FACULDADE DE TECNOLOGIA FATEC SANTO...

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FACULDADE DE TECNOLOGIA FATEC SANTO ANDRÉ Tecnologia em Mecânica Automobilística Vinícius Godoy dos Santos São Paulo 2019

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FACULDADE DE TECNOLOGIA

FATEC SANTO ANDREacute

Tecnologia em Mecacircnica Automobiliacutestica

Viniacutecius Godoy dos Santos

Satildeo Paulo 2019

CENTRO PAULA SOUZA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

FATEC SANTO ANDREacute

Tecnologia em Mecacircnica Automobiliacutestica

Viniacutecius Godoy dos Santos

Montagem e calibraccedilatildeo de um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica

baseada em Arduino em um motor de ciclo 2 tempos

Trabalho de Conclusatildeo de Curso entregue agrave Fatec Santo Andreacute como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Tecnoacutelogo em Mecacircnica Automobiliacutestica

Orientador Prof MSc Adriano Ribolla

Santo Andreacute 2019

FICHA CATALOGRAacuteFICA

S237m Santos Viniacutecius Godoy dos

Montagem e calibraccedilatildeo de um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica baseada em arduino em um motor de ciclo 2 tempos Viniacutecius Godoy dos Santos - Santo Andreacute 2019 ndash 127f il Trabalho de Conclusatildeo de Curso ndash FATEC Santo Andreacute

Curso de Tecnologia em Mecacircnica automobiliacutestica 2019 Orientador Prof Adriano Ribolla

1 Mecacircnica 2 Automoacuteveis 3 Motores 4 Motores de Combustatildeo Interna 5 Motores de ciclo dois tempos 6 Software 7 Programa 8 Arduino 9 Injeccedilatildeo eletrocircnica I Montagem e calibraccedilatildeo de um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica baseada em arduino em um motor de ciclo 2 tempos

6292

AGRADECIMENTOS

Agrave minha namorada Ana Silvia Morais pela paciecircncia e compreensatildeo em todos

os momentos que tive de estar ausente e tambeacutem pelo grande incentivo em

momentos difiacuteceis

Aos meus pais Valdir Joseacute dos Santos e Solange Dirce de Godoy dos Santos

que me deram o alicerce do conhecimento e do respeito a quem devo muito

Aos professores da Fatec com quem tive a oportunidade de adquirir enorme

conhecimento teacutecnico em especial ao meu orientador Adriano Ribolla pessoa

pela qual tenho o maior respeito e honra de poder aprender cada dia mais

E a todas as pessoas e amigos que de uma maneira ou outra contribuiacuteram para

o meu conhecimento nessa longa jornada da vida

ldquoPenso 99 vezes e nada descubro Deixo de pensar

mergulho no silecircncio e a verdade me eacute revelada rdquo

Albert Einstein

RESUMO

Os motores de combustatildeo interna parecem ter seus dias contados mas

enquanto este fato natildeo acontece buscamos alternativas para que eles possam

ter uma sobrevida Especificamente os motores de ciclo dois tempos possuem

caracteriacutesticas que ainda natildeo conseguiram ser alcanccediladas mesmo com toda a

tecnologia embarcada nos motores de combustatildeo interna atualmente Se

comparado com motores similares de outros tipos de ciclo possuem baixa

massa simplicidade de construccedilatildeo possuindo poucas peccedilas moacuteveis e alta

eficiecircncia volumeacutetrica poreacutem por queimarem oacuteleo e natildeo possuiacuterem vaacutelvulas seu

processo de combustatildeo gera uma maior quantidade de compostos poluentes

emitidos para a atmosfera

Este trabalho visa obter resultados positivos ao proporcionar o uso de uma

tecnologia moderna em um antigo motor de ciclo dois tempos que originalmente

utilizava como sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel um carburador Mikuni

com venturi de 24mm mostrando que pode valer a pena sua possiacutevel aplicaccedilatildeo

comercial nos dias atuais em possiacuteveis casos E a proposta embarcada neste

trabalho natildeo eacute um fato isolado tendo em vista que alguns fabricantes

desenvolvem novas tecnologias aplicadas a este tipo de motor nos dias de hoje

tais como KTM SportMotorcycle AG BRP-Rotax Tm Racing Sutter Engineering

empresas essas que oferecem tecnologia eletrocircnica em motores de ciclo dois

tempos nos dias atuais atendendo determinados nichos de mercado como

motores de motocicletas de competiccedilatildeo karts snowmobiles e motores naacuteuticos

Este fato corrobora que esta ideia de tecnologia natildeo estaacute morta (para uso em

veiacuteculos da linha comercial) mas ainda estaacute muito viva em alguns setores da

induacutestria automobiliacutestica

Para tal seraacute adaptado e calibrado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica

programaacutevel (open source) chamado Speeduino que utiliza um Arduino mega

2560 como controlador Foram adaptadas tambeacutem diversas peccedilas sensores e

atuadores para que seja possiacutevel o funcionamento do mesmo

Palavras chaves Ciclo Dois Tempos Motores de Combustatildeo Interna Injeccedilatildeo

Eletrocircnica Programaacutevel Speeduino Arduino Open Source

ABSTRACT

The internal combustion engines seems to be on the borderline of its time

but in the meanwhile we search alternatives to this engines to have an extra

overtime Especificaly two stroke engines have characteristics that have not been

achieved even with all the current technology If comparated with similar engines

but of other kind of cycles two stroke engines have low mass simplicity of

construction owning few movable parts and high volumetric efficiency However

due to a huge amount of oil burning and the lack of valves its combustion process

provides an enormous amount of poluents heat are thrown into the atmosphere

This work aims to have positive results by providing the use of modern

technology in an old two stroke engine Originally this engine used a 24mm

Mikuni carburetor showing that it may be worth to be used in comercial

aplications nowadays in some cases And the proposal contained in this work is

out of an isolated fact since some manufactures have developed new

tecnologies applied to this kind of engine today just like KTM SportMotorcycle

AG BRP-Rotax TM Racing Sutter Engineering such companies that offer

electronic tecnology in two stroke engines nowadays attending specific market

spaces like race engines to bikes karts snowmobiles and nautics applications

This fact comes to show that this idea of tecnology is possible (to commercial

line vehicles) in some sectors of automotive industries

According to this a system of programable electronic fuel injection (open

source) named Speeduino which uses an Arduino mega 2560 as controller will

be adapted and tuned Several parts will be also adapted just like sensors and

actuators to make possible its operation

Keywords Two stroke cycle Internal combustion engines Programable

electronic fuel injection Speeduino Arduino Open Source

Lista de Unidades de Medida

cmsup3 - unidade de volume centiacutemetros cuacutebicos

mm - unidade de medida miliacutemetros

Kgmf - unidade de torque quilograma forccedila vezes metro

Nm - unidade de torque Newton vezes metro

Bar - unidade de pressatildeo

Kmh - quilocircmetros por hora

degC - graus Celsius unidade de temperatura

deg - graus unidade de acircngulo

1min - unidade de rotaccedilatildeo por minuto

HP - Horse Power unidade de potecircncia

Cv - Cavalo Vapor unidade de potecircncia

V - Volts unidade de tensatildeo eleacutetrica

mA - mili ampeacutere unidade de corrente eleacutetrica

Ohms - unidade de resistecircncia eleacutetrica

MHz - Mega Hertzunidade de frequecircncia

KB - quilobyte unidade de capacidade de armazenamendo ou memoacuteria

Lista de Siglas e Abreviaturas

RPM - Rotaccedilotildees por minuto

PMS - Ponto morto superior

PMI - Ponto morto inferior

CDI - Capacitor Discharge Ignition

PWM - Pulse with modulation

SMD - Surface mounting device

GND - Ground

AP - Modelo de motor Volkswagen

EA111 - Modelo de motor Volkswagen

E-torq - Modelo de motor Fiat

DIY - Do it yourself

MAP - Manifold Absolute Pressure

IAT - Intake Air Temperature

TPS - Throttle Position Sensor

YPVS - Yamaha Power Valve System

Stand-Alone ndash Sistema que funciona independente de outros

Sumaacuterio

1 Introduccedilatildeo 18

11 Motivaccedilatildeo 19

12 Objetivos 21

13 Contribuiccedilotildees Esperadas 21

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho 22

2 Fundamentaccedilatildeo 23

21 Objetivos do Capiacutetulo 24

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos 24

23 Admissatildeo 29

24 Compressatildeo 31

25 Combustatildeo 35

251 Igniccedilatildeo 36

26 Exaustatildeo 37

261 Escapamento 41

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna 48

3 Detalhamento do Projeto 51

31 Dados do Motor 52

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico 58

33 Arduino Mega 2560 60

34 Speeduino 62

35 Montagem do Sistema Speeduino 63

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico 72

37 Corpo de Borboleta 76

38 Unidade de Sensores 77

381 Sensor TPS 77

382 Sensor IAT 78

383 Sensor MAP 79

39 Sistema de Igniccedilatildeo 82

4 Calibraccedilatildeo do Motor 83

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais 83

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel 85

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo 86

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada 87

5 Dados do Motor (Modificado) 87

6 Resultados 88

7 Conclusatildeo 89

8 Propostas Futuras 90

9 Referecircncias Bibliograacuteficas 91

10 Referecircncia Figuras 92

Apecircndice I 98

Anexo A 99

Anexo B 111

Anexo C 127

Lista de Figuras

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos 25

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro 26

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto 26

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas 27

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa 27

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter

do motor passando pela vaacutelvula de palhetas 28

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor

permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel 29

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

30

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos

pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro 31

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando

formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto 32

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo 33

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio

de platinado 36

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts 37

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF 39

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida 39

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System 40

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos 41

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos 42

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante 48

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo 49

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus

perifeacutericos 50

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135 51

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30 53

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo 53

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia 54

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto 55

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1 55

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2 56

Figura 29 - Processo de pintura 56

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo 57

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada 57

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta 58

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport 59

Figura 34 - ECU Bosch MS 151 59

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino 60

Figura 36 - Arduino Mega 2560 61

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino 63

Figura 38 - Inicio da montagem da placa 64

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada 65

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio 66

Figura 41 - Aterramento refeito externamente 67

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico 68

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada 69

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica 70

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes 71

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v 71

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall 72

Figura 48 - Roda Focircnica 73

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 74

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 75

Figura 51 - Corpo de Borboleta 76

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS 78

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT 79

Figura 54 - Princiacutepio strain gage 80

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP 81

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW 82

Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo 82

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor 84

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE 85

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo 86

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees 88

Lista de Graacuteficos

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3

1996 20

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos

com rotaccedilatildeo em 6000 RPM 35

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de

retorno 44

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor 46

Lista de Quadros

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos 23

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para oldquoHeaderrdquo 43

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor 44

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor 45

Quadro 5 - Comprimento da ponteira 47

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560 61

Lista de Foacutermulas

1 - Caacutelculo da Taxa de Compressatildeo 34

2 - Volume a ser comprimido (fabricantes japoneses) 34

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento 42

4 - Dimensotildees do Escapamento Header 43

5 - Dimensotildees do Escapamento Difusor 45

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor 46

7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo 47

8 - Caacutelculo do Fator Gauge 80

18

1 Introduccedilatildeo

Em 1878 um engenheiro escocecircs criou o projeto tido como o primeiro motor

de ciclo dois tempos e eacute atribuiacutedo a ele esta invenccedilatildeo este engenheiro era

Dugald Clerk Poreacutem este motor possuiacutea algumas diferenccedilas dos motores dois

tempos que conhecemos e utilizamos durante todo o seacuteculo XX ateacute os dias de

hoje Nos motores de Clerk a admissatildeo era feita por bombeamento separado do

motor possuiacutea vaacutelvulas e utilizava gaacutes como combustiacutevel (NUNNEY 1992)

O primeiro motor de ciclo dois tempos com as caracteriacutesticas que hoje

conhecemos com admissatildeo inicial e compressatildeo no caacuterter transferecircncia da

mistura feita por janelas nas laterais do cilindro sem vaacutelvulas soacute foi inventado

por volta de 1892 pelo inglecircs Joseph Day que por volta de 1889 comeccedilou a

desenvolver um motor de combustatildeo interna sem infringir as patentes de

Nikolaus Otto as quais eram as patentes do motor com ciclo a quatro tempos

(BOOTHROYD 2006)

As patentes de Nikolaus Otto satildeo atualmente invaacutelidas e atribuiacutedas a um

engenheiro francecircs Alphonse-Eugene Beau de Rochas o qual havia feito todos

estudos pesquisas e projetos sobre este ciclo anos antes em 1862 poreacutem natildeo

chegou a construir um motor assim como Otto o fez (TILLMAN 2013)

A invenccedilatildeo do motor dois tempos eacute creditada a Dugald Clerk Satildeo citados

diversos pesquisadores engenheiros inventores e construtores como pessoas

que desenvolveram e agregaram conhecimento a este tipo de motor poreacutem foi

possiacutevel observar durante as pesquisas que Day eacute pouco lembrado em livros e

documentos poreacutem historicamente foi quem idealizou e construiu as soluccedilotildees

para o motor dois tempos que utilizamos quase que literalmente ateacute os dias de

hoje (BOOTHROYD 2006)

Durante o seacuteculo XX os motores dois tempos foram amplamente utilizados

na induacutestria automotiva Foram construiacutedos diversos veiacuteculos com esses

motores carros motocicletas caminhotildees e tratores O primeiro estudo e

construccedilatildeo de protoacutetipo de injeccedilatildeo eletrocircnica voltada para motores dois tempos

aconteceu em 1978 exatos cem anos da construccedilatildeo do motor de Clerk e foi

feita por Edmond Vieilledent que conseguiu obter relativo sucesso em suas

pesquisas e desenvolvimento poreacutem a tecnologia de microprocessamento na

19

eacutepoca inicial e o custo para implementaccedilatildeo relativamente alto em motores de

baixa cilindrada aparentemente inviabilizou o projeto em larga escala

(VIEILLEDENT 1978)

Quarenta anos apoacutes o trabalho de Vieilledent em 2018 a fabricante de

motocicletas austriacuteacas KTM Motorcycle disponibiliza para venda no mercado

motocicletas de competiccedilatildeo off-road de 250 e 300cmsup3 com sistema de injeccedilatildeo

eletrocircnica o que vem a corroborar a ideia de que os motores dois tempos para

determinadas aplicaccedilotildees merecem a implementaccedilatildeo de novas tecnologias para

que haja junto com a evoluccedilatildeo eletrocircnica novos resultados aplicados aos

motores dois tempos

11 Motivaccedilatildeo

As motivaccedilotildees deste trabalho surgem da premissa de reduzir algumas

deficiecircncias intriacutensecas do funcionamento dos motores de ciclo dois tempos

funcionamento que seraacute abordado e explicado em um toacutepico especiacutefico adiante

Para isso seraacute utilizado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel com

processamento de dados feito a partir de um Arduino Mega 2560 montado em

um motor Yamaha de 135cmsup3 de 2 tempos de fabricaccedilatildeo nacional produzido ateacute

o ano de 2000 Este motor equipou por mais de vinte anos as motocicletas

Yamaha Rd e Rdz 135cmsup3 e possuiacuteam como sistema de alimentaccedilatildeo de

combustiacutevel carburadores com diacircmetro de venturi 24mm e 26mm

respectivamente e sistema de igniccedilatildeo por descarga capacitiva com curva de

igniccedilatildeo preacute-estabelecida

Os motores dois tempos possuem caracteriacutesticas de funcionamento muito

peculiares e produzem uma potecircncia especiacutefica relativamente alta poreacutem esta

potecircncia vem de uma curva de torque caracteriacutestica do projeto do motor sendo

muito difiacutecil conseguir obter uma curva onde se consiga que a potecircncia seja alta

em todas as faixas de rotaccedilatildeo A maioria dos projetos de motores dois tempos

favorece a potecircncia em uma faixa de rotaccedilatildeo muito estreita por exemplo motores

que satildeo projetados para terem alto torque natildeo possuem alta rotaccedilatildeo e motores

para alta potecircncia soacute conseguem atingir esta potecircncia apoacutes os 10000rpm e todo

o resto da curva de potecircncia do motor eacute esquecida Este trabalho visa a

20

introduccedilatildeo de um sistema de gerenciamento de combustiacutevel e igniccedilatildeo eletrocircnico

para obter uma possiacutevel melhora da faixa de potecircncia aumentando a largura

dessa faixa de potecircncia elevada

Podemos notar ao analisarmos o graacutefico 1 que este tipo de motor produz

uma faixa de trabalho uacutetil de aproximadamente 1500 rpm somente apoacutes os

10000 rpm esta caracteriacutestica torna a pilotagem destas motocicletas em regime

de competiccedilatildeo muito difiacutecil e cansativa

Fonte httppulpmxcom

Com a inserccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico seraacute feita a

tentativa de implementar uma calibraccedilatildeo que natildeo privilegie somente uma faixa

tatildeo pequena de trabalho buscando antecipar e ampliar esta faixa de potecircncia

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3 1996

21

12 Objetivos

Os objetivos deste trabalho satildeo construir montar adaptar e talvez a parte

mais complexa calibrar um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel em um

motor de ciclo dois tempos Natildeo existem muitas informaccedilotildees a respeito de

calibraccedilatildeo eletrocircnica para motores em geral muito menos para motores dois

tempos o que torna esse acerto um tanto quanto difiacutecil

Como descrito anteriormente a motivaccedilatildeo vecircm da capacidade de tentar

incrementar potecircncia em um motor de pouca massa e isso eacute o essencial para

regimes de performance em competiccedilotildees de karts naacuteuticas e de motocicletas

A busca seraacute por uma calibraccedilatildeo final que alargue a faixa de potecircncia do motor

ou seja melhorando suas caracteriacutesticas de funcionamento utilizando um

sistema de gerenciamento eletrocircnico com alguns sensores que seja confiaacutevel e

que permita a sua utilizaccedilatildeo em quaisquer condiccedilotildees climaacuteticas e ambientais

tais como umidade temperatura e pressatildeo atmosfeacuterica

13 Contribuiccedilotildees Esperadas

As contribuiccedilotildees estatildeo relacionadas com os objetivos descritos na

subseccedilatildeo 12 e satildeo elas

a) Promover uma anaacutelise de forma ampla sobre os aspectos positivos e

negativos dos motores que utilizam o ciclo de dois tempos

b) Renovar alguns dados encontrados na literatura teacutecnica a respeito dos

motores dois tempos que na maioria dos livros sobre motores de

combustatildeo interna satildeo dados advindos do estudo de motores anteriores

a deacutecada de 1950 ou seja informaccedilotildees que merecem atualizaccedilatildeo

c) Expor os aspectos positivos do uso da eletrocircnica e programaccedilatildeo no

gerenciamento de motores

d) Possibilitar a adaptaccedilatildeo de uma tecnologia moderna e aberta (open

source) em antigos motores de combustatildeo interna que originalmente

possuiacuteam alimentaccedilatildeo de combustiacutevel mecacircnica e sistema de igniccedilatildeo

simplificado

e) Mostrar as possiacuteveis e esperadas dificuldades de se calibrar o sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos

22

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho

Este trabalho abordaraacute a inserccedilatildeo de um sistema de gerenciamento

eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos sendo assim o assunto eacute abordado

em trecircs fases

Fase Inicial Aborda todo o conceito de funcionamento mecacircnico do motor

de ciclo dois tempos princiacutepios caracteriacutesticas de construccedilatildeo soluccedilotildees

adotadas ao longo da histoacuteria principais aplicaccedilotildees Esta parte tambeacutem tem por

objetivo ampliar o entendimento deste tipo de motor que eacute pouco esclarecido

em literaturas teacutecnicas e quando apresentado em livros utiliza o princiacutepio de

funcionamento correto poreacutem demonstra exemplos de motores antigos sem

muitas soluccedilotildees eficientes

Fase Intermediaacuteria Aborda todas as soluccedilotildees eleacutetricas e eletrocircnicas que

seratildeo utilizadas para o desenvolvimento do protoacutetipo histoacuterico de aplicaccedilotildees em

motores dois tempos processo de escolha montagem de componentes e

sensores anaacutelise de funcionamento e dificuldades enfrentadas

Fase Final Mostra os processos necessaacuterios para fazer a calibraccedilatildeo de

um motor de combustatildeo interna utilizando gerenciamento eletrocircnico aplicaccedilatildeo

em motores dois tempos quais as dificuldades e resultados obtidos

23

2 Fundamentaccedilatildeo

Os motores de ciclo dois tempos possuem o conceito mecacircnico da

termodinacircmica para seu funcionamento onde eacute admitido uma mistura de ar e

combustiacutevel pelo orifiacutecio de admissatildeo Posteriormente essa mistura sofre uma

melhor homogeneizaccedilatildeo no caacuterter junto ao eixo de manivelas onde tambeacutem eacute

comprimido e transferido para a cabeccedila do pistatildeo pelos orifiacutecios de transferecircncia

apoacutes a transferecircncia o pistatildeo inicia o ciclo de subida sentido PMS onde comprime

a mistura ar combustiacutevel e sofre combustatildeo por meio de uma centelha

Nos motores de ciclo dois tempos os pistotildees assim como nos motores

com ciclo quatro tempos possuem movimento alternativo em relaccedilatildeo ao cilindro

poreacutem a lubrificaccedilatildeo dos cilindros eacute feita por meio de oacuteleo misturado com o

combustiacutevel podendo ser forccedilado por uma bomba de lubrificaccedilatildeo que injeta o

oacuteleo no orifiacutecio de admissatildeo ou mesmo por uma mistura oacuteleocombustiacutevel que

pode ser previamente feita Esse sistema simplifica todo o funcionamento deste

tipo de motor poreacutem tambeacutem traz consigo suas deficiecircncias intriacutensecas desse

processo de combustatildeo

Segundo o Manual de Tecnologia Automotiva Bosch (2005) os motores

dois tempos possuem as vantagens e desvantagens que vemos a seguir

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos

Vantagens Desvantagens

Design Simples do Motor Maior Consumo de Combustiacutevel

Baixo Peso Altas Emissotildees de

Hidrocarbonetos

Baixo Custo de Fabricaccedilatildeo Pressatildeo Efetiva Meacutedia mais

Baixa

Padratildeo Melhor de Forccedila de

Torccedilatildeo

Cargas Teacutermicas mais Altas

Marcha Lenta mais deficiente

(Bosch 2005)

24

O desenvolvimento deste trabalho natildeo busca fazer um comparativo entre

os diversos ciclos de funcionamento dos motores de combustatildeo interna

existentes apesar de que em determinados toacutepicos essa comparaccedilatildeo seja

inevitaacutevel Apoacutes a anaacutelise deste trabalho seraacute possiacutevel tirar as proacuteprias

conclusotildees a respeito do funcionamento de motores dois tempos visto que a

maioria das literaturas a respeito dos motores dois tempos natildeo satildeo especiacuteficas

nem tampouco profundas a respeito do tema

21 Objetivos do Capiacutetulo

As seccedilotildees a seguir apresentam o princiacutepio de funcionamento dos motores

de ciclo dois tempos O capiacutetulo iraacute abordar e analisar as fases de funcionamento

e alguns componentes mecacircnicos deste tipo de motor e os resultados de

possiacuteveis modificaccedilotildees em seus componentes

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos

Diferentemente dos motores de ciclo otto a 4 tempos que necessitam a

rotaccedilatildeo de 720deg do eixo aacutervore de manivelas os motores de ciclo dois tempos

necessitam apenas de 360deg do eixo aacutervore de manivelas para executar as quatro

operaccedilotildees baacutesicas de funcionamento de um motor de combustatildeo interna

- Admissatildeo

- Compressatildeo

- Combustatildeo

- Exaustatildeo

25

Apesar das operaccedilotildees e princiacutepio de funcionamento dos motores dois tempos

serem parecidas com as do ciclo otto a concepccedilatildeo e construccedilatildeo do motor eacute

totalmente diferente Os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como

existem nos motores de ciclo otto pelo menos natildeo no sistema mais baacutesico de

funcionamento desses motores (conforme Figura 1)

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos

Editado pelo Autor Fonte httpswwwshutterstockcom

No sistema baacutesico de funcionamento de um motor dois tempos o cilindro possui

aberturas chamadas janelas elas satildeo como portas para entrada e saiacuteda da

mistura arcombustiacutevel

A mistura arcombustiacutevel apoacutes ser succionada atraveacutes do carburador entra

atraveacutes da chamada janela de admissatildeo no cilindro (conforme Figura 2) e chega

primeiramente no caacuterter do motor alguns motores normalmente os de

competiccedilatildeo ou maior performance possuem a entrada de arcombustiacutevel

diretamente no caacuterter (conforme Figura 3) natildeo necessitando entrar no cilindro e

ir para o caacuterter poreacutem isto natildeo eacute regra A entrada desse combustiacutevel no caacuterter

tambeacutem eacute utilizada para a lubrificaccedilatildeo dos rolamentos inferiores do motor jaacute que

na maioria dos casos o combustiacutevel e oacuteleo lubrificante satildeo misturados salvo

26

raros casos em que existem pontos de injeccedilatildeo apenas de oacuteleo em determinadas

partes do motor

Editado pelo Autor Fonte httpwwwrichstaylordportingcom

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto

Editado pelo Autor Fonte httpwwwebaycom

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro

27

Como dito anteriormente os motores dois tempos em essecircncia natildeo utilizam

vaacutelvulas poreacutem com o desenvolvimento desse tipo de motor foi-se aprimorando

a tecnologia e notou-se a necessidade do uso de vaacutelvulas na admissatildeo visto

que parte da mistura era expelida novamente pela admissatildeo quando havia

compressatildeo no caacuterter anteriormente este papel de vaacutelvula de admissatildeo era feito

pelo proacuteprio pistatildeo que ao passar pela janela de admissatildeo determinava os

intervalos de tempo entre admissatildeo e exaustatildeo Para melhorar a eficiecircncia do

sistema de vaacutelvula feito pelo pistatildeo adotou-se principalmente dois sistemas o

sistema de palhetas (conforme Figura 4) e o sistema de vaacutelvula rotativa

(conforme Figura 5)

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas

Fonte wwwamazoncom

Fonte httpscellcodeus

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa

28

Apoacutes ser recebida no caacuterter a mistura arcombustiacutevel eacute comprimida com a

descida do pistatildeo sentido ao PMI o que gera o aumento de pressatildeo no caacuterter e

faz com que a mistura seja transportada para a parte superior do pistatildeo atraveacutes

das chamadas janelas de transferecircncia (conforme Figura 6) Essas janelas

possuem aberturas na parte inferior do cilindro junto ao caacuterter do motor que eacute

por onde passa esta mistura arcombustiacutevel essas aberturas ligam dutos de

transferecircncia ateacute uma abertura na camisa do cilindro jaacute na parte superior do

pistatildeo (conforme Figura 6) Com a mistura jaacute na parte superior do pistatildeo ela eacute

comprimida e por fim queimada e os gases resultantes da queima satildeo expulsos

pela janela de exaustatildeo (conforme Figura 6)

Editado pelo Autor Fonte wwwpatentimagescom

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter do motor passando pela vaacutelvula de palhetas

29

23 Admissatildeo

O processo de admissatildeo inicia-se com a subida do pistatildeo sentido PMS

isso cria uma pequena depressatildeo no caacuterter do motor poreacutem suficiente para

arrastar a mistura arcombustiacutevellubrificante advinda do sistema de alimentaccedilatildeo

usualmente carburadores Essa mistura passa por vaacutelvulas que controlam a

entrada de mistura fresca no motor Na maioria dos motores atuais utilizam-se

vaacutelvulas de palhetas elas tambeacutem tecircm a funccedilatildeo de impedir que a mistura retorne

para o coletor de admissatildeo quando haacute a movimentaccedilatildeo do pistatildeo sentido PMI

(conforme Figura 7) Os primeiros motores de Joseph Day jaacute haviam adotado

uma soluccedilatildeo de vaacutelvulas de palhetas poreacutem esse sistema foi esquecido por

muitos anos e novamente adotados para motores de motocicletas de competiccedilatildeo

em meados dos anos 70 Notemos que a mistura no caacuterter do motor aleacutem de ar

e combustiacutevel tambeacutem possui lubrificante que nesse momento faz a lubrificaccedilatildeo

das peccedilas moacuteveis na parte inferior do motor Nas figuras seguintes podemos

notar como se comporta a entrada da mistura arcombustiacutevel para o caacuterter do

motor e tambeacutem o funcionamento das vaacutelvulas de palhetas

Editado pelo Autor Fonte www1bpblogspotcom

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel

30

O principal momento de admissatildeo da mistura arcombustiacutevel para o motor se daacute

com subida do pistatildeo rumo ao PMS no entanto esse natildeo eacute o uacutenico periacuteodo em

que o motor recebe mistura fresca do sistema de alimentaccedilatildeo Quando o pistatildeo

inicia o movimento de descida rumo ao PMI apoacutes a exaustatildeo tambeacutem temos

admissatildeo de mistura arcombustiacutevel fresca A quantidade eacute bem menor e se daacute

pela depressatildeo gerada pelo escape dos gases queimados junto a janela de

exaustatildeo Essa admissatildeo acontece passando por uma janela conhecida

popularmente como ldquoQuinta Luzrdquo ou em inglecircs ldquoBoost Portrdquo (conforme Figura 8)

poreacutem esse curto periacuteodo de admissatildeo tem maior influecircncia no processo de

exaustatildeo dos gases Essa admissatildeo favorece a expulsatildeo dos gases e limpeza

da cacircmara de combustatildeo para iniacutecio de um novo ciclo

Editado pelo Autor Fonte httpswwwpinterestcom

A duraccedilatildeo desse periacuteodo em graus da duraccedilatildeo da admissatildeo na quinta

luz pode ser tido como um dos periacuteodos criacuteticos no que diz respeito e eficiecircncia

do motor dois tempos pois se o periacuteodo tiver uma duraccedilatildeo muito prolongada

pode resultar em excesso de mistura fresca que eacute ldquojogada forardquo para a exaustatildeo

e se for muito curto acaba mantendo gaacutes queimado na cacircmara de combustatildeo o

que gera perda de potecircncia para o motor

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

31

24 Compressatildeo

A compressatildeo no motor dois tempos acontece assim como no motor de quatro

tempos comprimindo o volume total do cilindro em uma pequena aacuterea da cacircmara

de combustatildeo Poreacutem diferentemente do motor quatro tempos o cilindro do

motor dois tempos natildeo eacute totalmente vedado possuindo aberturas que como dito

anteriormente se chamam janelas (conforme Figura 6)

Podem existir vaacuterios formatos de cacircmara de combustatildeo ou popularmente

conhecido como cabeccedilote cada tipo buscando um resultado final diferente

(conforme Figuras 910 e 11)

Como os cabeccedilotes de motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas satildeo

praticamente um material usinado ou fundido contemplando um formato final E

esse formato nos motores dois tempos influencia muito na performance do

motor

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro

32

Os cabeccedilotes dos motores dois tempos possuem formatos que privilegiam

determinadas faixas de rotaccedilatildeo ou comportamento do motor com relaccedilatildeo a

torque Os chamados ldquoSquishrdquo satildeo um formato que impotildeem uma alta velocidade

agrave mistura em direccedilatildeo a vela de igniccedilatildeo e produz melhora no comportamento da

queima (conforme Figura 10)

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

O ldquoSquishrdquo eacute composto por algumas medidas que satildeo

Banda do Squish eacute a largura da faixa onde se concentra o squish e contorna

toda a circunferecircncia do cabeccedilote podendo ser mais larga ou estreita

dependendo do regime de funcionamento do motor

Acircngulo do Squish eacute o acircngulo feito na banda de squish podendo acompanhar

ou natildeo o acircngulo existente na cabeccedila do pistatildeo natildeo eacute usual mas podem existir

cabeccedilotes cujos acircngulos de squish sejam retos assim como a cabeccedila dos

pistotildees nesses motores

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto

33

Folga do Squish essa folga eacute a folga do topo da cabeccedila do pistatildeo quando

em PMS ateacute o ponto fiacutesico mais proacuteximo da banda de squish

Segundo Bell (1999) os cabeccedilotes que contemplam ldquoSquishrdquo vieram a

promover melhorias significantes na performance dos motores dois tempos

Esse tipo de cabeccedilote promove melhor homogeneizaccedilatildeo da mistura

arcombustiacutevel e tambeacutem de qualquer porccedilatildeo de gases de escapamento

residuais presentes na cacircmara Esse formato tambeacutem evita que a propagaccedilatildeo

de chama para as laterais do cilindro promovam o aquecimento do mesmo fator

que pode dar iniacutecio a um ciclo de detonaccedilatildeo que eacute muito prejudicial para o

funcionamento do motor

Fonte httpwwwcmraracingcom

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo

34

Um outro fator que gera uma certa confusatildeo em motores dois tempos eacute a

mediccedilatildeo da taxa de compressatildeo A compressatildeo efetiva do volume do cilindro

ocorre apenas quando os aneacuteis de segmento do pistatildeo passam pela uacuteltima

abertura sentido PMS sendo que a uacuteltima abertura em motores dois tempos satildeo

as janelas de exaustatildeo

O que pode se notar usualmente eacute que fabricantes europeus utilizam a

mesma maneira de se calcular taxa de compressatildeo de motores quatro tempos

em motores de ciclo dois tempos

onde

RC Relaccedilatildeo de Compressatildeo

VC Volume do Cilindro (cmsup3)

VCC Volume da Cacircmara de Combustatildeo (cmsup3)

Enquanto fabricantes japoneses utilizam uma maneira especiacutefica de medir

a taxa compressatildeo para motores dois tempos avaliando o volume total de

compressatildeo efetiva somente apoacutes a passagem dos aneacuteis de segmento pela

janela de escapamento fazendo sua vedaccedilatildeo Nesse caso o volume total do

cilindro natildeo entra na conta o que se utiliza eacute a altura da janela de exaustatildeo como

referecircncia para o volume total a ser comprimido

Pode-se assim calcular o Volume a ser Comprimido

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

onde

VAC Volume a ser comprimido (cmsup3)

120645 Constante

r Raio do cilindro (mm)

h distacircncia percorrida pelo pistatildeo do momento de fechamento da janela

de exaustatildeo ateacute a chegada em PMS (mm)

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

RC = VC+VCC

VCC

1-Caacutelculo da Taxa de

Compressatildeo

2 - Volume a ser comprimido

(fabricantes japoneses)

35

Quando pesquisa-se em fichas teacutecnicas sobre motores dois tempos tais

literaturas podem gerar uma confusatildeo de entendimento pois pode-se entender

que motores europeus utilizam taxa de compressatildeo muito maior que os motores

japoneses e isto natildeo eacute verdade apenas utilizam meacutetodos de mediccedilatildeo diferentes

25 Combustatildeo

O processo de combustatildeo em motores dois tempos eacute muito semelhante ao

dos motores de quatro tempos mas com uma diferenccedila essencial ao

entendimento deste tipo de motores Nos motores de ciclo de quatro tempos

acontece a centelha na vela de igniccedilatildeo a cada 720deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore

de manivelas enquanto no motor de ciclo dois tempos a centelha ocorre a cada

360deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore de manivelas ou seja a cada subida do pistatildeo

sentido PMS ocorre uma combustatildeo

Segundo Najafabadi Aziz Adams e Leman (2013) existem alguns efeitos

gerados no processo de combustatildeo advindos do ciclo anterior devido a gases

residuais que se mantiveram na cacircmara de combustatildeo Este fenocircmeno afeta a

combustatildeo podendo ocorrer avanccedilo ou atraso do tempo de igniccedilatildeo devido a

temperatura desses gases Ainda a pressatildeo no interior do cilindro que veio do

ciclo anterior afeta o fluxo de transiccedilatildeo do motor podendo a quantidade de gases

residuais ser diferente (conforme Graacutefico 2)

Fonte Najafabadi et al 2013

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos com rotaccedilatildeo em 6000 RPM

36

251 Igniccedilatildeo

Este mecanismo eacute importante para que o processo de combustatildeo seja

equilibrado bem executado e responda com um bom funcionamento do motor

Existem diversos sistemas de igniccedilatildeo disponiacuteveis para motores dois tempos

desde os mais simplificados (conforme Figura 12) ateacute sistemas programaacuteveis

onde pode-se determinar a curva de avanccedilo desejada por meio de programaccedilatildeo

do dispositivo via software (conforme Figura 13) poreacutem para entendimento do

funcionamento o esquema eleacutetrico do sistema de igniccedilatildeo por platinado possui

faacutecil entendimento este sistema foi utilizado por muitos anos e o uacutenico motivo de

cair em desuso era a necessidade de regulagem constante devido ao desgaste

mecacircnico do contato eleacutetrico

Fonte Bell 1999

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio de platinado

37

Fonte httpwwwpvl-zuendungende

26 Exaustatildeo

Este eacute com certeza o processo mais importante dentre todos os processos no

motor dois tempos a janela de exaustatildeo eacute a aacuterea do motor que se sofrer uma

alteraccedilatildeo de alguns deacutecimos de miliacutemetros pode mudar completamente o

comportamento do motor

Como jaacute discorremos os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como os

motores quatro tempos pelo menos natildeo nos mesmos moldes ou entatildeo vaacutelvulas

que vedem completamente a passagem dos gases Em um motor de quatro

tempos o comando de vaacutelvulas determina qual eacute momento de abertura das

vaacutelvulas a ordem o levante etc No motor dois tempos essa funccedilatildeo de duraccedilatildeo

da admissatildeo e exaustatildeo eacute composta pela diagramaccedilatildeo das janelas do cilindro

(conforme Figura 14) e satildeo fixas natildeo existe um comando de vaacutelvulas rotativo

ou qualquer dispositivo semelhante dentre essa diagramaccedilatildeo a duraccedilatildeo mais

importante e que determina o desempenho do motor e como ele se comportaraacute

eacute a da janela de exaustatildeo

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts

38

Segundo Bell (1999) o processo de modificaccedilatildeo da janela de exaustatildeo eacute talvez

um dos mais criacuteticos dentro dos motores dois tempos (conforme Figuras 14 e

15) pocircde-se notar que as diagramaccedilotildees possuem desenhos diferentes de

janelas de exaustatildeo o primeiro modelo da Yamaha TZ250 (conforme Figura 14)

eacute de janela uacutenica pois a dimensotildees que foram determinadas para o tamanho e

duraccedilatildeo da janela dado o diacircmetro do cilindro permitiram que isso fosse feito Jaacute

no segundo diagrama da Suzuki PE175 podemos notar que a janela de exaustatildeo

eacute bi partida (conforme Figura 15) isso acontece por que por projeto foi

determinado um tamanho de janela de exaustatildeo demasiadamente grande para

o diacircmetro desse cilindro natildeo eacute regra mas usualmente a largura de uma janela

de exaustatildeo pode ter no maacuteximo 70 do diacircmetro do cilindro isso acontece para

que os aneacuteis de segmento natildeo tendam a entrar no duto de exaustatildeo quando por

laacute passarem por isso a soluccedilatildeo adotada na Suzuki PE175 de adicionar mais

uma divisatildeo na janela permite ter uma janela de exaustatildeo mais larga sem

comprometer a durabilidade do motor

Por ser uma medida fiacutesica e determinante para o funcionamento do motor dois

tempos a janela de exaustatildeo sempre foi um ponto criacutetico no projeto desses

motores pois se o projeto determinava uma medida para a janela de exaustatildeo a

performance do motor era inerente a esta medida Motores que foram

desenvolvidos ateacute o final da deacutecada de 1970 natildeo conseguiam melhorar suas

caracteriacutesticas em todas as faixas de funcionamento Por exemplo se o projeto

da janela de exaustatildeo era feito para funcionar bem em baixas rotaccedilotildees isso

caracterizava aquele motor e nada podia ser feito para ser melhorado sem que

isso comprometesse outras faixas de rotaccedilatildeo

Motocicletas e karts de competiccedilatildeo que eram projetados para funcionar bem

em altas rotaccedilotildees tinham todo o torque em baixa muito comprometido se vermos

corridas de motocicletas da deacutecada de 1970 e iniacutecio dos anos de 1980 podemos

ver pilotos que largavam praticamente empurrando a motocicleta ateacute que ela

embalasse e chegasse a uma rotaccedilatildeo onde o motor pudesse andar sozinho

39

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida

40

No iniacutecio dos anos de 1980 a Yamaha criou uma soluccedilatildeo para melhorar o

desempenho dos motores dois tempos em todas as faixas de rotaccedilatildeo eacute um

sistema com uma vaacutelvula mecacircnica que variava as dimensotildees da janela de

exaustatildeo durante o funcionamento do motor esse sistema eacute chamado YPVS

(Yamaha Power Valve System) (conforme Figura 16) foi um sistema que permitiu

a Yamaha ganhar diversas competiccedilotildees on e off road ateacute que seus concorrentes

pudessem desenvolver sistemas semelhantes

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Inicialmente esse sistema era totalmente mecacircnico e era tocado por uma

bomba centriacutefuga ligada ao eixo arvore do motor posteriormente em

motocicletas de rua foi adotado o mesmo princiacutepio poreacutem foi utilizado um sistema

eletrocircnico com um servo motor Outros fabricantes desenvolveram sistemas

semelhantes ao longo do tempo e adotaram as mais diversas soluccedilotildees Um outro

sistema bastante popular foi o sistema pneumaacutetico (conforme Figura 17) que

era composto por uma vaacutelvula do tipo guilhotina e uma membrana na janela de

exaustatildeo a vaacutelvula se mantinha fechada em baixas rotaccedilotildees melhorando o

torque naquele momento e a membrana era calibrada para que em um certo

momento quando certa quantidade de gases de escape estivessem sendo

produzidos a membrana empurrava a vaacutelvula para traacutes aumentando as

dimensotildees da janela de exaustatildeo melhorando o torque em altas rotaccedilotildees

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System

41

Fonte httpwww bikemanperformancecom

261 Escapamento

Ainda na fase de exaustatildeo o escapamento eacute o acessoacuterio mais importante

para o bom funcionamento dos motores dois tempos e necessita cuidados

especiais em seu desenvolvimento Eacute intriacutenseco do funcionamento e da forma

construtiva do motor dois tempos o fato de que ele acaba por jogar mistura

fresca para o escapamento e isso causa perda de performance Assim o

escapamento promove ondas de ressonacircncia que causam o retorno de parte

dessa mistura fresca novamente para dentro do cilindro

Este sistema determina muito das caracteriacutesticas importantes de

funcionamento desse tipo de motor Satildeo peccedilas complexas de serem construiacutedas

e produzem um som caracteriacutesticos de ldquoring-dingrdquo a este tipo de motor

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos

42

Para um bom projeto de escapamento satildeo necessaacuterios diversos caacutelculos

para que se obtenha as dimensotildees ideais Posteriormente outro desafio eacute aplicar

as dimensotildees calculadas ao projeto do veiacuteculo o que produz verdadeiras

esculturas mecacircnicas (conforme Figura 18)

Caacutelculo para determinaccedilatildeo do comprimento ideal do escapamento

Onde

LE = Comprimento do escapamento (mm)

DE = Duraccedilatildeo da janela de exaustatildeo em graus (deg)

RPM = Rotaccedilatildeo para melhor funcionamento do motor (1min)

42545 = Constante que leva em conta que a onda socircnica sempre viaja na

velocidade do som no ar

Fonte Bell 1999

O trecho do escapamento que sai do cilindro do motor eacute chamado em inglecircs

ldquoHeaderrdquo esse trecho usualmente eacute cocircnico e utiliza acircngulos entre 115deg e 15deg

Entretanto ao longo da histoacuteria os fabricantes testaram acircngulos variando entre

08deg ateacute 23deg de conicidade para determinadas aplicaccedilotildees

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos

LE = DE x 42545

RPM

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento

43

As dimensotildees do Header podem ser determinadas da seguinte maneira Para

o comprimento pode-se utilizar o fator de multiplicaccedilatildeo (conforme Quadro 2)

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para o ldquoHeaderrdquo

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 85 ndash 95 10 -11

100 ndash 125 78 ndash 85 78 ndash 85

175 ndash 250 73 ndash 83 9 -10

350 - 500 73 ndash 83 85 ndash 95

Fonte Bell 1999

Jaacute com o fator de correccedilatildeo apropriado multiplicamos esse valor pelo diacircmetro

da janela de exaustatildeo e esse eacute o comprimento ideal do Header

O diacircmetro maior do Header pode ser calculado pela seguinte expressatildeo

Onde

D2 = eacute o diacircmetro maior do Header para uniatildeo com o Difusor (mm)

CH = eacute o Comprimento do Header (mm)

D1 = eacute o diacircmetro inicial do Header determinado pelo diacircmetro da janela de

exaustatildeo (mm)

Cotg H = eacute a cotangente do acircngulo do Header usualmente entre 115 e 15deg

O segundo trecho do escapamento chamado Difusor pode ser calculado da

seguinte maneira O diacircmetro inicial eacute o mesmo diacircmetro D2 do Header o

comprimento do Difusor eacute usualmente calculado utilizando 25 vezes o diacircmetro

da janela de exaustatildeo poreacutem pode-se usar de 22 a 29 vezes o diacircmetro da

janela de exaustatildeo dependendo do projeto tendo em mente que quanto menor

o comprimento melhor o rendimento em altas rotaccedilotildees e quanto maior o

comprimento melhor as respostas do motor em baixas rotaccedilotildees Ao final o que

D2 = CH x 2 + D1

cotg H

4 ndash Dimensotildees do Escapamento Header

44

iraacute determinar o comprimento eacute a proposta do motor O acircngulo de conicidade do

Difusor varia normalmente entre 3deg e 7deg com diferentes reaccedilotildees ao rendimento

do motor (conforme Quadro 3) modificando a duraccedilatildeo e os efeitos da onda de

ressonacircncia (conforme Graacutefico 3)

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 65 a 7deg 3 a 35deg

100 ndash 125 65 a 75deg 4 a 48deg

175 65 a 75deg 35 a 45deg

250 7 a 75deg 4 a 45deg

350 ndash 500 4 a 5deg

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de retorno

45

O segundo diacircmetro o diacircmetro maior do Difusor pode ser calculado

utilizando a seguinte expressatildeo

Onde

CD = Comprimento do Difusor D3 = Diacircmetro maior do Difusor D2 = Diacircmetro menor do Difusor cotg D = Cotangente do acircngulo de conicidade que foi determinado para o Difusor

Existe uma seccedilatildeo paralela que liga o diacircmetro maior do difusor ao uacuteltimo

cone esse trecho eacute popularmente chamado de Bojo (conforme Figura 18) poreacutem

natildeo se pode calcular o comprimento dela sem antes calcular as dimensotildees do

cone final que eacute chamado de ldquoBafflerdquo ou defletor (conforme Quadro 4) Essa

seccedilatildeo por sua vez determina a duraccedilatildeo e a intensidade das ondas de

ressonacircncia que iraacute manter o cilindro cheio de maneira eficiente Segundo Bell

(1999) um defletor com um cone curto e acircngulo muito abrupto iraacute permitir um

ganho de potecircncia maacutexima ao custo de sacrificar as baixas e meacutedias rotaccedilotildees

(conforme Graacutefico 4)

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 -80 105 a 12deg 85 a 95deg

100 105 a 12deg 9 a 10deg

125 95 a 12deg 85 a 10deg

175 10 a 12deg 8 a 10deg

250 10 a 12deg 75 a 10deg

350 - 500 9 a 11deg

Fonte Bell 1999

CD = D3 ndash D2 x cotg D

2

5 ndash Dimensotildees do Escapamento Difusor

46

Fonte Bell 1999

Para se calcular o comprimento do cone utilizamos a expressatildeo

CTD = (D32) x Cotg D

Onde

CTD Comprimento total do cone do defletor

D3 Diacircmetro maior do defletor ou seja o mesmo diacircmetro que o diacircmetro maior

do difusor

cotg D Cotangente do acircngulo escolhido para o defletor

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor

47

Agora com todos esses valores calculados podemos calcular o

comprimento da parte central do escapamento o chamado bojo Para isso

utilizamos a seguinte expressatildeo

Onde

CB Comprimento do Bojo

L Comprimento total do escapamento ateacute o meio da seccedilatildeo do defletor

CH Comprimento do Header

CD Comprimento do Difusor

CDE Comprimento total do Defletor

Por fim ainda necessitamos saber as dimensotildees do ldquoStingerrdquo ou ponteira

que segundo Graham Bell apoacutes vaacuterias experimentaccedilotildees chegou a alguns

valores que resultaram em boas respostas do motor (conforme Quadro 5)

Quadro 5 - Comprimento da ponteira

Volume do cilindro (cmsup3) Comprimento (mm) Diacircmetro Interno (mm)

50 - 80 205 ndash 230 17 -19

100 230 ndash 250 19 - 21

125 265 ndash 290 22 -24

175 270 - 295 25 ndash 27

250 280 ndash 305 26 ndash 28

350 -500 285 - 310 27 ndash 29

Fonte Bell 1999

CB = L ndash (CH+CD+(CDE2)) 7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo

48

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna

Em seu funcionamento os motores de combustatildeo interna

independentemente do tipo de ciclo necessitam de um gerenciamento da

admissatildeo de uma mistura carburante para o interior dos cilindros para que possa

haver a combustatildeo da mesma Anteriormente essa admissatildeo se dava por um

processo puramente mecacircnico com a utilizaccedilatildeo de carburadores que eram

sistemas mecacircnicos sofisticados que proporcionavam a atomizaccedilatildeo do

combustiacutevel com o ar atmosfeacuterico para a formaccedilatildeo da mistura carburante

(conforme Figura 19)

Fonte httpwwwthunderproductscom

Poreacutem este sistema possuiacutea algumas deficiecircncias pois necessitava de

constante regulagem e qualquer mudanccedila de condiccedilatildeo climaacutetica de temperatura

pressatildeo ou umidade fazia com que o carburador saiacutesse de sua faixa de trabalho

gerando um mal funcionamento do motor e por vezes ateacute mesmo sua quebra

Parte muito importante tambeacutem do funcionamento dos motores de

combustatildeo interna satildeo os sistemas de igniccedilatildeo que anteriormente eram sistema

independentes do sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel poreacutem atualmente

pertencem ao mesmo pacote de gerenciamento do motor Estes sistemas de

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante

49

igniccedilatildeo eram normalmente sistemas eletromecacircnicos podendo ser sistemas

simples com ponto de igniccedilatildeo fixo ou sistemas mais elaborados com a presenccedila

de circuitos eletrocircnicos para fazer a variaccedilatildeo do ponto de igniccedilatildeo Estes sistemas

possuem alguns componentes baacutesicos

Distribuidor (no caso de haver mais de um cilindro) bobina de igniccedilatildeo

(para gerar alta tensatildeo) cabos de igniccedilatildeo e velas de igniccedilatildeo Este eacute o esquema

mais baacutesico de funcionamento dos sistemas de igniccedilatildeo podendo haver

variaccedilotildees eleacutetricas mecacircnicas e em alguns casos eletrocircnicas (conforme Figura

20)

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom

Atualmente os sistemas mais modernos de gerenciamento de motores de

combustatildeo interna satildeo quase que puramente eletrocircnicos e contemplam os dois

mundos alimentaccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo em um uacutenico sistema (conforme

Figura 21) Todo o gerenciamento eacute feito com base em leitura de sensores uma

calibraccedilatildeo que prevecirc diversas situaccedilatildeo de uso do motor e atuadores que fazem

o processo fiacutesico de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel do motor Estes satildeo sistemas

complexos que se baseiam na condiccedilatildeo imediata de diversos fatores que satildeo

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo

50

interpretados por sensores como por exemplo pressatildeo atmosfeacuterica

temperatura do motor massa de ar admitida etc Estas leituras feitas pelos

sensores satildeo recebidas por um circuito eletrocircnico que conteacutem um processador

onde essas informaccedilotildees satildeo recebidas e com base em dados armazenados em

sua memoacuteria para cada condiccedilatildeo ter-se atuaccedilatildeo eletrocircnica onde eacute feita a injeccedilatildeo

de combustiacutevel pelos injetores e o disparo da centelha de igniccedilatildeo para que haja

a combustatildeo

Fonte httpswwwflaviolucasmmblogspotcom

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus perifeacutericos

51

3 Detalhamento do Projeto

Os capiacutetulos anteriores serviram para o embasamento teacutecnico para que

fosse possiacutevel uma melhor compreensatildeo do que se trata o projeto a ser

executado neste trabalho de conclusatildeo de curso Neste ponto iremos tratar

especificamente do projeto de adaptaccedilatildeo de um sistema completo de injeccedilatildeo

eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos Yamaha de 135cmsup3 proveniente

de uma motocicleta Yamaha RD 135 (Conforme Figura 22) e todos os

componentes utilizados para tornar esta adaptaccedilatildeo possiacutevel

Fonte httpsmotos-motorcombr

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135

52

31 Dados do Motor

O motor utilizado neste projeto eacute proveniente de uma motocicleta Yamaha

Rd 135cmsup3 que foi fabricado no Brasil de 1988 a 1999 Trata-se de um motor

monociliacutendrico que utiliza o ciclo de trabalho dois tempos refrigerado agrave ar

seguem os dados teacutecnicos

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 58mm x 50mm

Cilindrada 132cmsup3

Taxa de Compressatildeo 682 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Carburador Mikuni VM24 com 24mm de venturi

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo eletrocircnica de descarga capacitiva ou popularmente

CDI (Capacitor Discharge Ignition)

Lubrificaccedilatildeo Oacuteleo dois tempos bombeado atraveacutes de uma bomba chamada

Autolube nos motores Yamaha este oacuteleo eacute proveniente de um reservatoacuterio que

alimenta a bomba que por sua vez transfere o oacuteleo atraveacutes de uma mangueira

diretamente ao coletor de admissatildeo do motor variando a quantidade de oacuteleo de

acordo com a rotaccedilatildeo e abertura do carburador

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Gasolina

Potecircncia 16cv a 9000rpm

Torque 174kgfm a 8500rpm

Para este projeto o motor utilizado jaacute possuiacutea modificaccedilotildees mecacircnicas

para atingir melhores rendimentos que o motor original pois eacute um motor que foi

utilizado em competiccedilotildees de motovelocidade na categoria RD 135 Diversas

peccedilas foram modificadas tais como sistema de alimentaccedilatildeo escapamento

vaacutelvula de palhetas igniccedilatildeo combustiacutevel diagramaccedilatildeo do cilindro e taxa de

compressatildeo O sistema de alimentaccedilatildeo original foi substituiacutedo por um carburador

Mikuni TM 30 (conforme Figura 23) o escapamento foi substituiacutedo por um

escapamento dimensionado construiacutedo artesanalmente o sistema de igniccedilatildeo

53

utilizado foi um Motoplat de ponto fixo (conforme Figura 24) e o combustiacutevel

utilizado foi o etanol que aleacutem de ser o combustiacutevel regulamentado para o

campeonato tambeacutem eacute um combustiacutevel que permite extrair mais potecircncia do

motor pois com esse combustiacutevel eacute possiacutevel fazer modificaccedilotildees mecacircnicas

como taxa de compressatildeo e avanccedilo de igniccedilatildeo que natildeo seriam possiacuteveis

utilizando gasolina como combustiacutevel

Fonte wwwjapanbaikucom

Fonte wwwcustojustopt

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo

54

O motor utilizado como base nesse trabalho natildeo eacute um motor original eacute

um motor de competiccedilatildeo e para haver base para comparaccedilatildeo do antes e depois

do processo de inserccedilatildeo do sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica este motor teve sua

potecircncia medida em dinamocircmetro inercial com sua curva de torque e potecircncia

aquisitadas (conforme Figura 25)

Fonte Autor

O motor utilizado passou por uma revisatildeo geral havendo troca de peccedilas

por se tratar de um motor de competiccedilatildeo foi por diversas vezes levado ao

extremo e com a escolha desse motor para o projeto esta revisatildeo se fez

necessaacuteria As imagens a seguir mostram o processo de desmontagem para

verificaccedilatildeo das condiccedilotildees do motor e posterior montagem (Conforme Figuras

262728293031 e 32)

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia

55

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto

56

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2

Figura 29 - Processo de pintura

57

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada

58

Fonte Autor

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico

Para a escolha do sistema de gerenciamento eletrocircnico foi necessaacuteria

grande pesquisa entre as opccedilotildees disponiacuteveis no mercado nacional e

internacional Os sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica disponiacuteveis originalmente em

motocicletas de fabricaccedilatildeo nacional poderiam ter sido uma opccedilatildeo mas foram

logo descartados pois foram concebidos para trabalhar com motores de ciclo

otto o que natildeo eacute o caso e as maneiras de calibraccedilatildeo desses sistemas originais

se tornariam difiacuteceis de conseguir tornando essa escolha inviaacutevel

A busca foi por um sistema ldquostand-alonerdquo auto suficiente e que permitisse

mudanccedila total nos paracircmetros de calibraccedilatildeo normalmente satildeo sistemas

utilizados em competiccedilotildees de automoacuteveis motocicletas caminhotildees etc

Existem sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica ldquostand-alonerdquo muito sofisticados

de fabricantes renomados mundialmente dentro e fora das pistas de corridas

como Magneti Marelli (conforme Figura 33) e Bosch (conforme Figura 34) em

suas divisotildees motorsport

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta

59

Sistemas desses fabricantes satildeo reconhecidamente confiaacuteveis o problema eacute o

valor de um sistema desses que eacute muito caro e os tornam inviaacuteveis para um

projeto experimental de baixo custo Opccedilotildees nacionais tambeacutem foram cogitadas

como o sistema Fueltech poreacutem ainda possuem um custo alto e suas opccedilotildees de

programaccedilatildeo e flexibilidade do sistema ainda eram limitados para o tipo de ciclo

do motor a ser utilizado

A escolha do sistema apoacutes grande pesquisa foi pelo sistema ldquostand-alonerdquo

Speeduino (conforme Figura 35) um sistema totalmente programaacutevel que utiliza

como microcontrolador um Arduino Mega 2560 esse eacute um sistema do tipo ldquoDIYrdquo

Do It Yourself ou em portuguecircs ldquofaccedila vocecirc mesmordquo Estatildeo disponiacuteveis na

internet os layouts das placas de circuito impresso e o usuaacuterio pode fabricar as

proacuteprias placas ou compraacute-las prontas em determinados sites da internet e sua

lista de componentes para montagem tambeacutem estaacute disponiacutevel na internet e eacute

relativamente faacutecil encontraacute-los O custo de produccedilatildeo de um sistema desse eacute

relativamente baixo comparado com outros sistemas do mesmo segmento e

por utilizar Arduino como controlador sua programaccedilatildeo eacute inteira aberta e pode

ser modificada de acordo com as necessidades do usuaacuterio

Fonte wwwmagnetimarellicom

Fonte wwwellis-componentscouk

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport Figura 34 - ECU Bosch MS 151

60

Fonte Autor

33 Arduino Mega 2560

Arduino eacute uma plataforma para programaccedilatildeo criada na Itaacutelia por Massimo

Banzi David Cuartielles Tom Igoe Gianluca Martino e David Mellis no ano de

2005 para entusiastas e profissionais da programaccedilatildeo e da eletrocircnica

permitindo diversos tipos de projetos para estes seguimentos Trata-se de uma

placa com um microcontrolador Atmel possuindo diversas entradassaiacutedas

analoacutegicas e digitais a quantidade dessas entradas e saiacutedas varia de acordo

com o modelo do Arduino Essas entradassaiacutedas podem ser programadas por

uma interface IDE Arduino via computador utilizando linguagem C

Na praacutetica eacute um microcontrolador programaacutevel como qualquer outro de

outros fabricantes por exemplo PIC (Microchip) ou ARM (Freescale) poreacutem tem

sua utilizaccedilatildeo facilitada por jaacute estar inserido em uma placa que contempla

soquetes para pinagem das entradas e saiacutedas e porta de comunicaccedilatildeo USB

Serial para gravaccedilatildeo da programaccedilatildeo no microcontrolador Diferentemente de

outros microcontroladores que necessitam da confecccedilatildeo de uma placa de

circuito impresso para uso e de um programador serial para gravaccedilatildeo da

programaccedilatildeo (conforme Figura 36)

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino

61

Fonte httpswwwamazoncom

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560

Microcontrolador ATmega 2560 (Atmel)

Tensatildeo de Operaccedilatildeo 5V

Tensatildeo de Alimentaccedilatildeo (recomendado) 7-12V

Tensotildees Limites de Operaccedilatildeo 6-20V

Saiacutedas Digitais IO 54 saiacutedas sendo 15 PWM

Entradas Analoacutegicas 16

Corrente da Saiacutedas IO 20mA

Corrente nos Pinos 33V 50mA

Memoacuteria Flash 256Kb

SRAM 8Kb

EEPROM 4Kb

Frequecircncia do Clock 16Mhz

LED_BUILTIN 13

Comprimento da Placa 10152mm

Largura da Placa 5333mm

Peso da Placa Completa 37g

Altura da Placa 12mm

Editado pelo Autor Fonte httpwwwArduinocom

Figura 36 - Arduino Mega 2560

62

34 Speeduino

O sistema Speeduino foi o sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica escolhido para o

projeto Eacute um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica totalmente programaacutevel criado por

Josh Stuart e utiliza um Arduino Mega 2560 como microcontrolador assim como

outros sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel possibilita a calibraccedilatildeo por

completo do sistema de injeccedilatildeo e igniccedilatildeo Para tal utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio que permite diversas configuraccedilotildees do

sistema de injeccedilatildeo tais como o meacutetodo de calibraccedilatildeo utilizado configuraccedilatildeo dos

mapas de avanccedilo de igniccedilatildeo e tempo de injeccedilatildeo sistema de malha aberta ou

malha fechada etc

O sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica Speeduino eacute um sistema ldquostand-alonerdquo

ou seja trabalha independente de outros sistemas apenas para gerenciar o

motor a combustatildeo interna seja ele de ciclo quatro ou dois tempos Eacute um sistema

difundido pela internet e permite troca de informaccedilotildees entre usuaacuterios que

trabalham em conjunto para desenvolvimento e aperfeiccediloamento do hardware e

do software o layout principal da placa de circuito impresso tambeacutem estaacute

disponiacutevel na internet bem como a lista de componentes necessaacuterios para a

montagem Este sistema requer um miacutenimo de conhecimento de eletrocircnica para

sua construccedilatildeo um miacutenimo de conhecimento em eleacutetricaeletrocircnica automotiva

para a instalaccedilatildeo do sistema no motor e grande conhecimento em programaccedilatildeo

e mecacircnica automobiliacutestica para calibraccedilatildeo do sistema no motor

63

35 Montagem do Sistema Speeduino

A partir do momento onde foi feita a escolha do sistema Speeduino foi

necessaacuterio obter os componentes necessaacuterios para confecccedilatildeo da placa

(conforme Anexo C) O primeiro passo foi a fabricaccedilatildeo da placa de circuito

impresso a partir do layout disponiacutevel (conforme Figura 37)

Fonte wwwSpeeduinocom

Posteriormente foi feita a aquisiccedilatildeo dos componentes necessaacuterios para a

montagem da placa Esses componentes tambeacutem estatildeo disponiacuteveis na internet

em uma planilha eletrocircnica e satildeo encontrados com relativa facilidade no

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino

64

mercado com exceccedilatildeo de determinados componentes cuja importaccedilatildeo foi

necessaacuteria poreacutem com baixo custo (conforme Anexo C)

Com todos os componentes necessaacuterios em matildeos foi executada a montagem

do sistema o que necessita uma certa habilidade pois o projeto possui diversos

componentes tipo SMD (conforme Figura 38)

Fonte Autor

Com a placa jaacute montada (conforme Figura 39) antes da montagem de todo o

chicote eleacutetrico para funcionamento do motor iniciaram-se os testes de

funcionamento do sistema Por ser um sistema montado artesanalmente os

testes pareciam ser o passo mais certo a se seguir

Figura 38 - Inicio da montagem da placa

65

Fonte Autor

Eacute importante mostrar que o sistema Speeduino utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio (conforme Figura 40) eacute um freeware na

versatildeo baacutesica que foi criado para funcionar em conjunto com outro sistema

de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel conhecido como Megasquirt e o mesmo

tambeacutem eacute utilizado na calibraccedilatildeo do sistema Speeduino Mais adiante seratildeo

feitas explicaccedilotildees detalhadas das configuraccedilotildees do software

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada

66

Fonte Autor

Jaacute no primeiro teste este apresentou resultados negativos com a

eletrocircnica natildeo respondendo agraves configuraccedilotildees e nem mostrando leituras de

sensores

A soluccedilatildeo deste problema veio depois de procurar muito e fazer diversas

mediccedilotildees analisando os diagramas eleacutetricos (conforme Anexo A) O

problema estava na placa de circuito impresso a trilha do aterramento

(GND) natildeo havia sido impressa ou seja natildeo havia aterramento em nenhum

ponto do sistema A placa havia sido impressa por um terceiro Ao entrar em

contato com o mesmo ele disse que enviaria outra placa poreacutem para agilizar

o processo e natildeo ter que esperar novamente a chegada de componentes

uma uacutenica opccedilatildeo surgiu devido aos prazos a de refazer o aterramento da

placa de forma externa (conforme Figura 41) sem nenhuma pretensatildeo de

que isso desse certo poreacutem era uma alternativa para que todo o processo

de funcionamento do motor fosse agilizado

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio

67

Fonte Autor

Apoacutes todo o trabalho de refazer as trilhas de aterramento iniciou-se

novamente a fase testes de funcionamento e os resultados foram positivos

O sistema comeccedilou a responder perfeitamente aos testes iniciais

O elemento de maior importacircncia para o funcionamento desse sistema de

gerenciamento eletrocircnico eacute o sensor de rotaccedilatildeo do motor e foi por ele que

se iniciaram os testes Foi adaptada uma roda focircnica a um torno mecacircnico

e tambeacutem o sensor de rotaccedilatildeo do tipo ldquohallrdquo (conforme Figura 42) para

verificar se o conjunto eletrocircnico do sistema estava recebendo os sinais de

rotaccedilatildeo

Figura 41 - Aterramento refeito externamente

68

Fonte Autor

O teste obteve resultados positivos respondendo perfeitamente a rotaccedilatildeo

do torno mecacircnico sendo testado em diversas rotaccedilotildees diferentes com a

interface do software sempre mostrando os valores de rotaccedilatildeo corretos

Entatildeo os testes que se seguiram foram os de atuaccedilatildeo eleacutetrica como injetor

de combustiacutevel e bobina de igniccedilatildeo todos testes feitos a princiacutepio em

bancada (conforme Figura 43)

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico

69

Fonte Autor

Apoacutes todos os testes em bancada partiu-se para a montagem do chicote

eleacutetrico para funcionamento do sistema no motor e tambeacutem a adaptaccedilatildeo

mecacircnica de suportes para sensores e a adaptaccedilatildeo da roda focircnica

(conforme Figura 44)

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada

70

Fonte Autor

A roda focircnica utilizada eacute proveniente de um motor Volkswagen EA-111

(conforme Figura 45) o sensor de rotaccedilatildeo a ser utilizado pelo sistema de

gerenciamento eletrocircnico Speeduino foi o sensor de efeito hall poderia ser

utilizado o sensor de relutacircncia magneacutetica poreacutem seria necessaacuterio a

confecccedilatildeo de uma eletrocircnica para o condicionamento de sinal

transformando-o para sinal de onda quadrada com amplitude de 5V de

tensatildeo Para evitar a confecccedilatildeo de mais uma eletrocircnica sendo um potencial

ponto fraco do sistema optou-se por utilizar um sensor de rotaccedilatildeo de efeito

hall proveniente dos motores Fiat E-torq 18 (conforme Figura 46) fabricado

pela Continental

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica

71

Fonte Autor

Fonte wwwmercadolivrecombr

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v

72

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico

Neste projeto o sistema de sincronismo eletrocircnico possui dois

componentes apenas satildeo eles a roda focircnica e o sensor de rotaccedilatildeo ambos

adaptados ao projeto e advindos de carros

O sistema de sincronismo eletrocircnico consiste em transformar o

sincronismo mecacircnico do motor em sinais de onda quadrada (conforme Figura

47) que possam ser interpretados pelo sistema de gerenciamento eletrocircnico

proporcionando a injeccedilatildeo de combustiacutevel e disparo da centelha no momento

exato que fora previamente calibrado

Fonte Autor

O sistema consiste de uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes ou seja

satildeo 58 dentes e ausecircncia de 2 dentes Foi adaptada uma roda focircnica do motor

Volkswagen EA-111 poreacutem apoacutes alguns problemas de captaccedilatildeo do sinal esta

foi alterada por uma roda focircnica utilizada em motores Volkswagen AP quando

convertidos a injeccedilatildeo eletrocircnica (conforme Figura 48) essa roda mostrou melhor

resoluccedilatildeo do sinal Hall com menos ruiacutedos no sinal

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall

73

Fonte Autor

Apoacutes vaacuterios testes esta foi a combinaccedilatildeo que melhor funcionou no motor

a roda focircnica aliada ao sensor de rotaccedilatildeo permite a sincronizaccedilatildeo mecacircnica do

motor em relaccedilatildeo ao sistema de gerenciamento eletrocircnico do motor A calibraccedilatildeo

eacute feita da seguinte maneira junto ao software de calibraccedilatildeo do sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica eacute dada a referecircncia em graus da posiccedilatildeo fiacutesica da roda focircnica

em relaccedilatildeo ao motor O primeiro passo eacute colocar o motor em PMS e ver onde se

situa a falha dos dois dentes da roda focircnica a partir disso contar quantos dentes

se tem ateacute o dente que coincide com o sensor de rotaccedilatildeo (conforme Figura 49)

Figura 48 - Roda Focircnica

74

Fonte Autor

Como eacute utilizada uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes cada dente

equivale a 6deggraus de resoluccedilatildeo sendo 3deg do bordo de subida e 3deg do bordo de

descida no caso do projeto o sensor coincide com o 37deg dente a partir da falha

e isso equivale a 228deggraus a partir da falha Todo o sincronismo do motor eacute feito

baseado nessa referecircncia sendo este valor colocado como referecircncia no

software de gerenciamento eletrocircnico (conforme Figura 50)

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

75

Fonte Autor

A partir deste momento todo o sincronismo do motor estaacute baseado nestes

dados e quando o motor estiver em PMS o sistema eletrocircnico saberaacute disso pois

o sensor de rotaccedilatildeo estaraacute alinhado com o 37deg dente que eacute a referecircncia para o

sistema

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

76

37 Corpo de Borboleta

O corpo de borboletas utilizado (conforme Figura 51) eacute proveniente das

motocicletas Honda CB300 e XRE300 possui 35mm de venturi e eacute fabricado

pela empresa japonesa Keihin famosa pela fabricaccedilatildeo de carburadores de

motocicletas tambeacutem possui uma unidade de sensores integrados Foi utilizado

por ser um componente de faacutecil aquisiccedilatildeo no mercado brasileiro o que permite

faacutecil manutenccedilatildeo quando necessaacuterio e seu formato fiacutesico permite a utilizaccedilatildeo de

uma grande gama de injetores diferentes quando isso se faz necessaacuterio

Tambeacutem houve uma pequena adaptaccedilatildeo no coletor de admissatildeo que tambeacutem

eacute proveniente das mesmas motocicletas Honda essa adaptaccedilatildeo se deve ao fato

de o motor em questatildeo possuir o sistema de vaacutelvulas de palhetas na admissatildeo

o que natildeo acontece nas motocicletas Honda que possuem motor de quatro

tempos

Fonte Autor

Figura 51 - Corpo de Borboleta

77

38 Unidade de Sensores

A unidade de sensores refere-se a uma unidade composta por trecircs

sensores que jaacute estaacute acoplada ao corpo de borboletas Keihin e contempla os

sensores

MAP ndash Manifold Absolute Pressure (Pressatildeo Absoluta no Coletor)

IAT ndash Intake Air Tempeture (Temperatura do Ar Admitido)

TPS ndash Throttle Position Sensor (Sensor de Posiccedilatildeo do Acelerador)

Destes sensores natildeo foi utilizado apenas o sensor Map pois a unidade

de gerenciamento eletrocircnico jaacute possui um sensor Map integrado que foi utilizado

Estes sensores puderam ser configurados para utilizaccedilatildeo com o sistema

de gerenciamento eletrocircnico sem o menor problema

381 Sensor TPS

Este sensor se refere ao sensor que envia a informaccedilatildeo de posiccedilatildeo da

borboleta para o sistema de gerenciamento eletrocircnico Nada mais eacute do que um

potenciocircmetro que varia a resistecircncia ocirchmica ao se variar a posiccedilatildeo do

acelerador

Sua calibraccedilatildeo eacute feita em tempo real com a unidade de gerenciamento

eletrocircnico (conforme Figura 52) onde se informa a posiccedilatildeo do acelerador

totalmente fechado e totalmente aberto o sistema de gerenciamento jaacute adquire

o valor de resistecircncia ocirchmica e faz os caacutelculos para os valores intermediaacuterios e

a interpretaccedilatildeo das posiccedilotildees

78

Fonte Autor

382 Sensor IAT

Este sensor eacute responsaacutevel por aquisitar a temperatura do ar que estaacute

sendo admitido ou seja que estaacute momentaneamente passando pelo corpo de

borboletas Este assim como o sensor de posiccedilatildeo da borboleta e tambeacutem o

sensor de pressatildeo absoluta no coletor eacute utilizado para o caacutelculo da massa de ar

que estaacute sendo admitida pelo motor Este sensor eacute calibrado a partir dos valores

de resistecircncia ocirchmica cujos valores satildeo inseridos no software de calibraccedilatildeo da

unidade de gerenciamento eletrocircnico esses valores natildeo satildeo facilmente

adquiridos pois o fabricante da unidade de sensores natildeo os disponibiliza poreacutem

outro fabricante de sensores a MTE-Thompson fabrica esse mesmo modelo de

unidade de sensores para reposiccedilatildeo do original e entrando em contato com o

departamento teacutecnico eles passam os valores de funcionamento do sensor e

esses valores foram os utilizados para calibraccedilatildeo do sensor de temperatura do

ar admitido (conforme Figura 53)

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS

79

Fonte Autor

383 Sensor MAP

Sensores MAP satildeo utilizados para determinar a pressatildeo do ar admitido

que passa pelo coletor de admissatildeo satildeo muito usados nos sistemas atuais de

gerenciamento eletrocircnico de motores de combustatildeo interna Este tipo de

sensores trabalha utilizando o princiacutepio de strain gage onde haacute a deformaccedilatildeo do

material metaacutelico variando tambeacutem sua resistividade (conforme Figura 54)

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT

80

Fonte Nota de aula ndash Prof Adriano Ribolla (Sist De Gerenc Eletrocircnico 2018)

A funccedilatildeo de variaccedilatildeo da resistecircncia ou fator Gauge pode ser dada pela

expressatildeo

Onde

R resistecircncia (Ω)

ρ constante do material

L comprimento do fio (m)

A secccedilatildeo transversal do fio (msup2)

O sistema de gerenciamento eletrocircnico Speeduino jaacute possuiacute em sua

montagem um sensor MAP interno na sua montagem e mesmo que na

unidade de sensores Keihin utilizada jaacute possuiacutesse um sensor MAP foi

escolhido utilizar o sensor existente na eletrocircnica da unidade de

gerenciamento eletrocircnico apenas pela facilidade de calibraccedilatildeo (conforme

Figura 55)

R= ρ LA

8 - Caacutelculo do Fator Gauge

Figura 54 - Princiacutepio strain gage

81

Fonte Autor

O sensor MAP existente no sistema de gerenciamento eletrocircnico eacute do

fabricante NXPFreescale modelo MPX 4250AP (conforme Anexo B) com um

range de leitura pressatildeo de 20 a 250 kPa

Apoacutes o funcionamento do motor e leitura do sensor foi possiacutevel notar que nos

motores de ciclo dois tempos justamente pelo seu tipo de ciclo e forma

construtiva natildeo seria possiacutevel fazer a calibraccedilatildeo dos mapas de funcionamento

do motor levando-se em conta a leitura de pressatildeo no coletor pois a depressatildeo

no coletor deste tipo de motor eacute muito baixa variando muito pouco Poreacutem este

fato jaacute era de se esperar mas a inserccedilatildeo deste sensor natildeo foi em vatildeo Ela jaacute foi

feita com o objetivo de futuros trabalhos sobre este tipo de sensor em motores

dois tempos para obtenccedilatildeo de valores palpaacuteveis de pressatildeo que possam ser

levados em conta na calibraccedilatildeo do motor

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP

82

39 Sistema de Igniccedilatildeo

O sistema de igniccedilatildeo deve ser compatiacutevel com o sistema de

gerenciamento eletrocircnico utilizado que foi o Speeduino Para isso o sistema de

igniccedilatildeo original do motor foi substituiacutedo por uma bobina utilizada em motores da

linha VW (conforme Figura 56) bobinas essas com moacutedulo de igniccedilatildeo integrado

e para evitar interferecircncias com o sensor de rotaccedilatildeo ou demais eletrocircnicas do

hardware de gerenciamento foi utilizado cabo vela resistivo do veiacuteculo Fiat Tipo

ie (Conforme Figura 57) as velas originais da motocicleta jaacute eram do tipo

resistiva A bobina poderia ter sido utilizada qualquer uma com moacutedulo de igniccedilatildeo

integrado e o cabo de vela tambeacutem poderia ser qualquer um do tipo resistivo

poreacutem estes foram escolhidos apenas por se integrarem melhor fisicamente ao

projeto

Fonte wwwmercadolivrecombr Fonte wwwacnpecascombr

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo

83

4 Calibraccedilatildeo do Motor

Atualmente a calibraccedilatildeo de motores de combustatildeo interna tem tido como

objetivo principal melhorar autonomia com relaccedilatildeo a consumo de combustiacutevel e

diminuiccedilatildeo das emissotildees de poluentes muito em funccedilatildeo de legislaccedilotildees mais

riacutegidas e restritivas Novas teacutecnicas construtivas de motores e implementaccedilotildees

de novas teacutecnicas de calibraccedilatildeo tem sido utilizadas como downsizing turbo-

compressores injeccedilatildeo direta de combustiacutevel para sistemas ldquoflex-fuelrdquo ou ateacute

mesmo sistemas mistos utilizando injeccedilatildeo direta e indireta de combustiacutevel em

um mesmo motor Estes meacutetodos elevaram o niacutevel tecnoloacutegico dos motores de

combustatildeo interna extraindo grande potecircncia diminuindo massa de motores

poreacutem com a necessidade de muita eletrocircnica embarcada

Um dos intuitos deste trabalho eacute a inserccedilatildeo de um sistema de

gerenciamento eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos a princiacutepio de

maneira experimental apenas para obter preacutevias de sua viabilidade

construtivamente e dar a motores que utilizam este tipo de ciclo a oportunidade

de ressurgirem ou natildeo no mercado com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias e

eletrocircnica embarcada ou mesmo proporcionar uma longevidade de seu uso em

competiccedilotildees

Para a calibraccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico que foi

escolhido o sistema Speeduino utilizamos o software de calibraccedilatildeo Tuner

Studio o qual jaacute foi previamente apresentado Seratildeo mostrados a seguir os

passos e direccedilotildees tomadas no que diz respeito a calibraccedilatildeo deste motor de ciclo

dois tempos em questatildeo

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais

Inicialmente eacute necessaacuterio a introduccedilatildeo de alguns dados pertinentes ao

motor e a estrateacutegia de funcionamento do mesmo para tal utilizamos a tela

ldquoEngine Constantsrdquo ou constantes do motor no software Tuner Studio Em

seguida detalhamos os dados de acordo com as caracteriacutesticas do motor que foi

escolhido para o trabalho (conforme Figura 58)

84

Fonte Autor

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor

85

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel

A tabela de injeccedilatildeo de combustiacutevel eacute baseada no meacutetodo VE ldquoVolumetric

Efficiencyrdquo ou eficiecircncia volumeacutetrica neste sistema utiliza-se o item ldquoCalculated

Required Fuelrdquo ou caacutelculo de combustiacutevel necessaacuterio (Conforme Figura 58) o

valor disponibilizado neste item representa o tempo necessaacuterio de injeccedilatildeo de

combustiacutevel baseado em 100 da eficiecircncia volumeacutetrica do motor e

posteriormente desenvolve-se a tabela VE de acordo com as necessidades do

motor (conforme Figura 59) em funccedilatildeo de rotaccedilatildeo do motor e posiccedilatildeo da

borboleta podendo ou natildeo estes valores serem multiplicados pelo valor de

pressatildeo do sensor MAP poreacutem no caso deste trabalho natildeo se utilizou o a

multiplicaccedilatildeo pelo sensor pois este dado se mostrou insatisfatoacuterio para motores

de ciclo dois tempos que geram pouca ou nenhuma depressatildeo no coletor de

admissatildeo

FonteAutor

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE

86

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo

A tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo permite determinar o momento em que seraacute

disparada a centelha pela vela de igniccedilatildeo permitindo a queima da mistura

arcombustiacutevel Os valores inseridos na tabela satildeo valores que representam o

acircngulo em graus antes do ponto morto superior do motor PMS (conforme Figura

60) em que seraacute disparada a centelha esta deve ser disparada alguns graus

antes do PMS pois a queima da mistura deve ser aproveitada ao maacuteximo e para

que isso aconteccedila deve se adotar um ponto de igniccedilatildeo de forma que a frente de

chama tenha tempo suficiente para queimar dentro do cilindro caso contraacuterio a

queima se torna ineficiente e acaba por desperdiccedilar combustiacutevel que acaba

sendo jogado para o escapamento sem que este seja queimado

Os valores de avanccedilo em graus inseridos nesta tabela tambeacutem tecircm seu

funcionamento em funccedilatildeo dos eixos de posiccedilatildeo da borboleta do acelerador e

rotaccedilatildeo do motor

Fonte Autor

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo

87

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada

Usualmente em uma grande montadora ou grande equipe de corridas

essas tabelas seriam desenvolvidas em um laboratoacuterio de desenvolvimento de

motores com diversos equipamentos para controle e aquisiccedilatildeo de dados Poreacutem

por se tratar de um trabalho acadecircmico e de baixo custo natildeo houve a

possibilidade de utilizaccedilatildeo de ferramentas desta espeacutecie desta maneira a tabela

foi toda desenvolvida experimentalmente atraveacutes de horas observando

deficiecircncias e comportamentos do funcionamento do motor

5 Dados do Motor (Modificado)

Tendo em vista que este motor eacute proveniente de uma motocicleta de

competiccedilatildeo as caracteriacutesticas originais dele foram modificadas e a motocicleta

utilizada no projeto tambeacutem (conforme Figura 61) Seguem os dados teacutecnicos

com a modificaccedilotildees do motor

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 59mm x 50mm

Cilindrada 1367cmsup3

Taxa de Compressatildeo 145 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Injeccedilatildeo eletrocircnica com corpo de borboletas de 35mm

de diacircmetro e injetor de combustiacutevel Keihin Flex

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo gerenciada a partir da ECU com o uso de Bobina

Bosch utilizada em motores Volkswagen AP ndash MI

Lubrificaccedilatildeo Premix na proporccedilatildeo de 35ml por litro de etanol

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Etanol

Potecircncia 245cv a 9400rpm

Torque 190kgfm a 9000rpm

88

Fonte Autor

6 Resultados

Os resultados obtidos neste trabalho foram deveras satisfatoacuterios

mostrando que eacute possiacutevel o funcionamento de um motor de ciclo dois tempos

utilizando como meacutetodo de injeccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo um sistema de

gerenciamento eletrocircnico moderno Abordagem essa que seria impensaacutevel anos

atraacutes hoje se tornou uma realidade talvez abrindo novos horizontes para o futuro

de motores que utilizem ciclo dois tempos talvez natildeo comercialmente mas ainda

que para seu uso em competiccedilotildees possa ser extraiacutedo o maacuteximo de rendimento

possiacutevel

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees

89

7 Conclusatildeo

Seguramente o desenvolvimento de uma metodologia soacutelida no

desenvolvimento de sistemas de gerenciamento eletrocircnico e calibraccedilatildeo voltadas

para motores de ciclo dois tempos natildeo seraacute uma tarefa faacutecil existe uma longa

estrada a se percorrer para se chegar ao mesmo niacutevel de desenvolvimento

existente destes sistemas para motores de ciclo quatro tempos ou mesmo diesel

Contudo o projeto se mostrou viaacutevel e mesmo que natildeo tenha havido

possibilidade de testes em dinamocircmetro o comportamento do motor mostrou-se

estaacutevel com o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica Possivelmente houve ganhos de

desempenho e esses testes podem ser executados como tarefa futura no intuito

de comprovar possiacuteveis resultados favoraacuteveis

Cabe aos futuros projetos novas soluccedilotildees e abordagens que podem ser

pensadas especificamente para o motor de ciclo dois tempos pois mesmo que

sua fabricaccedilatildeo seja descontinuada para veiacuteculos comerciais sua fabricaccedilatildeo para

suprir necessidades de veiacuteculos de competiccedilatildeo ainda pode prosseguir por anos

e o uso de tecnologia moderna nesses motores pode vir a extrair niacuteveis de

potecircncia e torque antes natildeo atingidos com a utilizaccedilatildeo de igniccedilotildees de ponto fixo

e carburadores Tambeacutem pode alterar caracteriacutesticas de desempenho do motor

como a falta de torque em baixas rotaccedilotildees

Neste projeto o motor original utilizado natildeo foi fabricado para comportar

uma injeccedilatildeo eletrocircnica por isso houve muitos esforccedilos nas adaptaccedilotildees para que

o funcionamento deste motor com esta tecnologia fosse possiacutevel Poreacutem se

pensarmos em uma produccedilatildeo fabril para motores dois tempos projetados para

que utilizem injeccedilatildeo eletrocircnica originalmente isso torna o processo todo muito

mais viaacutevel do ponto de vista comercial aleacutem de implementar uma tecnologia

que tiraria os motores de ciclo dois tempos da aposentadoria podendo ateacute se

pensar em niacuteveis de emissotildees poluentes melhores mesmo que seu uso seja

exclusivo apenas em competiccedilotildees De toda forma um passo foi dado com a

realizaccedilatildeo deste projeto e o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica se mostrou ser uma

tecnologia segura e confiaacutevel para a utilizaccedilatildeo em motores de ciclo dois tempos

90

8 Propostas Futuras

Vaacuterios passos podem ser dados como propostas futuras mas pensando

no alto iacutendice de poluiccedilatildeo gerado por este tipo de motor pode se pensar em um

controle eletrocircnico da injeccedilatildeo de oacuteleo dois tempos para lubrificaccedilatildeo podendo-se

desenvolver algum meacutetodo de verificaccedilatildeo da necessidade de lubrificaccedilatildeo do

motor fazendo injeccedilatildeo de oacuteleo controlada por quantidade e por demanda

Tambeacutem pode-se pensar na utilizaccedilatildeo de catalisadores no escapamento para

diminuiccedilatildeo das emissotildees de gases poluentes o que com certeza deveraacute ser

estudado e caberaacute diversos testes e experimentaccedilotildees de materiais poreacutem

podendo obter resultados positivos

No sistema de injeccedilatildeo de combustiacutevel utilizado neste trabalho foi usado

o meacutetodo de injeccedilatildeo indireta de baixa pressatildeo utilizando uma pressatildeo na linha

de combustiacutevel na ordem de 3bar Futuramente pode-se fazer testes e anaacutelises

a respeito do uso da injeccedilatildeo indireta de combustiacutevel neste tipo de motor em

busca de quais seriam seus benefiacutecios Ainda sobre a injeccedilatildeo de combustiacutevel

uma anaacutelise que deve ser feita eacute em relaccedilatildeo a modificaccedilatildeo da posiccedilatildeo do injetor

de combustiacutevel que atualmente se situa no coletor de admissatildeo este pode ser

montado em alguma posiccedilatildeo estrateacutegica como no caacuterter do motor diretamente

ou em alguma das janelas por exemplo nas janelas de transferecircncia devendo-

se analisar os ganhos e perdas dessa montagem

Um sistema que foi utilizado neste trabalho poreacutem trouxe pouco benefiacutecio

foi o uso do sensor MAP Devido agrave baixa depressatildeo no coletor de admissatildeo

gerada por motores dois tempos uma soluccedilatildeo seria a aquisiccedilatildeo de dados com

alguns sensores de pressatildeo instalados em determinados pontos do motor como

no caacuterter admissatildeo e janelas de transferecircncia Isto para se analisar pontos de

baixa e alta pressatildeo durante os ciclos do motor podendo ser criado um algoritmo

que calcule uma meacutedia de pressatildeo mais palpaacutevel que possa ser levada em conta

na calibraccedilatildeo da injeccedilatildeo de combustiacutevel

91

9 Referecircncias Bibliograacuteficas

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92

10 Referecircncia Figuras

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Figura 2

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Figura 3

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Figura 8

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93

Figura 9

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

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Figura 10

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 11

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Figura 12

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Haynes 1999

Figura 13

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Figura 14

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 15

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 16

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 17

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Figura 18

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

94

Figura 19

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Figura 20

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom201404 acessado em 02062019 agraves

2104

Figura 21

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Figura 22

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Figura 23

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Figura 24

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externa-anti-horario-28261205 acessado em 02062019 agraves 2124

Figura 25

Fonte Autor

Figura 26

Fonte Autor

Figura 27

Fonte Autor

Figura 28

Fonte Autor

Figura 29

Fonte Autor

Figura 30

Fonte Autor

95

Figura 31

Fonte Autor

Figura 32

Fonte Autor

Figura 33

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Figura 34

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Figura 35

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Figura 36

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Figura 37

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Figura 38

Fonte Autor

Figura 39

Fonte Autor

Figura 40

Fonte Autor

Figura 41

Fonte Autor

Figura 42

Fonte Autor

Figura 43

Fonte Autor

96

Figura 44

Fonte Autor

Figura 45

Fonte Autor

Figura 46

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rotaco-fiat-idea-e-torq-16-linea-16-18-_JMquantity=1 acessado em

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Figura 47

Fonte Autor

Figura 48

Fonte Autor

Figura 49

Fonte Autor

Figura 50

Fonte Autor

Figura 51

Fonte Autor

Figura 52

Fonte Autor

Figura 53

Fonte Autor

Figura 54

Fonte Slides aulas SAGE ndash Prof MSc Adriano Ribolla

Figura 55

Fonte Autor

Figura 56

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Figura 58

Fonte Autor

Figura 59

Fonte Autor

Figura 60

Fonte Autor

Figura 61

Fonte Autor

98

Apecircndice I

Lista de peccedilas e componentes utilizados

Componente Fabricante Part Number (OEM)

Fabricante Part Number (Reposiccedilatildeo)

Qtd

Injetor de Combustiacutevel Keihin 3340-9657-7489 Magnetron MAGNETRON 154-209-B 1

Bobina de Igniccedilatildeo Bosch F000ZS0104 NGK NGK U1092 1

Cabo de Vela Bosch F00099C067 NGK NGK SC-T58 1

Sensor Hiacutebrido - MAP - TPS - IAT

Keihin 16060-KVK-901 MTE-Thomson

MTE6701 1

Sensor de Rotacatildeo HALL Continental 55223464 MTE-Thomson

MTE70565 1

Bomba de Combustiacutevel Delphi BCD 00101 Bosch 580464070 1

Regulador de Pressatildeo Comb

SPA SPA TURBO 1

Roda Focircnica 60-2 Fueltech JR7401PTAz 1

Corpo de Boboletas XR300

Keihin 1641A-KWT-305 1

99

Anexo A

Esquema eleacutetrico do sistema de gerenciamento eletrocircnico

100

101

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

Anexo B

Datasheet Sensor MAP ndash NXPFreescale MPX4250AP

112

113

114

115

116

117

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119

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121

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125

126

127

Anexo C

Lista de componentes Speeduino

Qtd Referecircncia na Placa Componente Valor Modelo

1 C16 CAP TANT 10uF 35V 10 RADIAL 10uF

6 C2C4C6C8C10C24 CAP CER 022uF 50V 10 RADIAL 220nF 224

7 C1C3C5C7C9C13C15 CAP CER 01uF 50V 20 RADIAL 100nF 104

1 C14 CAP TANT 47uF 63V 10 RADIAL 47uF

1 C18 CAP CER 033uF 50V 10 RADIAL 330nF 334

2 C19C25 CAP CER 10000pF 50V 10 RADIAL 10nF 103

3 C11C12C20 CAP CER 1uF 50V 20 RADIAL 1uF 105

1 C23 CAP CER 4700pF 100V 10 RADIAL 47nF 472

1 D16 DIODO ZENER 56V 3W AXIAL 1N5919BG 1N5919BG 2 D15D17 DIODO SCHOTTKY 1A 30V DO41 1N5818 1N5818

8 LED1LED2LED3LED4

LED5LED6LED7LED8 LED SS 3MM LED

4 D9D10D11D12 DIODO USO GERAL 400V 1A DO41 1N4004 1N4004

1 U2 VARISTOR 14MM 22V 1000A ZNR Varistor ZNR

V14D220

8 Q1Q2Q3Q4Q5Q6Q7

Q8 MOSFET N-CH 33V TO-220

62A

MOSFET STP75NS04Z

1 R54 RES 100K Ohm 14W 1 METAL

FILM 10kΩ

14W - 1

17

R10R13R16R19R21

R23R24R29R30R39

R40R50R51R57R58

R59R60

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 1kΩ

14W - 1

4 R9R12R15R18 RES 680 Ohm 06W 1 AXIAL 680Ω 14W - 1

6 R2R4R6R8R22R41 RES FILME METAacuteLICO 14W 470

Ohm 1 AXIAL 470Ω

14W - 1

7 R1R3R26R28R33R34

R61

249k Ohm plusmn1 025W 14W FILME

METAacuteLICO 249kΩ

14W - 1

1 R7 RES 39K Ohm 14W 01 FILME

METAacuteLICO 39kΩ

14W - 1

12

R11R14R17R20R35R3

6R37R38R48R49

R55R56

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 100kΩ

14W - 1

4 R25R27R31R32 RES 160 Ohm 2W 1 AXIAL 160Ω 2W - 1

1 U1 REGULADOR DE TENSAtildeO

LM2940-50 1A TO220 LM2940T 50NOPB

1 MPX4250A SENSOR MAP 363 PSI MAX 1-Bar MAP MPX4250AP

2 IC1IC2 CI MOSFET DVR 3A DUAL HS 8-DIP TC4424EP

A TC4424EPA

Page 2: FACULDADE DE TECNOLOGIA FATEC SANTO ANDRÉfatecsantoandre.edu.br/arquivos/TCC/227-Mecanica/TCC511.pdfLista de Unidades de Medida cm³ - unidade de volume, centímetros cúbicos mm

CENTRO PAULA SOUZA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

FATEC SANTO ANDREacute

Tecnologia em Mecacircnica Automobiliacutestica

Viniacutecius Godoy dos Santos

Montagem e calibraccedilatildeo de um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica

baseada em Arduino em um motor de ciclo 2 tempos

Trabalho de Conclusatildeo de Curso entregue agrave Fatec Santo Andreacute como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Tecnoacutelogo em Mecacircnica Automobiliacutestica

Orientador Prof MSc Adriano Ribolla

Santo Andreacute 2019

FICHA CATALOGRAacuteFICA

S237m Santos Viniacutecius Godoy dos

Montagem e calibraccedilatildeo de um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica baseada em arduino em um motor de ciclo 2 tempos Viniacutecius Godoy dos Santos - Santo Andreacute 2019 ndash 127f il Trabalho de Conclusatildeo de Curso ndash FATEC Santo Andreacute

Curso de Tecnologia em Mecacircnica automobiliacutestica 2019 Orientador Prof Adriano Ribolla

1 Mecacircnica 2 Automoacuteveis 3 Motores 4 Motores de Combustatildeo Interna 5 Motores de ciclo dois tempos 6 Software 7 Programa 8 Arduino 9 Injeccedilatildeo eletrocircnica I Montagem e calibraccedilatildeo de um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica baseada em arduino em um motor de ciclo 2 tempos

6292

AGRADECIMENTOS

Agrave minha namorada Ana Silvia Morais pela paciecircncia e compreensatildeo em todos

os momentos que tive de estar ausente e tambeacutem pelo grande incentivo em

momentos difiacuteceis

Aos meus pais Valdir Joseacute dos Santos e Solange Dirce de Godoy dos Santos

que me deram o alicerce do conhecimento e do respeito a quem devo muito

Aos professores da Fatec com quem tive a oportunidade de adquirir enorme

conhecimento teacutecnico em especial ao meu orientador Adriano Ribolla pessoa

pela qual tenho o maior respeito e honra de poder aprender cada dia mais

E a todas as pessoas e amigos que de uma maneira ou outra contribuiacuteram para

o meu conhecimento nessa longa jornada da vida

ldquoPenso 99 vezes e nada descubro Deixo de pensar

mergulho no silecircncio e a verdade me eacute revelada rdquo

Albert Einstein

RESUMO

Os motores de combustatildeo interna parecem ter seus dias contados mas

enquanto este fato natildeo acontece buscamos alternativas para que eles possam

ter uma sobrevida Especificamente os motores de ciclo dois tempos possuem

caracteriacutesticas que ainda natildeo conseguiram ser alcanccediladas mesmo com toda a

tecnologia embarcada nos motores de combustatildeo interna atualmente Se

comparado com motores similares de outros tipos de ciclo possuem baixa

massa simplicidade de construccedilatildeo possuindo poucas peccedilas moacuteveis e alta

eficiecircncia volumeacutetrica poreacutem por queimarem oacuteleo e natildeo possuiacuterem vaacutelvulas seu

processo de combustatildeo gera uma maior quantidade de compostos poluentes

emitidos para a atmosfera

Este trabalho visa obter resultados positivos ao proporcionar o uso de uma

tecnologia moderna em um antigo motor de ciclo dois tempos que originalmente

utilizava como sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel um carburador Mikuni

com venturi de 24mm mostrando que pode valer a pena sua possiacutevel aplicaccedilatildeo

comercial nos dias atuais em possiacuteveis casos E a proposta embarcada neste

trabalho natildeo eacute um fato isolado tendo em vista que alguns fabricantes

desenvolvem novas tecnologias aplicadas a este tipo de motor nos dias de hoje

tais como KTM SportMotorcycle AG BRP-Rotax Tm Racing Sutter Engineering

empresas essas que oferecem tecnologia eletrocircnica em motores de ciclo dois

tempos nos dias atuais atendendo determinados nichos de mercado como

motores de motocicletas de competiccedilatildeo karts snowmobiles e motores naacuteuticos

Este fato corrobora que esta ideia de tecnologia natildeo estaacute morta (para uso em

veiacuteculos da linha comercial) mas ainda estaacute muito viva em alguns setores da

induacutestria automobiliacutestica

Para tal seraacute adaptado e calibrado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica

programaacutevel (open source) chamado Speeduino que utiliza um Arduino mega

2560 como controlador Foram adaptadas tambeacutem diversas peccedilas sensores e

atuadores para que seja possiacutevel o funcionamento do mesmo

Palavras chaves Ciclo Dois Tempos Motores de Combustatildeo Interna Injeccedilatildeo

Eletrocircnica Programaacutevel Speeduino Arduino Open Source

ABSTRACT

The internal combustion engines seems to be on the borderline of its time

but in the meanwhile we search alternatives to this engines to have an extra

overtime Especificaly two stroke engines have characteristics that have not been

achieved even with all the current technology If comparated with similar engines

but of other kind of cycles two stroke engines have low mass simplicity of

construction owning few movable parts and high volumetric efficiency However

due to a huge amount of oil burning and the lack of valves its combustion process

provides an enormous amount of poluents heat are thrown into the atmosphere

This work aims to have positive results by providing the use of modern

technology in an old two stroke engine Originally this engine used a 24mm

Mikuni carburetor showing that it may be worth to be used in comercial

aplications nowadays in some cases And the proposal contained in this work is

out of an isolated fact since some manufactures have developed new

tecnologies applied to this kind of engine today just like KTM SportMotorcycle

AG BRP-Rotax TM Racing Sutter Engineering such companies that offer

electronic tecnology in two stroke engines nowadays attending specific market

spaces like race engines to bikes karts snowmobiles and nautics applications

This fact comes to show that this idea of tecnology is possible (to commercial

line vehicles) in some sectors of automotive industries

According to this a system of programable electronic fuel injection (open

source) named Speeduino which uses an Arduino mega 2560 as controller will

be adapted and tuned Several parts will be also adapted just like sensors and

actuators to make possible its operation

Keywords Two stroke cycle Internal combustion engines Programable

electronic fuel injection Speeduino Arduino Open Source

Lista de Unidades de Medida

cmsup3 - unidade de volume centiacutemetros cuacutebicos

mm - unidade de medida miliacutemetros

Kgmf - unidade de torque quilograma forccedila vezes metro

Nm - unidade de torque Newton vezes metro

Bar - unidade de pressatildeo

Kmh - quilocircmetros por hora

degC - graus Celsius unidade de temperatura

deg - graus unidade de acircngulo

1min - unidade de rotaccedilatildeo por minuto

HP - Horse Power unidade de potecircncia

Cv - Cavalo Vapor unidade de potecircncia

V - Volts unidade de tensatildeo eleacutetrica

mA - mili ampeacutere unidade de corrente eleacutetrica

Ohms - unidade de resistecircncia eleacutetrica

MHz - Mega Hertzunidade de frequecircncia

KB - quilobyte unidade de capacidade de armazenamendo ou memoacuteria

Lista de Siglas e Abreviaturas

RPM - Rotaccedilotildees por minuto

PMS - Ponto morto superior

PMI - Ponto morto inferior

CDI - Capacitor Discharge Ignition

PWM - Pulse with modulation

SMD - Surface mounting device

GND - Ground

AP - Modelo de motor Volkswagen

EA111 - Modelo de motor Volkswagen

E-torq - Modelo de motor Fiat

DIY - Do it yourself

MAP - Manifold Absolute Pressure

IAT - Intake Air Temperature

TPS - Throttle Position Sensor

YPVS - Yamaha Power Valve System

Stand-Alone ndash Sistema que funciona independente de outros

Sumaacuterio

1 Introduccedilatildeo 18

11 Motivaccedilatildeo 19

12 Objetivos 21

13 Contribuiccedilotildees Esperadas 21

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho 22

2 Fundamentaccedilatildeo 23

21 Objetivos do Capiacutetulo 24

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos 24

23 Admissatildeo 29

24 Compressatildeo 31

25 Combustatildeo 35

251 Igniccedilatildeo 36

26 Exaustatildeo 37

261 Escapamento 41

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna 48

3 Detalhamento do Projeto 51

31 Dados do Motor 52

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico 58

33 Arduino Mega 2560 60

34 Speeduino 62

35 Montagem do Sistema Speeduino 63

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico 72

37 Corpo de Borboleta 76

38 Unidade de Sensores 77

381 Sensor TPS 77

382 Sensor IAT 78

383 Sensor MAP 79

39 Sistema de Igniccedilatildeo 82

4 Calibraccedilatildeo do Motor 83

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais 83

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel 85

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo 86

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada 87

5 Dados do Motor (Modificado) 87

6 Resultados 88

7 Conclusatildeo 89

8 Propostas Futuras 90

9 Referecircncias Bibliograacuteficas 91

10 Referecircncia Figuras 92

Apecircndice I 98

Anexo A 99

Anexo B 111

Anexo C 127

Lista de Figuras

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos 25

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro 26

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto 26

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas 27

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa 27

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter

do motor passando pela vaacutelvula de palhetas 28

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor

permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel 29

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

30

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos

pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro 31

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando

formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto 32

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo 33

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio

de platinado 36

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts 37

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF 39

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida 39

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System 40

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos 41

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos 42

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante 48

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo 49

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus

perifeacutericos 50

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135 51

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30 53

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo 53

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia 54

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto 55

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1 55

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2 56

Figura 29 - Processo de pintura 56

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo 57

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada 57

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta 58

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport 59

Figura 34 - ECU Bosch MS 151 59

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino 60

Figura 36 - Arduino Mega 2560 61

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino 63

Figura 38 - Inicio da montagem da placa 64

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada 65

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio 66

Figura 41 - Aterramento refeito externamente 67

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico 68

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada 69

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica 70

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes 71

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v 71

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall 72

Figura 48 - Roda Focircnica 73

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 74

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 75

Figura 51 - Corpo de Borboleta 76

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS 78

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT 79

Figura 54 - Princiacutepio strain gage 80

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP 81

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW 82

Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo 82

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor 84

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE 85

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo 86

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees 88

Lista de Graacuteficos

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3

1996 20

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos

com rotaccedilatildeo em 6000 RPM 35

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de

retorno 44

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor 46

Lista de Quadros

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos 23

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para oldquoHeaderrdquo 43

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor 44

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor 45

Quadro 5 - Comprimento da ponteira 47

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560 61

Lista de Foacutermulas

1 - Caacutelculo da Taxa de Compressatildeo 34

2 - Volume a ser comprimido (fabricantes japoneses) 34

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento 42

4 - Dimensotildees do Escapamento Header 43

5 - Dimensotildees do Escapamento Difusor 45

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor 46

7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo 47

8 - Caacutelculo do Fator Gauge 80

18

1 Introduccedilatildeo

Em 1878 um engenheiro escocecircs criou o projeto tido como o primeiro motor

de ciclo dois tempos e eacute atribuiacutedo a ele esta invenccedilatildeo este engenheiro era

Dugald Clerk Poreacutem este motor possuiacutea algumas diferenccedilas dos motores dois

tempos que conhecemos e utilizamos durante todo o seacuteculo XX ateacute os dias de

hoje Nos motores de Clerk a admissatildeo era feita por bombeamento separado do

motor possuiacutea vaacutelvulas e utilizava gaacutes como combustiacutevel (NUNNEY 1992)

O primeiro motor de ciclo dois tempos com as caracteriacutesticas que hoje

conhecemos com admissatildeo inicial e compressatildeo no caacuterter transferecircncia da

mistura feita por janelas nas laterais do cilindro sem vaacutelvulas soacute foi inventado

por volta de 1892 pelo inglecircs Joseph Day que por volta de 1889 comeccedilou a

desenvolver um motor de combustatildeo interna sem infringir as patentes de

Nikolaus Otto as quais eram as patentes do motor com ciclo a quatro tempos

(BOOTHROYD 2006)

As patentes de Nikolaus Otto satildeo atualmente invaacutelidas e atribuiacutedas a um

engenheiro francecircs Alphonse-Eugene Beau de Rochas o qual havia feito todos

estudos pesquisas e projetos sobre este ciclo anos antes em 1862 poreacutem natildeo

chegou a construir um motor assim como Otto o fez (TILLMAN 2013)

A invenccedilatildeo do motor dois tempos eacute creditada a Dugald Clerk Satildeo citados

diversos pesquisadores engenheiros inventores e construtores como pessoas

que desenvolveram e agregaram conhecimento a este tipo de motor poreacutem foi

possiacutevel observar durante as pesquisas que Day eacute pouco lembrado em livros e

documentos poreacutem historicamente foi quem idealizou e construiu as soluccedilotildees

para o motor dois tempos que utilizamos quase que literalmente ateacute os dias de

hoje (BOOTHROYD 2006)

Durante o seacuteculo XX os motores dois tempos foram amplamente utilizados

na induacutestria automotiva Foram construiacutedos diversos veiacuteculos com esses

motores carros motocicletas caminhotildees e tratores O primeiro estudo e

construccedilatildeo de protoacutetipo de injeccedilatildeo eletrocircnica voltada para motores dois tempos

aconteceu em 1978 exatos cem anos da construccedilatildeo do motor de Clerk e foi

feita por Edmond Vieilledent que conseguiu obter relativo sucesso em suas

pesquisas e desenvolvimento poreacutem a tecnologia de microprocessamento na

19

eacutepoca inicial e o custo para implementaccedilatildeo relativamente alto em motores de

baixa cilindrada aparentemente inviabilizou o projeto em larga escala

(VIEILLEDENT 1978)

Quarenta anos apoacutes o trabalho de Vieilledent em 2018 a fabricante de

motocicletas austriacuteacas KTM Motorcycle disponibiliza para venda no mercado

motocicletas de competiccedilatildeo off-road de 250 e 300cmsup3 com sistema de injeccedilatildeo

eletrocircnica o que vem a corroborar a ideia de que os motores dois tempos para

determinadas aplicaccedilotildees merecem a implementaccedilatildeo de novas tecnologias para

que haja junto com a evoluccedilatildeo eletrocircnica novos resultados aplicados aos

motores dois tempos

11 Motivaccedilatildeo

As motivaccedilotildees deste trabalho surgem da premissa de reduzir algumas

deficiecircncias intriacutensecas do funcionamento dos motores de ciclo dois tempos

funcionamento que seraacute abordado e explicado em um toacutepico especiacutefico adiante

Para isso seraacute utilizado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel com

processamento de dados feito a partir de um Arduino Mega 2560 montado em

um motor Yamaha de 135cmsup3 de 2 tempos de fabricaccedilatildeo nacional produzido ateacute

o ano de 2000 Este motor equipou por mais de vinte anos as motocicletas

Yamaha Rd e Rdz 135cmsup3 e possuiacuteam como sistema de alimentaccedilatildeo de

combustiacutevel carburadores com diacircmetro de venturi 24mm e 26mm

respectivamente e sistema de igniccedilatildeo por descarga capacitiva com curva de

igniccedilatildeo preacute-estabelecida

Os motores dois tempos possuem caracteriacutesticas de funcionamento muito

peculiares e produzem uma potecircncia especiacutefica relativamente alta poreacutem esta

potecircncia vem de uma curva de torque caracteriacutestica do projeto do motor sendo

muito difiacutecil conseguir obter uma curva onde se consiga que a potecircncia seja alta

em todas as faixas de rotaccedilatildeo A maioria dos projetos de motores dois tempos

favorece a potecircncia em uma faixa de rotaccedilatildeo muito estreita por exemplo motores

que satildeo projetados para terem alto torque natildeo possuem alta rotaccedilatildeo e motores

para alta potecircncia soacute conseguem atingir esta potecircncia apoacutes os 10000rpm e todo

o resto da curva de potecircncia do motor eacute esquecida Este trabalho visa a

20

introduccedilatildeo de um sistema de gerenciamento de combustiacutevel e igniccedilatildeo eletrocircnico

para obter uma possiacutevel melhora da faixa de potecircncia aumentando a largura

dessa faixa de potecircncia elevada

Podemos notar ao analisarmos o graacutefico 1 que este tipo de motor produz

uma faixa de trabalho uacutetil de aproximadamente 1500 rpm somente apoacutes os

10000 rpm esta caracteriacutestica torna a pilotagem destas motocicletas em regime

de competiccedilatildeo muito difiacutecil e cansativa

Fonte httppulpmxcom

Com a inserccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico seraacute feita a

tentativa de implementar uma calibraccedilatildeo que natildeo privilegie somente uma faixa

tatildeo pequena de trabalho buscando antecipar e ampliar esta faixa de potecircncia

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3 1996

21

12 Objetivos

Os objetivos deste trabalho satildeo construir montar adaptar e talvez a parte

mais complexa calibrar um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel em um

motor de ciclo dois tempos Natildeo existem muitas informaccedilotildees a respeito de

calibraccedilatildeo eletrocircnica para motores em geral muito menos para motores dois

tempos o que torna esse acerto um tanto quanto difiacutecil

Como descrito anteriormente a motivaccedilatildeo vecircm da capacidade de tentar

incrementar potecircncia em um motor de pouca massa e isso eacute o essencial para

regimes de performance em competiccedilotildees de karts naacuteuticas e de motocicletas

A busca seraacute por uma calibraccedilatildeo final que alargue a faixa de potecircncia do motor

ou seja melhorando suas caracteriacutesticas de funcionamento utilizando um

sistema de gerenciamento eletrocircnico com alguns sensores que seja confiaacutevel e

que permita a sua utilizaccedilatildeo em quaisquer condiccedilotildees climaacuteticas e ambientais

tais como umidade temperatura e pressatildeo atmosfeacuterica

13 Contribuiccedilotildees Esperadas

As contribuiccedilotildees estatildeo relacionadas com os objetivos descritos na

subseccedilatildeo 12 e satildeo elas

a) Promover uma anaacutelise de forma ampla sobre os aspectos positivos e

negativos dos motores que utilizam o ciclo de dois tempos

b) Renovar alguns dados encontrados na literatura teacutecnica a respeito dos

motores dois tempos que na maioria dos livros sobre motores de

combustatildeo interna satildeo dados advindos do estudo de motores anteriores

a deacutecada de 1950 ou seja informaccedilotildees que merecem atualizaccedilatildeo

c) Expor os aspectos positivos do uso da eletrocircnica e programaccedilatildeo no

gerenciamento de motores

d) Possibilitar a adaptaccedilatildeo de uma tecnologia moderna e aberta (open

source) em antigos motores de combustatildeo interna que originalmente

possuiacuteam alimentaccedilatildeo de combustiacutevel mecacircnica e sistema de igniccedilatildeo

simplificado

e) Mostrar as possiacuteveis e esperadas dificuldades de se calibrar o sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos

22

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho

Este trabalho abordaraacute a inserccedilatildeo de um sistema de gerenciamento

eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos sendo assim o assunto eacute abordado

em trecircs fases

Fase Inicial Aborda todo o conceito de funcionamento mecacircnico do motor

de ciclo dois tempos princiacutepios caracteriacutesticas de construccedilatildeo soluccedilotildees

adotadas ao longo da histoacuteria principais aplicaccedilotildees Esta parte tambeacutem tem por

objetivo ampliar o entendimento deste tipo de motor que eacute pouco esclarecido

em literaturas teacutecnicas e quando apresentado em livros utiliza o princiacutepio de

funcionamento correto poreacutem demonstra exemplos de motores antigos sem

muitas soluccedilotildees eficientes

Fase Intermediaacuteria Aborda todas as soluccedilotildees eleacutetricas e eletrocircnicas que

seratildeo utilizadas para o desenvolvimento do protoacutetipo histoacuterico de aplicaccedilotildees em

motores dois tempos processo de escolha montagem de componentes e

sensores anaacutelise de funcionamento e dificuldades enfrentadas

Fase Final Mostra os processos necessaacuterios para fazer a calibraccedilatildeo de

um motor de combustatildeo interna utilizando gerenciamento eletrocircnico aplicaccedilatildeo

em motores dois tempos quais as dificuldades e resultados obtidos

23

2 Fundamentaccedilatildeo

Os motores de ciclo dois tempos possuem o conceito mecacircnico da

termodinacircmica para seu funcionamento onde eacute admitido uma mistura de ar e

combustiacutevel pelo orifiacutecio de admissatildeo Posteriormente essa mistura sofre uma

melhor homogeneizaccedilatildeo no caacuterter junto ao eixo de manivelas onde tambeacutem eacute

comprimido e transferido para a cabeccedila do pistatildeo pelos orifiacutecios de transferecircncia

apoacutes a transferecircncia o pistatildeo inicia o ciclo de subida sentido PMS onde comprime

a mistura ar combustiacutevel e sofre combustatildeo por meio de uma centelha

Nos motores de ciclo dois tempos os pistotildees assim como nos motores

com ciclo quatro tempos possuem movimento alternativo em relaccedilatildeo ao cilindro

poreacutem a lubrificaccedilatildeo dos cilindros eacute feita por meio de oacuteleo misturado com o

combustiacutevel podendo ser forccedilado por uma bomba de lubrificaccedilatildeo que injeta o

oacuteleo no orifiacutecio de admissatildeo ou mesmo por uma mistura oacuteleocombustiacutevel que

pode ser previamente feita Esse sistema simplifica todo o funcionamento deste

tipo de motor poreacutem tambeacutem traz consigo suas deficiecircncias intriacutensecas desse

processo de combustatildeo

Segundo o Manual de Tecnologia Automotiva Bosch (2005) os motores

dois tempos possuem as vantagens e desvantagens que vemos a seguir

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos

Vantagens Desvantagens

Design Simples do Motor Maior Consumo de Combustiacutevel

Baixo Peso Altas Emissotildees de

Hidrocarbonetos

Baixo Custo de Fabricaccedilatildeo Pressatildeo Efetiva Meacutedia mais

Baixa

Padratildeo Melhor de Forccedila de

Torccedilatildeo

Cargas Teacutermicas mais Altas

Marcha Lenta mais deficiente

(Bosch 2005)

24

O desenvolvimento deste trabalho natildeo busca fazer um comparativo entre

os diversos ciclos de funcionamento dos motores de combustatildeo interna

existentes apesar de que em determinados toacutepicos essa comparaccedilatildeo seja

inevitaacutevel Apoacutes a anaacutelise deste trabalho seraacute possiacutevel tirar as proacuteprias

conclusotildees a respeito do funcionamento de motores dois tempos visto que a

maioria das literaturas a respeito dos motores dois tempos natildeo satildeo especiacuteficas

nem tampouco profundas a respeito do tema

21 Objetivos do Capiacutetulo

As seccedilotildees a seguir apresentam o princiacutepio de funcionamento dos motores

de ciclo dois tempos O capiacutetulo iraacute abordar e analisar as fases de funcionamento

e alguns componentes mecacircnicos deste tipo de motor e os resultados de

possiacuteveis modificaccedilotildees em seus componentes

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos

Diferentemente dos motores de ciclo otto a 4 tempos que necessitam a

rotaccedilatildeo de 720deg do eixo aacutervore de manivelas os motores de ciclo dois tempos

necessitam apenas de 360deg do eixo aacutervore de manivelas para executar as quatro

operaccedilotildees baacutesicas de funcionamento de um motor de combustatildeo interna

- Admissatildeo

- Compressatildeo

- Combustatildeo

- Exaustatildeo

25

Apesar das operaccedilotildees e princiacutepio de funcionamento dos motores dois tempos

serem parecidas com as do ciclo otto a concepccedilatildeo e construccedilatildeo do motor eacute

totalmente diferente Os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como

existem nos motores de ciclo otto pelo menos natildeo no sistema mais baacutesico de

funcionamento desses motores (conforme Figura 1)

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos

Editado pelo Autor Fonte httpswwwshutterstockcom

No sistema baacutesico de funcionamento de um motor dois tempos o cilindro possui

aberturas chamadas janelas elas satildeo como portas para entrada e saiacuteda da

mistura arcombustiacutevel

A mistura arcombustiacutevel apoacutes ser succionada atraveacutes do carburador entra

atraveacutes da chamada janela de admissatildeo no cilindro (conforme Figura 2) e chega

primeiramente no caacuterter do motor alguns motores normalmente os de

competiccedilatildeo ou maior performance possuem a entrada de arcombustiacutevel

diretamente no caacuterter (conforme Figura 3) natildeo necessitando entrar no cilindro e

ir para o caacuterter poreacutem isto natildeo eacute regra A entrada desse combustiacutevel no caacuterter

tambeacutem eacute utilizada para a lubrificaccedilatildeo dos rolamentos inferiores do motor jaacute que

na maioria dos casos o combustiacutevel e oacuteleo lubrificante satildeo misturados salvo

26

raros casos em que existem pontos de injeccedilatildeo apenas de oacuteleo em determinadas

partes do motor

Editado pelo Autor Fonte httpwwwrichstaylordportingcom

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto

Editado pelo Autor Fonte httpwwwebaycom

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro

27

Como dito anteriormente os motores dois tempos em essecircncia natildeo utilizam

vaacutelvulas poreacutem com o desenvolvimento desse tipo de motor foi-se aprimorando

a tecnologia e notou-se a necessidade do uso de vaacutelvulas na admissatildeo visto

que parte da mistura era expelida novamente pela admissatildeo quando havia

compressatildeo no caacuterter anteriormente este papel de vaacutelvula de admissatildeo era feito

pelo proacuteprio pistatildeo que ao passar pela janela de admissatildeo determinava os

intervalos de tempo entre admissatildeo e exaustatildeo Para melhorar a eficiecircncia do

sistema de vaacutelvula feito pelo pistatildeo adotou-se principalmente dois sistemas o

sistema de palhetas (conforme Figura 4) e o sistema de vaacutelvula rotativa

(conforme Figura 5)

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas

Fonte wwwamazoncom

Fonte httpscellcodeus

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa

28

Apoacutes ser recebida no caacuterter a mistura arcombustiacutevel eacute comprimida com a

descida do pistatildeo sentido ao PMI o que gera o aumento de pressatildeo no caacuterter e

faz com que a mistura seja transportada para a parte superior do pistatildeo atraveacutes

das chamadas janelas de transferecircncia (conforme Figura 6) Essas janelas

possuem aberturas na parte inferior do cilindro junto ao caacuterter do motor que eacute

por onde passa esta mistura arcombustiacutevel essas aberturas ligam dutos de

transferecircncia ateacute uma abertura na camisa do cilindro jaacute na parte superior do

pistatildeo (conforme Figura 6) Com a mistura jaacute na parte superior do pistatildeo ela eacute

comprimida e por fim queimada e os gases resultantes da queima satildeo expulsos

pela janela de exaustatildeo (conforme Figura 6)

Editado pelo Autor Fonte wwwpatentimagescom

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter do motor passando pela vaacutelvula de palhetas

29

23 Admissatildeo

O processo de admissatildeo inicia-se com a subida do pistatildeo sentido PMS

isso cria uma pequena depressatildeo no caacuterter do motor poreacutem suficiente para

arrastar a mistura arcombustiacutevellubrificante advinda do sistema de alimentaccedilatildeo

usualmente carburadores Essa mistura passa por vaacutelvulas que controlam a

entrada de mistura fresca no motor Na maioria dos motores atuais utilizam-se

vaacutelvulas de palhetas elas tambeacutem tecircm a funccedilatildeo de impedir que a mistura retorne

para o coletor de admissatildeo quando haacute a movimentaccedilatildeo do pistatildeo sentido PMI

(conforme Figura 7) Os primeiros motores de Joseph Day jaacute haviam adotado

uma soluccedilatildeo de vaacutelvulas de palhetas poreacutem esse sistema foi esquecido por

muitos anos e novamente adotados para motores de motocicletas de competiccedilatildeo

em meados dos anos 70 Notemos que a mistura no caacuterter do motor aleacutem de ar

e combustiacutevel tambeacutem possui lubrificante que nesse momento faz a lubrificaccedilatildeo

das peccedilas moacuteveis na parte inferior do motor Nas figuras seguintes podemos

notar como se comporta a entrada da mistura arcombustiacutevel para o caacuterter do

motor e tambeacutem o funcionamento das vaacutelvulas de palhetas

Editado pelo Autor Fonte www1bpblogspotcom

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel

30

O principal momento de admissatildeo da mistura arcombustiacutevel para o motor se daacute

com subida do pistatildeo rumo ao PMS no entanto esse natildeo eacute o uacutenico periacuteodo em

que o motor recebe mistura fresca do sistema de alimentaccedilatildeo Quando o pistatildeo

inicia o movimento de descida rumo ao PMI apoacutes a exaustatildeo tambeacutem temos

admissatildeo de mistura arcombustiacutevel fresca A quantidade eacute bem menor e se daacute

pela depressatildeo gerada pelo escape dos gases queimados junto a janela de

exaustatildeo Essa admissatildeo acontece passando por uma janela conhecida

popularmente como ldquoQuinta Luzrdquo ou em inglecircs ldquoBoost Portrdquo (conforme Figura 8)

poreacutem esse curto periacuteodo de admissatildeo tem maior influecircncia no processo de

exaustatildeo dos gases Essa admissatildeo favorece a expulsatildeo dos gases e limpeza

da cacircmara de combustatildeo para iniacutecio de um novo ciclo

Editado pelo Autor Fonte httpswwwpinterestcom

A duraccedilatildeo desse periacuteodo em graus da duraccedilatildeo da admissatildeo na quinta

luz pode ser tido como um dos periacuteodos criacuteticos no que diz respeito e eficiecircncia

do motor dois tempos pois se o periacuteodo tiver uma duraccedilatildeo muito prolongada

pode resultar em excesso de mistura fresca que eacute ldquojogada forardquo para a exaustatildeo

e se for muito curto acaba mantendo gaacutes queimado na cacircmara de combustatildeo o

que gera perda de potecircncia para o motor

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

31

24 Compressatildeo

A compressatildeo no motor dois tempos acontece assim como no motor de quatro

tempos comprimindo o volume total do cilindro em uma pequena aacuterea da cacircmara

de combustatildeo Poreacutem diferentemente do motor quatro tempos o cilindro do

motor dois tempos natildeo eacute totalmente vedado possuindo aberturas que como dito

anteriormente se chamam janelas (conforme Figura 6)

Podem existir vaacuterios formatos de cacircmara de combustatildeo ou popularmente

conhecido como cabeccedilote cada tipo buscando um resultado final diferente

(conforme Figuras 910 e 11)

Como os cabeccedilotes de motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas satildeo

praticamente um material usinado ou fundido contemplando um formato final E

esse formato nos motores dois tempos influencia muito na performance do

motor

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro

32

Os cabeccedilotes dos motores dois tempos possuem formatos que privilegiam

determinadas faixas de rotaccedilatildeo ou comportamento do motor com relaccedilatildeo a

torque Os chamados ldquoSquishrdquo satildeo um formato que impotildeem uma alta velocidade

agrave mistura em direccedilatildeo a vela de igniccedilatildeo e produz melhora no comportamento da

queima (conforme Figura 10)

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

O ldquoSquishrdquo eacute composto por algumas medidas que satildeo

Banda do Squish eacute a largura da faixa onde se concentra o squish e contorna

toda a circunferecircncia do cabeccedilote podendo ser mais larga ou estreita

dependendo do regime de funcionamento do motor

Acircngulo do Squish eacute o acircngulo feito na banda de squish podendo acompanhar

ou natildeo o acircngulo existente na cabeccedila do pistatildeo natildeo eacute usual mas podem existir

cabeccedilotes cujos acircngulos de squish sejam retos assim como a cabeccedila dos

pistotildees nesses motores

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto

33

Folga do Squish essa folga eacute a folga do topo da cabeccedila do pistatildeo quando

em PMS ateacute o ponto fiacutesico mais proacuteximo da banda de squish

Segundo Bell (1999) os cabeccedilotes que contemplam ldquoSquishrdquo vieram a

promover melhorias significantes na performance dos motores dois tempos

Esse tipo de cabeccedilote promove melhor homogeneizaccedilatildeo da mistura

arcombustiacutevel e tambeacutem de qualquer porccedilatildeo de gases de escapamento

residuais presentes na cacircmara Esse formato tambeacutem evita que a propagaccedilatildeo

de chama para as laterais do cilindro promovam o aquecimento do mesmo fator

que pode dar iniacutecio a um ciclo de detonaccedilatildeo que eacute muito prejudicial para o

funcionamento do motor

Fonte httpwwwcmraracingcom

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo

34

Um outro fator que gera uma certa confusatildeo em motores dois tempos eacute a

mediccedilatildeo da taxa de compressatildeo A compressatildeo efetiva do volume do cilindro

ocorre apenas quando os aneacuteis de segmento do pistatildeo passam pela uacuteltima

abertura sentido PMS sendo que a uacuteltima abertura em motores dois tempos satildeo

as janelas de exaustatildeo

O que pode se notar usualmente eacute que fabricantes europeus utilizam a

mesma maneira de se calcular taxa de compressatildeo de motores quatro tempos

em motores de ciclo dois tempos

onde

RC Relaccedilatildeo de Compressatildeo

VC Volume do Cilindro (cmsup3)

VCC Volume da Cacircmara de Combustatildeo (cmsup3)

Enquanto fabricantes japoneses utilizam uma maneira especiacutefica de medir

a taxa compressatildeo para motores dois tempos avaliando o volume total de

compressatildeo efetiva somente apoacutes a passagem dos aneacuteis de segmento pela

janela de escapamento fazendo sua vedaccedilatildeo Nesse caso o volume total do

cilindro natildeo entra na conta o que se utiliza eacute a altura da janela de exaustatildeo como

referecircncia para o volume total a ser comprimido

Pode-se assim calcular o Volume a ser Comprimido

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

onde

VAC Volume a ser comprimido (cmsup3)

120645 Constante

r Raio do cilindro (mm)

h distacircncia percorrida pelo pistatildeo do momento de fechamento da janela

de exaustatildeo ateacute a chegada em PMS (mm)

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

RC = VC+VCC

VCC

1-Caacutelculo da Taxa de

Compressatildeo

2 - Volume a ser comprimido

(fabricantes japoneses)

35

Quando pesquisa-se em fichas teacutecnicas sobre motores dois tempos tais

literaturas podem gerar uma confusatildeo de entendimento pois pode-se entender

que motores europeus utilizam taxa de compressatildeo muito maior que os motores

japoneses e isto natildeo eacute verdade apenas utilizam meacutetodos de mediccedilatildeo diferentes

25 Combustatildeo

O processo de combustatildeo em motores dois tempos eacute muito semelhante ao

dos motores de quatro tempos mas com uma diferenccedila essencial ao

entendimento deste tipo de motores Nos motores de ciclo de quatro tempos

acontece a centelha na vela de igniccedilatildeo a cada 720deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore

de manivelas enquanto no motor de ciclo dois tempos a centelha ocorre a cada

360deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore de manivelas ou seja a cada subida do pistatildeo

sentido PMS ocorre uma combustatildeo

Segundo Najafabadi Aziz Adams e Leman (2013) existem alguns efeitos

gerados no processo de combustatildeo advindos do ciclo anterior devido a gases

residuais que se mantiveram na cacircmara de combustatildeo Este fenocircmeno afeta a

combustatildeo podendo ocorrer avanccedilo ou atraso do tempo de igniccedilatildeo devido a

temperatura desses gases Ainda a pressatildeo no interior do cilindro que veio do

ciclo anterior afeta o fluxo de transiccedilatildeo do motor podendo a quantidade de gases

residuais ser diferente (conforme Graacutefico 2)

Fonte Najafabadi et al 2013

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos com rotaccedilatildeo em 6000 RPM

36

251 Igniccedilatildeo

Este mecanismo eacute importante para que o processo de combustatildeo seja

equilibrado bem executado e responda com um bom funcionamento do motor

Existem diversos sistemas de igniccedilatildeo disponiacuteveis para motores dois tempos

desde os mais simplificados (conforme Figura 12) ateacute sistemas programaacuteveis

onde pode-se determinar a curva de avanccedilo desejada por meio de programaccedilatildeo

do dispositivo via software (conforme Figura 13) poreacutem para entendimento do

funcionamento o esquema eleacutetrico do sistema de igniccedilatildeo por platinado possui

faacutecil entendimento este sistema foi utilizado por muitos anos e o uacutenico motivo de

cair em desuso era a necessidade de regulagem constante devido ao desgaste

mecacircnico do contato eleacutetrico

Fonte Bell 1999

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio de platinado

37

Fonte httpwwwpvl-zuendungende

26 Exaustatildeo

Este eacute com certeza o processo mais importante dentre todos os processos no

motor dois tempos a janela de exaustatildeo eacute a aacuterea do motor que se sofrer uma

alteraccedilatildeo de alguns deacutecimos de miliacutemetros pode mudar completamente o

comportamento do motor

Como jaacute discorremos os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como os

motores quatro tempos pelo menos natildeo nos mesmos moldes ou entatildeo vaacutelvulas

que vedem completamente a passagem dos gases Em um motor de quatro

tempos o comando de vaacutelvulas determina qual eacute momento de abertura das

vaacutelvulas a ordem o levante etc No motor dois tempos essa funccedilatildeo de duraccedilatildeo

da admissatildeo e exaustatildeo eacute composta pela diagramaccedilatildeo das janelas do cilindro

(conforme Figura 14) e satildeo fixas natildeo existe um comando de vaacutelvulas rotativo

ou qualquer dispositivo semelhante dentre essa diagramaccedilatildeo a duraccedilatildeo mais

importante e que determina o desempenho do motor e como ele se comportaraacute

eacute a da janela de exaustatildeo

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts

38

Segundo Bell (1999) o processo de modificaccedilatildeo da janela de exaustatildeo eacute talvez

um dos mais criacuteticos dentro dos motores dois tempos (conforme Figuras 14 e

15) pocircde-se notar que as diagramaccedilotildees possuem desenhos diferentes de

janelas de exaustatildeo o primeiro modelo da Yamaha TZ250 (conforme Figura 14)

eacute de janela uacutenica pois a dimensotildees que foram determinadas para o tamanho e

duraccedilatildeo da janela dado o diacircmetro do cilindro permitiram que isso fosse feito Jaacute

no segundo diagrama da Suzuki PE175 podemos notar que a janela de exaustatildeo

eacute bi partida (conforme Figura 15) isso acontece por que por projeto foi

determinado um tamanho de janela de exaustatildeo demasiadamente grande para

o diacircmetro desse cilindro natildeo eacute regra mas usualmente a largura de uma janela

de exaustatildeo pode ter no maacuteximo 70 do diacircmetro do cilindro isso acontece para

que os aneacuteis de segmento natildeo tendam a entrar no duto de exaustatildeo quando por

laacute passarem por isso a soluccedilatildeo adotada na Suzuki PE175 de adicionar mais

uma divisatildeo na janela permite ter uma janela de exaustatildeo mais larga sem

comprometer a durabilidade do motor

Por ser uma medida fiacutesica e determinante para o funcionamento do motor dois

tempos a janela de exaustatildeo sempre foi um ponto criacutetico no projeto desses

motores pois se o projeto determinava uma medida para a janela de exaustatildeo a

performance do motor era inerente a esta medida Motores que foram

desenvolvidos ateacute o final da deacutecada de 1970 natildeo conseguiam melhorar suas

caracteriacutesticas em todas as faixas de funcionamento Por exemplo se o projeto

da janela de exaustatildeo era feito para funcionar bem em baixas rotaccedilotildees isso

caracterizava aquele motor e nada podia ser feito para ser melhorado sem que

isso comprometesse outras faixas de rotaccedilatildeo

Motocicletas e karts de competiccedilatildeo que eram projetados para funcionar bem

em altas rotaccedilotildees tinham todo o torque em baixa muito comprometido se vermos

corridas de motocicletas da deacutecada de 1970 e iniacutecio dos anos de 1980 podemos

ver pilotos que largavam praticamente empurrando a motocicleta ateacute que ela

embalasse e chegasse a uma rotaccedilatildeo onde o motor pudesse andar sozinho

39

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida

40

No iniacutecio dos anos de 1980 a Yamaha criou uma soluccedilatildeo para melhorar o

desempenho dos motores dois tempos em todas as faixas de rotaccedilatildeo eacute um

sistema com uma vaacutelvula mecacircnica que variava as dimensotildees da janela de

exaustatildeo durante o funcionamento do motor esse sistema eacute chamado YPVS

(Yamaha Power Valve System) (conforme Figura 16) foi um sistema que permitiu

a Yamaha ganhar diversas competiccedilotildees on e off road ateacute que seus concorrentes

pudessem desenvolver sistemas semelhantes

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Inicialmente esse sistema era totalmente mecacircnico e era tocado por uma

bomba centriacutefuga ligada ao eixo arvore do motor posteriormente em

motocicletas de rua foi adotado o mesmo princiacutepio poreacutem foi utilizado um sistema

eletrocircnico com um servo motor Outros fabricantes desenvolveram sistemas

semelhantes ao longo do tempo e adotaram as mais diversas soluccedilotildees Um outro

sistema bastante popular foi o sistema pneumaacutetico (conforme Figura 17) que

era composto por uma vaacutelvula do tipo guilhotina e uma membrana na janela de

exaustatildeo a vaacutelvula se mantinha fechada em baixas rotaccedilotildees melhorando o

torque naquele momento e a membrana era calibrada para que em um certo

momento quando certa quantidade de gases de escape estivessem sendo

produzidos a membrana empurrava a vaacutelvula para traacutes aumentando as

dimensotildees da janela de exaustatildeo melhorando o torque em altas rotaccedilotildees

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System

41

Fonte httpwww bikemanperformancecom

261 Escapamento

Ainda na fase de exaustatildeo o escapamento eacute o acessoacuterio mais importante

para o bom funcionamento dos motores dois tempos e necessita cuidados

especiais em seu desenvolvimento Eacute intriacutenseco do funcionamento e da forma

construtiva do motor dois tempos o fato de que ele acaba por jogar mistura

fresca para o escapamento e isso causa perda de performance Assim o

escapamento promove ondas de ressonacircncia que causam o retorno de parte

dessa mistura fresca novamente para dentro do cilindro

Este sistema determina muito das caracteriacutesticas importantes de

funcionamento desse tipo de motor Satildeo peccedilas complexas de serem construiacutedas

e produzem um som caracteriacutesticos de ldquoring-dingrdquo a este tipo de motor

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos

42

Para um bom projeto de escapamento satildeo necessaacuterios diversos caacutelculos

para que se obtenha as dimensotildees ideais Posteriormente outro desafio eacute aplicar

as dimensotildees calculadas ao projeto do veiacuteculo o que produz verdadeiras

esculturas mecacircnicas (conforme Figura 18)

Caacutelculo para determinaccedilatildeo do comprimento ideal do escapamento

Onde

LE = Comprimento do escapamento (mm)

DE = Duraccedilatildeo da janela de exaustatildeo em graus (deg)

RPM = Rotaccedilatildeo para melhor funcionamento do motor (1min)

42545 = Constante que leva em conta que a onda socircnica sempre viaja na

velocidade do som no ar

Fonte Bell 1999

O trecho do escapamento que sai do cilindro do motor eacute chamado em inglecircs

ldquoHeaderrdquo esse trecho usualmente eacute cocircnico e utiliza acircngulos entre 115deg e 15deg

Entretanto ao longo da histoacuteria os fabricantes testaram acircngulos variando entre

08deg ateacute 23deg de conicidade para determinadas aplicaccedilotildees

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos

LE = DE x 42545

RPM

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento

43

As dimensotildees do Header podem ser determinadas da seguinte maneira Para

o comprimento pode-se utilizar o fator de multiplicaccedilatildeo (conforme Quadro 2)

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para o ldquoHeaderrdquo

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 85 ndash 95 10 -11

100 ndash 125 78 ndash 85 78 ndash 85

175 ndash 250 73 ndash 83 9 -10

350 - 500 73 ndash 83 85 ndash 95

Fonte Bell 1999

Jaacute com o fator de correccedilatildeo apropriado multiplicamos esse valor pelo diacircmetro

da janela de exaustatildeo e esse eacute o comprimento ideal do Header

O diacircmetro maior do Header pode ser calculado pela seguinte expressatildeo

Onde

D2 = eacute o diacircmetro maior do Header para uniatildeo com o Difusor (mm)

CH = eacute o Comprimento do Header (mm)

D1 = eacute o diacircmetro inicial do Header determinado pelo diacircmetro da janela de

exaustatildeo (mm)

Cotg H = eacute a cotangente do acircngulo do Header usualmente entre 115 e 15deg

O segundo trecho do escapamento chamado Difusor pode ser calculado da

seguinte maneira O diacircmetro inicial eacute o mesmo diacircmetro D2 do Header o

comprimento do Difusor eacute usualmente calculado utilizando 25 vezes o diacircmetro

da janela de exaustatildeo poreacutem pode-se usar de 22 a 29 vezes o diacircmetro da

janela de exaustatildeo dependendo do projeto tendo em mente que quanto menor

o comprimento melhor o rendimento em altas rotaccedilotildees e quanto maior o

comprimento melhor as respostas do motor em baixas rotaccedilotildees Ao final o que

D2 = CH x 2 + D1

cotg H

4 ndash Dimensotildees do Escapamento Header

44

iraacute determinar o comprimento eacute a proposta do motor O acircngulo de conicidade do

Difusor varia normalmente entre 3deg e 7deg com diferentes reaccedilotildees ao rendimento

do motor (conforme Quadro 3) modificando a duraccedilatildeo e os efeitos da onda de

ressonacircncia (conforme Graacutefico 3)

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 65 a 7deg 3 a 35deg

100 ndash 125 65 a 75deg 4 a 48deg

175 65 a 75deg 35 a 45deg

250 7 a 75deg 4 a 45deg

350 ndash 500 4 a 5deg

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de retorno

45

O segundo diacircmetro o diacircmetro maior do Difusor pode ser calculado

utilizando a seguinte expressatildeo

Onde

CD = Comprimento do Difusor D3 = Diacircmetro maior do Difusor D2 = Diacircmetro menor do Difusor cotg D = Cotangente do acircngulo de conicidade que foi determinado para o Difusor

Existe uma seccedilatildeo paralela que liga o diacircmetro maior do difusor ao uacuteltimo

cone esse trecho eacute popularmente chamado de Bojo (conforme Figura 18) poreacutem

natildeo se pode calcular o comprimento dela sem antes calcular as dimensotildees do

cone final que eacute chamado de ldquoBafflerdquo ou defletor (conforme Quadro 4) Essa

seccedilatildeo por sua vez determina a duraccedilatildeo e a intensidade das ondas de

ressonacircncia que iraacute manter o cilindro cheio de maneira eficiente Segundo Bell

(1999) um defletor com um cone curto e acircngulo muito abrupto iraacute permitir um

ganho de potecircncia maacutexima ao custo de sacrificar as baixas e meacutedias rotaccedilotildees

(conforme Graacutefico 4)

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 -80 105 a 12deg 85 a 95deg

100 105 a 12deg 9 a 10deg

125 95 a 12deg 85 a 10deg

175 10 a 12deg 8 a 10deg

250 10 a 12deg 75 a 10deg

350 - 500 9 a 11deg

Fonte Bell 1999

CD = D3 ndash D2 x cotg D

2

5 ndash Dimensotildees do Escapamento Difusor

46

Fonte Bell 1999

Para se calcular o comprimento do cone utilizamos a expressatildeo

CTD = (D32) x Cotg D

Onde

CTD Comprimento total do cone do defletor

D3 Diacircmetro maior do defletor ou seja o mesmo diacircmetro que o diacircmetro maior

do difusor

cotg D Cotangente do acircngulo escolhido para o defletor

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor

47

Agora com todos esses valores calculados podemos calcular o

comprimento da parte central do escapamento o chamado bojo Para isso

utilizamos a seguinte expressatildeo

Onde

CB Comprimento do Bojo

L Comprimento total do escapamento ateacute o meio da seccedilatildeo do defletor

CH Comprimento do Header

CD Comprimento do Difusor

CDE Comprimento total do Defletor

Por fim ainda necessitamos saber as dimensotildees do ldquoStingerrdquo ou ponteira

que segundo Graham Bell apoacutes vaacuterias experimentaccedilotildees chegou a alguns

valores que resultaram em boas respostas do motor (conforme Quadro 5)

Quadro 5 - Comprimento da ponteira

Volume do cilindro (cmsup3) Comprimento (mm) Diacircmetro Interno (mm)

50 - 80 205 ndash 230 17 -19

100 230 ndash 250 19 - 21

125 265 ndash 290 22 -24

175 270 - 295 25 ndash 27

250 280 ndash 305 26 ndash 28

350 -500 285 - 310 27 ndash 29

Fonte Bell 1999

CB = L ndash (CH+CD+(CDE2)) 7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo

48

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna

Em seu funcionamento os motores de combustatildeo interna

independentemente do tipo de ciclo necessitam de um gerenciamento da

admissatildeo de uma mistura carburante para o interior dos cilindros para que possa

haver a combustatildeo da mesma Anteriormente essa admissatildeo se dava por um

processo puramente mecacircnico com a utilizaccedilatildeo de carburadores que eram

sistemas mecacircnicos sofisticados que proporcionavam a atomizaccedilatildeo do

combustiacutevel com o ar atmosfeacuterico para a formaccedilatildeo da mistura carburante

(conforme Figura 19)

Fonte httpwwwthunderproductscom

Poreacutem este sistema possuiacutea algumas deficiecircncias pois necessitava de

constante regulagem e qualquer mudanccedila de condiccedilatildeo climaacutetica de temperatura

pressatildeo ou umidade fazia com que o carburador saiacutesse de sua faixa de trabalho

gerando um mal funcionamento do motor e por vezes ateacute mesmo sua quebra

Parte muito importante tambeacutem do funcionamento dos motores de

combustatildeo interna satildeo os sistemas de igniccedilatildeo que anteriormente eram sistema

independentes do sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel poreacutem atualmente

pertencem ao mesmo pacote de gerenciamento do motor Estes sistemas de

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante

49

igniccedilatildeo eram normalmente sistemas eletromecacircnicos podendo ser sistemas

simples com ponto de igniccedilatildeo fixo ou sistemas mais elaborados com a presenccedila

de circuitos eletrocircnicos para fazer a variaccedilatildeo do ponto de igniccedilatildeo Estes sistemas

possuem alguns componentes baacutesicos

Distribuidor (no caso de haver mais de um cilindro) bobina de igniccedilatildeo

(para gerar alta tensatildeo) cabos de igniccedilatildeo e velas de igniccedilatildeo Este eacute o esquema

mais baacutesico de funcionamento dos sistemas de igniccedilatildeo podendo haver

variaccedilotildees eleacutetricas mecacircnicas e em alguns casos eletrocircnicas (conforme Figura

20)

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom

Atualmente os sistemas mais modernos de gerenciamento de motores de

combustatildeo interna satildeo quase que puramente eletrocircnicos e contemplam os dois

mundos alimentaccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo em um uacutenico sistema (conforme

Figura 21) Todo o gerenciamento eacute feito com base em leitura de sensores uma

calibraccedilatildeo que prevecirc diversas situaccedilatildeo de uso do motor e atuadores que fazem

o processo fiacutesico de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel do motor Estes satildeo sistemas

complexos que se baseiam na condiccedilatildeo imediata de diversos fatores que satildeo

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo

50

interpretados por sensores como por exemplo pressatildeo atmosfeacuterica

temperatura do motor massa de ar admitida etc Estas leituras feitas pelos

sensores satildeo recebidas por um circuito eletrocircnico que conteacutem um processador

onde essas informaccedilotildees satildeo recebidas e com base em dados armazenados em

sua memoacuteria para cada condiccedilatildeo ter-se atuaccedilatildeo eletrocircnica onde eacute feita a injeccedilatildeo

de combustiacutevel pelos injetores e o disparo da centelha de igniccedilatildeo para que haja

a combustatildeo

Fonte httpswwwflaviolucasmmblogspotcom

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus perifeacutericos

51

3 Detalhamento do Projeto

Os capiacutetulos anteriores serviram para o embasamento teacutecnico para que

fosse possiacutevel uma melhor compreensatildeo do que se trata o projeto a ser

executado neste trabalho de conclusatildeo de curso Neste ponto iremos tratar

especificamente do projeto de adaptaccedilatildeo de um sistema completo de injeccedilatildeo

eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos Yamaha de 135cmsup3 proveniente

de uma motocicleta Yamaha RD 135 (Conforme Figura 22) e todos os

componentes utilizados para tornar esta adaptaccedilatildeo possiacutevel

Fonte httpsmotos-motorcombr

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135

52

31 Dados do Motor

O motor utilizado neste projeto eacute proveniente de uma motocicleta Yamaha

Rd 135cmsup3 que foi fabricado no Brasil de 1988 a 1999 Trata-se de um motor

monociliacutendrico que utiliza o ciclo de trabalho dois tempos refrigerado agrave ar

seguem os dados teacutecnicos

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 58mm x 50mm

Cilindrada 132cmsup3

Taxa de Compressatildeo 682 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Carburador Mikuni VM24 com 24mm de venturi

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo eletrocircnica de descarga capacitiva ou popularmente

CDI (Capacitor Discharge Ignition)

Lubrificaccedilatildeo Oacuteleo dois tempos bombeado atraveacutes de uma bomba chamada

Autolube nos motores Yamaha este oacuteleo eacute proveniente de um reservatoacuterio que

alimenta a bomba que por sua vez transfere o oacuteleo atraveacutes de uma mangueira

diretamente ao coletor de admissatildeo do motor variando a quantidade de oacuteleo de

acordo com a rotaccedilatildeo e abertura do carburador

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Gasolina

Potecircncia 16cv a 9000rpm

Torque 174kgfm a 8500rpm

Para este projeto o motor utilizado jaacute possuiacutea modificaccedilotildees mecacircnicas

para atingir melhores rendimentos que o motor original pois eacute um motor que foi

utilizado em competiccedilotildees de motovelocidade na categoria RD 135 Diversas

peccedilas foram modificadas tais como sistema de alimentaccedilatildeo escapamento

vaacutelvula de palhetas igniccedilatildeo combustiacutevel diagramaccedilatildeo do cilindro e taxa de

compressatildeo O sistema de alimentaccedilatildeo original foi substituiacutedo por um carburador

Mikuni TM 30 (conforme Figura 23) o escapamento foi substituiacutedo por um

escapamento dimensionado construiacutedo artesanalmente o sistema de igniccedilatildeo

53

utilizado foi um Motoplat de ponto fixo (conforme Figura 24) e o combustiacutevel

utilizado foi o etanol que aleacutem de ser o combustiacutevel regulamentado para o

campeonato tambeacutem eacute um combustiacutevel que permite extrair mais potecircncia do

motor pois com esse combustiacutevel eacute possiacutevel fazer modificaccedilotildees mecacircnicas

como taxa de compressatildeo e avanccedilo de igniccedilatildeo que natildeo seriam possiacuteveis

utilizando gasolina como combustiacutevel

Fonte wwwjapanbaikucom

Fonte wwwcustojustopt

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo

54

O motor utilizado como base nesse trabalho natildeo eacute um motor original eacute

um motor de competiccedilatildeo e para haver base para comparaccedilatildeo do antes e depois

do processo de inserccedilatildeo do sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica este motor teve sua

potecircncia medida em dinamocircmetro inercial com sua curva de torque e potecircncia

aquisitadas (conforme Figura 25)

Fonte Autor

O motor utilizado passou por uma revisatildeo geral havendo troca de peccedilas

por se tratar de um motor de competiccedilatildeo foi por diversas vezes levado ao

extremo e com a escolha desse motor para o projeto esta revisatildeo se fez

necessaacuteria As imagens a seguir mostram o processo de desmontagem para

verificaccedilatildeo das condiccedilotildees do motor e posterior montagem (Conforme Figuras

262728293031 e 32)

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia

55

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto

56

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2

Figura 29 - Processo de pintura

57

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada

58

Fonte Autor

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico

Para a escolha do sistema de gerenciamento eletrocircnico foi necessaacuteria

grande pesquisa entre as opccedilotildees disponiacuteveis no mercado nacional e

internacional Os sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica disponiacuteveis originalmente em

motocicletas de fabricaccedilatildeo nacional poderiam ter sido uma opccedilatildeo mas foram

logo descartados pois foram concebidos para trabalhar com motores de ciclo

otto o que natildeo eacute o caso e as maneiras de calibraccedilatildeo desses sistemas originais

se tornariam difiacuteceis de conseguir tornando essa escolha inviaacutevel

A busca foi por um sistema ldquostand-alonerdquo auto suficiente e que permitisse

mudanccedila total nos paracircmetros de calibraccedilatildeo normalmente satildeo sistemas

utilizados em competiccedilotildees de automoacuteveis motocicletas caminhotildees etc

Existem sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica ldquostand-alonerdquo muito sofisticados

de fabricantes renomados mundialmente dentro e fora das pistas de corridas

como Magneti Marelli (conforme Figura 33) e Bosch (conforme Figura 34) em

suas divisotildees motorsport

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta

59

Sistemas desses fabricantes satildeo reconhecidamente confiaacuteveis o problema eacute o

valor de um sistema desses que eacute muito caro e os tornam inviaacuteveis para um

projeto experimental de baixo custo Opccedilotildees nacionais tambeacutem foram cogitadas

como o sistema Fueltech poreacutem ainda possuem um custo alto e suas opccedilotildees de

programaccedilatildeo e flexibilidade do sistema ainda eram limitados para o tipo de ciclo

do motor a ser utilizado

A escolha do sistema apoacutes grande pesquisa foi pelo sistema ldquostand-alonerdquo

Speeduino (conforme Figura 35) um sistema totalmente programaacutevel que utiliza

como microcontrolador um Arduino Mega 2560 esse eacute um sistema do tipo ldquoDIYrdquo

Do It Yourself ou em portuguecircs ldquofaccedila vocecirc mesmordquo Estatildeo disponiacuteveis na

internet os layouts das placas de circuito impresso e o usuaacuterio pode fabricar as

proacuteprias placas ou compraacute-las prontas em determinados sites da internet e sua

lista de componentes para montagem tambeacutem estaacute disponiacutevel na internet e eacute

relativamente faacutecil encontraacute-los O custo de produccedilatildeo de um sistema desse eacute

relativamente baixo comparado com outros sistemas do mesmo segmento e

por utilizar Arduino como controlador sua programaccedilatildeo eacute inteira aberta e pode

ser modificada de acordo com as necessidades do usuaacuterio

Fonte wwwmagnetimarellicom

Fonte wwwellis-componentscouk

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport Figura 34 - ECU Bosch MS 151

60

Fonte Autor

33 Arduino Mega 2560

Arduino eacute uma plataforma para programaccedilatildeo criada na Itaacutelia por Massimo

Banzi David Cuartielles Tom Igoe Gianluca Martino e David Mellis no ano de

2005 para entusiastas e profissionais da programaccedilatildeo e da eletrocircnica

permitindo diversos tipos de projetos para estes seguimentos Trata-se de uma

placa com um microcontrolador Atmel possuindo diversas entradassaiacutedas

analoacutegicas e digitais a quantidade dessas entradas e saiacutedas varia de acordo

com o modelo do Arduino Essas entradassaiacutedas podem ser programadas por

uma interface IDE Arduino via computador utilizando linguagem C

Na praacutetica eacute um microcontrolador programaacutevel como qualquer outro de

outros fabricantes por exemplo PIC (Microchip) ou ARM (Freescale) poreacutem tem

sua utilizaccedilatildeo facilitada por jaacute estar inserido em uma placa que contempla

soquetes para pinagem das entradas e saiacutedas e porta de comunicaccedilatildeo USB

Serial para gravaccedilatildeo da programaccedilatildeo no microcontrolador Diferentemente de

outros microcontroladores que necessitam da confecccedilatildeo de uma placa de

circuito impresso para uso e de um programador serial para gravaccedilatildeo da

programaccedilatildeo (conforme Figura 36)

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino

61

Fonte httpswwwamazoncom

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560

Microcontrolador ATmega 2560 (Atmel)

Tensatildeo de Operaccedilatildeo 5V

Tensatildeo de Alimentaccedilatildeo (recomendado) 7-12V

Tensotildees Limites de Operaccedilatildeo 6-20V

Saiacutedas Digitais IO 54 saiacutedas sendo 15 PWM

Entradas Analoacutegicas 16

Corrente da Saiacutedas IO 20mA

Corrente nos Pinos 33V 50mA

Memoacuteria Flash 256Kb

SRAM 8Kb

EEPROM 4Kb

Frequecircncia do Clock 16Mhz

LED_BUILTIN 13

Comprimento da Placa 10152mm

Largura da Placa 5333mm

Peso da Placa Completa 37g

Altura da Placa 12mm

Editado pelo Autor Fonte httpwwwArduinocom

Figura 36 - Arduino Mega 2560

62

34 Speeduino

O sistema Speeduino foi o sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica escolhido para o

projeto Eacute um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica totalmente programaacutevel criado por

Josh Stuart e utiliza um Arduino Mega 2560 como microcontrolador assim como

outros sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel possibilita a calibraccedilatildeo por

completo do sistema de injeccedilatildeo e igniccedilatildeo Para tal utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio que permite diversas configuraccedilotildees do

sistema de injeccedilatildeo tais como o meacutetodo de calibraccedilatildeo utilizado configuraccedilatildeo dos

mapas de avanccedilo de igniccedilatildeo e tempo de injeccedilatildeo sistema de malha aberta ou

malha fechada etc

O sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica Speeduino eacute um sistema ldquostand-alonerdquo

ou seja trabalha independente de outros sistemas apenas para gerenciar o

motor a combustatildeo interna seja ele de ciclo quatro ou dois tempos Eacute um sistema

difundido pela internet e permite troca de informaccedilotildees entre usuaacuterios que

trabalham em conjunto para desenvolvimento e aperfeiccediloamento do hardware e

do software o layout principal da placa de circuito impresso tambeacutem estaacute

disponiacutevel na internet bem como a lista de componentes necessaacuterios para a

montagem Este sistema requer um miacutenimo de conhecimento de eletrocircnica para

sua construccedilatildeo um miacutenimo de conhecimento em eleacutetricaeletrocircnica automotiva

para a instalaccedilatildeo do sistema no motor e grande conhecimento em programaccedilatildeo

e mecacircnica automobiliacutestica para calibraccedilatildeo do sistema no motor

63

35 Montagem do Sistema Speeduino

A partir do momento onde foi feita a escolha do sistema Speeduino foi

necessaacuterio obter os componentes necessaacuterios para confecccedilatildeo da placa

(conforme Anexo C) O primeiro passo foi a fabricaccedilatildeo da placa de circuito

impresso a partir do layout disponiacutevel (conforme Figura 37)

Fonte wwwSpeeduinocom

Posteriormente foi feita a aquisiccedilatildeo dos componentes necessaacuterios para a

montagem da placa Esses componentes tambeacutem estatildeo disponiacuteveis na internet

em uma planilha eletrocircnica e satildeo encontrados com relativa facilidade no

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino

64

mercado com exceccedilatildeo de determinados componentes cuja importaccedilatildeo foi

necessaacuteria poreacutem com baixo custo (conforme Anexo C)

Com todos os componentes necessaacuterios em matildeos foi executada a montagem

do sistema o que necessita uma certa habilidade pois o projeto possui diversos

componentes tipo SMD (conforme Figura 38)

Fonte Autor

Com a placa jaacute montada (conforme Figura 39) antes da montagem de todo o

chicote eleacutetrico para funcionamento do motor iniciaram-se os testes de

funcionamento do sistema Por ser um sistema montado artesanalmente os

testes pareciam ser o passo mais certo a se seguir

Figura 38 - Inicio da montagem da placa

65

Fonte Autor

Eacute importante mostrar que o sistema Speeduino utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio (conforme Figura 40) eacute um freeware na

versatildeo baacutesica que foi criado para funcionar em conjunto com outro sistema

de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel conhecido como Megasquirt e o mesmo

tambeacutem eacute utilizado na calibraccedilatildeo do sistema Speeduino Mais adiante seratildeo

feitas explicaccedilotildees detalhadas das configuraccedilotildees do software

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada

66

Fonte Autor

Jaacute no primeiro teste este apresentou resultados negativos com a

eletrocircnica natildeo respondendo agraves configuraccedilotildees e nem mostrando leituras de

sensores

A soluccedilatildeo deste problema veio depois de procurar muito e fazer diversas

mediccedilotildees analisando os diagramas eleacutetricos (conforme Anexo A) O

problema estava na placa de circuito impresso a trilha do aterramento

(GND) natildeo havia sido impressa ou seja natildeo havia aterramento em nenhum

ponto do sistema A placa havia sido impressa por um terceiro Ao entrar em

contato com o mesmo ele disse que enviaria outra placa poreacutem para agilizar

o processo e natildeo ter que esperar novamente a chegada de componentes

uma uacutenica opccedilatildeo surgiu devido aos prazos a de refazer o aterramento da

placa de forma externa (conforme Figura 41) sem nenhuma pretensatildeo de

que isso desse certo poreacutem era uma alternativa para que todo o processo

de funcionamento do motor fosse agilizado

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio

67

Fonte Autor

Apoacutes todo o trabalho de refazer as trilhas de aterramento iniciou-se

novamente a fase testes de funcionamento e os resultados foram positivos

O sistema comeccedilou a responder perfeitamente aos testes iniciais

O elemento de maior importacircncia para o funcionamento desse sistema de

gerenciamento eletrocircnico eacute o sensor de rotaccedilatildeo do motor e foi por ele que

se iniciaram os testes Foi adaptada uma roda focircnica a um torno mecacircnico

e tambeacutem o sensor de rotaccedilatildeo do tipo ldquohallrdquo (conforme Figura 42) para

verificar se o conjunto eletrocircnico do sistema estava recebendo os sinais de

rotaccedilatildeo

Figura 41 - Aterramento refeito externamente

68

Fonte Autor

O teste obteve resultados positivos respondendo perfeitamente a rotaccedilatildeo

do torno mecacircnico sendo testado em diversas rotaccedilotildees diferentes com a

interface do software sempre mostrando os valores de rotaccedilatildeo corretos

Entatildeo os testes que se seguiram foram os de atuaccedilatildeo eleacutetrica como injetor

de combustiacutevel e bobina de igniccedilatildeo todos testes feitos a princiacutepio em

bancada (conforme Figura 43)

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico

69

Fonte Autor

Apoacutes todos os testes em bancada partiu-se para a montagem do chicote

eleacutetrico para funcionamento do sistema no motor e tambeacutem a adaptaccedilatildeo

mecacircnica de suportes para sensores e a adaptaccedilatildeo da roda focircnica

(conforme Figura 44)

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada

70

Fonte Autor

A roda focircnica utilizada eacute proveniente de um motor Volkswagen EA-111

(conforme Figura 45) o sensor de rotaccedilatildeo a ser utilizado pelo sistema de

gerenciamento eletrocircnico Speeduino foi o sensor de efeito hall poderia ser

utilizado o sensor de relutacircncia magneacutetica poreacutem seria necessaacuterio a

confecccedilatildeo de uma eletrocircnica para o condicionamento de sinal

transformando-o para sinal de onda quadrada com amplitude de 5V de

tensatildeo Para evitar a confecccedilatildeo de mais uma eletrocircnica sendo um potencial

ponto fraco do sistema optou-se por utilizar um sensor de rotaccedilatildeo de efeito

hall proveniente dos motores Fiat E-torq 18 (conforme Figura 46) fabricado

pela Continental

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica

71

Fonte Autor

Fonte wwwmercadolivrecombr

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v

72

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico

Neste projeto o sistema de sincronismo eletrocircnico possui dois

componentes apenas satildeo eles a roda focircnica e o sensor de rotaccedilatildeo ambos

adaptados ao projeto e advindos de carros

O sistema de sincronismo eletrocircnico consiste em transformar o

sincronismo mecacircnico do motor em sinais de onda quadrada (conforme Figura

47) que possam ser interpretados pelo sistema de gerenciamento eletrocircnico

proporcionando a injeccedilatildeo de combustiacutevel e disparo da centelha no momento

exato que fora previamente calibrado

Fonte Autor

O sistema consiste de uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes ou seja

satildeo 58 dentes e ausecircncia de 2 dentes Foi adaptada uma roda focircnica do motor

Volkswagen EA-111 poreacutem apoacutes alguns problemas de captaccedilatildeo do sinal esta

foi alterada por uma roda focircnica utilizada em motores Volkswagen AP quando

convertidos a injeccedilatildeo eletrocircnica (conforme Figura 48) essa roda mostrou melhor

resoluccedilatildeo do sinal Hall com menos ruiacutedos no sinal

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall

73

Fonte Autor

Apoacutes vaacuterios testes esta foi a combinaccedilatildeo que melhor funcionou no motor

a roda focircnica aliada ao sensor de rotaccedilatildeo permite a sincronizaccedilatildeo mecacircnica do

motor em relaccedilatildeo ao sistema de gerenciamento eletrocircnico do motor A calibraccedilatildeo

eacute feita da seguinte maneira junto ao software de calibraccedilatildeo do sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica eacute dada a referecircncia em graus da posiccedilatildeo fiacutesica da roda focircnica

em relaccedilatildeo ao motor O primeiro passo eacute colocar o motor em PMS e ver onde se

situa a falha dos dois dentes da roda focircnica a partir disso contar quantos dentes

se tem ateacute o dente que coincide com o sensor de rotaccedilatildeo (conforme Figura 49)

Figura 48 - Roda Focircnica

74

Fonte Autor

Como eacute utilizada uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes cada dente

equivale a 6deggraus de resoluccedilatildeo sendo 3deg do bordo de subida e 3deg do bordo de

descida no caso do projeto o sensor coincide com o 37deg dente a partir da falha

e isso equivale a 228deggraus a partir da falha Todo o sincronismo do motor eacute feito

baseado nessa referecircncia sendo este valor colocado como referecircncia no

software de gerenciamento eletrocircnico (conforme Figura 50)

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

75

Fonte Autor

A partir deste momento todo o sincronismo do motor estaacute baseado nestes

dados e quando o motor estiver em PMS o sistema eletrocircnico saberaacute disso pois

o sensor de rotaccedilatildeo estaraacute alinhado com o 37deg dente que eacute a referecircncia para o

sistema

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

76

37 Corpo de Borboleta

O corpo de borboletas utilizado (conforme Figura 51) eacute proveniente das

motocicletas Honda CB300 e XRE300 possui 35mm de venturi e eacute fabricado

pela empresa japonesa Keihin famosa pela fabricaccedilatildeo de carburadores de

motocicletas tambeacutem possui uma unidade de sensores integrados Foi utilizado

por ser um componente de faacutecil aquisiccedilatildeo no mercado brasileiro o que permite

faacutecil manutenccedilatildeo quando necessaacuterio e seu formato fiacutesico permite a utilizaccedilatildeo de

uma grande gama de injetores diferentes quando isso se faz necessaacuterio

Tambeacutem houve uma pequena adaptaccedilatildeo no coletor de admissatildeo que tambeacutem

eacute proveniente das mesmas motocicletas Honda essa adaptaccedilatildeo se deve ao fato

de o motor em questatildeo possuir o sistema de vaacutelvulas de palhetas na admissatildeo

o que natildeo acontece nas motocicletas Honda que possuem motor de quatro

tempos

Fonte Autor

Figura 51 - Corpo de Borboleta

77

38 Unidade de Sensores

A unidade de sensores refere-se a uma unidade composta por trecircs

sensores que jaacute estaacute acoplada ao corpo de borboletas Keihin e contempla os

sensores

MAP ndash Manifold Absolute Pressure (Pressatildeo Absoluta no Coletor)

IAT ndash Intake Air Tempeture (Temperatura do Ar Admitido)

TPS ndash Throttle Position Sensor (Sensor de Posiccedilatildeo do Acelerador)

Destes sensores natildeo foi utilizado apenas o sensor Map pois a unidade

de gerenciamento eletrocircnico jaacute possui um sensor Map integrado que foi utilizado

Estes sensores puderam ser configurados para utilizaccedilatildeo com o sistema

de gerenciamento eletrocircnico sem o menor problema

381 Sensor TPS

Este sensor se refere ao sensor que envia a informaccedilatildeo de posiccedilatildeo da

borboleta para o sistema de gerenciamento eletrocircnico Nada mais eacute do que um

potenciocircmetro que varia a resistecircncia ocirchmica ao se variar a posiccedilatildeo do

acelerador

Sua calibraccedilatildeo eacute feita em tempo real com a unidade de gerenciamento

eletrocircnico (conforme Figura 52) onde se informa a posiccedilatildeo do acelerador

totalmente fechado e totalmente aberto o sistema de gerenciamento jaacute adquire

o valor de resistecircncia ocirchmica e faz os caacutelculos para os valores intermediaacuterios e

a interpretaccedilatildeo das posiccedilotildees

78

Fonte Autor

382 Sensor IAT

Este sensor eacute responsaacutevel por aquisitar a temperatura do ar que estaacute

sendo admitido ou seja que estaacute momentaneamente passando pelo corpo de

borboletas Este assim como o sensor de posiccedilatildeo da borboleta e tambeacutem o

sensor de pressatildeo absoluta no coletor eacute utilizado para o caacutelculo da massa de ar

que estaacute sendo admitida pelo motor Este sensor eacute calibrado a partir dos valores

de resistecircncia ocirchmica cujos valores satildeo inseridos no software de calibraccedilatildeo da

unidade de gerenciamento eletrocircnico esses valores natildeo satildeo facilmente

adquiridos pois o fabricante da unidade de sensores natildeo os disponibiliza poreacutem

outro fabricante de sensores a MTE-Thompson fabrica esse mesmo modelo de

unidade de sensores para reposiccedilatildeo do original e entrando em contato com o

departamento teacutecnico eles passam os valores de funcionamento do sensor e

esses valores foram os utilizados para calibraccedilatildeo do sensor de temperatura do

ar admitido (conforme Figura 53)

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS

79

Fonte Autor

383 Sensor MAP

Sensores MAP satildeo utilizados para determinar a pressatildeo do ar admitido

que passa pelo coletor de admissatildeo satildeo muito usados nos sistemas atuais de

gerenciamento eletrocircnico de motores de combustatildeo interna Este tipo de

sensores trabalha utilizando o princiacutepio de strain gage onde haacute a deformaccedilatildeo do

material metaacutelico variando tambeacutem sua resistividade (conforme Figura 54)

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT

80

Fonte Nota de aula ndash Prof Adriano Ribolla (Sist De Gerenc Eletrocircnico 2018)

A funccedilatildeo de variaccedilatildeo da resistecircncia ou fator Gauge pode ser dada pela

expressatildeo

Onde

R resistecircncia (Ω)

ρ constante do material

L comprimento do fio (m)

A secccedilatildeo transversal do fio (msup2)

O sistema de gerenciamento eletrocircnico Speeduino jaacute possuiacute em sua

montagem um sensor MAP interno na sua montagem e mesmo que na

unidade de sensores Keihin utilizada jaacute possuiacutesse um sensor MAP foi

escolhido utilizar o sensor existente na eletrocircnica da unidade de

gerenciamento eletrocircnico apenas pela facilidade de calibraccedilatildeo (conforme

Figura 55)

R= ρ LA

8 - Caacutelculo do Fator Gauge

Figura 54 - Princiacutepio strain gage

81

Fonte Autor

O sensor MAP existente no sistema de gerenciamento eletrocircnico eacute do

fabricante NXPFreescale modelo MPX 4250AP (conforme Anexo B) com um

range de leitura pressatildeo de 20 a 250 kPa

Apoacutes o funcionamento do motor e leitura do sensor foi possiacutevel notar que nos

motores de ciclo dois tempos justamente pelo seu tipo de ciclo e forma

construtiva natildeo seria possiacutevel fazer a calibraccedilatildeo dos mapas de funcionamento

do motor levando-se em conta a leitura de pressatildeo no coletor pois a depressatildeo

no coletor deste tipo de motor eacute muito baixa variando muito pouco Poreacutem este

fato jaacute era de se esperar mas a inserccedilatildeo deste sensor natildeo foi em vatildeo Ela jaacute foi

feita com o objetivo de futuros trabalhos sobre este tipo de sensor em motores

dois tempos para obtenccedilatildeo de valores palpaacuteveis de pressatildeo que possam ser

levados em conta na calibraccedilatildeo do motor

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP

82

39 Sistema de Igniccedilatildeo

O sistema de igniccedilatildeo deve ser compatiacutevel com o sistema de

gerenciamento eletrocircnico utilizado que foi o Speeduino Para isso o sistema de

igniccedilatildeo original do motor foi substituiacutedo por uma bobina utilizada em motores da

linha VW (conforme Figura 56) bobinas essas com moacutedulo de igniccedilatildeo integrado

e para evitar interferecircncias com o sensor de rotaccedilatildeo ou demais eletrocircnicas do

hardware de gerenciamento foi utilizado cabo vela resistivo do veiacuteculo Fiat Tipo

ie (Conforme Figura 57) as velas originais da motocicleta jaacute eram do tipo

resistiva A bobina poderia ter sido utilizada qualquer uma com moacutedulo de igniccedilatildeo

integrado e o cabo de vela tambeacutem poderia ser qualquer um do tipo resistivo

poreacutem estes foram escolhidos apenas por se integrarem melhor fisicamente ao

projeto

Fonte wwwmercadolivrecombr Fonte wwwacnpecascombr

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo

83

4 Calibraccedilatildeo do Motor

Atualmente a calibraccedilatildeo de motores de combustatildeo interna tem tido como

objetivo principal melhorar autonomia com relaccedilatildeo a consumo de combustiacutevel e

diminuiccedilatildeo das emissotildees de poluentes muito em funccedilatildeo de legislaccedilotildees mais

riacutegidas e restritivas Novas teacutecnicas construtivas de motores e implementaccedilotildees

de novas teacutecnicas de calibraccedilatildeo tem sido utilizadas como downsizing turbo-

compressores injeccedilatildeo direta de combustiacutevel para sistemas ldquoflex-fuelrdquo ou ateacute

mesmo sistemas mistos utilizando injeccedilatildeo direta e indireta de combustiacutevel em

um mesmo motor Estes meacutetodos elevaram o niacutevel tecnoloacutegico dos motores de

combustatildeo interna extraindo grande potecircncia diminuindo massa de motores

poreacutem com a necessidade de muita eletrocircnica embarcada

Um dos intuitos deste trabalho eacute a inserccedilatildeo de um sistema de

gerenciamento eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos a princiacutepio de

maneira experimental apenas para obter preacutevias de sua viabilidade

construtivamente e dar a motores que utilizam este tipo de ciclo a oportunidade

de ressurgirem ou natildeo no mercado com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias e

eletrocircnica embarcada ou mesmo proporcionar uma longevidade de seu uso em

competiccedilotildees

Para a calibraccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico que foi

escolhido o sistema Speeduino utilizamos o software de calibraccedilatildeo Tuner

Studio o qual jaacute foi previamente apresentado Seratildeo mostrados a seguir os

passos e direccedilotildees tomadas no que diz respeito a calibraccedilatildeo deste motor de ciclo

dois tempos em questatildeo

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais

Inicialmente eacute necessaacuterio a introduccedilatildeo de alguns dados pertinentes ao

motor e a estrateacutegia de funcionamento do mesmo para tal utilizamos a tela

ldquoEngine Constantsrdquo ou constantes do motor no software Tuner Studio Em

seguida detalhamos os dados de acordo com as caracteriacutesticas do motor que foi

escolhido para o trabalho (conforme Figura 58)

84

Fonte Autor

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor

85

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel

A tabela de injeccedilatildeo de combustiacutevel eacute baseada no meacutetodo VE ldquoVolumetric

Efficiencyrdquo ou eficiecircncia volumeacutetrica neste sistema utiliza-se o item ldquoCalculated

Required Fuelrdquo ou caacutelculo de combustiacutevel necessaacuterio (Conforme Figura 58) o

valor disponibilizado neste item representa o tempo necessaacuterio de injeccedilatildeo de

combustiacutevel baseado em 100 da eficiecircncia volumeacutetrica do motor e

posteriormente desenvolve-se a tabela VE de acordo com as necessidades do

motor (conforme Figura 59) em funccedilatildeo de rotaccedilatildeo do motor e posiccedilatildeo da

borboleta podendo ou natildeo estes valores serem multiplicados pelo valor de

pressatildeo do sensor MAP poreacutem no caso deste trabalho natildeo se utilizou o a

multiplicaccedilatildeo pelo sensor pois este dado se mostrou insatisfatoacuterio para motores

de ciclo dois tempos que geram pouca ou nenhuma depressatildeo no coletor de

admissatildeo

FonteAutor

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE

86

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo

A tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo permite determinar o momento em que seraacute

disparada a centelha pela vela de igniccedilatildeo permitindo a queima da mistura

arcombustiacutevel Os valores inseridos na tabela satildeo valores que representam o

acircngulo em graus antes do ponto morto superior do motor PMS (conforme Figura

60) em que seraacute disparada a centelha esta deve ser disparada alguns graus

antes do PMS pois a queima da mistura deve ser aproveitada ao maacuteximo e para

que isso aconteccedila deve se adotar um ponto de igniccedilatildeo de forma que a frente de

chama tenha tempo suficiente para queimar dentro do cilindro caso contraacuterio a

queima se torna ineficiente e acaba por desperdiccedilar combustiacutevel que acaba

sendo jogado para o escapamento sem que este seja queimado

Os valores de avanccedilo em graus inseridos nesta tabela tambeacutem tecircm seu

funcionamento em funccedilatildeo dos eixos de posiccedilatildeo da borboleta do acelerador e

rotaccedilatildeo do motor

Fonte Autor

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo

87

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada

Usualmente em uma grande montadora ou grande equipe de corridas

essas tabelas seriam desenvolvidas em um laboratoacuterio de desenvolvimento de

motores com diversos equipamentos para controle e aquisiccedilatildeo de dados Poreacutem

por se tratar de um trabalho acadecircmico e de baixo custo natildeo houve a

possibilidade de utilizaccedilatildeo de ferramentas desta espeacutecie desta maneira a tabela

foi toda desenvolvida experimentalmente atraveacutes de horas observando

deficiecircncias e comportamentos do funcionamento do motor

5 Dados do Motor (Modificado)

Tendo em vista que este motor eacute proveniente de uma motocicleta de

competiccedilatildeo as caracteriacutesticas originais dele foram modificadas e a motocicleta

utilizada no projeto tambeacutem (conforme Figura 61) Seguem os dados teacutecnicos

com a modificaccedilotildees do motor

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 59mm x 50mm

Cilindrada 1367cmsup3

Taxa de Compressatildeo 145 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Injeccedilatildeo eletrocircnica com corpo de borboletas de 35mm

de diacircmetro e injetor de combustiacutevel Keihin Flex

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo gerenciada a partir da ECU com o uso de Bobina

Bosch utilizada em motores Volkswagen AP ndash MI

Lubrificaccedilatildeo Premix na proporccedilatildeo de 35ml por litro de etanol

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Etanol

Potecircncia 245cv a 9400rpm

Torque 190kgfm a 9000rpm

88

Fonte Autor

6 Resultados

Os resultados obtidos neste trabalho foram deveras satisfatoacuterios

mostrando que eacute possiacutevel o funcionamento de um motor de ciclo dois tempos

utilizando como meacutetodo de injeccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo um sistema de

gerenciamento eletrocircnico moderno Abordagem essa que seria impensaacutevel anos

atraacutes hoje se tornou uma realidade talvez abrindo novos horizontes para o futuro

de motores que utilizem ciclo dois tempos talvez natildeo comercialmente mas ainda

que para seu uso em competiccedilotildees possa ser extraiacutedo o maacuteximo de rendimento

possiacutevel

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees

89

7 Conclusatildeo

Seguramente o desenvolvimento de uma metodologia soacutelida no

desenvolvimento de sistemas de gerenciamento eletrocircnico e calibraccedilatildeo voltadas

para motores de ciclo dois tempos natildeo seraacute uma tarefa faacutecil existe uma longa

estrada a se percorrer para se chegar ao mesmo niacutevel de desenvolvimento

existente destes sistemas para motores de ciclo quatro tempos ou mesmo diesel

Contudo o projeto se mostrou viaacutevel e mesmo que natildeo tenha havido

possibilidade de testes em dinamocircmetro o comportamento do motor mostrou-se

estaacutevel com o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica Possivelmente houve ganhos de

desempenho e esses testes podem ser executados como tarefa futura no intuito

de comprovar possiacuteveis resultados favoraacuteveis

Cabe aos futuros projetos novas soluccedilotildees e abordagens que podem ser

pensadas especificamente para o motor de ciclo dois tempos pois mesmo que

sua fabricaccedilatildeo seja descontinuada para veiacuteculos comerciais sua fabricaccedilatildeo para

suprir necessidades de veiacuteculos de competiccedilatildeo ainda pode prosseguir por anos

e o uso de tecnologia moderna nesses motores pode vir a extrair niacuteveis de

potecircncia e torque antes natildeo atingidos com a utilizaccedilatildeo de igniccedilotildees de ponto fixo

e carburadores Tambeacutem pode alterar caracteriacutesticas de desempenho do motor

como a falta de torque em baixas rotaccedilotildees

Neste projeto o motor original utilizado natildeo foi fabricado para comportar

uma injeccedilatildeo eletrocircnica por isso houve muitos esforccedilos nas adaptaccedilotildees para que

o funcionamento deste motor com esta tecnologia fosse possiacutevel Poreacutem se

pensarmos em uma produccedilatildeo fabril para motores dois tempos projetados para

que utilizem injeccedilatildeo eletrocircnica originalmente isso torna o processo todo muito

mais viaacutevel do ponto de vista comercial aleacutem de implementar uma tecnologia

que tiraria os motores de ciclo dois tempos da aposentadoria podendo ateacute se

pensar em niacuteveis de emissotildees poluentes melhores mesmo que seu uso seja

exclusivo apenas em competiccedilotildees De toda forma um passo foi dado com a

realizaccedilatildeo deste projeto e o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica se mostrou ser uma

tecnologia segura e confiaacutevel para a utilizaccedilatildeo em motores de ciclo dois tempos

90

8 Propostas Futuras

Vaacuterios passos podem ser dados como propostas futuras mas pensando

no alto iacutendice de poluiccedilatildeo gerado por este tipo de motor pode se pensar em um

controle eletrocircnico da injeccedilatildeo de oacuteleo dois tempos para lubrificaccedilatildeo podendo-se

desenvolver algum meacutetodo de verificaccedilatildeo da necessidade de lubrificaccedilatildeo do

motor fazendo injeccedilatildeo de oacuteleo controlada por quantidade e por demanda

Tambeacutem pode-se pensar na utilizaccedilatildeo de catalisadores no escapamento para

diminuiccedilatildeo das emissotildees de gases poluentes o que com certeza deveraacute ser

estudado e caberaacute diversos testes e experimentaccedilotildees de materiais poreacutem

podendo obter resultados positivos

No sistema de injeccedilatildeo de combustiacutevel utilizado neste trabalho foi usado

o meacutetodo de injeccedilatildeo indireta de baixa pressatildeo utilizando uma pressatildeo na linha

de combustiacutevel na ordem de 3bar Futuramente pode-se fazer testes e anaacutelises

a respeito do uso da injeccedilatildeo indireta de combustiacutevel neste tipo de motor em

busca de quais seriam seus benefiacutecios Ainda sobre a injeccedilatildeo de combustiacutevel

uma anaacutelise que deve ser feita eacute em relaccedilatildeo a modificaccedilatildeo da posiccedilatildeo do injetor

de combustiacutevel que atualmente se situa no coletor de admissatildeo este pode ser

montado em alguma posiccedilatildeo estrateacutegica como no caacuterter do motor diretamente

ou em alguma das janelas por exemplo nas janelas de transferecircncia devendo-

se analisar os ganhos e perdas dessa montagem

Um sistema que foi utilizado neste trabalho poreacutem trouxe pouco benefiacutecio

foi o uso do sensor MAP Devido agrave baixa depressatildeo no coletor de admissatildeo

gerada por motores dois tempos uma soluccedilatildeo seria a aquisiccedilatildeo de dados com

alguns sensores de pressatildeo instalados em determinados pontos do motor como

no caacuterter admissatildeo e janelas de transferecircncia Isto para se analisar pontos de

baixa e alta pressatildeo durante os ciclos do motor podendo ser criado um algoritmo

que calcule uma meacutedia de pressatildeo mais palpaacutevel que possa ser levada em conta

na calibraccedilatildeo da injeccedilatildeo de combustiacutevel

91

9 Referecircncias Bibliograacuteficas

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Society of Automotive Engineers Inc 1996

Boothroyd Dave Forgotten Hero The man who invented the two-stroke

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92

10 Referecircncia Figuras

Figura 1

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1922

Figura 2

Fonte

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acessado em 26052019 agraves 1924

Figura 3

Fonte httpsiebayimgcomimagesg~TsAAOSw~1FUVYxas-l1600jpg

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Figura 4

Fonte httpswwwamazonesBoyesen-varillas-vC3A1lvula-Yamaha-

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Figura 5

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Figura 6

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Figura 7

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a12i2jpg acessado em 26052019 agraves 1941

Figura 8

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configuration-portjpg acessado em 26052019 agraves 1944

93

Figura 9

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Figura 10

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 11

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Figura 12

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Haynes 1999

Figura 13

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acessado em 02062019 agraves 2051

Figura 14

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 15

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 16

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 17

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exhaust-valveshtml acessado em 02062019 agraves 2055

Figura 18

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

94

Figura 19

Fonte httpthunderproductscomattachment_id=316 acessado em

02062019 agraves 2100

Figura 20

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom201404 acessado em 02062019 agraves

2104

Figura 21

Fonte httpflaviolucasmmblogspotcom201508componentes-da-injecao-

eletronicahtml acessado em 02062019 agraves 2110

Figura 22

Fonte httpsmotos-motorcombrmfipeprecos-tabela-yamaha-rd-135-1994

acessado em 02062019 agraves 2116

Figura 23

Fonte httpswwwjapanbaikucomtm-27-8006 acessado em

02062019 agraves 2122

Figura 24

Fonte httpswwwcustojustoptleiriapecas-motasrotor-motoplat-bobine-

externa-anti-horario-28261205 acessado em 02062019 agraves 2124

Figura 25

Fonte Autor

Figura 26

Fonte Autor

Figura 27

Fonte Autor

Figura 28

Fonte Autor

Figura 29

Fonte Autor

Figura 30

Fonte Autor

95

Figura 31

Fonte Autor

Figura 32

Fonte Autor

Figura 33

Fonte httpswwwmagnetimarellicomnode65 acessado em 02062019 agraves

2130

Figura 34

Fonte httpswwwbosch-motorsportcomcontentdownloadsRacepartsen-

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Figura 35

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Figura 36

Fonte httpswwwamazoncomSmartProjects-Mega-Arduino-MEGA-

BoarddpB004A7H3DG acessado em 02062019 agraves 2141

Figura 37

Fonte

httpsSpeeduinocomshopindexphpid_product=18ampcontroller=product

acessado em 02062019 agraves 2145

Figura 38

Fonte Autor

Figura 39

Fonte Autor

Figura 40

Fonte Autor

Figura 41

Fonte Autor

Figura 42

Fonte Autor

Figura 43

Fonte Autor

96

Figura 44

Fonte Autor

Figura 45

Fonte Autor

Figura 46

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-879906333-080036-sensor-de-

rotaco-fiat-idea-e-torq-16-linea-16-18-_JMquantity=1 acessado em

02062019 agraves 2220

Figura 47

Fonte Autor

Figura 48

Fonte Autor

Figura 49

Fonte Autor

Figura 50

Fonte Autor

Figura 51

Fonte Autor

Figura 52

Fonte Autor

Figura 53

Fonte Autor

Figura 54

Fonte Slides aulas SAGE ndash Prof MSc Adriano Ribolla

Figura 55

Fonte Autor

Figura 56

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-839220558-bobina-ignico-gol-

saveiro-parati-10-kombi-16-mi-3-pinos-

_JMmatt_tool=14302715ampmatt_wordampgclid=CjwKCAjwr8zoBRA0EiwANmvpYI

z4XlO7l-

97

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Figura 57

Fonte httpswwwacnpecascombrprodutocabo-de-vela-fiat-tipo-1-6-ie-mpi-

todos-injecao-eletronica acessado em 22062019 agraves 2345

Figura 58

Fonte Autor

Figura 59

Fonte Autor

Figura 60

Fonte Autor

Figura 61

Fonte Autor

98

Apecircndice I

Lista de peccedilas e componentes utilizados

Componente Fabricante Part Number (OEM)

Fabricante Part Number (Reposiccedilatildeo)

Qtd

Injetor de Combustiacutevel Keihin 3340-9657-7489 Magnetron MAGNETRON 154-209-B 1

Bobina de Igniccedilatildeo Bosch F000ZS0104 NGK NGK U1092 1

Cabo de Vela Bosch F00099C067 NGK NGK SC-T58 1

Sensor Hiacutebrido - MAP - TPS - IAT

Keihin 16060-KVK-901 MTE-Thomson

MTE6701 1

Sensor de Rotacatildeo HALL Continental 55223464 MTE-Thomson

MTE70565 1

Bomba de Combustiacutevel Delphi BCD 00101 Bosch 580464070 1

Regulador de Pressatildeo Comb

SPA SPA TURBO 1

Roda Focircnica 60-2 Fueltech JR7401PTAz 1

Corpo de Boboletas XR300

Keihin 1641A-KWT-305 1

99

Anexo A

Esquema eleacutetrico do sistema de gerenciamento eletrocircnico

100

101

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

Anexo B

Datasheet Sensor MAP ndash NXPFreescale MPX4250AP

112

113

114

115

116

117

118

119

120

121

122

123

124

125

126

127

Anexo C

Lista de componentes Speeduino

Qtd Referecircncia na Placa Componente Valor Modelo

1 C16 CAP TANT 10uF 35V 10 RADIAL 10uF

6 C2C4C6C8C10C24 CAP CER 022uF 50V 10 RADIAL 220nF 224

7 C1C3C5C7C9C13C15 CAP CER 01uF 50V 20 RADIAL 100nF 104

1 C14 CAP TANT 47uF 63V 10 RADIAL 47uF

1 C18 CAP CER 033uF 50V 10 RADIAL 330nF 334

2 C19C25 CAP CER 10000pF 50V 10 RADIAL 10nF 103

3 C11C12C20 CAP CER 1uF 50V 20 RADIAL 1uF 105

1 C23 CAP CER 4700pF 100V 10 RADIAL 47nF 472

1 D16 DIODO ZENER 56V 3W AXIAL 1N5919BG 1N5919BG 2 D15D17 DIODO SCHOTTKY 1A 30V DO41 1N5818 1N5818

8 LED1LED2LED3LED4

LED5LED6LED7LED8 LED SS 3MM LED

4 D9D10D11D12 DIODO USO GERAL 400V 1A DO41 1N4004 1N4004

1 U2 VARISTOR 14MM 22V 1000A ZNR Varistor ZNR

V14D220

8 Q1Q2Q3Q4Q5Q6Q7

Q8 MOSFET N-CH 33V TO-220

62A

MOSFET STP75NS04Z

1 R54 RES 100K Ohm 14W 1 METAL

FILM 10kΩ

14W - 1

17

R10R13R16R19R21

R23R24R29R30R39

R40R50R51R57R58

R59R60

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 1kΩ

14W - 1

4 R9R12R15R18 RES 680 Ohm 06W 1 AXIAL 680Ω 14W - 1

6 R2R4R6R8R22R41 RES FILME METAacuteLICO 14W 470

Ohm 1 AXIAL 470Ω

14W - 1

7 R1R3R26R28R33R34

R61

249k Ohm plusmn1 025W 14W FILME

METAacuteLICO 249kΩ

14W - 1

1 R7 RES 39K Ohm 14W 01 FILME

METAacuteLICO 39kΩ

14W - 1

12

R11R14R17R20R35R3

6R37R38R48R49

R55R56

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 100kΩ

14W - 1

4 R25R27R31R32 RES 160 Ohm 2W 1 AXIAL 160Ω 2W - 1

1 U1 REGULADOR DE TENSAtildeO

LM2940-50 1A TO220 LM2940T 50NOPB

1 MPX4250A SENSOR MAP 363 PSI MAX 1-Bar MAP MPX4250AP

2 IC1IC2 CI MOSFET DVR 3A DUAL HS 8-DIP TC4424EP

A TC4424EPA

Page 3: FACULDADE DE TECNOLOGIA FATEC SANTO ANDRÉfatecsantoandre.edu.br/arquivos/TCC/227-Mecanica/TCC511.pdfLista de Unidades de Medida cm³ - unidade de volume, centímetros cúbicos mm

FICHA CATALOGRAacuteFICA

S237m Santos Viniacutecius Godoy dos

Montagem e calibraccedilatildeo de um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica baseada em arduino em um motor de ciclo 2 tempos Viniacutecius Godoy dos Santos - Santo Andreacute 2019 ndash 127f il Trabalho de Conclusatildeo de Curso ndash FATEC Santo Andreacute

Curso de Tecnologia em Mecacircnica automobiliacutestica 2019 Orientador Prof Adriano Ribolla

1 Mecacircnica 2 Automoacuteveis 3 Motores 4 Motores de Combustatildeo Interna 5 Motores de ciclo dois tempos 6 Software 7 Programa 8 Arduino 9 Injeccedilatildeo eletrocircnica I Montagem e calibraccedilatildeo de um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica baseada em arduino em um motor de ciclo 2 tempos

6292

AGRADECIMENTOS

Agrave minha namorada Ana Silvia Morais pela paciecircncia e compreensatildeo em todos

os momentos que tive de estar ausente e tambeacutem pelo grande incentivo em

momentos difiacuteceis

Aos meus pais Valdir Joseacute dos Santos e Solange Dirce de Godoy dos Santos

que me deram o alicerce do conhecimento e do respeito a quem devo muito

Aos professores da Fatec com quem tive a oportunidade de adquirir enorme

conhecimento teacutecnico em especial ao meu orientador Adriano Ribolla pessoa

pela qual tenho o maior respeito e honra de poder aprender cada dia mais

E a todas as pessoas e amigos que de uma maneira ou outra contribuiacuteram para

o meu conhecimento nessa longa jornada da vida

ldquoPenso 99 vezes e nada descubro Deixo de pensar

mergulho no silecircncio e a verdade me eacute revelada rdquo

Albert Einstein

RESUMO

Os motores de combustatildeo interna parecem ter seus dias contados mas

enquanto este fato natildeo acontece buscamos alternativas para que eles possam

ter uma sobrevida Especificamente os motores de ciclo dois tempos possuem

caracteriacutesticas que ainda natildeo conseguiram ser alcanccediladas mesmo com toda a

tecnologia embarcada nos motores de combustatildeo interna atualmente Se

comparado com motores similares de outros tipos de ciclo possuem baixa

massa simplicidade de construccedilatildeo possuindo poucas peccedilas moacuteveis e alta

eficiecircncia volumeacutetrica poreacutem por queimarem oacuteleo e natildeo possuiacuterem vaacutelvulas seu

processo de combustatildeo gera uma maior quantidade de compostos poluentes

emitidos para a atmosfera

Este trabalho visa obter resultados positivos ao proporcionar o uso de uma

tecnologia moderna em um antigo motor de ciclo dois tempos que originalmente

utilizava como sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel um carburador Mikuni

com venturi de 24mm mostrando que pode valer a pena sua possiacutevel aplicaccedilatildeo

comercial nos dias atuais em possiacuteveis casos E a proposta embarcada neste

trabalho natildeo eacute um fato isolado tendo em vista que alguns fabricantes

desenvolvem novas tecnologias aplicadas a este tipo de motor nos dias de hoje

tais como KTM SportMotorcycle AG BRP-Rotax Tm Racing Sutter Engineering

empresas essas que oferecem tecnologia eletrocircnica em motores de ciclo dois

tempos nos dias atuais atendendo determinados nichos de mercado como

motores de motocicletas de competiccedilatildeo karts snowmobiles e motores naacuteuticos

Este fato corrobora que esta ideia de tecnologia natildeo estaacute morta (para uso em

veiacuteculos da linha comercial) mas ainda estaacute muito viva em alguns setores da

induacutestria automobiliacutestica

Para tal seraacute adaptado e calibrado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica

programaacutevel (open source) chamado Speeduino que utiliza um Arduino mega

2560 como controlador Foram adaptadas tambeacutem diversas peccedilas sensores e

atuadores para que seja possiacutevel o funcionamento do mesmo

Palavras chaves Ciclo Dois Tempos Motores de Combustatildeo Interna Injeccedilatildeo

Eletrocircnica Programaacutevel Speeduino Arduino Open Source

ABSTRACT

The internal combustion engines seems to be on the borderline of its time

but in the meanwhile we search alternatives to this engines to have an extra

overtime Especificaly two stroke engines have characteristics that have not been

achieved even with all the current technology If comparated with similar engines

but of other kind of cycles two stroke engines have low mass simplicity of

construction owning few movable parts and high volumetric efficiency However

due to a huge amount of oil burning and the lack of valves its combustion process

provides an enormous amount of poluents heat are thrown into the atmosphere

This work aims to have positive results by providing the use of modern

technology in an old two stroke engine Originally this engine used a 24mm

Mikuni carburetor showing that it may be worth to be used in comercial

aplications nowadays in some cases And the proposal contained in this work is

out of an isolated fact since some manufactures have developed new

tecnologies applied to this kind of engine today just like KTM SportMotorcycle

AG BRP-Rotax TM Racing Sutter Engineering such companies that offer

electronic tecnology in two stroke engines nowadays attending specific market

spaces like race engines to bikes karts snowmobiles and nautics applications

This fact comes to show that this idea of tecnology is possible (to commercial

line vehicles) in some sectors of automotive industries

According to this a system of programable electronic fuel injection (open

source) named Speeduino which uses an Arduino mega 2560 as controller will

be adapted and tuned Several parts will be also adapted just like sensors and

actuators to make possible its operation

Keywords Two stroke cycle Internal combustion engines Programable

electronic fuel injection Speeduino Arduino Open Source

Lista de Unidades de Medida

cmsup3 - unidade de volume centiacutemetros cuacutebicos

mm - unidade de medida miliacutemetros

Kgmf - unidade de torque quilograma forccedila vezes metro

Nm - unidade de torque Newton vezes metro

Bar - unidade de pressatildeo

Kmh - quilocircmetros por hora

degC - graus Celsius unidade de temperatura

deg - graus unidade de acircngulo

1min - unidade de rotaccedilatildeo por minuto

HP - Horse Power unidade de potecircncia

Cv - Cavalo Vapor unidade de potecircncia

V - Volts unidade de tensatildeo eleacutetrica

mA - mili ampeacutere unidade de corrente eleacutetrica

Ohms - unidade de resistecircncia eleacutetrica

MHz - Mega Hertzunidade de frequecircncia

KB - quilobyte unidade de capacidade de armazenamendo ou memoacuteria

Lista de Siglas e Abreviaturas

RPM - Rotaccedilotildees por minuto

PMS - Ponto morto superior

PMI - Ponto morto inferior

CDI - Capacitor Discharge Ignition

PWM - Pulse with modulation

SMD - Surface mounting device

GND - Ground

AP - Modelo de motor Volkswagen

EA111 - Modelo de motor Volkswagen

E-torq - Modelo de motor Fiat

DIY - Do it yourself

MAP - Manifold Absolute Pressure

IAT - Intake Air Temperature

TPS - Throttle Position Sensor

YPVS - Yamaha Power Valve System

Stand-Alone ndash Sistema que funciona independente de outros

Sumaacuterio

1 Introduccedilatildeo 18

11 Motivaccedilatildeo 19

12 Objetivos 21

13 Contribuiccedilotildees Esperadas 21

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho 22

2 Fundamentaccedilatildeo 23

21 Objetivos do Capiacutetulo 24

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos 24

23 Admissatildeo 29

24 Compressatildeo 31

25 Combustatildeo 35

251 Igniccedilatildeo 36

26 Exaustatildeo 37

261 Escapamento 41

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna 48

3 Detalhamento do Projeto 51

31 Dados do Motor 52

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico 58

33 Arduino Mega 2560 60

34 Speeduino 62

35 Montagem do Sistema Speeduino 63

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico 72

37 Corpo de Borboleta 76

38 Unidade de Sensores 77

381 Sensor TPS 77

382 Sensor IAT 78

383 Sensor MAP 79

39 Sistema de Igniccedilatildeo 82

4 Calibraccedilatildeo do Motor 83

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais 83

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel 85

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo 86

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada 87

5 Dados do Motor (Modificado) 87

6 Resultados 88

7 Conclusatildeo 89

8 Propostas Futuras 90

9 Referecircncias Bibliograacuteficas 91

10 Referecircncia Figuras 92

Apecircndice I 98

Anexo A 99

Anexo B 111

Anexo C 127

Lista de Figuras

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos 25

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro 26

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto 26

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas 27

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa 27

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter

do motor passando pela vaacutelvula de palhetas 28

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor

permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel 29

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

30

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos

pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro 31

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando

formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto 32

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo 33

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio

de platinado 36

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts 37

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF 39

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida 39

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System 40

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos 41

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos 42

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante 48

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo 49

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus

perifeacutericos 50

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135 51

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30 53

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo 53

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia 54

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto 55

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1 55

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2 56

Figura 29 - Processo de pintura 56

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo 57

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada 57

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta 58

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport 59

Figura 34 - ECU Bosch MS 151 59

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino 60

Figura 36 - Arduino Mega 2560 61

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino 63

Figura 38 - Inicio da montagem da placa 64

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada 65

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio 66

Figura 41 - Aterramento refeito externamente 67

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico 68

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada 69

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica 70

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes 71

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v 71

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall 72

Figura 48 - Roda Focircnica 73

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 74

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 75

Figura 51 - Corpo de Borboleta 76

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS 78

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT 79

Figura 54 - Princiacutepio strain gage 80

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP 81

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW 82

Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo 82

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor 84

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE 85

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo 86

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees 88

Lista de Graacuteficos

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3

1996 20

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos

com rotaccedilatildeo em 6000 RPM 35

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de

retorno 44

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor 46

Lista de Quadros

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos 23

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para oldquoHeaderrdquo 43

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor 44

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor 45

Quadro 5 - Comprimento da ponteira 47

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560 61

Lista de Foacutermulas

1 - Caacutelculo da Taxa de Compressatildeo 34

2 - Volume a ser comprimido (fabricantes japoneses) 34

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento 42

4 - Dimensotildees do Escapamento Header 43

5 - Dimensotildees do Escapamento Difusor 45

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor 46

7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo 47

8 - Caacutelculo do Fator Gauge 80

18

1 Introduccedilatildeo

Em 1878 um engenheiro escocecircs criou o projeto tido como o primeiro motor

de ciclo dois tempos e eacute atribuiacutedo a ele esta invenccedilatildeo este engenheiro era

Dugald Clerk Poreacutem este motor possuiacutea algumas diferenccedilas dos motores dois

tempos que conhecemos e utilizamos durante todo o seacuteculo XX ateacute os dias de

hoje Nos motores de Clerk a admissatildeo era feita por bombeamento separado do

motor possuiacutea vaacutelvulas e utilizava gaacutes como combustiacutevel (NUNNEY 1992)

O primeiro motor de ciclo dois tempos com as caracteriacutesticas que hoje

conhecemos com admissatildeo inicial e compressatildeo no caacuterter transferecircncia da

mistura feita por janelas nas laterais do cilindro sem vaacutelvulas soacute foi inventado

por volta de 1892 pelo inglecircs Joseph Day que por volta de 1889 comeccedilou a

desenvolver um motor de combustatildeo interna sem infringir as patentes de

Nikolaus Otto as quais eram as patentes do motor com ciclo a quatro tempos

(BOOTHROYD 2006)

As patentes de Nikolaus Otto satildeo atualmente invaacutelidas e atribuiacutedas a um

engenheiro francecircs Alphonse-Eugene Beau de Rochas o qual havia feito todos

estudos pesquisas e projetos sobre este ciclo anos antes em 1862 poreacutem natildeo

chegou a construir um motor assim como Otto o fez (TILLMAN 2013)

A invenccedilatildeo do motor dois tempos eacute creditada a Dugald Clerk Satildeo citados

diversos pesquisadores engenheiros inventores e construtores como pessoas

que desenvolveram e agregaram conhecimento a este tipo de motor poreacutem foi

possiacutevel observar durante as pesquisas que Day eacute pouco lembrado em livros e

documentos poreacutem historicamente foi quem idealizou e construiu as soluccedilotildees

para o motor dois tempos que utilizamos quase que literalmente ateacute os dias de

hoje (BOOTHROYD 2006)

Durante o seacuteculo XX os motores dois tempos foram amplamente utilizados

na induacutestria automotiva Foram construiacutedos diversos veiacuteculos com esses

motores carros motocicletas caminhotildees e tratores O primeiro estudo e

construccedilatildeo de protoacutetipo de injeccedilatildeo eletrocircnica voltada para motores dois tempos

aconteceu em 1978 exatos cem anos da construccedilatildeo do motor de Clerk e foi

feita por Edmond Vieilledent que conseguiu obter relativo sucesso em suas

pesquisas e desenvolvimento poreacutem a tecnologia de microprocessamento na

19

eacutepoca inicial e o custo para implementaccedilatildeo relativamente alto em motores de

baixa cilindrada aparentemente inviabilizou o projeto em larga escala

(VIEILLEDENT 1978)

