FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de...

128

Transcript of FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de...

Page 1: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo
Page 2: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo
Page 3: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

INFLUÊNCIA DE POLIMORFISMOS NA FAMÍLIA CYP3A

NO DESENVOLVIMENTO DE TUMORES SÓLIDOS

Orientador:

Professor Doutor Rui Manuel de Medeiros Melo Silva

ANA BARBOSA DE SOUSA NOGAL

PORTO 2008

Page 4: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo
Page 5: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

DISSERTAÇÃO DE CANDIDATURA AO GRAU DE MESTRE APRESENTADA

À FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

Page 6: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo
Page 7: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Doutor Rui Medeiros, orientador deste trabalho, pela confiança

depositada em mim há já três anos, pelo apoio, muita paciência e simpatia. Obrigada

pela liberdade e motivação que me permitiram crescer como investigadora e como

pessoa.

Ao Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro, em

particular ao Dr. Vítor Veloso, por me conceder a bolsa que permitiu a realização

deste trabalho.

Ao Dr. António Araújo, pelo apoio fundamental na parte clínica e por ter

auxiliado a divulgação deste trabalho além fronteiras.

Ao Dr. Francisco Lobo e Dr. António Morais, pela colaboração na parte

clínica deste estudo.

À juventude que compõe o Grupo de Oncologia Molecular, por criar um

ambiente de trabalho fenomenal, onde se ri e trabalha muito. Um agradecimento

especial ao Ricardo e à Dani pelas observações, sugestões e críticas construtivas a

este trabalho.

À minha “Patroa” e “Mini patroa” por serem as minhas referências, pela

motivação constante, pela ajuda, pelas gargalhadas e pela amizade. Serei sempre a

vossa “Isaurinha”.

À Carina, Tiago e Luís, por serem excelentes companheiros de trabalho e

porque a sua amizade se tornou essencial.

Ao Arquitecto Mendes Pinheiro, meu talentoso cunhadito, que perdeu o seu

precioso tempo com o desenvolvimento da parte gráfica deste trabalho.

V

Page 8: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

Um agradecimento final…

À minha família, amigos e namorado, pelo apoio, amor, dedicação e

paciência sem limites. Sou o que sou por vossa causa. Desejo ser melhor por vossa

causa. Sou feliz por vossa causa… Espero que se orgulhem de mim…

VI

Page 9: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

Abreviaturas

A – Adenina

AJCC – American Joint Committee on Cancer

CAR – Constitutive Androstane Receptor

CI – Confidence Interval

CPNPC – Cancro do Pulmão de Não Pequenas Células

Da – Dalton

DNA – Ácido desoxirribonucleico

dNTP’s – Desoxinucleotídeos-trifosfato

DR3 ou dNR1 – Distal Nuclear Receptor-binding element 1

DRE – Toque rectal (Digital Rectal Examination)

EDTA – Ácido etilenodiaminotetracético

ER6 – Everted Repeat separated by six nucleotides

G – Guanina

GR – Glucocorticoid Receptor

HNF4α – Hepatocyte Nuclear Factor-4 alpha

IC – Intervalo de Confiança

MgCl2 – Cloreto de magnésio

mRNA - Ácido ribonucleico mensageiro

NaCl – Cloreto de sódio

NNK – 4-(metilnitrosanina)-1-(3-piridil)-1-butanona

NNN – N’-nitrosonornicotina

NSCLC – Non Small Cell Lung Cancer

OR – Odds Ratio

PAH - Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos

pb – Pares de bases

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos VII

Page 10: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

Abreviaturas

PSA – Antigénio específico da próstata (Prostate Specific Antigen)

PXR – Pregnane X Receptor

PCR – Polymerase Chain Reaction

RE – Retículo Endoplasmático

RFLP – Restriction Fragment Lenght Polymorphism

RNA – Ácido ribonucleico

RXR – Retinoid X Receptor

SDS – Dodecilsulfato de sódio

SNP – Single Nucleotide Polymorphism

SRD5A2 – 5α-redutase dos esteróides

TAH – Terapia de Ablação Hormonal

TRUS – Ecografia transrectal (Trans Rectal Ultrasonography)

VDR – Vitamin D Receptor

XREM – Xenobiotic-Responsive Enhancer Module

χ2 – Qui-Quadrado

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos VIII

Page 11: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

Índice

Resumo XI

Abstract XVII

1. Introdução 1

1.1. Epidemiologia e mecanismos moleculares do cancro 3

1.2. Cancro do pulmão: epidemiologia e mecanismos moleculares 5

1.3. Cancro da próstata: epidemiologia e mecanismos moleculares 8

1.4. Metabolismo: Citocromos P450 10

1.4.1. Metabolismo: genética molecular de CYP3A4 15

1.4.2. Metabolismo: genética molecular de CYP3A5 20

2. Objectivos 23

3. Material e Métodos 27

3.1. População 29

3.1.1. Doentes com cancro do pulmão e grupo controlo 29

3.1.2. Doentes com cancro da próstata e grupo controlo 30

3.2. Processamento das amostras 32

3.3. Amplificação do DNA 33

3.3.1. Amplificação do fragmento do gene CYP3A4 33

3.3.2. Amplificação do fragmento do gene CYP3A5 34

3.3.3. Identificação dos fragmentos por electroforese 35

3.4. Análise dos polimorfismos em CYP3A4 e CYP3A5 36

3.4.1. Digestão do fragmento do gene CYP3A4 36

3.4.2. Digestão do fragmento do gene CYP3A5 36

3.4.3. Separação dos fragmentos de DNA por electroforese 36

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos IX

Page 12: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

Índice

3.5. Análise estatística 39

4. Resultados 41

4.1. Cancro do pulmão 43

4.1.1. Frequências dos polimorfismos em CYP3A4 e CYP3A5 43

4.1.2. Polimorfismos em CYP3A4 e CYP3A5 e parâmetros

clínico-patológicos

46

4.2. Cancro da próstata 49

4.2.1. Frequências dos polimorfismos em CYP3A4 e CYP3A5 49

4.2.2. Polimorfismos em CYP3A4 e CYP3A5 e parâmetros

clínico-patológicos

51

5. Discussão 57

5.1. Susceptibilidade para cancro do pulmão 60

5.2. Susceptibilidade para cancro da próstata 64

6. Conclusões e Perspectivas futuras 69

7. Referências bibliográficas 73

8. Anexos 89

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos X

Page 13: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

Resumo

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos

Page 14: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo
Page 15: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

Resumo

A carcinogénese é um processo que envolve várias etapas e reflecte alterações

genéticas que promovem a transformação progressiva de células normais em células

com comportamento maligno. Nos últimos anos tem vindo a tornar-se clara a

importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na

reparação do DNA e no metabolismo de carcinogéneos.

O cancro do pulmão e da próstata são das neoplasias mais frequentes em todo

mundo. Em 2002, cerca de 2 milhões de novos casos foram diagnosticados, sendo

que mais de 20% de todas as mortes por cancro foram atribuídas a estas duas

neoplasias.

Os factores associados ao desenvolvimento tumoral são diversos. O fumo do

tabaco é a principal causa de cancro do pulmão: contém numerosos agentes

procarcinogéneos que, após activação, são altamente nocivos para o epitélio

respiratório. A etiologia do cancro da próstata ainda não está esclarecida, no entanto,

a exposição a elevados níveis de androgénios tem sido considerada um factor de

risco para o desenvolvimento desta neoplasia.

A família CYP3A codifica o sistema de enzimas mais importante, e um dos

mais versáteis, no metabolismo e eliminação de xenobióticos e compostos

endógenos. As enzimas CYP3A4 e CYP3A5 são as mais representativas desta

família e participam no metabolismo de vários compostos como fármacos, hormonas

e carcinogéneos. Durante este processo ocorre a activação ou desactivação destes

compostos, que se tornam mais ou menos carcinogénicos, respectivamente.

Variações na expressão destas enzimas, provocadas por polimorfismos genéticos,

podem modificar o padrão de metabolismo destas substâncias, alterando a

susceptibilidade individual para o desenvolvimento de algumas doenças como o

cancro.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos XIII

Page 16: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

Resumo

Neste trabalho foi desenvolvido um estudo do tipo caso-controlo com os

objectivos de analisar as frequências dos polimorfismos em CYP3A4 e CYP3A5

(ambos caracterizados por transições de A para G) num grupo de indivíduos sem

doença oncológica conhecida, num grupo de doentes com cancro de pulmão e num

grupo de doentes com cancro da próstata, avaliar a existência de associações entre os

polimorfismos estudados e a susceptibilidade ou características clínico-patológicas

do cancro do pulmão e da próstata.

Foram analisadas amostras de DNA de mil, seiscentos e noventa e cinco

(1695) indivíduos. O grupo controlo era constituído por setecentos e vinte e oito

(728) indivíduos. O grupo de doentes com cancro do pulmão incluiu duzentos e

sessenta e nove (269) indivíduos. O grupo de doentes com cancro da próstata era

constituído por seiscentos e noventa e oito (698) homens. A análise dos

polimorfismos e avaliação dos genótipos correspondentes foi realizada recorrendo à

técnica de PCR-RFLP.

A análise dos resultados referentes à neoplasia do pulmão permitiu observar

que indivíduos com genótipos portadores do alelo A de CYP3A5 apresentam um

maior risco de desenvolver CPNPC (OR=1,46; IC95%: 1,02-2,09; P=0,037) e que a

presença de genótipos de elevada expressão foi igualmente associada a um maior

risco para esta neoplasia (OR=1,42; IC95%: 1,00-2,00; P=0,049). A análise dos

resultados indicou ainda que indivíduos com genótipos portadores do alelo G de

CYP3A4 apresentam um maior risco para doença avançada (OR=1,82; IC95%: 1,08-

3,07; P=0,023). O mesmo foi observado em indivíduos com genótipos de elevada

expressão (OR=1,53; IC95%: 1,01-2,31; P=0,044). Os resultados relativos à

neoplasia da próstata permitiram verificar que o alelo G de CYP3A4 está associado a

cancro da próstata mais agressivo (grau de Gleason ≥7) (OR=1,83; IC95%: 1,07-

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos XIV

Page 17: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

Resumo

3,13; P=0,017) e que os genótipos de elevada expressão apresentam um maior risco

para o desenvolvimento de cancro da próstata mais agressivo (OR=1,61; IC95%:

1,06-2,43;P=0,019) e para a metastização à distância (OR=1,80; IC95%: 0,99-

3,28;P=0,038).

Estes resultados podem contribuir para a melhor compreensão do papel e da

influência de polimorfismos em CYP3A4 e CYP3A5 no desenvolvimento das

neoplasias do pulmão e da próstata.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos XV

Page 18: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo
Page 19: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

Abstract

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos

Page 20: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo
Page 21: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

Abstract

Carcinogenesis is a multistep process which reflects genetic alterations that

promote the progressive transformation of normal cells into malignant cells. In the

last few years, the study of low penetrance genes, such as those involved in DNA

repair and the metabolism of carcinogens, has gain a great deal of importance.

Lung cancer and prostate cancer are two of the most common malignancies in

the world. In 2002, almost 2 million people were diagnosed with these diseases. They

were also responsible for more than 20% of all cancer related deaths.

Several factors contribute to the development of cancer. Tobacco smoke is the

main cause of lung cancer: it contains numerous procarcinogens which, upon

activation, are extremely harmful to the respiratory epithelium. Prostate cancer

etiology has not been completely revealed yet, but exposure to high levels of

testosterone has been considered a risk factor for the development of this disease.

The CYP3A gene family encodes one of the most important and versatile

enzyme systems involved in the metabolism of xenobiotics and endogenous

molecules. The CYP3A4 and CYP3A5 enzymes are the most representative of this

family and they participate in the metabolism of several compounds like drugs,

hormones and carcinogens. During this process, activation and inactivation of these

molecules occurs, making them more or less carcinogenic, respectively. Differences

in the expression of these enzymes, caused by genetic polymorphisms, could alter the

metabolism pattern of theses substances, modifying the individual susceptibility to

develop some diseases like cancer.

In this research a case-control study was performed in order to analyze the

frequencies of polymorphisms in CYP3A4 and CYP3A5 (both characterized by an A

to G transition) in a group of healthy individuals, a group of patients diagnosed with

lung cancer and a group of patients diagnosed with prostate cancer. The possible

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos XIX

Page 22: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

Abstract

associations between the studied polymorphisms and the susceptibility or clinical and

pathological characteristics of lung and prostate cancer were also evaluated.

DNA samples from 1695 individuals were analyzed. The control group

consisted of 728 individuals. Lung cancer patients included a total of 269 individuals

and 698 men made up the prostate cancer patients group. The analysis of the

polymorphisms and the evaluation of the corresponding genotypes were performed

with the PCR-RFLP methodology.

Regarding lung cancer results, our analysis suggests that individuals with

genotypes carrying the A allele of CYP3A5 present a higher risk of developing non

small cell lung cancer (NSCLC) (OR=1.46; CI95%: 1.02-2.09; P=0.037) and that

individuals with high expression genotypes are also at higher risk for this neoplasia

(OR=1.42; CI95%: 1.00-2.00; P=0.049). Individuals carrying genotypes with the G

allele of CYP3A4 are at higher risk of developing advanced NSCLC (OR=1.82;

CI95%: 1.08-3.07; P=0.023) as are individuals with high expression genotypes

(OR=1.53; CI95%: 1.01-2.31; P=0.044). The prostate cancer results allowed us to

observe that the G allele of CYP3A4 is associated with prostate cancer aggressiveness

(Gleason grade ≥7) (OR=1.83; CI95%: 1.07-3.13; P=0.017) and that individuals with

high expression genotypes are at higher risk for aggressive (OR=1.61; CI95%: 1.06-

2.43;P=0.019) and metastatic disease (OR=1.80; CI95%: 0.99-3.28;P=0.038).

These results may contribute to a better understanding regarding the role and

influence of CYP3A4 and CYP3A5 polymorphisms in the development of lung and

prostate cancer.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos XX

Page 23: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos

Page 24: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo
Page 25: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

1.1. Epidemiologia e mecanismos moleculares do cancro

O cancro é actualmente a segunda causa de morte por doença em todo o

mundo, tendo sido diagnosticados 10,9 milhões de novos casos e registadas cerca de

6,7 milhões de mortes por cancro em 2002 (Parkin DM, 2005). De acordo com as

estimativas da Organização Mundial de Saúde, o cancro será a primeira causa de

morte no mundo em 2020 (World Health Organization, 2007).

O cancro é uma doença complexa. O processo de carcinogénese decorre

durante um longo período de tempo e consiste num progressivo acumular de

alterações genéticas que resultam na transformação de uma célula normal numa

célula cancerígena (Hanahan D, 2000). Estas alterações podem ser transmitidas

hereditariamente ou adquiridas ao longo da vida de um indivíduo por acção de

compostos químicos, agentes infecciosos e radiações (Kumar V, 2003). Assim, a

neoplasia maligna é o resultado de alterações no DNA de uma célula que implicam

perda da função normal, crescimento celular descontrolado e capacidade de

metastização. Alguns dos genes mais frequentemente alterados no cancro são proto-

oncogenes, cujo ganho de função promove a proliferação e a carcinogénese, genes

supressores tumorais, que por perda de função promovem a proliferação e a

carcinogénese, genes envolvidos na reparação do DNA, controlo do ciclo celular e

angiogénese (Brennan P, 2002).

As células tumorais apresentam características distintas das células normais,

sabendo-se que, durante a carcinogénese, adquirem fenótipos essenciais e

discriminativos como: potencial proliferativo ilimitado, capacidade de evasão à

apoptose, auto-suficiência em factores de crescimento, insensibilidade a sinais

inibidores do crescimento, angiogénese, capacidade de invasão tecidular e

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 3

Page 26: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

metastização à distância (Figura 1) (Hanahan D, 2000). Contudo, o número de

alterações necessárias para adquirir estas capacidades e a ordem pela qual elas

surgem, variam de acordo com as características da neoplasia (Weber BL, 2002).

Figura 1: Alterações adquiridas pelas células malignas (adaptado de Hanahan D, 2000).

Com a excepção dos cancros hereditários, que são raros (entre 5 a 10%) e

produto de uma ou várias mutações específicas, o desenvolvimento de uma neoplasia

resulta da exposição a agentes genotóxicos exógenos ou endógenos (como poluentes,

hormonas, agentes infecciosos) e consequente formação de aductos no DNA. O

metabolismo de compostos carcinogénicos, que permite a sua eliminação do

organismo, e a capacidade de correcção de erros durante a replicação genética, são

processos determinantes na inibição da carcinogénese. Genes que codificam

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 4

Page 27: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

moléculas com função central nestes processos são alvos de estudo importantes,

nomeadamente no que concerne ao esclarecimento do papel desempenhado por

polimorfismos genéticos funcionais nestes genes no desenvolvimento de cancro. O

estudo de genes que codificam enzimas do metabolismo pode deste modo contribuir

para a formação de sub-grupos em risco para desenvolver cancro numa dada

população (Brennan P, 2002).

1.2. Cancro do pulmão: epidemiologia e mecanismos moleculares

O cancro do pulmão é a neoplasia mais comum no mundo desde 1985, sendo

que em 2002 foram registados cerca de 1,35 milhões de novos casos (Figura 2)

(Parkin DM, 2005). É a primeira causa de morte por cancro em todo o mundo

devido, sobretudo, ao facto de o diagnóstico ocorrer frequentemente em fases

avançadas da doença (Parkin DM, 2005; Wistuba II, 2007). A incidência do cancro

do pulmão é maior nos homens e nos indivíduos mais velhos. No entanto, durante a

última década, a incidência desta doença no género feminino tem vindo a aumentar,

devido à alteração dos hábitos tabágicos das mulheres (Alberg AJ, 2003; Parkin DM,

2005; Jemal A, et al., 2007).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 5

Page 28: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

Figura 2: Taxas de incidência anuais do cancro do pulmão/100.000 homens (Globocan 2002,

IARC).

