Fábulas de La Fontaine

25

Click here to load reader

description

Fábulas com imagem e voz

Transcript of Fábulas de La Fontaine

  • 1. La Fontaine

2. Fbulas de La Fontaine 3. Num dia soalheiro de Vero, a Cigarra cantava feliz. Enquanto isso, uma Formiga passou por perto. Vinha afadigada, carregando penosamente um gro de milho, que arrastava para o formigueiro. - Por que no ficas aqui a conversar um pouco comigo, em vez de te afadigares tanto? perguntou-lhe a Cigarra. - Preciso de arrecadar comida para o Inverno respondeu-lhe a Formiga. Aconselho-te a fazeres o mesmo. - Por que me hei-de preocupar com o Inverno? Comida no nos falta... respondeu a Cigarra, olhando em redor. A Formiga no respondeu, continuou o seu trabalho e foi-se embora. Quando o Inverno chegou, a Cigarra no tinha nada para comer. No entanto, viu que as Formigas tinham muita comida porque a tinham guardado no Vero. Distribuam-na diariamente entre si e no tinham fome como ela. A Cigarra compreendeu que tinha feito mal... Moral da histria: No penses s em divertir-te. Trabalha e pensa no futuro. Fbulas de La Fontaine 4. Estavam duas Rs beira de um charco quando a mais nova comentou: - Comadre, hoje vi um monstro terrvel: era maior do que uma montanha, tinha chifres e uma longa cauda. - O que viste foi apenas o Boi do lavrador - esclareceu a R mais velha. - E, alm disso, no assim to grande... Eu posso ficar do tamanho dele. Ora observa. Dito isto, comeou a inchar e a esticar-se muito, muito... - O Boi era to grande como eu? - perguntou ela quando j estava to grande como um Burro. - Oh, muito maior! - respondeu a jovem R. Ento a R mais velha respirou fundo e inchou, inchou... at que rebentou. Moral da histria: Mantm-te sempre no lugar que te corresponde. 5. Fbulas de La Fontaine 6. Mestre Corvo, numa rvore poisado, No bico segurava um belo queijo. Mestra raposa, atrada pelo cheiro, Assim lhe diz em tom entusiasmado: - Ol! Bom dia tenha o Senhor Corvo, To lindo : uma beleza alada! Fora de brincadeiras, se o seu canto Tiver das suas penas o encanto de certeza o Rei da Bicharada! Ouvindo tais palavras, que feliz O Corvo fica; e a voz quer mostrar: Abre o bico e l vai o queijo pelo ar! A Raposa o agarra e diz: - Senhor, Aprenda que o vaidoso se rebaixa Face a quem o resolve bajular. Esta lio vale um queijo, no acha? O Corvo, envergonhado, vendo o queijo fugir, Jurou, tarde de mais, noutra igual no cair. TraduoeadaptaodeMariaAlbertaMenres. EdiesASA. Fbulas de La Fontaine 7. Fbulas de La Fontaine 8. Estava uma Formiga junto a um regato, quando foi apanhada pela corrente. Uma Pomba, que estava pousada numa rvore sobre a gua, viu que ela estava quase a afogar-se e teve pena dela. Para que se pudesse salvar, atirou-lhe uma folha. A Formiga subiu para cima da folha e flutuou em segurana para a margem do regato. Pouco depois, apareceu um caador e apontou para a Pomba. A Formiga, percebendo o que estava para acontecer, picou-o no p. O caador sentiu a dor da picada e moveu-se ruidosamente. Alertada, a Pomba voou para longe e salvou-se. Moral da histria: O melhor agradecimento o que se d quando os outros mais precisam de ns. Fbulas de La Fontaine 9. Fbulas de La Fontaine 10. Certo dia, estava um Leo a dormir a sesta quando um ratinho comeou a correr por cima dele. O Leo acordou, ps-lhe a pata em cima, abriu a bocarra e preparou-se para o engolir. - Perdoa-me! - gritou o ratinho - Perdoa-me desta vez e eu nunca o esquecerei. Quem sabe se um dia no precisars de mim?! O Leo ficou to divertido com esta ideia que levantou a pata e o deixou partir. Dias depois, o Leo caiu numa armadilha. Como os caadores o queriam oferecer vivo ao Rei, amarraram-no a uma rvore e partiram procura de um meio para o transportarem. Nisto, apareceu o ratinho. Vendo a triste situao em que o Leo se encontrava, roeu as cordas que o prendiam. E foi assim que um ratinho pequenino salvou o Rei dos Animais. Moral da histria: No devemos subestimar os outros. Fbulas de La Fontaine 11. Fbulas de La Fontaine 12. H muito, muito tempo, os Ratos reuniram-se em assembleia para decidirem em conjunto o que fazer em relao ao seu inimigo comum: o Gato. Depois de muito conversarem, um jovem rato levantou-se e apresentou a sua proposta: - Estamos todos de acordo: o perigo est na forma silenciosa como o inimigo se aproxima de ns. Se consegussemos ouvi-lo, podamos escapar facilmente. Por isso, proponho que lhe coloquemos um guizo no pescoo. A assembleia recebeu estas palavras com entusiasmo. Foi ento que um Rato Velho se levantou e perguntou: - E quem que vai colocar o guizo no pescoo do Gato? Os ratos comearam a olhar uns para os outros, e no houve nenhum que se oferecesse