Faça a escolha certa para visualizar a aurora boreal

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SALVADOR QUINTA-FEIRA 20/9/2012 6 2 VIAJAR Envie o texto ATCULT para o número 50010 e receba informações diárias sobre a agenda cultural. Disponível para as operadoras Claro, Oi, TIM e Vivo. R$ 0,10+imp. por msg (1/dia). LUZES DO NORTE Apesar de não serem raras nas altas latitudes, comprar um pacote de viagem não é garantia de ver o fenômeno Faça a escolha certa para visualizar a aurora boreal VERENA PARANHOS O céu é o cenário. Indomáveis, as luzes podem surgir uma a uma e, devagarzinho, tomarem a escuridão ou desbancar o rei- nado de lua e estrelas na sin- geleza de uma piscadela. Verde, rosa, vermelho, laranja, azul e amarelo tingem o figurino da protagonista, cujo balé, no polo norte, ganha o sobrenome de boreal, enquanto o do polo sul é conhecido como austral. Aurora é o título do espetá- culo que encanta os palcos ce- lestesdospolosdaTerra:umdos fenômenos mais bonitos da na- tureza, que encabeça as listas de coisas e lugares que devem ser vistos antes de morrer. Muitos pacotes turísticos pro- metem concretizar os desejos daqueles que querem ser co- nhecidos como “caçadores de auroras boreais”, já que vê-las nem sempre é fácil, devido às especifidades climáticas e espa- ciais que marcam suas apari- ções. Apesar de não serem raras nas latitudes mais altas de re- giões do Alasca, Canadá, Escan- dinávia (Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia), Es- cócia, Groenlândia e Rússia, comprar um pacote de viagem para um desses lugares não é garantia de vê-las. Além de contar com a sorte de encontrar o céu livre de nuvens, algumas escolhas podem au- mentar as chances de vislum- brar o fenômeno resultante da interação de partículas do vento solar com o campo magnético da Terra, um grand finale. Melhores condições No hemisfério norte, os melho- res meses para enxergar as luzes coloridas e seu incrível movi- mento são setembro e outubro, mas o fenômeno pode ser visto com regularidade até abril. “A ligação dos campos magnéticos do sol e da Terra se intensifica no outono e na primavera e favo- rece a aparição do fenômeno”, explica Maria Jaqueline Vascon- celos, doutora em astrofísica e professora da Uesc. Ao preferir o início do outono, o viajante não precisa enfrentar as temperaturas mais bruscas, nem as poucas horas de sol do inverno. Como a escuridão é uma das exigências da artista e a iluminação pública uma de suas arquirrivais, outra dica é hospedar-se em cidades peque- nas, hotéis distantes dos gran- des centros ou ir de carro a re- giões mais afastadas e torcer para que o fenômeno aconteça, pois a paciência deve ser uma das virtudes dos espectadores deste tipo de show. Para aumentar a probabilida- de de apreciá-la, recomenda-se a permanência de uma a duas semanas nas áreas onde a au- rora boreal costuma acontecer. Por isso, fuja de guias e pacotes turísticos que oferecem, por exemplo, duas noites reserva- das à observação, porque, se fizer a escolha certa, você pode “caçar auroras” sozinho. Fairbanks (Alasca), Lapland (Finlândia), a região do lago Mý- vatn (Islândia) e Yellowknife (Canadá) são alguns dos des- tinos famosos pelas luzes do norte. Yellowknife, por exem- plo, costuma ter, por ano, 240 noites boas para observação. Nos últimos cinco anos, 95% das pessoas que passaram três noi- tes na região conseguiram ver o espetáculo. A boa notícia é que 2013 é o ano do pico do ciclo solar de 11 anos, momento em que as tem- pestades solares que originam as auroras são mais intensas e a aparição do fenômeno mais fre- quente. Com o universo cons- pirando, fica mais fácil tirar este espetáculo da natureza de sua lista de “não vistos”. David Cartier / Reuters Norte do Canadá, Islândia e Finlândia estão entre os destinos mais famosos Setembro e outubro são os melhores meses para ver o espetáculo de luzes no hemisfério norte Para “caçar auroras”, prefira hospedar-se em cidades pequenas ou hotéis distantes dos grandes centros Meu primeiro encontro com aurora Verena Paranhos Ela apareceu majestosa, de sur- presa, em uma noite estrelada, no final de outubro de 2005. As primeiras luzes da auroreal bo- real que vi não tiveram data marcada, depois de quase três meses vivendo em Sauðárkró- kur, cidade de menos de três mil habitantes no norte da Islândia. Eu, que havia trocado os tró- picos por um ano de intercâmbio na ilha do polo norte, esperava para vê-la desde o primeiro dia que ali chegara. Passeava de carro com ami- gos quando algumas luzes ver- des começaram a surgir no ho- rizonte e rapidamente se espa- lharam. Por mais que tivesse me preparado para aquele momen- to, a primeira reação foi não acreditar no movimento e na dimensão do fenômeno. Difícil era tirar os olhos das luzes que não paravam quietas e tinham um caminho impos- sível de prever. Além de guar- dá-las na memória, me tomava uma vontade de poder fotogra- fá-las, filmá-las e ir mais além... tocá-las. Mesmo sabendo que não conseguiria capturar suas imagens por não ter equipa- mentos adequados, a beleza do espetáculo falou mais forte e me fez tentar. Como resultado, hoje guardo fotografias digitais do céu escuro e só logro ver suas luzes ocultas ao fechar os olhos. Naquela noite, a beleza do fenômeno me fez esquecer dos termômetros que estampavam zero e ficar mais de uma hora olhando para o céu. Neste tem- po, por diversas vezes, do grito fui à gargalhada, reação incom- preendida por aqueles amigos para quem as norður ljós (luzes do norte) eram habituais. Aquele foi só o primeiro de muitos encontros que também vieram inesperadamente, no meio da madrugada, ou perto do anoitecer, com intensidade e duração variadas. Embora cada fenômeno tenha sido único, to- dos me fizeram parar o que es- tava fazendo para contemplar. TANGO A DANÇA PORTENHA GANHA UM MONUMENTO HOJE, À NOITE, EM SÃO PAULO, NA ESPLANADA DO MEMORIAL Mar Y Sol Ediciones / Divulgação ESPAÇO VIAGENS [email protected] Para anunciar ligue 71 3340.8731/ 3340.8757 EXCURS Õ ES A É REAS Não inclui taxas de embarque Pagamento: 01+06 no cartão de crédito (consulte desconto para pagamento à vista) Valores expres- sos em reais (Exceto trechos internacionais) Valores por pessoa em APT duplo Valores sujeitos a reajuste e disponibilidade de lugares. 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Matéria e artigo sobre a aurora boreal Caderno 2+, Jornal A Tarde, 20 de setembro de 2012

