FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA (FGF) · visão e apreciação da música na escola nos...
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FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA - FGF
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD
PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE
DOCENTES
NA ÁREA DE LICENCIATURA EM ARTE E EDUCAÇÃO
Maria Lucineide Freire de Almeida
O CANTO CORAL NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
NO PROJETO ESCOLA-VIVA: UM ESTUDO DE CASO DO
CORAL AYRTON SENNA DA SILVA
Fortaleza-CE
2011
Maria Lucineide Freire de Almeida
Monografia apresentada ao Programa
Especial de Formação Pedagógica de
Docentes na Área de Licenciatura em
Arte e Educação, da Faculdade Integrada
da Grande Fortaleza, como requisito
necessário para a obtenção do grau de
Licenciatura em Arte e Educação.
Orientadora: Profa. Esp. Guaraciara de
Freitas Araújo.
Fortaleza-CE
2011
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 5
2. ABORDAGEM HISTÓRICA E REFLEXÕES PRELIMINARES SOBRE A
EDUCAÇÃO MUSICAL NO BRASIL. 10
3. A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO MUSICAL PARA O DESENVOLVIMENTO
DO EDUCANDO. 16
3.1. COMO A MÚSICA É VISTA E APRECIADA HOJE NA ESCOLA 18 3.2. A MÚSICA POR MEIO DO CORAL NA ESCOLA 19 3.3. A VOZ COMO INSTRUMENTO DO CORAL 24
4. A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NA APRENDIZAGEM E AUTOESTIMA DOS
EDUCANDOS: UM ENFOQUE NAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS DE HOWARD
GARDNER 28
4.1. EDUCAÇÃO, MÚSICA E AUTOESTIMA 34
5. O CORAL AYRTON SENNA DA SILVA 39
5.1. O PROJETO ESCOLA VIVA 39 5.2. HISTÓRICO DO CORAL AYRTON SENNA DA SILVA: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA 40 5.3. O CORAL AYRTON SENNA HOJE 42 5.4. TABULAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS. 43 5.5. QUESTIONÁRIO DE PAIS, NÚCLEO GESTOR E PROFESSORES 53 5.6. DEPOIMENTOS DE PAIS: 56 5.7. DEPOIMENTOS DE PROFESSORES E NÚCLEO GESTOR. 56
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 58
7. BIBLIOGRAFIA 60
RESUMO
O presente trabalho descreve e analisa a influência da música no processo de ensino e
aprendizagem, bem como a elevação da autoestima do educando e tem como vertente
um estudo de caso do coral Ayrton Senna da Silva. As reflexões feitas sobre a Educação
Musical no Brasil contemplam um breve histórico do ensino da música neste país, a
visão e apreciação da música na escola nos dias de hoje, a importância da música por
meio do canto coral na escola, e a apreciação da voz como um instrumento
indispensável além de primordial para o coral. Apresenta um paralelo sobre música e
autoestima na educação, tendo como embasamento as inteligências múltiplas de
Gardner. O histórico do coral Ayrton Senna da Silva desde sua formação até os dias de
hoje foi peça principal para dar subsídio a esta pesquisa. Os resultados obtidos foram
coletados por intermédio de questionários semi-estruturado e estruturado, permitindo
uma análise precisa do objeto de estudo deste trabalho. Os resultados mostram que a
música é um instrumento motivacional e estimulador para melhoria do aluno como um
todo.
Palavras Chaves: Música. Coral. Autoestima. Ensino-aprendizagem.
Abstrat: The issue addressed in this paper describes and analyzes the influence of music
in the teaching and learning, as well as increasing the student's low self-esteemed
is a part case study of coral Ayrton Senna da Silva. The reflections on musical
education in Brazil include a brief history of music in this country, the vision
and appreciation of music in school today, mentions the importance of
music through choral singing in school and make an assessment voice as well as
an indispensable tool for the primary choir. Presents a parallel on music education and
self-esteem in having as basis the multiple intelligences of Gardner. The
historic choir Ayton Senna da Silva from its formation to the present day main
part was to give grant to this research. The results werecollected
through structured questionnaires and semi-structured, allowing aprecise analysis of
the object of this work. The results show that music is amotivational tool for
improving and stimulating the student as a whole.
Keywords: music, choir, Self-Esteem teaching and learning.
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1. INTRODUÇÃO
O tema proposto nesta pesquisa merece uma abordagem significativa por
se tratar de um assunto relevante no que diz respeito á sua prática em sala de aula, bem
como no espaço escolar nos dias atuais.
A música é tão antiga quanto a origem do ser humano, deduz-se que os
homens da pré-história foram os primeiros a expressar emoções pela a arte da palavra
cantada.
A prática da música nas escolas brasileiras é pouco trabalhada, contudo
esta prática vem sendo repensada, e é por esta razão que a pesquisa procurou contribuir
evidenciando realizações de atividades musicais pelo canto coral, sabendo que a música
tem relação direta com o ser humano.
A linguagem musical (organização de sons estruturados que estabelece
relações e gera significados para a criança) possui e desempenha um papel essencial na
comunicação como forma de expressão dos sentimentos mais profundos e de percepção
da realidade. Ela é compreendida de forma mais ampla como processo humano presente
em todos os tipos de relações, sejam elas interpessoais e ou sociais incluindo o ato de
educar.
A música configura-se como importante recurso pedagógico e princípio
educativo, ajudando o educando a conhecer-se, descobrir sua capacidade expressiva,
vivenciando experiências significativas no que se refere à sensibilidade, postura
corporal, potencialidade oral, possibilitando a percepção rítmica e as dimensões de seus
movimentos além do seu desenvolvimento motor.
A música é uma forma de comunicação humana que por si só justifica
sua presença no contexto educacional de um modo geral. A integração, interação e
comunicação conferem caráter significativo à linguagem musical, pois as atividades do
canto coral integram plenamente os alunos que aprendem a viver em grupo, e esta
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vivência lhes dá a possibilidade de conhecer seus limites, se auto-avaliarem, se
disciplinarem e desfrutarem das sensações despertadas por esta linguagem.
No sistema educacional atual brasileiro, a música é contemplada nos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), bem como na Lei de Diretrizes e Bases da
educação (LDB), e esta vem sendo executada por meio dos programas e projetos, como
o Projeto Um Canto em Cada Canto, Escola Viva, Festal, dentre outros que são
desenvolvidos pelas políticas da Secretaria de Educação Básica do Estado do Ceará e
também dos Municípios.
Vale salientar que existem poucos professores habilitados para trabalhar
em sala de aula com a linguagem musical, pois a maioria dos professores não tiveram
acesso a formação adequada para tal, nem mesmo acesso aos programas de ensino em
suas agências formadoras como as Universidades que por não ofertarem essa base
teórica e prática, inviabilizam o ensino musical a realidade na vida curricular dos
educandos do Ensino Fundamental.
Romper com o tradicional é tarefa árdua e para isso enfrentou-se muitos
desafios, mas tornou-se prazeroso ter acesso as reflexões iniciais sobre o tema na
intenção de contribuir para um melhor desempenho do educando enquanto criança,
enquanto ser capaz de aprender, ensinar, construir, autoavaliar, e avaliar o mundo ao
seu redor.
A abordagem realizada neste trabalho monográfico foi a respeito da
contribuição da música para o discente por meio do coral, englobando uma série de
análises que se fazem necessárias para a compreensão da música como um elemento
dinamizador na aprendizagem do aluno. As atividades desenvolvidas no coral
possibilitam ao aluno um exercício reflexivo sobre sua percepção de mundo, fazendo
com que ele interaja coletivamente com o meio circundante de forma significativa. A
música vocal também estimula as manifestações de sentimentos saudáveis no que diz
respeito aos valores culturais e morais, tendo consequências diretas em seu modo de ser,
sentir e de agir, elevando assim a autoestima dos educandos.
Portanto, a pesquisa fez menção às contribuições da música no processo
de elevação da autoestima do aluno, tendo como foco o grupo Coral Ayrton Senna da
Silva, fruto do projeto Escola Viva desenvolvido na Escola de Ensino Fundamental e
Médio Ayrton Senna da Silva, situada no Bairro Dom Lustosa, no município de
Fortaleza, Estado do Ceará.
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O objetivo geral desta pesquisa foi apreender, descrever, analisar e
sistematizar como as atividades musicais desenvolvidas no canto coral contribuem para
mudanças de comportamento, elevação da autoestima e estimulação no processo ensino
aprendizagem.
Um dos pontos principais deste trabalho foi pesquisar o desenvolvimento
da autoestima nos processos de educação musical, além das variações comportamentais
decorrentes das atividades relacionadas à experiência com o canto coral educativo. Tal
ponto teve como principal problemática a seguinte questão: Como a música tem
contribuído para uma melhor aprendizagem, conquista da autoestima e mudança de
comportamento por parte dos educandos do ―Coral Ayrton Senna da Silva‖?
O estudo deste tema justifica-se pela relevância que apresenta para o
discente que tem oportunidade de participar de uma atividade extracurricular como
canto coral, e para a escola que oportuniza e abre espaço para trabalhar muito além da
música, envolvendo o educando em um contexto de estimulação do raciocínio,
pensamento ativo e reflexão sobre a descoberta de que o aluno é capaz de fazer de si
mesmo.
A criança que tem oportunidade de participar de um grupo como canto
coral na escola está recebendo estímulo dia a dia para melhor desenvolver suas
potencialidades, vencer, a timidez, romper preconceitos, melhorar como pessoa,
conhecer suas limitações, fazer e conhecer novos amigos e sentir prazer nas harmonias
cantadas, percebendo e sentindo o resultado sonoro.
O exercício de memorização feito a cada ensaio dá ao educando a
possibilidade de guardar consigo muitas informações, passando este a ter uma
percepção bem mais aguçada do seu dia a dia, de inventar coisas novas, criar adaptações
e até produzir canções com os conteúdos repassados na sala de aula pelos professores
das disciplinas curriculares. Por estar sempre em contato com a prática de uma
diversidade de ritmos, melodias e harmonias são exercitados para outros contextos além
das atividades e encontros do coral.
Os educandos, crianças e adolescentes, se estimulados pela música
desenvolverão melhor sua percepção auditiva, serão assim capazes de ouvir atentamente
os sons que os rodeiam e reconhecerão com mais facilidade instrumentos musicais e
materiais sonoros, mostrando-se receptíveis a diferentes gêneros e estilos musicais
quando tem a oportunidade de conhecê-los.
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Como esse estudo versa sobre a importância da música no canto coral no
processo ensinoaprendizagem, faz-se importante dizer que há dois tipos de coral: o coral
artístico e o coral didático. O primeiro exige um conhecimento musical maior da parte
de seus componentes; já no coral didático, os critérios de participação giram em torno
das questões pedagógicas e sócio-afetivas, sendo mínimas as exigências.
Portanto, a criança que participa de um coral educativo, participa com a
condição de querer cantar para se engajar em um grupo de convivência saudável e
comprometer-se com questões de sociabilização e formação humana e cidadã.
A metodologia empregada neste trabalho foi a de estudo de caso e
pesquisa bibliográfica. O estudo de caso compreende uma análise mais completa do
campo, pois considera os sujeitos pesquisados como componentes de um todo
complexo, envolvendo a família, o indivíduo, a instituição e a própria comunidade na
qual a pesquisa é realizada.
Para complementar os processos investigativos também foi utilizada a
pesquisa bibliográfica, realizada a partir de análises crítico-reflexivas de livros, artigos
científicos, trabalhos monográficos e publicações em meio eletrônico em sites seguros,
visando subsidiar uma fundamentação teórica plausível sobre o tema pesquisado. Esse
tipo de pesquisa permite ao investigador a compreensão conceitual de uma gama de
fenômenos pertinentes à questão central do estudo, que favorecem desvelamentos mais
precisos acerca do objeto estudado.
