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FACULDADE 7 DE SETEMBRO - FA7 CURSO GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM JORNALISMO JORNALISMO HUMORÍSTICO: UMA ANÁLISE DO QUADRO PACATO CIDADÃO TRANSMITIDO PELO PROGRAMA “FANTÁSTICO”. CINTHIA CUNHA AZEVEDO FORTALEZA – 2010

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FACULDADE 7 DE SETEMBRO - FA7

CURSO GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

JORNALISMO HUMORÍSTICO: UMA ANÁLISE DO QUADRO PACATO CIDADÃO TRANSMITIDO PELO PROGRAMA

“FANTÁSTICO”.

CINTHIA CUNHA AZEVEDO

FORTALEZA – 2010

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CINTHIA CUNHA AZEVEDO

JORNALISMO HUMORÍSTICO : UMA ANÁLISE DO QUADRO PACATO CIDADÃO TRANSMITIDO PELO PROGRAMA

“FANTÁSTICO”.

Monografia apresentada à Faculdade 7 de Setembro como requisito para obtenção do diploma em Comunicação Social – Habilitação Jornalismo.

Orientador: Prof. Márcio Acselrad

FORTALEZA – 2010

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JORNALISMO HUMORÍSTICO : UMA ANÁLISE DO QUADRO PACATO CIDADÃO TRANSMITIDO PELO PROGRAMA

“FANTÁSTICO”.

Monografia apresentada à Faculdade 7 de Setembro como requisito para obtenção do diploma em Comunicação Social – Habilitação Jornalismo.

__________________________ Cinthia Cunha Azevedo

Monografia aprovada em: ______ / ______ / ______

___________________________________ Prof. Márcio Acselrad

1ºExaminador: ______________________________________ Prof. 2ºExaminador: _______________________________________ Prof.

_________________________________________

Prof. Coordenador do Curso

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RESUMO

Este trabalho surgiu pela falta de material que uni o jornalismo ao humor, criando assim, uma

nova categoria da comunicação. Com a ajuda das redes sociais, que facilitaram a divulgação e

disseminação da informação, nos dias de hoje qualquer pessoa pode ter seu espaço para

transmitir sua visão sobre determinados assuntos, e o jornalismo humorístico deixa essa linha

“imaginária” ainda mais tênue. O humor já vem sendo uma arma na cultura brasileira e

misturada com a função de informar a população deu ao jornalismo uma nova perspectiva.

Nesse trabalho o objetivo principal é detalhar um pouco mais essas características e como elas

podem se complementar, os benefícios que ela pode trazer aos receptores e a proximidade que

ela cria entre dois mundos que há alguns anos atrás era impossível de se imaginarem

dividindo um mesmo público, um mesmo espaço.

O humor e a informação podem ser o complemento que faltava para criar nos receptores da

notícia, um interesse maior e a busca por novidades em relação aos fatos do cotidiano

mundial. Essa junção traz um desejo, ainda faltante nos brasileiros, de se envolver em casos

preocupantes e importantes, como economia, política e saúde. Os primeiros passos dado por

essa união já vem mostrando resultados principalmente nos jovens e adolescentes que são

mais fáceis de serem atingidos por esse novo gênero.

Palavras-chave: Jornalismo. Humor. Jornalismo Cidadão. Redes sociais.

Telespectador.

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AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me iluminado e estado sempre

presente em todas as horas.

Agradeço a Ele também pela família que me deu, carinhosos e compreensivos,

me apoiando e me guiando com muita sabedoria.

Agradeço a meus amigos que souberam entender a face nervosa e ansiosa pela

qual passei em todo esse tempo de produção de monografia,principalmente minha

companheira Amanda que vivenciou toda essa angustia comigo, assim como meu namorado

Alan que também sofreu bastante com isso.

Agradeço a Faculdade 7 de Setembro por me fazer olhar o futuro e a profissão

para qual estou me formando com maior dedicação e força para lutar pelas minhas conquistas.

Agradeço ao meu orientador Márcio Acselrad, pela paciência e esforço para

um resultado de qualidade.

Agradeço também, todos os professores, mestres e doutores que me

acompanharam nessa caminhada durante quatro anos de Ensino Superior, por estarem sempre

presente na minha vida acadêmica.

E, por fim, dedico esse material e todo o esforço empregado para a realização

do mesmo, a minha querida e falecida Avó Maria Librada, pois seu sonho maior era me vê

formada, mas Deus precisou dela antes disso.

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SUMÁRIO

resumo ........................................................................................................................................ 4 Agradecimento...........................................................................................................................5 Lista de figuras ........................................................................................................................... 7

Nenhuma entrada de sumário foi encontrada.introdução ........................................................... 7

introdução ................................................................................................................................... 8

1. A televisão como referencia de comunicação no Brasil ....................................................... 10

1.1- A televisão no Brasil .................................................................................................. 11

1.2- A televisão como veículo formador de opinião ......................................................... 16

2. Telejornalismo e notícia ................................................................................................... 20

2.1- Notícia como espetáculo e a notícia como humor ..................................................... 21

2.2- Características da notícia nos telejornais e nos programas humorísticos .................. 22

3. Característica da notícia no fantástico .................................................................................. 25

3. Jornalismo cidadão ........................................................................................................... 27

3.1- Jornalismo feito por Cidadãos ....................................................................................... 27

3.2- Jornalismo nas Redes Sociais ........................................................................................ 28

4. estudo de caso ................................................................................................................... 30

4.1 – Descrição do Objeto .................................................................................................... 31

4.2- Análise do Objeto .......................................................................................................... 32

5. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 33

6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 37

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1...............................................................................................................................10

FIGURA 2..............................................................................................................................11

FIGURA 3..............................................................................................................................18

FIGURA 4...............................................................................................................................25

FIGURA 5................................................................................................................................29

FIGURA 6................................................................................................................................31

FIGURA 7................................................................................................................................32

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INTRODUÇÃO

O jornalismo foi criado antes mesmo de existir o termo jornalismo. O ato de transmitir

fatos, acontecimento, vem desde os primórdios e isso com o desenvolvimento da cultura e da

própria comunicação foi, mais na frente, denominado, como jornalismo. A simples ação de

conversar com um amigo e contar as novidades é a transmissão de notícias, ou seja, já se pode

dizer que é uma forma de jornalismo, obviamente, sem a base e a preparação que um

jornalista tem nos dias de hoje com tanta variedade de formação existente.

Com o passar dos anos o jornalismo propriamente dito foi se difundindo como uma

forma mais especifica e qualificada de transmitir para um determinado número de pessoas o

que estava acontecendo no bairro, na cidade, no Estado, País e até no mundo. Essa

formalização do jornalismo trouxe-lhe vários benefícios, porém também trouxe algumas

desvantagens. Essa transmissão de notícias passou a não provocar o interesse de todos. O

formato do jornalismo globalizado deu um ar de maior seriedade e robotização das

informações.

O que diferenciava essa globalização da informação era a cultura de cada ponto do

mundo. Em cada lugar, era priorizado o que culturalmente era mais importante para aquela

região, além da abordagem ser de acordo com a população, para que esta pudesse

compreender o que estava sendo passado. Essa cultura diferenciada foi um dos fatores para

que no decorrer das últimas décadas surgisse um novo tipo de jornalismo que, assim como o

“antigo”, tinha como obrigação de passar as informações para o público, mas com uma

peculiaridade ímpar.

Além da simples transmissão de informação, era posto em cada notícia uma pitada de

bom humor, algo que fizesse as pessoas rir e se divertir com o que estava sendo dito pelos

apresentadores, pelos escritores e pelos locutores. Foi então, que surgiu a idéia de que o

jornalismo não era apenas aquele padrão de informar e ponto final, mais que seria possível ter

um algo a mais, algo que pudesse prender o receptor daquela informação e pudesse lhe dar

mais que a informação direta.

Isso freou um pouco o jogo de lançamento de manchetes, onde os receptores das

mensagens capturavam apenas aquele fato principal da matéria e os outros detalhes passavam

despercebidos, ou por presa ou por simples falta de interesse. Com esse novo estilo surgindo,

esses receptores se sentiram mais atraídos à mensagem e criaram maior interesse e tempo para

o recebimento das matérias que utilizavam esse novo jornalismo.

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O jornalismo humorístico foi ganhando espaço dentre a população e ganhando cada

vez mais adeptos do seu estilo, os jornais tradicionais passaram a brigar por espaço com os

programas que passaram a ser denominados de programas de entretenimento, mas que

abordavam tema que fossem manchetes durante o dia. No desenvolver das matérias desses

programas, as notícias eram transmitidas, mas sempre com uma veia humorística bastante

aflorada, o que ocasionou no grande público, no qual estes programas asseguram até os dias

de hoje.

