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CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DAS PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO NO ESTADO FRESCO
ENG. JOSÉ GETULIO GOMES DE SOUSA
TESE DE DOUTORADO EM ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL
FACULDADE DE TECNOLOGIA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
i
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DAS PROPRIEDADES DAS
ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO NO ESTADO FRESCO
ENG. JOSÉ GETULIO GOMES DE SOUSA
ORIENTADOR: PROF. DR. ELTON BAUER
TESE DE DOUTORADO EM ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO
CIVIL
PUBLICAÇÃO: E.TD – 010A / 05
BRASÍLIA/DF: NOVEMBRO DE 2005
ii
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DAS PROPRIEDADES DAS
ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO NO ESTADO FRESCO
JOSÉ GETULIO GOMES DE SOUSA
TESE DE DOUTORADO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL.
APROVADA POR:
BRASÍLIA/DF, 23 DE NOVEMBRO DE 2005
iii
FICHA CATALOGRÁFICA SOUSA, JOSÉ GETULIO GOMES DE Contribuição ao Estudo das Propriedades das Argamassas de Revestimento no Estado Fresco. [Distrito Federal, 2005]. xxiv, 233p., 297 mm (ENC/FT/UnB, Doutor, Estruturas e Construção Civil, 2005). Tese de Doutorado – Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia. Departamento de Engenharia Civil e Ambiental. 1. Argamassas 2. Trabalhabilidade 3. Reologia 4. Revestimento I. ENC/FT/UnB II. Título (série)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SOUSA, J. G. G. (2005). Contribuição ao Estudo das Propriedades das Argamassas de
Revestimento no Estado Fresco. Tese de Doutorado, Publicação E.TD 010A/05,
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF,
233p.
CESSÃO DE DIREITOS
AUTOR: José Getulio Gomes de Sousa.
TÍTULO: Contribuição ao Estudo das Propriedades das Argamassas de Revestimento no
Estado Fresco.
GRAU: Doutor ANO: 2005
É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta tese de
doutorado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e
científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação
de mestrado pode ser reproduzida sem autorização por escrito do autor.
_________________________________ José Getulio Gomes de Sousa Rua Dom Vilas Boas, 79 Bairro: Jardim 13 de Maio – CEP 58725-220 – João Pessoa/PB – Brasil E-mail: [email protected]
iv
DEDICATÓRIA
A Deus, por sempre guiar meus passos.
v
AGRADECIMENTOS
Ao se concluir um trabalho como este, tão importante para a minha realização pessoal
e profissional, faz-se necessário ressaltar o incentivo, a contribuíram ou participação,
direta ou indireta, de pessoas no desenvolvimento e na elaboração do mesmo. A
todas elas, os meus sinceros agradecimentos.
Ao professor e orientador Elton Bauer, pela confiança e reconhecimento do meu
trabalho desde o início, mediante uma orientação competente e provedora de
conhecimentos, durante toda a sua realização.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Estruturas e Construção Civil da
Universidade de Brasília pelos ensinamentos transmitidos ao longo do curso e pela
amizade, em especial aos professores: Antônio Alberto Nepomuceno, Elton Bauer,
Guilherme S. Soares A. Melo e Rosa Maria Sposto.
À Universidade de Brasília por subsidiar, física e financeiramente, a realização deste
trabalho e à Universidade Federal do Vale do São Francisco, instituição da qual faço
parte, pelo incentivo durante a conclusão do mesmo.
Aos Laboratórios de Ensaio de Materiais e Geotecnia, nas pessoas dos professores
Elton Bauer e José Camapum de Carvalho, pela disponibilidade na realização dos
ensaios, por meio do uso de instalações e equipamentos, além da utilização de
materiais, de extrema importância para o desenvolvimento deste trabalho.
Aos técnicos dos laboratórios deste departamento: Severino, Xavier (Laboratório de
Ensaio de Materiais), Alessandro, Ricardo (Laboratório de Geotecnia) pelo auxílio na
execução dos ensaios.
Ao Centro Tecnológico de Engenharia Civil de Furnas Centrais Elétricas S. A., e à
empresa ICAL-Indústria de Calcinação Ltda pela viabilização na caracterização do
cimento e da cal utilizados na pesquisa.
vi
Ao senhor José Gonçalves, Chefe do Centro de Manutenção de Equipamentos da
Universidade de Brasília (CME/UnB), pela colaboração, incondicionalmente, prestada tendo
em vista o desenvolvimento dos experimentos desta tese.
Aos alunos do Programa de Pós-Graduação em Estruturas e Construção Civil da
Universidade de Brasília, em especial: Carla, Cláudio, Dirceu, Élvio, Isaura, Nielsen,
Patrícia e Sávio, pelas valiosas discussões, além da amizade, companheirismo, ajuda
e incentivo.
A todos os amigos Engenheiros Civis formados pela Universidade Federal da Paraíba
no segundo semestre de 1998, principalmente àqueles que vieram para Brasília,
continuar os estudos: Andréa, Edith, Glauceny, Gustavo, Luciano, Marculino,
Silvrano, pela amizade e companheirismo.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq pelo
suporte financeiro.
À minha tia, Edjane, e ao meu primo, Murilo, que me acolheram carinhosamente em
Brasília, como um membro da família; à tia Socorro, que esteve sempre presente,
auxiliando-me e aos meus avós Genival e Lurdinha por estarem presentes em minha
vida.
À minha mãe, Maria de Fátima, pela dedicação e incentivo intenso na minha
formação, com valorosos conselhos, que me levaram sempre a decisões coerentes. A
meu pai, Francisco Rodrigues, pelos poucos, mas saudosos, momentos que passamos
juntos. A meu irmão, Judas Tadeu, pelo incentivo e conselhos importantes para a
minha formação. À minha esposa, Magna, pelo apoio incondicional durante o
desenvolvimento deste trabalho e à minha filha Laís, que serviu de fonte inspiradora
nos momentos difíceis.
A todos os meus amigos e familiares que, de certa forma, contribuíram para que
chegasse este momento.
vii
RESUMO
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DAS PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO NO ESTADO FRESCO
Autor: José Getulio Gomes de Sousa Orientador: Elton Bauer Programa de Pós-Graduação em Estruturas e Construção Civil Brasília, novembro de 2005
O presente trabalho avalia experimentalmente as propriedades das argamassas de
revestimento no estado fresco, tendo em vista obter parâmetros capazes de definir
condições de trabalhabilidade. O estudo foi desenvolvido em argamassas mistas de
cimento, cal e areia, tradicionalmente utilizadas na execução dos sistemas de revestimento,
porém com propriedades no estado fresco ainda pouco caracterizadas. Como ferramentas,
foram utilizadas a mesa de consistência, o ensaio de penetração de cone, vane test,
cisalhamento direto e perda de água sob sucção. Os parâmetros fornecidos pelos métodos
foram maximizados e minimizados (em faixas de argamassas trabalháveis e não
trabalháveis) a partir de variações na granulometria, teor de água, teor e natureza dos
aglomerantes.
Os resultados demonstraram certa correlação entre os métodos durante a análise de um
mesmo grupo de argamassa. Os valores de espalhamento (mesa de consistência) e
penetração de cone apresentaram sensibilidade durante a avaliação da consistência.
Entretanto, no método vane test, a possibilidade de determinação da tensão de escoamento
permitiu uma avaliação mais precisa da consistência. Os parâmetros determinados no
ensaio de cisalhamento direto (coesão e atrito interno) favoreceram uma análise da
interação entre as partículas da argamassa, facilitando ou dificultado o cisalhamento entre
as camadas. Os resultados indicaram a existência de certo teor de aglomerante, que deve
estar presente para minimizar o atrito entre os grãos de agregado e favorecer a coesão entre
as partículas (coesão da argamassa). Complementando o estudo, o ensaio de perda de água
sob sucção definiu faixas bastante diferenciadas de argamassas com características
trabalháveis e não trabalháveis.
Valores de penetração de cone entre 45 e 55 mm, espalhamento entre 260 e 270 mm,
tensão de escoamento em torno de 1,25 kPa, perda de água menor que 15%, coesão maior
que 8 kPa e ângulo de atrito interno menor que 30o podem ser adotados como referência de
argamassas mistas de cimento e cal, trabalháveis para um processo de aplicação manual.
viii
ABSTRACT
CONTRIBUTION TO THE STUDY OF PROPERTIES OF FRESH RENDERING MORTAR
Author: José Getulio Gomes de Sousa Advisor: Elton Bauer Post-Graduation Program on Structures and Civil Construction Brasilia, November 2005
The present work makes an experimental assessment of the properties of fresh rendering
mortar, aiming at obtaining parameters capable of defining conditions of workability.
The study was developed in mortars of cement, lime, and sand mix, traditionally used in
the execution of rendering systems, but with the fresh state properties still very little
characterized. As tools, the methods used were the flow table, cone penetration, vane test,
direct shear, and loss of water under suction. The parameters given by the methods were
maximized and minimized (in workable and non-workable ranges of mortar) with
variations in granulometric distribution, content of water, and content and nature of
binders.
The results showed a certain correlation between the methods during the analysis of a same
group of mortar. The values of spreading (flow table) and cone penetration presented
sensitivity during the evaluation of consistency. However, in the vane test method, the
possibility of determining the yield stress enabled a more precise assessment of
consistency. The parameters determined in the direct shear essay (cohesion and internal
friction) favored an analysis of the interaction among mortar particles, making the shearing
between layers easier or more difficult. The results indicated the existence of a certain
content of binder which should be present to minimize the friction between the grains of
aggregate and favor the cohesion between the particles (cohesion of mortar).
Complementing the study, the essay of water loss under suction defined much
differentiated ranges of mortars with workable and non-workable characteristics.
Values of cone penetration from 45 to 55 mm, spreading from 260 to 270 mm, yield stress
around 1.25 kPa, water loss less than 15%, cohesion greater than 8 kPa, and angle of
internal friction less than 30o, can be adopted as a reference for mortars of cement and
lime mix, workable for a process of manual application.
ix
SUMÁRIO
Capítulo página
Resumo vii
Abstract viii
Lista de Tabelas xiii
Lista de Figuras xvii
Lista de Símbolos e Abreviações xxii
1- INTRODUÇÃO 1
1.1- IMPORTÂNCIA DO TEMA 1
1.2- OBJETIVOS DA PESQUISA 6
1.3- ORIGINALIDADE DO TEMA 6
1.4- ESTRUTURA DA TESE 7
2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 9
2.1- EMBASAMENTO TEÓRICO SOBRE REOLOGIA 9
2.1.1- Fluidos newtonianos 10
2.1.2- Fluidos não newtonianos 12
2.1.2.1- Fenômenos não-newtonianos não dependentes do tempo 12
2.1.2.2- Fenômenos não-newtonianos dependentes do tempo 17
2.1.2.3- Viscoelasticidade 19
2.1.3- Princípio das técnicas utilizadas no estudo da reologia 21
2.1.3.1- Viscosimetria 21
2.1.3.2- Reometria 24
2.1.3.3- A técnica creep/recovery 26
2.2- PARÂMETROS DA MECÂNICA DOS SOLOS: TENSÃO DE
CISALHAMENTO, ATRITO INTERNO E COESÃO
29
2.2.1- Atrito interno 30
2.2.2- Coesão 32
2.2.3- Critérios de ruptura 33
2.3- PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO 38
2.3.1- Influência da pasta e dos agregados nas propriedades no estado fresco 38
x
2.3.2- Propriedades das argamassas relacionadas à produção dos revestimentos 40
2.3.2.1- Trabalhabilidade das argamassas 40
2.3.2.2- Consistência e plasticidade 44
2.3.2.3- Retenção de água 47
2.3.2.4- Exsudação 48
2.3.2.5- Teor de ar incorporado 48
2.3.2.6- Adesão 49
2.4- TÉCNICAS E ENSAIOS USUAIS NA CARACTERIZAÇÃO DAS
ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO
54
2.4.1- Técnicas convencionais 55
2.4.2- Técnicas reológicas 57
2.4.2.1- Tattersall two-point test 57
2.4.2.2- Bertta apparatus 59
2.4.2.3- O BTRHEOM Rheometer 60
2.4.2.4- CEMAGREF-IMG 61
2.4.2.5- Reômetro desenvolvido na Universidade Federal de São Carlos 62
2.4.2.6 – Considerações sobre as técnicas reológicas 63
2.5- CARACTERIZAÇÃO DOS ENSAIOS UTILIZADOS DURANTE A
PESQUISA
65
2.5.1- Ensaio da mesa de consistência 66
2.5.2- Ensaio de penetração de cone 69
2.5.3- Método vane test ou ensaio de palheta 73
2.5.4- Ensaio de cisalhamento direto 81
3- PROGRAMA EXPERIMENTAL 85
3.1- ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA EXPERIMENTAL 85
3.2- MATERIAIS 87
3.2.1- Cimento 87
3.2.2- Cal 88
3.2.3- Agregados 90
3.3- DESCRIÇÃO DOS MÉTODOS DE ENSAIO UTILIZADOS 93
3.3.1- Procedimento de preparo e mistura das argamassas 93
3.3.2- Ensaio de penetração de cone 94
3.3.3- Ensaio de tensão de escoamento – Método vane teste 95
xi
3.3.4- Ensaio da mesa de consistência 97
3.3.5- Ensaio de perda de água sob sucção 98
3.3.6- Ensaio de cisalhamento direto 100
3.4- ESTUDO PILOTO – AVALIAÇÕES PRELIMINARES 103
3.4.1- Apresentação do estudo piloto 103
3.4.2- Procedimento de mistura e seqüência de dosagem das argamassas no estudo
piloto
106
3.4.3- Apresentação dos resultados do estudo piloto 107
3.5- PROJETO EXPERIMENTAL 110
3.5.1- Projeto experimental I – Avaliação do método de penetração de cone 111
3.5.2- Projeto experimental II – Avaliação do método vane test 112
3.5.3- Projeto experimental III – Avaliação do método da mesa de consistência 113
3.5.4- Projeto experimental IV – Avaliação do método de perda de água 114
3.5.5- Projeto experimental V – Avaliação do método de cisalhamento direto 115
3.5.6- Projeto experimental VI – influência do teor de cimento nas propriedades das
argamassas no estado fresco
116
4- APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 118
4.1- PROJETO EXPERIMENTAL I – AVALIAÇÃO DO MÉTODO DE
PENETRAÇÃO DE CONE
118
4.2- PROJETO EXPERIMENTAL II – AVALIAÇÃO DO MÉTODO VANE TEST 123
4.4- PROJETO EXPERIMENTAL III – AVALIAÇÃO DO MÉTODO DA MESA
DE CONSISTÊNCIA
126
4.4- PROJETO EXPERIMENTAL IV – AVALIAÇÃO DO MÉTODO DE PERDA
DE ÁGUA SOB SUCÇÃO
129
4.5- PROJETO EXPERIMENTAL V – AVALIAÇÃO DO MÉTODO DE
CISALHAMENTO DIRETO
140
4.6- PROJETO EXPERIMENTAL VI – INFLUÊNCIA DO TEOR DE CIMENTO
NAS PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO
149
5- DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 153
5.1- COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS OBTIDOS PELOS MÉTODOS
UTILIZADOS
153
xii
5.1.1- Comparação entre os resultados de penetração de cone e tensão de
escoamento
153
5.1.2- Comparação entre os resultados de penetração de cone e espalhamento 155
5.1.3- Comparação entre os resultados de tensão de escoamento e espalhamento 157
5.1.4- Comparação entre os resultados de tensão de escoamento com os resultados
de coesão e ângulo de atrito interno
160
5.1.5- Comparação entre os resultados de espalhamento, coesão e ângulo de atrito
interno
163
5.2- ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE TRABALHABILIDADE COM BASE
NOS RESULTADOS FORNECIDOS PELOS DIFERENTES MÉTODOS DE
ENSAIO
167
5.3- ANÁLISE DOS PARÂMETROS DE MISTURA 175
6- CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 180
6.1- CONCLUSÕES 180
6.2- RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 185
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 186
APÊNDICES 195
APÊNDICE A- CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS 196
APÊNDICE B- RESULTADOS DO ESTUDO PILOTO 199
APÊNDICE C- RESULTADOS DO PROJETO EXPERIMENTAL I 200
APÊNDICE D- RESULTADOS DO PROJETO EXPERIMENTAL II 206
APÊNDICE E- RESULTADOS DO PROJETO EXPERIMENTAL III 209
APÊNDICE F- RESULTADOS DO PROJETO EXPERIMENTAL IV 212
APÊNDICE G- RESULTADOS DO PROJETO EXPERIMENTAL V 214
xiii
LISTA DE TABELAS Tabela Página Tabela 2.1- Resumo das características de um sólido elástico, fluido viscoso e fluido
viscoelástico (MACHADO, 2002)
21
Tabela 2.2- Valores típicos de ângulo de atrito interno de areias (PINTO, 2000) 36
Tabela 2.3- Fatores com influência direta nos valores do ângulo de atrito das areias
(adaptado de PINTO, 2000)
37
Tabela 2.4- Fatores que influenciam a trabalhabilidade do concreto no estado fresco
(PETRUCCI, 1987)
40
Tabela 2.5- Classificação das propriedades do concreto no estado fresco
(TATTERSALL, 1976)
41
Tabela 2.6- Fatores que influenciam a trabalhabilidade das argamassas (BAUER,
2004)
42
Tabela 2.7- Definições sobre trabalhabilidade aplicadas às argamassas de
revestimento
42
Tabela 2.8- Alguns exemplos de testes que se correlacionam com um fator (tensão
de escoamento ou viscosidade)
56
Tabela 2.9- Medidas de viscosidade e tensão de escoamento realizadas por diferentes
reômetros (BANFILL et al., 2000).
65
Tabela 2.10- Valores de índice de consistência encontrados na literatura 66
Tabela 2.11- Particularidades operacionais do método de penetração de cone 71
Tabela 2.12- Resumo dos resultados de penetração de cone obtidos no estudo de
ANGELIM (2000)
73
Tabela 3.1- Ensaios físicos realizados no cimento. 87
Tabela 3.2- Ensaios químicos realizados no cimento. 88
Tabela 3.3- Características físicas da cal. 89
Tabela 3.4- Características químicas da cal. 89
Tabela 3.5- Composição dos agregados em termos das frações consideradas na
pesquisa
91
Tabela 3.6- Caracterização física dos agregados utilizados na pesquisa 92
Tabela 3.7- Avaliação preliminar da consistência pelo método de penetração de cone 109
Tabela 3.8- Valores das relações Aglomerante/Agregado e Água/Agregado
utilizados no Estudo Piloto
110
xiv
Tabela 4.1- Resumo das proporções entre os materiais constituintes das argamassas
estudas de cada série
123
Tabela 4.2- Caracterização das etapas do ensaio da Mesa de Consistência 127
Tabela 4.3- Resumo dos resultados de tensão de cisalhamento máxima (Tm) com
seus respectivos valores de deformação horizontal (Dh) para cada série de argamassa
147
Tabela 5.1- Propriedades empíricas avaliadas durante o estudo das argamassas 167
Tabela 5.2- Avaliação empírica das argamassas estudas nos projetos experimentais 168
Tabela 5.3- Comparação entre os resultados obtidos nos projetos experimentais 172
Tabela 5.4- Resumo dos parâmetros medidos pelos métodos de ensaio 173
Tabela A.1- Granulometria das faixas utilizadas na composição dos agregados 195
Tabela A.2- Granulometria dos agregados utilizados na composição das argamassas 195
Tabela A.3- Propriedades dos agregados utilizados na composição das argamassas 195
Tabela A.4- Granulometria a laser do cimento utilizado na composição das
argamassas
197
Tabela A.5- Granulometria a laser da cal utilizada na composição das argamassas 198
Tabela B.1- Resultados das composições das argamassas obtidas no estudo de
dosagem, considerando cada tipo de agregado – Avaliador I
199
Tabela B.2- Resultados das composições das argamassas obtidas no estudo de
dosagem, considerando cada tipo de agregado – Avaliador II
199
Tabela B.3- Resultados das composições das argamassas obtidas no estudo de
dosagem, considerando cada tipo de agregado – Avaliador III
199
Tabela C.1- Valores de penetração de cone em função das variações nos teores de
aglomerante e água – Série AG 1
200
Tabela C.2- Valores estimados de relação Água/Agregado para valores de
penetração de cone iguais a 45, 50 e 55 mm – Série AG 1
200
Tabela C.3- Valores de penetração de cone em função das variações nos teores de
aglomerante e água – Série AG 2
201
Tabela C.4- Valores estimados de relação Água/Agregado para valores de
penetração de cone iguais a 45, 50 e 55 mm – Série AG 2
201
Tabela C.5- Valores de penetração de cone em função das variações nos teores de
aglomerante e água – Série AG 3
202
Tabela C.6- Valores estimados de relação Água/Agregado para valores de
penetração de cone iguais a 45, 50 e 55 mm – Série AG 3
202
xv
Tabela C.7- Valores de penetração de cone em função das variações nos teores de
aglomerante e água – Série AG 4
203
Tabela C.8- Valores estimados de relação Água/Agregado para valores de
penetração de cone iguais a 45, 50 e 55 mm – Série AG 4
203
Tabela C.9- Valores de penetração de cone em função das variações nos teores de
aglomerante e água – Série AG 5
204
Tabela C.10- Valores estimados de relação Água/Agregado para valores de
penetração de cone iguais a 45, 50 e 55 mm – Série AG 5
204
Tabela C.11- Valores de penetração de cone em função das variações nos teores de
aglomerante e água – Série AG 4C (com cimento)
205
Tabela D.1- Valores de tensão de escoamento pelo método vane test em função das
variações nos teores de aglomerante e água – Série AG 1
206
Tabela D.2- Valores de tensão de escoamento pelo método vane test em função das
variações nos teores de aglomerante e água – Série AG 2
206
Tabela D.3- Valores de tensão de escoamento pelo método vane test em função das
variações nos teores de aglomerante e água – Série AG 3
207
Tabela D.4- Valores de tensão de escoamento pelo método vane test em função das
variações nos teores de aglomerante e água – Série AG 4
207
Tabela D.5- Valores de tensão de escoamento pelo método vane test em função das
variações nos teores de aglomerante e água – Série AG 5
208
Tabela D.6- Valores de tensão de escoamento pelo método vane test em função das
variações nos teores de aglomerante e água – Série AG 4C (com cimento)
208
Tabela E.1- Valores de espalhamento pelo método da Mesa de Consistência em
função das variações nos teores de aglomerante e água – Série AG 1
209
Tabela E.2- Valores de espalhamento pelo método da Mesa de Consistência em
função das variações nos teores de aglomerante e água – Série AG 2
209
Tabela E.3- Valores de espalhamento pelo método da Mesa de Consistência em
função das variações nos teores de aglomerante e água – Série AG 3
210
Tabela E.4- Valores de espalhamento pelo método da Mesa de Consistência em
função das variações nos teores de aglomerante e água – Série AG 4
210
Tabela E.5- Valores de espalhamento pelo método da Mesa de Consistência em
função das variações nos teores de aglomerante e água – Série AG 5
211
Tabela E.6- Valores de espalhamento pelo método da Mesa de Consistência em
xvi
função das variações nos teores de aglomerante e água – Série AG 4C 211
Tabela F.1- Valores de Retenção de água Série – AG 1 212
Tabela F.2- Valores de Retenção de água Série – AG 2 212
Tabela F.3- Valores de Retenção de água Série – AG 3 212
Tabela F.4- Valores de Retenção de água Série – AG 4 213
Tabela F.5- Valores de Retenção de água Série – AG 5 213
Tabela F.6- Valores de Retenção de água Série – AG 4C 213
Tabela G.1- Resultados do ensaio de cisalhamento direto – Série AG1-5,5 214
Tabela G.2- Resultados do ensaio de cisalhamento direto – Série AG1-16,5 215
Tabela G.3- Resultados do ensaio de cisalhamento direto – Série AG1-27,5 216
Tabela G.4- Resultados do ensaio de cisalhamento direto – Série AG2-5,5 217
Tabela G.5- Resultados do ensaio de cisalhamento direto – Série AG2-16,5 218
Tabela G.6- Resultados do ensaio de cisalhamento direto – Série AG2-27,5 219
Tabela G.7- Resultados do ensaio de cisalhamento direto – Série AG3-5,5 220
Tabela G.8- Resultados do ensaio de cisalhamento direto – Série AG3-16,5 221
Tabela G.9- Resultados do ensaio de cisalhamento direto – Série AG3-27,5 222
Tabela G.10- Resultados do ensaio de cisalhamento direto – Série AG4-5,5 223
Tabela G.11- Resultados do ensaio de cisalhamento direto – Série AG4-16,5 224
Tabela G.12- Resultados do ensaio de cisalhamento direto – Série AG4-27,5 225
Tabela G.13- Resultados do ensaio de cisalhamento direto – Série AG5-5,5 226
Tabela G.14- Resultados do ensaio de cisalhamento direto – Série AG5-16,5 227
Tabela G.15- Resultados do ensaio de cisalhamento direto – Série AG5-27,5 228
Tabela G.16- Resultados do ensaio de cisalhamento direto – Série AG4C-5,5 229
Tabela G.17- Resultados do ensaio de cisalhamento direto – Série AG4C-16,5 230
Tabela G.18- Resultados do ensaio de cisalhamento direto – Série AG4C-27,5 231
Tabela G.19- Resumo dos resultados de tensão de cisalhamento máxima, coesão e
ângulo de atrito interno para cada série
233
xvii
LISTA DE FIGURAS Figura Página Figura 2.1- Esquema ilustrativo do experimento de Newton para a determinação da
viscosidade de fluídos
11
Figura 2.2- Hipótese de Reynolds para a dilatância (NAVARRO, 1997) 14
Figura 2.3- Comportamento da tensão de cisalhamento x taxa de cisalhamento 17
Figura 2.4- Fluidos tixotrópicos 18
Figura 2.5- Alguns exemplos mecânicos (sistema mola amortecedor) utilizados
para modelar o comportamento viscoelástico – (a) Modelo de Maxwell e (b)
Kelvin-Voigt.
20
Figura 2.6- Seqüência de execução do ensaio utilizando um procedimento
oscilatório (ROSAS, 2003)
25
Figura 2.7- Casos extremos, clássicos, obtidos durante uma análise por processo
oscilatório (ROSAS, 2003)
25
Figura 2.8- Resposta de vários tipos de materiais durante a aplição da técnica
creep/recovery: (a) aplicação da tensão por um determinado tempo, (b) sólido
elástico, (c) líquido viscoso, (d) sólido viscoelástico, (e) líquido viscoelástico
(STRUBLE et al., 2001)
26
Figura 2.9- Aplicação da técnica creep/recovery no estudo de pastas de cimento em
níveis de tensões abaixo e acima da transição sólido-líquido.( STRUBLE et al.,
2001)
28
Figura 2.10- Tensão de escoamento como uma função do tempo de hidratação de
pastas de cimento no estado fresco (STRUBLE et al., 2001)
28
Figura 2.11- Esquema demonstrando o problema de deslizamento entre dois corpos
(PINTO, 2000)
31
Figura 2.12- Transmissão de força entre partículas de areia e argila (PINTO, 2000) 32
Figura 2.13- Efeito da pressão capilar entre partículas causando a coesão aparente 33
Figura 2.14- Representação do critério de ruptura de Coulomb (CAPUTO, 1988) 34
Figura 2.15- Resultados típicos de cisalhamento em areias – (a) areia fofa e (b) areia
compacta (PINTO, 2000)
35
Figura 2.16- Relação entre a tensão de cisalhamento e tensão normal - caso das
areias (CAPUTO, 1988)
36
xviii
Figura 2.17- Relação entre constituintes e as propriedades de argamassas (RAGO e
CINCOTTO, 1997)
46
Figura 2.18- Caso geral do escoamento de um fluido em um plano inclinado (DE
LARRARD, 1999)
50
Figura 2.19- Aplicação de um fluido em uma superfície vertical (DE LARRARD,
1999)
51
Figura 2.20- Tendência ao escorregamento seguido de destacamento observado nas
argamassas, instantes após a sua aplicação no substrato
53
Figura 2.21- Comportamento reológico dos materiais (FERRARIS, 1999) 54
Figura 2.22- Esquema do equipamento desenvolvido por Tattersall – Two point test
(TATTERSALL et al., 1979)
58
Figura 2.23- BML viscometer (BANFILL et al. 2000) 59
Figura 2.24- IBB Concrete Rheometer (BANFILL et al. 2000) 59
Figura 2.25- Reômetro BTRHEOM (DE LARRARD, 1999) 60
Figura 2.26 – CEMAGREF-IMG (BANFILL et al. 2000) 61
Figura 2.27- Esquema da instrumentação utilizada pelo equipamento (BANFILL et
al. 2000)
62
Figura 2.28- Reômetro desenvolvido pela Universidade de São Carlos (PILEGGI,
2001)
63
Figura 2.29- Esquema da estrutura encontrada nos dois tipos de argamassa (a)
Argamassa com aditivo incorporador de ar e (b) Argamassa mista de cimento e cal
(BAUER et al., 2005)
67
Figura 2.30- Comportamento das argamassas mistas de cimento e cal em função do
número de golpes na mesa de consistência (SOUSA e BAUER, 2002)
68
Figura 2.31- Geometria dos dispositivos utilizados para avaliar a consistência de
argamassas a partir da profundidade de penetração
70
Figura 2.32- Características do dispositivo em forma de cone utilizado no ensaio 71
Figura 2.33 – Esquema da palheta utilizada no ensaio e da superfície cisalhada
durante o ensaio com o vane tester
74
Figura 2.34- Exemplos de equipamentos que utilizam o método vane test 75
Figura 2.35- Resultado da avaliação a partir de uma taxa de deformação constante
a) e avaliação a partir de uma tensão (torque) constante b)
76
Figura 2.36- Bases de medida utilizadas no equipamento vane tester (modificado de
xix
LIDDELL et al., 1996). 77
Figura 2.37- Relação entre as dimensões da palheta e do recipiente (modificado de
NGUYEN et al. (1985))
79
Figura 2.38- Esquema do procedimento utilizado no ensaio de cisalhamento direto 82
Figura 2.39- Resultados fornecidos pelo ensaio 83
Figura 3.1- Etapas de desenvolvimento da pesquisa 86
Figura 3.2- Curva granulométrica do cimento e da cal utilizados na pesquisa 90
Figura 3.3- Curva granulométrica das faixas granulométricas consideradas na
composição dos agregados utilizados no estudo
91
Figura 3.4- Curva granulométrica dos agregados utilizados na composição das
argamassas
92
Figuras 3.5- Dispositivos utilizados durante o ensaio de penetração de cone 95
Figura 3.6- Dispositivos utilizados pelo método vane test 97
Figura 3.7- Ensaio da mesa de consistência 98
Figura 3.8- Funil de Büchner utilizado no ensaio de perda de água por sucção 100
Figura 3.9- Exemplo de resultado obtido no ensaio de cisalhamento direto 101
Figura 3.10- Ensaio de cisalhamento direto 102
Figura 3.11- Etapas de dosagem das argamassas 104
Figura 3.12 – Estudo Piloto 105
Figura 3.13- Relação Aglomerante/Agregado obtido a partir do estudo de dosagem,
considerando cada tipo de agregado utilizado na pesquisa
107
Figura 3.14- Relação Água/Materiais Secos (H%) obtido a partir do estudo de
dosagem, considerando cada tipo de agregado utilizado na pesquisa
108
Figura 3.15- Fluxograma resumo das atividades desenvolvidas em cada projeto
experimental
110
Figura 3.16- Projeto Experimental I 112
Figura 3.17- Projeto Experimental II 113
Figura 3.18- Projeto experimental III 114
Figura 3.19- Projeto experimental IV 115
Figura 3.20- Projeto experimental V 116
Figura 3.21- Projeto experimental VI 117
Figura 4.1- Valores de penetração de cone em função das variações no teor de água 119
Figura 4.2- Demanda de água para cada mistura de argamassa, considerando
xx
penetrações de cone de 45, 50 e 55 mm 120
Figura 4.3- Resultados de consistência por penetração de cone em função de
variações no teor de cal
121
Figura 4.4- Resultados de tensão de escoamento pelo método vane test 124
Figura 4.5- Resultados de espalhamento pelo método da mesa de consistência -
Série AG1
128
Figura 4.6- Resultado do ensaio de retenção de água da Série AG1 130
Figura 4.7- Perda de água das argamassas após um minuto de sucção 130
Figura 4.8- Aspecto das argamassas antes e depois do ensaio de retenção de água –
Série AG1
134
Figura 4.9- Aspecto das argamassas antes e depois do ensaio de perda de água –
Série AG2
135
Figura 4.10- Aspecto das argamassas antes e depois do ensaio de perda de água –
Série AG3
136
Figura 4.11- Aspecto das argamassas antes e depois do ensaio de perda de água –
Série AG4
137
Figura 4.12- Aspecto das argamassas antes e depois do ensaio de perda de água –
Série AG5
138
Figura 4.13- Comparação entre as séries, considerando uma relação
Aglomerante/Agregado = 16,0% - Condição logo depois do ensaio de perda de
água
139
Figura 4.14- Resultado de cisalhamento direto da Série AG1 141
Figura 4.15- Resultado de cisalhamento direto da Série AG2 142
Figura 4.16- Resultado de cisalhamento direto da Série AG3 143
Figura 4.17- Resultado de cisalhamento direto da Série AG4 144
Figura 4.18- Resultado de cisalhamento direto da Série AG5 145
Figura 4.19- Comportamento dos valores de coesão em função da relação
Aglomerante/Agregado para cada série de argamassa
148
Figura 4.20- Comportamento dos valores de atrito interno em função da relação
Aglomerante/Agregado para cada série de argamassa
148
Figura 4.21- Resultados obtidos no projeto experimental VI – Argamassas com
cimento
150
Figura 4.22- Comparação entre as argamassas das séries AG4 com e sem cimento
xxi
na composição total do aglomerante 152
Figura 5.1- Comparação entre os resultados de penetração de cone e tensão de
escoamento
154
Figura 5.2- Relação entre os resultados de penetração de cone e tensão de
escoamento (BAUER et al., 2005)
155
Figura 5.3- Comparação entre os resultados de penetração de cone e espalhamento 157
Figura 5.4- Comparação entre os resultados de tensão de escoamento e
espalhamento, para cada série estudada
159
Figura 5.5- Correlação entre os resultados de tensão de escoamento e espalhamento 159
Figura 5.6- Comparação entre os resultados de tensão de escoamento e coesão para
cada série estudada
161
Figura 5.7- Comparação entre os resultados de tensão de escoamento e ângulo de
atrito interno para cada série estudada
162
Figura 5.8- Correlação entre os resultados de tensão de escoamento com os
resultados de coesão e ângulo de atrito interno
163
Figura 5.9- Comparação entre os resultados de espalhamento e coesão para cada
série estudada
164
Figura 5.10- Comparação entre os resultados de espalhamento e ângulo de atrito
para cada série estudada
165
Figura 5.11- Correlação entre os resultados de espalhamento com os resultados de
coesão e ângulo de atrito interno
166
Figura 5.12- Aspecto da argamassa com agregado AG1 com 27,5% de relação
Aglomerante/Agregado
169
Figura 5.13- Aspecto da argamassa com agregado AG4 com 27,5% de relação
Aglomerante/Agregado
169
Figura 5.14- Comportamento da trabalhabilidade em função do teor de cal 170
Figura 5.15- Comportamento da trabalhabilidade em função do teor de cal –
modelo estimado
171
Figura 5.16- Modelo de relação entre os resultados fornecidos pelos métodos de
penetração de cone, mesa de consistência e vane test
175
Figura 5.17- Ilustração da influência do teor de aglomerante nas propriedades das
argamassas no estado fresco
177
Figura 5.18- Ilustração da influência do teor finos na conexão entre as partículas
xxii
maiores do agregado e as partículas de aglomerante 177
Figura 5.19- Relação Aglomerante/Agregado em função do módulo de finura 178
Figura 5.20- Figura 5.20- Comportamento da trabalhabilidade em função do teor de
finos totais presentes na argamassa
179
xxiii
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES Símbolo ou Abreviação Significado
AG Identificação utilizada para denominar as composições
granulométricas utilizadas no estudo
C Coesão – Modelo de Coulomb
CH III Cal hidratada tipo III
Cu Coeficiente de uniformidade
D Diâmetro do cilindro cisalhado ou diâmetro da palheta –
Método vane test
d Deslocamento horizontal – Método de cisalhamento direto
Dh Deslocamento horizontal correspondente à tensão de
cisalhamento máxima – Método de cisalhamento direto
ES Valor de espalhamento – Método da mesa de consistência
F Força atuante
F Coeficiente de atrito – Modelo de Coulomb
G Módulo de elasticidade – Modelo de Hooke
G Aceleração da gravidade
H Altura do cilindro cisalhado ou altura da palheta – Método
vane test
H Espessura da camada de revestimento
H% Relação Água/Materiais secos
K Índice de consistência - Modelo de Ostwald
L Comprimento longitudinal ou horizontal
ME Massa específica da areia
MF Módulo de finura da areia
Mfc Massa do funil cheio e filtro – Método de retenção de água
Mfi Massa do funil para o tempo “i” de exposição à sucção –
Método de retenção de água
Mfv Massa do funil vazio e filtro – Método de retenção de água
MU Massa unitária da areia
Mw Massa total de água utilizada na argamassa – Método de
retenção de água
N Força normal – Modelo de Coulomb
xxiv
n Índice de comportamento – Modelo de Ostwald
Pag Perda de água sob sucção
PC Valor de penetração de cone – Método de penetração de
cone
r Raio do cilindro cisalhado– Método vane test
Ra Retenção de água – Método de retenção de água
T Força tangencial – Modelo de Coulomb
TC Denominação utilizada para identificar os teores de cal
utilizados em cada série
TCis Tensão de cisalhamento determinada no ensaio de
cisalhamento direto
TCm Tensão de cisalhamento máxima determinada no ensaio de
cisalhamento direto
Te Torque devido ao cisalhamento na parte superior e inferior
do cilindro – Método vane test
TE Tensão de escoamento – Método vane test
Tm Torque máximo - Método vane test
TN Tensão normal utilizada no ensaio de cisalhamento direto
Ts Torque devido ao cisalhamento na parte lateral do cilindro
– Método vane test
Vag Denominação utilizada para identificar a relação
Água/Agregado de cada série
γ Taxa de cisalhamento ou deformação
γ* Deformação de um sólido elástico
τe Tensão de cisalhamento na parte superior e inferior do
cilindro – Método vane test
τmax Tensão de ruptura – Método de cisalhamento direto
τres Tensão residual – Método de cisalhamento direto
τs Tensão de cisalhamento na parte lateral do cilindro –
Método vane test
v Velocidade
η Viscosidade – Modelo de Newton
ηa Viscosidade aparente – Fluidos não newtonianos
xxv
ηp Viscosidade plástica – Modelo de Bingham
θ Ângulo de inclinação do plano
ρ Massa específica
σ Tensão normal – Modelo de Coulomb
τ Tensão de cisalhamento
φ Ângulo de atrito interno – Modelo de Coulomb
δ Ângulo de fase obtido em experimentos oscilatórios
1
1- INTRODUÇÃO
1.1- IMPORTÂNCIA DO TEMA
As argamassas de revestimento são definidas na engenharia civil como materiais obtidos
pela mistura, em proporções adequadas, de aglomerante(s), agregado miúdo e água, com
ou sem aditivos. Esses materiais são amplamente utilizados na execução dos revestimentos
em nosso país, exercendo diversas funções, direta ou indiretamente, à medida que são
incorporados às paredes ou panos de vedação, constituindo o sistema de revestimento. Esse
sistema responde por uma série de desempenhos específicos como, por exemplo,
estanqueidade, acústica e conforto térmico. Quando contribuem para o desempenho total
da edificação, devem atender a requisitos de segurança estrutural, resistência ao fogo,
choques e a desgastes superficiais, além de contribuir para a estética e durabilidade das
edificações. No desempenho dessas funções, percebe-se que os sistemas de revestimento
têm uma complexa tarefa, sofrendo a ação de inúmeros fatores, ao longo de sua vida útil.
Em muitos casos, os avanços no estudo das argamassas de revestimento vêm sendo
motivados pelo interesse em se conhecer melhor as propriedades dos elementos
constituintes e pela possibilidade de emprego de novos materiais que, com o passar do
tempo, vão sendo inseridos no processo produtivo. Nesse sentido, cabe destacar o emprego
de aglomerantes com propriedades específicas, tipos de agregados (artificiais - comuns na
produção de algumas argamassas industrializadas, naturais - presentes em composições
tradicionais e agregados reciclados) que exigem novos conceitos para a avaliação destes
(forma, textura, dimensões, natureza mineralógica, grau de empacotamento, uniformidade,
composição química, dentre outros parâmetros), adições minerais com propriedades
plastificantes, além de uma gama de aditivos específicos para a utilização em argamassas
(incorporadores de ar, retentores de água, dentre outros), adesivos poliméricos e fibras
sintéticas.
Outro ponto importante que merece destaque é o avanço verificado nos últimos anos nos
processos de execução dos sistemas de revestimento como, por exemplo: inovações nas
técnicas de transporte e execução (sistemas de bombeamento e projeção de argamassas),
exigindo propriedades bem específicas aos materiais; as argamassas industrializadas que
2
requerem maiores cuidados durante as etapas de mistura e aplicação (controle no tempo de
mistura, tempo de sarrafeamento e cura) e diferentes tipos de substratos (blocos de
concreto, cerâmicos, concreto celular, dentre outros) com características particulares, que
podem implicar, decisivamente, na formulação das argamassas.
Apesar de todo o desenvolvimento verificado nos materiais, processos executivos e no
estudo das argamassas, em determinadas avaliações, ainda é notório o caráter empírico nas
proposições de especificações, materiais, projetos e detalhes construtivos. Um exemplo
claro é a formulação de argamassas de revestimentos que atendam, ao mesmo tempo,
determinadas propriedades no estado fresco (trabalhabilidade) e no estado endurecido
(capacidade de absorver deformação, resistência de aderência, dentre outras) que, em dado
momento, são baseadas em critérios qualitativos e empíricos, difíceis de serem mensurados
ou até estimados.
Nas obras, percebe-se que, em alguns casos, as definições dos traços das argamassas para
assentamento e revestimento dependem de um posicionamento equivocado por parte dos
responsáveis, ficando o proporcionamento ao árbitro de mestres, encarregados e pedreiros.
Em outra situação, também não muito adequada, encontra-se a utilização de traços que são
frutos da experiência local sem levar em conta as características específicas dos materiais
constituintes, substrato ou processo executivo. SELMO (1989) salienta, em seu trabalho,
que o desinteresse pelas argamassas durante a construção pode levar a um desempenho
inadequado dos revestimentos e patologias precoces com custos de reparo significativos. O
panorama colocado ainda é facilmente identificado nas obras espalhadas pelo Brasil, onde
é possível encontrar edificações há pouco tempo concluídas, porém já apresentando
inúmeras patologias nos sistemas de revestimento.
No caso específico das propriedades das argamassas no estado fresco, a situação também é
complexa, fato que pode ser demonstrado pela carência de estudos capazes de avaliar,
sistematicamente, tais propriedades. É comum, inclusive no meio científico, a utilização de
procedimentos baseados na avaliação de profissionais pedreiros envolvidos no processo de
produção dos sistemas de revestimento, fazendo uso de ensaios que fornecem resultados
incapazes de serem correlacionados ou, às vezes, que permitem uma interpretação errônea
do real comportamento das argamassas.
3
Atualmente, é cada vez mais discutida, no meio científico, a necessidade de uma avaliação
das propriedades das argamassas no estado fresco, a partir de modelos de natureza
quantitativa, que possibilitem uma caracterização menos empírica de seu comportamento.
Essa avaliação deve, de certa forma, também envolver e relacionar os parâmetros
tradicionalmente conhecidos como, por exemplo: trabalhabilidade, consistência,
plasticidade, dentre outros. Nesse sentido, algumas das possibilidades de novas discussões
estão baseadas na aplicação dos conceitos do estudo do comportamento reológico do
material.
A reologia é definida como a ciência que estuda a deformação e escoamento da matéria
(BARNES et al., 1989). Sua aplicação se justifica a partir do momento em que se podem
classificar mecanicamente os materiais, analisar seus comportamentos frente a um campo
de tensão, relacionar estes comportamentos com a estrutura de cada material, bem como,
prever o desempenho destes em outros estágios de tensão, deformação, tempo e
temperatura (TANNER, 2000). Em adição à importância da reologia, cabe destacar que
muitos ramos da indústria estão diante de problemas que podem ser resolvidos com base
em tais conceitos. Nesse universo, é bastante comum o uso de projetos de dispositivos para
transporte ou para processar substâncias que não se ajustam a nenhum dos tipos clássicos
de comportamento dos materiais, como exemplos: a lama utilizada na perfuração de poços
de petróleo que, em determinadas situações, pode apresentar comportamento plástico; a
pasta de papel em suspensão, que apresenta efeitos dependentes do tempo; polímeros
fundidos, que mostram efeitos viscoelásticos; fluidos com comportamentos não-
Newtonianos, que ocorrem em todos os ramos da indústria alimentícia onde se encontram
porções como pastas, géis e suspensões. Sob esse enfoque, percebe-se que a reologia não é
somente um agrupamento de teorias ou um “playground” para os matemáticos, físicos e
químicos, conforme menciona REINER (1969), mas pode lançar luz em problemas atuais
de interesse prático com aplicações imediatas.
A utilização dos conceitos, propriedades e experiências da mecânica dos solos também se
apresentam como um vasto campo de possibilidades, com teorias e técnicas experimentais,
bastante consolidadas, capazes de atuar diretamente na construção de um melhor
entendimento do comportamento das argamassas no estado fresco. Segundo TATTERSAL
(1976), um dos principais pesquisadores a aplicar a teoria reológica no estudo das
propriedades dos concretos no estado fresco, há duas maneiras de se estudar tais
4
propriedades: uma seria a aplicação dos fundamentos reológicos e a outra seria a aplicação
da teoria descrita na mecânica dos solos. Entretanto, as duas teorias, em determinados
momentos, podem ser utilizadas em conjunto, uma vez que a reologia é vastamente
explorada em muitos conceitos na mecânica dos solos (FOLQUE, 1961; CAPUTO, 1988).
O uso dos conceitos da mecânica dos solos, no entendimento das propriedades das
argamassas no estado fresco, tem alguns pontos favoráveis, que se justificam:
• primeiro, devido ao fato de ser uma teoria amplamente explorada nos cursos de
engenharia civil, das principais universidades, constituindo, assim, uma boa base
para o corpo técnico-científico que estuda o material e
• segundo, pela existência de técnicas e equipamentos, potencialmente utilizáveis no
estudo das argamassas (precisando apenas de algumas adaptações), estando a
maioria presente nas universidades e centros de pesquisas espalhados pelo país.
No caso específico da reologia e suas avaliações, as condições colocadas são bem
diferentes, não se encontrando a mesma realidade, principalmente no que diz respeito às
técnicas e equipamentos disponíveis, sem contar o elevado custo que alguns equipamentos
apresentam. Entretanto, deve-se reconhecer que a tendência verificada, atualmente, é de
mudanças. Hoje em dia, já se identificam alguns centros de pesquisas no Brasil, buscando
desenvolver tipos de equipamentos capazes de permitir uma caracterização reológica
satisfatória para as argamassas e concretos. Ainda sobre o estudo das argamassas no estado
fresco, a possibilidade de aplicação dessas teorias abre inúmeras opções de discussão,
diretamente endereçadas ao meio técnico, possibilitando o estudo particular de outros tipos
de argamassas, que compõem os sistemas de revestimentos, onde a carência de conceitos e
ferramentas, abordando o tema também é considerável como, por exemplo: as argamassas
de contra-piso, argamassas colantes, rejuntamento, assentamento de blocos, dentre muitas
outras.
Apesar do complexo quadro colocado e da carência de pesquisas sobre a propriedade das
argamassas no estado fresco, nos últimos anos, vêm se verificando certos avanços em
temas relacionados, contribuindo para um melhor entendimento. Nesse sentido, devem-se
destacar trabalhos experimentais como, por exemplo, os estudos de SELMO (1989), que
analisa a influência dos parâmetros volumétricos decorrentes de um procedimento
experimental de dosagem; RAGO (1999), que favorece uma primeira discussão sobre
reologia de argamassas com base no estudo do comportamento reológico de pastas de
5
cimento e cal; ALVES (2002), no estudo dos aditivos incorporadores de ar que, além de
discutir o mecanismo de ação do aditivo, propõe a utilização de novas ferramentas para
avaliar a consistência das argamassas; SANTOS (2003), no estudo dos critérios de
projetabilidade e bombeabilidade de argamassas de revestimento; o trabalho de DO Ó
(2004), que procurou descrever o mecanismo de funcionamento dos aditivos retentores de
água para argamassas, apresentando também uma discussão inicial sobre a influência
desses nas propriedades no estado fresco das argamassas de revestimentos; por fim,
destaca-se, ainda, o trabalho de PAES (2004), que avalia o transporte de água da
argamassa fresca, nos momentos iniciais pós-aplicação, a partir de variações na
composição das argamassas, na natureza do substrato e espessura do revestimento.
O principal evento da área, o SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DE
ARGAMASSAS, também registra algumas discussões importantes relacionadas ao tema,
onde se destacam os trabalhos de CAVANI et al. (1997), BONIN et al. (1999), PAES et al
(1999) e SOUSA e BAUER (2003) que promovem uma discussão sobre alterações na
composição das argamassas como, por exemplo, o teor de ar, o teor de aglomerante e a
distribuição granulométrica, que podem influenciar na trabalhabilidade das argamassas no
estado fresco; e os trabalhos de GOMES et al (1995), ALVES et al. (2003), CARDOSO et
al. (2005), TRISTÃO et al. (2005) e BAUER et al. (2005), CASCUDO et al (2005) que
procuram utilizar novas ferramentas e conceitos que auxiliem no estudo da
trabalhabilidade.
Internacionalmente, encontram-se poucas pesquisas sobre reologia aplicada ao estudo
específico das argamassas de revestimento. Grande parte das discussões é reservada ao
estudo de pastas e concretos com propriedades especiais, que são modificadas a partir de
alterações na granulometria, uso de aditivos e adições minerais. Em alguns casos, as
avaliações nas pastas e argamassas são apresentadas como uma etapa intermediária de um
estudo mais amplo sobre concretos no estado fresco. Entretanto, algumas referências
abordam conceitos (POWERS 1968; TATTERSALL, 1976; POPOVICS, 1982; DE
LARRARD, 1999), aplicações (BANFILL, 1991; AUSTIN et al 1999) e procedimentos de
ensaios (DE LARRARD at al., 1997; FERRARIS, 1999; BANFILL et al., 2000; BARNES
et al. 2001, KOEHLER et al., 2003), que podem ser perfeitamente aplicados ao estudo das
propriedades das argamassas de revestimento.
6
Nesse sentido, o presente trabalho busca contribuir com uma discussão sobre as
propriedades das argamassas no estado fresco, tendo em vista condições de
trabalhabilidade. Pretende-se, desenvolver estudos específicos que estabeleçam uma
discussão mais aprofundada sobre a trabalhabilidade, com base em conceitos e ferramentas
que apresentam grande potencial de serem utilizadas. Ressalta-se que esse é um tema de
cunho científico e tecnológico com poucas pesquisas sobre o assunto no âmbito nacional e
internacional, principalmente, no que tange o estudo das argamassas de revestimento.
Este trabalho está inserido na linha de pesquisa referente a Sistemas Construtivos e
Desempenho de Materiais e Componentes, do Programa de Pós-Graduação em Estruturas e
Construção Civil da Universidade de Brasília (PECC/UnB), particularmente, no tema
“Sistemas de Revestimento, de Impermeabilização e de Proteção”.
1.2- OBJETIVOS DA PESQUISA
O presente trabalho tem como objetivo discutir e avaliar as propriedades das argamassas de
revestimento no estado fresco, tendo em vista critérios capazes de caracterizá-las frente às
condições de trabalhabilidade. Como objetivos específicos, podem ser listados:
• avaliar como alterações na composição das argamassas, em específico: teor de cal,
teor de cimento e composição granulométrica, podem influenciar o comportamento
das argamassas no estado fresco;
• promover a avaliação de novos métodos de ensaios que forneçam resultados mais
representativos durante uma avaliação das propriedades das argamassas no estado
fresco;
• avaliar a relação entre os resultados obtidos, tendo em vista definir critérios capazes
de apontar determinadas condições de trabalhabilidade.
1.3 ORIGINALIDADE DO TEMA
A originalidade do trabalho está calcada na utilização de ferramentas capazes de
quantificar parâmetros que, atualmente, são avaliados de forma indireta e qualitativa ao se
buscar uma determinada condição de trabalhabilidade. Essa abordagem permite uma
discussão ampla sobre o tema, até o momento, pouco explorado em pesquisas nacionais e
internacionais.
7
As limitações desse estudo sempre foram relacionadas à dificuldade de encontrar
ferramentas que traduzissem, de forma quantitativa, aspectos relacionados à
trabalhabilidade dessas argamassas como, por exemplo, consistência, plasticidade,
aspereza, exsudação, dentre outros. Muitos dos testes, tradicionalmente, utilizados não
favorecem uma avaliação completa se mostrando instáveis, com alterações na composição
das argamassas (como é o caso do ensaio da mesa de consistência). Ademais, alguns testes
mais modernos (desenvolvidos para o estudo reológico de materiais como pastas e
concretos), além de serem de custo relativamente alto e não disponíveis ainda na maioria
dos laboratórios do país, não satisfazem as características e exigências específicas das
argamassas de revestimento.
