Fachada Leve
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SILVIA SCALZO CARDOSO
Tecnologia construtiva de fachada em chapas delgadas estruturadas em
light steel framing
So Paulo
2016
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SILVIA SCALZO CARDOSO
Tecnologia construtiva de fachada em chapas delgadas em
light steel framing
Dissertao apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo de Mestre em Cincias no Programa Mestrado Profissional em Inovao na Construo Civil
So Paulo
2016
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SILVIA SCALZO CARDOSO
Tecnologia construtiva de fachada em chapas delgadas estruturadas em
light steel framing
Dissertao apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo de Mestre em Cincias no Programa Mestrado Profissional em Inovao na Construo Civil rea de Concentrao: Mestrado Profissional em Inovao na Construo Civil Orientadora: Prof. Dra. Mercia Maria Bottura de Barros
So Paulo
2016
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Este exemplar foi revisado e alterado em relao verso original, sob responsabilidade nica do autor e com a anuncia de seu orientador. So Paulo, 24 de fevereiro de 2016 Assinatura do autor Assinatura do orientador
Catalogao-na-publicao
Cardoso, Silvia Scalzo Tecnologia construtiva de fachada em chapas delgadas estruturadas em light steel framing / S. S. Cardoso verso corr.- So Paulo, 2016.
258 p.
Dissertao (Mestrado) - Escola Politcnica da Universidade de So Paulo. Departamento de Engenharia de Construo Civil.
1.Engenharia Civil 2.Construo Civil 3.Sistemas e processos construtivos 4.Elementos e componentes da construo 5.Fachadas I.Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. Departamento de Engenharia de Construo Civil II.t.
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Aos meus filhos, Laura e Lus Francisco
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AGRADECIMENTOS
Agradeo Professora Mercia Maria Bottura de Barros pela orientao, dedicao e
leitura atenta do trabalho durante o seu desenvolvimento.
Aos professores Luciana Alves de Oliveira e Flvio Maranho pelos comentrios e
crticas durante o exame de Qualificao.
Aos membros da banca de defesa, Professor Fernando Henrique Sabbatini e Eng.
Paul Houang, pela cuidadosa avaliao.
Ao meu esposo Francisco Ferreira Cardoso e minha famlia por todo o apoio
recebido durante o desenvolvimento do trabalho.
Aos amigos que me incentivaram, em especial, Laura Marcellini, Eneida de Almeida,
Maria Alice Gonzales, Maria Isabel Rodrigues Teixeira e Miriam Andraus Pappalardo.
A todas as empresas e profissionais que dedicaram parte do seu tempo para o
fornecimento de informaes sobre o sistema, em especial aos arquitetos Ren
Deleval e Prof. Etienne Lebrun.
Ao Centro Brasileiro da Construo em Ao e ao Instituto Ao Brasil pelo incentivo e
pelo apoio no fornecimento de material bibliogrfico.
ArcelorMittal pelo contnuo estmulo ao aperfeioamento das competncias do
indivduo e da organizao.
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RESUMO
Aumento da produtividade, melhorias na qualidade dos produtos, reduo de custos
e de impactos ambientais so essenciais para a capacidade competitiva das
empresas. A execuo da fachada faz parte do caminho crtico da obra, por ser um
subsistema que associa as funes de fechamento, acabamento, iluminao e
ventilao e ainda por incorporar sistemas prediais; apresenta, por isso tambm, um
alto custo direto em relao aos outros subsistemas do edifcio. A tecnologia
construtiva de fachadas em chapas delgadas com estrutura em Light Steel Framing
(LSF) uma alternativa vivel para aumentar a produtividade e reduzir os prazos de
obra, com qualidade e desempenho, e pode trazer benefcios em relao a atividades
intensas em mo de obra como o caso da alvenaria de vedao e de seus
revestimentos. O presente trabalho tem por objetivo sistematizar e analisar o
conhecimento relativo a essa tecnologia construtiva de fachada. O mtodo adotado
compreende reviso bibliogrfica. Como contribuio, o trabalho rene um conjunto
organizado de informaes sobre os principais sistemas disponveis no mercado
contemplando: a caracterizao do sistema de fachada, de suas camadas e dos perfis
leves de ao e a sistematizao das principais avaliaes tcnicas de sistemas
existentes em outros pases, reunindo normas tcnicas de produtos e de execuo.
Acredita-se que a reunio e organizao das informaes, antes dispersas em
diversas referncias, tm potencial para subsidiar o meio tcnico para tomada de
deciso quanto ao uso adequado da nova tecnologia.
Palavras-Chave: Chapas delgadas. Fachada leve. Light Steel Framing. Estrutura em
perfis de ao galvanizado formados a frio.
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ABSTRACT
Increase productivity, improve product quality and reducing costs and environmental
impact are essential for a competitive business. One of the critical paths of construction
projects is the execution of the faade, a subsystem that associates multiple functions
as sealing, finishing, lighting and ventilation feature and may incorporate other building
systems. As another characteristic of these properties, a faade possess an important
direct cost in relation to other subsystems. The building technology of light steel
external wall system is a viable alternative, as it holds a potential to increase
productivity, reduce construction deadline and bring benefits in regards to the labor
heavy nature of masonry and mortar cladding. This research aims to organize the
knowledge on the building technology of light steel external wall facade. The research
method comprises a technical literature review. As a result, this study combines an
organized ensemble of information about characterization of the light steel external
wall system, its layers and steel profile. The work also performs an analysis of technical
evaluations of existing systems in other countries, gathering technical standards of
products and assembling techniques. The information here presented may serve as
reference to the technical community by compiling and organizing information available
in various and dispersed references.
Keywords: Faade. Light steel external wall systems. Cold-formed steel structures
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LISTA DE ILUSTRAES
Figura 1 Tcnica do Balloon Frame ....................................................................... 64 Figura 2- Trecho de fachada mostrando revestimento de mrmore fixado com rebites .................................................................................................................................. 65 Figura 3 Projeo da argamassa de proteo sobre a placa cimentcia ................ 74 Figura 4 Reforo sobre as placas cimentcias junto s aberturas. (1) Estrutura portante; .................................................................................................................... 75 Figura 5 Posio da barreira de vapor em sistemas leves de fachada em climas frios: .................................................................................................................................. 78 Figura 6 - Maneiras que a gua penetra no edifcio .................................................. 78 Figura 7 Perfis transversais ou barras resilientes para fixao das chapas de gesso acartonado ................................................................................................................ 84 Figura 8 Moldura entorno da esquadria para adaptao espessura do isolante e revestimento em fachadas com sistemas ETICS ...................................................... 87 Figura 9 - Mtodo Embutido de montagem dos painis em LSF ............................... 89 Figura 10 - Mtodo Embutido de montagem de painis de LSF em estrutura metlica .................................................................................................................................. 90 Figura 11 - Possibilidades de insero dos perfis constituintes dos painis pelo mtodo embutido em vigas e pilares de ao .......................................................................... 91 Figura 12 - Possibilidades de insero dos perfis guias e montantes constituintes dos painis pelo mtodo embutido em laje de concreto .................................................. 92 Figura 13 - Posicionamento dos elementos do painel leve em LSF em funo dos elementos de contraventamento da estrutura principal ............................................. 93 Figura 14 - Representao grfica de vedao vertical no mtodo embutido de montagem dos painis em LSF ................................................................................. 94 Figura 15 - Mtodo contnuo de montagem dos painis em LSF .............................. 95 Figura 16 - Mtodo Contnuo de montagem dos painis em LSF ............................. 95 Figura 17 - Mtodo contnuo de montagem dos painis em LSF em edifcio em estrutura metlica ...................................................................................................... 96 Figura 18 - Conector fixado a estrutura principal e aos perfis do painel de fachada para produo do mtodo cortina de montagem dos painis em LSF .............................. 97 Figura 19 - Perfil cantoneira horizontal a cada quatro andares para suporte dos perfis dos painis em LSF montados segundo mtodo contnuo ........................................ 98 Figura 20 - Conectores do sistema Kingspan para fixao estrutura principal pela aba menor e na aba maior ocorre a fixao dos perfis do painel de fachada pelo mtodo contnuo de montagem dos painis em LSF. Os furos oblongos permitem regulagem na fixao dos perfis. ............................................................................... 98 Figura 21 - Conectores do sistema F4 para fixao estrutura principal pela chapa com uma s furao e no septo ocorre a fixao dos perfis do painel de fachada pelo mtodo contnuo de montagem dos perfis em LSF. Os furos oblongos permitem regulagem na fixao dos perfis. ............................................................................... 99 Figura 22 - Conectores do sistema Metsec para fixao estrutura principal pela aba menor e na aba maior ocorre a fixao dos perfis do painel de fachada pelo mtodo contnuo de montagem dos painis em LSF. Os furos oblongos permitem regulagem na fixao dos perfis.................................................................................................. 99 Figura 23 - Conexes para fixao dos perfis externamente a estrutura em concreto ................................................................................................................................ 100