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SALVADOR QUINTA-FEIRA 20/9/20126 2VIAJAR

Envie o texto ATCULT para o número 50010 e receba informaçõesdiárias sobre a agenda cultural. Disponível para as operadoras Claro,Oi, TIM e Vivo. R$ 0,10+imp. por msg (1/dia).

LUZES DO NORTE Apesar de não serem raras nas altas latitudes, comprar um pacote de viagem não é garantia de ver o fenômeno

Faça a escolha certa para visualizar a aurora borealVERENA PARANHOS

O céu é o cenário. Indomáveis,as luzes podem surgir uma auma e, devagarzinho, tomarema escuridão ou desbancar o rei-nado de lua e estrelas na sin-geleza de uma piscadela. Verde,rosa, vermelho, laranja, azul eamarelo tingem o figurino daprotagonista, cujo balé, no polonorte, ganha o sobrenome deboreal, enquanto o do polo sulé conhecido como austral.

Aurora é o título do espetá-culo que encanta os palcos ce-lestesdospolosdaTerra:umdosfenômenos mais bonitos da na-tureza, que encabeça as listas decoisas e lugares que devem servistos antes de morrer.

Muitos pacotes turísticos pro-metem concretizar os desejosdaqueles que querem ser co-nhecidos como “caçadores deauroras boreais”, já que vê-lasnem sempre é fácil, devido àsespecifidades climáticas e espa-ciais que marcam suas apari-ções. Apesar de não serem rarasnas latitudes mais altas de re-giões do Alasca, Canadá, Escan-dinávia (Dinamarca, Finlândia,Islândia, Noruega e Suécia), Es-cócia, Groenlândia e Rússia,comprar um pacote de viagempara um desses lugares não égarantia de vê-las.

Além de contar com a sorte deencontrar o céu livre de nuvens,algumas escolhas podem au-mentar as chances de vislum-brar o fenômeno resultante dainteração de partículas do vento

solar com o campo magnéticoda Terra, um grand finale.

