Expressões Médicas-falhas e Acertos

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 1 Expressões médicas: falhas e acertos Medical expression: failures and hits  Simônides Bacelar, 1  Carmem Cecília Galvão, 2  Elaine Alves 3 Paulo Tubino 4  Trabalho realizado na UNB  Faculdade de Medicina  Hospital Universitário da Universidade de Brasília  Centro de Pediatria Cirúrgica.  1. Médico Assistente, Professor Voluntário, Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital Universitário da Universidade de Brasília.  2. Bacharel em Língu a Portuguesa e Mestre em Linguística pela Uni versidade de Brasília. 3. Professora Adjunta de Cirurgia Pediátrica, Universidade de Brasília. 4. Professor Titular de Cirurgia Pediátrica, Universidade de Brasília Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas: falhas e acertos. Rev. Med. Res., Curitiba, v.15, n.1, p.64-68, jan./mar. 2013. Paciente extrofiado. Construção de cunho coloquial. Mais adequado à linguagem científica formal: paciente com bexiga extrofiada. A bexiga é que está extrofiada, não exatamente o paciente. A expressão é perfeitamente compreensível para os médicos, mas, em técnica de redação formal, recomenda-se optar pelo uso lógico para evitar possíveis questionamentos. Paciente iniciou com.  Em anotações de prontuário, é comum a expressão “Paciente iniciou com...” (e, a seguir, acrescentam-se as manifestações). Assim, formam-se frases imperfeitas por faltar-lhes o complemento do verbo iniciar. Quem inicia, inicia algo. Digamos mais adequadamente: Paciente apresenta (queixa-se de, tem, refere) dor. Ou: O quadro se iniciou com dor. O paciente é quem sofre as doenças. Os agentes causadores é que, de ordinário, as iniciam, não o doente. Em geral, as manifestações são iniciadas pelas lesões, não pelo doente, embora, em certos casos, seja o próprio enfermo causador de lesões. Um indivíduo, por exemplo, pode iniciar envenenamento ao tomar substâncias tóxicas ou infecção intestinal se ingerir alimento infectado. Mas, de ordinário, não é o que ocorre. É característica da linguagem não- literária haver construções como: “O paciente internou”, “Ele formou em medicina”, “Ele levantou cedo”. Mas, na linguagem formal, a regência dos verbos é estabelecida por normas de uso culto. Palavras inventadas. Na literatura médica, há grande número de termos ausentes dos dicionários. São invenções desnecessárias por haver equivalentes perfeitos no léxico. Denotam desconhecimento de linguagem e, às vezes, pernosticismo e podem estar malformados. É recomendável evitá-los até que sejam dicionarizados ou usados por alguma autoridade em gramática ou por médicos reconhecidamente conhecedores de gramática e de linguagem médica e científica. Neologismos são bem-vindos quando não há termos substitutos na linguagem corrente, como ensinam bons lingüistas. Muitos são decorrentes do desenvolvimento científico. Alguns exemplos de nomes criticáveis, colhidos da literatura médica, e termos equivalentes registrados nos dicionários: reflexos “lentificados” (reflexos lentos), rim “funcionante” (rim produtivo ou ativo), paciente “vitimizado” (paciente vitimado), hipernatremia “dilucional” (hiperna tremia por diluição), déficit “atencional” (deficiência de atenção), criança “carenciada” (criança carente), fígado ‘cirrotizado” (fígado com cirrose), “cirrotização” hepática (cirrose hepática), doente “analgesiado” (doente medicado com analgésico), “medicalização’ eficiente (medicação ou medicamentação eficiente), “factibilidade” (exeqüibilidade), medida “paliativista” (medida paliativa), “oportunizar” (tornar oportuno), “perviedade” (permeável), “obituar” (morrer, ir a óbito), “refluxante” (com refluxo),  “topicização” (tornar tópico), “tumefativo” (tumefacto), “urgencializar” (tornar urgente), “sequelado” (com seqüela), “recreacional” (recreativo) e outros. Convém verificar.

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Trabalho realizado na UNB – Faculdade de Medicina – Hospital Universitário da Universidade de Brasília – Centro de Pediatria Cirúrgica.

