FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

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Londrina 2018 WILLIAN BARBOSA CALDERON FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS PARA GERADORES DE 13,8 KV

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Londrina 2018

WILLIAN BARBOSA CALDERON

FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS PARA GERADORES DE 13,8 KV

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Londrina 2018

FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS PARA GERADORES DE 13,8 KV

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Pitágoras Unopar, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Engenharia Elétrica.

Orientador: Anderson iop

WILLIAN BARBOSA CALDERON

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WILLIAN BARBOSA CALDERON

FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS PARA GERADORES DE 13,8 KV

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Pitágoras Unopar, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Engenharia Elétrica.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Londrina, 5 de dezemdro de 2018

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De maneira especial, dedico este trabalho

a minha família que me apoiou e com

compreensão e paciência, sempre me

incentivaram para que o sonho desta

graduação se tornasse realidade.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que supriu todas as minhas necessidades físicas e emocionais, me

concedendo forças para prosseguir e me fazendo acreditar que era possível.

A minha família, em especial minha esposa, pois sem seu apoio incondicional, sua

compreensão e paciência nos momentos mais difíceis, não teria sido possível chegar até

a conclusão desta graduação.

Aos meus pais, que sempre me incentivaram e através de seu exemplo de vida me

fizeram sonhar e por fim, viver a realidade deste momento.

Aos mestres professores que contribuíram neste processo de aprendizagem e

amadurecimento do saber, proporcionando oportunidades para o desenvolvimento

intelectual e profissional.

E por fim, aos amigos formados ao longo destes cinco anos de jornada, que por

tantas vezes fizeram a diferença, seja nos bons momentos de descontração ou nos

finais de semana estudando para as temidas provas de Cálculos.

A Empresa NISHI por ter ajudado com todo apoio técnico necessário

A estes, meus sinceros agradecimentos.

“O temor do Senhor é o princípio da Sabedoria” (Provébios 9:10)

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CALDERON, Willian Barbosa. Fabricação e ensaios de bobinas estatóricas para geradores de 13,8kV. 2018. 49p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) – Pitágoras Unopar, Londrina, 2018.

RESUMO

Desde o surgimento dos geradores e motores de alta tensão um dos grandes problemas dos fabricantes é com o sistema isolante do bobinado estatórico, pois é um dos principais fatores que leva um equipamento a falhar, um equipamento com o sistema isolante mal projetado pode ocorrer falhas com menos de um ano de operação, levando assim uma indústria a grandes prejuízos. Os ensaios elétricos são a base para identificar a qualidade das bobinas fabricadas e essenciais para evitar problemas quando o equipamento entrar em operação, por isso, nesse trabalho será apresentado como os ensaios são realizados e os valores aceitáveis pelas normas, também será apresentado à importância dos sistemas isolantes e quais os melhores processos utilizados na fabricação de bobinas, para geradores 13.8 kV.

Palavras-chave: Geradores síncronos; bobinas estatóricas; materiais isolantes.

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CALDERON, Willian Barbosa. Fabrication and testing of electrical generators for cops statoric 13,8kV. 2018. 49p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) – Pitágoras Unopar, Londrina, 2018.

ABSTRACT

Since the emergence of generators and high voltage motors one of the great problems of manufacturers with the system is insulating the stator winding as it is a major factor that leads to an equipment failure, a device with the isolating poorly designed system failures can occur with less than one year of operation, thus leading to an industry large losses. The electrical tests are the basis for identifying the quality of coils manufactured and essential to avoid problems when the equipment comes into operation, so this work will be presented as the tests are performed and the values acceptable standards, will also be introduced to the importance of insulating systems and what the best processes used in manufacturing coils for 13.8 kV generators.

Key-words: Synchronous generators; stator coils; insulating materials.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Instalação do enrolamento de campo no rotor de um gerador síncrono de

200 MW .................................................................................................................... 16

Figura 2 – Rotor de Polos Salientes de um hidrogerador. ....................................... 17

Figura 3 – Sistema trifásico com defasagem de 120º entre fases. .......................... 17

Figura 4 – Distribuição da tensão induzida no enrolamento do estator de um gerador

síncrono ................................................................................................................... 18

................................................................................................................................. 00

Figura 5 – Exemplo de um estator bobinado sem estar fechado a ligação ............. 21

Figura 6 – Exemplo de um estator bobinado já fechado a ligação .......................... 21

Figura 7 – Variação no tempo das FEM’s induzidas para o gerador da Figura 4 ... 22

Figura 8 – Tipos de ligação do bobinado estatórico; (A) ligação em triângulo e (B)

ligação em estrela. ................................................................................................... 23

Figura 9 – Bobina multivolta de um gerador de 13.8 kV acabada. ......................... 24

Figura 10 – Bobina multivolta de um gerador de 13.8 kV acabada. ........................ 24

Figura 11 – Barra roebel de um gerador de 71176 kVA .......................................... 25

Figura 12 – Corte transversal na parte reta da bobina ............................................ 27

Figura 13 – Classe térmica de serviço dos materiais isolantes utilizados para

fabricação de bobinas (NBR 7034). ......................................................................... 29

Figura 14 –- Exemplo de aplicação de fita de mica numa bobina .......................... 31

Figura 15 – Ciclo de cura da reina contida na fita de mica ..................................... 33

Figura 16 – Corte transversal em uma bobina de um motor de 6.6 kV com espaços

vazios na parede isolante ......................................................................................... 34

Figura 17 – Bobinado com sintomas de DP na saída de ranhura e entre cabeças

................................................................................................................................. 32

Figura 18 – Pintura condutiva e semicondutora ...................................................... 32

Figura 19 – Tensões indicadas pela norma IEEE 43-2000 para realização do ensaio

de resistência de isolamento

................................................................................................................................. 35

Figura 20 – Valores mínimos de resistência de isolamento recomendado pela norma

IEEE 43-2000

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................................................................................................................................. 35

Figura 21 – Valores mínimos de índice de polarização recomendado pela norma IEC

60085-01

................................................................................................................................. 36

Figura 22 – Exemplos de defeitos encontrados pelo surge test .............................. 38

Figura 23 – Tensões indicas para o ensaio de surge test ....................................... 39

Figura 24 – Representação da corrente capacitiva e resistiva na parede isolante...40

Figura 25 – Valores de referência para FP e Tip-up em bobinas indicados pela

norma VDE 530 ........................................................................................................ 41

