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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA ROSIMAR ALVES DA COSTA A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA ESCOLAR NA ESCOLHA VOCACIONAL DO ESTUDANTE DO ENSINO MÉDIO TERESINA PI 2017

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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ – FAESPI

CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA

ROSIMAR ALVES DA COSTA

A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA ESCOLAR NA ESCOLHA VOCACIONAL DO ESTUDANTE DO ENSINO MÉDIO

TERESINA – PI

2017

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ROSIMAR ALVES DA COSTA

A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA ESCOLAR NA ESCOLHA VOCACIONAL DO ESTUDANTE DO ENSINO MÉDIO

Monografia apresentada à Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Psicologia. Orientador: Prof.º Me. Kelvis Rodrigues Sampaio da Cruz.

TERESINA – PI

2017

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ROSIMAR ALVES DA COSTA

A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA ESCOLAR NA ESCOLHA VOCACIONAL DO ESTUDANTE DO ENSINO MÉDIO

Monografia apresentada à Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Psicologia.

Aprovada em: ____/____/2017.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________ Prof.º Me. Kelvis Rodrigues Sampaio

Orientador

Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI

_________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Ruthe Raquel Soares Farias

1ª Examinadora

Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI

_________________________________________________________

Prof.ª Ma. Danielle de Freitas Fonseca 2ª Examinadora

Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente a Deus, que me deu forças e motivação para

concluir.

Agradeço a Marcelo Araújo, meu marido e companheiro de todas as horas, a

meu filho Marcelo Segundo, que me incentivaram e me deram força a cada

momento...

Às minhas irmãs e irmãos que apostaram em mim, e torceram a cada vitória.

Em fim, agradeço a todas as pessoas que fizeram parte dessa etapa

decisiva em minha vida.

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RESUMO

A presente pesquisa é fruto de estudos teóricos, assim com de discussões e práticas desenvolvidas no curso de Psicologia, tendo como objetivo geral avaliar impactos psicológicos, emocionais, na escolha vocacional dos estudantes do ensino médio, e como objetivos específicos: analisar o perfil emocional dos estudantes do ensino médio diante do contexto da escolha vocacional; descrever as práticas do psicólogo escolar na intervenção da escolha vocacional dos alunos do ensino médio; e descrever aspectos do contexto familiar que influenciam na escolha vocacional dos alunos do ensino médio. A metodologia pautou-se em revisão sistemática, de cunho exploratório, cuja proposta é facilitar a identificação das práticas do psicólogo escolar na intervenção da escolha vocacional dos alunos do Ensino Médio através de livros, artigos, revistas impressas e on-line, sites e periódicos, selecionados os seguintes descritores: orientação vocacional, psicologia escolar e vocacional, intervenções psicológicas, escolha profissional. O levantamento bibliográfico foi realizado no período de fevereiro a novembro de 2017. Como resultados evidenciou-se que algumas questões devem ser consideradas e analisadas nesse cenário com a finalidade de alcançar com êxito a orientação vocacional, dentre estes os alunos devem receber orientações das funções que exerce o profissional que almeja ser, assim como postura ética e se realmente é o que o aluno tem apreciação em fazer, buscando o autoconhecimento e questões da escolha em si. O momento da escolha profissional é de suma importância na vida dos adolescentes, pois a sua escolha profissional refletira em diversos aspectos como social, psicológico, familiar e sua subjetividade como sujeito. Palavras-chave: Psicologia escolar e vocacional. Intervenções psicológicas.

Escolha profissional.

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ABSTRACT

The present research is the result of theoretical studies, as well as of discussions and practices developed in the Psychology course, with the general objective of evaluating the psychological, emotional, vocational choice of high school students, and specific objectives: analyze the emotional profile of high school students in the context of vocational choice; to describe the practices of the school psychologist in the intervention of the vocational choice of the high school students; and to describe aspects of the family context that influence the vocational choice of high school students. The methodology was based on a systematic review, of an exploratory nature, whose proposal is to facilitate the identification of the practices of the school psychologist in the intervention of the vocational choice of high school students through books, articles, printed and online magazines, websites and periodicals, selected the following descriptors: vocational guidance, school and vocational psychology, psychological interventions, professional choice. The bibliographic survey was carried out from February to November 2017. As results it was evidenced that some questions must be considered and analyzed in this scenario in order to successfully achieve the vocational orientation, among these students should receive guidance on the functions that the professional that he aspires to exercise, as well as ethical posture is what the student has appreciation in doing, seeking self-knowledge and questions of choice itself. The moment of the professional choice is of paramount importance in the life of the adolescents, because their professional choice reflected in diverse aspects like social, psychological, familiar and their subjectivity like subject. Keywords: School and vocational psychology. Psychological interventions. Choose professional.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ……………………………………………………………….. 7

2 REFERENCIAL TEÓRICO ………………………………………………….. 9

2.1 O QUE É ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL .............................................. 9 2.1.1 A orientação profissional e seus objetivos ......................................... 10 2.1.2 A psicologia e a orientação profissional ............................................. 11 2.1.2.1 Modalidade estatística ……………………………………………………….. 11 2.1.2.2 Modalidade clínica ……………………………………………………………. 11 2.2 O ADOLESCENTE NO PROCESSO DA ESCOLHA PROFISSIONAL ... 12 2.3 ASPECTOS EMOCIONAIS DOS ESTUDANTES DIANTE A ESCOLHA

PROFISSIONAL .......................................................................................

18 2.4 PRÁTICAS DO PSICÓLOGO NA INTERVENÇÃO DA ESCOLHA DA

PROFISSÃO ............................................................................................

21 2.5 A FAMÍLIA E A INFLUÊNCIA NA ESCOLHA PROFISSIONAL ............... 25

3 METODOLOGIA ……………………………………………………………… 28

3.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ............................................ 28 3.2 BASES DE DADOS ………………………………………………………….. 28 3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DOS DADOS ..................................... 28

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ……………………………………………. 30

4.1 ORIENTAÇÃO VOCACIONAL ……………………………………………… 34 4.2 A CONTRIBUIÇÃO DOS ASPECTOS EMOCIONAIS NA ESCOLHA

PROFESSIONAL ..................................................................................... 35

4.3 A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA ORIENTAÇÃO VOCACIONAL ........ 36

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 38

REFERÊNCIAS ....................................................................................... 40

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1 INTRODUÇÃO

Esse trabalho tem como objeto de estudo as dificuldades de escolha

profissional para os alunos do Ensino Médio, objetivando analisar as dificuldades,

detectar as causas e fatores emocionais que contribuem para a mesma, e a

contribuição da Psicologia escolar na mediação da escolha.

Essa pesquisa surgiu com a intenção de uma reflexão sobre a dificuldade

dos adolescentes em relação à escolha da profissão, sendo analisados os vários

fatores envolvidos nessa importante decisão, o papel que a família exerce

influenciando os adolescentes como o apoio ou a fragilizando os aspectos

emocionais, pois é uma fase em que os adolescentes passam por transições de

angustias e conflitos versus expectativas e motivações.

A importância dessa pesquisa deve-se aos impactos psicológicos,

emocionais na escolha vocacional dos estudantes do Ensino Médio, discutindo as

práticas do psicólogo escolar na intervenção da escolha vocacional, e aspectos do

contexto familiar que influenciam na escolha vocacional desses alunos.

Existem muitos elementos que podem influenciar na escolha profissional de

um adolescente, entre eles a aptidão por determinada profissão, sua historia de vida

pessoal, suas habilidades fundamentais para a execução do trabalho, a perspectiva

pela remuneração financeira elevada, as referencias de trabalho de pessoas

próximas, e o ingresso nas universidades pela disputa com outros concorrentes.

A metodologia pautou-se em revisão sistemática, de cunho exploratório, cuja

proposta é facilitar a identificação das práticas do psicólogo escolar na intervenção

da escolha vocacional dos alunos do Ensino Médio através de livros, artigos, revistas

impressas e on-line, sites e periódicos, selecionados os seguintes descritores:

orientação vocacional, psicologia escolar e vocacional, intervenções psicológicas,

escolha profissional. O levantamento bibliográfico foi realizado no período de

fevereiro a novembro de 2017.

O desenvolvimento desse trabalho se dará em sessões no qual abordara as

seguintes questões: primeiro o que é orientação vocacional, descrevendo a

diferença entre orientação vocacional e orientação profissional. A segunda sessão

apresenta o adolescente no processo da escolha profissional.

Na terceira retrata os aspectos emocionais dos estudantes diante a escolha

profissional, apresentando seus dilemas e conflitos mediante essa escolha. Na

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quarta tem como objetivo demonstrar as práticas do Psicólogo na intervenção da

escolha da profissão, como é feita a atuação desse profissional para uma orientação

vocacional nos alunos de Ensino Médio. A quinta retrata a família e a influência na

escolha profissional.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 O QUE É ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

A expressão Orientação Profissional deve se atribuir a trabalhos que

determina a ter conhecimentos sobre as profissões, mercado de trabalho, no qual se

refere a aplicações de técnicas, sem dá relevância a quesitos intrapsíquicos.

(LEVENFUS, 2002).

