Fábulas 6º ano

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25 fábulas diferentes com Moral

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Page 1: Fábulas 6º ano

1- O MACHADO E AS ÁRVORES - Esopo Um homem foi à floresta e pediu as árvores que estas lhe doassem um cabo para o seu machado. O

conselho das árvores concordou com o seu pedido e deu a ele uma jovem árvore para este fim. Logo que o homem colocou o novo cabo no machado, começou furiosamente a usá-lo e em pouco tempo

havia derrubado com seus potentes golpes, as maiores e mais nobres árvores da floresta. Um velho Carvalho lamenta quando a destruição dos seus companheiros já está bem adiantada, e diz a um

Cedro seu vizinho: O primeiro passo significou a perdição de todas nós. Tivéssemos respeitado os direitos daquela jovem

árvore, ainda teríamos os nossos próprios e o direito de ficarmos de pé por muitos anos. Moral da História: Quem menospreza ou discrimina seu semelhante, não deve se surpreender se um dia lhe fizerem a mesma coisa. 2- CAMUNDONGOS DA CIDADE E O DO CAMPO

Um camundongo que morava na cidade foi, uma vez, visitar um primo que vivia no campo. Este era um pouco arrogante e espevitado, mas queria muito bem ao primo, de maneira que o recebeu com muita satisfação. Ofereceu-lhe o que tinha de melhor: feijão, toucinho, pão e queijo.

O camundongo da cidade torceu o nariz e disse: - Não posso entender primo, como você consegue viver com estes pobres alimentos. Naturalmente, aqui no

campo, é difícil obter coisa melhor. Venha comigo e eu lhe mostrarei como se vive na cidade. Depois que passar lá uma semana, você ficará admirado de ter suportado a vida no campo.

Os dois pusseram-se, então, a caminho. Tarde da noite, chegaram à casa do camundongo da cidade. - Certamente você gostará de tomar um refresco, após esta caminhada, disse ele polidamente ao primo. Conduziu-o à sala de jantar, onde encontraram os restos de uma grande festa. Puseram-se a comer geléias

e bolos deliciosos. De repente, ouviram fosnados e latidos. - O que é isto? Perguntou assustado, o camundongo do campo. - São, simplesmente, os cães da casa, respondeu o da cidade. - Simplesmente? Não gosto desta música, durante o meu jantar. Neste momento, a porta se abriu e apareceram dois enormes cães. Os camundongos tiveram que fugir a

toda pressa. - Adeus, primo, disse o camundongo do campo. Vou voltar para minha casa no campo. - Já vai tão cedo? Perguntou o da cidade. - Sim, já vou e não pretendo voltar, concluiu o primeiro.

Moral da história: Mais vale o pouco certo, que o muito duvidoso. 3- RAPOSA E A CEGONHA

A raposa e a cegonha mantinham boas relações e pareciam ser amigas sinceras. Certo dia, a raposa convidou a cegonha para jantar e, por brincadeira, botou na mesa apenas um prato raso contendo um pouco de sopa. Para ela, foi tudo muito fácil, mas a cegonha pode apenas molhar a ponta do bico e saiu dali com muita fome.

- Sinto muito, disse a raposa, parece que você não gostou da sopa. - Não pense nisso, respondeu a cegonha. Espero que, em retribuição a esta visita, você venha em breve

jantar comigo. No dia seguinte, a raposa foi pagar a visita. Quando sentaram à mesa, o que havia para o jantar estava

contido num jarro alto, de pescoço comprido e boca estreita, no qual a raposa não podia introduzir o focinho. Tudo o que ela conseguiu foi lamber a parte externa do jarro.

- Não pedirei desculpas pelo jantar, disse a cegonha, assim você sente no próprio estomago o que senti ontem.

Moral da história: Quem com ferro fere, com ferro será ferido.