O cancro do pulmão apresenta diferentes tipos histológicos, sendo que o

cancro do pulmão de não pequenas células (CPNPC) representa cerca de 75% da

totalidade dos casos de cancro do pulmão. Dependendo do tipo de célula que lhe dá

origem, o carcinoma do pulmão pode ser classificado em epidermóide,

adenocarcinoma, carcinoma de grandes células, CPNPC misto ou indiferenciado

(Edwards SL et al., 2000; Alberg AJ, 2003). A avaliação do tipo histológico do

tumor, juntamente com o estadio, aquando do diagnóstico do cancro do pulmão, é

determinante na escolha do tratamento e no prognóstico do doente (Mountain CF,

1997). O estadiamento do tumor é feito com base no sistema TNM, proposto pelo

American Joint Committee on Cancer (AJCC) em 1973, que classifica o tumor de

acordo com o seu tamanho e potencial invasivo (T), com o envolvimento de gânglios

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 6

Page 29: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

linfáticos na região (N) e com a presença ou não de metástases à distância (M)

(Mountain CF, 1986; Mountain CF, 1997; Brambilla E, 2001; Serke M, 2007).

O tratamento do cancro do pulmão é bastante individualizado, variando com o

tipo histológico, localização e extensão do tumor e também com a idade e estado

geral do doente. As opções terapêuticas utilizadas são a cirurgia, a radioterapia e a

quimioterapia, podendo ser aplicadas isoladamente ou como terapia combinada,

visando controlar o desenvolvimento tumoral e a metastização (DeVita VTJ, 2005;

Serke M, 2007).

O fumo do tabaco está directamente relacionado com o desenvolvimento

tumoral, estando esta associação descrita desde a década de 50 (Alberg AJ, 2003;

Ezzati M, 2003; Doll R, 2004; Kamangar F, 2006). Os indivíduos fumadores

apresentam um risco 20 vezes superior de desenvolver esta neoplasia do que

indivíduos não fumadores. O fumo do tabaco contém numerosos agentes

procarcinogéneos, como hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH) e benzeno,

que, após a sua activação, são altamente nocivos para o epitélio respiratório. Outros

factores que poderão contribuir para o aparecimento desta neoplasia incluem doenças

pulmonares anteriores e exposição a agentes carcinogéneos ambientais. (Klaassen

CD, 2001; Alberg AJ, 2003; Stavrides JC, 2006). Porém, nem todos os fumadores

desenvolvem cancro do pulmão, o que indica que outras condicionantes podem estar

envolvidas no desenvolvimento tumoral. Diferenças genéticas na capacidade de

reparação do DNA e no metabolismo de carcinogéneos, têm sido apontadas como

factores importantes na definição de subgrupos com maior ou menor risco de

desenvolver cancro do pulmão (Alberg AJ, 2003; Stavrides JC, 2006; Araújo A,

2007; Mitsudomi T, 2007).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 7

Page 30: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

1.3. Cancro da próstata: epidemiologia e mecanismos moleculares

No ano de 2002 foram diagnosticados 679 mil novos casos de cancro da

próstata em todo o mundo (Parkin DM, 2005), constituindo uma das doenças mais

preocupantes a atingir a população masculina (Heidenreich A, 2007), sendo que

5,8% de todas as mortes por cancro são atribuídas a esta neoplasia (Parkin DM,

2005). A maioria dos casos de cancro da próstata ocorre na população idosa (idade

superior a 65 anos), tornando-o, deste modo, um maior problema de saúde pública

nos países desenvolvidos (Figura 3) (Parkin DM, 2005; Heidenreich A, 2007).

Figura 3: Taxas de incidência anuais do cancro da próstata/100.000 homens (Globocan 2002,

IARC).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 8

Page 31: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

A próstata é uma glândula envolvida por uma cápsula que rodeia a uretra e

apresenta três zonas distintas: a zona periférica, a zona central e a de transição.

Atendendo ao carácter glandular deste órgão, a maioria dos cancros é classificada

como adenocarcinoma e tem origem na zona periférica (Parkin DM, 2005; Hsing

AW, 2006). Os principais métodos de rastreio desta neoplasia são o toque rectal

(DRE: digital rectal examination), a ecografia transrectal da próstata (TRUS: trans

rectal ultrasonography) e o doseamento sérico do antigénio específico da próstata

(PSA: prostate specific antigen). A biópsia em sextante, associada ao doseamento

sérico do PSA, constitui um bom meio de diagnóstico desta neoplasia, especialmente

em fases assintomáticas da mesma (Lopes C, 2000).

A classificação deste tipo de tumor é feita avaliando dois parâmetros: o

estadio e o grau histológico. O estadiamento é efectuado recorrendo ao sistema TNM

(Wittekind C, 2002). A avaliação do grau do tumor é feita, após biópsia, com base no

grau histológico de diferenciação de Gleason (Gleason DF, 1974); o grau histológico

varia entre 2 e 10, sendo que quanto maior o grau, maior a agressividade do tumor e

a probabilidade de metastização (Gleason DF, 1992; Humphrey PA, 2004;

Heidenreich A, 2007).

O tratamento do cancro da próstata é bastante variável. A escolha da

correcta opção terapêutica depende do estadio e grau histológico do tumor, sendo que

a cirurgia (prostatectomia radical), radioterapia, criocirurgia e terapia hormonal são

as técnicas mais utilizadas actualmente (Heidenreich A, 2007).

A etiologia do cancro da próstata ainda não está totalmente esclarecida, no

entanto, a idade e a etnia têm sido consistentemente apontadas como factores de risco

demográficos (Hsing AW, 2006). Outros possíveis factores de risco incluem a

exposição a elevados níveis de androgénios, os hábitos alimentares, a obesidade, a

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 9

Page 32: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

actividade física, a inflamação crónica, entre outros (Hsing AW, 2006). Igualmente

associada a esta neoplasia, surge a história familiar de cancro da próstata e alguns

genes de elevada penetrância. O estudo de polimorfismos, especialmente em genes

envolvidos em vias de biossíntese e metabolismo de androgénios, metabolismo de

carcinogéneos, reparação do DNA, inflamação e angiogénese, pode revelar-se

importante na definição de subgrupos em maior risco para o desenvolvimento desta

neoplasia (Ferreira PM, et al., 2003; Medeiros R, et al., 2004; Hsing AW, 2006).

1.4. Metabolismo: Citocromos P450

Fármacos, drogas, poluentes ou pesticidas ingeridos, podem ser denominados

xenobióticos. Parte destes compostos, em especial os fármacos, são de natureza

lipofílica, o que facilita a sua passagem através das membranas celulares e o acesso

ao local de acção. Os xenobióticos não devem permanecer no organismo durante

muito tempo, uma vez que, por acumulação, podem ter efeitos tóxicos e

eventualmente carcinogénicos. A sua lipofilicidade é, no entanto, um entrave à sua

necessária excreção: apenas substâncias polares e hidrofílicas podem ser facilmente

excretadas pela urina. Assim, as substâncias lipofílicas necessitam de ser

metabolizadas em compostos mais hidrofílicos para poderem ser eliminadas; este

tipo de metabolismo é conhecido por biotransformação (Rang H, 1999; Brunton LL,

2001).

A biotransformação ocorre em duas fases distintas, geralmente sequenciais,

designadas por: Metabolismo Fase I e Metabolismo Fase II.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 10

Page 33: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

O Metabolismo Fase I consiste na oxidação, redução ou hidrólise do

xenobiótico, que por vezes pode ficar mais tóxico ou carcinogénico que o composto

inicial. As reacções de Fase I envolvem normalmente a introdução de um grupo

funcional, por exemplo um grupo hidroxilo, no composto a ser metabolizado. Este

grupo irá funcionar como um ponto de partida para as reacções de Fase II (reacções

de conjugação, isto é, substituição do grupo funcional colocado na Fase I por outro,

como por exemplo, o ácido glucorónico, a glutationa, aminoácidos, entre outros); a

molécula resultante é quase sempre inactiva e menos lipofílica que o seu precursor,

sendo mais fácil a sua excreção pelos rins (Rang H, 1999; Brunton LL, 2001).

As reacções de Fase I e de Fase II ocorrem maioritariamente nos hepatócitos,

podendo também ter lugar no aparelho digestivo, rins e pulmões. Muitas das enzimas

que intervêm nestas reacções, especialmente as pertencentes à família Citocromo

P450, localizam-se no Retículo Endoplasmático (RE) das células (Rang H, 1999;

Brunton LL, 2001).

As P450 são uma superfamília de enzimas com um grupo heme. A sua

designação advém das suas propriedades espectrais: as formas reduzidas das enzimas

P450, quando combinadas com monóxido de carbono, formam um composto cor-de-

rosa que apresenta um pico de absorção a 450nm (Rang H, 1999).

Os Citocromos P450 ou CYP’s são um conjunto de isoenzimas que diferem

umas das outras nas sequências aminoacídicas, na resposta a inibidores e no tipo de

reacções que catalisam; actuam muitas vezes sobre o mesmo substrato, mas a

diferentes velocidades, formando diferentes metabolitos secundários (Rang H, 1999).

Estas proteínas são agrupadas em diversas famílias e sub-famílias de acordo com a

percentagem de homologia na sequência aminoacídica: enzimas que são iguais em

mais de 40%, constituem uma família, identificada por numeração árabe (CYP1 e

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 11

Page 34: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

CYP2 constituem duas famílias diferentes); semelhança em mais de 55% da

sequência aminoacídica permite agrupar várias enzimas na mesma sub-família,

identificada por uma letra (CYP1A e CYP1B representam duas sub-famílias

diferentes) (Nebert DW, 2002). Dentro de cada sub-família, um número identifica

uma enzima em particular e as variantes genéticas de cada uma são identificadas por

números e letras após um asterisco (Wilkinson GR, 2005).

Até à data foram identificados cinquenta e sete genes que codificam esta

superfamília de enzimas em humanos; entre estes, existem três famílias de elevada

importância (CYP1, CYP2, CYP3) que codificam enzimas que efectuam o

metabolismo de xenobióticos, hormonas sexuais e vitaminas (Wilkinson GR, 2005).

A sub-família CYP3A constitui o sistema mais importante e um dos mais

versáteis de biotransformação e eliminação de xenobióticos, fármacos e compostos

endógenos (Lamba JK, 2002). Este agrupamento de genes está localizado no

cromossoma 7 e contém, como esquematizado na Figura 4, quatro genes funcionais:

CYP3A4, CYP3A5, CYP3A7 e CYP3A43. Estes genes expressam isoenzimas que

actuam sobre uma vasta gama de substratos, como poluentes, carcinogéneos

exógenos (fumo do tabaco), fármacos (cerca de 60% de todos os fármacos usados

correntemente, como antidepressivos e imunossupressores) (Burk O, 2004). São

igualmente importantes na biossíntese e degradação de compostos endógenos, como

hormonas esteróides, lípidos e vitaminas (Wilkinson GR, 2005).

Figura 4: Esquema da organização do locus CYP3A (Burk O, 2004).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 12

Page 35: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

A regulação da expressão de CYP3A é mediada, de modo geral, por um

processo de feedback em que as substâncias que induzem a sua expressão são muitas

vezes o próprio substrato da enzima. Estas substâncias indutoras podem ser

compostos endógenos, como hormonas esteróides e seus metabolitos ou xenobióticos

(fármacos, poluentes ambientais) (Burk O, 2004).

Quer a expressão basal, quer a indução da expressão de CYP3A são

controladas por um conjunto de receptores nucleares activados por ligandos

(indutores). Estes receptores nucleares, que incluem Pregnane X Receptor (PXR),

Constitutive Androstane Receptor (CAR), Retinoid X Receptor (RXR), Vitamin D

Receptor (VDR) e Glucocorticoid Receptor (GR), interagem com elementos

específicos da região reguladora 5’ do DNA de cada um dos genes da família CYP3A

(Burk O, 2004; Raunio H, 2005).

As enzimas mais importantes e mais expressas desta família são a CYP3A4 e

CYP3A5. São responsáveis pelo metabolismo de cerca de 50% dos fármacos usados

correntemente (Figura 5) de entre os quais se podem destacar a ciclofosfamida,

ciclosporina, midazolam, nifedipina, lidocaína, docetaxel, paclitaxel, tamoxifeno,

vinca-alcalóides, gefinitib, imatinib (Brunton LL, 2001; Michael M, 2005; van

Schaik RHN, 2005; Wilkinson GR, 2005).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 13

Page 36: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

Figura 5: Enzimas CYP e a sua importância relativa no Metabolismo Fase I (adaptado de

Brunton LL, 2001).

A actividade das enzimas CYP3A é bastante variável dentro de uma

população, podendo ser condicionada por vários factores:

- Controlo da expressão genética por moléculas endógenas (hormonas,

citoquinas, vitaminas) e exógenas (alimentos, ambiente);

- Polimorfismos genéticos nos próprios genes da família CYP3A (regiões não

traduzidas, intrões, exões) ou nos genes que controlam a sua expressão (PXR, VDR,

CAR) (Lamba JK, 2002).

Alterações de sequências de bases ou repetições de sequências de bases no

DNA são muito frequentes na espécie humana e podem ser utilizadas como

marcadores moleculares. Por definição, um polimorfismo genético é uma variação

genética que ocorre em mais de 1% da população. Um locus diz-se polimórfico

quando apresenta dois ou mais alelos que diferem entre si, por exemplo, num

nucleótido (Single nucleotide polymorphism - SNP) ou no número de unidades de

nucleótidos repetidos (Tandem repeats) (Vieira A, 2001; Keshava C, 2004).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 14

Page 37: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

1.4.1. Metabolismo: genética molecular de CYP3A4

A enzima CYP3A4 é uma proteína membranar, composta por 502

aminoácidos e com um peso molecular de 57,29 kDa. O gene CYP3A4, localizado no

cromossoma 7q21.3-q22.1 (Figura 6), é constituído por 27592 pares de bases (pb) e

13 exões (Keshava C, 2004). Embora a expressão deste gene tenha sido detectada na

grande maioria dos órgãos, esta é mais abundante no fígado e intestino delgado

(Guengerich FP, 1999).

CYP3A4

Figura 6: Localização do gene CYP3A4 no cromossoma 7 (www.ncbi.nlm.nih.gov).

A transcrição do gene CYP3A4 é efectuada mediante a ligação de receptores

nucleares a locais chave presentes no gene. Na região reguladora 5’ de CYP3A4

existem elementos necessários à indução do gene (Figura 7): uma sequência de 18

nucleótidos localizada na região promotora proximal (-153 a -170 pb) denominada

ER6 (Everted repeat separated by six nucleotides) e o XREM (Xenobiotic-responsive

enhancer module) que se localiza de -7800 a -7600 pb e contém vários locais de

ligação a receptores nucleares, incluindo uma sequência ER6 (denominada ER6

distal), uma sequência DR3 ou dNR1 (Distal nuclear receptor-binding element 1) e

uma HNF4α (Hepatocyte nuclear factor-4alpha). A estas zonas no DNA ligam-se os

receptores nucleares PXR, CAR e VDR (Goodwin B, 1999; Burk O, 2004).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 15

Page 38: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

Figura 7: Representação dos locais de ligação dos receptores nucleares no gene CYP3A4

(adaptado de Burk O, 2004).

O esquema básico da transcrição de CYP3A4 está representado na Figura 8.

Para que ocorra a transcrição do gene, os compostos indutores, como xenobióticos e

compostos endógenos, ligam-se ao receptor PXR ou CAR. Estes formam dímeros

com o receptor RXR, que por sua vez se irão ligar a elementos específicos do DNA,

activando a transcrição do gene (Raunio H, 2005; Wilkinson GR, 2005).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 16

Page 39: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

Figura 8: Esquema dos eventos básicos da transcrição dos genes CYP3A (adaptado de

Raunio H, 2005).

A enzima CYP3A4 foi inicialmente denominada Nifedipina Oxidase pela sua

capacidade de metabolização deste fármaco (Keshava C, 2004). A sua acção sobre

hormonas (testosterona), ácidos gordos e xenobióticos (fármacos, poluentes,

compostos carcinogénicos do tabaco) é de extrema importância no metabolismo. Esta

enzima oxida a testosterona a formas biologicamente menos activas como a 2β-

hidroxitestosterona, a 6β-hidroxitestosterona ou a 15β-hidroxitestosterona,

impedindo a sua transformação em di-hidroxitestosterona pela 5α-redutase dos

esteróides (SRD5A2): este metabolito da testosterona liga-se ao DNA, promovendo a

proliferação celular e diferenciação da próstata (Figura 9) (Keshava C, 2004).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 17

Page 40: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

Figura 9: Metabolismo da testosterona (adaptado de Keshava C, 2004).

O metabolismo e activação de compostos procarcinogénicos como a N’-

nitrosonornicotina (NNN) e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (como o

Benzo[a]pireno) presentes no fumo do tabaco é efectuado pela CYP3A4 (Bartsch H,

et al., 2000; Dally H, et al., 2003). Variações na expressão desta enzima podem

modificar o padrão de metabolismo destas substâncias, alterando a susceptibilidade

individual para o desenvolvimento de algumas doenças como o cancro (Keshava C,

2004).

Polimorfismos genéticos em CYP3A4 eram desconhecidos até 1996 (Kinirons

MT, et al., 1996). Desde então, setenta e oito variações na sequência nucleotídica de

CYP3A4 foram identificadas (Keshava C, 2004). Em 1998, Rebbeck e colaboradores

identificaram um novo SNP neste gene e designaram o alelo variante CYP3A4-V

(Rebbeck TR, 1998).

O alelo CYP3A4-V, ou CYP3A4*1B como é actualmente designado, resulta da

substituição de A por G (A>G) no elemento de resposta à Nifedipina

(AGGGCAAGAG → AGGGCAGGAG), localizado na região promotora 5’ do gene

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 18

Page 41: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

CYP3A4 (-287 a -296 pb do local de início de transcrição do gene) (Rebbeck TR,

1998).

As frequências do alelo CYP3A4*1B em diferentes populações humanas são

distintas: asiáticos 0,0% (Paris PL, et al., 1999), caucasianos 3,8-9,6% (Keshava C,

2004), hispânicos 9,3-10,7% (Paris PL, et al., 1999; Keshava C, 2004), afro-

americanos 48-67,2% (Paris PL, et al., 1999; Keshava C, 2004) e africanos 69-81%

(Tayeb MT, 2002; Keshava C, 2004). Na população portuguesa, a frequência descrita

para a variante CYP3A4*1B é de 4-4,9% (Cavaco I, 2003; Nogal A, et al., 2007).

