EXTRA Meio Ambiente

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extra Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social da Unisul Tubarão | Ano 14 | Número 6 | Novembro de 2008 Reciclagem de Lixo na cidade de Grão-Pará Pág.7 Cerbranorte lança nova campanha de preservação Pág.3 Uso de agrotóxicos gera risco de morte Pág.5 Comunidade luta por maior proteção do meio ambiente Pág.4 Comunidade luta por maior proteção do meio ambiente Pág.4 Mobilização: Mobilização:

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Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social da Unisul - SC - Brasil

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extra Jornal-laboratório do Curso de

Comunicação Social da Unisul

Tubarão | Ano 14 | Número 6 | Novembro de 2008

Reciclagem de Lixo na

cidade de Grão-ParáPág.7

Cerbranorte lança nova

campanha de preservaçãoPág.3

Uso de agrotóxicos

gera risco de mortePág.5

Comunidade luta por maior

proteção do meio ambientePág.4

Comunidade luta por maior

proteção do meio ambientePág.4

Mobilização:Mobilização:

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extraNovembro de 20082 OPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃO

Textos e fotos: alunos do 6º Semestre/Prof. Cláudio Toldo | Edição: alunos do 7º Semestre/Prof. Ildo Silva | Opinião: alunos do 7ºSemestre/Profª. Darlete Cardoso | Diagramação: Alexandra Blazius e Sandra Neckel, 6ª fase/Jornalismo | Planejamento Gráfico:Lucas Lemos, 6ª fase/Jornalismo | Capa: Lucas Lemos, 6ª fase/Jornalismo | Contracapa: alunos do 4º Semestre de Publicidade e

Propaganda/Profª. Valéria BragaCoordenadora do Curso de Comunicação Social: Profª. Darlete Cardoso

Coordenador do Jornal-laboratório: Prof. Cláudio Toldo | Impressão: Gráfica Soller

Reitor: Gerson Luiz Joner da Silveira | Vice-Reitor e Pró-Reitor Acadêmico: SebastiãoSalésio Herdt | Chefe de Gabinete e Secretário-Geral da Reitoria: Fabian Martins de CastroPró-Reitor de Administração: Marcus Vinícius Anátocles da Silva Ferreira

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Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social – Jornalismo – da Unisul, Campus Tubarãoextra

Natureza esolidariedade

São em momentos como estes em queestamos passando com as enchentes emSanta Catarina que devemos parar pararefletir. Associações organizandocampanhas, pessoas se solidarizando paraajudar pessoas que nem conhecem.

Mas seria necessário tudo isto se nósrespeitássemos os limites da natureza?

Se a partir de 1974, ano da enchente emTubarão, quando houve uma das maiorescatástrofes ambientais de Santa Catarina,as pessoas se conscientizassem e criassemalternativas para não prejudicar o meioambiente, talvez não estivéssemospassando por um momento tão triste, ondemais de 80 pessoas morreram e outrastantas estão desabrigadas ou desalojadas.

Temos que pensar, pois se alguém nosprejudica, em algum momento vamosexplodir, brigar. E a natureza é igual. Esse éo momento em que a natureza resolveu seenfurecer com os maus tratos que vemsofrendo do homem.

A natureza precisa ser respeitada,vivemos em tempos em que a ganância dohomem fala mais alto.

Bandeiraverde

Efeito estufa, gás carbônico, fontesrenováveis de energia, reciclagem,poluição. Este ano se encerra como o ano

ambiental. Nunca se discutiu tanto aimportância da preservação do meioambiente e da necessidade do combate àexploração desenfreada das riquezasnaturais.

Declarado como o ano do MeioAmbiente e da Saúde, a ONU pede maisesforços da comunidade internacional paraa melhora do meio ambiente, pressionando,assim, alguns países, como Estados Unidose China, a levantar a bandeira verde ediminuir a emissão de gás carbônico e adegradação ambiental. Para alcançar esseobjetivo, o Tratado de Kyoto foi revisadopara a melhor adequação dos países à atualnecessidade mundial.

No Brasil, apesar dos avanços na áreae do espaço de discussão do tema, a tarefaé ainda mais difícil. Com tamanha extensãoterritorial, faltam agentes e fiscais para zelarpelas áreas protegidas por lei. Apesar daboa reputação internacional, há longocaminho a percorrer na questão ambiental,principalmente no que diz respeito a sualegislação e fiscalização.

Enquanto isso, o verde da nossabandeira vai diminuindo, assim como oamarelo das nossas riquezas. Só nos restaolhar para o azul e suas estrelas cintilantesque indicam a esperança de que um dia asfuturas gerações possam contemplar abeleza e a generosidade da Mãe Natureza aeste chão chamado Brasil.

Mais é menos

O sonho de quase todos os cidadãos,seja ele brasileiro ou não, é ter muitodinheiro no bolso, um carrão para desfilar,uma casa de cinema para dar as melhores

festas da sociedade. Alguns alcançam talrealização. E do dia para a noite tornam-seas pessoas mais refinadas do mundo. Penaque a educação não se compre em lojasfinas, com uma etiqueta de marca famosa.

Os novos ricos atingem o sucesso, masdinheiro requer um acréscimo deresponsabilidades. Dentre elas existe uma

básica, a que todo indivíduo necessita, orespeito com o meio em que vivemos. Umacidade rica precisa ser limpa. Garrafas deChampagne também poluem as ruas.

As pessoas com baixo poder aquisitivopoluem menos que os ricos. Isto nãosignifica que esta camada da populaçãoseja mais educada, ecologicamentefalando. A classe milionária, ou os ricos,praticam o consumo exacerbado, comdesperdício, consumismo desenfreado queleva à produção de toneladas de lixo, todosos dias. Tudo isso gera impactosambientais seríssimos que tendem a levaro planeta ao caos.

Um mundo rico é um mundo limpo. Comágua potável, cidades arborizadas, mataspreservadas, animais de todas as espéciescumprindo seu ciclo de vida e morte. Secontinuarmos neste ritmo de degradaçãoambiental a única parte do ciclo que nosrestará será uma pequena e miserável vida.