Quarenta anos apoacutes o trabalho de Vieilledent em 2018 a fabricante de

motocicletas austriacuteacas KTM Motorcycle disponibiliza para venda no mercado

motocicletas de competiccedilatildeo off-road de 250 e 300cmsup3 com sistema de injeccedilatildeo

eletrocircnica o que vem a corroborar a ideia de que os motores dois tempos para

determinadas aplicaccedilotildees merecem a implementaccedilatildeo de novas tecnologias para

que haja junto com a evoluccedilatildeo eletrocircnica novos resultados aplicados aos

motores dois tempos

11 Motivaccedilatildeo

As motivaccedilotildees deste trabalho surgem da premissa de reduzir algumas

deficiecircncias intriacutensecas do funcionamento dos motores de ciclo dois tempos

funcionamento que seraacute abordado e explicado em um toacutepico especiacutefico adiante

Para isso seraacute utilizado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel com

processamento de dados feito a partir de um Arduino Mega 2560 montado em

um motor Yamaha de 135cmsup3 de 2 tempos de fabricaccedilatildeo nacional produzido ateacute

o ano de 2000 Este motor equipou por mais de vinte anos as motocicletas

Yamaha Rd e Rdz 135cmsup3 e possuiacuteam como sistema de alimentaccedilatildeo de

combustiacutevel carburadores com diacircmetro de venturi 24mm e 26mm

respectivamente e sistema de igniccedilatildeo por descarga capacitiva com curva de

igniccedilatildeo preacute-estabelecida

Os motores dois tempos possuem caracteriacutesticas de funcionamento muito

peculiares e produzem uma potecircncia especiacutefica relativamente alta poreacutem esta

potecircncia vem de uma curva de torque caracteriacutestica do projeto do motor sendo

muito difiacutecil conseguir obter uma curva onde se consiga que a potecircncia seja alta

em todas as faixas de rotaccedilatildeo A maioria dos projetos de motores dois tempos

favorece a potecircncia em uma faixa de rotaccedilatildeo muito estreita por exemplo motores

que satildeo projetados para terem alto torque natildeo possuem alta rotaccedilatildeo e motores

para alta potecircncia soacute conseguem atingir esta potecircncia apoacutes os 10000rpm e todo

o resto da curva de potecircncia do motor eacute esquecida Este trabalho visa a

20

introduccedilatildeo de um sistema de gerenciamento de combustiacutevel e igniccedilatildeo eletrocircnico

para obter uma possiacutevel melhora da faixa de potecircncia aumentando a largura

dessa faixa de potecircncia elevada

Podemos notar ao analisarmos o graacutefico 1 que este tipo de motor produz

uma faixa de trabalho uacutetil de aproximadamente 1500 rpm somente apoacutes os

10000 rpm esta caracteriacutestica torna a pilotagem destas motocicletas em regime

de competiccedilatildeo muito difiacutecil e cansativa

Fonte httppulpmxcom

Com a inserccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico seraacute feita a

tentativa de implementar uma calibraccedilatildeo que natildeo privilegie somente uma faixa

tatildeo pequena de trabalho buscando antecipar e ampliar esta faixa de potecircncia

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3 1996

21

12 Objetivos

Os objetivos deste trabalho satildeo construir montar adaptar e talvez a parte

mais complexa calibrar um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel em um

motor de ciclo dois tempos Natildeo existem muitas informaccedilotildees a respeito de

calibraccedilatildeo eletrocircnica para motores em geral muito menos para motores dois

tempos o que torna esse acerto um tanto quanto difiacutecil

Como descrito anteriormente a motivaccedilatildeo vecircm da capacidade de tentar

incrementar potecircncia em um motor de pouca massa e isso eacute o essencial para

regimes de performance em competiccedilotildees de karts naacuteuticas e de motocicletas

A busca seraacute por uma calibraccedilatildeo final que alargue a faixa de potecircncia do motor

ou seja melhorando suas caracteriacutesticas de funcionamento utilizando um

sistema de gerenciamento eletrocircnico com alguns sensores que seja confiaacutevel e

que permita a sua utilizaccedilatildeo em quaisquer condiccedilotildees climaacuteticas e ambientais

tais como umidade temperatura e pressatildeo atmosfeacuterica

13 Contribuiccedilotildees Esperadas

As contribuiccedilotildees estatildeo relacionadas com os objetivos descritos na

subseccedilatildeo 12 e satildeo elas

a) Promover uma anaacutelise de forma ampla sobre os aspectos positivos e

negativos dos motores que utilizam o ciclo de dois tempos

b) Renovar alguns dados encontrados na literatura teacutecnica a respeito dos

motores dois tempos que na maioria dos livros sobre motores de

combustatildeo interna satildeo dados advindos do estudo de motores anteriores

a deacutecada de 1950 ou seja informaccedilotildees que merecem atualizaccedilatildeo

c) Expor os aspectos positivos do uso da eletrocircnica e programaccedilatildeo no

gerenciamento de motores

d) Possibilitar a adaptaccedilatildeo de uma tecnologia moderna e aberta (open

source) em antigos motores de combustatildeo interna que originalmente

possuiacuteam alimentaccedilatildeo de combustiacutevel mecacircnica e sistema de igniccedilatildeo

simplificado

e) Mostrar as possiacuteveis e esperadas dificuldades de se calibrar o sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos

22

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho

Este trabalho abordaraacute a inserccedilatildeo de um sistema de gerenciamento

eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos sendo assim o assunto eacute abordado

em trecircs fases

Fase Inicial Aborda todo o conceito de funcionamento mecacircnico do motor

de ciclo dois tempos princiacutepios caracteriacutesticas de construccedilatildeo soluccedilotildees

adotadas ao longo da histoacuteria principais aplicaccedilotildees Esta parte tambeacutem tem por

objetivo ampliar o entendimento deste tipo de motor que eacute pouco esclarecido

em literaturas teacutecnicas e quando apresentado em livros utiliza o princiacutepio de

funcionamento correto poreacutem demonstra exemplos de motores antigos sem

muitas soluccedilotildees eficientes

Fase Intermediaacuteria Aborda todas as soluccedilotildees eleacutetricas e eletrocircnicas que

seratildeo utilizadas para o desenvolvimento do protoacutetipo histoacuterico de aplicaccedilotildees em

motores dois tempos processo de escolha montagem de componentes e

sensores anaacutelise de funcionamento e dificuldades enfrentadas

Fase Final Mostra os processos necessaacuterios para fazer a calibraccedilatildeo de

um motor de combustatildeo interna utilizando gerenciamento eletrocircnico aplicaccedilatildeo

em motores dois tempos quais as dificuldades e resultados obtidos

23

2 Fundamentaccedilatildeo

Os motores de ciclo dois tempos possuem o conceito mecacircnico da

termodinacircmica para seu funcionamento onde eacute admitido uma mistura de ar e

combustiacutevel pelo orifiacutecio de admissatildeo Posteriormente essa mistura sofre uma

melhor homogeneizaccedilatildeo no caacuterter junto ao eixo de manivelas onde tambeacutem eacute

comprimido e transferido para a cabeccedila do pistatildeo pelos orifiacutecios de transferecircncia

apoacutes a transferecircncia o pistatildeo inicia o ciclo de subida sentido PMS onde comprime

a mistura ar combustiacutevel e sofre combustatildeo por meio de uma centelha

Nos motores de ciclo dois tempos os pistotildees assim como nos motores

com ciclo quatro tempos possuem movimento alternativo em relaccedilatildeo ao cilindro

poreacutem a lubrificaccedilatildeo dos cilindros eacute feita por meio de oacuteleo misturado com o

combustiacutevel podendo ser forccedilado por uma bomba de lubrificaccedilatildeo que injeta o

oacuteleo no orifiacutecio de admissatildeo ou mesmo por uma mistura oacuteleocombustiacutevel que

pode ser previamente feita Esse sistema simplifica todo o funcionamento deste

tipo de motor poreacutem tambeacutem traz consigo suas deficiecircncias intriacutensecas desse

processo de combustatildeo

Segundo o Manual de Tecnologia Automotiva Bosch (2005) os motores

dois tempos possuem as vantagens e desvantagens que vemos a seguir

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos

Vantagens Desvantagens

Design Simples do Motor Maior Consumo de Combustiacutevel

Baixo Peso Altas Emissotildees de

Hidrocarbonetos

Baixo Custo de Fabricaccedilatildeo Pressatildeo Efetiva Meacutedia mais

Baixa

Padratildeo Melhor de Forccedila de

Torccedilatildeo

Cargas Teacutermicas mais Altas

Marcha Lenta mais deficiente

(Bosch 2005)

24

O desenvolvimento deste trabalho natildeo busca fazer um comparativo entre

os diversos ciclos de funcionamento dos motores de combustatildeo interna

existentes apesar de que em determinados toacutepicos essa comparaccedilatildeo seja

inevitaacutevel Apoacutes a anaacutelise deste trabalho seraacute possiacutevel tirar as proacuteprias

conclusotildees a respeito do funcionamento de motores dois tempos visto que a

maioria das literaturas a respeito dos motores dois tempos natildeo satildeo especiacuteficas

nem tampouco profundas a respeito do tema

21 Objetivos do Capiacutetulo

As seccedilotildees a seguir apresentam o princiacutepio de funcionamento dos motores

de ciclo dois tempos O capiacutetulo iraacute abordar e analisar as fases de funcionamento

e alguns componentes mecacircnicos deste tipo de motor e os resultados de

possiacuteveis modificaccedilotildees em seus componentes

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos

Diferentemente dos motores de ciclo otto a 4 tempos que necessitam a

rotaccedilatildeo de 720deg do eixo aacutervore de manivelas os motores de ciclo dois tempos

necessitam apenas de 360deg do eixo aacutervore de manivelas para executar as quatro

operaccedilotildees baacutesicas de funcionamento de um motor de combustatildeo interna

- Admissatildeo

- Compressatildeo

- Combustatildeo

- Exaustatildeo

25

Apesar das operaccedilotildees e princiacutepio de funcionamento dos motores dois tempos

serem parecidas com as do ciclo otto a concepccedilatildeo e construccedilatildeo do motor eacute

totalmente diferente Os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como

existem nos motores de ciclo otto pelo menos natildeo no sistema mais baacutesico de

funcionamento desses motores (conforme Figura 1)

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos

Editado pelo Autor Fonte httpswwwshutterstockcom

No sistema baacutesico de funcionamento de um motor dois tempos o cilindro possui

aberturas chamadas janelas elas satildeo como portas para entrada e saiacuteda da

mistura arcombustiacutevel

A mistura arcombustiacutevel apoacutes ser succionada atraveacutes do carburador entra

atraveacutes da chamada janela de admissatildeo no cilindro (conforme Figura 2) e chega

primeiramente no caacuterter do motor alguns motores normalmente os de

competiccedilatildeo ou maior performance possuem a entrada de arcombustiacutevel

diretamente no caacuterter (conforme Figura 3) natildeo necessitando entrar no cilindro e

ir para o caacuterter poreacutem isto natildeo eacute regra A entrada desse combustiacutevel no caacuterter

tambeacutem eacute utilizada para a lubrificaccedilatildeo dos rolamentos inferiores do motor jaacute que

na maioria dos casos o combustiacutevel e oacuteleo lubrificante satildeo misturados salvo

26

raros casos em que existem pontos de injeccedilatildeo apenas de oacuteleo em determinadas

partes do motor

Editado pelo Autor Fonte httpwwwrichstaylordportingcom

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto

Editado pelo Autor Fonte httpwwwebaycom

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro

27

Como dito anteriormente os motores dois tempos em essecircncia natildeo utilizam

vaacutelvulas poreacutem com o desenvolvimento desse tipo de motor foi-se aprimorando

a tecnologia e notou-se a necessidade do uso de vaacutelvulas na admissatildeo visto

que parte da mistura era expelida novamente pela admissatildeo quando havia

compressatildeo no caacuterter anteriormente este papel de vaacutelvula de admissatildeo era feito

pelo proacuteprio pistatildeo que ao passar pela janela de admissatildeo determinava os

intervalos de tempo entre admissatildeo e exaustatildeo Para melhorar a eficiecircncia do

sistema de vaacutelvula feito pelo pistatildeo adotou-se principalmente dois sistemas o

sistema de palhetas (conforme Figura 4) e o sistema de vaacutelvula rotativa

(conforme Figura 5)

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas

Fonte wwwamazoncom

Fonte httpscellcodeus

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa

28

Apoacutes ser recebida no caacuterter a mistura arcombustiacutevel eacute comprimida com a

descida do pistatildeo sentido ao PMI o que gera o aumento de pressatildeo no caacuterter e

faz com que a mistura seja transportada para a parte superior do pistatildeo atraveacutes

das chamadas janelas de transferecircncia (conforme Figura 6) Essas janelas

possuem aberturas na parte inferior do cilindro junto ao caacuterter do motor que eacute

por onde passa esta mistura arcombustiacutevel essas aberturas ligam dutos de

transferecircncia ateacute uma abertura na camisa do cilindro jaacute na parte superior do

pistatildeo (conforme Figura 6) Com a mistura jaacute na parte superior do pistatildeo ela eacute

comprimida e por fim queimada e os gases resultantes da queima satildeo expulsos

pela janela de exaustatildeo (conforme Figura 6)

Editado pelo Autor Fonte wwwpatentimagescom

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter do motor passando pela vaacutelvula de palhetas

29

23 Admissatildeo

O processo de admissatildeo inicia-se com a subida do pistatildeo sentido PMS

isso cria uma pequena depressatildeo no caacuterter do motor poreacutem suficiente para

arrastar a mistura arcombustiacutevellubrificante advinda do sistema de alimentaccedilatildeo

usualmente carburadores Essa mistura passa por vaacutelvulas que controlam a

entrada de mistura fresca no motor Na maioria dos motores atuais utilizam-se

vaacutelvulas de palhetas elas tambeacutem tecircm a funccedilatildeo de impedir que a mistura retorne

para o coletor de admissatildeo quando haacute a movimentaccedilatildeo do pistatildeo sentido PMI

(conforme Figura 7) Os primeiros motores de Joseph Day jaacute haviam adotado

uma soluccedilatildeo de vaacutelvulas de palhetas poreacutem esse sistema foi esquecido por

muitos anos e novamente adotados para motores de motocicletas de competiccedilatildeo

em meados dos anos 70 Notemos que a mistura no caacuterter do motor aleacutem de ar

e combustiacutevel tambeacutem possui lubrificante que nesse momento faz a lubrificaccedilatildeo

das peccedilas moacuteveis na parte inferior do motor Nas figuras seguintes podemos

notar como se comporta a entrada da mistura arcombustiacutevel para o caacuterter do

motor e tambeacutem o funcionamento das vaacutelvulas de palhetas

Editado pelo Autor Fonte www1bpblogspotcom

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel

30

O principal momento de admissatildeo da mistura arcombustiacutevel para o motor se daacute

com subida do pistatildeo rumo ao PMS no entanto esse natildeo eacute o uacutenico periacuteodo em

que o motor recebe mistura fresca do sistema de alimentaccedilatildeo Quando o pistatildeo

inicia o movimento de descida rumo ao PMI apoacutes a exaustatildeo tambeacutem temos

admissatildeo de mistura arcombustiacutevel fresca A quantidade eacute bem menor e se daacute

pela depressatildeo gerada pelo escape dos gases queimados junto a janela de

exaustatildeo Essa admissatildeo acontece passando por uma janela conhecida

popularmente como ldquoQuinta Luzrdquo ou em inglecircs ldquoBoost Portrdquo (conforme Figura 8)

poreacutem esse curto periacuteodo de admissatildeo tem maior influecircncia no processo de

exaustatildeo dos gases Essa admissatildeo favorece a expulsatildeo dos gases e limpeza

da cacircmara de combustatildeo para iniacutecio de um novo ciclo

Editado pelo Autor Fonte httpswwwpinterestcom

A duraccedilatildeo desse periacuteodo em graus da duraccedilatildeo da admissatildeo na quinta

luz pode ser tido como um dos periacuteodos criacuteticos no que diz respeito e eficiecircncia

do motor dois tempos pois se o periacuteodo tiver uma duraccedilatildeo muito prolongada

pode resultar em excesso de mistura fresca que eacute ldquojogada forardquo para a exaustatildeo

e se for muito curto acaba mantendo gaacutes queimado na cacircmara de combustatildeo o

que gera perda de potecircncia para o motor

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

31

24 Compressatildeo

A compressatildeo no motor dois tempos acontece assim como no motor de quatro

tempos comprimindo o volume total do cilindro em uma pequena aacuterea da cacircmara

de combustatildeo Poreacutem diferentemente do motor quatro tempos o cilindro do

motor dois tempos natildeo eacute totalmente vedado possuindo aberturas que como dito

anteriormente se chamam janelas (conforme Figura 6)

Podem existir vaacuterios formatos de cacircmara de combustatildeo ou popularmente

conhecido como cabeccedilote cada tipo buscando um resultado final diferente

(conforme Figuras 910 e 11)

Como os cabeccedilotes de motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas satildeo

praticamente um material usinado ou fundido contemplando um formato final E

esse formato nos motores dois tempos influencia muito na performance do

motor

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro

32

Os cabeccedilotes dos motores dois tempos possuem formatos que privilegiam

determinadas faixas de rotaccedilatildeo ou comportamento do motor com relaccedilatildeo a

torque Os chamados ldquoSquishrdquo satildeo um formato que impotildeem uma alta velocidade

agrave mistura em direccedilatildeo a vela de igniccedilatildeo e produz melhora no comportamento da

queima (conforme Figura 10)

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

O ldquoSquishrdquo eacute composto por algumas medidas que satildeo

Banda do Squish eacute a largura da faixa onde se concentra o squish e contorna

toda a circunferecircncia do cabeccedilote podendo ser mais larga ou estreita

dependendo do regime de funcionamento do motor

Acircngulo do Squish eacute o acircngulo feito na banda de squish podendo acompanhar

ou natildeo o acircngulo existente na cabeccedila do pistatildeo natildeo eacute usual mas podem existir

cabeccedilotes cujos acircngulos de squish sejam retos assim como a cabeccedila dos

pistotildees nesses motores

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto

33

Folga do Squish essa folga eacute a folga do topo da cabeccedila do pistatildeo quando

em PMS ateacute o ponto fiacutesico mais proacuteximo da banda de squish

Segundo Bell (1999) os cabeccedilotes que contemplam ldquoSquishrdquo vieram a

promover melhorias significantes na performance dos motores dois tempos

Esse tipo de cabeccedilote promove melhor homogeneizaccedilatildeo da mistura

arcombustiacutevel e tambeacutem de qualquer porccedilatildeo de gases de escapamento

residuais presentes na cacircmara Esse formato tambeacutem evita que a propagaccedilatildeo

de chama para as laterais do cilindro promovam o aquecimento do mesmo fator

que pode dar iniacutecio a um ciclo de detonaccedilatildeo que eacute muito prejudicial para o

funcionamento do motor

Fonte httpwwwcmraracingcom

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo

34

Um outro fator que gera uma certa confusatildeo em motores dois tempos eacute a

mediccedilatildeo da taxa de compressatildeo A compressatildeo efetiva do volume do cilindro

ocorre apenas quando os aneacuteis de segmento do pistatildeo passam pela uacuteltima

abertura sentido PMS sendo que a uacuteltima abertura em motores dois tempos satildeo

as janelas de exaustatildeo

O que pode se notar usualmente eacute que fabricantes europeus utilizam a

mesma maneira de se calcular taxa de compressatildeo de motores quatro tempos

em motores de ciclo dois tempos

onde

RC Relaccedilatildeo de Compressatildeo

VC Volume do Cilindro (cmsup3)

VCC Volume da Cacircmara de Combustatildeo (cmsup3)

Enquanto fabricantes japoneses utilizam uma maneira especiacutefica de medir

a taxa compressatildeo para motores dois tempos avaliando o volume total de

compressatildeo efetiva somente apoacutes a passagem dos aneacuteis de segmento pela

janela de escapamento fazendo sua vedaccedilatildeo Nesse caso o volume total do

cilindro natildeo entra na conta o que se utiliza eacute a altura da janela de exaustatildeo como

referecircncia para o volume total a ser comprimido

Pode-se assim calcular o Volume a ser Comprimido

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

onde

VAC Volume a ser comprimido (cmsup3)

120645 Constante

r Raio do cilindro (mm)

h distacircncia percorrida pelo pistatildeo do momento de fechamento da janela

de exaustatildeo ateacute a chegada em PMS (mm)

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

RC = VC+VCC

VCC

1-Caacutelculo da Taxa de

Compressatildeo

2 - Volume a ser comprimido

(fabricantes japoneses)

35

Quando pesquisa-se em fichas teacutecnicas sobre motores dois tempos tais

literaturas podem gerar uma confusatildeo de entendimento pois pode-se entender

que motores europeus utilizam taxa de compressatildeo muito maior que os motores

japoneses e isto natildeo eacute verdade apenas utilizam meacutetodos de mediccedilatildeo diferentes

25 Combustatildeo

O processo de combustatildeo em motores dois tempos eacute muito semelhante ao

dos motores de quatro tempos mas com uma diferenccedila essencial ao

entendimento deste tipo de motores Nos motores de ciclo de quatro tempos

acontece a centelha na vela de igniccedilatildeo a cada 720deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore

de manivelas enquanto no motor de ciclo dois tempos a centelha ocorre a cada

360deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore de manivelas ou seja a cada subida do pistatildeo

sentido PMS ocorre uma combustatildeo

Segundo Najafabadi Aziz Adams e Leman (2013) existem alguns efeitos

gerados no processo de combustatildeo advindos do ciclo anterior devido a gases

residuais que se mantiveram na cacircmara de combustatildeo Este fenocircmeno afeta a

combustatildeo podendo ocorrer avanccedilo ou atraso do tempo de igniccedilatildeo devido a

temperatura desses gases Ainda a pressatildeo no interior do cilindro que veio do

ciclo anterior afeta o fluxo de transiccedilatildeo do motor podendo a quantidade de gases

residuais ser diferente (conforme Graacutefico 2)

Fonte Najafabadi et al 2013

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos com rotaccedilatildeo em 6000 RPM

36

251 Igniccedilatildeo

Este mecanismo eacute importante para que o processo de combustatildeo seja

equilibrado bem executado e responda com um bom funcionamento do motor

Existem diversos sistemas de igniccedilatildeo disponiacuteveis para motores dois tempos

desde os mais simplificados (conforme Figura 12) ateacute sistemas programaacuteveis

onde pode-se determinar a curva de avanccedilo desejada por meio de programaccedilatildeo

do dispositivo via software (conforme Figura 13) poreacutem para entendimento do

funcionamento o esquema eleacutetrico do sistema de igniccedilatildeo por platinado possui

faacutecil entendimento este sistema foi utilizado por muitos anos e o uacutenico motivo de

cair em desuso era a necessidade de regulagem constante devido ao desgaste

mecacircnico do contato eleacutetrico

Fonte Bell 1999

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio de platinado

37

Fonte httpwwwpvl-zuendungende

26 Exaustatildeo

Este eacute com certeza o processo mais importante dentre todos os processos no

motor dois tempos a janela de exaustatildeo eacute a aacuterea do motor que se sofrer uma

alteraccedilatildeo de alguns deacutecimos de miliacutemetros pode mudar completamente o

comportamento do motor

Como jaacute discorremos os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como os

motores quatro tempos pelo menos natildeo nos mesmos moldes ou entatildeo vaacutelvulas

que vedem completamente a passagem dos gases Em um motor de quatro

tempos o comando de vaacutelvulas determina qual eacute momento de abertura das

vaacutelvulas a ordem o levante etc No motor dois tempos essa funccedilatildeo de duraccedilatildeo

da admissatildeo e exaustatildeo eacute composta pela diagramaccedilatildeo das janelas do cilindro

(conforme Figura 14) e satildeo fixas natildeo existe um comando de vaacutelvulas rotativo

ou qualquer dispositivo semelhante dentre essa diagramaccedilatildeo a duraccedilatildeo mais

importante e que determina o desempenho do motor e como ele se comportaraacute

eacute a da janela de exaustatildeo

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts

38

Segundo Bell (1999) o processo de modificaccedilatildeo da janela de exaustatildeo eacute talvez

um dos mais criacuteticos dentro dos motores dois tempos (conforme Figuras 14 e

15) pocircde-se notar que as diagramaccedilotildees possuem desenhos diferentes de

janelas de exaustatildeo o primeiro modelo da Yamaha TZ250 (conforme Figura 14)

eacute de janela uacutenica pois a dimensotildees que foram determinadas para o tamanho e

duraccedilatildeo da janela dado o diacircmetro do cilindro permitiram que isso fosse feito Jaacute

no segundo diagrama da Suzuki PE175 podemos notar que a janela de exaustatildeo

eacute bi partida (conforme Figura 15) isso acontece por que por projeto foi

determinado um tamanho de janela de exaustatildeo demasiadamente grande para

o diacircmetro desse cilindro natildeo eacute regra mas usualmente a largura de uma janela

de exaustatildeo pode ter no maacuteximo 70 do diacircmetro do cilindro isso acontece para

que os aneacuteis de segmento natildeo tendam a entrar no duto de exaustatildeo quando por

laacute passarem por isso a soluccedilatildeo adotada na Suzuki PE175 de adicionar mais

uma divisatildeo na janela permite ter uma janela de exaustatildeo mais larga sem

comprometer a durabilidade do motor

Por ser uma medida fiacutesica e determinante para o funcionamento do motor dois

tempos a janela de exaustatildeo sempre foi um ponto criacutetico no projeto desses

motores pois se o projeto determinava uma medida para a janela de exaustatildeo a

performance do motor era inerente a esta medida Motores que foram

desenvolvidos ateacute o final da deacutecada de 1970 natildeo conseguiam melhorar suas

caracteriacutesticas em todas as faixas de funcionamento Por exemplo se o projeto

da janela de exaustatildeo era feito para funcionar bem em baixas rotaccedilotildees isso

caracterizava aquele motor e nada podia ser feito para ser melhorado sem que

isso comprometesse outras faixas de rotaccedilatildeo

Motocicletas e karts de competiccedilatildeo que eram projetados para funcionar bem

em altas rotaccedilotildees tinham todo o torque em baixa muito comprometido se vermos

corridas de motocicletas da deacutecada de 1970 e iniacutecio dos anos de 1980 podemos

ver pilotos que largavam praticamente empurrando a motocicleta ateacute que ela

embalasse e chegasse a uma rotaccedilatildeo onde o motor pudesse andar sozinho

39

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida

40

No iniacutecio dos anos de 1980 a Yamaha criou uma soluccedilatildeo para melhorar o

desempenho dos motores dois tempos em todas as faixas de rotaccedilatildeo eacute um

sistema com uma vaacutelvula mecacircnica que variava as dimensotildees da janela de

exaustatildeo durante o funcionamento do motor esse sistema eacute chamado YPVS

(Yamaha Power Valve System) (conforme Figura 16) foi um sistema que permitiu

a Yamaha ganhar diversas competiccedilotildees on e off road ateacute que seus concorrentes

pudessem desenvolver sistemas semelhantes

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Inicialmente esse sistema era totalmente mecacircnico e era tocado por uma

bomba centriacutefuga ligada ao eixo arvore do motor posteriormente em

motocicletas de rua foi adotado o mesmo princiacutepio poreacutem foi utilizado um sistema

eletrocircnico com um servo motor Outros fabricantes desenvolveram sistemas

semelhantes ao longo do tempo e adotaram as mais diversas soluccedilotildees Um outro

sistema bastante popular foi o sistema pneumaacutetico (conforme Figura 17) que

era composto por uma vaacutelvula do tipo guilhotina e uma membrana na janela de

exaustatildeo a vaacutelvula se mantinha fechada em baixas rotaccedilotildees melhorando o

torque naquele momento e a membrana era calibrada para que em um certo

momento quando certa quantidade de gases de escape estivessem sendo

produzidos a membrana empurrava a vaacutelvula para traacutes aumentando as

dimensotildees da janela de exaustatildeo melhorando o torque em altas rotaccedilotildees

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System

41

Fonte httpwww bikemanperformancecom

261 Escapamento

Ainda na fase de exaustatildeo o escapamento eacute o acessoacuterio mais importante

para o bom funcionamento dos motores dois tempos e necessita cuidados

especiais em seu desenvolvimento Eacute intriacutenseco do funcionamento e da forma

construtiva do motor dois tempos o fato de que ele acaba por jogar mistura

fresca para o escapamento e isso causa perda de performance Assim o

escapamento promove ondas de ressonacircncia que causam o retorno de parte

dessa mistura fresca novamente para dentro do cilindro

Este sistema determina muito das caracteriacutesticas importantes de

funcionamento desse tipo de motor Satildeo peccedilas complexas de serem construiacutedas

e produzem um som caracteriacutesticos de ldquoring-dingrdquo a este tipo de motor

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos

42

Para um bom projeto de escapamento satildeo necessaacuterios diversos caacutelculos

para que se obtenha as dimensotildees ideais Posteriormente outro desafio eacute aplicar

as dimensotildees calculadas ao projeto do veiacuteculo o que produz verdadeiras

esculturas mecacircnicas (conforme Figura 18)

Caacutelculo para determinaccedilatildeo do comprimento ideal do escapamento

Onde

LE = Comprimento do escapamento (mm)

DE = Duraccedilatildeo da janela de exaustatildeo em graus (deg)

RPM = Rotaccedilatildeo para melhor funcionamento do motor (1min)

42545 = Constante que leva em conta que a onda socircnica sempre viaja na

velocidade do som no ar

Fonte Bell 1999

O trecho do escapamento que sai do cilindro do motor eacute chamado em inglecircs

ldquoHeaderrdquo esse trecho usualmente eacute cocircnico e utiliza acircngulos entre 115deg e 15deg

Entretanto ao longo da histoacuteria os fabricantes testaram acircngulos variando entre

08deg ateacute 23deg de conicidade para determinadas aplicaccedilotildees

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos

LE = DE x 42545

RPM

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento

43

As dimensotildees do Header podem ser determinadas da seguinte maneira Para

o comprimento pode-se utilizar o fator de multiplicaccedilatildeo (conforme Quadro 2)

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para o ldquoHeaderrdquo

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 85 ndash 95 10 -11

100 ndash 125 78 ndash 85 78 ndash 85

175 ndash 250 73 ndash 83 9 -10

350 - 500 73 ndash 83 85 ndash 95

Fonte Bell 1999

Jaacute com o fator de correccedilatildeo apropriado multiplicamos esse valor pelo diacircmetro

da janela de exaustatildeo e esse eacute o comprimento ideal do Header

O diacircmetro maior do Header pode ser calculado pela seguinte expressatildeo

Onde

D2 = eacute o diacircmetro maior do Header para uniatildeo com o Difusor (mm)

CH = eacute o Comprimento do Header (mm)

D1 = eacute o diacircmetro inicial do Header determinado pelo diacircmetro da janela de

exaustatildeo (mm)

Cotg H = eacute a cotangente do acircngulo do Header usualmente entre 115 e 15deg

O segundo trecho do escapamento chamado Difusor pode ser calculado da

seguinte maneira O diacircmetro inicial eacute o mesmo diacircmetro D2 do Header o

comprimento do Difusor eacute usualmente calculado utilizando 25 vezes o diacircmetro

da janela de exaustatildeo poreacutem pode-se usar de 22 a 29 vezes o diacircmetro da

janela de exaustatildeo dependendo do projeto tendo em mente que quanto menor

o comprimento melhor o rendimento em altas rotaccedilotildees e quanto maior o

comprimento melhor as respostas do motor em baixas rotaccedilotildees Ao final o que

D2 = CH x 2 + D1

cotg H

4 ndash Dimensotildees do Escapamento Header

44

iraacute determinar o comprimento eacute a proposta do motor O acircngulo de conicidade do

Difusor varia normalmente entre 3deg e 7deg com diferentes reaccedilotildees ao rendimento

do motor (conforme Quadro 3) modificando a duraccedilatildeo e os efeitos da onda de

ressonacircncia (conforme Graacutefico 3)

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 65 a 7deg 3 a 35deg

100 ndash 125 65 a 75deg 4 a 48deg

175 65 a 75deg 35 a 45deg

250 7 a 75deg 4 a 45deg

350 ndash 500 4 a 5deg

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de retorno

45

O segundo diacircmetro o diacircmetro maior do Difusor pode ser calculado

utilizando a seguinte expressatildeo

Onde

CD = Comprimento do Difusor D3 = Diacircmetro maior do Difusor D2 = Diacircmetro menor do Difusor cotg D = Cotangente do acircngulo de conicidade que foi determinado para o Difusor

Existe uma seccedilatildeo paralela que liga o diacircmetro maior do difusor ao uacuteltimo

cone esse trecho eacute popularmente chamado de Bojo (conforme Figura 18) poreacutem

natildeo se pode calcular o comprimento dela sem antes calcular as dimensotildees do

cone final que eacute chamado de ldquoBafflerdquo ou defletor (conforme Quadro 4) Essa

seccedilatildeo por sua vez determina a duraccedilatildeo e a intensidade das ondas de

ressonacircncia que iraacute manter o cilindro cheio de maneira eficiente Segundo Bell

(1999) um defletor com um cone curto e acircngulo muito abrupto iraacute permitir um

ganho de potecircncia maacutexima ao custo de sacrificar as baixas e meacutedias rotaccedilotildees

(conforme Graacutefico 4)

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 -80 105 a 12deg 85 a 95deg

100 105 a 12deg 9 a 10deg

125 95 a 12deg 85 a 10deg

175 10 a 12deg 8 a 10deg

250 10 a 12deg 75 a 10deg

350 - 500 9 a 11deg

Fonte Bell 1999

CD = D3 ndash D2 x cotg D

2

5 ndash Dimensotildees do Escapamento Difusor

46

Fonte Bell 1999

Para se calcular o comprimento do cone utilizamos a expressatildeo

CTD = (D32) x Cotg D

Onde

CTD Comprimento total do cone do defletor

D3 Diacircmetro maior do defletor ou seja o mesmo diacircmetro que o diacircmetro maior

do difusor

cotg D Cotangente do acircngulo escolhido para o defletor

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor

47

Agora com todos esses valores calculados podemos calcular o

comprimento da parte central do escapamento o chamado bojo Para isso

utilizamos a seguinte expressatildeo

Onde

CB Comprimento do Bojo

L Comprimento total do escapamento ateacute o meio da seccedilatildeo do defletor

CH Comprimento do Header

CD Comprimento do Difusor

CDE Comprimento total do Defletor

Por fim ainda necessitamos saber as dimensotildees do ldquoStingerrdquo ou ponteira

que segundo Graham Bell apoacutes vaacuterias experimentaccedilotildees chegou a alguns

valores que resultaram em boas respostas do motor (conforme Quadro 5)

Quadro 5 - Comprimento da ponteira

Volume do cilindro (cmsup3) Comprimento (mm) Diacircmetro Interno (mm)

50 - 80 205 ndash 230 17 -19

100 230 ndash 250 19 - 21

125 265 ndash 290 22 -24

175 270 - 295 25 ndash 27

250 280 ndash 305 26 ndash 28

350 -500 285 - 310 27 ndash 29

Fonte Bell 1999

CB = L ndash (CH+CD+(CDE2)) 7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo

48

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna

Em seu funcionamento os motores de combustatildeo interna

independentemente do tipo de ciclo necessitam de um gerenciamento da

admissatildeo de uma mistura carburante para o interior dos cilindros para que possa

haver a combustatildeo da mesma Anteriormente essa admissatildeo se dava por um

processo puramente mecacircnico com a utilizaccedilatildeo de carburadores que eram

sistemas mecacircnicos sofisticados que proporcionavam a atomizaccedilatildeo do

combustiacutevel com o ar atmosfeacuterico para a formaccedilatildeo da mistura carburante

(conforme Figura 19)

Fonte httpwwwthunderproductscom

Poreacutem este sistema possuiacutea algumas deficiecircncias pois necessitava de

constante regulagem e qualquer mudanccedila de condiccedilatildeo climaacutetica de temperatura

pressatildeo ou umidade fazia com que o carburador saiacutesse de sua faixa de trabalho

gerando um mal funcionamento do motor e por vezes ateacute mesmo sua quebra

Parte muito importante tambeacutem do funcionamento dos motores de

combustatildeo interna satildeo os sistemas de igniccedilatildeo que anteriormente eram sistema

independentes do sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel poreacutem atualmente

pertencem ao mesmo pacote de gerenciamento do motor Estes sistemas de

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante

49

igniccedilatildeo eram normalmente sistemas eletromecacircnicos podendo ser sistemas

simples com ponto de igniccedilatildeo fixo ou sistemas mais elaborados com a presenccedila

de circuitos eletrocircnicos para fazer a variaccedilatildeo do ponto de igniccedilatildeo Estes sistemas

possuem alguns componentes baacutesicos

Distribuidor (no caso de haver mais de um cilindro) bobina de igniccedilatildeo

(para gerar alta tensatildeo) cabos de igniccedilatildeo e velas de igniccedilatildeo Este eacute o esquema

mais baacutesico de funcionamento dos sistemas de igniccedilatildeo podendo haver

variaccedilotildees eleacutetricas mecacircnicas e em alguns casos eletrocircnicas (conforme Figura

20)

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom

Atualmente os sistemas mais modernos de gerenciamento de motores de

combustatildeo interna satildeo quase que puramente eletrocircnicos e contemplam os dois

mundos alimentaccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo em um uacutenico sistema (conforme

Figura 21) Todo o gerenciamento eacute feito com base em leitura de sensores uma

calibraccedilatildeo que prevecirc diversas situaccedilatildeo de uso do motor e atuadores que fazem

o processo fiacutesico de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel do motor Estes satildeo sistemas

complexos que se baseiam na condiccedilatildeo imediata de diversos fatores que satildeo

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo

50

interpretados por sensores como por exemplo pressatildeo atmosfeacuterica

temperatura do motor massa de ar admitida etc Estas leituras feitas pelos

sensores satildeo recebidas por um circuito eletrocircnico que conteacutem um processador

onde essas informaccedilotildees satildeo recebidas e com base em dados armazenados em

sua memoacuteria para cada condiccedilatildeo ter-se atuaccedilatildeo eletrocircnica onde eacute feita a injeccedilatildeo

de combustiacutevel pelos injetores e o disparo da centelha de igniccedilatildeo para que haja

a combustatildeo

Fonte httpswwwflaviolucasmmblogspotcom

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus perifeacutericos

51

3 Detalhamento do Projeto

Os capiacutetulos anteriores serviram para o embasamento teacutecnico para que

fosse possiacutevel uma melhor compreensatildeo do que se trata o projeto a ser

executado neste trabalho de conclusatildeo de curso Neste ponto iremos tratar

especificamente do projeto de adaptaccedilatildeo de um sistema completo de injeccedilatildeo

eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos Yamaha de 135cmsup3 proveniente

de uma motocicleta Yamaha RD 135 (Conforme Figura 22) e todos os

componentes utilizados para tornar esta adaptaccedilatildeo possiacutevel

Fonte httpsmotos-motorcombr

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135

52

31 Dados do Motor

O motor utilizado neste projeto eacute proveniente de uma motocicleta Yamaha

Rd 135cmsup3 que foi fabricado no Brasil de 1988 a 1999 Trata-se de um motor

monociliacutendrico que utiliza o ciclo de trabalho dois tempos refrigerado agrave ar

seguem os dados teacutecnicos

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 58mm x 50mm

Cilindrada 132cmsup3

Taxa de Compressatildeo 682 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Carburador Mikuni VM24 com 24mm de venturi

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo eletrocircnica de descarga capacitiva ou popularmente

CDI (Capacitor Discharge Ignition)

Lubrificaccedilatildeo Oacuteleo dois tempos bombeado atraveacutes de uma bomba chamada

Autolube nos motores Yamaha este oacuteleo eacute proveniente de um reservatoacuterio que

alimenta a bomba que por sua vez transfere o oacuteleo atraveacutes de uma mangueira

diretamente ao coletor de admissatildeo do motor variando a quantidade de oacuteleo de

acordo com a rotaccedilatildeo e abertura do carburador

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Gasolina

Potecircncia 16cv a 9000rpm

Torque 174kgfm a 8500rpm

Para este projeto o motor utilizado jaacute possuiacutea modificaccedilotildees mecacircnicas

para atingir melhores rendimentos que o motor original pois eacute um motor que foi

utilizado em competiccedilotildees de motovelocidade na categoria RD 135 Diversas

peccedilas foram modificadas tais como sistema de alimentaccedilatildeo escapamento

vaacutelvula de palhetas igniccedilatildeo combustiacutevel diagramaccedilatildeo do cilindro e taxa de

compressatildeo O sistema de alimentaccedilatildeo original foi substituiacutedo por um carburador

Mikuni TM 30 (conforme Figura 23) o escapamento foi substituiacutedo por um

escapamento dimensionado construiacutedo artesanalmente o sistema de igniccedilatildeo

53

utilizado foi um Motoplat de ponto fixo (conforme Figura 24) e o combustiacutevel

utilizado foi o etanol que aleacutem de ser o combustiacutevel regulamentado para o

campeonato tambeacutem eacute um combustiacutevel que permite extrair mais potecircncia do

motor pois com esse combustiacutevel eacute possiacutevel fazer modificaccedilotildees mecacircnicas

como taxa de compressatildeo e avanccedilo de igniccedilatildeo que natildeo seriam possiacuteveis

utilizando gasolina como combustiacutevel

Fonte wwwjapanbaikucom

Fonte wwwcustojustopt

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo

54

O motor utilizado como base nesse trabalho natildeo eacute um motor original eacute

um motor de competiccedilatildeo e para haver base para comparaccedilatildeo do antes e depois

do processo de inserccedilatildeo do sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica este motor teve sua

potecircncia medida em dinamocircmetro inercial com sua curva de torque e potecircncia

aquisitadas (conforme Figura 25)

Fonte Autor

O motor utilizado passou por uma revisatildeo geral havendo troca de peccedilas

por se tratar de um motor de competiccedilatildeo foi por diversas vezes levado ao

extremo e com a escolha desse motor para o projeto esta revisatildeo se fez

necessaacuteria As imagens a seguir mostram o processo de desmontagem para

verificaccedilatildeo das condiccedilotildees do motor e posterior montagem (Conforme Figuras

262728293031 e 32)

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia

55

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto

56

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2

Figura 29 - Processo de pintura

57

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada

58

Fonte Autor

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico

Para a escolha do sistema de gerenciamento eletrocircnico foi necessaacuteria

grande pesquisa entre as opccedilotildees disponiacuteveis no mercado nacional e

internacional Os sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica disponiacuteveis originalmente em

motocicletas de fabricaccedilatildeo nacional poderiam ter sido uma opccedilatildeo mas foram

logo descartados pois foram concebidos para trabalhar com motores de ciclo

otto o que natildeo eacute o caso e as maneiras de calibraccedilatildeo desses sistemas originais

se tornariam difiacuteceis de conseguir tornando essa escolha inviaacutevel

A busca foi por um sistema ldquostand-alonerdquo auto suficiente e que permitisse

mudanccedila total nos paracircmetros de calibraccedilatildeo normalmente satildeo sistemas

utilizados em competiccedilotildees de automoacuteveis motocicletas caminhotildees etc

Existem sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica ldquostand-alonerdquo muito sofisticados

de fabricantes renomados mundialmente dentro e fora das pistas de corridas

como Magneti Marelli (conforme Figura 33) e Bosch (conforme Figura 34) em

suas divisotildees motorsport

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta

59

Sistemas desses fabricantes satildeo reconhecidamente confiaacuteveis o problema eacute o

valor de um sistema desses que eacute muito caro e os tornam inviaacuteveis para um

projeto experimental de baixo custo Opccedilotildees nacionais tambeacutem foram cogitadas

como o sistema Fueltech poreacutem ainda possuem um custo alto e suas opccedilotildees de

programaccedilatildeo e flexibilidade do sistema ainda eram limitados para o tipo de ciclo

do motor a ser utilizado

A escolha do sistema apoacutes grande pesquisa foi pelo sistema ldquostand-alonerdquo

Speeduino (conforme Figura 35) um sistema totalmente programaacutevel que utiliza

como microcontrolador um Arduino Mega 2560 esse eacute um sistema do tipo ldquoDIYrdquo

Do It Yourself ou em portuguecircs ldquofaccedila vocecirc mesmordquo Estatildeo disponiacuteveis na

internet os layouts das placas de circuito impresso e o usuaacuterio pode fabricar as

proacuteprias placas ou compraacute-las prontas em determinados sites da internet e sua

lista de componentes para montagem tambeacutem estaacute disponiacutevel na internet e eacute

relativamente faacutecil encontraacute-los O custo de produccedilatildeo de um sistema desse eacute

relativamente baixo comparado com outros sistemas do mesmo segmento e

por utilizar Arduino como controlador sua programaccedilatildeo eacute inteira aberta e pode

ser modificada de acordo com as necessidades do usuaacuterio

Fonte wwwmagnetimarellicom

Fonte wwwellis-componentscouk

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport Figura 34 - ECU Bosch MS 151

60

Fonte Autor

33 Arduino Mega 2560

Arduino eacute uma plataforma para programaccedilatildeo criada na Itaacutelia por Massimo

Banzi David Cuartielles Tom Igoe Gianluca Martino e David Mellis no ano de

2005 para entusiastas e profissionais da programaccedilatildeo e da eletrocircnica

permitindo diversos tipos de projetos para estes seguimentos Trata-se de uma

placa com um microcontrolador Atmel possuindo diversas entradassaiacutedas

analoacutegicas e digitais a quantidade dessas entradas e saiacutedas varia de acordo

com o modelo do Arduino Essas entradassaiacutedas podem ser programadas por

uma interface IDE Arduino via computador utilizando linguagem C

Na praacutetica eacute um microcontrolador programaacutevel como qualquer outro de

outros fabricantes por exemplo PIC (Microchip) ou ARM (Freescale) poreacutem tem

sua utilizaccedilatildeo facilitada por jaacute estar inserido em uma placa que contempla

soquetes para pinagem das entradas e saiacutedas e porta de comunicaccedilatildeo USB

Serial para gravaccedilatildeo da programaccedilatildeo no microcontrolador Diferentemente de

outros microcontroladores que necessitam da confecccedilatildeo de uma placa de

circuito impresso para uso e de um programador serial para gravaccedilatildeo da

programaccedilatildeo (conforme Figura 36)

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino

61

Fonte httpswwwamazoncom

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560

Microcontrolador ATmega 2560 (Atmel)

Tensatildeo de Operaccedilatildeo 5V

Tensatildeo de Alimentaccedilatildeo (recomendado) 7-12V

Tensotildees Limites de Operaccedilatildeo 6-20V

Saiacutedas Digitais IO 54 saiacutedas sendo 15 PWM

Entradas Analoacutegicas 16

Corrente da Saiacutedas IO 20mA

Corrente nos Pinos 33V 50mA

Memoacuteria Flash 256Kb

SRAM 8Kb

EEPROM 4Kb

Frequecircncia do Clock 16Mhz

LED_BUILTIN 13

Comprimento da Placa 10152mm

Largura da Placa 5333mm

Peso da Placa Completa 37g

Altura da Placa 12mm

Editado pelo Autor Fonte httpwwwArduinocom

Figura 36 - Arduino Mega 2560

62

34 Speeduino

O sistema Speeduino foi o sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica escolhido para o

projeto Eacute um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica totalmente programaacutevel criado por

Josh Stuart e utiliza um Arduino Mega 2560 como microcontrolador assim como

outros sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel possibilita a calibraccedilatildeo por

completo do sistema de injeccedilatildeo e igniccedilatildeo Para tal utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio que permite diversas configuraccedilotildees do

sistema de injeccedilatildeo tais como o meacutetodo de calibraccedilatildeo utilizado configuraccedilatildeo dos

mapas de avanccedilo de igniccedilatildeo e tempo de injeccedilatildeo sistema de malha aberta ou

malha fechada etc

O sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica Speeduino eacute um sistema ldquostand-alonerdquo

ou seja trabalha independente de outros sistemas apenas para gerenciar o

motor a combustatildeo interna seja ele de ciclo quatro ou dois tempos Eacute um sistema

difundido pela internet e permite troca de informaccedilotildees entre usuaacuterios que

trabalham em conjunto para desenvolvimento e aperfeiccediloamento do hardware e

do software o layout principal da placa de circuito impresso tambeacutem estaacute

disponiacutevel na internet bem como a lista de componentes necessaacuterios para a

montagem Este sistema requer um miacutenimo de conhecimento de eletrocircnica para

sua construccedilatildeo um miacutenimo de conhecimento em eleacutetricaeletrocircnica automotiva

para a instalaccedilatildeo do sistema no motor e grande conhecimento em programaccedilatildeo

e mecacircnica automobiliacutestica para calibraccedilatildeo do sistema no motor

63

35 Montagem do Sistema Speeduino

A partir do momento onde foi feita a escolha do sistema Speeduino foi

necessaacuterio obter os componentes necessaacuterios para confecccedilatildeo da placa

(conforme Anexo C) O primeiro passo foi a fabricaccedilatildeo da placa de circuito

impresso a partir do layout disponiacutevel (conforme Figura 37)

Fonte wwwSpeeduinocom

Posteriormente foi feita a aquisiccedilatildeo dos componentes necessaacuterios para a

montagem da placa Esses componentes tambeacutem estatildeo disponiacuteveis na internet

em uma planilha eletrocircnica e satildeo encontrados com relativa facilidade no

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino

64

mercado com exceccedilatildeo de determinados componentes cuja importaccedilatildeo foi

necessaacuteria poreacutem com baixo custo (conforme Anexo C)

Com todos os componentes necessaacuterios em matildeos foi executada a montagem

do sistema o que necessita uma certa habilidade pois o projeto possui diversos

componentes tipo SMD (conforme Figura 38)

Fonte Autor

Com a placa jaacute montada (conforme Figura 39) antes da montagem de todo o

chicote eleacutetrico para funcionamento do motor iniciaram-se os testes de

funcionamento do sistema Por ser um sistema montado artesanalmente os

testes pareciam ser o passo mais certo a se seguir

Figura 38 - Inicio da montagem da placa

65

Fonte Autor

Eacute importante mostrar que o sistema Speeduino utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio (conforme Figura 40) eacute um freeware na

versatildeo baacutesica que foi criado para funcionar em conjunto com outro sistema

de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel conhecido como Megasquirt e o mesmo

tambeacutem eacute utilizado na calibraccedilatildeo do sistema Speeduino Mais adiante seratildeo

feitas explicaccedilotildees detalhadas das configuraccedilotildees do software

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada

66

Fonte Autor

Jaacute no primeiro teste este apresentou resultados negativos com a

eletrocircnica natildeo respondendo agraves configuraccedilotildees e nem mostrando leituras de

sensores

A soluccedilatildeo deste problema veio depois de procurar muito e fazer diversas

mediccedilotildees analisando os diagramas eleacutetricos (conforme Anexo A) O

problema estava na placa de circuito impresso a trilha do aterramento

(GND) natildeo havia sido impressa ou seja natildeo havia aterramento em nenhum

ponto do sistema A placa havia sido impressa por um terceiro Ao entrar em

contato com o mesmo ele disse que enviaria outra placa poreacutem para agilizar

o processo e natildeo ter que esperar novamente a chegada de componentes

uma uacutenica opccedilatildeo surgiu devido aos prazos a de refazer o aterramento da

placa de forma externa (conforme Figura 41) sem nenhuma pretensatildeo de

que isso desse certo poreacutem era uma alternativa para que todo o processo

de funcionamento do motor fosse agilizado

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio

67

Fonte Autor

Apoacutes todo o trabalho de refazer as trilhas de aterramento iniciou-se

novamente a fase testes de funcionamento e os resultados foram positivos

O sistema comeccedilou a responder perfeitamente aos testes iniciais

O elemento de maior importacircncia para o funcionamento desse sistema de

gerenciamento eletrocircnico eacute o sensor de rotaccedilatildeo do motor e foi por ele que

se iniciaram os testes Foi adaptada uma roda focircnica a um torno mecacircnico

e tambeacutem o sensor de rotaccedilatildeo do tipo ldquohallrdquo (conforme Figura 42) para

verificar se o conjunto eletrocircnico do sistema estava recebendo os sinais de

rotaccedilatildeo

Figura 41 - Aterramento refeito externamente

68

Fonte Autor

O teste obteve resultados positivos respondendo perfeitamente a rotaccedilatildeo

do torno mecacircnico sendo testado em diversas rotaccedilotildees diferentes com a

interface do software sempre mostrando os valores de rotaccedilatildeo corretos

Entatildeo os testes que se seguiram foram os de atuaccedilatildeo eleacutetrica como injetor

de combustiacutevel e bobina de igniccedilatildeo todos testes feitos a princiacutepio em

bancada (conforme Figura 43)

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico

69

Fonte Autor

Apoacutes todos os testes em bancada partiu-se para a montagem do chicote

eleacutetrico para funcionamento do sistema no motor e tambeacutem a adaptaccedilatildeo

mecacircnica de suportes para sensores e a adaptaccedilatildeo da roda focircnica

(conforme Figura 44)

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada

70

Fonte Autor

A roda focircnica utilizada eacute proveniente de um motor Volkswagen EA-111

(conforme Figura 45) o sensor de rotaccedilatildeo a ser utilizado pelo sistema de

gerenciamento eletrocircnico Speeduino foi o sensor de efeito hall poderia ser

utilizado o sensor de relutacircncia magneacutetica poreacutem seria necessaacuterio a

confecccedilatildeo de uma eletrocircnica para o condicionamento de sinal

transformando-o para sinal de onda quadrada com amplitude de 5V de

tensatildeo Para evitar a confecccedilatildeo de mais uma eletrocircnica sendo um potencial

ponto fraco do sistema optou-se por utilizar um sensor de rotaccedilatildeo de efeito

hall proveniente dos motores Fiat E-torq 18 (conforme Figura 46) fabricado

pela Continental

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica

71

Fonte Autor

Fonte wwwmercadolivrecombr

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v

72

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico

Neste projeto o sistema de sincronismo eletrocircnico possui dois

componentes apenas satildeo eles a roda focircnica e o sensor de rotaccedilatildeo ambos

adaptados ao projeto e advindos de carros

O sistema de sincronismo eletrocircnico consiste em transformar o

sincronismo mecacircnico do motor em sinais de onda quadrada (conforme Figura

47) que possam ser interpretados pelo sistema de gerenciamento eletrocircnico

proporcionando a injeccedilatildeo de combustiacutevel e disparo da centelha no momento

exato que fora previamente calibrado

Fonte Autor

O sistema consiste de uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes ou seja

satildeo 58 dentes e ausecircncia de 2 dentes Foi adaptada uma roda focircnica do motor

Volkswagen EA-111 poreacutem apoacutes alguns problemas de captaccedilatildeo do sinal esta

foi alterada por uma roda focircnica utilizada em motores Volkswagen AP quando

convertidos a injeccedilatildeo eletrocircnica (conforme Figura 48) essa roda mostrou melhor

resoluccedilatildeo do sinal Hall com menos ruiacutedos no sinal

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall

73

Fonte Autor

Apoacutes vaacuterios testes esta foi a combinaccedilatildeo que melhor funcionou no motor

a roda focircnica aliada ao sensor de rotaccedilatildeo permite a sincronizaccedilatildeo mecacircnica do

motor em relaccedilatildeo ao sistema de gerenciamento eletrocircnico do motor A calibraccedilatildeo

eacute feita da seguinte maneira junto ao software de calibraccedilatildeo do sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica eacute dada a referecircncia em graus da posiccedilatildeo fiacutesica da roda focircnica

em relaccedilatildeo ao motor O primeiro passo eacute colocar o motor em PMS e ver onde se

situa a falha dos dois dentes da roda focircnica a partir disso contar quantos dentes

se tem ateacute o dente que coincide com o sensor de rotaccedilatildeo (conforme Figura 49)

Figura 48 - Roda Focircnica

74

Fonte Autor

Como eacute utilizada uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes cada dente

equivale a 6deggraus de resoluccedilatildeo sendo 3deg do bordo de subida e 3deg do bordo de

descida no caso do projeto o sensor coincide com o 37deg dente a partir da falha

e isso equivale a 228deggraus a partir da falha Todo o sincronismo do motor eacute feito

baseado nessa referecircncia sendo este valor colocado como referecircncia no

software de gerenciamento eletrocircnico (conforme Figura 50)

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

75

Fonte Autor

A partir deste momento todo o sincronismo do motor estaacute baseado nestes

dados e quando o motor estiver em PMS o sistema eletrocircnico saberaacute disso pois

o sensor de rotaccedilatildeo estaraacute alinhado com o 37deg dente que eacute a referecircncia para o

sistema

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

76

37 Corpo de Borboleta

O corpo de borboletas utilizado (conforme Figura 51) eacute proveniente das

motocicletas Honda CB300 e XRE300 possui 35mm de venturi e eacute fabricado

pela empresa japonesa Keihin famosa pela fabricaccedilatildeo de carburadores de

motocicletas tambeacutem possui uma unidade de sensores integrados Foi utilizado

por ser um componente de faacutecil aquisiccedilatildeo no mercado brasileiro o que permite

faacutecil manutenccedilatildeo quando necessaacuterio e seu formato fiacutesico permite a utilizaccedilatildeo de

uma grande gama de injetores diferentes quando isso se faz necessaacuterio

Tambeacutem houve uma pequena adaptaccedilatildeo no coletor de admissatildeo que tambeacutem

eacute proveniente das mesmas motocicletas Honda essa adaptaccedilatildeo se deve ao fato

de o motor em questatildeo possuir o sistema de vaacutelvulas de palhetas na admissatildeo

o que natildeo acontece nas motocicletas Honda que possuem motor de quatro

tempos

Fonte Autor

Figura 51 - Corpo de Borboleta

77

38 Unidade de Sensores

A unidade de sensores refere-se a uma unidade composta por trecircs

sensores que jaacute estaacute acoplada ao corpo de borboletas Keihin e contempla os

sensores

MAP ndash Manifold Absolute Pressure (Pressatildeo Absoluta no Coletor)

IAT ndash Intake Air Tempeture (Temperatura do Ar Admitido)

TPS ndash Throttle Position Sensor (Sensor de Posiccedilatildeo do Acelerador)

Destes sensores natildeo foi utilizado apenas o sensor Map pois a unidade

de gerenciamento eletrocircnico jaacute possui um sensor Map integrado que foi utilizado

Estes sensores puderam ser configurados para utilizaccedilatildeo com o sistema

de gerenciamento eletrocircnico sem o menor problema

381 Sensor TPS

Este sensor se refere ao sensor que envia a informaccedilatildeo de posiccedilatildeo da

borboleta para o sistema de gerenciamento eletrocircnico Nada mais eacute do que um

potenciocircmetro que varia a resistecircncia ocirchmica ao se variar a posiccedilatildeo do

acelerador

Sua calibraccedilatildeo eacute feita em tempo real com a unidade de gerenciamento

eletrocircnico (conforme Figura 52) onde se informa a posiccedilatildeo do acelerador

totalmente fechado e totalmente aberto o sistema de gerenciamento jaacute adquire

o valor de resistecircncia ocirchmica e faz os caacutelculos para os valores intermediaacuterios e

a interpretaccedilatildeo das posiccedilotildees

78

Fonte Autor

382 Sensor IAT

Este sensor eacute responsaacutevel por aquisitar a temperatura do ar que estaacute

sendo admitido ou seja que estaacute momentaneamente passando pelo corpo de

borboletas Este assim como o sensor de posiccedilatildeo da borboleta e tambeacutem o

sensor de pressatildeo absoluta no coletor eacute utilizado para o caacutelculo da massa de ar

que estaacute sendo admitida pelo motor Este sensor eacute calibrado a partir dos valores

de resistecircncia ocirchmica cujos valores satildeo inseridos no software de calibraccedilatildeo da

unidade de gerenciamento eletrocircnico esses valores natildeo satildeo facilmente

adquiridos pois o fabricante da unidade de sensores natildeo os disponibiliza poreacutem

outro fabricante de sensores a MTE-Thompson fabrica esse mesmo modelo de

unidade de sensores para reposiccedilatildeo do original e entrando em contato com o

departamento teacutecnico eles passam os valores de funcionamento do sensor e

esses valores foram os utilizados para calibraccedilatildeo do sensor de temperatura do

ar admitido (conforme Figura 53)

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS

79

Fonte Autor

383 Sensor MAP

Sensores MAP satildeo utilizados para determinar a pressatildeo do ar admitido

que passa pelo coletor de admissatildeo satildeo muito usados nos sistemas atuais de

gerenciamento eletrocircnico de motores de combustatildeo interna Este tipo de

sensores trabalha utilizando o princiacutepio de strain gage onde haacute a deformaccedilatildeo do

material metaacutelico variando tambeacutem sua resistividade (conforme Figura 54)

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT

80

Fonte Nota de aula ndash Prof Adriano Ribolla (Sist De Gerenc Eletrocircnico 2018)

A funccedilatildeo de variaccedilatildeo da resistecircncia ou fator Gauge pode ser dada pela

expressatildeo

Onde

R resistecircncia (Ω)

ρ constante do material

L comprimento do fio (m)

A secccedilatildeo transversal do fio (msup2)

O sistema de gerenciamento eletrocircnico Speeduino jaacute possuiacute em sua

montagem um sensor MAP interno na sua montagem e mesmo que na

unidade de sensores Keihin utilizada jaacute possuiacutesse um sensor MAP foi

escolhido utilizar o sensor existente na eletrocircnica da unidade de

gerenciamento eletrocircnico apenas pela facilidade de calibraccedilatildeo (conforme

Figura 55)

R= ρ LA

8 - Caacutelculo do Fator Gauge

Figura 54 - Princiacutepio strain gage

81

Fonte Autor

O sensor MAP existente no sistema de gerenciamento eletrocircnico eacute do

fabricante NXPFreescale modelo MPX 4250AP (conforme Anexo B) com um

range de leitura pressatildeo de 20 a 250 kPa

Apoacutes o funcionamento do motor e leitura do sensor foi possiacutevel notar que nos

motores de ciclo dois tempos justamente pelo seu tipo de ciclo e forma

construtiva natildeo seria possiacutevel fazer a calibraccedilatildeo dos mapas de funcionamento

do motor levando-se em conta a leitura de pressatildeo no coletor pois a depressatildeo

no coletor deste tipo de motor eacute muito baixa variando muito pouco Poreacutem este

fato jaacute era de se esperar mas a inserccedilatildeo deste sensor natildeo foi em vatildeo Ela jaacute foi

feita com o objetivo de futuros trabalhos sobre este tipo de sensor em motores

dois tempos para obtenccedilatildeo de valores palpaacuteveis de pressatildeo que possam ser

levados em conta na calibraccedilatildeo do motor

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP

82

39 Sistema de Igniccedilatildeo

O sistema de igniccedilatildeo deve ser compatiacutevel com o sistema de

gerenciamento eletrocircnico utilizado que foi o Speeduino Para isso o sistema de

igniccedilatildeo original do motor foi substituiacutedo por uma bobina utilizada em motores da

linha VW (conforme Figura 56) bobinas essas com moacutedulo de igniccedilatildeo integrado

e para evitar interferecircncias com o sensor de rotaccedilatildeo ou demais eletrocircnicas do

hardware de gerenciamento foi utilizado cabo vela resistivo do veiacuteculo Fiat Tipo

ie (Conforme Figura 57) as velas originais da motocicleta jaacute eram do tipo

resistiva A bobina poderia ter sido utilizada qualquer uma com moacutedulo de igniccedilatildeo

integrado e o cabo de vela tambeacutem poderia ser qualquer um do tipo resistivo

poreacutem estes foram escolhidos apenas por se integrarem melhor fisicamente ao

projeto

Fonte wwwmercadolivrecombr Fonte wwwacnpecascombr

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo

83

4 Calibraccedilatildeo do Motor

Atualmente a calibraccedilatildeo de motores de combustatildeo interna tem tido como

objetivo principal melhorar autonomia com relaccedilatildeo a consumo de combustiacutevel e

diminuiccedilatildeo das emissotildees de poluentes muito em funccedilatildeo de legislaccedilotildees mais

riacutegidas e restritivas Novas teacutecnicas construtivas de motores e implementaccedilotildees

de novas teacutecnicas de calibraccedilatildeo tem sido utilizadas como downsizing turbo-

compressores injeccedilatildeo direta de combustiacutevel para sistemas ldquoflex-fuelrdquo ou ateacute

mesmo sistemas mistos utilizando injeccedilatildeo direta e indireta de combustiacutevel em

um mesmo motor Estes meacutetodos elevaram o niacutevel tecnoloacutegico dos motores de

combustatildeo interna extraindo grande potecircncia diminuindo massa de motores

poreacutem com a necessidade de muita eletrocircnica embarcada

Um dos intuitos deste trabalho eacute a inserccedilatildeo de um sistema de

gerenciamento eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos a princiacutepio de

maneira experimental apenas para obter preacutevias de sua viabilidade

construtivamente e dar a motores que utilizam este tipo de ciclo a oportunidade

de ressurgirem ou natildeo no mercado com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias e

eletrocircnica embarcada ou mesmo proporcionar uma longevidade de seu uso em

competiccedilotildees

Para a calibraccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico que foi

escolhido o sistema Speeduino utilizamos o software de calibraccedilatildeo Tuner

Studio o qual jaacute foi previamente apresentado Seratildeo mostrados a seguir os

passos e direccedilotildees tomadas no que diz respeito a calibraccedilatildeo deste motor de ciclo

dois tempos em questatildeo

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais

Inicialmente eacute necessaacuterio a introduccedilatildeo de alguns dados pertinentes ao

motor e a estrateacutegia de funcionamento do mesmo para tal utilizamos a tela

ldquoEngine Constantsrdquo ou constantes do motor no software Tuner Studio Em

seguida detalhamos os dados de acordo com as caracteriacutesticas do motor que foi

escolhido para o trabalho (conforme Figura 58)

84

Fonte Autor

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor

85

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel

A tabela de injeccedilatildeo de combustiacutevel eacute baseada no meacutetodo VE ldquoVolumetric

Efficiencyrdquo ou eficiecircncia volumeacutetrica neste sistema utiliza-se o item ldquoCalculated

Required Fuelrdquo ou caacutelculo de combustiacutevel necessaacuterio (Conforme Figura 58) o

valor disponibilizado neste item representa o tempo necessaacuterio de injeccedilatildeo de

combustiacutevel baseado em 100 da eficiecircncia volumeacutetrica do motor e

posteriormente desenvolve-se a tabela VE de acordo com as necessidades do

motor (conforme Figura 59) em funccedilatildeo de rotaccedilatildeo do motor e posiccedilatildeo da

borboleta podendo ou natildeo estes valores serem multiplicados pelo valor de

pressatildeo do sensor MAP poreacutem no caso deste trabalho natildeo se utilizou o a

multiplicaccedilatildeo pelo sensor pois este dado se mostrou insatisfatoacuterio para motores

de ciclo dois tempos que geram pouca ou nenhuma depressatildeo no coletor de

admissatildeo

FonteAutor

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE

86

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo

A tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo permite determinar o momento em que seraacute

disparada a centelha pela vela de igniccedilatildeo permitindo a queima da mistura

arcombustiacutevel Os valores inseridos na tabela satildeo valores que representam o

acircngulo em graus antes do ponto morto superior do motor PMS (conforme Figura

60) em que seraacute disparada a centelha esta deve ser disparada alguns graus

antes do PMS pois a queima da mistura deve ser aproveitada ao maacuteximo e para

que isso aconteccedila deve se adotar um ponto de igniccedilatildeo de forma que a frente de

chama tenha tempo suficiente para queimar dentro do cilindro caso contraacuterio a

queima se torna ineficiente e acaba por desperdiccedilar combustiacutevel que acaba

sendo jogado para o escapamento sem que este seja queimado

Os valores de avanccedilo em graus inseridos nesta tabela tambeacutem tecircm seu

funcionamento em funccedilatildeo dos eixos de posiccedilatildeo da borboleta do acelerador e

rotaccedilatildeo do motor

Fonte Autor

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo

87

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada

Usualmente em uma grande montadora ou grande equipe de corridas

essas tabelas seriam desenvolvidas em um laboratoacuterio de desenvolvimento de

motores com diversos equipamentos para controle e aquisiccedilatildeo de dados Poreacutem

por se tratar de um trabalho acadecircmico e de baixo custo natildeo houve a

possibilidade de utilizaccedilatildeo de ferramentas desta espeacutecie desta maneira a tabela

foi toda desenvolvida experimentalmente atraveacutes de horas observando

deficiecircncias e comportamentos do funcionamento do motor

5 Dados do Motor (Modificado)

Tendo em vista que este motor eacute proveniente de uma motocicleta de

competiccedilatildeo as caracteriacutesticas originais dele foram modificadas e a motocicleta

utilizada no projeto tambeacutem (conforme Figura 61) Seguem os dados teacutecnicos

com a modificaccedilotildees do motor

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 59mm x 50mm

Cilindrada 1367cmsup3

Taxa de Compressatildeo 145 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Injeccedilatildeo eletrocircnica com corpo de borboletas de 35mm

de diacircmetro e injetor de combustiacutevel Keihin Flex

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo gerenciada a partir da ECU com o uso de Bobina

Bosch utilizada em motores Volkswagen AP ndash MI

Lubrificaccedilatildeo Premix na proporccedilatildeo de 35ml por litro de etanol

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Etanol

Potecircncia 245cv a 9400rpm

Torque 190kgfm a 9000rpm

88

Fonte Autor

6 Resultados

Os resultados obtidos neste trabalho foram deveras satisfatoacuterios

mostrando que eacute possiacutevel o funcionamento de um motor de ciclo dois tempos

utilizando como meacutetodo de injeccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo um sistema de

gerenciamento eletrocircnico moderno Abordagem essa que seria impensaacutevel anos

atraacutes hoje se tornou uma realidade talvez abrindo novos horizontes para o futuro

de motores que utilizem ciclo dois tempos talvez natildeo comercialmente mas ainda

que para seu uso em competiccedilotildees possa ser extraiacutedo o maacuteximo de rendimento

possiacutevel

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees

89

7 Conclusatildeo

Seguramente o desenvolvimento de uma metodologia soacutelida no

desenvolvimento de sistemas de gerenciamento eletrocircnico e calibraccedilatildeo voltadas

para motores de ciclo dois tempos natildeo seraacute uma tarefa faacutecil existe uma longa

estrada a se percorrer para se chegar ao mesmo niacutevel de desenvolvimento

existente destes sistemas para motores de ciclo quatro tempos ou mesmo diesel

Contudo o projeto se mostrou viaacutevel e mesmo que natildeo tenha havido

possibilidade de testes em dinamocircmetro o comportamento do motor mostrou-se

estaacutevel com o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica Possivelmente houve ganhos de

desempenho e esses testes podem ser executados como tarefa futura no intuito

de comprovar possiacuteveis resultados favoraacuteveis

Cabe aos futuros projetos novas soluccedilotildees e abordagens que podem ser

pensadas especificamente para o motor de ciclo dois tempos pois mesmo que

sua fabricaccedilatildeo seja descontinuada para veiacuteculos comerciais sua fabricaccedilatildeo para

suprir necessidades de veiacuteculos de competiccedilatildeo ainda pode prosseguir por anos

e o uso de tecnologia moderna nesses motores pode vir a extrair niacuteveis de

potecircncia e torque antes natildeo atingidos com a utilizaccedilatildeo de igniccedilotildees de ponto fixo

e carburadores Tambeacutem pode alterar caracteriacutesticas de desempenho do motor

como a falta de torque em baixas rotaccedilotildees

Neste projeto o motor original utilizado natildeo foi fabricado para comportar

uma injeccedilatildeo eletrocircnica por isso houve muitos esforccedilos nas adaptaccedilotildees para que

o funcionamento deste motor com esta tecnologia fosse possiacutevel Poreacutem se

pensarmos em uma produccedilatildeo fabril para motores dois tempos projetados para

que utilizem injeccedilatildeo eletrocircnica originalmente isso torna o processo todo muito

mais viaacutevel do ponto de vista comercial aleacutem de implementar uma tecnologia

que tiraria os motores de ciclo dois tempos da aposentadoria podendo ateacute se

pensar em niacuteveis de emissotildees poluentes melhores mesmo que seu uso seja

exclusivo apenas em competiccedilotildees De toda forma um passo foi dado com a

realizaccedilatildeo deste projeto e o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica se mostrou ser uma

tecnologia segura e confiaacutevel para a utilizaccedilatildeo em motores de ciclo dois tempos

90

8 Propostas Futuras

Vaacuterios passos podem ser dados como propostas futuras mas pensando

no alto iacutendice de poluiccedilatildeo gerado por este tipo de motor pode se pensar em um

controle eletrocircnico da injeccedilatildeo de oacuteleo dois tempos para lubrificaccedilatildeo podendo-se

desenvolver algum meacutetodo de verificaccedilatildeo da necessidade de lubrificaccedilatildeo do

motor fazendo injeccedilatildeo de oacuteleo controlada por quantidade e por demanda

Tambeacutem pode-se pensar na utilizaccedilatildeo de catalisadores no escapamento para

diminuiccedilatildeo das emissotildees de gases poluentes o que com certeza deveraacute ser

estudado e caberaacute diversos testes e experimentaccedilotildees de materiais poreacutem

podendo obter resultados positivos

No sistema de injeccedilatildeo de combustiacutevel utilizado neste trabalho foi usado

o meacutetodo de injeccedilatildeo indireta de baixa pressatildeo utilizando uma pressatildeo na linha

de combustiacutevel na ordem de 3bar Futuramente pode-se fazer testes e anaacutelises

a respeito do uso da injeccedilatildeo indireta de combustiacutevel neste tipo de motor em

busca de quais seriam seus benefiacutecios Ainda sobre a injeccedilatildeo de combustiacutevel

uma anaacutelise que deve ser feita eacute em relaccedilatildeo a modificaccedilatildeo da posiccedilatildeo do injetor

de combustiacutevel que atualmente se situa no coletor de admissatildeo este pode ser

montado em alguma posiccedilatildeo estrateacutegica como no caacuterter do motor diretamente

ou em alguma das janelas por exemplo nas janelas de transferecircncia devendo-

se analisar os ganhos e perdas dessa montagem

Um sistema que foi utilizado neste trabalho poreacutem trouxe pouco benefiacutecio

foi o uso do sensor MAP Devido agrave baixa depressatildeo no coletor de admissatildeo

gerada por motores dois tempos uma soluccedilatildeo seria a aquisiccedilatildeo de dados com

alguns sensores de pressatildeo instalados em determinados pontos do motor como

no caacuterter admissatildeo e janelas de transferecircncia Isto para se analisar pontos de

baixa e alta pressatildeo durante os ciclos do motor podendo ser criado um algoritmo

que calcule uma meacutedia de pressatildeo mais palpaacutevel que possa ser levada em conta

na calibraccedilatildeo da injeccedilatildeo de combustiacutevel

91

9 Referecircncias Bibliograacuteficas

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Figura 3

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Figura 7

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Figura 8

Fonte httpsipinimgcom236xccffc0ccffc0bbf8d95f226062728cd4d4dc1e--

configuration-portjpg acessado em 26052019 agraves 1944

93

Figura 9

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Figura 10

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 11

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Figura 12

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 13

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Figura 14

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 15

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 16

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 17

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Figura 18

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

94

Figura 19

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Figura 20

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Figura 21

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Figura 22

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Figura 23

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Figura 24

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externa-anti-horario-28261205 acessado em 02062019 agraves 2124

Figura 25

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Figura 26

Fonte Autor

Figura 27

Fonte Autor

Figura 28

Fonte Autor

Figura 29

Fonte Autor

Figura 30

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Figura 31

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Figura 32

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Figura 33

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Figura 34

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Figura 35

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Figura 37

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Fonte Autor

Figura 50

Fonte Autor

Figura 51

Fonte Autor

Figura 52

Fonte Autor

Figura 53

Fonte Autor

Figura 54

Fonte Slides aulas SAGE ndash Prof MSc Adriano Ribolla

Figura 55

Fonte Autor

Figura 56

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-839220558-bobina-ignico-gol-

saveiro-parati-10-kombi-16-mi-3-pinos-

_JMmatt_tool=14302715ampmatt_wordampgclid=CjwKCAjwr8zoBRA0EiwANmvpYI

z4XlO7l-

97

OvI7_2OEUpSgy57Vriq67T2bbuVtWP0MawULSQk9SCjBoCXZcQAvD_BwEampq

uantity=1 acessado em 22062019 agraves 2340

Figura 57

Fonte httpswwwacnpecascombrprodutocabo-de-vela-fiat-tipo-1-6-ie-mpi-

todos-injecao-eletronica acessado em 22062019 agraves 2345

Figura 58

Fonte Autor

Figura 59

Fonte Autor

Figura 60

Fonte Autor

Figura 61

Fonte Autor

98

Apecircndice I

Lista de peccedilas e componentes utilizados

Componente Fabricante Part Number (OEM)

Fabricante Part Number (Reposiccedilatildeo)

Qtd

Injetor de Combustiacutevel Keihin 3340-9657-7489 Magnetron MAGNETRON 154-209-B 1

Bobina de Igniccedilatildeo Bosch F000ZS0104 NGK NGK U1092 1

Cabo de Vela Bosch F00099C067 NGK NGK SC-T58 1

Sensor Hiacutebrido - MAP - TPS - IAT

Keihin 16060-KVK-901 MTE-Thomson

MTE6701 1

Sensor de Rotacatildeo HALL Continental 55223464 MTE-Thomson

MTE70565 1

Bomba de Combustiacutevel Delphi BCD 00101 Bosch 580464070 1

Regulador de Pressatildeo Comb

SPA SPA TURBO 1

Roda Focircnica 60-2 Fueltech JR7401PTAz 1

Corpo de Boboletas XR300

Keihin 1641A-KWT-305 1

99

Anexo A

Esquema eleacutetrico do sistema de gerenciamento eletrocircnico

100

101

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

Anexo B

Datasheet Sensor MAP ndash NXPFreescale MPX4250AP

112

113

114

115

116

117

118

119

120

121

122

123

124

125

126

127

Anexo C

Lista de componentes Speeduino

Qtd Referecircncia na Placa Componente Valor Modelo

1 C16 CAP TANT 10uF 35V 10 RADIAL 10uF

6 C2C4C6C8C10C24 CAP CER 022uF 50V 10 RADIAL 220nF 224

7 C1C3C5C7C9C13C15 CAP CER 01uF 50V 20 RADIAL 100nF 104

1 C14 CAP TANT 47uF 63V 10 RADIAL 47uF

1 C18 CAP CER 033uF 50V 10 RADIAL 330nF 334

2 C19C25 CAP CER 10000pF 50V 10 RADIAL 10nF 103

3 C11C12C20 CAP CER 1uF 50V 20 RADIAL 1uF 105

1 C23 CAP CER 4700pF 100V 10 RADIAL 47nF 472

1 D16 DIODO ZENER 56V 3W AXIAL 1N5919BG 1N5919BG 2 D15D17 DIODO SCHOTTKY 1A 30V DO41 1N5818 1N5818

8 LED1LED2LED3LED4

LED5LED6LED7LED8 LED SS 3MM LED

4 D9D10D11D12 DIODO USO GERAL 400V 1A DO41 1N4004 1N4004

1 U2 VARISTOR 14MM 22V 1000A ZNR Varistor ZNR

V14D220

8 Q1Q2Q3Q4Q5Q6Q7

Q8 MOSFET N-CH 33V TO-220

62A

MOSFET STP75NS04Z

1 R54 RES 100K Ohm 14W 1 METAL

FILM 10kΩ

14W - 1

17

R10R13R16R19R21

R23R24R29R30R39

R40R50R51R57R58

R59R60

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 1kΩ

14W - 1

4 R9R12R15R18 RES 680 Ohm 06W 1 AXIAL 680Ω 14W - 1

6 R2R4R6R8R22R41 RES FILME METAacuteLICO 14W 470

Ohm 1 AXIAL 470Ω

14W - 1

7 R1R3R26R28R33R34

R61

249k Ohm plusmn1 025W 14W FILME

METAacuteLICO 249kΩ

14W - 1

1 R7 RES 39K Ohm 14W 01 FILME

METAacuteLICO 39kΩ

14W - 1

12

R11R14R17R20R35R3

6R37R38R48R49

R55R56

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 100kΩ

14W - 1

4 R25R27R31R32 RES 160 Ohm 2W 1 AXIAL 160Ω 2W - 1

1 U1 REGULADOR DE TENSAtildeO

LM2940-50 1A TO220 LM2940T 50NOPB

1 MPX4250A SENSOR MAP 363 PSI MAX 1-Bar MAP MPX4250AP

2 IC1IC2 CI MOSFET DVR 3A DUAL HS 8-DIP TC4424EP

A TC4424EPA

Page 4: FACULDADE DE TECNOLOGIA FATEC SANTO ANDRÉfatecsantoandre.edu.br/arquivos/TCC/227-Mecanica/TCC511.pdfLista de Unidades de Medida cm³ - unidade de volume, centímetros cúbicos mm

AGRADECIMENTOS

Agrave minha namorada Ana Silvia Morais pela paciecircncia e compreensatildeo em todos

os momentos que tive de estar ausente e tambeacutem pelo grande incentivo em

momentos difiacuteceis

Aos meus pais Valdir Joseacute dos Santos e Solange Dirce de Godoy dos Santos

que me deram o alicerce do conhecimento e do respeito a quem devo muito

Aos professores da Fatec com quem tive a oportunidade de adquirir enorme

conhecimento teacutecnico em especial ao meu orientador Adriano Ribolla pessoa

pela qual tenho o maior respeito e honra de poder aprender cada dia mais

E a todas as pessoas e amigos que de uma maneira ou outra contribuiacuteram para

o meu conhecimento nessa longa jornada da vida

ldquoPenso 99 vezes e nada descubro Deixo de pensar

mergulho no silecircncio e a verdade me eacute revelada rdquo

Albert Einstein

RESUMO

Os motores de combustatildeo interna parecem ter seus dias contados mas

enquanto este fato natildeo acontece buscamos alternativas para que eles possam

ter uma sobrevida Especificamente os motores de ciclo dois tempos possuem

caracteriacutesticas que ainda natildeo conseguiram ser alcanccediladas mesmo com toda a

tecnologia embarcada nos motores de combustatildeo interna atualmente Se

comparado com motores similares de outros tipos de ciclo possuem baixa

massa simplicidade de construccedilatildeo possuindo poucas peccedilas moacuteveis e alta

eficiecircncia volumeacutetrica poreacutem por queimarem oacuteleo e natildeo possuiacuterem vaacutelvulas seu

processo de combustatildeo gera uma maior quantidade de compostos poluentes

emitidos para a atmosfera

Este trabalho visa obter resultados positivos ao proporcionar o uso de uma

tecnologia moderna em um antigo motor de ciclo dois tempos que originalmente

utilizava como sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel um carburador Mikuni

com venturi de 24mm mostrando que pode valer a pena sua possiacutevel aplicaccedilatildeo

comercial nos dias atuais em possiacuteveis casos E a proposta embarcada neste

trabalho natildeo eacute um fato isolado tendo em vista que alguns fabricantes

desenvolvem novas tecnologias aplicadas a este tipo de motor nos dias de hoje

tais como KTM SportMotorcycle AG BRP-Rotax Tm Racing Sutter Engineering

empresas essas que oferecem tecnologia eletrocircnica em motores de ciclo dois

tempos nos dias atuais atendendo determinados nichos de mercado como

motores de motocicletas de competiccedilatildeo karts snowmobiles e motores naacuteuticos

Este fato corrobora que esta ideia de tecnologia natildeo estaacute morta (para uso em

veiacuteculos da linha comercial) mas ainda estaacute muito viva em alguns setores da

induacutestria automobiliacutestica

Para tal seraacute adaptado e calibrado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica

programaacutevel (open source) chamado Speeduino que utiliza um Arduino mega

2560 como controlador Foram adaptadas tambeacutem diversas peccedilas sensores e

atuadores para que seja possiacutevel o funcionamento do mesmo

Palavras chaves Ciclo Dois Tempos Motores de Combustatildeo Interna Injeccedilatildeo

Eletrocircnica Programaacutevel Speeduino Arduino Open Source

ABSTRACT

The internal combustion engines seems to be on the borderline of its time

but in the meanwhile we search alternatives to this engines to have an extra

overtime Especificaly two stroke engines have characteristics that have not been

achieved even with all the current technology If comparated with similar engines

but of other kind of cycles two stroke engines have low mass simplicity of

construction owning few movable parts and high volumetric efficiency However

due to a huge amount of oil burning and the lack of valves its combustion process

provides an enormous amount of poluents heat are thrown into the atmosphere

This work aims to have positive results by providing the use of modern

technology in an old two stroke engine Originally this engine used a 24mm

Mikuni carburetor showing that it may be worth to be used in comercial

aplications nowadays in some cases And the proposal contained in this work is

out of an isolated fact since some manufactures have developed new

tecnologies applied to this kind of engine today just like KTM SportMotorcycle

AG BRP-Rotax TM Racing Sutter Engineering such companies that offer

electronic tecnology in two stroke engines nowadays attending specific market

spaces like race engines to bikes karts snowmobiles and nautics applications

This fact comes to show that this idea of tecnology is possible (to commercial

line vehicles) in some sectors of automotive industries

According to this a system of programable electronic fuel injection (open

source) named Speeduino which uses an Arduino mega 2560 as controller will

be adapted and tuned Several parts will be also adapted just like sensors and

actuators to make possible its operation

Keywords Two stroke cycle Internal combustion engines Programable

electronic fuel injection Speeduino Arduino Open Source

Lista de Unidades de Medida

cmsup3 - unidade de volume centiacutemetros cuacutebicos

mm - unidade de medida miliacutemetros

Kgmf - unidade de torque quilograma forccedila vezes metro

Nm - unidade de torque Newton vezes metro

Bar - unidade de pressatildeo

Kmh - quilocircmetros por hora

degC - graus Celsius unidade de temperatura

deg - graus unidade de acircngulo

1min - unidade de rotaccedilatildeo por minuto

HP - Horse Power unidade de potecircncia

Cv - Cavalo Vapor unidade de potecircncia

V - Volts unidade de tensatildeo eleacutetrica

mA - mili ampeacutere unidade de corrente eleacutetrica

Ohms - unidade de resistecircncia eleacutetrica

MHz - Mega Hertzunidade de frequecircncia

KB - quilobyte unidade de capacidade de armazenamendo ou memoacuteria

Lista de Siglas e Abreviaturas

RPM - Rotaccedilotildees por minuto

PMS - Ponto morto superior

PMI - Ponto morto inferior

CDI - Capacitor Discharge Ignition

PWM - Pulse with modulation

SMD - Surface mounting device

GND - Ground

AP - Modelo de motor Volkswagen

EA111 - Modelo de motor Volkswagen

E-torq - Modelo de motor Fiat

DIY - Do it yourself

MAP - Manifold Absolute Pressure

IAT - Intake Air Temperature

TPS - Throttle Position Sensor

YPVS - Yamaha Power Valve System

Stand-Alone ndash Sistema que funciona independente de outros

Sumaacuterio

1 Introduccedilatildeo 18

11 Motivaccedilatildeo 19

12 Objetivos 21

13 Contribuiccedilotildees Esperadas 21

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho 22

2 Fundamentaccedilatildeo 23

21 Objetivos do Capiacutetulo 24

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos 24

23 Admissatildeo 29

24 Compressatildeo 31

25 Combustatildeo 35

251 Igniccedilatildeo 36

26 Exaustatildeo 37

261 Escapamento 41

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna 48

3 Detalhamento do Projeto 51

31 Dados do Motor 52

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico 58

33 Arduino Mega 2560 60

34 Speeduino 62

35 Montagem do Sistema Speeduino 63

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico 72

37 Corpo de Borboleta 76

38 Unidade de Sensores 77

381 Sensor TPS 77

382 Sensor IAT 78

383 Sensor MAP 79

39 Sistema de Igniccedilatildeo 82

4 Calibraccedilatildeo do Motor 83

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais 83

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel 85

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo 86

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada 87

5 Dados do Motor (Modificado) 87

6 Resultados 88

7 Conclusatildeo 89

8 Propostas Futuras 90

9 Referecircncias Bibliograacuteficas 91

10 Referecircncia Figuras 92

Apecircndice I 98

Anexo A 99

Anexo B 111

Anexo C 127

Lista de Figuras

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos 25

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro 26

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto 26

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas 27

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa 27

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter

do motor passando pela vaacutelvula de palhetas 28

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor

permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel 29

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

30

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos

pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro 31

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando

formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto 32

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo 33

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio

de platinado 36

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts 37

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF 39

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida 39

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System 40

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos 41

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos 42

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante 48

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo 49

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus

perifeacutericos 50

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135 51

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30 53

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo 53

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia 54

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto 55

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1 55

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2 56

Figura 29 - Processo de pintura 56

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo 57

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada 57

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta 58

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport 59

Figura 34 - ECU Bosch MS 151 59

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino 60

Figura 36 - Arduino Mega 2560 61

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino 63

Figura 38 - Inicio da montagem da placa 64

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada 65

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio 66

Figura 41 - Aterramento refeito externamente 67

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico 68

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada 69

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica 70

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes 71

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v 71

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall 72

Figura 48 - Roda Focircnica 73

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 74

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 75

Figura 51 - Corpo de Borboleta 76

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS 78

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT 79

Figura 54 - Princiacutepio strain gage 80

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP 81

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW 82

Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo 82

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor 84

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE 85

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo 86

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees 88

Lista de Graacuteficos

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3

1996 20

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos

com rotaccedilatildeo em 6000 RPM 35

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de

retorno 44

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor 46

Lista de Quadros

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos 23

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para oldquoHeaderrdquo 43

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor 44

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor 45

Quadro 5 - Comprimento da ponteira 47

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560 61

Lista de Foacutermulas

1 - Caacutelculo da Taxa de Compressatildeo 34

2 - Volume a ser comprimido (fabricantes japoneses) 34

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento 42

4 - Dimensotildees do Escapamento Header 43

5 - Dimensotildees do Escapamento Difusor 45

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor 46

7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo 47

8 - Caacutelculo do Fator Gauge 80

18

1 Introduccedilatildeo

Em 1878 um engenheiro escocecircs criou o projeto tido como o primeiro motor

de ciclo dois tempos e eacute atribuiacutedo a ele esta invenccedilatildeo este engenheiro era

Dugald Clerk Poreacutem este motor possuiacutea algumas diferenccedilas dos motores dois

tempos que conhecemos e utilizamos durante todo o seacuteculo XX ateacute os dias de

hoje Nos motores de Clerk a admissatildeo era feita por bombeamento separado do

motor possuiacutea vaacutelvulas e utilizava gaacutes como combustiacutevel (NUNNEY 1992)

O primeiro motor de ciclo dois tempos com as caracteriacutesticas que hoje

conhecemos com admissatildeo inicial e compressatildeo no caacuterter transferecircncia da

mistura feita por janelas nas laterais do cilindro sem vaacutelvulas soacute foi inventado

por volta de 1892 pelo inglecircs Joseph Day que por volta de 1889 comeccedilou a

desenvolver um motor de combustatildeo interna sem infringir as patentes de

Nikolaus Otto as quais eram as patentes do motor com ciclo a quatro tempos

(BOOTHROYD 2006)

As patentes de Nikolaus Otto satildeo atualmente invaacutelidas e atribuiacutedas a um

engenheiro francecircs Alphonse-Eugene Beau de Rochas o qual havia feito todos

estudos pesquisas e projetos sobre este ciclo anos antes em 1862 poreacutem natildeo

chegou a construir um motor assim como Otto o fez (TILLMAN 2013)

A invenccedilatildeo do motor dois tempos eacute creditada a Dugald Clerk Satildeo citados

diversos pesquisadores engenheiros inventores e construtores como pessoas

que desenvolveram e agregaram conhecimento a este tipo de motor poreacutem foi

possiacutevel observar durante as pesquisas que Day eacute pouco lembrado em livros e

documentos poreacutem historicamente foi quem idealizou e construiu as soluccedilotildees

para o motor dois tempos que utilizamos quase que literalmente ateacute os dias de

hoje (BOOTHROYD 2006)

Durante o seacuteculo XX os motores dois tempos foram amplamente utilizados

na induacutestria automotiva Foram construiacutedos diversos veiacuteculos com esses

motores carros motocicletas caminhotildees e tratores O primeiro estudo e

construccedilatildeo de protoacutetipo de injeccedilatildeo eletrocircnica voltada para motores dois tempos

aconteceu em 1978 exatos cem anos da construccedilatildeo do motor de Clerk e foi

feita por Edmond Vieilledent que conseguiu obter relativo sucesso em suas

pesquisas e desenvolvimento poreacutem a tecnologia de microprocessamento na

19

eacutepoca inicial e o custo para implementaccedilatildeo relativamente alto em motores de

baixa cilindrada aparentemente inviabilizou o projeto em larga escala

(VIEILLEDENT 1978)

Quarenta anos apoacutes o trabalho de Vieilledent em 2018 a fabricante de

motocicletas austriacuteacas KTM Motorcycle disponibiliza para venda no mercado

motocicletas de competiccedilatildeo off-road de 250 e 300cmsup3 com sistema de injeccedilatildeo

eletrocircnica o que vem a corroborar a ideia de que os motores dois tempos para

determinadas aplicaccedilotildees merecem a implementaccedilatildeo de novas tecnologias para

que haja junto com a evoluccedilatildeo eletrocircnica novos resultados aplicados aos

motores dois tempos

11 Motivaccedilatildeo

As motivaccedilotildees deste trabalho surgem da premissa de reduzir algumas

deficiecircncias intriacutensecas do funcionamento dos motores de ciclo dois tempos

funcionamento que seraacute abordado e explicado em um toacutepico especiacutefico adiante

Para isso seraacute utilizado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel com

processamento de dados feito a partir de um Arduino Mega 2560 montado em

um motor Yamaha de 135cmsup3 de 2 tempos de fabricaccedilatildeo nacional produzido ateacute

o ano de 2000 Este motor equipou por mais de vinte anos as motocicletas

Yamaha Rd e Rdz 135cmsup3 e possuiacuteam como sistema de alimentaccedilatildeo de

combustiacutevel carburadores com diacircmetro de venturi 24mm e 26mm

respectivamente e sistema de igniccedilatildeo por descarga capacitiva com curva de

igniccedilatildeo preacute-estabelecida

Os motores dois tempos possuem caracteriacutesticas de funcionamento muito

peculiares e produzem uma potecircncia especiacutefica relativamente alta poreacutem esta

potecircncia vem de uma curva de torque caracteriacutestica do projeto do motor sendo

muito difiacutecil conseguir obter uma curva onde se consiga que a potecircncia seja alta

em todas as faixas de rotaccedilatildeo A maioria dos projetos de motores dois tempos

favorece a potecircncia em uma faixa de rotaccedilatildeo muito estreita por exemplo motores

que satildeo projetados para terem alto torque natildeo possuem alta rotaccedilatildeo e motores

para alta potecircncia soacute conseguem atingir esta potecircncia apoacutes os 10000rpm e todo

o resto da curva de potecircncia do motor eacute esquecida Este trabalho visa a

20

introduccedilatildeo de um sistema de gerenciamento de combustiacutevel e igniccedilatildeo eletrocircnico

para obter uma possiacutevel melhora da faixa de potecircncia aumentando a largura

dessa faixa de potecircncia elevada

Podemos notar ao analisarmos o graacutefico 1 que este tipo de motor produz

uma faixa de trabalho uacutetil de aproximadamente 1500 rpm somente apoacutes os

10000 rpm esta caracteriacutestica torna a pilotagem destas motocicletas em regime

de competiccedilatildeo muito difiacutecil e cansativa

Fonte httppulpmxcom

Com a inserccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico seraacute feita a

tentativa de implementar uma calibraccedilatildeo que natildeo privilegie somente uma faixa

tatildeo pequena de trabalho buscando antecipar e ampliar esta faixa de potecircncia

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3 1996

21

12 Objetivos

Os objetivos deste trabalho satildeo construir montar adaptar e talvez a parte

mais complexa calibrar um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel em um

motor de ciclo dois tempos Natildeo existem muitas informaccedilotildees a respeito de

calibraccedilatildeo eletrocircnica para motores em geral muito menos para motores dois

tempos o que torna esse acerto um tanto quanto difiacutecil

Como descrito anteriormente a motivaccedilatildeo vecircm da capacidade de tentar

incrementar potecircncia em um motor de pouca massa e isso eacute o essencial para

regimes de performance em competiccedilotildees de karts naacuteuticas e de motocicletas

A busca seraacute por uma calibraccedilatildeo final que alargue a faixa de potecircncia do motor

ou seja melhorando suas caracteriacutesticas de funcionamento utilizando um

sistema de gerenciamento eletrocircnico com alguns sensores que seja confiaacutevel e

que permita a sua utilizaccedilatildeo em quaisquer condiccedilotildees climaacuteticas e ambientais

tais como umidade temperatura e pressatildeo atmosfeacuterica

13 Contribuiccedilotildees Esperadas

As contribuiccedilotildees estatildeo relacionadas com os objetivos descritos na

subseccedilatildeo 12 e satildeo elas

a) Promover uma anaacutelise de forma ampla sobre os aspectos positivos e

negativos dos motores que utilizam o ciclo de dois tempos

b) Renovar alguns dados encontrados na literatura teacutecnica a respeito dos

motores dois tempos que na maioria dos livros sobre motores de

combustatildeo interna satildeo dados advindos do estudo de motores anteriores

a deacutecada de 1950 ou seja informaccedilotildees que merecem atualizaccedilatildeo

c) Expor os aspectos positivos do uso da eletrocircnica e programaccedilatildeo no

gerenciamento de motores

d) Possibilitar a adaptaccedilatildeo de uma tecnologia moderna e aberta (open

source) em antigos motores de combustatildeo interna que originalmente

possuiacuteam alimentaccedilatildeo de combustiacutevel mecacircnica e sistema de igniccedilatildeo

simplificado

e) Mostrar as possiacuteveis e esperadas dificuldades de se calibrar o sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos

22

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho

Este trabalho abordaraacute a inserccedilatildeo de um sistema de gerenciamento

eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos sendo assim o assunto eacute abordado

em trecircs fases

Fase Inicial Aborda todo o conceito de funcionamento mecacircnico do motor

de ciclo dois tempos princiacutepios caracteriacutesticas de construccedilatildeo soluccedilotildees

adotadas ao longo da histoacuteria principais aplicaccedilotildees Esta parte tambeacutem tem por

objetivo ampliar o entendimento deste tipo de motor que eacute pouco esclarecido

em literaturas teacutecnicas e quando apresentado em livros utiliza o princiacutepio de

funcionamento correto poreacutem demonstra exemplos de motores antigos sem

muitas soluccedilotildees eficientes

Fase Intermediaacuteria Aborda todas as soluccedilotildees eleacutetricas e eletrocircnicas que

seratildeo utilizadas para o desenvolvimento do protoacutetipo histoacuterico de aplicaccedilotildees em

motores dois tempos processo de escolha montagem de componentes e

sensores anaacutelise de funcionamento e dificuldades enfrentadas

Fase Final Mostra os processos necessaacuterios para fazer a calibraccedilatildeo de

um motor de combustatildeo interna utilizando gerenciamento eletrocircnico aplicaccedilatildeo

em motores dois tempos quais as dificuldades e resultados obtidos

23

2 Fundamentaccedilatildeo

Os motores de ciclo dois tempos possuem o conceito mecacircnico da

termodinacircmica para seu funcionamento onde eacute admitido uma mistura de ar e

combustiacutevel pelo orifiacutecio de admissatildeo Posteriormente essa mistura sofre uma

melhor homogeneizaccedilatildeo no caacuterter junto ao eixo de manivelas onde tambeacutem eacute

comprimido e transferido para a cabeccedila do pistatildeo pelos orifiacutecios de transferecircncia

apoacutes a transferecircncia o pistatildeo inicia o ciclo de subida sentido PMS onde comprime

a mistura ar combustiacutevel e sofre combustatildeo por meio de uma centelha

Nos motores de ciclo dois tempos os pistotildees assim como nos motores

com ciclo quatro tempos possuem movimento alternativo em relaccedilatildeo ao cilindro

poreacutem a lubrificaccedilatildeo dos cilindros eacute feita por meio de oacuteleo misturado com o

combustiacutevel podendo ser forccedilado por uma bomba de lubrificaccedilatildeo que injeta o

oacuteleo no orifiacutecio de admissatildeo ou mesmo por uma mistura oacuteleocombustiacutevel que

pode ser previamente feita Esse sistema simplifica todo o funcionamento deste

tipo de motor poreacutem tambeacutem traz consigo suas deficiecircncias intriacutensecas desse

processo de combustatildeo

Segundo o Manual de Tecnologia Automotiva Bosch (2005) os motores

dois tempos possuem as vantagens e desvantagens que vemos a seguir

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos

Vantagens Desvantagens

Design Simples do Motor Maior Consumo de Combustiacutevel

Baixo Peso Altas Emissotildees de

Hidrocarbonetos

Baixo Custo de Fabricaccedilatildeo Pressatildeo Efetiva Meacutedia mais

Baixa

Padratildeo Melhor de Forccedila de

Torccedilatildeo

Cargas Teacutermicas mais Altas

Marcha Lenta mais deficiente

(Bosch 2005)

24

O desenvolvimento deste trabalho natildeo busca fazer um comparativo entre

os diversos ciclos de funcionamento dos motores de combustatildeo interna

existentes apesar de que em determinados toacutepicos essa comparaccedilatildeo seja

inevitaacutevel Apoacutes a anaacutelise deste trabalho seraacute possiacutevel tirar as proacuteprias

conclusotildees a respeito do funcionamento de motores dois tempos visto que a

maioria das literaturas a respeito dos motores dois tempos natildeo satildeo especiacuteficas

nem tampouco profundas a respeito do tema

21 Objetivos do Capiacutetulo

As seccedilotildees a seguir apresentam o princiacutepio de funcionamento dos motores

de ciclo dois tempos O capiacutetulo iraacute abordar e analisar as fases de funcionamento

e alguns componentes mecacircnicos deste tipo de motor e os resultados de

possiacuteveis modificaccedilotildees em seus componentes

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos

Diferentemente dos motores de ciclo otto a 4 tempos que necessitam a

rotaccedilatildeo de 720deg do eixo aacutervore de manivelas os motores de ciclo dois tempos

necessitam apenas de 360deg do eixo aacutervore de manivelas para executar as quatro

operaccedilotildees baacutesicas de funcionamento de um motor de combustatildeo interna

- Admissatildeo

- Compressatildeo

- Combustatildeo

- Exaustatildeo

25

Apesar das operaccedilotildees e princiacutepio de funcionamento dos motores dois tempos

serem parecidas com as do ciclo otto a concepccedilatildeo e construccedilatildeo do motor eacute

totalmente diferente Os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como

existem nos motores de ciclo otto pelo menos natildeo no sistema mais baacutesico de

funcionamento desses motores (conforme Figura 1)

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos

Editado pelo Autor Fonte httpswwwshutterstockcom

No sistema baacutesico de funcionamento de um motor dois tempos o cilindro possui

aberturas chamadas janelas elas satildeo como portas para entrada e saiacuteda da

mistura arcombustiacutevel

A mistura arcombustiacutevel apoacutes ser succionada atraveacutes do carburador entra

atraveacutes da chamada janela de admissatildeo no cilindro (conforme Figura 2) e chega

primeiramente no caacuterter do motor alguns motores normalmente os de

competiccedilatildeo ou maior performance possuem a entrada de arcombustiacutevel

diretamente no caacuterter (conforme Figura 3) natildeo necessitando entrar no cilindro e

ir para o caacuterter poreacutem isto natildeo eacute regra A entrada desse combustiacutevel no caacuterter

tambeacutem eacute utilizada para a lubrificaccedilatildeo dos rolamentos inferiores do motor jaacute que

na maioria dos casos o combustiacutevel e oacuteleo lubrificante satildeo misturados salvo

26

raros casos em que existem pontos de injeccedilatildeo apenas de oacuteleo em determinadas

partes do motor

Editado pelo Autor Fonte httpwwwrichstaylordportingcom

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto

Editado pelo Autor Fonte httpwwwebaycom

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro

27

Como dito anteriormente os motores dois tempos em essecircncia natildeo utilizam

vaacutelvulas poreacutem com o desenvolvimento desse tipo de motor foi-se aprimorando

a tecnologia e notou-se a necessidade do uso de vaacutelvulas na admissatildeo visto

que parte da mistura era expelida novamente pela admissatildeo quando havia

compressatildeo no caacuterter anteriormente este papel de vaacutelvula de admissatildeo era feito

pelo proacuteprio pistatildeo que ao passar pela janela de admissatildeo determinava os

intervalos de tempo entre admissatildeo e exaustatildeo Para melhorar a eficiecircncia do

sistema de vaacutelvula feito pelo pistatildeo adotou-se principalmente dois sistemas o

sistema de palhetas (conforme Figura 4) e o sistema de vaacutelvula rotativa

(conforme Figura 5)

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas

Fonte wwwamazoncom

Fonte httpscellcodeus

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa

28

Apoacutes ser recebida no caacuterter a mistura arcombustiacutevel eacute comprimida com a

descida do pistatildeo sentido ao PMI o que gera o aumento de pressatildeo no caacuterter e

faz com que a mistura seja transportada para a parte superior do pistatildeo atraveacutes

das chamadas janelas de transferecircncia (conforme Figura 6) Essas janelas

possuem aberturas na parte inferior do cilindro junto ao caacuterter do motor que eacute

por onde passa esta mistura arcombustiacutevel essas aberturas ligam dutos de

transferecircncia ateacute uma abertura na camisa do cilindro jaacute na parte superior do

pistatildeo (conforme Figura 6) Com a mistura jaacute na parte superior do pistatildeo ela eacute

comprimida e por fim queimada e os gases resultantes da queima satildeo expulsos

pela janela de exaustatildeo (conforme Figura 6)

Editado pelo Autor Fonte wwwpatentimagescom

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter do motor passando pela vaacutelvula de palhetas

29

23 Admissatildeo

O processo de admissatildeo inicia-se com a subida do pistatildeo sentido PMS

isso cria uma pequena depressatildeo no caacuterter do motor poreacutem suficiente para

arrastar a mistura arcombustiacutevellubrificante advinda do sistema de alimentaccedilatildeo

usualmente carburadores Essa mistura passa por vaacutelvulas que controlam a

entrada de mistura fresca no motor Na maioria dos motores atuais utilizam-se

vaacutelvulas de palhetas elas tambeacutem tecircm a funccedilatildeo de impedir que a mistura retorne

para o coletor de admissatildeo quando haacute a movimentaccedilatildeo do pistatildeo sentido PMI

(conforme Figura 7) Os primeiros motores de Joseph Day jaacute haviam adotado

uma soluccedilatildeo de vaacutelvulas de palhetas poreacutem esse sistema foi esquecido por

muitos anos e novamente adotados para motores de motocicletas de competiccedilatildeo

em meados dos anos 70 Notemos que a mistura no caacuterter do motor aleacutem de ar

e combustiacutevel tambeacutem possui lubrificante que nesse momento faz a lubrificaccedilatildeo

das peccedilas moacuteveis na parte inferior do motor Nas figuras seguintes podemos

notar como se comporta a entrada da mistura arcombustiacutevel para o caacuterter do

motor e tambeacutem o funcionamento das vaacutelvulas de palhetas

Editado pelo Autor Fonte www1bpblogspotcom

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel

30

O principal momento de admissatildeo da mistura arcombustiacutevel para o motor se daacute

com subida do pistatildeo rumo ao PMS no entanto esse natildeo eacute o uacutenico periacuteodo em

que o motor recebe mistura fresca do sistema de alimentaccedilatildeo Quando o pistatildeo

inicia o movimento de descida rumo ao PMI apoacutes a exaustatildeo tambeacutem temos

admissatildeo de mistura arcombustiacutevel fresca A quantidade eacute bem menor e se daacute

pela depressatildeo gerada pelo escape dos gases queimados junto a janela de

exaustatildeo Essa admissatildeo acontece passando por uma janela conhecida

popularmente como ldquoQuinta Luzrdquo ou em inglecircs ldquoBoost Portrdquo (conforme Figura 8)

poreacutem esse curto periacuteodo de admissatildeo tem maior influecircncia no processo de

exaustatildeo dos gases Essa admissatildeo favorece a expulsatildeo dos gases e limpeza

da cacircmara de combustatildeo para iniacutecio de um novo ciclo

Editado pelo Autor Fonte httpswwwpinterestcom

A duraccedilatildeo desse periacuteodo em graus da duraccedilatildeo da admissatildeo na quinta

luz pode ser tido como um dos periacuteodos criacuteticos no que diz respeito e eficiecircncia

do motor dois tempos pois se o periacuteodo tiver uma duraccedilatildeo muito prolongada

pode resultar em excesso de mistura fresca que eacute ldquojogada forardquo para a exaustatildeo

e se for muito curto acaba mantendo gaacutes queimado na cacircmara de combustatildeo o

que gera perda de potecircncia para o motor

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

31

24 Compressatildeo

A compressatildeo no motor dois tempos acontece assim como no motor de quatro

tempos comprimindo o volume total do cilindro em uma pequena aacuterea da cacircmara

de combustatildeo Poreacutem diferentemente do motor quatro tempos o cilindro do

motor dois tempos natildeo eacute totalmente vedado possuindo aberturas que como dito

anteriormente se chamam janelas (conforme Figura 6)

Podem existir vaacuterios formatos de cacircmara de combustatildeo ou popularmente

conhecido como cabeccedilote cada tipo buscando um resultado final diferente

(conforme Figuras 910 e 11)

Como os cabeccedilotes de motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas satildeo

praticamente um material usinado ou fundido contemplando um formato final E

esse formato nos motores dois tempos influencia muito na performance do

motor

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro

32

Os cabeccedilotes dos motores dois tempos possuem formatos que privilegiam

determinadas faixas de rotaccedilatildeo ou comportamento do motor com relaccedilatildeo a

torque Os chamados ldquoSquishrdquo satildeo um formato que impotildeem uma alta velocidade

agrave mistura em direccedilatildeo a vela de igniccedilatildeo e produz melhora no comportamento da

queima (conforme Figura 10)

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

O ldquoSquishrdquo eacute composto por algumas medidas que satildeo

Banda do Squish eacute a largura da faixa onde se concentra o squish e contorna

toda a circunferecircncia do cabeccedilote podendo ser mais larga ou estreita

dependendo do regime de funcionamento do motor

Acircngulo do Squish eacute o acircngulo feito na banda de squish podendo acompanhar

ou natildeo o acircngulo existente na cabeccedila do pistatildeo natildeo eacute usual mas podem existir

cabeccedilotes cujos acircngulos de squish sejam retos assim como a cabeccedila dos

pistotildees nesses motores

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto

33

Folga do Squish essa folga eacute a folga do topo da cabeccedila do pistatildeo quando

em PMS ateacute o ponto fiacutesico mais proacuteximo da banda de squish

Segundo Bell (1999) os cabeccedilotes que contemplam ldquoSquishrdquo vieram a

promover melhorias significantes na performance dos motores dois tempos

Esse tipo de cabeccedilote promove melhor homogeneizaccedilatildeo da mistura

arcombustiacutevel e tambeacutem de qualquer porccedilatildeo de gases de escapamento

residuais presentes na cacircmara Esse formato tambeacutem evita que a propagaccedilatildeo

de chama para as laterais do cilindro promovam o aquecimento do mesmo fator

que pode dar iniacutecio a um ciclo de detonaccedilatildeo que eacute muito prejudicial para o

funcionamento do motor

Fonte httpwwwcmraracingcom

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo

34

Um outro fator que gera uma certa confusatildeo em motores dois tempos eacute a

mediccedilatildeo da taxa de compressatildeo A compressatildeo efetiva do volume do cilindro

ocorre apenas quando os aneacuteis de segmento do pistatildeo passam pela uacuteltima

abertura sentido PMS sendo que a uacuteltima abertura em motores dois tempos satildeo

as janelas de exaustatildeo

O que pode se notar usualmente eacute que fabricantes europeus utilizam a

mesma maneira de se calcular taxa de compressatildeo de motores quatro tempos

em motores de ciclo dois tempos

onde

RC Relaccedilatildeo de Compressatildeo

VC Volume do Cilindro (cmsup3)

VCC Volume da Cacircmara de Combustatildeo (cmsup3)

Enquanto fabricantes japoneses utilizam uma maneira especiacutefica de medir

a taxa compressatildeo para motores dois tempos avaliando o volume total de

compressatildeo efetiva somente apoacutes a passagem dos aneacuteis de segmento pela

janela de escapamento fazendo sua vedaccedilatildeo Nesse caso o volume total do

cilindro natildeo entra na conta o que se utiliza eacute a altura da janela de exaustatildeo como

referecircncia para o volume total a ser comprimido

Pode-se assim calcular o Volume a ser Comprimido

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

onde

VAC Volume a ser comprimido (cmsup3)

120645 Constante

r Raio do cilindro (mm)

h distacircncia percorrida pelo pistatildeo do momento de fechamento da janela

de exaustatildeo ateacute a chegada em PMS (mm)

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

RC = VC+VCC

VCC

1-Caacutelculo da Taxa de

Compressatildeo

2 - Volume a ser comprimido

(fabricantes japoneses)

35

Quando pesquisa-se em fichas teacutecnicas sobre motores dois tempos tais

literaturas podem gerar uma confusatildeo de entendimento pois pode-se entender

que motores europeus utilizam taxa de compressatildeo muito maior que os motores

japoneses e isto natildeo eacute verdade apenas utilizam meacutetodos de mediccedilatildeo diferentes

25 Combustatildeo

O processo de combustatildeo em motores dois tempos eacute muito semelhante ao

dos motores de quatro tempos mas com uma diferenccedila essencial ao

entendimento deste tipo de motores Nos motores de ciclo de quatro tempos

acontece a centelha na vela de igniccedilatildeo a cada 720deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore

de manivelas enquanto no motor de ciclo dois tempos a centelha ocorre a cada

360deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore de manivelas ou seja a cada subida do pistatildeo

sentido PMS ocorre uma combustatildeo

Segundo Najafabadi Aziz Adams e Leman (2013) existem alguns efeitos

gerados no processo de combustatildeo advindos do ciclo anterior devido a gases

residuais que se mantiveram na cacircmara de combustatildeo Este fenocircmeno afeta a

combustatildeo podendo ocorrer avanccedilo ou atraso do tempo de igniccedilatildeo devido a

temperatura desses gases Ainda a pressatildeo no interior do cilindro que veio do

ciclo anterior afeta o fluxo de transiccedilatildeo do motor podendo a quantidade de gases

residuais ser diferente (conforme Graacutefico 2)

Fonte Najafabadi et al 2013

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos com rotaccedilatildeo em 6000 RPM

36

251 Igniccedilatildeo

Este mecanismo eacute importante para que o processo de combustatildeo seja

equilibrado bem executado e responda com um bom funcionamento do motor

Existem diversos sistemas de igniccedilatildeo disponiacuteveis para motores dois tempos

desde os mais simplificados (conforme Figura 12) ateacute sistemas programaacuteveis

onde pode-se determinar a curva de avanccedilo desejada por meio de programaccedilatildeo

do dispositivo via software (conforme Figura 13) poreacutem para entendimento do

funcionamento o esquema eleacutetrico do sistema de igniccedilatildeo por platinado possui

faacutecil entendimento este sistema foi utilizado por muitos anos e o uacutenico motivo de

cair em desuso era a necessidade de regulagem constante devido ao desgaste

mecacircnico do contato eleacutetrico

Fonte Bell 1999

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio de platinado

37

Fonte httpwwwpvl-zuendungende

26 Exaustatildeo

Este eacute com certeza o processo mais importante dentre todos os processos no

motor dois tempos a janela de exaustatildeo eacute a aacuterea do motor que se sofrer uma

alteraccedilatildeo de alguns deacutecimos de miliacutemetros pode mudar completamente o

comportamento do motor

Como jaacute discorremos os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como os

motores quatro tempos pelo menos natildeo nos mesmos moldes ou entatildeo vaacutelvulas

que vedem completamente a passagem dos gases Em um motor de quatro

tempos o comando de vaacutelvulas determina qual eacute momento de abertura das

vaacutelvulas a ordem o levante etc No motor dois tempos essa funccedilatildeo de duraccedilatildeo

da admissatildeo e exaustatildeo eacute composta pela diagramaccedilatildeo das janelas do cilindro

(conforme Figura 14) e satildeo fixas natildeo existe um comando de vaacutelvulas rotativo

ou qualquer dispositivo semelhante dentre essa diagramaccedilatildeo a duraccedilatildeo mais

importante e que determina o desempenho do motor e como ele se comportaraacute

eacute a da janela de exaustatildeo

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts

38

Segundo Bell (1999) o processo de modificaccedilatildeo da janela de exaustatildeo eacute talvez

um dos mais criacuteticos dentro dos motores dois tempos (conforme Figuras 14 e

15) pocircde-se notar que as diagramaccedilotildees possuem desenhos diferentes de

janelas de exaustatildeo o primeiro modelo da Yamaha TZ250 (conforme Figura 14)

eacute de janela uacutenica pois a dimensotildees que foram determinadas para o tamanho e

duraccedilatildeo da janela dado o diacircmetro do cilindro permitiram que isso fosse feito Jaacute

no segundo diagrama da Suzuki PE175 podemos notar que a janela de exaustatildeo

eacute bi partida (conforme Figura 15) isso acontece por que por projeto foi

determinado um tamanho de janela de exaustatildeo demasiadamente grande para

o diacircmetro desse cilindro natildeo eacute regra mas usualmente a largura de uma janela

de exaustatildeo pode ter no maacuteximo 70 do diacircmetro do cilindro isso acontece para

que os aneacuteis de segmento natildeo tendam a entrar no duto de exaustatildeo quando por

laacute passarem por isso a soluccedilatildeo adotada na Suzuki PE175 de adicionar mais

uma divisatildeo na janela permite ter uma janela de exaustatildeo mais larga sem

comprometer a durabilidade do motor

Por ser uma medida fiacutesica e determinante para o funcionamento do motor dois

tempos a janela de exaustatildeo sempre foi um ponto criacutetico no projeto desses

motores pois se o projeto determinava uma medida para a janela de exaustatildeo a

performance do motor era inerente a esta medida Motores que foram

desenvolvidos ateacute o final da deacutecada de 1970 natildeo conseguiam melhorar suas

caracteriacutesticas em todas as faixas de funcionamento Por exemplo se o projeto

da janela de exaustatildeo era feito para funcionar bem em baixas rotaccedilotildees isso

caracterizava aquele motor e nada podia ser feito para ser melhorado sem que

isso comprometesse outras faixas de rotaccedilatildeo

Motocicletas e karts de competiccedilatildeo que eram projetados para funcionar bem

em altas rotaccedilotildees tinham todo o torque em baixa muito comprometido se vermos

corridas de motocicletas da deacutecada de 1970 e iniacutecio dos anos de 1980 podemos

ver pilotos que largavam praticamente empurrando a motocicleta ateacute que ela

embalasse e chegasse a uma rotaccedilatildeo onde o motor pudesse andar sozinho

39

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida

40

No iniacutecio dos anos de 1980 a Yamaha criou uma soluccedilatildeo para melhorar o

desempenho dos motores dois tempos em todas as faixas de rotaccedilatildeo eacute um

sistema com uma vaacutelvula mecacircnica que variava as dimensotildees da janela de

exaustatildeo durante o funcionamento do motor esse sistema eacute chamado YPVS

(Yamaha Power Valve System) (conforme Figura 16) foi um sistema que permitiu

a Yamaha ganhar diversas competiccedilotildees on e off road ateacute que seus concorrentes

pudessem desenvolver sistemas semelhantes

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Inicialmente esse sistema era totalmente mecacircnico e era tocado por uma

bomba centriacutefuga ligada ao eixo arvore do motor posteriormente em

motocicletas de rua foi adotado o mesmo princiacutepio poreacutem foi utilizado um sistema

eletrocircnico com um servo motor Outros fabricantes desenvolveram sistemas

semelhantes ao longo do tempo e adotaram as mais diversas soluccedilotildees Um outro

sistema bastante popular foi o sistema pneumaacutetico (conforme Figura 17) que

era composto por uma vaacutelvula do tipo guilhotina e uma membrana na janela de

exaustatildeo a vaacutelvula se mantinha fechada em baixas rotaccedilotildees melhorando o

torque naquele momento e a membrana era calibrada para que em um certo

momento quando certa quantidade de gases de escape estivessem sendo

produzidos a membrana empurrava a vaacutelvula para traacutes aumentando as

dimensotildees da janela de exaustatildeo melhorando o torque em altas rotaccedilotildees

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System

41

Fonte httpwww bikemanperformancecom

261 Escapamento

Ainda na fase de exaustatildeo o escapamento eacute o acessoacuterio mais importante

para o bom funcionamento dos motores dois tempos e necessita cuidados

especiais em seu desenvolvimento Eacute intriacutenseco do funcionamento e da forma

construtiva do motor dois tempos o fato de que ele acaba por jogar mistura

fresca para o escapamento e isso causa perda de performance Assim o

escapamento promove ondas de ressonacircncia que causam o retorno de parte

dessa mistura fresca novamente para dentro do cilindro

Este sistema determina muito das caracteriacutesticas importantes de

funcionamento desse tipo de motor Satildeo peccedilas complexas de serem construiacutedas

e produzem um som caracteriacutesticos de ldquoring-dingrdquo a este tipo de motor

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos

42

Para um bom projeto de escapamento satildeo necessaacuterios diversos caacutelculos

para que se obtenha as dimensotildees ideais Posteriormente outro desafio eacute aplicar

as dimensotildees calculadas ao projeto do veiacuteculo o que produz verdadeiras

esculturas mecacircnicas (conforme Figura 18)

Caacutelculo para determinaccedilatildeo do comprimento ideal do escapamento

Onde

LE = Comprimento do escapamento (mm)

DE = Duraccedilatildeo da janela de exaustatildeo em graus (deg)

RPM = Rotaccedilatildeo para melhor funcionamento do motor (1min)

42545 = Constante que leva em conta que a onda socircnica sempre viaja na

velocidade do som no ar

Fonte Bell 1999

O trecho do escapamento que sai do cilindro do motor eacute chamado em inglecircs

ldquoHeaderrdquo esse trecho usualmente eacute cocircnico e utiliza acircngulos entre 115deg e 15deg

Entretanto ao longo da histoacuteria os fabricantes testaram acircngulos variando entre

08deg ateacute 23deg de conicidade para determinadas aplicaccedilotildees

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos

LE = DE x 42545

RPM

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento

43

As dimensotildees do Header podem ser determinadas da seguinte maneira Para

o comprimento pode-se utilizar o fator de multiplicaccedilatildeo (conforme Quadro 2)

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para o ldquoHeaderrdquo

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 85 ndash 95 10 -11

100 ndash 125 78 ndash 85 78 ndash 85

175 ndash 250 73 ndash 83 9 -10

350 - 500 73 ndash 83 85 ndash 95

Fonte Bell 1999

Jaacute com o fator de correccedilatildeo apropriado multiplicamos esse valor pelo diacircmetro

da janela de exaustatildeo e esse eacute o comprimento ideal do Header

O diacircmetro maior do Header pode ser calculado pela seguinte expressatildeo

Onde

D2 = eacute o diacircmetro maior do Header para uniatildeo com o Difusor (mm)

CH = eacute o Comprimento do Header (mm)

D1 = eacute o diacircmetro inicial do Header determinado pelo diacircmetro da janela de

exaustatildeo (mm)

Cotg H = eacute a cotangente do acircngulo do Header usualmente entre 115 e 15deg

O segundo trecho do escapamento chamado Difusor pode ser calculado da

seguinte maneira O diacircmetro inicial eacute o mesmo diacircmetro D2 do Header o

comprimento do Difusor eacute usualmente calculado utilizando 25 vezes o diacircmetro

da janela de exaustatildeo poreacutem pode-se usar de 22 a 29 vezes o diacircmetro da

janela de exaustatildeo dependendo do projeto tendo em mente que quanto menor

o comprimento melhor o rendimento em altas rotaccedilotildees e quanto maior o

comprimento melhor as respostas do motor em baixas rotaccedilotildees Ao final o que

D2 = CH x 2 + D1

cotg H

4 ndash Dimensotildees do Escapamento Header

44

iraacute determinar o comprimento eacute a proposta do motor O acircngulo de conicidade do

Difusor varia normalmente entre 3deg e 7deg com diferentes reaccedilotildees ao rendimento

do motor (conforme Quadro 3) modificando a duraccedilatildeo e os efeitos da onda de

ressonacircncia (conforme Graacutefico 3)

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 65 a 7deg 3 a 35deg

100 ndash 125 65 a 75deg 4 a 48deg

175 65 a 75deg 35 a 45deg

250 7 a 75deg 4 a 45deg

350 ndash 500 4 a 5deg

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de retorno

45

O segundo diacircmetro o diacircmetro maior do Difusor pode ser calculado

utilizando a seguinte expressatildeo

Onde

CD = Comprimento do Difusor D3 = Diacircmetro maior do Difusor D2 = Diacircmetro menor do Difusor cotg D = Cotangente do acircngulo de conicidade que foi determinado para o Difusor

Existe uma seccedilatildeo paralela que liga o diacircmetro maior do difusor ao uacuteltimo

cone esse trecho eacute popularmente chamado de Bojo (conforme Figura 18) poreacutem

natildeo se pode calcular o comprimento dela sem antes calcular as dimensotildees do

cone final que eacute chamado de ldquoBafflerdquo ou defletor (conforme Quadro 4) Essa

seccedilatildeo por sua vez determina a duraccedilatildeo e a intensidade das ondas de

ressonacircncia que iraacute manter o cilindro cheio de maneira eficiente Segundo Bell

(1999) um defletor com um cone curto e acircngulo muito abrupto iraacute permitir um

ganho de potecircncia maacutexima ao custo de sacrificar as baixas e meacutedias rotaccedilotildees

(conforme Graacutefico 4)

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 -80 105 a 12deg 85 a 95deg

100 105 a 12deg 9 a 10deg

125 95 a 12deg 85 a 10deg

175 10 a 12deg 8 a 10deg

250 10 a 12deg 75 a 10deg

350 - 500 9 a 11deg

Fonte Bell 1999

CD = D3 ndash D2 x cotg D

2

5 ndash Dimensotildees do Escapamento Difusor

46

Fonte Bell 1999

Para se calcular o comprimento do cone utilizamos a expressatildeo

CTD = (D32) x Cotg D

Onde

CTD Comprimento total do cone do defletor

D3 Diacircmetro maior do defletor ou seja o mesmo diacircmetro que o diacircmetro maior

do difusor

cotg D Cotangente do acircngulo escolhido para o defletor

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor

47

Agora com todos esses valores calculados podemos calcular o

comprimento da parte central do escapamento o chamado bojo Para isso

utilizamos a seguinte expressatildeo

Onde

CB Comprimento do Bojo

L Comprimento total do escapamento ateacute o meio da seccedilatildeo do defletor

CH Comprimento do Header

CD Comprimento do Difusor

CDE Comprimento total do Defletor

Por fim ainda necessitamos saber as dimensotildees do ldquoStingerrdquo ou ponteira

que segundo Graham Bell apoacutes vaacuterias experimentaccedilotildees chegou a alguns

valores que resultaram em boas respostas do motor (conforme Quadro 5)

Quadro 5 - Comprimento da ponteira

Volume do cilindro (cmsup3) Comprimento (mm) Diacircmetro Interno (mm)

50 - 80 205 ndash 230 17 -19

100 230 ndash 250 19 - 21

125 265 ndash 290 22 -24

175 270 - 295 25 ndash 27

250 280 ndash 305 26 ndash 28

350 -500 285 - 310 27 ndash 29

Fonte Bell 1999

CB = L ndash (CH+CD+(CDE2)) 7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo

48

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna

Em seu funcionamento os motores de combustatildeo interna

independentemente do tipo de ciclo necessitam de um gerenciamento da

admissatildeo de uma mistura carburante para o interior dos cilindros para que possa

haver a combustatildeo da mesma Anteriormente essa admissatildeo se dava por um

processo puramente mecacircnico com a utilizaccedilatildeo de carburadores que eram

sistemas mecacircnicos sofisticados que proporcionavam a atomizaccedilatildeo do

combustiacutevel com o ar atmosfeacuterico para a formaccedilatildeo da mistura carburante

(conforme Figura 19)

Fonte httpwwwthunderproductscom

Poreacutem este sistema possuiacutea algumas deficiecircncias pois necessitava de

constante regulagem e qualquer mudanccedila de condiccedilatildeo climaacutetica de temperatura

pressatildeo ou umidade fazia com que o carburador saiacutesse de sua faixa de trabalho

gerando um mal funcionamento do motor e por vezes ateacute mesmo sua quebra

Parte muito importante tambeacutem do funcionamento dos motores de

combustatildeo interna satildeo os sistemas de igniccedilatildeo que anteriormente eram sistema

independentes do sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel poreacutem atualmente

pertencem ao mesmo pacote de gerenciamento do motor Estes sistemas de

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante

49

igniccedilatildeo eram normalmente sistemas eletromecacircnicos podendo ser sistemas

simples com ponto de igniccedilatildeo fixo ou sistemas mais elaborados com a presenccedila

de circuitos eletrocircnicos para fazer a variaccedilatildeo do ponto de igniccedilatildeo Estes sistemas

possuem alguns componentes baacutesicos

Distribuidor (no caso de haver mais de um cilindro) bobina de igniccedilatildeo

(para gerar alta tensatildeo) cabos de igniccedilatildeo e velas de igniccedilatildeo Este eacute o esquema

mais baacutesico de funcionamento dos sistemas de igniccedilatildeo podendo haver

variaccedilotildees eleacutetricas mecacircnicas e em alguns casos eletrocircnicas (conforme Figura

20)

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom

Atualmente os sistemas mais modernos de gerenciamento de motores de

combustatildeo interna satildeo quase que puramente eletrocircnicos e contemplam os dois

mundos alimentaccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo em um uacutenico sistema (conforme

Figura 21) Todo o gerenciamento eacute feito com base em leitura de sensores uma

calibraccedilatildeo que prevecirc diversas situaccedilatildeo de uso do motor e atuadores que fazem

o processo fiacutesico de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel do motor Estes satildeo sistemas

complexos que se baseiam na condiccedilatildeo imediata de diversos fatores que satildeo

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo

50

interpretados por sensores como por exemplo pressatildeo atmosfeacuterica

temperatura do motor massa de ar admitida etc Estas leituras feitas pelos

sensores satildeo recebidas por um circuito eletrocircnico que conteacutem um processador

onde essas informaccedilotildees satildeo recebidas e com base em dados armazenados em

sua memoacuteria para cada condiccedilatildeo ter-se atuaccedilatildeo eletrocircnica onde eacute feita a injeccedilatildeo

de combustiacutevel pelos injetores e o disparo da centelha de igniccedilatildeo para que haja

a combustatildeo

Fonte httpswwwflaviolucasmmblogspotcom

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus perifeacutericos

51

3 Detalhamento do Projeto

Os capiacutetulos anteriores serviram para o embasamento teacutecnico para que

fosse possiacutevel uma melhor compreensatildeo do que se trata o projeto a ser

executado neste trabalho de conclusatildeo de curso Neste ponto iremos tratar

especificamente do projeto de adaptaccedilatildeo de um sistema completo de injeccedilatildeo

eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos Yamaha de 135cmsup3 proveniente

de uma motocicleta Yamaha RD 135 (Conforme Figura 22) e todos os

componentes utilizados para tornar esta adaptaccedilatildeo possiacutevel

Fonte httpsmotos-motorcombr

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135

52

31 Dados do Motor

O motor utilizado neste projeto eacute proveniente de uma motocicleta Yamaha

Rd 135cmsup3 que foi fabricado no Brasil de 1988 a 1999 Trata-se de um motor

monociliacutendrico que utiliza o ciclo de trabalho dois tempos refrigerado agrave ar

seguem os dados teacutecnicos

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 58mm x 50mm

Cilindrada 132cmsup3

Taxa de Compressatildeo 682 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Carburador Mikuni VM24 com 24mm de venturi

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo eletrocircnica de descarga capacitiva ou popularmente

CDI (Capacitor Discharge Ignition)

Lubrificaccedilatildeo Oacuteleo dois tempos bombeado atraveacutes de uma bomba chamada

Autolube nos motores Yamaha este oacuteleo eacute proveniente de um reservatoacuterio que

alimenta a bomba que por sua vez transfere o oacuteleo atraveacutes de uma mangueira

diretamente ao coletor de admissatildeo do motor variando a quantidade de oacuteleo de

acordo com a rotaccedilatildeo e abertura do carburador

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Gasolina

Potecircncia 16cv a 9000rpm

Torque 174kgfm a 8500rpm

Para este projeto o motor utilizado jaacute possuiacutea modificaccedilotildees mecacircnicas

para atingir melhores rendimentos que o motor original pois eacute um motor que foi

utilizado em competiccedilotildees de motovelocidade na categoria RD 135 Diversas

peccedilas foram modificadas tais como sistema de alimentaccedilatildeo escapamento

vaacutelvula de palhetas igniccedilatildeo combustiacutevel diagramaccedilatildeo do cilindro e taxa de

compressatildeo O sistema de alimentaccedilatildeo original foi substituiacutedo por um carburador

Mikuni TM 30 (conforme Figura 23) o escapamento foi substituiacutedo por um

escapamento dimensionado construiacutedo artesanalmente o sistema de igniccedilatildeo

53

utilizado foi um Motoplat de ponto fixo (conforme Figura 24) e o combustiacutevel

utilizado foi o etanol que aleacutem de ser o combustiacutevel regulamentado para o

campeonato tambeacutem eacute um combustiacutevel que permite extrair mais potecircncia do

motor pois com esse combustiacutevel eacute possiacutevel fazer modificaccedilotildees mecacircnicas

como taxa de compressatildeo e avanccedilo de igniccedilatildeo que natildeo seriam possiacuteveis

utilizando gasolina como combustiacutevel

Fonte wwwjapanbaikucom

Fonte wwwcustojustopt

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo

54

O motor utilizado como base nesse trabalho natildeo eacute um motor original eacute

um motor de competiccedilatildeo e para haver base para comparaccedilatildeo do antes e depois

do processo de inserccedilatildeo do sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica este motor teve sua

potecircncia medida em dinamocircmetro inercial com sua curva de torque e potecircncia

aquisitadas (conforme Figura 25)

Fonte Autor

O motor utilizado passou por uma revisatildeo geral havendo troca de peccedilas

por se tratar de um motor de competiccedilatildeo foi por diversas vezes levado ao

extremo e com a escolha desse motor para o projeto esta revisatildeo se fez

necessaacuteria As imagens a seguir mostram o processo de desmontagem para

verificaccedilatildeo das condiccedilotildees do motor e posterior montagem (Conforme Figuras

262728293031 e 32)

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia

55

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto

56

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2

Figura 29 - Processo de pintura

57

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada

58

Fonte Autor

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico

Para a escolha do sistema de gerenciamento eletrocircnico foi necessaacuteria

grande pesquisa entre as opccedilotildees disponiacuteveis no mercado nacional e

internacional Os sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica disponiacuteveis originalmente em

motocicletas de fabricaccedilatildeo nacional poderiam ter sido uma opccedilatildeo mas foram

logo descartados pois foram concebidos para trabalhar com motores de ciclo

otto o que natildeo eacute o caso e as maneiras de calibraccedilatildeo desses sistemas originais

se tornariam difiacuteceis de conseguir tornando essa escolha inviaacutevel

A busca foi por um sistema ldquostand-alonerdquo auto suficiente e que permitisse

mudanccedila total nos paracircmetros de calibraccedilatildeo normalmente satildeo sistemas

utilizados em competiccedilotildees de automoacuteveis motocicletas caminhotildees etc

Existem sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica ldquostand-alonerdquo muito sofisticados

de fabricantes renomados mundialmente dentro e fora das pistas de corridas

como Magneti Marelli (conforme Figura 33) e Bosch (conforme Figura 34) em

suas divisotildees motorsport

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta

59

Sistemas desses fabricantes satildeo reconhecidamente confiaacuteveis o problema eacute o

valor de um sistema desses que eacute muito caro e os tornam inviaacuteveis para um

projeto experimental de baixo custo Opccedilotildees nacionais tambeacutem foram cogitadas

como o sistema Fueltech poreacutem ainda possuem um custo alto e suas opccedilotildees de

programaccedilatildeo e flexibilidade do sistema ainda eram limitados para o tipo de ciclo

do motor a ser utilizado

A escolha do sistema apoacutes grande pesquisa foi pelo sistema ldquostand-alonerdquo

Speeduino (conforme Figura 35) um sistema totalmente programaacutevel que utiliza

como microcontrolador um Arduino Mega 2560 esse eacute um sistema do tipo ldquoDIYrdquo

Do It Yourself ou em portuguecircs ldquofaccedila vocecirc mesmordquo Estatildeo disponiacuteveis na

internet os layouts das placas de circuito impresso e o usuaacuterio pode fabricar as

proacuteprias placas ou compraacute-las prontas em determinados sites da internet e sua

lista de componentes para montagem tambeacutem estaacute disponiacutevel na internet e eacute

relativamente faacutecil encontraacute-los O custo de produccedilatildeo de um sistema desse eacute

relativamente baixo comparado com outros sistemas do mesmo segmento e

por utilizar Arduino como controlador sua programaccedilatildeo eacute inteira aberta e pode

ser modificada de acordo com as necessidades do usuaacuterio

Fonte wwwmagnetimarellicom

Fonte wwwellis-componentscouk

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport Figura 34 - ECU Bosch MS 151

60

Fonte Autor

33 Arduino Mega 2560

Arduino eacute uma plataforma para programaccedilatildeo criada na Itaacutelia por Massimo

Banzi David Cuartielles Tom Igoe Gianluca Martino e David Mellis no ano de

2005 para entusiastas e profissionais da programaccedilatildeo e da eletrocircnica

permitindo diversos tipos de projetos para estes seguimentos Trata-se de uma

placa com um microcontrolador Atmel possuindo diversas entradassaiacutedas

analoacutegicas e digitais a quantidade dessas entradas e saiacutedas varia de acordo

com o modelo do Arduino Essas entradassaiacutedas podem ser programadas por

uma interface IDE Arduino via computador utilizando linguagem C

Na praacutetica eacute um microcontrolador programaacutevel como qualquer outro de

outros fabricantes por exemplo PIC (Microchip) ou ARM (Freescale) poreacutem tem

sua utilizaccedilatildeo facilitada por jaacute estar inserido em uma placa que contempla

soquetes para pinagem das entradas e saiacutedas e porta de comunicaccedilatildeo USB

Serial para gravaccedilatildeo da programaccedilatildeo no microcontrolador Diferentemente de

outros microcontroladores que necessitam da confecccedilatildeo de uma placa de

circuito impresso para uso e de um programador serial para gravaccedilatildeo da

programaccedilatildeo (conforme Figura 36)

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino

61

Fonte httpswwwamazoncom

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560

Microcontrolador ATmega 2560 (Atmel)

Tensatildeo de Operaccedilatildeo 5V

Tensatildeo de Alimentaccedilatildeo (recomendado) 7-12V

Tensotildees Limites de Operaccedilatildeo 6-20V

Saiacutedas Digitais IO 54 saiacutedas sendo 15 PWM

Entradas Analoacutegicas 16

Corrente da Saiacutedas IO 20mA

Corrente nos Pinos 33V 50mA

Memoacuteria Flash 256Kb

SRAM 8Kb

EEPROM 4Kb

Frequecircncia do Clock 16Mhz

LED_BUILTIN 13

Comprimento da Placa 10152mm

Largura da Placa 5333mm

Peso da Placa Completa 37g

Altura da Placa 12mm

Editado pelo Autor Fonte httpwwwArduinocom

Figura 36 - Arduino Mega 2560

62

34 Speeduino

O sistema Speeduino foi o sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica escolhido para o

projeto Eacute um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica totalmente programaacutevel criado por

Josh Stuart e utiliza um Arduino Mega 2560 como microcontrolador assim como

outros sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel possibilita a calibraccedilatildeo por

completo do sistema de injeccedilatildeo e igniccedilatildeo Para tal utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio que permite diversas configuraccedilotildees do

sistema de injeccedilatildeo tais como o meacutetodo de calibraccedilatildeo utilizado configuraccedilatildeo dos

mapas de avanccedilo de igniccedilatildeo e tempo de injeccedilatildeo sistema de malha aberta ou

malha fechada etc

O sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica Speeduino eacute um sistema ldquostand-alonerdquo

ou seja trabalha independente de outros sistemas apenas para gerenciar o

motor a combustatildeo interna seja ele de ciclo quatro ou dois tempos Eacute um sistema

difundido pela internet e permite troca de informaccedilotildees entre usuaacuterios que

trabalham em conjunto para desenvolvimento e aperfeiccediloamento do hardware e

do software o layout principal da placa de circuito impresso tambeacutem estaacute

disponiacutevel na internet bem como a lista de componentes necessaacuterios para a

montagem Este sistema requer um miacutenimo de conhecimento de eletrocircnica para

sua construccedilatildeo um miacutenimo de conhecimento em eleacutetricaeletrocircnica automotiva

para a instalaccedilatildeo do sistema no motor e grande conhecimento em programaccedilatildeo

e mecacircnica automobiliacutestica para calibraccedilatildeo do sistema no motor

63

35 Montagem do Sistema Speeduino

A partir do momento onde foi feita a escolha do sistema Speeduino foi

necessaacuterio obter os componentes necessaacuterios para confecccedilatildeo da placa

(conforme Anexo C) O primeiro passo foi a fabricaccedilatildeo da placa de circuito

impresso a partir do layout disponiacutevel (conforme Figura 37)

Fonte wwwSpeeduinocom

Posteriormente foi feita a aquisiccedilatildeo dos componentes necessaacuterios para a

montagem da placa Esses componentes tambeacutem estatildeo disponiacuteveis na internet

em uma planilha eletrocircnica e satildeo encontrados com relativa facilidade no

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino

64

mercado com exceccedilatildeo de determinados componentes cuja importaccedilatildeo foi

necessaacuteria poreacutem com baixo custo (conforme Anexo C)

Com todos os componentes necessaacuterios em matildeos foi executada a montagem

do sistema o que necessita uma certa habilidade pois o projeto possui diversos

componentes tipo SMD (conforme Figura 38)

Fonte Autor

Com a placa jaacute montada (conforme Figura 39) antes da montagem de todo o

chicote eleacutetrico para funcionamento do motor iniciaram-se os testes de

funcionamento do sistema Por ser um sistema montado artesanalmente os

testes pareciam ser o passo mais certo a se seguir

Figura 38 - Inicio da montagem da placa

65

Fonte Autor

Eacute importante mostrar que o sistema Speeduino utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio (conforme Figura 40) eacute um freeware na

versatildeo baacutesica que foi criado para funcionar em conjunto com outro sistema

de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel conhecido como Megasquirt e o mesmo

tambeacutem eacute utilizado na calibraccedilatildeo do sistema Speeduino Mais adiante seratildeo

feitas explicaccedilotildees detalhadas das configuraccedilotildees do software

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada

66

Fonte Autor

Jaacute no primeiro teste este apresentou resultados negativos com a

eletrocircnica natildeo respondendo agraves configuraccedilotildees e nem mostrando leituras de

sensores

A soluccedilatildeo deste problema veio depois de procurar muito e fazer diversas

mediccedilotildees analisando os diagramas eleacutetricos (conforme Anexo A) O

problema estava na placa de circuito impresso a trilha do aterramento

(GND) natildeo havia sido impressa ou seja natildeo havia aterramento em nenhum

ponto do sistema A placa havia sido impressa por um terceiro Ao entrar em

contato com o mesmo ele disse que enviaria outra placa poreacutem para agilizar

o processo e natildeo ter que esperar novamente a chegada de componentes

uma uacutenica opccedilatildeo surgiu devido aos prazos a de refazer o aterramento da

placa de forma externa (conforme Figura 41) sem nenhuma pretensatildeo de

que isso desse certo poreacutem era uma alternativa para que todo o processo

de funcionamento do motor fosse agilizado

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio

67

Fonte Autor

Apoacutes todo o trabalho de refazer as trilhas de aterramento iniciou-se

novamente a fase testes de funcionamento e os resultados foram positivos

O sistema comeccedilou a responder perfeitamente aos testes iniciais

O elemento de maior importacircncia para o funcionamento desse sistema de

gerenciamento eletrocircnico eacute o sensor de rotaccedilatildeo do motor e foi por ele que

se iniciaram os testes Foi adaptada uma roda focircnica a um torno mecacircnico

e tambeacutem o sensor de rotaccedilatildeo do tipo ldquohallrdquo (conforme Figura 42) para

verificar se o conjunto eletrocircnico do sistema estava recebendo os sinais de

rotaccedilatildeo

Figura 41 - Aterramento refeito externamente

68

Fonte Autor

O teste obteve resultados positivos respondendo perfeitamente a rotaccedilatildeo

do torno mecacircnico sendo testado em diversas rotaccedilotildees diferentes com a

interface do software sempre mostrando os valores de rotaccedilatildeo corretos

Entatildeo os testes que se seguiram foram os de atuaccedilatildeo eleacutetrica como injetor

de combustiacutevel e bobina de igniccedilatildeo todos testes feitos a princiacutepio em

bancada (conforme Figura 43)

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico

69

Fonte Autor

Apoacutes todos os testes em bancada partiu-se para a montagem do chicote

eleacutetrico para funcionamento do sistema no motor e tambeacutem a adaptaccedilatildeo

mecacircnica de suportes para sensores e a adaptaccedilatildeo da roda focircnica

(conforme Figura 44)

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada

70

Fonte Autor

A roda focircnica utilizada eacute proveniente de um motor Volkswagen EA-111

(conforme Figura 45) o sensor de rotaccedilatildeo a ser utilizado pelo sistema de

gerenciamento eletrocircnico Speeduino foi o sensor de efeito hall poderia ser

utilizado o sensor de relutacircncia magneacutetica poreacutem seria necessaacuterio a

confecccedilatildeo de uma eletrocircnica para o condicionamento de sinal

transformando-o para sinal de onda quadrada com amplitude de 5V de

tensatildeo Para evitar a confecccedilatildeo de mais uma eletrocircnica sendo um potencial

ponto fraco do sistema optou-se por utilizar um sensor de rotaccedilatildeo de efeito

hall proveniente dos motores Fiat E-torq 18 (conforme Figura 46) fabricado

pela Continental

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica

71

Fonte Autor

Fonte wwwmercadolivrecombr

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v

72

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico

Neste projeto o sistema de sincronismo eletrocircnico possui dois

componentes apenas satildeo eles a roda focircnica e o sensor de rotaccedilatildeo ambos

adaptados ao projeto e advindos de carros

O sistema de sincronismo eletrocircnico consiste em transformar o

sincronismo mecacircnico do motor em sinais de onda quadrada (conforme Figura

47) que possam ser interpretados pelo sistema de gerenciamento eletrocircnico

proporcionando a injeccedilatildeo de combustiacutevel e disparo da centelha no momento

exato que fora previamente calibrado

Fonte Autor

O sistema consiste de uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes ou seja

satildeo 58 dentes e ausecircncia de 2 dentes Foi adaptada uma roda focircnica do motor

Volkswagen EA-111 poreacutem apoacutes alguns problemas de captaccedilatildeo do sinal esta

foi alterada por uma roda focircnica utilizada em motores Volkswagen AP quando

convertidos a injeccedilatildeo eletrocircnica (conforme Figura 48) essa roda mostrou melhor

resoluccedilatildeo do sinal Hall com menos ruiacutedos no sinal

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall

73

Fonte Autor

Apoacutes vaacuterios testes esta foi a combinaccedilatildeo que melhor funcionou no motor

a roda focircnica aliada ao sensor de rotaccedilatildeo permite a sincronizaccedilatildeo mecacircnica do

motor em relaccedilatildeo ao sistema de gerenciamento eletrocircnico do motor A calibraccedilatildeo

eacute feita da seguinte maneira junto ao software de calibraccedilatildeo do sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica eacute dada a referecircncia em graus da posiccedilatildeo fiacutesica da roda focircnica

em relaccedilatildeo ao motor O primeiro passo eacute colocar o motor em PMS e ver onde se

situa a falha dos dois dentes da roda focircnica a partir disso contar quantos dentes

se tem ateacute o dente que coincide com o sensor de rotaccedilatildeo (conforme Figura 49)

Figura 48 - Roda Focircnica

74

Fonte Autor

Como eacute utilizada uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes cada dente

equivale a 6deggraus de resoluccedilatildeo sendo 3deg do bordo de subida e 3deg do bordo de

descida no caso do projeto o sensor coincide com o 37deg dente a partir da falha

e isso equivale a 228deggraus a partir da falha Todo o sincronismo do motor eacute feito

baseado nessa referecircncia sendo este valor colocado como referecircncia no

software de gerenciamento eletrocircnico (conforme Figura 50)

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

75

Fonte Autor

A partir deste momento todo o sincronismo do motor estaacute baseado nestes

dados e quando o motor estiver em PMS o sistema eletrocircnico saberaacute disso pois

o sensor de rotaccedilatildeo estaraacute alinhado com o 37deg dente que eacute a referecircncia para o

sistema

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

76

37 Corpo de Borboleta

O corpo de borboletas utilizado (conforme Figura 51) eacute proveniente das

motocicletas Honda CB300 e XRE300 possui 35mm de venturi e eacute fabricado

pela empresa japonesa Keihin famosa pela fabricaccedilatildeo de carburadores de

motocicletas tambeacutem possui uma unidade de sensores integrados Foi utilizado

por ser um componente de faacutecil aquisiccedilatildeo no mercado brasileiro o que permite

faacutecil manutenccedilatildeo quando necessaacuterio e seu formato fiacutesico permite a utilizaccedilatildeo de

uma grande gama de injetores diferentes quando isso se faz necessaacuterio

Tambeacutem houve uma pequena adaptaccedilatildeo no coletor de admissatildeo que tambeacutem

eacute proveniente das mesmas motocicletas Honda essa adaptaccedilatildeo se deve ao fato

de o motor em questatildeo possuir o sistema de vaacutelvulas de palhetas na admissatildeo

o que natildeo acontece nas motocicletas Honda que possuem motor de quatro

tempos

Fonte Autor

Figura 51 - Corpo de Borboleta

77

38 Unidade de Sensores

A unidade de sensores refere-se a uma unidade composta por trecircs

sensores que jaacute estaacute acoplada ao corpo de borboletas Keihin e contempla os

sensores

MAP ndash Manifold Absolute Pressure (Pressatildeo Absoluta no Coletor)

IAT ndash Intake Air Tempeture (Temperatura do Ar Admitido)

TPS ndash Throttle Position Sensor (Sensor de Posiccedilatildeo do Acelerador)

Destes sensores natildeo foi utilizado apenas o sensor Map pois a unidade

de gerenciamento eletrocircnico jaacute possui um sensor Map integrado que foi utilizado

Estes sensores puderam ser configurados para utilizaccedilatildeo com o sistema

de gerenciamento eletrocircnico sem o menor problema

381 Sensor TPS

Este sensor se refere ao sensor que envia a informaccedilatildeo de posiccedilatildeo da

borboleta para o sistema de gerenciamento eletrocircnico Nada mais eacute do que um

potenciocircmetro que varia a resistecircncia ocirchmica ao se variar a posiccedilatildeo do

acelerador

Sua calibraccedilatildeo eacute feita em tempo real com a unidade de gerenciamento

eletrocircnico (conforme Figura 52) onde se informa a posiccedilatildeo do acelerador

totalmente fechado e totalmente aberto o sistema de gerenciamento jaacute adquire

o valor de resistecircncia ocirchmica e faz os caacutelculos para os valores intermediaacuterios e

a interpretaccedilatildeo das posiccedilotildees

78

Fonte Autor

382 Sensor IAT

Este sensor eacute responsaacutevel por aquisitar a temperatura do ar que estaacute

sendo admitido ou seja que estaacute momentaneamente passando pelo corpo de

borboletas Este assim como o sensor de posiccedilatildeo da borboleta e tambeacutem o

sensor de pressatildeo absoluta no coletor eacute utilizado para o caacutelculo da massa de ar

que estaacute sendo admitida pelo motor Este sensor eacute calibrado a partir dos valores

de resistecircncia ocirchmica cujos valores satildeo inseridos no software de calibraccedilatildeo da

unidade de gerenciamento eletrocircnico esses valores natildeo satildeo facilmente

adquiridos pois o fabricante da unidade de sensores natildeo os disponibiliza poreacutem

outro fabricante de sensores a MTE-Thompson fabrica esse mesmo modelo de

unidade de sensores para reposiccedilatildeo do original e entrando em contato com o

departamento teacutecnico eles passam os valores de funcionamento do sensor e

esses valores foram os utilizados para calibraccedilatildeo do sensor de temperatura do

ar admitido (conforme Figura 53)

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS

79

Fonte Autor

383 Sensor MAP

Sensores MAP satildeo utilizados para determinar a pressatildeo do ar admitido

que passa pelo coletor de admissatildeo satildeo muito usados nos sistemas atuais de

gerenciamento eletrocircnico de motores de combustatildeo interna Este tipo de

sensores trabalha utilizando o princiacutepio de strain gage onde haacute a deformaccedilatildeo do

material metaacutelico variando tambeacutem sua resistividade (conforme Figura 54)

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT

80

Fonte Nota de aula ndash Prof Adriano Ribolla (Sist De Gerenc Eletrocircnico 2018)

A funccedilatildeo de variaccedilatildeo da resistecircncia ou fator Gauge pode ser dada pela

expressatildeo

Onde

R resistecircncia (Ω)

ρ constante do material

L comprimento do fio (m)

A secccedilatildeo transversal do fio (msup2)

O sistema de gerenciamento eletrocircnico Speeduino jaacute possuiacute em sua

montagem um sensor MAP interno na sua montagem e mesmo que na

unidade de sensores Keihin utilizada jaacute possuiacutesse um sensor MAP foi

escolhido utilizar o sensor existente na eletrocircnica da unidade de

gerenciamento eletrocircnico apenas pela facilidade de calibraccedilatildeo (conforme

Figura 55)

R= ρ LA

8 - Caacutelculo do Fator Gauge

Figura 54 - Princiacutepio strain gage

81

Fonte Autor

O sensor MAP existente no sistema de gerenciamento eletrocircnico eacute do

fabricante NXPFreescale modelo MPX 4250AP (conforme Anexo B) com um

range de leitura pressatildeo de 20 a 250 kPa

Apoacutes o funcionamento do motor e leitura do sensor foi possiacutevel notar que nos

motores de ciclo dois tempos justamente pelo seu tipo de ciclo e forma

construtiva natildeo seria possiacutevel fazer a calibraccedilatildeo dos mapas de funcionamento

do motor levando-se em conta a leitura de pressatildeo no coletor pois a depressatildeo

no coletor deste tipo de motor eacute muito baixa variando muito pouco Poreacutem este

fato jaacute era de se esperar mas a inserccedilatildeo deste sensor natildeo foi em vatildeo Ela jaacute foi

feita com o objetivo de futuros trabalhos sobre este tipo de sensor em motores

dois tempos para obtenccedilatildeo de valores palpaacuteveis de pressatildeo que possam ser

levados em conta na calibraccedilatildeo do motor

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP

82

39 Sistema de Igniccedilatildeo

O sistema de igniccedilatildeo deve ser compatiacutevel com o sistema de

gerenciamento eletrocircnico utilizado que foi o Speeduino Para isso o sistema de

igniccedilatildeo original do motor foi substituiacutedo por uma bobina utilizada em motores da

linha VW (conforme Figura 56) bobinas essas com moacutedulo de igniccedilatildeo integrado

e para evitar interferecircncias com o sensor de rotaccedilatildeo ou demais eletrocircnicas do

hardware de gerenciamento foi utilizado cabo vela resistivo do veiacuteculo Fiat Tipo

ie (Conforme Figura 57) as velas originais da motocicleta jaacute eram do tipo

resistiva A bobina poderia ter sido utilizada qualquer uma com moacutedulo de igniccedilatildeo

integrado e o cabo de vela tambeacutem poderia ser qualquer um do tipo resistivo

poreacutem estes foram escolhidos apenas por se integrarem melhor fisicamente ao

projeto

Fonte wwwmercadolivrecombr Fonte wwwacnpecascombr

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo

83

4 Calibraccedilatildeo do Motor

Atualmente a calibraccedilatildeo de motores de combustatildeo interna tem tido como

objetivo principal melhorar autonomia com relaccedilatildeo a consumo de combustiacutevel e

diminuiccedilatildeo das emissotildees de poluentes muito em funccedilatildeo de legislaccedilotildees mais

riacutegidas e restritivas Novas teacutecnicas construtivas de motores e implementaccedilotildees

de novas teacutecnicas de calibraccedilatildeo tem sido utilizadas como downsizing turbo-

compressores injeccedilatildeo direta de combustiacutevel para sistemas ldquoflex-fuelrdquo ou ateacute

mesmo sistemas mistos utilizando injeccedilatildeo direta e indireta de combustiacutevel em

um mesmo motor Estes meacutetodos elevaram o niacutevel tecnoloacutegico dos motores de

combustatildeo interna extraindo grande potecircncia diminuindo massa de motores

poreacutem com a necessidade de muita eletrocircnica embarcada

Um dos intuitos deste trabalho eacute a inserccedilatildeo de um sistema de

gerenciamento eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos a princiacutepio de

maneira experimental apenas para obter preacutevias de sua viabilidade

construtivamente e dar a motores que utilizam este tipo de ciclo a oportunidade

de ressurgirem ou natildeo no mercado com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias e

eletrocircnica embarcada ou mesmo proporcionar uma longevidade de seu uso em

competiccedilotildees

Para a calibraccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico que foi

escolhido o sistema Speeduino utilizamos o software de calibraccedilatildeo Tuner

Studio o qual jaacute foi previamente apresentado Seratildeo mostrados a seguir os

passos e direccedilotildees tomadas no que diz respeito a calibraccedilatildeo deste motor de ciclo

dois tempos em questatildeo

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais

Inicialmente eacute necessaacuterio a introduccedilatildeo de alguns dados pertinentes ao

motor e a estrateacutegia de funcionamento do mesmo para tal utilizamos a tela

ldquoEngine Constantsrdquo ou constantes do motor no software Tuner Studio Em

seguida detalhamos os dados de acordo com as caracteriacutesticas do motor que foi

escolhido para o trabalho (conforme Figura 58)

84

Fonte Autor

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor

85

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel

A tabela de injeccedilatildeo de combustiacutevel eacute baseada no meacutetodo VE ldquoVolumetric

Efficiencyrdquo ou eficiecircncia volumeacutetrica neste sistema utiliza-se o item ldquoCalculated

Required Fuelrdquo ou caacutelculo de combustiacutevel necessaacuterio (Conforme Figura 58) o

valor disponibilizado neste item representa o tempo necessaacuterio de injeccedilatildeo de

combustiacutevel baseado em 100 da eficiecircncia volumeacutetrica do motor e

posteriormente desenvolve-se a tabela VE de acordo com as necessidades do

motor (conforme Figura 59) em funccedilatildeo de rotaccedilatildeo do motor e posiccedilatildeo da

borboleta podendo ou natildeo estes valores serem multiplicados pelo valor de

pressatildeo do sensor MAP poreacutem no caso deste trabalho natildeo se utilizou o a

multiplicaccedilatildeo pelo sensor pois este dado se mostrou insatisfatoacuterio para motores

de ciclo dois tempos que geram pouca ou nenhuma depressatildeo no coletor de

admissatildeo

FonteAutor

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE

86

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo

A tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo permite determinar o momento em que seraacute

disparada a centelha pela vela de igniccedilatildeo permitindo a queima da mistura

arcombustiacutevel Os valores inseridos na tabela satildeo valores que representam o

acircngulo em graus antes do ponto morto superior do motor PMS (conforme Figura

60) em que seraacute disparada a centelha esta deve ser disparada alguns graus

antes do PMS pois a queima da mistura deve ser aproveitada ao maacuteximo e para

que isso aconteccedila deve se adotar um ponto de igniccedilatildeo de forma que a frente de

chama tenha tempo suficiente para queimar dentro do cilindro caso contraacuterio a

queima se torna ineficiente e acaba por desperdiccedilar combustiacutevel que acaba

sendo jogado para o escapamento sem que este seja queimado

Os valores de avanccedilo em graus inseridos nesta tabela tambeacutem tecircm seu

funcionamento em funccedilatildeo dos eixos de posiccedilatildeo da borboleta do acelerador e

rotaccedilatildeo do motor

Fonte Autor

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo

87

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada

Usualmente em uma grande montadora ou grande equipe de corridas

essas tabelas seriam desenvolvidas em um laboratoacuterio de desenvolvimento de

motores com diversos equipamentos para controle e aquisiccedilatildeo de dados Poreacutem

por se tratar de um trabalho acadecircmico e de baixo custo natildeo houve a

possibilidade de utilizaccedilatildeo de ferramentas desta espeacutecie desta maneira a tabela

foi toda desenvolvida experimentalmente atraveacutes de horas observando

deficiecircncias e comportamentos do funcionamento do motor

5 Dados do Motor (Modificado)

Tendo em vista que este motor eacute proveniente de uma motocicleta de

competiccedilatildeo as caracteriacutesticas originais dele foram modificadas e a motocicleta

utilizada no projeto tambeacutem (conforme Figura 61) Seguem os dados teacutecnicos

com a modificaccedilotildees do motor

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 59mm x 50mm

Cilindrada 1367cmsup3

Taxa de Compressatildeo 145 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Injeccedilatildeo eletrocircnica com corpo de borboletas de 35mm

de diacircmetro e injetor de combustiacutevel Keihin Flex

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo gerenciada a partir da ECU com o uso de Bobina

Bosch utilizada em motores Volkswagen AP ndash MI

Lubrificaccedilatildeo Premix na proporccedilatildeo de 35ml por litro de etanol

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Etanol

Potecircncia 245cv a 9400rpm

Torque 190kgfm a 9000rpm

88

Fonte Autor

6 Resultados

Os resultados obtidos neste trabalho foram deveras satisfatoacuterios

mostrando que eacute possiacutevel o funcionamento de um motor de ciclo dois tempos

utilizando como meacutetodo de injeccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo um sistema de

gerenciamento eletrocircnico moderno Abordagem essa que seria impensaacutevel anos

atraacutes hoje se tornou uma realidade talvez abrindo novos horizontes para o futuro

de motores que utilizem ciclo dois tempos talvez natildeo comercialmente mas ainda

que para seu uso em competiccedilotildees possa ser extraiacutedo o maacuteximo de rendimento

possiacutevel

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees

89

7 Conclusatildeo

Seguramente o desenvolvimento de uma metodologia soacutelida no

desenvolvimento de sistemas de gerenciamento eletrocircnico e calibraccedilatildeo voltadas

para motores de ciclo dois tempos natildeo seraacute uma tarefa faacutecil existe uma longa

estrada a se percorrer para se chegar ao mesmo niacutevel de desenvolvimento

existente destes sistemas para motores de ciclo quatro tempos ou mesmo diesel

Contudo o projeto se mostrou viaacutevel e mesmo que natildeo tenha havido

possibilidade de testes em dinamocircmetro o comportamento do motor mostrou-se

estaacutevel com o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica Possivelmente houve ganhos de

desempenho e esses testes podem ser executados como tarefa futura no intuito

de comprovar possiacuteveis resultados favoraacuteveis

Cabe aos futuros projetos novas soluccedilotildees e abordagens que podem ser

pensadas especificamente para o motor de ciclo dois tempos pois mesmo que

sua fabricaccedilatildeo seja descontinuada para veiacuteculos comerciais sua fabricaccedilatildeo para

suprir necessidades de veiacuteculos de competiccedilatildeo ainda pode prosseguir por anos

e o uso de tecnologia moderna nesses motores pode vir a extrair niacuteveis de

potecircncia e torque antes natildeo atingidos com a utilizaccedilatildeo de igniccedilotildees de ponto fixo

e carburadores Tambeacutem pode alterar caracteriacutesticas de desempenho do motor

como a falta de torque em baixas rotaccedilotildees

Neste projeto o motor original utilizado natildeo foi fabricado para comportar

uma injeccedilatildeo eletrocircnica por isso houve muitos esforccedilos nas adaptaccedilotildees para que

o funcionamento deste motor com esta tecnologia fosse possiacutevel Poreacutem se

pensarmos em uma produccedilatildeo fabril para motores dois tempos projetados para

que utilizem injeccedilatildeo eletrocircnica originalmente isso torna o processo todo muito

mais viaacutevel do ponto de vista comercial aleacutem de implementar uma tecnologia

que tiraria os motores de ciclo dois tempos da aposentadoria podendo ateacute se

pensar em niacuteveis de emissotildees poluentes melhores mesmo que seu uso seja

exclusivo apenas em competiccedilotildees De toda forma um passo foi dado com a

realizaccedilatildeo deste projeto e o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica se mostrou ser uma

tecnologia segura e confiaacutevel para a utilizaccedilatildeo em motores de ciclo dois tempos

90

8 Propostas Futuras

Vaacuterios passos podem ser dados como propostas futuras mas pensando

no alto iacutendice de poluiccedilatildeo gerado por este tipo de motor pode se pensar em um

controle eletrocircnico da injeccedilatildeo de oacuteleo dois tempos para lubrificaccedilatildeo podendo-se

desenvolver algum meacutetodo de verificaccedilatildeo da necessidade de lubrificaccedilatildeo do

motor fazendo injeccedilatildeo de oacuteleo controlada por quantidade e por demanda

Tambeacutem pode-se pensar na utilizaccedilatildeo de catalisadores no escapamento para

diminuiccedilatildeo das emissotildees de gases poluentes o que com certeza deveraacute ser

estudado e caberaacute diversos testes e experimentaccedilotildees de materiais poreacutem

podendo obter resultados positivos

No sistema de injeccedilatildeo de combustiacutevel utilizado neste trabalho foi usado

o meacutetodo de injeccedilatildeo indireta de baixa pressatildeo utilizando uma pressatildeo na linha

de combustiacutevel na ordem de 3bar Futuramente pode-se fazer testes e anaacutelises

a respeito do uso da injeccedilatildeo indireta de combustiacutevel neste tipo de motor em

busca de quais seriam seus benefiacutecios Ainda sobre a injeccedilatildeo de combustiacutevel

uma anaacutelise que deve ser feita eacute em relaccedilatildeo a modificaccedilatildeo da posiccedilatildeo do injetor

de combustiacutevel que atualmente se situa no coletor de admissatildeo este pode ser

montado em alguma posiccedilatildeo estrateacutegica como no caacuterter do motor diretamente

ou em alguma das janelas por exemplo nas janelas de transferecircncia devendo-

se analisar os ganhos e perdas dessa montagem

Um sistema que foi utilizado neste trabalho poreacutem trouxe pouco benefiacutecio

foi o uso do sensor MAP Devido agrave baixa depressatildeo no coletor de admissatildeo

gerada por motores dois tempos uma soluccedilatildeo seria a aquisiccedilatildeo de dados com

alguns sensores de pressatildeo instalados em determinados pontos do motor como

no caacuterter admissatildeo e janelas de transferecircncia Isto para se analisar pontos de

baixa e alta pressatildeo durante os ciclos do motor podendo ser criado um algoritmo

que calcule uma meacutedia de pressatildeo mais palpaacutevel que possa ser levada em conta

na calibraccedilatildeo da injeccedilatildeo de combustiacutevel

91

9 Referecircncias Bibliograacuteficas

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92

10 Referecircncia Figuras

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Fonte httpsimageshutterstockcomimage-vectorsystem-twostroke-engines-

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1922

Figura 2

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acessado em 26052019 agraves 1924

Figura 3

Fonte httpsiebayimgcomimagesg~TsAAOSw~1FUVYxas-l1600jpg

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Figura 4

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Figura 5

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Figura 7

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a12i2jpg acessado em 26052019 agraves 1941

Figura 8

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configuration-portjpg acessado em 26052019 agraves 1944

93

Figura 9

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 10

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 11

Fonte httpwwwcmraracingcomshowthreadphp30922-For-Sale-And-yet-

even-more-Honda-RS125-Parts acessado em 02062019 agraves 2044

Figura 12

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 13

Fonte httpswwwpvldeenproductselectronic-electrical-engineering

acessado em 02062019 agraves 2051

Figura 14

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 15

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 16

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 17

Fonte httpsbikemanperformancecomsupreme-tool-arctic-cat-rave-style-

exhaust-valveshtml acessado em 02062019 agraves 2055

Figura 18

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

94

Figura 19

Fonte httpthunderproductscomattachment_id=316 acessado em

02062019 agraves 2100

Figura 20

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom201404 acessado em 02062019 agraves

2104

Figura 21

Fonte httpflaviolucasmmblogspotcom201508componentes-da-injecao-

eletronicahtml acessado em 02062019 agraves 2110

Figura 22

Fonte httpsmotos-motorcombrmfipeprecos-tabela-yamaha-rd-135-1994

acessado em 02062019 agraves 2116

Figura 23

Fonte httpswwwjapanbaikucomtm-27-8006 acessado em

02062019 agraves 2122

Figura 24

Fonte httpswwwcustojustoptleiriapecas-motasrotor-motoplat-bobine-

externa-anti-horario-28261205 acessado em 02062019 agraves 2124

Figura 25

Fonte Autor

Figura 26

Fonte Autor

Figura 27

Fonte Autor

Figura 28

Fonte Autor

Figura 29

Fonte Autor

Figura 30

Fonte Autor

95

Figura 31

Fonte Autor

Figura 32

Fonte Autor

Figura 33

Fonte httpswwwmagnetimarellicomnode65 acessado em 02062019 agraves

2130

Figura 34

Fonte httpswwwbosch-motorsportcomcontentdownloadsRacepartsen-

GB49044619111858827html acessado em 02062019 agraves 2135

Figura 35

Fonte Autor

Figura 36

Fonte httpswwwamazoncomSmartProjects-Mega-Arduino-MEGA-

BoarddpB004A7H3DG acessado em 02062019 agraves 2141

Figura 37

Fonte

httpsSpeeduinocomshopindexphpid_product=18ampcontroller=product

acessado em 02062019 agraves 2145

Figura 38

Fonte Autor

Figura 39

Fonte Autor

Figura 40

Fonte Autor

Figura 41

Fonte Autor

Figura 42

Fonte Autor

Figura 43

Fonte Autor

96

Figura 44

Fonte Autor

Figura 45

Fonte Autor

Figura 46

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-879906333-080036-sensor-de-

rotaco-fiat-idea-e-torq-16-linea-16-18-_JMquantity=1 acessado em

02062019 agraves 2220

Figura 47

Fonte Autor

Figura 48

Fonte Autor

Figura 49

Fonte Autor

Figura 50

Fonte Autor

Figura 51

Fonte Autor

Figura 52

Fonte Autor

Figura 53

Fonte Autor

Figura 54

Fonte Slides aulas SAGE ndash Prof MSc Adriano Ribolla

Figura 55

Fonte Autor

Figura 56

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-839220558-bobina-ignico-gol-

saveiro-parati-10-kombi-16-mi-3-pinos-

_JMmatt_tool=14302715ampmatt_wordampgclid=CjwKCAjwr8zoBRA0EiwANmvpYI

z4XlO7l-

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Figura 57

Fonte httpswwwacnpecascombrprodutocabo-de-vela-fiat-tipo-1-6-ie-mpi-

todos-injecao-eletronica acessado em 22062019 agraves 2345

Figura 58

Fonte Autor

Figura 59

Fonte Autor

Figura 60

Fonte Autor

Figura 61

Fonte Autor

98

Apecircndice I

Lista de peccedilas e componentes utilizados

Componente Fabricante Part Number (OEM)

Fabricante Part Number (Reposiccedilatildeo)

Qtd

Injetor de Combustiacutevel Keihin 3340-9657-7489 Magnetron MAGNETRON 154-209-B 1

Bobina de Igniccedilatildeo Bosch F000ZS0104 NGK NGK U1092 1

Cabo de Vela Bosch F00099C067 NGK NGK SC-T58 1

Sensor Hiacutebrido - MAP - TPS - IAT

Keihin 16060-KVK-901 MTE-Thomson

MTE6701 1

Sensor de Rotacatildeo HALL Continental 55223464 MTE-Thomson

MTE70565 1

Bomba de Combustiacutevel Delphi BCD 00101 Bosch 580464070 1

Regulador de Pressatildeo Comb

SPA SPA TURBO 1

Roda Focircnica 60-2 Fueltech JR7401PTAz 1

Corpo de Boboletas XR300

Keihin 1641A-KWT-305 1

99

Anexo A

Esquema eleacutetrico do sistema de gerenciamento eletrocircnico

100

101

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

Anexo B

Datasheet Sensor MAP ndash NXPFreescale MPX4250AP

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116

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126

127

Anexo C

Lista de componentes Speeduino

Qtd Referecircncia na Placa Componente Valor Modelo

1 C16 CAP TANT 10uF 35V 10 RADIAL 10uF

6 C2C4C6C8C10C24 CAP CER 022uF 50V 10 RADIAL 220nF 224

7 C1C3C5C7C9C13C15 CAP CER 01uF 50V 20 RADIAL 100nF 104

1 C14 CAP TANT 47uF 63V 10 RADIAL 47uF

1 C18 CAP CER 033uF 50V 10 RADIAL 330nF 334

2 C19C25 CAP CER 10000pF 50V 10 RADIAL 10nF 103

3 C11C12C20 CAP CER 1uF 50V 20 RADIAL 1uF 105

1 C23 CAP CER 4700pF 100V 10 RADIAL 47nF 472

1 D16 DIODO ZENER 56V 3W AXIAL 1N5919BG 1N5919BG 2 D15D17 DIODO SCHOTTKY 1A 30V DO41 1N5818 1N5818

8 LED1LED2LED3LED4

LED5LED6LED7LED8 LED SS 3MM LED

4 D9D10D11D12 DIODO USO GERAL 400V 1A DO41 1N4004 1N4004

1 U2 VARISTOR 14MM 22V 1000A ZNR Varistor ZNR

V14D220

8 Q1Q2Q3Q4Q5Q6Q7

Q8 MOSFET N-CH 33V TO-220

62A

MOSFET STP75NS04Z

1 R54 RES 100K Ohm 14W 1 METAL

FILM 10kΩ

14W - 1

17

R10R13R16R19R21

R23R24R29R30R39

R40R50R51R57R58

R59R60

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 1kΩ

14W - 1

4 R9R12R15R18 RES 680 Ohm 06W 1 AXIAL 680Ω 14W - 1

6 R2R4R6R8R22R41 RES FILME METAacuteLICO 14W 470

Ohm 1 AXIAL 470Ω

14W - 1

7 R1R3R26R28R33R34

R61

249k Ohm plusmn1 025W 14W FILME

METAacuteLICO 249kΩ

14W - 1

1 R7 RES 39K Ohm 14W 01 FILME

METAacuteLICO 39kΩ

14W - 1

12

R11R14R17R20R35R3

6R37R38R48R49

R55R56

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 100kΩ

14W - 1

4 R25R27R31R32 RES 160 Ohm 2W 1 AXIAL 160Ω 2W - 1

1 U1 REGULADOR DE TENSAtildeO

LM2940-50 1A TO220 LM2940T 50NOPB

1 MPX4250A SENSOR MAP 363 PSI MAX 1-Bar MAP MPX4250AP

2 IC1IC2 CI MOSFET DVR 3A DUAL HS 8-DIP TC4424EP

A TC4424EPA

Page 5: FACULDADE DE TECNOLOGIA FATEC SANTO ANDRÉfatecsantoandre.edu.br/arquivos/TCC/227-Mecanica/TCC511.pdfLista de Unidades de Medida cm³ - unidade de volume, centímetros cúbicos mm

ldquoPenso 99 vezes e nada descubro Deixo de pensar

mergulho no silecircncio e a verdade me eacute revelada rdquo

Albert Einstein

RESUMO

Os motores de combustatildeo interna parecem ter seus dias contados mas

enquanto este fato natildeo acontece buscamos alternativas para que eles possam

ter uma sobrevida Especificamente os motores de ciclo dois tempos possuem

caracteriacutesticas que ainda natildeo conseguiram ser alcanccediladas mesmo com toda a

tecnologia embarcada nos motores de combustatildeo interna atualmente Se

comparado com motores similares de outros tipos de ciclo possuem baixa

massa simplicidade de construccedilatildeo possuindo poucas peccedilas moacuteveis e alta

eficiecircncia volumeacutetrica poreacutem por queimarem oacuteleo e natildeo possuiacuterem vaacutelvulas seu

processo de combustatildeo gera uma maior quantidade de compostos poluentes

emitidos para a atmosfera

Este trabalho visa obter resultados positivos ao proporcionar o uso de uma

tecnologia moderna em um antigo motor de ciclo dois tempos que originalmente

utilizava como sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel um carburador Mikuni

com venturi de 24mm mostrando que pode valer a pena sua possiacutevel aplicaccedilatildeo

comercial nos dias atuais em possiacuteveis casos E a proposta embarcada neste

trabalho natildeo eacute um fato isolado tendo em vista que alguns fabricantes

desenvolvem novas tecnologias aplicadas a este tipo de motor nos dias de hoje

tais como KTM SportMotorcycle AG BRP-Rotax Tm Racing Sutter Engineering

empresas essas que oferecem tecnologia eletrocircnica em motores de ciclo dois

tempos nos dias atuais atendendo determinados nichos de mercado como

motores de motocicletas de competiccedilatildeo karts snowmobiles e motores naacuteuticos

Este fato corrobora que esta ideia de tecnologia natildeo estaacute morta (para uso em

veiacuteculos da linha comercial) mas ainda estaacute muito viva em alguns setores da

induacutestria automobiliacutestica

Para tal seraacute adaptado e calibrado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica

programaacutevel (open source) chamado Speeduino que utiliza um Arduino mega

2560 como controlador Foram adaptadas tambeacutem diversas peccedilas sensores e

atuadores para que seja possiacutevel o funcionamento do mesmo

Palavras chaves Ciclo Dois Tempos Motores de Combustatildeo Interna Injeccedilatildeo

Eletrocircnica Programaacutevel Speeduino Arduino Open Source

ABSTRACT

The internal combustion engines seems to be on the borderline of its time

but in the meanwhile we search alternatives to this engines to have an extra

overtime Especificaly two stroke engines have characteristics that have not been

achieved even with all the current technology If comparated with similar engines

but of other kind of cycles two stroke engines have low mass simplicity of

construction owning few movable parts and high volumetric efficiency However

due to a huge amount of oil burning and the lack of valves its combustion process

provides an enormous amount of poluents heat are thrown into the atmosphere

This work aims to have positive results by providing the use of modern

technology in an old two stroke engine Originally this engine used a 24mm

Mikuni carburetor showing that it may be worth to be used in comercial

aplications nowadays in some cases And the proposal contained in this work is

out of an isolated fact since some manufactures have developed new

tecnologies applied to this kind of engine today just like KTM SportMotorcycle

AG BRP-Rotax TM Racing Sutter Engineering such companies that offer

electronic tecnology in two stroke engines nowadays attending specific market

spaces like race engines to bikes karts snowmobiles and nautics applications

This fact comes to show that this idea of tecnology is possible (to commercial

line vehicles) in some sectors of automotive industries

According to this a system of programable electronic fuel injection (open

source) named Speeduino which uses an Arduino mega 2560 as controller will

be adapted and tuned Several parts will be also adapted just like sensors and

actuators to make possible its operation

Keywords Two stroke cycle Internal combustion engines Programable

electronic fuel injection Speeduino Arduino Open Source

Lista de Unidades de Medida

cmsup3 - unidade de volume centiacutemetros cuacutebicos

mm - unidade de medida miliacutemetros

Kgmf - unidade de torque quilograma forccedila vezes metro

Nm - unidade de torque Newton vezes metro

Bar - unidade de pressatildeo

Kmh - quilocircmetros por hora

degC - graus Celsius unidade de temperatura

deg - graus unidade de acircngulo

1min - unidade de rotaccedilatildeo por minuto

HP - Horse Power unidade de potecircncia

Cv - Cavalo Vapor unidade de potecircncia

V - Volts unidade de tensatildeo eleacutetrica

mA - mili ampeacutere unidade de corrente eleacutetrica

Ohms - unidade de resistecircncia eleacutetrica

MHz - Mega Hertzunidade de frequecircncia

KB - quilobyte unidade de capacidade de armazenamendo ou memoacuteria

Lista de Siglas e Abreviaturas

RPM - Rotaccedilotildees por minuto

PMS - Ponto morto superior

PMI - Ponto morto inferior

CDI - Capacitor Discharge Ignition

PWM - Pulse with modulation

SMD - Surface mounting device

GND - Ground

AP - Modelo de motor Volkswagen

EA111 - Modelo de motor Volkswagen

E-torq - Modelo de motor Fiat

DIY - Do it yourself

MAP - Manifold Absolute Pressure

IAT - Intake Air Temperature

TPS - Throttle Position Sensor

YPVS - Yamaha Power Valve System

Stand-Alone ndash Sistema que funciona independente de outros

Sumaacuterio

1 Introduccedilatildeo 18

11 Motivaccedilatildeo 19

12 Objetivos 21

13 Contribuiccedilotildees Esperadas 21

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho 22

2 Fundamentaccedilatildeo 23

21 Objetivos do Capiacutetulo 24

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos 24

23 Admissatildeo 29

24 Compressatildeo 31

25 Combustatildeo 35

251 Igniccedilatildeo 36

26 Exaustatildeo 37

261 Escapamento 41

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna 48

3 Detalhamento do Projeto 51

31 Dados do Motor 52

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico 58

33 Arduino Mega 2560 60

34 Speeduino 62

35 Montagem do Sistema Speeduino 63

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico 72

37 Corpo de Borboleta 76

38 Unidade de Sensores 77

381 Sensor TPS 77

382 Sensor IAT 78

383 Sensor MAP 79

39 Sistema de Igniccedilatildeo 82

4 Calibraccedilatildeo do Motor 83

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais 83

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel 85

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo 86

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada 87

5 Dados do Motor (Modificado) 87

6 Resultados 88

7 Conclusatildeo 89

8 Propostas Futuras 90

9 Referecircncias Bibliograacuteficas 91

10 Referecircncia Figuras 92

Apecircndice I 98

Anexo A 99

Anexo B 111

Anexo C 127

Lista de Figuras

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos 25

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro 26

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto 26

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas 27

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa 27

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter

do motor passando pela vaacutelvula de palhetas 28

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor

permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel 29

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

30

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos

pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro 31

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando

formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto 32

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo 33

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio

de platinado 36

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts 37

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF 39

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida 39

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System 40

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos 41

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos 42

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante 48

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo 49

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus

perifeacutericos 50

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135 51

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30 53

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo 53

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia 54

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto 55

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1 55

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2 56

Figura 29 - Processo de pintura 56

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo 57

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada 57

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta 58

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport 59

Figura 34 - ECU Bosch MS 151 59

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino 60

Figura 36 - Arduino Mega 2560 61

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino 63

Figura 38 - Inicio da montagem da placa 64

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada 65

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio 66

Figura 41 - Aterramento refeito externamente 67

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico 68

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada 69

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica 70

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes 71

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v 71

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall 72

Figura 48 - Roda Focircnica 73

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 74

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 75

Figura 51 - Corpo de Borboleta 76

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS 78

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT 79

Figura 54 - Princiacutepio strain gage 80

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP 81

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW 82

Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo 82

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor 84

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE 85

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo 86

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees 88

Lista de Graacuteficos

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3

1996 20

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos

com rotaccedilatildeo em 6000 RPM 35

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de

retorno 44

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor 46

Lista de Quadros

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos 23

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para oldquoHeaderrdquo 43

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor 44

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor 45

Quadro 5 - Comprimento da ponteira 47

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560 61

Lista de Foacutermulas

1 - Caacutelculo da Taxa de Compressatildeo 34

2 - Volume a ser comprimido (fabricantes japoneses) 34

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento 42

4 - Dimensotildees do Escapamento Header 43

5 - Dimensotildees do Escapamento Difusor 45

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor 46

7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo 47

8 - Caacutelculo do Fator Gauge 80

18

1 Introduccedilatildeo

Em 1878 um engenheiro escocecircs criou o projeto tido como o primeiro motor

de ciclo dois tempos e eacute atribuiacutedo a ele esta invenccedilatildeo este engenheiro era

Dugald Clerk Poreacutem este motor possuiacutea algumas diferenccedilas dos motores dois

tempos que conhecemos e utilizamos durante todo o seacuteculo XX ateacute os dias de

hoje Nos motores de Clerk a admissatildeo era feita por bombeamento separado do

motor possuiacutea vaacutelvulas e utilizava gaacutes como combustiacutevel (NUNNEY 1992)

O primeiro motor de ciclo dois tempos com as caracteriacutesticas que hoje

conhecemos com admissatildeo inicial e compressatildeo no caacuterter transferecircncia da

mistura feita por janelas nas laterais do cilindro sem vaacutelvulas soacute foi inventado

por volta de 1892 pelo inglecircs Joseph Day que por volta de 1889 comeccedilou a

desenvolver um motor de combustatildeo interna sem infringir as patentes de

Nikolaus Otto as quais eram as patentes do motor com ciclo a quatro tempos

(BOOTHROYD 2006)

As patentes de Nikolaus Otto satildeo atualmente invaacutelidas e atribuiacutedas a um

engenheiro francecircs Alphonse-Eugene Beau de Rochas o qual havia feito todos

estudos pesquisas e projetos sobre este ciclo anos antes em 1862 poreacutem natildeo

chegou a construir um motor assim como Otto o fez (TILLMAN 2013)

A invenccedilatildeo do motor dois tempos eacute creditada a Dugald Clerk Satildeo citados

diversos pesquisadores engenheiros inventores e construtores como pessoas

que desenvolveram e agregaram conhecimento a este tipo de motor poreacutem foi

possiacutevel observar durante as pesquisas que Day eacute pouco lembrado em livros e

documentos poreacutem historicamente foi quem idealizou e construiu as soluccedilotildees

para o motor dois tempos que utilizamos quase que literalmente ateacute os dias de

hoje (BOOTHROYD 2006)

Durante o seacuteculo XX os motores dois tempos foram amplamente utilizados

na induacutestria automotiva Foram construiacutedos diversos veiacuteculos com esses

motores carros motocicletas caminhotildees e tratores O primeiro estudo e

construccedilatildeo de protoacutetipo de injeccedilatildeo eletrocircnica voltada para motores dois tempos

aconteceu em 1978 exatos cem anos da construccedilatildeo do motor de Clerk e foi

feita por Edmond Vieilledent que conseguiu obter relativo sucesso em suas

pesquisas e desenvolvimento poreacutem a tecnologia de microprocessamento na

19

eacutepoca inicial e o custo para implementaccedilatildeo relativamente alto em motores de

baixa cilindrada aparentemente inviabilizou o projeto em larga escala

(VIEILLEDENT 1978)

Quarenta anos apoacutes o trabalho de Vieilledent em 2018 a fabricante de

motocicletas austriacuteacas KTM Motorcycle disponibiliza para venda no mercado

motocicletas de competiccedilatildeo off-road de 250 e 300cmsup3 com sistema de injeccedilatildeo

eletrocircnica o que vem a corroborar a ideia de que os motores dois tempos para

determinadas aplicaccedilotildees merecem a implementaccedilatildeo de novas tecnologias para

que haja junto com a evoluccedilatildeo eletrocircnica novos resultados aplicados aos

motores dois tempos

11 Motivaccedilatildeo

As motivaccedilotildees deste trabalho surgem da premissa de reduzir algumas

deficiecircncias intriacutensecas do funcionamento dos motores de ciclo dois tempos

funcionamento que seraacute abordado e explicado em um toacutepico especiacutefico adiante

Para isso seraacute utilizado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel com

processamento de dados feito a partir de um Arduino Mega 2560 montado em

um motor Yamaha de 135cmsup3 de 2 tempos de fabricaccedilatildeo nacional produzido ateacute

o ano de 2000 Este motor equipou por mais de vinte anos as motocicletas

Yamaha Rd e Rdz 135cmsup3 e possuiacuteam como sistema de alimentaccedilatildeo de

combustiacutevel carburadores com diacircmetro de venturi 24mm e 26mm

respectivamente e sistema de igniccedilatildeo por descarga capacitiva com curva de

igniccedilatildeo preacute-estabelecida

Os motores dois tempos possuem caracteriacutesticas de funcionamento muito

peculiares e produzem uma potecircncia especiacutefica relativamente alta poreacutem esta

potecircncia vem de uma curva de torque caracteriacutestica do projeto do motor sendo

muito difiacutecil conseguir obter uma curva onde se consiga que a potecircncia seja alta

em todas as faixas de rotaccedilatildeo A maioria dos projetos de motores dois tempos

favorece a potecircncia em uma faixa de rotaccedilatildeo muito estreita por exemplo motores

que satildeo projetados para terem alto torque natildeo possuem alta rotaccedilatildeo e motores

para alta potecircncia soacute conseguem atingir esta potecircncia apoacutes os 10000rpm e todo

o resto da curva de potecircncia do motor eacute esquecida Este trabalho visa a

20

introduccedilatildeo de um sistema de gerenciamento de combustiacutevel e igniccedilatildeo eletrocircnico

para obter uma possiacutevel melhora da faixa de potecircncia aumentando a largura

dessa faixa de potecircncia elevada

Podemos notar ao analisarmos o graacutefico 1 que este tipo de motor produz

uma faixa de trabalho uacutetil de aproximadamente 1500 rpm somente apoacutes os

10000 rpm esta caracteriacutestica torna a pilotagem destas motocicletas em regime

de competiccedilatildeo muito difiacutecil e cansativa

Fonte httppulpmxcom

Com a inserccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico seraacute feita a

tentativa de implementar uma calibraccedilatildeo que natildeo privilegie somente uma faixa

tatildeo pequena de trabalho buscando antecipar e ampliar esta faixa de potecircncia

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3 1996

21

12 Objetivos

Os objetivos deste trabalho satildeo construir montar adaptar e talvez a parte

mais complexa calibrar um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel em um

motor de ciclo dois tempos Natildeo existem muitas informaccedilotildees a respeito de

calibraccedilatildeo eletrocircnica para motores em geral muito menos para motores dois

tempos o que torna esse acerto um tanto quanto difiacutecil

Como descrito anteriormente a motivaccedilatildeo vecircm da capacidade de tentar

incrementar potecircncia em um motor de pouca massa e isso eacute o essencial para

regimes de performance em competiccedilotildees de karts naacuteuticas e de motocicletas

A busca seraacute por uma calibraccedilatildeo final que alargue a faixa de potecircncia do motor

ou seja melhorando suas caracteriacutesticas de funcionamento utilizando um

sistema de gerenciamento eletrocircnico com alguns sensores que seja confiaacutevel e

que permita a sua utilizaccedilatildeo em quaisquer condiccedilotildees climaacuteticas e ambientais

tais como umidade temperatura e pressatildeo atmosfeacuterica

13 Contribuiccedilotildees Esperadas

As contribuiccedilotildees estatildeo relacionadas com os objetivos descritos na

subseccedilatildeo 12 e satildeo elas

a) Promover uma anaacutelise de forma ampla sobre os aspectos positivos e

negativos dos motores que utilizam o ciclo de dois tempos

b) Renovar alguns dados encontrados na literatura teacutecnica a respeito dos

motores dois tempos que na maioria dos livros sobre motores de

combustatildeo interna satildeo dados advindos do estudo de motores anteriores

a deacutecada de 1950 ou seja informaccedilotildees que merecem atualizaccedilatildeo

c) Expor os aspectos positivos do uso da eletrocircnica e programaccedilatildeo no

gerenciamento de motores

d) Possibilitar a adaptaccedilatildeo de uma tecnologia moderna e aberta (open

source) em antigos motores de combustatildeo interna que originalmente

possuiacuteam alimentaccedilatildeo de combustiacutevel mecacircnica e sistema de igniccedilatildeo

simplificado

e) Mostrar as possiacuteveis e esperadas dificuldades de se calibrar o sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos

22

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho

Este trabalho abordaraacute a inserccedilatildeo de um sistema de gerenciamento

eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos sendo assim o assunto eacute abordado

em trecircs fases

Fase Inicial Aborda todo o conceito de funcionamento mecacircnico do motor

de ciclo dois tempos princiacutepios caracteriacutesticas de construccedilatildeo soluccedilotildees

adotadas ao longo da histoacuteria principais aplicaccedilotildees Esta parte tambeacutem tem por

objetivo ampliar o entendimento deste tipo de motor que eacute pouco esclarecido

em literaturas teacutecnicas e quando apresentado em livros utiliza o princiacutepio de

funcionamento correto poreacutem demonstra exemplos de motores antigos sem

muitas soluccedilotildees eficientes

Fase Intermediaacuteria Aborda todas as soluccedilotildees eleacutetricas e eletrocircnicas que

seratildeo utilizadas para o desenvolvimento do protoacutetipo histoacuterico de aplicaccedilotildees em

motores dois tempos processo de escolha montagem de componentes e

sensores anaacutelise de funcionamento e dificuldades enfrentadas

Fase Final Mostra os processos necessaacuterios para fazer a calibraccedilatildeo de

um motor de combustatildeo interna utilizando gerenciamento eletrocircnico aplicaccedilatildeo

em motores dois tempos quais as dificuldades e resultados obtidos

23

2 Fundamentaccedilatildeo

Os motores de ciclo dois tempos possuem o conceito mecacircnico da

termodinacircmica para seu funcionamento onde eacute admitido uma mistura de ar e

combustiacutevel pelo orifiacutecio de admissatildeo Posteriormente essa mistura sofre uma

melhor homogeneizaccedilatildeo no caacuterter junto ao eixo de manivelas onde tambeacutem eacute

comprimido e transferido para a cabeccedila do pistatildeo pelos orifiacutecios de transferecircncia

apoacutes a transferecircncia o pistatildeo inicia o ciclo de subida sentido PMS onde comprime

a mistura ar combustiacutevel e sofre combustatildeo por meio de uma centelha

Nos motores de ciclo dois tempos os pistotildees assim como nos motores

com ciclo quatro tempos possuem movimento alternativo em relaccedilatildeo ao cilindro

poreacutem a lubrificaccedilatildeo dos cilindros eacute feita por meio de oacuteleo misturado com o

combustiacutevel podendo ser forccedilado por uma bomba de lubrificaccedilatildeo que injeta o

oacuteleo no orifiacutecio de admissatildeo ou mesmo por uma mistura oacuteleocombustiacutevel que

pode ser previamente feita Esse sistema simplifica todo o funcionamento deste

tipo de motor poreacutem tambeacutem traz consigo suas deficiecircncias intriacutensecas desse

processo de combustatildeo

Segundo o Manual de Tecnologia Automotiva Bosch (2005) os motores

dois tempos possuem as vantagens e desvantagens que vemos a seguir

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos

Vantagens Desvantagens

Design Simples do Motor Maior Consumo de Combustiacutevel

Baixo Peso Altas Emissotildees de

Hidrocarbonetos

Baixo Custo de Fabricaccedilatildeo Pressatildeo Efetiva Meacutedia mais

Baixa

Padratildeo Melhor de Forccedila de

Torccedilatildeo

Cargas Teacutermicas mais Altas

Marcha Lenta mais deficiente

(Bosch 2005)

24

O desenvolvimento deste trabalho natildeo busca fazer um comparativo entre

os diversos ciclos de funcionamento dos motores de combustatildeo interna

existentes apesar de que em determinados toacutepicos essa comparaccedilatildeo seja

inevitaacutevel Apoacutes a anaacutelise deste trabalho seraacute possiacutevel tirar as proacuteprias

conclusotildees a respeito do funcionamento de motores dois tempos visto que a

maioria das literaturas a respeito dos motores dois tempos natildeo satildeo especiacuteficas

nem tampouco profundas a respeito do tema

21 Objetivos do Capiacutetulo

As seccedilotildees a seguir apresentam o princiacutepio de funcionamento dos motores

de ciclo dois tempos O capiacutetulo iraacute abordar e analisar as fases de funcionamento

e alguns componentes mecacircnicos deste tipo de motor e os resultados de

possiacuteveis modificaccedilotildees em seus componentes

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos

Diferentemente dos motores de ciclo otto a 4 tempos que necessitam a

rotaccedilatildeo de 720deg do eixo aacutervore de manivelas os motores de ciclo dois tempos

necessitam apenas de 360deg do eixo aacutervore de manivelas para executar as quatro

operaccedilotildees baacutesicas de funcionamento de um motor de combustatildeo interna

- Admissatildeo

- Compressatildeo

- Combustatildeo

- Exaustatildeo

25

Apesar das operaccedilotildees e princiacutepio de funcionamento dos motores dois tempos

serem parecidas com as do ciclo otto a concepccedilatildeo e construccedilatildeo do motor eacute

totalmente diferente Os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como

existem nos motores de ciclo otto pelo menos natildeo no sistema mais baacutesico de

funcionamento desses motores (conforme Figura 1)

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos

Editado pelo Autor Fonte httpswwwshutterstockcom

No sistema baacutesico de funcionamento de um motor dois tempos o cilindro possui

aberturas chamadas janelas elas satildeo como portas para entrada e saiacuteda da

mistura arcombustiacutevel

A mistura arcombustiacutevel apoacutes ser succionada atraveacutes do carburador entra

atraveacutes da chamada janela de admissatildeo no cilindro (conforme Figura 2) e chega

primeiramente no caacuterter do motor alguns motores normalmente os de

competiccedilatildeo ou maior performance possuem a entrada de arcombustiacutevel

diretamente no caacuterter (conforme Figura 3) natildeo necessitando entrar no cilindro e

ir para o caacuterter poreacutem isto natildeo eacute regra A entrada desse combustiacutevel no caacuterter

tambeacutem eacute utilizada para a lubrificaccedilatildeo dos rolamentos inferiores do motor jaacute que

na maioria dos casos o combustiacutevel e oacuteleo lubrificante satildeo misturados salvo

26

raros casos em que existem pontos de injeccedilatildeo apenas de oacuteleo em determinadas

partes do motor

Editado pelo Autor Fonte httpwwwrichstaylordportingcom

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto

Editado pelo Autor Fonte httpwwwebaycom

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro

27

Como dito anteriormente os motores dois tempos em essecircncia natildeo utilizam

vaacutelvulas poreacutem com o desenvolvimento desse tipo de motor foi-se aprimorando

a tecnologia e notou-se a necessidade do uso de vaacutelvulas na admissatildeo visto

que parte da mistura era expelida novamente pela admissatildeo quando havia

compressatildeo no caacuterter anteriormente este papel de vaacutelvula de admissatildeo era feito

pelo proacuteprio pistatildeo que ao passar pela janela de admissatildeo determinava os

intervalos de tempo entre admissatildeo e exaustatildeo Para melhorar a eficiecircncia do

sistema de vaacutelvula feito pelo pistatildeo adotou-se principalmente dois sistemas o

sistema de palhetas (conforme Figura 4) e o sistema de vaacutelvula rotativa

(conforme Figura 5)

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas

Fonte wwwamazoncom

Fonte httpscellcodeus

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa

28

Apoacutes ser recebida no caacuterter a mistura arcombustiacutevel eacute comprimida com a

descida do pistatildeo sentido ao PMI o que gera o aumento de pressatildeo no caacuterter e

faz com que a mistura seja transportada para a parte superior do pistatildeo atraveacutes

das chamadas janelas de transferecircncia (conforme Figura 6) Essas janelas

possuem aberturas na parte inferior do cilindro junto ao caacuterter do motor que eacute

por onde passa esta mistura arcombustiacutevel essas aberturas ligam dutos de

transferecircncia ateacute uma abertura na camisa do cilindro jaacute na parte superior do

pistatildeo (conforme Figura 6) Com a mistura jaacute na parte superior do pistatildeo ela eacute

comprimida e por fim queimada e os gases resultantes da queima satildeo expulsos

pela janela de exaustatildeo (conforme Figura 6)

Editado pelo Autor Fonte wwwpatentimagescom

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter do motor passando pela vaacutelvula de palhetas

29

23 Admissatildeo

O processo de admissatildeo inicia-se com a subida do pistatildeo sentido PMS

isso cria uma pequena depressatildeo no caacuterter do motor poreacutem suficiente para

arrastar a mistura arcombustiacutevellubrificante advinda do sistema de alimentaccedilatildeo

usualmente carburadores Essa mistura passa por vaacutelvulas que controlam a

entrada de mistura fresca no motor Na maioria dos motores atuais utilizam-se

vaacutelvulas de palhetas elas tambeacutem tecircm a funccedilatildeo de impedir que a mistura retorne

para o coletor de admissatildeo quando haacute a movimentaccedilatildeo do pistatildeo sentido PMI

(conforme Figura 7) Os primeiros motores de Joseph Day jaacute haviam adotado

uma soluccedilatildeo de vaacutelvulas de palhetas poreacutem esse sistema foi esquecido por

muitos anos e novamente adotados para motores de motocicletas de competiccedilatildeo

em meados dos anos 70 Notemos que a mistura no caacuterter do motor aleacutem de ar

e combustiacutevel tambeacutem possui lubrificante que nesse momento faz a lubrificaccedilatildeo

das peccedilas moacuteveis na parte inferior do motor Nas figuras seguintes podemos

notar como se comporta a entrada da mistura arcombustiacutevel para o caacuterter do

motor e tambeacutem o funcionamento das vaacutelvulas de palhetas

Editado pelo Autor Fonte www1bpblogspotcom

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel

30

O principal momento de admissatildeo da mistura arcombustiacutevel para o motor se daacute

com subida do pistatildeo rumo ao PMS no entanto esse natildeo eacute o uacutenico periacuteodo em

que o motor recebe mistura fresca do sistema de alimentaccedilatildeo Quando o pistatildeo

inicia o movimento de descida rumo ao PMI apoacutes a exaustatildeo tambeacutem temos

admissatildeo de mistura arcombustiacutevel fresca A quantidade eacute bem menor e se daacute

pela depressatildeo gerada pelo escape dos gases queimados junto a janela de

exaustatildeo Essa admissatildeo acontece passando por uma janela conhecida

popularmente como ldquoQuinta Luzrdquo ou em inglecircs ldquoBoost Portrdquo (conforme Figura 8)

poreacutem esse curto periacuteodo de admissatildeo tem maior influecircncia no processo de

exaustatildeo dos gases Essa admissatildeo favorece a expulsatildeo dos gases e limpeza

da cacircmara de combustatildeo para iniacutecio de um novo ciclo

Editado pelo Autor Fonte httpswwwpinterestcom

A duraccedilatildeo desse periacuteodo em graus da duraccedilatildeo da admissatildeo na quinta

luz pode ser tido como um dos periacuteodos criacuteticos no que diz respeito e eficiecircncia

do motor dois tempos pois se o periacuteodo tiver uma duraccedilatildeo muito prolongada

pode resultar em excesso de mistura fresca que eacute ldquojogada forardquo para a exaustatildeo

e se for muito curto acaba mantendo gaacutes queimado na cacircmara de combustatildeo o

que gera perda de potecircncia para o motor

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

31

24 Compressatildeo

A compressatildeo no motor dois tempos acontece assim como no motor de quatro

tempos comprimindo o volume total do cilindro em uma pequena aacuterea da cacircmara

de combustatildeo Poreacutem diferentemente do motor quatro tempos o cilindro do

motor dois tempos natildeo eacute totalmente vedado possuindo aberturas que como dito

anteriormente se chamam janelas (conforme Figura 6)

Podem existir vaacuterios formatos de cacircmara de combustatildeo ou popularmente

conhecido como cabeccedilote cada tipo buscando um resultado final diferente

(conforme Figuras 910 e 11)