A presente pesquisa foi desenvolvida em argamassas mistas de cimento, cal e areia. Esse
tipo de argamassa foi escolhido por ser um material, tradicionalmente, utilizado na
execução dos sistemas de revestimento, porém suas propriedades no estado fresco
necessitam, ainda, de uma caracterização mais detalhada. Como ferramentas, foram
utilizados métodos tradicionais como a mesa de consistência (NBR 13276, 1995) e o
ensaio de penetração de cone (ASTM C 780, 1996); o método vane test cujo resultado vem
ganhando espaço no estudo da reologia das argamassas; o método de cisalhamento direto,
que fornece uma análise mais detalhada da argamassa, utilizando uma curva de tensão de
cisalhamento versus deformação; e o ensaio de perda de água sob sucção, como forma de
avaliar indiretamente a tendência de exsudação da argamassa.
1.4- ESTRUTURA DA TESE
Este trabalho encontra-se estruturado em seis capítulos, sendo este a introdução que tem
um caráter geral de apresentação do tema, indicando não só os motivos que levaram à
pesquisa, mas também a importância, as delimitações e os objetivos da pesquisa.
O Capítulo 2 compreende uma revisão bibliográfica sobre o tema destacando, dentre outros
assuntos, o embasamento teórico, definições abordadas na teoria reológica e na mecânica
dos solos, propriedades consideradas importantes para o estudo das argamassas, além de
uma discussão sobre métodos de ensaio com grande potencial de serem utilizados na
caracterização reológica das argamassas no estado fresco.
8
O programa experimental é abordado no Capítulo 3, onde se apresentam as variáveis do
estudo, os ensaios de caracterização dos materiais e os procedimentos de ensaio
empregados na avaliação das propriedades das argamassas no estado fresco.
No Capítulo 4, apresentam-se os resultados obtidos nos programas experimentais, durante
a avaliação dos diferentes métodos de ensaios utilizados na caracterização das
propriedades das argamassas no estado fresco, em função das variações na composição das
argamassas.
No Capítulo 5, trata-se da discussão dos resultados, onde são analisadas as possíveis
correlações entre os resultados dos métodos de ensaio e os efeitos das variações na
composição das argamassas, tendo em vista definir critérios de trabalhabilidade.
Finalizando, têm-se, no Capítulo 6, as conclusões do presente estudo, sendo sugeridos
alguns temas correlacionados, para o desenvolvimento de estudos futuros.
Nos Anexos, são apresentados os resultados de caracterização dos materiais utilizados e os
resultados individuais das séries de estudo avaliadas na pesquisa.
9
2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capítulo, é apresentada uma abordagem acerca dos conceitos relativos ao estudo do
comportamento dos materiais em situação de fluxo, muitos deles descritos na reologia. Em
seqüência, será discutida a importância do tema, bem como a problemática que envolve o
estudo das propriedades das argamassas no estado fresco, procurando correlacionar
conceitos científicos com aplicações tecnológicas de interesse.
2.1- EMBASAMENTO TEÓRICO SOBRE REOLOGIA
A reologia provém de um sistema de forças necessário para causar uma dada deformação
ou escoamento em um corpo, ou reciprocamente, da deformação ou escoamento resultantes
da aplicação de um dado sistema de forças (REINER, 1969). Para esse caso, se o corpo em
consideração é um fluido, a aplicação de qualquer sistema de forças anisotrópico1 e
heterogêneo2, resulta em escoamento. Além disso, a retirada (alívio) do sistema de forças
não resultará no retorno do corpo a seu estado indeformado. Caso o corpo em consideração
seja um sólido elástico, a aplicação de qualquer sistema de forças heterogêneo, isotrópico
ou anisotrópico resultará em uma deformação, mas não em um escoamento. Nesse caso,
depois de retirar o sistema de forças, o corpo retornará a seu estado indeformado. Se o
corpo, sob consideração, é um plástico, ele escoará como um fluido se a força aplicada
exceder algum valor crítico; de outro modo, o corpo se deforma como um sólido elástico.
Os conceitos de fluidez, consistência, solidez e plasticidade são idealizações que
descrevem o comportamento de materiais reais em certos casos limites. Em geral, o
comportamento de um material real inclui os tipos de comportamentos antes mencionados,
bem como comportamentos intermediários. É claro que a hidráulica, a mecânica dos
fluidos, resistência dos materiais e a engenharia estrutural, têm seus fundamentos em uma
parte da reologia. O método utilizado por cada uma dessas disciplinas é combinar os
resultados da reologia com os requisitos da mecânica para obter respostas significativas e
úteis sobre as classes dos materiais de interesse (REINER, 1969).
1 Isto é, diferentes em diferentes direções. 2 isto é, diferentes em diferentes posições
10
Em outro ponto de vista, existem duas maneiras gerais de estudar aspectos reológicos: a
primeira consiste em desenvolver expressões matemáticas, que possam descrever os
fenômenos reológicos sem fazer maiores referências às suas causas (aspecto que se
assemelha às teorias já discutidas anteriormente); e a segunda consiste em correlacionar o
comportamento mecânico observado com a estrutura interna detalhada do material em
questão. Sobre este último assunto, entra em pauta toda teoria que se aplica ao estudo da
química dos sistemas coloidais e suspensões3, refletindo não só nas características das
partículas individualmente, mas também nas interações partícula-partícula e partícula-
solvente (SHAW, 1975). Em parte, a reologia é, em determinadas situações, uma ciência
puramente descritiva. Entretanto, nos últimos anos, registrou-se um considerável progresso
em relação ao entendimento mais profundo do comportamento reológico e ao
desenvolvimento de uma base quantitativa para seu estudo, principalmente, com o
desenvolvimento das técnicas de instrumentação (BRETAS et al, 2000).
Nos itens que seguem, neste capítulo, serão discutidos alguns dos principais conceitos
envolvidos com a teoria reológica.
2.1.1- Fluidos newtonianos
São denominados fluidos newtonianos todos os materiais que exibem uma relação linear
entre a tensão e a taxa de cisalhamento (denominada gradiente de velocidade) (Figura 2.3).
Esse tipo de fluido é conhecido como corpo viscoso ideal. Um material, que exibe este
comportamento, não pode sustentar deformações prolongadas, pois essas são aliviadas pelo
escoamento (conforme ilustra a Figura 2.1). Sendo a Equação (2.1) utilizada para descrever
tal comportamento.
3 Sistemas Coloidais, onde as partículas dispersas são menores que 1 µm, e Suspensões, onde as partículas são maiores que 1 µm. Entretanto, esta divisão é arbitrária, existindo muitos sistemas de dispersões com características intermediárias (JASTRZEBSKI, 1977).
11
F
v
yx
y
Base fíxa
Líquido
Placa livre
Figura 2.1- Esquema ilustrativo do experimento de Newton para a determinação da
viscosidade de fluídos
ηγητ ==dydv (2.1)
onde,
F = força de cisalhamento4 (N)
τ = tensão de cisalhamento (Pa)
η = viscosidade absoluta (Pa.s)
dv/dy = variação da veloridade ao longo da camada do fluido
γ = taxa de cisalhamento ou gradiente de velocidade (s-1)
A viscosidade expressa a resistência do fluido ao escoamento devido à fricção interna que
resulta quando uma película do fluido é forçada a mover-se em relação à outra adjacente
(BARNES et al., 1989). Materiais altamente viscosos possuem um elevado atrito interno,
fluindo com maior dificuldade do que materiais menos viscosos (NAVARRO, 1997).
Para a maior parte dos líquidos puros, e para muitas soluções e dispersões, a viscosidade
(η) é uma grandeza bem definida a uma dada temperatura e pressão, independente da
tensão de cisalhamento (τ) e da taxa de cisalhamento (dv/dy), desde que o fluxo seja
laminar5 (MYSELS, 1959).
4 A força de cisalhamento é a componente tangencial da força que age sobre uma superfície e, dividida pela área da superfície, dá origem à tensão de cisalhamento sobre esta (STREETER e WYLIE, 1980). 5 Um fluido apresenta fluxo laminar quando a aplicação de forças sobre esse líquido produz diferenças de velocidades entre camadas (laminares) adjacentes existentes no interior desse fluido. No escoamento laminar, as camadas de fluido se deslocam através de linhas de corrente, retas ou curvas, paralelas à direção do escoamento, sem que ocorra mistura macroscópica. (REINER, 1969).
12
2.1.2- Fluidos não-newtonianos
Para várias classes de fluídos a viscosidade não é constante, dependendo da taxa de
deformação a uma dada temperatura e pressão. Tais fluidos são chamados de não-
newtonianos. Para esses fluidos a relação entre a tensão e a taxa de cisalhamento não são
lineares. Como exemplo, podem-se ter algumas misturas heterogêneas e as suspensões em
geral.
Os fluidos não-newtonianos podem ser divididos em três grandes grupos:
Grupo 1 - Fluidos com comportamento não dependente do tempo: fluidos cuja relação
entre a tensão e a taxa de cisalhamento permanece constante ao longo do tempo;
Grupo 2 - Fluidos com comportamento dependente do tempo: onde a relação entre a tensão
e taxa de cisalhamento varia em função do tempo;
Grupo 3 - Fluidos viscoelásticos: sistemas que apresentam características de fluxo viscoso
com comportamento elástico.
Maiores detalhes sobre esses tipos de comportamentos reológicos, inclusive suas
subdivisões, serão apresentados nos próximos itens.
2.1.2.1- Fenômenos não-newtonianos não dependentes do tempo
I- Pseudoplasticidade
A pseudoplasticidade ocorre quando a viscosidade aparente6 do fluido diminui com o
aumento da taxa de cisalhamento, quando este é avaliado em uma condição de fluxo
(conforme as curvas de fluxo7 ilustradas na Figura 2.3). Esse comportamento pode ser
explicado por uma das razões que se seguem (NAVARRO, 1997; BRETAS et al., 2000;
OLIVEIRA et al., 2000):
6 A viscosidade aparente é a razão simples entre a tensão de cisalhamento e a taxa de cisalhamento. É utilizada para descrever a viscosidade de fluidos não-newtonianos, uma vez que seu valor depende, dentre outros fatores, da taxa de cisalhamento considerada. 7 Curva de fluxo é a representação gráfica de como a tensão de cisalhamento varia em função da taxa de cisalhamento.
13
• sistemas líquidos constituídos de moléculas grandes e flexíveis, que passam de
uma configuração, aleatoriamente, enrolada no repouso, para uma orientação
ordenada na direção do escoamento, assumindo uma forma quase linear;
• a existência de moléculas que, em repouso, se encontram altamente solvatadas, que
têm as camadas de solvatação destruídas pela ação do cisalhamento;
• a existência de partículas assimétricas que, estando no repouso, orientadas de
forma aleatória, assumem uma orientação preferencial na direção do escoamento
(caso de algumas suspensões); bem como
• o tipo de interação entre as partículas (atração ou repulsão).
Os aglomerados originados pela atuação de forças atrativas entre as partículas (Van der
Waals) podem ser considerados como uma das causas fundamentais para o fenômeno da
pseudoplasticidade. A estrutura, geralmente porosa, desse sistema absorve parte da água
destinada para o afastamento das partículas, diminuindo a distância de separação entre as
unidades móveis no líquido, elevando o número de colisões entre elas e, por conseqüência,
a viscosidade da suspensão. Com a aplicação de taxas de cisalhamento à suspensão, esses
aglomerados se rompem gradativamente, liberando a água aprisionada em seu interior, que
passa a contribuir para o afastamento entre as partículas. Como resultado disso, há um
decaimento da viscosidade aparente da suspensão em função da taxa de cisalhamento
(OLIVEIRA et al., 2000).
II- Dilatância
A dilatância é um fenômeno inverso à pseudoplasticidade. Nesse tipo de comportamento,
observa-se um aumento da viscosidade aparente com o aumento da taxa de cisalhamento
aplicada ao sistema, quando este é avaliado em uma condição de fluxo (conforme as curvas
de fluxo ilustradas na Figura 2.3). Tal termo foi utilizado pela primeira vez por Reynolds
ao observar que alguns sistemas se expandiam, volumetricamente, sob cisalhamento
(NAVARRO, 1997). Este comportamento deve-se ao fato de que tais suspensões, quando
em repouso, apresentavam uma quantidade mínima de vazios e que o líquido existente é
suficiente apenas para preenchê-los. Sob cisalhamento suave, o líquido lubrifica as
partículas, facilitando seus movimentos relativos (conforme Figura 2.2).
14
Após aplicação da tensão de cisalhamento
Figura 2.2- Hipótese de Reynolds para a dilatância (NAVARRO, 1997)
Aumentos posteriores, na taxa de deformação, provocavam expansão no material e
elevação na quantidade de vazios. Desse ponto em diante, o líquido não é mais suficiente
para lubrificar as partículas, dificultando o movimento relativo entre elas. O aumento na
viscosidade aparente do sistema fica, então, evidenciado pela necessidade de aumentar a
tensão de cisalhamento para manter o movimento das partículas (fluxo relativo).
Este comportamento é típico de suspensões concentradas, onde as partículas se encontram
próximas entre si, como algumas argamassas. Dessa forma, todos os fatores, que
contribuem para a redução da distância média de separação entre as partículas e dificultam
a movimentação relativa entre elas, favorecem a manifestação da dilatância como, por
exemplo, a presença de partículas com elevada rugosidade superficial e formatos
assimétricos, além da existência de pronunciadas forças de repulsão entre elas (OLIVEIRA
et al., 2000).
Os dois tipos de modelos apresentados anteriormente, tanto o pseudoplástico como o
dilatante, podem ser descritos a partir da equação de potência proposta por Ostwald
(Equação (2.2)), sendo necessários dois parâmetros reológicos para caracterizar o
comportamento de fluxo, o índice de consistência, K, e o índice de comportamento ou de
fluxo, n. Enquanto n é uma grandeza adimensional, K tem dimensão física definida com
unidade mais usual o Pa.sn (Sistema Internacional - SI).
nKγτ = (2.2)
O índice de consistência está relacionado com a viscosidade aparente (ηa) pela Equação
(2.3).
naK −⋅= 1γη (2.3)
Sendo assim, quando:
n = 1 => o modelo de potência se reduz ao modelo de Newton;
15
n < 1 => a viscosidade aparente diminui com a taxa de deformação (modelo
pseudoplástico);
n > 1 => a viscosidade aparente aumenta com a taxa de deformação (modelo dilatante).
Percebe-se que o índice de comportamento, n, indica fisicamente o afastamento do fluido
do modelo de Newton. Se o seu valor se aproxima de um, então, o fluido está próximo do
comportamento newtoniano. Quanto ao índice de consistência, K, seu valor indica o grau
de resistência do fluido diante do escoamento. Quanto maior o valor de K, mais
“consistente” o fluido será. Comparando as equações dos modelos de Newton (Equação
2.1) e Ostwald (Equação 2.2) observa-se que os parâmetros η (viscosidade) e K (índice de
consistência), a menos do índice n, são similares.
O modelo de Ostwald para fluidos pseudoplásticos e dilatantes estão representados na
Figura 2.3.
III- Viscoplasticidade
A viscoplasticidade é um fenômeno caracterizado pela existência de um valor limite para a
tensão de cisalhamento (denominado de tensão de escoamento), o qual deve ser excedido
para que o material apresente um fluxo viscoso. Esse modelo, idealizado por Bingham, é
comum entre as composições altamente concentradas em que a interação partícula-
partícula exerce um papel importante. Sistemas que são considerados líquidos, como
suspensões concentradas, quando têm sua concentração de sólidos elevada, favorecem a
formação de um “esqueleto” por parte das partículas antes dispersas. Essa estrutura
formada, além de ser responsável pela elevação da viscosidade do sistema, impede que o
mesmo flua normalmente, sendo necessária sua ruptura para um escoamento viscoso
(NAVARRO, 1997).
No caso das suspensões, a tensão de escoamento é originada pela aglomeração das
partículas presentes no fluido, de modo a formar uma estrutura espacial rígida de partículas
por toda a suspensão. Nesse caso, a tensão de escoamento corresponde àquela necessária
para quebrar essa estrutura de partículas. Vale salientar que a formação desse tipo de
estrutura exige que a suspensão apresente uma concentração de sólidos mínima, que
possibilite a conexão entre as partículas por todo o fluido. A tensão de escoamento também
16
é decisivamente influenciada pelas forças atrativas as quais dificultam o deslocamento
relativo entre elas na suspensão (OLIVEIRA et al., 2000).
Sob este enfoque, é razoável supor que a dificuldade imposta pelas partículas ao fluxo do
líquido que as circunda também influenciam a viscosidade do fluido. Quanto maior a
perturbação causada pelo sólido, maior a viscosidade do sistema. Sendo assim, os
principais fatores, que afetam a viscosidade de uma suspensão são:
1. concentração volumétrica de sólidos;
2. características do meio líquido (viscosidade, densidade, dentre outros);
3. características físicas das partículas (como tamanho, distribuição granulométrica,
densidade, forma, área superficial específica e rugosidade superficial);
4. tipo de interação entre as partículas (repulsão, atração, atrito, dentre outros.).
5. temperatura;
O fluido viscoplástico idealizado por Bingham pode ser descrito por um modelo
matemático segundo a equação abaixo (Equação 2.4). Sendo assim, os fluidos que
obedecem a essa relação são, também, definidos como fluidos de Bingham.
γηττ ⋅+= po (2.4)
onde,
τo = é a tensão de escoamento (Pa)
γ = é a taxa de cisalhamento (s-1)
ηp = é a viscosidade plástica do sistema8 (Pa.s)
Os modelos discutidos anteriormente estão caracterizados a partir das curvas de fluxo
apresentadas na Figura 2.3.
8 Viscosidade plástica é uma grandeza utilizada para caracterizar a viscosidade do modelo de Bingham (plástico ideal).
17
Taxa de cisalhamento
Tens
ão d
e ci
salh
amen
to1
2
3
4
1 – Fluido newtoniano, 2 – Fluido de Bingham, 3 – Fluido pseudoplástico e 4 – Fluido Dilatante
Figura 2.3- Comportamento da tensão x taxa de cisalhamento (BARNES et al., 1989).
Um último modelo idealizado por Herschell e Bulkley que se aplica aos fluidos que
apresentam uma associação dos modelos propostos por Bingham e o modelo de potência é
descrito pela Equação (2.5) (BARNES, 1989).
no Kγττ += (2.5)
Esse é um modelo mais completo podendo se adequar a todos os modelos anteriormente
discutidos. Cada termo da equação tem significado igual aos termos já discutidos
anteriormente. Para caracterizar tal comportamento são necessários três parâmetros
reológicos, a tensão de escoamento, τo, o índice de consistência, K, e o índice de
comportamento, n.
Além dos modelos apresentados nos itens acima, vários outros são utilizados para
descrever o comportamento reológico de materiais em situação de fluxo como, por
exemplo, os modelos de Einstein, Cross, Casson e Robertson-Stiff, os quais não serão
abordados nessa revisão. Maiores detalhes podem ser encontrados nas referências
BARNES et al. (1989), TANNER (2000), HACKLEY et al. (2001), STRUBLE et al.
(2001) e MACHADO (2002).
2.1.2.2- Fenômenos não-newtonianos dependentes do tempo
I- Tixotropia
A tixotropia é um comportamento caracterizado pela diminuição da viscosidade aparente
do líquido com o tempo, para uma taxa de cisalhamento constante. Esse é um fenômeno
18
análogo ao da diminuição da viscosidade com o cisalhamento, porém dependente do
tempo, sendo devido a causas semelhantes. A tixotropia é um fenômeno isotérmico e
reversível, isso porque, após a retirada do esforço externo, as ligações quebradas são
reconstituídas. Entretanto, deve-se ressaltar que esse processo de reconstituição é mais
lento que o processo de quebra durante o cisalhamento (SHAW, 1975). A tixotropia pode
ser caracterizada ainda pela formação de uma histerese na curva tensão versus taxa de
cisalhamento (Figura 2.4). Esse comportamento é identificado em alguns materiais de
construção no estado fresco. O concreto, por exemplo, apresenta comportamento
tixotrópico, pois, ao se realizarem vibrações nesse material, há uma diminuição da
viscosidade aparente, enquanto dura essa aplicação. Algumas argamassas utilizadas em
reparo; chamadas comercialmente de argamassas tixotrópicas, também apresentam tal
propriedade.
Tensão de cisalhamento
Taxa
de
cisa
lham
ento
Figura 2.4- Fluidos tixotrópicos (SHAW, 1975)
II- Anti-tixotropia ou reopexia
Trata-se do aumento da viscosidade com o tempo para uma dada taxa de cisalhamento,
podendo ser observada, esporadicamente, quando se acelera a restauração tixotrópica.
Cabe acrescentar que, na anti-tixotropia, as partículas da fase dispersa devem possuir uma
tendência à aglomeração, a qual é aumentada pela ação do cisalhamento imposto. Por
exemplo, suspensões argilosas de bentonita sedimentam-se lentamente quando estão em
repouso, e o fazem rapidamente quando agitadas levemente (SHAW, 1975).
19
2.1.2.3- Viscoelasticidade
A viscoelaticidade é um ramo da mecânica do contínuo que aumentou de importância com
a crescente introdução de certos materiais, tais como borracha, silicone, plásticos, argilas e
tintas, cujo comportamento não é explicado nem pela teoria elástica nem pela teoria de
escoamento dos fluídos puramente viscosos.
Quando um sólido elástico9 é submetido à tração, ele se deforma imediatamente e
proporcionalmente à força aplicada, mantendo-se constante essa deformação enquanto
permanecer constante a força que a provoca. Removida a força, a energia elástica
armazenada no sólido é desprendida, e ele imediatamente retorna à forma original. Por
outro lado, líquidos viscosos se deformam segundo uma velocidade proporcional à força
aplicada e não mostram nenhuma tendência de retornar a forma inicial depois de cessada a
força, após o que a energia envolvida terá sido dissipada totalmente sob a forma de calor,
para vencer a resistência de fricção interna. Os sistemas onde tanto as características
elásticas como viscosas estão presentes, são denominados de fluidos viscoelásticos
(REINER, 1969; NAVARRO, 1997; TANNER, 2000).
A viscoelasticidade é, geralmente, estudada qualitativamente mediante o uso de analogias
mecânicas e algumas teorias moleculares mais simples, que procuram explicar porque
determinados líquidos se comportam parcialmente como sólidos. Alguns desses modelos
são apresentados na Figura 2.5, como modelo de Maxwell (sistema mola amortecedor em
série) e modelo de Kelvin-Voigt (sistema mola amortecedor em paralelo).
9 Um determinado sólido é dito elástico se seu comportamento tensão versos deformação é descrito pela lei de Hooke.
20
Amortecedor
F
η
F
Mola
a) b)
E E η
η - Viscosidade, E - Módulo de deformação Figura 2.5- Alguns exemplos mecânicos (sistema mola amortecedor) utilizados para modelar o comportamento viscoelástico – a) Modelo de Maxwell e b) Kelvin-Voigt.
NAVARRO (1997)
O desenvolvimento teórico da viscoelasticidade aborda a combinação em série, paralela,
ou associação desses modelos para explicar determinados comportamentos. A partir da
relação entre tensão e deformação, são feitas deduções matemáticas que resultam em
equações onde aparecem comportamentos e parâmetros típicos dos fluídos viscoelásticos.
Em geral, as equações diferenciais descrevem efeitos combinados de viscosidade e
elasticidade, sendo compostas de três termos básicos: um elástico, envolvendo deformação;
um viscoso, envolvendo taxa de deformação; e um inercial, envolvendo aceleração.
Quando a deformação é conduzida a uma taxa de cisalhamento infinitamente pequena, a
componente viscosa pode, às vezes, ser desprezada, uma vez que as características
elásticas predominam. Quando o escoamento contínuo está plenamente estabelecido, a
componente elástica pode ser desprezada, e o efeito viscoso prevalecerá (MACHADO,
2002).
A Tabela 2.1 apresenta um resumo sobre as características fundamentais de
comportamento de um sólido elástico, fluido viscoso e fluido viscoelástico.
21
Tabela 2.1- Resumo das características de um sólido elástico, fluido viscoso e fluido
viscoelástico (MACHADO, 2002) Sólido elástico ideal Fluido viscoso ideal Fluidos viscoelásticos
A tensão aplicada é armazenada sob forma de energia e depois
convertida (reversível) em energia mecânica.
A tensão aplicada é dissipada irreversivelmente, sob a forma
de energia calorífica.
Fluido com comportamento misto (viscoso e elástico), com energia
parcialmente dissipada e acumulada.
O parâmetro de medida principal é a deformação elástica.
⎟⎠⎞
⎜⎝⎛ ∆
=LL*γ (2.6)
A resposta é expressa sob forma de elongação ou deformação elástica
O parâmetro de medida principal é o gradiente de
velocidade
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛∂∂
=yvγ (2.7)
A resposta é expressa sob forma de cisalhamento
contínuo
Os parâmetros de medidas podem ser tanto a tensão aplicada como a
deformação
Sua equação de estado ou de tensão é expressa por:
*γσ ⋅= G (2.8) sendo G o módulo de Young
Sua equação de estado ou fluxo é:
γητ ⋅= (2.1)
A equação de fluxo é resultado das somas das parcelas elástica e
viscosa do fluido.10
⎟⎠⎞
⎜⎝⎛
∂∂
⋅+⋅=tyG ηγτ * (2.9)
⎟⎠⎞
⎜⎝⎛
∂∂
=⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛+⎟
⎠⎞
⎜⎝⎛
∂∂
⎟⎠⎞
⎜⎝⎛
ttGγ
ηττ1
(2.10)
Legenda: γ – Taxa de deformação (s-1); η – Viscosidade (Pa.s); τ – Tensão de cisalhamento (Pa); σ – Tensão normal (Pa); γ* – Deformação de um sólido elástico (m); L – Comprimento longitudinal ou horizontal (m); G – Módulo de elasticidade (Pa)
2.1.3- Princípio das técnicas utilizadas no estudo da reologia
2.1.3.1- Viscosimetria
Viscosimetria é um segmento da mecânica dos fluidos que consiste na prática experimental
de medir a resposta reológica dos fluidos, considerados puramente viscosos, onde a
componente elástica possa ser desprezada. Ela consiste em medir grandezas físicas, tais
como velocidade angular, torque, tempo, etc, que possam ser transformadas em unidades
de tensão e de taxa de cisalhamento. A técnica tem como objetivo a determinação da
viscosidade ou dos parâmetros viscosos, considerando um certo modelo, ou então, com a
construção e interpretação das curvas de fluxo e de viscosidade. A técnica permite ainda
determinar a tensão de escoamento por extrapolação desses modelos.
10 As equações apresentadas correspondem, respectivamente, aos modelos de Kelvin-Voigt e Maxwell, ilustrados na Figura 2.5.
22
Os modelos mais usuais dos viscosímetros se baseiam em escoamento de fluxo
permanente, laminar, através de geometrias bem definidas, amplamente estudados e
conhecidos da mecânica dos fluidos. Estes escoamentos são: em torno de uma esfera; entre
placas paralelas; através de tubos de seção circular; entre cilindros coaxiais; entre cone e
placa circular e entre placas circulares, sendo os três últimos os tipos de escoamento mais
utilizados pela maioria dos viscosímetros disponíveis comercialmente.
Na maioria dos dispositivos utilizados, procura-se simular as condições de fluxo
idealizadas no experimento original de Newton que, em resumo, consiste em favorecer o
deslocamento relativo entre as superfícies a uma dada taxa de cisalhamento, enquanto a
outra permanece estacionária (fixa), estabelecendo uma condição de fluxo no material
colocado entre os dispositivos (conforme ilustra a Figura 2.1 – Modelo de Newton).
A solução matemática do problema físico de um líquido deformado, sob a ação de forças
de cisalhamento, é obtida após resolver equações diferenciais complexas, as quais, na
maioria das vezes, só podem ser resolvidas de maneira particularizada, sendo impostas
determinadas condições de contorno. No caso das medidas de viscosidade, as condições
estabelecidas são: fluxo laminar; estado estacionário; aderência; homogeneização;
inelasticidade e estabilidade física e química. O assunto permite apontar ainda as seguintes
recomendações (MACHADO, 2002):
• o cisalhamento aplicado deve causar somente o fluxo laminar na amostra ensaiada
uma vez que este tipo de fluxo evita alterações nos volumes de controle entre as
camadas de fluido;
• sensores sob a forma de misturadores (palhetas, rosetas, etc) devem ser evitados
nos viscosímetros, uma vez que eles podem criar fluxo turbulento11 e misturas entre
as massas dos fluidos;
• deve ser evitado também o uso de agitadores no recipiente de medida, onde está o
sensor, uma vez que eles também provocam turbulência;
• alteração das condições de fluxo gera erros significativos, superiores a 50%, devido
à superposição de redemoinhos e turbulências à corrente inicialmente laminar;
11 O escoamento turbulento se caracteriza pelo deslocamento caótico de pequenas massas de fluido ao longo do canal de fluxo. Os turbilhões provocam misturas entre as camadas e mesmo quando o escoamento se encontra plenamente desenvolvido a velocidade em um ponto oscila em torno de um valor médio. Em fluxo turbulento, as partículas ou massas de fluido se movem ao acaso e através de trajetórias acentuadamente curvas, isto é, as velocidades pontuais mudam em valor e direção a todo instante.
23
• é conveniente realizar a medida depois de decorrido um certo tempo de
cisalhamento, com o objetivo de garantir o estado estacionário;
• o fluido deve apresentar aderência à superfície do dispositivo utilizado pelo
instrumento para se efetuar as medidas, denominada de sensor nos viscosímetros. A
tensão deve ser transmitida pelo móvel (cilíndrico, placa, cone, etc), através das
camadas do líquido. Quando as camadas do fluido não aderem a esta superfície,
isto é, quando há deslizamento relativo, os resultados do ensaio são insignificantes
ou imprecisos. Nesse caso, o tipo de fluxo identificado é denominado de fluxo
tampão12;
• é necessário que a amostra reaja ao cisalhamento de forma uniforme, durante o
transcurso do ensaio. Quando a amostra é uma dispersão, então as partículas,
bolhas ou gotas devem ser pequenas em relação à espessura da camada de líquido
cisalhada;
• se a amostra é uma mistura de dois ou mais componentes, a sua homogeneização
pode exigir agitação vigorosa e turbulenta antes do ensaio. Cada elemento de
volume deve conter a mesma composição. Medições em misturas heterogêneas são
criticas em virtude da possibilidade de separação das fases;
• a ausência de variações de natureza física ou química, tais como evaporação,
endurecimento, degradação e reação química, é uma das condições importantes na
determinação da viscosidade de uma amostra.
• nas amostras viscoelásticas, uma parcela da energia fornecida é armazenada
elástica e temporariamente. Nesses casos, a viscosimetria simples pode produzir
erros elevados para tais tipos de fluidos. Quando a componente elástica é relevante,
os resultados não podem ser interpretados apenas como viscosidade.
A viscosimetria não é uma técnica simples, que pode ser utilizada indiscriminadamente,
sob quaisquer condições, sem conhecer adequadamente o material a ser avaliado, bem
como as limitações de cada equipamento. Cabe lembrar ainda que, seguindo as condições
de contorno e recomendações colocadas acima, materiais como argamassas e concretos
12 O escoamento tampão pode ser definido como um caso particular do escoamento laminar, no qual não existe deslizamento relativo entre as camadas de fluido numa certa região. O escoamento tampão, em princípio, só deve acontecer em fluidos não-ideais que possuam uma tensão limite para iniciar o cisalhamento, isto é, possuam tensão de escoamento finita e diferente de zero. Este tipo de escoamento, normalmente, acontece em misturas pastosas de sólidos em líquidos, tais como argila, pasta de cimento, argamasas e concretos, polímeros em água, etc (MACHADO, 2002).
24
possuem características bem específicas que contrariam e até impossibilitam algumas das
considerações necessárias.
2.1.3.2- Reometria
Os reômetros são equipamentos desenvolvidos para investigar propriedades viscoelásticas
de sólidos, semi-sólidos e fluidos. Esses equipamentos permitem ainda uma análise
reológica sob condição de fluxo pleno, como a maioria dos viscosímetros (conforme
apresentado anteriormente). Nos reômetros, os modelos viscoelásticos são estudados a
partir de tensões ou deformações oscilatórias, ao invés de tensões ou deformações
constantes, que conduzem a um estado permanente de cisalhamento, como é o caso dos
viscosímetros. Os testes oscilatórios são também denominados de testes dinâmicos. Estes
testes geram dados sobre viscosidade e elasticidade como uma função do tempo de
resposta, relacionando a velocidade angular ou freqüência imposta com a tensão ou
deformação oscilatória resultante (MACHADO, 2002). Os ensaios são realizados em um
vasto intervalo de velocidade ou de freqüência, sendo que as amostras não são perturbadas
mecanicamente nem as suas estruturas internas são rompidas. As amostras são investigadas
apenas reologicamente com as estruturas em repouso. Pode-se dizer que essa forma de
atuação é uma das grandes vantagens dos reômetros. Realizar um teste dinâmico com um
reômetro rotativo significa, por exemplo, que a parte giratória do sensor (cilíndrico, cônico
ou placa), não está girando continuamente em uma direção, mas movimenta-se
alternadamente, descrevendo uma função senoidal com o tempo, alcançando pequenos
ângulos de deflexão (θ), para a esquerda e para a direita. A Figura 2.6 apresenta,
esquematicamente, a seqüência de execução do ensaio.
A resposta observada é analisada a partir do ângulo de fase obtido no experimento, sendo
os casos clássicos definidos conforme ilustra a Figura 2.7. Quando o ângulo de defasagem
medido é δ = 0o, o material analisado apresenta um comportamento segundo descreve a Lei
de Hooke, ou puramente elástico; caso δ = 90o, o material segue a Lei de Newton da
viscosidade e o material é puramente viscoso. Os fluidos com comportamento viscoelástico
são tratados como comportamentos intermediários aos dois casos limites.
25
Figura 2.6- Seqüência de execução do ensaio utilizando um procedimento oscilatório
(ROSAS, 2003)
Figura 2.7- Casos extremos, clássicos, obtidos durante uma análise por processo oscilatório
(ROSAS, 2003)
Os reômetros são equipamentos complexos, permitindo ainda um grande número de
avaliações adicionais. A possibilidade de não provocar perturbações mecânicas e
rompimento da estrutura interna dos materiais avaliados, caracterizando materiais com
parâmetros viscoelásticos, mostra que essa técnica tem um grande potencial de ser
utilizada no estudo de materiais como polímeros, pastas e até argamassas. Os reômetros
também possibilitam um estudo do material a partir da técnica apresentada no próximo
item.
26
2.1.3.3- A técnica creep/recovery
Uma forma de se avaliar o comportamento reológico de fluidos, que exibem um
comportamento viscoelástico, é a partir da técnica de medida da deformação quando uma
tensão é aplicada (creep) ou removida (recovery). Essa técnica é baseada no princípio de
que, quando um material é submetido a uma tensão abruptamente imposta e mantida
constante, por algum intervalo de tempo e, na seqüência, é abruptamente removida (Figura
2.8-a), o material (com características de sólido ou de líquido) se comporta como um dos
modelos descritos na Figura 2.8.
Tens
ão
Tempo Tempo
Def
o rm
ação
Def
orm
açã o
Tempo
Def
orm
ação
Tempo
Def
orm
a ção
Tempo
Tensão constante no tempo Sólido elástico
Líquido viscoso Sólido viscoelástico Líquido viscoelástico
(a) (b)
(c) (d) (e)
Figura 2.8- Resposta de vários tipos de materiais durante a aplicação da técnica
creep/recovery: (a) aplicação da tensão por um determinado tempo, (b) sólido elástico, (c) líquido viscoso, (d) sólido viscoelástico, (e) líquido viscoelástico (STRUBLE et al., 2001)
Nessas condições, cabe enumerar as seguintes descrições do comportamento observado:
• inicialmente, um sólido elástico ideal responde a tensão imposta com uma
deformação instantânea característica. Essa deformação não muda em função da
duração da tensão, retornando ao valor inicial assim que a tensão é removida
(Figura 2.8-b).
• um líquido viscoso ideal não tem nenhuma deformação instantânea, em resposta a
tensão aplicada. Entretanto, como resposta, identifica-se uma constante taxa de
deformação característica. Nesse caso, a deformação aumenta a uma taxa constante
ao longo da duração da tensão, não havendo recuperação da deformação quando a
tensão é removida (Figura 2.8-c).
27
• sólidos viscoelásticos (Figura 2.8-d) respondem à tensão imposta com uma
deformação instantânea característica, porém superpõe a essa resposta elástica um
efeito dependente do tempo, denominada de deformação elástica retardada. Com o
tempo, essa deformação aproxima-se de um valor limite. Quando a tensão é
removida, parte dessa deformação é recuperada instantaneamente e a outra é
recuperada ao longo do tempo, sendo denominada de recuperação elástica
retardada.
• similar, mas com algumas particularidades, o comportamento de um líquido
viscoelástico (Figura 2.8-e) é intermediário entre um sólido elástico e um líquido
viscoso. Ele responde à tensão imposta com uma deformação instantânea e uma
deformação elástica retardada. Em adição, também se identifica um efeito de
superposição dependente do tempo, denominado de deformação viscosa, que é
contínua durante o período em que a tensão permaneça sendo aplicada. Quando a
tensão é removida, identifica-se que apenas parte da deformação, elástica
instantânea e retardada, é recuperada.
Para um material viscoso, a análise experimental de curvas, aplicando a técnica
creep/recovery, permite identificar se este é um sólido com alguma componente viscosa ou
um líquido com alguma componente elástica para seu comportamento. A transição entre
comportamento sólido e comportamento líquido corresponde à tensão de escoamento
observada na curva estática de escoamento. Nesse caso, quando a tensão aplicada está bem
abaixo da tensão de escoamento, o material mostra um comportamento elástico, porém
quando a tensão aplicada aproxima-se da tensão de escoamento, o comportamento mostra-
se viscoso.
Esta técnica, também, apresenta potencialidades de ser utilizada no estudo de suspensões
concentradas como as argamassas. Como exemplo, a Figura 2.9, mostra a aplicação da
técnica no estudo de pastas de cimento, em diferentes níveis de tensão. Para uma tensão τ =
8 Pa, o comportamento identificado é típico de um sólido viscoso com uma deformação
instantânea superposta sobre uma deformação elástica retardada (dependente do tempo).
Quando a tensão é removida, o comportamento aproxima-se de um líquido viscoelástico,
com uma pequena recuperação instantânea e uma lenta recuperação dependente do tempo.
Em uma tensão τ = 9 Pa, o comportamento é típico de um líquido viscoso, com um
28
aumento linear da deformação ao longo da duração da tensão aplicada. Quando a tensão é
removida, não se identifica nenhuma tendência de recuperação da deformação.
Figura 2.9- Aplicação da técnica Creep/recovery no estudo de pastas de cimento em níveis
de tensões abaixo e acima da transição sólido-líquido.( STRUBLE et al., 2001)
Em outro estudo mostrado na Figura 2.10, a técnica foi utilizada para avaliar a pega de
pastas de cimento.
Figura 2.10- Tensão de escoamento como uma função do tempo de hidratação de pastas de
cimento no estado fresco (STRUBLE et al., 2001)
29
O exemplo mostra o tempo de evolução da tensão de escoamento medido seqüencialmente
em uma mesma amostra de pasta de cimento, onde se observa que, durante o período de
indução, a tensão de escoamento aumenta lentamente até o instante em que o período de
aceleração se inicia, provocando um aumento rápido da tensão de escoamento. Assim, as
medidas fornecem uma estimativa da tensão de escoamento, que pode ser usada para
caracterizar o comportamento da pega de pastas de cimento.
2.2- APLICAÇÃO DOS PARÂMETROS DA MECÂNICA DOS SOLOS: TENSÃO
DE CISALHAMENTO, ATRITO INTERNO E COESÃO
A mecânica dos solos constitui-se numa ciência na qual o engenheiro civil se baseia para
desenvolver projetos como, por exemplo, fundações, barragens, pavimentos, túneis, dentre
outros. Essa ciência é rica em modelos específicos de comportamento que partem de
hipóteses simplificadas, necessárias ao seu desenvolvimento (PINTO, 2000). O estudo das
tensões na mecânica dos solos tem, como base, teorias específicas, que são próprias da
área, fruto de muitos anos de desenvolvimento e aplicações, bem como conceitos
fundamentais e teorias, que descrevem o comportamento de materiais sob determinadas
condições de tensão e deformação como a elasticidade, plasticidade e a reologia.
O interesse em se discutir alguns dos modelos e hipóteses, no presente trabalho, justifica-se
a partir do momento em que determinados tipos de solos apresentam similaridades com o
material que está se buscando analisar, no caso, as argamassas de revestimento. Outro
ponto favorável é a existência de várias técnicas, utilizadas na mecânica dos solos, que
podem ser plenamente utilizadas no estudo das propriedades das argamassas no estado
fresco. É certo que as análises devem ser feitas com cautela, uma vez que as condições, às
quais os dois materiais (solos e argamassas) estão submetidos, são bem diferenciadas na
prática. Entretanto, entende-se que as hipóteses levantadas podem ser ajustadas ao estudo
das argamassas, nos casos onde uma análise da estrutura interna do material é favorecida,
buscando entender como acontece a interação entre as partículas constituintes. Cabe
lembrar, ainda, que alguns termos utilizados no estudo dos solos são abordados durante
uma avaliação qualitativa das argamassas no estado fresco, como é caso, por exemplo, de
denominações como plasticidade, consistência, coesão e atrito interno. A diferença é que,
no caso dos solos, as hipóteses colocadas permitem estabelecer uma relação capaz de
caracterizar cada propriedade, inclusive estabelecendo valores que são utilizados na
30
classificação de determinados tipos de solos e como parâmetros de projetos de obras.
Algumas dessas hipóteses serão discutidas ao longo do presente texto. Para apresentação
dessa discussão, utilizaram-se, como base, as referências VARGAS (1978), CAPUTO
(1988) e PINTO (2000), livros textos comumente utilizados nos cursos de mecânica dos
solos, nas escolas de engenharia civil.
A ruptura dos solos é quase sempre um fenômeno de cisalhamento. Isso acontece, por
exemplo, quando uma sapata de fundação é carregada até a ruptura ou quando ocorre o
escorregamento de um talude. A resistência ao cisalhamento pode ser definida como a
máxima tensão de cisalhamento que o solo pode suportar sem sofrer ruptura, ou de outro
modo, é a tensão de cisalhamento do solo no plano em que a ruptura estiver ocorrendo.
Didaticamente, o entendimento do processo de cisalhamento é feito a partir de uma
abordagem sobre o mecanismo de deslizamento entre corpos sólidos e entre partículas. No
caso dos solos, esse entendimento é feito analisando os fenômenos de atrito interno e
coesão.
2.2.1- Atrito interno
A resistência por atrito entre partículas pode ser simplificadamente demonstrada por
analogias com o problema de deslizamento de um corpo sobre uma superfície plana
horizontal, esquematizado na Figura 2.11-a, cuja relação é dada pela Equação 2.11.
NfT ⋅= (2.11)
Sendo,
N = força vertical transmitida pelo corpo (N)
T = força tangencial necessária para fazer o corpo deslizar (N)
f = coeficiente de atrito entre os dois materiais
Pela equação, para que haja deslocamento a força tangencial (T) deve ser superior ao
produto Nf ⋅ . Isso demonstra certa proporcionalidade entre a força normal e força
tangencial.
31
N
T
F
ϕ
T
N
T
PN
ϕ
ϕ
N
TN
(a) (b)
(c)(d)
Figura 2.11- Esquema demonstrando o problema de deslizamento entre dois corpos
(PINTO, 2000)
Esta relação pode ser também descrita pela Equação 2.12,
ϕtgNT ⋅= (2.12)
sendo ϕ, o ângulo formado pela resultante das duas forças com a força normal, também
chamado ângulo de atrito. Esse parâmetro pode ser entendido como o ângulo máximo, que
a força transmitida pelo corpo à superfície pode fazer com a normal ao plano de contato
sem que ocorra deslizamento. Atingindo esse ângulo, a componente tangencial é maior do
que a resistência ao deslizamento, provocando movimento relativo entre o corpo e a
superfície, como esquematizado na Figura 2.11-c.
É claro que o fenômeno de atrito em suspensões concentradas (como solos e argamassa) é
um processo mais complexo se diferenciando, principalmente, pelo fato de envolver um
grande número de partículas, podendo ocorrer situações onde fica caracterizado um
deslizamento ou uma simples rolagem, uma sobre as outras, acomodando-se em vazios
encontrados no percurso. Existe também uma diferença entre as forças transmitidas nos
contatos entre os grãos de areia (partículas maiores) e os grãos de argila (partículas
menores)13, destacando-se:
13 Segundo a classificação adotada na mecânica dos solos, as areias têm um diâmetro equivalente na faixa entre 4,8 e 0,05 mm, sendo as argilas inferiores a 0,005 mm (CAPUTO, 1988).
32
1. nos contatos entre grãos de areia, geralmente as forças transmitidas são
suficientemente grandes para expulsar a água da superfície, de tal forma que os
contatos ocorrem realmente entre partículas;
2. no caso de argilas, o número de grãos é muitíssimo maior, sendo a força
transmitida em um único contato, extremamente reduzido. Cabe lembrar, ainda, que
as partículas de argila são envolvidas por moléculas de água quimicamente
adsorvidas. Essas moléculas não são removidas simplesmente pelas forças de
contato atuantes (como no caso das partículas de areia). Nesta configuração, as
moléculas de água adsorvidas são as principais responsáveis pela transmissão das
forças.
A Figura 2.12 ilustra a diferença dos contatos entre as partículas de areia e de argila.
Figura 2.12- Transmissão de força entre partículas de areia e argila (PINTO, 2000)
2.2.2- Coesão
A resistência ao cisalhamento dos solos é essencialmente devida ao atrito entre as
partículas. Entretanto, a atração química entre as mesmas pode provocar um ganho de
resistência independente da tensão normal atuante no plano, constituindo assim uma
coesão real entre as partículas (conforme ilustra a Figura 2.12). A coesão real deve ser bem
diferenciada da coesão aparente. Esta última é uma parcela da resistência ao cisalhamento
de solos úmidos, não saturados, devido à tensão entre partículas resultante da pressão
capilar da água (conforme ilustra a Figura 2.13). Saturando-se o solo, essa parcela da
resistência desaparece. Embora mais visível nas areias, onde é clássico o exemplo das
33
esculturas de areias feitas nas praias, nos solos argilosos, a coesão aparente adquire
maiores valores.
Figura 2.13- Efeito da pressão capilar entre partículas causando a coesão aparente
2.2.3- Critérios de ruptura
Critérios de ruptura são formulações, que procuram refletir as condições em que ocorre a
ruptura dos materiais. Existem critérios que estabelecem a máxima tensão de compressão,
tração ou de cisalhamento. Outros se referem às máximas deformações. Outros, ainda,
consideram a energia de deformação. Os critérios de ruptura, que melhor representam o
comportamento dos solos, são os critérios de Coulomb e de Mhor, sendo o de Coulomb o
mais conhecido e de fácil aplicação, com parâmetros que permitem uma analogia com o
estudo das propriedades das argamassas no estado fresco. Por essa razão, será melhor
detalhado a seguir.
O critério de Coulomb pode ser expresso como: “não há ruptura se a tensão de
cisalhamento não ultrapassar um valor dado pela Equação 2.13”.
στ fc += (2.13)
sendo,
c = coesão (Pa)
f = coeficiente de atrito
Os parâmetros c e f são constantes do material e σ a tensão normal existente no plano de
cisalhamento. O coeficiente de atrito interno pode ser expresso como a tangente de um
ângulo, denominado ângulo de atrito interno (ϕ). Cabe lembrar que o fenômeno físico de
coesão não deve ser confundido com a coesão correspondente ao parâmetro c da equação
de resistência ao cisalhamento definido pelo critério de Coulomb (VARGAS, 1978;
1 mm
34
CAPUTO, 1988 e PINTO,2000). Embora leve o mesmo nome, indica simplesmente o
coeficiente linear de uma equação de resistência válida apenas para uma faixa de tensão
mais elevada e não para uma tensão normal nula ou próxima de zero. A representação do
critério de ruptura de Coulomb está apresentada na Figura 2.14.
Tensão normal (σ)
Tens
ão d
e ci
salh
ame n
to (τ
)
c
ϕ
σ1 σ2 σ3
τ1
τ2
τ3
Figura 2.14- Representação do critério de ruptura de Coulomb (CAPUTO, 1988)
Os ensaios comumente utilizados para estudar a resistência ao cisalhamento dos solos são
os ensaios de cisalhamento direto e compressão triaxial. Ambos fornecem resultados
similares, entretanto o ensaio de compressão triaxial é um ensaio mais completo. O ensaio
de cisalhamento direto foi utilizado na presente pesquisa, sendo melhor detalhado no item
sobre caracterização das técnicas utilizadas na pesquisa, Item 2.5.4.
O comportamento típico de resultados de cisalhamento direto aplicados ao estudo de areia
está apresentado na Figura 2.15. O caso (a) corresponde a uma análise da tensão de
cisalhamento de areias fofas, e o caso (b) trata do comportamento da tensão de
cisalhamento em areias compactas. Os gráficos apresentam uma análise da tensão de
cisalhamento (τ) em função da deformação específica (ε), considerando duas tensões
normais distintas (σ1 e σ2).
35
Figura 2.15- Resultados típicos de cisalhamento em areias – (a) areia fofa e (b) areia
compacta (PINTO, 2000)
No caso das areias fofas, observa-se que a tensão cresce lentamente com a deformação,
atingindo um valor máximo em deformações relativamente altas, da ordem de 6 a 8%.
Para as areias compactas, a tensão de cisalhamento cresce rapidamente com as
deformações, até atingir um valor máximo, sendo esse valor considerado como a
resistência máxima ou resistência de pico. Entretanto, observa-se que, atingida essa
resistência máxima, continuando com a deformação da amostra, a tensão de cisalhamento
decresce lentamente até se estabilizar em torno de um valor, que é definido como a
resistência residual.
Variando-se a tensão normal, em ambos os casos (areia fofa e areia compacta), de σ1 para
σ2, as curvas apresentam praticamente o mesmo aspecto com algum grau de
proporcionalidade.
A resistência de pico das areias compactas é justificada pelo entrosamento entre as
partículas. Nas areias fofas, o processamento de cisalhamento provoca uma reacomodação
das partículas, que se dá com uma redução do volume. Nas areias compactas, as tensões de
cisalhamento devem ser suficientes para vencer os obstáculos representados pelos outros
grãos na sua trajetória. Vencido esse obstáculo, que exige um aumento de volume, a
resistência cai ao valor da areia no estado fofo.
Nas areias, o parâmetro utilizado para caracterizá-las é o ângulo de atrito interno (ϕ), uma
vez que se trata de um material não coesivo. Um gráfico típico da relação entre a tensão de
cisalhamento e a tensão normal para o caso das areias, ilustrando o fato das mesmas serem
tratadas como um material não coesivo, é apresentado na Figura 2.16.
36
Tensão normal (σ)Te
nsão
de
c isa
lham
e nto
(τ)
ϕτ3
σ1 σ2
τ2
τ1
σ3
Figura 2.16- Relação entre a tensão de cisalhamento e tensão normal - caso das areias
(CAPUTO, 1988)
Como referência, a Tabela 2.2 apresenta valores típicos de ângulo de atrito interno para as
areias.
Tabela 2.2- Valores típicos de ângulo de atrito interno de areias (PINTO, 2000)
Compacidade Características da areia fofo compacto
Areias bem graduadas de grãos angulares 37o 47o Areias bem graduadas de grãos arredondados 30o 40o
Areias mal graduadas de grãos angulares 35o 43o Areias mal graduadas de grãos arredondados 28o 35o
A Tabela 2.3 apresenta os principais fatores, que influenciam diretamente os valores do
ângulo de atrito interno nas areias. Os casos apresentados foram extraídos da referência
(PINTO, 2000). Esses casos podem auxiliar na interpretação do comportamento das
argamassas durante uma avaliação com o método de cisalhamento direto, uma vez que o
agregado exerce uma sensível contribuição no processo de cisalhamento.
37
Tabela 2.3- Fatores com influência direta nos valores do ângulo de atrito das areias (adaptado de PINTO, 2000)
Parâmetro Justificativa Representação
Grau de compacidade
A compacidade da areia governa o entrosamento entre as partículas. Como as areias têm intervalos de índices de vazios bem distintos, os ângulos de atrito são geralmente referidos à compacidade relativa das areias. Resultados experimentais mostram que o ângulo de atrito de uma areia, no seu estado mais compacto, é da ordem de 7 a 10 graus, maior do que o ângulo de atrito no seu estado mais fofo.
Distribuição granulométrica
Quanto mais bem distribuída granulometricamente é uma areia, melhor o entrosamento entre as partículas e, conseqüentemente, maior o ângulo de atrito. É interessante notar que o papel dos grãos grossos é diferente do desempenhado pelos finos. Em areias onde se predomina a fração fina em relação à fração grossa, as mesmas ficam envolvidas pela massa de partículas finas, identificando pouca colaboração no entrosamento. Do contrário, areias onde predomina a fração grossa em relação à fração fina, identifica-se maior grau de entrosamento, uma vez que a fração fina é suficiente para preencher os vazios localizados entre as partículas maiores, tendo como conseqüência o aumento do ângulo de atrito.
Forma dos grãos
Areias constituídas de partículas esféricas e arredondadas têm ângulo de atrito sensivelmente menor do que as areias constituídas de grãos angulares. Este fato se justifica pelo maior grau de entrosamento identificado entre as partículas quando elas são irregulares
Presença de água
De um modo geral, o ângulo de atrito de uma areia saturada é aproximadamente igual ao da areia seca, ou só um pouco menor, a menos do caso de areias com grãos muito irregulares, nas quais a água reduz a resistência. Entretanto, deve-se ter cuidado nos casos onde a presença de água, em condições de não saturação, cria uma situação em que os meniscos de interfaces ar-água provocam a existência de uma pressão neutra negativa na água (pressão de sucção). Esta tensão provoca uma tensão efetiva e a ela corresponde um ganho de resistência. Este ganho de resistência, apesar de ser temporário (desaparece com a saturação ou secagem), pode influenciar na resistência de cisalhamento para tensões normais muito pequenas.
