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    A N A M A R G A R I D A C O R R E I A E S T E V E S

    o r i e n t a d o r P r o f . D r . J o o P a u l o C a r d i e l o s

    c o - o r i e n t a d o r A r q . J o r g e C a r v a l h o

    C O I M B R A O U T 2 0 1 3

    d A R Q F C T U C

    F L E X I B I L I D A D EEM ARQUITETURAU M C O N T R I B U T O A D I C I O N A L

    P A R A A S U S T E N T A B I L I D A D E

    D O A M B I E N T E C O N S T R U D O

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    F L E X I B I L I D A D EEM ARQUITETURAU M C O N T R I B U T O A D I C I O N A L

    P A R A A S U S T E N T A B I L I D A D E

    D O A M B I E N T E C O N S T R U D O

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    Fazer a montagem do imaginrio em ausncia da cidade, lio dos poetas.

    Simular um cenrio mais feliz obra nossa.

    Herberto Helder

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    AGRADECIMENTOS

    Ao professor Joo Paulo Cardielos e ao professor Jorge Carvalho, pelo interesse, apoio e motivao.

    Aos amigos de sempre, que, de uma maneira ou de outra, estiveram constantemente presentes.

    Nomeadamente, Ins e ao Manel.

    Aos amigos para sempre, que com PEDIGREE marcaram os melhores anos da minha vida.

    Um especial agradecimento Lusa, Di e Joaninha, por terem sido as primeiras e por se terem

    mantido ao meu lado; e, claro, Filipa, pelos quatro anos de companheirismo, cheios de histrias

    difceis de serem esquecidas.

    minha me, pelo amor incondicional.

    Ao meu pai, pela persistncia e resistncia.

    Aos meus avs, pela preocupao e carinho.

    Ao meu irmo, pela amizade e presena.

    Ao Lus, pela fora incessante e por nunca me deixar deriva no meu caminho.

    Ao av Z, a minha Memria.

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    RESUMO

    Atualmente vivemos num mundo em que a repercusso da globalizao,

    tecnologias de informao, migrao, incerteza e instabilidade, comeam a ditar novas

    tendncias e formas arquitetnicas para o habitat. No entanto, o mercado disponibiliza,

    ainda, uma escolha muito limitada no que diz respeito a novas solues dos espaos

    habitacionais multifamiliares, consequentes, em parte, da compartimentao interior

    limitao dimensional e espacial, provenientes do surto capitalista, impedindo a evoluo

    dos utentes no seu habitat. Os modos de vida mudam e, muitas vezes, as habitaes no.

    nomeadamente, social.

    Este trabalho pretende alertar, numa perspetiva mais generalizada, para a

    no s do arquiteto, mas tambm da sociedade, contribuindo, assim, para a dignidade,individualidade e dinamismo do habitante.

    Palavras-chave:

    resilincia.

    Este trabalho enquadrado na Iniciativa Energia para a Sustentabilidade da Universidade de Coimbra e apoiado pelo

    projeto Energy and Mobility for Sustainable Regions - EMSURE (CENTRO-07-0224-FEDER-002004).

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    ABSTRACT

    We live in a world where the repercussion of globalization, information

    technology, migration, uncertainty and instability start inspiring new tendencies and

    architectural patterns for the habitat. The market, however, offers a still limited choice

    as far as new solutions for inhabitable dwellings are concerned; this is, actually, to a

    distribution of uses, the multiplication of identical buildings and of the dimensional and

    spacial limitation, with origins in the capitalist boom, avoiding, so, the users evolution

    later, on an economic, environmental and even social unsustainability.

    This work intends, in a more general perspective, to call the attention to the

    society itself, contributing, thus, to the users dignity, individuality and dynamism.

    Keywords: .

    This work has been framed under the Initiative Energy for Sustainability of the University of Coimbra and supported by

    the Energy and Mobility for Sustainable Regions - EMSURE - Project (CENTRO-07-0224-FEDER-002004).

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    INTRODUO

    1 FLEXIBILIDADE EM ARQUITETURA - ESPACIALIDADE

    1.1

    1.2

    1.3

    1.4

    2 FLEXIBILIDADE: UM CONTRIBUTO PARA A SUSTENTABILIDADE

    2.1Introduo ao tema da Sustentabilidade

    2.2

    2.3Longevidade da vida til dos edifcios

    3 FLEXIBILIDADE E SUSTENTABILIDADE PARA UMA CIDADE RESILIENTE

    3.1O caso de Portugal e a (falta de) Resilincia na Cidade

    3.2 ambiental

    3.3Habitar no s da Casa para dentro

    CONSIDERAES FINAIS

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    FONTES DE IMAGENS

    17

    31

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    47

    69

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    IMAGILANDO...

    Como ImagiLamos a Casa do Futuro? Desta vez, vamos explorar o tpico da Durabilidade e

    Robustez.

    ImagiLe uma Casa preparada para suportar as maiores adversidades tanto do ponto de vista

    das condies exteriores, como o terreno ou o clima, como do ponto de vista das exigncias dos

    adaptabilidade so princpios que imperam sem que isso, no entanto, comprometa os requisitos

    em termos de durabilidade e robustez.

    Imagile-se a viver no alto de uma montanha onde o Inverno e o Vero so igualmente agrestes,

    podendo voc alterar facilmente as divises da Casa para acomodar amplos terraos no vero e

    grandes marquises no Inverno. ImagiLe ser voc prprio a fazer essas alteraes sem que para

    isso tenha que recorrer a tcnicos especializados e sem que isto ponha em causa a robustez da sua

    habitao.ImagiLe ainda uma cozinha com geometria varivel, adaptvel s dimenses da famlia, as

    paredes facilmente instalveis e amovveis, as ligaes e desligaes de tubagens rpidas

    monobloco capaz de se deslocar na Casa, uma despensa com dimenso varivel consoante as

    necessidades ..Tudo isto e muito mais com uma durabilidade e resistncia superiores das

    habitaes atuais.

    Muitas outras coisas lhe tero ocorrido nesta pequena viagem pelo admirvel mundo da Casa do

    http://weblog.aventar.eu/casadofuturo.weblog.com.pt/index.html

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    INTRODUO

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    A palavra-chave que se vai desenvolvendo ao longo deste trabalho Flexibilidade,

    Habitao e Sustentabilidade - que

    contributo para alcanar uma Arquitetura mais Sustentvel.

    O objetivoprincipal desta dissertao incentivar, principalmente os (futuros)

    da forma para adequao ao pensamento e comportamento vigentes e, tambm, uma

    possvel agregadora de valores multidimensionais para os moradores.

    com as mesmas condies espaciais do sculo passado de modo a permitir a manifestao

    Com o propsito de dar resposta a estas questes, sero abordados alguns

    pressupostos, tais como a rapidez da evoluo de um habitat e os fatores da sua

    transformao, as mudanas sucessivas de gosto, de necessidades, de valores, oaparecimento de novos produtos e tecnologias e o ritmo de vida, durante a fase de vida

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    Fig. 1 Villa Savoye, Le Corbusier

    Fig. 2 Villa Mairea, Alvar Aalto

    Fig. 3 Fallingwater, Frank Lloyd Wright

    Fig. 4 Farnsworth, Mies van der Rohe

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    do edifcio.

    normas de comportamento social e moral, provocando efeitos psicolgicos no indivduo

    e na famlia, que tero repercusso, depois, na sociedade. A Casa sempre o tema central,

    mais complexo e fascinante para um arquiteto. Assim foi na Villa Savoye de Corbusier, na

    Villa Mairea de Aalto, na Fallingwater de Wright ou na Farnsworth de Mies, onde as ideias

    questionaram os cnones da poca e escreveram a histria da arquitetura mundial. () Penso que

    muito se deve ao facto de se tratar de uma abordagem essncia da existncia do ser humano, do

    viver em famlia, do entrar e trabalhar sobre o espao da intimidade.1

    1. Habitao

    2.Dado que uma das questes fundamentais aqui presentes uma arquitetura

    sustentvel, o binmio pessoa-edifcio fundamental. na habitao que se constroem

    modos comportamentais

    outros edifcios e na sociedade.

    3. Habitao na cidadee o papel que cumpre nesse espao. O tema convida

    a pensar a relao entre a qualidade do desenho espacial e a responsabilidade social num mundo

    cada vez mais urbano, onde os problemas relacionados com as cidades tomam dimenses inditas

    e velocidades vertiginosas.2

    e agentes envolvidos na sua produo, consumo e apropriao. , tambm, certo que,

    isto, devemos ter a capacidade de olhar para os edifcios de habitao, essencialmente,

    podemos readapt-los e adequ-los aos tipos de vida atuais.