Como os cabeccedilotes de motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas satildeo

praticamente um material usinado ou fundido contemplando um formato final E

esse formato nos motores dois tempos influencia muito na performance do

motor

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro

32

Os cabeccedilotes dos motores dois tempos possuem formatos que privilegiam

determinadas faixas de rotaccedilatildeo ou comportamento do motor com relaccedilatildeo a

torque Os chamados ldquoSquishrdquo satildeo um formato que impotildeem uma alta velocidade

agrave mistura em direccedilatildeo a vela de igniccedilatildeo e produz melhora no comportamento da

queima (conforme Figura 10)

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

O ldquoSquishrdquo eacute composto por algumas medidas que satildeo

Banda do Squish eacute a largura da faixa onde se concentra o squish e contorna

toda a circunferecircncia do cabeccedilote podendo ser mais larga ou estreita

dependendo do regime de funcionamento do motor

Acircngulo do Squish eacute o acircngulo feito na banda de squish podendo acompanhar

ou natildeo o acircngulo existente na cabeccedila do pistatildeo natildeo eacute usual mas podem existir

cabeccedilotes cujos acircngulos de squish sejam retos assim como a cabeccedila dos

pistotildees nesses motores

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto

33

Folga do Squish essa folga eacute a folga do topo da cabeccedila do pistatildeo quando

em PMS ateacute o ponto fiacutesico mais proacuteximo da banda de squish

Segundo Bell (1999) os cabeccedilotes que contemplam ldquoSquishrdquo vieram a

promover melhorias significantes na performance dos motores dois tempos

Esse tipo de cabeccedilote promove melhor homogeneizaccedilatildeo da mistura

arcombustiacutevel e tambeacutem de qualquer porccedilatildeo de gases de escapamento

residuais presentes na cacircmara Esse formato tambeacutem evita que a propagaccedilatildeo

de chama para as laterais do cilindro promovam o aquecimento do mesmo fator

que pode dar iniacutecio a um ciclo de detonaccedilatildeo que eacute muito prejudicial para o

funcionamento do motor

Fonte httpwwwcmraracingcom

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo

34

Um outro fator que gera uma certa confusatildeo em motores dois tempos eacute a

mediccedilatildeo da taxa de compressatildeo A compressatildeo efetiva do volume do cilindro

ocorre apenas quando os aneacuteis de segmento do pistatildeo passam pela uacuteltima

abertura sentido PMS sendo que a uacuteltima abertura em motores dois tempos satildeo

as janelas de exaustatildeo

O que pode se notar usualmente eacute que fabricantes europeus utilizam a

mesma maneira de se calcular taxa de compressatildeo de motores quatro tempos

em motores de ciclo dois tempos

onde

RC Relaccedilatildeo de Compressatildeo

VC Volume do Cilindro (cmsup3)

VCC Volume da Cacircmara de Combustatildeo (cmsup3)

Enquanto fabricantes japoneses utilizam uma maneira especiacutefica de medir

a taxa compressatildeo para motores dois tempos avaliando o volume total de

compressatildeo efetiva somente apoacutes a passagem dos aneacuteis de segmento pela

janela de escapamento fazendo sua vedaccedilatildeo Nesse caso o volume total do

cilindro natildeo entra na conta o que se utiliza eacute a altura da janela de exaustatildeo como

referecircncia para o volume total a ser comprimido

Pode-se assim calcular o Volume a ser Comprimido

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

onde

VAC Volume a ser comprimido (cmsup3)

120645 Constante

r Raio do cilindro (mm)

h distacircncia percorrida pelo pistatildeo do momento de fechamento da janela

de exaustatildeo ateacute a chegada em PMS (mm)

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

RC = VC+VCC

VCC

1-Caacutelculo da Taxa de

Compressatildeo

2 - Volume a ser comprimido

(fabricantes japoneses)

35

Quando pesquisa-se em fichas teacutecnicas sobre motores dois tempos tais

literaturas podem gerar uma confusatildeo de entendimento pois pode-se entender

que motores europeus utilizam taxa de compressatildeo muito maior que os motores

japoneses e isto natildeo eacute verdade apenas utilizam meacutetodos de mediccedilatildeo diferentes

25 Combustatildeo

O processo de combustatildeo em motores dois tempos eacute muito semelhante ao

dos motores de quatro tempos mas com uma diferenccedila essencial ao

entendimento deste tipo de motores Nos motores de ciclo de quatro tempos

acontece a centelha na vela de igniccedilatildeo a cada 720deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore

de manivelas enquanto no motor de ciclo dois tempos a centelha ocorre a cada

360deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore de manivelas ou seja a cada subida do pistatildeo

sentido PMS ocorre uma combustatildeo

Segundo Najafabadi Aziz Adams e Leman (2013) existem alguns efeitos

gerados no processo de combustatildeo advindos do ciclo anterior devido a gases

residuais que se mantiveram na cacircmara de combustatildeo Este fenocircmeno afeta a

combustatildeo podendo ocorrer avanccedilo ou atraso do tempo de igniccedilatildeo devido a

temperatura desses gases Ainda a pressatildeo no interior do cilindro que veio do

ciclo anterior afeta o fluxo de transiccedilatildeo do motor podendo a quantidade de gases

residuais ser diferente (conforme Graacutefico 2)

Fonte Najafabadi et al 2013

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos com rotaccedilatildeo em 6000 RPM

36

251 Igniccedilatildeo

Este mecanismo eacute importante para que o processo de combustatildeo seja

equilibrado bem executado e responda com um bom funcionamento do motor

Existem diversos sistemas de igniccedilatildeo disponiacuteveis para motores dois tempos

desde os mais simplificados (conforme Figura 12) ateacute sistemas programaacuteveis

onde pode-se determinar a curva de avanccedilo desejada por meio de programaccedilatildeo

do dispositivo via software (conforme Figura 13) poreacutem para entendimento do

funcionamento o esquema eleacutetrico do sistema de igniccedilatildeo por platinado possui

faacutecil entendimento este sistema foi utilizado por muitos anos e o uacutenico motivo de

cair em desuso era a necessidade de regulagem constante devido ao desgaste

mecacircnico do contato eleacutetrico

Fonte Bell 1999

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio de platinado

37

Fonte httpwwwpvl-zuendungende

26 Exaustatildeo

Este eacute com certeza o processo mais importante dentre todos os processos no

motor dois tempos a janela de exaustatildeo eacute a aacuterea do motor que se sofrer uma

alteraccedilatildeo de alguns deacutecimos de miliacutemetros pode mudar completamente o

comportamento do motor

Como jaacute discorremos os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como os

motores quatro tempos pelo menos natildeo nos mesmos moldes ou entatildeo vaacutelvulas

que vedem completamente a passagem dos gases Em um motor de quatro

tempos o comando de vaacutelvulas determina qual eacute momento de abertura das

vaacutelvulas a ordem o levante etc No motor dois tempos essa funccedilatildeo de duraccedilatildeo

da admissatildeo e exaustatildeo eacute composta pela diagramaccedilatildeo das janelas do cilindro

(conforme Figura 14) e satildeo fixas natildeo existe um comando de vaacutelvulas rotativo

ou qualquer dispositivo semelhante dentre essa diagramaccedilatildeo a duraccedilatildeo mais

importante e que determina o desempenho do motor e como ele se comportaraacute

eacute a da janela de exaustatildeo

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts

38

Segundo Bell (1999) o processo de modificaccedilatildeo da janela de exaustatildeo eacute talvez

um dos mais criacuteticos dentro dos motores dois tempos (conforme Figuras 14 e

15) pocircde-se notar que as diagramaccedilotildees possuem desenhos diferentes de

janelas de exaustatildeo o primeiro modelo da Yamaha TZ250 (conforme Figura 14)

eacute de janela uacutenica pois a dimensotildees que foram determinadas para o tamanho e

duraccedilatildeo da janela dado o diacircmetro do cilindro permitiram que isso fosse feito Jaacute

no segundo diagrama da Suzuki PE175 podemos notar que a janela de exaustatildeo

eacute bi partida (conforme Figura 15) isso acontece por que por projeto foi

determinado um tamanho de janela de exaustatildeo demasiadamente grande para

o diacircmetro desse cilindro natildeo eacute regra mas usualmente a largura de uma janela

de exaustatildeo pode ter no maacuteximo 70 do diacircmetro do cilindro isso acontece para

que os aneacuteis de segmento natildeo tendam a entrar no duto de exaustatildeo quando por

laacute passarem por isso a soluccedilatildeo adotada na Suzuki PE175 de adicionar mais

uma divisatildeo na janela permite ter uma janela de exaustatildeo mais larga sem

comprometer a durabilidade do motor

Por ser uma medida fiacutesica e determinante para o funcionamento do motor dois

tempos a janela de exaustatildeo sempre foi um ponto criacutetico no projeto desses

motores pois se o projeto determinava uma medida para a janela de exaustatildeo a

performance do motor era inerente a esta medida Motores que foram

desenvolvidos ateacute o final da deacutecada de 1970 natildeo conseguiam melhorar suas

caracteriacutesticas em todas as faixas de funcionamento Por exemplo se o projeto

da janela de exaustatildeo era feito para funcionar bem em baixas rotaccedilotildees isso

caracterizava aquele motor e nada podia ser feito para ser melhorado sem que

isso comprometesse outras faixas de rotaccedilatildeo

Motocicletas e karts de competiccedilatildeo que eram projetados para funcionar bem

em altas rotaccedilotildees tinham todo o torque em baixa muito comprometido se vermos

corridas de motocicletas da deacutecada de 1970 e iniacutecio dos anos de 1980 podemos

ver pilotos que largavam praticamente empurrando a motocicleta ateacute que ela

embalasse e chegasse a uma rotaccedilatildeo onde o motor pudesse andar sozinho

39

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida

40

No iniacutecio dos anos de 1980 a Yamaha criou uma soluccedilatildeo para melhorar o

desempenho dos motores dois tempos em todas as faixas de rotaccedilatildeo eacute um

sistema com uma vaacutelvula mecacircnica que variava as dimensotildees da janela de

exaustatildeo durante o funcionamento do motor esse sistema eacute chamado YPVS

(Yamaha Power Valve System) (conforme Figura 16) foi um sistema que permitiu

a Yamaha ganhar diversas competiccedilotildees on e off road ateacute que seus concorrentes

pudessem desenvolver sistemas semelhantes

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Inicialmente esse sistema era totalmente mecacircnico e era tocado por uma

bomba centriacutefuga ligada ao eixo arvore do motor posteriormente em

motocicletas de rua foi adotado o mesmo princiacutepio poreacutem foi utilizado um sistema

eletrocircnico com um servo motor Outros fabricantes desenvolveram sistemas

semelhantes ao longo do tempo e adotaram as mais diversas soluccedilotildees Um outro

sistema bastante popular foi o sistema pneumaacutetico (conforme Figura 17) que

era composto por uma vaacutelvula do tipo guilhotina e uma membrana na janela de

exaustatildeo a vaacutelvula se mantinha fechada em baixas rotaccedilotildees melhorando o

torque naquele momento e a membrana era calibrada para que em um certo

momento quando certa quantidade de gases de escape estivessem sendo

produzidos a membrana empurrava a vaacutelvula para traacutes aumentando as

dimensotildees da janela de exaustatildeo melhorando o torque em altas rotaccedilotildees

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System

41

Fonte httpwww bikemanperformancecom

261 Escapamento

Ainda na fase de exaustatildeo o escapamento eacute o acessoacuterio mais importante

para o bom funcionamento dos motores dois tempos e necessita cuidados

especiais em seu desenvolvimento Eacute intriacutenseco do funcionamento e da forma

construtiva do motor dois tempos o fato de que ele acaba por jogar mistura

fresca para o escapamento e isso causa perda de performance Assim o

escapamento promove ondas de ressonacircncia que causam o retorno de parte

dessa mistura fresca novamente para dentro do cilindro

Este sistema determina muito das caracteriacutesticas importantes de

funcionamento desse tipo de motor Satildeo peccedilas complexas de serem construiacutedas

e produzem um som caracteriacutesticos de ldquoring-dingrdquo a este tipo de motor

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos

42

Para um bom projeto de escapamento satildeo necessaacuterios diversos caacutelculos

para que se obtenha as dimensotildees ideais Posteriormente outro desafio eacute aplicar

as dimensotildees calculadas ao projeto do veiacuteculo o que produz verdadeiras

esculturas mecacircnicas (conforme Figura 18)

Caacutelculo para determinaccedilatildeo do comprimento ideal do escapamento

Onde

LE = Comprimento do escapamento (mm)

DE = Duraccedilatildeo da janela de exaustatildeo em graus (deg)

RPM = Rotaccedilatildeo para melhor funcionamento do motor (1min)

42545 = Constante que leva em conta que a onda socircnica sempre viaja na

velocidade do som no ar

Fonte Bell 1999

O trecho do escapamento que sai do cilindro do motor eacute chamado em inglecircs

ldquoHeaderrdquo esse trecho usualmente eacute cocircnico e utiliza acircngulos entre 115deg e 15deg

Entretanto ao longo da histoacuteria os fabricantes testaram acircngulos variando entre

08deg ateacute 23deg de conicidade para determinadas aplicaccedilotildees

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos

LE = DE x 42545

RPM

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento

43

As dimensotildees do Header podem ser determinadas da seguinte maneira Para

o comprimento pode-se utilizar o fator de multiplicaccedilatildeo (conforme Quadro 2)

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para o ldquoHeaderrdquo

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 85 ndash 95 10 -11

100 ndash 125 78 ndash 85 78 ndash 85

175 ndash 250 73 ndash 83 9 -10

350 - 500 73 ndash 83 85 ndash 95

Fonte Bell 1999

Jaacute com o fator de correccedilatildeo apropriado multiplicamos esse valor pelo diacircmetro

da janela de exaustatildeo e esse eacute o comprimento ideal do Header

O diacircmetro maior do Header pode ser calculado pela seguinte expressatildeo

Onde

D2 = eacute o diacircmetro maior do Header para uniatildeo com o Difusor (mm)

CH = eacute o Comprimento do Header (mm)

D1 = eacute o diacircmetro inicial do Header determinado pelo diacircmetro da janela de

exaustatildeo (mm)

Cotg H = eacute a cotangente do acircngulo do Header usualmente entre 115 e 15deg

O segundo trecho do escapamento chamado Difusor pode ser calculado da

seguinte maneira O diacircmetro inicial eacute o mesmo diacircmetro D2 do Header o

comprimento do Difusor eacute usualmente calculado utilizando 25 vezes o diacircmetro

da janela de exaustatildeo poreacutem pode-se usar de 22 a 29 vezes o diacircmetro da

janela de exaustatildeo dependendo do projeto tendo em mente que quanto menor

o comprimento melhor o rendimento em altas rotaccedilotildees e quanto maior o

comprimento melhor as respostas do motor em baixas rotaccedilotildees Ao final o que

D2 = CH x 2 + D1

cotg H

4 ndash Dimensotildees do Escapamento Header

44

iraacute determinar o comprimento eacute a proposta do motor O acircngulo de conicidade do

Difusor varia normalmente entre 3deg e 7deg com diferentes reaccedilotildees ao rendimento

do motor (conforme Quadro 3) modificando a duraccedilatildeo e os efeitos da onda de

ressonacircncia (conforme Graacutefico 3)

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 65 a 7deg 3 a 35deg

100 ndash 125 65 a 75deg 4 a 48deg

175 65 a 75deg 35 a 45deg

250 7 a 75deg 4 a 45deg

350 ndash 500 4 a 5deg

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de retorno

45

O segundo diacircmetro o diacircmetro maior do Difusor pode ser calculado

utilizando a seguinte expressatildeo

Onde

CD = Comprimento do Difusor D3 = Diacircmetro maior do Difusor D2 = Diacircmetro menor do Difusor cotg D = Cotangente do acircngulo de conicidade que foi determinado para o Difusor

Existe uma seccedilatildeo paralela que liga o diacircmetro maior do difusor ao uacuteltimo

cone esse trecho eacute popularmente chamado de Bojo (conforme Figura 18) poreacutem

natildeo se pode calcular o comprimento dela sem antes calcular as dimensotildees do

cone final que eacute chamado de ldquoBafflerdquo ou defletor (conforme Quadro 4) Essa

seccedilatildeo por sua vez determina a duraccedilatildeo e a intensidade das ondas de

ressonacircncia que iraacute manter o cilindro cheio de maneira eficiente Segundo Bell

(1999) um defletor com um cone curto e acircngulo muito abrupto iraacute permitir um

ganho de potecircncia maacutexima ao custo de sacrificar as baixas e meacutedias rotaccedilotildees

(conforme Graacutefico 4)

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 -80 105 a 12deg 85 a 95deg

100 105 a 12deg 9 a 10deg

125 95 a 12deg 85 a 10deg

175 10 a 12deg 8 a 10deg

250 10 a 12deg 75 a 10deg

350 - 500 9 a 11deg

Fonte Bell 1999

CD = D3 ndash D2 x cotg D

2

5 ndash Dimensotildees do Escapamento Difusor

46

Fonte Bell 1999

Para se calcular o comprimento do cone utilizamos a expressatildeo

CTD = (D32) x Cotg D

Onde

CTD Comprimento total do cone do defletor

D3 Diacircmetro maior do defletor ou seja o mesmo diacircmetro que o diacircmetro maior

do difusor

cotg D Cotangente do acircngulo escolhido para o defletor

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor

47

Agora com todos esses valores calculados podemos calcular o

comprimento da parte central do escapamento o chamado bojo Para isso

utilizamos a seguinte expressatildeo

Onde

CB Comprimento do Bojo

L Comprimento total do escapamento ateacute o meio da seccedilatildeo do defletor

CH Comprimento do Header

CD Comprimento do Difusor

CDE Comprimento total do Defletor

Por fim ainda necessitamos saber as dimensotildees do ldquoStingerrdquo ou ponteira

que segundo Graham Bell apoacutes vaacuterias experimentaccedilotildees chegou a alguns

valores que resultaram em boas respostas do motor (conforme Quadro 5)

Quadro 5 - Comprimento da ponteira

Volume do cilindro (cmsup3) Comprimento (mm) Diacircmetro Interno (mm)

50 - 80 205 ndash 230 17 -19

100 230 ndash 250 19 - 21

125 265 ndash 290 22 -24

175 270 - 295 25 ndash 27

250 280 ndash 305 26 ndash 28

350 -500 285 - 310 27 ndash 29

Fonte Bell 1999

CB = L ndash (CH+CD+(CDE2)) 7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo

48

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna

Em seu funcionamento os motores de combustatildeo interna

independentemente do tipo de ciclo necessitam de um gerenciamento da

admissatildeo de uma mistura carburante para o interior dos cilindros para que possa

haver a combustatildeo da mesma Anteriormente essa admissatildeo se dava por um

processo puramente mecacircnico com a utilizaccedilatildeo de carburadores que eram

sistemas mecacircnicos sofisticados que proporcionavam a atomizaccedilatildeo do

combustiacutevel com o ar atmosfeacuterico para a formaccedilatildeo da mistura carburante

(conforme Figura 19)

Fonte httpwwwthunderproductscom

Poreacutem este sistema possuiacutea algumas deficiecircncias pois necessitava de

constante regulagem e qualquer mudanccedila de condiccedilatildeo climaacutetica de temperatura

pressatildeo ou umidade fazia com que o carburador saiacutesse de sua faixa de trabalho

gerando um mal funcionamento do motor e por vezes ateacute mesmo sua quebra

Parte muito importante tambeacutem do funcionamento dos motores de

combustatildeo interna satildeo os sistemas de igniccedilatildeo que anteriormente eram sistema

independentes do sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel poreacutem atualmente

pertencem ao mesmo pacote de gerenciamento do motor Estes sistemas de

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante

49

igniccedilatildeo eram normalmente sistemas eletromecacircnicos podendo ser sistemas

simples com ponto de igniccedilatildeo fixo ou sistemas mais elaborados com a presenccedila

de circuitos eletrocircnicos para fazer a variaccedilatildeo do ponto de igniccedilatildeo Estes sistemas

possuem alguns componentes baacutesicos

Distribuidor (no caso de haver mais de um cilindro) bobina de igniccedilatildeo

(para gerar alta tensatildeo) cabos de igniccedilatildeo e velas de igniccedilatildeo Este eacute o esquema

mais baacutesico de funcionamento dos sistemas de igniccedilatildeo podendo haver

variaccedilotildees eleacutetricas mecacircnicas e em alguns casos eletrocircnicas (conforme Figura

20)

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom

Atualmente os sistemas mais modernos de gerenciamento de motores de

combustatildeo interna satildeo quase que puramente eletrocircnicos e contemplam os dois

mundos alimentaccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo em um uacutenico sistema (conforme

Figura 21) Todo o gerenciamento eacute feito com base em leitura de sensores uma

calibraccedilatildeo que prevecirc diversas situaccedilatildeo de uso do motor e atuadores que fazem

o processo fiacutesico de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel do motor Estes satildeo sistemas

complexos que se baseiam na condiccedilatildeo imediata de diversos fatores que satildeo

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo

50

interpretados por sensores como por exemplo pressatildeo atmosfeacuterica

temperatura do motor massa de ar admitida etc Estas leituras feitas pelos

sensores satildeo recebidas por um circuito eletrocircnico que conteacutem um processador

onde essas informaccedilotildees satildeo recebidas e com base em dados armazenados em

sua memoacuteria para cada condiccedilatildeo ter-se atuaccedilatildeo eletrocircnica onde eacute feita a injeccedilatildeo

de combustiacutevel pelos injetores e o disparo da centelha de igniccedilatildeo para que haja

a combustatildeo

Fonte httpswwwflaviolucasmmblogspotcom

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus perifeacutericos

51

3 Detalhamento do Projeto

Os capiacutetulos anteriores serviram para o embasamento teacutecnico para que

fosse possiacutevel uma melhor compreensatildeo do que se trata o projeto a ser

executado neste trabalho de conclusatildeo de curso Neste ponto iremos tratar

especificamente do projeto de adaptaccedilatildeo de um sistema completo de injeccedilatildeo

eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos Yamaha de 135cmsup3 proveniente

de uma motocicleta Yamaha RD 135 (Conforme Figura 22) e todos os

componentes utilizados para tornar esta adaptaccedilatildeo possiacutevel

Fonte httpsmotos-motorcombr

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135

52

31 Dados do Motor

O motor utilizado neste projeto eacute proveniente de uma motocicleta Yamaha

Rd 135cmsup3 que foi fabricado no Brasil de 1988 a 1999 Trata-se de um motor

monociliacutendrico que utiliza o ciclo de trabalho dois tempos refrigerado agrave ar

seguem os dados teacutecnicos

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 58mm x 50mm

Cilindrada 132cmsup3

Taxa de Compressatildeo 682 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Carburador Mikuni VM24 com 24mm de venturi

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo eletrocircnica de descarga capacitiva ou popularmente

CDI (Capacitor Discharge Ignition)

Lubrificaccedilatildeo Oacuteleo dois tempos bombeado atraveacutes de uma bomba chamada

Autolube nos motores Yamaha este oacuteleo eacute proveniente de um reservatoacuterio que

alimenta a bomba que por sua vez transfere o oacuteleo atraveacutes de uma mangueira

diretamente ao coletor de admissatildeo do motor variando a quantidade de oacuteleo de

acordo com a rotaccedilatildeo e abertura do carburador

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Gasolina

Potecircncia 16cv a 9000rpm

Torque 174kgfm a 8500rpm

Para este projeto o motor utilizado jaacute possuiacutea modificaccedilotildees mecacircnicas

para atingir melhores rendimentos que o motor original pois eacute um motor que foi

utilizado em competiccedilotildees de motovelocidade na categoria RD 135 Diversas

peccedilas foram modificadas tais como sistema de alimentaccedilatildeo escapamento

vaacutelvula de palhetas igniccedilatildeo combustiacutevel diagramaccedilatildeo do cilindro e taxa de

compressatildeo O sistema de alimentaccedilatildeo original foi substituiacutedo por um carburador

Mikuni TM 30 (conforme Figura 23) o escapamento foi substituiacutedo por um

escapamento dimensionado construiacutedo artesanalmente o sistema de igniccedilatildeo

53

utilizado foi um Motoplat de ponto fixo (conforme Figura 24) e o combustiacutevel

utilizado foi o etanol que aleacutem de ser o combustiacutevel regulamentado para o

campeonato tambeacutem eacute um combustiacutevel que permite extrair mais potecircncia do

motor pois com esse combustiacutevel eacute possiacutevel fazer modificaccedilotildees mecacircnicas

como taxa de compressatildeo e avanccedilo de igniccedilatildeo que natildeo seriam possiacuteveis

utilizando gasolina como combustiacutevel

Fonte wwwjapanbaikucom

Fonte wwwcustojustopt

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo

54

O motor utilizado como base nesse trabalho natildeo eacute um motor original eacute

um motor de competiccedilatildeo e para haver base para comparaccedilatildeo do antes e depois

do processo de inserccedilatildeo do sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica este motor teve sua

potecircncia medida em dinamocircmetro inercial com sua curva de torque e potecircncia

aquisitadas (conforme Figura 25)

Fonte Autor

O motor utilizado passou por uma revisatildeo geral havendo troca de peccedilas

por se tratar de um motor de competiccedilatildeo foi por diversas vezes levado ao

extremo e com a escolha desse motor para o projeto esta revisatildeo se fez

necessaacuteria As imagens a seguir mostram o processo de desmontagem para

verificaccedilatildeo das condiccedilotildees do motor e posterior montagem (Conforme Figuras

262728293031 e 32)

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia

55

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto

56

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2

Figura 29 - Processo de pintura

57

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada

58

Fonte Autor

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico

Para a escolha do sistema de gerenciamento eletrocircnico foi necessaacuteria

grande pesquisa entre as opccedilotildees disponiacuteveis no mercado nacional e

internacional Os sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica disponiacuteveis originalmente em

motocicletas de fabricaccedilatildeo nacional poderiam ter sido uma opccedilatildeo mas foram

logo descartados pois foram concebidos para trabalhar com motores de ciclo

otto o que natildeo eacute o caso e as maneiras de calibraccedilatildeo desses sistemas originais

se tornariam difiacuteceis de conseguir tornando essa escolha inviaacutevel

A busca foi por um sistema ldquostand-alonerdquo auto suficiente e que permitisse

mudanccedila total nos paracircmetros de calibraccedilatildeo normalmente satildeo sistemas

utilizados em competiccedilotildees de automoacuteveis motocicletas caminhotildees etc

Existem sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica ldquostand-alonerdquo muito sofisticados

de fabricantes renomados mundialmente dentro e fora das pistas de corridas

como Magneti Marelli (conforme Figura 33) e Bosch (conforme Figura 34) em

suas divisotildees motorsport

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta

59

Sistemas desses fabricantes satildeo reconhecidamente confiaacuteveis o problema eacute o

valor de um sistema desses que eacute muito caro e os tornam inviaacuteveis para um

projeto experimental de baixo custo Opccedilotildees nacionais tambeacutem foram cogitadas

como o sistema Fueltech poreacutem ainda possuem um custo alto e suas opccedilotildees de

programaccedilatildeo e flexibilidade do sistema ainda eram limitados para o tipo de ciclo

do motor a ser utilizado

A escolha do sistema apoacutes grande pesquisa foi pelo sistema ldquostand-alonerdquo

Speeduino (conforme Figura 35) um sistema totalmente programaacutevel que utiliza

como microcontrolador um Arduino Mega 2560 esse eacute um sistema do tipo ldquoDIYrdquo

Do It Yourself ou em portuguecircs ldquofaccedila vocecirc mesmordquo Estatildeo disponiacuteveis na

internet os layouts das placas de circuito impresso e o usuaacuterio pode fabricar as

proacuteprias placas ou compraacute-las prontas em determinados sites da internet e sua

lista de componentes para montagem tambeacutem estaacute disponiacutevel na internet e eacute

relativamente faacutecil encontraacute-los O custo de produccedilatildeo de um sistema desse eacute

relativamente baixo comparado com outros sistemas do mesmo segmento e

por utilizar Arduino como controlador sua programaccedilatildeo eacute inteira aberta e pode

ser modificada de acordo com as necessidades do usuaacuterio

Fonte wwwmagnetimarellicom

Fonte wwwellis-componentscouk

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport Figura 34 - ECU Bosch MS 151

60

Fonte Autor

33 Arduino Mega 2560

Arduino eacute uma plataforma para programaccedilatildeo criada na Itaacutelia por Massimo

Banzi David Cuartielles Tom Igoe Gianluca Martino e David Mellis no ano de

2005 para entusiastas e profissionais da programaccedilatildeo e da eletrocircnica

permitindo diversos tipos de projetos para estes seguimentos Trata-se de uma

placa com um microcontrolador Atmel possuindo diversas entradassaiacutedas

analoacutegicas e digitais a quantidade dessas entradas e saiacutedas varia de acordo

com o modelo do Arduino Essas entradassaiacutedas podem ser programadas por

uma interface IDE Arduino via computador utilizando linguagem C

Na praacutetica eacute um microcontrolador programaacutevel como qualquer outro de

outros fabricantes por exemplo PIC (Microchip) ou ARM (Freescale) poreacutem tem

sua utilizaccedilatildeo facilitada por jaacute estar inserido em uma placa que contempla

soquetes para pinagem das entradas e saiacutedas e porta de comunicaccedilatildeo USB

Serial para gravaccedilatildeo da programaccedilatildeo no microcontrolador Diferentemente de

outros microcontroladores que necessitam da confecccedilatildeo de uma placa de

circuito impresso para uso e de um programador serial para gravaccedilatildeo da

programaccedilatildeo (conforme Figura 36)

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino

61

Fonte httpswwwamazoncom

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560

Microcontrolador ATmega 2560 (Atmel)

Tensatildeo de Operaccedilatildeo 5V

Tensatildeo de Alimentaccedilatildeo (recomendado) 7-12V

Tensotildees Limites de Operaccedilatildeo 6-20V

Saiacutedas Digitais IO 54 saiacutedas sendo 15 PWM

Entradas Analoacutegicas 16

Corrente da Saiacutedas IO 20mA

Corrente nos Pinos 33V 50mA

Memoacuteria Flash 256Kb

SRAM 8Kb

EEPROM 4Kb

Frequecircncia do Clock 16Mhz

LED_BUILTIN 13

Comprimento da Placa 10152mm

Largura da Placa 5333mm

Peso da Placa Completa 37g

Altura da Placa 12mm

Editado pelo Autor Fonte httpwwwArduinocom

Figura 36 - Arduino Mega 2560

62

34 Speeduino

O sistema Speeduino foi o sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica escolhido para o

projeto Eacute um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica totalmente programaacutevel criado por

Josh Stuart e utiliza um Arduino Mega 2560 como microcontrolador assim como

outros sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel possibilita a calibraccedilatildeo por

completo do sistema de injeccedilatildeo e igniccedilatildeo Para tal utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio que permite diversas configuraccedilotildees do

sistema de injeccedilatildeo tais como o meacutetodo de calibraccedilatildeo utilizado configuraccedilatildeo dos

mapas de avanccedilo de igniccedilatildeo e tempo de injeccedilatildeo sistema de malha aberta ou

malha fechada etc

O sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica Speeduino eacute um sistema ldquostand-alonerdquo

ou seja trabalha independente de outros sistemas apenas para gerenciar o

motor a combustatildeo interna seja ele de ciclo quatro ou dois tempos Eacute um sistema

difundido pela internet e permite troca de informaccedilotildees entre usuaacuterios que

trabalham em conjunto para desenvolvimento e aperfeiccediloamento do hardware e

do software o layout principal da placa de circuito impresso tambeacutem estaacute

disponiacutevel na internet bem como a lista de componentes necessaacuterios para a

montagem Este sistema requer um miacutenimo de conhecimento de eletrocircnica para

sua construccedilatildeo um miacutenimo de conhecimento em eleacutetricaeletrocircnica automotiva

para a instalaccedilatildeo do sistema no motor e grande conhecimento em programaccedilatildeo

e mecacircnica automobiliacutestica para calibraccedilatildeo do sistema no motor

63

35 Montagem do Sistema Speeduino

A partir do momento onde foi feita a escolha do sistema Speeduino foi

necessaacuterio obter os componentes necessaacuterios para confecccedilatildeo da placa

(conforme Anexo C) O primeiro passo foi a fabricaccedilatildeo da placa de circuito

impresso a partir do layout disponiacutevel (conforme Figura 37)

Fonte wwwSpeeduinocom

Posteriormente foi feita a aquisiccedilatildeo dos componentes necessaacuterios para a

montagem da placa Esses componentes tambeacutem estatildeo disponiacuteveis na internet

em uma planilha eletrocircnica e satildeo encontrados com relativa facilidade no

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino

64

mercado com exceccedilatildeo de determinados componentes cuja importaccedilatildeo foi

necessaacuteria poreacutem com baixo custo (conforme Anexo C)

Com todos os componentes necessaacuterios em matildeos foi executada a montagem

do sistema o que necessita uma certa habilidade pois o projeto possui diversos

componentes tipo SMD (conforme Figura 38)

Fonte Autor

Com a placa jaacute montada (conforme Figura 39) antes da montagem de todo o

chicote eleacutetrico para funcionamento do motor iniciaram-se os testes de

funcionamento do sistema Por ser um sistema montado artesanalmente os

testes pareciam ser o passo mais certo a se seguir

Figura 38 - Inicio da montagem da placa

65

Fonte Autor

Eacute importante mostrar que o sistema Speeduino utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio (conforme Figura 40) eacute um freeware na

versatildeo baacutesica que foi criado para funcionar em conjunto com outro sistema

de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel conhecido como Megasquirt e o mesmo

tambeacutem eacute utilizado na calibraccedilatildeo do sistema Speeduino Mais adiante seratildeo

feitas explicaccedilotildees detalhadas das configuraccedilotildees do software

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada

66

Fonte Autor

Jaacute no primeiro teste este apresentou resultados negativos com a

eletrocircnica natildeo respondendo agraves configuraccedilotildees e nem mostrando leituras de

sensores

A soluccedilatildeo deste problema veio depois de procurar muito e fazer diversas

mediccedilotildees analisando os diagramas eleacutetricos (conforme Anexo A) O

problema estava na placa de circuito impresso a trilha do aterramento

(GND) natildeo havia sido impressa ou seja natildeo havia aterramento em nenhum

ponto do sistema A placa havia sido impressa por um terceiro Ao entrar em

contato com o mesmo ele disse que enviaria outra placa poreacutem para agilizar

o processo e natildeo ter que esperar novamente a chegada de componentes

uma uacutenica opccedilatildeo surgiu devido aos prazos a de refazer o aterramento da

placa de forma externa (conforme Figura 41) sem nenhuma pretensatildeo de

que isso desse certo poreacutem era uma alternativa para que todo o processo

de funcionamento do motor fosse agilizado

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio

67

Fonte Autor

Apoacutes todo o trabalho de refazer as trilhas de aterramento iniciou-se

novamente a fase testes de funcionamento e os resultados foram positivos

O sistema comeccedilou a responder perfeitamente aos testes iniciais

O elemento de maior importacircncia para o funcionamento desse sistema de

gerenciamento eletrocircnico eacute o sensor de rotaccedilatildeo do motor e foi por ele que

se iniciaram os testes Foi adaptada uma roda focircnica a um torno mecacircnico

e tambeacutem o sensor de rotaccedilatildeo do tipo ldquohallrdquo (conforme Figura 42) para

verificar se o conjunto eletrocircnico do sistema estava recebendo os sinais de

rotaccedilatildeo

Figura 41 - Aterramento refeito externamente

68

Fonte Autor

O teste obteve resultados positivos respondendo perfeitamente a rotaccedilatildeo

do torno mecacircnico sendo testado em diversas rotaccedilotildees diferentes com a

interface do software sempre mostrando os valores de rotaccedilatildeo corretos

Entatildeo os testes que se seguiram foram os de atuaccedilatildeo eleacutetrica como injetor

de combustiacutevel e bobina de igniccedilatildeo todos testes feitos a princiacutepio em

bancada (conforme Figura 43)

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico

69

Fonte Autor

Apoacutes todos os testes em bancada partiu-se para a montagem do chicote

eleacutetrico para funcionamento do sistema no motor e tambeacutem a adaptaccedilatildeo

mecacircnica de suportes para sensores e a adaptaccedilatildeo da roda focircnica

(conforme Figura 44)

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada

70

Fonte Autor

A roda focircnica utilizada eacute proveniente de um motor Volkswagen EA-111

(conforme Figura 45) o sensor de rotaccedilatildeo a ser utilizado pelo sistema de

gerenciamento eletrocircnico Speeduino foi o sensor de efeito hall poderia ser

utilizado o sensor de relutacircncia magneacutetica poreacutem seria necessaacuterio a

confecccedilatildeo de uma eletrocircnica para o condicionamento de sinal

transformando-o para sinal de onda quadrada com amplitude de 5V de

tensatildeo Para evitar a confecccedilatildeo de mais uma eletrocircnica sendo um potencial

ponto fraco do sistema optou-se por utilizar um sensor de rotaccedilatildeo de efeito

hall proveniente dos motores Fiat E-torq 18 (conforme Figura 46) fabricado

pela Continental

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica

71

Fonte Autor

Fonte wwwmercadolivrecombr

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v

72

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico

Neste projeto o sistema de sincronismo eletrocircnico possui dois

componentes apenas satildeo eles a roda focircnica e o sensor de rotaccedilatildeo ambos

adaptados ao projeto e advindos de carros

O sistema de sincronismo eletrocircnico consiste em transformar o

sincronismo mecacircnico do motor em sinais de onda quadrada (conforme Figura

47) que possam ser interpretados pelo sistema de gerenciamento eletrocircnico

proporcionando a injeccedilatildeo de combustiacutevel e disparo da centelha no momento

exato que fora previamente calibrado

Fonte Autor

O sistema consiste de uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes ou seja

satildeo 58 dentes e ausecircncia de 2 dentes Foi adaptada uma roda focircnica do motor

Volkswagen EA-111 poreacutem apoacutes alguns problemas de captaccedilatildeo do sinal esta

foi alterada por uma roda focircnica utilizada em motores Volkswagen AP quando

convertidos a injeccedilatildeo eletrocircnica (conforme Figura 48) essa roda mostrou melhor

resoluccedilatildeo do sinal Hall com menos ruiacutedos no sinal

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall

73

Fonte Autor

Apoacutes vaacuterios testes esta foi a combinaccedilatildeo que melhor funcionou no motor

a roda focircnica aliada ao sensor de rotaccedilatildeo permite a sincronizaccedilatildeo mecacircnica do

motor em relaccedilatildeo ao sistema de gerenciamento eletrocircnico do motor A calibraccedilatildeo

eacute feita da seguinte maneira junto ao software de calibraccedilatildeo do sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica eacute dada a referecircncia em graus da posiccedilatildeo fiacutesica da roda focircnica

em relaccedilatildeo ao motor O primeiro passo eacute colocar o motor em PMS e ver onde se

situa a falha dos dois dentes da roda focircnica a partir disso contar quantos dentes

se tem ateacute o dente que coincide com o sensor de rotaccedilatildeo (conforme Figura 49)

Figura 48 - Roda Focircnica

74

Fonte Autor

Como eacute utilizada uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes cada dente

equivale a 6deggraus de resoluccedilatildeo sendo 3deg do bordo de subida e 3deg do bordo de

descida no caso do projeto o sensor coincide com o 37deg dente a partir da falha

e isso equivale a 228deggraus a partir da falha Todo o sincronismo do motor eacute feito

baseado nessa referecircncia sendo este valor colocado como referecircncia no

software de gerenciamento eletrocircnico (conforme Figura 50)

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

75

Fonte Autor

A partir deste momento todo o sincronismo do motor estaacute baseado nestes

dados e quando o motor estiver em PMS o sistema eletrocircnico saberaacute disso pois

o sensor de rotaccedilatildeo estaraacute alinhado com o 37deg dente que eacute a referecircncia para o

sistema

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

76

37 Corpo de Borboleta

O corpo de borboletas utilizado (conforme Figura 51) eacute proveniente das

motocicletas Honda CB300 e XRE300 possui 35mm de venturi e eacute fabricado

pela empresa japonesa Keihin famosa pela fabricaccedilatildeo de carburadores de

motocicletas tambeacutem possui uma unidade de sensores integrados Foi utilizado

por ser um componente de faacutecil aquisiccedilatildeo no mercado brasileiro o que permite

faacutecil manutenccedilatildeo quando necessaacuterio e seu formato fiacutesico permite a utilizaccedilatildeo de

uma grande gama de injetores diferentes quando isso se faz necessaacuterio

Tambeacutem houve uma pequena adaptaccedilatildeo no coletor de admissatildeo que tambeacutem

eacute proveniente das mesmas motocicletas Honda essa adaptaccedilatildeo se deve ao fato

de o motor em questatildeo possuir o sistema de vaacutelvulas de palhetas na admissatildeo

o que natildeo acontece nas motocicletas Honda que possuem motor de quatro

tempos

Fonte Autor

Figura 51 - Corpo de Borboleta

77

38 Unidade de Sensores

A unidade de sensores refere-se a uma unidade composta por trecircs

sensores que jaacute estaacute acoplada ao corpo de borboletas Keihin e contempla os

sensores

MAP ndash Manifold Absolute Pressure (Pressatildeo Absoluta no Coletor)

IAT ndash Intake Air Tempeture (Temperatura do Ar Admitido)

TPS ndash Throttle Position Sensor (Sensor de Posiccedilatildeo do Acelerador)

Destes sensores natildeo foi utilizado apenas o sensor Map pois a unidade

de gerenciamento eletrocircnico jaacute possui um sensor Map integrado que foi utilizado

Estes sensores puderam ser configurados para utilizaccedilatildeo com o sistema

de gerenciamento eletrocircnico sem o menor problema

381 Sensor TPS

Este sensor se refere ao sensor que envia a informaccedilatildeo de posiccedilatildeo da

borboleta para o sistema de gerenciamento eletrocircnico Nada mais eacute do que um

potenciocircmetro que varia a resistecircncia ocirchmica ao se variar a posiccedilatildeo do

acelerador

Sua calibraccedilatildeo eacute feita em tempo real com a unidade de gerenciamento

eletrocircnico (conforme Figura 52) onde se informa a posiccedilatildeo do acelerador

totalmente fechado e totalmente aberto o sistema de gerenciamento jaacute adquire

o valor de resistecircncia ocirchmica e faz os caacutelculos para os valores intermediaacuterios e

a interpretaccedilatildeo das posiccedilotildees

78

Fonte Autor

382 Sensor IAT

Este sensor eacute responsaacutevel por aquisitar a temperatura do ar que estaacute

sendo admitido ou seja que estaacute momentaneamente passando pelo corpo de

borboletas Este assim como o sensor de posiccedilatildeo da borboleta e tambeacutem o

sensor de pressatildeo absoluta no coletor eacute utilizado para o caacutelculo da massa de ar

que estaacute sendo admitida pelo motor Este sensor eacute calibrado a partir dos valores

de resistecircncia ocirchmica cujos valores satildeo inseridos no software de calibraccedilatildeo da

unidade de gerenciamento eletrocircnico esses valores natildeo satildeo facilmente

adquiridos pois o fabricante da unidade de sensores natildeo os disponibiliza poreacutem

outro fabricante de sensores a MTE-Thompson fabrica esse mesmo modelo de

unidade de sensores para reposiccedilatildeo do original e entrando em contato com o

departamento teacutecnico eles passam os valores de funcionamento do sensor e

esses valores foram os utilizados para calibraccedilatildeo do sensor de temperatura do

ar admitido (conforme Figura 53)

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS

79

Fonte Autor

383 Sensor MAP

Sensores MAP satildeo utilizados para determinar a pressatildeo do ar admitido

que passa pelo coletor de admissatildeo satildeo muito usados nos sistemas atuais de

gerenciamento eletrocircnico de motores de combustatildeo interna Este tipo de

sensores trabalha utilizando o princiacutepio de strain gage onde haacute a deformaccedilatildeo do

material metaacutelico variando tambeacutem sua resistividade (conforme Figura 54)

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT

80

Fonte Nota de aula ndash Prof Adriano Ribolla (Sist De Gerenc Eletrocircnico 2018)

A funccedilatildeo de variaccedilatildeo da resistecircncia ou fator Gauge pode ser dada pela

expressatildeo

Onde

R resistecircncia (Ω)

ρ constante do material

L comprimento do fio (m)

A secccedilatildeo transversal do fio (msup2)

O sistema de gerenciamento eletrocircnico Speeduino jaacute possuiacute em sua

montagem um sensor MAP interno na sua montagem e mesmo que na

unidade de sensores Keihin utilizada jaacute possuiacutesse um sensor MAP foi

escolhido utilizar o sensor existente na eletrocircnica da unidade de

gerenciamento eletrocircnico apenas pela facilidade de calibraccedilatildeo (conforme

Figura 55)

R= ρ LA

8 - Caacutelculo do Fator Gauge

Figura 54 - Princiacutepio strain gage

81

Fonte Autor

O sensor MAP existente no sistema de gerenciamento eletrocircnico eacute do

fabricante NXPFreescale modelo MPX 4250AP (conforme Anexo B) com um

range de leitura pressatildeo de 20 a 250 kPa

Apoacutes o funcionamento do motor e leitura do sensor foi possiacutevel notar que nos

motores de ciclo dois tempos justamente pelo seu tipo de ciclo e forma

construtiva natildeo seria possiacutevel fazer a calibraccedilatildeo dos mapas de funcionamento

do motor levando-se em conta a leitura de pressatildeo no coletor pois a depressatildeo

no coletor deste tipo de motor eacute muito baixa variando muito pouco Poreacutem este

fato jaacute era de se esperar mas a inserccedilatildeo deste sensor natildeo foi em vatildeo Ela jaacute foi

feita com o objetivo de futuros trabalhos sobre este tipo de sensor em motores

dois tempos para obtenccedilatildeo de valores palpaacuteveis de pressatildeo que possam ser

levados em conta na calibraccedilatildeo do motor

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP

82

39 Sistema de Igniccedilatildeo

O sistema de igniccedilatildeo deve ser compatiacutevel com o sistema de

gerenciamento eletrocircnico utilizado que foi o Speeduino Para isso o sistema de

igniccedilatildeo original do motor foi substituiacutedo por uma bobina utilizada em motores da

linha VW (conforme Figura 56) bobinas essas com moacutedulo de igniccedilatildeo integrado

e para evitar interferecircncias com o sensor de rotaccedilatildeo ou demais eletrocircnicas do

hardware de gerenciamento foi utilizado cabo vela resistivo do veiacuteculo Fiat Tipo

ie (Conforme Figura 57) as velas originais da motocicleta jaacute eram do tipo

resistiva A bobina poderia ter sido utilizada qualquer uma com moacutedulo de igniccedilatildeo

integrado e o cabo de vela tambeacutem poderia ser qualquer um do tipo resistivo

poreacutem estes foram escolhidos apenas por se integrarem melhor fisicamente ao

projeto

Fonte wwwmercadolivrecombr Fonte wwwacnpecascombr

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo

83

4 Calibraccedilatildeo do Motor

Atualmente a calibraccedilatildeo de motores de combustatildeo interna tem tido como

objetivo principal melhorar autonomia com relaccedilatildeo a consumo de combustiacutevel e

diminuiccedilatildeo das emissotildees de poluentes muito em funccedilatildeo de legislaccedilotildees mais

riacutegidas e restritivas Novas teacutecnicas construtivas de motores e implementaccedilotildees

de novas teacutecnicas de calibraccedilatildeo tem sido utilizadas como downsizing turbo-

compressores injeccedilatildeo direta de combustiacutevel para sistemas ldquoflex-fuelrdquo ou ateacute

mesmo sistemas mistos utilizando injeccedilatildeo direta e indireta de combustiacutevel em

um mesmo motor Estes meacutetodos elevaram o niacutevel tecnoloacutegico dos motores de

combustatildeo interna extraindo grande potecircncia diminuindo massa de motores

poreacutem com a necessidade de muita eletrocircnica embarcada

Um dos intuitos deste trabalho eacute a inserccedilatildeo de um sistema de

gerenciamento eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos a princiacutepio de

maneira experimental apenas para obter preacutevias de sua viabilidade

construtivamente e dar a motores que utilizam este tipo de ciclo a oportunidade

de ressurgirem ou natildeo no mercado com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias e

eletrocircnica embarcada ou mesmo proporcionar uma longevidade de seu uso em

competiccedilotildees

Para a calibraccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico que foi

escolhido o sistema Speeduino utilizamos o software de calibraccedilatildeo Tuner

Studio o qual jaacute foi previamente apresentado Seratildeo mostrados a seguir os

passos e direccedilotildees tomadas no que diz respeito a calibraccedilatildeo deste motor de ciclo

dois tempos em questatildeo

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais

Inicialmente eacute necessaacuterio a introduccedilatildeo de alguns dados pertinentes ao

motor e a estrateacutegia de funcionamento do mesmo para tal utilizamos a tela

ldquoEngine Constantsrdquo ou constantes do motor no software Tuner Studio Em

seguida detalhamos os dados de acordo com as caracteriacutesticas do motor que foi

escolhido para o trabalho (conforme Figura 58)

84

Fonte Autor

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor

85

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel

A tabela de injeccedilatildeo de combustiacutevel eacute baseada no meacutetodo VE ldquoVolumetric

Efficiencyrdquo ou eficiecircncia volumeacutetrica neste sistema utiliza-se o item ldquoCalculated

Required Fuelrdquo ou caacutelculo de combustiacutevel necessaacuterio (Conforme Figura 58) o

valor disponibilizado neste item representa o tempo necessaacuterio de injeccedilatildeo de

combustiacutevel baseado em 100 da eficiecircncia volumeacutetrica do motor e

posteriormente desenvolve-se a tabela VE de acordo com as necessidades do

motor (conforme Figura 59) em funccedilatildeo de rotaccedilatildeo do motor e posiccedilatildeo da

borboleta podendo ou natildeo estes valores serem multiplicados pelo valor de

pressatildeo do sensor MAP poreacutem no caso deste trabalho natildeo se utilizou o a

multiplicaccedilatildeo pelo sensor pois este dado se mostrou insatisfatoacuterio para motores

de ciclo dois tempos que geram pouca ou nenhuma depressatildeo no coletor de

admissatildeo

FonteAutor

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE

86

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo

A tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo permite determinar o momento em que seraacute

disparada a centelha pela vela de igniccedilatildeo permitindo a queima da mistura

arcombustiacutevel Os valores inseridos na tabela satildeo valores que representam o

acircngulo em graus antes do ponto morto superior do motor PMS (conforme Figura

60) em que seraacute disparada a centelha esta deve ser disparada alguns graus

antes do PMS pois a queima da mistura deve ser aproveitada ao maacuteximo e para

que isso aconteccedila deve se adotar um ponto de igniccedilatildeo de forma que a frente de

chama tenha tempo suficiente para queimar dentro do cilindro caso contraacuterio a

queima se torna ineficiente e acaba por desperdiccedilar combustiacutevel que acaba

sendo jogado para o escapamento sem que este seja queimado

Os valores de avanccedilo em graus inseridos nesta tabela tambeacutem tecircm seu

funcionamento em funccedilatildeo dos eixos de posiccedilatildeo da borboleta do acelerador e

rotaccedilatildeo do motor

Fonte Autor

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo

87

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada

Usualmente em uma grande montadora ou grande equipe de corridas

essas tabelas seriam desenvolvidas em um laboratoacuterio de desenvolvimento de

motores com diversos equipamentos para controle e aquisiccedilatildeo de dados Poreacutem

por se tratar de um trabalho acadecircmico e de baixo custo natildeo houve a

possibilidade de utilizaccedilatildeo de ferramentas desta espeacutecie desta maneira a tabela

foi toda desenvolvida experimentalmente atraveacutes de horas observando

deficiecircncias e comportamentos do funcionamento do motor

5 Dados do Motor (Modificado)

Tendo em vista que este motor eacute proveniente de uma motocicleta de

competiccedilatildeo as caracteriacutesticas originais dele foram modificadas e a motocicleta

utilizada no projeto tambeacutem (conforme Figura 61) Seguem os dados teacutecnicos

com a modificaccedilotildees do motor

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 59mm x 50mm

Cilindrada 1367cmsup3

Taxa de Compressatildeo 145 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Injeccedilatildeo eletrocircnica com corpo de borboletas de 35mm

de diacircmetro e injetor de combustiacutevel Keihin Flex

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo gerenciada a partir da ECU com o uso de Bobina

Bosch utilizada em motores Volkswagen AP ndash MI

Lubrificaccedilatildeo Premix na proporccedilatildeo de 35ml por litro de etanol

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Etanol

Potecircncia 245cv a 9400rpm

Torque 190kgfm a 9000rpm

88

Fonte Autor

6 Resultados

Os resultados obtidos neste trabalho foram deveras satisfatoacuterios

mostrando que eacute possiacutevel o funcionamento de um motor de ciclo dois tempos

utilizando como meacutetodo de injeccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo um sistema de

gerenciamento eletrocircnico moderno Abordagem essa que seria impensaacutevel anos

atraacutes hoje se tornou uma realidade talvez abrindo novos horizontes para o futuro

de motores que utilizem ciclo dois tempos talvez natildeo comercialmente mas ainda

que para seu uso em competiccedilotildees possa ser extraiacutedo o maacuteximo de rendimento

possiacutevel

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees

89

7 Conclusatildeo

Seguramente o desenvolvimento de uma metodologia soacutelida no

desenvolvimento de sistemas de gerenciamento eletrocircnico e calibraccedilatildeo voltadas

para motores de ciclo dois tempos natildeo seraacute uma tarefa faacutecil existe uma longa

estrada a se percorrer para se chegar ao mesmo niacutevel de desenvolvimento

existente destes sistemas para motores de ciclo quatro tempos ou mesmo diesel

Contudo o projeto se mostrou viaacutevel e mesmo que natildeo tenha havido

possibilidade de testes em dinamocircmetro o comportamento do motor mostrou-se

estaacutevel com o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica Possivelmente houve ganhos de

desempenho e esses testes podem ser executados como tarefa futura no intuito

de comprovar possiacuteveis resultados favoraacuteveis

Cabe aos futuros projetos novas soluccedilotildees e abordagens que podem ser

pensadas especificamente para o motor de ciclo dois tempos pois mesmo que

sua fabricaccedilatildeo seja descontinuada para veiacuteculos comerciais sua fabricaccedilatildeo para

suprir necessidades de veiacuteculos de competiccedilatildeo ainda pode prosseguir por anos

e o uso de tecnologia moderna nesses motores pode vir a extrair niacuteveis de

potecircncia e torque antes natildeo atingidos com a utilizaccedilatildeo de igniccedilotildees de ponto fixo

e carburadores Tambeacutem pode alterar caracteriacutesticas de desempenho do motor

como a falta de torque em baixas rotaccedilotildees

Neste projeto o motor original utilizado natildeo foi fabricado para comportar

uma injeccedilatildeo eletrocircnica por isso houve muitos esforccedilos nas adaptaccedilotildees para que

o funcionamento deste motor com esta tecnologia fosse possiacutevel Poreacutem se

pensarmos em uma produccedilatildeo fabril para motores dois tempos projetados para

que utilizem injeccedilatildeo eletrocircnica originalmente isso torna o processo todo muito

mais viaacutevel do ponto de vista comercial aleacutem de implementar uma tecnologia

que tiraria os motores de ciclo dois tempos da aposentadoria podendo ateacute se

pensar em niacuteveis de emissotildees poluentes melhores mesmo que seu uso seja

exclusivo apenas em competiccedilotildees De toda forma um passo foi dado com a

realizaccedilatildeo deste projeto e o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica se mostrou ser uma

tecnologia segura e confiaacutevel para a utilizaccedilatildeo em motores de ciclo dois tempos

90

8 Propostas Futuras

Vaacuterios passos podem ser dados como propostas futuras mas pensando

no alto iacutendice de poluiccedilatildeo gerado por este tipo de motor pode se pensar em um

controle eletrocircnico da injeccedilatildeo de oacuteleo dois tempos para lubrificaccedilatildeo podendo-se

desenvolver algum meacutetodo de verificaccedilatildeo da necessidade de lubrificaccedilatildeo do

motor fazendo injeccedilatildeo de oacuteleo controlada por quantidade e por demanda

Tambeacutem pode-se pensar na utilizaccedilatildeo de catalisadores no escapamento para

diminuiccedilatildeo das emissotildees de gases poluentes o que com certeza deveraacute ser

estudado e caberaacute diversos testes e experimentaccedilotildees de materiais poreacutem

podendo obter resultados positivos

No sistema de injeccedilatildeo de combustiacutevel utilizado neste trabalho foi usado

o meacutetodo de injeccedilatildeo indireta de baixa pressatildeo utilizando uma pressatildeo na linha

de combustiacutevel na ordem de 3bar Futuramente pode-se fazer testes e anaacutelises

a respeito do uso da injeccedilatildeo indireta de combustiacutevel neste tipo de motor em

busca de quais seriam seus benefiacutecios Ainda sobre a injeccedilatildeo de combustiacutevel

uma anaacutelise que deve ser feita eacute em relaccedilatildeo a modificaccedilatildeo da posiccedilatildeo do injetor

de combustiacutevel que atualmente se situa no coletor de admissatildeo este pode ser

montado em alguma posiccedilatildeo estrateacutegica como no caacuterter do motor diretamente

ou em alguma das janelas por exemplo nas janelas de transferecircncia devendo-

se analisar os ganhos e perdas dessa montagem

Um sistema que foi utilizado neste trabalho poreacutem trouxe pouco benefiacutecio

foi o uso do sensor MAP Devido agrave baixa depressatildeo no coletor de admissatildeo

gerada por motores dois tempos uma soluccedilatildeo seria a aquisiccedilatildeo de dados com

alguns sensores de pressatildeo instalados em determinados pontos do motor como

no caacuterter admissatildeo e janelas de transferecircncia Isto para se analisar pontos de

baixa e alta pressatildeo durante os ciclos do motor podendo ser criado um algoritmo

que calcule uma meacutedia de pressatildeo mais palpaacutevel que possa ser levada em conta

na calibraccedilatildeo da injeccedilatildeo de combustiacutevel

91

9 Referecircncias Bibliograacuteficas

Blair Gordon P Design and simulation of two-stroke engines 1Ed USA

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Boothroyd Dave Forgotten Hero The man who invented the two-stroke

engine 2014 Disponiacutevel em

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Rede eTec Brasil 2013

Vieilledent Edmond Low Pressure Electronic Fuel Injection System for

Two-Stroke Engines SAE Paper 780767 EUA 1978

92

10 Referecircncia Figuras

Figura 1

Fonte httpsimageshutterstockcomimage-vectorsystem-twostroke-engines-

vectortwostroke-engine-600w-524929192jpg acessado em 26052019 agraves

1922

Figura 2

Fonte

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acessado em 26052019 agraves 1924

Figura 3

Fonte httpsiebayimgcomimagesg~TsAAOSw~1FUVYxas-l1600jpg

acessado em 26052019 agraves 1927

Figura 4

Fonte httpswwwamazonesBoyesen-varillas-vC3A1lvula-Yamaha-

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Figura 5

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Essaypdf acessado em 26052019 agraves 1936

Figura 6

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Figura 7

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a12i2jpg acessado em 26052019 agraves 1941

Figura 8

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configuration-portjpg acessado em 26052019 agraves 1944

93

Figura 9

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 10

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 11

Fonte httpwwwcmraracingcomshowthreadphp30922-For-Sale-And-yet-

even-more-Honda-RS125-Parts acessado em 02062019 agraves 2044

Figura 12

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 13

Fonte httpswwwpvldeenproductselectronic-electrical-engineering

acessado em 02062019 agraves 2051

Figura 14

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 15

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 16

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 17

Fonte httpsbikemanperformancecomsupreme-tool-arctic-cat-rave-style-

exhaust-valveshtml acessado em 02062019 agraves 2055

Figura 18

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

94

Figura 19

Fonte httpthunderproductscomattachment_id=316 acessado em

02062019 agraves 2100

Figura 20

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom201404 acessado em 02062019 agraves

2104

Figura 21

Fonte httpflaviolucasmmblogspotcom201508componentes-da-injecao-

eletronicahtml acessado em 02062019 agraves 2110

Figura 22

Fonte httpsmotos-motorcombrmfipeprecos-tabela-yamaha-rd-135-1994

acessado em 02062019 agraves 2116

Figura 23

Fonte httpswwwjapanbaikucomtm-27-8006 acessado em

02062019 agraves 2122

Figura 24

Fonte httpswwwcustojustoptleiriapecas-motasrotor-motoplat-bobine-

externa-anti-horario-28261205 acessado em 02062019 agraves 2124

Figura 25

Fonte Autor

Figura 26

Fonte Autor

Figura 27

Fonte Autor

Figura 28

Fonte Autor

Figura 29

Fonte Autor

Figura 30

Fonte Autor

95

Figura 31

Fonte Autor

Figura 32

Fonte Autor

Figura 33

Fonte httpswwwmagnetimarellicomnode65 acessado em 02062019 agraves

2130

Figura 34

Fonte httpswwwbosch-motorsportcomcontentdownloadsRacepartsen-

GB49044619111858827html acessado em 02062019 agraves 2135

Figura 35

Fonte Autor

Figura 36

Fonte httpswwwamazoncomSmartProjects-Mega-Arduino-MEGA-

BoarddpB004A7H3DG acessado em 02062019 agraves 2141

Figura 37

Fonte

httpsSpeeduinocomshopindexphpid_product=18ampcontroller=product

acessado em 02062019 agraves 2145

Figura 38

Fonte Autor

Figura 39

Fonte Autor

Figura 40

Fonte Autor

Figura 41

Fonte Autor

Figura 42

Fonte Autor

Figura 43

Fonte Autor

96

Figura 44

Fonte Autor

Figura 45

Fonte Autor

Figura 46

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-879906333-080036-sensor-de-

rotaco-fiat-idea-e-torq-16-linea-16-18-_JMquantity=1 acessado em

02062019 agraves 2220

Figura 47

Fonte Autor

Figura 48

Fonte Autor

Figura 49

Fonte Autor

Figura 50

Fonte Autor

Figura 51

Fonte Autor

Figura 52

Fonte Autor

Figura 53

Fonte Autor

Figura 54

Fonte Slides aulas SAGE ndash Prof MSc Adriano Ribolla

Figura 55

Fonte Autor

Figura 56

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-839220558-bobina-ignico-gol-

saveiro-parati-10-kombi-16-mi-3-pinos-

_JMmatt_tool=14302715ampmatt_wordampgclid=CjwKCAjwr8zoBRA0EiwANmvpYI

z4XlO7l-

97

OvI7_2OEUpSgy57Vriq67T2bbuVtWP0MawULSQk9SCjBoCXZcQAvD_BwEampq

uantity=1 acessado em 22062019 agraves 2340

Figura 57

Fonte httpswwwacnpecascombrprodutocabo-de-vela-fiat-tipo-1-6-ie-mpi-

todos-injecao-eletronica acessado em 22062019 agraves 2345

Figura 58

Fonte Autor

Figura 59

Fonte Autor

Figura 60

Fonte Autor

Figura 61

Fonte Autor

98

Apecircndice I

Lista de peccedilas e componentes utilizados

Componente Fabricante Part Number (OEM)

Fabricante Part Number (Reposiccedilatildeo)

Qtd

Injetor de Combustiacutevel Keihin 3340-9657-7489 Magnetron MAGNETRON 154-209-B 1

Bobina de Igniccedilatildeo Bosch F000ZS0104 NGK NGK U1092 1

Cabo de Vela Bosch F00099C067 NGK NGK SC-T58 1

Sensor Hiacutebrido - MAP - TPS - IAT

Keihin 16060-KVK-901 MTE-Thomson

MTE6701 1

Sensor de Rotacatildeo HALL Continental 55223464 MTE-Thomson

MTE70565 1

Bomba de Combustiacutevel Delphi BCD 00101 Bosch 580464070 1

Regulador de Pressatildeo Comb

SPA SPA TURBO 1

Roda Focircnica 60-2 Fueltech JR7401PTAz 1

Corpo de Boboletas XR300

Keihin 1641A-KWT-305 1

99

Anexo A

Esquema eleacutetrico do sistema de gerenciamento eletrocircnico

100

101

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

Anexo B

Datasheet Sensor MAP ndash NXPFreescale MPX4250AP

112

113

114

115

116

117

118

119

120

121

122

123

124

125

126

127

Anexo C

Lista de componentes Speeduino

Qtd Referecircncia na Placa Componente Valor Modelo

1 C16 CAP TANT 10uF 35V 10 RADIAL 10uF

6 C2C4C6C8C10C24 CAP CER 022uF 50V 10 RADIAL 220nF 224

7 C1C3C5C7C9C13C15 CAP CER 01uF 50V 20 RADIAL 100nF 104

1 C14 CAP TANT 47uF 63V 10 RADIAL 47uF

1 C18 CAP CER 033uF 50V 10 RADIAL 330nF 334

2 C19C25 CAP CER 10000pF 50V 10 RADIAL 10nF 103

3 C11C12C20 CAP CER 1uF 50V 20 RADIAL 1uF 105

1 C23 CAP CER 4700pF 100V 10 RADIAL 47nF 472

1 D16 DIODO ZENER 56V 3W AXIAL 1N5919BG 1N5919BG 2 D15D17 DIODO SCHOTTKY 1A 30V DO41 1N5818 1N5818

8 LED1LED2LED3LED4

LED5LED6LED7LED8 LED SS 3MM LED

4 D9D10D11D12 DIODO USO GERAL 400V 1A DO41 1N4004 1N4004

1 U2 VARISTOR 14MM 22V 1000A ZNR Varistor ZNR

V14D220

8 Q1Q2Q3Q4Q5Q6Q7

Q8 MOSFET N-CH 33V TO-220

62A

MOSFET STP75NS04Z

1 R54 RES 100K Ohm 14W 1 METAL

FILM 10kΩ

14W - 1

17

R10R13R16R19R21

R23R24R29R30R39

R40R50R51R57R58

R59R60

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 1kΩ

14W - 1

4 R9R12R15R18 RES 680 Ohm 06W 1 AXIAL 680Ω 14W - 1

6 R2R4R6R8R22R41 RES FILME METAacuteLICO 14W 470

Ohm 1 AXIAL 470Ω

14W - 1

7 R1R3R26R28R33R34

R61

249k Ohm plusmn1 025W 14W FILME

METAacuteLICO 249kΩ

14W - 1

1 R7 RES 39K Ohm 14W 01 FILME

METAacuteLICO 39kΩ

14W - 1

12

R11R14R17R20R35R3

6R37R38R48R49

R55R56

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 100kΩ

14W - 1

4 R25R27R31R32 RES 160 Ohm 2W 1 AXIAL 160Ω 2W - 1

1 U1 REGULADOR DE TENSAtildeO

LM2940-50 1A TO220 LM2940T 50NOPB

1 MPX4250A SENSOR MAP 363 PSI MAX 1-Bar MAP MPX4250AP

2 IC1IC2 CI MOSFET DVR 3A DUAL HS 8-DIP TC4424EP

A TC4424EPA

Page 6: FACULDADE DE TECNOLOGIA FATEC SANTO ANDRÉfatecsantoandre.edu.br/arquivos/TCC/227-Mecanica/TCC511.pdfLista de Unidades de Medida cm³ - unidade de volume, centímetros cúbicos mm

RESUMO

Os motores de combustatildeo interna parecem ter seus dias contados mas

enquanto este fato natildeo acontece buscamos alternativas para que eles possam

ter uma sobrevida Especificamente os motores de ciclo dois tempos possuem

caracteriacutesticas que ainda natildeo conseguiram ser alcanccediladas mesmo com toda a

tecnologia embarcada nos motores de combustatildeo interna atualmente Se

comparado com motores similares de outros tipos de ciclo possuem baixa

massa simplicidade de construccedilatildeo possuindo poucas peccedilas moacuteveis e alta

eficiecircncia volumeacutetrica poreacutem por queimarem oacuteleo e natildeo possuiacuterem vaacutelvulas seu

processo de combustatildeo gera uma maior quantidade de compostos poluentes

emitidos para a atmosfera

Este trabalho visa obter resultados positivos ao proporcionar o uso de uma

tecnologia moderna em um antigo motor de ciclo dois tempos que originalmente

utilizava como sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel um carburador Mikuni

com venturi de 24mm mostrando que pode valer a pena sua possiacutevel aplicaccedilatildeo

comercial nos dias atuais em possiacuteveis casos E a proposta embarcada neste

trabalho natildeo eacute um fato isolado tendo em vista que alguns fabricantes

desenvolvem novas tecnologias aplicadas a este tipo de motor nos dias de hoje

tais como KTM SportMotorcycle AG BRP-Rotax Tm Racing Sutter Engineering

empresas essas que oferecem tecnologia eletrocircnica em motores de ciclo dois

tempos nos dias atuais atendendo determinados nichos de mercado como

motores de motocicletas de competiccedilatildeo karts snowmobiles e motores naacuteuticos

Este fato corrobora que esta ideia de tecnologia natildeo estaacute morta (para uso em

veiacuteculos da linha comercial) mas ainda estaacute muito viva em alguns setores da

induacutestria automobiliacutestica

Para tal seraacute adaptado e calibrado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica

programaacutevel (open source) chamado Speeduino que utiliza um Arduino mega

2560 como controlador Foram adaptadas tambeacutem diversas peccedilas sensores e

atuadores para que seja possiacutevel o funcionamento do mesmo

Palavras chaves Ciclo Dois Tempos Motores de Combustatildeo Interna Injeccedilatildeo

Eletrocircnica Programaacutevel Speeduino Arduino Open Source

ABSTRACT

The internal combustion engines seems to be on the borderline of its time

but in the meanwhile we search alternatives to this engines to have an extra

overtime Especificaly two stroke engines have characteristics that have not been

achieved even with all the current technology If comparated with similar engines

but of other kind of cycles two stroke engines have low mass simplicity of

construction owning few movable parts and high volumetric efficiency However

due to a huge amount of oil burning and the lack of valves its combustion process

provides an enormous amount of poluents heat are thrown into the atmosphere

This work aims to have positive results by providing the use of modern

technology in an old two stroke engine Originally this engine used a 24mm

Mikuni carburetor showing that it may be worth to be used in comercial

aplications nowadays in some cases And the proposal contained in this work is

out of an isolated fact since some manufactures have developed new

tecnologies applied to this kind of engine today just like KTM SportMotorcycle

AG BRP-Rotax TM Racing Sutter Engineering such companies that offer

electronic tecnology in two stroke engines nowadays attending specific market

spaces like race engines to bikes karts snowmobiles and nautics applications

This fact comes to show that this idea of tecnology is possible (to commercial

line vehicles) in some sectors of automotive industries

According to this a system of programable electronic fuel injection (open

source) named Speeduino which uses an Arduino mega 2560 as controller will

be adapted and tuned Several parts will be also adapted just like sensors and

actuators to make possible its operation

Keywords Two stroke cycle Internal combustion engines Programable

electronic fuel injection Speeduino Arduino Open Source

Lista de Unidades de Medida

cmsup3 - unidade de volume centiacutemetros cuacutebicos

mm - unidade de medida miliacutemetros

Kgmf - unidade de torque quilograma forccedila vezes metro

Nm - unidade de torque Newton vezes metro

Bar - unidade de pressatildeo

Kmh - quilocircmetros por hora

degC - graus Celsius unidade de temperatura

deg - graus unidade de acircngulo

1min - unidade de rotaccedilatildeo por minuto

HP - Horse Power unidade de potecircncia

Cv - Cavalo Vapor unidade de potecircncia

V - Volts unidade de tensatildeo eleacutetrica

mA - mili ampeacutere unidade de corrente eleacutetrica

Ohms - unidade de resistecircncia eleacutetrica

MHz - Mega Hertzunidade de frequecircncia

KB - quilobyte unidade de capacidade de armazenamendo ou memoacuteria

Lista de Siglas e Abreviaturas

RPM - Rotaccedilotildees por minuto

PMS - Ponto morto superior

PMI - Ponto morto inferior

CDI - Capacitor Discharge Ignition

PWM - Pulse with modulation

SMD - Surface mounting device

GND - Ground

AP - Modelo de motor Volkswagen

EA111 - Modelo de motor Volkswagen

E-torq - Modelo de motor Fiat

DIY - Do it yourself

MAP - Manifold Absolute Pressure

IAT - Intake Air Temperature

TPS - Throttle Position Sensor

YPVS - Yamaha Power Valve System

Stand-Alone ndash Sistema que funciona independente de outros

Sumaacuterio

1 Introduccedilatildeo 18

11 Motivaccedilatildeo 19

12 Objetivos 21

13 Contribuiccedilotildees Esperadas 21

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho 22

2 Fundamentaccedilatildeo 23

21 Objetivos do Capiacutetulo 24

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos 24

23 Admissatildeo 29

24 Compressatildeo 31

25 Combustatildeo 35

251 Igniccedilatildeo 36

26 Exaustatildeo 37

261 Escapamento 41

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna 48

3 Detalhamento do Projeto 51

31 Dados do Motor 52

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico 58

33 Arduino Mega 2560 60

34 Speeduino 62

35 Montagem do Sistema Speeduino 63

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico 72

37 Corpo de Borboleta 76

38 Unidade de Sensores 77

381 Sensor TPS 77

382 Sensor IAT 78

383 Sensor MAP 79

39 Sistema de Igniccedilatildeo 82

4 Calibraccedilatildeo do Motor 83

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais 83

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel 85

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo 86

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada 87

5 Dados do Motor (Modificado) 87

6 Resultados 88

7 Conclusatildeo 89

8 Propostas Futuras 90

9 Referecircncias Bibliograacuteficas 91

10 Referecircncia Figuras 92

Apecircndice I 98

Anexo A 99

Anexo B 111

Anexo C 127

Lista de Figuras

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos 25

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro 26

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto 26

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas 27

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa 27

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter

do motor passando pela vaacutelvula de palhetas 28

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor

permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel 29

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

30

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos

pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro 31

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando

formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto 32

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo 33

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio

de platinado 36

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts 37

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF 39

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida 39

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System 40

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos 41

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos 42

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante 48

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo 49

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus

perifeacutericos 50

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135 51

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30 53

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo 53

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia 54

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto 55

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1 55

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2 56

Figura 29 - Processo de pintura 56

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo 57

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada 57

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta 58

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport 59

Figura 34 - ECU Bosch MS 151 59

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino 60

Figura 36 - Arduino Mega 2560 61

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino 63

Figura 38 - Inicio da montagem da placa 64

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada 65

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio 66

Figura 41 - Aterramento refeito externamente 67

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico 68

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada 69

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica 70

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes 71

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v 71

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall 72

Figura 48 - Roda Focircnica 73

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 74

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 75

Figura 51 - Corpo de Borboleta 76

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS 78

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT 79

Figura 54 - Princiacutepio strain gage 80

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP 81

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW 82

Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo 82

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor 84

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE 85

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo 86

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees 88

Lista de Graacuteficos

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3

1996 20

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos

com rotaccedilatildeo em 6000 RPM 35

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de

retorno 44

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor 46

Lista de Quadros

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos 23

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para oldquoHeaderrdquo 43

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor 44

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor 45

Quadro 5 - Comprimento da ponteira 47

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560 61

Lista de Foacutermulas

1 - Caacutelculo da Taxa de Compressatildeo 34

2 - Volume a ser comprimido (fabricantes japoneses) 34

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento 42

4 - Dimensotildees do Escapamento Header 43

5 - Dimensotildees do Escapamento Difusor 45

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor 46

7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo 47

8 - Caacutelculo do Fator Gauge 80

18

1 Introduccedilatildeo

Em 1878 um engenheiro escocecircs criou o projeto tido como o primeiro motor

de ciclo dois tempos e eacute atribuiacutedo a ele esta invenccedilatildeo este engenheiro era

Dugald Clerk Poreacutem este motor possuiacutea algumas diferenccedilas dos motores dois

tempos que conhecemos e utilizamos durante todo o seacuteculo XX ateacute os dias de

hoje Nos motores de Clerk a admissatildeo era feita por bombeamento separado do

motor possuiacutea vaacutelvulas e utilizava gaacutes como combustiacutevel (NUNNEY 1992)

O primeiro motor de ciclo dois tempos com as caracteriacutesticas que hoje

conhecemos com admissatildeo inicial e compressatildeo no caacuterter transferecircncia da

mistura feita por janelas nas laterais do cilindro sem vaacutelvulas soacute foi inventado

por volta de 1892 pelo inglecircs Joseph Day que por volta de 1889 comeccedilou a

desenvolver um motor de combustatildeo interna sem infringir as patentes de

Nikolaus Otto as quais eram as patentes do motor com ciclo a quatro tempos

(BOOTHROYD 2006)

As patentes de Nikolaus Otto satildeo atualmente invaacutelidas e atribuiacutedas a um

engenheiro francecircs Alphonse-Eugene Beau de Rochas o qual havia feito todos

estudos pesquisas e projetos sobre este ciclo anos antes em 1862 poreacutem natildeo

chegou a construir um motor assim como Otto o fez (TILLMAN 2013)

A invenccedilatildeo do motor dois tempos eacute creditada a Dugald Clerk Satildeo citados

diversos pesquisadores engenheiros inventores e construtores como pessoas

que desenvolveram e agregaram conhecimento a este tipo de motor poreacutem foi

possiacutevel observar durante as pesquisas que Day eacute pouco lembrado em livros e

documentos poreacutem historicamente foi quem idealizou e construiu as soluccedilotildees

para o motor dois tempos que utilizamos quase que literalmente ateacute os dias de

hoje (BOOTHROYD 2006)

Durante o seacuteculo XX os motores dois tempos foram amplamente utilizados

na induacutestria automotiva Foram construiacutedos diversos veiacuteculos com esses

motores carros motocicletas caminhotildees e tratores O primeiro estudo e

construccedilatildeo de protoacutetipo de injeccedilatildeo eletrocircnica voltada para motores dois tempos

aconteceu em 1978 exatos cem anos da construccedilatildeo do motor de Clerk e foi

feita por Edmond Vieilledent que conseguiu obter relativo sucesso em suas

pesquisas e desenvolvimento poreacutem a tecnologia de microprocessamento na

19

eacutepoca inicial e o custo para implementaccedilatildeo relativamente alto em motores de

baixa cilindrada aparentemente inviabilizou o projeto em larga escala

(VIEILLEDENT 1978)

Quarenta anos apoacutes o trabalho de Vieilledent em 2018 a fabricante de

motocicletas austriacuteacas KTM Motorcycle disponibiliza para venda no mercado

motocicletas de competiccedilatildeo off-road de 250 e 300cmsup3 com sistema de injeccedilatildeo

eletrocircnica o que vem a corroborar a ideia de que os motores dois tempos para

determinadas aplicaccedilotildees merecem a implementaccedilatildeo de novas tecnologias para

que haja junto com a evoluccedilatildeo eletrocircnica novos resultados aplicados aos

motores dois tempos

11 Motivaccedilatildeo

As motivaccedilotildees deste trabalho surgem da premissa de reduzir algumas

deficiecircncias intriacutensecas do funcionamento dos motores de ciclo dois tempos

funcionamento que seraacute abordado e explicado em um toacutepico especiacutefico adiante

Para isso seraacute utilizado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel com

processamento de dados feito a partir de um Arduino Mega 2560 montado em

um motor Yamaha de 135cmsup3 de 2 tempos de fabricaccedilatildeo nacional produzido ateacute

o ano de 2000 Este motor equipou por mais de vinte anos as motocicletas

Yamaha Rd e Rdz 135cmsup3 e possuiacuteam como sistema de alimentaccedilatildeo de

combustiacutevel carburadores com diacircmetro de venturi 24mm e 26mm

respectivamente e sistema de igniccedilatildeo por descarga capacitiva com curva de

igniccedilatildeo preacute-estabelecida

Os motores dois tempos possuem caracteriacutesticas de funcionamento muito

peculiares e produzem uma potecircncia especiacutefica relativamente alta poreacutem esta

potecircncia vem de uma curva de torque caracteriacutestica do projeto do motor sendo

muito difiacutecil conseguir obter uma curva onde se consiga que a potecircncia seja alta

em todas as faixas de rotaccedilatildeo A maioria dos projetos de motores dois tempos

favorece a potecircncia em uma faixa de rotaccedilatildeo muito estreita por exemplo motores

que satildeo projetados para terem alto torque natildeo possuem alta rotaccedilatildeo e motores

para alta potecircncia soacute conseguem atingir esta potecircncia apoacutes os 10000rpm e todo

o resto da curva de potecircncia do motor eacute esquecida Este trabalho visa a

20

introduccedilatildeo de um sistema de gerenciamento de combustiacutevel e igniccedilatildeo eletrocircnico

para obter uma possiacutevel melhora da faixa de potecircncia aumentando a largura

dessa faixa de potecircncia elevada

Podemos notar ao analisarmos o graacutefico 1 que este tipo de motor produz

uma faixa de trabalho uacutetil de aproximadamente 1500 rpm somente apoacutes os

10000 rpm esta caracteriacutestica torna a pilotagem destas motocicletas em regime

de competiccedilatildeo muito difiacutecil e cansativa

Fonte httppulpmxcom

Com a inserccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico seraacute feita a

tentativa de implementar uma calibraccedilatildeo que natildeo privilegie somente uma faixa

tatildeo pequena de trabalho buscando antecipar e ampliar esta faixa de potecircncia

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3 1996

21

12 Objetivos

Os objetivos deste trabalho satildeo construir montar adaptar e talvez a parte

mais complexa calibrar um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel em um

motor de ciclo dois tempos Natildeo existem muitas informaccedilotildees a respeito de

calibraccedilatildeo eletrocircnica para motores em geral muito menos para motores dois

tempos o que torna esse acerto um tanto quanto difiacutecil

Como descrito anteriormente a motivaccedilatildeo vecircm da capacidade de tentar

incrementar potecircncia em um motor de pouca massa e isso eacute o essencial para

regimes de performance em competiccedilotildees de karts naacuteuticas e de motocicletas

A busca seraacute por uma calibraccedilatildeo final que alargue a faixa de potecircncia do motor

ou seja melhorando suas caracteriacutesticas de funcionamento utilizando um

sistema de gerenciamento eletrocircnico com alguns sensores que seja confiaacutevel e

que permita a sua utilizaccedilatildeo em quaisquer condiccedilotildees climaacuteticas e ambientais

tais como umidade temperatura e pressatildeo atmosfeacuterica

13 Contribuiccedilotildees Esperadas

As contribuiccedilotildees estatildeo relacionadas com os objetivos descritos na

subseccedilatildeo 12 e satildeo elas

a) Promover uma anaacutelise de forma ampla sobre os aspectos positivos e

negativos dos motores que utilizam o ciclo de dois tempos

b) Renovar alguns dados encontrados na literatura teacutecnica a respeito dos

motores dois tempos que na maioria dos livros sobre motores de

combustatildeo interna satildeo dados advindos do estudo de motores anteriores

a deacutecada de 1950 ou seja informaccedilotildees que merecem atualizaccedilatildeo

c) Expor os aspectos positivos do uso da eletrocircnica e programaccedilatildeo no

gerenciamento de motores

d) Possibilitar a adaptaccedilatildeo de uma tecnologia moderna e aberta (open

source) em antigos motores de combustatildeo interna que originalmente

possuiacuteam alimentaccedilatildeo de combustiacutevel mecacircnica e sistema de igniccedilatildeo

simplificado

e) Mostrar as possiacuteveis e esperadas dificuldades de se calibrar o sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos

22

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho

Este trabalho abordaraacute a inserccedilatildeo de um sistema de gerenciamento

eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos sendo assim o assunto eacute abordado

em trecircs fases

Fase Inicial Aborda todo o conceito de funcionamento mecacircnico do motor

de ciclo dois tempos princiacutepios caracteriacutesticas de construccedilatildeo soluccedilotildees

adotadas ao longo da histoacuteria principais aplicaccedilotildees Esta parte tambeacutem tem por

objetivo ampliar o entendimento deste tipo de motor que eacute pouco esclarecido

em literaturas teacutecnicas e quando apresentado em livros utiliza o princiacutepio de

funcionamento correto poreacutem demonstra exemplos de motores antigos sem

muitas soluccedilotildees eficientes

Fase Intermediaacuteria Aborda todas as soluccedilotildees eleacutetricas e eletrocircnicas que

seratildeo utilizadas para o desenvolvimento do protoacutetipo histoacuterico de aplicaccedilotildees em

motores dois tempos processo de escolha montagem de componentes e

sensores anaacutelise de funcionamento e dificuldades enfrentadas

Fase Final Mostra os processos necessaacuterios para fazer a calibraccedilatildeo de

um motor de combustatildeo interna utilizando gerenciamento eletrocircnico aplicaccedilatildeo

em motores dois tempos quais as dificuldades e resultados obtidos

23

2 Fundamentaccedilatildeo

Os motores de ciclo dois tempos possuem o conceito mecacircnico da

termodinacircmica para seu funcionamento onde eacute admitido uma mistura de ar e

combustiacutevel pelo orifiacutecio de admissatildeo Posteriormente essa mistura sofre uma

melhor homogeneizaccedilatildeo no caacuterter junto ao eixo de manivelas onde tambeacutem eacute

comprimido e transferido para a cabeccedila do pistatildeo pelos orifiacutecios de transferecircncia

apoacutes a transferecircncia o pistatildeo inicia o ciclo de subida sentido PMS onde comprime

a mistura ar combustiacutevel e sofre combustatildeo por meio de uma centelha

Nos motores de ciclo dois tempos os pistotildees assim como nos motores

com ciclo quatro tempos possuem movimento alternativo em relaccedilatildeo ao cilindro

poreacutem a lubrificaccedilatildeo dos cilindros eacute feita por meio de oacuteleo misturado com o

combustiacutevel podendo ser forccedilado por uma bomba de lubrificaccedilatildeo que injeta o

oacuteleo no orifiacutecio de admissatildeo ou mesmo por uma mistura oacuteleocombustiacutevel que

pode ser previamente feita Esse sistema simplifica todo o funcionamento deste

tipo de motor poreacutem tambeacutem traz consigo suas deficiecircncias intriacutensecas desse

processo de combustatildeo

Segundo o Manual de Tecnologia Automotiva Bosch (2005) os motores

dois tempos possuem as vantagens e desvantagens que vemos a seguir

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos

Vantagens Desvantagens

Design Simples do Motor Maior Consumo de Combustiacutevel

Baixo Peso Altas Emissotildees de

Hidrocarbonetos

Baixo Custo de Fabricaccedilatildeo Pressatildeo Efetiva Meacutedia mais

Baixa

Padratildeo Melhor de Forccedila de

Torccedilatildeo

Cargas Teacutermicas mais Altas

Marcha Lenta mais deficiente

(Bosch 2005)

24

O desenvolvimento deste trabalho natildeo busca fazer um comparativo entre

os diversos ciclos de funcionamento dos motores de combustatildeo interna

existentes apesar de que em determinados toacutepicos essa comparaccedilatildeo seja

inevitaacutevel Apoacutes a anaacutelise deste trabalho seraacute possiacutevel tirar as proacuteprias

conclusotildees a respeito do funcionamento de motores dois tempos visto que a

maioria das literaturas a respeito dos motores dois tempos natildeo satildeo especiacuteficas

nem tampouco profundas a respeito do tema

21 Objetivos do Capiacutetulo

As seccedilotildees a seguir apresentam o princiacutepio de funcionamento dos motores

de ciclo dois tempos O capiacutetulo iraacute abordar e analisar as fases de funcionamento

e alguns componentes mecacircnicos deste tipo de motor e os resultados de

possiacuteveis modificaccedilotildees em seus componentes

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos

Diferentemente dos motores de ciclo otto a 4 tempos que necessitam a

rotaccedilatildeo de 720deg do eixo aacutervore de manivelas os motores de ciclo dois tempos

necessitam apenas de 360deg do eixo aacutervore de manivelas para executar as quatro

operaccedilotildees baacutesicas de funcionamento de um motor de combustatildeo interna

- Admissatildeo

- Compressatildeo

- Combustatildeo

- Exaustatildeo

25

Apesar das operaccedilotildees e princiacutepio de funcionamento dos motores dois tempos

serem parecidas com as do ciclo otto a concepccedilatildeo e construccedilatildeo do motor eacute

totalmente diferente Os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como

existem nos motores de ciclo otto pelo menos natildeo no sistema mais baacutesico de

funcionamento desses motores (conforme Figura 1)

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos

Editado pelo Autor Fonte httpswwwshutterstockcom

No sistema baacutesico de funcionamento de um motor dois tempos o cilindro possui

aberturas chamadas janelas elas satildeo como portas para entrada e saiacuteda da

mistura arcombustiacutevel

A mistura arcombustiacutevel apoacutes ser succionada atraveacutes do carburador entra

atraveacutes da chamada janela de admissatildeo no cilindro (conforme Figura 2) e chega

primeiramente no caacuterter do motor alguns motores normalmente os de

competiccedilatildeo ou maior performance possuem a entrada de arcombustiacutevel

diretamente no caacuterter (conforme Figura 3) natildeo necessitando entrar no cilindro e

ir para o caacuterter poreacutem isto natildeo eacute regra A entrada desse combustiacutevel no caacuterter

tambeacutem eacute utilizada para a lubrificaccedilatildeo dos rolamentos inferiores do motor jaacute que

na maioria dos casos o combustiacutevel e oacuteleo lubrificante satildeo misturados salvo

26

raros casos em que existem pontos de injeccedilatildeo apenas de oacuteleo em determinadas

partes do motor

Editado pelo Autor Fonte httpwwwrichstaylordportingcom

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto

Editado pelo Autor Fonte httpwwwebaycom

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro

27

Como dito anteriormente os motores dois tempos em essecircncia natildeo utilizam

vaacutelvulas poreacutem com o desenvolvimento desse tipo de motor foi-se aprimorando

a tecnologia e notou-se a necessidade do uso de vaacutelvulas na admissatildeo visto

que parte da mistura era expelida novamente pela admissatildeo quando havia

compressatildeo no caacuterter anteriormente este papel de vaacutelvula de admissatildeo era feito

pelo proacuteprio pistatildeo que ao passar pela janela de admissatildeo determinava os

intervalos de tempo entre admissatildeo e exaustatildeo Para melhorar a eficiecircncia do

sistema de vaacutelvula feito pelo pistatildeo adotou-se principalmente dois sistemas o

sistema de palhetas (conforme Figura 4) e o sistema de vaacutelvula rotativa

(conforme Figura 5)

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas

Fonte wwwamazoncom

Fonte httpscellcodeus

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa

28

Apoacutes ser recebida no caacuterter a mistura arcombustiacutevel eacute comprimida com a

descida do pistatildeo sentido ao PMI o que gera o aumento de pressatildeo no caacuterter e

faz com que a mistura seja transportada para a parte superior do pistatildeo atraveacutes

das chamadas janelas de transferecircncia (conforme Figura 6) Essas janelas

possuem aberturas na parte inferior do cilindro junto ao caacuterter do motor que eacute

por onde passa esta mistura arcombustiacutevel essas aberturas ligam dutos de

transferecircncia ateacute uma abertura na camisa do cilindro jaacute na parte superior do

pistatildeo (conforme Figura 6) Com a mistura jaacute na parte superior do pistatildeo ela eacute

comprimida e por fim queimada e os gases resultantes da queima satildeo expulsos

pela janela de exaustatildeo (conforme Figura 6)

Editado pelo Autor Fonte wwwpatentimagescom

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter do motor passando pela vaacutelvula de palhetas

29

23 Admissatildeo

O processo de admissatildeo inicia-se com a subida do pistatildeo sentido PMS

isso cria uma pequena depressatildeo no caacuterter do motor poreacutem suficiente para

arrastar a mistura arcombustiacutevellubrificante advinda do sistema de alimentaccedilatildeo

usualmente carburadores Essa mistura passa por vaacutelvulas que controlam a

entrada de mistura fresca no motor Na maioria dos motores atuais utilizam-se

vaacutelvulas de palhetas elas tambeacutem tecircm a funccedilatildeo de impedir que a mistura retorne

para o coletor de admissatildeo quando haacute a movimentaccedilatildeo do pistatildeo sentido PMI

(conforme Figura 7) Os primeiros motores de Joseph Day jaacute haviam adotado

uma soluccedilatildeo de vaacutelvulas de palhetas poreacutem esse sistema foi esquecido por

muitos anos e novamente adotados para motores de motocicletas de competiccedilatildeo

em meados dos anos 70 Notemos que a mistura no caacuterter do motor aleacutem de ar

e combustiacutevel tambeacutem possui lubrificante que nesse momento faz a lubrificaccedilatildeo

das peccedilas moacuteveis na parte inferior do motor Nas figuras seguintes podemos

notar como se comporta a entrada da mistura arcombustiacutevel para o caacuterter do

motor e tambeacutem o funcionamento das vaacutelvulas de palhetas

Editado pelo Autor Fonte www1bpblogspotcom

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel

30

O principal momento de admissatildeo da mistura arcombustiacutevel para o motor se daacute

com subida do pistatildeo rumo ao PMS no entanto esse natildeo eacute o uacutenico periacuteodo em

que o motor recebe mistura fresca do sistema de alimentaccedilatildeo Quando o pistatildeo

inicia o movimento de descida rumo ao PMI apoacutes a exaustatildeo tambeacutem temos

admissatildeo de mistura arcombustiacutevel fresca A quantidade eacute bem menor e se daacute

pela depressatildeo gerada pelo escape dos gases queimados junto a janela de

exaustatildeo Essa admissatildeo acontece passando por uma janela conhecida

popularmente como ldquoQuinta Luzrdquo ou em inglecircs ldquoBoost Portrdquo (conforme Figura 8)

poreacutem esse curto periacuteodo de admissatildeo tem maior influecircncia no processo de

exaustatildeo dos gases Essa admissatildeo favorece a expulsatildeo dos gases e limpeza

da cacircmara de combustatildeo para iniacutecio de um novo ciclo

Editado pelo Autor Fonte httpswwwpinterestcom

A duraccedilatildeo desse periacuteodo em graus da duraccedilatildeo da admissatildeo na quinta

luz pode ser tido como um dos periacuteodos criacuteticos no que diz respeito e eficiecircncia

do motor dois tempos pois se o periacuteodo tiver uma duraccedilatildeo muito prolongada

pode resultar em excesso de mistura fresca que eacute ldquojogada forardquo para a exaustatildeo

e se for muito curto acaba mantendo gaacutes queimado na cacircmara de combustatildeo o

que gera perda de potecircncia para o motor

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

31

24 Compressatildeo

A compressatildeo no motor dois tempos acontece assim como no motor de quatro

tempos comprimindo o volume total do cilindro em uma pequena aacuterea da cacircmara

de combustatildeo Poreacutem diferentemente do motor quatro tempos o cilindro do

motor dois tempos natildeo eacute totalmente vedado possuindo aberturas que como dito

anteriormente se chamam janelas (conforme Figura 6)

Podem existir vaacuterios formatos de cacircmara de combustatildeo ou popularmente

conhecido como cabeccedilote cada tipo buscando um resultado final diferente

(conforme Figuras 910 e 11)

Como os cabeccedilotes de motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas satildeo

praticamente um material usinado ou fundido contemplando um formato final E

esse formato nos motores dois tempos influencia muito na performance do

motor

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro

32

Os cabeccedilotes dos motores dois tempos possuem formatos que privilegiam

determinadas faixas de rotaccedilatildeo ou comportamento do motor com relaccedilatildeo a

torque Os chamados ldquoSquishrdquo satildeo um formato que impotildeem uma alta velocidade

agrave mistura em direccedilatildeo a vela de igniccedilatildeo e produz melhora no comportamento da

queima (conforme Figura 10)

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

O ldquoSquishrdquo eacute composto por algumas medidas que satildeo

Banda do Squish eacute a largura da faixa onde se concentra o squish e contorna

toda a circunferecircncia do cabeccedilote podendo ser mais larga ou estreita

dependendo do regime de funcionamento do motor

Acircngulo do Squish eacute o acircngulo feito na banda de squish podendo acompanhar

ou natildeo o acircngulo existente na cabeccedila do pistatildeo natildeo eacute usual mas podem existir

cabeccedilotes cujos acircngulos de squish sejam retos assim como a cabeccedila dos

pistotildees nesses motores

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto

33

Folga do Squish essa folga eacute a folga do topo da cabeccedila do pistatildeo quando

em PMS ateacute o ponto fiacutesico mais proacuteximo da banda de squish

Segundo Bell (1999) os cabeccedilotes que contemplam ldquoSquishrdquo vieram a

promover melhorias significantes na performance dos motores dois tempos

Esse tipo de cabeccedilote promove melhor homogeneizaccedilatildeo da mistura

arcombustiacutevel e tambeacutem de qualquer porccedilatildeo de gases de escapamento

residuais presentes na cacircmara Esse formato tambeacutem evita que a propagaccedilatildeo

de chama para as laterais do cilindro promovam o aquecimento do mesmo fator

que pode dar iniacutecio a um ciclo de detonaccedilatildeo que eacute muito prejudicial para o

funcionamento do motor

Fonte httpwwwcmraracingcom

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo

34

Um outro fator que gera uma certa confusatildeo em motores dois tempos eacute a

mediccedilatildeo da taxa de compressatildeo A compressatildeo efetiva do volume do cilindro

ocorre apenas quando os aneacuteis de segmento do pistatildeo passam pela uacuteltima

abertura sentido PMS sendo que a uacuteltima abertura em motores dois tempos satildeo

as janelas de exaustatildeo

O que pode se notar usualmente eacute que fabricantes europeus utilizam a

mesma maneira de se calcular taxa de compressatildeo de motores quatro tempos

em motores de ciclo dois tempos

onde

RC Relaccedilatildeo de Compressatildeo

VC Volume do Cilindro (cmsup3)

VCC Volume da Cacircmara de Combustatildeo (cmsup3)

Enquanto fabricantes japoneses utilizam uma maneira especiacutefica de medir

a taxa compressatildeo para motores dois tempos avaliando o volume total de

compressatildeo efetiva somente apoacutes a passagem dos aneacuteis de segmento pela

janela de escapamento fazendo sua vedaccedilatildeo Nesse caso o volume total do

cilindro natildeo entra na conta o que se utiliza eacute a altura da janela de exaustatildeo como

referecircncia para o volume total a ser comprimido

Pode-se assim calcular o Volume a ser Comprimido

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

onde

VAC Volume a ser comprimido (cmsup3)

120645 Constante

r Raio do cilindro (mm)

h distacircncia percorrida pelo pistatildeo do momento de fechamento da janela

de exaustatildeo ateacute a chegada em PMS (mm)

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

RC = VC+VCC

VCC

1-Caacutelculo da Taxa de

Compressatildeo

2 - Volume a ser comprimido

(fabricantes japoneses)

35

Quando pesquisa-se em fichas teacutecnicas sobre motores dois tempos tais

literaturas podem gerar uma confusatildeo de entendimento pois pode-se entender

que motores europeus utilizam taxa de compressatildeo muito maior que os motores

japoneses e isto natildeo eacute verdade apenas utilizam meacutetodos de mediccedilatildeo diferentes

25 Combustatildeo

O processo de combustatildeo em motores dois tempos eacute muito semelhante ao

dos motores de quatro tempos mas com uma diferenccedila essencial ao

entendimento deste tipo de motores Nos motores de ciclo de quatro tempos

acontece a centelha na vela de igniccedilatildeo a cada 720deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore

de manivelas enquanto no motor de ciclo dois tempos a centelha ocorre a cada

360deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore de manivelas ou seja a cada subida do pistatildeo

sentido PMS ocorre uma combustatildeo

Segundo Najafabadi Aziz Adams e Leman (2013) existem alguns efeitos

gerados no processo de combustatildeo advindos do ciclo anterior devido a gases

residuais que se mantiveram na cacircmara de combustatildeo Este fenocircmeno afeta a

combustatildeo podendo ocorrer avanccedilo ou atraso do tempo de igniccedilatildeo devido a

temperatura desses gases Ainda a pressatildeo no interior do cilindro que veio do

ciclo anterior afeta o fluxo de transiccedilatildeo do motor podendo a quantidade de gases

residuais ser diferente (conforme Graacutefico 2)

Fonte Najafabadi et al 2013

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos com rotaccedilatildeo em 6000 RPM

36

251 Igniccedilatildeo

Este mecanismo eacute importante para que o processo de combustatildeo seja

equilibrado bem executado e responda com um bom funcionamento do motor

Existem diversos sistemas de igniccedilatildeo disponiacuteveis para motores dois tempos

desde os mais simplificados (conforme Figura 12) ateacute sistemas programaacuteveis

onde pode-se determinar a curva de avanccedilo desejada por meio de programaccedilatildeo

do dispositivo via software (conforme Figura 13) poreacutem para entendimento do

funcionamento o esquema eleacutetrico do sistema de igniccedilatildeo por platinado possui

faacutecil entendimento este sistema foi utilizado por muitos anos e o uacutenico motivo de

cair em desuso era a necessidade de regulagem constante devido ao desgaste

mecacircnico do contato eleacutetrico

Fonte Bell 1999

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio de platinado

37

Fonte httpwwwpvl-zuendungende

26 Exaustatildeo

Este eacute com certeza o processo mais importante dentre todos os processos no

motor dois tempos a janela de exaustatildeo eacute a aacuterea do motor que se sofrer uma

alteraccedilatildeo de alguns deacutecimos de miliacutemetros pode mudar completamente o

comportamento do motor

Como jaacute discorremos os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como os

motores quatro tempos pelo menos natildeo nos mesmos moldes ou entatildeo vaacutelvulas

que vedem completamente a passagem dos gases Em um motor de quatro

tempos o comando de vaacutelvulas determina qual eacute momento de abertura das

vaacutelvulas a ordem o levante etc No motor dois tempos essa funccedilatildeo de duraccedilatildeo

da admissatildeo e exaustatildeo eacute composta pela diagramaccedilatildeo das janelas do cilindro

(conforme Figura 14) e satildeo fixas natildeo existe um comando de vaacutelvulas rotativo

ou qualquer dispositivo semelhante dentre essa diagramaccedilatildeo a duraccedilatildeo mais

importante e que determina o desempenho do motor e como ele se comportaraacute

eacute a da janela de exaustatildeo

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts

38

Segundo Bell (1999) o processo de modificaccedilatildeo da janela de exaustatildeo eacute talvez

um dos mais criacuteticos dentro dos motores dois tempos (conforme Figuras 14 e

15) pocircde-se notar que as diagramaccedilotildees possuem desenhos diferentes de

janelas de exaustatildeo o primeiro modelo da Yamaha TZ250 (conforme Figura 14)

eacute de janela uacutenica pois a dimensotildees que foram determinadas para o tamanho e

duraccedilatildeo da janela dado o diacircmetro do cilindro permitiram que isso fosse feito Jaacute

no segundo diagrama da Suzuki PE175 podemos notar que a janela de exaustatildeo

eacute bi partida (conforme Figura 15) isso acontece por que por projeto foi

determinado um tamanho de janela de exaustatildeo demasiadamente grande para

o diacircmetro desse cilindro natildeo eacute regra mas usualmente a largura de uma janela

de exaustatildeo pode ter no maacuteximo 70 do diacircmetro do cilindro isso acontece para

que os aneacuteis de segmento natildeo tendam a entrar no duto de exaustatildeo quando por

laacute passarem por isso a soluccedilatildeo adotada na Suzuki PE175 de adicionar mais

uma divisatildeo na janela permite ter uma janela de exaustatildeo mais larga sem

comprometer a durabilidade do motor

Por ser uma medida fiacutesica e determinante para o funcionamento do motor dois

tempos a janela de exaustatildeo sempre foi um ponto criacutetico no projeto desses

motores pois se o projeto determinava uma medida para a janela de exaustatildeo a

performance do motor era inerente a esta medida Motores que foram

desenvolvidos ateacute o final da deacutecada de 1970 natildeo conseguiam melhorar suas

caracteriacutesticas em todas as faixas de funcionamento Por exemplo se o projeto

da janela de exaustatildeo era feito para funcionar bem em baixas rotaccedilotildees isso

caracterizava aquele motor e nada podia ser feito para ser melhorado sem que

isso comprometesse outras faixas de rotaccedilatildeo

Motocicletas e karts de competiccedilatildeo que eram projetados para funcionar bem

em altas rotaccedilotildees tinham todo o torque em baixa muito comprometido se vermos

corridas de motocicletas da deacutecada de 1970 e iniacutecio dos anos de 1980 podemos

ver pilotos que largavam praticamente empurrando a motocicleta ateacute que ela

embalasse e chegasse a uma rotaccedilatildeo onde o motor pudesse andar sozinho

39

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida

40

No iniacutecio dos anos de 1980 a Yamaha criou uma soluccedilatildeo para melhorar o

desempenho dos motores dois tempos em todas as faixas de rotaccedilatildeo eacute um

sistema com uma vaacutelvula mecacircnica que variava as dimensotildees da janela de

exaustatildeo durante o funcionamento do motor esse sistema eacute chamado YPVS

(Yamaha Power Valve System) (conforme Figura 16) foi um sistema que permitiu

a Yamaha ganhar diversas competiccedilotildees on e off road ateacute que seus concorrentes

pudessem desenvolver sistemas semelhantes

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Inicialmente esse sistema era totalmente mecacircnico e era tocado por uma

bomba centriacutefuga ligada ao eixo arvore do motor posteriormente em

motocicletas de rua foi adotado o mesmo princiacutepio poreacutem foi utilizado um sistema

eletrocircnico com um servo motor Outros fabricantes desenvolveram sistemas

semelhantes ao longo do tempo e adotaram as mais diversas soluccedilotildees Um outro

sistema bastante popular foi o sistema pneumaacutetico (conforme Figura 17) que

era composto por uma vaacutelvula do tipo guilhotina e uma membrana na janela de

exaustatildeo a vaacutelvula se mantinha fechada em baixas rotaccedilotildees melhorando o

torque naquele momento e a membrana era calibrada para que em um certo

momento quando certa quantidade de gases de escape estivessem sendo

produzidos a membrana empurrava a vaacutelvula para traacutes aumentando as

dimensotildees da janela de exaustatildeo melhorando o torque em altas rotaccedilotildees

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System

41

Fonte httpwww bikemanperformancecom

261 Escapamento

Ainda na fase de exaustatildeo o escapamento eacute o acessoacuterio mais importante

para o bom funcionamento dos motores dois tempos e necessita cuidados

especiais em seu desenvolvimento Eacute intriacutenseco do funcionamento e da forma

construtiva do motor dois tempos o fato de que ele acaba por jogar mistura

fresca para o escapamento e isso causa perda de performance Assim o

escapamento promove ondas de ressonacircncia que causam o retorno de parte

dessa mistura fresca novamente para dentro do cilindro

Este sistema determina muito das caracteriacutesticas importantes de

funcionamento desse tipo de motor Satildeo peccedilas complexas de serem construiacutedas

e produzem um som caracteriacutesticos de ldquoring-dingrdquo a este tipo de motor

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos

42

Para um bom projeto de escapamento satildeo necessaacuterios diversos caacutelculos

para que se obtenha as dimensotildees ideais Posteriormente outro desafio eacute aplicar

as dimensotildees calculadas ao projeto do veiacuteculo o que produz verdadeiras

esculturas mecacircnicas (conforme Figura 18)

Caacutelculo para determinaccedilatildeo do comprimento ideal do escapamento

Onde

LE = Comprimento do escapamento (mm)

DE = Duraccedilatildeo da janela de exaustatildeo em graus (deg)

RPM = Rotaccedilatildeo para melhor funcionamento do motor (1min)

42545 = Constante que leva em conta que a onda socircnica sempre viaja na

velocidade do som no ar

Fonte Bell 1999

O trecho do escapamento que sai do cilindro do motor eacute chamado em inglecircs

ldquoHeaderrdquo esse trecho usualmente eacute cocircnico e utiliza acircngulos entre 115deg e 15deg

Entretanto ao longo da histoacuteria os fabricantes testaram acircngulos variando entre

08deg ateacute 23deg de conicidade para determinadas aplicaccedilotildees

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos

LE = DE x 42545

RPM

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento

43

As dimensotildees do Header podem ser determinadas da seguinte maneira Para

o comprimento pode-se utilizar o fator de multiplicaccedilatildeo (conforme Quadro 2)

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para o ldquoHeaderrdquo

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 85 ndash 95 10 -11

100 ndash 125 78 ndash 85 78 ndash 85

175 ndash 250 73 ndash 83 9 -10

350 - 500 73 ndash 83 85 ndash 95

Fonte Bell 1999

Jaacute com o fator de correccedilatildeo apropriado multiplicamos esse valor pelo diacircmetro

da janela de exaustatildeo e esse eacute o comprimento ideal do Header

O diacircmetro maior do Header pode ser calculado pela seguinte expressatildeo

Onde

D2 = eacute o diacircmetro maior do Header para uniatildeo com o Difusor (mm)

CH = eacute o Comprimento do Header (mm)

D1 = eacute o diacircmetro inicial do Header determinado pelo diacircmetro da janela de

exaustatildeo (mm)

Cotg H = eacute a cotangente do acircngulo do Header usualmente entre 115 e 15deg

O segundo trecho do escapamento chamado Difusor pode ser calculado da

seguinte maneira O diacircmetro inicial eacute o mesmo diacircmetro D2 do Header o

comprimento do Difusor eacute usualmente calculado utilizando 25 vezes o diacircmetro

da janela de exaustatildeo poreacutem pode-se usar de 22 a 29 vezes o diacircmetro da

janela de exaustatildeo dependendo do projeto tendo em mente que quanto menor

o comprimento melhor o rendimento em altas rotaccedilotildees e quanto maior o

comprimento melhor as respostas do motor em baixas rotaccedilotildees Ao final o que

D2 = CH x 2 + D1

cotg H

4 ndash Dimensotildees do Escapamento Header

44

iraacute determinar o comprimento eacute a proposta do motor O acircngulo de conicidade do

Difusor varia normalmente entre 3deg e 7deg com diferentes reaccedilotildees ao rendimento

do motor (conforme Quadro 3) modificando a duraccedilatildeo e os efeitos da onda de

ressonacircncia (conforme Graacutefico 3)

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 65 a 7deg 3 a 35deg

100 ndash 125 65 a 75deg 4 a 48deg

175 65 a 75deg 35 a 45deg

250 7 a 75deg 4 a 45deg

350 ndash 500 4 a 5deg

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de retorno

45

O segundo diacircmetro o diacircmetro maior do Difusor pode ser calculado

utilizando a seguinte expressatildeo

Onde

CD = Comprimento do Difusor D3 = Diacircmetro maior do Difusor D2 = Diacircmetro menor do Difusor cotg D = Cotangente do acircngulo de conicidade que foi determinado para o Difusor

Existe uma seccedilatildeo paralela que liga o diacircmetro maior do difusor ao uacuteltimo

cone esse trecho eacute popularmente chamado de Bojo (conforme Figura 18) poreacutem

natildeo se pode calcular o comprimento dela sem antes calcular as dimensotildees do

cone final que eacute chamado de ldquoBafflerdquo ou defletor (conforme Quadro 4) Essa

seccedilatildeo por sua vez determina a duraccedilatildeo e a intensidade das ondas de

ressonacircncia que iraacute manter o cilindro cheio de maneira eficiente Segundo Bell

(1999) um defletor com um cone curto e acircngulo muito abrupto iraacute permitir um

ganho de potecircncia maacutexima ao custo de sacrificar as baixas e meacutedias rotaccedilotildees

(conforme Graacutefico 4)

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 -80 105 a 12deg 85 a 95deg

100 105 a 12deg 9 a 10deg

125 95 a 12deg 85 a 10deg

175 10 a 12deg 8 a 10deg

250 10 a 12deg 75 a 10deg

350 - 500 9 a 11deg

Fonte Bell 1999

CD = D3 ndash D2 x cotg D

2

5 ndash Dimensotildees do Escapamento Difusor

46

Fonte Bell 1999

Para se calcular o comprimento do cone utilizamos a expressatildeo

CTD = (D32) x Cotg D

Onde

CTD Comprimento total do cone do defletor

D3 Diacircmetro maior do defletor ou seja o mesmo diacircmetro que o diacircmetro maior

do difusor

cotg D Cotangente do acircngulo escolhido para o defletor

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor

47

Agora com todos esses valores calculados podemos calcular o

comprimento da parte central do escapamento o chamado bojo Para isso

utilizamos a seguinte expressatildeo

Onde

CB Comprimento do Bojo

L Comprimento total do escapamento ateacute o meio da seccedilatildeo do defletor

CH Comprimento do Header

CD Comprimento do Difusor

CDE Comprimento total do Defletor

Por fim ainda necessitamos saber as dimensotildees do ldquoStingerrdquo ou ponteira

que segundo Graham Bell apoacutes vaacuterias experimentaccedilotildees chegou a alguns

valores que resultaram em boas respostas do motor (conforme Quadro 5)

Quadro 5 - Comprimento da ponteira

Volume do cilindro (cmsup3) Comprimento (mm) Diacircmetro Interno (mm)

50 - 80 205 ndash 230 17 -19

100 230 ndash 250 19 - 21

125 265 ndash 290 22 -24

175 270 - 295 25 ndash 27

250 280 ndash 305 26 ndash 28

350 -500 285 - 310 27 ndash 29

Fonte Bell 1999

CB = L ndash (CH+CD+(CDE2)) 7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo

48

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna

Em seu funcionamento os motores de combustatildeo interna

independentemente do tipo de ciclo necessitam de um gerenciamento da

admissatildeo de uma mistura carburante para o interior dos cilindros para que possa

haver a combustatildeo da mesma Anteriormente essa admissatildeo se dava por um

processo puramente mecacircnico com a utilizaccedilatildeo de carburadores que eram

sistemas mecacircnicos sofisticados que proporcionavam a atomizaccedilatildeo do

combustiacutevel com o ar atmosfeacuterico para a formaccedilatildeo da mistura carburante

(conforme Figura 19)

Fonte httpwwwthunderproductscom

Poreacutem este sistema possuiacutea algumas deficiecircncias pois necessitava de

constante regulagem e qualquer mudanccedila de condiccedilatildeo climaacutetica de temperatura

pressatildeo ou umidade fazia com que o carburador saiacutesse de sua faixa de trabalho

gerando um mal funcionamento do motor e por vezes ateacute mesmo sua quebra

Parte muito importante tambeacutem do funcionamento dos motores de

combustatildeo interna satildeo os sistemas de igniccedilatildeo que anteriormente eram sistema

independentes do sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel poreacutem atualmente

pertencem ao mesmo pacote de gerenciamento do motor Estes sistemas de

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante

49

igniccedilatildeo eram normalmente sistemas eletromecacircnicos podendo ser sistemas

simples com ponto de igniccedilatildeo fixo ou sistemas mais elaborados com a presenccedila

de circuitos eletrocircnicos para fazer a variaccedilatildeo do ponto de igniccedilatildeo Estes sistemas

possuem alguns componentes baacutesicos

Distribuidor (no caso de haver mais de um cilindro) bobina de igniccedilatildeo

(para gerar alta tensatildeo) cabos de igniccedilatildeo e velas de igniccedilatildeo Este eacute o esquema

mais baacutesico de funcionamento dos sistemas de igniccedilatildeo podendo haver

variaccedilotildees eleacutetricas mecacircnicas e em alguns casos eletrocircnicas (conforme Figura

20)

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom

Atualmente os sistemas mais modernos de gerenciamento de motores de

combustatildeo interna satildeo quase que puramente eletrocircnicos e contemplam os dois

mundos alimentaccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo em um uacutenico sistema (conforme

Figura 21) Todo o gerenciamento eacute feito com base em leitura de sensores uma

calibraccedilatildeo que prevecirc diversas situaccedilatildeo de uso do motor e atuadores que fazem

o processo fiacutesico de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel do motor Estes satildeo sistemas

complexos que se baseiam na condiccedilatildeo imediata de diversos fatores que satildeo

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo

50

interpretados por sensores como por exemplo pressatildeo atmosfeacuterica

temperatura do motor massa de ar admitida etc Estas leituras feitas pelos

sensores satildeo recebidas por um circuito eletrocircnico que conteacutem um processador

onde essas informaccedilotildees satildeo recebidas e com base em dados armazenados em

sua memoacuteria para cada condiccedilatildeo ter-se atuaccedilatildeo eletrocircnica onde eacute feita a injeccedilatildeo

de combustiacutevel pelos injetores e o disparo da centelha de igniccedilatildeo para que haja

a combustatildeo

Fonte httpswwwflaviolucasmmblogspotcom

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus perifeacutericos

51

3 Detalhamento do Projeto

Os capiacutetulos anteriores serviram para o embasamento teacutecnico para que

fosse possiacutevel uma melhor compreensatildeo do que se trata o projeto a ser

executado neste trabalho de conclusatildeo de curso Neste ponto iremos tratar

especificamente do projeto de adaptaccedilatildeo de um sistema completo de injeccedilatildeo

eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos Yamaha de 135cmsup3 proveniente

de uma motocicleta Yamaha RD 135 (Conforme Figura 22) e todos os

componentes utilizados para tornar esta adaptaccedilatildeo possiacutevel

Fonte httpsmotos-motorcombr

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135

52

31 Dados do Motor

O motor utilizado neste projeto eacute proveniente de uma motocicleta Yamaha

Rd 135cmsup3 que foi fabricado no Brasil de 1988 a 1999 Trata-se de um motor

monociliacutendrico que utiliza o ciclo de trabalho dois tempos refrigerado agrave ar

seguem os dados teacutecnicos

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 58mm x 50mm

Cilindrada 132cmsup3

Taxa de Compressatildeo 682 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Carburador Mikuni VM24 com 24mm de venturi

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo eletrocircnica de descarga capacitiva ou popularmente

CDI (Capacitor Discharge Ignition)

Lubrificaccedilatildeo Oacuteleo dois tempos bombeado atraveacutes de uma bomba chamada

Autolube nos motores Yamaha este oacuteleo eacute proveniente de um reservatoacuterio que

alimenta a bomba que por sua vez transfere o oacuteleo atraveacutes de uma mangueira

diretamente ao coletor de admissatildeo do motor variando a quantidade de oacuteleo de

acordo com a rotaccedilatildeo e abertura do carburador

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Gasolina

Potecircncia 16cv a 9000rpm

Torque 174kgfm a 8500rpm

Para este projeto o motor utilizado jaacute possuiacutea modificaccedilotildees mecacircnicas

para atingir melhores rendimentos que o motor original pois eacute um motor que foi

utilizado em competiccedilotildees de motovelocidade na categoria RD 135 Diversas

peccedilas foram modificadas tais como sistema de alimentaccedilatildeo escapamento

vaacutelvula de palhetas igniccedilatildeo combustiacutevel diagramaccedilatildeo do cilindro e taxa de

compressatildeo O sistema de alimentaccedilatildeo original foi substituiacutedo por um carburador

Mikuni TM 30 (conforme Figura 23) o escapamento foi substituiacutedo por um

escapamento dimensionado construiacutedo artesanalmente o sistema de igniccedilatildeo

53

utilizado foi um Motoplat de ponto fixo (conforme Figura 24) e o combustiacutevel

utilizado foi o etanol que aleacutem de ser o combustiacutevel regulamentado para o

campeonato tambeacutem eacute um combustiacutevel que permite extrair mais potecircncia do

motor pois com esse combustiacutevel eacute possiacutevel fazer modificaccedilotildees mecacircnicas

como taxa de compressatildeo e avanccedilo de igniccedilatildeo que natildeo seriam possiacuteveis

utilizando gasolina como combustiacutevel

Fonte wwwjapanbaikucom

Fonte wwwcustojustopt

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo

54

O motor utilizado como base nesse trabalho natildeo eacute um motor original eacute

um motor de competiccedilatildeo e para haver base para comparaccedilatildeo do antes e depois

do processo de inserccedilatildeo do sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica este motor teve sua

potecircncia medida em dinamocircmetro inercial com sua curva de torque e potecircncia

aquisitadas (conforme Figura 25)

Fonte Autor

O motor utilizado passou por uma revisatildeo geral havendo troca de peccedilas

por se tratar de um motor de competiccedilatildeo foi por diversas vezes levado ao

extremo e com a escolha desse motor para o projeto esta revisatildeo se fez

necessaacuteria As imagens a seguir mostram o processo de desmontagem para

verificaccedilatildeo das condiccedilotildees do motor e posterior montagem (Conforme Figuras

262728293031 e 32)

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia

55

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto

56

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2

Figura 29 - Processo de pintura

57

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada

58

Fonte Autor

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico

Para a escolha do sistema de gerenciamento eletrocircnico foi necessaacuteria

grande pesquisa entre as opccedilotildees disponiacuteveis no mercado nacional e

internacional Os sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica disponiacuteveis originalmente em

motocicletas de fabricaccedilatildeo nacional poderiam ter sido uma opccedilatildeo mas foram

logo descartados pois foram concebidos para trabalhar com motores de ciclo

otto o que natildeo eacute o caso e as maneiras de calibraccedilatildeo desses sistemas originais

se tornariam difiacuteceis de conseguir tornando essa escolha inviaacutevel

A busca foi por um sistema ldquostand-alonerdquo auto suficiente e que permitisse

mudanccedila total nos paracircmetros de calibraccedilatildeo normalmente satildeo sistemas

utilizados em competiccedilotildees de automoacuteveis motocicletas caminhotildees etc

Existem sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica ldquostand-alonerdquo muito sofisticados

de fabricantes renomados mundialmente dentro e fora das pistas de corridas

como Magneti Marelli (conforme Figura 33) e Bosch (conforme Figura 34) em

suas divisotildees motorsport

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta

59

Sistemas desses fabricantes satildeo reconhecidamente confiaacuteveis o problema eacute o

valor de um sistema desses que eacute muito caro e os tornam inviaacuteveis para um

projeto experimental de baixo custo Opccedilotildees nacionais tambeacutem foram cogitadas

como o sistema Fueltech poreacutem ainda possuem um custo alto e suas opccedilotildees de

programaccedilatildeo e flexibilidade do sistema ainda eram limitados para o tipo de ciclo

do motor a ser utilizado

A escolha do sistema apoacutes grande pesquisa foi pelo sistema ldquostand-alonerdquo

Speeduino (conforme Figura 35) um sistema totalmente programaacutevel que utiliza

como microcontrolador um Arduino Mega 2560 esse eacute um sistema do tipo ldquoDIYrdquo

Do It Yourself ou em portuguecircs ldquofaccedila vocecirc mesmordquo Estatildeo disponiacuteveis na

internet os layouts das placas de circuito impresso e o usuaacuterio pode fabricar as

proacuteprias placas ou compraacute-las prontas em determinados sites da internet e sua

lista de componentes para montagem tambeacutem estaacute disponiacutevel na internet e eacute

relativamente faacutecil encontraacute-los O custo de produccedilatildeo de um sistema desse eacute

relativamente baixo comparado com outros sistemas do mesmo segmento e

por utilizar Arduino como controlador sua programaccedilatildeo eacute inteira aberta e pode

ser modificada de acordo com as necessidades do usuaacuterio

Fonte wwwmagnetimarellicom

Fonte wwwellis-componentscouk

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport Figura 34 - ECU Bosch MS 151

60

Fonte Autor

33 Arduino Mega 2560

Arduino eacute uma plataforma para programaccedilatildeo criada na Itaacutelia por Massimo

Banzi David Cuartielles Tom Igoe Gianluca Martino e David Mellis no ano de

2005 para entusiastas e profissionais da programaccedilatildeo e da eletrocircnica

permitindo diversos tipos de projetos para estes seguimentos Trata-se de uma

placa com um microcontrolador Atmel possuindo diversas entradassaiacutedas

analoacutegicas e digitais a quantidade dessas entradas e saiacutedas varia de acordo

com o modelo do Arduino Essas entradassaiacutedas podem ser programadas por

uma interface IDE Arduino via computador utilizando linguagem C

Na praacutetica eacute um microcontrolador programaacutevel como qualquer outro de

outros fabricantes por exemplo PIC (Microchip) ou ARM (Freescale) poreacutem tem

sua utilizaccedilatildeo facilitada por jaacute estar inserido em uma placa que contempla

soquetes para pinagem das entradas e saiacutedas e porta de comunicaccedilatildeo USB

Serial para gravaccedilatildeo da programaccedilatildeo no microcontrolador Diferentemente de

outros microcontroladores que necessitam da confecccedilatildeo de uma placa de

circuito impresso para uso e de um programador serial para gravaccedilatildeo da

programaccedilatildeo (conforme Figura 36)

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino

61

Fonte httpswwwamazoncom

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560

Microcontrolador ATmega 2560 (Atmel)

Tensatildeo de Operaccedilatildeo 5V

Tensatildeo de Alimentaccedilatildeo (recomendado) 7-12V

Tensotildees Limites de Operaccedilatildeo 6-20V

Saiacutedas Digitais IO 54 saiacutedas sendo 15 PWM

Entradas Analoacutegicas 16

Corrente da Saiacutedas IO 20mA

Corrente nos Pinos 33V 50mA

Memoacuteria Flash 256Kb

SRAM 8Kb

EEPROM 4Kb

Frequecircncia do Clock 16Mhz

LED_BUILTIN 13

Comprimento da Placa 10152mm

Largura da Placa 5333mm

Peso da Placa Completa 37g

Altura da Placa 12mm

Editado pelo Autor Fonte httpwwwArduinocom

Figura 36 - Arduino Mega 2560

62

34 Speeduino

O sistema Speeduino foi o sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica escolhido para o

projeto Eacute um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica totalmente programaacutevel criado por

Josh Stuart e utiliza um Arduino Mega 2560 como microcontrolador assim como

outros sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel possibilita a calibraccedilatildeo por

completo do sistema de injeccedilatildeo e igniccedilatildeo Para tal utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio que permite diversas configuraccedilotildees do

sistema de injeccedilatildeo tais como o meacutetodo de calibraccedilatildeo utilizado configuraccedilatildeo dos

mapas de avanccedilo de igniccedilatildeo e tempo de injeccedilatildeo sistema de malha aberta ou

malha fechada etc

O sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica Speeduino eacute um sistema ldquostand-alonerdquo

ou seja trabalha independente de outros sistemas apenas para gerenciar o

motor a combustatildeo interna seja ele de ciclo quatro ou dois tempos Eacute um sistema

difundido pela internet e permite troca de informaccedilotildees entre usuaacuterios que

trabalham em conjunto para desenvolvimento e aperfeiccediloamento do hardware e

do software o layout principal da placa de circuito impresso tambeacutem estaacute

disponiacutevel na internet bem como a lista de componentes necessaacuterios para a

montagem Este sistema requer um miacutenimo de conhecimento de eletrocircnica para

sua construccedilatildeo um miacutenimo de conhecimento em eleacutetricaeletrocircnica automotiva

para a instalaccedilatildeo do sistema no motor e grande conhecimento em programaccedilatildeo

e mecacircnica automobiliacutestica para calibraccedilatildeo do sistema no motor

63

35 Montagem do Sistema Speeduino

A partir do momento onde foi feita a escolha do sistema Speeduino foi

necessaacuterio obter os componentes necessaacuterios para confecccedilatildeo da placa

(conforme Anexo C) O primeiro passo foi a fabricaccedilatildeo da placa de circuito

impresso a partir do layout disponiacutevel (conforme Figura 37)

Fonte wwwSpeeduinocom

Posteriormente foi feita a aquisiccedilatildeo dos componentes necessaacuterios para a

montagem da placa Esses componentes tambeacutem estatildeo disponiacuteveis na internet

em uma planilha eletrocircnica e satildeo encontrados com relativa facilidade no

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino

64

mercado com exceccedilatildeo de determinados componentes cuja importaccedilatildeo foi

necessaacuteria poreacutem com baixo custo (conforme Anexo C)

Com todos os componentes necessaacuterios em matildeos foi executada a montagem

do sistema o que necessita uma certa habilidade pois o projeto possui diversos

componentes tipo SMD (conforme Figura 38)

Fonte Autor

Com a placa jaacute montada (conforme Figura 39) antes da montagem de todo o

chicote eleacutetrico para funcionamento do motor iniciaram-se os testes de

funcionamento do sistema Por ser um sistema montado artesanalmente os

testes pareciam ser o passo mais certo a se seguir

Figura 38 - Inicio da montagem da placa

65

Fonte Autor

Eacute importante mostrar que o sistema Speeduino utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio (conforme Figura 40) eacute um freeware na

versatildeo baacutesica que foi criado para funcionar em conjunto com outro sistema

de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel conhecido como Megasquirt e o mesmo

tambeacutem eacute utilizado na calibraccedilatildeo do sistema Speeduino Mais adiante seratildeo

feitas explicaccedilotildees detalhadas das configuraccedilotildees do software

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada

66

Fonte Autor

Jaacute no primeiro teste este apresentou resultados negativos com a

eletrocircnica natildeo respondendo agraves configuraccedilotildees e nem mostrando leituras de

sensores

A soluccedilatildeo deste problema veio depois de procurar muito e fazer diversas

mediccedilotildees analisando os diagramas eleacutetricos (conforme Anexo A) O

problema estava na placa de circuito impresso a trilha do aterramento

(GND) natildeo havia sido impressa ou seja natildeo havia aterramento em nenhum

ponto do sistema A placa havia sido impressa por um terceiro Ao entrar em

contato com o mesmo ele disse que enviaria outra placa poreacutem para agilizar

o processo e natildeo ter que esperar novamente a chegada de componentes

uma uacutenica opccedilatildeo surgiu devido aos prazos a de refazer o aterramento da

placa de forma externa (conforme Figura 41) sem nenhuma pretensatildeo de

que isso desse certo poreacutem era uma alternativa para que todo o processo

de funcionamento do motor fosse agilizado

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio

67

Fonte Autor

Apoacutes todo o trabalho de refazer as trilhas de aterramento iniciou-se

novamente a fase testes de funcionamento e os resultados foram positivos

O sistema comeccedilou a responder perfeitamente aos testes iniciais

O elemento de maior importacircncia para o funcionamento desse sistema de

gerenciamento eletrocircnico eacute o sensor de rotaccedilatildeo do motor e foi por ele que

se iniciaram os testes Foi adaptada uma roda focircnica a um torno mecacircnico

e tambeacutem o sensor de rotaccedilatildeo do tipo ldquohallrdquo (conforme Figura 42) para

verificar se o conjunto eletrocircnico do sistema estava recebendo os sinais de

rotaccedilatildeo

Figura 41 - Aterramento refeito externamente

68

Fonte Autor

O teste obteve resultados positivos respondendo perfeitamente a rotaccedilatildeo

do torno mecacircnico sendo testado em diversas rotaccedilotildees diferentes com a

interface do software sempre mostrando os valores de rotaccedilatildeo corretos

Entatildeo os testes que se seguiram foram os de atuaccedilatildeo eleacutetrica como injetor

de combustiacutevel e bobina de igniccedilatildeo todos testes feitos a princiacutepio em

bancada (conforme Figura 43)

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico

69

Fonte Autor

Apoacutes todos os testes em bancada partiu-se para a montagem do chicote

eleacutetrico para funcionamento do sistema no motor e tambeacutem a adaptaccedilatildeo

mecacircnica de suportes para sensores e a adaptaccedilatildeo da roda focircnica

(conforme Figura 44)

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada

70

Fonte Autor

A roda focircnica utilizada eacute proveniente de um motor Volkswagen EA-111

(conforme Figura 45) o sensor de rotaccedilatildeo a ser utilizado pelo sistema de

gerenciamento eletrocircnico Speeduino foi o sensor de efeito hall poderia ser

utilizado o sensor de relutacircncia magneacutetica poreacutem seria necessaacuterio a

confecccedilatildeo de uma eletrocircnica para o condicionamento de sinal

transformando-o para sinal de onda quadrada com amplitude de 5V de

tensatildeo Para evitar a confecccedilatildeo de mais uma eletrocircnica sendo um potencial

ponto fraco do sistema optou-se por utilizar um sensor de rotaccedilatildeo de efeito

hall proveniente dos motores Fiat E-torq 18 (conforme Figura 46) fabricado

pela Continental

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica

71

Fonte Autor

Fonte wwwmercadolivrecombr

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v

72

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico

Neste projeto o sistema de sincronismo eletrocircnico possui dois

componentes apenas satildeo eles a roda focircnica e o sensor de rotaccedilatildeo ambos

adaptados ao projeto e advindos de carros

O sistema de sincronismo eletrocircnico consiste em transformar o

sincronismo mecacircnico do motor em sinais de onda quadrada (conforme Figura

47) que possam ser interpretados pelo sistema de gerenciamento eletrocircnico

proporcionando a injeccedilatildeo de combustiacutevel e disparo da centelha no momento

exato que fora previamente calibrado

Fonte Autor

O sistema consiste de uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes ou seja

satildeo 58 dentes e ausecircncia de 2 dentes Foi adaptada uma roda focircnica do motor

Volkswagen EA-111 poreacutem apoacutes alguns problemas de captaccedilatildeo do sinal esta

foi alterada por uma roda focircnica utilizada em motores Volkswagen AP quando

convertidos a injeccedilatildeo eletrocircnica (conforme Figura 48) essa roda mostrou melhor

resoluccedilatildeo do sinal Hall com menos ruiacutedos no sinal

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall

73

Fonte Autor

Apoacutes vaacuterios testes esta foi a combinaccedilatildeo que melhor funcionou no motor

a roda focircnica aliada ao sensor de rotaccedilatildeo permite a sincronizaccedilatildeo mecacircnica do

motor em relaccedilatildeo ao sistema de gerenciamento eletrocircnico do motor A calibraccedilatildeo

eacute feita da seguinte maneira junto ao software de calibraccedilatildeo do sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica eacute dada a referecircncia em graus da posiccedilatildeo fiacutesica da roda focircnica

em relaccedilatildeo ao motor O primeiro passo eacute colocar o motor em PMS e ver onde se

situa a falha dos dois dentes da roda focircnica a partir disso contar quantos dentes

se tem ateacute o dente que coincide com o sensor de rotaccedilatildeo (conforme Figura 49)

Figura 48 - Roda Focircnica

74

Fonte Autor

Como eacute utilizada uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes cada dente

equivale a 6deggraus de resoluccedilatildeo sendo 3deg do bordo de subida e 3deg do bordo de

descida no caso do projeto o sensor coincide com o 37deg dente a partir da falha

e isso equivale a 228deggraus a partir da falha Todo o sincronismo do motor eacute feito

baseado nessa referecircncia sendo este valor colocado como referecircncia no

software de gerenciamento eletrocircnico (conforme Figura 50)

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

75

Fonte Autor

A partir deste momento todo o sincronismo do motor estaacute baseado nestes

dados e quando o motor estiver em PMS o sistema eletrocircnico saberaacute disso pois

o sensor de rotaccedilatildeo estaraacute alinhado com o 37deg dente que eacute a referecircncia para o

sistema

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

76

37 Corpo de Borboleta

O corpo de borboletas utilizado (conforme Figura 51) eacute proveniente das

motocicletas Honda CB300 e XRE300 possui 35mm de venturi e eacute fabricado

pela empresa japonesa Keihin famosa pela fabricaccedilatildeo de carburadores de

motocicletas tambeacutem possui uma unidade de sensores integrados Foi utilizado

por ser um componente de faacutecil aquisiccedilatildeo no mercado brasileiro o que permite

faacutecil manutenccedilatildeo quando necessaacuterio e seu formato fiacutesico permite a utilizaccedilatildeo de

uma grande gama de injetores diferentes quando isso se faz necessaacuterio

Tambeacutem houve uma pequena adaptaccedilatildeo no coletor de admissatildeo que tambeacutem

eacute proveniente das mesmas motocicletas Honda essa adaptaccedilatildeo se deve ao fato

de o motor em questatildeo possuir o sistema de vaacutelvulas de palhetas na admissatildeo

o que natildeo acontece nas motocicletas Honda que possuem motor de quatro

tempos

Fonte Autor

Figura 51 - Corpo de Borboleta

77

38 Unidade de Sensores

A unidade de sensores refere-se a uma unidade composta por trecircs

sensores que jaacute estaacute acoplada ao corpo de borboletas Keihin e contempla os

sensores

MAP ndash Manifold Absolute Pressure (Pressatildeo Absoluta no Coletor)

IAT ndash Intake Air Tempeture (Temperatura do Ar Admitido)

TPS ndash Throttle Position Sensor (Sensor de Posiccedilatildeo do Acelerador)

Destes sensores natildeo foi utilizado apenas o sensor Map pois a unidade

de gerenciamento eletrocircnico jaacute possui um sensor Map integrado que foi utilizado

Estes sensores puderam ser configurados para utilizaccedilatildeo com o sistema

de gerenciamento eletrocircnico sem o menor problema

381 Sensor TPS

Este sensor se refere ao sensor que envia a informaccedilatildeo de posiccedilatildeo da

borboleta para o sistema de gerenciamento eletrocircnico Nada mais eacute do que um

potenciocircmetro que varia a resistecircncia ocirchmica ao se variar a posiccedilatildeo do

acelerador

Sua calibraccedilatildeo eacute feita em tempo real com a unidade de gerenciamento

eletrocircnico (conforme Figura 52) onde se informa a posiccedilatildeo do acelerador

totalmente fechado e totalmente aberto o sistema de gerenciamento jaacute adquire

o valor de resistecircncia ocirchmica e faz os caacutelculos para os valores intermediaacuterios e

a interpretaccedilatildeo das posiccedilotildees

78

Fonte Autor

382 Sensor IAT

Este sensor eacute responsaacutevel por aquisitar a temperatura do ar que estaacute

sendo admitido ou seja que estaacute momentaneamente passando pelo corpo de

borboletas Este assim como o sensor de posiccedilatildeo da borboleta e tambeacutem o

sensor de pressatildeo absoluta no coletor eacute utilizado para o caacutelculo da massa de ar

que estaacute sendo admitida pelo motor Este sensor eacute calibrado a partir dos valores

de resistecircncia ocirchmica cujos valores satildeo inseridos no software de calibraccedilatildeo da

unidade de gerenciamento eletrocircnico esses valores natildeo satildeo facilmente

adquiridos pois o fabricante da unidade de sensores natildeo os disponibiliza poreacutem

outro fabricante de sensores a MTE-Thompson fabrica esse mesmo modelo de

unidade de sensores para reposiccedilatildeo do original e entrando em contato com o

departamento teacutecnico eles passam os valores de funcionamento do sensor e

esses valores foram os utilizados para calibraccedilatildeo do sensor de temperatura do

ar admitido (conforme Figura 53)

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS

79

Fonte Autor

383 Sensor MAP

Sensores MAP satildeo utilizados para determinar a pressatildeo do ar admitido

que passa pelo coletor de admissatildeo satildeo muito usados nos sistemas atuais de

gerenciamento eletrocircnico de motores de combustatildeo interna Este tipo de

sensores trabalha utilizando o princiacutepio de strain gage onde haacute a deformaccedilatildeo do

material metaacutelico variando tambeacutem sua resistividade (conforme Figura 54)

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT

80

Fonte Nota de aula ndash Prof Adriano Ribolla (Sist De Gerenc Eletrocircnico 2018)

A funccedilatildeo de variaccedilatildeo da resistecircncia ou fator Gauge pode ser dada pela

expressatildeo

Onde

R resistecircncia (Ω)

ρ constante do material

L comprimento do fio (m)

A secccedilatildeo transversal do fio (msup2)

O sistema de gerenciamento eletrocircnico Speeduino jaacute possuiacute em sua

montagem um sensor MAP interno na sua montagem e mesmo que na

unidade de sensores Keihin utilizada jaacute possuiacutesse um sensor MAP foi

escolhido utilizar o sensor existente na eletrocircnica da unidade de

gerenciamento eletrocircnico apenas pela facilidade de calibraccedilatildeo (conforme

Figura 55)

R= ρ LA

8 - Caacutelculo do Fator Gauge

Figura 54 - Princiacutepio strain gage

81

Fonte Autor

O sensor MAP existente no sistema de gerenciamento eletrocircnico eacute do

fabricante NXPFreescale modelo MPX 4250AP (conforme Anexo B) com um

range de leitura pressatildeo de 20 a 250 kPa

Apoacutes o funcionamento do motor e leitura do sensor foi possiacutevel notar que nos

motores de ciclo dois tempos justamente pelo seu tipo de ciclo e forma

construtiva natildeo seria possiacutevel fazer a calibraccedilatildeo dos mapas de funcionamento

do motor levando-se em conta a leitura de pressatildeo no coletor pois a depressatildeo

no coletor deste tipo de motor eacute muito baixa variando muito pouco Poreacutem este

fato jaacute era de se esperar mas a inserccedilatildeo deste sensor natildeo foi em vatildeo Ela jaacute foi

feita com o objetivo de futuros trabalhos sobre este tipo de sensor em motores

dois tempos para obtenccedilatildeo de valores palpaacuteveis de pressatildeo que possam ser

levados em conta na calibraccedilatildeo do motor

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP

82

39 Sistema de Igniccedilatildeo

O sistema de igniccedilatildeo deve ser compatiacutevel com o sistema de

gerenciamento eletrocircnico utilizado que foi o Speeduino Para isso o sistema de

igniccedilatildeo original do motor foi substituiacutedo por uma bobina utilizada em motores da

linha VW (conforme Figura 56) bobinas essas com moacutedulo de igniccedilatildeo integrado

e para evitar interferecircncias com o sensor de rotaccedilatildeo ou demais eletrocircnicas do

hardware de gerenciamento foi utilizado cabo vela resistivo do veiacuteculo Fiat Tipo

ie (Conforme Figura 57) as velas originais da motocicleta jaacute eram do tipo

resistiva A bobina poderia ter sido utilizada qualquer uma com moacutedulo de igniccedilatildeo

integrado e o cabo de vela tambeacutem poderia ser qualquer um do tipo resistivo

poreacutem estes foram escolhidos apenas por se integrarem melhor fisicamente ao

projeto

Fonte wwwmercadolivrecombr Fonte wwwacnpecascombr

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo

83

4 Calibraccedilatildeo do Motor

Atualmente a calibraccedilatildeo de motores de combustatildeo interna tem tido como

objetivo principal melhorar autonomia com relaccedilatildeo a consumo de combustiacutevel e

diminuiccedilatildeo das emissotildees de poluentes muito em funccedilatildeo de legislaccedilotildees mais

riacutegidas e restritivas Novas teacutecnicas construtivas de motores e implementaccedilotildees

de novas teacutecnicas de calibraccedilatildeo tem sido utilizadas como downsizing turbo-

compressores injeccedilatildeo direta de combustiacutevel para sistemas ldquoflex-fuelrdquo ou ateacute

mesmo sistemas mistos utilizando injeccedilatildeo direta e indireta de combustiacutevel em

um mesmo motor Estes meacutetodos elevaram o niacutevel tecnoloacutegico dos motores de

combustatildeo interna extraindo grande potecircncia diminuindo massa de motores

poreacutem com a necessidade de muita eletrocircnica embarcada

Um dos intuitos deste trabalho eacute a inserccedilatildeo de um sistema de

gerenciamento eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos a princiacutepio de

maneira experimental apenas para obter preacutevias de sua viabilidade

construtivamente e dar a motores que utilizam este tipo de ciclo a oportunidade

de ressurgirem ou natildeo no mercado com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias e

eletrocircnica embarcada ou mesmo proporcionar uma longevidade de seu uso em

competiccedilotildees

Para a calibraccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico que foi

escolhido o sistema Speeduino utilizamos o software de calibraccedilatildeo Tuner

Studio o qual jaacute foi previamente apresentado Seratildeo mostrados a seguir os

passos e direccedilotildees tomadas no que diz respeito a calibraccedilatildeo deste motor de ciclo

dois tempos em questatildeo

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais

Inicialmente eacute necessaacuterio a introduccedilatildeo de alguns dados pertinentes ao

motor e a estrateacutegia de funcionamento do mesmo para tal utilizamos a tela

ldquoEngine Constantsrdquo ou constantes do motor no software Tuner Studio Em

seguida detalhamos os dados de acordo com as caracteriacutesticas do motor que foi

escolhido para o trabalho (conforme Figura 58)

84

Fonte Autor

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor

85

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel

A tabela de injeccedilatildeo de combustiacutevel eacute baseada no meacutetodo VE ldquoVolumetric

Efficiencyrdquo ou eficiecircncia volumeacutetrica neste sistema utiliza-se o item ldquoCalculated

Required Fuelrdquo ou caacutelculo de combustiacutevel necessaacuterio (Conforme Figura 58) o

valor disponibilizado neste item representa o tempo necessaacuterio de injeccedilatildeo de

combustiacutevel baseado em 100 da eficiecircncia volumeacutetrica do motor e

posteriormente desenvolve-se a tabela VE de acordo com as necessidades do

motor (conforme Figura 59) em funccedilatildeo de rotaccedilatildeo do motor e posiccedilatildeo da

borboleta podendo ou natildeo estes valores serem multiplicados pelo valor de

pressatildeo do sensor MAP poreacutem no caso deste trabalho natildeo se utilizou o a

multiplicaccedilatildeo pelo sensor pois este dado se mostrou insatisfatoacuterio para motores

de ciclo dois tempos que geram pouca ou nenhuma depressatildeo no coletor de

admissatildeo

FonteAutor

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE

86

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo

A tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo permite determinar o momento em que seraacute

disparada a centelha pela vela de igniccedilatildeo permitindo a queima da mistura

arcombustiacutevel Os valores inseridos na tabela satildeo valores que representam o

acircngulo em graus antes do ponto morto superior do motor PMS (conforme Figura

60) em que seraacute disparada a centelha esta deve ser disparada alguns graus

antes do PMS pois a queima da mistura deve ser aproveitada ao maacuteximo e para

que isso aconteccedila deve se adotar um ponto de igniccedilatildeo de forma que a frente de

chama tenha tempo suficiente para queimar dentro do cilindro caso contraacuterio a

queima se torna ineficiente e acaba por desperdiccedilar combustiacutevel que acaba

sendo jogado para o escapamento sem que este seja queimado

Os valores de avanccedilo em graus inseridos nesta tabela tambeacutem tecircm seu

funcionamento em funccedilatildeo dos eixos de posiccedilatildeo da borboleta do acelerador e

rotaccedilatildeo do motor

Fonte Autor

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo

87

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada

Usualmente em uma grande montadora ou grande equipe de corridas

essas tabelas seriam desenvolvidas em um laboratoacuterio de desenvolvimento de

motores com diversos equipamentos para controle e aquisiccedilatildeo de dados Poreacutem

por se tratar de um trabalho acadecircmico e de baixo custo natildeo houve a

possibilidade de utilizaccedilatildeo de ferramentas desta espeacutecie desta maneira a tabela

foi toda desenvolvida experimentalmente atraveacutes de horas observando

deficiecircncias e comportamentos do funcionamento do motor

5 Dados do Motor (Modificado)

Tendo em vista que este motor eacute proveniente de uma motocicleta de

competiccedilatildeo as caracteriacutesticas originais dele foram modificadas e a motocicleta

utilizada no projeto tambeacutem (conforme Figura 61) Seguem os dados teacutecnicos

com a modificaccedilotildees do motor

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 59mm x 50mm

Cilindrada 1367cmsup3

Taxa de Compressatildeo 145 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Injeccedilatildeo eletrocircnica com corpo de borboletas de 35mm

de diacircmetro e injetor de combustiacutevel Keihin Flex

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo gerenciada a partir da ECU com o uso de Bobina

Bosch utilizada em motores Volkswagen AP ndash MI

Lubrificaccedilatildeo Premix na proporccedilatildeo de 35ml por litro de etanol

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Etanol

Potecircncia 245cv a 9400rpm

Torque 190kgfm a 9000rpm

88

Fonte Autor

6 Resultados

Os resultados obtidos neste trabalho foram deveras satisfatoacuterios

mostrando que eacute possiacutevel o funcionamento de um motor de ciclo dois tempos

utilizando como meacutetodo de injeccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo um sistema de

gerenciamento eletrocircnico moderno Abordagem essa que seria impensaacutevel anos

atraacutes hoje se tornou uma realidade talvez abrindo novos horizontes para o futuro

de motores que utilizem ciclo dois tempos talvez natildeo comercialmente mas ainda

que para seu uso em competiccedilotildees possa ser extraiacutedo o maacuteximo de rendimento

possiacutevel

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees

89

7 Conclusatildeo

Seguramente o desenvolvimento de uma metodologia soacutelida no

desenvolvimento de sistemas de gerenciamento eletrocircnico e calibraccedilatildeo voltadas

para motores de ciclo dois tempos natildeo seraacute uma tarefa faacutecil existe uma longa

estrada a se percorrer para se chegar ao mesmo niacutevel de desenvolvimento

existente destes sistemas para motores de ciclo quatro tempos ou mesmo diesel

Contudo o projeto se mostrou viaacutevel e mesmo que natildeo tenha havido

possibilidade de testes em dinamocircmetro o comportamento do motor mostrou-se

estaacutevel com o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica Possivelmente houve ganhos de

desempenho e esses testes podem ser executados como tarefa futura no intuito

de comprovar possiacuteveis resultados favoraacuteveis

Cabe aos futuros projetos novas soluccedilotildees e abordagens que podem ser

pensadas especificamente para o motor de ciclo dois tempos pois mesmo que

sua fabricaccedilatildeo seja descontinuada para veiacuteculos comerciais sua fabricaccedilatildeo para

suprir necessidades de veiacuteculos de competiccedilatildeo ainda pode prosseguir por anos

e o uso de tecnologia moderna nesses motores pode vir a extrair niacuteveis de

potecircncia e torque antes natildeo atingidos com a utilizaccedilatildeo de igniccedilotildees de ponto fixo

e carburadores Tambeacutem pode alterar caracteriacutesticas de desempenho do motor

como a falta de torque em baixas rotaccedilotildees

Neste projeto o motor original utilizado natildeo foi fabricado para comportar

uma injeccedilatildeo eletrocircnica por isso houve muitos esforccedilos nas adaptaccedilotildees para que

o funcionamento deste motor com esta tecnologia fosse possiacutevel Poreacutem se

pensarmos em uma produccedilatildeo fabril para motores dois tempos projetados para

que utilizem injeccedilatildeo eletrocircnica originalmente isso torna o processo todo muito

mais viaacutevel do ponto de vista comercial aleacutem de implementar uma tecnologia

que tiraria os motores de ciclo dois tempos da aposentadoria podendo ateacute se

pensar em niacuteveis de emissotildees poluentes melhores mesmo que seu uso seja

exclusivo apenas em competiccedilotildees De toda forma um passo foi dado com a

realizaccedilatildeo deste projeto e o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica se mostrou ser uma

tecnologia segura e confiaacutevel para a utilizaccedilatildeo em motores de ciclo dois tempos

90

8 Propostas Futuras

Vaacuterios passos podem ser dados como propostas futuras mas pensando

no alto iacutendice de poluiccedilatildeo gerado por este tipo de motor pode se pensar em um

controle eletrocircnico da injeccedilatildeo de oacuteleo dois tempos para lubrificaccedilatildeo podendo-se

desenvolver algum meacutetodo de verificaccedilatildeo da necessidade de lubrificaccedilatildeo do

motor fazendo injeccedilatildeo de oacuteleo controlada por quantidade e por demanda

Tambeacutem pode-se pensar na utilizaccedilatildeo de catalisadores no escapamento para

diminuiccedilatildeo das emissotildees de gases poluentes o que com certeza deveraacute ser

estudado e caberaacute diversos testes e experimentaccedilotildees de materiais poreacutem

podendo obter resultados positivos

No sistema de injeccedilatildeo de combustiacutevel utilizado neste trabalho foi usado

o meacutetodo de injeccedilatildeo indireta de baixa pressatildeo utilizando uma pressatildeo na linha

de combustiacutevel na ordem de 3bar Futuramente pode-se fazer testes e anaacutelises

a respeito do uso da injeccedilatildeo indireta de combustiacutevel neste tipo de motor em

busca de quais seriam seus benefiacutecios Ainda sobre a injeccedilatildeo de combustiacutevel

uma anaacutelise que deve ser feita eacute em relaccedilatildeo a modificaccedilatildeo da posiccedilatildeo do injetor

de combustiacutevel que atualmente se situa no coletor de admissatildeo este pode ser

montado em alguma posiccedilatildeo estrateacutegica como no caacuterter do motor diretamente

ou em alguma das janelas por exemplo nas janelas de transferecircncia devendo-

se analisar os ganhos e perdas dessa montagem

Um sistema que foi utilizado neste trabalho poreacutem trouxe pouco benefiacutecio

foi o uso do sensor MAP Devido agrave baixa depressatildeo no coletor de admissatildeo

gerada por motores dois tempos uma soluccedilatildeo seria a aquisiccedilatildeo de dados com

alguns sensores de pressatildeo instalados em determinados pontos do motor como

no caacuterter admissatildeo e janelas de transferecircncia Isto para se analisar pontos de

baixa e alta pressatildeo durante os ciclos do motor podendo ser criado um algoritmo

que calcule uma meacutedia de pressatildeo mais palpaacutevel que possa ser levada em conta

na calibraccedilatildeo da injeccedilatildeo de combustiacutevel

91

9 Referecircncias Bibliograacuteficas

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10 Referecircncia Figuras

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Fonte httpsimageshutterstockcomimage-vectorsystem-twostroke-engines-

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1922

Figura 2

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acessado em 26052019 agraves 1924

Figura 3

Fonte httpsiebayimgcomimagesg~TsAAOSw~1FUVYxas-l1600jpg

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Figura 4

Fonte httpswwwamazonesBoyesen-varillas-vC3A1lvula-Yamaha-

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Figura 5

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Figura 6

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Figura 7

Fonte http1bpblogspotcom-

LFtpWtfk_J0VVcNRz024fIAAAAAAAACqEOFi6kADEwjws1600valves-

a12i2jpg acessado em 26052019 agraves 1941

Figura 8

Fonte httpsipinimgcom236xccffc0ccffc0bbf8d95f226062728cd4d4dc1e--

configuration-portjpg acessado em 26052019 agraves 1944

93

Figura 9

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 10

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 11

Fonte httpwwwcmraracingcomshowthreadphp30922-For-Sale-And-yet-

even-more-Honda-RS125-Parts acessado em 02062019 agraves 2044

Figura 12

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 13

Fonte httpswwwpvldeenproductselectronic-electrical-engineering

acessado em 02062019 agraves 2051

Figura 14

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 15

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 16

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 17

Fonte httpsbikemanperformancecomsupreme-tool-arctic-cat-rave-style-

exhaust-valveshtml acessado em 02062019 agraves 2055

Figura 18

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

94

Figura 19

Fonte httpthunderproductscomattachment_id=316 acessado em

02062019 agraves 2100

Figura 20

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom201404 acessado em 02062019 agraves

2104

Figura 21

Fonte httpflaviolucasmmblogspotcom201508componentes-da-injecao-

eletronicahtml acessado em 02062019 agraves 2110

Figura 22

Fonte httpsmotos-motorcombrmfipeprecos-tabela-yamaha-rd-135-1994

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Figura 23

Fonte httpswwwjapanbaikucomtm-27-8006 acessado em

02062019 agraves 2122

Figura 24

Fonte httpswwwcustojustoptleiriapecas-motasrotor-motoplat-bobine-

externa-anti-horario-28261205 acessado em 02062019 agraves 2124

Figura 25

Fonte Autor

Figura 26

Fonte Autor

Figura 27

Fonte Autor

Figura 28

Fonte Autor

Figura 29

Fonte Autor

Figura 30

Fonte Autor

95

Figura 31

Fonte Autor

Figura 32

Fonte Autor

Figura 33

Fonte httpswwwmagnetimarellicomnode65 acessado em 02062019 agraves

2130

Figura 34

Fonte httpswwwbosch-motorsportcomcontentdownloadsRacepartsen-

GB49044619111858827html acessado em 02062019 agraves 2135

Figura 35

Fonte Autor

Figura 36

Fonte httpswwwamazoncomSmartProjects-Mega-Arduino-MEGA-

BoarddpB004A7H3DG acessado em 02062019 agraves 2141

Figura 37

Fonte

httpsSpeeduinocomshopindexphpid_product=18ampcontroller=product

acessado em 02062019 agraves 2145

Figura 38

Fonte Autor

Figura 39

Fonte Autor

Figura 40

Fonte Autor

Figura 41

Fonte Autor

Figura 42

Fonte Autor

Figura 43

Fonte Autor

96

Figura 44

Fonte Autor

Figura 45

Fonte Autor

Figura 46

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-879906333-080036-sensor-de-

rotaco-fiat-idea-e-torq-16-linea-16-18-_JMquantity=1 acessado em

02062019 agraves 2220

Figura 47

Fonte Autor

Figura 48

Fonte Autor

Figura 49

Fonte Autor

Figura 50

Fonte Autor

Figura 51

Fonte Autor

Figura 52

Fonte Autor

Figura 53

Fonte Autor

Figura 54

Fonte Slides aulas SAGE ndash Prof MSc Adriano Ribolla

Figura 55

Fonte Autor

Figura 56

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-839220558-bobina-ignico-gol-

saveiro-parati-10-kombi-16-mi-3-pinos-

_JMmatt_tool=14302715ampmatt_wordampgclid=CjwKCAjwr8zoBRA0EiwANmvpYI

z4XlO7l-

97

OvI7_2OEUpSgy57Vriq67T2bbuVtWP0MawULSQk9SCjBoCXZcQAvD_BwEampq

uantity=1 acessado em 22062019 agraves 2340

Figura 57

Fonte httpswwwacnpecascombrprodutocabo-de-vela-fiat-tipo-1-6-ie-mpi-

todos-injecao-eletronica acessado em 22062019 agraves 2345

Figura 58

Fonte Autor

Figura 59

Fonte Autor

Figura 60

Fonte Autor

Figura 61

Fonte Autor

98

Apecircndice I

Lista de peccedilas e componentes utilizados

Componente Fabricante Part Number (OEM)

Fabricante Part Number (Reposiccedilatildeo)

Qtd

Injetor de Combustiacutevel Keihin 3340-9657-7489 Magnetron MAGNETRON 154-209-B 1

Bobina de Igniccedilatildeo Bosch F000ZS0104 NGK NGK U1092 1

Cabo de Vela Bosch F00099C067 NGK NGK SC-T58 1

Sensor Hiacutebrido - MAP - TPS - IAT

Keihin 16060-KVK-901 MTE-Thomson

MTE6701 1

Sensor de Rotacatildeo HALL Continental 55223464 MTE-Thomson

MTE70565 1

Bomba de Combustiacutevel Delphi BCD 00101 Bosch 580464070 1

Regulador de Pressatildeo Comb

SPA SPA TURBO 1

Roda Focircnica 60-2 Fueltech JR7401PTAz 1

Corpo de Boboletas XR300

Keihin 1641A-KWT-305 1

99

Anexo A

Esquema eleacutetrico do sistema de gerenciamento eletrocircnico

100

101

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

Anexo B

Datasheet Sensor MAP ndash NXPFreescale MPX4250AP

112

113

114

115

116

117

118

119

120

121

122

123

124

125

126

127

Anexo C

Lista de componentes Speeduino

Qtd Referecircncia na Placa Componente Valor Modelo

1 C16 CAP TANT 10uF 35V 10 RADIAL 10uF

6 C2C4C6C8C10C24 CAP CER 022uF 50V 10 RADIAL 220nF 224

7 C1C3C5C7C9C13C15 CAP CER 01uF 50V 20 RADIAL 100nF 104

1 C14 CAP TANT 47uF 63V 10 RADIAL 47uF

1 C18 CAP CER 033uF 50V 10 RADIAL 330nF 334

2 C19C25 CAP CER 10000pF 50V 10 RADIAL 10nF 103

3 C11C12C20 CAP CER 1uF 50V 20 RADIAL 1uF 105

1 C23 CAP CER 4700pF 100V 10 RADIAL 47nF 472

1 D16 DIODO ZENER 56V 3W AXIAL 1N5919BG 1N5919BG 2 D15D17 DIODO SCHOTTKY 1A 30V DO41 1N5818 1N5818

8 LED1LED2LED3LED4

LED5LED6LED7LED8 LED SS 3MM LED

4 D9D10D11D12 DIODO USO GERAL 400V 1A DO41 1N4004 1N4004

1 U2 VARISTOR 14MM 22V 1000A ZNR Varistor ZNR

V14D220

8 Q1Q2Q3Q4Q5Q6Q7

Q8 MOSFET N-CH 33V TO-220

62A

MOSFET STP75NS04Z

1 R54 RES 100K Ohm 14W 1 METAL

FILM 10kΩ

14W - 1

17

R10R13R16R19R21

R23R24R29R30R39

R40R50R51R57R58

R59R60

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 1kΩ

14W - 1

4 R9R12R15R18 RES 680 Ohm 06W 1 AXIAL 680Ω 14W - 1

6 R2R4R6R8R22R41 RES FILME METAacuteLICO 14W 470

Ohm 1 AXIAL 470Ω

14W - 1

7 R1R3R26R28R33R34

R61

249k Ohm plusmn1 025W 14W FILME

METAacuteLICO 249kΩ

14W - 1

1 R7 RES 39K Ohm 14W 01 FILME

METAacuteLICO 39kΩ

14W - 1

12

R11R14R17R20R35R3

6R37R38R48R49

R55R56

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 100kΩ

14W - 1

4 R25R27R31R32 RES 160 Ohm 2W 1 AXIAL 160Ω 2W - 1

1 U1 REGULADOR DE TENSAtildeO

LM2940-50 1A TO220 LM2940T 50NOPB

1 MPX4250A SENSOR MAP 363 PSI MAX 1-Bar MAP MPX4250AP

2 IC1IC2 CI MOSFET DVR 3A DUAL HS 8-DIP TC4424EP

A TC4424EPA

Page 7: FACULDADE DE TECNOLOGIA FATEC SANTO ANDRÉfatecsantoandre.edu.br/arquivos/TCC/227-Mecanica/TCC511.pdfLista de Unidades de Medida cm³ - unidade de volume, centímetros cúbicos mm

ABSTRACT

The internal combustion engines seems to be on the borderline of its time

but in the meanwhile we search alternatives to this engines to have an extra

overtime Especificaly two stroke engines have characteristics that have not been

achieved even with all the current technology If comparated with similar engines

but of other kind of cycles two stroke engines have low mass simplicity of

construction owning few movable parts and high volumetric efficiency However

due to a huge amount of oil burning and the lack of valves its combustion process

provides an enormous amount of poluents heat are thrown into the atmosphere

This work aims to have positive results by providing the use of modern

technology in an old two stroke engine Originally this engine used a 24mm

Mikuni carburetor showing that it may be worth to be used in comercial

aplications nowadays in some cases And the proposal contained in this work is

out of an isolated fact since some manufactures have developed new

tecnologies applied to this kind of engine today just like KTM SportMotorcycle

AG BRP-Rotax TM Racing Sutter Engineering such companies that offer

electronic tecnology in two stroke engines nowadays attending specific market

spaces like race engines to bikes karts snowmobiles and nautics applications

This fact comes to show that this idea of tecnology is possible (to commercial

line vehicles) in some sectors of automotive industries

According to this a system of programable electronic fuel injection (open

source) named Speeduino which uses an Arduino mega 2560 as controller will

be adapted and tuned Several parts will be also adapted just like sensors and

actuators to make possible its operation

Keywords Two stroke cycle Internal combustion engines Programable

electronic fuel injection Speeduino Arduino Open Source

Lista de Unidades de Medida

cmsup3 - unidade de volume centiacutemetros cuacutebicos

mm - unidade de medida miliacutemetros

Kgmf - unidade de torque quilograma forccedila vezes metro

Nm - unidade de torque Newton vezes metro

Bar - unidade de pressatildeo

Kmh - quilocircmetros por hora

degC - graus Celsius unidade de temperatura

deg - graus unidade de acircngulo

1min - unidade de rotaccedilatildeo por minuto

HP - Horse Power unidade de potecircncia

Cv - Cavalo Vapor unidade de potecircncia

V - Volts unidade de tensatildeo eleacutetrica

mA - mili ampeacutere unidade de corrente eleacutetrica

Ohms - unidade de resistecircncia eleacutetrica

MHz - Mega Hertzunidade de frequecircncia

KB - quilobyte unidade de capacidade de armazenamendo ou memoacuteria

Lista de Siglas e Abreviaturas

RPM - Rotaccedilotildees por minuto

PMS - Ponto morto superior

PMI - Ponto morto inferior

CDI - Capacitor Discharge Ignition

PWM - Pulse with modulation

SMD - Surface mounting device

GND - Ground

AP - Modelo de motor Volkswagen

EA111 - Modelo de motor Volkswagen

E-torq - Modelo de motor Fiat

DIY - Do it yourself

MAP - Manifold Absolute Pressure

IAT - Intake Air Temperature

TPS - Throttle Position Sensor

YPVS - Yamaha Power Valve System

Stand-Alone ndash Sistema que funciona independente de outros

Sumaacuterio

1 Introduccedilatildeo 18

11 Motivaccedilatildeo 19

12 Objetivos 21

13 Contribuiccedilotildees Esperadas 21

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho 22

2 Fundamentaccedilatildeo 23

21 Objetivos do Capiacutetulo 24

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos 24

23 Admissatildeo 29

24 Compressatildeo 31

25 Combustatildeo 35

251 Igniccedilatildeo 36

26 Exaustatildeo 37

261 Escapamento 41

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna 48

3 Detalhamento do Projeto 51

31 Dados do Motor 52

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico 58

33 Arduino Mega 2560 60

34 Speeduino 62

35 Montagem do Sistema Speeduino 63

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico 72

37 Corpo de Borboleta 76

38 Unidade de Sensores 77

381 Sensor TPS 77

382 Sensor IAT 78

383 Sensor MAP 79

39 Sistema de Igniccedilatildeo 82

4 Calibraccedilatildeo do Motor 83

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais 83

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel 85

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo 86

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada 87

5 Dados do Motor (Modificado) 87

6 Resultados 88

7 Conclusatildeo 89

8 Propostas Futuras 90

9 Referecircncias Bibliograacuteficas 91

10 Referecircncia Figuras 92

Apecircndice I 98

Anexo A 99

Anexo B 111

Anexo C 127

Lista de Figuras

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos 25

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro 26

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto 26

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas 27

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa 27

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter

do motor passando pela vaacutelvula de palhetas 28

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor

permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel 29

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

30

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos

pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro 31

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando

formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto 32

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo 33

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio

de platinado 36

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts 37

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF 39

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida 39

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System 40

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos 41

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos 42

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante 48

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo 49

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus

perifeacutericos 50

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135 51

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30 53

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo 53

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia 54

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto 55

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1 55

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2 56

Figura 29 - Processo de pintura 56

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo 57

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada 57

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta 58

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport 59

Figura 34 - ECU Bosch MS 151 59

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino 60

Figura 36 - Arduino Mega 2560 61

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino 63

Figura 38 - Inicio da montagem da placa 64

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada 65

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio 66

Figura 41 - Aterramento refeito externamente 67

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico 68

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada 69

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica 70

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes 71

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v 71

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall 72

Figura 48 - Roda Focircnica 73

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 74

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 75

Figura 51 - Corpo de Borboleta 76

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS 78

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT 79

Figura 54 - Princiacutepio strain gage 80

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP 81

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW 82

Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo 82

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor 84

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE 85

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo 86

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees 88

Lista de Graacuteficos

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3

1996 20

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos

com rotaccedilatildeo em 6000 RPM 35

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de

retorno 44

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor 46

Lista de Quadros

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos 23

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para oldquoHeaderrdquo 43

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor 44

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor 45

Quadro 5 - Comprimento da ponteira 47

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560 61

Lista de Foacutermulas

1 - Caacutelculo da Taxa de Compressatildeo 34

2 - Volume a ser comprimido (fabricantes japoneses) 34

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento 42

4 - Dimensotildees do Escapamento Header 43

5 - Dimensotildees do Escapamento Difusor 45

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor 46

7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo 47

8 - Caacutelculo do Fator Gauge 80

18

1 Introduccedilatildeo

Em 1878 um engenheiro escocecircs criou o projeto tido como o primeiro motor

de ciclo dois tempos e eacute atribuiacutedo a ele esta invenccedilatildeo este engenheiro era

Dugald Clerk Poreacutem este motor possuiacutea algumas diferenccedilas dos motores dois

tempos que conhecemos e utilizamos durante todo o seacuteculo XX ateacute os dias de

hoje Nos motores de Clerk a admissatildeo era feita por bombeamento separado do

motor possuiacutea vaacutelvulas e utilizava gaacutes como combustiacutevel (NUNNEY 1992)

O primeiro motor de ciclo dois tempos com as caracteriacutesticas que hoje

conhecemos com admissatildeo inicial e compressatildeo no caacuterter transferecircncia da

mistura feita por janelas nas laterais do cilindro sem vaacutelvulas soacute foi inventado

por volta de 1892 pelo inglecircs Joseph Day que por volta de 1889 comeccedilou a

desenvolver um motor de combustatildeo interna sem infringir as patentes de

Nikolaus Otto as quais eram as patentes do motor com ciclo a quatro tempos

(BOOTHROYD 2006)

As patentes de Nikolaus Otto satildeo atualmente invaacutelidas e atribuiacutedas a um

engenheiro francecircs Alphonse-Eugene Beau de Rochas o qual havia feito todos

estudos pesquisas e projetos sobre este ciclo anos antes em 1862 poreacutem natildeo

chegou a construir um motor assim como Otto o fez (TILLMAN 2013)

A invenccedilatildeo do motor dois tempos eacute creditada a Dugald Clerk Satildeo citados

diversos pesquisadores engenheiros inventores e construtores como pessoas

que desenvolveram e agregaram conhecimento a este tipo de motor poreacutem foi

possiacutevel observar durante as pesquisas que Day eacute pouco lembrado em livros e

documentos poreacutem historicamente foi quem idealizou e construiu as soluccedilotildees

para o motor dois tempos que utilizamos quase que literalmente ateacute os dias de

hoje (BOOTHROYD 2006)

Durante o seacuteculo XX os motores dois tempos foram amplamente utilizados

na induacutestria automotiva Foram construiacutedos diversos veiacuteculos com esses

motores carros motocicletas caminhotildees e tratores O primeiro estudo e

construccedilatildeo de protoacutetipo de injeccedilatildeo eletrocircnica voltada para motores dois tempos

aconteceu em 1978 exatos cem anos da construccedilatildeo do motor de Clerk e foi

feita por Edmond Vieilledent que conseguiu obter relativo sucesso em suas

pesquisas e desenvolvimento poreacutem a tecnologia de microprocessamento na

19

eacutepoca inicial e o custo para implementaccedilatildeo relativamente alto em motores de

baixa cilindrada aparentemente inviabilizou o projeto em larga escala

(VIEILLEDENT 1978)

Quarenta anos apoacutes o trabalho de Vieilledent em 2018 a fabricante de

motocicletas austriacuteacas KTM Motorcycle disponibiliza para venda no mercado

motocicletas de competiccedilatildeo off-road de 250 e 300cmsup3 com sistema de injeccedilatildeo

eletrocircnica o que vem a corroborar a ideia de que os motores dois tempos para

determinadas aplicaccedilotildees merecem a implementaccedilatildeo de novas tecnologias para

que haja junto com a evoluccedilatildeo eletrocircnica novos resultados aplicados aos

motores dois tempos

11 Motivaccedilatildeo

As motivaccedilotildees deste trabalho surgem da premissa de reduzir algumas

deficiecircncias intriacutensecas do funcionamento dos motores de ciclo dois tempos

funcionamento que seraacute abordado e explicado em um toacutepico especiacutefico adiante

Para isso seraacute utilizado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel com

processamento de dados feito a partir de um Arduino Mega 2560 montado em

um motor Yamaha de 135cmsup3 de 2 tempos de fabricaccedilatildeo nacional produzido ateacute

o ano de 2000 Este motor equipou por mais de vinte anos as motocicletas

Yamaha Rd e Rdz 135cmsup3 e possuiacuteam como sistema de alimentaccedilatildeo de

combustiacutevel carburadores com diacircmetro de venturi 24mm e 26mm

respectivamente e sistema de igniccedilatildeo por descarga capacitiva com curva de

igniccedilatildeo preacute-estabelecida

Os motores dois tempos possuem caracteriacutesticas de funcionamento muito

peculiares e produzem uma potecircncia especiacutefica relativamente alta poreacutem esta

potecircncia vem de uma curva de torque caracteriacutestica do projeto do motor sendo

muito difiacutecil conseguir obter uma curva onde se consiga que a potecircncia seja alta

em todas as faixas de rotaccedilatildeo A maioria dos projetos de motores dois tempos

favorece a potecircncia em uma faixa de rotaccedilatildeo muito estreita por exemplo motores

que satildeo projetados para terem alto torque natildeo possuem alta rotaccedilatildeo e motores

para alta potecircncia soacute conseguem atingir esta potecircncia apoacutes os 10000rpm e todo

o resto da curva de potecircncia do motor eacute esquecida Este trabalho visa a

20

introduccedilatildeo de um sistema de gerenciamento de combustiacutevel e igniccedilatildeo eletrocircnico

para obter uma possiacutevel melhora da faixa de potecircncia aumentando a largura

dessa faixa de potecircncia elevada

Podemos notar ao analisarmos o graacutefico 1 que este tipo de motor produz

uma faixa de trabalho uacutetil de aproximadamente 1500 rpm somente apoacutes os

10000 rpm esta caracteriacutestica torna a pilotagem destas motocicletas em regime

de competiccedilatildeo muito difiacutecil e cansativa

Fonte httppulpmxcom

Com a inserccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico seraacute feita a

tentativa de implementar uma calibraccedilatildeo que natildeo privilegie somente uma faixa

tatildeo pequena de trabalho buscando antecipar e ampliar esta faixa de potecircncia

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3 1996

21

12 Objetivos

Os objetivos deste trabalho satildeo construir montar adaptar e talvez a parte

mais complexa calibrar um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel em um

motor de ciclo dois tempos Natildeo existem muitas informaccedilotildees a respeito de

calibraccedilatildeo eletrocircnica para motores em geral muito menos para motores dois

tempos o que torna esse acerto um tanto quanto difiacutecil

Como descrito anteriormente a motivaccedilatildeo vecircm da capacidade de tentar

incrementar potecircncia em um motor de pouca massa e isso eacute o essencial para

regimes de performance em competiccedilotildees de karts naacuteuticas e de motocicletas

A busca seraacute por uma calibraccedilatildeo final que alargue a faixa de potecircncia do motor

ou seja melhorando suas caracteriacutesticas de funcionamento utilizando um

sistema de gerenciamento eletrocircnico com alguns sensores que seja confiaacutevel e

que permita a sua utilizaccedilatildeo em quaisquer condiccedilotildees climaacuteticas e ambientais

tais como umidade temperatura e pressatildeo atmosfeacuterica

13 Contribuiccedilotildees Esperadas

As contribuiccedilotildees estatildeo relacionadas com os objetivos descritos na

subseccedilatildeo 12 e satildeo elas

a) Promover uma anaacutelise de forma ampla sobre os aspectos positivos e

negativos dos motores que utilizam o ciclo de dois tempos

b) Renovar alguns dados encontrados na literatura teacutecnica a respeito dos

motores dois tempos que na maioria dos livros sobre motores de

combustatildeo interna satildeo dados advindos do estudo de motores anteriores

a deacutecada de 1950 ou seja informaccedilotildees que merecem atualizaccedilatildeo

c) Expor os aspectos positivos do uso da eletrocircnica e programaccedilatildeo no

gerenciamento de motores

d) Possibilitar a adaptaccedilatildeo de uma tecnologia moderna e aberta (open

source) em antigos motores de combustatildeo interna que originalmente

possuiacuteam alimentaccedilatildeo de combustiacutevel mecacircnica e sistema de igniccedilatildeo

simplificado

e) Mostrar as possiacuteveis e esperadas dificuldades de se calibrar o sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos

22

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho

Este trabalho abordaraacute a inserccedilatildeo de um sistema de gerenciamento

eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos sendo assim o assunto eacute abordado

em trecircs fases

Fase Inicial Aborda todo o conceito de funcionamento mecacircnico do motor

de ciclo dois tempos princiacutepios caracteriacutesticas de construccedilatildeo soluccedilotildees

adotadas ao longo da histoacuteria principais aplicaccedilotildees Esta parte tambeacutem tem por

objetivo ampliar o entendimento deste tipo de motor que eacute pouco esclarecido

em literaturas teacutecnicas e quando apresentado em livros utiliza o princiacutepio de

funcionamento correto poreacutem demonstra exemplos de motores antigos sem

muitas soluccedilotildees eficientes

Fase Intermediaacuteria Aborda todas as soluccedilotildees eleacutetricas e eletrocircnicas que

seratildeo utilizadas para o desenvolvimento do protoacutetipo histoacuterico de aplicaccedilotildees em

motores dois tempos processo de escolha montagem de componentes e

sensores anaacutelise de funcionamento e dificuldades enfrentadas

Fase Final Mostra os processos necessaacuterios para fazer a calibraccedilatildeo de

um motor de combustatildeo interna utilizando gerenciamento eletrocircnico aplicaccedilatildeo

em motores dois tempos quais as dificuldades e resultados obtidos

23

2 Fundamentaccedilatildeo

Os motores de ciclo dois tempos possuem o conceito mecacircnico da

termodinacircmica para seu funcionamento onde eacute admitido uma mistura de ar e

combustiacutevel pelo orifiacutecio de admissatildeo Posteriormente essa mistura sofre uma

melhor homogeneizaccedilatildeo no caacuterter junto ao eixo de manivelas onde tambeacutem eacute

comprimido e transferido para a cabeccedila do pistatildeo pelos orifiacutecios de transferecircncia

apoacutes a transferecircncia o pistatildeo inicia o ciclo de subida sentido PMS onde comprime

a mistura ar combustiacutevel e sofre combustatildeo por meio de uma centelha

Nos motores de ciclo dois tempos os pistotildees assim como nos motores

com ciclo quatro tempos possuem movimento alternativo em relaccedilatildeo ao cilindro

poreacutem a lubrificaccedilatildeo dos cilindros eacute feita por meio de oacuteleo misturado com o

combustiacutevel podendo ser forccedilado por uma bomba de lubrificaccedilatildeo que injeta o

oacuteleo no orifiacutecio de admissatildeo ou mesmo por uma mistura oacuteleocombustiacutevel que

pode ser previamente feita Esse sistema simplifica todo o funcionamento deste

tipo de motor poreacutem tambeacutem traz consigo suas deficiecircncias intriacutensecas desse

processo de combustatildeo

Segundo o Manual de Tecnologia Automotiva Bosch (2005) os motores

dois tempos possuem as vantagens e desvantagens que vemos a seguir

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos

Vantagens Desvantagens

Design Simples do Motor Maior Consumo de Combustiacutevel

Baixo Peso Altas Emissotildees de

Hidrocarbonetos

Baixo Custo de Fabricaccedilatildeo Pressatildeo Efetiva Meacutedia mais

Baixa

Padratildeo Melhor de Forccedila de

Torccedilatildeo

Cargas Teacutermicas mais Altas

Marcha Lenta mais deficiente

(Bosch 2005)

24

O desenvolvimento deste trabalho natildeo busca fazer um comparativo entre

os diversos ciclos de funcionamento dos motores de combustatildeo interna

existentes apesar de que em determinados toacutepicos essa comparaccedilatildeo seja

inevitaacutevel Apoacutes a anaacutelise deste trabalho seraacute possiacutevel tirar as proacuteprias

conclusotildees a respeito do funcionamento de motores dois tempos visto que a

maioria das literaturas a respeito dos motores dois tempos natildeo satildeo especiacuteficas

nem tampouco profundas a respeito do tema

21 Objetivos do Capiacutetulo

As seccedilotildees a seguir apresentam o princiacutepio de funcionamento dos motores

de ciclo dois tempos O capiacutetulo iraacute abordar e analisar as fases de funcionamento

e alguns componentes mecacircnicos deste tipo de motor e os resultados de

possiacuteveis modificaccedilotildees em seus componentes

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos

Diferentemente dos motores de ciclo otto a 4 tempos que necessitam a

rotaccedilatildeo de 720deg do eixo aacutervore de manivelas os motores de ciclo dois tempos

necessitam apenas de 360deg do eixo aacutervore de manivelas para executar as quatro

operaccedilotildees baacutesicas de funcionamento de um motor de combustatildeo interna

- Admissatildeo

- Compressatildeo

- Combustatildeo

- Exaustatildeo

25

Apesar das operaccedilotildees e princiacutepio de funcionamento dos motores dois tempos

serem parecidas com as do ciclo otto a concepccedilatildeo e construccedilatildeo do motor eacute

totalmente diferente Os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como

existem nos motores de ciclo otto pelo menos natildeo no sistema mais baacutesico de

funcionamento desses motores (conforme Figura 1)

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos

Editado pelo Autor Fonte httpswwwshutterstockcom

No sistema baacutesico de funcionamento de um motor dois tempos o cilindro possui

aberturas chamadas janelas elas satildeo como portas para entrada e saiacuteda da

mistura arcombustiacutevel

A mistura arcombustiacutevel apoacutes ser succionada atraveacutes do carburador entra

atraveacutes da chamada janela de admissatildeo no cilindro (conforme Figura 2) e chega

primeiramente no caacuterter do motor alguns motores normalmente os de

competiccedilatildeo ou maior performance possuem a entrada de arcombustiacutevel

diretamente no caacuterter (conforme Figura 3) natildeo necessitando entrar no cilindro e

ir para o caacuterter poreacutem isto natildeo eacute regra A entrada desse combustiacutevel no caacuterter

tambeacutem eacute utilizada para a lubrificaccedilatildeo dos rolamentos inferiores do motor jaacute que

na maioria dos casos o combustiacutevel e oacuteleo lubrificante satildeo misturados salvo

26

raros casos em que existem pontos de injeccedilatildeo apenas de oacuteleo em determinadas

partes do motor

Editado pelo Autor Fonte httpwwwrichstaylordportingcom

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto

Editado pelo Autor Fonte httpwwwebaycom

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro

27

Como dito anteriormente os motores dois tempos em essecircncia natildeo utilizam

vaacutelvulas poreacutem com o desenvolvimento desse tipo de motor foi-se aprimorando

a tecnologia e notou-se a necessidade do uso de vaacutelvulas na admissatildeo visto

que parte da mistura era expelida novamente pela admissatildeo quando havia

compressatildeo no caacuterter anteriormente este papel de vaacutelvula de admissatildeo era feito

pelo proacuteprio pistatildeo que ao passar pela janela de admissatildeo determinava os

intervalos de tempo entre admissatildeo e exaustatildeo Para melhorar a eficiecircncia do

sistema de vaacutelvula feito pelo pistatildeo adotou-se principalmente dois sistemas o

sistema de palhetas (conforme Figura 4) e o sistema de vaacutelvula rotativa

(conforme Figura 5)

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas

Fonte wwwamazoncom

Fonte httpscellcodeus

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa

28

Apoacutes ser recebida no caacuterter a mistura arcombustiacutevel eacute comprimida com a

descida do pistatildeo sentido ao PMI o que gera o aumento de pressatildeo no caacuterter e

faz com que a mistura seja transportada para a parte superior do pistatildeo atraveacutes

das chamadas janelas de transferecircncia (conforme Figura 6) Essas janelas

possuem aberturas na parte inferior do cilindro junto ao caacuterter do motor que eacute

por onde passa esta mistura arcombustiacutevel essas aberturas ligam dutos de

transferecircncia ateacute uma abertura na camisa do cilindro jaacute na parte superior do

pistatildeo (conforme Figura 6) Com a mistura jaacute na parte superior do pistatildeo ela eacute

comprimida e por fim queimada e os gases resultantes da queima satildeo expulsos

pela janela de exaustatildeo (conforme Figura 6)

Editado pelo Autor Fonte wwwpatentimagescom

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter do motor passando pela vaacutelvula de palhetas

29

23 Admissatildeo

O processo de admissatildeo inicia-se com a subida do pistatildeo sentido PMS

isso cria uma pequena depressatildeo no caacuterter do motor poreacutem suficiente para

arrastar a mistura arcombustiacutevellubrificante advinda do sistema de alimentaccedilatildeo

usualmente carburadores Essa mistura passa por vaacutelvulas que controlam a

entrada de mistura fresca no motor Na maioria dos motores atuais utilizam-se

vaacutelvulas de palhetas elas tambeacutem tecircm a funccedilatildeo de impedir que a mistura retorne

para o coletor de admissatildeo quando haacute a movimentaccedilatildeo do pistatildeo sentido PMI

(conforme Figura 7) Os primeiros motores de Joseph Day jaacute haviam adotado

uma soluccedilatildeo de vaacutelvulas de palhetas poreacutem esse sistema foi esquecido por

muitos anos e novamente adotados para motores de motocicletas de competiccedilatildeo

em meados dos anos 70 Notemos que a mistura no caacuterter do motor aleacutem de ar

e combustiacutevel tambeacutem possui lubrificante que nesse momento faz a lubrificaccedilatildeo

das peccedilas moacuteveis na parte inferior do motor Nas figuras seguintes podemos

notar como se comporta a entrada da mistura arcombustiacutevel para o caacuterter do

motor e tambeacutem o funcionamento das vaacutelvulas de palhetas

Editado pelo Autor Fonte www1bpblogspotcom

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel

30

O principal momento de admissatildeo da mistura arcombustiacutevel para o motor se daacute

com subida do pistatildeo rumo ao PMS no entanto esse natildeo eacute o uacutenico periacuteodo em

que o motor recebe mistura fresca do sistema de alimentaccedilatildeo Quando o pistatildeo

inicia o movimento de descida rumo ao PMI apoacutes a exaustatildeo tambeacutem temos

admissatildeo de mistura arcombustiacutevel fresca A quantidade eacute bem menor e se daacute

pela depressatildeo gerada pelo escape dos gases queimados junto a janela de

exaustatildeo Essa admissatildeo acontece passando por uma janela conhecida

popularmente como ldquoQuinta Luzrdquo ou em inglecircs ldquoBoost Portrdquo (conforme Figura 8)

poreacutem esse curto periacuteodo de admissatildeo tem maior influecircncia no processo de

exaustatildeo dos gases Essa admissatildeo favorece a expulsatildeo dos gases e limpeza

da cacircmara de combustatildeo para iniacutecio de um novo ciclo

Editado pelo Autor Fonte httpswwwpinterestcom

A duraccedilatildeo desse periacuteodo em graus da duraccedilatildeo da admissatildeo na quinta

luz pode ser tido como um dos periacuteodos criacuteticos no que diz respeito e eficiecircncia

do motor dois tempos pois se o periacuteodo tiver uma duraccedilatildeo muito prolongada

pode resultar em excesso de mistura fresca que eacute ldquojogada forardquo para a exaustatildeo

e se for muito curto acaba mantendo gaacutes queimado na cacircmara de combustatildeo o

que gera perda de potecircncia para o motor

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

31

24 Compressatildeo

A compressatildeo no motor dois tempos acontece assim como no motor de quatro

tempos comprimindo o volume total do cilindro em uma pequena aacuterea da cacircmara

de combustatildeo Poreacutem diferentemente do motor quatro tempos o cilindro do

motor dois tempos natildeo eacute totalmente vedado possuindo aberturas que como dito

anteriormente se chamam janelas (conforme Figura 6)

Podem existir vaacuterios formatos de cacircmara de combustatildeo ou popularmente

conhecido como cabeccedilote cada tipo buscando um resultado final diferente

(conforme Figuras 910 e 11)

Como os cabeccedilotes de motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas satildeo

praticamente um material usinado ou fundido contemplando um formato final E

esse formato nos motores dois tempos influencia muito na performance do

motor

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro

32

Os cabeccedilotes dos motores dois tempos possuem formatos que privilegiam

determinadas faixas de rotaccedilatildeo ou comportamento do motor com relaccedilatildeo a

torque Os chamados ldquoSquishrdquo satildeo um formato que impotildeem uma alta velocidade

agrave mistura em direccedilatildeo a vela de igniccedilatildeo e produz melhora no comportamento da

queima (conforme Figura 10)

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

O ldquoSquishrdquo eacute composto por algumas medidas que satildeo

Banda do Squish eacute a largura da faixa onde se concentra o squish e contorna

toda a circunferecircncia do cabeccedilote podendo ser mais larga ou estreita

dependendo do regime de funcionamento do motor

Acircngulo do Squish eacute o acircngulo feito na banda de squish podendo acompanhar

ou natildeo o acircngulo existente na cabeccedila do pistatildeo natildeo eacute usual mas podem existir

cabeccedilotes cujos acircngulos de squish sejam retos assim como a cabeccedila dos

pistotildees nesses motores

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto

33

Folga do Squish essa folga eacute a folga do topo da cabeccedila do pistatildeo quando

em PMS ateacute o ponto fiacutesico mais proacuteximo da banda de squish

Segundo Bell (1999) os cabeccedilotes que contemplam ldquoSquishrdquo vieram a

promover melhorias significantes na performance dos motores dois tempos

Esse tipo de cabeccedilote promove melhor homogeneizaccedilatildeo da mistura

arcombustiacutevel e tambeacutem de qualquer porccedilatildeo de gases de escapamento

residuais presentes na cacircmara Esse formato tambeacutem evita que a propagaccedilatildeo

de chama para as laterais do cilindro promovam o aquecimento do mesmo fator

que pode dar iniacutecio a um ciclo de detonaccedilatildeo que eacute muito prejudicial para o

funcionamento do motor

Fonte httpwwwcmraracingcom

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo

34

Um outro fator que gera uma certa confusatildeo em motores dois tempos eacute a

mediccedilatildeo da taxa de compressatildeo A compressatildeo efetiva do volume do cilindro

ocorre apenas quando os aneacuteis de segmento do pistatildeo passam pela uacuteltima

abertura sentido PMS sendo que a uacuteltima abertura em motores dois tempos satildeo

as janelas de exaustatildeo

O que pode se notar usualmente eacute que fabricantes europeus utilizam a

mesma maneira de se calcular taxa de compressatildeo de motores quatro tempos

em motores de ciclo dois tempos

onde

RC Relaccedilatildeo de Compressatildeo

VC Volume do Cilindro (cmsup3)

VCC Volume da Cacircmara de Combustatildeo (cmsup3)

Enquanto fabricantes japoneses utilizam uma maneira especiacutefica de medir

a taxa compressatildeo para motores dois tempos avaliando o volume total de

compressatildeo efetiva somente apoacutes a passagem dos aneacuteis de segmento pela

janela de escapamento fazendo sua vedaccedilatildeo Nesse caso o volume total do

cilindro natildeo entra na conta o que se utiliza eacute a altura da janela de exaustatildeo como

referecircncia para o volume total a ser comprimido

Pode-se assim calcular o Volume a ser Comprimido

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

onde

VAC Volume a ser comprimido (cmsup3)

120645 Constante

r Raio do cilindro (mm)

h distacircncia percorrida pelo pistatildeo do momento de fechamento da janela

de exaustatildeo ateacute a chegada em PMS (mm)

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

RC = VC+VCC

VCC

1-Caacutelculo da Taxa de

Compressatildeo

2 - Volume a ser comprimido

(fabricantes japoneses)

35

Quando pesquisa-se em fichas teacutecnicas sobre motores dois tempos tais

literaturas podem gerar uma confusatildeo de entendimento pois pode-se entender

que motores europeus utilizam taxa de compressatildeo muito maior que os motores

japoneses e isto natildeo eacute verdade apenas utilizam meacutetodos de mediccedilatildeo diferentes

25 Combustatildeo

O processo de combustatildeo em motores dois tempos eacute muito semelhante ao

dos motores de quatro tempos mas com uma diferenccedila essencial ao

entendimento deste tipo de motores Nos motores de ciclo de quatro tempos

acontece a centelha na vela de igniccedilatildeo a cada 720deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore

de manivelas enquanto no motor de ciclo dois tempos a centelha ocorre a cada

360deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore de manivelas ou seja a cada subida do pistatildeo

sentido PMS ocorre uma combustatildeo

Segundo Najafabadi Aziz Adams e Leman (2013) existem alguns efeitos

gerados no processo de combustatildeo advindos do ciclo anterior devido a gases

residuais que se mantiveram na cacircmara de combustatildeo Este fenocircmeno afeta a

combustatildeo podendo ocorrer avanccedilo ou atraso do tempo de igniccedilatildeo devido a

temperatura desses gases Ainda a pressatildeo no interior do cilindro que veio do

ciclo anterior afeta o fluxo de transiccedilatildeo do motor podendo a quantidade de gases

residuais ser diferente (conforme Graacutefico 2)

Fonte Najafabadi et al 2013

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos com rotaccedilatildeo em 6000 RPM

36

251 Igniccedilatildeo

Este mecanismo eacute importante para que o processo de combustatildeo seja

equilibrado bem executado e responda com um bom funcionamento do motor

Existem diversos sistemas de igniccedilatildeo disponiacuteveis para motores dois tempos

desde os mais simplificados (conforme Figura 12) ateacute sistemas programaacuteveis

onde pode-se determinar a curva de avanccedilo desejada por meio de programaccedilatildeo

do dispositivo via software (conforme Figura 13) poreacutem para entendimento do

funcionamento o esquema eleacutetrico do sistema de igniccedilatildeo por platinado possui

faacutecil entendimento este sistema foi utilizado por muitos anos e o uacutenico motivo de

cair em desuso era a necessidade de regulagem constante devido ao desgaste

mecacircnico do contato eleacutetrico

Fonte Bell 1999

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio de platinado

37

Fonte httpwwwpvl-zuendungende

26 Exaustatildeo

Este eacute com certeza o processo mais importante dentre todos os processos no

motor dois tempos a janela de exaustatildeo eacute a aacuterea do motor que se sofrer uma

alteraccedilatildeo de alguns deacutecimos de miliacutemetros pode mudar completamente o

comportamento do motor

Como jaacute discorremos os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como os

motores quatro tempos pelo menos natildeo nos mesmos moldes ou entatildeo vaacutelvulas

que vedem completamente a passagem dos gases Em um motor de quatro

tempos o comando de vaacutelvulas determina qual eacute momento de abertura das

vaacutelvulas a ordem o levante etc No motor dois tempos essa funccedilatildeo de duraccedilatildeo

da admissatildeo e exaustatildeo eacute composta pela diagramaccedilatildeo das janelas do cilindro

(conforme Figura 14) e satildeo fixas natildeo existe um comando de vaacutelvulas rotativo

ou qualquer dispositivo semelhante dentre essa diagramaccedilatildeo a duraccedilatildeo mais

importante e que determina o desempenho do motor e como ele se comportaraacute

eacute a da janela de exaustatildeo

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts

38

Segundo Bell (1999) o processo de modificaccedilatildeo da janela de exaustatildeo eacute talvez

um dos mais criacuteticos dentro dos motores dois tempos (conforme Figuras 14 e

15) pocircde-se notar que as diagramaccedilotildees possuem desenhos diferentes de

janelas de exaustatildeo o primeiro modelo da Yamaha TZ250 (conforme Figura 14)

eacute de janela uacutenica pois a dimensotildees que foram determinadas para o tamanho e

duraccedilatildeo da janela dado o diacircmetro do cilindro permitiram que isso fosse feito Jaacute

no segundo diagrama da Suzuki PE175 podemos notar que a janela de exaustatildeo

eacute bi partida (conforme Figura 15) isso acontece por que por projeto foi

determinado um tamanho de janela de exaustatildeo demasiadamente grande para

o diacircmetro desse cilindro natildeo eacute regra mas usualmente a largura de uma janela

de exaustatildeo pode ter no maacuteximo 70 do diacircmetro do cilindro isso acontece para

que os aneacuteis de segmento natildeo tendam a entrar no duto de exaustatildeo quando por

laacute passarem por isso a soluccedilatildeo adotada na Suzuki PE175 de adicionar mais

uma divisatildeo na janela permite ter uma janela de exaustatildeo mais larga sem

comprometer a durabilidade do motor

Por ser uma medida fiacutesica e determinante para o funcionamento do motor dois

tempos a janela de exaustatildeo sempre foi um ponto criacutetico no projeto desses

motores pois se o projeto determinava uma medida para a janela de exaustatildeo a

performance do motor era inerente a esta medida Motores que foram

desenvolvidos ateacute o final da deacutecada de 1970 natildeo conseguiam melhorar suas

caracteriacutesticas em todas as faixas de funcionamento Por exemplo se o projeto

da janela de exaustatildeo era feito para funcionar bem em baixas rotaccedilotildees isso

caracterizava aquele motor e nada podia ser feito para ser melhorado sem que

isso comprometesse outras faixas de rotaccedilatildeo

Motocicletas e karts de competiccedilatildeo que eram projetados para funcionar bem

em altas rotaccedilotildees tinham todo o torque em baixa muito comprometido se vermos

corridas de motocicletas da deacutecada de 1970 e iniacutecio dos anos de 1980 podemos

ver pilotos que largavam praticamente empurrando a motocicleta ateacute que ela

embalasse e chegasse a uma rotaccedilatildeo onde o motor pudesse andar sozinho

39

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida

40

No iniacutecio dos anos de 1980 a Yamaha criou uma soluccedilatildeo para melhorar o

desempenho dos motores dois tempos em todas as faixas de rotaccedilatildeo eacute um

sistema com uma vaacutelvula mecacircnica que variava as dimensotildees da janela de

exaustatildeo durante o funcionamento do motor esse sistema eacute chamado YPVS

(Yamaha Power Valve System) (conforme Figura 16) foi um sistema que permitiu

a Yamaha ganhar diversas competiccedilotildees on e off road ateacute que seus concorrentes

pudessem desenvolver sistemas semelhantes

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Inicialmente esse sistema era totalmente mecacircnico e era tocado por uma

bomba centriacutefuga ligada ao eixo arvore do motor posteriormente em

motocicletas de rua foi adotado o mesmo princiacutepio poreacutem foi utilizado um sistema

eletrocircnico com um servo motor Outros fabricantes desenvolveram sistemas

semelhantes ao longo do tempo e adotaram as mais diversas soluccedilotildees Um outro

sistema bastante popular foi o sistema pneumaacutetico (conforme Figura 17) que

era composto por uma vaacutelvula do tipo guilhotina e uma membrana na janela de

exaustatildeo a vaacutelvula se mantinha fechada em baixas rotaccedilotildees melhorando o

torque naquele momento e a membrana era calibrada para que em um certo

momento quando certa quantidade de gases de escape estivessem sendo

produzidos a membrana empurrava a vaacutelvula para traacutes aumentando as

dimensotildees da janela de exaustatildeo melhorando o torque em altas rotaccedilotildees

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System

41

Fonte httpwww bikemanperformancecom

261 Escapamento

Ainda na fase de exaustatildeo o escapamento eacute o acessoacuterio mais importante

para o bom funcionamento dos motores dois tempos e necessita cuidados

especiais em seu desenvolvimento Eacute intriacutenseco do funcionamento e da forma

construtiva do motor dois tempos o fato de que ele acaba por jogar mistura

fresca para o escapamento e isso causa perda de performance Assim o

escapamento promove ondas de ressonacircncia que causam o retorno de parte

dessa mistura fresca novamente para dentro do cilindro

Este sistema determina muito das caracteriacutesticas importantes de

funcionamento desse tipo de motor Satildeo peccedilas complexas de serem construiacutedas

e produzem um som caracteriacutesticos de ldquoring-dingrdquo a este tipo de motor

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos

42

Para um bom projeto de escapamento satildeo necessaacuterios diversos caacutelculos

para que se obtenha as dimensotildees ideais Posteriormente outro desafio eacute aplicar

as dimensotildees calculadas ao projeto do veiacuteculo o que produz verdadeiras

esculturas mecacircnicas (conforme Figura 18)

Caacutelculo para determinaccedilatildeo do comprimento ideal do escapamento

Onde

LE = Comprimento do escapamento (mm)

DE = Duraccedilatildeo da janela de exaustatildeo em graus (deg)

RPM = Rotaccedilatildeo para melhor funcionamento do motor (1min)

42545 = Constante que leva em conta que a onda socircnica sempre viaja na

velocidade do som no ar

Fonte Bell 1999

O trecho do escapamento que sai do cilindro do motor eacute chamado em inglecircs

ldquoHeaderrdquo esse trecho usualmente eacute cocircnico e utiliza acircngulos entre 115deg e 15deg

Entretanto ao longo da histoacuteria os fabricantes testaram acircngulos variando entre

08deg ateacute 23deg de conicidade para determinadas aplicaccedilotildees

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos

LE = DE x 42545

RPM

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento

43

As dimensotildees do Header podem ser determinadas da seguinte maneira Para

o comprimento pode-se utilizar o fator de multiplicaccedilatildeo (conforme Quadro 2)

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para o ldquoHeaderrdquo

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 85 ndash 95 10 -11

100 ndash 125 78 ndash 85 78 ndash 85

175 ndash 250 73 ndash 83 9 -10

350 - 500 73 ndash 83 85 ndash 95

Fonte Bell 1999

Jaacute com o fator de correccedilatildeo apropriado multiplicamos esse valor pelo diacircmetro

da janela de exaustatildeo e esse eacute o comprimento ideal do Header

O diacircmetro maior do Header pode ser calculado pela seguinte expressatildeo

Onde

D2 = eacute o diacircmetro maior do Header para uniatildeo com o Difusor (mm)

CH = eacute o Comprimento do Header (mm)

D1 = eacute o diacircmetro inicial do Header determinado pelo diacircmetro da janela de

exaustatildeo (mm)

Cotg H = eacute a cotangente do acircngulo do Header usualmente entre 115 e 15deg

O segundo trecho do escapamento chamado Difusor pode ser calculado da

seguinte maneira O diacircmetro inicial eacute o mesmo diacircmetro D2 do Header o

comprimento do Difusor eacute usualmente calculado utilizando 25 vezes o diacircmetro

da janela de exaustatildeo poreacutem pode-se usar de 22 a 29 vezes o diacircmetro da

janela de exaustatildeo dependendo do projeto tendo em mente que quanto menor

o comprimento melhor o rendimento em altas rotaccedilotildees e quanto maior o

comprimento melhor as respostas do motor em baixas rotaccedilotildees Ao final o que

D2 = CH x 2 + D1

cotg H

4 ndash Dimensotildees do Escapamento Header

44

iraacute determinar o comprimento eacute a proposta do motor O acircngulo de conicidade do

Difusor varia normalmente entre 3deg e 7deg com diferentes reaccedilotildees ao rendimento

do motor (conforme Quadro 3) modificando a duraccedilatildeo e os efeitos da onda de

ressonacircncia (conforme Graacutefico 3)

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 65 a 7deg 3 a 35deg

100 ndash 125 65 a 75deg 4 a 48deg

175 65 a 75deg 35 a 45deg

250 7 a 75deg 4 a 45deg

350 ndash 500 4 a 5deg

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de retorno

45

O segundo diacircmetro o diacircmetro maior do Difusor pode ser calculado

utilizando a seguinte expressatildeo

Onde

CD = Comprimento do Difusor D3 = Diacircmetro maior do Difusor D2 = Diacircmetro menor do Difusor cotg D = Cotangente do acircngulo de conicidade que foi determinado para o Difusor

Existe uma seccedilatildeo paralela que liga o diacircmetro maior do difusor ao uacuteltimo

cone esse trecho eacute popularmente chamado de Bojo (conforme Figura 18) poreacutem

natildeo se pode calcular o comprimento dela sem antes calcular as dimensotildees do

cone final que eacute chamado de ldquoBafflerdquo ou defletor (conforme Quadro 4) Essa

seccedilatildeo por sua vez determina a duraccedilatildeo e a intensidade das ondas de

ressonacircncia que iraacute manter o cilindro cheio de maneira eficiente Segundo Bell