Rio delágrimas

Quando a natureza castiga, o homemretoma a consciência e diz lamentar o quenão pode ser evitado. Assim estáacontecendo em Santa Catarina, depois que

as chuvas intensas arrasaram o Estadomaterial e emocionalmente. Milhas de terrasforam roubadas e a natureza não pôde nemreivindicar o que era seu. Mas, parece, a irade Deus foi mais forte. Ele já não agüentavamais conter as lágrimas e chorou. Chorou umrio de águas barrentas, que arrebentava oque via pela frente. Tudo aconteceu de umasó vez. Deslizamentos, rodovias interditadas,casas arrastadas com famílias inteiras dentro.Nem o cachorrinho pôde ser salvo.

Há algum tempo a imprensa divulgava oshorrores gastos com uma máquina que iriasimular a criação do mundo, o Big-Bang. Nãoquero aqui ignorar a importância de investirem pesquisas que possam trazer algum bempara a humanidade. Mas a máquina poderia

criar um buraco negro e todos ficarampavorosos com o que poderia acontecer commais essa invenção humana. Um ser tãoracional se mostra idiota demais quando deixade dar valor a estudos que possam impedircatástrofes, para gastar dinheiro em algo quepode nos levar para um buraco sem fim.

O que aconteceu no Estado é só um aviso.O mundo está em constante transformação eesse processo vem sendo cada vez maisacelerado por nós mesmos. Iisso que digonão vai adiantar nada se os governos nãooferecerem suporte. Afinal, de que adiantaselecionar o lixo em casa se na minha cidadeos resíduos são depositados a céu aberto enão há usinas de reciclagem?

O cheiro dosabor

Qual é o gosto da salada que vai para suamesa todos os dias? Para muitas pessoas aresposta será igual a gosto da salada, orasbolas. Essa é a resposta de quem nunca comeuum legume sem agrotóxico e totalmente natural.

Certa vez escutei de um agricultor que emsua horta produzia aqueles legumes everduras viçosos, sem qualquer agrotóxico.Quando ia à mesa tinha um gosto todoespecial e bem diferente daqueleshortifrutigranjeiros das prateleiras desupermercados. E é verdade mesmo. Váriasvezes almocei na casa de meu avô e não é queesse agricultor tinha razão? É a mesma coisaque comer um arroz insosso e em seguida umcom uma adequada quantidade de sal. O gostovem à boca. Dá para sentir o cheiro do sabor.

É engraçado como as pessoas estãocondicionadas a irem aos supermercados ecomprarem os mesmos produtos com

agrotóxicos, chegarem em suas casas, prepará-los e ingerirem sem qualquer medo. Mal sabem,ou fingem que não sabem, o perigo que correm.Não estou dizendo que vão morrer no mesmoinstante que comem, mas com certeza em umfuturo não distante terão doenças que nuncasaberão por que tiveram.

Faltam agentespara fiscalizar

áreas protegidaspor lei

Consciênciaambiental gera

atitudes nãoprejudiciais à vida

Educação não secompra em lojas

finas ou temetiqueta famosa

Racionalidade semostra idiota

quando deixa deimpedir catástrofes

Consumidor nãotem medo de

ingerir produtoscom agrotóxicos

Denise Maurício Silva

editado por Agcom

Fabíola Lara Goulart

editado por Agcom

Marcos Dalmoro

editado por Agcom

Layse Rezende

editado por Agcom

Cristiano de Medeiros

editado por Agcom

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EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO AMBIENTAMBIENTAMBIENTAMBIENTAMBIENTALALALALAL

Alunos e professores mais conscientes

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Gravatal fica a 16 km deTubarão. Sua economia é voltadapara a Agricultura e o Turismo. Omunicípio possui três escolasestaduais, sendo que apenas umapossui o Ensino Fundamental.

A preocupação com o meioambiente é constante nas escolasdo município. Um exemplo é aEscola de Ensino FundamentalCatequista Joana Pendica,localizada no bairro Pouso Alto.

A construção do prédio é todano térreo. Construída em 1974, aescola possui poucos traços quea caracterize como moderna. Elaainda conserva aspectos deeducandário dos anos 1980. Umexemplo, é o velho mimeógrafo,que ainda tem destaque na salados professores.

Mesmo com instalaçõessimples e algumas sem reformasdesde a sua inauguração, em1975, na escola existem algunsprofessores comprometidos eenvolvidos na questão ambiental.A preocupação da direção e dosdocentes vai desde a orientaçãoda preservação do meio ambienteaté a não poluição dos solos.

A preocupação com aalimentação saudável é grandena Escola de Ensino Fun-damental Catequista JoanaPendica. A merendeira MariaLizete Mendes de Souza é aresponsável pela manutenção dahorta escolar. Lizete assumiu aresponsabilidade de cuidar dahorta em 1987 e desde então é aúnica responsável por fazer oplantio das sementes e cuidar dagerminação.

A merendeira admite que

nunca fez uso de fertilizantes naconservação da horta. “Eu nuncausei agrotóxico, é uma verdurasaudável. Eu uso resto dealimentos, lixo orgânico e usotambém folhas de árvores comoadubo”, diz a merendeira.

A diretora da escola SamiraBertoncini Mendes Espíndola,além de apoiar e acreditar naqualidade das verduras elegumes, é uma das responsáveispor orientar os alunos para quecuidem dela.

Escola investe em verduras mais saudáveis

Jackson de Souza

editado por Graziela Gislon

Os primeiros colonizadores dacidade de Braço do Norte foram osíndios Carijós, cujo os costumeseram fazer suas casas com cascade árvores e fabricar redes deagasalhos, com o algodão quecultivavam.

A mata predominante era aMata Atlântica ou nativa, tendo emsua vegetação o pequizeiro,o ipêroxo, o ipê amarelo, canela, palmito,peroba, entre outros.

Com a chegada dos imigrantesalemães, em 1870, a cidade começoua se desenvolver rapidamente. Eaquela vegetação nativa foideixando de existir aos poucos.

Em função do desmatamento,principalmente a partir do séculoXX, a Mata Atlâtica encontra-sehoje extremamente reduzida,existindo menos de 10% e sendouma das florestas tropicais maisameaçadas do mundo.