    Falemos de casas: entre o Norte e o Sul. 2 Ibidem

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    sustentabilidade.

    associada a uma versatilidade do espao da habitao, de forma a responder e a adequar-

    usos desse espao.

    Primeiro que tudo, habitao e habitar vm de uma s palavra latina - habere(ter/ haver)

    3o que sugere a potencialidade de moldarmos

    intimidade e certezas, se bem que momentneas, uma vez que essas certezas se alteram

    com cada vez mais rapidez.

    A pertinnciado tema surge, assim, pelo facto de as redes de comunicao, cada

    vez mais instantneas e globais, trazerem para a realidade dos nossos dias uma enorme

    quantidade de informao, atravs da qual somos constantemente estimulados e que

    ao encontro de devolver ao utente um espao domstico mais dinmico, capaz de abrigar

    habitao que evolua com o dia-a-dia de cada indivduo, adaptvel a um sem nmero

    de situaes, originando uma maneira de habitar de carcter progressivamente mais

    na realidade, uma obsesso que pertence a um discurso puramente arquitetnico.

    familiar constituem o nico recurso disponvel para a construo da cidade. Neste

    que satisfaa as suas condies e, se possvel, que concretize o sonho.

    Ambiente Construdo, 11(2)

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    cada vez mais indispensvel repensar os processos e mtodos que so usados

    possveis utilizadores futuros desse cenrio. Assim, prolonga-se o perodo de vida desse

    espao construdo, isto , aumenta-se o ciclo de vida do edifcio, prevenindo futuros

    desperdcios.

    de recursos.

    A metodologia que permitiu conformar este presente trabalho teve como

    momento de partida uma procura e seleo de informao de forma a encontrar

    e sustentabilidadese interligam e se assumem como uma resposta plausvel para a nossa

    que pretendia para esta dissertao, continuou atravs da consulta de obras relativas ao

    naturalmente, em funo da pertinncia e reas de interesse.

    Optmos por um estudo mais terico (porque senti necessidade de o fazer

    Depois de ter compreendido que a sustentabilidade no se foca em apenas contedos

    habitacionais responde, maioritariamente, a uma sustentabilidade social. Depois de

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    Apesar de nos termos baseado em vrios autores com perspetivas distintas

    para a redao desta dissertao, importante realar dois que abordam a temtica da

    assim que for necessrio. Stewart Brand defende que os edifcios devem ser contnuos no

    tempo e que, quando esses so construdos comeam apenas um captulo da sua histria;

    Herman Hertzberger salienta, ainda, um fator importante, que a identidadedo indivduo

    e do espao em si, relatada tambm na continuidade do edifcio ao longo do tempo.

    com a habitao e os modos de vida, bem como as suas evolues e as necessidades do

    indivduo e das famlias, que devem ser asseguradas dentro dos espaos habitacionais.

    prticas sustentveis que se devem ter em conta, sendo que na obra de Tirone e Nunes

    e Jeremy Till que suscitou mais interesse, dada a anlise histrica feita para perceber

    contemporneos para depreender que devemos continuar a lidar com esta problemtica,

    O trabalho apresentar uma estrutura composta por trs captulos, em que

    (como veremos).

    Depois desta introduo, podemos, de uma forma sucinta, concluir que este

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    arquitetnico estarem a mudar continuamente, dado que a sociedade est cada vez mais

    das nossas habitaes, o espao urbano e o pblico, aquele que percorremos quando nos

    deslocamos de um lugar para outro, so espaos instveis e profundamente dinmicos,

    por causa da velocidade atual das transformaes. A vida contempornea muda muito

    mais rapidamente do que os edifcios que a abrigam. uma acelerao constante,

    incessante, sem obstculos e, consequentemente, quanto maiores so os estmulos que

    a evoluo da sociedade, impondo limites que inibem o surgimento de novas ideias,

    mudanas, invenes e adaptaes espontneas a novas formas de conhecimento e de

    uma arquitetura mais sustentvel, de forma a facilitar, no s a longevidade do edifcio,

    mas essencialmente, propiciar a relao Pessoa-Casa, com as suas vertentes econmicas,

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    CAPTULO 1

    FLEXIBILIDADE EM ARQUITETURA -ESPACIALIDADE

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    331 . F L E X I B I L I D A D E E M A R Q U I T E T U R A - E S P A C I A L I D A D E

    A arquitetura o meio mais simples de articular tempo e espao, de modular a realidade,

    de fazer sonhar. No se trata somente de articulao e de modulao plsticas, expresso

    desejos humanos e do progresso na realizao desses desejos. A arquitetura de amanh

    meio de conhecimento e um meio de agir. O complexo arquitetnico ser passvel de

    seus habitantes.

    nos edifcios de habitao e as vantagens que proporciona aos respetivos utentes. Ser

    bem como os seus componentes. No primeiro ponto -

    modernista e a atual

    A Habitao: sonho e psicologia -

    ser disposta a importncia em haver espaos adaptveis numa habitao, segundo uma

    perspetiva psquica, evidenciando o facto de que se no for possvel um ambiente sensvel

    e estimulante, o comportamento do indivduo ter consequncias, tanto no seu modo

    Participao do utente | Processo de projeto- referir a importncia do arquiteto e dos seus

    continu-lo. Reala-se, desta forma, a importncia da participao do utente, ao longo

    seguimento ao encadeamento desta dissertao.

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    351 . F L E X I B I L I D A D E E M A R Q U I T E T U R A - E S P A C I A L I D A D E

    como ponto de partida deste presente trabalho.

    alteraes

    de longo prazo

    e o ambiente - e alteraes de curto prazo- aquelas que possibilitam multiusos espaciais,

    de forma direta e instantnea.

    imprevisveis do futuro e as transformaes dos hbitos e preferncias individuais da

    A habitao

    voltil, sujeita a uma variedade completa de mudanas cclicas, no-cclicas e tendncias, e se no

    capaz de responder a estas mudanas, ela torna-se no melhor dos casos, insatisfatria, no pior,

    obsolescente.1

    primeira eventual questo que esta dissertao pode levantar porqu

    que procura a estabilidade, retratada pelo que permanente e sedentrio; do outro,

    a que busca o movimento, referenciado no nomadismo e migrao. A resoluo desta

    dicotomia encontra-se entre as atuais preocupaes dos arquitetos em torno do tema da

    de qualidade bsica, mas adequada, no seu habitat. No entanto, a conscincia desse facto

    no , ainda, completamente evidente, consequente do mercado promotor habitacional

    e, principalmente, da maioria dos arquitetos e das nossas escolas de arquitetura estarem

    demasiado presas a conceitos funcionais e restritos para a resoluo destes problemas.

    respostas aos mais variados propsitos espaciais e modos de vida, de forma a suportar

    uma diversidade de atividades, ao encontro de costumes e prticas diferenciadas. A

    1 Schneider, T. & Till, J. (2007).Flexible housing

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    mantendo a habitao constante e ativa. Para alm disso, aumenta as possibilidades

    arquitetnica residencial e estendendo a performance do edifcio ao longo da vida til

    da habitao, ao mesmo tempo que possibilita que o edifcio construa a sua prpria

    identidade, passando a fazer parte da Memria do local.

    A possibilidade de desenvolvimento e melhoramento do equipamento

    socioeconmico, administrativo e cultural.

    futuro em termos de custo a longo prazo, de sustentabilidade, de longevidade e da

    capacidade de incorporao de novas tecnologias. Pode resumir-se numa mudana do

    durabilidade e dinamismo do edifcio.

    se para as temticas da pr-fabricao, modulao e para questes tcnicas relacionadas,

    na habitao e acabando na cidade.

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    391 . F L E X I B I L I D A D E E M A R Q U I T E T U R A - E S P A C I A L I D A D E

    autores em diversos campos do conhecimento, e tem vrias interpretaes. Num

    primeiro momento o conceito sugere, quase imediatamente, movimentoe mudana-

    uma associao muito simplista - podendo acrescentar-se que algo que, ao mover-se,

    1

    provavelmente ser descrito como

    .2

    liberdade,

    liberdade de escolha entre opes existentes ou a criao

    3

    inicial ou conceptual

    1 Ibidem 3 Hamdi, N. (1991).

    1.1

    DEFINIO DE FLEXIBILIDADE

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    F L E X I B I L I D A D E E M A R Q U I T E T U R AU M C O N T R I B U T O A D I C I O N A L P A R A A S U S T E N T A B I L I D A D E D O A M B I E N T E C O N S T R U D O

    Fig. 5

    evolutiva para Cabo Verde, 1989. Arq.