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Figura 24 - Conexes para fixao dos perfis externamente a estrutura em ao tornando possvel fixao a alma da viga sem que haja interferncia das mesas ................................................................................................................................ 101 Figura 25 - Fixao do conector laje e fixao dos perfis montantes aos conectores no sistema F4 .......................................................................................................... 102 Figura 26 - Representao grfica de vedao vertical no mtodo contnuo .......... 103 Figura 27 - Mtodo contnuo em obra de reabilitao de hospital, na qual a estrutura primria de concreto (foto superior) apresentava desalinhamento em relao ao prumo. A foto do meio mostra a instalao dos perfis pelo mtodo contnuo e do isolamento externo (ETICS) e a foto inferior mostra a instalao dos painis de revestimento ............................................................................................................ 104 Figura 28 - Painel com perfis de LSF e isolamento externo (ETICS) pr-fabricado sendo iado para a posio de fixao ................................................................... 106 Figura 29 Pr-fabricao de painis de perfis de LSF com aplicao de membrana de estanqueidade e aplicao de revestimento aderido sobre as chapas .............. 106 Figura 30 - Posicionamento dos painis em chapas delgadas estruturadas em LSF na fachada do edifcio para fixao estrutura primria .............................................. 107 Figura 31 Processo de conformao a frio de rolos de bobinas cortadas longitudinalmente em perfis ..................................................................................... 113 Figura 32 - Linha de galvanizao contnua da ArcelorMittal Vega ......................... 126 Figura 33 - Correspondncia entre dimenses do perfil e guia ............................... 139 Figura 34 Largura mnima da mesa do perfil ........................................................ 140 Figura 35 Furo oblongo no perfil montante para permitir movimentaes diferenciais em relao guia .................................................................................................... 143 Figura 36 - Aberturas nos perfis montantes ............................................................ 144 Figura 37 - Composies de perfis para reforos de aberturas para as laterais (a); para as vergas (b); e contravergas (c) ............................................................................. 147 Figura 38 - Largura mnima para apoio do perfil guia .............................................. 148 Figura 39 Fachada em chapas delgadas estruturadas em LSF com terraos ..... 149 Figura 40 Fachada com vedaes verticais curvas durante e aps execuo..... 150 Figura 41 Fachada com vedaes curvas no sistema F4 .................................... 150 Figura 42 - Elementos de apoio para aberturas de janelas com grandes vos em vedaes verticais de LSF ...................................................................................... 153 Figura 43 - Contexto de avaliao brasileiro e europeu .......................................... 160 Figura 44 - Compartimentao vertical (verga e peitoril) da envoltria do edifcio para dificultar a propagao vertical do incndio............................................................. 194 Figura 45 Elemento corta-fogo do sistema F4 ...................................................... 196 Figura 46 Aplicao de duas chapas de gesso resistente a fogo ao redor das aberturas ................................................................................................................. 197 Figura 47 Tratamento da interface da abertura com a vedao vertical (corte) ... 197
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Referenciais Tcnicos do SINAT relativos ao sistema construtivo LSF .. 50 Quadro 2 Sistemas Inovadores e habitaes construdas ..................................... 51 Quadro 3 - Normas brasileiras de dimensionamento para o Sistema LSF ................ 57 Quadro 4 - Normas brasileiras de componentes do Sistema LSF ............................. 57 Quadro 5 - Produo de perfis drywall e LSF ............................................................ 58 Quadro 6 - Classificao da vedao vertical externa .............................................. 69 Quadro 7 - Instalao da membrana de estanqueidade em fachadas estruturadas em LSF ............................................................................................................................ 79 Quadro 8 Dados trmicos de materiais utilizados na tecnologia de fachada em chapas delgadas estruturadas em LSF ..................................................................... 83 Quadro 9 Painis Pr-fabricados ......................................................................... 108 Quadro 10 Montagem de Painis e transporte para a obra .................................. 109 Quadro 11 Seo de perfis de LSF, sua designao e utilizao (dimenses em milmetros) ............................................................................................................... 116 Quadro 12 - Revestimento mnimo do ao segundo ABNT NBR 15253 ................. 116 Quadro 13 - Normas AISI e ASTM para perfis formados a frio ............................... 117 Quadro 14 Propriedades mecnicas de perfis estruturais tipo H ......................... 118 Quadro 15 - Revestimentos mnimos do ao para perfis estruturais (tipos H e L) possveis de serem utilizados em painis leves em LSF......................................... 120 Quadro 16 - Requisitos mnimos das normas AISI e ASTM para perfis estruturais 121 Quadro 17 Graus do ao conforme CEN EN1993-1-3 (2006) e valores nominais de resistncia ao escoamento e resistncia trao ................................................... 122 Quadro 18 Especificaes mnimas para perfis de LSF em relao as normas brasileira, normas norte-americanas e eurocdigo ................................................. 124 Quadro 19 - Graus de ao recomendados pelo SCI para perfis de LSF ................. 125 Quadro 20 - Classificao segundo caractersticas de exposio de estruturas de LSF em relao a ventos e distncia da linha de costa .................................................. 132 Quadro 21 Utilizao de massa de revestimento de zinco por imerso contnua a quente localizadas em atmosferas exteriores protegidas e ventiladas e segundo ambientes de exposio .......................................................................................... 134 Quadro 22 Caractersticas dos revestimentos das amostras utilizadas na pesquisa ................................................................................................................................ 135 Quadro 23 - Localizaes das edificaes objeto do experimento .......................... 135 Quadro 24 Localizaes e fotos das tipologias das edificaes objeto do estudo ................................................................................................................................ 136 Quadro 25 - Mdia de perda de massa para os revestimentos em amostras de vedaes externas nas localidades do estudo ........................................................ 137 Quadro 26 Dimenses mnimas para perfis guia ................................................. 139 Quadro 27 - Dimenses mnimas para o dimensionamento da largura nominal de mesa de perfis montantes ....................................................................................... 140 Quadro 28 Modos de flambagem de perfis formados a frio.................................. 142 Quadro 29 Flechas adotadas em projeto ............................................................. 143 Quadro 30 - Aberturas nos perfis e dimenses para seu o posicionamento ........... 146 Quadro 31 - Fachada em chapas delgadas estruturadas em LSF embutida entre lajes de concreto .............................................................................................................. 151 Quadro 32 - Fachada em chapas delgadas estruturadas em LSF embutida entre vigas metlicas ................................................................................................................. 152 Quadro 33 Instalao de bandeira e parapeito sobre e sob abertura .................. 153
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Quadro 34 Caracterizao da documentao tcnica dos sistemas analisados .. 161 Quadro 35 Ttulo e definio dos sistemas analisados ........................................ 162 Quadro 36 Limitaes de utilizao dos sistemas analisados .............................. 163 Quadro 37 Camadas e Componentes da Fachada F4 ......................................... 164 Quadro 38 Componentes do Sistema Kingspan possibilidades de camadas e de revestimentos .......................................................................................................... 165 Quadro 39 Camadas e componentes do Sistema Aquapanel WM311C / WM411C ................................................................................................................................ 166 Quadro 40 Possveis formaes das camadas estabelecidas pela Diretriz SINAT n 009 .......................................................................................................................... 167 Quadro 41 Descrio da camada externa e de seus componentes dos sistemas analisados ............................................................................................................... 169 Quadro 42 Descrio da camada impermevel e das possibilidades de diferentes membranas de estanqueidade ao vapor ................................................................. 170 Quadro 43 Caracterizao dos perfis metlicos montantes e perfis guia nos sistemas analisados ............................................................................................................... 173 Quadro 44 Descrio da 1 camada de isolamento dos sistemas estudados ...... 177 Quadro 45 Descrio da 2 camada de isolamento dos sistemas analisados...... 178 Quadro 46 Descrio da camada interna dos sistemas analisados ..................... 180 Quadro 47 Especificaes para esquadrias dos sistemas analisados ................. 182 Quadro 48 Normas e certificaes dos componentes dos sistemas analisados .. 184 Quadro 49 - Desempenho estrutural dos sistemas analisados ............................... 188 Quadro 50 TRRF em funo da altura do edifcio ................................................ 193 Quadro 51 Requisitos de Desempenho Segurana contra Incndio ................. 195 Quadro 52 - Transmitncia trmica U (W/m.K) das vedaes verticais externas .. 198 Quadro 53 Capacidade trmica de vedaes verticais externas .......................... 198 Quadro 54 - Diferenas entre ABNT NBR 15220 e ABNT NBR 15575 no que se refere ao desempenho trmico para a zona climtica 2 .................................................... 200 Quadro 55 Desempenho Trmico dos sistemas analisados ................................ 202 Quadro 56 - Desempenho Acstico dos sistemas analisados ................................. 203 Quadro 57 Estanqueidade gua dos sistemas analisados ................................ 205 Quadro 58 Estanqueidade ao ar dos sistemas analisados................................... 206 Quadro 59 Tratamento das juntas dos sistemas analisados ................................ 207 Quadro 60 - Riscos Condensao nos sistemas analisados ............................... 208 Quadro 61 Durabilidade dos sistemas analisados ............................................... 209 Quadro 62 Manutenabilidade dos sistemas analisados ....................................... 210 Quadro 63 Qualidade da instalao dos sistemas analisados ............................. 211
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LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
ABRAMAT Associao Brasileira da Indstria de Materiais de Construo
ACM Aluminum Composite Material
AO BRASIL Instituto Ao Brasil
AFNOR Association Franaise de Normalisation
AISC American Institute of Steel Construction
AISI American Iron and Steel Institute
ANSI American National Standards Institute
ASHRAE American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning
Engineers
ASTM American Society for Testing and Materials
BBA British Board of Agreement
BCSA British Constructional Steelwork Association
BRE British Research Establishment
BSI British Standard Institution
CANACERO Camara Nacional de la Industria del Hierro y del Acero
CBCA Centro Brasileiro da Construo em Ao
CE Comunidade Europeia
CEE Comunidade Econmica Europeia