Atualmente, a ecomonia dacidade gira em torno da agriculturae da criação de suínos. Por serconsiderada a Capital Sul-Americana de Molduras, avegetação do município deixou deser nativa para dar espaço à

plantação de eucalipto e pinos.Hoje, praticamente 90% da

Mata Atlântica em toda a extensãoterritorial brasileira está totalmentedestruída. Do que restou, acredita-se que 75% está sob risco deextinção total, necessitando deatitudes urgentes de órgãosmundiais de preservação am-biental.

Existem diversos projetos derecuperação da Mata Atlântica.Sendo assim, a Cooperativa deEletrificação Rural de Braço doNorte(Cerbranorte) engajou-se napreservação ambiental, criando umViveiro Florestal de ÁrvoresNativas, com 600 metros quadradose com capacidade de produzir 45mil mudas por ano.

Preocupado em recuperar áreasdevastadas, o presidente daCerbranorte, Evanínio Uliano, emparceria com as Secretarias deAgricultura e Educação do MeioAmbiente, Associação de Agri-cultores do Brasil (Afubra), LionsClube de Braço do Norte e filial deRio Fortuna, colocou em prática oprojeto Viveiro Florestal de árvoresnativas. Cada instituição ficouresponsável por uma parte doprojeto.

Este projeto tem como foco

crianças de 1° a 4° série do ensinofundamental, de 16 escolas deBraço do Norte e Rio Fortuna. Adivulgação e conscientização nasescolas já começou.

Segundo a diretora EscolaBásica Municipal Antônio Rohden,Terezinha Volpato, as criançasadoraram a idéia de ganhar umamudinha e ter que dar um nome aela, cultivando até para que ela setorne uma bela árvore, que vairender frutos e sombra. Além dedistribuírem mudas nativas para oreflorestamento, a equipe também,fornece um kit educativo, combrincadeiras e dicas de comocuidar e preservar da natureza.

“Dentro deste pensamento aCerbranorte construiu um ViveiroFlorestal de mudas para recomporas matas e também conscientizaros alunos da necessidade de

preservação do meio ambiente, e foidesta forma que a Cebranortedesenvolveu este trabalho”,enfatiza o Presidente.

Em forma de agradecimento aotrabalho, cada turma da escolapreparou uma pequena apresen-tação sobre a importância dasflorestas e das árvores que estãoem extinção. O aluno da 3º sérieLuan Borba Mafei conta queaprendeu um pouco mais sobre asflorestas brasileiras e como cultivaruma árvore. “Aprendemos que o

Brasil tem várias árvoresimportantes para nós, não é porquemoramos no Brasil que o país de láé melhor que o nosso, o Brasiltambém tem seus recursos”,enfatiza o aluno.

E, para quem quiser participardesta campanha, é só preencher umformulário e entregar na cooperativaou se inscrever através dositewww.cerbranorte.com.br. Osinscritos têm uma semana pararetirar sua carteirinha de sócio doclubinho.

Alexandra Blazius

editado por Graziela Gislon

Fotos: Alexandra Blazius

Mudas são distribuídas em escolas da cidade para o reflorestamento

Recipientes de lixos secos e orgânicos estão espalhados pela escola

Projeto visa preservar mata

Ao andar pelos corredores equadras esportivas, é fácilobservar o envolvimento, onderecipientes para depósitos delixos secos e orgânicos estãoespalhadas em diversos pontos.

“A gente aqui sempre con-versa muito com as crianças sobrea preservação do solo. Nóscolocamos atrás da escola váriaslixeiras, para que não joguem lixono chão”, diz a diretora SamiraBertoncini Mendes Espíndola.

A orientadora educacionalVera Lúcia Simoni Teixeira Alvesavalia o envolvimento dos alunosnas atividades ambientais de

maneira positiva. “É umaparticipação muito boa, quandoconvidados são bem com-prometidos”, expõe Vera.

Para a professora de Ciênciase Matemática Jaçanam dosSantos Neves Cardoso, o com-prometimento dos alunos aindaé pouco e, quando acontece émais nas salas de aula. Fora delamuitos ainda não têm a cons-ciência do que está sendo feitocom o meio ambiente.

“Não é só a escola que temque educar, isso muitas vezes játem que vir de casa. aqui nós nãoconseguimos atingir todos os

alunos”, acrescenta.A professora de Geografia

Lúcia Fernandes acredita queainda não é satisfatória a adesãode alunos nos projetos depreservação do meio ambiente.“Há uma pequena parte que nãose interessa, uma outra quetrabalha e é preocupada, outra queé preocupada e não faz nada”,afirma.

A preocupação com aconscientização dos alunos porparte dos professores tem inícionas séries iniciais. A aluna da 4ª

série Eloiza Cardoso Assmam, de10 anos, já desenvolve suasprimeiras noções ambientais. “Euacho importante cuidar da escolapara ela ficar limpa e bemorganizada. Se cada um fizesseisso como o meio ambiente, anossa comunidade ficaria me-lhor”, fala.

Os professores acreditam, noentanto, que há muito a sertrabalhado pelo educandário. Aúltima participação foi numagincana realizada pelo ConselhoTutelar de Gravatal.

Foto: Jackson de Souza

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Carbonífera versus agricultoresKelley Alves

editado por Grazi Bez Batti

4 POLPOLPOLPOLPOLUIÇÃOUIÇÃOUIÇÃOUIÇÃOUIÇÃO

O meio ambiente vêm sofrendosérias agressões ao longo dosanos. Nas últimas décadas a açãohumana está cada vez mais intensa,chegando muitas vezes a provocarsérios impactos ambientais. EmIçara, o assunto tem causadorepercussão sobre o investimentodas Empresas Rio Deserto naimplantação da mina Santa Cruz.

Se por um lado alguns mantêmas atenções na preservaçãoambiental, por outro o enfoque estáno desenvolvimento econômico daregião. Partindo da controvérsia, háaproximadamente cinco anos, a lutavem sendo o principal assunto dosmeios de comunicação e dapopulação do município.

Em 2003, alguns agricultoresque trabalhavam na lavouraouviram um barulho diferente eforam verificar do que se tratava.Quando chegaram ao local,perceberam uma movimentação dehomens e máquinas. Tratava-se deempregados das Empresas RioDeserto que, manuseando grandessondas, faziam especulações naterra.