    Antnio Baptista Coelho e Antnio ReisCabrita

    Fig. 6 MOBILIDADE. Mountain Dwellings, 2008.

    BIG

    Fig. 7 ELASTICIDADE. Lego Towers, 2006. BIG

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    permanente ou contnua

    evoluo, elasticidade, adaptabilidade, polivalncia, participao, entre outros.

    Entende-se por mobilidade

    as atividades dirias, mediante elementos de encerramento fceis de deslocar, de correr

    ou de encolher. Para Arnheim, a progresso do visitante pode ser to essencial para o projeto

    de um edifcio, como uma sequncia meldica o para a msica 4; da que a arquitetura, mais

    relao das vrias divises.

    A evoluo

    ou removendo compartimentos.

    A elasticidade

    evoluo simples da superfcie habitvel da habitao. () Criao

    de marquises, encerramento de talheiros e de estufas, converso habitacional de stos e caves

    desafogadas, () desenvolvimento de estdios ou de quartos com acessos autnomos, que podem

    ser mais ou menos ligados a fogos normais contguos, proporcionando variados tipos de usos.5

    adaptabilidade

    equivocadas e, no discurso arquitetnico, tm sido alvo de vrias descries. No entanto,

    ser nessa corrente que este presente trabalho se ir basear.

    Segundo Rabeneck, Sheppard e Town6

    tcnicas construtivas e com a posio de espaos de servio no desenho da habitao;

    enquanto que uma habitao adaptvel lida com a organizao interna das unidades

    habitacionais, devendo proporcionar uma mnima predeterminao dos padres de

    pensamento a longo prazo no desenho arquitetnico

    4 Muga, H. (2006). Psicologia da arquitectura 5 Coelho, A. (1993)Anlise e avaliao da qualidade arquitetnica residencial

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    FLEXIBILIDADE ADAPTA ILIDADE

    ANDREW RABENECK,DAVID SHEPPARD,

    PETER TOWN

    ADRIAN FORTY

    STEVEN GROK

    TATJANA SCHNEIDER,JEREMY TILL

    HERMANHERTZBERGER

    GERARD MACCREANOR

    1973/1974

    A flexibilidade prfuncionalismo

    As tentativas falhadacriticadas por alega

    para uma falcia dacontr

    A habitao flexveoferecer escolhaO conceito de flexitcnica construti

    servi

    posta em oposio aofeito medida.s da flexibilidade soamente remeteremliberdade atravs doolo.l deve ser capaz de

    personalizao.ilidade lida com a

    a e distribuio deos

    Adaptabilidade na hunidades habitacio

    facilmente altercircunst

    A adaptabilidade estplaneamento e di

    edifcio, incluindivises e as rel

    abitao refere-se aais que podem serdas consoante asncias. relacionada com ostribuio de umo o tamanho dases entre elas.

    2000

    A incorporao ddesenho, iludiu os

    possibilidade de projsobre o edifcio no fut

    em que seriam os reA confuso no signifiadvm de dois papi

    tem servido para expde modo a torna-lo vi

    ser utilizada para resis

    a flexibilidade noarquitectos com aectar o seu controloro, para l do perodo

    sponsveis por ele.cado de flexibilidadecontraditrios: ela

    ndir o funcionalismo,vel e tem vindo atir ao funcionalismo.

    -

    1992

    A flexibilidadechama a ateno

    para a capacidadede responder a

    vrias disposiesfsicas possveis.

    A adaptabilidadechama a ateno

    para acapacidade de

    responder adiferentes usossociais.

    2007

    A flexibilidade nahabitao alcanada

    alterando a matrizfsica do edifcio

    Flexibilidade:diferentes arranjos

    fsicos espaciais

    A adaptabilidadeem habitao

    alcanada atravsdo desenho de

    divises ouunidades que

    podem serutilizadas de

    diversasmaneiras.

    Adaptabilidade:diferentes usos

    sociais(polivalncia)

    1991

    No desenho flexvelno existe uma

    soluo nica,prefervel a todas asoutras; Hertzbergeravana com outro

    conceito, apolivalncia.

    Polivalncia

    1998

    A flexibilidade umaleva ao] colapso do es

    conven

    A flexibilidade no ide mudanas intermi

    com a frmula

    A flexibilidade incl

    ideia desenhada [queuema de distribuioional.

    mplica a necessidadeveis nem a ruptura

    convencional.

    i a adaptabilidade.

    A adaptabilidadediferente de encar

    que diz respeito te multifunci

    uma maneiraar a flexibilidade,ransfuncionalidadeonalidade.

    Fig. 8

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    enquanto a adaptabilidade se

    alcana atravs da conceo de quartos ou unidades que possam ser usados de vrias maneiras,

    atravs do modo como as salas so organizadas, os padres de circulao e a designao das salas...

    estendendo-as, ou deslizando ou dobrando paredes e mveis.7

    Pode concluir-se, entretanto, que a maioria destes autores alegam que

    Herman Hertzberger, introduz o termo polivalncia. A polivalncia refere-

    se a uma forma esttica, isto , uma forma que se preste a diversos usos sem que ela

    prpria tenha que sofrer mudanas fsicas, de maneira a que

    produzir uma soluo tima.8

    uma recusa das suas responsabilidades. Acrescenta que nem a neutralidade (falta de

    comprometimento tolervel para todos, perfeita para ningum-,

    perfeita

    - mas para quem?- podem produzir uma soluo adequada. A responsabilidade de uma

    soluo encontra-se, sim, num espao polivalente, no qual cada um se pode relacionar,

    e a neutralidade consiste na ausncia de identidade.9

    de pesquisa recentes argumentam, como o fazem Monique Eleb Vidal, Anne-Marie

    e multifuncionalidade de espaos, atravs de parmetros que aludem, em qualquer

    situao, a uma articulao estratgica entre a utilizao, a tcnica e o espao.

    7 Schneider, T. & Till, J. (2007). Flexible housing 8 Hertzberger, H. (1996). Lies de arquitectura 9 Ibidem

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    .10A conceo

    do espao.

    De acordo com Maccreanor, o edifcio adaptvel tanto pode ser transfuncional

    habitvel para rea de trabalho, da rea de trabalho para rea de lazer ou mesmo como

    um contentor para vrios usos ao mesmo tempo. Maccreanor relaciona a adaptabilidade

    ofeream aos utilizadores, com estilos de vida distintos, liberdade de escolha, isto ,

    11

    e estudada e, por isso, tambm bastante controversa. Desta forma, foi necessrio

    da dissertao, a estabelecida por Gerard Maccreanor. A adaptabilidade uma

    que estas ltimas requerem mudanas fsicas no espao, enquanto a adaptabilidade se

    11 Ibidem

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    H coisas que podem ser substitudas, e forosamente sero substitudas, mas pergunto-me se os

    edifcios sero substitudos... No, acho que deveramos ser sensatos. No preciso construir para

    durar milnios, como as pirmides, mas um edifcio deveria viver tanto quanto seja possvel. No

    h nenhuma razo para faz-lo simplesmente provisrio. Nesse caso, dever-se-ia montar barracas!1

    razes para a demolio parcial ou total de muitos edifcios habitacionais. John Ruskin 2

    todos os edifcios so potencialmente imortais, mas que muitos deles duram apenas

    metade de uma vida humana.3Se a habitao no tiver a capacidade de integrar a mudana, esta acaba por ser

    o ser humano, esto relacionadas com a velocidade das mudanas, com parmetros

    1 Mies cit. por Jorge, L. (2012). Estratgias de Flexibilidade na arquitetura residencial multifamiliar(Dissertao de Doutoramento). 2 Foi poeta, desenhista e um escritor lembrado mais pelo seu trabalho como crtico de arte e crtico social britnico. (1819-1900)3 Ruskin cit. por Brand, S. (1994). How buildings learn: What happens after theyre built

    FLEXIBILIDADE E INFLEXIBILIDADE:DE UMA VISO MODERNISTA ATUAL

    1.2

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    identidade. Para alm disso, h mais dois fatores essenciais que contribuem para um

    possibilidade de nos apropriarmos do nosso habitat, os resultados sero o anonimato, o

    desinteresse e, frequentemente, o abandono e o vandalismo.

    campo tecnolgico, cultural, social e econmico, decorrem pelo facto de as diretrizes que

    regem a produo habitacional (multifamiliar, essencialmente) contempornea serem,

    nomeadamente, as mesmas que as do incio do sculo XX.

    sculo XIX. A Revoluo Industrial e a consequente migrao das pessoas, em grande

    escala, para as cidades, tendo em vista a crescente necessidade de alimentar as fbricas

    com uma grande quantidade de trabalhadores; a evoluo tecnolgica nos processos de

    trabalho e respetiva mecanizao de atividades, que antes eram produzidas de forma

    que mobilizaram arquitetos de todo o mundo em busca de condies dignas para as

    camadas populacionais. O Movimento Moderno surgiu, assim, da necessidade de reajuste

    da Arte com a evoluo das cincias e da tcnica, tal como dos modos e sistemas de produo.4Foi,

    ento, nestas circunstncias que as ideias de Arquitetura Funcionalista e do conceito de

    industrializao e produo em srie surgiram.