CEN European Committee Standardization
CFSEI Cold-Formed Steel Engineers Institute
COV Composto Orgnico Voltel
CSA Canadian Standards Association
CSSA Certified Steel Stud Association
CSSBI Canadian Sheet Steel Building Institute
CSTB Centre Scientifique et Technique du Btiment
CTE Cdigo Tcnico de la Edificacin
CUAP Common Understanding of Assessment Procedure
CVD Chemical Vapour Deposition
DATec Documentos de Avaliao Tcnica
DAU Documento de Adecuacin al Uso
http://www.certifiedsteelstud.com/http://www.cssbi.ca/
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DTU Documento Tcnico Unificado
EAD European Assessment Document
ECCS European Convention for Constructional Steelwork
EEE Espao Econmico Europeu
EN
ETICS
European Standard
External Thermal Insulation System
EOTA European Organization for Technical Assessment
ETAG European Technical Approval Guideline
FGV Fundao Getlio Vargas
FIESP Federao das Indstrias do Estado de So Paulo
HIS Habitao de Interesse Social
IBC International Building Code
ICC-ES International Code Council Evaluation Service
ICMS Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios
ICZ Instituto de Metais No-Ferrosos
ILZRO International Lead Zinc Research Organization
IPT Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo
ISO International Organization for Standardization
IT Instruo Tcnica do Corpo de Bombeiros
ITA Instituio Tcnica Avaliadora
ITeC Institut de Tecnologia de la Construcci de Catalunya
IZA International Zinc Association
LSF Light Steel Framing
MMVF Man-Made Vitreous Fiber
NASFA North American Steel Framing Alliance
NBR Norma Brasileira
NF Norme Franaise
NHBC National Housing Building Council
OAT Organismo de Avaliao Tcnica
OCDE Organizao para Cooperao Econmica e Desenvolvimento
OSB Oriented Strand Board
PBQP-H Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat
PCM Phase Change Material
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P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PSQ Programa Setorial da Qualidade
PVD Physical Vapour Deposition
RNA Revestimento No Aderido
RPC Regulamento dos Produtos de Construo
SCI Steel Construction Institute
SENAI Servio Nacional de Aprendizagem Industrial
SFA Steel Framing Alliance
SFIA Steel Framing Industry Association
SiMaC Sistema de Qualificao de Materiais, Componentes e Sistemas
Construtivos
SINAT Sistema Nacional de Avaliao Tcnica
SMDI Steel Market Development Institute
SSMA Steel Stud Manufacturers Association
STC Classe de Transmisso Sonora
SVVE Sistema de Vedao Vertical Externa
SVVIE Sistema de Vedao Vertical Interna e Externa
TIB Tecnologia Industrial Bsica
TRRF Tempo Requerido de Resistncia ao Fogo
UE Unio Europeia
http://www.steelframingassociation.org/http://www.ssma.com/
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SUMRIO
1 INTRODUO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.1 CONTEXTUALIZAO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.2 JUSTIFICATIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TEMA . . . . 33
1.3 OBJETIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
1.4 MTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
1.4.1 Conceituao bsica para o desenvolvimento da pesquisa . . . 36
1.4.2 Caracterizao da fachada em chapas delgadas estruturadas em LSF e caracterizao e durabilidade do perfil . . . . . . . . . . . 37
1.4.3 Avaliaes tcnicas internacionais de sistemas de fachada em chapas delgadas estruturadas em LSF . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.5 ESTRUTURAO DO TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2 CONCEITOS BSICOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.1 ENTENDIMENTO SOBRE O PROCESSO DE INOVAO TECNOLGICA LUZ DO DESEMPENHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.2 SISTEMA DE PRODUTO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.3 DESEMPENHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.4 SISTEMA NACIONAL DE AVALIAO TCNICA. . . . . . . . . . . . . . 47
2.5 CARACTERIZAO DA CADEIA PRODUTIVA DO LIGHT STEEL FRAMING. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
2.5.1 Definio de cadeia produtiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
2.5.2 Tecnologia Industrial Bsica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
2.5.3 Aes para o desenvolvimento do sistema no mbito da cadeia produtiva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.6 CONSIDERAES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
3 CARACTERIZAO DA FACHADA EM CHAPAS DELGADAS COM ESTRUTURA EM LSF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
3.1 HISTRICO DA FACHADA EM CHAPAS DELGADAS ESTRUTURADAS EM LSF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
3.2 CLASSIFICAO E TERMINOLOGIA ASSOCIADAS S VEDAES VERTICAIS EXTERNAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
3.2.1 Classificao do objeto da pesquisa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
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3.3 CARACTERIZAO DAS CAMADAS CONSTITUINTES E DE SUAS FUNES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
3.3.1 Camada externa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
3.3.1.1 Placas cimentcias protegidas por argamassas especiais . . . . . 71
3.3.1.2 Juntas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.3.1.3 Acabamento sobre as placas (argamassa e telas de fibra de vidro) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.3.1.4 Camada externa com revestimento no aderido . . . . . . . . . . . . . 75
3.3.2 Camada impermevel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
3.3.2.1 Coeficiente de resistncia difuso do vapor. . . . . . . . . . . . . . . 80
3.3.3 Camada de isolamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
3.3.3.1 Isolamento trmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
3.3.3.2 Isolamento acstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
3.3.4 Camada interna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
3.3.5 Interface com esquadrias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
3.4 CLASSIFICAO QUANTO AO GRAU DE INDUSTRIALIZAO DOS PAINIS EM RELAO MONTAGEM . . . . . . . . . . . . . . . .
88
3.4.1 Mtodo embutido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
3.4.2 Mtodo contnuo ou cortina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
3.4.3 Painis pr-fabricados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
3.5 POTENCIAL DOS SISTEMA EM RELAO DESMONTAGEM E DESMATERIALIZAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
110
3.6 CONSIDERAES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
4 CARACTERIZAO E DURABILIDADE DE PERFIL EM LSF . . . 113
4.1 NORMAS BRASILEIRAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
4.2 NORMAS NORTE-AMERICANAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
4.3 EUROCDIGOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
4.4 COMPARAO ENTRE NORMA BRASILEIRA, NORMAS NORTE-AMERICANAS E EUROCDIGO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
123
4.5 RECOMENDAES DO STEEL CONSTRUCTION INSTITUTE . . 124
4.6 REVESTIMENTOS DO AO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
4.6.1 Eletrogalvanizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
4.6.2 Zinco. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
4.6.3 Liga 95% de zinco e 5% de alumnio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
4.6.4 Liga Zinco Alumnio Magnsio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
-
4.6.5 Liga Alumnio Zinco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
4.6.6 Alumnio Puro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
4.7 CORTES DA CHAPA DE AO REVESTIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
4.8 RECOMENDAES PARA A PROTEO CORROSO DE ESTRUTURAS EM LSF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
131
4.9 ESPAAMENTO ENTRE PERFIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
4.10 FLEXO NOS PERFIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
4.11 ABERTURAS NOS PERFIS PARA PASSAGEM DE TUBULAES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
4.12 COMPOSIES DE PERFIS PARA FORMAO DE ABERTURAS NA VEDAO EXTERNA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
4.13 TOLERNCIAS DE INSTALAO DOS PERFIS . . . . . . . . . . . . . . 147
4.14 FIXAES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
4.15 SINGULARIDADES DE INSTALAO DE PERFIS NA FACHADA EM CHAPAS DELGADAS ESTRUTURADA EM LSF . . . . . . . . . . . 149
4.15.1 Terraos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
4.15.2 Vedaes verticais curvas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
4.15.3 Parapeitos e grandes aberturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
4.16 CONSIDERAES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
5 AVALIAO TCNICA DE TECNOLOGIAS DE FACHADA EM CHAPAS DELGADAS ESTRUTURADAS EM LSF: CONTEXTO BRASILEIRO E INTERNACIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
5.1 INTRODUO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
5.2 AVALIAES TCNICAS EUROPEIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
5.3 COMPARATIVOS ENTRE SISTEMAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
5.3.1 Camada externa e camada impermevel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168
5.3.2 Estruturao da vedao vertical: perfis de ao . . . . . . . . . . . . 172
5.3.3 Camada de isolamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176
5.3.4 Camada interna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178
5.3.5 Especificaes para esquadrias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181
5.4 NORMAS E CERTIFICAES DOS COMPONENTES . . . . . . . . . 183
5.5 REQUISITOS DE DESEMPENHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186
5.5.1 Desempenho estrutural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
5.5.2 Segurana contra incndio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
5.5.3 Desempenho trmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198
5.5.3.1 Desempenho trmico segundo a Diretriz SINAT n 009 . . . . . . . 198
-
5.5.3.2 Desempenho trmico nas avaliaes tcnicas europeias . . . . . 201
5.5.4 Desempenho acstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203
5.5.5 Estanqueidade (gua e ar) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204
5.5.6 Durabilidade e manutenabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 208
5.6 QUALIDADE DE INSTALAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210
5.7 CONSIDERAES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 212
6 CONSIDERAES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213
6.1 RESULTADOS ALCANADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213
6.2 TRABALHOS FUTUROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 214
REFERENCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217
APNDICE A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 236
Levantamento de empreendimentos que utilizaram a tecnologia de fachada em chapas delgadas estruturadas em LSF e informaes colhidas junto a profissionais do segmento
APNDICE B . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 257
Organismos de desenvolvimento tecnolgico da construo em ao
-
29
1. INTRODUO
1.1 CONTEXTUALIZAO
Um ciclo de forte expanso na construo civil ocorreu a partir de 2006, tendo
arrefecido a partir de meados de 2014. Com o enfraquecimento desse ciclo, o setor
comea a passar por um perodo de ajuste, adaptando-se a nveis mais baixos de
crescimento ou at mesmo de estagnao. Nesse ambiente, a elevao da
produtividade imperativa e, assim, torna-se ainda mais relevante a busca por
eficincia em nvel microeconmico, ou seja, no sistema de produo das empresas
(GONALVES; BROERING, 2015).