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    Expresses mdicas: falhas e acertos Medical expression: failures and hits Simnides Bacelar,1 Carmem Ceclia Galvo,2 Elaine Alves3

    Paulo Tubino4 Trabalho realizado na UNB Faculdade de Medicina Hospital Universitrio da Universidade de Braslia Centro de Pediatria Cirrgica. 1. Mdico Assistente, Professor Voluntrio, Centro de Pediatria Cirrgica do Hospital Universitrio da Universidade de Braslia. 2. Bacharel em Lngua Portuguesa e Mestre em Lingustica pela Universidade de Braslia. 3. Professora Adjunta de Cirurgia Peditrica, Universidade de Braslia. 4. Professor Titular de Cirurgia Peditrica, Universidade de Braslia Bacelar S, Galvo CC, Alves E, Tubino P. Expresses mdicas: falhas e acertos. Rev. Med. Res., Curitiba, v.15, n.1, p.64-68, jan./mar. 2013. Paciente extrofiado. Construo de cunho coloquial. Mais adequado linguagem cientfica formal: paciente com bexiga extrofiada. A bexiga que est extrofiada, no exatamente o paciente. A expresso perfeitamente compreensvel para os mdicos, mas, em tcnica de redao formal, recomenda-se optar pelo uso lgico para evitar possveis questionamentos. Paciente iniciou com. Em anotaes de pronturio, comum a expresso Paciente iniciou com... (e, a seguir, acrescentam-se as manifestaes). Assim, formam-se frases imperfeitas por faltar-lhes o complemento do verbo iniciar. Quem inicia, inicia algo. Digamos mais adequadamente: Paciente apresenta (queixa-se de, tem, refere) dor. Ou: O quadro se iniciou com dor. O paciente quem sofre as doenas. Os agentes causadores que, de ordinrio, as iniciam, no o doente. Em geral, as manifestaes so iniciadas pelas leses, no pelo doente, embora, em certos casos, seja o prprio enfermo causador de leses. Um indivduo, por exemplo, pode iniciar envenenamento ao tomar substncias txicas ou infeco intestinal se ingerir alimento infectado. Mas, de ordinrio, no o que ocorre. caracterstica da linguagem no-literria haver construes como: O paciente internou, Ele formou em medicina, Ele levantou cedo. Mas, na linguagem formal, a regncia dos verbos estabelecida por normas de uso culto. Palavras inventadas. Na literatura mdica, h grande nmero de termos ausentes dos dicionrios. So invenes desnecessrias por haver equivalentes perfeitos no lxico. Denotam desconhecimento de linguagem e, s vezes, pernosticismo e podem estar malformados. recomendvel evit-los at que sejam dicionarizados ou usados por alguma autoridade em gramtica ou por mdicos reconhecidamente conhecedores de gramtica e de linguagem mdica e cientfica. Neologismos so bem-vindos quando no h termos substitutos na linguagem corrente, como ensinam bons lingistas. Muitos so decorrentes do desenvolvimento cientfico. Alguns exemplos de nomes criticveis, colhidos da literatura mdica, e termos equivalentes registrados nos dicionrios: reflexos lentificados (reflexos lentos), rim funcionante (rim produtivo ou ativo), paciente vitimizado (paciente vitimado), hipernatremia dilucional (hipernatremia por diluio), dficit atencional (deficincia de ateno), criana carenciada (criana carente), fgado cirrotizado (fgado com cirrose), cirrotizao heptica (cirrose heptica), doente analgesiado (doente medicado com analgsico), medicalizao eficiente (medicao ou medicamentao eficiente), factibilidade (exeqibilidade), medida paliativista (medida paliativa), oportunizar (tornar oportuno), perviedade (permevel), obituar (morrer, ir a bito), refluxante (com refluxo), topicizao (tornar tpico), tumefativo (tumefacto), urgencializar (tornar urgente), sequelado (com seqela), recreacional (recreativo) e outros. Convm verificar.