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DC

AC

V

A

Hz

Corrente contínua

Corrente Alternada

Volts

Amperes

Hertz

VF

VL Vn

Tensão de fase

Tensão de linha

Tensão nominal

Fem Força eletromotriz

Rpm Rotação por minuto

VA Volt-Ampères

W

DP

Watts

Descargas parciais

E

Ø

Tensão induzida

Fluxo magnético

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14

1. GERADORE ELÉTRICOS ................................................................................ 16

1.1 TIPOS DE GERADORES ............................................................................... 16

1.1.1 Rotor de Polos Lisos ...................................................................................... 16

1.1.2 Rotor de Polos Salientes ................................................................................ 17

1.2 TENSÕES TRIFÁSICAS ................................................................................ 18

1.3 BOBINAS ESTATORICAS .............................................................................. 23

1.3.1 Bobinas Multivoltas ........................................................................................ 23

1.3.2 Barra Roebel .................................................................................................. 25

2. ISOLAMENTO ELÉTRICO ............................................................................ 27

1.4 MATERIAIS ISOLANTE ................................................................................. 29

1.4.1 Resinas .......................................................................................................... 29

1.4.2 Mica ................................................................................................................ 30

1.4.3 Fibra de vidro ................................................................................................. 31

1.4.4 Nomex ............................................................................................................ 32

1.5 TIPOS DE IMPREGNAÇÃO ........................................................................... 32

1.5.1 VPI (Vaccun Pressure Impregnation) ............................................................. 32

1.5.2 Resin-rich ....................................................................................................... 33

1.6 DESCARGAS PARCIAIS ................................................................................ 34

1.6.1 Pintura condutiva e semicondutora ................................................................ 35

3. ENSAIOS ELÉTRICOS .................................................................................. 38

1.7 RESISTÊNCIA DE ISOLAMENTO ................................................................. 38

1.8 ÍNDICE DE POLARIZAÇÃO ........................................................................... 39

1.9 SURGE TEST ................................................................................................. 40

1.10 VOLTAGE ENDURANCE ............................................................................... 42

1.11 FATOR DE POTÊNCIA E TIP-UP .................................................................. 43

1.12 CORONA VISUAL .......................................................................................... 44

1.13 HIPOT DC ....................................................................................................... 45

1.14 HIPOT AC ....................................................................................................... 46

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 47

5. REFERÊNCIA ................................................................................................. 48

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INTRODUÇÃO

Em cargas mecânicas utilizam-se motores eléctricos, que são máquinas muito

potentes capazes de produzir uma transformação de energia eléctrica em energia

mecânica com algumas perdas de energia. Como essas perdas de energia são

muito baixas, os motores eléctricos apresentam um alto beneficio.

O motor eléctrico tornou-se um dos maiores inventos dos últimos tempos.

Na partida mecânica podem ser utilizados motores de corrente contínua ou de

corrente alternada convencionais (síncronos ou assíncronos, mono ou trifásicos).

Existem muitas aplicação para motor eléctrico. Assim, a seleção do motor e a

sua aplicação constituem um assunto complexo, que envolve a análise de diversos

tipos e parâmetros: a rede eléctrica, a ligação do motor eléctrico à carga mecânica

empregada em cima dele etc.

Os motores de corrente contínua são motores caros que necessitam de uma

fonte de corrente continua com um alto custo de manutenção. Podem funcionar com

velocidade regulável entre amplos limites, com grande facilidade de controlo e boa

precisão, sendo o seu atual uso restrito a casos especiais .

Uma vez que a geração e distribuição de energia eléctrica é geralmente

realizada em corrente alternada, os motores de corrente alternada são os mais

utilizados na atualidade. Os tipos mais usados são os motores síncronos e

assíncronos. Quando alimentado com frequência fixa, o motor síncrono funciona

com velocidade constante; na sua versão convencional (campo magnético criado por

enrolamento de excitação), é utilizado essencialmente para elevadas potências. Já o

motor de indução (assíncrono) roda com velocidade ligeiramente variável consoante

a carga mecânica aplicada ao seu veio e é de aplicação geral, desde a centena de

watts até vários milhares de quilowatts. Na sua versão trifásica, o motor de indução é

uma máquina com um princípio de funcionamento simples, com uma construção

robusta requerendo pouca manutenção, e preço pouco elevado.

Atualmente os altíssimos níveis de tensão utilizados em grandes máquinas

eléctricas exigem cuidados essenciais no seu isolamento, já que este constitui uma

das principais causas de falha eléctrica durante o seu operação do equipamento.

Page 13: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

15

A potência utilizada e fornecida por uma máquina eléctrica é sempre menor

do que a potência por ela absorvida se chama rendimento percentual de qualquer

máquina é sempre vai ser menor a 100%. A diferença entre as duas potências

constitui na chamada potência de perdas da máquina, que no essencial é

transformada em calor, que aquecerá a máquina como um todo, nomeadamente, o

(s) enrolamento (s) da máquina isso, deverá ser dissipado para o exterior na troca de

calor por ventilação evitar uma elevação de temperatura excessiva, principalmente

dos materiais isolantes constituintes da maquina. É que, para além do natural

desgaste mecânico resultante do uso da máquina, tal como o verificado nas suas

escovas (máquinas de corrente contínua e de corrente alternada síncronas

convencionais) e nos seus rolamentos, a vida útil da máquina eléctrica é, no

fundamental, determinada pelo estado dos materiais isolantes nela existentes.

O material isolante dos circuitos eléctricos dos sistemas eletromecânicos de –

motores e geradores eléctricos - são dominante materiais sintéticos que, no caso de

máquinas de grande potência (média e alta tensão) envolvem um mineral – a mica..

Tendo a certeza de que qualquer material isolante é afetado por muitos

fatores externos - vibrações mecânicas, humidade, ambientes quimicamente,

corrosivos, temperatura de trabalho (em especial, dos materiais isolantes

impregnados).

Ao longo do trabalho reporta-se um estudo de sistemas de isolação, em

motores de média e alta tenção sempre presente a integração de tais materiais

isolantes no processo de fabrico das bobinas e ensaio elétricos de uma máquinas

eléctricas.

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1. GERADORE ELÉTRICOS

O princípio do funcionamento de um gerador baseia-se nos fenômenos de

indução eletromagnética a que está sujeito um condutor ou uma espira quando sofre

uma variação de fluxo magnético (Rezek, 2011) .

Um gerador elétrico transforma energia mecânica em energia elétrica,

utilizando a indução magnética, para produção de energia mecânica pode ser

utilizada turbinas, motor de combustão, ou qualquer outra fonte mecânica.

O modelo de gerador mais simples é o dínamo, que foi inventado em 1832

por Hippolyte Pixii, utilizando como base a teoria de Faraday

O gerador síncrono também conhecido como alternadores é um dos mais

utilizado, porque apresenta maior facilidade de controle da potência gerada, como o

controle da tensão e da frequência, com o controle desses dois elementos, é

possível alimentar o sistema com uma energia elétrica de melhor qualidade. (Rezek,

2011).

TIPOS DE GERADORES 1.1

1.1.1 Rotor de Polos Lisos

Rotor de polos lisos também é conhecido como de rotor cilíndrico, geralmente

é utilizado em maquinas com rotação de 1800 a 3600 RPM, para sistemas que

trabalham com frequência de 60Hz. Neste equipamento é reduzida a perda de

energia gasta para mover o ar em torno do entreferro que é o espaço livre entre o

rotor e o estator, estas perdas podem ser significativas em altas velocidades quando

o rotor possui saliências em suas superfícies (FITZGERALD, 2014).