Foram já descritas associações entre o alelo CYP3A4*1B e o desenvolvimento

de neoplasias. A presença desta variante foi associada a formas mais agressivas de

cancro da próstata (Rebbeck TR, 1998; Paris PL, et al., 1999; Tayeb MT, et al.,

2002; Plummer SJ, et al., 2003; Zeigler-Johnson C, et al., 2004; Loukola A, et al.,

2004; Bangsi D, et al., 2006), a uma maior susceptibilidade para desenvolver cancro

de pulmão de pequenas células (Dally H, et al., 2003), à ocorrência de menarca

precoce, que se suspeita ser um factor de risco para o desenvolvimento de cancro da

mama (Kadlubar FF, et al., 2003) e a um menor risco de desenvolvimento de

leucemias secundárias associadas à quimioterapia (Felix CA, et al., 1998). Apesar

das associações encontradas, o carácter funcional deste alelo na expressão desta

enzima é ainda controverso: dois estudos in vitro demonstraram existir uma maior

expressão da enzima associada ao alelo CYP3A4*1B (G) (Ando Y, et al., 1999;

Amirimani B, et al., 2003), enquanto num outro estudo in vitro se verificou que a

expressão da enzima não era condicionada pelos genótipos (Spurdle AB, et al.,

2002). Estudos in vivo não evidenciaram qualquer alteração da expressão proteica na

presença deste alelo (Ball SE, et al., 1999; Westlind A, 1999; Wandel C, et al., 2000;

von Ahsen N, et al., 2001; Garcia-Martin E, et al., 2002; Lin YS, et al., 2002).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 19

Page 42: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

1.4.2. Metabolismo: genética molecular de CYP3A5

A enzima CYP3A5 é uma proteína membranar do retículo endoplasmático,

com um peso molecular de 52,5 kDa e composta por 502 aminoácidos (Aoyama T, et

al., 1989). A sequência aminoacídica apresenta 85% de homologia com a de

CYP3A4. O gene CYP3A5 está localizado no cromossoma 7q22.1 e apresenta 13

exões (Lamba JK, 2002; ONIM NCBI). É a enzima CYP3A mais expressa em órgãos

como o pulmão, próstata, mama e rins (Lamba JK, 2002; Schuetz EG, et al., 2004).

A regulação da transcrição de CYP3A5 é semelhante à de CYP3A4. No

entanto, a região reguladora 5’ de CYP3A5 não apresenta o elemento XREM, estando

apenas presente o motivo ER6 proximal (Burk O, 2004). Em 2003, Hukkanen e

colaboradores, demonstraram a indução de CYP3A5 por glucocorticóides, não tendo

sido ainda identificados os locais de ligação de GR ao promotor do gene (Hukkanen

J, et al., 2003; Burk O, 2004).

Os substratos da enzima CYP3A5 são, na sua maioria, os mesmos de

CYP3A4: excepto a eritromicina e a quinidina que são exclusivamente metabolizadas

pela CYP3A4. Existem algumas diferenças também no metabolismo de esteróides e

da ciclosporina: estudos indicam que estes compostos se possam ligar a CYP3A4 em

mais do que um local (Wrighton SA, et al., 1990; ONIM NCBI).

A expressão de CYP3A5 é marcadamente bimodal, isto é, os indivíduos

apresentam níveis elevados ou níveis baixos da proteína (Wrighton SA, et al., 1990;

Paine MF, et al., 1997). O polimorfismo mais frequente e funcionalmente importante

no gene CYP3A5 caracteriza-se por uma transição de A para G (+6986 A>G) no

intrão 3 do gene. Esta alteração cria um local alternativo de splicing no pré RNA

mensageiro, originando um RNA mensageiro aberrante (SV1-mRNA) que contém

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 20

Page 43: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

parte do intrão 3, denominado exão 3B, entre os exões 3 e 4. Este novo exão dá

origem a uma proteína truncada não funcional (Figura 10). Os indivíduos com

genótipos portadores do alelo A (CYP3A5*1) expressam níveis elevados da enzima

(Hustert E, et al., 2001; Kuehl P, et al., 2001; Lamba JK, 2002).

Figura 10: Esquema do splicing alternativo e sua acção na expressão de CYP3A5 (adaptado

de Lamba JK, 2002).

A variante CYP3A5*3 (G) é a mais comum na maioria das populações. A

frequência do alelo funcional CYP3A5*1 (A) é de 5-15% em caucasianos, 45-73%

em afro-americanos e de 27-30% em asiáticos (Hustert E, et al., 2001; Kuehl P, et

al., 2001). Dois estudos associaram a presença do alelo CYP3A5*1 a cancro da

próstata menos agressivo (Plummer SJ, et al., 2003; Zhenhua L, et al., 2005). Este

alelo foi associado a um menor risco para cancro de pulmão (Yeh KT, et al., 2003).

Dandara e colaboradores associaram o genótipo homozigótico CYP3A5*3 a um

menor risco de desenvolver cancro do esófago (Dandara C, 2005).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 21

Page 44: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

1. Introdução

O estudo de polimorfismos funcionais nos genes que codificam CYP3A4 e

CYP3A5 reveste-se de importância acrescida em processos de carcinogénese

química ou hormonal (como o cancro do pulmão e da próstata), devido à acção

destas enzimas no metabolismo de procarcinogéneos, poluentes, fármacos e

hormonas (Goodwin B, 1999; Brennan P, 2002).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 22

Page 45: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

2. Objectivos

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos

Page 46: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo
Page 47: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

2. Objectivos

Este trabalho, onde foi desenvolvido um estudo do tipo caso-controlo, teve os

seguintes objectivos:

- Analisar a frequência dos polimorfismos genéticos em CYP3A4 e CYP3A5

em indivíduos com cancro do pulmão e indivíduos sem doença oncológica

conhecida;

- Avaliar a existência de associações entre a frequência dos polimorfismos

estudados em CYP3A4, CYP3A5 e suas combinações e a susceptibilidade para cancro

do pulmão;

- Avaliar a associação dos polimorfismos estudados com características

clínico-patológicas dos doentes com cancro do pulmão;

- Analisar a frequência dos polimorfismos genéticos em CYP3A4 e CYP3A5

em indivíduos com cancro da próstata e indivíduos sem doença oncológica

conhecida;

- Avaliar a existência de associações entre a frequência dos polimorfismos

estudados em CYP3A4, CYP3A5 e suas combinações e a susceptibilidade para cancro

da próstata;

- Avaliar a associação dos polimorfismos estudados com características

clínico-patológicas dos doentes com cancro da próstata.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 25

Page 48: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo
Page 49: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

3. Material e Métodos

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos

Page 50: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo
Page 51: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

3. Material e Métodos

3.1. População

Neste trabalho do tipo caso-controlo participaram mil, seiscentos e noventa e

cinco (1695) indivíduos: mil, trezentos e vinte e quatro (1324) homens e trezentas e

setenta (370) mulheres. Todas as amostras estudadas são provenientes de indivíduos

da região norte de Portugal e foram utilizadas com o seu conhecimento e

consentimento prévios, de acordo com o protocolo de Helsínquia.

3.1.1. Doentes com cancro do pulmão e grupo controlo

Foram incluídos no estudo duzentos e sessenta e nove (269) indivíduos, dos

quais duzentos e quinze (215) homens e cinquenta e três (53) mulheres, com

diagnóstico histopatológico de CPNPC, tratados no Instituto Português de Oncologia

Francisco Gentil - Entidade Pública Empresarial. A idade média de diagnóstico foi

de 62,7 ± 9,9 anos e a mediana de 64,0 anos. Aquando do diagnóstico foram

avaliadas diversas características clínico-patológicas importantes, tais como o tipo

histológico e estadio do tumor e hábitos tabágicos, embora não tenha sido possível

obter informação relativa a estes parâmetros em todos os doentes. Estes dados estão

descritos no Quadro I.

No grupo controlo foram incluídos setecentos e vinte e oito (728) indivíduos,

recrutados no Banco de Dadores de Sangue do Instituto Português de Oncologia, sem

doença oncológica conhecida, dos quais quatrocentos e onze (411) eram homens e

trezentas e dezassete (317) mulheres. A média de idades foi de 43,6 ± 12,7 anos e

mediana de 46,0 anos. Foi obtida informação sobre os hábitos tabágicos de 184

indivíduos e verificou-se que 65,2% eram não fumadores e que 34,8% eram

fumadores activos ou ex-fumadores.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 29

Page 52: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

3. Material e Métodos

Quadro I: Características clínico-patológicas dos casos de cancro do pulmão

Frequência Percentagem Histologia

Epidermóide 100 37,2 Adenocarcinoma 121 45,0 CPNPC indiferenciado 29 10,8 Grandes Células 9 3,3 Outros 2 0,7 Sem informação 8 3,0 Total 269 100,0 Estadio

I 35 13,0 II 22 8,2 III 119 44,2 IV 85 31,6 Sem informação 8 3,0 Total 269 100,0 Tabaco

Não fumador 59 21,9 Fumador* 197 73,3 Sem informação 13 4,8 Total 269 100 * Fumadores activos e ex-fumadores

3.1.2. Doentes com cancro da próstata e grupo controlo

Participaram no estudo seiscentos e noventa e oito (698) homens com

diagnóstico histopatológico de cancro da próstata, tratados no Instituto Português de

Oncologia Francisco Gentil - Entidade Pública Empresarial. A idade média de

diagnóstico foi de 67,3 anos ± 7,6 e a mediana de 67,0 anos. Foram considerados

relevantes para o estudo as informações clínico-patológicas de grau histológico de

Gleason, estadio e metastização à distância, no entanto, não foi possível obter esta

informação para todos os casos estudados. Estes dados estão descritos no Quadro II.

O grupo controlo era constituído por quatrocentos e um (401) indivíduos,

recrutados no Banco de Dadores de Sangue do Instituto Português de Oncologia, sem

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 30

Page 53: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

3. Material e Métodos

doença oncológica conhecida, cuja média de idades foi de 44,9 ± 12,4 anos e

mediana de 47,0 anos.

Quadro II: Características clínico-patológicas dos casos de cancro da próstata

Frequência Percentagem Grau de Gleason

<7 232 33,2 ≥7 234 33,6 Sem informação 232 33,2 Total 698 100,0 Estadio

I 91 13,0 II 218 31,2 III 119 17,1 IV 79 11,3 Sem informação 191 27,4 Total 698 100,0 Metástases à distância

Ausentes 417 59,8 Presentes 79 11,3 Sem informação 202 28,9 Total 698 100,0

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 31

Page 54: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

3. Material e Métodos

3.2. Processamento das amostras

Foram recolhidos cerca de 8 mL de sangue periférico dos indivíduos acima

referidos, através de uma técnica padronizada de colheita intravenosa, para tubos que

continham uma solução de EDTA.

O isolamento de DNA genómico foi efectuado pela técnica de Salting-out

clorofórmio (Mullenbach R, 1989) a partir de células nucleadas do sangue periférico.

Às amostras de sangue periférico adicionou-se uma solução hipotónica, AKE (Anexo

I), de modo a provocar a lise dos eritrócitos, e incubou-se a 4ºC durante 30 minutos.

Centrifugou-se a 2000 rpm, durante 10 minutos a 4ºC, rejeitando o sobrenadante;

ressuspendeu-se o sedimento na solução hipotónica, seguindo-se uma nova

centrifugação nas mesmas condições. Ressuspendeu-se o sedimento obtido em PBS

(Anexo I) e procedeu-se a uma última centrifugação, igualmente a 2000 rpm, durante

10 minutos a 4ºC, para obtenção de um sedimento de células nucleadas.

O sedimento obtido foi ressuspenso em 4 mL de tampão SE (Anexo I),

provocando a lise das células nucleadas; adicionou-se SDS (dodecilsulfato de sódio,

Gibco BRL 5525UA) para promover a dissociação do DNA das proteínas.

Adicionou-se proteinase K (Boehringer Mannheim 745723) (concentração final de

200 µg/mL) e incubou-se a 55ºC durante 12 horas para completa degradação

proteica.

Adicionou-se 1 mL de NaCl 6 M previamente aquecido, para uma

concentração final de 1.5 M, com o objectivo de precipitar as proteínas (“salting-

out”). A separação das proteínas foi efectuada pela adição de igual volume de

clorofórmio (Merck 1124451000) e agitação suave durante 30 a 60 minutos. Seguiu-

se uma centrifugação a 2500 rpm, durante 10 minutos a 4ºC de modo a separar a fase

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 32

Page 55: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

3. Material e Métodos

aquosa, que contêm o DNA, da fase orgânica, onde se encontram as proteínas

degradadas. A fase aquosa foi recolhida e adicionou-se igual volume de isopropanol

(Panreac cod 131090), promovendo assim a precipitação do DNA. Posteriormente, o

DNA foi lavado com etanol (Merck 1009831000) a 70% (v/v). Após completa

evaporação do etanol, o DNA foi ressuspenso em água bidestilada.

As amostras foram armazenadas a 4ºC ou a -20ºC conforme o tempo de

armazenamento previsto.

3.3. Amplificação do DNA

A amplificação do DNA que contém as regiões a avaliar neste estudo foi

realizada recorrendo à técnica de Polymerase Chain Reaction (PCR).

3.3.1. Amplificação do fragmento do gene CYP3A4

O fragmento de DNA pretendido, que pertence à região promotora 5’ do gene

CYP3A4, foi amplificado por PCR segundo o protocolo descrito por Cavalli e

colaboradores (Cavalli SA, 2001).

Submeteu-se a PCR cerca de 20 ng de DNA de cada caso, o que corresponde

a aproximadamente 2 µL de cada amostra. O volume de reacção foi de 50 µL, e a

mistura de reacção incluiu: 5µL de tampão de reacção de PCR, uma unidade de Taq

DNA Polimerase, 2,0 mM de MgCl2 [Fermentas Taq DNA Polymerase

(recombinant), #EP0402], 200 µM de dNTPs (Fermentas, #R0192) e 10 ρmol de

cada um dos primers P3A4*1B-F (5’-

GGAATGAGGACAGCCATAGAGACAAGGGGA-3’) e P3A4*1B-R (5’-

CCTTTCAGCTCTGTGTTGCTCTTTGCTG-3’) (Invitrogen 575480).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 33

Page 56: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

3. Material e Métodos

As condições de amplificação utilizadas foram as seguintes: pré-desnaturação

a 98ºC durante 5 minutos, seguida de 30 ciclos de 1 minuto a 95ºC (desnaturação),

90 segundos a 60ºC (emparelhamento) e 2 minutos a 72ºC (extensão) aos quais se

seguiu um passo final de extensão a 72ºC durante 10 minutos. A reacção foi

efectuada num termociclador programável Biometra.

No final da reacção foi amplificado um fragmento de 385 pb da região

promotora 5’ do gene CYP3A4.

3.3.2. Amplificação do fragmento do gene CYP3A5

A amplificação do fragmento de DNA da região codificante do gene CYP3A5

foi efectuada por PCR, segundo o protocolo descrito por van Schaik e colaboradores

(van Schaik RHN, 2002).

A reacção foi efectuada num termociclador programável Biometra, com um

volume final de 50 μL. A mistura de reacção incluiu: 5 µL de tampão de PCR, uma

unidade de Taq DNA Polimerase, 1,5 mM de MgCl2 [Fermentas Taq DNA

Polymerase (recombinant), #EP0402], 0,2 mM de dNTPs (Fermentas, #R0192) e 40

ρmol de cada um dos primers CYP3A5F (5'-CATGACTTAGTAGACAGATGAC-

3') e CYP3A5R (5’-GGTCCAAACAGGGAAGAAATA-3’) (Metabion 70510B3).

As condições de amplificação incluíram 7 minutos de pré-desnaturação a 94ºC,

seguida de 35 ciclos de 1 minuto a 94ºC (desnaturação), 1 minuto a 55ºC

(emparelhamento) e 1 minuto a 72ºC (extensão), aos quais se seguiu um passo final

de extensão a 72ºC durante 7 minutos.

No final da reacção foi amplificado um fragmento de 293 pb da região

codificante do gene CYP3A5.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 34

Page 57: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

3. Material e Métodos

3.3.3. Identificação dos fragmentos por electroforese

Para confirmação da amplificação dos fragmentos de DNA obtidos foram

analisados 15 µL do produto de PCR por electroforese em gel de agarose a 1.5%

(p/v) corado com brometo de etídeo (10 µg/mL). Os géis foram preparados em

tampão TBE (Anexo I), sendo este também utilizado como tampão de electroforese.

As amostras foram aplicadas no gel após mistura com tampão de aplicação

(Fermentas #R0611) e foi utilizado um marcador molecular de 100 pb (Fermentas

#SM0243). A visualização dos géis foi efectuada recorrendo a uma lâmpada de luz

ultra-violeta, num aparelho Image Master® VDS (Pharmacia Biotech) (Figuras 11 e

12).

385 pb

M

Figura 11: Gel de agarose a 1,5% (p/v), mostrando a banda de 385 pb que corresponde à

região de CYP3A4 amplificada por PCR (M- marcador 100 pb).

293 pb

M

Figura 12: Gel de agarose a 1,5% (p/v), mostrando a banda de 293 pb que corresponde à

região de CYP3A5 amplificada por PCR (M- marcador 100 pb).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 35

Page 58: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

3. Material e Métodos

3.4. Análise dos polimorfismos em CYP3A4 e CYP3A5

Os polimorfismos estudados foram analisados recorrendo à técnica de

Restriction Fragment Lenght Polymorphism (RFLP).

3.4.1. Digestão do fragmento do gene CYP3A4

Para a análise do polimorfismo no gene CYP3A4 foram utilizados 13 µL de

produto de PCR de cada amostra para digestão com a enzima de restrição MboII e

respectivo tampão (Fermentas #ER0822), segundo as instruções fornecidas pelo

fabricante, num volume final de reacção de 30 µL. A incubação ocorreu a 37ºC

durante 3 horas.

3.4.2. Digestão do fragmento do gene CYP3A5

Na análise do polimorfismo em CYP3A5 foram utilizados 10 µL de produto

de PCR de cada amostra para digerir com a enzima de restrição SspI e respectivo

tampão (Fermentas #ER0772), segundo as instruções do fabricante, num volume

final de reacção de 30 µL. A incubação decorreu por um período de 5 horas a 37ºC.

3.4.3. Separação dos fragmentos de DNA por electroforese

O resultado das digestões dos fragmentos dos genes CYP3A4 e CYP3A5 com

as respectivas enzimas de restrição foram observados recorrendo a electroforeses em

géis de agarose a 3% (p/v), corados com brometo de etídeo (10 µg/mL).

