Elegeu-se a imuno-histoquímica como método de investigação, principalmente

porque permite que se faça uma correlação direta com a morfologia do espécime. Além

disso, este método pode ser utilizado em tecidos incluídos em parafina, o que facilita,

sobremaneira, a obtenção da amostra.

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A marcação imuno-histoquímica das MMPs foi avaliada na região do front de

invasão tumoral, a exemplo de numerosos trabalhos anteriores (YAMASHITA et al.,

2000; ZIOBER et al., 2000; LIU et al., 2002; TUNUNGLA et al., 2003; AMORIM,

2004; YAMAMOTO et al., 2004), por ser essa a área onde precisa e deve haver

atividade proteolítica para a progressão tumoral.

A intensidade e o padrão de reatividade às metaloproteinases exibidos pelas

neoplasias, bem como a proporção de células positivas, foram variáveis. Todos os

carcinomas epidermóides por nós pesquisados exibiram, no mínimo, duas das

metaloproteinases estudadas, o que demonstra que há aumento de produção destas

enzimas nas neoplasias em questão, indicando que as MMPs estão envolvidas no

desenvolvimento de carcinomas epidermóides de lábio inferior e língua.

A MMP-1 consiste na metaloproteinase que mais eficientemente degrada

colágeno tipo I, sendo, portanto, essencial para a progressão tumoral. Em tecidos

adultos normais os níveis desta enzima permanecem usualmente baixos, entretanto sua

expressão é elevada em várias situações, como: remodelação tecidual, reparo e em

diversos processos patológicos, inclusive em neoplasias malignas (ALA-AHO,

KÄHÄRI, 2005; PARDO, SELMAN, 2005).

Em carcinomas epidermóides orais pode ser observado aumento na expressão de

MMP-1 (ZIOBER et al., 2000; FRANCHI et al., 2002), tendo sido demonstrado, por

hibridização in situ, que esta colagenase é mais intensamente expressa em lesões de

maior gravidade histológica (ZIOBER et al., 2000).

Na amostra investigada neste estudo, 93,33% dos carcinomas epidermóides

exibiram positividade para MMP-1 nas células neoplásicas localizadas no front de

invasão, sendo que em 80% dos casos esta marcação foi classificada como moderada ou

intensa. Estes valores são muito próximos aos encontrados por Franchi et al. (2000), que

foram 97,6% e 74,5%, respectivamente.

Esta imunomarcação exuberante das células neoplásicas para a metaloproteinase

1 reflete claramente a essencial importância da produção desta enzima para que o tumor

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seja capaz de invadir tecidos adjacentes através da destruição dos componentes da

matriz extracelular, especialmente o colágeno I, que é a principal proteína estrutural da

MEC.

Corroborando estes resultados, Miranda (2002) evidenciou fraca expressão

imuno-histoquímica de colágeno tipo I no fronte invasivo de carcinomas epidermóides

de lábio inferior e língua, presumivelmente indicando a degradação desta proteína

durante o processo invasivo.

As gelatinases têm grande importância nos processos de invasão tumoral e

metástase. Isto se deve, principalmente, à sua capacidade de degradar colágeno tipo IV e

outros componentes da membrana basal, que consiste na primeira barreira física a ser

rompida durante estes processos. Além disso, as MMPs 2 e 9 são as principais enzimas

capazes de clivar o colágeno desnaturado, ou gelatina, resultante da degradação do

colágeno fibrilar.

Diversos trabalhos têm investigado o papel das metaloproteinases 2 e 9 em

carcinomas de células escamosas orais (HONG et al., 2000; TOKUMARU et al., 2000;

ZIOBER et al., 2000; FRANCHI et al., 2002; ROBINSON et al., 2003; GUTTMAN et

al., 2004; KATAYAMA et al., 2004; KATO et al., 2005; VICENTE et al., 2005),

encontrando, entretanto, resultados conflitantes.