38
2.3- PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO
2.3.1- Influência da pasta e dos agregados nas propriedades no estado fresco
Os concretos e as argamassas são tratados como suspensões concentradas de partículas
sólidas (agregados) em um líquido viscoso (pasta). Por sua vez, sabe-se que a pasta não é
um fluido homogêneo e sim composto de partículas em um líquido, no caso a água.
Segundo alguns pesquisadores, como TATTERSALL (1976), POPOVICS (1982)
BANFILL (1991) e FERRARIS (1999), em escala macroscópica, pode-se assumir que tais
materiais escoam como um fluido, podendo aplicar toda a teoria clássica, que envolve o
escoamento de fluidos, já discutida anteriormente. Entretanto, sabe-se que o estudo é
influenciado, potencialmente, pela heterogeneidade dos materiais constituintes e pela
grande variedade de dimensões de grãos presentes (variando desde micrômetros, como é o
caso de algumas adições, até alguns centímetros, como, por exemplo, os agregados graúdos
presentes no concreto).
A contribuição das partículas finas (cimento, cal, microssílica, pozolanas, dentre outras),
nas propriedades reológicas desses materiais, podem se manifestar tanto pela concentração
volumétrica, quanto pela distribuição granulométrica. A quantidade de partículas finas
influencia diretamente a fluidez, gerando comportamentos distintos (FERRARIS e DE
LARRARD, 1998; OLIVEIRA et al., 2000; DE LARRARD e SEDRAN, 2002), dentre os
quais destacam-se:
1. teores reduzidos de pasta levam ao predomínio dos contatos de alta fricção entre os
agregados, resultando em baixa fluidez;
2. à medida que se eleva o teor de pasta, a suspensão escoa com maior facilidade, pois
diminuem os contatos entre os agregados e a fluidez passa a ser governada pela
viscosidade da pasta.
3. apesar da ausência de partículas finas dificultar a movimentação dos agregados, sua
presença em excesso pode até diminuir a fluidez, pois a quantidade de água disponível
para o afastamento das partículas no sistema (água livre) se reduz com o aumento da
área superficial volumétrica da composição.
39
Essa discussão justifica a existência de um certo teor de pasta, que deve estar presente na
mistura (concreto ou argamassa) para maximização de sua fluidez. Valores extremos, fora
desse teor, poderão influenciar decisivamente no comportamento das suspensões.
O volume de pasta na mistura tem um papel tão importante, que vários modelos,
atualmente, vêm sendo estudados para tentar predizer a reologia dos concretos e das
argamassas a partir do estudo da reologia da pasta (FERRARIS e DE LARRARD, 1998;
RAGO, 1999). Entretanto, alguns pesquisadores apontam que esta abordagem deve ser
feita com certa cautela, uma vez que as propriedades reológicas desses materiais são
fortemente influenciadas pela presença de partículas maiores (os agregados), não
permitindo uma analogia tão direta (FERRARIS e GAIDIS, 1992).
A influência das partículas mais grossas no comportamento reológico das argamassas e
concretos está relacionada com a dificuldade de movimentação entre as mesmas, o que é
reflexo da existência de certo coeficiente de atrito entre as partículas. Tal comportamento
característico é afetado mais ainda pelo efeito de massa do agregado (agregados maiores),
área superficial, proporção entre pasta e agregado e pelo atrito interno entre as partículas
maiores. Este último é reflexo da rugosidade superficial da partícula do agregado, bem
como da distribuição granulométrica. A existência de um coeficiente de atrito interno nas
argamassas e concretos contribui para formação de um “esqueleto”, que pode enrijecer o
conjunto, dificultando a fluidez do sistema. Nesse caso, ao se analisar o comportamento do
concreto e das argamassas em situação de fluxo, é conveniente imaginar que, apenas
quando a tensão de cisalhamento for suficiente para vencer simultaneamente os efeitos de
superfície dos grãos finos (responsáveis pela tensão de escoamento) e o atrito interno
provocado pelos grãos maiores do agregado, é que o material entra em escoamento
(SOBRAL, 1990).
Em geral, a equação mais utilizada para descrever o comportamento reológico desses
materiais, principalmente no caso do concreto, é a equação de Bingham, isso porque, além
de ser um modelo bastante simples (Figura 2.3), os parâmetros usados são fatores que
podem ser medidos independentemente (Equação 2.4), atendendo uma ampla faixa de
consistência para composições usuais (TATTERSALL, 1976; POPOVICS, 1982 e
FERRARIS, 1999). Outro modelo bastante utilizado é o modelo de Herscheil e Bulkley
descrito pela Equação 2.5 (DE LARRARD, 1999).
40
2.3.2- Propriedades das argamassas relacionadas à produção dos revestimentos
A argamassa em si deve apresentar características adequadas de trabalhabilidade que, de
um modo geral, é traduzida em termos de parâmetros como: consistência, plasticidade,
coesão, adesão, exsudação, aspereza e capacidade de retenção de água. Algumas dessas
propriedades serão definidas e inter-relacionadas a seguir, sob diferentes pontos de vista.
2.3.2.1- Trabalhabilidade das argamassas
Na construção civil, termos como trabalhabilidade, consistência, coesão e plasticidade são
usados para descrever o comportamento de matérias como argamassas e concretos no
estado fresco.
Para o caso do concreto a consistência é, sem dúvida, uma das propriedades que mais
influencia a trabalhabilidade, sendo esta influenciada por uma série de fatores, tanto
internos (reflexo dos materiais constituintes) como externo (reflexo do processo de
aplicação). A Tabela 2.4 enumera uma série desses fatores, ilustrando a complexidade do
termo trabalhabilidade. O parâmetro mais utilizado, até hoje, para caracterizar esta
propriedade é o valor de abatimento obtido no ensaio com o cone de Abrams, desenvolvido
por volta de 1922 (HELENE et al. 1993). Esse é um ensaio simples e prático, que fornece
resultados satisfatórios para uma boa parte das aplicações. Entretanto, tal condição tem se
modificado nos últimos anos devido ao surgimento de concretos especiais, que necessitam
de uma avaliação mais precisa das propriedades no estado fresco, sendo insuficiente
apenas o valor de abatimento para caracterizá-las.
Tabela 2.4- Fatores que influenciam a trabalhabilidade do concreto no estado fresco (PETRUCCI, 1987)
Fatores internos Fatores externos Teor de água muitas vezes definida em função
da relação água/cimento tipo de mistura
Proporção entre cimento e agregado tipo de transporte Proporção entre agregado miúdo e graúdo tipo de lançamento
Forma e textura dos grãos do agregado tipo de adensamento Teor e tipo aditivos dimensões e armadura da peça a executar
Quanto ao estudo da reologia dos concretos, a maioria dos pesquisadores do tema (dentre,
eles: TATTERSALL, 1976; HU e DE LARRARD, 1995; FERRARIS e DE LARRARD,
41
1998; DE LARRARD, 1999) afirmam que todos os termos relatados anteriormente
deveriam ser descartados em favor de parâmetros físicos mensuráveis. TATTERSALL
(1976), ainda sumariza, muito claramente, a terminologia da trabalhabilidade do concreto
em três classes, conforme apresentado na Tabela 2.5.
Tabela 2.5- Classificação das propriedades do concreto no estado fresco (TATTERSALL, 1976)
Classes Propriedades
Classe I: qualitativa Trabalhabilidade, escoabilidade, compactabilidade, estabilidade,
bombeabilidade, consistência, etc. Usada unicamente em uma descrição geral sem qualquer tentativa para quantificar.
Classe II: quantitativa empírica
Abatimento, fator de compactação, Ve-be, etc. Usado simplesmente como um manifestação quantitativa do comportamento em um particular jogo
de circunstâncias. Classe III: Quantitativa
fundamental Viscosidade, tensão de escoamento, etc.
As propriedades que podem ser usadas para descrever o escoamento do concreto no estado
fresco são a tensão de escoamento e a viscosidade, portanto, qualquer teste utilizado para
descrever tal comportamento deveria, ao menos, medir essas duas propriedades. Todavia, a
maioria dos testes existentes mede apenas um fator, correlacionando-se com a tensão de
escoamento, ou com a viscosidade. Os testes para medir ambos os parâmetros existem, mas
são relativamente de custo elevado, de difícil operação e transporte, além de terem
aplicações limitadas a alguns tipos de materiais, não sendo, amplamente, utilizados na
maioria dos laboratórios de tecnologia do concreto (FERRARIS, 1999).
Não muito diferente do concreto, mas com algumas particularidades, a trabalhabilidade das
argamassas no estado fresco também oferece certo grau de complexidade, sendo
influenciada por fatores análogos aos apresentados na Tabela 2.4, conforme pode ser visto
na Tabela 2.6.
No caso das argamassas de revestimento, destaca-se ainda mais o elevado grau de
empirismo que confere a caracterização deste material no estado fresco. Como exemplo
cabe lembrar que, no estudo do concreto, a consistência, apesar de uma infinidade de
formas diferentes de avaliação, até hoje é o principal parâmetro para caracterizar misturas
de concreto potencialmente utilizáveis. Para as argamassas de revestimento ainda se
identifica certa dificuldade na caracterização de tais materiais sob as mesmas condições de
42
aplicação. O conhecimento apenas da consistência, que, na maioria das vezes, é avaliada
indiretamente pela mesa de consistência, é insuficiente para definir se uma argamassa é ou
não trabalhável. Atualmente, uma das formas mais usadas para se definir tais
características, é a avaliação qualitativa de um operário com certa experiência no manuseio
e aplicação de argamassas.
Tabela 2.6- Fatores que influenciam a trabalhabilidade das argamassas (BAUER, 2004)
Fatores internos Fatores externos Teor de água muitas vezes definida em função
da consistência necessária Tipo de mistura
Proporção entre aglomerantes e agregado Tipo de transporte Natureza e teor dos plastificantes (cal, finos
argilosos, etc) Tipo de aplicação no substrato
Distribuição granulométrica e forma e textura dos grãos do agregado Operações de sarrafeamento e desempeno
Natureza, teor e princípio ativo dos aditivos Características da base de aplicação – tipo de preparo, rugosidade, absorção, etc.
Mesmo assim, a trabalhabilidade é uma propriedade das argamassas no estado fresco muito
importante, haja vista a sua obrigatoriedade para que possa ser convenientemente utilizada,
com fácil manuseio. Vários pesquisadores, que estudam as argamassas de revestimento,
apontam definições acerca deste termo e algumas dessas são apresentadas na Tabela 2.7.
Tabela 2.7- Definições sobre trabalhabilidade aplicadas às argamassas de revestimento
Autor Definição
RILEM (1982)
Facilidade do operário trabalhar com a argamassa, que pode ser entendida como um conjunto de fatores inter-relacionados, conferindo boa qualidade e produtividade na sua aplicação, considerando ainda que a consistência e a plasticidade são as propriedades reológicas básicas, que caracterizam a trabalhabilidade.
SELMO (1989)
Diz-se que uma argamassa de revestimento tem boa trabalhabilidade quando se deixa penetrar com facilidade pela colher de pedreiro, sem ser fluida; mantendo-se coesa – sem aderir à colher – ao ser transportada para a desempenadeira e lançada contra a base; e permanece úmida o suficiente para ser espalhada, cortada (operação de sarrafeamento) e ainda receber o tratamento superficial previsto.
CINCOTTO, SILVA & CARASEK (1995)
Propriedade que depende e resulta de várias outras, tais como: consistência, plasticidade, coesão, tixotropia e retenção de água, além da exsudação, tempo de pega e adesão inicial, e é diretamente relacionada com o julgamento subjetivo por parte do operário (no caso o pedreiro).
CARASEK (1996)
Habilidade de fluir ou espalhar-se sobre a superfície do componente do substrato, por suas saliências, protuberâncias e fissuras, definindo a intimidade do contato entre a argamassa e o substrato relacionando-se assim com a aderência e sua extensão.
43
Está claro que, em termos gerais, as definições são apenas descritivas e algumas
propriedades são de difícil mensuração (coesão, plasticidade, consistência, tixotropia,
retenção de água, dentre outros). Em campo, as situações são freqüentemente diferentes
porque alguns destes termos são usados indistintamente por várias pessoas envolvidas
(engenheiros, pedreiros, dentre outros), sendo, mais uma vez, definidos de acordo com
critérios pessoais e não, baseados no comportamento físico do material. Salienta-se ainda
que a avaliação das propriedades é muito incipiente, fazendo uso de procedimentos
empíricos, que permitem uma avaliação baseada em aspectos de natureza táctil-visual,
embasados no conhecimento e experiência dos profissionais envolvidos nas avaliações
(BAUER, 1998). A exigência de trabalhabilidade é, portanto, intuitiva de uma relação
qualitativa, difícil de avaliar, que busca subsídios em outras propriedades das argamassas.
Em resumo, é certo que a trabalhabilidade reflete a facilidade do operário durante as
operações de manuseio e aplicação das argamassas. Em geral, uma falta de
trabalhabilidade da argamassa é traduzida em aspectos como uma argamassa áspera, muito
seca ou muito fluida, com segregação e exsudação excessiva, com dificuldade de espalhar
sobre a base de aplicação, falta de adesão inicial e em certas dificuldades para início das
operações de acabamento.
Quando um operário passa a colher de pedreiro na argamassa ou quando aplica parte dela
no substrato, o mesmo está avaliando algumas das características discutidas anteriormente.
Em determinados momentos, o meio mais simples de se ajustar a trabalhabilidade da
argamassa em obra é alterando o teor de cal (tendo em vista a plasticidade e a coesão) ou a
quantidade de água (tendo em vista a consistência), procedimentos que o operário executa,
na maioria das vezes, intuitivamente, sem conhecer os conceitos básicos da influência de
cada material nas propriedades das argamassas.
Pode-se dizer que o principal caminho para se controlar a trabalhabilidade das argamassas
é, sem dúvida, conhecer os materiais e as ferramentas disponíveis para a execução dos
sistemas de revestimento, destacando-se:
• características, propriedades, limitações e até possíveis incompatibilidades entre os
diversos materiais (agregados, cal, cimento e aditivos), ou tipo de base de aplicação
(blocos de concreto, cerâmico, com ou sem chapisco, dentre outros);
44
• incompatibilidade, ainda, entre as opções de ferramentas disponíveis para a
execução dos sistemas de revestimento (aplicação manual ou mecânica, tipo de
misturador) e os materiais; e
• previsão, refinamento e controle na produção da argamassa, principalmente em
decisões com influência no processo de execução (proporcionamento, teor de água,
tempo de mistura, este último, sobretudo, no caso de argamassas com aditivos
incorporadores de ar).
É evidente que essas recomendações merecem, ainda, ser complementadas com o
estabelecimento de parâmetros capazes de caracterizar, de forma prática, o comportamento
das argamassas no estado fresco. Similar ao estudo da reologia do concreto, todo o
empirismo associado ao assunto deveria ser descartado em favor de parâmetros físicos
mensuráveis. Por exemplo, poder-se-ia dizer que uma argamassa tem uma determinada
viscosidade, tensão de escoamento, coesão ou atrito interno em vez de se referir a uma
baixa trabalhabilidade ou, pelo menos, procurar associar várias propriedades mensuráveis,
diretamente relacionadas, com tais parâmetros ao invés de definir uma única propriedade
para caracterizar uma argamassa como trabalhável.
2.3.2.2- Consistência e plasticidade
A consistência e a plasticidade são as principais propriedades que determinam uma
condição de trabalhabilidade das argamassas de revestimento. Em alguns momentos, essa
condição torna-se sinônimo dessas duas propriedades. As várias definições existentes
derivam dos conceitos apresentadas no documento RILEM (1982), que coloca:
• Consistência – é a propriedade pela qual a argamassa tende a resistir às deformações
que lhe são impostas;
• Plasticidade – é a propriedade que permite a argamassa deformar-se sem ruptura, sob a
ação de forças superiores às que promovem a sua estabilidade, mantendo a deformação
depois de retirado o esforço.
Quanto à consistência, ainda se discute uma avaliação qualitativa que classifica uma
argamassa como sendo seca, plástica ou fluida. Essa classificação procura, de certa forma,
incluir, em um só conceito, as definições de plasticidade e consistência. De um modo geral,
é certo que as duas propriedades são interligadas e, em determinados momentos, não
45
podem ser tratadas independentemente quando se analisa uma condição de
trabalhabilidade. Outro ponto, que contribui para a discussão, diz respeito aos fatores que
influenciam tais propriedades os quais, em geral, são similares como, por exemplo:
• natureza e teor de aglomerante;
• granulometria da areia, bem como a dimensão das partículas;
• teor de água;
• teor de ar incorporado na mistura;
• natureza e teor dos aditivos empregados (incorporadores de ar, retentores de água,
dentre outros.);
• natureza e teor das partículas finas adicionadas às argamassas (finos argilosos,
calcários); dentre outros.
Nota-se que a interpretação da propriedade trabalhabilidade ainda é uma tarefa
extremamente complexa. Entretanto, não se pode descartar todo conhecimento e conceitos
adquiridos até o presente momento, uma vez que, em determinadas situações, uma
avaliação visual das condições de consistência e plasticidade é ainda imprescindível. Um
outro caminho, que não exclui a necessidade do anterior, é o de explicar as propriedades
citadas a partir da compreensão dos fenômenos que ocorrem nos materiais quando
misturados, bem como na estruturação interna da argamassa, resultante dessa mistura. Em
uma dessas tentativas RAGO e CINCOTTO (1997) apresentaram uma discussão acerca da
influência de determinados parâmetros reológicos como viscosidade e tensão de
escoamento nas propriedades de consistência e plasticidade. Uma síntese dessa abordagem
é esquematizada na Figura 2.17.
Nessa discussão, é ainda freqüente a introdução de termos não muito simples de serem
avaliados, no caso das argamassas de revestimento como, por exemplo, a coesão -
condição empírica, que reflete o estágio de união e aglutinação entre as partículas
(apontada como diretamente relacionada ao limite de escoamento das argamassas). A
necessidade de coesão entre as partículas é colocada como uma das condições necessárias
para a plasticidade das argamassas de revestimento.
46
Superfície espec í fica dos sólidos, for ças de
atração e repulsão
Geometria, dimens ões e forma
das part í culas
Coesão
Limite de escoamento
Plasticidade Consist ê ncia
Trabalhabilidade
Viscosidade
Características da partícula
Características físicas
Propriedades de aplicação
Figura 2.17- Relação entre constituintes e as propriedades de argamassas (RAGO e
CINCOTTO, 1997)
Indiretamente, a plasticidade é descrita como reflexo da estruturação interna provocada
pelo grau de união entre as partículas, principalmente as mais finas da composição
(comportamento comum às argamassas tradicionais - cimento, cal e areia, tendo a cal como
principal elemento plastificante). No caso das argamassas com aditivos incorporadores de
ar, a estruturação interna é obtida pela introdução de parâmetros, que estão relacionados ao
princípio ativo do material, como, por exemplo, o “efeito ponte”, um dos principais
responsáveis pelo efeito plastificante desses aditivos, conforme discutido por RIXON e
MAILVAGANAM (1999).
Em reologia, a plasticidade é um termo bastante empregado para definir o comportamento
de fluidos pseudoplásticos com limite de escoamento, coincidindo com a definição da
Equação 2.4 (MACHADO, 2002). Um fluido plástico, sob o aspecto reológico, pode ser
classificado como líquido ou sólido, sendo, em geral, dispersões que, em repouso, podem
formar uma rede estruturada interpartículas ou intermoléculas, devido a forças de atração
polares e/ou forças de Van der Waals. Essas forças restringem a mudança posicional de um
elemento de volume e confere ao sistema uma estrutura semi-sólida de alta viscosidade.
Quando uma força externa aplicada sobre o sistema é menor que a força equivalente que
forma a rede, então ocorre apenas uma deformação elástica no sistema. Do contrário,
47
quando a força externa for maior do que a força da rede é que esta se desfaz e provoca uma
mudança de posição irreversível num elemento de volume. A tensão que ultrapassa este
ponto é denominada de tensão de escoamento (MACHADO, 2002).
A reologia utiliza a denominação de consistência para definir um índice físico, que serve
para caracterizar o comportamento em situação de fluxo de fluidos pseudoplásticos e
dilatantes. Esse índice aparece no modelo de Ostwald (Equação (2.2)), podendo ser
diretamente correlacionado com a viscosidade aparente. Seu valor indica o grau de
resistência do fluido diante do escoamento. Quanto maior o valor de K, mais “consistente”
o fluido será. A grande vantagem deste parâmetro reológico é o fato de se tratar de uma
grandeza física perfeitamente mensurável, condição essa que ameniza o caráter empírico,
que é associado à definição de consistência, quando utilizada para caracterizar uma
argamassa no estado fresco.
No estudo das argamassas e concretos, percebe-se que a definição do termo consistência
também se assemelha à definição do termo reológico colocado anteriormente.
Provavelmente, tal semelhança tem influenciado na analogia da consistência com a
viscosidade, no caso das argamassas e concretos (conforme indica a Figura 2.17).
Entretanto, essa correlação torna-se confusa se analisarmos grande parte dos métodos de
ensaio atualmente disponível para se avaliar a consistência desses materiais. No estudo da
trabalhabilidade dos concretos, é comum a existência de métodos, que são colocados para
avaliação da consistência, porém alguns fornecem parâmetros com forte correlação com a
viscosidade e outros com forte correlação com a tensão de escoamento (FERRARIS,
1999).
2.3.2.3- Retenção de água
A retenção de água é a capacidade da argamassa fresca em manter sua consistência ou
trabalhabilidade, quando sujeita a solicitações que provocam perda de água de
amassamento, seja por evaporação ou pela absorção de um componente da alvenaria
(CINCOTTO et al, 1995). Além de determinar as condições de manuseio da argamassa, a
retenção de água influi sobre as propriedades no estado endurecido, à medida que as
reações químicas de endurecimento dos aglomerantes se efetuam durante a cura (RILEM,
1982), como também tem influência sobre as condições de contato da argamassa com a
48
base. Essas condições podem agir sobre a retração por secagem e sobre a resistência
mecânica, além de fazê-lo sobre a própria aderência do revestimento (SABBATINI, 1984).
SELMO (1989) afirma que a capacidade de retenção de água das argamassas mistas é
fortemente influenciada pela área específica dos materiais constituintes e pelo número de
íons ativos por unidade de superfície, pela maturação prévia da cal e sua natureza, além das
relações cal/cimento e agregado/aglomerante.
De todo modo, é certo que a retenção exerce um papel de suma importância para as
propriedades no estado fresco, principalmente para a trabalhabilidade, tendo influência
decisiva no desenvolvimento das operações iniciais de manuseio, transporte, aplicação e
até mesmo, operações de acabamento como sarrafeamento e desempeno.
2.3.2.4- Exsudação
Outra propriedade que merece destaque, durante a avaliação de uma condição de
trabalhabilidade, é a exsudação de água. Essa propriedade caracteriza-se pela tendência de
transporte de água em mistura de materiais como concretos e argamassas cuja parte sólida
tende a sedimentar. Em algumas argamassas, é visível a necessidade freqüente de
homogeneização do material o que pode interferir na sua capacidade de adesão ao ser
aplicada no substrato. Em determinadas condições, afirma-se que uma tendência da
argamassa à exsudação é indicativa da falta de plasticidade da mesma (SELMO, 1989).
Nas argamassas mistas, talvez, esse comportamento seja reflexo do fato de as duas
propriedades serem influenciadas por um mesmo parâmetro, no caso, o teor de cal na
mistura. Assim, a simples busca em se corrigir uma propriedade implica, indiretamente, na
correção da outra. Por isso a determinação da exsudação pode ser útil na seleção de
diferentes misturas trabalháveis e não trabalháveis.
2.3.2.5- Teor de ar incorporado
Os vazios presentes na argamassa são, na realidade, ar aprisionado, ou mesmo incorporado,
ou ainda espaços resultantes da evaporação do excesso de água. O teor de ar tem influência
sobre a resistência de aderência dos sistemas de revestimento, fato que limita a dosagem de
aditivos incorporadores de ar utilizados em argamassas de revestimento. Entretanto, para
49
as propriedades no estado fresco, observa-se que teores de ar relativamente elevados para
argamassas industrializadas (em torno de 25%) não exercem influências negativas nas
propriedades das argamassas no estado fresco, identificando, inclusive, em alguns casos,
melhoras em propriedades como plasticidade, retenção de água, exsudação, refletindo em
facilidades, durante o processo de aplicação (ALVES, 2002). O teor de ar incorporado nas
propriedades das argamassas exerce tal influência que, atualmente, encontra-se no mercado
algumas argamassas de revestimentos industrializadas que apresentam, em sua formulação,
apenas cimento e agregado, tendo como principal elemento plastificante, aditivos
incorporadores de ar. O teor de ar ainda pode atuar, reduzindo a demanda de água para
uma mesma consistência e reduzindo a massa específica da argamassa.
2.3.2.6- Adesão
De forma clara, a adesão pode ser entendida como a propriedade da argamassa em ficar
aderida ao substrato logo depois da aplicação. Sob o ponto de vista do processo executivo,
a adesão ocorre durante o período em que a argamassa está à espera do sarrafeamento, pois
essa operação exige que a argamassa já tenha perdido parte da água, indicando uma
diminuição nítida de plasticidade e uma modificação visível nas características reológicas
do sistema.
A adesão está fortemente relacionada com as características reológicas da argamassa,
sendo computada a influência da pasta e do agregado presente na composição. Cabe à
pasta a responsabilidade pela adesão física ao substrato e aos grãos do agregado,
favorecendo um contato amplo entre os elementos (VALDEHITA ROSELLO, 1976). A
ocorrência da adesão inicial depende, ainda, das características de porosidade, velocidade
de absorção de água e rugosidade do substrato. Quanto ao agregado, o seu papel também é
considerado de extrema importância. O mesmo tem a função de interagir com a pasta,
favorecendo certo grau de estruturação da argamassa, podendo atuar aumentando o atrito
interno e distribuindo as tensões, que surgem ao longo da camada de revestimento,
provocada pela perda de água para o substrato ou para o meio.
Em uma abordagem reológica, percebe-se que o processo de aplicação de uma camada de
argamassa em um substrato e os possíveis problemas de adesão podem ser tratados de
forma simplificada a partir da correlação com o caso geral do escoamento de um fluido
50
sobre um plano inclinado, cujo esquema é mostrado na Figura 2.18. A abordagem do
problema se inicia pela execução de um balanço de forças, no estado estacionário, sobre
um elemento diferencial de volume no qual atuam forças de cisalhamento e gravitacional.
Esta última é a principal responsável pelo escoamento do fluido (NAVARRO, 1997; DE
LARRARD, 1999).
h
ρ g h
τo
θ
Figura 2.18- Caso geral do escoamento de um fluido em um plano inclinado (DE LARRARD, 1999)
No equilíbrio, a força gravitacional deve ser igual à força de cisalhamento ou, de forma
simplificada, a tensão de escoamento do material deve ser igual à tensão atuante devido à
força gravitacional (Equação 2.14):
( )θρτ senhgo ⋅⋅⋅= (2.14)
onde,
τo – Tensão de escoamento do fluido (Pa)
θ - Ângulo de inclinação da base (o)
ρ - Massa específica do fluido (kg/m3)
h – Espessura da camada (m)
g – Aceleração da gravidade (m/s2)
No caso particular de uma superfície vertical, como na maioria dos casos das aplicações
dos revestimento (conforme ilustra a Figura 2.19), o equilíbrio de forças seria obtido pela
Equação (2.15)
hgo ⋅⋅= ρτ (2.15)
51
SubstratoArgamassa
ρ g h
h
τo
Figura 2.19- Aplicação de um fluido em uma superfície vertical (DE LARRARD, 1999)
Para que a camada de fluido permaneça em contato com a base sem ocorrer fluxo relativo,
é necessário que a tensão de escoamento do fluido seja, no mínimo, igual à tensão
decorrente da força gravitacional atuante.
O caso geral, discutido anteriormente, ainda deve ser particularizado para as condições
inerentes ao processo de produção dos revestimentos, levando-se em conta as
características das argamassas e a interação entre a argamassa e o substrato.
Analisando uma argamassa poucos instantes após a sua aplicação em uma superfície
vertical, observam-se as seguintes situações:
• em primeiro lugar, existem duas regiões pertencentes ao revestimento que podem
sofrer ações diferenciadas: a interface com o substrato e a própria camada de
argamassa;
• na região de interface, logo após a aplicação, ocorrem alterações que modificam as
suas propriedades reológicas, onde se destaca a sucção de água pela base
juntamente com partículas de aglomerante, provocando um certo enrijecimento
nessa camada;
• ao contrário, na camada mais central, as alterações ocorrem mais lentamente, com
a influência de certos fatores, destacando a movimentação de água pela sucção e
evaporação, além do fluxo interno de água devido à ação da força da gravidade;
• no caso do fluxo de água devido à força gravitacional, esse pode sobrecarregar as
camadas ligeiramente inferiores que, caso estejam com alguma falha localizada de
52
adesão, também sobrecarrega as camadas inferiores, resultando no destacamento
ou deslizamento da argamassa (similar ao efeito do colapso progressivo em
estruturas – “efeito dominó”);
• este tipo de fluxo também pode ter origem em uma falha localizada de coesão
entre as partículas constituintes da argamassa (entre os agregados e pasta).
Aparentemente, o fluxo relativo que ocorre na camada do revestimento pode ser tratado
como o caso geral relatado anteriormente, onde o fluxo ocorre quando a tensão, devido às
forças gravitacionais atuantes, é maior que a tensão de escoamento da argamassa. Nesse
caso, todas as ações, no sentido de promover o aumento da tensão de escoamento
(alterações na granulometria, aumento do teor de aglomerante, dentre outros) ou reduzir
um dos elementos que interferem na força gravitacional, como a espessura da camada de
revestimento (reduzindo a espessura h) ou a massa específica da argamassa (introdução de
aditivos incorporadores de ar, agregados com massa específica menores, dentre outros),
são interessantes para se corrigir algum problema de adesão. Entretanto, as alterações não
devem ser indiscriminadas, uma vez que os parâmetros e as propriedades das argamassas
estão intimamente relacionados. Por exemplo: aumentos na tensão de escoamento podem
refletir, indesejadamente, numa condição de consistência para um determinado tipo de
aplicação ou, ainda, a introdução indiscriminada de aditivos incorporadores de ar,
buscando reduzir a massa específica da argamassa, pode refletir negativamente nas
propriedades no estado endurecido.
Caso o fluxo venha a ocorrer na região de interface entre a argamassa e o substrato, o
problema pode ser facilmente resolvido, aumentando-se a área de contato entre os dois
materiais. Como exemplo, temos a possível aplicação de chapisco ou até a escolha de
determinados tipos de blocos com ranhuras ou uma textura que favoreça esse aumento de
área de contato.
Alguns dos casos analisados podem ser identificados na Figura 2.20, onde se registram
exemplos de dois casos reais de aplicação de argamassas de revestimento com deficiência
de adesão. No primeiro caso (Figura 2.20-a), a argamassa aplicada, manualmente,
apresenta dificuldades de adesão na interface com o substrato. No segundo caso (Figura
2.20-b), a argamassa aplicada, por sistema de projeção, apresenta escorregamento de
material na própria camada de argamassa.
53
Em resumo, é de se esperar que uma argamassa trabalhável deve apresentar-se com
viscosidade suficiente para permitir manuseio e aplicação no substrato e, ao mesmo tempo,
apresentar uma tensão limite de escoamento tal que, após a aplicação, ela permaneça em
contato com o substrato sem destacamento ou escorregamento, sob ação do peso próprio da
camada de argamassa.
a) argamassa aplicada por processos convencionais
b) argamassa aplicada por sistema de projeção
Figura 2.20- Tendência ao escorregamento seguido de destacamento observado nas argamassas, instantes após a aplicação no substrato
54
2.4- TÉCNICAS E ENSAIOS USUAIS NA CARACTERIZAÇÃO DAS
ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO
Muitos dos testes utilizados, para avaliar a trabalhabilidade das argamassas, não são
satisfatórios, do ponto de vista reológico. Em alguns casos, o resultado fornecido se
correlaciona apenas com um parâmetro fundamental, ou é influenciado por vários
parâmetros ao mesmo tempo, sendo praticamente impossível definir isoladamente a
contribuição de cada um. Assumindo, por exemplo, que o material tem um comportamento
descrito pelo modelo de Bingham (que tem como parâmetros fundamentais a viscosidade e
a tensão de escoamento), a Figura 2.21 ilustra como o conhecimento de apenas um dos
parâmetros não é suficiente para descrever o comportamento reológico do material.
Taxa de cisalhamento
A - Mesma tensão de escoamento e diferentes viscosidadesB - Diferentes tensões de escoamento e mesma viscosidade
ηο1
Taxa de cisalhamento
Tens
ão d
e ci
salh
amen
to
το
Caso ATe
nsão
de
cisa
lham
ento
ηο2 το2
το1
Caso B
Figura 2.21- Comportamento reológico dos materiais (FERRARIS, 1999)
Percebe-se que, para uma mesma tensão de escoamento, é possível obter materiais com
comportamentos completamente diferenciados para outros valores de viscosidades. O
mesmo ocorre na situação contrária, onde, para um mesmo valor de viscosidade, é possível
encontrar materiais com tensões de escoamento diferentes. Caso o comportamento
identificado fosse descrito pelo modelo de Herscheil e Bulkley (Equação 2.5), os
parâmetros reológicos necessários para caracterizar o material seriam três (tensão de
escoamento (τo), o índice de consistência (K) e o índice de comportamento (n)).
Baseado na discussão anterior, existe uma classificação que agrupa os testes utilizados para
medir as propriedades de escoamento do concreto e, conseqüentemente, das argamassas,
em dois grupos: os ensaios que fornecem apenas um parâmetro, correlacionando-se ou com
55
a tensão de escoamento ou com a viscosidade, e os ensaios que fornecem os dois
parâmetros (FERRARIS, 1999).
Nos próximos itens, serão apresentados alguns desses ensaios, destacando-se
principalmente aqueles utilizados no estudo das argamassas no estado fresco. Entretanto,
deve-se ressaltar que a maior parte dos testes reológicos, que serão apresentados, foram
desenvolvidos para o estudo da reologia de concretos.
2.4.1- Técnicas convencionais
Grande parte das técnicas convencionais, utilizadas no estudo das argamassas no estado
fresco são tratadas como ensaios de um fator, não permitindo uma análise reológica
completa. Além do mais, os resultados fornecidos não permitem o cálculo direto de
parâmetros fundamentais, e sim, apenas uma correlação. Alguns dos principais testes estão
apresentados na Tabela 2.8.
Uma alternativa seria utilizar dois ou mais testes que se complementassem numa avaliação
reológica como, por exemplo, um teste que se correlacionasse bem com a viscosidade e
outro com a tensão de escoamento. Entretanto, a carência de estudos, que realmente
atestem esse grau de correlação e o fato dos métodos de ensaio serem aplicados a
determinados grupos específicos de argamassas, têm dificultado os estudos. Por exemplo,
os ensaios k-slump, cone de escoamento e turning tube viscometer, são recomendados para
argamassas com consistência quase fluida, apresentando restrições para determinadas
dimensões de partículas. Em outro exemplo, no ensaio da mesa de consistência, o resultado
fornecido apresenta certa relação, tanto com a viscosidade como com a tensão de
escoamento, sendo difícil isolar a contribuição de cada um.
Alguns testes permitem adaptações na metodologia, de tal forma a incrementar o resultado,
permitindo avaliações adicionais e aproximando-se das técnicas reológicas, como é o caso
do método vane test.
56
Tabela 2.8- Alguns exemplos de testes que se correlacionam com um fator (tensão de escoamento ou viscosidade)
Ensaios Breve descrição
Parâmetro reológico que
controla o fenômeno
Ensaio de penetração
de cone
O princípio deste teste é que a profundidade de penetração de um determinado corpo dependerá da tensão de escoamento do material testado. Geralmente, a massa do corpo é pré-estabelecida. Então, estes testes avaliam se a tensão aplicada é maior ou menor que a tensão de escoamento do concreto.
Tensão de escoamento(1)
Ensaio K-Slump
Uma sonda é inserida na mistura a ser testada (concreto ou argamassa). Logo após, uma porção do concreto tende a escoar para o interior da sonda. Com uma barra de medida, situado no interior da sonda, mede-se a quantidade de material. Um alto volume corresponde a uma alta capacidade de escoamento.
Tensão de escoamento(1)
Vane test ou ensaio de palheta
Ensaio muito utilizado na mecânica dos solos para determinação da tensão de cisalhamento de solos argilosos. O princípio é cravar uma palheta em cruz na amostra e aplicar um carregamento com uma taxa pré-determinada. Durante o ensaio registra-se a carga e a deformação imposta à amostra, bem como a tensão última de ruptura.
Tensão de escoamento(2)
Mesa de consistência
A consistência é estabelecida em função do espalhamento após a aplicação de um determinado número de golpes na mesa de consistência. Para este ensaio a medida obtida relaciona-se com a viscosidade e não com a tensão de escoamento porque ao aplicar os golpes, a amostra é submetida a uma tensão que é maior que a tensão de escoamento. Entretanto, esta afirmação deve ser encarada com certa cautela, uma vez que o ensaio não permite uma avaliação do material em função do tempo o que seria necessário para uma possível correlação com a viscosidade.
Viscosidade(1)
Cone de escoamento
O Flow cone ou cone de escoamento é amplamente utilizado no estudo de lama de cimentos para perfuração de poços de petróleo e tem sido adaptado para o uso em argamassas. Ele consiste de um funil com geometria e dimensões apropriadas, onde é colocada uma determinada amostra do material. O tempo gasto para o volume de material passar através da extremidade inferior é então registrado.
Viscosidade(1)(3)
Turning tube
viscometer
Consiste de um tubo onde a amostra a ser testada é colocada. Na seqüência, uma esfera de aço com massa e dimensão definida é solta na amostra no topo do tubo. O tempo gasto pela esfera para percorrer um determinado comprimento do tubo é registrado. Usando a equação de Stokes, a viscosidade é calculada Este ensaio tem sido usado para medir a viscosidade de pastas de cimento, não sendo recomendado para concreto, porque o diâmetro da esfera deve ser significativamente maior que o do agregado.
Viscosidade(4)
(1) Segundo FERRARIS (1999), (2) Segundo NGUYEN e BOGER (1985), (3) Segundo MACHADO (2002), (4) Segundo HOPKINS e CABRERA (1985)
57
Alguns desses métodos, em específico, o ensaio da mesa de consistência e o vane test,
foram utilizados na presente pesquisa durante a caracterização das argamassas, sendo
melhores apresentados mais adiante, no item 2.5.
2.4.2- Técnicas reológicas
Os equipamentos apresentados neste item baseiam-se nos mesmos princípios reológicos
discutidos no item 2.1.4, sendo que a maioria tem um funcionamento similar aos
viscosímetros, fornecendo apenas parâmetros de tensão de escoamento e viscosidade. Os
valores medidos por estes equipamentos, no caso do estudo do concreto e das argamassas,
não necessariamente permitem um cálculo direto da viscosidade e da tensão de
escoamento. Os fatores medidos são apenas indiretamente correlacionados aos dois
parâmetros fundamentais a partir de expressões matemáticas.
Atualmente, existe uma ampla discussão acerca dos equipamentos que são utilizados para
caracterizar o comportamento reológico dos concretos, muitos podendo inclusive serem
utilizados no estudo das argamassas de revestimento. Vários destes, são descritos por
TATTERSALL e BLOOMER. (1979); DE LARRARD et al (1997); FERRARIS (1999);
BANFILL et al. (2000) e PILEGGI (2001), sendo alguns apresentados nos próximos itens.
2.4.2.1- Tattersall two-point test
Pode-se dizer que este foi o primeiro equipamento a ser desenvolvido para estudar a
reologia do concreto (FERRARIS, 1999).
Durante o experimento (Figura 2.22), uma palheta com geometria especial é introduzida no
interior do recipiente com a amostra, sendo forçado a girar com uma taxa de cisalhamento
específica. Durante a rotação, é registrada a resistência (torque), devida ao material. Na
seqüência, a velocidade de rotação da palheta é controladamente aumentada, permitindo a
obtenção de uma curva do torque em função da velocidade (constituindo, assim, uma curva
de fluxo para o material analisado).
58
Figura 2.22- Esquema do equipamento desenvolvido por Tattersall – Two point test
(TATTERSALL e BLOOMER, 1979)
Tattersall projetou inicialmente esse equipamento, porém outros como GJORV (1988) e
BEAUPRÉ (1994) têm aperfeiçoado e comercializado o equipamento (FERRARIS, 1999).
A maior implementação foi automatizar o equipamento, favorecendo uma maior controle
na aquisição dos dados de torque e velocidade. O instrumento é disponível comercialmente
como o BML viscometer (Figura 2.23) ou IBB Concrete Rheometer (Figura 2.24-a). A
forma da palheta não é sempre a mesma, isto é, o BML tem um tipo de cilindro dentado
enquanto o IBB usa uma palheta em forma de “H” (Figura 2.24-b). A palheta do IBB
Rheometer tem um movimento planetário em adição à rotação axial. Em ambos os casos,
determinam-se o gráfico do torque medido versus a velocidade da palheta. O resultado é
ajustado a uma relação linear, sendo a declividade da reta e o coeficiente angular
(considerando a velocidade zero), correlacionados com a viscosidade e a tensão de
escoamento, respectivamente.
59
Figura 2.23- BML viscometer (BANFILL et al. 2000)
a) Equipamento
b) Detalhe da palheta
Figura 2.24- IBB Concrete Rheometer (BANFILL et al. 2000)
2.4.2.2- Bertta apparatus
Este equipamento foi descrito por FERRARIS (1999). Segundo consta, este teste foi
desenvolvido no Technical Research Centre, da Finlândia. O concreto é aplicado entre dois
cilindros concêntricos com diâmetros de 480 mm e 330 mm, respectivamente. O cilindro
externo gira em um modo oscilatório, após a definição da freqüência e da amplitude. O
torque induzido pelo movimento é medido no cilindro interno. Essa configuração permite
calcular a viscosidade e a tensão de escoamento como uma função da freqüência. Segundo,
ainda, a referência, a vantagem desse equipamento é que permite calcular diretamente os
60
valores de viscosidade e de tensão de escoamento e não apenas dois valores que se
correlacionam com ambos os parâmetros, como no caso do instrumento descrito
anteriormente. Dois fatores, que devem ser observados, são: a máxima dimensão do
agregado, que é limitada a 13 mm (correspondendo a 1/5 da distância entre os cilindros) e
a razão entre os raios dos dois cilindros, que é igual a 1,45.
2.4.2.3- O BTRHEOM Rheometer
O reômetro, BTRHEOM, foi desenvolvido no Laboratoire Central des Ponts et Chaussées,
da França, por DE LARRARD et al. (1997). O equipamento consiste de um recipiente
com um fundo dentado e um disco, que gira no topo (Figura 2.25), apoiando-se sobre a
amostra a ser ensaiada. O princípio de funcionamento é similar a um viscosímetro com
pratos paralelos
Figura 2.25- Reômetro BTRHEOM (DE LARRARD, 1999)
A distribuição da tensão de cisalhamento permite calcular diretamente a viscosidade e a
tensão de escoamento.
Este instrumento foi utilizado por DE LARRARD (1999) no estudo da reologia de
concretos, encontrando resultados, que apontam para a suposição de que esse material é
um fluido de Bingham, desde que possua algumas características como: relativamente
fluido ou moderado (abatimento maior que 80 mm) com uma taxa de cisalhamento,
variando entre 5 e 8 s-1.
61
Como limitações, este equipamento apresenta as faixas de viscosidade plástica e de tensões
de escoamento que podem ser determinadas. Concretos com alta tensão de escoamento ou
alta viscosidade plástica exibem dificuldades durante o cisalhamento (FERRARIS, 1999).
Ainda, segundo a referência, o equipamento permite ser utilizado sob vibração, o que pode
provocar segregação em algumas misturas.
2.4.2.4- CEMAGREF-IMG
O equipamento CEMAGREF-IMG (Figura 2.26) é um grande viscosímetro com cilindros
coaxiais (BANFILL et al., 2000). Seu recipiente comporta cerca de aproximadamente 500 l
de concreto. A parede do cilindro externo é equipada com barras verticais, e o interno, com
uma grade metálica para limitar o escorregamento do concreto na interface (Figura 2.27-b).
Uma borracha de vedação é colocada na base do cilindro interno para evitar que algum
material penetre entre o cilindro e o fundo do recipiente.
a) Vista frontal do equipamento b) Detalhe entre os cilindros Figura 2.26 – CEMAGREF-IMG (BANFILL et al. 2000)
O movimento de rotação é transmitido do motor axial para o cilindro interno através de
dois dispositivos mecânicos, acoplados com uma célula de carga, que é utilizada para
realizar as leituras de torque, transmitidas pelo concreto. A velocidade de rotação é medida
por um dínamo, o qual é conectado ao cilindro interno. Maiores detalhes podem ser
observados na (Figura 2.27).
62
a) conexão entre o motor, cilindro interno
e célula de carga
b) Instrumentação feita para medida da velocidade de rotação do cilindro interno
c) Corte lateral do equipamento e vista superior
Figura 2.27- Esquema da instrumentação utilizada pelo equipamento (BANFILL et al. 2000)
2.4.2.5- Reômetro desenvolvido na Universidade Federal de São Carlos
Recentemente, no Brasil, pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos
desenvolveram um equipamento (Figura 2.28) para avaliar as propriedades reológicas de
concretos refratários (PILEGGI, 2001). O equipamento foi projetado para funcionar em
movimentos planetários, similar ao equipamento IBB Rheometer.
O reômetro foi projetado, aproveitando-se a estrutura de um misturador planetário utilizado
em misturas de argamassas. Dentre as modificações, cabe destacar a substituição do motor
de corrente alternada original, por um servo-motor de corrente contínua de 2 CV e com
rotação variável de 0 até aproximadamente 3000 rpm. O controle da rotação é obtido
através da variação da voltagem de alimentação, a qual é, linearmente, proporcional á
rotação.
63
Figura 2.28- Reômetro desenvolvido pela Universidade de São Carlos (PILEGGI, 2001)
A medida da força necessária, para manter a rotação no equipamento, emprega o princípio
físico de que a corrente fornecida a um servo-motor de corrente contínua é linearmente
relacionada com o torque que este esteja exercendo (SABE, 1985 apud PILEGGI, 2001).
Portanto, quanto maior for a resistência ao cisalhamento do material ensaiado, maior o
torque necessário para misturá-lo em determinada rotação, e maior a corrente fornecida ao
servo-motor de corrente contínua. Sendo assim, basta medir essa corrente para saber
exatamente a força que está sendo aplicada no motor.
2.4.2.6- Considerações sobre as técnicas reológicas
A dificuldade em se projetar corretamente testes reológicos, que permitam obtenção direta
dos parâmetros fundamentais, pode ser justificada em função das características intrínsecas
dos materiais que se deseja ensaiar (argamassas e concretos), destacando-se: as dimensões
das partículas, a tendência de segregação e exsudação, a tendência de deslizamento na
interface entre a amostra ensaiada e os dispositivos do equipamento (comum no caso dos
reômetros de disco ou de cilindro coaxial) e, principalmente, os efeitos da alteração do
material com o tempo (por exemplo, hidratação do cimento) (NGUYEN e BOGER, 1985;
FERRARIS e GAIDIS, 1992, FERRARIS, 1999; SAAK et al, 2001). Complementando a
discussão, muitos dos ensaios desenvolvidos para o estudo da reologia de argamassas e
concretos possuem características, que dificultam uma determinação direta dos parâmetros
reológicos onde se destacam:
64
• o padrão de escoamento identificado, na maioria dos instrumentos, não gera um
fluxo laminar e sim turbulento;
• o fluxo, às vezes, é gerado através de movimento planetário, utilizando dispositivos
com superfícies bem complexas, na maioria dos casos palhetas com as mais
variadas formas;
• alguns desses equipamentos são similares a alguns misturadores de argamassa
(utilizam palhetas e rotação planetária com velocidades compatíveis com
misturadores), fato que pode se tornar complexo caso alguns materiais apresentem
instabilidade (mudança de características) com o tempo de mistura, como é o caso
das argamassas com aditivos incorporadores de ar;
• finalizando, não existe nenhum material granular normalizado, com tais
características, permitindo ser utilizado para calibrar os diferentes instrumentos
(FERRARIS, 1999).
Observa-se, ainda, que muitas das condições apontadas contrariam as premissas (condições
de contorno) utilizadas para se determinar os parâmetros reológicos, conforme destacado
anteriormente no item 2.1.3. Por esses motivos, sabe-se que a determinação de parâmetros
reológicos não é tarefa simples, principalmente no que diz respeito ao estudo de
suspensões concentradas como o caso de concretos e argamassas. Nesse universo, muitos
dos métodos existentes são limitados em suas aplicações, sendo comum encontrar, para um
mesmo material, variações nos valores dependendo das condições do experimento
empregado (BANFILL et al., 2000). Tal afirmação pode ser demonstrada a partir da Tabela
2.9, onde se observa uma considerável variação nos resultados de tensão de escoamento e
viscosidade obtidos por diferentes reômetros.
65
Tabela 2.9- Medidas de viscosidade e tensão de escoamento realizado por diferentes reômetros (BANFILL et al., 2000).
BML BTRHEOM CEMAGREF-IMG Two-Point Composições τo (Pa) η (Pa.s) τo (Pa) η (Pa.s) τo (Pa) η (Pa.s) τo (Pa) η (Pa.s)
1 738 114 1619 181 1832 --- 919 61 2 76 17,4 406 18 437 3 80 13 3 408 82,4 771 136 --- --- 314 83 4 840 72 2139 51 2138 1059 --- 5 910 108 1753 94 --- --- 698 19 6 139 45 505 78 487 63 145 41 7 90 32,7 549 54 410 43 98 38 8 717 29 1662 67 1417 --- 689 22 9 125 15 624 25 504 3 159 19
10 248 35,9 740 50 535 43 253 19 11 442 29 1189 27 1034 21 516 16 12 584 39 1503 38 929 47 525 22
Legenda: η − Viscosidade, τo – Tensão de escoamento
2.5- CARACTERIZAÇÃO DOS ENSAIOS UTILIZADOS DURANTE A PESQUISA
Os equipamentos utilizados para se avaliar as propriedades reológicas de materiais, como
argamassas e concretos, não estão presentes na maioria dos laboratórios de materiais de
construção. Talvez, o fator principal determinante dessa condição seja o custo, já que é
relativamente alto, associado a algumas incertezas operacionais (por exemplo, o domínio
da técnica e incerteza da funcionalidade do equipamento diante dos materiais que se deseja
avaliar). Por isso, apesar de todo o avanço tecnológico, existem pesquisas, atualmente,
sendo desenvolvidas no sentido de correlacionar tais equipamentos com os resultados
obtidos através de ensaios tradicionais, utilizados no estudo das argamassas e concretos.
Como exemplo, têm-se os estudos desenvolvidos por FERRARIS e DE LARRARD (1998)
com o objetivo de propor alterações no desenvolvimento do ensaio de abatimento para
concreto (slump test) de forma a obter parâmetros que se correlacionem com as grandezas
reológicas, tensão de escoamento e viscosidade.
Outro caminho, com certo potencial, seria aplicar novas teorias como, por exemplo, as
descritas no estudo da tensão de cisalhamento de solos, ou até explorando outros ramos da
reologia como o estudo de materiais viscoeláticos, fazendo uso, inclusive, de técnicas
disponíveis que sejam representativas e capazes de caracterizar um material através de
parâmetros mensuráveis. Algumas dessas técnicas serão melhores detalhadas nos próximos
itens, dando-se ênfase às utilizadas no desenvolvimento da presente pesquisa.
66
2.5.1- Ensaio da mesa de consistência
O método da Mesa de Consistência é um dos testes mais utilizados para avaliar a
consistência das argamassas, estando presente na maioria dos laboratórios de materiais de
construção. Entretanto, apesar da grande utilização, esse é um dos ensaios mais criticados
quanto à avaliação de uma condição de trabalhabilidade. Um dos muitos fatores que
contribuem para esta discussão, além da própria concepção do ensaio, diz respeito à não
correspondência de resultados entre os valores, que caracterizam mesmas condições de
trabalhabilidade avaliadas empiricamente. Como exemplo, a Tabela 2.10 apresenta alguns
valores de índice de consistência, para diferentes argamassas de revestimento
potencialmente utilizáveis, considerando um processo manual de aplicação. Em geral,
percebe-se que o método é bastante influenciado pelas propriedades intrínsecas de cada
argamassa.
Tabela 2.10- Valores de índice de consistência encontrados
Referências Descrições e propriedades SELMO
(1989) GOMES (2000)
CALHAU (2000)
ALVES (2002)
Composição da argamassa
Cimento, cal e areia natural
Cimento, cal, areia natural, adição de arenito e aditivo
incorporador de ar líquido
Cimento, cal, areia natural e aditivo
incorporador de ar líquido
Cimento, areia artificial e aditivo incorporador de ar
em pó
Substrato utilizado na
aplicação
Blocos de concreto e
cerâmicos com chapisco
Bloco cerâmico chapiscado
Blocos de concreto com e sem chapisco
Blocos de concreto com e sem chapisco
Índice de consistência
(mm)
Entre 246 – 292
Entre 250 – 258
Entre 225 – 255
Entre 230 – 265
No caso das argamassas com aditivos incorporadores de ar, a influência da estrutura
interna da argamassa, nos valores de índice de consistência, é bem evidenciada. Observa-se
que essas argamassas apresentam valores de espalhamento bem menores que os valores de
espalhamento obtidos em argamassas tradicionais de cimento e cal, isso considerando uma
mesma trabalhabilidade. Sobre o assunto, BAUER et al. (2005) apontam que a estruturação
interna do material, resultante da incorporação de ar, gera uma condição suficiente para
absorver os impactos sofridos durante o ensaio na mesa de consistência, resultando em
menores valores de espalhamento para uma mesmo condição de trabalhabilidade. Essa
67
estruturação não é pronunciada nas argamassas tradicionais de cimento e cal (argamassas
mistas), onde prevalece o contato íntimo entre as partículas, sendo favorecido o
espalhamento do material durante a aplicação dos golpes. A Figura 2.29 descreve,
esquematicamente, a estrutura encontrada no interior das argamassas (BAUER, et al.