    4 Choay, F. & Merlin, P. (1996) Dictionnaire de lurbanisme et de lamgement.

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    Fig. 9

    Fig. 10

    modulao

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    um sculo a acreditar que podiam realmente antecipar a funo de um edifcio. Sullivan

    a forma, a expresso exterior, o desenho, ou o quer que escolhamos de um edifcio,

    devia, segundo a prpria natureza das coisas, seguir a funo desse edifcio, e que, onde a funo

    no mudasse, a forma tambm no mudaria.5

    As regras do funcionalismo, com as suas questes de linguagem a nvel de

    transparncia das funes, foram muito bem representadas pela obra do arquiteto

    Herman Hertzberger censurou a arquitetura funcionalista, as solues

    implementar as aes do indivduo no espao. A arquitetura de limites difusos uma

    separabilidade e lgica6- fazendo uma tabua rasado passado, das heranas histricas e das

    tradies, Joo Mendes Ribeiro declara que ser-se contemporneo, hoje, recriar o passado.

    Esta uma das caractersticas que se distancia da ideia modernista Hoje, no h

    uma ideia de rutura, antes pelo contrrio, h uma tentativa de relao de sntese entre passado e

    presente. Esta interpretao do passado tema contemporneo.7

    avano tecnolgico e cultural. Tudo deveria ser feito e repensado de maneira a enfatizar

    5 Sullivan cit. por Brand, S. (1994). How buildings learn: What happens after theyre built a arquitetura pr em ordem. Pr em ordem o qu? Funes e objetos. No entanto, 7 Ribeiro, J. (2011) Casa da Escrita em Coimbra player

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    Fig. 11 Arquitetura funcionalista.

    Rigidez, edifcio-tipo,

    Drrenberg, Gross-Siedlung.

    1930

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    as potencialidades do futuro, que teria como base a instituio da mquina8como uma

    9

    determinaram uma tendncia para a rigidez dos edifcios, bem como o afastamento do

    nos espaos habitacionais, por ns caracterizada, est aqui evidenciada.

    progressista,foi obrigado a penhorar a prpria liberdade, condenado a viver conforme as normas

    implacveis da tradio.10Posto isto, gerou-se uma crise na arquitetura no incio do sculo

    no uma crise de alojamentos ou uma carncia de moradias: a crise do prprio sentido de

    habitar enquanto modo fundamental, atravs do qual produzimos a nossa identidade, promovemos

    o nosso hbito, fazemos o pensamento e esprito apresentarem-se no mundo e tomamos posse da

    nossa vida, da nossa histria e do nosso destino.11Esta ideia pode ser comprovada quando Le

    a arquitetura

    atual ocupa-se da Casa vulgar e corrente para homens normais e correntes. Ela abandona os

    palcios. Eis um sinal dos tempos.12

    de ser a sociedade e a sua constante evoluo a promoverem a mudana e progresso

    de analisar, prever, ordenar e determinar o futuro, incluindo comportamentos e relaes

    seu ponto de vista, deveria desvincular-se desse passado, criando assim o seu prprio estilo.10 Jorge, L. (2012). Estratgias de Flexibilidade na arquitetura residencial multifamiliar(Dissertao de Doutoramento). Faculdade de 11 Ibidem 12 Corbusier cit. por Pereira, M. (2009). Da arquitectura teoria e o universo da teoria da arquitectura em Portugal na primeira metadedo sculo XX(Dissertao de Doutoramento em Teoria da Arquitectura). Faculdade de Arquitectura da Universidade Tcnica de

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    Fig. 12 Modulor

    homem-tipo. A modernidadefoi responsvel

    pelo desenvolvimento de uma sociedade na qual

    os indivduos estavam condenados a tarefas

    e a deveres institucionalizados, condenados a

    uma ordem rigidamente controlada, montona,

    regular, repetitiva e previsvel

    Fig. 13 Revista do CIAM de 1929

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    de dissertao, no Movimento Moderno, ao honrar-se o facto de o homem individual e a

    se a hiptese de qualquer variao de comportamentos, necessidades ou simples mudana

    13

    Partindo do princpio de que as necessidades do Homem seriam padronizadas,

    A arquitetura racionalista devia substituir qualquer precipitao, intuio, improvisao (...)

    pela sistematicidade, pelos clculos precisos e pelos materiais produzidos em srie.14E aqui, mais

    Nem tudo foi negativo nesta fase modernista. Apesar do que alguns arquitetos

    modernos desenvolveram ter-se transformado numa arquitetura estandardizada em

    salientar a preocupao e inteno da melhoria de qualidade de vida das populaes.

    que iriam refutar o quadro imposto pela reduo dos padres construtivos e dimensionais

    do incio do sculo XX.

    O segundo congresso CIAM, decorrido em Frankfurt, em 1929, denominado Die

    15 foi um momento crucial para a introduo das

    standarde como resposta

    incio do sculo.16 ser a panaceia

    13 A maioria dos arquitetos modernistas abandonaram a conceo do Homem com caractersticas individuais, renegando oprimordial papel entre o Homem/ Natureza/ edifcio.14 Montaner, J. (2001)A modernidade superada: arquitectura, arte e pensamento do sculo XX standard

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    Fig. 14 Cozinha de Frankfurt, CIAM 1929, existenzminimum.Planta.

    Fig. 15 Cozinha de Frankfurt.

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    para curar todos os males da arquitetura. 17Se tivesse que haver menos espao, por razes

    e situaes de mudana. Mas, uma vez mais, o arquiteto holands Herman Hertzberger

    a neutralidade consiste apenas na

    ausncia de identidade, isto , na falta de traos caractersticos. O problema da mudana no

    tanto uma questo de ter de adaptar e mudar traos caractersticos, mas de, antes de tudo, possuir

    esses traos caractersticos! 18

    Com esta idealizao imposta por Hertzberger, abrimos aqui um espao para

    os autores. Apesar de, com este trabalho, tentarmos demonstrar as qualidades e

    com consequncias no modo de habitar a Casa, na liberdade do prprio habitante, na

    longevidade do edifcio habitacional, entre outros que sero retratados, h diversos autores

    da adaptabilidade/ polivalncia - o que para este trabalho, e no nosso entendimento,

    para indicar as suas crenas. E, para isso, a arquitetura tem que tomar decises e impor

    limitaes, sendo que

    19

    vez mais, ao encontro da rigidez, da rotulao dos espaos por parte do arquiteto e da

    limitao da capacidade de mudana dentro das unidades habitacionais, incentivando o

    habitante a abandonar o espao, a partir do momento em que esse no corresponder mais

    17 Hertzberger, H. (1996). Lies de arquitectura 18 Ibidem19 Ibidem

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    Fig. 16 Na planta de Mies Van der Rohe

    para o bloco de apartamentos em

    Weienhofsiedlung, Estugarda

    (1927), o esqueleto da estrutura

    do edifcio e o sistema de painis

    com um metro de largura como

    divises internas permitia o

    a corresponder a diferentes

    situaes e vivncias. Estas plantas

    representam a organizao do

    outros arquitetos, consoante

    as necessidades dos habitantes.

    Ho-o-denJapons. Vista interior.

    Fig. 17 Ho-o-denJapons. Vista interior.

    Fig. 18 Ho-o-denJapons. Vista interior.

    Fig. 19 Ho-o-denJapons. Planta.

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    deste captulo.

    desgnio positivo para a conceo do habitat, importante referir o papel do arquiteto

    arquitetura. O arquiteto adotou a planta livre, permitida por uma estrutura que seria a

    inseparveis. Sem a coluna vertebral, a planta no seria livre, mas catica e, portanto,

    conturbada. com base nestes pressupostos que Mies desenvolveu toda a sua obra, sendo

    ainda seguido, nos seus princpios, por arquitetos da atualidade.