Em alguns estudos tem sido demonstrado que há relação ou associação entre a

expressão das gelatinases e agressividade da lesão (HONG et al., 2000; TOKUMARU

et al., 2000; KATAYAMA et al., 2004; KATO et al., 2005; VICENTE et al., 2005), o

que permitiria a utilização destas metaloproteinases como marcadores prognósticos ou

para fins terapêuticos. Outros trabalhos, entretanto, não confirmam estes resultados

(FRANCHI et al., 2002; ROBINSON et al., 2003; GUTTMAN et al., 2004).

Dos 30 espécimes de carcinoma epidermóide que nós avaliamos, 60% exibiram

algum grau de positividade para MMP-2, sendo que em 30% dos casos esta marcação

foi considerada moderada ou forte. Hong et al. (2000) e Franchi et al. (2002) obtiveram

resultados semelhantes a este, com 34,1% e 39,5% das respectivas amostras exibindo

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imunorreatividade moderada ou forte para MMP-2. Vicente et al. (2005), entretanto,

encontraram valores bem menores. Na amostra estudada por estes autores, apenas 28%

dos casos exibiram alguma positividade para MMP-2 e em 11,8% esta expressão foi

classificada como moderada ou forte.

Com relação à MMP-9, nós verificamos marcação positiva em 63,33% dos

espécimes, evidenciando expressão moderada ou forte em 30% da amostra. Estes

resultados se assemelham aos dados encontrados por Hong et al. (2000), Franchi et al.

(2002), Guttman et al. (2004) e Yamamoto et al.(2004). No estudo desenvolvido por

Vicente et al. (2005), a imunomarcação das células tumorais para MMP-9 se mostrou

bem menos expressiva, com 17,6% dos casos exibindo alguma positividade e 7,3% com

moderada ou forte marcação.

É possível que discrepâncias entre resultados de diferentes trabalhos sejam

causadas por diferenças metodológicas, especialmente no que diz respeito aos critérios

utilizados para avaliar o grau de positividade. O processamento dos espécimes teciduais

e os anticorpos utilizados são outros fatores que podem gerar divergências de

resultados.

A expressão das gelatinases observada neste estudo sugere que estas

metaloproteinases também estão exercendo um papel efetivo no desenvolvimento do

carcinoma epidermóide oral, embora suas marcações tenham sido, geralmente, bem

menores que da MMP-1. É possível que em uma fase mais precoce destes carcinomas

este quadro estivesse invertido, uma vez que, para iniciar o processo de invasão, há

necessidade de ruptura da membrana basal, com clivagem de proteínas que são os

substratos preferenciais de MMP-2 e MMP-9, como o colágeno tipo IV. Além disso, a

expressão das gelatinases também encontra-se relacionada a sua atividade de clivagem

da gelatina, produto da degradação do colágeno após sua lise pelas colagenases.

Portanto, a imuno-expressão destas MMPs no carcinoma epidermóide oral pode estar

refletindo a capacidade destas enzimas em degradar colágeno tipo IV e gelatina.

As matrilisinas são metaloproteinases de estrutura mínima, que vêm sendo

detectadas em neoplasias de origem epitelial em diversas localizações, como pele

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(AHOKAS et al., 2005; IMPOLA et al., 2005), endométrio (TUNUNGLA et al., 2003;

PILKA et al., 2004), esôfago (YAMAMOTO et al. 2004), mama (WANG,

REIERSTAD, FISHMAN, 2005), pulmão (SASAKI et al., 2001), estômago (LIU et al.,

2002) e língua (BAIR et al., 2001; AMORIM, 2004).

Os casos por nós investigados exibiram ampla expressividade das duas

matrilisinas pelas células neoplásicas localizadas no fronte de invasão tumoral. Em

93,33% dos espécimes a MMP-7 pôde ser detectada imuno-histoquimicamente, sendo

esta expressão classificada como moderada ou forte em 76,67%.

Estudando carcinomas epidermóides linguais, Amorim (2004) observou que

83% dos casos se mostraram positivos ou fortemente positivos para MMP-7. Liu et al.

