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FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO Guilherme Moraes Vargas A PERFORMANCE EM EDUCAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL: ANÁLISE DE INDICADORES TIPIFICADOS COMO RECURSOS EDUCACIONAIS Passo Fundo 2017

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FACULDADE MERIDIONAL – IMED

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

Guilherme Moraes Vargas

A PERFORMANCE EM EDUCAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL: ANÁLISE DE

INDICADORES TIPIFICADOS COMO RECURSOS EDUCACIONAIS

Passo Fundo

2017

2

Guilherme Moraes Vargas

A PERFORMANCE EM EDUCAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL:

ANÁLISE DE INDICADORES TIPIFICADOS COMO RECURSOS EDUCACIONAIS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Administração da Escola de

Administração da Faculdade Meridional –

IMED, como requisito parcial para a obtenção

do grau de Mestre em Administração sob a

orientação do Prof. Dr. Carlos Costa.

Passo Fundo

2017

Passo Fundo

2017

CIP – Catalogação na Publicação

V297p VARGAS, Guilherme Moraes

A performance em educação no ensino fundamental: análise de indicadores

tipificados como recursos educacionais / Guilherme Moraes Vargas. – 2017.

147 f.: il.; 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Administração) – Faculdade IMED, Passo Fundo,

2017.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Costa.

1. Visão baseada em recursos. 2. Ensino fundamental. 3. Qualidade de ensino.

4. Educação - Desempenho. I. Costa, Carlos, orientador. II. Título.

CDU: 65:37.01

Catalogação: Bibliotecária Angela Saadi Machado - CRB 10/1857

3

DEDICATÓRIA

Esta dissertação é dedicada à minha família!

4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por ter me concebido a oportunidade de

continuar meus estudos ingressando no tão sonhado Mestrado acadêmico. Por ter me dado força

nos momentos mais difíceis nesse período tão conturbado e desafiador.

Agradeço imensamente minha esposa Patricia, pelo apoio em momentos de crise, pelas

cobranças muitas vezes duras e necessárias, mas acima de tudo, por sempre acreditar que eu

venceria mais este obstáculo. Te amo!

Agradeço a meus pais Synara e Luiz, que souberam me dar carinho e me acalmaram nos

momentos de angústias e incertezas. Os incentivos de todas as ordens e tipos, me fortaleceram

para que eu concluísse esse sonho; a vocês, dedico todo o meu amor!

Aos meus avós Mauro e Nayr, esta conquista não aconteceria sem vocês ao meu lado!

Aos meus irmãos Rodrigo e Mauro, o meu afago carinhoso e agradecimento por todo o

incentivo prestado, com certeza fizeram a diferença!

Aos meus colegas do Mestrado que transformaram os desafios e dificuldades em um

ambiente agradável, de complacência, amizade e companheirismo! Ficarão guardados para o

resto da minha vida.

Ao corpo docente do PPGA da IMED, meu muito obrigado pelos ensinamentos, com

certeza mudaram minha concepção de estudo e aprendizado, fazendo com que o Mestrado se

transformasse num marco em minha vida.

Aos amigos Leandro e Dieiso por me socorrerem em um período de muita dificuldade

financeira, dando-me a tranquilidade necessária para seguir em frente e não desistir do meu

objetivo; a vocês, meu eterno obrigado!

Aos amigos Ramiro e Mateus por me acolherem muitas e muitas vezes na cidade de

Passo Fundo, muito obrigado!

E por fim, meu agradecimento ao meu amigo e orientador Carlos Costa, que me abraçou

e acreditou em mim diante de uma situação em que poucos acreditariam, e provou o verdadeiro

significado da palavra PROFESSOR. Vou ser grato eternamente pelos conselhos, conversas e

acima de tudo, por seus ensinamentos. Levarei como exemplo de pessoa e profissional

dedicado, pela bondade, otimismo e inteligência. Muito obrigado professor!

5

Epígrafe.

“Seja um parâmetro de qualidade. Algumas

pessoas não estão acostumadas a um ambiente

onde a excelência é esperada”.

Steve Jobs

RESUMO

As avaliações externas da educação básica no Brasil têm o foco principal no aluno, medindo

desempenho e fluxo escolar, além de outros indicadores. Entretanto, a identificação das

possíveis variáveis que interferem nos resultados, positiva ou negativamente, ainda carece de

estudos relativos às características da região, condições socioeconômicas, gestão, aluno e

professor. O objetivo deste estudo é identificar, através da Visão Baseada em Recurso – RBV,

os recursos educacionais que influenciam a performance no ensino fundamental de escolas

públicas (municipais e estaduais), em três coordenadorias de educação (CRE) do norte do

estado do Rio Grande do Sul (7ª, 15ª e 20ª). A pesquisa é caracterizada como quantitativa

descritiva, fundamentada no levantamento de dados secundários, disponibilizados em

diferentes bases de dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP),

Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul e Ministério Público. Os municípios

da 7ª, 15ª e 20ª foram ranqueados com base em dois índices, IDEB e IDHM, e enquadrados em

quadrantes de desempenho, para identificar tanto aqueles como as respectivas escolas com

maior grau de discrepâncias positivas ou negativas. Por meio deste filtro, foram selecionados

36 municípios com ensino fundamental (I e II) completo, contemplando 173 escolas. Das

hipóteses do estudo, a distorção idade-série e o índice socioeconômico das escolas foram

confirmados como os recursos educacionais que mais influenciam os resultados do IDEB,

ambos tipificados como recurso intangível relacional. Os recursos investimento e formação

docente não revelaram influência direta nos resultados do IDEB e foram refutados no presente

estudo. As demais variáveis do estudo – alfabetização na idade certa, esforço docente e

complexidade da gestão escolar e infraestrutura – apresentaram resultados importantes,

mostrando, estatisticamente, influência no desempenho escolar, sendo, portanto, confirmadas

parcialmente. Neste estudo, verificaram-se discrepâncias de resultados entre coordenadorias,

municípios e escolas, nas diferentes redes de ensino e nas diversas etapas do ensino

fundamental. O ranqueamento aplicado permitiu a criação de quadrantes de desempenho que

possibilitaram identificar melhor os casos de (in)sucesso e as maiores discrepâncias entre

municípios, podendo ser aplicado em pesquisas futuras. Correlacionar e relacionar recursos

educacionais, de diferentes tipos, com os contextos escolares contribuiu para o mapeamento e

o entendimento das condicionantes que influenciam o ambiente escolar, os resultados de

desempenho e a qualidade de ensino.

Palavras-chave: Ensino Fundamental. RBV. IDEB. Quadrantes de Desempenho.