Os geradores de polos lisos são horizontais e podem atingir até 10 metros de

comprimento e 5 de diâmetro, esse tipo de gerador pode ser acoplados a turbinas a

vapor ou a motores diesel e são chamados de turbo geradores (FITZGERALD,

2014).

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Figura 1-1 Instalação do enrolamento de campo no rotor de um gerador síncrono de 200 MW e 2 polos.

Fonte: Fitzgerald (2014).

As bobinas de campo são alojadas nas ranhuras do núcleo magnético

existente no eixo e as cabeças das bobinas são travadas por uma capa de

contenção, já que as mesmas sofrem grandes esforços mecânicos, devido à alta

rotação que o rotor exerce (FITZGERALD, 2014).

1.1.2 Rotor de Polos Salientes

Geradores de polos salientes são equipamentos que trabalham em baixa

rotação, geralmente entre 60 a 600 RPM. Para conseguir a potência desejada à

construção do rotor é feita com um numero relativamente elevado de polos salientes

para compatibilizar os esforços mecânicos com a ventilação necessária e a sim

também garantir a frequência desejada (FITZGERALD, 2014).

Ao contrário dos rotores de polos lisos, esse equipamento não é utilizado em

altas rotações, um dos motivos são as perdas de energia gastas para mover o ar

pelo entreferro já que seus polos são salientes. Esse tipo de equipamento é utilizado

em usinas hidrelétricas, onde é acoplado a uma turbina, também chamado de

hidrogeradores (FITZGERALD, 2014).

Figura 2 Foto de Polos Salientes de um hidrogerador.

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18

Fonte: Itaipu (2017).

Este equipamento trabalha na posição vertical, podendo atingir tamanhos

superiores a 10 metros de diâmetros (FITZGERALD, 2014).

Tensões Trifásicas 1.2

No Brasil o sistema utilizado para geração, transmissão e distribuição de

energia elétrica é o sistema trifásico, onde as senóides são equilibradas e defasadas

120º uma da outra, conforme figura abaixo.

Figura 3 Sistema trifásico com defasagem de 120º entre fases.

Fonte: Robocore (2018).

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O princípio da geração da tensão trifásica tem que se analisar um gerador de

dois polos e com três bobinas no estator, colocadas simetricamente a 120° uma da

outra e não possuindo ligação entre si, o rotor é energizado com tensão DC, seja por

anéis coletores ou excitação brusshless para criar um campo magnético variável

(Rezek, 2011).

O campo girante criado pela tensão DC do rotor intercepta as espiras do

estator, produzindo nelas um fluxo variável, conforme a lei de Faraday, que diz que

uma bobina que esteja submetida a uma variação de fluxo é induzida nela uma

tensão, assim na saída do gerador aparecera uma tensão induzida (Rezek, 2011).

A figura 4 demonstra um gerador de dois polos com três espiras no estator

equilibradas e defasadas 120º e o rotor está girando no sentido anti-horário.

Figura 4 Distribuição da tensão induzida no enrolamento do estator de um gerador síncrono: (a) fase a num máximo positivo (tempo t1); (b) fase b num

máximo negativo (tempo t2).

Fonte: Del Toro (1994, p. 198).

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De acordo com Del toro

Considere agora que o rotor é acionado por uma força motriz no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, na velocidade síncrona. Aplicando a regra V x B para o sentido do campo indicado tem que a tensão instantânea induzida nos lados da bobina a, b’, c

’ é dirigido para fora do papel, enquanto

nos lados de bobina a’, b, c é dirigida para dentro do papel. Outrossim, visto que os lados de bobina a e a’ estão colocados abaixo do valor máximo da onda de densidade de fluxo, a fem induzida na fase a está no seu valo máximo. A fem induzida correspondente na fase b, como identificado pelo lado da bobina b, pode ser observada como tendo um sinal oposto (está sob um fluxo de polo sul) e de menor módulo. Na realidade, visto que os lados de bobina b e b’ estão ambos deslocados da posição de densidade de fluxo máximo por 60º, segue-se que sua tensão instantânea está na metade (cos 60º) de seu valor máximo. Um raciocínio similar produz o mesmo resultado para a fase c. (DEL TORO, 1994, p. 198)

A seguir, considere-se que

O rotor avançou 60º no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. Isso coloca a amplitude do fluxo de polo norte diretamente embaixo de b’, indicando que a fem induzida é agora um máximo negativo na fase b. Também, a bobina c-c’ agora se encontra debaixo da influência de fluxo de polaridade invertida como indicado na Figura. 4 (b). Portanto, o sentido da fem em c é agora para fora do papel e pra dentro do papel em c’. Os valores instantâneos das tensões trifásicas para o primeiro e o segundo instante do tempo estão representado na Figura 5 e são identificados como t1 e t2, respectivamente. . (DEL TORO, 1994, p. 198).

Repetindo o procedimento

Precedente muitas vezes e pilotando os resultados para cada instante de tempo, obte as curvas completas da Figura 5. Observe-se que a variação da fem induzida para cada fase é idêntica às outras, exceto para o deslocamento no tempo de 120º a 240º, respectivamente. Na realidade, esta variação é uma consequência direta de se ter o início de cada fase deslocado no espaço por 120 graus elétricos. A ligação física dos pontos terminais de cada fase (pontos a’, b’, c’) dá um enrolamento de estator conectado em Y. (DEL TORO, 1994, p. 198).

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Figura 5 Exemplo de um estator bobinado sem estar fechado a ligação.

Fonte: Martins (2010)

Figura 6 Exemplo de um estator bobinado já fechado a ligação.

Fonte: Martins (2010)

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22

Figura 7 Variação no tempo das FEM’s induzidas para o gerador da Figura 4.

Fonte: Del Toro (1994, p. 198).

As bobinas do estator podem estar ligadas em triangulo ilustrada na figura 6

(A) ou em estrela ilustrado na figura 6 (B), porém, a ligação mais utilizada para as

bobinas estatóricas de geradores é a o estrela, conseguindo assim a referência que

é o ponto neutro, outra vantagem importante na ligação em estrela é o sistema

isolante, pois, o bobinado fica sujeita a tensão menores do que no triângulo porque a

tensão de fase é igual a: (Rezek, 2011).

√ (1)

Onde:

VF = Tensão de fase (V)

VL = Tensão de linha (V)

.

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Figura 8 Tipos de ligação do bobinado estatórico; (A) ligação em triângulo e (B) ligação em estrela.

Fonte: Saber elétrica (2018).