4- A LEBRE E A TARTARUGA A lebre estava se vangloriando de sua rapidez, perante os outros animais: - Nunca perco de ninguém. Desafio a todos aqui a tomarem parte numa corrida comigo. - Aceito o desafio! Disse a tartaruga calmamente. - Isto parece brincadeira. Poderia dançar à sua volta, por todo o caminho, respondeu a lebre. - Guarde sua presunção até ver quem ganha. Recomendou a tartaruga. A um sinal dado pelos outros animais, as duas partiram. A lebre saiu a toda velocidade. Mais adiante, para

demonstrar seu desprezo pela rival, deitou-se e tirou uma soneca. A tartaruga continuou avançando, com muita perseverança. Quando a lebre acordou, viu-a já pertinho do

ponto final e não teve tempo de correr, para chegar primeiro. Moral da história: Com perseverança, tudo se alcança.

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5- O FAZENDEIRO, SEU FILHO E O BURRO Um fazendeiro e seu filho viajavam para o mercado, levando consigo um burro. Na estrada, encontraram

umas moças salientes, que riram e zombaram deles: - Já viram que bobos? Andando a pé, quando deviam montar no burro? O fazendeiro, então, ordenou ao filho: - Monte no burro, pois não devemos parecer ridículos. O filho assim o fez. Daí a pouco, passaram por uma aldeia. À porta de uma estalagem estavam uns velhos que comentaram: - Ali vai um exemplo da geração moderna: o rapaz, muito bem refestelado no animal, enquanto o velho pai

caminha, com suas pernas fatigadas. - Talvez eles tenham razão, meu filho, disse o pai. Ficaria melhor se eu montasse e você fosse a pé. Trocaram então as posições. Alguns quilômetros adiante encontraram camponesas passeando, as quais disseram: -A crueldade de alguns pais para com os filhos é tremenda! Aquele preguiçoso, muito bem instalado no

burro, enquanto o pobre filho gasta as pernas. - Suba na garupa, meu filho. Não quero parecer cruel, pediu o pai. Assim, ambos montados no burro, entraram no mercado da cidade. - Oh!! Gritaram outros fazendeiros que se encontravam lá. Pobre burro, maltratado, carregando uma dupla

carga! Não se trata um animal desta maneira. Os dois precisavam ser presos. Deviam carregar o burro às costas, em vez de este carregá-los.

O fazendeiro e o filho saltaram do animal e carregaram-no. Quando atravessavam uma ponte, o burro, que não estava se sentindo confortável, começou a escoicear com tanta energia que os dois caíram na água.

Moral da história: Quem a todos quer ouvir, de ninguém é ouvido.

6- CORVO E O JARRO Um corvo, quase morto de sede, foi a um jarro, onde pensou encontrar água. Quando meteu o bico pela

borda do jarro, verificou que só havia um restinho no fundo. Era difícil alcançá-la com o bico, pois o jarro era muito alto. Depois de várias tentativas, teve que desistir desesperado. Surgiu, então, uma idéia, em seu cérebro. Apanhou um seixo (fragmento de rocha ou pedra) e jogou-o no fundo do jarro. Jogou mais um e muitos outros. Com alegria verificou que a água vinha, aos poucos, se aproximando da borda. Jogou mais alguns seixos e conseguiu matar a sede, salvando a sua vida.

Moral da história: Água mole, em pedra dura, tanto bate até que fura.

7- O CÃO E O OSSO Um dia, um cão, carregando um osso na boca, ia atravessando uma ponte. Olhando para baixo, viu sua

própria imagem refletida na água. Pensando ver outro cão, cobiçou-lhe logo o osso que este tinha na boca, e pôs-se a latir. Mal, porém, abriu a boca, seu próprio osso caiu na água e perdeu-se para sempre."

Moral da história: Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.