(2002) e Impola et al. (2005) também detectaram alta expressividade de MMP-7 em

carcinomas localizados, respectivamente, em esôfago e pele.

Com relação à MMP-26, todos os nossos casos foram positivos para esta

protease e em 76,67% esta expressão foi moderada ou forte. Amorim (2004) detectou,

em carcinomas epidermóides de língua, positividade ou forte positividade em 92% dos

casos com metástase e em 75% dos casos sem metástase. Em carcinomas esofágicos,

entretanto, a marcação para MMP-26 foi observada apenas em 46% da amostra

(YAMAMOTO et al., 2004).

Voltamos a ressaltar que diferenças na metodologia podem gerar resultados

conflitantes. Além disso, comparações entre lesões de diferentes regiões anatômicas não

são desejáveis, mas foram utilizadas devido à escassez de pesquisas de algumas MMPs,

especialmente as matrilisinas, em lesões de boca.

A forte marcação para as matrilisinas que encontramos nos carcinomas

epidermóides examinados parece indicar um grande potencial para invasão e metástase,

pois estas metaloproteinases são capazes de clivar proteínas de membrana basal, como

laminina e colágeno IV. Com efeito, Miranda (2002) observou imuno-

histoquimicamente, em carcinomas epidermóides de lábio inferior e língua, que o

colágeno IV e a laminina estavam predominantemente ausentes na membrana basal

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peritumoral, na região do front invasivo, o que sugere atividade de enzimas

proteolíticas.

Já está bem estabelecido na literatura que o microambiente estromal exerce um

papel dinâmico e efetivo na progressão tumoral (FRANCHI et al., 2002; GUTTMAN et

al., 2004; POLETTE et al., 2004). Em numerosos experimentos, a cooperação ou

sinergismo entre células neoplásicas e fibroblastos estromais na produção de MMPs

tornou-se evidente (FRANCHI et al., 2002; PAPPARELLA et al., 2002; GUTTMAN et

al., 2004; VICENTE et al., 2005).

Apesar de diversos trabalhos ressaltarem a importância das metaloproteinases de

origem estromal para invasão tumoral e metástase, geralmente a avaliação da

expressividade das MMPs é feita somente nas células neoplásicas. Alguns estudos

apenas citam se houve ou não expressão de determinadas metaloproteinases pelas

células do estroma tumoral, mas não mencionam contagem de células positivas ou outra

técnica qualquer de classificação.

Acreditamos que esta é uma lacuna no estudo das metaloproteinases e por isso

decidimos, apesar de não ser nossa proposta inicial, avaliar também em células

estromais a marcação imuno-histoquímica destas proteases nos 30 casos de carcinoma

epidermóide constituintes da nossa amostra. Para esta avaliação elegemos o mesmo

método que adotamos para as células tumorais, preconizado por Franchi et al. (2002),

utilizando, no entanto, a classificação em apenas dois grupos de marcação: inexpressivo

e expressivo, estratégia sugerida por estes autores para facilitar a análise estatística.

A MMP-1 teve marcação expressiva nas células estromais de todos os casos

avaliados, até mesmo naqueles em que as células tumorais estavam negativas ou

inexpressivas para esta colagenase. Franchi et al. (2002) evidenciaram ampla expressão

estromal de MMP-1 em carcinomas de cabeça e pescoço, enquanto Sheu et al. (2001)

relataram baixa expressividade desta metaloproteinase em estroma de carcinomas

cervicais.

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A MMP-2 também foi mais freqüente em estroma, com 50% da amostra

exibindo imunorreatividade classificada como expressiva, contra 30% quando a análise

foi feita em células tumorais, o que corrobora os achados de Vicente et al. (2005). A

MMP-9, no entanto, exibiu marcação expressiva no estroma de apenas 26,66% dos

casos, sendo, portanto, mais expressa em células tumorais, que mostraram reatividade

moderada ou forte em 30% da amostra.

