Expressões idiomáticas e convencionais!

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^ Stella E. 0. Tagnin O H ^ M jeito que a gente diz Expressões convencionais e idiomáticas Inglês e português SSAL DITORA

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Volume 173 de Série PrincípiosAutor: Stella Esther Ortweiler TagninEditora: Editora Ática, 1989Original de: Universidade do TexasDigitalizado em: 17 out. 2008Num. págs. 88 páginasUma expressão idiomática ocorre quando um termo ou frase assume significado diferente daquele que as palavras teriam isoladamente. Assim, a interpretação é captada globalmente, sem necessidade da compreensão de cada uma das partes. Usamos expressões idiomáticas a todo instante. Elas se encontram no linguajar diário, no noticiário da televisão, em anúncios dos jornais, no rádio, na tv, em discursos políticos, campanhas eleitorais, em filmes, em letras de música, na literatura, etc.O uso de expressões idiomáticas não se restringe a um aspecto específico da nossa vida, nem a uma determinada camada social. As expressões idiomáticas são uma parte importante da comunicação informal, tanto escrita como falada, e também são usadas frequentemente no discurso e na correspondência formal. Tudo que se pode expressar usando expressões idiomáticas pode também ser transmitido por meio de frases convencionais.O motivo que leva um falante ou um escritor a usar expressões idiomáticas é o desejo de acrescentar à mensagem algo que a linguagem convencional não poderia suprir. Uma expressão idiomática pode enriquecer uma frase, dando-lhe força ou sutileza, pode enfatizar a intensidade dos sentimentos de alguém e pode ainda atenuar o impacto de uma declaração austera, com humor ou ironia. O uso que um falante faz das expressões idiomáticas determina o seu grau de domínio da língua, possibilitando-o expressar-se de muitas maneiras.

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Page 1: Expressões idiomáticas e convencionais!

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Stella E. 0. Tagnin

O H ^ M

jeito que a gente diz

Expressões convencionais e idiomáticas Inglês e português

SSAL DITORA

Page 2: Expressões idiomáticas e convencionais!

© 2005 Stella E. O- Tagnin

Coordenação editorial Paulo Nascimento Verano

Capa, projeto gráfico e editoração

Herafdo Galan e Patrícia Tagnin

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Tagnin, Stella Ester Ortweiler

*'* O jeito que a gente diz

Stella E. O. Tagnin. -

Bibliografia.

ISBN 8-5-89533-28-X

• expressões convencionais e

— São Paulo :Disal, 2005.

idiomáticas /

1. Inglês - Expressões idiomáticas 2. Inglês — Palavras e locuções 3.

Português - Expressões idiomáticas 4. Português - Palavras e locuções I. Título.

idiomáticas.

05-3083

II. Título: Expressões convencionais e

CDD-418

índices para catálogo sistemático:

1. Expressões convencionais e idiomáticas:

Linguística de Corpus 418

D I S A L EDITORA

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Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada nem transmitida de nenhuma forma ou meio sem permissão expressa da Editora.

Para meu marido e meus filhos, que sempre participaram de minhas escrituras.

Page 3: Expressões idiomáticas e convencionais!

Abreviaturas utilizadas neste livro

Adj = Adjetivo PhrV = Phrasa! Verb SV = Sintagma Verbal O = Oração pfep = Preposição - V = Verbo

Obj - Objeto S = Substantivo Vlinrl = Verbo no infinitivo Part = Partícula SN = Sintagma Nominal V [-ingj = Verbo no gerúndio

Sumário

Apresentação 9

Agradecimentos : 10

1. Introdução 11

2. O jeito que a gente diz 12

3. A convencionalidade e a idiomatícidade _ _ 15

4. Os níveis da convencionalidade 17 0 nível sintético 17

Combinabilidade 17 Ordem 18 Gramaticalidade 18

0 nível semântico 19 O nível pragmático 19

5. A Linguística de Corpus 21 Os corpora 22 Observação dos dados 28

6. As coligações 30 Coligações de regência 31

Verbos 31 Substantivos 32 Adjetivos 32 Advérbios 33

Phrasal verbs (verbos frasais) 33 Coligações prepositivas 36

7. As colocações 37 Colocações adjetivas 38 Colocações nominais 39 Colocações verbais 42 Colocações adverbiais 45 Expressões especificadoras de unidade 47 Coletivos : 48

8. Os binómios - 50

9. Estruturas agramaticais consagradas 57 Estruturas sinteticamente imprevisíveis -. 57 Estruturas sintaticamente petrificadas 58 Bloqueio sintético imprevisível 59

10. As expressões convencionais 61

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11. As expressões idiomáticas 62 A forma linguística 62 A imagem 64 Símiles 66 Expressões metafóricas e idiomáticas 67

12. Os marcadores conversacionais 70 Marcadores conversacionais de estruturação semântica 71 Marcadores" conversacionais de sinalização do contexto social 72 Marcadores conversacionais de sinalização da disposição de entendimento 73 Marcadores conversacionais de sinalização de controle da comunicação 74

13. As fórmulas situacionais 75 A importância das fórmulas situacionais 76 Fórmulas situacionais sintéticas 77

Fórmulas de polidez 77 Fórmulas de distanciamento ; 78

Fórmulas fixas 79 Frases feitas 79 Citações 79 Provérbios 80

Fórmulas de rotina 82 Saudações 83 Agradecimentos 84 Desculpas 84 Votos 84 Situações à mesa 85

14. Conclusão 87

15. Apêndice 88 Algumas fórmulas situacionais inglês-português . 88 Algumas fórmulas situacionais português-inglês 95

16. Vocabulário crítico 102

17. Bibliografia comentada 105 Corpora online para o português 116 Corpora online para o inglês 116 Emulador de concordanciador 117

Apresentação

Depois de quinze anos, este livrinho1 merecia uma atualização, pois as pesquisas avançaram muito na área da convencionalidade, principal­mente em função do desenvolvimento da Linguística de Corpus. Por essa razão, esta edição inclui um capítulo exclusivamente dedicado à descrição dessa abordagem e dos recursos de que se vale - os corpora eletrônicos - para suas investigações. Como essa abordagem privilegia a observação de ocorrências naturais, não inventadas, a grande maio­ria dos exemplos que ilustram as categorias convencionais apresenta­das foi substituída por ocorrências autênticas extraídas de corpora.

Além do capítulo sobre Linguística de Corpus e dos exemplos au­tênticos, foi acrescentada uma categoria — a das colocações adverbiais — que não constava da edição anterior.

É preciso salientar também que, ao longo desses anos, consagrou-se a denominação collocation - colocação - para o que havíamos cha­mado de coligação* enquanto o uso dessa última ficou restrito à desig­nação de fenómenos de co-ocorrência gramatical. Assim, a terminolo­gia usada anteriormente foi adaptada à atual.

A Bibliografia também foi atualizada, em especial para incluir os principais teóricos da Linguística de Corpus e os mais relevantes dicio­nários para aprendizes de inglês, cujos verbetes são baseados em pes­quisas com corpus. Foram ainda acrescentadas outras obras que acre­ditamos possam ser de interesse para o leitor que quiser se aprofundar no estudo da convencionalidade.

Espero que esta pequena obra venha despertar nos aprendizes e es­tudiosos das línguas inglesa e portuguesa o interesse pela parte conven­cional, pré-fabricada da língua, tão essencial para que nosso desempe­nho linguístico venha a ser mais fluente, mais natural, mais autênti­co, enfim, mais "do jeito que a gente diz".

1 A versão anterior deste livro intimkva-se Expressões Idiomáticas e Convencionais e foi publicada

pela editora Ática era 1989-

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer a rodos os colegas e alunos que me incen­tivaram, ao longo desses anos, a reedirar este livrinho.

Sou especialmenre grata aos integranres do grupo de esrudos do Projeto COMET, cujas valiosas sugestões, correções e revisões certamente enriqueceram e apr imoraram a obra. Quaisquer erros que porventura ainda tenham escapado são de minha total responsabilidade.

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Introdução

É bem possível que, quando o leitor decidiu estudar inglês, alguém lhe renha diro:

— Mas, e as expressões idiomáticas? São tão difíceis! — ou algo se­melhante.

E por que seriam "difíceis"? Provavelmente porque têm de ser aprendidas individualmente, isto é, uma a uma, pois não há regra que as gere. Enrreranto, não são apenas as assim chamadas expressões idio­máticas que têm de ser aprendidas desse modo. Há toda uma gama de unidades linguísticas convencionais que o aprendiz de uma língua estrangeira desconheceria, mesmo que conhecesse toda a gramática e soubesse todo o dicionário de cor.

Além do mais, essas unidades ocorrem em todas as línguas, inclu­sive, é óbvio, no porruguês.

Assim, o objetivo deste livro é apresentar os tipos de unidades con­vencionais que ocorrem em inglês e em porruguês com farta, embora não exaustiva, exemplificação.

Para algumas categorias o leitor encontrará listas extensas em li-vros-texto ou dicionários especializados, especialmente na língua in­glesa, como é o caso dos phrasal verbs. Outras categorias ainda não foram adequadamente pesquisadas, havendo pouco ou quase nenhum material publicado a respeito. Para facilirar o acesso do leitor à biblio­grafia existente, faremos referência, no decorrer da exposição, às fon­tes que poderá consultar para obter listagens das categorias aborda­das ou maiores informações a respeito.

Cumpre ressaltar, no entanto, que na maior parte das vezes a bi­bliografia indicada será para a língua inglesa, já que muito pouco se tem feito na área da convencionalidade no âmbito do português.

n

Page 6: Expressões idiomáticas e convencionais!

£ O jeito que a gente diz

Quando fui aos Estados Unidos pela primeira vez, em 1961, já estava estudando inglês há seis anos, tendo sempre sido das melho­res alunas. Acreditava — santa ingenuidade! — ter um bom domínio da língua inglesa. Entretanto, num de meus primeiros encontros, expressei-me de forma a fazer com que meu interlocutor me olhas­se corrío se eu houvesse cometido um erro gramatical gravíssimo. Perguntei-lhe:

— Não está certo o que eu disse?

— Está — respondeu ele —, só que não é desse jeito que a gente diz. Desde então tenho me empenhado em descobrir e aprender no que

consiste esse "jeito que a gente diz", para não me caracterizar naquilo que o linguista americano Charles J. Fillmore (1979) denomina de "falante ingénuo".

Em primeiro lugar, vejamos quais as peculiaridades desse "falante ingénuo", segundo Fillmore:

a) ele desconhece os lexemas idiomáticos de uma língua. Embora, com certeza, conheça as palavras prison1 ejaile o sufixo -er, for­mador de substantivos agentivos, esse conhecimento não será su­ficiente para fazer a distinção entreprisoner, "pessoa mantida numa prisão", ejailer, "pessoa que cuida de uma prisão". Exatamente o mesmo ocorre em português: prisão e cárcere são praticamente si­nónimos, mas, ao receberem o sufixo -eiró, formando prisioneiro e carcereiro, seus significados passam a ser totalmente distintos: o pri­sioneiro é o que está preso, enquanto o carcereiro é o que cuida da prisão;

b) ele não conhece as frases idiomáticas da língua. Se lhe disserem

Yourgoose is cooked "Você está numa encrenca", fará uma interpre-

2 Os exemplos em inglês são do próprio autor, enquanto os em português foram acrescentados por mím para melhor compreensão do leicor.

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tacão literal e certamente ficará perplexo, a menos que realmente esteja preparando um ganso na cozinha. Para o português pode­mos citar, por exemplo, Você está empalpos de aranha., com signi­ficado similar à expressão inglesa;

c) ele não conhece combinações lexicais que não estejam necessaria­mente baseadas em relações de significado. Se ouvir a locução blithering idiot, acreditará que blithering, como adjetivo, também pode ocorrer corn outros substantivos. Não saberá que esse adje­tivo só co-ocorre com idiot oxifool; assim como coroca, em portu­guês, ocorre quase exclusivamente com velha;

d) não tem a capacidade de julgar a adequação de expressões fixas a certos tipos de situações. Assim, não saberá quando convém usar as expressões This hurts me more than it hurts you ou Knock on

wood em inglês, e, em português, Está servido? ou Vai tirar o pai

da forca?;

e) não conhece as imagens metafóricas de uma língua. Não enten­derá por que PU stand behindyou significa "apoiarei você" ou Es­

tou nas nuvens significa que a pessoa está muito feliz; f) não entende atos de comunicação indireta, nem será capaz de ler

nas entrelinhas. Fará, corno de costume, uma interpretação lite­ral, mesmo que alguém lhe diga You have a very lovely left eye ("Você tem um lindo olho esquerdo"). Da mesma forma, em português, não entenderia que quando alguém, numa sala abafada, diz Está

calor aqui!, essa pessoa está, na realidade, pedindo que se abra a porta ou a janela para permitir certa ventilação;

g) desconhece as convenções das estruturas de diversos textos. Por exemplo, na cultura japonesa é imperativo que o primeiro pará­grafo de qualquer carta faça referência à estação corrente do ano. Nas cartas comerciais em inglês é usual terminar-se com Yours truly,

enquanto em português usamos Atenciosamente.

Assim, na minha tarefa de pesquisar esse "jeito que a gente diz", descobri uma série de coisas:

n

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a) que, como era de se esperar, fazem parte desse "jeito que a gente diz" as conhecidas e temidas expressões idiomáticas;

b) que os linguistas, entretanto, divergem quanto ao que chamar de expressões idiomáticas;

c) que existem outras unidades linguísticas menores que também são idiomáticas, embora não sejam o que é comumente entendido por expressões idiomáticas;

d) que há unidades linguísticas que fazem parte desse "jeito que a gente diz", mas que não são idiomáticas;

e) que todas essas unidades são aprendidas como um todo, isto é, em bloco.

Quando nos referimos ao "jeito que a gente diz" estamos, na ver­dade, faiando de convenção, ou seja, daquilo que é aceito de comum acordo. As convenções linguísticas são os "jeitos" aceitos pela comu­nidade que fala determinada língua. Assim, podemos chamar de con-vencionalidade o aspecto que caracteriza a forma peculiar de expres­são numa dada língua ou comunidade linguística.

Falta ainda esclarecer o que entendemos por idiomático. E o que veremos no próximo capítulo.

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A convencionalidade e a idiomaticidade

Como vimos, a convencionalidade abrange tudo o que é convencio­nal e por esse termo entendemos aquilo "que é de uso ou de praxe; consolidado pelo uso ou pela prática" ou "que obedece a padrões acei­tos; não original, comum" (Houaiss).

Vamos exemplificar. E costume em nossa sociedade cumprimen­tar alguém por ocasião do Natal, seja dando-lhe um presente, en-viando-lhe um cartão ou simplesmente dizendo Feliz Natal. Esse costume é chamado de convenção social: "qualquer dos usos ou cos­tumes sociais estabelecidos, ger. de tácita aceitação pelos indiví­duos de uma comunidade, que incluem regras de boa educação, de boa conduta etc." (Houaiss). Como esse, existem muitos ou­tros, como desculpar-se por pisar no pé de alguém, agradecer um favor recebido, ou até elogiar um presente mesmo que não se te­nha gostado dele. Talvez até pudéssemos dizer que são as coisas que fazemos "por educação" e que, se não as fizermos, estaremos incorrendo na ruptura de uma convenção social, ou num ato de "falta de boas maneiras".

Pois bem, a mesma noção de convenção pode se aplicar à língua, tanto no nível social, isto é, deve-se saber quando dizer algo, quanto no nível linguístico, ou seja, saber como dizê-lo. Voltando ao exemplo do Natal, deve-se saber que é preciso dizer algo nessa ocasião e deve-se também saber como expressá-lo.

Assim, há expressões que são convencionais por estarem intima­mente ligadas a um fato social e há outras em que o que é conven­cional é sua forma. Por exemplo, Feliz Natal é uma expressão con­vencional social, pois está ligada à comemoração do Natal, enquan­to mundos e fundos é uma expressão convencional devido a sua for­ma, isto é, convencionou-se combinar os dois vocábulos mundos e fundos — e não universos e profundidades, por exemplo — unidos pela conjunção e. E convencionou-se também ser essa a ordem em que devem aparecer, jamais fundos e mundos. Outro exemplo que não

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Page 8: Expressões idiomáticas e convencionais!

admite alteração de ordem é doce ilusão, pois ilusão doce perderia o tom irónico da expressão anterior.

No momento em que a convenção passa para o nível do significa­do, entramos no campo da idiomaticidade. Dizemos que uma expres­são é idiomática apenas quando seu significado não é transparente, isto é, quando o significado da expressão toda não corresponde à somató­ria do significado de cada um de seus elementos. Assim, bateras botas

não significa "dar pancadas com calçado que envolve o pé e parte da perna"/'mas quer dizer "morrer".

É preciso que essa noção fique muito clara porque, em português, idiomático é usualmente empregado com o sentido de "referente a ou próprio de um idioma". Para expressar esse sentido usaremos verná­

culo ou então natural, reservando idiomático para significar "não trans­parente" ou "opaco".

Dai, pode-se concluir que toda expressão idiomática é também con­vencional, mas nem toda expressão convencional é idiomática. Vol­tando a nossos exemplos, FelizNatalé convencional, porém não idio­mática, pois seu sentido é transparente. Já mundos e fundos (Elepode

prometer mundos e fundos e não cumprir que nada vai acontecer a ele.)

ê convencional e idiomática, porque não se pode depreender seu sig­nificado a partir da soma dos significados individuais de seus elemen­tos. O mesmo ocorre com bater as botas.

Até o momento restringimo-nos a exemplos do português para que essas noções ficassem bastante claras. A partir do capítulo se­guinte, em que discutiremos os níveis em que pode ocorrer a con-vencionalidade, serão apresentados exemplos tanto em inglês quanto em português.

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M

H I

Os níveis da convencionalidade

A convencionalidade pode ocorrer em diversos níveis da língua. O primeiro deles, do qual n^o trataremos neste livro, refere-se à rela­ção arbitrária que existe entre uma palavra e seu significado. Não há motivo aparente para que uma cadeira seja chamada de cadeira, ou um adulto do sexo masculino de homem. E verdade que há palavras motivadas, isto é, palavras cuja relação com seu significado seja trans­parente. E o caso das palavras onomatopaicas como miau, que imita a voz do gato, ou sussurro, que pretende reproduzir o ruído que se faz ao sussurrar. Observa-se, porém, que mesmo essas cada língua con­venciona a seu modo: enquanto em português o galo faz cocoricó, em inglês ele "faz" cock-a-doodle-doo, embora, com certeza, o som que ele emite seja o mesmo em qualquer lugar do mundo.

Além desse nível básico existem outros, mas trataremos aqui ape­nas daqueles que dizem respeito às expressões convencionais e idiomáticas3. Assim, não consideraremos os níveis fonológico e morfológico para nos concentrarmos nos níveis sintático, semânti­co e pragmático.

0 nível sintático

O nível sintático compreende a combinabilidade dos elementos, sua ordem e sua gramaticalidade. Vamos discutir cada um desses itens em separado.

Combinabilidade Chamamos de combinabilidade a faculdade que os elementos lin­

guísticos têm de se combinar. Existem palavras que se associam de

forma tão natural que a única explicação possível é de que essa asso-

3 Natringer & De Carriço (1992) denominam essas expressões de lexicalphrases.

Page 9: Expressões idiomáticas e convencionais!

ciação tenha sido consagrada pelo uso, isto é, de que ela seja conven­cional. E o caso do inglês blithering idiot, em que o adjetivo blithering,

"absolute, contemptible", co-ocorre principalmente com idiot ou jòoL

No português temos o substantivo coroca, que co-ocorre preferenci­almente com velha: velha coroca.

Existem outras combinações consagradas em que a co-ocorrência não é tão rigorosa, ou seja, os elementos ocorrem também em outras associações. E o caso de TVset, fill a prescription ou magic wand no inglês e aparelho de TV, aviar uma receita ou varinha mágica no por­tuguês. Dizemos que são combinações consagradas porque não ad­mitem substituição por vocábulos de significado semelhante. Não podemos dizer TV instrumenta supply a prescription, ou magic rod, nem instrumento de TV, atender uma receita ou galho mágico.

Ordem A ordem em que os elementos ocorrem também pode ser resulta­

do de convenção. Por exemplo, dizemos bed and breakfast e cama e mesa sempre nesta ordem. No capítulo sobre os binómios, trataremos desse item em detalhe.

Gramatícalidade Existem expressões na língua que desafiam quaisquer explicações

gramaticais, mas cujo uso é consagrado, sendo perfeitamente aceitas por falantes de todos os níveis sócio-culturais. A expressão by and large é um exemplo típico, pois combina uma preposição com um adjeti­vo, quando se sabe que em estruturas de coordenação com andos dois membros devem pertencer à mesma classe gramatical. Em português podemos mencionar de vez em quando.

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0 nível semântico

Neste nível observa-se a convencionalidade na relação não moti­vada entre uma expressão e seu significado. Como se explicaria que kick the bucket e bater as botas significam "morrer"?

Além do significado de uma expressão linguística, também o sig­nificado de uma imagem pode ser convencionado. São as metáforas que permeiam a linguagem (LakofT & Johnson, 2002). Na cultura ocidental, por exemplo, tudo que é "para cima" é considerado bom, enquanto o que for "para baixo" é mau. Isso se nota, em inglês, em Thumbs up, This movie is top class, He is in low spirits today, Tmfeeling

down. A mesma imagem transparece no português em Ele está num

alto astral, Ela vive na fossa, Caiu de cama, "Cabeça erguida, rapaz",

Toca a levantar os ânimos.