8- A MOÇA E A VASILHA DE LEITE Uma moça ia ao mercado equilibrando, na cabeça, a vasilha do leite. No caminho, começou a calcular o

lucro que teria com a venda dele. - Com este dinheiro, comprarei muito ovos. Naturalmente, nem todos estarão bons, mas, pelo menos, de

três quartos deles sairão pintinhos. Levarei alguns para vender no mercado. Com o dinheiro que ganhar, aumentarei o estoque dos ovos. Tornarei a pô-los a chocar e, em breve, terei uma boa fazenda de criação. Ficando rica, os homens, pedir-me-ão em casamento. Escolherei, naturalmente, o mais forte, o mais rico e o mais bonito. Como me invejarão as amigas! Comprarei um lindo vestido de seda, para o casamento e, também, um bonito véu. Todos dirão que sou a noiva mais elegante da cidade.

Assim pensando, sacudiu a cabeça, de contentamento. A vasilha do leite caiu ao chão, o leite esparramou-se pela estrada e nada sobrou para vender no mercado.

Moral da história: Não se deve contar com o ovo quando ele ainda está dentro da galinha.

11- A ÁGUIA, O CORVO E O PASTOR Lançando-se do ar, uma águia arrebatou um cordeirinho. O corvo, vendo aquilo, tratou de imitá-la, e se jogou sobre um carneiro, mas, de forma tão desengonçada

que acabou por se enredar na lã e, debatendo-se em vão com suas asas, não conseguiu se soltar. O pastor, vendo aquilo, recolheu o corvo e, cortando as pontas de suas asas, o levou a seus filhos.

Perguntaram seus filhos sobre que ave era aquela, e eles lhes disse: - Para mim, apenas um corvo, mas ele acha que é uma águia.

Moral da história: Põe teu esforço e dedicação no que realmente estás preparado, não no que não te corresponde.

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9- VENTO E O SOL O vento e o sol estavam disputando qual dos dois era o mais forte. De repente, viram um viajante que vinha

caminhando. - Sei como decidir nosso caso. Aquele que conseguir fazer o viajante tirar o casaco será o mais forte. Você

começa, propôs o sol, retirando-se para trás de uma nuvem. O vento começou a soprar com toda a força. Quanto mais soprava, mais o homem ajustava o casaco ao

corpo. Desesperado, então o vento retirou-se. O sol saiu de seu esconderijo e brilhou com todo o esplendor sobre o homem, que logo sentiu calor e despiu

o paletó. Moral da história: O amor constrói, a violência arruína.

10- GANSA QUE PUNHA OVOS DE OURO Um homem possuía uma gansa que, toda manhã, punha um ovo de ouro. Vendendo estes ovos preciosos,

ele estava acumulando uma grande fortuna. Quanto mais rico ficava, porém, mais avarento se tornava. Começou a achar que um ovo só, por dia, era pouco.

-Porque não põe dois ovos, quatro ou cinco? Pensava ele. -Provavelmente, se eu abrir a barriga desta ave, encontrarei uma centena de ovos e viverei como um

nababo. Assim pensando, matou a gansa abriu-lhe a barriga e, naturalmente, nada encontrou. Moral da história: Quem tudo quer tudo perde.

12- A CABRA E O ASNO

Uma cabra e um asno comiam ao mesmo tempo no estábulo. A cabra começou a invejar o asno porque acreditava que ele estava melhor alimentado, e lhe disse:

- Tua vida é um tormento inacabável. Finge um ataque e deixa-te cair num fosso para que te dêem umas férias.

Aceitou o asno o conselho, e deixando-se cair, machucou todo o corpo. Vendo-o amo, chamou o veterinário e lhe pediu um remédio para o pobre. Prescreveu o curandeiro que

necessitava uma infusão com o pulmão de uma cabra, pois era muito eficiente para devolver o vigor. Para isso então degolaram a cabra e assim curaram o asno.

Moral da história: Em todo plano de maldade, a vítima principal sempre é seu próprio criador.