2005). Outro ponto, destacado pelos autores, refere-se ao fato de as argamassas ensaiadas
poderem apresentar diferentes massas específicas, influenciando na massa total do material
ensaiado na mesa de consistência. Tal parâmetro deve ser melhor avaliado durante o
ensaio, principalmente, quando se está comparando argamassas com aditivos
incorporadores de ar e sem aditivos, onde as diferenças são consideráveis.
Agregados
Pasta
Bolhas de ar
(b)(a) Figura 2.29- Esquema da estrutura encontrada nos dois tipos de argamassa (a) Argamassa
com aditivo incorporador de ar e (b) Argamassa mista de cimento e cal (BAUER et al., 2005)
Apesar das críticas, é certo que a mesa de consistência ainda está longe de ser aposentada,
fato que pode ser atestado pelos inúmeros modelos de mesas, atualmente, disponíveis
comercialmente (manual e elétrica). Outro ponto, que merece destaque, é a carência de
parâmetros para o meio técnico, principalmente nacional, que sente a necessidade da
inclusão das medidas de espalhamento durante a caracterização das argamassas de
revestimento no estado fresco.
Quanto aos modelos reológicos, aponta-se o valor de espalhamento como sendo um
parâmetro com certa correlação com a viscosidade, isso porque a argamassa está sendo
avaliada em tensões aplicadas acima da tensão de escoamento do material (FERRARIS,
1999). Entretanto, essa afirmação deve ser encarada com certa cautela, uma vez que, no
caso da viscosidade, o ideal seria uma avaliação do escoamento em função do tempo,
68
condição, que não está presente, na metodologia de ensaio da mesa de consistência. Outros
autores apontam que o resultado é influenciado por ambos os parâmetros reológicos
(viscosidade e tensão de escoamento), sendo difícil identificar uma correlação isolada com
cada parâmetro (PILEGGI, 2001).
Na tentativa de melhor explorar o resultado fornecido pelo ensaio, SOUSA e BAUER
(2002) discutem uma adaptação durante o processo de execução desta determinação. A
proposta era analisar não apenas o espalhamento após 30 golpes na mesa de consistência,
mas sim, uma avaliação do espalhamento e do abatimento, ao longo da aplicação dos
golpes (avaliação da deformação em função do número de golpes). Numa primeira
abordagem do assunto, foram desenvolvidos ensaios, medindo-se o espalhamento e o
abatimento após cada cinco golpes aplicados na mesa. Como exemplo de resultado obtido
nesta análise, tem-se a Figura 2.30, onde foram avaliadas três argamassas mistas de
cimento e cal com diferentes consistências, variando de quase fluida - AR1, à seca - AR3,
sendo AR2 - uma argamassa de consistência intermediária.
0
10
20
30
40
50
60
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45Número de golpes
Aba
timen
to (m
m)
AR1 AR2 AR 3
(a) Curva de abatimento versus número de golpes na mesa de consistência
0
50
100
150
200
250
300
350
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45Número de golpes
Espa
lham
ento
(mm
)
AR1 AR2 AR 3
(b) Curva de espalhamento versus número de golpes na mesa de consistência
Figura 2.30- Comportamento das argamassas mistas de cimento e cal em função do número de golpes na mesa de consistência (SOUSA e BAUER, 2002)
Os resultados serviram para avaliar como as argamassas se comportam durante a aplicação
dos golpes na mesa de consistência, identificando duas regiões bem características, a saber:
1. a primeira, aproximadamente entre 0 e 15 golpes, onde se identifica que a
argamassa se mostra mais susceptível à aplicação dos golpes, demonstrada pela
maior inclinação da curva nesse trecho; e
2. uma segunda região onde a argamassa não sofre grandes deformações relativas à
aplicação dos golpes.
69
Próximo de 30 golpes, o valor de abatimento é praticamente constante, não sofrendo
grandes variações. Quanto ao espalhamento, os valores ainda continuam aumentando,
porém em menores amplitudes.
Infelizmente, as alterações propostas, durante a execução do ensaio, ainda foram
insuficientes para apresentar uma caracterização satisfatória de uma argamassa do ponto de
vista da trabalhabilidade, uma vez que se identificou no estudo argamassas trabalháveis e
não trabalháveis com resultados bem semelhantes.
Em geral, percebe-se que, apesar do ensaio da mesa de consistência ser considerado
tradicional, o método deve ser mais bem explorado, contemplando as devidas
particularidades do estudo das argamassas no estado fresco, bem como possíveis
correlações entre os diferentes modelos existentes.
2.5.2- Ensaio de penetração de cone
O ensaio de penetração de cone é um método extremamente simples para se avaliar a
consistência de argamassas de revestimento. Esse método adota um procedimento de
ensaio (descrito na norma ASTM C 780 (1996)) que, em parte, se assemelha a alguns
procedimentos tradicionalmente utilizados na avaliação de materiais de construção civil
como, por exemplo, o aparelho de Vicat (NBR 11581, 1991), utilizado para avaliar a
consistência de pastas de cimento; o cone penetrometer (BS 1377, 1975), utilizado na
mecânica dos solos para avaliar a consistência de solos e asfalto e plunguer test (BS 1015-
12, 1999), utilizado para medir a consistência de argamassas no estado fresco. A geometria
dos dispositivos utilizados por cada um desses métodos é apresentada na Figura 2.31.
70
Penetração de cone (Solos)
Sonda Tetmajer(Pasta de cimento)
Plunger test (Argamassa)
Penetração de cone (Argamassa)
Figura 2.31- Geometria dos dispositivos utilizados para avaliar a consistência de
argamassas a partir da profundidade de penetração
O ensaio de penetração de cone, utilizado na mecânica dos solos (BS 1377, 1975), foi
empregado por SANTOS (2003), GONÇALVES (2004) e DO Ó (2004) na avaliação da
consistência de argamassas. A grande desvantagem identificada no método foi o fato de a
altura do dispositivo, em forma de cone, ser de 35 mm, condição limite, na qual muitas
argamassas, potencialmente aplicáveis, apresentavam. Para valores maiores de penetração
de cone o método não dever ser utilizado. No caso do método de penetração de cone
descrito na norma ASTM C 780 (1996), esse problema não é tão caracterizado uma vez
que as dimensões do dispositivo em forma de cone são bem maiores (conforme dimensões
apresentadas na Figura 2.32), permitindo avaliar uma faixa considerável de consistência
(de seca a quase fluida).
Em geral, o procedimento para o ensaio, descrito na norma ASTM C 780 (1996), consiste
na penetração de um dispositivo em forma de cone, com massa e dimensões padronizadas
e descritas no referido documento. Como base para fixação do cone, utiliza-se um aparelho
de Vicat modificado para acomodar as devidas dimensões dos dispositivos (cone, haste
guia e recipiente). Na seqüência, após o preparo da amostra em um recipiente cilíndrico, a
mesma é posicionada abaixo do cone, sendo este liberado em queda livre. Como resultado,
o ensaio fornece uma avaliação indireta da consistência a partir da profundidade de
penetração do cone, expressa em milímetros. As características específicas do método, bem
como dos dispositivos utilizados, estão detalhadas na Tabela 2.11 e na Figura 2.32. As
71
vantagens desse método, em relação à mesa de consistência, resultam, principalmente, de
uma melhor reprodutibilidade dos resultados e uma menor variação devido aos operadores
e ao equipamento.
Tabela 2.11- Particularidades operacionais do método de penetração de cone Característica Características do equipamento Base de medida
do equipamento
Aparelho de Vicat modificado disposto de régua com precisão de 1 mm
Cone e haste guia
O conjunto cone e haste devem ter uma massa total de 200 g, detalhes Figura 2.32.
Dimensões do recipiente
Recipiente cilíndrico com diâmetro = 76 ± 1,6 mm e altura = 88,1 mm, sendo ajustado para um volume de 400 ± 1 ml, com água destilada a uma temperatura
de 23o C
Preparo da amostra
Após a mistura, o material é colocado no recipiente de ensaio em três camadas iguais, sendo aplicado em cada uma 20 golpes com
uma espátula de 152,4 mm de altura e 12,7 mm de largura.
Detalhe A - Ponta arredondada do cone
A
77,35°
88,9
41,3
Haste metálicaCone
Figura 2.32- Características do dispositivo em forma de cone utilizado no ensaio
Segundo FERRARIS (1999), o resultado fornecido por métodos de ensaio com essas
características, apresenta forte correlação com o parâmetro reológico tensão de
escoamento. A profundidade de penetração dependerá da tensão de escoamento do material
testado. Como na maioria dos casos, a massa do cone é pré-definida, o método avalia se a
tensão aplicada é maior ou menor que a tensão de escoamento do material, estabelecendo
assim, uma correlação com a profundidade de penetração do cone.
É certo também que o método provoca um cisalhamento no material, durante o processo de
penetração do cone. Na mecânica dos solos, por meio de um procedimento de ensaio
similar, o valor de penetração de cone, obtido durante o ensaio, é associado a uma medida
de cisalhamento não drenada de uma amostra de solo (HOULSBY, 1982). O método
permite, ainda, a determinação do índice de plasticidade (CAPUTO, 1988).
72
Esse método já vem sendo utilizado em pesquisas sobre argamassa no Brasil, onde se
destaca o trabalho de ANGELIM (2000), que utilizou o ensaio na avaliação da consistência
de argamassas mistas, a partir de um estudo da adição de vários tipos de finos na
composição das argamassas. Nessa pesquisa, as argamassas apresentaram valores de
consistência, variando em torno das faixas indicadas na Tabela 2.12, considerando uma
mesma trabalhabilidade, avaliada empiricamente. Os dados de penetração de cone são
agrupados em função do tipo de argamassa (denominada em função dos finos utilizados na
composição das argamassas) e do tipo de avaliação táctil-visual, que, no caso, foi definida
em Plástica (P), Pouco Plástica (PP) e Fluida (F). O trabalho original utiliza, ainda, outra
classificação denominada de Pastosa; porém essa informação foi omitida, na presente
discussão, por não interferir na análise, sendo tais valores também considerados como
Plástico (P).
Os resultados apontam para faixas de penetração de cone bem características de uma
condição de trabalhabilidade adequada. As argamassas consideradas plásticas (P)
pertencem a um intervalo de penetração de cone entre 45 – 56, com média em torno de 51
mm. Nos casos extremos, as argamassas consideradas pouco plásticas (PP) (talvez, reflexo
de uma consistência seca) e fluidas (F) encontram-se nos intervalos de 22 – 45 mm e 62-69
mm, respectivamente. No estudo, cabe destacar, ainda, que o método apresentou boa
correlação com o ensaio de espalhamento pela mesa de consistência.
Em outro estudo, CASCUDO et al (2005) apresentam um amplo estudo dos resultados
fornecidos pelo método, avaliando a consistência de argamassas em obra e laboratório. No
estudo, destaca-se a facilidade de manuseio do equipamento e a possibilidade do método
ser sistematicamente empregado nas avaliações em obra, similar ao ensaio do tronco de
cone (slump) para concreto.
Apesar dos estudos, percebe-se que o método, ainda, é pouco explorado nas pesquisas em
argamassas no país. Talvez o meio técnico sinta a necessidade de uma discussão mais
ampla sobre a metodologia, envolvendo a aplicação do ensaio em vários tipos de
argamassas e buscando comparar os resultados obtidos com os fornecidos por outros
procedimentos de ensaio.
73
Tabela 2.12- Resumo dos resultados de penetração de cone obtidos no estudo de ANGELIM (2000)
Argamassa Método de avaliação Parâmetro encontrado Penetração de cone (mm) 22 35 49 38 Argamassa de referência
(Mistura 2) Consistência táctil-visual PP PP P PP Penetração de cone (mm) 22 47 36 30 Argamassa de calcário
(Mistura 2) Consistência táctil-visual PP P PP PP Penetração de cone (mm) 65 65 62 50 Argamassa de calcário
(Mistura 3) Consistência táctil-visual F F F P Penetração de cone (mm) 22 37 42 32 Argamassa de granulito
(Mistura 2) Consistência táctil-visual PP PP PP PP Penetração de cone (mm) 22 45 69 55 Argamassa de micaxisto
(Mistura 2) Consistência táctil-visual PP P F P Penetração de cone (mm) 22 55 56 Argamassa de saibro
(Mistura 2) Consistência táctil-visual PP P(1) P(1) Resumo dos resultados
Tipo de argamassa Faixa de penetração de cone (mm) Média dos resultados Argamassa pouco
plástica (PP) 22 - 45 30
Argamassa plástica (P) 45 - 56 51 Argamassa Fluida (F) 62 - 69 65
(1) Estas argamassas foram denominadas de pastosas na pesquisa original
2.5.3- Método vane test ou ensaio de palheta
O método vane (vane test ou simplesmente ensaio de palheta) tem se mostrado como um
método simples, porém eficiente, para se medir as propriedades de fluidos não-
newtonianos que exibem um grande efeito de deslizamento em superfícies lisas, comuns
aos dispositivos utilizados nos diferentes tipos de reômetros (por exemplo, os reômetros de
discos paralelos ou cilindro coaxial). O valor de tensão de escoamento obtido pelo método
tem apresentado uma boa concordância com os resultados encontrados pela maioria dos
métodos reológicos atualmente disponíveis (NGUYEN e BOGER, 1985; AUSTIN et al.,
1999; BARNES e NGUYEN, 2001).
O método vane test é bastante utilizado na mecânica dos solos para se determinar um
parâmetro definido como “Tensão de cisalhamento não drenada de solos”, existindo
equipamentos de pequeno porte para ensaios de laboratório, bem como equipamentos de
grande porte para ensaios em campo. Nos últimos anos, com o desenvolvimento das
técnicas de instrumentação, principalmente as voltadas para a reometria, essa técnica vem
sendo cada vez mais difundida e explorada no estudo da reologia de materiais em diversas
74
áreas com, por exemplo, na análise do comportamento de alimentos, suspensões
concentradas, polímeros, dentre outros.
Quanto ao princípio do método, basicamente, consiste em cravar uma palheta com duas
lâminas em cruz (Figura 2.33) em uma determinada amostra do material a ser ensaiado. Na
seqüência, a palheta é girada lentamente em uma taxa de deformação constante (velocidade
angular constante), sendo registrado o momento do escoamento quando o torque exercido
alcançar o valor máximo, provocando o cisalhamento do material na seção em volta da
palheta, conforme ilustra a Figura 2.33.
O torque máximo, obtido experimentalmente, pode ser definido como a soma algébrica das
contribuições do cisalhamento exercido pela superfície lateral (Ts) e das duas superfícies,
superior e inferior, da palheta (Te), conforme Equação (2.16).
es T2TT += (2.16)
pode ser mostrado que em termos de tensão de cisalhamento o torque é definido como:
⎟⎠⎞⎜
⎝⎛+= ∫
2/
0
22 22)2
(D
es drrHDT τπτπ (2.17)
onde
D = diâmetro do cilindro cisalhado (m)
H = altura do cilindro cisalhado (m)
r = raio do cilindro cisalhado (m)
τe = tensão de cisalhamento na parte superior e inferior do cilindro (Pa)
τs = tensão de cisalhamento na parte lateral do cilindro (Pa)
Figura 2.33 – Esquema da palheta utilizada no ensaio e da superfície cisalhada durante o
ensaio com o vane tester
75
Para o cálculo da tensão de escoamento, a partir do torque máximo, são necessários o
conhecimento da geometria da superfície de escoamento e a distribuição da tensão de
cisalhamento nessa superfície. Como τe é desconhecido, não é possível integrar o segundo
termo da Equação (2.17). Dessa forma, adota-se a aproximação, que é razoável para
palhetas de pequenos diâmetros, que τe é uniformemente distribuída em ambas as
superfícies, e que τe é igual a τs. Assim, na abordagem convencional empregada na
mecânica dos sólidos, assume-se que o escoamento do material dá-se ao longo de uma
superfície cilíndrica de área πDH + 2(πD2/4), onde D e H são o diâmetro e altura da
palheta, respectivamente. Também, assume-se que a tensão de cisalhamento é
uniformemente distribuída ao longo do cilindro, e igual à tensão de escoamento (τo), onde
o torque é máximo (Tm). Com essas considerações, uma relação simples entre τo, Tm e as
dimensões da palheta (H e D) é obtida pela Equação 2.24 (NGUYEN e BOGER, 1985):
o
3
m 31
DH
2DT τπ
⎟⎠⎞
⎜⎝⎛ += (2.18)
Caso a superfície de ruptura se dê em uma região fora da interface com a palheta, não é
possível determinar a tensão de escoamento a partir dessa equação. Na maioria dos casos, a
aplicação de tal fórmula tem fornecido resultados satisfatórios de tensão de escoamento
para baixas taxas de cisalhamento.
Atualmente, existem vários equipamentos, disponíveis comercialmente, que foram
desenvolvidos a partir deste princípio. Alguns são apresentados na Figura 2.34.
(a) Modelo DO-1047 - Fornecido
pela empresa Seiken (b) Modelo WF23500 - Fornecido pela empresa Wykeham Farrance
Engineering
(c) Modelo R/S Soft Solids Tester (SST) - Fornecido pela empresa
Brookfield Engineering Figura 2.34- Exemplos de equipamentos que utilizam o método vane test
76
Segundo seus fabricantes, estes equipamentos são ideais para avaliar materiais como
pastas, argila, géis e suspensões concentradas em geral. O modelo WF23500 – produzido
pela empresa Wykeham Farrance Engineering – foi utilizado por ALVES (2002),
SANTOS (2003), SOUSA e BAUER. (2003) na avaliação da propriedade das argamassas
no estado fresco.
Os equipamentos mais completos permitem uma série de avaliações adicionais ainda
pouco exploradas como:
1. Avaliação a partir de uma taxa de deformação constante (este tipo de resultado pode ser
fornecido pela maioria dos equipamentos)
• Propriedades medidas: tensão de escoamento, deformação de escoamento e módulo
de deformação;
• Descrição do ensaio: a palheta é girada lentamente em uma baixa velocidade de
rotação, sendo a tensão medida em função do ângulo de deformação da amostra.
Essa avaliação fornece como resultado o gráfico ilustrado na Figura 2.35-a.
2. Avaliação a partir de uma tensão constante (aplicando a técnica creep/recovery)
• Propriedades medidas: deformação instantânea, fluência, recuperação elástica e
escoamento permanente;
• Descrição do ensaio: uma tensão (torque) é aplicada na amostra por um tempo fixo.
Nesse intervalo, a deformação da amostra é registrada em função do tempo. Após
esse período, a tensão é removida, sendo avaliadas a recuperação elástica e a
deformação permanente do material, conforme ilustra a Figura 2.35-b.
Deformação
Tens
ão
Tensão de escoamento
Módulo
Tempo
Def
orm
ação
Tensão aplicada Tensão removida
Deformação instantânea
Deformação permanente
Recuperação elástica
a) b)
Figura 2.35- Resultado da avaliação a partir de uma taxa de deformação constante a) e avaliação a partir de uma tensão (torque) constante b)
77
A avaliação a partir de uma tensão constante, ainda, é um resultado pouco explorado no
estudo das argamassas, porém ele permite uma avaliação bastante precisa de fluidos que
apresentam um comportamento viscoelástico.
As bases de medida são desenvolvidas a partir de sistemas mecânicos, que utilizam molas
de torção calibradas previamente, com constantes de rigidez adequadas a cada tipo de
material, ou seja, definidas basicamente em função da tensão máxima de ruptura de cada
material (conforme as Figuras 2.36-a e c); ou sistemas mais sofisticados equipados com
dispositivos elétricos (sensores de torção), também previamente calibrados, capazes de
terem suas entradas e saídas de dados automatizadas a partir de um sistema de aquisição de
dados (Figura 2.36-c).
Em ambos os sistemas, são utilizados motores que trabalhem com taxas de deformação
constantes (velocidade angular constante) para um determinado período de medida,
permitindo, inclusive, operações em velocidades angulares da ordem de 0,1 rpm. A
disposição do motor pode ser de várias maneiras, conforme ilustra a Figura 2.36; acoplado
ao próprio sistema de medida (Figura 2.36-a e b) ou independente (Figura 2.36-c).
Motor
Mola calibrada
Palheta
Barra de torção
Motor
Motor(a) (b) (c)
Figura 2.36- Bases de medida utilizados no equipamento vane tester (modificado de LIDDELL e BOGER, 1996).
As dimensões das palhetas devem ser definidas em função de parâmetros que dependem
das limitações de cada equipamento como, por exemplo, o torque mínimo e máximo
permitido pelo sistema de medida (mola conforme configuração da Figura 2.36-a ou sensor
de torção Figura 2.36-b), bem como dos valores de tensão de cisalhamento máximo de
cada material.
78
Segundo o procedimento de ensaios adotado pelo laboratório de Geotecnia da
Universidade de Brasília, outro parâmetro, que deve ser observado durante a definição das
palhetas, seria escolher a menor dimensão da palheta, no mínimo, 20 vezes a dimensão
máxima das partículas presentes na suspensão (PALMEIRA, 2001). Essa consideração
deve ser obedecida tendo em vista evitar perturbações consideráveis no material durante a
penetração da palheta na amostra, bem como, durante a definição da superfície cisalhada,
influenciando no resultado.
Apesar da maioria dos trabalhos apresentarem resultados, utilizando palhetas com a relação
H/D = 2, outros também permitem a possibilidade de se utilizar palhetas com a relação
H/D = 1.
As dimensões do recipiente (ou porta amostra) devem ser de tal forma a interferir o
mínimo nos resultados. Em geral, as dimensões do recipiente são definidas em função de
relações com as dimensões da palheta, uma vez que a mesma vai determinar as
distribuições de tensão ao longo da amostra contida no recipiente. Escolhas inadequadas
dessa relação podem deslocar a região cisalhada para fora da interface com a palheta, o que
impossibilita a utilização da Equação 2.18 para o cálculo da tensão de escoamento.
NGUYEN e BOGER (1985) recomendam que as dimensões do recipiente devam obedecer
às seguintes relações: Dt/D > 2,0, Z1/D > 1,0 e Z2/D > 0,5, sendo Dt o diâmetro do
recipiente cilíndrico, D o diâmetro da palheta, Z1 e Z2 as distâncias entre a palheta e a
parte superior e inferior da amostra, no recipiente ( conforme ilustra a Figura 2.37).
Em estudos realizados em argamassas de revestimento, no Laboratório de Ensaio e
Materiais da Universidade de Brasília (ALVES, 2002; SANTOS, 2003; SOUSA e
BAUER, 2003; GONÇALVES, 2004; DO Ó, 2004), respeitando-se essas relações, não se
identificaram maiores problemas quanto à posição da região cisalhada. Em algumas
situações, onde não se obedeceu a essa relação, observou-se o deslocamento da região
cisalhada para a interface entre a argamassa e o recipiente.
79
DtD
Z2H
Z1
Recipiente
Palheta
Seção transversal da palheta
Amostra
Figura 2.37- Relação entre as dimensões da palheta e do recipiente (modificado de
NGUYEN e BOGER (1985))
Têm-se observado várias formas diferentes de preparação de amostra quando da utilização
desse método. Entretanto, a maioria dos procedimentos procura, sem muita interferência,
avaliar o material sob condições originais de utilização do mesmo. Como exemplo, tem-se
um procedimento proposto pela norma ASTM D 4648 (2000) (Standard Test Method for
Laboratory Miniature Vane Shear Test for Saturated Fine-Grained Clayey Soil) aplicada ao
ensaio de solos, onde o mesmo pode ser avaliado a partir de uma amostra indeformável.
Nesse caso, o material de ensaio é retirado do campo de experimento em recipientes
cilíndricos, tomando-se o cuidado de manter as condições originais, inclusive umidade,
(conforme procedimento específico).
No caso da avaliação de argamassas, tem-se como procedimento colocar a amostra em um
recipiente cilíndrico, procurando distribuí-lo em três camadas iguais, aplicando-se em cada
uma, 20 golpes com espátula, de modo a permitir uma adequada homogeneidade ao longo
das camadas. Apesar de esse procedimento poder causar certa interferência na estrutura
interna do material, é um procedimento padrão, de uso comum na avaliação de argamassas,
como é o caso do procedimento utilizado no ensaio de determinação da densidade de
massa aparente no estado fresco (NBR 13278, 1995) e de consistência por penetração de
cone (ASTM C780, 1996).
80
Durante os trabalhos em argamassas de revestimento realizados por ALVES (2002),
SANTOS (2003), SOUSA e BAUER. (2003), onde foi utilizada a metodologia descrita,
não foram relatadas maiores interferências nos resultados obtidos. Entretanto, problemas
maiores de homogeneidade, durante o preenchimento das camadas, podem ser observados
em argamassa mais consistentes, onde se observa certa dificuldade de adensamento,
quando se utiliza a espátula para executar os golpes nas camadas. Em outro caso,
argamassas com certa tendência de exsudação, também apresentam heterogeneidade ao
longo da amostra, podendo interferir no resultado.
A taxa de cisalhamento durante o ensaio, ou seja, a velocidade angular de aplicação do
carregamento deve permanecer constante até o cisalhamento do material. É certo, porém,
que essa velocidade pode influenciar no valor máximo de cisalhamento obtido.
Recomenda-se que a velocidade de rotação da palheta deva ser inferior a 10 rpm para
evitar a influência da resistência da viscosidade e a inércia do instrumento na medida do
torque máximo (NGUYEN e BOGER, 1983). O mesmo autor utilizou a velocidade de 0,1
rpm em muitos de seus trabalhos. Quanto à norma ASTM D 4648 (2000) para ensaio de
solos, recomenda-se que a amostra deva ser ensaiada com uma velocidade constante entre
60 e 90o por minutos.
Cabe relatar que, em alguns estudos preliminares, desenvolvidos no Laboratório de
Ensaios e Matérias da Universidade de Brasília, observou-se que, em velocidades entre 30o
por minuto e 90o por minuto, os valores máximos de tensão de cisalhamento não sofreram
grandes alterações. Entretanto, para valores de velocidade abaixo de 30o por minuto, o
ensaio tornou-se inadequado para algumas misturas, uma vez que, devido ao tempo
necessário para o ensaio, algumas argamassas foram sofrendo alterações em sua estrutura
interna, principalmente exsudação excessiva, situação que pode interferir no resultado do
ensaio.
No estudo dos materiais de construção, é possível encontrar trabalhos que utilizaram o
vane test para caracterizar concretos (como o trabalho de AUSTIN et al. (1999)) e
argamassas (como os trabalhos de ALVES et al. (2002), SANTOS (2003), PAES (2004)).
Na pesquisa de ALVES (2002), foi possível definir os valores de tensão entre 0,71 - 0,81
kPa como a faixa de tensão de escoamento, que caracterizava a consistência ideal de
determinadas argamassas com aditivos incorporadores de ar (considerando um processo de
81
aplicação manual em blocos de concreto sem chapisco). O mesmo equipamento foi
utilizado por SANTOS (2003), onde se encontrou um valor mínimo 0,42 kPa de tensão de
escoamento para uma condição limite de bombeabilidade de argamassas para projeção. Na
pesquisa de PAES (2004), no estudo de argamassas mistas de cimento e cal, encontraram-
se valores de tensão de escoamento pelo método vane test variando entre 1,19 e 1,70 kPa.
2.5.4- Ensaio de cisalhamento direto
O ensaio de cisalhamento direto é o mais antigo procedimento para a determinação da
resistência ao cisalhamento e se baseia diretamente no modelo de Coulomb (apresentado
no item 2.2). Um esquema do procedimento, utilizado durante o ensaio, é apresentado na
Figura 2.38. O material a ser ensaiado é colocado parcialmente numa caixa de
cisalhamento, ficando com sua metade superior dentro de um anel, como se mostra
esquematicamente na Figura 2.38. Aplica-se, inicialmente, uma força vertical (definida
como força normal). Na seqüência, um deslocamento horizontal é provocado, na parte
inferior do anel, a uma taxa de cisalhamento constante, sendo registrada a força suportada
pela amostra (definida como força tangencial). Em outra configuração, uma força
tangencial pode ser aplicada, sendo registrado o deslocamento horizontal.
A tensão normal (σ) e a tensão de cisalhamento (τ) são o resultado da divisão entre a força
normal e força tangencial (obtida durante o ensaio) pela área da seção transversal do corpo-
de-prova formado pela amostra ensaiada.
82
Força normalAnel superior
Amostra ensaiadaParte inferior do molde
Medida da força tangencial
Taxa de cisalhamento constante
a) Configuração antes do ensaio de cisalhamento direto
Medida da força tangencial
Taxa de cisalhamento constante
Superfície cisalhada
Força normal
deslocamento horizontal
b) Configuração após o ensaio de cisalhamento direto
Figura 2.38- Esquema do procedimento utilizado no ensaio de cisalhamento direto
Como possibilidade de resultado, o ensaio fornece a tensão de cisalhamento representada
em função do deslocamento (no sentido do cisalhamento), conforme ilustra a Figura 2.39-
a, onde se identifica a tensão de ruptura (τmax) e a tensão residual (τres). A tensão residual
corresponde à tensão que a amostra ainda sustenta após ultrapassar a condição de
cisalhamento (ruptura).
Outro resultado, que pode ser explorado, é a variação do deslocamento vertical durante o
ensaio, indicando se houve diminuição ou aumento de volume durante o cisalhamento
(Figura 2.39-b). Na condição de aumento, a mecânica dos solos define esse
comportamento como dilatante.
83
O ensaio deve ser realizado com diferentes tensões normais (no mínimo três), condição
necessária para a obtenção da curva de resistência, descrita pelo critério de Coulomb,
conforme descreve a Figura 2.39-c.
O ensaio de cisalhamento direto é um método extremamente prático e útil quando se deseja
medir a resistência ao cisalhamento, principalmente, quando se deseja avaliar a resistência
residual. Entretanto, a análise do estado de tensões, durante o carregamento, é bastante
complexa e, apesar de se impor que o cisalhamento ocorra no plano horizontal, o mesmo
pode ser precedido de rupturas internas em outras direções (PINTO, 2000). O ensaio
permite, ainda, com algumas adaptações, aplicar a técnica reológica creep/recovery,
analisando-se o comportamento do material sob uma tensão de cisalhamento constante, por
um determinado intervalo de tempo.
Figura 2.39- Resultados fornecidos pelo ensaio (PINTO, 2000)
REZENDE et al. (2002), em seu estudo de caracterização reológica de microconcreto, no
estado fresco, utilizando o ensaio de cisalhamento direto, encontrou valores de ângulo de
atrito interno de 32,9o e coesão de 8,43 kPa.
84
Outros métodos como, por exemplo, o squeeze-flow, o plastômetro de voss, o plasticímetro
de Emey e o método de compressão triaxial, também apresentam grande potencial de
serem utilizadas no estudo das propriedades das argamassas de revestimento no estado
fresco, porém não serão abordados nesta revisão. Maiores detalhes podem ser encontrados
nas referências TRISTÃO et al. (2005); CARDOSO et al. (2005); ANTUNES et al. (2005);
PINTO (2000).
85
3- PROGRAMA EXPERIMENTAL
O programa experimental desta pesquisa foi elaborado visando estudar, em um
considerável grupo de argamassas de revestimentos (em específico, argamassas mistas de
cimento, cal e areia), parâmetros capazes de interferir nas propriedades no estado fresco,
bem como nos resultados fornecidos pelos diferentes métodos de ensaio utilizados para
avaliar tais propriedades. As variações, nas composições das argamassas, foram
planejadas, levando-se em conta alguns dos principais fatores intervenientes na
trabalhabilidade, destacando-se: a composição granulométrica dos agregados, o teor de
água e o teor e natureza dos aglomerantes presentes na composição.
Cabe salientar, que este estudo é de caráter exploratório, buscando identificar tendências
no comportamento e nas propriedades das argamassas, frente às variações impostas. As
etapas de desenvolvimento do programa experimental serão discutidas nos próximos itens.
3.1- ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA EXPERIMENTAL
As etapas de desenvolvimento do programa experimental estão ilustradas na Figura 3.1.
Cada etapa está descrita nos itens a seguir:
I- Etapa de caracterização e processamento dos materiais
Os estudos tiveram início com a definição e caracterização dos materiais componentes das
referidas argamassas (cimento, cal e agregados). Nessa fase, foram desenvolvidas algumas
atividades para processamento dos materiais como, por exemplo, seleção, peneiramento e
formação das granulometrias das areias utilizadas na composição das argamassas.
II- Etapa de caracterização empírica das argamassas no estado fresco frente a uma
condição de trabalhabilidade
Na segunda etapa, desenvolveu-se um estudo piloto para avaliar o comportamento das
argamassas, buscando identificar, visualmente, condições de trabalhabilidade que fossem
traduzidas em termos de parâmetros como plasticidade, consistência, aspereza, exsudação
e adesão inicial. Nesse estudo, procurou-se minimizar os efeitos dessa avaliação
qualitativa, consultando-se diferentes profissionais com larga experiência no estudo e no
processo de produção de argamassas de revestimento. Cada profissional desenvolveu um
86
procedimento individual e independente de dosagem e avaliação das argamassas para
diferentes composições granulométricas.
III- Avaliação das propriedades das argamassas de revestimento no estado fresco
Após uma análise preliminar dos resultados obtidos nas fases anteriores, foram
desenvolvidos estudos de avaliação das propriedades de diferentes argamassas produzidas
em laboratório, onde se pretendia, a partir de variações na composição dos materiais,
simular argamassas em faixas de propriedades que se caracterizam como trabalháveis e não
trabalháveis. Nessa etapa, foram usados diversos métodos de ensaio, alguns comumente
utilizados numa caracterização da argamassa, como a mesa de consistência; outros, com os
resultados ainda pouco explorados como, por exemplo, o ensaio de penetração de cone e
vane test; e uns que se apresentam como métodos com grande potencial de uso na
caracterização das argamassas no estado fresco, como o ensaio de tensão de cisalhamento
direto (utilizado na mecânica dos solos) e o ensaio de perda de água por sucção. Cabe
lembrar que, nessa fase, optou-se por produzir quantidades de argamassa suficientes para o
desenvolvimento individual de cada ensaio, isso porque a realização de todos os ensaios ao
mesmo tempo e em uma mesma argamassa implicaria em uma série de fatores, que
poderiam comprometer a avaliação das propriedades no estado fresco.
ETAPAS DO PROGRAMA EXPERIMENTAL
ETAPA 1 Caracterização e processamento dos materiais
Caracterização empírica das argamassas no estado fresco frente a uma condição de trabalhabilidade
Avaliação das propriedades das argamassas no estado fresco
ETAPA 2
ETAPA 3
Figura 3.1- Etapas de desenvolvimento da pesquisa
87
3.2- MATERIAIS
As composições das argamassas foram definidas com base nos materiais que são
freqüentemente utilizados na produção das argamassas mistas, dando ênfase aos
disponíveis comercialmente na região do Distrito Federal. Maiores detalhes estão
apresentados nos próximos itens e no Apêndice A.
3.2.1- Cimento
O cimento empregado na confecção das argamassas foi do tipo Portland, composto com
adição de fíler calcário, CP II-F-32 (NBR 11578, 1991). O cimento em questão foi
produzido pela fábrica de cimento CIPLAN (Cimento Planalto S.A.), localizada no Distrito
Federal, tendo sido fornecido em sacos de 50 kg, de um mesmo lote.
A utilização desse cimento se justifica por apresentar características, que atendem às
exigências necessárias ao uso, não apresentando na caracterização física e química
(Tabelas 3.1 e 3.2), valores que possam influenciar negativamente as propriedades no
estado fresco das argamassas (foco do estudo). Entretanto, deve-se destacar que os valores
relativos ao tempo de início de pega e de perda ao fogo são bastante consideráveis (Tabelas
3.1 e 3.2).
Tabela 3.1- Ensaios físicos realizados no cimento.
Característica determinada Resultados Limites NBR 11578 (1991) Método de ensaio
Área específica 364 m2/Kg ≥ 260 m2/Kg NBR 7224 (1984) Massa unitária 1,12 g/cm3 -- NBR 6474 (1984)
Massa específica 3,10 g/cm3 -- NBR 6474 (1984) Finura 1,30 % ≤ 12,0 % NBR 11579 (1991)
Início 3 h 9 min ≥ 1 hora Tempos de pega Fim 4 h 43 min ≤ 10 horas
NBR 11581 (1991)
Expansibilidade a frio 1,2 mm ≤ 5 mm NBR 11582 (1991) 3 dias 24,9 MPa ≥ 10 MPa 7 dias 30,4 MPa ≥ 20 MPa
Resistência à compressão 28 dias 35,4 MPa ≥ 32 MPa
NBR 7215
(1996)
88
Tabela 3.2- Ensaios químicos realizados no cimento.
Composição química do clínquer Teores (%)
Limites NBR 11578 (1991) Método de Ensaio
Dióxido de silício (SiO2) 20,20 -- NBR 5742 (1977) Óxido de cálcio total (CaO) 57,51 -- NBR 5742 (1977) Óxido de alumínio (Al2O3) 4,25 -- NBR 5742 (1977)
Óxido de ferro (Fe2O3) 3,35 -- NBR 5742 (1977) Óxido de magnésio (MgO) 5,23 ≤ 6,50 % NBR 5742 (1977) Trióxido de enxofre (SO3) 1,85 ≤ 4,00 % NBR 5745 (1989)
Óxido de sódio (Na2O) 0,21 -- NBR 5747 (1989) Óxido de potássio (K2O) 0,74 -- NBR 5747 (1989)
Óxido de cálcio Livre (CaO) 1,45 -- NBR 5748 (1989) Perda ao fogo 7,26 ≤ 6,50 % NBR 5743 (1989)
Resíduo insolúvel 2,16 ≤ 2,50 % NBR 5744 (1989) Adição – calcário 9,50 ≤ 10,00 % --
NOTA: Ensaios realizados em Laboratório de Furnas Centrais Elétricas S.A.
O tempo de início de pega em torno de 3 h pode determinar uma maior folga durante o
desenvolvimento das operações de mistura, transporte e aplicação da argamassa de
revestimento, sem comprometimento da resistência da argamassa. Todavia, um início de
pega dessa ordem pode retardar o início das operações de sarrafeamento e desempeno
(acabamento do revestimento).
No caso da perda ao fogo, o valor encontrado é superior ao recomendado por norma, o que
pode denunciar a presença de materiais carbonáticos acima do recomendado.
3.2.2- Cal
A cal utilizada na composição das argamassas mistas foi uma cal CH III fabricada pela
ICAL-Indústria de Calcinação Ltda., localizada em São José da Lapa - MG. Esse material
foi adquirido no comércio local de Brasília, em sacos de 20 kg, de um mesmo lote.
No caso da cal CH III, a sua utilização se justifica por apresentar características que
atendem às exigências necessárias ao uso, conforme a caracterização química e física
apresentadas nas Tabelas 3.3 e 3.4, não influenciando, negativamente, nas propriedades no
estado fresco das argamassas.
As curvas granulométricas do cimento e da cal utilizados na pesquisa estão apresentadas na
Figura 3.2. Pelas configurações das curvas, percebe-se que o cimento apresenta um grau de
89
uniformidade elevado enquanto a cal, ao contrário, mostra um percentual de partículas
mais bem distribuído ao longo das várias dimensões. Tal constatação pode ser confirmada
comparando-se os coeficientes de uniformidade (C)14 de cada material, no caso Ccim = 1,6
e Ccal = 53,0, o que representa materiais muito uniforme e desuniforme, respectivamente.
Tabela 3.3- Características físicas da cal.
Característica determinada Resultados Limites NBR 7175 (2003) Método de ensaio
Massa unitária 0,53 g/cm3 -- NBR 7251 (1982) Massa específica real 2,36 g/cm3 -- NBR 6474 (1984)
Estabilidade Ausência Ausência de cavidades e
protuberâncias
NBR 9205 (2001)
Peneira nº 30 0,10 % ≤ 0,5 % Finura (% ret. acum.) Peneira nº 200 9,30 % ≤ 15,0 %
NBR 9289 (2000)
Incorporação de areia 5,4 ≥ 2,2 -- Retenção de água 80 % ≥ 70 % NBR 9290 (1985)
Plasticidade 116,00 ≥ 110 -- Umidade 0,06 % -- --
Índice de hidraulicidade Vicat 0,04 -- -- NOTA: Ensaios realizados no Laboratório da ICAL – Indústria de Calcinação Ltda.
Tabela 3.4- Características químicas da cal.
Característica determinada Resultados (%) Limites NBR 7175 (2003) Perda ao fogo 25,93 --
Resíduo insolúvel 3,61 --
Anidrido carbônico (CO2) 9,22 ≤ 13% na fábrica ≤ 15% no depósito
Óxidos não hidratados 3,68 ≤ 15% Óxidos totais na base de não voláteis
(CaO + MgO) 91,93 ≥ 88 %
Óxido de ferro e alumínio (Fe2O3 + Al2O3) 1,71 -- Óxido de cálcio (CaO) 66,95 --
Óxido de magnésio (MgO) 1,08 -- Anidrido sulfúrico (SO3) 0,69 --
NOTA: Ensaios realizados no Laboratório da ICAL – Indústria de Calcinação Ltda.
14 Coeficiente de uniformidade é a razão entre os diâmetros correspondentes a 60% e 10%, tomados na curva granulométrica (% passante). Esta relação indica a falta de uniformidade, sendo considerado muito uniforme quando Cu < 5, uniformidade média quando 5 < Cu < 15 e desuniforme quando Cu > 15 (CAPUTO, 1988).
90
0102030405060708090
100
0,00001 0,00010 0,00100 0,01000 0,10000 1,00000
Dimensão (mm)
% R
etid
a ac
umul
ada
Cimento Cal Figura 3.2- Curvas granulométricas do cimento e da cal utilizados na pesquisa
3.2.3- Agregados
Como agregado, utilizou-se, na composição das argamassas, uma areia lavada, proveniente
do Rio Corumbá, em Goiás, sendo adquirida no comércio local de Brasília.
Inicialmente, os agregados utilizados na composição das argamassas passaram por
processo de secagem, peneiramento e seleção dos grãos, sendo separados em três faixas
granulométricas de acordo com as dimensões das malhas das peneiras (peneiras
especificadas na NBR 5734, 1988), a saber:
• Faixa 1 - entre as peneiras de malhas 1,2 e 0,6 mm;
• Faixa 2 - entre as peneiras de malhas 0,6 e 0,3 mm; e
• Faixa 3 - menor que a peneira de malha 0,3 mm.
As composições granulométricas dessas faixas estão apresentadas na Figura 3.3, a partir da
série de peneiras recomendada por CARNEIRO (1999).
91
0102030405060708090
100
0,01 0,1 1 10Abertura das peneiras (mm)
% R
etid
a ac
umul
ada
Faixa 1 Faixa 2 Faixa 3 Figura 3.3- Curva granulométrica das faixas granulométricas consideradas na composição
dos agregados utilizados no estudo
Após a seleção, as frações, individualmente, passaram por um processo de
homogeneização sendo, em seguida, armazenadas em tambores apropriados, protegidos da
umidade e de possíveis contaminações externas. A homogeneização individual de cada
fração teve como objetivo reduzir as possíveis variações granulométricas originadas
durante a etapa de peneiramento da areia. Após esse procedimento, cada fração foi
utilizada na definição das diferentes curvas granulométricas dos agregados que formaram
as argamassas. Ao todo, foram empregadas cinco composições granulométricas produzidas
em laboratório. As composições estão descritas na Tabela 3.5, em termos do percentual de
cada fração considerada na pesquisa.
Tabela 3.5- Composição dos agregados em termos das frações consideradas na pesquisa
% de cada fração granulométrica na composição dos agregados Peneiras AG1 AG2 AG3 AG4 AG5
Faixa 1 - entre 1,2 e 0,6 mm 100 50 50 33 20 Faixa 2 - entre 0,6 e 0,3 mm 0 50 30 33 30 Faixa 3 - menor que 0,3 mm 0 0 20 34 50
Pode-se assumir que as variações, nas composições dos agregados, foram um dos
principais artifícios utilizados durante o desenvolvimento da pesquisa para provocar,
intencionalmente, variações específicas nas propriedades das argamassas no estado fresco,
considerando uma mesma condição de trabalhabilidade como, por exemplo:
• maior aspereza provocada por teores consideráveis de partículas de dimensões
maiores;
92
• maior plasticidade provocada pela presença de um maior teor de finos na
composição granulométrica; e
• exigências de demandas particulares de teores de água e materiais plastificantes.
Estas composições estão ainda caracterizadas na Figura 3.4 e na tabela 3.6 a partir das
curvas granulométricas e das características físicas, respectivamente.
0102030405060708090
100
0,01 0,1 1 10Abertura das peneiras (mm)
% R
etid
a ac
umul
ada
AG1 AG2 AG3 AG4 AG5 Figura 3.4- Curva granulométrica dos agregados utilizados na composição das argamassas
Tabela 3.6- Caracterização física dos agregados utilizados na pesquisa
Agregado utilizado na composição das argamassas Propriedade AG1 AG2 AG3 AG4 AG5
Massa unitária (g/cm3) NBR 7810 (1983) 1,33 1,37 1,44 1,45 1,43
Massa específica (g/cm3) NBR 9776 (1987) 2,62 2,62 2,62 2,62 2,62
Coeficiente de uniformidade 1,5 2,5 4,7 4,0 3,0
Módulo de finura NBR 7217 (1987) 2,93 2,27 2,03 1,61 1,32
Índice de vazios15 (%) 49,2 47,6 44,9 44,7 45,4
Analisando o coeficiente de uniformidade, percebe-se que todas as areias se enquadram na
classificação de muito uniforme. Entretanto, as variações existentes conferem aos
agregados distribuições granulométricas com particularidades que exercem grandes
influências nas propriedades das argamassas no estado fresco.
15 Índice de vazios =
MEMU
−1 => sendo MU - massa unitária e ME - massa específica do agregado.
93
As variações, no coeficiente de uniformidade, refletem ainda no grau de empacotamento
dos agregados, que é traduzido em termos do índice de vazios (Tabela 3.6). A areia com
menor coeficiente de uniformidade (AG1) possui o maior índice de vazios, enquanto as
areias com maiores coeficientes de uniformidade (AG3 e AG4) possuem os menores
índices de vazios. Essa condição pode ser justificada devido às alterações impostas, que
resultaram em melhorias, na graduação dos agregados.
Quanto ao módulo de finura, percebe-se que o parâmetro reflete o aumento das partículas
inferiores a 0,3 mm na composição, tornando os agregados mais “finos”. Utilizando a
classificação com base no módulo de finura (MF)16 tem-se que os agregados AG1, AG2 e
AG3 são classificados como areias médias, sendo os agregados AG4 e AG5 areias finas.
Cabe destacar que o agregado AG1 está no limite da classificação entre areia grossa e
média e o agregado AG5 é a areia mais fina utilizada no estudo.
3.3- DESCRIÇÃO DOS MÉTODOS DE ENSAIO UTILIZADOS
3.3.1- Procedimento de preparo e mistura das argamassas
O procedimento descrito neste item foi utilizado, anteriormente, ao desenvolvimento de
cada método de ensaio. Com as composições previamente definidas em termos dos
materiais constituintes (agregados e teores específicos de cal17 e água), as argamassas
passavam por uma simples etapa de homogeneização com espátula (ainda no estado
anidro) e mistura na argamassadeira após a adição de água. O tempo foi especificado em
torno de 1,5 min, sendo que, após os primeiros 30 s, a argamassadeira era desligada e feita
uma homogeneização com espátula. A quantidade de argamassa utilizada, durante a
mistura, variou entre aproximadamente 2100 e 2500 g de material anidro, quantidade
suficiente para a realização individual de cada ensaio. Na etapa de mistura, foi usada uma
argamassadeira com capacidade de mistura em torno de 3500 g, na velocidade mais lenta.
16 Módulo de finura é a soma das frações retidas acumuladas nas peneiras, dividido por 100. Este parâmetro é resultado da determinação da composição granulométrica utilizando a série normal de peneiras (NBR 7211, 1987). Para a classificação pelo módulo de finura tem-se: MF > 3,0 areia grossa, 3,0 > MF > 2,0 areia média e MF < 2,0 areia fina. 17 No estudo, a cal utilizada nas argamassas não foi previamente maturada.
94
3.3.2- Ensaio de penetração de cone
O ensaio de penetração de cone teve, como referência, a Norma ASTM C780 (1996), que
descreve o procedimento de ensaio utilizado na determinação da consistência de
argamassas para assentamento de alvenaria.
A aparelhagem utilizada pelo método consiste em:
• um recipiente cilíndrico18, com diâmetro interno de 76 ± 1,6 mm e uma
profundidade de aproximadamente 88,1 mm, ajustada com um volume de água
destilada de 400 ± 1 ml em 23oC;
• suporte metálico, com dimensões e escala suficientes para permitirem leituras de
penetração a uma profundidade em torno de 10 mm;
• uma espátula, com uma lâmina metálica de 150,0 mm de altura e largura de 12,7
mm;
• um dispositivo feito em alumínio, tendo uma configuração em forma de cone, com
diâmetro de 41,3 mm e altura total de 92 mm. Entretanto, deve-se ressaltar que a
extremidade pontiaguda do cone deve ser arredondada de tal forma a estabelecer
um dispositivo com altura global de 88,9 mm (maiores detalhes na Figura 2.34).
• uma haste metálica, que deve ser acoplada ao cone, com a função de servir de guia
durante a execução do ensaio.
• finalizando, cabe lembrar que a haste e o cone devem ser ajustados para se obter
uma massa total de 200 g.
Logo após o procedimento de mistura, uma amostra de argamassa foi retirada para
preencher três recipientes apropriados, nos quais eram realizados os ensaios de penetração
de cone. Nessa etapa, a amostra foi colocada no recipiente cilíndrico, procurando distribuí-
la em três camadas iguais ao longo da altura. Em cada camada, foram aplicados 20 golpes,
com espátula, de forma a permitir uma adequada acomodação e homogeneidade. Durante a
execução do ensaio, a amostra foi colocada rente à parte inferior do cone de tal forma que
o mesmo ficasse no ponto correspondente ao eixo do recipiente cilíndrico, tocando na
superfície da amostra. Na seqüência, o dispositivo cônico era liberado em queda livre,
permitindo que o mesmo penetrasse na amostra colocada abaixo. Passados 10 s, registrava-
18 O recipiente deve ser feito com um material não atacado pela composição da argamassa.
95
se o valor da profundidade de penetração do cone em mm. Adotou-se, como resultado, a
média de três determinações consecutivas realizadas em amostras diferentes de uma
mesma argamassa.
Algumas das etapas do ensaio de penetração de cone estão ilustradas na Figura 3.5
a) Vista lateral do equipamento utilizado
b) Detalhe do dispositivo de medida da
profundidade de penetração do cone
c) Penetração do cone durante o ensaio
Figuras 3.5- Dispositivos utilizados durante o ensaio de penetração de cone
3.3.3- Ensaio de tensão de escoamento – Método vane test
O método vane test ou ensaio de palheta foi utilizado neste trabalho na determinação da
tensão de escoamento das argamassas. O procedimento usado baseou-se na referência
BAUER et al., (2004), que apresenta um resumo da rotina de ensaio a ser seguida durante a
avaliação de uma argamassa de revestimento.
96
As características do equipamento utilizado, bem como dos dispositivos são:
• a base de medida similar ao dispositivo apresentado na Figura 2.8-a, com uma mola
de torção com constante de 2,32x10-3 N.m/o;
• uma palheta, tendo duas lâminas em cruz com altura de 50 mm e largura de 25 mm;
• um porta amostra cilíndrico, com diâmetro de 100 mm e altura de 100 mm,
compatíveis com a palheta utilizada (conforme recomenda NGUYEN et al. (1985));
• finalizando, uma taxa de cisalhamento ou velocidade angular, utilizada durante a
execução do ensaio, de 0,1 rpm.
Quanto ao procedimento de preparo da amostra, o mesmo era similar ao utilizado no
ensaio de penetração de cone, ou seja, após a mistura, o material era colocado no recipiente
de ensaio em três camadas iguais, sendo aplicado em cada uma 20 golpes com espátula.
Cabe destacar que se deve ter certa atenção, durante esta etapa, para se evitar o
aparecimento de vazios na região de interface entre a palheta e a amostra, fato que pode
comprometer o resultado.
O ensaio era realizado a partir da introdução da palheta na amostra até que a mesma
transpassasse um valor igual ao seu diâmetro, no caso 25 mm. Na seqüência, o
equipamento era ajustado para aplicar uma tensão de cisalhamento na amostra a uma
velocidade aproximada de 0,1 rpm. Com o auxílio do torquímetro, localizado na parte
superior do equipamento, registrava-se o torque máximo necessário para romper a camada
de argamassa localizada em volta da palheta. Com o torque máximo, obtido durante o
ensaio (Tm) e as dimensões da palheta (D – diâmetro e H - altura), a partir da Equação
2.18, determinava-se a tensão de escoamento da argamassa.
Os resultados considerados, na avaliação de cada argamassa, correspondem à média de três
determinações consecutivas, realizadas em amostras diferentes de uma mesma argamassa.
Alguns dos dispositivos utilizados, durante o ensaio, estão apresentados na Figura 3.6.