E como tudo na televisão é rápido e fácil, dentro de poucos meses todas as emissoras,

vendo que o jornalismo humorístico prendia a atenção da população dando mais audiência

para aquele canal, criaram um programa dentro da sua linha editorial para entrar na disputa

pela audiência conseguida pelos programas de entretenimento. O que diferenciavam esses

programas era justamente essa linha editorial de cada veículo, tanto política, cultural,

religiosa, não importando o segmento.

Os próprios programas denominados de sérios, formais e dentro dos padrões,

separaram um espaço para a implantação do humor na notícia, e os programas que já existiam

de entretenimento, acrescentaram fatos do dia a dia nas piadas e comentários sarcásticos. Um

exemplo desta mistura que deu certo é o quadro PACATO CIDADÃO, apresentado no

programa FANTÁSTICO, da emissora Rede Globo de Comunicação, que é justamente o

quadro eu iremos analisar mais a frente.

Sendo visivelmente, caracterizado como um quadro humorístico, o PACATO

CIDADÃO brinca entre a informação e o entretenimento, utilizando de armas simples para

que o telespectador, tanto de alto nível intelectual quanto o que não tem muito conhecimento

geral, possam entender, captar a informação que está sendo transmitida e principalmente

possam rir do comentário e do ponto de vista utilizado por ele para a transmissão daquela

informação.

No decorrer das páginas adiante, tenho o objetivo de mostrar esse vai e vem no quais

diversos apresentadores, não necessariamente jornalistas, ficam durante um programa

jornalístico humorístico (humorístico jornalístico – ainda há discussões sobre o termo) e o que

escritores acham dessa parceria que para os brasileiros caiu como uma luva.

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1. A TELEVISÃO COMO REFERENCIA DE COMUNICAÇÃO NO BRASIL

Na década de 50 muitos acontecimentos ocorreram, deixando-a conhecida como os

anos dourados, um período de fatos marcantes e passos importantíssimos para o mundo e para

o Brasil se tornar o que é nos dias de hoje. Acontecimentos englobando desde o esporte à

música, da moda à política, passando por todas as áreas como a Guerra e a Ciência foram

primordiais para o crescimento do país. De acordo com o site SUA PESQUISA:

Os anos 50 foram marcados por grandes avanços científicos, tecnológicos e mudanças culturais e comportamentais. Foi a década em que começaram as transmissões de televisão, provocando uma grande mudança nos meios de comunicação.( WWW.suapesquisa.com/musicacultura/anos_50.html acessado em 20 de out. de 2010)

Recebemos o maior evento do mundo relacionado ao esporte, a Copa do Mundo de

Futebol, vencida pela seleção do Uruguai após vitória sobre o Brasil por 2x1, o foguete

Sputinik II levou a orbita o primeiro ser vivo, uma cadela de nome Laika, a Revolução

Cubana e a Guerra da Coréia deram o ar sangrento para a época, a inauguração da I Bienal de

Artes de São Paulo, a morte de um dos presidentes mais influenciador do Brasil, Getúlio

Vargas, a criação da PETROBRÁS e o estilo Rock’n roll explodiu junto com Elvis Presley e

The Beatles.

Mas todos esses acontecimentos foram marcados e guardados na memória de todos os

brasileiros através de algo considerado por muitos, ainda maior que tudo isso citado, em 1950

no dia 3 de abril ocorreu a pré-estréia da televisão brasileira com a transmissão das imagens

do Frei José Mojica, um padre cantor nascido no México.

Figura 1-Frei Mojica na pré-estréia da televisão

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1.1- A televisão no Brasil

Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, jornalista, empresário e político,

dentre outras profissões, não se limitou a ser dono dos mais conhecidos e maiores jornais

impressos e rádios da época, trouxe para o Brasil os primeiros aparelhos televisivos. Chatô,

como era conhecido, nasceu na Paraíba, mudou-se ainda criança para Recife, Pernambuco, e

viveu por lá até sua empreitada empresarial ter início.

Um homem de muita influencia no Brasil, dono do primeiro império de comunicação

do País, tornou-se um dos homens mais poderosos, graças a sua determinação e carisma, além

claro, dos inúmeros parceiros políticos, empresariais e bancários. Graças a eles também, Assis

conseguiu com bastante facilidade trazer técnicos americanos para as instalações dos 200

aparelhos trazidos por ele no início da década de 50.

O primeiro estúdio foi montado no prédio dos Diários Associados e através de uma

antena, as imagens ali produzidas eram transmitidas para os aparelhos que se localizavam no

prédio do Banco do Estado de São Paulo. Em 18 de Setembro do mesmo ano foi realizada a

inauguração oficial da TV no País, com a transmissão da PRF-3 TV DIFUSORA, depois

nomeada de TV TUPI DE SÃO PAULO, anos depois, uma das maiores emissoras existentes

no local.

Todo esse avanço tecnológico que ocorreu por intermédio da televisão, foi único e

exclusivamente pelo passo dado por Chatô, porém, um daqueles parceiros citados assim fez a

grande diferença no que diz respeito a firmação da TV entre os brasileiros.

Assis Chateaubriand juntamente com Getúlio Vargas fez da televisão brasileira o que

ela é nos dias de hoje, essas duas personalidades deveram bastante uma a outra, pois enquanto

Getúlio fazia parcerias com Chatô para que este lhe apoiasse e lhe desse espaço em seus

meios de comunicação, jornais, emissoras de rádio e TV, Chatô rendia financeiramente com a

liberação de circulação dos seus jornais, programas de rádios e de TVs. Em consequencia

dessa ajuda mútua, um ficou conhecido como o pai da televisão brasileira e o outro ficou

conhecido como o presidente que melhor usou a mídia para promover-se.

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Figura 2-Getúlio Vargas e Assis Chateaubriand

Após a deposição de Getúlio, em 1945,

Uma nova era dava-se início, um período de democratização da república. (P. Albert e F. TERROU, 1960.)

O povo brasileiro provou desse novo período até 1964, quando o Golpe Militar mexeu

novamente com os nervos brasileiros, pois este tinha o apoio da população, de determinados

políticos e, praticamente, de toda a imprensa brasileira. Porém nesta data os jornais impressos

e os programas de rádio, já não tinham o mesmo espaço que possuíam antes de 50. Então,

para não serem completamente engolidos pela modernidade da televisão, tentaram abranger

outros assuntos como o de entretenimento e o econômico que, no período mais a frente, se

tornaria bastante importante.

Na televisão, o obstáculo era conseguir ter programação suficiente para todo o dia, a

TV TUPI só possuía cinco horas de programação diária. No decorrer da década de 50 outras

emissoras foram surgindo como, por exemplo, TV TUPI-RJ, TV RECORD, TV PAULISTA,

TV EXCELSIOR e TV ITACOLOMI, esta em Belo Horizonte, porém, todas elas não

ultrapassavam as mesmas cinco horas de programação diária.

As pessoas envolvidas no projeto trabalharam durante semanas para a inauguração da TV e agora tinham apenas um dia para a preparação da programação do dia seguinte. (WWW.tudosobretelevisão.com.br/histortv/tv50.htm)

No final desta década a televisão ainda não tinha atingido um grande número de

telespectadores, talvez não por falta de interesse, mas por ainda ser um objeto de difícil acesso

aos públicos menos favorecidos. Em 1958, certa de 78 mil televisores enfeitavam as salas do

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lado rico do país, enquanto do lado pobre, os rádios e jornais impressos ainda tinham domínio

sobre as informações recebidas pelos trabalhadores.

Com o tempo, a falta de programação não era mais problemas, programas de notícia,

transmissões de shows, e de variedades preenchiam todos os horários do dia, durante isso, o

que foi mudando também, foi o preço dos televisores que se tornaram mais baratos e

conseqüentemente, mais acessíveis para o público em geral.

Apesar de toda inovação ocorrida, os anos 60 foram os mais importantes para a

televisão brasileira, foi nesse período que ela se tornou diretamente um meio não só de

informação e entretenimento, mas também de comercialização. Por exemplo:

Através de decreto federal, o intervalo comercial é fixado em três minutos e os menores de 18 anos não podem participar em programas de debates. (http://www.tudosobretv.com.br/histortv/tv60.htm)

Além disso, teve o surgimento do videotape, mais conhecido nos dias de hoje como

VT, que permite a gravação de imagens, da primeira telenovela que foi ao ar pela TV

EXCELSIOR, do programas de auditório, dos comercias transmitidos, da transmissão de

musicais, dos programas humorísticos e para completar o “bum” dos anos 60, mais

precisamente em 1965, no dia 26 de abril, às 10h45min da manhã, o jornalista Roberto

Marinho colocou no ar a TV GLOBO DE COMUNICAÇÃO que já se instalou com uma

vantagem sobre as outras emissoras:

O acordo com o grupo TIME LIFE possibilita á TV GLOBO uma ajuda financeira em que esta se compromete a pagar 3,5% do faturamento e 49% do lucro. Isso provoca um diferencial enorme, especialmente técnico, em relação a outras emissoras. Desde o início a GLOBO possuía vídeo tape e editor eletrônico. (http://www.tudosobretv.com.br/histortv/tv60.htm)

Neste momento possuir uma televisão já era mais fácil, tanto é que na década de 60,

cerca de 200 mil aparelhos já faziam parte dos lares dos brasileiros, isso influenciou também

nos programas que eram transmitidos, pois teriam que ser mais voltado para a população em

geral, sem um público específico, já que trabalhadores da classe média já estavam tendo

acesso a tal programação.

