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i FACULDADE DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE GRADUAÇÃO BACHARELADO EM TEOLOGIA ANGELOLOGIA: SUA INFLUÊNCIA NA HUMANIDADE AO LONGO DOS TEMPOS Edison Boaventura Júnior SÃO PAULO 2009

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FACULDADE DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE GRADUAÇÃO

BACHARELADO EM TEOLOGIA

ANGELOLOGIA: SUA INFLUÊNCIA NA HUMANIDADE AO LONGO

DOS TEMPOS

Edison Boaventura Júnior

SÃO PAULO

2009

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EDISON BOAVENTURA JÚNIOR

ANGELOLOGIA: SUA INFLUÊNCIA NA HUMANIDADE AO LONGO DOS

TEMPOS

Monografia apresentada à Faculdade de

Educação Teológica de São Paulo, como

requisito para a obtenção do grau de Bacharel

em Teologia, sob a orientação do Reitor Rev.

Prof. Dr. Lawton Gomes Ferreira.

SÃO PAULO

2009

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Edison Boaventura e

Vanilde Luzia Boaventura

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Agradecimentos

A Deus que meu deu vida e inteligência, dando-me força para caminhar em busca dos

meus objetivos.

Aos meus pais, Edison Boaventura e Vanilde Luzia Boaventura que me trouxeram ao

mundo e me ensinaram a não temer desafios e a superar obstáculos com humildade.

Aos meus familiares em geral, em especial a minha companheira Margareth Orlandi, aos

meus filhos Edison Boaventura Neto, Maris Stela Selene Boaventura e Arthur Gregório

Boaventura, aos meus enteados Amanda Orlandi Lima e Andrey Orlandi Lima, que

compreenderam a necessidade de minhas ausências e dedicação para a realização do curso e

deste trabalho.

Aos meus professores, amigos e colegas de curso e de trabalho que de alguma forma

contribuíram com orações e palavras de encorajamento para o êxito ora alcançado.

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Resumo

O presente trabalho tem por objetivo abordar os aspectos referenciais que orientam a

discussão sobre a doutrina dos anjos, ou seja, a Angelologia e as suas implicações e influências

na Humanidade, ao longo dos tempos.

Foram realizadas pesquisas em livros, revistas, enciclopédias, artigos e trabalhos

publicados na Internet e foram consideradas as diversas visões na análise e também os enfoques

direcionados e respaldados pela Bíblia Sagrada.

É necessário deixarmos de lado o preconceito que porventura exista sobre o tema, pois

trataremos de seres invisíveis, e somente assim, ao final da leitura deste trabalho teremos uma

visão mais focada da realidade dos anjos em nossos tempos.

Inicialmente, aborda-se o conceito de anjos feito pelos povos pré-cristãos, passando pela

igreja primitiva, era medieval até chegar aos tempos atuais.

Nos capítulos seguintes aborda-se de maneira profunda como a Angelologia tem sido

tratada na atualidade, discorre-se sobre o bombardeio feito pela mídia na exploração deste tema,

causando, por vezes, distorções e a visão futurista que revela talvez erroneamente que os

avistamentos de OVNIs e seus tripulantes teriam certa correlação com os Anjos bíblicos.

Em seguida trazemos à tona o conteúdo desta doutrina bíblica sobre os anjos, abordando a

existência, a natureza, a classificação e a queda dos anjos, com base bíblica.

No penúltimo capítulo conheceremos mais sobre a importância de ter o perfeito

entendimento da Angelologia e os seus desdobramentos na igreja atual.

Conclui-se levantando questionamentos e oferecendo contribuições para que se possa

repensar neste importante assunto, entendendo-se as distorções existentes, discernindo a

verdade bíblica em virtude de ainda, infelizmente, o tema ter sido abordado com pouca

intensidade nas ministrações da Palavra de Deus nas igrejas dos dias de hoje.

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Sumário

1 Introdução .......................................................................................................... 8

2 HISTÓRICO DA ANGELOLOGIA AO LONGO DOS TEMPOS................ 9

2.1 Período Pré-cristão ...................................................................................... 9

2.1.1 Sumerianos .......................................................................................... 10

2.1.2 Mesopotâmicos.................................................................................... 10

2.1.3 Hititas................................................................................................... 11

2.1.4 Egípcios ............................................................................................... 11

2.1.5 Cananitas.............................................................................................. 12

2.1.6 Babilônicos .......................................................................................... 13

2.1.7 Medo-Persas ........................................................................................ 13

2.1.8 Gregos.................................................................................................. 14

2.1.9 Judeus................................................................................................... 15

2.1.10 Romanos ............................................................................................ 16

2.2 Período Cristão .......................................................................................... 17

2.2.1 Na Igreja Primitiva .............................................................................. 17

2.3 Período Medieval....................................................................................... 18

2.3.1 Na Idade Média ................................................................................... 18

2.3.2 Na Reforma.......................................................................................... 18

2.4 Período Moderno e Pós-moderno ............................................................. 19

2.4.1 Na Modernidade .................................................................................. 19

2.4.2 Na Pós-modernidade ........................................................................... 19

3 COMO A ANGELOLOGIA TEM SIDO TRATADA HOJE?..................... 20

3.1 Os Anjos e o Misticismo ........................................................................... 21

3.2 Os Anjos e as Tendências Consumistas.................................................... 22

3.3 Os Anjos e os OVNIs ................................................................................ 22

4 A ANGELOLOGIA BÍBLICA....................................................................... 25

4.1 Criação dos Anjos...................................................................................... 25

4.2 Natureza dos Anjos.................................................................................... 26

4.3 A Habitação dos Anjos.............................................................................. 28

4.4 As Funções dos Anjos ............................................................................... 28

4.4.1 No Antigo Testamento ........................................................................ 28

4.4.2 No Novo Testamento........................................................................... 29

4.5 Classificação Específica dos Anjos........................................................... 29

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4.5.1 Arcanjos ............................................................................................... 29

4.5.2 Serafins ................................................................................................ 30

4.5.3 Querubins............................................................................................. 30

4.5.4 Anjo Mensageiro ................................................................................. 31

4.5.5 Anjo do Senhor.................................................................................... 32

4.5.6 Anjo da Guarda.................................................................................... 33

4.5.7 Principados, Potestades, Tronos, Soberanias e Poderes..................... 33

4.5.8 Anjos Maus.......................................................................................... 34

4.6 Queda dos Anjos........................................................................................ 35

4.6.1 A Queda de Lúcifer ............................................................................. 35

4.6.2 Resultado da Queda............................................................................. 36

4.6.3 Natureza dos Demônios ...................................................................... 36

4.6.4 Nomes Qualificativos de Satanás........................................................ 36

4.6.5 Diabo (Mateus 4:1 e Efésios 6:11)...................................................... 36

4.6.6 Serpente (Apocalipse 12:9 e 20:2) ...................................................... 37

4.6.7 Dragão (Apocalipse 12:3-17 e 13:2-4) ............................................... 37

4.6.8 Príncipe dos Poderes do Ar (Efésios 2:2) ........................................... 37

4.6.9 Príncipe deste Mundo (João 12:31; 14:30 e 16:11)............................ 37

4.6.10 Mentiroso e Pai da Mentira ...............................................................37

4.7 Ministérios dos Anjos................................................................................ 37

4.7.1 Com Cristo........................................................................................... 37

4.7.2 Com os Crentes.................................................................................... 38

4.7.3 Com os Descrentes .............................................................................. 38

5 DESDOBRAMENTO DA ANGELOLOGIA NA IGREJA ATUAL .......... 38

5.1 Mentiras Angelicais................................................................................... 38

5.1.1 Crer na Auto-Criação dos Anjos......................................................... 38

5.1.2 Crer que os Anjos devem ser adorados............................................... 39

5.1.3 Crer que os Anjos se casam ................................................................39

5.1.4 Crer que os Anjos não estão sujeitos à Cristo..................................... 39

5.1.5 Crer que os Anjos Caídos foram criados perversos............................ 39

5.1.6 Crer que os Anjos não irão ao castigo eterno ..................................... 39

5.2 Anjos entre Protestantes Brasileiros.......................................................... 39

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 40

Referências Bibliográficas.................................................................................. 43

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1 INTRODUÇÃO

Vivemos atualmente em um mundo globalizado, onde o pensamento se torna também

global, onde é consenso da maioria da civilização humana que nós convivemos com um mundo

espiritual numeroso e muito poderoso, possuidor de recursos superiores aos contidos em nosso

mundo visível. Estes seres, também intitulados anjos, podem agir de forma boa ou má.

O termo anjo na língua portuguesa tem origem na palavra latina “angelu”, que por sua

vez se deriva do termo “aggelov“ (aggelos) do grego. Em hebreu, o termo usado é “malak”.

A palavra “malak” aparece mais de duzentas vezes no Antigo Testamento, e a palavra

“aggelos” ocorre mais de cento e cinqüenta vezes no Novo Testamento, sendo que ambas tem o

significado de mensageiro, representante, enviado ou embaixador.

Por meio das Escrituras Sagradas atestamos a existência destes seres espirituais e

também por meio da literatura antiga, escrita e oral, comprovamos que é uma crença mundial

em vários continentes que, tais mensageiros interferem na vida humana desde tempos remotos.

Hoje, notamos que existe uma busca intensa por anjos salvadores e isto prolifera em

nosso meio uma infinidade de idéias equivocadas que constam de diversas literaturas

distorcidas e que não encontram respaldo bíblico. Há pessoas que procuram Deus nos anjos e

outras ainda, que interpretam os anjos como seres extraterrestres que chegaram a Terra em seus

OVNIs – Objetos Voadores Não Identificados. Assim, distorcem a angelologia, preenchendo

lacunas com abusos que desrespeitam o que a Bíblia afirma sobre esta disciplina.

Aliado a este contexto, as religiões da “Nova Era” pregam a manifestação de energias e

seres vindos de outras esferas que muitas vezes não têm bases sólidas para esta comprovação.

Este escapismo teológico é um fenômeno preocupante, pois se utiliza de uma capa “mística” ou

“esotérica” misturada parcialmente com a Palavra bíblica com objetivo de parecer lógica e real,

levando muitas pessoas a se desviarem do verdadeiro caminho.

O presente trabalho não tem como objetivo provar a existência dos anjos, pois a Bíblia

corrobora os anjos, entretanto mostraremos o que acreditamos com base nas Escrituras Sagradas

acerca desta doutrina denominada Angelologia. O conhecimento abordado objetiva fazer com

que os cristãos tenham discernimento sobre este tema, que infelizmente é pouco abordado nas

igrejas da atualidade. Não podemos desprezar esta doutrina, pois estaríamos desprezando a

veracidade da própria Palavra de Deus.

A Palavra de Deus é a única fonte de informação confiável e que possui respostas para

muitas perguntas que a Angelologia nos proporciona.

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2 HISTÓRICO DA ANGELOLOGIA AO LONGO DOS TEMPOS

A história dos anjos ocorre concomitantemente à história humana e para alguns

arqueólogos, antropólogos e historiadores, a presença dos anjos entre os humanos pode ser

ainda mais antiga que a presença deles registrada nas mais remotas culturas conhecidas.

Vejamos a seguir como os povos cultuavam estes seres alados – que serviam de mediadores

entre Deus e a raça humana.

2.1 Período Pré-cristão

É consenso que em todas as religiões do mundo se reconhece a existência de um mundo

espiritual e atesta-se que existe a crença na realidade de seres espirituais que servem de

intermediários entre a(s) divindade(s) e os povos.

Estes seres invisíveis, denominados de anjos, deuses, semideuses, espíritos, demônios,

gênios, heróis, etc. estão presentes em momentos cruciais da história de nossa civilização.