Melhores condiçõesNo hemisfério norte, os melho-resmesesparaenxergaras luzescoloridas e seu incrível movi-mento são setembro e outubro,mas o fenômeno pode ser vistocom regularidade até abril. “Aligação dos campos magnéticos

do sol e da Terra se intensifica nooutono e na primavera e favo-rece a aparição do fenômeno”,explica Maria Jaqueline Vascon-celos, doutora em astrofísica eprofessora da Uesc.

Ao preferir o início do outono,o viajante não precisa enfrentaras temperaturas mais bruscas,nem as poucas horas de sol doinverno. Como a escuridão é

uma das exigências da artista ea iluminação pública uma desuas arquirrivais, outra dica éhospedar-se em cidades peque-nas, hotéis distantes dos gran-des centros ou ir de carro a re-giões mais afastadas e torcerpara que o fenômeno aconteça,pois a paciência deve ser umadas virtudes dos espectadoresdeste tipo de show.

Para aumentar a probabilida-de de apreciá-la, recomenda-sea permanência de uma a duassemanas nas áreas onde a au-rora boreal costuma acontecer.Por isso, fuja de guias e pacotesturísticos que oferecem, porexemplo, duas noites reserva-das à observação, porque, sefizer a escolha certa, você pode“caçar auroras” sozinho.

Fairbanks (Alasca), Lapland(Finlândia),aregiãodolagoMý-vatn (Islândia) e Yellowknife(Canadá) são alguns dos des-tinos famosos pelas luzes donorte. Yellowknife, por exem-plo, costuma ter, por ano, 240noites boas para observação.Nos últimos cinco anos, 95% daspessoas que passaram três noi-tes na região conseguiram ver oespetáculo.

A boa notícia é que 2013 é oano do pico do ciclo solar de 11anos, momento em que as tem-pestades solares que originamas auroras são mais intensas e aaparição do fenômeno mais fre-quente. Com o universo cons-pirando, fica mais fácil tirar esteespetáculo da natureza de sualista de “não vistos”.

David Cartier / Reuters

Norte do Canadá,Islândia e Finlândiaestão entreos destinosmais famosos

Setembro eoutubro são osmelhores mesespara ver oespetáculo de luzesno hemisfério norte

Para “caçarauroras”, prefirahospedar-se emcidades pequenasou hotéis distantesdos grandes centros

Meu primeiro encontro com aurora

Verena Paranhos

Ela apareceu majestosa, de sur-presa, em uma noite estrelada,no final de outubro de 2005. Asprimeiras luzes da auroreal bo-real que vi não tiveram datamarcada, depois de quase trêsmeses vivendo em Sauðárkró-kur, cidade de menos de três milhabitantes no norte da Islândia.Eu, que havia trocado os tró-picosporumanodeintercâmbiona ilha do polo norte, esperavapara vê-la desde o primeiro diaque ali chegara.

Passeava de carro com ami-gos quando algumas luzes ver-des começaram a surgir no ho-

rizonte e rapidamente se espa-lharam. Por mais que tivesse mepreparado para aquele momen-to, a primeira reação foi nãoacreditar no movimento e nadimensão do fenômeno.

Difícil era tirar os olhos dasluzes que não paravam quietase tinham um caminho impos-sível de prever. Além de guar-dá-las na memória, me tomavauma vontade de poder fotogra-fá-las, filmá-las e ir mais além...tocá-las. Mesmo sabendo quenão conseguiria capturar suasimagens por não ter equipa-mentos adequados, a beleza doespetáculofaloumais forteemefez tentar. Como resultado, hojeguardo fotografias digitais docéu escuro e só logro ver suas

luzes ocultas ao fechar osolhos.

Naquela noite, a beleza dofenômeno me fez esquecer dostermômetros que estampavamzero e ficar mais de uma horaolhando para o céu. Neste tem-po, por diversas vezes, do gritofui à gargalhada, reação incom-preendida por aqueles amigospara quem as norður ljós (luzesdo norte) eram habituais.

Aquele foi só o primeiro demuitos encontros que tambémvieram inesperadamente, nomeio da madrugada, ou pertodo anoitecer, com intensidade eduração variadas. Embora cadafenômeno tenha sido único, to-dos me fizeram parar o que es-tava fazendo para contemplar.

TANGO A DANÇA PORTENHA GANHA UMMONUMENTO HOJE, À NOITE, EM SÃOPAULO, NA ESPLANADA DO MEMORIAL

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