Segundo a mesma autora há uma diferença entre Orientação Profissional e

Orientação Vocacional, conceitua a Orientação Vocacional como um processo em

que procura contribuir e orientar com foco nas próprias características pessoais do

sujeito, sociais e familiares, criando oportunidades para descobrir semelhanças

destas características como aquilo que será capaz de ter como propósito de

profissão na vida.

Já a Orientação Profissional remete aos jovens a uma reflexão e assim,

promove debates a cerca das influencias que são prejudiciais, por não lhe permitir a

escolha ou trazerem um nível de angustia insuportável por dificuldade na decisão da

profissional. (SOARES, 1987).

De acordo com o parecer citado acima cabe uma analise de que a

realização da Orientação Profissional é um assunto que é feito a partir de debates

em grupos, que tem como objetivo auxiliar os jovens em diversas questões, como

exemplo: perante a obrigação da escolha, os jovens do agrupamento podem se

identificar com as capacidades, a ideias e as experiências que são apresentadas

pelos componentes.

A Orientação Vocacional não pode ser comparada com um estudo

psicológico em que obrigatoriamente saem resultados. Mas, sim de um processo,

um desenvolvimento diante o qual os jovens têm a possibilidade de analisar sobre

sua problemática de forma que busque meios para uma superação (MULLER, 1988).

Atualmente vem se percebendo que a busca por uma Orientação Vocacional

tem aumentado muito, e com isso o valor do trabalho do orientador profissional se

torna inquestionável para a sociedade, observando que a prática desse trabalho

necessariamente deve ser examinada por outros profissionais comprometidos. A

orientação profissional pode ser realizada tanto em grupo quanto individual.

(LUCCHIARI, 1997).

Esse autor ao se remeter a praticas de grupo considera que:

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É importante para o individuo, sentir-se igual aos outros, há possibilidades de compartilhar sentimentos de dúvidas em relação à escolha e ao futuro, cada participante do grupo é um facilitador, pois auxiliam a entender o outro e o conhecimento que cada busca de si mesmo (LUCCHIARI, 1997, p. 13-14).

Já Torres (2002), acha mais eficaz os atendimentos individuais na prática

clinica, sendo assim, a orientação vocacional ajuda o sujeito na clareza na

sociedade em que vive, e com isso arquitetar seu projeto de vida.

O processo de Orientação Vocacional possui um ponto importante quando

leva a reflexão do sujeito sobre si mesmo, e assim, tendo um viés para a escolha

profissional, possibilitando que desenvolvas suas habilidades e capacitações

(ANDRADE, 1997).

2.1.1 A orientação profissional e seus objetivos

Facilitar a escolha da profissão é o objetivo primordial da Orientação

Profissional, e com isso tendo o auxilio adequado para refletir suas potencialidades e

dificuldades para que possa ser assertivo na sua escolha (LUCCHIARI, 1997).

De acordo com esse autor:

Ela tem por objetivo facilitar o momento da escolha ao jovem, auxiliando-o a compreender sua situação especifica de vida, na qual estão incluídos aspectos pessoais, familiares e sociais. É a partir dessa compreensão que ele terá mais condição de definir qual a melhor escolha a possível no seu projeto de vida. (LUCCHIARI, 1997, p. 12).

Ainda concordando com a mesma autora, a habilitação do orientador se faz

imprescindível, pois nesse processo as dificuldades devem ser trabalhadas

auxiliando o sujeito a identificar seus pontos fracos e fortes, e com isso facilitar sua

escolha profissional.

E para trabalhar essas escolhas devem seguir os seguintes aspectos:

1. Conhecimento de Si: está relacionado à identidade do jovem em quem ele

foi, quem ele é e quem ele será, o projeto que ele espera para o futuro em

sua vida profissional, suas expectativas em relação à família e pessoais,

quais são seus principais valores e interesses.

2. Conhecimento das Profissões: estão relacionados às profissões, quais

são, o que fazem e como fazem, o mercado de trabalho dentro do sistema

político-econômico, quais as possibilidades de atuação, visitas aos locais

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de trabalho e cursos de universidades, informações sobre currículos e

entrevista com profissionais.

3. Escolha propriamente dita: que refere à decisão pessoal, deixar de lado o

que não é escolhido, viabilizar a escolha (LUCCHIRI, 1997, p.13).

2.1.2 A psicologia e a orientação profissional

Existe um trabalho em parceria entre a Psicologia e a Orientação

Profissional, portanto o sujeito necessita de um desenvolvimento de mudanças e

escolhas em um estabelecido tempo de sua vida, e a escolha da profissão faz parte

desse período de mudança na vida de cada sujeito.

Nesse contexto a figura do psicólogo se faz importante em contribuir com a

produção da Orientação Profissional ao adolescente e enfrentar seus medos e

angustias, promovendo a decisão da duvida, Assim há duas modalidades diferente

que compõe nesse contexto (BOHOSLAVSKY, 1987).

2.1.2.1 Modalidade estatística

Os psicólogos que atuam nessa modalidade trabalham de forma do

despertar que o cliente traz, diante das oportunidades que já existem, e que se

regulam conforme as inclinações do futuro profissional. Esta modalidade tem

recebido apoio de autores fatorialistas e é influenciada por programas de

psicometria, suas descrições quantitativas estão obtendo uma proporção cada vez

mais rigorosas e um dos fatores fundamentais são os testes, que objetiva conhecer

as aptidões dos candidatos.

2.1.2.2 Modalidade clínica

Nesta modalidade os jovens são auxiliados a enfrentar e compreender a

situação no processo de escolha para chegar a uma decisão responsável. Assim, os

psicólogos que atuam nessa modalidade, tem como ferramenta principal a

entrevista, pois se considera que se a adaptação à situação de aprendizagem não

for boa, a decisão também não será. (BOHOSLAVSKY, 1987).

Portanto, conforme a descrição do autor pode-se constatar que tanto na

modalidade estatística quanto na modalidade clínica, o psicólogo exerce uma função

de fundamental importância no que diz respeito à facilitação da escolha do jovem,

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com técnicas, testes, escutas qualificadas, entrevistas e reflexões, esse profissional

pode auxiliar o indivíduo no processo da escolha profissional. (BOHOSLAVSKY,

1987).

2.2 O ADOLESCENTE NO PROCESSO DA ESCOLHA PROFISSIONAL

A escolha profissional é uma questão preocupante na vida de um

adolescente, no qual interfere sua família, a escola e amigos. A escolha profissional

é um estágio de muita relevância da vida do sujeito, até porque acarretara uma

dúvida para o futuro, e que na maioria das vezes traz um dilema de indecisões e

com isso a insegurança e a angustia se tornam presentes.

A demanda da escolha profissional é uma questão que aflige tanto o

adolescente quanto seu convívio social, como a família, a escola ou os amigos. Um

momento muito relevante da vida do indivíduo é a escolha profissional, pois parece

provoca questionamentos de duvidas a cerca do futuro e, com isso traz a

inseguranças e angustia não antes sofrida. A Psicologia acredita que o sentido da

vida profissional é um dever que nossa cultura indica ao adolescente, o que traz

inferências relevantes na sua subjetividade na proporção em que condiz com

elementos a níveis de estrutura familiares, pessoais, culturais, econômicos, entre

outros, e que na maioria desses adolescentes não estão preparados para a escolha,

assim, defrontam desafios a este dever da profissional que é muito significativo

nesse estágio da vida. (CALLIGARIS, 2000).

Um dos impasses da adolescência na nossa geração é a transformação da

fase infantil para a fase adulta. Por mais que o indivíduo não queira é hora de

crescer, e com isso acontece as renuncias de proteção e amor incondicional dada

pelos cuidadores. Portanto chega o momento dessa fase de desenvolvimento da

vida que já não é mais a criança amada e nem um adulto de fato. Entende-se que

nessa fase da vida o adolescente passa por conflitos, fragilidade de autoestima e

depressão. Entretanto, em nessa fase da vida, que o adolescente passa por conflito

em que praticamente “não é”. Pois, ele não é tão novo para ter comportamentos de

criança, nem tão velho para ter procedimentos de adulto. Assim, a adolescência é,

especialmente, um estágio de contradições e angústias, pois o individuo não sabe

verdadeiramente qual o sua função na sociedade.

[...] depois de certa idade (e esta idade varia de acordo com a cultura),

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teremos de trabalhar para sobreviver, e ninguém neste mundo gostaria de passar o resto de sua vida dedicando energias a alguma tarefa que lhe desagrada (BOCK, 2004, p. 309).

Portanto, nessa circunstância da vida espera-se o adolescente sofra muita

intimidação pela família, dos amigos e da sociedade em geral, no que se remete à

decisão da escolha profissional que terá que fazer, pois essa decisão terá

implicações importantes no percurso de sua vida. A insegurança é um sentimento

presente nessa fase, pois o adolescente terá que decidir uma oportunidade, em

prejuízo de outras. Portanto, evidencia-se a carência do entendimento dos pais a

cerca da escolha profissional de seus filhos. (LEVENFUS, 2002).

Essa compreensão muda à qualidade da participação dos pais, favorecendo o diálogo e a disponibilidade para compartilhar das reflexões, mesmo que as escolhas sigam em direção contrária ao seu desejo (LEVENFUS, 2002, p.91).