(1999) um defletor com um cone curto e acircngulo muito abrupto iraacute permitir um

ganho de potecircncia maacutexima ao custo de sacrificar as baixas e meacutedias rotaccedilotildees

(conforme Graacutefico 4)

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 -80 105 a 12deg 85 a 95deg

100 105 a 12deg 9 a 10deg

125 95 a 12deg 85 a 10deg

175 10 a 12deg 8 a 10deg

250 10 a 12deg 75 a 10deg

350 - 500 9 a 11deg

Fonte Bell 1999

CD = D3 ndash D2 x cotg D

2

5 ndash Dimensotildees do Escapamento Difusor

46

Fonte Bell 1999

Para se calcular o comprimento do cone utilizamos a expressatildeo

CTD = (D32) x Cotg D

Onde

CTD Comprimento total do cone do defletor

D3 Diacircmetro maior do defletor ou seja o mesmo diacircmetro que o diacircmetro maior

do difusor

cotg D Cotangente do acircngulo escolhido para o defletor

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor

47

Agora com todos esses valores calculados podemos calcular o

comprimento da parte central do escapamento o chamado bojo Para isso

utilizamos a seguinte expressatildeo

Onde

CB Comprimento do Bojo

L Comprimento total do escapamento ateacute o meio da seccedilatildeo do defletor

CH Comprimento do Header

CD Comprimento do Difusor

CDE Comprimento total do Defletor

Por fim ainda necessitamos saber as dimensotildees do ldquoStingerrdquo ou ponteira

que segundo Graham Bell apoacutes vaacuterias experimentaccedilotildees chegou a alguns

valores que resultaram em boas respostas do motor (conforme Quadro 5)

Quadro 5 - Comprimento da ponteira

Volume do cilindro (cmsup3) Comprimento (mm) Diacircmetro Interno (mm)

50 - 80 205 ndash 230 17 -19

100 230 ndash 250 19 - 21

125 265 ndash 290 22 -24

175 270 - 295 25 ndash 27

250 280 ndash 305 26 ndash 28

350 -500 285 - 310 27 ndash 29

Fonte Bell 1999

CB = L ndash (CH+CD+(CDE2)) 7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo

48

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna

Em seu funcionamento os motores de combustatildeo interna

independentemente do tipo de ciclo necessitam de um gerenciamento da

admissatildeo de uma mistura carburante para o interior dos cilindros para que possa

haver a combustatildeo da mesma Anteriormente essa admissatildeo se dava por um

processo puramente mecacircnico com a utilizaccedilatildeo de carburadores que eram

sistemas mecacircnicos sofisticados que proporcionavam a atomizaccedilatildeo do

combustiacutevel com o ar atmosfeacuterico para a formaccedilatildeo da mistura carburante

(conforme Figura 19)

Fonte httpwwwthunderproductscom

Poreacutem este sistema possuiacutea algumas deficiecircncias pois necessitava de

constante regulagem e qualquer mudanccedila de condiccedilatildeo climaacutetica de temperatura

pressatildeo ou umidade fazia com que o carburador saiacutesse de sua faixa de trabalho

gerando um mal funcionamento do motor e por vezes ateacute mesmo sua quebra

Parte muito importante tambeacutem do funcionamento dos motores de

combustatildeo interna satildeo os sistemas de igniccedilatildeo que anteriormente eram sistema

independentes do sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel poreacutem atualmente

pertencem ao mesmo pacote de gerenciamento do motor Estes sistemas de

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante

49

igniccedilatildeo eram normalmente sistemas eletromecacircnicos podendo ser sistemas

simples com ponto de igniccedilatildeo fixo ou sistemas mais elaborados com a presenccedila

de circuitos eletrocircnicos para fazer a variaccedilatildeo do ponto de igniccedilatildeo Estes sistemas

possuem alguns componentes baacutesicos

Distribuidor (no caso de haver mais de um cilindro) bobina de igniccedilatildeo

(para gerar alta tensatildeo) cabos de igniccedilatildeo e velas de igniccedilatildeo Este eacute o esquema

mais baacutesico de funcionamento dos sistemas de igniccedilatildeo podendo haver

variaccedilotildees eleacutetricas mecacircnicas e em alguns casos eletrocircnicas (conforme Figura

20)

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom

Atualmente os sistemas mais modernos de gerenciamento de motores de

combustatildeo interna satildeo quase que puramente eletrocircnicos e contemplam os dois

mundos alimentaccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo em um uacutenico sistema (conforme

Figura 21) Todo o gerenciamento eacute feito com base em leitura de sensores uma

calibraccedilatildeo que prevecirc diversas situaccedilatildeo de uso do motor e atuadores que fazem

o processo fiacutesico de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel do motor Estes satildeo sistemas

complexos que se baseiam na condiccedilatildeo imediata de diversos fatores que satildeo

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo

50

interpretados por sensores como por exemplo pressatildeo atmosfeacuterica

temperatura do motor massa de ar admitida etc Estas leituras feitas pelos

sensores satildeo recebidas por um circuito eletrocircnico que conteacutem um processador

onde essas informaccedilotildees satildeo recebidas e com base em dados armazenados em

sua memoacuteria para cada condiccedilatildeo ter-se atuaccedilatildeo eletrocircnica onde eacute feita a injeccedilatildeo

de combustiacutevel pelos injetores e o disparo da centelha de igniccedilatildeo para que haja

a combustatildeo

Fonte httpswwwflaviolucasmmblogspotcom

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus perifeacutericos

51

3 Detalhamento do Projeto

Os capiacutetulos anteriores serviram para o embasamento teacutecnico para que

fosse possiacutevel uma melhor compreensatildeo do que se trata o projeto a ser

executado neste trabalho de conclusatildeo de curso Neste ponto iremos tratar

especificamente do projeto de adaptaccedilatildeo de um sistema completo de injeccedilatildeo

eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos Yamaha de 135cmsup3 proveniente

de uma motocicleta Yamaha RD 135 (Conforme Figura 22) e todos os

componentes utilizados para tornar esta adaptaccedilatildeo possiacutevel

Fonte httpsmotos-motorcombr

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135

52

31 Dados do Motor

O motor utilizado neste projeto eacute proveniente de uma motocicleta Yamaha

Rd 135cmsup3 que foi fabricado no Brasil de 1988 a 1999 Trata-se de um motor

monociliacutendrico que utiliza o ciclo de trabalho dois tempos refrigerado agrave ar

seguem os dados teacutecnicos

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 58mm x 50mm

Cilindrada 132cmsup3

Taxa de Compressatildeo 682 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Carburador Mikuni VM24 com 24mm de venturi

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo eletrocircnica de descarga capacitiva ou popularmente

CDI (Capacitor Discharge Ignition)

Lubrificaccedilatildeo Oacuteleo dois tempos bombeado atraveacutes de uma bomba chamada

Autolube nos motores Yamaha este oacuteleo eacute proveniente de um reservatoacuterio que

alimenta a bomba que por sua vez transfere o oacuteleo atraveacutes de uma mangueira

diretamente ao coletor de admissatildeo do motor variando a quantidade de oacuteleo de

acordo com a rotaccedilatildeo e abertura do carburador

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Gasolina

Potecircncia 16cv a 9000rpm

Torque 174kgfm a 8500rpm

Para este projeto o motor utilizado jaacute possuiacutea modificaccedilotildees mecacircnicas

para atingir melhores rendimentos que o motor original pois eacute um motor que foi

utilizado em competiccedilotildees de motovelocidade na categoria RD 135 Diversas

peccedilas foram modificadas tais como sistema de alimentaccedilatildeo escapamento

vaacutelvula de palhetas igniccedilatildeo combustiacutevel diagramaccedilatildeo do cilindro e taxa de

compressatildeo O sistema de alimentaccedilatildeo original foi substituiacutedo por um carburador

Mikuni TM 30 (conforme Figura 23) o escapamento foi substituiacutedo por um

escapamento dimensionado construiacutedo artesanalmente o sistema de igniccedilatildeo

53

utilizado foi um Motoplat de ponto fixo (conforme Figura 24) e o combustiacutevel

utilizado foi o etanol que aleacutem de ser o combustiacutevel regulamentado para o

campeonato tambeacutem eacute um combustiacutevel que permite extrair mais potecircncia do

motor pois com esse combustiacutevel eacute possiacutevel fazer modificaccedilotildees mecacircnicas

como taxa de compressatildeo e avanccedilo de igniccedilatildeo que natildeo seriam possiacuteveis

utilizando gasolina como combustiacutevel

Fonte wwwjapanbaikucom

Fonte wwwcustojustopt

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo

54

O motor utilizado como base nesse trabalho natildeo eacute um motor original eacute

um motor de competiccedilatildeo e para haver base para comparaccedilatildeo do antes e depois

do processo de inserccedilatildeo do sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica este motor teve sua

potecircncia medida em dinamocircmetro inercial com sua curva de torque e potecircncia

aquisitadas (conforme Figura 25)

Fonte Autor

O motor utilizado passou por uma revisatildeo geral havendo troca de peccedilas

por se tratar de um motor de competiccedilatildeo foi por diversas vezes levado ao

extremo e com a escolha desse motor para o projeto esta revisatildeo se fez

necessaacuteria As imagens a seguir mostram o processo de desmontagem para

verificaccedilatildeo das condiccedilotildees do motor e posterior montagem (Conforme Figuras

262728293031 e 32)

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia

55

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto

56

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2

Figura 29 - Processo de pintura

57

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada

58

Fonte Autor

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico

Para a escolha do sistema de gerenciamento eletrocircnico foi necessaacuteria

grande pesquisa entre as opccedilotildees disponiacuteveis no mercado nacional e

internacional Os sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica disponiacuteveis originalmente em

motocicletas de fabricaccedilatildeo nacional poderiam ter sido uma opccedilatildeo mas foram

logo descartados pois foram concebidos para trabalhar com motores de ciclo

otto o que natildeo eacute o caso e as maneiras de calibraccedilatildeo desses sistemas originais

se tornariam difiacuteceis de conseguir tornando essa escolha inviaacutevel

A busca foi por um sistema ldquostand-alonerdquo auto suficiente e que permitisse

mudanccedila total nos paracircmetros de calibraccedilatildeo normalmente satildeo sistemas

utilizados em competiccedilotildees de automoacuteveis motocicletas caminhotildees etc

Existem sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica ldquostand-alonerdquo muito sofisticados

de fabricantes renomados mundialmente dentro e fora das pistas de corridas

como Magneti Marelli (conforme Figura 33) e Bosch (conforme Figura 34) em

suas divisotildees motorsport

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta

59

Sistemas desses fabricantes satildeo reconhecidamente confiaacuteveis o problema eacute o

valor de um sistema desses que eacute muito caro e os tornam inviaacuteveis para um

projeto experimental de baixo custo Opccedilotildees nacionais tambeacutem foram cogitadas

como o sistema Fueltech poreacutem ainda possuem um custo alto e suas opccedilotildees de

programaccedilatildeo e flexibilidade do sistema ainda eram limitados para o tipo de ciclo

do motor a ser utilizado

A escolha do sistema apoacutes grande pesquisa foi pelo sistema ldquostand-alonerdquo

Speeduino (conforme Figura 35) um sistema totalmente programaacutevel que utiliza

como microcontrolador um Arduino Mega 2560 esse eacute um sistema do tipo ldquoDIYrdquo

Do It Yourself ou em portuguecircs ldquofaccedila vocecirc mesmordquo Estatildeo disponiacuteveis na

internet os layouts das placas de circuito impresso e o usuaacuterio pode fabricar as

proacuteprias placas ou compraacute-las prontas em determinados sites da internet e sua

lista de componentes para montagem tambeacutem estaacute disponiacutevel na internet e eacute

relativamente faacutecil encontraacute-los O custo de produccedilatildeo de um sistema desse eacute

relativamente baixo comparado com outros sistemas do mesmo segmento e

por utilizar Arduino como controlador sua programaccedilatildeo eacute inteira aberta e pode

ser modificada de acordo com as necessidades do usuaacuterio

Fonte wwwmagnetimarellicom

Fonte wwwellis-componentscouk

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport Figura 34 - ECU Bosch MS 151

60

Fonte Autor

33 Arduino Mega 2560

Arduino eacute uma plataforma para programaccedilatildeo criada na Itaacutelia por Massimo

Banzi David Cuartielles Tom Igoe Gianluca Martino e David Mellis no ano de

2005 para entusiastas e profissionais da programaccedilatildeo e da eletrocircnica

permitindo diversos tipos de projetos para estes seguimentos Trata-se de uma

placa com um microcontrolador Atmel possuindo diversas entradassaiacutedas

analoacutegicas e digitais a quantidade dessas entradas e saiacutedas varia de acordo

com o modelo do Arduino Essas entradassaiacutedas podem ser programadas por

uma interface IDE Arduino via computador utilizando linguagem C

Na praacutetica eacute um microcontrolador programaacutevel como qualquer outro de

outros fabricantes por exemplo PIC (Microchip) ou ARM (Freescale) poreacutem tem

sua utilizaccedilatildeo facilitada por jaacute estar inserido em uma placa que contempla

soquetes para pinagem das entradas e saiacutedas e porta de comunicaccedilatildeo USB

Serial para gravaccedilatildeo da programaccedilatildeo no microcontrolador Diferentemente de

outros microcontroladores que necessitam da confecccedilatildeo de uma placa de

circuito impresso para uso e de um programador serial para gravaccedilatildeo da

programaccedilatildeo (conforme Figura 36)

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino

61

Fonte httpswwwamazoncom

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560

Microcontrolador ATmega 2560 (Atmel)

Tensatildeo de Operaccedilatildeo 5V

Tensatildeo de Alimentaccedilatildeo (recomendado) 7-12V

Tensotildees Limites de Operaccedilatildeo 6-20V

Saiacutedas Digitais IO 54 saiacutedas sendo 15 PWM

Entradas Analoacutegicas 16

Corrente da Saiacutedas IO 20mA

Corrente nos Pinos 33V 50mA

Memoacuteria Flash 256Kb

SRAM 8Kb

EEPROM 4Kb

Frequecircncia do Clock 16Mhz

LED_BUILTIN 13

Comprimento da Placa 10152mm

Largura da Placa 5333mm

Peso da Placa Completa 37g

Altura da Placa 12mm

Editado pelo Autor Fonte httpwwwArduinocom

Figura 36 - Arduino Mega 2560

62

34 Speeduino

O sistema Speeduino foi o sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica escolhido para o

projeto Eacute um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica totalmente programaacutevel criado por

Josh Stuart e utiliza um Arduino Mega 2560 como microcontrolador assim como

outros sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel possibilita a calibraccedilatildeo por

completo do sistema de injeccedilatildeo e igniccedilatildeo Para tal utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio que permite diversas configuraccedilotildees do

sistema de injeccedilatildeo tais como o meacutetodo de calibraccedilatildeo utilizado configuraccedilatildeo dos

mapas de avanccedilo de igniccedilatildeo e tempo de injeccedilatildeo sistema de malha aberta ou

malha fechada etc

O sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica Speeduino eacute um sistema ldquostand-alonerdquo

ou seja trabalha independente de outros sistemas apenas para gerenciar o

motor a combustatildeo interna seja ele de ciclo quatro ou dois tempos Eacute um sistema

difundido pela internet e permite troca de informaccedilotildees entre usuaacuterios que

trabalham em conjunto para desenvolvimento e aperfeiccediloamento do hardware e

do software o layout principal da placa de circuito impresso tambeacutem estaacute

disponiacutevel na internet bem como a lista de componentes necessaacuterios para a

montagem Este sistema requer um miacutenimo de conhecimento de eletrocircnica para

sua construccedilatildeo um miacutenimo de conhecimento em eleacutetricaeletrocircnica automotiva

para a instalaccedilatildeo do sistema no motor e grande conhecimento em programaccedilatildeo

e mecacircnica automobiliacutestica para calibraccedilatildeo do sistema no motor

63

35 Montagem do Sistema Speeduino

A partir do momento onde foi feita a escolha do sistema Speeduino foi

necessaacuterio obter os componentes necessaacuterios para confecccedilatildeo da placa

(conforme Anexo C) O primeiro passo foi a fabricaccedilatildeo da placa de circuito

impresso a partir do layout disponiacutevel (conforme Figura 37)

Fonte wwwSpeeduinocom

Posteriormente foi feita a aquisiccedilatildeo dos componentes necessaacuterios para a

montagem da placa Esses componentes tambeacutem estatildeo disponiacuteveis na internet

em uma planilha eletrocircnica e satildeo encontrados com relativa facilidade no

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino

64

mercado com exceccedilatildeo de determinados componentes cuja importaccedilatildeo foi

necessaacuteria poreacutem com baixo custo (conforme Anexo C)

Com todos os componentes necessaacuterios em matildeos foi executada a montagem

do sistema o que necessita uma certa habilidade pois o projeto possui diversos

componentes tipo SMD (conforme Figura 38)

Fonte Autor

Com a placa jaacute montada (conforme Figura 39) antes da montagem de todo o

chicote eleacutetrico para funcionamento do motor iniciaram-se os testes de

funcionamento do sistema Por ser um sistema montado artesanalmente os

testes pareciam ser o passo mais certo a se seguir

Figura 38 - Inicio da montagem da placa

65

Fonte Autor

Eacute importante mostrar que o sistema Speeduino utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio (conforme Figura 40) eacute um freeware na

versatildeo baacutesica que foi criado para funcionar em conjunto com outro sistema

de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel conhecido como Megasquirt e o mesmo

tambeacutem eacute utilizado na calibraccedilatildeo do sistema Speeduino Mais adiante seratildeo

feitas explicaccedilotildees detalhadas das configuraccedilotildees do software

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada

66

Fonte Autor

Jaacute no primeiro teste este apresentou resultados negativos com a

eletrocircnica natildeo respondendo agraves configuraccedilotildees e nem mostrando leituras de

sensores

A soluccedilatildeo deste problema veio depois de procurar muito e fazer diversas

mediccedilotildees analisando os diagramas eleacutetricos (conforme Anexo A) O

problema estava na placa de circuito impresso a trilha do aterramento

(GND) natildeo havia sido impressa ou seja natildeo havia aterramento em nenhum

ponto do sistema A placa havia sido impressa por um terceiro Ao entrar em

contato com o mesmo ele disse que enviaria outra placa poreacutem para agilizar

o processo e natildeo ter que esperar novamente a chegada de componentes

uma uacutenica opccedilatildeo surgiu devido aos prazos a de refazer o aterramento da

placa de forma externa (conforme Figura 41) sem nenhuma pretensatildeo de

que isso desse certo poreacutem era uma alternativa para que todo o processo

de funcionamento do motor fosse agilizado

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio

67

Fonte Autor

Apoacutes todo o trabalho de refazer as trilhas de aterramento iniciou-se

novamente a fase testes de funcionamento e os resultados foram positivos

O sistema comeccedilou a responder perfeitamente aos testes iniciais

O elemento de maior importacircncia para o funcionamento desse sistema de

gerenciamento eletrocircnico eacute o sensor de rotaccedilatildeo do motor e foi por ele que

se iniciaram os testes Foi adaptada uma roda focircnica a um torno mecacircnico

e tambeacutem o sensor de rotaccedilatildeo do tipo ldquohallrdquo (conforme Figura 42) para

verificar se o conjunto eletrocircnico do sistema estava recebendo os sinais de

rotaccedilatildeo

Figura 41 - Aterramento refeito externamente

68

Fonte Autor

O teste obteve resultados positivos respondendo perfeitamente a rotaccedilatildeo

do torno mecacircnico sendo testado em diversas rotaccedilotildees diferentes com a

interface do software sempre mostrando os valores de rotaccedilatildeo corretos

Entatildeo os testes que se seguiram foram os de atuaccedilatildeo eleacutetrica como injetor

de combustiacutevel e bobina de igniccedilatildeo todos testes feitos a princiacutepio em

bancada (conforme Figura 43)

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico

69

Fonte Autor

Apoacutes todos os testes em bancada partiu-se para a montagem do chicote

eleacutetrico para funcionamento do sistema no motor e tambeacutem a adaptaccedilatildeo

mecacircnica de suportes para sensores e a adaptaccedilatildeo da roda focircnica

(conforme Figura 44)

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada

70

Fonte Autor

A roda focircnica utilizada eacute proveniente de um motor Volkswagen EA-111

(conforme Figura 45) o sensor de rotaccedilatildeo a ser utilizado pelo sistema de

gerenciamento eletrocircnico Speeduino foi o sensor de efeito hall poderia ser

utilizado o sensor de relutacircncia magneacutetica poreacutem seria necessaacuterio a

confecccedilatildeo de uma eletrocircnica para o condicionamento de sinal

transformando-o para sinal de onda quadrada com amplitude de 5V de

tensatildeo Para evitar a confecccedilatildeo de mais uma eletrocircnica sendo um potencial

ponto fraco do sistema optou-se por utilizar um sensor de rotaccedilatildeo de efeito

hall proveniente dos motores Fiat E-torq 18 (conforme Figura 46) fabricado

pela Continental

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica

71

Fonte Autor

Fonte wwwmercadolivrecombr

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v

72

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico

Neste projeto o sistema de sincronismo eletrocircnico possui dois

componentes apenas satildeo eles a roda focircnica e o sensor de rotaccedilatildeo ambos

adaptados ao projeto e advindos de carros

O sistema de sincronismo eletrocircnico consiste em transformar o

sincronismo mecacircnico do motor em sinais de onda quadrada (conforme Figura

47) que possam ser interpretados pelo sistema de gerenciamento eletrocircnico

proporcionando a injeccedilatildeo de combustiacutevel e disparo da centelha no momento

exato que fora previamente calibrado

Fonte Autor

O sistema consiste de uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes ou seja

satildeo 58 dentes e ausecircncia de 2 dentes Foi adaptada uma roda focircnica do motor

Volkswagen EA-111 poreacutem apoacutes alguns problemas de captaccedilatildeo do sinal esta

foi alterada por uma roda focircnica utilizada em motores Volkswagen AP quando

convertidos a injeccedilatildeo eletrocircnica (conforme Figura 48) essa roda mostrou melhor

resoluccedilatildeo do sinal Hall com menos ruiacutedos no sinal

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall

73

Fonte Autor

Apoacutes vaacuterios testes esta foi a combinaccedilatildeo que melhor funcionou no motor

a roda focircnica aliada ao sensor de rotaccedilatildeo permite a sincronizaccedilatildeo mecacircnica do

motor em relaccedilatildeo ao sistema de gerenciamento eletrocircnico do motor A calibraccedilatildeo

eacute feita da seguinte maneira junto ao software de calibraccedilatildeo do sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica eacute dada a referecircncia em graus da posiccedilatildeo fiacutesica da roda focircnica

em relaccedilatildeo ao motor O primeiro passo eacute colocar o motor em PMS e ver onde se

situa a falha dos dois dentes da roda focircnica a partir disso contar quantos dentes

se tem ateacute o dente que coincide com o sensor de rotaccedilatildeo (conforme Figura 49)

Figura 48 - Roda Focircnica

74

Fonte Autor

Como eacute utilizada uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes cada dente

equivale a 6deggraus de resoluccedilatildeo sendo 3deg do bordo de subida e 3deg do bordo de

descida no caso do projeto o sensor coincide com o 37deg dente a partir da falha

e isso equivale a 228deggraus a partir da falha Todo o sincronismo do motor eacute feito

baseado nessa referecircncia sendo este valor colocado como referecircncia no

software de gerenciamento eletrocircnico (conforme Figura 50)

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

75

Fonte Autor

A partir deste momento todo o sincronismo do motor estaacute baseado nestes

dados e quando o motor estiver em PMS o sistema eletrocircnico saberaacute disso pois

o sensor de rotaccedilatildeo estaraacute alinhado com o 37deg dente que eacute a referecircncia para o

sistema

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

76

37 Corpo de Borboleta

O corpo de borboletas utilizado (conforme Figura 51) eacute proveniente das

motocicletas Honda CB300 e XRE300 possui 35mm de venturi e eacute fabricado

pela empresa japonesa Keihin famosa pela fabricaccedilatildeo de carburadores de

motocicletas tambeacutem possui uma unidade de sensores integrados Foi utilizado

por ser um componente de faacutecil aquisiccedilatildeo no mercado brasileiro o que permite

faacutecil manutenccedilatildeo quando necessaacuterio e seu formato fiacutesico permite a utilizaccedilatildeo de

uma grande gama de injetores diferentes quando isso se faz necessaacuterio

Tambeacutem houve uma pequena adaptaccedilatildeo no coletor de admissatildeo que tambeacutem

eacute proveniente das mesmas motocicletas Honda essa adaptaccedilatildeo se deve ao fato

de o motor em questatildeo possuir o sistema de vaacutelvulas de palhetas na admissatildeo

o que natildeo acontece nas motocicletas Honda que possuem motor de quatro

tempos

Fonte Autor

Figura 51 - Corpo de Borboleta

77

38 Unidade de Sensores

A unidade de sensores refere-se a uma unidade composta por trecircs

sensores que jaacute estaacute acoplada ao corpo de borboletas Keihin e contempla os

sensores

MAP ndash Manifold Absolute Pressure (Pressatildeo Absoluta no Coletor)

IAT ndash Intake Air Tempeture (Temperatura do Ar Admitido)

TPS ndash Throttle Position Sensor (Sensor de Posiccedilatildeo do Acelerador)

Destes sensores natildeo foi utilizado apenas o sensor Map pois a unidade

de gerenciamento eletrocircnico jaacute possui um sensor Map integrado que foi utilizado

Estes sensores puderam ser configurados para utilizaccedilatildeo com o sistema

de gerenciamento eletrocircnico sem o menor problema

381 Sensor TPS

Este sensor se refere ao sensor que envia a informaccedilatildeo de posiccedilatildeo da

borboleta para o sistema de gerenciamento eletrocircnico Nada mais eacute do que um

potenciocircmetro que varia a resistecircncia ocirchmica ao se variar a posiccedilatildeo do

acelerador

Sua calibraccedilatildeo eacute feita em tempo real com a unidade de gerenciamento

eletrocircnico (conforme Figura 52) onde se informa a posiccedilatildeo do acelerador

totalmente fechado e totalmente aberto o sistema de gerenciamento jaacute adquire

o valor de resistecircncia ocirchmica e faz os caacutelculos para os valores intermediaacuterios e

a interpretaccedilatildeo das posiccedilotildees

78

Fonte Autor

382 Sensor IAT

Este sensor eacute responsaacutevel por aquisitar a temperatura do ar que estaacute

sendo admitido ou seja que estaacute momentaneamente passando pelo corpo de

borboletas Este assim como o sensor de posiccedilatildeo da borboleta e tambeacutem o

sensor de pressatildeo absoluta no coletor eacute utilizado para o caacutelculo da massa de ar

que estaacute sendo admitida pelo motor Este sensor eacute calibrado a partir dos valores

de resistecircncia ocirchmica cujos valores satildeo inseridos no software de calibraccedilatildeo da

unidade de gerenciamento eletrocircnico esses valores natildeo satildeo facilmente

adquiridos pois o fabricante da unidade de sensores natildeo os disponibiliza poreacutem

outro fabricante de sensores a MTE-Thompson fabrica esse mesmo modelo de

unidade de sensores para reposiccedilatildeo do original e entrando em contato com o

departamento teacutecnico eles passam os valores de funcionamento do sensor e

esses valores foram os utilizados para calibraccedilatildeo do sensor de temperatura do

ar admitido (conforme Figura 53)

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS

79

Fonte Autor

383 Sensor MAP

Sensores MAP satildeo utilizados para determinar a pressatildeo do ar admitido

que passa pelo coletor de admissatildeo satildeo muito usados nos sistemas atuais de

gerenciamento eletrocircnico de motores de combustatildeo interna Este tipo de

sensores trabalha utilizando o princiacutepio de strain gage onde haacute a deformaccedilatildeo do

material metaacutelico variando tambeacutem sua resistividade (conforme Figura 54)

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT

80

Fonte Nota de aula ndash Prof Adriano Ribolla (Sist De Gerenc Eletrocircnico 2018)

A funccedilatildeo de variaccedilatildeo da resistecircncia ou fator Gauge pode ser dada pela

expressatildeo

Onde

R resistecircncia (Ω)

ρ constante do material

L comprimento do fio (m)

A secccedilatildeo transversal do fio (msup2)

O sistema de gerenciamento eletrocircnico Speeduino jaacute possuiacute em sua

montagem um sensor MAP interno na sua montagem e mesmo que na

unidade de sensores Keihin utilizada jaacute possuiacutesse um sensor MAP foi

escolhido utilizar o sensor existente na eletrocircnica da unidade de

gerenciamento eletrocircnico apenas pela facilidade de calibraccedilatildeo (conforme

Figura 55)

R= ρ LA

8 - Caacutelculo do Fator Gauge

Figura 54 - Princiacutepio strain gage

81

Fonte Autor

O sensor MAP existente no sistema de gerenciamento eletrocircnico eacute do

fabricante NXPFreescale modelo MPX 4250AP (conforme Anexo B) com um

range de leitura pressatildeo de 20 a 250 kPa

Apoacutes o funcionamento do motor e leitura do sensor foi possiacutevel notar que nos

motores de ciclo dois tempos justamente pelo seu tipo de ciclo e forma

construtiva natildeo seria possiacutevel fazer a calibraccedilatildeo dos mapas de funcionamento

do motor levando-se em conta a leitura de pressatildeo no coletor pois a depressatildeo

no coletor deste tipo de motor eacute muito baixa variando muito pouco Poreacutem este

fato jaacute era de se esperar mas a inserccedilatildeo deste sensor natildeo foi em vatildeo Ela jaacute foi

feita com o objetivo de futuros trabalhos sobre este tipo de sensor em motores

dois tempos para obtenccedilatildeo de valores palpaacuteveis de pressatildeo que possam ser

levados em conta na calibraccedilatildeo do motor

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP

82

39 Sistema de Igniccedilatildeo

O sistema de igniccedilatildeo deve ser compatiacutevel com o sistema de

gerenciamento eletrocircnico utilizado que foi o Speeduino Para isso o sistema de

igniccedilatildeo original do motor foi substituiacutedo por uma bobina utilizada em motores da

linha VW (conforme Figura 56) bobinas essas com moacutedulo de igniccedilatildeo integrado

e para evitar interferecircncias com o sensor de rotaccedilatildeo ou demais eletrocircnicas do

hardware de gerenciamento foi utilizado cabo vela resistivo do veiacuteculo Fiat Tipo

ie (Conforme Figura 57) as velas originais da motocicleta jaacute eram do tipo

resistiva A bobina poderia ter sido utilizada qualquer uma com moacutedulo de igniccedilatildeo

integrado e o cabo de vela tambeacutem poderia ser qualquer um do tipo resistivo

poreacutem estes foram escolhidos apenas por se integrarem melhor fisicamente ao

projeto

Fonte wwwmercadolivrecombr Fonte wwwacnpecascombr

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo

83

4 Calibraccedilatildeo do Motor

Atualmente a calibraccedilatildeo de motores de combustatildeo interna tem tido como

objetivo principal melhorar autonomia com relaccedilatildeo a consumo de combustiacutevel e

diminuiccedilatildeo das emissotildees de poluentes muito em funccedilatildeo de legislaccedilotildees mais

riacutegidas e restritivas Novas teacutecnicas construtivas de motores e implementaccedilotildees

de novas teacutecnicas de calibraccedilatildeo tem sido utilizadas como downsizing turbo-

compressores injeccedilatildeo direta de combustiacutevel para sistemas ldquoflex-fuelrdquo ou ateacute

mesmo sistemas mistos utilizando injeccedilatildeo direta e indireta de combustiacutevel em

um mesmo motor Estes meacutetodos elevaram o niacutevel tecnoloacutegico dos motores de

combustatildeo interna extraindo grande potecircncia diminuindo massa de motores

poreacutem com a necessidade de muita eletrocircnica embarcada

Um dos intuitos deste trabalho eacute a inserccedilatildeo de um sistema de

gerenciamento eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos a princiacutepio de

maneira experimental apenas para obter preacutevias de sua viabilidade

construtivamente e dar a motores que utilizam este tipo de ciclo a oportunidade

de ressurgirem ou natildeo no mercado com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias e

eletrocircnica embarcada ou mesmo proporcionar uma longevidade de seu uso em

competiccedilotildees

Para a calibraccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico que foi

escolhido o sistema Speeduino utilizamos o software de calibraccedilatildeo Tuner

Studio o qual jaacute foi previamente apresentado Seratildeo mostrados a seguir os

passos e direccedilotildees tomadas no que diz respeito a calibraccedilatildeo deste motor de ciclo

dois tempos em questatildeo

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais

Inicialmente eacute necessaacuterio a introduccedilatildeo de alguns dados pertinentes ao

motor e a estrateacutegia de funcionamento do mesmo para tal utilizamos a tela

ldquoEngine Constantsrdquo ou constantes do motor no software Tuner Studio Em

seguida detalhamos os dados de acordo com as caracteriacutesticas do motor que foi

escolhido para o trabalho (conforme Figura 58)

84

Fonte Autor

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor

85

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel

A tabela de injeccedilatildeo de combustiacutevel eacute baseada no meacutetodo VE ldquoVolumetric

Efficiencyrdquo ou eficiecircncia volumeacutetrica neste sistema utiliza-se o item ldquoCalculated

Required Fuelrdquo ou caacutelculo de combustiacutevel necessaacuterio (Conforme Figura 58) o

valor disponibilizado neste item representa o tempo necessaacuterio de injeccedilatildeo de

combustiacutevel baseado em 100 da eficiecircncia volumeacutetrica do motor e

posteriormente desenvolve-se a tabela VE de acordo com as necessidades do

motor (conforme Figura 59) em funccedilatildeo de rotaccedilatildeo do motor e posiccedilatildeo da

borboleta podendo ou natildeo estes valores serem multiplicados pelo valor de

pressatildeo do sensor MAP poreacutem no caso deste trabalho natildeo se utilizou o a

multiplicaccedilatildeo pelo sensor pois este dado se mostrou insatisfatoacuterio para motores

de ciclo dois tempos que geram pouca ou nenhuma depressatildeo no coletor de

admissatildeo

FonteAutor

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE

86

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo

A tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo permite determinar o momento em que seraacute

disparada a centelha pela vela de igniccedilatildeo permitindo a queima da mistura

arcombustiacutevel Os valores inseridos na tabela satildeo valores que representam o

acircngulo em graus antes do ponto morto superior do motor PMS (conforme Figura

60) em que seraacute disparada a centelha esta deve ser disparada alguns graus

antes do PMS pois a queima da mistura deve ser aproveitada ao maacuteximo e para

que isso aconteccedila deve se adotar um ponto de igniccedilatildeo de forma que a frente de

chama tenha tempo suficiente para queimar dentro do cilindro caso contraacuterio a

queima se torna ineficiente e acaba por desperdiccedilar combustiacutevel que acaba

sendo jogado para o escapamento sem que este seja queimado

Os valores de avanccedilo em graus inseridos nesta tabela tambeacutem tecircm seu

funcionamento em funccedilatildeo dos eixos de posiccedilatildeo da borboleta do acelerador e

rotaccedilatildeo do motor

Fonte Autor

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo

87

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada

Usualmente em uma grande montadora ou grande equipe de corridas

essas tabelas seriam desenvolvidas em um laboratoacuterio de desenvolvimento de

motores com diversos equipamentos para controle e aquisiccedilatildeo de dados Poreacutem

por se tratar de um trabalho acadecircmico e de baixo custo natildeo houve a

possibilidade de utilizaccedilatildeo de ferramentas desta espeacutecie desta maneira a tabela

foi toda desenvolvida experimentalmente atraveacutes de horas observando

deficiecircncias e comportamentos do funcionamento do motor

5 Dados do Motor (Modificado)

Tendo em vista que este motor eacute proveniente de uma motocicleta de

competiccedilatildeo as caracteriacutesticas originais dele foram modificadas e a motocicleta

utilizada no projeto tambeacutem (conforme Figura 61) Seguem os dados teacutecnicos

com a modificaccedilotildees do motor

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 59mm x 50mm

Cilindrada 1367cmsup3

Taxa de Compressatildeo 145 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Injeccedilatildeo eletrocircnica com corpo de borboletas de 35mm

de diacircmetro e injetor de combustiacutevel Keihin Flex

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo gerenciada a partir da ECU com o uso de Bobina

Bosch utilizada em motores Volkswagen AP ndash MI

Lubrificaccedilatildeo Premix na proporccedilatildeo de 35ml por litro de etanol

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Etanol

Potecircncia 245cv a 9400rpm

Torque 190kgfm a 9000rpm

88

Fonte Autor

6 Resultados

Os resultados obtidos neste trabalho foram deveras satisfatoacuterios

mostrando que eacute possiacutevel o funcionamento de um motor de ciclo dois tempos

utilizando como meacutetodo de injeccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo um sistema de

gerenciamento eletrocircnico moderno Abordagem essa que seria impensaacutevel anos

atraacutes hoje se tornou uma realidade talvez abrindo novos horizontes para o futuro

de motores que utilizem ciclo dois tempos talvez natildeo comercialmente mas ainda

que para seu uso em competiccedilotildees possa ser extraiacutedo o maacuteximo de rendimento

possiacutevel

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees

89

7 Conclusatildeo

Seguramente o desenvolvimento de uma metodologia soacutelida no

desenvolvimento de sistemas de gerenciamento eletrocircnico e calibraccedilatildeo voltadas

para motores de ciclo dois tempos natildeo seraacute uma tarefa faacutecil existe uma longa

estrada a se percorrer para se chegar ao mesmo niacutevel de desenvolvimento

existente destes sistemas para motores de ciclo quatro tempos ou mesmo diesel

Contudo o projeto se mostrou viaacutevel e mesmo que natildeo tenha havido

possibilidade de testes em dinamocircmetro o comportamento do motor mostrou-se

estaacutevel com o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica Possivelmente houve ganhos de

desempenho e esses testes podem ser executados como tarefa futura no intuito

de comprovar possiacuteveis resultados favoraacuteveis

Cabe aos futuros projetos novas soluccedilotildees e abordagens que podem ser

pensadas especificamente para o motor de ciclo dois tempos pois mesmo que

sua fabricaccedilatildeo seja descontinuada para veiacuteculos comerciais sua fabricaccedilatildeo para

suprir necessidades de veiacuteculos de competiccedilatildeo ainda pode prosseguir por anos

e o uso de tecnologia moderna nesses motores pode vir a extrair niacuteveis de

potecircncia e torque antes natildeo atingidos com a utilizaccedilatildeo de igniccedilotildees de ponto fixo

e carburadores Tambeacutem pode alterar caracteriacutesticas de desempenho do motor

como a falta de torque em baixas rotaccedilotildees

Neste projeto o motor original utilizado natildeo foi fabricado para comportar

uma injeccedilatildeo eletrocircnica por isso houve muitos esforccedilos nas adaptaccedilotildees para que

o funcionamento deste motor com esta tecnologia fosse possiacutevel Poreacutem se

pensarmos em uma produccedilatildeo fabril para motores dois tempos projetados para

que utilizem injeccedilatildeo eletrocircnica originalmente isso torna o processo todo muito

mais viaacutevel do ponto de vista comercial aleacutem de implementar uma tecnologia

que tiraria os motores de ciclo dois tempos da aposentadoria podendo ateacute se

pensar em niacuteveis de emissotildees poluentes melhores mesmo que seu uso seja

exclusivo apenas em competiccedilotildees De toda forma um passo foi dado com a

realizaccedilatildeo deste projeto e o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica se mostrou ser uma

tecnologia segura e confiaacutevel para a utilizaccedilatildeo em motores de ciclo dois tempos

90

8 Propostas Futuras

Vaacuterios passos podem ser dados como propostas futuras mas pensando

no alto iacutendice de poluiccedilatildeo gerado por este tipo de motor pode se pensar em um

controle eletrocircnico da injeccedilatildeo de oacuteleo dois tempos para lubrificaccedilatildeo podendo-se

desenvolver algum meacutetodo de verificaccedilatildeo da necessidade de lubrificaccedilatildeo do

motor fazendo injeccedilatildeo de oacuteleo controlada por quantidade e por demanda

Tambeacutem pode-se pensar na utilizaccedilatildeo de catalisadores no escapamento para

diminuiccedilatildeo das emissotildees de gases poluentes o que com certeza deveraacute ser

estudado e caberaacute diversos testes e experimentaccedilotildees de materiais poreacutem

podendo obter resultados positivos

No sistema de injeccedilatildeo de combustiacutevel utilizado neste trabalho foi usado

o meacutetodo de injeccedilatildeo indireta de baixa pressatildeo utilizando uma pressatildeo na linha

de combustiacutevel na ordem de 3bar Futuramente pode-se fazer testes e anaacutelises

a respeito do uso da injeccedilatildeo indireta de combustiacutevel neste tipo de motor em

busca de quais seriam seus benefiacutecios Ainda sobre a injeccedilatildeo de combustiacutevel

uma anaacutelise que deve ser feita eacute em relaccedilatildeo a modificaccedilatildeo da posiccedilatildeo do injetor

de combustiacutevel que atualmente se situa no coletor de admissatildeo este pode ser

montado em alguma posiccedilatildeo estrateacutegica como no caacuterter do motor diretamente

ou em alguma das janelas por exemplo nas janelas de transferecircncia devendo-

se analisar os ganhos e perdas dessa montagem

Um sistema que foi utilizado neste trabalho poreacutem trouxe pouco benefiacutecio

foi o uso do sensor MAP Devido agrave baixa depressatildeo no coletor de admissatildeo

gerada por motores dois tempos uma soluccedilatildeo seria a aquisiccedilatildeo de dados com

alguns sensores de pressatildeo instalados em determinados pontos do motor como

no caacuterter admissatildeo e janelas de transferecircncia Isto para se analisar pontos de

baixa e alta pressatildeo durante os ciclos do motor podendo ser criado um algoritmo

que calcule uma meacutedia de pressatildeo mais palpaacutevel que possa ser levada em conta

na calibraccedilatildeo da injeccedilatildeo de combustiacutevel

91

9 Referecircncias Bibliograacuteficas

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92

10 Referecircncia Figuras

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Figura 2

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Figura 3

Fonte httpsiebayimgcomimagesg~TsAAOSw~1FUVYxas-l1600jpg

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Figura 4

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Figura 5

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Figura 7

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Figura 8

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configuration-portjpg acessado em 26052019 agraves 1944

93

Figura 9

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 10

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 11

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even-more-Honda-RS125-Parts acessado em 02062019 agraves 2044

Figura 12

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 13

Fonte httpswwwpvldeenproductselectronic-electrical-engineering

acessado em 02062019 agraves 2051

Figura 14

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 15

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 16

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 17

Fonte httpsbikemanperformancecomsupreme-tool-arctic-cat-rave-style-

exhaust-valveshtml acessado em 02062019 agraves 2055

Figura 18

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

94

Figura 19

Fonte httpthunderproductscomattachment_id=316 acessado em

02062019 agraves 2100

Figura 20

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom201404 acessado em 02062019 agraves

2104

Figura 21

Fonte httpflaviolucasmmblogspotcom201508componentes-da-injecao-

eletronicahtml acessado em 02062019 agraves 2110

Figura 22

Fonte httpsmotos-motorcombrmfipeprecos-tabela-yamaha-rd-135-1994

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Figura 23

Fonte httpswwwjapanbaikucomtm-27-8006 acessado em

02062019 agraves 2122

Figura 24

Fonte httpswwwcustojustoptleiriapecas-motasrotor-motoplat-bobine-

externa-anti-horario-28261205 acessado em 02062019 agraves 2124

Figura 25

Fonte Autor

Figura 26

Fonte Autor

Figura 27

Fonte Autor

Figura 28

Fonte Autor

Figura 29

Fonte Autor

Figura 30

Fonte Autor

95

Figura 31

Fonte Autor

Figura 32

Fonte Autor

Figura 33

Fonte httpswwwmagnetimarellicomnode65 acessado em 02062019 agraves

2130

Figura 34

Fonte httpswwwbosch-motorsportcomcontentdownloadsRacepartsen-

GB49044619111858827html acessado em 02062019 agraves 2135

Figura 35

Fonte Autor

Figura 36

Fonte httpswwwamazoncomSmartProjects-Mega-Arduino-MEGA-

BoarddpB004A7H3DG acessado em 02062019 agraves 2141

Figura 37

Fonte

httpsSpeeduinocomshopindexphpid_product=18ampcontroller=product

acessado em 02062019 agraves 2145

Figura 38

Fonte Autor

Figura 39

Fonte Autor

Figura 40

Fonte Autor

Figura 41

Fonte Autor

Figura 42

Fonte Autor

Figura 43

Fonte Autor

96

Figura 44

Fonte Autor

Figura 45

Fonte Autor

Figura 46

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-879906333-080036-sensor-de-

rotaco-fiat-idea-e-torq-16-linea-16-18-_JMquantity=1 acessado em

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Figura 47

Fonte Autor

Figura 48

Fonte Autor

Figura 49

Fonte Autor

Figura 50

Fonte Autor

Figura 51

Fonte Autor

Figura 52

Fonte Autor

Figura 53

Fonte Autor

Figura 54

Fonte Slides aulas SAGE ndash Prof MSc Adriano Ribolla

Figura 55

Fonte Autor

Figura 56

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-839220558-bobina-ignico-gol-

saveiro-parati-10-kombi-16-mi-3-pinos-

_JMmatt_tool=14302715ampmatt_wordampgclid=CjwKCAjwr8zoBRA0EiwANmvpYI

z4XlO7l-

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uantity=1 acessado em 22062019 agraves 2340

Figura 57

Fonte httpswwwacnpecascombrprodutocabo-de-vela-fiat-tipo-1-6-ie-mpi-

todos-injecao-eletronica acessado em 22062019 agraves 2345

Figura 58

Fonte Autor

Figura 59

Fonte Autor

Figura 60

Fonte Autor

Figura 61

Fonte Autor

98

Apecircndice I

Lista de peccedilas e componentes utilizados

Componente Fabricante Part Number (OEM)

Fabricante Part Number (Reposiccedilatildeo)

Qtd

Injetor de Combustiacutevel Keihin 3340-9657-7489 Magnetron MAGNETRON 154-209-B 1

Bobina de Igniccedilatildeo Bosch F000ZS0104 NGK NGK U1092 1

Cabo de Vela Bosch F00099C067 NGK NGK SC-T58 1

Sensor Hiacutebrido - MAP - TPS - IAT

Keihin 16060-KVK-901 MTE-Thomson

MTE6701 1

Sensor de Rotacatildeo HALL Continental 55223464 MTE-Thomson

MTE70565 1

Bomba de Combustiacutevel Delphi BCD 00101 Bosch 580464070 1

Regulador de Pressatildeo Comb

SPA SPA TURBO 1

Roda Focircnica 60-2 Fueltech JR7401PTAz 1

Corpo de Boboletas XR300

Keihin 1641A-KWT-305 1

99

Anexo A

Esquema eleacutetrico do sistema de gerenciamento eletrocircnico

100

101

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

Anexo B

Datasheet Sensor MAP ndash NXPFreescale MPX4250AP

112

113

114

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116

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125

126

127

Anexo C

Lista de componentes Speeduino

Qtd Referecircncia na Placa Componente Valor Modelo

1 C16 CAP TANT 10uF 35V 10 RADIAL 10uF

6 C2C4C6C8C10C24 CAP CER 022uF 50V 10 RADIAL 220nF 224

7 C1C3C5C7C9C13C15 CAP CER 01uF 50V 20 RADIAL 100nF 104

1 C14 CAP TANT 47uF 63V 10 RADIAL 47uF

1 C18 CAP CER 033uF 50V 10 RADIAL 330nF 334

2 C19C25 CAP CER 10000pF 50V 10 RADIAL 10nF 103

3 C11C12C20 CAP CER 1uF 50V 20 RADIAL 1uF 105

1 C23 CAP CER 4700pF 100V 10 RADIAL 47nF 472

1 D16 DIODO ZENER 56V 3W AXIAL 1N5919BG 1N5919BG 2 D15D17 DIODO SCHOTTKY 1A 30V DO41 1N5818 1N5818

8 LED1LED2LED3LED4

LED5LED6LED7LED8 LED SS 3MM LED

4 D9D10D11D12 DIODO USO GERAL 400V 1A DO41 1N4004 1N4004

1 U2 VARISTOR 14MM 22V 1000A ZNR Varistor ZNR

V14D220

8 Q1Q2Q3Q4Q5Q6Q7

Q8 MOSFET N-CH 33V TO-220

62A

MOSFET STP75NS04Z

1 R54 RES 100K Ohm 14W 1 METAL

FILM 10kΩ

14W - 1

17

R10R13R16R19R21

R23R24R29R30R39

R40R50R51R57R58

R59R60

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 1kΩ

14W - 1

4 R9R12R15R18 RES 680 Ohm 06W 1 AXIAL 680Ω 14W - 1

6 R2R4R6R8R22R41 RES FILME METAacuteLICO 14W 470

Ohm 1 AXIAL 470Ω

14W - 1

7 R1R3R26R28R33R34

R61

249k Ohm plusmn1 025W 14W FILME

METAacuteLICO 249kΩ

14W - 1

1 R7 RES 39K Ohm 14W 01 FILME

METAacuteLICO 39kΩ

14W - 1

12

R11R14R17R20R35R3

6R37R38R48R49

R55R56

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 100kΩ

14W - 1

4 R25R27R31R32 RES 160 Ohm 2W 1 AXIAL 160Ω 2W - 1

1 U1 REGULADOR DE TENSAtildeO

LM2940-50 1A TO220 LM2940T 50NOPB

1 MPX4250A SENSOR MAP 363 PSI MAX 1-Bar MAP MPX4250AP

2 IC1IC2 CI MOSFET DVR 3A DUAL HS 8-DIP TC4424EP

A TC4424EPA

Page 8: FACULDADE DE TECNOLOGIA FATEC SANTO ANDRÉfatecsantoandre.edu.br/arquivos/TCC/227-Mecanica/TCC511.pdfLista de Unidades de Medida cm³ - unidade de volume, centímetros cúbicos mm

Lista de Unidades de Medida

cmsup3 - unidade de volume centiacutemetros cuacutebicos

mm - unidade de medida miliacutemetros

Kgmf - unidade de torque quilograma forccedila vezes metro

Nm - unidade de torque Newton vezes metro

Bar - unidade de pressatildeo

Kmh - quilocircmetros por hora

degC - graus Celsius unidade de temperatura

deg - graus unidade de acircngulo

1min - unidade de rotaccedilatildeo por minuto

HP - Horse Power unidade de potecircncia

Cv - Cavalo Vapor unidade de potecircncia

V - Volts unidade de tensatildeo eleacutetrica

mA - mili ampeacutere unidade de corrente eleacutetrica

Ohms - unidade de resistecircncia eleacutetrica

MHz - Mega Hertzunidade de frequecircncia

KB - quilobyte unidade de capacidade de armazenamendo ou memoacuteria

Lista de Siglas e Abreviaturas

RPM - Rotaccedilotildees por minuto

PMS - Ponto morto superior

PMI - Ponto morto inferior

CDI - Capacitor Discharge Ignition

PWM - Pulse with modulation

SMD - Surface mounting device

GND - Ground

AP - Modelo de motor Volkswagen

EA111 - Modelo de motor Volkswagen

E-torq - Modelo de motor Fiat

DIY - Do it yourself

MAP - Manifold Absolute Pressure

IAT - Intake Air Temperature

TPS - Throttle Position Sensor

YPVS - Yamaha Power Valve System

Stand-Alone ndash Sistema que funciona independente de outros

Sumaacuterio

1 Introduccedilatildeo 18

11 Motivaccedilatildeo 19

12 Objetivos 21

13 Contribuiccedilotildees Esperadas 21

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho 22

2 Fundamentaccedilatildeo 23

21 Objetivos do Capiacutetulo 24

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos 24

23 Admissatildeo 29

24 Compressatildeo 31

25 Combustatildeo 35

251 Igniccedilatildeo 36

26 Exaustatildeo 37

261 Escapamento 41

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna 48

3 Detalhamento do Projeto 51

31 Dados do Motor 52

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico 58

33 Arduino Mega 2560 60

34 Speeduino 62

35 Montagem do Sistema Speeduino 63

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico 72

37 Corpo de Borboleta 76

38 Unidade de Sensores 77

381 Sensor TPS 77

382 Sensor IAT 78

383 Sensor MAP 79

39 Sistema de Igniccedilatildeo 82

4 Calibraccedilatildeo do Motor 83

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais 83

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel 85

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo 86

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada 87

5 Dados do Motor (Modificado) 87

6 Resultados 88

7 Conclusatildeo 89

8 Propostas Futuras 90

9 Referecircncias Bibliograacuteficas 91

10 Referecircncia Figuras 92

Apecircndice I 98

Anexo A 99

Anexo B 111

Anexo C 127

Lista de Figuras

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos 25

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro 26

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto 26

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas 27

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa 27

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter

do motor passando pela vaacutelvula de palhetas 28

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor

permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel 29

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

30

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos

pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro 31

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando

formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto 32

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo 33

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio

de platinado 36

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts 37

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF 39

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida 39

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System 40

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos 41

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos 42

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante 48

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo 49

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus

perifeacutericos 50

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135 51

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30 53

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo 53

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia 54

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto 55

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1 55

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2 56

Figura 29 - Processo de pintura 56

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo 57

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada 57

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta 58

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport 59

Figura 34 - ECU Bosch MS 151 59

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino 60

Figura 36 - Arduino Mega 2560 61

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino 63

Figura 38 - Inicio da montagem da placa 64

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada 65

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio 66

Figura 41 - Aterramento refeito externamente 67

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico 68

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada 69

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica 70

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes 71

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v 71

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall 72

Figura 48 - Roda Focircnica 73

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 74

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 75

Figura 51 - Corpo de Borboleta 76

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS 78

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT 79

Figura 54 - Princiacutepio strain gage 80

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP 81

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW 82

Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo 82

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor 84

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE 85

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo 86

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees 88

Lista de Graacuteficos

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3

1996 20

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos

com rotaccedilatildeo em 6000 RPM 35

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de

retorno 44

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor 46

Lista de Quadros

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos 23

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para oldquoHeaderrdquo 43

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor 44

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor 45

Quadro 5 - Comprimento da ponteira 47

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560 61

Lista de Foacutermulas

1 - Caacutelculo da Taxa de Compressatildeo 34

2 - Volume a ser comprimido (fabricantes japoneses) 34

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento 42

4 - Dimensotildees do Escapamento Header 43

5 - Dimensotildees do Escapamento Difusor 45

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor 46

7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo 47

8 - Caacutelculo do Fator Gauge 80

18

1 Introduccedilatildeo

Em 1878 um engenheiro escocecircs criou o projeto tido como o primeiro motor

de ciclo dois tempos e eacute atribuiacutedo a ele esta invenccedilatildeo este engenheiro era

Dugald Clerk Poreacutem este motor possuiacutea algumas diferenccedilas dos motores dois

tempos que conhecemos e utilizamos durante todo o seacuteculo XX ateacute os dias de

hoje Nos motores de Clerk a admissatildeo era feita por bombeamento separado do

motor possuiacutea vaacutelvulas e utilizava gaacutes como combustiacutevel (NUNNEY 1992)

O primeiro motor de ciclo dois tempos com as caracteriacutesticas que hoje

conhecemos com admissatildeo inicial e compressatildeo no caacuterter transferecircncia da

mistura feita por janelas nas laterais do cilindro sem vaacutelvulas soacute foi inventado

por volta de 1892 pelo inglecircs Joseph Day que por volta de 1889 comeccedilou a

desenvolver um motor de combustatildeo interna sem infringir as patentes de

Nikolaus Otto as quais eram as patentes do motor com ciclo a quatro tempos

(BOOTHROYD 2006)

As patentes de Nikolaus Otto satildeo atualmente invaacutelidas e atribuiacutedas a um

engenheiro francecircs Alphonse-Eugene Beau de Rochas o qual havia feito todos

estudos pesquisas e projetos sobre este ciclo anos antes em 1862 poreacutem natildeo

chegou a construir um motor assim como Otto o fez (TILLMAN 2013)

A invenccedilatildeo do motor dois tempos eacute creditada a Dugald Clerk Satildeo citados

diversos pesquisadores engenheiros inventores e construtores como pessoas

que desenvolveram e agregaram conhecimento a este tipo de motor poreacutem foi

possiacutevel observar durante as pesquisas que Day eacute pouco lembrado em livros e

documentos poreacutem historicamente foi quem idealizou e construiu as soluccedilotildees

para o motor dois tempos que utilizamos quase que literalmente ateacute os dias de

hoje (BOOTHROYD 2006)

Durante o seacuteculo XX os motores dois tempos foram amplamente utilizados

na induacutestria automotiva Foram construiacutedos diversos veiacuteculos com esses

motores carros motocicletas caminhotildees e tratores O primeiro estudo e

construccedilatildeo de protoacutetipo de injeccedilatildeo eletrocircnica voltada para motores dois tempos

aconteceu em 1978 exatos cem anos da construccedilatildeo do motor de Clerk e foi

feita por Edmond Vieilledent que conseguiu obter relativo sucesso em suas

pesquisas e desenvolvimento poreacutem a tecnologia de microprocessamento na

19

eacutepoca inicial e o custo para implementaccedilatildeo relativamente alto em motores de

baixa cilindrada aparentemente inviabilizou o projeto em larga escala

(VIEILLEDENT 1978)

Quarenta anos apoacutes o trabalho de Vieilledent em 2018 a fabricante de

motocicletas austriacuteacas KTM Motorcycle disponibiliza para venda no mercado

motocicletas de competiccedilatildeo off-road de 250 e 300cmsup3 com sistema de injeccedilatildeo

eletrocircnica o que vem a corroborar a ideia de que os motores dois tempos para

determinadas aplicaccedilotildees merecem a implementaccedilatildeo de novas tecnologias para

que haja junto com a evoluccedilatildeo eletrocircnica novos resultados aplicados aos

motores dois tempos

11 Motivaccedilatildeo

As motivaccedilotildees deste trabalho surgem da premissa de reduzir algumas

deficiecircncias intriacutensecas do funcionamento dos motores de ciclo dois tempos

funcionamento que seraacute abordado e explicado em um toacutepico especiacutefico adiante

Para isso seraacute utilizado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel com

processamento de dados feito a partir de um Arduino Mega 2560 montado em

um motor Yamaha de 135cmsup3 de 2 tempos de fabricaccedilatildeo nacional produzido ateacute

o ano de 2000 Este motor equipou por mais de vinte anos as motocicletas

Yamaha Rd e Rdz 135cmsup3 e possuiacuteam como sistema de alimentaccedilatildeo de

combustiacutevel carburadores com diacircmetro de venturi 24mm e 26mm

respectivamente e sistema de igniccedilatildeo por descarga capacitiva com curva de

igniccedilatildeo preacute-estabelecida

Os motores dois tempos possuem caracteriacutesticas de funcionamento muito

peculiares e produzem uma potecircncia especiacutefica relativamente alta poreacutem esta

potecircncia vem de uma curva de torque caracteriacutestica do projeto do motor sendo

muito difiacutecil conseguir obter uma curva onde se consiga que a potecircncia seja alta

em todas as faixas de rotaccedilatildeo A maioria dos projetos de motores dois tempos

favorece a potecircncia em uma faixa de rotaccedilatildeo muito estreita por exemplo motores

que satildeo projetados para terem alto torque natildeo possuem alta rotaccedilatildeo e motores

para alta potecircncia soacute conseguem atingir esta potecircncia apoacutes os 10000rpm e todo

o resto da curva de potecircncia do motor eacute esquecida Este trabalho visa a

20

introduccedilatildeo de um sistema de gerenciamento de combustiacutevel e igniccedilatildeo eletrocircnico

para obter uma possiacutevel melhora da faixa de potecircncia aumentando a largura

dessa faixa de potecircncia elevada

Podemos notar ao analisarmos o graacutefico 1 que este tipo de motor produz

uma faixa de trabalho uacutetil de aproximadamente 1500 rpm somente apoacutes os

10000 rpm esta caracteriacutestica torna a pilotagem destas motocicletas em regime

de competiccedilatildeo muito difiacutecil e cansativa

Fonte httppulpmxcom

Com a inserccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico seraacute feita a

tentativa de implementar uma calibraccedilatildeo que natildeo privilegie somente uma faixa

tatildeo pequena de trabalho buscando antecipar e ampliar esta faixa de potecircncia

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3 1996

21

12 Objetivos

Os objetivos deste trabalho satildeo construir montar adaptar e talvez a parte

mais complexa calibrar um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel em um

motor de ciclo dois tempos Natildeo existem muitas informaccedilotildees a respeito de

calibraccedilatildeo eletrocircnica para motores em geral muito menos para motores dois

tempos o que torna esse acerto um tanto quanto difiacutecil

Como descrito anteriormente a motivaccedilatildeo vecircm da capacidade de tentar

incrementar potecircncia em um motor de pouca massa e isso eacute o essencial para

regimes de performance em competiccedilotildees de karts naacuteuticas e de motocicletas

A busca seraacute por uma calibraccedilatildeo final que alargue a faixa de potecircncia do motor

ou seja melhorando suas caracteriacutesticas de funcionamento utilizando um

sistema de gerenciamento eletrocircnico com alguns sensores que seja confiaacutevel e

que permita a sua utilizaccedilatildeo em quaisquer condiccedilotildees climaacuteticas e ambientais

tais como umidade temperatura e pressatildeo atmosfeacuterica

13 Contribuiccedilotildees Esperadas

As contribuiccedilotildees estatildeo relacionadas com os objetivos descritos na

subseccedilatildeo 12 e satildeo elas

a) Promover uma anaacutelise de forma ampla sobre os aspectos positivos e

negativos dos motores que utilizam o ciclo de dois tempos

b) Renovar alguns dados encontrados na literatura teacutecnica a respeito dos

motores dois tempos que na maioria dos livros sobre motores de

combustatildeo interna satildeo dados advindos do estudo de motores anteriores

a deacutecada de 1950 ou seja informaccedilotildees que merecem atualizaccedilatildeo

c) Expor os aspectos positivos do uso da eletrocircnica e programaccedilatildeo no

gerenciamento de motores

d) Possibilitar a adaptaccedilatildeo de uma tecnologia moderna e aberta (open

source) em antigos motores de combustatildeo interna que originalmente

possuiacuteam alimentaccedilatildeo de combustiacutevel mecacircnica e sistema de igniccedilatildeo

simplificado

e) Mostrar as possiacuteveis e esperadas dificuldades de se calibrar o sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos

22

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho

Este trabalho abordaraacute a inserccedilatildeo de um sistema de gerenciamento

eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos sendo assim o assunto eacute abordado

em trecircs fases

Fase Inicial Aborda todo o conceito de funcionamento mecacircnico do motor

de ciclo dois tempos princiacutepios caracteriacutesticas de construccedilatildeo soluccedilotildees

adotadas ao longo da histoacuteria principais aplicaccedilotildees Esta parte tambeacutem tem por

objetivo ampliar o entendimento deste tipo de motor que eacute pouco esclarecido

em literaturas teacutecnicas e quando apresentado em livros utiliza o princiacutepio de

funcionamento correto poreacutem demonstra exemplos de motores antigos sem

muitas soluccedilotildees eficientes

Fase Intermediaacuteria Aborda todas as soluccedilotildees eleacutetricas e eletrocircnicas que

seratildeo utilizadas para o desenvolvimento do protoacutetipo histoacuterico de aplicaccedilotildees em

motores dois tempos processo de escolha montagem de componentes e

sensores anaacutelise de funcionamento e dificuldades enfrentadas

Fase Final Mostra os processos necessaacuterios para fazer a calibraccedilatildeo de

um motor de combustatildeo interna utilizando gerenciamento eletrocircnico aplicaccedilatildeo

em motores dois tempos quais as dificuldades e resultados obtidos

23

2 Fundamentaccedilatildeo

Os motores de ciclo dois tempos possuem o conceito mecacircnico da

termodinacircmica para seu funcionamento onde eacute admitido uma mistura de ar e

combustiacutevel pelo orifiacutecio de admissatildeo Posteriormente essa mistura sofre uma

melhor homogeneizaccedilatildeo no caacuterter junto ao eixo de manivelas onde tambeacutem eacute

comprimido e transferido para a cabeccedila do pistatildeo pelos orifiacutecios de transferecircncia

apoacutes a transferecircncia o pistatildeo inicia o ciclo de subida sentido PMS onde comprime

a mistura ar combustiacutevel e sofre combustatildeo por meio de uma centelha

Nos motores de ciclo dois tempos os pistotildees assim como nos motores

com ciclo quatro tempos possuem movimento alternativo em relaccedilatildeo ao cilindro

poreacutem a lubrificaccedilatildeo dos cilindros eacute feita por meio de oacuteleo misturado com o

combustiacutevel podendo ser forccedilado por uma bomba de lubrificaccedilatildeo que injeta o

oacuteleo no orifiacutecio de admissatildeo ou mesmo por uma mistura oacuteleocombustiacutevel que

pode ser previamente feita Esse sistema simplifica todo o funcionamento deste

tipo de motor poreacutem tambeacutem traz consigo suas deficiecircncias intriacutensecas desse

processo de combustatildeo

Segundo o Manual de Tecnologia Automotiva Bosch (2005) os motores

dois tempos possuem as vantagens e desvantagens que vemos a seguir

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos

Vantagens Desvantagens

Design Simples do Motor Maior Consumo de Combustiacutevel

Baixo Peso Altas Emissotildees de

Hidrocarbonetos

Baixo Custo de Fabricaccedilatildeo Pressatildeo Efetiva Meacutedia mais

Baixa

Padratildeo Melhor de Forccedila de

Torccedilatildeo

Cargas Teacutermicas mais Altas

Marcha Lenta mais deficiente

(Bosch 2005)

24

O desenvolvimento deste trabalho natildeo busca fazer um comparativo entre

os diversos ciclos de funcionamento dos motores de combustatildeo interna

existentes apesar de que em determinados toacutepicos essa comparaccedilatildeo seja

inevitaacutevel Apoacutes a anaacutelise deste trabalho seraacute possiacutevel tirar as proacuteprias

conclusotildees a respeito do funcionamento de motores dois tempos visto que a

maioria das literaturas a respeito dos motores dois tempos natildeo satildeo especiacuteficas

nem tampouco profundas a respeito do tema

21 Objetivos do Capiacutetulo

As seccedilotildees a seguir apresentam o princiacutepio de funcionamento dos motores

de ciclo dois tempos O capiacutetulo iraacute abordar e analisar as fases de funcionamento

e alguns componentes mecacircnicos deste tipo de motor e os resultados de

possiacuteveis modificaccedilotildees em seus componentes

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos

Diferentemente dos motores de ciclo otto a 4 tempos que necessitam a

rotaccedilatildeo de 720deg do eixo aacutervore de manivelas os motores de ciclo dois tempos

necessitam apenas de 360deg do eixo aacutervore de manivelas para executar as quatro

operaccedilotildees baacutesicas de funcionamento de um motor de combustatildeo interna

- Admissatildeo

- Compressatildeo

- Combustatildeo

- Exaustatildeo

25

Apesar das operaccedilotildees e princiacutepio de funcionamento dos motores dois tempos

serem parecidas com as do ciclo otto a concepccedilatildeo e construccedilatildeo do motor eacute

totalmente diferente Os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como

existem nos motores de ciclo otto pelo menos natildeo no sistema mais baacutesico de

funcionamento desses motores (conforme Figura 1)

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos

Editado pelo Autor Fonte httpswwwshutterstockcom

No sistema baacutesico de funcionamento de um motor dois tempos o cilindro possui

aberturas chamadas janelas elas satildeo como portas para entrada e saiacuteda da

mistura arcombustiacutevel

A mistura arcombustiacutevel apoacutes ser succionada atraveacutes do carburador entra

atraveacutes da chamada janela de admissatildeo no cilindro (conforme Figura 2) e chega

primeiramente no caacuterter do motor alguns motores normalmente os de

competiccedilatildeo ou maior performance possuem a entrada de arcombustiacutevel

diretamente no caacuterter (conforme Figura 3) natildeo necessitando entrar no cilindro e

ir para o caacuterter poreacutem isto natildeo eacute regra A entrada desse combustiacutevel no caacuterter

tambeacutem eacute utilizada para a lubrificaccedilatildeo dos rolamentos inferiores do motor jaacute que

na maioria dos casos o combustiacutevel e oacuteleo lubrificante satildeo misturados salvo

26

raros casos em que existem pontos de injeccedilatildeo apenas de oacuteleo em determinadas

partes do motor

Editado pelo Autor Fonte httpwwwrichstaylordportingcom

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto

Editado pelo Autor Fonte httpwwwebaycom

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro

27

Como dito anteriormente os motores dois tempos em essecircncia natildeo utilizam

vaacutelvulas poreacutem com o desenvolvimento desse tipo de motor foi-se aprimorando

a tecnologia e notou-se a necessidade do uso de vaacutelvulas na admissatildeo visto

que parte da mistura era expelida novamente pela admissatildeo quando havia

compressatildeo no caacuterter anteriormente este papel de vaacutelvula de admissatildeo era feito

pelo proacuteprio pistatildeo que ao passar pela janela de admissatildeo determinava os

intervalos de tempo entre admissatildeo e exaustatildeo Para melhorar a eficiecircncia do

sistema de vaacutelvula feito pelo pistatildeo adotou-se principalmente dois sistemas o

sistema de palhetas (conforme Figura 4) e o sistema de vaacutelvula rotativa

(conforme Figura 5)

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas

Fonte wwwamazoncom

Fonte httpscellcodeus

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa

28

Apoacutes ser recebida no caacuterter a mistura arcombustiacutevel eacute comprimida com a

descida do pistatildeo sentido ao PMI o que gera o aumento de pressatildeo no caacuterter e

faz com que a mistura seja transportada para a parte superior do pistatildeo atraveacutes

das chamadas janelas de transferecircncia (conforme Figura 6) Essas janelas

possuem aberturas na parte inferior do cilindro junto ao caacuterter do motor que eacute

por onde passa esta mistura arcombustiacutevel essas aberturas ligam dutos de

transferecircncia ateacute uma abertura na camisa do cilindro jaacute na parte superior do

pistatildeo (conforme Figura 6) Com a mistura jaacute na parte superior do pistatildeo ela eacute

comprimida e por fim queimada e os gases resultantes da queima satildeo expulsos

pela janela de exaustatildeo (conforme Figura 6)

Editado pelo Autor Fonte wwwpatentimagescom

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter do motor passando pela vaacutelvula de palhetas

29

23 Admissatildeo

O processo de admissatildeo inicia-se com a subida do pistatildeo sentido PMS

isso cria uma pequena depressatildeo no caacuterter do motor poreacutem suficiente para

arrastar a mistura arcombustiacutevellubrificante advinda do sistema de alimentaccedilatildeo

usualmente carburadores Essa mistura passa por vaacutelvulas que controlam a

entrada de mistura fresca no motor Na maioria dos motores atuais utilizam-se

vaacutelvulas de palhetas elas tambeacutem tecircm a funccedilatildeo de impedir que a mistura retorne

para o coletor de admissatildeo quando haacute a movimentaccedilatildeo do pistatildeo sentido PMI

(conforme Figura 7) Os primeiros motores de Joseph Day jaacute haviam adotado

uma soluccedilatildeo de vaacutelvulas de palhetas poreacutem esse sistema foi esquecido por

muitos anos e novamente adotados para motores de motocicletas de competiccedilatildeo

em meados dos anos 70 Notemos que a mistura no caacuterter do motor aleacutem de ar

e combustiacutevel tambeacutem possui lubrificante que nesse momento faz a lubrificaccedilatildeo

das peccedilas moacuteveis na parte inferior do motor Nas figuras seguintes podemos

notar como se comporta a entrada da mistura arcombustiacutevel para o caacuterter do

motor e tambeacutem o funcionamento das vaacutelvulas de palhetas

Editado pelo Autor Fonte www1bpblogspotcom

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel

30

O principal momento de admissatildeo da mistura arcombustiacutevel para o motor se daacute

com subida do pistatildeo rumo ao PMS no entanto esse natildeo eacute o uacutenico periacuteodo em

que o motor recebe mistura fresca do sistema de alimentaccedilatildeo Quando o pistatildeo

inicia o movimento de descida rumo ao PMI apoacutes a exaustatildeo tambeacutem temos

admissatildeo de mistura arcombustiacutevel fresca A quantidade eacute bem menor e se daacute

pela depressatildeo gerada pelo escape dos gases queimados junto a janela de

exaustatildeo Essa admissatildeo acontece passando por uma janela conhecida

popularmente como ldquoQuinta Luzrdquo ou em inglecircs ldquoBoost Portrdquo (conforme Figura 8)

poreacutem esse curto periacuteodo de admissatildeo tem maior influecircncia no processo de

exaustatildeo dos gases Essa admissatildeo favorece a expulsatildeo dos gases e limpeza

da cacircmara de combustatildeo para iniacutecio de um novo ciclo

Editado pelo Autor Fonte httpswwwpinterestcom

A duraccedilatildeo desse periacuteodo em graus da duraccedilatildeo da admissatildeo na quinta

luz pode ser tido como um dos periacuteodos criacuteticos no que diz respeito e eficiecircncia

do motor dois tempos pois se o periacuteodo tiver uma duraccedilatildeo muito prolongada

pode resultar em excesso de mistura fresca que eacute ldquojogada forardquo para a exaustatildeo

e se for muito curto acaba mantendo gaacutes queimado na cacircmara de combustatildeo o

que gera perda de potecircncia para o motor

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

31

24 Compressatildeo

A compressatildeo no motor dois tempos acontece assim como no motor de quatro

tempos comprimindo o volume total do cilindro em uma pequena aacuterea da cacircmara

de combustatildeo Poreacutem diferentemente do motor quatro tempos o cilindro do

motor dois tempos natildeo eacute totalmente vedado possuindo aberturas que como dito

anteriormente se chamam janelas (conforme Figura 6)

Podem existir vaacuterios formatos de cacircmara de combustatildeo ou popularmente

conhecido como cabeccedilote cada tipo buscando um resultado final diferente

(conforme Figuras 910 e 11)

Como os cabeccedilotes de motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas satildeo

praticamente um material usinado ou fundido contemplando um formato final E

esse formato nos motores dois tempos influencia muito na performance do

motor

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro

32

Os cabeccedilotes dos motores dois tempos possuem formatos que privilegiam

determinadas faixas de rotaccedilatildeo ou comportamento do motor com relaccedilatildeo a

torque Os chamados ldquoSquishrdquo satildeo um formato que impotildeem uma alta velocidade

agrave mistura em direccedilatildeo a vela de igniccedilatildeo e produz melhora no comportamento da

queima (conforme Figura 10)

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

O ldquoSquishrdquo eacute composto por algumas medidas que satildeo

Banda do Squish eacute a largura da faixa onde se concentra o squish e contorna

toda a circunferecircncia do cabeccedilote podendo ser mais larga ou estreita

dependendo do regime de funcionamento do motor

Acircngulo do Squish eacute o acircngulo feito na banda de squish podendo acompanhar

ou natildeo o acircngulo existente na cabeccedila do pistatildeo natildeo eacute usual mas podem existir

cabeccedilotes cujos acircngulos de squish sejam retos assim como a cabeccedila dos

pistotildees nesses motores

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto

33

Folga do Squish essa folga eacute a folga do topo da cabeccedila do pistatildeo quando

em PMS ateacute o ponto fiacutesico mais proacuteximo da banda de squish

Segundo Bell (1999) os cabeccedilotes que contemplam ldquoSquishrdquo vieram a

promover melhorias significantes na performance dos motores dois tempos

Esse tipo de cabeccedilote promove melhor homogeneizaccedilatildeo da mistura

arcombustiacutevel e tambeacutem de qualquer porccedilatildeo de gases de escapamento

residuais presentes na cacircmara Esse formato tambeacutem evita que a propagaccedilatildeo

de chama para as laterais do cilindro promovam o aquecimento do mesmo fator

que pode dar iniacutecio a um ciclo de detonaccedilatildeo que eacute muito prejudicial para o

funcionamento do motor

Fonte httpwwwcmraracingcom

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo

34

Um outro fator que gera uma certa confusatildeo em motores dois tempos eacute a

mediccedilatildeo da taxa de compressatildeo A compressatildeo efetiva do volume do cilindro

ocorre apenas quando os aneacuteis de segmento do pistatildeo passam pela uacuteltima

abertura sentido PMS sendo que a uacuteltima abertura em motores dois tempos satildeo

as janelas de exaustatildeo

O que pode se notar usualmente eacute que fabricantes europeus utilizam a

mesma maneira de se calcular taxa de compressatildeo de motores quatro tempos

em motores de ciclo dois tempos

onde

RC Relaccedilatildeo de Compressatildeo

VC Volume do Cilindro (cmsup3)

VCC Volume da Cacircmara de Combustatildeo (cmsup3)

Enquanto fabricantes japoneses utilizam uma maneira especiacutefica de medir

a taxa compressatildeo para motores dois tempos avaliando o volume total de

compressatildeo efetiva somente apoacutes a passagem dos aneacuteis de segmento pela

janela de escapamento fazendo sua vedaccedilatildeo Nesse caso o volume total do

cilindro natildeo entra na conta o que se utiliza eacute a altura da janela de exaustatildeo como

referecircncia para o volume total a ser comprimido

Pode-se assim calcular o Volume a ser Comprimido

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

onde

VAC Volume a ser comprimido (cmsup3)

120645 Constante

r Raio do cilindro (mm)

h distacircncia percorrida pelo pistatildeo do momento de fechamento da janela

de exaustatildeo ateacute a chegada em PMS (mm)

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

RC = VC+VCC

VCC

1-Caacutelculo da Taxa de

Compressatildeo

2 - Volume a ser comprimido

(fabricantes japoneses)

35

Quando pesquisa-se em fichas teacutecnicas sobre motores dois tempos tais

literaturas podem gerar uma confusatildeo de entendimento pois pode-se entender

que motores europeus utilizam taxa de compressatildeo muito maior que os motores

japoneses e isto natildeo eacute verdade apenas utilizam meacutetodos de mediccedilatildeo diferentes

25 Combustatildeo

O processo de combustatildeo em motores dois tempos eacute muito semelhante ao

dos motores de quatro tempos mas com uma diferenccedila essencial ao

entendimento deste tipo de motores Nos motores de ciclo de quatro tempos

acontece a centelha na vela de igniccedilatildeo a cada 720deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore

de manivelas enquanto no motor de ciclo dois tempos a centelha ocorre a cada

360deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore de manivelas ou seja a cada subida do pistatildeo

sentido PMS ocorre uma combustatildeo

Segundo Najafabadi Aziz Adams e Leman (2013) existem alguns efeitos

gerados no processo de combustatildeo advindos do ciclo anterior devido a gases

residuais que se mantiveram na cacircmara de combustatildeo Este fenocircmeno afeta a

combustatildeo podendo ocorrer avanccedilo ou atraso do tempo de igniccedilatildeo devido a

temperatura desses gases Ainda a pressatildeo no interior do cilindro que veio do

ciclo anterior afeta o fluxo de transiccedilatildeo do motor podendo a quantidade de gases

residuais ser diferente (conforme Graacutefico 2)

Fonte Najafabadi et al 2013

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos com rotaccedilatildeo em 6000 RPM

36

251 Igniccedilatildeo

Este mecanismo eacute importante para que o processo de combustatildeo seja

equilibrado bem executado e responda com um bom funcionamento do motor

Existem diversos sistemas de igniccedilatildeo disponiacuteveis para motores dois tempos

desde os mais simplificados (conforme Figura 12) ateacute sistemas programaacuteveis

onde pode-se determinar a curva de avanccedilo desejada por meio de programaccedilatildeo

do dispositivo via software (conforme Figura 13) poreacutem para entendimento do

funcionamento o esquema eleacutetrico do sistema de igniccedilatildeo por platinado possui

faacutecil entendimento este sistema foi utilizado por muitos anos e o uacutenico motivo de

cair em desuso era a necessidade de regulagem constante devido ao desgaste

mecacircnico do contato eleacutetrico

Fonte Bell 1999

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio de platinado

37

Fonte httpwwwpvl-zuendungende

26 Exaustatildeo

Este eacute com certeza o processo mais importante dentre todos os processos no

motor dois tempos a janela de exaustatildeo eacute a aacuterea do motor que se sofrer uma

alteraccedilatildeo de alguns deacutecimos de miliacutemetros pode mudar completamente o

comportamento do motor

Como jaacute discorremos os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como os

motores quatro tempos pelo menos natildeo nos mesmos moldes ou entatildeo vaacutelvulas

que vedem completamente a passagem dos gases Em um motor de quatro

tempos o comando de vaacutelvulas determina qual eacute momento de abertura das

vaacutelvulas a ordem o levante etc No motor dois tempos essa funccedilatildeo de duraccedilatildeo

da admissatildeo e exaustatildeo eacute composta pela diagramaccedilatildeo das janelas do cilindro

(conforme Figura 14) e satildeo fixas natildeo existe um comando de vaacutelvulas rotativo

ou qualquer dispositivo semelhante dentre essa diagramaccedilatildeo a duraccedilatildeo mais

importante e que determina o desempenho do motor e como ele se comportaraacute

eacute a da janela de exaustatildeo

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts

38

Segundo Bell (1999) o processo de modificaccedilatildeo da janela de exaustatildeo eacute talvez

um dos mais criacuteticos dentro dos motores dois tempos (conforme Figuras 14 e

15) pocircde-se notar que as diagramaccedilotildees possuem desenhos diferentes de

janelas de exaustatildeo o primeiro modelo da Yamaha TZ250 (conforme Figura 14)

eacute de janela uacutenica pois a dimensotildees que foram determinadas para o tamanho e

duraccedilatildeo da janela dado o diacircmetro do cilindro permitiram que isso fosse feito Jaacute

no segundo diagrama da Suzuki PE175 podemos notar que a janela de exaustatildeo

eacute bi partida (conforme Figura 15) isso acontece por que por projeto foi

determinado um tamanho de janela de exaustatildeo demasiadamente grande para

o diacircmetro desse cilindro natildeo eacute regra mas usualmente a largura de uma janela

de exaustatildeo pode ter no maacuteximo 70 do diacircmetro do cilindro isso acontece para

que os aneacuteis de segmento natildeo tendam a entrar no duto de exaustatildeo quando por

laacute passarem por isso a soluccedilatildeo adotada na Suzuki PE175 de adicionar mais

uma divisatildeo na janela permite ter uma janela de exaustatildeo mais larga sem

comprometer a durabilidade do motor

Por ser uma medida fiacutesica e determinante para o funcionamento do motor dois

tempos a janela de exaustatildeo sempre foi um ponto criacutetico no projeto desses

motores pois se o projeto determinava uma medida para a janela de exaustatildeo a

performance do motor era inerente a esta medida Motores que foram

desenvolvidos ateacute o final da deacutecada de 1970 natildeo conseguiam melhorar suas

caracteriacutesticas em todas as faixas de funcionamento Por exemplo se o projeto

da janela de exaustatildeo era feito para funcionar bem em baixas rotaccedilotildees isso

caracterizava aquele motor e nada podia ser feito para ser melhorado sem que

isso comprometesse outras faixas de rotaccedilatildeo

Motocicletas e karts de competiccedilatildeo que eram projetados para funcionar bem

em altas rotaccedilotildees tinham todo o torque em baixa muito comprometido se vermos

corridas de motocicletas da deacutecada de 1970 e iniacutecio dos anos de 1980 podemos

ver pilotos que largavam praticamente empurrando a motocicleta ateacute que ela

embalasse e chegasse a uma rotaccedilatildeo onde o motor pudesse andar sozinho

39

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida

40

No iniacutecio dos anos de 1980 a Yamaha criou uma soluccedilatildeo para melhorar o

desempenho dos motores dois tempos em todas as faixas de rotaccedilatildeo eacute um

sistema com uma vaacutelvula mecacircnica que variava as dimensotildees da janela de

exaustatildeo durante o funcionamento do motor esse sistema eacute chamado YPVS

(Yamaha Power Valve System) (conforme Figura 16) foi um sistema que permitiu

a Yamaha ganhar diversas competiccedilotildees on e off road ateacute que seus concorrentes

pudessem desenvolver sistemas semelhantes

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Inicialmente esse sistema era totalmente mecacircnico e era tocado por uma

bomba centriacutefuga ligada ao eixo arvore do motor posteriormente em

motocicletas de rua foi adotado o mesmo princiacutepio poreacutem foi utilizado um sistema

eletrocircnico com um servo motor Outros fabricantes desenvolveram sistemas

semelhantes ao longo do tempo e adotaram as mais diversas soluccedilotildees Um outro

sistema bastante popular foi o sistema pneumaacutetico (conforme Figura 17) que

era composto por uma vaacutelvula do tipo guilhotina e uma membrana na janela de

exaustatildeo a vaacutelvula se mantinha fechada em baixas rotaccedilotildees melhorando o

torque naquele momento e a membrana era calibrada para que em um certo

momento quando certa quantidade de gases de escape estivessem sendo

produzidos a membrana empurrava a vaacutelvula para traacutes aumentando as

dimensotildees da janela de exaustatildeo melhorando o torque em altas rotaccedilotildees

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System

41

Fonte httpwww bikemanperformancecom

261 Escapamento

Ainda na fase de exaustatildeo o escapamento eacute o acessoacuterio mais importante

para o bom funcionamento dos motores dois tempos e necessita cuidados

especiais em seu desenvolvimento Eacute intriacutenseco do funcionamento e da forma

construtiva do motor dois tempos o fato de que ele acaba por jogar mistura

fresca para o escapamento e isso causa perda de performance Assim o

escapamento promove ondas de ressonacircncia que causam o retorno de parte

dessa mistura fresca novamente para dentro do cilindro

Este sistema determina muito das caracteriacutesticas importantes de

funcionamento desse tipo de motor Satildeo peccedilas complexas de serem construiacutedas

e produzem um som caracteriacutesticos de ldquoring-dingrdquo a este tipo de motor

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos

42

Para um bom projeto de escapamento satildeo necessaacuterios diversos caacutelculos

para que se obtenha as dimensotildees ideais Posteriormente outro desafio eacute aplicar

as dimensotildees calculadas ao projeto do veiacuteculo o que produz verdadeiras

esculturas mecacircnicas (conforme Figura 18)

Caacutelculo para determinaccedilatildeo do comprimento ideal do escapamento

Onde

LE = Comprimento do escapamento (mm)

DE = Duraccedilatildeo da janela de exaustatildeo em graus (deg)

RPM = Rotaccedilatildeo para melhor funcionamento do motor (1min)

42545 = Constante que leva em conta que a onda socircnica sempre viaja na

velocidade do som no ar

Fonte Bell 1999

O trecho do escapamento que sai do cilindro do motor eacute chamado em inglecircs

ldquoHeaderrdquo esse trecho usualmente eacute cocircnico e utiliza acircngulos entre 115deg e 15deg

Entretanto ao longo da histoacuteria os fabricantes testaram acircngulos variando entre

08deg ateacute 23deg de conicidade para determinadas aplicaccedilotildees

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos

LE = DE x 42545

RPM

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento

43

As dimensotildees do Header podem ser determinadas da seguinte maneira Para

o comprimento pode-se utilizar o fator de multiplicaccedilatildeo (conforme Quadro 2)

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para o ldquoHeaderrdquo

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 85 ndash 95 10 -11

100 ndash 125 78 ndash 85 78 ndash 85

175 ndash 250 73 ndash 83 9 -10

350 - 500 73 ndash 83 85 ndash 95

Fonte Bell 1999

Jaacute com o fator de correccedilatildeo apropriado multiplicamos esse valor pelo diacircmetro

da janela de exaustatildeo e esse eacute o comprimento ideal do Header

O diacircmetro maior do Header pode ser calculado pela seguinte expressatildeo

Onde

D2 = eacute o diacircmetro maior do Header para uniatildeo com o Difusor (mm)

CH = eacute o Comprimento do Header (mm)

D1 = eacute o diacircmetro inicial do Header determinado pelo diacircmetro da janela de

exaustatildeo (mm)

Cotg H = eacute a cotangente do acircngulo do Header usualmente entre 115 e 15deg

O segundo trecho do escapamento chamado Difusor pode ser calculado da

seguinte maneira O diacircmetro inicial eacute o mesmo diacircmetro D2 do Header o

comprimento do Difusor eacute usualmente calculado utilizando 25 vezes o diacircmetro

da janela de exaustatildeo poreacutem pode-se usar de 22 a 29 vezes o diacircmetro da

janela de exaustatildeo dependendo do projeto tendo em mente que quanto menor

o comprimento melhor o rendimento em altas rotaccedilotildees e quanto maior o

comprimento melhor as respostas do motor em baixas rotaccedilotildees Ao final o que

D2 = CH x 2 + D1

cotg H

4 ndash Dimensotildees do Escapamento Header

44

iraacute determinar o comprimento eacute a proposta do motor O acircngulo de conicidade do

Difusor varia normalmente entre 3deg e 7deg com diferentes reaccedilotildees ao rendimento

do motor (conforme Quadro 3) modificando a duraccedilatildeo e os efeitos da onda de

ressonacircncia (conforme Graacutefico 3)

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 65 a 7deg 3 a 35deg

100 ndash 125 65 a 75deg 4 a 48deg

175 65 a 75deg 35 a 45deg

250 7 a 75deg 4 a 45deg

350 ndash 500 4 a 5deg

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de retorno

45

O segundo diacircmetro o diacircmetro maior do Difusor pode ser calculado

utilizando a seguinte expressatildeo

Onde

CD = Comprimento do Difusor D3 = Diacircmetro maior do Difusor D2 = Diacircmetro menor do Difusor cotg D = Cotangente do acircngulo de conicidade que foi determinado para o Difusor

Existe uma seccedilatildeo paralela que liga o diacircmetro maior do difusor ao uacuteltimo

cone esse trecho eacute popularmente chamado de Bojo (conforme Figura 18) poreacutem

natildeo se pode calcular o comprimento dela sem antes calcular as dimensotildees do

cone final que eacute chamado de ldquoBafflerdquo ou defletor (conforme Quadro 4) Essa

seccedilatildeo por sua vez determina a duraccedilatildeo e a intensidade das ondas de

ressonacircncia que iraacute manter o cilindro cheio de maneira eficiente Segundo Bell

(1999) um defletor com um cone curto e acircngulo muito abrupto iraacute permitir um

ganho de potecircncia maacutexima ao custo de sacrificar as baixas e meacutedias rotaccedilotildees

(conforme Graacutefico 4)

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 -80 105 a 12deg 85 a 95deg

100 105 a 12deg 9 a 10deg

125 95 a 12deg 85 a 10deg

175 10 a 12deg 8 a 10deg

250 10 a 12deg 75 a 10deg

350 - 500 9 a 11deg

Fonte Bell 1999

CD = D3 ndash D2 x cotg D

2

5 ndash Dimensotildees do Escapamento Difusor

46

Fonte Bell 1999

Para se calcular o comprimento do cone utilizamos a expressatildeo

CTD = (D32) x Cotg D

Onde

CTD Comprimento total do cone do defletor

D3 Diacircmetro maior do defletor ou seja o mesmo diacircmetro que o diacircmetro maior

do difusor

cotg D Cotangente do acircngulo escolhido para o defletor

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor

47

Agora com todos esses valores calculados podemos calcular o

comprimento da parte central do escapamento o chamado bojo Para isso

utilizamos a seguinte expressatildeo

Onde

CB Comprimento do Bojo

L Comprimento total do escapamento ateacute o meio da seccedilatildeo do defletor

CH Comprimento do Header

CD Comprimento do Difusor

CDE Comprimento total do Defletor

Por fim ainda necessitamos saber as dimensotildees do ldquoStingerrdquo ou ponteira

que segundo Graham Bell apoacutes vaacuterias experimentaccedilotildees chegou a alguns

valores que resultaram em boas respostas do motor (conforme Quadro 5)

Quadro 5 - Comprimento da ponteira

Volume do cilindro (cmsup3) Comprimento (mm) Diacircmetro Interno (mm)

50 - 80 205 ndash 230 17 -19

100 230 ndash 250 19 - 21

125 265 ndash 290 22 -24

175 270 - 295 25 ndash 27

250 280 ndash 305 26 ndash 28

350 -500 285 - 310 27 ndash 29

Fonte Bell 1999

CB = L ndash (CH+CD+(CDE2)) 7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo

48

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna

Em seu funcionamento os motores de combustatildeo interna

independentemente do tipo de ciclo necessitam de um gerenciamento da

admissatildeo de uma mistura carburante para o interior dos cilindros para que possa

haver a combustatildeo da mesma Anteriormente essa admissatildeo se dava por um

processo puramente mecacircnico com a utilizaccedilatildeo de carburadores que eram

sistemas mecacircnicos sofisticados que proporcionavam a atomizaccedilatildeo do

combustiacutevel com o ar atmosfeacuterico para a formaccedilatildeo da mistura carburante

(conforme Figura 19)

Fonte httpwwwthunderproductscom

Poreacutem este sistema possuiacutea algumas deficiecircncias pois necessitava de

constante regulagem e qualquer mudanccedila de condiccedilatildeo climaacutetica de temperatura

pressatildeo ou umidade fazia com que o carburador saiacutesse de sua faixa de trabalho

gerando um mal funcionamento do motor e por vezes ateacute mesmo sua quebra

Parte muito importante tambeacutem do funcionamento dos motores de

combustatildeo interna satildeo os sistemas de igniccedilatildeo que anteriormente eram sistema

independentes do sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel poreacutem atualmente

pertencem ao mesmo pacote de gerenciamento do motor Estes sistemas de

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante

49

igniccedilatildeo eram normalmente sistemas eletromecacircnicos podendo ser sistemas

simples com ponto de igniccedilatildeo fixo ou sistemas mais elaborados com a presenccedila

de circuitos eletrocircnicos para fazer a variaccedilatildeo do ponto de igniccedilatildeo Estes sistemas

possuem alguns componentes baacutesicos

Distribuidor (no caso de haver mais de um cilindro) bobina de igniccedilatildeo

(para gerar alta tensatildeo) cabos de igniccedilatildeo e velas de igniccedilatildeo Este eacute o esquema

mais baacutesico de funcionamento dos sistemas de igniccedilatildeo podendo haver

variaccedilotildees eleacutetricas mecacircnicas e em alguns casos eletrocircnicas (conforme Figura

20)

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom

Atualmente os sistemas mais modernos de gerenciamento de motores de

combustatildeo interna satildeo quase que puramente eletrocircnicos e contemplam os dois

mundos alimentaccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo em um uacutenico sistema (conforme

Figura 21) Todo o gerenciamento eacute feito com base em leitura de sensores uma

calibraccedilatildeo que prevecirc diversas situaccedilatildeo de uso do motor e atuadores que fazem

o processo fiacutesico de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel do motor Estes satildeo sistemas

complexos que se baseiam na condiccedilatildeo imediata de diversos fatores que satildeo

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo

50

interpretados por sensores como por exemplo pressatildeo atmosfeacuterica

temperatura do motor massa de ar admitida etc Estas leituras feitas pelos

sensores satildeo recebidas por um circuito eletrocircnico que conteacutem um processador

onde essas informaccedilotildees satildeo recebidas e com base em dados armazenados em

sua memoacuteria para cada condiccedilatildeo ter-se atuaccedilatildeo eletrocircnica onde eacute feita a injeccedilatildeo

de combustiacutevel pelos injetores e o disparo da centelha de igniccedilatildeo para que haja

a combustatildeo

Fonte httpswwwflaviolucasmmblogspotcom

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus perifeacutericos

51

3 Detalhamento do Projeto

Os capiacutetulos anteriores serviram para o embasamento teacutecnico para que

fosse possiacutevel uma melhor compreensatildeo do que se trata o projeto a ser

executado neste trabalho de conclusatildeo de curso Neste ponto iremos tratar

especificamente do projeto de adaptaccedilatildeo de um sistema completo de injeccedilatildeo

eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos Yamaha de 135cmsup3 proveniente

de uma motocicleta Yamaha RD 135 (Conforme Figura 22) e todos os

componentes utilizados para tornar esta adaptaccedilatildeo possiacutevel

Fonte httpsmotos-motorcombr

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135

52

31 Dados do Motor

O motor utilizado neste projeto eacute proveniente de uma motocicleta Yamaha

Rd 135cmsup3 que foi fabricado no Brasil de 1988 a 1999 Trata-se de um motor

monociliacutendrico que utiliza o ciclo de trabalho dois tempos refrigerado agrave ar

seguem os dados teacutecnicos

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 58mm x 50mm

Cilindrada 132cmsup3

Taxa de Compressatildeo 682 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Carburador Mikuni VM24 com 24mm de venturi

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo eletrocircnica de descarga capacitiva ou popularmente

CDI (Capacitor Discharge Ignition)

Lubrificaccedilatildeo Oacuteleo dois tempos bombeado atraveacutes de uma bomba chamada

Autolube nos motores Yamaha este oacuteleo eacute proveniente de um reservatoacuterio que

alimenta a bomba que por sua vez transfere o oacuteleo atraveacutes de uma mangueira

diretamente ao coletor de admissatildeo do motor variando a quantidade de oacuteleo de

acordo com a rotaccedilatildeo e abertura do carburador

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Gasolina

Potecircncia 16cv a 9000rpm

Torque 174kgfm a 8500rpm

Para este projeto o motor utilizado jaacute possuiacutea modificaccedilotildees mecacircnicas

para atingir melhores rendimentos que o motor original pois eacute um motor que foi

utilizado em competiccedilotildees de motovelocidade na categoria RD 135 Diversas

peccedilas foram modificadas tais como sistema de alimentaccedilatildeo escapamento

vaacutelvula de palhetas igniccedilatildeo combustiacutevel diagramaccedilatildeo do cilindro e taxa de

compressatildeo O sistema de alimentaccedilatildeo original foi substituiacutedo por um carburador

Mikuni TM 30 (conforme Figura 23) o escapamento foi substituiacutedo por um

escapamento dimensionado construiacutedo artesanalmente o sistema de igniccedilatildeo

53

utilizado foi um Motoplat de ponto fixo (conforme Figura 24) e o combustiacutevel

utilizado foi o etanol que aleacutem de ser o combustiacutevel regulamentado para o

campeonato tambeacutem eacute um combustiacutevel que permite extrair mais potecircncia do

motor pois com esse combustiacutevel eacute possiacutevel fazer modificaccedilotildees mecacircnicas

como taxa de compressatildeo e avanccedilo de igniccedilatildeo que natildeo seriam possiacuteveis

utilizando gasolina como combustiacutevel

Fonte wwwjapanbaikucom

Fonte wwwcustojustopt

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo

54

O motor utilizado como base nesse trabalho natildeo eacute um motor original eacute

um motor de competiccedilatildeo e para haver base para comparaccedilatildeo do antes e depois

do processo de inserccedilatildeo do sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica este motor teve sua

potecircncia medida em dinamocircmetro inercial com sua curva de torque e potecircncia

aquisitadas (conforme Figura 25)

Fonte Autor

O motor utilizado passou por uma revisatildeo geral havendo troca de peccedilas

por se tratar de um motor de competiccedilatildeo foi por diversas vezes levado ao

extremo e com a escolha desse motor para o projeto esta revisatildeo se fez

necessaacuteria As imagens a seguir mostram o processo de desmontagem para

verificaccedilatildeo das condiccedilotildees do motor e posterior montagem (Conforme Figuras

262728293031 e 32)

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia

55

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto

56

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2

Figura 29 - Processo de pintura

57

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada

58

Fonte Autor

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico

Para a escolha do sistema de gerenciamento eletrocircnico foi necessaacuteria

grande pesquisa entre as opccedilotildees disponiacuteveis no mercado nacional e

internacional Os sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica disponiacuteveis originalmente em

motocicletas de fabricaccedilatildeo nacional poderiam ter sido uma opccedilatildeo mas foram

logo descartados pois foram concebidos para trabalhar com motores de ciclo

otto o que natildeo eacute o caso e as maneiras de calibraccedilatildeo desses sistemas originais

se tornariam difiacuteceis de conseguir tornando essa escolha inviaacutevel

A busca foi por um sistema ldquostand-alonerdquo auto suficiente e que permitisse

mudanccedila total nos paracircmetros de calibraccedilatildeo normalmente satildeo sistemas

utilizados em competiccedilotildees de automoacuteveis motocicletas caminhotildees etc

Existem sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica ldquostand-alonerdquo muito sofisticados

de fabricantes renomados mundialmente dentro e fora das pistas de corridas

como Magneti Marelli (conforme Figura 33) e Bosch (conforme Figura 34) em

suas divisotildees motorsport

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta

59

Sistemas desses fabricantes satildeo reconhecidamente confiaacuteveis o problema eacute o

valor de um sistema desses que eacute muito caro e os tornam inviaacuteveis para um

projeto experimental de baixo custo Opccedilotildees nacionais tambeacutem foram cogitadas

como o sistema Fueltech poreacutem ainda possuem um custo alto e suas opccedilotildees de

programaccedilatildeo e flexibilidade do sistema ainda eram limitados para o tipo de ciclo

do motor a ser utilizado

A escolha do sistema apoacutes grande pesquisa foi pelo sistema ldquostand-alonerdquo

Speeduino (conforme Figura 35) um sistema totalmente programaacutevel que utiliza

como microcontrolador um Arduino Mega 2560 esse eacute um sistema do tipo ldquoDIYrdquo

Do It Yourself ou em portuguecircs ldquofaccedila vocecirc mesmordquo Estatildeo disponiacuteveis na

internet os layouts das placas de circuito impresso e o usuaacuterio pode fabricar as

proacuteprias placas ou compraacute-las prontas em determinados sites da internet e sua

lista de componentes para montagem tambeacutem estaacute disponiacutevel na internet e eacute

relativamente faacutecil encontraacute-los O custo de produccedilatildeo de um sistema desse eacute

relativamente baixo comparado com outros sistemas do mesmo segmento e

por utilizar Arduino como controlador sua programaccedilatildeo eacute inteira aberta e pode

ser modificada de acordo com as necessidades do usuaacuterio

Fonte wwwmagnetimarellicom

Fonte wwwellis-componentscouk

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport Figura 34 - ECU Bosch MS 151

60

Fonte Autor

33 Arduino Mega 2560

Arduino eacute uma plataforma para programaccedilatildeo criada na Itaacutelia por Massimo

Banzi David Cuartielles Tom Igoe Gianluca Martino e David Mellis no ano de

2005 para entusiastas e profissionais da programaccedilatildeo e da eletrocircnica

permitindo diversos tipos de projetos para estes seguimentos Trata-se de uma

placa com um microcontrolador Atmel possuindo diversas entradassaiacutedas

analoacutegicas e digitais a quantidade dessas entradas e saiacutedas varia de acordo

com o modelo do Arduino Essas entradassaiacutedas podem ser programadas por

uma interface IDE Arduino via computador utilizando linguagem C

Na praacutetica eacute um microcontrolador programaacutevel como qualquer outro de

outros fabricantes por exemplo PIC (Microchip) ou ARM (Freescale) poreacutem tem

sua utilizaccedilatildeo facilitada por jaacute estar inserido em uma placa que contempla

soquetes para pinagem das entradas e saiacutedas e porta de comunicaccedilatildeo USB

Serial para gravaccedilatildeo da programaccedilatildeo no microcontrolador Diferentemente de

outros microcontroladores que necessitam da confecccedilatildeo de uma placa de

circuito impresso para uso e de um programador serial para gravaccedilatildeo da

programaccedilatildeo (conforme Figura 36)

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino

61

Fonte httpswwwamazoncom

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560

Microcontrolador ATmega 2560 (Atmel)

Tensatildeo de Operaccedilatildeo 5V

Tensatildeo de Alimentaccedilatildeo (recomendado) 7-12V

Tensotildees Limites de Operaccedilatildeo 6-20V

Saiacutedas Digitais IO 54 saiacutedas sendo 15 PWM

Entradas Analoacutegicas 16

Corrente da Saiacutedas IO 20mA

Corrente nos Pinos 33V 50mA

Memoacuteria Flash 256Kb

SRAM 8Kb

EEPROM 4Kb

Frequecircncia do Clock 16Mhz

LED_BUILTIN 13

Comprimento da Placa 10152mm

Largura da Placa 5333mm

Peso da Placa Completa 37g

Altura da Placa 12mm

Editado pelo Autor Fonte httpwwwArduinocom

Figura 36 - Arduino Mega 2560

62

34 Speeduino

O sistema Speeduino foi o sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica escolhido para o

projeto Eacute um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica totalmente programaacutevel criado por

Josh Stuart e utiliza um Arduino Mega 2560 como microcontrolador assim como

outros sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel possibilita a calibraccedilatildeo por

completo do sistema de injeccedilatildeo e igniccedilatildeo Para tal utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio que permite diversas configuraccedilotildees do

sistema de injeccedilatildeo tais como o meacutetodo de calibraccedilatildeo utilizado configuraccedilatildeo dos

mapas de avanccedilo de igniccedilatildeo e tempo de injeccedilatildeo sistema de malha aberta ou

malha fechada etc

O sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica Speeduino eacute um sistema ldquostand-alonerdquo

ou seja trabalha independente de outros sistemas apenas para gerenciar o

motor a combustatildeo interna seja ele de ciclo quatro ou dois tempos Eacute um sistema

difundido pela internet e permite troca de informaccedilotildees entre usuaacuterios que

trabalham em conjunto para desenvolvimento e aperfeiccediloamento do hardware e

do software o layout principal da placa de circuito impresso tambeacutem estaacute

disponiacutevel na internet bem como a lista de componentes necessaacuterios para a

montagem Este sistema requer um miacutenimo de conhecimento de eletrocircnica para

sua construccedilatildeo um miacutenimo de conhecimento em eleacutetricaeletrocircnica automotiva

para a instalaccedilatildeo do sistema no motor e grande conhecimento em programaccedilatildeo

e mecacircnica automobiliacutestica para calibraccedilatildeo do sistema no motor

63

35 Montagem do Sistema Speeduino

A partir do momento onde foi feita a escolha do sistema Speeduino foi

necessaacuterio obter os componentes necessaacuterios para confecccedilatildeo da placa

(conforme Anexo C) O primeiro passo foi a fabricaccedilatildeo da placa de circuito

impresso a partir do layout disponiacutevel (conforme Figura 37)

Fonte wwwSpeeduinocom

Posteriormente foi feita a aquisiccedilatildeo dos componentes necessaacuterios para a

montagem da placa Esses componentes tambeacutem estatildeo disponiacuteveis na internet

em uma planilha eletrocircnica e satildeo encontrados com relativa facilidade no

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino

64

mercado com exceccedilatildeo de determinados componentes cuja importaccedilatildeo foi

necessaacuteria poreacutem com baixo custo (conforme Anexo C)

Com todos os componentes necessaacuterios em matildeos foi executada a montagem

do sistema o que necessita uma certa habilidade pois o projeto possui diversos

componentes tipo SMD (conforme Figura 38)

Fonte Autor

Com a placa jaacute montada (conforme Figura 39) antes da montagem de todo o

chicote eleacutetrico para funcionamento do motor iniciaram-se os testes de

funcionamento do sistema Por ser um sistema montado artesanalmente os

testes pareciam ser o passo mais certo a se seguir

Figura 38 - Inicio da montagem da placa

65

Fonte Autor

Eacute importante mostrar que o sistema Speeduino utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio (conforme Figura 40) eacute um freeware na

versatildeo baacutesica que foi criado para funcionar em conjunto com outro sistema

de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel conhecido como Megasquirt e o mesmo

tambeacutem eacute utilizado na calibraccedilatildeo do sistema Speeduino Mais adiante seratildeo

feitas explicaccedilotildees detalhadas das configuraccedilotildees do software

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada

66

Fonte Autor

Jaacute no primeiro teste este apresentou resultados negativos com a

eletrocircnica natildeo respondendo agraves configuraccedilotildees e nem mostrando leituras de

sensores

A soluccedilatildeo deste problema veio depois de procurar muito e fazer diversas

mediccedilotildees analisando os diagramas eleacutetricos (conforme Anexo A) O

problema estava na placa de circuito impresso a trilha do aterramento

(GND) natildeo havia sido impressa ou seja natildeo havia aterramento em nenhum

ponto do sistema A placa havia sido impressa por um terceiro Ao entrar em

contato com o mesmo ele disse que enviaria outra placa poreacutem para agilizar

o processo e natildeo ter que esperar novamente a chegada de componentes

uma uacutenica opccedilatildeo surgiu devido aos prazos a de refazer o aterramento da

placa de forma externa (conforme Figura 41) sem nenhuma pretensatildeo de

que isso desse certo poreacutem era uma alternativa para que todo o processo

de funcionamento do motor fosse agilizado

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio

67

Fonte Autor

Apoacutes todo o trabalho de refazer as trilhas de aterramento iniciou-se

novamente a fase testes de funcionamento e os resultados foram positivos

O sistema comeccedilou a responder perfeitamente aos testes iniciais

O elemento de maior importacircncia para o funcionamento desse sistema de

gerenciamento eletrocircnico eacute o sensor de rotaccedilatildeo do motor e foi por ele que

se iniciaram os testes Foi adaptada uma roda focircnica a um torno mecacircnico

e tambeacutem o sensor de rotaccedilatildeo do tipo ldquohallrdquo (conforme Figura 42) para

verificar se o conjunto eletrocircnico do sistema estava recebendo os sinais de

rotaccedilatildeo

Figura 41 - Aterramento refeito externamente

68

Fonte Autor

O teste obteve resultados positivos respondendo perfeitamente a rotaccedilatildeo

do torno mecacircnico sendo testado em diversas rotaccedilotildees diferentes com a

interface do software sempre mostrando os valores de rotaccedilatildeo corretos

Entatildeo os testes que se seguiram foram os de atuaccedilatildeo eleacutetrica como injetor

de combustiacutevel e bobina de igniccedilatildeo todos testes feitos a princiacutepio em

bancada (conforme Figura 43)

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico

69

Fonte Autor

Apoacutes todos os testes em bancada partiu-se para a montagem do chicote

eleacutetrico para funcionamento do sistema no motor e tambeacutem a adaptaccedilatildeo

mecacircnica de suportes para sensores e a adaptaccedilatildeo da roda focircnica

(conforme Figura 44)

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada

70

Fonte Autor

A roda focircnica utilizada eacute proveniente de um motor Volkswagen EA-111

(conforme Figura 45) o sensor de rotaccedilatildeo a ser utilizado pelo sistema de

gerenciamento eletrocircnico Speeduino foi o sensor de efeito hall poderia ser

utilizado o sensor de relutacircncia magneacutetica poreacutem seria necessaacuterio a

confecccedilatildeo de uma eletrocircnica para o condicionamento de sinal

transformando-o para sinal de onda quadrada com amplitude de 5V de

tensatildeo Para evitar a confecccedilatildeo de mais uma eletrocircnica sendo um potencial

ponto fraco do sistema optou-se por utilizar um sensor de rotaccedilatildeo de efeito

hall proveniente dos motores Fiat E-torq 18 (conforme Figura 46) fabricado

pela Continental

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica

71

Fonte Autor

Fonte wwwmercadolivrecombr

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v

72

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico

Neste projeto o sistema de sincronismo eletrocircnico possui dois

componentes apenas satildeo eles a roda focircnica e o sensor de rotaccedilatildeo ambos

adaptados ao projeto e advindos de carros

O sistema de sincronismo eletrocircnico consiste em transformar o

sincronismo mecacircnico do motor em sinais de onda quadrada (conforme Figura

47) que possam ser interpretados pelo sistema de gerenciamento eletrocircnico

proporcionando a injeccedilatildeo de combustiacutevel e disparo da centelha no momento

exato que fora previamente calibrado

Fonte Autor

O sistema consiste de uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes ou seja

satildeo 58 dentes e ausecircncia de 2 dentes Foi adaptada uma roda focircnica do motor

Volkswagen EA-111 poreacutem apoacutes alguns problemas de captaccedilatildeo do sinal esta

foi alterada por uma roda focircnica utilizada em motores Volkswagen AP quando

convertidos a injeccedilatildeo eletrocircnica (conforme Figura 48) essa roda mostrou melhor

resoluccedilatildeo do sinal Hall com menos ruiacutedos no sinal

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall

73

Fonte Autor

Apoacutes vaacuterios testes esta foi a combinaccedilatildeo que melhor funcionou no motor

a roda focircnica aliada ao sensor de rotaccedilatildeo permite a sincronizaccedilatildeo mecacircnica do

motor em relaccedilatildeo ao sistema de gerenciamento eletrocircnico do motor A calibraccedilatildeo

eacute feita da seguinte maneira junto ao software de calibraccedilatildeo do sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica eacute dada a referecircncia em graus da posiccedilatildeo fiacutesica da roda focircnica

em relaccedilatildeo ao motor O primeiro passo eacute colocar o motor em PMS e ver onde se

situa a falha dos dois dentes da roda focircnica a partir disso contar quantos dentes

se tem ateacute o dente que coincide com o sensor de rotaccedilatildeo (conforme Figura 49)

Figura 48 - Roda Focircnica

74

Fonte Autor

Como eacute utilizada uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes cada dente

equivale a 6deggraus de resoluccedilatildeo sendo 3deg do bordo de subida e 3deg do bordo de

descida no caso do projeto o sensor coincide com o 37deg dente a partir da falha

e isso equivale a 228deggraus a partir da falha Todo o sincronismo do motor eacute feito

baseado nessa referecircncia sendo este valor colocado como referecircncia no

software de gerenciamento eletrocircnico (conforme Figura 50)

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

75

Fonte Autor

A partir deste momento todo o sincronismo do motor estaacute baseado nestes

dados e quando o motor estiver em PMS o sistema eletrocircnico saberaacute disso pois

o sensor de rotaccedilatildeo estaraacute alinhado com o 37deg dente que eacute a referecircncia para o

sistema

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

76

37 Corpo de Borboleta

O corpo de borboletas utilizado (conforme Figura 51) eacute proveniente das

motocicletas Honda CB300 e XRE300 possui 35mm de venturi e eacute fabricado

pela empresa japonesa Keihin famosa pela fabricaccedilatildeo de carburadores de

motocicletas tambeacutem possui uma unidade de sensores integrados Foi utilizado

por ser um componente de faacutecil aquisiccedilatildeo no mercado brasileiro o que permite

faacutecil manutenccedilatildeo quando necessaacuterio e seu formato fiacutesico permite a utilizaccedilatildeo de

uma grande gama de injetores diferentes quando isso se faz necessaacuterio

Tambeacutem houve uma pequena adaptaccedilatildeo no coletor de admissatildeo que tambeacutem

eacute proveniente das mesmas motocicletas Honda essa adaptaccedilatildeo se deve ao fato

de o motor em questatildeo possuir o sistema de vaacutelvulas de palhetas na admissatildeo

o que natildeo acontece nas motocicletas Honda que possuem motor de quatro

tempos

Fonte Autor

Figura 51 - Corpo de Borboleta

77

38 Unidade de Sensores

A unidade de sensores refere-se a uma unidade composta por trecircs

sensores que jaacute estaacute acoplada ao corpo de borboletas Keihin e contempla os

sensores

MAP ndash Manifold Absolute Pressure (Pressatildeo Absoluta no Coletor)

IAT ndash Intake Air Tempeture (Temperatura do Ar Admitido)

TPS ndash Throttle Position Sensor (Sensor de Posiccedilatildeo do Acelerador)

Destes sensores natildeo foi utilizado apenas o sensor Map pois a unidade

de gerenciamento eletrocircnico jaacute possui um sensor Map integrado que foi utilizado

Estes sensores puderam ser configurados para utilizaccedilatildeo com o sistema

de gerenciamento eletrocircnico sem o menor problema

381 Sensor TPS

Este sensor se refere ao sensor que envia a informaccedilatildeo de posiccedilatildeo da

borboleta para o sistema de gerenciamento eletrocircnico Nada mais eacute do que um

potenciocircmetro que varia a resistecircncia ocirchmica ao se variar a posiccedilatildeo do

acelerador

Sua calibraccedilatildeo eacute feita em tempo real com a unidade de gerenciamento

eletrocircnico (conforme Figura 52) onde se informa a posiccedilatildeo do acelerador

totalmente fechado e totalmente aberto o sistema de gerenciamento jaacute adquire

o valor de resistecircncia ocirchmica e faz os caacutelculos para os valores intermediaacuterios e

a interpretaccedilatildeo das posiccedilotildees

78

Fonte Autor

382 Sensor IAT

Este sensor eacute responsaacutevel por aquisitar a temperatura do ar que estaacute

sendo admitido ou seja que estaacute momentaneamente passando pelo corpo de

borboletas Este assim como o sensor de posiccedilatildeo da borboleta e tambeacutem o

sensor de pressatildeo absoluta no coletor eacute utilizado para o caacutelculo da massa de ar

que estaacute sendo admitida pelo motor Este sensor eacute calibrado a partir dos valores

de resistecircncia ocirchmica cujos valores satildeo inseridos no software de calibraccedilatildeo da

unidade de gerenciamento eletrocircnico esses valores natildeo satildeo facilmente

adquiridos pois o fabricante da unidade de sensores natildeo os disponibiliza poreacutem

outro fabricante de sensores a MTE-Thompson fabrica esse mesmo modelo de

unidade de sensores para reposiccedilatildeo do original e entrando em contato com o

departamento teacutecnico eles passam os valores de funcionamento do sensor e

esses valores foram os utilizados para calibraccedilatildeo do sensor de temperatura do

ar admitido (conforme Figura 53)

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS

79

Fonte Autor

383 Sensor MAP

Sensores MAP satildeo utilizados para determinar a pressatildeo do ar admitido

que passa pelo coletor de admissatildeo satildeo muito usados nos sistemas atuais de

gerenciamento eletrocircnico de motores de combustatildeo interna Este tipo de

sensores trabalha utilizando o princiacutepio de strain gage onde haacute a deformaccedilatildeo do

material metaacutelico variando tambeacutem sua resistividade (conforme Figura 54)

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT

80

Fonte Nota de aula ndash Prof Adriano Ribolla (Sist De Gerenc Eletrocircnico 2018)

A funccedilatildeo de variaccedilatildeo da resistecircncia ou fator Gauge pode ser dada pela

expressatildeo

Onde

R resistecircncia (Ω)

ρ constante do material

L comprimento do fio (m)

A secccedilatildeo transversal do fio (msup2)

O sistema de gerenciamento eletrocircnico Speeduino jaacute possuiacute em sua

montagem um sensor MAP interno na sua montagem e mesmo que na

unidade de sensores Keihin utilizada jaacute possuiacutesse um sensor MAP foi

escolhido utilizar o sensor existente na eletrocircnica da unidade de

gerenciamento eletrocircnico apenas pela facilidade de calibraccedilatildeo (conforme

Figura 55)

R= ρ LA

8 - Caacutelculo do Fator Gauge

Figura 54 - Princiacutepio strain gage

81

Fonte Autor

O sensor MAP existente no sistema de gerenciamento eletrocircnico eacute do

fabricante NXPFreescale modelo MPX 4250AP (conforme Anexo B) com um

range de leitura pressatildeo de 20 a 250 kPa

Apoacutes o funcionamento do motor e leitura do sensor foi possiacutevel notar que nos

motores de ciclo dois tempos justamente pelo seu tipo de ciclo e forma

construtiva natildeo seria possiacutevel fazer a calibraccedilatildeo dos mapas de funcionamento

do motor levando-se em conta a leitura de pressatildeo no coletor pois a depressatildeo

no coletor deste tipo de motor eacute muito baixa variando muito pouco Poreacutem este

fato jaacute era de se esperar mas a inserccedilatildeo deste sensor natildeo foi em vatildeo Ela jaacute foi

feita com o objetivo de futuros trabalhos sobre este tipo de sensor em motores

dois tempos para obtenccedilatildeo de valores palpaacuteveis de pressatildeo que possam ser

levados em conta na calibraccedilatildeo do motor

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP

82

39 Sistema de Igniccedilatildeo

O sistema de igniccedilatildeo deve ser compatiacutevel com o sistema de

gerenciamento eletrocircnico utilizado que foi o Speeduino Para isso o sistema de

igniccedilatildeo original do motor foi substituiacutedo por uma bobina utilizada em motores da

linha VW (conforme Figura 56) bobinas essas com moacutedulo de igniccedilatildeo integrado

e para evitar interferecircncias com o sensor de rotaccedilatildeo ou demais eletrocircnicas do

hardware de gerenciamento foi utilizado cabo vela resistivo do veiacuteculo Fiat Tipo

ie (Conforme Figura 57) as velas originais da motocicleta jaacute eram do tipo

resistiva A bobina poderia ter sido utilizada qualquer uma com moacutedulo de igniccedilatildeo

integrado e o cabo de vela tambeacutem poderia ser qualquer um do tipo resistivo

poreacutem estes foram escolhidos apenas por se integrarem melhor fisicamente ao

projeto

Fonte wwwmercadolivrecombr Fonte wwwacnpecascombr

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo

83

4 Calibraccedilatildeo do Motor

Atualmente a calibraccedilatildeo de motores de combustatildeo interna tem tido como

objetivo principal melhorar autonomia com relaccedilatildeo a consumo de combustiacutevel e

diminuiccedilatildeo das emissotildees de poluentes muito em funccedilatildeo de legislaccedilotildees mais

riacutegidas e restritivas Novas teacutecnicas construtivas de motores e implementaccedilotildees

de novas teacutecnicas de calibraccedilatildeo tem sido utilizadas como downsizing turbo-

compressores injeccedilatildeo direta de combustiacutevel para sistemas ldquoflex-fuelrdquo ou ateacute

mesmo sistemas mistos utilizando injeccedilatildeo direta e indireta de combustiacutevel em

um mesmo motor Estes meacutetodos elevaram o niacutevel tecnoloacutegico dos motores de

combustatildeo interna extraindo grande potecircncia diminuindo massa de motores

poreacutem com a necessidade de muita eletrocircnica embarcada

Um dos intuitos deste trabalho eacute a inserccedilatildeo de um sistema de

gerenciamento eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos a princiacutepio de

maneira experimental apenas para obter preacutevias de sua viabilidade

construtivamente e dar a motores que utilizam este tipo de ciclo a oportunidade

de ressurgirem ou natildeo no mercado com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias e

eletrocircnica embarcada ou mesmo proporcionar uma longevidade de seu uso em

competiccedilotildees

Para a calibraccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico que foi

escolhido o sistema Speeduino utilizamos o software de calibraccedilatildeo Tuner

Studio o qual jaacute foi previamente apresentado Seratildeo mostrados a seguir os

passos e direccedilotildees tomadas no que diz respeito a calibraccedilatildeo deste motor de ciclo

dois tempos em questatildeo

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais

Inicialmente eacute necessaacuterio a introduccedilatildeo de alguns dados pertinentes ao

motor e a estrateacutegia de funcionamento do mesmo para tal utilizamos a tela

ldquoEngine Constantsrdquo ou constantes do motor no software Tuner Studio Em

seguida detalhamos os dados de acordo com as caracteriacutesticas do motor que foi

escolhido para o trabalho (conforme Figura 58)

84

Fonte Autor

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor

85

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel

A tabela de injeccedilatildeo de combustiacutevel eacute baseada no meacutetodo VE ldquoVolumetric

Efficiencyrdquo ou eficiecircncia volumeacutetrica neste sistema utiliza-se o item ldquoCalculated

Required Fuelrdquo ou caacutelculo de combustiacutevel necessaacuterio (Conforme Figura 58) o

valor disponibilizado neste item representa o tempo necessaacuterio de injeccedilatildeo de

combustiacutevel baseado em 100 da eficiecircncia volumeacutetrica do motor e

posteriormente desenvolve-se a tabela VE de acordo com as necessidades do

motor (conforme Figura 59) em funccedilatildeo de rotaccedilatildeo do motor e posiccedilatildeo da

borboleta podendo ou natildeo estes valores serem multiplicados pelo valor de

pressatildeo do sensor MAP poreacutem no caso deste trabalho natildeo se utilizou o a

multiplicaccedilatildeo pelo sensor pois este dado se mostrou insatisfatoacuterio para motores

de ciclo dois tempos que geram pouca ou nenhuma depressatildeo no coletor de

admissatildeo

FonteAutor

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE

86

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo

A tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo permite determinar o momento em que seraacute

disparada a centelha pela vela de igniccedilatildeo permitindo a queima da mistura

arcombustiacutevel Os valores inseridos na tabela satildeo valores que representam o

acircngulo em graus antes do ponto morto superior do motor PMS (conforme Figura

60) em que seraacute disparada a centelha esta deve ser disparada alguns graus

antes do PMS pois a queima da mistura deve ser aproveitada ao maacuteximo e para

que isso aconteccedila deve se adotar um ponto de igniccedilatildeo de forma que a frente de

chama tenha tempo suficiente para queimar dentro do cilindro caso contraacuterio a

queima se torna ineficiente e acaba por desperdiccedilar combustiacutevel que acaba

sendo jogado para o escapamento sem que este seja queimado

Os valores de avanccedilo em graus inseridos nesta tabela tambeacutem tecircm seu

funcionamento em funccedilatildeo dos eixos de posiccedilatildeo da borboleta do acelerador e

rotaccedilatildeo do motor

Fonte Autor

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo

87

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada

Usualmente em uma grande montadora ou grande equipe de corridas

essas tabelas seriam desenvolvidas em um laboratoacuterio de desenvolvimento de

motores com diversos equipamentos para controle e aquisiccedilatildeo de dados Poreacutem

por se tratar de um trabalho acadecircmico e de baixo custo natildeo houve a

possibilidade de utilizaccedilatildeo de ferramentas desta espeacutecie desta maneira a tabela

foi toda desenvolvida experimentalmente atraveacutes de horas observando

deficiecircncias e comportamentos do funcionamento do motor

5 Dados do Motor (Modificado)

Tendo em vista que este motor eacute proveniente de uma motocicleta de

competiccedilatildeo as caracteriacutesticas originais dele foram modificadas e a motocicleta

utilizada no projeto tambeacutem (conforme Figura 61) Seguem os dados teacutecnicos

com a modificaccedilotildees do motor

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 59mm x 50mm

Cilindrada 1367cmsup3

Taxa de Compressatildeo 145 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Injeccedilatildeo eletrocircnica com corpo de borboletas de 35mm

de diacircmetro e injetor de combustiacutevel Keihin Flex

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo gerenciada a partir da ECU com o uso de Bobina

Bosch utilizada em motores Volkswagen AP ndash MI

Lubrificaccedilatildeo Premix na proporccedilatildeo de 35ml por litro de etanol

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Etanol

Potecircncia 245cv a 9400rpm

Torque 190kgfm a 9000rpm

88

Fonte Autor

6 Resultados

Os resultados obtidos neste trabalho foram deveras satisfatoacuterios

mostrando que eacute possiacutevel o funcionamento de um motor de ciclo dois tempos

utilizando como meacutetodo de injeccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo um sistema de

gerenciamento eletrocircnico moderno Abordagem essa que seria impensaacutevel anos

atraacutes hoje se tornou uma realidade talvez abrindo novos horizontes para o futuro

de motores que utilizem ciclo dois tempos talvez natildeo comercialmente mas ainda

que para seu uso em competiccedilotildees possa ser extraiacutedo o maacuteximo de rendimento

possiacutevel

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees

89

7 Conclusatildeo

Seguramente o desenvolvimento de uma metodologia soacutelida no

desenvolvimento de sistemas de gerenciamento eletrocircnico e calibraccedilatildeo voltadas

para motores de ciclo dois tempos natildeo seraacute uma tarefa faacutecil existe uma longa

estrada a se percorrer para se chegar ao mesmo niacutevel de desenvolvimento

existente destes sistemas para motores de ciclo quatro tempos ou mesmo diesel

Contudo o projeto se mostrou viaacutevel e mesmo que natildeo tenha havido

possibilidade de testes em dinamocircmetro o comportamento do motor mostrou-se

estaacutevel com o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica Possivelmente houve ganhos de

desempenho e esses testes podem ser executados como tarefa futura no intuito

de comprovar possiacuteveis resultados favoraacuteveis

Cabe aos futuros projetos novas soluccedilotildees e abordagens que podem ser

pensadas especificamente para o motor de ciclo dois tempos pois mesmo que

sua fabricaccedilatildeo seja descontinuada para veiacuteculos comerciais sua fabricaccedilatildeo para

suprir necessidades de veiacuteculos de competiccedilatildeo ainda pode prosseguir por anos

e o uso de tecnologia moderna nesses motores pode vir a extrair niacuteveis de

potecircncia e torque antes natildeo atingidos com a utilizaccedilatildeo de igniccedilotildees de ponto fixo

e carburadores Tambeacutem pode alterar caracteriacutesticas de desempenho do motor

como a falta de torque em baixas rotaccedilotildees

Neste projeto o motor original utilizado natildeo foi fabricado para comportar

uma injeccedilatildeo eletrocircnica por isso houve muitos esforccedilos nas adaptaccedilotildees para que

o funcionamento deste motor com esta tecnologia fosse possiacutevel Poreacutem se

pensarmos em uma produccedilatildeo fabril para motores dois tempos projetados para

que utilizem injeccedilatildeo eletrocircnica originalmente isso torna o processo todo muito

mais viaacutevel do ponto de vista comercial aleacutem de implementar uma tecnologia

que tiraria os motores de ciclo dois tempos da aposentadoria podendo ateacute se

pensar em niacuteveis de emissotildees poluentes melhores mesmo que seu uso seja

exclusivo apenas em competiccedilotildees De toda forma um passo foi dado com a

realizaccedilatildeo deste projeto e o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica se mostrou ser uma

tecnologia segura e confiaacutevel para a utilizaccedilatildeo em motores de ciclo dois tempos

90

8 Propostas Futuras

Vaacuterios passos podem ser dados como propostas futuras mas pensando

no alto iacutendice de poluiccedilatildeo gerado por este tipo de motor pode se pensar em um

controle eletrocircnico da injeccedilatildeo de oacuteleo dois tempos para lubrificaccedilatildeo podendo-se

desenvolver algum meacutetodo de verificaccedilatildeo da necessidade de lubrificaccedilatildeo do

motor fazendo injeccedilatildeo de oacuteleo controlada por quantidade e por demanda

Tambeacutem pode-se pensar na utilizaccedilatildeo de catalisadores no escapamento para

diminuiccedilatildeo das emissotildees de gases poluentes o que com certeza deveraacute ser

estudado e caberaacute diversos testes e experimentaccedilotildees de materiais poreacutem

podendo obter resultados positivos

No sistema de injeccedilatildeo de combustiacutevel utilizado neste trabalho foi usado

o meacutetodo de injeccedilatildeo indireta de baixa pressatildeo utilizando uma pressatildeo na linha

de combustiacutevel na ordem de 3bar Futuramente pode-se fazer testes e anaacutelises

a respeito do uso da injeccedilatildeo indireta de combustiacutevel neste tipo de motor em

busca de quais seriam seus benefiacutecios Ainda sobre a injeccedilatildeo de combustiacutevel

uma anaacutelise que deve ser feita eacute em relaccedilatildeo a modificaccedilatildeo da posiccedilatildeo do injetor

de combustiacutevel que atualmente se situa no coletor de admissatildeo este pode ser

montado em alguma posiccedilatildeo estrateacutegica como no caacuterter do motor diretamente

ou em alguma das janelas por exemplo nas janelas de transferecircncia devendo-

se analisar os ganhos e perdas dessa montagem

Um sistema que foi utilizado neste trabalho poreacutem trouxe pouco benefiacutecio

foi o uso do sensor MAP Devido agrave baixa depressatildeo no coletor de admissatildeo

gerada por motores dois tempos uma soluccedilatildeo seria a aquisiccedilatildeo de dados com

alguns sensores de pressatildeo instalados em determinados pontos do motor como

no caacuterter admissatildeo e janelas de transferecircncia Isto para se analisar pontos de

baixa e alta pressatildeo durante os ciclos do motor podendo ser criado um algoritmo

que calcule uma meacutedia de pressatildeo mais palpaacutevel que possa ser levada em conta

na calibraccedilatildeo da injeccedilatildeo de combustiacutevel

91

9 Referecircncias Bibliograacuteficas

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Malaacutesia 2013

Nunney Malcolm J Light and Heavy Vehicle Technology 2 Ed EUA

Newnes 1992 166 p

Tillmann Carlos Antonio da Costa Motores de Combustatildeo Pelotas - RS

Rede eTec Brasil 2013

Vieilledent Edmond Low Pressure Electronic Fuel Injection System for

Two-Stroke Engines SAE Paper 780767 EUA 1978

92

10 Referecircncia Figuras

Figura 1

Fonte httpsimageshutterstockcomimage-vectorsystem-twostroke-engines-

vectortwostroke-engine-600w-524929192jpg acessado em 26052019 agraves

1922

Figura 2

Fonte

httpwwwrichstaylordportingcomimagephoto_Modern2strokePorting_3jpg

acessado em 26052019 agraves 1924

Figura 3

Fonte httpsiebayimgcomimagesg~TsAAOSw~1FUVYxas-l1600jpg

acessado em 26052019 agraves 1927

Figura 4

Fonte httpswwwamazonesBoyesen-varillas-vC3A1lvula-Yamaha-

BlasterdpB003Y7YXPO acessado em 26052019 agraves 1930

Figura 5

Fonte

httppersonalpsueduusersbmbmb5967Electronic20Rotary20Valve20

Essaypdf acessado em 26052019 agraves 1936

Figura 6

Fonte

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20060523-D00000png acessado em 26052019 agraves 1938

Figura 7

Fonte http1bpblogspotcom-

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a12i2jpg acessado em 26052019 agraves 1941

Figura 8

Fonte httpsipinimgcom236xccffc0ccffc0bbf8d95f226062728cd4d4dc1e--

configuration-portjpg acessado em 26052019 agraves 1944

93

Figura 9

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 10

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 11

Fonte httpwwwcmraracingcomshowthreadphp30922-For-Sale-And-yet-

even-more-Honda-RS125-Parts acessado em 02062019 agraves 2044

Figura 12

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 13

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acessado em 02062019 agraves 2051

Figura 14

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 15

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 16

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 17

Fonte httpsbikemanperformancecomsupreme-tool-arctic-cat-rave-style-

exhaust-valveshtml acessado em 02062019 agraves 2055

Figura 18

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

94

Figura 19

Fonte httpthunderproductscomattachment_id=316 acessado em

02062019 agraves 2100

Figura 20

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom201404 acessado em 02062019 agraves

2104

Figura 21

Fonte httpflaviolucasmmblogspotcom201508componentes-da-injecao-

eletronicahtml acessado em 02062019 agraves 2110

Figura 22

Fonte httpsmotos-motorcombrmfipeprecos-tabela-yamaha-rd-135-1994

acessado em 02062019 agraves 2116

Figura 23

Fonte httpswwwjapanbaikucomtm-27-8006 acessado em

02062019 agraves 2122

Figura 24

Fonte httpswwwcustojustoptleiriapecas-motasrotor-motoplat-bobine-

externa-anti-horario-28261205 acessado em 02062019 agraves 2124

Figura 25

Fonte Autor

Figura 26

Fonte Autor

Figura 27

Fonte Autor

Figura 28

Fonte Autor

Figura 29

Fonte Autor

Figura 30

Fonte Autor

95

Figura 31

Fonte Autor

Figura 32

Fonte Autor

Figura 33

Fonte httpswwwmagnetimarellicomnode65 acessado em 02062019 agraves

2130

Figura 34

Fonte httpswwwbosch-motorsportcomcontentdownloadsRacepartsen-

GB49044619111858827html acessado em 02062019 agraves 2135

Figura 35

Fonte Autor

Figura 36

Fonte httpswwwamazoncomSmartProjects-Mega-Arduino-MEGA-

BoarddpB004A7H3DG acessado em 02062019 agraves 2141

Figura 37

Fonte

httpsSpeeduinocomshopindexphpid_product=18ampcontroller=product

acessado em 02062019 agraves 2145

Figura 38

Fonte Autor

Figura 39

Fonte Autor

Figura 40

Fonte Autor

Figura 41

Fonte Autor

Figura 42

Fonte Autor

Figura 43

Fonte Autor

96

Figura 44

Fonte Autor

Figura 45

Fonte Autor

Figura 46

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-879906333-080036-sensor-de-

rotaco-fiat-idea-e-torq-16-linea-16-18-_JMquantity=1 acessado em

02062019 agraves 2220

Figura 47

Fonte Autor

Figura 48

Fonte Autor

Figura 49

Fonte Autor

Figura 50

Fonte Autor

Figura 51

Fonte Autor

Figura 52

Fonte Autor

Figura 53

Fonte Autor

Figura 54

Fonte Slides aulas SAGE ndash Prof MSc Adriano Ribolla

Figura 55

Fonte Autor

Figura 56

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-839220558-bobina-ignico-gol-

saveiro-parati-10-kombi-16-mi-3-pinos-

_JMmatt_tool=14302715ampmatt_wordampgclid=CjwKCAjwr8zoBRA0EiwANmvpYI

z4XlO7l-

97

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Figura 57

Fonte httpswwwacnpecascombrprodutocabo-de-vela-fiat-tipo-1-6-ie-mpi-

todos-injecao-eletronica acessado em 22062019 agraves 2345

Figura 58

Fonte Autor

Figura 59

Fonte Autor

Figura 60

Fonte Autor

Figura 61

Fonte Autor

98

Apecircndice I

Lista de peccedilas e componentes utilizados

Componente Fabricante Part Number (OEM)

Fabricante Part Number (Reposiccedilatildeo)

Qtd

Injetor de Combustiacutevel Keihin 3340-9657-7489 Magnetron MAGNETRON 154-209-B 1

Bobina de Igniccedilatildeo Bosch F000ZS0104 NGK NGK U1092 1

Cabo de Vela Bosch F00099C067 NGK NGK SC-T58 1

Sensor Hiacutebrido - MAP - TPS - IAT

Keihin 16060-KVK-901 MTE-Thomson

MTE6701 1

Sensor de Rotacatildeo HALL Continental 55223464 MTE-Thomson

MTE70565 1

Bomba de Combustiacutevel Delphi BCD 00101 Bosch 580464070 1

Regulador de Pressatildeo Comb

SPA SPA TURBO 1

Roda Focircnica 60-2 Fueltech JR7401PTAz 1

Corpo de Boboletas XR300

Keihin 1641A-KWT-305 1

99

Anexo A

Esquema eleacutetrico do sistema de gerenciamento eletrocircnico

100

101

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

Anexo B

Datasheet Sensor MAP ndash NXPFreescale MPX4250AP

112

113

114

115

116

117

118

119

120

121

122

123

124

125

126

127

Anexo C

Lista de componentes Speeduino

Qtd Referecircncia na Placa Componente Valor Modelo

1 C16 CAP TANT 10uF 35V 10 RADIAL 10uF

6 C2C4C6C8C10C24 CAP CER 022uF 50V 10 RADIAL 220nF 224

7 C1C3C5C7C9C13C15 CAP CER 01uF 50V 20 RADIAL 100nF 104

1 C14 CAP TANT 47uF 63V 10 RADIAL 47uF

1 C18 CAP CER 033uF 50V 10 RADIAL 330nF 334

2 C19C25 CAP CER 10000pF 50V 10 RADIAL 10nF 103

3 C11C12C20 CAP CER 1uF 50V 20 RADIAL 1uF 105

1 C23 CAP CER 4700pF 100V 10 RADIAL 47nF 472

1 D16 DIODO ZENER 56V 3W AXIAL 1N5919BG 1N5919BG 2 D15D17 DIODO SCHOTTKY 1A 30V DO41 1N5818 1N5818

8 LED1LED2LED3LED4

LED5LED6LED7LED8 LED SS 3MM LED

4 D9D10D11D12 DIODO USO GERAL 400V 1A DO41 1N4004 1N4004

1 U2 VARISTOR 14MM 22V 1000A ZNR Varistor ZNR

V14D220

8 Q1Q2Q3Q4Q5Q6Q7

Q8 MOSFET N-CH 33V TO-220

62A

MOSFET STP75NS04Z

1 R54 RES 100K Ohm 14W 1 METAL

FILM 10kΩ

14W - 1

17

R10R13R16R19R21

R23R24R29R30R39

R40R50R51R57R58

R59R60

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 1kΩ

14W - 1

4 R9R12R15R18 RES 680 Ohm 06W 1 AXIAL 680Ω 14W - 1

6 R2R4R6R8R22R41 RES FILME METAacuteLICO 14W 470

Ohm 1 AXIAL 470Ω

14W - 1

7 R1R3R26R28R33R34

R61

249k Ohm plusmn1 025W 14W FILME

METAacuteLICO 249kΩ

14W - 1

1 R7 RES 39K Ohm 14W 01 FILME

METAacuteLICO 39kΩ

14W - 1

12

R11R14R17R20R35R3

6R37R38R48R49

R55R56

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 100kΩ

14W - 1

4 R25R27R31R32 RES 160 Ohm 2W 1 AXIAL 160Ω 2W - 1

1 U1 REGULADOR DE TENSAtildeO

LM2940-50 1A TO220 LM2940T 50NOPB

1 MPX4250A SENSOR MAP 363 PSI MAX 1-Bar MAP MPX4250AP

2 IC1IC2 CI MOSFET DVR 3A DUAL HS 8-DIP TC4424EP

A TC4424EPA

Page 9: FACULDADE DE TECNOLOGIA FATEC SANTO ANDRÉfatecsantoandre.edu.br/arquivos/TCC/227-Mecanica/TCC511.pdfLista de Unidades de Medida cm³ - unidade de volume, centímetros cúbicos mm

Lista de Siglas e Abreviaturas

RPM - Rotaccedilotildees por minuto

PMS - Ponto morto superior

PMI - Ponto morto inferior

CDI - Capacitor Discharge Ignition

PWM - Pulse with modulation

SMD - Surface mounting device

GND - Ground

AP - Modelo de motor Volkswagen

EA111 - Modelo de motor Volkswagen

E-torq - Modelo de motor Fiat

DIY - Do it yourself

MAP - Manifold Absolute Pressure

IAT - Intake Air Temperature

TPS - Throttle Position Sensor

YPVS - Yamaha Power Valve System

Stand-Alone ndash Sistema que funciona independente de outros

Sumaacuterio

1 Introduccedilatildeo 18

11 Motivaccedilatildeo 19

12 Objetivos 21

13 Contribuiccedilotildees Esperadas 21

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho 22

2 Fundamentaccedilatildeo 23

21 Objetivos do Capiacutetulo 24

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos 24

23 Admissatildeo 29

24 Compressatildeo 31

25 Combustatildeo 35

251 Igniccedilatildeo 36

26 Exaustatildeo 37

261 Escapamento 41

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna 48

3 Detalhamento do Projeto 51

31 Dados do Motor 52

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico 58

33 Arduino Mega 2560 60

34 Speeduino 62

35 Montagem do Sistema Speeduino 63

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico 72

37 Corpo de Borboleta 76

38 Unidade de Sensores 77

381 Sensor TPS 77

382 Sensor IAT 78

383 Sensor MAP 79

39 Sistema de Igniccedilatildeo 82

4 Calibraccedilatildeo do Motor 83

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais 83

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel 85

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo 86

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada 87

5 Dados do Motor (Modificado) 87

6 Resultados 88

7 Conclusatildeo 89

8 Propostas Futuras 90

9 Referecircncias Bibliograacuteficas 91

10 Referecircncia Figuras 92

Apecircndice I 98

Anexo A 99

Anexo B 111

Anexo C 127

Lista de Figuras

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos 25

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro 26

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto 26

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas 27

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa 27

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter

do motor passando pela vaacutelvula de palhetas 28

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor

permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel 29

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

30

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos

pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro 31

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando

formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto 32

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo 33

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio

de platinado 36

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts 37

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF 39

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida 39

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System 40

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos 41

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos 42

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante 48

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo 49

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus

perifeacutericos 50

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135 51

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30 53

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo 53

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia 54

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto 55

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1 55

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2 56

Figura 29 - Processo de pintura 56

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo 57

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada 57

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta 58

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport 59

Figura 34 - ECU Bosch MS 151 59

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino 60

Figura 36 - Arduino Mega 2560 61

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino 63

Figura 38 - Inicio da montagem da placa 64

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada 65

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio 66

Figura 41 - Aterramento refeito externamente 67

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico 68

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada 69

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica 70

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes 71

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v 71

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall 72

Figura 48 - Roda Focircnica 73

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 74

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 75

Figura 51 - Corpo de Borboleta 76

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS 78

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT 79

Figura 54 - Princiacutepio strain gage 80

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP 81

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW 82

Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo 82

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor 84

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE 85

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo 86

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees 88

Lista de Graacuteficos

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3

1996 20

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos

com rotaccedilatildeo em 6000 RPM 35

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de

retorno 44

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor 46

Lista de Quadros

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos 23

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para oldquoHeaderrdquo 43

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor 44

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor 45

Quadro 5 - Comprimento da ponteira 47

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560 61

Lista de Foacutermulas

1 - Caacutelculo da Taxa de Compressatildeo 34

2 - Volume a ser comprimido (fabricantes japoneses) 34

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento 42

4 - Dimensotildees do Escapamento Header 43

5 - Dimensotildees do Escapamento Difusor 45

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor 46

7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo 47

8 - Caacutelculo do Fator Gauge 80

18

1 Introduccedilatildeo

Em 1878 um engenheiro escocecircs criou o projeto tido como o primeiro motor

de ciclo dois tempos e eacute atribuiacutedo a ele esta invenccedilatildeo este engenheiro era

Dugald Clerk Poreacutem este motor possuiacutea algumas diferenccedilas dos motores dois

tempos que conhecemos e utilizamos durante todo o seacuteculo XX ateacute os dias de

hoje Nos motores de Clerk a admissatildeo era feita por bombeamento separado do

motor possuiacutea vaacutelvulas e utilizava gaacutes como combustiacutevel (NUNNEY 1992)

O primeiro motor de ciclo dois tempos com as caracteriacutesticas que hoje

conhecemos com admissatildeo inicial e compressatildeo no caacuterter transferecircncia da

mistura feita por janelas nas laterais do cilindro sem vaacutelvulas soacute foi inventado

por volta de 1892 pelo inglecircs Joseph Day que por volta de 1889 comeccedilou a

desenvolver um motor de combustatildeo interna sem infringir as patentes de

Nikolaus Otto as quais eram as patentes do motor com ciclo a quatro tempos

(BOOTHROYD 2006)

As patentes de Nikolaus Otto satildeo atualmente invaacutelidas e atribuiacutedas a um

engenheiro francecircs Alphonse-Eugene Beau de Rochas o qual havia feito todos

estudos pesquisas e projetos sobre este ciclo anos antes em 1862 poreacutem natildeo

chegou a construir um motor assim como Otto o fez (TILLMAN 2013)

A invenccedilatildeo do motor dois tempos eacute creditada a Dugald Clerk Satildeo citados

diversos pesquisadores engenheiros inventores e construtores como pessoas

que desenvolveram e agregaram conhecimento a este tipo de motor poreacutem foi

possiacutevel observar durante as pesquisas que Day eacute pouco lembrado em livros e

documentos poreacutem historicamente foi quem idealizou e construiu as soluccedilotildees

para o motor dois tempos que utilizamos quase que literalmente ateacute os dias de

hoje (BOOTHROYD 2006)

Durante o seacuteculo XX os motores dois tempos foram amplamente utilizados

na induacutestria automotiva Foram construiacutedos diversos veiacuteculos com esses

motores carros motocicletas caminhotildees e tratores O primeiro estudo e

construccedilatildeo de protoacutetipo de injeccedilatildeo eletrocircnica voltada para motores dois tempos

aconteceu em 1978 exatos cem anos da construccedilatildeo do motor de Clerk e foi

feita por Edmond Vieilledent que conseguiu obter relativo sucesso em suas

pesquisas e desenvolvimento poreacutem a tecnologia de microprocessamento na

19

eacutepoca inicial e o custo para implementaccedilatildeo relativamente alto em motores de

baixa cilindrada aparentemente inviabilizou o projeto em larga escala

(VIEILLEDENT 1978)

Quarenta anos apoacutes o trabalho de Vieilledent em 2018 a fabricante de

motocicletas austriacuteacas KTM Motorcycle disponibiliza para venda no mercado

motocicletas de competiccedilatildeo off-road de 250 e 300cmsup3 com sistema de injeccedilatildeo

eletrocircnica o que vem a corroborar a ideia de que os motores dois tempos para

determinadas aplicaccedilotildees merecem a implementaccedilatildeo de novas tecnologias para

que haja junto com a evoluccedilatildeo eletrocircnica novos resultados aplicados aos

motores dois tempos

11 Motivaccedilatildeo

As motivaccedilotildees deste trabalho surgem da premissa de reduzir algumas

deficiecircncias intriacutensecas do funcionamento dos motores de ciclo dois tempos

funcionamento que seraacute abordado e explicado em um toacutepico especiacutefico adiante

Para isso seraacute utilizado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel com

processamento de dados feito a partir de um Arduino Mega 2560 montado em

um motor Yamaha de 135cmsup3 de 2 tempos de fabricaccedilatildeo nacional produzido ateacute

o ano de 2000 Este motor equipou por mais de vinte anos as motocicletas

Yamaha Rd e Rdz 135cmsup3 e possuiacuteam como sistema de alimentaccedilatildeo de

combustiacutevel carburadores com diacircmetro de venturi 24mm e 26mm

respectivamente e sistema de igniccedilatildeo por descarga capacitiva com curva de

igniccedilatildeo preacute-estabelecida

Os motores dois tempos possuem caracteriacutesticas de funcionamento muito

peculiares e produzem uma potecircncia especiacutefica relativamente alta poreacutem esta

potecircncia vem de uma curva de torque caracteriacutestica do projeto do motor sendo

muito difiacutecil conseguir obter uma curva onde se consiga que a potecircncia seja alta

em todas as faixas de rotaccedilatildeo A maioria dos projetos de motores dois tempos

favorece a potecircncia em uma faixa de rotaccedilatildeo muito estreita por exemplo motores

que satildeo projetados para terem alto torque natildeo possuem alta rotaccedilatildeo e motores

para alta potecircncia soacute conseguem atingir esta potecircncia apoacutes os 10000rpm e todo

o resto da curva de potecircncia do motor eacute esquecida Este trabalho visa a

20

introduccedilatildeo de um sistema de gerenciamento de combustiacutevel e igniccedilatildeo eletrocircnico

para obter uma possiacutevel melhora da faixa de potecircncia aumentando a largura

dessa faixa de potecircncia elevada

Podemos notar ao analisarmos o graacutefico 1 que este tipo de motor produz

uma faixa de trabalho uacutetil de aproximadamente 1500 rpm somente apoacutes os

10000 rpm esta caracteriacutestica torna a pilotagem destas motocicletas em regime

de competiccedilatildeo muito difiacutecil e cansativa

Fonte httppulpmxcom

Com a inserccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico seraacute feita a

tentativa de implementar uma calibraccedilatildeo que natildeo privilegie somente uma faixa

tatildeo pequena de trabalho buscando antecipar e ampliar esta faixa de potecircncia

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3 1996

21

12 Objetivos

Os objetivos deste trabalho satildeo construir montar adaptar e talvez a parte

mais complexa calibrar um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel em um

motor de ciclo dois tempos Natildeo existem muitas informaccedilotildees a respeito de

calibraccedilatildeo eletrocircnica para motores em geral muito menos para motores dois

tempos o que torna esse acerto um tanto quanto difiacutecil

Como descrito anteriormente a motivaccedilatildeo vecircm da capacidade de tentar

incrementar potecircncia em um motor de pouca massa e isso eacute o essencial para

regimes de performance em competiccedilotildees de karts naacuteuticas e de motocicletas

A busca seraacute por uma calibraccedilatildeo final que alargue a faixa de potecircncia do motor

ou seja melhorando suas caracteriacutesticas de funcionamento utilizando um

sistema de gerenciamento eletrocircnico com alguns sensores que seja confiaacutevel e

que permita a sua utilizaccedilatildeo em quaisquer condiccedilotildees climaacuteticas e ambientais

tais como umidade temperatura e pressatildeo atmosfeacuterica

13 Contribuiccedilotildees Esperadas

As contribuiccedilotildees estatildeo relacionadas com os objetivos descritos na

subseccedilatildeo 12 e satildeo elas

a) Promover uma anaacutelise de forma ampla sobre os aspectos positivos e

negativos dos motores que utilizam o ciclo de dois tempos

b) Renovar alguns dados encontrados na literatura teacutecnica a respeito dos

motores dois tempos que na maioria dos livros sobre motores de

combustatildeo interna satildeo dados advindos do estudo de motores anteriores

a deacutecada de 1950 ou seja informaccedilotildees que merecem atualizaccedilatildeo

c) Expor os aspectos positivos do uso da eletrocircnica e programaccedilatildeo no

gerenciamento de motores

d) Possibilitar a adaptaccedilatildeo de uma tecnologia moderna e aberta (open

source) em antigos motores de combustatildeo interna que originalmente

possuiacuteam alimentaccedilatildeo de combustiacutevel mecacircnica e sistema de igniccedilatildeo

simplificado

e) Mostrar as possiacuteveis e esperadas dificuldades de se calibrar o sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos

22

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho

Este trabalho abordaraacute a inserccedilatildeo de um sistema de gerenciamento

eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos sendo assim o assunto eacute abordado

em trecircs fases

Fase Inicial Aborda todo o conceito de funcionamento mecacircnico do motor

de ciclo dois tempos princiacutepios caracteriacutesticas de construccedilatildeo soluccedilotildees

adotadas ao longo da histoacuteria principais aplicaccedilotildees Esta parte tambeacutem tem por

objetivo ampliar o entendimento deste tipo de motor que eacute pouco esclarecido

em literaturas teacutecnicas e quando apresentado em livros utiliza o princiacutepio de

funcionamento correto poreacutem demonstra exemplos de motores antigos sem

muitas soluccedilotildees eficientes

Fase Intermediaacuteria Aborda todas as soluccedilotildees eleacutetricas e eletrocircnicas que

seratildeo utilizadas para o desenvolvimento do protoacutetipo histoacuterico de aplicaccedilotildees em

motores dois tempos processo de escolha montagem de componentes e

sensores anaacutelise de funcionamento e dificuldades enfrentadas

Fase Final Mostra os processos necessaacuterios para fazer a calibraccedilatildeo de

um motor de combustatildeo interna utilizando gerenciamento eletrocircnico aplicaccedilatildeo

em motores dois tempos quais as dificuldades e resultados obtidos

23

2 Fundamentaccedilatildeo

Os motores de ciclo dois tempos possuem o conceito mecacircnico da

termodinacircmica para seu funcionamento onde eacute admitido uma mistura de ar e

combustiacutevel pelo orifiacutecio de admissatildeo Posteriormente essa mistura sofre uma

melhor homogeneizaccedilatildeo no caacuterter junto ao eixo de manivelas onde tambeacutem eacute

comprimido e transferido para a cabeccedila do pistatildeo pelos orifiacutecios de transferecircncia

apoacutes a transferecircncia o pistatildeo inicia o ciclo de subida sentido PMS onde comprime

a mistura ar combustiacutevel e sofre combustatildeo por meio de uma centelha

Nos motores de ciclo dois tempos os pistotildees assim como nos motores

com ciclo quatro tempos possuem movimento alternativo em relaccedilatildeo ao cilindro

poreacutem a lubrificaccedilatildeo dos cilindros eacute feita por meio de oacuteleo misturado com o

combustiacutevel podendo ser forccedilado por uma bomba de lubrificaccedilatildeo que injeta o

oacuteleo no orifiacutecio de admissatildeo ou mesmo por uma mistura oacuteleocombustiacutevel que

pode ser previamente feita Esse sistema simplifica todo o funcionamento deste

tipo de motor poreacutem tambeacutem traz consigo suas deficiecircncias intriacutensecas desse

processo de combustatildeo

Segundo o Manual de Tecnologia Automotiva Bosch (2005) os motores

dois tempos possuem as vantagens e desvantagens que vemos a seguir

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos

Vantagens Desvantagens

Design Simples do Motor Maior Consumo de Combustiacutevel

Baixo Peso Altas Emissotildees de

Hidrocarbonetos

Baixo Custo de Fabricaccedilatildeo Pressatildeo Efetiva Meacutedia mais

Baixa

Padratildeo Melhor de Forccedila de

Torccedilatildeo

Cargas Teacutermicas mais Altas

Marcha Lenta mais deficiente

(Bosch 2005)

24

O desenvolvimento deste trabalho natildeo busca fazer um comparativo entre

os diversos ciclos de funcionamento dos motores de combustatildeo interna

existentes apesar de que em determinados toacutepicos essa comparaccedilatildeo seja

inevitaacutevel Apoacutes a anaacutelise deste trabalho seraacute possiacutevel tirar as proacuteprias

conclusotildees a respeito do funcionamento de motores dois tempos visto que a

maioria das literaturas a respeito dos motores dois tempos natildeo satildeo especiacuteficas

nem tampouco profundas a respeito do tema

21 Objetivos do Capiacutetulo

As seccedilotildees a seguir apresentam o princiacutepio de funcionamento dos motores

de ciclo dois tempos O capiacutetulo iraacute abordar e analisar as fases de funcionamento

e alguns componentes mecacircnicos deste tipo de motor e os resultados de

possiacuteveis modificaccedilotildees em seus componentes

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos

Diferentemente dos motores de ciclo otto a 4 tempos que necessitam a

rotaccedilatildeo de 720deg do eixo aacutervore de manivelas os motores de ciclo dois tempos

necessitam apenas de 360deg do eixo aacutervore de manivelas para executar as quatro

operaccedilotildees baacutesicas de funcionamento de um motor de combustatildeo interna

- Admissatildeo

- Compressatildeo

- Combustatildeo

- Exaustatildeo

25

Apesar das operaccedilotildees e princiacutepio de funcionamento dos motores dois tempos

serem parecidas com as do ciclo otto a concepccedilatildeo e construccedilatildeo do motor eacute

totalmente diferente Os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como

existem nos motores de ciclo otto pelo menos natildeo no sistema mais baacutesico de

funcionamento desses motores (conforme Figura 1)

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos

Editado pelo Autor Fonte httpswwwshutterstockcom

No sistema baacutesico de funcionamento de um motor dois tempos o cilindro possui

aberturas chamadas janelas elas satildeo como portas para entrada e saiacuteda da

mistura arcombustiacutevel

A mistura arcombustiacutevel apoacutes ser succionada atraveacutes do carburador entra

atraveacutes da chamada janela de admissatildeo no cilindro (conforme Figura 2) e chega

primeiramente no caacuterter do motor alguns motores normalmente os de

competiccedilatildeo ou maior performance possuem a entrada de arcombustiacutevel

diretamente no caacuterter (conforme Figura 3) natildeo necessitando entrar no cilindro e

ir para o caacuterter poreacutem isto natildeo eacute regra A entrada desse combustiacutevel no caacuterter

tambeacutem eacute utilizada para a lubrificaccedilatildeo dos rolamentos inferiores do motor jaacute que

na maioria dos casos o combustiacutevel e oacuteleo lubrificante satildeo misturados salvo

26

raros casos em que existem pontos de injeccedilatildeo apenas de oacuteleo em determinadas

partes do motor

Editado pelo Autor Fonte httpwwwrichstaylordportingcom

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto

Editado pelo Autor Fonte httpwwwebaycom

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro

27

Como dito anteriormente os motores dois tempos em essecircncia natildeo utilizam

vaacutelvulas poreacutem com o desenvolvimento desse tipo de motor foi-se aprimorando

a tecnologia e notou-se a necessidade do uso de vaacutelvulas na admissatildeo visto

que parte da mistura era expelida novamente pela admissatildeo quando havia

compressatildeo no caacuterter anteriormente este papel de vaacutelvula de admissatildeo era feito

pelo proacuteprio pistatildeo que ao passar pela janela de admissatildeo determinava os

intervalos de tempo entre admissatildeo e exaustatildeo Para melhorar a eficiecircncia do

sistema de vaacutelvula feito pelo pistatildeo adotou-se principalmente dois sistemas o

sistema de palhetas (conforme Figura 4) e o sistema de vaacutelvula rotativa

(conforme Figura 5)

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas

Fonte wwwamazoncom

Fonte httpscellcodeus

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa

28

Apoacutes ser recebida no caacuterter a mistura arcombustiacutevel eacute comprimida com a

descida do pistatildeo sentido ao PMI o que gera o aumento de pressatildeo no caacuterter e

faz com que a mistura seja transportada para a parte superior do pistatildeo atraveacutes

das chamadas janelas de transferecircncia (conforme Figura 6) Essas janelas

possuem aberturas na parte inferior do cilindro junto ao caacuterter do motor que eacute

por onde passa esta mistura arcombustiacutevel essas aberturas ligam dutos de

transferecircncia ateacute uma abertura na camisa do cilindro jaacute na parte superior do

pistatildeo (conforme Figura 6) Com a mistura jaacute na parte superior do pistatildeo ela eacute

comprimida e por fim queimada e os gases resultantes da queima satildeo expulsos

pela janela de exaustatildeo (conforme Figura 6)

Editado pelo Autor Fonte wwwpatentimagescom

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter do motor passando pela vaacutelvula de palhetas

29

23 Admissatildeo

O processo de admissatildeo inicia-se com a subida do pistatildeo sentido PMS

isso cria uma pequena depressatildeo no caacuterter do motor poreacutem suficiente para

arrastar a mistura arcombustiacutevellubrificante advinda do sistema de alimentaccedilatildeo

usualmente carburadores Essa mistura passa por vaacutelvulas que controlam a

entrada de mistura fresca no motor Na maioria dos motores atuais utilizam-se

vaacutelvulas de palhetas elas tambeacutem tecircm a funccedilatildeo de impedir que a mistura retorne

para o coletor de admissatildeo quando haacute a movimentaccedilatildeo do pistatildeo sentido PMI

(conforme Figura 7) Os primeiros motores de Joseph Day jaacute haviam adotado

uma soluccedilatildeo de vaacutelvulas de palhetas poreacutem esse sistema foi esquecido por

muitos anos e novamente adotados para motores de motocicletas de competiccedilatildeo

em meados dos anos 70 Notemos que a mistura no caacuterter do motor aleacutem de ar

e combustiacutevel tambeacutem possui lubrificante que nesse momento faz a lubrificaccedilatildeo

das peccedilas moacuteveis na parte inferior do motor Nas figuras seguintes podemos

notar como se comporta a entrada da mistura arcombustiacutevel para o caacuterter do

motor e tambeacutem o funcionamento das vaacutelvulas de palhetas

Editado pelo Autor Fonte www1bpblogspotcom

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel

30

O principal momento de admissatildeo da mistura arcombustiacutevel para o motor se daacute

com subida do pistatildeo rumo ao PMS no entanto esse natildeo eacute o uacutenico periacuteodo em

que o motor recebe mistura fresca do sistema de alimentaccedilatildeo Quando o pistatildeo

inicia o movimento de descida rumo ao PMI apoacutes a exaustatildeo tambeacutem temos

admissatildeo de mistura arcombustiacutevel fresca A quantidade eacute bem menor e se daacute

pela depressatildeo gerada pelo escape dos gases queimados junto a janela de

exaustatildeo Essa admissatildeo acontece passando por uma janela conhecida

popularmente como ldquoQuinta Luzrdquo ou em inglecircs ldquoBoost Portrdquo (conforme Figura 8)

poreacutem esse curto periacuteodo de admissatildeo tem maior influecircncia no processo de

exaustatildeo dos gases Essa admissatildeo favorece a expulsatildeo dos gases e limpeza

da cacircmara de combustatildeo para iniacutecio de um novo ciclo

Editado pelo Autor Fonte httpswwwpinterestcom

A duraccedilatildeo desse periacuteodo em graus da duraccedilatildeo da admissatildeo na quinta

luz pode ser tido como um dos periacuteodos criacuteticos no que diz respeito e eficiecircncia

do motor dois tempos pois se o periacuteodo tiver uma duraccedilatildeo muito prolongada

pode resultar em excesso de mistura fresca que eacute ldquojogada forardquo para a exaustatildeo

e se for muito curto acaba mantendo gaacutes queimado na cacircmara de combustatildeo o

que gera perda de potecircncia para o motor

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

31

24 Compressatildeo

A compressatildeo no motor dois tempos acontece assim como no motor de quatro

tempos comprimindo o volume total do cilindro em uma pequena aacuterea da cacircmara

de combustatildeo Poreacutem diferentemente do motor quatro tempos o cilindro do

motor dois tempos natildeo eacute totalmente vedado possuindo aberturas que como dito

anteriormente se chamam janelas (conforme Figura 6)

Podem existir vaacuterios formatos de cacircmara de combustatildeo ou popularmente

conhecido como cabeccedilote cada tipo buscando um resultado final diferente

(conforme Figuras 910 e 11)

Como os cabeccedilotes de motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas satildeo

praticamente um material usinado ou fundido contemplando um formato final E

esse formato nos motores dois tempos influencia muito na performance do

motor

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro

32

Os cabeccedilotes dos motores dois tempos possuem formatos que privilegiam

determinadas faixas de rotaccedilatildeo ou comportamento do motor com relaccedilatildeo a

torque Os chamados ldquoSquishrdquo satildeo um formato que impotildeem uma alta velocidade

agrave mistura em direccedilatildeo a vela de igniccedilatildeo e produz melhora no comportamento da

queima (conforme Figura 10)

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

O ldquoSquishrdquo eacute composto por algumas medidas que satildeo

Banda do Squish eacute a largura da faixa onde se concentra o squish e contorna

toda a circunferecircncia do cabeccedilote podendo ser mais larga ou estreita

dependendo do regime de funcionamento do motor

Acircngulo do Squish eacute o acircngulo feito na banda de squish podendo acompanhar

ou natildeo o acircngulo existente na cabeccedila do pistatildeo natildeo eacute usual mas podem existir

cabeccedilotes cujos acircngulos de squish sejam retos assim como a cabeccedila dos

pistotildees nesses motores

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto

33

Folga do Squish essa folga eacute a folga do topo da cabeccedila do pistatildeo quando

em PMS ateacute o ponto fiacutesico mais proacuteximo da banda de squish

Segundo Bell (1999) os cabeccedilotes que contemplam ldquoSquishrdquo vieram a

promover melhorias significantes na performance dos motores dois tempos

Esse tipo de cabeccedilote promove melhor homogeneizaccedilatildeo da mistura

arcombustiacutevel e tambeacutem de qualquer porccedilatildeo de gases de escapamento

residuais presentes na cacircmara Esse formato tambeacutem evita que a propagaccedilatildeo

de chama para as laterais do cilindro promovam o aquecimento do mesmo fator

que pode dar iniacutecio a um ciclo de detonaccedilatildeo que eacute muito prejudicial para o

funcionamento do motor

Fonte httpwwwcmraracingcom

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo

34

Um outro fator que gera uma certa confusatildeo em motores dois tempos eacute a

mediccedilatildeo da taxa de compressatildeo A compressatildeo efetiva do volume do cilindro

ocorre apenas quando os aneacuteis de segmento do pistatildeo passam pela uacuteltima

abertura sentido PMS sendo que a uacuteltima abertura em motores dois tempos satildeo

as janelas de exaustatildeo

O que pode se notar usualmente eacute que fabricantes europeus utilizam a

mesma maneira de se calcular taxa de compressatildeo de motores quatro tempos

em motores de ciclo dois tempos

onde

RC Relaccedilatildeo de Compressatildeo

VC Volume do Cilindro (cmsup3)

VCC Volume da Cacircmara de Combustatildeo (cmsup3)

Enquanto fabricantes japoneses utilizam uma maneira especiacutefica de medir

a taxa compressatildeo para motores dois tempos avaliando o volume total de

compressatildeo efetiva somente apoacutes a passagem dos aneacuteis de segmento pela

janela de escapamento fazendo sua vedaccedilatildeo Nesse caso o volume total do

cilindro natildeo entra na conta o que se utiliza eacute a altura da janela de exaustatildeo como

referecircncia para o volume total a ser comprimido

Pode-se assim calcular o Volume a ser Comprimido

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

onde

VAC Volume a ser comprimido (cmsup3)

120645 Constante

r Raio do cilindro (mm)

h distacircncia percorrida pelo pistatildeo do momento de fechamento da janela

de exaustatildeo ateacute a chegada em PMS (mm)

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

RC = VC+VCC

VCC

1-Caacutelculo da Taxa de

Compressatildeo

2 - Volume a ser comprimido

(fabricantes japoneses)

35

Quando pesquisa-se em fichas teacutecnicas sobre motores dois tempos tais

literaturas podem gerar uma confusatildeo de entendimento pois pode-se entender

que motores europeus utilizam taxa de compressatildeo muito maior que os motores

japoneses e isto natildeo eacute verdade apenas utilizam meacutetodos de mediccedilatildeo diferentes

25 Combustatildeo

O processo de combustatildeo em motores dois tempos eacute muito semelhante ao

dos motores de quatro tempos mas com uma diferenccedila essencial ao

entendimento deste tipo de motores Nos motores de ciclo de quatro tempos

acontece a centelha na vela de igniccedilatildeo a cada 720deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore

de manivelas enquanto no motor de ciclo dois tempos a centelha ocorre a cada

360deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore de manivelas ou seja a cada subida do pistatildeo

sentido PMS ocorre uma combustatildeo

Segundo Najafabadi Aziz Adams e Leman (2013) existem alguns efeitos

gerados no processo de combustatildeo advindos do ciclo anterior devido a gases

residuais que se mantiveram na cacircmara de combustatildeo Este fenocircmeno afeta a

combustatildeo podendo ocorrer avanccedilo ou atraso do tempo de igniccedilatildeo devido a

temperatura desses gases Ainda a pressatildeo no interior do cilindro que veio do

ciclo anterior afeta o fluxo de transiccedilatildeo do motor podendo a quantidade de gases

residuais ser diferente (conforme Graacutefico 2)

Fonte Najafabadi et al 2013

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos com rotaccedilatildeo em 6000 RPM

36

251 Igniccedilatildeo

Este mecanismo eacute importante para que o processo de combustatildeo seja

equilibrado bem executado e responda com um bom funcionamento do motor

Existem diversos sistemas de igniccedilatildeo disponiacuteveis para motores dois tempos

desde os mais simplificados (conforme Figura 12) ateacute sistemas programaacuteveis

onde pode-se determinar a curva de avanccedilo desejada por meio de programaccedilatildeo

do dispositivo via software (conforme Figura 13) poreacutem para entendimento do

funcionamento o esquema eleacutetrico do sistema de igniccedilatildeo por platinado possui

faacutecil entendimento este sistema foi utilizado por muitos anos e o uacutenico motivo de

cair em desuso era a necessidade de regulagem constante devido ao desgaste

mecacircnico do contato eleacutetrico

Fonte Bell 1999

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio de platinado

37

Fonte httpwwwpvl-zuendungende

26 Exaustatildeo

Este eacute com certeza o processo mais importante dentre todos os processos no

motor dois tempos a janela de exaustatildeo eacute a aacuterea do motor que se sofrer uma

alteraccedilatildeo de alguns deacutecimos de miliacutemetros pode mudar completamente o

comportamento do motor

Como jaacute discorremos os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como os

motores quatro tempos pelo menos natildeo nos mesmos moldes ou entatildeo vaacutelvulas

que vedem completamente a passagem dos gases Em um motor de quatro

tempos o comando de vaacutelvulas determina qual eacute momento de abertura das

vaacutelvulas a ordem o levante etc No motor dois tempos essa funccedilatildeo de duraccedilatildeo

da admissatildeo e exaustatildeo eacute composta pela diagramaccedilatildeo das janelas do cilindro

(conforme Figura 14) e satildeo fixas natildeo existe um comando de vaacutelvulas rotativo

ou qualquer dispositivo semelhante dentre essa diagramaccedilatildeo a duraccedilatildeo mais

importante e que determina o desempenho do motor e como ele se comportaraacute

eacute a da janela de exaustatildeo

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts

38

Segundo Bell (1999) o processo de modificaccedilatildeo da janela de exaustatildeo eacute talvez

um dos mais criacuteticos dentro dos motores dois tempos (conforme Figuras 14 e

15) pocircde-se notar que as diagramaccedilotildees possuem desenhos diferentes de

janelas de exaustatildeo o primeiro modelo da Yamaha TZ250 (conforme Figura 14)

eacute de janela uacutenica pois a dimensotildees que foram determinadas para o tamanho e

duraccedilatildeo da janela dado o diacircmetro do cilindro permitiram que isso fosse feito Jaacute

no segundo diagrama da Suzuki PE175 podemos notar que a janela de exaustatildeo

eacute bi partida (conforme Figura 15) isso acontece por que por projeto foi

determinado um tamanho de janela de exaustatildeo demasiadamente grande para

o diacircmetro desse cilindro natildeo eacute regra mas usualmente a largura de uma janela

de exaustatildeo pode ter no maacuteximo 70 do diacircmetro do cilindro isso acontece para

que os aneacuteis de segmento natildeo tendam a entrar no duto de exaustatildeo quando por

laacute passarem por isso a soluccedilatildeo adotada na Suzuki PE175 de adicionar mais

uma divisatildeo na janela permite ter uma janela de exaustatildeo mais larga sem

comprometer a durabilidade do motor

Por ser uma medida fiacutesica e determinante para o funcionamento do motor dois

tempos a janela de exaustatildeo sempre foi um ponto criacutetico no projeto desses

motores pois se o projeto determinava uma medida para a janela de exaustatildeo a

performance do motor era inerente a esta medida Motores que foram

desenvolvidos ateacute o final da deacutecada de 1970 natildeo conseguiam melhorar suas

caracteriacutesticas em todas as faixas de funcionamento Por exemplo se o projeto

da janela de exaustatildeo era feito para funcionar bem em baixas rotaccedilotildees isso

caracterizava aquele motor e nada podia ser feito para ser melhorado sem que

isso comprometesse outras faixas de rotaccedilatildeo

Motocicletas e karts de competiccedilatildeo que eram projetados para funcionar bem

em altas rotaccedilotildees tinham todo o torque em baixa muito comprometido se vermos

corridas de motocicletas da deacutecada de 1970 e iniacutecio dos anos de 1980 podemos

ver pilotos que largavam praticamente empurrando a motocicleta ateacute que ela

embalasse e chegasse a uma rotaccedilatildeo onde o motor pudesse andar sozinho

39

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida

40

No iniacutecio dos anos de 1980 a Yamaha criou uma soluccedilatildeo para melhorar o

desempenho dos motores dois tempos em todas as faixas de rotaccedilatildeo eacute um

sistema com uma vaacutelvula mecacircnica que variava as dimensotildees da janela de

exaustatildeo durante o funcionamento do motor esse sistema eacute chamado YPVS

(Yamaha Power Valve System) (conforme Figura 16) foi um sistema que permitiu

a Yamaha ganhar diversas competiccedilotildees on e off road ateacute que seus concorrentes

pudessem desenvolver sistemas semelhantes

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Inicialmente esse sistema era totalmente mecacircnico e era tocado por uma

bomba centriacutefuga ligada ao eixo arvore do motor posteriormente em

motocicletas de rua foi adotado o mesmo princiacutepio poreacutem foi utilizado um sistema

eletrocircnico com um servo motor Outros fabricantes desenvolveram sistemas

semelhantes ao longo do tempo e adotaram as mais diversas soluccedilotildees Um outro

sistema bastante popular foi o sistema pneumaacutetico (conforme Figura 17) que

era composto por uma vaacutelvula do tipo guilhotina e uma membrana na janela de

exaustatildeo a vaacutelvula se mantinha fechada em baixas rotaccedilotildees melhorando o

torque naquele momento e a membrana era calibrada para que em um certo

momento quando certa quantidade de gases de escape estivessem sendo

produzidos a membrana empurrava a vaacutelvula para traacutes aumentando as

dimensotildees da janela de exaustatildeo melhorando o torque em altas rotaccedilotildees

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System

41

Fonte httpwww bikemanperformancecom

261 Escapamento

Ainda na fase de exaustatildeo o escapamento eacute o acessoacuterio mais importante

para o bom funcionamento dos motores dois tempos e necessita cuidados

especiais em seu desenvolvimento Eacute intriacutenseco do funcionamento e da forma

construtiva do motor dois tempos o fato de que ele acaba por jogar mistura

fresca para o escapamento e isso causa perda de performance Assim o

escapamento promove ondas de ressonacircncia que causam o retorno de parte

dessa mistura fresca novamente para dentro do cilindro

Este sistema determina muito das caracteriacutesticas importantes de

funcionamento desse tipo de motor Satildeo peccedilas complexas de serem construiacutedas

e produzem um som caracteriacutesticos de ldquoring-dingrdquo a este tipo de motor

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos

42

Para um bom projeto de escapamento satildeo necessaacuterios diversos caacutelculos

para que se obtenha as dimensotildees ideais Posteriormente outro desafio eacute aplicar

as dimensotildees calculadas ao projeto do veiacuteculo o que produz verdadeiras

esculturas mecacircnicas (conforme Figura 18)

Caacutelculo para determinaccedilatildeo do comprimento ideal do escapamento

Onde

LE = Comprimento do escapamento (mm)

DE = Duraccedilatildeo da janela de exaustatildeo em graus (deg)

RPM = Rotaccedilatildeo para melhor funcionamento do motor (1min)

42545 = Constante que leva em conta que a onda socircnica sempre viaja na

velocidade do som no ar

Fonte Bell 1999

O trecho do escapamento que sai do cilindro do motor eacute chamado em inglecircs

ldquoHeaderrdquo esse trecho usualmente eacute cocircnico e utiliza acircngulos entre 115deg e 15deg

Entretanto ao longo da histoacuteria os fabricantes testaram acircngulos variando entre

08deg ateacute 23deg de conicidade para determinadas aplicaccedilotildees

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos

LE = DE x 42545

RPM

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento

43

As dimensotildees do Header podem ser determinadas da seguinte maneira Para

o comprimento pode-se utilizar o fator de multiplicaccedilatildeo (conforme Quadro 2)

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para o ldquoHeaderrdquo

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 85 ndash 95 10 -11

100 ndash 125 78 ndash 85 78 ndash 85

175 ndash 250 73 ndash 83 9 -10

350 - 500 73 ndash 83 85 ndash 95

Fonte Bell 1999

Jaacute com o fator de correccedilatildeo apropriado multiplicamos esse valor pelo diacircmetro

da janela de exaustatildeo e esse eacute o comprimento ideal do Header

O diacircmetro maior do Header pode ser calculado pela seguinte expressatildeo

Onde

D2 = eacute o diacircmetro maior do Header para uniatildeo com o Difusor (mm)

CH = eacute o Comprimento do Header (mm)

D1 = eacute o diacircmetro inicial do Header determinado pelo diacircmetro da janela de

exaustatildeo (mm)

Cotg H = eacute a cotangente do acircngulo do Header usualmente entre 115 e 15deg

O segundo trecho do escapamento chamado Difusor pode ser calculado da

seguinte maneira O diacircmetro inicial eacute o mesmo diacircmetro D2 do Header o

comprimento do Difusor eacute usualmente calculado utilizando 25 vezes o diacircmetro

da janela de exaustatildeo poreacutem pode-se usar de 22 a 29 vezes o diacircmetro da

janela de exaustatildeo dependendo do projeto tendo em mente que quanto menor

o comprimento melhor o rendimento em altas rotaccedilotildees e quanto maior o

comprimento melhor as respostas do motor em baixas rotaccedilotildees Ao final o que

D2 = CH x 2 + D1

cotg H

4 ndash Dimensotildees do Escapamento Header

44

iraacute determinar o comprimento eacute a proposta do motor O acircngulo de conicidade do

Difusor varia normalmente entre 3deg e 7deg com diferentes reaccedilotildees ao rendimento

do motor (conforme Quadro 3) modificando a duraccedilatildeo e os efeitos da onda de

ressonacircncia (conforme Graacutefico 3)

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 65 a 7deg 3 a 35deg

100 ndash 125 65 a 75deg 4 a 48deg

175 65 a 75deg 35 a 45deg

250 7 a 75deg 4 a 45deg

350 ndash 500 4 a 5deg

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de retorno

45

O segundo diacircmetro o diacircmetro maior do Difusor pode ser calculado

utilizando a seguinte expressatildeo

Onde

CD = Comprimento do Difusor D3 = Diacircmetro maior do Difusor D2 = Diacircmetro menor do Difusor cotg D = Cotangente do acircngulo de conicidade que foi determinado para o Difusor

Existe uma seccedilatildeo paralela que liga o diacircmetro maior do difusor ao uacuteltimo

cone esse trecho eacute popularmente chamado de Bojo (conforme Figura 18) poreacutem

natildeo se pode calcular o comprimento dela sem antes calcular as dimensotildees do

cone final que eacute chamado de ldquoBafflerdquo ou defletor (conforme Quadro 4) Essa

seccedilatildeo por sua vez determina a duraccedilatildeo e a intensidade das ondas de

ressonacircncia que iraacute manter o cilindro cheio de maneira eficiente Segundo Bell

(1999) um defletor com um cone curto e acircngulo muito abrupto iraacute permitir um

ganho de potecircncia maacutexima ao custo de sacrificar as baixas e meacutedias rotaccedilotildees

(conforme Graacutefico 4)

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 -80 105 a 12deg 85 a 95deg

100 105 a 12deg 9 a 10deg

125 95 a 12deg 85 a 10deg

175 10 a 12deg 8 a 10deg

250 10 a 12deg 75 a 10deg

350 - 500 9 a 11deg

Fonte Bell 1999

CD = D3 ndash D2 x cotg D

2

5 ndash Dimensotildees do Escapamento Difusor

46

Fonte Bell 1999

Para se calcular o comprimento do cone utilizamos a expressatildeo

CTD = (D32) x Cotg D

Onde

CTD Comprimento total do cone do defletor

D3 Diacircmetro maior do defletor ou seja o mesmo diacircmetro que o diacircmetro maior

do difusor

cotg D Cotangente do acircngulo escolhido para o defletor

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor

47

Agora com todos esses valores calculados podemos calcular o

comprimento da parte central do escapamento o chamado bojo Para isso

utilizamos a seguinte expressatildeo

Onde

CB Comprimento do Bojo

L Comprimento total do escapamento ateacute o meio da seccedilatildeo do defletor

CH Comprimento do Header

CD Comprimento do Difusor

CDE Comprimento total do Defletor

Por fim ainda necessitamos saber as dimensotildees do ldquoStingerrdquo ou ponteira

que segundo Graham Bell apoacutes vaacuterias experimentaccedilotildees chegou a alguns

valores que resultaram em boas respostas do motor (conforme Quadro 5)

Quadro 5 - Comprimento da ponteira

Volume do cilindro (cmsup3) Comprimento (mm) Diacircmetro Interno (mm)

50 - 80 205 ndash 230 17 -19

100 230 ndash 250 19 - 21

125 265 ndash 290 22 -24

175 270 - 295 25 ndash 27

250 280 ndash 305 26 ndash 28

350 -500 285 - 310 27 ndash 29

Fonte Bell 1999

CB = L ndash (CH+CD+(CDE2)) 7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo

48

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna

Em seu funcionamento os motores de combustatildeo interna

independentemente do tipo de ciclo necessitam de um gerenciamento da

admissatildeo de uma mistura carburante para o interior dos cilindros para que possa

haver a combustatildeo da mesma Anteriormente essa admissatildeo se dava por um

processo puramente mecacircnico com a utilizaccedilatildeo de carburadores que eram

sistemas mecacircnicos sofisticados que proporcionavam a atomizaccedilatildeo do

combustiacutevel com o ar atmosfeacuterico para a formaccedilatildeo da mistura carburante

(conforme Figura 19)

Fonte httpwwwthunderproductscom

Poreacutem este sistema possuiacutea algumas deficiecircncias pois necessitava de

constante regulagem e qualquer mudanccedila de condiccedilatildeo climaacutetica de temperatura

pressatildeo ou umidade fazia com que o carburador saiacutesse de sua faixa de trabalho

gerando um mal funcionamento do motor e por vezes ateacute mesmo sua quebra

Parte muito importante tambeacutem do funcionamento dos motores de

combustatildeo interna satildeo os sistemas de igniccedilatildeo que anteriormente eram sistema

independentes do sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel poreacutem atualmente

pertencem ao mesmo pacote de gerenciamento do motor Estes sistemas de

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante

49

igniccedilatildeo eram normalmente sistemas eletromecacircnicos podendo ser sistemas

simples com ponto de igniccedilatildeo fixo ou sistemas mais elaborados com a presenccedila

de circuitos eletrocircnicos para fazer a variaccedilatildeo do ponto de igniccedilatildeo Estes sistemas

possuem alguns componentes baacutesicos

Distribuidor (no caso de haver mais de um cilindro) bobina de igniccedilatildeo

(para gerar alta tensatildeo) cabos de igniccedilatildeo e velas de igniccedilatildeo Este eacute o esquema

mais baacutesico de funcionamento dos sistemas de igniccedilatildeo podendo haver

variaccedilotildees eleacutetricas mecacircnicas e em alguns casos eletrocircnicas (conforme Figura

20)

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom

Atualmente os sistemas mais modernos de gerenciamento de motores de

combustatildeo interna satildeo quase que puramente eletrocircnicos e contemplam os dois

mundos alimentaccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo em um uacutenico sistema (conforme

Figura 21) Todo o gerenciamento eacute feito com base em leitura de sensores uma

calibraccedilatildeo que prevecirc diversas situaccedilatildeo de uso do motor e atuadores que fazem

o processo fiacutesico de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel do motor Estes satildeo sistemas

complexos que se baseiam na condiccedilatildeo imediata de diversos fatores que satildeo

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo

50

interpretados por sensores como por exemplo pressatildeo atmosfeacuterica

temperatura do motor massa de ar admitida etc Estas leituras feitas pelos

sensores satildeo recebidas por um circuito eletrocircnico que conteacutem um processador

onde essas informaccedilotildees satildeo recebidas e com base em dados armazenados em

sua memoacuteria para cada condiccedilatildeo ter-se atuaccedilatildeo eletrocircnica onde eacute feita a injeccedilatildeo

de combustiacutevel pelos injetores e o disparo da centelha de igniccedilatildeo para que haja

a combustatildeo

Fonte httpswwwflaviolucasmmblogspotcom

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus perifeacutericos

51

3 Detalhamento do Projeto

Os capiacutetulos anteriores serviram para o embasamento teacutecnico para que

fosse possiacutevel uma melhor compreensatildeo do que se trata o projeto a ser

executado neste trabalho de conclusatildeo de curso Neste ponto iremos tratar

especificamente do projeto de adaptaccedilatildeo de um sistema completo de injeccedilatildeo

eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos Yamaha de 135cmsup3 proveniente

de uma motocicleta Yamaha RD 135 (Conforme Figura 22) e todos os

componentes utilizados para tornar esta adaptaccedilatildeo possiacutevel

Fonte httpsmotos-motorcombr

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135

52

31 Dados do Motor

O motor utilizado neste projeto eacute proveniente de uma motocicleta Yamaha

Rd 135cmsup3 que foi fabricado no Brasil de 1988 a 1999 Trata-se de um motor

monociliacutendrico que utiliza o ciclo de trabalho dois tempos refrigerado agrave ar

seguem os dados teacutecnicos

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 58mm x 50mm

Cilindrada 132cmsup3

Taxa de Compressatildeo 682 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Carburador Mikuni VM24 com 24mm de venturi

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo eletrocircnica de descarga capacitiva ou popularmente

CDI (Capacitor Discharge Ignition)

Lubrificaccedilatildeo Oacuteleo dois tempos bombeado atraveacutes de uma bomba chamada

Autolube nos motores Yamaha este oacuteleo eacute proveniente de um reservatoacuterio que

alimenta a bomba que por sua vez transfere o oacuteleo atraveacutes de uma mangueira

diretamente ao coletor de admissatildeo do motor variando a quantidade de oacuteleo de

acordo com a rotaccedilatildeo e abertura do carburador

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Gasolina

Potecircncia 16cv a 9000rpm

Torque 174kgfm a 8500rpm

Para este projeto o motor utilizado jaacute possuiacutea modificaccedilotildees mecacircnicas

para atingir melhores rendimentos que o motor original pois eacute um motor que foi

utilizado em competiccedilotildees de motovelocidade na categoria RD 135 Diversas

peccedilas foram modificadas tais como sistema de alimentaccedilatildeo escapamento

vaacutelvula de palhetas igniccedilatildeo combustiacutevel diagramaccedilatildeo do cilindro e taxa de

compressatildeo O sistema de alimentaccedilatildeo original foi substituiacutedo por um carburador

Mikuni TM 30 (conforme Figura 23) o escapamento foi substituiacutedo por um

escapamento dimensionado construiacutedo artesanalmente o sistema de igniccedilatildeo

53

utilizado foi um Motoplat de ponto fixo (conforme Figura 24) e o combustiacutevel

utilizado foi o etanol que aleacutem de ser o combustiacutevel regulamentado para o

campeonato tambeacutem eacute um combustiacutevel que permite extrair mais potecircncia do

motor pois com esse combustiacutevel eacute possiacutevel fazer modificaccedilotildees mecacircnicas

como taxa de compressatildeo e avanccedilo de igniccedilatildeo que natildeo seriam possiacuteveis

utilizando gasolina como combustiacutevel

Fonte wwwjapanbaikucom

Fonte wwwcustojustopt

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo

54

O motor utilizado como base nesse trabalho natildeo eacute um motor original eacute

um motor de competiccedilatildeo e para haver base para comparaccedilatildeo do antes e depois

do processo de inserccedilatildeo do sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica este motor teve sua

potecircncia medida em dinamocircmetro inercial com sua curva de torque e potecircncia

aquisitadas (conforme Figura 25)

Fonte Autor

O motor utilizado passou por uma revisatildeo geral havendo troca de peccedilas

por se tratar de um motor de competiccedilatildeo foi por diversas vezes levado ao

extremo e com a escolha desse motor para o projeto esta revisatildeo se fez

necessaacuteria As imagens a seguir mostram o processo de desmontagem para

verificaccedilatildeo das condiccedilotildees do motor e posterior montagem (Conforme Figuras

262728293031 e 32)

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia

55

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto

56

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2

Figura 29 - Processo de pintura

57

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada

58

Fonte Autor

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico

Para a escolha do sistema de gerenciamento eletrocircnico foi necessaacuteria

grande pesquisa entre as opccedilotildees disponiacuteveis no mercado nacional e

internacional Os sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica disponiacuteveis originalmente em

motocicletas de fabricaccedilatildeo nacional poderiam ter sido uma opccedilatildeo mas foram

logo descartados pois foram concebidos para trabalhar com motores de ciclo

otto o que natildeo eacute o caso e as maneiras de calibraccedilatildeo desses sistemas originais

se tornariam difiacuteceis de conseguir tornando essa escolha inviaacutevel

A busca foi por um sistema ldquostand-alonerdquo auto suficiente e que permitisse

mudanccedila total nos paracircmetros de calibraccedilatildeo normalmente satildeo sistemas

utilizados em competiccedilotildees de automoacuteveis motocicletas caminhotildees etc

Existem sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica ldquostand-alonerdquo muito sofisticados

de fabricantes renomados mundialmente dentro e fora das pistas de corridas

como Magneti Marelli (conforme Figura 33) e Bosch (conforme Figura 34) em

suas divisotildees motorsport

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta

59

Sistemas desses fabricantes satildeo reconhecidamente confiaacuteveis o problema eacute o

valor de um sistema desses que eacute muito caro e os tornam inviaacuteveis para um

projeto experimental de baixo custo Opccedilotildees nacionais tambeacutem foram cogitadas

como o sistema Fueltech poreacutem ainda possuem um custo alto e suas opccedilotildees de

programaccedilatildeo e flexibilidade do sistema ainda eram limitados para o tipo de ciclo

do motor a ser utilizado

A escolha do sistema apoacutes grande pesquisa foi pelo sistema ldquostand-alonerdquo

Speeduino (conforme Figura 35) um sistema totalmente programaacutevel que utiliza

como microcontrolador um Arduino Mega 2560 esse eacute um sistema do tipo ldquoDIYrdquo

Do It Yourself ou em portuguecircs ldquofaccedila vocecirc mesmordquo Estatildeo disponiacuteveis na

internet os layouts das placas de circuito impresso e o usuaacuterio pode fabricar as

proacuteprias placas ou compraacute-las prontas em determinados sites da internet e sua

lista de componentes para montagem tambeacutem estaacute disponiacutevel na internet e eacute

relativamente faacutecil encontraacute-los O custo de produccedilatildeo de um sistema desse eacute

relativamente baixo comparado com outros sistemas do mesmo segmento e

por utilizar Arduino como controlador sua programaccedilatildeo eacute inteira aberta e pode

ser modificada de acordo com as necessidades do usuaacuterio

Fonte wwwmagnetimarellicom

Fonte wwwellis-componentscouk

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport Figura 34 - ECU Bosch MS 151

60

Fonte Autor

33 Arduino Mega 2560

Arduino eacute uma plataforma para programaccedilatildeo criada na Itaacutelia por Massimo

Banzi David Cuartielles Tom Igoe Gianluca Martino e David Mellis no ano de

2005 para entusiastas e profissionais da programaccedilatildeo e da eletrocircnica

permitindo diversos tipos de projetos para estes seguimentos Trata-se de uma

placa com um microcontrolador Atmel possuindo diversas entradassaiacutedas

analoacutegicas e digitais a quantidade dessas entradas e saiacutedas varia de acordo

com o modelo do Arduino Essas entradassaiacutedas podem ser programadas por

uma interface IDE Arduino via computador utilizando linguagem C

Na praacutetica eacute um microcontrolador programaacutevel como qualquer outro de

outros fabricantes por exemplo PIC (Microchip) ou ARM (Freescale) poreacutem tem

sua utilizaccedilatildeo facilitada por jaacute estar inserido em uma placa que contempla

soquetes para pinagem das entradas e saiacutedas e porta de comunicaccedilatildeo USB

Serial para gravaccedilatildeo da programaccedilatildeo no microcontrolador Diferentemente de

outros microcontroladores que necessitam da confecccedilatildeo de uma placa de

circuito impresso para uso e de um programador serial para gravaccedilatildeo da

programaccedilatildeo (conforme Figura 36)

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino

61

Fonte httpswwwamazoncom

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560

Microcontrolador ATmega 2560 (Atmel)

Tensatildeo de Operaccedilatildeo 5V

Tensatildeo de Alimentaccedilatildeo (recomendado) 7-12V

Tensotildees Limites de Operaccedilatildeo 6-20V

Saiacutedas Digitais IO 54 saiacutedas sendo 15 PWM

Entradas Analoacutegicas 16

Corrente da Saiacutedas IO 20mA

Corrente nos Pinos 33V 50mA

Memoacuteria Flash 256Kb

SRAM 8Kb

EEPROM 4Kb

Frequecircncia do Clock 16Mhz

LED_BUILTIN 13

Comprimento da Placa 10152mm

Largura da Placa 5333mm

Peso da Placa Completa 37g

Altura da Placa 12mm

Editado pelo Autor Fonte httpwwwArduinocom

Figura 36 - Arduino Mega 2560

62

34 Speeduino

O sistema Speeduino foi o sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica escolhido para o

projeto Eacute um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica totalmente programaacutevel criado por

Josh Stuart e utiliza um Arduino Mega 2560 como microcontrolador assim como

outros sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel possibilita a calibraccedilatildeo por

completo do sistema de injeccedilatildeo e igniccedilatildeo Para tal utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio que permite diversas configuraccedilotildees do

sistema de injeccedilatildeo tais como o meacutetodo de calibraccedilatildeo utilizado configuraccedilatildeo dos

mapas de avanccedilo de igniccedilatildeo e tempo de injeccedilatildeo sistema de malha aberta ou

malha fechada etc

O sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica Speeduino eacute um sistema ldquostand-alonerdquo

ou seja trabalha independente de outros sistemas apenas para gerenciar o

motor a combustatildeo interna seja ele de ciclo quatro ou dois tempos Eacute um sistema

difundido pela internet e permite troca de informaccedilotildees entre usuaacuterios que

trabalham em conjunto para desenvolvimento e aperfeiccediloamento do hardware e

do software o layout principal da placa de circuito impresso tambeacutem estaacute

disponiacutevel na internet bem como a lista de componentes necessaacuterios para a

montagem Este sistema requer um miacutenimo de conhecimento de eletrocircnica para

sua construccedilatildeo um miacutenimo de conhecimento em eleacutetricaeletrocircnica automotiva

para a instalaccedilatildeo do sistema no motor e grande conhecimento em programaccedilatildeo

e mecacircnica automobiliacutestica para calibraccedilatildeo do sistema no motor

63

35 Montagem do Sistema Speeduino

A partir do momento onde foi feita a escolha do sistema Speeduino foi

necessaacuterio obter os componentes necessaacuterios para confecccedilatildeo da placa

(conforme Anexo C) O primeiro passo foi a fabricaccedilatildeo da placa de circuito

impresso a partir do layout disponiacutevel (conforme Figura 37)

Fonte wwwSpeeduinocom

Posteriormente foi feita a aquisiccedilatildeo dos componentes necessaacuterios para a

montagem da placa Esses componentes tambeacutem estatildeo disponiacuteveis na internet

em uma planilha eletrocircnica e satildeo encontrados com relativa facilidade no

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino

64

mercado com exceccedilatildeo de determinados componentes cuja importaccedilatildeo foi

necessaacuteria poreacutem com baixo custo (conforme Anexo C)

Com todos os componentes necessaacuterios em matildeos foi executada a montagem

do sistema o que necessita uma certa habilidade pois o projeto possui diversos

componentes tipo SMD (conforme Figura 38)

Fonte Autor

Com a placa jaacute montada (conforme Figura 39) antes da montagem de todo o

chicote eleacutetrico para funcionamento do motor iniciaram-se os testes de

funcionamento do sistema Por ser um sistema montado artesanalmente os

testes pareciam ser o passo mais certo a se seguir

Figura 38 - Inicio da montagem da placa

65

Fonte Autor

Eacute importante mostrar que o sistema Speeduino utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio (conforme Figura 40) eacute um freeware na

versatildeo baacutesica que foi criado para funcionar em conjunto com outro sistema

de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel conhecido como Megasquirt e o mesmo

tambeacutem eacute utilizado na calibraccedilatildeo do sistema Speeduino Mais adiante seratildeo

feitas explicaccedilotildees detalhadas das configuraccedilotildees do software

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada

66

Fonte Autor

Jaacute no primeiro teste este apresentou resultados negativos com a

eletrocircnica natildeo respondendo agraves configuraccedilotildees e nem mostrando leituras de

sensores

A soluccedilatildeo deste problema veio depois de procurar muito e fazer diversas

mediccedilotildees analisando os diagramas eleacutetricos (conforme Anexo A) O

problema estava na placa de circuito impresso a trilha do aterramento

(GND) natildeo havia sido impressa ou seja natildeo havia aterramento em nenhum

ponto do sistema A placa havia sido impressa por um terceiro Ao entrar em

contato com o mesmo ele disse que enviaria outra placa poreacutem para agilizar

o processo e natildeo ter que esperar novamente a chegada de componentes

uma uacutenica opccedilatildeo surgiu devido aos prazos a de refazer o aterramento da

placa de forma externa (conforme Figura 41) sem nenhuma pretensatildeo de

que isso desse certo poreacutem era uma alternativa para que todo o processo

de funcionamento do motor fosse agilizado

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio

67

Fonte Autor

Apoacutes todo o trabalho de refazer as trilhas de aterramento iniciou-se

novamente a fase testes de funcionamento e os resultados foram positivos

O sistema comeccedilou a responder perfeitamente aos testes iniciais

O elemento de maior importacircncia para o funcionamento desse sistema de

gerenciamento eletrocircnico eacute o sensor de rotaccedilatildeo do motor e foi por ele que

se iniciaram os testes Foi adaptada uma roda focircnica a um torno mecacircnico

e tambeacutem o sensor de rotaccedilatildeo do tipo ldquohallrdquo (conforme Figura 42) para

verificar se o conjunto eletrocircnico do sistema estava recebendo os sinais de

rotaccedilatildeo

Figura 41 - Aterramento refeito externamente

68

Fonte Autor

O teste obteve resultados positivos respondendo perfeitamente a rotaccedilatildeo

do torno mecacircnico sendo testado em diversas rotaccedilotildees diferentes com a

interface do software sempre mostrando os valores de rotaccedilatildeo corretos

Entatildeo os testes que se seguiram foram os de atuaccedilatildeo eleacutetrica como injetor

de combustiacutevel e bobina de igniccedilatildeo todos testes feitos a princiacutepio em

bancada (conforme Figura 43)

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico

69

Fonte Autor

Apoacutes todos os testes em bancada partiu-se para a montagem do chicote

eleacutetrico para funcionamento do sistema no motor e tambeacutem a adaptaccedilatildeo

mecacircnica de suportes para sensores e a adaptaccedilatildeo da roda focircnica

(conforme Figura 44)

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada

70

Fonte Autor

A roda focircnica utilizada eacute proveniente de um motor Volkswagen EA-111

(conforme Figura 45) o sensor de rotaccedilatildeo a ser utilizado pelo sistema de

gerenciamento eletrocircnico Speeduino foi o sensor de efeito hall poderia ser

utilizado o sensor de relutacircncia magneacutetica poreacutem seria necessaacuterio a

confecccedilatildeo de uma eletrocircnica para o condicionamento de sinal

transformando-o para sinal de onda quadrada com amplitude de 5V de

tensatildeo Para evitar a confecccedilatildeo de mais uma eletrocircnica sendo um potencial

ponto fraco do sistema optou-se por utilizar um sensor de rotaccedilatildeo de efeito

hall proveniente dos motores Fiat E-torq 18 (conforme Figura 46) fabricado

pela Continental

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica

71

Fonte Autor

Fonte wwwmercadolivrecombr

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v

72

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico

Neste projeto o sistema de sincronismo eletrocircnico possui dois

componentes apenas satildeo eles a roda focircnica e o sensor de rotaccedilatildeo ambos

adaptados ao projeto e advindos de carros

O sistema de sincronismo eletrocircnico consiste em transformar o

sincronismo mecacircnico do motor em sinais de onda quadrada (conforme Figura

47) que possam ser interpretados pelo sistema de gerenciamento eletrocircnico

proporcionando a injeccedilatildeo de combustiacutevel e disparo da centelha no momento

exato que fora previamente calibrado

Fonte Autor

O sistema consiste de uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes ou seja

satildeo 58 dentes e ausecircncia de 2 dentes Foi adaptada uma roda focircnica do motor

Volkswagen EA-111 poreacutem apoacutes alguns problemas de captaccedilatildeo do sinal esta

foi alterada por uma roda focircnica utilizada em motores Volkswagen AP quando

convertidos a injeccedilatildeo eletrocircnica (conforme Figura 48) essa roda mostrou melhor

resoluccedilatildeo do sinal Hall com menos ruiacutedos no sinal

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall

73

Fonte Autor

Apoacutes vaacuterios testes esta foi a combinaccedilatildeo que melhor funcionou no motor

a roda focircnica aliada ao sensor de rotaccedilatildeo permite a sincronizaccedilatildeo mecacircnica do

motor em relaccedilatildeo ao sistema de gerenciamento eletrocircnico do motor A calibraccedilatildeo

eacute feita da seguinte maneira junto ao software de calibraccedilatildeo do sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica eacute dada a referecircncia em graus da posiccedilatildeo fiacutesica da roda focircnica

em relaccedilatildeo ao motor O primeiro passo eacute colocar o motor em PMS e ver onde se

situa a falha dos dois dentes da roda focircnica a partir disso contar quantos dentes

se tem ateacute o dente que coincide com o sensor de rotaccedilatildeo (conforme Figura 49)