Castelo e Broering (2014) tambm defendem a premncia do aumento da
produtividade uma vez que, motivado pelo crescimento da atividade produtiva, houve
a elevao dos custos com mo de obra determinada pela escassez de trabalhadores
qualificados, sobretudo no perodo anterior crise do setor. A pouca disponibilidade
de mo de obra mostrou que imprescindvel aumentar a produtividade, seja pela
maior qualificao do trabalhador tanto pelos investimentos em capital fsico
(mquinas, equipamentos, etc.) que se constituem em uma das formas de expanso
da produtividade das empresas.
Compartilhando dessa mesma viso, de perodo recente de grande expanso e de
intensa retrao de mercado no perodo atual, Souza (2015) manifesta que, para
enfrentar novos tempos e diferentes conjunturas, a agenda da construo se pauta
por um movimento de inovao, com foco no reposicionamento estratgico das
empresas e no aumento da produtividade.
Cunha e Costa (2014) se manifestam destacando que, para o desenvolvimento do
setor, crucial prescindir do uso intensivo de mo de obra, e, para isto, buscar
aumentar o grau de mecanizao e industrializao dos processos construtivos, bem
como, executar parte da construo fora dos canteiros, de forma a reconfigurar o
modelo de execuo da edificao de moldada no local para modelos com ndices
maiores de montagem.
A busca pela reduo dos custos de produo dos empreendimentos, na economia
competitiva, um fator decisivo para a sobrevivncia das empresas. Barros (1996) j
afirmava que a competio estimula as empresas a investirem na modernizao de
-
30
suas formas de produo, para que possam obter aumento de produtividade,
diminuio da rotatividade de mo de obra, reduo de retrabalho e eliminao de
atividades na etapa de ps-entrega.
Junto com o estmulo modernizao, a competio traz a necessidade de melhorias
na qualidade dos produtos e na reduo dos impactos ambientais de produtos e
processos, conforme assinalado por Agopyan e John (2011).
Novos fatores somam-se a esse cenrio: a existncia de consumidores mais
exigentes influenciados pelo processo de globalizao; aumento da complexidade dos
empreendimentos; e regulamentao mais rigorosa.
O desenvolvimento tecnolgico pode responder s necessidades de maior
produtividade e de atendimento s novas demandas nos prazos e custos esperados.
Barros (1996) j destacava que, em cenrios como o que tem vivido o segmento de
construo de edifcios, os esforos das empresas devem conciliar a introduo de
mudanas tecnolgicas com os aspectos organizacionais e de gesto da produo.
Com foco em tecnologias que tragam ganhos de eficincia, modernizao da
produo, aumento da produtividade e reduo de prazos para produo do edifcio,
o presente trabalho aborda a industrializao de um importante subsistema: a
fachada, considerando a viso de Sabbatini (1989) em relao industrializao da
construo, colocada como chave para se incrementar o nvel de produo e
aprimorar o desempenho da atividade construtiva.
Dentre os diversos subsistemas que compem o edifcio, a vedao vertical externa,
ou fachada, ocupa posio estratgica no sistema de produo da empresa
construtora por razes de diferentes naturezas:
Apresenta interface com grande parte dos demais subsistemas do edifcio:
estrutura, sistemas prediais, vedaes horizontais, entre outros;
a parte mais visvel do edifcio, e, por isto, interage fortemente com os
usurios e com a paisagem rural e urbana;
Est em contato com o meio ambiente, sofrendo sua influncia e,
consequentemente, pode apresentar problemas patolgicos (por questes de
concepo, execuo ou manuteno), que so de difcil e onerosa soluo,
ainda mais, considerando-se as dificuldades de acesso que podem se colocar;
-
31
Representa uma rea significativa da superfcie do edifcio, sendo constituda
por elementos de alto valor agregado (esquadrias e revestimentos); por isto,
sua produo deve ser racionalizada;
Em relao ao planejamento da obra, faz parte do caminho crtico da obra.
Estimar o quanto representa o subsistema fachada no custo total de um
empreendimento no tarefa simples. Para isto seria necessrio avaliar um projeto
especfico, uma vez que o clculo da porcentagem do custo da fachada frente ao custo
total do edifcio depende das condies de projeto, como quantidade e qualidade de
vedaes, esquadrias e revestimentos. Todos esses elementos podem variar de
projeto para projeto e ainda em proporo no custo total do edifcio e em funo do
custo de cada um dos subsistemas.
A fim de se trazer elementos para a anlise do custo da fachada, apresentam-se
dados de dois edifcios. O primeiro, de 10 pavimentos e padro mdio em Salvador
(BA), em que, dos custos totais da obra, os subsistemas esquadrias, vidros e
ferragens mais a alvenaria e seu o revestimento totalizaram 15,29% de participao
para a fachada em relao aos custos totais do edifcio. Esse valor expressivo
quando comparado aos outros maiores custos do mesmo edifcio, com 20,07% para
a estrutura e 15,86% para fundao e subsolos1.
No segundo edifcio, empreendimento de alto padro em Alphaville, Barueri, municpio
de So Paulo (SP), a fachada representou 15,79% de participao no custo total,
sendo o segundo custo mais alto da obra, atrs apenas da estrutura com participao
de 23,61%2.
Os dois edifcios mostram referncias prximas em termos de custos da fachada, 15
a 16% do custo total do edifcio.
Segundo Medeiros et al. (2014), as vedaes externas representam 9 a 13% do custo
total de uma edificao, com base em dados publicados pelo Guia da Construo da
Editora Pini, incluindo elementos como a alvenaria, esquadrias com vidro e
revestimentos aderidos. Para empreendimentos com vedaes e revestimentos no
convencionais tem-se uma amplitude maior de valores, com variao entre 4 a 15%
do custo total da edificao.
1 Dados da Revista Construo Mercado da Editora Pini de setembro de 2013. 2 Dados da Revista Construo Mercado da Editora Pini de junho de 2011.
-
32
As esquadrias vm ampliar a importncia do custo da fachada. Reis (2011) destaca
que a mdia do custo deste item no custo total da obra teve participao de 5,5%,
conforme pesquisa realizada junto a construtoras com atividade relevante no mercado
imobilirio da cidade de So Paulo como Camargo Correa, Cyrela, Gafisa, Odebrecht,
Rossi Residencial, Schain e Tecnisa.
Outra influncia no custo da vedao vertical a perda de material. Do volume total
de perda de materiais nas construes, as argamassas de assentamento e
revestimento so responsveis por parte significativa das perdas.
Segundo Paliari, Souza e Andrade (2001), em pesquisa sobre perdas em canteiros de
obras, as sobreespessuras de revestimentos representam parcela de perdas mais
significativa das argamassas e, por consequncia, dos seus constituintes
(aglomerantes e agregados) nestes servios. A parcela de argamassa que fica
incorporada em excesso ao substrato mostrou-se to significativa quanto a parcela
relativa ao resduo de construo, que representou 64% da perda identificada para o
revestimento interno e 56% para o caso do revestimento externo.
Aos porcentuais que representam a fachada no custo total do edifcio deve ser
tambm considerado o custo de sua manuteno ao longo da vida til. John e
Cremonini (1989) afirmam que os custos anuais mdios de manuteno podem ser
estimados entre 1 a 2% do custo de reposio dos edifcios.
A ABNT NBR 15575-1 (2013) estima a vida til da fachada em 40 anos, durante os
quais os custos de manuteno atingiro valores significativos.
Como observa Oliveira (2009), a escolha adequada dos componentes da fachada tem
impacto no custo de implantao do empreendimento e na sua fase de uso, alm de
gerar impactos na durabilidade e manuteno ao longo de sua vida til.
Sendo um dos elementos primordiais na identidade e valorizao do edifcio, a
fachada reflete a sua poca de construo e a cultura construtiva desta poca. Alm
disso, juntamente com a cobertura forma o invlucro ou envelope do edifcio,
responsvel pela sua habitabilidade e por manter as condies ambientais internas,
tais como: conforto trmico e acstico, segurana dos usurios, entre outros.
Uma das poucas referncias sobre a tecnologia de fachada sem funo estrutural em
chapas delgadas estruturadas em Light Steel Framing (LSF) a Diretriz SINAT 009 -
-
33
Sistema de vedao vertical externa, sem funo estrutural, em perfis leves de ao,
multicamadas, com fechamentos em chapas delgadas (BRASIL, 2012).
A diretriz est no mbito do Sistema Nacional de Avaliao Tcnica (SINAT), que o
ambiente para sistemas considerado inovadores vinculado ao Programa Brasileiro da
Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H). Ela foi elaborada em 2012 e contm
as condies, requisitos, critrios e ensaios, para a avaliao tcnica dos Sistemas
de Vedao Vertical Externa (SVVE).
Com exceo da diretriz, catlogos de fabricante e poucas pesquisas realizadas sobre
o assunto, h escassez de literatura sobre o tema. Para difundir o uso da tecnologia,
necessrio maior conhecimento sobre ela, dada a complexidade do mtodo
construtivo de fachada e de seus requisitos de desempenho. Por isso o tema do
presente trabalho a vedao vertical externa sem funo estrutural produzida a partir
da tecnologia construtiva de fachada em chapas delgadas estruturadas em LSF.
1.2 JUSTIFICATIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TEMA
A tecnologia construtiva de fachadas com chapas delgadas estruturadas por LSF pode
gerar benefcios em relao a atividades intensas em mo de obra como o caso da
tecnologia tradicional que emprega alvenaria de blocos e revestimentos de
argamassa. A tecnologia est vinculada com montagem e acoplamento a seco de
componentes, que pode oferecer maior potencial de ganhos, como os de
produtividade, quando comparada tecnologia tradicional a mido.