Antigamente não existia a ideia que se tem hoje, de que a escolha

profissional pode ser feita em concordância com as habilidades e interesses do

sujeito. Antigamente, eram seus ancestrais que determinava o oficio da pessoa.

Assim, as crianças já sabiam qual função iria desempenhar quando crescer, pois

seria a mesma de seu pai. Assim, não se colocava a questão “qual a profissão

escolher?”, pois já se sabia.

Dispondo de uma visão psicanalítica e com a compreensão da influencia da

sociedade nas manifestações da adolescência. A sociedade recusa em aceitar que

os adolescentes já possam ter responsabilidades em suas ações, a adolescência é

um evento, onde ainda se fazem necessários ficar sobre os cuidados dos pais o

indivíduo se encontrar pronto para o amor, para o sexo, e para o trabalho.

(CALLIGARIS, 2000).

Tentando ser reconhecido pelos adultos, os adolescentes utilizam-se das

transgressões. Talvez a transgressão seja talvez a maneira de identificada para

contrapor as perspectivas que a sociedade aposta nos adolescentes. Ser

problemático é o que o adolescente ouve que é indeciso, que é inconstante, é ser o

"aborrecente", aquele que ninguém tem paciência, que não tem paciência para ouvir,

mas que sabe cobrar e exigir. Na verdade o adolescente tenta, a todo custo, saber o

que querem dele. Assim, sente-se conturbado: com um corpo que parece não

combinar com a cabeça, cobranças constantes, com um permanente mal-estar. É a

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fase em que se é repreendido para agir como criança e que não se é adulto para

fazer certas coisas. Através da sua inserção na sociedade adulta é que se constitui

sua identidade, através de modificações internas e reformulações.

[…] A adolescência foi criada pelo homem. Fatos sociais vão surgindo nas relações sociais e na vida material dos homens; vai se destacando como um fenômeno social e vai apresentando suas repercussões psicológicas; vai sendo construído um significado social para esses fatos que vão acontecendo e, em um processo histórico, vai surgindo na sociedade moderna, ocidental, a adolescência. (BOCK, 2004. p.10).

Estabelecida pelos fatores psicológicos e sociais a adolescência é um

estágio do desenvolvimento humano em que é estudado, conceituado, registrado em

teorias que representam suas características, em que terminam se tornando regras

de procedências aguardadas pela sociedade e familiares. Existem características

que são determinadas e notáveis pela sociedade refletindo significações, isto é,

concepções da realidade no qual o adolescente vai se formado. Os modelos de

adolescência vão surgindo através dos meios de comunicação, da literatura, das

relações sociais, das teorias psicológicas, em que os mesmos se sujeitam a

reproduzirem. As significações sociais fazem parte de uma construção para sua

identidade transformando os elementos e modelos sociais em individuais.

Deparados com os medos de errar, se torna a difícil dificuldade da escolha

de ser infeliz e ter que mudar. Referem-se também às pressões que contribuem para

a dificuldade de tomar uma decisão de mudança frente à escolha que já estava

estabelecida.

No mundo de hoje, compreende as diversas possibilidades de uma escolha

profissional, assim como de mudar de profissão no percurso da vida, caso perceba

que a escolha feita anteriormente, não o satisfaz, e com isso os adolescentes se

sentem inseguros.

Sempre ligadas às preocupações de ordem social e educacional a

orientação profissional, no inicio dessa década a problemática dessa orientação se

faz com o bom ajustamento entre as características do trabalho e as características

pessoais numa sociedade que predomina as expectativas. (LEVENFUS, 2010).

Assim, percebe-se que a orientação profissional passou por quatro estágios

teórico-práticos:

1) Informativo: oferecia informações a respeito das profissões, suas

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perspectivas e exigências referentes ao mercado de trabalho, a forma

como exercer cada ofício, em que consistia o fazer de cada profissão

escolhida pelo adolescente;

2) Psicométrico: não atribuía tanta importância à realidade e à

diversificação do mercado, mas valorizava as características pessoais

para o sucesso em determinado campo profissional. O orientador, a

partir da análise das funções exigidas em cada tipo de trabalho, avaliava

inteligência, aptidões motoras e sensoriais, personalidade, além de

definir qual a profissão mais adequada para o indivíduo;

3) Clínico: enfatizava o papel ativo do indivíduo, atribuindo-lhe potencial e

recursos para a auto compreensão e auto direção. O papel do orientador

era facilitar o reconhecimento e o desenvolvimento do processo;

4) Político e Social: incluía como fator relevante o contexto sociopolítico do

processo de escolha profissional, para o qual convergiam complexas

configurações sociais passadas, presentes e futuras. (LEVENFUS, 2010,

p. 56).

De acordo com o mesmo autor acima citado, a partir dos anos de 1990,

diferente do desenvolvimento profissional em etapas sequenciais previsíveis e

lineares, se transformaram em efeito em escala, o que resultou no esvaziamento do

espaço vital e de subjetivação do sujeito no meio de trabalho. O campo da

orientação profissional passa agora por um novo estágio: como a dinâmica do

mundo do trabalho é cada vez menos previsível, estabelece-se um cenário de

transição o qual exige das pessoas adaptabilidade e multifuncionalidade e coloca a

realização do projeto profissional em um contexto complexo e mutante.

Anteriormente, a Orientação Profissional equiparava com um conjunto de práticas

que tinha como possibilidade o ingresso no mercado de trabalho, o que se esperava

seria a transição da escola para o campo profissional; no entanto, agora, evidencia-

se a juntura e a estruturação de projetos, no sentido da sobrevivência. Ou melhor, o

orientador deve auxiliar no sentido do sujeito refletir e conseguir analisar a escolha

de um ofício que goste e tenha prazer em fazer com a questão também da

sobrevivência. (LEVENFUS et al., 2010).

Buscando proporcionar ao orientando uma percepção dos vários fatores

implicados no método da escolha da profissão a orientação profissional desempenha

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bem essa função, oferecendo ao orientando uma busca pela identidade ocupacional

e isso envolve; ideal de ego, imagem de si, esquema corporal. A orientação tem

como foco ampliar a compreensão de si, como se fosse um meio de autodescoberta

e de ajudar na percepção dos fatores comprometidos com a mesma. Aprender a

fazer escolhas é o objetivo da orientação profissional. (BOHOSLAVSKY, 1987).

Uma grande contribuição nesse processo são as relações familiares

instáveis que contribuem para aumentar a insegurança dos jovens. Existem outros

fatores também como, por exemplo, o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) é

sem dúvida um estágio significativo na vida do adolescente, funcionando muitas

vezes, como uma regra de acesso para a vida adulta e assim, proporcionando um

aflito encontro com o real. Compreende que no decorrer da escolha profissional é

preciso que seja considerado que quem decide não está decidindo apenas uma

carreira, está escolhendo o que será no futuro. As inclinações ocorrem por

intermédio de experiências de vida, e impulsionam o gosto do adolescente para

certas atividades, mais do que outras. O ambiente físico e social possui papel

importante neste sentido.

Quando o adolescente destaca sua escolha, ele está estabelecendo quem

deixa de ser, está ajustando deixar de ser adolescente, deixar de ser outro

profissional, está optando por deixar outros objetos. “Abrindo mão” de objetos e

formas de ser. Portanto, a decisão por uma escolha profissional prevê sempre a

concepção de lutos. Nesse contexto, o trabalho de orientação profissional ganha

destaque e cada vez mais se mostra preciso, apresentando-se como um relevante

instrumento de auxilio na decisão da escolha profissional. (FIGUEIREDO, 2003).

A orientação profissional é hoje um campo que transcende e muito as teorias e as técnicas de cada orientador, pois nela convergem todos os conflitos de ordem social, institucional e psicológica que marcam a realidade dos jovens e dos trabalhadores neste momento histórico (LEVENFUS, 2010, p. 29).

Sobre a Orientação Profissional, as mudanças do mercado de trabalho

devem ser consideradas, dessa forma os jovens precisam ter conhecimento sobre a

realidade que intervêm no mercado de trabalho atualmente. Portanto, se faz

necessário conhecer o mercado trabalho atual, para poder tomar uma decisão que

seja a melhor possível, além de outros elementos determinantes.

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Constata-se, que a educação é de suma importância nesse âmbito, e é

apresentada como a “porta” para a formação desses novos profissionais para o

desenvolvimento econômico e para a inserção no mercado de trabalho. Ocupando

um novo lugar na vida dos alunos que anteriormente era ocupado pelos familiares a

educação. Desta maneira, constata-se a importância da escola no manejo de

orientação profissional e como resultado, a necessidade de melhoria do nível de

formação de mão de obra e o desejo de promoção social, impulsionando nas

famílias pelo desenvolvimento econômico. (FIGUEIREDO, 2003).

Com tudo, pela busca da escolarização das aprendizagens profissionais,

perceberam-se uma remissão da influencia familiar para o campo da vida privada e

em um aumento do peso da escola em tudo o que diz respeito à educação para a

vida pública e à aprendizagem da vida em sociedade. Assim, ficam notórios que a

escola é a responsável á dar conta da transição escola/trabalho, ocupando espaço

na mudança de ciclos formativos, principalmente Ensino Médio e Universidade,

focando o vestibular e os demais processos seletivos.