Figura 48 - Roda Focircnica

74

Fonte Autor

Como eacute utilizada uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes cada dente

equivale a 6deggraus de resoluccedilatildeo sendo 3deg do bordo de subida e 3deg do bordo de

descida no caso do projeto o sensor coincide com o 37deg dente a partir da falha

e isso equivale a 228deggraus a partir da falha Todo o sincronismo do motor eacute feito

baseado nessa referecircncia sendo este valor colocado como referecircncia no

software de gerenciamento eletrocircnico (conforme Figura 50)

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

75

Fonte Autor

A partir deste momento todo o sincronismo do motor estaacute baseado nestes

dados e quando o motor estiver em PMS o sistema eletrocircnico saberaacute disso pois

o sensor de rotaccedilatildeo estaraacute alinhado com o 37deg dente que eacute a referecircncia para o

sistema

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

76

37 Corpo de Borboleta

O corpo de borboletas utilizado (conforme Figura 51) eacute proveniente das

motocicletas Honda CB300 e XRE300 possui 35mm de venturi e eacute fabricado

pela empresa japonesa Keihin famosa pela fabricaccedilatildeo de carburadores de

motocicletas tambeacutem possui uma unidade de sensores integrados Foi utilizado

por ser um componente de faacutecil aquisiccedilatildeo no mercado brasileiro o que permite

faacutecil manutenccedilatildeo quando necessaacuterio e seu formato fiacutesico permite a utilizaccedilatildeo de

uma grande gama de injetores diferentes quando isso se faz necessaacuterio

Tambeacutem houve uma pequena adaptaccedilatildeo no coletor de admissatildeo que tambeacutem

eacute proveniente das mesmas motocicletas Honda essa adaptaccedilatildeo se deve ao fato

de o motor em questatildeo possuir o sistema de vaacutelvulas de palhetas na admissatildeo

o que natildeo acontece nas motocicletas Honda que possuem motor de quatro

tempos

Fonte Autor

Figura 51 - Corpo de Borboleta

77

38 Unidade de Sensores

A unidade de sensores refere-se a uma unidade composta por trecircs

sensores que jaacute estaacute acoplada ao corpo de borboletas Keihin e contempla os

sensores

MAP ndash Manifold Absolute Pressure (Pressatildeo Absoluta no Coletor)

IAT ndash Intake Air Tempeture (Temperatura do Ar Admitido)

TPS ndash Throttle Position Sensor (Sensor de Posiccedilatildeo do Acelerador)

Destes sensores natildeo foi utilizado apenas o sensor Map pois a unidade

de gerenciamento eletrocircnico jaacute possui um sensor Map integrado que foi utilizado

Estes sensores puderam ser configurados para utilizaccedilatildeo com o sistema

de gerenciamento eletrocircnico sem o menor problema

381 Sensor TPS

Este sensor se refere ao sensor que envia a informaccedilatildeo de posiccedilatildeo da

borboleta para o sistema de gerenciamento eletrocircnico Nada mais eacute do que um

potenciocircmetro que varia a resistecircncia ocirchmica ao se variar a posiccedilatildeo do

acelerador

Sua calibraccedilatildeo eacute feita em tempo real com a unidade de gerenciamento

eletrocircnico (conforme Figura 52) onde se informa a posiccedilatildeo do acelerador

totalmente fechado e totalmente aberto o sistema de gerenciamento jaacute adquire

o valor de resistecircncia ocirchmica e faz os caacutelculos para os valores intermediaacuterios e

a interpretaccedilatildeo das posiccedilotildees

78

Fonte Autor

382 Sensor IAT

Este sensor eacute responsaacutevel por aquisitar a temperatura do ar que estaacute

sendo admitido ou seja que estaacute momentaneamente passando pelo corpo de

borboletas Este assim como o sensor de posiccedilatildeo da borboleta e tambeacutem o

sensor de pressatildeo absoluta no coletor eacute utilizado para o caacutelculo da massa de ar

que estaacute sendo admitida pelo motor Este sensor eacute calibrado a partir dos valores

de resistecircncia ocirchmica cujos valores satildeo inseridos no software de calibraccedilatildeo da

unidade de gerenciamento eletrocircnico esses valores natildeo satildeo facilmente

adquiridos pois o fabricante da unidade de sensores natildeo os disponibiliza poreacutem

outro fabricante de sensores a MTE-Thompson fabrica esse mesmo modelo de

unidade de sensores para reposiccedilatildeo do original e entrando em contato com o

departamento teacutecnico eles passam os valores de funcionamento do sensor e

esses valores foram os utilizados para calibraccedilatildeo do sensor de temperatura do

ar admitido (conforme Figura 53)

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS

79

Fonte Autor

383 Sensor MAP

Sensores MAP satildeo utilizados para determinar a pressatildeo do ar admitido

que passa pelo coletor de admissatildeo satildeo muito usados nos sistemas atuais de

gerenciamento eletrocircnico de motores de combustatildeo interna Este tipo de

sensores trabalha utilizando o princiacutepio de strain gage onde haacute a deformaccedilatildeo do

material metaacutelico variando tambeacutem sua resistividade (conforme Figura 54)

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT

80

Fonte Nota de aula ndash Prof Adriano Ribolla (Sist De Gerenc Eletrocircnico 2018)

A funccedilatildeo de variaccedilatildeo da resistecircncia ou fator Gauge pode ser dada pela

expressatildeo

Onde

R resistecircncia (Ω)

ρ constante do material

L comprimento do fio (m)

A secccedilatildeo transversal do fio (msup2)

O sistema de gerenciamento eletrocircnico Speeduino jaacute possuiacute em sua

montagem um sensor MAP interno na sua montagem e mesmo que na

unidade de sensores Keihin utilizada jaacute possuiacutesse um sensor MAP foi

escolhido utilizar o sensor existente na eletrocircnica da unidade de

gerenciamento eletrocircnico apenas pela facilidade de calibraccedilatildeo (conforme

Figura 55)

R= ρ LA

8 - Caacutelculo do Fator Gauge

Figura 54 - Princiacutepio strain gage

81

Fonte Autor

O sensor MAP existente no sistema de gerenciamento eletrocircnico eacute do

fabricante NXPFreescale modelo MPX 4250AP (conforme Anexo B) com um

range de leitura pressatildeo de 20 a 250 kPa

Apoacutes o funcionamento do motor e leitura do sensor foi possiacutevel notar que nos

motores de ciclo dois tempos justamente pelo seu tipo de ciclo e forma

construtiva natildeo seria possiacutevel fazer a calibraccedilatildeo dos mapas de funcionamento

do motor levando-se em conta a leitura de pressatildeo no coletor pois a depressatildeo

no coletor deste tipo de motor eacute muito baixa variando muito pouco Poreacutem este

fato jaacute era de se esperar mas a inserccedilatildeo deste sensor natildeo foi em vatildeo Ela jaacute foi

feita com o objetivo de futuros trabalhos sobre este tipo de sensor em motores

dois tempos para obtenccedilatildeo de valores palpaacuteveis de pressatildeo que possam ser

levados em conta na calibraccedilatildeo do motor

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP

82

39 Sistema de Igniccedilatildeo

O sistema de igniccedilatildeo deve ser compatiacutevel com o sistema de

gerenciamento eletrocircnico utilizado que foi o Speeduino Para isso o sistema de

igniccedilatildeo original do motor foi substituiacutedo por uma bobina utilizada em motores da

linha VW (conforme Figura 56) bobinas essas com moacutedulo de igniccedilatildeo integrado

e para evitar interferecircncias com o sensor de rotaccedilatildeo ou demais eletrocircnicas do

hardware de gerenciamento foi utilizado cabo vela resistivo do veiacuteculo Fiat Tipo

ie (Conforme Figura 57) as velas originais da motocicleta jaacute eram do tipo

resistiva A bobina poderia ter sido utilizada qualquer uma com moacutedulo de igniccedilatildeo

integrado e o cabo de vela tambeacutem poderia ser qualquer um do tipo resistivo

poreacutem estes foram escolhidos apenas por se integrarem melhor fisicamente ao

projeto

Fonte wwwmercadolivrecombr Fonte wwwacnpecascombr

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo

83

4 Calibraccedilatildeo do Motor

Atualmente a calibraccedilatildeo de motores de combustatildeo interna tem tido como

objetivo principal melhorar autonomia com relaccedilatildeo a consumo de combustiacutevel e

diminuiccedilatildeo das emissotildees de poluentes muito em funccedilatildeo de legislaccedilotildees mais

riacutegidas e restritivas Novas teacutecnicas construtivas de motores e implementaccedilotildees

de novas teacutecnicas de calibraccedilatildeo tem sido utilizadas como downsizing turbo-

compressores injeccedilatildeo direta de combustiacutevel para sistemas ldquoflex-fuelrdquo ou ateacute

mesmo sistemas mistos utilizando injeccedilatildeo direta e indireta de combustiacutevel em

um mesmo motor Estes meacutetodos elevaram o niacutevel tecnoloacutegico dos motores de

combustatildeo interna extraindo grande potecircncia diminuindo massa de motores

poreacutem com a necessidade de muita eletrocircnica embarcada

Um dos intuitos deste trabalho eacute a inserccedilatildeo de um sistema de

gerenciamento eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos a princiacutepio de

maneira experimental apenas para obter preacutevias de sua viabilidade

construtivamente e dar a motores que utilizam este tipo de ciclo a oportunidade

de ressurgirem ou natildeo no mercado com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias e

eletrocircnica embarcada ou mesmo proporcionar uma longevidade de seu uso em

competiccedilotildees

Para a calibraccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico que foi

escolhido o sistema Speeduino utilizamos o software de calibraccedilatildeo Tuner

Studio o qual jaacute foi previamente apresentado Seratildeo mostrados a seguir os

passos e direccedilotildees tomadas no que diz respeito a calibraccedilatildeo deste motor de ciclo

dois tempos em questatildeo

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais

Inicialmente eacute necessaacuterio a introduccedilatildeo de alguns dados pertinentes ao

motor e a estrateacutegia de funcionamento do mesmo para tal utilizamos a tela

ldquoEngine Constantsrdquo ou constantes do motor no software Tuner Studio Em

seguida detalhamos os dados de acordo com as caracteriacutesticas do motor que foi

escolhido para o trabalho (conforme Figura 58)

84

Fonte Autor

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor

85

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel

A tabela de injeccedilatildeo de combustiacutevel eacute baseada no meacutetodo VE ldquoVolumetric

Efficiencyrdquo ou eficiecircncia volumeacutetrica neste sistema utiliza-se o item ldquoCalculated

Required Fuelrdquo ou caacutelculo de combustiacutevel necessaacuterio (Conforme Figura 58) o

valor disponibilizado neste item representa o tempo necessaacuterio de injeccedilatildeo de

combustiacutevel baseado em 100 da eficiecircncia volumeacutetrica do motor e

posteriormente desenvolve-se a tabela VE de acordo com as necessidades do

motor (conforme Figura 59) em funccedilatildeo de rotaccedilatildeo do motor e posiccedilatildeo da

borboleta podendo ou natildeo estes valores serem multiplicados pelo valor de

pressatildeo do sensor MAP poreacutem no caso deste trabalho natildeo se utilizou o a

multiplicaccedilatildeo pelo sensor pois este dado se mostrou insatisfatoacuterio para motores

de ciclo dois tempos que geram pouca ou nenhuma depressatildeo no coletor de

admissatildeo

FonteAutor

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE

86

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo

A tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo permite determinar o momento em que seraacute

disparada a centelha pela vela de igniccedilatildeo permitindo a queima da mistura

arcombustiacutevel Os valores inseridos na tabela satildeo valores que representam o

acircngulo em graus antes do ponto morto superior do motor PMS (conforme Figura

60) em que seraacute disparada a centelha esta deve ser disparada alguns graus

antes do PMS pois a queima da mistura deve ser aproveitada ao maacuteximo e para

que isso aconteccedila deve se adotar um ponto de igniccedilatildeo de forma que a frente de

chama tenha tempo suficiente para queimar dentro do cilindro caso contraacuterio a

queima se torna ineficiente e acaba por desperdiccedilar combustiacutevel que acaba

sendo jogado para o escapamento sem que este seja queimado

Os valores de avanccedilo em graus inseridos nesta tabela tambeacutem tecircm seu

funcionamento em funccedilatildeo dos eixos de posiccedilatildeo da borboleta do acelerador e

rotaccedilatildeo do motor

Fonte Autor

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo

87

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada

Usualmente em uma grande montadora ou grande equipe de corridas

essas tabelas seriam desenvolvidas em um laboratoacuterio de desenvolvimento de

motores com diversos equipamentos para controle e aquisiccedilatildeo de dados Poreacutem

por se tratar de um trabalho acadecircmico e de baixo custo natildeo houve a

possibilidade de utilizaccedilatildeo de ferramentas desta espeacutecie desta maneira a tabela

foi toda desenvolvida experimentalmente atraveacutes de horas observando

deficiecircncias e comportamentos do funcionamento do motor

5 Dados do Motor (Modificado)

Tendo em vista que este motor eacute proveniente de uma motocicleta de

competiccedilatildeo as caracteriacutesticas originais dele foram modificadas e a motocicleta

utilizada no projeto tambeacutem (conforme Figura 61) Seguem os dados teacutecnicos

com a modificaccedilotildees do motor

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 59mm x 50mm

Cilindrada 1367cmsup3

Taxa de Compressatildeo 145 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Injeccedilatildeo eletrocircnica com corpo de borboletas de 35mm

de diacircmetro e injetor de combustiacutevel Keihin Flex

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo gerenciada a partir da ECU com o uso de Bobina

Bosch utilizada em motores Volkswagen AP ndash MI

Lubrificaccedilatildeo Premix na proporccedilatildeo de 35ml por litro de etanol

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Etanol

Potecircncia 245cv a 9400rpm

Torque 190kgfm a 9000rpm

88

Fonte Autor

6 Resultados

Os resultados obtidos neste trabalho foram deveras satisfatoacuterios

mostrando que eacute possiacutevel o funcionamento de um motor de ciclo dois tempos

utilizando como meacutetodo de injeccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo um sistema de

gerenciamento eletrocircnico moderno Abordagem essa que seria impensaacutevel anos

atraacutes hoje se tornou uma realidade talvez abrindo novos horizontes para o futuro

de motores que utilizem ciclo dois tempos talvez natildeo comercialmente mas ainda

que para seu uso em competiccedilotildees possa ser extraiacutedo o maacuteximo de rendimento

possiacutevel

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees

89

7 Conclusatildeo

Seguramente o desenvolvimento de uma metodologia soacutelida no

desenvolvimento de sistemas de gerenciamento eletrocircnico e calibraccedilatildeo voltadas

para motores de ciclo dois tempos natildeo seraacute uma tarefa faacutecil existe uma longa

estrada a se percorrer para se chegar ao mesmo niacutevel de desenvolvimento

existente destes sistemas para motores de ciclo quatro tempos ou mesmo diesel

Contudo o projeto se mostrou viaacutevel e mesmo que natildeo tenha havido

possibilidade de testes em dinamocircmetro o comportamento do motor mostrou-se

estaacutevel com o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica Possivelmente houve ganhos de

desempenho e esses testes podem ser executados como tarefa futura no intuito

de comprovar possiacuteveis resultados favoraacuteveis

Cabe aos futuros projetos novas soluccedilotildees e abordagens que podem ser

pensadas especificamente para o motor de ciclo dois tempos pois mesmo que

sua fabricaccedilatildeo seja descontinuada para veiacuteculos comerciais sua fabricaccedilatildeo para

suprir necessidades de veiacuteculos de competiccedilatildeo ainda pode prosseguir por anos

e o uso de tecnologia moderna nesses motores pode vir a extrair niacuteveis de

potecircncia e torque antes natildeo atingidos com a utilizaccedilatildeo de igniccedilotildees de ponto fixo

e carburadores Tambeacutem pode alterar caracteriacutesticas de desempenho do motor

como a falta de torque em baixas rotaccedilotildees

Neste projeto o motor original utilizado natildeo foi fabricado para comportar

uma injeccedilatildeo eletrocircnica por isso houve muitos esforccedilos nas adaptaccedilotildees para que

o funcionamento deste motor com esta tecnologia fosse possiacutevel Poreacutem se

pensarmos em uma produccedilatildeo fabril para motores dois tempos projetados para

que utilizem injeccedilatildeo eletrocircnica originalmente isso torna o processo todo muito

mais viaacutevel do ponto de vista comercial aleacutem de implementar uma tecnologia

que tiraria os motores de ciclo dois tempos da aposentadoria podendo ateacute se

pensar em niacuteveis de emissotildees poluentes melhores mesmo que seu uso seja

exclusivo apenas em competiccedilotildees De toda forma um passo foi dado com a

realizaccedilatildeo deste projeto e o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica se mostrou ser uma

tecnologia segura e confiaacutevel para a utilizaccedilatildeo em motores de ciclo dois tempos

90

8 Propostas Futuras

Vaacuterios passos podem ser dados como propostas futuras mas pensando

no alto iacutendice de poluiccedilatildeo gerado por este tipo de motor pode se pensar em um

controle eletrocircnico da injeccedilatildeo de oacuteleo dois tempos para lubrificaccedilatildeo podendo-se

desenvolver algum meacutetodo de verificaccedilatildeo da necessidade de lubrificaccedilatildeo do

motor fazendo injeccedilatildeo de oacuteleo controlada por quantidade e por demanda

Tambeacutem pode-se pensar na utilizaccedilatildeo de catalisadores no escapamento para

diminuiccedilatildeo das emissotildees de gases poluentes o que com certeza deveraacute ser

estudado e caberaacute diversos testes e experimentaccedilotildees de materiais poreacutem

podendo obter resultados positivos

No sistema de injeccedilatildeo de combustiacutevel utilizado neste trabalho foi usado

o meacutetodo de injeccedilatildeo indireta de baixa pressatildeo utilizando uma pressatildeo na linha

de combustiacutevel na ordem de 3bar Futuramente pode-se fazer testes e anaacutelises

a respeito do uso da injeccedilatildeo indireta de combustiacutevel neste tipo de motor em

busca de quais seriam seus benefiacutecios Ainda sobre a injeccedilatildeo de combustiacutevel

uma anaacutelise que deve ser feita eacute em relaccedilatildeo a modificaccedilatildeo da posiccedilatildeo do injetor

de combustiacutevel que atualmente se situa no coletor de admissatildeo este pode ser

montado em alguma posiccedilatildeo estrateacutegica como no caacuterter do motor diretamente

ou em alguma das janelas por exemplo nas janelas de transferecircncia devendo-

se analisar os ganhos e perdas dessa montagem

Um sistema que foi utilizado neste trabalho poreacutem trouxe pouco benefiacutecio

foi o uso do sensor MAP Devido agrave baixa depressatildeo no coletor de admissatildeo

gerada por motores dois tempos uma soluccedilatildeo seria a aquisiccedilatildeo de dados com

alguns sensores de pressatildeo instalados em determinados pontos do motor como

no caacuterter admissatildeo e janelas de transferecircncia Isto para se analisar pontos de

baixa e alta pressatildeo durante os ciclos do motor podendo ser criado um algoritmo

que calcule uma meacutedia de pressatildeo mais palpaacutevel que possa ser levada em conta

na calibraccedilatildeo da injeccedilatildeo de combustiacutevel

91

9 Referecircncias Bibliograacuteficas

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92

10 Referecircncia Figuras

Figura 1

Fonte httpsimageshutterstockcomimage-vectorsystem-twostroke-engines-

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1922

Figura 2

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acessado em 26052019 agraves 1924

Figura 3

Fonte httpsiebayimgcomimagesg~TsAAOSw~1FUVYxas-l1600jpg

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Figura 4

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Figura 5

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Figura 7

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a12i2jpg acessado em 26052019 agraves 1941

Figura 8

Fonte httpsipinimgcom236xccffc0ccffc0bbf8d95f226062728cd4d4dc1e--

configuration-portjpg acessado em 26052019 agraves 1944

93

Figura 9

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 10

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 11

Fonte httpwwwcmraracingcomshowthreadphp30922-For-Sale-And-yet-

even-more-Honda-RS125-Parts acessado em 02062019 agraves 2044

Figura 12

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 13

Fonte httpswwwpvldeenproductselectronic-electrical-engineering

acessado em 02062019 agraves 2051

Figura 14

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 15

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 16

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 17

Fonte httpsbikemanperformancecomsupreme-tool-arctic-cat-rave-style-

exhaust-valveshtml acessado em 02062019 agraves 2055

Figura 18

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

94

Figura 19

Fonte httpthunderproductscomattachment_id=316 acessado em

02062019 agraves 2100

Figura 20

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom201404 acessado em 02062019 agraves

2104

Figura 21

Fonte httpflaviolucasmmblogspotcom201508componentes-da-injecao-

eletronicahtml acessado em 02062019 agraves 2110

Figura 22

Fonte httpsmotos-motorcombrmfipeprecos-tabela-yamaha-rd-135-1994

acessado em 02062019 agraves 2116

Figura 23

Fonte httpswwwjapanbaikucomtm-27-8006 acessado em

02062019 agraves 2122

Figura 24

Fonte httpswwwcustojustoptleiriapecas-motasrotor-motoplat-bobine-

externa-anti-horario-28261205 acessado em 02062019 agraves 2124

Figura 25

Fonte Autor

Figura 26

Fonte Autor

Figura 27

Fonte Autor

Figura 28

Fonte Autor

Figura 29

Fonte Autor

Figura 30

Fonte Autor

95

Figura 31

Fonte Autor

Figura 32

Fonte Autor

Figura 33

Fonte httpswwwmagnetimarellicomnode65 acessado em 02062019 agraves

2130

Figura 34

Fonte httpswwwbosch-motorsportcomcontentdownloadsRacepartsen-

GB49044619111858827html acessado em 02062019 agraves 2135

Figura 35

Fonte Autor

Figura 36

Fonte httpswwwamazoncomSmartProjects-Mega-Arduino-MEGA-

BoarddpB004A7H3DG acessado em 02062019 agraves 2141

Figura 37

Fonte

httpsSpeeduinocomshopindexphpid_product=18ampcontroller=product

acessado em 02062019 agraves 2145

Figura 38

Fonte Autor

Figura 39

Fonte Autor

Figura 40

Fonte Autor

Figura 41

Fonte Autor

Figura 42

Fonte Autor

Figura 43

Fonte Autor

96

Figura 44

Fonte Autor

Figura 45

Fonte Autor

Figura 46

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-879906333-080036-sensor-de-

rotaco-fiat-idea-e-torq-16-linea-16-18-_JMquantity=1 acessado em

02062019 agraves 2220

Figura 47

Fonte Autor

Figura 48

Fonte Autor

Figura 49

Fonte Autor

Figura 50

Fonte Autor

Figura 51

Fonte Autor

Figura 52

Fonte Autor

Figura 53

Fonte Autor

Figura 54

Fonte Slides aulas SAGE ndash Prof MSc Adriano Ribolla

Figura 55

Fonte Autor

Figura 56

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-839220558-bobina-ignico-gol-

saveiro-parati-10-kombi-16-mi-3-pinos-

_JMmatt_tool=14302715ampmatt_wordampgclid=CjwKCAjwr8zoBRA0EiwANmvpYI

z4XlO7l-

97

OvI7_2OEUpSgy57Vriq67T2bbuVtWP0MawULSQk9SCjBoCXZcQAvD_BwEampq

uantity=1 acessado em 22062019 agraves 2340

Figura 57

Fonte httpswwwacnpecascombrprodutocabo-de-vela-fiat-tipo-1-6-ie-mpi-

todos-injecao-eletronica acessado em 22062019 agraves 2345

Figura 58

Fonte Autor

Figura 59

Fonte Autor

Figura 60

Fonte Autor

Figura 61

Fonte Autor

98

Apecircndice I

Lista de peccedilas e componentes utilizados

Componente Fabricante Part Number (OEM)

Fabricante Part Number (Reposiccedilatildeo)

Qtd

Injetor de Combustiacutevel Keihin 3340-9657-7489 Magnetron MAGNETRON 154-209-B 1

Bobina de Igniccedilatildeo Bosch F000ZS0104 NGK NGK U1092 1

Cabo de Vela Bosch F00099C067 NGK NGK SC-T58 1

Sensor Hiacutebrido - MAP - TPS - IAT

Keihin 16060-KVK-901 MTE-Thomson

MTE6701 1

Sensor de Rotacatildeo HALL Continental 55223464 MTE-Thomson

MTE70565 1

Bomba de Combustiacutevel Delphi BCD 00101 Bosch 580464070 1

Regulador de Pressatildeo Comb

SPA SPA TURBO 1

Roda Focircnica 60-2 Fueltech JR7401PTAz 1

Corpo de Boboletas XR300

Keihin 1641A-KWT-305 1

99

Anexo A

Esquema eleacutetrico do sistema de gerenciamento eletrocircnico

100

101

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

Anexo B

Datasheet Sensor MAP ndash NXPFreescale MPX4250AP

112

113

114

115

116

117

118

119

120

121

122

123

124

125

126

127

Anexo C

Lista de componentes Speeduino

Qtd Referecircncia na Placa Componente Valor Modelo

1 C16 CAP TANT 10uF 35V 10 RADIAL 10uF

6 C2C4C6C8C10C24 CAP CER 022uF 50V 10 RADIAL 220nF 224

7 C1C3C5C7C9C13C15 CAP CER 01uF 50V 20 RADIAL 100nF 104

1 C14 CAP TANT 47uF 63V 10 RADIAL 47uF

1 C18 CAP CER 033uF 50V 10 RADIAL 330nF 334

2 C19C25 CAP CER 10000pF 50V 10 RADIAL 10nF 103

3 C11C12C20 CAP CER 1uF 50V 20 RADIAL 1uF 105

1 C23 CAP CER 4700pF 100V 10 RADIAL 47nF 472

1 D16 DIODO ZENER 56V 3W AXIAL 1N5919BG 1N5919BG 2 D15D17 DIODO SCHOTTKY 1A 30V DO41 1N5818 1N5818

8 LED1LED2LED3LED4

LED5LED6LED7LED8 LED SS 3MM LED

4 D9D10D11D12 DIODO USO GERAL 400V 1A DO41 1N4004 1N4004

1 U2 VARISTOR 14MM 22V 1000A ZNR Varistor ZNR

V14D220

8 Q1Q2Q3Q4Q5Q6Q7

Q8 MOSFET N-CH 33V TO-220

62A

MOSFET STP75NS04Z

1 R54 RES 100K Ohm 14W 1 METAL

FILM 10kΩ

14W - 1

17

R10R13R16R19R21

R23R24R29R30R39

R40R50R51R57R58

R59R60

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 1kΩ

14W - 1

4 R9R12R15R18 RES 680 Ohm 06W 1 AXIAL 680Ω 14W - 1

6 R2R4R6R8R22R41 RES FILME METAacuteLICO 14W 470

Ohm 1 AXIAL 470Ω

14W - 1

7 R1R3R26R28R33R34

R61

249k Ohm plusmn1 025W 14W FILME

METAacuteLICO 249kΩ

14W - 1

1 R7 RES 39K Ohm 14W 01 FILME

METAacuteLICO 39kΩ

14W - 1

12

R11R14R17R20R35R3

6R37R38R48R49

R55R56

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 100kΩ

14W - 1

4 R25R27R31R32 RES 160 Ohm 2W 1 AXIAL 160Ω 2W - 1

1 U1 REGULADOR DE TENSAtildeO

LM2940-50 1A TO220 LM2940T 50NOPB

1 MPX4250A SENSOR MAP 363 PSI MAX 1-Bar MAP MPX4250AP

2 IC1IC2 CI MOSFET DVR 3A DUAL HS 8-DIP TC4424EP

A TC4424EPA

Page 10: FACULDADE DE TECNOLOGIA FATEC SANTO ANDRÉfatecsantoandre.edu.br/arquivos/TCC/227-Mecanica/TCC511.pdfLista de Unidades de Medida cm³ - unidade de volume, centímetros cúbicos mm

Sumaacuterio

1 Introduccedilatildeo 18

11 Motivaccedilatildeo 19

12 Objetivos 21

13 Contribuiccedilotildees Esperadas 21

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho 22

2 Fundamentaccedilatildeo 23

21 Objetivos do Capiacutetulo 24

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos 24

23 Admissatildeo 29

24 Compressatildeo 31

25 Combustatildeo 35

251 Igniccedilatildeo 36

26 Exaustatildeo 37

261 Escapamento 41

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna 48

3 Detalhamento do Projeto 51

31 Dados do Motor 52

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico 58

33 Arduino Mega 2560 60

34 Speeduino 62

35 Montagem do Sistema Speeduino 63

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico 72

37 Corpo de Borboleta 76

38 Unidade de Sensores 77

381 Sensor TPS 77

382 Sensor IAT 78

383 Sensor MAP 79

39 Sistema de Igniccedilatildeo 82

4 Calibraccedilatildeo do Motor 83

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais 83

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel 85

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo 86

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada 87

5 Dados do Motor (Modificado) 87

6 Resultados 88

7 Conclusatildeo 89

8 Propostas Futuras 90

9 Referecircncias Bibliograacuteficas 91

10 Referecircncia Figuras 92

Apecircndice I 98

Anexo A 99

Anexo B 111

Anexo C 127

Lista de Figuras

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos 25

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro 26

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto 26

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas 27

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa 27

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter

do motor passando pela vaacutelvula de palhetas 28

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor

permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel 29

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

30

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos

pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro 31

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando

formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto 32

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo 33

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio

de platinado 36

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts 37

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF 39

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida 39

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System 40

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos 41

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos 42

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante 48

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo 49

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus

perifeacutericos 50

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135 51

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30 53

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo 53

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia 54

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto 55

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1 55

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2 56

Figura 29 - Processo de pintura 56

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo 57

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada 57

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta 58

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport 59

Figura 34 - ECU Bosch MS 151 59

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino 60

Figura 36 - Arduino Mega 2560 61

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino 63

Figura 38 - Inicio da montagem da placa 64

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada 65

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio 66

Figura 41 - Aterramento refeito externamente 67

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico 68

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada 69

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica 70

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes 71

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v 71

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall 72

Figura 48 - Roda Focircnica 73

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 74

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 75

Figura 51 - Corpo de Borboleta 76

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS 78

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT 79

Figura 54 - Princiacutepio strain gage 80

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP 81

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW 82

Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo 82

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor 84

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE 85

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo 86

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees 88

Lista de Graacuteficos

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3

1996 20

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos

com rotaccedilatildeo em 6000 RPM 35

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de

retorno 44

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor 46

Lista de Quadros

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos 23

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para oldquoHeaderrdquo 43

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor 44

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor 45

Quadro 5 - Comprimento da ponteira 47

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560 61

Lista de Foacutermulas

1 - Caacutelculo da Taxa de Compressatildeo 34

2 - Volume a ser comprimido (fabricantes japoneses) 34

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento 42

4 - Dimensotildees do Escapamento Header 43

5 - Dimensotildees do Escapamento Difusor 45

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor 46

7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo 47

8 - Caacutelculo do Fator Gauge 80

18

1 Introduccedilatildeo

Em 1878 um engenheiro escocecircs criou o projeto tido como o primeiro motor

de ciclo dois tempos e eacute atribuiacutedo a ele esta invenccedilatildeo este engenheiro era

Dugald Clerk Poreacutem este motor possuiacutea algumas diferenccedilas dos motores dois

tempos que conhecemos e utilizamos durante todo o seacuteculo XX ateacute os dias de

hoje Nos motores de Clerk a admissatildeo era feita por bombeamento separado do

motor possuiacutea vaacutelvulas e utilizava gaacutes como combustiacutevel (NUNNEY 1992)

O primeiro motor de ciclo dois tempos com as caracteriacutesticas que hoje

conhecemos com admissatildeo inicial e compressatildeo no caacuterter transferecircncia da

mistura feita por janelas nas laterais do cilindro sem vaacutelvulas soacute foi inventado

por volta de 1892 pelo inglecircs Joseph Day que por volta de 1889 comeccedilou a

desenvolver um motor de combustatildeo interna sem infringir as patentes de

Nikolaus Otto as quais eram as patentes do motor com ciclo a quatro tempos

(BOOTHROYD 2006)

As patentes de Nikolaus Otto satildeo atualmente invaacutelidas e atribuiacutedas a um

engenheiro francecircs Alphonse-Eugene Beau de Rochas o qual havia feito todos

estudos pesquisas e projetos sobre este ciclo anos antes em 1862 poreacutem natildeo

chegou a construir um motor assim como Otto o fez (TILLMAN 2013)

A invenccedilatildeo do motor dois tempos eacute creditada a Dugald Clerk Satildeo citados

diversos pesquisadores engenheiros inventores e construtores como pessoas

que desenvolveram e agregaram conhecimento a este tipo de motor poreacutem foi

possiacutevel observar durante as pesquisas que Day eacute pouco lembrado em livros e

documentos poreacutem historicamente foi quem idealizou e construiu as soluccedilotildees

para o motor dois tempos que utilizamos quase que literalmente ateacute os dias de

hoje (BOOTHROYD 2006)

Durante o seacuteculo XX os motores dois tempos foram amplamente utilizados

na induacutestria automotiva Foram construiacutedos diversos veiacuteculos com esses

motores carros motocicletas caminhotildees e tratores O primeiro estudo e

construccedilatildeo de protoacutetipo de injeccedilatildeo eletrocircnica voltada para motores dois tempos

aconteceu em 1978 exatos cem anos da construccedilatildeo do motor de Clerk e foi

feita por Edmond Vieilledent que conseguiu obter relativo sucesso em suas

pesquisas e desenvolvimento poreacutem a tecnologia de microprocessamento na

19

eacutepoca inicial e o custo para implementaccedilatildeo relativamente alto em motores de

baixa cilindrada aparentemente inviabilizou o projeto em larga escala

(VIEILLEDENT 1978)

Quarenta anos apoacutes o trabalho de Vieilledent em 2018 a fabricante de

motocicletas austriacuteacas KTM Motorcycle disponibiliza para venda no mercado

motocicletas de competiccedilatildeo off-road de 250 e 300cmsup3 com sistema de injeccedilatildeo

eletrocircnica o que vem a corroborar a ideia de que os motores dois tempos para

determinadas aplicaccedilotildees merecem a implementaccedilatildeo de novas tecnologias para

que haja junto com a evoluccedilatildeo eletrocircnica novos resultados aplicados aos

motores dois tempos

11 Motivaccedilatildeo

As motivaccedilotildees deste trabalho surgem da premissa de reduzir algumas

deficiecircncias intriacutensecas do funcionamento dos motores de ciclo dois tempos

funcionamento que seraacute abordado e explicado em um toacutepico especiacutefico adiante

Para isso seraacute utilizado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel com

processamento de dados feito a partir de um Arduino Mega 2560 montado em

um motor Yamaha de 135cmsup3 de 2 tempos de fabricaccedilatildeo nacional produzido ateacute

o ano de 2000 Este motor equipou por mais de vinte anos as motocicletas

Yamaha Rd e Rdz 135cmsup3 e possuiacuteam como sistema de alimentaccedilatildeo de

combustiacutevel carburadores com diacircmetro de venturi 24mm e 26mm

respectivamente e sistema de igniccedilatildeo por descarga capacitiva com curva de

igniccedilatildeo preacute-estabelecida

Os motores dois tempos possuem caracteriacutesticas de funcionamento muito

peculiares e produzem uma potecircncia especiacutefica relativamente alta poreacutem esta

potecircncia vem de uma curva de torque caracteriacutestica do projeto do motor sendo

muito difiacutecil conseguir obter uma curva onde se consiga que a potecircncia seja alta

em todas as faixas de rotaccedilatildeo A maioria dos projetos de motores dois tempos

favorece a potecircncia em uma faixa de rotaccedilatildeo muito estreita por exemplo motores

que satildeo projetados para terem alto torque natildeo possuem alta rotaccedilatildeo e motores

para alta potecircncia soacute conseguem atingir esta potecircncia apoacutes os 10000rpm e todo

o resto da curva de potecircncia do motor eacute esquecida Este trabalho visa a

20

introduccedilatildeo de um sistema de gerenciamento de combustiacutevel e igniccedilatildeo eletrocircnico

para obter uma possiacutevel melhora da faixa de potecircncia aumentando a largura

dessa faixa de potecircncia elevada

Podemos notar ao analisarmos o graacutefico 1 que este tipo de motor produz

uma faixa de trabalho uacutetil de aproximadamente 1500 rpm somente apoacutes os

10000 rpm esta caracteriacutestica torna a pilotagem destas motocicletas em regime

de competiccedilatildeo muito difiacutecil e cansativa

Fonte httppulpmxcom

Com a inserccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico seraacute feita a

tentativa de implementar uma calibraccedilatildeo que natildeo privilegie somente uma faixa

tatildeo pequena de trabalho buscando antecipar e ampliar esta faixa de potecircncia

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3 1996

21

12 Objetivos

Os objetivos deste trabalho satildeo construir montar adaptar e talvez a parte

mais complexa calibrar um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel em um

motor de ciclo dois tempos Natildeo existem muitas informaccedilotildees a respeito de

calibraccedilatildeo eletrocircnica para motores em geral muito menos para motores dois

tempos o que torna esse acerto um tanto quanto difiacutecil

Como descrito anteriormente a motivaccedilatildeo vecircm da capacidade de tentar

incrementar potecircncia em um motor de pouca massa e isso eacute o essencial para

regimes de performance em competiccedilotildees de karts naacuteuticas e de motocicletas

A busca seraacute por uma calibraccedilatildeo final que alargue a faixa de potecircncia do motor

ou seja melhorando suas caracteriacutesticas de funcionamento utilizando um

sistema de gerenciamento eletrocircnico com alguns sensores que seja confiaacutevel e

que permita a sua utilizaccedilatildeo em quaisquer condiccedilotildees climaacuteticas e ambientais

tais como umidade temperatura e pressatildeo atmosfeacuterica

13 Contribuiccedilotildees Esperadas

As contribuiccedilotildees estatildeo relacionadas com os objetivos descritos na

subseccedilatildeo 12 e satildeo elas

a) Promover uma anaacutelise de forma ampla sobre os aspectos positivos e

negativos dos motores que utilizam o ciclo de dois tempos

b) Renovar alguns dados encontrados na literatura teacutecnica a respeito dos

motores dois tempos que na maioria dos livros sobre motores de

combustatildeo interna satildeo dados advindos do estudo de motores anteriores

a deacutecada de 1950 ou seja informaccedilotildees que merecem atualizaccedilatildeo

c) Expor os aspectos positivos do uso da eletrocircnica e programaccedilatildeo no

gerenciamento de motores

d) Possibilitar a adaptaccedilatildeo de uma tecnologia moderna e aberta (open

source) em antigos motores de combustatildeo interna que originalmente

possuiacuteam alimentaccedilatildeo de combustiacutevel mecacircnica e sistema de igniccedilatildeo

simplificado

e) Mostrar as possiacuteveis e esperadas dificuldades de se calibrar o sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos

22

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho

Este trabalho abordaraacute a inserccedilatildeo de um sistema de gerenciamento

eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos sendo assim o assunto eacute abordado

em trecircs fases

Fase Inicial Aborda todo o conceito de funcionamento mecacircnico do motor

de ciclo dois tempos princiacutepios caracteriacutesticas de construccedilatildeo soluccedilotildees

adotadas ao longo da histoacuteria principais aplicaccedilotildees Esta parte tambeacutem tem por

objetivo ampliar o entendimento deste tipo de motor que eacute pouco esclarecido

em literaturas teacutecnicas e quando apresentado em livros utiliza o princiacutepio de

funcionamento correto poreacutem demonstra exemplos de motores antigos sem

muitas soluccedilotildees eficientes

Fase Intermediaacuteria Aborda todas as soluccedilotildees eleacutetricas e eletrocircnicas que

seratildeo utilizadas para o desenvolvimento do protoacutetipo histoacuterico de aplicaccedilotildees em

motores dois tempos processo de escolha montagem de componentes e

sensores anaacutelise de funcionamento e dificuldades enfrentadas

Fase Final Mostra os processos necessaacuterios para fazer a calibraccedilatildeo de

um motor de combustatildeo interna utilizando gerenciamento eletrocircnico aplicaccedilatildeo

em motores dois tempos quais as dificuldades e resultados obtidos

23

2 Fundamentaccedilatildeo

Os motores de ciclo dois tempos possuem o conceito mecacircnico da

termodinacircmica para seu funcionamento onde eacute admitido uma mistura de ar e

combustiacutevel pelo orifiacutecio de admissatildeo Posteriormente essa mistura sofre uma

melhor homogeneizaccedilatildeo no caacuterter junto ao eixo de manivelas onde tambeacutem eacute

comprimido e transferido para a cabeccedila do pistatildeo pelos orifiacutecios de transferecircncia

apoacutes a transferecircncia o pistatildeo inicia o ciclo de subida sentido PMS onde comprime

a mistura ar combustiacutevel e sofre combustatildeo por meio de uma centelha

Nos motores de ciclo dois tempos os pistotildees assim como nos motores

com ciclo quatro tempos possuem movimento alternativo em relaccedilatildeo ao cilindro

poreacutem a lubrificaccedilatildeo dos cilindros eacute feita por meio de oacuteleo misturado com o

combustiacutevel podendo ser forccedilado por uma bomba de lubrificaccedilatildeo que injeta o

oacuteleo no orifiacutecio de admissatildeo ou mesmo por uma mistura oacuteleocombustiacutevel que

pode ser previamente feita Esse sistema simplifica todo o funcionamento deste

tipo de motor poreacutem tambeacutem traz consigo suas deficiecircncias intriacutensecas desse

processo de combustatildeo

Segundo o Manual de Tecnologia Automotiva Bosch (2005) os motores

dois tempos possuem as vantagens e desvantagens que vemos a seguir

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos

Vantagens Desvantagens

Design Simples do Motor Maior Consumo de Combustiacutevel

Baixo Peso Altas Emissotildees de

Hidrocarbonetos

Baixo Custo de Fabricaccedilatildeo Pressatildeo Efetiva Meacutedia mais

Baixa

Padratildeo Melhor de Forccedila de

Torccedilatildeo

Cargas Teacutermicas mais Altas

Marcha Lenta mais deficiente

(Bosch 2005)

24

O desenvolvimento deste trabalho natildeo busca fazer um comparativo entre

os diversos ciclos de funcionamento dos motores de combustatildeo interna

existentes apesar de que em determinados toacutepicos essa comparaccedilatildeo seja

inevitaacutevel Apoacutes a anaacutelise deste trabalho seraacute possiacutevel tirar as proacuteprias

conclusotildees a respeito do funcionamento de motores dois tempos visto que a

maioria das literaturas a respeito dos motores dois tempos natildeo satildeo especiacuteficas

nem tampouco profundas a respeito do tema

21 Objetivos do Capiacutetulo

As seccedilotildees a seguir apresentam o princiacutepio de funcionamento dos motores

de ciclo dois tempos O capiacutetulo iraacute abordar e analisar as fases de funcionamento

e alguns componentes mecacircnicos deste tipo de motor e os resultados de

possiacuteveis modificaccedilotildees em seus componentes

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos

Diferentemente dos motores de ciclo otto a 4 tempos que necessitam a

rotaccedilatildeo de 720deg do eixo aacutervore de manivelas os motores de ciclo dois tempos

necessitam apenas de 360deg do eixo aacutervore de manivelas para executar as quatro

operaccedilotildees baacutesicas de funcionamento de um motor de combustatildeo interna

- Admissatildeo

- Compressatildeo

- Combustatildeo

- Exaustatildeo

25

Apesar das operaccedilotildees e princiacutepio de funcionamento dos motores dois tempos

serem parecidas com as do ciclo otto a concepccedilatildeo e construccedilatildeo do motor eacute

totalmente diferente Os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como

existem nos motores de ciclo otto pelo menos natildeo no sistema mais baacutesico de

funcionamento desses motores (conforme Figura 1)

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos

Editado pelo Autor Fonte httpswwwshutterstockcom

No sistema baacutesico de funcionamento de um motor dois tempos o cilindro possui

aberturas chamadas janelas elas satildeo como portas para entrada e saiacuteda da

mistura arcombustiacutevel

A mistura arcombustiacutevel apoacutes ser succionada atraveacutes do carburador entra

atraveacutes da chamada janela de admissatildeo no cilindro (conforme Figura 2) e chega

primeiramente no caacuterter do motor alguns motores normalmente os de

competiccedilatildeo ou maior performance possuem a entrada de arcombustiacutevel

diretamente no caacuterter (conforme Figura 3) natildeo necessitando entrar no cilindro e

ir para o caacuterter poreacutem isto natildeo eacute regra A entrada desse combustiacutevel no caacuterter

tambeacutem eacute utilizada para a lubrificaccedilatildeo dos rolamentos inferiores do motor jaacute que

na maioria dos casos o combustiacutevel e oacuteleo lubrificante satildeo misturados salvo

26

raros casos em que existem pontos de injeccedilatildeo apenas de oacuteleo em determinadas

partes do motor

Editado pelo Autor Fonte httpwwwrichstaylordportingcom

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto

Editado pelo Autor Fonte httpwwwebaycom

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro

27

Como dito anteriormente os motores dois tempos em essecircncia natildeo utilizam

vaacutelvulas poreacutem com o desenvolvimento desse tipo de motor foi-se aprimorando

a tecnologia e notou-se a necessidade do uso de vaacutelvulas na admissatildeo visto

que parte da mistura era expelida novamente pela admissatildeo quando havia

compressatildeo no caacuterter anteriormente este papel de vaacutelvula de admissatildeo era feito

pelo proacuteprio pistatildeo que ao passar pela janela de admissatildeo determinava os

intervalos de tempo entre admissatildeo e exaustatildeo Para melhorar a eficiecircncia do

sistema de vaacutelvula feito pelo pistatildeo adotou-se principalmente dois sistemas o

sistema de palhetas (conforme Figura 4) e o sistema de vaacutelvula rotativa

(conforme Figura 5)

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas

Fonte wwwamazoncom

Fonte httpscellcodeus

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa

28

Apoacutes ser recebida no caacuterter a mistura arcombustiacutevel eacute comprimida com a

descida do pistatildeo sentido ao PMI o que gera o aumento de pressatildeo no caacuterter e

faz com que a mistura seja transportada para a parte superior do pistatildeo atraveacutes

das chamadas janelas de transferecircncia (conforme Figura 6) Essas janelas

possuem aberturas na parte inferior do cilindro junto ao caacuterter do motor que eacute

por onde passa esta mistura arcombustiacutevel essas aberturas ligam dutos de

transferecircncia ateacute uma abertura na camisa do cilindro jaacute na parte superior do

pistatildeo (conforme Figura 6) Com a mistura jaacute na parte superior do pistatildeo ela eacute

comprimida e por fim queimada e os gases resultantes da queima satildeo expulsos

pela janela de exaustatildeo (conforme Figura 6)

Editado pelo Autor Fonte wwwpatentimagescom

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter do motor passando pela vaacutelvula de palhetas

29

23 Admissatildeo

O processo de admissatildeo inicia-se com a subida do pistatildeo sentido PMS

isso cria uma pequena depressatildeo no caacuterter do motor poreacutem suficiente para

arrastar a mistura arcombustiacutevellubrificante advinda do sistema de alimentaccedilatildeo

usualmente carburadores Essa mistura passa por vaacutelvulas que controlam a

entrada de mistura fresca no motor Na maioria dos motores atuais utilizam-se

vaacutelvulas de palhetas elas tambeacutem tecircm a funccedilatildeo de impedir que a mistura retorne

para o coletor de admissatildeo quando haacute a movimentaccedilatildeo do pistatildeo sentido PMI

(conforme Figura 7) Os primeiros motores de Joseph Day jaacute haviam adotado

uma soluccedilatildeo de vaacutelvulas de palhetas poreacutem esse sistema foi esquecido por

muitos anos e novamente adotados para motores de motocicletas de competiccedilatildeo

em meados dos anos 70 Notemos que a mistura no caacuterter do motor aleacutem de ar

e combustiacutevel tambeacutem possui lubrificante que nesse momento faz a lubrificaccedilatildeo

das peccedilas moacuteveis na parte inferior do motor Nas figuras seguintes podemos

notar como se comporta a entrada da mistura arcombustiacutevel para o caacuterter do

motor e tambeacutem o funcionamento das vaacutelvulas de palhetas

Editado pelo Autor Fonte www1bpblogspotcom

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel

30

O principal momento de admissatildeo da mistura arcombustiacutevel para o motor se daacute

com subida do pistatildeo rumo ao PMS no entanto esse natildeo eacute o uacutenico periacuteodo em

que o motor recebe mistura fresca do sistema de alimentaccedilatildeo Quando o pistatildeo

inicia o movimento de descida rumo ao PMI apoacutes a exaustatildeo tambeacutem temos

admissatildeo de mistura arcombustiacutevel fresca A quantidade eacute bem menor e se daacute

pela depressatildeo gerada pelo escape dos gases queimados junto a janela de

exaustatildeo Essa admissatildeo acontece passando por uma janela conhecida

popularmente como ldquoQuinta Luzrdquo ou em inglecircs ldquoBoost Portrdquo (conforme Figura 8)

poreacutem esse curto periacuteodo de admissatildeo tem maior influecircncia no processo de

exaustatildeo dos gases Essa admissatildeo favorece a expulsatildeo dos gases e limpeza

da cacircmara de combustatildeo para iniacutecio de um novo ciclo

Editado pelo Autor Fonte httpswwwpinterestcom

A duraccedilatildeo desse periacuteodo em graus da duraccedilatildeo da admissatildeo na quinta

luz pode ser tido como um dos periacuteodos criacuteticos no que diz respeito e eficiecircncia

do motor dois tempos pois se o periacuteodo tiver uma duraccedilatildeo muito prolongada

pode resultar em excesso de mistura fresca que eacute ldquojogada forardquo para a exaustatildeo

e se for muito curto acaba mantendo gaacutes queimado na cacircmara de combustatildeo o

que gera perda de potecircncia para o motor

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

31

24 Compressatildeo

A compressatildeo no motor dois tempos acontece assim como no motor de quatro

tempos comprimindo o volume total do cilindro em uma pequena aacuterea da cacircmara

de combustatildeo Poreacutem diferentemente do motor quatro tempos o cilindro do

motor dois tempos natildeo eacute totalmente vedado possuindo aberturas que como dito

anteriormente se chamam janelas (conforme Figura 6)

Podem existir vaacuterios formatos de cacircmara de combustatildeo ou popularmente

conhecido como cabeccedilote cada tipo buscando um resultado final diferente

(conforme Figuras 910 e 11)

Como os cabeccedilotes de motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas satildeo

praticamente um material usinado ou fundido contemplando um formato final E

esse formato nos motores dois tempos influencia muito na performance do

motor

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro

32

Os cabeccedilotes dos motores dois tempos possuem formatos que privilegiam

determinadas faixas de rotaccedilatildeo ou comportamento do motor com relaccedilatildeo a

torque Os chamados ldquoSquishrdquo satildeo um formato que impotildeem uma alta velocidade

agrave mistura em direccedilatildeo a vela de igniccedilatildeo e produz melhora no comportamento da

queima (conforme Figura 10)

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

O ldquoSquishrdquo eacute composto por algumas medidas que satildeo

Banda do Squish eacute a largura da faixa onde se concentra o squish e contorna

toda a circunferecircncia do cabeccedilote podendo ser mais larga ou estreita

dependendo do regime de funcionamento do motor

Acircngulo do Squish eacute o acircngulo feito na banda de squish podendo acompanhar

ou natildeo o acircngulo existente na cabeccedila do pistatildeo natildeo eacute usual mas podem existir

cabeccedilotes cujos acircngulos de squish sejam retos assim como a cabeccedila dos

pistotildees nesses motores

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto

33

Folga do Squish essa folga eacute a folga do topo da cabeccedila do pistatildeo quando

em PMS ateacute o ponto fiacutesico mais proacuteximo da banda de squish

Segundo Bell (1999) os cabeccedilotes que contemplam ldquoSquishrdquo vieram a

promover melhorias significantes na performance dos motores dois tempos

Esse tipo de cabeccedilote promove melhor homogeneizaccedilatildeo da mistura

arcombustiacutevel e tambeacutem de qualquer porccedilatildeo de gases de escapamento

residuais presentes na cacircmara Esse formato tambeacutem evita que a propagaccedilatildeo

de chama para as laterais do cilindro promovam o aquecimento do mesmo fator

que pode dar iniacutecio a um ciclo de detonaccedilatildeo que eacute muito prejudicial para o

funcionamento do motor

Fonte httpwwwcmraracingcom

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo

34

Um outro fator que gera uma certa confusatildeo em motores dois tempos eacute a

mediccedilatildeo da taxa de compressatildeo A compressatildeo efetiva do volume do cilindro

ocorre apenas quando os aneacuteis de segmento do pistatildeo passam pela uacuteltima

abertura sentido PMS sendo que a uacuteltima abertura em motores dois tempos satildeo

as janelas de exaustatildeo

O que pode se notar usualmente eacute que fabricantes europeus utilizam a

mesma maneira de se calcular taxa de compressatildeo de motores quatro tempos

em motores de ciclo dois tempos

onde

RC Relaccedilatildeo de Compressatildeo

VC Volume do Cilindro (cmsup3)

VCC Volume da Cacircmara de Combustatildeo (cmsup3)

Enquanto fabricantes japoneses utilizam uma maneira especiacutefica de medir

a taxa compressatildeo para motores dois tempos avaliando o volume total de

compressatildeo efetiva somente apoacutes a passagem dos aneacuteis de segmento pela

janela de escapamento fazendo sua vedaccedilatildeo Nesse caso o volume total do

cilindro natildeo entra na conta o que se utiliza eacute a altura da janela de exaustatildeo como

referecircncia para o volume total a ser comprimido

Pode-se assim calcular o Volume a ser Comprimido

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

onde

VAC Volume a ser comprimido (cmsup3)

120645 Constante

r Raio do cilindro (mm)

h distacircncia percorrida pelo pistatildeo do momento de fechamento da janela

de exaustatildeo ateacute a chegada em PMS (mm)

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

RC = VC+VCC

VCC

1-Caacutelculo da Taxa de

Compressatildeo

2 - Volume a ser comprimido

(fabricantes japoneses)

35

Quando pesquisa-se em fichas teacutecnicas sobre motores dois tempos tais

literaturas podem gerar uma confusatildeo de entendimento pois pode-se entender

que motores europeus utilizam taxa de compressatildeo muito maior que os motores

japoneses e isto natildeo eacute verdade apenas utilizam meacutetodos de mediccedilatildeo diferentes

25 Combustatildeo

O processo de combustatildeo em motores dois tempos eacute muito semelhante ao

dos motores de quatro tempos mas com uma diferenccedila essencial ao

entendimento deste tipo de motores Nos motores de ciclo de quatro tempos

acontece a centelha na vela de igniccedilatildeo a cada 720deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore

de manivelas enquanto no motor de ciclo dois tempos a centelha ocorre a cada

360deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore de manivelas ou seja a cada subida do pistatildeo

sentido PMS ocorre uma combustatildeo

Segundo Najafabadi Aziz Adams e Leman (2013) existem alguns efeitos

gerados no processo de combustatildeo advindos do ciclo anterior devido a gases

residuais que se mantiveram na cacircmara de combustatildeo Este fenocircmeno afeta a

combustatildeo podendo ocorrer avanccedilo ou atraso do tempo de igniccedilatildeo devido a

temperatura desses gases Ainda a pressatildeo no interior do cilindro que veio do

ciclo anterior afeta o fluxo de transiccedilatildeo do motor podendo a quantidade de gases

residuais ser diferente (conforme Graacutefico 2)

Fonte Najafabadi et al 2013

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos com rotaccedilatildeo em 6000 RPM

36

251 Igniccedilatildeo

Este mecanismo eacute importante para que o processo de combustatildeo seja

equilibrado bem executado e responda com um bom funcionamento do motor

Existem diversos sistemas de igniccedilatildeo disponiacuteveis para motores dois tempos

desde os mais simplificados (conforme Figura 12) ateacute sistemas programaacuteveis

onde pode-se determinar a curva de avanccedilo desejada por meio de programaccedilatildeo

do dispositivo via software (conforme Figura 13) poreacutem para entendimento do

funcionamento o esquema eleacutetrico do sistema de igniccedilatildeo por platinado possui

faacutecil entendimento este sistema foi utilizado por muitos anos e o uacutenico motivo de

cair em desuso era a necessidade de regulagem constante devido ao desgaste

mecacircnico do contato eleacutetrico

Fonte Bell 1999

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio de platinado

37

Fonte httpwwwpvl-zuendungende

26 Exaustatildeo

Este eacute com certeza o processo mais importante dentre todos os processos no

motor dois tempos a janela de exaustatildeo eacute a aacuterea do motor que se sofrer uma

alteraccedilatildeo de alguns deacutecimos de miliacutemetros pode mudar completamente o

comportamento do motor

Como jaacute discorremos os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como os

motores quatro tempos pelo menos natildeo nos mesmos moldes ou entatildeo vaacutelvulas

que vedem completamente a passagem dos gases Em um motor de quatro

tempos o comando de vaacutelvulas determina qual eacute momento de abertura das

vaacutelvulas a ordem o levante etc No motor dois tempos essa funccedilatildeo de duraccedilatildeo

da admissatildeo e exaustatildeo eacute composta pela diagramaccedilatildeo das janelas do cilindro

(conforme Figura 14) e satildeo fixas natildeo existe um comando de vaacutelvulas rotativo

ou qualquer dispositivo semelhante dentre essa diagramaccedilatildeo a duraccedilatildeo mais

importante e que determina o desempenho do motor e como ele se comportaraacute

eacute a da janela de exaustatildeo

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts

38

Segundo Bell (1999) o processo de modificaccedilatildeo da janela de exaustatildeo eacute talvez

um dos mais criacuteticos dentro dos motores dois tempos (conforme Figuras 14 e

15) pocircde-se notar que as diagramaccedilotildees possuem desenhos diferentes de

janelas de exaustatildeo o primeiro modelo da Yamaha TZ250 (conforme Figura 14)

eacute de janela uacutenica pois a dimensotildees que foram determinadas para o tamanho e

duraccedilatildeo da janela dado o diacircmetro do cilindro permitiram que isso fosse feito Jaacute

no segundo diagrama da Suzuki PE175 podemos notar que a janela de exaustatildeo

eacute bi partida (conforme Figura 15) isso acontece por que por projeto foi

determinado um tamanho de janela de exaustatildeo demasiadamente grande para

o diacircmetro desse cilindro natildeo eacute regra mas usualmente a largura de uma janela

de exaustatildeo pode ter no maacuteximo 70 do diacircmetro do cilindro isso acontece para

que os aneacuteis de segmento natildeo tendam a entrar no duto de exaustatildeo quando por

laacute passarem por isso a soluccedilatildeo adotada na Suzuki PE175 de adicionar mais

uma divisatildeo na janela permite ter uma janela de exaustatildeo mais larga sem

comprometer a durabilidade do motor

Por ser uma medida fiacutesica e determinante para o funcionamento do motor dois

tempos a janela de exaustatildeo sempre foi um ponto criacutetico no projeto desses

motores pois se o projeto determinava uma medida para a janela de exaustatildeo a

performance do motor era inerente a esta medida Motores que foram

desenvolvidos ateacute o final da deacutecada de 1970 natildeo conseguiam melhorar suas

caracteriacutesticas em todas as faixas de funcionamento Por exemplo se o projeto

da janela de exaustatildeo era feito para funcionar bem em baixas rotaccedilotildees isso

caracterizava aquele motor e nada podia ser feito para ser melhorado sem que

isso comprometesse outras faixas de rotaccedilatildeo

Motocicletas e karts de competiccedilatildeo que eram projetados para funcionar bem

em altas rotaccedilotildees tinham todo o torque em baixa muito comprometido se vermos

corridas de motocicletas da deacutecada de 1970 e iniacutecio dos anos de 1980 podemos

ver pilotos que largavam praticamente empurrando a motocicleta ateacute que ela

embalasse e chegasse a uma rotaccedilatildeo onde o motor pudesse andar sozinho

39

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida

40

No iniacutecio dos anos de 1980 a Yamaha criou uma soluccedilatildeo para melhorar o

desempenho dos motores dois tempos em todas as faixas de rotaccedilatildeo eacute um

sistema com uma vaacutelvula mecacircnica que variava as dimensotildees da janela de

exaustatildeo durante o funcionamento do motor esse sistema eacute chamado YPVS

(Yamaha Power Valve System) (conforme Figura 16) foi um sistema que permitiu

a Yamaha ganhar diversas competiccedilotildees on e off road ateacute que seus concorrentes

pudessem desenvolver sistemas semelhantes

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Inicialmente esse sistema era totalmente mecacircnico e era tocado por uma

bomba centriacutefuga ligada ao eixo arvore do motor posteriormente em

motocicletas de rua foi adotado o mesmo princiacutepio poreacutem foi utilizado um sistema

eletrocircnico com um servo motor Outros fabricantes desenvolveram sistemas

semelhantes ao longo do tempo e adotaram as mais diversas soluccedilotildees Um outro

sistema bastante popular foi o sistema pneumaacutetico (conforme Figura 17) que

era composto por uma vaacutelvula do tipo guilhotina e uma membrana na janela de

exaustatildeo a vaacutelvula se mantinha fechada em baixas rotaccedilotildees melhorando o

torque naquele momento e a membrana era calibrada para que em um certo

momento quando certa quantidade de gases de escape estivessem sendo

produzidos a membrana empurrava a vaacutelvula para traacutes aumentando as

dimensotildees da janela de exaustatildeo melhorando o torque em altas rotaccedilotildees

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System

41

Fonte httpwww bikemanperformancecom

261 Escapamento

Ainda na fase de exaustatildeo o escapamento eacute o acessoacuterio mais importante

para o bom funcionamento dos motores dois tempos e necessita cuidados

especiais em seu desenvolvimento Eacute intriacutenseco do funcionamento e da forma

construtiva do motor dois tempos o fato de que ele acaba por jogar mistura

fresca para o escapamento e isso causa perda de performance Assim o

escapamento promove ondas de ressonacircncia que causam o retorno de parte

dessa mistura fresca novamente para dentro do cilindro

Este sistema determina muito das caracteriacutesticas importantes de

funcionamento desse tipo de motor Satildeo peccedilas complexas de serem construiacutedas

e produzem um som caracteriacutesticos de ldquoring-dingrdquo a este tipo de motor

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos

42

Para um bom projeto de escapamento satildeo necessaacuterios diversos caacutelculos

para que se obtenha as dimensotildees ideais Posteriormente outro desafio eacute aplicar

as dimensotildees calculadas ao projeto do veiacuteculo o que produz verdadeiras

esculturas mecacircnicas (conforme Figura 18)

Caacutelculo para determinaccedilatildeo do comprimento ideal do escapamento

Onde

LE = Comprimento do escapamento (mm)

DE = Duraccedilatildeo da janela de exaustatildeo em graus (deg)

RPM = Rotaccedilatildeo para melhor funcionamento do motor (1min)

42545 = Constante que leva em conta que a onda socircnica sempre viaja na

velocidade do som no ar

Fonte Bell 1999

O trecho do escapamento que sai do cilindro do motor eacute chamado em inglecircs

ldquoHeaderrdquo esse trecho usualmente eacute cocircnico e utiliza acircngulos entre 115deg e 15deg

Entretanto ao longo da histoacuteria os fabricantes testaram acircngulos variando entre

08deg ateacute 23deg de conicidade para determinadas aplicaccedilotildees

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos

LE = DE x 42545

RPM

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento

43

As dimensotildees do Header podem ser determinadas da seguinte maneira Para

o comprimento pode-se utilizar o fator de multiplicaccedilatildeo (conforme Quadro 2)

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para o ldquoHeaderrdquo

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 85 ndash 95 10 -11

100 ndash 125 78 ndash 85 78 ndash 85

175 ndash 250 73 ndash 83 9 -10

350 - 500 73 ndash 83 85 ndash 95

Fonte Bell 1999

Jaacute com o fator de correccedilatildeo apropriado multiplicamos esse valor pelo diacircmetro

da janela de exaustatildeo e esse eacute o comprimento ideal do Header

O diacircmetro maior do Header pode ser calculado pela seguinte expressatildeo

Onde

D2 = eacute o diacircmetro maior do Header para uniatildeo com o Difusor (mm)

CH = eacute o Comprimento do Header (mm)

D1 = eacute o diacircmetro inicial do Header determinado pelo diacircmetro da janela de

exaustatildeo (mm)

Cotg H = eacute a cotangente do acircngulo do Header usualmente entre 115 e 15deg

O segundo trecho do escapamento chamado Difusor pode ser calculado da

seguinte maneira O diacircmetro inicial eacute o mesmo diacircmetro D2 do Header o

comprimento do Difusor eacute usualmente calculado utilizando 25 vezes o diacircmetro

da janela de exaustatildeo poreacutem pode-se usar de 22 a 29 vezes o diacircmetro da

janela de exaustatildeo dependendo do projeto tendo em mente que quanto menor

o comprimento melhor o rendimento em altas rotaccedilotildees e quanto maior o

comprimento melhor as respostas do motor em baixas rotaccedilotildees Ao final o que

D2 = CH x 2 + D1

cotg H

4 ndash Dimensotildees do Escapamento Header

44

iraacute determinar o comprimento eacute a proposta do motor O acircngulo de conicidade do

Difusor varia normalmente entre 3deg e 7deg com diferentes reaccedilotildees ao rendimento

do motor (conforme Quadro 3) modificando a duraccedilatildeo e os efeitos da onda de

ressonacircncia (conforme Graacutefico 3)

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 65 a 7deg 3 a 35deg

100 ndash 125 65 a 75deg 4 a 48deg

175 65 a 75deg 35 a 45deg

250 7 a 75deg 4 a 45deg

350 ndash 500 4 a 5deg

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de retorno

45

O segundo diacircmetro o diacircmetro maior do Difusor pode ser calculado

utilizando a seguinte expressatildeo

Onde

CD = Comprimento do Difusor D3 = Diacircmetro maior do Difusor D2 = Diacircmetro menor do Difusor cotg D = Cotangente do acircngulo de conicidade que foi determinado para o Difusor

Existe uma seccedilatildeo paralela que liga o diacircmetro maior do difusor ao uacuteltimo

cone esse trecho eacute popularmente chamado de Bojo (conforme Figura 18) poreacutem

natildeo se pode calcular o comprimento dela sem antes calcular as dimensotildees do

cone final que eacute chamado de ldquoBafflerdquo ou defletor (conforme Quadro 4) Essa

seccedilatildeo por sua vez determina a duraccedilatildeo e a intensidade das ondas de

ressonacircncia que iraacute manter o cilindro cheio de maneira eficiente Segundo Bell

(1999) um defletor com um cone curto e acircngulo muito abrupto iraacute permitir um

ganho de potecircncia maacutexima ao custo de sacrificar as baixas e meacutedias rotaccedilotildees

(conforme Graacutefico 4)

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 -80 105 a 12deg 85 a 95deg

100 105 a 12deg 9 a 10deg

125 95 a 12deg 85 a 10deg

175 10 a 12deg 8 a 10deg

250 10 a 12deg 75 a 10deg

350 - 500 9 a 11deg

Fonte Bell 1999

CD = D3 ndash D2 x cotg D

2

5 ndash Dimensotildees do Escapamento Difusor

46

Fonte Bell 1999

Para se calcular o comprimento do cone utilizamos a expressatildeo

CTD = (D32) x Cotg D

Onde

CTD Comprimento total do cone do defletor

D3 Diacircmetro maior do defletor ou seja o mesmo diacircmetro que o diacircmetro maior

do difusor

cotg D Cotangente do acircngulo escolhido para o defletor

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor

47

Agora com todos esses valores calculados podemos calcular o

comprimento da parte central do escapamento o chamado bojo Para isso

utilizamos a seguinte expressatildeo

Onde

CB Comprimento do Bojo

L Comprimento total do escapamento ateacute o meio da seccedilatildeo do defletor

CH Comprimento do Header

CD Comprimento do Difusor

CDE Comprimento total do Defletor

Por fim ainda necessitamos saber as dimensotildees do ldquoStingerrdquo ou ponteira

que segundo Graham Bell apoacutes vaacuterias experimentaccedilotildees chegou a alguns

valores que resultaram em boas respostas do motor (conforme Quadro 5)

Quadro 5 - Comprimento da ponteira

Volume do cilindro (cmsup3) Comprimento (mm) Diacircmetro Interno (mm)

50 - 80 205 ndash 230 17 -19

100 230 ndash 250 19 - 21

125 265 ndash 290 22 -24

175 270 - 295 25 ndash 27

250 280 ndash 305 26 ndash 28

350 -500 285 - 310 27 ndash 29

Fonte Bell 1999

CB = L ndash (CH+CD+(CDE2)) 7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo

48

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna

Em seu funcionamento os motores de combustatildeo interna

independentemente do tipo de ciclo necessitam de um gerenciamento da

admissatildeo de uma mistura carburante para o interior dos cilindros para que possa

haver a combustatildeo da mesma Anteriormente essa admissatildeo se dava por um

processo puramente mecacircnico com a utilizaccedilatildeo de carburadores que eram

sistemas mecacircnicos sofisticados que proporcionavam a atomizaccedilatildeo do

combustiacutevel com o ar atmosfeacuterico para a formaccedilatildeo da mistura carburante

(conforme Figura 19)

Fonte httpwwwthunderproductscom

Poreacutem este sistema possuiacutea algumas deficiecircncias pois necessitava de

constante regulagem e qualquer mudanccedila de condiccedilatildeo climaacutetica de temperatura

pressatildeo ou umidade fazia com que o carburador saiacutesse de sua faixa de trabalho

gerando um mal funcionamento do motor e por vezes ateacute mesmo sua quebra

Parte muito importante tambeacutem do funcionamento dos motores de

combustatildeo interna satildeo os sistemas de igniccedilatildeo que anteriormente eram sistema

independentes do sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel poreacutem atualmente

pertencem ao mesmo pacote de gerenciamento do motor Estes sistemas de

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante

49

igniccedilatildeo eram normalmente sistemas eletromecacircnicos podendo ser sistemas

simples com ponto de igniccedilatildeo fixo ou sistemas mais elaborados com a presenccedila

de circuitos eletrocircnicos para fazer a variaccedilatildeo do ponto de igniccedilatildeo Estes sistemas

possuem alguns componentes baacutesicos

Distribuidor (no caso de haver mais de um cilindro) bobina de igniccedilatildeo

(para gerar alta tensatildeo) cabos de igniccedilatildeo e velas de igniccedilatildeo Este eacute o esquema

mais baacutesico de funcionamento dos sistemas de igniccedilatildeo podendo haver

variaccedilotildees eleacutetricas mecacircnicas e em alguns casos eletrocircnicas (conforme Figura

20)

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom

Atualmente os sistemas mais modernos de gerenciamento de motores de

combustatildeo interna satildeo quase que puramente eletrocircnicos e contemplam os dois

mundos alimentaccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo em um uacutenico sistema (conforme

Figura 21) Todo o gerenciamento eacute feito com base em leitura de sensores uma

calibraccedilatildeo que prevecirc diversas situaccedilatildeo de uso do motor e atuadores que fazem

o processo fiacutesico de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel do motor Estes satildeo sistemas

complexos que se baseiam na condiccedilatildeo imediata de diversos fatores que satildeo

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo

50

interpretados por sensores como por exemplo pressatildeo atmosfeacuterica

temperatura do motor massa de ar admitida etc Estas leituras feitas pelos

sensores satildeo recebidas por um circuito eletrocircnico que conteacutem um processador

onde essas informaccedilotildees satildeo recebidas e com base em dados armazenados em

sua memoacuteria para cada condiccedilatildeo ter-se atuaccedilatildeo eletrocircnica onde eacute feita a injeccedilatildeo

de combustiacutevel pelos injetores e o disparo da centelha de igniccedilatildeo para que haja

a combustatildeo

Fonte httpswwwflaviolucasmmblogspotcom

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus perifeacutericos

51

3 Detalhamento do Projeto

Os capiacutetulos anteriores serviram para o embasamento teacutecnico para que

fosse possiacutevel uma melhor compreensatildeo do que se trata o projeto a ser

executado neste trabalho de conclusatildeo de curso Neste ponto iremos tratar

especificamente do projeto de adaptaccedilatildeo de um sistema completo de injeccedilatildeo

eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos Yamaha de 135cmsup3 proveniente

de uma motocicleta Yamaha RD 135 (Conforme Figura 22) e todos os

componentes utilizados para tornar esta adaptaccedilatildeo possiacutevel

Fonte httpsmotos-motorcombr

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135

52

31 Dados do Motor

O motor utilizado neste projeto eacute proveniente de uma motocicleta Yamaha

Rd 135cmsup3 que foi fabricado no Brasil de 1988 a 1999 Trata-se de um motor

monociliacutendrico que utiliza o ciclo de trabalho dois tempos refrigerado agrave ar

seguem os dados teacutecnicos

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 58mm x 50mm

Cilindrada 132cmsup3

Taxa de Compressatildeo 682 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Carburador Mikuni VM24 com 24mm de venturi

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo eletrocircnica de descarga capacitiva ou popularmente

CDI (Capacitor Discharge Ignition)

Lubrificaccedilatildeo Oacuteleo dois tempos bombeado atraveacutes de uma bomba chamada

Autolube nos motores Yamaha este oacuteleo eacute proveniente de um reservatoacuterio que

alimenta a bomba que por sua vez transfere o oacuteleo atraveacutes de uma mangueira

diretamente ao coletor de admissatildeo do motor variando a quantidade de oacuteleo de

acordo com a rotaccedilatildeo e abertura do carburador

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Gasolina

Potecircncia 16cv a 9000rpm

Torque 174kgfm a 8500rpm

Para este projeto o motor utilizado jaacute possuiacutea modificaccedilotildees mecacircnicas

para atingir melhores rendimentos que o motor original pois eacute um motor que foi

utilizado em competiccedilotildees de motovelocidade na categoria RD 135 Diversas

peccedilas foram modificadas tais como sistema de alimentaccedilatildeo escapamento

vaacutelvula de palhetas igniccedilatildeo combustiacutevel diagramaccedilatildeo do cilindro e taxa de

compressatildeo O sistema de alimentaccedilatildeo original foi substituiacutedo por um carburador

Mikuni TM 30 (conforme Figura 23) o escapamento foi substituiacutedo por um

escapamento dimensionado construiacutedo artesanalmente o sistema de igniccedilatildeo

53

utilizado foi um Motoplat de ponto fixo (conforme Figura 24) e o combustiacutevel

utilizado foi o etanol que aleacutem de ser o combustiacutevel regulamentado para o

campeonato tambeacutem eacute um combustiacutevel que permite extrair mais potecircncia do

motor pois com esse combustiacutevel eacute possiacutevel fazer modificaccedilotildees mecacircnicas

como taxa de compressatildeo e avanccedilo de igniccedilatildeo que natildeo seriam possiacuteveis

utilizando gasolina como combustiacutevel

Fonte wwwjapanbaikucom

Fonte wwwcustojustopt

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo

54

O motor utilizado como base nesse trabalho natildeo eacute um motor original eacute

um motor de competiccedilatildeo e para haver base para comparaccedilatildeo do antes e depois

do processo de inserccedilatildeo do sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica este motor teve sua

potecircncia medida em dinamocircmetro inercial com sua curva de torque e potecircncia

aquisitadas (conforme Figura 25)

Fonte Autor

O motor utilizado passou por uma revisatildeo geral havendo troca de peccedilas

por se tratar de um motor de competiccedilatildeo foi por diversas vezes levado ao

extremo e com a escolha desse motor para o projeto esta revisatildeo se fez

necessaacuteria As imagens a seguir mostram o processo de desmontagem para

verificaccedilatildeo das condiccedilotildees do motor e posterior montagem (Conforme Figuras

262728293031 e 32)

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia

55

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto

56

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2

Figura 29 - Processo de pintura

57

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada

58

Fonte Autor

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico

Para a escolha do sistema de gerenciamento eletrocircnico foi necessaacuteria

grande pesquisa entre as opccedilotildees disponiacuteveis no mercado nacional e

internacional Os sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica disponiacuteveis originalmente em

motocicletas de fabricaccedilatildeo nacional poderiam ter sido uma opccedilatildeo mas foram

logo descartados pois foram concebidos para trabalhar com motores de ciclo

otto o que natildeo eacute o caso e as maneiras de calibraccedilatildeo desses sistemas originais

se tornariam difiacuteceis de conseguir tornando essa escolha inviaacutevel

A busca foi por um sistema ldquostand-alonerdquo auto suficiente e que permitisse

mudanccedila total nos paracircmetros de calibraccedilatildeo normalmente satildeo sistemas

utilizados em competiccedilotildees de automoacuteveis motocicletas caminhotildees etc

Existem sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica ldquostand-alonerdquo muito sofisticados

de fabricantes renomados mundialmente dentro e fora das pistas de corridas

como Magneti Marelli (conforme Figura 33) e Bosch (conforme Figura 34) em

suas divisotildees motorsport

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta

59

Sistemas desses fabricantes satildeo reconhecidamente confiaacuteveis o problema eacute o

valor de um sistema desses que eacute muito caro e os tornam inviaacuteveis para um

projeto experimental de baixo custo Opccedilotildees nacionais tambeacutem foram cogitadas

como o sistema Fueltech poreacutem ainda possuem um custo alto e suas opccedilotildees de

programaccedilatildeo e flexibilidade do sistema ainda eram limitados para o tipo de ciclo

do motor a ser utilizado

A escolha do sistema apoacutes grande pesquisa foi pelo sistema ldquostand-alonerdquo

Speeduino (conforme Figura 35) um sistema totalmente programaacutevel que utiliza

como microcontrolador um Arduino Mega 2560 esse eacute um sistema do tipo ldquoDIYrdquo

Do It Yourself ou em portuguecircs ldquofaccedila vocecirc mesmordquo Estatildeo disponiacuteveis na

internet os layouts das placas de circuito impresso e o usuaacuterio pode fabricar as

proacuteprias placas ou compraacute-las prontas em determinados sites da internet e sua

lista de componentes para montagem tambeacutem estaacute disponiacutevel na internet e eacute

relativamente faacutecil encontraacute-los O custo de produccedilatildeo de um sistema desse eacute

relativamente baixo comparado com outros sistemas do mesmo segmento e

por utilizar Arduino como controlador sua programaccedilatildeo eacute inteira aberta e pode

ser modificada de acordo com as necessidades do usuaacuterio

Fonte wwwmagnetimarellicom

Fonte wwwellis-componentscouk

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport Figura 34 - ECU Bosch MS 151

60

Fonte Autor

33 Arduino Mega 2560

Arduino eacute uma plataforma para programaccedilatildeo criada na Itaacutelia por Massimo

Banzi David Cuartielles Tom Igoe Gianluca Martino e David Mellis no ano de

2005 para entusiastas e profissionais da programaccedilatildeo e da eletrocircnica

permitindo diversos tipos de projetos para estes seguimentos Trata-se de uma

placa com um microcontrolador Atmel possuindo diversas entradassaiacutedas

analoacutegicas e digitais a quantidade dessas entradas e saiacutedas varia de acordo

com o modelo do Arduino Essas entradassaiacutedas podem ser programadas por

uma interface IDE Arduino via computador utilizando linguagem C

Na praacutetica eacute um microcontrolador programaacutevel como qualquer outro de

outros fabricantes por exemplo PIC (Microchip) ou ARM (Freescale) poreacutem tem

sua utilizaccedilatildeo facilitada por jaacute estar inserido em uma placa que contempla

soquetes para pinagem das entradas e saiacutedas e porta de comunicaccedilatildeo USB

Serial para gravaccedilatildeo da programaccedilatildeo no microcontrolador Diferentemente de

outros microcontroladores que necessitam da confecccedilatildeo de uma placa de

circuito impresso para uso e de um programador serial para gravaccedilatildeo da

programaccedilatildeo (conforme Figura 36)

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino

61

Fonte httpswwwamazoncom

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560

Microcontrolador ATmega 2560 (Atmel)

Tensatildeo de Operaccedilatildeo 5V

Tensatildeo de Alimentaccedilatildeo (recomendado) 7-12V

Tensotildees Limites de Operaccedilatildeo 6-20V

Saiacutedas Digitais IO 54 saiacutedas sendo 15 PWM

Entradas Analoacutegicas 16

Corrente da Saiacutedas IO 20mA

Corrente nos Pinos 33V 50mA

Memoacuteria Flash 256Kb

SRAM 8Kb

EEPROM 4Kb

Frequecircncia do Clock 16Mhz

LED_BUILTIN 13

Comprimento da Placa 10152mm

Largura da Placa 5333mm

Peso da Placa Completa 37g

Altura da Placa 12mm

Editado pelo Autor Fonte httpwwwArduinocom

Figura 36 - Arduino Mega 2560

62

34 Speeduino

O sistema Speeduino foi o sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica escolhido para o

projeto Eacute um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica totalmente programaacutevel criado por

Josh Stuart e utiliza um Arduino Mega 2560 como microcontrolador assim como

outros sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel possibilita a calibraccedilatildeo por

completo do sistema de injeccedilatildeo e igniccedilatildeo Para tal utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio que permite diversas configuraccedilotildees do

sistema de injeccedilatildeo tais como o meacutetodo de calibraccedilatildeo utilizado configuraccedilatildeo dos

mapas de avanccedilo de igniccedilatildeo e tempo de injeccedilatildeo sistema de malha aberta ou

malha fechada etc

O sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica Speeduino eacute um sistema ldquostand-alonerdquo

ou seja trabalha independente de outros sistemas apenas para gerenciar o

motor a combustatildeo interna seja ele de ciclo quatro ou dois tempos Eacute um sistema

difundido pela internet e permite troca de informaccedilotildees entre usuaacuterios que

trabalham em conjunto para desenvolvimento e aperfeiccediloamento do hardware e

do software o layout principal da placa de circuito impresso tambeacutem estaacute

disponiacutevel na internet bem como a lista de componentes necessaacuterios para a

montagem Este sistema requer um miacutenimo de conhecimento de eletrocircnica para

sua construccedilatildeo um miacutenimo de conhecimento em eleacutetricaeletrocircnica automotiva

para a instalaccedilatildeo do sistema no motor e grande conhecimento em programaccedilatildeo

e mecacircnica automobiliacutestica para calibraccedilatildeo do sistema no motor

63

35 Montagem do Sistema Speeduino

A partir do momento onde foi feita a escolha do sistema Speeduino foi

necessaacuterio obter os componentes necessaacuterios para confecccedilatildeo da placa

(conforme Anexo C) O primeiro passo foi a fabricaccedilatildeo da placa de circuito

impresso a partir do layout disponiacutevel (conforme Figura 37)

Fonte wwwSpeeduinocom

Posteriormente foi feita a aquisiccedilatildeo dos componentes necessaacuterios para a

montagem da placa Esses componentes tambeacutem estatildeo disponiacuteveis na internet

em uma planilha eletrocircnica e satildeo encontrados com relativa facilidade no

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino

64

mercado com exceccedilatildeo de determinados componentes cuja importaccedilatildeo foi

necessaacuteria poreacutem com baixo custo (conforme Anexo C)

Com todos os componentes necessaacuterios em matildeos foi executada a montagem

do sistema o que necessita uma certa habilidade pois o projeto possui diversos

componentes tipo SMD (conforme Figura 38)

Fonte Autor

Com a placa jaacute montada (conforme Figura 39) antes da montagem de todo o

chicote eleacutetrico para funcionamento do motor iniciaram-se os testes de

funcionamento do sistema Por ser um sistema montado artesanalmente os

testes pareciam ser o passo mais certo a se seguir

Figura 38 - Inicio da montagem da placa

65

Fonte Autor

Eacute importante mostrar que o sistema Speeduino utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio (conforme Figura 40) eacute um freeware na

versatildeo baacutesica que foi criado para funcionar em conjunto com outro sistema

de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel conhecido como Megasquirt e o mesmo

tambeacutem eacute utilizado na calibraccedilatildeo do sistema Speeduino Mais adiante seratildeo

feitas explicaccedilotildees detalhadas das configuraccedilotildees do software

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada

66

Fonte Autor

Jaacute no primeiro teste este apresentou resultados negativos com a

eletrocircnica natildeo respondendo agraves configuraccedilotildees e nem mostrando leituras de

sensores

A soluccedilatildeo deste problema veio depois de procurar muito e fazer diversas

mediccedilotildees analisando os diagramas eleacutetricos (conforme Anexo A) O

problema estava na placa de circuito impresso a trilha do aterramento

(GND) natildeo havia sido impressa ou seja natildeo havia aterramento em nenhum

ponto do sistema A placa havia sido impressa por um terceiro Ao entrar em

contato com o mesmo ele disse que enviaria outra placa poreacutem para agilizar

o processo e natildeo ter que esperar novamente a chegada de componentes

uma uacutenica opccedilatildeo surgiu devido aos prazos a de refazer o aterramento da

placa de forma externa (conforme Figura 41) sem nenhuma pretensatildeo de

que isso desse certo poreacutem era uma alternativa para que todo o processo

de funcionamento do motor fosse agilizado

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio

67

Fonte Autor

Apoacutes todo o trabalho de refazer as trilhas de aterramento iniciou-se

novamente a fase testes de funcionamento e os resultados foram positivos

O sistema comeccedilou a responder perfeitamente aos testes iniciais

O elemento de maior importacircncia para o funcionamento desse sistema de

gerenciamento eletrocircnico eacute o sensor de rotaccedilatildeo do motor e foi por ele que

se iniciaram os testes Foi adaptada uma roda focircnica a um torno mecacircnico

e tambeacutem o sensor de rotaccedilatildeo do tipo ldquohallrdquo (conforme Figura 42) para

verificar se o conjunto eletrocircnico do sistema estava recebendo os sinais de

rotaccedilatildeo

Figura 41 - Aterramento refeito externamente

68

Fonte Autor

O teste obteve resultados positivos respondendo perfeitamente a rotaccedilatildeo

do torno mecacircnico sendo testado em diversas rotaccedilotildees diferentes com a

interface do software sempre mostrando os valores de rotaccedilatildeo corretos

Entatildeo os testes que se seguiram foram os de atuaccedilatildeo eleacutetrica como injetor

de combustiacutevel e bobina de igniccedilatildeo todos testes feitos a princiacutepio em

bancada (conforme Figura 43)

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico

69

Fonte Autor

Apoacutes todos os testes em bancada partiu-se para a montagem do chicote

eleacutetrico para funcionamento do sistema no motor e tambeacutem a adaptaccedilatildeo

mecacircnica de suportes para sensores e a adaptaccedilatildeo da roda focircnica

(conforme Figura 44)

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada

70

Fonte Autor

A roda focircnica utilizada eacute proveniente de um motor Volkswagen EA-111

(conforme Figura 45) o sensor de rotaccedilatildeo a ser utilizado pelo sistema de

gerenciamento eletrocircnico Speeduino foi o sensor de efeito hall poderia ser

utilizado o sensor de relutacircncia magneacutetica poreacutem seria necessaacuterio a

confecccedilatildeo de uma eletrocircnica para o condicionamento de sinal

transformando-o para sinal de onda quadrada com amplitude de 5V de

tensatildeo Para evitar a confecccedilatildeo de mais uma eletrocircnica sendo um potencial

ponto fraco do sistema optou-se por utilizar um sensor de rotaccedilatildeo de efeito

hall proveniente dos motores Fiat E-torq 18 (conforme Figura 46) fabricado

pela Continental

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica

71

Fonte Autor

Fonte wwwmercadolivrecombr

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v

72

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico

Neste projeto o sistema de sincronismo eletrocircnico possui dois

componentes apenas satildeo eles a roda focircnica e o sensor de rotaccedilatildeo ambos

adaptados ao projeto e advindos de carros

O sistema de sincronismo eletrocircnico consiste em transformar o

sincronismo mecacircnico do motor em sinais de onda quadrada (conforme Figura

47) que possam ser interpretados pelo sistema de gerenciamento eletrocircnico

proporcionando a injeccedilatildeo de combustiacutevel e disparo da centelha no momento

exato que fora previamente calibrado

Fonte Autor

O sistema consiste de uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes ou seja

satildeo 58 dentes e ausecircncia de 2 dentes Foi adaptada uma roda focircnica do motor

Volkswagen EA-111 poreacutem apoacutes alguns problemas de captaccedilatildeo do sinal esta

foi alterada por uma roda focircnica utilizada em motores Volkswagen AP quando

convertidos a injeccedilatildeo eletrocircnica (conforme Figura 48) essa roda mostrou melhor

resoluccedilatildeo do sinal Hall com menos ruiacutedos no sinal

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall

73

Fonte Autor

Apoacutes vaacuterios testes esta foi a combinaccedilatildeo que melhor funcionou no motor

a roda focircnica aliada ao sensor de rotaccedilatildeo permite a sincronizaccedilatildeo mecacircnica do

motor em relaccedilatildeo ao sistema de gerenciamento eletrocircnico do motor A calibraccedilatildeo

eacute feita da seguinte maneira junto ao software de calibraccedilatildeo do sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica eacute dada a referecircncia em graus da posiccedilatildeo fiacutesica da roda focircnica

em relaccedilatildeo ao motor O primeiro passo eacute colocar o motor em PMS e ver onde se

situa a falha dos dois dentes da roda focircnica a partir disso contar quantos dentes

se tem ateacute o dente que coincide com o sensor de rotaccedilatildeo (conforme Figura 49)

Figura 48 - Roda Focircnica

74

Fonte Autor

Como eacute utilizada uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes cada dente

equivale a 6deggraus de resoluccedilatildeo sendo 3deg do bordo de subida e 3deg do bordo de

descida no caso do projeto o sensor coincide com o 37deg dente a partir da falha

e isso equivale a 228deggraus a partir da falha Todo o sincronismo do motor eacute feito

baseado nessa referecircncia sendo este valor colocado como referecircncia no

software de gerenciamento eletrocircnico (conforme Figura 50)

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

75

Fonte Autor

A partir deste momento todo o sincronismo do motor estaacute baseado nestes

dados e quando o motor estiver em PMS o sistema eletrocircnico saberaacute disso pois

o sensor de rotaccedilatildeo estaraacute alinhado com o 37deg dente que eacute a referecircncia para o

sistema

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

76

37 Corpo de Borboleta

O corpo de borboletas utilizado (conforme Figura 51) eacute proveniente das

motocicletas Honda CB300 e XRE300 possui 35mm de venturi e eacute fabricado

pela empresa japonesa Keihin famosa pela fabricaccedilatildeo de carburadores de

motocicletas tambeacutem possui uma unidade de sensores integrados Foi utilizado

por ser um componente de faacutecil aquisiccedilatildeo no mercado brasileiro o que permite

faacutecil manutenccedilatildeo quando necessaacuterio e seu formato fiacutesico permite a utilizaccedilatildeo de

uma grande gama de injetores diferentes quando isso se faz necessaacuterio

Tambeacutem houve uma pequena adaptaccedilatildeo no coletor de admissatildeo que tambeacutem

eacute proveniente das mesmas motocicletas Honda essa adaptaccedilatildeo se deve ao fato

de o motor em questatildeo possuir o sistema de vaacutelvulas de palhetas na admissatildeo

o que natildeo acontece nas motocicletas Honda que possuem motor de quatro

tempos

Fonte Autor

Figura 51 - Corpo de Borboleta

77

38 Unidade de Sensores

A unidade de sensores refere-se a uma unidade composta por trecircs

sensores que jaacute estaacute acoplada ao corpo de borboletas Keihin e contempla os

sensores

MAP ndash Manifold Absolute Pressure (Pressatildeo Absoluta no Coletor)

IAT ndash Intake Air Tempeture (Temperatura do Ar Admitido)

TPS ndash Throttle Position Sensor (Sensor de Posiccedilatildeo do Acelerador)

Destes sensores natildeo foi utilizado apenas o sensor Map pois a unidade

de gerenciamento eletrocircnico jaacute possui um sensor Map integrado que foi utilizado

Estes sensores puderam ser configurados para utilizaccedilatildeo com o sistema

de gerenciamento eletrocircnico sem o menor problema

381 Sensor TPS

Este sensor se refere ao sensor que envia a informaccedilatildeo de posiccedilatildeo da

borboleta para o sistema de gerenciamento eletrocircnico Nada mais eacute do que um

potenciocircmetro que varia a resistecircncia ocirchmica ao se variar a posiccedilatildeo do

acelerador

Sua calibraccedilatildeo eacute feita em tempo real com a unidade de gerenciamento

eletrocircnico (conforme Figura 52) onde se informa a posiccedilatildeo do acelerador

totalmente fechado e totalmente aberto o sistema de gerenciamento jaacute adquire

o valor de resistecircncia ocirchmica e faz os caacutelculos para os valores intermediaacuterios e

a interpretaccedilatildeo das posiccedilotildees

78

Fonte Autor

382 Sensor IAT

Este sensor eacute responsaacutevel por aquisitar a temperatura do ar que estaacute

sendo admitido ou seja que estaacute momentaneamente passando pelo corpo de

borboletas Este assim como o sensor de posiccedilatildeo da borboleta e tambeacutem o

sensor de pressatildeo absoluta no coletor eacute utilizado para o caacutelculo da massa de ar

que estaacute sendo admitida pelo motor Este sensor eacute calibrado a partir dos valores

de resistecircncia ocirchmica cujos valores satildeo inseridos no software de calibraccedilatildeo da

unidade de gerenciamento eletrocircnico esses valores natildeo satildeo facilmente

adquiridos pois o fabricante da unidade de sensores natildeo os disponibiliza poreacutem

outro fabricante de sensores a MTE-Thompson fabrica esse mesmo modelo de

unidade de sensores para reposiccedilatildeo do original e entrando em contato com o

departamento teacutecnico eles passam os valores de funcionamento do sensor e

esses valores foram os utilizados para calibraccedilatildeo do sensor de temperatura do

ar admitido (conforme Figura 53)

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS

79

Fonte Autor

383 Sensor MAP

Sensores MAP satildeo utilizados para determinar a pressatildeo do ar admitido

que passa pelo coletor de admissatildeo satildeo muito usados nos sistemas atuais de

gerenciamento eletrocircnico de motores de combustatildeo interna Este tipo de

sensores trabalha utilizando o princiacutepio de strain gage onde haacute a deformaccedilatildeo do

material metaacutelico variando tambeacutem sua resistividade (conforme Figura 54)

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT

80

Fonte Nota de aula ndash Prof Adriano Ribolla (Sist De Gerenc Eletrocircnico 2018)

A funccedilatildeo de variaccedilatildeo da resistecircncia ou fator Gauge pode ser dada pela

expressatildeo

Onde

R resistecircncia (Ω)

ρ constante do material

L comprimento do fio (m)

A secccedilatildeo transversal do fio (msup2)

O sistema de gerenciamento eletrocircnico Speeduino jaacute possuiacute em sua

montagem um sensor MAP interno na sua montagem e mesmo que na

unidade de sensores Keihin utilizada jaacute possuiacutesse um sensor MAP foi

escolhido utilizar o sensor existente na eletrocircnica da unidade de

gerenciamento eletrocircnico apenas pela facilidade de calibraccedilatildeo (conforme

Figura 55)

R= ρ LA

8 - Caacutelculo do Fator Gauge

Figura 54 - Princiacutepio strain gage

81

Fonte Autor

O sensor MAP existente no sistema de gerenciamento eletrocircnico eacute do

fabricante NXPFreescale modelo MPX 4250AP (conforme Anexo B) com um

range de leitura pressatildeo de 20 a 250 kPa

Apoacutes o funcionamento do motor e leitura do sensor foi possiacutevel notar que nos

motores de ciclo dois tempos justamente pelo seu tipo de ciclo e forma

construtiva natildeo seria possiacutevel fazer a calibraccedilatildeo dos mapas de funcionamento

do motor levando-se em conta a leitura de pressatildeo no coletor pois a depressatildeo

no coletor deste tipo de motor eacute muito baixa variando muito pouco Poreacutem este

fato jaacute era de se esperar mas a inserccedilatildeo deste sensor natildeo foi em vatildeo Ela jaacute foi

feita com o objetivo de futuros trabalhos sobre este tipo de sensor em motores

dois tempos para obtenccedilatildeo de valores palpaacuteveis de pressatildeo que possam ser

levados em conta na calibraccedilatildeo do motor

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP

82

39 Sistema de Igniccedilatildeo

O sistema de igniccedilatildeo deve ser compatiacutevel com o sistema de

gerenciamento eletrocircnico utilizado que foi o Speeduino Para isso o sistema de

igniccedilatildeo original do motor foi substituiacutedo por uma bobina utilizada em motores da

linha VW (conforme Figura 56) bobinas essas com moacutedulo de igniccedilatildeo integrado

e para evitar interferecircncias com o sensor de rotaccedilatildeo ou demais eletrocircnicas do

hardware de gerenciamento foi utilizado cabo vela resistivo do veiacuteculo Fiat Tipo

ie (Conforme Figura 57) as velas originais da motocicleta jaacute eram do tipo

resistiva A bobina poderia ter sido utilizada qualquer uma com moacutedulo de igniccedilatildeo

integrado e o cabo de vela tambeacutem poderia ser qualquer um do tipo resistivo

poreacutem estes foram escolhidos apenas por se integrarem melhor fisicamente ao

projeto

Fonte wwwmercadolivrecombr Fonte wwwacnpecascombr

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo

83

4 Calibraccedilatildeo do Motor

Atualmente a calibraccedilatildeo de motores de combustatildeo interna tem tido como

objetivo principal melhorar autonomia com relaccedilatildeo a consumo de combustiacutevel e

diminuiccedilatildeo das emissotildees de poluentes muito em funccedilatildeo de legislaccedilotildees mais

riacutegidas e restritivas Novas teacutecnicas construtivas de motores e implementaccedilotildees

de novas teacutecnicas de calibraccedilatildeo tem sido utilizadas como downsizing turbo-

compressores injeccedilatildeo direta de combustiacutevel para sistemas ldquoflex-fuelrdquo ou ateacute

mesmo sistemas mistos utilizando injeccedilatildeo direta e indireta de combustiacutevel em

um mesmo motor Estes meacutetodos elevaram o niacutevel tecnoloacutegico dos motores de

combustatildeo interna extraindo grande potecircncia diminuindo massa de motores

poreacutem com a necessidade de muita eletrocircnica embarcada

Um dos intuitos deste trabalho eacute a inserccedilatildeo de um sistema de

gerenciamento eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos a princiacutepio de

maneira experimental apenas para obter preacutevias de sua viabilidade

construtivamente e dar a motores que utilizam este tipo de ciclo a oportunidade

de ressurgirem ou natildeo no mercado com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias e

eletrocircnica embarcada ou mesmo proporcionar uma longevidade de seu uso em

competiccedilotildees

Para a calibraccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico que foi

escolhido o sistema Speeduino utilizamos o software de calibraccedilatildeo Tuner

Studio o qual jaacute foi previamente apresentado Seratildeo mostrados a seguir os

passos e direccedilotildees tomadas no que diz respeito a calibraccedilatildeo deste motor de ciclo

dois tempos em questatildeo

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais

Inicialmente eacute necessaacuterio a introduccedilatildeo de alguns dados pertinentes ao

motor e a estrateacutegia de funcionamento do mesmo para tal utilizamos a tela

ldquoEngine Constantsrdquo ou constantes do motor no software Tuner Studio Em

seguida detalhamos os dados de acordo com as caracteriacutesticas do motor que foi

escolhido para o trabalho (conforme Figura 58)

84

Fonte Autor

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor

85

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel

A tabela de injeccedilatildeo de combustiacutevel eacute baseada no meacutetodo VE ldquoVolumetric

Efficiencyrdquo ou eficiecircncia volumeacutetrica neste sistema utiliza-se o item ldquoCalculated

Required Fuelrdquo ou caacutelculo de combustiacutevel necessaacuterio (Conforme Figura 58) o

valor disponibilizado neste item representa o tempo necessaacuterio de injeccedilatildeo de

combustiacutevel baseado em 100 da eficiecircncia volumeacutetrica do motor e

posteriormente desenvolve-se a tabela VE de acordo com as necessidades do

motor (conforme Figura 59) em funccedilatildeo de rotaccedilatildeo do motor e posiccedilatildeo da

borboleta podendo ou natildeo estes valores serem multiplicados pelo valor de

pressatildeo do sensor MAP poreacutem no caso deste trabalho natildeo se utilizou o a

multiplicaccedilatildeo pelo sensor pois este dado se mostrou insatisfatoacuterio para motores

de ciclo dois tempos que geram pouca ou nenhuma depressatildeo no coletor de

admissatildeo

FonteAutor

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE

86

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo

A tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo permite determinar o momento em que seraacute

disparada a centelha pela vela de igniccedilatildeo permitindo a queima da mistura

arcombustiacutevel Os valores inseridos na tabela satildeo valores que representam o

acircngulo em graus antes do ponto morto superior do motor PMS (conforme Figura

60) em que seraacute disparada a centelha esta deve ser disparada alguns graus

antes do PMS pois a queima da mistura deve ser aproveitada ao maacuteximo e para

que isso aconteccedila deve se adotar um ponto de igniccedilatildeo de forma que a frente de

chama tenha tempo suficiente para queimar dentro do cilindro caso contraacuterio a

queima se torna ineficiente e acaba por desperdiccedilar combustiacutevel que acaba

sendo jogado para o escapamento sem que este seja queimado

Os valores de avanccedilo em graus inseridos nesta tabela tambeacutem tecircm seu

funcionamento em funccedilatildeo dos eixos de posiccedilatildeo da borboleta do acelerador e

rotaccedilatildeo do motor

Fonte Autor

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo

87

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada

Usualmente em uma grande montadora ou grande equipe de corridas

essas tabelas seriam desenvolvidas em um laboratoacuterio de desenvolvimento de

motores com diversos equipamentos para controle e aquisiccedilatildeo de dados Poreacutem

por se tratar de um trabalho acadecircmico e de baixo custo natildeo houve a

possibilidade de utilizaccedilatildeo de ferramentas desta espeacutecie desta maneira a tabela

foi toda desenvolvida experimentalmente atraveacutes de horas observando

deficiecircncias e comportamentos do funcionamento do motor

5 Dados do Motor (Modificado)

Tendo em vista que este motor eacute proveniente de uma motocicleta de

competiccedilatildeo as caracteriacutesticas originais dele foram modificadas e a motocicleta

utilizada no projeto tambeacutem (conforme Figura 61) Seguem os dados teacutecnicos

com a modificaccedilotildees do motor

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 59mm x 50mm

Cilindrada 1367cmsup3

Taxa de Compressatildeo 145 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Injeccedilatildeo eletrocircnica com corpo de borboletas de 35mm

de diacircmetro e injetor de combustiacutevel Keihin Flex

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo gerenciada a partir da ECU com o uso de Bobina

Bosch utilizada em motores Volkswagen AP ndash MI

Lubrificaccedilatildeo Premix na proporccedilatildeo de 35ml por litro de etanol

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Etanol

Potecircncia 245cv a 9400rpm

Torque 190kgfm a 9000rpm

88

Fonte Autor

6 Resultados

Os resultados obtidos neste trabalho foram deveras satisfatoacuterios

mostrando que eacute possiacutevel o funcionamento de um motor de ciclo dois tempos

utilizando como meacutetodo de injeccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo um sistema de

gerenciamento eletrocircnico moderno Abordagem essa que seria impensaacutevel anos

atraacutes hoje se tornou uma realidade talvez abrindo novos horizontes para o futuro

de motores que utilizem ciclo dois tempos talvez natildeo comercialmente mas ainda

que para seu uso em competiccedilotildees possa ser extraiacutedo o maacuteximo de rendimento

possiacutevel

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees

89

7 Conclusatildeo

Seguramente o desenvolvimento de uma metodologia soacutelida no

desenvolvimento de sistemas de gerenciamento eletrocircnico e calibraccedilatildeo voltadas

para motores de ciclo dois tempos natildeo seraacute uma tarefa faacutecil existe uma longa

estrada a se percorrer para se chegar ao mesmo niacutevel de desenvolvimento

existente destes sistemas para motores de ciclo quatro tempos ou mesmo diesel

Contudo o projeto se mostrou viaacutevel e mesmo que natildeo tenha havido

possibilidade de testes em dinamocircmetro o comportamento do motor mostrou-se

estaacutevel com o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica Possivelmente houve ganhos de

desempenho e esses testes podem ser executados como tarefa futura no intuito

de comprovar possiacuteveis resultados favoraacuteveis

Cabe aos futuros projetos novas soluccedilotildees e abordagens que podem ser

pensadas especificamente para o motor de ciclo dois tempos pois mesmo que

sua fabricaccedilatildeo seja descontinuada para veiacuteculos comerciais sua fabricaccedilatildeo para

suprir necessidades de veiacuteculos de competiccedilatildeo ainda pode prosseguir por anos

e o uso de tecnologia moderna nesses motores pode vir a extrair niacuteveis de

potecircncia e torque antes natildeo atingidos com a utilizaccedilatildeo de igniccedilotildees de ponto fixo

e carburadores Tambeacutem pode alterar caracteriacutesticas de desempenho do motor

como a falta de torque em baixas rotaccedilotildees

Neste projeto o motor original utilizado natildeo foi fabricado para comportar

uma injeccedilatildeo eletrocircnica por isso houve muitos esforccedilos nas adaptaccedilotildees para que

o funcionamento deste motor com esta tecnologia fosse possiacutevel Poreacutem se

pensarmos em uma produccedilatildeo fabril para motores dois tempos projetados para

que utilizem injeccedilatildeo eletrocircnica originalmente isso torna o processo todo muito

mais viaacutevel do ponto de vista comercial aleacutem de implementar uma tecnologia

que tiraria os motores de ciclo dois tempos da aposentadoria podendo ateacute se

pensar em niacuteveis de emissotildees poluentes melhores mesmo que seu uso seja

exclusivo apenas em competiccedilotildees De toda forma um passo foi dado com a

realizaccedilatildeo deste projeto e o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica se mostrou ser uma

tecnologia segura e confiaacutevel para a utilizaccedilatildeo em motores de ciclo dois tempos

90

8 Propostas Futuras

Vaacuterios passos podem ser dados como propostas futuras mas pensando

no alto iacutendice de poluiccedilatildeo gerado por este tipo de motor pode se pensar em um

controle eletrocircnico da injeccedilatildeo de oacuteleo dois tempos para lubrificaccedilatildeo podendo-se

desenvolver algum meacutetodo de verificaccedilatildeo da necessidade de lubrificaccedilatildeo do

motor fazendo injeccedilatildeo de oacuteleo controlada por quantidade e por demanda

Tambeacutem pode-se pensar na utilizaccedilatildeo de catalisadores no escapamento para

diminuiccedilatildeo das emissotildees de gases poluentes o que com certeza deveraacute ser

estudado e caberaacute diversos testes e experimentaccedilotildees de materiais poreacutem

podendo obter resultados positivos

No sistema de injeccedilatildeo de combustiacutevel utilizado neste trabalho foi usado

o meacutetodo de injeccedilatildeo indireta de baixa pressatildeo utilizando uma pressatildeo na linha

de combustiacutevel na ordem de 3bar Futuramente pode-se fazer testes e anaacutelises

a respeito do uso da injeccedilatildeo indireta de combustiacutevel neste tipo de motor em

busca de quais seriam seus benefiacutecios Ainda sobre a injeccedilatildeo de combustiacutevel

uma anaacutelise que deve ser feita eacute em relaccedilatildeo a modificaccedilatildeo da posiccedilatildeo do injetor

de combustiacutevel que atualmente se situa no coletor de admissatildeo este pode ser

montado em alguma posiccedilatildeo estrateacutegica como no caacuterter do motor diretamente

ou em alguma das janelas por exemplo nas janelas de transferecircncia devendo-

se analisar os ganhos e perdas dessa montagem

Um sistema que foi utilizado neste trabalho poreacutem trouxe pouco benefiacutecio

foi o uso do sensor MAP Devido agrave baixa depressatildeo no coletor de admissatildeo

gerada por motores dois tempos uma soluccedilatildeo seria a aquisiccedilatildeo de dados com

alguns sensores de pressatildeo instalados em determinados pontos do motor como

no caacuterter admissatildeo e janelas de transferecircncia Isto para se analisar pontos de

baixa e alta pressatildeo durante os ciclos do motor podendo ser criado um algoritmo

que calcule uma meacutedia de pressatildeo mais palpaacutevel que possa ser levada em conta

na calibraccedilatildeo da injeccedilatildeo de combustiacutevel

91

9 Referecircncias Bibliograacuteficas

Blair Gordon P Design and simulation of two-stroke engines 1Ed USA

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Boothroyd Dave Forgotten Hero The man who invented the two-stroke

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Vieilledent Edmond Low Pressure Electronic Fuel Injection System for

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92

10 Referecircncia Figuras

Figura 1

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vectortwostroke-engine-600w-524929192jpg acessado em 26052019 agraves

1922

Figura 2

Fonte

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acessado em 26052019 agraves 1924

Figura 3

Fonte httpsiebayimgcomimagesg~TsAAOSw~1FUVYxas-l1600jpg

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Figura 4

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Figura 5

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Figura 6

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Figura 7

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a12i2jpg acessado em 26052019 agraves 1941

Figura 8

Fonte httpsipinimgcom236xccffc0ccffc0bbf8d95f226062728cd4d4dc1e--

configuration-portjpg acessado em 26052019 agraves 1944

93

Figura 9

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 10

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 11

Fonte httpwwwcmraracingcomshowthreadphp30922-For-Sale-And-yet-

even-more-Honda-RS125-Parts acessado em 02062019 agraves 2044

Figura 12

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 13

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acessado em 02062019 agraves 2051

Figura 14

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 15

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 16

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 17

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exhaust-valveshtml acessado em 02062019 agraves 2055

Figura 18

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

94

Figura 19

Fonte httpthunderproductscomattachment_id=316 acessado em

02062019 agraves 2100

Figura 20

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom201404 acessado em 02062019 agraves

2104

Figura 21

Fonte httpflaviolucasmmblogspotcom201508componentes-da-injecao-

eletronicahtml acessado em 02062019 agraves 2110

Figura 22

Fonte httpsmotos-motorcombrmfipeprecos-tabela-yamaha-rd-135-1994

acessado em 02062019 agraves 2116

Figura 23

Fonte httpswwwjapanbaikucomtm-27-8006 acessado em

02062019 agraves 2122

Figura 24

Fonte httpswwwcustojustoptleiriapecas-motasrotor-motoplat-bobine-

externa-anti-horario-28261205 acessado em 02062019 agraves 2124

Figura 25

Fonte Autor

Figura 26

Fonte Autor

Figura 27

Fonte Autor

Figura 28

Fonte Autor

Figura 29

Fonte Autor

Figura 30

Fonte Autor

95

Figura 31

Fonte Autor

Figura 32

Fonte Autor

Figura 33

Fonte httpswwwmagnetimarellicomnode65 acessado em 02062019 agraves

2130

Figura 34

Fonte httpswwwbosch-motorsportcomcontentdownloadsRacepartsen-

GB49044619111858827html acessado em 02062019 agraves 2135

Figura 35

Fonte Autor

Figura 36

Fonte httpswwwamazoncomSmartProjects-Mega-Arduino-MEGA-

BoarddpB004A7H3DG acessado em 02062019 agraves 2141

Figura 37

Fonte

httpsSpeeduinocomshopindexphpid_product=18ampcontroller=product

acessado em 02062019 agraves 2145

Figura 38

Fonte Autor

Figura 39

Fonte Autor

Figura 40

Fonte Autor

Figura 41

Fonte Autor

Figura 42

Fonte Autor

Figura 43

Fonte Autor

96

Figura 44

Fonte Autor

Figura 45

Fonte Autor

Figura 46

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-879906333-080036-sensor-de-

rotaco-fiat-idea-e-torq-16-linea-16-18-_JMquantity=1 acessado em

02062019 agraves 2220

Figura 47

Fonte Autor

Figura 48

Fonte Autor

Figura 49

Fonte Autor

Figura 50

Fonte Autor

Figura 51

Fonte Autor

Figura 52

Fonte Autor

Figura 53

Fonte Autor

Figura 54

Fonte Slides aulas SAGE ndash Prof MSc Adriano Ribolla

Figura 55

Fonte Autor

Figura 56

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-839220558-bobina-ignico-gol-

saveiro-parati-10-kombi-16-mi-3-pinos-

_JMmatt_tool=14302715ampmatt_wordampgclid=CjwKCAjwr8zoBRA0EiwANmvpYI

z4XlO7l-

97

OvI7_2OEUpSgy57Vriq67T2bbuVtWP0MawULSQk9SCjBoCXZcQAvD_BwEampq

uantity=1 acessado em 22062019 agraves 2340

Figura 57

Fonte httpswwwacnpecascombrprodutocabo-de-vela-fiat-tipo-1-6-ie-mpi-

todos-injecao-eletronica acessado em 22062019 agraves 2345

Figura 58

Fonte Autor

Figura 59

Fonte Autor

Figura 60

Fonte Autor

Figura 61

Fonte Autor

98

Apecircndice I

Lista de peccedilas e componentes utilizados

Componente Fabricante Part Number (OEM)

Fabricante Part Number (Reposiccedilatildeo)

Qtd

Injetor de Combustiacutevel Keihin 3340-9657-7489 Magnetron MAGNETRON 154-209-B 1

Bobina de Igniccedilatildeo Bosch F000ZS0104 NGK NGK U1092 1

Cabo de Vela Bosch F00099C067 NGK NGK SC-T58 1

Sensor Hiacutebrido - MAP - TPS - IAT

Keihin 16060-KVK-901 MTE-Thomson

MTE6701 1

Sensor de Rotacatildeo HALL Continental 55223464 MTE-Thomson

MTE70565 1

Bomba de Combustiacutevel Delphi BCD 00101 Bosch 580464070 1

Regulador de Pressatildeo Comb

SPA SPA TURBO 1

Roda Focircnica 60-2 Fueltech JR7401PTAz 1

Corpo de Boboletas XR300

Keihin 1641A-KWT-305 1

99

Anexo A

Esquema eleacutetrico do sistema de gerenciamento eletrocircnico

100

101

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

Anexo B

Datasheet Sensor MAP ndash NXPFreescale MPX4250AP

112

113

114

115

116

117

118

119

120

121

122

123

124

125

126

127

Anexo C

Lista de componentes Speeduino

Qtd Referecircncia na Placa Componente Valor Modelo

1 C16 CAP TANT 10uF 35V 10 RADIAL 10uF

6 C2C4C6C8C10C24 CAP CER 022uF 50V 10 RADIAL 220nF 224

7 C1C3C5C7C9C13C15 CAP CER 01uF 50V 20 RADIAL 100nF 104

1 C14 CAP TANT 47uF 63V 10 RADIAL 47uF

1 C18 CAP CER 033uF 50V 10 RADIAL 330nF 334

2 C19C25 CAP CER 10000pF 50V 10 RADIAL 10nF 103

3 C11C12C20 CAP CER 1uF 50V 20 RADIAL 1uF 105

1 C23 CAP CER 4700pF 100V 10 RADIAL 47nF 472

1 D16 DIODO ZENER 56V 3W AXIAL 1N5919BG 1N5919BG 2 D15D17 DIODO SCHOTTKY 1A 30V DO41 1N5818 1N5818

8 LED1LED2LED3LED4

LED5LED6LED7LED8 LED SS 3MM LED

4 D9D10D11D12 DIODO USO GERAL 400V 1A DO41 1N4004 1N4004

1 U2 VARISTOR 14MM 22V 1000A ZNR Varistor ZNR

V14D220

8 Q1Q2Q3Q4Q5Q6Q7

Q8 MOSFET N-CH 33V TO-220

62A

MOSFET STP75NS04Z

1 R54 RES 100K Ohm 14W 1 METAL

FILM 10kΩ

14W - 1

17

R10R13R16R19R21

R23R24R29R30R39

R40R50R51R57R58

R59R60

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 1kΩ

14W - 1

4 R9R12R15R18 RES 680 Ohm 06W 1 AXIAL 680Ω 14W - 1

6 R2R4R6R8R22R41 RES FILME METAacuteLICO 14W 470

Ohm 1 AXIAL 470Ω

14W - 1

7 R1R3R26R28R33R34

R61

249k Ohm plusmn1 025W 14W FILME

METAacuteLICO 249kΩ

14W - 1

1 R7 RES 39K Ohm 14W 01 FILME

METAacuteLICO 39kΩ

14W - 1

12

R11R14R17R20R35R3

6R37R38R48R49

R55R56

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 100kΩ

14W - 1

4 R25R27R31R32 RES 160 Ohm 2W 1 AXIAL 160Ω 2W - 1

1 U1 REGULADOR DE TENSAtildeO

LM2940-50 1A TO220 LM2940T 50NOPB

1 MPX4250A SENSOR MAP 363 PSI MAX 1-Bar MAP MPX4250AP

2 IC1IC2 CI MOSFET DVR 3A DUAL HS 8-DIP TC4424EP

A TC4424EPA

Page 11: FACULDADE DE TECNOLOGIA FATEC SANTO ANDRÉfatecsantoandre.edu.br/arquivos/TCC/227-Mecanica/TCC511.pdfLista de Unidades de Medida cm³ - unidade de volume, centímetros cúbicos mm

39 Sistema de Igniccedilatildeo 82

4 Calibraccedilatildeo do Motor 83

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais 83

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel 85

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo 86

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada 87

5 Dados do Motor (Modificado) 87

6 Resultados 88

7 Conclusatildeo 89

8 Propostas Futuras 90

9 Referecircncias Bibliograacuteficas 91

10 Referecircncia Figuras 92

Apecircndice I 98

Anexo A 99

Anexo B 111

Anexo C 127

Lista de Figuras

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos 25

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro 26

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto 26

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas 27

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa 27

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter

do motor passando pela vaacutelvula de palhetas 28

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor

permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel 29

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

30

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos

pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro 31

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando

formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto 32

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo 33

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio

de platinado 36

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts 37

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF 39

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida 39

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System 40

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos 41

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos 42

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante 48

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo 49

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus

perifeacutericos 50

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135 51

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30 53

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo 53

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia 54

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto 55

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1 55

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2 56

Figura 29 - Processo de pintura 56

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo 57

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada 57

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta 58

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport 59

Figura 34 - ECU Bosch MS 151 59

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino 60

Figura 36 - Arduino Mega 2560 61

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino 63

Figura 38 - Inicio da montagem da placa 64

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada 65

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio 66

Figura 41 - Aterramento refeito externamente 67

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico 68

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada 69

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica 70

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes 71

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v 71

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall 72

Figura 48 - Roda Focircnica 73

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 74

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 75

Figura 51 - Corpo de Borboleta 76

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS 78

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT 79

Figura 54 - Princiacutepio strain gage 80

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP 81

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW 82

Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo 82

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor 84

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE 85

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo 86

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees 88

Lista de Graacuteficos

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3

1996 20

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos

com rotaccedilatildeo em 6000 RPM 35

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de

retorno 44

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor 46

Lista de Quadros

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos 23

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para oldquoHeaderrdquo 43

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor 44

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor 45

Quadro 5 - Comprimento da ponteira 47

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560 61

Lista de Foacutermulas

1 - Caacutelculo da Taxa de Compressatildeo 34

2 - Volume a ser comprimido (fabricantes japoneses) 34

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento 42

4 - Dimensotildees do Escapamento Header 43

5 - Dimensotildees do Escapamento Difusor 45

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor 46

7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo 47

8 - Caacutelculo do Fator Gauge 80

18

1 Introduccedilatildeo

Em 1878 um engenheiro escocecircs criou o projeto tido como o primeiro motor

de ciclo dois tempos e eacute atribuiacutedo a ele esta invenccedilatildeo este engenheiro era

Dugald Clerk Poreacutem este motor possuiacutea algumas diferenccedilas dos motores dois

tempos que conhecemos e utilizamos durante todo o seacuteculo XX ateacute os dias de

hoje Nos motores de Clerk a admissatildeo era feita por bombeamento separado do

motor possuiacutea vaacutelvulas e utilizava gaacutes como combustiacutevel (NUNNEY 1992)

O primeiro motor de ciclo dois tempos com as caracteriacutesticas que hoje

conhecemos com admissatildeo inicial e compressatildeo no caacuterter transferecircncia da

mistura feita por janelas nas laterais do cilindro sem vaacutelvulas soacute foi inventado

por volta de 1892 pelo inglecircs Joseph Day que por volta de 1889 comeccedilou a

desenvolver um motor de combustatildeo interna sem infringir as patentes de

Nikolaus Otto as quais eram as patentes do motor com ciclo a quatro tempos

(BOOTHROYD 2006)

As patentes de Nikolaus Otto satildeo atualmente invaacutelidas e atribuiacutedas a um

engenheiro francecircs Alphonse-Eugene Beau de Rochas o qual havia feito todos

estudos pesquisas e projetos sobre este ciclo anos antes em 1862 poreacutem natildeo

chegou a construir um motor assim como Otto o fez (TILLMAN 2013)

A invenccedilatildeo do motor dois tempos eacute creditada a Dugald Clerk Satildeo citados

diversos pesquisadores engenheiros inventores e construtores como pessoas

que desenvolveram e agregaram conhecimento a este tipo de motor poreacutem foi

possiacutevel observar durante as pesquisas que Day eacute pouco lembrado em livros e

documentos poreacutem historicamente foi quem idealizou e construiu as soluccedilotildees

para o motor dois tempos que utilizamos quase que literalmente ateacute os dias de

hoje (BOOTHROYD 2006)

Durante o seacuteculo XX os motores dois tempos foram amplamente utilizados

na induacutestria automotiva Foram construiacutedos diversos veiacuteculos com esses

motores carros motocicletas caminhotildees e tratores O primeiro estudo e

construccedilatildeo de protoacutetipo de injeccedilatildeo eletrocircnica voltada para motores dois tempos

aconteceu em 1978 exatos cem anos da construccedilatildeo do motor de Clerk e foi

feita por Edmond Vieilledent que conseguiu obter relativo sucesso em suas

pesquisas e desenvolvimento poreacutem a tecnologia de microprocessamento na

19

eacutepoca inicial e o custo para implementaccedilatildeo relativamente alto em motores de

baixa cilindrada aparentemente inviabilizou o projeto em larga escala

(VIEILLEDENT 1978)

Quarenta anos apoacutes o trabalho de Vieilledent em 2018 a fabricante de

motocicletas austriacuteacas KTM Motorcycle disponibiliza para venda no mercado

motocicletas de competiccedilatildeo off-road de 250 e 300cmsup3 com sistema de injeccedilatildeo

eletrocircnica o que vem a corroborar a ideia de que os motores dois tempos para

determinadas aplicaccedilotildees merecem a implementaccedilatildeo de novas tecnologias para

que haja junto com a evoluccedilatildeo eletrocircnica novos resultados aplicados aos

motores dois tempos

11 Motivaccedilatildeo

As motivaccedilotildees deste trabalho surgem da premissa de reduzir algumas

deficiecircncias intriacutensecas do funcionamento dos motores de ciclo dois tempos

funcionamento que seraacute abordado e explicado em um toacutepico especiacutefico adiante

Para isso seraacute utilizado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel com

processamento de dados feito a partir de um Arduino Mega 2560 montado em

um motor Yamaha de 135cmsup3 de 2 tempos de fabricaccedilatildeo nacional produzido ateacute

o ano de 2000 Este motor equipou por mais de vinte anos as motocicletas

Yamaha Rd e Rdz 135cmsup3 e possuiacuteam como sistema de alimentaccedilatildeo de

combustiacutevel carburadores com diacircmetro de venturi 24mm e 26mm

respectivamente e sistema de igniccedilatildeo por descarga capacitiva com curva de

igniccedilatildeo preacute-estabelecida

Os motores dois tempos possuem caracteriacutesticas de funcionamento muito

peculiares e produzem uma potecircncia especiacutefica relativamente alta poreacutem esta

potecircncia vem de uma curva de torque caracteriacutestica do projeto do motor sendo

muito difiacutecil conseguir obter uma curva onde se consiga que a potecircncia seja alta

em todas as faixas de rotaccedilatildeo A maioria dos projetos de motores dois tempos

favorece a potecircncia em uma faixa de rotaccedilatildeo muito estreita por exemplo motores

que satildeo projetados para terem alto torque natildeo possuem alta rotaccedilatildeo e motores

para alta potecircncia soacute conseguem atingir esta potecircncia apoacutes os 10000rpm e todo

o resto da curva de potecircncia do motor eacute esquecida Este trabalho visa a

20

introduccedilatildeo de um sistema de gerenciamento de combustiacutevel e igniccedilatildeo eletrocircnico

para obter uma possiacutevel melhora da faixa de potecircncia aumentando a largura

dessa faixa de potecircncia elevada

Podemos notar ao analisarmos o graacutefico 1 que este tipo de motor produz

uma faixa de trabalho uacutetil de aproximadamente 1500 rpm somente apoacutes os

10000 rpm esta caracteriacutestica torna a pilotagem destas motocicletas em regime

de competiccedilatildeo muito difiacutecil e cansativa

Fonte httppulpmxcom

Com a inserccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico seraacute feita a

tentativa de implementar uma calibraccedilatildeo que natildeo privilegie somente uma faixa

tatildeo pequena de trabalho buscando antecipar e ampliar esta faixa de potecircncia

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3 1996

21

12 Objetivos

Os objetivos deste trabalho satildeo construir montar adaptar e talvez a parte

mais complexa calibrar um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel em um

motor de ciclo dois tempos Natildeo existem muitas informaccedilotildees a respeito de

calibraccedilatildeo eletrocircnica para motores em geral muito menos para motores dois

tempos o que torna esse acerto um tanto quanto difiacutecil

Como descrito anteriormente a motivaccedilatildeo vecircm da capacidade de tentar

incrementar potecircncia em um motor de pouca massa e isso eacute o essencial para

regimes de performance em competiccedilotildees de karts naacuteuticas e de motocicletas

A busca seraacute por uma calibraccedilatildeo final que alargue a faixa de potecircncia do motor

ou seja melhorando suas caracteriacutesticas de funcionamento utilizando um

sistema de gerenciamento eletrocircnico com alguns sensores que seja confiaacutevel e

que permita a sua utilizaccedilatildeo em quaisquer condiccedilotildees climaacuteticas e ambientais

tais como umidade temperatura e pressatildeo atmosfeacuterica

13 Contribuiccedilotildees Esperadas

As contribuiccedilotildees estatildeo relacionadas com os objetivos descritos na

subseccedilatildeo 12 e satildeo elas

a) Promover uma anaacutelise de forma ampla sobre os aspectos positivos e

negativos dos motores que utilizam o ciclo de dois tempos

b) Renovar alguns dados encontrados na literatura teacutecnica a respeito dos

motores dois tempos que na maioria dos livros sobre motores de

combustatildeo interna satildeo dados advindos do estudo de motores anteriores

a deacutecada de 1950 ou seja informaccedilotildees que merecem atualizaccedilatildeo

c) Expor os aspectos positivos do uso da eletrocircnica e programaccedilatildeo no

gerenciamento de motores

d) Possibilitar a adaptaccedilatildeo de uma tecnologia moderna e aberta (open

source) em antigos motores de combustatildeo interna que originalmente

possuiacuteam alimentaccedilatildeo de combustiacutevel mecacircnica e sistema de igniccedilatildeo

simplificado

e) Mostrar as possiacuteveis e esperadas dificuldades de se calibrar o sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos

22

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho

Este trabalho abordaraacute a inserccedilatildeo de um sistema de gerenciamento

eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos sendo assim o assunto eacute abordado

em trecircs fases

Fase Inicial Aborda todo o conceito de funcionamento mecacircnico do motor

de ciclo dois tempos princiacutepios caracteriacutesticas de construccedilatildeo soluccedilotildees

adotadas ao longo da histoacuteria principais aplicaccedilotildees Esta parte tambeacutem tem por

objetivo ampliar o entendimento deste tipo de motor que eacute pouco esclarecido

em literaturas teacutecnicas e quando apresentado em livros utiliza o princiacutepio de

funcionamento correto poreacutem demonstra exemplos de motores antigos sem

muitas soluccedilotildees eficientes

Fase Intermediaacuteria Aborda todas as soluccedilotildees eleacutetricas e eletrocircnicas que

seratildeo utilizadas para o desenvolvimento do protoacutetipo histoacuterico de aplicaccedilotildees em

motores dois tempos processo de escolha montagem de componentes e

sensores anaacutelise de funcionamento e dificuldades enfrentadas

Fase Final Mostra os processos necessaacuterios para fazer a calibraccedilatildeo de

um motor de combustatildeo interna utilizando gerenciamento eletrocircnico aplicaccedilatildeo

em motores dois tempos quais as dificuldades e resultados obtidos

23

2 Fundamentaccedilatildeo

Os motores de ciclo dois tempos possuem o conceito mecacircnico da

termodinacircmica para seu funcionamento onde eacute admitido uma mistura de ar e

combustiacutevel pelo orifiacutecio de admissatildeo Posteriormente essa mistura sofre uma

melhor homogeneizaccedilatildeo no caacuterter junto ao eixo de manivelas onde tambeacutem eacute

comprimido e transferido para a cabeccedila do pistatildeo pelos orifiacutecios de transferecircncia

apoacutes a transferecircncia o pistatildeo inicia o ciclo de subida sentido PMS onde comprime

a mistura ar combustiacutevel e sofre combustatildeo por meio de uma centelha

Nos motores de ciclo dois tempos os pistotildees assim como nos motores

com ciclo quatro tempos possuem movimento alternativo em relaccedilatildeo ao cilindro

poreacutem a lubrificaccedilatildeo dos cilindros eacute feita por meio de oacuteleo misturado com o

combustiacutevel podendo ser forccedilado por uma bomba de lubrificaccedilatildeo que injeta o

oacuteleo no orifiacutecio de admissatildeo ou mesmo por uma mistura oacuteleocombustiacutevel que

pode ser previamente feita Esse sistema simplifica todo o funcionamento deste

tipo de motor poreacutem tambeacutem traz consigo suas deficiecircncias intriacutensecas desse

processo de combustatildeo

Segundo o Manual de Tecnologia Automotiva Bosch (2005) os motores

dois tempos possuem as vantagens e desvantagens que vemos a seguir

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos

Vantagens Desvantagens

Design Simples do Motor Maior Consumo de Combustiacutevel

Baixo Peso Altas Emissotildees de

Hidrocarbonetos

Baixo Custo de Fabricaccedilatildeo Pressatildeo Efetiva Meacutedia mais

Baixa

Padratildeo Melhor de Forccedila de

Torccedilatildeo

Cargas Teacutermicas mais Altas

Marcha Lenta mais deficiente

(Bosch 2005)

24

O desenvolvimento deste trabalho natildeo busca fazer um comparativo entre

os diversos ciclos de funcionamento dos motores de combustatildeo interna

existentes apesar de que em determinados toacutepicos essa comparaccedilatildeo seja

inevitaacutevel Apoacutes a anaacutelise deste trabalho seraacute possiacutevel tirar as proacuteprias

conclusotildees a respeito do funcionamento de motores dois tempos visto que a

maioria das literaturas a respeito dos motores dois tempos natildeo satildeo especiacuteficas

nem tampouco profundas a respeito do tema

21 Objetivos do Capiacutetulo

As seccedilotildees a seguir apresentam o princiacutepio de funcionamento dos motores

de ciclo dois tempos O capiacutetulo iraacute abordar e analisar as fases de funcionamento

e alguns componentes mecacircnicos deste tipo de motor e os resultados de

possiacuteveis modificaccedilotildees em seus componentes

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos

Diferentemente dos motores de ciclo otto a 4 tempos que necessitam a

rotaccedilatildeo de 720deg do eixo aacutervore de manivelas os motores de ciclo dois tempos

necessitam apenas de 360deg do eixo aacutervore de manivelas para executar as quatro

operaccedilotildees baacutesicas de funcionamento de um motor de combustatildeo interna

- Admissatildeo

- Compressatildeo

- Combustatildeo

- Exaustatildeo

25

Apesar das operaccedilotildees e princiacutepio de funcionamento dos motores dois tempos

serem parecidas com as do ciclo otto a concepccedilatildeo e construccedilatildeo do motor eacute

totalmente diferente Os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como

existem nos motores de ciclo otto pelo menos natildeo no sistema mais baacutesico de

funcionamento desses motores (conforme Figura 1)

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos

Editado pelo Autor Fonte httpswwwshutterstockcom

No sistema baacutesico de funcionamento de um motor dois tempos o cilindro possui

aberturas chamadas janelas elas satildeo como portas para entrada e saiacuteda da

mistura arcombustiacutevel

A mistura arcombustiacutevel apoacutes ser succionada atraveacutes do carburador entra

atraveacutes da chamada janela de admissatildeo no cilindro (conforme Figura 2) e chega

primeiramente no caacuterter do motor alguns motores normalmente os de

competiccedilatildeo ou maior performance possuem a entrada de arcombustiacutevel

diretamente no caacuterter (conforme Figura 3) natildeo necessitando entrar no cilindro e

ir para o caacuterter poreacutem isto natildeo eacute regra A entrada desse combustiacutevel no caacuterter

tambeacutem eacute utilizada para a lubrificaccedilatildeo dos rolamentos inferiores do motor jaacute que

na maioria dos casos o combustiacutevel e oacuteleo lubrificante satildeo misturados salvo

26

raros casos em que existem pontos de injeccedilatildeo apenas de oacuteleo em determinadas

partes do motor

Editado pelo Autor Fonte httpwwwrichstaylordportingcom

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto

Editado pelo Autor Fonte httpwwwebaycom

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro

27

Como dito anteriormente os motores dois tempos em essecircncia natildeo utilizam

vaacutelvulas poreacutem com o desenvolvimento desse tipo de motor foi-se aprimorando

a tecnologia e notou-se a necessidade do uso de vaacutelvulas na admissatildeo visto

que parte da mistura era expelida novamente pela admissatildeo quando havia

compressatildeo no caacuterter anteriormente este papel de vaacutelvula de admissatildeo era feito

pelo proacuteprio pistatildeo que ao passar pela janela de admissatildeo determinava os

intervalos de tempo entre admissatildeo e exaustatildeo Para melhorar a eficiecircncia do

sistema de vaacutelvula feito pelo pistatildeo adotou-se principalmente dois sistemas o

sistema de palhetas (conforme Figura 4) e o sistema de vaacutelvula rotativa

(conforme Figura 5)

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas

Fonte wwwamazoncom

Fonte httpscellcodeus

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa

28

Apoacutes ser recebida no caacuterter a mistura arcombustiacutevel eacute comprimida com a

descida do pistatildeo sentido ao PMI o que gera o aumento de pressatildeo no caacuterter e

faz com que a mistura seja transportada para a parte superior do pistatildeo atraveacutes

das chamadas janelas de transferecircncia (conforme Figura 6) Essas janelas

possuem aberturas na parte inferior do cilindro junto ao caacuterter do motor que eacute

por onde passa esta mistura arcombustiacutevel essas aberturas ligam dutos de

transferecircncia ateacute uma abertura na camisa do cilindro jaacute na parte superior do

pistatildeo (conforme Figura 6) Com a mistura jaacute na parte superior do pistatildeo ela eacute

comprimida e por fim queimada e os gases resultantes da queima satildeo expulsos

pela janela de exaustatildeo (conforme Figura 6)

Editado pelo Autor Fonte wwwpatentimagescom

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter do motor passando pela vaacutelvula de palhetas

29

23 Admissatildeo

O processo de admissatildeo inicia-se com a subida do pistatildeo sentido PMS

isso cria uma pequena depressatildeo no caacuterter do motor poreacutem suficiente para

arrastar a mistura arcombustiacutevellubrificante advinda do sistema de alimentaccedilatildeo

usualmente carburadores Essa mistura passa por vaacutelvulas que controlam a

entrada de mistura fresca no motor Na maioria dos motores atuais utilizam-se

vaacutelvulas de palhetas elas tambeacutem tecircm a funccedilatildeo de impedir que a mistura retorne

para o coletor de admissatildeo quando haacute a movimentaccedilatildeo do pistatildeo sentido PMI

(conforme Figura 7) Os primeiros motores de Joseph Day jaacute haviam adotado

uma soluccedilatildeo de vaacutelvulas de palhetas poreacutem esse sistema foi esquecido por

muitos anos e novamente adotados para motores de motocicletas de competiccedilatildeo

em meados dos anos 70 Notemos que a mistura no caacuterter do motor aleacutem de ar

e combustiacutevel tambeacutem possui lubrificante que nesse momento faz a lubrificaccedilatildeo

das peccedilas moacuteveis na parte inferior do motor Nas figuras seguintes podemos

notar como se comporta a entrada da mistura arcombustiacutevel para o caacuterter do

motor e tambeacutem o funcionamento das vaacutelvulas de palhetas

Editado pelo Autor Fonte www1bpblogspotcom

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel

30

O principal momento de admissatildeo da mistura arcombustiacutevel para o motor se daacute

com subida do pistatildeo rumo ao PMS no entanto esse natildeo eacute o uacutenico periacuteodo em

que o motor recebe mistura fresca do sistema de alimentaccedilatildeo Quando o pistatildeo

inicia o movimento de descida rumo ao PMI apoacutes a exaustatildeo tambeacutem temos

admissatildeo de mistura arcombustiacutevel fresca A quantidade eacute bem menor e se daacute

pela depressatildeo gerada pelo escape dos gases queimados junto a janela de

exaustatildeo Essa admissatildeo acontece passando por uma janela conhecida

popularmente como ldquoQuinta Luzrdquo ou em inglecircs ldquoBoost Portrdquo (conforme Figura 8)

poreacutem esse curto periacuteodo de admissatildeo tem maior influecircncia no processo de

exaustatildeo dos gases Essa admissatildeo favorece a expulsatildeo dos gases e limpeza

da cacircmara de combustatildeo para iniacutecio de um novo ciclo

Editado pelo Autor Fonte httpswwwpinterestcom

A duraccedilatildeo desse periacuteodo em graus da duraccedilatildeo da admissatildeo na quinta

luz pode ser tido como um dos periacuteodos criacuteticos no que diz respeito e eficiecircncia

do motor dois tempos pois se o periacuteodo tiver uma duraccedilatildeo muito prolongada

pode resultar em excesso de mistura fresca que eacute ldquojogada forardquo para a exaustatildeo

e se for muito curto acaba mantendo gaacutes queimado na cacircmara de combustatildeo o

que gera perda de potecircncia para o motor

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

31

24 Compressatildeo

A compressatildeo no motor dois tempos acontece assim como no motor de quatro

tempos comprimindo o volume total do cilindro em uma pequena aacuterea da cacircmara

de combustatildeo Poreacutem diferentemente do motor quatro tempos o cilindro do

motor dois tempos natildeo eacute totalmente vedado possuindo aberturas que como dito

anteriormente se chamam janelas (conforme Figura 6)

Podem existir vaacuterios formatos de cacircmara de combustatildeo ou popularmente

conhecido como cabeccedilote cada tipo buscando um resultado final diferente

(conforme Figuras 910 e 11)

Como os cabeccedilotes de motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas satildeo

praticamente um material usinado ou fundido contemplando um formato final E

esse formato nos motores dois tempos influencia muito na performance do

motor

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro

32

Os cabeccedilotes dos motores dois tempos possuem formatos que privilegiam

determinadas faixas de rotaccedilatildeo ou comportamento do motor com relaccedilatildeo a

torque Os chamados ldquoSquishrdquo satildeo um formato que impotildeem uma alta velocidade

agrave mistura em direccedilatildeo a vela de igniccedilatildeo e produz melhora no comportamento da

queima (conforme Figura 10)

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

O ldquoSquishrdquo eacute composto por algumas medidas que satildeo

Banda do Squish eacute a largura da faixa onde se concentra o squish e contorna

toda a circunferecircncia do cabeccedilote podendo ser mais larga ou estreita

dependendo do regime de funcionamento do motor

Acircngulo do Squish eacute o acircngulo feito na banda de squish podendo acompanhar

ou natildeo o acircngulo existente na cabeccedila do pistatildeo natildeo eacute usual mas podem existir

cabeccedilotes cujos acircngulos de squish sejam retos assim como a cabeccedila dos

pistotildees nesses motores

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto

33

Folga do Squish essa folga eacute a folga do topo da cabeccedila do pistatildeo quando

em PMS ateacute o ponto fiacutesico mais proacuteximo da banda de squish

Segundo Bell (1999) os cabeccedilotes que contemplam ldquoSquishrdquo vieram a

promover melhorias significantes na performance dos motores dois tempos

Esse tipo de cabeccedilote promove melhor homogeneizaccedilatildeo da mistura

arcombustiacutevel e tambeacutem de qualquer porccedilatildeo de gases de escapamento

residuais presentes na cacircmara Esse formato tambeacutem evita que a propagaccedilatildeo

de chama para as laterais do cilindro promovam o aquecimento do mesmo fator

que pode dar iniacutecio a um ciclo de detonaccedilatildeo que eacute muito prejudicial para o

funcionamento do motor

Fonte httpwwwcmraracingcom

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo

34

Um outro fator que gera uma certa confusatildeo em motores dois tempos eacute a

mediccedilatildeo da taxa de compressatildeo A compressatildeo efetiva do volume do cilindro

ocorre apenas quando os aneacuteis de segmento do pistatildeo passam pela uacuteltima

abertura sentido PMS sendo que a uacuteltima abertura em motores dois tempos satildeo

as janelas de exaustatildeo

O que pode se notar usualmente eacute que fabricantes europeus utilizam a

mesma maneira de se calcular taxa de compressatildeo de motores quatro tempos

em motores de ciclo dois tempos

onde

RC Relaccedilatildeo de Compressatildeo

VC Volume do Cilindro (cmsup3)

VCC Volume da Cacircmara de Combustatildeo (cmsup3)

Enquanto fabricantes japoneses utilizam uma maneira especiacutefica de medir

a taxa compressatildeo para motores dois tempos avaliando o volume total de

compressatildeo efetiva somente apoacutes a passagem dos aneacuteis de segmento pela

janela de escapamento fazendo sua vedaccedilatildeo Nesse caso o volume total do

cilindro natildeo entra na conta o que se utiliza eacute a altura da janela de exaustatildeo como

referecircncia para o volume total a ser comprimido

Pode-se assim calcular o Volume a ser Comprimido

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

onde

VAC Volume a ser comprimido (cmsup3)

120645 Constante

r Raio do cilindro (mm)

h distacircncia percorrida pelo pistatildeo do momento de fechamento da janela

de exaustatildeo ateacute a chegada em PMS (mm)

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

RC = VC+VCC

VCC

1-Caacutelculo da Taxa de

Compressatildeo

2 - Volume a ser comprimido

(fabricantes japoneses)

35

Quando pesquisa-se em fichas teacutecnicas sobre motores dois tempos tais

literaturas podem gerar uma confusatildeo de entendimento pois pode-se entender

que motores europeus utilizam taxa de compressatildeo muito maior que os motores

japoneses e isto natildeo eacute verdade apenas utilizam meacutetodos de mediccedilatildeo diferentes

25 Combustatildeo

O processo de combustatildeo em motores dois tempos eacute muito semelhante ao

dos motores de quatro tempos mas com uma diferenccedila essencial ao

entendimento deste tipo de motores Nos motores de ciclo de quatro tempos

acontece a centelha na vela de igniccedilatildeo a cada 720deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore

de manivelas enquanto no motor de ciclo dois tempos a centelha ocorre a cada

360deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore de manivelas ou seja a cada subida do pistatildeo

sentido PMS ocorre uma combustatildeo

Segundo Najafabadi Aziz Adams e Leman (2013) existem alguns efeitos

gerados no processo de combustatildeo advindos do ciclo anterior devido a gases

residuais que se mantiveram na cacircmara de combustatildeo Este fenocircmeno afeta a

combustatildeo podendo ocorrer avanccedilo ou atraso do tempo de igniccedilatildeo devido a

temperatura desses gases Ainda a pressatildeo no interior do cilindro que veio do

ciclo anterior afeta o fluxo de transiccedilatildeo do motor podendo a quantidade de gases

residuais ser diferente (conforme Graacutefico 2)

Fonte Najafabadi et al 2013

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos com rotaccedilatildeo em 6000 RPM

36

251 Igniccedilatildeo

Este mecanismo eacute importante para que o processo de combustatildeo seja

equilibrado bem executado e responda com um bom funcionamento do motor

Existem diversos sistemas de igniccedilatildeo disponiacuteveis para motores dois tempos

desde os mais simplificados (conforme Figura 12) ateacute sistemas programaacuteveis

onde pode-se determinar a curva de avanccedilo desejada por meio de programaccedilatildeo

do dispositivo via software (conforme Figura 13) poreacutem para entendimento do

funcionamento o esquema eleacutetrico do sistema de igniccedilatildeo por platinado possui

faacutecil entendimento este sistema foi utilizado por muitos anos e o uacutenico motivo de

cair em desuso era a necessidade de regulagem constante devido ao desgaste

mecacircnico do contato eleacutetrico

Fonte Bell 1999

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio de platinado

37

Fonte httpwwwpvl-zuendungende

26 Exaustatildeo

Este eacute com certeza o processo mais importante dentre todos os processos no

motor dois tempos a janela de exaustatildeo eacute a aacuterea do motor que se sofrer uma

alteraccedilatildeo de alguns deacutecimos de miliacutemetros pode mudar completamente o

comportamento do motor

Como jaacute discorremos os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como os

motores quatro tempos pelo menos natildeo nos mesmos moldes ou entatildeo vaacutelvulas

que vedem completamente a passagem dos gases Em um motor de quatro

tempos o comando de vaacutelvulas determina qual eacute momento de abertura das

vaacutelvulas a ordem o levante etc No motor dois tempos essa funccedilatildeo de duraccedilatildeo

da admissatildeo e exaustatildeo eacute composta pela diagramaccedilatildeo das janelas do cilindro

(conforme Figura 14) e satildeo fixas natildeo existe um comando de vaacutelvulas rotativo

ou qualquer dispositivo semelhante dentre essa diagramaccedilatildeo a duraccedilatildeo mais

importante e que determina o desempenho do motor e como ele se comportaraacute

eacute a da janela de exaustatildeo

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts

38

Segundo Bell (1999) o processo de modificaccedilatildeo da janela de exaustatildeo eacute talvez

um dos mais criacuteticos dentro dos motores dois tempos (conforme Figuras 14 e

15) pocircde-se notar que as diagramaccedilotildees possuem desenhos diferentes de

janelas de exaustatildeo o primeiro modelo da Yamaha TZ250 (conforme Figura 14)

eacute de janela uacutenica pois a dimensotildees que foram determinadas para o tamanho e

duraccedilatildeo da janela dado o diacircmetro do cilindro permitiram que isso fosse feito Jaacute

no segundo diagrama da Suzuki PE175 podemos notar que a janela de exaustatildeo

eacute bi partida (conforme Figura 15) isso acontece por que por projeto foi

determinado um tamanho de janela de exaustatildeo demasiadamente grande para

o diacircmetro desse cilindro natildeo eacute regra mas usualmente a largura de uma janela

de exaustatildeo pode ter no maacuteximo 70 do diacircmetro do cilindro isso acontece para

que os aneacuteis de segmento natildeo tendam a entrar no duto de exaustatildeo quando por

laacute passarem por isso a soluccedilatildeo adotada na Suzuki PE175 de adicionar mais

uma divisatildeo na janela permite ter uma janela de exaustatildeo mais larga sem

comprometer a durabilidade do motor

Por ser uma medida fiacutesica e determinante para o funcionamento do motor dois

tempos a janela de exaustatildeo sempre foi um ponto criacutetico no projeto desses

motores pois se o projeto determinava uma medida para a janela de exaustatildeo a

performance do motor era inerente a esta medida Motores que foram

desenvolvidos ateacute o final da deacutecada de 1970 natildeo conseguiam melhorar suas

caracteriacutesticas em todas as faixas de funcionamento Por exemplo se o projeto

da janela de exaustatildeo era feito para funcionar bem em baixas rotaccedilotildees isso

caracterizava aquele motor e nada podia ser feito para ser melhorado sem que

isso comprometesse outras faixas de rotaccedilatildeo

Motocicletas e karts de competiccedilatildeo que eram projetados para funcionar bem

em altas rotaccedilotildees tinham todo o torque em baixa muito comprometido se vermos

corridas de motocicletas da deacutecada de 1970 e iniacutecio dos anos de 1980 podemos

ver pilotos que largavam praticamente empurrando a motocicleta ateacute que ela

embalasse e chegasse a uma rotaccedilatildeo onde o motor pudesse andar sozinho

39

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida

40

No iniacutecio dos anos de 1980 a Yamaha criou uma soluccedilatildeo para melhorar o

desempenho dos motores dois tempos em todas as faixas de rotaccedilatildeo eacute um

sistema com uma vaacutelvula mecacircnica que variava as dimensotildees da janela de

exaustatildeo durante o funcionamento do motor esse sistema eacute chamado YPVS

(Yamaha Power Valve System) (conforme Figura 16) foi um sistema que permitiu

a Yamaha ganhar diversas competiccedilotildees on e off road ateacute que seus concorrentes

pudessem desenvolver sistemas semelhantes

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Inicialmente esse sistema era totalmente mecacircnico e era tocado por uma

bomba centriacutefuga ligada ao eixo arvore do motor posteriormente em

motocicletas de rua foi adotado o mesmo princiacutepio poreacutem foi utilizado um sistema

eletrocircnico com um servo motor Outros fabricantes desenvolveram sistemas

semelhantes ao longo do tempo e adotaram as mais diversas soluccedilotildees Um outro

sistema bastante popular foi o sistema pneumaacutetico (conforme Figura 17) que

era composto por uma vaacutelvula do tipo guilhotina e uma membrana na janela de

exaustatildeo a vaacutelvula se mantinha fechada em baixas rotaccedilotildees melhorando o

torque naquele momento e a membrana era calibrada para que em um certo

momento quando certa quantidade de gases de escape estivessem sendo

produzidos a membrana empurrava a vaacutelvula para traacutes aumentando as

dimensotildees da janela de exaustatildeo melhorando o torque em altas rotaccedilotildees

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System

41

Fonte httpwww bikemanperformancecom

261 Escapamento

Ainda na fase de exaustatildeo o escapamento eacute o acessoacuterio mais importante

para o bom funcionamento dos motores dois tempos e necessita cuidados

especiais em seu desenvolvimento Eacute intriacutenseco do funcionamento e da forma

construtiva do motor dois tempos o fato de que ele acaba por jogar mistura

fresca para o escapamento e isso causa perda de performance Assim o

escapamento promove ondas de ressonacircncia que causam o retorno de parte

dessa mistura fresca novamente para dentro do cilindro

Este sistema determina muito das caracteriacutesticas importantes de

funcionamento desse tipo de motor Satildeo peccedilas complexas de serem construiacutedas

e produzem um som caracteriacutesticos de ldquoring-dingrdquo a este tipo de motor

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos

42

Para um bom projeto de escapamento satildeo necessaacuterios diversos caacutelculos

para que se obtenha as dimensotildees ideais Posteriormente outro desafio eacute aplicar

as dimensotildees calculadas ao projeto do veiacuteculo o que produz verdadeiras

esculturas mecacircnicas (conforme Figura 18)

Caacutelculo para determinaccedilatildeo do comprimento ideal do escapamento

Onde

LE = Comprimento do escapamento (mm)

DE = Duraccedilatildeo da janela de exaustatildeo em graus (deg)

RPM = Rotaccedilatildeo para melhor funcionamento do motor (1min)

42545 = Constante que leva em conta que a onda socircnica sempre viaja na

velocidade do som no ar

Fonte Bell 1999

O trecho do escapamento que sai do cilindro do motor eacute chamado em inglecircs

ldquoHeaderrdquo esse trecho usualmente eacute cocircnico e utiliza acircngulos entre 115deg e 15deg

Entretanto ao longo da histoacuteria os fabricantes testaram acircngulos variando entre

08deg ateacute 23deg de conicidade para determinadas aplicaccedilotildees

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos

LE = DE x 42545

RPM

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento

43

As dimensotildees do Header podem ser determinadas da seguinte maneira Para

o comprimento pode-se utilizar o fator de multiplicaccedilatildeo (conforme Quadro 2)

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para o ldquoHeaderrdquo

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 85 ndash 95 10 -11

100 ndash 125 78 ndash 85 78 ndash 85

175 ndash 250 73 ndash 83 9 -10

350 - 500 73 ndash 83 85 ndash 95

Fonte Bell 1999

Jaacute com o fator de correccedilatildeo apropriado multiplicamos esse valor pelo diacircmetro

da janela de exaustatildeo e esse eacute o comprimento ideal do Header

O diacircmetro maior do Header pode ser calculado pela seguinte expressatildeo

Onde

D2 = eacute o diacircmetro maior do Header para uniatildeo com o Difusor (mm)

CH = eacute o Comprimento do Header (mm)

D1 = eacute o diacircmetro inicial do Header determinado pelo diacircmetro da janela de

exaustatildeo (mm)

Cotg H = eacute a cotangente do acircngulo do Header usualmente entre 115 e 15deg

O segundo trecho do escapamento chamado Difusor pode ser calculado da

seguinte maneira O diacircmetro inicial eacute o mesmo diacircmetro D2 do Header o

comprimento do Difusor eacute usualmente calculado utilizando 25 vezes o diacircmetro

da janela de exaustatildeo poreacutem pode-se usar de 22 a 29 vezes o diacircmetro da

janela de exaustatildeo dependendo do projeto tendo em mente que quanto menor

o comprimento melhor o rendimento em altas rotaccedilotildees e quanto maior o

comprimento melhor as respostas do motor em baixas rotaccedilotildees Ao final o que

D2 = CH x 2 + D1

cotg H

4 ndash Dimensotildees do Escapamento Header

44

iraacute determinar o comprimento eacute a proposta do motor O acircngulo de conicidade do

Difusor varia normalmente entre 3deg e 7deg com diferentes reaccedilotildees ao rendimento

do motor (conforme Quadro 3) modificando a duraccedilatildeo e os efeitos da onda de

ressonacircncia (conforme Graacutefico 3)

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 65 a 7deg 3 a 35deg

100 ndash 125 65 a 75deg 4 a 48deg

175 65 a 75deg 35 a 45deg

250 7 a 75deg 4 a 45deg

350 ndash 500 4 a 5deg

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de retorno

45

O segundo diacircmetro o diacircmetro maior do Difusor pode ser calculado

utilizando a seguinte expressatildeo

Onde

CD = Comprimento do Difusor D3 = Diacircmetro maior do Difusor D2 = Diacircmetro menor do Difusor cotg D = Cotangente do acircngulo de conicidade que foi determinado para o Difusor

Existe uma seccedilatildeo paralela que liga o diacircmetro maior do difusor ao uacuteltimo

cone esse trecho eacute popularmente chamado de Bojo (conforme Figura 18) poreacutem

natildeo se pode calcular o comprimento dela sem antes calcular as dimensotildees do

cone final que eacute chamado de ldquoBafflerdquo ou defletor (conforme Quadro 4) Essa

seccedilatildeo por sua vez determina a duraccedilatildeo e a intensidade das ondas de

ressonacircncia que iraacute manter o cilindro cheio de maneira eficiente Segundo Bell

(1999) um defletor com um cone curto e acircngulo muito abrupto iraacute permitir um

ganho de potecircncia maacutexima ao custo de sacrificar as baixas e meacutedias rotaccedilotildees

(conforme Graacutefico 4)

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 -80 105 a 12deg 85 a 95deg

100 105 a 12deg 9 a 10deg

125 95 a 12deg 85 a 10deg

175 10 a 12deg 8 a 10deg

250 10 a 12deg 75 a 10deg

350 - 500 9 a 11deg

Fonte Bell 1999

CD = D3 ndash D2 x cotg D

2

5 ndash Dimensotildees do Escapamento Difusor

46

Fonte Bell 1999

Para se calcular o comprimento do cone utilizamos a expressatildeo

CTD = (D32) x Cotg D

Onde

CTD Comprimento total do cone do defletor

D3 Diacircmetro maior do defletor ou seja o mesmo diacircmetro que o diacircmetro maior

do difusor

cotg D Cotangente do acircngulo escolhido para o defletor

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor

47

Agora com todos esses valores calculados podemos calcular o

comprimento da parte central do escapamento o chamado bojo Para isso

utilizamos a seguinte expressatildeo

Onde

CB Comprimento do Bojo

L Comprimento total do escapamento ateacute o meio da seccedilatildeo do defletor

CH Comprimento do Header

CD Comprimento do Difusor

CDE Comprimento total do Defletor

Por fim ainda necessitamos saber as dimensotildees do ldquoStingerrdquo ou ponteira

que segundo Graham Bell apoacutes vaacuterias experimentaccedilotildees chegou a alguns

valores que resultaram em boas respostas do motor (conforme Quadro 5)

Quadro 5 - Comprimento da ponteira

Volume do cilindro (cmsup3) Comprimento (mm) Diacircmetro Interno (mm)

50 - 80 205 ndash 230 17 -19

100 230 ndash 250 19 - 21

125 265 ndash 290 22 -24

175 270 - 295 25 ndash 27

250 280 ndash 305 26 ndash 28

350 -500 285 - 310 27 ndash 29

Fonte Bell 1999

CB = L ndash (CH+CD+(CDE2)) 7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo

48

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna

Em seu funcionamento os motores de combustatildeo interna

independentemente do tipo de ciclo necessitam de um gerenciamento da

admissatildeo de uma mistura carburante para o interior dos cilindros para que possa

haver a combustatildeo da mesma Anteriormente essa admissatildeo se dava por um

processo puramente mecacircnico com a utilizaccedilatildeo de carburadores que eram

sistemas mecacircnicos sofisticados que proporcionavam a atomizaccedilatildeo do

combustiacutevel com o ar atmosfeacuterico para a formaccedilatildeo da mistura carburante

(conforme Figura 19)

Fonte httpwwwthunderproductscom

Poreacutem este sistema possuiacutea algumas deficiecircncias pois necessitava de

constante regulagem e qualquer mudanccedila de condiccedilatildeo climaacutetica de temperatura

pressatildeo ou umidade fazia com que o carburador saiacutesse de sua faixa de trabalho

gerando um mal funcionamento do motor e por vezes ateacute mesmo sua quebra

Parte muito importante tambeacutem do funcionamento dos motores de

combustatildeo interna satildeo os sistemas de igniccedilatildeo que anteriormente eram sistema

independentes do sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel poreacutem atualmente

pertencem ao mesmo pacote de gerenciamento do motor Estes sistemas de

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante

49

igniccedilatildeo eram normalmente sistemas eletromecacircnicos podendo ser sistemas

simples com ponto de igniccedilatildeo fixo ou sistemas mais elaborados com a presenccedila

de circuitos eletrocircnicos para fazer a variaccedilatildeo do ponto de igniccedilatildeo Estes sistemas

possuem alguns componentes baacutesicos

Distribuidor (no caso de haver mais de um cilindro) bobina de igniccedilatildeo

(para gerar alta tensatildeo) cabos de igniccedilatildeo e velas de igniccedilatildeo Este eacute o esquema

mais baacutesico de funcionamento dos sistemas de igniccedilatildeo podendo haver

variaccedilotildees eleacutetricas mecacircnicas e em alguns casos eletrocircnicas (conforme Figura

20)

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom

Atualmente os sistemas mais modernos de gerenciamento de motores de

combustatildeo interna satildeo quase que puramente eletrocircnicos e contemplam os dois

mundos alimentaccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo em um uacutenico sistema (conforme

Figura 21) Todo o gerenciamento eacute feito com base em leitura de sensores uma

calibraccedilatildeo que prevecirc diversas situaccedilatildeo de uso do motor e atuadores que fazem

o processo fiacutesico de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel do motor Estes satildeo sistemas

complexos que se baseiam na condiccedilatildeo imediata de diversos fatores que satildeo

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo

50

interpretados por sensores como por exemplo pressatildeo atmosfeacuterica

temperatura do motor massa de ar admitida etc Estas leituras feitas pelos

sensores satildeo recebidas por um circuito eletrocircnico que conteacutem um processador

onde essas informaccedilotildees satildeo recebidas e com base em dados armazenados em

sua memoacuteria para cada condiccedilatildeo ter-se atuaccedilatildeo eletrocircnica onde eacute feita a injeccedilatildeo

de combustiacutevel pelos injetores e o disparo da centelha de igniccedilatildeo para que haja

a combustatildeo

Fonte httpswwwflaviolucasmmblogspotcom

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus perifeacutericos

51

3 Detalhamento do Projeto

Os capiacutetulos anteriores serviram para o embasamento teacutecnico para que

fosse possiacutevel uma melhor compreensatildeo do que se trata o projeto a ser

executado neste trabalho de conclusatildeo de curso Neste ponto iremos tratar

especificamente do projeto de adaptaccedilatildeo de um sistema completo de injeccedilatildeo

eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos Yamaha de 135cmsup3 proveniente

de uma motocicleta Yamaha RD 135 (Conforme Figura 22) e todos os

componentes utilizados para tornar esta adaptaccedilatildeo possiacutevel

Fonte httpsmotos-motorcombr

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135

52

31 Dados do Motor

O motor utilizado neste projeto eacute proveniente de uma motocicleta Yamaha

Rd 135cmsup3 que foi fabricado no Brasil de 1988 a 1999 Trata-se de um motor

monociliacutendrico que utiliza o ciclo de trabalho dois tempos refrigerado agrave ar

seguem os dados teacutecnicos

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 58mm x 50mm

Cilindrada 132cmsup3

Taxa de Compressatildeo 682 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Carburador Mikuni VM24 com 24mm de venturi

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo eletrocircnica de descarga capacitiva ou popularmente

CDI (Capacitor Discharge Ignition)

Lubrificaccedilatildeo Oacuteleo dois tempos bombeado atraveacutes de uma bomba chamada

Autolube nos motores Yamaha este oacuteleo eacute proveniente de um reservatoacuterio que

alimenta a bomba que por sua vez transfere o oacuteleo atraveacutes de uma mangueira

diretamente ao coletor de admissatildeo do motor variando a quantidade de oacuteleo de

acordo com a rotaccedilatildeo e abertura do carburador

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Gasolina

Potecircncia 16cv a 9000rpm

Torque 174kgfm a 8500rpm

Para este projeto o motor utilizado jaacute possuiacutea modificaccedilotildees mecacircnicas

para atingir melhores rendimentos que o motor original pois eacute um motor que foi

utilizado em competiccedilotildees de motovelocidade na categoria RD 135 Diversas

peccedilas foram modificadas tais como sistema de alimentaccedilatildeo escapamento

vaacutelvula de palhetas igniccedilatildeo combustiacutevel diagramaccedilatildeo do cilindro e taxa de

compressatildeo O sistema de alimentaccedilatildeo original foi substituiacutedo por um carburador

Mikuni TM 30 (conforme Figura 23) o escapamento foi substituiacutedo por um

escapamento dimensionado construiacutedo artesanalmente o sistema de igniccedilatildeo

53

utilizado foi um Motoplat de ponto fixo (conforme Figura 24) e o combustiacutevel

utilizado foi o etanol que aleacutem de ser o combustiacutevel regulamentado para o

campeonato tambeacutem eacute um combustiacutevel que permite extrair mais potecircncia do

motor pois com esse combustiacutevel eacute possiacutevel fazer modificaccedilotildees mecacircnicas

como taxa de compressatildeo e avanccedilo de igniccedilatildeo que natildeo seriam possiacuteveis

utilizando gasolina como combustiacutevel

Fonte wwwjapanbaikucom

Fonte wwwcustojustopt

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo

54

O motor utilizado como base nesse trabalho natildeo eacute um motor original eacute

um motor de competiccedilatildeo e para haver base para comparaccedilatildeo do antes e depois

do processo de inserccedilatildeo do sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica este motor teve sua

potecircncia medida em dinamocircmetro inercial com sua curva de torque e potecircncia

aquisitadas (conforme Figura 25)

Fonte Autor

O motor utilizado passou por uma revisatildeo geral havendo troca de peccedilas

por se tratar de um motor de competiccedilatildeo foi por diversas vezes levado ao

extremo e com a escolha desse motor para o projeto esta revisatildeo se fez

necessaacuteria As imagens a seguir mostram o processo de desmontagem para

verificaccedilatildeo das condiccedilotildees do motor e posterior montagem (Conforme Figuras

262728293031 e 32)

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia

55

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto

56

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2

Figura 29 - Processo de pintura

57

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada

58

Fonte Autor

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico

Para a escolha do sistema de gerenciamento eletrocircnico foi necessaacuteria

grande pesquisa entre as opccedilotildees disponiacuteveis no mercado nacional e

internacional Os sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica disponiacuteveis originalmente em

motocicletas de fabricaccedilatildeo nacional poderiam ter sido uma opccedilatildeo mas foram

logo descartados pois foram concebidos para trabalhar com motores de ciclo

otto o que natildeo eacute o caso e as maneiras de calibraccedilatildeo desses sistemas originais

se tornariam difiacuteceis de conseguir tornando essa escolha inviaacutevel

A busca foi por um sistema ldquostand-alonerdquo auto suficiente e que permitisse

mudanccedila total nos paracircmetros de calibraccedilatildeo normalmente satildeo sistemas

utilizados em competiccedilotildees de automoacuteveis motocicletas caminhotildees etc

Existem sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica ldquostand-alonerdquo muito sofisticados

de fabricantes renomados mundialmente dentro e fora das pistas de corridas

como Magneti Marelli (conforme Figura 33) e Bosch (conforme Figura 34) em

suas divisotildees motorsport

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta

59

Sistemas desses fabricantes satildeo reconhecidamente confiaacuteveis o problema eacute o

valor de um sistema desses que eacute muito caro e os tornam inviaacuteveis para um

projeto experimental de baixo custo Opccedilotildees nacionais tambeacutem foram cogitadas

como o sistema Fueltech poreacutem ainda possuem um custo alto e suas opccedilotildees de

programaccedilatildeo e flexibilidade do sistema ainda eram limitados para o tipo de ciclo

do motor a ser utilizado

A escolha do sistema apoacutes grande pesquisa foi pelo sistema ldquostand-alonerdquo

Speeduino (conforme Figura 35) um sistema totalmente programaacutevel que utiliza

como microcontrolador um Arduino Mega 2560 esse eacute um sistema do tipo ldquoDIYrdquo

Do It Yourself ou em portuguecircs ldquofaccedila vocecirc mesmordquo Estatildeo disponiacuteveis na

internet os layouts das placas de circuito impresso e o usuaacuterio pode fabricar as

proacuteprias placas ou compraacute-las prontas em determinados sites da internet e sua

lista de componentes para montagem tambeacutem estaacute disponiacutevel na internet e eacute

relativamente faacutecil encontraacute-los O custo de produccedilatildeo de um sistema desse eacute

relativamente baixo comparado com outros sistemas do mesmo segmento e

por utilizar Arduino como controlador sua programaccedilatildeo eacute inteira aberta e pode

ser modificada de acordo com as necessidades do usuaacuterio

Fonte wwwmagnetimarellicom

Fonte wwwellis-componentscouk

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport Figura 34 - ECU Bosch MS 151

60

Fonte Autor

33 Arduino Mega 2560

Arduino eacute uma plataforma para programaccedilatildeo criada na Itaacutelia por Massimo

Banzi David Cuartielles Tom Igoe Gianluca Martino e David Mellis no ano de

2005 para entusiastas e profissionais da programaccedilatildeo e da eletrocircnica

permitindo diversos tipos de projetos para estes seguimentos Trata-se de uma

placa com um microcontrolador Atmel possuindo diversas entradassaiacutedas

analoacutegicas e digitais a quantidade dessas entradas e saiacutedas varia de acordo

com o modelo do Arduino Essas entradassaiacutedas podem ser programadas por

uma interface IDE Arduino via computador utilizando linguagem C

Na praacutetica eacute um microcontrolador programaacutevel como qualquer outro de

outros fabricantes por exemplo PIC (Microchip) ou ARM (Freescale) poreacutem tem

sua utilizaccedilatildeo facilitada por jaacute estar inserido em uma placa que contempla

soquetes para pinagem das entradas e saiacutedas e porta de comunicaccedilatildeo USB

Serial para gravaccedilatildeo da programaccedilatildeo no microcontrolador Diferentemente de

outros microcontroladores que necessitam da confecccedilatildeo de uma placa de

circuito impresso para uso e de um programador serial para gravaccedilatildeo da

programaccedilatildeo (conforme Figura 36)

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino

61

Fonte httpswwwamazoncom

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560

Microcontrolador ATmega 2560 (Atmel)

Tensatildeo de Operaccedilatildeo 5V

Tensatildeo de Alimentaccedilatildeo (recomendado) 7-12V

Tensotildees Limites de Operaccedilatildeo 6-20V

Saiacutedas Digitais IO 54 saiacutedas sendo 15 PWM

Entradas Analoacutegicas 16

Corrente da Saiacutedas IO 20mA

Corrente nos Pinos 33V 50mA

Memoacuteria Flash 256Kb

SRAM 8Kb

EEPROM 4Kb

Frequecircncia do Clock 16Mhz

LED_BUILTIN 13

Comprimento da Placa 10152mm

Largura da Placa 5333mm

Peso da Placa Completa 37g

Altura da Placa 12mm

Editado pelo Autor Fonte httpwwwArduinocom

Figura 36 - Arduino Mega 2560

62

34 Speeduino

O sistema Speeduino foi o sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica escolhido para o

projeto Eacute um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica totalmente programaacutevel criado por

Josh Stuart e utiliza um Arduino Mega 2560 como microcontrolador assim como

outros sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel possibilita a calibraccedilatildeo por

completo do sistema de injeccedilatildeo e igniccedilatildeo Para tal utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio que permite diversas configuraccedilotildees do

sistema de injeccedilatildeo tais como o meacutetodo de calibraccedilatildeo utilizado configuraccedilatildeo dos

mapas de avanccedilo de igniccedilatildeo e tempo de injeccedilatildeo sistema de malha aberta ou

malha fechada etc

O sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica Speeduino eacute um sistema ldquostand-alonerdquo

ou seja trabalha independente de outros sistemas apenas para gerenciar o

motor a combustatildeo interna seja ele de ciclo quatro ou dois tempos Eacute um sistema

difundido pela internet e permite troca de informaccedilotildees entre usuaacuterios que

trabalham em conjunto para desenvolvimento e aperfeiccediloamento do hardware e

do software o layout principal da placa de circuito impresso tambeacutem estaacute

disponiacutevel na internet bem como a lista de componentes necessaacuterios para a

montagem Este sistema requer um miacutenimo de conhecimento de eletrocircnica para

sua construccedilatildeo um miacutenimo de conhecimento em eleacutetricaeletrocircnica automotiva

para a instalaccedilatildeo do sistema no motor e grande conhecimento em programaccedilatildeo

e mecacircnica automobiliacutestica para calibraccedilatildeo do sistema no motor

63

35 Montagem do Sistema Speeduino

A partir do momento onde foi feita a escolha do sistema Speeduino foi

necessaacuterio obter os componentes necessaacuterios para confecccedilatildeo da placa

(conforme Anexo C) O primeiro passo foi a fabricaccedilatildeo da placa de circuito

impresso a partir do layout disponiacutevel (conforme Figura 37)

Fonte wwwSpeeduinocom

Posteriormente foi feita a aquisiccedilatildeo dos componentes necessaacuterios para a

montagem da placa Esses componentes tambeacutem estatildeo disponiacuteveis na internet

em uma planilha eletrocircnica e satildeo encontrados com relativa facilidade no

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino

64

mercado com exceccedilatildeo de determinados componentes cuja importaccedilatildeo foi

necessaacuteria poreacutem com baixo custo (conforme Anexo C)

Com todos os componentes necessaacuterios em matildeos foi executada a montagem

do sistema o que necessita uma certa habilidade pois o projeto possui diversos

componentes tipo SMD (conforme Figura 38)

Fonte Autor

Com a placa jaacute montada (conforme Figura 39) antes da montagem de todo o

chicote eleacutetrico para funcionamento do motor iniciaram-se os testes de

funcionamento do sistema Por ser um sistema montado artesanalmente os

testes pareciam ser o passo mais certo a se seguir

Figura 38 - Inicio da montagem da placa

65

Fonte Autor

Eacute importante mostrar que o sistema Speeduino utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio (conforme Figura 40) eacute um freeware na

versatildeo baacutesica que foi criado para funcionar em conjunto com outro sistema

de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel conhecido como Megasquirt e o mesmo

tambeacutem eacute utilizado na calibraccedilatildeo do sistema Speeduino Mais adiante seratildeo

feitas explicaccedilotildees detalhadas das configuraccedilotildees do software

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada

66

Fonte Autor

Jaacute no primeiro teste este apresentou resultados negativos com a

eletrocircnica natildeo respondendo agraves configuraccedilotildees e nem mostrando leituras de

sensores

A soluccedilatildeo deste problema veio depois de procurar muito e fazer diversas

mediccedilotildees analisando os diagramas eleacutetricos (conforme Anexo A) O

problema estava na placa de circuito impresso a trilha do aterramento

(GND) natildeo havia sido impressa ou seja natildeo havia aterramento em nenhum

ponto do sistema A placa havia sido impressa por um terceiro Ao entrar em

contato com o mesmo ele disse que enviaria outra placa poreacutem para agilizar

o processo e natildeo ter que esperar novamente a chegada de componentes

uma uacutenica opccedilatildeo surgiu devido aos prazos a de refazer o aterramento da

placa de forma externa (conforme Figura 41) sem nenhuma pretensatildeo de

que isso desse certo poreacutem era uma alternativa para que todo o processo

de funcionamento do motor fosse agilizado

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio

67

Fonte Autor

Apoacutes todo o trabalho de refazer as trilhas de aterramento iniciou-se

novamente a fase testes de funcionamento e os resultados foram positivos

O sistema comeccedilou a responder perfeitamente aos testes iniciais

O elemento de maior importacircncia para o funcionamento desse sistema de

gerenciamento eletrocircnico eacute o sensor de rotaccedilatildeo do motor e foi por ele que

se iniciaram os testes Foi adaptada uma roda focircnica a um torno mecacircnico

e tambeacutem o sensor de rotaccedilatildeo do tipo ldquohallrdquo (conforme Figura 42) para

verificar se o conjunto eletrocircnico do sistema estava recebendo os sinais de

rotaccedilatildeo

Figura 41 - Aterramento refeito externamente

68

Fonte Autor

O teste obteve resultados positivos respondendo perfeitamente a rotaccedilatildeo

do torno mecacircnico sendo testado em diversas rotaccedilotildees diferentes com a

interface do software sempre mostrando os valores de rotaccedilatildeo corretos

Entatildeo os testes que se seguiram foram os de atuaccedilatildeo eleacutetrica como injetor

de combustiacutevel e bobina de igniccedilatildeo todos testes feitos a princiacutepio em

bancada (conforme Figura 43)

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico

69

Fonte Autor

Apoacutes todos os testes em bancada partiu-se para a montagem do chicote

eleacutetrico para funcionamento do sistema no motor e tambeacutem a adaptaccedilatildeo

mecacircnica de suportes para sensores e a adaptaccedilatildeo da roda focircnica

(conforme Figura 44)

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada

70

Fonte Autor

A roda focircnica utilizada eacute proveniente de um motor Volkswagen EA-111

(conforme Figura 45) o sensor de rotaccedilatildeo a ser utilizado pelo sistema de

gerenciamento eletrocircnico Speeduino foi o sensor de efeito hall poderia ser

utilizado o sensor de relutacircncia magneacutetica poreacutem seria necessaacuterio a

confecccedilatildeo de uma eletrocircnica para o condicionamento de sinal

transformando-o para sinal de onda quadrada com amplitude de 5V de

tensatildeo Para evitar a confecccedilatildeo de mais uma eletrocircnica sendo um potencial

ponto fraco do sistema optou-se por utilizar um sensor de rotaccedilatildeo de efeito

hall proveniente dos motores Fiat E-torq 18 (conforme Figura 46) fabricado

pela Continental

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica

71

Fonte Autor

Fonte wwwmercadolivrecombr

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v

72

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico

Neste projeto o sistema de sincronismo eletrocircnico possui dois

componentes apenas satildeo eles a roda focircnica e o sensor de rotaccedilatildeo ambos

adaptados ao projeto e advindos de carros

O sistema de sincronismo eletrocircnico consiste em transformar o

sincronismo mecacircnico do motor em sinais de onda quadrada (conforme Figura

47) que possam ser interpretados pelo sistema de gerenciamento eletrocircnico

proporcionando a injeccedilatildeo de combustiacutevel e disparo da centelha no momento

exato que fora previamente calibrado

Fonte Autor

O sistema consiste de uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes ou seja

satildeo 58 dentes e ausecircncia de 2 dentes Foi adaptada uma roda focircnica do motor

Volkswagen EA-111 poreacutem apoacutes alguns problemas de captaccedilatildeo do sinal esta

foi alterada por uma roda focircnica utilizada em motores Volkswagen AP quando

convertidos a injeccedilatildeo eletrocircnica (conforme Figura 48) essa roda mostrou melhor

resoluccedilatildeo do sinal Hall com menos ruiacutedos no sinal

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall

73

Fonte Autor

Apoacutes vaacuterios testes esta foi a combinaccedilatildeo que melhor funcionou no motor

a roda focircnica aliada ao sensor de rotaccedilatildeo permite a sincronizaccedilatildeo mecacircnica do

motor em relaccedilatildeo ao sistema de gerenciamento eletrocircnico do motor A calibraccedilatildeo

eacute feita da seguinte maneira junto ao software de calibraccedilatildeo do sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica eacute dada a referecircncia em graus da posiccedilatildeo fiacutesica da roda focircnica

em relaccedilatildeo ao motor O primeiro passo eacute colocar o motor em PMS e ver onde se

situa a falha dos dois dentes da roda focircnica a partir disso contar quantos dentes

se tem ateacute o dente que coincide com o sensor de rotaccedilatildeo (conforme Figura 49)

Figura 48 - Roda Focircnica

74

Fonte Autor

Como eacute utilizada uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes cada dente

equivale a 6deggraus de resoluccedilatildeo sendo 3deg do bordo de subida e 3deg do bordo de

descida no caso do projeto o sensor coincide com o 37deg dente a partir da falha

e isso equivale a 228deggraus a partir da falha Todo o sincronismo do motor eacute feito

baseado nessa referecircncia sendo este valor colocado como referecircncia no

software de gerenciamento eletrocircnico (conforme Figura 50)

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

75

Fonte Autor

A partir deste momento todo o sincronismo do motor estaacute baseado nestes

dados e quando o motor estiver em PMS o sistema eletrocircnico saberaacute disso pois

o sensor de rotaccedilatildeo estaraacute alinhado com o 37deg dente que eacute a referecircncia para o

sistema

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

76

37 Corpo de Borboleta

O corpo de borboletas utilizado (conforme Figura 51) eacute proveniente das

motocicletas Honda CB300 e XRE300 possui 35mm de venturi e eacute fabricado

pela empresa japonesa Keihin famosa pela fabricaccedilatildeo de carburadores de

motocicletas tambeacutem possui uma unidade de sensores integrados Foi utilizado

por ser um componente de faacutecil aquisiccedilatildeo no mercado brasileiro o que permite

faacutecil manutenccedilatildeo quando necessaacuterio e seu formato fiacutesico permite a utilizaccedilatildeo de

uma grande gama de injetores diferentes quando isso se faz necessaacuterio

Tambeacutem houve uma pequena adaptaccedilatildeo no coletor de admissatildeo que tambeacutem

eacute proveniente das mesmas motocicletas Honda essa adaptaccedilatildeo se deve ao fato

de o motor em questatildeo possuir o sistema de vaacutelvulas de palhetas na admissatildeo

o que natildeo acontece nas motocicletas Honda que possuem motor de quatro

tempos

Fonte Autor

Figura 51 - Corpo de Borboleta

77

38 Unidade de Sensores

A unidade de sensores refere-se a uma unidade composta por trecircs

sensores que jaacute estaacute acoplada ao corpo de borboletas Keihin e contempla os

sensores

MAP ndash Manifold Absolute Pressure (Pressatildeo Absoluta no Coletor)

IAT ndash Intake Air Tempeture (Temperatura do Ar Admitido)

TPS ndash Throttle Position Sensor (Sensor de Posiccedilatildeo do Acelerador)

Destes sensores natildeo foi utilizado apenas o sensor Map pois a unidade

de gerenciamento eletrocircnico jaacute possui um sensor Map integrado que foi utilizado

Estes sensores puderam ser configurados para utilizaccedilatildeo com o sistema

de gerenciamento eletrocircnico sem o menor problema

381 Sensor TPS

Este sensor se refere ao sensor que envia a informaccedilatildeo de posiccedilatildeo da

borboleta para o sistema de gerenciamento eletrocircnico Nada mais eacute do que um

potenciocircmetro que varia a resistecircncia ocirchmica ao se variar a posiccedilatildeo do

acelerador

Sua calibraccedilatildeo eacute feita em tempo real com a unidade de gerenciamento

eletrocircnico (conforme Figura 52) onde se informa a posiccedilatildeo do acelerador

totalmente fechado e totalmente aberto o sistema de gerenciamento jaacute adquire

o valor de resistecircncia ocirchmica e faz os caacutelculos para os valores intermediaacuterios e

a interpretaccedilatildeo das posiccedilotildees

78

Fonte Autor

382 Sensor IAT

Este sensor eacute responsaacutevel por aquisitar a temperatura do ar que estaacute

sendo admitido ou seja que estaacute momentaneamente passando pelo corpo de

borboletas Este assim como o sensor de posiccedilatildeo da borboleta e tambeacutem o

sensor de pressatildeo absoluta no coletor eacute utilizado para o caacutelculo da massa de ar

que estaacute sendo admitida pelo motor Este sensor eacute calibrado a partir dos valores

de resistecircncia ocirchmica cujos valores satildeo inseridos no software de calibraccedilatildeo da

unidade de gerenciamento eletrocircnico esses valores natildeo satildeo facilmente

adquiridos pois o fabricante da unidade de sensores natildeo os disponibiliza poreacutem

outro fabricante de sensores a MTE-Thompson fabrica esse mesmo modelo de

unidade de sensores para reposiccedilatildeo do original e entrando em contato com o

departamento teacutecnico eles passam os valores de funcionamento do sensor e

esses valores foram os utilizados para calibraccedilatildeo do sensor de temperatura do

ar admitido (conforme Figura 53)

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS

79

Fonte Autor

383 Sensor MAP

Sensores MAP satildeo utilizados para determinar a pressatildeo do ar admitido

que passa pelo coletor de admissatildeo satildeo muito usados nos sistemas atuais de

gerenciamento eletrocircnico de motores de combustatildeo interna Este tipo de

sensores trabalha utilizando o princiacutepio de strain gage onde haacute a deformaccedilatildeo do

material metaacutelico variando tambeacutem sua resistividade (conforme Figura 54)

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT

80

Fonte Nota de aula ndash Prof Adriano Ribolla (Sist De Gerenc Eletrocircnico 2018)

A funccedilatildeo de variaccedilatildeo da resistecircncia ou fator Gauge pode ser dada pela

expressatildeo

Onde

R resistecircncia (Ω)

ρ constante do material

L comprimento do fio (m)

A secccedilatildeo transversal do fio (msup2)

O sistema de gerenciamento eletrocircnico Speeduino jaacute possuiacute em sua

montagem um sensor MAP interno na sua montagem e mesmo que na

unidade de sensores Keihin utilizada jaacute possuiacutesse um sensor MAP foi

escolhido utilizar o sensor existente na eletrocircnica da unidade de

gerenciamento eletrocircnico apenas pela facilidade de calibraccedilatildeo (conforme

Figura 55)

R= ρ LA

8 - Caacutelculo do Fator Gauge

Figura 54 - Princiacutepio strain gage

81

Fonte Autor

O sensor MAP existente no sistema de gerenciamento eletrocircnico eacute do

fabricante NXPFreescale modelo MPX 4250AP (conforme Anexo B) com um

range de leitura pressatildeo de 20 a 250 kPa

Apoacutes o funcionamento do motor e leitura do sensor foi possiacutevel notar que nos

motores de ciclo dois tempos justamente pelo seu tipo de ciclo e forma

construtiva natildeo seria possiacutevel fazer a calibraccedilatildeo dos mapas de funcionamento

do motor levando-se em conta a leitura de pressatildeo no coletor pois a depressatildeo

no coletor deste tipo de motor eacute muito baixa variando muito pouco Poreacutem este

fato jaacute era de se esperar mas a inserccedilatildeo deste sensor natildeo foi em vatildeo Ela jaacute foi

feita com o objetivo de futuros trabalhos sobre este tipo de sensor em motores

dois tempos para obtenccedilatildeo de valores palpaacuteveis de pressatildeo que possam ser

levados em conta na calibraccedilatildeo do motor

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP

82

39 Sistema de Igniccedilatildeo

O sistema de igniccedilatildeo deve ser compatiacutevel com o sistema de

gerenciamento eletrocircnico utilizado que foi o Speeduino Para isso o sistema de

igniccedilatildeo original do motor foi substituiacutedo por uma bobina utilizada em motores da

linha VW (conforme Figura 56) bobinas essas com moacutedulo de igniccedilatildeo integrado

e para evitar interferecircncias com o sensor de rotaccedilatildeo ou demais eletrocircnicas do

hardware de gerenciamento foi utilizado cabo vela resistivo do veiacuteculo Fiat Tipo

ie (Conforme Figura 57) as velas originais da motocicleta jaacute eram do tipo

resistiva A bobina poderia ter sido utilizada qualquer uma com moacutedulo de igniccedilatildeo

integrado e o cabo de vela tambeacutem poderia ser qualquer um do tipo resistivo

poreacutem estes foram escolhidos apenas por se integrarem melhor fisicamente ao

projeto

Fonte wwwmercadolivrecombr Fonte wwwacnpecascombr

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo

83

4 Calibraccedilatildeo do Motor

Atualmente a calibraccedilatildeo de motores de combustatildeo interna tem tido como

objetivo principal melhorar autonomia com relaccedilatildeo a consumo de combustiacutevel e

diminuiccedilatildeo das emissotildees de poluentes muito em funccedilatildeo de legislaccedilotildees mais

riacutegidas e restritivas Novas teacutecnicas construtivas de motores e implementaccedilotildees

de novas teacutecnicas de calibraccedilatildeo tem sido utilizadas como downsizing turbo-

compressores injeccedilatildeo direta de combustiacutevel para sistemas ldquoflex-fuelrdquo ou ateacute

mesmo sistemas mistos utilizando injeccedilatildeo direta e indireta de combustiacutevel em

um mesmo motor Estes meacutetodos elevaram o niacutevel tecnoloacutegico dos motores de

combustatildeo interna extraindo grande potecircncia diminuindo massa de motores

poreacutem com a necessidade de muita eletrocircnica embarcada

Um dos intuitos deste trabalho eacute a inserccedilatildeo de um sistema de

gerenciamento eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos a princiacutepio de

maneira experimental apenas para obter preacutevias de sua viabilidade

construtivamente e dar a motores que utilizam este tipo de ciclo a oportunidade

de ressurgirem ou natildeo no mercado com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias e

eletrocircnica embarcada ou mesmo proporcionar uma longevidade de seu uso em

competiccedilotildees

Para a calibraccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico que foi

escolhido o sistema Speeduino utilizamos o software de calibraccedilatildeo Tuner

Studio o qual jaacute foi previamente apresentado Seratildeo mostrados a seguir os

passos e direccedilotildees tomadas no que diz respeito a calibraccedilatildeo deste motor de ciclo

dois tempos em questatildeo

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais

Inicialmente eacute necessaacuterio a introduccedilatildeo de alguns dados pertinentes ao

motor e a estrateacutegia de funcionamento do mesmo para tal utilizamos a tela

ldquoEngine Constantsrdquo ou constantes do motor no software Tuner Studio Em

seguida detalhamos os dados de acordo com as caracteriacutesticas do motor que foi

escolhido para o trabalho (conforme Figura 58)

84

Fonte Autor

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor

85

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel

A tabela de injeccedilatildeo de combustiacutevel eacute baseada no meacutetodo VE ldquoVolumetric

Efficiencyrdquo ou eficiecircncia volumeacutetrica neste sistema utiliza-se o item ldquoCalculated

Required Fuelrdquo ou caacutelculo de combustiacutevel necessaacuterio (Conforme Figura 58) o

valor disponibilizado neste item representa o tempo necessaacuterio de injeccedilatildeo de

combustiacutevel baseado em 100 da eficiecircncia volumeacutetrica do motor e

posteriormente desenvolve-se a tabela VE de acordo com as necessidades do

motor (conforme Figura 59) em funccedilatildeo de rotaccedilatildeo do motor e posiccedilatildeo da

borboleta podendo ou natildeo estes valores serem multiplicados pelo valor de

pressatildeo do sensor MAP poreacutem no caso deste trabalho natildeo se utilizou o a

multiplicaccedilatildeo pelo sensor pois este dado se mostrou insatisfatoacuterio para motores

de ciclo dois tempos que geram pouca ou nenhuma depressatildeo no coletor de

admissatildeo

FonteAutor

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE

86

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo

A tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo permite determinar o momento em que seraacute

disparada a centelha pela vela de igniccedilatildeo permitindo a queima da mistura

arcombustiacutevel Os valores inseridos na tabela satildeo valores que representam o

acircngulo em graus antes do ponto morto superior do motor PMS (conforme Figura

60) em que seraacute disparada a centelha esta deve ser disparada alguns graus

antes do PMS pois a queima da mistura deve ser aproveitada ao maacuteximo e para

que isso aconteccedila deve se adotar um ponto de igniccedilatildeo de forma que a frente de

chama tenha tempo suficiente para queimar dentro do cilindro caso contraacuterio a

queima se torna ineficiente e acaba por desperdiccedilar combustiacutevel que acaba

sendo jogado para o escapamento sem que este seja queimado

Os valores de avanccedilo em graus inseridos nesta tabela tambeacutem tecircm seu

funcionamento em funccedilatildeo dos eixos de posiccedilatildeo da borboleta do acelerador e

rotaccedilatildeo do motor

Fonte Autor

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo

87

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada

Usualmente em uma grande montadora ou grande equipe de corridas

essas tabelas seriam desenvolvidas em um laboratoacuterio de desenvolvimento de

motores com diversos equipamentos para controle e aquisiccedilatildeo de dados Poreacutem

por se tratar de um trabalho acadecircmico e de baixo custo natildeo houve a

possibilidade de utilizaccedilatildeo de ferramentas desta espeacutecie desta maneira a tabela

foi toda desenvolvida experimentalmente atraveacutes de horas observando

deficiecircncias e comportamentos do funcionamento do motor

5 Dados do Motor (Modificado)

Tendo em vista que este motor eacute proveniente de uma motocicleta de

competiccedilatildeo as caracteriacutesticas originais dele foram modificadas e a motocicleta

utilizada no projeto tambeacutem (conforme Figura 61) Seguem os dados teacutecnicos

com a modificaccedilotildees do motor

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 59mm x 50mm

Cilindrada 1367cmsup3

Taxa de Compressatildeo 145 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Injeccedilatildeo eletrocircnica com corpo de borboletas de 35mm

de diacircmetro e injetor de combustiacutevel Keihin Flex

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo gerenciada a partir da ECU com o uso de Bobina

Bosch utilizada em motores Volkswagen AP ndash MI

Lubrificaccedilatildeo Premix na proporccedilatildeo de 35ml por litro de etanol

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Etanol

Potecircncia 245cv a 9400rpm

Torque 190kgfm a 9000rpm

88

Fonte Autor

6 Resultados

Os resultados obtidos neste trabalho foram deveras satisfatoacuterios

mostrando que eacute possiacutevel o funcionamento de um motor de ciclo dois tempos

utilizando como meacutetodo de injeccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo um sistema de

gerenciamento eletrocircnico moderno Abordagem essa que seria impensaacutevel anos

atraacutes hoje se tornou uma realidade talvez abrindo novos horizontes para o futuro

de motores que utilizem ciclo dois tempos talvez natildeo comercialmente mas ainda

que para seu uso em competiccedilotildees possa ser extraiacutedo o maacuteximo de rendimento

possiacutevel

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees

89

7 Conclusatildeo

Seguramente o desenvolvimento de uma metodologia soacutelida no

desenvolvimento de sistemas de gerenciamento eletrocircnico e calibraccedilatildeo voltadas

para motores de ciclo dois tempos natildeo seraacute uma tarefa faacutecil existe uma longa

estrada a se percorrer para se chegar ao mesmo niacutevel de desenvolvimento

existente destes sistemas para motores de ciclo quatro tempos ou mesmo diesel

Contudo o projeto se mostrou viaacutevel e mesmo que natildeo tenha havido

possibilidade de testes em dinamocircmetro o comportamento do motor mostrou-se

estaacutevel com o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica Possivelmente houve ganhos de

desempenho e esses testes podem ser executados como tarefa futura no intuito

de comprovar possiacuteveis resultados favoraacuteveis

Cabe aos futuros projetos novas soluccedilotildees e abordagens que podem ser

pensadas especificamente para o motor de ciclo dois tempos pois mesmo que

sua fabricaccedilatildeo seja descontinuada para veiacuteculos comerciais sua fabricaccedilatildeo para

suprir necessidades de veiacuteculos de competiccedilatildeo ainda pode prosseguir por anos

e o uso de tecnologia moderna nesses motores pode vir a extrair niacuteveis de

potecircncia e torque antes natildeo atingidos com a utilizaccedilatildeo de igniccedilotildees de ponto fixo

e carburadores Tambeacutem pode alterar caracteriacutesticas de desempenho do motor

como a falta de torque em baixas rotaccedilotildees

Neste projeto o motor original utilizado natildeo foi fabricado para comportar

uma injeccedilatildeo eletrocircnica por isso houve muitos esforccedilos nas adaptaccedilotildees para que

o funcionamento deste motor com esta tecnologia fosse possiacutevel Poreacutem se

pensarmos em uma produccedilatildeo fabril para motores dois tempos projetados para

que utilizem injeccedilatildeo eletrocircnica originalmente isso torna o processo todo muito

mais viaacutevel do ponto de vista comercial aleacutem de implementar uma tecnologia

que tiraria os motores de ciclo dois tempos da aposentadoria podendo ateacute se

pensar em niacuteveis de emissotildees poluentes melhores mesmo que seu uso seja

exclusivo apenas em competiccedilotildees De toda forma um passo foi dado com a

realizaccedilatildeo deste projeto e o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica se mostrou ser uma

tecnologia segura e confiaacutevel para a utilizaccedilatildeo em motores de ciclo dois tempos

90

8 Propostas Futuras

Vaacuterios passos podem ser dados como propostas futuras mas pensando

no alto iacutendice de poluiccedilatildeo gerado por este tipo de motor pode se pensar em um

controle eletrocircnico da injeccedilatildeo de oacuteleo dois tempos para lubrificaccedilatildeo podendo-se

desenvolver algum meacutetodo de verificaccedilatildeo da necessidade de lubrificaccedilatildeo do

motor fazendo injeccedilatildeo de oacuteleo controlada por quantidade e por demanda

Tambeacutem pode-se pensar na utilizaccedilatildeo de catalisadores no escapamento para

diminuiccedilatildeo das emissotildees de gases poluentes o que com certeza deveraacute ser

estudado e caberaacute diversos testes e experimentaccedilotildees de materiais poreacutem

podendo obter resultados positivos

No sistema de injeccedilatildeo de combustiacutevel utilizado neste trabalho foi usado

o meacutetodo de injeccedilatildeo indireta de baixa pressatildeo utilizando uma pressatildeo na linha

de combustiacutevel na ordem de 3bar Futuramente pode-se fazer testes e anaacutelises

a respeito do uso da injeccedilatildeo indireta de combustiacutevel neste tipo de motor em

busca de quais seriam seus benefiacutecios Ainda sobre a injeccedilatildeo de combustiacutevel

uma anaacutelise que deve ser feita eacute em relaccedilatildeo a modificaccedilatildeo da posiccedilatildeo do injetor

de combustiacutevel que atualmente se situa no coletor de admissatildeo este pode ser

montado em alguma posiccedilatildeo estrateacutegica como no caacuterter do motor diretamente

ou em alguma das janelas por exemplo nas janelas de transferecircncia devendo-

se analisar os ganhos e perdas dessa montagem

Um sistema que foi utilizado neste trabalho poreacutem trouxe pouco benefiacutecio

foi o uso do sensor MAP Devido agrave baixa depressatildeo no coletor de admissatildeo

gerada por motores dois tempos uma soluccedilatildeo seria a aquisiccedilatildeo de dados com

alguns sensores de pressatildeo instalados em determinados pontos do motor como

no caacuterter admissatildeo e janelas de transferecircncia Isto para se analisar pontos de

baixa e alta pressatildeo durante os ciclos do motor podendo ser criado um algoritmo

que calcule uma meacutedia de pressatildeo mais palpaacutevel que possa ser levada em conta

na calibraccedilatildeo da injeccedilatildeo de combustiacutevel

91

9 Referecircncias Bibliograacuteficas

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92

10 Referecircncia Figuras

Figura 1

Fonte httpsimageshutterstockcomimage-vectorsystem-twostroke-engines-

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1922

Figura 2

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Figura 3

Fonte httpsiebayimgcomimagesg~TsAAOSw~1FUVYxas-l1600jpg

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Figura 4

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Figura 7

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Figura 8

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configuration-portjpg acessado em 26052019 agraves 1944

93

Figura 9

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 10

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 11

Fonte httpwwwcmraracingcomshowthreadphp30922-For-Sale-And-yet-

even-more-Honda-RS125-Parts acessado em 02062019 agraves 2044

Figura 12

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 13

Fonte httpswwwpvldeenproductselectronic-electrical-engineering

acessado em 02062019 agraves 2051

Figura 14

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 15

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 16

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 17

Fonte httpsbikemanperformancecomsupreme-tool-arctic-cat-rave-style-

exhaust-valveshtml acessado em 02062019 agraves 2055

Figura 18

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

94

Figura 19

Fonte httpthunderproductscomattachment_id=316 acessado em

02062019 agraves 2100

Figura 20

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom201404 acessado em 02062019 agraves

2104

Figura 21

Fonte httpflaviolucasmmblogspotcom201508componentes-da-injecao-

eletronicahtml acessado em 02062019 agraves 2110

Figura 22

Fonte httpsmotos-motorcombrmfipeprecos-tabela-yamaha-rd-135-1994

acessado em 02062019 agraves 2116

Figura 23

Fonte httpswwwjapanbaikucomtm-27-8006 acessado em

02062019 agraves 2122

Figura 24

Fonte httpswwwcustojustoptleiriapecas-motasrotor-motoplat-bobine-

externa-anti-horario-28261205 acessado em 02062019 agraves 2124

Figura 25

Fonte Autor

Figura 26

Fonte Autor

Figura 27

Fonte Autor

Figura 28

Fonte Autor

Figura 29

Fonte Autor

Figura 30

Fonte Autor

95

Figura 31

Fonte Autor

Figura 32

Fonte Autor

Figura 33

Fonte httpswwwmagnetimarellicomnode65 acessado em 02062019 agraves

2130

Figura 34

Fonte httpswwwbosch-motorsportcomcontentdownloadsRacepartsen-

GB49044619111858827html acessado em 02062019 agraves 2135

Figura 35

Fonte Autor

Figura 36

Fonte httpswwwamazoncomSmartProjects-Mega-Arduino-MEGA-

BoarddpB004A7H3DG acessado em 02062019 agraves 2141

Figura 37

Fonte

httpsSpeeduinocomshopindexphpid_product=18ampcontroller=product

acessado em 02062019 agraves 2145

Figura 38

Fonte Autor

Figura 39

Fonte Autor

Figura 40

Fonte Autor

Figura 41

Fonte Autor

Figura 42

Fonte Autor

Figura 43

Fonte Autor

96

Figura 44

Fonte Autor

Figura 45

Fonte Autor

Figura 46

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-879906333-080036-sensor-de-

rotaco-fiat-idea-e-torq-16-linea-16-18-_JMquantity=1 acessado em

02062019 agraves 2220

Figura 47

Fonte Autor

Figura 48

Fonte Autor

Figura 49

Fonte Autor

Figura 50

Fonte Autor

Figura 51

Fonte Autor

Figura 52

Fonte Autor

Figura 53

Fonte Autor

Figura 54

Fonte Slides aulas SAGE ndash Prof MSc Adriano Ribolla

Figura 55

Fonte Autor

Figura 56

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-839220558-bobina-ignico-gol-

saveiro-parati-10-kombi-16-mi-3-pinos-

_JMmatt_tool=14302715ampmatt_wordampgclid=CjwKCAjwr8zoBRA0EiwANmvpYI

z4XlO7l-

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OvI7_2OEUpSgy57Vriq67T2bbuVtWP0MawULSQk9SCjBoCXZcQAvD_BwEampq

uantity=1 acessado em 22062019 agraves 2340

Figura 57

Fonte httpswwwacnpecascombrprodutocabo-de-vela-fiat-tipo-1-6-ie-mpi-

todos-injecao-eletronica acessado em 22062019 agraves 2345

Figura 58

Fonte Autor

Figura 59

Fonte Autor

Figura 60

Fonte Autor

Figura 61

Fonte Autor

98

Apecircndice I

Lista de peccedilas e componentes utilizados

Componente Fabricante Part Number (OEM)

Fabricante Part Number (Reposiccedilatildeo)

Qtd

Injetor de Combustiacutevel Keihin 3340-9657-7489 Magnetron MAGNETRON 154-209-B 1

Bobina de Igniccedilatildeo Bosch F000ZS0104 NGK NGK U1092 1

Cabo de Vela Bosch F00099C067 NGK NGK SC-T58 1

Sensor Hiacutebrido - MAP - TPS - IAT

Keihin 16060-KVK-901 MTE-Thomson

MTE6701 1

Sensor de Rotacatildeo HALL Continental 55223464 MTE-Thomson

MTE70565 1

Bomba de Combustiacutevel Delphi BCD 00101 Bosch 580464070 1

Regulador de Pressatildeo Comb

SPA SPA TURBO 1

Roda Focircnica 60-2 Fueltech JR7401PTAz 1

Corpo de Boboletas XR300

Keihin 1641A-KWT-305 1

99

Anexo A

Esquema eleacutetrico do sistema de gerenciamento eletrocircnico

100

101

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

Anexo B

Datasheet Sensor MAP ndash NXPFreescale MPX4250AP

112

113

114

115

116

117

118

119

120

121

122

123

124

125

126

127

Anexo C

Lista de componentes Speeduino

Qtd Referecircncia na Placa Componente Valor Modelo

1 C16 CAP TANT 10uF 35V 10 RADIAL 10uF

6 C2C4C6C8C10C24 CAP CER 022uF 50V 10 RADIAL 220nF 224

7 C1C3C5C7C9C13C15 CAP CER 01uF 50V 20 RADIAL 100nF 104

1 C14 CAP TANT 47uF 63V 10 RADIAL 47uF

1 C18 CAP CER 033uF 50V 10 RADIAL 330nF 334

2 C19C25 CAP CER 10000pF 50V 10 RADIAL 10nF 103

3 C11C12C20 CAP CER 1uF 50V 20 RADIAL 1uF 105

1 C23 CAP CER 4700pF 100V 10 RADIAL 47nF 472

1 D16 DIODO ZENER 56V 3W AXIAL 1N5919BG 1N5919BG 2 D15D17 DIODO SCHOTTKY 1A 30V DO41 1N5818 1N5818

8 LED1LED2LED3LED4

LED5LED6LED7LED8 LED SS 3MM LED

4 D9D10D11D12 DIODO USO GERAL 400V 1A DO41 1N4004 1N4004

1 U2 VARISTOR 14MM 22V 1000A ZNR Varistor ZNR

V14D220

8 Q1Q2Q3Q4Q5Q6Q7

Q8 MOSFET N-CH 33V TO-220

62A

MOSFET STP75NS04Z

1 R54 RES 100K Ohm 14W 1 METAL

FILM 10kΩ

14W - 1

17

R10R13R16R19R21

R23R24R29R30R39

R40R50R51R57R58

R59R60

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 1kΩ

14W - 1

4 R9R12R15R18 RES 680 Ohm 06W 1 AXIAL 680Ω 14W - 1

6 R2R4R6R8R22R41 RES FILME METAacuteLICO 14W 470

Ohm 1 AXIAL 470Ω

14W - 1

7 R1R3R26R28R33R34

R61

249k Ohm plusmn1 025W 14W FILME

METAacuteLICO 249kΩ

14W - 1

1 R7 RES 39K Ohm 14W 01 FILME

METAacuteLICO 39kΩ

14W - 1

12

R11R14R17R20R35R3

6R37R38R48R49

R55R56

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 100kΩ

14W - 1

4 R25R27R31R32 RES 160 Ohm 2W 1 AXIAL 160Ω 2W - 1

1 U1 REGULADOR DE TENSAtildeO

LM2940-50 1A TO220 LM2940T 50NOPB

1 MPX4250A SENSOR MAP 363 PSI MAX 1-Bar MAP MPX4250AP

2 IC1IC2 CI MOSFET DVR 3A DUAL HS 8-DIP TC4424EP

A TC4424EPA

Page 12: FACULDADE DE TECNOLOGIA FATEC SANTO ANDRÉfatecsantoandre.edu.br/arquivos/TCC/227-Mecanica/TCC511.pdfLista de Unidades de Medida cm³ - unidade de volume, centímetros cúbicos mm