O lugar específico da pesquisa, a E.E.F.M. Ayrton Senna da Silva, foi
onde as entrevistas e os questionários foram aplicados, bem como a coleta de
informações gerais, as quais possibilitaram uma maior compreensão do campo e
favoreceram uma descrição e uma análise mais sistemática sobre as reflexões
envolvendo o canto coral em espaços educativos.
Esclareceu-se que as respostas seriam pessoais e sigilosas. As questões
propostas foram lidas em uníssono, uma a uma. Os educandos e professores foram
orientados para que seguissem o mesmo ritmo. O trabalho simultâneo facilitou o
acompanhamento de eventuais dúvidas. As questões serão estruturaram-se como
objetivas e os dados foram tabulados, transformados em tabela e gráficos e objetos de
análise estatística na elaboração da monografia.
Este trabalho monográfico apresenta-se em quatro capítulos, quais sejam:
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O primeiro capítulo versa sobre A Abordagem Histórica e Reflexões
Preliminares da Educação Musical no Brasil.
O segundo capítulo faz menção sobre a Importância da Educação
Musical para o Desenvolvimento do Educando como a música é vista e apreciada hoje
na escola, e a voz como instrumento do coral.
O terceiro capítulo traz a relação da Influência da Música na
Aprendizagem e Autoestima dos Educandos: um enfoque nas Inteligências Múltiplas de
Howard Gardner, bem como a educação, música e autoestima, e como é possível sua
influência na vida do educando.
O quarto capítulo, escrito com base na pesquisa de campo, descreve e
analisa o coral em si e seu devir diário. O Coral Ayrton Senna da Silva, O projeto
Escola Viva, Tabulação O Coral Ayrton Senna Hoje, Análise dos Dados.
A relação de alguns conceitos sobre as mudanças comportamentais que a
música exerce nas pessoas, pode-se visualizar nos dados que foram coletados e
construídos a partir das dúvidas e certezas que haviam no início das atividades
desenvolvidas no canto coral e estão apresentados no último capítulo deste trabalho.
As considerações finais contemplarão reflexões sobre aspectos relevantes
para o coral, bem como para o estudo de campo realizado.
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2. ABORDAGEM HISTÓRICA E REFLEXÕES PRELIMINARES
SOBRE A EDUCAÇÃO MUSICAL NO BRASIL.
Este capítulo mostra um pouco a trajetória da educação musical ao longo
da história e ao mesmo tempo registra processos pelos quais a música passou e passa até
os dias atuais.
Descrever ou falar sobre a importância da música no processo educativo
e das vantagens que esta traz ao ser humano significa compreendê-la como meio em
que a criança consegue se desenvolver em seus múltiplos aspectos intelectual, físico e
emocional, propiciando a criatividade e a prática reflexiva.
No Brasil, as propostas pedagógicas direcionadas à sensibilização
musical balançaram o status quo que foi estabelecido nos conservatórios de música,
único lugar até então institucionalizado para a formalização do ensino de música.
Em 1936, representando o governo brasileiro, Villa-Lobos participa,
junto com Antônio Sá Pereira, de um Congresso de Educação Musical em Praga. Na
ocasião, Villa-Lobos, então Diretor de Educação Musical e Artística do Rio de Janeiro,
faz uma conferência expondo de maneira enfática o seu trabalho e a filosofia que o
orienta.
Villa-Lobos afirmou que pela educação e pelo canto o país se
transformaria numa grande nação. Em um trecho de sua conferência, ele dizia:
―O Canto Orfeônico, praticado pelas crianças e por elas
propagado até os lares, nos dará gerações renovadas por
uma bela disciplina da vida social, em benefício do país,
cantando e trabalhando e, ao cantar, devotando-se à
Pátria.‖ (Schwartzman, 2000, p.108 – Villa-Lobos,
conferência em Praga. Traduzido do Francês. Arquivo
Gustavo Capanema 36.02.12-A. Parte 1).
Na década de 1940 surgem com mais intensificação os centros
alternativos onde se desenvolvia a iniciação musical, em sua maioria estruturada sobre
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as ideias de Sá Pereira e Lídia Chiaffarelli Mignone, estes espaços utilizavam no
desenvolvimento da educação musical os "novos" paradigmas da sensibilização musical
ai uma ênfase nacionalista evidenciada pelas canções de cunho folclórico bastante
entoado em seu repertório. Neste contexto, criam-se os grupos de iniciação musical e
oficinas de musicalização que desenvolvem um trabalho pedagógico centrado no
próprio aluno.
Assim, ampliam-se as diferenciadas formas de expressão musical,
estendendo-as para o corpo, a voz, e os instrumentos não convencionais, o que
anteriormente fixava-se exclusivamente na execução de um instrumento determinado
(BEYER, 1999).
A postura musical, adotada para o desenvolvimento musical nesses
centros alternativos de formação, não se alastrou as escolas brasileiras. Geralmente, o
trabalho de educação musical permanecia adaptado à estrutura curricular implementada
por Vila Lobos durante o Estado Novo.
Dessa maneira, as aulas de música e canto orfeônico eram a estratégia
predominante acompanhados pela introdução de noções básicas de teoria musical em
sua maioria ministrada de forma dissociada da experiência sonora. O canto orfeônico,
considerado como método de Educação Musical, foi o primeiro projeto oficial instituído
em todo Território Nacional durante o governo de Getúlio Vargas. É evidente que este
método de ensino musical manteve traços problematizadores por causa do seu cunho
nacionalista e de sua efervescência musical nos anos 30 e parte dos anos 40, pois foi por
intermédio dessas aulas que se confirmou a articulação da escola com o contexto
histórico e político vigente no país.
Anos depois surgiu o canto coral que também é modalidade do canto em
conjunto. Essa prática vem de eras remotas, chegando ao Brasil em 1930. O canto coral
difere um pouco do canto orfeônico por exigir mais aprimoramento da técnica vocal.
Com a prática do canto em conjunto nas escolas, os resultados obtidos
foram imediatamente reconhecidos e este passou a ser aprimorado em todos os estados
do país antes de sua oficialização, destacaram-se os estados do Ceará, Bahia, Rio de
Janeiro e Distrito Federal.
As músicas da época refletiam o pensamento dominante. Por tanto,
durante o ufanismo da década de 30 e da efervescência modernista houve um
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crescimento do ensino da música que tentaria, por meio desta expansão e diversificação,
alcançar todos os educandos nos seus espaços escolares. ―Desta forma, a educação
musical da época foi transformada num projeto estético educacional-musical
modernista‖ (FUKS, 1991)‖.
Têm-se registros ou referências que sempre foi um desafio para a
educação, educar coletivamente e esta máxima aparece no manifesto de 1945, processo
de restabelecimento do sistema democrático no Brasil que começa no final do Estado
Novo e consolida-se no governo Eurico Gaspar Dutra. A partir de 1943, a pressão
interna contra a ditadura de Getúlio Vargas cresce. No final do ano, um grupo de
intelectuais lança o Manifesto dos Mineiros, exigindo liberdade de pensamento. O
documento repercute. Nos dois anos seguintes, a luta pela redemocratização intensifica-
se, apesar da repressão. Este manifesto propôs uma nova mentalidade e um novo estilo
de educar musicalmente. Logo, vê-se claramente a necessidade de educar para a
coletividade utilizando as inovações técnicas a fim de que elas se tomem capazes de
selecionar e julgar o que de melhor se adapta a personalidade de cada um dentro das
necessidades da coletividade, combatendo o ensino baseado em opinião pré-
estabelecida, e preconceitos aceitos como dogmas, reorganizando os meios de difusão
cultural.
Partindo desse princípio, percebe-se que foi dessa forma que a música
passou a ter ênfase nas escolas do Brasil, principalmente quando se introduz o canto
orfeônico, que significa canto coletivo entoado por muitas vozes simultaneamente, o
mesmo que coro ou canto em conjunto e ou ainda coro formado por escolares, militares,
operários ou amadores da música em geral que executam repertório, mas acessível com
alguma perfeição, sem visar uma finalidade puramente artística e com objetivo de elevar
o nível cultural e artístico do povo, educando seu caráter em relação à vida social por
intermédio da música.
Anos após com a intervenção de Anísio Teixeira criador no Rio de
Janeiro da Superintendência da Educação Musical Artística (SEMA), o canto orfeônico
já entoado com as técnicas criadas pelo próprio Villa Lobos e sua equipe, se expandiu e,
foi implantado em todo país como parte do currículo escolar.
Resta-se que a condição da música brasileira está profundamente ligada ao
que aconteceu com as instituições de educação quando estas serviram como
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instrumentos para vários setores da burguesia, e como canais de mobilidade social de
importância fundamental para as classes médias e famílias de imigrantes remediados ou
ricos.
Outros projetos, objetivando a organização do ensino e a disseminação
da música em todas as formas e níveis, foram apresentados na época. Entre eles,
destacou-se o projeto de Mário de Andrade (1938 e 1939), em que se encontravam as
―bases para uma entidade federal destinada a estudar o folclore musical brasileiro,
propagar a música como elemento de cultura cívica e desenvolver a música erudita
nacional.‖
Esse projeto, redigido em papel timbrado do Instituto Nacional do Livro,
sem data e sem assinatura, foi enviado ao então ministro da Educação e Saúde, Gustavo
Capanema, com a seguinte justificativa:
―A música é universalmente conhecida como a
coletivizadora-mor entre as artes. Só o teatro se lhe
aproxima como função pragmática. É uma questão
especialmente de ritmo, mas este por si não tem tamanho
poder como quando auxiliado pelo som das melodias. A
maior parte deste poder coletivizador e cívico da música
está em que, dentre as artes, ela é a única que se imiscui
no trabalho. Em todas as partes do mundo canta-se
durante o trabalho, canções de remar, de colheita, de fiar,
etc., etc. É também a música que entra nos trabalhos
militares da guerra. Pelo menos até este se tornar
mecânico. Os hinários de religião, política, de civismo.‖
(Schwartzman, 2000., p.109 - Plano de Mário de
Andrade enviado a Capanema‖. GC 36.02.12.).
Embora o projeto de Villa-Lobos tenha sido hegemônico, ele não foi o
único no período. Outros surgiram como, por exemplo, o de Magdalena Tagliaferro, em
junho de 1940, que propunha a ―reorganização do ensino musical no Brasil e
particularmente da Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro‖ (Schwartzman, 2000,
p.110 – Arquivo GC 7.00.00/5- A-5).
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A partir da Constituição de 1937, o governo, além de promover,
organizar e disciplinar o ensino do Canto Orfeônico nas escolas adota uma série de
medidas visando favorecer a ampliação e a divulgação da música brasileira. Dentre
estas, está a integração do Instituto Nacional de Música que passa a denominar-se
Escola Nacional de Música à Universidade do Brasil e a criação do Conservatório
Nacional de Canto Orfeônico, pelo decreto-lei nº 4.993, de novembro de 1942,
reforçando a importância da música e da formação do seu professor. O conservatório era
diretamente subordinado ao Departamento Nacional de Educação do Ministério da
Educação e Saúde, objetivando, principalmente, a formação de professores de música
para as escolas primárias e secundárias.
Atualmente, a música e as outras áreas de conhecimento tem buscado
adequar o ensino ao estudante brasileiro. Esse processo deve ser construído para que se
cresça com ele e a partir dele, logo, é preciso construir conhecimento de maneira
autônoma pela imitação dos mestres.
É proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e da nova Lei
de Diretrizes e Bases (LDB) essa adequação levando em conta a realidade do aluno no
seu contexto histórico. Todas as escolas públicas e particulares do Brasil terão de
acrescentar, no prazo de três anos, mais uma disciplina na grade curricular obrigatória.