Autores como Hong et al. (2000), Tokumaru et al.(2000), Sheu et al. (2001),

Papparella et al. (2002) e Guttman et al. (2004) evidenciaram fraca marcação imuno-

histoquímica das gelatinases em células estromais de carcinomas. Kato et al. (2005), por

sua vez, não evidenciaram expressão estromal de MMP-2 e MMP-9 em carcinomas

epidermóides orais, embora mais de 90% da amostra tenha apresentado

imunopositividade para estas metaloproteinases nas células tumorais.

Em nosso trabalho, a expressão imuno-histoquímica estromal das duas

matrilisinas diferiu bastante uma da outra. Para MMP-7 foi evidenciada ampla

expressividade em células do estroma em 80% dos casos, superando levemente a

positividade no parênquima, onde marcação expressiva de MMP-7 foi observada em

76,67% da amostra.

Ao avaliar a reatividade para MMP-26, no entanto, evidenciamos apenas um

caso no qual a marcação imuno-histoquímica das células estromais foi considerada

expressiva, embora em 76,67% da amostra as células tumorais exibissem, pelo menos,

moderada positividade para a matrilisina 2.

Esta tendência da MMP-26 em se expressar exclusivamente, ou quase

exclusivamente, em células tumorais já havia sido observada por Tunungla et al. (2003)

e Pilka et al. (2004), em carcinomas endometriais, Marchenko et al. (2004) em

carcinomas de mama e Ahokas et al. (2005) em carcinomas de pele.

Quando analisamos nossos resultados em conjunto, podemos afirmar que células

estromais dos carcinomas epidermóides estudados se mostraram capazes de produzir

metaloproteinases de matriz e que o fizeram com maior ou menor eficiência, de acordo

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com a MMP investigada. Acreditamos que estas enzimas de origem estromal

potencializem a ação das MMPs produzidas pelo parênquima.

É válido ressaltar, ainda, que a síntese de MMPs pelo estroma tumoral confirma

a convicção de que há uma grande interação entre as células neoplásicas e o estroma

circunjacente, o que permite às neoplasias, estrategicamente, induzir as células

estromais a produzirem enzimas proteolíticas, que, sinergicamente com as enzimas

tumorais, facilitam os processos de invasão, migração e metástase.

Na literatura encontramos alguns trabalhos que testaram a associação entre o

aumento de expressão de metaloproteinases em carcinomas epidermóides e o sítio

anatômico primário da lesão. Vicente et al. (2005), investigando a expressão imuno-

histoquímica das MMPs 2 e 9 em carcinomas epidermóides orais, não encontraram

associação significativa com a localização da lesão. Estes autores, entretanto, incluíram

na amostra lesões de língua, assoalho de boca, gengiva, mucosa jugal, lábio e palato.

Yamamoto et al. (2004), estudando MMP-26 em carcinomas esofágicos, e Liu et

al. (2005) investigando MMPs 2 e 9 em carcinomas epidermóides de laringe, também

não detectaram relação significativa estatisticamente entre a reatividade destas

metaloproteinases e a localização da lesão.

Em nosso estudo, utilizamos o teste Mann-Whitney para comparar as lesões

localizadas em lábio inferior com aquelas situadas em língua, no que se refere à

expressão imuno-histoquímica das MMPs 1, 2, 7, 9 e 26 nas células neoplásicas

constituintes do front de invasão tumoral.

Observamos que, de modo geral, os carcinomas de língua exibiram maior

marcação que os de lábio inferior, o que confirmaria a maior agressividade, tão bem

documentada na literatura, das lesões linguais. Entretanto, ao tratamento estatístico dos

dados, esta diferença só foi significativa para MMP-9. Em estroma, por meio do teste

exato de Fisher, só foi detectada diferença significativa na marcação da MMP-2, que

curiosamente foi mais expressiva nas lesões de lábio inferior.