0 nível pragmático

Este nível abrange o uso da língua em situações de interaçao entre falantes. Aqui temos dois outros aspectos passíveis de convenção, aspectos esses já mencionados no capítulo anterior: a situação que exige um certo comportamento social e a expressão a ser empregada nessa ocasião.

Sempre que se recebe algo de alguém a situação exige que o recep­tor agradeça o que foi recebido. Assim, agradecer é o comportamen­to exigido pela situação. Esse comportamento pode se realizar verbal­mente, mediante o uso de uma expressão linguística como Thankyou,

Thankyou so much, Obrigado, Muitíssimo obrigado e outras similares. Pode ocorrer também que o comportamento social não seja expresso de forma verbal. Em velórios ou enterros, por exemplo, podemos expressar nossos sentimentos apenas com um aperto de mão e um sorriso de solidariedade, sem dizer coisa alguma.

Podemos agora resumir os níveis de convencionalidade no seguinte esquema:

Page 10: Expressões idiomáticas e convencionais!

mmaB^mmmmn

Convencionalidade

Pragmático

Semântico

Sintético

Situação

Expressão Verbal

Significado da forma

Significado da imagem

Gramaticalidade

Ordem

Combinabilidade

Como em cada nível ocorrem tipos diversos de unidades linguís­ticas, passaremos a identificá-los nos próximos capítulos. Mas antes disso, apresentaremos uma metodologia que muito tem contribuído para o avanço dos estudos lexicais nos últimos quarenta anos.

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A Linguística de Corpus

O leitor pode imaginar como é laborioso estudar o fenómeno da convencionalidade se dependermos de nossa atenção para observar a re­corrência de certas combinações. O que geralmente ocorre é que, ao notarmos uma combinação "que já vimos antes", não nos lembramos de onde a vimos e, provavelmente, não somos capazes de localizá-la nova­mente se quisermos, por exemplo, compilar uma lista de expressões consagradas. Assim, anotamos apenas essa segunda ocorrência e "torce­mos" para encontrar outra para confirmar que, de fato, se trata de uma expressão consagrada.

Pois bem, com o advento do computador, tornou-se possível construir grandes bancos de textos e consultá-los com ferramentas computacionais apropriadas para detectar essas co-ocorrêncías e recorrências. A discipli­na que possibilita essa investigação denomina-se Linguística de Corpus.

A Linguística de Corpus (LC)4 oferece uma metodologia que veio facilitar muito a identificação das unidades convencionais da língua. Enquanto, no passado, se dependia de "notar" sua recorrência no dia-a-dia até nos conscientizarmos de que se tratava de uma unidade fixa, hoje essa conscientização é facilitada pela observação simultânea de uma gran­de quantidade de dados a partir de um corpus eletrônico.

Para a LC, um corpus é uma coletânea de textos, necessariamente em formato eletrônico, compilados e organizados segundo critérios ditados pelo objetivo de pesquisa a que se destina. O formato eletrô­nico permite que esses textos sejam investigados e analisados auto­maticamente, com o uso de ferramentas computacionais específicas.

A ferramenta que melhor permite observar as estruturas conven­cionais recorrentes da língua produz resultados na forma de concor­dâncias, em que cada linha apresenta a palavra ou expressão que está sendo investigada - a palavra de busca - inserida em seu contexto na-

4 H á excelentes livros introdutórios à Linguística de Corpus. Entre eles, podemos destacar Berber

Sardinha (2004) em português, e Kennedy (1998), McEnery 8c Wilson (2001) eTognini-Bonelli

(2001) era inglês.

Page 11: Expressões idiomáticas e convencionais!

tural de ocorrência. Esse formato é denominado KWIC, ou seja, Key Word ín Context (palavra-chave em contexto) e traz, em geral, a pa­lavra de busca centralizada. Eis uma concordância para a palavra aten­ção-,

1 mente vem recebendo atenção da sociedade e da c

2 e tem recebido mais atenção nos últimos anos, d

3 - tem recebido muita atenção nos últimos anos, d

4 k os tem merecido uma atenção bem maior, por part

5 odução para focar a atenção do leitor no proble

6 leitor a focar sua atenção nos aspectos mais i

7 e ir distanciando a atenção do leitor dos resul

8 ecentemente, grande atenção também tem sido dad

9 etem recebido mais atenção nas pesquisas recen

10 bjetivo de atrair a atenção do maior número de

11 ência são o foco de atenção no discurso e, logo

12 focalizaremos nossa atenção nos métodos totalme

13 . Focalizamos nossa atenção em quatro medidas:

Fig. 1 : Concordância para atenção a partir de textos de periódicos do corpus Lácio-Ref no portal Licio-Web

O leitor há de notar que o contexto apresentado, na concordância acima, é truncado. Isso se deve ao tamanho do contexto pelo qual o pes­quisador optou, ou seja, 20 caracteres de cada lado da palavra de busca. Mas, no caso específico do concordanciador desse portal, esse contexto pode ser aumentado até 60 caracteres.

Os corpora

O portal Lácio-Web pode ser acessado pelo site www.nilc. icmc.usp.br/lacioweb. O portal contém um corpus de aproximadamente 10 milhões de palavras nas seguintes áreas de conhecimento: Ciências Agrárias, Ciências Humanas, Ciências Biológicas, Ciências Sociais Apli­cadas, Ciências da Saúde, Ciências Exatas e da Terra, Generalidades,

22

Religião & Pensamento. Além do concordanciador, o Lácio-Web oferece outras ferramen­

tas, tais como um contador de frequência e vários etiquetadores. O detalhamento dessas ferramentas foge ao escopo deste livro, mas o leitor interessado encontrará todas as explicações necessárias no pró­prio site, bastando para isso cadastrar-se.

Para a língua inglesa5 há mais recursos disponíveis online. O BNC (British National Corpus: www.sara.natcorp.ac.ul/lookup.html) con­tém 100 milhões de palavras e foi compilado entre 1991 e 1994, com 90% de textos jornalísticos, académicos, técnicos e de ficção e 10% de textos orais. Na versão online disponibiliza apenas 50 linhas de concor­dância no formato abaixo, em que as siglas remetem à fonte da citação:

AK4134 No one paid any attenfion.

C921595 íf this works correctly, ali is well and attention may be given to buílding the receiver.

CB8 1277 Why bringthings to people's attention unless they've noticed?'; she asks.

EV3 1089 However, these improvements have drawn attention to a number of shortcomings which

also require attention,

GOP 2210 She thanked him, then turned her attention to the phone, punching in digits.

GTF1216 Only as the party faded did he turn his attention from politics to bis estates.

GW1 922 Lord Cross paid some attention to matters of policy raised by the case.

H8S 695 It suddeníy seemed very important to divert his attention.

K54 6096 Emergency cases will receive professional attention immediately.

Fig. 2: Concordância parcial6 para attention gerada pelo BNC online

Ao clícar sobre a sígla, o programa disponibiliza a referência com­

pleta da citação, por exemplo:

AK4 [Daily Telegraph, electronic edition of 19920412], Londom The Daiiy Telegraph PLC, 1992, Arts

material, pp. 1431 s-units, 29124 words.

5 Para corpora em outras línguas, consulre o site htxp://devoted. to/corpora, organizado e gerenciado

por David Lee, um dos pesquisadores envolvidos na construção do BNC. 6 Por razões de espaço, optamos por apresentar aqui e nos demais exemplos uma seleção das linhas

de concordância originalmente geradas pelos programas.

Page 12: Expressões idiomáticas e convencionais!

Outro corpus é parcialmente disponibilizado pela editora Collins Cobuild (hnp://www.collins.co.uk/Corpus/CorpusSearch.aspx). Tra-ta-se de uma parte (56 milhões de palavras) do seu Bank of English, um corpus que já conta com aproximadamente 500 milhões de palavras. Exibe apenas 40 linhas de concordância no formato abaixo:

for symbolic actions designed to draw attention to the issue and stimulate discussion. The

Once the backíog of cases of VSD was cleared, attention was focused on more compiex

thefê is an outstanding levei of personal attention giving the overall feel of being a very

ON THE WALL t/h] Whether you want to draw attention to some delicate china or your best

deal with correspondence that needed urgent attention. While other candidates tried to beat the

in infrastructure and light industry. [p] attention is also being paid to 'non-traditional'

alburn on the streets War Function') and press attention mounting cautiously, this musician (who

number of drivers who pay little due care and attention to cycíists on the road. I fail to remember

ahead for politicai reasons without adequate attention being given to the legal strengtb of the

describes as an attemptto deflect attention from Croatia's current problems, President

they ranged themseíves in front of him to attention, in the miiitary way which he had taught

But, as always, a disproportionate amount of attention was paid to his beloved cavalry.17 The

[p] AH this doesn't mean you need pay no attention to your appearance! For health as well as

the famíly. It was this that received some attention in The Politics of Child Abuse. Similarly,

him for a Friday in October, when the world's attention was focused in anguish on a small mining

or binge-eating may not give the family the attention and care that it needs. Aiso, children can

Fig. 3: Concordância parcial gerada para attention pelo Corpus Concordance Sampler da Collins

Esse corpus também informa as palavras que co-ocorrem com maior frequência com a palavra de busca, isto é, informa seus coloca-dos, fornecendo, inclusive dados estatísticos:

24

Coiíocate

focused

turned

the

focus

Corpus Freq

9040

2313407

2659

Joint Freq

112 124 2414

113

Significa nce

to

pay paid

his paying

draw

much

1104731

11477

6473

184325

2566

2986

41484

2749

336 208

431 144 138

187

35.128496

• 17.816145

14.053642

13.469607

11.824405

11.538609

11.183659

10.509446

10.468883

10.467220

10.424738

Fig. 4: Quadro parcial dos colocados de attention produzido pelo Corpus Concordance Sampler da Collins

No quadro acima a primeira coluna Coiíocate) elenca os colocados da palavra de busca, nesse caso, attention. A segunda CorpusFreq) for­nece o número de ocorrências dessas palavras no corpus todo, enquan­to a terceira Joint Freq) fornece o numero de instâncias em que as duas palavras co-ocorrem dentro de um certo horizonte, isto é, num espaço de tantas palavras à direita e tantas à esquerda. A última coluna Significance) fornece um valor estatístico que permite comprovar - ou não - o fato de a palavra de fato constituir um colocado da palavra de busca. No caso acima, qualquer valor acima de 3 é considerado signifi­cativo, de modo que todas as palavras listadas são colocados de attention.

Esse corpus permite buscas complexas, inclusive por categoria gramatical, a partir de uma combinação de elementos detalhada na Query Syntax no próprio site.

Outra fonte de referência é o WebCorp (http://www.webcorp.

org.uk), que utiliza a própria Web como corpus, de modo que fornece

linhas de concordância em qualquer língua em que haja material na Web:

Page 13: Expressões idiomáticas e convencionais!

http://www.add-adhd.org/ADHD_attention~deficit.html

Document Dated: 2004/08/17 22:35:24 (server header)

PlainText Word List 3161 tokens, 994 types

received a tremendous amount of attention from parents, prafessionals, and policymakers

may be abie to pay attention to a task but lose

described as having a short attention span and as being distractibíe

Distractibility refers to the short attention span and the ease with

"~~ something on which to pay attention). we select (pick something that

select (pick something that needs attention atthat moment) and we

moment) and we sustam (pay attention for as long as is

avoid things that remove our attention from where it needs to

and we shift (move our attention to something else when needed

a part of that person's attention process is disrupted. Children with

or ai! parts of the attention process. Some children may have

watch and see where the attention process breaks down for a

often faíls to give dose attention to details or makes careless

often has difficulty sustaíning attention in tasks or play activities

Fig. 5: Concordância parcial para attention gerada pelo WebCorp

http://gbanone.sites.uol.CQm.br/voce/dda_adulto.htm

Document Dated: 2003/11/10 21:17:15 (server header)

Plain Text Word List 3777 tokens, 1516 types

primeira descrição desse distúrbio de atenção, no início do Século XX

dividido em 3 áreas: a atenção, o controle dos impulsos e

hiperatividade, más o déficit da atenção costuma ser a manifestação mais

Para entendermos as alterações na atenção temos de reverá questão

puro descuido, não presta muita atenção nos detalhes, negligencia nos deveres

em atividades que exijam uma atenção prolongada, tal como nas tarefas

Mostra dificuldade em manter a atenção com a fala das outras

etc; Qualquer estímulo desvia sua atenção do que está fazendo, evita

enquanto que o déficit de atenção, a impulsividade e a desorganização

seguintes sintomas: 4.1 - déficit de atenção. 4.2 - hiperatividade, 4.3 - labiíídade emocional

26

para rotinas diárias. Sustentação da atenção: dificuldades para manter a atenção

atenção: dificuldades para manter a atenção nas tarefas, distração ou "sonhos

deve ser sempre investigada com atenção, tendo-se em mente que, embora

manter, inibir e desviar a atenção. Portanto, seria tarefa dos lobos

JM. Transtorno de déficit de atenção. Tratamento farmacológico e rendimento escolar

Fíg. 6: Concordância parcial para atenção gerada pelo WebCorp

Um programa similar é o KwiCFinder, que, no entanto, apresenta duas diferenças básicas em relação ao WebCorp: 1) acessa a Web ape­nas por meio do Altavista, enquanto o WebCorp oferece a opção de diversos buscadores, e 2) deve ser baixado para a máquina do usuário (http://miniappolis.com/KWiCFinder/KWiCFinderHome.html),

enquanto o WebCorp funciona online. Existe também a possibilidade de cada pesquisador construir um

corpus de acordo com seu objetivo de pesquisa. Nesse caso, deverá lan­çar mão de programas comerciais específicos para sua análise. O mais utilizado é o WordSmithTools, que oferece uma opção demo da ver­são 3.0 disponível no site http://www.lexically.net/wordsmith/, de onde pode ser baixada gratuitamente.

Um tipo de corpus que permite identificar problemas de aprendi­zagem é o chamado Corpus de Aprendizes, constituído de redações não corrigidas de alunos em diversos estágios de aprendizado. Com­parações entre este e um corpus de falantes nativos permite identifi­car os aspectos em que o aprendiz não "soa" como falante nativo, ou seja, os aspectos convencionais que ainda não domina. Sylviane Granger (1998), da Universidade de Louvain, é Coordenadora do ICLE (International Corpus of Learner English), que reúne peque­nos corpora de 200.000 palavras de aprendizes de várias nacionalida­des aprendendo inglês como língua estrangeira. A construção do cor­pus dos aprendizes brasileiros, denominado Br-Icle, está sendo coor­denada porTony Berber Sardinha, da Pontifícia Universidade Cató­lica de São Paulo e Stella E. O . Tagnin, da Universidade de São Paulo.

Como a Linguística de Corpus está em franca expansão, o nú­mero de corpora e de ferramentas aumenta a cada dia, mas o leitor

27

Page 14: Expressões idiomáticas e convencionais!

poderá obter informações atualizadas no já citado site h t t p / / devoted. to/corpora.

Observação dos dados

Se fizermos uma leitura vertical das linhas de concordância, isto é, se observarmos, por exemplo, as palavras que ocorrem à direita ou à esquerda da palavra de busca, verificaremos alguns padrões. Veja­mos um exemplo com sal:

Ingredientes: 4 colheres de sopa de saj 1 colher de sopa de pimenta companhia das ervas. Modo

mal térmico de refinamento como o sai comum. Contém 84 elementos traço, dentre eles o iodo

ai concentrado para ser diluído com saj comum nas proporções recomendadas. COMPONENTES

virada para baixo sob a camada do sa j . Cubra-a com o restante do sal, apertando para

o de seu Evangelho:" Vocês são o saj da terra que a torna suportável. Se perderem seu sabor

bem aumenta. 2. Sal de Cozinha 0 saj de cozinha é o sal marinho, só que nele é

sus disse que Nós tínhamos de ser sal e luz do mundo. "Portanto, se a escuridão e decomposição

nta é: Onde está a igreja? Porque o saj e luz de Jesus Cristo não estão impregnando e

s ervas. Modo de Fazer: Misturar o saj e a pimenta, voltar

ferença para essas pessoas, sendo sal e luz na vida delas. Vaie lembrar a observação que

nde profissional, tem de ser como o saj e como a luz. E antes que você pergunte, vamos

a com no máximo l,800Kg 1 Kg de sal grosso Modo de fazer: Este prato deverá ter seu início

assadeira pequena com metade do saj grosso. Coloque a picanha com a gordura virada para ba

I importância para o ser humano. 0 saj marinho não passa pelo processo normal térmico de

nção do bócio. 0 iodo existente no SJ Í marinho é biologicamente melhor assimilado e distribuído

uído no organismo. A utilização do sal marinho traz maiores benefícios à saúde, é importante para

pys. 3. Tratamento de Doenças 0 sjii marinho, como já dito, protege os peixes contra doenças. Fig. 7: Concordância parcial para s i í gerada pelo WebCorp

A concordância — abreviada para efeitos de exemplificação — per­mite identificar os seguintes padrões recorrentes; sal comum, sale luz, salgivsso e sal marinho.

Uma vez estabelecidos esses padrões, podemos, com nova busca, verificar se, por acaso, as unidades detectadas fazem parte de uma

28

unidade ainda maior. Na realidade é o que se verifica, principalmen­te, com sal e luz do mundo-.

vimos crianças e jovens prontos para serem sal e luz desta terra. Creio que através deste

dos no Espírito Santo e prontos para serem sal e luz desta terra! Foi lindo poder ouvir, tocar,

para adorar, proclamando, servindo, sendo sal e luz do mundo, i) Adorar é amar a Deus, é temê-

r natureza missionária e comunitária de ser sal e luz do mundo. Aqueles pastores, aos quais me

ermos a vontade de Deus e decidirmos ser saí e luz do mundo. 0 sal provoca sede e a luz

Sabemos que Deus quer que o crente seja sai e luz do mundo e que o evangelho sempre

: - Para que Deus nos ilumine para sermos sai e luz do mundo. Rezemos ao Senhor. - Para que

ê para servirem os seus irmãos. Quero ser sale luz do mundo. Precisa de mim? Levarei a sua luz

ocê irei até aos confins da terra. Quero ser sal e luz do mundo Senhor, eu sei que é difícil segui-

ida baseada no seguimento de Cristo e ser sal e luz do mundo. Ficou em todos desde a hora da

bertamente o pecado deles (Jo 7.7; Ef 5.11 sale luz do mundo para eles (Mt 5.13,14), deve amá-

nviai, ó Maria, vossas graças para que seja sal e luz dos povos. Por Cristo, nosso Senhor. Amém

Fig. 8: Concordância parcial para sai e luz gerada peio WebCorp

Nota-se, assim, que uma pesquisa baseada em corpus pode tam­bém direcionar novas pesquisas.

Uma palavra de alerta, porém: um corpus só pode fornecer o que ele tem. Assim, seria inútil, por exemplo, buscar ocorrências para DVD no BNC, uma vez que esse corpus, como dissemos, foi fechado em 1994, bem antes da invenção dessa tecnologia.

As linhas de concordância também são úteis para revelar o que diferencia palavras quase sinonimas, como, por exemplo, big/large,

small/little, calvo/careca, belo/bonito, tópicos de grande relevância para o ensino de línguas.

Para os objetivos deste livro, no entanto, nos restringiremos a observar padrões recorrentes como os que discutiremos nos capítu­los seguintes.

29

Page 15: Expressões idiomáticas e convencionais!

As coligações

Voltando à convencionalidade, o primeiro nível a ser abordado será o sintático e dentro dele identificaremos primeiramente as unidades linguísticas convencionais que se caracterizam pela combinabilidade de seus elementos. Essas unidades são, em geral, formadas por uma base e um colocado. A base é a palavra que conhecemos, a que carre­ga mais conteúdo semântico, a que determina a ocorrência da outra, pois há urna hierarquia entre os elementos. O colocado é a palavra que não conhecemos ou que não nos ocorre; é aquela que é determi­nada pela base e que precisamos aprender em conjunto com ela. Por exemplo, em cabelo grisalho, cabelo é a base e grisalho, o colocado. Outro exemplo é o equivalente em inglês do nosso Feliz Natal, que é Merry Christmas, na maioria dos países de fala inglesa, e não Happy Christmas. Isso é evidenciado no filme Trocando as Bolas [Changing Places), em que um estrangeiro entra num compartimento de trem nos Estados Unidos e deseja Happy Christmas, ao que o personagem interpretado por Eddie Murphy responde, Merry Christmas, in this country we say Merry Christmas.

Devemos esclarecer que, em geral, não há regra sintática ou expli­cação semântica que justifique a co-ocorrência desses dois (ou mais) elementos.

Essas unidades são denominadas coligações ou colocações, confor­me se refiram a uma combinação gramatical ou a uma combinação lexical, respectivamente. Convém esclarecer, no entanto, que ainda há divergências, na literatura especializada, sobre a diferença entre coligação e colocação. Neste livro, adoraremos as seguintes definições:

coligação: combinação consagrada de elementos linguísticos em

que o colocado é uma palavra gramatical, por exemplo, em inglês, look

at, mad about, em português, obedecer a, cumpridor de;

colocação: combinação lexical consagrada de duas ou mais pala­vras de conteúdo: por exemplo, dizemos red cabbage em inglês, mas

30

repolho roxo em português; rocking chair em inglês, mas cadeira de

balanço em português e não cadeira balançante.

Neste capítulo discutiremos apenas as coligações. Vejamos agora os diferentes tipos dessa associação de palavras.