Vejamos no livro Teologia Sistemática, o comentário do Dr. William Cook:

Realmente, em quase todos os sistemas de religião, antigos ou modernos, encontramos

estes seres; nos aeons dos gnósticos, nos demônios, nos semideuses, nos gênios e nos

lares, que aparecem tão extensamente nas teogonias, nos poemas e na literatura geral

dos antigos pagãos, encontramos evidências abundantes da crença quase universal da

existência de seres espirituais inteligentes, que ocupam diferentes ordens entre o homem

e o seu Criador. Aqui, entretanto, geralmente encontramos a verdade envolta na ficção

e os fatos distorcidos pela louca fantasia da mitologia. A doutrina dos pagãos, em

relação aos seres espirituais, poderia ser assim resumida: Eles crêem que as almas dos

heróis falecidos e dos homens bons foram exaltadas a uma posição de dignidade e

felicidade, eram chamados demônios e supostamente serviam de mediadores entre a

divindade suprema e o homem. Havia, entretanto, outra categoria de demônios, que

supostamente nunca habitaram um corpo mortal, e estes se dividiam em duas

categorias: Os bons que eram os guardiões dos homens bons e os maus, que se dizia

invejarem a felicidade dos humanos, tentando impedir suas virtudes e provocar sua

ruína. Nestas noções vemos um substrato da verdade, mas, nas escrituras, temos a

verdade em sua pureza original, livre das corrupções da superstição e das imagens

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licenciosas dos poetas, e a sua verdade fica mais majestosa em sua simplicidade.1

Para os povos pré-cristãos havia um entendimento de que todas as manifestações da

natureza correspondiam a um espírito, deus, anjo ou entidade que pelas suas características de

atuação poderiam ser benéficos ou maléficos.

Tanto na Mesopotâmia como no Egito Antigo, que foram berços da nossa civilização, se

cultuavam estes espíritos, independente de serem bons ou maus, pois se acreditava que

independente de terem atitudes maléficas, estaria numa hierarquia acima dos seres humanos.

Vejamos a seguir a concepção particular de angelologia dos principais povos:

2.1.1 Sumerianos: Historiadores e cientistas acreditam que o primeiro trabalho de arte

mostrando seres alados provém da Suméria. O povo sumério, de origem desconhecida e que

habitou também as terras na Ásia Ocidental, possuíam um sistema elaborado de escrita

chamado “cuneiforme”. Este legado deixado comprova que eles eram politeístas e não

acreditavam em recompensas após a morte. Acreditavam no deus chamado “Marduk” que,

segundo a lenda, depois de lutar contra os deuses invejosos, criou o mundo e o homem do barro

com o sangue do dragão. Conheciam um mito sobre o dilúvio, que teria sido mandado pelos

deuses para castigar a humanidade. “Gilgamesh”, orientado por “Marduk”, salvou-se,

recolhendo-se numa arca com a sua família. Como os mesopotâmicos, os sumerianos cultuavam

os gênios, que eram os mensageiros dos deuses e os ajudavam a defenderem-se dos demônios,

divindades perversas, contra as enfermidades e a morte e, acreditavam ainda em heróis,

adivinhações e magia.

Seus deuses eram numerosos com qualidades e defeitos, sentimentos e paixões, imortais,

despóticos e sanguinários. Eram eles: “Anu”, deus do céu; “Enlil”, deusa do ar; “Ea”, deusa das

águas; “Sin”, deusa da lua; “Shamash”, deus do sol e da justiça; “Istar”, deusa da guerra e do

amor. Cada divindade era uma força da natureza e dono de uma cidade.

2.1.2 Mesopotâmicos: O povo mesopotâmico floresceu em uma estreita faixa de terra

situada na Ásia Ocidental, entre o Golfo Pérsico e o Mar Mediterrâneo. Este povo destacou-se

por sua religiosidade, além de seus muitos deuses. Possuíam uma crença em gênios tutelares,

bons e maus que exerciam grande influência nos acontecimentos humanos. Por exemplo, os

touros alados chamados de "karibu" eram os gênios bons, guardiões da morada dos deuses e dos

1 CHAFER, Lewis S. Teologia Sistemática, p. 335

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reis. Para impedir a ação dos gênios maus, os mesopotâmicos praticavam vários esconjuros, de

quem temos uma reminiscência no livro apócrifo de Tobias.

2.1.3 Hititas: Os hititas acreditavam que seu deus possuía dois assistentes, “Sukkallu”,

seu mensageiro e “Guzalû”, mensageiro que conduzia a seu trono. “Sukkallu” é mencionado

como uma espécie de marechal ou policial em um documento mesopotâmico, e o “Guzalû”

como um oficial da corte, conforme foi traduzido de escritos cuneiformes desenterrados na

localidade de Chagar Bazar.

Em vários povos encontramos mensageiros celestes ou anjos como é denominado na

versão hebraica, mas são perceptíveis as semelhanças em suas atuações entre a divindade e os

povos, como observamos também na tradição hitita.

2.1.4 Egípcios: O povo egípcio ocupou uma estreita faixa de terra fértil que se estende

ao longo das margens do rio Nilo, ao nordeste da África, entre o mar Mediterrâneo, o Sudão, o

mar Vermelho e o deserto da Líbia.

Segundo o geógrafo e historiador grego Heródoto, os egípcios foram o povo mais

religioso do mundo, pois cultuavam um ser supremo e centenas de deuses, passando do

politeísmo grosseiro até o monoteísmo solar.

Os egípcios consideravam que tudo era divino, até o próprio ser humano possuía a parte

divina conforme suas crendices.

Criam no “Kha”, o que lhe permitia a identificação com Osíris e o total acesso à

felicidade eterna dos deuses. Eles acreditavam que o ser humano se compunha do corpo e de

dois outros elementos: o “Ba”, representado por um pássaro sem cabeça e o “Ka”, espécie de

gênio protetor que nascia com o homem e acompanhava-o durante toda a sua vida e cuidava

dele após a morte.

Criam fervorosamente em deuses da natureza, representados por animais e pássaros

(zoomorfismo) ou seres com forma humana (antropomorfismo), ou ainda, figura animal com

corpo humano (antropozoomorfismo). Os principais deuses eram: “Amon-Rá”, “Osíris”, “Ísis”,

“Hórus”, “Ptah”, “Thot” e “Anúbis”.

Para um aldeão egípcio, a divindade local era a mais importante, pois era ela que fazia a

ligação do mundo carnal com o espiritual, levando suas petições ao deus maior de suas crenças.

Este correio celeste entre os deuses através de mensageiros é mencionado na famosa “Carta

Satírica” egípcia de Hare que foi escrita aproximadamente no século 13 a.C. na qual ocorre o

termo com uma palavra de origem semítica.

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O povo egípcio também acreditava na vida após a morte, o que é justificado pelos

variados sepultamentos reais, nas pirâmides e túmulos, principalmente no Vale dos Reis, onde

foram encontradas provisões adequadas para outra existência, como alimentos, bebidas, roupas

e outros luxos da vida.

2.1.5 Cananitas: O povo cananita estava localizado entre Gaza, no sul e Hemate, no

norte, ao longo das costas do Mediterrâneo. Este povo também era chamado de fenício e a terra

habitada tornou-se centro das atenções, depois da migração de Abraão para Canaã. A

designação cananeu provavelmente abarcava a confusa mescla de povos que ocupavaram a

região na era dos patriarcas.

A religião de Canaã era politeísta. “El” era a principal divindade, simbolizado como um

touro entre um rebanho de vacas, o povo se referia a ele como “pai touro”, considerando-o

criador.

“Assira” era a esposa de “El” e naqueles tempos, o rei Manassés erigiu a imagem dela

no templo de Jerusalém (II Reis 21:3-7). O primeiro dentre os setenta deuses e deusas que eram

tidos como filhos de “El” e “Assira” era “Hadade”, mais conhecido pelo nome de “Baal”, que

quer dizer senhor. Conta a tradição que como monarca reinante dos deuses, ele controlava os

céus e a terra.

Os cananeus, nos dias de Josué, praticavam sacrifícios de crianças, a prostituição

sagrada e a adoração à serpente como parte de seus ritos e cerimônias religiosas.

No livro “Anjos na Bíblia” consta que as divindades semitas também tinham

mensageiros prontos aos seus serviços:

A deusa-mãe dos hititas era assessorada por dois grupos de fadas, boas e más. As boas

eram enviadas para assistir às famílias benquistas pela deusa, deviam proteger as

plantações, cuidar dos vestidos e ornamentos femininos e arranjar-lhes casamentos. As

más eram enviadas às famílias malquistas pela deusa, deviam deixar solteiras suas

mulheres, excitar contendas e discórdias, “de modo que quebrem a cabeça”. No antigo

testamento também há anjos que são mandados para o bem e outros que são enviados

para castigar e punir. Nos textos ugarísticos de Ras Shamrá, os estafetas celestes eram

enviados em pares, pois assim se acontecesse um acidente, um não ficaria sozinho na

estrada. Em Gênesis 19:1 os anjos viajam em pares pelas estradas de Sodoma.2

2 TERRA, João E. M. Anjos na Bíblia. p. 9

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2.1.6 Babilônicos: A história babilônica se deu em meio a muitas guerras, com derrotas

e vitórias. Por exemplo, em 616 a.C. Nabopolassar pôs os assírios em fuga para o norte, ao

longo do rio Eufrates, até Harã, retornando com lucrativos despojos. É conhecido também o fato

de que a tribo de Judá foi levada cativa, e seu templo, orgulho nacional, foi saqueado, seus

jovens e artífices apanhados e deportados para Babilônia (Deuteronômio 1:1) no primeiro

desterro, a supremacia babilônica se consuma sobre Judá quando pela segunda vez, em 597 a.C.

Nabucodonosor leva o resto do despojo e nomeia Zedequias rei em Jerusalém.

A glória do reino Babilônico começou a dissipar-se depois da morte de Nabucodonosor,

em 562 a.C. Sendo hábil construtor, ele fez da cidade de Babilônia a mais poderosa fortaleza do

mundo, adornada de esplendores e belezas jamais ultrapassados.

A religiosidade dos babilônicos também possuía grande diversidade de deuses e criam

que alguns dos governantes eram os próprios deuses na Terra. Por exemplo, o rei Merodaque se

tornou o “rei dos deuses”. Merodaque era filho de “Enki (Ea)” e de “Eridu”, o deus da sabedoria

e patrono das artes mágicas. O próprio pai de Merodaque foi pai de Nabu, o qual, próximo do

fim do período neobabilônico (séc. VI a.C.), suplantou o pai em popularidade. Merodaque

tornou-se o deus da cidade de Babilônia. Entre o povo se recitava a estória de “Enuma Elish” (o

épico babilônico da criação). Merodaque era o herói desta estória, pois foi nomeado pelos

deuses para liderar com seus gênios a luta contra Tiamat (deusa-serpente).

2.1.7 Medo-Persas: A Pérsia está situada entre a Mesopotâmia, o Golfo Pérsico e o

Oceano Índico, a Índia e o Turquestão, na Ásia Central.

Os medos e os persas possuíam cultura eclética, pois adotavam com facilidade o

progresso intelectual dos povos submetidos, por meio de guerras e dominações.

O fundamento da sua religião era dualista e foi ensinado por Zaratustra (Zoroastro em

grego). No zoroastrismo, existiam dois deuses: “Ahura Mazda” (ou Ormuzd), representando o

bem, a luz e “Arimã”, representando o mal, as trevas.

Cada um destes deuses era auxiliado por uma multidão de mensageiros (Djins) ou

gênios maléficos (Devas). Acreditava-se que o bem e o mal lutariam até o fim dos tempos com

a vitória do bem. “Mazda” necessitava da ajuda dos homens nesta batalha.

Acreditava-se ainda em um céu e em um inferno, no julgamento das almas e em um

messias, “Saoshyant”, nascido de uma virgem, “Huôu”. No fim dos tempos, haveria a

ressurreição para todos e um julgamento final. Era uma religião escatológica.

O zoroastrismo não manteve a sua pureza original, mas misturou-se às superstições

primitivas, à magia e à religião caldaica.

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2.1.8 Gregos: O povo grego era composto de muitos filósofos que procuravam explicar

a harmonia e a ordem do Cosmos. Seus pensadores se manifestavam de forma contundente em

relação aos mensageiros divinos, que poderiam ser bons ou maus. Ao lado dos "daimones",

como forças ativas e determinantes da ordem cósmica, aparecem os demônios maus, princípios

de desordem cósmica. Assim, Plutarco cita os “Alastores” como exemplo de demônios maus.