97
a) Vista lateral do equipamento utilizado b) Detalhe do dispositivo de medida do torque
c) Torquímetro do equipamento
d) Jogo de palhetas do equipamento Figura 3.6- Dispositivos utilizados pelo método vane test
3.3.4- Ensaio da mesa de consistência
O ensaio da mesa de consistência foi empregado neste estudo visando à determinação do
índice de consistência das argamassas. Como referência de procedimento de ensaio,
utilizou-se a norma NBR 13276 (1995).
O equipamento utilizado, bem como os dispositivos, correspondem, basicamente, a mesa
para índice de consistência, o molde tronco cônico, um soquete metálico e um paquímetro,
todos em conformidade com a norma NBR 7215 (1996), que especifica as características
da mesa de consistência para determinação do índice de consistência.
Quanto ao procedimento de ensaio, cabe destacar que, logo após o processo de mistura,
uma amostra de argamassas era retirada e utilizada na execução do ensaio, obedecendo às
etapas:
98
• preenchimento do molde tronco cônico em três camadas igual ao longo da altura,
sendo aplicada em cada uma 15, 10 e 5 golpes, respectivamente;
• retirada do molde tronco cônico e limpeza do excesso de argamassa; e
• na seqüência, aplicação de determinado número de golpes na amostra, utilizando a
altura de queda padrão da mesa de consistência.
Os resultados obtidos, individualmente, na avaliação de cada argamassa correspondem à
média de duas determinações consecutivas, realizadas em amostras diferentes de uma
mesma argamassa. Os dispositivos utilizados e a seqüência de ensaio são ilustrados na
Figura 3.7.
a) Preparo da amostra
b) Amostra depois de retirado do molde
c) Medida do espalhamento no início do ensaio
d) Medida do espalhamento ao término do ensaio
Figura 3.7- Ensaio da mesa de consistência
3.3.5- Ensaio de perda de água sob sucção
O ensaio de perda de água sob sucção foi assim definido, tendo em vistas, avaliar, de
forma indireta, a capacidade da argamassa em exibir certa tendência a exsudar. A idéia
proposta foi avaliar, em poucos minutos, a quantidade de água livre capaz de contribuir,
99
potencialmente, para o fenômeno de exsudação das argamassas. Tal método tem, como
princípio de execução, o procedimento utilizado por DO Ó (2004) no estudo da retenção de
água de argamassa, que segue recomendações do procedimento CSTB 2669-4 (1993).
Nesse método, a argamassa é submetida a uma pressão de sucção de 50 mmHg em uma
aparelhagem composta por um funil (funil de Büchner modificado) e uma bomba de vácuo,
sendo avaliada a perda de água em determinados intervalos de tempos. Entretanto, para o
presente estudo, o valor considerado foi obtido logo no primeiro minuto, após o início do
processo de sucção.
A realização do ensaio consiste na execução das etapas descritas a seguir (DO Ó, 2004):
• colocar o papel-filtro sobre o funil e umedecê-lo;
• retirar o excesso de água do papel-filtro, acionando a bomba de vácuo e aplicando
ao conjunto uma sucção de 50 mm Hg durante aproximadamente 90 segundos;
• pesar o conjunto funil/papel-filtro úmido em balança com resolução de 0,01g e
registrar sua massa (Mfv);
• preencher o prato do funil com uma amostra de argamassa até um pouco acima da
borda e adensá-la com 37 golpes, sendo 16 desses aplicados, uniformemente, junto
à borda e 21 na parte central;
• retirar o excesso de argamassa mediante o uso de uma régua metálica, de tal forma
a obter uma superfície plana.
• limpar a parte externa do funil e, assim, pesá-lo em uma balança, com resolução de
0,01g, registrando a massa do conjunto funil e amostra de argamassa (Mfc);
• submeter a amostra de argamassa a uma pressão negativa (sucção) correspondente
à coluna de 50 mmhg durante o intervalo de tempo de 1,0 min19. Feita a sucção,
registrar a massa correspondente ao conjunto funil e amostra de argamassa (Mfi).
Com os dados obtidos do ensaio, a partir da Equação 3.1, determina-se a retenção de água
da argamassa.
( ) 100**
1⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢
⎣
⎡
−
−−=
fvfc
fc
MMafa
MfiMRa (3.1)
onde:
19 Os tempos utilizados por DO Ó (2004) no seu estudo foram 1,0; 1,5; 3,0; 5,0; 10,0; 15,0 min.
100
Ra = retenção de água, em %;
Mfv = massa do funil vazio e filtro, em g;
Mfc = massa do funil cheio e filtro, em g;
Mfi = massa do funil para o tempo “i” de exposição à sucção, em g;
a/af = relação água/argamassa fresca;
w
wMM
Maf
a+
= (3.2)
Mw = massa total de água utilizada na argamassa, em g;
M = soma das massas dos componentes anidros da argamassa (cimento cal e areia).
As características dos dispositivos utilizados estão descritas na Figura 3.8
a) Dispositivo utilizado no ensaio de perda de água por
sucção
b) Pesagem do funil com argamassa após a
sucção
Figura 3.8- Funil de Bücnher utilizado no ensaio de perda de água por sucção
Cabe lembrar que a perda de água por sucção, neste estudo, foi adotada numericamente
igual ao valor determinado pela Equação 3.3, sendo Pag a perda de água e Ra o valor da
retenção de água após 1 min de sucção (ambos em %).
RaPag −=100 (3.3)
3.3.6- Ensaio de cisalhamento direto
O ensaio de cisalhamento direto não é, comumente, utilizado no estudo de argamassa de
revestimento. Esse material, apesar das semelhanças com determinados tipos de solo,
possui características e parâmetros de interesse bastante diferenciados, que precisam ser
101
melhor explorados. O ensaio de cisalhamento foi introduzido na presente pesquisa, tendo
como objetivo avaliar os parâmetros atrito interno, coesão, além das curvas tensão versus
deformação das argamassas. Os equipamentos e dispositivos necessários ao ensaio são:
• máquina apropriada para cisalhamento direto com instrumentação para realizar e
armazenar leituras de deslocamento horizontal, vertical e tensão normal e de
cisalhamento, ao longo do tempo (Figura 3.10-c); e
• porta-amostra apropriado para ensaio de cisalhamento direto com dimensões de 6 x
6 cm, conforme Figura 3.10-a e b.
A seqüência de ensaio segue as etapas:
• preenchimento do porta-amostras com argamassa, em uma única camada, procurando
acomodar o material com o auxílio de uma espátula. Essa tarefa foi executada,
aplicando-se cerca de 15 golpes com espátula;
• transporte do material para a máquina de cisalhamento direto e aplicação da primeira
carga normal que, no caso, foi de 25 kPa; e
• na seqüência, aplicação da tensão de cisalhamento a uma velocidade de 1,524 mm/min,
até que fosse identificado o escoamento do material.
Tal procedimento era seguido para outras duas cargas normais diferentes, no caso 50 e 100
kPa. A seqüência de três cargas normais é necessária para a obtenção dos valores de ângulo
de atrito interno e coesão, parâmetros fornecidos neste ensaio (conforme ilustra a Figura
3.9).
0102030405060708090
100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deslocamento Horizontal (mm)
Tens
ão C
isal
hant
e (k
Pa)
Tensão Normal = 25kPa" Tensão Normal = 50kPa" Tensão Normal = 100kPa"
a) Gráfico tensão versus deformação
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110Tensao Normal (kPa)
Tens
ao C
isal
hant
e (k
Pa)
Coesão
Ângulo de atrito i
b) Determinação da coesão e do ângulo de atrito
Figura 3.9- Exemplo de resultado obtido no ensaio de cisalhamento direto
Como resultado, também, analisou-se a curva de tensão de cisalhamento em função da
deformação horizontal, para cada carga normal obtida durante o ensaio.
102
Cabe destacar que os resultados obtidos individualmente na avaliação de cada argamassa
correspondem a uma determinação, para cada carga normal, realizada em amostras
diferentes de uma mesma argamassa.
Alguns dos dispositivos, utilizados durante o ensaio, estão apresentados na Figura 3.10.
a) Vista lateral do porta-amostra
b) Vista superior do porta-amostra
c) Equipamento utilizado no ensaio de cisalhamento
d) Dispositivo de aplicação da carga normal
e) Amostra de argamassa após cisalhamento
Figura 3.10- Ensaio de cisalhamento direto
103
3.4- ESTUDO PILOTO – AVALIAÇÕES PRELIMINARES
3.4.1- Apresentação do estudo piloto
Este projeto compreende, basicamente, o desenvolvimento da segunda etapa do programa
experimental e teve como objetivo principal estabelecer, para cada composição
granulométrica utilizada no estudo (um total de cinco granulometrias diferentes: AG1,
AG2, AG3, AG4, AG5 descritas no item 3.2.3), parâmetros que apontassem para uma
condição adequada de trabalhabilidade. Essa trabalhabilidade foi avaliada individualmente
por diferentes profissionais com experiência no estudo e manuseio de argamassas de
revestimento (três profissionais habilitados), fato que foi definido, tendo em vista reduzir
parte da variabilidade esperada numa avaliação empírica de trabalhabilidade. Como
parâmetro, foi solicitado, a cada avaliador, que desenvolvesse um procedimento de
dosagem de argamassa para revestimento, identificando condições de plasticidade,
consistência, exsudação, aspereza e adesão inicial, simulando, inclusive, as etapas de
aplicação e aperto das argamassas no substrato. Esses parâmetros são corriqueiros em
qualquer procedimento de dosagem de argamassas. Como resultados, procurou-se definir,
para cada composição granulométrica, o teor de aglomerante e de água (sob três pontos de
vista diferentes) que representassem as condições anteriormente relatadas. Algumas das
etapas do procedimento de dosagem das argamassas estão apresentadas na seqüência de
fotos ilustradas na Figura 3.11.
Cabe destacar que, no estudo de dosagem das argamassas, utilizou-se apenas a cal como
aglomerante. Isso porque se considerou que a cal é o principal elemento plastificante das
argamassas mistas, além de ter um papel importante na definição de trabalhabilidade. Essa
opção tinha como objetivo, também, diminuir o número de variáveis durante o processo de
dosagem, facilitando o trabalho dos avaliadores.
Durante o estudo, desenvolveu-se, ainda, uma avaliação preliminar da consistência das
argamassas através do método de penetração estática de cone. Apenas esse ensaio foi
utilizado na etapa devido às características inerentes ao método que permite uma análise
rápida e imediata das argamassas, apresentando boa reprodutibilidade. Tal condição não
seria possível de encontrar nos demais métodos, o que poderia comprometer a referida
avaliação.
104
a - Argamassa seca
b - Argamassa com tendência de exsudação
c - Argamassa com aspereza
d - Argamassa com deficiência de adesão inicial
e - Teste de adesão à colher de pedreiro
f - Argamassa plástica com consistência adequada
g - Argamassa com boa adesão
h - Argamassa após a etapa de aperto
Figura 3.11- Etapas de dosagem das argamassas
O Estudo piloto pode ser representado como segue o esquema ilustrado na Figura 3.12,
onde as variáveis independentes são:
105
• três avaliadores com experiência no estudo das argamassas de revestimento; e
• cinco composições granulométricas diferentes (AG1, AG2, AG3, AG4 e AG5).
Quanto às variáveis dependentes, têm-se:
• a relação Água/Agregado em volume absoluto;
• a relação Aglomerante/Agregado em volume absoluto; e
• a consistência expressa em termos da profundidade de penetração do cone (valor
em mm).
AG 1 AG 2 AG 3 AG 4 AG 5
Avaliador 1
Teor de cal
Teor de água
Penetração de cone
VARIÁVEIS INDEPENDENTES
VARIÁVEIS DEPENDENTES
Agregados - Diferentes composições granulométricas
Avaliador 2 Avaliador 3
Figura 3.12 – Estudo Piloto
O parâmetro Aglomerante/Agregado foi utilizado por representar, de forma indireta, uma
avaliação da demanda de aglomerante para cada agregado, frente a uma condição de
trabalhabilidade, que era traduzida em termos de plasticidade, consistência, aspereza,
exsudação, dentre outras propriedades bastante influenciadas pelo teor de aglomerante na
mistura. Esse parâmetro foi utilizado, nos demais projetos experimentais, como variável
independente, servindo de base para as variações nas composições das argamassas.
106
3.4.2- Procedimento de mistura e seqüência de dosagem das argamassas no estudo
piloto
Devido às particularidades inerentes ao estudo que caracterizam, em parte, uma rotina de
dosagem de argamassas de revestimentos a ser desenvolvida, independentemente, por
diferentes profissionais, fez-se necessário pré-definir algumas condições a todos os
participantes do estudo, a saber:
• para cada um dos cinco agregados utilizados na pesquisa foi separada uma amostra
de 2000 g;
• foram separadas, ainda, amostras de cal de 50 g e de água de 20 g, que eram
adicionadas pelos profissionais conforme a necessidade;
• foi solicitado apenas que, uma vez constatada a necessidade de adicionar mais cal
na mistura, essa deveria ser em uma quantidade inteira de 50 g, não permitindo
frações.
• quanto à quantidade de água, devido à sua capacidade de interferir, decisivamente,
nas propriedades da mistura no estado fresco, podendo ocasionar perdas de material
e tempo, quando adicionadas em excesso, foram permitidas frações do valor
especificado (20 g);
• o tempo de mistura foi definido em torno de 1 min para a primeira mistura (logo
após a adição inicial dos teores de água e cal) e em torno de 40 s entre as demais
adições subseqüentes de cal. Esse procedimento era executado da seguinte forma:
após a primeira mistura dos materiais, incluindo os primeiros teores de cal e água, a
argamassadeira era desligada e feita uma avaliação da argamassa com o uso de uma
espátula; caso fosse identificada a necessidade de se adicionar mais cal, adicionava-
se realizando nova mistura, agora em torno de 40 s;
• a adição de água era feita de acordo com a necessidade avaliada, podendo ser
executada durante o procedimento de mistura na argamassadeira;
Cabe reforçar que todos os avaliadores envolvidos no estudo utilizaram o mesmo
misturador (argamassadeira), na mesma velocidade de mistura, além do emprego dos
mesmos materiais já caracterizados anteriormente.
107
3.4.3- Apresentação dos resultados do estudo piloto
Como resultados, têm-se os teores de cal e de água, expressos em termos das relações
Aglomerante/Agregado e Água/Agregado, considerados mínimos para atender
simultaneamente as propriedades já relatadas. Esses resultados estão apresentados nas
Figuras 3.13 e 3.14, em função de cada composição granulométrica, considerando a
opinião individual dos avaliadores. Os valores obtidos encontram-se no Apêndice B.
Percebe-se que o agregado que necessita de uma maior quantidade de cal, é a composição
AG1 (dimensão entre 1,2 e 0,6 mm - Figura 3.13). Um dos pontos, que contribuíram para
essa condição, observada durante os procedimentos de dosagem desse agregado, foi a
aspereza, uma vez que as dimensões do mesmo favorecia tal condição, sendo sempre
necessária a adição de cal para tentar corrigi-la. Na seqüência, os agregados que mais
exigiram um teor de cal foram o AG2 e o AG3, talvez influenciados, ainda, pela
considerável parcela de agregado entre 1,2 e 0,6 mm (em ambos os casos 50%).
Os agregados que necessitaram de um menor teor de cal, durante a etapa de dosagem,
foram o AG4 e o AG5. Esses, com a presença de agregados com dimensões menores,
favoreceram uma avaliação visual das propriedades desejadas (plasticidade, consistência,
aspereza, adesão, exsudação, dentre outras).
1
26,8
17,616,7
13,0
11,1
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
AG1 AG2 AG3 AG4 AG5
Agregados utilizados
Agl
omer
ante
/Agr
egad
o (%
)
Avaliador 1 Avaliador 2 Avaliador 3 Média Figura 3.13- Relação Aglomerante/Agregado obtido a partir do estudo de dosagem,
considerando cada tipo de agregado utilizado na pesquisa
108
Analisando as Figuras 3.12 e 3.14, percebe-se que, apesar da composição AG1 necessitar o
maior teor de cal, o teor de água necessário é um dos mais baixos entre as composições.
57
545354
53
45
48
50
53
55
58
60
AG1 AG2 AG3 AG4 AG5
Agregados utilizados
Rel
ação
Águ
a/A
greg
ado
(%)
Avaliador 1 Avaliador 2 Avaliador 3 Média Figura 3.14- Relação Água/Agregado obtido a partir do estudo de dosagem, considerando
cada tipo de agregado utilizado na pesquisa
Nas composições AG2, AG3 e AG4, a relação Água/Agregado permanece praticamente
constante, em torno de 54%. Entretanto, com o aumento dos teores de partículas inferiores
a 0,3 mm, como é o caso dos agregados AG4 e AG5, observa-se nova tendência de
aumento dos teores de água para uma mesma trabalhabilidade.
Percebe-se que os teores de água determinados para as séries AG1, AG2, AG3, AG4 e
AG5 são relativamente próximos, se comparados às variações na granulometria e nos
teores de cal. Em média, a relação Água/Agregado variou entre 53 e 57%.
Os comportamentos analisados demonstram que, ao se avaliar uma demanda de água,
apenas a presença de partículas finas na composição das argamassas (por exemplo, pela
adição de cal ou finos), não é, necessariamente, determinante de maiores teores de água,
considerando uma mesma trabalhabilidade.
Quanto à avaliação inicial da consistência, os valores médios obtidos estão indicados na
Tabela 3.7, também se considerando os diferentes agregados e a opinião dos diferentes
participantes do estudo de dosagem.
109
Tabela 3.7- Avaliação preliminar da consistência pelo método de penetração de cone
Profissionais participantes do estudo de dosagem Agregado Avaliador 1 Avaliador 2 Avaliador 3
Média
AG1 55 45 50 50 AG2 45 55 50 50 AG3 45 40 45 43 AG4 50 55 55 53 AG5 40 42 38 40
Média total 47 mm Valor mínimo 38 mm Valor máximo 55 mm
% de valores entre 45 e 55 mm 72%
Os valores de penetração de cone apresentados encontram-se em torno da média de 47
mm, tendo como valor mínimo 38 mm e valor máximo 55 mm, faixa de consistência, que
pode ser ainda considerada ampla numa avaliação de trabalhabilidade, fato que se justifica
pelas características inerentes à metodologia de dosagem e à análise crítica (sentimento)
individual de cada participante do estudo de dosagem. Entretanto, percebe-se que uma
considerável parcela de resultados encontra-se entre os valores de 45 e 55 mm de
penetração, cerca de 72% dos resultados. Esses valores também estão condizentes com a
faixa de consistência obtida nos estudos de ANGELIM (2000) e CASCUDO et al. (2005).
O presente estudo serviu de base para se definirem as relações Aglomerante/Agregado e
Água/Agregado a serem utilizados no desenvolvimento do Projeto Experimental I. A idéia
consiste em usar teores condizentes com as necessidades específicas de cada agregado,
tendo como base o estudo de dosagem desenvolvido. Outro ponto de partida, empregado
como critério, foi especificar, dentro dos limites, faixas de teores que atendessem, ao
mesmo tempo, todos os agregados utilizados no estudo, caracterizando faixas de
argamassas “Trabalháveis” e “Não Trabalháveis” (para um processo de aplicação manual).
Tal critério tinha como objetivo facilitar, posteriormente, a análise e comparação dos
resultados.
Os valores definidos estão apresentados na Tabela 3.8 em termos da relação
Aglomerante/Agregado e da relação Água/Agregado, sendo três relações
Aglomerante/Agregado (TC1, TC2 e TC3) e quatro relações Água/Agregado (Vag 1, Vag
2, Vag 3 e Vag 4).
110
Tabela 3.8- Valores das relações Aglomerante/Agregado e Água/Agregado a serem
considerados no Projeto Experimental I Relação Água/Agregado (%)
Vag 1 Vag 2 Vag 3 Vag 4 42 48 55 62
Relação Aglomerante/Agregado (%) TC 1 TC 2 TC 3 5,5 16,5 27,5
Legenda: Vag – Relação Água/Agregado e TC – Relação Aglomerante/Agregado.
3.5- PROJETO EXPERIMENTAL
Devido à complexidade da pesquisa e ao número considerável de avaliações a serem
realizadas, optou-se por desenvolver o estudo em seis projetos experimentais específicos,
permitindo explorar, individualmente, algumas potencialidades de resultados fornecidos
pelos diferentes métodos de ensaios utilizados. Os projetos foram, ainda, elaborados de tal
forma a permitir certo grau de interação, visando facilitar a análise e correlação futura dos
parâmetros determinados. Um fluxograma resumido das principais atividades
desenvolvidas em cada projeto experimental é apresentado na Figura 3.15, sendo os
detalhes específicos descritos nos próximos itens.
Projeto experimental I
Projeto Experimental II
FUXOGRAMA DOS PROJETOS EXPERIMENTAIS
Projeto Experimental III Projeto Experimental IV
Estudo piloto
Projeto Experimental V
Projeto Experimental VI
Avaliação da trabalhabilidade eDefinição das composições
Avaliação do método de penetração de cone eDefinição de faixas de consistências
Influência do teor de cimento
Avaliação da perda de água sob sucção
Avaliação do método de cisalhamento direto
Avaliação do método vane test
Avaliação da mesa de consistência
Figura 3.15- Fluxograma resumo das atividades desenvolvidas em cada projeto
experimental
111
3.5.1- Projeto experimental I – Avaliação do método de penetração de cone
Este projeto, juntamente com os demais, compreende o desenvolvimento da terceira etapa
do programa experimental, tendo como objetivo principal avaliar as propriedades das
argamassas no estado fresco, utilizando diferentes métodos de ensaio, frente às variações
na composição das argamassas. As variações foram estabelecidas a partir das relações
Aglomerante/Agregado e Água/Agregado definidas no estudo piloto, anteriormente
apresentado.
Em específico, o Projeto Experimental I foi desenvolvido, objetivando avaliar o resultado
fornecido no ensaio de penetração de cone, procurando identificar a sensibilidade do
método frente às alterações nas propriedades das argamassas no estado fresco. Este projeto
também serviu de base para o desenvolvimento dos demais projetos experimentais, isso
porque o desenvolvimento deste estudo possibilitou uma primeira avaliação sistemática da
consistência das argamassas, permitindo, inclusive, mapear faixas de valores de penetração
de cone para desenvolver estudos específicos de correlação com os demais projetos
experimentais (Projeto Experimental II, III, IV, V e VI).
O Projeto Experimental I pode ser representado, como segue o esquema apresentado na
Figura 3.16, onde as variáveis independentes são:
• quatro valores de relação Água/Agregado (Vag 1 = 42%, Vag 2 = 48%, Vag 3 =
55% e Vag 4 = 62% – valores determinados no Estudo Piloto);
• três relações Aglomerante/Agregado (TC1 = 5,5%, TC2 = 16,5% e TC3 = 27,5%
– valores determinados no Estudo Piloto);
• as mesmas cinco composições granulométricas utilizadas no estudo piloto (AG1,
AG2, AG3, AG4 e AG5).
Quanto à variável dependente, tem-se:
• a relação Água/Agregado, para valores de penetração de cone de 45, 50 e 55 mm
(Vag PC 45, Vag PC 50 e Vag PC 45).
Nesse estudo, adotaram-se os valores de penetração de cone de 45, 50 e 55 mm como
referências de consistências representativas de argamassas trabalháveis. A escolha desses
valores teve, como base, os resultados de penetração de cone encontrados no Estudo Piloto
112
e as limitações nas faixas de consistência, em que alguns equipamentos poderiam atuar
(não permitindo a argamassa ser muito seca ou fluida).
VARIÁVEIS DEPENDENTES
VARIÁVEIS INDEPENDENTES
Relação Água/AgregadoVag 1 Vag 2 Vag 3 Vag 4
Agregados - Diferentes composições granulométricas
AG 2AG 1 AG 3 AG 5AG 4
Vag PC 45 Vag PC 50 Vag PC 55
Relação Cal/AgregadoTC 1 TC 3TC 2
Vol. de água para penetrações de cone = 45, 50 e 55 mm
Figura 3.16- Projeto experimental I
3.5.2- Projeto experimental II – Avaliação do método vane test
O presente projeto experimental teve como objetivo avaliar o método vane test,
observando sua sensibilidade, frente às variações na composição dos materiais, bem como
uma correlação com os demais métodos utilizados no estudo. A representação desse
projeto experimental pode ser apresentada, esquematicamente, na Figura 3.17, onde as
variáveis independentes são:
• três valores de consistência especificados em função da penetração de cone em
mm (PC1 = 45 mm, PC2 = 50 mm e PC3 = 55 mm);
• três relações Aglomerante/Agregado (TC1 = 5,5%, TC2 = 16,5% e TC3 = 27,5%),
as mesmas definidas e utilizadas no Projeto Experimental I;
• as cinco composições granulométricas utilizadas no estudo de dosagem (AG1,
AG2, AG3, AG4 e AG5).
Quanto à variável dependente, tem-se:
• o valor de tensão de escoamento, obtido pelo método vane test expresso em kPa.
113
VARIÁVEIS INDEPENDENTES
Tensão de escoamento (Vane Test)
VARIÁVEIS DEPENDENTES
Consistência
AG 4AG 1 AG 2 AG 3 AG 5
Agregados - Diferentes composições granulométricas
Relação Cal/AgregadoTC 1 TC 3TC 2
PC 45 PC 50 PC 55
Figura 3.17- Projeto experimental II
Os teores de aglomerante e as composições dos agregados foram as mesmas utilizadas no
Projeto Experimental I. Entretanto, as variações, na consistência, foram efetuadas em
função da relação Água/Agregado necessária para fornecer os valores de penetração de
cone desejados, no caso 45, 50 e 55 mm (estabelecidos a partir da análise dos resultados
obtidos no projeto experimental I).
3.5.3- Projeto experimental III – Avaliação do método da mesa de consistência
O Projeto Experimental III teve como objetivo avaliar o resultado do índice de
consistência fornecido pelo método da mesa de consistência. Como nos demais projetos
anteriores, procurou-se observar ainda a sua sensibilidade em relação às variações na
composição das argamassas, bem como uma possível correlação com os demais métodos
utilizados no estudo. Esse projeto é representado, esquematicamente, na Figura 3.18, onde
as variáveis independentes são:
• três valores de consistência especificados em função da penetração de cone em
mm (PC1 = 45 mm, PC2 = 50 mm e PC3 = 55 mm), as mesmas utilizadas no
projeto anterior;
114
• três relações Aglomerante/Agregado (TC1 = 5,5%, TC2 = 16,5% e TC3 = 27,5%);
• as cinco composições granulométricas utilizadas no estudo de dosagem (AG1,
AG2, AG3, AG4 e AG5).
Quanto à variável dependente, tem-se:
• o valor de espalhamento, obtido pelo método da mesa de consistência, expresso em
mm.
VARIÁVEIS INDEPENDENTES
Espalhamento (Mesa de consistência)
VARIÁVEIS DEPENDENTES
TC 1 TC 2 TC 3
Relação Cal/Agregado
Agregados - Diferentes composições granulométricas
AG 1 AG 2 AG 3 AG 4 AG 5
PC 45 PC 55PC 50
Consistência
Figura 3.18- Projeto experimental III
Os valores de penetração de cone, relação Aglomerante/Agregado, bem como os agregados
utilizados neste projeto experimental foram os mesmos utilizados no projeto experimental
anterior (Projeto experimental II).
3.5.4- Projeto experimental IV – Avaliação do método de perda de água sob sucção
O objetivo do presente projeto experimental foi avaliar a tendência de exsudação,
verificada em algumas argamassas, em função de variações na sua composição. Nesse
estudo, foi utilizado o princípio adotado pelo método de retenção de água sob sucção, por
entender que se trata de uma forma rápida e eficiente de medir o teor de água livre com
grande potencial de exsudar. A representação do Projeto Experimental IV é apresentada na
Figura 3.19, onde as variáveis independentes são:
115
• um valor de consistência no caso PC2 igual a 50 mm;
• três relações Aglomerante/Agregado (TC1 = 5,5%, TC2 = 16,5% e TC3 = 27,5%),
os mesmos valores utilizados nos Projetos Experimentais II e III;
• cinco composições granulométricas diferentes (AG1, AG2, AG3, AG4 e AG5).
Quanto à variável dependente, tem-se:
• o resultado de perda de água sob sucção.
VARIÁVEIS INDEPENDENTES
Perda de água sob sucção (Funil)
VARIÁVEIS DEPENDENTES
AG 1 AG 3AG 2 AG 4 AG 5
Agregados - Diferentes composições granulométricas
Relação Cal/AgregadoTC 1 TC 3TC 2
PC 50
Consistência
Figura 3.19- Projeto experimental IV
3.5.5- Projeto experimental V – avaliação do método de cisalhamento direto
O Projeto Experimental V pode ser representado como segue o esquema apresentado na
Figura 3.20. Esse teve como objetivo principal avaliar os resultados fornecidos pelo ensaio
de cisalhamento direto, frente às variações na composição das argamassas. Como variáveis
independentes, têm-se:
• um valor de consistência no caso PC2 igual a 50 mm;
• três relações Aglomerante/Agregado (TC1 = 5,5%, TC2 = 16,5% e TC3 = 27,5%);
• cinco composições granulométricas (AG1, AG2, AG3, AG4 e AG5).
• três tensões normais (TN1 = 25 kPa, TN2 = 50 kPa e TN3 = 100 kPa)
Quanto à variável dependente, tem-se:
116
• o resultado de cisalhamento direto em função do deslocamento horizontal para cada
carga normal aplicada.
Este ensaio permitiu ainda uma interpretação de parâmetros como a coesão e o ângulo
atrito interno, segundo o critério de Coulomb, conforme se discute na revisão bibliográfica.
As tensões normais utilizadas (TN1 = 25 kPa, TN2 = 50 kPa e TN3 = 100 kPa) durante o
ensaio, são valores considerados corriqueiros em uma avaliação preliminar de uma amostra
de solo (PALMEIRA, 2000). Sendo assim, também, foram adotadas no presente estudo.
Cisalhamento direto
VARIÁVEIS DEPENDENTES
VARIÁVEIS INDEPENDENTES
AG 4AG 1 AG 2 AG 3 AG 5
Agregados - Diferentes composições granulométricas
Relação Cal/AgregadoTC 1 TC 3TC 2
PC 50Consistência
Figura 3.20- Projeto experimental V
3.5.6- Projeto experimental VI – Influência do teor de cimento nas propriedades das
argamassas no estado fresco
O Projeto Experimental VI pode ser representado segundo o esquema apresentado na
Figura 3.21. Esse teve como objetivo principal avaliar como substituições, no teor de cal,
por teores de cimento, poderiam alterar os resultados fornecidos pelos diferentes métodos
de ensaios (anteriormente avaliados em cada projeto experimental). Nesse caso, foram
consideradas as mesmas variáveis (dependentes e independentes) de cada projeto
experimental, com algumas considerações, a saber:
117
• o teor de aglomerante, antes composto apenas pela cal nos projetos experimentais,
nesse projeto (Projeto Experimental VI), foi substituído por 50% de cimento, em
volume;
• como o objetivo era avaliar o efeito da substituição da cal pelo cimento, optou-se
por utilizar, nesse projeto experimental, apenas um dos agregados utilizados nos
demais projetos. O agregado escolhido foi a composição AG4 por representar uma
distribuição granulométrica composta igualmente por parcelas das três faixas de
agregados consideradas no estudo (entre 1,2 - 0,6, 0,6 - 0,3 e menos que 0,3), além
de ser uma condição mais próxima da realidade, uma vez que contempla a maioria
das faixas granulométricas contidas em uma areia potencialmente utilizada na
produção de argamassas de revestimento;
• os ensaios de cisalhamento direto e perda de água sob sucção foram realizados,
considerando uma consistência por penetração de cone de 50 mm. Nos demais, as
consistências foram 45, 50 e 55 mm.
VARIÁVEIS DEPENDENTES
Penetração de cone
AG 4
VARIÁVEIS INDEPENDENTES
Relação (Cal + Cimento)/AgregadoTC 1 TC 3TC 2
Espalhamento (Mesa de consistência)
Tensão de escoamento (Vane Test)
Perda de água sob sucção (Funil)
Cisalhamento direto
PC 50PC 45
ConsistênciaPC 55
Figura 3.21- Projeto experimental VI
118
4- APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo, serão apresentados os resultados obtidos, individualmente, em cada projeto
experimental.
4.1- PROJETO EXPERIMENTAL I – AVALIAÇÃO DO MÉTODO DE
PENETRAÇÃO DE CONE
A Figura 4.1 apresenta os resultados obtidos no ensaio de penetração de cone, em função
das variações nos teores de água e aglomerante, considerando cada tipo de agregado
utilizado (no caso, AG1, AG2, AG3, AG4 e AG5, respectivamente). Os valores individuais
encontram-se no Apêndice C. Esses resultados são apenas exploratórios com base nas
variações nas composições das argamassas, fornecendo um espectro de como a
consistência por penetração de cone é alterada. Cabe frisar, que, nesta primeira análise, não
se tinha o objetivo de caracterizar condições de trabalhabilidade, característica essa que
será avaliada posteriormente.
No geral, percebe-se uma sensível influência da relação Água/Agregado nas propriedades
das argamassas no estado fresco. Os valores de penetração de cone apresentam uma
relação quase direta com o aumento do teor de água na composição das argamassas, para
uma mesma relação Aglomerante/Agregado.
119
0102030405060708090
40 45 50 55 60 65
Relação Água/Agregado (%)
Pene
traçã
o de
con
e (m
m)
AG1-5,5 AG1-16,5 AG1-27,5
a) Série AG1
0102030405060708090
40 45 50 55 60 65
Relação Água/Agregado (%)
Pene
traçã
o de
con
e (m
m)
AG2-5,5 AG2-16,5 AG2-27,5
b) Série AG2
0102030405060708090
40 45 50 55 60 65
Relação Água/Agregado (%)
Pene
traçã
o de
con
e (m
m)
AG3-5,5 AG3-16,5 AG3-27,5
c) Série AG3
0102030405060708090
40 45 50 55 60 65
Relação Água/Agregado (%)
Pene
traçã
o de
con
e (m
m)
AG4-5,5 AG4-16,5 AG4-27,5
d) Série AG4
0102030405060708090
40 45 50 55 60 65
Relação Água/Agregado (%)
Pene
traçã
o de
con
e (m
m)
AG5-5,5 AG5-16,5 AG5-27,5 e) Série AG5
Figura 4.1- Valores de penetração de cone em função das variações no teor de água, para
as cinco composições de agregados20
Observa-se, ainda, que a distribuição granulométrica dos agregados exerce um papel
decisivo na definição da demanda de água das argamassas. Esse comportamento pode ser
demonstrado a partir da Figura 4.2, que apresenta os valores de relação Água/Agregado
para cada série, considerando valores de penetração de cone de 45, 50 e 55 mm. Chama a
atenção o fato de a argamassa com o agregado AG1 e relação Aglomerante/Agregado igual
a 5,5 exigir uma quantidade de água inicial elevada em relação às demais composições,
valor que decai à medida que o teor de aglomerante aumenta na composição da argamassa.
20 A nomenclatura utilizada na legenda da Figura 4.1 como, por exemplo, AG1-5,5 - corresponde ao tipo de agregado utilizado (AG1, AG2, AG3, AG4 ou AG5) seguido da relação Aglomerante/Agregado considerada (5,5%, 22,5% ou 27,5%)
120
A presença do agregado na faixa entre 1,2 e 0,6 mm (agregado de maior dimensão), no
caso dos agregados AG1 e AG3, de certa forma, está influenciando na demanda de água,
reduzindo, em relação aos demais agregados com uma maior presença das faixas de
agregados de dimensão menor que 0,6 mm (AG2, AG4 e AG5).
45
50
55
60
65
70
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Rel
ação
Águ
a/A
greg
ado
(%)
AG1 AG2 AG3 AG4 AG5
a) Penetração de cone de 45 mm
45
50
55
60
65
70
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Rel
ação
Águ
a/A
greg
ado
(%)
AG1 AG2 AG3 AG4 AG5
b) Penetração de cone de 50 mm
45
50
55
60
65
70
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Rel
ação
Águ
a/A
greg
ado
(%)
AG1 AG2 AG3 AG4 AG5 c) Penetração de cone de 55 mm
Figura 4.2- Demanda de água para cada mistura de argamassa, considerando penetrações de cone de 45, 50 e 55 mm
Os agregados AG2, AG4 e AG5 apresentam demandas de água relativamente próximas em
todos os teores de aglomerantes considerados, aparentemente, não se alterando com as
variações no teor de aglomerante. Nos agregados AG1 e AG3, a relação Água/Agregado
decai ao passar de um teor de aglomerante de 5,5% para 16,5%, aumentando ao passar de
16,5 para 27,5. Nos valores extremos de teor de aglomerante, no caso 5,5% e 27,5%, as
demandas de água tendem a ser mais próximas dos valores obtidos nos agregados AG2,
AG4 e AG5.
Os valores de relação Água/Agregado obtidos, no presente projeto experimental, foram
considerados como referência para a execução dos projetos experimentais subseqüentes,
uma vez que foram fixados os valores de penetração de cone em 45, 50 e 55 mm.
121
Outra análise importante, agora avaliando os valores de penetração de cone em função de
variações na relação Aglomerante/Agregado, é apresentada na Figura 4.3. Para os
resultados de penetração de cone, observa-se que as misturas são bastante influenciadas
pelas variações nos teores de aglomerante. Em geral, percebe-se que, com o aumento do
teor de aglomerante (passando de 5,5% para 16,5%), ocorre um aumento no valor de
penetração de cone, chegando a caracterizar um ponto de máximo e, em seguida, com um
novo aumento no teor de cal, (agora passando de 16,5% para 27,5%), os valores de
penetração de cone tendem a decair.
0102030405060708090
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Pene
traçã
o de
con
e (m
m)
Água/Agreg = 42% Água/Agreg = 48%Água/Agreg = 55% Água/Agreg = 62%
a) Série AG1
0102030405060708090
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Pene
traçã
o de
con
e (m
m)
Água/Agreg = 42% Água/Agreg = 48%Água/Agreg = 55% Água/Agreg = 62%
b) Série AG2
0102030405060708090
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Pene
traçã
o de
con
e (m
m)
Água/Agreg = 42% Água/Agreg = 48%Água/Agreg = 55% Água/Agreg = 62%
c) Série AG3
0102030405060708090
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Pene
traçã
o de
con
e (m
m)
Água/Agreg = 42% Água/Agreg = 48%Água/Agreg = 55% Água/Agreg = 62%
d) Série AG4
0102030405060708090
5,5 16,5 27,5
Relação Cal/Agregado (%)
Pene
traçã
o de
con
e (m
m)
Água/Agreg = 42% Água/Agreg = 48%Água/Agreg = 55% Água/Agreg = 62%
e) Série AG5 Figura 4.3- Resultados de consistência por penetração de cone em função de variações no
teor de cal
122
Tal comportamento é visualizado em todas as composições, porém tem um maior destaque
nas séries AG1 e AG3 (Figura 4.3-a, c), onde as diferenças, entre o ponto de máximo e os
pontos extremos, são mais consideradas. Nas outras séries (AG2, AG4 e AG5, Figura 4.3-
b, d, e, respectivamente), apesar de se identificar a mesma tendência, as curvas são mais
suaves ao longo das variações no teor de cal.
O comportamento relatado é, praticamente, o inverso do apresentado na análise das
demandas de água em função das variações nos teores de aglomerante. Percebe-se
claramente que o aglomerante juntamente com a água funciona como lubrificante das
partículas de agregado. Para as relações Aglomerante/Agregado, relativamente baixas, em
torno de 5,5%, o contato entre as partículas de agregado é relativamente alto e pode
dificultar o cisalhamento durante o ensaio, resultando no aumento da demanda de água
para uma mesma penetração de cone. Aumentando-se a relação Aglomerante/Agregado
para 16,5%, o teor de aglomerante torna-se suficiente para favorecer o fluxo relativo entre
as partículas de agregado (reduzindo o contato e afastando as partículas de agregado),
necessitando de uma demanda de água menor para atingir a penetração de cone desejada
(45, 50 e 55 mm). Para valores de relação Aglomerante/Agregado maiores, em torno de
27,5, o teor de aglomerante, talvez em excesso, passa a atuar em uma maior dificuldade de
cisalhamento, durante o ensaio de penetração de cone, refletindo no aumento da demanda
de água para uma mesma penetração de cone.
A Tabela 4.1 apresenta um resumo das proporções dos materiais em massa e volume
aparente, de todas as argamassas utilizadas no estudo, destacando ainda as relações
Aglomerante/Agregado em volume absoluto e as relações Água/Agregado consideradas no
desenvolvimento dos projetos experimentais subseqüentes. Maiores detalhes encontram-se
no Apêndice C.
123
Tabela 4.1- Resumo das proporções entre os materiais constituintes das argamassas estudadas em cada série
Vagl/Vagr Traço em massa Traço em volume absoluto Traço em volume aparente Série PC (mm) Vag/Vagr (%) H%
(%) Agl Agr Ag Agl Agr Ag Agl Agr Ag 45 62 22,5 1,00 20,18 4,76 1,00 18,18 11,23 1,00 8,04 2,52 50 65 23,6 1,00 20,18 5,00 1,00 18,18 11,80 1,00 8,04 2,65 AG1 55 68 24,8
5,5 1,00 20,18 5,26 1,00 18,18 12,41 1,00 8,04 2,79
45 50 16,5 1,00 6,73 1,27 1,00 6,06 3,00 1,00 2,68 0,67 50 51 16,9 1,00 6,73 1,31 1,00 6,06 3,08 1,00 2,68 0,69 AG1 55 52 17,3
16,5 1,00 6,73 1,34 1,00 6,06 3,16 1,00 2,68 0,71
45 54 16,7 1,00 4,04 0,84 1,00 3,64 1,98 1,00 1,61 0,45 50 56 17,2 1,00 4,04 0,87 1,00 3,64 2,05 1,00 1,61 0,46 AG1 55 58 17,8
27,5 1,00 4,04 0,90 1,00 3,64 2,12 1,00 1,61 0,48
45 57 20,8 1,00 20,18 4,41 1,00 18,18 10,40 1,00 7,81 2,34 50 58 21,2 1,00 20,18 4,50 1,00 18,18 10,62 1,00 7,81 2,39 AG2 55 60 21,6
5,5 1,00 20,18 4,59 1,00 18,18 10,82 1,00 7,81 2,43
45 55 18,4 1,00 6,73 1,42 1,00 6,06 3,36 1,00 2,60 0,76 50 56 18,8 1,00 6,73 1,45 1,00 6,06 3,42 1,00 2,60 0,77 AG2 55 57 19,1
16,5 1,00 6,73 1,47 1,00 6,06 3,48 1,00 2,60 0,78
45 58 17,8 1,00 4,04 0,90 1,00 3,64 2,11 1,00 1,56 0,47 50 59 18,1 1,00 4,04 0,91 1,00 3,64 2,15 1,00 1,56 0,48 AG2 55 60 18,3
27,5 1,00 4,04 0,92 1,00 3,64 2,18 1,00 1,56 0,49
45 54 19,7 1,00 20,18 4,17 1,00 18,18 9,84 1,00 7,43 2,21 50 56 20,4 1,00 20,18 4,32 1,00 18,18 10,19 1,00 7,43 2,29 AG3 55 58 21,1
5,5 1,00 20,18 4,47 1,00 18,18 10,55 1,00 7,43 2,37
45 51 16,8 1,00 6,73 1,30 1,00 6,06 3,07 1,00 2,48 0,69 50 52 17,3 1,00 6,73 1,33 1,00 6,06 3,15 1,00 2,48 0,71 AG3 55 53 17,7
16,5 1,00 6,73 1,37 1,00 6,06 3,23 1,00 2,48 0,73
45 57 17,5 1,00 4,04 0,88 1,00 3,64 2,08 1,00 1,49 0,47 50 58 17,7 1,00 4,04 0,89 1,00 3,64 2,11 1,00 1,49 0,47 AG3 55 59 18,0
27,5 1,00 4,04 0,90 1,00 3,64 2,13 1,00 1,49 0,48
45 59 21,3 1,00 20,18 4,51 1,00 18,18 10,64 1,00 7,38 2,39 50 60 21,7 1,00 20,18 4,61 1,00 18,18 10,87 1,00 7,38 2,44 AG4 55 61 22,1
5,5 1,00 20,18 4,69 1,00 18,18 11,07 1,00 7,38 2,49
45 58 19,1 1,00 6,73 1,48 1,00 6,06 3,49 1,00 2,46 0,78 50 58 19,4 1,00 6,73 1,50 1,00 6,06 3,55 1,00 2,46 0,80 AG4 55 59 19,7
16,5 1,00 6,73 1,53 1,00 6,06 3,60 1,00 2,46 0,81
45 59 18,1 1,00 4,04 0,91 1,00 3,64 2,15 1,00 1,48 0,48 50 60 18,3 1,00 4,04 0,92 1,00 3,64 2,18 1,00 1,48 0,49 AG4 55 61 18,5
27,5 1,00 4,04 0,93 1,00 3,64 2,20 1,00 1,48 0,50
45 59 21,5 1,00 20,18 4,55 1,00 18,18 10,75 1,00 7,48 2,41 50 60 21,9 1,00 20,18 4,64 1,00 18,18 10,96 1,00 7,48 2,46 AG5 55 61 22,3
5,5 1,00 20,18 4,73 1,00 18,18 11,15 1,00 7,48 2,50
45 58 19,2 1,00 6,73 1,48 1,00 6,06 3,49 1,00 2,49 0,78 50 59 19,5 1,00 6,73 1,51 1,00 6,06 3,55 1,00 2,49 0,80 AG5 55 60 19,8
16,5 1,00 6,73 1,53 1,00 6,06 3,61 1,00 2,49 0,81
45 59 18,1 1,00 4,04 0,91 1,00 3,64 2,15 1,00 1,50 0,48 50 60 18,3 1,00 4,04 0,92 1,00 3,64 2,18 1,00 1,50 0,49 AG5 55 61 18,5
27,5 1,00 4,04 0,93 1,00 3,64 2,20 1,00 1,50 0,49
Legenda: PC – Penetração de cone em mm Vag/Vagr – Relação Água/Agregado em volume H% - Relação água materiais secos Vagl/Vagr – Relação entre o volume de aglomerante e o volume de agregado em % Agl – Aglomerante Agr – Agregado Ag – Água
4.2- PROJETO EXPERIMENTAL II – AVALIAÇÃO DO MÉTODO VANE TEST
Os resultados de tensão de escoamento obtidos pelo método vane test estão apresentados
na Figura 4.4, em função dos valores da relação Aglomerante/Agregado, considerando
cada valor de penetração de cone especificado no projeto experimental (PC = 45, 50 e 55
mm). Os valores individuais, obtidos em cada avaliação, encontram-se no Apêndice D.
124
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
PC 45 PC 50 PC 55
a) Série AG1
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
PC 45 PC 50 PC 55
b) Série AG2
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
PC 45 PC 50 PC 55
c) Série AG3
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
PC 45 PC 50 PC 55
d) Série AG4
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
PC 45 PC 50 PC 55 e) Série AG5
Figura 4.4- Resultados de tensão de escoamento pelo método vane test
Nas Séries AG1, AG2 e AG3 (Figuras 4.4-a, b e c), observa-se que as composições com
5,5% de relação Aglomerante/Agregado apresentam um elevado valor de tensão de
escoamento em relação aos demais. Com o aumento do teor de cal para 16,5%, a tensão
tende a diminuir, permanecendo praticamente constante.
Para as séries AG4 e AG5 (Figura 4.4-d, e), os comportamentos identificados são
similares, apresentando, porém, certa distinção das tendências observadas nas demais
séries (AG1, AG2 e AG3). Em resumo, tem-se uma leve queda da tensão de escoamento ao
passar da relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% para 16,5%, seguido de aumento da
tensão de escoamento quando a relação se aproxima de 27,5%.
125
Os resultados demonstram que, apesar de serem fixados os valores de consistência pelo
método de penetração de cone, os valores de tensão de escoamento ainda apresentam
variações bem significativas, principalmente, quando a penetração de cone avaliada é em
torno de 45 mm e a relação Aglomerante/Agregado é igual a 5,5% (condição de
dificuldade de cisalhamento). Entretanto, percebe-se que as tendências observadas, em
função das variações na consistência e no teor de aglomerante, são similares às
identificadas no estudo com o método de penetração de cone. No caso da tensão de
escoamento, o aglomerante, juntamente com a água, também está funcionando como
lubrificante das partículas de agregado. Para uma relação Aglomerante/Agregado em torno
de 5,5%, a interação entre as partículas de agregado ainda é relativamente alta e favorece
um contato mais íntimo, o que provoca aumentos na tensão máxima de cisalhamento. Essa
interação é minimizada, em parte ao passar da consistência de 45 mm para 50 e 55 mm,
respectivamente (como mostram as curvas das Séries AG1, AG2, e AG3 - Figuras 4.4-a, b
e c). No caso das Séries AG4 e AG5, os valores menores de tensão de escoamento para a
relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% podem ser justificados talvez devido a um
menor grau de contato entre as partículas maiores do agregado, favorecido pela presença
de uma considerável parcela de agregado menor que 0,3 mm. Nesse caso, as partículas
podem estar atuando como lubrificantes, exercendo, em parte, o papel das partículas de
aglomerante que estão sendo adicionadas.
Aumentando-se a relação Aglomerante/Agregado para 16,5%, o teor de aglomerante,
juntamente com o teor de água utilizado para atingir a consistência desejada, tornam-se
suficientes para provocar um afastamento entre as partículas, favorecendo o fluxo relativo
entre as a mesmas. Para valores de relação Aglomerante/Agregado maiores, em torno de
27,5%, o teor de aglomerante, de certa forma, passa a atuar, favorecendo uma maior
interconexão entre as partículas de agregado, dificultado, assim, o fluxo relativo e
aumentando os valores de tensão de escoamento. É certo que esse aumento é mais suave
que o identificado quando a relação Aglomerante/Agregado é em torno de 5,5%, onde o
aumento da tensão é brusco.
126
4.3- PROJETO EXPERIMENTAL III – AVALIAÇÃO DO MÉTODO DA MESA DE
CONSISTÊNCIA
O ensaio da mesa de consistência se mostrou bem sensível às variações nos teores de
aglomerantes presentes nas argamassas. Em alguns casos, a obtenção dos valores de
espalhamento ficou comprometida, uma vez que a argamassa apresentava um excessivo
grau de exsudação, o que favorecia a drenagem da água logo após a preparação da amostra
e durante o ensaio, exibindo certa dificuldade de espalhamento com aplicação dos golpes.
Em outra situação, identificaram-se casos onde a amostra de argamassa desenvolve
aberturas bem características, à medida que os golpes foram sendo aplicados na mesa de
consistência. As condições relatadas foram identificadas, na maioria das argamassas, onde
a relação Aglomerante/Agregado era em torno de 5,5%, sendo mais crítico nas argamassas
com agregados AG1, AG2 e AG3. Para os agregados AG4 e AG5, Tal comportamento não
esteve tão caracterizado em todos os teores de aglomerante estudados.
A Tabela 4.2 ilustra, passo a passo, o comportamento de uma argamassa durante a
aplicação dos golpes no ensaio na mesa de consistência. O caso apresentado refere-se às
argamassas com agregado AG3, com relações Aglomerante/Agregado iguais a 5,5% e
27,5%. No caso da argamassa com 27,5% (maior relação Aglomerante/Agregado utilizada
na pesquisa), observa-se certa homogeneidade ao longo da execução do ensaio, sem
exsudação e possíveis rupturas isoladas, conforme está caracterizado na argamassa com
relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5%.
127
Tabela 4.2- Caracterização das etapas do ensaio da Mesa de Consistência Etapas do
ensaio Argamassa AG3-5,5 Argamassa AG3-27,5
a – Aspecto da argamassa logo após o processo de
mistura
b – Preparo da argamassa
para execução do ensaio na
mesa de consistência
c – Retirada do molde
tronco cônico e início do
ensaio na mesa de
consistência
d – Aplicação dos golpes
e – Fim do ensaio e
medida do espalhamento
Os resultados de espalhamento, obtidos pelo método da mesa de consistência, estão
apresentados na Figura 4.5, em função dos valores da relação Aglomerante/Agregado,
considerando cada valor de penetração de cone especificado no respectivo projeto
128
experimental (45, 50 e 55 mm). Os valores individuais encontrados em cada avaliação
estão apresentados no Apêndice E.
0
50
100
150
200
250
300
350
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Espa
lham
ento
(mm
)
PC 45 PC 50 PC 55
a) Série AG1
0
50
100
150
200
250
300
350
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Espa
lham
ento
(mm
)
PC 45 PC 50 PC 55
b) Série AG2
0
50
100
150
200
250
300
350
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Espa
lham
ento
(mm
)
PC 45 PC 50 PC 55
c) Série AG3
0
50
100
150
200
250
300
350
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Espa
lham
ento
(mm
)
PC 45 PC 50 PC 55
d) Série AG4
0
50
100
150
200
250
300
350
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Espa
lham
ento
(mm
)
PC 45 PC 50 PC 55 e) Série AG5
Figura 4.5- Resultados de espalhamento pelo método da mesa de consistência
No caso das Séries AG1, AG2 e AG3, no trecho inicial em torno da relação
Aglomerante/Agregado igual 5,5%, identifica-se um certo grau de interferência no que
concerne aos demais teores de aglomerante estudados (16,5% e 27,5%). Os valores de
espalhamento obtidos apontam para uma argamassa que apresenta dificuldades de
espalhamento logo após a aplicação dos golpes na mesa de consistência. Quando a relação
Aglomerante/Agregado é em torno de 16,5%, essas séries apresentam um ponto de
129
máximo espalhamento. Com o aumento do teor de aglomerante para 27,5%, os valores de
espalhamento exibem uma tendência de diminuição.