7

ABSTRACT

External evaluations of basic education in Brazil mainly focus on the student, measuring

performance and school progression, in addition to other indicators. However, the variables

(e.g., regional characteristics, socioeconomic conditions, school management, student-teacher

relations) that could potentially enhance or interfere with a student’s educational outcome

remain largely unidentified. The objective of this study was to employ a Resource Based View

(RBV) such educational resource variables as influence municipal and state level public

elementary school performance in three of Rio Grande do Sul state’s school districts (7th, 15th

and 20th). This quantitative descriptive research drew on secondary data available through

different databases of the National Institute of Educational Studies and Research (INEP), State

Department of Education of Rio Grande do Sul and the Public Ministry. To identify them,

municipalities in the 7th, 15th and 20th school districts were ranked in Performance Quadrants

based on their IDEB and IDHM indices. Individual schools were ranked by their degree of

discrepancies in student performance — positive or negative. Based on these criteria, 36

municipalities housing 173 schools with full elementary education programs (I and II) were

selected. By testing the study’s hypothesis, the school’s Age-Series Distortion and

Socioeconomic Index, both relational intangible resources, were confirmed to be the

educational resource parameters having the greatest influence on the IDEB index. In contrast

to previous studies, Investment and Teacher Training showed no direct influence on the IDEB

index. The additional variables of ‘Literacy at the Right Age,’ ‘Teaching Effort’ and ‘School

Management Complexity and Infrastructure’ showed statistically significant influences on

school performance, therefore partially confirming the study’s hypothesis. Discrepancies in

results were apparent between school districts, municipalities and schools, in the different

education networks and stages of elementary school. The applied ranking allowed the creation

of Performance Quadrants that made it possible to better identify cases of (in)success and large

inter-municipal discrepancies. This approach could be applied in future surveys. Correlating

and relating educational resources of different types within a school context, contributed to the

mapping and understanding of the conditioning factors that influence the school environment

and the resulting student performance and quality of teaching.

Keywords: Elementary Education. RBV. IDEB. Quadrants of Performance.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema ilustrativo do fluxo de trabalho adotado neste estudo .............................. 22

Figura 2 - Composição do Sistema de Avaliação da Educação Básica .................................... 40

Figura 3 - Coordenadorias Regionais de Educação - CRE ....................................................... 57

Figura 4 - Evolução do Índice de Desenvolvimento Municipal Humano (IDMH) dos

municípios brasileiros ............................................................................................................... 68

Figura 5 – Evolução do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) no Brasil.. 69

Figura 6 - Quadrantes de Desempenho (IDEB x IDHM) ......................................................... 70

Figura 7 - Resultados do IDEB por etapas e redes de ensino ................................................... 75

Figura 8 - Infraestrutura das escolas pertencentes a Rede Municipal de ensino incluídas no

estudo ........................................................................................................................................ 91

Figura 9 – Infraestrutura das escolas pertencentes a Rede Estadual de ensino incluídas no

estudo ........................................................................................................................................ 92

Figura 10 – Comparativo da infraestrutura das escolas das Redes de Ensino Municipal x

Estadual .................................................................................................................................... 93

Figura 11 – Docentes com curso superior por etapa de ensino e rede escolar ......................... 98

Figura 12 - Adequação da formação docente relacionado ao Grupo 1 .................................. 100

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Conceito e classificação dos recursos .................................................................... 29

Quadro 2 - Tipificação dos recursos educacionais ................................................................... 44

Quadro 4 - Unidades de análise da pesquisa ............................................................................ 62

Quadro 5 – Hipóteses, variáveis e análises aplicadas no estudo .............................................. 66

Quadro 6 - Hipóteses e resultados da pesquisa....................................................................... 119

Quadro 7 – Codificação banco de dados Municípios ............................................................. 134

Quadro 8 – Codificação banco de dados Escolas ................................................................... 137

Quadro 9 – ANA Leitura ........................................................................................................ 141

Quadro 10 – ANA Escrita ...................................................................................................... 141

Quadro 11 – ANA Matemática ............................................................................................... 142

Quadro 12 – Correlação ANA e IDEB ................................................................................... 144

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resultado do ranqueamento na 20ª CRE ................................................................. 58

Tabela 2 - Resultado do ranqueamento na 7ª CRE ................................................................... 59

Tabela 3 - Resultado do ranqueamento na 15ª CRE ................................................................. 60

Tabela 4 – Lista dos Municípios alocados nos Quadrantes de Desempenho – 20ª CRE ......... 71

Tabela 5 - Municípios alocados nos Quadrantes de Desempenho – 7ª CRE ........................... 73

Tabela 6 - Municípios alocados nos Quadrantes de Desempenho – 15ª CRE ......................... 74

Tabela 7 - Tabela geral de classificação do INSE .................................................................... 76

Tabela 8 - Classificação do INSE por Coordenadorias de Educação ....................................... 77

Tabela 9 - Valor absoluto e alunos calculados no INSE .......................................................... 79

Tabela 10 – Resultados da análise de Correlação de Pearson – IDEB e INSE ........................ 80

Tabela 11 - Resultado da análise de regressão entre as variáveis INSE (independente) e IDEB

(dependente) ............................................................................................................................. 80

Tabela 12 - Infraestrutura das escolas da 7ª CRE (Rede Municipal) incluídas no estudo ....... 81

Tabela 13 – Infraestrutura das escolas da 7ª CRE (Rede Estadual) incluídas no estudo ......... 83

Tabela 14 – Infraestrutura das escolas da 15ª CRE (Rede Municipal) incluídas no estudo ..... 85

Tabela 15 - Infraestrutura das escolas da 15ª CRE (Rede Estadual) incluídas no estudo ........ 86

Tabela 16 - Infraestrutura das escolas da 20ª CRE (Rede Municipal) incluídas no estudo ..... 88

Tabela 17 - Infraestrutura das escolas da 20ª CRE (Rede Estadual) incluídas no estudo ........ 89

Tabela 18 - Manutenção e Desenvolvimento do Ensino e Investimento por Habitante ........... 94

Tabela 19 - Indicador Complexidade Gestão Escolar (ICG) para as escolas incluídas neste

estudo ........................................................................................................................................ 96

Tabela 20 - Complexidade Gestão Escolar x Quadrantes de Desempenho .............................. 96

Tabela 21 - Formação Docente com curso superior analisada por Coordenadoria .................. 98

Tabela 22 - Adequação da formação docente ......................................................................... 100

Tabela 23 - Índice de Esforço Docente – IED ........................................................................ 101

Tabela 24 – Índice de Esforço Docente (IED) por coordenadoria e rede de ensino .............. 102

Tabela 25 – Análise de correlação entre IDEB e IED ............................................................ 104

Tabela 26 – Taxa de Distorção Idade-Série (TDI) por coordenadoria de educação e rede de

ensino ...................................................................................................................................... 105

Tabela 27 – Resultados da análise de correlação entre TDI e IDEB ...................................... 106

Tabela 28 – Resultado da análise de regressão entre as variáveis TDI (independente) e IDEB

(dependente) ........................................................................................................................... 107

Tabela 29 - Alfabetização na Idade-Certa (Proficiência em Leitura) ..................................... 108

Tabela 30 – Alfabetização na Idade-Certa (Proficiência em Escrita) .................................... 109

Tabela 31 – Alfabetização na Idade-Certa (Proficiência em Matemática) ............................. 109

Tabela 32 – Alfabetização na Idade-Certa analisada por coordenadorias .............................. 110

Tabela 33 – Análise de correlação entre resultados do IDEB e Alfabetização na Idade-Certa

(Proficiência Leitura) .............................................................................................................. 112

Tabela 34 - Análise de correlação entre resultados do IDEB e Alfabetização na Idade-Certa

(Proficiência Escrita) .............................................................................................................. 113

Tabela 35 - Análise de correlação entre resultados do IDEB e Alfabetização na Idade-Certa

(Proficiência Matemática) ...................................................................................................... 114