Coligações de regência

Este grupo engloba todos os tipos de regência, ou seja, verbos, substantivos, adjetivos e advérbios necessariamente seguidos de pre­posição. Sabe o leitor que o uso de preposições é uma das grandes dificuldades no aprendizado de qualquer língua, seja materna ou es­trangeira, por não haver, na maioria dos casos, explicação plausível para o fato de ocorrer determinada preposição em vez de outra. Quan­tas vezes não se vê o professor quase obrigado a dizer "E assim por­que é, e pronto!". Dessa forma, essas combinações devem ser apren­didas, uma por uma, pelo usuário da língua, pois não há regras que possam prever seu uso. Talvez por esses itens fazerem parte do estudo da gramática normativa, já existem diversos livros-texto que oferecem listagens referentes a esse grupo como, por exemplo, Luft (1999 a, 1999b), Bruton (1971), Heaton (1969) eFernandes (1958a, 1958b). Eis aqui alguns exemplos nas duas línguas:

Verbos

congratulate on cumprimentar por

Letme congratulate you on your performance.

Deixe-me cumprimentá-lo peio seu desempenho.

dependon confiarem

You can depend on me.

Pode confiar em mim.

devote to dedicar-se a

The probiem facing surgeons is that they don't have the time to devote to research.

0 problema que os cirurgiões enfrentam é que não têm tempo para se dedicar à pesquisa.

31

Page 16: Expressões idiomáticas e convencionais!

longfor ansiar por

/ long for a family more than anythíng in the worid.

Anseio por uma família mais do que tudo no mundo.

resultfrom resultar de

The accident resulted from the dríver's carelessness.

0 acidente resultou do descuido do motorista,

.Substantivos

*- aptitude for aptidão para

He has always shown an aptitude for mathematícs.

Ele sempre demonstrou aptidão para a matemática.

expertin especialista em

You dont have to be an expert in Accountancy or computeis.

Você não precisa ser especialista em contabilidade ou computadores.

obedience to obediência a

Theyhadto vow obedience to theirleader.

Eles tiveram de prometer obediência a seu líder.

remorse for remorso por

Helen felino remorse for her ill-bebavior.

Helena não sentiu remorso por seu mau comportamento.

reporton relatório sobre

The manager wrote a long report on the company 's activities.

0 gerente escreveu um longo relatório sobre as atividades da companhia

Âdjetivos

crazy about louco por

Chíldren are usually crazy about ice-cream.

As crianças geralmente são loucas por sorvete.

32

dressed in vestido de

She was dressed in white.

Ela estava vestida de branco.

goodat bom em

John is very good at English.

João é muito bom em inglês.

hardon severo com

My father was always very hard on his children.

Meu pai sempre foi muito severo com os filhos.

Nota-se que algumas dessas coligações são transparentes (devote

to, aptitude for), enquanto outras são idiomáticas (crazy about).

Advérbios Este é um grupo menor em que se incluem os advérbios que re­

gem determinadas preposições, como:

because of por causa de

insteadof em vez de

together with junto com

Note-se que apenas junto com é uma coligação adverbial em por­tuguês, pois as outras ocorrências são coligações prepositivas. Entre­tanto, os dois tipos são conhecidos sob uma única denominação na gramática da língua portuguesa: locuções prepositivas.

Phrasalverbs Merbosfrasais)

Esta classe, que não existe em português, é a dos chamados phrasal

verbs ou two-word verbs em inglês, formados por um verbo seguido de uma partícula adverbial. Tanto livros didáticos quanto dicionários especializados, por vezes, ainda confundem preposição com partícula

33

Page 17: Expressões idiomáticas e convencionais!

adverbial nesse tipo de coligação, elencando verbos preposicionados '""mo se fossempbrasal verbs. Vamos tentar esclarecer esse po.

As preposições são elementos de ligação e, no caso de verbt sicionados,

ou confiar em:

como se fossem phrasal verbs. Vamos tentar esclarecer esse ponto.

As preposições são elementos de ligação e, no caso de verbos pre­posicionados, ligam o verbo a um objeto, como no caso de dependon

You can depend ou me. Você pode confiar em mim.

V Prep Obj V Prep Obj

J á no caso dos phrasal verbs, o verbo e a partícula formam uma única unidade linguística, podendo ou não ter um objeto, objeto este que pode vir precedido de preposição, conforme a regência do phrasalverb:

He finally gave in. Ele finalmente se rendeu.

PhrV

He gave away his old clothes. Ele deu suas roupas velhas. PhrV Obj

He gave in to her arguments. Ele se rendeu aos argumentos dela. PhrV Prep Obj

Alguns phrasal verbs são separáveis, isto é, o objeto pode ocorrer entre o verbo e a partícula adverbial, principalmente se for um pro­nome-nome:

He gave his clothes away. He gave them away

V Obj Part V Obj Part

He gave the book back. He gave it back.

V Obj Part V Obj Part

34

Outros não admitem interpolação do objeto entre o verbo e a partícula:

Thisgives offa nice smell. Isso exala um cheiro bom.

He won'tfind out the truth. Ele não vai descobrir a verdade.

Mas não

This gives a nice smell off.

He won'tfind the truth out.

Há também phrasal verbs em que a interpolação é praticamente obrigatória a fim de evitar ambiguidade:

l'm determjned to see the job through, no matter how long it takes.

Estou determinada a levar a tarefa a cabo, não importa quanto demore.

/ did not want to lie, as I was sure he woutd see through that and in future mistrust me.

Eu não queria mentir, pois tinha certeza de que ele perceberia e, no futuro, não confiaria mais em

mim.

Os bons dicionários sobre o assunto indicam a estrutura em que ocorre o phrasal verb (Cowie & Mackin, 1975).

Quanto à parte prática, o leitor não terá maiores dificuldades, pois quase todos os livros-texto dão especial atenção a exercícios sobre essas unidades.

35

Page 18: Expressões idiomáticas e convencionais!

Coligações preposiíivas

Este grupo inclui ocorrências de dois tipos:

Como exemplos do primeiro tipo — Prep + SN — podemos citar:

at random

at your discretion

by appointment

i: in common

in hand

ao acaso

a seu critério

com hora marcada

em comum

em mãos

Dentro do segundo tipo — Prep + SN + Prep — temos:

atacostof

by the grace of

forthesakeof

in accordance with

in exchange for

ao custo de

por graça de

para o bem de

de acordo com

em troca de

Essas formas são convencionais quanto à preposição que precede e/ou segue o sintagma nominal, mas não quanto ao significado, que é transparente.

Em resumo:

Coligações de regência

Verbos

Substantivos

Âdjetivos

Advérbios

Phrasal verbs

Coligações preposiíivas

Prep + S

Prep 4- S + Prep

íookat

expertin

good at

because of

lookup

at random

in accordance with

olhar para

especialista em

bom em

por causa de

consultar

-

ao acaso

de acordo com

36

Âs colocações

O leitor há de se lembrar que mencionamos que certas palavras parecem combinar-se de forma natural, não havendo, via de regra, explicação para o fato. Em certos casos as palavras se associam por terem uma ligação na vida real: cão e gato. Entretanto, por que não ocorre cachorro e gato? Simplesmente porque o uso consagrou cao e não cachorro nessa colocação. Aliás, quando ocorre cachorro, a ordem e invertida, produzindo gato e cachorro. Em inglês há duas expressões, push the button e press the button, que representam a mesma ação: apertar um botão. N o entanto, a primeira é mais comumente usada nos Estados Unidos, ao passo que a segunda é mais usual na Gra-

Bretanha. O termo collocation foi introduzido pelo linguista britânico J. K.

Firrh para designar casos de co-ocorrência léxico-sintática, ou seja, palavras que usualmente "andam juntas". Há casos em que essa co-ocorrência é extremamente restrita, ou seja, tem alto grau de fixidez. No inglês, por exemplo, a palavra shríft praticamente só ocorre com o adjetivo short, na combinação shortshrift, "tratamento frio, r u d e ; bolt, como advérbio, sobrevive apenas na expressão bolt upright, teso ; breakneck ocorre preferencialmenre em breakneck speed, velocidade

vertiginosa". Os dicionários em língua inglesa, por vezes, identificam esse tipo

de expressão com os dizeres in thephr(ase), only in, esp(ecially) m, esp.

in thephr., often usedin thephr. Às vezes, porém, só saberemos que

uma combinação é uma colocação quando, ao procurarmos certa

palavra em diversos dicionários, descobrirmos que todos eles, ou pelo

menos a grande maioria, apresenta a mesma combinação. E o que

ocotre ao procurarmos lucre e encontrarmosfilthy lucre, "lucro sujo ,

ou então foregone, que é geralmente apresentado como foregone

conclusion, "conclusão inevitável", ou mesmo extenuatmg, que sem­

pre aparece no exemplo extenuatingcircumstances, "circunstâncias ate-

nuantes".

37

Page 19: Expressões idiomáticas e convencionais!

Em alguns casos pode ocorrer mais de uma opção, mas sempre dentro do mesmo campo semântico: impending, "iminente", pode ocorrer com doom/disasterlhorror!evil, todas de valor altamente nega­tivo. Nesse caso, dizemos que impending tem prosódia semântica negativa, isto é, ocorre com palavras de carga negativa. Fenómeno similar acontece com untimely, "prematuro", que co-ocorre com deathlend/demise.

Em português, temos o caso de coroca que, como já dissemos, ocorre preferencialmente com velha; e de varrido (como intensifica-dqr), que ocorre com louco ou doido, dando louco/doido varrido. Ou­tros exemplos com alto grau de restrição incluem óbvio ululante, fato consumado, velho gaga, gato pingado', débil mental e papo furado.

Passemos agora à apresentação das várias categorias de colocações.

Colocações adjetivas

Neste grupo, que reúne estruturas do tipo Adj + S, tanto o adjeti-vo quanto o substantivo podem ser convencionados. Um exemplo já apresentado é Merry Christmas, em que o elemento convencionado é o adjetivo merry, pois, comurnente, não se diz Happy Christmas1, embora se diga Happy New Year. Já em português, o adjerivo feliz ocorre tanto com Natalquanto cora Ano Novo: Feliz Natale Feliz Ano Novo.

Podemos também mencionar o caso de silent movie em oposição a cinema mudo, em que as duas línguas optaram por adjetivos distintos para caracterizar o mesmo tipo de obra cinematográfica. Caso seme­lhante ocorre com açúcar mascavo e broiun sugar.

Por outro lado, há instâncias em que o elemento convencionado é o próprio substantivo. Para dizer interesse comum, o inglês usa a ex­pressão common ground (em vez de interest); para ataque epiléptico emprega epilepticfit (em vez de attack).

Uma pesquisa no GoogleDuel (www.googleduej.com) revelou 1.150.000 ocorrências para Merry Christmas em oposição a apenas 244.000 para Happy Christmas.

38

O "falante ingénuo" não teria conhecimento de nenhuma dessas colocações, como também não saberia que uma pessoa que tem um talento especial para jardinagem é chamada à&green thumb em inglês e dedo verde em português".

Vejamos mais algumas colocações adjetivas que diferem entre as duas línguas:

dose friend

dose relative

foreign policy

formal dinner

hard luck

maín course

outside chance

public television

spare parts

upright piano

amigo íntimo/chegado

parente próximo

política externa

jantar a rigor

má sorte/azar

prato principal

hipótese remota

televisão educativa

partes sobressalentes

piano de armário

Em todo caso, cabe ao aprendiz de línguas aprender suas coloca­ções, pois, se escolher a palavra "que não se diz", embora seu interlo­cutor não tenha dificuldade de entendê-lo, estará certamente denun­ciando sua condição de "falante ingénuo".

Colocações nominais

Neste grupo incluem-se as colocações que são formadas por dois substantivos, dos quais pelo menos um, o colocado, é convenciona­do; por vezes os dois o são. Em outras palavras, um "falante ingénuo" poderia não conhecer nenhum dos dois elementos; talvez nem sou­besse que existe uma forma fixa para expressar determinado signifi­cado. Caso deparasse com claim check, por exemplo, não saberia que se trata de um comprovante necessário para retirar algo como o carro no estacionamento ou o sobretudo na chapelaria. Eis aqui alguns outros exemplos:

.™

Page 20: Expressões idiomáticas e convencionais!

firingsquad pelotão de fuzilamento

friction tape fita isolante

gear wheei roda de engrenagem

torture device instrumento de tortura

villagegreen praça pública

A linguagem técnica vale-se muito deste tipo de colocação para denominar peças, ferramentas, máquinas ou processos. Os exemplos

v abaixo foram coletados de manuais de antigas máquinas impressoras:

actuatingrod haste de acionamento

bearingbush bucha de mancai

carrier rolfer rolo-guia

dampingro/ler cilindro moihador

geartrain árvore de transmissão

inkknife lâmina do tinteiro

rolfer lock trava do cilindro

spiralfoider dobradeira em espirai

toothpiích passo do dente

O vocabulário da culinária, mais acessível ao leitor comum, traz as mesmas estruturas:

anise seed semente de erva-doce

bakingpowder fermento em pó

bakingsoda bicabornato de sódio

bayleaf . folha de louro

btackpepper pímenta-do-reino

cardamom pod baga de cardamomo

celerysalt sai de aipo

celery seeds sementes de aipo

cinnamon stick pau de canela

coarse salt sal grosso

ground cumin cominho em pó

40

star anise anis-estrelado

stick cinnamon canela em pau

O leitor terá observado que à colocação inglesa formada por S + S corresponde, em geral, uma estrutura S + Prep + S em português:

computer science ciência da computação

credit card cartão de crédito

confectioner's sugar açúcar de confeiteiro

poisou cup cálice de veneno

Há casos, entretanto, em que o correspondente português é uma forma composta:

key question questão-chave

skinflint pão-duro

seashore beira-mar

textbook livro-texto

stem ceil célula-tronco

Por outro lado, existem colocações que já em inglês assumem a forma S + Prep + (Art) S:

children ofdarkness filhos das trevas

curvature of the spine curvatura da espinha

justice ofthepeace juiz de paz

stack of dominoes pilha de dominós

tree ofknowledge árvore do conhecimento

Podemos observar que, na realidade, as estruturas das colocações nominais são idênticas em inglês e em português. A única diferença reside no fato de, no caso da estrutura S + S, a ordem dos elementos em português ser inversa à do inglês:

41

Page 21: Expressões idiomáticas e convencionais!

key^estion seashore

questão chave beira-mar

E óbvio que com isso não queremos dizer que haja sempre urna equivalência de estruturas entre as- duas línguas, pois, como já vimos, à estrutura inglesa S + S corresponde, na maioria das vezes, uma S -f ,Prep + S em português, com inversão dos constituintes:

computer science poison cup

ciência da computação cálice de veneno

Colocações verbais

Existem substantivos que co-ocorrem naturalmente com determi­nados verbos, mas que podem diferir de uma língua para outra. Assim, embora em inglês usemos o verbo make tanto com date, arrangements, impression, joke e trouble, em português o equivalente de cada uma dessas combinações traz um verbo distinto:

make a date marcar um encontro

make arrangements tomar providências

make an impression causar uma impressão

make a joke fazer uma piada

make troubie criar problemas

Da mesma forma, combina-se osk (ou make) com question, "fazer uma pergunta", comrnit com atrocity, "cometer uma atrocidade", run com temperature, "ter febre". Em português temos: prestar atenção, dirimir dúvidas, praticar uma ação, criar problemas e tantos outros.

Aqui estão mais algumas colocações verbais em inglês, cujos equi­valentes em português também o são:

42

bringsuit

give birth to

pay a compliment

pay tribute

perform an action

tahe care

take an injection

take pride

abrir processo

dar à luz

fazer um elogio

render tributo

praticar uma ação

tomar cuidado

tomar uma injeção

ter orgulho

Em algumas colocações verbais, os verbos podem vir seguidos de preposição, dando a estrutura V + Prep + N , como é o caso de:

come into force

come into contact

get back into circulation

keep in Une

keep in shape

keep in touch

put to vote

putatease

put in jeopardy

take into consideration

entrar em vigor

entrar em contato

voltar à circulação

ficar na fila

manter-se em forma

ficar em contato

pôr em votação

deixar à vontade

pôr em perigo

levar em consideração

As colocações verbais ainda incluem verbos seguidos de adjetivos. Nesse caso temos exemplos em português aos quais não corresponde a mesma estrutura em inglês:

cair sentado

dar certo

estar apertado (de dinheiro)

fazer feio

ficar ofendido

suar frio

to be taken aback

to work out

to feel the pinch

to cut a sorry/poor figure

take offense

to be in a cold sweat

Page 22: Expressões idiomáticas e convencionais!

Para o inglês temos, dentre outras, as seguintes ocorrências:

do good fazer bem

getbusy ocupar-se

getrich ficar rico

getcold ficar frio/esfriar

gettough ' engrossar/falar mais duro

go right dar certo

v_ go wrong dar errado

*- go sour azedar

go steady namorar firme

As colocações verbais, de acordo com nossa experiência, são fonte de grande dificuldade para qualquer aprendiz de língua, até mesmo de língua materna. Essa dificuldade torna-se ainda maior porque há poucas obras que tratam do assunto. Em 1982 existia apenas a de Seidl & McMordie, única, à época, que abordava o assunto especi­ficamente. Em 1986, no entanto, foi lançado o The BBI Combinatory Dictionary —A Guide to Word Combinaúons^ re-editado em 1993 com o título The BBI Dictionary ofEnglish Word Combinations. Foi o pri­meiro dicionário dedicado exclusivamente às unidades convencio­nais do inglês. Foi seguido pelo LTP Dictionary of Selected Collocations em 1997. Mais recentemente, foi publicado o Oxford Collocations Dictionary for Students ofEnglish (2002), inteiramente baseado em corpus. Hoje, na realidade, as editoras dos grandes di­cionários da língua inglesa para aprendizes já se empenham em eien-car as colocações em seus verbetes, de modo que os dicionários in­gleses mais recentes, como o Macmillan English Dictionary for Advanced Learners (2002), o Cambridge International Dictionary of English (1995), o Oxford Advanced Learners Dictionary (2002) e o Collins Cobuild English Dictionary for Advanced Learners (2003), suprem essa informação. Infelizmente, porém, ainda não há nada nesse sentido para a língua portuguesa.

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Colocações adverbiais

As colocações adverbiais dividem-se em dois grupos, aquelas em que o advérbio modifica o adjetivo, como em

lavishly illustrated fartamente ilustrado

hermeticalfy sealed hermeticamente fechado

deeply offended profundamente ofendido

e aquelas em que o advérbio modifica o verbo:

thankprofusely agradecer imensamente

cry loudly chorar copiosamente

love blindly amar cegamente

take seriously levar a sério

Em muitos casos, o advérbio co-ocorre com diversos verbos de um mesmo campo semântico. Por exemplo, cegamente co-ocorre com verbos que denotam confiança:

Acreditam cegamente no que a televisão diz.

Como, então, confiar cegamente num instrumento de uma rigidez matemática...

Ora, somente obedece cegamente quem tem uma fé sem limites.

...nenhuma organização hoje quer um funcionário que segue ordens cegamente.

Já regiamente co-ocorre com verbos relacionados a questões de dinheiro:

... regiamente recompensada pelo sórdido papel que, em geral, ela desempenha.

Não estou ali para agradar, sou regiamente pago para vender.

Tanto esforço é regiamente remunerado.

Um aspecto que deve ser levado em consideração nas colocações adverbiais é a posição do advérbio. Uma busca na Web evidencia que,

Page 23: Expressões idiomáticas e convencionais!

nos exemplos acima, o advérbio ocorre preferencialmente antes do verbo. O mesmo se dá em inglês:

/ firmly befieve in parents' rights to educate their children as they see fit bui this seems extreme. Acredito piamente no direito dos pais de educarem seus filhos como acharem melhor, mas isso parece ir longe demais.

... many people blindfy follow and bfindly beííeve what they hear.

... muitas pessoas seguem e acreditam cegamente naquilo que ouvem.

Sales of anti-depressives in Spain rise dramatically.

A venda de antidepressivos na Espanha sobe assustadoramente.

He flatiy refused to discuss anything re/ated to Monday's killing...

Ele recusou-se terminantemente a discutir qualquer coisa relacionada à matança de segunda-feira...

Nem sempre, no entanto, uma colocação é traduzida da mesma forma em vários contextos. No exemplo abaixo, caberia uma tradu­ção mais coloquial:

She askedme to dance and I flatiy refused.

Ela me convidou para dançar mas eu recusei de cara.

Há colocações que ocorrem, de preferência, em determinadas for­mas. E o caso de estupidamente gelada, que ocorre com frequência significativamente maior na forma feminina, por fazer parte de uma colocação maior: cerveja estupidamente gelada. Uma colocação seme­lhante, chopp estupidamente gelado', tem uma frequência de ocorrên­cia dez vezes menor.

Embora ice cold seja uma tradução possível para estupidamente gelada^ o âmbito em que essa colocação adjetiva ocorre é muito mais

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abrangente do que em português, pois pode co-ocorrer com qual­quer tipo de bebida: been tea, soda, drink, tvateretc, enquanto a co­locação em português ocorre primariamente com cerveja, como já dissemos.

Da mesma forma, mentir descaradamente raramente ocorre na primeira pessoa — quem gosta de fazer esse tipo de confissão!

Assim como todas as áreas da convencionalidade, também as co­locações adverbiais fornecem rico material de pesquisa. Para o leitor que desejar se aprofundar no assunto, recomendamos a leitura de Moraes (2005).