para levar a cabo semelhante tarefa. Ento o Rato Velho terminou, dizendo: Propor uma soluo fcil, o difcil p-la em prtica. Fbulas de La Fontaine 13. Fbulas de La Fontaine 14. Um Galo velho e sbio estava empoleirado nos ramos de uma rvore. Nisto, aproximou-se uma raposa que lhe disse em tom meloso: - Irmo, agora h paz no reino dos animais e, por isso, j no sou tua inimiga. Desce do ramo para que possamos celebrar a nossa amizade com um beijo. Depressa, porque hoje tenho muito que fazer. - Irm Raposa - replicou o Galo - esperemos pelos dois Galgos que se aproximam. De certo que tambm eles ficaro contentes com essa notcia e, assim, poderemos beijar-nos uns aos outros. - Adeus! - respondeu a Raposa. - Estou cheia de pressa. Celebraremos a nossa amizade noutro dia. Dito isto, desatou a correr o mais depressa que pode, furiosa com o Galo e cheia de medo dos ces. Moral da histria: mais fcil combater os malvados com as suas prprias artimanhas. Fbulas de La Fontaine 15. Fbulas de La Fontaine 16. O Rato do Campo convidou o seu amigo da cidade para gozar durante alguns dias os bons ares do campo. O Rato da Cidade aceitou. Quando estavam a esgaravatar a terra procura de comida, o Rato da Cidade disse ao amigo: - Vives uma vida cheia de dificuldades e de trabalhos. Eu, na minha casa, vivo na abundncia e estou rodeado de conforto e de luxo. Se quiseres vir comigo, partilho contigo tudo isso. O Rato do Campo ficou maravilhado com a ideia e aceitou. Quando chegaram, o Rato da Cidade ps frente do amigo muitas iguarias: po, feijes, figos secos, mel, uvas e um grande bocado de queijo que retirou de um cesto. - Realmente tens razo! exclamou o Rato do Campo, encantado com tanta comida obtida sem trabalho. Julgava que a minha vida no campo era boa, mas agora vejo que, afinal, vivo na penria. CONTINUA Fbulas de La Fontaine 17. Dito isto, estendeu o focinho, pronto para abocanhar o naco de queijo. Foi ento que algum abriu a porta. Assustados, correram o mais depressa que puderam e esconderam-se num buraquinho to pequeno que mal tinham espao para respirar. Quando o perigo passou prepararam-se para recomear a refeio. Pouca sorte! Voltou a entrar algum na sala que no os pisou por um triz... Assustado e cheio de fome, o Rato do Campo disse ao amigo: - Apesar de me teres preparado um festim, tenho que me ir embora. H aqui demasiados perigos: prefiro esgaravatar no campo a minha comida e viver em segurana e sem medo. Fbulas de La Fontaine 18. Fbulas de La Fontaine 19. Era uma vez um co que encontrou um osso. Abocanhou-o e correu para casa para o saborear com calma. Pelo caminho, teve que passar por cima de uma tbua que unia as duas margens de um riacho. Nisto, olhou para baixo e viu o seu reflexo na gua. Pensando que era outro co com um osso, resolveu roubar-lho. Para o assustar, abriu a boca e arreganhou-lhe os dentes. Ao faz-lo, o osso caiu na gua e foi arrastado pela corrente. Moral da histria: Contenta-te com o que tens e no cobices o que pertence aos outros. Fbulas de La Fontaine 20. Fbulas de La Fontaine 21. O sr. Pombo, o carteiro, trouxe um bilhete Cegonha, em folha de pessegueiro, que ela soletrou, risonha: Dona Raposa, a Vossncia, envia muito saudar, aguardando a comparncia de Vossncia no jantar. Que s tantas do dia tal do corrente, se efetua no Retiro do Pardal, na rua da Catatua. No diga nada ao correio e creia-me ao seu dispor. Traje: simples de passeio. R.S.F.F. (Responda se faz favor.)---- Fbulas de La Fontaine 22. claro: hora marcada, no dia Tal, no bilhete, Dona Cegonha, apressada, l seguiu para o banquete. Mas foi uma deceo, pois a Raposa, matreira, fez servir a refeio numa pedra de ribeira... E, enquanto a pobre Cegonha achava o caso bicudo, a Raposa, sem vergonha, tratava de comer tudo! Mas a Cegonha, sada, despediu-se em tom amigo: - Gostei muito da comida! Almoce amanh comigo! De manhzinha, a Raposa, sempre cheia de apetite, no quis saber de outra coisa seno daquele convite. Fbulas de La Fontaine 23. - Sim senhora! Bela mesa! gritou logo, satisfeita Cheira que uma beleza! H de me dar a receita... Bem digo eu, afinal, e a colegas dos melhores, que dona de casa igual no h nestes arredores! Ps ento o guardanapo, pensando de olhos em alvo, que havia de encher o papo graas a mais um papalvo... J a Cegonha servia, prazenteira, o seu almoo numa bilha muito esguia e funda que nem um poo. S um bico, desta vez, podia chegar ao fundo... Foi o que a Cegonha fez: rapou tudo num segundo. E fula, de olhar em brasa, a Raposa, como louca, teve de voltar a casa, fazendo cruzes na boca. Vingana coisa mesquinha! Mas na vida quem faz mal paga s vezes a continha com juros e capital... Fbulas de La Fontaine