Relativamente à digestão do fragmento do gene CYP3A4, observaram-se três

padrões diferentes de bandas que nos permitiram identificar os respectivos genótipos:

duas bandas com 169 pb e 175 pb correspondentes ao genótipo homozigótico

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 36

Page 59: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

3. Material e Métodos

CYP3A4*1A (A/A), três bandas com 169 pb, 175 pb e 210 pb correspondentes ao

genótipo heterozigótico CYP3A4*1A/CYP3A4*1B (A/G) e duas bandas com 175 pb e

210 pb correspondentes ao genótipo homozigótico CYP3A4*1B (G/G). A banda de

41 pb, que apresenta um peso molecular relativamente baixo, não é visível nos géis

de agarose (Figura 13).

210 pb 175 pb 169 pb

M A/G A/A G/G A/A A/A

Figura 13: Gel de agarose a 3% (p/v), representando os três padrões de RFLP, e respectivos

genótipos, obtidos para CYP3A4 (M- marcador 50 pb).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 37

Page 60: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

3. Material e Métodos

Após electroforese da digestão do fragmento do gene CYP3A5, foi possível

identificar os diferentes padrões de bandas correspondentes aos genótipos existentes:

ao genótipo homozigótico CYP3A5*1 (A/A) correspondem duas bandas com 125 pb

e 148 pb, ao genótipo heterozigótico CYP3A5*1/CYP3A5*3 (A/G) correspondem três

bandas com 125 pb, 148 pb e 168 pb e, por fim, ao genótipo homozigótico

CYP3A5*3 (G/G) correspondem duas bandas com 125 pb e 168 pb (Figura 14).

168 pb 148 pb 125 pb

MA/A G/G A/G

Figura 14: Gel de agarose a 3% (p/v), representando os três padrões de RFLP, e respectivos

genótipos, obtidos para CYP3A5 (M- marcador 50 pb).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 38

Page 61: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

3. Material e Métodos

3.5. Análise estatística

A análise estatística dos resultados foi realizada com o auxílio do software

estatístico SPSS (versão 15.0, SPSS Inc, 2006).

A análise pelo teste Qui-Quadrado (χ2) foi utilizada para comparação das

diferentes variáveis categóricas. O valor de P foi obtido pelo teste de χ2 e

considerado estatisticamente significativo quando inferior a 0.05. O valor de Odds

Ratio (OR) indica o risco relativo para determinado acontecimento num estudo do

tipo caso-controlo, e foi calculado juntamente com o intervalo de confiança de 95%

(IC 95%) para medir a associação entre os genótipos de CYP3A4 e CYP3A5 e o risco

para cancro do pulmão e cancro da próstata.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 39

Page 62: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo
Page 63: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

4. Resultados

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos

Page 64: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo
Page 65: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

4. Resultados

4.1. Cancro do pulmão

4.1.1. Frequências dos polimorfismos em CYP3A4 e CYP3A5

A distribuição dos genótipos de CYP3A4 nos grupos controlo e de casos de

CPNPC está descrita no Quadro III.

A frequência do genótipo AA foi de 89,4% e 91,6% em casos e controlos,

respectivamente. A frequência observada do genótipo AG foi de 10,3% nos casos de

cancro do pulmão e 8,2% nos controlos. A frequência do genótipo raro GG, no grupo

de casos e no grupo de controlos, foi de 0,4% e 0,1% respectivamente.

Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas na

distribuição dos genótipos entre o grupo de casos de CPNPC e o grupo controlo

(OR=1,30; IC95%: 0,81-2,09; P=0,272), após a conjugação dos genótipos AG e GG

no grupo de portadores do alelo G (PortG).

Quadro III: Frequências genotípicas de CYP3A4 no grupo controlo e grupo de casos

de CPNPC

Casos (n=263)

Controlos (n=716)

n % n % OR IC 95% P Genótipos CYP3A4 AA 235 89,4 656 91,6 AG 27 10,3 59 8,3 GG 1 0,4 1 0,1 AA 235 89,4 656 91,6 1,00 Referência - PortG* 28 10,6 60 8,4 1,30 0,81-2,09 0,272* Inclui os genótipos AG e GG

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 43

Page 66: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

4. Resultados

No Quadro IV estão descritas as frequências dos genótipos de CYP3A5 no

grupo controlo e no grupo de casos de CPNPC. A frequência do genótipo AA foi de

0,8% em ambos os grupos analisados. A frequência de heterozigóticos AG foi de

20,3% no grupo de casos e de 14,6% no grupo controlo. Os homozigóticos GG foram

os mais frequentes em ambos os grupos: 78,9% dos casos e 84,6% dos controlos

apresentavam este genótipo.

Verificou-se que os indivíduos com genótipos portadores do alelo A (PortA)

apresentam um risco quase 1,5 vezes superior de desenvolver CPNPC (OR=1,46;

IC95%: 1,02-2,09; P=0,037).

Quadro IV: Frequências genotípicas de CYP3A5 no grupo controlo e no grupo de

casos de CPNPC

Casos (n=266)

Controlos (n=713)

n % n % OR IC 95% P Genótipos CYP3A5 AA 2 0,8 6 0,8 AG 54 20,3 104 14,6 GG 210 78,9 603 84,6 GG 210 78,9 603 84,6 1,00 Referência - PortA* 56 21,1 110 15,4 1,46 1,02-2,09 0,037* Inclui os genótipos AA e AG

Para analisar o efeito dos dois polimorfismos em conjunto foram reunidas

todas as combinações de genótipos possíveis entre CYP3A4 e CYP3A5 (Quadro V).

Apesar de ainda ser controverso o efeito do alelo CYP3A4*1B na actividade de

CYP3A4, a combinação AA/GG apresentaria, de acordo com a literatura, em

comparação com as outras oito descritas, uma menor expressão das duas enzimas

(Amirimani B, et al., 2003; Ando Y, et al., 1999; Kuehl P, et al., 2001; Hustert E, et

al., 2001; Lamba JK, 2002). Todas as outras combinações, que contêm uma ou as

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 44

Page 67: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

4. Resultados

duas variantes menos frequentes (alelo G em CYP3A4 e alelo A em CYP3A5),

apresentariam maior expressão das enzimas CYP3A. Para efeito de análise dos

nossos resultados, designamos a combinação AA/GG de “Baixa expressão” e todas

as outras combinações foram incluídas no grupo de “Elevada expressão”.

Quadro V: Combinações possíveis de genótipos de CYP3A4 e CYP3A5

Combinações Genótipo CYP3A4 Genótipo CYP3A5 Expressão AA/AA AA AA Elevada AA/AG AA AG Elevada AA/GG AA GG Baixa AG/AA AG AA Elevada AG/AG AG AG Elevada AG/GG AG GG Elevada GG/AA GG AA Elevada GG/AG GG AG Elevada GG/GG GG GG Elevada

As frequências das combinações de genótipos de CYP3A4 e CYP3A5 no

grupo de casos de CPNPC e no grupo controlo estão descritas no Quadro VI.

Observou-se que indivíduos com genótipos de elevada expressão apresentam um

maior risco de desenvolver CPNPC (OR=1,42; IC95%: 1,00-2,00; P=0,049).

Quadro VI: Frequências das combinações de genótipos de CYP3A4 e CYP3A5 no

grupo controlo e grupo de casos de CPNPC

Casos (n=262)

Controlos (n=702)

n % n %

OR

IC 95%

P Combinações Baixa expressão 201 76,7 578 82,3 1,00 Referência - Elevada expressão 61 23,3 124 17,7 1,42 1,00-2,00 0,049

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 45

Page 68: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

4. Resultados

4.1.2. Polimorfismos em CYP3A4 e CYP3A5 e parâmetros clínico-patológicos

Foi analisada a distribuição dos genótipos de CYP3A4 e CYP3A5, em

separado e em conjunto, em diferentes tipos histológicos de CPNPC. Não se

observaram diferenças estatisticamente significativas na distribuição dos genótipos

de CYP3A4 entre controlos e casos de CPNPC do tipo adenocarcinoma (OR=1,35;

IC95%: 0,72-2,55; P=0,348), epidermóide (OR=1,22; IC95%: 0,60-2,46; P=0,588)

ou CPNPC indiferenciado (OR=1,82; IC95%: 0,61-5,43; P=0,274). Considerando os

genótipos de CYP3A5, não foram igualmente observadas diferenças estatisticamente

significativas entre controlos e adenocarcinomas do pulmão (OR=1,50; IC95%: 0,93-

2,42; P=0,095), casos do tipo histológico epidermóide (OR=1,20; IC95%: 0,70-2,08;

P=0,508) ou CPNPC indiferenciado (OR=1,83; IC95%: 0,76-4,40; P=0,173). Não

foram também observadas diferenças estatisticamente significativas na distribuição

das combinações de genótipos de CYP3A4 e CYP3A5 entre controlos e

adenocarcinomas do pulmão (OR=1,45; IC95%: 0,91-2,31; P=0,117), casos de

CPNPC epidermóide (OR=1,24; IC95%: 0,74-2,08; P=0,417) ou CPNPC

indiferenciado (OR=1,63; IC95%: 0,68-3,94; P=0,273).

A distribuição dos genótipos de CYP3A4 e CYP3A5 em separado e em

conjunto, quer em controlos, quer em casos de CPNPC em estadios precoces (I e II),

está representada no Quadro VII. O Quadro VIII apresenta a distribuição dos

genótipos de CYP3A4, CYP3A5 e suas combinações nos controlos e casos de CPNPC

em estadios avançados (III e IV).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 46

Page 69: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

4. Resultados

Relativamente aos estadios precoces de CPNPC, não se observaram

diferenças estatisticamente significativas entre o grupo controlo e o grupo de casos

de CPNPC, quer para os genótipos de CYP3A4 (OR=0,86; IC95%: 0,30-2,45;

P=0,774) ou CYP3A5 (OR=1,22; IC95%: 0,60-2,49; P=0,588), quer para as

combinações de ambos (OR=1,19; IC95%: 0,60-2,38; P=0,617).

Quadro VII: Distribuição dos genótipos de CYP3A4, CYP3A5 e suas combinações

no grupo controlo e nos casos de CPNPC nos estadios I e II

Casos

Controlos

n % n % OR IC 95% P CYP3A4 AA 51 92,7 656 91,6 1,00 Referência - PortG* 4 7,3 60 8,4 0,86 0,30-2,45 0,774 CYP3A5 GG 45 81,8 603 84,6 1,00 Referência - PortA** 10 18,2 110 15,4 1,22 0,60-2,49 0,588 Combinações Baixa expressão 43 79,6 578 82,3 1,00 Referência - Elevada expressão 11 20,4 124 17,7 1,19 0,60-2,38 0,617* Inclui os genótipos AG e GG ** Inclui os genótipos AA e AG

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 47

Page 70: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

4. Resultados

No que diz respeito à análise comparativa entre o grupo controlo e o grupo de

casos de CPNPC em estadios avançados, verificou-se que os indivíduos com

genótipos portadores do alelo G de CYP3A4 apresentam um risco 1,8 vezes maior de

desenvolver cancro de pulmão avançado (OR=1,82; IC95%: 1,08-3,07; P=0,023).

Foi observada uma tendência para um maior risco de desenvolver CPNPC avançado

nos indivíduos com genótipos portadores do alelo A de CYP3A5 (OR=1,53; IC95%:

0,99-2,31; P=0,053). Após a análise da combinação dos dois genótipos foi possível

observar diferenças estatisticamente significativas: os indivíduos com genótipos de

elevada expressão apresentam um risco 1,5 vezes maior para o desenvolvimento de

CPNPC avançado (OR=1,53; IC95%: 1,01-2,31; P=0,044).

Quadro VIII: Distribuição dos genótipos de CYP3A4, CYP3A5 e suas combinações

no grupo controlo e nos casos de CPNPC nos estadios III e IV

Casos

Controlos

n % n % OR IC 95% P CYP3A4 AA 132 85,7 656 91,6 1,00 Referência - PortG* 22 14,3 60 8,4 1,82 1,08-3,07 0,023 CYP3A5 GG 122 78,2 603 84,6 1,00 Referência - PortA** 34 21,8 110 15,4 1,53 0,99-2,35 0,053 Combinações Baixa expressão 116 75,3 578 82,3 1,00 Referência - Elevada expressão 38 24,7 124 17,7 1,53 1,01-2,31 0,044* Inclui os genótipos AG e GG ** Inclui os genótipos AA e AG

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 48

Page 71: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

4. Resultados

4.2. Cancro da próstata

4.2.1. Frequências dos polimorfismos em CYP3A4 e CYP3A5

A distribuição dos genótipos de CYP3A4, CYP3A5 e das suas combinações no

grupo controlo e grupo de casos de cancro da próstata está descrita no Quadro IX.

Relativamente ao polimorfismo em CYP3A4, o genótipo AA foi o mais

frequente, quer em casos, quer em controlos, representando, respectivamente, 89,4%

e 91,5% dos genótipos encontrados. A frequência de heterozigóticos foi de 10,0%

nos casos de cancro da próstata e de 8,2% nos controlos. O genótipo raro GG

apresentou uma baixa frequência em casos e controlos: 0,6% e 0,2%,

respectivamente. Não se observaram diferenças estatisticamente significativas entre o

grupo de casos de cancro da próstata e o grupo controlo (OR=1,28; IC95%: 0,84-

1,96; P=0,255), após a conjugação dos genótipos AG e GG no grupo de portadores

do alelo G (PortG).

Quanto ao polimorfismo em CYP3A5, o genótipo AA surgiu com uma

frequência baixa, quer em casos (1,4%), quer em controlos (0,7%). A frequência de

heterozigóticos foi semelhante nos dois grupos analisados, sendo de 14,5% nos casos

de cancro da próstata e de 14,0% nos controlos. O genótipo GG apresentou uma

frequência de 84,1% e 85,3% em casos e controlos respectivamente. Não se

observaram diferenças estatisticamente significativas entre o grupo controlo e o

grupo de casos de cancro da próstata (OR=1,10; IC95%: 0,78-1,54; P=0,600) para os

indivíduos com genótipos portadores do alelo A (PortA) quando comparados com

indivíduos com o genótipo GG.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 49

Page 72: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

4. Resultados

Não se observaram diferenças estatisticamente significativas na distribuição

das combinações de genótipos entre casos e controlos (OR=1,21; IC95%: 0,87-1,67;

P=0,254).

Quadro IX: Frequências genotípicas de CYP3A4, CYP3A5 e das suas combinações

no grupo controlo e grupo de casos de cancro da próstata

Casos (n=698)

Controlos (n=401)

n % N % OR IC 95% P Genótipos CYP3A4 AA 624 89,4 367 91,5 AG 70 10,0 33 8,3 GG 4 0,6 1 0,2 AA 624 89,4 367 91,5 1,00 Referência - PortG* 74 10,6 34 8,5 1,28 0,84-1,96 0,255 Genótipos CYP3A5 AA 10 1,4 3 0,7 AG 101 14,5 56 14,0 GG 587 84,1 342 85,3 GG 587 84,1 342 85,3 1,00 Referência - PortA** 111 15,9 59 14,7 1,10 0,78-1,54 0,600 Combinações Baixa expressão 562 80,5 334 83,3 1,00 Referência - Elevada expressão 136 19,5 67 16,7 1,21 0,87-1,67 0,254* Inclui os genótipos AG e GG ** Inclui os genótipos AA e AG

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 50

Page 73: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

4. Resultados

4.2.2. Polimorfismos em CYP3A4 e CYP3A5 e parâmetros clínico-patológicos

A distribuição dos genótipos de CYP3A4 no grupo de casos, tendo em conta

importantes parâmetros clínico-patológicos do cancro da próstata, está descrita no

Quadro X.

Atendendo ao grau histológico de Gleason, verificou-se que os indivíduos

com genótipos portadores do alelo G apresentam um risco 1,8 vezes superior de

desenvolver cancro da próstata com grau de Gleason igual ou superior a 7 (OR=1,80;

IC95%: 1,00-3,24; P=0,046).

Não se observaram diferenças estatisticamente significativas na distribuição

dos genótipos quando considerados os estadios (OR=0,88; IC95%: 0,49-1,57;

P=0,665) ou a metastização à distância (OR=1,20; IC95%: 0,58-2,49; P=0,628).

Quadro X: Distribuição dos genótipos de CYP3A4 no grupo de pacientes com

cancro da próstata, considerando o grau histológico de Gleason, o estadio e a

metastização

Casos n (%)

PortG* AA OR IC 95% P Grau de Gleason <7 20 (8,7) 212(91,3) 1,00 Referência - ≥7

34 (14,5) 200(85,5) 1,80 1,00-3,24 0,046

Estadio I e II 35(11,3) 274(88,7) 1,00 Referência - III e IV

20(10,1) 178(89,9) 0,88 0,49-1,57 0,665

Metástases à distância Ausentes 45(10,8) 372(89,2) 1,00 Referência - Presentes 10(12,7) 69(87,3) 1,20 0,58-2,49 0,628 * Inclui os genótipos AG e GG

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 51

Page 74: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

4. Resultados

A frequência dos genótipos de CYP3A5 no grupo de casos, considerando

importantes parâmetros clínico-patológicos do cancro da próstata, está descrita no

Quadro XI.

Não se observaram diferenças estatisticamente significativas na distribuição

dos genótipos de CYP3A5 entre os dois grupos considerando o grau histológico de

Gleason (OR=1,26; IC95%: 0,78-2,05; P=0,347), os estadios (OR=1,15; IC95%:

0,72-1,84; P=0,558) ou a metastização à distância (OR=1,60; IC95%: 0,89-2,88;

P=0,116).

Quadro XI: Distribuição dos genótipos de CYP3A5 no grupo de pacientes com

cancro da próstata, considerando o grau histológico de Gleason, o estadio e a

metastização

Casos n (%)

PortA* GG OR IC 95% P Grau de Gleason <7 36(15,5) 196(84,5) 1,00 Referência - ≥7

44(18,8) 190(81,2) 1,26 0,78-2,05 0,347

Estadio I e II 50(16,2) 259(83,8) 1,00 Referência - III e IV

36(18,2) 162(81,8) 1,15 0,72-1,84 0,558

Metástases à distância Ausentes 65(15,6) 352(84,4) 1,00 Referência - Presentes 18(22,8) 61(77,2) 1,60 0,89-2,88 0,116 * Inclui os genótipos AA e AG

As frequências dos genótipos combinados de CYP3A4 e CYP3A5 no grupo de

casos de cancro da próstata, tendo em conta o grau histológico de Gleason, o estadio

e a metastização à distância, encontram-se no Quadro XII.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 52

Page 75: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

4. Resultados

Não se observaram diferenças estatisticamente significativas na distribuição

dos genótipos combinados no grupo de pacientes com cancro da próstata em nenhum

dos parâmetros analisados: grau histológico de Gleason (OR=1,55; IC95%: 0,98-

2,43; P=0,058), estadios (OR=1,18; IC95%: 0,76-1,83; P=0,472) ou metastização à

distância (OR=1,57; IC95%: 0,90-2,75; P=0,108).