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LISTA DE SIGLAS

7ª CRE – 7ª Coordenadoria Regional de Educação

15ª CRE – 15ª Coordenadoria Regional de Educação

20ª CRE – 20ª Coordenadoria Regional de Educação

AFD – Adequação da Formação Docente

ANA – Avaliação Nacional da Alfabetização

ANEB - Avaliação Nacional da Educação Básica

ANRESC – Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Prova Brasil)

ATU – Aluno por turma

CNE – Conselho Nacional da Educação

EC – Emenda Constitucional

DSU – Docente com Ensino Superior Completo

FPM – Fundo de Participação dos Municípios

FUN I – Fundamental anos iniciais

FUN II – Fundamental anos finais

FUNDEB - Fundo de Manutenção de Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização

dos Profissionais da Educação

FUNDEF - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização

do Magistério

ICG – Índice de Complexidade da Gestão Escolar

IED – Índice de Esforço Docente

IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

IDHM—E - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (Dimensão Educação)

IDHM—L - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (Dimensão Longevidade)

IDHM—R - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (Dimensão Renda)

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

INSE – Indicador Socioeconômico das Escolas

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica aplicada

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MDE – Manutenção e Desenvolvimento do Ensino

12

MEC – Ministério da Educação

MI – Ministério da Integração Nacional

OCDE - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação

PNE – Plano Nacional da Educação

PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PPGA – Programa de Pós-Graduação em Administração

QD – Quadrantes de Desempenho

RC – Regime de Colaboração

SAEB - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 15

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ........................................................................................ 18

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 19

1.2.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 19

1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................... 19

1.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ....................................................................................... 19

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ..................................................................................... 20

2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 23

2.1 VISÃO BASEADA EM RECURSO .............................................................................. 23

2.1.1 Recursos Tangíveis e Intangíveis ............................................................................. 26

2.1.2 Modelo de tipificação de recurso ............................................................................. 27

2.2 EDUCAÇÃO BÁSICA BRASILEIRA .......................................................................... 29

2.2.1 O professor e o novo papel da escola ....................................................................... 33

2.2.2 Dificuldades e desafios encontrados no ambiente escolar ....................................... 36

2.2.3 O IDEB e seus indicadores formadores ................................................................... 38

2.3 PERFORMANCE ESCOLAR ........................................................................................ 42

2.3.1 Investimento na Educação ........................................................................................ 44

2.3.2 Esforço e Formação Docente ................................................................................... 47

2.3.3 Complexidade e Infraestrutura Escolar .................................................................... 48

2.3.4 Distorção idade-série e a alfabetização na idade-certa ............................................. 51

3 MÉTODO ........................................................................................................................ 55

3.1 NATUREZA DA PESQUISA ........................................................................................ 55

3.2 UNIDADE DE ESTUDO ............................................................................................... 56

3.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ................................................................ 63

3.3 TÉCNICA DE ANÁLISE DE DADOS .......................................................................... 65

4 RESULTADOS ............................................................................................................... 68

4.1 CONSTRUÇÃO DOS QUADRANTES DE DESEMPENHO ...................................... 68

4.4 INDICADOR DE NÍVEL SOCIOECONÔMICO DAS ESCOLAS .............................. 76

4.2 INFRAESTRUTURA ..................................................................................................... 81

4.3 INVESTIMENTO ........................................................................................................... 93

4.5 COMPLEXIDADE DA GESTÃO ESCOLAR .............................................................. 95

14

4.6 FORMAÇÃO DOCENTE .............................................................................................. 97

4.7 ESFORÇO DOCENTE ................................................................................................. 101

4.8 DISTORÇÃO IDADE-SÉRIE ...................................................................................... 105

4.9 ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA ................................................................... 108

5 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS ........................................................................... 115

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 120

6.1 IMPLICAÇÕES TEÓRICAS E GERENCIAIS ........................................................... 122

6.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES DE ESTUDOS FUTUROS ............ 123

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 124

APÊNDICE A – Codificação banco de dados Municípios .................................................... 134

APÊNDICE B – Codificação banco de dados Escolas........................................................... 137

APÊNDICE C – Níveis de proficiência Leitura, Escrita e Matemática ................................. 141

APÊNCIDE D – Correlação de Pearson (IDEB E ANA) ...................................................... 144

APÊNDICE E - CREs e municípios contemplados neste estudo ........................................... 145

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1 INTRODUÇÃO

Os ensinos fundamental e médio são pautados, no Brasil, por fatores que

condicionam os resultados educacionais, os quais passaram a ser medidos por avaliações

externas, voltadas para o diagnóstico da qualidade da educação brasileira. Para melhor

direcionamento das políticas públicas educacionais, com o intuito de alavancar o

desempenho escolar, o governo federal tenta, por meio da junção entre teoria e prática,

materializar objetivos e metas baseados no Plano Nacional da Educação – PNE,

fundamentado na indicações do Conselho Nacional da Educação – CNE.

Antes do avanço no atual Plano Nacional da Educação que estabelece metas para

o decênio 2014/2024, eram feitas críticas sobre a ausência de uma avaliação precisa do

PNE anterior (2001/2010), cuja falta de objetividade fez dele mais “(...) um rol de boas

intenções do que um efetivo documento de planejamento a orientar objetivamente as

ações, a permitir o acompanhamento dos investimentos e a avaliação dos resultados”

(KUENZER, 2010, p. 2).

A tarefa que envolve o planejamento educacional, além de desafiadora, colide

com a alta complexidade do âmbito federativo brasileiro, das lacunas de regulamentação

das normas de cooperação e com a visão patrimonialista ainda existente em setores da

gestão pública. No Brasil, as desigualdades são históricas, demandando a adoção e a

criação de novas formas de colaboração entre os sistemas de ensino.

O PNE do decênio 2014/2024 propõe essencialmente universalizar o ensino e a

alfabetização infantil; oferecer educação em tempo integral; fomentar a qualidade na

educação; elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos; ampliar a educação

de jovens e adultos, a educação profissional técnica de nível médio e a educação

especial; elevar a escolaridade média da população; garantir a colaboração entre união,

estados e municípios, a formação de professores em nível de pós-graduação, a

valorização dos profissionais do magistério da rede pública, os planos de carreira

docente; ampliar a taxa de matrícula na educação superior e stricto sensu; elevar a

qualidade da educação superior (PNE, 2014).

Tais propostas fundamentam-se em diretrizes, metas e estratégias para a política

educacional dos próximos dez anos (2014/2024), divididas em 20 metas específicas,

separadas em quatro grandes grupos:

16

• Grupo 1 – garantia do direito à educação básica com qualidade,

garantindo o acesso, a universalização e ampliação das oportunidades

educacionais;

• Grupo 2 – redução das desigualdades e valorização da diversidade;

• Grupo 3 – valorização dos profissionais da educação, considerada a

estratégia primordial na concretização das metas anteriores;

• Grupo 4 – trata especificamente de estratégias para a educação superior.

A redução das desigualdades, presente nas metas do Grupo 2 do PNE, é abordado

no presente trabalho, na medida em que se investiga a influência das condições

socioeconômicas dos alunos, nos resultados do desempenho de escolas e municípios.

Para tal abordagem, utilizaram-se dois dos principais indicadores socioeconômicos:

Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) – o qual tem papel decisivo na

composição das unidades de análises do estudo; Indicador de Nível Socioeconômico das

Escolas (INSE) – uma das variáveis de recurso utilizadas.