Nos escritos herméticos, os demônios, enquanto condicionam o destino humano, são postos em

relação com todas as desventuras e catástrofes: furacões, tempestades, raios, incêndios,

terremotos, bem como a fome, guerras e pestes.

Na crença e na filosofia popular helenista, determinadas doenças era atribuída a certos

demônios. Plínio fala de um demônio da febre.

Ao lado do termo “daimon” há no helenismo o termo “daimónion” que designa tudo o

que transcende as possibilidades humanas, e que, tanto no bem, como no mal, pode ser reduzida

ao influxo de potências superiores.

A palavra grega ∆αιµων,ονος (daimon, onos), que através do latim eclesiástico

daimoniu (m), nos deu demônio, procede do verbo ∆αιεσϕαι (daiesthai), "repartir,

dividir". Em sentido estrito, daimon significa "uma força, uma potestade que exerce

algo", donde "divindade, destino" como atesta o sânscrito bhága, "parte, destino,

senhor". Em Homero, demônio é um poder que não se quer ou não se pode nomear: daí

seu duplo sentido de divindade e destino, sem nenhum direito a sacrifícios. Em Hesíodo,

∆αιµων (daímon), significa um "semideus, um demônio". Já na literatura grega se fazia

a distinção entre Κακοδαιµονια (kakodaimonia), "posse ou perseguição desenfreada

por um mau demônio" e Ευδαιµονια (eudaimonia), "felicidade, isto é posse de um bom

demônio". Só a partir do latim cristão é que daemonium, "demônio", mero decalque do

derivado grego ∆αιµονιον (daimónion), passou a significar "espírito maligno, diabo,

satanás". A crença em espíritos sobrenaturais um pouco menos antropomorfizados do

que os olímpicos é uma característica muito antiga da religião popular grega; certo

daímon está ligado a uma pessoa ao nascer e determina, para o bem ou para o mal, o

seu destino. Para Empédocles, daímon é outro nome com que se designa psique, o que

provavelmente reflete a origem divina e os poderes de que eram dotados os "demônios",

Sócrates atesta a antiga tradição religiosa, quando fala na apologia, de certo demônio,

de algo divino, ∆αιµονιον τι (daimonion ti) que o aconselha a evitar certas ações.

Segundo ainda o autor supracitado, talvez seja um engano pensar que Sócrates ou seus

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contemporâneos fizessem uma distinção muito acentuada entre daímon e theion, entre

"demônio e divino", uma vez que "a defesa socrática contra o ateísmo na apologia,

assenta num argumento de que acreditar nos daímones é acreditar nos deuses". Na

República o daímon aparece como uma espécie de anjo-da-guarda, mas se aquele está

ou não dentro de nós foi algo que muito se discutiu na filosofia posterior. No Banquete,

Platão, pelos lábios de Diotima, identifica Eros com um daimon, que funciona como

intermediário entre os deuses e os homens. Os neopitagóricos e neoplatônicos

agasalham esta noção: os deuses olímpicos habitavam o éter, enquanto os daímones,

divindades menores, ocupavam o ar inferior e exerciam influência e providência diretas

sobre os mortais.3

Para Platão, “daimon” é um ser pessoal, intermediário entre a divindade e os homens

destinado a mover o homem nos caminhos do bem. Para Crisipo, e com ele, outros filósofos

estóicos, prevêem em seu sistema seres espirituais incapazes da plena impassibilidade e

felicidade divina, mais muitos superiores aos homens mortais.

2.1.9 Judeus: No judaísmo se encontra a mesma demonologia cósmica que existia entre

os gregos. Conforme a tradução judaica, o nome dos anjos designa sua função cósmica ou

histórica; assim, o anjo que anuncia o nascimento é chamado Gabriel, que significa “virilidade

de Deus”. Nos comentários dos rabinos os anjos têm uma participação importante. O Dr.

Donald D. Turner conta-nos na página 11 do livro A Doutrina dos Anjos e do Homem, alguns

exemplos de referência aos anjos nos escritos rabínicos.

Por exemplo, que um anjo impediu Vasti de comparecer perante o rei Assuero, a fim de

abrir caminho para escolha de Ester; quando o escrivão leu as crônicas perante o rei, segundo

esses comentários, o bem que havia sido praticado por Mardoqueu, havia sido apagado do livro

pelo escriba Sinsai, mas afirmam que o anjo Gabriel tornou a escrever a passagem no lugar

devido; que três anjos ajudaram Ester quando ela se apresentou no pátio perante o rei; que ao

sair o rei no jardim, por ocasião do segundo banquete, encontrou três homens (anjos

disfarçados) que arrancavam as árvores do jardim, aos quais perguntou por que faziam aquilo, e

responderam que Hamã fora quem ordenara; que um anjo empurrou Hamã, obrigando-o a cair

sobre o leito de Ester no momento em que o rei regressava ao salão de banquete, dentre outros

acontecimentos...

3 Dicionário Mítico-Etimológico da Mitologia Grega. p. 278

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Encontram-se afirmações nestes escritos de que mil anjos acompanham a cada judeu;

um deles o precede para dizer aos demônios que abram alas, e ainda, quando um judeu entra em

um lugar imundo roga aos seus dois anjos que o esperem na saída, o versículo usado para dar

apoio a esta crença é o Salmo 91:11-12.

Os judeus acreditam ainda que o anjo protetor ou anjo da guarda estava encarregado da

criança desde a sua concepção, desde o seu nascimento ou desde a sua apresentação no templo,

tudo isso prova o quão arraigada entre os judeus era essa crença na angelologia.

2.1.10 Romanos: Os romanos acreditavam na existência de gênios tutelares da natureza.

Um grupo de gênios era benéfico e outro grupo perturbava e ensinava destruição.

O povo romano demarcava certas áreas como sagradas, geralmente bosques, para fazer

suas preces e oferecer os seus benefícios aos numerosíssimos gênios. Por exemplo; nos

trabalhos agrícolas havia um “Vervactor” para a primeira passagem do arado, um “Redaptor”,

para a segunda passagem, um “Insitor” para a semeadura, e assim por diante.

No desenvolvimento da criança, havia um “Cunina”, para cuidar dela no berço, um

“Rumina”, para a sua alimentação, e um “Statulina”, para que aprendesse a ficar de pé. Isto é, os

nomes individualizam os gênios, indicando a sua função.

Os cultos eram celebrados nos lares, onde encontramos uma religiosidade mais

espontânea, na qual preponderam os elementos de uma cultura agrária. Todo o “pai de família”

era um sacerdote nato, que oficiava como tal em seu próprio lar, segundo ritos que ficavam em

grande parte ao seu arbítrio. Os objetos de culto eram:

O gênio da família, que era a força vital presente e imanente no chefe do clã,

personalizada e venerada junto ao leito nupcial, festejada no dia do nascimento do

chefe da família com ofertas de vinho, incensos e bolos. Está de alguma forma ligada

aos espíritos dos antepassados e às forças da natureza, representada pela “serpente”,

animal mítico que protege os casamentos e a transmissão da forças generativas; Os

lares: são originalmente divindades dos campos, como tal veneradas nas encruzilhadas

com pequenas capelas, que depois são transferidas para as cidades. São forças

fecundantes que passaram a ser invocadas como divindades protetoras das famílias,

identificando-se de alguma forma com os manes e os gênios; Os Penates: são

originalmente divindades protetoras das dispensas familiares e da cozinha, que com o

tempo se tornaram responsáveis pela multiplicação dos bens familiares; não são

representados em figuras, pois constituem uma coletividade; Os manes: são os

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antepassados, fundadores do clã, ou dignos de memórias pelos seus feitos, cujo espírito

se perpetua nos chefes de família.4

2.2 Período Cristão

2.2.1 Na Igreja Primitiva: Desde os primórdios do período cristão existia a crença nos

anjos.

O teólogo cristão, Orígenes, que viveu entre os anos 185 a 254 d.C. escreveu que o

Todo-Poderoso criou uma multidão de anjos e que isto era razoável, pois o caráter de Deus é

bom e move-se em fazer o bem e, portanto teria enchido o céu de habitantes inteligentes.

Os primeiros cristãos entendiam que havia dois grupos de anjos. Uns faziam o bem e os

outros faziam o mal. Os primeiros eram tidos em alta estima, como seres pessoais de elevada

categoria, dotados de liberdade moral, engajados no serviço jubiloso de Deus, e designados por

Ele para atender ao bem-estar dos homens. Os outros eram tidos como seres que faziam tudo

para destruir a felicidade humana, pois eram os anjos caídos por causa do pecado de Satanás.

Satanás, o príncipe dos demônios, era considerado o chefe dos anjos maus e acreditava-

se que sua queda foi por causa do orgulho e uma ambição pecaminosa. Este conceito baseava-se

na interpretação comum na época de Gênesis 6:2. Muitas doenças e acidentes eram atribuídos a

ação danosa dos anjos maus ou demônios.

Naquela época surgiu o pensamento de que além dos anjos bons que cumpriam certas

missões de Deus, havia os anjos-da-guarda para igrejas individuais e para cada pessoa.

Jerônimo acreditava que um anjo-da-guarda era designado para cada cristão.

A idéia de uma hierarquia entre os anjos surgiu com Irineu e Clemente de Alexandria.

Mas, foi com Dionísio, membro do Areópago de Atenas, em fins de século V ou princípio do

VI, que foi escrito uma série inteira de obras de grande importância para teologia mística da

Idade Média. Esta obra sobre anjos chamou: "A Hierarquia Celeste" e por muitos séculos foi o

texto mais consultado sobre o assunto, ele versa o seguinte:

Os espíritos celestes fruem uma participação mais subida no dom do que as coisas que

simplesmente existem, ou irracionais, ou os que raciocinam, como fazemos nós. Já que eles

configuram a si mesmos de modo inteligível, a fim de imitar a Deus, e diligenciam por parecer-

se sobrenaturalmente à Tearquia (Trindade de Deus, em contraposição a hierarquia dos

4 PIAZZA, Waldomiro O. Religiões da Humanidade. p. 166

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anjos), empenhando-se por acomodar a própria inteligência a esta semelhança, seus contatos

com a Tearquia são naturalmente mais profundos. De fato, eles vivem em comunhão com ela e,

na medida em que lhes é permitido, tendem para o alto, impelidos pelo amor divino e

indefectível, recebendo as iluminações primordiais de forma imaterial e sem mistura alguma;

ou melhor, são acondicionados para essas iluminações e a sua vida inteira cifra-se em

intelecção. Tais são os espíritos celestes, antes do mais e de muitos modos participantes do

divino, e reveladores do segredo teárquico. Por isso, de preferência a todos os demais, foram

estimados dignos de se chamarem "Anjos". De fato, é primordialmente a eles que cabe a

iluminação teárquica e, por meio deles, nos são transmitidas as revelações que nos excedem.5

Dionísio também dividiu os anjos em três classes: tronos, querubins e serafins e esta

classificação foi adotada posteriormente por diversos escritores.

2.3 Período Medieval

2.3.1 Na Idade Média: Durante este período admitia-se que os anjos tinham corpos

etéreos, mas a opinião predominante era de que os anjos eram incorpóreos. As aparições

angélicas eram explicadas com a admissão de que, em tais casos, os anjos adotavam formas

corporais temporárias para fins de revelação.

Quanto ao tempo em que os anjos foram criados, a opinião dominante era que foram

criados no mesmo tempo da criação do universo material. Embora alguns poucos pensadores e

estudiosos sustentassem que os anjos foram criados no estado de graça.

Havia várias escolas de pensamento, mas todos admitiam que os anjos receberam

conhecimento pleno quando de sua criação, mas Tomás de Aquino negava, enquanto Duns

Scotus afirmava que eles podiam adquirir novo conhecimento através de sua atividade

intelectual.

2.3.2 Na Reforma: Durante a Reforma, nada foi mudado na doutrina dos anjos.

Martinho Lutero e João Calvino tinham vívida concepção do ministério dos anjos, e

particularmente da presença e poder de Satanás e seus demônios. Os cristãos reformados

continuaram a ensinar que os anjos ajudavam e ajudam ao povo de Deus.