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Estes achados estão em concordância com os resultados de Miranda (2002), que

demonstrou que tanto as lesões de língua quanto as de lábio inferior exibem

predominantemente ausência de expressão das proteínas de membrana basal, o que

indiretamente indica a ação de enzimas proteolíticas.

Outro objetivo do nosso trabalho foi avaliar a expressão das metaloproteinases

com relação ao grau histológico de malignidade dos carcinomas epidermóides

estudados. Diversos autores fizeram abordagens semelhantes em pesquisas publicadas

anteriormente.

Estudando carcinomas endometriais, Tunungla et al. (2003) detectaram aumento

significativo da expressão de MMP-26 em lesões de grau III, em comparação com

neoplasias de graus I e II. Resultado contrário, no entanto, foi evidenciado por Pilka et

al. (2004) e Ahokas et al. (2005), respectivamente em carcinomas endometriais e de

pele, onde houve marcação expressiva de MMP-26 nos graus I e II, mas não nos

carcinomas menos diferenciados, classificados em grau III.

Alguns trabalhos verificaram diferenças significativas na imunomarcação de

metaloproteinases na comparação entre lesões malignas e não malignas, o que sugere

que a gravidade histológica do espécime parece estar relacionada à expressão de

metaloproteinases. Ziober et al. (2000) observaram que carcinomas epidermóides orais

exibiram reatividade à MMP-1 significativamente maior que displasias epiteliais e

carcinomas in situ. Tsai et al. (2003), investigando a expressão das MMPs 2 e 9,

evidenciaram positividade significantemente mais alta em carcinomas epidermóides

orais que em queratinócitos normais. Tumores malignos de glândulas salivares exibiram

maior imunomarcação para MMP-2 que adenomas, em pesquisa realizada por Nagel et

al. (2004).

Vicente et al. (2005) detectaram associação estatisticamente significante entre o

grau histológico de malignidade de carcinomas epidermóides orais e a expressão imuno-

histoquímica da MMP-9, mas não com a MMP-2. Na pesquisa realizada por Liu et al.

(2005) em carcinomas de laringe, não houve relação significativa entre a

imunomarcação para MMP-2 e MMP-9 e o grau de diferenciação celular.

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Em nossa amostra, observamos que as lesões de alto grau exibiram maior

positividade às MMPs que aquelas de baixo grau, exceto para a MMP-2. Assim, é

concebível afirmar que, nos carcinomas epidermóides investigados, as lesões de alto

grau morfológico de malignidade demonstraram maior potencial proteolítico que

aquelas de baixo grau.

O teste de Mann-Whitney atestou uma diferença significativa entre os dois

grupos, no que se refere à expressão das matrilisinas (MMP-7 e MMP-26), que são

enzimas que agem diretamente nas proteínas da membrana basal. Com efeito, Kumagai

et al. (1994) evidenciaram degradação da membrana basal em carcinomas epidermóides

orais com menor diferenciação celular e Hirota, Yoneda e Osaki (1990) constataram

diminuição na expressão de colágeno IV na membrana basal de carcinomas

epidermóides orais avançados.

Todos estes achados indicam que os carcinomas epidermóides de alto grau de

malignidade têm maior capacidade de destruir os componentes da membrana basal que

aqueles de baixo grau, o que explica o maior poder de invasão e metástase exibido pelas

lesões de maior gravidade histológica.

Verificamos também como se expressavam as MMPs 1, 2, 7, 9 e 26 dentro dos

dois subgrupos: lábio inferior e língua, avaliando a marcação em estroma e parênquima

das lesões de baixo e alto graus. Entre as lesões linguais, foi analisado ainda se a

presença de metástase estava relacionada à positividade às metaloproteinases.