As condições relatadas, em parte, se aproximam dos comportamentos identificados no
estudo do método de penetração de cone e vane test. No caso dos valores de espalhamento,
o aglomerante, juntamente com a água, também está funcionando como lubrificante das
partículas de agregado. Para uma relação Aglomerante/Agregado em torno de 5,5%, a
interação entre as partículas de agregado, ainda, é relativamente alta, provocando
diminuição nos valores de espalhamento. Essa interação é minimizada quando a relação
Aglomerante/Agregado está entre os teores de 16,5% e 27,5%. Para valores de relação
Aglomerante/Agregado maiores (próximo de 27,5), o teor de aglomerante, de certa forma,
passa a atuar, favorecendo uma maior interconexão entre as partículas de agregado,
absorvendo parte da energia dos golpes, além de dificultar o fluxo relativo entre as
partículas de agregado, reduzindo o espalhamento. Identifica-se que tal redução também é
mais suave que o observado quando a relação Aglomerante/Agregado é em torno de 5,5%.
Nas Séries AG4 e AG5 (Figura 4.5-d e 4.5-e), os comportamentos identificados são muito
próximos. Em ambos os casos, as curvas são praticamente paralelas ao eixo das abscissas,
apresentando ainda variações em torno da mesma amplitude de valores de espalhamento
(250 e 280 mm de espalhamento). Nesses casos, não se observam maiores alterações com
as mudanças nos teores de aglomerante. Esse fato leva a apontar que as medidas de
penetração de cone e espalhamento pela mesa de consistência estão sendo influenciadas
por um mesmo parâmetro, apresentando forte correlação.
4.4- PROJETO EXPERIMENTAL IV – AVALIAÇÃO DO MÉTODO DE PERDA
DE ÁGUA SOB SUCÇÃO
Os resultados individuais de perda de água, para cada série de argamassa, estão
apresentados no Apêndice F. A Figura 4.6 apresenta um exemplo típico do comportamento
identificado no estudo das séries, em função do tempo de sucção ao qual cada argamassa
foi submetida. O exemplo analisado trata-se da Série AG1 com uma penetração de cone de
50 mm.
130
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (min)
Perd
a de
águ
a (%
)
AG1-5,5 AG1-16,5 AG1-27,5
Figura 4.6- Resultado do ensaio de perda água sob sucção para a série AG1
O ensaio de perda de água por sucção foi utilizado para se avaliar, indiretamente, a
tendência de exsudação da argamassa. Como parâmetro, tem-se a perda de água da
argamassa decorrido o período de um minuto de sucção em condições já especificadas no
procedimento de ensaio. Esse resultado foi tratado, especificamente, na Figura 4.7 para
cada série analisada no estudo.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado
Perd
a de
águ
a (%
)
AG1 AG2 AG3 AG4 AG5 Figura 4.7- Perda de água das argamassas após um minuto de sucção
Em geral, percebe-se que as argamassas, com os menores teores de aglomerante na sua
composição, apresentam uma forte tendência de perda de água. Esse fato é melhor
visualizado se compararmos, para todos os agregados, as perdas de água nas relações
Aglomerante/Agregado igual 5,5% e 27,5%. Outra condição de destaque é a comparação
131
da perda de água entre os agregados com maiores teores de finos na composição (AG4 e
AG5) e os demais agregados. Nesse caso, em todos os teores de aglomerante utilizados, as
argamassas apresentaram menores valores de perda de água.
A configuração das curvas de perda de água sob sucção (Figura 4.7) apresenta ainda dois
trechos bem característicos:
• um compreendido entre as relações Aglomerante/Agregado igual a 5,5% e 16,5%,
onde a redução na tendência de perda de água é mais acentuada, sendo
caracterizada por uma maior inclinação do trecho analisado; e
• outro, compreendendo o trecho entre as relações Aglomerante/Agregado igual a
16,5% e 27,5%, onde a redução na tendência de perda de água é menos acentuada,
caracterizada por uma menor inclinação do trecho da curva.
Os fatos apresentados, anteriormente, demonstram que as variações nos teores de
aglomerante das argamassas exercem considerável influência nos valores de perda das
argamassas (considerando uma mesma consistência). Levando-se em conta que grande
parte da água absorvida, durante a sucção, é água livre (sucção durante o período de 1
min), com grande potencial de exsudar, tem-se, então, a variação no teor de aglomerante
como forma de diminuir esta tendência. Outra saída também identificada no estudo é
trabalhar a distribuição granulométrica de tal forma a exigir menores teores de água para
uma mesma consistência.
Durante o estudo de perda de água sob sucção, foi desenvolvida uma avaliação de cada
argamassa através de uma lupa com aumento de 40 vezes. Durante o ensaio, as argamassas
eram avaliadas antes e depois do processo de sucção. Cada argamassa está apresentada nas
Figuras 4.8, 4.9, 4.10, 4.11 e 4.12, em função de cada tipo de agregado utilizado e de cada
relação Aglomerante/Agregado. Essa avaliação permitiu uma análise mais minuciosa da
estrutura interna de cada argamassa, visualizando a interação entre os diferentes elementos
constituintes das argamassas (agregado, aglomerante e água).
Para a série com o agregado AG1 (Figura 4.8), a imagem destaca bem as características do
agregado utilizado, apresentando a textura, uma idéia das dimensões, além de indicar a
falta de outras partículas de agregado, que complementam uma distribuição
granulométrica. A argamassa AG1-5,5 demonstra que o teor de cal utilizado é insuficiente
132
para envolver os grãos de agregado, estabelecendo uma ligação entre as partículas, fato que
pode ser comprovado pela imagem logo após a sucção da argamassa, prevalecendo o
contato íntimo entre cada partícula de agregado (alto atrito entre as partículas). Com o
aumento no teor de cal na mistura, a partir da relação Aglomerante/Agregado igual 16,5%,
as imagens começam a indicar a presença de uma camada de aglomerante em volta das
partículas de agregado. No teor máximo de aglomerante analisado (27,5%), percebe-se
que, mesmo com esse teor, a quantidade de aglomerante é insuficiente para impedir o
contato íntimo entre as partículas, caracterizando um certo grau de aspereza que, ainda,
impossibilita definir essa argamassa como trabalhável para uma condição normal de
aplicação. As imagens apontam, claramente, a necessidade da presença de partículas em
dimensões menores, introduzidas na estrutura interna da argamassa, capazes de exercer um
papel intermediário entre cada partícula do agregado e o teor de pasta presente na
argamassa.
Na Série AG2 (Figura 4.9), o agregado utilizado é uma composição das faixas entre as
dimensões de 1,2 - 0,6 mm e 0,6 - 0,3 mm (50% de cada agregado na composição do
volume total de agregado). Nesse caso, a estrutura interna apresenta certa semelhança com
a configuração identificada na composição anterior (AG1). Entretanto, percebe-se que a
característica de elevada aspereza presente no agregado AG1 (Figura 4.8) não são tão
pronunciadas nas argamassas com o agregado AG2. Ao mesclar as faixas de agregados na
formação do agregado AG2, parte dos problemas de textura áspera da série AG1 foram
minimizados, podendo ser perfeitamente resolvidos pela introdução de certos teores de cal
na composição da argamassa (conforme apresenta a Figura 4.9).
Para as demais Séries AG3, AG4, e AG5, a simples presença de agregados, com partículas
inferiores a 0,3 mm, já muda nitidamente o panorama das argamassas descrito pelas
imagens (Figuras 4.10, 4.11 e 4.12). Em geral, percebe-se que a fração inferior a 0,3 mm
está desempenhando um papel intermediário no preenchimento dos vazios entre os
agregados maiores, favorecendo uma maior interação entre as partículas do agregado e o
teor de pasta presente na mistura. Para as argamassas com agregados AG3 e AG4 (Figura
4.11 e 4.12), observa-se que uma relação Aglomerante/Agregado igual 16,5% é suficiente
para fornecer um teor de pasta capaz de atuar como elemento de conexão entre as
partículas de agregado. Na argamassa com agregado AG5, devido a um maior teor de
133
partículas inferiores a 0,3 mm, a conexão descrita, anteriormente, começa ser identificada
já a partir do teor igual a 5,5%.
A comparação, entre os diferentes tipos de argamassa, é facilitada mais ainda a partir da
Figura 4.13. Estas apresentam as argamassas compostas a partir de cada agregado utilizado
na mistura (AG1, AG2, AG3, AG4 e AG5), com uma relação Aglomerante/Agregado igual
a 16,5%. Comparando as imagens, observa-se, gradativamente, o efeito de conexão entre
as partículas maiores de agregado, que é favorecido ao se adicionar agregados com
dimensões menores que 0,3 mm, para um mesmo teor de pasta.
134
Argamassa Antes do ensaio de retenção Depois do ensaio de retenção
AG1-5,5
AG1-16,5
AG1-27,5
Figura 4.8- Argamassas antes e depois do ensaio de perda de água sob sucção – Série AG1
1 mm
135
Argamassa Antes do ensaio de retenção Depois do ensaio de retenção
AG2-5,5
AG2-16,5
AG2-27,5
Figura 4.9- Argamassas antes e depois do ensaio de perda de água sob sucção – Série AG2
1 mm
136
Argamassa Antes do ensaio de retenção Depois do ensaio de retenção
AG3-5,5
AG3-16,5
AG3-27,5
Figura 4.10- Argamassas antes e depois do ensaio de perda de água sob sucção – Série
AG3
1 mm
137
Argamassa Antes do ensaio de retenção Depois do ensaio de retenção
AG4-5,5
AG4-16,5
AG4-27,5
Figura 4.11- Argamassas antes e depois do ensaio de perda de água sob sucção – Série
AG4
1 mm
138
Argamassa Antes do ensaio de retenção Depois do ensaio de retenção
AG5-5,5
AG5-16,5
AG5-27,5
Figura 4.12- Argamassas antes e depois do ensaio de perda de água sob sucção – Série
AG5
1 mm
139
AG1-16,5 AG2-16,5 AG3-16,5
AG4-16,5
AG5-16,5
Figura 4.13- Comparação entre as séries considerando uma relação Aglomerante/Agregado = 16,5% - Condição logo depois do ensaio de perda de água
1 mm
140
4.5- PROJETO EXPERIMENTAL V – AVALIAÇÃO DO MÉTODO DE
CISALHAMENTO DIRETO
Os resultados de cisalhamento direto estão apresentados nas Figuras 4.14, 4.15, 4.16, 4.17
e 4.18, considerando cada relação Aglomerante/Agregado especificada no projeto
experimental (relações Aglomerante/Agregado iguais 5,5%, 16,5% e 27,5%). Cabe lembrar
que os resultados individuais de tensão de cisalhamento, das séries estudadas, estão
representados em função do deslocamento horizontal, para as tensões normais adotadas no
plano de cargas, conforme foi relatado no procedimento de ensaio.
Nos casos analisados, observa-se que o comportamento obtido, em cada série, é muito
característico do ensaio de cisalhamento direto, destacando-se:
• o aumento da tensão de cisalhamento em função do aumento da tensão normal
atuante na amostra;
• o aumento gradativo da tensão de cisalhamento à medida que a amostra de
argamassa vai sendo cisalhada a uma taxa de cisalhamento constante; e
• um ponto de máxima de tensão de cisalhamento, a partir do qual essa tensão não
sofre grandes variações, podendo reduzir um pouco ou permanecer constante em
torno de um valor residual (tensão residual).
Cabe lembrar que os valores máximos de tensão de cisalhamento, em cada tensão normal,
são aqueles utilizados na determinação dos parâmetros de coesão e ângulo de atrito interno.
Essas tensões com seus respectivos valores de deslocamento horizontal estão destacados
em cada gráfico ilustrado a partir de um círculo vermelho. Em resumo, cada valor obtido é
apresentado na Tabela 4.3.
141
0102030405060708090
100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Deslocamento Horizontal (mm)
Tens
ão C
isalh
ante
(kPa
)
TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa a) Relação Aglomerante/Agregado 5,5 %
0102030405060708090
100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Deslocamento Horizontal (mm)
Tens
ão C
isal
hant
e (k
Pa)
TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa b) – Relação Aglomerante/Agregado 16,5 %
0102030405060708090
100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Deslocamento Horizontal (mm)
Tens
ão C
isal
hant
e (k
Pa)
TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa
c) – Relação Aglomerante/Agregado 27,5 %
Figura 4.14- Resultado de cisalhamento direto da Série AG1
142
0102030405060708090
100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Deslocamento Horizontal (mm)
Tens
ão C
isal
hant
e (k
Pa)
TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa a) Relação Aglomerante/Agregado 5,5 %
0102030405060708090
100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Deslocamento Horizontal (mm)
Tens
ão C
isal
hant
e (k
Pa)
TN = 25kPa TN = 50kPa TN = 100kPa b) Relação Aglomerante/Agregado 16,5 %
0102030405060708090
100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Deslocamento Horizontal (mm)
Tens
ão C
isal
hant
e (k
Pa)
TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa c) Relação Aglomerante/Agregado 27,5 %
Figura 4.15- Resultado de cisalhamento direto da Série AG2
143
0102030405060708090
100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Deslocamento Horizontal (mm)
Tens
ão C
isal
hant
e (k
Pa)
TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa a) Relação Aglomerante/Agregado 5,5 %
0102030405060708090
100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Deslocamento Horizontal (mm)
Tens
ão C
isal
hant
e (k
Pa)
TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa b) Relação Aglomerante/Agregado 16,5 %
0102030405060708090
100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Deslocamento Horizontal (mm)
Tens
ão C
isal
hant
e (k
Pa)
TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa c) Relação Aglomerante/Agregado 27,5 %
Figura 4.16- Resultado de cisalhamento direto da Série AG3
144
0102030405060708090
100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Deslocamento Horizontal (mm)
Tens
ão C
isalh
ante
(kPa
)
TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa a) Relação Aglomerante/Agregado 5,5 %
0102030405060708090
100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Deslocamento Horizontal (mm)
Tens
ão C
isal
hant
e (k
Pa)
TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa b) Relação Aglomerante/Agregado 16,5 %
0102030405060708090
100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Deslocamento Horizontal (mm)
Tens
ão C
isal
hant
e (k
Pa)
TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa c) Relação Aglomerante/Agregado 27,5 %
Figura 4.17- Resultado de cisalhamento direto da Série AG4
145
0102030405060708090
100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Deslocamento Horizontal (mm)
Tens
ão C
isal
hant
e (k
Pa)
TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa a) Relação Aglomerante/Agregado 5,5 %
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deslocamento Horizontal (mm)
Tens
ão C
isal
hant
e (k
Pa)
Tensão Normal = 25kPa" Tensão Normal = 50kPa" Tensão Normal = 100kPa" b) Relação Aglomerante/Agregado 16,5 %
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deslocamento Horizontal (mm)
Tens
ão C
isal
hant
e (k
Pa)
Tensão Normal = 25kPa" Tensão Normal = 50kPa" Tensão Normal = 100kPa"
c) Relação Aglomerante/Agregado 27,5 %
Figura 4.18- Resultado de cisalhamento direto da Série AG5
Analisando as curvas de cada série de argamassa utilizada no estudo, percebe-se que, na
relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5%, o acréscimo de tensão de cisalhamento é,
relativamente, maior que o acréscimo de tensão nas relações Aglomerante/Agregado iguais
146
a 16,5% e 27,5%. Esse fato pode ser observado graficamente a partir da inclinação de cada
curva considerada, onde nas relações Aglomerante/Agregado iguais a 5,5% as curvas são
mais inclinadas; do contrário, nas relações Aglomerante/Agregado iguais 16,5% e 27,5% o
ganho de tensão de cisalhamento é mais atenuado ao longo do deslocamento horizontal,
caracterizando uma inclinação menor para tais curvas. Esse comportamento é melhor
observado nos gráficos de tensões normais iguais a 50 e 100 kPa.
Os valores de deslocamento horizontal, correspondentes a cada tensão de cisalhamento
máximo (valores apresentados na Tabela 4.3), são um indicativo do comportamento
relatado anteriormente. Os valores demonstram que, na maioria dos casos, um aumento
gradativo, no teor de aglomerante tem como correspondência um aumento no valor do
deslocamento horizontal, correlativo à tensão máxima de cisalhamento. Essa constatação
pode indicar que a amostra se deforma mais, antes de atingir o ponto de cisalhamento
máximo.
As curvas de tensão de cisalhamento, em função da tensão normal necessárias para se
determinar os parâmetros de coesão e ângulo de atrito interno, estão apresentadas no
Apêndice G. Cada curva destaca, individualmente, as retas de ajuste necessárias à obtenção
dos valores de coesão e ângulo de atrito interno para as séries de argamassas estudadas
(considerando os agregados e os teores de aglomerante utilizados). Cabe lembrar, ainda,
que a coesão e o ângulo de atrito interno são obtidos, respectivamente, a partir do
coeficiente linear e do coeficiente angular da equação da reta utilizada no ajuste dos
pontos. As equações de ajuste, também, estão apresentadas nas curvas de cada série, em
ordem (de cima para baixo) com o teor de aglomerante na mistura.
Um resumo dos valores de coesão e ângulo de atrito interno é apresentado na Tabela 4.3,
juntamente com os valores de tensão normal e tensão de cisalhamento máximo.
147
Tabela 4.3- Resumo dos resultados de tensão de cisalhamento máxima (Tm) com seus respectivos valores de deformação horizontal (Dh) para cada série de argamassa
TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa Série
TCm Dh TCm Dh TCm Dh Coesão (kPa)
Atrito (Grau)
AG1-5,5 19,48 1,88 41,10 3,70 71,08 4,24 4,5 34,0 AG1-16,5 20,63 3,09 34,30 3,95 64,95 4,99 5,3 30,7 AG1-27,5 24,91 4,06 45,73 4,17 69,95 5,24 12,7 30,2 AG2-5,5 20,98 2,44 40,08 4,02 70,87 3,88 5,6 33,3 AG2-16,5 22,87 3,61 34,85 3,05 65,95 3,97 7,3 30,2 AG2-27,5 25,15 4,81 34,30 3,95 64,48 5,15 10,1 28,2 AG3-5,5 23,17 3,09 33,64 3,07 69,39 3,16 5,3 32,2 AG3-16,5 22,46 3,34 35,50 3,68 64,59 3,88 7,9 29,4 AG3-27,5 24,96 4,06 39,40 3,61 65,35 4,69 12,0 28,2 AG4-5,5 20,77 3,34 34,86 3,63 63,76 3,97 6,3 29,9 AG4-16,5 25,14 3,79 36,51 3,04 64,89 3,81 11,0 28,2 AG4-27,5 29,17 4,97 38,46 4,34 65,18 4,88 15,8 26,0 AG5-5,5 20,45 3,79 35,26 4,78 65,21 4,06 6,0 30,84 AG5-16,5 23,28 3,81 40,35 4,06 61,80 4,31 12,5 26,63 AG5-27,5 28,46 6,05 39,23 4,97 60,20 6,39 18,0 22,91
Legenda: TN – Tensão normal em kPa. TCm – Tensão de cisalhamento máxima obtida no ensaio de cisalhamento direto em kPa. Dh – Deslocamento horizontal correspondente a tensão de cisalhamento máxima em mm
As Figuras 4.19 e 4.20 apresentam os resultados de coesão e ângulo de atrito interno
obtidos em cada série de argamassa, em função da relação Aglomerante/Agregado (5,5%,
16,5% e 27,5%).
Na Figura 4.19, percebe-se, claramente, que o teor de aglomerante presente na argamassa
exerce uma considerável influência no valor de coesão, apresentando uma correlação direta
com o aumento da relação Aglomerante/Agregado. As séries de argamassas com os
agregados AG1, AG2 e AG3 formam um grupo, que se destaca pelos menores valores de
coesão, enquanto as séries de argamassas com os agregados AG4 e AG5 caracterizam um
outro grupo onde se identificam os maiores valores de coesão. Cabe destacar, ainda, que a
argamassa, com o agregado AG5, é a mistura onde se obtiveram os maiores valores de
coesão, considerando todos os teores de aglomerante utilizados.
148
0,02,04,06,08,0
10,012,014,016,018,020,0
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Coe
são
(kPa
)
AG1 AG2 AG3 AG4 AG5 Figura 4.19- Comportamento dos valores de coesão em função da relação
Aglomerante/Agregado para cada série de argamassa
Os valores de ângulo de atrito interno (Figura 4.20) apresentam uma relação inversa com o
teor de aglomerante presente nas argamassas, ou seja, à medida que a relação
Aglomerante/Agregado aumenta na mistura se identifica uma importante redução nos
valores do ângulo de atrito interno. Assim como o comportamento observado nos gráficos
de coesão das séries (Figura 4.19), no caso das curvas de atrito interno, as argamassas
produzidas com os agregados AG1, AG2 e AG3 também caracterizam um primeiro grupo
onde se encontram os maiores valores de atrito interno. Num segundo grupo, formado
pelas argamassas constituídas com os agregados AG4 e AG5, encontram-se os menores
valores de atrito interno, tendo a série AG5 as argamassas com os menores valores.
20,022,024,026,028,030,032,034,036,0
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Âng
ulo
de a
trito
inte
rno
(Gra
u)
AG1 AG2 AG3 AG4 AG5 Figura 4.20- Comportamento dos valores de atrito interno em função da relação
Aglomerante/Agregado para cada série de argamassa
149
4.6- PROJETO EXPERIMENTAL VI – INFLUÊNCIA DO TEOR DE CIMENTO
NAS PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO
Neste item, estão apresentados os resultados obtidos no estudo das argamassas com
cimento na composição total do aglomerante. O cimento foi introduzido nas argamassas
substituindo 50% do volume da cal utilizada, anteriormente, na composição das
argamassas. Foi utilizado, neste estudo, apenas o agregado AG4, sendo considerados os
mesmos teores de água utilizados na avaliação das argamassas com 100% de cal na
composição do aglomerante. Como resultados, têm-se: os valores de penetração de cone,
tensão de escoamento, espalhamento, perda de água sob sucção, coesão e atrito interno.
Esses resultados estão apresentados na Figura 4.21. Cabe lembrar que o objetivo desse
estudo foi avaliar o modo como a substituição da cal por cimento na composição das
argamassas altera os resultados das avaliações realizadas, anteriormente, nas argamassas
com 100% de cal na composição.
Os resultados de penetração de cone estão apresentados nas Figura 4.21-a em função dos
teores de aglomerante presentes na composição das argamassas. As curvas tracejadas
indicam o comportamento das argamassas sem cimento na mistura (100% de cal), e as
curvas contínuas indicam o comportamento das argamassas com substituição, em volume,
de 50% da cal por cimento.
Comparando-se as duas séries (com e sem cimento), percebe-se que os valores de
penetração de cone, também, são bastante influenciados pelos teores de aglomerante
presentes na composição das argamassas. Entretanto, observa-se que os valores obtidos
não são demasiadamente diferenciados, identificando-se, inclusive, tendência de
comportamentos similares entre os dois tipos de argamassas considerados (com e sem
cimento). Quando o teor de aglomerante aumenta na composição, os valores de penetração
de cone tendem a aumentar, considerando um mesmo teor de água na composição das
argamassas. A tendência de aumento dos valores de penetração de cone aponta um valor de
máxima penetração em torno de 16,5% de relação Aglomerante/Agregado, decaindo, a
partir desse valor, à medida que se aumento o teor de aglomerante na composição.
150
0102030405060708090
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Pene
traçã
o de
con
e (m
m)
água/agreg = 42% água/agreg = 48%água/agreg = 55% água/agreg = 62%
Série com cimentoSérie sem cimento
a) Penetração de cone
0,000,501,001,502,002,503,003,50
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
com
ento
(kPa
)
PC 45 PC 50 PC 55
Série com cimentoSérie sem cimento
b) Tensão de escoamento
0
50
100
150
200
250
300
350
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Espa
lham
ento
(mm
)
PC 45 PC 50 PC 55
Série com cimentoSérie sem cimento
c) Espalhamento
0
5
10
15
20
25
30
35
40
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado
Perd
a de
águ
a (%
)
AG4C AG4
Série com cimentoSérie sem cimento
d) Perda de água
0,02,04,06,08,0
10,012,014,016,018,020,0
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Coe
são
(kPa
)
AG4C AG4
Série com cimentoSérie sem cimento
e) Coesão
20,022,024,026,028,030,032,034,036,038,040,0
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Âng
ulo
de a
trito
inte
rno
(Gra
u)
AG4C AG4
Série com cimentoSérie sem cimento
f) Ângulo de atrito interno Figura 4.21- Resultados obtidos no projeto experimental VI – Argamassas com cimento
No caso dos resultados fornecidos pelo método vane test, mesa de consistência e
cisalhamento direto, os valores de tensão de escoamento (Figura 4.21-b), espalhamento
(Figura 4.21-c) e coesão (Figura 4.21-e), também não sofreram grandes alterações nos
valores, sendo identificadas às mesmas tendências ao se compararem os resultados das
séries com e sem cimento na composição das argamassas.
Para os resultados de perda de água (Figura 4.21-d) e ângulo de atrito interno (Figura 4.21-
f) os valores identificados nas duas séries apontam para algumas diferenças quando os
teores de aglomerante são iguais a 5,5% e 16,5%. Quando a relação
Aglomerante/Agregado se aproxima de 27,5%, a diferença observada é minimizada.
151
Os resultados analisados permitem pensar que substituições de cal por cimento em até 50%
do volume total de aglomerante, não provocam alterações na tendência de comportamento,
nas propriedades das argamassas no estado fresco. Entretanto, estudos devem ainda ser
realizados com outros tipos de cimento, cal e distribuições granulométricas.
As argamassas, com cimento na composição, também foram avaliadas, visualmente,
utilizando uma lupa com aumento de 40 vezes. Cada argamassa está apresentada na Figura
4.22, em função de cada relação Aglomerante/Agregado, considerando as argamassas com
e sem cimento na composição do aglomerante total. Essa avaliação permitiu uma análise
mais minuciosa da estrutura interna de cada argamassa, visualizando a interação entre os
diferentes elementos constituintes das argamassas.
Uma análise visual das imagens permite observar que, mesmo substituídos 50% do volume
da cal por 50% de cimento, as características da pasta fornecem condição suficiente para
favorecer uma interconexão entre os grãos do agregado, principalmente, a partir de 16,5%
de relação Aglomerante/Agregado. Observa-se, ainda, que, praticamente, não há
diferenças, na estrutura interna de cada argamassa, com o teor de substituição avaliado.
152
Argamassa Sem cimento Com cimento
AG4-5,5
AG4-16,5
AG4-27,5
Figura 4.22- Comparação entre as argamassas das séries AG4 com e sem cimento na
composição total do aglomerante
1 mm
153
5- DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
5.1- COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS OBTIDOS PELOS MÉTODOS
UTILIZADOS
Este item contempla uma análise comparativa entre os resultados obtidos, nos diferentes
métodos de ensaio utilizados na pesquisa, destacando-se os ensaios de penetração de cone,
tensão de escoamento (método vane test), espalhamento (método da mesa de consistência),
coesão e ângulo de atrito interno (método de cisalhamento direto).
5.1.1- Comparação entre os resultados de penetração de cone e tensão de escoamento
A comparação dos resultados, obtidos a partir do ensaio de penetração de cone e vane test,
está apresentada na Figura 5.1. As curvas são representadas em termos da tensão de
escoamento em função do valor de penetração de cone, considerando as relações
Aglomerante/Agregado utilizadas no estudo, no caso 5,5%, 16,5% e 27,5% (Figura 5.1-a,
5.1-b e 5.1-c, respectivamente).
Em geral, percebe-se que a relação entre os valores de penetração de cone e tensão de
escoamento não são fortemente pronunciadas em todas as relações Aglomerante/Agregado.
Quando a relação Aglomerante/Agregado é de 5,5%, para uma penetração de cone de 45
mm, encontram-se valores de tensão de escoamento entre 1,23 e 5,40 kPa (diferença de
4,17 kPa). Esse intervalo é diminuído quando a penetração aumenta para 50 mm, passando
para um intervalo entre 0,68 e 2,05 kPa (diferença de 1,37 kPa). Quando a relação
Aglomerante/Agregado aumenta para 16,5% e 27,5%, a faixa de variação dos valores
diminui consideravelmente e os dois métodos passam a ter um grau de correlação
aparentemente maior. No caso da relação Aglomerante/Agregado igual a 27,5%, a faixa de
variação é entre 1,84 e 1,41 kPa para 45 mm de penetração de cone (diferença de 0,43 kPa)
e 1,31 e 0,85 kPa para 55 mm de penetração de cone (diferença de 0,46 kPa). Percebe-se
que, em uma faixa de penetração de cone relativamente estreitas como, por exemplo, entre
45 e 55 mm, os valores de tensão de escoamento podem apresentar variações
consideráveis, dependendo da argamassa que está sendo avaliada.
154
A análise indica que apesar da consistência ser fixada nos valores de penetração de cone de
45, 50 e 55 mm, o método vane test ainda está identificando variações significativas nos
valores de tensão de escoamento (maior sensibilidade), diferenças essas, que são atenuadas
aumentando o teor de aglomerante na composição das argamassas.
5,40
2,052,60
1,230,680,97
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
45 50 55
Penetração de cone (mm)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
Vagl/Vagr = 5,5%
a) Relação Aglomerante/Agregado = 5,5%
1,80 1,561,35
1,19 0,810,95
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
45 50 55
Penetração de cone (mm)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
Vagl/Vagr = 16,5%
b) Relação Aglomerante/Agregado = 16,5%
1,31
0,85
1,841,63
1,411,24
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
45 50 55
Penetração de cone (mm)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
Vagl/Vagr = 27,5% c) Relação Aglomerante/Agregado = 27,5%
Figura 5.1- Comparação entre os resultados de penetração de cone e tensão de escoamento
Tais diferenças podem ser justificadas devido às configurações dos dispositivos e dos
procedimentos de ensaio, utilizados na avaliação das argamassas, que podem estar
provocando alterações na sensibilidade dos métodos, destacando-se: a geometria dos
dispositivos, utilizados na análise, que provocam distribuições de tensões bem específicas
(método de penetração de cone => dispositivo em forma de cone; método vane test =>
palheta em cruz); a região avaliada por cada método (método de penetração de cone =>
região superior da amostra; método vane test => área distribuída na parte central da
amostra); a velocidade de realização do ensaio (método de penetração de cone => quase
imediatamente após a liberação do cone em queda livre, a uma taxa de cisalhamento
variada; método vane test => acréscimo de tensão lentamente em uma taxa de
cisalhamento constante, podendo durar entre 30 e 60 s).
155
A análise apresentada por BAUER et al. (2005), apontando uma possível correlação entre
os dois métodos (Figura 5.2), pode ser justificada devido ao fato de as argamassas
avaliadas (uma industrializada e outra mista de cimento e cal) apresentarem proporções
adequadas entre os materiais, minimizando as tensões de cisalhamento determinadas.
Nessas condições, os dois métodos apresentam uma correlação satisfatória.
1,7
0,61
0,9
0,54
0,82
1,45
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
20 35 50 65 80Penetração de cone (mm)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
AM AI
Figura 5.2- Relação entre os resultados de penetração de cone e tensão de escoamento (BAUER et al., 2005)
A identificação de argamassas, com certa carência de pasta na composição, que é
denunciada por um aumento nos valores de tensão de escoamento, favorece a utilização do
método vane test no estudo da consistência e na definição de relações
Aglomerante/Agregado adequadas.
Quanto ao método de penetração de cone, devido a sua simplicidade, pode ser utilizado
mais como ferramenta de controle da consistência das argamassas, uma vez definida tal
propriedade em estudos preliminares, conforme também recomenda CASCUDO et al.
(2005).
5.1.2- Comparação entre os resultados de penetração de cone e espalhamento
A comparação dos resultados, obtidos a partir do ensaio de penetração de cone e mesa de
consistência, está apresentada na Figura 5.3. As curvas são representadas em termos do
espalhamento em função do valor de penetração de cone, considerando as relações
Aglomerante/Agregado utilizadas no estudo, no caso 5,5%, 16,5% e 27,5% (Figura 5.3-a,
5.3-b e 5.3-c, respectivamente).
156
Observa-se que a relação entre os valores de penetração de cone e espalhamento também
não são fortemente pronunciadas em todas as relações Aglomerante/Agregado. Quando a
relação Aglomerante/Agregado é de 5,5%, para uma penetração de cone de 45 mm,
encontram-se valores de espalhamento entre 133 e 252 mm (diferença de 119 mm),
diferença, que é diminuída quando a penetração aumenta para 55 mm, passando para um
intervalo entre 209 e 280 mm (diferença de 71). Quando a relação Aglomerante/Agregado
aumenta para 16,5% e 27,5%, a faixa de variação dos valores diminui consideravelmente e
os dois métodos passam a ter um grau de correlação aparentemente maior. Na relação
Aglomerante/Agregado igual a 27,5% a faixa de variação é entre 217 e 255 mm para 45
mm de penetração de cone (diferença de 38 mm) e 244 e 275 mm para 55 mm de
penetração de cone (diferença de 31 mm).
Nos casos analisados, o método da mesa de consistência, também, está sendo sensível a
algum parâmetro, que está provocando alterações nos valores de espalhamento, mesmo
considerando valores de consistência predefinidos. Em uma faixa de penetração de cone,
relativamente estreita (no caso, entre 45 e 55 mm), os valores de espalhamento podem ser
consideráveis, dependendo da argamassa avaliada.
Nesse caso, as diferenças podem ser pronunciadas, também, devido às características
inerentes à configuração dos dispositivos e aos procedimentos de ensaios utilizados na
avaliação das argamassas. Para o ensaio de penetração de cone, os fatores são os mesmos
apontados no item anterior, sendo, no caso do ensaio da mesa de consistência, necessário
considerar a metodologia de ensaio (medida de espalhamento horizontal logo após a
aplicação de determinado número de golpes), a massa de material analisado, que pode
variar de amostra para amostra e durante o ensaio.
Todos os fatores que, de certa forma, dificultam ou favorecem o cisalhamento relativo
entre as camadas internas da argamassa, absorvendo ou transmitindo parte da energia
gerada durante a aplicação dos golpes na mesa, influenciam o valor de espalhamento
durante o ensaio de consistência. Talvez, esses sejam os principais motivos que apontam
para a dificuldade de espalhamento em argamassa com deficiência de pasta entre as
partículas de agregados ou com excesso de ar incorporado na composição das argamassas.
Este último comportamento foi identificado por CAVANI et al. (1997), CALHAU (2000);
ALVES (2002), SOUSA e BAUER (2003) e BAUER et al (2005).
157
209
133
190
261252 280
100
150
200
250
300
350
45 50 55
Penetração de cone (mm)
Espa
lham
ento
(mm
)
Vagl/Vagr = 5,5%
a) Relação Aglomerante/Agregado = 5,5%
246235224
288 300275
100
150
200
250
300
350
45 50 55
Penetração de cone (mm)
Espa
lham
ento
(mm
)
Vagl/Vagr = 16,5%
b) Relação Aglomerante/Agregado = 16,5%
217 244227
275268255
100
150
200
250
300
350
45 50 55
Penetração de cone (mm)
Espa
lham
ento
(mm
)
Vagl/Vagr = 27,5% c) Relação Aglomerante/Agregado = 27,5%
Figura 5.3- Comparação entre os resultados de penetração de cone e espalhamento
Os fatores, que apontam para as dificuldades de correlacionar os valores de espalhamento
com a consistência das argamassas, são vários, conforme já foi discutido. Entretanto, o
método torna-se interessante durante uma avaliação qualitativa da estabilidade das
argamassas, no decorrer do ensaio (aplicação dos golpes na mesa). É possível observar, por
exemplo, se a argamassa tem determinada tendência à segregação, exsudação e até uma
deficiência de pasta. O método, ainda, pode ser utilizado como ferramenta de controle da
consistência, em argamassas previamente dosadas, porém, nessa condição, o método de
penetração de cone oferece maiores vantagens devido à simplicidade de operação,
permitindo inclusive avaliações em obra.
5.1.3- Comparação entre os resultados de tensão de escoamento e espalhamento
As comparações entre os resultados de tensão de escoamento e espalhamento estão
apresentadas na Figura 5.4, em função das relações Aglomerante/Agregado, considerando
cada agregado utilizado na pesquisa. Uma comparação geral, envolvendo todos os
resultados, está apresentada na Figura 5.4.
158
As curvas demonstram certo grau de simetria entre os diferentes resultados de tensão de
escoamento e de espalhamento em função da relação Aglomerante/Agregado. Numa
análise geral, percebe-se, ainda, que os valores analisados são inversamente proporcionais.
As características específicas de cada argamassa apontam para comportamentos bem
particulares para cada composição, fato que dificulta, de certa forma, o estabelecimento
direto de uma correlação entre os dois parâmetros avaliados. Entretanto, é possível
identificar grupos com comportamentos aparentemente similares.
O comportamento das composições com agregado AG1, AG2 e AG3 são similares,
apresentando as mesmas tendências. Essas composições podem ser colocadas em um
mesmo grupo com particularidades, que os diferenciam, de um segundo grupo formado
pelas composições AG4, AG5 e AG4C, que também apresentam tendências similares.
Na Figura 5.5, uma análise direta da correlação, entre os resultados de tensão de
escoamento e espalhamento, é favorecida. Nessa, observa-se que os valores obtidos no
estudo caracterizam uma tendência de comportamento que aponta para um elevado grau de
correlação entre os resultados. Esse fato indica que os valores fornecidos pelos dois
métodos de ensaio, no caso das argamassas avaliadas, aparentemente, estão sendo
influenciados pelos mesmos parâmetros, que caracterizam as argamassas. Entretanto, entre
os valores de espalhamento de 200 mm e 300 mm, existe uma concentração de pontos em
uma faixa com amplitude de aproximadamente 0,70 kPa21, valor que aponta para algumas
diferenças entre os valores fornecidos pelos dois medos de ensaio. Os resultados devem,
ainda, ser analisados com cautela, quando, na composição das argamassas, existirem
consideráveis teores de ar incorporado, onde as diferenças podem ser mais pronunciadas
(ALVES, 2002; SOUSA e BAUER, 2003; BAUER et al 2005).
No caso analisado, a correlação é favorecida devido ao grande intervalo de valores
observados (variando aproximadamente entre 0,68 e 5,4 kPa de tensão de escoamento e
entre 133 e 300 mm de espalhamento). Talvez, caso a faixa de valores do ensaio de
penetração de cone fosse ampliada, a correlação com os métodos vane test e mesa de
consistência também fosse visível.
21 A faixa analisada está indicada na Figura 5.5 a partir de linhas tracejadas que foram traçadas paralelas à curva de tendência dos pontos. Os valores destacados na curva, com um círculo em volta, indicam os limites da faixa considerada.
159
1,631,56
2,60
227235
190
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kP
a)
0
50
100
150
200
250
300
Esp
alha
men
to (m
m)
Vane Flow
a) Série AG1
1,82
0,75
1,24
213
288243
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kP
a)
0
50
100
150
200
250
300
Esp
alha
men
to (m
m)
Vane Flow
b) Série AG2
1,472,18
1,4
250221 260
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kP
a)
0
50
100
150
200
250
300
Esp
alha
men
to (m
m)
Vane Flow
c) Série AG3
1,25
0,990,97
265256
261
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kP
a)
0
50
100
150
200
250
300
Esp
alha
men
to (m
m)
Vane Flow
d) Série AG4
1,250,990,97
253260261
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kP
a)
0
50
100
150
200
250
300
Esp
alha
men
to (m
m)
Vane Flow
e) Série AG5
1,10 0,95 1,25
268273260
0,000,501,001,502,002,503,00
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
050100150200250300
Espa
lham
ento
Vane Flow
f) Série AG4C Figura 5.4- Comparação entre os resultados de tensão de escoamento e espalhamento, para
cada série estudada
R2 = 0,8213
0,000,501,001,502,002,503,003,504,004,505,005,506,00
100 150 200 250 300 350
Espalhamento (mm)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
) 5,40
2,56
1,33
0,68
1,82
Figura 5.5- Correlação entre os resultados de tensão de escoamento e espalhamento
160
5.1.4- Comparação entre os resultados de tensão de escoamento com os resultados de
coesão e ângulo de atrito interno
A comparação entre os resultados de tensão de escoamento, coesão e ângulo de atrito
interno estão apresentadas nas Figura 5.6 e Figura 5.7, respectivamente.
Observa-se, na Figura 5.6, que a tendência dos resultados de coesão é aumentar
sensivelmente quando o teor de aglomerante na mistura também aumenta. Contrariando a
tendência descrita, os valores do ângulo de atrito (Figura 5.6), apresentam uma correlação
inversa, diminuindo com o aumento do teor de aglomerante. Quando os valores de tensão
de escoamento são analisados, o comportamento identificado é particular a alguns grupos
de argamassas. Por exemplo, para a série com os agregados AG1, AG2 e AG3, os valores
iniciais de tensão de escoamento (correspondentes a uma relação Aglomerante/Agregado
igual a 5,5%) tendem a serem reduzidos com o aumento do teor de aglomerante na mistura
(ao aumentar a relação Aglomerante/Agregado para 16,5%). Com um novo aumento nessa
relação (agora para uma relação Aglomerante/Agregado igual a 27,5%), identifica-se uma
moderada tendência de aumento nos valores de tensão de escoamento. No primeiro trecho,
fica caracterizado um comportamento similar ao obtido nos valores do ângulo de atrito
interno (inverso com a relação Aglomerante/Agregado) e, no segundo trecho, um
comportamento mais parecido com o descrito para os valores de coesão (direto com a
relação Aglomerante/Agregado). Quanto às séries com agregados AG4 e AG5, nos teores
analisados, observa-se uma tendência direta de aumento dos valores de tensão de
escoamento, com o aumento no teor de aglomerante, comportamento similar ao obtido nos
valores de coesão.
161
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
0,0
2,5
5,0
7,5
10,0
12,5
15,0
17,5
20,0
Coe
são
(kPa
)
Tensão de escoamento Coesão a) Série AG1
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
0,0
2,5
5,0
7,5
10,0
12,5
15,0
17,5
20,0
Coe
são
(kPa
)
Tensão de escoamento Coesão b) Série AG2
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
0,0
2,5
5,0
7,5
10,0
12,5
15,0
17,5
20,0
Coe
são
(kPa
)
Tensão de escoamento Coesão c) Série AG3
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)0,0
2,5
5,0
7,5
10,0
12,5
15,0
17,5
20,0
Coe
são
(kPa
)
Tensão de escoamento Coesão d) Série AG4
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
0,0
2,5
5,0
7,5
10,0
12,5
15,0
17,5
20,0
Coe
são
(kPa
)
Tensão de escoamento Coesão e) Série AG5
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
0,0
2,5
5,0
7,5
10,0
12,5
15,0
17,5
20,0
Coe
são
(kPa
)
Tensão de escoamento Coesão f) Série AG4C
Figura 5.6- Comparação entre os resultados de tensão de escoamento e coesão para cada série estudada
Aparentemente, nas composições com AG1, AG2 e AG3, os valores de tensão de
escoamento podem estar sendo influenciados, inicialmente, pelo atrito entre as partículas
de agregado, devido ao baixo teor de aglomerante, fato que é minimizado quando a relação
Aglomerante/Agregado aumenta para 16,5%. Próximo de 27,5% de relação
Aglomerante/Agregado, uma vez não sofrendo forte influência do atrito entre as partículas
do agregado, a tendência de aumento no valor de tensão de escoamento pode estar sendo
influenciada, agora, por um outro parâmetro, que mostra certa dependência com o teor de
aglomerante como, por exemplo, a coesão entre as partículas. No caso das argamassas com
os agregado AG4 e AG5, devido às dimensões das partículas presentes, bem como sua
162
distribuição granulométrica, os efeitos do atrito são minimizados, sendo favorecida uma
maior influência da coesão.
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
Atri
to in
tern
o (G
rau)
Tensão de escoamento Atrito
a) Série AG1
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
Atri
to in
tern
o (G
rau)
Tensão de escoamento Atrito
b) Série AG2
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0A
trito
inte
rno
(Gra
u)
Tensão de escoamento Atrito
c) Série AG3
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
Atri
to in
tern
o (G
rau)
Tensão de escoamento Atrito
d) Série AG4
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
Atri
to in
tern
o (G
rau)
Tensão de escoamento Atrito
e) Série AG5
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
Atri
to in
tern
o (G
rau)
Tensão de escoamento Atrito
f) Série AG4C Figura 5.7- Comparação entre os resultados de tensão de escoamento e ângulo de atrito
interno para cada série estudada
A Figura 5.8 apresenta uma análise da correlação de todos os resultados de tensão de
escoamento em função da coesão e do ângulo de atrito interno. A análise permite
identificar que, no início, a tensão de escoamento diminui bruscamente com o aumento da
coesão, determinando um ponto de mínimo para uma coesão de aproximadamente 6,3 kPa,
a partir do qual a tensão de escoamento aumenta em menores proporções com o aumento
da coesão. No caso do atrito interno, identifica-se um comportamento inverso ao relatado
antes, sendo que, inicialmente, para valores de atrito interno relativamente menores, os
163
valores de tensão de escoamento também são menores, aumentando bruscamente à medida
que o ângulo de atrito interno tende a aumentar (aproximadamente acima de 30o).
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Coesão (kPa)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
a – Tensão de escoamento vs. coesão
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
20,0 25,0 30,0 35,0
Atrito interno (Grau)
Tens
ão d
e es
coam
ento
(kPa
)
b – Tensão de escoamento vs. Atrito interno Figura 5.8- Correlação entre os resultados de tensão de escoamento com os resultados de
coesão e ângulo de atrito interno
Em resumo, a análise da Figura 5.8 confirma as tendências observadas durante a análise
das Figuras 5.6 e 5.7, onde está claro que a tensão de escoamento determinada pelo método
vane test apresenta, em três momentos distintos, influências dos parâmetros atrito interno e
coesão. Considerando as argamassas avaliadas, têm-se:
• inicialmente, para baixos teores de aglomerante nas composições, as tensões
devido ao atrito interno prevalecem, provocando aumentos significativos nos
valores de tensão de escoamento (baixa coesão e elevado atrito interno);
• com o aumento do teor de aglomerante até certo limite, atinge-se um ponto
necessário de lubrificação entre as partículas de agregado, provocando redução no
atrito interno o que caracteriza um ponto de mínima tensão de escoamento
(equilíbrio entre coesão e atrito interno);
• novos aumentos, no teor de aglomerante, começam a influenciar na coesão o que
determina novos aumentos nos valores de tensão de escoamento (elevada coesão e
baixo atrito interno).
5.1.5- Comparação entre os resultados de espalhamento, coesão e ângulo de atrito
interno
Complementando a análise, as Figuras 5.9 e 5.10 apresentam uma comparação entre os
resultados de espalhamento, coesão e ângulo de atrito interno. As mesmas observações
feitas anteriormente para descrever o comportamento da tensão de escoamento, em função
dos valores de coesão e atrito interno, também são válidas neste item.
164
0
50
100
150
200
250
300
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Espa
lham
ento
(mm
)
0,02,55,07,510,012,515,017,520,0
Coe
são
(kPa
)
Espalhamento Coesão
a) Série AG1
0
50
100
150
200
250
300
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Espa
lham
ento
(mm
)
0,02,55,07,510,012,515,017,520,0
Coe
são
(kPa
)
Espalhamento Coesão
b) Série AG2
0
50
100
150
200
250
300
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Espa
lham
ento
(mm
)
0,02,55,07,510,012,515,017,520,0
Coe
são
(kPa
)
Espalhamento Coesão
c) Série AG3
0
50
100
150
200
250
300
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Espa
lham
ento
(mm
)0,02,55,07,510,012,515,017,520,0
Coe
são
(kPa
)
Espalhamento Coesão
d) Série AG4
0
50
100
150
200
250
300
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Espa
lham
ento
(mm
)
0,02,55,07,510,012,515,017,520,0
Coe
são
(kPa
)
Espalhamento Coesão
e) Série AG5
0
50
100
150
200
250
300
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Espa
lham
ento
(mm
)
0,02,55,07,510,012,515,017,520,0
Coe
são
(kPa
)
Espalhamento Coesão
f) Série AG4C Figura 5.9- Comparação entre os resultados de espalhamento e coesão para cada série
estudada
165
150
175
200
225
250
275
300
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Espa
lham
ento
(mm
)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
Atri
to in
tern
o (G
rau)
Espalhamento Atrito
a) Série AG1
150
175
200
225
250
275
300
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Espa
lham
ento
(mm
)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
Atri
to in
tern
o (G
rau)
Espalhamento Atrito
b) Série AG2
150
175
200
225
250
275
300
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Espa
lham
ento
(mm
)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
Atri
to in
tern
o (G
rau)
Espalhamento Atrito
c) Série AG3
150
175
200
225
250
275
300
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Espa
lham
ento
(mm
)0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
Atri
to in
tern
o (G
rau)
Espalhamento Atrito
d) Série AG4
150
175
200
225
250
275
300
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Espa
lham
ento
(mm
)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
Atri
to in
tern
o (G
rau)
Espalhamento Atrito
e) Série AG5
150
175
200
225
250
275
300
5,5 16,5 27,5
Relação Aglomerante/Agregado (%)
Espa
lham
ento
(mm
)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
Atri
to in
tern
o (G
rau)
Espalhamento Atrito
f) Série AG4C Figura 5.10- Comparação entre os resultados de espalhamento e ângulo de atrito interno
para cada série estudada Para os valores de espalhamento, o comportamento identificado apresenta trechos, que
exibem tendências de aumento do espalhamento com o aumento da relação
Aglomerante/Agregado (entre 5,5% e 16,5%) – similar ao ângulo de atrito interno, e
trechos onde se identifica certa tendência de redução dos valores de espalhamento com o
aumento da relação Aglomerante/Agregado (no caso entre 16,5% e 27,5%) – similar à
coesão. Entretanto, nas séries com agregado AG4 e GA5, esses trechos não são bem
definidos como nos demais, obtendo-se valores de espalhamento muito próximos, apenas,
com uma leve tendência de caimento como o aumento do teor de aglomerante na mistura –
similar à coesão.
166
No caso dos resultados da mesa de consistência, percebe-se que os valores de
espalhamento também estão sendo influenciados por ambos os parâmetros coesão e atrito
interno. Cabe destacar, ainda, que o aumento do espalhamento, inicialmente identificado,
pode ser justificado devido ao fato de o ângulo de atrito estar sendo reduzido com o
aumento do teor de aglomerante (favorecimento do fluxo relativo entre as partículas de
agregado), aumento que, indiretamente, resulta em maiores valores de coesão. Os maiores
valores de coesão podem provocar, ainda, reduções nos valores de espalhamento, como
observado individualmente nas composições AG1, AG2, AG3. O comportamento de
redução do espalhamento com o aumento do teor de aglomerante na mistura, também foi
relatado por SELMO (1989), sendo neste caso associado ao aumento de plasticidade da
argamassa.
A Figura 5.11 apresenta uma comparação entre todos os resultados de espalhamento em
função da coesão e do ângulo de atrito interno. A análise permite identificar que, no início,
o espalhamento aumenta ligeiramente com o aumento da coesão. Para uma coesão próxima
de 6,3 kPa, a relação torna-se, praticamente, constante. No caso do atrito interno,
identifica-se um comportamento inverso ao que antes foi relatado, sendo, inicialmente,
identificado um trecho constante sem grandes alterações, reduzindo ligeiramente os valores
de espalhamento quando o ângulo de atrito atinge valores acima de aproximadamente 30o.
150
170
190
210
230
250
270
290
310
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Coesão (kPa)
Espa
lham
ento
(mm
)
a – Espalhamento vs. coesão
150
170
190
210
230
250
270
290
310
20,0 25,0 30,0 35,0
Atrito interno (Grau)
Espa
lham
ento
(mm
)
b – Espalhamento vs. coesão Figura 5.11- Correlação entre os resultados de espalhamento com os resultados de coesão e
ângulo de atrito interno
167
5.2- ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE TRABALHABILIDADE COM BASE NOS
RESULTADOS FORNECIDOS PELOS DIFERENTES MÉTODOS DE ENSAIO
As argamassas foram, ainda, caracterizadas visualmente ao longo do estudo, sendo
descritas conforme as propriedades apresentadas na Tabela 5.1. Na avaliação, cada
argamassa recebeu uma denominação correspondente à propriedade avaliada (por exemplo,
com plasticidade – CP ou sem plasticidade SP). Os resultados são apresentados
individualmente nas Tabelas 5.2, para cada agregado, em função da relação
Aglomerante/Agregado. Essa descrição teve como principal objetivo informar como cada
argamassa se apresentava durante o desenvolvimento do estudo. Para facilitar, ainda, a
interpretação, foi atribuído a cada propriedade avaliada, um peso correspondente a 0 ou 25,
caso atendesse ou não uma classificação de argamassa com consistência adequada, com
plasticidade, sem exsudação e sem aspereza (Tabela 5.1).
Tabela 5.1- Propriedades empíricas avaliadas durante o estudo das argamassas
Consistência Plasticidade Aspereza Exsudação Consistência seca
- CS – Peso = 0
Com Plasticidade - CP –
Peso = 25
Com aspereza - CA –
Peso = 0
Com exsudação - CE –
Peso = 0 Consistência adequada
- C – Peso = 25
Consistência fluida - CF –
Peso = 0
Sem Plasticidade - SP –
Peso = 0
Sem aspereza - SA –
Peso = 25
Sem exsudação - SE –
Peso = 25
É claro que uma condição de trabalhabilidade tem um conceito bem mais amplo
(dependendo de parâmetros internos e externos como já foi discutido anteriormente), não
sendo suficiente caracterizar propriedades como plasticidade, consistência, exsudação e
aspereza. Entretanto, é óbvio que tais propriedades exercem considerável influência na
definição de uma condição de trabalhabilidade, principalmente, durante procedimentos
corriqueiros de dosagem, onde uma avaliação qualitativa da argamassa é essencial.