BOBINAS ESTATORICAS 1.3

1.3.1 Bobinas Multivoltas

A bobina multivolta, é utilizada em praticamente todos os tipos de motores e

geradores abaixo de 50 MW, com exceção de quando o núcleo magnético é com

ranhura fechada. O sistema de impregnação da bobina multivolta pode ser tanto no

processo VPI como por Resin Rich conforme ver a seguir. Esta bobina antes de ser

aberta pode ser também chamada de bobina oval, pela forma que suas espiras

ficam posicionada.

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Figura 9 Bobina multivolta de um gerador de 13.8 kV acabada.

Fonte: Martins (2010)

Figura 10 Bobina multivolta de um gerador de 13.8 kV acabada.

Fonte: Martins (2010)

Page 23: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

25

O processo para fabricação da bobina multivolta depende da qualidade do

fabricante, ela pode ser moldada em formas ou em maquina apropriadas para abrir

bobina, esta última é a que mais garante qualidade (Kostenko, 1977). Na foto a

seguir ver uma bobina multivolta moldada por uma máquina de abrir bobina.

1.3.2 Barra Roebel

Em grandes geradores normalmente acima de 50 MW as bobinas são muito

grandes, por motivo da corrente elétrica ser elevada, se no processo de fabricação

das bobinas utilizasse bobinas multivoltas, haveria um grande trabalho

mecanicamente para montar as pernas topo e fundo ao mesmo tempo nas ranhuras

do estator, com riscos de danos no isolamento, por isso, são utilizadas as meia

barras, que são exatamente uma bobina cortada na meio, chamadas de barra

Roebel (Kostenko, 1977).

Figura 11 Barra roebel de um gerador de 71176 kVA.

Fonte: Irispower (2018).

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As barras Roebel são montadas separadamente no estator e posteriormente

soldados os condutores da perna topo nos da perna de fundo, formando assim as

espiras das bobinas. Conformem mostra a figura (8) (Kostenko, 1977).

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2. ISOLAMENTO ELÉTRICO

Um dos principais causadores de falhas em geradores e motores de alta

tensão é o isolamento elétrico, ao contrário do núcleo magnético e dos condutores

de cobre, o isolamento elétrico é passivo no funcionamento do equipamento, porém

tem uma das principais funções no equipamento, que é prevenir o curto-circuito

entre espiras ou para o terra, ocasionando assim a falha do equipamento (Martins,

2010).

Existem alguns fatores que podem vim a provocar o envelhecimento precoce

do isolamento, eles são: ciclo térmico, vibração, movimentos mecânicos das

bobinas, ataque químico e descargas parciais (Martins, 2010).

O sistema isolante também tem a finalidade de manter os condutores de

cobre fixos no lugar, para evitar que os mesmos se movimentem, além disso, tem

que ser um bom condutor térmico, para dissipar o calor causado pela passagem de

corrente nos condutores (Martins, 2010).

Figura 12 Corte transversal na parte reta da bobina.

Fonte: Martins (2010)

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A parede isolante da bobina é um dos pontos mais importante na fabricação

das bobinas e tem que ter uma atenção a mais no projeto de isolação, pois se ela for

fina, o projeto terá problemas tanto eletricamente como mecanicamente, grandes

fabricantes utilizam uma solicitação dielétrica menor que 3 kV/mm, ou seja: se um

gerador tem uma tensão de linha de 13,8 kV, e o fechamento da ligação está em

estrela, a tensão de fase a terra será de 7,96 kV, a parede isolante utilizada é de 3

mm então a solicitação dielétrica será de:

(3)

Então:

Onde:

E = É a tensão entre o condutor e o núcleo (V)

V = É a tensão de fase a terra (V)

d = É a distancia entre o condutor e o núcleo. (mm)

Outro ponto a ser observado na isolação das bobinas é a classe térmica do

material, essa classe térmica é a temperatura máxima suportada pelo sistema

isolante, ela está ligada diretamente a sua vida útil. Segundo a lei de Ahrremiuhs, a

cada 10ºC acima da temperatura máxima do sistema isolante, o mesmo tem sua

vida útil reduzida pela metade. A tabela a seguir representa as classes térmicas dos

principais isolantes utilizados para fabricação de bobinas de alta tensão.

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Figura 13 Classe térmica de serviço dos materiais isolantes utilizados para

fabricação de bobinas (NBR 7034).

CLASSE TEMPERATURA MÁXIMA ADMISSIVEL EM SERVIÇO

Y (O) 90ºC (algodão, seda e papel sem impregnação).

A 105ºC (algodão, seda e papel com impregnação).

E 120ºC (alguns vernizes, esmaltes e fibras).

B 130ºC (mica, asbesto com aglutinante EPR).

F 155ºC (mica, fibra de vidro com aglutinante).

H 180ºC (elastômeros de silicato).

C > 180º (porcelanas, vidro, quartzo e cerâmicas).

C 200ºC (fibra mista de vidro poliéster impermeável com verniz).

N 220ºC (capton, nomex).

R > 220ºC (materiais com propriedades térmicas combinadas).

Fonte: NORMA NBR 7034

Materiais Isolante 1.4

1.4.1 Resinas

A evolução das resinas é um dos pontos mais importantes nos processo de

isolamentos elétricos, podem ser à base de solvente natural ou sintético. Este

material trabalha normalmente sob efeito do calor, chamado de termocura sendo

utilizada a curva de temperatura característica de cada produto, sempre

recomendada pelo fabricante.

A utilização incorreta das resinas pode ocasionar espaços vazios na parede

de isolação da bobina o que pode levar a descargas parciais. Existe duas resinas

que são importantes destacar, as da família poliéster e do epóxi.

Onde era muito utilizada na área militar em embarcações, onde foram

combinadas com vibra de vidro para fazer um laminado de alta segurança. Algum

tempo após o fim da guerra, os engenheiros da Westinghouse Eletric Corporation

começaram a fazer trabalho de pesquisa utilizando a química do poliéster para um

novo sistema de isolamento de bobina para alta tensão, utilizadas em geradores e

motores, sistema chamado de “termalastic” (Stone, 2004).

Page 28: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

30

As primeiras resinas a base de epóxi que surgiram no mercado foram os

solventes termoplásticos sólidos, não sendo muito adequado para uso como resina

de baixa viscosidade de impregnação. A resina de epóxi sólida pode ser misturada

com epóxidos monofuncionais de baixa viscosidade como, por exemplo, os éteres

de glicídio, utilizado para fazer um líquido viscoso á temperatura ambiente, sendo

que quando submetido a altas temperaturas faz com que a resina fique rígida, assim

sendo ideal para isolamentos elétricos (Stone, 2004).

1.4.2 Mica

A mica natural tem sido utilizada desde os tempos pré-históricos, onde era

utilizada como pó para pintura corporal. As principais características da mica é que

os seus minerais são do grupo dos filossilicato que tem a característica de ter a

divisão basal perfeita, podendo ser dividida em laminas finas, porém resistente

(Stone, 2004).