Expressões especificadoras de unidade

Ern inglês, os substantivos que designam objetos incontáveis têm apenas uma forma, não sendo possível fazer-se uma distinção entre o singular e o plural. Assim, para se indicar a "unidade" desses substan­tivos empregam-se expressões de valor partitívo, que podem ser ge­rais do tipo apiece ofe. a bit of, ou específicas, isto é, construções que se combinam naturalmente com os substantivos. Como exemplos de expressões especificadoras de unidade que ocorrem com substantivos concretos temos:

a bar of chocolate uma barra de chocolate

a barofsoap uma pedra de sabão

a bíock ofice um bioco de gelo

a burst of applause uma salva de palmas

a sheet ofpaper uma folha de papel

a slice ofcake uma fatia/um pedaço de bolo

aslice/loafofbread uma fatia de pão/um pão

a stick ofchalk um pedaço de giz

a stríp ofland uma faixa de terra

Page 24: Expressões idiomáticas e convencionais!

Os seguintes ocorrem com substantivos abstratos:

a piece/word ofadvice

a piece/an item of information

a piece/an item ofnews

a fit ofiaughter

um conselho

uma informação

uma notícia

um ataque/acesso de riso

No português, como o leitor pode notar, a maioria dos substanti­vos abstratos se basta, podendo ser usados isoladamente.

i-Não encontramos referência a esse tópico em nenhuma gramáti­ca da língua portuguesa.

Coleíivos

São palavras convencionalmente usadas para se referir a um gru­po de coisas. E fato conhecido que até falantes de primeira língua têm de aprendê-los um a um. Eis alguns que se referem a animais:

a bmod of chicks

a colony of ants

aflightofbirds

agaggleofgeese

aherdofcattie

a Htter of puppies

a pack of fiounds

a swarm ofbees

ashoaioffish

uma ninhada de pintinhos

uma colónia de formigas

um bando de pássaros

um bando de gansos

um rebanho de bois

uma ninhada de cachorrinhos

uma matilha de cães

um enxame de abelhas

um cardume de peixes

Outros incluem:

anarmyofsoidiers

a bunch offíowers

a bunch ofgrapes

um exército de soldados

um ramo/buquê/ramalhete de flores

um cacho de uvas

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a bunch ofkeys

a chain of mountains

a crew ofsailors

a crowd ofpeople

afiightofstairs

agangofthieves

a group ofpeople

a heap ofstones

apackofcards

a pile ofbooks

a series ofevents

um molho de chaves

uma cadeia de montanhas

uma tripulação de marinheiros

uma multidão de pessoas

um lance de escadas

um bando de ladrões

um grupo de pessoas

um monte de pedras

um maço de cartas

uma pilha de livros

uma série de acontecimentos

Para esse tópico o leitor pode reportar-se à obra de Cândido de Oliveira (s/d), que apresenta os colerivos de forma bastante fácil de consultar.

Abaixo apresentamos um quadro-resumo dos tipos de colocações tratados neste capítulo:

Colocações adjetivas brown sugar

Colocações nominais villagegreen

Colocações verbais

Colocações adverbiais

Adv -f Adj

V + Adv

pay attention

come into force

getrich

lavishly illustrated

love biindly

Expressões especificadoras de unidade

__ slice ofbread

Coletivos shoal of fish

açúcar mascavo

praça pública

prestar atenção

entrar em vigor

ficar rico

fartamente ilustrado

amar cegamente

fatia de pão

cardume de peixes

Page 25: Expressões idiomáticas e convencionais!

Os binómios

Ainda no nível sintático, outro aspecto que pode ser convencio­nado é o da ordem de ocorrência dos elementos. Esse fenómeno apli­casse principalmente aos binómios, que podem ser considerados um tipo especial de colocação.

Um binómio é geralmente formado por duas palavras pertencen­tes à mesma categoria gramatical e ligadas por uma conjunção ou preposição:profitandlossllucros eperdas, bit by bitlpouco apouco. Pode também, por vezes, ser precedido de preposição: from headto toei da

cabeça aos pês.

Podemos caracterizar os binómios de acordo com dois aspectos sintáticos e um semântico. O primeiro aspecto sintático refere-se à combinabilídade, ou seja, é necessário que a combinação de seus ele­mentos tenha sido convencionada, que esses elementos usualmente "andem juntos". Por exemplo, existe o binómio profit and loss em vez de "gains and losses" ou, em português, lucros eperdas em vez de "ga­nhos e prejuízos". Não queremos, com isso, dizer que o segundo par não pode ocorrer. Pode sim", mas, se ocorrer, será uma formação nova. Caso seja aceita e passe a ser usada por todos, tornar-se-á uma com­binação consagrada à força de repetição.

Há ainda os binómios formados por elementos idênticos em que, obviamente, não se pode falar de ordem fixa. Nesses casos, é a com­binabilídade dos elementos que é consagrada. A combinação on and

on, por exemplo, foi convencionada com o significado de "continua­mente". Da mesma forma, over andover "repetidamente", outandout

"completamente", e again andagain "continuamente"'são binómios. Entretanto in and in, for and for, across and across e against and against

não são pares consagrados.

Quando a ordem é o fator que foi convencionado, a expressão torna-se irreversível. Malkiel (1959) deu o nome de binómios irrever­

síveis a essas ocorrências:

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roo/77 and board cama e mesa

in and out para dentro e para fora

up and down para cima e para baixo

come andgo ire vir

cats anddogs cães e gatos

Além desses, há alguns poucos binómios reversíveis, ou seja, aqueles

em que a ordem não é fixa:

night and day/day and night dia e noite/noite e dia

sugar and cream/cream and sugar açúcar e creme

(não consagrado em português)

No geral, o que ocorre com binómios que permitem inversão da ordem é que a nova formação deixa de ser uma convenção. Por exem­plo, Adão eEva refere-se ao casal bíblico, )ú.Eva eAdão pode designar qualquer casal cujos membros tenham esses nomes. Outro exemplo seria ham andeggs, "ovos com presunto", um prato comumente ser­vido no café da manhã nos Estados Unidos, ao passo que eggs and ham

passa a se referir aos ingredientes individualmente, como ocorreriam numa receita culinária.

Há um caso em que a inversão em si é também um binómio: saltand

pepper designa o conjunto de saleiro e pimenteiro, txiGpaxú.0 pepper and

salt é o nome dado a um tipo de tecido de fios claros e escuros entrela­çados, produzindo um efeito de pontinhos escuros sobre fundo claro.

Um caso interessante, em português, ocorre com os vocábulos arroz

t feijão, que assumem, por vezes, sentidos diversos de acordo com a ordem em que ocorrem e o fato de se combinarem com a conjunção e ou com a preposição com. Assim, arroz e feijão é a combinação mais frequente8 e refere-se ao prato básico da culinária brasileira,

Os exemplos para esse caso foram rodos pesquisados no Google. O número de ocorrências apresentadas foi o seguinte: arroz efeijão—23.600, feijão e arroz- 665, arroz com feijão -12.300 e feijão com arroz — 14.500.

Page 26: Expressões idiomáticas e convencionais!

A famosa combinação arroz e feijão, consumida diariamente por milhões de brasileiros,

pode ser a solução para a prevenção de um tipo de câncer.

enquanto feijão e arroz, a combinação menos frequente, quando o contexto é a listagem de ingredient ocorre mais

:es

Baião-de-dois (prato de feijão e arroz cozidos juntos...)

ou de produtos: X:

Basagram 600. Herbicida seletivo pds-emergente recomendado para as culturas de soja, milho, feijão e arroz.

Arroz com feijão também se refere ao prato,

Sanduíche ou arroz com feijão? Qual é o paladar preferido dos brasileiros que habitam a terra do Tio Sam?

mas feijão com. arroz, além de se referir ao prato

Se você aprecia estes alimentos, saiba que a tradicional combinação "feijão com arroz"

do dia-a-dia é mais nutritiva e balanceada do que se imagina.

é também empregado no sentido de "fácil" ou "básico":

Seguimos uma administração feijão-com-arroz e analisamos muito bem todas as possibilidades antes de investir...

Ferramentas - Se você já fez todo o feíjão-com-arroz, está na hora de conhecer outras ferramentas mais avançadas.

Alguns linguistas, entre eles Malkiel (1959) e Makkai (1972), fi­zeram estudos aprofundados sobre os binómios, tentando inclusive justificar a ordem de ocorrência dos elementos. Algumas das jusrifi-

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cativas são as seguintes:

a) prioridade cronológica do primeiro elemento (em primeiro lugar o que ocorre primeiro): hitandrun ("causar um acidente e fugir"), pegue e pague;

b) prioridades inerentes à estrutura da sociedade (quem é mais valo­

rizado vem em primeiro lugar): boys andgirls/meninos e meninas,

father and son/pai e filho, mother and daughter/mãe e filha. Tanto é verdade que, em nossa sociedade, o sexo masculino tem priorida­de que, quando o Presidente Sarney se dirigiu ao povo brasileiro com o binómio brasileiras e brasileiros, invertendo a ordem consa­grada, causou estranheza a todos. Aliás, a ruptura do convencio­nal é um recurso estilístico para, dentre outras coisas, causar im­pacto;

c) prioridade do vocábulo mais curto (em primeiro lugar a palavra mais curta): bedand breakfast, ladies andgentlemen, radio and television; aos trancos e barrancos, capa e espada, cão e gato, gato e cachorro. O leitor poderá notar que, às vezes, esses critérios são contraditó­

rios. Assim, de acordo com o critério b, ladies and gentlemen deveria ter sua ordem invertida. Claro está que sempre se há de encontrar exemplos para contrariar algum critério — no exemplo acima parece prevalecer a polidez e o critério c —, rnas eles valem por nos dar um mínimo de orientação no assunto.

No nível semântico, os binómios podem se caracterizar por serem idiomáticos ou não-idiomáticos.

Binómios não-idiomáticos são, por exemplo:

arts and crafts artes e ofícios/artesanato

deafand dumb surdo e mudo/surdo-mudo

husband and wife marido e mulher

Mom and Dad papai e mamãe

rice and beans arroz e feijão

Page 27: Expressões idiomáticas e convencionais!

Dentre os binómios idiomáticos podemos citar:

bagandbaggage mala e cuia

black and blue r0xo, cheio de hematomas

byfits andstarts aos trancos e barrancos

cutanddríed planejado com antecedência

headsortails cara ou coroa

bemandhaw falar com hesitação

time andagain frequentemente

Levando em consideração esses três aspectos, podemos classificar os binómios da seguinte forma:

Binómios

1. Binómios de elementos idênticos

a) Nao-idiomdticos

onandon, againandagain,foreverandever, bitby bit,facetofacel cara a cara.

b) Idiomáticos

ali in allíem resumo"; by and by "após algum tempo"; through and

through "de todo o coração",pouco apouco, "gradualmente", ponto aponto, "viagem aérea com pontos certos de partida e chegada, sem possibilidade de inclusão de outros", pé ante pé, "devagar, com cuidado", de par em par, "bem aberta (porta ou janela)3'.

2. Binómios de elementos diferentes

a) Não-idiomdticos

assets and liabilitiesllucros e perdas, dead or alive/vivo ou morto,

facts and'figures/'fatos e números; action and reaction!ação e reação.

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b) Idiomáticos

- irreversíveis

back andforthràz um lado para o outro", by and large/ÍCcm geral", hem andhawl^fúai com hesitação", might and main/u£ovç^\ alhos e bugalhos, de cor e salteado, de fio a pavio, mundos e fundos.

— reversíveis (com perda da convencionalidade)

aches andpainsl"(cheio) de dores", bedand breakjàstrpemoite com

café da manha", Adam and Eve/Adão e Eva, cloak and daggerl'capa e

espada, skin and bones/pele e osso.

Dentro dessa categoria podemos ainda mencionar um pequeno

grupo de trinômios:

bacon, eggs andcoffee

Politicai discussion was as much a part of the daily fare as bacon, eggs and coffee at breakfast

A discussão política fazia parte da alimentação diária tanto quanto bacon, ovos e café no café da

manhã.

men, women and children

Ato matter what your skills, interests, orresources, there are waysyou can make a difference for

some ofthe men, women, and children who are homeless.

Independentemente das suas habilidades, interesses ou recursos, há formas de você fazer uma

diferença para homens, mulheres e crianças desabrigados.

red, white and blue [as cores da bandeira americana]

Putred, white, and blue color intoyour foods for the 4th ofJuly. America's Independence...

Coloque as cores vermelho, branco e azul nos seus pratos para o 4 de julho, dia da independência da

América...

hook, Une andsinker "anzol, linha e chumbada")

H t o m e to Hook Une and Sinker Restaurant, a seafood restaurant slightly offthe beaten path...

Bem-vindo ao Restaurante Hook Une and Sinker, um restaurante de peixe e frutos do mar, num

lugar um pouco mais retirado...

Page 28: Expressões idiomáticas e convencionais!

ffsomebody accepts or believes something hook, Une, and sinker, they accept it completely.

Se alguém aceita ou acrediía em alguma coisa hook, Jíne, and sinker, aceita-a completamente.

The trouble is the little boy swalíowed the whoie thing, hook, Une and sinker.

0 problema é que o garotinho acreditou piamente na coisa toda.

lock, stock and barrei ("gatilho, coronha e cano")

As a global supplier of gun supplies and ammo, Lock Stock & Barrei has a long history

xofworhing with high-quaiity suppliers to deliver high-quality products.

Como fornecedor global de armas e munições, Lock Stock & Barrei tem longa tradição em trabalhar

com fornecedores de alta qualidade para garantir produtos de alta qualidade.

As Eddy's dad, he can cancel the debt by handing over his bar-, lock, stock and barrei to his olá adversary, Harry, but chooses not to.

Como pai de Eddy, ele pode cancelar a dívida transferindo o bar, "de porteira fechada", ao seu velho adversário, Harry, mas opta por não fazê-lo.

cama, mesa e banho

Artigos de cama, mesa e banho desenvolvidos especialmente para hotéis, motéis, restaurantes, hospitais e similares.

casa, comida e roupa lavada

Casal mostra que o amor vai muito além de casa, comida e roupa lavada.

O livro de Seidl & McMordie (1982) relaciona, no capítulo 4, al­guns binómios formados de adjetivos e outros formados de substanti­vos. De resto, apenas alguns livros de exercícios específicos para idioms, "Estruturas convencionais e/ou idiomáticas", abordam o assunto: Seidl (1982) na parte 5 e Feare (1980) na parte III, seções 12, 14 e 16.

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Estruturas agramaticais consagradas

Ainda dentro do nível sintático, há um outro aspecto passível de convencionalização, a gramaticalidade.

Quando a gramaticalidade é convencionada, formas consideradas agramaticais são perfeitamente aceitas na língua. Em outras palavras, nem tudo que dizemos é perfeitamente gramatical, embora seja de uso consagrado. O exemplo clássico na língua inglesa é by and large, uma locução formada por uma preposição e um adjetivo ligados por uma conjunção coordenativa. Ora, sabe-se que conjunções coorde­nativas devem ligar elementos da mesma categoria gramatical. Outro exemplo seria It tuas not me, em que deveria ocorrer o pronome sujei­to/depois do verbo to be. Para o português podemos citar de vez em quando e tanto faz, duas estruturas consagradas pelo uso, mas que não podem ser analisadas gramaticalmente, a não ser como um todo. Vejamos os tipos de estruturas que se qualificam como convencionais, porém, agramaticais.

Estruturas sinfaticamente imprevisíveis

Estas estruturas são absolutamente imprevisíveis, quer por não haver regras na gramática que expliquem sua formação, quer por vio­larem certas regras. Entretanto, são estruturas tacitamente aceitas na língua. Eis alguns exemplos:

1. by and large: não há na língua inglesa uma regra que preveja a coordenação de constituintes de categorias gramaticais não idênticas (preposição + adjetivo);

2. How come?: a forma interrogativa gramaticalmente correta se­ria Hoio does it come? No entanto, a forma corrente é How come?, o que indicaria a existência de uma regra que permite suprimir o sin­tagma nominal (it) e o verbo auxiliar (does). Não existe, porém, tal regra;

Page 29: Expressões idiomáticas e convencionais!

3. letalone: O verbo let pede um complemento animado seguido de uma oração, como em Let us go home, por exemplo: Let us

• 'r+aniniadoí-' S° home [O]. No entanto, em How can tnothing do

anything at ali, let alone create an entire universe? não ocorre nenhum dos dois, além de também não existir sujeito;

4. Long time no see: não é gramatical pois no, que é um pronome adjetivo, está modificando see, um verbo. Na gramática inglesa, pro­nomes adjetivos modificam substantivos, não verbos;

5. How doyou like them applesh essa expressão tem origem no día-leto negro dos Estados Unidos e é agramatical pelos parâmetros da língua-padrão por ocorrer o pronome objetivo them em vez do adje­tivo demonstrativo those. Entretanto, a expressão é usada como frase feita até por falantes cultos.

Em português teríamos exemplos como Não tem de quê. Quem

fala? Tremia que nem vara verde. No que ele chegou...

Estruturas sintaticamente petrificadas

São estruturas que, nalgum momento de sua evolução, petrifica-

ram-se numa forrna que não corresponde à forma usual atual.

1. attorney-general, president elect, heir apparent: são combinações de substantivo e adjetivo que se consagraram na ordem inversa à usual em inglês, em que o adjetivo costuma preceder o substantivo, por exemplo, redapple/maçã vermelha oupretiy girllmenina bonita. Note-se que, em português, essa ordem não é tão rígida, pois dizemos maça

vermelha, embora também possamos dizer vermelha maçã, talvez num contexto mais literário ou poético. Assim, se a combinação obedeces­se às regras da gramática normativa, teríamos general attorney, elect(ed)

president, apparent heir, da mesma forma que temos beautiful dressl

vestido bonito, intelligent student/ahino inteligente, difficult topic/tópi-

co difícil; 2. the sooner the better, the more the merrier. as regras gramaticais

do inglês prevêem que um artigo pode preceder um substantivo,

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modificado ou não por um adjetivo the coitntry, theforeign country)

ou um adjetivo na forma superlativa the biggest, the best). Não prevê, no entanto, sua ocorrência com um adjetivo na forma comparativa.

Bloqueio sintático imprevisível

Este grupo engloba estruturas gramaticais, mas que são sujeitas a certas restrições sintáticas. Vejamos alguns exemplos:

1. certos elementos ou expressões da língua inglesa ocorrem apenas em orações negativas,

interrogativas e condicionais:

a) ever ("at any time")

\'ve never (= not + ever) been to New York.

Nunca fui para Nova Iorque.

Have you ever been to New York?

Você já esteve em Nova Iorque?

Ifyou evergo to New York, send me a postcard.

Se você algum dia for a Nova Iorque, mande-me um postal.

Mas não / was everin New York.

b)atall

I don't remember at ali havíng said that.

Não me lembro absolutamente de ter dito isso.

Do you remember at ali how many men were there?

Você tem alguma lembrança de quantos homens estavam lá?

Walk with a friend ifat ali possible.

Ande com um amigo, se houver possibilidade.

Mas não / remember you atall.

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Page 30: Expressões idiomáticas e convencionais!

2. Alguns verbos co-ocorrem obrigatoriamente com can:

a) afford

Can you afford staying at the Hilton?

Você pode se dar ao luxo de ficar no Hilton?

What vehicle can I afford?

Que tipo de veículo tenho condições de comprar?

Financial Mistakes You Can't Afford To Make.

Erros financeiros que você não pode se dar ao luxo de cometer.

Determine beforehand how much you can afford so you wili know what kind of a car to

search for.

Determine de antemão quanto você pode gastar de modo que você saiba que tipo de carro

procurar.

Mas não Sure l afford it.

b) bear ( = to tolerate)

/ can 't bear his absence.

Não suporto a ausência dele.

It's more than I can bear.

É mais do que consigo aguentar.

How can you bear the pain?

Como é que você suporta a dor?

Was não Yes,l bear it

Assim, essas estruturas envolvem peculiaridades sintáticas que seriam desconhecidas para o aprendiz de inglês, a não ser que as ti­vesse aprendido individualmente.

GO

As expressões convencionais

Além das unidades linguísticas até agora examinadas, existem cons­truções um pouco mais longas, denominadas unidades estendidas de significado (extended units ofmeamng^To^mm-Boiíelli2001),masque ainda não fazem parte das "famosas" expressões idiomáticas propria­mente ditas, simplesmente por seu significado ser transparente. A essas chamaremos de expressões convencionais. Eis alguns exemplos:

an account of long standing uma conta antiga

be open to argument estar aberto para discussão

beoffduty estar de folga

foryour own good para seu próprio bem

good deed for the day a boa ação do dia/de hoje

fit for human consumption próprio para consumo (humano)

O leitor com certeza não teve dificuldade de entender essas expres­sões — mesmo sem ler os equivalentes em português — , mas acredito que, se tivesse de produzi-las, talvez não soubesse que é exatamente assim "que se diz". Em outras palavras, talvez chegasse a estruturas similares, mas não à estrutura consagrada. Por exemplo, poderia que­rer usar o adjetivo adequate em vez àtfit em fit for human consumption,

ou então action em vez de deed em good deed for the day.

Por esse motivo, essas expressões também devem ser aprendidas uma a uma, embora sejam de mais fácil assimilação devido a seu sig­nificado literal.

Os dicionários9 e livros-texto que arrolam expressões idiomáticas muitas vezes não fazem diferença entre expressões convencionais e expressões idiomáticas, por não entenderem idiomático no sentido de "significado não-transparente".

O dicionário de Cowie, Mackin 8c McCaig, vol. 2 (1983) traz, além das expressões idiomáticas propriamente dirás, também expressões convencionais.

61

Page 31: Expressões idiomáticas e convencionais!