Atualmente o ensino de Arte está voltado para as linguagens de Música, Dança Teatro
(Artes Cênicas) e Artes Plásticas.
Em 2008, a aprovação da Lei nº 11.769, publicada no Diário Oficial da
União em 19 de agosto de 2008, alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB)
— nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - e tornou obrigatório o ensino de música no
ensino fundamental e médio. O ensino de música passou a ser obrigatório, devendo ser
ministrado por professor com licenciatura plena em Música, tendo os sistemas de ensino
três anos para se adequarem às mudanças.
Ressalta-se que com a alteração da LDB, a música passa a ser o único
conteúdo obrigatório, mas não exclusivo. Ou seja, o planejamento pedagógico deve
contemplar as demais áreas artísticas. Até este ano, leia-se 2011, uma nova política
definirá em quais séries da educação básica a música será incluída e em que frequência.
―A lei não torna obrigatório o ensino em todos os anos, e é isso que será
articulado com os sistemas de ensino estaduais e municipais‖, explica Helena de Freitas,
coordenadora geral de Programas de Apoio à Formação e Capacitação Docente de
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Educação Básica no Ministério da Educação. ―O objetivo não é formar músicos, mas
oferecer uma formação integral para as crianças e a juventude. O ideal é articular a
música com as outras dimensões da formação artística e estética.‖
O Ministério da Educação (MEC) recomenda que, além das noções
básicas de música, dos cantos cívicos nacionais e dos sons de instrumentos de orquestra,
os alunos aprendam cantos, ritmos, danças e sons de instrumentos regionais e
folclóricos para, assim, conhecer a diversidade cultural do Brasil.
O desafio que surge com a nova lei é a formação de professores. Segundo
os dados mais recentes do Censo da Educação Superior, de 2006, o Brasil tem 42 cursos
de licenciatura em música que oferecem 1.641 vagas. No entanto, apenas 327 alunos
formaram-se em música no Brasil no referido ano.
É necessário fundamentar no Brasil os valores técnicos, fazendo com que
as instituições valorizem a produção do conhecimento artístico musical, assim como o
da ciência, da filosofia e literatura de forma impar, original e com o máximo de
autonomia.
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3. A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO MUSICAL PARA O
DESENVOLVIMENTO DO EDUCANDO.
Tratar da educação musical como um instrumento que viabiliza o
desenvolvimento do educando é se debruçar para compreender como se dá esse
processo, assim como ter vivência e sensibilidade para perceber as nuances que a
música tem e trás para o ser humano. A fim de que essa premissa se torne real tanto
quanto verdadeira, faz-se necessário que haja clareza e compreensão por parte do
educador da utilização da música no ambiente educativo, pois a excelência do trabalho
docente perpassa pela intencionalidade das estratégias utilizadas.
Educar musicalmente é despertar no aluno o gosto de aprender não só a
tocar um instrumento, ler uma partitura, ou cantar, antes de tudo é levar o aluno a
perceber sons e silêncios ao seu redor, ruídos que por vezes passam a ter bastantes
significados e promover antes de tudo uma educação para a vida, não apenas para um
ensinamento direcionado.
O trabalho em sala de aula com a música abre espaço para uma
diversidade de oportunidades, contribuindo para o desenvolvimento pleno da criança. A
ao inserir a música na prática diária do ambiente educativo, ela pode tornar-se um
importante elemento auxiliador no processo de aprendizagem do educando,
desenvolvendo a coordenação motora, o ritmo, auxiliando na formação de conceitos, no
desenvolvimento da autoestima e na interação com o outro.
Dessa forma, abordar a Educação Musical com um olhar diferenciado e
especial, sobretudo a partir de referenciais teóricos que ampliam a visão, implica em
uma reflexão sobre a delimitação do campo de estudo da Educação Musical, devendo
esta resultar num delineamento claro da fundamentação teórica que informam as
concepções e problemáticas humanas.
De acordo com Souza (1996, p.82),
―ver a Educação Musical sob essa ótica, implica em
aceitar a sua pluralidade. Ou seja, a complexidade do seu
objeto exclui que sua análise se dê apenas por uma
disciplina. À Educação Musical compete reconhecer a
diversidade de abordagens, numa perspectiva interativa, e
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não como lugar de conflitos com pretensões hegemônicas
de delimitação de fronteiras (...) o que não significa, por
outro lado, passividade receptiva por parte da nossa área,
mas sim um desafio para confrontar as teorias e
metodologias de outras ciências no que concerne a seu
objeto e questões de pesquisa.‖
A educação musical, entendida como ciência ou área de conhecimento,
não escapa de conviver e de se defrontar com constantes situações problemáticas que
são peculiares ao atual momento. Diferentes práticas são propostas com a intenção de
amenizar as necessidades pedagógicas musicais decorrentes da diversidade de
concepções de conhecimento e de mundo.
A tarefa de musicalizar não se restringe apenas a formação técnica numa
área específica de atuação, não se relaciona a simplesmente capacitar para a execução
vocal ou de um instrumento musical, é mais que isso.
A educação musical é parte inseparável do desenvolvimento integral do
ser humano. Souza (1996, p.82) afirma que
―pelo fato da Educação Musical tratar das relações entre
indivíduos e músicas, ela divide necessariamente o seu
objeto de estudo com outras áreas chamadas ‗humanas‘
ou ‗sociais‘, entre elas a Filosofia, a Antropologia, a
Pedagogia, Psicologia e Sociologia, Ciências Políticas e
História. Por tratar, também, dos processos de
apropriação e transmissão de música, ela requer um
empreendimento reflexivo em relação às implicações
músico-históricas, estético-musicais, músico
psicológicas, sócios musicais, etnomusicológicas,
teórico-musicais e acústicas. Estes elementos
constitutivos da Educação Musical ―referem-se, por
exemplo, ao efeito educacional da música, ao
desenvolvimento da personalidade através do manuseio
ou experiência com a música, à sua participação cultural
e experiências sensoriais estéticas, entre outras‖.
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A música, entendida como uma linguagem artística, organizada e
fundamentada, é uma prática social, pois nela estão inseridos valores e significados
atribuídos aos indivíduos e à sociedade que a constrói e dela se ocupam.
A linguagem musical, assim como outras formas de linguagens,
contribui para o desenvolvimento integral da criança, que ocorre simultaneamente ao
processo de apreensão de conhecimentos em qualquer atividade didática pedagógica.
Quando a aprendizagem tem o envolvimento da música, ela se torna significativa para a
criança.
Uma educação musical baseada no fazer musical e na inserção
multicultural propicia o desenvolvimento da criatividade e a valorização da
diversificação cultural e social.
3.1. Como a música é vista e apreciada hoje na escola
A música vem de tempos remotos rompendo barreiras e se eternizando
cada vez mais. A música fala por si só, e explicá-la nem sempre é possível, mas sim
refletir e buscar compreender o processo pelo qual esta passa. Conforme Fuks (1999, p.
56), ―[...] O fazer musical é um traço comum e prazeroso que atravessa todas as classes,
etnias, camadas sociais porém não se pensa ou pouco se pensa a música que se faz [...]‖.
Desde o século passado, a música está incluída na prática escolar com
diferentes tendências e enfoques. Mas, a prática da educação musical nunca esteve
presente na totalidade do sistema de ensino por várias razões como, por exemplo, a falta
de profissionais especializados ou a substituição da música por atividades consideradas
mais ‗úteis‘ no currículo escolar.
A presença da música na vida dos seres humanos é incontestável. Ela tem
acompanhado a história da humanidade ao longo dos tempos, exercendo as mais
diferentes funções. Está presente em todas as regiões do globo, em todas as culturas, em
todas as épocas, ou seja, a música é uma linguagem universal, que ultrapassa as
barreiras do tempo e do espaço.
Apesar da música ser um traço comum e despertar curiosidade e dar
prazer, são poucos os que têm o privilégio de estudá-la. Primeiro as instituições de
ensino regular não primam por esse campo, segundo pelas dificuldades que se
19
enfrentam por não ter tantos professores preparados nessa área específica; terceiro por
não está especificamente no currículo da maioria das escolas brasileiras como disciplina
obrigatória ou dita "normal" como as demais disciplinas.
O espaço reservado para música na escola normalmente é em projetos de
protagonismo juvenil ou nas aulas de arte em que se desenvolve com mais frequência às
artes plásticas, e mesmo quando se trabalha a música; esta ação ou processo é
interrompido por vários fatores: turmas numerosas, a mudança de série o que implica
em não continuidade com o mesmo grupo; tempo mínimo dedicado a essa atividade.
As aulas de música não são contempladas por todos os alunos do
contexto escolar. Além de serem aulas raras, torna-se deficiente a possibilidade de
continuidade do processo pelo qual alguns alunos tiveram acesso. A forma precária
como a música é aplicada ou apreciada na sala de aula apenas reafirma a familiaridade
musical que a escola apresenta por seu meio sociocultural.
É curioso perceber que a música permeia o ambiente escolar como um
todo, desde as séries iniciais ao ensino médio, sendo apreciada nos festejos letivos, nas
comemorações de final de ano, nas confraternizações, etc. No entanto, a escola não lhe
dedica maiores cuidados tornando-se, pois isso uma incoerência por deixarem
desvalorizado o conceito da musicalização e o processo que apresenta a educação
musical, pois as músicas e cantos utilizados como forma de apresentação, integração
comunicação são insuficientes para se entender isto como música na escola ou educação
musical.
A música é uma forma de conhecimento que possibilita modos de
percepção e expressão únicas e não pode ser substituída por outra forma de
conhecimento. Sendo Assim, a instituição educativa deve propiciar uma formação mais
plena para todos os indivíduos. As mudanças de paradigmas deverão sair dos discursos
para a prática. Muito se fala de instituição educativa formadora de cidadãos mais
conscientes de si e do seu mundo, porém, ainda se reforça a racionalidade na escola,
ignorando que a formação plena do indivíduo também passa pelo desenvolvimento dos
aspectos emocionais e sensíveis.
3.2. A música por meio do coral na escola
20
O grupo musical por meio do qual mais frequentemente se trabalha a
música na escola é o coral, e este é visto como um instrumento de musicalização de
qualidade. O coral é cercado por muitos mitos: diz-se frequentemente que desenvolve a
audição e a percepção; é importante para a socialização do aluno, pois proporciona
vivência em grupo.
A música é a linguagem que organiza expressivamente o som (com suas
características e o silêncio no tempo e no espaço), criando formas sonoras que
comunicam sensações, sentimentos e pensamentos. É formada de conhecimento
presente em todas as culturas humanas que acompanham as mais diversas situações:
festas, comemorações, momentos de dor, manifestações cívicas, políticas, etc., fazendo
parte da formação educacional dos indivíduos desde há muito tempo.
A linguagem musical vem sendo cada vez mais estudada e analisada,
pois representa uma excelente motivação inserida na prática pedagógica das
escolas.Cantar, ouvir música leva à aquisição de esquemas perceptivos e a formação dos
conceitos necessários à apreensão da linguagem musical. Apesar de ser importante para
o aluno e para escola, não deverá ser uma prática de musicalização por excelência, pois
a educação musical requer ensinamentos técnicos, elaborados, sistematizados e
direcionados.
A música na escola por meio do coral deve ser sempre bem planejada,
redirecionada, e deve incorporar um trabalho perceptivo claramente objetivado e sempre
voltado para a identificação dos elementos musicais. Isso poderá também influenciar no
repertório, apresentando caráter prático em que se admitem atividades com movimentos
e gestos corporais (PENNA, 1990).
A musicalização, portanto, não deve trazer um padrão musical exterior e
alheio, impondo para ser reverenciada em contraposição a vivência do aluno. Contudo,
não se pode cair numa posição teórica de exaltação da cultura popular. A proposta de
musicalização é inseparável de sua abordagem crítica, direcionada para compreensão de
suas riquezas e limites, passo necessário para criar o desejo e a possibilidade real de
expandir o próprio universo de vida.