No âmbito escolar, o processo de orientação profissional visa dá como

ferramenta a escolha e a construção da identidade profissional pela via do

autoconhecimento e da combinação entre o conhecimento dos aspectos envolvidos

no mundo do trabalho e o meio subjetivo de cada adolescente. Parte-se do princípio

que nossa vida é formada por escolhas e que uma das mais importantes e difíceis é

a escolha profissional, e a orientação profissional atuam como facilitadora para tal.

Não quer dizer que ao concluir a orientação vocacional, o psicólogo dirá qual

profissão o indivíduo seguirá, e sim, dará embasamentos para a decisão através de

suas habilidades, preferencias e identificações. (FIGUEIREDO, 2003).

Escolher não é tarefa fácil. Mesmo aparentando ser um processo fácil e

simples, não o é. Escolher representa optar de um conjunto de outras possibilidades

que não foram acolhidas.

Escolher requer uma formulação na concepção de um luto. Ao escolher uma

profissão optamos por seguir em determinada direção, deixamos de lado todas as

outras opções que poderiam se abrir diante de nós. É um ganho que sempre envolve

perdas. Isto é inevitável. Não é à toa que realizar escolha seja fonte de conflitos em

maior ou menor intensidade. Desta forma, é importante ressaltar que cada vez mais

este momento de decisão se torna complexo, e a insegurança dos jovens quanto ao

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futuro profissional se acentua à medida que muitas profissões surgem e outras se

tornam ultrapassadas em pouco tempo.

Na atual contexto, a sociedade exige profissionais que possuam

conhecimento aprofundado em ramos não existentes outrora. Assim, oferece mais

viabilidades em novas especialidades, como também pode promover uma mão de

obra desqualificada. Esse nova esfera traz profundas transformações na vida das

pessoas, das empresas e do mercado de trabalho, novas aptidões se tornam

imprescindível, como trabalho em equipe, a criatividade, e competência.

2.3 ASPECTOS EMOCIONAIS DOS ESTUDANTES DIANTE A ESCOLHA

PROFISSIONAL

O estágio da adolescência é manifestado por um dos essenciais conflitos na

nossa cultura, que é, apresentada uma ruptura, ou seja, é o inicio de uma evolução

constante. Pois, mesmo sem querer chegou a hora de crescer, e com isso será

necessário privar-se a segurança de permanentes cuidados de outrora.

(CALLIGARIS, 2000).

A indecisão da escolha profissional aflige por sua vez o adolescente quanto

seu grupo social, seja a família, a escola ou os amigos. A escolha profissional é uma

ocasião relevante da vida do indivíduo, parecendo provocar uma dúvida em relação

ao futuro e, enumeras vezes, depende de uma decisão que acaba por causar

angústia e insegurança. (FIGUEIREDO, 2003).

A Psicologia entende que o direcionamento da profissão é indicado pela

sociedade como uma tarefa de decisão do adolescente, o que tem consequências

significativas na sua abstração no qual se associam elementos de ordem pessoal,

familiares, culturais, econômicos, entre outros, considerando que esse momento

requer uma decisão, uma resolução em que muitos adolescentes se deparam com o

despreparo, então tentam superar os obstáculos diante o difícil dever que é a

decisão por uma escolha profissional na circunstância em que se encontram.

(FIGUEIREDO, 2003).

Nessa fase o adolescente passa por confrontos, fraquezas de autoestima e

depressão. O adolescente se confronta com uma situação da vida em que ele não é

mais tão novo para praticar certas ações de criança e ainda não é uma pessoa tão

velha para tomar certas atitudes de adulto. Assim, a adolescência é essa

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transformação em que o individuo fica sem saber qual seu papel na sociedade,

trazendo angústia e depressões. (CALLIGARIS, 2000).

A este respeito, Bock (1995), evidencia que “[...] quando chegam certa

idade, e que dependendo da geração, o jovem tem que trabalhar para seu sustento,

e como isso busca algum oficio que lhe traga prazer, pois ninguém gostaria de

passar maior parte do seu tempo executando um trabalho que lhe desagrade". Desta

maneira, já se espera que nessa circunstância da vida, o adolescente passe por

pressões voltadas da família, dos amigos e da sociedade em geral, no que se

reportasse a decisão profissional, então, percebe-se que o resultado de sua escolha

acarretará consequências significativas no transcorrer de sua vida. O adolescente

diante da oportunidade que lhe é dada sente-se indeciso diante da necessidade de

ter que decidir em dano de outras. Quanto a isso, surge a necessidade da

compreensão dos pais em relação à decisão de seus filhos por uma escolha.

Essa compreensão muda a qualidade da participação dos pais, favorecendo o diálogo e a disponibilidade para compartilhar das reflexões, mesmo que as escolhas sigam em direção contrária ao seu desejo. (LEVENFUS et al., 2010, p.91)

A concepção que se tem hoje em dia, de que a escolha profissional pode ser

escolhida conforme suas capacidades e preferencias nas quais nunca antes

percebidas pelo individuo. Antigamente os jovens eram influenciados pelos seus

antepassados que direcionavam seu ofício. Assim, os jovens já cresciam

determinados a exercer a profissão que lhes eram impostas, a função que seu pai

exercia seria a mesma que o futuro o aguardava. (FIGUEIREDO, 2003).

Após o capitalismo, as pessoas passam a ter mais autonomia em suas

escolhas, pois, para se sustentarem passam a fornecer suas habilidades como força

de trabalho. Assim, poderão considerar as influencias de seus genitores, mas cabe a

ele tomar a decisão para sua profissão futura. (AVILA, 2005).

A adolescência é um fenômeno contemporâneo, onde se instala uma "moratória" a fim de prolongar esse período da vida, onde apesar de se encontrar pronto para o amor, para o sexo, e para o trabalho, ainda precisam ficar sob a tutela dos adultos. Na verdade, o adolescente acaba tendo um papel muito pouco definido e tenta, a todo custo, saber o que querem dele (CALLIGARIS, 2000, p. 32).

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O adolescente quando começa a perceber as diversas transformações

implicadas em seu corpo, mudanças essas, nas quais ele não pode ter controle, que

modificam seu comportamento, atitude e pensamentos, a partir de então surge o

medo da perda do estado de criança, e a proteção e segurança que o sempre o

cercou na infância. Diante de tal cenário aparece o desejo pela liberdade e de

emancipação que o levam a atitudes comportamentos contraditórios, em alguns

momentos apresenta se como adulto, em outros como criança. Outro contratempo é

a dificuldade dos pais em lidarem essa transição de criança para adolescência. Em

alguns casos seus pais modificam seu relacionamento com seus filhos, começam a

cobrar por responsabilidades que nunca foram orientados, e ainda a caos que não

reconhecem que seus filhos cresceram e que devem ser tratado com respeito

quanto as suas opiniões e desejos. (FIGUEIREDO, 2003).

Calligaris (2000) verificou sobre a ideia das perdas do adolescente que:

[...] Entre a criança que se foi e o adulto que ainda não chega, o espelho do adolescente é frequentemente vazio. Podemos entender então como essa época da vida possa ser campeã em fragilidade de autoestima, depressão e tentativas de suicídio. (CALLIGARIS, 2000, p. 25).

Na tentativa de buscar reconhecimento dos adultos, os adolescentes

utilizam-se das transgressões.

Transgredir deve ser a maneira em que os jovens encontram para ir de

contrapartida com as perspectivas em que a família e a sociedades estão

depositando nele. Às vezes ouvem que ser adolescente é um problema, é ser

instável, inseguro, e que as pessoas mais velhas não tem paciência, que preferem

não ouvir os adultos e que são exigentes. (AVILA, 2005).

Na verdade, o adolescente tenta, a todo custo, saber o que querem dele. Sendo assim, sente-se conturbado: com cobranças constantes, com um permanente mal-estar, um corpo que parece não combinar com a cabeça. É a fase em que não se é adulto para fazer certas coisas, mas se é repreendido por agir como uma criança. A constituição da identidade do jovem ocorre com sua inserção no mundo social dos adultos, através de modificações internas e reformulações. (AVILA, 2005, p.2).

A adolescência é compreendia como uma estruturação social, não somente

uma fase da evolução natural da espécie em que se passa de transição entre a fase

de criança para a fase adulta. Aponta que agregado às peculiaridades do

desenvolver do corpo físico acrescenta a relevância das representações sociais

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(BOCK, 2004).

Entre os medos que são apresentados pelo conflituoso dilema da indecisão

mediante a escolha profissional, é mais significativo o medo de errar, de precisar

mudar diante de escolhas erradas e de ser infeliz. Outro ponto que contribui na difícil

escolha são as pressões sofridas pelos pais e familiares que influenciam na tomada

de decisão. (AVILA, 2005).

Para Levenfus et al., (2010) existe uma disposição do adolescente a planejar

a profissão que deseja executar. Idealizam uma carreira profissional perfeita, ideal,

que replicará uma resposta positiva em seus anseios e que poderá arquitetar seus

sonhos.

Habituam a relatar seus sentimentos como se se cada profissão fosse

satisfeita para uma cada pessoa, e sentem medo em não encontrar a sua que se

identificam. Assim, demonstram pavor diante das possibilidades de fazerem uma

escolha errada.