João Calvino (1509-1564) acreditava que os anjos: "Mantêm a vigília, visando a nossa

5 GIUDICI, Maria Pia. Os Anjos Existem! p . 121

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segurança; tomam a seu encargo a nossa defesa; dirigem os nossos caminhos, e zelam para

que nenhum mal nos aconteça".6 Salientava que Satanás está sob o controle divino, só podendo

agir dentro dos limites prescritos por Deus.

Martinho Lutero (1485-1546) em “Conversas à Mesa", falou em termos semelhantes e

fez uma observação de como estes anjos, criados por Deus, servem à Igreja e ao Reino de Deus.

2.4 Período Moderno e Pós-moderno

2.4.1 Na Modernidade: Neste período surgiram os conceitos mais radicais em relação a

angelologia, como por exemplo, o teólogo liberal Paul Tillich (1886-1965) considerou em seu

trabalho que os anjos eram essências platônicas, emanações da parte de Deus e não como seres

especiais. Ele acreditava que os anjos queriam voltar à essência divina da qual surgiram para

serem iguais a Deus.

Karl Barth (1886-1968) e Millard Erickson (1932- ) utilizaram em seus trabalhos

uma abordagem mais cautelosa e sadia. Barth, o pai da neo-ortodoxia, achava ser o assunto

complexo, porém de tamanha notoriedade. Afirmava também que "nós descobrimos com

surpresa que nos acontecimentos nos quais menos suspeitávamos de sua presença, os anjos

estavam em atividade, falaram e a agiram efetivamente".7

Para Erickson, teólogo da linha conservadora, o entendimento é de que podemos ser

tentados a omitir, ou negligenciar o estudo dos anjos, porém "se é para sermos estudiosos fiéis

da Bíblia, não temos outra escolha senão falar a respeito deles".8

2.4.2 Na Pós-modernidade: Com a falência do comunismo e a queda do muro de

Berlim, em 1989, teve início o mundo pós-moderno. Neste contexto surge o pensamento que as

pessoas podem ter as suas próprias idéias com respeito a qualquer coisa, pois os valores do pós-

modernismo não são pessoais, mas sociais, e incorporam-se a Cultura.

Resumindo, a linguagem humana não contém qualquer verdade absoluta, e nisto os pós-

modernistas estão tirando alguma vantagem, pois os indivíduos podem ter as mais diferentes

interpretações do mesmo texto ou assunto, sem que isso constitua uma contradição.

O pluralismo religioso vigente na sociedade teve um enorme crescimento nestas últimas

6 CALVINO, João. As Institutas da Religião Cristã. Vol. 1 p. 187

7 TERRA, João E. M. Anjos na Bíblia. p. 71

8 HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. p. 194

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décadas, quando os “cristãos” têm recebido profundas influências das religiões e filosofias

orientais. Nesta nova abordagem, todas as religiões têm de abandonar a sua arrogância

teológica. Nenhum grupo religioso pode vangloriar-se de ser superior ao outro em termos de

verdade, porque a religião está associada à Cultura. Assim, aparentemente todas elas são

igualmente boas.

Neste cenário, a angelologia, ganha uma abordagem distorcida e exagerada, fugindo das

verdades bíblicas, pois não existem muitos questionamentos do que está certo e do que está

equivocado nesta doutrina. Assim, infelizmente, proliferam as idéias mirabolantes que são

demonstradas, por vezes, em livros que alienam seus leitores, distanciando os indivíduos cada

vez mais da realidade contida nas Escrituras Sagradas sobre os anjos.

3 COMO A ANGELOLOGIA TEM SIDO TRATADA HOJE?

A Angelologia contida na Bíblia, por se tratar de uma das mais complexas doutrinas

existentes, tem sido por vezes, negligenciada. Todavia, nos dias de hoje o assunto “Anjos” está

muito em voga. Diversas teorias e idéias surgem sobre este tema e por vezes, são ministradas

sem haver qualquer preocupação com o que a Bíblia nos ensina sobre este assunto.

Nossa cultura materialista proporciona o questionamento da existência dos anjos e o

não entendimento claro desta doutrina, ou a falta de estudo, sobre sua natureza e as atividades

dos anjos, tem ocasionado o surgimento de muitas seitas, heresias e credos, distintos e distantes

da sã doutrina contida na Palavra de Deus.

Constata-se também que para a maioria dos cristãos, estes seres espirituais não passam

de seres misteriosos que estão bem distantes de nós e alheios ao que ocorre em nossas vidas.

Por outro lado, outros cristãos, por despreparo, acreditam que se fizerem um ritual de oração,

garantirão o auxílio dos anjos nas suas vidas. Sobre isto Bruce Milne faz o seguinte comentário:

Ao contrário de seu passado, os cristãos de hoje praticamente ignoram os anjos de

Deus. O anti-sobrenaturalismo moderno, a percepção dos perigos da curiosidade nesta

área e o temor de introduzir mediadores entre Deus e os homens, além de Cristo, se

combinaram para constranger-nos. Essa reserva não é também inteiramente contrária

à Bíblia. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento relutam em dar proeminência a

esses servos celestiais do Senhor, mesmo porque seria uma proeminência indevida. Mas

o crescente interesse nos agentes espirituais negativos, demoníacos e outros, e o

fascínio popular pelas várias fantasias de ficção científica devem levar o cristão a

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meditar às vezes sobre os “milhares e milhares de anjos”, esses abençoados e radiosos

cidadãos das hostes celestiais que, entre outras coisas se ocupam de nossos interesses

(Hebreus 1:14; 12:22).9

3.1 Os Anjos e o Misticismo

Durante os anos sessenta um fenômeno despontou e ficou conhecido como “onda

mística”. No misticismo, percebe-se que o assunto é tratado por indivíduos que não possuem o

conhecimento pleno da angelologia e a indústria esotérica explora a crendice alheia

ressuscitando superstições antigas.

Assim, o movimento místico tem adquirido a função de compensador, ou seja, é um

mecanismo pelo qual a humanidade joga os seus problemas para o mundo espiritual, esperando

receber uma solução por meio destes seres angelicais.

Nota-se que a importância dos anjos está alcançando novas dimensões, a cada dia, e

estes seres estão presentes em quase todas as religiões e seitas. Estão nos livros, nas revistas,

nos jornais, na televisão, em vídeos, etc.

É preocupante, pois as revistas e livros trazem muitos absurdos sobre o tema e

paulatinamente, multiplicam-se as pessoas que se dizem porta-vozes, pregadores e ministros dos

anjos.

Na página nº 28 da revista “Ultimato”, consta um artigo onde a economista e católica de

formação, Adriana Feres, afirma que se comunica com os anjos há mais de 20 anos. Ela prega e

ministra em nome dos anjos, sendo que também atende em domicílio. Ela afirma ter atendido

mais de 2.500 pessoas e suas ministrações – que ela chama de “terapia angelical” – são feitas à

base de recitação de Salmos e da invocação dos anjos para a limpeza espiritual do ambiente.

Nessas sessões, Adriana recebe mensagens dos anjos, que são transmitidas aos seus clientes.

Segundo ela, muitas pessoas são curadas de seus males. Por exemplo, citamos a empresária

Cassilda Silveira Camargo que teria sido curada de um tumor na medula.

A escritora brasileira que mais obteve sucesso e fama com os anjos é a empresária

Mônica Buonfiglio, que em 1992 lançou o livro “Anjos Cabalísticos”. Sua obra teve grande

repercussão nacional e tornou-se um sucesso editorial com milhares de cópias vendidas.

Nos anos seguintes ela escreveu mais dois livros sobre o mesmo assunto, “A Magia dos

Anjos Cabalísticos” e “Tarô dos Anjos”. Os livros da escritora Mônica Buonfiglio chegaram a

9 MILNE, Bruce. Conheça a Verdade: Estudando as Doutrinas da Bíblia. p. 81

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vender naquele ano a impressionante marca de três mil exemplares por dia. O seu sucesso

editorial não poderia deixar de impulsionar o seu sucesso empresarial, sendo que hoje sua

empresa Oficina Cultural Esotérica conta com dezenas de franquias espalhadas no Brasil.

Muitas outras editoras, como por exemplo, a Editora Três exploram o assunto e sempre

obtêm ganhos consideráveis. Infelizmente, muitas inverdades esotéricas e místicas publicadas

somente contribuem para gerar mais dúvida e confusão sobre o tema.

3.2 Os Anjos e as Tendências Consumistas

Hoje se explora muito o tema angelical, tanto é que existe forte comércio de figurinhas

de anjos, cartas de anjos, abajures com temas de anjos, velas, pingentes, quadros, camisetas

estampadas, livros, revistas, sites na Internet, programas de rádio e televisão, vídeos, CDs e

DVDs, palestras, workshops, etc.

Todos esses materiais produzidos podem-se apresentar de forma simples ou complexa,

bem ou mal elaborados. Enfim, expressando a verdade bíblica ou por vezes, chegando ao nível

do absurdo!

É fato que milhões de pessoas consomem estes produtos gerados de forma desordenada,

uns conscientemente, outros ingenuamente e geram concepções distorcidas dos anjos. Por

exemplo, o grupo de rock progressivo britânico “Van der Graaf Generator”, em seu álbum

clássico chamado “Pawn Hearts” (1971), divulga por meio do vocalista e músico Peter Joseph

Andrew Hammill a seguinte canção: “Os anjos vivem dentro de mim, eu posso senti-los sorrir.

Sua presença apazigua e acalma a tempestade em minha mente, e seu amor pode curar todas

as feridas que eu criei. Eles cuidam de mim enquanto eu caio. Eu sei que vou ser sustentado,

enquanto os anjos viverem”. Contraditoriamente, na mesma música ele afirma que o assassino

vive dentro dele.

Muitas idéias errôneas como o exemplo acima circulam velozmente pelo mundo e

devemos ter muita cautela e analisar minuciosamente todas as informações que nos chegam,

seja pelo meio que for, a fim de evitarmos cair nas armadilhas que este assunto pode nos

proporcionar.

3.3 Os Anjos e os OVNIs

No evangelho de Lucas 21:11 está escrito: “Em vários lugares haverá grandes tremores

de terra, falta de alimentos e epidemias. Acontecerão coisas terríveis, e grandes sinais serão

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vistos nos céus”.

Esta é uma das passagens que versa sobre acontecimentos que ocorrerão próximos a

segunda vinda de Jesus Cristo e que segundo alguns pesquisadores teriam correlação aos

avistamentos de OVNIs. Baseados nesta e em outras passagens bíblicas, certos estudiosos

admitem a possibilidade de existir associação entre os anjos e os tripulantes dos OVNIs por

existirem certas semelhanças físicas entre ambos. Este fato tem chamado a atenção, não só de

pesquisadores de OVNIs, como também da comunidade científica, de religiosos e até de leigos

na temática, pois se questionam certas passagens bíblicas dos livros de Isaías, Ezequiel,

Zacarias, Apocalipse, dentre outros livros da Bíblia, que segundo estes pesquisadores teriam

paralelos com as supostas aparições dos tripulantes de OVNIs – também chamados

popularmente de extraterrestres.

O evangelista Billy Graham observou em sua obra “Angels”, nas páginas 12 e 16,

editada em Boston (1976): “Alguns escritores cristãos sugeriram que os OVNIs podem ser

perfeitamente parte do exército angélico que superintende os assuntos materiais da criação

universal” e ele menciona também que até cristãos sinceros com um forte compromisso com as

Escrituras Sagradas “afirmam que esses OVNIs são anjos”. Infelizmente, o evangelista não

expressou sua opinião particular sobre o assunto...