Quimicamente as micas são complexas de silicatos de alumínio com

magnésio, potássio, sódio, ferro, lítio, flúor, e vestígios de outros elementos. A mica

tem uma alta rigidez dielétrica e uma elevada resistência à temperatura, suportando

temperaturas acima de 550ºC, assim é ideal para sistemas isolantes. Os principais

tipos de micas utilizadas em sistema isolante são: lâminas de mica e papel de mica

(Stone, 2004).

A lamina de mica é mais rígida e é mais utilizada em geradores e motores

para isolação elétrica com áreas maiores, como anéis coletores e comutadores de

MCC, já o papel de mica é o principal componente do sistema isolante da bobina,

sendo sua espessura fina que varia entre de 0,12 até 1 mm, e é muito flexível sendo

perfeito para a isolação de bobinas (Stone, 2004).

As primeiras resinas a base de epóxi que surgiram no mercado foram os

solventes termoplásticos sólidos, não sendo muito adequado para uso como resina

de baixa viscosidade de impregnação. A resina de epóxi sólida pode ser misturada

com epóxidos monofuncionais de baixa viscosidade como, por exemplo, os éteres

de glicídio, utilizado para fazer um líquido viscoso á temperatura ambiente, sendo

que quando submetido a altas temperaturas faz com que a resina fique rígida, assim

sendo ideal para isolamentos elétricos (Stone, 2004).

Page 29: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

31

Figura 14 Exemplo de aplicação de fita de mica numa bobina.

Fonte: Martins (2010)

É importante apresenta a excelentes características da mica, nomeadamente

a de resistir a descargas parciais, apresentar alticima estabilidade térmica, suavizar

os picos de intensidade do campo eléctrico; da sua parte, o papel de mica apresenta

alta rigidez dieléctrica e baixa resistência mecânica (Stone, 2004).

1.4.3 Fibra de vidro

A fibra de vidro assim como a maioria dos isolantes utilizados evoluiu a partir

da segunda guerra mundial. A fibra de vidro é basicamente feita a partir do

borosilicato de sódio que é muito resistente ao calor e a ataque químico (Stone,

2004).

A fibra de vidro por ser um material inorgânico é muito resistente às

descargas parciais, ao contrario dos materiais orgânicos, como resinas e micas, na

utilização em bobinados aplica-se resina na fibra de vidro para que a mesma fique

rígida, sendo utilizada para amarração das cabeças de bobinas. Na fabricação de

bobinas de 13.8 kV a fibra de vidro é utilizada na isolação das cabeças de bobinas

após a isolação da mica e posteriormente na amarração das cabeças das bobinas

montadas. Em bobinas abaixo de 6 kV ela é utilizada na em toda isolação da bobina,

para a que a bobina tenha uma resistência mecânica maior no isolamento (Stone,

2004).

Page 30: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

32

1.4.4 Nomex

O Nomex é inteiramente feito de polímero sintético do aramid em dois

processos: fibras curtas e partículas microscopia da pasta do aramid. Visualmente o

Nomex é um papel isolante calandrado com uma rigidez dielétrica elevada, outras

qualidades do Nomex são: robustez mecânica, flexibilidade e resistência elástica

(Stone, 2004).

Em motores e geradores o Nomex é utilizado entre condutores para isolar as

espiras da bobina e também entre a bobina e a ranhura para evitar o contato da

parede isolante com o núcleo magnético, isto em motores e geradores até 6 kV,

porque em tensão maiores a parte reta da bobina está com a tinta condutiva e a

mesma tem que ficar em contato direto com o núcleo, para evitar as descargas

parciais, conforme ver a seguir (Stone, 2004).

Tipos de impregnação 1.5

1.5.1 VPI (Vaccun Pressure Impregnation)

O sistema VPI que em português significa impregnação por vácuo e pressão

é o sistema mais utilizado em geradores e motores com tensões abaixo 6 kV, o

mesmo não é utilizado em tensões maiores porque o a parede isolante da bobina

não é curada em formas sobre pressão e por isso não tem como garantir que a

parede isolante fique sem vazios, o que levaria a descargas parciais (Martins, 2010).

O processo VPI, consiste em aplicar a resina nas bobinas sobre pressão e

vácuo, posteriormente as bobinas são montadas no estator, ainda com a resina

molhada, e ao fim do rebobinamento o estator é levado para estufa onde é feito a

cura da resina. Esse processo mesmo tendo falhas em relação a vazios na parede

isolante tem ótimas características elétricas e mecânicas quando utilizado

corretamente (Martins, 2010).

Page 31: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

33

1.5.2 Resin-rich

Resin-rich ou Pré-preg que vem do nome pré-impregnado é um dos sistemas

de impregnação mais evoluído é utilizado principalmente em bobinas 13.8 kV de

motores e geradores, esse sistema é composto de papel de mica impregnado com

resina epóxi semi curada (estagio “B” de polimerização).

A intrdodução do pré-preg pode ser manual ou em maquinas, e

posteriormente prensada em formas, projetada sobre a medida final desejada da

parede isolante da bobina e levada a estufa para cura final. Como a mica está

impregnada de resina, quando a temperatura chega ao primeiro estágio de cura a

resina é liquefeita e inserida entre as camadas de micas pelo efeito da pressão, o

ciclo de cura é demonstrado na figura (10) (Martins, 2010).

Figura 15 Ciclo de cura da reina contida na fita de mica.

Fonte: Martins (2010)

Depois de curado o sistema isolante torna se rígido e uniforme, com alta

resistência a temperatura e ataque químico e uma das principais características que

é a alta rigidez dielétrica (Martins, 2010).

35’ 65’ 90’ 150’ 180’

20

50

125

150

T (ºC)

t (min)

FIM DO PROCESSO

Page 32: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

34

DESCARGAS PARCIAIS 1.6

Descargas parciais também chamado de efeito corona ocorre quando há

falhas na fabricação das bobinas, as mais conhecidas são:

Diferença de potencial na superfície da bobina em relação ao

terra;

Vazios na parede isolante;

Espaçamento entre o isolamento da bobina e o núcleo

magnético.

Esse efeito se da quando há a ionização do ar em um campo elétrico forte,

esse efeito pode ocorrer em geradores e motores acima de 4 kV ou quando o projeto

tem a solicitação dielétrica é acima de 3 kV/mm. Quando há vazios na parede de

isolação a alta tensão irá quebrar a rigidez dielétrica do ar e com isso haverá uma

faísca, a principio uma pequena faísca não interfere no funcionamento da maquina,

porém essa faísca vai corroendo a isolação, até levar a bobina a uma falha (Stone,

2004).

Figura 16 Corte transversal em uma bobina de um motor de 6.6 kV com

espaços vazios na parede isolante.