Este estudo pauta-se nas estratégias do Grupo 1 do PNE, decênio 2014/2024,

mais precisamente na meta 7, mantendo o foco principal na intenção de explicar as

condicionantes do desempenho educacional, medido pelo Índice de Desenvolvimento

da Educação Básica (IDEB):

Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades,

com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem, de modo a atingir as

seguintes médias nacionais para o IDEB: 6,0 nos anos iniciais do ensino

fundamental; 5,5 nos anos finais do ensino fundamental; 5,2 no ensino médio

(PNE, 2014, p. 113).

A composição do IDEB resulta da combinação de dois fatores educacionais: i)

indicadores de fluxo (taxas de aprovação, reprovação e evasão), medidos pelo censo

escolar; ii) indicadores de desempenho em exames padronizados como o Sistema

Nacional de Avaliação da Educação Básica - SAEB (para os estados e o Distrito Federal)

e a Prova Brasil (para os municípios).

Apesar da parametrização das ações escolares pelo poder público, amparada e

fiscalizada pelas coordenadorias de educação, a gestão escolar possui certa margem de

autonomia na condução e na aplicação das atividades, sendo responsável pelo

direcionamento dos processos nas escolas e, consequentemente, pela busca da melhoria

na qualidade de ensino.

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O rumo dos resultados escolares passa não apenas pela estruturação

administrativa e política das escolas e seu poder de gestão e alocação de recursos

(Federais, Estaduais ou Municipais), como também por condição socioeconômica dos

alunos, trajetória escolar, contexto e complexidade escolar, capacidade de liderança dos

diretores, infraestrutura, e variáveis ligadas diretamente ao desempenho e à dedicação

do professor em suas atividades docentes. É importante, pois, considerem também

preparo dos professores, condições de trabalho, recursos escolares e características do

contexto escolar (ALBERNAZ; FERREIRA; FRANCO, 2002; CALDERANO;

PEREIRA; MARQUES, 2010; ALVES; SOARES, 2013).

A educação brasileira sofre, historicamente, no nível do ensino básico, a falta de

qualidade e o descaso do poder público, evidenciados tanto pela escassez de políticas

públicas que fomentem o desempenho educacional, como pela desvalorização do

professor. Isto se reflete na dificuldade enfrentada pelos municípios para atingir as metas

estabelecidas pelo PNE para cada etapa e modalidade de ensino (CALDERANO, 2012).

A conjugação entre desempenho e fluxo tem por finalidade diagnosticar,

nacional e regionalmente, a situação da educação e referenciar proposições de políticas

públicas educacionais, capazes de atender à heterogeneidade de contextos frente às

deficiências diagnosticadas. Uma série de situações acaba, no entanto, por ficar à

margem do contexto real, só aparecendo quando observadas detidamente nas escolas

(BARBACOVI; CALDERANO; PEREIRA, 2013).

No Brasil, o planejamento atual das estratégias relacionadas ao desenvolvimento

apoia-se em escalas de dimensões e convergências territoriais de ordem macrorregional,

mesorregional e microrregional (CGEE, 2014). Objetivando evitar que

programas/projetos fiquem dispersos em um espaço sem coerência territorial, o Plano

Nacional de Desenvolvimento Regional, proposto pelo Ministério da Integração

Nacional e criado em fevereiro de 2007, pelo Decreto nº 6.047, reconhece as diferenças

regionais em múltiplas escalas e orienta políticas e programas à promoção do

desenvolvimento territorial (MI, 2016). Com isso, busca ir além do retrato do

desempenho das escolas medido pelo IDEB.

A perspectiva do presente estudo, voltado a identificar as condicionantes de

desempenho na educação através dos resultados no desenvolvimento e qualidade do

ensino brasileiro, remete a um olhar diferenciado sobre as performances regionais

(HANUSHEK, 2002). Partindo da premissa que identificação, aquisição, manipulação

e uso eficaz dos recursos favorecem não só a competitividade, mas também o

18

desempenho das organizações, estabeleceu-se o objetivo de medir a performance

escolar segundo a teoria da Visão Baseada em Recurso – RBV.

As condicionantes aqui levantadas e estudadas foram tipificadas conforme suas

características como recursos educacionais: infraestrutura escolar, contexto

socioeconômico de escolas e municípios, complexidade da gestão escolar, dedicação e

formação docente, alfabetização na idade certa, proficiência dos alunos, investimento

em educação por habitante.

No decorrer do estudo, são abordados problema de pesquisa, objetivo geral e

objetivos específicos, relevância do estudo. No capítulo 2, são apresentadas a

fundamentação teórica relacionada à Visão Baseada em Recurso (RBV) – absorvendo a

teoria de recurso para a educação, tipificando os recursos educacionais em tangíveis e

intangíveis –; a educação básica brasileira e seu indicador de desenvolvimento –

caracterizando a educação básica brasileira e abordando o principal indicador de

qualidade de ensino, balizador das metas do PNE nacional; a performance escolar –

elencando as possíveis condicionantes do desempenho escolar, transformando-as em

variáveis da pesquisa, tipificando-as conforme a Visão Baseada em Recurso, a fim de

formular as hipóteses do estudo.

Nos capítulos subsequentes, são apresentados método, análise e discussão dos

resultados, e por fim, conclusões do estudo.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

O problema de pesquisa instiga a compreensão e a mensuração do que antecede

os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB, e a verificação

da influência que o contexto escolar, em formato de recursos educacionais, exerce na

performance de escolas estaduais e municipais, de diferentes coordenadorias de

educação do norte do estado do Rio Grande do Sul. Propõe-se, como questão de

pesquisa, a indagação:

Quais recursos educacionais influenciam a performance no Ensino

Fundamental?

19

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

• Identificar, através da Visão Baseada em Recurso - RBV, os recursos

educacionais que influenciam a performance no ensino fundamental.

1.2.2 Objetivos Específicos

• Identificar e analisar os recursos educacionais e as possíveis relações com a

aprendizagem/desempenho da educação.

• Utilizar mecanismo de ranqueamento que possibilite identificar municípios que

apresentam maior discrepância entre a condição socioeconômica e os resultados

da avaliação externa do desempenho da educação básica.

• Contribuir com a forma de trabalho e as primeiras aproximações do

Observatório da Educação Norte Gaúcho.

1.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

O estudo justifica-se como uma iniciativa para identificar as condicionantes que

contribuem para os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica –

IDEB. O entendimento do contexto escolar poderá servir de apoio a gestores

educacionais, na medida em que possibilitar melhor compreender a relação de diferentes

recursos educacionais com os resultados da escola, elencando os pontos a serem

considerados em políticas públicas, no que tange ao ambiente escolar, os quais

ultrapassam os resultados das avaliações externas.

Neste contexto, ressalta-se que o IDEB, apesar de ter méritos e um relativo grau

de importância, não retrata a complexidade presente na escola, tornando-se necessária a

aproximação com indicadores que melhor descrevam o contexto (BARBACOVI,

CALDERANO e PEREIRA, 2013). Assim, esta investigação pode contribuir na

identificação das singularidades, observando fatores que influenciam o (in)sucesso das

escolas e, consequentemente, dos municípios.