13- A CABRA E O CABREIRO

Chamava um cabreiro a suas cabras para levá-las ao estábulo. Uma delas, ao passar por um rico pasto se deteve, e o cabreiro lhe jogou uma pedra, porém com tão má

sorte que lhe quebrou um chifre. Então o cabreiro lhe suplicou que não contasse ao patrão, ao que a cabra respondeu:

- Quisera eu ficar calada, mas não poderia! Bem claro está à vista meu chifre quebrado. Moral da História: Nunca negues o que bem se vê.

14- A GATA E AFRODITE Uma gata que se apaixonara por um fino rapaz pediu a Afrodite para transformá-la em mulher. Comovida

por tal paixão, a deusa transformou o animal numa bela jovem. O rapaz a viu apaixonou-se por ela e a desposou. Para ver se a gata havia se transformado completamente em mulher, Afrodite colocou um camundongo no quarto nupcial.

Esquecendo onde estava a bela criatura foi logo saltando do leito e pôs-se a correr atrás do ratinho para comê-lo. Indignada, a deusa fez voltar ao que era.

Moral da História: O perverso pode mudar de aparência, mas não de hábitos. 19- OS GATOS E A PERDIZ

Um homem que tinha em sua casa dois galos comprou uma perdiz doméstica, e a levou para junto dos galos, para alimentá-la. Esses a atacavam e perseguiam, e a perdiz, pensando que a maltratavam por ser de espécie diferente, se sentia humilhada. Porém, dias mais tarde viu que os galos lutavam entre si e que cada vez que se separavam, estavam cobertos de sangue. Então disse a si mesma:

- Já não me queixo que os galos me persigam, pois vejo que nem entre eles há paz.

Moral da História: Se chegas a uma comunidade onde os vizinhos não vivem em praz, fica certo que tampouco te deixarão viver em paz.

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15- A GRALHA VAIDOSA Júpiter deu a notícia de que pretendia escolher um rei para os pássaros e marcou uma data para que todos

eles comparecessem diante de seu trono. O mais bonito seria declarado rei. Querendo arrumar-se o melhor possível, os pássaros foram tomar banho

e alisar as penas às margens de um arroio. A gralha também estava lá no meio dos outros, só que tinha certeza de que nunca ia ser escolhida, porque

suas penas eram muito feias. "Vamos ter que dar um jeito" - pensou ela. Depois que os outros pássaros foram embora, muitas penas ficaram caídas pelo chão; a gralha recolheu as

mais bonitas e prendeu em volta do corpo. O resultado foi deslumbrante: nenhum pássaro era mais vistoso que ela. Quando o dia marcado chegou, os pássaros se reuniram diante do trono de Júpiter; Júpiter examinou todo

mundo e escolheu a gralha para rei. Já ia fazer a declaração oficial quando todos os outros pássaros avançaram para o futuro rei e arrancaram suas penas falsas uma a uma, mostrando a gralha exatamente como ela era.

Moral da História: Belas penas não fazem belos pássaros. 16- O BODE E A RAPOSA

Certo dia uma raposa caiu num poço e, depois, não conseguia sair de lá. O poço não era muito fundo, mas as paredes lisas estavam cobertas de limos, de forma que, cada vez que a raposa trepava algumas polegadas, escorregava outra vez para, dentro da água, com grande estardalhaço.

Passado algum tempo chegou um bode e espreitou da borda do poço, cheio de curiosidade. - Que estás a fazer aí embaixo, raposa? - perguntou ele. A raposa viu a sua única oportunidade de escapar dali. - Estás sozinho? - perguntou ela, com ar de mistério - não quero que venham todos ao mesmo tempo. Mas

a água deste poço é tão boa que não me canso de a beber. Anda cá para dentro e experimenta. Vais ver que é a coisa melhor que provaste em toda a tua vida.

Sem pensar duas vezes, o bode saltou para dentro do poço e começou a beber avidamente. Passado um bocado achou que, tinha bebido bastante e olhou em volta para ver como iria sair do poço.