2.4 PRÁTICAS DO PSICÓLOGO NA INTERVENÇÃO DA ESCOLHA DA

PROFISSÃO

A evolução de uma atividade de Orientação Profissional implica no estudo e

na avaliação de significativas questões presentes no contexto da escolha

profissional. Desde o envolvimento dos fatores implicados no procedimento de

estudo de uma determinada escolha, da conexão do indivíduo com o seu desejo e

conforme é dada as pressões oferecidas pela sociedade e com as possibilidades de

carreira que existem, dos aspectos do publico que procura tal serviço, até a

metodologia utilizada na intervenção em Orientação Profissional bem como as

possíveis formas de inserção deste trabalho nas escolas, abrem-se importantes

frentes de pesquisa em Psicologia. (MULLER, 1988).

As possibilidades de ação psicológica, no contexto da problemática da escolha da profissão, têm se revelado bastante abrangentes. Especificamente pensando no âmbito do trabalho de Orientação Profissional, a ser desenvolvido tanto na escola quanto na clínica, inúmeras são as oportunidades de intervenção que vão desde a facilitação do exercício de autoconhecimento até o desempenho, por parte do psicólogo, da função de agente informativo, pela via do levantamento e da organização de dados relativos às ocupações, às carreiras existentes, ao mercado de trabalho, como também, da criação de material informativo. (VALORE, 2008, p.70).

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Constatando que por meio do trabalho de Orientação em grupo, na

modalidade clínica, o psicólogo poderá contribuir para a obtenção de uma série de

objetivos, dentre os quais se destacam: a) proporcionar a aprendizagem da escolha

de uma profissão, visando à generalização desta aprendizagem para outras

situações de crise; b) oferecer uma intervenção de cunho preventivo em um período

crítico de mudança; c) proporcionar momentos de reflexão, objetivando o

desempenho do autoconhecimento relacionado, especialmente, aos fatores

determinantes da escolha; d) criar condições para a superação de dificuldades e de

conflitos decorrentes da escolha. (VALORE, 2008).

Ainda corroborando com o mesmo autor, ainda se destaca os seguintes

objetivos: e) contribuir para a realização de uma escolha profissional autônoma,

consciente e, sobretudo, de acordo ao desejo do sujeito; f) fornecer conhecimento, e

encorajar a busca de informações, a respeito da realidade do mundo do trabalho,

das profissões e do Ensino Superior; g) incentivar a elaboração de projetos de vida

em que a escolha profissional venha a ter melhores chances de ser viabilizada; h)

oferecer suporte emocional ao processo de formação da identidade profissional; i)

instigar a instituição escolar a desempenhar, de forma mais eficiente, seu papel

frente à aprendizagem da escolha de uma profissão e frente à construção da

identidade profissional. (VALORE, 2008).

A Psicologia tem uma grande oferta a propiciar aos alunos um serviço de

Orientação Profissional nas escolas, tendo como objetivo auxiliar a escola a tornar-

se um lugar privilegiado para o exercício da escolha profissional. Além, de vislumbrar

a amplitude da ação psicológica em um campo de orientação profissional que

associa em sua multiplicidade aspectos referente à saúde mental, à educação e ao

trabalho resgatando e integrando os três grandes campos tradicionais de atuação do

psicólogo: A Clínica, A Escola e o Organizacional. (VALORE, 2008).

Algumas questões vêm trazendo preocupações sobre o conflito da escolha

profissional e dos recursos metodológicos de intervenções. Qual o papel da escola

fundamental e do ensino médio na aprendizagem de uma escolha profissional. De

que forma ela vem articulando a educação ao mundo do trabalho. Qual a

instrumentalização que as instituições formadoras têm fornecido para a construção

de uma identidade profissional. Que interesse as instituições do mundo do trabalho

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tem demonstrado por esta questão. Será este um problema de ordem meramente

individual – daquele que escolhe – não havendo aí nenhuma responsabilidade

coletiva. (CARVALHO, 1995).

De acordo com Valore (2008) as escolas de primeiro e segundo grau

possuem um ambiente muito significativo para a aprendizagem e para a ação de

tomada de decisões e para a realização da escolha. Este sistema funciona como

oportunidades básicas para a satisfação da escolha profissional. Mas infelizmente o

que se tem evidenciado bastante é que os adolescentes não percebem a escola

como fator facilitador da escolha da profissão, e por vezes acontece até o

preconceito em não achar que a escola possuem orientadores preparados para

executar essas orientações.

Na maioria das vezes as escolas não possuem essa politica de

conscientização sobre a problemática de se trabalhar a escolha profissional, que na

maioria das vezes só se começam a falar quando o aluno ingressa no ensino médio,

e isto nos parece bastante grave, pela falta de oportunidade que oferece aos sujeitos

de ocuparem um papel ativo na tomada de decisões sobre assuntos que lhe dizem

respeito. (VALORE, 2008).

O psicólogo a trabalhar numa escola é um elemento de uma equipe, partilha preocupações, medidas e programas com professores, administradores, outros educadores e membros da comunidade geral onde a escola se insere. Neste contexto, deve ser um modelo positivo de relações humanas, ajudar a criar um clima e um crescimento favorável na escola, e estar sensível às características e necessidades associadas ao desenvolvimento, ao gênero, à etnia, e ao estatuto socioeconômico dos seus clientes. (TAVEIRA, 2005, p. 150).

Observa-se que o trabalho de Orientação Profissional, vai muito além da mera

orientação, apresentando convergências significativas com a concepção de

intervenção, que considera as relações sociais estabelecidas no contexto educativo

como principal foco de análise e intervenção do psicólogo. Embora pouco enfatizada

nos meios educacionais, a atuação do psicólogo nesta área, é tão legítima como

necessária. Fala-se aqui de uma Psicologia comprometida socialmente com a

cidadania, cujas práticas estejam orientadas por finalidades transformadoras; que

objetive a promoção do desenvolvimento humano, superando perspectivas

meramente remediativas ou de solução de problemas.

Cabe ao psicólogo que trabalha com Orientação Profissional, empenhar-se na

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reflexão sobre a emergência da sociedade do conhecimento e como as

transformações no contexto sócio- histórico têm afetado o desenvolvimento dos

sujeitos, em todas as fases da vida. É indispensável que ele provoque debates

acerca dos futuros papéis que estes jovens desempenharão, enquanto cidadãos,

perante uma nova dimensão do trabalho, em que será cada vez mais relevante a

atitude e disposição para aprender continuamente, ao longo do curso de vida.

(TAVEIRA, 2005).

Com o objetivo de promover o desenvolvimento dos alunos, o psicólogo

precisa atuar em sintonia com o que é defendido pela educação para a profissão e

que é assim expresso por Moreno (2008, p. 34): "preparar as pessoas para trabalhar

deveria ser uma meta básica do sistema educativo total". O trabalho é aqui definido

como um esforço consciente, dirigido para produzir benefícios socialmente

aceitáveis para si e para os outros. A ideia de ser consciente implica em ser

significativo para o sujeito, em servir à sua necessidade de realização. Acrescenta-

se aí a noção de que ser consciente também envolve a possibilidade da pessoa ter

autonomia, autodeterminar-se e fazer escolhas profissionais a partir do

reconhecimento de sua realidade pessoal e social, vendo-se na condição de

transformá-la.

Compreende-se que, o psicólogo deve favorecer a implicação de toda a

instituição educativa na realização de ações voltadas ao desenvolvimento da

escolha profissional dos adolescentes. Propõe-se que sua intervenção se inicie com

o mapeamento institucional, através do qual o psicólogo pode compreender as

concepções de educação, escola, trabalho, desenvolvimento humano e outras, que

orientam as ações dos profissionais da educação. É também pelo mapeamento que

se torna possível identificar necessidades de grupos específicos, através das

queixas, torna-se possível a identificação da demanda, de forma que o psicólogo

possa planejar ações orientadoras. Nesse trabalho, junto aos adolescentes, sua

função é mediar processos subjetivos envolvidos na escolha profissional, tais como

processos de autoconhecimento, de significação e ressignificação das decisões, de

conscientização acerca do mundo do trabalho, das profissões e da formação

profissional. (MARINHO E ALMEIDA, 2005),

Uma dimensão essencial desse trabalho é favorecer a percepção, por parte

dos alunos, daquilo que condiciona suas decisões, por um lado, e, por outro, de sua

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condição de sujeito que se constrói em uma relação dialética com o contexto no qual

está inserido. Promover o desenvolvimento humano, propiciando o exercício do

pensamento crítico dos sujeitos, deve ser a meta orientadora do trabalho do

psicólogo.

2.5 A FAMÍLIA E A INFLUÊNCIA NA ESCOLHA PROFISSIONAL

Considera que a família e a sociedade esperam que o jovem escolha uma

carreira ao final do 3º ano do Ensino Médio para que possa prestar um vestibular,

esta “necessidade” de escolha foi antecipada, obrigando-os a pensar s futuro curso

desde o 1º ano do Ensino Médio. (GAUCHE, 2001).