As verdadeiras intenções dacarbonífera foram descobertas. Osagricultores uniram-se, criando oMovimento Pela Vida (MPV).“Trata-se de um movimentoeminentemente orgânico formadopor um grupo homogêneo depessoas que lutam pela proteçãodo Meio Ambiente”, avalia oadvogado do grupo, WalterneyRéus.

O primeiro passo tomado por

essas pessoas foi mobilizar-se paraa criação de uma área de proteçãoambiental. No dia 8 de junho de 2004foi promulgada a Lei Municipal2019, responsável pela criação daÁrea de Proteção Ambiental (APA)da Santa Cruz, amparando a região.“A alegria durou pouco. Amineradora envolveu-se noprocesso legislativo e cooptou amaioria necessária alterando a lei.Em 28 de dezembro de 2004 foipromulgada a Lei nº 2.086, quealterou o texto da lei anteriorpermitindo a instalação daatividade potencialmente degra-dante na APA”, informa oadvogado.

Com isto cresceram osmovimentos jurídicos envolvendomineradores, agricultores epolíticos da região. O MVPraramente tinha êxito nosprotestos. Partindo da tentativa deadequar a lei à necessidade dascomunidades, o movimentocoletou cerca de cinco milassinaturas em três dias, quando oRegimento Interno da Câmara exigia1.800 assinaturas à validação doprojeto.

No dia 17 de março deste ano, oprojeto foi entregue nas mãos dopresidente da Câmara deVereadores, Caetano Pedro Costa.Passou por vários vereadores e, porfim, arquivado. “Foi uma escan-dalosa ofensa a diversos preceitosregimentais”, alega Réus. O projetoterminou negado pelo juízo deprimeiro grau, devido à confusãodecorrida do Regimento Interno daCâmara. Não competiu ao Judiciárioenvolver-se nas questõesprocedimentais da Câmara de

Vereadores.Contrapondo aos argumentos,

o advogado do Sindicato daIndústria de Extração de Carvão deSanta Catarina, Paulo Ricardo daRosa, ressalta os mínimos perigoscausados e expõe os pontosfavoráveis à extração do carvão.

“Tais argumentações sãoabsolutamente infundadas, eis quenão possuem qualquer basetécnica ou científica a dar guarida esustentação. O que mais impera éo simples temor de  um pseudodano futuro. Acidentes eimprevistos podem ocorrer. Esteano já ocorreram três adventos emminas de carvão, não podendodizer que o meio ambiente tenhasofrido dano. Na Mina 101 (antigaSanta Cruz), os rejeitos serãotransferidos para outro local e amina trabalhará em circuito fechado(águas). As licenças foram obtidase os estudos de impacto ambiental

realizados. Se toda a legislação foirespeitada, não cabe ao particulardiscutir ou buscar fazer valer o seu interesse meramente pessoalsobrepondo-se ao coletivo”,contesta Paulo.

Explicando as alterações nas leisdo processo, principalmente a Leinº 2.086, Rosa justifica a falta deinformação em questões de ordemlegal. “É complexo para quem nãotransmita as questões de ordemlegal, especialmente no que tangeà constitucionalidade das leis”.

Contra a mina também está aCâmara de Dirigentes Lojistas(CDL) de Içara e apoia o MPV. “Ospoucos empregos e recursoseconômicos advindos da mineraçãonão justificam os impactosambientais causados por essaatividade. A área de impacto doentorno da Mina 101 é preocupantee não foi respondida pelamineradora no EIA/Rima. Apreservação ambiental é mundial efoi tema de palestra da ConvençãoNacional das CDL’s em Uberlândia- MG, informa o presidente da CDL/Içara Jader Edinei de Souza. “Apreocupação maior é com a água ea profundidade do carvão. Segundoo EIA/Rima elaborado pelamineradora e informações dosrepresentantes da mineradora, emalguns pontos, está há 20 metrosda superfície”, ele diz.

Um agricultor, morador daregião próxima à implantação damina, recebeu um IntérditoProibitório, proposto pelaCarbonífera Rio Deserto em seudesfavor. A mineradora pleiteia apunição do agricultor, e de outromembro do MPV, caso soframqualquer resistência naimplantação da mina na localidadede Santa Cruz. O juízo, em medidaliminar, acata, a princípio, aafirmação de que ambos seriam os“líderes” do movimento. Fixoumulta diária de R$ 1.000,00 a quemincentivar ou participar de atos que

resultem no impedimento dasatividades da mineradora. Entende-se ações efetivas de impedimentodas atividades, não sendoalcançadas pela liminar, protestose manifestações pacíficas. “Desdepequeno eu aprendi a trabalhar naagricultura. Não sei fazer outracoisa. Não saberia trabalhar numafábrica ou em qualquer outro lugar.Sou totalmente contra a aberturadessa mina porque aqui está osustento da minha família”, contao agricultor.

Ele é um dos agricultores das400 famílias que residem na regiãoda Mina 101, e tira o sustento pelaatividade rural. Cultiva verduras,mas a principal fonte de renda é omorango. Acorda às cinco horaspara distribuir os alimentos, quevende aos maiores mercados deIçara e região. Sua maiorpreocupação também está na água.“Se a água for poluída não sei oque será da gente. Aqui énecessário que gastemos mais de2.500 litros de água por dia”,completa.

“As pessoas acham que essapreocupação é somente doscolonos. Mas imagina se elesresolvem abandonar a colônia?Uma coisa puxa a outra! Todoaquele lugar viraria favela, sem falarna questão agrícola”, observa oadvogado Walterney Réus.

A implantação da Mina 101 traráuma arrecadação de impostos deaproximadamente 37 mil reais aomunicípio. Além disso, irá gerar 87empregos e, necessariamente, irácontribuir no consumo de energia.A preocupação das pessoas se dápor uma possível desestabilizaçãono processo do ecossistema. Háaqueles que acreditam que ométodo usado na exploração docarvão será seguro e não trará riscosà comunidade. “Hoje em dia nãoexiste mais perigo nessasatividades. O processo tecnológicoavançou bastante e o perigo daexploração mineral é praticamenteremoto. A Fatma e o DepartamentoNacional de Produção Mineral(DNPM) estão fazendo estudos emelhorando cada vez mais estascondições”, garante o professor demineralogia Fernando Remor. Elediz que problemas sempre existem,como em qualquer outra atividade.Porém, os benefícios que ressaltamos mínimos perigos causados àconstrução da mina sãogratificantes à população.