A contribuição acadêmica consiste em avançar na multidisciplinariedade da

RBV, a qual vem, nos últimos anos, dissipando suas pesquisas em organizações de

características estritamente econômicas, sendo pouco utilizada em estudos que retratam

o contexto escolar brasileiro. Nessa perspectiva, a inovação na maneira de analisar o

20

desenvolvimento e a qualidade do ensino público brasileiro, mais precisamente dos anos

iniciais e finais do ensino fundamental, possibilitou criar um mecanismo de análise que

contribui tanto como filtro de casos de (in)sucesso escolar nas avaliações externas do

desempenho e da qualidade de ensino, quanto analisar e tipificar os recursos

educacionais na ótica da RBV.

A contribuição gerencial do estudo está em elaborar as primeiras aproximações

junto à realidade do contexto escolar de municípios localizados no norte gaúcho,

alocados em três coordenadorias distintas, porém fronteiriças, com o intuito de colaborar

com a criação de um observatório da educação do norte do estado do Rio Grande do

Sul. Entende-se que os resultados desta pesquisa poderão ajudar, como subsídio, os

formuladores de políticas públicas para a educação e também aqueles que as executam.

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

O olhar direcionado ao contexto escolar, percebendo suas especificidades e as

formas de relação entre os recursos educacionais, possibilita o entendimento e a análise

da sua identidade e seus efeitos sobre a aprendizagem e resultados escolares (NÓVOA,

1992). A investigação em profundidade das escolas selecionadas, com ênfase na

identificação e na análise de recursos educacionais presentes em seu interior ou

relacionados diretamente com seu ambiente, possibilitou o entendimento real de seu

cotidiano (HANUSHEK, 2002; MESQUITA, 2012; BARBACOVI; CALDERANO;

PEREIRA, 2013). Destaca-se que investigar a escola como objeto científico permite ler

e interpretar fenômenos escolares (MESQUITA, 2012).

Historicamente, investimentos são feitos de forma topdown1 pelos governos, sem

respeitar as particularidades territoriais. O próprio Plano de Desenvolvimento da

Educação (PDE), lançado pelo Ministério da Educação em 2007, inicia com essa

percepção ao enfatizar a importância do enlace entre território, educação e

desenvolvimento, reconhecendo que é no território fragmentado ou diferenciado, que as

clivagens culturais e sociais se estabelecem e se reproduzem (ALVES; SOARES, 2013),

seja entre bairros, municípios, estados, regiões do país e, neste estudo específico, entre

escolas públicas.

1 Estruturas desse tipo apresentam orientação vertical, em que normalmente o poder, assim como as

informações e decisões, flui no sentido do topo para a base da chamada pirâmide organizacional. Isso

caracteriza o sentido de verticalização dos investimentos realizados pelo governo (MENDONÇA, 2010).

21

Como a qualidade em educação vincula-se a diferentes espaços, atores e

processos formativos, em seus distintos níveis, etapas e modalidades educativas,

tornam-se complexas e desafiadoras a construção e a avaliação de políticas públicas

direcionadas à gama de agentes que atuam no campo da educação, especialmente na

educação pública.

O presente estudo aborda a meta 7 do PNE, a qual visa analisar fluxo escolar e

aprendizagem, objetivando mensurar a qualidade do ensino básico, de maneira que

possa ser investigada a influência exercida sobre um indicador externo de qualidade no

ensino, na relação com recursos educacionais.

Visto que as métricas do cálculo do IDEB preveem a aplicação de avaliações nas

séries iniciais e finais do ensino fundamental, a pesquisa está direcionada somente a

municípios que possuem o ensino fundamental I e II, nas esferas estadual e municipal,

realizando um recorte de pesquisa, direcionado para escolas públicas estaduais e

municipais dos municípios de abrangência das 7ª, 15ª e 20ª Coordenadorias Regionais

de Educação do Rio Grande do Sul.

Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), no

ano de 2013, mostram que 24 unidades federativas atingiram a meta dos anos iniciais

do ensino fundamental, sendo que 75,7% dos municípios da rede pública estadual

atingiram a meta no IDEB estipulada em 4,7. Se direcionado para a região Sul, este

número torna-se ainda mais expressivo, chegando a 83,6% dos municípios (PNE, 2014).

Entretanto, os anos finais do ensino fundamental não obtiveram o mesmo

desempenho dos anos iniciais, pois apenas oito unidades federativas conseguiram

alcançar ou ultrapassar a meta estipulada de 4,1. Na rede pública estadual, campo de

análise deste estudo, 41,8% dos municípios e 40% das escolas atingiram a meta do

IDEB. Dentre as regiões brasileiras, a região Sul apresentou a pior proporção de

municípios que atingiram a meta neste nível de ensino, como se verifica pelos

percentuais alcançados: região Sul 23%; região Norte 24%; região Nordeste 33%; região

Sudeste 54%; região Centro-Oeste 68% (PNE, 2014).

Não são abordados outros níveis de ensino da educação básica, tais como

educação infantil, ensino profissionalizante e educação especial, pois eles não utilizam

a meta número 7 do PNE para direcionamento das estratégias político-educacionais,

portanto não participam da construção do IDEB.

22

Figura 1 - Esquema ilustrativo do fluxo de trabalho adotado neste estudo

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Ideia inicial: Observatório Norte Gaúcho

Secretaria de Educação –RS (7ª, 15ª e

20ª CRE)

Ranqueamento de Municípios: IDHM x IDEB

Escolha dos Municípios

Quadrantes do Desempenho (IDHM

x IDEB)

Escolha dos bancos de dados e variáveis - INEP

Tipificação das variáveis, conforme

o tipo de recurso

Fundamentação Teórica - RBV;

Educação e Performance

Recursos educacionais que

influenciam no Desempenho (IDEB)

Análise Estatística

Discussões dos resultado e conclusões

Subsídios para o Observatório de Educação Norte Gaúcho - OENG

23

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico articula dois campos do conhecimento que se inter-

relacionam, educação básica brasileira e Visão Baseada em Recurso. Em um segundo

momento, será abordado o conceito RBV, juntamente com o a tipificação de recursos.

Em um segundo momento, serão apresentados conceitos e informações sobre a

educação básica brasileira, seus instrumentos de avaliações, bem como, a estruturação

das diferentes etapas e modalidades de ensino. Por fim, será abordado a Performance

Educacional, seção esta, que visa levantar as hipóteses do estudo, fazendo uso de

variáveis educacionais tipificadas em recursos, baseados na teoria que norteia o estudo,

a RBV.

2.1 VISÃO BASEADA EM RECURSO

A teoria da Visão Baseada em Recurso (RBV), traduzida do inglês Resource-

Based View, constitui uma corrente teórica proeminente em estratégia empresarial, com

destaque em publicações e na literatura de estratégia (PEREIRA; FORTE, 2008). Além

do notório interesse multidisciplinar, envolvendo pesquisadores de diferentes áreas,

apresenta grandes volumes de publicações acadêmicas de alto impacto (DAL-SOTO;

SANTOS, 2004).

O termo Visão Baseada em Recurso (RBV) teve origem na pesquisa de Birger

Wernerfelt (1984), enfatizando que a aquisição e identificação de recursos são

fundamentais para o desenvolvimento de produtos, gerando ganhos acima do esperado

pelas empresas. Tal pressuposto, oriundo da mensuração e utilização de recursos, parte

dos trabalhos antecedentes de Penrose (1959), o qual preconiza que o crescimento das

firmas seria melhor compreendido a partir do conjunto de seus recursos, constituindo,

assim, a base para o alcance da vantagem competitiva (DAL-SOTO; SANTOS, 2004).