De acordo com Lucchiari (1993) a “necessidade” da escolha não afeta

apenas o jovem. O grupo familiar também é direta ou indiretamente afetado, pois

alguns pais buscam realizar-se por meio dos filhos e outros sofrem com o desgaste

vivenciado pelo filho que tem dificuldade para decidir (BOHOSLAVSKY, 1987).

A família, por vezes, assume uma postura de expectativa que faz com que o

adolescente se sinta cobrado. (ANDREANI, 2004).

O adolescente sente vontade de ter apoio na sua “luta” por uma identidade vocacional, mas a capacidade que a família tem para dar apoio está relacionada com o seu grau de expectativa, com os seus conflitos e com a sua capacidade de manejá-los (AYLMER, 1995, p.174).

Muitos fatores influem na escolha de uma profissão, de características

individuais a convicções políticas e religiosas, valores e crenças, situação político-

econômica do país, a família e os pares. A literatura aponta a família como um dos

principais fatores que ajudam ou dificultam no momento da escolha e na decisão do

jovem como um dos fatores de transformação da própria família. O jovem pertence a

uma família, que tem uma história e características próprias. (BOCK; AGUIAR, 1995)

Por isso, é considerado essencial para a escolha não somente o

conhecimento que ele tem de si mesmo, mas também o conhecimento do projeto

dos pais, a maneira de identificação e o sentimento de pertencimento à família, o

valor dado às profissões pelo grupo, assim como a maneira como o jovem utiliza e

elabora os dados familiares. As crises pelas quais passa o adolescente provocam

ressonância na família. (RAPPAPORT et al.,1982).

A adolescência transforma a própria família por meio de uma crise que

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ocorre ou pode ocorrer no seio familiar. Neste período se dá uma renegociação de

papel e os pais, assim como os jovens, entram em novos estágios. A estrutura

familiar é considerada pelos autores essencial para uma passagem por esta fase.

(PRETO, 1995).

As crises vivenciadas pelo adolescente e sua família incluem oscilações em

sua definição profissional, indagações quanto à escolha de uma profissão rentável e

segura, mas que não satisfaz, ou a opção por uma atividade que atrai, mas que não

traz estabilidade financeira. (LUCCHIARI, 1997).

Os pais podem reviver os próprios conflitos da adolescência. Confirmando

com LUCCHIARI (1997) demonstra que o projeto dos pais se orienta por duas

lógicas contraditórias: a primeira, de reprodução, em que o desejo deles é ver o filho

continuando a sua própria história e, a segunda, de diferenciação, em que eles

desejam que os filhos realizem tudo o que eles próprios não puderam realizar,

encorajando a singularidade, a autonomia e a oposição.

Afirma que pais e filhos influenciam-se mutuamente e que as atitudes dos

pais dependem da ação dos filhos. No processo de socialização, a criança seleciona

os traços familiares na interação com seus antecedentes e os integra diferentemente

na construção da sua personalidade. Não pode modificar os dados recebidos, mas

pode utilizá-los de forma contrastante e, enquanto uma criança se identifica com

uma característica, outra se defende dessa identidade. (LUCCHIARI, 1997).

A história familiar é o ponto de partida para a constituição dos conceitos que os jovens têm de si mesmos, assim como para a compreensão das suas aptidões. As escolhas vivenciadas se dão a partir de modelos familiares, que também acabam influenciando no juízo de valores do sujeito acerca das profissões. (LUCCHIARI, 1997, p.81).

Afirma que o homem precisa de projetos para viver e que, para construí-los,

funde o presente, recorda o passado e prevê o futuro. Mas, para que isto ocorra, é

necessária à conscientização de si mesmo e a busca de informações no mundo

externo, retornando à família. (LUCCHIARI, 1997).

Esses projetos de vida descritos por Lucchiari (1997) dependem das

expectativas dos pais e dos filhos em relação ao futuro, nos seus aspectos

conscientes e inconscientes, das motivações e desejos dos pais em relação à

escolha profissional dos filhos, que poderão substituir uma escolha que o pai não

pode fazer ou superar a situação social no qual a família se encontra. A escolha

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profissional é uma oportunidade de provar a lealdade à família e de cumprir com a

sua missão não apenas individual, mas familiar. A família é considerada importante

no momento da escolha, contudo o jovem não baseia sua decisão apenas nos

familiares.

Os jovens são indivíduos muito influenciáveis pelos pares, que são muito

significativos em sua vida, indo de contrapartida com seus familiares, constatando

que o papel dos pais não tem efeito duradouro ou decisivo no desenvolvimento

infantil, mas que o contexto no qual vivem as crianças, seu processo de socialização

e seus pares são, na realidade, os responsáveis pela formação da criança, sendo

estes os responsáveis pela transmissão cultural e, consequentemente, pela

construção dos valores. (HARRIS, 1995).

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3 METODOLOGIA

Para realização da presente pesquisa foi feita uma revisão sistemática que

constituiu em um processo de reunião, avaliação crítica e sintética de resultados de

múltiplos estudos, nesse caso contempla a contribuição da psicologia escolar na

escolha vocacional do estudante do ensino médio, através de buscas em periódicos

científicos selecionados por critérios de inclusão e exclusão delimitados, a busca

consistiu em referenciais teóricos publicados com o objetivo de obter conhecimento

acerca do tema, registrando, analisando e organizando as informações obtidas.

3.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Os critérios de inclusão estabelecidos para selecionar os artigos publicados

foram: terem sido publicados no período de 2007 a 2017; disponíveis em língua

portuguesa com texto completo, que contemplem a contribuição da psicologia

escolar na escolha vocacional do estudante do 3º ano do ensino médio. Foram

excluídos os artigos que não se enquadraram nos objetivos do trabalho, aqueles

cujos textos não estavam disponíveis de forma integral, além de cartas, editoriais e

comentários. As buscas foram realizadas no período de julho a setembro de 2017.

3.2 BASES DE DADOS

Os levantamentos de informações foram realizados nas seguintes bases de

dados:

SciElO – Scientific Eletronic Library Online; Portal Regional da BVS; Google

Acadêmico.

As palavras chaves utilizadas que efetuaram as buscas foram: Psicologia

Escolar e Vocacional; Testes vocacionais, Intervenções psicológicas; Escolha

profissional de estudantes.

3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DOS DADOS

Acerca da avaliação e análise do material coletado foram organizados em

categorias prévias que tiveram por base a forma e o conteúdo dos dados, sendo

apresentado em categorias cientometricas, metodológicas e temáticas. Com os

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dados das categorias cientometricas e metodológicas foram realizadas estatísticas

descritas, onde os dados foram apresentados em formato de frequências simples

considerando a quantidade de artigos encontrados em formato de frequências

simples considerando a quantidade de artigos encontrados por base de dados, local,

ano, instrumentos e tipos de estudo.

Quanto às categorias temáticas os artigos foram agrupados utilizando a

técnica de análise de conteúdo de Bardim (2009). As unidades de registro foram

trechos dos artigos que contemplaram as palavras chaves já referidas, bem como as

colocações feitas sobre a temática. Assim as unidades de registro foram agrupadas

em três categorias temáticas, sendo elas: Aspectos emocionais dos estudantes do

Ensino Médio diante do contexto da escolha vocacional; Descrever as práticas do

psicólogo escolar na intervenção da escolha vocacional dos alunos do Ensino Médio;

Aspectos do contexto familiar que influenciam na escolha vocacional dos alunos do

Ensino Médio; Aspectos do contexto escolar que influenciam na escolha vocacional

dos alunos do Ensino Médio.

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4 RESULTADOS E DISCURSÃO

A busca e seleção dos periódicos estabelecidos se deu nos messes de

setembro a dezembro de 2017. Foram selecionados trabalhos científicos publicados

em português do ano de 2011 a 2017, encontrados com os descritores: Orientação

vocacional, contribuição dos aspectos emocionais na escolha profissional, atuação

do psicólogo na orientação vocacional. Os trabalhos científicos selecionados

estavam disponíveis em bases de dedos como: Scientific Eletronic Libraey Online

(SCIELO), PEPSIC, LILACS e revistas de institutos de graduação e pós-graduação.

Após um estudo, se apresenta a seguir as análises de dados sobre a

contribuição da psicologia escolar na escolha vocacional do estudante do ensino

médio. Busca-se demonstrar os resultados encontrados em 7 estudos científicos que

abordam a temática estudada, os quais foram pesquisados entre os anos de 2011 a

2015.

O quadro 1, apresentado abaixo, demonstra as obras que foram escolhidas

para serem analisadas neste estudo.

Quadro 1 - Dados gerais dos artigos pesquisados.

N° TÍTULO AUTORES MODALIDADE DO

TRABALHO CIENTÍFICO

01 A eficácia de uma intervenção de carreira para a exploração vocacional.

Gamboa, Paixão e Neves, (2011).

Pesquisa de campo

02

Temos nosso próprio tempo: grupo de orientação das escolhas profissionais com alunos do ensino médio.

Scorsolini-Comin, Nedel e Santos,

(2011). Pesquisa de campo

03 Escala de Aconselhamento Profissional: análise com estudantes de Ensino Médio.

Noronha e Nunes, (2012).

Pesquisa de campo

04

Maturidade para escolha profissional, habilidades sociais e inserção no mercado de trabalho.