Alm disto, muitas das atividades exigidas para a produo da fachada tradicional
dependem, dentre outros fatores, da situao meteorolgica, deixando a mo de obra
merc de intempries e de variaes de temperatura. A tecnologia de fachada com
chapas delgadas e LSF, por sua vez, possibilita ganho social pela melhoria das
condies de trabalho, seja pela possibilidade de ser realizado parcialmente em
unidades fabris, seja pelas alteraes das condies de trabalho no canteiro de obras,
porque as atividades de montagem devem se sobrepor s de moldagem. Transferir
atividades realizadas em canteiro de obras para condies fabris pode colaborar
tambm para a diminuio de riscos de acidentes.
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34
A reduo do impacto ambiental que a construo civil exerce sobre o meio ambiente
pode se dar pela menor gerao de resduos em obra, pela reduo do volume de
insumos transportados ao canteiro de obras, reduo dos incmodos vizinhana
proveniente de rudos e reduo da emisso de material particulado. Menor impacto
ambiental tambm pode ocorrer por meio da reduo das perdas no canteiro e pela
reduo da quantidade de materiais empregados e de sua massa. No caso da
vedao vertical leve com placas cimentcias, Fontenelle (2012) afirma que a sua
massa quatro vezes menor que a alvenaria de blocos de concreto, por exemplo.
Como impacto econmico, a introduo desta tecnologia busca reduzir prazos e
custos de obra.
Por certo h muitas justificativas que induzem ao emprego desta tecnologia;
entretanto, h tambm escassez de pesquisas sobre o tema, em especial quanto ao
seu desempenho associado sua utilizao como fachada em edifcios de mltiplos
pavimentos. Por outro lado, a tecnologia construtiva de fachada leve constituda por
chapas delgadas estruturadas por perfis tipo LSF, empregada em pases da Europa e
Amrica do Norte, vem sendo paulatinamente introduzida no Brasil.
A atividade profissional da autora em indstria lder global em produo de ao, que
visa ao desenvolvimento de mercado de aos planos na construo civil, contribuiu
para o contato com empresas envolvidas em obras que utilizaram a tecnologia de
fachada constituda por chapas delgadas estruturadas por perfis tipo LSF.
Algumas visitas a empreendimentos com a utilizao da tecnologia estudada foram
realizadas, anteriormente mesmo a elaborao dessa pesquisa, e serviram de
subsdio ao trabalho de sistematizao da tecnologia. Outras visitas foram realizadas
durante a pesquisa; no entanto, o conjunto dessas informaes colhidas no possua
o mesmo nvel de aprofundamento para todas as obras visitadas e no pode se
constituir num estudo de campo nos moldes propostos por Yin (2001). Apesar disto,
foi possvel fazer o registro de informaes que mostram como o mercado vem
desenvolvendo a tecnologia e, dada a sua relevncia, so reunidas no Apndice A e
se caracterizam principalmente por um levantamento fotogrfico.
A atuao profissional concilia-se com o tema abordado, contribuindo assim para o
estreitamento da relao empresa-academia, um dos objetivos do programa de
Mestrado Profissional ConstruInova - Inovao na Construo Civil.
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35
Portanto, sistematizar e analisar o conhecimento acerca da tecnologia de produo
de fachadas leves com chapas delgadas em LSF - hoje disperso por catlogos com
distintas abordagens, publicaes internacionais e poucos trabalhos de cunho
cientficos pode ser uma contribuio para o meio tcnico brasileiro uma vez que
podero ser utilizados para se projetar e se produzir a partir de parmetros
adequados.
Espera-se que a pesquisa possibilite ampliar a difuso do conhecimento da
tecnologia, facilitando sua implantao no processo de produo de edifcios e, com
isto, contribuir para o aumento do consumo de ao no Pas.
Pelo exposto, pode-se afirmar que o tema tem amplitude suficiente para diferentes
abordagens, porm, necessria uma limitao de foco, o que feito no item que
segue, no qual se expressa o objetivo da pesquisa.
1.3 OBJETIVO
O objetivo da pesquisa sistematizar e analisar as informaes relativas vedao
vertical externa sem funo estrutural, a partir da tecnologia construtiva de fachada
em chapas delgadas com estrutura em LSF, dando-se destaque para a caracterizao
e anlise dos perfis de ao.
Para que se atinja esse objetivo, estabeleceram-se os seguintes objetivos especficos:
Contextualizar a tecnologia como uma inovao tecnolgica na construo civil;
Caracterizar a cadeia produtiva do LSF, que engloba a subcadeia da tecnologia de
fachada, de forma a identificar os entraves setoriais para que o sistema possa se
consolidar como tecnologia vivel;
Caracterizar a tecnologia de fachada e suas diversas camadas e funes;
Caracterizar o perfil de ao no sistema e analisar a sua durabilidade e de seus
revestimentos metlicos;
Analisar referenciais tcnicos da tecnologia de fachada identificados em outros
pases, visando a caracterizar os componentes, a normalizao envolvida e os
-
36
requisitos de desempenho pertinentes, fazendo um paralelo com um referencial
tcnico nacional.
1.4 MTODOS
A partir da identificao de um arcabouo tcnico muito tnue sobre a tecnologia
estudada, busca-se referenciais da tecnologia construtiva de fachada em chapas
delgadas estruturadas em LSF por meio de reviso bibliogrfica, que compreende os
itens apresentados na sequncia.
1.4.1 Conceituao bsica para o desenvolvimento da pesquisa
Considerando que a pesquisa se situa no mbito do Mestrado Profissional
ConstruInova Inovao na Construo Civil e que a fachada estudada uma
inovao tecnolgica, busca-se compreender o processo de implementao de
inovaes tecnolgicas no setor e, para tanto, realiza-se reviso bibliogrfica que
contempla os conceitos bsicos para o desenvolvimento do trabalho, englobando os
temas: inovao tecnolgica, sistema de produto, desempenho e Sistema Nacional
de Avaliao Tcnica, do qual fruto a Diretriz SINAT 009.
Considerando que as caractersticas setoriais influenciam a forma como uma
tecnologia se difunde e se integra ao sistema produtivo, busca-se compreender a
dinmica da difuso tecnolgica e a cadeia produtiva, cujos agentes so os
protagonistas no desenvolvimento do sistema. Em funo disto, conceitua-se cadeia
produtiva, registra-se como os temas Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e Inovao
atuam na gesto da cadeia produtiva e, por fim, como a normalizao est organizada
no ambiente institucional da cadeia produtiva do LSF.
-
37
1.4.2 Caracterizao da fachada em chapas delgadas estruturadas em LSF e
caracterizao e durabilidade do perfil
So identificadas basicamente duas fontes de informaes para os captulos de
caracterizao da tecnologia de fachada e de seu desempenho, a saber: (1) literatura
acadmica sobre sistemas construtivos de fachadas e mesmo, de outras tecnologias
construtivas que contriburam com a caracterizao da tecnologia de fachadas e de
suas camadas, e literatura sobre os principais itens de desempenho e de sua
avaliao que tenham maiores impactos na fachada; (2) literatura e normas tcnicas
elaboradas pelas entidades de fomento da indstria do ao, como, por exemplo, o
Centro Brasileiro de Construo em Ao (CBCA), American Iron and Steel Institute
(AISI), Steel Framing Alliance, Steel Construction Institute (SCI), entre outras. A lista
das entidades identificadas e das suas principais caractersticas esto registradas no
Apndice B.
Dada a atuao profissional da autora, a pesquisa se aprofunda na caracterizao do
perfil em ao utilizado no sistema, fazendo-se uma reviso bibliogrfica das normas
tcnicas brasileiras e internacionais que estabelecem os requisitos dos perfis em
relao a resistncia mecnica e aos revestimentos do ao.
1.4.3 Avaliaes tcnicas internacionais de sistemas de fachada em chapas
delgadas estruturadas em LSF
A busca por desempenho, referenciais e avaliaes tcnicas de sistemas resultou na
identificao de documentos elaborados por instituies europeias concedidos a partir
de referenciais tecnolgicos previamente estabelecidos.
Entre os sistemas identificados, so escolhidos para anlise os documentos emitidos
por diferentes organismos de avaliao tcnica europeus: Centre Scientifique et
Technique du Btiment (CSTB, 2012); Institut de Tecnologia de la Construcci de
Catalunya (ITeC, 2014); Building Research Establishment (BRE, 2011) e British Board
of Agreement (BBA, 2014).
-
38
A partir dessas avaliaes so elaborados quadros em que se caracterizam: os
sistemas; o tipo de documentao; as limitaes de utilizao, os componentes, suas
normas e certificaes; as camadas constituintes do sistema; e os requisitos de
desempenho. O objetivo da reunio dessas informaes no estabelecer qual o
melhor sistema, mas possibilitar a descrio e a avaliao qualitativa de cada um em
conjunto com a Diretriz SINAT n 009.
A ABNT NBR 15575-4 (2013), que trata do Sistema de Vedao Vertical Externa
(SVVE), a referncia para a identificao dos requisitos de desempenho aplicados
ao subsistema, os quais so analisados luz da Diretriz SINAT n 009, alm de outras
normas brasileiras pertinentes.
1.5 ESTRUTURAO DO TRABALHO
O trabalho est estruturado em seis captulos, incluindo este que trata da introduo
ao tema, justificativa para o seu desenvolvimento, objetivo da pesquisa, mtodos
utilizados e estruturao do trabalho
O captulo 2 apresenta uma reflexo sobre os conceitos bsicos utilizados ao longo
do trabalho, como os conceitos de inovaes tecnolgicas e sua implementao, e
engloba os conceitos de: sistema de produto, desempenho, Sistema Nacional de
Avaliao Tcnica e cadeia produtiva do sistema Light Steel Framing.