No que se refere aos carcinomas epidermóides de lábio inferior, nossos

resultados mostraram que as MMPs 1, 7 e 26 foram significativamente mais expressas

nas células neoplásicas do fronte invasivo das lesões de alto grau que naquelas de baixo

grau de malignidade. Uma inversão nesta tendência foi evidenciada na MMP-2, mas não

teve significância estatística. Em estroma não foi detectada diferença significativa na

reatividade às MMPs com relação ao grau histológico de malignidade. Todos os casos

de carcinoma labial investigados exibiram marcação expressiva da MMP-1 e

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inexpressiva ou ausente da MMP-26 nas células estromais adjacentes ao fronte

invasivo.

A avaliação das células tumorais do front de invasão dos carcinomas

epidermóides linguais demonstrou uma tendência das lesões de alto grau de

malignidade em exibirem maior expressão de metaloproteinases em comparação com as

de baixo grau, diferença esta que foi significante estatisticamente para a MMP-7.

Nenhuma diferença significativa, entretanto, foi detectada entre carcinomas

epidermóides de língua de alto e baixo graus de malignidade, no que diz respeito à

imunorreatividade das células estromais às MMPs pesquisadas.

Um fator reconhecidamente importante para a determinação do prognóstico de

pacientes portadores de neoplasias malignas é a presença de metástase. A relevância

deste fator é tão grande que ele tem sido utilizado como parâmetro para testar a

eficiência de numerosos possíveis marcadores de agressividade tumoral. Diversos

autores pesquisaram a expressão de metaloproteinases, comparando neoplasias malignas

com e sem metástase, mas os resultados obtidos não foram homogêneos.

Hong et al. (2000) observaram que carcinomas epidermóides orais com

metástase expressaram mais fortemente MMPs 2 e 9 que o grupo sem metástase, com

diferença estatisticamente significante para a última. Em carcinomas de cabeça e

pescoço, Katayama et al. (2004) encontraram significante correlação entre a expressão

da MMP-9, mas não da MMP-2, e a ocorrência de metástase nodal ou distante, e

Franchi et al. (2002) constataram que tumores com expressão aumentada de MMP-9

tiveram mais freqüentemente metástases linfáticas, em comparação com as lesões que

tiveram ausência ou baixa expressão desta metaloproteinase.

Em oposição a estes resultados, Vicente et al. (2005) não encontraram

correlação estatisticamente significante entre a presença de metástase e a expressão de

MMP-2 e MMP-9. Em cultura de células derivadas de carcinoma epidermóide oral

humano, Robinson et al. (2003) não detectaram correlação entre a expressão das

gelatinases e o fenótipo metastático. A presença de metástase também não exibiu

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relação com a reatividade à MMP-9 nos carcinomas linguais estudados por Guttman et

al. (2004).

Também em carcinomas linguais, Amorim (2004) verificou não haver

correlação significativa entre o potencial metastático e a expressão imuno-histoquímica

das MMPs 7 e 26. No entanto, Sasaki et al. (2001), pesquisando MMP-7 em carcinomas

pulmonares e Yamamoto et al. (2004), estudando MMP-26 em carcinoma de células

escamosas de esôfago, constataram relação significativa entre metástase e a expressão

destas proteases.

Queremos ressaltar que a presença de metástase não constituía, a princípio, uma

das variáveis a serem exploradas neste estudo. No entanto, na amostra investigada

foram detectados seis carcinomas epidermóides linguais que já exibiam metástase para

os linfonodos regionais na época do diagnóstico. Comparamos, então, este grupo com

os nove casos sem metástase, no que diz respeito à expressão imuno-histoquímica das

MMPs 1, 2, 7, 9 e 26, tanto nas células tumorais do front invasivo quanto no estroma

subjacente.

Apesar de ter sido observada, em parênquima, certa tendência dos carcinomas

do grupo metastático em exibir maior reatividade a metaloproteinases que aqueles do

grupo sem metástase, não foi verificada nenhuma diferença estatisticamente significante

entre os grupos avaliados.

Acreditamos que o pequeno número de casos constituintes do grupo metastático

não permite uma avaliação conclusiva sobre a existência ou não de associação entre a

expressão de metaloproteinases e presença de metástase, entretanto, estes achados

podem ser úteis para fins de comparação com trabalhos posteriores.