Colombo, (2014). Pesquisa de campo

05

Relação entre escolha profissional, vocação e nível de estresse em estudantes do ensino médio.

Gonzaga e Lipp, (2014).

Pesquisa de campo

06 Afetos, interesses profissionais e Barros e Camargo, Pesquisa de campo

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personalidade em alunos do ensino médio.

(2015).

07 Crenças para lidar com tarefas de carreira em estudantes do ensino médio.

Leal, (2015). Pesquisa de

campo, descritiva qualitativa.

Fonte: Arquivo do próprio autor 2017.

Seguindo a análise, destaca-se a seguir as modalidades dos trabalhos

científicos estudados e os descritores utilizados pelo mesmo, sendo expostos no

quadro 2.

Quadro 2 - Tipos de pesquisas e descritores dos artigos pesquisados.

N° TÍTULO TIPO DE

PESQUISA PALAVRAS CHAVE

01

A eficácia de uma intervenção de carreira para a exploração vocacional.

Pesquisa de campo

Intervenção vocacional, exploração vocacional, estágios, ensino tecnológico.

02

Temos nosso próprio tempo: grupo de orientação das escolhas profissionais com alunos do ensino médio.

Pesquisa de campo

Orientação Vocacional; Jovens; Ensino da Psicologia; Ensino Médio; Grupo.

03 Escala de Aconselhamento Profissional: análise com estudantes de Ensino Médio.

Pesquisa de campo

Interesses profissionais; adolescentes; teste psicológico.

04

Maturidade para escolha profissional, habilidades sociais e inserção no mercado de trabalho.

Pesquisa de campo.

Adolescência, estudantes de ensino médio, mercado de trabalho, habilidades sociais.

05

Relação entre escolha profissional, vocação e nível de estresse em estudantes do ensino médio.

Pesquisa de campo

Escolha profissional. Vocação. Adolescentes. Estresse.

06 Afetos, interesses profissionais e personalidade em alunos do ensino médio.

Pesquisa de campo.

Orientação vocacional, psicologia positiva, avaliação psicológica.

07

Crenças para lidar com tarefas de carreira em estudantes do ensino médio.

Pesquisa de campo,

descritiva, quantitativa.

Auto eficácia; aprendizagem; desenvolvimento da carreira; orientação profissional; orientação vocacional.

Fonte: Arquivo do próprio autor 2017.

A partir do quadro 2, foram encontrada com resposta a modalidade da

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pesquisa: 7 artigos todos de pesquisa de campo. Os descritores encontrados foram:

3 orientações vocacional, 2 contribuição dos aspectos emocionais na escolha

profissional, 2 atuação do psicólogo na orientação profissional.

Prosseguindo a análise, será exposto a seguir os objetivos e resultados dos

estudos científicos utilizados, no quadro 3.

Quadro 3 – Objetivo principal das pesquisas e seus resultados.

N° TÍTULO DA PESQUISA

OBJETIVO PRINCIPAL

RESULTADO DA PESQUISA

01

A eficácia de uma intervenção de carreira para a exploração vocacional.

Incrementar a atividade exploratória vocacional de um grupo de alunos estagiários do ensino secundário.

Os resultados parecem-nos relevantes, uma vez que a intervenção vocacional teve um impacto positivo e significativo nas duas principais dimensões da exploração vocacional: o self e o meio.

02

Temos nosso próprio tempo: grupo de orientação das escolhas profissionais com alunos do ensino médio.

Analisar uma intervenção em grupo desenvolvida com alunos do terceiro ano do Ensino Médio para refletir sobre o tema da escolha profissional.

Mostrou-se um espaço no qual esses conteúdos poderiam ser discutidos e elaborados, tanto por meios didáticos como a partir de recursos como o grupo, que possibilitou a discussão sobre desejos e visões de mundo, levando ao enriquecimento do ambiente escolar, do trabalho interdisciplinar e da formação integral dos adolescentes.

03

Escala de Aconselhamento Profissional: análise com estudantes de Ensino Médio.

Analisar a Escala de Aconselhamento Profissional-EAP com alunos do ensino médio, buscando fazer comparações com a amostra normativa, composta por estudantes universitários.

Os resultados sugere a possibilidade de utilização do EAP com adolescentes, sendo recomendado, contudo, a criação de novas normas, buscando adequação às características dessa população.

04

Maturidade para escolha profissional, habilidades

Foram identificar possíveis relações entre maturidade da escolha profissional,

Mostraram uma relação positiva entre maturidade e habilidades sociais. Jovens que não trabalhavam

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sociais e inserção no mercado de trabalho.

habilidades sociais de adolescentes e inserção no mercado de trabalho.

apresentaram também maior maturidade do que os que trabalhavam.

05

Relação entre escolha profissional, vocação e nível de estresse em estudantes do ensino médio.

Foi verificar a relação entre escolha, vocação e estresse em estudantes na fase de escolha profissional.

Os resultados indicaram que 72,97% da amostra tinham estresse. Na análise, referente à congruência entre a tipologia profissional avaliada pelo Self-Directed Search e a escolha profissional do candidato, foi apontada uma percentagem de 56,76% para congruência e 43,24% para incongruência.

06

Afetos, interesses profissionais e personalidade em alunos do ensino médio.

Relacionar afetos positivos e negativos com interesses profissionais e personalidade, por meio dos instrumentos Escala de Afetos Zanon (EAZ), Questionário de Busca Autodirigida (SDS) e Bateria Fatorial de Personalidade (BFP).

Os resultados indicaram poucas associações entre os afetos e os interesses profissionais.

07

Crenças para lidar com tarefas de carreira em estudantes do ensino médio.

Visa a analisar a confiança com que estudantes do ensino médio lidam com tarefas de desenvolvimento da carreira, considerando as variáveis: sexo, tipo de escola e nível socioeconômico.

Mostrou que os alunos de famílias com nível econômico mais elevado expressam mais confiança nas suas competências para planejamento de carreira, preparação para a procura de emprego e procura efetiva de emprego.

Fonte: Arquivo do próprio autor 2017.

Após a exposição e analise dos dados dos estudos científicos utilizados foi

feita uma releitura dos mesmos. Assim a partir das informações encontradas,

surgiram as seguintes categorias: Orientação Vocacional; A contribuição dos

aspectos emocionais na escolha profissional; A atuação do psicólogo na orientação

vocacional.

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4.1 ORIENTAÇÃO VOCACIONAL

O tema Orientação Vocacional, que muitos denominam de Orientação

Profissional, é um assunto que interessa muito os estudantes do ensino médio, pois

quando estão próximo de ingressar no mercado de trabalho se veem diante da difícil

decisão de escolha, sofrem pressão por parte da família, e da sociedade, por conta

disso surge a indecisão e com ela a preocupação, angustia e depressão.

Levenfus (2010) conceitua a Orientação Vocacional como um processo em

que procura contribuir e orientar com foco nas próprias características pessoais do

sujeito, sociais e familiares, criando oportunidades para descobrir semelhanças

destas características como aquilo que será capaz de ter como propósito de

profissão na vida. Muller (1998) afirma que a Orientação Vocacional não pode ser

comparada com um estudo psicológico em que obrigatoriamente saem resultados.

Mas, sim de um processo, um desenvolvimento diante o qual os jovens têm a

possibilidade de analisar sobre sua problemática de forma que busque meios para

uma superação.

Para Andrade (1997) o processo de Orientação Vocacional possui um ponto

importante quando leva a reflexão do sujeito sobre si mesmo, e assim, tendo um viés

para a escolha profissional, possibilitando que desenvolvas suas habilidades e

capacitações. Corroborando com Torres (2002), que além de achar que esse

processo leva a reflexão do sujeito sobre si, também acha mais eficaz os

atendimentos individuais na prática clinica, sendo assim, a orientação vocacional

ajuda o sujeito na clareza na sociedade em que vive, e com isso arquitetar seu

projeto de vida.

Gamboa et al., ((2011), Colombo, (2014) e Leal, (2015) corroboram em suas

pesquisas que a inserção laboral é capaz de provocar profundas mudanças nos

comportamentos, nos papéis sociais e nas relações interpessoais dos adolescentes.

Ao lado da escola, família, grupos de pares, o trabalho pode ser um agente

complementar na socialização dos adolescentes. O trabalho tem um papel

importante no desenvolvimento de novas habilidades e na formação da identidade,

contribuindo para o crescimento do adolescente, o vínculo trabalho-pessoa-

sociedade gera um sentido de participação e utilidade. Pode proporcionar ao

adolescente um sentido de vida, facilitando suas escolhas profissionais e agindo

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como fonte de informação e aprendizagem. Além disso, possibilita o aumento e

fortalecimento das redes sociais.

4.2 A CONTRIBUIÇÃO DOS ASPECTOS EMOCIONAIS NA ESCOLHA

PROFISSIONAL

Os aspectos emocionais se fazem presente diante da difícil tarefa da

escolha profissional, os adolescentes se sentem motivados quando escolhe uma

profissão vinculada às experiências de outras pessoas que exercem a função, outras

emoções se apresentam quando estão determinados por uma escolha como a

ansiedade; quando o adolescente não consegue decidir qual a decisão tomar surge

outras emoções como a angustia, ansiedade, depressão. De acordo com Figueiredo

(2003) a indecisão da escolha profissional aflige por sua vez o adolescente quanto

seu grupo social, seja a família, a escola ou os amigos. A escolha profissional é uma

ocasião relevante da vida do indivíduo, parecendo provocar uma dúvida em relação

ao futuro e, enumeras vezes, depende de uma decisão que acaba por causar

angústia e insegurança.