Lista de Figuras

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos 25

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro 26

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto 26

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas 27

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa 27

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter

do motor passando pela vaacutelvula de palhetas 28

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor

permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel 29

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

30

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos

pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro 31

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando

formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto 32

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo 33

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio

de platinado 36

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts 37

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF 39

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida 39

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System 40

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos 41

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos 42

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante 48

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo 49

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus

perifeacutericos 50

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135 51

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30 53

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo 53

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia 54

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto 55

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1 55

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2 56

Figura 29 - Processo de pintura 56

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo 57

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada 57

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta 58

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport 59

Figura 34 - ECU Bosch MS 151 59

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino 60

Figura 36 - Arduino Mega 2560 61

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino 63

Figura 38 - Inicio da montagem da placa 64

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada 65

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio 66

Figura 41 - Aterramento refeito externamente 67

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico 68

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada 69

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica 70

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes 71

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v 71

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall 72

Figura 48 - Roda Focircnica 73

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 74

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 75

Figura 51 - Corpo de Borboleta 76

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS 78

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT 79

Figura 54 - Princiacutepio strain gage 80

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP 81

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW 82

Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo 82

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor 84

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE 85

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo 86

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees 88

Lista de Graacuteficos

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3

1996 20

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos

com rotaccedilatildeo em 6000 RPM 35

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de

retorno 44

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor 46

Lista de Quadros

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos 23

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para oldquoHeaderrdquo 43

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor 44

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor 45

Quadro 5 - Comprimento da ponteira 47

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560 61

Lista de Foacutermulas

1 - Caacutelculo da Taxa de Compressatildeo 34

2 - Volume a ser comprimido (fabricantes japoneses) 34

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento 42

4 - Dimensotildees do Escapamento Header 43

5 - Dimensotildees do Escapamento Difusor 45

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor 46

7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo 47

8 - Caacutelculo do Fator Gauge 80

18

1 Introduccedilatildeo

Em 1878 um engenheiro escocecircs criou o projeto tido como o primeiro motor

de ciclo dois tempos e eacute atribuiacutedo a ele esta invenccedilatildeo este engenheiro era

Dugald Clerk Poreacutem este motor possuiacutea algumas diferenccedilas dos motores dois

tempos que conhecemos e utilizamos durante todo o seacuteculo XX ateacute os dias de

hoje Nos motores de Clerk a admissatildeo era feita por bombeamento separado do

motor possuiacutea vaacutelvulas e utilizava gaacutes como combustiacutevel (NUNNEY 1992)

O primeiro motor de ciclo dois tempos com as caracteriacutesticas que hoje

conhecemos com admissatildeo inicial e compressatildeo no caacuterter transferecircncia da

mistura feita por janelas nas laterais do cilindro sem vaacutelvulas soacute foi inventado

por volta de 1892 pelo inglecircs Joseph Day que por volta de 1889 comeccedilou a

desenvolver um motor de combustatildeo interna sem infringir as patentes de

Nikolaus Otto as quais eram as patentes do motor com ciclo a quatro tempos

(BOOTHROYD 2006)

As patentes de Nikolaus Otto satildeo atualmente invaacutelidas e atribuiacutedas a um

engenheiro francecircs Alphonse-Eugene Beau de Rochas o qual havia feito todos

estudos pesquisas e projetos sobre este ciclo anos antes em 1862 poreacutem natildeo

chegou a construir um motor assim como Otto o fez (TILLMAN 2013)

A invenccedilatildeo do motor dois tempos eacute creditada a Dugald Clerk Satildeo citados

diversos pesquisadores engenheiros inventores e construtores como pessoas

que desenvolveram e agregaram conhecimento a este tipo de motor poreacutem foi

possiacutevel observar durante as pesquisas que Day eacute pouco lembrado em livros e

documentos poreacutem historicamente foi quem idealizou e construiu as soluccedilotildees

para o motor dois tempos que utilizamos quase que literalmente ateacute os dias de

hoje (BOOTHROYD 2006)

Durante o seacuteculo XX os motores dois tempos foram amplamente utilizados

na induacutestria automotiva Foram construiacutedos diversos veiacuteculos com esses

motores carros motocicletas caminhotildees e tratores O primeiro estudo e

construccedilatildeo de protoacutetipo de injeccedilatildeo eletrocircnica voltada para motores dois tempos

aconteceu em 1978 exatos cem anos da construccedilatildeo do motor de Clerk e foi

feita por Edmond Vieilledent que conseguiu obter relativo sucesso em suas

pesquisas e desenvolvimento poreacutem a tecnologia de microprocessamento na

19

eacutepoca inicial e o custo para implementaccedilatildeo relativamente alto em motores de

baixa cilindrada aparentemente inviabilizou o projeto em larga escala

(VIEILLEDENT 1978)

Quarenta anos apoacutes o trabalho de Vieilledent em 2018 a fabricante de

motocicletas austriacuteacas KTM Motorcycle disponibiliza para venda no mercado

motocicletas de competiccedilatildeo off-road de 250 e 300cmsup3 com sistema de injeccedilatildeo

eletrocircnica o que vem a corroborar a ideia de que os motores dois tempos para

determinadas aplicaccedilotildees merecem a implementaccedilatildeo de novas tecnologias para

que haja junto com a evoluccedilatildeo eletrocircnica novos resultados aplicados aos

motores dois tempos

11 Motivaccedilatildeo

As motivaccedilotildees deste trabalho surgem da premissa de reduzir algumas

deficiecircncias intriacutensecas do funcionamento dos motores de ciclo dois tempos

funcionamento que seraacute abordado e explicado em um toacutepico especiacutefico adiante

Para isso seraacute utilizado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel com

processamento de dados feito a partir de um Arduino Mega 2560 montado em

um motor Yamaha de 135cmsup3 de 2 tempos de fabricaccedilatildeo nacional produzido ateacute

o ano de 2000 Este motor equipou por mais de vinte anos as motocicletas

Yamaha Rd e Rdz 135cmsup3 e possuiacuteam como sistema de alimentaccedilatildeo de

combustiacutevel carburadores com diacircmetro de venturi 24mm e 26mm

respectivamente e sistema de igniccedilatildeo por descarga capacitiva com curva de

igniccedilatildeo preacute-estabelecida

Os motores dois tempos possuem caracteriacutesticas de funcionamento muito

peculiares e produzem uma potecircncia especiacutefica relativamente alta poreacutem esta

potecircncia vem de uma curva de torque caracteriacutestica do projeto do motor sendo

muito difiacutecil conseguir obter uma curva onde se consiga que a potecircncia seja alta

em todas as faixas de rotaccedilatildeo A maioria dos projetos de motores dois tempos

favorece a potecircncia em uma faixa de rotaccedilatildeo muito estreita por exemplo motores

que satildeo projetados para terem alto torque natildeo possuem alta rotaccedilatildeo e motores

para alta potecircncia soacute conseguem atingir esta potecircncia apoacutes os 10000rpm e todo

o resto da curva de potecircncia do motor eacute esquecida Este trabalho visa a

20

introduccedilatildeo de um sistema de gerenciamento de combustiacutevel e igniccedilatildeo eletrocircnico

para obter uma possiacutevel melhora da faixa de potecircncia aumentando a largura

dessa faixa de potecircncia elevada

Podemos notar ao analisarmos o graacutefico 1 que este tipo de motor produz

uma faixa de trabalho uacutetil de aproximadamente 1500 rpm somente apoacutes os

10000 rpm esta caracteriacutestica torna a pilotagem destas motocicletas em regime

de competiccedilatildeo muito difiacutecil e cansativa

Fonte httppulpmxcom

Com a inserccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico seraacute feita a

tentativa de implementar uma calibraccedilatildeo que natildeo privilegie somente uma faixa

tatildeo pequena de trabalho buscando antecipar e ampliar esta faixa de potecircncia

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3 1996

21

12 Objetivos

Os objetivos deste trabalho satildeo construir montar adaptar e talvez a parte

mais complexa calibrar um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel em um

motor de ciclo dois tempos Natildeo existem muitas informaccedilotildees a respeito de

calibraccedilatildeo eletrocircnica para motores em geral muito menos para motores dois

tempos o que torna esse acerto um tanto quanto difiacutecil

Como descrito anteriormente a motivaccedilatildeo vecircm da capacidade de tentar

incrementar potecircncia em um motor de pouca massa e isso eacute o essencial para

regimes de performance em competiccedilotildees de karts naacuteuticas e de motocicletas

A busca seraacute por uma calibraccedilatildeo final que alargue a faixa de potecircncia do motor

ou seja melhorando suas caracteriacutesticas de funcionamento utilizando um

sistema de gerenciamento eletrocircnico com alguns sensores que seja confiaacutevel e

que permita a sua utilizaccedilatildeo em quaisquer condiccedilotildees climaacuteticas e ambientais

tais como umidade temperatura e pressatildeo atmosfeacuterica

13 Contribuiccedilotildees Esperadas

As contribuiccedilotildees estatildeo relacionadas com os objetivos descritos na

subseccedilatildeo 12 e satildeo elas

a) Promover uma anaacutelise de forma ampla sobre os aspectos positivos e

negativos dos motores que utilizam o ciclo de dois tempos

b) Renovar alguns dados encontrados na literatura teacutecnica a respeito dos

motores dois tempos que na maioria dos livros sobre motores de

combustatildeo interna satildeo dados advindos do estudo de motores anteriores

a deacutecada de 1950 ou seja informaccedilotildees que merecem atualizaccedilatildeo

c) Expor os aspectos positivos do uso da eletrocircnica e programaccedilatildeo no

gerenciamento de motores

d) Possibilitar a adaptaccedilatildeo de uma tecnologia moderna e aberta (open

source) em antigos motores de combustatildeo interna que originalmente

possuiacuteam alimentaccedilatildeo de combustiacutevel mecacircnica e sistema de igniccedilatildeo

simplificado

e) Mostrar as possiacuteveis e esperadas dificuldades de se calibrar o sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos

22

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho

Este trabalho abordaraacute a inserccedilatildeo de um sistema de gerenciamento

eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos sendo assim o assunto eacute abordado

em trecircs fases

Fase Inicial Aborda todo o conceito de funcionamento mecacircnico do motor

de ciclo dois tempos princiacutepios caracteriacutesticas de construccedilatildeo soluccedilotildees

adotadas ao longo da histoacuteria principais aplicaccedilotildees Esta parte tambeacutem tem por

objetivo ampliar o entendimento deste tipo de motor que eacute pouco esclarecido

em literaturas teacutecnicas e quando apresentado em livros utiliza o princiacutepio de

funcionamento correto poreacutem demonstra exemplos de motores antigos sem

muitas soluccedilotildees eficientes

Fase Intermediaacuteria Aborda todas as soluccedilotildees eleacutetricas e eletrocircnicas que

seratildeo utilizadas para o desenvolvimento do protoacutetipo histoacuterico de aplicaccedilotildees em

motores dois tempos processo de escolha montagem de componentes e

sensores anaacutelise de funcionamento e dificuldades enfrentadas

Fase Final Mostra os processos necessaacuterios para fazer a calibraccedilatildeo de

um motor de combustatildeo interna utilizando gerenciamento eletrocircnico aplicaccedilatildeo

em motores dois tempos quais as dificuldades e resultados obtidos

23

2 Fundamentaccedilatildeo

Os motores de ciclo dois tempos possuem o conceito mecacircnico da

termodinacircmica para seu funcionamento onde eacute admitido uma mistura de ar e

combustiacutevel pelo orifiacutecio de admissatildeo Posteriormente essa mistura sofre uma

melhor homogeneizaccedilatildeo no caacuterter junto ao eixo de manivelas onde tambeacutem eacute

comprimido e transferido para a cabeccedila do pistatildeo pelos orifiacutecios de transferecircncia

apoacutes a transferecircncia o pistatildeo inicia o ciclo de subida sentido PMS onde comprime

a mistura ar combustiacutevel e sofre combustatildeo por meio de uma centelha

Nos motores de ciclo dois tempos os pistotildees assim como nos motores

com ciclo quatro tempos possuem movimento alternativo em relaccedilatildeo ao cilindro

poreacutem a lubrificaccedilatildeo dos cilindros eacute feita por meio de oacuteleo misturado com o

combustiacutevel podendo ser forccedilado por uma bomba de lubrificaccedilatildeo que injeta o

oacuteleo no orifiacutecio de admissatildeo ou mesmo por uma mistura oacuteleocombustiacutevel que

pode ser previamente feita Esse sistema simplifica todo o funcionamento deste

tipo de motor poreacutem tambeacutem traz consigo suas deficiecircncias intriacutensecas desse

processo de combustatildeo

Segundo o Manual de Tecnologia Automotiva Bosch (2005) os motores

dois tempos possuem as vantagens e desvantagens que vemos a seguir

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos

Vantagens Desvantagens

Design Simples do Motor Maior Consumo de Combustiacutevel

Baixo Peso Altas Emissotildees de

Hidrocarbonetos

Baixo Custo de Fabricaccedilatildeo Pressatildeo Efetiva Meacutedia mais

Baixa

Padratildeo Melhor de Forccedila de

Torccedilatildeo

Cargas Teacutermicas mais Altas

Marcha Lenta mais deficiente

(Bosch 2005)

24

O desenvolvimento deste trabalho natildeo busca fazer um comparativo entre

os diversos ciclos de funcionamento dos motores de combustatildeo interna

existentes apesar de que em determinados toacutepicos essa comparaccedilatildeo seja

inevitaacutevel Apoacutes a anaacutelise deste trabalho seraacute possiacutevel tirar as proacuteprias

conclusotildees a respeito do funcionamento de motores dois tempos visto que a

maioria das literaturas a respeito dos motores dois tempos natildeo satildeo especiacuteficas

nem tampouco profundas a respeito do tema

21 Objetivos do Capiacutetulo

As seccedilotildees a seguir apresentam o princiacutepio de funcionamento dos motores

de ciclo dois tempos O capiacutetulo iraacute abordar e analisar as fases de funcionamento

e alguns componentes mecacircnicos deste tipo de motor e os resultados de

possiacuteveis modificaccedilotildees em seus componentes

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos

Diferentemente dos motores de ciclo otto a 4 tempos que necessitam a

rotaccedilatildeo de 720deg do eixo aacutervore de manivelas os motores de ciclo dois tempos

necessitam apenas de 360deg do eixo aacutervore de manivelas para executar as quatro

operaccedilotildees baacutesicas de funcionamento de um motor de combustatildeo interna

- Admissatildeo

- Compressatildeo

- Combustatildeo

- Exaustatildeo

25

Apesar das operaccedilotildees e princiacutepio de funcionamento dos motores dois tempos

serem parecidas com as do ciclo otto a concepccedilatildeo e construccedilatildeo do motor eacute

totalmente diferente Os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como

existem nos motores de ciclo otto pelo menos natildeo no sistema mais baacutesico de

funcionamento desses motores (conforme Figura 1)

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos

Editado pelo Autor Fonte httpswwwshutterstockcom

No sistema baacutesico de funcionamento de um motor dois tempos o cilindro possui

aberturas chamadas janelas elas satildeo como portas para entrada e saiacuteda da

mistura arcombustiacutevel

A mistura arcombustiacutevel apoacutes ser succionada atraveacutes do carburador entra

atraveacutes da chamada janela de admissatildeo no cilindro (conforme Figura 2) e chega

primeiramente no caacuterter do motor alguns motores normalmente os de

competiccedilatildeo ou maior performance possuem a entrada de arcombustiacutevel

diretamente no caacuterter (conforme Figura 3) natildeo necessitando entrar no cilindro e

ir para o caacuterter poreacutem isto natildeo eacute regra A entrada desse combustiacutevel no caacuterter

tambeacutem eacute utilizada para a lubrificaccedilatildeo dos rolamentos inferiores do motor jaacute que

na maioria dos casos o combustiacutevel e oacuteleo lubrificante satildeo misturados salvo

26

raros casos em que existem pontos de injeccedilatildeo apenas de oacuteleo em determinadas

partes do motor

Editado pelo Autor Fonte httpwwwrichstaylordportingcom

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto

Editado pelo Autor Fonte httpwwwebaycom

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro

27

Como dito anteriormente os motores dois tempos em essecircncia natildeo utilizam

vaacutelvulas poreacutem com o desenvolvimento desse tipo de motor foi-se aprimorando

a tecnologia e notou-se a necessidade do uso de vaacutelvulas na admissatildeo visto

que parte da mistura era expelida novamente pela admissatildeo quando havia

compressatildeo no caacuterter anteriormente este papel de vaacutelvula de admissatildeo era feito

pelo proacuteprio pistatildeo que ao passar pela janela de admissatildeo determinava os

intervalos de tempo entre admissatildeo e exaustatildeo Para melhorar a eficiecircncia do

sistema de vaacutelvula feito pelo pistatildeo adotou-se principalmente dois sistemas o

sistema de palhetas (conforme Figura 4) e o sistema de vaacutelvula rotativa

(conforme Figura 5)

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas

Fonte wwwamazoncom

Fonte httpscellcodeus

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa

28

Apoacutes ser recebida no caacuterter a mistura arcombustiacutevel eacute comprimida com a

descida do pistatildeo sentido ao PMI o que gera o aumento de pressatildeo no caacuterter e

faz com que a mistura seja transportada para a parte superior do pistatildeo atraveacutes

das chamadas janelas de transferecircncia (conforme Figura 6) Essas janelas

possuem aberturas na parte inferior do cilindro junto ao caacuterter do motor que eacute

por onde passa esta mistura arcombustiacutevel essas aberturas ligam dutos de

transferecircncia ateacute uma abertura na camisa do cilindro jaacute na parte superior do

pistatildeo (conforme Figura 6) Com a mistura jaacute na parte superior do pistatildeo ela eacute

comprimida e por fim queimada e os gases resultantes da queima satildeo expulsos

pela janela de exaustatildeo (conforme Figura 6)

Editado pelo Autor Fonte wwwpatentimagescom

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter do motor passando pela vaacutelvula de palhetas

29

23 Admissatildeo

O processo de admissatildeo inicia-se com a subida do pistatildeo sentido PMS

isso cria uma pequena depressatildeo no caacuterter do motor poreacutem suficiente para

arrastar a mistura arcombustiacutevellubrificante advinda do sistema de alimentaccedilatildeo

usualmente carburadores Essa mistura passa por vaacutelvulas que controlam a

entrada de mistura fresca no motor Na maioria dos motores atuais utilizam-se

vaacutelvulas de palhetas elas tambeacutem tecircm a funccedilatildeo de impedir que a mistura retorne

para o coletor de admissatildeo quando haacute a movimentaccedilatildeo do pistatildeo sentido PMI

(conforme Figura 7) Os primeiros motores de Joseph Day jaacute haviam adotado

uma soluccedilatildeo de vaacutelvulas de palhetas poreacutem esse sistema foi esquecido por

muitos anos e novamente adotados para motores de motocicletas de competiccedilatildeo

em meados dos anos 70 Notemos que a mistura no caacuterter do motor aleacutem de ar

e combustiacutevel tambeacutem possui lubrificante que nesse momento faz a lubrificaccedilatildeo

das peccedilas moacuteveis na parte inferior do motor Nas figuras seguintes podemos

notar como se comporta a entrada da mistura arcombustiacutevel para o caacuterter do

motor e tambeacutem o funcionamento das vaacutelvulas de palhetas

Editado pelo Autor Fonte www1bpblogspotcom

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel

30

O principal momento de admissatildeo da mistura arcombustiacutevel para o motor se daacute

com subida do pistatildeo rumo ao PMS no entanto esse natildeo eacute o uacutenico periacuteodo em

que o motor recebe mistura fresca do sistema de alimentaccedilatildeo Quando o pistatildeo

inicia o movimento de descida rumo ao PMI apoacutes a exaustatildeo tambeacutem temos

admissatildeo de mistura arcombustiacutevel fresca A quantidade eacute bem menor e se daacute

pela depressatildeo gerada pelo escape dos gases queimados junto a janela de

exaustatildeo Essa admissatildeo acontece passando por uma janela conhecida

popularmente como ldquoQuinta Luzrdquo ou em inglecircs ldquoBoost Portrdquo (conforme Figura 8)

poreacutem esse curto periacuteodo de admissatildeo tem maior influecircncia no processo de

exaustatildeo dos gases Essa admissatildeo favorece a expulsatildeo dos gases e limpeza

da cacircmara de combustatildeo para iniacutecio de um novo ciclo

Editado pelo Autor Fonte httpswwwpinterestcom

A duraccedilatildeo desse periacuteodo em graus da duraccedilatildeo da admissatildeo na quinta

luz pode ser tido como um dos periacuteodos criacuteticos no que diz respeito e eficiecircncia

do motor dois tempos pois se o periacuteodo tiver uma duraccedilatildeo muito prolongada

pode resultar em excesso de mistura fresca que eacute ldquojogada forardquo para a exaustatildeo

e se for muito curto acaba mantendo gaacutes queimado na cacircmara de combustatildeo o

que gera perda de potecircncia para o motor

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

31

24 Compressatildeo

A compressatildeo no motor dois tempos acontece assim como no motor de quatro

tempos comprimindo o volume total do cilindro em uma pequena aacuterea da cacircmara

de combustatildeo Poreacutem diferentemente do motor quatro tempos o cilindro do

motor dois tempos natildeo eacute totalmente vedado possuindo aberturas que como dito

anteriormente se chamam janelas (conforme Figura 6)

Podem existir vaacuterios formatos de cacircmara de combustatildeo ou popularmente

conhecido como cabeccedilote cada tipo buscando um resultado final diferente

(conforme Figuras 910 e 11)

Como os cabeccedilotes de motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas satildeo

praticamente um material usinado ou fundido contemplando um formato final E

esse formato nos motores dois tempos influencia muito na performance do

motor

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro

32

Os cabeccedilotes dos motores dois tempos possuem formatos que privilegiam

determinadas faixas de rotaccedilatildeo ou comportamento do motor com relaccedilatildeo a

torque Os chamados ldquoSquishrdquo satildeo um formato que impotildeem uma alta velocidade

agrave mistura em direccedilatildeo a vela de igniccedilatildeo e produz melhora no comportamento da

queima (conforme Figura 10)

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

O ldquoSquishrdquo eacute composto por algumas medidas que satildeo

Banda do Squish eacute a largura da faixa onde se concentra o squish e contorna

toda a circunferecircncia do cabeccedilote podendo ser mais larga ou estreita

dependendo do regime de funcionamento do motor

Acircngulo do Squish eacute o acircngulo feito na banda de squish podendo acompanhar

ou natildeo o acircngulo existente na cabeccedila do pistatildeo natildeo eacute usual mas podem existir

cabeccedilotes cujos acircngulos de squish sejam retos assim como a cabeccedila dos

pistotildees nesses motores

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto

33

Folga do Squish essa folga eacute a folga do topo da cabeccedila do pistatildeo quando

em PMS ateacute o ponto fiacutesico mais proacuteximo da banda de squish

Segundo Bell (1999) os cabeccedilotes que contemplam ldquoSquishrdquo vieram a

promover melhorias significantes na performance dos motores dois tempos

Esse tipo de cabeccedilote promove melhor homogeneizaccedilatildeo da mistura

arcombustiacutevel e tambeacutem de qualquer porccedilatildeo de gases de escapamento

residuais presentes na cacircmara Esse formato tambeacutem evita que a propagaccedilatildeo

de chama para as laterais do cilindro promovam o aquecimento do mesmo fator

que pode dar iniacutecio a um ciclo de detonaccedilatildeo que eacute muito prejudicial para o

funcionamento do motor

Fonte httpwwwcmraracingcom

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo

34

Um outro fator que gera uma certa confusatildeo em motores dois tempos eacute a

mediccedilatildeo da taxa de compressatildeo A compressatildeo efetiva do volume do cilindro

ocorre apenas quando os aneacuteis de segmento do pistatildeo passam pela uacuteltima

abertura sentido PMS sendo que a uacuteltima abertura em motores dois tempos satildeo

as janelas de exaustatildeo

O que pode se notar usualmente eacute que fabricantes europeus utilizam a

mesma maneira de se calcular taxa de compressatildeo de motores quatro tempos

em motores de ciclo dois tempos

onde

RC Relaccedilatildeo de Compressatildeo

VC Volume do Cilindro (cmsup3)

VCC Volume da Cacircmara de Combustatildeo (cmsup3)

Enquanto fabricantes japoneses utilizam uma maneira especiacutefica de medir

a taxa compressatildeo para motores dois tempos avaliando o volume total de

compressatildeo efetiva somente apoacutes a passagem dos aneacuteis de segmento pela

janela de escapamento fazendo sua vedaccedilatildeo Nesse caso o volume total do

cilindro natildeo entra na conta o que se utiliza eacute a altura da janela de exaustatildeo como

referecircncia para o volume total a ser comprimido

Pode-se assim calcular o Volume a ser Comprimido

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

onde

VAC Volume a ser comprimido (cmsup3)

120645 Constante

r Raio do cilindro (mm)

h distacircncia percorrida pelo pistatildeo do momento de fechamento da janela

de exaustatildeo ateacute a chegada em PMS (mm)

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

RC = VC+VCC

VCC

1-Caacutelculo da Taxa de

Compressatildeo

2 - Volume a ser comprimido

(fabricantes japoneses)

35

Quando pesquisa-se em fichas teacutecnicas sobre motores dois tempos tais

literaturas podem gerar uma confusatildeo de entendimento pois pode-se entender

que motores europeus utilizam taxa de compressatildeo muito maior que os motores

japoneses e isto natildeo eacute verdade apenas utilizam meacutetodos de mediccedilatildeo diferentes

25 Combustatildeo

O processo de combustatildeo em motores dois tempos eacute muito semelhante ao

dos motores de quatro tempos mas com uma diferenccedila essencial ao

entendimento deste tipo de motores Nos motores de ciclo de quatro tempos

acontece a centelha na vela de igniccedilatildeo a cada 720deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore

de manivelas enquanto no motor de ciclo dois tempos a centelha ocorre a cada

360deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore de manivelas ou seja a cada subida do pistatildeo

sentido PMS ocorre uma combustatildeo

Segundo Najafabadi Aziz Adams e Leman (2013) existem alguns efeitos

gerados no processo de combustatildeo advindos do ciclo anterior devido a gases

residuais que se mantiveram na cacircmara de combustatildeo Este fenocircmeno afeta a

combustatildeo podendo ocorrer avanccedilo ou atraso do tempo de igniccedilatildeo devido a

temperatura desses gases Ainda a pressatildeo no interior do cilindro que veio do

ciclo anterior afeta o fluxo de transiccedilatildeo do motor podendo a quantidade de gases

residuais ser diferente (conforme Graacutefico 2)

Fonte Najafabadi et al 2013

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos com rotaccedilatildeo em 6000 RPM

36

251 Igniccedilatildeo

Este mecanismo eacute importante para que o processo de combustatildeo seja

equilibrado bem executado e responda com um bom funcionamento do motor

Existem diversos sistemas de igniccedilatildeo disponiacuteveis para motores dois tempos

desde os mais simplificados (conforme Figura 12) ateacute sistemas programaacuteveis

onde pode-se determinar a curva de avanccedilo desejada por meio de programaccedilatildeo

do dispositivo via software (conforme Figura 13) poreacutem para entendimento do

funcionamento o esquema eleacutetrico do sistema de igniccedilatildeo por platinado possui

faacutecil entendimento este sistema foi utilizado por muitos anos e o uacutenico motivo de

cair em desuso era a necessidade de regulagem constante devido ao desgaste

mecacircnico do contato eleacutetrico

Fonte Bell 1999

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio de platinado

37

Fonte httpwwwpvl-zuendungende

26 Exaustatildeo

Este eacute com certeza o processo mais importante dentre todos os processos no

motor dois tempos a janela de exaustatildeo eacute a aacuterea do motor que se sofrer uma

alteraccedilatildeo de alguns deacutecimos de miliacutemetros pode mudar completamente o

comportamento do motor

Como jaacute discorremos os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como os

motores quatro tempos pelo menos natildeo nos mesmos moldes ou entatildeo vaacutelvulas

que vedem completamente a passagem dos gases Em um motor de quatro

tempos o comando de vaacutelvulas determina qual eacute momento de abertura das

vaacutelvulas a ordem o levante etc No motor dois tempos essa funccedilatildeo de duraccedilatildeo

da admissatildeo e exaustatildeo eacute composta pela diagramaccedilatildeo das janelas do cilindro

(conforme Figura 14) e satildeo fixas natildeo existe um comando de vaacutelvulas rotativo

ou qualquer dispositivo semelhante dentre essa diagramaccedilatildeo a duraccedilatildeo mais

importante e que determina o desempenho do motor e como ele se comportaraacute

eacute a da janela de exaustatildeo

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts

38

Segundo Bell (1999) o processo de modificaccedilatildeo da janela de exaustatildeo eacute talvez

um dos mais criacuteticos dentro dos motores dois tempos (conforme Figuras 14 e

15) pocircde-se notar que as diagramaccedilotildees possuem desenhos diferentes de

janelas de exaustatildeo o primeiro modelo da Yamaha TZ250 (conforme Figura 14)

eacute de janela uacutenica pois a dimensotildees que foram determinadas para o tamanho e

duraccedilatildeo da janela dado o diacircmetro do cilindro permitiram que isso fosse feito Jaacute

no segundo diagrama da Suzuki PE175 podemos notar que a janela de exaustatildeo

eacute bi partida (conforme Figura 15) isso acontece por que por projeto foi

determinado um tamanho de janela de exaustatildeo demasiadamente grande para

o diacircmetro desse cilindro natildeo eacute regra mas usualmente a largura de uma janela

de exaustatildeo pode ter no maacuteximo 70 do diacircmetro do cilindro isso acontece para

que os aneacuteis de segmento natildeo tendam a entrar no duto de exaustatildeo quando por

laacute passarem por isso a soluccedilatildeo adotada na Suzuki PE175 de adicionar mais

uma divisatildeo na janela permite ter uma janela de exaustatildeo mais larga sem

comprometer a durabilidade do motor

Por ser uma medida fiacutesica e determinante para o funcionamento do motor dois

tempos a janela de exaustatildeo sempre foi um ponto criacutetico no projeto desses

motores pois se o projeto determinava uma medida para a janela de exaustatildeo a

performance do motor era inerente a esta medida Motores que foram

desenvolvidos ateacute o final da deacutecada de 1970 natildeo conseguiam melhorar suas

caracteriacutesticas em todas as faixas de funcionamento Por exemplo se o projeto

da janela de exaustatildeo era feito para funcionar bem em baixas rotaccedilotildees isso

caracterizava aquele motor e nada podia ser feito para ser melhorado sem que

isso comprometesse outras faixas de rotaccedilatildeo

Motocicletas e karts de competiccedilatildeo que eram projetados para funcionar bem

em altas rotaccedilotildees tinham todo o torque em baixa muito comprometido se vermos

corridas de motocicletas da deacutecada de 1970 e iniacutecio dos anos de 1980 podemos

ver pilotos que largavam praticamente empurrando a motocicleta ateacute que ela

embalasse e chegasse a uma rotaccedilatildeo onde o motor pudesse andar sozinho

39

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida

40

No iniacutecio dos anos de 1980 a Yamaha criou uma soluccedilatildeo para melhorar o

desempenho dos motores dois tempos em todas as faixas de rotaccedilatildeo eacute um

sistema com uma vaacutelvula mecacircnica que variava as dimensotildees da janela de

exaustatildeo durante o funcionamento do motor esse sistema eacute chamado YPVS

(Yamaha Power Valve System) (conforme Figura 16) foi um sistema que permitiu

a Yamaha ganhar diversas competiccedilotildees on e off road ateacute que seus concorrentes

pudessem desenvolver sistemas semelhantes

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Inicialmente esse sistema era totalmente mecacircnico e era tocado por uma

bomba centriacutefuga ligada ao eixo arvore do motor posteriormente em

motocicletas de rua foi adotado o mesmo princiacutepio poreacutem foi utilizado um sistema

eletrocircnico com um servo motor Outros fabricantes desenvolveram sistemas

semelhantes ao longo do tempo e adotaram as mais diversas soluccedilotildees Um outro

sistema bastante popular foi o sistema pneumaacutetico (conforme Figura 17) que

era composto por uma vaacutelvula do tipo guilhotina e uma membrana na janela de

exaustatildeo a vaacutelvula se mantinha fechada em baixas rotaccedilotildees melhorando o

torque naquele momento e a membrana era calibrada para que em um certo

momento quando certa quantidade de gases de escape estivessem sendo

produzidos a membrana empurrava a vaacutelvula para traacutes aumentando as

dimensotildees da janela de exaustatildeo melhorando o torque em altas rotaccedilotildees

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System

41

Fonte httpwww bikemanperformancecom

261 Escapamento

Ainda na fase de exaustatildeo o escapamento eacute o acessoacuterio mais importante

para o bom funcionamento dos motores dois tempos e necessita cuidados

especiais em seu desenvolvimento Eacute intriacutenseco do funcionamento e da forma

construtiva do motor dois tempos o fato de que ele acaba por jogar mistura

fresca para o escapamento e isso causa perda de performance Assim o

escapamento promove ondas de ressonacircncia que causam o retorno de parte

dessa mistura fresca novamente para dentro do cilindro

Este sistema determina muito das caracteriacutesticas importantes de

funcionamento desse tipo de motor Satildeo peccedilas complexas de serem construiacutedas

e produzem um som caracteriacutesticos de ldquoring-dingrdquo a este tipo de motor

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos

42

Para um bom projeto de escapamento satildeo necessaacuterios diversos caacutelculos

para que se obtenha as dimensotildees ideais Posteriormente outro desafio eacute aplicar

as dimensotildees calculadas ao projeto do veiacuteculo o que produz verdadeiras

esculturas mecacircnicas (conforme Figura 18)

Caacutelculo para determinaccedilatildeo do comprimento ideal do escapamento

Onde

LE = Comprimento do escapamento (mm)

DE = Duraccedilatildeo da janela de exaustatildeo em graus (deg)

RPM = Rotaccedilatildeo para melhor funcionamento do motor (1min)

42545 = Constante que leva em conta que a onda socircnica sempre viaja na

velocidade do som no ar

Fonte Bell 1999

O trecho do escapamento que sai do cilindro do motor eacute chamado em inglecircs

ldquoHeaderrdquo esse trecho usualmente eacute cocircnico e utiliza acircngulos entre 115deg e 15deg

Entretanto ao longo da histoacuteria os fabricantes testaram acircngulos variando entre

08deg ateacute 23deg de conicidade para determinadas aplicaccedilotildees

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos

LE = DE x 42545

RPM

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento

43

As dimensotildees do Header podem ser determinadas da seguinte maneira Para

o comprimento pode-se utilizar o fator de multiplicaccedilatildeo (conforme Quadro 2)

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para o ldquoHeaderrdquo

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 85 ndash 95 10 -11

100 ndash 125 78 ndash 85 78 ndash 85

175 ndash 250 73 ndash 83 9 -10

350 - 500 73 ndash 83 85 ndash 95

Fonte Bell 1999

Jaacute com o fator de correccedilatildeo apropriado multiplicamos esse valor pelo diacircmetro

da janela de exaustatildeo e esse eacute o comprimento ideal do Header

O diacircmetro maior do Header pode ser calculado pela seguinte expressatildeo

Onde

D2 = eacute o diacircmetro maior do Header para uniatildeo com o Difusor (mm)

CH = eacute o Comprimento do Header (mm)

D1 = eacute o diacircmetro inicial do Header determinado pelo diacircmetro da janela de

exaustatildeo (mm)

Cotg H = eacute a cotangente do acircngulo do Header usualmente entre 115 e 15deg

O segundo trecho do escapamento chamado Difusor pode ser calculado da

seguinte maneira O diacircmetro inicial eacute o mesmo diacircmetro D2 do Header o

comprimento do Difusor eacute usualmente calculado utilizando 25 vezes o diacircmetro

da janela de exaustatildeo poreacutem pode-se usar de 22 a 29 vezes o diacircmetro da

janela de exaustatildeo dependendo do projeto tendo em mente que quanto menor

o comprimento melhor o rendimento em altas rotaccedilotildees e quanto maior o

comprimento melhor as respostas do motor em baixas rotaccedilotildees Ao final o que

D2 = CH x 2 + D1

cotg H

4 ndash Dimensotildees do Escapamento Header

44

iraacute determinar o comprimento eacute a proposta do motor O acircngulo de conicidade do

Difusor varia normalmente entre 3deg e 7deg com diferentes reaccedilotildees ao rendimento

do motor (conforme Quadro 3) modificando a duraccedilatildeo e os efeitos da onda de

ressonacircncia (conforme Graacutefico 3)

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 65 a 7deg 3 a 35deg

100 ndash 125 65 a 75deg 4 a 48deg

175 65 a 75deg 35 a 45deg

250 7 a 75deg 4 a 45deg

350 ndash 500 4 a 5deg

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de retorno

45

O segundo diacircmetro o diacircmetro maior do Difusor pode ser calculado

utilizando a seguinte expressatildeo

Onde

CD = Comprimento do Difusor D3 = Diacircmetro maior do Difusor D2 = Diacircmetro menor do Difusor cotg D = Cotangente do acircngulo de conicidade que foi determinado para o Difusor

Existe uma seccedilatildeo paralela que liga o diacircmetro maior do difusor ao uacuteltimo

cone esse trecho eacute popularmente chamado de Bojo (conforme Figura 18) poreacutem

natildeo se pode calcular o comprimento dela sem antes calcular as dimensotildees do

cone final que eacute chamado de ldquoBafflerdquo ou defletor (conforme Quadro 4) Essa

seccedilatildeo por sua vez determina a duraccedilatildeo e a intensidade das ondas de

ressonacircncia que iraacute manter o cilindro cheio de maneira eficiente Segundo Bell

(1999) um defletor com um cone curto e acircngulo muito abrupto iraacute permitir um

ganho de potecircncia maacutexima ao custo de sacrificar as baixas e meacutedias rotaccedilotildees

(conforme Graacutefico 4)

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 -80 105 a 12deg 85 a 95deg

100 105 a 12deg 9 a 10deg

125 95 a 12deg 85 a 10deg

175 10 a 12deg 8 a 10deg

250 10 a 12deg 75 a 10deg

350 - 500 9 a 11deg

Fonte Bell 1999

CD = D3 ndash D2 x cotg D

2

5 ndash Dimensotildees do Escapamento Difusor

46

Fonte Bell 1999

Para se calcular o comprimento do cone utilizamos a expressatildeo

CTD = (D32) x Cotg D

Onde

CTD Comprimento total do cone do defletor

D3 Diacircmetro maior do defletor ou seja o mesmo diacircmetro que o diacircmetro maior

do difusor

cotg D Cotangente do acircngulo escolhido para o defletor

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor

47

Agora com todos esses valores calculados podemos calcular o

comprimento da parte central do escapamento o chamado bojo Para isso

utilizamos a seguinte expressatildeo

Onde

CB Comprimento do Bojo

L Comprimento total do escapamento ateacute o meio da seccedilatildeo do defletor

CH Comprimento do Header

CD Comprimento do Difusor

CDE Comprimento total do Defletor

Por fim ainda necessitamos saber as dimensotildees do ldquoStingerrdquo ou ponteira

que segundo Graham Bell apoacutes vaacuterias experimentaccedilotildees chegou a alguns

valores que resultaram em boas respostas do motor (conforme Quadro 5)

Quadro 5 - Comprimento da ponteira

Volume do cilindro (cmsup3) Comprimento (mm) Diacircmetro Interno (mm)

50 - 80 205 ndash 230 17 -19

100 230 ndash 250 19 - 21

125 265 ndash 290 22 -24

175 270 - 295 25 ndash 27

250 280 ndash 305 26 ndash 28

350 -500 285 - 310 27 ndash 29

Fonte Bell 1999

CB = L ndash (CH+CD+(CDE2)) 7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo

48

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna

Em seu funcionamento os motores de combustatildeo interna

independentemente do tipo de ciclo necessitam de um gerenciamento da

admissatildeo de uma mistura carburante para o interior dos cilindros para que possa

haver a combustatildeo da mesma Anteriormente essa admissatildeo se dava por um

processo puramente mecacircnico com a utilizaccedilatildeo de carburadores que eram

sistemas mecacircnicos sofisticados que proporcionavam a atomizaccedilatildeo do

combustiacutevel com o ar atmosfeacuterico para a formaccedilatildeo da mistura carburante

(conforme Figura 19)

Fonte httpwwwthunderproductscom

Poreacutem este sistema possuiacutea algumas deficiecircncias pois necessitava de

constante regulagem e qualquer mudanccedila de condiccedilatildeo climaacutetica de temperatura

pressatildeo ou umidade fazia com que o carburador saiacutesse de sua faixa de trabalho

gerando um mal funcionamento do motor e por vezes ateacute mesmo sua quebra

Parte muito importante tambeacutem do funcionamento dos motores de

combustatildeo interna satildeo os sistemas de igniccedilatildeo que anteriormente eram sistema

independentes do sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel poreacutem atualmente

pertencem ao mesmo pacote de gerenciamento do motor Estes sistemas de

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante

49

igniccedilatildeo eram normalmente sistemas eletromecacircnicos podendo ser sistemas

simples com ponto de igniccedilatildeo fixo ou sistemas mais elaborados com a presenccedila

de circuitos eletrocircnicos para fazer a variaccedilatildeo do ponto de igniccedilatildeo Estes sistemas

possuem alguns componentes baacutesicos

Distribuidor (no caso de haver mais de um cilindro) bobina de igniccedilatildeo

(para gerar alta tensatildeo) cabos de igniccedilatildeo e velas de igniccedilatildeo Este eacute o esquema

mais baacutesico de funcionamento dos sistemas de igniccedilatildeo podendo haver

variaccedilotildees eleacutetricas mecacircnicas e em alguns casos eletrocircnicas (conforme Figura

20)

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom

Atualmente os sistemas mais modernos de gerenciamento de motores de

combustatildeo interna satildeo quase que puramente eletrocircnicos e contemplam os dois

mundos alimentaccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo em um uacutenico sistema (conforme

Figura 21) Todo o gerenciamento eacute feito com base em leitura de sensores uma

calibraccedilatildeo que prevecirc diversas situaccedilatildeo de uso do motor e atuadores que fazem

o processo fiacutesico de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel do motor Estes satildeo sistemas

complexos que se baseiam na condiccedilatildeo imediata de diversos fatores que satildeo

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo

50

interpretados por sensores como por exemplo pressatildeo atmosfeacuterica

temperatura do motor massa de ar admitida etc Estas leituras feitas pelos

sensores satildeo recebidas por um circuito eletrocircnico que conteacutem um processador

onde essas informaccedilotildees satildeo recebidas e com base em dados armazenados em

sua memoacuteria para cada condiccedilatildeo ter-se atuaccedilatildeo eletrocircnica onde eacute feita a injeccedilatildeo

de combustiacutevel pelos injetores e o disparo da centelha de igniccedilatildeo para que haja

a combustatildeo

Fonte httpswwwflaviolucasmmblogspotcom

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus perifeacutericos

51

3 Detalhamento do Projeto

Os capiacutetulos anteriores serviram para o embasamento teacutecnico para que

fosse possiacutevel uma melhor compreensatildeo do que se trata o projeto a ser

executado neste trabalho de conclusatildeo de curso Neste ponto iremos tratar

especificamente do projeto de adaptaccedilatildeo de um sistema completo de injeccedilatildeo

eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos Yamaha de 135cmsup3 proveniente

de uma motocicleta Yamaha RD 135 (Conforme Figura 22) e todos os

componentes utilizados para tornar esta adaptaccedilatildeo possiacutevel

Fonte httpsmotos-motorcombr

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135

52

31 Dados do Motor

O motor utilizado neste projeto eacute proveniente de uma motocicleta Yamaha

Rd 135cmsup3 que foi fabricado no Brasil de 1988 a 1999 Trata-se de um motor

monociliacutendrico que utiliza o ciclo de trabalho dois tempos refrigerado agrave ar

seguem os dados teacutecnicos

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 58mm x 50mm

Cilindrada 132cmsup3

Taxa de Compressatildeo 682 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Carburador Mikuni VM24 com 24mm de venturi

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo eletrocircnica de descarga capacitiva ou popularmente

CDI (Capacitor Discharge Ignition)

Lubrificaccedilatildeo Oacuteleo dois tempos bombeado atraveacutes de uma bomba chamada

Autolube nos motores Yamaha este oacuteleo eacute proveniente de um reservatoacuterio que

alimenta a bomba que por sua vez transfere o oacuteleo atraveacutes de uma mangueira

diretamente ao coletor de admissatildeo do motor variando a quantidade de oacuteleo de

acordo com a rotaccedilatildeo e abertura do carburador

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Gasolina

Potecircncia 16cv a 9000rpm

Torque 174kgfm a 8500rpm

Para este projeto o motor utilizado jaacute possuiacutea modificaccedilotildees mecacircnicas

para atingir melhores rendimentos que o motor original pois eacute um motor que foi

utilizado em competiccedilotildees de motovelocidade na categoria RD 135 Diversas

peccedilas foram modificadas tais como sistema de alimentaccedilatildeo escapamento

vaacutelvula de palhetas igniccedilatildeo combustiacutevel diagramaccedilatildeo do cilindro e taxa de

compressatildeo O sistema de alimentaccedilatildeo original foi substituiacutedo por um carburador

Mikuni TM 30 (conforme Figura 23) o escapamento foi substituiacutedo por um

escapamento dimensionado construiacutedo artesanalmente o sistema de igniccedilatildeo

53

utilizado foi um Motoplat de ponto fixo (conforme Figura 24) e o combustiacutevel

utilizado foi o etanol que aleacutem de ser o combustiacutevel regulamentado para o

campeonato tambeacutem eacute um combustiacutevel que permite extrair mais potecircncia do

motor pois com esse combustiacutevel eacute possiacutevel fazer modificaccedilotildees mecacircnicas

como taxa de compressatildeo e avanccedilo de igniccedilatildeo que natildeo seriam possiacuteveis

utilizando gasolina como combustiacutevel

Fonte wwwjapanbaikucom

Fonte wwwcustojustopt

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo

54

O motor utilizado como base nesse trabalho natildeo eacute um motor original eacute

um motor de competiccedilatildeo e para haver base para comparaccedilatildeo do antes e depois

do processo de inserccedilatildeo do sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica este motor teve sua

potecircncia medida em dinamocircmetro inercial com sua curva de torque e potecircncia

aquisitadas (conforme Figura 25)

Fonte Autor

O motor utilizado passou por uma revisatildeo geral havendo troca de peccedilas

por se tratar de um motor de competiccedilatildeo foi por diversas vezes levado ao

extremo e com a escolha desse motor para o projeto esta revisatildeo se fez

necessaacuteria As imagens a seguir mostram o processo de desmontagem para

verificaccedilatildeo das condiccedilotildees do motor e posterior montagem (Conforme Figuras

262728293031 e 32)

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia

55

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto

56

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2

Figura 29 - Processo de pintura

57

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada

58

Fonte Autor

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico

Para a escolha do sistema de gerenciamento eletrocircnico foi necessaacuteria

grande pesquisa entre as opccedilotildees disponiacuteveis no mercado nacional e

internacional Os sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica disponiacuteveis originalmente em

motocicletas de fabricaccedilatildeo nacional poderiam ter sido uma opccedilatildeo mas foram

logo descartados pois foram concebidos para trabalhar com motores de ciclo

otto o que natildeo eacute o caso e as maneiras de calibraccedilatildeo desses sistemas originais

se tornariam difiacuteceis de conseguir tornando essa escolha inviaacutevel

A busca foi por um sistema ldquostand-alonerdquo auto suficiente e que permitisse

mudanccedila total nos paracircmetros de calibraccedilatildeo normalmente satildeo sistemas

utilizados em competiccedilotildees de automoacuteveis motocicletas caminhotildees etc

Existem sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica ldquostand-alonerdquo muito sofisticados

de fabricantes renomados mundialmente dentro e fora das pistas de corridas

como Magneti Marelli (conforme Figura 33) e Bosch (conforme Figura 34) em

suas divisotildees motorsport

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta

59

Sistemas desses fabricantes satildeo reconhecidamente confiaacuteveis o problema eacute o

valor de um sistema desses que eacute muito caro e os tornam inviaacuteveis para um

projeto experimental de baixo custo Opccedilotildees nacionais tambeacutem foram cogitadas

como o sistema Fueltech poreacutem ainda possuem um custo alto e suas opccedilotildees de

programaccedilatildeo e flexibilidade do sistema ainda eram limitados para o tipo de ciclo

do motor a ser utilizado

A escolha do sistema apoacutes grande pesquisa foi pelo sistema ldquostand-alonerdquo

Speeduino (conforme Figura 35) um sistema totalmente programaacutevel que utiliza

como microcontrolador um Arduino Mega 2560 esse eacute um sistema do tipo ldquoDIYrdquo

Do It Yourself ou em portuguecircs ldquofaccedila vocecirc mesmordquo Estatildeo disponiacuteveis na

internet os layouts das placas de circuito impresso e o usuaacuterio pode fabricar as

proacuteprias placas ou compraacute-las prontas em determinados sites da internet e sua

lista de componentes para montagem tambeacutem estaacute disponiacutevel na internet e eacute

relativamente faacutecil encontraacute-los O custo de produccedilatildeo de um sistema desse eacute

relativamente baixo comparado com outros sistemas do mesmo segmento e

por utilizar Arduino como controlador sua programaccedilatildeo eacute inteira aberta e pode

ser modificada de acordo com as necessidades do usuaacuterio

Fonte wwwmagnetimarellicom

Fonte wwwellis-componentscouk

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport Figura 34 - ECU Bosch MS 151

60

Fonte Autor

33 Arduino Mega 2560

Arduino eacute uma plataforma para programaccedilatildeo criada na Itaacutelia por Massimo

Banzi David Cuartielles Tom Igoe Gianluca Martino e David Mellis no ano de

2005 para entusiastas e profissionais da programaccedilatildeo e da eletrocircnica

permitindo diversos tipos de projetos para estes seguimentos Trata-se de uma

placa com um microcontrolador Atmel possuindo diversas entradassaiacutedas

analoacutegicas e digitais a quantidade dessas entradas e saiacutedas varia de acordo

com o modelo do Arduino Essas entradassaiacutedas podem ser programadas por

uma interface IDE Arduino via computador utilizando linguagem C

Na praacutetica eacute um microcontrolador programaacutevel como qualquer outro de

outros fabricantes por exemplo PIC (Microchip) ou ARM (Freescale) poreacutem tem

sua utilizaccedilatildeo facilitada por jaacute estar inserido em uma placa que contempla

soquetes para pinagem das entradas e saiacutedas e porta de comunicaccedilatildeo USB

Serial para gravaccedilatildeo da programaccedilatildeo no microcontrolador Diferentemente de

outros microcontroladores que necessitam da confecccedilatildeo de uma placa de

circuito impresso para uso e de um programador serial para gravaccedilatildeo da

programaccedilatildeo (conforme Figura 36)

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino

61

Fonte httpswwwamazoncom

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560

Microcontrolador ATmega 2560 (Atmel)

Tensatildeo de Operaccedilatildeo 5V

Tensatildeo de Alimentaccedilatildeo (recomendado) 7-12V

Tensotildees Limites de Operaccedilatildeo 6-20V

Saiacutedas Digitais IO 54 saiacutedas sendo 15 PWM

Entradas Analoacutegicas 16

Corrente da Saiacutedas IO 20mA

Corrente nos Pinos 33V 50mA

Memoacuteria Flash 256Kb

SRAM 8Kb

EEPROM 4Kb

Frequecircncia do Clock 16Mhz

LED_BUILTIN 13

Comprimento da Placa 10152mm

Largura da Placa 5333mm

Peso da Placa Completa 37g

Altura da Placa 12mm

Editado pelo Autor Fonte httpwwwArduinocom

Figura 36 - Arduino Mega 2560

62

34 Speeduino

O sistema Speeduino foi o sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica escolhido para o

projeto Eacute um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica totalmente programaacutevel criado por

Josh Stuart e utiliza um Arduino Mega 2560 como microcontrolador assim como

outros sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel possibilita a calibraccedilatildeo por

completo do sistema de injeccedilatildeo e igniccedilatildeo Para tal utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio que permite diversas configuraccedilotildees do

sistema de injeccedilatildeo tais como o meacutetodo de calibraccedilatildeo utilizado configuraccedilatildeo dos

mapas de avanccedilo de igniccedilatildeo e tempo de injeccedilatildeo sistema de malha aberta ou

malha fechada etc

O sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica Speeduino eacute um sistema ldquostand-alonerdquo

ou seja trabalha independente de outros sistemas apenas para gerenciar o

motor a combustatildeo interna seja ele de ciclo quatro ou dois tempos Eacute um sistema

difundido pela internet e permite troca de informaccedilotildees entre usuaacuterios que

trabalham em conjunto para desenvolvimento e aperfeiccediloamento do hardware e

do software o layout principal da placa de circuito impresso tambeacutem estaacute

disponiacutevel na internet bem como a lista de componentes necessaacuterios para a

montagem Este sistema requer um miacutenimo de conhecimento de eletrocircnica para

sua construccedilatildeo um miacutenimo de conhecimento em eleacutetricaeletrocircnica automotiva

para a instalaccedilatildeo do sistema no motor e grande conhecimento em programaccedilatildeo

e mecacircnica automobiliacutestica para calibraccedilatildeo do sistema no motor

63

35 Montagem do Sistema Speeduino

A partir do momento onde foi feita a escolha do sistema Speeduino foi

necessaacuterio obter os componentes necessaacuterios para confecccedilatildeo da placa

(conforme Anexo C) O primeiro passo foi a fabricaccedilatildeo da placa de circuito

impresso a partir do layout disponiacutevel (conforme Figura 37)

Fonte wwwSpeeduinocom

Posteriormente foi feita a aquisiccedilatildeo dos componentes necessaacuterios para a

montagem da placa Esses componentes tambeacutem estatildeo disponiacuteveis na internet

em uma planilha eletrocircnica e satildeo encontrados com relativa facilidade no

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino

64

mercado com exceccedilatildeo de determinados componentes cuja importaccedilatildeo foi

necessaacuteria poreacutem com baixo custo (conforme Anexo C)

Com todos os componentes necessaacuterios em matildeos foi executada a montagem

do sistema o que necessita uma certa habilidade pois o projeto possui diversos

componentes tipo SMD (conforme Figura 38)

Fonte Autor

Com a placa jaacute montada (conforme Figura 39) antes da montagem de todo o

chicote eleacutetrico para funcionamento do motor iniciaram-se os testes de

funcionamento do sistema Por ser um sistema montado artesanalmente os

testes pareciam ser o passo mais certo a se seguir

Figura 38 - Inicio da montagem da placa

65

Fonte Autor

Eacute importante mostrar que o sistema Speeduino utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio (conforme Figura 40) eacute um freeware na

versatildeo baacutesica que foi criado para funcionar em conjunto com outro sistema

de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel conhecido como Megasquirt e o mesmo

tambeacutem eacute utilizado na calibraccedilatildeo do sistema Speeduino Mais adiante seratildeo

feitas explicaccedilotildees detalhadas das configuraccedilotildees do software

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada

66

Fonte Autor

Jaacute no primeiro teste este apresentou resultados negativos com a

eletrocircnica natildeo respondendo agraves configuraccedilotildees e nem mostrando leituras de

sensores

A soluccedilatildeo deste problema veio depois de procurar muito e fazer diversas

mediccedilotildees analisando os diagramas eleacutetricos (conforme Anexo A) O

problema estava na placa de circuito impresso a trilha do aterramento

(GND) natildeo havia sido impressa ou seja natildeo havia aterramento em nenhum

ponto do sistema A placa havia sido impressa por um terceiro Ao entrar em

contato com o mesmo ele disse que enviaria outra placa poreacutem para agilizar

o processo e natildeo ter que esperar novamente a chegada de componentes

uma uacutenica opccedilatildeo surgiu devido aos prazos a de refazer o aterramento da

placa de forma externa (conforme Figura 41) sem nenhuma pretensatildeo de

que isso desse certo poreacutem era uma alternativa para que todo o processo

de funcionamento do motor fosse agilizado

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio

67

Fonte Autor

Apoacutes todo o trabalho de refazer as trilhas de aterramento iniciou-se

novamente a fase testes de funcionamento e os resultados foram positivos

O sistema comeccedilou a responder perfeitamente aos testes iniciais

O elemento de maior importacircncia para o funcionamento desse sistema de

gerenciamento eletrocircnico eacute o sensor de rotaccedilatildeo do motor e foi por ele que

se iniciaram os testes Foi adaptada uma roda focircnica a um torno mecacircnico

e tambeacutem o sensor de rotaccedilatildeo do tipo ldquohallrdquo (conforme Figura 42) para

verificar se o conjunto eletrocircnico do sistema estava recebendo os sinais de

rotaccedilatildeo

Figura 41 - Aterramento refeito externamente

68

Fonte Autor

O teste obteve resultados positivos respondendo perfeitamente a rotaccedilatildeo

do torno mecacircnico sendo testado em diversas rotaccedilotildees diferentes com a

interface do software sempre mostrando os valores de rotaccedilatildeo corretos

Entatildeo os testes que se seguiram foram os de atuaccedilatildeo eleacutetrica como injetor

de combustiacutevel e bobina de igniccedilatildeo todos testes feitos a princiacutepio em

bancada (conforme Figura 43)

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico

69

Fonte Autor

Apoacutes todos os testes em bancada partiu-se para a montagem do chicote

eleacutetrico para funcionamento do sistema no motor e tambeacutem a adaptaccedilatildeo

mecacircnica de suportes para sensores e a adaptaccedilatildeo da roda focircnica

(conforme Figura 44)

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada

70

Fonte Autor

A roda focircnica utilizada eacute proveniente de um motor Volkswagen EA-111

(conforme Figura 45) o sensor de rotaccedilatildeo a ser utilizado pelo sistema de

gerenciamento eletrocircnico Speeduino foi o sensor de efeito hall poderia ser

utilizado o sensor de relutacircncia magneacutetica poreacutem seria necessaacuterio a

confecccedilatildeo de uma eletrocircnica para o condicionamento de sinal

transformando-o para sinal de onda quadrada com amplitude de 5V de

tensatildeo Para evitar a confecccedilatildeo de mais uma eletrocircnica sendo um potencial

ponto fraco do sistema optou-se por utilizar um sensor de rotaccedilatildeo de efeito

hall proveniente dos motores Fiat E-torq 18 (conforme Figura 46) fabricado

pela Continental

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica

71

Fonte Autor

Fonte wwwmercadolivrecombr

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v

72

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico

Neste projeto o sistema de sincronismo eletrocircnico possui dois

componentes apenas satildeo eles a roda focircnica e o sensor de rotaccedilatildeo ambos

adaptados ao projeto e advindos de carros

O sistema de sincronismo eletrocircnico consiste em transformar o

sincronismo mecacircnico do motor em sinais de onda quadrada (conforme Figura

47) que possam ser interpretados pelo sistema de gerenciamento eletrocircnico

proporcionando a injeccedilatildeo de combustiacutevel e disparo da centelha no momento

exato que fora previamente calibrado

Fonte Autor

O sistema consiste de uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes ou seja

satildeo 58 dentes e ausecircncia de 2 dentes Foi adaptada uma roda focircnica do motor

Volkswagen EA-111 poreacutem apoacutes alguns problemas de captaccedilatildeo do sinal esta

foi alterada por uma roda focircnica utilizada em motores Volkswagen AP quando

convertidos a injeccedilatildeo eletrocircnica (conforme Figura 48) essa roda mostrou melhor

resoluccedilatildeo do sinal Hall com menos ruiacutedos no sinal

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall

73

Fonte Autor

Apoacutes vaacuterios testes esta foi a combinaccedilatildeo que melhor funcionou no motor

a roda focircnica aliada ao sensor de rotaccedilatildeo permite a sincronizaccedilatildeo mecacircnica do

motor em relaccedilatildeo ao sistema de gerenciamento eletrocircnico do motor A calibraccedilatildeo

eacute feita da seguinte maneira junto ao software de calibraccedilatildeo do sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica eacute dada a referecircncia em graus da posiccedilatildeo fiacutesica da roda focircnica

em relaccedilatildeo ao motor O primeiro passo eacute colocar o motor em PMS e ver onde se

situa a falha dos dois dentes da roda focircnica a partir disso contar quantos dentes

se tem ateacute o dente que coincide com o sensor de rotaccedilatildeo (conforme Figura 49)

Figura 48 - Roda Focircnica

74

Fonte Autor

Como eacute utilizada uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes cada dente

equivale a 6deggraus de resoluccedilatildeo sendo 3deg do bordo de subida e 3deg do bordo de

descida no caso do projeto o sensor coincide com o 37deg dente a partir da falha

e isso equivale a 228deggraus a partir da falha Todo o sincronismo do motor eacute feito

baseado nessa referecircncia sendo este valor colocado como referecircncia no

software de gerenciamento eletrocircnico (conforme Figura 50)

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

75

Fonte Autor

A partir deste momento todo o sincronismo do motor estaacute baseado nestes

dados e quando o motor estiver em PMS o sistema eletrocircnico saberaacute disso pois

o sensor de rotaccedilatildeo estaraacute alinhado com o 37deg dente que eacute a referecircncia para o

sistema

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

76

37 Corpo de Borboleta

O corpo de borboletas utilizado (conforme Figura 51) eacute proveniente das

motocicletas Honda CB300 e XRE300 possui 35mm de venturi e eacute fabricado

pela empresa japonesa Keihin famosa pela fabricaccedilatildeo de carburadores de

motocicletas tambeacutem possui uma unidade de sensores integrados Foi utilizado

por ser um componente de faacutecil aquisiccedilatildeo no mercado brasileiro o que permite

faacutecil manutenccedilatildeo quando necessaacuterio e seu formato fiacutesico permite a utilizaccedilatildeo de

uma grande gama de injetores diferentes quando isso se faz necessaacuterio

Tambeacutem houve uma pequena adaptaccedilatildeo no coletor de admissatildeo que tambeacutem

eacute proveniente das mesmas motocicletas Honda essa adaptaccedilatildeo se deve ao fato

de o motor em questatildeo possuir o sistema de vaacutelvulas de palhetas na admissatildeo

o que natildeo acontece nas motocicletas Honda que possuem motor de quatro

tempos

Fonte Autor

Figura 51 - Corpo de Borboleta

77

38 Unidade de Sensores

A unidade de sensores refere-se a uma unidade composta por trecircs

sensores que jaacute estaacute acoplada ao corpo de borboletas Keihin e contempla os

sensores

MAP ndash Manifold Absolute Pressure (Pressatildeo Absoluta no Coletor)

IAT ndash Intake Air Tempeture (Temperatura do Ar Admitido)

TPS ndash Throttle Position Sensor (Sensor de Posiccedilatildeo do Acelerador)

Destes sensores natildeo foi utilizado apenas o sensor Map pois a unidade

de gerenciamento eletrocircnico jaacute possui um sensor Map integrado que foi utilizado

Estes sensores puderam ser configurados para utilizaccedilatildeo com o sistema

de gerenciamento eletrocircnico sem o menor problema

381 Sensor TPS

Este sensor se refere ao sensor que envia a informaccedilatildeo de posiccedilatildeo da

borboleta para o sistema de gerenciamento eletrocircnico Nada mais eacute do que um

potenciocircmetro que varia a resistecircncia ocirchmica ao se variar a posiccedilatildeo do

acelerador

Sua calibraccedilatildeo eacute feita em tempo real com a unidade de gerenciamento

eletrocircnico (conforme Figura 52) onde se informa a posiccedilatildeo do acelerador

totalmente fechado e totalmente aberto o sistema de gerenciamento jaacute adquire

o valor de resistecircncia ocirchmica e faz os caacutelculos para os valores intermediaacuterios e

a interpretaccedilatildeo das posiccedilotildees

78

Fonte Autor

382 Sensor IAT

Este sensor eacute responsaacutevel por aquisitar a temperatura do ar que estaacute

sendo admitido ou seja que estaacute momentaneamente passando pelo corpo de

borboletas Este assim como o sensor de posiccedilatildeo da borboleta e tambeacutem o

sensor de pressatildeo absoluta no coletor eacute utilizado para o caacutelculo da massa de ar

que estaacute sendo admitida pelo motor Este sensor eacute calibrado a partir dos valores

de resistecircncia ocirchmica cujos valores satildeo inseridos no software de calibraccedilatildeo da

unidade de gerenciamento eletrocircnico esses valores natildeo satildeo facilmente

adquiridos pois o fabricante da unidade de sensores natildeo os disponibiliza poreacutem

outro fabricante de sensores a MTE-Thompson fabrica esse mesmo modelo de

unidade de sensores para reposiccedilatildeo do original e entrando em contato com o

departamento teacutecnico eles passam os valores de funcionamento do sensor e

esses valores foram os utilizados para calibraccedilatildeo do sensor de temperatura do

ar admitido (conforme Figura 53)

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS

79

Fonte Autor

383 Sensor MAP

Sensores MAP satildeo utilizados para determinar a pressatildeo do ar admitido

que passa pelo coletor de admissatildeo satildeo muito usados nos sistemas atuais de

gerenciamento eletrocircnico de motores de combustatildeo interna Este tipo de

sensores trabalha utilizando o princiacutepio de strain gage onde haacute a deformaccedilatildeo do

material metaacutelico variando tambeacutem sua resistividade (conforme Figura 54)

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT

80

Fonte Nota de aula ndash Prof Adriano Ribolla (Sist De Gerenc Eletrocircnico 2018)

A funccedilatildeo de variaccedilatildeo da resistecircncia ou fator Gauge pode ser dada pela

expressatildeo

Onde

R resistecircncia (Ω)

ρ constante do material

L comprimento do fio (m)

A secccedilatildeo transversal do fio (msup2)

O sistema de gerenciamento eletrocircnico Speeduino jaacute possuiacute em sua

montagem um sensor MAP interno na sua montagem e mesmo que na

unidade de sensores Keihin utilizada jaacute possuiacutesse um sensor MAP foi

escolhido utilizar o sensor existente na eletrocircnica da unidade de

gerenciamento eletrocircnico apenas pela facilidade de calibraccedilatildeo (conforme

Figura 55)

R= ρ LA

8 - Caacutelculo do Fator Gauge

Figura 54 - Princiacutepio strain gage

81

Fonte Autor

O sensor MAP existente no sistema de gerenciamento eletrocircnico eacute do

fabricante NXPFreescale modelo MPX 4250AP (conforme Anexo B) com um

range de leitura pressatildeo de 20 a 250 kPa

Apoacutes o funcionamento do motor e leitura do sensor foi possiacutevel notar que nos

motores de ciclo dois tempos justamente pelo seu tipo de ciclo e forma

construtiva natildeo seria possiacutevel fazer a calibraccedilatildeo dos mapas de funcionamento

do motor levando-se em conta a leitura de pressatildeo no coletor pois a depressatildeo

no coletor deste tipo de motor eacute muito baixa variando muito pouco Poreacutem este

fato jaacute era de se esperar mas a inserccedilatildeo deste sensor natildeo foi em vatildeo Ela jaacute foi

feita com o objetivo de futuros trabalhos sobre este tipo de sensor em motores

dois tempos para obtenccedilatildeo de valores palpaacuteveis de pressatildeo que possam ser

levados em conta na calibraccedilatildeo do motor

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP

82

39 Sistema de Igniccedilatildeo

O sistema de igniccedilatildeo deve ser compatiacutevel com o sistema de

gerenciamento eletrocircnico utilizado que foi o Speeduino Para isso o sistema de

igniccedilatildeo original do motor foi substituiacutedo por uma bobina utilizada em motores da

linha VW (conforme Figura 56) bobinas essas com moacutedulo de igniccedilatildeo integrado

e para evitar interferecircncias com o sensor de rotaccedilatildeo ou demais eletrocircnicas do

hardware de gerenciamento foi utilizado cabo vela resistivo do veiacuteculo Fiat Tipo

ie (Conforme Figura 57) as velas originais da motocicleta jaacute eram do tipo

resistiva A bobina poderia ter sido utilizada qualquer uma com moacutedulo de igniccedilatildeo

integrado e o cabo de vela tambeacutem poderia ser qualquer um do tipo resistivo

poreacutem estes foram escolhidos apenas por se integrarem melhor fisicamente ao

projeto

Fonte wwwmercadolivrecombr Fonte wwwacnpecascombr

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo

83

4 Calibraccedilatildeo do Motor

Atualmente a calibraccedilatildeo de motores de combustatildeo interna tem tido como

objetivo principal melhorar autonomia com relaccedilatildeo a consumo de combustiacutevel e

diminuiccedilatildeo das emissotildees de poluentes muito em funccedilatildeo de legislaccedilotildees mais

riacutegidas e restritivas Novas teacutecnicas construtivas de motores e implementaccedilotildees

de novas teacutecnicas de calibraccedilatildeo tem sido utilizadas como downsizing turbo-

compressores injeccedilatildeo direta de combustiacutevel para sistemas ldquoflex-fuelrdquo ou ateacute

mesmo sistemas mistos utilizando injeccedilatildeo direta e indireta de combustiacutevel em

um mesmo motor Estes meacutetodos elevaram o niacutevel tecnoloacutegico dos motores de

combustatildeo interna extraindo grande potecircncia diminuindo massa de motores

poreacutem com a necessidade de muita eletrocircnica embarcada

Um dos intuitos deste trabalho eacute a inserccedilatildeo de um sistema de

gerenciamento eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos a princiacutepio de

maneira experimental apenas para obter preacutevias de sua viabilidade

construtivamente e dar a motores que utilizam este tipo de ciclo a oportunidade

de ressurgirem ou natildeo no mercado com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias e

eletrocircnica embarcada ou mesmo proporcionar uma longevidade de seu uso em

competiccedilotildees

Para a calibraccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico que foi

escolhido o sistema Speeduino utilizamos o software de calibraccedilatildeo Tuner

Studio o qual jaacute foi previamente apresentado Seratildeo mostrados a seguir os

passos e direccedilotildees tomadas no que diz respeito a calibraccedilatildeo deste motor de ciclo

dois tempos em questatildeo

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais

Inicialmente eacute necessaacuterio a introduccedilatildeo de alguns dados pertinentes ao

motor e a estrateacutegia de funcionamento do mesmo para tal utilizamos a tela

ldquoEngine Constantsrdquo ou constantes do motor no software Tuner Studio Em

seguida detalhamos os dados de acordo com as caracteriacutesticas do motor que foi

escolhido para o trabalho (conforme Figura 58)

84

Fonte Autor

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor

85

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel

A tabela de injeccedilatildeo de combustiacutevel eacute baseada no meacutetodo VE ldquoVolumetric

Efficiencyrdquo ou eficiecircncia volumeacutetrica neste sistema utiliza-se o item ldquoCalculated

Required Fuelrdquo ou caacutelculo de combustiacutevel necessaacuterio (Conforme Figura 58) o

valor disponibilizado neste item representa o tempo necessaacuterio de injeccedilatildeo de

combustiacutevel baseado em 100 da eficiecircncia volumeacutetrica do motor e

posteriormente desenvolve-se a tabela VE de acordo com as necessidades do

motor (conforme Figura 59) em funccedilatildeo de rotaccedilatildeo do motor e posiccedilatildeo da

borboleta podendo ou natildeo estes valores serem multiplicados pelo valor de

pressatildeo do sensor MAP poreacutem no caso deste trabalho natildeo se utilizou o a

multiplicaccedilatildeo pelo sensor pois este dado se mostrou insatisfatoacuterio para motores

de ciclo dois tempos que geram pouca ou nenhuma depressatildeo no coletor de

admissatildeo

FonteAutor

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE

86

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo

A tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo permite determinar o momento em que seraacute

disparada a centelha pela vela de igniccedilatildeo permitindo a queima da mistura

arcombustiacutevel Os valores inseridos na tabela satildeo valores que representam o

acircngulo em graus antes do ponto morto superior do motor PMS (conforme Figura

60) em que seraacute disparada a centelha esta deve ser disparada alguns graus

antes do PMS pois a queima da mistura deve ser aproveitada ao maacuteximo e para

que isso aconteccedila deve se adotar um ponto de igniccedilatildeo de forma que a frente de

chama tenha tempo suficiente para queimar dentro do cilindro caso contraacuterio a

queima se torna ineficiente e acaba por desperdiccedilar combustiacutevel que acaba

sendo jogado para o escapamento sem que este seja queimado

Os valores de avanccedilo em graus inseridos nesta tabela tambeacutem tecircm seu

funcionamento em funccedilatildeo dos eixos de posiccedilatildeo da borboleta do acelerador e

rotaccedilatildeo do motor

Fonte Autor

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo

87

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada

Usualmente em uma grande montadora ou grande equipe de corridas

essas tabelas seriam desenvolvidas em um laboratoacuterio de desenvolvimento de

motores com diversos equipamentos para controle e aquisiccedilatildeo de dados Poreacutem

por se tratar de um trabalho acadecircmico e de baixo custo natildeo houve a

possibilidade de utilizaccedilatildeo de ferramentas desta espeacutecie desta maneira a tabela

foi toda desenvolvida experimentalmente atraveacutes de horas observando

deficiecircncias e comportamentos do funcionamento do motor

5 Dados do Motor (Modificado)

Tendo em vista que este motor eacute proveniente de uma motocicleta de

competiccedilatildeo as caracteriacutesticas originais dele foram modificadas e a motocicleta

utilizada no projeto tambeacutem (conforme Figura 61) Seguem os dados teacutecnicos

com a modificaccedilotildees do motor

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 59mm x 50mm

Cilindrada 1367cmsup3

Taxa de Compressatildeo 145 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Injeccedilatildeo eletrocircnica com corpo de borboletas de 35mm

de diacircmetro e injetor de combustiacutevel Keihin Flex

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo gerenciada a partir da ECU com o uso de Bobina

Bosch utilizada em motores Volkswagen AP ndash MI

Lubrificaccedilatildeo Premix na proporccedilatildeo de 35ml por litro de etanol

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Etanol

Potecircncia 245cv a 9400rpm

Torque 190kgfm a 9000rpm

88

Fonte Autor

6 Resultados

Os resultados obtidos neste trabalho foram deveras satisfatoacuterios

mostrando que eacute possiacutevel o funcionamento de um motor de ciclo dois tempos

utilizando como meacutetodo de injeccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo um sistema de

gerenciamento eletrocircnico moderno Abordagem essa que seria impensaacutevel anos

atraacutes hoje se tornou uma realidade talvez abrindo novos horizontes para o futuro

de motores que utilizem ciclo dois tempos talvez natildeo comercialmente mas ainda

que para seu uso em competiccedilotildees possa ser extraiacutedo o maacuteximo de rendimento

possiacutevel

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees

89

7 Conclusatildeo

Seguramente o desenvolvimento de uma metodologia soacutelida no

desenvolvimento de sistemas de gerenciamento eletrocircnico e calibraccedilatildeo voltadas

para motores de ciclo dois tempos natildeo seraacute uma tarefa faacutecil existe uma longa

estrada a se percorrer para se chegar ao mesmo niacutevel de desenvolvimento

existente destes sistemas para motores de ciclo quatro tempos ou mesmo diesel

Contudo o projeto se mostrou viaacutevel e mesmo que natildeo tenha havido

possibilidade de testes em dinamocircmetro o comportamento do motor mostrou-se

estaacutevel com o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica Possivelmente houve ganhos de

desempenho e esses testes podem ser executados como tarefa futura no intuito

de comprovar possiacuteveis resultados favoraacuteveis

Cabe aos futuros projetos novas soluccedilotildees e abordagens que podem ser

pensadas especificamente para o motor de ciclo dois tempos pois mesmo que

sua fabricaccedilatildeo seja descontinuada para veiacuteculos comerciais sua fabricaccedilatildeo para

suprir necessidades de veiacuteculos de competiccedilatildeo ainda pode prosseguir por anos

e o uso de tecnologia moderna nesses motores pode vir a extrair niacuteveis de

potecircncia e torque antes natildeo atingidos com a utilizaccedilatildeo de igniccedilotildees de ponto fixo

e carburadores Tambeacutem pode alterar caracteriacutesticas de desempenho do motor

como a falta de torque em baixas rotaccedilotildees

Neste projeto o motor original utilizado natildeo foi fabricado para comportar

uma injeccedilatildeo eletrocircnica por isso houve muitos esforccedilos nas adaptaccedilotildees para que

o funcionamento deste motor com esta tecnologia fosse possiacutevel Poreacutem se

pensarmos em uma produccedilatildeo fabril para motores dois tempos projetados para

que utilizem injeccedilatildeo eletrocircnica originalmente isso torna o processo todo muito

mais viaacutevel do ponto de vista comercial aleacutem de implementar uma tecnologia

que tiraria os motores de ciclo dois tempos da aposentadoria podendo ateacute se

pensar em niacuteveis de emissotildees poluentes melhores mesmo que seu uso seja

exclusivo apenas em competiccedilotildees De toda forma um passo foi dado com a

realizaccedilatildeo deste projeto e o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica se mostrou ser uma

tecnologia segura e confiaacutevel para a utilizaccedilatildeo em motores de ciclo dois tempos

90

8 Propostas Futuras

Vaacuterios passos podem ser dados como propostas futuras mas pensando

no alto iacutendice de poluiccedilatildeo gerado por este tipo de motor pode se pensar em um

controle eletrocircnico da injeccedilatildeo de oacuteleo dois tempos para lubrificaccedilatildeo podendo-se

desenvolver algum meacutetodo de verificaccedilatildeo da necessidade de lubrificaccedilatildeo do

motor fazendo injeccedilatildeo de oacuteleo controlada por quantidade e por demanda

Tambeacutem pode-se pensar na utilizaccedilatildeo de catalisadores no escapamento para

diminuiccedilatildeo das emissotildees de gases poluentes o que com certeza deveraacute ser

estudado e caberaacute diversos testes e experimentaccedilotildees de materiais poreacutem

podendo obter resultados positivos

No sistema de injeccedilatildeo de combustiacutevel utilizado neste trabalho foi usado

o meacutetodo de injeccedilatildeo indireta de baixa pressatildeo utilizando uma pressatildeo na linha

de combustiacutevel na ordem de 3bar Futuramente pode-se fazer testes e anaacutelises

a respeito do uso da injeccedilatildeo indireta de combustiacutevel neste tipo de motor em

busca de quais seriam seus benefiacutecios Ainda sobre a injeccedilatildeo de combustiacutevel

uma anaacutelise que deve ser feita eacute em relaccedilatildeo a modificaccedilatildeo da posiccedilatildeo do injetor

de combustiacutevel que atualmente se situa no coletor de admissatildeo este pode ser

montado em alguma posiccedilatildeo estrateacutegica como no caacuterter do motor diretamente

ou em alguma das janelas por exemplo nas janelas de transferecircncia devendo-

se analisar os ganhos e perdas dessa montagem

Um sistema que foi utilizado neste trabalho poreacutem trouxe pouco benefiacutecio

foi o uso do sensor MAP Devido agrave baixa depressatildeo no coletor de admissatildeo

gerada por motores dois tempos uma soluccedilatildeo seria a aquisiccedilatildeo de dados com

alguns sensores de pressatildeo instalados em determinados pontos do motor como

no caacuterter admissatildeo e janelas de transferecircncia Isto para se analisar pontos de

baixa e alta pressatildeo durante os ciclos do motor podendo ser criado um algoritmo

que calcule uma meacutedia de pressatildeo mais palpaacutevel que possa ser levada em conta

na calibraccedilatildeo da injeccedilatildeo de combustiacutevel

91

9 Referecircncias Bibliograacuteficas

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Newnes 1992 166 p

Tillmann Carlos Antonio da Costa Motores de Combustatildeo Pelotas - RS

Rede eTec Brasil 2013

Vieilledent Edmond Low Pressure Electronic Fuel Injection System for

Two-Stroke Engines SAE Paper 780767 EUA 1978

92

10 Referecircncia Figuras

Figura 1

Fonte httpsimageshutterstockcomimage-vectorsystem-twostroke-engines-

vectortwostroke-engine-600w-524929192jpg acessado em 26052019 agraves

1922

Figura 2

Fonte

httpwwwrichstaylordportingcomimagephoto_Modern2strokePorting_3jpg

acessado em 26052019 agraves 1924

Figura 3

Fonte httpsiebayimgcomimagesg~TsAAOSw~1FUVYxas-l1600jpg

acessado em 26052019 agraves 1927

Figura 4

Fonte httpswwwamazonesBoyesen-varillas-vC3A1lvula-Yamaha-

BlasterdpB003Y7YXPO acessado em 26052019 agraves 1930

Figura 5

Fonte

httppersonalpsueduusersbmbmb5967Electronic20Rotary20Valve20

Essaypdf acessado em 26052019 agraves 1936

Figura 6

Fonte

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20060523-D00000png acessado em 26052019 agraves 1938

Figura 7

Fonte http1bpblogspotcom-

LFtpWtfk_J0VVcNRz024fIAAAAAAAACqEOFi6kADEwjws1600valves-

a12i2jpg acessado em 26052019 agraves 1941

Figura 8

Fonte httpsipinimgcom236xccffc0ccffc0bbf8d95f226062728cd4d4dc1e--

configuration-portjpg acessado em 26052019 agraves 1944

93

Figura 9

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 10

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 11

Fonte httpwwwcmraracingcomshowthreadphp30922-For-Sale-And-yet-

even-more-Honda-RS125-Parts acessado em 02062019 agraves 2044

Figura 12

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 13

Fonte httpswwwpvldeenproductselectronic-electrical-engineering

acessado em 02062019 agraves 2051

Figura 14

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 15

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 16

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 17

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Figura 18

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

94

Figura 19

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Figura 20

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom201404 acessado em 02062019 agraves

2104

Figura 21

Fonte httpflaviolucasmmblogspotcom201508componentes-da-injecao-

eletronicahtml acessado em 02062019 agraves 2110

Figura 22

Fonte httpsmotos-motorcombrmfipeprecos-tabela-yamaha-rd-135-1994

acessado em 02062019 agraves 2116

Figura 23

Fonte httpswwwjapanbaikucomtm-27-8006 acessado em

02062019 agraves 2122

Figura 24

Fonte httpswwwcustojustoptleiriapecas-motasrotor-motoplat-bobine-

externa-anti-horario-28261205 acessado em 02062019 agraves 2124

Figura 25

Fonte Autor

Figura 26

Fonte Autor

Figura 27

Fonte Autor

Figura 28

Fonte Autor

Figura 29

Fonte Autor

Figura 30

Fonte Autor

95

Figura 31

Fonte Autor

Figura 32

Fonte Autor

Figura 33

Fonte httpswwwmagnetimarellicomnode65 acessado em 02062019 agraves

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Figura 34

Fonte httpswwwbosch-motorsportcomcontentdownloadsRacepartsen-

GB49044619111858827html acessado em 02062019 agraves 2135

Figura 35

Fonte Autor

Figura 36

Fonte httpswwwamazoncomSmartProjects-Mega-Arduino-MEGA-

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Figura 37

Fonte

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acessado em 02062019 agraves 2145

Figura 38

Fonte Autor

Figura 39

Fonte Autor

Figura 40

Fonte Autor

Figura 41

Fonte Autor

Figura 42

Fonte Autor

Figura 43

Fonte Autor

96

Figura 44

Fonte Autor

Figura 45

Fonte Autor

Figura 46

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-879906333-080036-sensor-de-

rotaco-fiat-idea-e-torq-16-linea-16-18-_JMquantity=1 acessado em

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Figura 47

Fonte Autor

Figura 48

Fonte Autor

Figura 49

Fonte Autor

Figura 50

Fonte Autor

Figura 51

Fonte Autor

Figura 52

Fonte Autor

Figura 53

Fonte Autor

Figura 54

Fonte Slides aulas SAGE ndash Prof MSc Adriano Ribolla

Figura 55

Fonte Autor

Figura 56

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-839220558-bobina-ignico-gol-

saveiro-parati-10-kombi-16-mi-3-pinos-

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z4XlO7l-

97

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Figura 57

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todos-injecao-eletronica acessado em 22062019 agraves 2345

Figura 58

Fonte Autor

Figura 59

Fonte Autor

Figura 60

Fonte Autor

Figura 61

Fonte Autor

98

Apecircndice I

Lista de peccedilas e componentes utilizados

Componente Fabricante Part Number (OEM)

Fabricante Part Number (Reposiccedilatildeo)

Qtd

Injetor de Combustiacutevel Keihin 3340-9657-7489 Magnetron MAGNETRON 154-209-B 1

Bobina de Igniccedilatildeo Bosch F000ZS0104 NGK NGK U1092 1

Cabo de Vela Bosch F00099C067 NGK NGK SC-T58 1

Sensor Hiacutebrido - MAP - TPS - IAT

Keihin 16060-KVK-901 MTE-Thomson

MTE6701 1

Sensor de Rotacatildeo HALL Continental 55223464 MTE-Thomson

MTE70565 1

Bomba de Combustiacutevel Delphi BCD 00101 Bosch 580464070 1

Regulador de Pressatildeo Comb

SPA SPA TURBO 1

Roda Focircnica 60-2 Fueltech JR7401PTAz 1

Corpo de Boboletas XR300

Keihin 1641A-KWT-305 1

99

Anexo A

Esquema eleacutetrico do sistema de gerenciamento eletrocircnico

100

101

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

Anexo B

Datasheet Sensor MAP ndash NXPFreescale MPX4250AP

112

113

114

115

116

117

118

119

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122

123

124

125

126

127

Anexo C

Lista de componentes Speeduino

Qtd Referecircncia na Placa Componente Valor Modelo

1 C16 CAP TANT 10uF 35V 10 RADIAL 10uF

6 C2C4C6C8C10C24 CAP CER 022uF 50V 10 RADIAL 220nF 224

7 C1C3C5C7C9C13C15 CAP CER 01uF 50V 20 RADIAL 100nF 104

1 C14 CAP TANT 47uF 63V 10 RADIAL 47uF

1 C18 CAP CER 033uF 50V 10 RADIAL 330nF 334

2 C19C25 CAP CER 10000pF 50V 10 RADIAL 10nF 103

3 C11C12C20 CAP CER 1uF 50V 20 RADIAL 1uF 105

1 C23 CAP CER 4700pF 100V 10 RADIAL 47nF 472

1 D16 DIODO ZENER 56V 3W AXIAL 1N5919BG 1N5919BG 2 D15D17 DIODO SCHOTTKY 1A 30V DO41 1N5818 1N5818

8 LED1LED2LED3LED4

LED5LED6LED7LED8 LED SS 3MM LED

4 D9D10D11D12 DIODO USO GERAL 400V 1A DO41 1N4004 1N4004

1 U2 VARISTOR 14MM 22V 1000A ZNR Varistor ZNR

V14D220

8 Q1Q2Q3Q4Q5Q6Q7

Q8 MOSFET N-CH 33V TO-220

62A

MOSFET STP75NS04Z

1 R54 RES 100K Ohm 14W 1 METAL

FILM 10kΩ

14W - 1

17

R10R13R16R19R21

R23R24R29R30R39

R40R50R51R57R58

R59R60

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 1kΩ

14W - 1

4 R9R12R15R18 RES 680 Ohm 06W 1 AXIAL 680Ω 14W - 1

6 R2R4R6R8R22R41 RES FILME METAacuteLICO 14W 470

Ohm 1 AXIAL 470Ω

14W - 1

7 R1R3R26R28R33R34

R61

249k Ohm plusmn1 025W 14W FILME

METAacuteLICO 249kΩ

14W - 1

1 R7 RES 39K Ohm 14W 01 FILME

METAacuteLICO 39kΩ

14W - 1

12

R11R14R17R20R35R3

6R37R38R48R49

R55R56

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 100kΩ

14W - 1

4 R25R27R31R32 RES 160 Ohm 2W 1 AXIAL 160Ω 2W - 1

1 U1 REGULADOR DE TENSAtildeO

LM2940-50 1A TO220 LM2940T 50NOPB

1 MPX4250A SENSOR MAP 363 PSI MAX 1-Bar MAP MPX4250AP

2 IC1IC2 CI MOSFET DVR 3A DUAL HS 8-DIP TC4424EP

A TC4424EPA

Page 13: FACULDADE DE TECNOLOGIA FATEC SANTO ANDRÉfatecsantoandre.edu.br/arquivos/TCC/227-Mecanica/TCC511.pdfLista de Unidades de Medida cm³ - unidade de volume, centímetros cúbicos mm

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1 55

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2 56

Figura 29 - Processo de pintura 56

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo 57

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada 57

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta 58

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport 59

Figura 34 - ECU Bosch MS 151 59

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino 60

Figura 36 - Arduino Mega 2560 61

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino 63

Figura 38 - Inicio da montagem da placa 64

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada 65

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio 66

Figura 41 - Aterramento refeito externamente 67

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico 68

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada 69

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica 70

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes 71

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v 71

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall 72

Figura 48 - Roda Focircnica 73

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 74

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo 75

Figura 51 - Corpo de Borboleta 76

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS 78

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT 79

Figura 54 - Princiacutepio strain gage 80

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP 81

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW 82

Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo 82

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor 84

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE 85

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo 86

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees 88

Lista de Graacuteficos

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3

1996 20

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos

com rotaccedilatildeo em 6000 RPM 35

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de

retorno 44

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor 46

Lista de Quadros

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos 23

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para oldquoHeaderrdquo 43

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor 44

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor 45

Quadro 5 - Comprimento da ponteira 47

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560 61

Lista de Foacutermulas

1 - Caacutelculo da Taxa de Compressatildeo 34

2 - Volume a ser comprimido (fabricantes japoneses) 34

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento 42

4 - Dimensotildees do Escapamento Header 43

5 - Dimensotildees do Escapamento Difusor 45

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor 46

7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo 47

8 - Caacutelculo do Fator Gauge 80

18

1 Introduccedilatildeo

Em 1878 um engenheiro escocecircs criou o projeto tido como o primeiro motor

de ciclo dois tempos e eacute atribuiacutedo a ele esta invenccedilatildeo este engenheiro era

Dugald Clerk Poreacutem este motor possuiacutea algumas diferenccedilas dos motores dois

tempos que conhecemos e utilizamos durante todo o seacuteculo XX ateacute os dias de

hoje Nos motores de Clerk a admissatildeo era feita por bombeamento separado do

motor possuiacutea vaacutelvulas e utilizava gaacutes como combustiacutevel (NUNNEY 1992)

O primeiro motor de ciclo dois tempos com as caracteriacutesticas que hoje

conhecemos com admissatildeo inicial e compressatildeo no caacuterter transferecircncia da

mistura feita por janelas nas laterais do cilindro sem vaacutelvulas soacute foi inventado

por volta de 1892 pelo inglecircs Joseph Day que por volta de 1889 comeccedilou a

desenvolver um motor de combustatildeo interna sem infringir as patentes de

Nikolaus Otto as quais eram as patentes do motor com ciclo a quatro tempos

(BOOTHROYD 2006)

As patentes de Nikolaus Otto satildeo atualmente invaacutelidas e atribuiacutedas a um

engenheiro francecircs Alphonse-Eugene Beau de Rochas o qual havia feito todos

estudos pesquisas e projetos sobre este ciclo anos antes em 1862 poreacutem natildeo

chegou a construir um motor assim como Otto o fez (TILLMAN 2013)

A invenccedilatildeo do motor dois tempos eacute creditada a Dugald Clerk Satildeo citados

diversos pesquisadores engenheiros inventores e construtores como pessoas

que desenvolveram e agregaram conhecimento a este tipo de motor poreacutem foi

possiacutevel observar durante as pesquisas que Day eacute pouco lembrado em livros e

documentos poreacutem historicamente foi quem idealizou e construiu as soluccedilotildees

para o motor dois tempos que utilizamos quase que literalmente ateacute os dias de

hoje (BOOTHROYD 2006)

Durante o seacuteculo XX os motores dois tempos foram amplamente utilizados

na induacutestria automotiva Foram construiacutedos diversos veiacuteculos com esses

motores carros motocicletas caminhotildees e tratores O primeiro estudo e

construccedilatildeo de protoacutetipo de injeccedilatildeo eletrocircnica voltada para motores dois tempos

aconteceu em 1978 exatos cem anos da construccedilatildeo do motor de Clerk e foi

feita por Edmond Vieilledent que conseguiu obter relativo sucesso em suas

pesquisas e desenvolvimento poreacutem a tecnologia de microprocessamento na

19

eacutepoca inicial e o custo para implementaccedilatildeo relativamente alto em motores de

baixa cilindrada aparentemente inviabilizou o projeto em larga escala

(VIEILLEDENT 1978)

Quarenta anos apoacutes o trabalho de Vieilledent em 2018 a fabricante de

motocicletas austriacuteacas KTM Motorcycle disponibiliza para venda no mercado

motocicletas de competiccedilatildeo off-road de 250 e 300cmsup3 com sistema de injeccedilatildeo

eletrocircnica o que vem a corroborar a ideia de que os motores dois tempos para

determinadas aplicaccedilotildees merecem a implementaccedilatildeo de novas tecnologias para

que haja junto com a evoluccedilatildeo eletrocircnica novos resultados aplicados aos

motores dois tempos

11 Motivaccedilatildeo

As motivaccedilotildees deste trabalho surgem da premissa de reduzir algumas

deficiecircncias intriacutensecas do funcionamento dos motores de ciclo dois tempos

funcionamento que seraacute abordado e explicado em um toacutepico especiacutefico adiante

Para isso seraacute utilizado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel com

processamento de dados feito a partir de um Arduino Mega 2560 montado em

um motor Yamaha de 135cmsup3 de 2 tempos de fabricaccedilatildeo nacional produzido ateacute

o ano de 2000 Este motor equipou por mais de vinte anos as motocicletas

Yamaha Rd e Rdz 135cmsup3 e possuiacuteam como sistema de alimentaccedilatildeo de

combustiacutevel carburadores com diacircmetro de venturi 24mm e 26mm

respectivamente e sistema de igniccedilatildeo por descarga capacitiva com curva de

igniccedilatildeo preacute-estabelecida

Os motores dois tempos possuem caracteriacutesticas de funcionamento muito

peculiares e produzem uma potecircncia especiacutefica relativamente alta poreacutem esta

potecircncia vem de uma curva de torque caracteriacutestica do projeto do motor sendo

muito difiacutecil conseguir obter uma curva onde se consiga que a potecircncia seja alta

em todas as faixas de rotaccedilatildeo A maioria dos projetos de motores dois tempos

favorece a potecircncia em uma faixa de rotaccedilatildeo muito estreita por exemplo motores

que satildeo projetados para terem alto torque natildeo possuem alta rotaccedilatildeo e motores

para alta potecircncia soacute conseguem atingir esta potecircncia apoacutes os 10000rpm e todo

o resto da curva de potecircncia do motor eacute esquecida Este trabalho visa a

20

introduccedilatildeo de um sistema de gerenciamento de combustiacutevel e igniccedilatildeo eletrocircnico

para obter uma possiacutevel melhora da faixa de potecircncia aumentando a largura

dessa faixa de potecircncia elevada

Podemos notar ao analisarmos o graacutefico 1 que este tipo de motor produz

uma faixa de trabalho uacutetil de aproximadamente 1500 rpm somente apoacutes os

10000 rpm esta caracteriacutestica torna a pilotagem destas motocicletas em regime

de competiccedilatildeo muito difiacutecil e cansativa

Fonte httppulpmxcom

Com a inserccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico seraacute feita a

tentativa de implementar uma calibraccedilatildeo que natildeo privilegie somente uma faixa

tatildeo pequena de trabalho buscando antecipar e ampliar esta faixa de potecircncia

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3 1996

21

12 Objetivos

Os objetivos deste trabalho satildeo construir montar adaptar e talvez a parte

mais complexa calibrar um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel em um

motor de ciclo dois tempos Natildeo existem muitas informaccedilotildees a respeito de

calibraccedilatildeo eletrocircnica para motores em geral muito menos para motores dois

tempos o que torna esse acerto um tanto quanto difiacutecil

Como descrito anteriormente a motivaccedilatildeo vecircm da capacidade de tentar

incrementar potecircncia em um motor de pouca massa e isso eacute o essencial para

regimes de performance em competiccedilotildees de karts naacuteuticas e de motocicletas

A busca seraacute por uma calibraccedilatildeo final que alargue a faixa de potecircncia do motor

ou seja melhorando suas caracteriacutesticas de funcionamento utilizando um

sistema de gerenciamento eletrocircnico com alguns sensores que seja confiaacutevel e

que permita a sua utilizaccedilatildeo em quaisquer condiccedilotildees climaacuteticas e ambientais

tais como umidade temperatura e pressatildeo atmosfeacuterica

13 Contribuiccedilotildees Esperadas

As contribuiccedilotildees estatildeo relacionadas com os objetivos descritos na

subseccedilatildeo 12 e satildeo elas

a) Promover uma anaacutelise de forma ampla sobre os aspectos positivos e

negativos dos motores que utilizam o ciclo de dois tempos

b) Renovar alguns dados encontrados na literatura teacutecnica a respeito dos

motores dois tempos que na maioria dos livros sobre motores de

combustatildeo interna satildeo dados advindos do estudo de motores anteriores

a deacutecada de 1950 ou seja informaccedilotildees que merecem atualizaccedilatildeo

c) Expor os aspectos positivos do uso da eletrocircnica e programaccedilatildeo no

gerenciamento de motores

d) Possibilitar a adaptaccedilatildeo de uma tecnologia moderna e aberta (open

source) em antigos motores de combustatildeo interna que originalmente

possuiacuteam alimentaccedilatildeo de combustiacutevel mecacircnica e sistema de igniccedilatildeo

simplificado

e) Mostrar as possiacuteveis e esperadas dificuldades de se calibrar o sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos

22

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho

Este trabalho abordaraacute a inserccedilatildeo de um sistema de gerenciamento

eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos sendo assim o assunto eacute abordado

em trecircs fases

Fase Inicial Aborda todo o conceito de funcionamento mecacircnico do motor

de ciclo dois tempos princiacutepios caracteriacutesticas de construccedilatildeo soluccedilotildees

adotadas ao longo da histoacuteria principais aplicaccedilotildees Esta parte tambeacutem tem por

objetivo ampliar o entendimento deste tipo de motor que eacute pouco esclarecido

em literaturas teacutecnicas e quando apresentado em livros utiliza o princiacutepio de

funcionamento correto poreacutem demonstra exemplos de motores antigos sem

muitas soluccedilotildees eficientes

Fase Intermediaacuteria Aborda todas as soluccedilotildees eleacutetricas e eletrocircnicas que

seratildeo utilizadas para o desenvolvimento do protoacutetipo histoacuterico de aplicaccedilotildees em

motores dois tempos processo de escolha montagem de componentes e

sensores anaacutelise de funcionamento e dificuldades enfrentadas

Fase Final Mostra os processos necessaacuterios para fazer a calibraccedilatildeo de

um motor de combustatildeo interna utilizando gerenciamento eletrocircnico aplicaccedilatildeo

em motores dois tempos quais as dificuldades e resultados obtidos

23

2 Fundamentaccedilatildeo

Os motores de ciclo dois tempos possuem o conceito mecacircnico da

termodinacircmica para seu funcionamento onde eacute admitido uma mistura de ar e

combustiacutevel pelo orifiacutecio de admissatildeo Posteriormente essa mistura sofre uma

melhor homogeneizaccedilatildeo no caacuterter junto ao eixo de manivelas onde tambeacutem eacute

comprimido e transferido para a cabeccedila do pistatildeo pelos orifiacutecios de transferecircncia

apoacutes a transferecircncia o pistatildeo inicia o ciclo de subida sentido PMS onde comprime

a mistura ar combustiacutevel e sofre combustatildeo por meio de uma centelha

Nos motores de ciclo dois tempos os pistotildees assim como nos motores

com ciclo quatro tempos possuem movimento alternativo em relaccedilatildeo ao cilindro

poreacutem a lubrificaccedilatildeo dos cilindros eacute feita por meio de oacuteleo misturado com o

combustiacutevel podendo ser forccedilado por uma bomba de lubrificaccedilatildeo que injeta o

oacuteleo no orifiacutecio de admissatildeo ou mesmo por uma mistura oacuteleocombustiacutevel que

pode ser previamente feita Esse sistema simplifica todo o funcionamento deste

tipo de motor poreacutem tambeacutem traz consigo suas deficiecircncias intriacutensecas desse

processo de combustatildeo

Segundo o Manual de Tecnologia Automotiva Bosch (2005) os motores

dois tempos possuem as vantagens e desvantagens que vemos a seguir

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos

Vantagens Desvantagens

Design Simples do Motor Maior Consumo de Combustiacutevel

Baixo Peso Altas Emissotildees de

Hidrocarbonetos

Baixo Custo de Fabricaccedilatildeo Pressatildeo Efetiva Meacutedia mais

Baixa

Padratildeo Melhor de Forccedila de

Torccedilatildeo

Cargas Teacutermicas mais Altas

Marcha Lenta mais deficiente

(Bosch 2005)

24

O desenvolvimento deste trabalho natildeo busca fazer um comparativo entre

os diversos ciclos de funcionamento dos motores de combustatildeo interna

existentes apesar de que em determinados toacutepicos essa comparaccedilatildeo seja

inevitaacutevel Apoacutes a anaacutelise deste trabalho seraacute possiacutevel tirar as proacuteprias

conclusotildees a respeito do funcionamento de motores dois tempos visto que a

maioria das literaturas a respeito dos motores dois tempos natildeo satildeo especiacuteficas

nem tampouco profundas a respeito do tema

21 Objetivos do Capiacutetulo

As seccedilotildees a seguir apresentam o princiacutepio de funcionamento dos motores

de ciclo dois tempos O capiacutetulo iraacute abordar e analisar as fases de funcionamento

e alguns componentes mecacircnicos deste tipo de motor e os resultados de

possiacuteveis modificaccedilotildees em seus componentes

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos

Diferentemente dos motores de ciclo otto a 4 tempos que necessitam a

rotaccedilatildeo de 720deg do eixo aacutervore de manivelas os motores de ciclo dois tempos

necessitam apenas de 360deg do eixo aacutervore de manivelas para executar as quatro

operaccedilotildees baacutesicas de funcionamento de um motor de combustatildeo interna

- Admissatildeo

- Compressatildeo

- Combustatildeo

- Exaustatildeo

25

Apesar das operaccedilotildees e princiacutepio de funcionamento dos motores dois tempos

serem parecidas com as do ciclo otto a concepccedilatildeo e construccedilatildeo do motor eacute

totalmente diferente Os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como

existem nos motores de ciclo otto pelo menos natildeo no sistema mais baacutesico de

funcionamento desses motores (conforme Figura 1)

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos

Editado pelo Autor Fonte httpswwwshutterstockcom

No sistema baacutesico de funcionamento de um motor dois tempos o cilindro possui

aberturas chamadas janelas elas satildeo como portas para entrada e saiacuteda da

mistura arcombustiacutevel

A mistura arcombustiacutevel apoacutes ser succionada atraveacutes do carburador entra

atraveacutes da chamada janela de admissatildeo no cilindro (conforme Figura 2) e chega

primeiramente no caacuterter do motor alguns motores normalmente os de

competiccedilatildeo ou maior performance possuem a entrada de arcombustiacutevel

diretamente no caacuterter (conforme Figura 3) natildeo necessitando entrar no cilindro e

ir para o caacuterter poreacutem isto natildeo eacute regra A entrada desse combustiacutevel no caacuterter

tambeacutem eacute utilizada para a lubrificaccedilatildeo dos rolamentos inferiores do motor jaacute que

na maioria dos casos o combustiacutevel e oacuteleo lubrificante satildeo misturados salvo

26

raros casos em que existem pontos de injeccedilatildeo apenas de oacuteleo em determinadas

partes do motor

Editado pelo Autor Fonte httpwwwrichstaylordportingcom

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto

Editado pelo Autor Fonte httpwwwebaycom

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro

27

Como dito anteriormente os motores dois tempos em essecircncia natildeo utilizam

vaacutelvulas poreacutem com o desenvolvimento desse tipo de motor foi-se aprimorando

a tecnologia e notou-se a necessidade do uso de vaacutelvulas na admissatildeo visto

que parte da mistura era expelida novamente pela admissatildeo quando havia

compressatildeo no caacuterter anteriormente este papel de vaacutelvula de admissatildeo era feito

pelo proacuteprio pistatildeo que ao passar pela janela de admissatildeo determinava os

intervalos de tempo entre admissatildeo e exaustatildeo Para melhorar a eficiecircncia do

sistema de vaacutelvula feito pelo pistatildeo adotou-se principalmente dois sistemas o

sistema de palhetas (conforme Figura 4) e o sistema de vaacutelvula rotativa

(conforme Figura 5)

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas

Fonte wwwamazoncom

Fonte httpscellcodeus

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa

28

Apoacutes ser recebida no caacuterter a mistura arcombustiacutevel eacute comprimida com a

descida do pistatildeo sentido ao PMI o que gera o aumento de pressatildeo no caacuterter e

faz com que a mistura seja transportada para a parte superior do pistatildeo atraveacutes

das chamadas janelas de transferecircncia (conforme Figura 6) Essas janelas

possuem aberturas na parte inferior do cilindro junto ao caacuterter do motor que eacute

por onde passa esta mistura arcombustiacutevel essas aberturas ligam dutos de

transferecircncia ateacute uma abertura na camisa do cilindro jaacute na parte superior do

pistatildeo (conforme Figura 6) Com a mistura jaacute na parte superior do pistatildeo ela eacute

comprimida e por fim queimada e os gases resultantes da queima satildeo expulsos

pela janela de exaustatildeo (conforme Figura 6)

Editado pelo Autor Fonte wwwpatentimagescom

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter do motor passando pela vaacutelvula de palhetas

29

23 Admissatildeo

O processo de admissatildeo inicia-se com a subida do pistatildeo sentido PMS

isso cria uma pequena depressatildeo no caacuterter do motor poreacutem suficiente para

arrastar a mistura arcombustiacutevellubrificante advinda do sistema de alimentaccedilatildeo

usualmente carburadores Essa mistura passa por vaacutelvulas que controlam a

entrada de mistura fresca no motor Na maioria dos motores atuais utilizam-se

vaacutelvulas de palhetas elas tambeacutem tecircm a funccedilatildeo de impedir que a mistura retorne

para o coletor de admissatildeo quando haacute a movimentaccedilatildeo do pistatildeo sentido PMI

(conforme Figura 7) Os primeiros motores de Joseph Day jaacute haviam adotado

uma soluccedilatildeo de vaacutelvulas de palhetas poreacutem esse sistema foi esquecido por

muitos anos e novamente adotados para motores de motocicletas de competiccedilatildeo

em meados dos anos 70 Notemos que a mistura no caacuterter do motor aleacutem de ar

e combustiacutevel tambeacutem possui lubrificante que nesse momento faz a lubrificaccedilatildeo

das peccedilas moacuteveis na parte inferior do motor Nas figuras seguintes podemos

notar como se comporta a entrada da mistura arcombustiacutevel para o caacuterter do

motor e tambeacutem o funcionamento das vaacutelvulas de palhetas

Editado pelo Autor Fonte www1bpblogspotcom

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel

30

O principal momento de admissatildeo da mistura arcombustiacutevel para o motor se daacute

com subida do pistatildeo rumo ao PMS no entanto esse natildeo eacute o uacutenico periacuteodo em

que o motor recebe mistura fresca do sistema de alimentaccedilatildeo Quando o pistatildeo

inicia o movimento de descida rumo ao PMI apoacutes a exaustatildeo tambeacutem temos

admissatildeo de mistura arcombustiacutevel fresca A quantidade eacute bem menor e se daacute

pela depressatildeo gerada pelo escape dos gases queimados junto a janela de

exaustatildeo Essa admissatildeo acontece passando por uma janela conhecida

popularmente como ldquoQuinta Luzrdquo ou em inglecircs ldquoBoost Portrdquo (conforme Figura 8)

poreacutem esse curto periacuteodo de admissatildeo tem maior influecircncia no processo de

exaustatildeo dos gases Essa admissatildeo favorece a expulsatildeo dos gases e limpeza

da cacircmara de combustatildeo para iniacutecio de um novo ciclo

Editado pelo Autor Fonte httpswwwpinterestcom

A duraccedilatildeo desse periacuteodo em graus da duraccedilatildeo da admissatildeo na quinta

luz pode ser tido como um dos periacuteodos criacuteticos no que diz respeito e eficiecircncia

do motor dois tempos pois se o periacuteodo tiver uma duraccedilatildeo muito prolongada

pode resultar em excesso de mistura fresca que eacute ldquojogada forardquo para a exaustatildeo

e se for muito curto acaba mantendo gaacutes queimado na cacircmara de combustatildeo o

que gera perda de potecircncia para o motor

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

31

24 Compressatildeo

A compressatildeo no motor dois tempos acontece assim como no motor de quatro

tempos comprimindo o volume total do cilindro em uma pequena aacuterea da cacircmara

de combustatildeo Poreacutem diferentemente do motor quatro tempos o cilindro do

motor dois tempos natildeo eacute totalmente vedado possuindo aberturas que como dito

anteriormente se chamam janelas (conforme Figura 6)

Podem existir vaacuterios formatos de cacircmara de combustatildeo ou popularmente

conhecido como cabeccedilote cada tipo buscando um resultado final diferente

(conforme Figuras 910 e 11)

Como os cabeccedilotes de motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas satildeo

praticamente um material usinado ou fundido contemplando um formato final E

esse formato nos motores dois tempos influencia muito na performance do

motor

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro

32

Os cabeccedilotes dos motores dois tempos possuem formatos que privilegiam

determinadas faixas de rotaccedilatildeo ou comportamento do motor com relaccedilatildeo a

torque Os chamados ldquoSquishrdquo satildeo um formato que impotildeem uma alta velocidade

agrave mistura em direccedilatildeo a vela de igniccedilatildeo e produz melhora no comportamento da

queima (conforme Figura 10)

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

O ldquoSquishrdquo eacute composto por algumas medidas que satildeo

Banda do Squish eacute a largura da faixa onde se concentra o squish e contorna

toda a circunferecircncia do cabeccedilote podendo ser mais larga ou estreita

dependendo do regime de funcionamento do motor

Acircngulo do Squish eacute o acircngulo feito na banda de squish podendo acompanhar

ou natildeo o acircngulo existente na cabeccedila do pistatildeo natildeo eacute usual mas podem existir

cabeccedilotes cujos acircngulos de squish sejam retos assim como a cabeccedila dos

pistotildees nesses motores

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto

33

Folga do Squish essa folga eacute a folga do topo da cabeccedila do pistatildeo quando

em PMS ateacute o ponto fiacutesico mais proacuteximo da banda de squish

Segundo Bell (1999) os cabeccedilotes que contemplam ldquoSquishrdquo vieram a

promover melhorias significantes na performance dos motores dois tempos

Esse tipo de cabeccedilote promove melhor homogeneizaccedilatildeo da mistura

arcombustiacutevel e tambeacutem de qualquer porccedilatildeo de gases de escapamento

residuais presentes na cacircmara Esse formato tambeacutem evita que a propagaccedilatildeo

de chama para as laterais do cilindro promovam o aquecimento do mesmo fator

que pode dar iniacutecio a um ciclo de detonaccedilatildeo que eacute muito prejudicial para o

funcionamento do motor

Fonte httpwwwcmraracingcom

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo

34

Um outro fator que gera uma certa confusatildeo em motores dois tempos eacute a

mediccedilatildeo da taxa de compressatildeo A compressatildeo efetiva do volume do cilindro

ocorre apenas quando os aneacuteis de segmento do pistatildeo passam pela uacuteltima

abertura sentido PMS sendo que a uacuteltima abertura em motores dois tempos satildeo

as janelas de exaustatildeo

O que pode se notar usualmente eacute que fabricantes europeus utilizam a

mesma maneira de se calcular taxa de compressatildeo de motores quatro tempos

em motores de ciclo dois tempos

onde

RC Relaccedilatildeo de Compressatildeo

VC Volume do Cilindro (cmsup3)

VCC Volume da Cacircmara de Combustatildeo (cmsup3)

Enquanto fabricantes japoneses utilizam uma maneira especiacutefica de medir

a taxa compressatildeo para motores dois tempos avaliando o volume total de

compressatildeo efetiva somente apoacutes a passagem dos aneacuteis de segmento pela

janela de escapamento fazendo sua vedaccedilatildeo Nesse caso o volume total do

cilindro natildeo entra na conta o que se utiliza eacute a altura da janela de exaustatildeo como

referecircncia para o volume total a ser comprimido

Pode-se assim calcular o Volume a ser Comprimido

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

onde

VAC Volume a ser comprimido (cmsup3)

120645 Constante

r Raio do cilindro (mm)

h distacircncia percorrida pelo pistatildeo do momento de fechamento da janela

de exaustatildeo ateacute a chegada em PMS (mm)

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

RC = VC+VCC

VCC

1-Caacutelculo da Taxa de

Compressatildeo

2 - Volume a ser comprimido

(fabricantes japoneses)

35

Quando pesquisa-se em fichas teacutecnicas sobre motores dois tempos tais

literaturas podem gerar uma confusatildeo de entendimento pois pode-se entender

que motores europeus utilizam taxa de compressatildeo muito maior que os motores

japoneses e isto natildeo eacute verdade apenas utilizam meacutetodos de mediccedilatildeo diferentes

25 Combustatildeo

O processo de combustatildeo em motores dois tempos eacute muito semelhante ao

dos motores de quatro tempos mas com uma diferenccedila essencial ao

entendimento deste tipo de motores Nos motores de ciclo de quatro tempos

acontece a centelha na vela de igniccedilatildeo a cada 720deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore

de manivelas enquanto no motor de ciclo dois tempos a centelha ocorre a cada

360deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore de manivelas ou seja a cada subida do pistatildeo

sentido PMS ocorre uma combustatildeo

Segundo Najafabadi Aziz Adams e Leman (2013) existem alguns efeitos

gerados no processo de combustatildeo advindos do ciclo anterior devido a gases

residuais que se mantiveram na cacircmara de combustatildeo Este fenocircmeno afeta a

combustatildeo podendo ocorrer avanccedilo ou atraso do tempo de igniccedilatildeo devido a

temperatura desses gases Ainda a pressatildeo no interior do cilindro que veio do

ciclo anterior afeta o fluxo de transiccedilatildeo do motor podendo a quantidade de gases

residuais ser diferente (conforme Graacutefico 2)

Fonte Najafabadi et al 2013

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos com rotaccedilatildeo em 6000 RPM

36

251 Igniccedilatildeo

Este mecanismo eacute importante para que o processo de combustatildeo seja

equilibrado bem executado e responda com um bom funcionamento do motor

Existem diversos sistemas de igniccedilatildeo disponiacuteveis para motores dois tempos

desde os mais simplificados (conforme Figura 12) ateacute sistemas programaacuteveis

onde pode-se determinar a curva de avanccedilo desejada por meio de programaccedilatildeo

do dispositivo via software (conforme Figura 13) poreacutem para entendimento do

funcionamento o esquema eleacutetrico do sistema de igniccedilatildeo por platinado possui

faacutecil entendimento este sistema foi utilizado por muitos anos e o uacutenico motivo de

cair em desuso era a necessidade de regulagem constante devido ao desgaste

mecacircnico do contato eleacutetrico

Fonte Bell 1999

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio de platinado

37

Fonte httpwwwpvl-zuendungende

26 Exaustatildeo

Este eacute com certeza o processo mais importante dentre todos os processos no

motor dois tempos a janela de exaustatildeo eacute a aacuterea do motor que se sofrer uma

alteraccedilatildeo de alguns deacutecimos de miliacutemetros pode mudar completamente o

comportamento do motor

Como jaacute discorremos os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como os

motores quatro tempos pelo menos natildeo nos mesmos moldes ou entatildeo vaacutelvulas

que vedem completamente a passagem dos gases Em um motor de quatro

tempos o comando de vaacutelvulas determina qual eacute momento de abertura das

vaacutelvulas a ordem o levante etc No motor dois tempos essa funccedilatildeo de duraccedilatildeo

da admissatildeo e exaustatildeo eacute composta pela diagramaccedilatildeo das janelas do cilindro

(conforme Figura 14) e satildeo fixas natildeo existe um comando de vaacutelvulas rotativo

ou qualquer dispositivo semelhante dentre essa diagramaccedilatildeo a duraccedilatildeo mais

importante e que determina o desempenho do motor e como ele se comportaraacute

eacute a da janela de exaustatildeo

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts

38

Segundo Bell (1999) o processo de modificaccedilatildeo da janela de exaustatildeo eacute talvez

um dos mais criacuteticos dentro dos motores dois tempos (conforme Figuras 14 e

15) pocircde-se notar que as diagramaccedilotildees possuem desenhos diferentes de

janelas de exaustatildeo o primeiro modelo da Yamaha TZ250 (conforme Figura 14)

eacute de janela uacutenica pois a dimensotildees que foram determinadas para o tamanho e

duraccedilatildeo da janela dado o diacircmetro do cilindro permitiram que isso fosse feito Jaacute

no segundo diagrama da Suzuki PE175 podemos notar que a janela de exaustatildeo

eacute bi partida (conforme Figura 15) isso acontece por que por projeto foi

determinado um tamanho de janela de exaustatildeo demasiadamente grande para

o diacircmetro desse cilindro natildeo eacute regra mas usualmente a largura de uma janela

de exaustatildeo pode ter no maacuteximo 70 do diacircmetro do cilindro isso acontece para

que os aneacuteis de segmento natildeo tendam a entrar no duto de exaustatildeo quando por

laacute passarem por isso a soluccedilatildeo adotada na Suzuki PE175 de adicionar mais

uma divisatildeo na janela permite ter uma janela de exaustatildeo mais larga sem

comprometer a durabilidade do motor

Por ser uma medida fiacutesica e determinante para o funcionamento do motor dois

tempos a janela de exaustatildeo sempre foi um ponto criacutetico no projeto desses

motores pois se o projeto determinava uma medida para a janela de exaustatildeo a

performance do motor era inerente a esta medida Motores que foram

desenvolvidos ateacute o final da deacutecada de 1970 natildeo conseguiam melhorar suas

caracteriacutesticas em todas as faixas de funcionamento Por exemplo se o projeto

da janela de exaustatildeo era feito para funcionar bem em baixas rotaccedilotildees isso

caracterizava aquele motor e nada podia ser feito para ser melhorado sem que

isso comprometesse outras faixas de rotaccedilatildeo

Motocicletas e karts de competiccedilatildeo que eram projetados para funcionar bem

em altas rotaccedilotildees tinham todo o torque em baixa muito comprometido se vermos

corridas de motocicletas da deacutecada de 1970 e iniacutecio dos anos de 1980 podemos

ver pilotos que largavam praticamente empurrando a motocicleta ateacute que ela

embalasse e chegasse a uma rotaccedilatildeo onde o motor pudesse andar sozinho

39

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida

40

No iniacutecio dos anos de 1980 a Yamaha criou uma soluccedilatildeo para melhorar o

desempenho dos motores dois tempos em todas as faixas de rotaccedilatildeo eacute um

sistema com uma vaacutelvula mecacircnica que variava as dimensotildees da janela de

exaustatildeo durante o funcionamento do motor esse sistema eacute chamado YPVS

(Yamaha Power Valve System) (conforme Figura 16) foi um sistema que permitiu

a Yamaha ganhar diversas competiccedilotildees on e off road ateacute que seus concorrentes

pudessem desenvolver sistemas semelhantes

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Inicialmente esse sistema era totalmente mecacircnico e era tocado por uma

bomba centriacutefuga ligada ao eixo arvore do motor posteriormente em

motocicletas de rua foi adotado o mesmo princiacutepio poreacutem foi utilizado um sistema

eletrocircnico com um servo motor Outros fabricantes desenvolveram sistemas

semelhantes ao longo do tempo e adotaram as mais diversas soluccedilotildees Um outro

sistema bastante popular foi o sistema pneumaacutetico (conforme Figura 17) que

era composto por uma vaacutelvula do tipo guilhotina e uma membrana na janela de

exaustatildeo a vaacutelvula se mantinha fechada em baixas rotaccedilotildees melhorando o

torque naquele momento e a membrana era calibrada para que em um certo

momento quando certa quantidade de gases de escape estivessem sendo

produzidos a membrana empurrava a vaacutelvula para traacutes aumentando as

dimensotildees da janela de exaustatildeo melhorando o torque em altas rotaccedilotildees

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System

41

Fonte httpwww bikemanperformancecom

261 Escapamento

Ainda na fase de exaustatildeo o escapamento eacute o acessoacuterio mais importante

para o bom funcionamento dos motores dois tempos e necessita cuidados

especiais em seu desenvolvimento Eacute intriacutenseco do funcionamento e da forma

construtiva do motor dois tempos o fato de que ele acaba por jogar mistura

fresca para o escapamento e isso causa perda de performance Assim o

escapamento promove ondas de ressonacircncia que causam o retorno de parte

dessa mistura fresca novamente para dentro do cilindro

Este sistema determina muito das caracteriacutesticas importantes de

funcionamento desse tipo de motor Satildeo peccedilas complexas de serem construiacutedas

e produzem um som caracteriacutesticos de ldquoring-dingrdquo a este tipo de motor

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos

42

Para um bom projeto de escapamento satildeo necessaacuterios diversos caacutelculos

para que se obtenha as dimensotildees ideais Posteriormente outro desafio eacute aplicar

as dimensotildees calculadas ao projeto do veiacuteculo o que produz verdadeiras

esculturas mecacircnicas (conforme Figura 18)

Caacutelculo para determinaccedilatildeo do comprimento ideal do escapamento

Onde

LE = Comprimento do escapamento (mm)

DE = Duraccedilatildeo da janela de exaustatildeo em graus (deg)

RPM = Rotaccedilatildeo para melhor funcionamento do motor (1min)

42545 = Constante que leva em conta que a onda socircnica sempre viaja na

velocidade do som no ar

Fonte Bell 1999

O trecho do escapamento que sai do cilindro do motor eacute chamado em inglecircs

ldquoHeaderrdquo esse trecho usualmente eacute cocircnico e utiliza acircngulos entre 115deg e 15deg

Entretanto ao longo da histoacuteria os fabricantes testaram acircngulos variando entre

08deg ateacute 23deg de conicidade para determinadas aplicaccedilotildees

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos

LE = DE x 42545

RPM

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento

43

As dimensotildees do Header podem ser determinadas da seguinte maneira Para

o comprimento pode-se utilizar o fator de multiplicaccedilatildeo (conforme Quadro 2)

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para o ldquoHeaderrdquo

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 85 ndash 95 10 -11

100 ndash 125 78 ndash 85 78 ndash 85

175 ndash 250 73 ndash 83 9 -10

350 - 500 73 ndash 83 85 ndash 95

Fonte Bell 1999

Jaacute com o fator de correccedilatildeo apropriado multiplicamos esse valor pelo diacircmetro

da janela de exaustatildeo e esse eacute o comprimento ideal do Header

O diacircmetro maior do Header pode ser calculado pela seguinte expressatildeo

Onde

D2 = eacute o diacircmetro maior do Header para uniatildeo com o Difusor (mm)

CH = eacute o Comprimento do Header (mm)

D1 = eacute o diacircmetro inicial do Header determinado pelo diacircmetro da janela de

exaustatildeo (mm)

Cotg H = eacute a cotangente do acircngulo do Header usualmente entre 115 e 15deg

O segundo trecho do escapamento chamado Difusor pode ser calculado da

seguinte maneira O diacircmetro inicial eacute o mesmo diacircmetro D2 do Header o

comprimento do Difusor eacute usualmente calculado utilizando 25 vezes o diacircmetro

da janela de exaustatildeo poreacutem pode-se usar de 22 a 29 vezes o diacircmetro da

janela de exaustatildeo dependendo do projeto tendo em mente que quanto menor

o comprimento melhor o rendimento em altas rotaccedilotildees e quanto maior o

comprimento melhor as respostas do motor em baixas rotaccedilotildees Ao final o que

D2 = CH x 2 + D1

cotg H

4 ndash Dimensotildees do Escapamento Header

44

iraacute determinar o comprimento eacute a proposta do motor O acircngulo de conicidade do

Difusor varia normalmente entre 3deg e 7deg com diferentes reaccedilotildees ao rendimento

do motor (conforme Quadro 3) modificando a duraccedilatildeo e os efeitos da onda de

ressonacircncia (conforme Graacutefico 3)

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 65 a 7deg 3 a 35deg

100 ndash 125 65 a 75deg 4 a 48deg

175 65 a 75deg 35 a 45deg

250 7 a 75deg 4 a 45deg

350 ndash 500 4 a 5deg

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de retorno

45

O segundo diacircmetro o diacircmetro maior do Difusor pode ser calculado

utilizando a seguinte expressatildeo

Onde

CD = Comprimento do Difusor D3 = Diacircmetro maior do Difusor D2 = Diacircmetro menor do Difusor cotg D = Cotangente do acircngulo de conicidade que foi determinado para o Difusor

Existe uma seccedilatildeo paralela que liga o diacircmetro maior do difusor ao uacuteltimo

cone esse trecho eacute popularmente chamado de Bojo (conforme Figura 18) poreacutem

natildeo se pode calcular o comprimento dela sem antes calcular as dimensotildees do

cone final que eacute chamado de ldquoBafflerdquo ou defletor (conforme Quadro 4) Essa

seccedilatildeo por sua vez determina a duraccedilatildeo e a intensidade das ondas de

ressonacircncia que iraacute manter o cilindro cheio de maneira eficiente Segundo Bell

(1999) um defletor com um cone curto e acircngulo muito abrupto iraacute permitir um

ganho de potecircncia maacutexima ao custo de sacrificar as baixas e meacutedias rotaccedilotildees

(conforme Graacutefico 4)

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 -80 105 a 12deg 85 a 95deg

100 105 a 12deg 9 a 10deg

125 95 a 12deg 85 a 10deg

175 10 a 12deg 8 a 10deg

250 10 a 12deg 75 a 10deg

350 - 500 9 a 11deg

Fonte Bell 1999

CD = D3 ndash D2 x cotg D

2

5 ndash Dimensotildees do Escapamento Difusor

46

Fonte Bell 1999

Para se calcular o comprimento do cone utilizamos a expressatildeo

CTD = (D32) x Cotg D

Onde

CTD Comprimento total do cone do defletor

D3 Diacircmetro maior do defletor ou seja o mesmo diacircmetro que o diacircmetro maior

do difusor

cotg D Cotangente do acircngulo escolhido para o defletor

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor

47

Agora com todos esses valores calculados podemos calcular o

comprimento da parte central do escapamento o chamado bojo Para isso

utilizamos a seguinte expressatildeo

Onde

CB Comprimento do Bojo

L Comprimento total do escapamento ateacute o meio da seccedilatildeo do defletor

CH Comprimento do Header

CD Comprimento do Difusor

CDE Comprimento total do Defletor

Por fim ainda necessitamos saber as dimensotildees do ldquoStingerrdquo ou ponteira

que segundo Graham Bell apoacutes vaacuterias experimentaccedilotildees chegou a alguns

valores que resultaram em boas respostas do motor (conforme Quadro 5)

Quadro 5 - Comprimento da ponteira

Volume do cilindro (cmsup3) Comprimento (mm) Diacircmetro Interno (mm)

50 - 80 205 ndash 230 17 -19

100 230 ndash 250 19 - 21

125 265 ndash 290 22 -24

175 270 - 295 25 ndash 27

250 280 ndash 305 26 ndash 28

350 -500 285 - 310 27 ndash 29

Fonte Bell 1999

CB = L ndash (CH+CD+(CDE2)) 7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo

48

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna

Em seu funcionamento os motores de combustatildeo interna

independentemente do tipo de ciclo necessitam de um gerenciamento da

admissatildeo de uma mistura carburante para o interior dos cilindros para que possa

haver a combustatildeo da mesma Anteriormente essa admissatildeo se dava por um

processo puramente mecacircnico com a utilizaccedilatildeo de carburadores que eram

sistemas mecacircnicos sofisticados que proporcionavam a atomizaccedilatildeo do

combustiacutevel com o ar atmosfeacuterico para a formaccedilatildeo da mistura carburante

(conforme Figura 19)

Fonte httpwwwthunderproductscom

Poreacutem este sistema possuiacutea algumas deficiecircncias pois necessitava de

constante regulagem e qualquer mudanccedila de condiccedilatildeo climaacutetica de temperatura

pressatildeo ou umidade fazia com que o carburador saiacutesse de sua faixa de trabalho

gerando um mal funcionamento do motor e por vezes ateacute mesmo sua quebra

Parte muito importante tambeacutem do funcionamento dos motores de

combustatildeo interna satildeo os sistemas de igniccedilatildeo que anteriormente eram sistema

independentes do sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel poreacutem atualmente

pertencem ao mesmo pacote de gerenciamento do motor Estes sistemas de

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante

49

igniccedilatildeo eram normalmente sistemas eletromecacircnicos podendo ser sistemas

simples com ponto de igniccedilatildeo fixo ou sistemas mais elaborados com a presenccedila

de circuitos eletrocircnicos para fazer a variaccedilatildeo do ponto de igniccedilatildeo Estes sistemas

possuem alguns componentes baacutesicos

Distribuidor (no caso de haver mais de um cilindro) bobina de igniccedilatildeo

(para gerar alta tensatildeo) cabos de igniccedilatildeo e velas de igniccedilatildeo Este eacute o esquema

mais baacutesico de funcionamento dos sistemas de igniccedilatildeo podendo haver

variaccedilotildees eleacutetricas mecacircnicas e em alguns casos eletrocircnicas (conforme Figura

20)

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom

Atualmente os sistemas mais modernos de gerenciamento de motores de

combustatildeo interna satildeo quase que puramente eletrocircnicos e contemplam os dois

mundos alimentaccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo em um uacutenico sistema (conforme

Figura 21) Todo o gerenciamento eacute feito com base em leitura de sensores uma

calibraccedilatildeo que prevecirc diversas situaccedilatildeo de uso do motor e atuadores que fazem

o processo fiacutesico de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel do motor Estes satildeo sistemas

complexos que se baseiam na condiccedilatildeo imediata de diversos fatores que satildeo

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo

50

interpretados por sensores como por exemplo pressatildeo atmosfeacuterica

temperatura do motor massa de ar admitida etc Estas leituras feitas pelos

sensores satildeo recebidas por um circuito eletrocircnico que conteacutem um processador

onde essas informaccedilotildees satildeo recebidas e com base em dados armazenados em

sua memoacuteria para cada condiccedilatildeo ter-se atuaccedilatildeo eletrocircnica onde eacute feita a injeccedilatildeo

de combustiacutevel pelos injetores e o disparo da centelha de igniccedilatildeo para que haja

a combustatildeo

Fonte httpswwwflaviolucasmmblogspotcom

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus perifeacutericos

51

3 Detalhamento do Projeto

Os capiacutetulos anteriores serviram para o embasamento teacutecnico para que

fosse possiacutevel uma melhor compreensatildeo do que se trata o projeto a ser

executado neste trabalho de conclusatildeo de curso Neste ponto iremos tratar

especificamente do projeto de adaptaccedilatildeo de um sistema completo de injeccedilatildeo

eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos Yamaha de 135cmsup3 proveniente

de uma motocicleta Yamaha RD 135 (Conforme Figura 22) e todos os

componentes utilizados para tornar esta adaptaccedilatildeo possiacutevel

Fonte httpsmotos-motorcombr

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135

52

31 Dados do Motor

O motor utilizado neste projeto eacute proveniente de uma motocicleta Yamaha

Rd 135cmsup3 que foi fabricado no Brasil de 1988 a 1999 Trata-se de um motor

monociliacutendrico que utiliza o ciclo de trabalho dois tempos refrigerado agrave ar

seguem os dados teacutecnicos

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 58mm x 50mm

Cilindrada 132cmsup3

Taxa de Compressatildeo 682 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Carburador Mikuni VM24 com 24mm de venturi

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo eletrocircnica de descarga capacitiva ou popularmente

CDI (Capacitor Discharge Ignition)

Lubrificaccedilatildeo Oacuteleo dois tempos bombeado atraveacutes de uma bomba chamada

Autolube nos motores Yamaha este oacuteleo eacute proveniente de um reservatoacuterio que

alimenta a bomba que por sua vez transfere o oacuteleo atraveacutes de uma mangueira

diretamente ao coletor de admissatildeo do motor variando a quantidade de oacuteleo de

acordo com a rotaccedilatildeo e abertura do carburador

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Gasolina

Potecircncia 16cv a 9000rpm

Torque 174kgfm a 8500rpm

Para este projeto o motor utilizado jaacute possuiacutea modificaccedilotildees mecacircnicas

para atingir melhores rendimentos que o motor original pois eacute um motor que foi

utilizado em competiccedilotildees de motovelocidade na categoria RD 135 Diversas

peccedilas foram modificadas tais como sistema de alimentaccedilatildeo escapamento

vaacutelvula de palhetas igniccedilatildeo combustiacutevel diagramaccedilatildeo do cilindro e taxa de

compressatildeo O sistema de alimentaccedilatildeo original foi substituiacutedo por um carburador

Mikuni TM 30 (conforme Figura 23) o escapamento foi substituiacutedo por um

escapamento dimensionado construiacutedo artesanalmente o sistema de igniccedilatildeo

53

utilizado foi um Motoplat de ponto fixo (conforme Figura 24) e o combustiacutevel

utilizado foi o etanol que aleacutem de ser o combustiacutevel regulamentado para o

campeonato tambeacutem eacute um combustiacutevel que permite extrair mais potecircncia do

motor pois com esse combustiacutevel eacute possiacutevel fazer modificaccedilotildees mecacircnicas

como taxa de compressatildeo e avanccedilo de igniccedilatildeo que natildeo seriam possiacuteveis

utilizando gasolina como combustiacutevel

Fonte wwwjapanbaikucom

Fonte wwwcustojustopt

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo

54

O motor utilizado como base nesse trabalho natildeo eacute um motor original eacute

um motor de competiccedilatildeo e para haver base para comparaccedilatildeo do antes e depois

do processo de inserccedilatildeo do sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica este motor teve sua

potecircncia medida em dinamocircmetro inercial com sua curva de torque e potecircncia

aquisitadas (conforme Figura 25)

Fonte Autor

O motor utilizado passou por uma revisatildeo geral havendo troca de peccedilas

por se tratar de um motor de competiccedilatildeo foi por diversas vezes levado ao

extremo e com a escolha desse motor para o projeto esta revisatildeo se fez

necessaacuteria As imagens a seguir mostram o processo de desmontagem para

verificaccedilatildeo das condiccedilotildees do motor e posterior montagem (Conforme Figuras

262728293031 e 32)

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia

55

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto

56

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2

Figura 29 - Processo de pintura

57

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada

58

Fonte Autor

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico

Para a escolha do sistema de gerenciamento eletrocircnico foi necessaacuteria

grande pesquisa entre as opccedilotildees disponiacuteveis no mercado nacional e

internacional Os sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica disponiacuteveis originalmente em

motocicletas de fabricaccedilatildeo nacional poderiam ter sido uma opccedilatildeo mas foram

logo descartados pois foram concebidos para trabalhar com motores de ciclo

otto o que natildeo eacute o caso e as maneiras de calibraccedilatildeo desses sistemas originais

se tornariam difiacuteceis de conseguir tornando essa escolha inviaacutevel

A busca foi por um sistema ldquostand-alonerdquo auto suficiente e que permitisse

mudanccedila total nos paracircmetros de calibraccedilatildeo normalmente satildeo sistemas

utilizados em competiccedilotildees de automoacuteveis motocicletas caminhotildees etc

Existem sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica ldquostand-alonerdquo muito sofisticados

de fabricantes renomados mundialmente dentro e fora das pistas de corridas

como Magneti Marelli (conforme Figura 33) e Bosch (conforme Figura 34) em

suas divisotildees motorsport

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta

59

Sistemas desses fabricantes satildeo reconhecidamente confiaacuteveis o problema eacute o

valor de um sistema desses que eacute muito caro e os tornam inviaacuteveis para um

projeto experimental de baixo custo Opccedilotildees nacionais tambeacutem foram cogitadas

como o sistema Fueltech poreacutem ainda possuem um custo alto e suas opccedilotildees de

programaccedilatildeo e flexibilidade do sistema ainda eram limitados para o tipo de ciclo

do motor a ser utilizado

A escolha do sistema apoacutes grande pesquisa foi pelo sistema ldquostand-alonerdquo

Speeduino (conforme Figura 35) um sistema totalmente programaacutevel que utiliza

como microcontrolador um Arduino Mega 2560 esse eacute um sistema do tipo ldquoDIYrdquo

Do It Yourself ou em portuguecircs ldquofaccedila vocecirc mesmordquo Estatildeo disponiacuteveis na

internet os layouts das placas de circuito impresso e o usuaacuterio pode fabricar as

proacuteprias placas ou compraacute-las prontas em determinados sites da internet e sua

lista de componentes para montagem tambeacutem estaacute disponiacutevel na internet e eacute

relativamente faacutecil encontraacute-los O custo de produccedilatildeo de um sistema desse eacute

relativamente baixo comparado com outros sistemas do mesmo segmento e

por utilizar Arduino como controlador sua programaccedilatildeo eacute inteira aberta e pode

ser modificada de acordo com as necessidades do usuaacuterio

Fonte wwwmagnetimarellicom

Fonte wwwellis-componentscouk

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport Figura 34 - ECU Bosch MS 151

60

Fonte Autor

33 Arduino Mega 2560

Arduino eacute uma plataforma para programaccedilatildeo criada na Itaacutelia por Massimo

Banzi David Cuartielles Tom Igoe Gianluca Martino e David Mellis no ano de

2005 para entusiastas e profissionais da programaccedilatildeo e da eletrocircnica

permitindo diversos tipos de projetos para estes seguimentos Trata-se de uma

placa com um microcontrolador Atmel possuindo diversas entradassaiacutedas

analoacutegicas e digitais a quantidade dessas entradas e saiacutedas varia de acordo

com o modelo do Arduino Essas entradassaiacutedas podem ser programadas por

uma interface IDE Arduino via computador utilizando linguagem C

Na praacutetica eacute um microcontrolador programaacutevel como qualquer outro de

outros fabricantes por exemplo PIC (Microchip) ou ARM (Freescale) poreacutem tem

sua utilizaccedilatildeo facilitada por jaacute estar inserido em uma placa que contempla

soquetes para pinagem das entradas e saiacutedas e porta de comunicaccedilatildeo USB

Serial para gravaccedilatildeo da programaccedilatildeo no microcontrolador Diferentemente de

outros microcontroladores que necessitam da confecccedilatildeo de uma placa de

circuito impresso para uso e de um programador serial para gravaccedilatildeo da

programaccedilatildeo (conforme Figura 36)

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino

61

Fonte httpswwwamazoncom

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560

Microcontrolador ATmega 2560 (Atmel)

Tensatildeo de Operaccedilatildeo 5V

Tensatildeo de Alimentaccedilatildeo (recomendado) 7-12V

Tensotildees Limites de Operaccedilatildeo 6-20V

Saiacutedas Digitais IO 54 saiacutedas sendo 15 PWM

Entradas Analoacutegicas 16

Corrente da Saiacutedas IO 20mA

Corrente nos Pinos 33V 50mA

Memoacuteria Flash 256Kb

SRAM 8Kb

EEPROM 4Kb

Frequecircncia do Clock 16Mhz

LED_BUILTIN 13

Comprimento da Placa 10152mm

Largura da Placa 5333mm

Peso da Placa Completa 37g

Altura da Placa 12mm

Editado pelo Autor Fonte httpwwwArduinocom

Figura 36 - Arduino Mega 2560

62

34 Speeduino

O sistema Speeduino foi o sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica escolhido para o

projeto Eacute um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica totalmente programaacutevel criado por

Josh Stuart e utiliza um Arduino Mega 2560 como microcontrolador assim como

outros sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel possibilita a calibraccedilatildeo por

completo do sistema de injeccedilatildeo e igniccedilatildeo Para tal utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio que permite diversas configuraccedilotildees do

sistema de injeccedilatildeo tais como o meacutetodo de calibraccedilatildeo utilizado configuraccedilatildeo dos

mapas de avanccedilo de igniccedilatildeo e tempo de injeccedilatildeo sistema de malha aberta ou

malha fechada etc

O sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica Speeduino eacute um sistema ldquostand-alonerdquo

ou seja trabalha independente de outros sistemas apenas para gerenciar o

motor a combustatildeo interna seja ele de ciclo quatro ou dois tempos Eacute um sistema

difundido pela internet e permite troca de informaccedilotildees entre usuaacuterios que

trabalham em conjunto para desenvolvimento e aperfeiccediloamento do hardware e

do software o layout principal da placa de circuito impresso tambeacutem estaacute

disponiacutevel na internet bem como a lista de componentes necessaacuterios para a

montagem Este sistema requer um miacutenimo de conhecimento de eletrocircnica para

sua construccedilatildeo um miacutenimo de conhecimento em eleacutetricaeletrocircnica automotiva

para a instalaccedilatildeo do sistema no motor e grande conhecimento em programaccedilatildeo

e mecacircnica automobiliacutestica para calibraccedilatildeo do sistema no motor

63

35 Montagem do Sistema Speeduino

A partir do momento onde foi feita a escolha do sistema Speeduino foi

necessaacuterio obter os componentes necessaacuterios para confecccedilatildeo da placa

(conforme Anexo C) O primeiro passo foi a fabricaccedilatildeo da placa de circuito

impresso a partir do layout disponiacutevel (conforme Figura 37)

Fonte wwwSpeeduinocom

Posteriormente foi feita a aquisiccedilatildeo dos componentes necessaacuterios para a

montagem da placa Esses componentes tambeacutem estatildeo disponiacuteveis na internet

em uma planilha eletrocircnica e satildeo encontrados com relativa facilidade no

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino

64

mercado com exceccedilatildeo de determinados componentes cuja importaccedilatildeo foi

necessaacuteria poreacutem com baixo custo (conforme Anexo C)

Com todos os componentes necessaacuterios em matildeos foi executada a montagem

do sistema o que necessita uma certa habilidade pois o projeto possui diversos

componentes tipo SMD (conforme Figura 38)

Fonte Autor

Com a placa jaacute montada (conforme Figura 39) antes da montagem de todo o

chicote eleacutetrico para funcionamento do motor iniciaram-se os testes de

funcionamento do sistema Por ser um sistema montado artesanalmente os

testes pareciam ser o passo mais certo a se seguir

Figura 38 - Inicio da montagem da placa

65

Fonte Autor

Eacute importante mostrar que o sistema Speeduino utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio (conforme Figura 40) eacute um freeware na

versatildeo baacutesica que foi criado para funcionar em conjunto com outro sistema

de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel conhecido como Megasquirt e o mesmo

tambeacutem eacute utilizado na calibraccedilatildeo do sistema Speeduino Mais adiante seratildeo

feitas explicaccedilotildees detalhadas das configuraccedilotildees do software

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada

66

Fonte Autor

Jaacute no primeiro teste este apresentou resultados negativos com a

eletrocircnica natildeo respondendo agraves configuraccedilotildees e nem mostrando leituras de

sensores

A soluccedilatildeo deste problema veio depois de procurar muito e fazer diversas

mediccedilotildees analisando os diagramas eleacutetricos (conforme Anexo A) O

problema estava na placa de circuito impresso a trilha do aterramento

(GND) natildeo havia sido impressa ou seja natildeo havia aterramento em nenhum

ponto do sistema A placa havia sido impressa por um terceiro Ao entrar em

contato com o mesmo ele disse que enviaria outra placa poreacutem para agilizar

o processo e natildeo ter que esperar novamente a chegada de componentes

uma uacutenica opccedilatildeo surgiu devido aos prazos a de refazer o aterramento da

placa de forma externa (conforme Figura 41) sem nenhuma pretensatildeo de

que isso desse certo poreacutem era uma alternativa para que todo o processo

de funcionamento do motor fosse agilizado

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio

67

Fonte Autor

Apoacutes todo o trabalho de refazer as trilhas de aterramento iniciou-se

novamente a fase testes de funcionamento e os resultados foram positivos

O sistema comeccedilou a responder perfeitamente aos testes iniciais

O elemento de maior importacircncia para o funcionamento desse sistema de

gerenciamento eletrocircnico eacute o sensor de rotaccedilatildeo do motor e foi por ele que

se iniciaram os testes Foi adaptada uma roda focircnica a um torno mecacircnico

e tambeacutem o sensor de rotaccedilatildeo do tipo ldquohallrdquo (conforme Figura 42) para

verificar se o conjunto eletrocircnico do sistema estava recebendo os sinais de

rotaccedilatildeo

Figura 41 - Aterramento refeito externamente

68

Fonte Autor

O teste obteve resultados positivos respondendo perfeitamente a rotaccedilatildeo

do torno mecacircnico sendo testado em diversas rotaccedilotildees diferentes com a

interface do software sempre mostrando os valores de rotaccedilatildeo corretos

Entatildeo os testes que se seguiram foram os de atuaccedilatildeo eleacutetrica como injetor

de combustiacutevel e bobina de igniccedilatildeo todos testes feitos a princiacutepio em

bancada (conforme Figura 43)

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico

69

Fonte Autor

Apoacutes todos os testes em bancada partiu-se para a montagem do chicote

eleacutetrico para funcionamento do sistema no motor e tambeacutem a adaptaccedilatildeo

mecacircnica de suportes para sensores e a adaptaccedilatildeo da roda focircnica

(conforme Figura 44)

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada

70

Fonte Autor

A roda focircnica utilizada eacute proveniente de um motor Volkswagen EA-111

(conforme Figura 45) o sensor de rotaccedilatildeo a ser utilizado pelo sistema de

gerenciamento eletrocircnico Speeduino foi o sensor de efeito hall poderia ser

utilizado o sensor de relutacircncia magneacutetica poreacutem seria necessaacuterio a

confecccedilatildeo de uma eletrocircnica para o condicionamento de sinal

transformando-o para sinal de onda quadrada com amplitude de 5V de

tensatildeo Para evitar a confecccedilatildeo de mais uma eletrocircnica sendo um potencial

ponto fraco do sistema optou-se por utilizar um sensor de rotaccedilatildeo de efeito

hall proveniente dos motores Fiat E-torq 18 (conforme Figura 46) fabricado

pela Continental

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica

71

Fonte Autor

Fonte wwwmercadolivrecombr

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v

72

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico

Neste projeto o sistema de sincronismo eletrocircnico possui dois

componentes apenas satildeo eles a roda focircnica e o sensor de rotaccedilatildeo ambos

adaptados ao projeto e advindos de carros

O sistema de sincronismo eletrocircnico consiste em transformar o

sincronismo mecacircnico do motor em sinais de onda quadrada (conforme Figura

47) que possam ser interpretados pelo sistema de gerenciamento eletrocircnico

proporcionando a injeccedilatildeo de combustiacutevel e disparo da centelha no momento

exato que fora previamente calibrado

Fonte Autor

O sistema consiste de uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes ou seja

satildeo 58 dentes e ausecircncia de 2 dentes Foi adaptada uma roda focircnica do motor

Volkswagen EA-111 poreacutem apoacutes alguns problemas de captaccedilatildeo do sinal esta

foi alterada por uma roda focircnica utilizada em motores Volkswagen AP quando

convertidos a injeccedilatildeo eletrocircnica (conforme Figura 48) essa roda mostrou melhor

resoluccedilatildeo do sinal Hall com menos ruiacutedos no sinal

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall

73

Fonte Autor

Apoacutes vaacuterios testes esta foi a combinaccedilatildeo que melhor funcionou no motor

a roda focircnica aliada ao sensor de rotaccedilatildeo permite a sincronizaccedilatildeo mecacircnica do

motor em relaccedilatildeo ao sistema de gerenciamento eletrocircnico do motor A calibraccedilatildeo

eacute feita da seguinte maneira junto ao software de calibraccedilatildeo do sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica eacute dada a referecircncia em graus da posiccedilatildeo fiacutesica da roda focircnica

em relaccedilatildeo ao motor O primeiro passo eacute colocar o motor em PMS e ver onde se

situa a falha dos dois dentes da roda focircnica a partir disso contar quantos dentes

se tem ateacute o dente que coincide com o sensor de rotaccedilatildeo (conforme Figura 49)

Figura 48 - Roda Focircnica

74

Fonte Autor

Como eacute utilizada uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes cada dente

equivale a 6deggraus de resoluccedilatildeo sendo 3deg do bordo de subida e 3deg do bordo de

descida no caso do projeto o sensor coincide com o 37deg dente a partir da falha

e isso equivale a 228deggraus a partir da falha Todo o sincronismo do motor eacute feito

baseado nessa referecircncia sendo este valor colocado como referecircncia no

software de gerenciamento eletrocircnico (conforme Figura 50)

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

75

Fonte Autor

A partir deste momento todo o sincronismo do motor estaacute baseado nestes

dados e quando o motor estiver em PMS o sistema eletrocircnico saberaacute disso pois

o sensor de rotaccedilatildeo estaraacute alinhado com o 37deg dente que eacute a referecircncia para o

sistema

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

76

37 Corpo de Borboleta

O corpo de borboletas utilizado (conforme Figura 51) eacute proveniente das

motocicletas Honda CB300 e XRE300 possui 35mm de venturi e eacute fabricado

pela empresa japonesa Keihin famosa pela fabricaccedilatildeo de carburadores de

motocicletas tambeacutem possui uma unidade de sensores integrados Foi utilizado

por ser um componente de faacutecil aquisiccedilatildeo no mercado brasileiro o que permite

faacutecil manutenccedilatildeo quando necessaacuterio e seu formato fiacutesico permite a utilizaccedilatildeo de

uma grande gama de injetores diferentes quando isso se faz necessaacuterio

Tambeacutem houve uma pequena adaptaccedilatildeo no coletor de admissatildeo que tambeacutem

eacute proveniente das mesmas motocicletas Honda essa adaptaccedilatildeo se deve ao fato

de o motor em questatildeo possuir o sistema de vaacutelvulas de palhetas na admissatildeo

o que natildeo acontece nas motocicletas Honda que possuem motor de quatro

tempos

Fonte Autor

Figura 51 - Corpo de Borboleta

77

38 Unidade de Sensores

A unidade de sensores refere-se a uma unidade composta por trecircs

sensores que jaacute estaacute acoplada ao corpo de borboletas Keihin e contempla os

sensores

MAP ndash Manifold Absolute Pressure (Pressatildeo Absoluta no Coletor)

IAT ndash Intake Air Tempeture (Temperatura do Ar Admitido)

TPS ndash Throttle Position Sensor (Sensor de Posiccedilatildeo do Acelerador)

Destes sensores natildeo foi utilizado apenas o sensor Map pois a unidade

de gerenciamento eletrocircnico jaacute possui um sensor Map integrado que foi utilizado

Estes sensores puderam ser configurados para utilizaccedilatildeo com o sistema

de gerenciamento eletrocircnico sem o menor problema

381 Sensor TPS

Este sensor se refere ao sensor que envia a informaccedilatildeo de posiccedilatildeo da

borboleta para o sistema de gerenciamento eletrocircnico Nada mais eacute do que um

potenciocircmetro que varia a resistecircncia ocirchmica ao se variar a posiccedilatildeo do

acelerador

Sua calibraccedilatildeo eacute feita em tempo real com a unidade de gerenciamento

eletrocircnico (conforme Figura 52) onde se informa a posiccedilatildeo do acelerador

totalmente fechado e totalmente aberto o sistema de gerenciamento jaacute adquire

o valor de resistecircncia ocirchmica e faz os caacutelculos para os valores intermediaacuterios e

a interpretaccedilatildeo das posiccedilotildees

78

Fonte Autor

382 Sensor IAT

Este sensor eacute responsaacutevel por aquisitar a temperatura do ar que estaacute

sendo admitido ou seja que estaacute momentaneamente passando pelo corpo de

borboletas Este assim como o sensor de posiccedilatildeo da borboleta e tambeacutem o

sensor de pressatildeo absoluta no coletor eacute utilizado para o caacutelculo da massa de ar

que estaacute sendo admitida pelo motor Este sensor eacute calibrado a partir dos valores

de resistecircncia ocirchmica cujos valores satildeo inseridos no software de calibraccedilatildeo da

unidade de gerenciamento eletrocircnico esses valores natildeo satildeo facilmente

adquiridos pois o fabricante da unidade de sensores natildeo os disponibiliza poreacutem

outro fabricante de sensores a MTE-Thompson fabrica esse mesmo modelo de

unidade de sensores para reposiccedilatildeo do original e entrando em contato com o

departamento teacutecnico eles passam os valores de funcionamento do sensor e

esses valores foram os utilizados para calibraccedilatildeo do sensor de temperatura do

ar admitido (conforme Figura 53)

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS

79

Fonte Autor

383 Sensor MAP

Sensores MAP satildeo utilizados para determinar a pressatildeo do ar admitido

que passa pelo coletor de admissatildeo satildeo muito usados nos sistemas atuais de

gerenciamento eletrocircnico de motores de combustatildeo interna Este tipo de

sensores trabalha utilizando o princiacutepio de strain gage onde haacute a deformaccedilatildeo do

material metaacutelico variando tambeacutem sua resistividade (conforme Figura 54)

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT

80

Fonte Nota de aula ndash Prof Adriano Ribolla (Sist De Gerenc Eletrocircnico 2018)

A funccedilatildeo de variaccedilatildeo da resistecircncia ou fator Gauge pode ser dada pela

expressatildeo

Onde

R resistecircncia (Ω)

ρ constante do material

L comprimento do fio (m)

A secccedilatildeo transversal do fio (msup2)

O sistema de gerenciamento eletrocircnico Speeduino jaacute possuiacute em sua

montagem um sensor MAP interno na sua montagem e mesmo que na

unidade de sensores Keihin utilizada jaacute possuiacutesse um sensor MAP foi

escolhido utilizar o sensor existente na eletrocircnica da unidade de

gerenciamento eletrocircnico apenas pela facilidade de calibraccedilatildeo (conforme

Figura 55)

R= ρ LA

8 - Caacutelculo do Fator Gauge

Figura 54 - Princiacutepio strain gage

81

Fonte Autor

O sensor MAP existente no sistema de gerenciamento eletrocircnico eacute do

fabricante NXPFreescale modelo MPX 4250AP (conforme Anexo B) com um

range de leitura pressatildeo de 20 a 250 kPa

Apoacutes o funcionamento do motor e leitura do sensor foi possiacutevel notar que nos

motores de ciclo dois tempos justamente pelo seu tipo de ciclo e forma

construtiva natildeo seria possiacutevel fazer a calibraccedilatildeo dos mapas de funcionamento

do motor levando-se em conta a leitura de pressatildeo no coletor pois a depressatildeo

no coletor deste tipo de motor eacute muito baixa variando muito pouco Poreacutem este

fato jaacute era de se esperar mas a inserccedilatildeo deste sensor natildeo foi em vatildeo Ela jaacute foi

feita com o objetivo de futuros trabalhos sobre este tipo de sensor em motores

dois tempos para obtenccedilatildeo de valores palpaacuteveis de pressatildeo que possam ser

levados em conta na calibraccedilatildeo do motor

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP

82

39 Sistema de Igniccedilatildeo

O sistema de igniccedilatildeo deve ser compatiacutevel com o sistema de

gerenciamento eletrocircnico utilizado que foi o Speeduino Para isso o sistema de

igniccedilatildeo original do motor foi substituiacutedo por uma bobina utilizada em motores da

linha VW (conforme Figura 56) bobinas essas com moacutedulo de igniccedilatildeo integrado

e para evitar interferecircncias com o sensor de rotaccedilatildeo ou demais eletrocircnicas do

hardware de gerenciamento foi utilizado cabo vela resistivo do veiacuteculo Fiat Tipo

ie (Conforme Figura 57) as velas originais da motocicleta jaacute eram do tipo

resistiva A bobina poderia ter sido utilizada qualquer uma com moacutedulo de igniccedilatildeo

integrado e o cabo de vela tambeacutem poderia ser qualquer um do tipo resistivo

poreacutem estes foram escolhidos apenas por se integrarem melhor fisicamente ao

projeto

Fonte wwwmercadolivrecombr Fonte wwwacnpecascombr

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo

83

4 Calibraccedilatildeo do Motor

Atualmente a calibraccedilatildeo de motores de combustatildeo interna tem tido como

objetivo principal melhorar autonomia com relaccedilatildeo a consumo de combustiacutevel e

diminuiccedilatildeo das emissotildees de poluentes muito em funccedilatildeo de legislaccedilotildees mais

riacutegidas e restritivas Novas teacutecnicas construtivas de motores e implementaccedilotildees

de novas teacutecnicas de calibraccedilatildeo tem sido utilizadas como downsizing turbo-

compressores injeccedilatildeo direta de combustiacutevel para sistemas ldquoflex-fuelrdquo ou ateacute

mesmo sistemas mistos utilizando injeccedilatildeo direta e indireta de combustiacutevel em

um mesmo motor Estes meacutetodos elevaram o niacutevel tecnoloacutegico dos motores de

combustatildeo interna extraindo grande potecircncia diminuindo massa de motores

poreacutem com a necessidade de muita eletrocircnica embarcada

Um dos intuitos deste trabalho eacute a inserccedilatildeo de um sistema de

gerenciamento eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos a princiacutepio de

maneira experimental apenas para obter preacutevias de sua viabilidade

construtivamente e dar a motores que utilizam este tipo de ciclo a oportunidade

de ressurgirem ou natildeo no mercado com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias e

eletrocircnica embarcada ou mesmo proporcionar uma longevidade de seu uso em

competiccedilotildees

Para a calibraccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico que foi

escolhido o sistema Speeduino utilizamos o software de calibraccedilatildeo Tuner

Studio o qual jaacute foi previamente apresentado Seratildeo mostrados a seguir os

passos e direccedilotildees tomadas no que diz respeito a calibraccedilatildeo deste motor de ciclo

dois tempos em questatildeo

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais

Inicialmente eacute necessaacuterio a introduccedilatildeo de alguns dados pertinentes ao

motor e a estrateacutegia de funcionamento do mesmo para tal utilizamos a tela

ldquoEngine Constantsrdquo ou constantes do motor no software Tuner Studio Em

seguida detalhamos os dados de acordo com as caracteriacutesticas do motor que foi

escolhido para o trabalho (conforme Figura 58)

84

Fonte Autor

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor

85

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel

A tabela de injeccedilatildeo de combustiacutevel eacute baseada no meacutetodo VE ldquoVolumetric

Efficiencyrdquo ou eficiecircncia volumeacutetrica neste sistema utiliza-se o item ldquoCalculated

Required Fuelrdquo ou caacutelculo de combustiacutevel necessaacuterio (Conforme Figura 58) o

valor disponibilizado neste item representa o tempo necessaacuterio de injeccedilatildeo de

combustiacutevel baseado em 100 da eficiecircncia volumeacutetrica do motor e

posteriormente desenvolve-se a tabela VE de acordo com as necessidades do

motor (conforme Figura 59) em funccedilatildeo de rotaccedilatildeo do motor e posiccedilatildeo da

borboleta podendo ou natildeo estes valores serem multiplicados pelo valor de

pressatildeo do sensor MAP poreacutem no caso deste trabalho natildeo se utilizou o a

multiplicaccedilatildeo pelo sensor pois este dado se mostrou insatisfatoacuterio para motores

de ciclo dois tempos que geram pouca ou nenhuma depressatildeo no coletor de

admissatildeo

FonteAutor

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE

86

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo

A tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo permite determinar o momento em que seraacute

disparada a centelha pela vela de igniccedilatildeo permitindo a queima da mistura

arcombustiacutevel Os valores inseridos na tabela satildeo valores que representam o

acircngulo em graus antes do ponto morto superior do motor PMS (conforme Figura

60) em que seraacute disparada a centelha esta deve ser disparada alguns graus

antes do PMS pois a queima da mistura deve ser aproveitada ao maacuteximo e para

que isso aconteccedila deve se adotar um ponto de igniccedilatildeo de forma que a frente de

chama tenha tempo suficiente para queimar dentro do cilindro caso contraacuterio a

queima se torna ineficiente e acaba por desperdiccedilar combustiacutevel que acaba

sendo jogado para o escapamento sem que este seja queimado

Os valores de avanccedilo em graus inseridos nesta tabela tambeacutem tecircm seu

funcionamento em funccedilatildeo dos eixos de posiccedilatildeo da borboleta do acelerador e

rotaccedilatildeo do motor

Fonte Autor

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo

87

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada

Usualmente em uma grande montadora ou grande equipe de corridas

essas tabelas seriam desenvolvidas em um laboratoacuterio de desenvolvimento de

motores com diversos equipamentos para controle e aquisiccedilatildeo de dados Poreacutem

por se tratar de um trabalho acadecircmico e de baixo custo natildeo houve a

possibilidade de utilizaccedilatildeo de ferramentas desta espeacutecie desta maneira a tabela

foi toda desenvolvida experimentalmente atraveacutes de horas observando

deficiecircncias e comportamentos do funcionamento do motor

5 Dados do Motor (Modificado)

Tendo em vista que este motor eacute proveniente de uma motocicleta de

competiccedilatildeo as caracteriacutesticas originais dele foram modificadas e a motocicleta

utilizada no projeto tambeacutem (conforme Figura 61) Seguem os dados teacutecnicos

com a modificaccedilotildees do motor

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 59mm x 50mm

Cilindrada 1367cmsup3

Taxa de Compressatildeo 145 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Injeccedilatildeo eletrocircnica com corpo de borboletas de 35mm

de diacircmetro e injetor de combustiacutevel Keihin Flex

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo gerenciada a partir da ECU com o uso de Bobina

Bosch utilizada em motores Volkswagen AP ndash MI

Lubrificaccedilatildeo Premix na proporccedilatildeo de 35ml por litro de etanol

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Etanol

Potecircncia 245cv a 9400rpm

Torque 190kgfm a 9000rpm

88

Fonte Autor

6 Resultados

Os resultados obtidos neste trabalho foram deveras satisfatoacuterios

mostrando que eacute possiacutevel o funcionamento de um motor de ciclo dois tempos

utilizando como meacutetodo de injeccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo um sistema de

gerenciamento eletrocircnico moderno Abordagem essa que seria impensaacutevel anos

atraacutes hoje se tornou uma realidade talvez abrindo novos horizontes para o futuro

de motores que utilizem ciclo dois tempos talvez natildeo comercialmente mas ainda

que para seu uso em competiccedilotildees possa ser extraiacutedo o maacuteximo de rendimento

possiacutevel

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees

89

7 Conclusatildeo

Seguramente o desenvolvimento de uma metodologia soacutelida no

desenvolvimento de sistemas de gerenciamento eletrocircnico e calibraccedilatildeo voltadas

para motores de ciclo dois tempos natildeo seraacute uma tarefa faacutecil existe uma longa

estrada a se percorrer para se chegar ao mesmo niacutevel de desenvolvimento

existente destes sistemas para motores de ciclo quatro tempos ou mesmo diesel

Contudo o projeto se mostrou viaacutevel e mesmo que natildeo tenha havido

possibilidade de testes em dinamocircmetro o comportamento do motor mostrou-se

estaacutevel com o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica Possivelmente houve ganhos de

desempenho e esses testes podem ser executados como tarefa futura no intuito

de comprovar possiacuteveis resultados favoraacuteveis

Cabe aos futuros projetos novas soluccedilotildees e abordagens que podem ser

pensadas especificamente para o motor de ciclo dois tempos pois mesmo que

sua fabricaccedilatildeo seja descontinuada para veiacuteculos comerciais sua fabricaccedilatildeo para

suprir necessidades de veiacuteculos de competiccedilatildeo ainda pode prosseguir por anos

e o uso de tecnologia moderna nesses motores pode vir a extrair niacuteveis de

potecircncia e torque antes natildeo atingidos com a utilizaccedilatildeo de igniccedilotildees de ponto fixo

e carburadores Tambeacutem pode alterar caracteriacutesticas de desempenho do motor

como a falta de torque em baixas rotaccedilotildees

Neste projeto o motor original utilizado natildeo foi fabricado para comportar

uma injeccedilatildeo eletrocircnica por isso houve muitos esforccedilos nas adaptaccedilotildees para que

o funcionamento deste motor com esta tecnologia fosse possiacutevel Poreacutem se

pensarmos em uma produccedilatildeo fabril para motores dois tempos projetados para

que utilizem injeccedilatildeo eletrocircnica originalmente isso torna o processo todo muito

mais viaacutevel do ponto de vista comercial aleacutem de implementar uma tecnologia

que tiraria os motores de ciclo dois tempos da aposentadoria podendo ateacute se

pensar em niacuteveis de emissotildees poluentes melhores mesmo que seu uso seja

exclusivo apenas em competiccedilotildees De toda forma um passo foi dado com a

realizaccedilatildeo deste projeto e o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica se mostrou ser uma

tecnologia segura e confiaacutevel para a utilizaccedilatildeo em motores de ciclo dois tempos

90

8 Propostas Futuras

Vaacuterios passos podem ser dados como propostas futuras mas pensando

no alto iacutendice de poluiccedilatildeo gerado por este tipo de motor pode se pensar em um

controle eletrocircnico da injeccedilatildeo de oacuteleo dois tempos para lubrificaccedilatildeo podendo-se

desenvolver algum meacutetodo de verificaccedilatildeo da necessidade de lubrificaccedilatildeo do

motor fazendo injeccedilatildeo de oacuteleo controlada por quantidade e por demanda

Tambeacutem pode-se pensar na utilizaccedilatildeo de catalisadores no escapamento para

diminuiccedilatildeo das emissotildees de gases poluentes o que com certeza deveraacute ser

estudado e caberaacute diversos testes e experimentaccedilotildees de materiais poreacutem

podendo obter resultados positivos

No sistema de injeccedilatildeo de combustiacutevel utilizado neste trabalho foi usado

o meacutetodo de injeccedilatildeo indireta de baixa pressatildeo utilizando uma pressatildeo na linha

de combustiacutevel na ordem de 3bar Futuramente pode-se fazer testes e anaacutelises

a respeito do uso da injeccedilatildeo indireta de combustiacutevel neste tipo de motor em

busca de quais seriam seus benefiacutecios Ainda sobre a injeccedilatildeo de combustiacutevel

uma anaacutelise que deve ser feita eacute em relaccedilatildeo a modificaccedilatildeo da posiccedilatildeo do injetor

de combustiacutevel que atualmente se situa no coletor de admissatildeo este pode ser

montado em alguma posiccedilatildeo estrateacutegica como no caacuterter do motor diretamente

ou em alguma das janelas por exemplo nas janelas de transferecircncia devendo-

se analisar os ganhos e perdas dessa montagem

Um sistema que foi utilizado neste trabalho poreacutem trouxe pouco benefiacutecio

foi o uso do sensor MAP Devido agrave baixa depressatildeo no coletor de admissatildeo

gerada por motores dois tempos uma soluccedilatildeo seria a aquisiccedilatildeo de dados com

alguns sensores de pressatildeo instalados em determinados pontos do motor como

no caacuterter admissatildeo e janelas de transferecircncia Isto para se analisar pontos de

baixa e alta pressatildeo durante os ciclos do motor podendo ser criado um algoritmo

que calcule uma meacutedia de pressatildeo mais palpaacutevel que possa ser levada em conta

na calibraccedilatildeo da injeccedilatildeo de combustiacutevel

91

9 Referecircncias Bibliograacuteficas

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Rede eTec Brasil 2013

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Two-Stroke Engines SAE Paper 780767 EUA 1978

92

10 Referecircncia Figuras

Figura 1

Fonte httpsimageshutterstockcomimage-vectorsystem-twostroke-engines-

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1922

Figura 2

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acessado em 26052019 agraves 1924

Figura 3

Fonte httpsiebayimgcomimagesg~TsAAOSw~1FUVYxas-l1600jpg

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Figura 4

Fonte httpswwwamazonesBoyesen-varillas-vC3A1lvula-Yamaha-

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Figura 5

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Figura 7

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Figura 8

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configuration-portjpg acessado em 26052019 agraves 1944

93

Figura 9

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 10

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 11

Fonte httpwwwcmraracingcomshowthreadphp30922-For-Sale-And-yet-

even-more-Honda-RS125-Parts acessado em 02062019 agraves 2044

Figura 12

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 13

Fonte httpswwwpvldeenproductselectronic-electrical-engineering

acessado em 02062019 agraves 2051

Figura 14

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 15

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 16

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 17

Fonte httpsbikemanperformancecomsupreme-tool-arctic-cat-rave-style-

exhaust-valveshtml acessado em 02062019 agraves 2055

Figura 18

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

94

Figura 19

Fonte httpthunderproductscomattachment_id=316 acessado em

02062019 agraves 2100

Figura 20

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom201404 acessado em 02062019 agraves

2104

Figura 21

Fonte httpflaviolucasmmblogspotcom201508componentes-da-injecao-

eletronicahtml acessado em 02062019 agraves 2110

Figura 22

Fonte httpsmotos-motorcombrmfipeprecos-tabela-yamaha-rd-135-1994

acessado em 02062019 agraves 2116

Figura 23

Fonte httpswwwjapanbaikucomtm-27-8006 acessado em

02062019 agraves 2122

Figura 24

Fonte httpswwwcustojustoptleiriapecas-motasrotor-motoplat-bobine-

externa-anti-horario-28261205 acessado em 02062019 agraves 2124

Figura 25

Fonte Autor

Figura 26

Fonte Autor

Figura 27

Fonte Autor

Figura 28

Fonte Autor

Figura 29

Fonte Autor

Figura 30

Fonte Autor

95

Figura 31

Fonte Autor

Figura 32

Fonte Autor

Figura 33

Fonte httpswwwmagnetimarellicomnode65 acessado em 02062019 agraves

2130

Figura 34

Fonte httpswwwbosch-motorsportcomcontentdownloadsRacepartsen-

GB49044619111858827html acessado em 02062019 agraves 2135

Figura 35

Fonte Autor

Figura 36

Fonte httpswwwamazoncomSmartProjects-Mega-Arduino-MEGA-

BoarddpB004A7H3DG acessado em 02062019 agraves 2141

Figura 37

Fonte

httpsSpeeduinocomshopindexphpid_product=18ampcontroller=product

acessado em 02062019 agraves 2145

Figura 38

Fonte Autor

Figura 39

Fonte Autor

Figura 40

Fonte Autor

Figura 41

Fonte Autor

Figura 42

Fonte Autor

Figura 43

Fonte Autor

96

Figura 44

Fonte Autor

Figura 45

Fonte Autor

Figura 46

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-879906333-080036-sensor-de-

rotaco-fiat-idea-e-torq-16-linea-16-18-_JMquantity=1 acessado em

02062019 agraves 2220

Figura 47

Fonte Autor

Figura 48

Fonte Autor

Figura 49

Fonte Autor

Figura 50

Fonte Autor

Figura 51

Fonte Autor

Figura 52

Fonte Autor

Figura 53

Fonte Autor

Figura 54

Fonte Slides aulas SAGE ndash Prof MSc Adriano Ribolla

Figura 55

Fonte Autor

Figura 56

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-839220558-bobina-ignico-gol-

saveiro-parati-10-kombi-16-mi-3-pinos-

_JMmatt_tool=14302715ampmatt_wordampgclid=CjwKCAjwr8zoBRA0EiwANmvpYI

z4XlO7l-

97

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uantity=1 acessado em 22062019 agraves 2340

Figura 57

Fonte httpswwwacnpecascombrprodutocabo-de-vela-fiat-tipo-1-6-ie-mpi-

todos-injecao-eletronica acessado em 22062019 agraves 2345

Figura 58

Fonte Autor

Figura 59

Fonte Autor

Figura 60

Fonte Autor

Figura 61

Fonte Autor

98

Apecircndice I

Lista de peccedilas e componentes utilizados

Componente Fabricante Part Number (OEM)

Fabricante Part Number (Reposiccedilatildeo)

Qtd

Injetor de Combustiacutevel Keihin 3340-9657-7489 Magnetron MAGNETRON 154-209-B 1

Bobina de Igniccedilatildeo Bosch F000ZS0104 NGK NGK U1092 1

Cabo de Vela Bosch F00099C067 NGK NGK SC-T58 1

Sensor Hiacutebrido - MAP - TPS - IAT

Keihin 16060-KVK-901 MTE-Thomson

MTE6701 1

Sensor de Rotacatildeo HALL Continental 55223464 MTE-Thomson

MTE70565 1

Bomba de Combustiacutevel Delphi BCD 00101 Bosch 580464070 1

Regulador de Pressatildeo Comb

SPA SPA TURBO 1

Roda Focircnica 60-2 Fueltech JR7401PTAz 1

Corpo de Boboletas XR300

Keihin 1641A-KWT-305 1

99

Anexo A

Esquema eleacutetrico do sistema de gerenciamento eletrocircnico

100

101

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

Anexo B

Datasheet Sensor MAP ndash NXPFreescale MPX4250AP

112

113

114

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125

126

127

Anexo C

Lista de componentes Speeduino

Qtd Referecircncia na Placa Componente Valor Modelo

1 C16 CAP TANT 10uF 35V 10 RADIAL 10uF

6 C2C4C6C8C10C24 CAP CER 022uF 50V 10 RADIAL 220nF 224

7 C1C3C5C7C9C13C15 CAP CER 01uF 50V 20 RADIAL 100nF 104

1 C14 CAP TANT 47uF 63V 10 RADIAL 47uF

1 C18 CAP CER 033uF 50V 10 RADIAL 330nF 334

2 C19C25 CAP CER 10000pF 50V 10 RADIAL 10nF 103

3 C11C12C20 CAP CER 1uF 50V 20 RADIAL 1uF 105

1 C23 CAP CER 4700pF 100V 10 RADIAL 47nF 472

1 D16 DIODO ZENER 56V 3W AXIAL 1N5919BG 1N5919BG 2 D15D17 DIODO SCHOTTKY 1A 30V DO41 1N5818 1N5818

8 LED1LED2LED3LED4

LED5LED6LED7LED8 LED SS 3MM LED

4 D9D10D11D12 DIODO USO GERAL 400V 1A DO41 1N4004 1N4004

1 U2 VARISTOR 14MM 22V 1000A ZNR Varistor ZNR

V14D220

8 Q1Q2Q3Q4Q5Q6Q7

Q8 MOSFET N-CH 33V TO-220

62A

MOSFET STP75NS04Z

1 R54 RES 100K Ohm 14W 1 METAL

FILM 10kΩ

14W - 1

17

R10R13R16R19R21

R23R24R29R30R39

R40R50R51R57R58

R59R60

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 1kΩ

14W - 1

4 R9R12R15R18 RES 680 Ohm 06W 1 AXIAL 680Ω 14W - 1

6 R2R4R6R8R22R41 RES FILME METAacuteLICO 14W 470

Ohm 1 AXIAL 470Ω

14W - 1

7 R1R3R26R28R33R34

R61

249k Ohm plusmn1 025W 14W FILME

METAacuteLICO 249kΩ

14W - 1

1 R7 RES 39K Ohm 14W 01 FILME

METAacuteLICO 39kΩ

14W - 1

12

R11R14R17R20R35R3

6R37R38R48R49

R55R56

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 100kΩ

14W - 1

4 R25R27R31R32 RES 160 Ohm 2W 1 AXIAL 160Ω 2W - 1

1 U1 REGULADOR DE TENSAtildeO

LM2940-50 1A TO220 LM2940T 50NOPB

1 MPX4250A SENSOR MAP 363 PSI MAX 1-Bar MAP MPX4250AP

2 IC1IC2 CI MOSFET DVR 3A DUAL HS 8-DIP TC4424EP

A TC4424EPA

Page 14: FACULDADE DE TECNOLOGIA FATEC SANTO ANDRÉfatecsantoandre.edu.br/arquivos/TCC/227-Mecanica/TCC511.pdfLista de Unidades de Medida cm³ - unidade de volume, centímetros cúbicos mm

Lista de Graacuteficos

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3

1996 20

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos

com rotaccedilatildeo em 6000 RPM 35

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de

retorno 44

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor 46

Lista de Quadros

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos 23

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para oldquoHeaderrdquo 43

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor 44

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor 45

Quadro 5 - Comprimento da ponteira 47

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560 61

Lista de Foacutermulas

1 - Caacutelculo da Taxa de Compressatildeo 34

2 - Volume a ser comprimido (fabricantes japoneses) 34

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento 42

4 - Dimensotildees do Escapamento Header 43

5 - Dimensotildees do Escapamento Difusor 45

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor 46

7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo 47

8 - Caacutelculo do Fator Gauge 80

18

1 Introduccedilatildeo

Em 1878 um engenheiro escocecircs criou o projeto tido como o primeiro motor

de ciclo dois tempos e eacute atribuiacutedo a ele esta invenccedilatildeo este engenheiro era

Dugald Clerk Poreacutem este motor possuiacutea algumas diferenccedilas dos motores dois

tempos que conhecemos e utilizamos durante todo o seacuteculo XX ateacute os dias de

hoje Nos motores de Clerk a admissatildeo era feita por bombeamento separado do

motor possuiacutea vaacutelvulas e utilizava gaacutes como combustiacutevel (NUNNEY 1992)

O primeiro motor de ciclo dois tempos com as caracteriacutesticas que hoje

conhecemos com admissatildeo inicial e compressatildeo no caacuterter transferecircncia da

mistura feita por janelas nas laterais do cilindro sem vaacutelvulas soacute foi inventado

por volta de 1892 pelo inglecircs Joseph Day que por volta de 1889 comeccedilou a

desenvolver um motor de combustatildeo interna sem infringir as patentes de

Nikolaus Otto as quais eram as patentes do motor com ciclo a quatro tempos

(BOOTHROYD 2006)

As patentes de Nikolaus Otto satildeo atualmente invaacutelidas e atribuiacutedas a um

engenheiro francecircs Alphonse-Eugene Beau de Rochas o qual havia feito todos

estudos pesquisas e projetos sobre este ciclo anos antes em 1862 poreacutem natildeo

chegou a construir um motor assim como Otto o fez (TILLMAN 2013)

A invenccedilatildeo do motor dois tempos eacute creditada a Dugald Clerk Satildeo citados

diversos pesquisadores engenheiros inventores e construtores como pessoas

que desenvolveram e agregaram conhecimento a este tipo de motor poreacutem foi

possiacutevel observar durante as pesquisas que Day eacute pouco lembrado em livros e

documentos poreacutem historicamente foi quem idealizou e construiu as soluccedilotildees

para o motor dois tempos que utilizamos quase que literalmente ateacute os dias de

hoje (BOOTHROYD 2006)

Durante o seacuteculo XX os motores dois tempos foram amplamente utilizados

na induacutestria automotiva Foram construiacutedos diversos veiacuteculos com esses

motores carros motocicletas caminhotildees e tratores O primeiro estudo e

construccedilatildeo de protoacutetipo de injeccedilatildeo eletrocircnica voltada para motores dois tempos

aconteceu em 1978 exatos cem anos da construccedilatildeo do motor de Clerk e foi

feita por Edmond Vieilledent que conseguiu obter relativo sucesso em suas

pesquisas e desenvolvimento poreacutem a tecnologia de microprocessamento na

19

eacutepoca inicial e o custo para implementaccedilatildeo relativamente alto em motores de

baixa cilindrada aparentemente inviabilizou o projeto em larga escala

(VIEILLEDENT 1978)

Quarenta anos apoacutes o trabalho de Vieilledent em 2018 a fabricante de

motocicletas austriacuteacas KTM Motorcycle disponibiliza para venda no mercado

motocicletas de competiccedilatildeo off-road de 250 e 300cmsup3 com sistema de injeccedilatildeo

eletrocircnica o que vem a corroborar a ideia de que os motores dois tempos para

determinadas aplicaccedilotildees merecem a implementaccedilatildeo de novas tecnologias para

que haja junto com a evoluccedilatildeo eletrocircnica novos resultados aplicados aos

motores dois tempos

11 Motivaccedilatildeo

As motivaccedilotildees deste trabalho surgem da premissa de reduzir algumas

deficiecircncias intriacutensecas do funcionamento dos motores de ciclo dois tempos

funcionamento que seraacute abordado e explicado em um toacutepico especiacutefico adiante

Para isso seraacute utilizado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel com

processamento de dados feito a partir de um Arduino Mega 2560 montado em

um motor Yamaha de 135cmsup3 de 2 tempos de fabricaccedilatildeo nacional produzido ateacute

o ano de 2000 Este motor equipou por mais de vinte anos as motocicletas

Yamaha Rd e Rdz 135cmsup3 e possuiacuteam como sistema de alimentaccedilatildeo de

combustiacutevel carburadores com diacircmetro de venturi 24mm e 26mm

respectivamente e sistema de igniccedilatildeo por descarga capacitiva com curva de

igniccedilatildeo preacute-estabelecida

Os motores dois tempos possuem caracteriacutesticas de funcionamento muito

peculiares e produzem uma potecircncia especiacutefica relativamente alta poreacutem esta

potecircncia vem de uma curva de torque caracteriacutestica do projeto do motor sendo

muito difiacutecil conseguir obter uma curva onde se consiga que a potecircncia seja alta

em todas as faixas de rotaccedilatildeo A maioria dos projetos de motores dois tempos

favorece a potecircncia em uma faixa de rotaccedilatildeo muito estreita por exemplo motores

que satildeo projetados para terem alto torque natildeo possuem alta rotaccedilatildeo e motores

para alta potecircncia soacute conseguem atingir esta potecircncia apoacutes os 10000rpm e todo

o resto da curva de potecircncia do motor eacute esquecida Este trabalho visa a

20

introduccedilatildeo de um sistema de gerenciamento de combustiacutevel e igniccedilatildeo eletrocircnico

para obter uma possiacutevel melhora da faixa de potecircncia aumentando a largura

dessa faixa de potecircncia elevada

Podemos notar ao analisarmos o graacutefico 1 que este tipo de motor produz

uma faixa de trabalho uacutetil de aproximadamente 1500 rpm somente apoacutes os

10000 rpm esta caracteriacutestica torna a pilotagem destas motocicletas em regime

de competiccedilatildeo muito difiacutecil e cansativa

Fonte httppulpmxcom

Com a inserccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico seraacute feita a

tentativa de implementar uma calibraccedilatildeo que natildeo privilegie somente uma faixa

tatildeo pequena de trabalho buscando antecipar e ampliar esta faixa de potecircncia

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3 1996

21

12 Objetivos

Os objetivos deste trabalho satildeo construir montar adaptar e talvez a parte

mais complexa calibrar um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel em um

motor de ciclo dois tempos Natildeo existem muitas informaccedilotildees a respeito de

calibraccedilatildeo eletrocircnica para motores em geral muito menos para motores dois

tempos o que torna esse acerto um tanto quanto difiacutecil

Como descrito anteriormente a motivaccedilatildeo vecircm da capacidade de tentar

incrementar potecircncia em um motor de pouca massa e isso eacute o essencial para

regimes de performance em competiccedilotildees de karts naacuteuticas e de motocicletas

A busca seraacute por uma calibraccedilatildeo final que alargue a faixa de potecircncia do motor

ou seja melhorando suas caracteriacutesticas de funcionamento utilizando um

sistema de gerenciamento eletrocircnico com alguns sensores que seja confiaacutevel e

que permita a sua utilizaccedilatildeo em quaisquer condiccedilotildees climaacuteticas e ambientais

tais como umidade temperatura e pressatildeo atmosfeacuterica

13 Contribuiccedilotildees Esperadas

As contribuiccedilotildees estatildeo relacionadas com os objetivos descritos na

subseccedilatildeo 12 e satildeo elas

a) Promover uma anaacutelise de forma ampla sobre os aspectos positivos e

negativos dos motores que utilizam o ciclo de dois tempos

b) Renovar alguns dados encontrados na literatura teacutecnica a respeito dos

motores dois tempos que na maioria dos livros sobre motores de

combustatildeo interna satildeo dados advindos do estudo de motores anteriores

a deacutecada de 1950 ou seja informaccedilotildees que merecem atualizaccedilatildeo

c) Expor os aspectos positivos do uso da eletrocircnica e programaccedilatildeo no

gerenciamento de motores

d) Possibilitar a adaptaccedilatildeo de uma tecnologia moderna e aberta (open

source) em antigos motores de combustatildeo interna que originalmente

possuiacuteam alimentaccedilatildeo de combustiacutevel mecacircnica e sistema de igniccedilatildeo

simplificado

e) Mostrar as possiacuteveis e esperadas dificuldades de se calibrar o sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos

22

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho

Este trabalho abordaraacute a inserccedilatildeo de um sistema de gerenciamento

eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos sendo assim o assunto eacute abordado

em trecircs fases

Fase Inicial Aborda todo o conceito de funcionamento mecacircnico do motor

de ciclo dois tempos princiacutepios caracteriacutesticas de construccedilatildeo soluccedilotildees

adotadas ao longo da histoacuteria principais aplicaccedilotildees Esta parte tambeacutem tem por

objetivo ampliar o entendimento deste tipo de motor que eacute pouco esclarecido

em literaturas teacutecnicas e quando apresentado em livros utiliza o princiacutepio de

funcionamento correto poreacutem demonstra exemplos de motores antigos sem

muitas soluccedilotildees eficientes

Fase Intermediaacuteria Aborda todas as soluccedilotildees eleacutetricas e eletrocircnicas que

seratildeo utilizadas para o desenvolvimento do protoacutetipo histoacuterico de aplicaccedilotildees em

motores dois tempos processo de escolha montagem de componentes e

sensores anaacutelise de funcionamento e dificuldades enfrentadas

Fase Final Mostra os processos necessaacuterios para fazer a calibraccedilatildeo de

um motor de combustatildeo interna utilizando gerenciamento eletrocircnico aplicaccedilatildeo

em motores dois tempos quais as dificuldades e resultados obtidos

23

2 Fundamentaccedilatildeo

Os motores de ciclo dois tempos possuem o conceito mecacircnico da

termodinacircmica para seu funcionamento onde eacute admitido uma mistura de ar e

combustiacutevel pelo orifiacutecio de admissatildeo Posteriormente essa mistura sofre uma

melhor homogeneizaccedilatildeo no caacuterter junto ao eixo de manivelas onde tambeacutem eacute

comprimido e transferido para a cabeccedila do pistatildeo pelos orifiacutecios de transferecircncia

apoacutes a transferecircncia o pistatildeo inicia o ciclo de subida sentido PMS onde comprime

a mistura ar combustiacutevel e sofre combustatildeo por meio de uma centelha

Nos motores de ciclo dois tempos os pistotildees assim como nos motores

com ciclo quatro tempos possuem movimento alternativo em relaccedilatildeo ao cilindro

poreacutem a lubrificaccedilatildeo dos cilindros eacute feita por meio de oacuteleo misturado com o

combustiacutevel podendo ser forccedilado por uma bomba de lubrificaccedilatildeo que injeta o

oacuteleo no orifiacutecio de admissatildeo ou mesmo por uma mistura oacuteleocombustiacutevel que

pode ser previamente feita Esse sistema simplifica todo o funcionamento deste

tipo de motor poreacutem tambeacutem traz consigo suas deficiecircncias intriacutensecas desse

processo de combustatildeo

Segundo o Manual de Tecnologia Automotiva Bosch (2005) os motores

dois tempos possuem as vantagens e desvantagens que vemos a seguir

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos

Vantagens Desvantagens

Design Simples do Motor Maior Consumo de Combustiacutevel

Baixo Peso Altas Emissotildees de

Hidrocarbonetos

Baixo Custo de Fabricaccedilatildeo Pressatildeo Efetiva Meacutedia mais

Baixa

Padratildeo Melhor de Forccedila de

Torccedilatildeo

Cargas Teacutermicas mais Altas

Marcha Lenta mais deficiente

(Bosch 2005)

24

O desenvolvimento deste trabalho natildeo busca fazer um comparativo entre

os diversos ciclos de funcionamento dos motores de combustatildeo interna

existentes apesar de que em determinados toacutepicos essa comparaccedilatildeo seja

inevitaacutevel Apoacutes a anaacutelise deste trabalho seraacute possiacutevel tirar as proacuteprias

conclusotildees a respeito do funcionamento de motores dois tempos visto que a

maioria das literaturas a respeito dos motores dois tempos natildeo satildeo especiacuteficas

nem tampouco profundas a respeito do tema

21 Objetivos do Capiacutetulo

As seccedilotildees a seguir apresentam o princiacutepio de funcionamento dos motores

de ciclo dois tempos O capiacutetulo iraacute abordar e analisar as fases de funcionamento

e alguns componentes mecacircnicos deste tipo de motor e os resultados de

possiacuteveis modificaccedilotildees em seus componentes

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos

Diferentemente dos motores de ciclo otto a 4 tempos que necessitam a

rotaccedilatildeo de 720deg do eixo aacutervore de manivelas os motores de ciclo dois tempos

necessitam apenas de 360deg do eixo aacutervore de manivelas para executar as quatro

operaccedilotildees baacutesicas de funcionamento de um motor de combustatildeo interna

- Admissatildeo

- Compressatildeo

- Combustatildeo

- Exaustatildeo

25

Apesar das operaccedilotildees e princiacutepio de funcionamento dos motores dois tempos

serem parecidas com as do ciclo otto a concepccedilatildeo e construccedilatildeo do motor eacute

totalmente diferente Os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como

existem nos motores de ciclo otto pelo menos natildeo no sistema mais baacutesico de

funcionamento desses motores (conforme Figura 1)

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos

Editado pelo Autor Fonte httpswwwshutterstockcom

No sistema baacutesico de funcionamento de um motor dois tempos o cilindro possui

aberturas chamadas janelas elas satildeo como portas para entrada e saiacuteda da

mistura arcombustiacutevel

A mistura arcombustiacutevel apoacutes ser succionada atraveacutes do carburador entra

atraveacutes da chamada janela de admissatildeo no cilindro (conforme Figura 2) e chega

primeiramente no caacuterter do motor alguns motores normalmente os de

competiccedilatildeo ou maior performance possuem a entrada de arcombustiacutevel

diretamente no caacuterter (conforme Figura 3) natildeo necessitando entrar no cilindro e

ir para o caacuterter poreacutem isto natildeo eacute regra A entrada desse combustiacutevel no caacuterter

tambeacutem eacute utilizada para a lubrificaccedilatildeo dos rolamentos inferiores do motor jaacute que

na maioria dos casos o combustiacutevel e oacuteleo lubrificante satildeo misturados salvo

26

raros casos em que existem pontos de injeccedilatildeo apenas de oacuteleo em determinadas

partes do motor

Editado pelo Autor Fonte httpwwwrichstaylordportingcom

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto

Editado pelo Autor Fonte httpwwwebaycom

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro

27

Como dito anteriormente os motores dois tempos em essecircncia natildeo utilizam

vaacutelvulas poreacutem com o desenvolvimento desse tipo de motor foi-se aprimorando

a tecnologia e notou-se a necessidade do uso de vaacutelvulas na admissatildeo visto

que parte da mistura era expelida novamente pela admissatildeo quando havia

compressatildeo no caacuterter anteriormente este papel de vaacutelvula de admissatildeo era feito

pelo proacuteprio pistatildeo que ao passar pela janela de admissatildeo determinava os

intervalos de tempo entre admissatildeo e exaustatildeo Para melhorar a eficiecircncia do

sistema de vaacutelvula feito pelo pistatildeo adotou-se principalmente dois sistemas o

sistema de palhetas (conforme Figura 4) e o sistema de vaacutelvula rotativa

(conforme Figura 5)

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas

Fonte wwwamazoncom

Fonte httpscellcodeus

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa

28

Apoacutes ser recebida no caacuterter a mistura arcombustiacutevel eacute comprimida com a

descida do pistatildeo sentido ao PMI o que gera o aumento de pressatildeo no caacuterter e

faz com que a mistura seja transportada para a parte superior do pistatildeo atraveacutes

das chamadas janelas de transferecircncia (conforme Figura 6) Essas janelas

possuem aberturas na parte inferior do cilindro junto ao caacuterter do motor que eacute

por onde passa esta mistura arcombustiacutevel essas aberturas ligam dutos de

transferecircncia ateacute uma abertura na camisa do cilindro jaacute na parte superior do

pistatildeo (conforme Figura 6) Com a mistura jaacute na parte superior do pistatildeo ela eacute

comprimida e por fim queimada e os gases resultantes da queima satildeo expulsos

pela janela de exaustatildeo (conforme Figura 6)

Editado pelo Autor Fonte wwwpatentimagescom

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter do motor passando pela vaacutelvula de palhetas

29

23 Admissatildeo

O processo de admissatildeo inicia-se com a subida do pistatildeo sentido PMS

isso cria uma pequena depressatildeo no caacuterter do motor poreacutem suficiente para

arrastar a mistura arcombustiacutevellubrificante advinda do sistema de alimentaccedilatildeo

usualmente carburadores Essa mistura passa por vaacutelvulas que controlam a

entrada de mistura fresca no motor Na maioria dos motores atuais utilizam-se

vaacutelvulas de palhetas elas tambeacutem tecircm a funccedilatildeo de impedir que a mistura retorne

para o coletor de admissatildeo quando haacute a movimentaccedilatildeo do pistatildeo sentido PMI

(conforme Figura 7) Os primeiros motores de Joseph Day jaacute haviam adotado

uma soluccedilatildeo de vaacutelvulas de palhetas poreacutem esse sistema foi esquecido por

muitos anos e novamente adotados para motores de motocicletas de competiccedilatildeo

em meados dos anos 70 Notemos que a mistura no caacuterter do motor aleacutem de ar

e combustiacutevel tambeacutem possui lubrificante que nesse momento faz a lubrificaccedilatildeo

das peccedilas moacuteveis na parte inferior do motor Nas figuras seguintes podemos

notar como se comporta a entrada da mistura arcombustiacutevel para o caacuterter do

motor e tambeacutem o funcionamento das vaacutelvulas de palhetas

Editado pelo Autor Fonte www1bpblogspotcom

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel

30

O principal momento de admissatildeo da mistura arcombustiacutevel para o motor se daacute

com subida do pistatildeo rumo ao PMS no entanto esse natildeo eacute o uacutenico periacuteodo em

que o motor recebe mistura fresca do sistema de alimentaccedilatildeo Quando o pistatildeo

inicia o movimento de descida rumo ao PMI apoacutes a exaustatildeo tambeacutem temos

admissatildeo de mistura arcombustiacutevel fresca A quantidade eacute bem menor e se daacute

pela depressatildeo gerada pelo escape dos gases queimados junto a janela de

exaustatildeo Essa admissatildeo acontece passando por uma janela conhecida

popularmente como ldquoQuinta Luzrdquo ou em inglecircs ldquoBoost Portrdquo (conforme Figura 8)

poreacutem esse curto periacuteodo de admissatildeo tem maior influecircncia no processo de

exaustatildeo dos gases Essa admissatildeo favorece a expulsatildeo dos gases e limpeza

da cacircmara de combustatildeo para iniacutecio de um novo ciclo

Editado pelo Autor Fonte httpswwwpinterestcom

A duraccedilatildeo desse periacuteodo em graus da duraccedilatildeo da admissatildeo na quinta

luz pode ser tido como um dos periacuteodos criacuteticos no que diz respeito e eficiecircncia

do motor dois tempos pois se o periacuteodo tiver uma duraccedilatildeo muito prolongada

pode resultar em excesso de mistura fresca que eacute ldquojogada forardquo para a exaustatildeo

e se for muito curto acaba mantendo gaacutes queimado na cacircmara de combustatildeo o

que gera perda de potecircncia para o motor

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

31

24 Compressatildeo

A compressatildeo no motor dois tempos acontece assim como no motor de quatro

tempos comprimindo o volume total do cilindro em uma pequena aacuterea da cacircmara

de combustatildeo Poreacutem diferentemente do motor quatro tempos o cilindro do

motor dois tempos natildeo eacute totalmente vedado possuindo aberturas que como dito

anteriormente se chamam janelas (conforme Figura 6)

Podem existir vaacuterios formatos de cacircmara de combustatildeo ou popularmente

conhecido como cabeccedilote cada tipo buscando um resultado final diferente

(conforme Figuras 910 e 11)

Como os cabeccedilotes de motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas satildeo

praticamente um material usinado ou fundido contemplando um formato final E

esse formato nos motores dois tempos influencia muito na performance do

motor

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro

32

Os cabeccedilotes dos motores dois tempos possuem formatos que privilegiam

determinadas faixas de rotaccedilatildeo ou comportamento do motor com relaccedilatildeo a

torque Os chamados ldquoSquishrdquo satildeo um formato que impotildeem uma alta velocidade

agrave mistura em direccedilatildeo a vela de igniccedilatildeo e produz melhora no comportamento da

queima (conforme Figura 10)

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

O ldquoSquishrdquo eacute composto por algumas medidas que satildeo

Banda do Squish eacute a largura da faixa onde se concentra o squish e contorna

toda a circunferecircncia do cabeccedilote podendo ser mais larga ou estreita

dependendo do regime de funcionamento do motor

Acircngulo do Squish eacute o acircngulo feito na banda de squish podendo acompanhar

ou natildeo o acircngulo existente na cabeccedila do pistatildeo natildeo eacute usual mas podem existir

cabeccedilotes cujos acircngulos de squish sejam retos assim como a cabeccedila dos

pistotildees nesses motores

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto

33

Folga do Squish essa folga eacute a folga do topo da cabeccedila do pistatildeo quando

em PMS ateacute o ponto fiacutesico mais proacuteximo da banda de squish

Segundo Bell (1999) os cabeccedilotes que contemplam ldquoSquishrdquo vieram a

promover melhorias significantes na performance dos motores dois tempos

Esse tipo de cabeccedilote promove melhor homogeneizaccedilatildeo da mistura

arcombustiacutevel e tambeacutem de qualquer porccedilatildeo de gases de escapamento

residuais presentes na cacircmara Esse formato tambeacutem evita que a propagaccedilatildeo

de chama para as laterais do cilindro promovam o aquecimento do mesmo fator

que pode dar iniacutecio a um ciclo de detonaccedilatildeo que eacute muito prejudicial para o

funcionamento do motor

Fonte httpwwwcmraracingcom

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo

34

Um outro fator que gera uma certa confusatildeo em motores dois tempos eacute a

mediccedilatildeo da taxa de compressatildeo A compressatildeo efetiva do volume do cilindro

ocorre apenas quando os aneacuteis de segmento do pistatildeo passam pela uacuteltima

abertura sentido PMS sendo que a uacuteltima abertura em motores dois tempos satildeo

as janelas de exaustatildeo

O que pode se notar usualmente eacute que fabricantes europeus utilizam a

mesma maneira de se calcular taxa de compressatildeo de motores quatro tempos

em motores de ciclo dois tempos

onde

RC Relaccedilatildeo de Compressatildeo

VC Volume do Cilindro (cmsup3)

VCC Volume da Cacircmara de Combustatildeo (cmsup3)

Enquanto fabricantes japoneses utilizam uma maneira especiacutefica de medir

a taxa compressatildeo para motores dois tempos avaliando o volume total de

compressatildeo efetiva somente apoacutes a passagem dos aneacuteis de segmento pela

janela de escapamento fazendo sua vedaccedilatildeo Nesse caso o volume total do

cilindro natildeo entra na conta o que se utiliza eacute a altura da janela de exaustatildeo como

referecircncia para o volume total a ser comprimido

Pode-se assim calcular o Volume a ser Comprimido

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

onde

VAC Volume a ser comprimido (cmsup3)

120645 Constante

r Raio do cilindro (mm)

h distacircncia percorrida pelo pistatildeo do momento de fechamento da janela

de exaustatildeo ateacute a chegada em PMS (mm)

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

RC = VC+VCC

VCC

1-Caacutelculo da Taxa de

Compressatildeo

2 - Volume a ser comprimido

(fabricantes japoneses)

35

Quando pesquisa-se em fichas teacutecnicas sobre motores dois tempos tais

literaturas podem gerar uma confusatildeo de entendimento pois pode-se entender

que motores europeus utilizam taxa de compressatildeo muito maior que os motores

japoneses e isto natildeo eacute verdade apenas utilizam meacutetodos de mediccedilatildeo diferentes

25 Combustatildeo

O processo de combustatildeo em motores dois tempos eacute muito semelhante ao

dos motores de quatro tempos mas com uma diferenccedila essencial ao

entendimento deste tipo de motores Nos motores de ciclo de quatro tempos

acontece a centelha na vela de igniccedilatildeo a cada 720deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore

de manivelas enquanto no motor de ciclo dois tempos a centelha ocorre a cada

360deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore de manivelas ou seja a cada subida do pistatildeo

sentido PMS ocorre uma combustatildeo

Segundo Najafabadi Aziz Adams e Leman (2013) existem alguns efeitos

gerados no processo de combustatildeo advindos do ciclo anterior devido a gases

residuais que se mantiveram na cacircmara de combustatildeo Este fenocircmeno afeta a

combustatildeo podendo ocorrer avanccedilo ou atraso do tempo de igniccedilatildeo devido a

temperatura desses gases Ainda a pressatildeo no interior do cilindro que veio do

ciclo anterior afeta o fluxo de transiccedilatildeo do motor podendo a quantidade de gases

residuais ser diferente (conforme Graacutefico 2)

Fonte Najafabadi et al 2013

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos com rotaccedilatildeo em 6000 RPM

36

251 Igniccedilatildeo

Este mecanismo eacute importante para que o processo de combustatildeo seja

equilibrado bem executado e responda com um bom funcionamento do motor

Existem diversos sistemas de igniccedilatildeo disponiacuteveis para motores dois tempos

desde os mais simplificados (conforme Figura 12) ateacute sistemas programaacuteveis

onde pode-se determinar a curva de avanccedilo desejada por meio de programaccedilatildeo

do dispositivo via software (conforme Figura 13) poreacutem para entendimento do

funcionamento o esquema eleacutetrico do sistema de igniccedilatildeo por platinado possui

faacutecil entendimento este sistema foi utilizado por muitos anos e o uacutenico motivo de

cair em desuso era a necessidade de regulagem constante devido ao desgaste

mecacircnico do contato eleacutetrico

Fonte Bell 1999

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio de platinado

37

Fonte httpwwwpvl-zuendungende

26 Exaustatildeo

Este eacute com certeza o processo mais importante dentre todos os processos no

motor dois tempos a janela de exaustatildeo eacute a aacuterea do motor que se sofrer uma

alteraccedilatildeo de alguns deacutecimos de miliacutemetros pode mudar completamente o

comportamento do motor

Como jaacute discorremos os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como os

motores quatro tempos pelo menos natildeo nos mesmos moldes ou entatildeo vaacutelvulas

que vedem completamente a passagem dos gases Em um motor de quatro

tempos o comando de vaacutelvulas determina qual eacute momento de abertura das

vaacutelvulas a ordem o levante etc No motor dois tempos essa funccedilatildeo de duraccedilatildeo

da admissatildeo e exaustatildeo eacute composta pela diagramaccedilatildeo das janelas do cilindro