Âs expressões idiomáticas

Entramos agora no nível semântico da convendonalidade, ou seja, no nível do significado. A maioria dos linguistas, ao definir um idiom — que chamaremos, por enquanto, de estrutura idiomática —, recorre ao seu significado não-composicional, ou seja, ao fato de o significa­do da expressão toda não ser previsível a partir do significado de suas partes. Isso, na realidade, quer dizer que o significado foi convencio­nado. Mesmo que a expressão tenha sido originalmente uma expres­são metafórica, essa imagem perdeu-se no presente, de modo que ela passou a ser decodificada como um todo. O exemplo clássico da lín­gua inglesa para ilustrar esse aspecto é kick the bucket, que não signi­fica "chutar o balde" mas "morrer". Exemplo similar existe no portu­guês: bater as botas, cujo significado composicional jamais levaria a seu significado real, "morrer". Já chutar o pau da barraca tem um sen­tido recuperável a partir da imagem metafórica que transmite: ao chutar o pau da barraca, ela desmonta. Assim, a expressão significa "por tudo a perder".

Cumpre ressaltar, no entanto, que a idiomaticidade de uma expres­são pode ser apenas parcial, como em white lie/mentira branca, em que apenas o adjetivo é idiomático. Assim, podemos dizer que a idio­maticidade é um aspecto que pode existir em maior ou menor escala numa expressão, ou seja, uma expressão não é necessariamente idio­mática ou não-idiomática, podendo apresentar maior ou menor grau de idiomaticidade.

Vejamos agora, dentro do nível semântico, quais os aspectos que podem ser convencionados.

A fornia linguística

Dizemos que a forma linguística foi convencionada quando uma expressão passou a ter um significado distinto do significado de seus constituintes. Eis alguns exemplos do inglês:

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pay the piper arcar com as consequências

We are no longergoing to get away with extracting from this earth ali the oil, lumber etc. for

livingpursuits ofself-grandeurand "me first... the hell with everyone e/se" approaches to

IMng. For us, it is time to pay the "piper".

Não vamos mais nos safar e extrair dessa terra todo o petróleo, madeira etc. para vivermos

em grandeza e pensarmos em "primeiro eu... o resto que se dane". Para nós, é hora de

arcarmos com as consequências.

hotandheavy intenso, forte

Okay, the conventions are over, and the campaigning starts to get hotandheavy,

OK, as convenções acabaram e as campanhas eleitorais começam a se intensificar.

getby sobreviver, se virar

Women, struggling to get by, need money to repair their cars.

Mulheres, tentando sobreviver, precisam de dinheiro para consertar seus carros.

in the soup em maus lençóis

Arsenal in the soup after loss.

0 time do Arsenal está em maus lençóis depois da derrota.

by and large em geral, usualmente

Bui by and large, a capitalist society does not honor its intellectuals.

Mas, em geral, a sociedade capitalista não honra os seus intelectuais.

No português temos, por exemplo:

pagar o pato sofrer as consequências

curto e grosso rude, grosseiro

no papo fácil de ser superado'

bater papo conversar

pé-de-meia economias

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Page 32: Expressões idiomáticas e convencionais!

O leitor há de observar que os exemplos arrolados têm estruturas sintáticas diversas. Embora nem todos tenham formas sintáticas con­vencionais, todos são semanticamente convencionados, já que seus significados não resultam da somatória dos significados de suas par­tes. Em outras palavras, são todos idiomáticos.

Foram citados exemplos com estruturas sintáticas distintas para salientar que urna expressão pode ser uma convenção em um nível sem, necessariamente, sê-lo em outro. Pay thepiper não ê uma con­venção sintática pois é construída dentro das regras gramaticais da língua inglesa: verbo + objeto. E, no entanto, uma convenção semân­tica. O mesmo ocorre com pagar o pato. Já outras estruturas como deafand dumb e surdo e mudo são convenções sintáticas quanto à combinabilidade e ordem de seus elementos, embora não sejam con­venções semânticas.

Resta-nòs encontrar uma denominação para essas formas. Por fal­ta de um termo melhor, aproveitaremos um já existente, fazendo, no entanto, uma restrição quanto a sua abrangência. O termo é expres­são idiomática e, para nossos objetivos, englobará apenas expressões semanticamente convencionadas, isto é, expressões cujo significado não pode ser depreendido a partir do significado de suas partes.

A imagem

A mesma imagem pode ter significados diferentes em culturas diferentes. Segundo LakofF & Johnson (1979/2002), na cultura oci­dental, por exemplo, "para cima", como imagem, isto é, como uma metáfora e não como unidade lexical, foi consagrada com o significa­do de "bom", enquanto "para baixo" significa "ruim". Quantas vezes o leitor não terá feito um gesto com a mão, apontando o polegar para cima, para transmitir a ideia de "ótimo, excelente", ou então, apon­tando o polegar para baixo, para comunicar que algo está "ruim, pés-simo". Essa mesma imagem pode transparecer em unidades lexicais:

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up andaround recuperado de uma doença

These routine things are simple, but force you to be up and around. ffyou stay in bed, no

good will come.

Essas coisas rotineiras são simples, mas forçam você a se levantar e se mexer. Se você

ficar na cama, não vai dar em nada.

ups and downs altos e baixos

How to survive the ups and downs of2005.

Como sobreviver aos aítos e baixos de 2005.

down on one's luck sofrer de falta de sorte

Now things are looking up, !'m no longer so down on my luck.

Agora as coisas estão melhorando; não estou mais com tanto azar.

raise one's spirits levantar o ânimo de alguém

In the most decisive moment, when Lefteris is ready to drop out, his teacher

finds a way to encourage him and raise his spirits.

No momento mais decisivo, quando Lefteris está prestes a largar a escola, o professor

encontra uma forma de encorajá-lo e levantar seu ânimo.

Em português temos expressões semelhantes:

altos e baixos

levantar o ânimo

levantar-se dos mortos

no auge da fama

no fundo do poço

cair de cama

estar na fossa

Pode ocorrer, no entanto, que uma imagem tenha significados distintos mesmo em duas culturas ocidentais. E o caso do gesto feito com o encontro do polegar corn o indicador. Para os falantes de lín­gua inglesa significa "OK, está tudo bem", enquanto em português é

65

Page 33: Expressões idiomáticas e convencionais!

um gesto obsceno. É fácil imaginar os mal-entendidos que o desco­nhecimento dessa diferença pode causar.

Um conceito metafórico bastante conhecido é Time is moneylTempo é dinheiro, de modo que empregamos, em relação a tempo, os mes­mos conceitos e, consequentemente, o mesmo léxico que usamos com referência a dinheiro:

You're wastingyour time.

I've investedalotoftime in her.

* This gadget wilí sa ve you hours.

I've spentalotoftime on this.

Você está perdendo tempo.

Investi muito tempo nela.

isto vai lhe economizar muito tempo.

Gastei muito tempo nisso.

Podemos, assim, concluir que uma imagem convencionada tanto cobre metáforas consagradas do tipo Tempo édinheiro, quanto noções consagradas como up/pora cima = "bom", down/para baixo = "ruim".

Símiles

Os símiles, estruturas do tipo dumb as a doornail, em inglês, e ágil como um cabrito, em português, também representam imagens con­sagradas por cada língua. Em muitos casos, há correspondência entre as línguas:

beautifui as an angel

clever/smart/cunning as a fox

white as snow

as black as night

as slow as a dead snail

as drunk as a skunk

as obstinate as a mule

bonito como um anjo/querubim/deus

esperto como uma raposa

branco como a neve

negro como a noite

devagar como uma lesma

bêbado como um gambá

teimoso como uma mula

Em outros casos, as duas línguas empregam referentes distintos para um mesmo conceito:

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strong as a lion

sour as a green appte

fatas an elephant/a cow

eat like a horse

hungry as a horse

wofk like a horse

wet as a fish

as dumb as a sack ofhammers

as white as a sheet

as slow as molasses in January

easy as pie

forte como um touro

azedo como limão

gordo como um porco/uma baleia

comer como um ieão/lobo

faminto como um cão

trabalhar como um burro

molhado como um passarinho

burro como uma porta

branco como cera

devagar como uma tartaruga

fácil como tirar doce de uma criança

Expressões metafóricas e idiomáticas

Como vimos, a idiomatícidade é uma questão de grau. Assim, podemos talvez analisar as expressões idiomáticas numa escala de idio­matícidade, colocando, na parte mais baixa dessa escala, as expressões menos idiomáticas e, na parte mais alta, as totalmente idiomáticas. Por menos idiomáticas entendemos, quer as expressões em que ape­nas um ou alguns de seus elementos são idiomáticos, quer as expres­sões metafóricas cuja imagem seja de fácil decodificação. Por totalmen­te idiomáticas entendemos as expressões em que nenhum de seus constituintes contribui para o significado total da expressão.

Tentaremos exemplificar essa escala com as seguintes expressões em inglês:

Graus de idiomatícidade to hold one's head up

to speak one's mind

to bark up the wrong tree

to have the bali at one 's feet

to keep one 's head above water

to pour oil on troubled waters

to beat about the bush

andar de cabeça erguida

dizer o que pensa

estar no caminho errado

ter/estar com a faca e o queijo na mão

sobreviver financeiramente

pôr água na fervura

falar com rodeios

Page 34: Expressões idiomáticas e convencionais!

to burn the candle atboth ends trabalhar demasiado

to chew the fat bater papo

to put oneself out se virar do avesso para fazer algo

O leitor poderá notar que a primeira expressão, to holdonês head

up é de fácil entendimento, havendo no português uma bastante semelhante, também baseada na' imagem de "up is good". Como a mesma imagem é consagrada em ambas as línguas, a expressão prati­

c a m e n t e não apresenta problemas de decodificação.

*Em to speak ones mina, apenas mind tem sentido figurado. O equivalente em português não é idiomático.

As três expressões seguintes - to have the bali at, onêsfeet, to keep

onesheadabove water e topour oilon troubledwaters- são expressões metafóricas que o leitor poderá compreender desde que conheça a imagem aludida. Assim, se estiver familiarizado com o futebol, sabe­rá que "ter a bola a seus pés" é o mesmo que ter o controle da situação. Da mesma forma, saberá que conseguir "manter a cabeça fora da água" tem conotação positiva, pois o contrário significaria "sucumbir". Se o leitor souber que, colocando-se óleo sobre águas turbulentas essas se amansam, compreenderá que a expressão topour oilon troubled waters

significa "acalmar os ânimos" e que, em português, há uma expressão calcada em imagem semelhante: pôr agua na fervura.

A expressão to bark up the wrongtree é baseada na imagem do cão ao pé duma árvore, ladrando para algo em cima daquela árvore, A

" imagem também é conhecida do leitor brasileiro. Além disso, o adje-tivo wrong dá a indicação de que o cão está perseguindo o alvo erra­do. Por dedução chega-se ao significado da expressão: "estar no cami­nho errado, estar se dirigindo à pessoa errada".

O grupo seguinte já é de mais difícil entendimento, pois a alusão não fica muito clara. Pode estar baseada numa imagem cristalizada, isto é, a expressão pode ter sido originalmente metafórica, mas é hoje entendida como um todo; o leitor/ouvinte não é capaz de entendê-la apenas reportando-se à imagem, pois não sabe a que imagem se refe­re. Não se sabe exatamente por que to beat about the bush significa

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"falar com rodeios" ou to burn the candle at both ends quer dizer "tra­balhar demasiado". Depois de aprender seu significado, o leitor até poderá encontrar alguma relação entre a imagem e o sentido da ex­pressão, mas jamais teria chegado a ela sozinho.

O último grupo inclui as expressões totalmente idiomáticas. Di­ferem do grupo anterior pois, mesmo depois de aprender seu senti­do, o leitor não encontrará relação alguma entre ele e a imagem alu­dida. Por que to chew the fat significa "bater papo"? E dentre os inú­meros significados possíveis para to put oneselfout, por que foi con­vencionado exatamente o de "virar-se do avesso, dar o máximo de si"?

Vemos então que, quando a expressão deixa transparecer a relação entre seu significado e a imagem aludida, temos as expressões meta­fóricas. Quando, entretanto, não se pode mais recuperar essa relação, teremos as expressões idiomáticas propriamente ditas, de sentido to­talmente arbitrário.

Há diversos dicionários de expressões idiomáticas em inglês, aos quais o leitor poderá recorrer, mas para o português a oferta é bem mais modesta. Há, entre poucos outros, a obra em três volumes de Cid Franco (s/d) e um dicionário bastante conciso, porém atualiza-do, de Márcio Pugliesi (1981). Se o leitor se interessar por uma abor­dagem menos convencional do assunto, não deverá deixar de folhear a obra de Fernando Sabino (1984). Para encontrar equivalentes nas duas línguas, há já diversas obras bilíngues, dentre elas: Serpa (1982), Morgan (s/d), Camargo & Steinberg (1989, 1990), Brezolin, Allegro & Campos (2002), Costa (2002), Schambil & Schambil (2002) e Steinberg (2004).

Page 35: Expressões idiomáticas e convencionais!

Os marcadores conversacionais

Passamos agora ao nível pragmático da convendonalidade, ou seja, ao nível de uso da língua em interações sociais.

Conforme já mencionamos, há situações que exigem determinado comportamento e, muitas vezes, esse- deve ser verbal, ou seja, é necessário que se diga alguma coisa. Nesses casos diríamos que as expressões são obrigatórias, pois, se não forem empregadas, caracterizarão uma quebra do comportamento social convencional. Trocando em miúdos, o falante estaria incorrendo num ato de "falta de educação". Quando cruzamos com um colega de serviço no corredor, devemos, de alguma forma, cum­primentá-lo, seja de maneira relativamente formal, dizendo Como vm

de modo mais familiar, com um simples Oi ou Tudo bem?, ou mesm apenas com um sorriso. Se não tomarmos conhecimento da presença d colega, este certamente reprovará nosso comportamento.

No entanto, há ocasiões em que se proferem expressões que, apes; de estarem intimamente relacionadas à situação, seriam perfeitameni dispensáveis. E o caso dos comentários cristalizados, dentre os quais ti mos as assim chamadas frases feitas: Se ouvirmos alguém dizer Falam

do diabo..., saberemos imediatamente que essa pessoa dizia algo sobi alguém ausente e que esse alguém acaba de aparecer.

Há também um grupo de expressões que sinalizam certas estratégií empregadas na conversação, isto é, são expressões que indicam ao ouvini a intenção do falante quanto a sua participação na conversação. Eric Kellí (1979) chamou-as degambits, tomando o termo emprestado do jogo d xadrez, em que representa a abertura da partida, mas, em português, cor sagrou-se o termo marcadores conversacionais (Marcuschi 2001). Nest capítulo apresentamos algumas das funções que Keller descreve.

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Marcadores conversacionais de estruturação semântica

Nessa função os marcadores sinalizam que o falante deseja que o enunciado que se segue seja interpretado de uma certa maneira, por exemplo, como uma opinião, uma restrição, uma digressão, uma sugestão etc. Eis alguns exemplos nas duas línguas:

Opinião

Myguess is...

Ihonestly feeí...

Tomymind...

The way I look at it...

I have reason to believe...

Restrição

Yes, but consider...

Yes,butdon'tforget...

Thafs fine but...

Buttheprobiemís...

Digressão

This reminds me...

SpeakingoL.

Before i forget...

Sugestão

Why don'tyou do it this way.

ltsre'swhatyoucando...

Acho que talvez...

Sinceramente, acho...

A meu ver...

Do meu ponto de vista...

Tenho razões para acreditar..

Sim, mas veja...

Sim, mas não esqueça.

Tudo bem, mas...

Mas o problema é...

isso me lembra...

Por falar em...

Antes que eu esqueça...

Por que você não faz o seguinte.

0 que você pode fazer é...

Page 36: Expressões idiomáticas e convencionais!

Marcadores conversacionais de sinalização do contexto social

Os marcadores desse tipo sinalizam a intenção do falante quanto à tomada de turno e seu status social numa conversação. Por status

social devemos entender a liderança exercida. Assim, quando um professor diz Está correio ou Não ê bem isso, deixa implícito que é ele quem controla a situação. O mesmo ocorre quando alguém diz Va­

mos fazer o seguinte ou Mantenha-me informado.

Vejamos agora alguns marcadores que sinalizam a vontade do fa­lante quanto a tomar ou não o turno numa conversa:

Desejo de tomar o turno

May I interrupt you for a moment?

Can you spare a minute?

Pd like to say something.

I have something to say on that too.

Posso interromper um instante?

Pode me dar um minuto?

Gostaria de dizer algo.

Também tenho algo a dizer sobre isso.

Desejo de manter o turno

Waitasecond.

Weil, iefs see now...

What I'wouldsayis...

Espere aí.

Bem, vamos ver.,

0 que eu diria é..

Desejo de deixar o turno

Thafs ali I have to say.

Thafs about it

Isso é tudo o que tenho a dizer.

É mais ou menos isso.

Passagem do turno

What do you think ofthat?

Ând whataboutyou?

What have you got to say on that?

Então, o que você acha disso?

Qual a sua opinião?

0 que você tem a dizer sobre isso?

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Marcadores conversacionais de sinalização da disposição de entendimento

Os marcadores que exercem essa função indicam a prontidão do falante para receber, fornecer ou partilhar informações, opiniões ou emoções.

Disposição para receber

Pd like to hear ali about it.

Pd like to know some more about it

Gostaria de saber tudo a respeito.

Gostaria de saber mais sobre isso.

Disposição para não receber

Pm not really interested in that.

I have no use for that

Pm not concemed with that.

Why don't you just leave me aione?

Não tenho o mínimo interesse nisso.

Isso não me adianta nada.

Não tenho nada a ver com isso.

Vê se me deixa em paz.

Disposição para fornecer

Pve got something to tellyou.

Weli here 's what I think about that.

Tenho algo a lhe dizer.

Bem, isto é o que penso a respeito.

Disposição para não fornecer

/ don't want to get ínto that.

Thafs really none ofyour business.

Não quero falar sobre isso.

Isso não é da sua conta.

Disposição para partilhar

/ knew that

No doubt about that

Yousaidit

Thafs what I was going to say.

I know what you mean.

Eu sabia.

Não resta dúvida.

Sem dúvida/Falou e disse/ É isso aí.

Era o que eu ia dizer. .

Entendo o que você quer dizer.

Disposição para não partilhar

I didn't know that.

Thafs news to me.

ldon't think soatail.

Não sabia disso.

Isso é novidade para mim.

Não concordo de jeito aigum.

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Page 37: Expressões idiomáticas e convencionais!

Marcadores conversacionais de sinalização de controle da comunicação

Por meio desses sinais, o falante assegura que o ouvinte está dis­

posto a receber a mensagem.

0 falante se assegura da disposição do ouvinte

Are you following me?

Can you hear me?

Is that clear?

Right?

0 falante incentiva o ouvinte

Okay.

Sure.

Andso?

Não entendimento do falante

Sorry?/Pardon?

Wouldyou mindrepeating?

Sorry, l didn't get that iast part.

Esclarecimento de mal-entendido

Thafs not what 1 said.

What 1 really said is...

What l've been tellingyou ali along is...

Está me acompanhando?

Está me ouvindo?

Está claro?

Certo?

Claro.

Óbvio.

Eaí?

Como?

Poderia repetir, por favor?

Desculpe, não entendi a última parte

Não foi isso que eu disse.

0 que eu disse mesmo foi...

0 que estou dizendo o tempo todo é..

Como Keller baseou seu estudo num levantamento de 500 mar­cadores em inglês, a lista que ora apresentamos certamente poderia se estender. Entretanto, como dissemos de início, não é objetivo des­te livro esgotar os assuntos abordados, senão introduzir o leitor no mundo da convendonalidade na língua.

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1 %

As fórmulas situacionais

No presente capítulo trataremos das expressões fixas usadas em determinadas ocasiões, quer sejam obrigatórias ou opcionais. Essas expressões abrangem desde formulas de polidez e de distanciamento, até provérbios, passando por frases feitas, citações e fórmulas de roti­na. Chamaremos a essas expressões, genericamente, de fórmulas situa­

cionais.

Podemos dizer que há três tipos básicos de fórmulas situacionais. O primeiro tipo consiste em fórmulas situacionais sintáticas, ou

seja, fórmulas em que uma parte da estrutura é fixa e outra - a de conteúdo —, variável. Seriam as expressões do tipo Wouldyou mind...?/

Você se importaria de... ?

O segundo tipo engloba diversos géneros de fórmulas fixas profe­ridas a título de comentário dentro de determinada situação. Se ou­virmos uma dessas frases isoladamente, isto é, fora de contexto, so­mos capazes de recriar a situação em que se insere. Assim, se ouvir­mos Actyour age! teremos a certeza de que uma pessoa está recrimi­nando outra por estar se comportando de modo infantil, não condi­zente com sua idade. Além dessas, há situações que exigem um com­portamento altamente ritualízado por parte dos participantes. Supo­nhamos que Alberto vá apresentar Márcia a Tenório. No decorrer desse ritual, ocorrem expressões praticamente fixas:

Alberto-. Márcia, este é (meu amigo) Tenório.

Márcia-. Muito prazer.

Tenório-. 0 prazer é (todo) meu.

As expressões admitem pequenas variações, de acordo com o ní­

vel de formalidade da situação ou de intimidade entre os participan­

tes. De qualquer forma, a situação é ritualizada e exige o enunciado

de fórmulas fixas adequadas. Se entendermos ritual como rotina, no sentido de "sequência de

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Page 38: Expressões idiomáticas e convencionais!

atos ou procedimentos consagrados pelo uso", podemos denominar essas expressões de fórmulas de rotina, segundo a terminologia de Coulmas (1979). Assim, cada situação ritualizada terá seu conjunto próprio de fórmulas.

 importância das fórmulas situacionais

Antes de passarmos a analisar cada um desses tipos individualmen­te, é^conveniente ressaltar a importância dessas fórmulas no convívio social.