Anteriormente, nos primeiros estudos referentes à RBV, entre as décadas de

1970 e 1980, predominava o pressuposto de que a estratégia originava-se no ambiente

externo à organização, tendo como base o modelo econômico da organização industrial

(OI), caracterizada pela hegemonia nos estudos referentes às forças competitivas de

Porter (RIBEIRO, 2012). A partir da década de 1990, a Teoria Baseada em Recursos

ganhou notoriedade, direcionando a literatura para o estudo dos recursos da organização,

24

com foco no ambiente interno e na concepção da estratégia formulada a partir dos

recursos (FAVORETO; AMÂNCIO-VIEIRA; SHIMADA, 2014).

Apesar da grande relevância dos estudos relacionados à RBV, que tornou-se

gradualmente a perspectiva de mais uso na pesquisa em estratégia (FOSS, 1998),

somente a partir de 2008 houve expansão maior em termos de apresentações e

publicações, através de trabalhos com ênfase na aplicabilidade de tal teoria (PAVÃO;

SEHNEM; HOFFMANN, 2011). Alguns escritos utilizaram a bibliometria para analisar

a disseminação dos estudos da RBV no Brasil, confirmando que as publicações de

artigos iniciaram-se a partir de 1999, representando apenas 3,33% em relação à área de

estratégia (WALTER; SILVA, 2008).

Dessa forma, a RBV emergiu como uma teoria com ênfase nos recursos internos

das empresas, idealizando a posição da empresa em relação aos seus recursos, como

forma de propor estratégias determinantes para a competitividade e desempenho

(WERNERFELT, 1984). As abordagens realizadas a partir de uma perspectiva interna

buscam explicar o desempenho das organizações, as quais dirigem suas atenções para o

seu interior e formulam estratégias a partir de seus recursos (RIBEIRO, 2012). Neste

contexto, o diferente desempenho de empresas do mesmo setor pode ser explicado

através da RBV, em relação à forma com que os recursos internos são gerenciados e

utilizados (AMIT; SCHOEMAKER, 1993).

Com efeito, a implicação da vantagem competitiva como dominante no

embasamento da visão apoiada em recurso – representada principalmente por autores

ligados à economia organizacional – explica as diferenças (heterogeneidade) entre as

empresas, tendo alguns aspectos diferenciais, tais como comportamentais, modo de

organização, recursos únicos e recursos essenciais (PAVÃO; SEHNEM; HOFFMANN,

2011). Portanto, a abordagem baseada em recurso, avança em importância a partir de

evidências ligadas ao desempenho da organização, em termos de eficiência e eficácia

(KRETZER; MENEZES, 2006).

Desta forma, a organização pode ser entendida como um conjunto de recursos e

capacidades, os quais são capazes de se posicionar estrategicamente como vantagem

competitiva na busca com um maior retorno, ou seja, um melhor desempenho (GRANT,

1996). Portanto, é indispensável a ótima utilização destes recursos e capacidades para

maximizar os resultados e garantir o desempenho sólido e duradouro (GRANT, 1996).

Os recursos passam a ser vistos como elementos potenciais e cruciais, no entanto, podem

25

ser considerados um estoque para organização, cuja existência não garante

necessariamente uma melhor performance (FERNANDES; FLEURY, 2006).

Por essa razão, torna-se relevante identificar os recursos considerados essenciais

para o melhor desempenho, garantindo um caminho de sucesso e competitivo às

organizações, o que dificulta a imitação por seus concorrentes (BARNEY, 1991). A

vantagem competitiva requer o desenvolvimento de novos recursos e capacidades,

passando pela exploração, alavancagem, investimento e renovação desses recursos e

capacidades; combinação de habilidades e competências; busca por recursos únicos,

essenciais ou dinâmicos que construam, mantenham e evidenciem suas vantagens

distintas (TEECE; PISANO; SHUEN, 2008).

Neste sentido, os recursos da empresa (firms resourse) podem ser caracterizados

como os ativos da organização, capacidades da organização, atributos e informações

organizacionais e, por fim, conhecimentos organizacionais que, controlados, facilitam

as escolhas de estratégias para melhorar o desempenho da empresa, com eficiência e

eficácia nos resultados (BARNEY, 1991).

A visão baseada em recurso combina, em sua abordagem, análises internas de

fenômenos organizacionais, com análises externas do ambiente, interagindo em

diferentes pontos acerca da construção da estratégia adequada. Tal abordagem considera

capacidades (capabilities), competências e habilidades, como recursos bases para a

geração de conhecimento, e esses recursos internos necessitam de uma análise das

condições pela qual geram resultados satisfatórios (KRETZER et. al.; 2006).

Assim, a ampliação da visão em recursos e sua importância para a organização,

possibilitou a definição das forças e fraquezas da empresa (WERNERFELT, 1984). A

partir disso, as empresas conseguem obter vantagem competitiva por meio de estratégias

que visam explorar as forças internas diante de oportunidades oriundas do ambiente,

enquanto estancam suas fraquezas internas e ameaças externas (BARNEY; WRIGHT;

KETCHEN, 2001).

A ampliação das forças internas, baseada nos recursos internos existentes nas

organizações, não é explicada por qualquer tipo de recurso, ou seja, não significa que

qualquer tipo de recurso seja fonte de vantagem competitiva com base em um melhor

desempenho (BARNEY; HESTERLY, 2007). Ademais, para se ter sucesso, as

estratégias devem ser formuladas a partir de recursos raros, que representem o

diferencial diante das outras organizações (BARNEY; HESTERLY, 2007). No entanto,

muitas vezes, a própria organização desconhece ou não tem consciência quanto aos

26

recursos estratégicos de que dispõe, o que impede sua tipificação (FERNANDES, 2013;

PAVÃO; SEHNEM; HOFFMANN, 2011; RIBEIRO, 2012).

2.1.1 Recursos Tangíveis e Intangíveis

Os recursos tangíveis ou intangíveis possuem a capacidade de promover

vantagem competitiva por meio da sua heterogeneidade (BARNEY, 1991; PERERAF,

1993). Tanto os recursos tangíveis, quanto os intangíveis, devem ser identificados pela

organização, e transformados em variáveis-chave na criação do diferencial no

desempenho e, consequentemente, da vantagem competitiva (WERNERFELT, 1984).

Portanto, a RBV oferece uma nova justificativa na geração da heterogeneidade

do desempenho das organizações, enfatizando que os recursos não são apenas uma

relação de fatores, mas interagem entre si, influenciando e sofrendo influência da

empresa (WERNERFELT, 1984; PETERAF, 1993; BARNEY, 2001). Além disso,

mantém a ideia de que as diferenças no desempenho entre organizações que compõem

o mesmo ramo de atuação, são explicadas, primeiramente, pelos seus recursos

(WERNERFELT, 1984).