Os valores apresentados na Tabela 5.2 correspondem apenas àqueles obtidos nos projetos
experimentais (II, III, IV, V, VI) com uma consistência avaliada pelo método de
penetração de cone igual a 50 mm. Esse critério foi utilizado devido ao fato de alguns
projetos experimentais (no caso o projeto experimental IV e V) não apresentarem estudos
com os outros valores de consistência considerados (45 e 55 mm). Os valores de relação
168
Aglomerante/Agregado obtidos no estudo de dosagem, considerando cada agregado,
também estão disponibilizados na referida tabela.
Como premissa, foi considerado, ainda, que todas as argamassas apresentavam
consistência adequada, fixada em 50 mm de penetração de cone.
Tabela 5.2- Avaliação empírica das argamassas estudas nos projetos experimentais Série Consistência Plasticidade Aspereza Exsudação Soma dos
Pesos AG1-5,5 CA 25 SP 0 CA 0 CE 0 25 AG1-16,5 CA 25 SP 0 CA 0 SE 25 50 AG1-27,5 CA 25 CP 25 CA 0 SE 25 75
Valor de relação Aglomerante/Agregado obtido no Estudo Piloto com o agregado AG 1 = 26,8% AG2-5,5 CA 25 SP 0 CA 0 CE 0 25 AG2-16,5 CA 25 SP 0 CA 0 SE 25 50 AG2-27,5 CA 25 CP 25 SA 25 SE 25 100
Valor de relação Aglomerante/Agregado obtido no Estudo Piloto com o agregado AG 2 = 17,6% AG3-5,5 CA 25 SP 0 CA 0 CE 0 25 AG3-16,5 CA 25 CP 25 SA 25 SE 25 100 AG3-27,5 CA 25 CP 25 SA 25 SE 25 100
Valor de relação Aglomerante/Agregado obtido no Estudo Piloto com o agregado AG 3 = 16,7% AG4-5,5 CA 25 SP 0 CA 0 CE 0 25 AG4-16,5 CA 25 CP 25 SA 25 SE 25 100 AG4-27,5 CA 25 CP 25 SA 25 SE 25 100
Valor de relação Aglomerante/Agregado obtido no Estudo Piloto com o agregado AG 4 = 13,0% AG5-5,5 CA 25 SP 0 SA 25 CE 0 50 AG5-16,5 CA 25 CP 25 SA 25 SE 25 100 AG5-27,5 CA 25 CP 25 SA 25 SE 25 100
Valor de relação Aglomerante/Agregado obtido no Estudo Piloto com o agregado AG 5 = 11,0% AG4C-5,5 CA 25 SP 0 CA 0 CE 0 25
AG4C-16,5 CA 25 CP 25 SA 25 SE 25 100 AG4C-27,5 CA 25 CP 25 SA 25 SE 25 100
Pelos critérios adotados, percebe-se que as argamassas, com agregado AG1, não
receberam, para todos os teores de aglomerante, uma avaliação com a soma total dos pesos
igual a 100, sendo a aspereza apontada como principal causa, uma vez que tal propriedade
está presente em todas as avaliações. Esse comportamento também foi verificado durante o
estudo de dosagem, onde, segundo relatos dos avaliadores, a mesma, apesar dos elevados
teores de cal utilizados, ainda se apresentava áspera. A Figura 5.12 mostra esse
comportamento.
Para as argamassas produzidas com os demais agregados o comportamento identificado
foi, visualmente, bem próximo da argamassa apresentada na Figura 5.13. Essa figura
169
retrata o aspecto da argamassa com agregado AG4, com relação Aglomerante/Agregado
igual 27,5%, mesmo teor de cal utilizado na argamassa apresentada na Figura 5.12.
Figura 5.12- Aspecto da argamassa com agregado AG1 com 27,5% de relação
Aglomerante/Agregado
Figura 5.13- Aspecto da argamassa com agregado AG4 com 27,5% de relação Aglomerante/Agregado
170
Baseado nos critérios adotados para caracterizar as argamassas, procurou-se estabelecer
uma escala capaz de definir, inicialmente, uma determinada condição de trabalhabilidade
(em termos das propriedades consistência, plasticidade, aspereza e exsudação). Essa escala
foi definida a partir da soma dos pesos obtidos em cada argamassa, variando-se o teor de
cal na composição. Em resumo, a Figura 5.14 ilustra o comportamento desses pesos em
função do teor de cal.
Percebe-se que as curvas apontam comportamentos bem diferenciados dependendo do
agregado utilizado na composição da argamassa, cabendo destacar:
1. argamassas onde necessitam de teores de cal bem maiores para atingir uma
determinado condição de trabalhabilidade (séries com agregados AG1 e AG2);
2. argamassas que atendem a uma condição de trabalhabilidade com teores de cal
relativamente baixos (séries com agregados AG3, AG4 e AG5);
3. argamassas onde, uma vez atingida uma condição de trabalhabilidade, não se
identificam grandes alterações visuais nessa condição, mesmo provocando novos
aumentos no teor de cal (séries com agregados AG3, AG4 e AG5); e
4. argamassas onde o teor de finos presentes na composição do agregado é suficiente
para favorecer determinadas propriedades no estado fresco, como, por exemplo, a
plasticidade (séries com agregado AG5).
0
20
40
60
80
100
120
5,5 16,5 27,5
Relação Cal/Agregado (%)
Índi
ce q
ualit
ativ
o de
tra
balh
abili
dade
AG1 AG2 AG3 e AG4 AG5 Figura 5.14- Comportamento da trabalhabilidade em função do teor de cal
Pode-se afirmar que, caso fosse possível medir a trabalhabilidade a partir de uma escala
bem definida, tal propriedade teria um comportamento em função do teor de cal, conforme
descreve a Figura 5.15, sendo:
171
1. um primeiro trecho (baixos teores de cal) onde a argamassa teria suas propriedades
no estado fresco ainda pouco influenciadas diante de uma condição específica
imposta principalmente pelas características do agregado (distribuição
granulométrica, dimensão máxima, teor de finos, dentre outros);
2. um segundo trecho onde a argamassa teria suas propriedades no estado fresco
sensivelmente influenciadas por qualquer alteração no teor de cal, sendo
identificado uma argamassa com plasticidade, sem exsudação, sem aspereza, com
adesão, etc; e
3. um terceiro trecho, além do qual tais propriedades não sofrem considerável
influência com a variação do teor de cal, podendo até influenciar negativamente na
trabalhabilidade da mesma, caso venha a atrapalhar durante a etapa de aplicação.
Teor de cal
Trab
alha
b ilid
ade
Trecho 1
Trecho 2
Trecho 3
Figura 5.15- Comportamento da trabalhabilidade em função do teor de cal – modelo
proposto
Na discussão apresentada, pode-se considerar um certo teor de cimento, substituindo parte
do volume de cal utilizado. Isso porque os resultados analisados no Projeto Experimental
VI apontam que substituições de cal por cimento em até 50% do volume total de
aglomerante não provocam alterações perceptíveis nas propriedades das argamassas no
estado fresco. Essa condição torna-se interessante durante um procedimento usual de
dosagem de argamassas mistas, onde o estudo das propriedades no estado fresco poderia
ser tratado apenas considerando três materiais, no caso a cal, o agregado e a água. Na
seqüência, o cimento seria introduzido na quantidade suficiente (substituindo parte do
volume de cal necessário), apenas para atingir determinadas propriedades no estado
endurecido como, por exemplo, resistência de aderência. Entretanto, tal afirmação não
deve ser generalizada uma vez que apenas um tipo de cimento e cal está sendo avaliado e,
172
em determinadas situações, a cal pode ser aditivada, tendo suas propriedades
potencializadas.
Os teores de cal em excesso, na composição das argamassas, ainda, devem ser avaliados,
uma vez que podem prejudicar as propriedades das argamassas de revestimento no estado
endurecido, principalmente, causando o aparecimento de fissuras no revestimento.
A Tabela 5.3, em outra análise, compara os valores obtidos nos diferentes métodos de
ensaio com a classificação qualitativa apontada anteriormente (Tabela 5.2). Os resultados
individuais obtidos, em cada método de ensaio, estão classificados a partir da soma dos
pesos, na Tabela 5.4 (soma dos pesos considerados 25, 50 e 100). Nessa classificação, o
valor correspondente à soma dos pesos igual a 75 na série AG1 foi incorporado aos valores
com soma dos pesos igual a 100. O objetivo dessa análise é identificar, por meio dos
parâmetros, condições que levem a definir uma argamassa como trabalhável.
Tabela 5.3- Comparação entre os resultados obtidos nos projetos experimentais Série Soma dos
pesos PC (mm) TE (kPa) ES (mm) Pag (%) Coesão (kPa) Atrito (o)
AG1-5,5 25 50 2,60 190 38 4,5 34,0 AG1-16,5 50 50 1,56 235 13 5,3 30,7 AG1-27,5 75 50 1,63 227 8 12,7 30,2 AG2-5,5 25 50 1,82 213 35 5,6 33,3
AG2-16,5 50 50 1,14 288 15 7,3 30,2 AG2-27,5 100 50 1,24 243 10 10,1 28,2 AG3-5,5 25 50 2,18 221 28 5,3 32,2
AG3-16,5 100 50 1,40 260 14 7,9 29,4 AG3-27,5 100 50 1,47 250 9 12,0 28,2 AG4-5,5 25 50 0,97 261 24 6,3 29,9
AG4-16,5 100 50 0,99 265 13 11,0 28,2 AG4-27,5 100 50 1,25 256 9 15,8 26,0 AG5-5,5 50 50 0,97 261 24 6,0 30,8 AG5-16,5 100 50 0,99 260 10 12,5 26,6 AG5-27,5 100 50 1,40 253 6 18,0 22,9 AG4C-5,5 25 50 1,10 260 29 5,4 31,9
AG4C-16,5 100 50 0,95 273 15 10,8 29,5 AG4C-27,5 100 50 1,25 268 10 16,4 25,4
PC – Valor de penetração de cone TE - Tensão de escoamento obtido pelo método vane test em kPa ES – Valor de espalhamento obtido na mesa de consistência em mm Pag – Perda de água sob sucção em %
No caso do ensaio de penetração de cone, apesar de não ser tratado na Tabela 5.4, por
questões metodológicas (já que foram assumidos os valores de 45, 50 e 55 mm como
173
predefinições iniciais de cada projeto experimental), os resultados obtidos no estudo
permitem indicar que faixas de valores entre 45 e 55 mm são condizentes com
consistências usuais de argamassas mistas trabalháveis (conforme foram apresentados na
revisão bibliográfica).
Tabela 5.4- Resumo dos parâmetros medidos pelos métodos de ensaio
Soma dos pesos = 100 Soma dos pesos = 50 Soma dos pesos = 25 Propriedade Média Mínimo Máximo Média Mínimo Máximo Média Mínimo Máximo
TE (kPa) 1,26 0,95 1,63 1,22 0,97 1,56 1,73 0,97 2,60 ES (mm) 256 227 273 261 235 288 229 190 261 Pag (%) 10 6 15 17 13 24 31 24 38
Coesão (kPa) 12,7 7,9 18,0 6,2 5,3 7,3 5,4 4,5 6,3 Atrito (o) 27,5 22,9 30,2 30,6 30,2 30,8 32,3 29,9 34,0
TE - Tensão de escoamento obtido pelo método vane test em kPa ES – Valor de espalhamento obtido na mesa de consistência em mm Pag – Perda de água sob sucção em %
Pela Tabela 5.4, percebe-se que parâmetros, como tensão de escoamento e espalhamento,
apresentam uma faixa de valores, mínimos e máximos, muito ampla, considerando todos
os pesos (25, 50 e 100). Isso mostra que a análise isolada desses parâmetros é insuficiente
para caracterizar uma condição de trabalhabilidade. Esse comportamento pode ser
justificado pelo fato de a consistência das argamassas ter sido fixada durante o
desenvolvimento do estudo (penetração de cone de 50 mm), condição que pode, de certa
forma, limitar a faixa de valores obtidos pelos referidos métodos durante a avaliação da
consistência. Entretanto, valores de tensão de escoamento em torno de 1,25 kPa e valores
de espalhamento em torno de 260 mm, aparentemente, são bem razoáveis, refletindo em
faixas de valores usuais no estudo de argamassas mistas de cimento e cal. É evidente que
outras condições, também importantes para a trabalhabilidade, devem ser ainda avaliadas
como, por exemplo, a massa específica da argamassa, a espessura do revestimento, as
características da base, o tipo de aplicação e transporte, dentre outros. Esses parâmetros,
em determinados momentos, podem implicar na necessidade de redução ou no aumento da
tensão de escoamento para uma determinada trabalhabilidade (conforme análise feita no
item 2.3.2.6, baseada nas referências: NAVARRO (1997) e DE LARRARD (1999)). No
caso do método vane test, essa abordagem pode justificar as diferenças nos valores de
tensão de escoamento encontrados por ALVES (2002), avaliando argamassas com aditivos
incorporadores de ar (entre 0,71 e 0,81 kPa), por SANTOS (2003), avaliando argamassas
para projeção (no mínimo 0,42), e por PAES (2004), avaliando argamassas mistas de
cimento e cal (entre 1,19 e 1,70 kPa).
174
Para o ensaio de perda de água por sucção, que tinha como objetivo principal avaliar o
potencial de exsudação de cada argamassa, este se mostrou bastante sensível às mudanças
nos teores de aglomerante, sendo possível classificar bem cada faixa (peso = 100 => faixa
entre 6 e 15; peso = 50 => faixa entre 13 e 24; peso = 25 => faixa entre 24 e 38). Para as
argamassas, que receberam a menor classificação (soma dos pesos = 25), o valor de perda
de água é bem diferenciado dos valores obtidos nas argamassas com a maior classificação
(soma dos pesos = 100). Valores de perda de água sob sucção, abaixo de 15%, parecem ser
bem razoáveis. Deve-se destacar que uma condição de exsudação é, na maioria das vezes,
resolvida indiretamente, durante uma etapa de dosagem, uma vez que, inicialmente, busca-
se corrigir propriedades como, por exemplo, aspereza, coesão, plasticidade e consistência,
propriedades também dependentes do teor de aglomerante na mistura.
No caso dos resultados de ensaio de cisalhamento direto, apresentados na Tabela 5.4,
observa-se que as faixas de variações dos resultados de coesão e ângulo de atrito interno é
relativamente ampla (considerando soma dos pesos = 100 => coesão entre 7,9 - 18,0 kPa e
atrito interno entre 22,9o - 30,2o). Em algumas situações, percebe-se, claramente, que a
busca por se corrigir determinadas propriedades, aumentando o teor de aglomerante, causa
variações em outras, também influenciadas por tal parâmetro. No presente estudo, temos,
como exemplo, a argamassa com agregado AG1 que, ao se buscar corrigir o elevado grau
de aspereza (identificado no estudo de dosagem), aumentando o teor de cal na mistura,
tem-se como reflexo direto o aumento da coesão e redução do ângulo de atrito interno.
Estimar valores de referência para auxiliar em uma definição de trabalhabilidade, no caso
da coesão e do ângulo de atrito interno, ainda é cedo devido aos poucos estudos realizados,
porém valores acima de 8,0 kPa para a coesão e menores que 30o de atrito interno, parecem
razoáveis para se caracterizar uma argamassa no estado fresco. Indiretamente, esses
parâmetros podem influenciar qualitativamente em aspectos como aspereza e plasticidade,
respectivamente. Entretanto, os parâmetros não auxiliam numa avaliação da consistência,
uma vez que, durante o ensaio, a amostra de argamassa é submetida a uma condição de
carregamento (confinamento) que, de certa forma, altera suas condições iniciais (sem
carregamento), dificultando a avaliação de tal parâmetro. Nesse caso, é necessária, ainda,
uma avaliação da argamassa em condições sem carregamento (não confinada) como
determina os métodos da mesa de consistência, penetração de cone e vane test, sendo que o
método vane test oferece uma maior sensibilidade às variações nas propriedades das
argamassas no estado fresco.
175
5.3- ANÁLISE DOS PARÂMETROS DE MISTURA
A contribuição dos teores de aglomerante, nas propriedades no estado fresco das
argamassas (no caso, cimento e cal), pode se manifestar reologicamente nos diferentes
parâmetros que governam uma condição de fluxo. No caso dos resultados fornecidos pelos
métodos de penetração de cone, mesa de consistência, vane test e cisalhamento direto,
percebe-se que as tendências dos valores apresentados, em função do teor de aglomerante
na composição (considerando um mesmo teor de água), apontam para três estágios bem
característicos, conforme ilustra a Figura 5.16.
Caso A - Método vane testCaso B - Método de penetração de cone e mesa de consistência
Relação Aglomerante/Agregado em volume
Tens
ão d
e es
coa m
ento
Caso A
Espa
lham
ent o
/Pen
et. d
e co
ne
Caso B
Relação Aglomerante/Agregado em volume
Estágio I
Estágio II
Estágio IIIEstágio I
Estágio II
Estágio III
Figura 5.16- Modelo de relação entre os resultados fornecidos pelos métodos de penetração de cone, mesa de consistência e vane test
Onde se destacam:
Estágio I- teores reduzidos de aglomerantes favorecem o predomínio dos contatos de
alta fricção entre os agregados, resultando em dificuldades de cisalhamento (maiores
valores de tensão de escoamento), espalhamento (menores valores de espalhamento) e
penetração de cone (menores valores de penetração de cone);
Estágio II- à medida que se eleva o teor de aglomerante, esses contatos são
minimizados, caracterizando um efeito lubrificante entre as partículas de agregado, e as
argamassas passam a responder com menores valores de tensão de escoamento e
maiores valores de espalhamento e penetração de cone;
Estágio III- apesar da ausência de aglomerante dificultar a movimentação dos
agregados, conforme já foi apontado anteriormente, a presença em excesso (acima dos
valores que refletem em um ponto de máxima fluidez) pode até resultar em aumentos
176
na tensão de escoamento e em menores valores de espalhamento e penetração de cone
(aumento da coesão).
Os resultados obtidos no ensaio de cisalhamento direto auxiliam mais ainda na análise do
comportamento relatado anteriormente. Pelos valores de coesão e ângulo de atrito interno,
percebe-se que o Estágio I é caracterizado pelos maiores valores de atrito interno o que
demonstra aumentos significativos nos valores de tensão de escoamento. No Estagio III,
após o ponto de máxima fluidez verificado no estágio II, os aumentos, nos valores de
tensão de escoamento, correlacionam-se com os aumentos nos valores de coesão.
Tal discussão aponta para a existência de certo teor de aglomerante, que deve estar
presente na argamassa, para minimizar o atrito entre os grãos do agregado (conforme foi
relatado por FERRARIS et al., 1998 e OLIVEIRA et al. 2000), favorecendo, ainda, a
coesão entre as partículas (coesão da argamassa). É certo que esse teor é particular a cada
agregado, tendo forte dependência da distribuição granulométrica, dimensão máxima, teor
de finos, textura e forma dos grãos constituintes, que podem resultar em dificuldades ou
facilidades de movimentação relativa entre as partículas.
As fotografias das argamassas, logo após o ensaio de perda de água, também apontam para
o caminho das análises feitas, podendo até serem utilizadas para ilustrar os estágios
relatados, conforme mostram alguns exemplos selecionados na Figura 5.17.
Um parâmetro, que merece destaque, é o teor de finos presente, uma vez que esse pode
atuar como elemento de transição entre os grãos maiores do agregado e as partículas de
aglomerante, contribuindo no processo de lubrificação, exercendo, em parte, o papel das
partículas do aglomerante, conforme ilustra a Figura 5.18.
177
a) Estágio I
b) Estágio II
c) Estágio III
Figura 5.17- Ilustração da influência do teor de aglomerante nas propriedades das argamassas no estado fresco
a) Estágio I
b) Estágio II
c) Estágio III
Figura 5.18- Ilustração da influência do teor finos na conexão entre as partículas maiores do agregado e as partículas de aglomerante
1 mm
1 mm
178
Numa análise visual da trabalhabilidade, o teor de finos pode influenciar decisivamente na
definição da demanda de aglomerante. Essa afirmação pode ser, claramente, identificada a
partir dos resultados obtidos no estudo piloto onde a demanda de cal foi diminuindo à
medida que o teor de partículas, com faixa granulométrica menor que 0,3 mm, foi
aumentando na composição do agregado. Uma forma de expressar tal comportamento é
analisando a relação Aglomerante/Agregado em função do módulo de finura dos agregados
utilizados. A Figura 5.19 apresenta essa relação destacando, ainda, os agregados utilizados
e as variações nos valores de relação Aglomerante/Agregado das argamassas
(diferenciadas na legenda em função das somas dos pesos adotados no julgamento
qualitativo da trabalhabilidade). Observa-se que, com a diminuição do módulo de finura,
caracterizando a presença de partículas de dimensões menores, a demanda de cal para uma
condição de mesma trabalhabilidade diminui; do contrário, com o aumento do módulo de
finura, a demanda de cal aumenta.
0,0
5,5
11,0
16,5
22,0
27,5
33,0
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
Módulo de finura (%)
Agl
omer
ante
/Agr
egad
o (%
)
Estudo Piloto Pesos = 100 Pesos = 50 Pesos = 25
AG5 AG4 AG3 AG2 AG1
Figura 5.19- Relação Aglomerante/Agregado em função do módulo de finura
Em outra análise, a Figura 5.20 apresenta a influência da relação entre o volume total de
finos presente na argamassa (incluindo os finos do agregado menores que 0,075 e o teor de
aglomerante) e o volume total de agregado, na definição qualitativa de trabalhabilidade
(utilizando a soma dos pesos, anteriormente, definida). Identifica-se que, com o aumento
do teor de finos na composição da argamassa, o índice de trabalhabilidade também
aumenta. Em uma relação Finos Totais/Agregado acima de 18%, esse índice torna-se
179
praticamente constante e máximo (soma dos pesos = 100). Esse valor pode ser adotado
como referência em estudos iniciais de dosagem de argamassas mistas de cimento e cal
trabalháveis, onde o teor de aglomerante (especialmente a cal) seria definido, tendo, como
base, o teor de finos presente no agregado. Entretanto, deve-se destacar que estudos
avaliando outras granulometrias e propriedades (principalmente no estado endurecido),
ainda, precisam ser desenvolvidos.
0
20
40
60
80
100
120
0 3 5 8 10 13 15 18 20 23 25 28 30
Relação finos totais/agregado em volume (%)
índi
ce q
ualit
ativ
o de
tra
balh
abili
dade
AG1 AG2 AG3 AG4 AG5
Figura 5.20- Comportamento da trabalhabilidade em função do teor de finos totais
presentes na argamassa
A condição relatada anteriormente é melhor visualizada nas séries como agregado AG2,
AG3, AG4 e AG5. Na série AG1, as características do agregado utilizado impossibilitaram
obter uma argamassa trabalhável.
180
6- CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS
FUTUROS
A seguir, com base nos resultados dos programas experimentais apresentados no capítulo 4
e nas análises realizadas no Capítulo 5, são apresentadas as principais constatações
observadas no desenvolvimento da tese. Algumas sugestões para trabalhos futuros constam
no final deste capítulo.
6.1- CONCLUSÕES
A realização desta pesquisa experimental teve como principal conclusão a de que foi
possível quantificar parâmetros representativos de uma dada condição de trabalhabilidade.
Os métodos de ensaio como: a mesa de consistência, o ensaio de penetração de cone, o
vane test, o ensaio de cisalhamento direto e perda de água sob sucção permitiram uma
interpretação mais ampla de propriedades como consistência, plasticidade, aspereza e
exsudação. Essas propriedades foram maximizadas e minimizadas a partir de variações na
composição das argamassas como: distribuição granulométrica, teor de finos, teor de água
e teor e natureza do aglomerante.
No estudo piloto, as variações realizadas nas composições granulométricas, simulando
areias classificadas como médias ou finas, com deficiência ou excesso de finos,
influenciaram decisivamente na demanda de aglomerante e de água, na opinião de três
avaliadores distintos. Nesse estudo, os agregados, com maior percentual de partículas na
faixa entre 1,2 e 0,6 mm, exigiram maiores demandas de aglomerante para uma mesma
condição de trabalhabilidade (condição identificada no agregado AG1). Um dos principais
fatores, que influenciaram na demanda de aglomerante, segundo relatos dos avaliadores,
foi a aspereza dessas argamassas. Nos agregados, com um maior percentual de partículas
menores que 0,3 mm, os teores de aglomerante necessários foram reduzidos
consideravelmente (condição identificada principalmente no agregado AG4 e AG5).
Quanto à demanda de água, a tendência observada foi, praticamente, inversa à demanda de
aglomerante. As argamassas, com agregados contendo um maior percentual de partículas
entre 1,2 e 0,6 mm, exigiram menores teores de água para uma mesma trabalhabilidade,
enquanto os agregados, com um percentual maior de partículas menores que 0,3 mm,
181
exigiram uma demanda maior. Nesse estudo, identificou-se ainda que, dentre as várias
propriedades no estado fresco, a consistência, a plasticidade, a exsudação, a aspereza e a
adesão inicial, apesar de serem avaliadas qualitativamente, exercem grande destaque
durante uma avaliação preliminar de trabalhabilidade.
Assumindo-se que a consistência é uma medida indireta da resistência ao cisalhamento
entre camadas adjacentes da argamassa, em uma taxa de cisalhamento constante (em
condições de não confinamento como no método de cisalhamento direto), tem-se que os
ensaios de penetração de cone, mesa de consistência e vane test podem ser classificados
como ensaios para avaliar a consistência das argamassas.
O método da mesa de consistência, apesar das críticas, mostrou-se com certa sensibilidade
na avaliação da consistência das argamassas. Essa sensibilidade foi traduzida em termos de
uma maior ou menor dificuldade de espalhamento (com a aplicação dos golpes na mesa de
consistência), provocada pela ação do atrito e/ou coesão entre as partículas constituintes
das argamassas. Com esse método, é possível realizar trabalhos de controle de argamassas,
principalmente as que são mistas de cimento e cal, onde o meio técnico apresenta um
grande conhecimento e capacidade de interpretação dos resultados. Durante o estudo, o
método permitiu, também, uma avaliação qualitativa das argamassas, possibilitando
identificar misturas com deficiência de pasta, com forte tendência à segregação e
exsudação. Valores entre 260 e 270 mm podem ser tratados como referência de
consistência para argamassas mistas de cimento e cal, considerando, ainda, um processo de
aplicação manual.
O método de penetração de cone também ofereceu certa sensibilidade às variações na
composição das argamassas, podendo ser utilizado como ferramenta de controle da
consistência. Essa sensibilidade é expressa em termos da facilidade ou dificuldade de
penetração do dispositivo, provocando deformação e cisalhamento na amostra ensaiada.
Faixa de valores entre 45 e 55 mm podem ser considerados como indicativos de
consistências adequadas para argamassas mistas de cimento e cal, tendo em vistas, ainda,
um processo de aplicação manual.
O método vane test, em relação aos demais ensaios, ofereceu uma maior sensibilidade na
determinação da resistência de cisalhamento das argamassas, permitindo uma análise mais
182
precisa da consistência em função das variações nos teores de materiais. Tal sensibilidade
foi traduzida em termos de uma dificuldade ou facilidade de cisalhamento entre as
camadas, provocada pelo aumento do atrito interno ou da coesão entre as partículas. Outro
ponto favorável ao método vane test foi a possibilidade de avaliação de uma grandeza
física fundamental para o estudo da reologia dos materiais, no caso a tensão de
escoamento. Valores, em torno de 1,25 kPa de tensão de escoamento pelo método vane
test, podem ser uma referência para argamassas de revestimento, mistas de cimento e cal,
considerando um processo de aplicação manual.
Os valores apresentados como referência de consistência adequada (em todos os métodos),
não devem ser encarados como parâmetros únicos na definição de uma argamassa
trabalhável, uma vez que essa propriedade tem um conceito mais amplo. As condições
específicas como, por exemplo: a espessura da camada de revestimento, a massa específica
do material, ferramentas de transporte e aplicação, além das características da base, ainda,
devem ser observadas.
Os métodos apontados para avaliar a consistência (mesa de consistência, vane test e
penetração de cone), apresentaram certo grau de correlação, principalmente, quando se está
avaliando um mesmo grupo de argamassa de revestimento. As variações encontradas nos
resultados podem ser atribuídas, sobretudo, às diferenças nas metodologias de ensaio
(inerentes a cada método), que sofrem influência diferenciada de determinados parâmetros
(parâmetros internos que governam o processo de cisalhamento como atrito interno,
coesão, água livre, teor de pasta, concentração de partículas, viscosidade, dentre outros).
O ensaio de perda de água sob sucção se mostrou como um método eficiente na avaliação
das argamassas no estado fresco. Esse método apresentou faixas bastante diferenciadas de
argamassas com características trabalháveis e não trabalháveis. Valores abaixo de 15%
podem ser adotados como referência durante uma avaliação de argamassas mistas de
cimento e cal, considerando um processo de aplicação manual.
Quanto ao método de cisalhamento direto, esse se mostrou com grande potencial de ser
utilizado no estudo das argamassas de revestimento no estado fresco. As variações
realizadas na composição das argamassas possibilitaram observar como os teores de
aglomerante e determinadas faixas granulométricas podem influenciar em parâmetros
183
como a coesão e o ângulo de atrito interno. Tais parâmetros exercem grande influência
numa condição de fluxo relativo entre as partículas. As análises apontaram que
características como plasticidade e aspereza, utilizadas numa avaliação qualitativa das
argamassas, podem ser associadas a um certo valor de coesão e ângulo de atrito interno,
respectivamente. Uma avaliação mais completa da argamassa no estado fresco pode ser
realizada, determinando-se a coesão e o atrito interno, em conjunto com os parâmetros
fornecidos pelos métodos de avaliação da consistência (vane test, penetração de cone e
mesa de consistência). Valores de ângulo de atrito, abaixo de 30o e coesão acima de 8 kPa,
podem ser adotados como referência numa avaliação de condições de trabalhabilidade.
Entretanto, deve-se reconhecer que estudos, ainda, são necessários para adaptar a
metodologia utilizada na mecânica dos solos à realidade das argamassas de revestimento,
como, por exemplo: nível de tensões normais, dimensões do recipiente de ensaio,
procedimento de preparo da amostra, velocidade de ensaio, dentre outras.
Observou-se que a contribuição dos teores de aglomerante, nas propriedades no estado
fresco das argamassas (no caso, cimento e cal), pode se manifestar reologicamente nos
diferentes parâmetros, que governam uma condição de cisalhamento entre camadas
adjacentes. No caso dos resultados fornecidos pelos diferentes métodos de ensaio,
percebeu-se que esses teores contribuem, num primeiro estágio, para favorecer o fluxo
relativo entre as partículas de agregado (promovendo o afastamento entre as partículas e
reduzindo o efeito das tensões geradas pelo atrito interno entre os agregados). Num
segundo estágio, o teor de aglomerante atua como elemento promotor da coesão entre as
partículas de agregado, condição suficiente para, em alguns casos, refletir no aumento da
tensão de escoamento do material. Tal discussão aponta a existência de um certo teor de
aglomerante, que deve estar presente na argamassa, para minimizar o atrito entre os grãos
de agregado e favorecer a coesão entre as partículas (coesão da argamassa). É certo que
esse teor é particular a cada agregado, tendo forte dependência da distribuição
granulométrica, da textura, forma dos agregados ou qualquer outro elemento que possa
resultar em dificuldade ou facilidade de movimentação relativa entre as partículas.
É certo que as tensões geradas pelo atrito interno, entre as partículas de agregado,
prevalecem durante uma condição de cisalhamento ou fluxo. Entretanto, os estudos
demonstraram que teores de partículas inferiores a 0,3 mm podem atuar como elemento de
184
transição entre os grãos maiores do agregado e as partículas de aglomerante, contribuindo
no processo de lubrificação. Essa condição refletiu em reduções nos teores de aglomerante
para se atingir determinados valores de atrito interno e coesão. Numa análise visual das
argamassas, observou-se que o teor de finos presente no agregado influencia decisivamente
na definição da demanda de aglomerante, uma vez que as condições de plasticidade e
aspereza são favorecidas e minimizadas, respectivamente. Valores de relação Finos
Totais/Agregado, em volume, em torno de 18%, podem ser adotados como referência
durante um estudo inicial de dosagem (tendo em vista argamassas trabalháveis). Entretanto
as propriedades, no estado endurecido, precisam ainda ser avaliadas.
Quanto à exsudação das argamassas, percebeu-se que o teor de finos do agregado e
aglomerante presentes contribuem diminuindo essa tendência. Talvez, essas partículas
possam favorecer um refinamento da estrutura interna da argamassa, suficiente para
aprisionar a água livre no sistema de capilares, dificultando sua saída. Entretanto, é certo
que a determinação de argamassas com plasticidade e coesão, sem aspereza, indiretamente,
reflete numa menor tendência à exsudação.
Quanto ao tipo de aglomerante, os resultados analisados apontaram que substituições de
cal por cimento em até 50% do volume total de aglomerante, não provocam alterações
perceptíveis nos parâmetros fornecidos pelos diferentes métodos de ensaio. Essa condição
torna-se interessante durante um procedimento usual de dosagem de argamassas mistas,
onde o estudo das propriedades no estado fresco poderia ser tratado apenas, considerando-
se três materiais, no caso, a cal, o agregado e a água. Na seqüência, o cimento seria
introduzido na quantidade suficiente (substituído parte do volume de cal necessário),
apenas para atingir determinadas propriedades no estado endurecido como, por exemplo,
resistência de aderência. Entretanto, essa afirmação não deve ser generalizada, uma vez
que apenas um tipo de cimento, cal e distribuição granulométrica foram avaliados.
As técnicas utilizadas, durante o estudo, apresentaram grandes potenciais de serem
utilizadas na caracterização das propriedades das argamassas no estado fresco. A
simplicidade, o custo relativamente baixo, a facilidade de operação e diversidade de
resultados, que alguns métodos apresentaram, também é outro ponto de destaque
identificado no estudo.
185
6.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Com base nos estudos, propõe-se a continuação da pesquisa por meio dos tópicos listados a
seguir:
• definir parâmetros metodológicos na utilização do método de cisalhamento direto,
no estudo das argamassas de revestimento, destacando-se: o recipiente de ensaio, a
velocidade de ensaio e o nível de tensões;
• desenvolver ferramentas capazes de determinar parâmetros, como viscosidade e
tensão de escoamento, adequados às particularidades das argamassas de
revestimento;
• caracterizar as propriedades das argamassas no estado fresco com base em
parâmetros viscoelásticos;
• caracterizar, reologicamente, os parâmetros intervenientes no processo de aplicação
por projeção das argamassas de revestimento;
• modelar, numericamente, as propriedades reológicas das argamassas tanto em
situação de ensaio nos diferentes métodos de ensaio (vane test, mesa de
consistência, penetração de cone, cisalhamento direto) como em condições de
aplicação (sistema mecânico ou manual);
• avaliar a influência dos aditivos nas propriedades reológicas das argamassas no
estado fresco;
• Fazer um estudo semelhante ao desenvolvido nesta tese, utilizando uma faixa mais
ampla de penetração de cone;
• Testar o modelo de cálculo da espessura de camada (apresentado no item 2.3.2.6),
usando dados da tensão de escoamento obtida pelo método vane test.
186
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APÊNDICES
196
APÊNDICE A- CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS
Tabela A.1- Granulometria das faixas utilizadas na composição dos agregados % Retida acumulada para cada faixa de agregado Peneira (mm) Faixa 1 Faixa 2 Faixa 3
1,2 0 0 0 0,84 49 0 0 0,6 93 0 0
0,42 100 29 0 0,3 100 64 0
0,21 100 93 14 0,15 100 98 51
0,106 100 100 76 0,075 100 100 86 Fundo 100 100 100
Tabela A.2- Granulometria dos agregados utilizados na composição das argamassas % Retida acumulada dos agregados Peneira
(mm) AG1 AG2 AG3 AG4 AG5 1,2 0 0 0 0 0
0,84 49 27 24 15 8 0,6 93 44 45 28 17
0,42 100 64 57 41 28 0,3 100 83 69 54 40
0,21 100 97 80 67 55 0,15 100 99 89 79 75
0,106 100 100 95 91 88 0,075 100 100 97 95 93 Fundo 100 100 100 100 100
Tabela A.3- Propriedades dos agregados utilizados na composição das argamassas Agregados utilizados na composição das argamassas Propriedade
AG1 AG2 AG3 AG4 AG5 Massa unitária (g/cm3)
NBR 7810 (1983) 1,33 1,37 1,44 1,45 1,43
Massa específica (g/cm3) NBR 9776 (1987) 2,62 2,62 2,62 2,62 2,62
Coeficiente de uniformidade 1,5 2,5 4,7 4,0 3,0
Módulo de finura NBR 7217 (1987) 2,93 2,27 2,03 1,61 1,32
Índice de vazios (%) 49,18 47,63 44,88 44,71 45,41
197
Tabela A.4- Granulometria a laser do cimento utilizado na composição das argamassas Dimensão (mm) % Acumulada Dimensão (mm) % Acumulada
0,00005 0,0000 0,04827 100,0000 0,00006 0,0000 0,05623 100,0000 0,00007 0,0000 0,06551 100,0000 0,00008 0,0000 0,07632 100,0000 0,00009 0,0000 0,08891 100,0000 0,00011 0,0000 0,10358 100,0000 0,00013 0,0000 0,12067 100,0000 0,00015 0,0000 0,14058 100,0000 0,00017 0,0000 0,16377 100,0000 0,00020 0,0000 0,19080 100,0000 0,00023 0,0000 0,22228 100,0000 0,00027 0,0000 0,25895 100,0000 0,00031 0,0000 0,30168 100,0000 0,00036 0,0000 0,35146 100,0000 0,00042 0,0000 0,40945 100,0000 0,00049 0,0000 0,47701 100,0000 0,00058 0,0000 0,55571 100,0000 0,00067 0,0000 0,64741 100,0000 0,00078 0,3100 0,75423 100,0000 0,00091 1,2069 0,86105 100,0000 0,00106 3,0599 0,00124 5,9969 0,00144 9,3807 0,00168 12,5192 0,00195 15,4848 0,00228 18,4938 0,00265 21,2728 0,00309 23,6848 0,00360 25,6185 0,00419 27,0017 0,00488 27,8829 0,00569 27,9521 0,00663 28,0489 0,00772 28,3988 0,00900 29,6291 0,01048 32,9533 0,01221 40,1764 0,01422 53,3902 0,01657 73,5467 0,01931 90,6570 0,02249 98,3823 0,02620 99,9820 0,03053 100,0000 0,03556 100,0000 0,04143 100,0000
198
Tabela A.5- Granulometria a laser da cal utilizada na composição das argamassas Dimensão (mm) % Acumulada Dimensão (mm) % Acumulada
0,00005 0,0000 0,04827 67,7671 0,00006 0,0236 0,05623 69,0649 0,00007 0,0759 0,06551 70,3214 0,00008 0,1650 0,07632 71,5212 0,00009 0,3021 0,08891 72,6424 0,00011 0,5016 0,10358 73,6709 0,00013 0,7787 0,12067 74,6098 0,00015 1,1465 0,14058 75,4803 0,00017 1,6141 0,16377 76,3122 0,00020 2,1839 0,19080 77,1273 0,00023 2,8504 0,22228 78,1650 0,00027 3,5947 0,25895 79,5606 0,00031 4,3808 0,30168 81,4113 0,00036 5,1651 0,35146 83,7585 0,00042 5,9178 0,40945 86,5816 0,00049 6,6322 0,47701 89,7758 0,00058 7,3102 0,55571 93,1244 0,00067 7,9560 0,64741 96,2597 0,00078 8,5981 0,75423 98,7114 0,00091 9,3010 0,86105 100,0000 0,00106 10,0763 0,00124 10,9412 0,00144 11,9145 0,00168 13,0124 0,00195 14,2548 0,00228 15,6753 0,00265 17,3162 0,00309 19,2252 0,00360 21,4516 0,00419 24,0352 0,00488 26,9910 0,00569 30,3006 0,00663 33,9011 0,00772 37,6896 0,00900 41,5382 0,01048 45,3099 0,01221 48,8799 0,01422 52,1559 0,01657 55,0841 0,01931 57,6507 0,02249 59,8758 0,02620 61,8042 0,03053 63,4963 0,03556 65,0171 0,04143 66,4259
199
APÊNDICE B- RESULTADOS DO ESTUDO PILOTO
Tabela B.1- Resultados das composições das argamassas obtidas no estudo de dosagem, considerando cada tipo de agregado – Avaliador I
Série Mcal (g) Magr (g) Água (g) PC (mm) AG1 400 2000 390 55 AG2 300 2000 420 45 AG3 300 2000 400 50 AG4 200 2000 420 40 AG5 200 2000 430 45
Legenda: AG1, AG2, AG3, AG4, AG5 – Agregados utilizados na pesquisa. Mcal – Massa de cal em g. Magr – Massa de agregado em g. Água – Massa de água em g PC – Valor de penetração de cone em mm.
Tabela B.2- Resultados das composições das argamassas obtidas no estudo de dosagem, considerando cada tipo de agregado – Avaliador II
Série Mcal (g) Magr (g) Água (g) PC (mm) AG1 500 2000 400 45 AG2 300 2000 410 40 AG3 300 2000 410 55 AG4 250 2000 420 42 AG5 200 2000 450 50
Legenda: AG1, AG2, AG3, AG4, AG5 – Agregados utilizados na pesquisa. Mcal – Massa de cal em g. Magr – Massa de agregado em g. Água – Massa de água em g PC – Valor de penetração de cone em mm.
Tabela B.3- Resultados das composições das argamassas obtidas no estudo de dosagem, considerando cada tipo de agregado – Avaliador III
Série Mcal (g) Magr (g) Água (g) PC (mm) AG1 550 2000 420 50 AG2 350 2000 410 45 AG3 300 2000 410 55 AG4 250 2000 390 38 AG5 200 2000 420 42
Legenda: AG1, AG2, AG3, AG4, AG5 – Agregados utilizados na pesquisa. Mcal – Massa de cal em g. Magr – Massa de agregado em g. Água – Massa de água em g PC – Valor de penetração de cone em mm.