Quadro XII: Distribuição das combinações de genótipos de CYP3A4 e CYP3A5 no

grupo de casos de cancro da próstata considerando o grau histológico de Gleason, o

estadio e a metastização

Combinações n (%)

E. Exp.* B. Exp.** OR IC 95% P Grau de Gleason <7 40(17,2) 192(82,8) 1,00 Referência - ≥7

57(24,4) 177(75,6) 1,55 0,98-2,43 0,058

Estadio I e II 59(19,1) 250(80,9) 1,00 Referência - III e IV

43(21,7) 155(78,3) 1,18 0,76-1,83 0,472

Metástases à distância Ausentes 78(18,7) 339(81,3) 1,00 Referência - Presentes 21(26,6) 58(73,4) 1,57 0,90-2,75 0,108 *Elevada expressão **Baixa expressão

Numa segunda etapa desta análise foi avaliada a relação entre os genótipos de

CYP3A4, CYP3A5 e suas combinações, e o risco para cancro da próstata com

características fenotípicas de agressividade ou mau prognóstico, como o grau

histológico de Gleason igual ou superior a 7, estadios avançados (III e IV) e a

presença de metastização à distância.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 53

Page 76: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

4. Resultados

No quadro XIII são apresentadas as frequências dos genótipos de CYP3A4 no

grupo controlo e nos casos de cancro da próstata com grau histológico de Gleason

igual ou superior a 7, estadios III e IV e metastização à distância.

Verificou-se que os indivíduos com genótipos portadores do alelo G (PortG)

de CYP3A4 apresentam um risco de 1,83 para desenvolver cancro da próstata com

grau histológico de Gleason igual ou superior a 7 (OR=1,83; IC95%: 1,07-3,13;

P=0,017). No que diz respeito aos estadios avançados (OR=1,21; IC95%: 0,65-2,25;

P=0,514) e metastização à distância (OR=1,56; IC95%: 0,69-3,48; P=0,239), não se

observaram diferenças estatisticamente significativas entre o grupo controlo e o

grupo de pacientes com cancro da próstata.

Quadro XIII: Frequências genotípicas de CYP3A4 no grupo controlo e no grupo de

casos de cancro da próstata com grau histológico de Gleason igual ou superior a 7,

com estadios III e IV e com metastização à distância

Casos n (%)

PortG* AA OR IC 95% P Grau de Gleason Grupo Controlo 34(8,5) 367(91,5) 1,00 Referência - ≥7

34 (14,5) 200(85,5) 1,83 1,07-3,13 0,017

Estadio Grupo Controlo 34(8,5) 367(91,5) 1,00 Referência - III e IV

20(10,1) 178(89,9) 1,21 0,65-2,25 0,514

Metástases à distância Grupo Controlo 34(8,5) 367(91,5) 1,00 Referência - Presentes 10(12,7) 69(87,3) 1,56 0,69-3,48 0,239 * Inclui os genótipos AG e GG

A frequência dos genótipos de CYP3A5 no grupo controlo e no grupo de

casos de cancro da próstata com grau histológico de Gleason igual ou superior a 7,

estadios III e IV ou metastização à distância, está descrita no Quadro XIV.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 54

Page 77: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

4. Resultados

Não se observaram diferenças estatisticamente significativas na distribuição

dos genótipos de CYP3A5 entre os grupos estudados considerando o grau histológico

de Gleason (OR=1,34; IC95%: 0,85-2,11; P=0,177), os estadios avançados

(OR=1,29; IC95%: 0,80-2,08;P=0,274) ou a metastização à distância (OR=1,71;

IC95%: 0,90-3,21;P=0,074), apesar de neste último parâmetro se verificar uma

tendência para a metastização nos indivíduos com genótipos portadores do alelo A.

Quadro XIV: Frequências genotípicas de CYP3A5 no grupo controlo e no grupo de

casos de cancro da próstata com grau histológico de Gleason igual ou superior a 7,

com estadios III e IV e com metastização à distância

Casos n (%)

PortA* GG OR IC 95% P Grau de Gleason Grupo Controlo 59(14,7) 342(85,3) 1,00 Referência - ≥7

44(18,8) 190(81,2) 1,34 0,85-2,11 0,177

Estadio Grupo Controlo 59(14,7) 342(85,3) 1,00 Referência - III e IV

36(18,2) 162(81,8) 1,29 0,80-2,08 0,274

Metástases à distância Grupo Controlo 59(14,7) 342(85,3) 1,00 Referência - Presentes 18(22,8) 61(77,2) 1,71 0,90-3,21 0,074 * Inclui os genótipos AA e AG

As frequências dos genótipos combinados de CYP3A4 e CYP3A5 no grupo

controlo e no grupo de casos de cancro da próstata de pior prognóstico, encontram-se

no Quadro XV.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 55

Page 78: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

4. Resultados

Observou-se que os indivíduos com genótipos de elevada expressão

apresentam um maior risco de desenvolver cancro da próstata com grau histológico

de Gleason igual ou superior a 7 (OR=1,61; IC95%: 1,06-2,43;P=0,019) e com

metastização à distância (OR=1,80; IC95%: 0,99-3,28;P=0,038). Não se observaram

diferenças estatisticamente significativas na distribuição dos genótipos combinados

tendo em conta os estadios avançados (OR=1,38; IC95%: 0,88-2,17;P=0,136).

Quadro XV: Distribuição das combinações de genótipos de CYP3A4 e CYP3A5 no

grupo controlo e de pacientes com cancro da próstata com grau histológico de

Gleason igual ou superior a 7, com estadios III e IV e com metastização à distância

Combinações n (%)

E. Exp.* B. Exp.** OR IC 95% P Grau de Gleason Grupo Controlo 67(16,7) 334(83,3) 1,00 Referência - ≥7

57(24,4) 177(75,6) 1,61 1,06-2,43 0,019

Estadio Grupo Controlo 67(16,7) 334(83,3) 1,00 Referência - III e IV

43(21,7) 155(78,3) 1,38 0,88-2,17 0,136

Metástases à distância Grupo Controlo 67(16,7) 334(83,3) 1,00 Referência - Presentes 21(26,6) 58(73,4) 1,80 0,99-3,28 0,038 *Elevada expressão **Baixa expressão

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 56

Page 79: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

5. Discussão

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos

Page 80: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo
Page 81: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

5. Discussão No decorrer dos últimos anos, os avanços alcançados pela investigação

oncológica permitiram definir o cancro como uma doença complexa, que envolve

alterações dinâmicas do genoma, destacando a importância da componente genética

na sua etiologia. Por outro lado, tem sido atribuída uma maior importância ao papel

desempenhado por várias moléculas (exógenas ou endógenas) com potencial

carcinogénico no estabelecimento de um tumor. O balanço entre a taxa de danos no

DNA e a capacidade de resposta do organismo é determinante na ocorrência desta

doença (Belpomme D, et al., 2007; Bicho MP, 1988; Brennan P, 2002; Dasgupta P,

2006 ;Irigaray P, et al., 2007).

As enzimas CYP3A4 e CYP3A5 intervêm na fase I do metabolismo, actuam

sobre um vasto leque de compostos exógenos e endógenos, promovendo a sua

eliminação. Durante este processo ocorre a activação ou desactivação destes

compostos, que se tornam mais ou menos carcinogénicos, respectivamente. A

desregulação do metabolismo pode contribuir para a geração de danos no DNA,

promovendo o processo de carcinogénese. Polimorfismos nos genes CYP3A4 e

CYP3A5 têm sido apontados como potenciais responsáveis por variações individuais

no metabolismo de inúmeros compostos e associados a uma maior susceptibilidade

para diversas neoplasias. A acção destas enzimas sobre procarcinogéneos, poluentes,

fármacos e hormonas faz delas um bom alvo de estudo em modelos de carcinogénese

química e hormonal (Dally H, et al., 2003; Keshava C, 2004).

Os objectivos deste estudo consistiram na análise da frequência dos

polimorfismos em CYP3A4 e CYP3A5 em indivíduos sem doença oncológica

conhecida e em grupos de doentes com cancro do pulmão ou cancro da próstata, e na

avaliação da existência de associações entre a frequência dos polimorfismos em

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 59

Page 82: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

5. Discussão questão e a susceptibilidade para cancro do pulmão e cancro da próstata e suas

características clínico-patológicas.

5.1. Susceptibilidade para cancro do pulmão

Desde o final do século XX que o cancro do pulmão se estabeleceu como um

dos principais problemas de saúde pública em todo o mundo. Em países onde o

consumo de tabaco é comum, cerca de 90% dos casos de cancro do pulmão são

atribuíveis a este factor (Alberg AJ, 2003).

O fumo do tabaco contém mais de 4000 substâncias, entre as quais

hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, nitrosaminas e aminas aromáticas (Bartsch

H, et al., 2000). Durante o metabolismo destes compostos para posterior eliminação,

surgem intermediários altamente reactivos que, ao interagir com o DNA, podem dar

início ao processo de carcinogénese. O processo de transformação destas moléculas é

mediado, numa primeira fase, pelas enzimas CYP. Muitas das enzimas pertencentes a

esta superfamília apresentam polimorfismos que podem condicionar o processo de

activação ou inactivação dos constituintes do fumo do tabaco e, deste modo, alterar a

susceptibilidade individual para o desenvolvimento de cancro do pulmão (Figura 15).

A associação entre polimorfismos nos genes que codificam as enzimas CYP e o risco

para desenvolver cancro do pulmão tem sido o alvo de vários estudos (Dally H, et al.,

2003; Yeh KT, et al., 2003). Variações nos genes CYP1A1 e CYP2D6 foram as mais

estudadas não se observando, no entanto, resultados consistentes em diferentes

populações (Alberg AJ, 2003).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 60

Page 83: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

5. Discussão

Figura 15: Esquema da carcinogénese do pulmão mediada pelo fumo do tabaco (adaptado de

Alberg AJ, 2003).

As enzimas CYP3A são as mais importantes no metabolismo de xenobióticos

e estão presentes em órgãos considerados pontos de entrada para o organismo, como

o fígado, intestino e pulmões (Raunio H, 2005). Participam no metabolismo e

activação de compostos procarcinogénicos como a N’-nitrosonornicotina (NNN) e

hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (como o Benzo[a]pireno) presentes no fumo

do tabaco. Porém, apenas dois estudos demonstraram associações entre

polimorfismos nos genes CYP3A4 e CYP3A5 e susceptibilidade para cancro do

pulmão, cujos resultados sugerem que o alelo CYP3A4*1B está associado a uma

susceptibilidade acrescida para desenvolver cancro do pulmão de pequenas células

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 61

Page 84: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

5. Discussão (Dally H, et al., 2003) e CYP3A5*1 a um menor risco para o desenvolvimento cancro

de pulmão (Yeh KT, et al., 2003).

No decorrer deste trabalho verificou-se que os indivíduos com genótipos

portadores do alelo A de CYP3A5 apresentam um maior risco de desenvolver

CPNPC (OR=1,46; IC95%: 1,02-2,09; P=0,037), quando comparados com

indivíduos com genótipos GG. A presença de uma ou ambas as variantes menos

comuns de CYP3A4 e CYP3A5 (genótipos de elevada expressão), foi igualmente

associada a um maior risco para esta neoplasia (OR=1,42; IC95%: 1,00-2,00;

P=0,049).

Apesar de ser ainda controversa a importância do metabolismo de

carcinogéneos a nível do pulmão, especialmente quando comparada com a do fígado,

sabe-se que todo o tecido pulmonar actua sobre os carcinogéneos, metabolizando-os

principalmente por via das CYP (Hecht SS, 1999). Este metabolismo gera

intermediários reactivos dentro ou próximo das próprias células alvo (por exemplo as

células epiteliais do pulmão), facilitando o acesso destas ao DNA e o processo de

carcinogénese (Raunio H, et al., 1999). Os resultados apresentados neste trabalho

sugerem um papel mais importante da CYP3A5 na carcinogénese do pulmão. Esta

enzima é mais expressa no pulmão do que CYP3A4, que é a forma predominante no

fígado (Hukkanen J, 2001). Os indivíduos com genótipos portadores do alelo

CYP3A5*1, que expressam níveis elevados de CYP3A5, apresentam maior

metabolização dos carcinogéneos quando comparados com os indivíduos com

genótipos homozigóticos CYP3A5*3, podendo torná-los mais susceptíveis ao efeito

dos intermediários reactivos formados, que contribuem para o desenvolvimento da

neoplasia. Quando se consideraram as combinações das variantes menos comuns de

CYP3A4 e CYP3A5, foi igualmente observado risco para o desenvolvimento de

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 62

Page 85: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

5. Discussão cancro do pulmão. No entanto, este resultado pode dever-se à influência do

polimorfismo em CYP3A5 já que esta é a enzima mais expressa no pulmão e a

análise dos genótipos de CYP3A4 isoladamente não revelou diferenças

estatisticamente significativas (OR=1,30; IC95%: 0,81-2,09; P=0,272).

Com o objectivo de estudar a influência dos polimorfismos na agressividade

tumoral, os casos de cancro do pulmão foram estratificados em dois grupos: estadios

precoces (I e II) e estadios avançados (III e IV). A análise dos resultados indicou que

indivíduos com genótipos portadores do alelo G de CYP3A4 apresentam um maior

risco para doença avançada (OR=1,82; IC95%: 1,08-3,07; P=0,023). O mesmo foi

observado em indivíduos com genótipos de elevada expressão (OR=1,53; IC95%:

1,01-2,31; P=0,044). Uma tendência para doença avançada foi encontrada nos

indivíduos com genótipos portadores do alelo A de CYP3A5 (OR=1,53; IC95%:

0,99-2,31; P=0,053).

A observação de uma maior susceptibilidade genética para doença avançada

em portadores de CYP3A4*1B, CYP3A5*1 ou ambos, sugere que uma maior

expressão das enzimas CYP3A pode contribuir para o comportamento agressivo do

cancro do pulmão. Apesar da controvérsia de resultados e conclusões publicados com

o alelo CYP3A4*1B, ambas as variantes aumentam a expressão das enzimas que

codificam e, consequentemente, aumentam a metabolização de carcinogéneos

presentes no fumo do tabaco nos órgãos onde são expressas. Este aumento pode

potenciar o efeito dos carcinogéneos, resultando numa neoplasia mais agressiva. A

frequência observada de indivíduos com genótipos portadores de CYP3A4*1B e

CYP3A5*1 em homozigotia foi baixa, razão pela qual não foi possível avaliar a acção

combinada de ambas as variantes no desenvolvimento da neoplasia.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 63

Page 86: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

5. Discussão 5.2. Susceptibilidade para cancro da próstata

O cancro da próstata é a segunda neoplasia que mais afecta os homens em

todo mundo, sendo que factores genéticos e ambientais se revestem de grande

importância para o seu desenvolvimento (Novelli G, et al., 2004; Parkin DM, 2005).

A testosterona é essencial para o crescimento e diferenciação da próstata

(Keshava C, 2004). Por outro lado, é um factor importante no desenvolvimento do

cancro da próstata (Feldman BJ, 2001). Factores genéticos que interfiram com a

expressão e actividade de enzimas que metabolizam os androgénios, podem

influenciar o processo de carcinogénese deste órgão (Makridakis NM, et al., 1999;

Park SY, et al., 2006).

As enzimas CYP3A4 e CYP3A5 têm um papel importante no metabolismo da

testosterona. A oxidação desta hormona a formas biologicamente menos activas,

como a 2β, 6β ou 15β-hidroxitestosterona, é efectuada por estas enzimas (Keshava

C, 2004; Moilanen AM, et al., 2007). Alterações na actividade das CYP3A, quer a

nível da próstata, quer a nível do fígado, podem modificar os níveis de testosterona e,

consequentemente, a sua acção nos órgãos alvo, como a próstata. Por este motivo,

vários estudos têm explorado a influência de polimorfismos em CYP3A4 e CYP3A5

na susceptibilidade para cancro da próstata: o alelo CYP3A4*1B tem sido associado a

um maior risco para o desenvolvimento de cancro da próstata mais agressivo, embora

permaneça por elucidar o mecanismo subjacente a este efeito (Rebbeck TR, 1998;

Paris PL, et al., 1999; Tayeb MT, et al., 2002; Plummer SJ, et al., 2003; Zeigler-

Johnson C, et al., 2004; Loukola A, et al., 2004; Bangsi D, et al., 2006); o alelo

CYP3A5*1, que expressa a enzima funcional CYP3A5, foi associado a um menor

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 64

Page 87: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

5. Discussão risco para desenvolvimento de cancro da próstata menos agressivo (Plummer SJ, et

al., 2003; Zhenhua L, et al., 2005).

O presente estudo permitiu verificar que, tal como em estudos anteriores

acima referenciados, o alelo CYP3A4*1B está associado a cancro da próstata mais

agressivo (grau de Gleason ≥7) (OR=1,83; IC95%: 1,07-3,13; P=0,017). Apesar de

não se terem observado resultados estatisticamente significativos para o alelo A de

CYP3A5 isoladamente, os indivíduos com genótipos de elevada expressão

apresentam um maior risco para o desenvolvimento de cancro da próstata mais

agressivo (OR=1,61; IC95%: 1,06-2,43;P=0,019) e para a metastização à distância

(OR=1,80; IC95%: 0,99-3,28;P=0,038).

A testosterona é essencial no desenvolvimento e na carcinogénese da próstata.