Avaliamos também a existência de correlação entre os achados morfológicos e

imuno-histoquímicos em nosso trabalho. Utilizando o coeficiente de Spearman,

investigamos se os escores atribuídos para as características histológicas evidenciadas

nos carcinomas epidermóides, de acordo com Bryne (1998), estavam ou não

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correlacionados à expressão imuno-histoquímica das MMPs 1, 2, 7, 9 e 26, classificadas

de acordo com o método de Franchi et al. (2002).

O escore total de malignidade teve relação direta com todas as MMPs, ou seja,

quanto mais alto o escore, maior a expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases

investigadas. Esta correlação foi estatisticamente significativa para as metaloproteinases

7 e 26.

A imunorreatividade para as metaloproteinases também exibiu, na maioria dos

casos, relação direta com os escores parciais de malignidade, relativos ao grau de

ceratinização, pleomorfismo nuclear, padrão de invasão e infiltrado inflamatório, exceto

para as MMPs 1 e 9, que tiveram relação inversa, mas não significativa estatisticamente,

com o escore do grau de ceratinização.

O tratamento estatístico dos dados revelou correlação significante entre a

imunorreatividade da MMP-7 e o escore do grau de ceratinização, escore do

pleomorfismo nuclear e escore do infiltrado inflamatório, e também entre a expressão

da MMP-26 e o escore do padrão de invasão. Estes achados reafirmam e complementam

uma de nossas constatações discutidas anteriormente: que os carcinomas epidermóides

de alto grau de malignidade exibiram maior expressividade, significativa

estatisticamente, para MMP-7 e MMP-26, o que poderia explicar o maior potencial

metastático exibido pelas lesões com maior gravidade histológica.

Trabalhos desenvolvidos por Kumagai et al. (1994) e Hirota, Yoneda e Osaki

(1990) demonstraram que o padrão de invasão de carcinomas epidermóides orais está

relacionado à perda de continuidade da membrana basal. Em concordância com estes

autores, nós constatamos que quanto mais disperso foi o padrão de invasão das lesões

estudadas, maior foi a expressão da MMP-26, o que reflete a degradação de

constituintes da membrana basal.

Avaliando nossos resultados em conjunto, observamos que as células

neoplásicas do fronte invasivo dos carcinomas epidermóides estudados foram capazes

de sintetizar metaloproteinases e de induzir a produção destas enzimas pelas células

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estromais. Os altos índices de positividade às MMPs que encontramos nas neoplasias de

lábio inferior e língua, especialmente para MMP-1 e matrilisinas, indicam a grande

importância destas enzimas para a progressão tumoral.

Dentre todas as análises que fizemos, a relação estatisticamente significante que

mais se repetiu foi do grau histológico de malignidade com a expressividade à MMP-7.

Levando-se em consideração que a membrana basal interfere na diferenciação celular, é

perfeitamente compreensível que a degradação desta estrutura, realizada eficientemente

pela MMP-7, esteja relacionada à maior gravidade histológica dos carcinomas

epidermóides.

Evidenciamos também que as diferenças com significância estatística entre

grupos foram mais freqüentemente detectadas na expressão das metaloproteinases pelas

células tumorais. Assim, a expressão estromal de MMPs, na maioria das vezes, não

diferiu significativamente com relação à localização ou o grau histológico dos

carcinomas da nossa amostra.

Acreditamos que os dados obtidos neste experimento possam contribuir para a

construção de um conhecimento mais sólido sobre o carcinoma epidermóide de lábio

inferior e língua. É importante que outros estudos, seguindo metodologia semelhante,

sejam desenvolvidos, a fim de que os resultados possam ser comparados sem a

interferência de discrepâncias metodológicas.

Com a ampliação do entendimento acerca dos mecanismos envolvidos na

progressão do carcinoma epidermóide, especialmente no que diz respeito à síntese de

metaloproteinases, será possível determinar a viabilidade da utilização destas enzimas

como marcadores prognósticos ou de se desenvolverem agentes inibidores mais

direcionados e eficientes que auxiliem na terapêutica destas neoplasias malignas.