Contra isso, a filha de um dosagricultores mostra descrença.“Aagricultura é o nosso ganha-pão,porque querem nos tirar isto? Maisde 400 famílias serão prejudicadascaso este acidente aconteça”,adverte ela.

Fotos: Lucas Lemos

Produtores rurais da comunidade de Santa Cruz fizeram vários “tratoraços” pelas ruas do município

Preocupação dos agricultores é com a água e a profundidade do carvão

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5POLPOLPOLPOLPOLUIÇÃOUIÇÃOUIÇÃOUIÇÃOUIÇÃO

O Rio Tubarão nasce em LauroMüller, a 70 Km do município deTubarão. Passa por diversascidades formando a Bacia Hidro-gráfica do Rio Tubarão, compostapor 21 municípios, até desem-bocar na Lagoa de Santo Antônio,em Laguna.

A água que brota de suasnascentes é límpida, cristalina econsumida sem nenhum trata-mento pelos moradores do interiorde Lauro Müller.

No centro, já é visível a coresverdeada denunciando polui-ção. Impressiona a transformaçãoem poucos quilômetros. “Quemconheceu o rio há 40 anos e olhaagora, dá um aperto no coração.Os responsáveis deveriam estar naprisão, porque é um crime”,indigna-se José Elias, morador domunicípio.

As principais responsáveispela poluição do rio são asmineradoras, que lavam o carvãoe devolvem os resíduos ao rio, semtratamento. Murilo Bez, doDepartamento de Meio Ambienteda Carbonífera Catarinense,

afirma que os rejeitos são tratadose retidos, não chegando aosmananciais.

O secretário municipal do MeioAmbiente, José Luiz Benedet,relata que houve denúncias contraempresas de extração de carvão domunicípio, e ao serem fiscalizadas,observou-se que os resíduos eramlançados no rio. “Chamamos aFatma, que registrou ocorrência.Atualmente as empresas jácumprem decisão da Justiça pararecuperação do passivo ambien-tal”, informa o secretário.

Setor agrícola

As causas da poluição não sedevem apenas às empresas deminérios. A agricultura é outrosetor que contribui no aumentodos índices de poluição. Deacordo com o engenheiroambiental Alberto Lolli, osinseticidas usados nas lavourasdestroem o fictoplancton existentenos rios, responsável pelarenovação de 70% do oxigênio daatmosfera. “Vários sedimentossão transportados para os riospelas enxurradas em decorrênciadas práticas agrícolas. Essesdetritos não deixam a luz do sol

penetrar na água, dificultando asformas de vida subaquáticas”,explica Lolli.

Saneamento básico e reciclagem

A falta de saneamento básico éoutro fator que degrada o MeioAmbiente. Dos 21 municípios dabacia do Rio Tubarão, apenas doistratam os esgotos. Segundo osanitarista Alécio Bunn, o esgotoé composto por grandesquantidades de matéria orgânica,organismos patogênicos e ainda

Minas, lavouras e lixo poluem Rio Tubarão

sais minerais, que, ao chegar semtratamento, tem a matéria orgânicadegradada, consumindo muitooxigênio.

“Os organismos patogênicossobrevivem e os sais mineraisalimentam a flora existente que sereproduz rapidamente e, emalguns casos, produz substânciastóxicas. O tratamento dos esgotoseliminaria os organismospatogênicos e facilitaria ocontrole do desenvolvimento dasplantas fluviais, aumentando a

quantidade de oxigênio na água”,informa o sanitarista.

“Do tratamento de esgoto,poderíamos retirar um adubo. Oprocesso adotado retira osnutrientes do esgoto,concentrando-os no materialsólido, o qual, após tratamento,se transforma em um excelentecondicionador de solos”, acres-centa. Para o sanitarista, esseprocesso é uma importante fontede matéria orgânica e pode serutilizado para reduzir as quan-tidades de fertilizantes químicos,melhorar as características físicasdo solo e ainda aumentar aprodutividade do agricultor. Alémdisso, evitar a intoxicação de riospróximos.

De acordo com a biólogaGreicy Isidoro, a situação do RioTubarão não chega a serirreversível, mas é complicada, eo custo financeiro para adespoluição seria muito alto,exigindo assim, muitas parceriascom empresas públicas eprivadas. “Vai exigir muito tra-balho, com certeza, mas é o sonhode muitas pessoas ver o rio denossa cidade com águas limpascomo antigamente”, afirma.

Os agrotóxicos são produtosquímicos utilizados para combaterpragas e doenças na agricultura epecuária. O uso doméstico écomum com ações inseticidas,fungicidas, acaricidas, nematicidas,herbicidas, bactericidas evermífugos. Além de solventes,tintas, lubrificantes, produtos paralimpeza e desinfecção de estábulos.

No site da Universidade FederalRural do Rio de Janeiro (UFRRJ)existem cerca de 15 mil formulaçõespara 400 agrotóxicos diferentes,sendo que apenas oito milencontram-se licenciadas no País.O site mostra que o Brasil ocupa aquinta colocação entre os maioresconsumidores de agrotóxicos domundo. E são poucos os usuáriosque conhecem os perigos destesprodutos à saúde e ao meioambiente.

A organização Pan-Americanade Saúde (OPAS) realizou umapesquisa em 12 países da AméricaLatina e Caribe. O envenenamentopor produtos químicos,principalmente o chumbo epesticidas, representa 15% detodas as doenças profissionais

notificadas. De acordo com aOrganização Mundial de Saúde(OMS), apenas 1/6 dos acidentessão oficialmente registrados e 70%das intoxicações agudas são porinseticidas organofosforados.