O captulo 3 caracteriza a tecnologia construtiva, identificando as camadas
constituintes e suas respectivas funes e trazendo informaes do histrico da
tecnologia e sobre os mtodos de montagem do sistema.
O captulo 4 apresenta, por meio de reviso bibliogrfica das normas brasileiras, norte-
americanas e europeias, a resistncia do perfil, aspectos sobre a durabilidade dos
perfis em ao em relao aos seus revestimentos metlicos para proteo contra
corroso.
O captulo 5 identifica e analisa, no contexto internacional, as avaliaes tcnicas dos
sistemas de fachada em chapas delgadas estruturadas em LSF em relao
caracterizao dos seus componentes, normalizao envolvida e aos requisitos de
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39
desempenho, e faz um paralelo com os requisitos de desempenho luz da Diretriz
SINAT n 009.
O captulo 6 apresenta as consideraes finais da pesquisa e sugestes para futuros
trabalhos que venham complementar o conhecimento da tecnologia.
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40
2. CONCEITOS BSICOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
Esse captulo apresenta conceitos bsicos utilizados no trabalho em relao ao
processo de implementao de inovaes tecnolgicas na produo de edifcios,
tambm chamadas de novas tecnologias construtivas. O captulo tambm aborda a
cadeia produtiva do LSF, que engloba a subcadeia da tecnologia de fachada, de forma
a identificar os entraves setoriais para que o sistema possa se consolidar como
tecnologia vivel no Brasil.
2.1 ENTENDIMENTO SOBRE O PROCESSO DE INOVAO TECNOLGICA LUZ
DO DESEMPENHO
Segundo Sabbatini (1989), a tecnologia construtiva pode ser entendida como:
um conjunto sistematizado de conhecimentos cientficos e empricos,
pertinentes a um modo especfico de se construir um edifcio (ou uma
sua parte) e empregados na criao, produo e difuso deste modo
de construir (SABBATINI, 1989, p.43).
O mesmo autor afirma que:
Um novo produto, mtodo processo ou sistema construtivo introduzido
no mercado, constitui-se em uma INOVAO TECNOLGICA na
construo de edifcios quando incorporar uma nova ideia e
representar um sensvel avano na tecnologia existente em termos de:
desempenho, qualidade ou custo do edifcio, ou de uma sua parte
(SABBATINI, 1989, p. 45)
Barros (1996) resgata a proposta de Sabbatini (1989) particularizando-a para o caso
especfico do processo construtivo tradicional, afirmando que:
Inovao tecnolgica no processo de produo de edifcios um
aperfeioamento tecnolgico, resultado de atividades de pesquisa e
desenvolvimento internas ou externas empresa, aplicado ao
processo de produo do edifcio objetivando a melhoria de
desempenho, qualidade ou custo do edifcio ou de uma parte do
mesmo (BARROS, 1996, p. 59).
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O Manual de Oslo (OCDE, 2004), por sua vez, distingue a inovao em produtos e
em processos. Segundo o manual:
Inovaes Tecnolgicas em Produtos e Processos (TPP)
compreendem as implantaes de produtos e processos
tecnologicamente novos e substanciais melhorias tecnolgicas em
produtos e processos. Uma inovao TPP considerada implantada
se tiver sido introduzida no mercado (inovao de produto) ou usada
no processo de produo (inovao de processo) (OCDE, 2004, p.
54).
Segundo o manual, o desenvolvimento e a difuso de novas tecnologias so
essenciais para o crescimento da produo e aumento da produtividade. consenso
que a inovao tecnolgica a base para o desenvolvimento do processo industrial
em todos os segmentos. Portanto, no seria diferente para o setor da construo. A
respeito da industrializao, Sabbatini (1989) afirma:
Industrializao da construo um processo evolutivo que, atravs
de aes organizacionais e da implementao de inovaes
tecnolgicas, mtodos de trabalho e tcnicas de planejamento e
controle, objetiva incrementar a produtividade e o nvel de produo e
aprimorar o desempenho da atividade construtiva. (SABBATINI, 1989,
p. 52).
Barros (1996) complementa que para a evoluo tecnolgica de uma empresa, no
basta existir uma determinada tecnologia no mercado, mas sim, necessrio
implantar e consolidar essa tecnologia no sistema produtivo da empresa por meio de
princpios que permitam sua constante evoluo.
Ainda segundo Barros (1996), a implementao de inovaes tecnolgicas nas
empresas de construo estimulam e exigem o desenvolvimento de projetos voltados
produo e planejamento prvio das atividades envolvidas visando: a alterao de
posturas que permitem o improviso; o desenvolvimento de recursos humanos e de
corpo tcnico com domnio sobre o processo de produo do edifcio; a
implementao de procedimentos de controle, que permitem estabelecer um maior
nvel de confiana no produto final e a realimentao do processo de implementao.
No obstante a importncia da inovao para a indstria da construo, Bougrain e
Carassus (2003) afirmam que a posio das empresas de construo no parece
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muito propcia realizao de inovao. Segundo os autores, trata-se de um setor
fragmentado que dificulta o compartilhamento dos frutos gerados pela inovao e que
apresenta baixos investimentos em P&D. Por isto, a possibilidade de inovao ocorre,
principalmente, por meio de evolues incrementais, que no necessitam de
investimentos comparveis aos praticados pelos fabricantes de materiais.
Segundo Squicciarini e Asikainen (2011), inovaes em construo so tipicamente
incrementais e conduzem a grandes transformaes somente em longo prazo.
Para Kupfer e Tigre (2004), o sucesso na introduo de novas tecnologias depende
fundamentalmente da eficincia na capacidade das empresas em absorverem novos
equipamentos, sistemas e processos produtivos. Essa absoro demanda a
incorporao de novas rotinas, procedimentos e informaes tcnicas que dependem
da capacidade dos recursos humanos de transformar informao em conhecimento
para a adaptao de tecnologias especficas ao ambiente de trabalho da empresa.
Acemoglu, Gancia e Zilibotti (2010) complementam que a difuso de novas
tecnologias est vinculada a padronizao de produtos e aos processos de inovao.
Novas tecnologias quando concebidas e implementadas so complexas e podem
requerer habilidades para sua operao. Entretanto, tornando-se rotineiras e
padronizadas permitem custos de produo mais acessveis usando mo de obra
menos capacitada.
A incorporao de novas tecnologias est diretamente associada dinmica setorial.
Segundo Kupfer e Tigre (2004), os investimentos em novas tecnologias so
geralmente realizados em fases de expanso do mercado, quando a capacidade
instalada se mostra insuficiente para atender a demanda projetada.
Wilson; Kennedy e Trammel (1996)3 apud Souza (2003, p. 5), referindo-se aos riscos
de adoo de novas tecnologias, afirmam que uma tecnologia que no esteja sob
controle ou que no seja adequadamente conhecida pode causar diversos problemas
de qualidade e prazos.
3 WILSON, C.C.; KENNEDY, M.E.; TRAMMEL, C.J. Superior product development: managing the process for innovative products. Cambridge: Blackwell Business, 1996.
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Barros (1996) afirma que ao analisar a produo de edifcios fica clara a importncia
das inovaes tecnolgicas incrementais, que para alguns autores significa melhoria
de processo e acrescenta que os conceitos visam melhoria do produto.
Segundo OCDE (2004, p. 55), inovaes podem envolver tecnologias radicalmente
novas, baseando-se na combinao de tecnologias existentes em novos usos, ou
podem ser derivadas do uso de um novo conhecimento. Castro (1993)4 apud Barros
(1996) afirma que a inovao pode ser decorrente de uma alterao radical da
tecnologia mudando as caractersticas de uma indstria.
Slaughter (1998)5 apud Koskela (2000) define a tipologia das inovaes em
construo. A inovao incremental implica em pequenas mudanas com impactos
limitados nos elementos circundantes e, por sua vez, a inovao modular tambm traz
impactos limitados, porm com mudanas significantes na base. Uma inovao
arquitetnica consiste em pequena mudana no componente, mas com vrios e fortes
impactos nos outros componentes circundantes. Na inovao de sistema h mltiplas
e relacionadas inovaes. A inovao radical baseada na ruptura e avano na
cincia e tecnologia e muda o carter da indstria.
Agopyan e John (2011) afirmam que a introduo de inovaes progressivas de forma
frequente e contnua caracterstica da cadeia produtiva da construo, mas para
garantir a sustentabilidade da construo, o desafio criar condies econmicas
para a inovao radical no setor.
De acordo com documento produzido pela Comisso Europeia, para se alcanar os
desafios da sustentabilidade, da conservao de energia e da competitividade
industrial necessria a inovao radical nos processos de concepo e de operao
dos edifcios (EUROPEAN COMISSION, 2009).
A implementao da tecnologia construtiva de fachadas em chapas delgadas
estruturadas em LSF est mais afeita inovao radical do que inovao
incremental e, por isso, exige mudanas estruturais no processo de produo,
4 CASTRO, J. A. Invento e inovao tecnolgica na construo. So Paulo. 1993. 258 p. Tese (Doutorado). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Universidade de So Paulo. 5 SLAUGHTER, E. Models of Construction Innovation. Journal of Construction Engineering and Management. 1998. 124(3), 226231.
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aliceradas pela apropriao e sistematizao do conhecimento, que por sua vez est
baseado em amplo cabedal de informaes e avaliaes.
2.2 SISTEMA DE PRODUTO
Segundo Warszawski (1977)6 apud Sabbatini (1989), "um sistema de produo
compreende homens, mquinas e outros meios, os quais convertem materiais e
trabalho em produtos especificados" e que um sistema construtivo caracterizado
por possuir atributos muito bem definidos: uma tecnologia de produo (dos
componentes e elementos); um projeto do produto (o edifcio) e uma organizao de
produo (do edifcio).