Neste sentido, as organizações são vistas como um conjunto de recursos, os quais

são definidos por ativos físicos ou intangíveis, que em conjunto, resultam em

capacidades competitivas da empresa (HALL, 1992). Os recursos das organizações

podem ser qualquer coisa que encaixe na concepção de força ou fraqueza da empresa

(AMIT; SCHOEMAKER, 1993) e assim, podem ser definidos como ativos tangíveis e

intangíveis que se vinculam à organização (WERNERFELT, 1984). Os recursos que

podem ser facilmente identificados são caracterizados como recursos tangíveis, ao passo

que os recursos intangíveis são de difícil avaliação/mensuração (GRANT, 1991).

A visão baseada em recurso, mediante a perspectiva de fatores internos à

organização, dá a conjunção entre a configuração de ativos (tradição Chamberliniana)

com suas capacidades de inovação e criação (tradição austríaca), que em última

instância, determinam o desempenho (BRITO; VASCONCELOS, 2004). Portanto, a

dinâmica das organizações pode ser entendida por meio da exploração das forças

internas em resposta às oportunidades do ambiente externo, juntamente com a

neutralização das fraquezas internas e ameaças externas (BARNEY, 1991; BARNEY;

HESTERLY, 2011).

27

2.1.2 Modelo de tipificação de recurso

Os recursos e capacidades de uma organização podem ser alocados ou

caracterizados, como: (i) recursos físicos, (ii) recursos financeiros (iii) recursos

individuais e (iv) recursos organizacionais (BARNEY; HESTERLY, 2007). No entanto,

em estudo anterior, Barney (1991) classifica os recursos em três categorias distintas: (i)

recursos de capital físico (localização geográfica, matéria-prima, equipamentos e

tecnologia; (ii) recursos de capital humano (relacionamento, inteligência, treinamento,

experiência, entre outros) e (iii) recursos de capital organizacional (estrutura formal,

sistemas, planejamento, relações entre grupos, etc.).

Os recursos tangíveis e intangíveis das organizações são tipificados por outros

autores, conforme as características dos mercados e setores a serem analisados; para

Grant (1991), seis são as categorias de recursos - financeiros, físicos, organizacionais,

tecnológicos, reputação e humanos. Sob outro enfoque, os recursos são definidos como

(i) humano – recursos intrínsecos às pessoas como criatividade, comportamento,

educação e habilidade; (ii) organizacional – os desenvolvidos pela própria organização

como marca, imagem, know-how, sistemas, cultura e estratégia; (iii) relacional –

chamados de recursos externos que são necessários ou afetam à organização: cliente,

fornecedores, reguladores e parceiros; (iv) físico – tecnologia da informação,

equipamentos, materiais, produtos e propriedades da empresa; e por fim, (v) recurso

monetário – todo ativo financeiro capaz de ser convertido em dinheiro (PIKE; ROOS ;

MARR, 2005).

Outra divisão classifica os recursos em tangíveis (físicos, financeiros,

organizacionais e tecnológicos); e intangíveis (humanos, recursos de inovação e de

reputação) (HITT et al., 2003; LAIMER; LAIMER, 2009). Os recursos ainda podem ser

classificados como: (i) arquitetura – relacionamento interpessoal entre empregados e

empresa e empregados, empresa e fornecedores, empresas e clientes e entre

organizações; (ii) inovação – capacidade de gerar novos produtos; (iii) ativos

estratégicos – posicionamento de mercado, exclusividade e custos irrecuperáveis; (iv)

reputação – controle de qualidade dos produtos buscando o reconhecimento junto aos

clientes (KAY, 1996).

O modelo VRIO - sigla gerada por valor (Value), raridade (rarity), imitabilidade

(imitability) e organização (organization) - considera os testes necessários pelos quais

um recurso deve passar no momento de sua classificação, para que possa ser considerado

28

uma vantagem competitiva, ou seja, se recurso ou capacidade é um ponto forte ou fraco

para a organização (BARNEY; HESTERLY, 2011). Alguns estudos voltados para o

desempenho de instituições privadas de ensino superior, abordaram o modelo VRIO

como alicerce na identificação e caracterização dos recursos internos, visto que tais

instituições de ensino buscam a diferenciação e vantagem competitiva para ganhar

mercado e alavancar a lucratividade de suas organizações (LANGRAFE, 2013;

PEREIRA; FORTE, 2008).

Nesse contexto, estudos relacionados ao desempenho no ensino superior,

utilizaram o capital intelectual, reconhecido como uma divisão de três tipos de recursos

diferentes para a implantação da RBV na tipificação e classificação dos recursos: (i)

capital humano (docentes) – variáveis como formação docente, diversidade de

formação, titulações, carga horária, produção em periódicos, participação em eventos,

bancas e intercâmbio, entre outros; (ii) capital estrutural – espaço físico destinado ao

docente e alunos, assinatura de base de dados à disposição da instituição, biblioteca,

laboratórios, complexidade da gestão educacional etc.; (iii) capital relacional/cliente

(alunos) – convênios, projetos de cooperação científico e acadêmico, parcerias entre

programas, seleção de alunos, financiamento externo, proporção discentes e docentes,

prazo médio de titulação, resultado de avaliações, etc. (LANGRAFE, 2013; MURASSE,

2011; MACCARI et al. , 2009).

Diante da perspectiva deste estudo ser direcionado ao desempenho escolar nos

anos iniciais e finais do Ensino Fundamental, a partir dos recursos existentes nas

instituições escolares públicas, as quais não visam à busca de lucratividade, nem

vantagem competitiva entre elas em busca de mercado, mas sim, resultados esperados e

estipulados pelo governo, optou-se por não abordar o modelo VRIO como forma de

explicar possíveis potenciais geradores de desempenho escolar.

O modelo proposto por Langrafe (2013) similar a estudos de Murasse (2011) e

Caccari et al. (2009), ambos voltados para mensurar desempenho no ensino superior,

não encaixam na tipificação de recursos para a educação básica, mais precisamente no

Ensino Fundamental, pela diferenciação das variáveis utilizadas como recurso no

presente estudo. Portanto, utilizou-se da tipificação de recursos tangíveis e intangíveis,

divididos em 4 categorias: recursos financeiros, recursos físicos/estruturais, recursos

humanos e recursos organizacionais/relacional, conforme Quadro 1.

29

Quadro 1 - Conceito e classificação dos recursos

Tipos de recursos Descrição Autores

Tangíveis

Financeiro

Recursos que permitem à organização

implementar e conceber estratégias para

um melhor desempenho. Inclui fontes de

capital privado ou governamental,

composto por todo ativo financeiro capaz

de ser convertido em dinheiro.

BARNEY, 1991; HITT et.

al. 2011, GRANT, 1991;

WERNERFELT, 1984;

PIKE; ROOS e MARR,

2005;

Físico/Estrutural

Estrutura formal da empresa composta

por todo equipamento, materiais,

produtos, propriedades da organização,

tecnologia da informação, infraestrutura

da organização. Atributos coletivos da

gestão da organização: sistemas de

planejamento, controle e coordenação.

BARNEY, HESTERLY

2007; WERNERFELT,

1984; MURASSE, 2011;

MACCARI et. al. 2009;

LANGRAFE, 2013

Intangíveis

Humano

Recursos intrínsecos à pessoa como

criatividade, educação, habilidade,

experiência, formação, treinamento,

comportamento e dedicação. Inclui os

colaboradores da organização

BARNEY, 1991;

WERNERFELT, 1984;

PIKE; ROOS e MARR,

2005; MURASSE, 2011

Relacional

Recursos externos que são necessários ou

afetam a organização: Clientes,

fornecedores, parceiros, etc.