    A crise do funcionalismo motivou o interesse dos arquitetos pela psicologia.

    e para qualquer lugar, a arquitetura orgnica, lanada por Frank Lloyd Wright, prope

    uma Casa diferente para cada Homem e para cada local. Todavia, se no funcionalismo

    o Homem se esqueceu de si prprio, no organicismo esqueceu-se dos outros Homens.

    unio entre a arquitetura e a vida, considera o Homem como ser individual e como ser

    social.

    errada. Em 1910, o arquiteto decretou que toda a arquitetura, digna de seu nome, ser, daqui

    para a frente, cada vez mais orgnica.20O arquiteto visitou o Japo, pela primeira vez, em

    ou as aspiraes de cada cliente individual. Mas, na realidade, os edifcios residenciais de

    20 Wright cit. por Brand, S. (1994). How buildings learn: What happens after theyre built.

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    Fig. 20 Planta tipo de uma das torres de apartamentos em Lake

    Shore Drive, Chicago (1948-1951). Planta livre, ncleo

    central de servio e zonas habitveis livres, sem

    compartimentao.

    Fig. 21 Schrder Huis

    na altura da arquitetura modernista. Atravs da

    mobilidade dos painis, possvel criar diferentes

    espaos e, consequentemente, usos distintos

    conforme as necessidades do utilizador. A primeira

    planta descreve como a habitao pode ser usada

    durante o dia, criando um nico espao contnuo,

    uma nica sala e a segunda planta representa como

    os espaos se podem articular durante a noite.

    Fig. 22 Maison Loucheurs. Le Corbusier props um espao que

    mobilirio e de painis. O arquitetou levou esta ideia

    conforme as necessidades do utilizador duranteum percurso dirio. A rea central da Casa serve de

    sala de comum durante o dia e pode transformar-

    se em diversas sries de espaos durante a noite.

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    Frank Lloyd Wright, to desenhados que eram, no podiam ser alterados, acabando por

    uma certa crtica e com a ironia que lhe caracterstica, referiu que viver numa das suas

    casas ser administrador de um museu de Frank Lloyd Wright; nem pensem em alterar qualquer

    na ideia, mortas nascena.21

    intocvel.

    do Modernismo, comearam a ser reveladas algumas iniciativas, no intuito de promover

    estrutura familiar. Os grandes mestres modernos, que eternizaram a planta livre (Mies,

    Wright) e os interiores adaptveis (Rietveld e Le Corbusier) formam o percurso de uma

    moderno por meio da arquitetura. A modernidade, na sua dialtica foi capaz, por um lado,

    de condenar o usurio a uma vida rotineira e programada, mas por outro, foi tambm

    capaz de fornecer valiosos indcios que o libertariam da implacvel rotina escravizadora.

    anos 30) encontra-se uma tenso entre a realidade e a sua retrica, tenso essa que

    necessidades das habitaes mnimas e, por outro, a uma posio mais polmica que

    do Modernismo tendem a favorecer as abordagens mais fortes e mais deterministas da

    22

    A conscincia, cada vez maior, de que faltava uma correspondncia entre os

    valores do arquiteto e as necessidades e costumes dos habitantes levou a uma srie de

    surgiu um novo fenmeno no mundo da arquitetura, em que se comeou a perceber que

    21 Brand, S. (1994). How buildings learn: What happens after theyre built. 22 Schneider, T. & Till, J. (2007). Flexible housing

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    F L E X I B I L I D A D E E M A R Q U I T E T U R AU M C O N T R I B U T O A D I C I O N A L P A R A A S U S T E N T A B I L I D A D E D O A M B I E N T E C O N S T R U D O

    Fig. 23 Living 1990

    grupoArchigram

    um espao habitvel sem limites rgidos,

    permitido por uma tecnologia avanada

    para o momento, composto por uma srie

    de robots mveis,que realizam a maioria

    das tarefas domsticas. De uma forma

    nada convencional, retratado neste

    esquema o uso do espao para o decorrerde um dia.

    Fig. 24 Plug-in-city

    Fig. 25 Living Pod

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    631 . F L E X I B I L I D A D E E M A R Q U I T E T U R A - E S P A C I A L I D A D E

    nem todas as sociedades podiam ser medidas segundo os mesmos padres e se aceitou

    a pluralidade e diversidade cultural. Nesta altura, Nuno Portas descrevia no seu livro

    inter-relao espao-necessidade tal como se defende pela

    sua contribuio decisiva para um novo conceito de arquitetura funcional, a nvel superior, pe

    igualmente uma questo de difcil sada: a da acelerao das mudanas que, por via das aquisies

    da tcnica, da promoo social, das comunicaes de massa, etc, se operam incessantemente nos

    contedos programticos das funes arquitetnicas ou territoriais. Por outras palavras: como

    defender uma esttica da adeso ao que movedio, fugaz e rapidamente posto em causa por fatores

    extrnsecos, emergentes e criadores de novas necessidades funcionais?23Esta questo obriga a

    arquitetura a introduzir uma certa relatividade nos contedos e funes na sua prtica

    disciplinar, desde que metodologicamente controlados. Esta postura metodolgica

    considerava que os fatores declaradamente provisrios determinavam a adoo de

    solues evolutivas que previam as deslocaes e mutaes funcionais.

    Os arquitetos que formaram o Team X (dcada de 50) e que eram divergentes

    da arquitetura que, at ento, se praticava, defendiam que seria necessrio dinamizar

    a arquitetura funcionalista e as suas inter-relaes com o espao; precisar-se-ia da

    habitat e as suas relaes, sendo que a inteno fundamental do Team X seria questionar

    a validade dos princpios universais a partir da noo de que o homem se organizaria

    criar vnculos sociais e de apreender o espao a partir dos seus prprios valores culturais.

    social.

    nova gerao de arquitetos espalhada por Paris, Londres, Amesterdo, Viena, Florena,

    menos ingnuos, irnicos ou delirantes, para uma nova civilizao ldica e tecnolgica.

    Com a evoluo surpreendente da tcnica quer dos materiais quer da comunicao, foi

    permitido pensar numa refundao radical do habitat humano ao concentrar as atenes

    destas propostas visionrias na autonomia da ao individual e na interao mental e

    sensorial com o ambiente envolvente. Estas propostas radicais subentendem por isso tanto

    um novo indivduo atmico, um ser existencialmente autnomo e nmada, como um novo habitat

    23 Portas, N. (2008).A arq uit ect ura par a h oj e; seg uid o de Evo lu o da arqui tec tur a mod ern a em Por tug al

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    .24

    modernista, ao interrogar, de forma radical, as condies dessa altura, desenvolvendo

    em todos os nveis da sociedade e em todos os nveis da mercadoria, a estabilidade da realidade est

    a ser posta em causa por uma mudana crescente dos nossos hbitos, portanto, consequentemente

    dos nossos habitats.25

    conceber megaestruturas tecnolgicas dinmicas e mutveis. Deste modo, os Archigram

    (Plug-in City) e em modelos habitacionais unitrios reprodutveis (Living-Pod, Gaskett

    Homes). Se, por um lado, o sistema estrutural pensado tendo em conta que todo o meio urbano

    pode ser programado e estruturado para a mudana, por outro, os mdulos habitacionais

    apresentam-se formalmente diferenciados, embora subentendendo uma mesma preocupao com

    a pr-fabricao e o equipamento tcnico.26Os Archigram caminhavam, cada vez mais, para

    uma radical desmaterializao da arquitetura e, neste sentido, comearam a desenvolver

    transportveis para um novo ser nmada urbano (Cushicle, Suitaloon).

    A ps-modernidade voltou a abrir espao para uma srie de situaes interessantes que

    no podemos desprezar: temos que ter espao para a nossa inveno e esse espao no pode ser

    limitado, muito menos por barreiras ticas, que foram aquelas que o moderno, na sua nsia de

    abafar as questes de sobre-representao estilstica do sculo XIX, ao tornar o passado terra

    queimada, e criando um novo modelo, acabou por institucionalizar.27A poca que atravessamos,

    esteretipo residencial. necessrio uma transformao efetiva no modo da conceo

    do habitat, combatendo a padronizao e a repetio, caractersticas que no pertencem

    ocupa.

    24 Arq.a (2008). Habitar Colectivo, n57 25 Peter Cook, em Arq.a (2008). Habitar Colectivo, n57:10-1126 Arq.a (2008). Habitar Colectivo, n57:10-1127 Jornal Arquitetos (2006). Programa, n 222

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    provocou uma crescente desintegrao entre o homem e o seu habitat, consequente dos

    modernista era criar, ento, uma arquitetura funcionalista - em que cada funo teria o

    seu lugar -, limpa e econmica. Menos dinheiro para a construo, mais glria para o arquiteto.

    Todos ganham, exceto os utentes.28

    O mercado imobilirio atual continua a basear-se nestes parmetros como

    mais as questes econmicas (o mnimo da habitao mnima) do que propriamente

    trabalho, apesar de ter precedentes nesta altura modernista, a sua conceo o oposto

    se a ele, ao longo do tempo, com o intuito de proporcionar uma maior longevidade do

    edifcio.