Se observarmos nossa fala nas conversas que mantemos diariamen­te, notaremos que grande parte dela segue caminhos já trilhados. Observaremos também que, em muitas situações, nossas conversas carecem de conteúdo, desenvolvendo-se de acordo com padrões pré-moldados de pensamento e de expressão verbal. Isso, na realidade, faz nossa comunicação fluir com mais facilidade e eficiência (Pawley & Syder, 1983), pois evita que a todo momento tenhamos de ser criati­vos — o que seria absolutamente impossível. Isso vale igualmente para o ouvinte, pois ele também não teria condição de estar constantemente decodificando seu interlocutor. O leitor sabe muito bem o quanto é difícil prestar atenção numa aula ou palestra em que tudo é novo e essencial. Na conversa diária, grande parte do que é dito é entendido até mesmo antes de ser completado. As vezes até já respondemos antes do estímulo. Isso ocorre com frequência em casamentos, quando a noiva já agradece antes mesmo de verbalizarmos nossos votos.

E bastante útil termos à mão um estoque de expressões pré-fabri-cadas às quais podemos recorrer continuamente. Esse tipo de expres­são, no entanto, costuma ser chamado, pejorativamente, de "cliché", sendo-nos sempre recomendado evitá-lo. Mas é preciso nos conscien-tizarmos de seu papel na comunicação social para evitar essa atitude preconceituosa em relação a todo tipo de expressão fixa e consagrada pelo uso.

76

Sabemos muito bem quanto embaraço nos causa uma situação em

que "não sabemos o que dizer". Pois bem, são as fórmulas situacio­

nais que vêm em nosso socorro nesses momentos. Daí sua importân­

cia no aprendizado de qualquer língua - até da materna. O leitor, sem

dúvida, há de se lembrar de inúmeras ocasiões em que sua mãe lhe

disse:

— Como é que se diz, filhinho?

e ele, obedientemente, dava a resposta esperada:

— Obrigado, titia.

Eram suas primeiras aulas de fórmulas situacionais.

Passemos agora a examinar cada um dos tipos em separado. Veja­mos primeiramente as fórmulas situacionais sintáticas.

Fórmulas situacionais sintáticas

Essas podem expressar polidez ou distanciamento.

Fórmulas de polidez

São estruturas que indicam polidez e nas quais, geralmente, a par­

te inicial é fixa e o restante é completado de acordo com a situação:

May/Can I V[inf]? Posso V[/nf]?

Maylsmoke? Posso fumar?

Could/Might I Vfinfí? Será que eu poderia V[inf3?

Could l íaík to you? Será que eu poderia falar com você?

Wouldyou mind Ví-ing]? Voei se incomodaria de V[inu?

Wouldyou mind not smoking? Você se incomodaria de não fumar?

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Page 39: Expressões idiomáticas e convencionais!

Fórmulas de distanciamento São fórmulas empregadas quando o falante não deseja ser muito

direto:

It seems to...

It seems to be raining.

It seems that...

It seems thatyou won'tpass.

Parece que...

Parece que está chovendo.

Parece que...

Parece que você não vai passar.

Por não serem diretas, podemos também incluir nesse grupo pro­postas ou sugestões feitas sob a forma de perguntas:

HowaboutJ

How about a drínk?

Shail we Vlinf]...?

Shall we go home now?

Wouldyou care/like to VBnfí...?

Wouldyou care to go to the theater?

WhydontJ

Why don 't we go out for dinner?

Que tal...?

Que tal um aperitivo?

Vamos VDnfJ...?

Vamos para casa agora?

Você gostaria de V[inf]...?

Você gostaria de ír ao teatro?

Por que não...?

Por que não saímos para jantar?

Outro tipo ainda a ser incluído aqui são as expressões que visam ame­nizar o impacto de uma afirmação muito categórica. Esse objetivo é al­cançado negando-se o contrário do que se quer dizer. Assim, em vez de dizer rudemente Detesto isso, podemos dizer Não gosto disso, ou então:

l'm not toa crazy about...

i'm not too crazy about lobster.

Não sou fouco por...

Não sou louco por lagosta.

Por outro lado, para não parecermos demasiado entusiastas, podemos

suavizar nossa aprovação com expressões do tipo:

It wasn't too bad.

Ho complaints from thís quarter.

Não foi tão ruim assim.

Nenhuma reclamação da minha parte.

78

Fórmulas fixas

Essa classe engloba expressões fixas ditas a título de comentário em

determinadas situações. Podem ser frases feitas, citações ou provér­

bios.

Frases feitas Essas frases feitas diferem das fórmulas situacionais propriamente ditas por não serem de expressão obrigatória, ou seja, o fato de serem omitidas.não caracteriza uma ruptura dos padrões comportamentais convencionais. Em outras palavras, deixar de dizê-las não é sinal de falta de educação. No entanto, empregá-las no momento adequado revela alto domínio da língua. Eis alguns exemplos:

Actyourage!

Betterlucknexttime.

Cat got your tongue?

Don'tjump to conclusions.

Haste fun.

Have you lostyour mind?

It's not what you think.

Speak of the devil...

Tellit to the Marines.

You're telling me?

Não seja infantil!

Mais sorte na próxima.

0 gato comeu sua língua?

Não tire conclusões apressadas.

Bom dívertimento./Divirta-se.

Você perdeu o juízo?

Não é o que você está pensando.

Falando do diabo...

Vá contar pra outro.

É pra mim que você vem contar?

Citações E comum o uso de citações durante uma conversa. Entretanto, se o seu conhecimento não for compartilhado, perde-se o efeito. E preci­so que ambos os interlocutores reconheçam a expressão como uma citação. Uma das mais conhecidas é, sem. dúvida,

To be or not to be, thafs the question!

(Shakespeare)

Ser ou não ser, eis a questão!

Page 40: Expressões idiomáticas e convencionais!

Outras de uso consagrado são:

Veni, vidi, viti. Vim, vi, venci.

(Júlio César)

Alea jacta est A sorte está lançada.

(Júlio César ao atravessar o Rubicão)

Ali is not lost. Nem tudo está perdido.

(John Milton, no poema "Paraíso perdido")

v Let my people go. Deixe meu povo partir.

^ÍExodus 7:16)

Podemos também mencionar a famosa frase de D . Pedro I, que, obviamente, não tem correspondente em inglês:

Como é para o bem de todos e a felicidade geral da nação, estou pronto.

Diga ao povo que fico.

Provérbios Os provérbios S2L0 as formulas mais fixas, admitindo pouca ou

quase nenhuma modificação, seja sintática ou lexical. Caracterizam-se por geralmente transmitir um ensinamento moral.

O leitor pode recorrer à obra de Steinberg (2002) para consultar a tradução ou explicação de provérbios ingleses. Eís aqui alguns, apre­sentados naquela obra, que são iguais nas duas línguas:

After a storm comes a calm. Depois da tempestade vem a bonança.

All's fish that comes to the net Tudo que cai na rede é peixe.

Al! thatglitters is notgold. Nem tudo que reluz é ouro,

Every man has his príce. Todo homem tem seu prego.

Líke father, like son. Tal pai, tal filho.

Alguns expressam o mesmo sentido nas duas línguas, porém suas formas são apenas semelhantes:

Ali cats are grey in the dark. A noite, todos os gatos são pardos.

Do not kick against the pricks. Não dê murro em ponta de faca.

Dog does not eat dog. Lobo não come lobo.

God helps those who help themselves. Ajuda-te e os céus te ajudarão.

So many countries, so many customs. Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso.

Muitos deles apresentam o mesrno significado sob formas diferen­

tes nas duas línguas:

The apples on the other side of the wall are the sweetest10

A galinha do vizinho é mais gorda.

Ali work and no play makes Jack a dufl boy.

Nem só de pão vive o homem.

A burntchild dreads the fire.

Gato escaldado tem medo de água fria.

Doing nothing is doing ill.

A ociosidade é a mãe de todos os vícios.

If wishes were horses beggars would nde.

Se vontade fosse jeito, pobreza tinha fim.

Outros provérbios ingleses não têm correspondentes em português:

Many would be cowards if they had courage enough.

"Muitos seriam covardes se tivessem coragem."

The noblest vengeance is to forgive.

"A vingança mais nobre é perdoar."

Na Web foram encontradas 688 ocorrências para essa forma, enquanto para Thegmss is ahvays greener on lhe otherside ofthefence, sua versão americana, foram registradas 5.000 ocorrências.

Page 41: Expressões idiomáticas e convencionais!

Nothing turns sourer than milk.

"Nada fica mais azedo do que o leite."

A thing ofbeaufy is a joy for ever.

"Uma coisa bonita é uma alegria perene."

You cannotmake bricks without straw.

"Não se pode fazer tijolos sem palha."

E óbvio que há também provérbios em português sem correspon­dentes na língua inglesa:

A avareza é madrasta de si mesma.

A corda arrebenta sempre do lado mais fraco.

Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.

A ocasião faz o ladrão.

Dois bicudos não se beijam.

Quem tem boca vai a Roma.

Quem furta pouco é ladrão, quem furta muito é barão.

Quem sai na chuva é para se molhar.

Se conselho tivesse valia, ninguém dava, vendia.

Se conselho fosse mandioca, ninguém morria de fome.

Tanto vai o cântaro à fonte, que um dia vem quebrado.

O leitor também encontrará grande variedade de exemplos na obra

de Magalhães Jr. (1974).

Fórmulas de rotina

Essas são as fórmulas situacionais propriamente ditas. São também

fórmulas fixas, mas diferem das anteriores por serem obrigatórias em

determinadas situações, tanto assim que, se não forem proferidas,

implicam a ruptura das convenções sociais, ou seja, aquele que dei­

xou de dizê-las é tachado de mal-educado.

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Estão intimamente vinculadas aos diversos atos de fala, havendo já estudos nas áreas de saudações, agradecimentos, elogios, reclama­ções, desculpas, votos (de aniversário, de boas festas, de pronto resta­belecimento etc). Vejamos alguns exemplos:

Saudações Hi!

Mello!

Good moming.

Good aftemoon.

Goodevening.

Goodnight

Good day.

Have a nice day.

Goodbye.

See you later.

Oi!

Olá!

Bom dia,

Boa tarde.

Boa noite.

Boa noite.

Até logo.

Tenha um bom dia.

Até logo.

Até mais tarde.

As formulas que sugerimos como correspondentes em português não devem ser tomadas sempre como equivalentes pragmáticos, pois nem sempre podem ser empregadas nas mesmas situações. A fórmu­la See you later em inglês, por exemplo, não deve jamais ser interpre­tada literalmente, pois não passa de mera fórmula de despedida. Pode ser que as pessoas só vão se encontrar meses mais tarde. Em portu­guês, porém, se dizemos Até mais tarde é porque sabemos que, de fato, vamos encontrar a pessoa mais tarde.

Have a nice day é uma fórmula de despedida de uso bastante colo­quial, enquanto Tenha um bom dia é empregada apenas em situações mais formais.

Devemos notar também que às fórmulas Good eveningç. Goodnight

corresponde apenas uma fórmula em português: Boa noite.

H á também fórmulas que podem não ter equivalente na outra cultura, como é o caso das nossas Bom serviço ou Bom trabalho^ ditas como despedida a alguém que vai trabalhar, ou ainda Bom apetite. No

Page 42: Expressões idiomáticas e convencionais!

inglês emprega-se a fórmula francesa Bon appétit ou, eventualmente em restaurantes, Enjoy your meai, proferida pelo garção, depois de servir os pratos.

Eis mais algumas categorias de formulas de rotina:

Agradecimentos Thankyou.

Thank you very much.

"-- Thanks. Thafs very kindof you.

Obrigado.

Muito obrigado.

Obrigado. É muito gentil da sua parte.

No português podemos intensificar ainda mais nossos agradeci­mentos dizendo Muitíssimo obrigado.

Desculpas Sony.

I'm sorry.

I'm really sorry.

Excuse me.

t'm so sorry. i dídn'tmean to.

Desculpe.

Sinto muito.

Sinto muitíssimo.

Desculpe-me./Com licença.

Sinto muito, foi sem querer.

Lembramos ao leitor mais uma vez que as traduções sugeridas não devem ser tomadas como equivalentes pragmáticos. A situação é que irá determinar o emprego da fórmula adequada.

Votos Happy bírthday.

Happy anniversary.

Congratufations.

Happy Easter.

Happy New Year.

Merry Christmas.

Getwellsoon.

Allthebest

Many happy retums ofthe day.

Feliz aniversário./Muitas felicidades./Parabéns.

Parabéns. Muitas felicidades.

Parabéns.

Feliz Páscoa.

Feliz Ano Novo.

Feliz Natal.

Estimo as melhoras./Sare logo.

Tudo de bom.

Que esta data se repita por muitos anos.

84

A primeira coisa que podemos observar é que no inglês há três expressões diferentes para o nosso Parabéns: Happy birthday, Happy

anniversary e Congratulations. Happy Anniversary é empregada, prin­cipalmente, em aniversários de casamento. Como não temos fórmu­la específica para essa data, usamos uma de caráter mais geral. Congratulations é uma fórmula empregada quando se deseja dar os pa­rabéns a alguém por ter alcançado algo significativo: um diploma, um aumento de salário, a publicação de um livro. Novamente, temos apenas Parabéns para ser usada nessas ocasiões em português.

Situações à mesa Outro campo que merece estudo é o das situações à mesa. E nes­

se, parece-nos que existem situações que, nos Estados Unidos e no Brasil, diferem quanto à exigência de uma fórmula.

Bon appétit. Bom apetite

Bottoms up! Vira, vira!

Cheers! Saúde!

Dinner is served. 0 jantar está servido./O jantar está na mesa.

Have some more. Pegue mais.

Help yourself. Sirva-se.

It's on me. É por minha conta.

Como já dissemos, há fórmulas que existem apenas numa das duas línguas porque na outra a situação não exige nenhum comportamen­to verbal pré-fabricado, isto é, não é costume dizer algo. E o caso da expressão Está servido?, que não tem correspondente em inglês.

Aliás, trata-se de fórmula que causa muito constrangimento a es­trangeiros no Brasil, pois, a não ser que tenham aprendido seu em­prego, nunca sabem se devem entendê-la ao pé da letra, e aceitar o que está sendo oferecido, ou tomá-la apenas como sinal de polidez e enrao agradecer e não aceitar. Se aceitarem, certamente causarão cons­trangimento à pessoa que ofereceu o alimento, uma vez que a respos­ta esperada é Não obrigado/a, bom apetite.

Page 43: Expressões idiomáticas e convencionais!

Infelizmente não podemos nos estender aqui na análise de cada uma das situações possíveis, pois isso já mereceria um volume pró­prio. Conforme já mencionamos, há diversos estudos em andamen­to sobre o assunto, mas parece-nos que, no português, a área conti­nua praticamente inexplorada.

Esta pequena amostragem já demonstra o quanto é essencial o perfeito domínio das fórmulas situacionais para que possamos funcio­nar adequadamente no convívio social da cultura em que nos inseri-m o s o u pretendemos nos inserir.

86

Conclusão

Esperamos que este livro tenha servido para conscientizar o leitor dos diversos aspectos convencionais a que deve estar atento para não passar por um "falante ingénuo". Uma vez consciente deles, nada lhe será mais fácil do que percebê-los, tanto na fala, quanto na escrita, quer na língua materna, quer na língua estrangeira.

O leitor notará também que, à medida que for incorporando as unidades linguísticas convencionais que aprender, sua comunicação se dará com maior fluidez e eficiência.

Page 44: Expressões idiomáticas e convencionais!

Apêndice

Algumas fórmulas situacionais inglês-português

Inglês

Actyourage!

Afteryou.

Allset?

Allthebest

Aloneatlast!

And how!

Andthafsthat!

And the Oscar goes to...

Andthe winner is...

Anybody call?

Anybody nome?

Anymessage?

Aprílfool!

Are you crazy?

Are you listening?

AreyouOK/alIright?

Are you out ofyour mind?

As I was saying...

As you say.

Attaboy!

Better late than never

BigdeaH.

Blessyou!

Bottoms up!

Breakaleg!

Caim down!

Canihelpyou?

Catch you later.

Português

Não seja infantil/criança!

Tenha a bondade (de passar).

Tudo pronto?

Tudo de bom.

Enfim, sós!

E como!

E ponto final!

E o Oscar vai para...

E o vencedor é...

Alguém ligou?

Ó de casa!

Algum recado?

Primeiro de abril!

Você está louco?

Você está ouvindo?

Você está bem?

Você está louco?

Como eu ia dizendo...

Como você quiser/Você é quem manda

Muito bem!/Bravo!

Antes tarde do que nunca.

Grande coisa!

Saúde! [ao espirrar]

Vira, vira, vira... [ao beber]

Merda! [antes de uma apresentação]

Acalme-seí/Sossegue!

Em que posso servi-lo?

Até mais.

Cat got your tongue?

Cheers!

Cheer up!

Come on, now!

Corning!

Congratulations!

Count me in.

Countmeout.

Cross my heart!

Cutitout!

Dam it!

Didn'tltei!you?

Dinner is served.

Don't i know it?

Don'tjump to conclusions!

Don't mention it.

Don't you dare!

Do you wantto leave a message?

Easy does it!

Encore!

Enjoy yourselí

Excuse me.

Forgetit!

ForHeaven's sake!

Gettost!

Getwellsoon.

Glad to meet you.

Goforit!

Good aãernoon!

Good-bye!

Good evening! [na chegada]

Good for you!

Good iuck!

Goodmorning!

0 gato comeu sua língua?

Saúde! [ao brindar]

Ânimo!

Espera aí!/Tenha paciência!

Já estou indo!

Parabéns! [por algo conseguido]

Conte comigo

Não conte comigo.

Juro por Deus!

Pare com isso!

Droga!

Eu não disse?

0 jantar está servido./O jantar está na mesa.

Você acha que eu não sei?

Não tire conclusões apressadas!

Não há de quê.

Não se atreva!

Quer deixar recado?

Calma!

Bis!

Divirta-se.

Com licença./Desculpe.

Esqueça!/Deixa pra lãi/Nem pensar.

Pelo amor de Deus!

Suma daqui!

Estimo as me[horas./Sare logo.

Prazer em conhecê-lo.

Vá em frente!

Boa tarde!

Até logo!

Boa noite!

Sorte sua!/Que bom!

Boa sorte!

Bom dia!

Page 45: Expressões idiomáticas e convencionais!

Goodnightim despedida]

Good riddance!

Good to see you!

Go tell it to the Marines!

Guess whatí

Hands off!

Hands up!

Happy anníversary! [aniversário de casamento]

Happy birthday!

Happy New Year!

Have a good time!

Have a nice day!

Have a safe trip.

Have fun!

Have ityour (own) way!

Have you heard (the latest)?

Heads or taifs?

Heaven forbid!

Heaven knows!

Hélio!

Heíp!

Help yourself.

Here'sto...

Hereyou are!

Hold on, please!

Holdyour horses!

Howareyou?

How come?

Howdareyou?

How do you do?

How have you been?

How many times have I toldyou?

How much is it?

Hurry up!

Boa noite.

Já vai tarde!

Prazer em vê-io!

Vá contar pra outro!

Adivinhe!

Tire as mãos daí!

Mãos ao alto! •

Parabéns!

Feliz aniversário!

Feliz Ano Novo!

Divirta-se!/Bom divertimento

Até logo!

Boa viagem.

Bom divertimento!/Divirta-se

Faça como quiser!

Sabe da última?

Par ou ímpar?

Deus me livre!

Só Deus sabe!

Alô!

Socorro!

Sirva-se.

Um brinde a...

Aqui está!

Aguarde na linha (por favor).

Calma aí!

Como vai?

Por quê?/Como assim?

Como você ousa?

Muito prazer.

Como tem estado?

Quantas vezes já lhe disse?

Quanto é?/Quanto custa?

Ande logo!

90

I beg your pardon?

I couWt care less!

Ididn'tmean to hurtyou.

1'dioveto.

I hope l'm not disturbing.

I hope so!

17/ be forever in your debt

17/ be right back

rilgetit

III get (you)...

I' II see if he's in.

I love you.

i mean it!

I miss you!

i'm sorry to hear that.

I'm tellingyou...

I see!

It never rains but it pours.

It's not whatyou think!

It's on me!

Ifsuptoyou.

It takes one to know onel

t've got other plans.

Just a minute.

Just a sec(ond).

Keep the change.

Keep yourfingers crossed.

Knock on wood!

Ladies first.

Lefs have a big hand for...

Let that be a iesson to you!

Likewise!

Listen to this!

Look who's here!

Como? Poderia repetir (por favor)?

Nem ligo!/Pouco me importa!

Não quis magoá-lo/ofendê-lo.

Eu adoraria.

Espero não estar incomodando.

Assim espero!

Sou-lhe imensamente grato.

Volto já.

Eu atendo (a porta, o telefone).

Vou chamar...

Vou ver se ele está.

Te amo.

Estou falando sério!

Estou com saudades de você!

Sinto muito.

Estou lhe dizendo...

Entendo!/Sei!

Desgraça pouca é bobagem.

Não é o que você está pensando!

É por minha conta!

Fica a seu critério./lsso é com você./Você é quem sabe.

Olha o roto falando do esfarrapado!

Já tenho compromisso.

Um momentinho.

Um instante/minutinho só.

Fique com o troco.

Torça (por mim).

lsola!/Vira essa boca pra lá!

As damas primeiro.

Uma salva de palmas para...

Que isso lhe sirva de lição!

Igualmente./Da mesma forma.

Ouça essa!

Olhe quem está aqui!

91

Page 46: Expressões idiomáticas e convencionais!