(conforme Figura 14) e satildeo fixas natildeo existe um comando de vaacutelvulas rotativo

ou qualquer dispositivo semelhante dentre essa diagramaccedilatildeo a duraccedilatildeo mais

importante e que determina o desempenho do motor e como ele se comportaraacute

eacute a da janela de exaustatildeo

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts

38

Segundo Bell (1999) o processo de modificaccedilatildeo da janela de exaustatildeo eacute talvez

um dos mais criacuteticos dentro dos motores dois tempos (conforme Figuras 14 e

15) pocircde-se notar que as diagramaccedilotildees possuem desenhos diferentes de

janelas de exaustatildeo o primeiro modelo da Yamaha TZ250 (conforme Figura 14)

eacute de janela uacutenica pois a dimensotildees que foram determinadas para o tamanho e

duraccedilatildeo da janela dado o diacircmetro do cilindro permitiram que isso fosse feito Jaacute

no segundo diagrama da Suzuki PE175 podemos notar que a janela de exaustatildeo

eacute bi partida (conforme Figura 15) isso acontece por que por projeto foi

determinado um tamanho de janela de exaustatildeo demasiadamente grande para

o diacircmetro desse cilindro natildeo eacute regra mas usualmente a largura de uma janela

de exaustatildeo pode ter no maacuteximo 70 do diacircmetro do cilindro isso acontece para

que os aneacuteis de segmento natildeo tendam a entrar no duto de exaustatildeo quando por

laacute passarem por isso a soluccedilatildeo adotada na Suzuki PE175 de adicionar mais

uma divisatildeo na janela permite ter uma janela de exaustatildeo mais larga sem

comprometer a durabilidade do motor

Por ser uma medida fiacutesica e determinante para o funcionamento do motor dois

tempos a janela de exaustatildeo sempre foi um ponto criacutetico no projeto desses

motores pois se o projeto determinava uma medida para a janela de exaustatildeo a

performance do motor era inerente a esta medida Motores que foram

desenvolvidos ateacute o final da deacutecada de 1970 natildeo conseguiam melhorar suas

caracteriacutesticas em todas as faixas de funcionamento Por exemplo se o projeto

da janela de exaustatildeo era feito para funcionar bem em baixas rotaccedilotildees isso

caracterizava aquele motor e nada podia ser feito para ser melhorado sem que

isso comprometesse outras faixas de rotaccedilatildeo

Motocicletas e karts de competiccedilatildeo que eram projetados para funcionar bem

em altas rotaccedilotildees tinham todo o torque em baixa muito comprometido se vermos

corridas de motocicletas da deacutecada de 1970 e iniacutecio dos anos de 1980 podemos

ver pilotos que largavam praticamente empurrando a motocicleta ateacute que ela

embalasse e chegasse a uma rotaccedilatildeo onde o motor pudesse andar sozinho

39

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida

40

No iniacutecio dos anos de 1980 a Yamaha criou uma soluccedilatildeo para melhorar o

desempenho dos motores dois tempos em todas as faixas de rotaccedilatildeo eacute um

sistema com uma vaacutelvula mecacircnica que variava as dimensotildees da janela de

exaustatildeo durante o funcionamento do motor esse sistema eacute chamado YPVS

(Yamaha Power Valve System) (conforme Figura 16) foi um sistema que permitiu

a Yamaha ganhar diversas competiccedilotildees on e off road ateacute que seus concorrentes

pudessem desenvolver sistemas semelhantes

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Inicialmente esse sistema era totalmente mecacircnico e era tocado por uma

bomba centriacutefuga ligada ao eixo arvore do motor posteriormente em

motocicletas de rua foi adotado o mesmo princiacutepio poreacutem foi utilizado um sistema

eletrocircnico com um servo motor Outros fabricantes desenvolveram sistemas

semelhantes ao longo do tempo e adotaram as mais diversas soluccedilotildees Um outro

sistema bastante popular foi o sistema pneumaacutetico (conforme Figura 17) que

era composto por uma vaacutelvula do tipo guilhotina e uma membrana na janela de

exaustatildeo a vaacutelvula se mantinha fechada em baixas rotaccedilotildees melhorando o

torque naquele momento e a membrana era calibrada para que em um certo

momento quando certa quantidade de gases de escape estivessem sendo

produzidos a membrana empurrava a vaacutelvula para traacutes aumentando as

dimensotildees da janela de exaustatildeo melhorando o torque em altas rotaccedilotildees

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System

41

Fonte httpwww bikemanperformancecom

261 Escapamento

Ainda na fase de exaustatildeo o escapamento eacute o acessoacuterio mais importante

para o bom funcionamento dos motores dois tempos e necessita cuidados

especiais em seu desenvolvimento Eacute intriacutenseco do funcionamento e da forma

construtiva do motor dois tempos o fato de que ele acaba por jogar mistura

fresca para o escapamento e isso causa perda de performance Assim o

escapamento promove ondas de ressonacircncia que causam o retorno de parte

dessa mistura fresca novamente para dentro do cilindro

Este sistema determina muito das caracteriacutesticas importantes de

funcionamento desse tipo de motor Satildeo peccedilas complexas de serem construiacutedas

e produzem um som caracteriacutesticos de ldquoring-dingrdquo a este tipo de motor

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos

42

Para um bom projeto de escapamento satildeo necessaacuterios diversos caacutelculos

para que se obtenha as dimensotildees ideais Posteriormente outro desafio eacute aplicar

as dimensotildees calculadas ao projeto do veiacuteculo o que produz verdadeiras

esculturas mecacircnicas (conforme Figura 18)

Caacutelculo para determinaccedilatildeo do comprimento ideal do escapamento

Onde

LE = Comprimento do escapamento (mm)

DE = Duraccedilatildeo da janela de exaustatildeo em graus (deg)

RPM = Rotaccedilatildeo para melhor funcionamento do motor (1min)

42545 = Constante que leva em conta que a onda socircnica sempre viaja na

velocidade do som no ar

Fonte Bell 1999

O trecho do escapamento que sai do cilindro do motor eacute chamado em inglecircs

ldquoHeaderrdquo esse trecho usualmente eacute cocircnico e utiliza acircngulos entre 115deg e 15deg

Entretanto ao longo da histoacuteria os fabricantes testaram acircngulos variando entre

08deg ateacute 23deg de conicidade para determinadas aplicaccedilotildees

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos

LE = DE x 42545

RPM

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento

43

As dimensotildees do Header podem ser determinadas da seguinte maneira Para

o comprimento pode-se utilizar o fator de multiplicaccedilatildeo (conforme Quadro 2)

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para o ldquoHeaderrdquo

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 85 ndash 95 10 -11

100 ndash 125 78 ndash 85 78 ndash 85

175 ndash 250 73 ndash 83 9 -10

350 - 500 73 ndash 83 85 ndash 95

Fonte Bell 1999

Jaacute com o fator de correccedilatildeo apropriado multiplicamos esse valor pelo diacircmetro

da janela de exaustatildeo e esse eacute o comprimento ideal do Header

O diacircmetro maior do Header pode ser calculado pela seguinte expressatildeo

Onde

D2 = eacute o diacircmetro maior do Header para uniatildeo com o Difusor (mm)

CH = eacute o Comprimento do Header (mm)

D1 = eacute o diacircmetro inicial do Header determinado pelo diacircmetro da janela de

exaustatildeo (mm)

Cotg H = eacute a cotangente do acircngulo do Header usualmente entre 115 e 15deg

O segundo trecho do escapamento chamado Difusor pode ser calculado da

seguinte maneira O diacircmetro inicial eacute o mesmo diacircmetro D2 do Header o

comprimento do Difusor eacute usualmente calculado utilizando 25 vezes o diacircmetro

da janela de exaustatildeo poreacutem pode-se usar de 22 a 29 vezes o diacircmetro da

janela de exaustatildeo dependendo do projeto tendo em mente que quanto menor

o comprimento melhor o rendimento em altas rotaccedilotildees e quanto maior o

comprimento melhor as respostas do motor em baixas rotaccedilotildees Ao final o que

D2 = CH x 2 + D1

cotg H

4 ndash Dimensotildees do Escapamento Header

44

iraacute determinar o comprimento eacute a proposta do motor O acircngulo de conicidade do

Difusor varia normalmente entre 3deg e 7deg com diferentes reaccedilotildees ao rendimento

do motor (conforme Quadro 3) modificando a duraccedilatildeo e os efeitos da onda de

ressonacircncia (conforme Graacutefico 3)

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 65 a 7deg 3 a 35deg

100 ndash 125 65 a 75deg 4 a 48deg

175 65 a 75deg 35 a 45deg

250 7 a 75deg 4 a 45deg

350 ndash 500 4 a 5deg

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de retorno

45

O segundo diacircmetro o diacircmetro maior do Difusor pode ser calculado

utilizando a seguinte expressatildeo

Onde

CD = Comprimento do Difusor D3 = Diacircmetro maior do Difusor D2 = Diacircmetro menor do Difusor cotg D = Cotangente do acircngulo de conicidade que foi determinado para o Difusor

Existe uma seccedilatildeo paralela que liga o diacircmetro maior do difusor ao uacuteltimo

cone esse trecho eacute popularmente chamado de Bojo (conforme Figura 18) poreacutem

natildeo se pode calcular o comprimento dela sem antes calcular as dimensotildees do

cone final que eacute chamado de ldquoBafflerdquo ou defletor (conforme Quadro 4) Essa

seccedilatildeo por sua vez determina a duraccedilatildeo e a intensidade das ondas de

ressonacircncia que iraacute manter o cilindro cheio de maneira eficiente Segundo Bell

(1999) um defletor com um cone curto e acircngulo muito abrupto iraacute permitir um

ganho de potecircncia maacutexima ao custo de sacrificar as baixas e meacutedias rotaccedilotildees

(conforme Graacutefico 4)

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 -80 105 a 12deg 85 a 95deg

100 105 a 12deg 9 a 10deg

125 95 a 12deg 85 a 10deg

175 10 a 12deg 8 a 10deg

250 10 a 12deg 75 a 10deg

350 - 500 9 a 11deg

Fonte Bell 1999

CD = D3 ndash D2 x cotg D

2

5 ndash Dimensotildees do Escapamento Difusor

46

Fonte Bell 1999

Para se calcular o comprimento do cone utilizamos a expressatildeo

CTD = (D32) x Cotg D

Onde

CTD Comprimento total do cone do defletor

D3 Diacircmetro maior do defletor ou seja o mesmo diacircmetro que o diacircmetro maior

do difusor

cotg D Cotangente do acircngulo escolhido para o defletor

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor

47

Agora com todos esses valores calculados podemos calcular o

comprimento da parte central do escapamento o chamado bojo Para isso

utilizamos a seguinte expressatildeo

Onde

CB Comprimento do Bojo

L Comprimento total do escapamento ateacute o meio da seccedilatildeo do defletor

CH Comprimento do Header

CD Comprimento do Difusor

CDE Comprimento total do Defletor

Por fim ainda necessitamos saber as dimensotildees do ldquoStingerrdquo ou ponteira

que segundo Graham Bell apoacutes vaacuterias experimentaccedilotildees chegou a alguns

valores que resultaram em boas respostas do motor (conforme Quadro 5)

Quadro 5 - Comprimento da ponteira

Volume do cilindro (cmsup3) Comprimento (mm) Diacircmetro Interno (mm)

50 - 80 205 ndash 230 17 -19

100 230 ndash 250 19 - 21

125 265 ndash 290 22 -24

175 270 - 295 25 ndash 27

250 280 ndash 305 26 ndash 28

350 -500 285 - 310 27 ndash 29

Fonte Bell 1999

CB = L ndash (CH+CD+(CDE2)) 7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo

48

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna

Em seu funcionamento os motores de combustatildeo interna

independentemente do tipo de ciclo necessitam de um gerenciamento da

admissatildeo de uma mistura carburante para o interior dos cilindros para que possa

haver a combustatildeo da mesma Anteriormente essa admissatildeo se dava por um

processo puramente mecacircnico com a utilizaccedilatildeo de carburadores que eram

sistemas mecacircnicos sofisticados que proporcionavam a atomizaccedilatildeo do

combustiacutevel com o ar atmosfeacuterico para a formaccedilatildeo da mistura carburante

(conforme Figura 19)

Fonte httpwwwthunderproductscom

Poreacutem este sistema possuiacutea algumas deficiecircncias pois necessitava de

constante regulagem e qualquer mudanccedila de condiccedilatildeo climaacutetica de temperatura

pressatildeo ou umidade fazia com que o carburador saiacutesse de sua faixa de trabalho

gerando um mal funcionamento do motor e por vezes ateacute mesmo sua quebra

Parte muito importante tambeacutem do funcionamento dos motores de

combustatildeo interna satildeo os sistemas de igniccedilatildeo que anteriormente eram sistema

independentes do sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel poreacutem atualmente

pertencem ao mesmo pacote de gerenciamento do motor Estes sistemas de

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante

49

igniccedilatildeo eram normalmente sistemas eletromecacircnicos podendo ser sistemas

simples com ponto de igniccedilatildeo fixo ou sistemas mais elaborados com a presenccedila

de circuitos eletrocircnicos para fazer a variaccedilatildeo do ponto de igniccedilatildeo Estes sistemas

possuem alguns componentes baacutesicos

Distribuidor (no caso de haver mais de um cilindro) bobina de igniccedilatildeo

(para gerar alta tensatildeo) cabos de igniccedilatildeo e velas de igniccedilatildeo Este eacute o esquema

mais baacutesico de funcionamento dos sistemas de igniccedilatildeo podendo haver

variaccedilotildees eleacutetricas mecacircnicas e em alguns casos eletrocircnicas (conforme Figura

20)

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom

Atualmente os sistemas mais modernos de gerenciamento de motores de

combustatildeo interna satildeo quase que puramente eletrocircnicos e contemplam os dois

mundos alimentaccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo em um uacutenico sistema (conforme

Figura 21) Todo o gerenciamento eacute feito com base em leitura de sensores uma

calibraccedilatildeo que prevecirc diversas situaccedilatildeo de uso do motor e atuadores que fazem

o processo fiacutesico de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel do motor Estes satildeo sistemas

complexos que se baseiam na condiccedilatildeo imediata de diversos fatores que satildeo

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo

50

interpretados por sensores como por exemplo pressatildeo atmosfeacuterica

temperatura do motor massa de ar admitida etc Estas leituras feitas pelos

sensores satildeo recebidas por um circuito eletrocircnico que conteacutem um processador

onde essas informaccedilotildees satildeo recebidas e com base em dados armazenados em

sua memoacuteria para cada condiccedilatildeo ter-se atuaccedilatildeo eletrocircnica onde eacute feita a injeccedilatildeo

de combustiacutevel pelos injetores e o disparo da centelha de igniccedilatildeo para que haja

a combustatildeo

Fonte httpswwwflaviolucasmmblogspotcom

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus perifeacutericos

51

3 Detalhamento do Projeto

Os capiacutetulos anteriores serviram para o embasamento teacutecnico para que

fosse possiacutevel uma melhor compreensatildeo do que se trata o projeto a ser

executado neste trabalho de conclusatildeo de curso Neste ponto iremos tratar

especificamente do projeto de adaptaccedilatildeo de um sistema completo de injeccedilatildeo

eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos Yamaha de 135cmsup3 proveniente

de uma motocicleta Yamaha RD 135 (Conforme Figura 22) e todos os

componentes utilizados para tornar esta adaptaccedilatildeo possiacutevel

Fonte httpsmotos-motorcombr

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135

52

31 Dados do Motor

O motor utilizado neste projeto eacute proveniente de uma motocicleta Yamaha

Rd 135cmsup3 que foi fabricado no Brasil de 1988 a 1999 Trata-se de um motor

monociliacutendrico que utiliza o ciclo de trabalho dois tempos refrigerado agrave ar

seguem os dados teacutecnicos

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 58mm x 50mm

Cilindrada 132cmsup3

Taxa de Compressatildeo 682 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Carburador Mikuni VM24 com 24mm de venturi

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo eletrocircnica de descarga capacitiva ou popularmente

CDI (Capacitor Discharge Ignition)

Lubrificaccedilatildeo Oacuteleo dois tempos bombeado atraveacutes de uma bomba chamada

Autolube nos motores Yamaha este oacuteleo eacute proveniente de um reservatoacuterio que

alimenta a bomba que por sua vez transfere o oacuteleo atraveacutes de uma mangueira

diretamente ao coletor de admissatildeo do motor variando a quantidade de oacuteleo de

acordo com a rotaccedilatildeo e abertura do carburador

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Gasolina

Potecircncia 16cv a 9000rpm

Torque 174kgfm a 8500rpm

Para este projeto o motor utilizado jaacute possuiacutea modificaccedilotildees mecacircnicas

para atingir melhores rendimentos que o motor original pois eacute um motor que foi

utilizado em competiccedilotildees de motovelocidade na categoria RD 135 Diversas

peccedilas foram modificadas tais como sistema de alimentaccedilatildeo escapamento

vaacutelvula de palhetas igniccedilatildeo combustiacutevel diagramaccedilatildeo do cilindro e taxa de

compressatildeo O sistema de alimentaccedilatildeo original foi substituiacutedo por um carburador

Mikuni TM 30 (conforme Figura 23) o escapamento foi substituiacutedo por um

escapamento dimensionado construiacutedo artesanalmente o sistema de igniccedilatildeo

53

utilizado foi um Motoplat de ponto fixo (conforme Figura 24) e o combustiacutevel

utilizado foi o etanol que aleacutem de ser o combustiacutevel regulamentado para o

campeonato tambeacutem eacute um combustiacutevel que permite extrair mais potecircncia do

motor pois com esse combustiacutevel eacute possiacutevel fazer modificaccedilotildees mecacircnicas

como taxa de compressatildeo e avanccedilo de igniccedilatildeo que natildeo seriam possiacuteveis

utilizando gasolina como combustiacutevel

Fonte wwwjapanbaikucom

Fonte wwwcustojustopt

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo

54

O motor utilizado como base nesse trabalho natildeo eacute um motor original eacute

um motor de competiccedilatildeo e para haver base para comparaccedilatildeo do antes e depois

do processo de inserccedilatildeo do sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica este motor teve sua

potecircncia medida em dinamocircmetro inercial com sua curva de torque e potecircncia

aquisitadas (conforme Figura 25)

Fonte Autor

O motor utilizado passou por uma revisatildeo geral havendo troca de peccedilas

por se tratar de um motor de competiccedilatildeo foi por diversas vezes levado ao

extremo e com a escolha desse motor para o projeto esta revisatildeo se fez

necessaacuteria As imagens a seguir mostram o processo de desmontagem para

verificaccedilatildeo das condiccedilotildees do motor e posterior montagem (Conforme Figuras

262728293031 e 32)

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia

55

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto

56

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2

Figura 29 - Processo de pintura

57

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada

58

Fonte Autor

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico

Para a escolha do sistema de gerenciamento eletrocircnico foi necessaacuteria

grande pesquisa entre as opccedilotildees disponiacuteveis no mercado nacional e

internacional Os sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica disponiacuteveis originalmente em

motocicletas de fabricaccedilatildeo nacional poderiam ter sido uma opccedilatildeo mas foram

logo descartados pois foram concebidos para trabalhar com motores de ciclo

otto o que natildeo eacute o caso e as maneiras de calibraccedilatildeo desses sistemas originais

se tornariam difiacuteceis de conseguir tornando essa escolha inviaacutevel

A busca foi por um sistema ldquostand-alonerdquo auto suficiente e que permitisse

mudanccedila total nos paracircmetros de calibraccedilatildeo normalmente satildeo sistemas

utilizados em competiccedilotildees de automoacuteveis motocicletas caminhotildees etc

Existem sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica ldquostand-alonerdquo muito sofisticados

de fabricantes renomados mundialmente dentro e fora das pistas de corridas

como Magneti Marelli (conforme Figura 33) e Bosch (conforme Figura 34) em

suas divisotildees motorsport

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta

59

Sistemas desses fabricantes satildeo reconhecidamente confiaacuteveis o problema eacute o

valor de um sistema desses que eacute muito caro e os tornam inviaacuteveis para um

projeto experimental de baixo custo Opccedilotildees nacionais tambeacutem foram cogitadas

como o sistema Fueltech poreacutem ainda possuem um custo alto e suas opccedilotildees de

programaccedilatildeo e flexibilidade do sistema ainda eram limitados para o tipo de ciclo

do motor a ser utilizado

A escolha do sistema apoacutes grande pesquisa foi pelo sistema ldquostand-alonerdquo

Speeduino (conforme Figura 35) um sistema totalmente programaacutevel que utiliza

como microcontrolador um Arduino Mega 2560 esse eacute um sistema do tipo ldquoDIYrdquo

Do It Yourself ou em portuguecircs ldquofaccedila vocecirc mesmordquo Estatildeo disponiacuteveis na

internet os layouts das placas de circuito impresso e o usuaacuterio pode fabricar as

proacuteprias placas ou compraacute-las prontas em determinados sites da internet e sua

lista de componentes para montagem tambeacutem estaacute disponiacutevel na internet e eacute

relativamente faacutecil encontraacute-los O custo de produccedilatildeo de um sistema desse eacute

relativamente baixo comparado com outros sistemas do mesmo segmento e

por utilizar Arduino como controlador sua programaccedilatildeo eacute inteira aberta e pode

ser modificada de acordo com as necessidades do usuaacuterio

Fonte wwwmagnetimarellicom

Fonte wwwellis-componentscouk

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport Figura 34 - ECU Bosch MS 151

60

Fonte Autor

33 Arduino Mega 2560

Arduino eacute uma plataforma para programaccedilatildeo criada na Itaacutelia por Massimo

Banzi David Cuartielles Tom Igoe Gianluca Martino e David Mellis no ano de

2005 para entusiastas e profissionais da programaccedilatildeo e da eletrocircnica

permitindo diversos tipos de projetos para estes seguimentos Trata-se de uma

placa com um microcontrolador Atmel possuindo diversas entradassaiacutedas

analoacutegicas e digitais a quantidade dessas entradas e saiacutedas varia de acordo

com o modelo do Arduino Essas entradassaiacutedas podem ser programadas por

uma interface IDE Arduino via computador utilizando linguagem C

Na praacutetica eacute um microcontrolador programaacutevel como qualquer outro de

outros fabricantes por exemplo PIC (Microchip) ou ARM (Freescale) poreacutem tem

sua utilizaccedilatildeo facilitada por jaacute estar inserido em uma placa que contempla

soquetes para pinagem das entradas e saiacutedas e porta de comunicaccedilatildeo USB

Serial para gravaccedilatildeo da programaccedilatildeo no microcontrolador Diferentemente de

outros microcontroladores que necessitam da confecccedilatildeo de uma placa de

circuito impresso para uso e de um programador serial para gravaccedilatildeo da

programaccedilatildeo (conforme Figura 36)

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino

61

Fonte httpswwwamazoncom

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560

Microcontrolador ATmega 2560 (Atmel)

Tensatildeo de Operaccedilatildeo 5V

Tensatildeo de Alimentaccedilatildeo (recomendado) 7-12V

Tensotildees Limites de Operaccedilatildeo 6-20V

Saiacutedas Digitais IO 54 saiacutedas sendo 15 PWM

Entradas Analoacutegicas 16

Corrente da Saiacutedas IO 20mA

Corrente nos Pinos 33V 50mA

Memoacuteria Flash 256Kb

SRAM 8Kb

EEPROM 4Kb

Frequecircncia do Clock 16Mhz

LED_BUILTIN 13

Comprimento da Placa 10152mm

Largura da Placa 5333mm

Peso da Placa Completa 37g

Altura da Placa 12mm

Editado pelo Autor Fonte httpwwwArduinocom

Figura 36 - Arduino Mega 2560

62

34 Speeduino

O sistema Speeduino foi o sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica escolhido para o

projeto Eacute um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica totalmente programaacutevel criado por

Josh Stuart e utiliza um Arduino Mega 2560 como microcontrolador assim como

outros sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel possibilita a calibraccedilatildeo por

completo do sistema de injeccedilatildeo e igniccedilatildeo Para tal utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio que permite diversas configuraccedilotildees do

sistema de injeccedilatildeo tais como o meacutetodo de calibraccedilatildeo utilizado configuraccedilatildeo dos

mapas de avanccedilo de igniccedilatildeo e tempo de injeccedilatildeo sistema de malha aberta ou

malha fechada etc

O sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica Speeduino eacute um sistema ldquostand-alonerdquo

ou seja trabalha independente de outros sistemas apenas para gerenciar o

motor a combustatildeo interna seja ele de ciclo quatro ou dois tempos Eacute um sistema

difundido pela internet e permite troca de informaccedilotildees entre usuaacuterios que

trabalham em conjunto para desenvolvimento e aperfeiccediloamento do hardware e

do software o layout principal da placa de circuito impresso tambeacutem estaacute

disponiacutevel na internet bem como a lista de componentes necessaacuterios para a

montagem Este sistema requer um miacutenimo de conhecimento de eletrocircnica para

sua construccedilatildeo um miacutenimo de conhecimento em eleacutetricaeletrocircnica automotiva

para a instalaccedilatildeo do sistema no motor e grande conhecimento em programaccedilatildeo

e mecacircnica automobiliacutestica para calibraccedilatildeo do sistema no motor

63

35 Montagem do Sistema Speeduino

A partir do momento onde foi feita a escolha do sistema Speeduino foi

necessaacuterio obter os componentes necessaacuterios para confecccedilatildeo da placa

(conforme Anexo C) O primeiro passo foi a fabricaccedilatildeo da placa de circuito

impresso a partir do layout disponiacutevel (conforme Figura 37)

Fonte wwwSpeeduinocom

Posteriormente foi feita a aquisiccedilatildeo dos componentes necessaacuterios para a

montagem da placa Esses componentes tambeacutem estatildeo disponiacuteveis na internet

em uma planilha eletrocircnica e satildeo encontrados com relativa facilidade no

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino

64

mercado com exceccedilatildeo de determinados componentes cuja importaccedilatildeo foi

necessaacuteria poreacutem com baixo custo (conforme Anexo C)

Com todos os componentes necessaacuterios em matildeos foi executada a montagem

do sistema o que necessita uma certa habilidade pois o projeto possui diversos

componentes tipo SMD (conforme Figura 38)

Fonte Autor

Com a placa jaacute montada (conforme Figura 39) antes da montagem de todo o

chicote eleacutetrico para funcionamento do motor iniciaram-se os testes de

funcionamento do sistema Por ser um sistema montado artesanalmente os

testes pareciam ser o passo mais certo a se seguir

Figura 38 - Inicio da montagem da placa

65

Fonte Autor

Eacute importante mostrar que o sistema Speeduino utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio (conforme Figura 40) eacute um freeware na

versatildeo baacutesica que foi criado para funcionar em conjunto com outro sistema

de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel conhecido como Megasquirt e o mesmo

tambeacutem eacute utilizado na calibraccedilatildeo do sistema Speeduino Mais adiante seratildeo

feitas explicaccedilotildees detalhadas das configuraccedilotildees do software

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada

66

Fonte Autor

Jaacute no primeiro teste este apresentou resultados negativos com a

eletrocircnica natildeo respondendo agraves configuraccedilotildees e nem mostrando leituras de

sensores

A soluccedilatildeo deste problema veio depois de procurar muito e fazer diversas

mediccedilotildees analisando os diagramas eleacutetricos (conforme Anexo A) O

problema estava na placa de circuito impresso a trilha do aterramento

(GND) natildeo havia sido impressa ou seja natildeo havia aterramento em nenhum

ponto do sistema A placa havia sido impressa por um terceiro Ao entrar em

contato com o mesmo ele disse que enviaria outra placa poreacutem para agilizar

o processo e natildeo ter que esperar novamente a chegada de componentes

uma uacutenica opccedilatildeo surgiu devido aos prazos a de refazer o aterramento da

placa de forma externa (conforme Figura 41) sem nenhuma pretensatildeo de

que isso desse certo poreacutem era uma alternativa para que todo o processo

de funcionamento do motor fosse agilizado

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio

67

Fonte Autor

Apoacutes todo o trabalho de refazer as trilhas de aterramento iniciou-se

novamente a fase testes de funcionamento e os resultados foram positivos

O sistema comeccedilou a responder perfeitamente aos testes iniciais

O elemento de maior importacircncia para o funcionamento desse sistema de

gerenciamento eletrocircnico eacute o sensor de rotaccedilatildeo do motor e foi por ele que

se iniciaram os testes Foi adaptada uma roda focircnica a um torno mecacircnico

e tambeacutem o sensor de rotaccedilatildeo do tipo ldquohallrdquo (conforme Figura 42) para

verificar se o conjunto eletrocircnico do sistema estava recebendo os sinais de

rotaccedilatildeo

Figura 41 - Aterramento refeito externamente

68

Fonte Autor

O teste obteve resultados positivos respondendo perfeitamente a rotaccedilatildeo

do torno mecacircnico sendo testado em diversas rotaccedilotildees diferentes com a

interface do software sempre mostrando os valores de rotaccedilatildeo corretos

Entatildeo os testes que se seguiram foram os de atuaccedilatildeo eleacutetrica como injetor

de combustiacutevel e bobina de igniccedilatildeo todos testes feitos a princiacutepio em

bancada (conforme Figura 43)

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico

69

Fonte Autor

Apoacutes todos os testes em bancada partiu-se para a montagem do chicote

eleacutetrico para funcionamento do sistema no motor e tambeacutem a adaptaccedilatildeo

mecacircnica de suportes para sensores e a adaptaccedilatildeo da roda focircnica

(conforme Figura 44)

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada

70

Fonte Autor

A roda focircnica utilizada eacute proveniente de um motor Volkswagen EA-111

(conforme Figura 45) o sensor de rotaccedilatildeo a ser utilizado pelo sistema de

gerenciamento eletrocircnico Speeduino foi o sensor de efeito hall poderia ser

utilizado o sensor de relutacircncia magneacutetica poreacutem seria necessaacuterio a

confecccedilatildeo de uma eletrocircnica para o condicionamento de sinal

transformando-o para sinal de onda quadrada com amplitude de 5V de

tensatildeo Para evitar a confecccedilatildeo de mais uma eletrocircnica sendo um potencial

ponto fraco do sistema optou-se por utilizar um sensor de rotaccedilatildeo de efeito

hall proveniente dos motores Fiat E-torq 18 (conforme Figura 46) fabricado

pela Continental

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica

71

Fonte Autor

Fonte wwwmercadolivrecombr

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v

72

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico

Neste projeto o sistema de sincronismo eletrocircnico possui dois

componentes apenas satildeo eles a roda focircnica e o sensor de rotaccedilatildeo ambos

adaptados ao projeto e advindos de carros

O sistema de sincronismo eletrocircnico consiste em transformar o

sincronismo mecacircnico do motor em sinais de onda quadrada (conforme Figura

47) que possam ser interpretados pelo sistema de gerenciamento eletrocircnico

proporcionando a injeccedilatildeo de combustiacutevel e disparo da centelha no momento

exato que fora previamente calibrado

Fonte Autor

O sistema consiste de uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes ou seja

satildeo 58 dentes e ausecircncia de 2 dentes Foi adaptada uma roda focircnica do motor

Volkswagen EA-111 poreacutem apoacutes alguns problemas de captaccedilatildeo do sinal esta

foi alterada por uma roda focircnica utilizada em motores Volkswagen AP quando

convertidos a injeccedilatildeo eletrocircnica (conforme Figura 48) essa roda mostrou melhor

resoluccedilatildeo do sinal Hall com menos ruiacutedos no sinal

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall

73

Fonte Autor

Apoacutes vaacuterios testes esta foi a combinaccedilatildeo que melhor funcionou no motor

a roda focircnica aliada ao sensor de rotaccedilatildeo permite a sincronizaccedilatildeo mecacircnica do

motor em relaccedilatildeo ao sistema de gerenciamento eletrocircnico do motor A calibraccedilatildeo

eacute feita da seguinte maneira junto ao software de calibraccedilatildeo do sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica eacute dada a referecircncia em graus da posiccedilatildeo fiacutesica da roda focircnica

em relaccedilatildeo ao motor O primeiro passo eacute colocar o motor em PMS e ver onde se

situa a falha dos dois dentes da roda focircnica a partir disso contar quantos dentes

se tem ateacute o dente que coincide com o sensor de rotaccedilatildeo (conforme Figura 49)

Figura 48 - Roda Focircnica

74

Fonte Autor

Como eacute utilizada uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes cada dente

equivale a 6deggraus de resoluccedilatildeo sendo 3deg do bordo de subida e 3deg do bordo de

descida no caso do projeto o sensor coincide com o 37deg dente a partir da falha

e isso equivale a 228deggraus a partir da falha Todo o sincronismo do motor eacute feito

baseado nessa referecircncia sendo este valor colocado como referecircncia no

software de gerenciamento eletrocircnico (conforme Figura 50)

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

75

Fonte Autor

A partir deste momento todo o sincronismo do motor estaacute baseado nestes

dados e quando o motor estiver em PMS o sistema eletrocircnico saberaacute disso pois

o sensor de rotaccedilatildeo estaraacute alinhado com o 37deg dente que eacute a referecircncia para o

sistema

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

76

37 Corpo de Borboleta

O corpo de borboletas utilizado (conforme Figura 51) eacute proveniente das

motocicletas Honda CB300 e XRE300 possui 35mm de venturi e eacute fabricado

pela empresa japonesa Keihin famosa pela fabricaccedilatildeo de carburadores de

motocicletas tambeacutem possui uma unidade de sensores integrados Foi utilizado

por ser um componente de faacutecil aquisiccedilatildeo no mercado brasileiro o que permite

faacutecil manutenccedilatildeo quando necessaacuterio e seu formato fiacutesico permite a utilizaccedilatildeo de

uma grande gama de injetores diferentes quando isso se faz necessaacuterio

Tambeacutem houve uma pequena adaptaccedilatildeo no coletor de admissatildeo que tambeacutem

eacute proveniente das mesmas motocicletas Honda essa adaptaccedilatildeo se deve ao fato

de o motor em questatildeo possuir o sistema de vaacutelvulas de palhetas na admissatildeo

o que natildeo acontece nas motocicletas Honda que possuem motor de quatro

tempos

Fonte Autor

Figura 51 - Corpo de Borboleta

77

38 Unidade de Sensores

A unidade de sensores refere-se a uma unidade composta por trecircs

sensores que jaacute estaacute acoplada ao corpo de borboletas Keihin e contempla os

sensores

MAP ndash Manifold Absolute Pressure (Pressatildeo Absoluta no Coletor)

IAT ndash Intake Air Tempeture (Temperatura do Ar Admitido)

TPS ndash Throttle Position Sensor (Sensor de Posiccedilatildeo do Acelerador)

Destes sensores natildeo foi utilizado apenas o sensor Map pois a unidade

de gerenciamento eletrocircnico jaacute possui um sensor Map integrado que foi utilizado

Estes sensores puderam ser configurados para utilizaccedilatildeo com o sistema

de gerenciamento eletrocircnico sem o menor problema

381 Sensor TPS

Este sensor se refere ao sensor que envia a informaccedilatildeo de posiccedilatildeo da

borboleta para o sistema de gerenciamento eletrocircnico Nada mais eacute do que um

potenciocircmetro que varia a resistecircncia ocirchmica ao se variar a posiccedilatildeo do

acelerador

Sua calibraccedilatildeo eacute feita em tempo real com a unidade de gerenciamento

eletrocircnico (conforme Figura 52) onde se informa a posiccedilatildeo do acelerador

totalmente fechado e totalmente aberto o sistema de gerenciamento jaacute adquire

o valor de resistecircncia ocirchmica e faz os caacutelculos para os valores intermediaacuterios e

a interpretaccedilatildeo das posiccedilotildees

78

Fonte Autor

382 Sensor IAT

Este sensor eacute responsaacutevel por aquisitar a temperatura do ar que estaacute

sendo admitido ou seja que estaacute momentaneamente passando pelo corpo de

borboletas Este assim como o sensor de posiccedilatildeo da borboleta e tambeacutem o

sensor de pressatildeo absoluta no coletor eacute utilizado para o caacutelculo da massa de ar

que estaacute sendo admitida pelo motor Este sensor eacute calibrado a partir dos valores

de resistecircncia ocirchmica cujos valores satildeo inseridos no software de calibraccedilatildeo da

unidade de gerenciamento eletrocircnico esses valores natildeo satildeo facilmente

adquiridos pois o fabricante da unidade de sensores natildeo os disponibiliza poreacutem

outro fabricante de sensores a MTE-Thompson fabrica esse mesmo modelo de

unidade de sensores para reposiccedilatildeo do original e entrando em contato com o

departamento teacutecnico eles passam os valores de funcionamento do sensor e

esses valores foram os utilizados para calibraccedilatildeo do sensor de temperatura do

ar admitido (conforme Figura 53)

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS

79

Fonte Autor

383 Sensor MAP

Sensores MAP satildeo utilizados para determinar a pressatildeo do ar admitido

que passa pelo coletor de admissatildeo satildeo muito usados nos sistemas atuais de

gerenciamento eletrocircnico de motores de combustatildeo interna Este tipo de

sensores trabalha utilizando o princiacutepio de strain gage onde haacute a deformaccedilatildeo do

material metaacutelico variando tambeacutem sua resistividade (conforme Figura 54)

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT

80

Fonte Nota de aula ndash Prof Adriano Ribolla (Sist De Gerenc Eletrocircnico 2018)

A funccedilatildeo de variaccedilatildeo da resistecircncia ou fator Gauge pode ser dada pela

expressatildeo

Onde

R resistecircncia (Ω)

ρ constante do material

L comprimento do fio (m)

A secccedilatildeo transversal do fio (msup2)

O sistema de gerenciamento eletrocircnico Speeduino jaacute possuiacute em sua

montagem um sensor MAP interno na sua montagem e mesmo que na

unidade de sensores Keihin utilizada jaacute possuiacutesse um sensor MAP foi

escolhido utilizar o sensor existente na eletrocircnica da unidade de

gerenciamento eletrocircnico apenas pela facilidade de calibraccedilatildeo (conforme

Figura 55)

R= ρ LA

8 - Caacutelculo do Fator Gauge

Figura 54 - Princiacutepio strain gage

81

Fonte Autor

O sensor MAP existente no sistema de gerenciamento eletrocircnico eacute do

fabricante NXPFreescale modelo MPX 4250AP (conforme Anexo B) com um

range de leitura pressatildeo de 20 a 250 kPa

Apoacutes o funcionamento do motor e leitura do sensor foi possiacutevel notar que nos

motores de ciclo dois tempos justamente pelo seu tipo de ciclo e forma

construtiva natildeo seria possiacutevel fazer a calibraccedilatildeo dos mapas de funcionamento

do motor levando-se em conta a leitura de pressatildeo no coletor pois a depressatildeo

no coletor deste tipo de motor eacute muito baixa variando muito pouco Poreacutem este

fato jaacute era de se esperar mas a inserccedilatildeo deste sensor natildeo foi em vatildeo Ela jaacute foi

feita com o objetivo de futuros trabalhos sobre este tipo de sensor em motores

dois tempos para obtenccedilatildeo de valores palpaacuteveis de pressatildeo que possam ser

levados em conta na calibraccedilatildeo do motor

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP

82

39 Sistema de Igniccedilatildeo

O sistema de igniccedilatildeo deve ser compatiacutevel com o sistema de

gerenciamento eletrocircnico utilizado que foi o Speeduino Para isso o sistema de

igniccedilatildeo original do motor foi substituiacutedo por uma bobina utilizada em motores da

linha VW (conforme Figura 56) bobinas essas com moacutedulo de igniccedilatildeo integrado

e para evitar interferecircncias com o sensor de rotaccedilatildeo ou demais eletrocircnicas do

hardware de gerenciamento foi utilizado cabo vela resistivo do veiacuteculo Fiat Tipo

ie (Conforme Figura 57) as velas originais da motocicleta jaacute eram do tipo

resistiva A bobina poderia ter sido utilizada qualquer uma com moacutedulo de igniccedilatildeo

integrado e o cabo de vela tambeacutem poderia ser qualquer um do tipo resistivo

poreacutem estes foram escolhidos apenas por se integrarem melhor fisicamente ao

projeto

Fonte wwwmercadolivrecombr Fonte wwwacnpecascombr

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo

83

4 Calibraccedilatildeo do Motor

Atualmente a calibraccedilatildeo de motores de combustatildeo interna tem tido como

objetivo principal melhorar autonomia com relaccedilatildeo a consumo de combustiacutevel e

diminuiccedilatildeo das emissotildees de poluentes muito em funccedilatildeo de legislaccedilotildees mais

riacutegidas e restritivas Novas teacutecnicas construtivas de motores e implementaccedilotildees

de novas teacutecnicas de calibraccedilatildeo tem sido utilizadas como downsizing turbo-

compressores injeccedilatildeo direta de combustiacutevel para sistemas ldquoflex-fuelrdquo ou ateacute

mesmo sistemas mistos utilizando injeccedilatildeo direta e indireta de combustiacutevel em

um mesmo motor Estes meacutetodos elevaram o niacutevel tecnoloacutegico dos motores de

combustatildeo interna extraindo grande potecircncia diminuindo massa de motores

poreacutem com a necessidade de muita eletrocircnica embarcada

Um dos intuitos deste trabalho eacute a inserccedilatildeo de um sistema de

gerenciamento eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos a princiacutepio de

maneira experimental apenas para obter preacutevias de sua viabilidade

construtivamente e dar a motores que utilizam este tipo de ciclo a oportunidade

de ressurgirem ou natildeo no mercado com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias e

eletrocircnica embarcada ou mesmo proporcionar uma longevidade de seu uso em

competiccedilotildees

Para a calibraccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico que foi

escolhido o sistema Speeduino utilizamos o software de calibraccedilatildeo Tuner

Studio o qual jaacute foi previamente apresentado Seratildeo mostrados a seguir os

passos e direccedilotildees tomadas no que diz respeito a calibraccedilatildeo deste motor de ciclo

dois tempos em questatildeo

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais

Inicialmente eacute necessaacuterio a introduccedilatildeo de alguns dados pertinentes ao

motor e a estrateacutegia de funcionamento do mesmo para tal utilizamos a tela

ldquoEngine Constantsrdquo ou constantes do motor no software Tuner Studio Em

seguida detalhamos os dados de acordo com as caracteriacutesticas do motor que foi

escolhido para o trabalho (conforme Figura 58)

84

Fonte Autor

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor

85

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel

A tabela de injeccedilatildeo de combustiacutevel eacute baseada no meacutetodo VE ldquoVolumetric

Efficiencyrdquo ou eficiecircncia volumeacutetrica neste sistema utiliza-se o item ldquoCalculated

Required Fuelrdquo ou caacutelculo de combustiacutevel necessaacuterio (Conforme Figura 58) o

valor disponibilizado neste item representa o tempo necessaacuterio de injeccedilatildeo de

combustiacutevel baseado em 100 da eficiecircncia volumeacutetrica do motor e

posteriormente desenvolve-se a tabela VE de acordo com as necessidades do

motor (conforme Figura 59) em funccedilatildeo de rotaccedilatildeo do motor e posiccedilatildeo da

borboleta podendo ou natildeo estes valores serem multiplicados pelo valor de

pressatildeo do sensor MAP poreacutem no caso deste trabalho natildeo se utilizou o a

multiplicaccedilatildeo pelo sensor pois este dado se mostrou insatisfatoacuterio para motores

de ciclo dois tempos que geram pouca ou nenhuma depressatildeo no coletor de

admissatildeo

FonteAutor

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE

86

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo

A tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo permite determinar o momento em que seraacute

disparada a centelha pela vela de igniccedilatildeo permitindo a queima da mistura

arcombustiacutevel Os valores inseridos na tabela satildeo valores que representam o

acircngulo em graus antes do ponto morto superior do motor PMS (conforme Figura

60) em que seraacute disparada a centelha esta deve ser disparada alguns graus

antes do PMS pois a queima da mistura deve ser aproveitada ao maacuteximo e para

que isso aconteccedila deve se adotar um ponto de igniccedilatildeo de forma que a frente de

chama tenha tempo suficiente para queimar dentro do cilindro caso contraacuterio a

queima se torna ineficiente e acaba por desperdiccedilar combustiacutevel que acaba

sendo jogado para o escapamento sem que este seja queimado

Os valores de avanccedilo em graus inseridos nesta tabela tambeacutem tecircm seu

funcionamento em funccedilatildeo dos eixos de posiccedilatildeo da borboleta do acelerador e

rotaccedilatildeo do motor

Fonte Autor

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo

87

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada

Usualmente em uma grande montadora ou grande equipe de corridas

essas tabelas seriam desenvolvidas em um laboratoacuterio de desenvolvimento de

motores com diversos equipamentos para controle e aquisiccedilatildeo de dados Poreacutem

por se tratar de um trabalho acadecircmico e de baixo custo natildeo houve a

possibilidade de utilizaccedilatildeo de ferramentas desta espeacutecie desta maneira a tabela

foi toda desenvolvida experimentalmente atraveacutes de horas observando

deficiecircncias e comportamentos do funcionamento do motor

5 Dados do Motor (Modificado)

Tendo em vista que este motor eacute proveniente de uma motocicleta de

competiccedilatildeo as caracteriacutesticas originais dele foram modificadas e a motocicleta

utilizada no projeto tambeacutem (conforme Figura 61) Seguem os dados teacutecnicos

com a modificaccedilotildees do motor

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 59mm x 50mm

Cilindrada 1367cmsup3

Taxa de Compressatildeo 145 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Injeccedilatildeo eletrocircnica com corpo de borboletas de 35mm

de diacircmetro e injetor de combustiacutevel Keihin Flex

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo gerenciada a partir da ECU com o uso de Bobina

Bosch utilizada em motores Volkswagen AP ndash MI

Lubrificaccedilatildeo Premix na proporccedilatildeo de 35ml por litro de etanol

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Etanol

Potecircncia 245cv a 9400rpm

Torque 190kgfm a 9000rpm

88

Fonte Autor

6 Resultados

Os resultados obtidos neste trabalho foram deveras satisfatoacuterios

mostrando que eacute possiacutevel o funcionamento de um motor de ciclo dois tempos

utilizando como meacutetodo de injeccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo um sistema de

gerenciamento eletrocircnico moderno Abordagem essa que seria impensaacutevel anos

atraacutes hoje se tornou uma realidade talvez abrindo novos horizontes para o futuro

de motores que utilizem ciclo dois tempos talvez natildeo comercialmente mas ainda

que para seu uso em competiccedilotildees possa ser extraiacutedo o maacuteximo de rendimento

possiacutevel

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees

89

7 Conclusatildeo

Seguramente o desenvolvimento de uma metodologia soacutelida no

desenvolvimento de sistemas de gerenciamento eletrocircnico e calibraccedilatildeo voltadas

para motores de ciclo dois tempos natildeo seraacute uma tarefa faacutecil existe uma longa

estrada a se percorrer para se chegar ao mesmo niacutevel de desenvolvimento

existente destes sistemas para motores de ciclo quatro tempos ou mesmo diesel

Contudo o projeto se mostrou viaacutevel e mesmo que natildeo tenha havido

possibilidade de testes em dinamocircmetro o comportamento do motor mostrou-se

estaacutevel com o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica Possivelmente houve ganhos de

desempenho e esses testes podem ser executados como tarefa futura no intuito

de comprovar possiacuteveis resultados favoraacuteveis

Cabe aos futuros projetos novas soluccedilotildees e abordagens que podem ser

pensadas especificamente para o motor de ciclo dois tempos pois mesmo que

sua fabricaccedilatildeo seja descontinuada para veiacuteculos comerciais sua fabricaccedilatildeo para

suprir necessidades de veiacuteculos de competiccedilatildeo ainda pode prosseguir por anos

e o uso de tecnologia moderna nesses motores pode vir a extrair niacuteveis de

potecircncia e torque antes natildeo atingidos com a utilizaccedilatildeo de igniccedilotildees de ponto fixo

e carburadores Tambeacutem pode alterar caracteriacutesticas de desempenho do motor

como a falta de torque em baixas rotaccedilotildees

Neste projeto o motor original utilizado natildeo foi fabricado para comportar

uma injeccedilatildeo eletrocircnica por isso houve muitos esforccedilos nas adaptaccedilotildees para que

o funcionamento deste motor com esta tecnologia fosse possiacutevel Poreacutem se

pensarmos em uma produccedilatildeo fabril para motores dois tempos projetados para

que utilizem injeccedilatildeo eletrocircnica originalmente isso torna o processo todo muito

mais viaacutevel do ponto de vista comercial aleacutem de implementar uma tecnologia

que tiraria os motores de ciclo dois tempos da aposentadoria podendo ateacute se

pensar em niacuteveis de emissotildees poluentes melhores mesmo que seu uso seja

exclusivo apenas em competiccedilotildees De toda forma um passo foi dado com a

realizaccedilatildeo deste projeto e o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica se mostrou ser uma

tecnologia segura e confiaacutevel para a utilizaccedilatildeo em motores de ciclo dois tempos

90

8 Propostas Futuras

Vaacuterios passos podem ser dados como propostas futuras mas pensando

no alto iacutendice de poluiccedilatildeo gerado por este tipo de motor pode se pensar em um

controle eletrocircnico da injeccedilatildeo de oacuteleo dois tempos para lubrificaccedilatildeo podendo-se

desenvolver algum meacutetodo de verificaccedilatildeo da necessidade de lubrificaccedilatildeo do

motor fazendo injeccedilatildeo de oacuteleo controlada por quantidade e por demanda

Tambeacutem pode-se pensar na utilizaccedilatildeo de catalisadores no escapamento para

diminuiccedilatildeo das emissotildees de gases poluentes o que com certeza deveraacute ser

estudado e caberaacute diversos testes e experimentaccedilotildees de materiais poreacutem

podendo obter resultados positivos

No sistema de injeccedilatildeo de combustiacutevel utilizado neste trabalho foi usado

o meacutetodo de injeccedilatildeo indireta de baixa pressatildeo utilizando uma pressatildeo na linha

de combustiacutevel na ordem de 3bar Futuramente pode-se fazer testes e anaacutelises

a respeito do uso da injeccedilatildeo indireta de combustiacutevel neste tipo de motor em

busca de quais seriam seus benefiacutecios Ainda sobre a injeccedilatildeo de combustiacutevel

uma anaacutelise que deve ser feita eacute em relaccedilatildeo a modificaccedilatildeo da posiccedilatildeo do injetor

de combustiacutevel que atualmente se situa no coletor de admissatildeo este pode ser

montado em alguma posiccedilatildeo estrateacutegica como no caacuterter do motor diretamente

ou em alguma das janelas por exemplo nas janelas de transferecircncia devendo-

se analisar os ganhos e perdas dessa montagem

Um sistema que foi utilizado neste trabalho poreacutem trouxe pouco benefiacutecio

foi o uso do sensor MAP Devido agrave baixa depressatildeo no coletor de admissatildeo

gerada por motores dois tempos uma soluccedilatildeo seria a aquisiccedilatildeo de dados com

alguns sensores de pressatildeo instalados em determinados pontos do motor como

no caacuterter admissatildeo e janelas de transferecircncia Isto para se analisar pontos de

baixa e alta pressatildeo durante os ciclos do motor podendo ser criado um algoritmo

que calcule uma meacutedia de pressatildeo mais palpaacutevel que possa ser levada em conta

na calibraccedilatildeo da injeccedilatildeo de combustiacutevel

91

9 Referecircncias Bibliograacuteficas

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92

10 Referecircncia Figuras

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1922

Figura 2

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Figura 3

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Figura 4

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Figura 7

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Figura 8

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93

Figura 9

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 10

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 11

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Figura 12

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 13

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Figura 14

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 15

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 16

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 17

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Figura 18

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

94

Figura 19

Fonte httpthunderproductscomattachment_id=316 acessado em

02062019 agraves 2100

Figura 20

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom201404 acessado em 02062019 agraves

2104

Figura 21

Fonte httpflaviolucasmmblogspotcom201508componentes-da-injecao-

eletronicahtml acessado em 02062019 agraves 2110

Figura 22

Fonte httpsmotos-motorcombrmfipeprecos-tabela-yamaha-rd-135-1994

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Figura 23

Fonte httpswwwjapanbaikucomtm-27-8006 acessado em

02062019 agraves 2122

Figura 24

Fonte httpswwwcustojustoptleiriapecas-motasrotor-motoplat-bobine-

externa-anti-horario-28261205 acessado em 02062019 agraves 2124

Figura 25

Fonte Autor

Figura 26

Fonte Autor

Figura 27

Fonte Autor

Figura 28

Fonte Autor

Figura 29

Fonte Autor

Figura 30

Fonte Autor

95

Figura 31

Fonte Autor

Figura 32

Fonte Autor

Figura 33

Fonte httpswwwmagnetimarellicomnode65 acessado em 02062019 agraves

2130

Figura 34

Fonte httpswwwbosch-motorsportcomcontentdownloadsRacepartsen-

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Figura 35

Fonte Autor

Figura 36

Fonte httpswwwamazoncomSmartProjects-Mega-Arduino-MEGA-

BoarddpB004A7H3DG acessado em 02062019 agraves 2141

Figura 37

Fonte

httpsSpeeduinocomshopindexphpid_product=18ampcontroller=product

acessado em 02062019 agraves 2145

Figura 38

Fonte Autor

Figura 39

Fonte Autor

Figura 40

Fonte Autor

Figura 41

Fonte Autor

Figura 42

Fonte Autor

Figura 43

Fonte Autor

96

Figura 44

Fonte Autor

Figura 45

Fonte Autor

Figura 46

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-879906333-080036-sensor-de-

rotaco-fiat-idea-e-torq-16-linea-16-18-_JMquantity=1 acessado em

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Figura 47

Fonte Autor

Figura 48

Fonte Autor

Figura 49

Fonte Autor

Figura 50

Fonte Autor

Figura 51

Fonte Autor

Figura 52

Fonte Autor

Figura 53

Fonte Autor

Figura 54

Fonte Slides aulas SAGE ndash Prof MSc Adriano Ribolla

Figura 55

Fonte Autor

Figura 56

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-839220558-bobina-ignico-gol-

saveiro-parati-10-kombi-16-mi-3-pinos-

_JMmatt_tool=14302715ampmatt_wordampgclid=CjwKCAjwr8zoBRA0EiwANmvpYI

z4XlO7l-

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uantity=1 acessado em 22062019 agraves 2340

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todos-injecao-eletronica acessado em 22062019 agraves 2345

Figura 58

Fonte Autor

Figura 59

Fonte Autor

Figura 60

Fonte Autor

Figura 61

Fonte Autor

98

Apecircndice I

Lista de peccedilas e componentes utilizados

Componente Fabricante Part Number (OEM)

Fabricante Part Number (Reposiccedilatildeo)

Qtd

Injetor de Combustiacutevel Keihin 3340-9657-7489 Magnetron MAGNETRON 154-209-B 1

Bobina de Igniccedilatildeo Bosch F000ZS0104 NGK NGK U1092 1

Cabo de Vela Bosch F00099C067 NGK NGK SC-T58 1

Sensor Hiacutebrido - MAP - TPS - IAT

Keihin 16060-KVK-901 MTE-Thomson

MTE6701 1

Sensor de Rotacatildeo HALL Continental 55223464 MTE-Thomson

MTE70565 1

Bomba de Combustiacutevel Delphi BCD 00101 Bosch 580464070 1

Regulador de Pressatildeo Comb

SPA SPA TURBO 1

Roda Focircnica 60-2 Fueltech JR7401PTAz 1

Corpo de Boboletas XR300

Keihin 1641A-KWT-305 1

99

Anexo A

Esquema eleacutetrico do sistema de gerenciamento eletrocircnico

100

101

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103

104

105

106

107

108

109

110

111

Anexo B

Datasheet Sensor MAP ndash NXPFreescale MPX4250AP

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126

127

Anexo C

Lista de componentes Speeduino

Qtd Referecircncia na Placa Componente Valor Modelo

1 C16 CAP TANT 10uF 35V 10 RADIAL 10uF

6 C2C4C6C8C10C24 CAP CER 022uF 50V 10 RADIAL 220nF 224

7 C1C3C5C7C9C13C15 CAP CER 01uF 50V 20 RADIAL 100nF 104

1 C14 CAP TANT 47uF 63V 10 RADIAL 47uF

1 C18 CAP CER 033uF 50V 10 RADIAL 330nF 334

2 C19C25 CAP CER 10000pF 50V 10 RADIAL 10nF 103

3 C11C12C20 CAP CER 1uF 50V 20 RADIAL 1uF 105

1 C23 CAP CER 4700pF 100V 10 RADIAL 47nF 472

1 D16 DIODO ZENER 56V 3W AXIAL 1N5919BG 1N5919BG 2 D15D17 DIODO SCHOTTKY 1A 30V DO41 1N5818 1N5818

8 LED1LED2LED3LED4

LED5LED6LED7LED8 LED SS 3MM LED

4 D9D10D11D12 DIODO USO GERAL 400V 1A DO41 1N4004 1N4004

1 U2 VARISTOR 14MM 22V 1000A ZNR Varistor ZNR

V14D220

8 Q1Q2Q3Q4Q5Q6Q7

Q8 MOSFET N-CH 33V TO-220

62A

MOSFET STP75NS04Z

1 R54 RES 100K Ohm 14W 1 METAL

FILM 10kΩ

14W - 1

17

R10R13R16R19R21

R23R24R29R30R39

R40R50R51R57R58

R59R60

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 1kΩ

14W - 1

4 R9R12R15R18 RES 680 Ohm 06W 1 AXIAL 680Ω 14W - 1

6 R2R4R6R8R22R41 RES FILME METAacuteLICO 14W 470

Ohm 1 AXIAL 470Ω

14W - 1

7 R1R3R26R28R33R34

R61

249k Ohm plusmn1 025W 14W FILME

METAacuteLICO 249kΩ

14W - 1

1 R7 RES 39K Ohm 14W 01 FILME

METAacuteLICO 39kΩ

14W - 1

12

R11R14R17R20R35R3

6R37R38R48R49

R55R56

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 100kΩ

14W - 1

4 R25R27R31R32 RES 160 Ohm 2W 1 AXIAL 160Ω 2W - 1

1 U1 REGULADOR DE TENSAtildeO

LM2940-50 1A TO220 LM2940T 50NOPB

1 MPX4250A SENSOR MAP 363 PSI MAX 1-Bar MAP MPX4250AP

2 IC1IC2 CI MOSFET DVR 3A DUAL HS 8-DIP TC4424EP

A TC4424EPA

Page 15: FACULDADE DE TECNOLOGIA FATEC SANTO ANDRÉfatecsantoandre.edu.br/arquivos/TCC/227-Mecanica/TCC511.pdfLista de Unidades de Medida cm³ - unidade de volume, centímetros cúbicos mm

Lista de Quadros

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos 23

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para oldquoHeaderrdquo 43

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor 44

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor 45

Quadro 5 - Comprimento da ponteira 47

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560 61

Lista de Foacutermulas

1 - Caacutelculo da Taxa de Compressatildeo 34

2 - Volume a ser comprimido (fabricantes japoneses) 34

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento 42

4 - Dimensotildees do Escapamento Header 43

5 - Dimensotildees do Escapamento Difusor 45

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor 46

7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo 47

8 - Caacutelculo do Fator Gauge 80

18

1 Introduccedilatildeo

Em 1878 um engenheiro escocecircs criou o projeto tido como o primeiro motor

de ciclo dois tempos e eacute atribuiacutedo a ele esta invenccedilatildeo este engenheiro era

Dugald Clerk Poreacutem este motor possuiacutea algumas diferenccedilas dos motores dois

tempos que conhecemos e utilizamos durante todo o seacuteculo XX ateacute os dias de

hoje Nos motores de Clerk a admissatildeo era feita por bombeamento separado do

motor possuiacutea vaacutelvulas e utilizava gaacutes como combustiacutevel (NUNNEY 1992)

O primeiro motor de ciclo dois tempos com as caracteriacutesticas que hoje

conhecemos com admissatildeo inicial e compressatildeo no caacuterter transferecircncia da

mistura feita por janelas nas laterais do cilindro sem vaacutelvulas soacute foi inventado

por volta de 1892 pelo inglecircs Joseph Day que por volta de 1889 comeccedilou a

desenvolver um motor de combustatildeo interna sem infringir as patentes de

Nikolaus Otto as quais eram as patentes do motor com ciclo a quatro tempos

(BOOTHROYD 2006)

As patentes de Nikolaus Otto satildeo atualmente invaacutelidas e atribuiacutedas a um

engenheiro francecircs Alphonse-Eugene Beau de Rochas o qual havia feito todos

estudos pesquisas e projetos sobre este ciclo anos antes em 1862 poreacutem natildeo

chegou a construir um motor assim como Otto o fez (TILLMAN 2013)

A invenccedilatildeo do motor dois tempos eacute creditada a Dugald Clerk Satildeo citados

diversos pesquisadores engenheiros inventores e construtores como pessoas

que desenvolveram e agregaram conhecimento a este tipo de motor poreacutem foi

possiacutevel observar durante as pesquisas que Day eacute pouco lembrado em livros e

documentos poreacutem historicamente foi quem idealizou e construiu as soluccedilotildees

para o motor dois tempos que utilizamos quase que literalmente ateacute os dias de

hoje (BOOTHROYD 2006)

Durante o seacuteculo XX os motores dois tempos foram amplamente utilizados

na induacutestria automotiva Foram construiacutedos diversos veiacuteculos com esses

motores carros motocicletas caminhotildees e tratores O primeiro estudo e

construccedilatildeo de protoacutetipo de injeccedilatildeo eletrocircnica voltada para motores dois tempos

aconteceu em 1978 exatos cem anos da construccedilatildeo do motor de Clerk e foi

feita por Edmond Vieilledent que conseguiu obter relativo sucesso em suas

pesquisas e desenvolvimento poreacutem a tecnologia de microprocessamento na

19

eacutepoca inicial e o custo para implementaccedilatildeo relativamente alto em motores de

baixa cilindrada aparentemente inviabilizou o projeto em larga escala

(VIEILLEDENT 1978)

Quarenta anos apoacutes o trabalho de Vieilledent em 2018 a fabricante de

motocicletas austriacuteacas KTM Motorcycle disponibiliza para venda no mercado

motocicletas de competiccedilatildeo off-road de 250 e 300cmsup3 com sistema de injeccedilatildeo

eletrocircnica o que vem a corroborar a ideia de que os motores dois tempos para

determinadas aplicaccedilotildees merecem a implementaccedilatildeo de novas tecnologias para

que haja junto com a evoluccedilatildeo eletrocircnica novos resultados aplicados aos

motores dois tempos

11 Motivaccedilatildeo

As motivaccedilotildees deste trabalho surgem da premissa de reduzir algumas

deficiecircncias intriacutensecas do funcionamento dos motores de ciclo dois tempos

funcionamento que seraacute abordado e explicado em um toacutepico especiacutefico adiante

Para isso seraacute utilizado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel com

processamento de dados feito a partir de um Arduino Mega 2560 montado em

um motor Yamaha de 135cmsup3 de 2 tempos de fabricaccedilatildeo nacional produzido ateacute

o ano de 2000 Este motor equipou por mais de vinte anos as motocicletas

Yamaha Rd e Rdz 135cmsup3 e possuiacuteam como sistema de alimentaccedilatildeo de

combustiacutevel carburadores com diacircmetro de venturi 24mm e 26mm

respectivamente e sistema de igniccedilatildeo por descarga capacitiva com curva de

igniccedilatildeo preacute-estabelecida

Os motores dois tempos possuem caracteriacutesticas de funcionamento muito

peculiares e produzem uma potecircncia especiacutefica relativamente alta poreacutem esta

potecircncia vem de uma curva de torque caracteriacutestica do projeto do motor sendo

muito difiacutecil conseguir obter uma curva onde se consiga que a potecircncia seja alta

em todas as faixas de rotaccedilatildeo A maioria dos projetos de motores dois tempos

favorece a potecircncia em uma faixa de rotaccedilatildeo muito estreita por exemplo motores

que satildeo projetados para terem alto torque natildeo possuem alta rotaccedilatildeo e motores

para alta potecircncia soacute conseguem atingir esta potecircncia apoacutes os 10000rpm e todo

o resto da curva de potecircncia do motor eacute esquecida Este trabalho visa a

20

introduccedilatildeo de um sistema de gerenciamento de combustiacutevel e igniccedilatildeo eletrocircnico

para obter uma possiacutevel melhora da faixa de potecircncia aumentando a largura

dessa faixa de potecircncia elevada

Podemos notar ao analisarmos o graacutefico 1 que este tipo de motor produz

uma faixa de trabalho uacutetil de aproximadamente 1500 rpm somente apoacutes os

10000 rpm esta caracteriacutestica torna a pilotagem destas motocicletas em regime

de competiccedilatildeo muito difiacutecil e cansativa

Fonte httppulpmxcom

Com a inserccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico seraacute feita a

tentativa de implementar uma calibraccedilatildeo que natildeo privilegie somente uma faixa

tatildeo pequena de trabalho buscando antecipar e ampliar esta faixa de potecircncia

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3 1996

21

12 Objetivos

Os objetivos deste trabalho satildeo construir montar adaptar e talvez a parte

mais complexa calibrar um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel em um

motor de ciclo dois tempos Natildeo existem muitas informaccedilotildees a respeito de

calibraccedilatildeo eletrocircnica para motores em geral muito menos para motores dois

tempos o que torna esse acerto um tanto quanto difiacutecil

Como descrito anteriormente a motivaccedilatildeo vecircm da capacidade de tentar

incrementar potecircncia em um motor de pouca massa e isso eacute o essencial para

regimes de performance em competiccedilotildees de karts naacuteuticas e de motocicletas

A busca seraacute por uma calibraccedilatildeo final que alargue a faixa de potecircncia do motor

ou seja melhorando suas caracteriacutesticas de funcionamento utilizando um

sistema de gerenciamento eletrocircnico com alguns sensores que seja confiaacutevel e

que permita a sua utilizaccedilatildeo em quaisquer condiccedilotildees climaacuteticas e ambientais

tais como umidade temperatura e pressatildeo atmosfeacuterica

13 Contribuiccedilotildees Esperadas

As contribuiccedilotildees estatildeo relacionadas com os objetivos descritos na

subseccedilatildeo 12 e satildeo elas

a) Promover uma anaacutelise de forma ampla sobre os aspectos positivos e

negativos dos motores que utilizam o ciclo de dois tempos

b) Renovar alguns dados encontrados na literatura teacutecnica a respeito dos

motores dois tempos que na maioria dos livros sobre motores de

combustatildeo interna satildeo dados advindos do estudo de motores anteriores

a deacutecada de 1950 ou seja informaccedilotildees que merecem atualizaccedilatildeo

c) Expor os aspectos positivos do uso da eletrocircnica e programaccedilatildeo no

gerenciamento de motores

d) Possibilitar a adaptaccedilatildeo de uma tecnologia moderna e aberta (open

source) em antigos motores de combustatildeo interna que originalmente

possuiacuteam alimentaccedilatildeo de combustiacutevel mecacircnica e sistema de igniccedilatildeo

simplificado

e) Mostrar as possiacuteveis e esperadas dificuldades de se calibrar o sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos

22

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho

Este trabalho abordaraacute a inserccedilatildeo de um sistema de gerenciamento

eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos sendo assim o assunto eacute abordado

em trecircs fases

Fase Inicial Aborda todo o conceito de funcionamento mecacircnico do motor

de ciclo dois tempos princiacutepios caracteriacutesticas de construccedilatildeo soluccedilotildees

adotadas ao longo da histoacuteria principais aplicaccedilotildees Esta parte tambeacutem tem por

objetivo ampliar o entendimento deste tipo de motor que eacute pouco esclarecido

em literaturas teacutecnicas e quando apresentado em livros utiliza o princiacutepio de

funcionamento correto poreacutem demonstra exemplos de motores antigos sem

muitas soluccedilotildees eficientes

Fase Intermediaacuteria Aborda todas as soluccedilotildees eleacutetricas e eletrocircnicas que

seratildeo utilizadas para o desenvolvimento do protoacutetipo histoacuterico de aplicaccedilotildees em

motores dois tempos processo de escolha montagem de componentes e

sensores anaacutelise de funcionamento e dificuldades enfrentadas

Fase Final Mostra os processos necessaacuterios para fazer a calibraccedilatildeo de

um motor de combustatildeo interna utilizando gerenciamento eletrocircnico aplicaccedilatildeo

em motores dois tempos quais as dificuldades e resultados obtidos

23

2 Fundamentaccedilatildeo

Os motores de ciclo dois tempos possuem o conceito mecacircnico da

termodinacircmica para seu funcionamento onde eacute admitido uma mistura de ar e

combustiacutevel pelo orifiacutecio de admissatildeo Posteriormente essa mistura sofre uma

melhor homogeneizaccedilatildeo no caacuterter junto ao eixo de manivelas onde tambeacutem eacute

comprimido e transferido para a cabeccedila do pistatildeo pelos orifiacutecios de transferecircncia

apoacutes a transferecircncia o pistatildeo inicia o ciclo de subida sentido PMS onde comprime

a mistura ar combustiacutevel e sofre combustatildeo por meio de uma centelha

Nos motores de ciclo dois tempos os pistotildees assim como nos motores

com ciclo quatro tempos possuem movimento alternativo em relaccedilatildeo ao cilindro

poreacutem a lubrificaccedilatildeo dos cilindros eacute feita por meio de oacuteleo misturado com o

combustiacutevel podendo ser forccedilado por uma bomba de lubrificaccedilatildeo que injeta o

oacuteleo no orifiacutecio de admissatildeo ou mesmo por uma mistura oacuteleocombustiacutevel que

pode ser previamente feita Esse sistema simplifica todo o funcionamento deste

tipo de motor poreacutem tambeacutem traz consigo suas deficiecircncias intriacutensecas desse

processo de combustatildeo

Segundo o Manual de Tecnologia Automotiva Bosch (2005) os motores

dois tempos possuem as vantagens e desvantagens que vemos a seguir

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos

Vantagens Desvantagens

Design Simples do Motor Maior Consumo de Combustiacutevel

Baixo Peso Altas Emissotildees de

Hidrocarbonetos

Baixo Custo de Fabricaccedilatildeo Pressatildeo Efetiva Meacutedia mais

Baixa

Padratildeo Melhor de Forccedila de

Torccedilatildeo

Cargas Teacutermicas mais Altas

Marcha Lenta mais deficiente

(Bosch 2005)

24

O desenvolvimento deste trabalho natildeo busca fazer um comparativo entre

os diversos ciclos de funcionamento dos motores de combustatildeo interna

existentes apesar de que em determinados toacutepicos essa comparaccedilatildeo seja

inevitaacutevel Apoacutes a anaacutelise deste trabalho seraacute possiacutevel tirar as proacuteprias

conclusotildees a respeito do funcionamento de motores dois tempos visto que a

maioria das literaturas a respeito dos motores dois tempos natildeo satildeo especiacuteficas

nem tampouco profundas a respeito do tema

21 Objetivos do Capiacutetulo

As seccedilotildees a seguir apresentam o princiacutepio de funcionamento dos motores

de ciclo dois tempos O capiacutetulo iraacute abordar e analisar as fases de funcionamento

e alguns componentes mecacircnicos deste tipo de motor e os resultados de

possiacuteveis modificaccedilotildees em seus componentes

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos

Diferentemente dos motores de ciclo otto a 4 tempos que necessitam a

rotaccedilatildeo de 720deg do eixo aacutervore de manivelas os motores de ciclo dois tempos

necessitam apenas de 360deg do eixo aacutervore de manivelas para executar as quatro

operaccedilotildees baacutesicas de funcionamento de um motor de combustatildeo interna

- Admissatildeo

- Compressatildeo

- Combustatildeo

- Exaustatildeo

25

Apesar das operaccedilotildees e princiacutepio de funcionamento dos motores dois tempos

serem parecidas com as do ciclo otto a concepccedilatildeo e construccedilatildeo do motor eacute

totalmente diferente Os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como

existem nos motores de ciclo otto pelo menos natildeo no sistema mais baacutesico de

funcionamento desses motores (conforme Figura 1)

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos

Editado pelo Autor Fonte httpswwwshutterstockcom

No sistema baacutesico de funcionamento de um motor dois tempos o cilindro possui

aberturas chamadas janelas elas satildeo como portas para entrada e saiacuteda da

mistura arcombustiacutevel

A mistura arcombustiacutevel apoacutes ser succionada atraveacutes do carburador entra

atraveacutes da chamada janela de admissatildeo no cilindro (conforme Figura 2) e chega

primeiramente no caacuterter do motor alguns motores normalmente os de

competiccedilatildeo ou maior performance possuem a entrada de arcombustiacutevel

diretamente no caacuterter (conforme Figura 3) natildeo necessitando entrar no cilindro e

ir para o caacuterter poreacutem isto natildeo eacute regra A entrada desse combustiacutevel no caacuterter

tambeacutem eacute utilizada para a lubrificaccedilatildeo dos rolamentos inferiores do motor jaacute que

na maioria dos casos o combustiacutevel e oacuteleo lubrificante satildeo misturados salvo

26

raros casos em que existem pontos de injeccedilatildeo apenas de oacuteleo em determinadas

partes do motor

Editado pelo Autor Fonte httpwwwrichstaylordportingcom

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto

Editado pelo Autor Fonte httpwwwebaycom

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro

27

Como dito anteriormente os motores dois tempos em essecircncia natildeo utilizam

vaacutelvulas poreacutem com o desenvolvimento desse tipo de motor foi-se aprimorando

a tecnologia e notou-se a necessidade do uso de vaacutelvulas na admissatildeo visto

que parte da mistura era expelida novamente pela admissatildeo quando havia

compressatildeo no caacuterter anteriormente este papel de vaacutelvula de admissatildeo era feito

pelo proacuteprio pistatildeo que ao passar pela janela de admissatildeo determinava os

intervalos de tempo entre admissatildeo e exaustatildeo Para melhorar a eficiecircncia do

sistema de vaacutelvula feito pelo pistatildeo adotou-se principalmente dois sistemas o

sistema de palhetas (conforme Figura 4) e o sistema de vaacutelvula rotativa

(conforme Figura 5)

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas

Fonte wwwamazoncom

Fonte httpscellcodeus

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa

28

Apoacutes ser recebida no caacuterter a mistura arcombustiacutevel eacute comprimida com a

descida do pistatildeo sentido ao PMI o que gera o aumento de pressatildeo no caacuterter e

faz com que a mistura seja transportada para a parte superior do pistatildeo atraveacutes

das chamadas janelas de transferecircncia (conforme Figura 6) Essas janelas

possuem aberturas na parte inferior do cilindro junto ao caacuterter do motor que eacute

por onde passa esta mistura arcombustiacutevel essas aberturas ligam dutos de

transferecircncia ateacute uma abertura na camisa do cilindro jaacute na parte superior do

pistatildeo (conforme Figura 6) Com a mistura jaacute na parte superior do pistatildeo ela eacute

comprimida e por fim queimada e os gases resultantes da queima satildeo expulsos

pela janela de exaustatildeo (conforme Figura 6)

Editado pelo Autor Fonte wwwpatentimagescom

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter do motor passando pela vaacutelvula de palhetas

29

23 Admissatildeo

O processo de admissatildeo inicia-se com a subida do pistatildeo sentido PMS

isso cria uma pequena depressatildeo no caacuterter do motor poreacutem suficiente para

arrastar a mistura arcombustiacutevellubrificante advinda do sistema de alimentaccedilatildeo

usualmente carburadores Essa mistura passa por vaacutelvulas que controlam a

entrada de mistura fresca no motor Na maioria dos motores atuais utilizam-se

vaacutelvulas de palhetas elas tambeacutem tecircm a funccedilatildeo de impedir que a mistura retorne

para o coletor de admissatildeo quando haacute a movimentaccedilatildeo do pistatildeo sentido PMI

(conforme Figura 7) Os primeiros motores de Joseph Day jaacute haviam adotado

uma soluccedilatildeo de vaacutelvulas de palhetas poreacutem esse sistema foi esquecido por

muitos anos e novamente adotados para motores de motocicletas de competiccedilatildeo

em meados dos anos 70 Notemos que a mistura no caacuterter do motor aleacutem de ar

e combustiacutevel tambeacutem possui lubrificante que nesse momento faz a lubrificaccedilatildeo

das peccedilas moacuteveis na parte inferior do motor Nas figuras seguintes podemos

notar como se comporta a entrada da mistura arcombustiacutevel para o caacuterter do

motor e tambeacutem o funcionamento das vaacutelvulas de palhetas

Editado pelo Autor Fonte www1bpblogspotcom

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel

30

O principal momento de admissatildeo da mistura arcombustiacutevel para o motor se daacute

com subida do pistatildeo rumo ao PMS no entanto esse natildeo eacute o uacutenico periacuteodo em

que o motor recebe mistura fresca do sistema de alimentaccedilatildeo Quando o pistatildeo

inicia o movimento de descida rumo ao PMI apoacutes a exaustatildeo tambeacutem temos

admissatildeo de mistura arcombustiacutevel fresca A quantidade eacute bem menor e se daacute

pela depressatildeo gerada pelo escape dos gases queimados junto a janela de

exaustatildeo Essa admissatildeo acontece passando por uma janela conhecida

popularmente como ldquoQuinta Luzrdquo ou em inglecircs ldquoBoost Portrdquo (conforme Figura 8)

poreacutem esse curto periacuteodo de admissatildeo tem maior influecircncia no processo de

exaustatildeo dos gases Essa admissatildeo favorece a expulsatildeo dos gases e limpeza

da cacircmara de combustatildeo para iniacutecio de um novo ciclo

Editado pelo Autor Fonte httpswwwpinterestcom

A duraccedilatildeo desse periacuteodo em graus da duraccedilatildeo da admissatildeo na quinta

luz pode ser tido como um dos periacuteodos criacuteticos no que diz respeito e eficiecircncia

do motor dois tempos pois se o periacuteodo tiver uma duraccedilatildeo muito prolongada

pode resultar em excesso de mistura fresca que eacute ldquojogada forardquo para a exaustatildeo

e se for muito curto acaba mantendo gaacutes queimado na cacircmara de combustatildeo o

que gera perda de potecircncia para o motor

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

31

24 Compressatildeo

A compressatildeo no motor dois tempos acontece assim como no motor de quatro

tempos comprimindo o volume total do cilindro em uma pequena aacuterea da cacircmara

de combustatildeo Poreacutem diferentemente do motor quatro tempos o cilindro do

motor dois tempos natildeo eacute totalmente vedado possuindo aberturas que como dito

anteriormente se chamam janelas (conforme Figura 6)

Podem existir vaacuterios formatos de cacircmara de combustatildeo ou popularmente

conhecido como cabeccedilote cada tipo buscando um resultado final diferente

(conforme Figuras 910 e 11)

Como os cabeccedilotes de motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas satildeo

praticamente um material usinado ou fundido contemplando um formato final E

esse formato nos motores dois tempos influencia muito na performance do

motor

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro

32

Os cabeccedilotes dos motores dois tempos possuem formatos que privilegiam

determinadas faixas de rotaccedilatildeo ou comportamento do motor com relaccedilatildeo a

torque Os chamados ldquoSquishrdquo satildeo um formato que impotildeem uma alta velocidade

agrave mistura em direccedilatildeo a vela de igniccedilatildeo e produz melhora no comportamento da

queima (conforme Figura 10)

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

O ldquoSquishrdquo eacute composto por algumas medidas que satildeo

Banda do Squish eacute a largura da faixa onde se concentra o squish e contorna

toda a circunferecircncia do cabeccedilote podendo ser mais larga ou estreita

dependendo do regime de funcionamento do motor

Acircngulo do Squish eacute o acircngulo feito na banda de squish podendo acompanhar

ou natildeo o acircngulo existente na cabeccedila do pistatildeo natildeo eacute usual mas podem existir

cabeccedilotes cujos acircngulos de squish sejam retos assim como a cabeccedila dos

pistotildees nesses motores

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto

33

Folga do Squish essa folga eacute a folga do topo da cabeccedila do pistatildeo quando

em PMS ateacute o ponto fiacutesico mais proacuteximo da banda de squish

Segundo Bell (1999) os cabeccedilotes que contemplam ldquoSquishrdquo vieram a

promover melhorias significantes na performance dos motores dois tempos

Esse tipo de cabeccedilote promove melhor homogeneizaccedilatildeo da mistura

arcombustiacutevel e tambeacutem de qualquer porccedilatildeo de gases de escapamento

residuais presentes na cacircmara Esse formato tambeacutem evita que a propagaccedilatildeo

de chama para as laterais do cilindro promovam o aquecimento do mesmo fator

que pode dar iniacutecio a um ciclo de detonaccedilatildeo que eacute muito prejudicial para o

funcionamento do motor

Fonte httpwwwcmraracingcom

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo

34

Um outro fator que gera uma certa confusatildeo em motores dois tempos eacute a

mediccedilatildeo da taxa de compressatildeo A compressatildeo efetiva do volume do cilindro

ocorre apenas quando os aneacuteis de segmento do pistatildeo passam pela uacuteltima

abertura sentido PMS sendo que a uacuteltima abertura em motores dois tempos satildeo

as janelas de exaustatildeo

O que pode se notar usualmente eacute que fabricantes europeus utilizam a

mesma maneira de se calcular taxa de compressatildeo de motores quatro tempos

em motores de ciclo dois tempos

onde

RC Relaccedilatildeo de Compressatildeo

VC Volume do Cilindro (cmsup3)

VCC Volume da Cacircmara de Combustatildeo (cmsup3)

Enquanto fabricantes japoneses utilizam uma maneira especiacutefica de medir

a taxa compressatildeo para motores dois tempos avaliando o volume total de

compressatildeo efetiva somente apoacutes a passagem dos aneacuteis de segmento pela

janela de escapamento fazendo sua vedaccedilatildeo Nesse caso o volume total do

cilindro natildeo entra na conta o que se utiliza eacute a altura da janela de exaustatildeo como

referecircncia para o volume total a ser comprimido

Pode-se assim calcular o Volume a ser Comprimido

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

onde

VAC Volume a ser comprimido (cmsup3)

120645 Constante

r Raio do cilindro (mm)

h distacircncia percorrida pelo pistatildeo do momento de fechamento da janela

de exaustatildeo ateacute a chegada em PMS (mm)

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

RC = VC+VCC

VCC

1-Caacutelculo da Taxa de

Compressatildeo

2 - Volume a ser comprimido

(fabricantes japoneses)

35

Quando pesquisa-se em fichas teacutecnicas sobre motores dois tempos tais

literaturas podem gerar uma confusatildeo de entendimento pois pode-se entender

que motores europeus utilizam taxa de compressatildeo muito maior que os motores

japoneses e isto natildeo eacute verdade apenas utilizam meacutetodos de mediccedilatildeo diferentes

25 Combustatildeo

O processo de combustatildeo em motores dois tempos eacute muito semelhante ao

dos motores de quatro tempos mas com uma diferenccedila essencial ao

entendimento deste tipo de motores Nos motores de ciclo de quatro tempos

acontece a centelha na vela de igniccedilatildeo a cada 720deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore

de manivelas enquanto no motor de ciclo dois tempos a centelha ocorre a cada

360deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore de manivelas ou seja a cada subida do pistatildeo

sentido PMS ocorre uma combustatildeo

Segundo Najafabadi Aziz Adams e Leman (2013) existem alguns efeitos

gerados no processo de combustatildeo advindos do ciclo anterior devido a gases

residuais que se mantiveram na cacircmara de combustatildeo Este fenocircmeno afeta a

combustatildeo podendo ocorrer avanccedilo ou atraso do tempo de igniccedilatildeo devido a

temperatura desses gases Ainda a pressatildeo no interior do cilindro que veio do

ciclo anterior afeta o fluxo de transiccedilatildeo do motor podendo a quantidade de gases

residuais ser diferente (conforme Graacutefico 2)

Fonte Najafabadi et al 2013

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos com rotaccedilatildeo em 6000 RPM

36

251 Igniccedilatildeo

Este mecanismo eacute importante para que o processo de combustatildeo seja

equilibrado bem executado e responda com um bom funcionamento do motor

Existem diversos sistemas de igniccedilatildeo disponiacuteveis para motores dois tempos

desde os mais simplificados (conforme Figura 12) ateacute sistemas programaacuteveis

onde pode-se determinar a curva de avanccedilo desejada por meio de programaccedilatildeo

do dispositivo via software (conforme Figura 13) poreacutem para entendimento do

funcionamento o esquema eleacutetrico do sistema de igniccedilatildeo por platinado possui

faacutecil entendimento este sistema foi utilizado por muitos anos e o uacutenico motivo de

cair em desuso era a necessidade de regulagem constante devido ao desgaste

mecacircnico do contato eleacutetrico

Fonte Bell 1999

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio de platinado

37

Fonte httpwwwpvl-zuendungende

26 Exaustatildeo

Este eacute com certeza o processo mais importante dentre todos os processos no

motor dois tempos a janela de exaustatildeo eacute a aacuterea do motor que se sofrer uma

alteraccedilatildeo de alguns deacutecimos de miliacutemetros pode mudar completamente o

comportamento do motor

Como jaacute discorremos os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como os

motores quatro tempos pelo menos natildeo nos mesmos moldes ou entatildeo vaacutelvulas

que vedem completamente a passagem dos gases Em um motor de quatro

tempos o comando de vaacutelvulas determina qual eacute momento de abertura das

vaacutelvulas a ordem o levante etc No motor dois tempos essa funccedilatildeo de duraccedilatildeo

da admissatildeo e exaustatildeo eacute composta pela diagramaccedilatildeo das janelas do cilindro

(conforme Figura 14) e satildeo fixas natildeo existe um comando de vaacutelvulas rotativo

ou qualquer dispositivo semelhante dentre essa diagramaccedilatildeo a duraccedilatildeo mais

importante e que determina o desempenho do motor e como ele se comportaraacute

eacute a da janela de exaustatildeo

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts

38

Segundo Bell (1999) o processo de modificaccedilatildeo da janela de exaustatildeo eacute talvez

um dos mais criacuteticos dentro dos motores dois tempos (conforme Figuras 14 e

15) pocircde-se notar que as diagramaccedilotildees possuem desenhos diferentes de

janelas de exaustatildeo o primeiro modelo da Yamaha TZ250 (conforme Figura 14)

eacute de janela uacutenica pois a dimensotildees que foram determinadas para o tamanho e

duraccedilatildeo da janela dado o diacircmetro do cilindro permitiram que isso fosse feito Jaacute

no segundo diagrama da Suzuki PE175 podemos notar que a janela de exaustatildeo

eacute bi partida (conforme Figura 15) isso acontece por que por projeto foi

determinado um tamanho de janela de exaustatildeo demasiadamente grande para

o diacircmetro desse cilindro natildeo eacute regra mas usualmente a largura de uma janela

de exaustatildeo pode ter no maacuteximo 70 do diacircmetro do cilindro isso acontece para

que os aneacuteis de segmento natildeo tendam a entrar no duto de exaustatildeo quando por

laacute passarem por isso a soluccedilatildeo adotada na Suzuki PE175 de adicionar mais

uma divisatildeo na janela permite ter uma janela de exaustatildeo mais larga sem

comprometer a durabilidade do motor

Por ser uma medida fiacutesica e determinante para o funcionamento do motor dois

tempos a janela de exaustatildeo sempre foi um ponto criacutetico no projeto desses

motores pois se o projeto determinava uma medida para a janela de exaustatildeo a

performance do motor era inerente a esta medida Motores que foram

desenvolvidos ateacute o final da deacutecada de 1970 natildeo conseguiam melhorar suas

caracteriacutesticas em todas as faixas de funcionamento Por exemplo se o projeto

da janela de exaustatildeo era feito para funcionar bem em baixas rotaccedilotildees isso

caracterizava aquele motor e nada podia ser feito para ser melhorado sem que

isso comprometesse outras faixas de rotaccedilatildeo

Motocicletas e karts de competiccedilatildeo que eram projetados para funcionar bem

em altas rotaccedilotildees tinham todo o torque em baixa muito comprometido se vermos

corridas de motocicletas da deacutecada de 1970 e iniacutecio dos anos de 1980 podemos

ver pilotos que largavam praticamente empurrando a motocicleta ateacute que ela

embalasse e chegasse a uma rotaccedilatildeo onde o motor pudesse andar sozinho

39

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida

40

No iniacutecio dos anos de 1980 a Yamaha criou uma soluccedilatildeo para melhorar o

desempenho dos motores dois tempos em todas as faixas de rotaccedilatildeo eacute um

sistema com uma vaacutelvula mecacircnica que variava as dimensotildees da janela de

exaustatildeo durante o funcionamento do motor esse sistema eacute chamado YPVS

(Yamaha Power Valve System) (conforme Figura 16) foi um sistema que permitiu

a Yamaha ganhar diversas competiccedilotildees on e off road ateacute que seus concorrentes

pudessem desenvolver sistemas semelhantes

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Inicialmente esse sistema era totalmente mecacircnico e era tocado por uma

bomba centriacutefuga ligada ao eixo arvore do motor posteriormente em

motocicletas de rua foi adotado o mesmo princiacutepio poreacutem foi utilizado um sistema

eletrocircnico com um servo motor Outros fabricantes desenvolveram sistemas

semelhantes ao longo do tempo e adotaram as mais diversas soluccedilotildees Um outro

sistema bastante popular foi o sistema pneumaacutetico (conforme Figura 17) que

era composto por uma vaacutelvula do tipo guilhotina e uma membrana na janela de

exaustatildeo a vaacutelvula se mantinha fechada em baixas rotaccedilotildees melhorando o

torque naquele momento e a membrana era calibrada para que em um certo

momento quando certa quantidade de gases de escape estivessem sendo

produzidos a membrana empurrava a vaacutelvula para traacutes aumentando as

dimensotildees da janela de exaustatildeo melhorando o torque em altas rotaccedilotildees

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System

41

Fonte httpwww bikemanperformancecom

261 Escapamento

Ainda na fase de exaustatildeo o escapamento eacute o acessoacuterio mais importante

para o bom funcionamento dos motores dois tempos e necessita cuidados

especiais em seu desenvolvimento Eacute intriacutenseco do funcionamento e da forma

construtiva do motor dois tempos o fato de que ele acaba por jogar mistura

fresca para o escapamento e isso causa perda de performance Assim o

escapamento promove ondas de ressonacircncia que causam o retorno de parte

dessa mistura fresca novamente para dentro do cilindro

Este sistema determina muito das caracteriacutesticas importantes de

funcionamento desse tipo de motor Satildeo peccedilas complexas de serem construiacutedas

e produzem um som caracteriacutesticos de ldquoring-dingrdquo a este tipo de motor

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos

42

Para um bom projeto de escapamento satildeo necessaacuterios diversos caacutelculos

para que se obtenha as dimensotildees ideais Posteriormente outro desafio eacute aplicar

as dimensotildees calculadas ao projeto do veiacuteculo o que produz verdadeiras

esculturas mecacircnicas (conforme Figura 18)

Caacutelculo para determinaccedilatildeo do comprimento ideal do escapamento

Onde

LE = Comprimento do escapamento (mm)

DE = Duraccedilatildeo da janela de exaustatildeo em graus (deg)

RPM = Rotaccedilatildeo para melhor funcionamento do motor (1min)

42545 = Constante que leva em conta que a onda socircnica sempre viaja na

velocidade do som no ar

Fonte Bell 1999

O trecho do escapamento que sai do cilindro do motor eacute chamado em inglecircs

ldquoHeaderrdquo esse trecho usualmente eacute cocircnico e utiliza acircngulos entre 115deg e 15deg

Entretanto ao longo da histoacuteria os fabricantes testaram acircngulos variando entre

08deg ateacute 23deg de conicidade para determinadas aplicaccedilotildees

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos

LE = DE x 42545

RPM

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento

43

As dimensotildees do Header podem ser determinadas da seguinte maneira Para

o comprimento pode-se utilizar o fator de multiplicaccedilatildeo (conforme Quadro 2)

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para o ldquoHeaderrdquo

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 85 ndash 95 10 -11

100 ndash 125 78 ndash 85 78 ndash 85

175 ndash 250 73 ndash 83 9 -10

350 - 500 73 ndash 83 85 ndash 95

Fonte Bell 1999

Jaacute com o fator de correccedilatildeo apropriado multiplicamos esse valor pelo diacircmetro

da janela de exaustatildeo e esse eacute o comprimento ideal do Header

O diacircmetro maior do Header pode ser calculado pela seguinte expressatildeo

Onde

D2 = eacute o diacircmetro maior do Header para uniatildeo com o Difusor (mm)

CH = eacute o Comprimento do Header (mm)

D1 = eacute o diacircmetro inicial do Header determinado pelo diacircmetro da janela de

exaustatildeo (mm)

Cotg H = eacute a cotangente do acircngulo do Header usualmente entre 115 e 15deg

O segundo trecho do escapamento chamado Difusor pode ser calculado da

seguinte maneira O diacircmetro inicial eacute o mesmo diacircmetro D2 do Header o

comprimento do Difusor eacute usualmente calculado utilizando 25 vezes o diacircmetro

da janela de exaustatildeo poreacutem pode-se usar de 22 a 29 vezes o diacircmetro da

janela de exaustatildeo dependendo do projeto tendo em mente que quanto menor

o comprimento melhor o rendimento em altas rotaccedilotildees e quanto maior o

comprimento melhor as respostas do motor em baixas rotaccedilotildees Ao final o que

D2 = CH x 2 + D1

cotg H

4 ndash Dimensotildees do Escapamento Header

44

iraacute determinar o comprimento eacute a proposta do motor O acircngulo de conicidade do

Difusor varia normalmente entre 3deg e 7deg com diferentes reaccedilotildees ao rendimento

do motor (conforme Quadro 3) modificando a duraccedilatildeo e os efeitos da onda de

ressonacircncia (conforme Graacutefico 3)

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 65 a 7deg 3 a 35deg

100 ndash 125 65 a 75deg 4 a 48deg

175 65 a 75deg 35 a 45deg

250 7 a 75deg 4 a 45deg

350 ndash 500 4 a 5deg

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de retorno

45

O segundo diacircmetro o diacircmetro maior do Difusor pode ser calculado

utilizando a seguinte expressatildeo

Onde

CD = Comprimento do Difusor D3 = Diacircmetro maior do Difusor D2 = Diacircmetro menor do Difusor cotg D = Cotangente do acircngulo de conicidade que foi determinado para o Difusor

Existe uma seccedilatildeo paralela que liga o diacircmetro maior do difusor ao uacuteltimo

cone esse trecho eacute popularmente chamado de Bojo (conforme Figura 18) poreacutem

natildeo se pode calcular o comprimento dela sem antes calcular as dimensotildees do

cone final que eacute chamado de ldquoBafflerdquo ou defletor (conforme Quadro 4) Essa

seccedilatildeo por sua vez determina a duraccedilatildeo e a intensidade das ondas de

ressonacircncia que iraacute manter o cilindro cheio de maneira eficiente Segundo Bell

(1999) um defletor com um cone curto e acircngulo muito abrupto iraacute permitir um

ganho de potecircncia maacutexima ao custo de sacrificar as baixas e meacutedias rotaccedilotildees

(conforme Graacutefico 4)

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 -80 105 a 12deg 85 a 95deg

100 105 a 12deg 9 a 10deg

125 95 a 12deg 85 a 10deg

175 10 a 12deg 8 a 10deg

250 10 a 12deg 75 a 10deg

350 - 500 9 a 11deg

Fonte Bell 1999

CD = D3 ndash D2 x cotg D

2

5 ndash Dimensotildees do Escapamento Difusor

46

Fonte Bell 1999

Para se calcular o comprimento do cone utilizamos a expressatildeo

CTD = (D32) x Cotg D

Onde

CTD Comprimento total do cone do defletor

D3 Diacircmetro maior do defletor ou seja o mesmo diacircmetro que o diacircmetro maior

do difusor

cotg D Cotangente do acircngulo escolhido para o defletor

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor

47

Agora com todos esses valores calculados podemos calcular o

comprimento da parte central do escapamento o chamado bojo Para isso

utilizamos a seguinte expressatildeo

Onde

CB Comprimento do Bojo

L Comprimento total do escapamento ateacute o meio da seccedilatildeo do defletor

CH Comprimento do Header

CD Comprimento do Difusor

CDE Comprimento total do Defletor

Por fim ainda necessitamos saber as dimensotildees do ldquoStingerrdquo ou ponteira

que segundo Graham Bell apoacutes vaacuterias experimentaccedilotildees chegou a alguns

valores que resultaram em boas respostas do motor (conforme Quadro 5)

Quadro 5 - Comprimento da ponteira

Volume do cilindro (cmsup3) Comprimento (mm) Diacircmetro Interno (mm)

50 - 80 205 ndash 230 17 -19

100 230 ndash 250 19 - 21

125 265 ndash 290 22 -24

175 270 - 295 25 ndash 27

250 280 ndash 305 26 ndash 28

350 -500 285 - 310 27 ndash 29

Fonte Bell 1999

CB = L ndash (CH+CD+(CDE2)) 7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo

48

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna

Em seu funcionamento os motores de combustatildeo interna

independentemente do tipo de ciclo necessitam de um gerenciamento da

admissatildeo de uma mistura carburante para o interior dos cilindros para que possa

haver a combustatildeo da mesma Anteriormente essa admissatildeo se dava por um

processo puramente mecacircnico com a utilizaccedilatildeo de carburadores que eram

sistemas mecacircnicos sofisticados que proporcionavam a atomizaccedilatildeo do

combustiacutevel com o ar atmosfeacuterico para a formaccedilatildeo da mistura carburante

(conforme Figura 19)

Fonte httpwwwthunderproductscom

Poreacutem este sistema possuiacutea algumas deficiecircncias pois necessitava de

constante regulagem e qualquer mudanccedila de condiccedilatildeo climaacutetica de temperatura

pressatildeo ou umidade fazia com que o carburador saiacutesse de sua faixa de trabalho

gerando um mal funcionamento do motor e por vezes ateacute mesmo sua quebra

Parte muito importante tambeacutem do funcionamento dos motores de

combustatildeo interna satildeo os sistemas de igniccedilatildeo que anteriormente eram sistema

independentes do sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel poreacutem atualmente

pertencem ao mesmo pacote de gerenciamento do motor Estes sistemas de

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante

49

igniccedilatildeo eram normalmente sistemas eletromecacircnicos podendo ser sistemas

simples com ponto de igniccedilatildeo fixo ou sistemas mais elaborados com a presenccedila

de circuitos eletrocircnicos para fazer a variaccedilatildeo do ponto de igniccedilatildeo Estes sistemas

possuem alguns componentes baacutesicos

Distribuidor (no caso de haver mais de um cilindro) bobina de igniccedilatildeo

(para gerar alta tensatildeo) cabos de igniccedilatildeo e velas de igniccedilatildeo Este eacute o esquema

mais baacutesico de funcionamento dos sistemas de igniccedilatildeo podendo haver

variaccedilotildees eleacutetricas mecacircnicas e em alguns casos eletrocircnicas (conforme Figura

20)

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom

Atualmente os sistemas mais modernos de gerenciamento de motores de

combustatildeo interna satildeo quase que puramente eletrocircnicos e contemplam os dois

mundos alimentaccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo em um uacutenico sistema (conforme

Figura 21) Todo o gerenciamento eacute feito com base em leitura de sensores uma

calibraccedilatildeo que prevecirc diversas situaccedilatildeo de uso do motor e atuadores que fazem

o processo fiacutesico de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel do motor Estes satildeo sistemas

complexos que se baseiam na condiccedilatildeo imediata de diversos fatores que satildeo

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo

50

interpretados por sensores como por exemplo pressatildeo atmosfeacuterica

temperatura do motor massa de ar admitida etc Estas leituras feitas pelos

sensores satildeo recebidas por um circuito eletrocircnico que conteacutem um processador

onde essas informaccedilotildees satildeo recebidas e com base em dados armazenados em

sua memoacuteria para cada condiccedilatildeo ter-se atuaccedilatildeo eletrocircnica onde eacute feita a injeccedilatildeo

de combustiacutevel pelos injetores e o disparo da centelha de igniccedilatildeo para que haja

a combustatildeo

Fonte httpswwwflaviolucasmmblogspotcom

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus perifeacutericos

51

3 Detalhamento do Projeto

Os capiacutetulos anteriores serviram para o embasamento teacutecnico para que

fosse possiacutevel uma melhor compreensatildeo do que se trata o projeto a ser

executado neste trabalho de conclusatildeo de curso Neste ponto iremos tratar

especificamente do projeto de adaptaccedilatildeo de um sistema completo de injeccedilatildeo

eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos Yamaha de 135cmsup3 proveniente

de uma motocicleta Yamaha RD 135 (Conforme Figura 22) e todos os

componentes utilizados para tornar esta adaptaccedilatildeo possiacutevel

Fonte httpsmotos-motorcombr

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135

52

31 Dados do Motor

O motor utilizado neste projeto eacute proveniente de uma motocicleta Yamaha

Rd 135cmsup3 que foi fabricado no Brasil de 1988 a 1999 Trata-se de um motor

monociliacutendrico que utiliza o ciclo de trabalho dois tempos refrigerado agrave ar

seguem os dados teacutecnicos

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 58mm x 50mm

Cilindrada 132cmsup3

Taxa de Compressatildeo 682 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Carburador Mikuni VM24 com 24mm de venturi

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo eletrocircnica de descarga capacitiva ou popularmente

CDI (Capacitor Discharge Ignition)

Lubrificaccedilatildeo Oacuteleo dois tempos bombeado atraveacutes de uma bomba chamada

Autolube nos motores Yamaha este oacuteleo eacute proveniente de um reservatoacuterio que

alimenta a bomba que por sua vez transfere o oacuteleo atraveacutes de uma mangueira

diretamente ao coletor de admissatildeo do motor variando a quantidade de oacuteleo de

acordo com a rotaccedilatildeo e abertura do carburador

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Gasolina

Potecircncia 16cv a 9000rpm

Torque 174kgfm a 8500rpm

Para este projeto o motor utilizado jaacute possuiacutea modificaccedilotildees mecacircnicas

para atingir melhores rendimentos que o motor original pois eacute um motor que foi

utilizado em competiccedilotildees de motovelocidade na categoria RD 135 Diversas

peccedilas foram modificadas tais como sistema de alimentaccedilatildeo escapamento

vaacutelvula de palhetas igniccedilatildeo combustiacutevel diagramaccedilatildeo do cilindro e taxa de

compressatildeo O sistema de alimentaccedilatildeo original foi substituiacutedo por um carburador

Mikuni TM 30 (conforme Figura 23) o escapamento foi substituiacutedo por um

escapamento dimensionado construiacutedo artesanalmente o sistema de igniccedilatildeo

53

utilizado foi um Motoplat de ponto fixo (conforme Figura 24) e o combustiacutevel

utilizado foi o etanol que aleacutem de ser o combustiacutevel regulamentado para o

campeonato tambeacutem eacute um combustiacutevel que permite extrair mais potecircncia do

motor pois com esse combustiacutevel eacute possiacutevel fazer modificaccedilotildees mecacircnicas

como taxa de compressatildeo e avanccedilo de igniccedilatildeo que natildeo seriam possiacuteveis

utilizando gasolina como combustiacutevel

Fonte wwwjapanbaikucom

Fonte wwwcustojustopt

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo

54

O motor utilizado como base nesse trabalho natildeo eacute um motor original eacute

um motor de competiccedilatildeo e para haver base para comparaccedilatildeo do antes e depois

do processo de inserccedilatildeo do sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica este motor teve sua

potecircncia medida em dinamocircmetro inercial com sua curva de torque e potecircncia

aquisitadas (conforme Figura 25)

Fonte Autor

O motor utilizado passou por uma revisatildeo geral havendo troca de peccedilas

por se tratar de um motor de competiccedilatildeo foi por diversas vezes levado ao

extremo e com a escolha desse motor para o projeto esta revisatildeo se fez

necessaacuteria As imagens a seguir mostram o processo de desmontagem para

verificaccedilatildeo das condiccedilotildees do motor e posterior montagem (Conforme Figuras

262728293031 e 32)

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia

55

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto

56

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2

Figura 29 - Processo de pintura

57

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada

58

Fonte Autor

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico

Para a escolha do sistema de gerenciamento eletrocircnico foi necessaacuteria

grande pesquisa entre as opccedilotildees disponiacuteveis no mercado nacional e

internacional Os sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica disponiacuteveis originalmente em

motocicletas de fabricaccedilatildeo nacional poderiam ter sido uma opccedilatildeo mas foram

logo descartados pois foram concebidos para trabalhar com motores de ciclo

otto o que natildeo eacute o caso e as maneiras de calibraccedilatildeo desses sistemas originais

se tornariam difiacuteceis de conseguir tornando essa escolha inviaacutevel

A busca foi por um sistema ldquostand-alonerdquo auto suficiente e que permitisse

mudanccedila total nos paracircmetros de calibraccedilatildeo normalmente satildeo sistemas

utilizados em competiccedilotildees de automoacuteveis motocicletas caminhotildees etc

Existem sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica ldquostand-alonerdquo muito sofisticados

de fabricantes renomados mundialmente dentro e fora das pistas de corridas

como Magneti Marelli (conforme Figura 33) e Bosch (conforme Figura 34) em

suas divisotildees motorsport

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta

59

Sistemas desses fabricantes satildeo reconhecidamente confiaacuteveis o problema eacute o

valor de um sistema desses que eacute muito caro e os tornam inviaacuteveis para um

projeto experimental de baixo custo Opccedilotildees nacionais tambeacutem foram cogitadas

como o sistema Fueltech poreacutem ainda possuem um custo alto e suas opccedilotildees de

programaccedilatildeo e flexibilidade do sistema ainda eram limitados para o tipo de ciclo

do motor a ser utilizado

A escolha do sistema apoacutes grande pesquisa foi pelo sistema ldquostand-alonerdquo

Speeduino (conforme Figura 35) um sistema totalmente programaacutevel que utiliza

como microcontrolador um Arduino Mega 2560 esse eacute um sistema do tipo ldquoDIYrdquo

Do It Yourself ou em portuguecircs ldquofaccedila vocecirc mesmordquo Estatildeo disponiacuteveis na

internet os layouts das placas de circuito impresso e o usuaacuterio pode fabricar as

proacuteprias placas ou compraacute-las prontas em determinados sites da internet e sua

lista de componentes para montagem tambeacutem estaacute disponiacutevel na internet e eacute

relativamente faacutecil encontraacute-los O custo de produccedilatildeo de um sistema desse eacute

relativamente baixo comparado com outros sistemas do mesmo segmento e

por utilizar Arduino como controlador sua programaccedilatildeo eacute inteira aberta e pode

ser modificada de acordo com as necessidades do usuaacuterio

Fonte wwwmagnetimarellicom

Fonte wwwellis-componentscouk

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport Figura 34 - ECU Bosch MS 151

60

Fonte Autor

33 Arduino Mega 2560

Arduino eacute uma plataforma para programaccedilatildeo criada na Itaacutelia por Massimo

Banzi David Cuartielles Tom Igoe Gianluca Martino e David Mellis no ano de

2005 para entusiastas e profissionais da programaccedilatildeo e da eletrocircnica

permitindo diversos tipos de projetos para estes seguimentos Trata-se de uma

placa com um microcontrolador Atmel possuindo diversas entradassaiacutedas

analoacutegicas e digitais a quantidade dessas entradas e saiacutedas varia de acordo

com o modelo do Arduino Essas entradassaiacutedas podem ser programadas por

uma interface IDE Arduino via computador utilizando linguagem C

Na praacutetica eacute um microcontrolador programaacutevel como qualquer outro de

outros fabricantes por exemplo PIC (Microchip) ou ARM (Freescale) poreacutem tem

sua utilizaccedilatildeo facilitada por jaacute estar inserido em uma placa que contempla

soquetes para pinagem das entradas e saiacutedas e porta de comunicaccedilatildeo USB

Serial para gravaccedilatildeo da programaccedilatildeo no microcontrolador Diferentemente de

outros microcontroladores que necessitam da confecccedilatildeo de uma placa de

circuito impresso para uso e de um programador serial para gravaccedilatildeo da

programaccedilatildeo (conforme Figura 36)

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino

61

Fonte httpswwwamazoncom

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560

Microcontrolador ATmega 2560 (Atmel)

Tensatildeo de Operaccedilatildeo 5V

Tensatildeo de Alimentaccedilatildeo (recomendado) 7-12V

Tensotildees Limites de Operaccedilatildeo 6-20V

Saiacutedas Digitais IO 54 saiacutedas sendo 15 PWM

Entradas Analoacutegicas 16

Corrente da Saiacutedas IO 20mA

Corrente nos Pinos 33V 50mA

Memoacuteria Flash 256Kb

SRAM 8Kb

EEPROM 4Kb

Frequecircncia do Clock 16Mhz

LED_BUILTIN 13

Comprimento da Placa 10152mm

Largura da Placa 5333mm

Peso da Placa Completa 37g

Altura da Placa 12mm

Editado pelo Autor Fonte httpwwwArduinocom

Figura 36 - Arduino Mega 2560

62

34 Speeduino

O sistema Speeduino foi o sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica escolhido para o

projeto Eacute um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica totalmente programaacutevel criado por

Josh Stuart e utiliza um Arduino Mega 2560 como microcontrolador assim como

outros sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel possibilita a calibraccedilatildeo por

completo do sistema de injeccedilatildeo e igniccedilatildeo Para tal utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio que permite diversas configuraccedilotildees do

sistema de injeccedilatildeo tais como o meacutetodo de calibraccedilatildeo utilizado configuraccedilatildeo dos

mapas de avanccedilo de igniccedilatildeo e tempo de injeccedilatildeo sistema de malha aberta ou

malha fechada etc

O sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica Speeduino eacute um sistema ldquostand-alonerdquo

ou seja trabalha independente de outros sistemas apenas para gerenciar o

motor a combustatildeo interna seja ele de ciclo quatro ou dois tempos Eacute um sistema

difundido pela internet e permite troca de informaccedilotildees entre usuaacuterios que

trabalham em conjunto para desenvolvimento e aperfeiccediloamento do hardware e

do software o layout principal da placa de circuito impresso tambeacutem estaacute

disponiacutevel na internet bem como a lista de componentes necessaacuterios para a

montagem Este sistema requer um miacutenimo de conhecimento de eletrocircnica para

sua construccedilatildeo um miacutenimo de conhecimento em eleacutetricaeletrocircnica automotiva

para a instalaccedilatildeo do sistema no motor e grande conhecimento em programaccedilatildeo

e mecacircnica automobiliacutestica para calibraccedilatildeo do sistema no motor

63

35 Montagem do Sistema Speeduino

A partir do momento onde foi feita a escolha do sistema Speeduino foi

necessaacuterio obter os componentes necessaacuterios para confecccedilatildeo da placa

(conforme Anexo C) O primeiro passo foi a fabricaccedilatildeo da placa de circuito

impresso a partir do layout disponiacutevel (conforme Figura 37)

Fonte wwwSpeeduinocom

Posteriormente foi feita a aquisiccedilatildeo dos componentes necessaacuterios para a

montagem da placa Esses componentes tambeacutem estatildeo disponiacuteveis na internet

em uma planilha eletrocircnica e satildeo encontrados com relativa facilidade no

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino

64

mercado com exceccedilatildeo de determinados componentes cuja importaccedilatildeo foi

necessaacuteria poreacutem com baixo custo (conforme Anexo C)

Com todos os componentes necessaacuterios em matildeos foi executada a montagem

do sistema o que necessita uma certa habilidade pois o projeto possui diversos

componentes tipo SMD (conforme Figura 38)

Fonte Autor

Com a placa jaacute montada (conforme Figura 39) antes da montagem de todo o

chicote eleacutetrico para funcionamento do motor iniciaram-se os testes de

funcionamento do sistema Por ser um sistema montado artesanalmente os

testes pareciam ser o passo mais certo a se seguir

Figura 38 - Inicio da montagem da placa

65

Fonte Autor

Eacute importante mostrar que o sistema Speeduino utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio (conforme Figura 40) eacute um freeware na

versatildeo baacutesica que foi criado para funcionar em conjunto com outro sistema

de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel conhecido como Megasquirt e o mesmo

tambeacutem eacute utilizado na calibraccedilatildeo do sistema Speeduino Mais adiante seratildeo

feitas explicaccedilotildees detalhadas das configuraccedilotildees do software

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada

66

Fonte Autor

Jaacute no primeiro teste este apresentou resultados negativos com a

eletrocircnica natildeo respondendo agraves configuraccedilotildees e nem mostrando leituras de

sensores

A soluccedilatildeo deste problema veio depois de procurar muito e fazer diversas

mediccedilotildees analisando os diagramas eleacutetricos (conforme Anexo A) O

problema estava na placa de circuito impresso a trilha do aterramento

(GND) natildeo havia sido impressa ou seja natildeo havia aterramento em nenhum

ponto do sistema A placa havia sido impressa por um terceiro Ao entrar em

contato com o mesmo ele disse que enviaria outra placa poreacutem para agilizar

o processo e natildeo ter que esperar novamente a chegada de componentes

uma uacutenica opccedilatildeo surgiu devido aos prazos a de refazer o aterramento da

placa de forma externa (conforme Figura 41) sem nenhuma pretensatildeo de

que isso desse certo poreacutem era uma alternativa para que todo o processo

de funcionamento do motor fosse agilizado

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio

67

Fonte Autor

Apoacutes todo o trabalho de refazer as trilhas de aterramento iniciou-se

novamente a fase testes de funcionamento e os resultados foram positivos

O sistema comeccedilou a responder perfeitamente aos testes iniciais

O elemento de maior importacircncia para o funcionamento desse sistema de

gerenciamento eletrocircnico eacute o sensor de rotaccedilatildeo do motor e foi por ele que

se iniciaram os testes Foi adaptada uma roda focircnica a um torno mecacircnico

e tambeacutem o sensor de rotaccedilatildeo do tipo ldquohallrdquo (conforme Figura 42) para

verificar se o conjunto eletrocircnico do sistema estava recebendo os sinais de

rotaccedilatildeo

Figura 41 - Aterramento refeito externamente

68

Fonte Autor

O teste obteve resultados positivos respondendo perfeitamente a rotaccedilatildeo

do torno mecacircnico sendo testado em diversas rotaccedilotildees diferentes com a

interface do software sempre mostrando os valores de rotaccedilatildeo corretos

Entatildeo os testes que se seguiram foram os de atuaccedilatildeo eleacutetrica como injetor

de combustiacutevel e bobina de igniccedilatildeo todos testes feitos a princiacutepio em

bancada (conforme Figura 43)

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico

69

Fonte Autor

Apoacutes todos os testes em bancada partiu-se para a montagem do chicote

eleacutetrico para funcionamento do sistema no motor e tambeacutem a adaptaccedilatildeo

mecacircnica de suportes para sensores e a adaptaccedilatildeo da roda focircnica

(conforme Figura 44)

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada

70

Fonte Autor

A roda focircnica utilizada eacute proveniente de um motor Volkswagen EA-111

(conforme Figura 45) o sensor de rotaccedilatildeo a ser utilizado pelo sistema de

gerenciamento eletrocircnico Speeduino foi o sensor de efeito hall poderia ser

utilizado o sensor de relutacircncia magneacutetica poreacutem seria necessaacuterio a

confecccedilatildeo de uma eletrocircnica para o condicionamento de sinal

transformando-o para sinal de onda quadrada com amplitude de 5V de

tensatildeo Para evitar a confecccedilatildeo de mais uma eletrocircnica sendo um potencial

ponto fraco do sistema optou-se por utilizar um sensor de rotaccedilatildeo de efeito

hall proveniente dos motores Fiat E-torq 18 (conforme Figura 46) fabricado

pela Continental

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica

71

Fonte Autor

Fonte wwwmercadolivrecombr

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v

72

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico

Neste projeto o sistema de sincronismo eletrocircnico possui dois

componentes apenas satildeo eles a roda focircnica e o sensor de rotaccedilatildeo ambos

adaptados ao projeto e advindos de carros

O sistema de sincronismo eletrocircnico consiste em transformar o

sincronismo mecacircnico do motor em sinais de onda quadrada (conforme Figura

47) que possam ser interpretados pelo sistema de gerenciamento eletrocircnico

proporcionando a injeccedilatildeo de combustiacutevel e disparo da centelha no momento

exato que fora previamente calibrado

Fonte Autor

O sistema consiste de uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes ou seja

satildeo 58 dentes e ausecircncia de 2 dentes Foi adaptada uma roda focircnica do motor

Volkswagen EA-111 poreacutem apoacutes alguns problemas de captaccedilatildeo do sinal esta

foi alterada por uma roda focircnica utilizada em motores Volkswagen AP quando

convertidos a injeccedilatildeo eletrocircnica (conforme Figura 48) essa roda mostrou melhor

resoluccedilatildeo do sinal Hall com menos ruiacutedos no sinal

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall

73

Fonte Autor

Apoacutes vaacuterios testes esta foi a combinaccedilatildeo que melhor funcionou no motor

a roda focircnica aliada ao sensor de rotaccedilatildeo permite a sincronizaccedilatildeo mecacircnica do

motor em relaccedilatildeo ao sistema de gerenciamento eletrocircnico do motor A calibraccedilatildeo

eacute feita da seguinte maneira junto ao software de calibraccedilatildeo do sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica eacute dada a referecircncia em graus da posiccedilatildeo fiacutesica da roda focircnica

em relaccedilatildeo ao motor O primeiro passo eacute colocar o motor em PMS e ver onde se

situa a falha dos dois dentes da roda focircnica a partir disso contar quantos dentes

se tem ateacute o dente que coincide com o sensor de rotaccedilatildeo (conforme Figura 49)

Figura 48 - Roda Focircnica

74

Fonte Autor

Como eacute utilizada uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes cada dente

equivale a 6deggraus de resoluccedilatildeo sendo 3deg do bordo de subida e 3deg do bordo de

descida no caso do projeto o sensor coincide com o 37deg dente a partir da falha

e isso equivale a 228deggraus a partir da falha Todo o sincronismo do motor eacute feito

baseado nessa referecircncia sendo este valor colocado como referecircncia no

software de gerenciamento eletrocircnico (conforme Figura 50)

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

75

Fonte Autor

A partir deste momento todo o sincronismo do motor estaacute baseado nestes

dados e quando o motor estiver em PMS o sistema eletrocircnico saberaacute disso pois

o sensor de rotaccedilatildeo estaraacute alinhado com o 37deg dente que eacute a referecircncia para o

sistema

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

76

37 Corpo de Borboleta

O corpo de borboletas utilizado (conforme Figura 51) eacute proveniente das

motocicletas Honda CB300 e XRE300 possui 35mm de venturi e eacute fabricado

pela empresa japonesa Keihin famosa pela fabricaccedilatildeo de carburadores de

motocicletas tambeacutem possui uma unidade de sensores integrados Foi utilizado

por ser um componente de faacutecil aquisiccedilatildeo no mercado brasileiro o que permite

faacutecil manutenccedilatildeo quando necessaacuterio e seu formato fiacutesico permite a utilizaccedilatildeo de

uma grande gama de injetores diferentes quando isso se faz necessaacuterio

Tambeacutem houve uma pequena adaptaccedilatildeo no coletor de admissatildeo que tambeacutem

eacute proveniente das mesmas motocicletas Honda essa adaptaccedilatildeo se deve ao fato

de o motor em questatildeo possuir o sistema de vaacutelvulas de palhetas na admissatildeo

o que natildeo acontece nas motocicletas Honda que possuem motor de quatro

tempos

Fonte Autor

Figura 51 - Corpo de Borboleta

77

38 Unidade de Sensores

A unidade de sensores refere-se a uma unidade composta por trecircs

sensores que jaacute estaacute acoplada ao corpo de borboletas Keihin e contempla os

sensores

MAP ndash Manifold Absolute Pressure (Pressatildeo Absoluta no Coletor)

IAT ndash Intake Air Tempeture (Temperatura do Ar Admitido)

TPS ndash Throttle Position Sensor (Sensor de Posiccedilatildeo do Acelerador)

Destes sensores natildeo foi utilizado apenas o sensor Map pois a unidade

de gerenciamento eletrocircnico jaacute possui um sensor Map integrado que foi utilizado

Estes sensores puderam ser configurados para utilizaccedilatildeo com o sistema

de gerenciamento eletrocircnico sem o menor problema

381 Sensor TPS

Este sensor se refere ao sensor que envia a informaccedilatildeo de posiccedilatildeo da

borboleta para o sistema de gerenciamento eletrocircnico Nada mais eacute do que um

potenciocircmetro que varia a resistecircncia ocirchmica ao se variar a posiccedilatildeo do

acelerador

Sua calibraccedilatildeo eacute feita em tempo real com a unidade de gerenciamento

eletrocircnico (conforme Figura 52) onde se informa a posiccedilatildeo do acelerador

totalmente fechado e totalmente aberto o sistema de gerenciamento jaacute adquire

o valor de resistecircncia ocirchmica e faz os caacutelculos para os valores intermediaacuterios e

a interpretaccedilatildeo das posiccedilotildees

78

Fonte Autor

382 Sensor IAT

Este sensor eacute responsaacutevel por aquisitar a temperatura do ar que estaacute

sendo admitido ou seja que estaacute momentaneamente passando pelo corpo de

borboletas Este assim como o sensor de posiccedilatildeo da borboleta e tambeacutem o

sensor de pressatildeo absoluta no coletor eacute utilizado para o caacutelculo da massa de ar

que estaacute sendo admitida pelo motor Este sensor eacute calibrado a partir dos valores

de resistecircncia ocirchmica cujos valores satildeo inseridos no software de calibraccedilatildeo da

unidade de gerenciamento eletrocircnico esses valores natildeo satildeo facilmente

adquiridos pois o fabricante da unidade de sensores natildeo os disponibiliza poreacutem

outro fabricante de sensores a MTE-Thompson fabrica esse mesmo modelo de

unidade de sensores para reposiccedilatildeo do original e entrando em contato com o

departamento teacutecnico eles passam os valores de funcionamento do sensor e

esses valores foram os utilizados para calibraccedilatildeo do sensor de temperatura do

ar admitido (conforme Figura 53)

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS

79

Fonte Autor

383 Sensor MAP

Sensores MAP satildeo utilizados para determinar a pressatildeo do ar admitido

que passa pelo coletor de admissatildeo satildeo muito usados nos sistemas atuais de

gerenciamento eletrocircnico de motores de combustatildeo interna Este tipo de

sensores trabalha utilizando o princiacutepio de strain gage onde haacute a deformaccedilatildeo do

material metaacutelico variando tambeacutem sua resistividade (conforme Figura 54)

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT

80

Fonte Nota de aula ndash Prof Adriano Ribolla (Sist De Gerenc Eletrocircnico 2018)

A funccedilatildeo de variaccedilatildeo da resistecircncia ou fator Gauge pode ser dada pela

expressatildeo

Onde

R resistecircncia (Ω)

ρ constante do material

L comprimento do fio (m)

A secccedilatildeo transversal do fio (msup2)

O sistema de gerenciamento eletrocircnico Speeduino jaacute possuiacute em sua

montagem um sensor MAP interno na sua montagem e mesmo que na

unidade de sensores Keihin utilizada jaacute possuiacutesse um sensor MAP foi

escolhido utilizar o sensor existente na eletrocircnica da unidade de

gerenciamento eletrocircnico apenas pela facilidade de calibraccedilatildeo (conforme

Figura 55)

R= ρ LA

8 - Caacutelculo do Fator Gauge

Figura 54 - Princiacutepio strain gage

81

Fonte Autor

O sensor MAP existente no sistema de gerenciamento eletrocircnico eacute do

fabricante NXPFreescale modelo MPX 4250AP (conforme Anexo B) com um

range de leitura pressatildeo de 20 a 250 kPa

Apoacutes o funcionamento do motor e leitura do sensor foi possiacutevel notar que nos

motores de ciclo dois tempos justamente pelo seu tipo de ciclo e forma

construtiva natildeo seria possiacutevel fazer a calibraccedilatildeo dos mapas de funcionamento

do motor levando-se em conta a leitura de pressatildeo no coletor pois a depressatildeo

no coletor deste tipo de motor eacute muito baixa variando muito pouco Poreacutem este

fato jaacute era de se esperar mas a inserccedilatildeo deste sensor natildeo foi em vatildeo Ela jaacute foi

feita com o objetivo de futuros trabalhos sobre este tipo de sensor em motores

dois tempos para obtenccedilatildeo de valores palpaacuteveis de pressatildeo que possam ser

levados em conta na calibraccedilatildeo do motor

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP

82

39 Sistema de Igniccedilatildeo

O sistema de igniccedilatildeo deve ser compatiacutevel com o sistema de

gerenciamento eletrocircnico utilizado que foi o Speeduino Para isso o sistema de

igniccedilatildeo original do motor foi substituiacutedo por uma bobina utilizada em motores da

linha VW (conforme Figura 56) bobinas essas com moacutedulo de igniccedilatildeo integrado

e para evitar interferecircncias com o sensor de rotaccedilatildeo ou demais eletrocircnicas do

hardware de gerenciamento foi utilizado cabo vela resistivo do veiacuteculo Fiat Tipo

ie (Conforme Figura 57) as velas originais da motocicleta jaacute eram do tipo

resistiva A bobina poderia ter sido utilizada qualquer uma com moacutedulo de igniccedilatildeo

integrado e o cabo de vela tambeacutem poderia ser qualquer um do tipo resistivo

poreacutem estes foram escolhidos apenas por se integrarem melhor fisicamente ao

projeto

Fonte wwwmercadolivrecombr Fonte wwwacnpecascombr

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo

83

4 Calibraccedilatildeo do Motor

Atualmente a calibraccedilatildeo de motores de combustatildeo interna tem tido como

objetivo principal melhorar autonomia com relaccedilatildeo a consumo de combustiacutevel e

diminuiccedilatildeo das emissotildees de poluentes muito em funccedilatildeo de legislaccedilotildees mais

riacutegidas e restritivas Novas teacutecnicas construtivas de motores e implementaccedilotildees

de novas teacutecnicas de calibraccedilatildeo tem sido utilizadas como downsizing turbo-

compressores injeccedilatildeo direta de combustiacutevel para sistemas ldquoflex-fuelrdquo ou ateacute

mesmo sistemas mistos utilizando injeccedilatildeo direta e indireta de combustiacutevel em

um mesmo motor Estes meacutetodos elevaram o niacutevel tecnoloacutegico dos motores de

combustatildeo interna extraindo grande potecircncia diminuindo massa de motores

poreacutem com a necessidade de muita eletrocircnica embarcada

Um dos intuitos deste trabalho eacute a inserccedilatildeo de um sistema de

gerenciamento eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos a princiacutepio de

maneira experimental apenas para obter preacutevias de sua viabilidade

construtivamente e dar a motores que utilizam este tipo de ciclo a oportunidade

de ressurgirem ou natildeo no mercado com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias e

eletrocircnica embarcada ou mesmo proporcionar uma longevidade de seu uso em

competiccedilotildees

Para a calibraccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico que foi

escolhido o sistema Speeduino utilizamos o software de calibraccedilatildeo Tuner

Studio o qual jaacute foi previamente apresentado Seratildeo mostrados a seguir os

passos e direccedilotildees tomadas no que diz respeito a calibraccedilatildeo deste motor de ciclo

dois tempos em questatildeo

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais

Inicialmente eacute necessaacuterio a introduccedilatildeo de alguns dados pertinentes ao

motor e a estrateacutegia de funcionamento do mesmo para tal utilizamos a tela

ldquoEngine Constantsrdquo ou constantes do motor no software Tuner Studio Em

seguida detalhamos os dados de acordo com as caracteriacutesticas do motor que foi

escolhido para o trabalho (conforme Figura 58)

84

Fonte Autor

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor

85

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel

A tabela de injeccedilatildeo de combustiacutevel eacute baseada no meacutetodo VE ldquoVolumetric

Efficiencyrdquo ou eficiecircncia volumeacutetrica neste sistema utiliza-se o item ldquoCalculated

Required Fuelrdquo ou caacutelculo de combustiacutevel necessaacuterio (Conforme Figura 58) o

valor disponibilizado neste item representa o tempo necessaacuterio de injeccedilatildeo de

combustiacutevel baseado em 100 da eficiecircncia volumeacutetrica do motor e

posteriormente desenvolve-se a tabela VE de acordo com as necessidades do

motor (conforme Figura 59) em funccedilatildeo de rotaccedilatildeo do motor e posiccedilatildeo da

borboleta podendo ou natildeo estes valores serem multiplicados pelo valor de

pressatildeo do sensor MAP poreacutem no caso deste trabalho natildeo se utilizou o a

multiplicaccedilatildeo pelo sensor pois este dado se mostrou insatisfatoacuterio para motores

de ciclo dois tempos que geram pouca ou nenhuma depressatildeo no coletor de

admissatildeo

FonteAutor

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE

86

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo

A tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo permite determinar o momento em que seraacute

disparada a centelha pela vela de igniccedilatildeo permitindo a queima da mistura

arcombustiacutevel Os valores inseridos na tabela satildeo valores que representam o

acircngulo em graus antes do ponto morto superior do motor PMS (conforme Figura

60) em que seraacute disparada a centelha esta deve ser disparada alguns graus

antes do PMS pois a queima da mistura deve ser aproveitada ao maacuteximo e para

que isso aconteccedila deve se adotar um ponto de igniccedilatildeo de forma que a frente de

chama tenha tempo suficiente para queimar dentro do cilindro caso contraacuterio a

queima se torna ineficiente e acaba por desperdiccedilar combustiacutevel que acaba

sendo jogado para o escapamento sem que este seja queimado

Os valores de avanccedilo em graus inseridos nesta tabela tambeacutem tecircm seu

funcionamento em funccedilatildeo dos eixos de posiccedilatildeo da borboleta do acelerador e

rotaccedilatildeo do motor

Fonte Autor

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo

87

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada

Usualmente em uma grande montadora ou grande equipe de corridas

essas tabelas seriam desenvolvidas em um laboratoacuterio de desenvolvimento de

motores com diversos equipamentos para controle e aquisiccedilatildeo de dados Poreacutem

por se tratar de um trabalho acadecircmico e de baixo custo natildeo houve a

possibilidade de utilizaccedilatildeo de ferramentas desta espeacutecie desta maneira a tabela

foi toda desenvolvida experimentalmente atraveacutes de horas observando

deficiecircncias e comportamentos do funcionamento do motor

5 Dados do Motor (Modificado)

Tendo em vista que este motor eacute proveniente de uma motocicleta de

competiccedilatildeo as caracteriacutesticas originais dele foram modificadas e a motocicleta

utilizada no projeto tambeacutem (conforme Figura 61) Seguem os dados teacutecnicos

com a modificaccedilotildees do motor

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 59mm x 50mm

Cilindrada 1367cmsup3

Taxa de Compressatildeo 145 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Injeccedilatildeo eletrocircnica com corpo de borboletas de 35mm

de diacircmetro e injetor de combustiacutevel Keihin Flex

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo gerenciada a partir da ECU com o uso de Bobina

Bosch utilizada em motores Volkswagen AP ndash MI

Lubrificaccedilatildeo Premix na proporccedilatildeo de 35ml por litro de etanol

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Etanol

Potecircncia 245cv a 9400rpm

Torque 190kgfm a 9000rpm

88

Fonte Autor

6 Resultados

Os resultados obtidos neste trabalho foram deveras satisfatoacuterios

mostrando que eacute possiacutevel o funcionamento de um motor de ciclo dois tempos

utilizando como meacutetodo de injeccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo um sistema de

gerenciamento eletrocircnico moderno Abordagem essa que seria impensaacutevel anos

atraacutes hoje se tornou uma realidade talvez abrindo novos horizontes para o futuro

de motores que utilizem ciclo dois tempos talvez natildeo comercialmente mas ainda

que para seu uso em competiccedilotildees possa ser extraiacutedo o maacuteximo de rendimento

possiacutevel

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees

89

7 Conclusatildeo

Seguramente o desenvolvimento de uma metodologia soacutelida no

desenvolvimento de sistemas de gerenciamento eletrocircnico e calibraccedilatildeo voltadas

para motores de ciclo dois tempos natildeo seraacute uma tarefa faacutecil existe uma longa

estrada a se percorrer para se chegar ao mesmo niacutevel de desenvolvimento

existente destes sistemas para motores de ciclo quatro tempos ou mesmo diesel

Contudo o projeto se mostrou viaacutevel e mesmo que natildeo tenha havido

possibilidade de testes em dinamocircmetro o comportamento do motor mostrou-se

estaacutevel com o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica Possivelmente houve ganhos de

desempenho e esses testes podem ser executados como tarefa futura no intuito

de comprovar possiacuteveis resultados favoraacuteveis

Cabe aos futuros projetos novas soluccedilotildees e abordagens que podem ser

pensadas especificamente para o motor de ciclo dois tempos pois mesmo que

sua fabricaccedilatildeo seja descontinuada para veiacuteculos comerciais sua fabricaccedilatildeo para

suprir necessidades de veiacuteculos de competiccedilatildeo ainda pode prosseguir por anos

e o uso de tecnologia moderna nesses motores pode vir a extrair niacuteveis de

potecircncia e torque antes natildeo atingidos com a utilizaccedilatildeo de igniccedilotildees de ponto fixo

e carburadores Tambeacutem pode alterar caracteriacutesticas de desempenho do motor

como a falta de torque em baixas rotaccedilotildees

Neste projeto o motor original utilizado natildeo foi fabricado para comportar

uma injeccedilatildeo eletrocircnica por isso houve muitos esforccedilos nas adaptaccedilotildees para que

o funcionamento deste motor com esta tecnologia fosse possiacutevel Poreacutem se

pensarmos em uma produccedilatildeo fabril para motores dois tempos projetados para

que utilizem injeccedilatildeo eletrocircnica originalmente isso torna o processo todo muito

mais viaacutevel do ponto de vista comercial aleacutem de implementar uma tecnologia

que tiraria os motores de ciclo dois tempos da aposentadoria podendo ateacute se

pensar em niacuteveis de emissotildees poluentes melhores mesmo que seu uso seja

exclusivo apenas em competiccedilotildees De toda forma um passo foi dado com a

realizaccedilatildeo deste projeto e o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica se mostrou ser uma

tecnologia segura e confiaacutevel para a utilizaccedilatildeo em motores de ciclo dois tempos

90

8 Propostas Futuras

Vaacuterios passos podem ser dados como propostas futuras mas pensando

no alto iacutendice de poluiccedilatildeo gerado por este tipo de motor pode se pensar em um

controle eletrocircnico da injeccedilatildeo de oacuteleo dois tempos para lubrificaccedilatildeo podendo-se

desenvolver algum meacutetodo de verificaccedilatildeo da necessidade de lubrificaccedilatildeo do

motor fazendo injeccedilatildeo de oacuteleo controlada por quantidade e por demanda

Tambeacutem pode-se pensar na utilizaccedilatildeo de catalisadores no escapamento para

diminuiccedilatildeo das emissotildees de gases poluentes o que com certeza deveraacute ser

estudado e caberaacute diversos testes e experimentaccedilotildees de materiais poreacutem

podendo obter resultados positivos

No sistema de injeccedilatildeo de combustiacutevel utilizado neste trabalho foi usado

o meacutetodo de injeccedilatildeo indireta de baixa pressatildeo utilizando uma pressatildeo na linha

de combustiacutevel na ordem de 3bar Futuramente pode-se fazer testes e anaacutelises

a respeito do uso da injeccedilatildeo indireta de combustiacutevel neste tipo de motor em

busca de quais seriam seus benefiacutecios Ainda sobre a injeccedilatildeo de combustiacutevel

uma anaacutelise que deve ser feita eacute em relaccedilatildeo a modificaccedilatildeo da posiccedilatildeo do injetor

de combustiacutevel que atualmente se situa no coletor de admissatildeo este pode ser

montado em alguma posiccedilatildeo estrateacutegica como no caacuterter do motor diretamente

ou em alguma das janelas por exemplo nas janelas de transferecircncia devendo-

se analisar os ganhos e perdas dessa montagem

Um sistema que foi utilizado neste trabalho poreacutem trouxe pouco benefiacutecio

foi o uso do sensor MAP Devido agrave baixa depressatildeo no coletor de admissatildeo

gerada por motores dois tempos uma soluccedilatildeo seria a aquisiccedilatildeo de dados com

alguns sensores de pressatildeo instalados em determinados pontos do motor como

no caacuterter admissatildeo e janelas de transferecircncia Isto para se analisar pontos de

baixa e alta pressatildeo durante os ciclos do motor podendo ser criado um algoritmo

que calcule uma meacutedia de pressatildeo mais palpaacutevel que possa ser levada em conta

na calibraccedilatildeo da injeccedilatildeo de combustiacutevel

91

9 Referecircncias Bibliograacuteficas

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92

10 Referecircncia Figuras

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Fonte httpsimageshutterstockcomimage-vectorsystem-twostroke-engines-

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1922

Figura 2

Fonte

httpwwwrichstaylordportingcomimagephoto_Modern2strokePorting_3jpg

acessado em 26052019 agraves 1924

Figura 3

Fonte httpsiebayimgcomimagesg~TsAAOSw~1FUVYxas-l1600jpg

acessado em 26052019 agraves 1927

Figura 4

Fonte httpswwwamazonesBoyesen-varillas-vC3A1lvula-Yamaha-

BlasterdpB003Y7YXPO acessado em 26052019 agraves 1930

Figura 5

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httppersonalpsueduusersbmbmb5967Electronic20Rotary20Valve20

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Figura 6

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httppatentimagesstoragegoogleapiscomUS7047918B1US07047918-

20060523-D00000png acessado em 26052019 agraves 1938

Figura 7

Fonte http1bpblogspotcom-

LFtpWtfk_J0VVcNRz024fIAAAAAAAACqEOFi6kADEwjws1600valves-

a12i2jpg acessado em 26052019 agraves 1941

Figura 8

Fonte httpsipinimgcom236xccffc0ccffc0bbf8d95f226062728cd4d4dc1e--

configuration-portjpg acessado em 26052019 agraves 1944

93

Figura 9

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 10

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 11

Fonte httpwwwcmraracingcomshowthreadphp30922-For-Sale-And-yet-

even-more-Honda-RS125-Parts acessado em 02062019 agraves 2044

Figura 12

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 13

Fonte httpswwwpvldeenproductselectronic-electrical-engineering

acessado em 02062019 agraves 2051

Figura 14

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 15

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 16

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 17

Fonte httpsbikemanperformancecomsupreme-tool-arctic-cat-rave-style-

exhaust-valveshtml acessado em 02062019 agraves 2055

Figura 18

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

94

Figura 19

Fonte httpthunderproductscomattachment_id=316 acessado em

02062019 agraves 2100

Figura 20

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom201404 acessado em 02062019 agraves

2104

Figura 21

Fonte httpflaviolucasmmblogspotcom201508componentes-da-injecao-

eletronicahtml acessado em 02062019 agraves 2110

Figura 22

Fonte httpsmotos-motorcombrmfipeprecos-tabela-yamaha-rd-135-1994

acessado em 02062019 agraves 2116

Figura 23

Fonte httpswwwjapanbaikucomtm-27-8006 acessado em

02062019 agraves 2122

Figura 24

Fonte httpswwwcustojustoptleiriapecas-motasrotor-motoplat-bobine-

externa-anti-horario-28261205 acessado em 02062019 agraves 2124

Figura 25

Fonte Autor

Figura 26

Fonte Autor

Figura 27

Fonte Autor

Figura 28

Fonte Autor

Figura 29

Fonte Autor

Figura 30

Fonte Autor

95

Figura 31

Fonte Autor

Figura 32

Fonte Autor

Figura 33

Fonte httpswwwmagnetimarellicomnode65 acessado em 02062019 agraves

2130

Figura 34

Fonte httpswwwbosch-motorsportcomcontentdownloadsRacepartsen-

GB49044619111858827html acessado em 02062019 agraves 2135

Figura 35

Fonte Autor

Figura 36

Fonte httpswwwamazoncomSmartProjects-Mega-Arduino-MEGA-

BoarddpB004A7H3DG acessado em 02062019 agraves 2141

Figura 37

Fonte

httpsSpeeduinocomshopindexphpid_product=18ampcontroller=product

acessado em 02062019 agraves 2145

Figura 38

Fonte Autor

Figura 39

Fonte Autor

Figura 40

Fonte Autor

Figura 41

Fonte Autor

Figura 42

Fonte Autor

Figura 43

Fonte Autor

96

Figura 44

Fonte Autor

Figura 45

Fonte Autor

Figura 46

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-879906333-080036-sensor-de-

rotaco-fiat-idea-e-torq-16-linea-16-18-_JMquantity=1 acessado em

02062019 agraves 2220

Figura 47

Fonte Autor

Figura 48

Fonte Autor

Figura 49

Fonte Autor

Figura 50

Fonte Autor

Figura 51

Fonte Autor

Figura 52

Fonte Autor

Figura 53

Fonte Autor

Figura 54

Fonte Slides aulas SAGE ndash Prof MSc Adriano Ribolla

Figura 55

Fonte Autor

Figura 56

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-839220558-bobina-ignico-gol-

saveiro-parati-10-kombi-16-mi-3-pinos-

_JMmatt_tool=14302715ampmatt_wordampgclid=CjwKCAjwr8zoBRA0EiwANmvpYI

z4XlO7l-

97

OvI7_2OEUpSgy57Vriq67T2bbuVtWP0MawULSQk9SCjBoCXZcQAvD_BwEampq

uantity=1 acessado em 22062019 agraves 2340

Figura 57

Fonte httpswwwacnpecascombrprodutocabo-de-vela-fiat-tipo-1-6-ie-mpi-

todos-injecao-eletronica acessado em 22062019 agraves 2345

Figura 58

Fonte Autor

Figura 59

Fonte Autor

Figura 60

Fonte Autor

Figura 61

Fonte Autor

98

Apecircndice I

Lista de peccedilas e componentes utilizados

Componente Fabricante Part Number (OEM)

Fabricante Part Number (Reposiccedilatildeo)

Qtd

Injetor de Combustiacutevel Keihin 3340-9657-7489 Magnetron MAGNETRON 154-209-B 1

Bobina de Igniccedilatildeo Bosch F000ZS0104 NGK NGK U1092 1

Cabo de Vela Bosch F00099C067 NGK NGK SC-T58 1

Sensor Hiacutebrido - MAP - TPS - IAT

Keihin 16060-KVK-901 MTE-Thomson

MTE6701 1

Sensor de Rotacatildeo HALL Continental 55223464 MTE-Thomson

MTE70565 1

Bomba de Combustiacutevel Delphi BCD 00101 Bosch 580464070 1

Regulador de Pressatildeo Comb

SPA SPA TURBO 1

Roda Focircnica 60-2 Fueltech JR7401PTAz 1

Corpo de Boboletas XR300

Keihin 1641A-KWT-305 1

99

Anexo A

Esquema eleacutetrico do sistema de gerenciamento eletrocircnico

100

101

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

Anexo B

Datasheet Sensor MAP ndash NXPFreescale MPX4250AP

112

113

114

115

116

117

118

119

120

121

122

123

124

125

126

127

Anexo C

Lista de componentes Speeduino

Qtd Referecircncia na Placa Componente Valor Modelo

1 C16 CAP TANT 10uF 35V 10 RADIAL 10uF

6 C2C4C6C8C10C24 CAP CER 022uF 50V 10 RADIAL 220nF 224

7 C1C3C5C7C9C13C15 CAP CER 01uF 50V 20 RADIAL 100nF 104

1 C14 CAP TANT 47uF 63V 10 RADIAL 47uF

1 C18 CAP CER 033uF 50V 10 RADIAL 330nF 334

2 C19C25 CAP CER 10000pF 50V 10 RADIAL 10nF 103

3 C11C12C20 CAP CER 1uF 50V 20 RADIAL 1uF 105

1 C23 CAP CER 4700pF 100V 10 RADIAL 47nF 472

1 D16 DIODO ZENER 56V 3W AXIAL 1N5919BG 1N5919BG 2 D15D17 DIODO SCHOTTKY 1A 30V DO41 1N5818 1N5818

8 LED1LED2LED3LED4

LED5LED6LED7LED8 LED SS 3MM LED

4 D9D10D11D12 DIODO USO GERAL 400V 1A DO41 1N4004 1N4004

1 U2 VARISTOR 14MM 22V 1000A ZNR Varistor ZNR

V14D220

8 Q1Q2Q3Q4Q5Q6Q7

Q8 MOSFET N-CH 33V TO-220

62A

MOSFET STP75NS04Z

1 R54 RES 100K Ohm 14W 1 METAL

FILM 10kΩ

14W - 1

17

R10R13R16R19R21

R23R24R29R30R39

R40R50R51R57R58

R59R60

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 1kΩ

14W - 1

4 R9R12R15R18 RES 680 Ohm 06W 1 AXIAL 680Ω 14W - 1

6 R2R4R6R8R22R41 RES FILME METAacuteLICO 14W 470

Ohm 1 AXIAL 470Ω

14W - 1

7 R1R3R26R28R33R34

R61

249k Ohm plusmn1 025W 14W FILME

METAacuteLICO 249kΩ

14W - 1

1 R7 RES 39K Ohm 14W 01 FILME

METAacuteLICO 39kΩ

14W - 1

12

R11R14R17R20R35R3

6R37R38R48R49

R55R56

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 100kΩ

14W - 1

4 R25R27R31R32 RES 160 Ohm 2W 1 AXIAL 160Ω 2W - 1

1 U1 REGULADOR DE TENSAtildeO

LM2940-50 1A TO220 LM2940T 50NOPB

1 MPX4250A SENSOR MAP 363 PSI MAX 1-Bar MAP MPX4250AP

2 IC1IC2 CI MOSFET DVR 3A DUAL HS 8-DIP TC4424EP

A TC4424EPA

Page 16: FACULDADE DE TECNOLOGIA FATEC SANTO ANDRÉfatecsantoandre.edu.br/arquivos/TCC/227-Mecanica/TCC511.pdfLista de Unidades de Medida cm³ - unidade de volume, centímetros cúbicos mm

Lista de Foacutermulas

1 - Caacutelculo da Taxa de Compressatildeo 34

2 - Volume a ser comprimido (fabricantes japoneses) 34

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento 42

4 - Dimensotildees do Escapamento Header 43

5 - Dimensotildees do Escapamento Difusor 45

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor 46

7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo 47

8 - Caacutelculo do Fator Gauge 80

18

1 Introduccedilatildeo

Em 1878 um engenheiro escocecircs criou o projeto tido como o primeiro motor

de ciclo dois tempos e eacute atribuiacutedo a ele esta invenccedilatildeo este engenheiro era

Dugald Clerk Poreacutem este motor possuiacutea algumas diferenccedilas dos motores dois

tempos que conhecemos e utilizamos durante todo o seacuteculo XX ateacute os dias de

hoje Nos motores de Clerk a admissatildeo era feita por bombeamento separado do

motor possuiacutea vaacutelvulas e utilizava gaacutes como combustiacutevel (NUNNEY 1992)

O primeiro motor de ciclo dois tempos com as caracteriacutesticas que hoje

conhecemos com admissatildeo inicial e compressatildeo no caacuterter transferecircncia da

mistura feita por janelas nas laterais do cilindro sem vaacutelvulas soacute foi inventado

por volta de 1892 pelo inglecircs Joseph Day que por volta de 1889 comeccedilou a

desenvolver um motor de combustatildeo interna sem infringir as patentes de

Nikolaus Otto as quais eram as patentes do motor com ciclo a quatro tempos

(BOOTHROYD 2006)

As patentes de Nikolaus Otto satildeo atualmente invaacutelidas e atribuiacutedas a um

engenheiro francecircs Alphonse-Eugene Beau de Rochas o qual havia feito todos

estudos pesquisas e projetos sobre este ciclo anos antes em 1862 poreacutem natildeo

chegou a construir um motor assim como Otto o fez (TILLMAN 2013)

A invenccedilatildeo do motor dois tempos eacute creditada a Dugald Clerk Satildeo citados

diversos pesquisadores engenheiros inventores e construtores como pessoas

que desenvolveram e agregaram conhecimento a este tipo de motor poreacutem foi

possiacutevel observar durante as pesquisas que Day eacute pouco lembrado em livros e

documentos poreacutem historicamente foi quem idealizou e construiu as soluccedilotildees

para o motor dois tempos que utilizamos quase que literalmente ateacute os dias de

hoje (BOOTHROYD 2006)

Durante o seacuteculo XX os motores dois tempos foram amplamente utilizados

na induacutestria automotiva Foram construiacutedos diversos veiacuteculos com esses

motores carros motocicletas caminhotildees e tratores O primeiro estudo e

construccedilatildeo de protoacutetipo de injeccedilatildeo eletrocircnica voltada para motores dois tempos

aconteceu em 1978 exatos cem anos da construccedilatildeo do motor de Clerk e foi

feita por Edmond Vieilledent que conseguiu obter relativo sucesso em suas

pesquisas e desenvolvimento poreacutem a tecnologia de microprocessamento na

19

eacutepoca inicial e o custo para implementaccedilatildeo relativamente alto em motores de

baixa cilindrada aparentemente inviabilizou o projeto em larga escala

(VIEILLEDENT 1978)

Quarenta anos apoacutes o trabalho de Vieilledent em 2018 a fabricante de

motocicletas austriacuteacas KTM Motorcycle disponibiliza para venda no mercado

motocicletas de competiccedilatildeo off-road de 250 e 300cmsup3 com sistema de injeccedilatildeo

eletrocircnica o que vem a corroborar a ideia de que os motores dois tempos para

determinadas aplicaccedilotildees merecem a implementaccedilatildeo de novas tecnologias para

que haja junto com a evoluccedilatildeo eletrocircnica novos resultados aplicados aos

motores dois tempos

11 Motivaccedilatildeo

As motivaccedilotildees deste trabalho surgem da premissa de reduzir algumas

deficiecircncias intriacutensecas do funcionamento dos motores de ciclo dois tempos

funcionamento que seraacute abordado e explicado em um toacutepico especiacutefico adiante

Para isso seraacute utilizado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel com

processamento de dados feito a partir de um Arduino Mega 2560 montado em

um motor Yamaha de 135cmsup3 de 2 tempos de fabricaccedilatildeo nacional produzido ateacute

o ano de 2000 Este motor equipou por mais de vinte anos as motocicletas

Yamaha Rd e Rdz 135cmsup3 e possuiacuteam como sistema de alimentaccedilatildeo de

combustiacutevel carburadores com diacircmetro de venturi 24mm e 26mm

respectivamente e sistema de igniccedilatildeo por descarga capacitiva com curva de

igniccedilatildeo preacute-estabelecida

Os motores dois tempos possuem caracteriacutesticas de funcionamento muito

peculiares e produzem uma potecircncia especiacutefica relativamente alta poreacutem esta

potecircncia vem de uma curva de torque caracteriacutestica do projeto do motor sendo

muito difiacutecil conseguir obter uma curva onde se consiga que a potecircncia seja alta

em todas as faixas de rotaccedilatildeo A maioria dos projetos de motores dois tempos

favorece a potecircncia em uma faixa de rotaccedilatildeo muito estreita por exemplo motores

que satildeo projetados para terem alto torque natildeo possuem alta rotaccedilatildeo e motores

para alta potecircncia soacute conseguem atingir esta potecircncia apoacutes os 10000rpm e todo

o resto da curva de potecircncia do motor eacute esquecida Este trabalho visa a

20

introduccedilatildeo de um sistema de gerenciamento de combustiacutevel e igniccedilatildeo eletrocircnico

para obter uma possiacutevel melhora da faixa de potecircncia aumentando a largura

dessa faixa de potecircncia elevada

Podemos notar ao analisarmos o graacutefico 1 que este tipo de motor produz

uma faixa de trabalho uacutetil de aproximadamente 1500 rpm somente apoacutes os

10000 rpm esta caracteriacutestica torna a pilotagem destas motocicletas em regime

de competiccedilatildeo muito difiacutecil e cansativa

Fonte httppulpmxcom

Com a inserccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico seraacute feita a

tentativa de implementar uma calibraccedilatildeo que natildeo privilegie somente uma faixa

tatildeo pequena de trabalho buscando antecipar e ampliar esta faixa de potecircncia

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3 1996

21

12 Objetivos

Os objetivos deste trabalho satildeo construir montar adaptar e talvez a parte

mais complexa calibrar um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel em um

motor de ciclo dois tempos Natildeo existem muitas informaccedilotildees a respeito de

calibraccedilatildeo eletrocircnica para motores em geral muito menos para motores dois

tempos o que torna esse acerto um tanto quanto difiacutecil

Como descrito anteriormente a motivaccedilatildeo vecircm da capacidade de tentar

incrementar potecircncia em um motor de pouca massa e isso eacute o essencial para

regimes de performance em competiccedilotildees de karts naacuteuticas e de motocicletas

A busca seraacute por uma calibraccedilatildeo final que alargue a faixa de potecircncia do motor

ou seja melhorando suas caracteriacutesticas de funcionamento utilizando um

sistema de gerenciamento eletrocircnico com alguns sensores que seja confiaacutevel e

que permita a sua utilizaccedilatildeo em quaisquer condiccedilotildees climaacuteticas e ambientais

tais como umidade temperatura e pressatildeo atmosfeacuterica

13 Contribuiccedilotildees Esperadas

As contribuiccedilotildees estatildeo relacionadas com os objetivos descritos na

subseccedilatildeo 12 e satildeo elas

a) Promover uma anaacutelise de forma ampla sobre os aspectos positivos e

negativos dos motores que utilizam o ciclo de dois tempos

b) Renovar alguns dados encontrados na literatura teacutecnica a respeito dos

motores dois tempos que na maioria dos livros sobre motores de

combustatildeo interna satildeo dados advindos do estudo de motores anteriores

a deacutecada de 1950 ou seja informaccedilotildees que merecem atualizaccedilatildeo

c) Expor os aspectos positivos do uso da eletrocircnica e programaccedilatildeo no

gerenciamento de motores

d) Possibilitar a adaptaccedilatildeo de uma tecnologia moderna e aberta (open

source) em antigos motores de combustatildeo interna que originalmente

possuiacuteam alimentaccedilatildeo de combustiacutevel mecacircnica e sistema de igniccedilatildeo

simplificado

e) Mostrar as possiacuteveis e esperadas dificuldades de se calibrar o sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos

22

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho

Este trabalho abordaraacute a inserccedilatildeo de um sistema de gerenciamento

eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos sendo assim o assunto eacute abordado

em trecircs fases

Fase Inicial Aborda todo o conceito de funcionamento mecacircnico do motor

de ciclo dois tempos princiacutepios caracteriacutesticas de construccedilatildeo soluccedilotildees

adotadas ao longo da histoacuteria principais aplicaccedilotildees Esta parte tambeacutem tem por

objetivo ampliar o entendimento deste tipo de motor que eacute pouco esclarecido

em literaturas teacutecnicas e quando apresentado em livros utiliza o princiacutepio de

funcionamento correto poreacutem demonstra exemplos de motores antigos sem

muitas soluccedilotildees eficientes

Fase Intermediaacuteria Aborda todas as soluccedilotildees eleacutetricas e eletrocircnicas que

seratildeo utilizadas para o desenvolvimento do protoacutetipo histoacuterico de aplicaccedilotildees em

motores dois tempos processo de escolha montagem de componentes e

sensores anaacutelise de funcionamento e dificuldades enfrentadas

Fase Final Mostra os processos necessaacuterios para fazer a calibraccedilatildeo de

um motor de combustatildeo interna utilizando gerenciamento eletrocircnico aplicaccedilatildeo

em motores dois tempos quais as dificuldades e resultados obtidos

23

2 Fundamentaccedilatildeo

Os motores de ciclo dois tempos possuem o conceito mecacircnico da

termodinacircmica para seu funcionamento onde eacute admitido uma mistura de ar e

combustiacutevel pelo orifiacutecio de admissatildeo Posteriormente essa mistura sofre uma

melhor homogeneizaccedilatildeo no caacuterter junto ao eixo de manivelas onde tambeacutem eacute

comprimido e transferido para a cabeccedila do pistatildeo pelos orifiacutecios de transferecircncia

apoacutes a transferecircncia o pistatildeo inicia o ciclo de subida sentido PMS onde comprime

a mistura ar combustiacutevel e sofre combustatildeo por meio de uma centelha

Nos motores de ciclo dois tempos os pistotildees assim como nos motores

com ciclo quatro tempos possuem movimento alternativo em relaccedilatildeo ao cilindro

poreacutem a lubrificaccedilatildeo dos cilindros eacute feita por meio de oacuteleo misturado com o

combustiacutevel podendo ser forccedilado por uma bomba de lubrificaccedilatildeo que injeta o

oacuteleo no orifiacutecio de admissatildeo ou mesmo por uma mistura oacuteleocombustiacutevel que

pode ser previamente feita Esse sistema simplifica todo o funcionamento deste

tipo de motor poreacutem tambeacutem traz consigo suas deficiecircncias intriacutensecas desse

processo de combustatildeo

Segundo o Manual de Tecnologia Automotiva Bosch (2005) os motores

dois tempos possuem as vantagens e desvantagens que vemos a seguir

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos

Vantagens Desvantagens

Design Simples do Motor Maior Consumo de Combustiacutevel

Baixo Peso Altas Emissotildees de

Hidrocarbonetos

Baixo Custo de Fabricaccedilatildeo Pressatildeo Efetiva Meacutedia mais

Baixa

Padratildeo Melhor de Forccedila de

Torccedilatildeo

Cargas Teacutermicas mais Altas

Marcha Lenta mais deficiente

(Bosch 2005)

24

O desenvolvimento deste trabalho natildeo busca fazer um comparativo entre

os diversos ciclos de funcionamento dos motores de combustatildeo interna

existentes apesar de que em determinados toacutepicos essa comparaccedilatildeo seja

inevitaacutevel Apoacutes a anaacutelise deste trabalho seraacute possiacutevel tirar as proacuteprias

conclusotildees a respeito do funcionamento de motores dois tempos visto que a

maioria das literaturas a respeito dos motores dois tempos natildeo satildeo especiacuteficas

nem tampouco profundas a respeito do tema

21 Objetivos do Capiacutetulo

As seccedilotildees a seguir apresentam o princiacutepio de funcionamento dos motores

de ciclo dois tempos O capiacutetulo iraacute abordar e analisar as fases de funcionamento

e alguns componentes mecacircnicos deste tipo de motor e os resultados de

possiacuteveis modificaccedilotildees em seus componentes

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos

Diferentemente dos motores de ciclo otto a 4 tempos que necessitam a

rotaccedilatildeo de 720deg do eixo aacutervore de manivelas os motores de ciclo dois tempos

necessitam apenas de 360deg do eixo aacutervore de manivelas para executar as quatro

operaccedilotildees baacutesicas de funcionamento de um motor de combustatildeo interna

- Admissatildeo

- Compressatildeo

- Combustatildeo

- Exaustatildeo

25

Apesar das operaccedilotildees e princiacutepio de funcionamento dos motores dois tempos

serem parecidas com as do ciclo otto a concepccedilatildeo e construccedilatildeo do motor eacute

totalmente diferente Os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como

existem nos motores de ciclo otto pelo menos natildeo no sistema mais baacutesico de

funcionamento desses motores (conforme Figura 1)

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos

Editado pelo Autor Fonte httpswwwshutterstockcom

No sistema baacutesico de funcionamento de um motor dois tempos o cilindro possui

aberturas chamadas janelas elas satildeo como portas para entrada e saiacuteda da

mistura arcombustiacutevel

A mistura arcombustiacutevel apoacutes ser succionada atraveacutes do carburador entra

atraveacutes da chamada janela de admissatildeo no cilindro (conforme Figura 2) e chega

primeiramente no caacuterter do motor alguns motores normalmente os de

competiccedilatildeo ou maior performance possuem a entrada de arcombustiacutevel

diretamente no caacuterter (conforme Figura 3) natildeo necessitando entrar no cilindro e

ir para o caacuterter poreacutem isto natildeo eacute regra A entrada desse combustiacutevel no caacuterter

tambeacutem eacute utilizada para a lubrificaccedilatildeo dos rolamentos inferiores do motor jaacute que

na maioria dos casos o combustiacutevel e oacuteleo lubrificante satildeo misturados salvo

26

raros casos em que existem pontos de injeccedilatildeo apenas de oacuteleo em determinadas

partes do motor

Editado pelo Autor Fonte httpwwwrichstaylordportingcom

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto

Editado pelo Autor Fonte httpwwwebaycom

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro

27

Como dito anteriormente os motores dois tempos em essecircncia natildeo utilizam

vaacutelvulas poreacutem com o desenvolvimento desse tipo de motor foi-se aprimorando

a tecnologia e notou-se a necessidade do uso de vaacutelvulas na admissatildeo visto

que parte da mistura era expelida novamente pela admissatildeo quando havia

compressatildeo no caacuterter anteriormente este papel de vaacutelvula de admissatildeo era feito

pelo proacuteprio pistatildeo que ao passar pela janela de admissatildeo determinava os

intervalos de tempo entre admissatildeo e exaustatildeo Para melhorar a eficiecircncia do

sistema de vaacutelvula feito pelo pistatildeo adotou-se principalmente dois sistemas o

sistema de palhetas (conforme Figura 4) e o sistema de vaacutelvula rotativa

(conforme Figura 5)

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas

Fonte wwwamazoncom

Fonte httpscellcodeus

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa

28

Apoacutes ser recebida no caacuterter a mistura arcombustiacutevel eacute comprimida com a

descida do pistatildeo sentido ao PMI o que gera o aumento de pressatildeo no caacuterter e

faz com que a mistura seja transportada para a parte superior do pistatildeo atraveacutes

das chamadas janelas de transferecircncia (conforme Figura 6) Essas janelas

possuem aberturas na parte inferior do cilindro junto ao caacuterter do motor que eacute

por onde passa esta mistura arcombustiacutevel essas aberturas ligam dutos de

transferecircncia ateacute uma abertura na camisa do cilindro jaacute na parte superior do

pistatildeo (conforme Figura 6) Com a mistura jaacute na parte superior do pistatildeo ela eacute

comprimida e por fim queimada e os gases resultantes da queima satildeo expulsos

pela janela de exaustatildeo (conforme Figura 6)

Editado pelo Autor Fonte wwwpatentimagescom

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter do motor passando pela vaacutelvula de palhetas

29

23 Admissatildeo

O processo de admissatildeo inicia-se com a subida do pistatildeo sentido PMS

isso cria uma pequena depressatildeo no caacuterter do motor poreacutem suficiente para

arrastar a mistura arcombustiacutevellubrificante advinda do sistema de alimentaccedilatildeo

usualmente carburadores Essa mistura passa por vaacutelvulas que controlam a

entrada de mistura fresca no motor Na maioria dos motores atuais utilizam-se

vaacutelvulas de palhetas elas tambeacutem tecircm a funccedilatildeo de impedir que a mistura retorne

para o coletor de admissatildeo quando haacute a movimentaccedilatildeo do pistatildeo sentido PMI

(conforme Figura 7) Os primeiros motores de Joseph Day jaacute haviam adotado

uma soluccedilatildeo de vaacutelvulas de palhetas poreacutem esse sistema foi esquecido por

muitos anos e novamente adotados para motores de motocicletas de competiccedilatildeo

em meados dos anos 70 Notemos que a mistura no caacuterter do motor aleacutem de ar

e combustiacutevel tambeacutem possui lubrificante que nesse momento faz a lubrificaccedilatildeo

das peccedilas moacuteveis na parte inferior do motor Nas figuras seguintes podemos

notar como se comporta a entrada da mistura arcombustiacutevel para o caacuterter do

motor e tambeacutem o funcionamento das vaacutelvulas de palhetas

Editado pelo Autor Fonte www1bpblogspotcom

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel

30

O principal momento de admissatildeo da mistura arcombustiacutevel para o motor se daacute

com subida do pistatildeo rumo ao PMS no entanto esse natildeo eacute o uacutenico periacuteodo em

que o motor recebe mistura fresca do sistema de alimentaccedilatildeo Quando o pistatildeo

inicia o movimento de descida rumo ao PMI apoacutes a exaustatildeo tambeacutem temos

admissatildeo de mistura arcombustiacutevel fresca A quantidade eacute bem menor e se daacute

pela depressatildeo gerada pelo escape dos gases queimados junto a janela de

exaustatildeo Essa admissatildeo acontece passando por uma janela conhecida

popularmente como ldquoQuinta Luzrdquo ou em inglecircs ldquoBoost Portrdquo (conforme Figura 8)

poreacutem esse curto periacuteodo de admissatildeo tem maior influecircncia no processo de

exaustatildeo dos gases Essa admissatildeo favorece a expulsatildeo dos gases e limpeza

da cacircmara de combustatildeo para iniacutecio de um novo ciclo

Editado pelo Autor Fonte httpswwwpinterestcom

A duraccedilatildeo desse periacuteodo em graus da duraccedilatildeo da admissatildeo na quinta

luz pode ser tido como um dos periacuteodos criacuteticos no que diz respeito e eficiecircncia

do motor dois tempos pois se o periacuteodo tiver uma duraccedilatildeo muito prolongada

pode resultar em excesso de mistura fresca que eacute ldquojogada forardquo para a exaustatildeo

e se for muito curto acaba mantendo gaacutes queimado na cacircmara de combustatildeo o

que gera perda de potecircncia para o motor

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

31

24 Compressatildeo

A compressatildeo no motor dois tempos acontece assim como no motor de quatro

tempos comprimindo o volume total do cilindro em uma pequena aacuterea da cacircmara

de combustatildeo Poreacutem diferentemente do motor quatro tempos o cilindro do

motor dois tempos natildeo eacute totalmente vedado possuindo aberturas que como dito

anteriormente se chamam janelas (conforme Figura 6)

Podem existir vaacuterios formatos de cacircmara de combustatildeo ou popularmente

conhecido como cabeccedilote cada tipo buscando um resultado final diferente

(conforme Figuras 910 e 11)

Como os cabeccedilotes de motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas satildeo

praticamente um material usinado ou fundido contemplando um formato final E

esse formato nos motores dois tempos influencia muito na performance do

motor

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro

32

Os cabeccedilotes dos motores dois tempos possuem formatos que privilegiam

determinadas faixas de rotaccedilatildeo ou comportamento do motor com relaccedilatildeo a

torque Os chamados ldquoSquishrdquo satildeo um formato que impotildeem uma alta velocidade

agrave mistura em direccedilatildeo a vela de igniccedilatildeo e produz melhora no comportamento da

queima (conforme Figura 10)

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

O ldquoSquishrdquo eacute composto por algumas medidas que satildeo

Banda do Squish eacute a largura da faixa onde se concentra o squish e contorna

toda a circunferecircncia do cabeccedilote podendo ser mais larga ou estreita

dependendo do regime de funcionamento do motor

Acircngulo do Squish eacute o acircngulo feito na banda de squish podendo acompanhar

ou natildeo o acircngulo existente na cabeccedila do pistatildeo natildeo eacute usual mas podem existir

cabeccedilotes cujos acircngulos de squish sejam retos assim como a cabeccedila dos

pistotildees nesses motores

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto

33

Folga do Squish essa folga eacute a folga do topo da cabeccedila do pistatildeo quando

em PMS ateacute o ponto fiacutesico mais proacuteximo da banda de squish

Segundo Bell (1999) os cabeccedilotes que contemplam ldquoSquishrdquo vieram a

promover melhorias significantes na performance dos motores dois tempos

Esse tipo de cabeccedilote promove melhor homogeneizaccedilatildeo da mistura

arcombustiacutevel e tambeacutem de qualquer porccedilatildeo de gases de escapamento

residuais presentes na cacircmara Esse formato tambeacutem evita que a propagaccedilatildeo

de chama para as laterais do cilindro promovam o aquecimento do mesmo fator

que pode dar iniacutecio a um ciclo de detonaccedilatildeo que eacute muito prejudicial para o

funcionamento do motor

Fonte httpwwwcmraracingcom

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo

34

Um outro fator que gera uma certa confusatildeo em motores dois tempos eacute a

mediccedilatildeo da taxa de compressatildeo A compressatildeo efetiva do volume do cilindro

ocorre apenas quando os aneacuteis de segmento do pistatildeo passam pela uacuteltima

abertura sentido PMS sendo que a uacuteltima abertura em motores dois tempos satildeo

as janelas de exaustatildeo

O que pode se notar usualmente eacute que fabricantes europeus utilizam a

mesma maneira de se calcular taxa de compressatildeo de motores quatro tempos

em motores de ciclo dois tempos

onde

RC Relaccedilatildeo de Compressatildeo

VC Volume do Cilindro (cmsup3)

VCC Volume da Cacircmara de Combustatildeo (cmsup3)

Enquanto fabricantes japoneses utilizam uma maneira especiacutefica de medir

a taxa compressatildeo para motores dois tempos avaliando o volume total de

compressatildeo efetiva somente apoacutes a passagem dos aneacuteis de segmento pela

janela de escapamento fazendo sua vedaccedilatildeo Nesse caso o volume total do

cilindro natildeo entra na conta o que se utiliza eacute a altura da janela de exaustatildeo como

referecircncia para o volume total a ser comprimido

Pode-se assim calcular o Volume a ser Comprimido

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

onde

VAC Volume a ser comprimido (cmsup3)

120645 Constante

r Raio do cilindro (mm)

h distacircncia percorrida pelo pistatildeo do momento de fechamento da janela

de exaustatildeo ateacute a chegada em PMS (mm)

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

RC = VC+VCC

VCC

1-Caacutelculo da Taxa de

Compressatildeo

2 - Volume a ser comprimido

(fabricantes japoneses)

35

Quando pesquisa-se em fichas teacutecnicas sobre motores dois tempos tais

literaturas podem gerar uma confusatildeo de entendimento pois pode-se entender

que motores europeus utilizam taxa de compressatildeo muito maior que os motores

japoneses e isto natildeo eacute verdade apenas utilizam meacutetodos de mediccedilatildeo diferentes

25 Combustatildeo

O processo de combustatildeo em motores dois tempos eacute muito semelhante ao

dos motores de quatro tempos mas com uma diferenccedila essencial ao

entendimento deste tipo de motores Nos motores de ciclo de quatro tempos

acontece a centelha na vela de igniccedilatildeo a cada 720deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore

de manivelas enquanto no motor de ciclo dois tempos a centelha ocorre a cada

360deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore de manivelas ou seja a cada subida do pistatildeo

sentido PMS ocorre uma combustatildeo

Segundo Najafabadi Aziz Adams e Leman (2013) existem alguns efeitos

gerados no processo de combustatildeo advindos do ciclo anterior devido a gases

residuais que se mantiveram na cacircmara de combustatildeo Este fenocircmeno afeta a

combustatildeo podendo ocorrer avanccedilo ou atraso do tempo de igniccedilatildeo devido a

temperatura desses gases Ainda a pressatildeo no interior do cilindro que veio do

ciclo anterior afeta o fluxo de transiccedilatildeo do motor podendo a quantidade de gases

residuais ser diferente (conforme Graacutefico 2)

Fonte Najafabadi et al 2013

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos com rotaccedilatildeo em 6000 RPM

36

251 Igniccedilatildeo

Este mecanismo eacute importante para que o processo de combustatildeo seja

equilibrado bem executado e responda com um bom funcionamento do motor

Existem diversos sistemas de igniccedilatildeo disponiacuteveis para motores dois tempos

desde os mais simplificados (conforme Figura 12) ateacute sistemas programaacuteveis

onde pode-se determinar a curva de avanccedilo desejada por meio de programaccedilatildeo

do dispositivo via software (conforme Figura 13) poreacutem para entendimento do

funcionamento o esquema eleacutetrico do sistema de igniccedilatildeo por platinado possui

faacutecil entendimento este sistema foi utilizado por muitos anos e o uacutenico motivo de

cair em desuso era a necessidade de regulagem constante devido ao desgaste

mecacircnico do contato eleacutetrico

Fonte Bell 1999

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio de platinado

37

Fonte httpwwwpvl-zuendungende

26 Exaustatildeo

Este eacute com certeza o processo mais importante dentre todos os processos no

motor dois tempos a janela de exaustatildeo eacute a aacuterea do motor que se sofrer uma

alteraccedilatildeo de alguns deacutecimos de miliacutemetros pode mudar completamente o

comportamento do motor

Como jaacute discorremos os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como os

motores quatro tempos pelo menos natildeo nos mesmos moldes ou entatildeo vaacutelvulas

que vedem completamente a passagem dos gases Em um motor de quatro

tempos o comando de vaacutelvulas determina qual eacute momento de abertura das

vaacutelvulas a ordem o levante etc No motor dois tempos essa funccedilatildeo de duraccedilatildeo

da admissatildeo e exaustatildeo eacute composta pela diagramaccedilatildeo das janelas do cilindro

(conforme Figura 14) e satildeo fixas natildeo existe um comando de vaacutelvulas rotativo

ou qualquer dispositivo semelhante dentre essa diagramaccedilatildeo a duraccedilatildeo mais

importante e que determina o desempenho do motor e como ele se comportaraacute

eacute a da janela de exaustatildeo

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts

38

Segundo Bell (1999) o processo de modificaccedilatildeo da janela de exaustatildeo eacute talvez

um dos mais criacuteticos dentro dos motores dois tempos (conforme Figuras 14 e

15) pocircde-se notar que as diagramaccedilotildees possuem desenhos diferentes de

janelas de exaustatildeo o primeiro modelo da Yamaha TZ250 (conforme Figura 14)

eacute de janela uacutenica pois a dimensotildees que foram determinadas para o tamanho e

duraccedilatildeo da janela dado o diacircmetro do cilindro permitiram que isso fosse feito Jaacute

no segundo diagrama da Suzuki PE175 podemos notar que a janela de exaustatildeo

eacute bi partida (conforme Figura 15) isso acontece por que por projeto foi

determinado um tamanho de janela de exaustatildeo demasiadamente grande para

o diacircmetro desse cilindro natildeo eacute regra mas usualmente a largura de uma janela

de exaustatildeo pode ter no maacuteximo 70 do diacircmetro do cilindro isso acontece para

que os aneacuteis de segmento natildeo tendam a entrar no duto de exaustatildeo quando por

laacute passarem por isso a soluccedilatildeo adotada na Suzuki PE175 de adicionar mais

uma divisatildeo na janela permite ter uma janela de exaustatildeo mais larga sem

comprometer a durabilidade do motor

Por ser uma medida fiacutesica e determinante para o funcionamento do motor dois

tempos a janela de exaustatildeo sempre foi um ponto criacutetico no projeto desses

motores pois se o projeto determinava uma medida para a janela de exaustatildeo a

performance do motor era inerente a esta medida Motores que foram

desenvolvidos ateacute o final da deacutecada de 1970 natildeo conseguiam melhorar suas

caracteriacutesticas em todas as faixas de funcionamento Por exemplo se o projeto

da janela de exaustatildeo era feito para funcionar bem em baixas rotaccedilotildees isso

caracterizava aquele motor e nada podia ser feito para ser melhorado sem que

isso comprometesse outras faixas de rotaccedilatildeo

Motocicletas e karts de competiccedilatildeo que eram projetados para funcionar bem

em altas rotaccedilotildees tinham todo o torque em baixa muito comprometido se vermos

corridas de motocicletas da deacutecada de 1970 e iniacutecio dos anos de 1980 podemos

ver pilotos que largavam praticamente empurrando a motocicleta ateacute que ela

embalasse e chegasse a uma rotaccedilatildeo onde o motor pudesse andar sozinho

39

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida

40

No iniacutecio dos anos de 1980 a Yamaha criou uma soluccedilatildeo para melhorar o

desempenho dos motores dois tempos em todas as faixas de rotaccedilatildeo eacute um

sistema com uma vaacutelvula mecacircnica que variava as dimensotildees da janela de

exaustatildeo durante o funcionamento do motor esse sistema eacute chamado YPVS

(Yamaha Power Valve System) (conforme Figura 16) foi um sistema que permitiu

a Yamaha ganhar diversas competiccedilotildees on e off road ateacute que seus concorrentes

pudessem desenvolver sistemas semelhantes

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Inicialmente esse sistema era totalmente mecacircnico e era tocado por uma

bomba centriacutefuga ligada ao eixo arvore do motor posteriormente em

motocicletas de rua foi adotado o mesmo princiacutepio poreacutem foi utilizado um sistema

eletrocircnico com um servo motor Outros fabricantes desenvolveram sistemas

semelhantes ao longo do tempo e adotaram as mais diversas soluccedilotildees Um outro

sistema bastante popular foi o sistema pneumaacutetico (conforme Figura 17) que

era composto por uma vaacutelvula do tipo guilhotina e uma membrana na janela de

exaustatildeo a vaacutelvula se mantinha fechada em baixas rotaccedilotildees melhorando o

torque naquele momento e a membrana era calibrada para que em um certo

momento quando certa quantidade de gases de escape estivessem sendo

produzidos a membrana empurrava a vaacutelvula para traacutes aumentando as

dimensotildees da janela de exaustatildeo melhorando o torque em altas rotaccedilotildees

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System

41

Fonte httpwww bikemanperformancecom

261 Escapamento

Ainda na fase de exaustatildeo o escapamento eacute o acessoacuterio mais importante

para o bom funcionamento dos motores dois tempos e necessita cuidados

especiais em seu desenvolvimento Eacute intriacutenseco do funcionamento e da forma

construtiva do motor dois tempos o fato de que ele acaba por jogar mistura

fresca para o escapamento e isso causa perda de performance Assim o

escapamento promove ondas de ressonacircncia que causam o retorno de parte

dessa mistura fresca novamente para dentro do cilindro

Este sistema determina muito das caracteriacutesticas importantes de

funcionamento desse tipo de motor Satildeo peccedilas complexas de serem construiacutedas

e produzem um som caracteriacutesticos de ldquoring-dingrdquo a este tipo de motor

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos

42

Para um bom projeto de escapamento satildeo necessaacuterios diversos caacutelculos

para que se obtenha as dimensotildees ideais Posteriormente outro desafio eacute aplicar

as dimensotildees calculadas ao projeto do veiacuteculo o que produz verdadeiras

esculturas mecacircnicas (conforme Figura 18)

Caacutelculo para determinaccedilatildeo do comprimento ideal do escapamento

Onde

LE = Comprimento do escapamento (mm)

DE = Duraccedilatildeo da janela de exaustatildeo em graus (deg)

RPM = Rotaccedilatildeo para melhor funcionamento do motor (1min)

42545 = Constante que leva em conta que a onda socircnica sempre viaja na

velocidade do som no ar

Fonte Bell 1999

O trecho do escapamento que sai do cilindro do motor eacute chamado em inglecircs

ldquoHeaderrdquo esse trecho usualmente eacute cocircnico e utiliza acircngulos entre 115deg e 15deg

Entretanto ao longo da histoacuteria os fabricantes testaram acircngulos variando entre

08deg ateacute 23deg de conicidade para determinadas aplicaccedilotildees

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos

LE = DE x 42545

RPM

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento

43

As dimensotildees do Header podem ser determinadas da seguinte maneira Para

o comprimento pode-se utilizar o fator de multiplicaccedilatildeo (conforme Quadro 2)

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para o ldquoHeaderrdquo

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 85 ndash 95 10 -11

100 ndash 125 78 ndash 85 78 ndash 85

175 ndash 250 73 ndash 83 9 -10

350 - 500 73 ndash 83 85 ndash 95

Fonte Bell 1999

Jaacute com o fator de correccedilatildeo apropriado multiplicamos esse valor pelo diacircmetro

da janela de exaustatildeo e esse eacute o comprimento ideal do Header

O diacircmetro maior do Header pode ser calculado pela seguinte expressatildeo

Onde

D2 = eacute o diacircmetro maior do Header para uniatildeo com o Difusor (mm)

CH = eacute o Comprimento do Header (mm)

D1 = eacute o diacircmetro inicial do Header determinado pelo diacircmetro da janela de

exaustatildeo (mm)

Cotg H = eacute a cotangente do acircngulo do Header usualmente entre 115 e 15deg

O segundo trecho do escapamento chamado Difusor pode ser calculado da

seguinte maneira O diacircmetro inicial eacute o mesmo diacircmetro D2 do Header o

comprimento do Difusor eacute usualmente calculado utilizando 25 vezes o diacircmetro

da janela de exaustatildeo poreacutem pode-se usar de 22 a 29 vezes o diacircmetro da

janela de exaustatildeo dependendo do projeto tendo em mente que quanto menor

o comprimento melhor o rendimento em altas rotaccedilotildees e quanto maior o

comprimento melhor as respostas do motor em baixas rotaccedilotildees Ao final o que

D2 = CH x 2 + D1

cotg H

4 ndash Dimensotildees do Escapamento Header

44

iraacute determinar o comprimento eacute a proposta do motor O acircngulo de conicidade do

Difusor varia normalmente entre 3deg e 7deg com diferentes reaccedilotildees ao rendimento

do motor (conforme Quadro 3) modificando a duraccedilatildeo e os efeitos da onda de

ressonacircncia (conforme Graacutefico 3)

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 65 a 7deg 3 a 35deg

100 ndash 125 65 a 75deg 4 a 48deg

175 65 a 75deg 35 a 45deg

250 7 a 75deg 4 a 45deg

350 ndash 500 4 a 5deg

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de retorno

45

O segundo diacircmetro o diacircmetro maior do Difusor pode ser calculado

utilizando a seguinte expressatildeo

Onde

CD = Comprimento do Difusor D3 = Diacircmetro maior do Difusor D2 = Diacircmetro menor do Difusor cotg D = Cotangente do acircngulo de conicidade que foi determinado para o Difusor

Existe uma seccedilatildeo paralela que liga o diacircmetro maior do difusor ao uacuteltimo

cone esse trecho eacute popularmente chamado de Bojo (conforme Figura 18) poreacutem

natildeo se pode calcular o comprimento dela sem antes calcular as dimensotildees do

cone final que eacute chamado de ldquoBafflerdquo ou defletor (conforme Quadro 4) Essa

seccedilatildeo por sua vez determina a duraccedilatildeo e a intensidade das ondas de

ressonacircncia que iraacute manter o cilindro cheio de maneira eficiente Segundo Bell

(1999) um defletor com um cone curto e acircngulo muito abrupto iraacute permitir um

ganho de potecircncia maacutexima ao custo de sacrificar as baixas e meacutedias rotaccedilotildees

(conforme Graacutefico 4)

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 -80 105 a 12deg 85 a 95deg

100 105 a 12deg 9 a 10deg

125 95 a 12deg 85 a 10deg

175 10 a 12deg 8 a 10deg

250 10 a 12deg 75 a 10deg

350 - 500 9 a 11deg

Fonte Bell 1999

CD = D3 ndash D2 x cotg D

2

5 ndash Dimensotildees do Escapamento Difusor

46

Fonte Bell 1999

Para se calcular o comprimento do cone utilizamos a expressatildeo

CTD = (D32) x Cotg D

Onde

CTD Comprimento total do cone do defletor

D3 Diacircmetro maior do defletor ou seja o mesmo diacircmetro que o diacircmetro maior

do difusor

cotg D Cotangente do acircngulo escolhido para o defletor

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor

47

Agora com todos esses valores calculados podemos calcular o

comprimento da parte central do escapamento o chamado bojo Para isso

utilizamos a seguinte expressatildeo

Onde

CB Comprimento do Bojo

L Comprimento total do escapamento ateacute o meio da seccedilatildeo do defletor

CH Comprimento do Header

CD Comprimento do Difusor

CDE Comprimento total do Defletor

Por fim ainda necessitamos saber as dimensotildees do ldquoStingerrdquo ou ponteira

que segundo Graham Bell apoacutes vaacuterias experimentaccedilotildees chegou a alguns

valores que resultaram em boas respostas do motor (conforme Quadro 5)

Quadro 5 - Comprimento da ponteira

Volume do cilindro (cmsup3) Comprimento (mm) Diacircmetro Interno (mm)

50 - 80 205 ndash 230 17 -19

100 230 ndash 250 19 - 21

125 265 ndash 290 22 -24

175 270 - 295 25 ndash 27

250 280 ndash 305 26 ndash 28

350 -500 285 - 310 27 ndash 29

Fonte Bell 1999

CB = L ndash (CH+CD+(CDE2)) 7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo

48

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna

Em seu funcionamento os motores de combustatildeo interna

independentemente do tipo de ciclo necessitam de um gerenciamento da

admissatildeo de uma mistura carburante para o interior dos cilindros para que possa

haver a combustatildeo da mesma Anteriormente essa admissatildeo se dava por um

processo puramente mecacircnico com a utilizaccedilatildeo de carburadores que eram

sistemas mecacircnicos sofisticados que proporcionavam a atomizaccedilatildeo do

combustiacutevel com o ar atmosfeacuterico para a formaccedilatildeo da mistura carburante

(conforme Figura 19)

Fonte httpwwwthunderproductscom

Poreacutem este sistema possuiacutea algumas deficiecircncias pois necessitava de

constante regulagem e qualquer mudanccedila de condiccedilatildeo climaacutetica de temperatura

pressatildeo ou umidade fazia com que o carburador saiacutesse de sua faixa de trabalho

gerando um mal funcionamento do motor e por vezes ateacute mesmo sua quebra

Parte muito importante tambeacutem do funcionamento dos motores de

combustatildeo interna satildeo os sistemas de igniccedilatildeo que anteriormente eram sistema

independentes do sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel poreacutem atualmente

pertencem ao mesmo pacote de gerenciamento do motor Estes sistemas de

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante

49

igniccedilatildeo eram normalmente sistemas eletromecacircnicos podendo ser sistemas

simples com ponto de igniccedilatildeo fixo ou sistemas mais elaborados com a presenccedila

de circuitos eletrocircnicos para fazer a variaccedilatildeo do ponto de igniccedilatildeo Estes sistemas

possuem alguns componentes baacutesicos

Distribuidor (no caso de haver mais de um cilindro) bobina de igniccedilatildeo

(para gerar alta tensatildeo) cabos de igniccedilatildeo e velas de igniccedilatildeo Este eacute o esquema

mais baacutesico de funcionamento dos sistemas de igniccedilatildeo podendo haver

variaccedilotildees eleacutetricas mecacircnicas e em alguns casos eletrocircnicas (conforme Figura

20)

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom

Atualmente os sistemas mais modernos de gerenciamento de motores de

combustatildeo interna satildeo quase que puramente eletrocircnicos e contemplam os dois

mundos alimentaccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo em um uacutenico sistema (conforme

Figura 21) Todo o gerenciamento eacute feito com base em leitura de sensores uma

calibraccedilatildeo que prevecirc diversas situaccedilatildeo de uso do motor e atuadores que fazem

o processo fiacutesico de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel do motor Estes satildeo sistemas

complexos que se baseiam na condiccedilatildeo imediata de diversos fatores que satildeo

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo

50

interpretados por sensores como por exemplo pressatildeo atmosfeacuterica

temperatura do motor massa de ar admitida etc Estas leituras feitas pelos

sensores satildeo recebidas por um circuito eletrocircnico que conteacutem um processador

onde essas informaccedilotildees satildeo recebidas e com base em dados armazenados em

sua memoacuteria para cada condiccedilatildeo ter-se atuaccedilatildeo eletrocircnica onde eacute feita a injeccedilatildeo

de combustiacutevel pelos injetores e o disparo da centelha de igniccedilatildeo para que haja

a combustatildeo

Fonte httpswwwflaviolucasmmblogspotcom

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus perifeacutericos

51

3 Detalhamento do Projeto

Os capiacutetulos anteriores serviram para o embasamento teacutecnico para que

fosse possiacutevel uma melhor compreensatildeo do que se trata o projeto a ser

executado neste trabalho de conclusatildeo de curso Neste ponto iremos tratar

especificamente do projeto de adaptaccedilatildeo de um sistema completo de injeccedilatildeo

eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos Yamaha de 135cmsup3 proveniente

de uma motocicleta Yamaha RD 135 (Conforme Figura 22) e todos os

componentes utilizados para tornar esta adaptaccedilatildeo possiacutevel

Fonte httpsmotos-motorcombr

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135

52

31 Dados do Motor

O motor utilizado neste projeto eacute proveniente de uma motocicleta Yamaha

Rd 135cmsup3 que foi fabricado no Brasil de 1988 a 1999 Trata-se de um motor

monociliacutendrico que utiliza o ciclo de trabalho dois tempos refrigerado agrave ar

seguem os dados teacutecnicos

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 58mm x 50mm

Cilindrada 132cmsup3

Taxa de Compressatildeo 682 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Carburador Mikuni VM24 com 24mm de venturi

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo eletrocircnica de descarga capacitiva ou popularmente

CDI (Capacitor Discharge Ignition)

Lubrificaccedilatildeo Oacuteleo dois tempos bombeado atraveacutes de uma bomba chamada

Autolube nos motores Yamaha este oacuteleo eacute proveniente de um reservatoacuterio que

alimenta a bomba que por sua vez transfere o oacuteleo atraveacutes de uma mangueira

diretamente ao coletor de admissatildeo do motor variando a quantidade de oacuteleo de

acordo com a rotaccedilatildeo e abertura do carburador

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Gasolina

Potecircncia 16cv a 9000rpm

Torque 174kgfm a 8500rpm

Para este projeto o motor utilizado jaacute possuiacutea modificaccedilotildees mecacircnicas

para atingir melhores rendimentos que o motor original pois eacute um motor que foi

utilizado em competiccedilotildees de motovelocidade na categoria RD 135 Diversas

peccedilas foram modificadas tais como sistema de alimentaccedilatildeo escapamento

vaacutelvula de palhetas igniccedilatildeo combustiacutevel diagramaccedilatildeo do cilindro e taxa de

compressatildeo O sistema de alimentaccedilatildeo original foi substituiacutedo por um carburador

Mikuni TM 30 (conforme Figura 23) o escapamento foi substituiacutedo por um

escapamento dimensionado construiacutedo artesanalmente o sistema de igniccedilatildeo

53

utilizado foi um Motoplat de ponto fixo (conforme Figura 24) e o combustiacutevel

utilizado foi o etanol que aleacutem de ser o combustiacutevel regulamentado para o

campeonato tambeacutem eacute um combustiacutevel que permite extrair mais potecircncia do

motor pois com esse combustiacutevel eacute possiacutevel fazer modificaccedilotildees mecacircnicas

como taxa de compressatildeo e avanccedilo de igniccedilatildeo que natildeo seriam possiacuteveis

utilizando gasolina como combustiacutevel

Fonte wwwjapanbaikucom

Fonte wwwcustojustopt

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo

54

O motor utilizado como base nesse trabalho natildeo eacute um motor original eacute

um motor de competiccedilatildeo e para haver base para comparaccedilatildeo do antes e depois

do processo de inserccedilatildeo do sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica este motor teve sua

potecircncia medida em dinamocircmetro inercial com sua curva de torque e potecircncia

aquisitadas (conforme Figura 25)

Fonte Autor

O motor utilizado passou por uma revisatildeo geral havendo troca de peccedilas

por se tratar de um motor de competiccedilatildeo foi por diversas vezes levado ao

extremo e com a escolha desse motor para o projeto esta revisatildeo se fez

necessaacuteria As imagens a seguir mostram o processo de desmontagem para

verificaccedilatildeo das condiccedilotildees do motor e posterior montagem (Conforme Figuras

262728293031 e 32)

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia

55

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto

56

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2

Figura 29 - Processo de pintura

57

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada

58

Fonte Autor

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico

Para a escolha do sistema de gerenciamento eletrocircnico foi necessaacuteria

grande pesquisa entre as opccedilotildees disponiacuteveis no mercado nacional e

internacional Os sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica disponiacuteveis originalmente em

motocicletas de fabricaccedilatildeo nacional poderiam ter sido uma opccedilatildeo mas foram

logo descartados pois foram concebidos para trabalhar com motores de ciclo

otto o que natildeo eacute o caso e as maneiras de calibraccedilatildeo desses sistemas originais

se tornariam difiacuteceis de conseguir tornando essa escolha inviaacutevel

A busca foi por um sistema ldquostand-alonerdquo auto suficiente e que permitisse

mudanccedila total nos paracircmetros de calibraccedilatildeo normalmente satildeo sistemas

utilizados em competiccedilotildees de automoacuteveis motocicletas caminhotildees etc

Existem sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica ldquostand-alonerdquo muito sofisticados

de fabricantes renomados mundialmente dentro e fora das pistas de corridas

como Magneti Marelli (conforme Figura 33) e Bosch (conforme Figura 34) em

suas divisotildees motorsport

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta

59

Sistemas desses fabricantes satildeo reconhecidamente confiaacuteveis o problema eacute o

valor de um sistema desses que eacute muito caro e os tornam inviaacuteveis para um

projeto experimental de baixo custo Opccedilotildees nacionais tambeacutem foram cogitadas

como o sistema Fueltech poreacutem ainda possuem um custo alto e suas opccedilotildees de

programaccedilatildeo e flexibilidade do sistema ainda eram limitados para o tipo de ciclo

do motor a ser utilizado

A escolha do sistema apoacutes grande pesquisa foi pelo sistema ldquostand-alonerdquo

Speeduino (conforme Figura 35) um sistema totalmente programaacutevel que utiliza

como microcontrolador um Arduino Mega 2560 esse eacute um sistema do tipo ldquoDIYrdquo

Do It Yourself ou em portuguecircs ldquofaccedila vocecirc mesmordquo Estatildeo disponiacuteveis na

internet os layouts das placas de circuito impresso e o usuaacuterio pode fabricar as

proacuteprias placas ou compraacute-las prontas em determinados sites da internet e sua

lista de componentes para montagem tambeacutem estaacute disponiacutevel na internet e eacute

relativamente faacutecil encontraacute-los O custo de produccedilatildeo de um sistema desse eacute

relativamente baixo comparado com outros sistemas do mesmo segmento e

por utilizar Arduino como controlador sua programaccedilatildeo eacute inteira aberta e pode

ser modificada de acordo com as necessidades do usuaacuterio

Fonte wwwmagnetimarellicom

Fonte wwwellis-componentscouk

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport Figura 34 - ECU Bosch MS 151

60

Fonte Autor

33 Arduino Mega 2560

Arduino eacute uma plataforma para programaccedilatildeo criada na Itaacutelia por Massimo

Banzi David Cuartielles Tom Igoe Gianluca Martino e David Mellis no ano de

2005 para entusiastas e profissionais da programaccedilatildeo e da eletrocircnica

permitindo diversos tipos de projetos para estes seguimentos Trata-se de uma

placa com um microcontrolador Atmel possuindo diversas entradassaiacutedas

analoacutegicas e digitais a quantidade dessas entradas e saiacutedas varia de acordo

com o modelo do Arduino Essas entradassaiacutedas podem ser programadas por

uma interface IDE Arduino via computador utilizando linguagem C

Na praacutetica eacute um microcontrolador programaacutevel como qualquer outro de

outros fabricantes por exemplo PIC (Microchip) ou ARM (Freescale) poreacutem tem

sua utilizaccedilatildeo facilitada por jaacute estar inserido em uma placa que contempla

soquetes para pinagem das entradas e saiacutedas e porta de comunicaccedilatildeo USB

Serial para gravaccedilatildeo da programaccedilatildeo no microcontrolador Diferentemente de

outros microcontroladores que necessitam da confecccedilatildeo de uma placa de

circuito impresso para uso e de um programador serial para gravaccedilatildeo da

programaccedilatildeo (conforme Figura 36)

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino

61

Fonte httpswwwamazoncom

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560

Microcontrolador ATmega 2560 (Atmel)

Tensatildeo de Operaccedilatildeo 5V

Tensatildeo de Alimentaccedilatildeo (recomendado) 7-12V

Tensotildees Limites de Operaccedilatildeo 6-20V

Saiacutedas Digitais IO 54 saiacutedas sendo 15 PWM

Entradas Analoacutegicas 16

Corrente da Saiacutedas IO 20mA

Corrente nos Pinos 33V 50mA

Memoacuteria Flash 256Kb

SRAM 8Kb

EEPROM 4Kb

Frequecircncia do Clock 16Mhz

LED_BUILTIN 13

Comprimento da Placa 10152mm

Largura da Placa 5333mm

Peso da Placa Completa 37g

Altura da Placa 12mm

Editado pelo Autor Fonte httpwwwArduinocom

Figura 36 - Arduino Mega 2560

62

34 Speeduino

O sistema Speeduino foi o sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica escolhido para o

projeto Eacute um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica totalmente programaacutevel criado por

Josh Stuart e utiliza um Arduino Mega 2560 como microcontrolador assim como

outros sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel possibilita a calibraccedilatildeo por

completo do sistema de injeccedilatildeo e igniccedilatildeo Para tal utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio que permite diversas configuraccedilotildees do

sistema de injeccedilatildeo tais como o meacutetodo de calibraccedilatildeo utilizado configuraccedilatildeo dos

mapas de avanccedilo de igniccedilatildeo e tempo de injeccedilatildeo sistema de malha aberta ou

malha fechada etc

O sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica Speeduino eacute um sistema ldquostand-alonerdquo

ou seja trabalha independente de outros sistemas apenas para gerenciar o

motor a combustatildeo interna seja ele de ciclo quatro ou dois tempos Eacute um sistema

difundido pela internet e permite troca de informaccedilotildees entre usuaacuterios que

trabalham em conjunto para desenvolvimento e aperfeiccediloamento do hardware e

do software o layout principal da placa de circuito impresso tambeacutem estaacute

disponiacutevel na internet bem como a lista de componentes necessaacuterios para a

montagem Este sistema requer um miacutenimo de conhecimento de eletrocircnica para

sua construccedilatildeo um miacutenimo de conhecimento em eleacutetricaeletrocircnica automotiva

para a instalaccedilatildeo do sistema no motor e grande conhecimento em programaccedilatildeo

e mecacircnica automobiliacutestica para calibraccedilatildeo do sistema no motor

63

35 Montagem do Sistema Speeduino

A partir do momento onde foi feita a escolha do sistema Speeduino foi

necessaacuterio obter os componentes necessaacuterios para confecccedilatildeo da placa

(conforme Anexo C) O primeiro passo foi a fabricaccedilatildeo da placa de circuito

impresso a partir do layout disponiacutevel (conforme Figura 37)

Fonte wwwSpeeduinocom

Posteriormente foi feita a aquisiccedilatildeo dos componentes necessaacuterios para a

montagem da placa Esses componentes tambeacutem estatildeo disponiacuteveis na internet

em uma planilha eletrocircnica e satildeo encontrados com relativa facilidade no

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino

64

mercado com exceccedilatildeo de determinados componentes cuja importaccedilatildeo foi

necessaacuteria poreacutem com baixo custo (conforme Anexo C)

Com todos os componentes necessaacuterios em matildeos foi executada a montagem

do sistema o que necessita uma certa habilidade pois o projeto possui diversos

componentes tipo SMD (conforme Figura 38)

Fonte Autor

Com a placa jaacute montada (conforme Figura 39) antes da montagem de todo o

chicote eleacutetrico para funcionamento do motor iniciaram-se os testes de

funcionamento do sistema Por ser um sistema montado artesanalmente os

testes pareciam ser o passo mais certo a se seguir

Figura 38 - Inicio da montagem da placa

65

Fonte Autor

Eacute importante mostrar que o sistema Speeduino utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio (conforme Figura 40) eacute um freeware na

versatildeo baacutesica que foi criado para funcionar em conjunto com outro sistema

de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel conhecido como Megasquirt e o mesmo

tambeacutem eacute utilizado na calibraccedilatildeo do sistema Speeduino Mais adiante seratildeo

feitas explicaccedilotildees detalhadas das configuraccedilotildees do software

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada

66

Fonte Autor

Jaacute no primeiro teste este apresentou resultados negativos com a

eletrocircnica natildeo respondendo agraves configuraccedilotildees e nem mostrando leituras de

sensores

A soluccedilatildeo deste problema veio depois de procurar muito e fazer diversas

mediccedilotildees analisando os diagramas eleacutetricos (conforme Anexo A) O

problema estava na placa de circuito impresso a trilha do aterramento

(GND) natildeo havia sido impressa ou seja natildeo havia aterramento em nenhum

ponto do sistema A placa havia sido impressa por um terceiro Ao entrar em

contato com o mesmo ele disse que enviaria outra placa poreacutem para agilizar

o processo e natildeo ter que esperar novamente a chegada de componentes

uma uacutenica opccedilatildeo surgiu devido aos prazos a de refazer o aterramento da

placa de forma externa (conforme Figura 41) sem nenhuma pretensatildeo de

que isso desse certo poreacutem era uma alternativa para que todo o processo

de funcionamento do motor fosse agilizado

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio

67

Fonte Autor

Apoacutes todo o trabalho de refazer as trilhas de aterramento iniciou-se

novamente a fase testes de funcionamento e os resultados foram positivos

O sistema comeccedilou a responder perfeitamente aos testes iniciais

O elemento de maior importacircncia para o funcionamento desse sistema de

gerenciamento eletrocircnico eacute o sensor de rotaccedilatildeo do motor e foi por ele que

se iniciaram os testes Foi adaptada uma roda focircnica a um torno mecacircnico

e tambeacutem o sensor de rotaccedilatildeo do tipo ldquohallrdquo (conforme Figura 42) para

verificar se o conjunto eletrocircnico do sistema estava recebendo os sinais de

rotaccedilatildeo

Figura 41 - Aterramento refeito externamente

68

Fonte Autor

O teste obteve resultados positivos respondendo perfeitamente a rotaccedilatildeo

do torno mecacircnico sendo testado em diversas rotaccedilotildees diferentes com a

interface do software sempre mostrando os valores de rotaccedilatildeo corretos

Entatildeo os testes que se seguiram foram os de atuaccedilatildeo eleacutetrica como injetor

de combustiacutevel e bobina de igniccedilatildeo todos testes feitos a princiacutepio em

bancada (conforme Figura 43)

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico

69

Fonte Autor

Apoacutes todos os testes em bancada partiu-se para a montagem do chicote

eleacutetrico para funcionamento do sistema no motor e tambeacutem a adaptaccedilatildeo

mecacircnica de suportes para sensores e a adaptaccedilatildeo da roda focircnica

(conforme Figura 44)

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada

70

Fonte Autor

A roda focircnica utilizada eacute proveniente de um motor Volkswagen EA-111

(conforme Figura 45) o sensor de rotaccedilatildeo a ser utilizado pelo sistema de

gerenciamento eletrocircnico Speeduino foi o sensor de efeito hall poderia ser

utilizado o sensor de relutacircncia magneacutetica poreacutem seria necessaacuterio a

confecccedilatildeo de uma eletrocircnica para o condicionamento de sinal

transformando-o para sinal de onda quadrada com amplitude de 5V de

tensatildeo Para evitar a confecccedilatildeo de mais uma eletrocircnica sendo um potencial

ponto fraco do sistema optou-se por utilizar um sensor de rotaccedilatildeo de efeito

hall proveniente dos motores Fiat E-torq 18 (conforme Figura 46) fabricado

pela Continental

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica

71

Fonte Autor

Fonte wwwmercadolivrecombr

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v

72

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico

Neste projeto o sistema de sincronismo eletrocircnico possui dois

componentes apenas satildeo eles a roda focircnica e o sensor de rotaccedilatildeo ambos

adaptados ao projeto e advindos de carros

O sistema de sincronismo eletrocircnico consiste em transformar o

sincronismo mecacircnico do motor em sinais de onda quadrada (conforme Figura

47) que possam ser interpretados pelo sistema de gerenciamento eletrocircnico

proporcionando a injeccedilatildeo de combustiacutevel e disparo da centelha no momento

exato que fora previamente calibrado

Fonte Autor

O sistema consiste de uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes ou seja

satildeo 58 dentes e ausecircncia de 2 dentes Foi adaptada uma roda focircnica do motor