A Bíblia teria realmente alguma menção sobre OVNIs como afirmam alguns

estudiosos? Sobre isto John Ankerberg e John Weldon fazem o seguinte comentário:

Muitos afirmam que a Bíblia contém histórias de encontros com OVNIs. Eles vêem

“OVNIs” na Bíblia na coluna de fogo e de nuvem em êxodo, nas “rodas” de Ezequiel,

no “carro de fogo” de Eliseu, e até na estrela de Belém e na ascensão de Cristo. Em

essência, todos os milagres da Bíblia são supostamente resultado da intervenção de

OVNIs. Para alguns teólogos de orientação racionalista, os OVNIs também se tornaram

um meio de escapar do “embaraço” do sobrenatural. Em outras palavras, os milagres

da Bíblia são agora compreendidos como produtos da ”supertecnologia” dos

alienígenas, a despeito do fato de que a interpretação de um dado milagre por um OVNI

pode ser ainda mais inconcebível que a do sobrenatural! Em lugar de considerar o texto

bíblico pelo seu valor literal, em termos de seu cenário cultural e histórico, a ufologia

“bíblica” o reinterpreta à luz das modernas visualizações de OVNIs e desconsidera o

texto em si quando ele entra em conflito com as suas premissas” .10

10 ANKERBERG, John & WELDON, John. Os Fatos Sobre OVNIs e Outros Fenômenos Sobrenaturais. p. 68

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As opiniões divergem muito quanto a esta associação e assim, a hipótese de “anjos

extraterrestres”, defendida por alguns estudiosos de ufologia, perde a força, pois não têm

amparo científico reconhecido. Há quem afirme também que os anjos caídos ou demônios

seriam os extraterrestres e há outros estudiosos ainda que, teorizam que existem raças diferentes

de extraterrestres, ou seja, anjos bons e anjos maus.

No livro “A Mensagem: Um Contato com Seres de Outro Mundo”, do Prof. Lúcio

Valério Barbosa, foi dedicado um capítulo inteiro para demonstrar a diferença entre

extraterrestres e anjos: “... A diferença de um ser extraterrestre em espírito e matéria, para um

anjo, é que o anjo não precisa mais ocupar a matéria, pois sua evolução chegou em uma

emanação de luz divina, ele é a própria consciência pura, que está ligada a um todo que

chamamos de Deus, o criador do Universo. Extraterrestres e anjos são seres evoluídos além da

humanidade, em seus conhecimentos, ambos têm consciências elevadas, um é energia de luz

pura, não precisa da matéria para se manifestar, e o outro é matéria e espírito, e estão na

mesma missão neste planeta”.

Outro estudioso carioca, Fernando Cleto Nunes Pereira, em sua obra “A Bíblia e os

Discos Voadores”, discorre profundamente sobre várias associações e no capítulo 9 declara que

“os anjos eram e são Astronautas superiores aos terráqueos”.

O autor evangélico Agostinho Soares dos Santos, que teve um avistamento de um OVNI

no dia 9 de janeiro de 1979, na cidade de Aveiro, em Portugal, é bem centrado em conceitos

bíblicos e discorre exemplarmente em seu livro “Ufologia à Luz da Bíblia” sobre diversos

temas envolvendo a ufologia, sempre respaldado na Bíblia. Suas conclusões sugerem que tais

fenômenos ufológicos teriam uma explicação demoníaca, pois no fim dos tempos Satanás irá

fazer prodígios e confundirá muitos povos. Sobre isto ele escreveu no final de sua obra:

Aqueles que não acreditam que o diabo possa realizar essas coisas, não têm

conhecimento das Sagradas Escrituras, pois elas afirmam que ele pode fazer descer

fogo do céu. E, se possível, enganaria até os escolhidos!”.11

Estas divergências existentes quanto às correlações efetuadas pelos estudiosos

compromete qualquer tentativa de relacionar estas passagens bíblicas ou os anjos com os

OVNIs, pois não passam de mera especulação. Todavia, o que é interessante, é que tais teorias

11 SANTOS, Agostinho Soares dos. Ufologia à Luz da Bíblia. p. 96

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são alvo de atenção séria de estudiosos de vários países. Assim, é fundamental que reflitamos

sobre o assunto, pois como diz o velho ditado popular: “Onde há fumaça, há fogo!”

Não podemos desprezar a opinião de alguns cristãos que dizem que os alienígenas são

os demônios. O apóstolo Paulo adverte na carta aos Gálatas 1:8: “Mas, se alguém, mesmo que

sejamos nós ou um anjo do céu, anunciar a vocês um evangelho diferente daquele que temos

anunciado, que seja amaldiçoado!”

Paulo demonstra sua preocupação quanto à astúcia de Satanás em usar pessoas e até

criaturas celestiais (anjos caídos) para perturbar e distorcer os planos que Deus preparou para a

civilização terrestre. Devemos ficar atentos para as artimanhas de Satanás, pois como hipótese

devemos pensar na possibilidade de os OVNIs serem o cumprimento das profecias

apocalípticas!

4 A ANGELOLOGIA BÍBLICA

Para compreendermos o que a Bíblia nos ensina sobre a doutrina dos anjos é primordial

tomarmos alguns cuidados, ou seja, nos ater a uma interpretação literal-histórico-gramatical do

texto bíblico, sempre comparando os textos, aplicando-se a hermenêutica e a exegese, evitando

a alegorização de qualquer trecho, exceto quando haja clara permissão para isto, concedida pela

própria palavra de Deus.

Todas as verdades sobre os anjos contidas nas Escrituras Sagradas têm a finalidade de

instruir, confortar e por vezes, admoestar. Vejamos a seguir os vários aspectos desta complexa

doutrina.

4.1 Criação dos Anjos

A origem dos anjos remonta ao princípio de todas as coisas. Segundo a carta aos

Colossenses 1:16-17 está escrito: “Pois nEle foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a

terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer

potestades. Tudo foi criado por meio dEle e para Ele. Ele é antes de todas as coisas. NEle tudo

subsiste”. Nesta afirmação se confirma que todos os anjos foram criados de uma só vez.

Os anjos são criaturas de Deus e é impossível fixar o tempo em que foram criados, mas

a resposta de Deus à Jó declara que estas criaturas espirituais foram criadas antes de todas as

coisas (Jó 38:4,7). Estudiosos da Bíblia afirmam que os anjos foram criados por Deus em algum

ponto antes do final do segundo dia da criação, pois já existiam neste momento conforme pode

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ser comparado nos livros de Jó e Gênesis.

Em complemento encontramos em Neemias 9:6 o seguinte escrito: "Só tu és Senhor; tu

fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e

tudo quanto neles há, e tu os guardas com vida a todos; e o exército dos céus te adora”.

4.2 Natureza dos Anjos

Os anjos, ao contrário do homem, não têm capacidade reprodutiva, como se constata no

evangelho de Mateus 22:28: "Porque na ressurreição nem casam nem são dados em

casamento; mas serão como os anjos de Deus no céu".

Com base nesta afirmação, percebemos que a quantidade de anjos não se altera.

Todavia, não é possível determinar quantas destas criaturas de Deus foram criadas. A Bíblia

Sagrada se refere aos anjos por meio de números metafóricos, indicando grande quantidade,

mas em nenhuma parte das Escrituras Sagradas há um número exato. Vejamos, por exemplo, o

texto de Daniel 7:10: "Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o

serviam, e milhões de milhões assistiam diante dele; assentou-se o juízo, e abriram-se os

livros". Em complemento a quantidade de anjos nos céus temos a seguinte afirmação no texto

de Hebreus 12:22: "Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém

celestial, e aos muitos milhares de anjos".

Em relação à corporalidade dos anjos pode-se dizer que são incorpóreos, entretanto

podem ostentar forma corpórea que pode tocar e ser tocada, bem como alimentar-se, conforme

consta das Escrituras Sagradas: "E vieram os dois anjos a Sodoma à tarde, e estava Ló

assentado à porta de Sodoma; e vendo-os Ló, levantou-se ao seu encontro e inclinou-se com o

rosto a terra... E porfiou com eles muito, e vieram com ele, e entraram em sua casa; e fez-lhes

banquete, e cozeu bolos sem levedura, e comeram... Aqueles homens, porém estenderam as

suas mãos e fizeram entrar a Ló consigo na casa, e fecharam a porta". (Gênesis 19:1,3,10)

O Dr. William Cook declara em menção a natureza e a corporalidade dos anjos:

No Antigo Testamento o salmista os chama de espíritos: “Fazes a teus anjos ventos

(espíritos)” (Sl. 104:4). E no Novo Testamento eles são chamados pelo mesmo termo:

“Não são todos eles espíritos ministradores?” (Hb. 1:14). Contudo é preciso fazer uma

pergunta: Os anjos são tão espirituais a ponto de serem absolutamente imateriais como

Deus? Ou estarão revestidos de uma refinada estrutura material? As opiniões, tanto dos

antigos como dos modernos estão muito divididas neste assunto. Atanásio, Basílio,

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Gregório, Niceno, Cirilo e Crisóstomo defendiam que os anjos eram absolutamente

imateriais; mas Clemente Alexandrino, Orígenes, Cesário e Tertuliano, entre outros

pais da igreja, achavam que estes seres benditos estavam revestidos de uma refinada

estrutura material. O termo espírito que lhes é aplicado não decide absolutamente por

si mesmo a questão; pois como essa palavra, tanto no hebraico quanto no grego, é um

termo material indicando vento, ar ou hálito, pode sem violência ser aplicado tanto a

um espírito puro quanto a uma natureza material refinada. É verdade que, no

aparecimento dos anjos aos homens, eles assumiram uma forma humana visível. Este

fato, entretanto, não prova a sua materialidade; pois os espíritos humanos no estado

intermediário, embora desencorporados tem em seu relacionamento com o corpo

aparecido em forma humana material: como Moisés, no Monte da Transfiguração,

também Elias foi reconhecido como homem; e os anciãos que apareceram e

conversaram com João no Apocalipse, também tinham forma humana (Ap. 5:5; 7:13).

Mas tais aparições não podem absolutamente decidir. Teologicamente não há nenhuma

incongruência ou improbabilidade de uma natureza material refinada. O céu sem

dúvida é adequado para habitação de tais seres. Enoque e Elias foram levados ao céu

em corpo e alma pela transladação; a humanidade glorificada de nosso Senhor está

entronizada ali; e os anjos, embora revestidos de uma estrutura material, podem

habitar na presença divina esplendorosa... Mas, como existe uma lei de adaptação, a

grosseira materialidade da ”carne e sangue” não pode penetrar naquela região de

bem-aventurança. Deduzimos, então, que se os anjos estão revestidos de uma natureza

que exclui tudo o que envolve a possibilidade da deteriorização e qualquer

relacionamento com os apetites e desejos animais.12

Os anjos são seres imortais, não estando sujeitos a putrefação orgânica, visto que seus

corpos são imateriais, conforme por ser constatado no evangelho de Lucas 20:35-36: "Mas os

que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os

mortos, nem hão de casar, nem ser dados em casamento; Porque já não podem mais morrer;

pois são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição".

A Bíblia também afirma que os anjos são inteligentes e mais poderosos que os homens,

todavia não são onipotentes, oniscientes e nem onipresentes, como Deus o é. Embora não sejam

onipresentes, possuem espantosa velocidade no deslocamento dos Céus para a Terra, podendo

12 CHAFER, Lewis S. Teologia Sistemática. p. 342

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fazer esta proeza instantaneamente, como lemos em Mateus 26:48: “Ou pensas tu que eu não

poderia agora orar a meu Pai, e que Ele não me daria mais de doze legiões de anjos?"

4.3 A Habitação dos Anjos

A Bíblia esclarece que os anjos habitam nas esferas celestiais (Mc. 13:32). O Apóstolo

Paulo de Tarso escreveu aos Gálatas 1:8: “um anjo vindo do céu”. O Mestre Jesus ensinando os

seus discípulos a orar disse: “Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt. 6:10).

Podemos afirmar que o céu espiritual encontra-se habitado por inumeráveis exércitos de anjos.

No livro “Teologia Sistemática”, o Dr. Gaebelein escreve que a Bíblia fala de três céus,

sendo o terceiro céu, o Céu dos céus, o lugar da habitação de Deus, onde o Seu trono sempre

esteve. Afirmou também que, nos lugares celestiais, de acordo com a epístola aos Efésios, está

os principados e potestades, a multidão incontável de anjos. Portanto, a habitação dos anjos está

nos Céus.