É importante que estejam presentes estruturas de improvisação criadas
pelos alunos, explorando novas possibilidades do aparelho vocal, pois a presença de
diversas linguagens musicais evita o padrão exclusivo da música tonal.
21
O trabalho com o canto precisa ser cuidadoso e redimensionado, porque
o canto desempenha um papel importante na educação musical. Ele reúne de forma
sintética, em volta da melodia, o ritmo com a harmonia; esse é tido com frequência
como um instrumento privilegiado de musicalização. No Brasil expandiu-se
amplamente com a ação de Vila Lobos com o canto orfeônico. Até hoje a maioria das
direções de escolas desejam a formação do coral em suas instituições de ensino.
Segundo Fuks (1999, p. 25) "O canto é o melhor dos meios para desenvolver a audição
interior de toda musicalidade".
Desde muito cedo as crianças convivem com a música, visto que, na
educação infantil e Ensino Fundamental I, aprendem e ouvem muitas canções no dia a
dia escolar. Nessa fase, o educando desperta o gosto pela música e isso o leva a também
tirar proveito, posteriormente, desse aprendizado, já que o contato direto com músicas
propostas anteriormente aguça sua curiosidade e os incentiva a querer compor,
improvisar, criar. Claro que isso começa com pequenas frases, pequenas poesias, e
orgulhosos dos seus feitos desejam tornar público fazendo apresentações sem vaidade
alguma e sim pelo fato de sentirem úteis, valorizados e embebidos no processo ensino
aprendizagem (Brito, 1999. 34).
O canto e ainda o canto. O canto é de uma vez por toda a
linguagem pela qual o homem se comunica aos outros
musicalmente. O órgão musical mais antigo, o mais
verdadeiro, o mais belo é a voz humana. E é só a este
órgão que a música deve a sua existência (WILIEMS,
1985, p. 25).
Quem não sabe, pois que a música cantada deve ser em todos os tempos
a finalidade de todos os instrumentos, visto que em toda a composição é necessário se
aproximar do natural. Quem não pode cantar (com uma voz bela ou não), não deveria
tocar piano. É evidente, entre outras coisas, que é ao cantar que o aluno descobre, como
por encanto, o sentido de uma peça e, pelo mesmo meio, o andamento real, o fraseado e
os diferentes matizes, dinâmicos ou plásticos. Isto quanto ao canto. ―Apenas a melodia
mesmo se ela é cantada a uma só voz, reúne todos os elementos da arte musical, pois ela
leva além do movimento rítmico, o conteúdo harmônico‖ (WILLEMS, 1985, p.58)
A música é uma forma de expressão construída a partir de
uma reflexão e leitura do mundo, através do qual a
22
criança pode manifestar emoções e sentimentos. Ao
expressar uma ideia através do canto a criança pode
representar intelectualmente e afetivamente, o ambiente
ao seu redor bem como sua forma de percebê-la e
assimilá-la (BEYER, 1999, p. 24).
O canto coral é uma atividade disciplinadora, socializadora, integrada e
integradora, cuja característica principal é a convivência em grupo e a união; união em
fusão das vozes na harmonização dos sons e dos ritmos na comunhão dos sentimentos e
não pode se constituir em um ensino isolado, nem pode dispensar os conhecimentos
globalizados para estar em harmonia com os interesses da vida atual.
A maioria dos grupos de canto coral, cerca de 90% no mundo todo, se diz
amador, em contraposição aos grupos profissionais, que são aqueles em que os cantores
são contratados e têm o canto coral como trabalho.
Nesta perspectiva, o canto coral pode ser considerado segundo a sua
natureza profissional ou amadora, sem juízo de valor qualitativo.
Os coros amadores, longe de serem tecnicamente inferiores aos
profissionais, são mantidos por universidades, escolas, particulares, músicos, fundações
e empresas.
Faz-se necessário dizer que a maioria dos corais, formados em igrejas,
comunidades, escolas, faculdades e clubes, é composta por cantores amadores.
Geralmente a pessoa que ingressa nessa modalidade, o faz pelo prazer de cantar, e não
utiliza o canto para o seu sustento. Além disso, muitas vezes a pessoa que pratica o
canto desconhece as técnicas necessárias e os cuidados que devem ser tomados com a
voz.
Um coral é composto de pessoas dotadas de vozes com características
diversas, principalmente em si tratando-se de um coral formado por alunos de 09 a 12
anos, que apresentam diferenças determinadas por nuances acústicas. Dessa forma, o
canto coral deve buscar a harmonização das vozes para resultar em boa sonoridade do
grupo.
O canto em conjunto e sua prática é primorosamente cuidado em razão
das vantagens a ele atribuído no desenvolvimento do caráter, da disciplina e do
sentimento moral e cívico do educando.
23
De acordo com Cartolano (apud BEYER, 1999 p. 19), o valor da prática
do canto coral pode ser apreciado sob vários pontos de vista entre os quais se destacam
os seguintes:
Físico: pelo treino de distribuição de ar e capacidade respiratórios;
desenvolvimento dos pulmões, circulação de oxigênio no organismo,
flexibilidade dos órgãos de fonação, desenvolvimento da inteligência
e do raciocínio, aperfeiçoamento do sentido auditivo;
Moral: ajuda a formação do caráter pelas idéias são e generosas
contidas nas canções; aprimora o senso estético;
Social: como elemento associativo, ensina a respeitar as partes das
composições interpretadas por outros grupos de vozes. Ensina a ter
responsabilidade dentro do grupo, submetendo-se a uma direção sem
perda da personalidade.
Não é fácil desenvolver o trabalho com o canto coral, hoje, nas escolas.
São muitos os aspectos a serem considerados: geralmente o coral é visto como meio de
promover vaidades pessoais fazendo apresentação em aniversário e festejos escolar, ou
é visto como uma diversão no sentido de separar momentos da vida real dos momentos
recreativos, ou ainda instrumento de disciplina para lidar com massas de alunos
desocupados, e assim por diante.
São esses aspectos que se tem procurado romper, trazendo para a
realidade, aulas participativas, aulas onde os alunos estudam na teoria o que é coral,
para que serve, qual o sentido de participar das aulas de canto.
Cantar é por um lado aprender a conhecer-se: a criança vai descobrir o
instrumento maravilhoso que é seu corpo, sua postura e respiração correta, a disciplina
da emissão do ar dentro de vibração que lhe dá o senso do equilíbrio. A criança
(educando) realiza tudo isso no coral por meio da adequação de sua voz a voz do grupo,
do cuidado de cada um em contribuir para a melhoria do conjunto.
O coral é a experimentação da vida social, é tirar de si o melhor e aceitar
compartilhá-lo com os outros na generosidade anônima de ser mais uma voz, é aprender
que sempre se pode fazer melhor o que se faz, e surpreender – se, agradavelmente, por
contribuir para o crescimento do grupo, por alegrar a sua própria vida e a vida dos
ouvintes.
24
É muito importante que se traga sempre músicas educativas para o grupo
e, aliado a isso, tenha-se uma prática pedagógica voltada para o conteúdo trabalhado nos
projetos que se desenvolvem ao longo do ano letivo, visto ser o canto coral de cunho
pedagógico, bem como se aprecie o repertório concatenado com o devir diário do
educando; ou seja, as músicas cantadas ou o repertório devem se basear nos interesses
dos alunos, incluindo músicas que retomem a vivência desses alunos, a vivência real,
pois, por mais restrita que seja, não pode ser negada, devem ser o primeiro objeto da
ação musicalizadora, com apoio para saltos e até horizontes mais amplos.
Na atualidade, o canto coral é amplamente difundido e é praticado em
universidades, escolas, igrejas, associações, clubes e empresas, além de grupos
independentes que realizam um trabalho de grande aceitação.
3.3. A voz como instrumento do coral
A voz é o resultado sonoro de um instrumento que exige cuidado,
principalmente porque esse instrumento é o corpo humano. Para ter uma voz boa é
necessário um organismo sadio.
O instrumento musical mais antigo que existe no mundo é a voz humana.
Com ela o homem aprendeu a produzir os mais diversos sons e, agrupando esses sons,
sem saber, acabou formando as primeiras melodias.
Alguns fatores são influenciadores além de indispensáveis para quem
quer ter uma boa voz, por exemplo: a boa alimentação, o repouso equilibrado, os bons
hábitos, a ausência de vícios e a disciplina.
A voz revela nossas impressões mais profundas através de
sue timbre, seu volume sua fonação, sua emissão, enfim.
Quando trabalhamos com a voz de alguém colocamos em
jogo seu esquema de valores toda a sua filosofia de vida e
toda sua cosmovisão (COELHO, p. 92).
A voz não é e nem pode ser algo a ser trabalhado isoladamente, porque
há uma exigência completa de outros aspectos ligados ao ser humano: postura,
respiração, articulação, ressonância, expressividade e filosofia, e quando se refere à voz
como objeto de arte ou de ensino, trabalha-se o repertório.
25
A voz, segundo Coelho (1985), ―é um som laríngeo, apoiado na
respiração amplificada nos articulares. Nem sempre o homem falou. Em tempos
remotos acredita-se que sua comunicação se dava apenas por meios de ruídos
rudimentares, à semelhança dos animais. Mas a civilização foi se desenvolvendo pela
evolução da inteligência, e com ela foram se tornando mais específicas às exigências de
comunicação. Isso afetou a voz, pois, o homem logo se percebeu que poderia
transformar aqueles ruídos primitivos em precioso fator de comunicação‖.
Num primeiro momento, todos os elementos envolvidos no mecanismo
da voz não são eminentes vocais. Isso é particularmente curioso, como comprovação do
significado da fragilidade vocal no ser humano. Por exemplo, a laringe não é em
princípio um órgão fonador e sim um canal condutor de alimento e de ar (sem emitir
som vive-se; sem comer ou respirar, não?). Os pulmões e as vias aéreas, antes da
respiração vocal, são responsáveis pela respiração vital. O diafragma, os músculos
abdominais e intercostais, a coluna e as costelas, antes de mecanismo de apoio para o
canto e a fala, funcionam na sustentação e estrutura do próprio organismo.
Esses elementos do mecanismo vocal são primeiramente estruturas de
manutenção do organismo do ser humano como algo vivo. A voz veio depois,
acrescentando funções, aumentando solicitações.
Algumas colocações a respeito da voz se fizeram necessárias por ser
basicamente a parte principal no trabalho de um coral.
É importante salientar que as vozes não são iguais, por isso quando se vai
escolher um repertório precisa-se ter muito cuidado para que se faça adequadamente as
condições vocais de cada participante.
O instrumento vocal é formado pelo conjunto do corpo humano, o qual é
didaticamente subdividido em componente respiratório, ressoador, articulador,
controlador e vibrador.
Assim, para iniciar o trabalho com o coral, precisamente cantar (ensaiar),
é muito importante, além de indispensável, que o grupo passe por alguns momentos de
preparação para que se cante com segurança e sem agressão a voz ou vozes das
crianças. Esse preparo se dá a cada ensaio, pois jamais se inicia o canto sem um preparo
vocal, ou seja um aquecimento.
A voz de criança é diferente da voz dos adultos:
Voz de criança é suave como os cantos dos passarinhos,
As crianças devem cantar sempre suave até que se atinja
26
certa maturidade (que dura uns aninhos). É bom cantar
leve com as crianças isso também para não forçar as
cordas vocais. A voz da criança não é como a voz do
adulto que é mais forte, mais cheia e mais grave. A voz
da criança vai se formando aos poucos é por isso que se
canta mais com mais suavidade, e um pouquinho mais
(agudo) (LINHARES, 2002, p. 26).