O uso de agrotóxicos temcausado diversas vítimas fatais,como também abortos, fetos commá-formação, suicídios, câncer,dermatoses e outras doenças.Segundo a OMS, há 20 mil óbitospor ano em conseqüência damanipulação, inalação e consumoindireto de pesticidas nos paísesem desenvolvimento, como o Brasil.É importante destacar que a açãode substâncias químicas noorganismo humano pode ser lentae demorar anos para se manifestar.

No meio ambiente os danostambém são sérios. A pesquisa doIBGE aponta o uso dos agrotóxicose fertilizantes como a segundacausa de contaminação da água dopaís, ficando atrás do despejo deesgoto doméstico. A pesquisamostra que, do total de 5.281municípios com atividade agrícola,1.134 (21,5%) informaram ter o solocontaminado. Das cidades queregistraram poluição na água, ondevivem sete de cada dez brasileiros,75% apontaram o despejo de

esgoto como principal causa dapoluição, 43% que o problema sedeve ao uso de agrotóxicos, e 39%,à disposição inadequada deresíduos sólidos (lixo) e à criaçãode animais.

A bióloga Maria Costa Rebelodiz que a cadeia alimentar é um ciclofechado, onde um animal sealimenta do outro. A utilização deagrotóxicos quebra o sistemaquando elimina algum microorga-nismo, inseto ou fungo. Essaextinção pode causar sériosproblemas, como superpopulaçãode determinados insetos e pragasou mortandade de peixes e animais.

Para o engenheiro agrônomoElvio Antonio Peruchi háalternativas para evitar o uso deadubos químicos e agrotóxicosnas lavouras. Peruchi é umapoiador e incentivador do sistemade produção orgânico ou agroeco-lógico sem a interferência química.

Na agroecologia as própriasplantas são utilizadas parafornecer nutrientes ao solo. Osrestos das plantações e folhassecas são usadas para cobrir osolo. Os microorganismos come-çam a decompor essas folhas eplantas e as transformam em adubofornecendo nutrientes à produção

de uma nova cultura. Para evitar ouso dos agrotóxicos são feitassoluções caseiras com raízes,flores e outros produtos naturais.

É difícil apontar culpados. Osagricultores se defendem dizendoque sem o uso dos químicos naprodução é quase impossível. Asagropecuárias só vendem oproduto. Os engenheiros agrôno-mos receitam os agrotóxicos parafacilitar a vida dos agricultores. Osfabricantes colocam todos osriscos e avisos, em letras quaseilegíveis nas embalagens.

Agrotóxico causa envenenamentoSueli Berschinock

editado por Grazi Bez Batti

Samuel Madeira

editado por Grazi Bez Batti

Foto: Sueli Berschinoch

Foto: Samuel Madeira

Os agrotóxicos e adubosquímicos deixam resquícios esubstâncias contaminantes nosolo. As plantas fazem a absorçãopelas raízes e folhas e distribuempor todas as partes, desde a raiz,caule, folha, flores, frutos esementes. O alimento consumido,natural ou indus-trializado, não élivre de agrotóxicos e químicosaplicados na lavoura durante aprodução. Quem sofre asconseqüências são todos:homens, animais, plantas, solo,água, ar.

Há alternativas para evitar o uso de agrotóxicos nas lavouras

Inseticidas das lavouras destroem o fictoplancton dos rios

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Educação ambiental é agora

Caroline Bitencourt

editado por Daiani Chaves

Conceitos como a ProduçãoMais Limpa, Eco design, LogísticaReversa, Gestão Ambiental daCadeia de Suprimentos,Responsabilidade Social, Sistemade Gestão Ambiental, MarketingVerde, Educação Ambiental nasempresas ganharam muita força nomeio empresarial.

Lauro acrescenta ainda que sãopoucas as empresas com umamentalidade mais consciente sobreos impactos que suas atividadescausam não só para o meio em quevivemos, mas para a saúde daspessoas que utilizam os seusprodutos. É uma área que tem muitoa crescer. Até porque somenteagora está se tornando maisevidente para as empresas que aimplementação de práticasambientalmente amigáveis gera umretorno financeiro que estáchamando a atenção dosadministradores em todo o mundo.

Ele ainda enfatiza a idéia de que"não podemos nos enganar, asempresas não vão realizar práticasambientais e sociais porque sãoboas para o planeta. Ainda vivemosnuma era em que o "pé" econômicodo tripé da sustentabilidade fala

mais alto, mas os outros dois "pés"ganharam uma enorme força nessesúltimos tempos".

Como professor de GestãoSocioambiental, Lauro diz crer que"existem inúmeras maneiras que asempresas podem ajudar. Sejaconcebendo produtos maisduráveis, menos impactantes parao meio ambiente, e compossibilidades de reutilização. Oumodificando os seus processos deprodução e distribuição para outrosmais limpos, através deconscientização de todos oscolaboradores. Todas as pessoaspodem fazer alguma coisa paraajudar o meio ambiente, seja ondeela estiver e quem ela for".

O lixo também se mostra umproblema bastante grave dacivilização. E que normalmente nãorecebe a devida importância. "Agrande maioria das pessoas nãosabe para onde é levado o lixo quecoloca em frente de suas casas emuitas das grandes cidadesbrasileiras enviam todos os seusresíduos para aterros sanitários,sendo que ainda existem muitascidades que os enviam para lixõesa céu aberto sem qualquer

tratamento", diz Lauro.A criação de novas formas de

tratamento auxilia na hora de darum fim para o lixo, como aincineração, por exemplo, quetambém possui seus problemas,como biodigestão anaeróbia,incineração por plasma. Mas o querealmente precisa ser feito é reduziro consumo e a geração do lixo todo.Algumas nações já estão chegandoao máximo do percentual dereciclagem possível em seus países,e com isso descobriram quenecessitavam realizar programaspara reduzir a produção de lixo nafonte, nas empresas e nas casas.

Para que essa realidade sejamudada, o professor explica queuma boa solução é "atacar emvárias frentes. Como consumidor,podemos escolher produtos commenos embalagens ou recicláveise biodegradáveis, separar os lixosem nossas casas e tentar minimizaros resíduos gerados. Seja naescolha dos produtos, comoutilizando meios de reutilizar essesresíduos (composteiras, arte-sanato, doações)", analisa. "Aindavivemos em um sistema linear:extração, produção, consumo,

disposição final que nós mesmosinventamos. Hoje em dia estamospercebendo que não se pode tersustentabilidade em um sistemalinear em um planeta com recursosfinitos. Simplesmente isso não épossível. Precisamos fechar o ciclo.É um longo caminho a serpercorrido, os primeiros passos jáforam dados", diz Lauro.