200
APÊNDICE C- RESULTADOS DO PROGRAMA EXPERIMENTAL I
Tabela C.1- Valores de penetração de cone em função das variações nos teores de aglomerante e água - Série AG 1
Série Vag (%) PC 1 (mm) PC 2 (mm) PC 3 (mm) PCm (mm) 42 12 11 10 11 48 15 15 15 15 55 39 40 38 39 AG1-5,5
62 40 40 40 40 42 10 10 10 10 48 45 46 43 45 55 69 70 69 69 AG1-16,5
62 80 80 80 80 42 10 9 9 9 48 23 25 24 24 55 44 44 45 44 AG1-27,5
62 65 67 65 66 Legenda: Vag – Relação Água/Agregado em volume PC – Valor de penetração de cone em mm PCm – Valor de penetração de cone médio AG1-5,5 – Agregado AG1 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG1-16,5 – Agregado AG1 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG1-27,5 – Agregado AG1 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
Tabela C.2- Valores estimados de relação Água/Agregado para valores de penetração de cone iguais a 45, 50 e 55 mm – Série AG 1
Série PC (mm) Vag estimado (%) Modelo adotado R2 45 62 50 65 AG1-5,5 55 68
y = 39,077e0,010x 0,868
45 50 50 51 AG1-16,5 55 52
y = 38,891e0,0052x 0,972
45 54 50 56 AG1-27,5 55 58
y = 40,004e0,0067x 0,981
Legenda: Vag – Relação Água/Agregado em volume PC – Valor de penetração de cone em mm AG1-5,5 – Agregado AG1 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG1-16,5 – Agregado AG1 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG1-27,5 – Agregado AG1 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
201
Tabela C.3- Valores de penetração de cone em função das variações nos teores de aglomerante e água - Série AG 2
Série Vag (%) PC 1 (mm) PC 2 (mm) PC 3 (mm) PCm (mm) 42 13 12 12 12 48 20 18 20 19 55 42 40 40 41 AG2-5,5
62 64 63 62 63 42 10 10 10 10 48 25 25 25 25 55 46 47 45 46 AG2-16,5
62 75 76 75 75 42 6 7 6 6 48 15 17 15 16 55 34 35 34 34
AG2-27,5
62 62 60 60 61 Legenda: Vag – Relação Água/Agregado em volume PC – Valor de penetração de cone em mm PCm – Valor de penetração de cone médio AG2-5,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG2-16,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG2-27,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
Tabela C.4- Valores estimados de relação Água/Agregado para valores de penetração de cone iguais a 45, 50 e 55 mm – Série AG 2
Série PC (mm) Vag estimado (%) Modelo adotado R2 45 57 50 58 AG2-5,5 55 60
y = 11,403Ln(x) + 13,369 0,989
45 55 50 56 AG2-16,5 55 57
y = 9,548Ln(x) + 18,713 0,979
45 58 50 59 AG2-27,5 55 60
y = 8,509Ln(x) + 25,316 0,990
Legenda: Vag – Relação Água/Agregado em volume PC – Valor de penetração de cone em mm AG2-5,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG2-16,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG2-27,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
202
Tabela C.5- Valores de penetração de cone em função das variações nos teores de aglomerante e água - Série AG 3
Série Vag (%) PC 1 (mm) PC 2 (mm) PC 3 (mm) PCm (mm) 42 13 11 12 12 48 25 25 25 25 55 48 45 49 47 AG3-5,5
62 65 65 65 65 42 10 10 10 10 48 33 32 30 32 55 62 65 62 63 AG3-16,5
62 85 85 85 85 42 5 4 4 4 48 15 15 15 15 55 36 37 38 37
AG3-27,5
62 70 70 70 70 Legenda: Vag – Relação Água/Agregado em volume PC – Valor de penetração de cone em mm PCm – Valor de penetração de cone médio AG3-5,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG3-16,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG3-27,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
Tabela C.6- Valores estimados de relação Água/Agregado para valores de penetração de cone iguais a 45, 50 e 55 mm – Série AG 3
Série PC (mm) Vag estimado (%) Modelo adotado R2 45 54 50 56 AG3-5,5 55 58
y = 39,185e0,007x 0,981
45 51 50 52 AG3-16,5 55 53
y = 40,169e0,005x 0,991
45 57 50 58 AG3-27,5 55 59
y = 6,8803Ln(x) + 30,651 0,979
Legenda: Vag – Relação Água/Agregado em volume PC – Valor de penetração de cone em mm AG3-5,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG3-16,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG3-27,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
203
Tabela C.7- Valores de penetração de cone em função das variações nos teores de aglomerante e água - Série AG 4
Série Vag (%) PC 1 (mm) PC 2 (mm) PC 3 (mm) PCm (mm) 42 10 10 10 10 48 22 23 21 22 55 31 35 35 34 AG4-5,5
62 54 55 53 54 42 9 8 7 8 48 20 19 18 19 55 34 35 38 36 AG4-16,5
62 63 67 65 65 42 5 3 5 4 48 15 14 14 14 55 30 29 30 30
AG4-27,5
62 50 55 50 52 Legenda: Vag – Relação Água/Agregado em volume PC – Valor de penetração de cone em mm PCm – Valor de penetração de cone médio AG4-5,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG4-16,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG4-27,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
Tabela C.8- Valores estimados de relação Água/Agregado para valores de penetração de cone iguais a 45, 50 e 55 mm – Série AG 4
Série PC (mm) Vag estimado (%) Modelo adotado R2 45 59 50 60 AG4-5,5 55 61
11,594Ln(x) + 13,962 0,978
45 58 50 58 AG4-16,5 55 59
y = 9,3238Ln(x) + 21,578 0,992
45 59 50 60 AG4-27,5 55 61
y = 7,7145Ln(x) + 29,241 0,969
Legenda: Vag – Relação Água/Agregado em volume PC – Valor de penetração de cone em mm AG4-5,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG4-16,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG4-27,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
204
Tabela C.9- Valores de penetração de cone em função das variações nos teores de aglomerante e água - Série AG 5
Série Vag (%) PC 1 (mm) PC 2 (mm) PC 3 (mm) PCm (mm) 42 10 9 8 9 48 20 20 20 20 55 30 30 29 30 AG5-5,5
62 55 55 53 54 42 8 8 8 8 48 20 20 21 20 55 34 36 35 35 AG5-16,5
62 63 62 61 62 42 3 3 3 3 48 15 14 15 15 55 25 25 25 25
AG5-27,5
62 46 50 50 49 Legenda: Vag – Relação Água/Agregado em volume PC – Valor de penetração de cone em mm PCm – Valor de penetração de cone médio AG5-5,5 – Agregado AG5 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG5-16,5 – Agregado AG5 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG5-27,5 – Agregado AG5 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) Tabela C.10- Valores estimados de relação Água/Agregado para valores de penetração de
cone iguais a 45, 50 e 55 mm – Série AG 5 Série PC (mm) Vag estimado (%) Modelo adotado R2
45 59 50 60 AG5-5,5 55 61
y = 11,044Ln(x) + 16,623 0,983
45 58 50 59 AG5-16,5 55 60
y = 9,545Ln(x) + 20,867 0,982
45 59 50 60 AG5-27,5 55 61
y = 6,8223Ln(x) + 32,78 0,933
Legenda: Vag – Relação Água/Agregado em volume PC – Valor de penetração de cone em mm AG5-5,5 – Agregado AG5 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG5-16,5 – Agregado AG5 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG5-27,5 – Agregado AG5 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
205
Tabela C.11- Valores de penetração de cone em função das variações nos teores de aglomerante e água - Série AG 4C (com cimento)
Série Vag (%) PC 1 (mm) PC 2 (mm) PC 3 (mm) PCm (mm) 42 10 10 10 10 48 19 18 18 18 55 27 25 25 26 AG4C-5,5
62 38 34 35 36 42 10 10 10 10 48 20 20 20 20 55 40 40 38 39 AG4C-16,5
62 70 67 65 67 42 5 3 5 4 48 13 11 11 12 55 30 32 29 30
AG4C-27,5
62 53 53 54 53 Legenda: Vag – Relação Água/Agregado em volume PC – Valor de penetração de cone em mm PCm – Valor de penetração de cone médio AG4C-5,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) – com cimento AG4C-16,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) – com cimento AG4C-27,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) – com cimento
206
APÊNDICE D- RESULTADOS DO PROGRAMA EXPERIMENTAL II
Tabela D.1- Valores de tensão de escoamento pelo método Vane Test em função das variações nos teores de aglomerante e água - Série AG 1
Agregado PC (mm) TE 1 (kPa) TE 2 (kPa) TE 3 (kPa) TEm (kPa) 45 5,35 5,43 5,42 5,40 50 2,63 2,55 2,62 2,60 AG1-5,5 55 1,95 2,00 2,20 2,05 45 1,80 1,82 1,78 1,80 50 1,55 1,59 1,54 1,56 AG1-16,5 55 1,33 1,34 1,38 1,35 45 1,85 1,88 1,79 1,84 50 1,65 1,65 1,59 1,63 AG1-27,5 55 1,30 1,33 1,30 1,31
Legenda: PC - Penetração de cone em mm TE - Tensão de escoamento pelo método Vane Test em kPa TEm - Tensão de escoamento média pelo método Vane Test em kPa AG1-5,5 – Agregado AG1 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG1-16,5 – Agregado AG1 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG1-27,5 – Agregado AG1 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
Tabela D.2- Valores de tensão de escoamento pelo método Vane Test em função das variações nos teores de aglomerante e água - Série AG 2
Agregado PC (mm) TE 1 (kPa) TE 2 (kPa) TE 3 (kPa) TEm (kPa) 45 3,15 3,20 3,19 3,18 50 1,85 1,86 1,75 1,82 AG2-5,5 55 1,46 1,43 1,43 1,44 45 1,32 1,31 1,36 1,33 50 1,15 1,15 1,12 1,14 AG2-16,5 55 0,94 0,91 0,94 0,93 45 1,41 1,41 1,41 1,41 50 1,24 1,25 1,23 1,24 AG2-27,5 55 1,15 1,15 1,09 1,13
Legenda: PC - Penetração de cone em mm TE - Tensão de escoamento pelo método Vane Test em kPa TEm - Tensão de escoamento média pelo método Vane Test em kPa AG2-5,5 – Agregado AG2 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG2-16,5 – Agregado AG2 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG2-27,5 – Agregado AG2 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
207
Tabela D.3- Valores de tensão de escoamento pelo método Vane Test em função das variações nos teores de aglomerante e água - Série AG 3
Agregado PC (mm) TE 1 (kPa) TE 2 (kPa) TE 3 (kPa) TEm (kPa) 45 2,55 2,55 2,58 2,56 50 2,20 2,21 2,13 2,18 AG3-5,5 55 1,85 1,83 1,81 1,83 45 1,53 1,55 1,48 1,52 50 1,40 1,40 1,40 1,40 AG3-16,5 55 1,30 1,26 1,25 1,27 45 1,65 1,62 1,65 1,64 50 1,45 1,47 1,49 1,47 AG3-27,5 55 1,32 1,35 1,32 1,33
Legenda: PC - Penetração de cone em mm TE - Tensão de escoamento pelo método Vane Test em kPa TEm - Tensão de escoamento média pelo método Vane Test em kPa AG3-5,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG3-16,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG3-27,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
Tabela D.4- Valores de tensão de escoamento pelo método Vane Test em função das variações nos teores de aglomerante e água - Série AG 4
Agregado PC (mm) TE 1 (kPa) TE 2 (kPa) TE 3 (kPa) TEm (kPa) 45 1,25 1,22 1,22 1,23 50 1,00 0,95 0,96 0,97 AG4-5,5 55 0,70 0,65 0,69 0,68 45 1,20 1,18 1,19 1,19 50 1,00 0,97 1,00 0,99 AG4-16,5 55 0,85 0,83 0,81 0,83 45 1,57 1,57 1,57 1,57 50 1,25 1,25 1,25 1,25 AG4-27,5 55 0,85 0,82 0,88 0,85
Legenda: PC - Penetração de cone em mm TE - Tensão de escoamento pelo método Vane Test em kPa TEm - Tensão de escoamento média pelo método Vane Test em kPa AG4-5,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG4-16,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG4-27,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
208
Tabela D.5- Valores de tensão de escoamento pelo método Vane Test em função das variações nos teores de aglomerante e água - Série AG 5
Agregado PC (mm) TE 1 (kPa) TE 2 (kPa) TE 3 (kPa) TEm (kPa) 45 1,41 1,42 1,37 1,40 50 0,95 0,95 1,01 0,97 AG5-5,5 55 0,67 0,68 0,69 0,68 45 1,20 1,20 1,17 1,19 50 0,95 0,97 1,05 0,99 AG5-16,5 55 0,83 0,83 0,83 0,83 45 1,86 1,85 1,90 1,87 50 1,40 1,40 1,40 1,40 AG5-27,5 55 0,84 0,84 0,87 0,85
Legenda: PC - Penetração de cone em mm TE - Tensão de escoamento pelo método Vane Test em kPa TEm - Tensão de escoamento média pelo método Vane Test em kPa AG5-5,5 – Agregado AG5 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG5-16,5 – Agregado AG5 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG5-27,5 – Agregado AG5 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
Tabela D.6- Valores de tensão de escoamento pelo método Vane Test em função das variações nos teores de aglomerante e água - Série AG 4C (com cimento)
Agregado PC (mm) TE 1 (kPa) TE 2 (kPa) TE 3 (kPa) TEm (kPa) 45 1,41 1,42 1,37 1,40 50 0,95 0,95 1,40 1,10 AG4C-5,5 55 0,67 0,68 1,11 0,82 45 1,20 1,20 1,20 1,20 50 0,95 0,97 0,93 0,95 AG4C-16,5 55 0,83 0,83 0,77 0,81 45 1,86 1,85 1,18 1,63 50 1,40 1,40 0,95 1,25 AG4C-27,5 55 0,84 0,84 1,32 1,00
Legenda: PC - Penetração de cone em mm TE - Tensão de escoamento pelo método Vane Test em kPa TEm - Tensão de escoamento média pelo método Vane Test em kPa AG4C-5,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) – com cimento AG4C-16,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) – com cimento AG4C-27,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) – com cimento
209
APÊNDICE E- RESULTADOS DO PROGRAMA EXPERIMENTAL III Tabela E.1- Valores de espalhamento pelo método da Mesa de Consistência em função das
variações nos teores de aglomerante e água - Série AG 1 Série PC E 1 (mm) E 2 (mm) E 3 (mm) E 4 (mm) Em
45 130 127 135 139 133 50 193 195 189 183 190 AG1-5,5 55 205 205 210 215 209 45 230 225 226 215 224 50 235 235 233 237 235 AG1-16,5 55 243 245 246 252 246 45 220 225 215 209 217 50 230 230 225 222 227 AG1-27,0 55 245 244 241 245 244
Legenda: PC - Penetração de cone em mm E - Espalhamento pelo método da Mesa de Consistência em mm Em – Espalhamento médio em mm AG1-5,5 – Agregado AG1 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG1-16,5 – Agregado AG1 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG1-27,5 – Agregado AG1 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) Tabela E.2- Valores de espalhamento pelo método da Mesa de Consistência em função das
variações nos teores de aglomerante e água - Série AG 2 Série PC E 1 (mm) E 2 (mm) E 3 (mm) E 4 (mm) Em
45 165 165 170 177 169 50 214 215 210 213 213 AG2-5,5 55 230 230 230 236 231 45 276 274 275 275 275 50 290 285 286 289 288 AG2-16,5 55 296 298 300 306 300 45 240 239 238 234 238 50 243 245 245 240 243 AG2-27,0 55 250 250 250 250 250
Legenda: PC - Penetração de cone em mm E - Espalhamento pelo método da Mesa de Consistência em mm Em – Espalhamento médio em mm AG2-5,5 – Agregado AG2 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG2-16,5 – Agregado AG2 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG2-27,5 – Agregado AG2 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
210
Tabela E.3- Valores de espalhamento pelo método da Mesa de Consistência em função das variações nos teores de aglomerante e água - Série AG 3
Série PC E 1 (mm) E 2 (mm) E 3 (mm) E 4 (mm) Em 45 215 218 210 209 213 50 220 220 224 220 221 AG3-5,5 55 228 227 230 234 230 45 276 274 275 171 249 50 260 260 255 265 260 AG3-16,5 55 270 275 273 274 273 45 240 239 238 208 231 50 250 245 247 258 250 AG3-27,0 55 270 264 275 271 270
Legenda: PC - Penetração de cone em mm E - Espalhamento pelo método da Mesa de Consistência em mm Em – Espalhamento médio em mm AG3-5,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG3-16,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG3-27,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) Tabela E.4- Valores de espalhamento pelo método da Mesa de Consistência em função das
variações nos teores de aglomerante e água - Série AG 4 Série PC E 1 (mm) E 2 (mm) E 3 (mm) E 4 (mm) Em
45 250 250 248 259 252 50 256 259 264 266 261 AG4-5,5 55 276 273 275 278 275 45 260 260 255 257 258 50 265 260 268 269 265 AG4-16,5 55 272 275 274 269 272 45 245 245 250 248 247 50 250 253 258 263 256 AG4-27,0 55 277 270 270 269 272
Legenda: PC - Penetração de cone em mm E - Espalhamento pelo método da Mesa de Consistência em mm Em – Espalhamento médio em mm AG4-5,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG4-16,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG4-27,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
211
Tabela E.5- Valores de espalhamento pelo método da Mesa de Consistência em função das variações nos teores de aglomerante e água - Série AG 5
Série PC E 1 (mm) E 2 (mm) E 3 (mm) E 4 (mm) Em 45 250 245 248 243 247 50 260 262 264 259 261 AG5-5,5 55 273 275 275 279 275 45 250 250 257 255 253 50 260 260 260 260 260 AG5-16,5 55 265 268 266 271 267 45 245 241 244 242 243 50 250 250 255 257 253 AG5-27,0 55 265 264 267 270 267
Legenda: PC - Penetração de cone em mm E - Espalhamento pelo método da Mesa de Consistência em mm Em – Espalhamento médio em mm AG5-5,5 – Agregado AG5 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG5-16,5 – Agregado AG5 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG5-27,5 – Agregado AG5 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) Tabela E.6- Valores de espalhamento pelo método da Mesa de Consistência em função das
variações nos teores de aglomerante e água - Série AG 4C Série PC E 1 (mm) E 2 (mm) E 3 (mm) E 4 (mm) Em
45 250 250 248 212 240 50 256 259 264 261 260 AG4C-5,5 55 276 273 275 296 280 45 260 260 255 265 260 50 265 260 268 299 273 AG4C-16,5 55 272 275 274 307 282 45 245 245 250 280 255 50 250 253 258 311 268 AG4C-27,0 55 277 270 270 283 275
Legenda: PC - Penetração de cone em mm E - Espalhamento pelo método da Mesa de Consistência em mm Em – Espalhamento médio em mm AG4C-5,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) – com cimento AG4C-16,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) – com cimento AG4C-27,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) – com cimento
212
APÊNDICE F- RESULTADOS DO PROGRAMA EXPERIMENTAL IV
Tabela F.1- Valores de Retenção de água - Série AG 1 Retenção de água em %
Tempo (min) AG1-5,5 AG1-16,5 AG1-27,5
0 100,00 100,00 100,00
1 62,42 87,41 91,83
2 43,26 74,81 83,65
5 33,22 62,95 77,87
10 26,20 57,02 76,08
15 22,74 55,77 75,14
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (min)
Ret
ençã
o de
águ
a (%
)
AG1-5,5 AG1-16,5 AG1-27,5
Legenda: AG1-5,5 – Agregado AG1 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG1-16,5 – Agregado AG1 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG1-27,5 – Agregado AG1 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
Tabela F.2- Valores de Retenção de água - Série AG 2 Retenção de água em %
Tempo (min) AG2-5,5 AG2-16,5 AG2-27,5
0 100,00 100,00 100,00 1 65,49 85,09 90,25 2 48,75 70,17 82,55 5 37,05 58,52 76,59
10 28,90 53,45 74,29 15 24,68 52,31 73,36
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (min)
Ret
ençã
o de
águ
a (%
)
AG2-5,5 AG2-16,5 AG2-27,5
Legenda: AG2-5,5 – Agregado AG2 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG2-16,5 – Agregado AG2 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG2-27,5 – Agregado AG2 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
Tabela F.3- Valores de Retenção de água - Série AG 3 Retenção de água em %
Tempo (min) AG3-5,5 AG3-16,5 AG3-27,5
0 100,00 100,00 100,00 1 72,12 85,85 91,35 2 57,97 71,71 82,71 5 46,62 67,91 77,69
10 38,93 61,43 76,00 15 35,38 59,94 75,09
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (min)
Ret
ençã
o de
águ
a (%
)
AG3-5,5 AG3-16,5 AG3-27,5
Legenda: AG3-5,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG3-16,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG3-27,5 – Agregado AG3 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
213
Tabela F.4- Valores de Retenção de água - Série AG 4 Retenção de água em %
Tempo (min) AG4-5,5 AG4-16,5 AG4-27,5
0 100,00 100,00 100,00
1 75,73 87,41 91,38
2 59,81 74,82 82,76
5 48,17 65,08 78,11
10 41,45 60,22 76,20
15 38,72 58,97 75,27
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (min)
Ret
ençã
o de
águ
a (%
)
AG4-5,5 AG4-16,5 AG4-27,5
Legenda: AG4-5,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG4-16,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG4-27,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
Tabela F.5- Valores de Retenção de água - Série AG 5 Retenção de água em %
Tempo (min) AG5-5,5 AG5-16,5 AG5-27,5
0 100,00 100,00 100,00
1 75,60 89,53 93,63
2 60,03 75,81 86,78
5 49,26 65,87 80,53
10 42,37 60,90 78,84
15 38,92 59,30 77,58
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (min)
Ret
ençã
o de
águ
a (%
)
AG5-5,5 AG5-16,5 AG5-27,5
Legenda: AG5-5,5 – Agregado AG5 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG5-16,5 – Agregado AG5 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) AG5-27,5 – Agregado AG5 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume)
Tabela F.6- Valores de Retenção de água - Série AG 4C Retenção de água em %
Tempo (min) AG4C-5,5 AG4C-16,5 AG4C-27,5
0 100,00 100,00 100,00
1 71,17 84,71 89,71
2 55,40 72,67 81,10
5 43,47 63,28 78,40
10 36,78 59,53 77,13
15 33,88 55,23 74,98
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
0 2 4 6 8 10 12 14 16Tempo (min)
Ret
ençã
o de
águ
a (%
)
AG4C-5,5 AG4C-16,5 AG4C-27,5
Legenda: AG4C-5,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) – com cimento AG4C-16,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) – com cimento AG4C-27,5 – Agregado AG4 com relação Aglomerante/Agregado igual a 5,5% (em volume) – com cimento
214
APÊNDICE G- RESULTADOS DO PROGRAMA EXPERIMENTAL V
Tabela G.1- Resultados do ensaio de cisalhamento direto - Série AG1-5,5 TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa
Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,07 1,28 0,09 2,56 0,09 2,56 0,16 8,99 0,27 20,52 0,36 19,27 0,43 12,90 0,63 21,94 0,45 28,30 0,52 15,51 0,63 25,81 0,72 37,48 0,79 20,77 0,90 32,11 0,90 45,37 1,06 18,26 1,17 29,65 1,08 49,41 1,15 17,90 1,17 32,26 1,26 53,48 1,52 18,03 1,44 34,71 1,63 57,81 1,52 18,03 1,90 36,28 1,72 60,52 1,88 19,48 2,08 37,71 1,99 62,11 2,24 19,63 2,17 39,09 2,17 64,94 2,51 18,40 2,26 37,82 2,62 65,42 2,51 18,40 2,62 39,38 2,62 68,09 2,87 18,53 2,98 39,28 3,16 66,00 2,87 18,53 3,07 37,99 3,16 64,65 3,23 20,02 3,34 40,86 3,34 70,25 3,41 18,74 3,61 39,68 3,70 69,32 3,68 18,84 3,70 41,10 3,88 70,89 3,86 18,91 3,88 39,86 3,97 69,63 4,22 16,30 4,33 40,16 4,24 71,08 4,31 17,71 4,33 40,16 4,60 67,38 4,68 19,24 4,60 41,72 4,69 66,11 4,95 17,95 4,69 40,40 4,88 69,10 4,95 17,95 5,06 40,65 5,15 69,44 5,31 19,49 5,15 42,11 5,42 66,97 5,31 19,49 5,51 39,55 5,51 72,70 5,67 19,64 5,60 41,02 5,87 66,10 5,85 18,30 5,87 41,21 5,96 69,05 6,21 18,44 6,14 39,98 6,14 67,85 6,21 18,44 6,50 40,23 6,59 66,98 6,66 18,63 6,77 38,98 6,59 66,98 6,66 17,18 6,77 37,54 6,77 63,21 6,84 17,25 7,04 39,17 7,13 68,01 7,29 18,89 7,40 40,87 7,31 65,34 7,47 18,96 7,40 39,41 7,49 65,20 7,74 19,08 7,67 38,14 7,76 65,20
Legenda: TN – Tensão normal em kPa. TCis – Tensão de cisalhamento em kPa. Desl H – Deslocamento horizontal em mm.
215
Tabela G.2- Resultados do ensaio de cisalhamento direto - Série AG1-16,5 TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa
Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,11 2,57 0,07 5,13 0,11 5,14 0,20 11,58 0,25 18,01 0,11 23,12 0,20 11,58 0,61 19,42 0,38 30,97 0,56 15,53 0,70 23,33 0,74 32,46 0,92 14,33 0,97 23,44 0,83 37,71 1,01 14,35 1,24 24,86 0,92 39,07 1,28 17,03 1,33 31,45 1,19 43,18 1,38 18,37 1,52 28,92 1,38 45,93 1,65 18,78 1,79 31,69 1,65 50,10 1,92 20,20 1,97 38,42 2,10 52,17 2,10 21,59 2,33 34,66 2,28 52,65 2,37 21,03 2,42 36,05 2,46 58,16 2,64 20,46 2,60 33,48 2,73 59,77 2,73 20,50 3,05 36,45 2,73 63,80 3,09 20,63 3,23 33,86 3,09 62,85 3,27 19,70 3,41 33,97 3,18 64,30 3,45 21,13 3,50 32,66 3,36 63,14 3,72 19,88 3,95 34,30 3,63 62,07 4,08 21,40 4,13 35,78 3,81 63,00 4,26 20,09 4,40 29,04 4,17 63,69 4,35 18,74 4,40 34,57 4,53 64,44 4,53 20,20 4,86 33,46 4,53 64,44 4,81 20,31 4,86 33,46 4,72 64,64 5,17 20,05 5,13 36,43 4,99 64,95 5,26 19,68 5,40 35,21 5,26 64,07 5,62 20,64 5,76 34,02 5,62 64,27 5,71 19,85 5,76 34,02 5,62 64,69 5,80 19,88 6,03 34,19 6,07 64,22 6,07 19,41 6,39 32,99 6,07 64,22 6,34 20,95 6,39 32,99 6,25 64,44 6,52 21,03 6,66 36,04 6,61 64,76 6,70 19,23 6,93 31,88 6,79 64,76 6,97 19,77 7,02 31,94 6,97 63,98 7,24 21,35 7,29 32,10 7,24 64,02 7,60 19,57 7,56 35,20 7,42 64,96 7,69 20,08 7,84 33,91 7,60 64,05
Legenda: TN – Tensão normal em kPa. TCis – Tensão de cisalhamento em kPa. Desl H – Deslocamento horizontal em mm.
216
Tabela G.3- Resultados do ensaio de cisalhamento direto - Série AG1-27,5 TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa
Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,36 4,88 0,11 2,57 0,09 3,84 0,45 10,29 0,20 9,01 0,18 25,61 0,72 10,34 0,29 11,60 0,54 32,21 0,81 11,65 0,47 16,80 0,72 32,31 1,08 14,30 0,65 22,04 0,81 38,83 1,26 13,04 0,83 22,11 1,17 44,28 1,63 14,44 1,19 27,86 1,26 43,04 1,81 15,80 1,28 30,52 1,53 45,86 1,99 14,53 1,56 30,65 1,90 50,10 2,26 17,25 1,83 30,78 2,17 54,31 2,53 18,66 2,01 37,50 2,17 55,64 2,80 18,75 2,28 38,99 2,53 57,32 2,98 18,81 2,64 36,54 2,62 58,75 2,98 21,50 2,73 36,28 2,71 60,18 3,43 24,67 2,82 42,03 3,07 63,25 3,70 24,77 3,27 45,05 3,43 62,30 3,70 23,41 3,45 45,21 3,70 65,32 4,06 24,91 3,63 45,32 3,70 65,32 4,24 24,98 3,81 45,46 4,06 67,11 4,60 25,13 4,17 45,73 4,15 67,22 4,69 24,55 4,17 45,73 4,33 67,44 4,97 24,49 4,53 45,01 4,60 66,38 5,06 23,92 4,72 41,98 4,78 67,99 5,33 25,42 4,90 43,50 5,06 66,93 5,51 24,09 5,26 44,58 5,24 69,95 5,69 24,75 5,35 44,66 5,69 69,12 6,05 25,72 5,44 42,50 5,78 72,06 6,23 25,80 5,89 42,83 6,05 72,42 6,50 24,48 6,16 41,60 6,14 68,28 6,68 24,55 6,16 41,60 6,59 67,42 7,04 24,70 6,34 43,16 6,59 70,29 7,04 24,70 6,79 42,06 6,86 70,65 7,49 23,43 6,97 42,19 7,13 68,11 7,49 23,43 6,97 42,19 7,49 65,66 7,58 23,46 7,33 41,00 7,49 65,66 7,94 25,08 7,42 38,14 7,85 69,05
Legenda: TN – Tensão normal em kPa. TCis – Tensão de cisalhamento em kPa. Desl H – Deslocamento horizontal em mm.
217
Tabela G.4- Resultados do ensaio de cisalhamento direto - Série AG2-5,5 TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa
Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,18 3,84 0,05 1,29 0,20 2,56 0,36 6,42 0,20 18,01 0,42 19,27 0,45 10,29 0,32 21,97 0,53 28,30 0,63 13,25 0,41 24,59 0,72 37,48 1,08 16,70 0,77 26,05 0,93 45,37 1,26 16,74 0,95 27,43 1,07 49,41 1,35 16,76 1,32 34,23 1,24 53,48 1,63 20,81 1,41 34,28 1,61 57,81 1,81 20,85 1,68 34,42 1,62 60,52 2,08 19,58 1,86 34,52 1,94 62,11 2,26 20,27 2,04 35,94 2,12 64,94 2,44 20,98 2,31 34,76 2,62 65,42 2,62 20,35 2,58 40,59 2,63 68,09 2,98 19,09 2,76 39,35 3,14 66,00 3,07 19,11 2,94 40,80 3,14 64,65 3,43 20,54 3,03 39,50 3,36 70,25 3,70 19,25 3,48 39,76 3,71 69,32 3,88 19,29 3,66 39,87 3,90 70,89 3,97 19,31 4,02 40,08 3,97 69,63 4,15 19,35 4,02 40,08 4,24 71,08 4,42 18,03 4,38 38,91 4,60 67,38 4,69 18,08 4,48 37,58 4,70 66,11 4,97 16,74 4,66 40,46 4,87 69,10 5,06 18,15 4,93 40,63 5,16 69,44 5,42 18,23 5,29 38,03 5,42 66,97 5,69 18,28 5,47 40,97 5,52 72,70 5,69 18,28 5,56 41,02 5,85 66,10 6,05 18,36 6,01 41,31 5,95 69,05 6,23 18,40 6,01 39,88 6,11 67,85 6,41 18,44 6,37 40,10 6,60 66,98 6,68 18,49 6,55 38,77 6,55 66,98 6,86 18,53 6,64 41,72 6,72 63,21 7,13 18,59 6,91 41,90 7,18 68,01
Legenda: TN – Tensão normal em kPa. TCis – Tensão de cisalhamento em kPa. Desl H – Deslocamento horizontal em mm.
218
Tabela G.5- Resultados do ensaio de cisalhamento direto - Série AG2-16,5 TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa
Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,18 1,28 0,07 3,85 0,23 7,70 0,27 6,41 0,16 15,42 0,40 26,83 0,54 9,02 0,52 18,09 0,55 30,19 0,81 15,77 0,52 20,68 0,72 37,36 1,08 15,80 0,97 24,74 0,90 40,49 1,26 15,83 0,97 27,35 1,08 43,70 1,44 15,85 1,33 28,83 1,26 42,66 1,63 15,87 1,61 31,60 1,63 48,19 1,81 21,53 1,79 29,69 1,72 44,39 2,26 21,61 1,97 31,12 1,99 47,24 2,26 21,61 2,24 35,27 2,17 55,53 2,53 21,66 2,42 31,38 2,62 57,76 2,80 19,04 2,69 34,22 2,62 63,44 2,98 22,75 2,78 32,93 3,16 60,87 3,16 22,78 3,05 34,85 3,16 64,70 3,61 22,87 3,32 33,27 3,34 61,54 3,61 22,87 3,59 33,44 3,70 61,88 3,88 22,92 3,68 33,50 3,88 61,99 4,06 19,22 4,04 30,98 3,97 65,95 4,33 20,63 4,13 31,03 4,24 63,06 4,60 20,68 4,40 31,19 4,60 63,38 4,78 20,71 4,68 29,97 4,69 60,93 5,15 19,38 4,95 28,73 4,88 58,45 5,33 18,01 4,95 31,52 5,15 64,04 5,51 20,84 5,22 31,69 5,42 64,37 5,78 22,30 5,49 30,44 5,51 61,89 5,87 22,32 5,85 32,08 5,87 65,16 6,23 18,12 6,12 29,40 5,96 59,80 6,41 19,01 6,21 30,88 6,14 62,76 6,59 19,04 6,39 30,99 6,59 62,98 6,68 19,62 6,48 29,61 6,59 60,22 7,04 19,13 6,75 31,22 6,77 61,02 7,13 19,04 7,02 29,94 7,13 60,95
Legenda: TN – Tensão normal em kPa. TCis – Tensão de cisalhamento em kPa. Desl H – Deslocamento horizontal em mm.
219
Tabela G.6- Resultados do ensaio de cisalhamento direto - Série AG2-27,5 TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa
Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,11 1,28 0,07 1,28 0,18 15,42 0,11 5,14 0,16 7,71 0,38 29,45 0,29 6,44 0,25 16,73 0,53 35,36 0,47 6,46 0,52 20,68 0,70 37,61 0,65 10,19 0,88 20,81 0,89 35,35 1,01 11,52 1,06 22,17 1,16 36,72 1,19 14,16 1,24 24,86 1,26 36,95 1,47 19,20 1,52 24,97 1,65 44,93 1,56 19,22 1,61 28,96 1,75 45,38 2,01 17,96 2,06 29,19 2,03 50,69 2,19 17,99 2,06 31,84 2,15 53,76 2,19 20,65 2,42 33,38 2,58 52,97 2,64 18,05 2,60 33,48 2,65 55,76 2,73 22,09 2,69 34,88 3,10 54,61 3,09 24,82 3,14 33,80 3,17 53,82 3,36 24,87 3,32 33,91 3,32 56,65 3,36 24,87 3,41 35,32 3,75 63,15 3,81 24,96 3,59 34,08 3,81 63,48 3,81 23,59 3,86 34,24 3,99 65,59 3,99 22,24 3,95 34,30 4,20 65,28 4,35 23,68 4,31 33,14 4,40 65,26 4,44 20,93 4,49 34,63 4,69 65,04 4,81 25,15 4,77 32,02 4,88 65,46 4,90 25,17 5,13 32,23 5,16 64,48 5,26 23,84 5,31 33,74 5,45 65,78 5,35 23,86 5,40 32,39 5,45 64,21 5,80 23,94 5,76 32,61 5,83 66,43 5,89 21,11 5,94 32,72 5,97 66,65 6,16 24,01 6,12 32,83 6,18 61,14 6,34 22,61 6,30 30,07 6,63 60,49 6,52 24,08 6,57 34,54 6,45 64,65
Legenda: TN – Tensão normal em kPa. TCis – Tensão de cisalhamento em kPa. Desl H – Deslocamento horizontal em mm.
220
Tabela G.7- Resultados do ensaio de cisalhamento direto - Série AG3-5,5 TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa
Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,11 2,57 0,09 2,56 0,16 5,12 0,30 5,14 0,36 10,28 0,45 20,55 0,47 7,75 0,54 19,33 0,51 38,65 0,47 9,10 0,90 19,45 0,75 38,89 0,83 12,81 1,08 23,41 0,95 46,81 0,92 12,81 1,35 24,82 0,98 49,64 1,19 17,15 1,53 27,52 1,23 55,04 1,56 15,22 1,72 31,55 1,66 63,09 1,74 19,56 2,08 33,07 1,76 66,13 1,92 22,24 2,26 34,50 1,97 68,99 2,10 20,96 2,26 34,50 2,25 68,99 2,46 23,18 2,62 33,38 2,66 66,76 2,64 23,76 2,71 34,77 2,59 69,54 2,91 23,08 3,07 33,64 3,14 69,29 3,09 23,17 3,16 33,70 3,23 69,39 3,45 20,16 3,52 32,56 3,38 69,11 3,45 20,16 3,70 34,02 3,72 70,04 3,72 22,94 4,06 31,50 3,88 67,00 3,90 22,97 4,06 32,87 3,97 69,74 4,17 23,03 4,24 32,98 4,24 69,95 4,53 20,33 4,60 29,04 4,59 63,09 4,53 21,71 4,88 33,35 4,66 70,71 4,72 22,92 4,97 30,63 4,90 65,25 5,08 21,81 5,33 32,23 5,25 68,46 5,26 20,44 5,42 33,69 5,41 67,37 5,53 23,30 5,69 29,62 5,51 65,24 5,53 20,48 6,05 31,24 5,84 67,28 6,07 23,42 6,23 34,19 5,99 68,39 6,07 23,42 6,41 34,31 6,10 68,62 6,25 22,02 6,50 34,37 6,64 68,74 6,52 20,64 6,86 33,16 6,62 66,32 6,88 20,69 7,04 36,17 6,77 65,37
Legenda: TN – Tensão normal em kPa. TCis – Tensão de cisalhamento em kPa. Desl H – Deslocamento horizontal em mm.
221
Tabela G.8- Resultados do ensaio de cisalhamento direto - Série AG3-16,5 TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa
Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,18 3,84 0,07 2,57 0,17 18,16 0,54 5,15 0,25 11,58 0,39 23,35 0,63 5,16 0,34 14,17 0,49 33,30 0,90 10,66 0,70 18,15 0,70 32,00 1,26 12,51 0,88 19,51 0,92 41,74 1,44 17,53 1,06 20,87 1,05 40,16 1,81 21,08 1,33 23,59 1,31 45,26 1,90 20,91 1,61 22,38 1,65 52,91 2,17 20,95 1,88 26,45 1,74 55,29 2,35 19,64 1,97 29,14 2,13 60,13 2,53 23,66 2,15 30,56 2,15 60,09 2,80 22,38 2,42 32,04 2,60 62,97 2,98 21,06 2,60 33,48 2,58 63,29 3,34 21,11 2,87 33,64 3,16 63,61 3,34 22,46 3,14 33,80 3,20 63,82 3,61 21,15 3,32 33,91 3,34 64,04 3,88 21,19 3,50 34,02 3,71 63,89 4,15 21,23 3,68 35,50 3,88 64,59 4,42 24,03 3,95 34,30 4,01 62,06 4,51 22,67 4,13 33,03 4,22 65,92 4,69 19,93 4,40 35,96 4,61 60,60 4,97 21,35 4,58 33,30 4,73 61,04 5,15 21,38 4,95 33,52 4,89 58,46 5,33 21,41 5,13 32,23 5,15 52,95 5,51 21,44 5,22 29,48 5,45 56,07 5,96 22,92 5,49 31,03 5,53 62,16 6,14 20,11 5,85 34,08 5,53 53,74 6,23 21,55 5,94 29,87 5,95 54,14 6,41 21,58 6,30 30,07 6,11 54,25 6,68 18,75 6,39 30,12 6,41 54,66
Legenda: TN – Tensão normal em kPa. TCis – Tensão de cisalhamento em kPa. Desl H – Deslocamento horizontal em mm.
222
Tabela G.9- Resultados do ensaio de cisalhamento direto - Série AG3-27,5 TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa
Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,18 1,28 0,18 2,56 0,20 4,61 0,18 5,12 0,36 15,42 0,41 23,75 0,54 5,15 0,36 16,70 0,53 24,06 0,90 10,24 0,72 19,39 0,67 30,90 1,17 13,51 0,90 23,33 0,92 33,00 1,17 12,35 1,17 24,74 1,14 31,54 1,53 14,26 1,26 27,39 1,26 36,30 1,53 17,24 1,81 28,96 1,65 39,13 1,99 14,64 1,90 29,01 1,73 39,21 2,26 17,31 2,17 34,44 1,94 49,00 2,35 19,97 2,35 34,55 2,20 49,19 2,71 15,35 2,53 35,99 2,68 50,78 2,80 18,04 2,71 38,78 2,53 55,80 3,16 18,09 2,98 40,31 3,15 54,61 3,34 19,46 3,25 37,80 3,20 54,04 3,61 22,15 3,61 39,40 3,37 56,92 3,61 23,51 3,70 38,10 3,74 65,36 3,88 22,19 3,97 36,92 3,85 64,59 4,06 24,96 4,06 36,98 3,97 65,59 4,24 23,62 4,33 37,16 4,23 65,28 4,69 22,31 4,51 35,90 4,61 65,26 4,69 22,31 4,78 36,08 4,70 65,35 4,97 23,74 4,97 34,80 4,78 61,03 5,33 22,41 5,24 32,18 5,21 64,48 5,51 21,03 5,42 35,09 5,43 60,13 5,78 21,06 5,60 32,39 5,57 64,21 5,87 22,49 5,69 33,85 5,87 60,18 6,05 23,94 6,05 32,66 6,01 65,06 6,50 21,16 6,23 35,62 6,14 65,06 6,59 22,61 6,59 35,86 6,28 60,49 6,68 22,62 6,77 34,54 6,44 70,68 7,04 22,13 7,04 36,17 6,75 61,02
Legenda: TN – Tensão normal em kPa. TCis – Tensão de cisalhamento em kPa. Desl H – Deslocamento horizontal em mm.
223
Tabela G.10- Resultados do ensaio de cisalhamento direto - Série AG4-5,5 TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa
Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,09 3,85 0,11 7,76 0,18 14,36 0,18 6,41 0,29 15,46 0,38 28,60 0,36 10,31 0,65 24,63 0,49 45,57 0,81 11,69 0,92 23,44 0,75 43,37 0,81 14,28 1,01 27,39 0,91 50,67 1,08 14,35 1,10 27,43 1,15 50,75 1,35 17,03 1,47 28,92 1,25 53,50 1,45 16,69 1,65 29,01 1,60 53,66 1,63 18,06 2,01 31,84 1,75 58,91 2,08 18,23 2,10 29,23 1,91 54,08 2,08 18,23 2,28 34,66 2,07 61,13 2,44 21,03 2,55 34,70 2,65 65,38 2,80 21,18 2,73 33,59 2,60 62,14 2,80 19,84 3,09 33,80 3,10 62,54 3,16 19,99 3,45 32,66 3,25 60,42 3,34 20,77 3,63 34,86 3,31 61,06 3,43 16,02 3,63 34,13 3,71 63,14 3,70 17,48 3,81 32,87 3,90 60,81 3,88 18,91 4,17 34,46 4,03 63,76 4,33 17,71 4,44 33,25 4,34 61,51 4,42 16,36 4,81 32,07 4,60 59,33 4,60 19,20 4,90 30,73 4,73 56,84 4,79 16,49 4,99 32,18 4,86 59,53 5,06 17,98 5,26 30,93 5,16 57,22 5,15 15,22 5,44 33,85 5,50 62,63 5,60 16,78 5,71 34,02 5,56 62,94 5,60 16,78 5,89 32,72 5,93 60,52 5,87 19,72 6,07 31,40 5,96 58,09 6,23 14,16 6,34 31,56 6,15 58,38 6,32 15,62 6,43 31,61 6,45 58,48 6,59 20,03 6,70 33,22 6,63 61,45 6,86 18,70 6,97 34,84 6,79 64,45 7,23 18,06 7,35 33,82 7,06 63,25
Legenda: TN – Tensão normal em kPa. TCis – Tensão de cisalhamento em kPa. Desl H – Deslocamento horizontal em mm.
224
Tabela G.11- Resultados do ensaio de cisalhamento direto - Série AG4-16,5 TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa
Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,09 6,41 0,15 3,86 0,23 15,60 0,27 10,29 0,24 15,46 0,38 20,31 0,54 10,34 0,42 18,09 0,65 38,43 0,63 11,65 0,69 20,77 0,74 38,61 0,90 14,30 0,96 20,87 0,83 42,25 1,08 18,35 1,23 24,90 0,92 40,12 1,35 19,72 1,33 27,56 1,19 41,47 1,54 19,77 1,60 22,41 1,38 50,26 1,72 19,82 1,96 30,52 1,65 52,03 1,99 18,57 2,05 33,22 2,10 56,25 2,26 24,64 2,32 36,05 2,28 61,13 2,53 24,71 2,50 37,50 2,46 65,38 2,80 26,12 2,77 34,99 2,73 65,03 2,98 24,83 3,04 36,51 2,73 62,74 2,98 24,83 3,22 33,91 3,09 65,46 3,16 24,87 3,40 35,38 3,18 61,06 3,43 23,59 3,58 34,13 3,36 65,98 3,52 23,61 3,85 35,67 3,63 65,08 3,79 25,14 4,03 33,03 3,81 64,89 4,06 24,37 4,30 33,19 4,17 65,75 4,33 24,43 4,48 33,30 4,53 65,89 4,60 23,10 4,76 30,68 4,53 63,56 4,79 23,14 4,85 32,12 4,72 57,13 4,88 25,29 5,12 30,88 4,99 63,28 5,15 25,09 5,39 35,26 5,26 57,60 5,33 23,25 5,57 31,14 5,62 57,89 5,69 23,32 5,84 31,29 5,62 56,64 5,87 23,36 6,02 34,25 6,07 57,26 6,05 21,97 6,38 34,48 6,07 58,68 6,23 27,73 6,56 31,72 6,25 58,45 6,50 21,49 6,65 33,22 6,61 57,53
Legenda: TN – Tensão normal em kPa. TCis – Tensão de cisalhamento em kPa. Desl H – Deslocamento horizontal em mm.
225
Tabela G.12- Resultados do ensaio de cisalhamento direto - Série AG4-27,5 TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa
Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,09 3,85 0,19 3,85 0,10 5,78 0,18 5,14 0,28 14,13 0,38 21,20 0,36 9,02 0,37 18,01 0,53 23,53 0,72 9,07 0,73 22,00 0,70 27,02 0,90 13,10 0,82 23,33 1,03 35,00 1,17 18,21 1,09 24,74 1,11 37,12 1,35 20,13 1,27 28,74 1,30 43,11 1,63 21,58 1,64 31,55 1,65 40,84 1,72 24,23 1,91 34,34 1,70 41,50 1,99 25,60 2,09 32,03 1,89 43,65 2,17 22,97 2,18 36,07 2,15 49,70 2,53 25,70 2,45 38,83 2,61 47,50 2,62 25,71 2,72 36,23 2,65 56,28 2,80 24,41 2,90 39,02 3,15 58,49 3,07 25,80 3,08 35,06 3,20 54,65 3,25 25,83 3,35 39,27 3,29 58,91 3,52 27,25 3,62 39,46 3,75 64,20 3,70 30,24 3,80 38,23 3,91 65,34 4,06 27,62 3,98 38,24 3,95 61,36 4,24 30,41 4,16 38,35 4,30 61,53 4,42 29,06 4,34 38,46 4,60 61,69 4,70 29,12 4,80 39,06 4,71 63,78 4,88 29,15 4,89 39,41 4,76 65,18 4,97 29,17 5,07 36,73 5,16 66,09 5,24 29,23 5,25 40,21 5,40 62,04 5,51 29,28 5,79 37,14 5,52 66,70 5,78 29,34 5,79 38,55 5,85 68,83 5,96 29,38 6,15 37,35 5,95 67,02 6,05 29,40 6,15 35,92 6,15 64,88 6,41 29,48 6,42 36,07 6,63 65,11 6,68 29,53 6,69 37,66 6,53 66,50 6,95 29,59 6,87 37,22 6,73 65,32 7,56 28,31 7,74 36,08 7,43 65,34
Legenda: TN – Tensão normal em kPa. TCis – Tensão de cisalhamento em kPa. Desl H – Deslocamento horizontal em mm.
226
Tabela G.13- Resultados do ensaio de cisalhamento direto - Série AG5-5,5 TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa
Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,09 2,56 0,09 2,56 0,27 7,70 0,18 7,68 0,36 15,42 0,36 26,98 0,36 10,28 0,63 14,19 0,63 32,26 0,72 11,63 0,81 19,42 0,72 38,77 0,99 12,69 0,90 22,04 1,08 42,91 1,26 12,74 1,26 22,17 1,17 49,49 1,26 13,74 1,26 23,06 1,35 52,25 1,44 15,08 1,72 25,03 1,81 56,61 1,90 16,50 1,99 25,98 1,90 56,70 1,90 16,50 2,08 29,03 2,17 59,61 2,26 20,57 2,44 24,06 2,26 62,36 2,53 19,33 2,62 29,13 2,44 64,88 2,62 18,02 2,89 30,45 2,80 65,08 2,98 19,47 3,16 26,78 2,89 64,07 3,34 19,58 3,16 31,48 3,25 64,50 3,52 19,63 3,43 32,57 3,34 64,61 3,61 19,66 3,70 32,74 3,79 64,79 3,79 20,45 3,97 31,55 3,79 64,06 3,97 18,41 4,06 28,89 4,06 65,21 4,33 19,89 4,33 35,41 4,42 63,41 4,60 18,60 4,60 34,76 4,60 62,23 4,69 20,39 4,78 35,26 4,78 62,44 5,15 18,76 4,97 36,06 4,88 59,76 5,15 17,36 5,33 29,63 5,15 62,85 5,42 18,84 5,51 33,89 5,42 63,16 5,51 18,87 5,69 34,19 5,60 63,37 5,78 20,38 5,78 34,07 5,87 62,27 6,23 18,67 6,05 31,50 5,96 60,96 6,32 18,70 6,41 30,31 6,23 61,27 6,50 18,75 6,50 28,94 6,59 61,68 6,68 17,37 6,68 30,48 6,59 63,11 7,04 19,36 7,04 33,61 6,95 64,99 7,13 18,49 7,13 30,78 7,13 65,21 7,40 15,11 7,31 30,90 7,40 65,55 7,67 19,57 7,49 32,48 7,49 65,66 7,76 19,60 7,94 31,32 7,94 66,23
Legenda: TN – Tensão normal em kPa. TCis – Tensão de cisalhamento em kPa. Desl H – Deslocamento horizontal em mm.
227
Tabela G.14- Resultados do ensaio de cisalhamento direto - Série AG5-16,5 TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa
Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,11 2,57 0,27 5,13 0,16 3,85 0,20 6,43 0,36 12,85 0,25 19,30 0,47 9,05 0,54 20,62 0,34 30,92 0,65 10,37 0,72 19,39 0,52 31,02 0,65 14,26 0,90 20,74 0,79 36,35 0,83 14,30 1,17 24,74 1,15 39,19 1,19 18,32 1,35 23,51 1,24 41,87 1,47 15,77 1,63 24,94 1,33 40,62 1,65 17,14 1,99 25,09 1,61 46,08 1,65 18,46 2,08 26,45 1,88 46,58 2,10 19,93 2,35 26,58 2,15 49,48 2,37 21,36 2,53 34,66 2,42 55,08 2,46 21,40 2,89 34,85 2,51 56,19 2,73 22,84 2,89 36,19 2,87 60,63 2,73 22,84 3,25 40,80 3,14 61,66 3,27 21,70 3,61 40,68 3,32 61,89 3,54 23,17 3,61 40,02 3,41 60,01 3,54 23,17 4,06 40,35 3,68 60,32 3,81 23,28 4,06 36,87 3,95 60,37 4,17 20,68 4,33 39,78 4,22 60,68 4,26 20,71 4,69 37,25 4,31 61,80 4,63 20,85 4,69 34,48 4,77 61,00 4,72 19,49 4,97 37,41 4,95 59,83 4,99 23,78 5,15 36,12 5,13 60,06 5,26 19,68 5,51 33,52 5,13 57,26 5,35 19,72 5,60 36,39 5,49 59,12 5,62 22,64 5,87 36,55 5,58 57,82 5,80 19,88 6,23 35,35 6,03 58,39 6,16 20,01 6,23 33,92 6,21 60,05 6,16 20,01 6,41 38,31 6,39 60,29 6,61 23,07 6,77 35,66 6,48 54,66 6,61 18,74 6,86 35,72 6,93 55,21 6,88 17,39 7,22 37,39 7,02 55,32 7,06 18,90 7,31 34,54 7,29 55,66 7,24 20,43 7,58 34,69 7,47 60,28 7,69 19,13 7,76 34,80 7,74 60,64
Legenda: TN – Tensão normal em kPa. TCis – Tensão de cisalhamento em kPa. Desl H – Deslocamento horizontal em mm.
228
Tabela G.15- Resultados do ensaio de cisalhamento direto - Série AG5-27,5 TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa
Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,18 2,56 0,18 3,84 0,16 2,57 0,45 6,43 0,27 12,83 0,52 20,68 0,72 9,05 0,36 12,85 0,52 31,02 0,81 11,65 0,72 19,39 0,88 32,51 1,08 11,70 1,08 16,90 0,97 33,86 1,17 11,72 1,17 18,23 1,24 35,33 1,44 10,47 1,26 20,87 1,33 39,31 1,53 11,79 1,63 22,31 1,70 38,24 1,99 15,85 1,72 21,03 1,79 39,62 2,08 14,55 1,99 23,77 2,06 43,78 2,44 14,64 2,26 26,54 2,24 45,25 2,62 16,02 2,62 25,37 2,51 46,80 2,80 16,07 2,71 31,74 2,78 49,71 3,16 18,87 3,07 31,91 3,05 49,95 3,16 18,87 3,07 31,91 3,14 51,38 3,43 21,96 3,34 34,75 3,50 51,71 3,88 20,75 3,79 32,26 3,68 50,51 4,06 24,91 3,79 34,99 3,86 53,41 4,15 24,95 4,15 40,18 4,22 55,63 4,42 23,68 4,42 38,95 4,31 57,09 4,60 23,74 4,42 37,57 4,68 54,64 4,78 22,43 4,51 36,23 4,77 57,51 5,15 26,76 4,97 39,23 4,86 58,80 5,24 28,19 5,06 36,49 5,31 57,80 5,42 26,84 5,24 39,38 5,58 56,63 5,78 28,37 5,60 33,94 5,58 55,21 6,05 28,46 5,78 41,08 5,94 56,94 6,14 28,49 6,14 35,60 6,21 57,18 6,41 31,44 6,23 38,50 6,39 60,20 6,68 30,12 6,50 37,21 6,48 57,42 6,68 27,24 6,77 37,35 6,66 61,90 7,13 28,84 6,86 35,95 6,93 60,57 7,22 25,97 7,22 37,58 7,11 60,26 7,40 27,48 7,31 37,63 7,38 60,08 7,85 29,10 7,58 37,77 7,65 60,29 8,04 27,69 7,76 40,80 7,74 61,51
Legenda: TN – Tensão normal em kPa. TCis – Tensão de cisalhamento em kPa. Desl H – Deslocamento horizontal em mm.
229
Tabela G.16- Resultados do ensaio de cisalhamento direto - Série AG4C-5,5 TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa
Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,13 5,64 0,13 8,56 0,11 7,73 0,40 8,32 0,22 17,03 0,47 28,06 0,67 13,57 0,31 20,11 0,47 28,06 0,76 13,62 0,67 25,81 0,83 42,38 1,03 16,84 1,03 30,15 0,92 45,20 1,12 16,50 1,12 30,20 1,19 45,32 1,39 17,56 1,21 31,73 1,28 48,05 1,48 18,06 1,58 31,96 1,65 55,92 1,94 18,92 1,67 35,08 1,74 60,89 2,03 17,43 1,94 34,21 2,01 60,76 2,39 19,40 2,21 37,18 2,19 64,62 2,57 19,30 2,57 36,23 2,46 63,88 2,75 21,01 2,66 37,00 2,73 65,64 3,11 21,07 3,02 37,24 3,00 67,04 3,11 20,39 3,02 35,98 3,09 63,32 3,38 17,77 3,29 37,25 3,45 67,35 3,83 17,02 3,74 37,06 3,63 66,05 4,01 17,48 3,74 36,21 3,81 64,89 4,10 20,41 4,10 36,96 4,17 67,25 4,37 18,71 4,37 35,62 4,26 64,17 4,55 17,36 4,37 34,33 4,63 63,28 4,73 20,20 4,46 32,85 4,72 65,02 5,10 17,49 4,92 34,45 4,81 64,73 5,19 18,98 5,01 33,07 5,26 66,01 5,37 16,22 5,19 34,29 5,53 61,77 5,73 17,78 5,55 34,48 5,53 61,77 6,00 17,78 5,73 33,04 5,89 59,94 6,09 18,72 6,09 32,59 6,16 60,53 6,36 17,18 6,18 32,77 6,34 57,62 6,63 16,62 6,45 31,82 6,43 57,19 6,63 17,03 6,72 30,59 6,61 54,42 7,08 16,16 6,81 30,38 6,88 55,59
Legenda: TN – Tensão normal em kPa. TCis – Tensão de cisalhamento em kPa. Desl H – Deslocamento horizontal em mm.
230
Tabela G.17- Resultados do ensaio de cisalhamento direto - Série AG4C-16,5 TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa
Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,16 8,67 0,07 4,06 0,12 8,43 0,25 10,34 0,16 10,21 0,21 12,32 0,52 13,2 0,34 18,09 0,30 25,31 0,70 13,23 0,52 15,55 0,48 38,43 0,70 14,68 0,70 18,46 0,75 37,25 0,88 14,72 0,97 18,84 1,11 45,62 1,24 15,46 1,15 20,93 1,20 49,89 1,52 16,43 1,43 25,18 1,29 55,12 1,70 18,86 1,79 29,96 1,57 56,64 1,78 20,14 1,88 30,99 1,84 60,43 2,15 20,18 2,15 30,56 2,11 66,71 2,42 23,76 2,33 35,16 2,38 66,43 2,51 24,13 2,69 36,92 2,47 65,72 2,78 25,18 2,69 36,54 2,83 63,21 2,78 22,42 3,05 34,78 3,10 64,34 3,32 26,08 3,41 36,73 3,28 66,87 3,59 25,16 3,41 36,89 3,37 66,04 3,59 24,31 3,86 36,70 3,64 66,51 3,86 25,86 3,86 36,70 3,91 65,34 4,22 26,12 4,13 37,15 4,18 63,49 4,31 25,86 4,49 34,32 4,27 67,89 4,68 24,06 4,49 35,16 4,73 62,23 4,77 24,12 4,77 33,24 4,91 66,55 5,04 23,4 4,95 30,25 5,09 66,83 5,31 23,47 5,31 31,50 5,09 62,17 5,40 19,71 5,40 32,78 5,45 57,86 5,67 22,91 5,67 30,88 5,54 63,32 5,85 20,42 6,03 30,82 5,99 58,16 6,21 21,03 6,03 25,53 6,17 60,48 6,21 23,74 6,21 31,01 6,35 59,26 6,66 19,62 6,57 32,43 6,44 58,43
Legenda: TN – Tensão normal em kPa. TCis – Tensão de cisalhamento em kPa. Desl H – Deslocamento horizontal em mm.
231
Tabela G.18- Resultados do ensaio de cisalhamento direto - Série AG4C-27,5 TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa
Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) Desl H (mm) TCis (kPa) 0,00 0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,14 5,31 0,12 5,73 0,12 6,92 0,34 9,07 0,33 17,58 0,31 20,43 0,34 11,24 0,45 17,46 0,49 27,02 0,54 14,31 0,77 23,03 0,69 33,01 0,73 15,42 0,98 26,75 0,89 37,41 0,93 18,35 1,31 26,75 1,10 35,73 1,33 21,34 1,42 33,21 1,31 45,68 1,53 21,63 2,07 35,68 1,73 47,32 1,83 20,13 2,18 33,54 1,83 50,45 1,93 23,61 2,50 35,86 2,15 53,63 2,42 24,53 2,72 35,79 2,36 59,74 2,62 25,76 2,93 33,46 2,88 61,99 2,62 23,49 3,15 36,46 3,01 62,13 3,12 27,46 3,48 35,83 3,51 64,49 3,22 26,74 3,80 35,21 3,61 60,13 3,61 25,89 4,23 36,43 3,71 62,43 3,91 27,81 4,34 36,67 4,13 59,20 3,91 28,16 4,67 35,89 4,34 64,34 4,41 29,96 4,78 36,72 4,45 65,06 4,41 30,23 5,10 34,53 4,76 64,96 4,61 30,54 5,32 34,61 5,18 64,17 5,00 30,08 5,64 35,19 5,28 62,32 5,10 29,86 5,86 34,53 5,49 63,12 5,50 30,13 6,18 32,84 5,80 60,48 5,60 30,21 6,40 33,18 6,12 59,46 6,00 27,62 6,62 32,45 6,22 59,50 6,10 29,86 6,73 34,37 6,64 60,46 6,59 28,53 7,16 32,13 6,74 61,38
Legenda: TN – Tensão normal em kPa. TCis – Tensão de cisalhamento em kPa. Desl H – Deslocamento horizontal em mm.
232
y = 0,6754x + 4,49
y = 0,5941x + 5,305
y = 0,5813x + 12,67
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 20 40 60 80 100 120
Tensão normal (kPa)
Tens
ão d
e ci
salh
amen
to (k
Pa)
AG1-5,5 AG1-16,5 AG1-27,5
y = 0,6581x + 5,585
y = 0,5812x + 7,32
y = 0,5357x + 10,06
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 20 40 60 80 100 120
Tensão normal (kPa)
Tens
ão d
e ci
salh
amen
to (k
Pa)
AG1-5,5 AG1-16,5 AG1-27,5
y = 0,6304x + 5,295y = 0,5646x + 7,915y = 0,5357x + 11,985
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 20 40 60 80 100 120
Tensão normal (kPa)
Tens
ão d
e ci
salh
amen
to (k
Pa)
AG1-5,5 AG1-16,5 AG1-27,5
y = 0,5739x + 6,32
y = 0,5354x + 10,95
y = 0,4879x + 15,81
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 20 40 60 80 100 120
Tensão normal (kPa)Te
nsão
de
cisa
lham
ento
(kPa
)
AG1-5,5 AG1-16,5 AG1-27,5
y = 0,6226x + 5,35y = 0,5652x + 10,75
y = 0,4756x + 16,345
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 20 40 60 80 100 120
Tensão normal (kPa)
Tens
ão d
e ci
salh
amen
to (k
Pa)
AG1-5,5 AG1-16,5 AG1-27,5
y = 0,5971x + 5,975
y = 0,5015x + 12,555
y = 0,4227x + 17,975
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 20 40 60 80 100 120
Tensão normal (kPa)
Tens
ão d
e ci
salh
amen
to (k
Pa)
AG1-5,5 AG1-16,5 AG1-27,5
Figura G1- Curvas representativas da aplicação do critério de Coulomb para cada série
233
Tabela G.19- Resumo dos resultados de tensão de cisalhamento máxima, coesão e ângulo de atrito interno para cada série
TN = 25 kPa TN = 50 kPa TN = 100 kPa Série
TCm Dh TCm Dh TCm Dh Coesão (kPa)
Atrito (Grau)
AG1-5,5 19,48 1,88 41,10 3,70 71,08 4,24 4,5 34,0 AG1-16,5 20,63 3,09 34,30 3,95 64,95 4,99 5,3 30,7 AG1-27,5 24,91 4,06 45,73 4,17 69,95 5,24 12,7 30,2 AG2-5,5 20,98 2,44 40,08 4,02 70,87 3,88 5,6 33,3 AG2-16,5 22,87 3,61 34,85 3,05 65,95 3,97 7,3 30,2 AG2-27,5 25,15 4,81 34,30 3,95 64,48 5,15 10,1 28,2 AG3-5,5 23,17 3,09 33,64 3,07 69,39 3,16 5,3 32,2 AG3-16,5 22,46 3,34 35,50 3,68 64,59 3,88 7,9 29,4 AG3-27,5 24,96 4,06 39,40 3,61 65,35 4,69 12,0 28,2 AG4-5,5 20,77 3,34 34,86 3,63 63,76 3,97 6,3 29,9 AG4-16,5 25,14 3,79 36,51 3,04 64,89 3,81 11,0 28,2 AG4-27,5 29,17 4,97 38,46 4,34 65,18 4,88 15,8 26,0 AG5-5,5 20,45 3,79 35,26 4,78 65,21 4,06 6,0 30,84 AG5-16,5 23,28 3,81 40,35 4,06 61,80 4,31 12,5 26,63 AG5-27,5 28,46 6,05 39,23 4,97 60,20 6,39 18,0 22,91 AG4C-5,5 20,39 3,11 37,27 3,29 67,35 3,45 5,4 31,9
AG4C-16,5 26,12 4,22 37,15 4,13 67,89 4,27 10,8 29,5 AG4C-27,5 30,54 4,61 36,67 4,34 65,06 4,45 16,4 25,4
Legenda: TN – Tensão normal em kPa. TCm – Tensão de cisalhamento máxima obtida no ensaio de cisalhamento direto em kPa. Dh – Deslocamento horizontal correspondente a tensão de cisalhamento máxima em mm