- Não há problema, camarada - disse a raposa - pões-te de pé nas patas traseiras e eu trepo para as tuas costas. Se eu conseguir equilibrar-me nos teus chifres, salto do poço para fora. Depois debruço-me e puxo por ti.

Então o bode pôs-se de pé nas patas traseiras e a raposa trepou rapidamente para fora do poço. E, enquanto corria através do campo, gritou para o bode:

- Se tivesses tanto raciocínio na tua cabeça como pêlos tens nas barbas, amigo, procuravas ver se podias sair do poço antes de lá entrares.

Moral da História: Antes de te meteres em aventuras, vê se podes sair delas.

17- A VÍBORA E A LIMA

A uma loja de um ferreiro entrou uma víbora, pedindo caridade às ferramentas. Depois de receber algo de todas, faltando só a lima, aproximou-se e lhe suplicou que lhe desse alguma coisa.

- Bem enganada estás - disse a lima - se crês que te darei algo. Eu que tenho o costume, não de dar, mas sim de tomar algo de todos!

Moral da História: Nunca deves esperar obter algo de quem só tem vivido de tirar dos demais.

18- O GATO E OS CAMUNDONGOS

Um gato que, enfraquecido pela idade e, por isto, já sem condições de caçar camundongos, pensou num modo de atraí-los ao alcance de suas patas. Para tanto, pendurou-se pelas pernas traseiras em uma pequena estaca, achando que os camundongos o tomariam por uma sacola ou, no mínimo, por um gato morto, dele arriscando aproximar-se. O primeiro camundongo que apareceu para dar uma olhada foi suficientemente prudente para se manter à distância.

- Vi muitas sacolas na minha vida - sussurrou ele a um amigo - mas nenhuma com cabeça de gato! O outro camundongo, por sua parte, disse ao gato: - Fique pendurado aí o tempo que quiser, mas eu é que não vou chegar perto. Você não é esperto o

bastante para nós. Moral da História: Os homens prudentes não se deixam enganar por velhos truques.

21- A LAMPARINA

Uma lamparina cheia de óleo gabava-se de ter um brilho superior ao do Sol. Um assobio, uma rajada de vento e ela apagou-se. Acenderam-na de novo e lhe disseram:

- Ilumina e cala-te. O brilho dos astros não conhece o eclipse.

Moral da História: Que o brilho de uma vida gloriosa não te encha de orgulho. Nada do que adquirimos nos pertence de verdade.

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22- O LEÃO, O URSO E A RAPOSA

Um Leão e um Urso capturaram um cervo, e em feroz luta, disputavam pelo direito de posse da presa. Após terem lutado bastante, cansados e feridos, eles cairam no chão completamente exaustos. Uma Raposa, que estava nas redondezas, a uma distância segura observando a tudo, vendo ambos caidos

no chão, e o cervo abandonado entre eles, correu entre os dois agarrou-o e desapareceu no meio do mato. O Leão e o Urso vendo aquilo, mas incapazes de impedir, disseram: -Ai de nós, que nos ferimos um ao outro apenas para garantir o jantar da Raposa! Moral da História: Algumas vezes acontece de alguém fazer todo trabalho pesado, e outro levar todo o

lucro. 20- O RATO DO CAMPO E O RATO DA CIDADE

Certo dia um ratinho do campo convidou seu amigo que morava na cidade para ir visitá-lo em sua casa no meio da relva.

O ratinho da cidade foi, mas ficou muito chateado quando viu o que havia para jantar: grãos de cevada e umas raízes com gosto de terra.

- Coitado de você, meu amigo! - exclamou ele - leva uma vida de formiga! Venha morar comigo na cidade que nós dois juntos vamos acabar com todo o toucinho deste país!