Para Calligaris (2000) o estágio da adolescência é manifestado por um dos

essenciais conflitos na nossa cultura, que é, apresentada uma ruptura, ou seja, é o

inicio de uma evolução constante. Pois, mesmo sem querer chegou a hora de

crescer, e com isso será necessário privar-se a segurança de permanentes cuidados

de outrora, nessa fase o adolescente passa por confrontos, fraquezas de autoestima

e depressão. O adolescente se confronta com uma situação da vida em que ele não

é mais tão novo para praticar certas ações de criança e ainda não é uma pessoa tão

velha para tomar certas atitudes de adulto. Assim, a adolescência é essa

transformação em que o individuo fica sem saber qual seu papel na sociedade,

trazendo preocupações e depressões.

Para Figueiredo (2003) o adolescente quando começa a perceber as

diversas transformações implicadas em seu corpo, mudanças essas, nas quais ele

não pode ter controle, que modificam seu comportamento, atitude e pensamentos, a

partir de então surge o medo da perda do estado de criança, e a proteção e

segurança que o sempre o cercou na infância. Diante de tal cenário aparece o

desejo pela liberdade e de emancipação que o levam a atitudes comportamentos

contraditórios, em alguns momentos apresenta se como adulto, em outros como

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criança. Outro contratempo é a dificuldade dos pais em lidarem essa transição de

criança para adolescência. Em alguns casos seus pais modificam seu

relacionamento com seus filhos, começam a cobrar por responsabilidades que

nunca foram orientados, e ainda a caos que não reconhecem que seus filhos

cresceram e que devem ser tratado com respeito quanto as suas opiniões e desejos.

Para Avila (2005) entre os medos que são apresentados pelo conflituoso

dilema da indecisão mediante a escolha profissional, é mais significativo o medo de

errar, de precisar mudar diante de escolhas erradas e de ser infeliz. Outro ponto que

contribui na difícil escolha são as pressões sofridas pelos pais e familiares que

influenciam na tomada de decisão.

Gonzaga e Lipp, (2014), Barros e Camargo, (2015) compartilham da mesma

ideia em que os afetos positivos como entusiasmo, alegria, orgulho são sentimentos

que motivam os estudantes do ensino médio em busca de realizar seus sonhos,

impulsionando para que eles tenham mais interesses nos estudos para ter um bom

desempenho no ingresso no mercado de trabalho; e que os afetos negativos como

estresse, medo, raiva, angustia, atrapalham os estudos tornando um obstáculo para

uma realização da tomada de decisão com sucesso.

Corroborando com os autores Figueiredo (2003), Calligaris (2000) e Avila

(2005) podemos observar que a adolescência é um estágio do desenvolvimento

humano acarretado de transformações e uma delas é a escolha por uma profissão

de um curso superior ou outra profissão e com isso se apresentam diversos

aspectos emocionais atrelados à sua decisão como já mencionados anteriormente.

4.3 A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA ORIENTAÇÃO VOCACIONAL

A atuação do psicólogo escolar, de inicio se dá, associada com um papel

educador, e tem como objetivo necessário auxiliar a aumentar a qualidade e a

eficácia do processo educacional a partir dos seus conhecimentos psicológicos.

Valore (2008) afirma que a Psicologia tem uma grande oferta a propiciar aos alunos

um serviço de Orientação Profissional nas escolas, tendo como objetivo auxiliar a

escola a tornar-se um lugar privilegiado para o exercício da escolha profissional.

Além, de vislumbrar a amplitude da ação psicológica em um campo de orientação

profissional que associa em sua multiplicidade aspectos referente à saúde mental, à

educação e ao trabalho resgatando e integrando os três grandes campos

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tradicionais de atuação do psicólogo: A Clínica, A Escola e o Organizacional.

De acordo com Carvalho (1995) algumas questões vêm trazendo

preocupações sobre o conflito da escolha profissional e dos recursos metodológicos

de intervenções. Qual o papel da escola fundamental e do ensino médio na

aprendizagem de uma escolha profissional. De que forma ela vem articulando a

educação ao mundo do trabalho. Qual a instrumentalização que as instituições

formadoras têm fornecido para a construção de uma identidade profissional. Que

interesse as instituições do mundo do trabalho tem demonstrado por esta questão.

Será este um problema de ordem meramente individual – daquele que escolhe – não

havendo aí nenhuma responsabilidade coletiva.

Corroborando com Valore (2008) e Carvalho (1985) que o trabalho do

psicólogo em orientação vocacional proporciona que o individuo na difícil tarefa de

uma decisão, reconhece em si mesmo suas potencialidades e fraquezas, buscando

promover a melhor escolha para ser um profissional de sucesso naquilo que gosta e

faz bem feito.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa teve como objetivo principal avaliar impactos psicológicos,

emocionais na escolha vocacional dos estudantes do Ensino Médio, discutindo as

práticas do psicólogo escolar na intervenção da escolha vocacional, e aspectos do

contexto familiar que influenciam na escolha vocacional desses alunos.

Um fator importante nessa difícil decisão é presença em se sentir preparado

para assumir uma profissão nessa altura da vida, diante de um leque de opções que

a sociedade moderna expõe, e assim sentem-se confusos em arcar com um

compromisso sério. Entretanto, evidencia-se a relevância, cada vez mais da

realização de um trabalho de Orientação profissional, sendo realizado por um

psicólogo profissional, que provoque momentos de discussão, reflexão e clareza dos

requisitos que tanto afligem os adolescentes.

De acordo com Muller (1988), não é por acaso que acontece o processo de

Orientação Profissional, mas é um constructo cultural das relações do próprio sujeito

com os outros, em confluência com o convívio familiar, as relações interpessoais, o

contexto econômico e social em que está inserido. Muitos jovens buscam referências

em pessoas próximas, nas quais apresentam uma vida social e financeira estável,

com isso se espelham nessas referências, e na maioria das vezes acabam se

frustrando por não possuírem as habilidades que a referência tem, e com isso vão

em busca de outra profissão na qual a identifique suas habilidades e

potencialidades.

O momento de decisão da profissão é muito árduo, no que se refere à

escolha de um futuro, buscam e aguardam junto às pessoas próximas uma decisão

definitiva em que vai ser uma “porta” para sua vida financeira, mas ao longo de sua

jornada se depara com situações e experiências que não são compatíveis com suas

características de personalidade.

A atividade do psicólogo no processo de Orientação Profissional exerce com

seu real propósito, deve ser executado de maneira eficaz, ou seja, mais do que

comunicar, discutir, refletir sobre as angústias vividas pela difícil atitude da escolha

profissional, promovendo uma intervenção na qual resulte no autoconhecimento do

indivíduo. Na decorrência do processo em facilitar a escolha da profissão, o

psicólogo deverá auxiliar o adolescente em encontrar uma identidade profissional, a

Orientação Profissional visa um desenvolvimento em que o individuo forme-se com

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cidadão em seu sentido mais pleno, sendo que no momento em que o psicólogo

conduz para que o adolescente encontre uma identidade profissional, também

encontre uma identidade pessoal, possibilitando na estruturação de um projeto de

vida mais responsável. Não apenas orientar a respeito da escolha de uma profissão,

o trabalho do psicólogo vai, mas além, propicia que o adolescente enfrente conflitos

inerentes a fase da vida.

Com o objetivo de averiguar a importância do trabalho do psicólogo na

decisão da escolha profissional com os adolescentes, compreende a significação da

intervenção iniciada a partir das estratégias institucionais, que viabiliza conhecer os

anseios através das queixas, identificar as demandas, possibilitando atuações

interventivas no processo de decisão. Portanto, nas estratégias elaboradas, torna-se

mais acessível ao psicólogo uma compreensão das concepções educacionais, como

desenvolvimento humano, escola, trabalho, sociedade e outras, que estabelece as

ações dos profissionais da educação. Nesse processo, em conjunto com os

adolescentes, seu foco é mediar processos subjetivos que envolvem a escolha pela

profissão, assim, cabe outros meios como o autoconhecimento, de significação e

ressignificação das decisões, de clarificar o contexto do mundo de trabalho, das

profissões e a formação desse profissional.

A importância desse tema possibilita uma visão mais ampla do trabalho do

psicólogo na atualidade quanto à questão de facilitar a escolha profissional, na qual

os adolescentes vivenciam enfrentando processo de decisão, e permeados por

outros fatores de ordem pessoal, afetiva. Diante de tal situação, percebe-se a

necessidade de este ser um campo de relevância para as práticas do psicólogo.

Nesse vasto universo que é saber escolher uma profissão certa escolhida

pelo adolescente, cabe ao psicólogo o compromisso de estar sempre atencioso as

novidades do mercado de trabalho, para as mudanças da sociedade e estar sempre

atento a novos conhecimentos, para que os adolescentes tenham o interesse de

procurar por uma orientação vocacional com mais avanços.

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