Look who's talking!

Make yourself at home.

May I come in?

May I have your aitention, please?

May the best man win!

Meeting is adjourned.

Merry Christmas!

Mindyour own business!

Mum's the word!

Mypleasure.

Mypleasure!

My sympathy

Neversaydie.

Nice meetingyou!

Nice shot!

Nice talking to you,

Nice to meet you.

No comment!

No kidding!

Nothing doing!

No way!

Now what?

Number, please.

Present company excepted.

Same here.

Sametoyou.

Says who?

Scram!

Seeyoulater.

See you tomorrow.

Serves you right!

Shameonyou!

Shutup!

Sleep tight.

Olha quem está faiando!

Fique à vontade,

Posso entrar?

Atenção, por favor!

Que vença o melhor!

A reunião está encerrada

Feliz Natal!

Meta-se com a sua vidai/Cuide da sua vida.

Bico calado!

Ímaginai/O prazer é (todo) meu!

Que é isso!/Não por isso./De nada./Não há de que.

Meus pêsames./Meus sentimentos.

Não desista!

Prazer em conhecê-lo!

Bela/bonita jogada!

Foi bom faiar com você.

Prazer em conhecê-lo.

Sem comentário!

Não brincai/Verdade?

Nada feito!

De jeito nenhum/algum!

E agora?

Qual o número (por favor)? [telefonista]

Com a exceção dos presentes.

igualmente.

igualmente.

Quem disse?

Sumal/Desapareça!

Tchau./Até mais.

Até amanhã.

Bem-feito!

Que vergonha!/Que coisa feia!

Cale a boca!

Durma bem.

92

Sorry.

Sorry, wrong number.

So what?

Speaking

Speak ofthe devi! (andhe appears).

Stop that!

Sweet dreams.

Takeiteasy!

Take it from me!

Take your time.

Thankyou.

Thanks.

Thanks a lot.

Thafs ali!

JhaVs very nice ofyou.

The check, please.

The floor is yours.

The Une is busy

This way, please.

Time's up.

To make a longstory short...

Two is company, three is a crowd.

Walt a minute!

Waitandsee.

Wanna bet?

Watchout!

Watch your step.

Whatapity!

What are you doing here?

What a shame!

Whatastory!

What can I do for you?

What do you mean?

What do you take me for?

Desculpe.

Desculpe, (foi) engano.

Edaí?

Está falando [ao telefoneL/É ele./É ela.

Falando do diabo (aparece o rabo).

Pare com isso!

Bons sonhos.

Vá com calma!

Vá por mim!

Não tenha pressa.

Obrigado.

Obrigado.

Muito obrigado.

É só isso!

É muita gentileza sua.

A conta, por favor.

A palavra é sua.

A linha está ocupada.

Por aqui, por favor.

Tempo esgotado.

Para encurtar a história...

Um é pouco, dois é bom, três é demais.

Espera aí!

Espere (só) pra ver.

Quer apostar?

Cuidado!

Cuidado com o degrau/Toma cuidado.

Que pena!

0 que você está fazendo aqui?

Que pena!

Que história! [estranhamento]

Em que posso serví-io/ajudá-lo?

0 que você quer dizer (com isso)?

0 que você pensa que eu sou?

Page 47: Expressões idiomáticas e convencionais!

Whatfor?

Whatmore is/was there to say?

Whatnext?

Whatseems to be the tmuble/problem?

Whafs new?

Whafs the news?

Whafs the occasion?

Where's the fíre?

Wtta.doyou take me for?

Who dofou thinkyou're talkingto?

Who 's speaking (please) ?

Will you marry me?

Youbet!

You can't miss ít!

You can't miss it!

You don't say!

You're better offthat way!

Yoú're my guest.

You're telling me?

You're telling me?

You're welcome.

You saíd it!

Youshouldtalk!

Your tough luck!

Youtell(th)'eml

Pra quê?

O que mais há para (se) dizer?

Qual é a próxima?

Qual é o problema?

O que íiá de novo?

Quais as novas/novidades?

A que se deve (isso)?

Vai tirar o pai da forca?

Pensa que eu sou bobo?

Com quem você pensa que está falando?

Quem está falando?/Quem fala?

Quer casar comigo?

Podes crer!

Não tem erro!

Você não pode perder [um evento],

Não diga!

Melhor pra você!

Você é meu convidado.

É pra mim que você vai contar?

É pra mim que você vem falar/dizer isso?

De nada.

Você disse tudoí/Faiou e disse!

Vê lá quem fala!

Azar seu!

Dá-!he!/É isso aí!

94

Algumas fórmulas si

Português

Acalme-se!/Sossegue!

A conta, por favor.

Adivinhe!

Aguarde na linha por favor).

Alguém íigou?

Algum recado?

A linha está ocupada.

Alô!

Ande logo!

Ânimo!

Antes tarde do que nunca.

A palavra é sua.

A que se deve (isso)?

Aqui está!

A reunião está encerrada.

As damas primeiro.

Assim espero!

Até amanhã.

Até logo.

Até logo.

Até mais.

Atenção, por favor!

Azar seu!

Bela/bonita jogada!

Bem-feito!

Bico calado!

Bis!

Boa noite.

Boa noite.

Boa sorte!

Boa tarde.

ais português-inglês

Inglês

Caim down!

The check, please!

Guess whatl

Hold on, please!

Anybody call?

Any message?

The Une is busy.

Hélio!

Hurry up!

Cheer up!

Better late than never.

The floor is yours.

Whafs the occasion?

Here you are!

Meetingis adjourned.

Ladies first.

I hope so!

See you tomorrow.

Good-bye.

Have a nice day!

Catch you later.

May I have your attention, please?

Your tough luck!

Nice shot!

Serves you ríght!

Mum's the word!

Encore!

Good evening. [na chegada] .

Good night. [na despedida]

Good luck!

Good afternoon

Page 48: Expressões idiomáticas e convencionais!

Soa viagem.

Bom dia.

Bom divertimento!

Bons sonhos.

Caie a boca!

Calma!

Calma aí!

Cara ou coroa?

Coma exceçáo dos presentes.

Com liceYiça.

Como eu ia dizendo...

Como? Poderia repetir (por favor)?

Como tem estado?

Como vai?

Como você ousa?

Como você quiser.

Com quem você pensa que está falando?

Conte comigo.

Cuidado!

Cuidado com o degrau.

Cuide da sua vida.

Dã-lhe!/É isso aí!

De jeito nenhum/algum!

De nada.

Desapareça!

Desculpe.

Desculpe, engano.

Desgraça pouca é bobagem

Deus me livrei

Divirta-se.

Divirta-se.

Droga!

Durma bem.

E agora?

Have a safe trip.

Goodmorning.

Have fun!

Sweet dreams.

Shutup!

Easy does it!

Holdyour fiorses!

Headsortails?

Present company excepted.

Excuse me.

As I was saying...

I beg your pardon ?/Sorry?

How have you been?

Howareyou?

Howdareyou?

Asyousay.

Who do you thinkyou're talkíngto?

Countmein.

Watch out!

Watch your step.

Mindyourown busíness.

Youtefl(th)'em!

No way!

You're welcome.

Scram!

Excuse me./Sorry.

Sorry, wrongnumber.

It never rains but it pours.

Heaven forbid!

Enjoy yourself./Have fun!

Have a good time!

Darnit!

Sieep tight

Now what?

96

E como!

Edaí?

Em que posso servi-lo?

Em que posso servi-lo/ajudá-lo?

É muita gentileza sua.

Enfim, sós!

Entendo!

E o Oscar vai para...

E o vencedora...

E ponto final!

É por minha conta!

É pra mim que você vai contar?

É pra mim que você vai falar/dizer isso?

E só isso!

Espera aí!

Espera aí!

Espere (só) pra ver.

Espero não estar incomodando.

Esqueça!/Deixa pra íá!

Está falando.

Estimo as melhoras.

Estou com saudades de você!

Estou falando sério!

Estou lhe dizendo...

Eu adoraria.

Eu atendo (a porta, o telefone).

Faça como quiser.

Falando do diabo (aparece o rabo).

Feliz aniversário!

Feliz Ano Novo!

Feliz Natal!

Fica a seu critério./lsso é com você.

Fique à vontade.

Fique com o troco.

And how!

So what?

Canlhelpyou?

What can I do for you?

Thafs very nice ofyou.

Alone at last!

I see!

And the Oscar goes to...

And the winner is...

And thafs thati

lt's on me!

You're teiling me?

You're telling me?

Thafs ali!

Come on, now!

Wait a minute!

Waitandsee.

I hope l'm not disturbing.

Forget it!

Speaking.

Get well soon.

Imissyou!

I mean it!

I'm tellingyou...

1'dioveto.

1'ilgetit

Have ityour(own) way!

Speak ofthe devi! (and he appears).

Happy birthday!

Happy New Year!

Merry Christmas!

Ifsupíoyou!

Make yourself at nome.

Keep the change.

q7

Page 49: Expressões idiomáticas e convencionais!

Foi bom falar com você.

Grande coisa!

Igualmente.

lmagina!/0 prazer é todo meu!

Isola!

já estou indo!

Já sabe da última?

Já tenho compromisso.

Já vartãrde!

Juro por Deus!

Mãos ao alto!

Melhor pra você!

Merda! [antes de uma apresentação]

Meta-se com a sua vida!

Meus pêsames.

Muito bem!/Bravo!

Muito obrigado.

Muito prazer.

Nada feito!

Não brinca!

Não conte comigo.

Não demoro nada.

Não desista!

Não diga!

Não é o que você está pensando!

Não há de quê.

Não quis magoá-lo.

Não se atreva!

Não seja infantil/criança!

Não te disse?

Não tem erro!

Não tenha pressa.

Não tire conclusões apressadas!

Nem iigol/Pouco me importa!

Nice talking to you.

Bigdeal!

Same to you./Same here.

My pleasure

Hnock on wood!

Corning!

Have you heard (the iatest)?

I've got other plans.

Good riddance!

Cross my heart!

Hands up!

You're better offthat way!

Break a leg!

Mindyour own business.

My sympatby

Attaboy!

Thanks a lot

Howdoyoudo?

Nothing doing!

No kidding!

Countmeout

I won't be a second.

Neversaydie.

Youdon'tsay!

It's not whatyou think!

Don't mention it/My pleasure

ldidn'tmean to hurtyou.

Don'tyou darei

Actyourage!

Didn'tltelíyou?

You carít miss it!

Take your time

Don'tjump to conclusions!

I couldn't care less!

Obrigado.

Ó de casa!

0 gato comeu sua língua?

0 jantar está servido. /O jantar está na mesa.

Olha o roto faiando do esfarrapado!

Olha quem está falando!

Olhe quem está aqui!

0 que há de novo?

0 que mais há para se dizer?

O que você está fazendo aqui?

O que você pensa que eu sou?

0 que você quer dizer (com isso)?

Ouça essa!

Parabéns! [por algo conseguido]

Parabéns [aniversário de casamento]

Para encurtar a história...

Pare com isso!

Pelo amor de Deus!

Podes crer!

Por aqui, por favor.

Por quê?/Como assim?

Posso entrar?

Pra quê?

Prazer em conhecê-la.

Prazer em conhecê-lo!

Prazer em vê-lo.

Primeiro de abril!

Quais as novidades?

Qual é a próxima?

Qual é o problema?

Qual o número (por favor)?

Quantas vezes já lhe disse?

Quanto é?/Quanto custa?

Que é isso! [resposta a um agradecimento]

Thanks.iThank you.

Anybody home?

Catgot your tongue?

Dinner is served.

It takes one to know one.

Look who's talking!

Look who's here!

Whafs new?

What more is there to say?

What are you doing here?

What do you take me for?

What do you mean?

Listen to this!

Congratuíations!

Happy anniversary!

To make a long story short...

CutitoutUStopthat!

For Heaven's sake!

You bet!

This way, please.

How come?

May l come in?

What for?

Glad to meetyou.

Nice meetingyou!

Good to see you.

April fool!

Whafs íhe news?

Whatnext?

What seems to be the troubie/problem?

Number, please. [telephone operator]

How many times have I toldyou?

How much is it?

My pleasure!

Page 50: Expressões idiomáticas e convencionais!

Que história!

Que isso íhe sirva de lição!

Quem disse?

Quem está falando?

Que pena!

Que pena!

Quer apostar?

Quer casar comigo?

Quer deixar recado? k-

Que vença o melhor!

Que vergonha!

Saúde! [ao brindar]

Saúde! [ao espirrar] Sei!

Sem comentário!

Sinto muito.

Sirva-se.

Socorro!

Só Deus sabe!

Sorte sua!/Que bom!

Sou lhe imensamente grato.

Suma daqui!

Tchau.

Te amo,

Tempo esgotado.

Tenha a bondade (de passar).

Tire as mãos daí!

Torça por mim).

Tudo de bom.

Tudo pronto?

Uma salva de palmas para...

Um brinde a...

Um é pouco, dois é bom, três é demais.

Um instante/minutinho.

What a storyl

Letthatbe a lesson to you!

Says who?

Who's speaking (please)?

What a pityl

What a shame!

Wanna bet?

Wffl you marry me?

Do you want to leave a message?

May the best man win!

Shame on you!

Cheers!

Blessyou!

I see!

No comment!

rmsorrytohearthat.

Help yourself.

Help!

Heaven hnows!

Goodforyou!

Ill be forever in your debt

Getlost!

Seeyoulater.

Hoveyou.

Time's up.

Afteryou.

Hands off!

Keep your fingers crossed.

Ali the best.

Allset?

Lefs have a big hand for...

Here'sto...

Two is company, three is a crowd.

Just a sec(ond).

100

Um momentinho.

Vá com calma!

Vá contar pra outro!

Vá em frente!

Vai tirar o pai da forca?

Vá por mim!

Vê lá quem fala!

Verdade?

Vira, vira, vira... [ao beber]

Você acha que eu não sei?

Você disse tudo!

Você é meu convidado.

Você é quem sabe.

Você está bem?

Você está louco?

Você está ouvindo?

Volto já.

Vou chamar...

Vou ver se ele está.

Just a minute.

Take it easyí

Gotellit to the Marines!

Goforit!

Where's the fire?

Take it from me!

You should talk!

No kidding!

Bottoms up!

Don't I know it?

Yousaidit!

You're my guest.

Ifsuptoyou.

Are you OK/all right?

Are you crazy?/Are you out ofyour mind?

Are you listening?

I'll be right back.

I'll get (you)...

/'// see if he's in.

mi

Page 51: Expressões idiomáticas e convencionais!

Vocabulário crítico

ARBITRÁRIO: diz-se daquilo que não tem motivo de ser.

BINÓMIO: estrutura formada por dois elementos da mesma categoria gramatical, ligados por conjunção ou preposição. Pode também vír precedido de preposição — bread and butterlpao e manteiga, from head to toe/da cabeça aos pés.

COLETIVO: substantivo que indica urna coleção - shoal offish/cardu-melde peixes.

COLIGAÇÃO DE REGÊNCIA: estrutura composta por um vocábulo (subs­tantivo, adjetivo, verbo ou advérbio) e a preposição por ele regida — expert in/especialista em, goodatfbom em-, look at/olhar para., because oflpor causa de.

COLIGAÇÃO PREPOSITIVA: tem a estrutura Prep + S + (Prep)11. - at random/ao acaso, in accordance with/de acordo com.

COLIGAÇÃO: combinação consagrada de elementos linguísticos em que o colocado é uma palavra gramatical, por exemplo, em inglês, look at, mad about, em português, obedecer a, cumpridor de

COLOCAÇÃO ADJETIVA: tem a estrutura Adj + S, em inglês - brown sugar e S + Adj, em geral, em português — açúcar mascavo.

COLOCAÇÃO NOMINAL: tem a estrutura S + S em inglês — computer science — e, em geral, S + Prep + S em português — ciência da com­putação.

COLOCAÇÃO RESTRITA: uma colocação com altíssimo grau de co-ocor-

rência, isto é, um dos elementos praticamente sempre ocorre com

o outro — blithering idiothelha coroca.

COLOCAÇÃO VERBAL: tem a estrutura V + (Part) + (Prep) + N - pay attention/prestar atenção, come into force/entrar em vigor, pick up a

babit/pegar uma mania.

COLOCAÇÃO: combinação lexical consagrada de duas ou mais palavras de conteúdo, por exemplo, repolho roxo, mundos efundos, aviar uma receita.

1! Os parênteses Indicam elementos não obrigatórios.

102

COMBINABILIDADE: a faculdade que os elementos têm de se combi­nar.

COMPOSICIONAL: diz-se do significado de uma expressão quando esse resulta da somatória do significado individual de seus constituin­tes — bread and butter/pão e manteiga. O mesmo que transparente.

CONVENÇÃO: tudo aquilo que é aceito de comum acordo. CONVENCIONALIDADE: O aspecto que caracteriza a forma peculiar de

expressão numa dada língua. ESTRUTURA ESPECIFICADORA DE UNIDADE: estrutura empregada para in­

dicar uma unidade de substantivo incontável em inglês — a slice of

bread, a bar of chocolate.

EXPRESSÃO CONVENCIONAL: expressão que não é uma colocação ou bi­

nómio e cujo significado é composicional.

EXPRESSÃO IDIOMÁTICA: uma expressão cujo sentido global não resul­ta da somatória do sentido de seus elementos constituintes.

FALANTE INGÉNUO: aquele que só é capaz de fazer uma leitura com­posicional das unidades linguísticas. Aquele que entende tudo li­teralmente.

FÓRMULA DE ROTINA: fórmula situacional obrigatória — Thank you.í

Obrigado.

FÓRMULA SITUACIONAL: expressão fixa empregada em determinada si­tuação de interação social. Pode ser opcional ou obrigatória. Ver fórmula de rotina.

FRASE FEITA: fórmula fixa, porém não obrigatória, empregada em de­terminada situação —Areyou crazy?/Você está louco?

IDIOM: termo inglês que designa, usualmente, uma expressão idiomá­

tica, mas que, para alguns autores, pode também referir-se à for­ma convencional de uma expressão.

IDIOMATICIDADE: aspecto não-composicional das unidades linguísticas. IDIOMÁTICO: aquilo cujo sentido não é transparente, isto é, que não

pode ser compreendido somando-se os sentidos individuais dos ele­mentos que o compõem.

MARCADOR CONVERSACIONAL: fórmula empregada para estruturar a conversação — As I wassaying... /Como eu ia dizendo...

1(13

Page 52: Expressões idiomáticas e convencionais!

MOTIVADO: diz-se daquilo que tem motivo de ser. Um vocábulo mo­tivado é aquele em que a relação entre sua forma e seu significado é transparente, como ocorre nas palavras onomatopaicas.

NÃO-COMPOSICIONAL: o mesmo que idiomático.

NATURAL: aquilo que é próprio do modo de dizer da língua; o mesmo que vernáculo.

OPACO: diz-se daquilo que não é transparente. Uma locução de signi­ficado opaco é aquela cujo sentido não pode ser entendido com-posicionalmente - kick the bucketlbater as botas. O mesmo que idio­mático.

TRANSPARENTE: diz-se daquilo que é perfeitamente claro de ser enten­dido. Uma expressão de significado transparente é aquela cujo sentido pode ser entendido composicionalmente.

VERNÁCULO: aquilo que é próprio do modo de dizer da língua; o mes­mo que natural.

104

Bibliografia comentada

BENSON, MORTON; BENSON, EVELYN & ILSON,. ROBERT. 1986. The

BBI Combinatory Dictionary — A Guide to Word Combinations.

Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins. . 1993. The BBI Dictionary of Word Combinations.

Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins. Primeiro dicionário de colocações e coligações, porém não ba­seado em corpus. A primeira edição saiu em 1986, a segunda, com o nome um pouco alterado, em 1993. As entradas são or­ganizadas pelos substantivos, adjetivos e verbos. Para os substan­tivos são listados os adjetivos com que co-ocorrem; para os ver­bos, os advérbios com que ocorrem, para todos as estruturas (coligações) em que ocorrem. Também fornece algumas expres­sões idiomáticas ou convencionais em que o verbete ocorre.

BERBER SARDINHA, TONY. 2004. Linguística de Corpus. São Paulo: Manole.

Este é o primeiro livro brasileiro sobre a LC Seu autor, profes­sor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, foi prati­camente o introdutor da LC no Brasil. A obra cobre um am­plo espectro da LC, desde seu histórico e conceitos básicos, construção e exploração de corpora, aplicação da L.C. ao ensi­no de línguas e à tradução até pesquisas mais complexas como as que envolvem a Análise Multidimensional. E escrito em lin­guagem bastante clara, com explicações detalhadas e farta exem­plificação.

BREZOLIN, ADAURI; ALLEGRO, ALZIRA LEITE VIEIRA & CAMPOS,

ROSALIND MOBAID. 2002. 2a ed. Pequeno Dicionário de Expres­

sões Idiomáticas e Coloquialismos: Português-Inglês. São Paulo: Fi­úza Editores.

Os autores, professores de Tradução da Unibero, listam ao re­dor de 1000 expressões de uso corrente com seus equivalentes pragmáticos na díreção português-inglês para responder a per-

Page 53: Expressões idiomáticas e convencionais!

guntas do tipo "Como se diz isso em inglês?". Apresentam, porém, um índice remissivo em inglês de modo a responder também a "Como se traduz isso para o português?". As expres­sões cobrem todo tipo de combinações consagradas, das coloca­ções às formulas situacionais.

BRUTON, J. G. 1971. Exercises on English Prepositions and Adverbs. London: Nelson.