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    Palpao manual. Palpao manual expresso redundante, uma vez que palpar significa tatear (usar o tato) ou tocar com as mos ou com os dedos das mos, como est nos dicionrios, inclusos os mdicos. Do latim palpatio, onis, toque, de palpare, tocar com as mos, acariciar. Todavia, na linguagem mdica, existem as expresses palpao manual e palpao digital, usos teis para indicar procedimentos diferentes. Poderia haver mesmo especificao, como palpao palmodigital para indicar uso de toda a mo. Entretanto, com a exceo de indicaes especiais como essas, pode-se dizer apenas palpao. Papa de hemcias. Apesar de ser expresso registrada no Aurlio, o termo mdico mais adequado concentrado de hemcias (recomendvel usar o plural, hemcias). Tambm: concentrado de plaquetas, concentrado de leuccitos, concentrado de fator. A acepo prpria de papa alimento em forma de mingau, especialmente farinha cozida no leite ou na gua at adquirir consistncia de pasta mais ou menos espessa. Em rigor, papa de hemcias equivale a mingau de hemcias. Do latim pappa ou papa, alimento na linguagem infantil (Ferreira, 1999). Palpao manual. Pode configurar redundncia, uma vez que palpar significa tatear (usar o tato) ou tocar com as mos ou com os dedos das mos, como est nos dicionrios, inclusos os mdicos. Do latim palpatio, onis, toque, de palpare, tocar com as mos, acariciar. Na linguagem mdica, existem as expresses palpao manual e palpao digital, usos teis para indicar procedimentos diferentes. Poderia haver mesmo especificaes, como palpao palmodigital para indicar uso de toda a mo, bimanual ou bidigital. Entretanto, com exceo de indicaes especiais como essas, em medicina, pode-se dizer apenas palpao. Parasito parasita. Do grego para (junto), e sitos (alimento, sobretudo trigo) e do latim parasitus. Parasitos, propriamente, aquele que come ao lado de outro (Victoria, 1966). Segundo esse autor, recomendvel parasito para animais e parasita em relao a plantas, por este (planta) ser nome feminino (Sacconi, 1979, p. 332; Victoria, 1959). O termo parasita de uso mais recente como traduo do francs parasite (Rezende, 1992). Em espanhol e italiano, lnguas de origem latina, escreve-se parsito(a), parasito(a), e parassito ou parassita respectivamente. Por sua etimologia, parasito essencialmente substantivo (do grego para, junto, e sitos, alimento, formou-se parsitos [substantivo masculino], comensal e, em latim, parasitus [subst. masc.], papa-jantares, hspede). Por fora de uso, aceito como adjetivo e, assim, tem flexes: bactria parasita, verme parasito, uso registrado no VOLP (1999). Este estabelece parasito como adjetivo e como substantivo masculino, e parasita, como adjetivo e como substantivo comum aos dois gneros e assim est tambm registrado em bons dicionrios como o Aurlio (2004), o Houaiss (2001) e o Michalis (1998). Em vista disso, o uso de parasita como substantivo ou como adjetivo sem flexo de gnero aceito oficialmente: inseto parasita, bactria parasita. Alm disso, o uso popular consagra parasita sem flexo de gnero como substantivo e como adjetivo. Como fato da lngua, no cabe dizer que certo ou errado. Estar certssimo no nvel de linguagem popular ou coloquial, por exemplo. Mas, na linguagem mdica cientfica formal, convm adotar os usos de acordo com a faixa normativa da linguagem padro gramatical culto, por serem disciplinados e abonados pelos profissionais da rea, que sabem muito mais que ns, mdicos. Nesse caso, estar correto o uso de parasito ou parasita como substantivo ou adjetivo. Assim, pode-se dizer: A bactria saprfita uma parasita. O Ascaris lumbricoides um parasito intestinal. Ambos so organismos parasitos. Ambos tm funes parasitas. || Por esse artifcio, esses usos conformam-se perfeitamente s regras gramaticais em que o substantivo varia em gnero e nmero (parasito[s], parasita[s]) e o adjetivo concorda em gnero e nmero com o substantivo a que se refere (bactria[s] parasita[s], verme[s] parasito[s]). Parcela. imprprio referir-se a parcela nica por incoerncia, e a pequena parcela por redundncia (Duarte SN, Lngua Viva, JB, 9.1.2000). Parcela o mesmo que pequena parte. Do francs parcelle; do latim popular particella, de pars, partis, parte, e cella, pequeno compartimento. Se parte, no poderia ser nica. Desse modo, so questionveis termos como: Parcela muito pequena da populao tem alergia alimentar. As polticas pblicas de distribuio de medicamentos existentes atualmente atingem apenas uma pequena parcela de pacientes. Uma pequena parcela da populao no tem preferncia por nenhuma das mos. Ou: O seguro ser pago em parcela nica. Requerimento do subsdio de parcela nica devido ao parto e cuidados infantis. O pagamento da operao ser feito em parcela nica.