    28 Brand, S. (1994). How buildings learn: What happens after theyre built.

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    A Potica do Espao preocupa-se com os elementos psicolgicos que esto por trs das formas

    imagens simples revelam um estado psquico. A casa, mais do que a paisagem, um estado

    psquico, escreve ele. Quando o ambiente j no proporciona um ambiente sensvel e estimulante

    para as nossas fantasias, o nosso comportamento torna-se spero e agressivo.1

    identidade e memria, da conscincia e inconsciente, dos restos de comportamento

    biologicamente motivados, e reaes e valores culturalmente condicionados. Quo real

    tudo se torna concreto no mundo do esprito, quando um objeto, uma simples porta, pode oferecer

    imagens de hesitao, tentao, desejo, segurana, acolhimento e respeito, escreve Bachelard.2

    consegue integrar a mudana, forando as pessoas a moverem-se quando as suas

    contnua da habitao, que, por sua vez, cria habitao desprovida de personalidade,

    o que diminui, depois, a capacidade dos indivduos e das famlias para fazer quaisquer

    alteraes -

    nossa mente.

    1 Pallasmaa, J. (2005). Encounters: architectural essays 2 Ibidem

    1.3

    A HABITAO: SONHO E PSICOLOGIA

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    Fig. 26 Caricatura

    da arquitetura multifamiliar.

    necessrio uma nova atitude e uma

    mudana no pensamento de conceber

    a habitao.

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    Cada indivduo tem uma personalidade nica e reage, no s de maneira diferente

    satisfao de habitabilidade que um lugar nos transmite.

    A Casa tem um grau de elevada importncia no quadro do modo de vida, que acaba

    as aspiraes

    formadas ao longo de uma trajetria de vida apontam para a necessidade da posse da casa, pelo que

    esta se interioriza como projeto de vida em funo do qual se organizam estratgias conducentes

    sua concretizao.3A partir dos anos 30 do sculo XX, Jean Piaget4desenvolveu a mais

    importante teoria do desenvolvimento cognitivo, em que o funcionamento intelectual,

    no seu aspeto dinmico, caracterizado pelo processo de assimilao

    organismo) e de acomodao

    ao mundo.5Na verdade, o ser humano adapta-se a qualquer situao, mas o Homem de

    possuir as melhores tecnologias e redes do mundo, com vontade de viver um quotidiano

    num mundo mais amplo e diverso e, para satisfazer esses sonhos, no se pode restringir

    a sua realidade.A casa deve ser pensada e desenhada para o homem. A arquitetura precisa de

    interagir com os seus utilizadores, avaliando sempre a adaptao sociedade.6H uma imagem

    de sonho e de nostalgia que est por trs da transformao da estrutura social, mas, o que

    familiar constituem o nico recurso disponvel para a construo da cidade. Neste

    que satisfaa as suas condies e, se possvel, que concretize o sonho.

    so interpretaes coletivas dos desejos individuais de uma multido elaboradas por um pequeno

    3 Sociedade e Territrio (1998). Mudana social e formas de habitar,n25|26 considerado um dos mais importantes pensadores do sculo XX. Defendeu uma abordagem interdisciplinar para a investigao pensamento humano. (1896-1980) (wikipdia)5 Muga, H. (2006). Psicologia da arquitectura

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    grupo.7

    para si, ningum ser capaz de inventar, para os outros, a habitao perfeita. Nem na

    poca em que as pessoas construam as suas prprias Casas eram livres, dado que toda a

    cada um condenado a ser como ele quer que os outros o vejam - este o preo

    que o indivduo tem de pagar sociedade para pertencer a ela, e desse modo ele ao mesmo tempo

    possuidor e possudo por padres coletivos de comportamento.8No entanto, cada um tem uma

    de desenvolvimento futuro.

    () enquanto modelo a que se aspira e, depois, enquanto modelo concretizado.9 Encontrando

    caractersticas do espao da habitao, d-se uma contribuio decisiva ao conceito

    que uma arquitetura espacialmente errada tende a provocar na vida pessoal ou de relao, na

    programaticamente desejadas.10

    para as famlias, como pode ainda acelerar um processo de intolerabilidade da vida

    7 Hertzberger. p. 1588 Ibidem9 Sociedade e Territrio (1998). Mudana social e formas de habitar,n25|26 10 Portas, N. (2008).A arquitectura para hoje ; seguido de Evoluo da arquitectura moderna em Portugal

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    Fig. 27 Interior de apartamento em Fukuoka,

    atravs de painis e armrios moviveis,

    conforme as atividades e necessidades

    dos utentes

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    quotidiana e marcar, irremediavelmente, espritos to submissos e vulnerveis como

    relaes - demasiadas ou demasiado intensas para o seu contedo interior - implicar

    sobre as causas de perturbaes psicolgicas das crianas, em meios operrios, que

    contrrio das outras classes. Portanto, evidencia-se a necessidade de construir fogos que

    possam responder a esta tendncia que, em vez de estrangular, deve estimular.

    A privatizao generalizada das sociedades contemporneas parece ser um

    um habitar cristalizado nas cidades em modelos banalizados e convencionais. Perante a

    em virtude das redues de programa, conduziu a uma pobreza espacial insustentvel,

    atualmente, a habitao

    deve ser entendida como um lugar prximo do desejo e da versatilidade, da qualidade de vida e

    da fantasia sugestiva do lazer, do bem-estar e do conhecimento, em vez da habitual serenidade

    ou previsibilidade do espao concebido apenas como mera necessidade social ou aparncia. Em

    suma, a nova habitao tem que ser concebida atravs da diversidade e pluralidade, em vez de pela

    homogeneidade e coletividade. Um espao multi-ativo e interativo.11

    acompanhar o processo de vida do habitante, independentemente das circunstncias e,

    aquela que incapaz de acompanhar um crescimento e mudana torna-se um fracasso.

    deveria fornecer ao habitante uma interdependncia contnua; ou, se uma habitao

    outro lado (habitao evolutiva); ou ainda se as circunstncias econmicas ou familiares

    12

    11 Arq.a (2008). Habitar Colectivo, n57 12 Schneider, T. & Till, J. (2007). Flexible housing.

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    Fig. 28 Interior de apartamento

    em Fukuoka, Japo,

    espacial, atravs de

    painis e armrios

    moviveis, conforme as

    atividades e necessidades

    dos utentes

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    que ver com elasticidade da Casa, aludindo que, em primeiro lugar, preciso a rea para

    as funes essenciais que se desenrolam numa habitao, tomadas num sentido fsico

    da famlia, tanto para possibilitar as distncias psicolgicas necessrias entre as pessoas

    e o seu isolamento, como para abrigar a reunio dos membros sem constrangimento.

    Mas poder proceder-se a uma demarcao de reas sem comparar as exigncias presentes com a

    previso de evoluo13das necessidades dentro do perodo atribudo de durao da casa14Qual

    do habitat so praticamente fatais. A morfologia da planta e a capacidade da Casa se

    adaptar so dois aspetos que se devem ter em conta na noo de custo social, uma vez

    rendimento do trabalho ou no equilbrio da educao da vida social. O desenvolvimento

    de uma habitao humanizada, com o sentido de um habitar positivamente marcado pelo

    bsica numa sociedade que vise um futuro com um empenho solidrio e cultural.

    comunho social mais ou menos alargada/ intimidade.15O facto mais importante no habitat

    de um homem a possibilidade de escolha contnua entre a vida coletiva e a liberdade do controlo

    social; entre a solido e a companhia, entre o fechado e o aberto; o rudo e o silncio.16O acesso (dos

    A apropriao tem relaes muito fortes com a adaptabilidade e, quando as

    individualismo combatido para se promover a importncia do grupo, como acontece

    13 Por evoluo entende-se a evoluo numrica da famlia, a sua evoluo social e a evoluo efetiva e espiritual da mesma14 Portas, N. (2004).A habitao social: proposta para a metodologia da sua arquitectura 15 Paul-Levy & Segaud (1998) Anthropologie de lEspace. Em Sociedade e Territrio. Mudana social e formas de habitar,n25|26 16 Quaroni cit. por Portas, N. (2004).A habitao social: proposta para a metodologia da sua arquitectura

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    limitada. Outro molde so as residncias comuns, tanto de estudantes como de idosos,

    e as adaptarem aos seus usos e modos de vida.