4.4 As Funções dos Anjos

Tanto no Velho Testamento, como no Novo Testamento encontramos menção das

diversas atividades destes seres supraterrenos, possibilitando discernirmos a real finalidade de

suas atribuições em relação à Humanidade terrestre.

4.4.1 No Antigo Testamento: As passagens selecionadas e apresentadas a seguir nos

mostram as principais funções dos anjos conforme relatadas pelo Antigo Testamento

(Angelologia Veterotestamentária).

É possível vislumbrar nestes textos anjos louvando ao Senhor, enviando Suas

mensagens, obedecendo à vontade de Deus e também sendo referidos como um exército

celestial.

São muitas as passagens que retratam a ação dos anjos, como por exemplo: um anjo

socorreu Hagar no deserto (Gn. 16:7-11); os anjos anunciaram a destruição de Sodoma (Gn.

19:1-23); um anjo impediu a morte de Isaque (Gn. 22:11-12); um anjo acudiu Elias (I Rs. 19:5-

8); Eliseu estava cercado de anjos (II Rs. 6:14-17); um anjo livrou Daniel dos leões (Dn. 6:22);

anjos guardaram a Jacó (Gn. 28:12; 31:11; 32:1-2; 48:16); dentre outras inúmeras passagens.

Em Gênesis 32:1-2, existe a citação destes seres espirituais como exército do Todo

Poderoso: "Jacó também seguiu o seu caminho, e encontraram-no os anjos de Deus. E Jacó

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disse, quando os viu: Este é o exército de Deus. E chamou aquele lugar Maanaim".

4.4.2 No Novo Testamento: No Novo Testamento (Angelologia Neotestamentária),

além das funções do Velho Testamento, os anjos são apresentados de forma inovadora como

ministros de Deus aos herdeiros da salvação de Jesus, o Cristo.

Praticamente, dentro da concepção cristológica e pneumática da salvação, abordada no

Novo Testamento, os anjos são evidenciados como criaturas que fazem o bem, enquanto que os

demônios (anjos caídos) são os que atrapalham a reconciliação com Deus, destruindo muitas

almas.

Vejamos duas passagens do evangelho de Lucas, mostrando suas funções ligadas ao

propósito da salvação: "Ora, havia naquela mesma comarca pastores que estavam no campo, e

guardavam, durante as vigílias da noite, o seu rebanho. E eis que o anjo do Senhor veio sobre

eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse:

Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo:

Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor". (Lucas 2:8-11)

Perto de Jesus ser entregue e julgado, Lucas deixou registrado no capítulo 22, nos

versículos de 41 a 43, a seguinte passagem: "E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e,

pondo-se de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se

faça a minha vontade, mas a tua. E apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia".

No final do Novo Testamento, nas revelações do livro do Apocalipse, temos outras

citações sobre os anjos: "E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais,

e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões, e milhares de milhares, que com

grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e

sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças". (Apocalipse 5:11-12). Nesta passagem

os anjos reconhecem todo o esforço do Filho de Deus, exaltando-o dignamente.

Em outra passagem escatológica do Apocalipse de João 22:8-9, ele mesmo revela: "E

eu, João, sou aquele que vi e ouvi estas coisas. E, havendo-as ouvido e visto, prostrei-me aos

pés do anjo que mas mostrava para o adorar. E disse-me: Olha, não faças tal; porque eu sou

conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a

Deus".

4.5 Classificação Específica dos Anjos

4.5.1 Arcanjos: A palavra arcanjo (Αρχαγγελος) é de origem grega e significa o

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principal entre os anjos. O prefixo “arc”, nos sugere tratar-se de um anjo chefe, principal e

poderoso. A palavra arcanjo aparece somente duas vezes nas Escrituras Sagradas, uma em

Judas 1:9, e outra no texto em I Tessalonicenses 4:16.

Na Bíblia protestante encontramos referência de um único arcanjo, chamado Miguel,

cujo nome significa "Aquele que é semelhante a Deus". Em Judas 1:9 está escrito: "Mas o

arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não

ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda".

O livro apócrifo de Enoque menciona o nome de sete arcanjos, a saber: Uriel, Rafael,

Raquel, Saracael, Miguel, Gabriel e Remiel. Segundo é mencionado naquele livro, a cada um

deles Deus entregou uma província sobre a qual reinassem. A autoridade de Miguel seria

“sobre a melhor porção da humanidade e sobre o caos” . Segundo este escrito ele seria o

protetor de Israel como Nação.

Uriel também é chamado de arcanjo nesta passagem do apócrifo de Esdras 4:36: "E

sobre estas coisas Uriel, o arcanjo, deu-lhes resposta, e disse: Mesmo quando o número de

sementes for preenchido em vocês, porque ele tem pesado o mundo na balança".

Apesar dos arcanjos terem certo destaque, é de se salientar que Jesus não é um anjo, pois

os anjos foram criados por Ele. Miguel é distinto de Jesus Cristo – também chamado Filho de

Deus. Não cabendo qualquer confusão neste ponto.

4.5.2 Serafins: A palavra hebraica para serafim é "saraph", que significa serpente que

queima ou serpente ardente ou ainda, consumir com fogo. A única ocasião em que esta palavra

descreve esta classe particular de anjos ocorre no texto de Isaías 6:2, onde são descritos como

seres com aparência humana (rostos, pés e mãos) e com seis asas, sendo duas utilizadas para

cobrir o rosto, duas para cobrir os pés e com as outras duas eles voavam. Localizam-se acima do

Trono de Deus e parecem ter um ministério de adoração constante ao Senhor.

4.5.3 Querubins: Na língua hebraica, querubim é pronunciado como "kerub" e significa

guardar ou cobrir. Com estas funções principais de guardiães, os querubins aparecem em vários

textos bíblicos. Outro termo que é utilizado para denominar os querubins é o de “Criaturas

Viventes” - título que representa esta classificação de anjos manifestando a plenitude da vida

divina, sua atividade incessante e permanente participação na adoração a Deus.

A primeira menção destas criaturas de Deus as descreve como guardiões do Jardim do

Éden, quando por causa do pecado, Deus expulsou o homem do paraíso. Assim, o homem não

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poderia voltar ao Jardim criado por Deus.

Estas criaturas aladas aparecem também na tampa que protegia o conteúdo da arca da

Aliança, também chamado propiciatório. Eram dois querubins que ficavam dispostos em cada

extremidade da arca, em puro ouro, tinha a função de proteger os objetos em seu interior. No

livro do Êxodo 25:18-22 está escrito: "Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os

farás, nas duas extremidades do propiciatório. Farás um querubim na extremidade de uma

parte, e o outro querubim na extremidade da outra parte; de uma só peça com o propiciatório,

fareis os querubins nas duas extremidades dele. Os querubins estenderão as suas asas por

cima, cobrindo com elas o propiciatório; as faces deles uma defronte da outra; as faces dos

querubins estarão voltadas para o propiciatório. E porás o propiciatório em cima da arca,

depois que houveres posto na arca o testemunho que eu te darei. E ali virei a ti, e falarei

contigo de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins (que estão sobre a arca do

testemunho), tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel".

No livro de Êxodo 26:31 e II Crônicas 3:7 existe menção que estes tipos de anjos foram

bordados nas cortinas, nos véus do Tabernáculo e nas paredes do Templo.

O Profeta Ezequiel deixou escrito em seu relato no capítulo 10, versículos de 1 a 8,

várias características dos querubins: "Depois olhei, e eis que no firmamento, que estava por

cima da cabeça dos querubins, apareceu sobre eles uma como pedra de safira, semelhante a

forma de um trono. E falou ao homem vestido de linho, dizendo: Vai por entre as rodas, até

debaixo do querubim, e enche as tuas mãos de brasas acesas dentre os querubins e espalha-as

sobre a cidade. E ele entrou à minha vista. E os querubins estavam ao lado direito da casa,

quando entrou aquele homem; e uma nuvem encheu o átrio interior. Então se levantou a glória

do Senhor de sobre o querubim indo para a entrada da casa; e encheu-se a casa de uma

nuvem, e o átrio se encheu do resplendor da glória do Senhor. E o ruído das asas dos

querubins se ouviu até ao átrio exterior, como a voz do Deus Todo-Poderoso, quando fala.

Sucedeu, pois, que, dando ele ordem ao homem vestido de linho, dizendo: Toma fogo dentre as

rodas, dentre os querubins, entrou ele, e parou junto às rodas. Então estendeu um querubim a

sua mão dentre os querubins para o fogo que estava entre os querubins; e tomou dele, e o pôs

nas mãos do que estava vestido de linho; o qual o tomou, e saiu. E apareceu nos querubins uma

semelhança de mão de homem debaixo das suas asas".

4.5.4 Anjo Mensageiro: A palavra anjo significa mensageiro. A Bíblia está repleta de

relatos sobre os anjos e suas atribuições: louvar a Deus, guerrear ao lado do povo de Deus,

guardar a nação de Israel, trazer recados de Deus, dentre outras. O mais importante e sublime

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destes mensageiros celestiais foi Gabriel.

A palavra Gabriel vem do hebraico "Gabriy'el", que quer dizer "guerreiro de Deus" ou

"homem de Deus", provindo da junção de "geber", "homem forte" ou "guerreiro" e “el” . Ele é

o anjo anunciador das grandes mensagens de Deus para a humanidade, tendo aparecido a Daniel

para explicar a visão de um carneiro e um bode (Dn 8:16) e a profecia das setenta semanas (Dn

9:21). Posteriormente, no Novo Testamento, Gabriel aparece para anunciar o nascimento de

João, o Batista e de Jesus Cristo (Lc 1:19-26).

4.5.5 Anjo do Senhor: Em variados textos do Antigo Testamento verificamos que a

atitude protecionista de Deus em relação ao povo de Israel é materializada na expressão “Anjo

do Senhor”, “Anjo de Javé” ou “Anjo de Deus”, como constam em passagens, como por

exemplo, podemos observar em Gênesis 16:7-14; 21:17-19; 31:11 e em Êxodo 3:2.

No Novo Testamento encontramos outras passagens que falam do Anjo do Senhor,

como por exemplo, observaremos em Mateus 1:20; 2:13 e 28:2; em Lucas 1:11; 2:9 e em Atos

dos Apóstolos 5:19; 8:26 e 12:7.

Em Êxodo 23:20-23, um Anjo do Senhor é descrito de forma diferente de qualquer outro

anjo. É atribuído a ele o poder de perdoar ou reter pecados. Dois aspectos devem ser destacados

nesta passagem: Primeiro, que o nome do Senhor está nele e segundo, que ele é o rosto do

Senhor, o rosto do Senhor está nele, por isso ele tem poder de salvar e de recusar o perdão.

Como diz Alberto Matos: "Não se pode evitar a conclusão de que este anjo misterioso não é

outro senão o Filho de Deus, o Messias, o Libertador de Israel, e o que seria o salvador do

mundo. Portanto, o Anjo do Senhor é realmente um ser incriado".13

Outra passagem na Bíblia menciona que o Anjo do Senhor aceitou a adoração de Josué.

Um anjo comum não admitiria ser adorado, como pode bem ser visto nas passagens em

Apocalipse 19:10 e 22:8-9.

Em Josué 5:13 a 6:3 está escrito: “Josué estava perto da cidade de Jericó. De repente,

viu um homem com uma espada na mão parado na sua frente. Josué chegou perto dele e

perguntou: Você é do nosso exército ou é inimigo? Não sou nem uma coisa nem outra –

respondeu ele. – Estou aqui como comandante do exército de Deus, o Senhor. Josué ajoelhou-

se, encostou o rosto no chão e o adorou. E disse: – Estou às suas ordens, meu senhor. O que

quer que eu faça? O comandante do exército do Senhor respondeu: – Tire as sandálias porque

a terra que você está pisando é santa. E Josué obedeceu. Os portões da cidade de Jericó

13 MATOS, Alberto. Angelologia, a Doutrina dos Anjos. p. 27

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estavam muito bem fechados, para não deixar que os israelitas entrassem. Ninguém podia

entrar, nem sair da cidade. O Senhor Deus disse a Josué: – Olhe! Eu estou entregando a você a

cidade de Jericó, o seu rei e os seus corajosos soldados. Agora você e os soldados israelitas

marcharão em volta da cidade uma vez por dia, durante seis dias”.