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    Patologia rara patologia grave. Nos dicionrios, em geral, patologia no sinnimo de doena. Patologia significa o estudo das enfermidades. o ramo da medicina que se ocupa das alteraes sofridas pelo organismo em decorrncia de doenas. Do grego paths, sofrimento, e lgos, tratado, discurso. Incluir patologia entre os sinnimos de doena uso criticado no meio mdico. impropriedade desnecessria, porque h dezenas de nomes equivalentes mais adequados em nossa lngua, como: acometimento, afeco, agravo, anomalia, anormalidade, caso, condio, defeito, defeito congnito, deformidade, desarranjo, doena, desordem, desordem congnita, defeito, defeito congnito, disfuno, distrbio, endemia, enfermidade, entidade clnica ou cirrgica, epidemia, estado mrbido, indisposio, leso, mal, molstia, malformao, m-formao, morbidade, morbo, perturbao, processo, sofrimento, transtorno, caso cirrgico, caso clnico. Ou termos especficos: associao, combinao, seqncia, enteropatia, osteopatia, pneumopatia, dermatose, toxicose, nefrose, artrose, micose, hepatite, cardite, encefalite, sndrome, dade, trade, alm dos nomes da prpria doena. Em lugar de patologia do fgado, pode-se dizer, por exemplo, hepatopatia, distrbio heptico, doena heptica, afeco heptica. Perfeito. Tem sentido absoluto. Significa ausncia de quaisquer defeitos. No h perfeio parcial, nem graus de perfeio. inadequado dizer hemostasia o mais perfeita possvel. Comparvel a paciente bastante grvida, certeza absoluta, totalmente lotado. Prfuro-cortante. Recomendvel: perfurocortante, como est na ortografia oficial (Academia, 2004). Por coerncia, perfurocontundente, perfuroinciso (o mesmo que perfurocortante). descabida a grafia prfurocortante. A slaba subtnica per no leva acento. Tambm so formas recomendveis: cortocontuso, lacerocontuso, laceroperfurante, todas presentes na literatura mdica conforme se v nas pginas de busca da Internet. muito comum o uso de cortante em relao ferida, mas, em rigor, cortante emprega-se para o agente causador (faca, lmina de bisturi, canivete, arma branca) e inciso para o ferimento ou ferida, resultado da ao do agente cortante. Alguns dizem ferida cortante, porm no uso adequado. Assim, perfurocortante emprega-se para o agente que tem ao perfurante e cortante ao mesmo tempo (exemplo, o punhal). Perfuroinciso(a) seria o ferimento (ferida) causado por agente perfurocortante. O mesmo aspecto se verifica referente a contundente (agente) e contusa(o), a ferida (ferimento). Assijm, cortocontundente refere-se ao agente e cortocontusa(o) ferida (ferimento). Perfurocontundente agente e perfurocontusa ferida. Desse modo, o emprego de perfurocortante ou perfurocontundente para as feridas no adequado, pois a ferida no cortante ou contundente, isto empregado para o agente causador. Em bom estilo, seria assim: O paciente sofreu um ferimento perfuroinciso, causado por um objeto perfurocortante. Peri-operatrio. Costuma-se usar perioperatrio em relao ao perodo que precede ou sucede imediatamente operao. O prefixo peri usado no VOLP (Academia, 2004) sem hfen. No h perioperatrio nesse vocabulrio, mas aparecem peristeo, periovular, periorbitrio e outros para comparao da grafia. Em pediatria, diz-se muito perodo perinatal em referncia ao tempo imediatamente antes e ou depois do nascimento de uma criana, como se registra no Houaiss (2001). inadequado usar peri no sentido de durante ou dentro, quanto a um evento que se relata. Peri significa em torno, em volta. Assim, mais adequado dizer complicaes perioperatrias (que ocorrem imediatamente