Em 1970, o Brasil e sua imprensa passaram por modificações que os tornaram mais

parecidos ainda com o que conhecemos hoje, o analfabetismo diminuiu e a oportunidade de

emprego aumentou graças a industrialização e na imprensa, os jornais passaram a ser

matutinos, havendo um grande aumento no número de tiragens e a implantação de fotos nas

páginas. As televisões passam por uma grande inovação, os programas passaram a ser

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transmitidos a cores, apesar de serem poucos programas que conseguiram passar pela censura

de conteúdo imposta pelo Governo a partir desta década.

Com a diminuição do analfabetismo, maior número de pessoas tinham acesso a

informação transmitida pelos veículos, aumento ainda mais os cuidados e as variedades de

temas abordados pelos meios de comunicação, não só pela diversidade de seus receptores,

mas também pela acirrada censura realizada sobre as matérias transmitidas por eles.

Mas apesar da censura, as emissoras ainda conseguiram caminha cada vez mais à

frente, na década de 70 também foram criados os programas a níveis nacionais, ou seja, uma

mesma programação para as emissoras e suas filiais espalhadas por todo País, já que neste

período já se existia mais de 4 milhões de televisores espalhados pelo Brasil. Um desses

programas de nível nacional que vive ainda hoje é a revista semanal transmitida pela TV

GLOBO, nesta década já líder de audiência, Fantástico, o qual falaremos mais

detalhadamente a frente.

No final da década de 70, o empresário Sílvio Santos, decide sair da TV GLOBO e

produzir seu próprio programa de TV, juntamente com isso, a Governo decide acabar com a

censura e liberar a abertura da televisão, permitindo assim, o alçar vôo da criatividade

televisiva.

A prova que nesta década a televisão já demonstrava indícios que se tornaria o maior

veículo de transmissão do planeta é que de acordo com o site TUDO SOBRE TV, ela já se

destacava perante os outros veículos.

DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DE VERBA DE MÍDIA POR VEÍCULO

TELEVISÃO JORNAL RÁDIO REVISTA OUTROS

39,6 21,0 13,2 21,9 4,3

Já na década de 80, com a chegada do SISTEMA BRASILEIRO DE TELEVISÃO, SBT,

implantada por Silvio Santos e o fim da censura, começa a disputa entre as duas maiores

emissoras de televisão da época em busca de maior audiência, o SBT apostando em uma

programação bastante popular e a GLOBO, colocando suas fichas nas minisséries e seriados

adaptados de livros nacionais, lutavam ponto a ponto pela audiência brasileira.

Antes da chegada do SBT a audiência era dividida dessa maneira:

A rede globo, com 16 anos de vida, tem uma participação de 60% na audiência e de 75% na publicidade. A TV RECORD alcança 28% de audiência. E a REDE

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BANDEIRANTES, em audiência não passa de 12%. (http://www.tudosobretv.com.br/histortv/tv80.htm)

No final da década de 80, já estando na vice-liderança de audiência, o SBT decidiu

utilizar uma idéia diferente e bastante corajosa para desbancar a GLOBO e conseguir ser a

número um de audiência, surgiram então os telejornais, um programa de transmissão de

notícias sérias e importantes, tento como modelo os telejornais americanos, que utilizavam na

narração destas notícias um jornalista nomeado de âncora, o telejornal se chamou

TELEJORNAL BRASIL e teve como seu âncora o jornalista Bóris Casoy, que hoje aos 69 anos

é considerado um doa maiores jornalistas formados da televisão brasileira.

Na década de 90 chegou a TV por assinatura, aí já existia tecnologia suficiente para

agrupar transmissões nacionais e internacionais, além de programas 24 horas por dia sendo

transmitidos, acirrando ainda mais a briga pela audiência, porém, esse tipo de TV ainda não

era acessível para todos os públicos.

As emissoras já existentes começaram a entrar também nesse meio da TV A CABO,

como ficou conhecida a TV por assinatura, fechada ao público geral. Todas as emissoras

tinham seu canal fechado e telespectadores pagavam para ter acesso a esses canais com

programações exclusivas e 24 horas.

Nessa década a REDE GLOBO viu sua hegemonia na audiência ser ameaçada pelo

SBT e pela REDE MANCHETE. Além disso, outro fato marcante na história da televisão foi

a vitória da IURD – Igreja Universal do Reino de Deus – perante a justiça, transformando-se

em proprietária da REDE RECORD DE TELEVISÃO.

A programação sofre modificações: a emissora muda o visual gráfico, apresenta novas vinhetas e abertura de programas. Fecha contrato com a TV CAPITAL, de Brasília, como sua afiliada, dando início à formação de sua rede. (http://www.tudosobretv.com.br/histortv/tv90.htm)

Além disso, algumas emissoras enfrentaram grandes crises econômicas e algumas

conseguiram se manter graças ao investimentos de alguns grupos religiosos que, nessa época,

investiram nas emissoras para atingir um número maior de pessoas. Alguns exemplos de

emissoras que tiveram de fechar as portas após essa crise foi a EXCELSIOR.

As emissoras também, pela primeira vez, tiveram que lutar pela audiência não entre si,

mais sim contra um novo meio de comunicação que estava se instalando rapidamente nas

casas da população brasileira, a INTERNET. Com a chegada dos computadores, a televisão

sentiu sua hegemonia um pouco abalada, porém após algum tempo, notou-se que apesar de

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todas as vantagens trazidas pela internet, a televisão ainda ocupava o primeiro lugar nos

corações dos brasileiros.

Mas não era possível não se envolver com essa nova tecnologia, se o número de

aparelhos televisivos cresceu rápido no Brasil, o número de computadores era praticamente o

dobro no mesmo período. Claro que a época vivenciada era diferente, a classe média era a

maior parte da população brasileira.

Isso contribuiu para a facilidade de se possuir um computador dentro de casa, o que

deu aos navegantes da rede, os internautas, um número muito maior de informação em uma

alta velocidade. E como as emissoras não poderiam deixar de lado tal crescimento, optaram

por fazerem parte, também, do mundo virtual, com a criação de sites personalizados e links

que envolviam suas programações padrões.

1.2- A televisão como veículo formador de opinião

Após a chegada da televisão, poucos apostaram na sua posição perante a população.

Empresários continuaram a se defendendo nos rádios, pois já era um veículo de comunicação

firme, conhecido por eles e por todos. A televisão não passou segurança quando chegou,

apesar de todo apoio que conseguiu sendo trazida– aqui para o Brasil – por Assis

Chateaubriand e tendo total apoio de pessoas influentes como o presidente do Brasil na época,

Getúlio Vargas.

Porém, essa insegurança durou pouco, logo na primeira década da TV no Brasil, os

empresários viram as vantagens que as imagens traziam e a hipnose que ela causava-nos

poucos telespectadores que a possuíam, então, de pouco em pouco, os empresários foram

migrando do rádio para a TV, mas sem abandonar plenamente o veículo radiofônico. Isso por

alguns motivos como o vestígio de insegurança que ainda rondava a televisão e,

principalmente, o pequeno número de pessoas que possuíam um aparelho em suas casas, não

dando o mesmo retorno financeiro que o rádio proporcionava.

O rádio já estava popularizado nos anos 50, a maioria das pessoas já possuía um

aparelho dentro de casa, os restaurantes e bares mantinham seus aparelhos ligados 24 horas

por dia, e as propagandas eram ouvidas por todos ali presentes. Os empresários da época não

queriam perder seu público já existente apostando todas as suas fichas em uma caixa que

passa imagens vindas não se sabia como nem de onde e que não atingia nem 10 % da

população brasileira.

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Contudo o tempo foi passando e a televisão se firmando ainda mais, não demorava

muito para o número de aparelhos triplicarem e a TV se tornar algo comum nas casas das

famílias, restaurantes e bares, assim como os rádios. Com essa afirmação, a confiança dos

empresários também foi firmada, e em pouco tempo a televisão passou a ter mais anunciantes

que o rádio, o que serviu para a sustentação de muitas emissoras que, ao vender um horário

para determinada empresa divulgar seu produto, garantia mais um mês de viabilização do

canal.