Fonte : Stone (2004)

Page 33: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

35

Uma das principais maneiras de evitar as DP é optar para um processo de

fabricação que valorize os seguintes itens: tipo do material, a forma de prensar as

bobinas e respeitar o tempo de cura do tipo da resina utilizada, esses são os

principais fatores para evitar que a parede de isolação possua vazios no seu interior,

e para evitar as DP superficiais na bobina, existe a pintura condutiva e a

semicondutora que será explicada no tópico a seguir.

Para confiabilidade de que a bobina fabricada não possui vazios em seu

isolamento, existe o ensaio fator de potência que consegue identificar as perdas na

bobina causada por falha na isolação, esse ensaio ver no tópico de ensaios elétrico.

1.6.1 Pintura condutiva e semicondutora

Equipamentos com tensões de trabalho maiores que 6 kV necessitam de uma

pintura condutiva na parte reta, o material utilizado para fabricação dessa tinta é o

carbono, essa pintura condutiva ou fita condutiva dependendo do processo de

fabricação, serve para atenuar as correntes capacitivas que fluem do cobre até o

núcleo passando pela parede isolante, se não tem a pintura ou fita condutiva haverá

descargas parciais da parede isolante para o núcleo, ocasionando assim o

envelhecimento precoce do isolamento (Stone, 2004).

Um valor adequado da resistência da pintura condutiva é entre 500-5000 Ω

por quadrado, valores acima podem ter problemas com DP, outro fator importante é

o cuidado na aplicação da pintura condutiva, pois em alguns casos pode ocorrer de

ficarem bolsas de ar entre a parede isolante e a pintura, o que levará a uma DP

localizada (Stone, 2004).

O principal problema para pintura condutiva em maquina em funcionamento é

o movimento mecânico natural da bobina, esse atrito com o núcleo ou calço, faz que

a pintura perca as partículas de carbono com isso aumentando sua resistência,

ocasionando assim descargas parciais. A melhor forma de observar se o bobina está

sofrendo com descargas parciais por falha na pintura condutiva é observar a cor da

bobina, pois a pintura condutiva tem a cor escura, e quando há problemas de DP em

algum ponto da bobina os mesmo tende a ficar com cores mais claras (Stone, 2004).

Page 34: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

36

Figura 17 Bobinado com sintomas de DP na saída de ranhura e entre cabeças.

Fonte: Stone (2004).

Já a pintura ou fita semicondutora é revestida com carboneto de silício, ao

contrario da pintura condutiva que tem baixa resistência ôhmica, a pintura

semicondutora não possui uma resistência linear, sua resistência é baixa nas

regiões que a tensão é alta e alta quando a tensão é baixa.

Figura 18 Pintura condutiva e semicondutora.

Fonte: Irispower (2018).

Page 35: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

37

A pintura sem condutiva serve para que as cabeças de bobinas não flutuem,

ou seja, fiquem sem referência para terra, se isso ocorrer as correntes capacitivas da

superfície do isolamento tende a procurar o terra, onde ocorrem as DPs de cabeças

de bobinas (Stone 2004).

A ligação da pintura semicondutora ao terra é feita com uma sobreposição na

pintura condutiva, essa sobreposição entre a pintura condutiva e pintura

semicondutora é chamada de luva de supressão de corona, esta luva é localizada

do lado de fora da ranhura e um dos métodos mais utilizado para fazer a

sobreposição, é utilizar o dedo de aperto do núcleo magnético com referência,

deixando o meio da sobreposição no fim do dedo de aperto (Stone 2004).

Page 36: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

38

3. ENSAIOS ELÉTRICOS

Resistência de isolamento 1.7

A norma de referência para o presente ensaio é a norma IEEE 43/2000.

O ensaio de resistência de isolamento é realizado aplicando uma tensão DC

na bobina ou no bobinado da máquina, esse ensaio é utilizado para verificação das

condições do isolamento, podendo detectar defeitos como: bobinado com curto para

massa, bobinado impregnado com sujeira, bobinado molhado ou bobinado

envelhecido. A resistência de isolamento varia proporcionalmente com a espessura

da parede isolante e diretamente com a área do condutor (Stone, 2004).

A resistência de isolamento por definição é o quociente da tensão aplicada

diretamente ao sistema isolante pela corrente total, que é a soma das três correntes

do circuito: Corrente de absorção, corrente de fuga, corrente de capacitância (Stone,

2004).

A tensão a ser utilizada no ensaio deve ser apropriada com a tensão do

equipamento, pois se aplicar uma tensão maior que a tensão de operação

dependendo do estado do isolamento, pode haver danos no bobinado (Stone, 2004).

A tabela 2 mostra a tensão a ser utilizada no ensaio, diretamente ligada a tensão de

operação do equipamento.

Figura 19 Tensões indicadas pela norma IEEE 43-2000 para realização do ensaio de resistência de isolamento.

Fonte: Norma IEEE 43-2000.

O equipamento utilizado para esse ensaio é o megômetro, que pode ter

tensões de saída entre 500 a 10000 V dependendo do fabricante. O ensaio é

realizado durante 1 minuto e logo em seguida são retirados os valores. Os valores

Page 37: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

39

podem sofrer alteração dependendo da temperatura ambiente ou do equipamento,

sendo assim, quando os valores forem usados para comparativo, deve ser feita a

correção de temperatura. A tabela 3 apresenta os valores mínimos aceitáveis pela

norma IEEE 43-2000 (Stone, 2004).

Figura 20 Valores mínimos de resistência de isolamento recomendado pela norma IEEE 43-2000.

Resistência de

isolamento minima Teste específico

IR1 min= kV+1

Para a maioria dos enrolamentos feitos antes de 1970,

todos os enrolamentos de campo, e outros não

descritos abaixo.

IR1 min= 100 Para a maioria das armaduras dc e enrolamentos ac

construídos depois de 1970.

IR1 min= 5 Para a maioria das máquinas com tensão abaixo de 1

kV.

Fonte: Norma IEEE 43-2000.

Índice de polarização 1.8

A norma de referência é a norma IEEE std 118-1978

O índice de polarização é o tempo necessário para que as moléculas do

material isolante se orientem. Esse é o fenômeno de polarização interfacial entre

camadas de um isolamento composto, que origina a movimentação de cargas

elétricas entre elas até se atingir um equilíbrio. O índice de polarização é definido

pela razão entre o valor colhido com 10 minutos de ensaio sobre o valor colhido há 1

minuto, o valor medido aumenta rapidamente nos primeiros minutos, mais tende a

ficar constante aproximadamente entre 8 e 10 minutos de ensaios, porém se o

bobinado estiver sujo ou molhado um valor constante pode ser dar já nos primeiros 3

minutos (Stone, 2004).

A temperatura do equipamento não interfere no resultado final, desde que a

temperatura fique constante do começo ao fim do ensaio. Em materiais isolantes

antigos, como mica a base de resina asfaltica, o resultado do ensaio leva um tempo

Page 38: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

40

maior, entre 10 a 15 minutos, é o tempo para que a corrente de polarização caia a

um valor próximo de zero (Stone, 2004).