antes ou depois da operao) e complicaes peroperatrias ( mais comum dizer intra-operatrias) para referir-se s que ocorrem durante a interveno. Estabelecer peri e per como termos sinnimos pode criar rejeies, pois no h esse registro nos dicionrios em geral. PH ph Phmetria pH-metria phmetria pH metria PHMETRIA pHMETRIA. O smbolo da concentrao inica de hidrognio pH, formulao tradicional que deveria ser preservada em lugar de ph, PH ou Ph. O elemento metria junta-se ao smbolo para formar uma unidade semntica. Embora sejam todas as formas aceitveis por existirem na linguagem mdica, recomenda-se pH-metria. Por conseguinte, pH-mtrico, pH-metro (pronuncia-se p-agmetro; existe a grafia pHgmetro, forma questionvel, pois l-se p-ag-gmetro). O VOLP (Academia, 2004) d ph-metro (aparelho de medio do pH) e o Garnier & Delamare (2002) traz pH-metria, ambos com hfen, sinal que se justifica por separar elementos diferentes, ou seja, um smbolo (pH) e um sufixo (-metria). Por conseguinte, grafa-se tambm ph-mtrico. neologismo no registrado nos dicionrios de portugus, mas correntemente adotado no seio mdico, o que lhe d legitimidade. A

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    forma hifenizada pH-metria freqente na literatura e coerente com proposies semelhantes com a unio de siglas ou smbolos ao elemento seguinte, como em HIV-positivo, , anti-HIV, anti-UVA, ao lado de formas sem hfen, como balneoPUVAterapia e ATPase. Deve-se evitar escrever PH-metria ou PHmetria para justificar inicial maiscula no incio de frases. Para fugir a questionamentos nesse sentido, aconselha-se evitar escrever o termo no incio da frase. recurso discutvel escrever PH-METRIA, pela deformao do smbolo de pontencial de hidrognio, conforme foi citado. Pode-se registrar pH-METRIA. O mesmo fato ocorre com phmetria em que o smbolo do hidrognio passa a ser h minsculo, o que no nos ensinado na escola. A forma pH metria pode ser questionvel por manter isolados seus elementos de composio. Pode-se, freqentemente, optar por medida do pH, tendo em vista sua ausncia no VOLP e nos dicionrios de portugus em geral, mesmo os da rea mdica. Pica. De um artigo mdico publicado: As crianas tinham queixas relacionadas anemia, como a pica e o cansao. Do latim pica (pronuncia-se pca), pega. Devido ao fato de essa ave ingerir qualquer coisa (Houaiss, 2001), em medicina, deu-se esse nome ao apetite pervertido por substncias inadequadas como alimento, que impulsiona pessoas a gostar de mastigar e ingerir gelo (pagofagia), pelos (tricofagia), o anmico a ingerir terra (geofagia) e a mulheres grvidas ter vontade de ingerir manga verde e outras excentricidades desses tipos. Tal distrbio tambm se verifica em casos de histeria e de distrbios mentais como o autismo. Para fugir carga pejorativa do nome pica, pode-se dizer perverso ou distrbio do apetite ou ainda alotriofagia (do grego allotrios, estranho, imcompatvel e phagein, comer), nome cientificamente mais adequado e presente em bons dicionrios mdicos. Pico mximo. Expresso pleonstica em usos como: Atingiu o pico mximo da carreira em dez anos.. Os sintomas atingem o pico mximo em torno de 10 minutos.. A sade estava vibrante, no seu pico mximo.. Importante obter os cortes tomogrficos no pico mximo de opacificao.. O pico mximo de massa ssea se alcana ao redor dos 30 anos de idade.. Pico significa o valor mximo que pode atingir uma grandeza peridica. Pode-se dizer o pico ou o mximo ou, ainda, ponto ou valor mximo, exceto se o que se refere apresentar vrios picos ou pontos mximos relacionados a vrios perodos, por exemplo.