Apesar de algumas dessas terem falido no decorrer das décadas, os anunciantes viram

o quanto era lucrativo anunciar nos canais de televisão, pois ela possuía algo mágico que fazia

os olhos dos telespectadores brilharem ao verem suas imagens. Durante a época de ouro das

rádios, as propagandas eram anunciadas pelos locutores acompanhados de uma música de

fundo, mas na TV eles podiam colocar a voz do locutor, a música e ainda mostrar o produto

em si, ficando mais fácil a assimilação dos telespectadores, quando estes passavam nos

corredores dos supermercados e viam a mesma embalagem que passava na TV.

Logo, ficou clara a influencia que isso causou na economia de quem tinham e quem

não tinha televisão em casa. As que tinham levavam sacolas para casa cheias de produtos que

eram anunciados na TV, já os que não tinham ainda o aparelho em casa, normalmente

compravam produtos mais baratos e menos conhecidos pelos que possuíam a caixa mágica

chamada televisão.

Na época da criação das telenovelas, que causaram alvoroço nos lares brasileiros,

notou-se mais ainda a questão da influência da televisão sobre as pessoas. Os telespectadores

se reuniam nas salas das casas para assistir a mais um capítulo daquela história que parecia

tão real. A conversa das donas de casa, ao se encontrarem nas ruas, era sempre pautada pelo

ultimo capítulo transmitido, até mesmo nos bares espalhados pelas cidades, homens

comentavam sobre a beleza da atriz ou mesmo sobre o pobre mocinho que foi enganado pelo

vilão da história.

Trata-se de um mundo mental fantástico, tal como o de Alice no país dos espelhos. Neste, o sonho mistura-se todo tempo com a realidade concreta. Não há como separá-los. Dificilmente, se desperta e se coloca em dúvida o que se viu. (LUÍS CARLOS LOPES, 2006)

Nos salões de beleza, as mulheres faziam penteados iguais aos das atrizes de uma ou

outra novela, nas lojas de roupas as peças mais vendidas eram aquelas parecidas com as da

personagem, como ainda não podia contar com a tecnologia das cores, ainda se via um pouco

de diferença entre um modelo e outro de blusa ou saias.

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Após o crescimento do mercado, os produtos passaram a ter o nome das pessoas

famosas que apareciam na televisão. A sandália deixava de ser apenas uma sandália por que a

atriz estava usando-a, o perfume era o mais procurado nas lojas porque o ator contou que

usava no comercial.

Figura 3- Novelas da Rede Globo

A televisão foi se erguendo cada vez mais e ocupando um lugar de consultora para as

pessoas que a assistiam, os produtos que apareciam nos comerciais apresentados por atrizes

famosas promovendo aquele produto, vendiam muito mais do que aquele outro que não

passava na televisão, a moda era criada tendo base nos modelos usados durante uma

transmissão ou por alguém famoso, ou seja, em tudo a televisão participava como difusora de

algo ou criadora de algo.

O que se imagina a priori quando se trata de opinião e/ou gosto, é que uma pessoa

quando diz que gosta ou que esta é melhor que aquela, fez uma análise do assunto, estuda os

prós e os contras, vê os benefícios e malefícios que tal decisão pode trazer, para depois

escolher o caminho a tomar, ou faz parte do grupo que gosta, ou do grupo que não gosta.

Porém com a televisão ficou mais fácil persuadir a população e criar um grupo bem maior que

segue os padrões televisivos, gosta do que a televisão diz que é bom e não gosta do que a TV

diz ser ruim.

Para a escritora do artigo FORMADORES DE OPINIÃO,

Todos nós estamos expostos ao poder de persuadir dos formadores de opinião desde a vontade de comprar uma nova marca de sabão em pó até adotar determinado comportamento. (NILA TEREZA ROTTER PELÁ, 1999)

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E isso ficou bastante claro com o passar dos anos essa aprimoração da televisão não

apenas no sentido de conteúdo, mas também no sentido comercial, é obvio, nos dias atuais.

Quando estamos assistindo ao capítulo da novela e presenciarmos cenas onde as personagens

comentam do novo batom da marca X ou a sandália da marca Y, o merchandising está ficando

cada vez mais nítido em filmes, novelas e até músicas que colocam em suas letras nomes de

marcas e de pessoas famosas.

Os produtos mais vendidos são os que vêm com o nome de estrelas da televisão, do

cinema, da música, pessoas famosas que causam inveja na maioria das mulheres e desejo na

maioria dos homens. Tudo que se é vendido tem o seu peso publicitário, desde perfumes e

roupas até loteamento de terrenos que também não escapam de ter suas vantagens veiculadas

a um apresentador ou ator famoso.

A escritora Maria Rita Kehl afirma que a união da publicidade e da televisão deu uma

guinada no que ela chama de espetáculo, que essa junção fez da sociedade uma sociedade do

espetáculo, ocupando uma posição única na mente dos telespectadores.

Onisciente, onipresente e onipotente a televisão ocupa na vida social o lugar que, até pouco mais de dois séculos atrás, era ocupado por Deus. (MARIA RITA KEHL, 2005)

Uma frase impactante, porém com um fundo de realidade, a televisão passou a ser a

fonte da verdade em todos os aspectos, o que era transmitido por ela era tido como a mais

absoluta verdade, e ainda há pessoas que só dão o valor real a um determinado fato, após este

ser transmitido por alguma emissora de TV. Isso mostra um pouco os dois lados existentes,

por um lado, são as novas tecnologias que permitem a cobertura de fatos instantaneamente,

com equipamentos de ultima geração e antenas espalhadas por todo o mundo além dos

satélites, por outro, é que também de acordo com Kehl, a alienação da população ficou ainda

maior com tal crescimento.

Doméstica como uma lâmpada, cotidiana como o pão, onipresente e onisciente como Deus, a televisão é tecnicamente capaz de fabricar, para cada fato da vida cotidiana, sua dose de fantasia. (MARIA RITA KHEL, 2005)

E toda essa fantasia criada pela propaganda e veiculada pela televisão, causa na

população uma homogeneidade de gostos e cultura, dando cada vez mais pontos a maior

formadora de opinião existente, a televisão. Com isso, não é mais assustador quando ouvimos

alguém dizer que acredita em algum fato por que este foi narrado pelo apresentador do

telejornal X, ficou fácil e até normal esse tipo de posicionamento.

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2. TELEJORNALISMO E NOTÍCIA

A televisão faz parte da vida da população, quando queremos acompanhar novelas,

quando queremos assistir a filmes, nos distrair com um programa humorístico, mas

principalmente é a fontes de informação e divulgação das notícias mais utilizada diariamente

no mundo.

Para a veiculação destas notícias cada emissora selecionou uma determinada hora para

essas transmissões e criaram um programa especial somente para isso, os telejornais é a forma

mais comum de se manter informado sobre tudo o que acontece no mundo. Notícias regionais,

nacionais, internacionais, abrangendo temas em geral como economia, política, casos naturais,

acidentes e cotidiano os quadros dos telejornais são recheados de informação para todos os

tipos de telespectadores de todas as classes sociais.

Alguns dos telejornais mais assistidos pelos brasileiros são JORNAL NACIONAL

transmitido pela REDE GLOBO, o JORNAL DO SBT, transmitido pelo próprio SBT, e o

JORNAL DA RECORD, transmitido pela REDE RECORD. A população confia nesses

telejornais, acreditam que o que está sendo dito pelos seus respectivos âncoras é a verdade

sobre os fatos.

O que não é levado em consideração é que cada telejornal faz parte de um grupo que

segue determinadas regras, mais conhecidas no mundo jornalístico como a linha editorial de

cada emissora, e o que é transmitido pelos seus telejornais pode não ser mentira, mas é um

ponto de vista particular, olhado não pelo repórter ou pelo apresentador, mas pela a emissora

em si que acredita ou desacredita em determinado fato.

Porém os telejornais também utilizam de algumas outras ações como as especulações e

o sensacionalismo vistos principalmente nos fatos de relevância pública que englobam o lado

humano da sociedade em geral como, por exemplo, catástrofes, acidentes infantis, e outros

fatos que seguem essa mesma linha para diferenciar cada matéria que é transmitida pelas

diversas emissoras de televisão existentes.

Atualmente, os telejornais adotaram um novo jeito de informar a população, essa nova

forma não diz respeito a técnicas e regras, mas ao lado humano dos jornais, por exemplo,

passou a ser comuns comentários dos apresentadores desses jornais, após uma matéria de

grande repercussão na população. Isso fez a população perceber um lado mais sensível e

humano do jornal, que deixou de passar uma impressão fria, dura e mecânica como

antigamente.

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Agora, os jornais ficaram mais parecidos com os receptores das suas mensagens. Era

visível espanto, indignação, apoio, tristeza, enfim, tudo de acordo com o que a matéria exigia

não de um jornal, mas de um ser humano ao receber aquela notícia, que em sua maioria era e

ainda é de interesse comum.