Em relação a esse assunto, épossível notar que as empresas nosul possuem uma conscientizaçãosocioambiental mais apurada doque o norte do Brasil. E o que faz adiferença é o ramo de atuação dasempresas, pois existem ramospotencialmente mais poluidoresque outros, então são mais exigidospelo poder público e pela asociedade. Em geral, varia muito enão se pode generalizar comprecisão. "É um processo que levatempo, vai ao encontro comhábitos, culturas, repensar osprocessos e produtos. Ou seja, nãoserá de um dia para o outro que iráacontecer, mas sou um otimista.Acredito que cada vez mais asempresas adotarão estas práticas,até mesmo por questões desobrevivência".

Produção sem agredir a natureza

A partir das revoluçõesindustriais em todo mundo, iniciouuma corrida desenfreada pelodesenvolvimento. A falta deplanejamento e a busca incan-sável pelo aumento de toda equalquer produção ocorreu hámuitas décadas, mas os reflexoscomeçaram a aparecer recente-mente.

O desgaste do meio ambientecausou queda na quantidade dematéria-prima e aumento dapoluição. Os problemas fizeram comque surgisse o interesse emreeducar as pessoas para evitar oagravamento das condições atuais.A educação ambiental vemganhando destaque no cenáriomundial, no entanto, muitos dostermos ainda são confundidos pelasociedade. Exemplos disso são areciclagem e a reutilização do lixo.

O técnico de controle de meioambiente, André MendonçaGuaresi, esclarece que a diferençaestá no tratamento dado aomaterial. "A reciclagem ocorrequando um resíduo é reapro-veitado para beneficiamento, comose fosse matéria-prima, na con-fecção de outro produto. Os

exemplos mais comuns são papel,vidro, plástico e metal. Já nareutilização, transforma-se ummaterial já beneficiado em outro,como usar uma garrafa pet parafazer um catavento de brinquedo",explica Guaresi, que aindaconsidera o reaproveitamento umaoportunidade de trabalho.

Um caso disso é o do estu-dante Jander Dornelles. Desdeque se mudou do Rio Grande doSul para Santa Catarina, Dornel-les percebeu em materiais comofios velhos, pedras, sementes,penas e pedaços de arame peçaspara produção de artesanato. "Vou'catando' tudo o que acho que

pode me servir para criar algonovo. Confecciono pulseiras,colares, porta incensos, anéis eoutros. Aprendi tudo o que seisozinho. Faço mais por lazer, masjá vendi várias peças", revelaDornelles.

Para o gerente regional daFundação do Meio Ambiente

(Fatma), Cidinei Galvani, com opassar dos anos as pessoas estãomais conscientes. "Percebemosque à medida que avançamos notempo, maior a preocupação daspessoas com relação ao meioambiente. Isso é resultado daeducação ambiental praticada nasescolas, da divulgação dosproblemas ambientais e suasconseqüências veiculadas pelamídia, e da legislação ambiental,cada vez mais rigorosa", afirma.

Abel Passagnolo, de Tubarão,é funcionário de uma empresa detransporte ferroviário e desen-volveu um vagão feito de plásticoreciclável. A matéria-prima é umtipo de plástico mais resistente,encontrado principalmente emgalões de produtos agrícolas. Apartir desse material sãoproduzidas placas plásticas quesubstituem as de madeira, querevestem o vagão. Passagnoloconta que o custo aumentou, masapresenta grandes vantagens alongo prazo. "Os vagões demadeira têm vida útil de cerca dedez anos, já os de plástico tem umaexpectativa de duração de 40 anos.Além disso, o material, menosaderente, facilita a descarga eagiliza o processo", argumenta otubaronense.

Manuela Prá

editado por Daiani Chaves

Foto:Divulgação FTC

CONSCIÊNCIACONSCIÊNCIACONSCIÊNCIACONSCIÊNCIACONSCIÊNCIA

Diante dos sinais que a naturezatem mostrado, a preocupação como meio ambiente cresce a cada dia,e o mercado tenta se adaptar emodificar alguns costumes paraque a produção não agrida aindamais o meio ambiente.

Para o professor da escola deadministração da UFRGS, LauroAndré Ribeiro, existem diversasatitudes que estão nas mãos dasempresas hoje em dia, já que sãoresponsáveis por grande parte dosprodutos que são consumidos."Estamos em um período detransição de mentalidade. Ainda háum longo caminho a ser percorrido,mas os primeiros passos já foramdados. Até a década de 90, poucose falava nas empresas sobreGestão Socioambiental", diz.

Os ambientalistas eram vistoscomo inimigos das empresas, masjá a partir dessa década, e com muitomais força neste novo século, omundo dos negócios viu que eraperfeitamente possível a geração delucros, mas mantendo respeito aomeio ambiente.

Vagões revestidos de plástico reciclável estão sendo produzidos aqui e substituindo os de madeira

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Triagem do lixoSandra Neckel

editado por Daiani Chaves

Em 2003 o município de Grão-Pará começou a passar por umamudança. Os resíduos jogados emum lixão perto da cidade passou aser separado e reciclado. Umcentro de triagem foi criado. Váriaspalestras foram organizadas paraorientar a população, sobre comoficaria a coleta do lixo daquele anoem diante e como deveria ser feitaa pré-separação do lixo. Panfletosforam distribuídos nas casas.

As mudanças ocorreram aospoucos. A prefeitura comprou umcaminhão, com trêscompartimentos para lixoreciclável, rejeito e orgânico. Aparte rejeitada, como lixohospitalar, passou a ser enviadapara um aterro sanitário,devidamente certificado pelaFatma, em Biguaçu. O orgânico étransformado em adubo, nopróprio centro de triagem, atravésda técnica de compostagem, que éum processo biológico em quemicroorganismos transformam a

matéria orgânica em um materialparecido com o solo.