Se o "Anjo de Deus" que apareceu a Josué não fosse o próprio Deus, não teria aceitado

a adoração de Josué. Por estas razões devemos entender com firmeza e clareza que o Anjo do

Senhor (ou o Anjo de Deus) no Antigo Testamento é sem dúvidas nosso Senhor Jesus Cristo em

várias de suas manifestações antes do seu nascimento como homem.

4.5.6 Anjo da Guarda: A realidade é que nós não temos um anjo da guarda, temos

anjos que nos guardam, ou seja, que guardam todos os cristãos fiéis.

As Escrituras Sagradas afirmam que Deus envia seus anjos para nos proteger, como

constatamos em Salmos 91:11-12: “Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te

guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão em suas mãos, para não tropeçares

nalguma pedra”.

Recentemente, os esotéricos e místicos criaram o conceito de anjo da guarda.

Disseminam-nos que cada indivíduo tem o seu próprio anjo da guarda e inventam até nomes

mirabolantes para eles. Todavia, à luz da Palavra de Deus, não há base para crermos na

existência desta realidade imposta por pessoas desavisadas.

Concluindo, não há "anjo da guarda", mas sim anjos que servem por ordens de Deus

àqueles que estão aqui executando as boas obras para glória de Deus.

4.5.7 Principados, Potestades, Tronos, Soberanias e Poderes: A Bíblia especifica

certas classes de anjos, como também diversos importantes indivíduos entre os anjos. Menciono

a seguir cinco representações principais de supremacia entre estes seres do mundo angélico, a

saber: Tronos (Θρονοι), Domínios (Κυριοτητες), Principados (Αρχαι), Autoridades

(Εξουσιαι) e Poderes (∆υναµεις). É de se salientar que estas nomenclaturas podem ser

utilizadas para referenciar os anjos de Deus ou os demônios (anjos caídos).

Passagens bíblicas que demonstram certas situações santas com interação dos anjos de

Deus são muitas. Por exemplo, citamos Efésios 3:10 e Colossenses 1:16; 2:10. Entretanto,

encontramos em Efésios 6:12, em I Coríntios 15:24 e em Colossenses 2:15, certas passagens

onde os nomes dos anjos ligam-se a situações malignas, evidenciando que tratar-se-iam de

demônios.

Principado (do grego Archai) significa “autoridade” e “governante”. É usada para

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indicar poderes humanos e espirituais. Este vocábulo pode significar também "esfera de

influência" de vários poderes espirituais. Possivelmente, este termo refere-se a poderes

espirituais que exercem domínio ou influência sobre vastas regiões celestes.

Potestade (do grego Exousiai) refere-se a "autoridade", "poder para dar ordens",

conforme mencionado em Mateus 8:9. Em muitas passagens bíblicas, o termo “Potestades”

vem citado depois da palavra “Principados” , o que pode indicar uma hierarquia ou até uma

extensão de domínio inferior.

Trono (do grego Tronoi) tem significado de "assento de honra", utilizado por alguém

poderoso. A palavra refere-se a tronos humanos e celestiais. No livro de Apocalipse 4:4, há

menção a outros tronos ao redor do trono de Deus. A cidade de Pérgamo é chamada de "trono

de Satanás" em Apocalipse 2:12-13. Assim sendo, uma cidade pode tornar-se um "trono". Não

se pode afirmar que posição ocupa numa hierarquia, mas sem dúvida, mostra que também é um

posto de autoridade.

Soberanias, Senhorios, Domínios e Dominações são derivações da palavra "Kurios"

traduzida por Senhor, muito utilizada pelos Césares romanos, que tinham seus escravos, com

poder de vida e morte sobre eles.

Poderes (do grego Dunameos) derivam da palavra "Dunamis", que tem a mesma raiz

das nossas palavras "dinamite e dínamo", indicando uma força muito grande, uma potência

incrível para fazer cumprir propósitos e objetivos.

Embora haja uma aparente semelhança entre todas estas denominações, presumimos que

estes títulos celestiais representam uma dignidade incompreensível e também como o são os

diversos graus de categorias do mundo angélico.

4.5.8 Anjos Maus: Todos os anjos foram criados perfeitos e sem pecado e parecidos

com o homem, por serem dotados de livre arbítrio.

Sob a ordem de Satanás, muitos pecaram se rebelando e foram lançados fora do céu,

conforme relatado em 2 Pedro 2:4 e na passagem de Judas 1:6. O orgulho foi o que determinou

a queda de parte dos anjos do céu.

Com base na Bíblia, os anjos maus passam o tempo no inferno e no mundo,

especialmente nos ares que nos rodeiam. Suas artimanhas é enganar o homem por meio do

pecado. Entretanto, o poder deles será aniquilado para aqueles que são fiéis a Cristo Jesus, pela

redenção que Ele consumou na cruz e que também são expressas no livro do Apocalipse 5:9 e

7:13-14.

Os anjos maus têm um único desígnio: o de serem empregados na execução dos

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propósitos maléficos arquitetados por Satanás, causando danos na vida espiritual dos homens.

Estas ações são opostas aos propósitos de Deus.

4.6 Queda dos Anjos

Há pouca informação sobre este estudo na Bíblia, sendo que os livros de Isaías e

Ezequiel nos fornecem alguns dados importantes, por meio das profecias dirigidas aos reis da

Babilônia e Tiro. Nestes casos, Deus os compara a Lúcifer, por causa da sua soberba e inveja.

Vários estudiosos acreditam que tais passagens fornecem informações que não se

encaixam a nenhum desses reis, mas sim a um anjo que esteve no Éden, na ocasião da queda de

Adão e Eva.

Esta história de rebelião contra Deus, que ocorreu muito antes de a raça humana existir

na Terra, explicaria a origem do mal no Universo e por que o mundo é tão atormentado pelo

mal na atualidade.

4.6.1 A Queda de Lúcifer: A Bíblia revela que o Universo e suas criaturas eram

originalmente perfeitos, mas por orgulho houve uma rebelião nos céus.

Em Isaías 14:12-15 encontramos um texto dirigido ao rei da Babilônia, porém o mesmo

sugere aplicar-se a alguém maior que o rei de Babilônia, com vaidade ambiciosa similar. Em

Isaías 14:12, revela-se que uma pessoa identificada como Lúcifer, "estrela da manhã, filho da

alva", tem a ambição de dominar sobre todos os anjos e tornar-se como Deus (Isaías 14:13-14).

Outro texto similar ao de Isaías é o do profeta Ezequiel no capítulo 28, versículos de 11

a 18. Nesta passagem o profeta traz uma palavra dirigida a princípio ao rei de Tiro. Todavia,

uma leitura acurada revela que o personagem não se trata do rei de Tiro, pois no versículo 14 e

16 fornece informações de que a pessoa em questão era um querubim, que é um tipo de anjo.

Também é mencionado que esteve no Jardim do Éden. Dessas indicações podemos deduzir que

a pessoa seria um anjo, caracterizado como um rei terreno. O foco da semelhança entre o rei

terreno de Tiro e o anjo seria o problema do orgulho.

Em Apocalipse 12:3-4; 7-9 há mais uma referência a queda de Lúcifer, também

chamado Satanás. Os trechos declaram que Miguel, líder dos anjos guerreou contra Lúcifer, e o

Diabo foi atirado na Terra. Este texto sugere que Lúcifer foi lançado nela com a terça parte dos

anjos. Os rabinos judeus antigos identificaram em Judas 1:6 e 2 Pedro 2:4 que há menção que

os anjos seguiram a Satanás.

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4.6.2 Resultado da Queda: A Bíblia revela que todos os anjos perderam a sua santidade

original e se tornaram corruptos em natureza e conduta e alguns foram lançados no inferno e

estão acorrentados até o dia do julgamento (2 Pedro 2:4).

Atualmente, alguns anjos caídos ou também chamados demônios permanecem em

liberdade e trabalham em definida oposição à obra dos anjos bons. No Futuro, eles serão

julgados (1 Coríntios 6:3) e serão atirados no lago de fogo e enxofre (Mateus 25:41).

4.6.3 A Natureza dos Demônios: Estes seres espirituais maléficos ou anjos caídos são

dotados de inteligência e personalidade e no Novo Testamento são comparados aos espíritos

imundos.

No evangelho de Marcos 5:8-9 estes espíritos imundos são mencionados como sendo

em grande número. Na passagem de Marcos se denominam “Legião”.

São seres vis e perversos, praticantes da servidão e obsequiosos (Mateus 12:24-27). São

possuidores de caráter degenerado, ignóbil em suas ações e sujeito a Satanás.

Na atualidade, nota-se que a atividade demoníaca está se intensificando. Ao olharmos os

jornais e a televisão percebe-se que o mal impera neste mundo. Não há confiança entre os

homens e a mentira reina. Neste contexto, muitos milhões de seres humanos, por causa do

pecado estimulado pelos demônios, cooperam com os desígnios de Satanás.

4.6.4 Nomes Qualificativos de Satanás: Ao verificarmos na Bíblia esta nomenclatura,

deparamo-nos com informações esclarecedoras sobre a natureza, caráter e estratégias de

Satanás. Nas Escrituras Sagradas constam dezenas de nomes para o nosso inimigo.

Segundo 1 Coríntios 21:1 e Atos 5:3, a nomenclatura Satanás significa "adversário",

"oponente", "inimigo". Ele trabalha em oposição a Deus e guerreia contra os seus servos,

objetivando a malignidade. Por exemplo, Pedro é identificado como Satanás, quando não quis

deixar que Cristo fosse crucificado (Mateus 16:23). Veremos a seguir alguns outros nomes

atribuídos a Satanás.

4.6.5 Diabo (Mateus 4:1 e Efésios 6:11): Este nome é formado de uma transliteração

do grego "diabolos" que significa acusador, difamador, caluniador e maldizente. É utilizado em

passagens onde percebemos ações de engano, tentação e armadilhas. Demonstra também um

caráter dominado pelo ódio e desprezo, que se satisfaz ao envergonhar a Deus.

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4.6.6 Serpente (Apocalipse 12:9 e 20:2): As serpentes são traiçoeiras e hábeis em se

esconder. Assim também é o diabo, escondendo seu letal veneno, inoculado em suas vítimas.

Satanás nunca mostra que o caminho sugerido por ele, leva a destruição, e se não houvesse a

interferência de Cristo, certamente estariam perdidas.

4.6.7 Dragão (Apocalipse 12:3-17 e 13:2-4): O Novo Testamento registra este nome

por doze vezes e simbolicamente significa o furor maligno de Satanás. Transparece também o

caráter de alguém que quer destruir e aterrorizar os servos de Deus como um monstro sem

piedade.

4.6.8 Príncipe dos Poderes do Ar (Efésios 2:2): Outra possível tradução desta

nomenclatura qualificativa de Satanás seria "governante do império da atmosfera". Seu

domínio no ar é invisível e seu poder de malignidade envolve o mundo, tal como o ar nos

rodeia, atingindo todos os homens sem exceção.

4.6.9 Príncipe deste Mundo (João 12:31; 14:30 e 16:11): Esta nomenclatura coloca

Satanás como "governante", possuindo autoridade sobre o nosso mundo. É de se salientar que

Deus tem domínio total da situação, entretanto permite com restrições a atuação de Satanás, ou

seja, dentro de certos limites.

4.6.10 Mentiroso e Pai da Mentira: Desde o Jardim do Éden, Satanás mente com

sutileza e frieza. Na verdade, ele é um mestre na arte de enganar e não há limites, nem

escrúpulos e nem pudores, para alcançar seus obscuros e maléficos propósitos.

4.7 Ministérios dos Anjos

4.7.1 Com Cristo: Em Lucas 1:26:33 os anjos predisseram o nascimento de Cristo

Jesus. Também anunciaram seu nascimento (Lucas 2:13). Protegeram a criança (Mateus 2:13) e

fortaleceram a Jesus depois da tentação (Mateus 4:11).