    H um momento na vida dos indivduos em que esses esto disponveis para

    Eu

    comeo a pensar e a falar do meu quarto. frustrante ser forado a viver num espao que no se

    possa reconhecer ou marcar como o seu territrio pessoal. O lar mnimo de uma criana ou de um

    primitivo a mascote ou o dolo pessoal, que d uma sensao de segurana e normalidade17A

    a um espao, maior a probabilidade dos seus comportamentos serem estimulados ao

    longo desse mesmo tempo. A habitao tem a competncia de desenvolver (ou no) as

    capacidades dos seus habitantes e tem que ver, sobretudo, com esta potencialidade de

    possamos enraizar, tanto uma componente necessria de segurana fsica, como uma

    Por vezes, os diferentes modos de apropriao podem ter tendncia para se

    maior diversidade e nmero de utentes. H que ter em conta, portanto, que a liberdade

    sem utilizao estritamente determinada.

    diversidade e individualidade ao invs da homogeneidade e coletividade. Indesejveis so

    aquelas habitaes cuja imagtica est to controlada que no so possveis quaisquer mudanas

    introduzidas pelos seus habitantes. Tais habitaes so um fracasso. E o mesmo se aplica s

    habitaes que no oferecem sugestes para os nossos sonhos.18

    17 Pallasmaa, J. (2005).Encounters: architectural essays Mudana social e formas de habitar,n25|26146

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    Fig. 29 Planta 4 PisoFig. 30 Planta 3 Piso

    Fig. 31 Vista do alado Norte

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    Habitaes em Fukuoka, Japo. Steven Holl, 1989-91

    Do espao articulado ao silncio do espao vazio.19

    Nexus World, localizado em Fukuoka, no Japo, um

    com os espaos habitacionais. O sucesso da proposta est relacionado com aspetos

    e adaptabilidade do interior das habitaes esto inseridos atravs da utilizao de

    biombos, portas deslizantes (fusumaeshoji), mas levados a uma dimenso contempornea.

    de cada unidade habitacional, constituindo unidades capazes de responder diariamente

    cio e as atividades sazonais, evidenciando, assim, a participao do utente como uma

    Casa pelos habitantes est aqui inerente, sendo facilitada

    Os espaos podem ser alterados diariamente ou episodicamente, atravs, por

    se vai desenvolvendo ao longo dos tempos (com a adio ou subtrao de quartos para

    acomodar crianas ou parentes) . Para Steven Holl, a condio mais importante do espao

    articulado o aproveitamento total do espao.

    As pessoas que viviam nos apartamentos haviam-se conhecido ao mostrar as

    diferentes possibilidades interiores das suas habitaes, formando uma comunidade e,

    todos os meses, davam festas nos espaos comunitrios do telhado.

    habitao, com uma propenso ao melhor aproveitamento do espao fsico no dia-a-dia,

    uma estratgia que assume a condio inquieta e imprevisvel das relaes familiares

    dos comportamentos e da natureza individual, no estrangulando nem restringindo

    a capacidade necessria da mudana, nas diversas fases de vida do utente. Antes pelo

    Nestas unidades habitacionais, o processo de assimilao pelo indivduo foi mais facilitado,

    ao transformar a sua Casa num espao nico e diferente do dos outros, enfatizando a

    19 Steven Holl

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    usufruir, e promove, sim, a capacidade da aprendizagem do uso do espao, que contra a

    um mediador entre a indiferena de uma simples unidade habitacional, igual a tantas

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    Fig. 32 Capa do livro How buildings learn, de Stewart

    Brand. Esta imagem retrata o mesmo edifcio em

    tempos diferentes e realidades diferentes (1857 e

    1993), o que mostra a sua perenizao atravs da

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    Devem ser criados espaos convertveis que permitam mltiplas maneiras de uso e movimento

    () Cada forma a breve imagem glida de um processo. Por isso, o edifcio o momento da

    .1

    completamente as noes de formas estveis e intemporais e ver, pelo contrrio, os

    A debilidade e as incertezas que nos rodeiam conduzem-nos a uma nova dimenso

    uma referncia segura ou uma envolvente protetora, mas uma situao incompleta.

    e momentos, uma vez que esse edifcio deve ser feito para perdurar no tempo, reagir e

    readaptar-se a novos usos e sucessivos utilizadores. Da o autor defender que um edifcio

    no algo que se acabe, mas sim algo que se comea.A pea arquitetnica uma obra aberta

    variados.2

    1 Lissitzky cit. por Schneider, T. & Till, J. (2007). Flexible housing. 2 Almeida, P. cit. por Muga, H. (2006). Psicologia da arquitectura

    UNFINISHED BUILDINGSPARTICIPAO DO UTENTE

    1.4

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    Fig. 33 U House, Toyo Ito (1976). O arquiteto fez esta

    habitao para a irm, depois do seu cunhado

    ter falecido. A forma remete para uma

    introverso, em relao ao mundo. A irm do

    arquiteto e as suas duas sobrinhas viveram l

    durante alguns anos, como smbolo do luto

    pela perda familiar. Depois disso, a casa foi

    o facto das habitaes na cultura oriental,

    pertencerem apenas a uma famlia e com um

    s propsito.

    Fig. 34 . Plano para edifcios

    mais versteis (Brand, 1995). O Scenario

    Planningcontribui para um edifcio mais

    verstil. O edifcio aqui tratado mais como

    uma estratgia, em vez de um plano.

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    mais do que um propsito; que tenha a possibilidade de representar tantos papis quanto

    possvel em benefcios dos diversos utentes. Por conseguinte, cada utente ser capaz de

    seu ambiente familiar, uma vez que uma mesma forma pode invocar imagens diferentes em

    tornar capazes de fazer coisas que possam adaptar-se melhor a mais situaes.3

    constatvel uma divergncia de paradigmas. Enquanto que no Ocidente o que se pretende

    a sua Casa e quando h alguma alterao no modo familiar, a Casa entra em rutura, ao

    adaptabilidade que tem que ver com os utilizadores sucessivos, sendo que o edifcio,

    tempo, remetendo para uma efetiva continuao de mudanas.

    Scenario-buffered building um mtodo que admite

    capacidade de crescimento na evoluo do uso dos espaos e na escolha de materiais, que

    com o tempo possam ser adaptados facilmente.4

    Winstson Churchill5

    no carter e ao humana. Os edifcios regulam o curso das nossas vidas .6Este argumento de

    3 Hertzberger, H. (1996). Lies de arquitectura 4 Brand, S. (1994). How buildings learn: What happens after theyre built 5 Poltico conservador e estadista britnico, historiador, escritor e artista. Foi primeiro ministro do Reino Unido durante aSegunda Guerra Mundial. (1874- 1965)6 Brand, S. (1994). How buildings learn: What happens after theyre built

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    Fig. 35 A continual house

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    forma perpetuamente.7

    A forma fechada evitada antes que possa tomar forma. O perfecionismo no permitido,

    pois poderia limitar os processos mais ativos muito cedo.8 Finalizar nunca concluir e, na

    David Owen escreveu que cada casa um trabalho em desenvolvimento (work

    in progress)

    gradualmente pelas pessoas que a ocupam ao longo dos tempos, nas sucessivas fases de

    adaptao.9

    John Habraken vai mais alm, e argumenta que a moradia no deve ser desenhada nem

    pr-determinada, mas sim concebida a partir da ao humana, como resultado de um

    processo - o processo de habitar.

    De tudo quanto foi dito, poderamos concluir que s nos resta projetar cpsulas nuas, to

    antienfticas e neutras quanto possvel, para permitir aos moradores o mximo de liberdade para

    tal grau de liberdade no ir resultar numa espcie de paralisia, pois, embora se apresentem muitas

    possibilidades de escolha, torna-se virtualmente impossvel chegar a uma deciso, quanto mais

    melhor delas - o excesso pode ser to ruim quanto a extrema limitao .10

    defender uma arquitetura aberta, em que o arquiteto entra com um papel meramente

    8 Pehnt (1987) cit. por Jorge, L. (2012). Estratgias de Flexibilidade na arquitetura residencial multifamiliar (Dissertao de adequado, das funes d habitao ainda sediadas provisoriamente em determinados espaos com outros usos preponderantes. 2. 10 Hertzberger, H. (1996). Lies de arquitectura

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    Fig. 36 Moradias Diagoon, de Herman Hertzberger. (1971) Tipologias

    Fig. 37 Moradias Diagoon

    possam decidir como dividir o seu espao - onde querem dormir, onde querem comer,etc. Quando as circunstncias familiares mudam, a habitao pode ser adaptada para

    visto como uma moldura provisria que deve ser preenchida. O esqueleto um meio-

    As galerias internas que atravessam toda a sala de estar, podem ser mobiladas de acordo

    com os gostos dos membros da famlia, constituem a rea de convivncia da famlia como

    comunidade de pessoas. No h nenhuma diviso estrita entre as reas de estar e de

    dormir. Cada membro da famlia tem a sua prpria parte da Casa - a ampla sala de estar

    comunitria.