Volkswagen EA-111 poreacutem apoacutes alguns problemas de captaccedilatildeo do sinal esta

foi alterada por uma roda focircnica utilizada em motores Volkswagen AP quando

convertidos a injeccedilatildeo eletrocircnica (conforme Figura 48) essa roda mostrou melhor

resoluccedilatildeo do sinal Hall com menos ruiacutedos no sinal

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall

73

Fonte Autor

Apoacutes vaacuterios testes esta foi a combinaccedilatildeo que melhor funcionou no motor

a roda focircnica aliada ao sensor de rotaccedilatildeo permite a sincronizaccedilatildeo mecacircnica do

motor em relaccedilatildeo ao sistema de gerenciamento eletrocircnico do motor A calibraccedilatildeo

eacute feita da seguinte maneira junto ao software de calibraccedilatildeo do sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica eacute dada a referecircncia em graus da posiccedilatildeo fiacutesica da roda focircnica

em relaccedilatildeo ao motor O primeiro passo eacute colocar o motor em PMS e ver onde se

situa a falha dos dois dentes da roda focircnica a partir disso contar quantos dentes

se tem ateacute o dente que coincide com o sensor de rotaccedilatildeo (conforme Figura 49)

Figura 48 - Roda Focircnica

74

Fonte Autor

Como eacute utilizada uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes cada dente

equivale a 6deggraus de resoluccedilatildeo sendo 3deg do bordo de subida e 3deg do bordo de

descida no caso do projeto o sensor coincide com o 37deg dente a partir da falha

e isso equivale a 228deggraus a partir da falha Todo o sincronismo do motor eacute feito

baseado nessa referecircncia sendo este valor colocado como referecircncia no

software de gerenciamento eletrocircnico (conforme Figura 50)

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

75

Fonte Autor

A partir deste momento todo o sincronismo do motor estaacute baseado nestes

dados e quando o motor estiver em PMS o sistema eletrocircnico saberaacute disso pois

o sensor de rotaccedilatildeo estaraacute alinhado com o 37deg dente que eacute a referecircncia para o

sistema

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

76

37 Corpo de Borboleta

O corpo de borboletas utilizado (conforme Figura 51) eacute proveniente das

motocicletas Honda CB300 e XRE300 possui 35mm de venturi e eacute fabricado

pela empresa japonesa Keihin famosa pela fabricaccedilatildeo de carburadores de

motocicletas tambeacutem possui uma unidade de sensores integrados Foi utilizado

por ser um componente de faacutecil aquisiccedilatildeo no mercado brasileiro o que permite

faacutecil manutenccedilatildeo quando necessaacuterio e seu formato fiacutesico permite a utilizaccedilatildeo de

uma grande gama de injetores diferentes quando isso se faz necessaacuterio

Tambeacutem houve uma pequena adaptaccedilatildeo no coletor de admissatildeo que tambeacutem

eacute proveniente das mesmas motocicletas Honda essa adaptaccedilatildeo se deve ao fato

de o motor em questatildeo possuir o sistema de vaacutelvulas de palhetas na admissatildeo

o que natildeo acontece nas motocicletas Honda que possuem motor de quatro

tempos

Fonte Autor

Figura 51 - Corpo de Borboleta

77

38 Unidade de Sensores

A unidade de sensores refere-se a uma unidade composta por trecircs

sensores que jaacute estaacute acoplada ao corpo de borboletas Keihin e contempla os

sensores

MAP ndash Manifold Absolute Pressure (Pressatildeo Absoluta no Coletor)

IAT ndash Intake Air Tempeture (Temperatura do Ar Admitido)

TPS ndash Throttle Position Sensor (Sensor de Posiccedilatildeo do Acelerador)

Destes sensores natildeo foi utilizado apenas o sensor Map pois a unidade

de gerenciamento eletrocircnico jaacute possui um sensor Map integrado que foi utilizado

Estes sensores puderam ser configurados para utilizaccedilatildeo com o sistema

de gerenciamento eletrocircnico sem o menor problema

381 Sensor TPS

Este sensor se refere ao sensor que envia a informaccedilatildeo de posiccedilatildeo da

borboleta para o sistema de gerenciamento eletrocircnico Nada mais eacute do que um

potenciocircmetro que varia a resistecircncia ocirchmica ao se variar a posiccedilatildeo do

acelerador

Sua calibraccedilatildeo eacute feita em tempo real com a unidade de gerenciamento

eletrocircnico (conforme Figura 52) onde se informa a posiccedilatildeo do acelerador

totalmente fechado e totalmente aberto o sistema de gerenciamento jaacute adquire

o valor de resistecircncia ocirchmica e faz os caacutelculos para os valores intermediaacuterios e

a interpretaccedilatildeo das posiccedilotildees

78

Fonte Autor

382 Sensor IAT

Este sensor eacute responsaacutevel por aquisitar a temperatura do ar que estaacute

sendo admitido ou seja que estaacute momentaneamente passando pelo corpo de

borboletas Este assim como o sensor de posiccedilatildeo da borboleta e tambeacutem o

sensor de pressatildeo absoluta no coletor eacute utilizado para o caacutelculo da massa de ar

que estaacute sendo admitida pelo motor Este sensor eacute calibrado a partir dos valores

de resistecircncia ocirchmica cujos valores satildeo inseridos no software de calibraccedilatildeo da

unidade de gerenciamento eletrocircnico esses valores natildeo satildeo facilmente

adquiridos pois o fabricante da unidade de sensores natildeo os disponibiliza poreacutem

outro fabricante de sensores a MTE-Thompson fabrica esse mesmo modelo de

unidade de sensores para reposiccedilatildeo do original e entrando em contato com o

departamento teacutecnico eles passam os valores de funcionamento do sensor e

esses valores foram os utilizados para calibraccedilatildeo do sensor de temperatura do

ar admitido (conforme Figura 53)

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS

79

Fonte Autor

383 Sensor MAP

Sensores MAP satildeo utilizados para determinar a pressatildeo do ar admitido

que passa pelo coletor de admissatildeo satildeo muito usados nos sistemas atuais de

gerenciamento eletrocircnico de motores de combustatildeo interna Este tipo de

sensores trabalha utilizando o princiacutepio de strain gage onde haacute a deformaccedilatildeo do

material metaacutelico variando tambeacutem sua resistividade (conforme Figura 54)

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT

80

Fonte Nota de aula ndash Prof Adriano Ribolla (Sist De Gerenc Eletrocircnico 2018)

A funccedilatildeo de variaccedilatildeo da resistecircncia ou fator Gauge pode ser dada pela

expressatildeo

Onde

R resistecircncia (Ω)

ρ constante do material

L comprimento do fio (m)

A secccedilatildeo transversal do fio (msup2)

O sistema de gerenciamento eletrocircnico Speeduino jaacute possuiacute em sua

montagem um sensor MAP interno na sua montagem e mesmo que na

unidade de sensores Keihin utilizada jaacute possuiacutesse um sensor MAP foi

escolhido utilizar o sensor existente na eletrocircnica da unidade de

gerenciamento eletrocircnico apenas pela facilidade de calibraccedilatildeo (conforme

Figura 55)

R= ρ LA

8 - Caacutelculo do Fator Gauge

Figura 54 - Princiacutepio strain gage

81

Fonte Autor

O sensor MAP existente no sistema de gerenciamento eletrocircnico eacute do

fabricante NXPFreescale modelo MPX 4250AP (conforme Anexo B) com um

range de leitura pressatildeo de 20 a 250 kPa

Apoacutes o funcionamento do motor e leitura do sensor foi possiacutevel notar que nos

motores de ciclo dois tempos justamente pelo seu tipo de ciclo e forma

construtiva natildeo seria possiacutevel fazer a calibraccedilatildeo dos mapas de funcionamento

do motor levando-se em conta a leitura de pressatildeo no coletor pois a depressatildeo

no coletor deste tipo de motor eacute muito baixa variando muito pouco Poreacutem este

fato jaacute era de se esperar mas a inserccedilatildeo deste sensor natildeo foi em vatildeo Ela jaacute foi

feita com o objetivo de futuros trabalhos sobre este tipo de sensor em motores

dois tempos para obtenccedilatildeo de valores palpaacuteveis de pressatildeo que possam ser

levados em conta na calibraccedilatildeo do motor

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP

82

39 Sistema de Igniccedilatildeo

O sistema de igniccedilatildeo deve ser compatiacutevel com o sistema de

gerenciamento eletrocircnico utilizado que foi o Speeduino Para isso o sistema de

igniccedilatildeo original do motor foi substituiacutedo por uma bobina utilizada em motores da

linha VW (conforme Figura 56) bobinas essas com moacutedulo de igniccedilatildeo integrado

e para evitar interferecircncias com o sensor de rotaccedilatildeo ou demais eletrocircnicas do

hardware de gerenciamento foi utilizado cabo vela resistivo do veiacuteculo Fiat Tipo

ie (Conforme Figura 57) as velas originais da motocicleta jaacute eram do tipo

resistiva A bobina poderia ter sido utilizada qualquer uma com moacutedulo de igniccedilatildeo

integrado e o cabo de vela tambeacutem poderia ser qualquer um do tipo resistivo

poreacutem estes foram escolhidos apenas por se integrarem melhor fisicamente ao

projeto

Fonte wwwmercadolivrecombr Fonte wwwacnpecascombr

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo

83

4 Calibraccedilatildeo do Motor

Atualmente a calibraccedilatildeo de motores de combustatildeo interna tem tido como

objetivo principal melhorar autonomia com relaccedilatildeo a consumo de combustiacutevel e

diminuiccedilatildeo das emissotildees de poluentes muito em funccedilatildeo de legislaccedilotildees mais

riacutegidas e restritivas Novas teacutecnicas construtivas de motores e implementaccedilotildees

de novas teacutecnicas de calibraccedilatildeo tem sido utilizadas como downsizing turbo-

compressores injeccedilatildeo direta de combustiacutevel para sistemas ldquoflex-fuelrdquo ou ateacute

mesmo sistemas mistos utilizando injeccedilatildeo direta e indireta de combustiacutevel em

um mesmo motor Estes meacutetodos elevaram o niacutevel tecnoloacutegico dos motores de

combustatildeo interna extraindo grande potecircncia diminuindo massa de motores

poreacutem com a necessidade de muita eletrocircnica embarcada

Um dos intuitos deste trabalho eacute a inserccedilatildeo de um sistema de

gerenciamento eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos a princiacutepio de

maneira experimental apenas para obter preacutevias de sua viabilidade

construtivamente e dar a motores que utilizam este tipo de ciclo a oportunidade

de ressurgirem ou natildeo no mercado com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias e

eletrocircnica embarcada ou mesmo proporcionar uma longevidade de seu uso em

competiccedilotildees

Para a calibraccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico que foi

escolhido o sistema Speeduino utilizamos o software de calibraccedilatildeo Tuner

Studio o qual jaacute foi previamente apresentado Seratildeo mostrados a seguir os

passos e direccedilotildees tomadas no que diz respeito a calibraccedilatildeo deste motor de ciclo

dois tempos em questatildeo

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais

Inicialmente eacute necessaacuterio a introduccedilatildeo de alguns dados pertinentes ao

motor e a estrateacutegia de funcionamento do mesmo para tal utilizamos a tela

ldquoEngine Constantsrdquo ou constantes do motor no software Tuner Studio Em

seguida detalhamos os dados de acordo com as caracteriacutesticas do motor que foi

escolhido para o trabalho (conforme Figura 58)

84

Fonte Autor

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor

85

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel

A tabela de injeccedilatildeo de combustiacutevel eacute baseada no meacutetodo VE ldquoVolumetric

Efficiencyrdquo ou eficiecircncia volumeacutetrica neste sistema utiliza-se o item ldquoCalculated

Required Fuelrdquo ou caacutelculo de combustiacutevel necessaacuterio (Conforme Figura 58) o

valor disponibilizado neste item representa o tempo necessaacuterio de injeccedilatildeo de

combustiacutevel baseado em 100 da eficiecircncia volumeacutetrica do motor e

posteriormente desenvolve-se a tabela VE de acordo com as necessidades do

motor (conforme Figura 59) em funccedilatildeo de rotaccedilatildeo do motor e posiccedilatildeo da

borboleta podendo ou natildeo estes valores serem multiplicados pelo valor de

pressatildeo do sensor MAP poreacutem no caso deste trabalho natildeo se utilizou o a

multiplicaccedilatildeo pelo sensor pois este dado se mostrou insatisfatoacuterio para motores

de ciclo dois tempos que geram pouca ou nenhuma depressatildeo no coletor de

admissatildeo

FonteAutor

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE

86

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo

A tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo permite determinar o momento em que seraacute

disparada a centelha pela vela de igniccedilatildeo permitindo a queima da mistura

arcombustiacutevel Os valores inseridos na tabela satildeo valores que representam o

acircngulo em graus antes do ponto morto superior do motor PMS (conforme Figura

60) em que seraacute disparada a centelha esta deve ser disparada alguns graus

antes do PMS pois a queima da mistura deve ser aproveitada ao maacuteximo e para

que isso aconteccedila deve se adotar um ponto de igniccedilatildeo de forma que a frente de

chama tenha tempo suficiente para queimar dentro do cilindro caso contraacuterio a

queima se torna ineficiente e acaba por desperdiccedilar combustiacutevel que acaba

sendo jogado para o escapamento sem que este seja queimado

Os valores de avanccedilo em graus inseridos nesta tabela tambeacutem tecircm seu

funcionamento em funccedilatildeo dos eixos de posiccedilatildeo da borboleta do acelerador e

rotaccedilatildeo do motor

Fonte Autor

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo

87

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada

Usualmente em uma grande montadora ou grande equipe de corridas

essas tabelas seriam desenvolvidas em um laboratoacuterio de desenvolvimento de

motores com diversos equipamentos para controle e aquisiccedilatildeo de dados Poreacutem

por se tratar de um trabalho acadecircmico e de baixo custo natildeo houve a

possibilidade de utilizaccedilatildeo de ferramentas desta espeacutecie desta maneira a tabela

foi toda desenvolvida experimentalmente atraveacutes de horas observando

deficiecircncias e comportamentos do funcionamento do motor

5 Dados do Motor (Modificado)

Tendo em vista que este motor eacute proveniente de uma motocicleta de

competiccedilatildeo as caracteriacutesticas originais dele foram modificadas e a motocicleta

utilizada no projeto tambeacutem (conforme Figura 61) Seguem os dados teacutecnicos

com a modificaccedilotildees do motor

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 59mm x 50mm

Cilindrada 1367cmsup3

Taxa de Compressatildeo 145 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Injeccedilatildeo eletrocircnica com corpo de borboletas de 35mm

de diacircmetro e injetor de combustiacutevel Keihin Flex

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo gerenciada a partir da ECU com o uso de Bobina

Bosch utilizada em motores Volkswagen AP ndash MI

Lubrificaccedilatildeo Premix na proporccedilatildeo de 35ml por litro de etanol

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Etanol

Potecircncia 245cv a 9400rpm

Torque 190kgfm a 9000rpm

88

Fonte Autor

6 Resultados

Os resultados obtidos neste trabalho foram deveras satisfatoacuterios

mostrando que eacute possiacutevel o funcionamento de um motor de ciclo dois tempos

utilizando como meacutetodo de injeccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo um sistema de

gerenciamento eletrocircnico moderno Abordagem essa que seria impensaacutevel anos

atraacutes hoje se tornou uma realidade talvez abrindo novos horizontes para o futuro

de motores que utilizem ciclo dois tempos talvez natildeo comercialmente mas ainda

que para seu uso em competiccedilotildees possa ser extraiacutedo o maacuteximo de rendimento

possiacutevel

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees

89

7 Conclusatildeo

Seguramente o desenvolvimento de uma metodologia soacutelida no

desenvolvimento de sistemas de gerenciamento eletrocircnico e calibraccedilatildeo voltadas

para motores de ciclo dois tempos natildeo seraacute uma tarefa faacutecil existe uma longa

estrada a se percorrer para se chegar ao mesmo niacutevel de desenvolvimento

existente destes sistemas para motores de ciclo quatro tempos ou mesmo diesel

Contudo o projeto se mostrou viaacutevel e mesmo que natildeo tenha havido

possibilidade de testes em dinamocircmetro o comportamento do motor mostrou-se

estaacutevel com o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica Possivelmente houve ganhos de

desempenho e esses testes podem ser executados como tarefa futura no intuito

de comprovar possiacuteveis resultados favoraacuteveis

Cabe aos futuros projetos novas soluccedilotildees e abordagens que podem ser

pensadas especificamente para o motor de ciclo dois tempos pois mesmo que

sua fabricaccedilatildeo seja descontinuada para veiacuteculos comerciais sua fabricaccedilatildeo para

suprir necessidades de veiacuteculos de competiccedilatildeo ainda pode prosseguir por anos

e o uso de tecnologia moderna nesses motores pode vir a extrair niacuteveis de

potecircncia e torque antes natildeo atingidos com a utilizaccedilatildeo de igniccedilotildees de ponto fixo

e carburadores Tambeacutem pode alterar caracteriacutesticas de desempenho do motor

como a falta de torque em baixas rotaccedilotildees

Neste projeto o motor original utilizado natildeo foi fabricado para comportar

uma injeccedilatildeo eletrocircnica por isso houve muitos esforccedilos nas adaptaccedilotildees para que

o funcionamento deste motor com esta tecnologia fosse possiacutevel Poreacutem se

pensarmos em uma produccedilatildeo fabril para motores dois tempos projetados para

que utilizem injeccedilatildeo eletrocircnica originalmente isso torna o processo todo muito

mais viaacutevel do ponto de vista comercial aleacutem de implementar uma tecnologia

que tiraria os motores de ciclo dois tempos da aposentadoria podendo ateacute se

pensar em niacuteveis de emissotildees poluentes melhores mesmo que seu uso seja

exclusivo apenas em competiccedilotildees De toda forma um passo foi dado com a

realizaccedilatildeo deste projeto e o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica se mostrou ser uma

tecnologia segura e confiaacutevel para a utilizaccedilatildeo em motores de ciclo dois tempos

90

8 Propostas Futuras

Vaacuterios passos podem ser dados como propostas futuras mas pensando

no alto iacutendice de poluiccedilatildeo gerado por este tipo de motor pode se pensar em um

controle eletrocircnico da injeccedilatildeo de oacuteleo dois tempos para lubrificaccedilatildeo podendo-se

desenvolver algum meacutetodo de verificaccedilatildeo da necessidade de lubrificaccedilatildeo do

motor fazendo injeccedilatildeo de oacuteleo controlada por quantidade e por demanda

Tambeacutem pode-se pensar na utilizaccedilatildeo de catalisadores no escapamento para

diminuiccedilatildeo das emissotildees de gases poluentes o que com certeza deveraacute ser

estudado e caberaacute diversos testes e experimentaccedilotildees de materiais poreacutem

podendo obter resultados positivos

No sistema de injeccedilatildeo de combustiacutevel utilizado neste trabalho foi usado

o meacutetodo de injeccedilatildeo indireta de baixa pressatildeo utilizando uma pressatildeo na linha

de combustiacutevel na ordem de 3bar Futuramente pode-se fazer testes e anaacutelises

a respeito do uso da injeccedilatildeo indireta de combustiacutevel neste tipo de motor em

busca de quais seriam seus benefiacutecios Ainda sobre a injeccedilatildeo de combustiacutevel

uma anaacutelise que deve ser feita eacute em relaccedilatildeo a modificaccedilatildeo da posiccedilatildeo do injetor

de combustiacutevel que atualmente se situa no coletor de admissatildeo este pode ser

montado em alguma posiccedilatildeo estrateacutegica como no caacuterter do motor diretamente

ou em alguma das janelas por exemplo nas janelas de transferecircncia devendo-

se analisar os ganhos e perdas dessa montagem

Um sistema que foi utilizado neste trabalho poreacutem trouxe pouco benefiacutecio

foi o uso do sensor MAP Devido agrave baixa depressatildeo no coletor de admissatildeo

gerada por motores dois tempos uma soluccedilatildeo seria a aquisiccedilatildeo de dados com

alguns sensores de pressatildeo instalados em determinados pontos do motor como

no caacuterter admissatildeo e janelas de transferecircncia Isto para se analisar pontos de

baixa e alta pressatildeo durante os ciclos do motor podendo ser criado um algoritmo

que calcule uma meacutedia de pressatildeo mais palpaacutevel que possa ser levada em conta

na calibraccedilatildeo da injeccedilatildeo de combustiacutevel

91

9 Referecircncias Bibliograacuteficas

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92

10 Referecircncia Figuras

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Figura 2

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Figura 3

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Figura 4

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Figura 7

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Figura 8

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93

Figura 9

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

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Figura 10

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Figura 11

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Figura 12

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Haynes 1999

Figura 13

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Figura 14

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 15

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 16

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 17

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Figura 18

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Haynes 1999

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Figura 19

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Figura 20

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Figura 21

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eletronicahtml acessado em 02062019 agraves 2110

Figura 22

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Figura 23

Fonte httpswwwjapanbaikucomtm-27-8006 acessado em

02062019 agraves 2122

Figura 24

Fonte httpswwwcustojustoptleiriapecas-motasrotor-motoplat-bobine-

externa-anti-horario-28261205 acessado em 02062019 agraves 2124

Figura 25

Fonte Autor

Figura 26

Fonte Autor

Figura 27

Fonte Autor

Figura 28

Fonte Autor

Figura 29

Fonte Autor

Figura 30

Fonte Autor

95

Figura 31

Fonte Autor

Figura 32

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Figura 33

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Figura 36

Fonte httpswwwamazoncomSmartProjects-Mega-Arduino-MEGA-

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Figura 37

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acessado em 02062019 agraves 2145

Figura 38

Fonte Autor

Figura 39

Fonte Autor

Figura 40

Fonte Autor

Figura 41

Fonte Autor

Figura 42

Fonte Autor

Figura 43

Fonte Autor

96

Figura 44

Fonte Autor

Figura 45

Fonte Autor

Figura 46

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-879906333-080036-sensor-de-

rotaco-fiat-idea-e-torq-16-linea-16-18-_JMquantity=1 acessado em

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Figura 47

Fonte Autor

Figura 48

Fonte Autor

Figura 49

Fonte Autor

Figura 50

Fonte Autor

Figura 51

Fonte Autor

Figura 52

Fonte Autor

Figura 53

Fonte Autor

Figura 54

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Figura 55

Fonte Autor

Figura 56

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Figura 58

Fonte Autor

Figura 59

Fonte Autor

Figura 60

Fonte Autor

Figura 61

Fonte Autor

98

Apecircndice I

Lista de peccedilas e componentes utilizados

Componente Fabricante Part Number (OEM)

Fabricante Part Number (Reposiccedilatildeo)

Qtd

Injetor de Combustiacutevel Keihin 3340-9657-7489 Magnetron MAGNETRON 154-209-B 1

Bobina de Igniccedilatildeo Bosch F000ZS0104 NGK NGK U1092 1

Cabo de Vela Bosch F00099C067 NGK NGK SC-T58 1

Sensor Hiacutebrido - MAP - TPS - IAT

Keihin 16060-KVK-901 MTE-Thomson

MTE6701 1

Sensor de Rotacatildeo HALL Continental 55223464 MTE-Thomson

MTE70565 1

Bomba de Combustiacutevel Delphi BCD 00101 Bosch 580464070 1

Regulador de Pressatildeo Comb

SPA SPA TURBO 1

Roda Focircnica 60-2 Fueltech JR7401PTAz 1

Corpo de Boboletas XR300

Keihin 1641A-KWT-305 1

99

Anexo A

Esquema eleacutetrico do sistema de gerenciamento eletrocircnico

100

101

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

Anexo B

Datasheet Sensor MAP ndash NXPFreescale MPX4250AP

112

113

114

115

116

117

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126

127

Anexo C

Lista de componentes Speeduino

Qtd Referecircncia na Placa Componente Valor Modelo

1 C16 CAP TANT 10uF 35V 10 RADIAL 10uF

6 C2C4C6C8C10C24 CAP CER 022uF 50V 10 RADIAL 220nF 224

7 C1C3C5C7C9C13C15 CAP CER 01uF 50V 20 RADIAL 100nF 104

1 C14 CAP TANT 47uF 63V 10 RADIAL 47uF

1 C18 CAP CER 033uF 50V 10 RADIAL 330nF 334

2 C19C25 CAP CER 10000pF 50V 10 RADIAL 10nF 103

3 C11C12C20 CAP CER 1uF 50V 20 RADIAL 1uF 105

1 C23 CAP CER 4700pF 100V 10 RADIAL 47nF 472

1 D16 DIODO ZENER 56V 3W AXIAL 1N5919BG 1N5919BG 2 D15D17 DIODO SCHOTTKY 1A 30V DO41 1N5818 1N5818

8 LED1LED2LED3LED4

LED5LED6LED7LED8 LED SS 3MM LED

4 D9D10D11D12 DIODO USO GERAL 400V 1A DO41 1N4004 1N4004

1 U2 VARISTOR 14MM 22V 1000A ZNR Varistor ZNR

V14D220

8 Q1Q2Q3Q4Q5Q6Q7

Q8 MOSFET N-CH 33V TO-220

62A

MOSFET STP75NS04Z

1 R54 RES 100K Ohm 14W 1 METAL

FILM 10kΩ

14W - 1

17

R10R13R16R19R21

R23R24R29R30R39

R40R50R51R57R58

R59R60

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 1kΩ

14W - 1

4 R9R12R15R18 RES 680 Ohm 06W 1 AXIAL 680Ω 14W - 1

6 R2R4R6R8R22R41 RES FILME METAacuteLICO 14W 470

Ohm 1 AXIAL 470Ω

14W - 1

7 R1R3R26R28R33R34

R61

249k Ohm plusmn1 025W 14W FILME

METAacuteLICO 249kΩ

14W - 1

1 R7 RES 39K Ohm 14W 01 FILME

METAacuteLICO 39kΩ

14W - 1

12

R11R14R17R20R35R3

6R37R38R48R49

R55R56

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 100kΩ

14W - 1

4 R25R27R31R32 RES 160 Ohm 2W 1 AXIAL 160Ω 2W - 1

1 U1 REGULADOR DE TENSAtildeO

LM2940-50 1A TO220 LM2940T 50NOPB

1 MPX4250A SENSOR MAP 363 PSI MAX 1-Bar MAP MPX4250AP

2 IC1IC2 CI MOSFET DVR 3A DUAL HS 8-DIP TC4424EP

A TC4424EPA

Page 17: FACULDADE DE TECNOLOGIA FATEC SANTO ANDRÉfatecsantoandre.edu.br/arquivos/TCC/227-Mecanica/TCC511.pdfLista de Unidades de Medida cm³ - unidade de volume, centímetros cúbicos mm

18

1 Introduccedilatildeo

Em 1878 um engenheiro escocecircs criou o projeto tido como o primeiro motor

de ciclo dois tempos e eacute atribuiacutedo a ele esta invenccedilatildeo este engenheiro era

Dugald Clerk Poreacutem este motor possuiacutea algumas diferenccedilas dos motores dois

tempos que conhecemos e utilizamos durante todo o seacuteculo XX ateacute os dias de

hoje Nos motores de Clerk a admissatildeo era feita por bombeamento separado do

motor possuiacutea vaacutelvulas e utilizava gaacutes como combustiacutevel (NUNNEY 1992)

O primeiro motor de ciclo dois tempos com as caracteriacutesticas que hoje

conhecemos com admissatildeo inicial e compressatildeo no caacuterter transferecircncia da

mistura feita por janelas nas laterais do cilindro sem vaacutelvulas soacute foi inventado

por volta de 1892 pelo inglecircs Joseph Day que por volta de 1889 comeccedilou a

desenvolver um motor de combustatildeo interna sem infringir as patentes de

Nikolaus Otto as quais eram as patentes do motor com ciclo a quatro tempos

(BOOTHROYD 2006)

As patentes de Nikolaus Otto satildeo atualmente invaacutelidas e atribuiacutedas a um

engenheiro francecircs Alphonse-Eugene Beau de Rochas o qual havia feito todos

estudos pesquisas e projetos sobre este ciclo anos antes em 1862 poreacutem natildeo

chegou a construir um motor assim como Otto o fez (TILLMAN 2013)

A invenccedilatildeo do motor dois tempos eacute creditada a Dugald Clerk Satildeo citados

diversos pesquisadores engenheiros inventores e construtores como pessoas

que desenvolveram e agregaram conhecimento a este tipo de motor poreacutem foi

possiacutevel observar durante as pesquisas que Day eacute pouco lembrado em livros e

documentos poreacutem historicamente foi quem idealizou e construiu as soluccedilotildees

para o motor dois tempos que utilizamos quase que literalmente ateacute os dias de

hoje (BOOTHROYD 2006)

Durante o seacuteculo XX os motores dois tempos foram amplamente utilizados

na induacutestria automotiva Foram construiacutedos diversos veiacuteculos com esses

motores carros motocicletas caminhotildees e tratores O primeiro estudo e

construccedilatildeo de protoacutetipo de injeccedilatildeo eletrocircnica voltada para motores dois tempos

aconteceu em 1978 exatos cem anos da construccedilatildeo do motor de Clerk e foi

feita por Edmond Vieilledent que conseguiu obter relativo sucesso em suas

pesquisas e desenvolvimento poreacutem a tecnologia de microprocessamento na

19

eacutepoca inicial e o custo para implementaccedilatildeo relativamente alto em motores de

baixa cilindrada aparentemente inviabilizou o projeto em larga escala

(VIEILLEDENT 1978)

Quarenta anos apoacutes o trabalho de Vieilledent em 2018 a fabricante de

motocicletas austriacuteacas KTM Motorcycle disponibiliza para venda no mercado

motocicletas de competiccedilatildeo off-road de 250 e 300cmsup3 com sistema de injeccedilatildeo

eletrocircnica o que vem a corroborar a ideia de que os motores dois tempos para

determinadas aplicaccedilotildees merecem a implementaccedilatildeo de novas tecnologias para

que haja junto com a evoluccedilatildeo eletrocircnica novos resultados aplicados aos

motores dois tempos

11 Motivaccedilatildeo

As motivaccedilotildees deste trabalho surgem da premissa de reduzir algumas

deficiecircncias intriacutensecas do funcionamento dos motores de ciclo dois tempos

funcionamento que seraacute abordado e explicado em um toacutepico especiacutefico adiante

Para isso seraacute utilizado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel com

processamento de dados feito a partir de um Arduino Mega 2560 montado em

um motor Yamaha de 135cmsup3 de 2 tempos de fabricaccedilatildeo nacional produzido ateacute

o ano de 2000 Este motor equipou por mais de vinte anos as motocicletas

Yamaha Rd e Rdz 135cmsup3 e possuiacuteam como sistema de alimentaccedilatildeo de

combustiacutevel carburadores com diacircmetro de venturi 24mm e 26mm

respectivamente e sistema de igniccedilatildeo por descarga capacitiva com curva de

igniccedilatildeo preacute-estabelecida

Os motores dois tempos possuem caracteriacutesticas de funcionamento muito

peculiares e produzem uma potecircncia especiacutefica relativamente alta poreacutem esta

potecircncia vem de uma curva de torque caracteriacutestica do projeto do motor sendo

muito difiacutecil conseguir obter uma curva onde se consiga que a potecircncia seja alta

em todas as faixas de rotaccedilatildeo A maioria dos projetos de motores dois tempos

favorece a potecircncia em uma faixa de rotaccedilatildeo muito estreita por exemplo motores

que satildeo projetados para terem alto torque natildeo possuem alta rotaccedilatildeo e motores

para alta potecircncia soacute conseguem atingir esta potecircncia apoacutes os 10000rpm e todo

o resto da curva de potecircncia do motor eacute esquecida Este trabalho visa a

20

introduccedilatildeo de um sistema de gerenciamento de combustiacutevel e igniccedilatildeo eletrocircnico

para obter uma possiacutevel melhora da faixa de potecircncia aumentando a largura

dessa faixa de potecircncia elevada

Podemos notar ao analisarmos o graacutefico 1 que este tipo de motor produz

uma faixa de trabalho uacutetil de aproximadamente 1500 rpm somente apoacutes os

10000 rpm esta caracteriacutestica torna a pilotagem destas motocicletas em regime

de competiccedilatildeo muito difiacutecil e cansativa

Fonte httppulpmxcom

Com a inserccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico seraacute feita a

tentativa de implementar uma calibraccedilatildeo que natildeo privilegie somente uma faixa

tatildeo pequena de trabalho buscando antecipar e ampliar esta faixa de potecircncia

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3 1996

21

12 Objetivos

Os objetivos deste trabalho satildeo construir montar adaptar e talvez a parte

mais complexa calibrar um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel em um

motor de ciclo dois tempos Natildeo existem muitas informaccedilotildees a respeito de

calibraccedilatildeo eletrocircnica para motores em geral muito menos para motores dois

tempos o que torna esse acerto um tanto quanto difiacutecil

Como descrito anteriormente a motivaccedilatildeo vecircm da capacidade de tentar

incrementar potecircncia em um motor de pouca massa e isso eacute o essencial para

regimes de performance em competiccedilotildees de karts naacuteuticas e de motocicletas

A busca seraacute por uma calibraccedilatildeo final que alargue a faixa de potecircncia do motor

ou seja melhorando suas caracteriacutesticas de funcionamento utilizando um

sistema de gerenciamento eletrocircnico com alguns sensores que seja confiaacutevel e

que permita a sua utilizaccedilatildeo em quaisquer condiccedilotildees climaacuteticas e ambientais

tais como umidade temperatura e pressatildeo atmosfeacuterica

13 Contribuiccedilotildees Esperadas

As contribuiccedilotildees estatildeo relacionadas com os objetivos descritos na

subseccedilatildeo 12 e satildeo elas

a) Promover uma anaacutelise de forma ampla sobre os aspectos positivos e

negativos dos motores que utilizam o ciclo de dois tempos

b) Renovar alguns dados encontrados na literatura teacutecnica a respeito dos

motores dois tempos que na maioria dos livros sobre motores de

combustatildeo interna satildeo dados advindos do estudo de motores anteriores

a deacutecada de 1950 ou seja informaccedilotildees que merecem atualizaccedilatildeo

c) Expor os aspectos positivos do uso da eletrocircnica e programaccedilatildeo no

gerenciamento de motores

d) Possibilitar a adaptaccedilatildeo de uma tecnologia moderna e aberta (open

source) em antigos motores de combustatildeo interna que originalmente

possuiacuteam alimentaccedilatildeo de combustiacutevel mecacircnica e sistema de igniccedilatildeo

simplificado

e) Mostrar as possiacuteveis e esperadas dificuldades de se calibrar o sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos

22

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho

Este trabalho abordaraacute a inserccedilatildeo de um sistema de gerenciamento

eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos sendo assim o assunto eacute abordado

em trecircs fases

Fase Inicial Aborda todo o conceito de funcionamento mecacircnico do motor

de ciclo dois tempos princiacutepios caracteriacutesticas de construccedilatildeo soluccedilotildees

adotadas ao longo da histoacuteria principais aplicaccedilotildees Esta parte tambeacutem tem por

objetivo ampliar o entendimento deste tipo de motor que eacute pouco esclarecido

em literaturas teacutecnicas e quando apresentado em livros utiliza o princiacutepio de

funcionamento correto poreacutem demonstra exemplos de motores antigos sem

muitas soluccedilotildees eficientes

Fase Intermediaacuteria Aborda todas as soluccedilotildees eleacutetricas e eletrocircnicas que

seratildeo utilizadas para o desenvolvimento do protoacutetipo histoacuterico de aplicaccedilotildees em

motores dois tempos processo de escolha montagem de componentes e

sensores anaacutelise de funcionamento e dificuldades enfrentadas

Fase Final Mostra os processos necessaacuterios para fazer a calibraccedilatildeo de

um motor de combustatildeo interna utilizando gerenciamento eletrocircnico aplicaccedilatildeo

em motores dois tempos quais as dificuldades e resultados obtidos

23

2 Fundamentaccedilatildeo

Os motores de ciclo dois tempos possuem o conceito mecacircnico da

termodinacircmica para seu funcionamento onde eacute admitido uma mistura de ar e

combustiacutevel pelo orifiacutecio de admissatildeo Posteriormente essa mistura sofre uma

melhor homogeneizaccedilatildeo no caacuterter junto ao eixo de manivelas onde tambeacutem eacute

comprimido e transferido para a cabeccedila do pistatildeo pelos orifiacutecios de transferecircncia

apoacutes a transferecircncia o pistatildeo inicia o ciclo de subida sentido PMS onde comprime

a mistura ar combustiacutevel e sofre combustatildeo por meio de uma centelha

Nos motores de ciclo dois tempos os pistotildees assim como nos motores

com ciclo quatro tempos possuem movimento alternativo em relaccedilatildeo ao cilindro

poreacutem a lubrificaccedilatildeo dos cilindros eacute feita por meio de oacuteleo misturado com o

combustiacutevel podendo ser forccedilado por uma bomba de lubrificaccedilatildeo que injeta o

oacuteleo no orifiacutecio de admissatildeo ou mesmo por uma mistura oacuteleocombustiacutevel que

pode ser previamente feita Esse sistema simplifica todo o funcionamento deste

tipo de motor poreacutem tambeacutem traz consigo suas deficiecircncias intriacutensecas desse

processo de combustatildeo

Segundo o Manual de Tecnologia Automotiva Bosch (2005) os motores

dois tempos possuem as vantagens e desvantagens que vemos a seguir

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos

Vantagens Desvantagens

Design Simples do Motor Maior Consumo de Combustiacutevel

Baixo Peso Altas Emissotildees de

Hidrocarbonetos

Baixo Custo de Fabricaccedilatildeo Pressatildeo Efetiva Meacutedia mais

Baixa

Padratildeo Melhor de Forccedila de

Torccedilatildeo

Cargas Teacutermicas mais Altas

Marcha Lenta mais deficiente

(Bosch 2005)

24

O desenvolvimento deste trabalho natildeo busca fazer um comparativo entre

os diversos ciclos de funcionamento dos motores de combustatildeo interna

existentes apesar de que em determinados toacutepicos essa comparaccedilatildeo seja

inevitaacutevel Apoacutes a anaacutelise deste trabalho seraacute possiacutevel tirar as proacuteprias

conclusotildees a respeito do funcionamento de motores dois tempos visto que a

maioria das literaturas a respeito dos motores dois tempos natildeo satildeo especiacuteficas

nem tampouco profundas a respeito do tema

21 Objetivos do Capiacutetulo

As seccedilotildees a seguir apresentam o princiacutepio de funcionamento dos motores

de ciclo dois tempos O capiacutetulo iraacute abordar e analisar as fases de funcionamento

e alguns componentes mecacircnicos deste tipo de motor e os resultados de

possiacuteveis modificaccedilotildees em seus componentes

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos

Diferentemente dos motores de ciclo otto a 4 tempos que necessitam a

rotaccedilatildeo de 720deg do eixo aacutervore de manivelas os motores de ciclo dois tempos

necessitam apenas de 360deg do eixo aacutervore de manivelas para executar as quatro

operaccedilotildees baacutesicas de funcionamento de um motor de combustatildeo interna

- Admissatildeo

- Compressatildeo

- Combustatildeo

- Exaustatildeo

25

Apesar das operaccedilotildees e princiacutepio de funcionamento dos motores dois tempos

serem parecidas com as do ciclo otto a concepccedilatildeo e construccedilatildeo do motor eacute

totalmente diferente Os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como

existem nos motores de ciclo otto pelo menos natildeo no sistema mais baacutesico de

funcionamento desses motores (conforme Figura 1)

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos

Editado pelo Autor Fonte httpswwwshutterstockcom

No sistema baacutesico de funcionamento de um motor dois tempos o cilindro possui

aberturas chamadas janelas elas satildeo como portas para entrada e saiacuteda da

mistura arcombustiacutevel

A mistura arcombustiacutevel apoacutes ser succionada atraveacutes do carburador entra

atraveacutes da chamada janela de admissatildeo no cilindro (conforme Figura 2) e chega

primeiramente no caacuterter do motor alguns motores normalmente os de

competiccedilatildeo ou maior performance possuem a entrada de arcombustiacutevel

diretamente no caacuterter (conforme Figura 3) natildeo necessitando entrar no cilindro e

ir para o caacuterter poreacutem isto natildeo eacute regra A entrada desse combustiacutevel no caacuterter

tambeacutem eacute utilizada para a lubrificaccedilatildeo dos rolamentos inferiores do motor jaacute que

na maioria dos casos o combustiacutevel e oacuteleo lubrificante satildeo misturados salvo

26

raros casos em que existem pontos de injeccedilatildeo apenas de oacuteleo em determinadas

partes do motor

Editado pelo Autor Fonte httpwwwrichstaylordportingcom

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto

Editado pelo Autor Fonte httpwwwebaycom

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro

27

Como dito anteriormente os motores dois tempos em essecircncia natildeo utilizam

vaacutelvulas poreacutem com o desenvolvimento desse tipo de motor foi-se aprimorando

a tecnologia e notou-se a necessidade do uso de vaacutelvulas na admissatildeo visto

que parte da mistura era expelida novamente pela admissatildeo quando havia

compressatildeo no caacuterter anteriormente este papel de vaacutelvula de admissatildeo era feito

pelo proacuteprio pistatildeo que ao passar pela janela de admissatildeo determinava os

intervalos de tempo entre admissatildeo e exaustatildeo Para melhorar a eficiecircncia do

sistema de vaacutelvula feito pelo pistatildeo adotou-se principalmente dois sistemas o

sistema de palhetas (conforme Figura 4) e o sistema de vaacutelvula rotativa

(conforme Figura 5)

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas

Fonte wwwamazoncom

Fonte httpscellcodeus

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa

28

Apoacutes ser recebida no caacuterter a mistura arcombustiacutevel eacute comprimida com a

descida do pistatildeo sentido ao PMI o que gera o aumento de pressatildeo no caacuterter e

faz com que a mistura seja transportada para a parte superior do pistatildeo atraveacutes

das chamadas janelas de transferecircncia (conforme Figura 6) Essas janelas

possuem aberturas na parte inferior do cilindro junto ao caacuterter do motor que eacute

por onde passa esta mistura arcombustiacutevel essas aberturas ligam dutos de

transferecircncia ateacute uma abertura na camisa do cilindro jaacute na parte superior do

pistatildeo (conforme Figura 6) Com a mistura jaacute na parte superior do pistatildeo ela eacute

comprimida e por fim queimada e os gases resultantes da queima satildeo expulsos

pela janela de exaustatildeo (conforme Figura 6)

Editado pelo Autor Fonte wwwpatentimagescom

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter do motor passando pela vaacutelvula de palhetas

29

23 Admissatildeo

O processo de admissatildeo inicia-se com a subida do pistatildeo sentido PMS

isso cria uma pequena depressatildeo no caacuterter do motor poreacutem suficiente para

arrastar a mistura arcombustiacutevellubrificante advinda do sistema de alimentaccedilatildeo

usualmente carburadores Essa mistura passa por vaacutelvulas que controlam a

entrada de mistura fresca no motor Na maioria dos motores atuais utilizam-se

vaacutelvulas de palhetas elas tambeacutem tecircm a funccedilatildeo de impedir que a mistura retorne

para o coletor de admissatildeo quando haacute a movimentaccedilatildeo do pistatildeo sentido PMI

(conforme Figura 7) Os primeiros motores de Joseph Day jaacute haviam adotado

uma soluccedilatildeo de vaacutelvulas de palhetas poreacutem esse sistema foi esquecido por

muitos anos e novamente adotados para motores de motocicletas de competiccedilatildeo

em meados dos anos 70 Notemos que a mistura no caacuterter do motor aleacutem de ar

e combustiacutevel tambeacutem possui lubrificante que nesse momento faz a lubrificaccedilatildeo

das peccedilas moacuteveis na parte inferior do motor Nas figuras seguintes podemos

notar como se comporta a entrada da mistura arcombustiacutevel para o caacuterter do

motor e tambeacutem o funcionamento das vaacutelvulas de palhetas

Editado pelo Autor Fonte www1bpblogspotcom

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel

30

O principal momento de admissatildeo da mistura arcombustiacutevel para o motor se daacute

com subida do pistatildeo rumo ao PMS no entanto esse natildeo eacute o uacutenico periacuteodo em

que o motor recebe mistura fresca do sistema de alimentaccedilatildeo Quando o pistatildeo

inicia o movimento de descida rumo ao PMI apoacutes a exaustatildeo tambeacutem temos

admissatildeo de mistura arcombustiacutevel fresca A quantidade eacute bem menor e se daacute

pela depressatildeo gerada pelo escape dos gases queimados junto a janela de

exaustatildeo Essa admissatildeo acontece passando por uma janela conhecida

popularmente como ldquoQuinta Luzrdquo ou em inglecircs ldquoBoost Portrdquo (conforme Figura 8)

poreacutem esse curto periacuteodo de admissatildeo tem maior influecircncia no processo de

exaustatildeo dos gases Essa admissatildeo favorece a expulsatildeo dos gases e limpeza

da cacircmara de combustatildeo para iniacutecio de um novo ciclo

Editado pelo Autor Fonte httpswwwpinterestcom

A duraccedilatildeo desse periacuteodo em graus da duraccedilatildeo da admissatildeo na quinta

luz pode ser tido como um dos periacuteodos criacuteticos no que diz respeito e eficiecircncia

do motor dois tempos pois se o periacuteodo tiver uma duraccedilatildeo muito prolongada

pode resultar em excesso de mistura fresca que eacute ldquojogada forardquo para a exaustatildeo

e se for muito curto acaba mantendo gaacutes queimado na cacircmara de combustatildeo o

que gera perda de potecircncia para o motor

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

31

24 Compressatildeo

A compressatildeo no motor dois tempos acontece assim como no motor de quatro

tempos comprimindo o volume total do cilindro em uma pequena aacuterea da cacircmara

de combustatildeo Poreacutem diferentemente do motor quatro tempos o cilindro do

motor dois tempos natildeo eacute totalmente vedado possuindo aberturas que como dito

anteriormente se chamam janelas (conforme Figura 6)

Podem existir vaacuterios formatos de cacircmara de combustatildeo ou popularmente

conhecido como cabeccedilote cada tipo buscando um resultado final diferente

(conforme Figuras 910 e 11)

Como os cabeccedilotes de motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas satildeo

praticamente um material usinado ou fundido contemplando um formato final E

esse formato nos motores dois tempos influencia muito na performance do

motor

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro

32

Os cabeccedilotes dos motores dois tempos possuem formatos que privilegiam

determinadas faixas de rotaccedilatildeo ou comportamento do motor com relaccedilatildeo a

torque Os chamados ldquoSquishrdquo satildeo um formato que impotildeem uma alta velocidade

agrave mistura em direccedilatildeo a vela de igniccedilatildeo e produz melhora no comportamento da

queima (conforme Figura 10)

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

O ldquoSquishrdquo eacute composto por algumas medidas que satildeo

Banda do Squish eacute a largura da faixa onde se concentra o squish e contorna

toda a circunferecircncia do cabeccedilote podendo ser mais larga ou estreita

dependendo do regime de funcionamento do motor

Acircngulo do Squish eacute o acircngulo feito na banda de squish podendo acompanhar

ou natildeo o acircngulo existente na cabeccedila do pistatildeo natildeo eacute usual mas podem existir

cabeccedilotes cujos acircngulos de squish sejam retos assim como a cabeccedila dos

pistotildees nesses motores

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto

33

Folga do Squish essa folga eacute a folga do topo da cabeccedila do pistatildeo quando

em PMS ateacute o ponto fiacutesico mais proacuteximo da banda de squish

Segundo Bell (1999) os cabeccedilotes que contemplam ldquoSquishrdquo vieram a

promover melhorias significantes na performance dos motores dois tempos

Esse tipo de cabeccedilote promove melhor homogeneizaccedilatildeo da mistura

arcombustiacutevel e tambeacutem de qualquer porccedilatildeo de gases de escapamento

residuais presentes na cacircmara Esse formato tambeacutem evita que a propagaccedilatildeo

de chama para as laterais do cilindro promovam o aquecimento do mesmo fator

que pode dar iniacutecio a um ciclo de detonaccedilatildeo que eacute muito prejudicial para o

funcionamento do motor

Fonte httpwwwcmraracingcom

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo

34

Um outro fator que gera uma certa confusatildeo em motores dois tempos eacute a

mediccedilatildeo da taxa de compressatildeo A compressatildeo efetiva do volume do cilindro

ocorre apenas quando os aneacuteis de segmento do pistatildeo passam pela uacuteltima

abertura sentido PMS sendo que a uacuteltima abertura em motores dois tempos satildeo

as janelas de exaustatildeo

O que pode se notar usualmente eacute que fabricantes europeus utilizam a

mesma maneira de se calcular taxa de compressatildeo de motores quatro tempos

em motores de ciclo dois tempos

onde

RC Relaccedilatildeo de Compressatildeo

VC Volume do Cilindro (cmsup3)

VCC Volume da Cacircmara de Combustatildeo (cmsup3)

Enquanto fabricantes japoneses utilizam uma maneira especiacutefica de medir

a taxa compressatildeo para motores dois tempos avaliando o volume total de

compressatildeo efetiva somente apoacutes a passagem dos aneacuteis de segmento pela

janela de escapamento fazendo sua vedaccedilatildeo Nesse caso o volume total do

cilindro natildeo entra na conta o que se utiliza eacute a altura da janela de exaustatildeo como

referecircncia para o volume total a ser comprimido

Pode-se assim calcular o Volume a ser Comprimido

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

onde

VAC Volume a ser comprimido (cmsup3)

120645 Constante

r Raio do cilindro (mm)

h distacircncia percorrida pelo pistatildeo do momento de fechamento da janela

de exaustatildeo ateacute a chegada em PMS (mm)

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

RC = VC+VCC

VCC

1-Caacutelculo da Taxa de

Compressatildeo

2 - Volume a ser comprimido

(fabricantes japoneses)

35

Quando pesquisa-se em fichas teacutecnicas sobre motores dois tempos tais

literaturas podem gerar uma confusatildeo de entendimento pois pode-se entender

que motores europeus utilizam taxa de compressatildeo muito maior que os motores

japoneses e isto natildeo eacute verdade apenas utilizam meacutetodos de mediccedilatildeo diferentes

25 Combustatildeo

O processo de combustatildeo em motores dois tempos eacute muito semelhante ao

dos motores de quatro tempos mas com uma diferenccedila essencial ao

entendimento deste tipo de motores Nos motores de ciclo de quatro tempos

acontece a centelha na vela de igniccedilatildeo a cada 720deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore

de manivelas enquanto no motor de ciclo dois tempos a centelha ocorre a cada

360deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore de manivelas ou seja a cada subida do pistatildeo

sentido PMS ocorre uma combustatildeo

Segundo Najafabadi Aziz Adams e Leman (2013) existem alguns efeitos

gerados no processo de combustatildeo advindos do ciclo anterior devido a gases

residuais que se mantiveram na cacircmara de combustatildeo Este fenocircmeno afeta a

combustatildeo podendo ocorrer avanccedilo ou atraso do tempo de igniccedilatildeo devido a

temperatura desses gases Ainda a pressatildeo no interior do cilindro que veio do

ciclo anterior afeta o fluxo de transiccedilatildeo do motor podendo a quantidade de gases

residuais ser diferente (conforme Graacutefico 2)

Fonte Najafabadi et al 2013

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos com rotaccedilatildeo em 6000 RPM

36

251 Igniccedilatildeo

Este mecanismo eacute importante para que o processo de combustatildeo seja

equilibrado bem executado e responda com um bom funcionamento do motor

Existem diversos sistemas de igniccedilatildeo disponiacuteveis para motores dois tempos

desde os mais simplificados (conforme Figura 12) ateacute sistemas programaacuteveis

onde pode-se determinar a curva de avanccedilo desejada por meio de programaccedilatildeo

do dispositivo via software (conforme Figura 13) poreacutem para entendimento do

funcionamento o esquema eleacutetrico do sistema de igniccedilatildeo por platinado possui

faacutecil entendimento este sistema foi utilizado por muitos anos e o uacutenico motivo de

cair em desuso era a necessidade de regulagem constante devido ao desgaste

mecacircnico do contato eleacutetrico

Fonte Bell 1999

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio de platinado

37

Fonte httpwwwpvl-zuendungende

26 Exaustatildeo

Este eacute com certeza o processo mais importante dentre todos os processos no

motor dois tempos a janela de exaustatildeo eacute a aacuterea do motor que se sofrer uma

alteraccedilatildeo de alguns deacutecimos de miliacutemetros pode mudar completamente o

comportamento do motor

Como jaacute discorremos os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como os

motores quatro tempos pelo menos natildeo nos mesmos moldes ou entatildeo vaacutelvulas

que vedem completamente a passagem dos gases Em um motor de quatro

tempos o comando de vaacutelvulas determina qual eacute momento de abertura das

vaacutelvulas a ordem o levante etc No motor dois tempos essa funccedilatildeo de duraccedilatildeo

da admissatildeo e exaustatildeo eacute composta pela diagramaccedilatildeo das janelas do cilindro

(conforme Figura 14) e satildeo fixas natildeo existe um comando de vaacutelvulas rotativo

ou qualquer dispositivo semelhante dentre essa diagramaccedilatildeo a duraccedilatildeo mais

importante e que determina o desempenho do motor e como ele se comportaraacute

eacute a da janela de exaustatildeo

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts

38

Segundo Bell (1999) o processo de modificaccedilatildeo da janela de exaustatildeo eacute talvez

um dos mais criacuteticos dentro dos motores dois tempos (conforme Figuras 14 e

15) pocircde-se notar que as diagramaccedilotildees possuem desenhos diferentes de

janelas de exaustatildeo o primeiro modelo da Yamaha TZ250 (conforme Figura 14)

eacute de janela uacutenica pois a dimensotildees que foram determinadas para o tamanho e

duraccedilatildeo da janela dado o diacircmetro do cilindro permitiram que isso fosse feito Jaacute

no segundo diagrama da Suzuki PE175 podemos notar que a janela de exaustatildeo

eacute bi partida (conforme Figura 15) isso acontece por que por projeto foi

determinado um tamanho de janela de exaustatildeo demasiadamente grande para

o diacircmetro desse cilindro natildeo eacute regra mas usualmente a largura de uma janela

de exaustatildeo pode ter no maacuteximo 70 do diacircmetro do cilindro isso acontece para

que os aneacuteis de segmento natildeo tendam a entrar no duto de exaustatildeo quando por

laacute passarem por isso a soluccedilatildeo adotada na Suzuki PE175 de adicionar mais

uma divisatildeo na janela permite ter uma janela de exaustatildeo mais larga sem

comprometer a durabilidade do motor

Por ser uma medida fiacutesica e determinante para o funcionamento do motor dois

tempos a janela de exaustatildeo sempre foi um ponto criacutetico no projeto desses

motores pois se o projeto determinava uma medida para a janela de exaustatildeo a

performance do motor era inerente a esta medida Motores que foram

desenvolvidos ateacute o final da deacutecada de 1970 natildeo conseguiam melhorar suas

caracteriacutesticas em todas as faixas de funcionamento Por exemplo se o projeto

da janela de exaustatildeo era feito para funcionar bem em baixas rotaccedilotildees isso

caracterizava aquele motor e nada podia ser feito para ser melhorado sem que

isso comprometesse outras faixas de rotaccedilatildeo

Motocicletas e karts de competiccedilatildeo que eram projetados para funcionar bem

em altas rotaccedilotildees tinham todo o torque em baixa muito comprometido se vermos

corridas de motocicletas da deacutecada de 1970 e iniacutecio dos anos de 1980 podemos

ver pilotos que largavam praticamente empurrando a motocicleta ateacute que ela

embalasse e chegasse a uma rotaccedilatildeo onde o motor pudesse andar sozinho

39

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida

40

No iniacutecio dos anos de 1980 a Yamaha criou uma soluccedilatildeo para melhorar o

desempenho dos motores dois tempos em todas as faixas de rotaccedilatildeo eacute um

sistema com uma vaacutelvula mecacircnica que variava as dimensotildees da janela de

exaustatildeo durante o funcionamento do motor esse sistema eacute chamado YPVS

(Yamaha Power Valve System) (conforme Figura 16) foi um sistema que permitiu

a Yamaha ganhar diversas competiccedilotildees on e off road ateacute que seus concorrentes

pudessem desenvolver sistemas semelhantes

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Inicialmente esse sistema era totalmente mecacircnico e era tocado por uma

bomba centriacutefuga ligada ao eixo arvore do motor posteriormente em

motocicletas de rua foi adotado o mesmo princiacutepio poreacutem foi utilizado um sistema

eletrocircnico com um servo motor Outros fabricantes desenvolveram sistemas

semelhantes ao longo do tempo e adotaram as mais diversas soluccedilotildees Um outro

sistema bastante popular foi o sistema pneumaacutetico (conforme Figura 17) que

era composto por uma vaacutelvula do tipo guilhotina e uma membrana na janela de

exaustatildeo a vaacutelvula se mantinha fechada em baixas rotaccedilotildees melhorando o

torque naquele momento e a membrana era calibrada para que em um certo

momento quando certa quantidade de gases de escape estivessem sendo

produzidos a membrana empurrava a vaacutelvula para traacutes aumentando as

dimensotildees da janela de exaustatildeo melhorando o torque em altas rotaccedilotildees

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System

41

Fonte httpwww bikemanperformancecom

261 Escapamento

Ainda na fase de exaustatildeo o escapamento eacute o acessoacuterio mais importante

para o bom funcionamento dos motores dois tempos e necessita cuidados

especiais em seu desenvolvimento Eacute intriacutenseco do funcionamento e da forma

construtiva do motor dois tempos o fato de que ele acaba por jogar mistura

fresca para o escapamento e isso causa perda de performance Assim o

escapamento promove ondas de ressonacircncia que causam o retorno de parte

dessa mistura fresca novamente para dentro do cilindro

Este sistema determina muito das caracteriacutesticas importantes de

funcionamento desse tipo de motor Satildeo peccedilas complexas de serem construiacutedas

e produzem um som caracteriacutesticos de ldquoring-dingrdquo a este tipo de motor

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos

42

Para um bom projeto de escapamento satildeo necessaacuterios diversos caacutelculos

para que se obtenha as dimensotildees ideais Posteriormente outro desafio eacute aplicar

as dimensotildees calculadas ao projeto do veiacuteculo o que produz verdadeiras

esculturas mecacircnicas (conforme Figura 18)

Caacutelculo para determinaccedilatildeo do comprimento ideal do escapamento

Onde

LE = Comprimento do escapamento (mm)

DE = Duraccedilatildeo da janela de exaustatildeo em graus (deg)

RPM = Rotaccedilatildeo para melhor funcionamento do motor (1min)

42545 = Constante que leva em conta que a onda socircnica sempre viaja na

velocidade do som no ar

Fonte Bell 1999

O trecho do escapamento que sai do cilindro do motor eacute chamado em inglecircs

ldquoHeaderrdquo esse trecho usualmente eacute cocircnico e utiliza acircngulos entre 115deg e 15deg

Entretanto ao longo da histoacuteria os fabricantes testaram acircngulos variando entre

08deg ateacute 23deg de conicidade para determinadas aplicaccedilotildees

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos

LE = DE x 42545

RPM

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento

43

As dimensotildees do Header podem ser determinadas da seguinte maneira Para

o comprimento pode-se utilizar o fator de multiplicaccedilatildeo (conforme Quadro 2)

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para o ldquoHeaderrdquo

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 85 ndash 95 10 -11

100 ndash 125 78 ndash 85 78 ndash 85

175 ndash 250 73 ndash 83 9 -10

350 - 500 73 ndash 83 85 ndash 95

Fonte Bell 1999

Jaacute com o fator de correccedilatildeo apropriado multiplicamos esse valor pelo diacircmetro

da janela de exaustatildeo e esse eacute o comprimento ideal do Header

O diacircmetro maior do Header pode ser calculado pela seguinte expressatildeo

Onde

D2 = eacute o diacircmetro maior do Header para uniatildeo com o Difusor (mm)

CH = eacute o Comprimento do Header (mm)

D1 = eacute o diacircmetro inicial do Header determinado pelo diacircmetro da janela de

exaustatildeo (mm)

Cotg H = eacute a cotangente do acircngulo do Header usualmente entre 115 e 15deg

O segundo trecho do escapamento chamado Difusor pode ser calculado da

seguinte maneira O diacircmetro inicial eacute o mesmo diacircmetro D2 do Header o

comprimento do Difusor eacute usualmente calculado utilizando 25 vezes o diacircmetro

da janela de exaustatildeo poreacutem pode-se usar de 22 a 29 vezes o diacircmetro da

janela de exaustatildeo dependendo do projeto tendo em mente que quanto menor

o comprimento melhor o rendimento em altas rotaccedilotildees e quanto maior o

comprimento melhor as respostas do motor em baixas rotaccedilotildees Ao final o que

D2 = CH x 2 + D1

cotg H

4 ndash Dimensotildees do Escapamento Header

44

iraacute determinar o comprimento eacute a proposta do motor O acircngulo de conicidade do

Difusor varia normalmente entre 3deg e 7deg com diferentes reaccedilotildees ao rendimento

do motor (conforme Quadro 3) modificando a duraccedilatildeo e os efeitos da onda de

ressonacircncia (conforme Graacutefico 3)

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 65 a 7deg 3 a 35deg

100 ndash 125 65 a 75deg 4 a 48deg

175 65 a 75deg 35 a 45deg

250 7 a 75deg 4 a 45deg

350 ndash 500 4 a 5deg

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de retorno

45

O segundo diacircmetro o diacircmetro maior do Difusor pode ser calculado

utilizando a seguinte expressatildeo

Onde

CD = Comprimento do Difusor D3 = Diacircmetro maior do Difusor D2 = Diacircmetro menor do Difusor cotg D = Cotangente do acircngulo de conicidade que foi determinado para o Difusor

Existe uma seccedilatildeo paralela que liga o diacircmetro maior do difusor ao uacuteltimo

cone esse trecho eacute popularmente chamado de Bojo (conforme Figura 18) poreacutem

natildeo se pode calcular o comprimento dela sem antes calcular as dimensotildees do

cone final que eacute chamado de ldquoBafflerdquo ou defletor (conforme Quadro 4) Essa

seccedilatildeo por sua vez determina a duraccedilatildeo e a intensidade das ondas de

ressonacircncia que iraacute manter o cilindro cheio de maneira eficiente Segundo Bell

(1999) um defletor com um cone curto e acircngulo muito abrupto iraacute permitir um

ganho de potecircncia maacutexima ao custo de sacrificar as baixas e meacutedias rotaccedilotildees

(conforme Graacutefico 4)

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 -80 105 a 12deg 85 a 95deg

100 105 a 12deg 9 a 10deg

125 95 a 12deg 85 a 10deg

175 10 a 12deg 8 a 10deg

250 10 a 12deg 75 a 10deg

350 - 500 9 a 11deg

Fonte Bell 1999

CD = D3 ndash D2 x cotg D

2

5 ndash Dimensotildees do Escapamento Difusor

46

Fonte Bell 1999

Para se calcular o comprimento do cone utilizamos a expressatildeo

CTD = (D32) x Cotg D

Onde

CTD Comprimento total do cone do defletor

D3 Diacircmetro maior do defletor ou seja o mesmo diacircmetro que o diacircmetro maior

do difusor

cotg D Cotangente do acircngulo escolhido para o defletor

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor

47

Agora com todos esses valores calculados podemos calcular o

comprimento da parte central do escapamento o chamado bojo Para isso

utilizamos a seguinte expressatildeo

Onde

CB Comprimento do Bojo

L Comprimento total do escapamento ateacute o meio da seccedilatildeo do defletor

CH Comprimento do Header

CD Comprimento do Difusor

CDE Comprimento total do Defletor

Por fim ainda necessitamos saber as dimensotildees do ldquoStingerrdquo ou ponteira

que segundo Graham Bell apoacutes vaacuterias experimentaccedilotildees chegou a alguns

valores que resultaram em boas respostas do motor (conforme Quadro 5)

Quadro 5 - Comprimento da ponteira

Volume do cilindro (cmsup3) Comprimento (mm) Diacircmetro Interno (mm)

50 - 80 205 ndash 230 17 -19

100 230 ndash 250 19 - 21

125 265 ndash 290 22 -24

175 270 - 295 25 ndash 27

250 280 ndash 305 26 ndash 28

350 -500 285 - 310 27 ndash 29

Fonte Bell 1999

CB = L ndash (CH+CD+(CDE2)) 7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo

48

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna

Em seu funcionamento os motores de combustatildeo interna

independentemente do tipo de ciclo necessitam de um gerenciamento da

admissatildeo de uma mistura carburante para o interior dos cilindros para que possa

haver a combustatildeo da mesma Anteriormente essa admissatildeo se dava por um

processo puramente mecacircnico com a utilizaccedilatildeo de carburadores que eram

sistemas mecacircnicos sofisticados que proporcionavam a atomizaccedilatildeo do

combustiacutevel com o ar atmosfeacuterico para a formaccedilatildeo da mistura carburante

(conforme Figura 19)

Fonte httpwwwthunderproductscom

Poreacutem este sistema possuiacutea algumas deficiecircncias pois necessitava de

constante regulagem e qualquer mudanccedila de condiccedilatildeo climaacutetica de temperatura

pressatildeo ou umidade fazia com que o carburador saiacutesse de sua faixa de trabalho

gerando um mal funcionamento do motor e por vezes ateacute mesmo sua quebra

Parte muito importante tambeacutem do funcionamento dos motores de

combustatildeo interna satildeo os sistemas de igniccedilatildeo que anteriormente eram sistema

independentes do sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel poreacutem atualmente

pertencem ao mesmo pacote de gerenciamento do motor Estes sistemas de

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante

49

igniccedilatildeo eram normalmente sistemas eletromecacircnicos podendo ser sistemas

simples com ponto de igniccedilatildeo fixo ou sistemas mais elaborados com a presenccedila

de circuitos eletrocircnicos para fazer a variaccedilatildeo do ponto de igniccedilatildeo Estes sistemas

possuem alguns componentes baacutesicos

Distribuidor (no caso de haver mais de um cilindro) bobina de igniccedilatildeo

(para gerar alta tensatildeo) cabos de igniccedilatildeo e velas de igniccedilatildeo Este eacute o esquema

mais baacutesico de funcionamento dos sistemas de igniccedilatildeo podendo haver

variaccedilotildees eleacutetricas mecacircnicas e em alguns casos eletrocircnicas (conforme Figura

20)

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom

Atualmente os sistemas mais modernos de gerenciamento de motores de

combustatildeo interna satildeo quase que puramente eletrocircnicos e contemplam os dois

mundos alimentaccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo em um uacutenico sistema (conforme

Figura 21) Todo o gerenciamento eacute feito com base em leitura de sensores uma

calibraccedilatildeo que prevecirc diversas situaccedilatildeo de uso do motor e atuadores que fazem

o processo fiacutesico de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel do motor Estes satildeo sistemas

complexos que se baseiam na condiccedilatildeo imediata de diversos fatores que satildeo

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo

50

interpretados por sensores como por exemplo pressatildeo atmosfeacuterica

temperatura do motor massa de ar admitida etc Estas leituras feitas pelos

sensores satildeo recebidas por um circuito eletrocircnico que conteacutem um processador

onde essas informaccedilotildees satildeo recebidas e com base em dados armazenados em

sua memoacuteria para cada condiccedilatildeo ter-se atuaccedilatildeo eletrocircnica onde eacute feita a injeccedilatildeo

de combustiacutevel pelos injetores e o disparo da centelha de igniccedilatildeo para que haja

a combustatildeo

Fonte httpswwwflaviolucasmmblogspotcom

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus perifeacutericos

51

3 Detalhamento do Projeto

Os capiacutetulos anteriores serviram para o embasamento teacutecnico para que

fosse possiacutevel uma melhor compreensatildeo do que se trata o projeto a ser

executado neste trabalho de conclusatildeo de curso Neste ponto iremos tratar

especificamente do projeto de adaptaccedilatildeo de um sistema completo de injeccedilatildeo

eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos Yamaha de 135cmsup3 proveniente

de uma motocicleta Yamaha RD 135 (Conforme Figura 22) e todos os

componentes utilizados para tornar esta adaptaccedilatildeo possiacutevel

Fonte httpsmotos-motorcombr

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135

52

31 Dados do Motor

O motor utilizado neste projeto eacute proveniente de uma motocicleta Yamaha

Rd 135cmsup3 que foi fabricado no Brasil de 1988 a 1999 Trata-se de um motor

monociliacutendrico que utiliza o ciclo de trabalho dois tempos refrigerado agrave ar

seguem os dados teacutecnicos

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 58mm x 50mm

Cilindrada 132cmsup3

Taxa de Compressatildeo 682 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Carburador Mikuni VM24 com 24mm de venturi

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo eletrocircnica de descarga capacitiva ou popularmente

CDI (Capacitor Discharge Ignition)

Lubrificaccedilatildeo Oacuteleo dois tempos bombeado atraveacutes de uma bomba chamada

Autolube nos motores Yamaha este oacuteleo eacute proveniente de um reservatoacuterio que

alimenta a bomba que por sua vez transfere o oacuteleo atraveacutes de uma mangueira

diretamente ao coletor de admissatildeo do motor variando a quantidade de oacuteleo de

acordo com a rotaccedilatildeo e abertura do carburador

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Gasolina

Potecircncia 16cv a 9000rpm

Torque 174kgfm a 8500rpm

Para este projeto o motor utilizado jaacute possuiacutea modificaccedilotildees mecacircnicas

para atingir melhores rendimentos que o motor original pois eacute um motor que foi

utilizado em competiccedilotildees de motovelocidade na categoria RD 135 Diversas

peccedilas foram modificadas tais como sistema de alimentaccedilatildeo escapamento

vaacutelvula de palhetas igniccedilatildeo combustiacutevel diagramaccedilatildeo do cilindro e taxa de

compressatildeo O sistema de alimentaccedilatildeo original foi substituiacutedo por um carburador

Mikuni TM 30 (conforme Figura 23) o escapamento foi substituiacutedo por um

escapamento dimensionado construiacutedo artesanalmente o sistema de igniccedilatildeo

53

utilizado foi um Motoplat de ponto fixo (conforme Figura 24) e o combustiacutevel

utilizado foi o etanol que aleacutem de ser o combustiacutevel regulamentado para o

campeonato tambeacutem eacute um combustiacutevel que permite extrair mais potecircncia do

motor pois com esse combustiacutevel eacute possiacutevel fazer modificaccedilotildees mecacircnicas

como taxa de compressatildeo e avanccedilo de igniccedilatildeo que natildeo seriam possiacuteveis

utilizando gasolina como combustiacutevel

Fonte wwwjapanbaikucom

Fonte wwwcustojustopt

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo

54

O motor utilizado como base nesse trabalho natildeo eacute um motor original eacute

um motor de competiccedilatildeo e para haver base para comparaccedilatildeo do antes e depois

do processo de inserccedilatildeo do sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica este motor teve sua

potecircncia medida em dinamocircmetro inercial com sua curva de torque e potecircncia

aquisitadas (conforme Figura 25)

Fonte Autor

O motor utilizado passou por uma revisatildeo geral havendo troca de peccedilas

por se tratar de um motor de competiccedilatildeo foi por diversas vezes levado ao

extremo e com a escolha desse motor para o projeto esta revisatildeo se fez

necessaacuteria As imagens a seguir mostram o processo de desmontagem para

verificaccedilatildeo das condiccedilotildees do motor e posterior montagem (Conforme Figuras

262728293031 e 32)

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia

55

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto

56

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2

Figura 29 - Processo de pintura

57

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada

58

Fonte Autor

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico

Para a escolha do sistema de gerenciamento eletrocircnico foi necessaacuteria

grande pesquisa entre as opccedilotildees disponiacuteveis no mercado nacional e

internacional Os sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica disponiacuteveis originalmente em

motocicletas de fabricaccedilatildeo nacional poderiam ter sido uma opccedilatildeo mas foram

logo descartados pois foram concebidos para trabalhar com motores de ciclo

otto o que natildeo eacute o caso e as maneiras de calibraccedilatildeo desses sistemas originais

se tornariam difiacuteceis de conseguir tornando essa escolha inviaacutevel

A busca foi por um sistema ldquostand-alonerdquo auto suficiente e que permitisse

mudanccedila total nos paracircmetros de calibraccedilatildeo normalmente satildeo sistemas

utilizados em competiccedilotildees de automoacuteveis motocicletas caminhotildees etc

Existem sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica ldquostand-alonerdquo muito sofisticados

de fabricantes renomados mundialmente dentro e fora das pistas de corridas

como Magneti Marelli (conforme Figura 33) e Bosch (conforme Figura 34) em

suas divisotildees motorsport

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta

59

Sistemas desses fabricantes satildeo reconhecidamente confiaacuteveis o problema eacute o

valor de um sistema desses que eacute muito caro e os tornam inviaacuteveis para um

projeto experimental de baixo custo Opccedilotildees nacionais tambeacutem foram cogitadas

como o sistema Fueltech poreacutem ainda possuem um custo alto e suas opccedilotildees de

programaccedilatildeo e flexibilidade do sistema ainda eram limitados para o tipo de ciclo

do motor a ser utilizado

A escolha do sistema apoacutes grande pesquisa foi pelo sistema ldquostand-alonerdquo

Speeduino (conforme Figura 35) um sistema totalmente programaacutevel que utiliza

como microcontrolador um Arduino Mega 2560 esse eacute um sistema do tipo ldquoDIYrdquo

Do It Yourself ou em portuguecircs ldquofaccedila vocecirc mesmordquo Estatildeo disponiacuteveis na

internet os layouts das placas de circuito impresso e o usuaacuterio pode fabricar as

proacuteprias placas ou compraacute-las prontas em determinados sites da internet e sua

lista de componentes para montagem tambeacutem estaacute disponiacutevel na internet e eacute

relativamente faacutecil encontraacute-los O custo de produccedilatildeo de um sistema desse eacute

relativamente baixo comparado com outros sistemas do mesmo segmento e

por utilizar Arduino como controlador sua programaccedilatildeo eacute inteira aberta e pode

ser modificada de acordo com as necessidades do usuaacuterio

Fonte wwwmagnetimarellicom

Fonte wwwellis-componentscouk

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport Figura 34 - ECU Bosch MS 151

60

Fonte Autor

33 Arduino Mega 2560

Arduino eacute uma plataforma para programaccedilatildeo criada na Itaacutelia por Massimo

Banzi David Cuartielles Tom Igoe Gianluca Martino e David Mellis no ano de

2005 para entusiastas e profissionais da programaccedilatildeo e da eletrocircnica

permitindo diversos tipos de projetos para estes seguimentos Trata-se de uma

placa com um microcontrolador Atmel possuindo diversas entradassaiacutedas

analoacutegicas e digitais a quantidade dessas entradas e saiacutedas varia de acordo

com o modelo do Arduino Essas entradassaiacutedas podem ser programadas por

uma interface IDE Arduino via computador utilizando linguagem C

Na praacutetica eacute um microcontrolador programaacutevel como qualquer outro de

outros fabricantes por exemplo PIC (Microchip) ou ARM (Freescale) poreacutem tem

sua utilizaccedilatildeo facilitada por jaacute estar inserido em uma placa que contempla

soquetes para pinagem das entradas e saiacutedas e porta de comunicaccedilatildeo USB

Serial para gravaccedilatildeo da programaccedilatildeo no microcontrolador Diferentemente de

outros microcontroladores que necessitam da confecccedilatildeo de uma placa de

circuito impresso para uso e de um programador serial para gravaccedilatildeo da

programaccedilatildeo (conforme Figura 36)

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino

61

Fonte httpswwwamazoncom

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560

Microcontrolador ATmega 2560 (Atmel)

Tensatildeo de Operaccedilatildeo 5V

Tensatildeo de Alimentaccedilatildeo (recomendado) 7-12V

Tensotildees Limites de Operaccedilatildeo 6-20V

Saiacutedas Digitais IO 54 saiacutedas sendo 15 PWM

Entradas Analoacutegicas 16

Corrente da Saiacutedas IO 20mA

Corrente nos Pinos 33V 50mA

Memoacuteria Flash 256Kb

SRAM 8Kb

EEPROM 4Kb

Frequecircncia do Clock 16Mhz

LED_BUILTIN 13

Comprimento da Placa 10152mm

Largura da Placa 5333mm

Peso da Placa Completa 37g

Altura da Placa 12mm

Editado pelo Autor Fonte httpwwwArduinocom

Figura 36 - Arduino Mega 2560

62

34 Speeduino

O sistema Speeduino foi o sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica escolhido para o

projeto Eacute um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica totalmente programaacutevel criado por

Josh Stuart e utiliza um Arduino Mega 2560 como microcontrolador assim como

outros sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel possibilita a calibraccedilatildeo por

completo do sistema de injeccedilatildeo e igniccedilatildeo Para tal utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio que permite diversas configuraccedilotildees do

sistema de injeccedilatildeo tais como o meacutetodo de calibraccedilatildeo utilizado configuraccedilatildeo dos

mapas de avanccedilo de igniccedilatildeo e tempo de injeccedilatildeo sistema de malha aberta ou

malha fechada etc

O sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica Speeduino eacute um sistema ldquostand-alonerdquo

ou seja trabalha independente de outros sistemas apenas para gerenciar o

motor a combustatildeo interna seja ele de ciclo quatro ou dois tempos Eacute um sistema

difundido pela internet e permite troca de informaccedilotildees entre usuaacuterios que

trabalham em conjunto para desenvolvimento e aperfeiccediloamento do hardware e

do software o layout principal da placa de circuito impresso tambeacutem estaacute

disponiacutevel na internet bem como a lista de componentes necessaacuterios para a

montagem Este sistema requer um miacutenimo de conhecimento de eletrocircnica para

sua construccedilatildeo um miacutenimo de conhecimento em eleacutetricaeletrocircnica automotiva

para a instalaccedilatildeo do sistema no motor e grande conhecimento em programaccedilatildeo

e mecacircnica automobiliacutestica para calibraccedilatildeo do sistema no motor

63

35 Montagem do Sistema Speeduino

A partir do momento onde foi feita a escolha do sistema Speeduino foi

necessaacuterio obter os componentes necessaacuterios para confecccedilatildeo da placa

(conforme Anexo C) O primeiro passo foi a fabricaccedilatildeo da placa de circuito

impresso a partir do layout disponiacutevel (conforme Figura 37)

Fonte wwwSpeeduinocom

Posteriormente foi feita a aquisiccedilatildeo dos componentes necessaacuterios para a

montagem da placa Esses componentes tambeacutem estatildeo disponiacuteveis na internet

em uma planilha eletrocircnica e satildeo encontrados com relativa facilidade no

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino

64

mercado com exceccedilatildeo de determinados componentes cuja importaccedilatildeo foi

necessaacuteria poreacutem com baixo custo (conforme Anexo C)

Com todos os componentes necessaacuterios em matildeos foi executada a montagem

do sistema o que necessita uma certa habilidade pois o projeto possui diversos

componentes tipo SMD (conforme Figura 38)

Fonte Autor

Com a placa jaacute montada (conforme Figura 39) antes da montagem de todo o

chicote eleacutetrico para funcionamento do motor iniciaram-se os testes de

funcionamento do sistema Por ser um sistema montado artesanalmente os

testes pareciam ser o passo mais certo a se seguir

Figura 38 - Inicio da montagem da placa

65

Fonte Autor

Eacute importante mostrar que o sistema Speeduino utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio (conforme Figura 40) eacute um freeware na

versatildeo baacutesica que foi criado para funcionar em conjunto com outro sistema

de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel conhecido como Megasquirt e o mesmo

tambeacutem eacute utilizado na calibraccedilatildeo do sistema Speeduino Mais adiante seratildeo

feitas explicaccedilotildees detalhadas das configuraccedilotildees do software

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada

66

Fonte Autor

Jaacute no primeiro teste este apresentou resultados negativos com a

eletrocircnica natildeo respondendo agraves configuraccedilotildees e nem mostrando leituras de

sensores

A soluccedilatildeo deste problema veio depois de procurar muito e fazer diversas

mediccedilotildees analisando os diagramas eleacutetricos (conforme Anexo A) O

problema estava na placa de circuito impresso a trilha do aterramento

(GND) natildeo havia sido impressa ou seja natildeo havia aterramento em nenhum

ponto do sistema A placa havia sido impressa por um terceiro Ao entrar em

contato com o mesmo ele disse que enviaria outra placa poreacutem para agilizar

o processo e natildeo ter que esperar novamente a chegada de componentes

uma uacutenica opccedilatildeo surgiu devido aos prazos a de refazer o aterramento da

placa de forma externa (conforme Figura 41) sem nenhuma pretensatildeo de

que isso desse certo poreacutem era uma alternativa para que todo o processo

de funcionamento do motor fosse agilizado

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio

67

Fonte Autor

Apoacutes todo o trabalho de refazer as trilhas de aterramento iniciou-se

novamente a fase testes de funcionamento e os resultados foram positivos

O sistema comeccedilou a responder perfeitamente aos testes iniciais

O elemento de maior importacircncia para o funcionamento desse sistema de

gerenciamento eletrocircnico eacute o sensor de rotaccedilatildeo do motor e foi por ele que

se iniciaram os testes Foi adaptada uma roda focircnica a um torno mecacircnico

e tambeacutem o sensor de rotaccedilatildeo do tipo ldquohallrdquo (conforme Figura 42) para

verificar se o conjunto eletrocircnico do sistema estava recebendo os sinais de

rotaccedilatildeo

Figura 41 - Aterramento refeito externamente

68

Fonte Autor

O teste obteve resultados positivos respondendo perfeitamente a rotaccedilatildeo

do torno mecacircnico sendo testado em diversas rotaccedilotildees diferentes com a

interface do software sempre mostrando os valores de rotaccedilatildeo corretos

Entatildeo os testes que se seguiram foram os de atuaccedilatildeo eleacutetrica como injetor

de combustiacutevel e bobina de igniccedilatildeo todos testes feitos a princiacutepio em

bancada (conforme Figura 43)

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico

69

Fonte Autor

Apoacutes todos os testes em bancada partiu-se para a montagem do chicote

eleacutetrico para funcionamento do sistema no motor e tambeacutem a adaptaccedilatildeo

mecacircnica de suportes para sensores e a adaptaccedilatildeo da roda focircnica

(conforme Figura 44)

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada

70

Fonte Autor

A roda focircnica utilizada eacute proveniente de um motor Volkswagen EA-111

(conforme Figura 45) o sensor de rotaccedilatildeo a ser utilizado pelo sistema de

gerenciamento eletrocircnico Speeduino foi o sensor de efeito hall poderia ser

utilizado o sensor de relutacircncia magneacutetica poreacutem seria necessaacuterio a

confecccedilatildeo de uma eletrocircnica para o condicionamento de sinal

transformando-o para sinal de onda quadrada com amplitude de 5V de

tensatildeo Para evitar a confecccedilatildeo de mais uma eletrocircnica sendo um potencial

ponto fraco do sistema optou-se por utilizar um sensor de rotaccedilatildeo de efeito

hall proveniente dos motores Fiat E-torq 18 (conforme Figura 46) fabricado

pela Continental

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica

71

Fonte Autor

Fonte wwwmercadolivrecombr

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v

72

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico

Neste projeto o sistema de sincronismo eletrocircnico possui dois

componentes apenas satildeo eles a roda focircnica e o sensor de rotaccedilatildeo ambos

adaptados ao projeto e advindos de carros

O sistema de sincronismo eletrocircnico consiste em transformar o

sincronismo mecacircnico do motor em sinais de onda quadrada (conforme Figura

47) que possam ser interpretados pelo sistema de gerenciamento eletrocircnico

proporcionando a injeccedilatildeo de combustiacutevel e disparo da centelha no momento

exato que fora previamente calibrado

Fonte Autor

O sistema consiste de uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes ou seja

satildeo 58 dentes e ausecircncia de 2 dentes Foi adaptada uma roda focircnica do motor

Volkswagen EA-111 poreacutem apoacutes alguns problemas de captaccedilatildeo do sinal esta

foi alterada por uma roda focircnica utilizada em motores Volkswagen AP quando

convertidos a injeccedilatildeo eletrocircnica (conforme Figura 48) essa roda mostrou melhor

resoluccedilatildeo do sinal Hall com menos ruiacutedos no sinal

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall

73

Fonte Autor

Apoacutes vaacuterios testes esta foi a combinaccedilatildeo que melhor funcionou no motor

a roda focircnica aliada ao sensor de rotaccedilatildeo permite a sincronizaccedilatildeo mecacircnica do

motor em relaccedilatildeo ao sistema de gerenciamento eletrocircnico do motor A calibraccedilatildeo

eacute feita da seguinte maneira junto ao software de calibraccedilatildeo do sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica eacute dada a referecircncia em graus da posiccedilatildeo fiacutesica da roda focircnica

em relaccedilatildeo ao motor O primeiro passo eacute colocar o motor em PMS e ver onde se

situa a falha dos dois dentes da roda focircnica a partir disso contar quantos dentes

se tem ateacute o dente que coincide com o sensor de rotaccedilatildeo (conforme Figura 49)

Figura 48 - Roda Focircnica

74

Fonte Autor

Como eacute utilizada uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes cada dente

equivale a 6deggraus de resoluccedilatildeo sendo 3deg do bordo de subida e 3deg do bordo de

descida no caso do projeto o sensor coincide com o 37deg dente a partir da falha

e isso equivale a 228deggraus a partir da falha Todo o sincronismo do motor eacute feito

baseado nessa referecircncia sendo este valor colocado como referecircncia no

software de gerenciamento eletrocircnico (conforme Figura 50)

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

75

Fonte Autor

A partir deste momento todo o sincronismo do motor estaacute baseado nestes

dados e quando o motor estiver em PMS o sistema eletrocircnico saberaacute disso pois

o sensor de rotaccedilatildeo estaraacute alinhado com o 37deg dente que eacute a referecircncia para o

sistema

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

76

37 Corpo de Borboleta

O corpo de borboletas utilizado (conforme Figura 51) eacute proveniente das

motocicletas Honda CB300 e XRE300 possui 35mm de venturi e eacute fabricado

pela empresa japonesa Keihin famosa pela fabricaccedilatildeo de carburadores de

motocicletas tambeacutem possui uma unidade de sensores integrados Foi utilizado

por ser um componente de faacutecil aquisiccedilatildeo no mercado brasileiro o que permite

faacutecil manutenccedilatildeo quando necessaacuterio e seu formato fiacutesico permite a utilizaccedilatildeo de

uma grande gama de injetores diferentes quando isso se faz necessaacuterio

Tambeacutem houve uma pequena adaptaccedilatildeo no coletor de admissatildeo que tambeacutem

eacute proveniente das mesmas motocicletas Honda essa adaptaccedilatildeo se deve ao fato

de o motor em questatildeo possuir o sistema de vaacutelvulas de palhetas na admissatildeo

o que natildeo acontece nas motocicletas Honda que possuem motor de quatro

tempos

Fonte Autor

Figura 51 - Corpo de Borboleta

77

38 Unidade de Sensores

A unidade de sensores refere-se a uma unidade composta por trecircs

sensores que jaacute estaacute acoplada ao corpo de borboletas Keihin e contempla os

sensores

MAP ndash Manifold Absolute Pressure (Pressatildeo Absoluta no Coletor)

IAT ndash Intake Air Tempeture (Temperatura do Ar Admitido)

TPS ndash Throttle Position Sensor (Sensor de Posiccedilatildeo do Acelerador)

Destes sensores natildeo foi utilizado apenas o sensor Map pois a unidade

de gerenciamento eletrocircnico jaacute possui um sensor Map integrado que foi utilizado

Estes sensores puderam ser configurados para utilizaccedilatildeo com o sistema

de gerenciamento eletrocircnico sem o menor problema

381 Sensor TPS

Este sensor se refere ao sensor que envia a informaccedilatildeo de posiccedilatildeo da

borboleta para o sistema de gerenciamento eletrocircnico Nada mais eacute do que um

potenciocircmetro que varia a resistecircncia ocirchmica ao se variar a posiccedilatildeo do

acelerador

Sua calibraccedilatildeo eacute feita em tempo real com a unidade de gerenciamento

eletrocircnico (conforme Figura 52) onde se informa a posiccedilatildeo do acelerador

totalmente fechado e totalmente aberto o sistema de gerenciamento jaacute adquire

o valor de resistecircncia ocirchmica e faz os caacutelculos para os valores intermediaacuterios e

a interpretaccedilatildeo das posiccedilotildees

78

Fonte Autor

382 Sensor IAT

Este sensor eacute responsaacutevel por aquisitar a temperatura do ar que estaacute

sendo admitido ou seja que estaacute momentaneamente passando pelo corpo de

borboletas Este assim como o sensor de posiccedilatildeo da borboleta e tambeacutem o

sensor de pressatildeo absoluta no coletor eacute utilizado para o caacutelculo da massa de ar

que estaacute sendo admitida pelo motor Este sensor eacute calibrado a partir dos valores

de resistecircncia ocirchmica cujos valores satildeo inseridos no software de calibraccedilatildeo da

unidade de gerenciamento eletrocircnico esses valores natildeo satildeo facilmente

adquiridos pois o fabricante da unidade de sensores natildeo os disponibiliza poreacutem

outro fabricante de sensores a MTE-Thompson fabrica esse mesmo modelo de

unidade de sensores para reposiccedilatildeo do original e entrando em contato com o

departamento teacutecnico eles passam os valores de funcionamento do sensor e

esses valores foram os utilizados para calibraccedilatildeo do sensor de temperatura do

ar admitido (conforme Figura 53)

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS

79

Fonte Autor

383 Sensor MAP

Sensores MAP satildeo utilizados para determinar a pressatildeo do ar admitido

que passa pelo coletor de admissatildeo satildeo muito usados nos sistemas atuais de

gerenciamento eletrocircnico de motores de combustatildeo interna Este tipo de

sensores trabalha utilizando o princiacutepio de strain gage onde haacute a deformaccedilatildeo do

material metaacutelico variando tambeacutem sua resistividade (conforme Figura 54)

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT

80

Fonte Nota de aula ndash Prof Adriano Ribolla (Sist De Gerenc Eletrocircnico 2018)

A funccedilatildeo de variaccedilatildeo da resistecircncia ou fator Gauge pode ser dada pela

expressatildeo

Onde

R resistecircncia (Ω)

ρ constante do material

L comprimento do fio (m)

A secccedilatildeo transversal do fio (msup2)

O sistema de gerenciamento eletrocircnico Speeduino jaacute possuiacute em sua

montagem um sensor MAP interno na sua montagem e mesmo que na

unidade de sensores Keihin utilizada jaacute possuiacutesse um sensor MAP foi

escolhido utilizar o sensor existente na eletrocircnica da unidade de

gerenciamento eletrocircnico apenas pela facilidade de calibraccedilatildeo (conforme

Figura 55)

R= ρ LA

8 - Caacutelculo do Fator Gauge

Figura 54 - Princiacutepio strain gage

81

Fonte Autor

O sensor MAP existente no sistema de gerenciamento eletrocircnico eacute do

fabricante NXPFreescale modelo MPX 4250AP (conforme Anexo B) com um

range de leitura pressatildeo de 20 a 250 kPa

Apoacutes o funcionamento do motor e leitura do sensor foi possiacutevel notar que nos

motores de ciclo dois tempos justamente pelo seu tipo de ciclo e forma

construtiva natildeo seria possiacutevel fazer a calibraccedilatildeo dos mapas de funcionamento

do motor levando-se em conta a leitura de pressatildeo no coletor pois a depressatildeo

no coletor deste tipo de motor eacute muito baixa variando muito pouco Poreacutem este

fato jaacute era de se esperar mas a inserccedilatildeo deste sensor natildeo foi em vatildeo Ela jaacute foi

feita com o objetivo de futuros trabalhos sobre este tipo de sensor em motores

dois tempos para obtenccedilatildeo de valores palpaacuteveis de pressatildeo que possam ser

levados em conta na calibraccedilatildeo do motor

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP

82

39 Sistema de Igniccedilatildeo

O sistema de igniccedilatildeo deve ser compatiacutevel com o sistema de

gerenciamento eletrocircnico utilizado que foi o Speeduino Para isso o sistema de

igniccedilatildeo original do motor foi substituiacutedo por uma bobina utilizada em motores da

linha VW (conforme Figura 56) bobinas essas com moacutedulo de igniccedilatildeo integrado

e para evitar interferecircncias com o sensor de rotaccedilatildeo ou demais eletrocircnicas do

hardware de gerenciamento foi utilizado cabo vela resistivo do veiacuteculo Fiat Tipo

ie (Conforme Figura 57) as velas originais da motocicleta jaacute eram do tipo

resistiva A bobina poderia ter sido utilizada qualquer uma com moacutedulo de igniccedilatildeo

integrado e o cabo de vela tambeacutem poderia ser qualquer um do tipo resistivo

poreacutem estes foram escolhidos apenas por se integrarem melhor fisicamente ao

projeto

Fonte wwwmercadolivrecombr Fonte wwwacnpecascombr

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo

83

4 Calibraccedilatildeo do Motor

Atualmente a calibraccedilatildeo de motores de combustatildeo interna tem tido como

objetivo principal melhorar autonomia com relaccedilatildeo a consumo de combustiacutevel e

diminuiccedilatildeo das emissotildees de poluentes muito em funccedilatildeo de legislaccedilotildees mais

riacutegidas e restritivas Novas teacutecnicas construtivas de motores e implementaccedilotildees

de novas teacutecnicas de calibraccedilatildeo tem sido utilizadas como downsizing turbo-

compressores injeccedilatildeo direta de combustiacutevel para sistemas ldquoflex-fuelrdquo ou ateacute

mesmo sistemas mistos utilizando injeccedilatildeo direta e indireta de combustiacutevel em

um mesmo motor Estes meacutetodos elevaram o niacutevel tecnoloacutegico dos motores de

combustatildeo interna extraindo grande potecircncia diminuindo massa de motores

poreacutem com a necessidade de muita eletrocircnica embarcada

Um dos intuitos deste trabalho eacute a inserccedilatildeo de um sistema de

gerenciamento eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos a princiacutepio de

maneira experimental apenas para obter preacutevias de sua viabilidade

construtivamente e dar a motores que utilizam este tipo de ciclo a oportunidade

de ressurgirem ou natildeo no mercado com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias e

eletrocircnica embarcada ou mesmo proporcionar uma longevidade de seu uso em

competiccedilotildees

Para a calibraccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico que foi

escolhido o sistema Speeduino utilizamos o software de calibraccedilatildeo Tuner

Studio o qual jaacute foi previamente apresentado Seratildeo mostrados a seguir os

passos e direccedilotildees tomadas no que diz respeito a calibraccedilatildeo deste motor de ciclo

dois tempos em questatildeo

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais

Inicialmente eacute necessaacuterio a introduccedilatildeo de alguns dados pertinentes ao

motor e a estrateacutegia de funcionamento do mesmo para tal utilizamos a tela

ldquoEngine Constantsrdquo ou constantes do motor no software Tuner Studio Em

seguida detalhamos os dados de acordo com as caracteriacutesticas do motor que foi

escolhido para o trabalho (conforme Figura 58)

84

Fonte Autor

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor

85

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel

A tabela de injeccedilatildeo de combustiacutevel eacute baseada no meacutetodo VE ldquoVolumetric

Efficiencyrdquo ou eficiecircncia volumeacutetrica neste sistema utiliza-se o item ldquoCalculated

Required Fuelrdquo ou caacutelculo de combustiacutevel necessaacuterio (Conforme Figura 58) o

valor disponibilizado neste item representa o tempo necessaacuterio de injeccedilatildeo de

combustiacutevel baseado em 100 da eficiecircncia volumeacutetrica do motor e

posteriormente desenvolve-se a tabela VE de acordo com as necessidades do

motor (conforme Figura 59) em funccedilatildeo de rotaccedilatildeo do motor e posiccedilatildeo da

borboleta podendo ou natildeo estes valores serem multiplicados pelo valor de

pressatildeo do sensor MAP poreacutem no caso deste trabalho natildeo se utilizou o a

multiplicaccedilatildeo pelo sensor pois este dado se mostrou insatisfatoacuterio para motores

de ciclo dois tempos que geram pouca ou nenhuma depressatildeo no coletor de

admissatildeo

FonteAutor

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE

86

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo

A tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo permite determinar o momento em que seraacute

disparada a centelha pela vela de igniccedilatildeo permitindo a queima da mistura

arcombustiacutevel Os valores inseridos na tabela satildeo valores que representam o

acircngulo em graus antes do ponto morto superior do motor PMS (conforme Figura

60) em que seraacute disparada a centelha esta deve ser disparada alguns graus

antes do PMS pois a queima da mistura deve ser aproveitada ao maacuteximo e para

que isso aconteccedila deve se adotar um ponto de igniccedilatildeo de forma que a frente de

chama tenha tempo suficiente para queimar dentro do cilindro caso contraacuterio a

queima se torna ineficiente e acaba por desperdiccedilar combustiacutevel que acaba

sendo jogado para o escapamento sem que este seja queimado

Os valores de avanccedilo em graus inseridos nesta tabela tambeacutem tecircm seu

funcionamento em funccedilatildeo dos eixos de posiccedilatildeo da borboleta do acelerador e

rotaccedilatildeo do motor

Fonte Autor

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo

87

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada

Usualmente em uma grande montadora ou grande equipe de corridas

essas tabelas seriam desenvolvidas em um laboratoacuterio de desenvolvimento de

motores com diversos equipamentos para controle e aquisiccedilatildeo de dados Poreacutem

por se tratar de um trabalho acadecircmico e de baixo custo natildeo houve a

possibilidade de utilizaccedilatildeo de ferramentas desta espeacutecie desta maneira a tabela

foi toda desenvolvida experimentalmente atraveacutes de horas observando

deficiecircncias e comportamentos do funcionamento do motor

5 Dados do Motor (Modificado)

Tendo em vista que este motor eacute proveniente de uma motocicleta de

competiccedilatildeo as caracteriacutesticas originais dele foram modificadas e a motocicleta

utilizada no projeto tambeacutem (conforme Figura 61) Seguem os dados teacutecnicos

com a modificaccedilotildees do motor

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 59mm x 50mm

Cilindrada 1367cmsup3

Taxa de Compressatildeo 145 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Injeccedilatildeo eletrocircnica com corpo de borboletas de 35mm

de diacircmetro e injetor de combustiacutevel Keihin Flex

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo gerenciada a partir da ECU com o uso de Bobina

Bosch utilizada em motores Volkswagen AP ndash MI

Lubrificaccedilatildeo Premix na proporccedilatildeo de 35ml por litro de etanol

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Etanol

Potecircncia 245cv a 9400rpm

Torque 190kgfm a 9000rpm

88

Fonte Autor

6 Resultados

Os resultados obtidos neste trabalho foram deveras satisfatoacuterios

mostrando que eacute possiacutevel o funcionamento de um motor de ciclo dois tempos

utilizando como meacutetodo de injeccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo um sistema de

gerenciamento eletrocircnico moderno Abordagem essa que seria impensaacutevel anos

atraacutes hoje se tornou uma realidade talvez abrindo novos horizontes para o futuro

de motores que utilizem ciclo dois tempos talvez natildeo comercialmente mas ainda

que para seu uso em competiccedilotildees possa ser extraiacutedo o maacuteximo de rendimento

possiacutevel

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees

89

7 Conclusatildeo

Seguramente o desenvolvimento de uma metodologia soacutelida no

desenvolvimento de sistemas de gerenciamento eletrocircnico e calibraccedilatildeo voltadas

para motores de ciclo dois tempos natildeo seraacute uma tarefa faacutecil existe uma longa

estrada a se percorrer para se chegar ao mesmo niacutevel de desenvolvimento

existente destes sistemas para motores de ciclo quatro tempos ou mesmo diesel

Contudo o projeto se mostrou viaacutevel e mesmo que natildeo tenha havido

possibilidade de testes em dinamocircmetro o comportamento do motor mostrou-se

estaacutevel com o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica Possivelmente houve ganhos de

desempenho e esses testes podem ser executados como tarefa futura no intuito

de comprovar possiacuteveis resultados favoraacuteveis

Cabe aos futuros projetos novas soluccedilotildees e abordagens que podem ser

pensadas especificamente para o motor de ciclo dois tempos pois mesmo que

sua fabricaccedilatildeo seja descontinuada para veiacuteculos comerciais sua fabricaccedilatildeo para

suprir necessidades de veiacuteculos de competiccedilatildeo ainda pode prosseguir por anos

e o uso de tecnologia moderna nesses motores pode vir a extrair niacuteveis de

potecircncia e torque antes natildeo atingidos com a utilizaccedilatildeo de igniccedilotildees de ponto fixo

e carburadores Tambeacutem pode alterar caracteriacutesticas de desempenho do motor

como a falta de torque em baixas rotaccedilotildees

Neste projeto o motor original utilizado natildeo foi fabricado para comportar

uma injeccedilatildeo eletrocircnica por isso houve muitos esforccedilos nas adaptaccedilotildees para que

o funcionamento deste motor com esta tecnologia fosse possiacutevel Poreacutem se

pensarmos em uma produccedilatildeo fabril para motores dois tempos projetados para

que utilizem injeccedilatildeo eletrocircnica originalmente isso torna o processo todo muito

mais viaacutevel do ponto de vista comercial aleacutem de implementar uma tecnologia

que tiraria os motores de ciclo dois tempos da aposentadoria podendo ateacute se

pensar em niacuteveis de emissotildees poluentes melhores mesmo que seu uso seja

exclusivo apenas em competiccedilotildees De toda forma um passo foi dado com a

realizaccedilatildeo deste projeto e o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica se mostrou ser uma

tecnologia segura e confiaacutevel para a utilizaccedilatildeo em motores de ciclo dois tempos

90

8 Propostas Futuras

Vaacuterios passos podem ser dados como propostas futuras mas pensando

no alto iacutendice de poluiccedilatildeo gerado por este tipo de motor pode se pensar em um

controle eletrocircnico da injeccedilatildeo de oacuteleo dois tempos para lubrificaccedilatildeo podendo-se

desenvolver algum meacutetodo de verificaccedilatildeo da necessidade de lubrificaccedilatildeo do

motor fazendo injeccedilatildeo de oacuteleo controlada por quantidade e por demanda

Tambeacutem pode-se pensar na utilizaccedilatildeo de catalisadores no escapamento para

diminuiccedilatildeo das emissotildees de gases poluentes o que com certeza deveraacute ser

estudado e caberaacute diversos testes e experimentaccedilotildees de materiais poreacutem

podendo obter resultados positivos

No sistema de injeccedilatildeo de combustiacutevel utilizado neste trabalho foi usado

o meacutetodo de injeccedilatildeo indireta de baixa pressatildeo utilizando uma pressatildeo na linha

de combustiacutevel na ordem de 3bar Futuramente pode-se fazer testes e anaacutelises

a respeito do uso da injeccedilatildeo indireta de combustiacutevel neste tipo de motor em

busca de quais seriam seus benefiacutecios Ainda sobre a injeccedilatildeo de combustiacutevel

uma anaacutelise que deve ser feita eacute em relaccedilatildeo a modificaccedilatildeo da posiccedilatildeo do injetor

de combustiacutevel que atualmente se situa no coletor de admissatildeo este pode ser

montado em alguma posiccedilatildeo estrateacutegica como no caacuterter do motor diretamente

ou em alguma das janelas por exemplo nas janelas de transferecircncia devendo-

se analisar os ganhos e perdas dessa montagem

Um sistema que foi utilizado neste trabalho poreacutem trouxe pouco benefiacutecio

foi o uso do sensor MAP Devido agrave baixa depressatildeo no coletor de admissatildeo

gerada por motores dois tempos uma soluccedilatildeo seria a aquisiccedilatildeo de dados com

alguns sensores de pressatildeo instalados em determinados pontos do motor como

no caacuterter admissatildeo e janelas de transferecircncia Isto para se analisar pontos de

baixa e alta pressatildeo durante os ciclos do motor podendo ser criado um algoritmo

que calcule uma meacutedia de pressatildeo mais palpaacutevel que possa ser levada em conta

na calibraccedilatildeo da injeccedilatildeo de combustiacutevel

91

9 Referecircncias Bibliograacuteficas

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Boothroyd Dave Forgotten Hero The man who invented the two-stroke

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Najafabadi Mohammad Izadi Aziz Nuraini Abdul Adam Nor Mariah

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Vieilledent Edmond Low Pressure Electronic Fuel Injection System for

Two-Stroke Engines SAE Paper 780767 EUA 1978

92

10 Referecircncia Figuras

Figura 1

Fonte httpsimageshutterstockcomimage-vectorsystem-twostroke-engines-

vectortwostroke-engine-600w-524929192jpg acessado em 26052019 agraves

1922

Figura 2

Fonte

httpwwwrichstaylordportingcomimagephoto_Modern2strokePorting_3jpg

acessado em 26052019 agraves 1924

Figura 3

Fonte httpsiebayimgcomimagesg~TsAAOSw~1FUVYxas-l1600jpg

acessado em 26052019 agraves 1927

Figura 4

Fonte httpswwwamazonesBoyesen-varillas-vC3A1lvula-Yamaha-

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Figura 5

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Figura 7

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a12i2jpg acessado em 26052019 agraves 1941

Figura 8

Fonte httpsipinimgcom236xccffc0ccffc0bbf8d95f226062728cd4d4dc1e--

configuration-portjpg acessado em 26052019 agraves 1944

93

Figura 9

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 10

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 11

Fonte httpwwwcmraracingcomshowthreadphp30922-For-Sale-And-yet-

even-more-Honda-RS125-Parts acessado em 02062019 agraves 2044

Figura 12

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 13

Fonte httpswwwpvldeenproductselectronic-electrical-engineering

acessado em 02062019 agraves 2051

Figura 14

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 15

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 16

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 17

Fonte httpsbikemanperformancecomsupreme-tool-arctic-cat-rave-style-

exhaust-valveshtml acessado em 02062019 agraves 2055

Figura 18

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

94

Figura 19

Fonte httpthunderproductscomattachment_id=316 acessado em

02062019 agraves 2100

Figura 20

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom201404 acessado em 02062019 agraves

2104

Figura 21

Fonte httpflaviolucasmmblogspotcom201508componentes-da-injecao-

eletronicahtml acessado em 02062019 agraves 2110

Figura 22

Fonte httpsmotos-motorcombrmfipeprecos-tabela-yamaha-rd-135-1994

acessado em 02062019 agraves 2116

Figura 23

Fonte httpswwwjapanbaikucomtm-27-8006 acessado em

02062019 agraves 2122

Figura 24

Fonte httpswwwcustojustoptleiriapecas-motasrotor-motoplat-bobine-

externa-anti-horario-28261205 acessado em 02062019 agraves 2124

Figura 25

Fonte Autor

Figura 26

Fonte Autor

Figura 27

Fonte Autor

Figura 28

Fonte Autor

Figura 29

Fonte Autor

Figura 30

Fonte Autor

95

Figura 31

Fonte Autor

Figura 32

Fonte Autor

Figura 33

Fonte httpswwwmagnetimarellicomnode65 acessado em 02062019 agraves

2130

Figura 34

Fonte httpswwwbosch-motorsportcomcontentdownloadsRacepartsen-

GB49044619111858827html acessado em 02062019 agraves 2135

Figura 35

Fonte Autor

Figura 36

Fonte httpswwwamazoncomSmartProjects-Mega-Arduino-MEGA-

BoarddpB004A7H3DG acessado em 02062019 agraves 2141

Figura 37

Fonte

httpsSpeeduinocomshopindexphpid_product=18ampcontroller=product

acessado em 02062019 agraves 2145

Figura 38

Fonte Autor

Figura 39

Fonte Autor

Figura 40

Fonte Autor

Figura 41

Fonte Autor

Figura 42

Fonte Autor

Figura 43

Fonte Autor

96

Figura 44

Fonte Autor

Figura 45

Fonte Autor

Figura 46

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-879906333-080036-sensor-de-

rotaco-fiat-idea-e-torq-16-linea-16-18-_JMquantity=1 acessado em

02062019 agraves 2220

Figura 47

Fonte Autor

Figura 48

Fonte Autor

Figura 49

Fonte Autor

Figura 50

Fonte Autor

Figura 51

Fonte Autor

Figura 52

Fonte Autor

Figura 53

Fonte Autor

Figura 54

Fonte Slides aulas SAGE ndash Prof MSc Adriano Ribolla

Figura 55

Fonte Autor

Figura 56

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-839220558-bobina-ignico-gol-

saveiro-parati-10-kombi-16-mi-3-pinos-

_JMmatt_tool=14302715ampmatt_wordampgclid=CjwKCAjwr8zoBRA0EiwANmvpYI

z4XlO7l-

97

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uantity=1 acessado em 22062019 agraves 2340

Figura 57

Fonte httpswwwacnpecascombrprodutocabo-de-vela-fiat-tipo-1-6-ie-mpi-

todos-injecao-eletronica acessado em 22062019 agraves 2345

Figura 58

Fonte Autor

Figura 59

Fonte Autor

Figura 60

Fonte Autor

Figura 61

Fonte Autor

98

Apecircndice I

Lista de peccedilas e componentes utilizados

Componente Fabricante Part Number (OEM)

Fabricante Part Number (Reposiccedilatildeo)

Qtd

Injetor de Combustiacutevel Keihin 3340-9657-7489 Magnetron MAGNETRON 154-209-B 1

Bobina de Igniccedilatildeo Bosch F000ZS0104 NGK NGK U1092 1

Cabo de Vela Bosch F00099C067 NGK NGK SC-T58 1

Sensor Hiacutebrido - MAP - TPS - IAT

Keihin 16060-KVK-901 MTE-Thomson

MTE6701 1

Sensor de Rotacatildeo HALL Continental 55223464 MTE-Thomson

MTE70565 1

Bomba de Combustiacutevel Delphi BCD 00101 Bosch 580464070 1

Regulador de Pressatildeo Comb

SPA SPA TURBO 1

Roda Focircnica 60-2 Fueltech JR7401PTAz 1

Corpo de Boboletas XR300

Keihin 1641A-KWT-305 1

99

Anexo A

Esquema eleacutetrico do sistema de gerenciamento eletrocircnico

100

101

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

Anexo B

Datasheet Sensor MAP ndash NXPFreescale MPX4250AP

112

113

114

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126

127

Anexo C

Lista de componentes Speeduino

Qtd Referecircncia na Placa Componente Valor Modelo

1 C16 CAP TANT 10uF 35V 10 RADIAL 10uF

6 C2C4C6C8C10C24 CAP CER 022uF 50V 10 RADIAL 220nF 224

7 C1C3C5C7C9C13C15 CAP CER 01uF 50V 20 RADIAL 100nF 104

1 C14 CAP TANT 47uF 63V 10 RADIAL 47uF

1 C18 CAP CER 033uF 50V 10 RADIAL 330nF 334

2 C19C25 CAP CER 10000pF 50V 10 RADIAL 10nF 103

3 C11C12C20 CAP CER 1uF 50V 20 RADIAL 1uF 105

1 C23 CAP CER 4700pF 100V 10 RADIAL 47nF 472

1 D16 DIODO ZENER 56V 3W AXIAL 1N5919BG 1N5919BG 2 D15D17 DIODO SCHOTTKY 1A 30V DO41 1N5818 1N5818

8 LED1LED2LED3LED4

LED5LED6LED7LED8 LED SS 3MM LED

4 D9D10D11D12 DIODO USO GERAL 400V 1A DO41 1N4004 1N4004

1 U2 VARISTOR 14MM 22V 1000A ZNR Varistor ZNR

V14D220

8 Q1Q2Q3Q4Q5Q6Q7

Q8 MOSFET N-CH 33V TO-220

62A

MOSFET STP75NS04Z

1 R54 RES 100K Ohm 14W 1 METAL

FILM 10kΩ

14W - 1

17

R10R13R16R19R21

R23R24R29R30R39

R40R50R51R57R58

R59R60

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 1kΩ

14W - 1

4 R9R12R15R18 RES 680 Ohm 06W 1 AXIAL 680Ω 14W - 1

6 R2R4R6R8R22R41 RES FILME METAacuteLICO 14W 470

Ohm 1 AXIAL 470Ω

14W - 1

7 R1R3R26R28R33R34

R61

249k Ohm plusmn1 025W 14W FILME

METAacuteLICO 249kΩ

14W - 1

1 R7 RES 39K Ohm 14W 01 FILME

METAacuteLICO 39kΩ

14W - 1

12

R11R14R17R20R35R3

6R37R38R48R49

R55R56

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 100kΩ

14W - 1

4 R25R27R31R32 RES 160 Ohm 2W 1 AXIAL 160Ω 2W - 1

1 U1 REGULADOR DE TENSAtildeO

LM2940-50 1A TO220 LM2940T 50NOPB

1 MPX4250A SENSOR MAP 363 PSI MAX 1-Bar MAP MPX4250AP

2 IC1IC2 CI MOSFET DVR 3A DUAL HS 8-DIP TC4424EP

A TC4424EPA

Page 18: FACULDADE DE TECNOLOGIA FATEC SANTO ANDRÉfatecsantoandre.edu.br/arquivos/TCC/227-Mecanica/TCC511.pdfLista de Unidades de Medida cm³ - unidade de volume, centímetros cúbicos mm

19

eacutepoca inicial e o custo para implementaccedilatildeo relativamente alto em motores de

baixa cilindrada aparentemente inviabilizou o projeto em larga escala

(VIEILLEDENT 1978)

Quarenta anos apoacutes o trabalho de Vieilledent em 2018 a fabricante de

motocicletas austriacuteacas KTM Motorcycle disponibiliza para venda no mercado

motocicletas de competiccedilatildeo off-road de 250 e 300cmsup3 com sistema de injeccedilatildeo

eletrocircnica o que vem a corroborar a ideia de que os motores dois tempos para

determinadas aplicaccedilotildees merecem a implementaccedilatildeo de novas tecnologias para

que haja junto com a evoluccedilatildeo eletrocircnica novos resultados aplicados aos

motores dois tempos

11 Motivaccedilatildeo

As motivaccedilotildees deste trabalho surgem da premissa de reduzir algumas

deficiecircncias intriacutensecas do funcionamento dos motores de ciclo dois tempos

funcionamento que seraacute abordado e explicado em um toacutepico especiacutefico adiante

Para isso seraacute utilizado um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel com

processamento de dados feito a partir de um Arduino Mega 2560 montado em

um motor Yamaha de 135cmsup3 de 2 tempos de fabricaccedilatildeo nacional produzido ateacute

o ano de 2000 Este motor equipou por mais de vinte anos as motocicletas

Yamaha Rd e Rdz 135cmsup3 e possuiacuteam como sistema de alimentaccedilatildeo de

combustiacutevel carburadores com diacircmetro de venturi 24mm e 26mm

respectivamente e sistema de igniccedilatildeo por descarga capacitiva com curva de

igniccedilatildeo preacute-estabelecida

Os motores dois tempos possuem caracteriacutesticas de funcionamento muito

peculiares e produzem uma potecircncia especiacutefica relativamente alta poreacutem esta

potecircncia vem de uma curva de torque caracteriacutestica do projeto do motor sendo

muito difiacutecil conseguir obter uma curva onde se consiga que a potecircncia seja alta

em todas as faixas de rotaccedilatildeo A maioria dos projetos de motores dois tempos

favorece a potecircncia em uma faixa de rotaccedilatildeo muito estreita por exemplo motores

que satildeo projetados para terem alto torque natildeo possuem alta rotaccedilatildeo e motores

para alta potecircncia soacute conseguem atingir esta potecircncia apoacutes os 10000rpm e todo

o resto da curva de potecircncia do motor eacute esquecida Este trabalho visa a

20

introduccedilatildeo de um sistema de gerenciamento de combustiacutevel e igniccedilatildeo eletrocircnico

para obter uma possiacutevel melhora da faixa de potecircncia aumentando a largura

dessa faixa de potecircncia elevada

Podemos notar ao analisarmos o graacutefico 1 que este tipo de motor produz

uma faixa de trabalho uacutetil de aproximadamente 1500 rpm somente apoacutes os

10000 rpm esta caracteriacutestica torna a pilotagem destas motocicletas em regime

de competiccedilatildeo muito difiacutecil e cansativa

Fonte httppulpmxcom

Com a inserccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico seraacute feita a

tentativa de implementar uma calibraccedilatildeo que natildeo privilegie somente uma faixa

tatildeo pequena de trabalho buscando antecipar e ampliar esta faixa de potecircncia

Graacutefico 1ndash Curva de potecircncia de motocicletas do mundial de motocross 125cmsup3 1996

21

12 Objetivos

Os objetivos deste trabalho satildeo construir montar adaptar e talvez a parte

mais complexa calibrar um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel em um

motor de ciclo dois tempos Natildeo existem muitas informaccedilotildees a respeito de

calibraccedilatildeo eletrocircnica para motores em geral muito menos para motores dois

tempos o que torna esse acerto um tanto quanto difiacutecil

Como descrito anteriormente a motivaccedilatildeo vecircm da capacidade de tentar

incrementar potecircncia em um motor de pouca massa e isso eacute o essencial para

regimes de performance em competiccedilotildees de karts naacuteuticas e de motocicletas

A busca seraacute por uma calibraccedilatildeo final que alargue a faixa de potecircncia do motor

ou seja melhorando suas caracteriacutesticas de funcionamento utilizando um

sistema de gerenciamento eletrocircnico com alguns sensores que seja confiaacutevel e

que permita a sua utilizaccedilatildeo em quaisquer condiccedilotildees climaacuteticas e ambientais

tais como umidade temperatura e pressatildeo atmosfeacuterica

13 Contribuiccedilotildees Esperadas

As contribuiccedilotildees estatildeo relacionadas com os objetivos descritos na

subseccedilatildeo 12 e satildeo elas

a) Promover uma anaacutelise de forma ampla sobre os aspectos positivos e

negativos dos motores que utilizam o ciclo de dois tempos

b) Renovar alguns dados encontrados na literatura teacutecnica a respeito dos

motores dois tempos que na maioria dos livros sobre motores de

combustatildeo interna satildeo dados advindos do estudo de motores anteriores

a deacutecada de 1950 ou seja informaccedilotildees que merecem atualizaccedilatildeo

c) Expor os aspectos positivos do uso da eletrocircnica e programaccedilatildeo no

gerenciamento de motores

d) Possibilitar a adaptaccedilatildeo de uma tecnologia moderna e aberta (open

source) em antigos motores de combustatildeo interna que originalmente

possuiacuteam alimentaccedilatildeo de combustiacutevel mecacircnica e sistema de igniccedilatildeo

simplificado

e) Mostrar as possiacuteveis e esperadas dificuldades de se calibrar o sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos

22

14 Organizaccedilatildeo do Trabalho

Este trabalho abordaraacute a inserccedilatildeo de um sistema de gerenciamento

eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos sendo assim o assunto eacute abordado

em trecircs fases

Fase Inicial Aborda todo o conceito de funcionamento mecacircnico do motor

de ciclo dois tempos princiacutepios caracteriacutesticas de construccedilatildeo soluccedilotildees

adotadas ao longo da histoacuteria principais aplicaccedilotildees Esta parte tambeacutem tem por

objetivo ampliar o entendimento deste tipo de motor que eacute pouco esclarecido

em literaturas teacutecnicas e quando apresentado em livros utiliza o princiacutepio de

funcionamento correto poreacutem demonstra exemplos de motores antigos sem

muitas soluccedilotildees eficientes

Fase Intermediaacuteria Aborda todas as soluccedilotildees eleacutetricas e eletrocircnicas que

seratildeo utilizadas para o desenvolvimento do protoacutetipo histoacuterico de aplicaccedilotildees em

motores dois tempos processo de escolha montagem de componentes e

sensores anaacutelise de funcionamento e dificuldades enfrentadas

Fase Final Mostra os processos necessaacuterios para fazer a calibraccedilatildeo de

um motor de combustatildeo interna utilizando gerenciamento eletrocircnico aplicaccedilatildeo

em motores dois tempos quais as dificuldades e resultados obtidos

23

2 Fundamentaccedilatildeo

Os motores de ciclo dois tempos possuem o conceito mecacircnico da

termodinacircmica para seu funcionamento onde eacute admitido uma mistura de ar e

combustiacutevel pelo orifiacutecio de admissatildeo Posteriormente essa mistura sofre uma

melhor homogeneizaccedilatildeo no caacuterter junto ao eixo de manivelas onde tambeacutem eacute

comprimido e transferido para a cabeccedila do pistatildeo pelos orifiacutecios de transferecircncia

apoacutes a transferecircncia o pistatildeo inicia o ciclo de subida sentido PMS onde comprime

a mistura ar combustiacutevel e sofre combustatildeo por meio de uma centelha

Nos motores de ciclo dois tempos os pistotildees assim como nos motores

com ciclo quatro tempos possuem movimento alternativo em relaccedilatildeo ao cilindro

poreacutem a lubrificaccedilatildeo dos cilindros eacute feita por meio de oacuteleo misturado com o

combustiacutevel podendo ser forccedilado por uma bomba de lubrificaccedilatildeo que injeta o

oacuteleo no orifiacutecio de admissatildeo ou mesmo por uma mistura oacuteleocombustiacutevel que

pode ser previamente feita Esse sistema simplifica todo o funcionamento deste

tipo de motor poreacutem tambeacutem traz consigo suas deficiecircncias intriacutensecas desse

processo de combustatildeo

Segundo o Manual de Tecnologia Automotiva Bosch (2005) os motores

dois tempos possuem as vantagens e desvantagens que vemos a seguir

Quadro 1 ndash Comparativo entre vantagens e desvantagens dos motores dois tempos em relaccedilatildeo aos motores de quatro tempos

Vantagens Desvantagens

Design Simples do Motor Maior Consumo de Combustiacutevel

Baixo Peso Altas Emissotildees de

Hidrocarbonetos

Baixo Custo de Fabricaccedilatildeo Pressatildeo Efetiva Meacutedia mais

Baixa

Padratildeo Melhor de Forccedila de

Torccedilatildeo

Cargas Teacutermicas mais Altas

Marcha Lenta mais deficiente

(Bosch 2005)

24

O desenvolvimento deste trabalho natildeo busca fazer um comparativo entre

os diversos ciclos de funcionamento dos motores de combustatildeo interna

existentes apesar de que em determinados toacutepicos essa comparaccedilatildeo seja

inevitaacutevel Apoacutes a anaacutelise deste trabalho seraacute possiacutevel tirar as proacuteprias

conclusotildees a respeito do funcionamento de motores dois tempos visto que a

maioria das literaturas a respeito dos motores dois tempos natildeo satildeo especiacuteficas

nem tampouco profundas a respeito do tema

21 Objetivos do Capiacutetulo

As seccedilotildees a seguir apresentam o princiacutepio de funcionamento dos motores

de ciclo dois tempos O capiacutetulo iraacute abordar e analisar as fases de funcionamento

e alguns componentes mecacircnicos deste tipo de motor e os resultados de

possiacuteveis modificaccedilotildees em seus componentes

22 Priacutencipios de Funcionamento dos Motores Dois Tempos

Diferentemente dos motores de ciclo otto a 4 tempos que necessitam a

rotaccedilatildeo de 720deg do eixo aacutervore de manivelas os motores de ciclo dois tempos

necessitam apenas de 360deg do eixo aacutervore de manivelas para executar as quatro

operaccedilotildees baacutesicas de funcionamento de um motor de combustatildeo interna

- Admissatildeo

- Compressatildeo

- Combustatildeo

- Exaustatildeo

25

Apesar das operaccedilotildees e princiacutepio de funcionamento dos motores dois tempos

serem parecidas com as do ciclo otto a concepccedilatildeo e construccedilatildeo do motor eacute

totalmente diferente Os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como

existem nos motores de ciclo otto pelo menos natildeo no sistema mais baacutesico de

funcionamento desses motores (conforme Figura 1)

Figura 1 - Fases do motor de ciclo dois tempos

Editado pelo Autor Fonte httpswwwshutterstockcom

No sistema baacutesico de funcionamento de um motor dois tempos o cilindro possui

aberturas chamadas janelas elas satildeo como portas para entrada e saiacuteda da

mistura arcombustiacutevel

A mistura arcombustiacutevel apoacutes ser succionada atraveacutes do carburador entra

atraveacutes da chamada janela de admissatildeo no cilindro (conforme Figura 2) e chega

primeiramente no caacuterter do motor alguns motores normalmente os de

competiccedilatildeo ou maior performance possuem a entrada de arcombustiacutevel

diretamente no caacuterter (conforme Figura 3) natildeo necessitando entrar no cilindro e

ir para o caacuterter poreacutem isto natildeo eacute regra A entrada desse combustiacutevel no caacuterter

tambeacutem eacute utilizada para a lubrificaccedilatildeo dos rolamentos inferiores do motor jaacute que

na maioria dos casos o combustiacutevel e oacuteleo lubrificante satildeo misturados salvo

26

raros casos em que existem pontos de injeccedilatildeo apenas de oacuteleo em determinadas

partes do motor

Editado pelo Autor Fonte httpwwwrichstaylordportingcom

Figura 3 - Sistema com admissatildeo feita diretamente no caacuterter do moto

Editado pelo Autor Fonte httpwwwebaycom

Figura 2 - Sistema de Janelas de Admissatildeo no Cilindro

27

Como dito anteriormente os motores dois tempos em essecircncia natildeo utilizam

vaacutelvulas poreacutem com o desenvolvimento desse tipo de motor foi-se aprimorando

a tecnologia e notou-se a necessidade do uso de vaacutelvulas na admissatildeo visto

que parte da mistura era expelida novamente pela admissatildeo quando havia

compressatildeo no caacuterter anteriormente este papel de vaacutelvula de admissatildeo era feito

pelo proacuteprio pistatildeo que ao passar pela janela de admissatildeo determinava os

intervalos de tempo entre admissatildeo e exaustatildeo Para melhorar a eficiecircncia do

sistema de vaacutelvula feito pelo pistatildeo adotou-se principalmente dois sistemas o

sistema de palhetas (conforme Figura 4) e o sistema de vaacutelvula rotativa

(conforme Figura 5)

Figura 4 - Vaacutelvula de palhetas

Fonte wwwamazoncom

Fonte httpscellcodeus

Figura 5 - Vaacutelvula Rotativa

28

Apoacutes ser recebida no caacuterter a mistura arcombustiacutevel eacute comprimida com a

descida do pistatildeo sentido ao PMI o que gera o aumento de pressatildeo no caacuterter e

faz com que a mistura seja transportada para a parte superior do pistatildeo atraveacutes

das chamadas janelas de transferecircncia (conforme Figura 6) Essas janelas

possuem aberturas na parte inferior do cilindro junto ao caacuterter do motor que eacute

por onde passa esta mistura arcombustiacutevel essas aberturas ligam dutos de

transferecircncia ateacute uma abertura na camisa do cilindro jaacute na parte superior do

pistatildeo (conforme Figura 6) Com a mistura jaacute na parte superior do pistatildeo ela eacute

comprimida e por fim queimada e os gases resultantes da queima satildeo expulsos

pela janela de exaustatildeo (conforme Figura 6)

Editado pelo Autor Fonte wwwpatentimagescom

Figura 6 ndash Comportamento da entrada da mistura arcombustiacutevel rumo ao caacuterter do motor passando pela vaacutelvula de palhetas

29

23 Admissatildeo

O processo de admissatildeo inicia-se com a subida do pistatildeo sentido PMS

isso cria uma pequena depressatildeo no caacuterter do motor poreacutem suficiente para

arrastar a mistura arcombustiacutevellubrificante advinda do sistema de alimentaccedilatildeo

usualmente carburadores Essa mistura passa por vaacutelvulas que controlam a

entrada de mistura fresca no motor Na maioria dos motores atuais utilizam-se

vaacutelvulas de palhetas elas tambeacutem tecircm a funccedilatildeo de impedir que a mistura retorne

para o coletor de admissatildeo quando haacute a movimentaccedilatildeo do pistatildeo sentido PMI

(conforme Figura 7) Os primeiros motores de Joseph Day jaacute haviam adotado

uma soluccedilatildeo de vaacutelvulas de palhetas poreacutem esse sistema foi esquecido por

muitos anos e novamente adotados para motores de motocicletas de competiccedilatildeo

em meados dos anos 70 Notemos que a mistura no caacuterter do motor aleacutem de ar

e combustiacutevel tambeacutem possui lubrificante que nesse momento faz a lubrificaccedilatildeo

das peccedilas moacuteveis na parte inferior do motor Nas figuras seguintes podemos

notar como se comporta a entrada da mistura arcombustiacutevel para o caacuterter do

motor e tambeacutem o funcionamento das vaacutelvulas de palhetas

Editado pelo Autor Fonte www1bpblogspotcom

Figura 7- Vaacutelvula de palhetas que se abrem com a depressatildeo no caacuterter do motor permitindo a passagem do fluxo de mistura arcombustiacutevel

30

O principal momento de admissatildeo da mistura arcombustiacutevel para o motor se daacute

com subida do pistatildeo rumo ao PMS no entanto esse natildeo eacute o uacutenico periacuteodo em

que o motor recebe mistura fresca do sistema de alimentaccedilatildeo Quando o pistatildeo

inicia o movimento de descida rumo ao PMI apoacutes a exaustatildeo tambeacutem temos

admissatildeo de mistura arcombustiacutevel fresca A quantidade eacute bem menor e se daacute

pela depressatildeo gerada pelo escape dos gases queimados junto a janela de

exaustatildeo Essa admissatildeo acontece passando por uma janela conhecida

popularmente como ldquoQuinta Luzrdquo ou em inglecircs ldquoBoost Portrdquo (conforme Figura 8)

poreacutem esse curto periacuteodo de admissatildeo tem maior influecircncia no processo de

exaustatildeo dos gases Essa admissatildeo favorece a expulsatildeo dos gases e limpeza

da cacircmara de combustatildeo para iniacutecio de um novo ciclo

Editado pelo Autor Fonte httpswwwpinterestcom

A duraccedilatildeo desse periacuteodo em graus da duraccedilatildeo da admissatildeo na quinta

luz pode ser tido como um dos periacuteodos criacuteticos no que diz respeito e eficiecircncia

do motor dois tempos pois se o periacuteodo tiver uma duraccedilatildeo muito prolongada

pode resultar em excesso de mistura fresca que eacute ldquojogada forardquo para a exaustatildeo

e se for muito curto acaba mantendo gaacutes queimado na cacircmara de combustatildeo o

que gera perda de potecircncia para o motor

Figura 8 - Cilindro com a indicaccedilatildeo (seta) da janela ldquoQuinta Luzrdquo ou ldquoBoost Portrdquo

31

24 Compressatildeo

A compressatildeo no motor dois tempos acontece assim como no motor de quatro

tempos comprimindo o volume total do cilindro em uma pequena aacuterea da cacircmara

de combustatildeo Poreacutem diferentemente do motor quatro tempos o cilindro do

motor dois tempos natildeo eacute totalmente vedado possuindo aberturas que como dito

anteriormente se chamam janelas (conforme Figura 6)

Podem existir vaacuterios formatos de cacircmara de combustatildeo ou popularmente

conhecido como cabeccedilote cada tipo buscando um resultado final diferente

(conforme Figuras 910 e 11)

Como os cabeccedilotes de motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas satildeo

praticamente um material usinado ou fundido contemplando um formato final E

esse formato nos motores dois tempos influencia muito na performance do

motor

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Figura 9 - Exemplo de uma cacircmara de combustatildeo de um motor dois tempos pouco utilizado atualmente com vela deslocada do centro

32

Os cabeccedilotes dos motores dois tempos possuem formatos que privilegiam

determinadas faixas de rotaccedilatildeo ou comportamento do motor com relaccedilatildeo a

torque Os chamados ldquoSquishrdquo satildeo um formato que impotildeem uma alta velocidade

agrave mistura em direccedilatildeo a vela de igniccedilatildeo e produz melhora no comportamento da

queima (conforme Figura 10)

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

O ldquoSquishrdquo eacute composto por algumas medidas que satildeo

Banda do Squish eacute a largura da faixa onde se concentra o squish e contorna

toda a circunferecircncia do cabeccedilote podendo ser mais larga ou estreita

dependendo do regime de funcionamento do motor

Acircngulo do Squish eacute o acircngulo feito na banda de squish podendo acompanhar

ou natildeo o acircngulo existente na cabeccedila do pistatildeo natildeo eacute usual mas podem existir

cabeccedilotes cujos acircngulos de squish sejam retos assim como a cabeccedila dos

pistotildees nesses motores

Figura 10 - cabeccedilote com banda de ldquoSquishrdquo eacute o modelo mais utilizado variando formatos e medidas de acordo com a proposta do projeto

33

Folga do Squish essa folga eacute a folga do topo da cabeccedila do pistatildeo quando

em PMS ateacute o ponto fiacutesico mais proacuteximo da banda de squish

Segundo Bell (1999) os cabeccedilotes que contemplam ldquoSquishrdquo vieram a

promover melhorias significantes na performance dos motores dois tempos

Esse tipo de cabeccedilote promove melhor homogeneizaccedilatildeo da mistura

arcombustiacutevel e tambeacutem de qualquer porccedilatildeo de gases de escapamento

residuais presentes na cacircmara Esse formato tambeacutem evita que a propagaccedilatildeo

de chama para as laterais do cilindro promovam o aquecimento do mesmo fator

que pode dar iniacutecio a um ciclo de detonaccedilatildeo que eacute muito prejudicial para o

funcionamento do motor

Fonte httpwwwcmraracingcom

Figura 11 - Cabeccedilotes Honda RS125 de competiccedilatildeo com ldquoSquishrdquo

34

Um outro fator que gera uma certa confusatildeo em motores dois tempos eacute a

mediccedilatildeo da taxa de compressatildeo A compressatildeo efetiva do volume do cilindro

ocorre apenas quando os aneacuteis de segmento do pistatildeo passam pela uacuteltima

abertura sentido PMS sendo que a uacuteltima abertura em motores dois tempos satildeo

as janelas de exaustatildeo

O que pode se notar usualmente eacute que fabricantes europeus utilizam a

mesma maneira de se calcular taxa de compressatildeo de motores quatro tempos

em motores de ciclo dois tempos

onde

RC Relaccedilatildeo de Compressatildeo

VC Volume do Cilindro (cmsup3)

VCC Volume da Cacircmara de Combustatildeo (cmsup3)

Enquanto fabricantes japoneses utilizam uma maneira especiacutefica de medir

a taxa compressatildeo para motores dois tempos avaliando o volume total de

compressatildeo efetiva somente apoacutes a passagem dos aneacuteis de segmento pela

janela de escapamento fazendo sua vedaccedilatildeo Nesse caso o volume total do

cilindro natildeo entra na conta o que se utiliza eacute a altura da janela de exaustatildeo como

referecircncia para o volume total a ser comprimido

Pode-se assim calcular o Volume a ser Comprimido

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

onde

VAC Volume a ser comprimido (cmsup3)

120645 Constante

r Raio do cilindro (mm)

h distacircncia percorrida pelo pistatildeo do momento de fechamento da janela

de exaustatildeo ateacute a chegada em PMS (mm)

VAC = 120645 lowast 119955120784 lowast 119945

RC = VC+VCC

VCC

1-Caacutelculo da Taxa de

Compressatildeo

2 - Volume a ser comprimido

(fabricantes japoneses)

35

Quando pesquisa-se em fichas teacutecnicas sobre motores dois tempos tais

literaturas podem gerar uma confusatildeo de entendimento pois pode-se entender

que motores europeus utilizam taxa de compressatildeo muito maior que os motores

japoneses e isto natildeo eacute verdade apenas utilizam meacutetodos de mediccedilatildeo diferentes

25 Combustatildeo

O processo de combustatildeo em motores dois tempos eacute muito semelhante ao

dos motores de quatro tempos mas com uma diferenccedila essencial ao

entendimento deste tipo de motores Nos motores de ciclo de quatro tempos

acontece a centelha na vela de igniccedilatildeo a cada 720deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore

de manivelas enquanto no motor de ciclo dois tempos a centelha ocorre a cada

360deg de rotaccedilatildeo do eixo aacutervore de manivelas ou seja a cada subida do pistatildeo

sentido PMS ocorre uma combustatildeo

Segundo Najafabadi Aziz Adams e Leman (2013) existem alguns efeitos

gerados no processo de combustatildeo advindos do ciclo anterior devido a gases

residuais que se mantiveram na cacircmara de combustatildeo Este fenocircmeno afeta a

combustatildeo podendo ocorrer avanccedilo ou atraso do tempo de igniccedilatildeo devido a

temperatura desses gases Ainda a pressatildeo no interior do cilindro que veio do

ciclo anterior afeta o fluxo de transiccedilatildeo do motor podendo a quantidade de gases

residuais ser diferente (conforme Graacutefico 2)

Fonte Najafabadi et al 2013

Graacutefico 2 - Graacutefico de pressatildeo x temperatura em um motor de ciclo dois tempos com rotaccedilatildeo em 6000 RPM

36

251 Igniccedilatildeo

Este mecanismo eacute importante para que o processo de combustatildeo seja

equilibrado bem executado e responda com um bom funcionamento do motor

Existem diversos sistemas de igniccedilatildeo disponiacuteveis para motores dois tempos

desde os mais simplificados (conforme Figura 12) ateacute sistemas programaacuteveis

onde pode-se determinar a curva de avanccedilo desejada por meio de programaccedilatildeo

do dispositivo via software (conforme Figura 13) poreacutem para entendimento do

funcionamento o esquema eleacutetrico do sistema de igniccedilatildeo por platinado possui

faacutecil entendimento este sistema foi utilizado por muitos anos e o uacutenico motivo de

cair em desuso era a necessidade de regulagem constante devido ao desgaste

mecacircnico do contato eleacutetrico

Fonte Bell 1999

Figura 12 - Esquema eleacutetrico de um sistema de igniccedilatildeo convencional por meio de platinado

37

Fonte httpwwwpvl-zuendungende

26 Exaustatildeo

Este eacute com certeza o processo mais importante dentre todos os processos no

motor dois tempos a janela de exaustatildeo eacute a aacuterea do motor que se sofrer uma

alteraccedilatildeo de alguns deacutecimos de miliacutemetros pode mudar completamente o

comportamento do motor

Como jaacute discorremos os motores dois tempos natildeo possuem vaacutelvulas como os

motores quatro tempos pelo menos natildeo nos mesmos moldes ou entatildeo vaacutelvulas

que vedem completamente a passagem dos gases Em um motor de quatro

tempos o comando de vaacutelvulas determina qual eacute momento de abertura das

vaacutelvulas a ordem o levante etc No motor dois tempos essa funccedilatildeo de duraccedilatildeo

da admissatildeo e exaustatildeo eacute composta pela diagramaccedilatildeo das janelas do cilindro

(conforme Figura 14) e satildeo fixas natildeo existe um comando de vaacutelvulas rotativo

ou qualquer dispositivo semelhante dentre essa diagramaccedilatildeo a duraccedilatildeo mais

importante e que determina o desempenho do motor e como ele se comportaraacute

eacute a da janela de exaustatildeo

Figura 13 - Sistema digital programaacutevel especiacutefico para uso em karts

38

Segundo Bell (1999) o processo de modificaccedilatildeo da janela de exaustatildeo eacute talvez

um dos mais criacuteticos dentro dos motores dois tempos (conforme Figuras 14 e

15) pocircde-se notar que as diagramaccedilotildees possuem desenhos diferentes de

janelas de exaustatildeo o primeiro modelo da Yamaha TZ250 (conforme Figura 14)

eacute de janela uacutenica pois a dimensotildees que foram determinadas para o tamanho e

duraccedilatildeo da janela dado o diacircmetro do cilindro permitiram que isso fosse feito Jaacute

no segundo diagrama da Suzuki PE175 podemos notar que a janela de exaustatildeo

eacute bi partida (conforme Figura 15) isso acontece por que por projeto foi

determinado um tamanho de janela de exaustatildeo demasiadamente grande para

o diacircmetro desse cilindro natildeo eacute regra mas usualmente a largura de uma janela

de exaustatildeo pode ter no maacuteximo 70 do diacircmetro do cilindro isso acontece para

que os aneacuteis de segmento natildeo tendam a entrar no duto de exaustatildeo quando por

laacute passarem por isso a soluccedilatildeo adotada na Suzuki PE175 de adicionar mais

uma divisatildeo na janela permite ter uma janela de exaustatildeo mais larga sem

comprometer a durabilidade do motor

Por ser uma medida fiacutesica e determinante para o funcionamento do motor dois

tempos a janela de exaustatildeo sempre foi um ponto criacutetico no projeto desses

motores pois se o projeto determinava uma medida para a janela de exaustatildeo a

performance do motor era inerente a esta medida Motores que foram

desenvolvidos ateacute o final da deacutecada de 1970 natildeo conseguiam melhorar suas

caracteriacutesticas em todas as faixas de funcionamento Por exemplo se o projeto

da janela de exaustatildeo era feito para funcionar bem em baixas rotaccedilotildees isso

caracterizava aquele motor e nada podia ser feito para ser melhorado sem que

isso comprometesse outras faixas de rotaccedilatildeo

Motocicletas e karts de competiccedilatildeo que eram projetados para funcionar bem

em altas rotaccedilotildees tinham todo o torque em baixa muito comprometido se vermos

corridas de motocicletas da deacutecada de 1970 e iniacutecio dos anos de 1980 podemos

ver pilotos que largavam praticamente empurrando a motocicleta ateacute que ela

embalasse e chegasse a uma rotaccedilatildeo onde o motor pudesse andar sozinho

39

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Figura 14 - Diagrama TZ250 modelos - DEF

Figura 15 - Diagrama Suzuki PE175 janela de exaustatildeo bi partida

40

No iniacutecio dos anos de 1980 a Yamaha criou uma soluccedilatildeo para melhorar o

desempenho dos motores dois tempos em todas as faixas de rotaccedilatildeo eacute um

sistema com uma vaacutelvula mecacircnica que variava as dimensotildees da janela de

exaustatildeo durante o funcionamento do motor esse sistema eacute chamado YPVS

(Yamaha Power Valve System) (conforme Figura 16) foi um sistema que permitiu

a Yamaha ganhar diversas competiccedilotildees on e off road ateacute que seus concorrentes

pudessem desenvolver sistemas semelhantes

Editado pelo Autor Fonte Bell 1999

Inicialmente esse sistema era totalmente mecacircnico e era tocado por uma

bomba centriacutefuga ligada ao eixo arvore do motor posteriormente em

motocicletas de rua foi adotado o mesmo princiacutepio poreacutem foi utilizado um sistema

eletrocircnico com um servo motor Outros fabricantes desenvolveram sistemas

semelhantes ao longo do tempo e adotaram as mais diversas soluccedilotildees Um outro

sistema bastante popular foi o sistema pneumaacutetico (conforme Figura 17) que

era composto por uma vaacutelvula do tipo guilhotina e uma membrana na janela de

exaustatildeo a vaacutelvula se mantinha fechada em baixas rotaccedilotildees melhorando o

torque naquele momento e a membrana era calibrada para que em um certo

momento quando certa quantidade de gases de escape estivessem sendo

produzidos a membrana empurrava a vaacutelvula para traacutes aumentando as

dimensotildees da janela de exaustatildeo melhorando o torque em altas rotaccedilotildees

Figura 16 - YPVS Yamaha Powervalve System

41

Fonte httpwww bikemanperformancecom

261 Escapamento

Ainda na fase de exaustatildeo o escapamento eacute o acessoacuterio mais importante

para o bom funcionamento dos motores dois tempos e necessita cuidados

especiais em seu desenvolvimento Eacute intriacutenseco do funcionamento e da forma

construtiva do motor dois tempos o fato de que ele acaba por jogar mistura

fresca para o escapamento e isso causa perda de performance Assim o

escapamento promove ondas de ressonacircncia que causam o retorno de parte

dessa mistura fresca novamente para dentro do cilindro

Este sistema determina muito das caracteriacutesticas importantes de

funcionamento desse tipo de motor Satildeo peccedilas complexas de serem construiacutedas

e produzem um som caracteriacutesticos de ldquoring-dingrdquo a este tipo de motor

Figura 17 - Vaacutelvulas pneumaacuteticas utilizadas em motores dois tempos

42

Para um bom projeto de escapamento satildeo necessaacuterios diversos caacutelculos

para que se obtenha as dimensotildees ideais Posteriormente outro desafio eacute aplicar

as dimensotildees calculadas ao projeto do veiacuteculo o que produz verdadeiras

esculturas mecacircnicas (conforme Figura 18)

Caacutelculo para determinaccedilatildeo do comprimento ideal do escapamento

Onde

LE = Comprimento do escapamento (mm)

DE = Duraccedilatildeo da janela de exaustatildeo em graus (deg)

RPM = Rotaccedilatildeo para melhor funcionamento do motor (1min)

42545 = Constante que leva em conta que a onda socircnica sempre viaja na

velocidade do som no ar

Fonte Bell 1999

O trecho do escapamento que sai do cilindro do motor eacute chamado em inglecircs

ldquoHeaderrdquo esse trecho usualmente eacute cocircnico e utiliza acircngulos entre 115deg e 15deg

Entretanto ao longo da histoacuteria os fabricantes testaram acircngulos variando entre

08deg ateacute 23deg de conicidade para determinadas aplicaccedilotildees

Figura 18 ndash Dimensotildees de um escapamento de motores dois tempos

LE = DE x 42545

RPM

3 - Caacutelculo do comprimento ideal do escapamento

43

As dimensotildees do Header podem ser determinadas da seguinte maneira Para

o comprimento pode-se utilizar o fator de multiplicaccedilatildeo (conforme Quadro 2)

Quadro 2 - Fator de Multiplicaccedilatildeo para o ldquoHeaderrdquo

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 85 ndash 95 10 -11

100 ndash 125 78 ndash 85 78 ndash 85

175 ndash 250 73 ndash 83 9 -10

350 - 500 73 ndash 83 85 ndash 95

Fonte Bell 1999

Jaacute com o fator de correccedilatildeo apropriado multiplicamos esse valor pelo diacircmetro

da janela de exaustatildeo e esse eacute o comprimento ideal do Header

O diacircmetro maior do Header pode ser calculado pela seguinte expressatildeo

Onde

D2 = eacute o diacircmetro maior do Header para uniatildeo com o Difusor (mm)

CH = eacute o Comprimento do Header (mm)

D1 = eacute o diacircmetro inicial do Header determinado pelo diacircmetro da janela de

exaustatildeo (mm)

Cotg H = eacute a cotangente do acircngulo do Header usualmente entre 115 e 15deg

O segundo trecho do escapamento chamado Difusor pode ser calculado da

seguinte maneira O diacircmetro inicial eacute o mesmo diacircmetro D2 do Header o

comprimento do Difusor eacute usualmente calculado utilizando 25 vezes o diacircmetro

da janela de exaustatildeo poreacutem pode-se usar de 22 a 29 vezes o diacircmetro da

janela de exaustatildeo dependendo do projeto tendo em mente que quanto menor

o comprimento melhor o rendimento em altas rotaccedilotildees e quanto maior o

comprimento melhor as respostas do motor em baixas rotaccedilotildees Ao final o que

D2 = CH x 2 + D1

cotg H

4 ndash Dimensotildees do Escapamento Header

44

iraacute determinar o comprimento eacute a proposta do motor O acircngulo de conicidade do

Difusor varia normalmente entre 3deg e 7deg com diferentes reaccedilotildees ao rendimento

do motor (conforme Quadro 3) modificando a duraccedilatildeo e os efeitos da onda de

ressonacircncia (conforme Graacutefico 3)

Quadro 3 - Determinaccedilatildeo do acircngulo do Difusor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 ndash 80 65 a 7deg 3 a 35deg

100 ndash 125 65 a 75deg 4 a 48deg

175 65 a 75deg 35 a 45deg

250 7 a 75deg 4 a 45deg

350 ndash 500 4 a 5deg

Fonte Bell 1999

Fonte Bell 1999

Graacutefico 3 ndash Efeito do acircngulo do Difusor na intensidade e duraccedilatildeo da onda de retorno

45

O segundo diacircmetro o diacircmetro maior do Difusor pode ser calculado

utilizando a seguinte expressatildeo

Onde

CD = Comprimento do Difusor D3 = Diacircmetro maior do Difusor D2 = Diacircmetro menor do Difusor cotg D = Cotangente do acircngulo de conicidade que foi determinado para o Difusor

Existe uma seccedilatildeo paralela que liga o diacircmetro maior do difusor ao uacuteltimo

cone esse trecho eacute popularmente chamado de Bojo (conforme Figura 18) poreacutem

natildeo se pode calcular o comprimento dela sem antes calcular as dimensotildees do

cone final que eacute chamado de ldquoBafflerdquo ou defletor (conforme Quadro 4) Essa

seccedilatildeo por sua vez determina a duraccedilatildeo e a intensidade das ondas de

ressonacircncia que iraacute manter o cilindro cheio de maneira eficiente Segundo Bell

(1999) um defletor com um cone curto e acircngulo muito abrupto iraacute permitir um

ganho de potecircncia maacutexima ao custo de sacrificar as baixas e meacutedias rotaccedilotildees

(conforme Graacutefico 4)

Quadro 4 - Acircngulos usuais para o defletor

Volume do Cilindro (cmsup3) Motovelocidade Motocross e Enduro

50 -80 105 a 12deg 85 a 95deg

100 105 a 12deg 9 a 10deg

125 95 a 12deg 85 a 10deg

175 10 a 12deg 8 a 10deg

250 10 a 12deg 75 a 10deg

350 - 500 9 a 11deg

Fonte Bell 1999

CD = D3 ndash D2 x cotg D

2

5 ndash Dimensotildees do Escapamento Difusor

46

Fonte Bell 1999

Para se calcular o comprimento do cone utilizamos a expressatildeo

CTD = (D32) x Cotg D

Onde

CTD Comprimento total do cone do defletor

D3 Diacircmetro maior do defletor ou seja o mesmo diacircmetro que o diacircmetro maior

do difusor

cotg D Cotangente do acircngulo escolhido para o defletor

Graacutefico 4 ndash Efeito do acircngulo do Defletor

6 - Dimensotildees do Escapamento Defletor

47

Agora com todos esses valores calculados podemos calcular o

comprimento da parte central do escapamento o chamado bojo Para isso

utilizamos a seguinte expressatildeo

Onde

CB Comprimento do Bojo

L Comprimento total do escapamento ateacute o meio da seccedilatildeo do defletor

CH Comprimento do Header

CD Comprimento do Difusor

CDE Comprimento total do Defletor

Por fim ainda necessitamos saber as dimensotildees do ldquoStingerrdquo ou ponteira

que segundo Graham Bell apoacutes vaacuterias experimentaccedilotildees chegou a alguns

valores que resultaram em boas respostas do motor (conforme Quadro 5)

Quadro 5 - Comprimento da ponteira

Volume do cilindro (cmsup3) Comprimento (mm) Diacircmetro Interno (mm)

50 - 80 205 ndash 230 17 -19

100 230 ndash 250 19 - 21

125 265 ndash 290 22 -24

175 270 - 295 25 ndash 27

250 280 ndash 305 26 ndash 28

350 -500 285 - 310 27 ndash 29

Fonte Bell 1999

CB = L ndash (CH+CD+(CDE2)) 7 - Dimensotildees do Escapamento Bojo

48

27 Gerenciamento Eletrocircnico de Motores de Combustatildeo Interna

Em seu funcionamento os motores de combustatildeo interna

independentemente do tipo de ciclo necessitam de um gerenciamento da

admissatildeo de uma mistura carburante para o interior dos cilindros para que possa

haver a combustatildeo da mesma Anteriormente essa admissatildeo se dava por um

processo puramente mecacircnico com a utilizaccedilatildeo de carburadores que eram

sistemas mecacircnicos sofisticados que proporcionavam a atomizaccedilatildeo do

combustiacutevel com o ar atmosfeacuterico para a formaccedilatildeo da mistura carburante

(conforme Figura 19)

Fonte httpwwwthunderproductscom

Poreacutem este sistema possuiacutea algumas deficiecircncias pois necessitava de

constante regulagem e qualquer mudanccedila de condiccedilatildeo climaacutetica de temperatura

pressatildeo ou umidade fazia com que o carburador saiacutesse de sua faixa de trabalho

gerando um mal funcionamento do motor e por vezes ateacute mesmo sua quebra

Parte muito importante tambeacutem do funcionamento dos motores de

combustatildeo interna satildeo os sistemas de igniccedilatildeo que anteriormente eram sistema

independentes do sistema de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel poreacutem atualmente

pertencem ao mesmo pacote de gerenciamento do motor Estes sistemas de

Figura 19 ndash Carburador Formaccedilatildeo de mistura carburante

49

igniccedilatildeo eram normalmente sistemas eletromecacircnicos podendo ser sistemas

simples com ponto de igniccedilatildeo fixo ou sistemas mais elaborados com a presenccedila

de circuitos eletrocircnicos para fazer a variaccedilatildeo do ponto de igniccedilatildeo Estes sistemas

possuem alguns componentes baacutesicos

Distribuidor (no caso de haver mais de um cilindro) bobina de igniccedilatildeo

(para gerar alta tensatildeo) cabos de igniccedilatildeo e velas de igniccedilatildeo Este eacute o esquema

mais baacutesico de funcionamento dos sistemas de igniccedilatildeo podendo haver

variaccedilotildees eleacutetricas mecacircnicas e em alguns casos eletrocircnicas (conforme Figura

20)

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom

Atualmente os sistemas mais modernos de gerenciamento de motores de

combustatildeo interna satildeo quase que puramente eletrocircnicos e contemplam os dois

mundos alimentaccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo em um uacutenico sistema (conforme

Figura 21) Todo o gerenciamento eacute feito com base em leitura de sensores uma

calibraccedilatildeo que prevecirc diversas situaccedilatildeo de uso do motor e atuadores que fazem

o processo fiacutesico de alimentaccedilatildeo de combustiacutevel do motor Estes satildeo sistemas

complexos que se baseiam na condiccedilatildeo imediata de diversos fatores que satildeo

Figura 20 - Esquema eleacutetrico de um sistema baacutesico de igniccedilatildeo

50

interpretados por sensores como por exemplo pressatildeo atmosfeacuterica

temperatura do motor massa de ar admitida etc Estas leituras feitas pelos

sensores satildeo recebidas por um circuito eletrocircnico que conteacutem um processador

onde essas informaccedilotildees satildeo recebidas e com base em dados armazenados em

sua memoacuteria para cada condiccedilatildeo ter-se atuaccedilatildeo eletrocircnica onde eacute feita a injeccedilatildeo

de combustiacutevel pelos injetores e o disparo da centelha de igniccedilatildeo para que haja

a combustatildeo

Fonte httpswwwflaviolucasmmblogspotcom

Figura 21 - Sistema de gerenciamento eletrocircnico geneacuterico veicular e seus perifeacutericos

51

3 Detalhamento do Projeto

Os capiacutetulos anteriores serviram para o embasamento teacutecnico para que

fosse possiacutevel uma melhor compreensatildeo do que se trata o projeto a ser

executado neste trabalho de conclusatildeo de curso Neste ponto iremos tratar

especificamente do projeto de adaptaccedilatildeo de um sistema completo de injeccedilatildeo

eletrocircnica em um motor de ciclo dois tempos Yamaha de 135cmsup3 proveniente

de uma motocicleta Yamaha RD 135 (Conforme Figura 22) e todos os

componentes utilizados para tornar esta adaptaccedilatildeo possiacutevel

Fonte httpsmotos-motorcombr

Figura 22 - Motocicleta Yamaha RD 135

52

31 Dados do Motor

O motor utilizado neste projeto eacute proveniente de uma motocicleta Yamaha

Rd 135cmsup3 que foi fabricado no Brasil de 1988 a 1999 Trata-se de um motor

monociliacutendrico que utiliza o ciclo de trabalho dois tempos refrigerado agrave ar

seguem os dados teacutecnicos

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 58mm x 50mm

Cilindrada 132cmsup3

Taxa de Compressatildeo 682 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Carburador Mikuni VM24 com 24mm de venturi

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo eletrocircnica de descarga capacitiva ou popularmente

CDI (Capacitor Discharge Ignition)

Lubrificaccedilatildeo Oacuteleo dois tempos bombeado atraveacutes de uma bomba chamada

Autolube nos motores Yamaha este oacuteleo eacute proveniente de um reservatoacuterio que

alimenta a bomba que por sua vez transfere o oacuteleo atraveacutes de uma mangueira

diretamente ao coletor de admissatildeo do motor variando a quantidade de oacuteleo de

acordo com a rotaccedilatildeo e abertura do carburador

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Gasolina

Potecircncia 16cv a 9000rpm

Torque 174kgfm a 8500rpm

Para este projeto o motor utilizado jaacute possuiacutea modificaccedilotildees mecacircnicas

para atingir melhores rendimentos que o motor original pois eacute um motor que foi

utilizado em competiccedilotildees de motovelocidade na categoria RD 135 Diversas

peccedilas foram modificadas tais como sistema de alimentaccedilatildeo escapamento

vaacutelvula de palhetas igniccedilatildeo combustiacutevel diagramaccedilatildeo do cilindro e taxa de

compressatildeo O sistema de alimentaccedilatildeo original foi substituiacutedo por um carburador

Mikuni TM 30 (conforme Figura 23) o escapamento foi substituiacutedo por um

escapamento dimensionado construiacutedo artesanalmente o sistema de igniccedilatildeo

53

utilizado foi um Motoplat de ponto fixo (conforme Figura 24) e o combustiacutevel

utilizado foi o etanol que aleacutem de ser o combustiacutevel regulamentado para o

campeonato tambeacutem eacute um combustiacutevel que permite extrair mais potecircncia do

motor pois com esse combustiacutevel eacute possiacutevel fazer modificaccedilotildees mecacircnicas

como taxa de compressatildeo e avanccedilo de igniccedilatildeo que natildeo seriam possiacuteveis

utilizando gasolina como combustiacutevel

Fonte wwwjapanbaikucom

Fonte wwwcustojustopt

Figura 23 - Carburador Mikuni TM 30

Figura 24 - Sistema de Igniccedilatildeo Motoplat de ponto fixo

54

O motor utilizado como base nesse trabalho natildeo eacute um motor original eacute

um motor de competiccedilatildeo e para haver base para comparaccedilatildeo do antes e depois

do processo de inserccedilatildeo do sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica este motor teve sua

potecircncia medida em dinamocircmetro inercial com sua curva de torque e potecircncia

aquisitadas (conforme Figura 25)

Fonte Autor

O motor utilizado passou por uma revisatildeo geral havendo troca de peccedilas

por se tratar de um motor de competiccedilatildeo foi por diversas vezes levado ao

extremo e com a escolha desse motor para o projeto esta revisatildeo se fez

necessaacuteria As imagens a seguir mostram o processo de desmontagem para

verificaccedilatildeo das condiccedilotildees do motor e posterior montagem (Conforme Figuras

262728293031 e 32)

Figura 25 ndash Curva de torque e potecircncia

55

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 27 - Processo de desmontagem ndash Fase 1

Figura 26 - Motor Yamaha 135cmsup3 base para o projeto

56

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 28 - Processo de desmontagem ndash Fase 2

Figura 29 - Processo de pintura

57

Fonte Autor

Fonte Autor

Figura 30 - Processo de montagem - transmissatildeo

Figura 31 - Processo de montagem - roda focircnica adaptada e instalada

58

Fonte Autor

32 Escolha do Sistema de Gerenciamento Eletrocircnico

Para a escolha do sistema de gerenciamento eletrocircnico foi necessaacuteria

grande pesquisa entre as opccedilotildees disponiacuteveis no mercado nacional e

internacional Os sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica disponiacuteveis originalmente em

motocicletas de fabricaccedilatildeo nacional poderiam ter sido uma opccedilatildeo mas foram

logo descartados pois foram concebidos para trabalhar com motores de ciclo

otto o que natildeo eacute o caso e as maneiras de calibraccedilatildeo desses sistemas originais

se tornariam difiacuteceis de conseguir tornando essa escolha inviaacutevel

A busca foi por um sistema ldquostand-alonerdquo auto suficiente e que permitisse

mudanccedila total nos paracircmetros de calibraccedilatildeo normalmente satildeo sistemas

utilizados em competiccedilotildees de automoacuteveis motocicletas caminhotildees etc

Existem sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica ldquostand-alonerdquo muito sofisticados

de fabricantes renomados mundialmente dentro e fora das pistas de corridas

como Magneti Marelli (conforme Figura 33) e Bosch (conforme Figura 34) em

suas divisotildees motorsport

Figura 32 - Instalaccedilatildeo do motor na motocicleta

59

Sistemas desses fabricantes satildeo reconhecidamente confiaacuteveis o problema eacute o

valor de um sistema desses que eacute muito caro e os tornam inviaacuteveis para um

projeto experimental de baixo custo Opccedilotildees nacionais tambeacutem foram cogitadas

como o sistema Fueltech poreacutem ainda possuem um custo alto e suas opccedilotildees de

programaccedilatildeo e flexibilidade do sistema ainda eram limitados para o tipo de ciclo

do motor a ser utilizado

A escolha do sistema apoacutes grande pesquisa foi pelo sistema ldquostand-alonerdquo

Speeduino (conforme Figura 35) um sistema totalmente programaacutevel que utiliza

como microcontrolador um Arduino Mega 2560 esse eacute um sistema do tipo ldquoDIYrdquo

Do It Yourself ou em portuguecircs ldquofaccedila vocecirc mesmordquo Estatildeo disponiacuteveis na

internet os layouts das placas de circuito impresso e o usuaacuterio pode fabricar as

proacuteprias placas ou compraacute-las prontas em determinados sites da internet e sua

lista de componentes para montagem tambeacutem estaacute disponiacutevel na internet e eacute

relativamente faacutecil encontraacute-los O custo de produccedilatildeo de um sistema desse eacute

relativamente baixo comparado com outros sistemas do mesmo segmento e

por utilizar Arduino como controlador sua programaccedilatildeo eacute inteira aberta e pode

ser modificada de acordo com as necessidades do usuaacuterio

Fonte wwwmagnetimarellicom

Fonte wwwellis-componentscouk

Figura 33 - ECU Magneti Marelli Motorsport Figura 34 - ECU Bosch MS 151

60

Fonte Autor

33 Arduino Mega 2560

Arduino eacute uma plataforma para programaccedilatildeo criada na Itaacutelia por Massimo

Banzi David Cuartielles Tom Igoe Gianluca Martino e David Mellis no ano de

2005 para entusiastas e profissionais da programaccedilatildeo e da eletrocircnica

permitindo diversos tipos de projetos para estes seguimentos Trata-se de uma

placa com um microcontrolador Atmel possuindo diversas entradassaiacutedas

analoacutegicas e digitais a quantidade dessas entradas e saiacutedas varia de acordo

com o modelo do Arduino Essas entradassaiacutedas podem ser programadas por

uma interface IDE Arduino via computador utilizando linguagem C

Na praacutetica eacute um microcontrolador programaacutevel como qualquer outro de

outros fabricantes por exemplo PIC (Microchip) ou ARM (Freescale) poreacutem tem

sua utilizaccedilatildeo facilitada por jaacute estar inserido em uma placa que contempla

soquetes para pinagem das entradas e saiacutedas e porta de comunicaccedilatildeo USB

Serial para gravaccedilatildeo da programaccedilatildeo no microcontrolador Diferentemente de

outros microcontroladores que necessitam da confecccedilatildeo de uma placa de

circuito impresso para uso e de um programador serial para gravaccedilatildeo da

programaccedilatildeo (conforme Figura 36)

Figura 35 - Sistema de eletrocircnica programaacutevel Speeduino

61

Fonte httpswwwamazoncom

Quadro 6 - Caracteriacutesticas Teacutecnicas Arduino Mega 2560

Microcontrolador ATmega 2560 (Atmel)

Tensatildeo de Operaccedilatildeo 5V

Tensatildeo de Alimentaccedilatildeo (recomendado) 7-12V

Tensotildees Limites de Operaccedilatildeo 6-20V

Saiacutedas Digitais IO 54 saiacutedas sendo 15 PWM

Entradas Analoacutegicas 16

Corrente da Saiacutedas IO 20mA

Corrente nos Pinos 33V 50mA

Memoacuteria Flash 256Kb

SRAM 8Kb

EEPROM 4Kb

Frequecircncia do Clock 16Mhz

LED_BUILTIN 13

Comprimento da Placa 10152mm

Largura da Placa 5333mm

Peso da Placa Completa 37g

Altura da Placa 12mm

Editado pelo Autor Fonte httpwwwArduinocom

Figura 36 - Arduino Mega 2560

62

34 Speeduino

O sistema Speeduino foi o sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica escolhido para o

projeto Eacute um sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica totalmente programaacutevel criado por

Josh Stuart e utiliza um Arduino Mega 2560 como microcontrolador assim como

outros sistemas de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel possibilita a calibraccedilatildeo por

completo do sistema de injeccedilatildeo e igniccedilatildeo Para tal utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio que permite diversas configuraccedilotildees do

sistema de injeccedilatildeo tais como o meacutetodo de calibraccedilatildeo utilizado configuraccedilatildeo dos

mapas de avanccedilo de igniccedilatildeo e tempo de injeccedilatildeo sistema de malha aberta ou

malha fechada etc

O sistema de injeccedilatildeo eletrocircnica Speeduino eacute um sistema ldquostand-alonerdquo

ou seja trabalha independente de outros sistemas apenas para gerenciar o

motor a combustatildeo interna seja ele de ciclo quatro ou dois tempos Eacute um sistema

difundido pela internet e permite troca de informaccedilotildees entre usuaacuterios que

trabalham em conjunto para desenvolvimento e aperfeiccediloamento do hardware e

do software o layout principal da placa de circuito impresso tambeacutem estaacute

disponiacutevel na internet bem como a lista de componentes necessaacuterios para a

montagem Este sistema requer um miacutenimo de conhecimento de eletrocircnica para

sua construccedilatildeo um miacutenimo de conhecimento em eleacutetricaeletrocircnica automotiva

para a instalaccedilatildeo do sistema no motor e grande conhecimento em programaccedilatildeo

e mecacircnica automobiliacutestica para calibraccedilatildeo do sistema no motor

63

35 Montagem do Sistema Speeduino

A partir do momento onde foi feita a escolha do sistema Speeduino foi

necessaacuterio obter os componentes necessaacuterios para confecccedilatildeo da placa

(conforme Anexo C) O primeiro passo foi a fabricaccedilatildeo da placa de circuito

impresso a partir do layout disponiacutevel (conforme Figura 37)

Fonte wwwSpeeduinocom

Posteriormente foi feita a aquisiccedilatildeo dos componentes necessaacuterios para a

montagem da placa Esses componentes tambeacutem estatildeo disponiacuteveis na internet

em uma planilha eletrocircnica e satildeo encontrados com relativa facilidade no

Figura 37 - Layout da placa de circuito impresso Speeduino

64

mercado com exceccedilatildeo de determinados componentes cuja importaccedilatildeo foi

necessaacuteria poreacutem com baixo custo (conforme Anexo C)

Com todos os componentes necessaacuterios em matildeos foi executada a montagem

do sistema o que necessita uma certa habilidade pois o projeto possui diversos

componentes tipo SMD (conforme Figura 38)

Fonte Autor

Com a placa jaacute montada (conforme Figura 39) antes da montagem de todo o

chicote eleacutetrico para funcionamento do motor iniciaram-se os testes de

funcionamento do sistema Por ser um sistema montado artesanalmente os

testes pareciam ser o passo mais certo a se seguir

Figura 38 - Inicio da montagem da placa

65

Fonte Autor

Eacute importante mostrar que o sistema Speeduino utiliza um software de

calibraccedilatildeo chamado Tuner Studio (conforme Figura 40) eacute um freeware na

versatildeo baacutesica que foi criado para funcionar em conjunto com outro sistema

de injeccedilatildeo eletrocircnica programaacutevel conhecido como Megasquirt e o mesmo

tambeacutem eacute utilizado na calibraccedilatildeo do sistema Speeduino Mais adiante seratildeo

feitas explicaccedilotildees detalhadas das configuraccedilotildees do software

Figura 39 - Sistema Speeduino montagem finalizada

66

Fonte Autor

Jaacute no primeiro teste este apresentou resultados negativos com a

eletrocircnica natildeo respondendo agraves configuraccedilotildees e nem mostrando leituras de

sensores

A soluccedilatildeo deste problema veio depois de procurar muito e fazer diversas

mediccedilotildees analisando os diagramas eleacutetricos (conforme Anexo A) O

problema estava na placa de circuito impresso a trilha do aterramento

(GND) natildeo havia sido impressa ou seja natildeo havia aterramento em nenhum

ponto do sistema A placa havia sido impressa por um terceiro Ao entrar em

contato com o mesmo ele disse que enviaria outra placa poreacutem para agilizar

o processo e natildeo ter que esperar novamente a chegada de componentes

uma uacutenica opccedilatildeo surgiu devido aos prazos a de refazer o aterramento da

placa de forma externa (conforme Figura 41) sem nenhuma pretensatildeo de

que isso desse certo poreacutem era uma alternativa para que todo o processo

de funcionamento do motor fosse agilizado

Figura 40 - Interface de calibraccedilatildeo TunerStudio

67

Fonte Autor

Apoacutes todo o trabalho de refazer as trilhas de aterramento iniciou-se

novamente a fase testes de funcionamento e os resultados foram positivos

O sistema comeccedilou a responder perfeitamente aos testes iniciais

O elemento de maior importacircncia para o funcionamento desse sistema de

gerenciamento eletrocircnico eacute o sensor de rotaccedilatildeo do motor e foi por ele que

se iniciaram os testes Foi adaptada uma roda focircnica a um torno mecacircnico

e tambeacutem o sensor de rotaccedilatildeo do tipo ldquohallrdquo (conforme Figura 42) para

verificar se o conjunto eletrocircnico do sistema estava recebendo os sinais de

rotaccedilatildeo

Figura 41 - Aterramento refeito externamente

68

Fonte Autor

O teste obteve resultados positivos respondendo perfeitamente a rotaccedilatildeo

do torno mecacircnico sendo testado em diversas rotaccedilotildees diferentes com a

interface do software sempre mostrando os valores de rotaccedilatildeo corretos

Entatildeo os testes que se seguiram foram os de atuaccedilatildeo eleacutetrica como injetor

de combustiacutevel e bobina de igniccedilatildeo todos testes feitos a princiacutepio em

bancada (conforme Figura 43)

Figura 42 - Testes do sinal de rotaccedilatildeo em torno mecacircnico

69

Fonte Autor

Apoacutes todos os testes em bancada partiu-se para a montagem do chicote

eleacutetrico para funcionamento do sistema no motor e tambeacutem a adaptaccedilatildeo

mecacircnica de suportes para sensores e a adaptaccedilatildeo da roda focircnica

(conforme Figura 44)

Figura 43 - Testes de atuaccedilatildeo em bancada

70

Fonte Autor

A roda focircnica utilizada eacute proveniente de um motor Volkswagen EA-111

(conforme Figura 45) o sensor de rotaccedilatildeo a ser utilizado pelo sistema de

gerenciamento eletrocircnico Speeduino foi o sensor de efeito hall poderia ser

utilizado o sensor de relutacircncia magneacutetica poreacutem seria necessaacuterio a

confecccedilatildeo de uma eletrocircnica para o condicionamento de sinal

transformando-o para sinal de onda quadrada com amplitude de 5V de

tensatildeo Para evitar a confecccedilatildeo de mais uma eletrocircnica sendo um potencial

ponto fraco do sistema optou-se por utilizar um sensor de rotaccedilatildeo de efeito

hall proveniente dos motores Fiat E-torq 18 (conforme Figura 46) fabricado

pela Continental

Figura 44 - Adaptaccedilatildeo da Roda Focircnica

71

Fonte Autor

Fonte wwwmercadolivrecombr

Figura 45 - Roda Focircnica 60-2 dentes

Figura 46 - Sensor de rotaccedilatildeo efeito hall Fiat E-torq 18 16v

72

36 Funcionamento do Sincronismo Eletrocircnico

Neste projeto o sistema de sincronismo eletrocircnico possui dois

componentes apenas satildeo eles a roda focircnica e o sensor de rotaccedilatildeo ambos

adaptados ao projeto e advindos de carros

O sistema de sincronismo eletrocircnico consiste em transformar o

sincronismo mecacircnico do motor em sinais de onda quadrada (conforme Figura

47) que possam ser interpretados pelo sistema de gerenciamento eletrocircnico

proporcionando a injeccedilatildeo de combustiacutevel e disparo da centelha no momento

exato que fora previamente calibrado

Fonte Autor

O sistema consiste de uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes ou seja

satildeo 58 dentes e ausecircncia de 2 dentes Foi adaptada uma roda focircnica do motor

Volkswagen EA-111 poreacutem apoacutes alguns problemas de captaccedilatildeo do sinal esta

foi alterada por uma roda focircnica utilizada em motores Volkswagen AP quando

convertidos a injeccedilatildeo eletrocircnica (conforme Figura 48) essa roda mostrou melhor

resoluccedilatildeo do sinal Hall com menos ruiacutedos no sinal

Figura 47 - Sinal de rotaccedilatildeo proveniente do sensor de efeito Hall

73

Fonte Autor

Apoacutes vaacuterios testes esta foi a combinaccedilatildeo que melhor funcionou no motor

a roda focircnica aliada ao sensor de rotaccedilatildeo permite a sincronizaccedilatildeo mecacircnica do

motor em relaccedilatildeo ao sistema de gerenciamento eletrocircnico do motor A calibraccedilatildeo

eacute feita da seguinte maneira junto ao software de calibraccedilatildeo do sistema de

injeccedilatildeo eletrocircnica eacute dada a referecircncia em graus da posiccedilatildeo fiacutesica da roda focircnica

em relaccedilatildeo ao motor O primeiro passo eacute colocar o motor em PMS e ver onde se

situa a falha dos dois dentes da roda focircnica a partir disso contar quantos dentes

se tem ateacute o dente que coincide com o sensor de rotaccedilatildeo (conforme Figura 49)

Figura 48 - Roda Focircnica

74

Fonte Autor

Como eacute utilizada uma roda focircnica com 60 menos 2 dentes cada dente

equivale a 6deggraus de resoluccedilatildeo sendo 3deg do bordo de subida e 3deg do bordo de

descida no caso do projeto o sensor coincide com o 37deg dente a partir da falha

e isso equivale a 228deggraus a partir da falha Todo o sincronismo do motor eacute feito

baseado nessa referecircncia sendo este valor colocado como referecircncia no

software de gerenciamento eletrocircnico (conforme Figura 50)

Figura 49 - Referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

75

Fonte Autor

A partir deste momento todo o sincronismo do motor estaacute baseado nestes

dados e quando o motor estiver em PMS o sistema eletrocircnico saberaacute disso pois

o sensor de rotaccedilatildeo estaraacute alinhado com o 37deg dente que eacute a referecircncia para o

sistema

Figura 50 - Calibraccedilatildeo da referecircncia do sensor de rotaccedilatildeo

76

37 Corpo de Borboleta

O corpo de borboletas utilizado (conforme Figura 51) eacute proveniente das

motocicletas Honda CB300 e XRE300 possui 35mm de venturi e eacute fabricado

pela empresa japonesa Keihin famosa pela fabricaccedilatildeo de carburadores de

motocicletas tambeacutem possui uma unidade de sensores integrados Foi utilizado

por ser um componente de faacutecil aquisiccedilatildeo no mercado brasileiro o que permite

faacutecil manutenccedilatildeo quando necessaacuterio e seu formato fiacutesico permite a utilizaccedilatildeo de

uma grande gama de injetores diferentes quando isso se faz necessaacuterio

Tambeacutem houve uma pequena adaptaccedilatildeo no coletor de admissatildeo que tambeacutem

eacute proveniente das mesmas motocicletas Honda essa adaptaccedilatildeo se deve ao fato

de o motor em questatildeo possuir o sistema de vaacutelvulas de palhetas na admissatildeo

o que natildeo acontece nas motocicletas Honda que possuem motor de quatro

tempos

Fonte Autor

Figura 51 - Corpo de Borboleta

77

38 Unidade de Sensores

A unidade de sensores refere-se a uma unidade composta por trecircs

sensores que jaacute estaacute acoplada ao corpo de borboletas Keihin e contempla os

sensores

MAP ndash Manifold Absolute Pressure (Pressatildeo Absoluta no Coletor)

IAT ndash Intake Air Tempeture (Temperatura do Ar Admitido)

TPS ndash Throttle Position Sensor (Sensor de Posiccedilatildeo do Acelerador)

Destes sensores natildeo foi utilizado apenas o sensor Map pois a unidade

de gerenciamento eletrocircnico jaacute possui um sensor Map integrado que foi utilizado

Estes sensores puderam ser configurados para utilizaccedilatildeo com o sistema

de gerenciamento eletrocircnico sem o menor problema

381 Sensor TPS

Este sensor se refere ao sensor que envia a informaccedilatildeo de posiccedilatildeo da

borboleta para o sistema de gerenciamento eletrocircnico Nada mais eacute do que um

potenciocircmetro que varia a resistecircncia ocirchmica ao se variar a posiccedilatildeo do

acelerador

Sua calibraccedilatildeo eacute feita em tempo real com a unidade de gerenciamento

eletrocircnico (conforme Figura 52) onde se informa a posiccedilatildeo do acelerador

totalmente fechado e totalmente aberto o sistema de gerenciamento jaacute adquire

o valor de resistecircncia ocirchmica e faz os caacutelculos para os valores intermediaacuterios e

a interpretaccedilatildeo das posiccedilotildees

78

Fonte Autor

382 Sensor IAT

Este sensor eacute responsaacutevel por aquisitar a temperatura do ar que estaacute

sendo admitido ou seja que estaacute momentaneamente passando pelo corpo de

borboletas Este assim como o sensor de posiccedilatildeo da borboleta e tambeacutem o

sensor de pressatildeo absoluta no coletor eacute utilizado para o caacutelculo da massa de ar

que estaacute sendo admitida pelo motor Este sensor eacute calibrado a partir dos valores

de resistecircncia ocirchmica cujos valores satildeo inseridos no software de calibraccedilatildeo da

unidade de gerenciamento eletrocircnico esses valores natildeo satildeo facilmente

adquiridos pois o fabricante da unidade de sensores natildeo os disponibiliza poreacutem

outro fabricante de sensores a MTE-Thompson fabrica esse mesmo modelo de

unidade de sensores para reposiccedilatildeo do original e entrando em contato com o

departamento teacutecnico eles passam os valores de funcionamento do sensor e

esses valores foram os utilizados para calibraccedilatildeo do sensor de temperatura do

ar admitido (conforme Figura 53)

Figura 52 - Calibraccedilatildeo do Sensor TPS

79

Fonte Autor

383 Sensor MAP

Sensores MAP satildeo utilizados para determinar a pressatildeo do ar admitido

que passa pelo coletor de admissatildeo satildeo muito usados nos sistemas atuais de

gerenciamento eletrocircnico de motores de combustatildeo interna Este tipo de

sensores trabalha utilizando o princiacutepio de strain gage onde haacute a deformaccedilatildeo do

material metaacutelico variando tambeacutem sua resistividade (conforme Figura 54)

Figura 53 - Calibraccedilatildeo do sensor IAT

80

Fonte Nota de aula ndash Prof Adriano Ribolla (Sist De Gerenc Eletrocircnico 2018)

A funccedilatildeo de variaccedilatildeo da resistecircncia ou fator Gauge pode ser dada pela

expressatildeo

Onde

R resistecircncia (Ω)

ρ constante do material

L comprimento do fio (m)

A secccedilatildeo transversal do fio (msup2)

O sistema de gerenciamento eletrocircnico Speeduino jaacute possuiacute em sua

montagem um sensor MAP interno na sua montagem e mesmo que na

unidade de sensores Keihin utilizada jaacute possuiacutesse um sensor MAP foi

escolhido utilizar o sensor existente na eletrocircnica da unidade de

gerenciamento eletrocircnico apenas pela facilidade de calibraccedilatildeo (conforme

Figura 55)

R= ρ LA

8 - Caacutelculo do Fator Gauge

Figura 54 - Princiacutepio strain gage

81

Fonte Autor

O sensor MAP existente no sistema de gerenciamento eletrocircnico eacute do

fabricante NXPFreescale modelo MPX 4250AP (conforme Anexo B) com um

range de leitura pressatildeo de 20 a 250 kPa

Apoacutes o funcionamento do motor e leitura do sensor foi possiacutevel notar que nos

motores de ciclo dois tempos justamente pelo seu tipo de ciclo e forma

construtiva natildeo seria possiacutevel fazer a calibraccedilatildeo dos mapas de funcionamento

do motor levando-se em conta a leitura de pressatildeo no coletor pois a depressatildeo

no coletor deste tipo de motor eacute muito baixa variando muito pouco Poreacutem este

fato jaacute era de se esperar mas a inserccedilatildeo deste sensor natildeo foi em vatildeo Ela jaacute foi

feita com o objetivo de futuros trabalhos sobre este tipo de sensor em motores

dois tempos para obtenccedilatildeo de valores palpaacuteveis de pressatildeo que possam ser

levados em conta na calibraccedilatildeo do motor

Figura 55 - Calibraccedilatildeo do Sensor MAP

82

39 Sistema de Igniccedilatildeo

O sistema de igniccedilatildeo deve ser compatiacutevel com o sistema de

gerenciamento eletrocircnico utilizado que foi o Speeduino Para isso o sistema de

igniccedilatildeo original do motor foi substituiacutedo por uma bobina utilizada em motores da

linha VW (conforme Figura 56) bobinas essas com moacutedulo de igniccedilatildeo integrado

e para evitar interferecircncias com o sensor de rotaccedilatildeo ou demais eletrocircnicas do

hardware de gerenciamento foi utilizado cabo vela resistivo do veiacuteculo Fiat Tipo

ie (Conforme Figura 57) as velas originais da motocicleta jaacute eram do tipo

resistiva A bobina poderia ter sido utilizada qualquer uma com moacutedulo de igniccedilatildeo

integrado e o cabo de vela tambeacutem poderia ser qualquer um do tipo resistivo

poreacutem estes foram escolhidos apenas por se integrarem melhor fisicamente ao

projeto

Fonte wwwmercadolivrecombr Fonte wwwacnpecascombr

Figura 56 - Bobina de Igniccedilatildeo VW Figura 57 - Cabo de Vela Fiat Tipo

83

4 Calibraccedilatildeo do Motor

Atualmente a calibraccedilatildeo de motores de combustatildeo interna tem tido como

objetivo principal melhorar autonomia com relaccedilatildeo a consumo de combustiacutevel e

diminuiccedilatildeo das emissotildees de poluentes muito em funccedilatildeo de legislaccedilotildees mais

riacutegidas e restritivas Novas teacutecnicas construtivas de motores e implementaccedilotildees

de novas teacutecnicas de calibraccedilatildeo tem sido utilizadas como downsizing turbo-

compressores injeccedilatildeo direta de combustiacutevel para sistemas ldquoflex-fuelrdquo ou ateacute

mesmo sistemas mistos utilizando injeccedilatildeo direta e indireta de combustiacutevel em

um mesmo motor Estes meacutetodos elevaram o niacutevel tecnoloacutegico dos motores de

combustatildeo interna extraindo grande potecircncia diminuindo massa de motores

poreacutem com a necessidade de muita eletrocircnica embarcada

Um dos intuitos deste trabalho eacute a inserccedilatildeo de um sistema de

gerenciamento eletrocircnico em um motor de ciclo dois tempos a princiacutepio de

maneira experimental apenas para obter preacutevias de sua viabilidade

construtivamente e dar a motores que utilizam este tipo de ciclo a oportunidade

de ressurgirem ou natildeo no mercado com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias e

eletrocircnica embarcada ou mesmo proporcionar uma longevidade de seu uso em

competiccedilotildees

Para a calibraccedilatildeo do sistema de gerenciamento eletrocircnico que foi

escolhido o sistema Speeduino utilizamos o software de calibraccedilatildeo Tuner

Studio o qual jaacute foi previamente apresentado Seratildeo mostrados a seguir os

passos e direccedilotildees tomadas no que diz respeito a calibraccedilatildeo deste motor de ciclo

dois tempos em questatildeo

41 Inserccedilatildeo de dados iniciais

Inicialmente eacute necessaacuterio a introduccedilatildeo de alguns dados pertinentes ao

motor e a estrateacutegia de funcionamento do mesmo para tal utilizamos a tela

ldquoEngine Constantsrdquo ou constantes do motor no software Tuner Studio Em

seguida detalhamos os dados de acordo com as caracteriacutesticas do motor que foi

escolhido para o trabalho (conforme Figura 58)

84

Fonte Autor

Figura 58 - Inserccedilatildeo das caracteriacutesticas do motor

85

42 Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel

A tabela de injeccedilatildeo de combustiacutevel eacute baseada no meacutetodo VE ldquoVolumetric

Efficiencyrdquo ou eficiecircncia volumeacutetrica neste sistema utiliza-se o item ldquoCalculated

Required Fuelrdquo ou caacutelculo de combustiacutevel necessaacuterio (Conforme Figura 58) o

valor disponibilizado neste item representa o tempo necessaacuterio de injeccedilatildeo de

combustiacutevel baseado em 100 da eficiecircncia volumeacutetrica do motor e

posteriormente desenvolve-se a tabela VE de acordo com as necessidades do

motor (conforme Figura 59) em funccedilatildeo de rotaccedilatildeo do motor e posiccedilatildeo da

borboleta podendo ou natildeo estes valores serem multiplicados pelo valor de

pressatildeo do sensor MAP poreacutem no caso deste trabalho natildeo se utilizou o a

multiplicaccedilatildeo pelo sensor pois este dado se mostrou insatisfatoacuterio para motores

de ciclo dois tempos que geram pouca ou nenhuma depressatildeo no coletor de

admissatildeo

FonteAutor

Figura 59 - Tabela de Injeccedilatildeo de Combustiacutevel VE

86

43 Tabela de Avanccedilo de Igniccedilatildeo

A tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo permite determinar o momento em que seraacute

disparada a centelha pela vela de igniccedilatildeo permitindo a queima da mistura

arcombustiacutevel Os valores inseridos na tabela satildeo valores que representam o

acircngulo em graus antes do ponto morto superior do motor PMS (conforme Figura

60) em que seraacute disparada a centelha esta deve ser disparada alguns graus

antes do PMS pois a queima da mistura deve ser aproveitada ao maacuteximo e para

que isso aconteccedila deve se adotar um ponto de igniccedilatildeo de forma que a frente de

chama tenha tempo suficiente para queimar dentro do cilindro caso contraacuterio a

queima se torna ineficiente e acaba por desperdiccedilar combustiacutevel que acaba

sendo jogado para o escapamento sem que este seja queimado

Os valores de avanccedilo em graus inseridos nesta tabela tambeacutem tecircm seu

funcionamento em funccedilatildeo dos eixos de posiccedilatildeo da borboleta do acelerador e

rotaccedilatildeo do motor

Fonte Autor

Figura 60 - Tabela de avanccedilo de igniccedilatildeo

87

44 Consideraccedilotildees sobre a calibraccedilatildeo utilizada

Usualmente em uma grande montadora ou grande equipe de corridas

essas tabelas seriam desenvolvidas em um laboratoacuterio de desenvolvimento de

motores com diversos equipamentos para controle e aquisiccedilatildeo de dados Poreacutem

por se tratar de um trabalho acadecircmico e de baixo custo natildeo houve a

possibilidade de utilizaccedilatildeo de ferramentas desta espeacutecie desta maneira a tabela

foi toda desenvolvida experimentalmente atraveacutes de horas observando

deficiecircncias e comportamentos do funcionamento do motor

5 Dados do Motor (Modificado)

Tendo em vista que este motor eacute proveniente de uma motocicleta de

competiccedilatildeo as caracteriacutesticas originais dele foram modificadas e a motocicleta

utilizada no projeto tambeacutem (conforme Figura 61) Seguem os dados teacutecnicos

com a modificaccedilotildees do motor

Cilindro em alumiacutenio com camisa em ferro fundido nodular

Diacircmetro x Curso 59mm x 50mm

Cilindrada 1367cmsup3

Taxa de Compressatildeo 145 1 (meacutetodo europeu)

Sistema de Alimentaccedilatildeo Injeccedilatildeo eletrocircnica com corpo de borboletas de 35mm

de diacircmetro e injetor de combustiacutevel Keihin Flex

Sistema de Igniccedilatildeo Igniccedilatildeo gerenciada a partir da ECU com o uso de Bobina

Bosch utilizada em motores Volkswagen AP ndash MI

Lubrificaccedilatildeo Premix na proporccedilatildeo de 35ml por litro de etanol

Sistema de Partida do Motor Pedal de partida

Combustiacutevel Etanol

Potecircncia 245cv a 9400rpm

Torque 190kgfm a 9000rpm

88

Fonte Autor

6 Resultados

Os resultados obtidos neste trabalho foram deveras satisfatoacuterios

mostrando que eacute possiacutevel o funcionamento de um motor de ciclo dois tempos

utilizando como meacutetodo de injeccedilatildeo de combustiacutevel e igniccedilatildeo um sistema de

gerenciamento eletrocircnico moderno Abordagem essa que seria impensaacutevel anos

atraacutes hoje se tornou uma realidade talvez abrindo novos horizontes para o futuro

de motores que utilizem ciclo dois tempos talvez natildeo comercialmente mas ainda

que para seu uso em competiccedilotildees possa ser extraiacutedo o maacuteximo de rendimento

possiacutevel

Figura 61 - RD135 - EFI apoacutes modificaccedilotildees

89

7 Conclusatildeo

Seguramente o desenvolvimento de uma metodologia soacutelida no

desenvolvimento de sistemas de gerenciamento eletrocircnico e calibraccedilatildeo voltadas

para motores de ciclo dois tempos natildeo seraacute uma tarefa faacutecil existe uma longa

estrada a se percorrer para se chegar ao mesmo niacutevel de desenvolvimento

existente destes sistemas para motores de ciclo quatro tempos ou mesmo diesel

Contudo o projeto se mostrou viaacutevel e mesmo que natildeo tenha havido

possibilidade de testes em dinamocircmetro o comportamento do motor mostrou-se

estaacutevel com o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica Possivelmente houve ganhos de

desempenho e esses testes podem ser executados como tarefa futura no intuito

de comprovar possiacuteveis resultados favoraacuteveis

Cabe aos futuros projetos novas soluccedilotildees e abordagens que podem ser

pensadas especificamente para o motor de ciclo dois tempos pois mesmo que

sua fabricaccedilatildeo seja descontinuada para veiacuteculos comerciais sua fabricaccedilatildeo para

suprir necessidades de veiacuteculos de competiccedilatildeo ainda pode prosseguir por anos

e o uso de tecnologia moderna nesses motores pode vir a extrair niacuteveis de

potecircncia e torque antes natildeo atingidos com a utilizaccedilatildeo de igniccedilotildees de ponto fixo

e carburadores Tambeacutem pode alterar caracteriacutesticas de desempenho do motor

como a falta de torque em baixas rotaccedilotildees

Neste projeto o motor original utilizado natildeo foi fabricado para comportar

uma injeccedilatildeo eletrocircnica por isso houve muitos esforccedilos nas adaptaccedilotildees para que

o funcionamento deste motor com esta tecnologia fosse possiacutevel Poreacutem se

pensarmos em uma produccedilatildeo fabril para motores dois tempos projetados para

que utilizem injeccedilatildeo eletrocircnica originalmente isso torna o processo todo muito

mais viaacutevel do ponto de vista comercial aleacutem de implementar uma tecnologia

que tiraria os motores de ciclo dois tempos da aposentadoria podendo ateacute se

pensar em niacuteveis de emissotildees poluentes melhores mesmo que seu uso seja

exclusivo apenas em competiccedilotildees De toda forma um passo foi dado com a

realizaccedilatildeo deste projeto e o uso da injeccedilatildeo eletrocircnica se mostrou ser uma

tecnologia segura e confiaacutevel para a utilizaccedilatildeo em motores de ciclo dois tempos

90

8 Propostas Futuras

Vaacuterios passos podem ser dados como propostas futuras mas pensando

no alto iacutendice de poluiccedilatildeo gerado por este tipo de motor pode se pensar em um

controle eletrocircnico da injeccedilatildeo de oacuteleo dois tempos para lubrificaccedilatildeo podendo-se

desenvolver algum meacutetodo de verificaccedilatildeo da necessidade de lubrificaccedilatildeo do

motor fazendo injeccedilatildeo de oacuteleo controlada por quantidade e por demanda

Tambeacutem pode-se pensar na utilizaccedilatildeo de catalisadores no escapamento para

diminuiccedilatildeo das emissotildees de gases poluentes o que com certeza deveraacute ser

estudado e caberaacute diversos testes e experimentaccedilotildees de materiais poreacutem

podendo obter resultados positivos

No sistema de injeccedilatildeo de combustiacutevel utilizado neste trabalho foi usado

o meacutetodo de injeccedilatildeo indireta de baixa pressatildeo utilizando uma pressatildeo na linha

de combustiacutevel na ordem de 3bar Futuramente pode-se fazer testes e anaacutelises

a respeito do uso da injeccedilatildeo indireta de combustiacutevel neste tipo de motor em

busca de quais seriam seus benefiacutecios Ainda sobre a injeccedilatildeo de combustiacutevel

uma anaacutelise que deve ser feita eacute em relaccedilatildeo a modificaccedilatildeo da posiccedilatildeo do injetor

de combustiacutevel que atualmente se situa no coletor de admissatildeo este pode ser

montado em alguma posiccedilatildeo estrateacutegica como no caacuterter do motor diretamente

ou em alguma das janelas por exemplo nas janelas de transferecircncia devendo-

se analisar os ganhos e perdas dessa montagem

Um sistema que foi utilizado neste trabalho poreacutem trouxe pouco benefiacutecio

foi o uso do sensor MAP Devido agrave baixa depressatildeo no coletor de admissatildeo

gerada por motores dois tempos uma soluccedilatildeo seria a aquisiccedilatildeo de dados com

alguns sensores de pressatildeo instalados em determinados pontos do motor como

no caacuterter admissatildeo e janelas de transferecircncia Isto para se analisar pontos de

baixa e alta pressatildeo durante os ciclos do motor podendo ser criado um algoritmo

que calcule uma meacutedia de pressatildeo mais palpaacutevel que possa ser levada em conta

na calibraccedilatildeo da injeccedilatildeo de combustiacutevel

91

9 Referecircncias Bibliograacuteficas

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92

10 Referecircncia Figuras

Figura 1

Fonte httpsimageshutterstockcomimage-vectorsystem-twostroke-engines-

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1922

Figura 2

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acessado em 26052019 agraves 1924

Figura 3

Fonte httpsiebayimgcomimagesg~TsAAOSw~1FUVYxas-l1600jpg

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Figura 4

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Figura 5

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Figura 7

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a12i2jpg acessado em 26052019 agraves 1941

Figura 8

Fonte httpsipinimgcom236xccffc0ccffc0bbf8d95f226062728cd4d4dc1e--

configuration-portjpg acessado em 26052019 agraves 1944

93

Figura 9

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 10

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 11

Fonte httpwwwcmraracingcomshowthreadphp30922-For-Sale-And-yet-

even-more-Honda-RS125-Parts acessado em 02062019 agraves 2044

Figura 12

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 13

Fonte httpswwwpvldeenproductselectronic-electrical-engineering

acessado em 02062019 agraves 2051

Figura 14

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 15

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 16

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

Figura 17

Fonte httpsbikemanperformancecomsupreme-tool-arctic-cat-rave-style-

exhaust-valveshtml acessado em 02062019 agraves 2055

Figura 18

Fonte Graham Bell A Two-stroke performance tuning 2 Ed Reino Unido

Haynes 1999

94

Figura 19

Fonte httpthunderproductscomattachment_id=316 acessado em

02062019 agraves 2100

Figura 20

Fonte httpdicasmotoresblogspotcom201404 acessado em 02062019 agraves

2104

Figura 21

Fonte httpflaviolucasmmblogspotcom201508componentes-da-injecao-

eletronicahtml acessado em 02062019 agraves 2110

Figura 22

Fonte httpsmotos-motorcombrmfipeprecos-tabela-yamaha-rd-135-1994

acessado em 02062019 agraves 2116

Figura 23

Fonte httpswwwjapanbaikucomtm-27-8006 acessado em

02062019 agraves 2122

Figura 24

Fonte httpswwwcustojustoptleiriapecas-motasrotor-motoplat-bobine-

externa-anti-horario-28261205 acessado em 02062019 agraves 2124

Figura 25

Fonte Autor

Figura 26

Fonte Autor

Figura 27

Fonte Autor

Figura 28

Fonte Autor

Figura 29

Fonte Autor

Figura 30

Fonte Autor

95

Figura 31

Fonte Autor

Figura 32

Fonte Autor

Figura 33

Fonte httpswwwmagnetimarellicomnode65 acessado em 02062019 agraves

2130

Figura 34

Fonte httpswwwbosch-motorsportcomcontentdownloadsRacepartsen-

GB49044619111858827html acessado em 02062019 agraves 2135

Figura 35

Fonte Autor

Figura 36

Fonte httpswwwamazoncomSmartProjects-Mega-Arduino-MEGA-

BoarddpB004A7H3DG acessado em 02062019 agraves 2141

Figura 37

Fonte

httpsSpeeduinocomshopindexphpid_product=18ampcontroller=product

acessado em 02062019 agraves 2145

Figura 38

Fonte Autor

Figura 39

Fonte Autor

Figura 40

Fonte Autor

Figura 41

Fonte Autor

Figura 42

Fonte Autor

Figura 43

Fonte Autor

96

Figura 44

Fonte Autor

Figura 45

Fonte Autor

Figura 46

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-879906333-080036-sensor-de-

rotaco-fiat-idea-e-torq-16-linea-16-18-_JMquantity=1 acessado em

02062019 agraves 2220

Figura 47

Fonte Autor

Figura 48

Fonte Autor

Figura 49

Fonte Autor

Figura 50

Fonte Autor

Figura 51

Fonte Autor

Figura 52

Fonte Autor

Figura 53

Fonte Autor

Figura 54

Fonte Slides aulas SAGE ndash Prof MSc Adriano Ribolla

Figura 55

Fonte Autor

Figura 56

Fonte httpsprodutomercadolivrecombrMLB-839220558-bobina-ignico-gol-

saveiro-parati-10-kombi-16-mi-3-pinos-

_JMmatt_tool=14302715ampmatt_wordampgclid=CjwKCAjwr8zoBRA0EiwANmvpYI

z4XlO7l-

97

OvI7_2OEUpSgy57Vriq67T2bbuVtWP0MawULSQk9SCjBoCXZcQAvD_BwEampq

uantity=1 acessado em 22062019 agraves 2340

Figura 57

Fonte httpswwwacnpecascombrprodutocabo-de-vela-fiat-tipo-1-6-ie-mpi-

todos-injecao-eletronica acessado em 22062019 agraves 2345

Figura 58

Fonte Autor

Figura 59

Fonte Autor

Figura 60

Fonte Autor

Figura 61

Fonte Autor

98

Apecircndice I

Lista de peccedilas e componentes utilizados

Componente Fabricante Part Number (OEM)

Fabricante Part Number (Reposiccedilatildeo)

Qtd

Injetor de Combustiacutevel Keihin 3340-9657-7489 Magnetron MAGNETRON 154-209-B 1

Bobina de Igniccedilatildeo Bosch F000ZS0104 NGK NGK U1092 1

Cabo de Vela Bosch F00099C067 NGK NGK SC-T58 1

Sensor Hiacutebrido - MAP - TPS - IAT

Keihin 16060-KVK-901 MTE-Thomson

MTE6701 1

Sensor de Rotacatildeo HALL Continental 55223464 MTE-Thomson

MTE70565 1

Bomba de Combustiacutevel Delphi BCD 00101 Bosch 580464070 1

Regulador de Pressatildeo Comb

SPA SPA TURBO 1

Roda Focircnica 60-2 Fueltech JR7401PTAz 1

Corpo de Boboletas XR300

Keihin 1641A-KWT-305 1

99

Anexo A

Esquema eleacutetrico do sistema de gerenciamento eletrocircnico

100

101

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

Anexo B

Datasheet Sensor MAP ndash NXPFreescale MPX4250AP

112

113

114

115

116

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124

125

126

127

Anexo C

Lista de componentes Speeduino

Qtd Referecircncia na Placa Componente Valor Modelo

1 C16 CAP TANT 10uF 35V 10 RADIAL 10uF

6 C2C4C6C8C10C24 CAP CER 022uF 50V 10 RADIAL 220nF 224

7 C1C3C5C7C9C13C15 CAP CER 01uF 50V 20 RADIAL 100nF 104

1 C14 CAP TANT 47uF 63V 10 RADIAL 47uF

1 C18 CAP CER 033uF 50V 10 RADIAL 330nF 334

2 C19C25 CAP CER 10000pF 50V 10 RADIAL 10nF 103

3 C11C12C20 CAP CER 1uF 50V 20 RADIAL 1uF 105

1 C23 CAP CER 4700pF 100V 10 RADIAL 47nF 472

1 D16 DIODO ZENER 56V 3W AXIAL 1N5919BG 1N5919BG 2 D15D17 DIODO SCHOTTKY 1A 30V DO41 1N5818 1N5818

8 LED1LED2LED3LED4

LED5LED6LED7LED8 LED SS 3MM LED

4 D9D10D11D12 DIODO USO GERAL 400V 1A DO41 1N4004 1N4004

1 U2 VARISTOR 14MM 22V 1000A ZNR Varistor ZNR

V14D220

8 Q1Q2Q3Q4Q5Q6Q7

Q8 MOSFET N-CH 33V TO-220

62A

MOSFET STP75NS04Z

1 R54 RES 100K Ohm 14W 1 METAL

FILM 10kΩ

14W - 1

17

R10R13R16R19R21

R23R24R29R30R39

R40R50R51R57R58

R59R60

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 1kΩ

14W - 1

4 R9R12R15R18 RES 680 Ohm 06W 1 AXIAL 680Ω 14W - 1

6 R2R4R6R8R22R41 RES FILME METAacuteLICO 14W 470

Ohm 1 AXIAL 470Ω

14W - 1

7 R1R3R26R28R33R34

R61

249k Ohm plusmn1 025W 14W FILME

METAacuteLICO 249kΩ

14W - 1

1 R7 RES 39K Ohm 14W 01 FILME

METAacuteLICO 39kΩ

14W - 1

12

R11R14R17R20R35R3

6R37R38R48R49

R55R56

RES 100K Ohm 14W 1 FILME

METAacuteLICO 100kΩ

14W - 1

4 R25R27R31R32 RES 160 Ohm 2W 1 AXIAL 160Ω 2W - 1

1 U1 REGULADOR DE TENSAtildeO

LM2940-50 1A TO220 LM2940T 50NOPB

1 MPX4250A SENSOR MAP 363 PSI MAX 1-Bar MAP MPX4250AP

2 IC1IC2 CI MOSFET DVR 3A DUAL HS 8-DIP TC4424EP

A TC4424EPA

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