2.1- Notícia como espetáculo e notícia como humor

O lado delicado dessa humanização foi a banalização que alguns telejornais

transmitiram, deixando a notícia principal mais voltada para o espetáculo do que realmente a

seriedade que o assunto trazia. Essa idéia da notícia como espetáculo não surgiu com essa

humanização, vem desde muito antes como defende Kehl, porém ela prefere abordar como

principal vertente da espetacularização nos dias atuais a publicidade, pois alega que no

jornalismo há características e vocabulários muito específicos, além de lidar com as palavras

que já possuem um peso bastante presente na escolha da população.

Entretanto, a humanização de que estávamos falando deixou esse lado do espetáculo

mais protuberante nos noticiários, temos como exemplos regionais os programas CIDADE

190, transmitido pela emissora TV CIDADE e o BARRA PESADA, transmitido pela emissora

TV JANGADEIRO. Esses são programas policiais renomados no Estado e teriam como

obrigação o auxílio a população sobre roubos, assassinatos, tiroteios, enfim, estimulando a

ajuda da população para a melhoria da cidade e cobrando do Governo uma ação pela

segurança da população, porém, esses assuntos policiais são tratados como se estivessem

apresentando um show onde o clímax é o corpo que está jogado ao chão.

Outro exemplo a nível nacional é o programa apresentado pela jornalista Sônia Abrão,

A TARDE É SUA, transmitido pela emissora REDE TV DE COMUNICAÇÃO. Nesse

programas vemos abordagens apelativas a assuntos basicamente humanos, como seqüestros,

assassinatos, necessidades humanas, enfim, tudo que sensibiliza a população, criando um ar

de revolta e desconforto naqueles que o assistem.

Essa forma de espetacularização passou a ser menos saudável e capturou assuntos que

possuíam uma carga bastante densa e transformou em mais um caso onde a população tem a

chance de se mostrar para a câmera ou de gritar palavrões de revolta para com o Governo.

A mídia, no mundo contemporâneo, transforma tudo em espetáculo: eleições, catástrofes naturais, guerras, escândalos, histórias do cotidiano, crimes. (JOSÉ ARBEX JR., 2000)

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Além desses programas policiais, há outros programas que são denominados de

entretenimento que utilizam as pautas do cotidiano da população para implantar uma grande

dose de um ingrediente que passou a estar em qualquer outro tipo de programa, sendo ele de

entretenimento ou não, o humor.

Aqui, o programa de maior destaque é o CQC – CUSTE O QUE CUSTAR -

transmitido pela BANDEIRANTES – BAND - , sendo um forte exemplo nacional de

programa que uniu a notícia e o humor, o CQC tem uma maior liberdade para essa

espetacularização das notícias, causando nos jornais caracterizados de sérios, um sentimento

obrigatório de também temperar pelo menos parte dos telejornais com uma pitada do humor.

A prova que estes jornais formais aderiram também o lado mais humano humorístico,

é que o ultimo quadro dos telejornais em geral, é especialmente para assuntos leves,

engraçados e descontraídos, pois esse foi o jeito achado para entrelaçar ainda mais os laços

entre a televisão, os telejornais e os telespectadores, pois estes se sentem ainda mais parte do

que está sendo transmitido.

Nascimento de bebes animais, shows, apresentações teatrais, algum fato engraçado

que aconteceu no decorrer da semana, são tratados nesse último quadro dos telejornais

criando essa humanização com humor citado a cima. A diferença de abordagem dessas

notícias de um telejornal para um programa de entretenimento são os termos técnicos e a

forma básica como eles são tratados.

2.2- Características da notícia nos telejornais e nos programas humorísticos

Um texto jornalístico para a televisão, além de todas as regrinhas e formatos a serem

seguidos pelos repórteres, tem uma característica que é a principal e superior a qualquer outra

característica, a preocupação com o público, já que este não pode voltar para ouvir novamente

o que o repórter falou.

Para Luciana Bistane e Luciane Bacellar, no livro Jornalismo de TV, em um texto para

televisão não se pode usar palavras "metidas a besta”, ou seja, palavras difíceis de entender ou

de pronúncias complicadas, termos estrangeiros e voltados para assuntos/profissões

específicas, essas palavras devem ser trocadas por palavras usadas no dia a dia, termos

simples e usados por empresários e pedreiros, bem do cotidiano.

Nilson Lage concorda quando afirma que

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A linguagem formal é mais dura e tende a preservar usos lingüísticos do passado, já o coloquial é espontânea, de raiz materna, reflete a realidade comunitária, regional, imediata. (NILSON LAGE, 2002)

Que a televisão tem certa vantagem sobre o jornal impresso e o rádio isso já é fato, ela

utiliza as duas ferramentas que o jornalismo impresso e o rádio usam separadamente, o texto

lido e a imagem ao mesmo tempo fazendo com que a informação transmitida seja entendida

pelos seus telespectadores de forma geral e completa.

A televisão ocupou uma importância na vida da sociedade brasileira que, de acordo

com o IBGE há cinco anos cerca de 90% de todas as residências brasileiras tinham no mínimo

um aparelho televisivo. Com isso, a TV tem um público alvo bastante misturado, não

importando a classe social ou qualquer outro tipo de diferença. Por isso, a linguagem

televisiva é um pouco mais complexa que as outras linguagens, referindo-se aos termos, ao

entendimento geral.

Assim, as principais características da linguagem jornalística para televisão são:

1. Ser direta;

2. Frases curtas;

3. Uso de termos coloquiais (não é proibido usar termos formais);

4. Evitar ambigüidade;

5. Deve ser empática;

6. Ser metalingüística;

7. Fácil entendimento;

Sem contar que a televisão é um dos únicos meios que o telespectador pode assistir

fazendo diversas outras coisas, ela disputa a atenção de cada telespectador com deveres de

casa, filhos, hora de refeições, enfim, tudo o que envolve o entorno deste.

Por isso, a utilização de repetições, até certo ponto, também é bem vinda nos

telejornais. Para Cremilda Medina, em uma participação no livro de Nilson Lage, Linguagem

Jornalística,

Essa repetição não exagerada contribui para a percepção e memorização das informações do texto.

Mas não há um padrão para texto televisivo, não quando esse padrão significa palavras

fixas ou regras e mais regras, apenas a melhor forma de passar uma informação da maneira

que os espectadores consigam absorve-la da melhor forma enquanto fazem diversas outras

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atividades. A única “regra” que a televisão exige que seja seguida é se fazer entender perante

a diversidade de seu público.

Escrever uma matéria não é como escrever um texto qualquer. Cada veículo de

comunicação tem suas particularidades e não podem desviar desse caminho, não por tradição

ou lei, mas sim por esse ser o caminho onde o receptor da mensagem vai entender melhor o

que o transmissor está querendo dizer, e isso serve também para as notícias dos telejornais e

as notícias dos programas humorísticos.

No jornal impresso, por exemplo, o repórter pode utilizar termos mais específicos. Por

se tratar de assuntos onde o leitor é aquele realmente interessado, a matéria de jornal

impresso, conta com o apoio de jargões e gíris correspondentes aos leitores daquela coluna ou

caderno que a televisão não pode contar.

No caso da televisão, os telejornais se tornam mais limitados nesse aspecto, pois seus

telespectadores é a população em geral, o que não permiti a utilização de termos muito

específicos, pois não causaria entendimento nesta população. Frases curtas, dinâmicas e

acessíveis, como citado a cima, são os integrantes da base de uma notícia de telejornal, pois

em um curto espaço de tempo, o repórter tem que passar a informação correta, esclarecer

dúvidas, e se fazer entender, tanto referente a termos, quanto a desenvoltura da fala, sem

esquecer-se do entendimento geral da notícia.

Já nos programas de entretenimento, humorísticos, as características são um pouco

diferentes, pois estes não têm a obrigação de informar corretamente ou de abordar o tema

como os telejornais, com seriedade e imparcialidade. Os programas humorísticos invertem

essas características principais e dão aos seus telespectadores uma visão e comentários

completamente impossíveis de se notar sendo transmitidos pelos telejornais.

Abordar uma visão incomum, se colocar no lugar do povo e debochar sobre assuntos

políticos, econômicos, educacionais, cidadãos em geral, são as principais características de

uma notícia humorística. O objetivo mais visível de um programa humorístico é dar um toque

de leveza e de brincadeira a assuntos pesados e preocupantes para a população em geral.

Um programa humorístico trata de assuntos que os telejornais não consideram

relevantes para a população, e sim de assuntos mais comuns, banais e divertidos, sempre

abordando visões inesperadas, com o intuito de descontrair, literalmente, fazer graça à

população. Por ter um público alvo mais voltado para jovens e adolescentes, esses assuntos

normalmente são trazidos por uma linguagem bem típica desta faixa etária, com gírias,

jargões, frases feitas e palavras da moda.