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7- CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos por meio da metodologia empregada no

presente trabalho, podemos concluir que:

1. As células neoplásicas do front invasivo dos carcinomas epidermóides

estudados, bem como as células estromais, expressaram imunomarcação para as

MMPs-1, -2, -7, -9 e -26, indicando uma marcante participação destas

metaloproteinases no desenvolvimento dos carcinomas epidermóides de lábio

inferior e língua.

2. De uma maneira geral, os achados deste estudo indicam que os carcinomas

epidermóides de língua exibiram tendência para maior marcação das MMPs

analisadas, quando comparados àqueles localizados em lábio inferior, embora

esta diferença só tenha se mostrado significativa estatisticamente para a MMP-9,

o que nos leva a sugerir que a marcante expressão dessas enzimas nos

carcinomas de língua pode estar contribuindo para o comportamento mais

invasivo das células neoplásicas, o que pode repercutir em um curso evolutivo

mais agressivo.

3. Os resultados aqui observados demonstram que a imunorreatividade das MMPs

estudadas mostrou tendência a uma marcação mais forte nas células neoplásicas

do front invasivo dos carcinomas de alto grau, exceto a MMP-2. Expressão

significativamente maior das MMPs-7 e -26 nos carcinomas epidermóides de

alto escore foi verificada, independentemente do sítio anatômico. Estes achados

nos levam a sugerir que a degradação de constituintes da MEC, particularmente

daqueles de membrana basal, é determinante no padrão de diferenciação

histológica, podendo, conseqüentemente, refletir no grau de agressividade

morfológica do carcinoma epidermóide de lábio inferior e língua.

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SUMMARY

The oral epidermoid carcinoma is a malignant neoplasty with high incidence and

an important cause of morbidity and mortality that presents, however, a variable

biological behavior, due to several factors. The aim of this study has consisted in

evaluating the immunohistochemical expression of MMP-1, MMP-2, MMP-7, MMP-9

and MMP-26 in epidermoid carcinomas, regarding the location of the lesion and its

histological grade of malignancy. 15 squamous cell carcinomas of lower lip and 15 of

tongue were selected and, after morphological evaluation, they were classified in low

malignancy grade (n=17) and high malignancy grade neoplasties (n=13), and

subsequently submitted to immunohistochemical study for the MMPs. All the

specimens investigated expressed at least two of the researched metalloproteinases, hat

were more evident in the cytoplasm of tumor cells located in the invasion front. The

tongue epidermoid carcinomas presented greater immunohistochemical expression of

MMPs by neoplastic cells than those of lower lip, with statistically significant

difference for MMP-9 (p=0.030). The high grade epidermoid carcinomas presented

greater expression of metalloproteinases, except for MMP-2, in comparison to the low

grade lesions, with statistically significant difference for MMP-7 (p=0,0001) and MMP-

26 (p=0,016). In addition it was evidenced a direct relation between the morphological

scores of malignancy and immunoreactivity to MMPs, with statistic significance for

MMP-7 and MMP-26. Based on these results we can conclude that a greater expression

of MMPs by tumor cells, especially MMP-9, may contribute to a higher invasive

potential of tongue carcinomas in comparison to lip carcinomas. Besides, the

histological severity of epidermoid carcinomas seems to be related to

immunohistochemical expression of metalloproteinases, especially matrilysins, which

suggests that the capacity of degrading basal membrane seems to be determinant in the

pattern of histological differentiation of neoplasties studied. The high levels of reactivity

to MMPs found in the specimens studied reflect the outstanding participation of these

enzymes in the development of epidermoid carcinomas in lower lip and tongue.

Key words: Oral cancer, epidermoid carcinoma of lower lip, epidermoid carcinoma of

tongue, metalloproteinase, immunohistochemical.

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