E a parte reciclável é separadapor tipo de material como, plástico,papel, vidro, alumínio, ferro edepois vendida para empresas quefazem a reciclagem destesmateriais. Depois foramdistribuídos latões de lixo pelacidade, também com os trêscompartimentos separados, paraque os pedestres também possamseparar o lixo. Cada separaçãodesses latões tem uma cor, paraque a diferenciação pelapopulação seja mais fácil e rápida.

Segundo o engenheiroagrônomo Guilherme NunesBressan, o município produzaproximadamente 60 toneladas delixo por mês. Desse total, entre 25e 30% do lixo produzido na cidadeé rejeito, de 45 a 50% é orgânico ede 25 a 30% é reciclável.Aproximadamente 70% dapopulação colaboram com a pré-separação.

Para a agricultora TeresinhaNetto Engels, a população precisater mais consciência para fazer a

separação em casa. "As escolasdeviam ter educação ambiental,para que as crianças aprendam apreservar, mexer numa horta, comotinha na escola quando euestudava", finaliza Teresinha.

A auxiliar de escritório JulianaFeldhaus Baschiroto acredita quemuitas pessoas não separam o lixoem casa porque não querem, poisinformação elas têm. Para ela, otrabalho dos funcionários docentro de triagem é fundamentalno reaproveitamento do materialreciclável, pois a primeiraimpressão é que aquele lixo nãoteria utilidade alguma. Mas depoisde separado o material reciclávelpode ser reaproveitado de diversasformas.

Na época em que o projeto foicriado em Grão-Pará o MinistérioPúblico criou um termo de ajustede conduta, que foi assinado pelosmunicípios da região. Com aassinatura deste termo, as cidadesvizinhas se comprometeram a nãomandar os resíduos para o lixãonem para o aterro sanitário, sem adevida separação.

Conscientização é a

missão de Leo Clube

Fotos: Sandra Neckel

O Leo Clube de Grão-Pará (clubede serviço juvenil que existe emtodo o mundo, filiado ao LionsClube) realizou em 2002 umacampanha na cidade para estimulara separação do lixo. Segundo aCompanheira Leão, DjulieFigueredo Muller, o clube pediu oapoio da prefeitura para comprarlatões com separação para os tiposde lixo, seco, orgânico e rejeito.Cada divisão tinha uma cordiferente, para que ficasse bemvisível a diferença entre os tipos.Esses latões foram colocados nas

escolas da cidade, para estimularas crianças a separarem o lixo.

Depois disso foramconfeccionados panfletos sobre aimportância da reciclagem e amaneira certa de fazer a pré-separação do lixo nas residências.Foram feitos também adesivossobre a reciclagem, que foramvendidos para a população domunicípio.

A partir daí os associados doLeo Clube passaram nas casasrecolhendo os materiais recicláveisque fossem encontrados. Antes depassar nas casas as pessoas eramavisadas, para que estivessempreparadas e já tivessem separado

previamente os materiais que seriamrecolhidos.

Para essa etapa da campanha oLeo Clube contava com a ajuda daprefeitura e da Cooperativa deEletricidade de Grão-Pará. As duasforneciam o transporte para que omaterial reciclado pudesse serdeslocado. O material recolhido eraseparado e vendido. O dinheiroarrecadado era doado para a Apaedo município.

Depois de encerrada essacampanha o Clube continuouparticipando das palestras queforam organizadas paraconscientizar a população daimportância da separação do lixo.

Sandra Neckel

editado por Daiani Chaves

Pensar no futuro de nossosfilhos e de como estará omundo daqui a alguns anostornou-se imprescindível.

Os alunos do curso técnicode Administração do Centro deEducação ProfissionalDiomício Freita (Cedup), deTubarão, então preocupadoscom a questão do meioambiente e com o futurode nosso planeta. Eleselaboraram um projetode conclusão de cursodando enfoque àreciclagem.

O trabalho leva onome "Administrando aReciclagem". E se baseiaem construir uma casade boneca com caixasde leite e madeirareaproveitada. Segundo a alunaAline Nazário, os alunos têm aintenção de conscientizar asociedade sobre a importânciada preservação da natureza como processo de reciclagem."Queremos mostrar para aspessoas que o lixo queproduzimos pode ter muitasutilidades", salienta.

A casa de boneca serádoada a Comissão Municipaldo Bem Estar do Menor deTubarão (Combemtu), quepresta atendimento a criançase adolescentes carentes domunicípio.

Além de construir a casinha,os nove alunos foram maisalém. Eles estão criandobrinquedos e confeccionandoroupas de material reciclado,como garrafas pet, tampinhasde refrigerante, latinhas eoutros materiais para realizarum desfile. "É bom saber queessa criação vai fazer a alegriade uma criança. Para muitos,

esses brinquedos de lata epapel podem não significarnada. Mas para uma criançaque nunca teve uma bola, estebrinquedo representa muito",destaca a aluna Suélen Nazário.

De acordo com o professore orientador da disciplina deprojeto, Cláudio FabrettiPatrício, o objetivo é fazer comque os alunos coloquem emprática tudo que aprenderam nateoria dentro da sala de aula.

"Eu observo uma enormemobilização das pessoas naescola. Vejo todos ajudandocom doação de caixinhas deleite", orgulha-se o professor.

A entrega da casinha e dosbrinquedos ocorreu no dia 13de novembro, às 19h30min, noauditório do Cedup, e junto érealizado o desfile das roupasrecicladas. O grupo estáotimista e acredita que com aajuda de todos, com doações eincentivo até a data marcada, acasinha estará pronta. Paraconseguir levantar verba, osalunos produziram camisetas,no valor de R$ 12,00, com osímbolo da campanha, e estãoà venda na escola.

Aline conta que já foramvendidas em torno de 60camisetas. Eles esperam que onúmero aumente. Os interes-sados na compra da camisetadevem entrar em contato pelostelefones: (48) 9124 7037 ou (48)3622 5260.

Administrando

a reciclagemFabiana Pangrácio

editado por Daiani Chaves

Fotos: Fabiana Pangrácio

As lixeiras coloridas instaladas no município auxiliam a coleta realizada pelo caminhão

A casa de boneca e os brinquedos serão doados à Combemtu

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