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Além de toda essa facilidade de um texto humorístico, ele conta também com a não

obrigação de seguir com a veracidade em 100% dos fatos. Fazer humor é além de tudo isso,

exagerar, inventar, brincar com fatos reais não necessariamente seguindo a verdade existente.

Tudo isso colabora bastante, com o ar irônico colocado nas transmissões de

entretenimento, as associações são muito freqüentes nas matérias e é a arma mais utilizada

para deixá-la ainda mais engraçada para o público.

3. CARACTERÍSTICA DA NOTÍCIA NO FANTÁSTICO

O programa FANTÁSTICO é transmitido semanalmente aos domingos às 20 horas e

45 minutos, no horário de Brasília e tem 2 horas e meia de duração. Nesse período matérias de

temas diversos são transmitidas, desde política a culinária, passando por economia e lazer.

Tendo como apresentadores que se revezam a frente do programa, Patrícia Poeta, Zeca

Camargo, Renata Ceribelli e Tadeu Schmidt, o programa se qualifica como de entretenimento.

Figura 4- Logo do programa

Sendo denominado de revista eletrônica, o FANTÁSTICO tem suas particularidades

nas características das matérias transmitidas por ele. Obviamente tendo como base as

características mais comuns citadas à cima, o programa não tem e nem pretende passar um

aspecto mais sério para seus telespectadores.

Com uma linguagem bastante acessível e em um tom de conversação entre os

apresentadores e os telespectadores, o programa ficou conhecido como um programa de

família, tanto por essa característica marcante, quanto pelo horário de sua transmissão. Com a

presença assídua dos apresentadores citados, os telespectadores sentem como se eles fizessem

parte da família.

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Ao sentarem todos juntos no sofá para assistir o FANTÁSTICO se deparam com um

cenário caseiro onde os apresentadores se encontram sentado também em um sofá e

conversando com as pessoas através da tela e contando histórias e fatos ocorridos durante a

semana.

Outra característica bastante marcante vista nas matérias transmitidas, é que sempre,

independente do assunto, porém com maior visibilidade quando se trata de saúde e

burocracias, as matérias sempre vêm carregadas de depoimentos científico-burocráticos. Há

sempre a presença de especialistas no assunto questionado para a valorização daquela

informação. Esses depoimentos desses especialistas são implantados nas matérias com um

objetivo óbvio valorizar, explicar, provar, aconselhar e/ou investigar.

No universo das matérias que apresentam clara consonância com o discurso científico foi possível identificar quatro formas de inserção da informação: a ciência para explicar, a ciência para aconselhar, a ciência para provar e a ciência como investigação. (DANIELLA RUBBO, 2007)

Nos quadros passados durante o programa, fica bastante explicito esse apoio obtido

nos especialistas, temos como exemplo o quadro É BOM PRA QUÊ, que é apresentado pelo

Dr. Dráuzio Varella, o REUNIÃO DE CONDOMÍNIO, apresentado pelo administrador Max

Gehringer, o 5 MENINAS E 1 VESTIDO, apresentado pela consultora de moda e jornalista

Glória Kalil, dentre outros.

O que mostra também outra faceta do jornalismo de entretenimento, nesses exemplos,

dois dos apresentadores citados não são jornalistas e, além deles, há ainda a transmissão de

quadros como o REPÓRTER POR UM DIA, que deixa ainda mais explícito essa facilidade de

qualquer um, idéia transmitida pela grande mídia, pode ser jornalista. Neste quadros, atrizes,

cantores, atletas enfim pessoas que, em sua maioria, não tem experiência jornalística e nem

são formadas em jornalismo fazem o papel de um.

Outra característica marcante no programa são suas vinhetas para cada tema que será

tratado a seguir. Quando se trata de catástrofes ambientais, violência, saúde, todos os tópicos

tem sua própria vinheta que é fixa para todos os programas. Com isso uma identidade é

construída e sempre que o telespectador ouvir aquela trilha de fundo sabe qual o assunto será

tratado e, ser for de seu interesse, dará atenção ao que será falado pelos apresentadores.

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4. JORNALISMO CIDADÃO

Uma questão foi levantada no final do tópico anterior que neste ano causou muita

turbulência nos meios de comunicação, pessoas que não são jornalistas fazendo o papel de

um, em diversos programas transmitidos não só pela REDE GLOBO DE COMUNICAÇÃO,

que está sendo mais citada neste estudo, mas por todas as emissoras em si.

O jornalismo cidadão é justamente isso. Pessoas sem experiências e diploma, fazendo

parte desse meio de redações e apresentações de programas e quadros, por mais que seja

apenas participação.

Neste ano, tivemos a guerra entre ser obrigatório ou não o diploma de jornalista, mas o

que não podemos esquecer é que sendo obrigado ou não, há um espaço onde as pessoas

podem atuar como jornalistas e que não precisam de diploma para isso. Esse lugar é a

internet.

4.1- Jornalismo feito por Cidadãos

Nos últimos anos, a questão da interatividade ficou muito mais forte e requisitada pela

sociedade graças ao avanço da internet, esse crescimento foi visível, pois, nos telejornais

padrões, nos programas de entretenimento, enfim, na televisão, abriram-se portas para a

participação do telespectador.

Hoje é comum assistirmos a uma matéria onde as imagens foram cedidas por um

pedestres, comum também as participações por intermédio de vídeos enviados pelos

telespectadores, ligações recebidas ao vivo para opiniões dobre as questões levantadas pelos

mesmos, enfim, a participação popular se tornou pauta fixa na televisão. O quadro do

FANTÁSTICO citado no tópico a cima, é um exemplo real disso.

Outro quadro que demonstra muito bem o jornalismo feito por cidadãos é o CENTRAL

DA PERIFERIA, que apesar de ter uma apresentadora, Regina Casé, que também não é

jornalista, o quadro tem seu caminho determinado pelas coisas realizadas pelos moradores da

periferia, da vivência deles no cotidiano.

A apresentadora apenas tem o papel de mediar a conversação entre o telespectador e o

próprio morador que está ao lado dela participando do quadro. As músicas, as imagens, os

locais visitados peã apresentadora, tudo é escolhido e guiado pelos moradores do morro onde

o programa está sendo gravado.

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Trazendo para a situação regional, temos um claro exemplo no jornal CE TV,

transmitido na emissora VERDES MARES, filiada da Rede Globo. Em um determinado

horário do jornal, o quadro VC NO CE TV é lançado ao ar e nele são transmitidas

reclamações, comentários, imagens e situações do cotidiano do telespectador que enviou

aquele vídeo realizado por máquinas fotográficas e principalmente celulares.

O telespectador grava uma situação caótica no lugar onde vive, sujeira, falta de

transporte público, buracos na rua, falha no saneamento básico, enfim, pontos seguindo essa

linha e envia para o programa, se for escolhido o vídeo é levado ao ar durante o programa e

após a apresentação do mesmo, os apresentadores entram em contato com os responsáveis

pelo que foi abordado anteriormente com o intuito de possuir uma resposta para dar aos seus

telespectadores sobre o fato.

Isso prova ainda mais a existência desse jornalismo cidadão e também a humanização

já citada a cima, pois mostra que o programa está preocupado com a situação da população e

está tentando ajudar para a melhoria e o bem geral.

Ou seja, toda e qualquer ação midiática realizada por cidadãos não formados em

jornalismo é sim uma forma de transmissão de informação, porém é um jeito livre, sem regras

ou base jornalística propriamente dita. É um jornalismo aberto, de cidadão para cidadão, sem

a técnica exigida aos profissionais preparados para a realização de um jornalismo padrão.

4.2- Jornalismo nas Redes Sociais

O que viabilizou ainda mais esse jornalismo cidadão foi a modernidade e as

tecnologias alcançadas pela internet. A inserção das redes sociais na sociedade foi um divisor

de águas no meio de comunicação em geral, pois estes tiveram que se modificar para

acompanhar o crescimento e a rápida evolução destas redes.

A velocidade não só na modernidade, mas principalmente na informação das redes

sociais fizeram dos meios de comunicação como rádio e televisão, correrem bastante atrás de

suprirem a desvantagem que foi criada com essa diferença.

Com o crescimento dessas redes sociais, vimos emissoras e jornalistas renomados

criando sites cada vez mais interagindo com os internautas além de blogs, twitter e facebook

que, nos dias de hoje, são as ferramentas mais utilizadas na internet. Mas nada mais normal

que começarmos primeiro tentando entender o que de fato é uma rede social.

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Como o nome já sugere, redes sociais é o nome dado a forma de agrupar pessoas pela

tecnologia chamada internet que compartilham do mesmo ideal, sonhos, gostos e desgostos,

mas o que será analisado aqui é a forma que essas redes sociais servem para o jornalismo.

Figura 5- ícones de algumas redes sociais

Para Raquel Recuero, as redes sociais tem três principais funções para os jornalistas

atuais, como fontes, como feedback e como espaço de atuação.