Os tumores da próstata classificam-se muitas vezes de acordo com a sua dependência

ou independência desta hormona para o seu crescimento: existem tumores

androgeno-dependentes (de baixo grau) e tumores androgeno-independentes (de alto

grau) (Long RM, 2005; Zhenhua L, et al., 2005). A maioria dos tumores da próstata

tem um comportamento inicial androgeno-dependente. No entanto, nem todas as

células tumorais necessitam de testosterona para o seu desenvolvimento, sendo este o

motivo pelo qual, após terapias de ablação hormonal (TAH), muitos tumores passam

a exibir um comportamento androgeno-independente: as células dependentes da

testosterona entram em apoptose e as androgeno-independentes proliferam (Figura

16). O uso de fármacos que reduzem os níveis de testosterona da próstata cria, do um

modo similar às TAH, um meio onde as células androgeno-independentes

apresentam uma vantagem competitiva sobre as androgeno-dependentes (Thompson

IM, et al., 2003).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 65

Page 88: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

5. Discussão

Figura 16: Esquema da progressão de um tumor da próstata androgeno-dependente para um

androgeno-independente (adaptado de Long RM, 2005).

Os alelos CYP3A4*1B e CYP3A5*1, que estão associados a uma maior

expressão das enzimas que codificam e, consequente, maior oxidação de testosterona

a formas biologicamente menos activas, podem modular os níveis de testosterona

presentes. Esta alteração dos níveis de testosterona pode influenciar o processo de

carcinogénese, diminuindo o risco para o desenvolvimento de cancro da próstata de

baixo grau (androgeno-dependente), ao mesmo tempo que aumenta o risco para

desenvolver cancro da próstata de alto grau (androgeno-independente) (Zhenhua L,

et al., 2005).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 66

Page 89: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

5. Discussão Tem sido sugerido que a contribuição dos polimorfismos genéticos no risco

para cancro é dependente da população estudada. As frequências dos alelos

CYP3A4*1B e CYP3A5*1 encontradas na população controlo incluída neste estudo

são semelhantes às descritas noutras populações caucasianas (Keshava C, 2004;

Hustert E, et al., 2001; Kuehl P, et al., 2001). No entanto, não só factores genéticos

contribuem para o risco de cancro: factores ambientais e outros factores influenciam

a susceptibilidade individual para cancro (Belpomme D, et al., 2007; Brennan P,

2002; Dasgupta P, 2006; Irigaray P, et al., 2007).

Os resultados apresentados neste estudo podem contribuir para a

compreensão do papel dos polimorfismos nos genes CYP3A4 e CYP3A5 no

desenvolvimento do cancro do pulmão e da próstata.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 67

Page 90: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo
Page 91: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

6. Conclusões e Perspectivas futuras

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos

Page 92: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo
Page 93: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

6. Conclusões e Perspectivas futuras

As enzimas CYP constituem um sistema de biotransformação e eliminação de

xenobióticos, drogas e compostos endógenos. A acção das enzimas CYP3A4 e

CYP3A5 sobre procarcinogéneos presentes no fumo do tabaco e testosterona torna-as

um importante alvo de estudo em neoplasias associadas a estes compostos,

nomeadamente cancro do pulmão e da próstata.

A análise de variações genéticas, como os polimorfismos, pode contribuir

para uma melhor caracterização da susceptibilidade para cancro. A definição, através

da análise do genoma, de sub-grupos de indivíduos mais susceptíveis para

determinadas neoplasias, pode ser determinante na elaboração de estratégias de

prevenção para estas doenças. Polimorfismos em CYP3A4 e CYP3A5 surgem na

literatura associados a prognóstico clínico e risco alterado para diversas neoplasias,

sendo que os alelos CYP3A4*1B e CYP3A5*1, associados a uma maior expressão das

enzimas que codificam, têm sido os mais estudados.

Os resultados apresentados neste estudo indicam que os polimorfismos em

CYP3A4 e CYP3A5 influenciam a susceptibilidade genética para cancro do pulmão,

conferindo um risco acrescido para o desenvolvimento desta neoplasia. Este estudo

sugere também um papel dos polimorfismos estudados na progressão da neoplasia do

pulmão e na agressividade do cancro da próstata, podendo ser considerados, em

conjunto com outros marcadores tumorais, indicadores de pior prognóstico.

Estudos posteriores poderão incluir a análise de outros modelos tumorais,

como a neoplasia da mama, assim como o aumento da amostragem em estudo e a

análise combinada com outros polimorfismos em genes que codificam enzimas do

metabolismo fase I ou fase II já publicados, incluindo CYP2E1 ou GST (Ferreira PM,

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 71

Page 94: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

6. Conclusões e Perspectivas futuras

et al., 2003; Medeiros R, et al., 2004). A acção das enzimas CYP3A4 e CYP3A5 em

medicamentos correntemente utilizados no tratamento de neoplasias, como

tamoxifeno, taxanos, gefinitib ou imatinib, faz delas um bom alvo de estudos

farmacogenómicos, sendo que estudos futuros terão o intuito de avaliar o papel de

polimorfismos nos genes que codificam estas enzimas na resposta à terapia.

A continuação deste estudo é fundamental para a melhor compreensão do

papel das CYP e a influência dos seus polimorfismos no desenvolvimento tumoral.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 72

Page 95: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

7. Referências bibliográficas

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos

Page 96: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo
Page 97: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

7. Referências bibliográficas

Alberg, A.J. & Samet, J.M. Epidemiology of lung cancer. Chest 123, 21S-49S

(2003).

Amirimani, B. et al. Increased transcriptional activity of the CYP3A4*1B promoter

variant. Environ Mol Mutagen 42, 299-305 (2003).

Ando, Y. et al. Re: Modification of clinical presentation of prostate tumors by a

novel genetic variant in CYP3A4. J Natl Cancer Inst 91, 1587-90 (1999).

Aoyama, T. et al. Cytochrome P-450 hPCN3, a novel cytochrome P-450 IIIA gene

product that is differentially expressed in adult human liver. cDNA and deduced

amino acid sequence and distinct specificities of cDNA-expressed hPCN1 and

hPCN3 for the metabolism of steroid hormones and cyclosporine. J Biol Chem 264,

10388-95 (1989).

Araujo, A. et al. Genetic polymorphisms of the epidermal growth factor and related

receptor in non-small cell lung cancer-a review of the literature. Oncologist 12, 201-

10 (2007).

Ball, S.E. et al. Population distribution and effects on drug metabolism of a genetic

variant in the 5' promoter region of CYP3A4. Clin Pharmacol Ther 66, 288-94

(1999).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 75

Page 98: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

7. Referências bibliográficas

Bangsi, D. et al. Impact of a genetic variant in CYP3A4 on risk and clinical

presentation of prostate cancer among white and African-American men. Urol Oncol

24, 21-7 (2006).

Bartsch, H. et al. Genetic polymorphism of CYP genes, alone or in combination, as a

risk modifier of tobacco-related cancers. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev 9, 3-28

(2000).

Belpomme, D. et al. The multitude and diversity of environmental carcinogens.

Environ Res 105, 414-29 (2007).

Bicho, M.P., Breitenfeld, L., Carvalho, A.A. & Manso, C.F. Acetylation phenotypes

in patients with bladder carcinoma. Ann Genet 31, 167-71 (1988).

Brambilla, E., Travis, W.D., Colby, T.V., Corrin, B. & Shimosato, Y. The new

World Health Organization classification of lung tumours. Eur Respir J 18, 1059-68

(2001).

Brennan, P. Gene-environment interaction and aetiology of cancer: what does it

mean and how can we measure it? Carcinogenesis 23, 381-7 (2002).

Brunton, L.L., Lazo, J.S. & Paker, K.L. Goodman & Gilman: As Bases

Farmacológicas da Terapêutica, The McGraw-Hill Companies, Inc., USA (2001).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 76

Page 99: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

7. Referências bibliográficas

Burk, O. & Wojnowski, L. Cytochrome P450 3A and their regulation. Naunyn

Schmiedebergs Arch Pharmacol 369, 105-24 (2004).

Cavaco, I., Gil, J.P., Gil-Berglund, E. & Ribeiro, V. CYP3A4 and MDR1 alleles in a

Portuguese population. Clin Chem Lab Med 41, 1345-50 (2003).

Cavalli, S.A., Hirata, M.H. & Hirata, R.D. Detection of MboII polymorphism at the

5' promoter region of CYP3A4. Clin Chem 47, 348-51 (2001).

Dally, H. et al. The CYP3A4*1B allele increases risk for small cell lung cancer:

effect of gender and smoking dose. Pharmacogenetics 13, 607-18 (2003).

Dandara, C., Ballo, R. & Parker, M.I. CYP3A5 genotypes and risk of oesophageal

cancer in two South African populations. Cancer Lett 225, 275-82 (2005).

Dasgupta, P. & Chellappan, S.P. Nicotine-mediated cell proliferation and

angiogenesis: new twists to an old story. Cell Cycle 5, 2324-8 (2006).

DeVita, V.T.J., Hellman, S. & Rosenberf, S.A. Cancer: Principles & Practice of

Oncology, Lippincott, Williams & Wilkins, Philadelphia, USA (2005).

Doll, R. & Hill, A.B. The mortality of doctors in relation to their smoking habits: a

preliminary report. 1954. Bmj 328, 1529-33; discussion 1533 (2004).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 77

Page 100: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

7. Referências bibliográficas

Edwards, S.L. et al. Preoperative histological classification of primary lung cancer:

accuracy of diagnosis and use of the non-small cell category. J Clin Pathol 53, 537-

40 (2000).

Ezzati, M. & Lopez, A.D. Estimates of global mortality attributable to smoking in

2000. Lancet 362, 847-52 (2003).

Feldman, B.J. & Feldman, D. The development of androgen-independent prostate

cancer. Nat Rev Cancer 1, 34-45 (2001).

Felix, C.A. et al. Association of CYP3A4 genotype with treatment-related leukemia.

Proc Natl Acad Sci U S A 95, 13176-81 (1998).

Ferreira, P.M. et al. Association between CYP2E1 polymorphisms and susceptibility

to prostate cancer. Eur J Cancer Prev 12, 205-11 (2003).

Garcia-Martin, E. et al. CYP3A4 variant alleles in white individuals with low

CYP3A4 enzyme activity. Clin Pharmacol Ther 71, 196-204 (2002).

Gleason, D.F. Histologic grading of prostate cancer: a perspective. Hum Pathol 23,

273-279 (1992).

Gleason, D.F. & Mellinger, G.T. Prediction of prognosis for prostatic

adenocarcinoma by combined histological grading and clinical staging. J Urol 111,

58-64 (1974).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 78

Page 101: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

7. Referências bibliográficas

Goodwin, B., Hodgson, E. & Liddle, C. The orphan human pregnane X receptor

mediates the transcriptional activation of CYP3A4 by rifampicin through a distal

enhancer module. Mol Pharmacol 56, 1329-39 (1999).

Guengerich, F.P. Cytochrome P-450 3A4: regulation and role in drug metabolism.

Annu Rev Pharmacol Toxicol 39, 1-17 (1999).

Hanahan, D. & Weinberg, R.A. The hallmarks of cancer. Cell 100, 57-70 (2000).

Hecht, S.S. Tobacco smoke carcinogens and lung cancer. J Natl Cancer Inst 91,

1194-210 (1999).

Heidenreich, A. et al. Guidelines on Prostate Cancer, European Association of

Urology (2007).

Hsing, A.W. & Chokkalingam, A.P. Prostate cancer epidemiology. Front Biosci 11,

1388-413 (2006).

Hukkanen, J., Pelkonen, O. & Raunio, H. Expression of xenobiotic-metabolizing

enzymes in human pulmonary tissue: possible role in susceptibility for ILD. Eur

Respir J Suppl 32, 122s-126s (2001).

Hukkanen, J. et al. Regulation of CYP3A5 by glucocorticoids and cigarette smoke in

human lung-derived cells. J Pharmacol Exp Ther 304, 745-52 (2003).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 79

Page 102: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

7. Referências bibliográficas

Humphrey, P.A. Gleason grading and prognostic factors in carcinoma of the prostate.

Mod Pathol 17, 292-306 (2004).

Hustert, E. et al. The genetic determinants of the CYP3A5 polymorphism.

Pharmacogenetics 11, 773-9 (2001).

Irigaray, P. et al. Lifestyle-related factors and environmental agents causing cancer:

an overview. Biomed Pharmacother 61, 640-58 (2007).

Jemal, A. et al. Cancer statistics, 2007. CA Cancer J Clin 57, 43-66 (2007).

Kadlubar, F.F. et al. The CYP3A4*1B variant is related to the onset of puberty, a

known risk factor for the development of breast cancer. Cancer Epidemiol

Biomarkers Prev 12, 327-31 (2003).

Kamangar, F., Dores, G.M. & Anderson, W.F. Patterns of cancer incidence,

mortality, and prevalence across five continents: defining priorities to reduce cancer

disparities in different geographic regions of the world. J Clin Oncol 24, 2137-50

(2006).

Keshava, C., McCanlies, E.C. & Weston, A. CYP3A4 polymorphisms--potential risk

factors for breast and prostate cancer: a HuGE review. Am J Epidemiol 160, 825-41

(2004).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 80

Page 103: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

7. Referências bibliográficas

Kinirons, M.T. et al. Triazolam pharmacokinetics and pharmacodynamics in

Caucasians and Southern Asians: ethnicity and CYP3A activity. Br J Clin Pharmacol

41, 69-72 (1996).

Klaassen, C.D. Cassarett and Doull's Toxicology: The Basic Science of Poisons,

McGraw-Hill Companies, Inc, USA (2001).

Kuehl, P. et al. Sequence diversity in CYP3A promoters and characterization of the

genetic basis of polymorphic CYP3A5 expression. Nat Genet 27, 383-91 (2001).

Kumar, V., Cotran, R.S. & Robbins, S.L. Robbins Basic Pathology, Saunders,

Philadelphia, USA (2003).

Lamba, J.K., Lin, Y.S., Schuetz, E.G. & Thummel, K.E. Genetic contribution to

variable human CYP3A-mediated metabolism. Adv Drug Deliv Rev 54, 1271-94

(2002).

Lin, Y.S. et al. Co-regulation of CYP3A4 and CYP3A5 and contribution to hepatic

and intestinal midazolam metabolism. Mol Pharmacol 62, 162-72 (2002).

Long, R.M., Morrissey, C., Fitzpatrick, J.M. & Watson, R.W. Prostate epithelial cell

differentiation and its relevance to the understanding of prostate cancer therapies.

Clin Sci (Lond) 108, 1-11 (2005).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 81

Page 104: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

7. Referências bibliográficas

Lopes, C., Campos, C. & Brito, M.J. "Cancro da Próstata" Problemas do diagnóstico

em biópsias e em peças de prostatectomia: Resultados, certezas e dúvidas. In: Calais

da Silva (ed.), Carcinoma da Próstata - Perspectiva Actual, Lisboa (2000).

Loukola, A. et al. Comprehensive evaluation of the association between prostate

cancer and genotypes/haplotypes in CYP17A1, CYP3A4, and SRD5A2. Eur J Hum

Genet 12, 321-32 (2004).

Makridakis, N.M. et al. Association of mis-sense substitution in SRD5A2 gene with

prostate cancer in African-American and Hispanic men in Los Angeles, USA. Lancet

354, 975-8 (1999).

Medeiros, R. et al. Metabolic susceptibility genes and prostate cancer risk in a

southern European population: the role of glutathione S-transferases GSTM1,

GSTM3, and GSTT1 genetic polymorphisms. Prostate 58, 414-20 (2004).

Michael, M. & Doherty, M.M. Tumoral drug metabolism: overview and its

implications for cancer therapy. J Clin Oncol 23, 205-29 (2005).

Mitsudomi, T. [Molecular biology in diagnosis and treatment of lung cancer]. Kyobu

Geka 60, 349-54 (2007).

Moilanen, A.M. et al. Characterization of androgen-regulated expression of CYP3A5

in human prostate. Carcinogenesis 28, 916-21 (2007).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 82

Page 105: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

7. Referências bibliográficas

Mountain, C.F. A new international staging system for lung cancer. Chest 89, 225S-

233S (1986).

Mountain, C.F. Revisions in the International System for Staging Lung Cancer.

Chest 111, 1710-7 (1997).

Mullenbach, R., Lagoda, P.J. & Welter, C. An efficient salt-chloroform extraction of

DNA from blood and tissues. Trends Genet 5, 391 (1989).

Nebert, D.W. & Russell, D.W. Clinical importance of the cytochromes P450. Lancet

360, 1155-62 (2002).

Nogal, A. et al. The CYP3A4 *1B polymorphism and prostate cancer susceptibility

in a Portuguese population. Cancer Genet Cytogenet 177, 149-52 (2007).

Novelli, G. et al. Pharmacogenetics of human androgens and prostate cancer--an

update. Pharmacogenomics 5, 283-94 (2004).

Paine, M.F. et al. Characterization of interintestinal and intraintestinal variations in

human CYP3A-dependent metabolism. J Pharmacol Exp Ther 283, 1552-62 (1997).

Paris, P.L. et al. Association between a CYP3A4 genetic variant and clinical

presentation in African-American prostate cancer patients. Cancer Epidemiol

Biomarkers Prev 8, 901-5 (1999).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 83

Page 106: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

7. Referências bibliográficas

Park, S.Y. et al. Hypoxia increases androgen receptor activity in prostate cancer

cells. Cancer Res 66, 5121-9 (2006).

Parkin, D.M., Bray, F., Ferlay, J. & Pisani, P. Global cancer statistics, 2002. CA

Cancer J Clin 55, 74-108 (2005).

Plummer, S.J. et al. CYP3A4 and CYP3A5 genotypes, haplotypes, and risk of

prostate cancer. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev 12, 928-32 (2003).

Rang, H., Dale, M., Ritter, J. & Flower, R. Rang & Dale's Pharmacology, Churchill

Livingstone, Oxford, UK (1999).

Raunio, H. et al. Expression of xenobiotic-metabolizing CYPs in human pulmonary

tissue. Exp Toxicol Pathol 51, 412-7 (1999).

Raunio, H., Hakkola, J. & Pelkonen, O. Regulation of CYP3A genes in the human

respiratory tract. Chem Biol Interact 151, 53-62 (2005).

Rebbeck, T.R., Jaffe, J.M., Walker, A.H., Wein, A.J. & Malkowicz, S.B.

Modification of clinical presentation of prostate tumors by a novel genetic variant in

CYP3A4. J Natl Cancer Inst 90, 1225-9 (1998).

Schuetz, E.G. et al. PharmGKB update: II. CYP3A5, cytochrome P450, family 3,

subfamily A, polypeptide 5. Pharmacol Rev 56, 159 (2004).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 84

Page 107: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

7. Referências bibliográficas

Serke, M. & Schonfeld, N. [Diagnosis and staging of lung cancer]. Dtsch Med

Wochenschr 132, 1165-9 (2007).