Para Linhares (2002), os passos para o aquecimento da voz acarreta em
um processo que se faz brincando:
Espreguiçar e abrir a boca como se estivesse com sono;
Encher a boca de ar e brincar com esse ar dentro da boca, passando-o
de um lugar para outro (uma bochecha, outra bochecha etc);
Passar a língua como que limpando os dentes e também pela
bochecha;
Abrir a boca e fazer caretas de todos os tipos;
Soltar beijinhos e estalar a língua no céu da boca;
Criar sons de carinho, passarinho, gato, cachorro etc;
"Mastigar" o som. Você faz um som e a "mastigar" como se estivesse
mastigando um chiclete. Sem parar o som. Isso ajuda a falar e a
cantar bem explicado para o outro entender.
Experimentar todas as maneiras de abrir a boca para cantar e sentir o som
sair é importante, pois ajuda todo corpo nos posteriores exercícios que se vai fazer.
Todos esses exercícios e outros mais como de relaxamento e respiração são praticados
nos encontros do coral, isso dá suporte para a preparação das (pregas) vocais conhecidas
na linguagem diária por cordas vocais.
Quando o professor prepara os seus alunos englobando todos esses
exercícios e tendo o cuidado de desenvolvê-los corretamente, ele visa o crescimento do
aluno e o melhoramento do grupo. Este é com certeza um caminho possível na busca do
aprimoramento do grupo.
27
Como o coral apresenta particularidades que o diferenciam de outras
modalidades, alguns parâmetros de voz cantada devem ser considerados nos indivíduos
que se inserem nesse tipo de atividade. A respiração, a projeção e a tessitura vocal são
alguns deles.
A respiração é fundamental para todo cantor, especialmente para o
corista amador, que geralmente não tem aprendizado prévio de canto. A consciência
respiratória é uma das ferramentas que pode contribuir para o processo de
ensino/aprendizagem musical no coral.
A projeção vocal também deve ser trabalhada, pois geralmente no coro o
repertório é executado a capella, o que torna necessário ter uma projeção adequada para
atingir o público.
A cappella é uma expressão de origem italiana, também utilizada na
maioria dos idiomas ocidentais, que designa a música vocal sem
acompanhamento instrumental. O canto a cappella (em português: "na capela") tem suas
origens na prática do canto gregoriano, que não exige o auxílio do órgão ou de qualquer
outro instrumento, sendo executado apenas por vozes de monges ou clérigos que
formavam o grupo de cantores chamado schola cantorum. Muitas vezes os cantores
desciam do presbitério e se punham a cantar em uma capela lateral da igreja, daí a
origem da expressão.
Quanto à tessitura vocal, apesar de sua importância no coral, poucos
estudos foram realizados e novas pesquisas devem ser incentivadas para o
enriquecimento do tema.
28
4. A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NA APRENDIZAGEM E
AUTOESTIMA DOS EDUCANDOS: UM ENFOQUE NAS
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS DE HOWARD GARDNER
Neste capítulo, pretende-se refletir acerca da música como elemento que
influencia na autoestima e na aprendizagem dos educandos.
A autoestima tem dois componentes inter-relacionados, um deles é o
senso básico de confiança diante dos desafios da vida, o outro se refere ao merecimento
da felicidade, o auto-respeito.
Auto-respeito significa a certeza de que se tem valor como pessoa; é uma
atitude de afirmação do direito de viver e de ser feliz; é sentir-se confortável ao
expressar adequadamente as ideias, vontades e necessidades; é a sensação de que o
prazer e a satisfação são direitos naturais.
Em psicologia, autoestima inclui a avaliação subjetiva que uma pessoa
faz de si mesma como sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau
(Sedikides & Gregg, 2003).
Conforme o antropólogo chileno Rolando Toro (1995, p.5), a autoestima
representa ―a vivência do próprio valor e da auto aceitação. Por ser complexa, esta
provém da intensa sensação de estar vivo, de sentir-se a si mesmo, de sentir o corpo
como fonte de prazer e de saber o que se quer.‖
Nesse sentido, a autoestima é estruturada a partir de relações de
qualificação mútua, evidenciadas em trocas afetivas que vão configurar o mundo vivido
e por viver e que remetem à criança as impressões corpóreas de um ser de
possibilidades.
A música tem sua contribuição para o desenvolvimento cognitivo e
motor despertando a criatividade, pois a música por si só contribui para o pensamento
criativo. Cada criança ao escutar uma melodia, interpreta-a de forma única e pessoal. É
uma leitura interna de algo que está vindo de fora.
Além da forma de internalização, inversamente, a música fornece,
também subsídio para externalizar sentimentos. Assim, a música é uma arte que pode
atingir de forma a integrar o ser humano.
29
Percebendo a espontaneidade da criança em cantar e dançar, confirma-se
o importante papel que elas exercem no desenvolvimento integral da criança e em seu
pensamento criativo:
A autoestima é uma necessidade humana fundamental que
é exigida para o funcionamento efetivo, sendo uma
necessidade análoga ao cálcio, sua ausência em alto grau
não provoca necessariamente a morte, mas prejudica
nossa capacidade de funcionar; ela tem participação
essencial no processo da vida que é indispensável ao
desenvolvimento normal e saudável com valor da
sobrevivência (Branden, 1997, p. 35).
Estudando a Teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner e
buscando aprofundar a importância da música no processo educativo como um
instrumento a ser usado para elevar a autoestima do educando percebe-se o quanto se
faz necessário absorver este saber e usar ferramentas tecnológicas e ao mesmo tempo
abrir espaço para que se trabalhe mais a música no ambiente escolar.
Os alunos que passam por um processo musical, em sua grande maioria,
modificam comportamentos inadequados socialmente (vícios, agressividade), melhoram
sua autoestima, desenvolvem sua inteligência emocional, analítico-racional e senso
estético. Além disso, percebem mais a realidade ao seu redor e as consequências de seus
atos.
A utilização de tecnologias no processo educativo é mais uma ferramenta
para uma maior eficácia no processo ensino-aprendizagem e tem sido utilizado de forma
cada vez mais frequente em todos os níveis da educação. Porém, há uma preocupação
que norteia esse uso, se essa ferramenta possui potencialidades pedagógicas,
metodologia adequada, aspectos psicológicos.
Howard Gardner, em 1983, formulou a teoria das Inteligências Múltiplas
em seu livro Estruturas da Mente. Gardner acreditava que a ideia que tínhamos acerca
da inteligência era muito vaga, pois os métodos antigos, como os testes de QI, não
tratavam profundamente os limites da Inteligência. Na publicação, Gardner defendia a
existência de pelo menos sete tipos de Inteligências básicas. Posteriormente, Gardner
acrescentaria um oitavo tipo de Inteligência e abriu discussões acerca de um nono tipo
30
de Inteligência (que é a Inteligência Existencial). Os oito tipos de Inteligências básicas
são: Inteligência Linguística, Inteligência Lógico-Matemática, Inteligência Espacial,
inteligência Corporal-Cinestesia, Inteligência Musical, Inteligência Interpessoal,
Inteligência Intrapessoal, Inteligência Naturalista e Inteligência Existencial.
Em sua teoria das Inteligências Múltiplas (teoria das IM), Gardner tentou
ampliar o alcance do potencial humano além dos confins do escore de QI. Ele
questionou a validade de se determinar a inteligência de um indivíduo tirando este
indivíduo de seu meio ambiente natural e pedindo-lhe para fazer tarefas isoladas que
jamais fez antes – e provavelmente jamais escolheria fazer novamente. Em vez disso,
Gardner sugere que a inteligência tem mais a ver com a capacidade de (1) resolver
problema e (2) criar produtos em ambientes com contextos ricos e naturais
(ARMSTRONG; VERONESE, 2001, p. 13).
Em se tratando da inteligência musical, dizemos que ela é a capacidade
de perceber, discriminar, transformar e expressar formas musicais. Isso quer dizer que
tais habilidades incluem sensibilidade ao ritmo, tom ou melodia, e timbre de uma peça
musical. De todos os talentos com que os indivíduos podem ser dotados, nenhum surge
mais cedo do que o talento musical.
Embora a especulação em torno desta questão tenha sido
abundante, permanece incerto exatamente porque o
talento musical surge tão cedo e qual poderia ser a
natureza deste dom. Um estudo da inteligência musical
nos pode ajudar a entender o sabor especial da música e
ao mesmo tempo esclarecer sua relação com outras
formas do intelecto humano, (GARDNER, 1994, p. 78).
Gardner considera o ritmo tom e o timbre como principais elementos da
inteligência musical (ou componentes da inteligência musical). Ele relaciona o tom e o
ritmo com culturas musicais distintas.
Há relativamente poucas contendas quanto aos principais elementos
constituintes da música, embora os especialistas difiram sobre a definição precisa de
cada aspecto. Os mais centrais são a do tom (ou melodia) e do ritmo: sons emitidos em
determinadas frequências conforme um sistema prescrito.
Em relação ao cérebro humano, o lado direito dele cérebro é o
responsável pela nossa capacidade de apreciação musical. Qualquer dano ou doença no
hemisfério direito do cérebro, pode trazer sérios danos à nossa inteligência musical.
31
Os fatos são os seguintes: enquanto as capacidades linguísticas são
lateralizadas quase que exclusivamente para o hemisfério esquerdo em indivíduos
destros normais, grande parte das capacidades musicais, inclusive a capacidade central
da sensibilidade ao tom, está localizada, na maioria dos indivíduos normais, no
hemisfério direito.
Assim, danos aos lóbulos frontal e temporal direitos
causam pronunciadas dificuldades na discriminação de
sons e em sua reprodução correta, embora danos nas
áreas homólogas no hemisfério esquerdo geralmente
deixem as capacidades musicais relativamente não
prejudicadas, (GARDNER, 1994, p.92).
Anomalias como autismo ou retardo podem ser acompanhadas de uma
aptidão musical incomum. Esses talentos musicais incomuns também são citados na
teoria de Gardner.
Embora a criança com retardo ou autismo possa apegar-
se à música porque ela representa uma relativa ilha de
preservação num mar de prejuízos, também há sinais mais
positivos de isolamento, onde uma criança de outro modo
normal simplesmente demonstra uma capacidade precoce
na esfera musical, (GARDNER, 1994, p. 94).
A inteligência musical também pode ser relacionada com outros tipos de
inteligência presentes no método de Gardner. Mas, como suas operações centrais não
apresentam conexões centrais com as outras áreas, a música é considerada como um
domínio intelectual autônomo. Evidentemente, não há nenhum problema em encontrar
pelo menos ligações superficiais entre aspectos da música e propriedades de outros
sistemas intelectuais.
Em alguns países, a inteligência musical, por conta da questão cultural, é
mais trabalhada, pois em algumas culturas, a inteligência musical é uma capacidade
considerada universal entre todos os membros, em vez de restrita a um grupo de elite de
músicos. As crianças dos Anang, na Nigéria, aprendem centenas de danças e músicas
antes dos cinco anos. ―Na Hungria, em virtude da influência pioneira do compositor
32
Zoltán Kodaly sobre a educação, os alunos estão expostos à música todos os dias e
espera-se que aprendam a ler notações musicais‖. (ARMSTRONG; VERONESE, 2001,
p. 158).
A Teoria das Inteligências Múltiplas é um modelo que também serve ao
educador para saber qual sua força como educador e quais áreas de suas habilidades
precisam ser melhoradas.
A teoria também serve para auxiliar possíveis desvios cognitivos, e os
professores acabam sendo detetives de potencialidades das I.M. nas vidas dos alunos
que encontram certas dificuldades na escola.
Este tipo de defesa pode mostrar o caminho para encontramos
soluções positivas para suas necessidades especiais. Em
particular a teoria das IM sugere que os alunos que não estão se
saindo bem em virtude de limitações em áreas específicas de
inteligência podem frequentemente desviar-se desses obstáculos
usando uma rota alternativa, por assim dizer, que explore suas
inteligências mais desenvolvidas [...] (ARMSTRONG;
VERONESE, 2001, p. 138).