Os valores colhidos no ensaio servem para comparação com valores

anteriores, com essa comparação é possível determinar as condições do isolamento

da maquina, desde que os parâmetros como tensão, temperatura e tempo sejam os

mesmo, também pode ser essencial para definir se o equipamento suporta um

ensaio de sobre tensão. Os valores indicados por normal é em relação à classe de

isolação do equipamento, conforme a tabela 3, porém se a resistência de isolamento

de 1 minuto for maior que 5000 MΩ, os valores de I.P. podem não ser significativas.

Figura 21 Valores mínimos de índice de polarização recomendado pela norma IEC 60085-01.

Classe Térmica Mínimo I.P

Classe A 1.5

Classe B 2.0

Classe F 2.0

Classe H 2.0

Fonte: Norma IEC 60085-01.

Surge test 1.9

A norma de referência para o presente ensaio é a norma IEEE 5282-2004

O ensaio de surge test foi um dos grandes avanços na engenharia preventiva

ligada a manutenção de motores e geradores, esse ensaio é capaz de identificar

falha nas bobinas ou no bobinado como curto entre espiras, curto entre fases, fases

interrompidas entre outras (Stone, 2004).

O principio de funcionamento do surge test vem do princípio da indução, pois

se um corrente é aplicada na bobina e essa corrente é rapidamente crescente, então

uma tensão será gerada através da bobina. Essa corrente é aplicada através de

pulso podendo ser controlado dependendo o modelo do surge test (Stone, 2004).

Se o isolamento entre espiras da bobina ou para o terra é fraco e a tensão

gerada é maior que a rigidez dielétrica do isolamento, um arco é formado, com isso a

Page 39: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

41

onda observada na tela do aparelho fica distorcida com relação a onde de referência

da bobina boa, identificando assim que a bobina possui falhas (Stone, 2004).

Figura 22 Exemplos de defeitos encontrados pelo surge test.

Fonte: Martins (2010).

O surge test é um otimo equipamento para ser utilizado na fabrição das

bobinas, tanto estatóricas como rotóricas, porém, tem que ter um bom treinamento

para utilizar o mesmo, pois, se utilizar tensão acima do suportavel pelo isolamento

Page 40: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

42

do equipamento pode danificar o bobinado. A tabela a seguir apresenta as tensão

indicadas para o ensaios de surge test pelas normas de refência (Stone, 2004).

Figura 23 Tensões indicas para o ensaio de surge test.

Fonte: Martins (2010).

Voltage Endurance 1.10

A norma de referência para esse ensaio é a IEEE 1043-2000 que também

descreve como fazer o ensaio.

O ensaio de endurance voltage ou resistência à tensão é um dos ensaios

mais complexos para aprovação na fabricação de bobinas, este ensaio é aplicado

nas 4 primeiras bobinas do lote de fabricação. O ensaio tem o intuito de representar

o estresse sofrido pelo sistema isolante ao longo dos anos que o equipamento tende

a funcionar, este ensaio pode pré determinar quantos anos um isolante pode resistir.

O processo para realizar o ensaio é fixar resistências de aquecimento na

parte reta de cada bobina, de modo que o sistema isolante trabalhe com uma

temperatura controlada, podendo variar entre 90 a 135°C, tentando assim simular a

temperatura de trabalho do equipamento na pior situação, a tensão utilizada no

ensaio indicada pela norma IEEE 1043-2000 é de 4,4 vezes a tensão de fase e o

tempo de duração do ensaio pode ir de 250 a 400 horas continuas, podendo ser

interrompido apenas para retoque da pintura condutiva. No período de 250 horas

nenhuma bonina pode falhar, e depois 250 horas somente 1 das 4 boninas pode ter

falha, se alguma bobina for reprovada antes das 250 horas, ou mais de uma, depois

das 250 horas as bobinas são descartadas e deve ser alterado o processo de

fabricação para melhorar o isolamento e refeito novamente o ensaio. As bobinas ou

barras que passarem por este ensaio, não podem ser aproveitadas na bobinagem,

Page 41: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

43

pois, após 400 horas sobre o estresse da temperatura e tensão, o sistema isolante

estará envelhecido (Stone, 2004).

Fator de potência e Tip-up 1.11

A norma de referência para o presente ensaio é a norma IEEE 286/2000

O ensaio de fator de potência é utilizado para medir o fator de dissipação que

também é chamado de tangente delta esse ensaio é utilizado para teste de controle

de qualidade na fabricação de bobinas ou para saber a qualidade que o bobinado se

encontra, na fabricação o ensaio pode ser realizado bobina por bobina ou por

amostra (Stone, 2004).

O fator de dissipação é uma propriedade do isolamento que altera quando o

isolamento está envelhecido ou tem algumas alterações quimicamente, pois criam

moléculas que aumentam a polarização, também podem ser alterados por

fabricações pobres de bobinas, como por exemplo, a qualidade dos produtos a

serem utilizados. Em bobinados em uso o acompanhamento do fator de dissipação

pode prevenir uma parada repentina do gerador, já que quando à um aumento da

tangente delta indica que o isolamento está envelhecendo (Stone, 2004).

Um sistema isolante seria perfeito se não houvesse perdas de potência útil. A

corrente que flui pelo dielétrico é a soma das correntes resistivas e capacitivas, a

razão entre as duas é que se dá o nome de fator de dissipação ou tangente delta. A

figura seguir representa as correntes que circulam pela parede isolante (Stone,

2004).

Figura 24 Representação da corrente capacitiva e resistiva na parede isolante.

Fonte: Norma VDE 530.

Page 42: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

44

Em um sistema ideal não haveria as perdas resistivas e tem um capacitor

puro em paralelo com a resistência infinita e consequentemente não tem percas

dielétricas.

Para a realização do ensaio de fator de potência é necessário aterrar a parte

reta da bobina simulando o núcleo magnético e retirar a pintura semicondutiva do

circuito para evitar que a mesma influencie no resultado do ensaio, isto é realizado

retirando uma fita cerca de 5 mm da pintura condutiva antes da sobreposição. É

utilizados degraus da tensão nominal da maquina como referência, o primeiro

degrau é chamado de tg inicial que é (0,2 x Vn) por que essa tensão caracteriza o

tipo de isolação ou a polimerização da isolação, a sequencia de degraus é: 0,4, 0,6,

0,8, 1, e 1,2 a Vn (Stone, 2004).

O Tip-up é a diferença do fator de potência medido no primeiro e o terceiro

degrau, não podendo ser maior que 0,5%, na fabricação de bobinas quando a

diferença é maior que 0,5%, pode ser problemas de material, ou no processo de

cura do isolamento, por isso é recomendado esse ensaio já nas bobinas de amostra,

alguns clientes mais exigentes solicitam que o Tip-up seja no Maximo 0,3% (Stone,

2004).