Spurdle, A.B. et al. The CYP3A4*1B polymorphism has no functional significance

and is not associated with risk of breast or ovarian cancer. Pharmacogenetics 12,

355-66 (2002).

Stavrides, J.C. Lung carcinogenesis: pivotal role of metals in tobacco smoke. Free

Radic Biol Med 41, 1017-30 (2006).

Tayeb, M.T. et al. CYP3A4 promoter variant is associated with prostate cancer risk

in men with benign prostate hyperplasia. Oncol Rep 9, 653-5 (2002).

Thompson, I.M. et al. The influence of finasteride on the development of prostate

cancer. N Engl J Med 349, 215-24 (2003).

van Schaik, R.H.N., van der Heiden, I.P., van den Anker, J.N. & Lindemans, J.

CYP3A5 Variant Allele Frequencies in Dutch Caucasians Clinical Chemistry, 1668-

1671 (2002).

Vieira, A. Engenharia genética, princípios e aplicações, Lidel (2001).

von Ahsen, N. et al. No influence of the MDR-1 C3435T polymorphism or a

CYP3A4 promoter polymorphism (CYP3A4-V allele) on dose-adjusted cyclosporin

A trough concentrations or rejection incidence in stable renal transplant recipients.

Clin Chem 47, 1048-52 (2001).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 85

Page 108: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

7. Referências bibliográficas

Wandel, C. et al. CYP3A activity in African American and European American men:

population differences and functional effect of the CYP3A4*1B5'-promoter region

polymorphism. Clin Pharmacol Ther 68, 82-91 (2000).

Weber, B.L. Cancer genomics. Cancer Cell 1, 37-47 (2002).

Westlind, A., Lofberg, L., Tindberg, N., Andersson, T.B. & Ingelman-Sundberg, M.

Interindividual differences in hepatic expression of CYP3A4: relationship to genetic

polymorphism in the 5'-upstream regulatory region. Biochem Biophys Res Commun

259, 201-5 (1999).

Wilkinson, G.R. Drug metabolism and variability among patients in drug response. N

Engl J Med 352, 2211-21 (2005).

Wistuba, II. Genetics of preneoplasia: lessons from lung cancer. Curr Mol Med 7, 3-

14 (2007).

Wittekind, C., Compton, C.C., Greene, F.L. & Sobin, L.H. TNM residual tumor

classification revisited. Cancer 94, 2511-6 (2002).

World Health Organization. World Health Statistics 2007, WHO Press, Geneva

(2007).

Wrighton, S.A. et al. Studies on the expression and metabolic capabilities of human

liver cytochrome P450IIIA5 (HLp3). Mol Pharmacol 38, 207-13 (1990).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 86

Page 109: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

7. Referências bibliográficas

Yeh, K.T. et al. CYP3A5*1 is an inhibitory factor for lung cancer in Taiwanese.

Kaohsiung J Med Sci 19, 201-7 (2003).

Zeigler-Johnson, C. et al. CYP3A4, CYP3A5, and CYP3A43 genotypes and

haplotypes in the etiology and severity of prostate cancer. Cancer Res 64, 8461-7

(2004).

Zhenhua, L. et al. CYP3A5 gene polymorphism and risk of prostate cancer in a

Japanese population. Cancer Lett 225, 237-43 (2005).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos 87

Page 110: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo
Page 111: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

8. Anexos

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos

Page 112: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo
Page 113: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

8. Anexos

Anexo I

Soluções

- AKE

H4CL 82,9 g/l (Merck 101146)

HCO2 10 g/l (Merck 48540500)

EDTA 0,37 g/l (SIGMA E-1644)

- PBS (“Phosphate buffered saline”)

Na2HPO4 1,48 g/l (Merck 1065860500)

NaH2PO4 0,495 g/l (Merck 63460500)

NaCl 7,2 g/l ( Panreac cod131659)

- SE

NaCl 75mM (Panreac cod131659)

EDTA 25mM (SIGMA E-1644)

- TBE 10x

Tris Base 108 g/l (Merck 1083821000)

Ácido Bórico 55 g/l (Merck 1001651000)

EDTA 6,72 g/l (SIGMA E-1644)

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos

Page 114: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

8. Anexos

Anexo II

Artigo intitulado “The CYP3A4 *1 polymorphism and prostate cancer susceptibility

in a Portuguese population”, publicado na revista Cancer Genetics and Cytogenetics

(Setembro 2007).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos

Page 115: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

Short communication

Cancer Genetics and Cytogenetics 177 (2007) 149e152

The CYP3A4*1B polymorphism and prostate cancersusceptibility in a Portuguese population

Ana Nogala, Ana Coelhoa, Raquel Catarinoa, Antonio Moraisb,Francisco Lobob, Rui Medeirosa,c,*

aMolecular Oncology Department,bUrology Department, Portuguese Institute of Oncology, Rua Dr. Antonio Bernardino Almeida, 4200-072 Porto, Portugal

cICBAS, Abel Salazar Institute for the Biomedical Sciences, Largo Prof. Abel Salazar, 2, 4099-003 Porto, Portugal

Received 20 April 2007; received in revised form 13 June 2007; accepted 22 June 2007

Abstract Testosterone exposure has been implicated in prostate carcinogenesis, and genes that alter itsmetabolism, such as CYP3A4, have been associated with prostate cancer susceptibility. The aimof our study was to assess the relationship between the CYP3A4*1B polymorphism and its possiblerole in the development of prostate cancer. DNA samples obtained from the peripheral blood cellsof 414 individuals diagnosed with prostate cancer and 337 healthy male donors were used in thiscaseecontrol study. The CYP3A4*1B polymorphism was analyzed by polymerase chain reactionerestriction fragment length polymorphism methodology. We found no statistically significant differ-ences in the distribution of the CYP3A4*1B genotypes between cases and controls (P 5 0.470; oddsratio 5 1.191; 95% confidence interval50.740e1.918), as well as after the stratification of ouranalysis, according to important clinicopathologic parameters of prostate cancer. Our resultssuggest that the CYP3A4*1B polymorphism is not associated with prostate cancer risk within thePortuguese population. � 2007 Elsevier Inc. All rights reserved.

1. Introduction

Prostate cancer is the second most common malignantdisease among men. In 2002, 679,000 new cases were diag-nosed, comprising 11.3% of all new cancer cases aroundthe world [1]. Several factors, including age and ethnicity,have been associated with an increased risk for developingthis disease. Seventy-five percent of all prostate cancers oc-cur in men over 65 years old. The African-American pop-ulation is the most affected by this disease, and the Asianpopulation is the least affected. It has been suggested thatthe ethnic differences in incidence and mortality of prostatecancer are related to genetic variation in the genes thatcontrol the androgen metabolism [1].

Testosterone, like androgens, has been implicated inprostate carcinogenesis. Testosterone is a major determinantof prostate growth and differentiation. Several genes thatregulate testosterone metabolism have been associated withprostate cancer susceptibility [2]. Among these are genesthat codify proteins belonging to the CYP superfamily.

* Corresponding author. Tel.: þ351-22-508-4000, ext. 5414; fax:

þ351-22-508-4001.

E-mail address: [email protected] (R. Medeiros).

0165-4608/07/$ e see front matter � 2007 Elsevier Inc. All rights reserved.

doi:10.1016/j.cancergencyto.2007.06.011

The cytochrome P450 (CYP) superfamily representsa group of enzymes involved in the metabolism of severalcompounds such as xenobiotics, steroids, vitamins, andsex hormones. There are three major CYP families that en-code enzymes that operate phase I metabolism: CYP1,CYP2, and CYP3. The CYP3A gene cluster is the most im-portant in xenobiotic metabolism (60% of all xenobioticsare metabolized by its enzymes) and has four functionalgenes: CYP3A7, CYP3A5, CYP3A43, and CYP3A4 [3].

The CYP3A4 gene is located at chromosome7q21.3~q22.1, is 27,592 base pairs (bp) long, and has 13exons [4]. CYP3A4 is the most abundant P450 enzyme inthe human liver and metabolizes more than 50% of pre-scription drugs and other xenobiotics; it is also responsiblefor the oxidation of endogenous compounds such as ste-roids, fatty acids, and sex hormones. CYP3A4 is responsi-ble for the oxidation of testosterone to less biologicallyactive forms of this hormone, such as 2b-, 6b-, and 15b-hydroxytestosterone [4].

Several DNA sequence variants of CYP3A4 have beenfound. One of them, the CYP3A4*1B variant, is a single nu-cleotide polymorphism (SNP) characterized by an A/Gsubstitution in the nifedipine response element located onthe 50 promoter region of CYP3A4, and it was first identified

Page 116: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

150 A. Nogal et al. / Cancer Genetics and Cytogenetics 177 (2007) 149e152

in 1998 by Rebbeck et al. [5]. This polymorphism presentsdifferent frequencies among different human populationsand has been associated with more aggressive forms andadvanced clinical stages of prostate cancer, mostly inAfrican-American populations [4e10]. The functional sig-nificance of the CYP3A4*1B polymorphism is still sur-rounded by controversy: while some link it to increasedtranscriptional activity [11e13], most studies attribute nofunctional significance to it [14e17].

The aim of the present study was to analyze the relation-ship between the CYP3A4*1B polymorphism and prostatecancer in the Portuguese population.

2. Materials and methods

We conducted a caseecontrol study analyzing 751 Cau-casian individuals, including 414 patients diagnosed withprostate cancer in the Portuguese Institute of Oncology(Porto, Portugal) and a control group consisting of 337healthy male donors with no history of malignant disease.The mean age for cases was 66 years (SD 5 6.9), with a me-dian age of 66 years. For controls, the mean age was 51years (SD 5 18.7) and the median age was 53 years. Allsamples were obtained with the informed consent of theparticipants before their inclusion in the study, accordingto the Helsinki Declaration.

Blood samples were obtained with a standard venipunc-ture technique using EDTA-containing tubes. DNA was ex-tracted from the white blood cell fraction of each studysubject by a salting out procedure [18]. The CYP3A4*1Bpolymorphism was analyzed through polymerase chain re-action (PCR) followed by restriction fragment length poly-morphism (RFLP), as described previously by Cavalli et al.[19]. The PCR products with 385 bp were then digested for3 hours with 5 units of MboII. The restriction fragmentswere then analyzed in a 4% agarose gel stained with ethid-ium bromide. The two fragments at 169 and 175 bp corre-spond to the homozygous wild-type genotype (A/A), andthe homozygous polymorphic genotype (G/G) is repre-sented by two fragments at 175 and 210 bp. In addition,three fragments at 169, 175, and 210 bp represent theheterozygous genotype (A/G).

Analysis of data was performed using the computer soft-ware SPSS for Windows (version 13.0, 2004; SPSS Inc.,Chicago, IL). Chi-square analysis was used to compare cat-egorical variables. A 5% level of significance was used inthe analysis.

The odds ratio (OR) and its 95% confidence interval (CI)were calculated as a measure of the association betweenCYP3A4*1B genotypes and prostate cancer risk.

3. Results

The distribution of the CYP3A4*1B genotypes amongcases and controls and its association with prostate cancerrisk are shown in Table 1. We found no statistically

significant differences in the distribution of the CY-P3A4*1B polymorphism genotypes between cases and con-trols (P 5 0.470; OR51.191; 95%CI50.740e1.918). Thefrequency of the polymorphic allele in prostate cancer pa-tients was 6.4 and 4.9% in controls. The carriers of thepolymorphic G allele constituted 11.1% of the prostatecancer patients and 9.5% of the controls.

The CYP3A4*1B genotypes in important clinicopatho-logic parameters of prostate cancer are represented in Table2. No statistically significant differences were found in thedistribution of the polymorphism genotypes within each pa-rameter: (1) the frequency of the G carriers was 9.9% in ad-vanced disease and 11.3% in localized prostate cancer (P 5

0.642); (2) 10.7% of the patients without metastasis and10.9% with metastasis were G carriers (P 5 0.960); (3)within the Gleason grade parameter, 13.8% of the patientswith a high Gleason grade and 8.9% with a low Gleasongrade were G carriers (P 5 0.148).

In Table 3, a comparative review was carried outfor the CYP3A4*1B polymorphism in several populations,including our own, according to previously publishedreports.

Table 1

Allelic and genotypic frequencies of CYP3A4*1B in prostate cancer

and control groups

Cases

(n 5 414)

Controls

(n 5 337)

n % N % P OR 95% IC

Alleles

A 720 93.6 641 95.1

G 49 6.4 33 4.9

Genotypes

A/A 358 88.9 305 90.5

A/G 43 10.4 31 9.2

G/G 3 0.7 1 0.3

Recessive model

A/A 358 88.9 305 90.5 e 1.00 Reference

G carrier 46 11.1 32 9.5 0.470 1.191 0.740e1.918

Table 2

Association of the CYP3A4*1B polymorphism with clinicopathologic

parameters in prostate cancer patients

Cases [n (%)]

G carrier A/A P

Disease status

Localized 22 (11.3%) 172 (88.7%) e

Advanced 20 (9.9%) 182 (90.1%) 0.642

Metastasis

Absent 34 (10.7%) 283 (89.3%) ePresent 7 (10.9%) 57 (89.1%) 0.960

Gleason grade

Low (!7) 15 (8.9%) 153 (91.1%) eHigh (>7) 26 (13.8%) 162 (86.2%) 0.148

Page 117: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

151A. Nogal et al. / Cancer Genetics and Cytogenetics 177 (2007) 149e152

4. Discussion

Prostate cancer is one of the world’s most commonly di-agnosed cancers. Although the mechanisms involved in itscarcinogenesis are not well understood, there is evidencethat family history, age, ethnicity, environmental, and hor-monal factors are possible risk factors in prostate cancer.It has been suggested that the genetic background of an in-dividual may influence prostate cancer susceptibility andthat genetic polymorphisms are important in the definitionof individual susceptibility to this neoplasia [4,20e31].

The bioavailability of androgens such as testosterone iscontrolled by several genes. Some of these belong to theCYP superfamily, which metabolizes numerous xenobioticsand commonly used drugs. The CYP3A4 enzyme is respon-sible for the oxidative deactivation of testosterone to its lessbiologically active forms and it is expressed in the liver,prostate, breast, gut, colon, and small intestine [4]. OneSNP in the CYP3A4 gene, the CYP3A4*1B polymorphismidentified in 1998 by Rebbeck et al. [5], presents differentfrequencies among various human populations (Table 3),and our results show that the frequency of the CYP3A4*1Bpolymorphism in the Portuguese population is similar toother Caucasian populations [5e9, 32, 33].

A number of authors have investigated the effects of CY-P3A4*1B in protein expression [11e17] and the majority ofthe studies reported consistent elevation of CYP3A4 levelsin the presence of G carrier genotypes. However, most ofthem concluded that no significant biologic alterations existgiven the small magnitude of effects generated by the

Table 3

CYP3A4*1B distribution among different human populations

Study group n

Variant

allele

frequency

Reference

no.

Caucasian

American (Pennsylvania, USA) 94 9.6% [5]

American (Southern California, USA) 117 3.8% [6]

American (Pennsylvania, USA) 340 7.9% [8]

American (Cleveland, Detroit, USA) 426 4.2% [9]

European (Northeast Scotland, UK) 56 19.6% [7]

European (Rotterdam, The

Netherlands)

199 5.3% [32]

European (Faro, Portugal) 100 4.0% [33]

European (Porto, Portugal) 337 4.9% Present study

Non-Caucasian

Asian (Southern California, USA) 80 0.0% [6]

Hispanic (Southern California, USA) 121 10.7% [6]

African American (Southern

California, USA)

116 54.3% [6]

African American (Pennsylvania,

USA)

130 59.2% [8]

African American (Cleveland,

Detroit, USA)

38 57.9% [9]

Ghanians (Accra, Ghana) 118 80.5% [8]

Senegalese (Dakar, Senegal) 173 78.3% [8]

polymorphism [2]. It is so far unclear whether this pheno-typic perturbation is sufficient to alter the metabolism andconsequent exposure to steroid hormones that may conferdisease risk over the lifetime of an individual [2].

Our results demonstrate no statistically significant dif-ferences in the distribution of the CYP3A4*1B polymor-phism between the prostate cancer patients group andcontrol group. The fact that this polymorphism is not asso-ciated with prostate cancer is not in agreement with somepreviously reported studies. This could be due to samplesize, the rarity of the variant allele in the Caucasian popu-lation when compared with African or African-Americanpopulations or the difference in the mean ages betweenboth groups (the controls were, on average, 15 yearsyounger).

In conclusion, the CYP3A4*1B polymorphism is not as-sociated with prostate cancer in the Portuguese population.Our results indicate that the modified expression of CY-P3A4 in the presence of the polymorphism, if it exists,could be insufficient to alter the susceptibility of an individ-ual to develop prostate cancer.

Acknowledgments

We thank the Liga Portuguesa Contra o Cancro e CentroRegional do Norte (Portuguese League Against Cancer),Astrazeneca Foundation and Yamanouchi-Astellas Euro-pean Foundation for their support. We also gratefullyacknowledge the support from the Ministry of Science,Technology and Superior Education e FCT (Fundacao paraa Ciencia e Tecnologia PTDC/SAU-FCF/71552/2006).

References

[1] Parkin DM, Bray F, Ferlay J, Pisani P. Global cancer statistics: cancer

incidence. Mortality and prevalence worldwide. CA Cancer J Clin

2005;55:74e108.

[2] Zeigler-Johnson C, Friebel T, Walker AH, Wang Y, Spangler E,

Panossian S, Patacsil M, Aplenc R, Wein AJ, Malkowicz SB,

Rebbeck TR. CYP3A4, CYP3A5, and CYP3A43 genotypes and hap-

lotypes in the etiology and severity of prostate cancer. Cancer Res

2004;64:8461e86.

[3] Burk O, Wojnowski L. Cythocrome P450 3A and their regulation.

Naunyn Shmiedebergs Arch Pharmacol 2004;369:105e24.

[4] Keshava C, McCanlies EC, Weston A. CYP3A4 Polymorphisms e

potential risk factors for breast cancer and prostate cancer: a HuGE

review. Am J Epidemiol 2004;160:825e41.

[5] Rebbeck TR, Jaffe JM, Walker AH, Wein AJ, Malkowicz SB. Mod-

ification of clinical presentation of prostate tumours by novel genetic

variant in CYP3A4. J Natl Cancer Inst 1998;90:1225e9.