Como fonte:

O uso dos sites de redes sociais é como fontes. Através dessas ferramentas, o jornalista tem acesso a um número infinito de fontes, mais especializadas e até mesmo com maior credibilidade e a um número infinito de informações que podem gerar matérias.( RAQUEL RECUERO, 2009)

Como feedback:

Sites de redes sociais também oferecem feedback para os veículos jornalísticos. Uma matéria bem feita pode gerar comentários, discussões e ser propagada dentro dos grupos sociais de forma a amplificar seu impacto. (RAQUEL RECUERO, 2009)

Como espaço de atuação:

Estar presente onde está seu público é uma característica dos veículos jornalísticos. Assim, utilizar esses sites para comunicar, interagir, obter informações, complementar informações e mesmo anunciar novas notícias é relevante. (RAQUEL RECUERO, 2009)

Graças as redes sociais vemos uma democratização maior das informações, a questão

ética dos meios de comunicação ficou um pouco abalada, a linha editorial praticamente

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desapareceu do mercado. Se o jornalista trabalha em uma emissora que segue uma linha

editorial na qual ele não compartilha, este pode muito bem lançar um blog no ciber espaço e

falar o que acredita e sua perspectiva perante o assunto abordado.

Nos dias atuais e em um aspecto local, temos como um forte exemplo dessa separação

entre linha editorial e jornalista criada pela internet é o jornalista Eliomar de Lima, um dos

jornalistas mais renomados do Ceará, além de ser o dono de um dos blogs mais visitados e

mais jornalísticos da região.

Um exemplo a nível nacional é o jornalista Arnaldo Jabor, que também utiliza dessas

ferramentas para publicar opiniões e textos nos quais não seriam publicados em jornais nem

transmitidos nos programas de televisão. As redes sociais deram espaço para que pensadores e

jornalistas expusessem suas idéias e suas crenças perante assuntos nos quais não tinham

liberdade para essa exposição em meios de comunicação tradicionais.

Mas isso não favoreceu apenas aos jornalistas que não tinham espaço para sua

liberdade de expressão, deu espaço também para a população em geral falar e fazer o que eles

bem quiserem, já que a internet deu vez e voz para a sociedade em si.

A chegada da internet despertou na população um lado maior de cidadania, todos

passaram a pesquisar mais sobre os fatos, a exporem suas opiniões e dúvidas, a colaborarem

mais uns com os outros e tudo isso, graças ao grande estouro dos blogs, que garantiram a

essas pessoas um espaço só delas para a exposição de uma parte de si que o resto dos

internautas não conheciam.

No “diário online”, como ficou conhecido popularmente o blog, as pessoas falam de

si, de algum acontecimento, perguntam coisas, escrevem dicas, histórias pelas quais passaram,

criam blogs especializados em receitas, cabelos, maquiagens, enfim, é literalmente um diário,

e esse diário também é usado pelos jornalistas que deram um ar de maior importância a eles,

sem contar com a técnica usada pelos mesmos que apesar d estarem escrevendo em um novo

meio de comunicação, não abandonaram as regras e formas de escrita do meio anterior.

Logicamente que essas redes sociais deram maior espaço para o jornalismo cidadão,

pois através delas qualquer pessoa com acesso a internet que possuísse um espaço para lançar

suas idéias poderia está fazendo o papel de um jornalista, sem regras e sem base, mas um

jornalista popular que difunde informações e que visa o entendimento de seu público alvo.

5. ESTUDO DE CASO

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Nesse momento veremos na prática tudo o que foi citado a cima e que preenchem o

quadro PACATO CIDADÃO transmitido pelo programa FANTÁSTICO, com o objetivo de

traçar características fixas do recém-chegado JORNALISMO HUMORÍSTICO. Nos tópicos a

segui serão analisados os cinco quadros do PACATO CIDADÃO de onde será tirado

características marcantes utilizadas pelo apresentador no qual nos possibilitará criar um

caminho para esse novo estilo de jornalismo.

Esse quadro foi escolhido a priori pela sua factualidade e pela característica do próprio

programa em escolher pessoas não jornalistas para a apresentação dos quadros em geral. O

apresentador do PACATO CIDADÃO, Marcelo Madureira, não é formado em jornalismo e

está a frente do quadro.

Este não considerado como de jornalismo pelos próprios apresentadores do

FANTÁSTICO e sim de entretenimento, o que vai de encontro com o que será descrito daqui

para frente, já que durante o quadro há fortes indícios de jornalismo puro.

5.1 – Descrição do Objeto

Figura 6- Quadro PACATO CIDADÃO

O quadro PACATO CIDADÃO, como já citado, é transmitido pelo programa

FANTÁSTICO, que vai ao ar todos os domingos pela emissora de televisão REDE GLOBO

DE COMUNICAÇÃO. O quadro foi transmitido durante cinco domingos, todos entre o

terceiro e quarto bloco do programa, durante os meses de junho e julho do ano de 2010.

Apresentado pelo humorista Marcelo Garmatter Barretto, mais conhecido como

Marcelo Madureira, de 52 anos, sendo mais de vinte anos de carreira e apresentador do

programa CASSETA & PLANETA URGENTE, caracterizado como direita fervoroso e um

grande humorista, viajou pelos cinco lugares menos esperados e menos freqüentes nos

roteiros turísticos do mundo. Coréia do Norte, Afeganistão, Irã, Uzbequistão e Islândia, foram

os pontos escolhidos para a gravação do PACATO CIDADÃO.

Tendo cerca de cinco minutos de duração cada quadro, o humorista fez questão de

informar sobre a cultura do local, da comida, dos costumes, mas também não perdeu a deixa

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de sempre colocar uma piada ou um comentário nada formal entre um detalhe e outro,

valorizando ainda mais o seu lado humorista, abandonando mais ainda as regras formais de

um texto jornalístico.

O quadro de cinco capítulos teve como produtora Maria Eugênia Brito, imagens de

Roberto Thomé, arte de Flávio Fernandes e Fernanda Fiani, como grupo de pesquisa Rita

Marques e Ana Paula Mandina, produção musical de Rodrigo Boecker e edição de Renato

Nogueira Neto e André Alaniz.

5.2- Análise do Objeto

Como já citado, o quadro foi transmitido durante cinco domingos, com duração de

cinco minutos em média. O primeiro lugar visitado foi a Coréia do Norte, depois foram

freqüentados o Irã, o Afeganistão, o Uzbequistão e a Islândia respectivamente, e não se nota

diferença na abordagem escolhido pelo quadro desta primeira visita para as outras quatro.

Teremos três principais tópicos a serem analisados:

a) Formato;

b) Linguagem;

c) Veracidade;

Figura 7- Lugares visitados pelo Pacato Cidadão

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A partir dessas três análises, poderemos chegar a uma conclusão se o quadro realmente

faz parte do jornalismo humorístico no qual foi inserido.

a) A fixação de algumas frases e termos, a colocação da terceira pessoa no

narrador/apresentador e a estrutura de começar com parte cultural, história e

geográfica, criou no quadro uma identidade bastante presente. Seguindo os

princípios básicos, o quadro apresenta um formato de reportagem, onde o objetivo

não é apenas transmitir aquele fato simples e direto, na reportagem, tem-se mais

liberdade para contextualizar. No caso analisado, essa contextualização vem por

meio do humor e da ironização que o apresentador Marcelo, faz com o assunto

abordado em cada transmissão.

O quadro conta com uma abertura onde é exposto um jogo com o passaporte, cada

abertura é diferente uma da outra, ela se adapta ao local onde foi gravado o

programa transmitido naquele domingo. Do passaporte exposto, cria-se um jogo de

palavras onde o nome do local visitado é divulgado e a foto desse passaporte, no

caso, do Marcelo Madureira, vai se movimentando de acordo com o passar das

páginas.

Após a abertura, o apresentador começa sempre com a mesma frase, dando maior

apoio a identidade do quadro para com seus telespectadores (“dessa vez Marcelo

Madureira, o Pacato Cidadão, foi longe demais. Marcelo, que no caso sou eu

mesmo resolveu visitar...”), entra a parte história, cultural e geográfica, nessa

ordem, e após isso, dá-se início a mistura de show e informação. Marcelo

Madureira não cria barreiras entre um fato verídico e seu comentário, que quase

sempre é irônico ou hilário.

Contando com a modernidade de misturar imagens histórias com os dias atuais, o

quadro sempre conta com um grande acervo de imagens que ajudam a contar e a

exemplificar esses contextos culturais e históricos da introdução realizada pelo

apresentador.