Divide-se em três partes: a primeira apresenta exercícios sobre preposições e advérbios simples; a segunda, sobre expressões que o autor chama de idiomáticas e que começam com preposição at liberty, at a loss, atpeace); e a terceira, sobre expressões que terminam com preposição ou advérbio. Essa última é dividida em três seções: 1. exercícios que enfocam a preposição ou advér­bio em combinação com substantivos, adjetivos, verbos ou outras categorias; 2. exercícios de revisão geral; 3. lista de subs­tantivos, verbos e adjetivos que ocorrem nas expressões apresen­tadas.

CASCUDO, LUÍS DA CÂMARA. 2004. Locuções Tradicionais no Brasil. São Paulo: Globo.

Livro que reúne mais de 500 locuções com explicações quanto a suas origens e usos. As expressões não têm uma ordem lógica de apresentação: um sumário, no início do livro, lista-as por ordem de ocorrência, enquanto um índice remissivo lista-as em ordem alfabética.

CAMARGO, SIDNEY & STEINBERG, MARTHA. 1989. Dicionário de Ex­

pressões Idiomáticas Metafóricas Português-Inglês. São Paulo: E.P.U.

. 1990. Dictionary ofMethaphoric Idioms EngUsh-Portuguese.

São Paulo: E.PU. Obras complementares, cada uma numa direção do par inglês-português, que elencam, dentre as expressões idiomáticas, as que são metafóricas, ou seja, aquelas baseadas numa imagem. Fornecem exemplo na língua de partida, o equivalente, meta­fórico ou parafraseado, na língua de chegada, também seguido de exemplo.

106

CAMBRIDGEINTERNATIONAL DICTIONARYOFENGLISH. 1995. Cambridge: Cambridge University Press.

Dicionário compilado especialmente para o aprendiz da língua inglesa, baseado num corpus de 100 milhões de palavras em inglês britânico e americano. Também tomou por base um cor­pus de redações de aprendizes para identificar suas dificuldades como, por exemplo, os "falsos amigos". Inclui colocações em seus verbetes e tem um tratamento especial para as expressões idiomáticas: um aphrase index", que lista as expressões por todas as suas palavras, remetendo o consulente à página, coluna e li­nha onde a expressão é detalhada.

COLLINS COBUILD ENGLISH DICTIONARY FOR ADVANCED LEARNERS. 2003. 4a1 edition. London: Harper Collins Publishers.

Além das características usuais dos dicionários para aprendizes, esta edição apresenta "milhares de estruturas gramaticais fixas". Inclui também um suplemento intitulado Access to English, com centenas de frases úteis para serem usadas em trabalhos acadé­micos, apresentações, relatórios e pedidos de emprego. Como se nota, dá grande ênfase às estruturas convencionais da língua. Todos os exemplos são baseados no Bank of English, um corpus em constante atualização que conta hoje com cerca de 500 mi­lhões de palavras. O C D que acompanha o dicionário traz um corpus de 5 milhões de palavras que o usuário pode consultar.

COSTA, LUZIA CAMINHA MACHADO DA. 2002. Vocabulário Português-

Inglês, Inglês-Português: Gíria, Expressões, Provérbios. S/l: s/e. Material coletado ao longo de 50 anos de atividade como tradu­tora. As expressões, sempre idiomáticas, são apresentadas por uma palavra-chave, com várias possibilidades de tradução, mas não há exemplos.

COULMAS, FLORIAN. 1979. "On the Sociolinguistic Relevance of

Routine Formulae". Journal ofPragmatics.

Artigo seminal para o estudo das fórmulas de rotina. COWIE, A. P & MACKIN, R. 1975. Oxford Dictionary of Current

Idiomatic English; Verbs with Prepositions and Particles. London:

Page 54: Expressões idiomáticas e convencionais!

Oxford University Press. v. 1. Incluí verbos preposicionados e phrasal verbs em suas formas simples laugh at, laugh away) ou em combinação com substan­tivos laugh in si?sface, laugh onês headoff), com indicação das estruturas de ocorrência e rica exemplificação. No corpo do di­cionário os verbetes aparecem em ordem alfabética pelo verbo (go into abeyance), rnas ao final da obra há uma listagem pela palavra-chave da expressão com indicação do verbete em que

^ocorre: abeyance —go into .

COWIE, A. E; MACKIN, R. & MCCAIG, I. R. 1983. Oxford Dictionary ofCurrent Idiomatic English: Phrase, Clame and Sentence Idioms. Oxford: Oxford University Press. v. 2.

Inclui todo tipo de estruturas convencionais e/ou idiomáticas não abrangidas pela obra de 1975, inclusive frases feitas e fór­mulas situacionais, com ampla exemplificação. Apresenta, tam­bém, ao final, uma listagem alfabética das palavras-chave segui­das das expressões em que ocorrem (power — the corridors of

;plunge — take the ). Isso facilita a consulta caso o consulente não se recorde da expressão toda.

FEARE, RONALD E. 1980. Practice with Idioms. New York: Oxford University Press.

Exercícios indutivos sobre diversas unidades linguísticas idio­máticas do inglês americano.

FERNANDES, FRANCISCO. 1958a. Dicionário de Regimes de Substanti­vos e Adjetivos. Porto Alegre: Globo.

Como o nome já indica, trata-se de dicionário de regência no­minal. Inclui exemplos, a maioria literários.

. 1958b. Dicionário de Verbos e Regimes. Porto Alegre: Globo.

Dicionário de regência verbal, com exemplos, a maioria literá­rios.

FERREIRA, AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA. 1999. Novo Aurélio Sécu­

lo XXI— o Dicionário da Língua Portuguesa. 3a ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

108

. 2004. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 3 a ed. Rio de Janeiro: Positivo, (acompanha CD-ROM)

Ambos dicionários básicos para a língua portuguesa. FILLMORE, CHARLES J. 1979. "Innocence: a Second Idealization for

Linguistics". Berkeley Linguistic Society, 5: 63-76. Artigo que define o "falante ingénuo" como aquele que desco­nhece a convencionalidade de uma língua. O autor postula que quanto maior o domínio da convencionalidade, maior a fluên­cia do falante, daí a importância desse aspecto no aprendizado de línguas.

FRANCO, CÍD. s/d. Dicionário de Expressões Populares Brasileiras. São

Paulo: Editoras Unidas. Obra em três volumes, arrolando todo tipo de expressão popu­lar, inclusive vocábulos de sentido figurado: abacaxi "coisa di­fícil, embaraçosa, intrincada, complicada, contraproducente".

GRANGER, S. (ed.) 1998. Learner English on Computer. London: Longman.

Livro que reúne diversos artigos dedicados à construção e aná­lise de corpora de aprendizes, ao relato de alguns estudos de caso e ao uso de corpora para aprimorar materiais pedagógi­cos, como dicionários, softwares para o ensino de línguas e livros-texto.

HEATON, J. B. 1969- Prepositions and Adverbial Particles. London: Longman.

Apresenta as preposições simples, as locuções prepositivas (ín

contrastwith, byaccident), as diversas categorias gramaticais se­guidas de preposição (verbo: abandon to; substantivo: abuse of;

adjetivo: adjacentto etc.) e os phrasal verbs.,

HÍLL, JIMMIE & LEWIS, MICHAEL. (eds.) 1997. LTP Dictionary of

Selected Collocations. Hove: Language Teaching Publications. Dicionário que é uma combinação e atualização de dois dicio­nários publicados independentemente na Polónia, o Selected

English Collocations, de 1982, e o English AdverbialCollocations;

de 1991, ambos de autoria de Christian Douglas Kozlowska e

Page 55: Expressões idiomáticas e convencionais!

Halina Dzierzanowska. É constituído de três partes: a primei­ra, TheNoun Section, elenca substantivos e os adjetivos, verbos e preposições com os quais co-ocorrem; a segunda, TheAdverb

Section, lista adjetivos e verbos, informando os advérbios com que se combinam; a terceira resurne-se a uma lista de duas pá­ginas daquilo que os autores denominam sentence adverfo, ou seja, advérbios ou locuções adverbiais que ocorrem no início de um período, como By contrasta In short, Lastly, etc.

KELLER, ERIC. 1979. "Gambits. Conversational Strategy Signals". In: CoULMAS, R (ed.) Conversational Routine. The Hague, Mouton.

A partir de uma análise psicolingiiística o autor identifica estra­tégias verbais usadas na estruturação do discurso.

KENNEDY, GRAEME D . 1998. An Introduction to Corpus Linguistics.

London: Longman.

O livro é especialmente dirigido a professores de inglês como língua estrangeira. Apresenta uma visão histórica do surgimento de corpora e de pesquisas baseadas neles. Traz também informa­ções sobre diversas ferramentas computacionais disponíveis na área, bem como uma apreciação crítica de algumas pesquisas baseadas em corpora.

LAKOFF, GEORGE & JOHNSON, MARK. 1979. Metaphors We Live By.

Chicago: The University of Chicago Press. . 2002. Metáforas da Vida Cotidiana. Campinas/São Paulo:

Mercado de Letras/Educ. [Trad.: Grupo de Estudos da Indeter­minação e da Metáfora (GEIM) sob coordenação de Mara Sophia Zanotto e pela tradutora Vera Maluf]

Estudo das metáforas que regem a vida e que transparecem na língua. Por exemplo, a metáfora Discussão éguerra reflete-se em: "Seus argumentos são indefensáveis", "A crítica dele acertou no

alvo"; "Destruío argumento dele". LUFT, CELSO. 1999a. Dicionário Prático de Regência Nominal. São

Paulo: Ática.

. 1999b. Dicionário Prático de Regência Verbal São Paulo: Ática.

110

MACMILLAN ENGLISH DICTIONARY FOR ADVANCED LEARNERS. 2002. Oxford: Macmillan Education.

Dicionário baseado em corpus a partir do qual foram seleciona-das 7.500 palavras consideradas básicas para o aprendiz da lín­gua inglesa. Essas vêm identificadas em vermelho e trazem es­trelas de acordo com sua frequência. Também inclui colocações, expressões e exemplos.

MAGALHÃES JR., R. 1974. Dicionário de Provérbios, Locuções e Ditos

Curiosos. Rio de Janeiro: Ed. Documentário. Obra especialmente interessante pelas explicações etimológicas e culturais para cada verbete, bem como pelas referências a ex­pressões similares em outras línguas. Edição esgotada, sem pre­visão de reimpressão.

MAKKAI, ADAM. 1972. Idiom Structure in English. The Hague, Mouton.

Análise das estruturas convencionais da língua inglesa a partir da gramática estrarificacional.

MALKIEL, Y. 1959. "Studies in Irreversible Binomiais". Língua, 6:113-60.

Estudo exaustivo de todos os aspectos dos binómios, apresen­tando aproximadamente 500 exemplos em diversas línguas.

MARCUSCHI, LUIZ ANTÓNIO. 2001. 5a ed. Análise da Conversação. São Paulo: Ática.

Obra que descreve o que fazemos quando conversamos, como tomamos a palavra numa conversa e qual a importância dos fatores linguísticos e não linguísticos na interaçao verbal. No capítulo 7 apresenta os marcadores conversacionais; divide-os em sinais do falante e sinais do ouvinte, descrevendo-os confor­me suas funções sintáticas e conversacionais.

MCENERY, TONY & WILSON, ANDREW. 2001. 2nd ed. Corpus Linguis­

tics. Edinburgh: Edinburgh University Press.

Este foi o primeiro livro sobre a LC, publicado em 1996. Seus autores são da Universidade de Lancaster, na Inglaterra, um dos maiores centros de pesquisa nessa área. O livro apresenta uma

Page 56: Expressões idiomáticas e convencionais!

visão histórica da LC, seguida de capítulos sobre corpora, seus tipos e peculiaridades, a relevância dos dados quantitativos ob­tidos a partir de corpora, os diversos usos de corpora nos estu­dos linguísticos e assim como a interface de corpora e linguís­tica computacional. O penúltimo capítulo exemplifica o desen­volvimento de uma pesquisa baseada em corpora e o último discute possibilidades futuras de aplicação da LC. Os autores construíram um site que complementa os quatro primeiros

v capítulos do livro: (http://bowlandfiles.lancs.ac.uk/monkey/ ihe/linguistics/contents.htm).

MORAES, HELMARA FEBELIANA REAL DE. 2005- O tradutor pode estar

redondamente enganado: um estudo contrastivo de colocações adver­

biais (inglês-português) sob o enfoque da Linguística de Corpus. Dis­sertação de mestrado. FFLCH/USP.

A autora faz um estudo bastante detalhado de 48 colocações adverbiais (22 em inglês e 26 em português), selecionadas den­tre quase 400 colocações coletadas manual e eletrônicamente. São analisados os aspectos morfológicos, semânticos, pragmá­ticos e, em especial, tradutórios.

MORGAN, JOSEPH R. s/d. Expressões Idiomáticas — Englisk-Portuguese.

Catanduva: Gráfica Santa Cecília. Glossário com mais de 3.100 expressões, incluindo número bastante considerável dos diversos tipos de fórmulas situacio­n a i s : ^ bargain is a bargain/Trato ê trato; Actyour age/Não seja

infantil; Aliset?/Tudo pronto?

NATTINGERJ . , & D E C A R R I C O , J . 1992. LexicalPhrases andLanguage

Teaching. New York: Oxford University Press. Um dos livros mais abrangentes para o estudo da convenciona-lidade, com ênfase especial para o ensino de línguas estrangeiras.

OLIVEIRA, CÂNDIDO DE. s/d. Revisão Gramatical. \T ed. São Paulo: Biblos. 129-46.

Apresenta os coletivos em três listas distintas: a primeira dá o coletívo seguido da coleçao que indica: banda (de músicos); a segunda relaciona os coletivos de quantidades certas: triénio (três

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anos) e a terceira, a mais relevante para nossos objetivos, dá o nome da coisa desejada para se chegar ao coletivo: coqueiros 179

(o número remete ao item das listas anteriores que menciona o coletivo, no caso coqueiral).

OXFORD ADVANCED LFARNER'S DICTIONARY. 2002. Oxford: Oxford University Press.

Dicionário de apresentação bastante didática, cobrindo as vari­antes britânica e americana do inglês, inclusive nas modalida­des escrita e falada. É baseado no B N C e inclui expressões, phrasalverbs, sinónimos e antónimos, com exemplos autênticos.

OXFORD COLLOCATIONS DICTIONARY. 2002. Oxford: Oxford University Press.

Primeiro dicionário de colocações inteiramente baseado em corpus. Apresenta 150.000 colocações de substantivos, verbos e adjetivos, com mais de 50.000 exemplos delas em contexto. Inclui páginas que listam colocações relacionadas a tópicos es­pecíficos, como negócios, roupas, frutas, doenças, e tc , assim corno páginas de estudo com exercícios focalizando o uso dos verbetes e das colocações de diversas áreas, como, por exemplo, desastres naturais, justiça criminal, educação e outros.

PAWLEY, A., & SYDER, F.H. 1983. Two puzzles for linguistic theory: Nativelike selection and nativelike fluency. In: Richards, J.C. & Schmidt, R.W. (eds.). Language and Communication (pp. 191-226). New York: Longman.

Provavelmente um dos primeiros artigos a salientar a importân­cia do conhecimento da convencionalidade para adquirir fluên­cia numa língua estrangeira. Sua ênfase e exemplificação estão nas fórmulas situacionais.

PUGLIESI, MÁRCIO. 1981. Dicionário de Expressões Idiomáticas. São

Paulo: Parma. Nas suas 310 páginas relaciona, as "principais construções voca­bulares encontradíças em nosso país", mesmo que nem sempre idiomáticas, de acordo com nossa definição. Os verbetes são se­guidos de explicação sucinta, porém clara, dispensando exemplos.

Page 57: Expressões idiomáticas e convencionais!

SABINO, FERNANDO. 1984. Lugares Comuns. 3 a ed. Rio de Janeiro: Record.

Na primeira parte, define o lugar-comum e seu papel na comu­nicação. A segunda é uma tradução do Dicionário de Ideias Feitas

de Gustave Fíaubert. Na última, apresenta o "Esboço de um Dicionário Brasileiro de Lugares-comuns e de Ideias Conven­cionais". Trata-se mais de uma obra de"leitura do que de consul­ta, pois o lugar-comum não salta de imediato aos olhos: "Gaba­

rito — Sempre do mais alto". Entenda-se "alto gabarito". "Galo

— Ouvi-lo cantar e não saber onde". Entenda-se "Ouvir o galo cantar e não saber onde". Não há explicação sobre o significa­do dos lugares-comuns.

SCHAMBIL, MARIA HELENA & SCHAMBIL, PETER. 2002. Dicionário de

Expressões Idiomáticas da Língua Inglesa. Rio de Janeiro: Difel. Dicionário que apresenta as expressões sob uma palavra-chave. Assim, em kiss lista kiss and make up, kiss and tell, the kiss ofdeath

e the kiss oflife. Fornece equivalentes, traduções ou explicações, conforme o caso, exemplos, assim como também informações quanto à origem de algumas expressões. Um índice associativo lista as expressões por grupos, por exemplo, animais, cores, co­midas e bebidas, partes do corpo humano etc.

SEIDL, JENNIFER. 1982. Idioms in Practice. Oxford: Oxford University Press.

Livro de exercícios baseado na obra da autora em co-autoria com W. McMordie (1982). Observe-se apenas que a autora empre­ga idioms no sentido de convencional (não de idiomático^ ou seja, os exercícios abrangem os mais diversos tipos de estruturas con­vencionais, quer de sentido transparente ou não).

SEIDL, JENNIFER & M C M O R D I E , W. 1982. English Idioms and How to

Use Them. London: Oxford University Press. E a única obra que trata das colocações verbais. No capítulo 5 dedica-lhes duas seções: na seção A, "Verb + noun collocations", parte dos verbos e relaciona os substantivos que com eles podem se combinar; na seção B, a nosso ver uma apresentação mais

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lógica para um aprendiz, elenca os substantivos (que, na reali­dade, são os que ocorrem ao aprendiz) e os verbos com os quais podem ocorrer.

SERPA, OSWALDO. 1982. Dicionário de Expressões Idiomáticas; Inglês-

PortuguêsIPortuguês-Inglês. Rio de Janeiro: Fename. Obra que procura relacionar, sempre que possível, os equivalen­tes nas duas línguas dos vários tipos de expressões convencio­nais, abrangendo desde coligações refer to a dictionarylconsul­

tar um dicionário) e binómios bit by bit/pouco apouco) até al­guns provérbios Deus ajuda a quem cedo madruga/The early bird

catches the worm) e fórmulas situacionais The devil tuithyoull

Vápro diabo!).

STEINBERG, MARTHA. 2004. Idioms [séncEasy Way]. São Paulo: Disal. Obra que relaciona 634 expressões idiomáticas, na direção in-glês-português, com exemplos nas duas línguas. Não é baseada em corpus.

. 1985. 1001 Provérbios em Contraste. São Paulo: Ática. Apresenta um levantamento de 1.001 provérbios da língua in­glesa com equivalentes em português, quando os há, ou então sugestões de traduções que captem o mesmo significado do ori­ginal.

TOGNINI-BONELLI, ELENA. 2001. Corpus Linguistics atWork. Amster-dam: John Benjamins.

Trata-se de um livro bastante didático, adequado para inician­tes na Linguística de Corpus, com ampla exemplificação de pesquisas, principalmente nas áreas de ensino de línguas e lin­guística contrastiva. Propõe uma distinção entre uma aborda­gem "baseada era corpus" e uma "direcionada pelo corpus", dis­cutindo as posições teóricas envolvidas em cada uma. Propõe também uma "unidade estendida de significado" determinada a partir de uma abordagem direcionada pelo corpus, que pode revelar padrões linguísticos totalmente novos.

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Page 58: Expressões idiomáticas e convencionais!

Corpora online para o português

LÁCIO-WEB: www.nilc.icmc.usp/br/lacioweb Portal que inclui o Lácio-Ref, um corpus de referência com de 10 milhões de palavras. Produz linhas de concordância e lista de palavras por ordem de frequência. Permite que o usuário construa seu próprio subcorpus a partir do material disponí­vel. Disponibiliza também uru corpus paralelo português-in-glês (Par-C) cora textos bilíngues da Revista Pesquisa da FA-

* PESP, um corpus etiquetado (Mac-Morpho), assim como eti-quetadores para o pesquisador etiquetar seu próprio corpus.

COMPARA: www.linguateca.pt/COMPARA

Corpus bidirecional inglês-português, composto de textos lite­rários em três variantes do inglês (americano, britânico e sul-africano) e quatro do português (brasileiro, europeu, angolano e moçambicano). Permite selecionar as variantes desejadas, a direção de busca, as obras e outras variáveis. Tem uma sintaxe de busca bastante elaborada e produz concordâncias bilíngues.

Corpora online para o inglês

BNC: www.sara.natcorp.ac.ul/lookup.html

Corpus que disponibiliza uma parte de seus 100 milhões de palavras online. Produz apenas 50 linhas de concordância, mas informa o total de ocorrências da expressão sendo investigada.

COBUILD: www.collins.co.uk/Corpus/CorpusSearch.aspx Corpus (Bank of English) que já conta com cerca de 500 mi­lhões de palavras. Na versão online disponibiliza 46 milhões de palavras. Produz 40 linhas de concordância e listas de co­locados. E um corpus etiquetado de modo que permite pes­quisa por categoria gramatical.

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Emulador de concordanciador

WEBCORP: www.webcorp.org.uk Usa toda a Web como corpus de modo que as buscas podem ser feitas em qualquer língua. Oferece pesquisa simples e avança­da, com diversas opções para a produção dos resultados. As li­nhas de concordância levam ao texto original completo. Tam­bém produz tabela de colocados.

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