E lá se foi o ratinho do campo para a cidade. O amigo mostrou para ele uma despensa com queijo, mel, cereais, figos e tâmaras. O ratinho do campo ficou de queixo caído. Resolveram começar o banquete na mesma hora. Mas mal deu para sentir cheirinho: a porta da despensa se abriu e alguém entrou. Os dois ratos fugiram apavorados e se esconderam no primeiro buraco apertado que encontraram. Quando a situação se acalmou e os amigos iam saindo com todo o cuidado do esconderijo, outra pessoa entrou na despensa e foi preciso sumir de novo. A essas alturas o ratinho do campo já estava caindo pelas tabelas.

- Até logo - disse ele - já vou indo. Estou vendo que sua vida é um luxo só, mas para mim não serve. É muito perigosa.

Vou para minha casa, onde posso comer minha comidinha simples em paz. Moral da História: Mais vale uma vida modesta com paz e sossego que todo o luxo do mundo com perigos

e preocupações. 23- O SOLDADO E A CORNETA

Um velho Soldado, aposentado e cansado da guerra, decidiu queimar todas as armas que tinha; tinha no meio delas uma Corneta, que lhe suplicou que não a queimasse, dizendo que ela não era arma nem instrumento de matar ou ferir, pelo que não merecia castigo.

— Tu a mereces o maior — respondeu o Soldado — e a ti hei de queimar primeiro; porque não prestando tu para lutar, atiçavas os outros a que se matassem na guerra.

E logo a queimou com as armas.

Moral da História: Na figura da Corneta mostra-se o castigo que merecem alguns cobardes, que urdem brigas com a língua e tomam o ofício do Diabo, tecendo intrigas e incitando ao mal, gente perniciosa na República, e cujos delitos que por sua causa se fizerem deverão ser castigados a dobrar.

24- O HOMEM E DONINHA

Um Homem que caçava ratos apanhou na armadilha uma Doninha. Esta, vendo-se em seu poder, pediu-lhe que a soltasse, e disse em seu favor que ela nenhum mal lhe fazia, pelo contrário, limpava-lhe a casa de ratos e bichos.

Respondeu o homem: — Se tu por acaso fizesses isso por bem, devia-te eu agradecimento; mas como o fazes por teres fome, não

te devo nada, antes te quero matar, que se os bichos te faltarem, comerás o que é meu, pior ainda do que os próprios ratos.

Moral da História: Do que os homens fazem em seu benefício nenhum agradecimento se lhes deve; a boa obra deve ser voluntária e não por acaso, para que quem a recebe a deva agradecer. Esta Doninha é como muitos homens que até as más obras que fazem querem vender com boas palavras e desejam que se lhes fique devendo. Porém é a intenção que dá à obra o seu valor; quem me deu uma lançada para me matar e me lancetou o abcesso que me matava não foi amigo, apesar de me ter dado saúde. Esta devo-a só a Deus, que por mão do inimigo ma quis dar.

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25- O HOMEM E COBRA Na força do chuvoso e frio inverno andava uma Cobra fraca e encolhida, e um homem piedoso recolheu-a,

agasalhou-a e alimentou-a, enquanto houve frio. Chegado o verão, começou a Cobra a estender-se e desenroscar-se, pelo que o homem a quis pôr fora; mas ela levantou o pescoço para mordê-lo. Vendo isso, o homem pegou num pau e começou a lutar com a Cobra. Na peleja ficou a Cobra morta, e ele bem mordido.

Moral da história: Bem diz o provérbio: pela mão leva o homem a desgraça a sua casa. Assim aconteceu a este homem com a cobra, e acontece a muitos que, no inverno dos trabalhos e perseguições, querem ser bons aos seus próximos, mas eles, de ruins, chegado o verão das bonanças, nem o dado agradecem nem o emprestado devolve. Assim é certo acolherdes às vezes em casa um pobre que ou vos rouba e foge, ou, se o mandais embora, vos molesta e injuria.