No fim de seus dias confortaram-no no Getsêmani (Lucas 22:43) e na sua ressurreição,

rolaram para longe a pedra que fechava o sepulcro do Senhor (Mateus 28:2) e anunciaram a

ressurreição de Jesus (Mateus 28:6).

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4.7.2 Com os Crentes: Para os que acreditam em Jesus, os anjos os ajudam (Hebreus

1:14) e trazem respostas às orações (Atos 12:7). Também encorajam os crentes em casos

específicos (Atos 27:23-24) e estão interessados e se alegram nos esforços evangelísticos (Lucas

15:10 e Atos 8:26).

4.7.3 Com os Descrentes: O anjos anunciam juízos iminentes para os descrentes

(Gênesis 19:13; Apocalipse 14:6-7) e aplicam o juízo divino (Atos 12:23), agindo como

ceifeiros na separação dos escolhidos no fim dos tempos (Mateus 13:39).

5 DESDOBRAMENTO DA ANGELOLOGIA NA IGREJA ATUAL

A falta de conhecimento sobre os anjos, bem como a existência de uma falsa impressão

de que os cristãos já sabem o suficiente sobre os anjos, aliada ao fato do assunto ser

disseminado com pouca intensidade nas igrejas, anula de certo modo o desejo de se conhecer

em sua essência verdadeira Angelologia.

Hoje, as distorções existentes, as idéias preestabelecidas pelas tradições, bem como a

disseminação de doutrinas angelicais esotéricas e místicas e muitas vezes inverídicas, também

anulam o desejo de se adquirir informações genuínas sobre este tema.

Infelizmente, a falta de conhecimento sadio sobre os anjos bloqueiam os cristãos de

usufruírem melhor das ações benéficas dos mensageiros de Deus. Preocupa-nos também, os

excessos cometidos dentro e fora das igrejas em relação a esta matéria, pois, somam mais

pontos para os propósitos de Satanás e seus demônios. A recomendação bíblica em Gálatas 1:8

é que “ainda que um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho

anunciado, seja anátema”. Assim, devemos estar vigilantes e sempre atentos!

5.1 Mentiras Angelicais: Proliferam na atualidade muitas mentiras sobre os anjos. Estas

deturpações causam descrédito ao assunto e por vezes, desviam os crentes e não crentes da

realidade espiritual. As mentiras mais comuns sobre os anjos de luz são:

5.1.1 Crer na Auto-Criação dos Anjos: Esta inverdade é combatida pelo depoimento

bíblico que afirma que os anjos foram criados por Deus, contido em Neemias 9:6 e também em

citação em Colossenses 1:16.

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5.1.2 Crer que os Anjos devem ser adorados: Esta é uma tremenda heresia! Os anjos

não devem ser adorados e nem cultuados, conforme podemos verificar em Apocalipse 22:8-9 e

também em Colossenses 2:18.

5.1.3 Crer que os Anjos se casam: Esta afirmação feita por pessoas com pouco

conhecimento do assunto é um absurdo! Em Mateus 22:28 verificamos que não existe esta

possibilidade para estes seres espirituais.

5.1.4 Crer que os Anjos não estão sujeitos à Cristo: Este ponto é preocupante, pois

poderia significar a materialização de seitas e religiões que cultuariam os anjos e deixariam

Cristo em segundo plano, distorcendo assim, a essência dos ensinamentos contidos na Bíblia, ou

seja, o “Plano de Salvação”. Nas passagens de Efésios 1:20-21 e Filipenses 2:9-11, verificamos

que os anjos estão sujeitos à Cristo.

Percebe-se que as mentiras não se limitam aos anjos de Deus. Também são ditas inverdades

sobre os anjos caídos e as distorções mais freqüentes são:

5.1.5 Crer que os Anjos caídos foram criados perversos: Na verdade, eles foram

criados santos, assim como os anjos de luz. Entretanto, os anjos caídos preferiram seguir a

Lúcifer em seu plano de ser maior do que Deus (2 Pedro 2:4 e Judas 1:6).

5.1.6 Crer que os Anjos não irão ao castigo eterno: Esta é mais uma mentira! Eles são

passíveis de igual condenação à de Satanás (2 Pedro 2:4) e serão lançados no Lago de Fogo,

conforme pode ser constatado no evangelho de Mateus 25:41 e em Apocalipse 20:10 e 14.

5.2 Anjos entre os Protestantes Brasileiros

A posição protestante clássica frente à Angelologia está refletida na resposta à pergunta

número dezesseis do Catecismo Maior de Westminster que nos diz o seguinte: “Deus criou

todos os anjos, como espíritos imortais, santos, excelentes em conhecimento, grandes em poder,

para executar os seus mandamentos e louvarem o seu nome, todavia sujeitos a mudança”. 14

14 MARTINS, Valter G. Confissão de Fé e Catecismo. p. 175

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Resumidamente, segundo este catecismo, os anjos serviram a Deus na entrega de

mensagens divinas, quando comunicaram bênçãos ao povo de Deus e também quando

executaram juízo sobre os inimigos deste povo santo.

Vários livros já foram publicados no Brasil sobre o assunto. Muitas obras, como por

exemplo, o livro “Anjos Agentes Secretos de Deus”, de Billy Graham, contribuem para o

esclarecimento do assunto. Infelizmente, outras obras têm distorcido muito o tema,

considerando por vezes, os anjos como deuses ou semideuses. É preocupante o fato de estes

exageros saltarem das páginas dos livros para os templos. Sobre este assunto a revista

“Ultimato” afirma:

Na periferia de uma grande cidade, o pastor de uma igreja evangélica faz invocação os

anjos no início dos cultos. Ele ordena que os anjos, com espadas desembainhadas,

fumegantes, se postem nas portas e nas janelas do templo para impedir a entrada dos

dardos inflamados do maligno. Ele aponta para as portas e para cada janela, dando

ordem para os anjos. Depois, sob a proteção da milícia celestial os atos do culto

prosseguem. Outro pastor, além de não concordar com a atitude do seu colega, coloca-

se em uma posição oposta. Ele afirma que os anjos nasceram na mente dos hebreus,

quando estes substituíam o politeísmo pelo monoteísmo. Sem saber o que fazer com a

multidão de deuses e semideuses que povoavam as suas mentes, resolveram transformá-

los em anjos, ministros do Deus único.15

Nos exemplos anteriores, os dois pastores representam posições extremas, que não

expressam o pensamento do protestantismo histórico.

Mas, o alerta está dado! Percebe-se na atualidade um novo avivamento sobre este

assunto, pois o interesse pelos anjos está em alta. Precisamos abrir os nossos olhos do

entendimento e discernir a verdade das inverdades vigentes, para não desviarmos dos retos

caminhos.

Por outro lado, as igrejas devem dar maior atenção ao assunto e trazer a verdade à tona,

por meio de ensinamentos bíblicos, para que os crentes possam ser disseminadores das verdades

puras da Angelologia.

15 NASCIMENTO, Adão C. Anjos Hoje. Ultimato. Maio. 1996. p. 29

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É momento de fazermos uma reflexão sobre a Angelologia, pois embora os anjos sejam

mencionados em vários trechos da Bíblia, ainda assim, não é fácil formularmos uma doutrina

completa sobre estes seres espirituais. Tal afirmação se baseia no fato de que a Angelologia não

é o enfoque principal das Escrituras Sagradas. A ênfase primária da Bíblia baseia-se no Cristo

Salvador ou no seu estudo chamado Cristologia!

A doutrina angelical, apesar de complexa, é da mais alta importância para o crente em

sua vida cotidiana, pois os anjos são exemplos de louvor e exímios auxiliadores enviados por

Deus, que podem encorajar-nos em virtudes cristãs, como por exemplo: humildade, fé ou

confiança, responsabilidade, reverente temor e participação na história da salvação.

O correto estudo dos anjos faz parte da Teologia, tendo valor tangencial e implicações

para outros ensinamentos bíblicos. Por exemplo, nos fornece informações preciosas para

conhecermos melhor o nosso inimigo, bem como os recursos que estão à disposição dos crentes

para livrá-los das tentações e tribulações da vida. Devemos levar a sério a luta contra os poderes

do mal, como bem fizeram nosso Senhor Jesus Cristo, seus apóstolos e discípulos, servindo

estas situações como exemplos de vitória para serem aplicados por nós nos dias de hoje.

É certo que existe uma realidade espiritual, porém não são todas as pessoas que

percebem esta situação. Em algumas ocasiões nos deparamos com situações que algum mal nos

acontece e não conseguimos identificar as causas. Entretanto, na maioria das vezes, as

influências sofridas estão no intercâmbio existente entre o mundo terreno e espiritual. Uma

batalha espiritual está sendo travada!

Não podemos subestimar e nem superestimar os anjos e demônios. Devemos tratá-los a

luz da Palavra de Deus e quando buscarmos as respostas na Bíblia devemos também, temer

interpretar um texto fora do contexto, pois estaríamos corrompendo-os e nos colocando longe

da verdade.

Outro aspecto fundamental é que os Anjos bíblicos são verdadeiramente extraterrestres,

pois foram criados fora da Terra pelo Criador, mas deve ficar claro que não se comportam como

os extraterrestres divulgados pela mídia atualmente e nem objeto de estudos dos ufólogos e

estudiosos do assunto, embora não se descarte totalmente a hipótese de se tratarem de anjos

caídos.

Devemos ficar vigilantes, pois Satanás tem muitos meios de enganar a Humanidade.

Teria Satanás e seus demônios o interesse de aparecer como extraterrestre ou na forma de um

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OVNI? Sabe-se que o inimigo é hábil conhecedor da Palavra de Deus e é conhecedor de que se

aproxima o dia da volta de Jesus Cristo com suas miríades de anjos bons. Hipoteticamente, ele

poderia usar a ufologia como forma de ter mais pessoas sob o seu domínio quando este dia

glorioso chegar, pois enganaria a maioria dos homens com uma falsa vinda de Jesus. Não seria

espantoso ver nos noticiários de televisão com transmissões de programas mostrando invasões

de discos voadores nos céus? Quem duvidaria de um evento desta magnitude?

Todo cuidado é pouco, pois se esta teoria se confirmar no futuro, então várias passagens

da Bíblia poderiam oferecer informações sobre o Fenômeno OVNI.

Além do mais, esta teoria ganha força se olharmos para a casuística ufológica que possui

aspectos intrigantes, com efeitos físicos, psicológicos e espirituais danosos, ocasionado pelo

encontro direto com OVNIs e seus tripulantes. Em alguns casos apresentam até possessão,

falsos evangelhos e doutrinas desconhecidas e que vão de encontro à Bíblia.

A Bíblia revela que Satanás virá sobre o mundo, no final dos tempos, com “todo poder,

e sinais e prodígios da mentira” e que Deus permitirá “grandes sinais no céu” (2

Tessalonicenses 2:9-10 e Lucas 21:11).

Os tripulantes dos OVNIs quer sejam habitantes de outros sistemas solares, quer sejam

anjos ou demônios, se enquadram perfeitamente aos sinais que antecederiam a vinda do

Salvador. Porém, não podemos dogmatizar este assunto, pois somente Deus conhece todas as

coisas.

É oportuno dizer que todos os aspectos levantados neste trabalho são um alerta para a

igreja, para os crentes e os descrentes, para que se possa discernir entre o erro e a verdade e

assim nos livrarmos de toda heresia. Não é possível vencer as distorções existentes fugindo

delas! Os dirigentes das igrejas devem ter ciência da grande responsabilidade que têm em

repassar os corretos ensinamentos sobre o tema e devem valorizar mais a Angelologia nos seus

raros sermões sobre os anjos, fazendo isto dentro de um contexto bíblico sadio.

Finalizando, reitero a advertência de 2 Coríntios 11:14 para que fiquemos atentos às

falsas doutrinas, pois Satanás é especialista em distorcer as Escrituras Sagradas. Estarmos

vigilantes para impedir que tais heresias ingressem nos círculos de comunhão evangélica. Esta é

a ordem do dia! Amém!

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