Figura 25 Valores de referência para FP e Tip-up em bobinas indicados pela

norma VDE 530.

Tensão Nominal da

máquina

Valores limites

Fator de potência

(Tg 0,2 x Un (%))

Tip-up

(tg 0,2 - tg 0,6 )

< 6,6 kV 20 0.5 %

6,6 kV 30 0.5 %

Fonte: Norma VDE 530.

Corona visual 1.12

Esse ensaio consiste em avaliar as condições do bobinado em relação à

existência de corona. O ensaio é realizado em uma câmara escura para não ter

interferência de luzes externas e o inspetor deve permanecer pelo menos 2 minutos

antes do ensaio na câmara, para que se acostume com o escuro. O procedimento

para o ensaio é aplicar a tensão de fase do equipamento e mais 10%, por exemplo:

Page 43: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

45

Um gerador com ligação em estrela, com tensão nominal de 13.8 kVA a

tensão de fase será:

√ (4)

Assim que chegar a tensão 8,8 kV, deve se observar se há o efeito corona em

algum ponto do bobinado, se houver o mesmo deve ser identificado com um giz, o

giz deve estar fixado a um bastão isolado para que o inspetor não corra o risco de

levar choque. Após identificar os pontos, a tensão deve retornar a tensão de fase, no

caso 8 kV, e visualizar se os pontos que existia corona permanece, se permanecer,

deve retocar a pintura condutiva ou semicondutiva.

Hipot DC 1.13

O nome Hipot DC é abreviatura de alto potencial em inglês, esse ensaio é

primordial para certificar que a parede de isolação da bobina está em ótimas

condições, antes de colocar o equipamento em operação. O teste baseia em aplicar

uma tensão continua maior que a tensão de trabalho do equipamento, a fim de obter

a certeza de que o isolamento está bom, pois se o isolamento das bobinas ou

bobinado suportar uma tensão aplicada superior a de trabalho então em

funcionamento normal de trabalho o bobinado não irá falhar por um curto tempo

(Stone, 2004).

O principal problema desse ensaio é que o mesmo é destrutivo, se o

isolamento não foi bem projetado ou está com alguma avaria o mesmo irá falhar,

ocasionando um furo na isolação, por consequência o mesmo deve ser substituído

(Stone, 2004).

Para realizar o teste de Hipot DC, antes deve ser realizado o ensaio de

resistência de isolamento, para certificar que o bobinado não tenha nenhum fator

que prejudique o ensaio, como por exemplo: umidade ou sujeira. O nível de tensão

utilizado no ensaio pode variar conforme a norma orientativa adotada, vai pegar

como exemplo a IEEE 95, que diz que maquinas novas tem que utilizar 1,7 vezes a

tensão utilizada no Hipot AC, que é de (2E + 1000), e para maquina em manutenção

deve utilizar apenas 75% do valor utilizado para bobinados novos (Stone, 2004).

Page 44: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

46

Hipot AC 1.14

O teste de Hipot AC é realizado com freqüência de (50 a 60 Hz) esse ensaio é

utilizado para determinar a integridade do sistema isolante tanto para aprovação de

bobinas novas, quanto na manutenção do equipamento (Stone, 2004).

Esse ensaio é muito parecido com o ensaio DC, sendo que a principal

diferença entre os dois ensaio é a distribuição da tensão pelo isolamento do da

bobina. No ensaio com tensão DC, a tensão distribui entre o isolamento da bobina e

o enrolamento, dependendo da resistência, por isso componentes com uma menor

resistência terá uma menor queda de tensão. Já o ensaio AC a tensão cai entre

todos os componentes da parede isolante e no final do enrolamento dependendo da

capacitância e a constante de cada componente, assim a distribuição das tensão DC

e AC são completamente diferentes no isolamento (Stone, 2004).

O ensaio Hipot AC produz uma distribuição de tensão no isolamento idêntica

a de funcionamento da maquina em operação, por isso o teste de Hipot AC tem mais

chances de encontrar falhas graves do que a do Hipot DC. Por esse motivo a IEEE

95 em cima de estudos definiu que a tensão de ruptura de ensaio Hipot DC é 1,7

vezes maior que a utilizada no AC que é de (2xVn + 1000), onde Vn é a tensão

nominal do equipamento. Porém grandes empresas de manutenção adotam tensões

de ensaios maiores para fabricação de bobinas de 13,8 kV, sendo a mais utilizada

(3xVn), ou seja, 41,4 kV (Stone, 2004).

O ensaio é baseado em critério de passa ou não passa, então tem que ter

uma atenção especial à corrente de fuga, pois se tiver um aumento repentino na

corrente de fuga, é um indicio que há algum problema com o sistema isolante e

poderá haver danos na bonina ou bobinado, tendo que o mesmo ser reparado ou

substituído (Stone, 2004).

Page 45: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

47

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme foi revisado nesse trabalho, em equipamentos de alta tensão a

isolação é um dos componentes mais importantes para o funcionamento do

equipamento, sendo assim, em grandes projetos de rebobinagem a isolação pode

levar o fabricante a grandes prejuízos se for mal projetada.

A definição da qualidade do material e que tipo de processo a ser utilizado na

fabricação de bobinas para geradores 13,8 kV, pode definir diretamente o tempo de

vida útil do equipamento a sim empaquetando diretamente no custo empregado ao

equipamento.

Como foi estudado nesse trabalho, na fabricação de bobinas não pode haver

erros de processo, a escolha dos materiais a ser utilizado, o tipo de processo na

fabricação e o conhecimento nessa área, são variáveis que determinam a qualidade

do produto final.

A sim como foi verificado no estudo e revisado tem de a obedecer um critério

de em saios, para atingir uma perfeita, segurança de operação a maquina assim

suscetivelmente obtendo um produto com qualidade e evitando possíveis danos ao

produto.

Page 46: FABRICAÇÃO E ENSAIOS ELÉTRICOS DE BOBINAS ESTATÓRICAS …

48

5. REFERÊNCIA

CIÊNCIA E ENGENHARIA. Composto Poliméricos Reforçados com Fibra . Disponível em:< http://www.seer.ufu.br/index.php/cieng/article/view/530/490 > Acesso em 10 de Out./2018.

DEL TORO, Vincent. Fundamentos de máquinas elétricas. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 1994.

FURB ENGENHARIA ELÉCTRICA. Comparativo de sistemas de isolação em motores. Disponível em:< https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/60193/1/000146287.pdf> Acesso em 17 de Set./2018.

IEEE 43-2000, “IEEE Recommended Practice for Testing Insulation Resistance of Rotating Machinery.”

IEEE 95-1977, “IEEE Recommended Practice for Insulation Testing of Large AC Rotating Machinery with High Direct Voltage.”

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

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ANEXOS

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ANEXO A

Título do Anexo