Na sua visita ao Irã, segundo quadro apresentado, a polêmica que estava

acontecendo no contexto social brasileiro, era o encontro entre o nosso antigo

presidente Luís Inácio Lula da Silva e o presidente iraniano Mahmoud

Ahmadinejad. Com isso, o pacato cidadão no Irã teve uma maior visão política dos

fatos, mas não deixou de abordar temas que preenchiam o formato original do

quadro, como culinária, cultura, dentre outros.

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Esses temas prontos do quadro são visitas aos museus, aos cemitérios famosos, aos

pontos turísticos do local, apesar de não serem países muito visitados

turisticamente falando. O que, creio eu, foi um dos objetivos do quadro, mostrar

que não apenas os locais vistos pela mídia como lindos e famosos tem histórias e

lugares bonitos para se mostrar, apesar da vigorosa barreira que tem que atravessar

para visitar países denominados pelo próprio apresentador como “países do eixo

do mal”.

b) Durante o decorrer das páginas a cima foram citadas as principais característica de

um texto para a televisão. Apesar do humor não se enquadrar perfeitamente, nem

mesmo ser muito presente nos programas em geral de televisão, quando ele está

inserido no jornalismo, como é o caso, o mesmo tem que seguir algumas regras

básicas para se encaixar no formato televisivo.

O quadro PACATO CIDADÃO tem uma linguagem próprio, os termos utilizados

são leves e sempre dando um sentido amplo para as frases narradas pelo

apresentador Marcelo Madureira. Para começar, Marcelo Madureira se dirige na

terceira pessoa, o que não é característica de um texto jornalístico.

Enquanto no jornalismo puro e simples o narrador deve está completamente

imparcial e inexistente, o jornalismo humorístico apresentado no quadro, leva ao

narrador/apresentador a dirigir-se em terceira pessoa, além de toda a apresentação

do local freqüentado se encaixar ao redor dos seus comentários e presença.

Em todos os quadros transmitido, a história sempre se mostrou ser a base para o

desenvolver da matéria, a cultura política, religiosa, alimentícia, enfim, os

costumes locais são os focos principais para o desenrolar do passeio do pacato

cidadão.

Após uma pequena introdução cultural do País, Marcelo Madureira localiza seus

telespectadores no mapa mundial, trazendo uma informação geográfica sobre o

local. Países vizinhos, oceanos que o banha e a distância entre o país e o Brasil,

são os pontos abordados pelo apresentador.

Como a estréia do quadro foi realizada perto da abertura dos jogos da Copa do

Mundo de 2010, e como o país freqüentado, Coréia do Norte, iria ser o primeiro

adversário brasileiro no mundial, o tema abordado envolveu mais o esporte do que

outras características do país asiático.

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Indo de encontro com os princípios básicos de um texto jornalístico televisivo, o

apresentador apesar de usar termos simples e de fácil entendimento, as vezes se

não se torna claro pela velocidade do diálogo que o mesmo tenta manter,

misturando algumas informações.

Sempre tentando aproximar a cultura do exterior á cultura brasileira para aumentar

o nível de entendimento, Marcelo Madureira brinca com pessoas e lugares

famosos, estilos musicais e comida, sempre trazendo para o dia a dia do brasileiro,

para que se possa fazer uma associação de tamanho e importância que aquela

situação teria no outro país.

Com comentários bastante particulares e irônicos, Marcelo Madureira dá o tom de

humor ao quadro. Comentários contraditórios ao que esta sendo visto pelas

imagens ou até mesmo sobre os próprios habitantes da região que, por não

entenderem a língua falada por ele, português, apenas sorriem e acenam para a

câmera. Esses comentários são os principais pontos em que o quadro deixa de ser

jornalístico apenas e passa a ser jornalístico humorístico.

c) O quaro é chamado pelos apresentadores do programa FANTÁSTICO, Patrícia

Poeta e Zeca Camargo, como “Jornalismo mentira, humor verdade”, embora isso

não seja 100% correto. O quadro apresenta fatos reais na maior parte,

principalmente fatos históricos, em muitas outras vezes, o apresentador Marcelo,

mistura a realidade com o humor criando alteração em parte dos fatos narrados,

porém não todos.

Temos como exemplo, na viagem realizada até o Afeganistão, um comentário

onde Marcelo Madureira brinca com a cultura do local ao se deparar com três

mulheres usando burcas, o humorista alega, que não há como achar Osama Bin

Laden já que ele pode está escondido atrás de alguma burca espalhada por todo o

País. Logicamente, que mentiras há durante o quadro, montagens, e dublações

caóticas são realizadas em algumas transmissões, mas não é tudo mentira.

A parte cultural, histórica sempre foi transmitida de acordo com os fatos reais, o

que lhes dava um tom engraçado e de mentira era os comentários feitos pelo

pacato cidadão. Fatos políticos foram tratados com veracidade, fatos religiosos

também, o quadro que possuiu mais jornalismo mentira, realmente foi o

apresentado no Afeganistão, que teve seu caminho todo traçado pela procura de

Osama Bin Laden.

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Assim, o quadro não pode ser considerado um quadro jornalístico, obviamente,

pois nem tudo falado nos cinco programas são verdades, mas também não pode ser

considerado apenas um quadro humorístico, pois nem tudo contado nesses mesmos

cinco programas é piada, brincadeira, ironismo, humor.

A denominação jornalismo humorístico abrangeu perfeitamente as necessidades do

quadro, pois este faz parte dos dois mundos que estão ficando cada vês mais

próximos e mais entrelaçados, de acordo com o rumo que os programas brasileiros

estão seguindo em busca de maior audiência. A veracidade pode não ser total, mas

é o suficiente para o quadro ser também caracterizado como um estilo jornalístico.

6. CONCLUSÃO

Com todos os argumentos e todas as teorias e informações disponibilizadas por

especialistas sobre o assunto transmitido neste trabalho, chegamos à conclusão de que ainda

há muito caminho a ser percorrido pelo estilo jornalismo humorístico. Ainda há pontos não

determinados e características ainda não firmadas para se diferenciar esse estilo dos demais.

Ainda não há uma confirmação do gênero no formato jornalístico, falta maior difusão

não do estilo em si, mas das suas características e peculiaridades, já que há diferença entre

esse e os outros jornalismos, como o de jornal, revista, e até mesmo de TV.

Claro que essa diferenciação básica já é possível de se fazer, mas apenas aquele que

está se aprofundando no assunto, um telespectador ou até mesmo um apresentador de

programas, críticos ou empresários do ramo televisivo, podem não acreditar na existência de

um jornalismo humorístico como o existente no quadro analisado.

E o que está em falta, são estudos que detalhem ainda mais não apenas um

determinado programa nem um quadro isolado, mas o gênero em si, para a obtenção de maior

informação e detalhes sobre tal. E acabar com essa barreira que muitos construíram de achar

que humor sempre está entrelaçado com a falta de veracidade dos fatos.

Um exemplo disso é o próprio PACATO CIDADÃO, que é nomeado de jornalismo

mentira, o que de fato não é verdade. Como já foi visto, há jornalismo de verdade no decorrer

dos quadros, mas por se tratar de um quadro inovador onde o foco principal é o humor,

preferiu-se separar o jornalismo do entretenimento.

Creio que ainda não há aceitação por parte de muitos no ramo, em permitir que é

possível se fazer jornalismo com humor, que é possível a transmissão de fatos onde o lado

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engraçado e irônico se destaquem mais, não o fator mentira, e sim o fator de uma outra visão

sobre o mesmo assunto.

A meu vê, o quadro é sim um jornalismo que tem em sua mistura um humor aberto,

escancarado. Acredito na existência e na aprimoração de um jornalismo humorístico mais

forte e presente no dia a dia da população brasileira, que já tem essa tendência de conseguir vê

alegria e graça em tudo.

O humor no jornalismo não poderia se desenvolver em lugar melhor, o brasileiro tem

humor na alma, tem alegria na própria tristeza e isso é o incremento principal para se fazer um

jornalismo humorístico, fazer comédia com os fatos, não tendo a necessidade de inventar

histórias para ter uma visão engraçada das coisas.

Brincar com acontecimentos reais e fortes, sérios e curiosos, nem sempre é banalizar o

fato, às vezes é apenas um novo olhar sobre um mesmo objeto. É uma forma de reivindicar

sobre o ocorrido, é a forma de falar o que todos pesam, querem e acreditam e que não é falado

nos jornais padrões.

É está sempre vendo o mundo sem parte daquela carga pesada de catástrofes e

desastres, naturais, humanos e desumanos, é ironizar tudo isso e dar a público um pouco de

leveza e prazer em receber uma notícia

Com tudo o que foi exposto, a conclusão é que temos capacidade, talento e inovação

para dar um ar mais firme para esse estilo que está tendo cada vez mais espaço na televisão

brasileira e que ainda tem muito que se aprimorar e se destacar como uma das facetas que o

jornalismo abrange dentro das diversas áreas onde se pode vê a atuação da comunicação em

geral.

7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICASÃO

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(referencia dentro de referencia)

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