Como solução de uma possível deficiência em uma das áreas da
inteligência múltipla, o certo é desviar a rota de uma tarefa para uma inteligência que é
mais desenvolvida. Observe por exemplo, como se pode solucionar uma deficiência
musical utilizando as oito inteligências: Na área lingüística: O professor pode usar
poesia rítmica; - Lógico-Matemática: Software MIDI; - Espaciais: Máquina que traduz a
música em sequência de luzes coloridas; - Musicais: DVDs, CDs, -Coporal-
Cinestésicos: Instrumentos musicais vibrantes com amplificador; - Interpessoais:
Professor de música; Intrapessoais: Lições de música autorreguladas; -Naturalista:
Gravação dos sons de diferentes tipos de ecossistemas.
Dentro dessa teoria, no que diz respeito ao aconselhamento profissional,
a teoria das I.M. pode ajudar as crianças a desenvolver suas aspirações vocacionais, uma
vez que enfatiza a ampla variedade de maneiras pelas quais os adultos realizam seu
trabalho na vida, a teoria das I.M.
Ao identificar-se a aptidão do aluno à música, ele poderá atuar como:
compositor, músico, cantor, professor de música, copiador de música, afinador de piano,
33
construtor de instrumentos, diretor, regente de coral, engenheiro de estúdio, produtor
musical, musicoterapeuta, DJ, entre outros.
―Se os alunos forem expostos, desde tenra idade, a uma grande variedade
de vida real em todas as oito inteligências, eles terão uma base sólida sobre a qual lançar
uma profissão depois de concluir a escola,‖ (ARMSTRONG; VERONESE, 2001, p.
160).
A exposição à cima fez-se necessário para que se possa percebesse o que
o trabalho com a música pode fazer com o educando, e como ela quando trabalhada, o
faz se sentir melhor, mais confiante, seguro. Essas questões surgem no dia a dia, no
contato que o educando tem com atividades que envolvem a música na sala de aula, no
canto coral.
De uma forma geral, a música faz parte das manifestações culturais e
contribui para a formação humanística, para que as pessoas participem da interação
social e compreendam as manifestações sociais, além de todos os benefícios sociais e
elevação da autoestima.
É possível dizer que a música tem entrado como componente muito forte
no resgate do cidadão e no desenvolvimento da autoestima por instituições que
trabalham com crianças carentes e pessoas em situação de risco.
Música é uma das formas importantes de expressão
humana permitindo a integração entre os aspectos
sensíveis, afetivos, estéticos, cognitivos, promovendo
também a interação e comunicação social. Seu caráter
significativo revela-se no modo e intensidade como
participa de todos nós. O envolvimento com o mundo
sonoro começa ainda antes do nascimento. Pois na fase
intrauterina o feto convive com o ambiente rodeado de
sons estranhos provocados pelo corpo da mãe ou vindos
do mundo externo. A voz materna desde essa etapa toma-
se importante referência afetiva (BRITO, 1999. p. 17).
O ser humano passa por vários estágios de desenvolvimento até alcançar
um tipo de ação que prepondera um tipo de atividade da mente. Para Piaget, música é
uma modalidade de representação e não subsiste numa partitura, mas na mente do
34
indivíduo que poderá produzir algo concreto com o corpo, demonstrando as ideias do
sujeito sobre a música, esta aponta o papel ativo do indivíduo com o ambiente e indica a
necessidade de fundamentar o processo de musicalização na ação do aluno sobre o
material sonoro de modo a permitir a formação de conceitos que possam atuar como
referenciais perceptivos, cognitivos na apreensão significativa da realidade.
O educando enfrenta como ser que é muitos bloqueios que interferem no
seu aprendizado e um desses bloqueios é a sua autoestima baixa, fator observado e
trabalhado ao longo da pesquisa.
A música tem um poder educativo muito forte. Ela leva o educando a
determinado estado de espírito, exercendo certo domínio indutivo revirando e
remexendo o mais profundo do seu ser, e isso mostra que as atividades musicais
desenvolvidas no canto coral abrem um leque de oportunidades para que o aluno reflita
sobre o seu mundo, interaja com os seus colegas, expresse seus sentimentos, demonstre
sua forma de perceber a sociedade, manifeste seus valores, seu modo de ver a vida, seu
sentir e seu respeito pelo outro.
Salienta-se que o importante é o educando viver a experiência de cantar,
se socializar, participar das atividades com desembaraço e segurança, evitando
preocupações com resultados ideais. Quando a criança se expressa musicalmente,
automaticamente ela se sente valorizada, amada, respeitada, estimulada e
consequentemente, tende a mudar seu comportamento, seu modo de ser, e elevar sua
autoestima.
4.1. Educação, música e autoestima
A educação e o desenvolvimento da autoestima é um grande tema
transversal. Este deve ser ou vir a ser um eixo fundamental além de indispensável na
proposta pedagógica de qualquer escola.
No século XVI, os padres jesuítas, grandes percussores da educação no
Brasil, já utilizavam a música em seus projetos de catequese escolar, portanto, é uma
ferramenta de educação muito antiga. Infelizmente hoje a música muitas vezes é
deixada em segundo plano ou não é utilizada na escola. A música está presente na vida
de todos e é parte indissociável da educação. Entretanto, é uma área do conhecimento
que não tem recebido atenção necessária.
A música auxilia também no desenvolvimento da criatividade e da
35
autoestima do educando, despertando o desejo de aprender.
Os alunos que passam por um processo musical, em sua grande maioria,
modificam comportamentos inadequados socialmente (vícios, agressividade), melhoram
sua autoestima, desenvolvem sua inteligência emocional analítico-racional e senso
estético. Além disso, percebem mais a realidade ao seu redor e as consequências de seus
atos.
Os projetos sociais e educacionais em todo o mundo que envolvem a
aprendizagem musical não negam esta afirmação: "A educação musical transforma!"
Partindo desse pressuposto, pode-se afirmar que as atividades
desenvolvidas com música e através da musica melhoram autoestima do estudante por
isso ser tão importante dizer que a música permeia a vida do educando desde os seus
primeiros dias de aula. Logo é por esta e outras razões que a música hoje faz parte do
currículo, deixando de ser uma atividade extra curricular e passando a ser uma
ferramenta importante no âmbito educacional brasileiro.
A música nas instituições educacionais vem atendendo, ao longo da
história, a vários objetivos, como: formação de hábitos e comportamentos, festividades,
datas comemorativas, memorização de conteúdos traduzidos em canções.
Muitos fundamentos precisam ser considerados, principalmente a forma
como o professor concebe os objetivos da educação escolar. O principal objetivo é
formar bons cidadãos. Se esse for a maior ênfase, não é incentivar a autonomia e o
pensamento independente, mas a mobilização de um corpo comum de conhecimentos e
princípios.
Portanto, o incentivo da autoestima precisa estr presente nas unidades
escolares por no mínimo duas razões: uma é apoiar os alunos para que insistam nos
estudos e fiquem longe das drogas, afastem-se do vandalismo e adquiram as instruções
de que necessitam; a outra consiste em prepará-los psicologicamente para um mundo
em que a mente é o principal bem individual.
É neste sentido que a escola deve oferecer oportunidades aos alunos,
abrindo espaço para atividades diversificadas que contribuam no sentido de manter o
aluno mais tempo na escola. Se o objetivo da educação é fornecer aos alunos um
alicerce para os elementos básicos necessários para funcionar (atuar) efetivamente num
mundo moderno, então nada é mais importante do que oferecer curso sobre a arte do
36
pensamento crítico em todos os currículos escolares. E se autoestima é a capacidade de
lidar com os desafios da vida, não haverá algo mais importante que usar a própria
mente.
O homem é um ser pensante e criativo, o reconhecimento desse fato deve
estr no centro de toda a filosofia educacional. Neste sentido, a música com seu poder
surpreendente pode contribuir consideravelmente para melhoria da autoestima, uma vez
que as atividades que envolvem a música despertam a curiosidade, superando a timidez,
envolvendo o aluno de maneira tal que ele se vê capaz de inserir-se numa atividade
vencendo suas próprias limitações.
O som está presente em quase todos os momentos da vida, invadindo o
ser humano em quase todos os instantes; ele está dentro e fora das pessoas, no pássaro
que canta de manhã, no tilintar dos saltos do sapato que insiste em movimentar o
silencioso corredor, no ônibus, no gol do time de futebol, no ensaio de uma orquestra
etc.
Manipulado pelo homem, o som transforma-se em música passando a
existir na efemeridade do momento como paisagem, lembrança, diversão e brinquedo.
Portanto, a música como execução e desempenho experimentada no corpo, na voz, nos
ouvidos é bastante estimulada e compartilhada nos grupos sociais das escolas, igrejas,
etc. A música por estimular a criatividade e a própria formação global do indivíduo,
tendo papel importante na formação ética do aluno, apresenta a capacidade de auxiliar a
compreensão da harmonia deste (indivíduo) com o universo, incentivando assim a
melhoria e até o resgate da autoestima.
A música tem um poder educativo muito forte, que leva a criança a
determinado estado de espírito, exercendo um domínio surpreendente e indutivo,
revirando e remexendo o mais profundo do seu ser. Rosa Fuks (1991) afirma que a
música é uma forma de expressão construída a partir de uma reflexão e leitura de
mundo, por meio da qual a criança pode manifestar emoções, pensamentos e reconhecer
seus próprios sentimentos. ―Ao expressar uma ideia através do canto a criança pode
representar intelectualmente e afetivamente o ambiente ao seu redor bem como sua
forma de percebê-la e assimilá-la‖.
A música pode contribuir bastante para que a criança (aluno) interaja
com seu mundo e com seus semelhantes, expressando seus sentimentos e demonstrando
a forma como percebe sua sociedade, além de ser utilizada com outros objetivos, o tais
37
como: manifestar seus valores, seu modo de vida, seu sentir, seu respeito pelo o outro,
sua eficácia.
O docente tem importante papel no desenvolvimento de atividades
lúdicas musicais na sala de aula para trabalhar a autoestima do aluno, percebe-se isso
por meio de algumas atitudes pedagógicas que ele possa desenvolver. A ação do
professor irá variar de acordo com o momento e o clima da turma: ora provocando
situações novas, ora atuando como catalisador dos interesses emergentes ou dispersos,
mas que possam ser aproveitadas para levar a criança a se expressar musicalmente.
Nesse sentido, recomenda-se ao professor que este deve:
Evitar preocupações com resultados "ideais". O importante é que a criança viva
a experiência com desembaraço e segurança, mesmo que o resultado do trabalho
fique diferente do esperado;
Lembrar que toda criança possui expressividade rítmica e musical em maior
grau, que será desenvolvida e aprimorada pela continuidade do trabalho a que se
propõe;
Lembrar que o ritmo de desenvolvimento varia de criança para criança. Assim
observar cada uma delas e adaptar as atividades à sua compreensão;
Evitar uma postura diretiva, favorecer um clima de descontração e
espontaneidade;
Demonstrar por seu rosto e gesto a 'vida da música". Isto quer dizer, cantar com
entusiasmo e movimentação, a fim de despertar o interesse da criança para a música;
Provocar situações novas, ou aproveitar o interesse e entusiasmo da criança
prolongando ou diversificando a experiência;
Favorecer atitudes de iniciativa, exploração, descoberta e inovação durante as
atividades musicais: variando as propostas, atoando a fantasia e a imaginação da
criança, acompanhando o seu desempenho com interesse;
Evitar estabelecer limites rígidos de tempo. É importante a capacidade de
abandonar um planejamento para aproveitar as questões da criança, incluindo estas
sugestões no trabalho que está sendo desenvolvido;
38
Incentivar o desenvolvimento da classe sem corrigir a criança ou demonstrar que
não gostou de seu desempenho;
Tratar com naturalidade a criança de melhor expressividade rítmica ou musical,
evitando fazer elogios individuais, comparações com os colegas ou pedir
constantemente que participe sozinha;
Realizar avaliações após as atividades musicais perguntando a cada criança se
gostou, o que sentiu e se gostaria de modificar algo na brincadeira;
Ligar e integrar à música outras formas de expressão, tais como a dramatização,
o desenho e a literatura, por exemplo, estimular: as crianças a desenharem a história
do que cantaram, a cantarem uma cantiga sobre algum desenho feito antes, a
dramatizarem a história da música que acabaram de cantar, a fazer todos os sons da
história que acabaram de ouvir, etc.