Para Sabbatini (1989), um sistema construtivo um sistema de produo cujo
produto objeto o edifcio.
Souza e Sabbatini (1998) aplicaram o conceito de sistema de produto e sistema de
produo tecnologia de vedao vertical em chapas delgadas de gesso acartonado.
Esses mesmos conceitos sero adotados nesta pesquisa em relao tecnologia
construtiva de fachada em chapas delgadas estruturadas em LSF.
O conceito de sistema de produto compreende um conjunto de materiais,
componentes e elementos integrveis que se complementam e so utilizados na
produo de um bem (SOUZA; SABBATINI, 1998).
Souza (2003) complementa com a conceituao de componente complexo, que um
agregado de componentes com funes menos complexas e em nvel hierrquico
imediatamente abaixo do elemento. O conjunto das funes do componente complexo
que constituem o elemento equivalente s funes do elemento7.
6 WARSZAWSKI, A. System building: education and research. In: CIB Triennial Congress, 7, Lancaster, 1977. Construction Research International. Anais. Lancaster, CIB, 1977, v.2, p. 113-125. 7 Segundo a ABNT NBR 15575-1 (2013c), so adotados os seguintes conceitos para componente e elemento:
Componente a unidade integrante de determinado elemento da edificao,
com forma definida e destinada a atender funes especficas (por exemplo,
bloco de alvenaria, telha, folha de porta) (ABNT, 2013c, p. 7).
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Da mesma forma, como o conceito de produto pode ser adotado para as fachadas em
chapas delgadas estruturadas em LSF, o conceito de componente complexo pode ser
adotado para os componentes presentes na tecnologia de fachada estudada.
Portanto, a tecnologia construtiva de fachada em chapas delgadas estruturadas
em LSF constitui-se num sistema de produto que exige um sistema de produo
previamente definido.
2.3 DESEMPENHO
Souza (1983), tendo iniciado os estudos acerca da avaliao de desempenho de
componentes e elementos associados produo do edifcio, j ressaltava a
importncia de se definir - qualitativa ou quantitativamente - quais as condies a
serem satisfeitas por um produto quando submetido s condies normais de uso.
CIB (1975)8 apud Souza (2015, p. 13) j afirmava que o resultado do equilbrio
dinmico, que se estabelece entre o produto e seu meio, chamado de desempenho
do produto.
Segundo Souza (2015), na prtica, este equilbrio dinmico se estabelece quando o
edifcio submetido s condies de exposio, que so o conjunto de aes atuantes
durante sua vida til. A estimativa do comportamento do produto, ou seja, seu
desempenho potencial, obtido pela utilizao de modelos matemticos e fsicos,
alm de ensaios e medies em amostras do produto.
Ainda segundo CIB (1975) apud Souza (2015, p. 14), a avaliao pode incluir
interpretao e julgamento baseados na validade dos mtodos de ensaio e clculo
empregados ou na apreciao do desempenho observado e medido em modelos ou
Elemento parte de um sistema com funes especficas. Geralmente
composto por um conjunto de componentes (por exemplo, parede de vedao
de alvenaria, painel de vedao pr-fabricado, estrutura de cobertura) (ABNT,
2013c, p. 9).
8 CONSEIL INTERNATIONAL DU BTIMENT. The performance concept and its terminology. Paris, Centre Scientifique et Technique du Btiment, 1975. (Report 32).
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prottipos. Alm desses mtodos, outras informaes podem ser acrescentadas como
a experincia de utilizao do produto.
O conceito de desempenho est presente na abordagem de Sabbatini (1989) sobre
inovao tecnolgica ao salientar a necessidade de que tecnologias inovadoras
devam apresentar condies de produo mais adequadas que as tecnologias
tradicionais, de modo a: incrementar o nvel de produo e de produtividade;
racionalizar os recursos utilizados; reduzir custo e prazo; e melhorar o desempenho
do produto.
O desempenho de um produto inovador usualmente avaliado a partir do
desempenho da tecnologia tradicional que pretende substituir. Nesse sentido, Souza
(2015) discute a tendncia de se fixar o tradicional como referncia, como por
exemplo, no caso das vedaes externas. A vedao de tijolos macios de 25 cm,
revestida com argamassa de cal e areia, foi durante muito tempo tomada como padro
fazendo com que qualquer alternativa proposta para vedaes externas devesse ser
comparada a ela em relao a: resistncia mecnica, resistncia ao fogo,
propriedades acsticas, isolamento trmico e impermeabilidade.
Em sua discusso sobre o tema, Souza (2015) salienta que se desconhece, se
realmente, por que a vedao vertical tradicional considerada boa e se suas
propriedades so necessrias e se so satisfatrias. O argumento utilizado que tal
vedao vertical j funcionou na prtica e, portanto, boa soluo. Para o autor, o
argumento vlido como fruto da tradio construtiva, porm, no suficiente, pois no
se pode aceitar o empirismo nela impregnado e adot-lo como regra normativa.
Souza (2015) manifesta que avaliar solues inovadoras para o edifcio e suas partes,
comparando-as com o tradicional, carece de uma base cientfica e metodolgica. Esta
contradio pode e deve ser superada no estgio atual dos conhecimentos no campo
das cincias da construo. Para o autor, a questo relevante a abordagem menos
emprica, sem que haja empecilho s novas solues, caracterizando de forma mais
precisa a que deve atender o edifcio e quais os mtodos a serem utilizados em sua
avaliao, concluindo que o conceito de desempenho instrumento valioso nesse
sentido.
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Segundo Oliveira, Souza e Mitidieri Filho (2010) em muitos pases, o desenvolvimento
de projetos tem incio pela definio do desempenho do produto edifcio e suas partes
para depois se definir as tecnologias a serem utilizadas.
No Brasil, a discusso sobre os temas da qualidade e desempenho ocorre h mais de
trs dcadas, mas somente em perodo recente, com o amadurecimento da cadeia
produtiva, e em funo da maior exigncia da sociedade, que se formalizou a norma
brasileira de desempenho. A ABNT NBR 15575 (2013) Edificaes Habitacionais
Desempenho entrou em vigor em julho de 2013, sendo consenso que o conjunto
normativo (Partes 1 a 6) constitui importante marco para a modernizao tecnolgica
da construo (CBIC, 2013).
Por se tratar de inovao tecnolgica, os sistemas leves de fechamento de fachadas
no dispem de normas tcnicas; portanto, o desenvolvimento de tecnologias que
abordam esses sistemas deve ser fundamentado em referenciais que contemplem
exigncias de desempenho e qualidade.
Soares (2010) afirma que a elaborao e difuso de documentao tcnica de
referncia deve ser uma prioridade para a qualificao da construo no Brasil e pode
contribuir com o avano do conhecimento das tecnologias construtivas e com a
insero dos conceitos de sustentabilidade.
A comprovao de desempenho necessita de um arcabouo para a sua avaliao
tcnica. Nesse sentido, seguindo o que havia acontecido h algumas dcadas em
pases desenvolvidos, criou-se um sistema de abrangncia nacional para a avaliao
tcnica do desempenho de sistemas inovadores.
2.4 SISTEMA NACIONAL DE AVALIAO TCNICA (SINAT)
O Sistema Nacional de Avaliao Tcnica busca a harmonizao de procedimentos
para a avaliao de novos produtos para a construo, quando no existem normas
tcnicas prescritivas especficas aplicveis ao produto. O SINAT proposto para
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suprir, provisoriamente, lacunas da normalizao tcnica, ou seja, para avaliar
produtos no abrangidos por normas tcnicas prescritivas9 (BRASIL, 2014).
Segundo Amancio et al. (2015), o SINAT o ambiente que abriga a inovao
tecnolgica na construo civil e resultado da mobilizao da comunidade tcnica
na elaborao de um suporte ao funcionamento de procedimentos de avaliao de
produtos de construo inovadores.
O SINAT teve como base o modelo existente na Frana, elaborado pelo Centre
Scientifique et Technique du Btiment (CSTB) e referenciado no documento Avis
Tchnique (ATEC) para produtos inovadores (CLETO et al., 2011). O sistema foi
integrado ao cenrio nacional ao ser vinculado ao PBQP-H, no mbito do Ministrio
das Cidades, do Governo Federal.
Em 2007, o sistema foi aprovado pelo CTECH Comit Nacional de Desenvolvimento
Tecnolgico da Habitao e publicado no Dirio Oficial da Unio conforme afirmam
Amancio, Fabricio e Mitidieri Filho (2012).
O SINAT regula o processo no qual as Instituies Tcnicas Avaliadoras (ITAs)
elaboram Diretrizes que iro referenciar as exigncias e requisitos que os sistemas
construtivos e ou produtos devem atender. Aps a elaborao das Diretrizes, os
agentes interessados em um dado sistema ou produto, com o auxlio de uma ITA, iro
elaborar os Documentos de Avaliao Tcnica (DATec), cuja aplicao deve garantir
o atendimento s exigncias das Diretrizes.
Amancio et al. (2015) explicam que o DATec discutido e harmonizado em duas
instncias: Comit Tcnico e Comisso Nacional do SINAT, sendo a comisso a
ltima instncia deliberativa e que autoriza a concesso. Os autores descrevem que,
aps a concesso do DATec, so realizadas auditorias tcnicas peridicas, que
incluem ensaios, anlises, vistorias tcnicas no processo e no produto, considerando
o controle da qualidade adotado pelo produtor e os parmetros definidos no DATec e
na Diretriz. O documento fundamental para acesso aos financiamentos pblicos
federais para a Habitao.