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    burocrtico ou com obrigaes mnimas, como o desenho de uma estrutura e respetiva

    espaos com qualidade e de maneira a serem o mais funcionais possvel. O arquiteto entra

    como uma ferramenta essencial na programao dos respetivos espaos, devendo esses

    sua manuteno, e menos em acabamentos. Um bom edifcio submete-se a progressivas

    mudanas at alcanar uma nova adaptao e , assim, consumado por uma progresso

    um desperdcio fazer qualquer

    coisa apenas por uma razo.11

    Este processo da permanente continuao do edifcio transforma os ocupantes

    em aprendizes ativos e moldveis, em vez de vtimas passivas.

    Peter Hbner acrescenta tambm que

    terminada.12

    dos utilizadores com a arquitetura, permitindo decises e mudanas, apropriaes e

    Tanto Stewart Brand como Peter Hbner apresentam questes relacionadas com

    mtodos que vo contra uma arquitetura dita cristalizada e terminada, o que nos suscitou

    personalizao dos modos de habitar.

    participao do utente, ao intervir no espao

    de interveno estaro sempre relacionadas com a etapa de vida em que o habitante se

    encontra. Na verdade, no s as pessoas que habitam um mesmo espao so diferentes,

    como tambm elas prprias mudam, e a sua forma de viver transforma-se, evoluindo

    para novos ritmos dirios. A relao do Homem com o espao em que vive , portanto,

    as suas necessidades culturais, sociais e individuais. E o habitante quem melhor pode

    11 Brand, S. (1994). How buildings learn: What happens after theyre built

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    Fig. 38

    o concurso Proyecto Piloto 1

    vivienda PREVI, em Lima, no Peru

    .Volumetria da casa, respectiva

    evoluo e aumento de habitantes.

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    elas e mais ateno lhes daremos. A participao a fonte do apetite e autoalimenta-se para

    aprofundar e aumentar o compromisso do indivduo com a ampliao dos seus prprios contextos.

    Foi reconhecido pelos nossos psiclogos que o apetite a fonte de motivao, no a fome.13Acredita-

    vontade prpria de cada pessoa participar na sua habitao e na respetiva conceo.

    Coderch14 sentia que a fora de uma habitao estava ligada ao conhecimento

    sentido.

    de papel(Prof Lcia Mascar). Efetivamente, ele comea por a, mas, para poder ser um

    no tem a obrigao de prever todas as mudanas possveis no ncleo de um habitat,

    grandes interferncias na economia e na qualidade de vida dos habitantes

    liberdade quotidiana e a segurana.15As condies de conforto mudam, tendo em conta

    espaos, nomeadamente nos edifcios residenciais, dado que, na sua esmagadora maioria,

    so desenhados para mais do que um utilizador.

    no dia em que entreguei um dos projetos do conjunto gerou-se

    motoras. Tive de fazer outro projeto e, quando o entreguei, esse regulamento j tinha sido anulado

    13 Johnson cit. por Allen, E. (1978). 14 Arquiteto espanhol que pertenceu ao que se pode designar como uma segunda gerao de modernistas, em que as ideias da 15 Tirone, L. (2007).

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    porque, no intervalo, houve eleies.16); mas, na verdade, essas normas no vo mudar se no

    se quebrarem os esteretipos aos quais nos fomos acomodando ao longo do tempo.

    Antes da ocupao, o edifcio habitacional deve oferecer ao futuro utente uma

    variedade de diferentes layouts para escolha e, tal facto, deve estar representado na

    unidades habitacionais devem permitir aos usurios fazer as mudanas de acordo com os

    para acomodar um nmero de usos atravs da sua dimenso e organizao, estabelecidas

    de que todos os espaos devem acomodar a mudana que possa ir ao encontro tanto das

    necessidades atuais como futuras dos habitantes, bairros e cidades.

    Uma vez que nem sempre se conhece o futuro habitante, apenas que pode pertencer

    a um estrato socioeconmico e a uma regio conhecidos, importante privilegiar, numa

    viso prospetiva, as necessidades da maioria das pessoas, a sua totalidade, o universo

    que inclui cada pessoa como um ente nico e incomparvel, principalmente no que se

    de arquitetura ao estabelecer uma relao com a realidade concreta e a sua prospetiva.

    imaterial ilimitado, onde todos os aspetos so equacionados e hierarquizados com uma

    referncia transdisciplinar que se submete a uma ideia de estruturao de espao e

    forma. Os conceitos, os princpios e os procedimentos desenvolvidos pelas e entre as

    Numa conversa entre professores e alunos, decorrida neste Departamento de

    Arquitetura, no mbito do lanamento de uma edio da revista NU, o prof. Antnio

    Bettencourt fez referncia ao gegrafo Jorge Gaspar, uma vez que defendia que os

    as geraes que vm a seguir vo reconhec-los como tal e tero vontade de atuar sobre

    consequncias no s a nvel do impacte ambiental, mas na constituio da memria das

    16 Arq.a (2008). Habitar Colectivo, n58

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    Fig. 39

    Evoluo feita pelos seus moradores, consoante as suas

    necessidades

    Fig. 40 Casas multifamiliares e Hipercasa. Nesta ltima, a

    habitao torna-se num resultado de valor, no s na

    capacidade de uma famlia atender a necessidade de ter

    uma Casa, mas tambm no potencial de a usar para gerar

    receitas e fortalecer, assim, as economias familiares.

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    e no processo de composio do edifcio. De facto, esta problemtica interdisciplinar;

    muitas vezes, pela vontade de compreender estes fenmenos, o arquiteto comea a lidar

    da problemtica que lhe compete e a no ter to presente o sentido de responsabilidade, que esse

    sim, s o arquiteto consegue assumir, e apenas o arquiteto tem a formao para dar um contributo

    quanto a isso: fazer bons edifcios.

    Proyecto Piloto 1 vivienda PREVI,em Lima, Peru. (Concurso)

    Proyecto Piloto 1

    vivienda PREVI

    das propostas e o tempo, que levou a diferentes intervenes de auto-gesto.

    O plano geral consistia inicialmente na construo de 1.500 habitaes segundo

    perfaziam um total de 467 unidades habitacionais. Neste processo participaram 13

    equipas peruanas e 13 equipas internacionais, incluindo nomes como James Stirling

    habitao econmica, impe certas restries que entram em crise quando o habitante

    presso, colocada pelo utente para tentar superar a escassez inicial, requer a compreenso

    da habitao como parte de um processo dinmico.

    numa primeira fase, e de oito a dez pessoas numa segunda.

    A interseo das histrias da famlia com a transformao da habitao revela

    um ponto crucial do processo de evoluo. Este padro de evoluo o mecanismo pelo

    qual cada famlia ir satisfazer requisitos que variam com o tempo e a idade dos seus

    membros.

    As virtudes da proposta tm que ver com as alteraes e adies bem-vindas,

    para o ganho capital inicial da famlia. Articular a relao entre vazios e espaos

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    Fig. 41 James Stirling. Proyecto Piloto 1 vivienda PREVI, em Lima, no Peru

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    rgidos preenchem as condies de segurana da habitabilidade em diferentes fases do

    crescimento do grupo familiar.

    A fase inicial (fase-zero) deve comear, portanto, como um processo que favorece

    a economia, a rede social interna e a adio de outras unidades consoante o decorrer do

    tempo e as necessidades envolvidas.

    De uma forma sucinta, e como remate deste captulo, pode concluir-se que h

    Uma Casa um processo que comea nas mos do arquiteto, mas que deve

    ser continuada pelo habitante, ao longo do tempo - cenrio com maior probabilidade

    edifcio deve ser concebido para perdurar no tempo e ir construindo uma histria feita

    pelas pessoas, atravs do processo de habitar. Esta continuidade oferecida aos habitantes,

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    CAPTULO 2

    FLEXIBILIDADE: UM CONTRIBUTOPARA A SUSTENTABILIDADE

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    1032 . F L E X I B I L I D A D E : U M C O N T R I B U T O P A R A A S U S T E N T A B I L I D A D E

    quanto arquitetura sustentvel, poder dizer-se simplesmente que estamos no caminhopara a sustentabilidade

    Com este captulo pretendemos ir mais alm no que concerne ao tema da

    espaos habitacionais no apenas uma estratgia que possibilita opes de escolha ao

    utente para adaptar a sua Casa aos seus modos de vida, ao longo do tempo, o que por si s

    na sua essncia, para