[6] Paris PL, Kupelian PA, Hall JM, Williams TL, Levin H, Klein EA,

Casey G, Witte JS. Association between a CYP3A4 genetic variant

and clinical presentation in African-American prostate cancer

patients. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev 1999;8:901e5.

[7] Tayeb MT, Clark C, Sharp L, Haites NE, Rooney PH, Murray GI,

Payne SNL, McLeod HL. CYP3A4 promoter variant is associated

with prostate cancer risk in men with benign prostate hyperplasia.

Oncol Rep 2002;9:653e5.

Page 118: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

152 A. Nogal et al. / Cancer Genetics and Cytogenetics 177 (2007) 149e152

[8] Zeigler-Johnson CM, Walker AH, Mancke B, Spangler E, Jalloh M,

McBride S, Deitz A, Malkowicz SB, Ofori-Adjei D, Gueye SM,

Rebbeck TR. Ethnic differences in the frequency of prostate cancer

susceptibility alleles at SRD5A2 and CYP3A4. Hum Hered

2002;54:13e21.4.

[9] Plumer SJ, Conti DV, Paris PL, Curran AP, Casey G, Witte JS.

CYP3A4 and CYP3A5 genotypes, haplotypes, and risk of prostate

cancer. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev 2003;12:928e32.

[10] Bangsi D, Zhou JY, Sun Y, Patel NP, Darga LL, Heilbrun LK,

Powell IJ, Severson RK, Everson RB. Impact of a genetic variant

in CYP3A4 on risk and clinical presentation of prostate cancer

among white and African-American men. Urol Oncol 2006;24:21e7.

[11] Amirimani B, Ning B, Deitz AC, Weber BL, Kadlubar FF,

Rebbeck TR. Increased transcriptional activity of the CYP3A4*1B

promoter variant. Environ Mol Mutagen 2003;42:299e305.

[12] Amirimani B, Walker AH, Weber BL, Rebbeck TR. Response to An-

do et al. Re: Modification of clinical presentation of prostate tumours

by a novel genetic variant in CYP3A4. J Natl Cancer Inst 1999;91:

1588e90.

[13] Rebbeck TR. More about: Modification of clinical presentation of

prostate tumours by a novel genetic variant of CYP3A4. J Natl

Cancer Inst 2000;92:76.

[14] Ando Y, Tateishi T, Sekido Y, Yamamoto T, Satoh T, Hasegawa Y.

Re: Modification of clinical presentation of prostate tumors by a novel

genetic variant in CYP3A4. J Natl Cancer Inst 1999;91:1587e90.

[15] He P, Court MH, Greenblatt DJ, von Moltke LL. Genotype-phenotype

associations of cytochrome P450 3A4 and 3A5 polymorphism with

midazolam clearance in vivo. Clin Pharmacol Ther 2005;77:373e87.

[16] Ball SE, Scatina J, Kao J, Ferron GM, Fruncillo R, Mayer P,

Weinryb I, Guida M, Hopkins PJ, Warner N, Hall J. Population dis-

tribution and effects on drug metabolism of a genetic variant in the 50

promoter region of CYP3A4. Clin Pharmacol Ther 1999;66:288e94.

[17] Spurdle AB, Goodwin B, Hodgson E, Hopper JL, Chen X,

Purdie DM, McCredie MRE, Giles GG, Chenevix-Trench G,

Liddle C. The CYP3A4*1B polymorphism has no functional signif-

icance and is not associated with risk of breast or ovarian cancer.

Pharmacogenetics 2002;12:355e66.

[18] Mullenbach R, Lagoda PJ, Welter C. An efficient salt-chloroform ex-

traction of DNA from blood and tissues. Trends Genet 1989;5:391.

[19] Cavalli SA, Hirata MH, Hirata RDC. Detection of the MboII poly-

morphism at the 50 promoter region of CYP3A4. Clin Chem

2001;47:348e51.

[20] Medeiros R, Vasconcelos A, Costa S, Pinto D, Ferreira P, Lobo F,

Morais A, Oliveira J, Lopes C. Metabolic susceptibility genes and

prostate cancer risk in a southern European population: the role of

glutathione s-tranferases GSTMI, GSTM3, and GSTTI genetic

polymorphisms. Prostate 2004;58:414e20.

[21] Costa S, Pinto D, Morais A, Vasconcelos A, Oliveira J, Lopes C,

Medeiros R. Acetylation genotype and the genetic susceptibility to

prostate cancer in a southern European population. Prostate

2005;64:246e52.

[22] Ribeiro R, Lopes C, Medeiros R. Leptin and prostate: implications

for cancer prevention e overview of genetics and molecular interac-

tions. Eur J Cancer Prev 2004;13:359e68.

[23] Ribeiro R, Vasconcelos A, Costa S, Pinto D, Morais A, Oliveira J,

Lobo F, Lopes C, Medeiros R. Overexpressing leptin genetic

polymorphism (-2548 G/A) is associated with susceptibility to

prostate cancer and risk of advanced disease. Prostate 2004;59:

268e74.

[24] Medeiros R, Vasconcelos A, Costa S, Pinto D, Lobo F, Morais A,

Oliveira J, Lopes C. Linkage of angiotensine I - converting enzyme

gene insertion/delection polymorpism to the progression of human

prostate cancer. J Pathol 2004;202:330e5.

[25] Ferreira PM, Medeiros R, Vasconcelos A, Costa S, Pinto D,

Morais A, Oliveira J, Lopes C. Association between CYP2E1 poly-

morphisms and susceptibility to prostate cancer. Eur J Cancer Prev

2003;12:205e11.

[26] Medeiros R, Vasconcelos A, Costa S, Pinto D, Morais A, Oliveira J,

Lopes C. Steroid hormone genotypes ARStuI and ER325 are linked

to the progression of human prostate cancer. Cancer Genet Cytogenet

2003;141:91e6.

[27] Medeiros R, Morais A, Vasconcelos A, Costa S, Carrilho S,

Oliveira J, Lopes C. Endothelial nitric oxide synthase gene polymor-

phisms and the shedding of circular tumour cells in the blood of pros-

tate cancer patients. Cancer Lett 2003;189:85e90.

[28] Medeiros R, Morais A, Vasconcelos A, Costa S, Pinto D, Oliveira J,

Ferreira P, Lopes C. Outcome in prostate cancer: association with en-

dothelial nitric oxide synthase Glu-Asp298 polymorphism at exon 7.

Clin Cancer Res 2002;8:3433e7.

[29] Medeiros R, Morais A, Vasconcelos A, Costa S, Pinto D, Oliveira J,

Carvalho R, Lopes C. Linkage between polymorphisms in the pros-

tate specific antigen ARE1 gene region, prostate cancer risk, and

circulating tumour cells. Prostate 2002;53:88e94.

[30] Medeiros R, Morais A, Vasconcelos A, Costa S, Pinto D, Oliveira J,

Lopes C. Endothelial nitric oxide synthase gene polymorphisms and

genetic susceptibility to prostate cancer. Eur J Cancer Prev 2002;11:

343e50.

[31] Medeiros R, Morais A, Vasconcelos A, Costa S, Pinto D, Oliveira J,

Lopes C. The role of vitamin D receptor gene polymorphisms in the

susceptibility to prostate cancer of a southern European population.

J Hum Genet 2002;47:413e8.

[32] von Schaik RHN, de Wildt SN, van Iperen NM, Uitterlinden AG, van

den Anker JN, Lindemans J. CYP3A4-V polymorphism detection by

PCR-RFLP and its allelic frequency among 199 Dutch Caucasians.

Clin Chem 2000;46:1834e5.

[33] Cavaco I, Gil JP, Gil-Berglund E, Ribeiro V. CYP3A4 and MDR1 al-

leles in a Portuguese population. Clin Chem Lab Med 2003;41:

1345e50.

Page 119: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

8. Anexos

Anexo III

Resumo apresentado sob a forma de poster nas XII Jornadas de Oncologia Médica

(Maio 2007)

INFLUÊNCIA DO POLIMORFISMO CYP3A4*1B NO

DESENVOLVIMENTO DE CANCRO DE PULMÃO DE NÃO PEQUENAS

CÉLULAS

Ana Nogal, Ana Coelho, Raquel Catarino, António Araújo, Rui Medeiros

Introdução: O cancro do pulmão é a neoplasia mais comum em todo o mundo. Um

dos principais factores de risco para cancro do pulmão (CP) é o tabagismo: o fumo

do cigarro contém dezenas de compostos procarcinogénicos que, quando activados,

contribuem para o desenvolvimento desta doença. Substâncias como o Benzo [a]

pireno e outros compostos policíclicos aromáticos estão presentes no tabaco e,

quando activados, podem ligar-se ao DNA e activar oncogenes, promovendo o

desenvolvimento da neoplasia. O metabolismo destes compostos é da

responsabilidade das enzimas que compõe a família CYP3A, sendo a mais

representativa a CYP3A4. O gene que a codifica apresenta polimorfismos, como o

CYP3A4*1B, que poderão modificar a susceptibilidade individual para desenvolver

cancro do pulmão. Este trabalho teve como objectivo avaliar o papel do

polimorfismo CYP3A4*1B no desenvolvimento de cancro do pulmão de não

pequenas células (CPNPC).

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos

Page 120: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

8. Anexos

Material e Métodos: Amostras de DNA de 234 indivíduos diagnosticados com

CPNPC e de 479 dadores saudáveis foram utilizadas neste estudo caso-controlo. Os

genótipos de CYP3A4*1B foram analisados através da metodologia de PCR-RFLP.

Resultados: Os nossos dados sugerem que indivíduos portadores do alelo

CYP3A4*1B têm um risco cerca de 3 vezes superior de desenvolver estadios

avançados de CPNPC (p=0.019; OR=3.203; 95%CI=1.163-8.823). Não foram

encontradas diferenças estatisticamente significativas na distribuição dos genótipos

entre casos e controlos (p=0.109; OR=1.529; 95%CI=0.907-2.578).

Discussão e Conclusões: De acordo com os nossos resultados, o polimorfismo

CYP3A4*1B parece estar associado a risco para o desenvolvimento de estadios mais

avançados de CPNPC (IIIB/IV). Esta associação poderá dever-se a uma maior

exposição aos compostos procarcinogénicos activados pela CYP3A4, até ao

diagnóstico, nos doentes portadores do alelo CYP3A4*1B, cuja presença, segundo

alguns estudos, aumenta a actividade transcripcional do gene. Este polimorfismo

surge na literatura associado a pior prognóstico em cancro da próstata e risco para

desenvolvimento de CP de pequenas células.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos

Page 121: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

8. Anexos

Anexo IV

Abstract publicado no ASCO Proceedings do 2007 Annual Meeting of the American

Society of Clinical Oncology (Junho 2007)

CYP3A5*3 genotypes and development of advanced non-small cell lung cancer

ANA NOGAL, ANA COELHO, ANTÓNIO ARAÚJO, RAQUEL CATARINO,

RUI MEDEIROS

Background: Lung cancer is the most common cancer in Europe (381.500

new cases in 2004) and the third in the U.S.A (172.570 new cases in 2005). Smoking

is one of the major causes of lung cancer: there are many procarcinogens present in

tobacco smoke that, when activated, contribute to the development of this disease.

The CYP3A subfamily represents a group of enzymes responsible for the metabolism

of many currently used drugs, exogenous carcinogens and endogenous molecules

such as steroids. Two of the major enzymes in this family, CYP3A4 and CYP3A5,

activate polycyclic aromatic hydrocarbons such as benzo[a]pyrene and other

procarcinogens present in tobacco smoke. Functional polymorphisms, such as

CYP3A5*3 (associated with the lack of the CYP3A5 protein), could alter individual

susceptibility to lung cancer. The aim of our study was to evaluate the influence of

this polymorphism in the development of lung cancer.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos

Page 122: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

8. Anexos

Methods: DNA samples were extracted from peripheral blood cells of 203

patients with non small cell lung cancer, including 42 non-smokers and 156 smokers

or former smokers (no data available for the other 5 patients) and 162 blood donors.

The CYP3A5*3 polymorphism was analysed through PCR-RFLP (SspI). Analysis of

data was performed using the computer software SPSS for windows. The odds ratio

(OR) and its 95% confidence interval (CI) were calculated as a measure of the

association between CYP3A5*3 genotypes and NSCLC progression.

Results: We found significant statistical differences between the control

group and the patients with advanced stages (III and IV) of epidermoid and

undifferentiated NSCLC (p=0,04 ; OR = 0,48; 95%CI = 0,232-0,977).

Conclusions: Individual differences in the metabolism of carcinogens may

influence the susceptibility to cancer development and behaviour. Our preliminary

results suggest that the carriers CYP3A5*3 polymorphism are at lower risk of

developing advanced lung cancer. This is probably due to a decreased activation of

procarcinogens present in tobacco smoke in result of the lack of CYP3A5 caused by

the CYP3A5*3 polymorphism. This is consistent with the hypothesis of a cumulative

effect of carcinogens on the aggressive behaviour of the disease.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos

Page 123: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

8. Anexos

Anexo V

Abstract apresentado sob a forma de poster na 14th European Cancer Conference em

Barcelona (Setembro 2007)

CYP3A5 polymorphism and NSCLC – a role for genetic variation as a

protective factor in lung cancer susceptibility

ANA NOGAL, ANA COELHO, ANTÓNIO ARAÚJO, RAQUEL CATARINO,

RUI MEDEIROS

Background: Lung cancer (LC) is the most common cancer in Europe

(381.500 new cases in 2004) and the third in the U.S.A (172.570 new cases in 2005).

Smoking is one of the major causes of LC: there are many procarcinogens present in

tobacco smoke that, when activated, contribute to the development of this disease.

The CYP3A subfamily represents a group of enzymes responsible for the metabolism

of many currently used drugs, exogenous carcinogens and endogenous molecules,

such as steroids. Two of the major enzymes in this family, CYP3A4 and CYP3A5,

activate polycyclic aromatic hydrocarbons, such as benzo[a]pyrene and other

procarcinogens present in tobacco smoke. Functional polymorphisms, such as

CYP3A5*3 (characterized by an A to G transition and associated with the lack of the

CYP3A5 protein), could alter individual susceptibility to LC. The aim of our study

was to evaluate the influence of this polymorphism in the development of LC.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos

Page 124: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

8. Anexos

Material and Methods: DNA samples were extracted from peripheral blood

cells of 711 individuals: 246 patients with non-small cell lung cancer (NSCLC),

which included 137 smokers, 49 ex-smokers and 51 non smokers (data was not

available for 9 patients) and 465 blood donors. The CYP3A5*3 polymorphism was

analysed through PCR-RFLP (SspI). Analysis of data was performed using the

computer software SPSS for windows. The odds ratio (OR) and its 95% confidence

interval (CI) were calculated as a measure of the association between CYP3A5*3

genotypes and NSCLC progression.

Results: The frequency of the GG genotype was 79.3% in LC patients and

86% in controls. The frequency of the heterozygous genotype A/G was of 20.3% in

patients and 13.3% in controls. Homozygous individuals for the A allele where rare:

0.1% in LC patients and 0.6% in controls. The analysis of the genotypic frequencies

of the CYP3A5*3 polymorphism indicates that individuals with GG genotype present

a 38% protection for the development NSCLC (P=0.020; OR = 0.621; 95%CI =

0.415-0.931).

Conclusions: Individual differences in the metabolism of carcinogens may

influence the susceptibility to cancer development and behaviour. Our results suggest

that that individuals with GG genotype present a lower risk of developing NSCLC

than individuals with genotypes carrying the A allele (OR = 0,621). This is probably

due to a decreased activation of procarcinogens present in tobacco smoke in result of

the lack of CYP3A5 in individuals with genotypes carrying the CYP3A5*3 allele.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos

Page 125: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

8. Anexos

Anexo VI

Abstract aceite para apresentação sob a forma de poster no ISCO Congress 2008

(Março 2008)

CYP3A4 and CYP3A5 genotypes: molecular markers for prostate cancer

aggressiveness?

ANA NOGAL, MÓNICA GOMES, RICARDO RIBEIRO, ANA COELHO,

RAQUEL CATARINO, RUI MEDEIROS

Background:

Prostate cancer is the second most common malignant disease among men. A

number of factors like age, ethnicity, diet and exposure to androgens, have been

associated with an increased risk for this disease. It has been suggested that the

ethnic differences in incidence and mortality of prostate cancer are related to genetic

variation in genes that control the androgen metabolism. Testosterone is an important

hormone implicated in prostate growth and differentiation, and genes that control its

metabolism, may have a key role in prostate cancer susceptibility. The enzymes

CYP3A4 and CYP3A5 are responsible for the oxidation of testosterone to less

biologically active forms of this hormone. Polymorphisms in CYP3A4 and CYP3A5,

such as CYP3A4*1B and CYP3A5*3 (both A to G transitions), could alter individual

susceptibility to prostate cancer. The aim of our study was to evaluate the influence

of these polymorphisms in the development of prostate cancer.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos

Page 126: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo

8. Anexos

Methods: DNA samples were extracted from peripheral blood cells of 698

patients with prostate cancer and 401 healthy blood donors. The polymorphisms were

analysed through PCR-RFLP. Analysis of data was performed using the computer

software SPSS for windows. The odds ratio (OR) and its 95% confidence interval

(CI) were calculated as a measure of the association between CYP3A4 and CYP3A5

and prostate cancer.

Results: We found significant statistical differences between the control

group and the patients with a Gleason grade equal or superior to 7 (OR=1.61;

CI95%: 1.06-2.43; P=0.019) and the patients with metastasis (OR=1.80; CI95%:

0.99-3.28; P=0.038). Individuals carrying one or both less common variants of

CYP3A4 and CYP3A5 (G and A respectively) have an increased risk for more

aggressive prostate cancer.

Conclusions: Our preliminary results suggest that carriers of the less

common variants of CYP3A4 and CYP3A5, which appear to decrease the availability

of testosterone, are at higher risk of developing aggressive prostate cancer. Some

prostate cancer cells are androgen dependent and some are androgen independent. A

lower concentration of testosterone could allow the androgen independent cells to

proliferate more than the dependent ones, resulting in the development of a more

aggressive prostate cancer.

Influência de polimorfismos na família CYP3A no desenvolvimento de tumores sólidos

Page 127: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo
Page 128: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Final.pdf · importância do estudo de genes de baixa penetrância, como os genes envolvidos na reparação do DNA e no metabolismo