9 Sistema Nacional de Avaliaes Tcnicas - SINAT Disponvel em: http://www4.cidades.gov.br/pbqp-h/projetos_sinat.php. Acesso em: fevereiro de 2014
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Bonin (2015) afirma que o SINAT e a publicao da ABNT NBR 15575 (2013) criaram
um novo cenrio para o setor, que propiciou oportunidade para o desenvolvimento
tecnolgico ao definir objetivamente um referencial para a inovao e estimular a
melhoria contnua da qualidade do ambiente construdo. Por outro lado, significa um
grande desafio por ter se estabelecido antes que a comunidade tcnica nacional
tivesse assimilado completamente os conceitos de desempenho, objetivos tanto do
SINAT quanto da norma de desempenho ABNT NBR 15575 (2013).
Por isto h, ainda, lacunas de conhecimento a serem preenchidas em futuras revises
da norma e consequentemente da documentao tcnica do SINAT (BONIN, 2015).
Bonin (2015) e Amancio et al. (2015) acentuam o desafio de se buscar suprir a
carncia de infraestrutura tecnolgica como laboratrios de ensaios e testes,
consolidando uma rede de ITAs em todo o territrio nacional, com condies tcnicas
para atender s demandas do setor, e maior interao entre as instituies de ensino
e pesquisa e as empresas atuantes na fabricao de produtos para a construo,
entre outros.
Segundo Amancio, Fabricio e Mitidieri Filho (2012), a avaliao tcnica de produtos
de construo traz um novo contexto para a utilizao de inovao. Habituado a
processos e sistemas construtivos pouco padronizados, o setor da Construo Civil,
conhece novos procedimentos para uso de produtos inovadores.
Apesar da pesquisa se referir a tecnologia de fachada de chapas delgadas
estruturadas em LSF, o Quadro 1 apresenta os referenciais tcnicos do SINAT
relativos ao sistema construtivo LSF, que tambm envolvem fechamentos de
fachadas.
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Quadro 1 - Referenciais Tcnicos do SINAT relativos ao sistema construtivo LSF
Referencial Ttulo Ano de Publicao
Diretriz SINAT 003 Reviso 01
Sistemas construtivos estruturados em perfis leves de ao conformados a frio, com fechamentos em chapas delgadas (Sistemas leves tipo Light Steel Framing)
2010
Diretriz SINAT
009
Sistema de vedao vertical externa, sem funo estrutural, em perfis leves de ao, multicamadas, com fechamento em chapas delgadas.
2012
DATec 14 Sistema construtivo a seco Saint-Gobain - Light Steel Frame (validade maro de 2015)
2013
DATec 14a Sistema construtivo a seco Saint-Gobain - Light Steel Frame (validade junho de 2017)
2015
DATec 15 Sistema construtivo LP Brasil OSB em Light Steel Frame e fechamento em chapas de OSB revestidas com siding
vinilico (validade maro de 2015)
2013
DATec 16 Sistema construtivo LP Brasil OSB em Light Steel Frame e fechamento em SmartSide Panel (validade maro de 2015)
2013
Fonte: Adaptado de PBQP-H. Disponvel em: http://pbqp-h.cidades.gov.br/projetos_sinat.php . Acesso em novembro de 2015
Squicciarini e Asikainen (2011) afirmam que apesar de normalizao e
regulamentao permitirem a difuso e desenvolvimento de novas tecnologias e
processos, elas podem conduzir a sistemas estticos que podem dificultar a inovao.
As prticas de certificao relativas a produtos ou empresas podem desencorajar os
esforos e os investimentos de pequenas empresas devido a custos adicionais e
prazos envolvidos.
Embora, o mercado da construo conte com a regulamentao para a utilizao de
sistemas inovadores por meio do SINAT, o uso desses sistemas ainda bastante
incipiente na Habitao de Interesse Social (HIS). Na prtica, nota-se a dificuldade
para a implementao da inovao, que imperativa para aumento da produtividade
e desempenho do produto habitao.
O Quadro 2 apresenta o nmero de unidades habitacionais construdas nos sistemas
construtivos considerados inovadores. O sistema de parede de concreto moldado in
loco preponderante com mais de 77% das unidades habitacionais construdas. Em
segundo lugar, est o pr-moldado de bloco cermico com 18% das unidades
construdas. O sistema LSF teve apenas 0,15% do nmero de unidades construdas
(ANAUATE, 2014).
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Quadro 2 Sistemas Inovadores e habitaes construdas
Sistemas Inovadores Unidades habitacionais construdas
Porcentagem do total
Parede de concreto moldada in loco 306.229 77,34%
Pr-moldado de bloco cermico 71.814 18,14%
Pr-moldado de concreto 7.343 1,85%
PVC+ concreto 4.092 1,03%
Painis compositos 2.926 0,74%
Wood Frame 1.302 0,33%
Bloco de gesso 1.054 0,27%
Light Steel Framing 604 0,15%
Pr-moldado de concreto alveolar 548 0,14%
Solo cimento 24 0,01%
Total de Unidades 395.936 100%
Fonte: Dados do Arq. Milton Anauate, consultor da presidncia da Caixa Econmica Federal e apresentados em reunio do grupo de trabalho Construo Industrializada no mbito do Programa
Compete Brasil da FIESP em 19 de agosto de 2014.
O nmero total de unidades que utilizaram a inovao, da ordem de menos de 400 mil
frente aos 2 milhes de unidades construdas no perodo, ainda baixo face as
necessidades e carncias da Habitao, em especial, de HIS. Considerando-se as
que utilizaram sistemas baseados na construo leve, em especial a tecnologia do
LSF, a porcentagem de menos de meio ponto percentual mostra o grande desafio
necessrio para a consolidao da tecnologia.
O alto custo e os longos prazos podem ser uma das razes que levaram somente as
grandes empresas a buscar referenciais para seus produtos nos Documentos de
Avaliao Tcnica, como o caso das empresas LP e Saint-Gobain. O prazo de
validade de tal documento um ponto que exige esforos constantes, uma vez que o
DATec tem validade por dois anos, conforme o Regimento Geral do Sistema Nacional
de Avaliaes Tcnicas de produtos inovadores.
As mdias e pequenas empresas podem se afastar da busca por novos sistemas
construtivos pelos altos custos e prazos envolvidos na obteno de um DATec. Nesse
caso, o sistema pode atuar como barreira para o crescimento por potencialmente
reduzir a inovao.
Amancio e Fabricio (2015) ponderam que o SiNAT, como qualquer sistema em
evoluo, necessita ser observado, para garantir que suas premissas sejam atendidas
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e que as demandas do setor, do mercado e dos usurios possam ser consideradas e
supridas. Os autores acrescentam que h necessidade de formao de estrutura
coesa no que concerne aos organismos avaliadores e s avaliaes tcnicas, em
termos de critrios e processos de avaliao e que o amadurecimento do sistema se
dar lentamente pela aquisio da prtica e do seu tempo de atuao.
2.5 CARACTERIZAO DA CADEIA PRODUTIVA DO LIGHT STEEL FRAMING
A cadeia produtiva das estruturas de LSF o ambiente onde se situa a subcadeia das
fachadas em chapas delgadas estruturadas em LSF.
A tecnologia do LSF envolve as estruturas portantes de edificaes e subsistemas,
alm das vedaes verticais externas, como vedaes horizontais e coberturas. A
tecnologia de estruturas em perfis leves formados a frio iniciou anteriormente ao
desenvolvimento da tecnologia de fachada, que pode ser aplicada em edificaes
estruturadas em LSF ou em estruturas convencionais. O desenvolvimento da fachada
em chapas delgadas em LSF est vinculado ao desenvolvimento da tecnologia dos
perfis leves formados a frio ou sistema construtivo LSF.
2.5.1 Definio de cadeia produtiva
Segundo a Fundao Getlio Vargas:
A cadeia produtiva da construo civil composta (i) pelas
construtoras, incorporadoras e prestadoras de servios auxiliares da
construo, que realizam obras e edificaes; (ii) por segmentos da
indstria de transformao, os que produzem materiais de construo;
(iii) por segmentos do comrcio varejista e atacadista; e (iv) por vrias
atividades de prestao de servios, tais como: servios tcnico-
profissionais, servios financeiros e seguros (ABRAMAT; FGV, 2007,
p. 6)
Para Bougrain e Carassus (2003), a noo de cadeia produtiva da construo
centrada sobre a anlise dos fluxos de produo dos empreendimentos.
Diferentemente de produtos oriundos das diversas atividades econmicas, os
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53
empreendimentos da construo perduram dezenas ou mesmo centenas de anos e
se configuram como o parque construdo existente, designado pelo termo estoque10.
A noo de cadeia da construo pode se expandir reabilitao e manuteno
desse estoque, ainda assim, tratando-se de fluxos de produo.
Os autores acrescentam que a gesto, a explorao e a manuteno do estoque so
atividades contnuas de servio, contrariamente construo nova e reabilitao
que so atividades descontnuas de produo. Dessa maneira, amplia-se o conceito
baseado na produo ao integrar a noo de servio contnuo baseado no estoque.
Os autores concluem que a partir da ampliao do conceito, no mais centrado
somente na produo, a cadeia produtiva o conjunto complexo e organizado das
relaes entre os agentes produtivos e institucionais que participam na produo e na
gesto das obras de construo e do servio gerado por essas obras ao longo dos
seus ciclos de vida.
O conceito de cadeia produtiva foi desenvolvido como instrumento de viso sistmica.
Parte da premissa de que a produo, no sentido amplo do termo, pode ser
representada como um sistema, em que os diversos agentes esto interconectados
por fluxos de materiais, de capital e de informao, objetivando suprir um mercado
consumidor final com os produtos do sistema (