Não se pode esquecer que os bons resultados no ensino de brincadeiras
musicais são alcançados pela perfeita adequação das atividades que propiciam situações
enriquecedoras, organizando experiências que garantam a expressividade infantil.
A criança é um ser sincrético, ou seja, sua percepção do
mundo é multidimensional e simultânea, aberta a todos os
canais a criança vive intensamente cada descoberta
colocando-se por inteiro em cada situação. Quando brinca
e brinca com toda seriedade, pinta, desenha, explora sons,
inventa músicas e finalmente se expandem por meio da
música (FONSECA, 1990, p. 11).
A citação acima mostra a importância da música no processo de elevação
da autoestima sendo necessária para fortalecer e mostrar as viabilidades da utilização da
música no próprio auxílio pedagógico do professor que lida todos os dias com os seus
alunos.
Longe de ser um passatempo ou uma atividade sem qualquer objetivo, a
música pode mostrar como soluções simples, criativas e divertidas podem fornecer
excelentes resultados no ambiente educativo.
39
5. O CORAL AYRTON SENNA DA SILVA
Trabalhar a música por meio do canto coral em uma escola da periferia
de Fortaleza é uma tarefa privilegiada e importante, ainda que apresente algumas
limitações e dificuldades.
O coral Ayrton Senna da Silva é uma contemplação do projeto "Escola
Viva," projeto da Secretaria de Educação do Estado do Ceará (SEDUC), que
proporciona em seus quadros gerais abertura para atendimento de atividades extras
curriculares, dentre outras tantas que o projeto abrange nas escolas do Estado do Ceará.
A linha de trabalho foi a do coral didático, cujos objetivos foram
desenvolver a sensibilidade, cultivar o prazer de cantar, desenvolver as aptidões
musicais, a percepção musical e a voz, bem como analisar a autoestima do educando
depois de sua participação no coral e como a música contribuiu para isso, para melhor
aprendizagem dos alunos.
Este trabalho é um processo sempre aberto a um fazer criativo, a um
viver em conjunto, visando ao desenvolvimento integral da criança.
5.1. O projeto Escola Viva
Este Projeto foi criado em 1995 e está implantado em 216 escolas
públicas, sendo 75 na capital e 141 em 18 municípios do interior ele possui os seguintes
objetivos:
Fazer um cotidiano escolar mais atraente e interessante;
Enriquecer o ensino com atividades sócio-culturais, artísticas,
esportivas e informativas;
Reduzir ao máximo a evasão e repetência;
Tornar a escola mais democrática no acesso, na gestão, e na
permanência, bem sucedida com os alunos;
Assegurar aprendizagem de atitudes, habilidades e conteúdos
essenciais para o desenvolvimento da criatividade e do senso crítico
do aluno;
40
Cultivar a curiosidade, a paixão pelo estudo, o gosto pela leitura e a
aprendizagem criativa;
Transformar a escola em pólo cultural da comunidade em que atua,
O Projeto Escola Viva favorece a formação cultural e escolar do aluno
de várias maneiras:
Música: incentivo de criação de corais, bandas, aulas práticas de
instrumentos clássicos e populares;
Artes Cênicas: formação de grupo de teatro, de dança, arte circense e
outras;
Artes Plásticas: com exercício de desenho livre, técnicas em papel
machê;
Artesanato e Folclore;
Cidadania, esporte e laser;
Organizações Escolares e comunitárias;
Ações Básicas de Saúde;
Informática Educativa.
5.2. Histórico do Coral Ayrton Senna da Silva: relato de uma
experiência
Este coral nasceu da necessidade de se sistematizar um trabalho com
alunos de uma E E F M da cidade de Fortaleza e organizar um grupo que vez por outra
se apresentava nos festejos e comemorações escolares e não detinham a oportunidade de
ter um acompanhamento diário voltado para música ou o canto.
No início do ano de 2003, ao começar lecionar a disciplina de artes na
escola, o diretor convidou-me a atuar no projeto Escola Viva, que veio seguido também
do desafio de formar o coral da escola. Não hesitei, e assumi o compromisso de assim
fazer.
Só foi possível iniciar o trabalho no ano de 2005. Nem tudo foi fácil e
41
algumas dificuldades surgiram durante o percurso, mas cada uma delas foi sendo
superada, pois o desejo de ver essa tarefa realizada era a maior conquista de um sonho
que já havia sido projetado há muitos anos pelo núcleo gestor da escola.
O processo de formação do coral foi gradual e contínuo partindo do
princípio da divulgação, inscrição e seleção que por sinal, é um ponto importante a ser
frisado, pois como se trata de um coral didático não foi necessário uma seleção vocal
tão apurada, ou seja, teste vocal, já que não se constituiria um impercílio, nem impediria
o início das atividades, visto o mais importante já existir, crianças interessadas em
cantar.
Inicialmente inscreveram-se 50 alunos de 5ª e 6º séries hoje 6º e 7º anos.
Não seria possível trabalhar com tantos alunos e alguns requisitos foram acertados para
permanência destes alunos no coral como o compromisso, a participação, assiduidade,
interesse pelos estudos e pelo coral.
Apesar do coral ter se iniciado com 50 alunos, hoje ele é composto por
apenas 26 educandos assíduos, pois muitos evadiram.
Os primeiros encontros foram para aulas explicativas sobre a importância
da música através do coral, o que é coral na íntegra, apresentações de vídeos e cds de
crianças cantando em grupo. Esses momentos foram muito significativos, pois serviram
para embasar o trabalho diante dos alunos e para a interação entre eles, e para si próprio.
Assim, foi criado um espaço para que o aluno estivesse consciente do seu papel de
coralista e o que isso passaria a significar para cada um daquele momento em diante.
Ana Maria Militão Porto, em sua monografia escreveu a seguinte frase "o
coral é o fio condutor para descoberta de si mesmo e do outro dentro de uma proposta
humana e abre um leque de oportunidade para o aluno coralista conviver melhor em
grupo, comprometer-se consigo mesmo, e com os colegas".
É verdadeira essa afirmação, pois o aluno por si só busca empenhar-se
nas atividades, valorizando cada momento vivenciado. Para ele (aluno), as aulas
funcionam como algo mágico, e "como uma fonte inesgotável que o renova a cada dia‖.
E saber valorizar isso é dar sentido à vida e à sua história, que está sendo construída
com esses momentos dedicados ao coral.
42
5.3. O Coral Ayrton Senna hoje
Atualmente o coral está em pleno exercício com 28 alunos participando
ativamente, alunos de 6º e 7º anos.
Os ensaios (aulas) acontecem quatro (04) vezes por semana, nas
dependências da escola em horário contrário às aulas formais, pois todos os coralistas
estudam pela manhã e os encontros acontecem à tarde.
Algumas dificuldades têm surgido no momento dos ensaios, nem sempre
há sala disponível na escola, nem mesmo uma sala adaptada às aulas de artes, tampouco
uma sala reservada para realização das atividades diárias do coral. Contudo, os ensaios
acontecem num clima de descontração, harmonia e alegria, em salas de aula que se
encontram sem alunos, arejadas, amplas, por vezes na sala de multmeios que seria a
mais viável pelas condições físicas e estrutura que possui, na quadra da escola e até no
pátio. O importante é que o trabalho tem acontecido e as dificuldades vêm sendo
superadas, pois a união do grupo e a convivência são mais forte que os reveses do
percurso.
O coral sempre se apresenta na escola e está aberto a convites da
comunidade, fazendo apresentações em igrejas católicas, evangélicas, eventos em outras
escolas, shoppings etc.
O repertório é bem eclético, cantam-se música popular brasileira,
folclórica, gospel, não se firmando em apenas um estilo. Isso se torna importante porque
não choca as crianças evangélicas que participam, nem aos ouvintes, pelo contrário, o
estilo musical é um atrativo a mais para os alunos coralistas.
Existe também um trabalho voltado para os conteúdos trabalhados em
sala com os professores polivalentes, pois este é um trabalho conjunto e interdisciplinar,
da não apenas professora do coral.
As dúvidas surgidas no grupo são esclarecidas, as discussões entre os
colegas muitas vezes servem até para que se reflita no comportamento de alguns alunos,
na indisciplina, e no aluno como um todo; isso se torna positivo, pois se constituem
princípios importantes na avaliação do grupo.
43
O coral Ayrton Senna, desde a sua formação até os dias de hoje, está
sobre a minha regência. O que me impulsionou a trabalhar com alunos das séries citadas
acima foi o interesse que os discentes dessa faixa etária demonstraram e demonstram
em participar de eventos escolares, principalmente nas atividades que envolvem a
música. Além disso, séries ou faixas etária que atendem aos princípios de formação de
um coral tendo em vista que o coral, é formado por alunos de 10 a 12 anos, além de
estarem sempre disponíveis a atividades cênicas promovidas pela escola, e por ser
professora de artes das séries do Ensino Fundamental II.
Minha formação é em pedagogia, com especialização em arte educação,
fiz alguns cursos de música, e há oito anos participo dos encontros da Associação de
Corais Infantis do Ceará (ACIC) - Um canto em cada canto, onde ocorrem oficinas
voltadas para atuar no canto coral.
Ensino e aprendo convivendo com os meus alunos, e ensinar e aprender
não é um processo automático, nem uma linha de montagem, é algo muito mais
complexo, em que preciso haver lugar para disciplina e para a alegria. A avaliação é um
instrumento para creditar o saber.
A partir dos dados obtidos por meio de questionários, observações e
depoimentos dos alunos, apresentam-se agora resultados relacionados à autoestima dos
educandos.
5.4. Tabulação e Análise dos dados.
Por meio de diversas leituras durante a pesquisa, vivência no projeto
aliada a muitas conversas e trocas de ideias, foi possível organizar uma relação de
conceitos necessários para se chegar a uma conclusão sobre a dúvida inicial: a música
influencia ou modifica o comportamento e eleva a autoestima do educando?
A partir dos dados obtidos por meio de questionários, observações e
depoimentos dos alunos, professores, núcleo gestor, pais, apresentam-se agora
resultados relacionados à autoestima do educando.
44
Distribuição dos integrantes do Canto Coral de acordo com as Idades Informadas
14
8
6
4
0
2
4
6
8
10
12
14
16
10 anos
11 anos
12 anos
13 anos
Dados
No coral predominam as idades de 10 e 11 anos com participação
respectivamente de 43,75% e 25%.
Você já havia participado de algum coral antes de ingressar no coral atual?
26
6
0
5
10
15
20
25
30
'SIM
'NÃO
Dados
Comprova-se que 81,25% dos alunos não estudaram ou participaram de canto
coral antes de ingressarem no coral Ayrton Senna.
45
Há quanto tempo você participa das aulas de canto do coral?
15
11
4
2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
1 a 6 meses
7 a 12 meses
13 a 18 meses
19 a 24 meses
Dados
O tempo de participação e integração dos alunos no canto coral varia de um a
vinte e quatro meses, a maioria participa desde a formação, uma porcentagem de 46%. Com
isso, pode-se analisar com mais propriedade porque a maioria dos alunos está com certo
tempo no coral.
Como você se sente fazendo parte do coral Ayrton Senna?
46
Antes do Coral
19
76
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Melhor calorizado/ Feliz
Bem/Mais comportado e participativo
Ruim
Dados
Após 6 meses
4
19
9
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Melhor Valorizado/Feliz
Bem/mais comportado e participativo
Ruim
Dados
47
Após 1 ano
2
10
20
0
5
10
15
20
25
Melhor valorizado/feliz
Bem/mais comportado e participativo
Ruim
Dados
Depoimentos de alguns alunos:
Muito bem, estou soltando minha voz e minha timidez.
Me sinto orgulhosa e valorizada a cada apresentação do nosso coral.
Me sinto mais responsável porque através do coral a gente aprende
coisas sobre a nossa música brasileira folclórica.
Consigo ser mais alegre e quero crescer mais na vida.
Quero ser uma professora de coral, pois o coral traz muita alegria
para mim.
Os alunos foram acompanhados por períodos sucessivos: quando eles entraram,
após (6) seis meses de participação e após (1) um ano de participação no coral. Os
requisitos analisados foram comportamento, timidez, compromisso dentre outros
aspectos ligados à autoestima do educando.
48
Percebe-se que o educando se sente mais valorizado depois de sua participação
no coral, os depoimentos acima deixam claro que foi e continua sendo importante para o
aluno participar das atividades do coral. Nesse sentido, é possível dizer que a música por
meio do coral tem contribuído para que o aluno perceba a vida com mais sentido, ou seja, o
sentido que ele encontra ao se envolver com as atividades desenvolvidas no coral.
Quais aspectos mudaram na sua vida depois do ingresso no coral Ayrton
Senna?
Após 6 meses
6
14
8
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Melhorou a Voz
Aprendi a conviver em grupo
Não senti muita mudança
Dados
Após 1 ano
3
17
12
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Melhorou a voz
Aprendi a conviver em grupo
Não senti muita mudança
Dados
49
O depoimento de alguns alunos comprova a importância da participação
no coral:
Através do coral minha voz mudou, tinha vergonha até de falar
porque sou gaga, mas agora me sinto feliz no meio dos meus colegas
superei o medo, adoro cantar hoje e ir para os ensaios do coral.
O coral me ensinou a respeitar meus colegas e meus professores, hoje
me sinto uma pessoa pra cima e muito feliz.
Não tenho mais medo de ir para frente da minha sala de aula, eu era
muito tímida e hoje não sou mais.
Mudei meu jeito com as pessoas hoje me sinto até mais bonita,
principalmente nas apresentações do coral.
As comprovações nos depoimentos e questões respondidas mostram com
precisão que é possível superar alguns bloqueios e melhorar a autoestima por meio da
música e das atividades desenvolvidas no coral.
Evidenciou-se por meio do resultado da pesquisa que a convivência dos
alunos entre si os tornam mais interessados em realizar tarefas em grupo, fazer trabalhos
coletivos e o nível de compreensão uns para com os outros é consideravelmente melhor
depois da participação no coral da escola. Essa é uma das vantagens dentre de tantas
outras que o coral promove para o aluno: reflexo de uma boa convivência e consciência
do educando.
Quantos amigos você tem na sua sala de aula ?
50
Antes do Coral
5
6
9
12
0
2
4
6
8
10
12
14
1 a 10
11 a 20
21 a 30
mais de 30
Dados
Após 6 meses
6
13
8
5
0
2
4
6
8
10
12
14
1 a 10
11 a 20
21 a 30
mais de 30
Dados
51
Após 1 ano
14
10
6
2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
1 a 10
11 a 20
21 a 30
mais de 30
Dados
O aluno, ao entrar no coral, conheceu novas pessoas e automaticamente
começou a se relacionar com outras crianças que não faziam parte do seu grupo de colegas,
apesar de estudarem na mesma escola, pois eles geralmente têm preferência por colegas da
mesma sala. É notório que o coral abriu espaço para esses alunos se conhecerem melhor,
fazer novos amigos e até expandir o número de amizades no convívio escolar. Os resultados
deixam claro que a interação do aluno coralista com os outros amigos é um resultado da sua
participação no coral Ayrton Senna. Ao participarem de atividades interdisciplinares e
eletivas, os alunos passaram a se desenvolver melhor no sentido de crescerem como pessoa e
verem o mundo de forma mais consciente tornando-se mais atuantes na sala de aula e na
escola.
Você sente que o coral Ayrton Senna contribui para ajudar a melhorar seu
comportamento, timidez e notas nas outras disciplinas?
52
Após 6 meses
14
18
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
sim não
sim
não
Dados
Após 1 ano
6
26
0
5
10
15
20
25
30
sim não
sim
não
Dados
Comprova-se uma melhoria significativa no relacionamento do educando após
o seu ingresso no coral Ayrton Senna, principalmente dos alunos que encaram com seriedade
as atividades desenvolvidas no grupo.
53
5.5. Questionário de pais, núcleo gestor e professores
1. Qual a contribuição em sala de aula do coral Ayrton Senna para a melhoria do
comportamento do aluno que participa desta atividade?
6
26
0
5
10
15
20
25
30
Mais concentrado e amigo
Não mudou nada
Dados
2. Houve mudança por parte do aluno coralista no interesse pelos estudos?
4
28
0
5
10
15
20
25
30
SIM
NÃO
Dados
3. O coral contribuiu para mudanças no aspecto timidez, problema de autoestima do
aluno?
54
25
7
0
5
10
15
20
25
30
SIM
NÃO
Dados
4. O canto contribuiu para melhor desenvolver o aspecto cognitivo do aluno coralista?
9
23
0
5
10
15
20
25
SIM
NÃO
Dados
5. As notas dos alunos coralistas correspondem às expectativas desejadas pelos
professores? O coral contribuiu para isso?
20
12
0
5
10
15
20
25
SIM
NÃO
Dados
6. O aluno coralista tem demonstrado interesse em participar de outras atividades
55
propostas por outros professores?
5
27
0
5
10
15
20
25
30
SIM
NÃO
Dados
7.Os alunos coralistas mostram interesse pela escola? Pelos estudos?
4
28
0
5
10
15
20
25
30
SIM
NÃO
Dados
8. Como os alunos coralistas se relacionam na sala com os colegas e com o professor?
56
5
27
0
5
10
15
20
25
30
BEM
PÉSSIMO
Dados
5.6. Depoimentos de pais:
Mãe1: com certeza a música tem contribuído para o melhoramento dos meus
filhos, eles tem demonstrado que o coral da escola tem ajudado bastante no seu
desenvolvimento até nas outras matérias, na timidez e no comportamento.
Mãe2: O coral é superimportante porque ajuda minha filha ser mais educada,
mais feliz e mais responsável nos estudos. Às vezes quando ela ta se danando digo que vou
tirá-la do coral ela muda rapidinho.
Pai1: Minha filha está mais participativa nos estudos segundo os outros
professores, e até mais comportada.
Mãe 3: Minha filha adora ir para o coral, antes ela gaguejava muito e hoje ela
fala bem melhor, ela mudou bastante e até a timidez ela soltou.
5.7. Depoimentos de Professores e Núcleo gestor.
De acordo com depoimentos dos professores e do núcleo gestor, mudanças
vêm acontecendo processualmente: os alunos do coral tem se interessado em tirar melhores
notas, eles tem um ótimo relacionamento com os demais colegas, e se empenham em várias
57
atividades promovidas pela escola.
O coral tem nos ajudado a trabalhar a disciplina do aluno, as crianças hoje tem
um nível bem melhor de responsabilidade e aprendizado.
Os alunos que participam do coral estão mais interessados em estar sempre
com as tarefas passadas em sala de aula em dia. Eles dizem que a Regente conversa muito
com eles sobre isso. A aula de canto tem contribuído para esse avanço.
O coral tem ajudado principalmente em relação ao compromisso, vontade de
fazer acontecer ver, o bom resultado da música na escola.
O resultado das atividades musicais desenvolvidas no coral trabalha a auto-
estima do educando e consequentemente o resultado aparece no aprendizado .
Com base nos resultados e depoimentos de alguns pais, professores, núcleo
gestor, é possível perceber um avanço na vida do aluno coralista.
A música tem contribuído para o desenvolvimento integral do aluno, e o coral
tem sua participação neste processo, pois a vivência musical por meio do canto influencia
diretamente para que o aluno se sinta melhor, mas concentrado, e mais comprometido com os
estudos.
No que diz respeito à melhora da autoestima por influência da música, foi
constatado que há uma mudança de comportamento muito significativa nos alunos. Percebeu-
se que a música exerce o poder de modificar o humor, o comportamento e o relacionamento
entre as pessoas, fazendo com que elas se tornem mais comunicativas, alegres e até
extrovertidas. É certo dizer que música faz bem.
58
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do trabalho exposto e a partir dos dados que foram apresentados, é
possível fazer as considerações que se seguem:
O ensino da música no Brasil passou por períodos de grande efervescência
sonora interrompidos, entretanto por momentos de angustiante silêncio. À medida que se
aprofunda na reflexão sobre o ensino da música como prática escolar, esses momentos
tornavam-se esclarecedores para o entendimento da função atribuída à música como
disciplina escolar.
Nessa perspectiva, ao buscar elementos para compreender a atual situação do
ensino da música na escola fundamental brasileira, acreditava-se estar contribuindo para o
debate e o diálogo necessários à reintrodução da música no universo escolar, certos de que,
para isso, há um longo caminho a ser percorrido.
A música vem sendo desenvolvida no ambiente escolar de várias maneiras e
algumas escolas têm primado por trabalha-la por meio do canto, tendo o privilégio depossuir
um coral como uma das propostas pedagógicas da escola e instrumento dinamizador da
aprendizagem, como a Escola Ayrton Senna da Silva.
As reflexões preliminares sobre a música, educação musical no Brasil e um
pouco da sua trajetória embasam o que se pretendia pesquisar ao longo deste trabalho.
Foi possível traçar um paralelo entre autoestima e música e apresentar
resultados referentes a este estudo e às influências da música para o educando.
As entrevistas feitas e os momentos de vivência do Coral Ayrton Senna da
Silva mostram resultados positivos, destacando a importância da música na vida dos alunos
que participam assiduamente das atividades propostas pela professora do coral.
Foram enfrentadas muitas limitações no percurso, pois até nas realizações dos
questionários e entrevistas foi preciso haver um planejamento de como tudo aconteceria,
devido ao calendário letivo.
A interação dos alunos com os colegas do grupo, com a professora, com o
núcleo gestor e com os demais professores da escola tem facilitado o trabalho do coral. Tudo
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é feito em conjunto, porque o coral é uma extensão da sala de aula, e só é possível o
acontecimento de cada etapa com ase busca de parcerias que complementem o devir diário.
A oportunidade de se ter um coral na periferia da cidade de Fortaleza é algo
que precisa ser cultivado, incentivado e redimensionado a cada dia para que muitas crianças e
adolescentes possam ser beneficiadas num processo de crescimento gradual possibilitado
pela prática do canto.
O trabalho diversificado do coral contribuiu para mostrar que a educação não
é uma atividade estática, mas dinâmica e pode a cada momento passar por processos
modificadores de crescimento baseando-se sempre no desenvolvimento do aluno.
É importante frisar que o trabalho do coral nunca está pronto, há sempre o que
acrescentar e modificar. É preciso acompanhar a dinamicidade e mudanças cotidianas,
intensificando mais o trabalho com o grupo.
Tão importante quanto à história, esses estudos não só contribuíram para o
esclarecimento das questões iniciais apontadas neste trabalho, mas evidenciaram que, embora
praticamente ausente dos currículos, a educação musical vive um período de efervescência,
marcado pela busca de novos caminhos.
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