PIKE; ROOS e MARR,

2005; MURASSE, 2011

Fonte: Elaborado com base em Laimer e Laimer (2009), Hitt et. al. (2011) e Murasse (2011).

A partir do quadro teórico apresentado, foi possível tipificar as variáveis

educacionais observadas em diferentes bancos de dados fornecidos pelo INEP,

reconhecendo as mesmas como recursos, e assim, encaixando as mesmas em Tangíveis

(recurso financeiro ou físico/estrutural) ou em recursos Intangíveis (humano ou

relacional) conforme Quadro 2, apresentado posteriormente, ainda na fundamentação

teórica.

2.2 EDUCAÇÃO BÁSICA BRASILEIRA

Em termos de novas propostas para a gestão da educação, o Plano de

Desenvolvimento da Educação (PDE) tem como um de seus propósitos o

estabelecimento de uma nova relação entre os entes federados, norteando a gestão local

de políticas educacionais, identificando conflitos, interesses e demandas sociais (MEC,

2017).

A proposta do MEC de implantar um regime de colaboração (RC) busca

responder problemas na distribuição de responsabilidades educacionais e supervisionar

a atuação dos entes federados sem ferir sua autonomia (MEC, 2017). Porém, a questão

federativa brasileira, se por um lado é acentuada pela enorme desigualdade

30

socioeconômica, principalmente no interior do país, por outro, é considerada apenas

uma pequena parcela dos problemas referentes à garantia do direito educacional,

mascarando a realidade dos problemas e conflitos escolares (GRINKRAUT, 2012).

O poder executivo federal tem buscado, a partir de 2007, ocupar um lugar

distinto na política educacional de Educação Básica, responsabilizando-se e assumindo

funções antes destinadas aos estados, municípios, e em alguns casos, à iniciativa privada

e movimentos sociais, conforme Grinkraut (2012):

[...] o governo federal ao elaborar e executar o PDE, promover as

Conferências de Educação voltadas para a elaboração do novo Plano

Nacional de Educação (PNE), propor e em breve realizar o Exame Nacional

para Ingresso na Carreira Docente, participar – ainda que indiretamente – na

discussão e aprovação das Diretrizes Nacionais para os Planos de Carreira e

Remuneração dos Funcionários da Educação Básica Pública e no Piso

Salarial para os profissionais do magistério público da educação básica, entre

outras ações, tem trazido para a discussão pública o papel da União na

equalização das desigualdades educacionais, o regime de colaboração, a

constituição de um sistema nacional de educação, as atribuições de cada

esfera governamental e sua inter-relação no oferecimento dos serviços

educacionais (GRINKRAUT, 2012, p. 13).

Além disso, a atuação da União junto aos demais entes federados é relevante,

mesmo que não exclusiva, especialmente na implantação de políticas públicas

educacionais, com a intenção de diminuir as desigualdades socioeconômicas, as quais

afetam diretamente a reprodução das desigualdades educacionais (OLIVEIRA;

SANTANA, 2010). Para Araújo (2005) é constante a variação de descentralização e

centralização como tendências na aplicabilidade das políticas educacionais,

desconsiderando as particularidades e desigualdades regionais. No entanto, ainda

persiste o desafio em uma possível municipalização, de fato, da educação básica

brasileira (ARAÚJO, 2005).

Isso é notório quando observado que mesmo os municípios sendo considerados

entes autônomos perante a Constituição Federal de 1988, 75% de todos os municípios

brasileiros não possuem autonomia financeira, dependendo exclusivamente do Fundo

de Participação dos Municípios (FPM) para as suas despesas regulares (ARELARO,

2005).

O debate acadêmico e político sobre a municipalização e descentralização dos

serviços educacionais ganhou força nas décadas de 1980 e 1990, gerando duas vertentes:

os favoráveis à municipalização e os seus oposicionistas (PINTO, 1999; BASSI, 2011).

A defesa da municipalização é amparada por duas vertentes, sendo que a primeira utiliza

o argumento do fortalecimento do poder local e consequente participação da

31

comunidade junto à escola, enquanto a segunda vertente privilegia argumentos

financeiros, técnicos e operacionais do processo, como condição necessária da

descentralização por meio da municipalização da educação. Por outro lado, os

oposicionistas deste modelo, apontam distorções na consideração da realidade

brasileira, juntamente com críticas na ideologização da proposta, bem como suas

consequências político-ideológicas e econômicas (RODRIGUEZ, 2001; JUNIOR,

2003; ARAÚJO, 2005; XIMENES, 2006).

A promulgação da Emenda Constitucional (EC) de 1996, criou o Fundo de

Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério

(FUNDEF), também com o intuito de reduzir as desigualdades na oferta educacional,

funcionando como mecanismo de distribuição de recursos para o ensino fundamental,

deixando a União com a função supletiva e redistributiva, já que houve uma distribuição

das matrículas da educação básica, entre os estados e municípios (JUNIOR, 2003;

XIMENES, 2006).

Na busca pela equalização das oportunidades educacionais e padrão mínimo de

qualidade, o governo federal reestruturou os níveis da educação básica, e junto com a

reformulação houve a mudança do FUNDEF, transformando-se em Fundo de

Manutenção de Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais

da Educação-FUNDEB (JUNIOR, 2003; OLIVEIRA; SOUZA, 2010).

A este respeito, pesquisas demonstram que a busca pela equalização na

destinação dos recursos para a educação básica visa beneficiar estados e municípios

menos favorecidos economicamente, entretanto, reforçam que os valores de repasse

ainda são insuficientes para reduzir as disparidades entre os entes federados

(GRINKRAUT, 2012). Soma-se a este cenário a criação de mecanismos de avaliações

externas acerca da qualidade da Educação Básica brasileira, as quais se tornaram-

ferramentas quase que exclusivas na destinação dos recursos; deste modo, as escolas

que alcançam melhores notas nos indicadores e, consequentemente, batem metas

estabelecidas pelo governo federal, acabam recebendo mais recursos da União (ALVES;

FRANCO, 2008; BARBACOVI; CALDERANO; PEREIRA, 2013; ALVES, SOARES,

2013).

Este fato pode ser entendido como uma contradição a respeito da finalidade dos

fundos de investimento em educação, que em tese, deveriam equalizar as desigualdades

entre os entes, a partir dos recursos em educação (CIEGLINKI, 2010; BARBACOVI;

CALDERANO; PEREIRA, 2013; LÖBLER, 2013).

32

Quando se fala de Educação Básica brasileira, é necessário um entendimento das

diferentes modalidades e níveis do ensino a qual a mesma abrange. Inicialmente, os

primeiros passos da criança e adolescente na escola se dão através da modalidade

chamada de ensino regular, a qual apresenta quatro níveis de ensino, sendo eles a

educação infantil e ensinos fundamental (anos inicias e finais) e médio (ARELARO,

2005). Além do ensino regular, que é o foco deste estudo, a educação básica também é

composta por outras modalidades: educação especial, educação de jovens e adultos

(EJA) e educação profissional (cursos técnicos e cursos de formação inicial continuada

ou qualificação profissional) (MEC, 2016).

A educação infantil é dividida em duas partes - creches e pré-escolas; já a

educação básica é obrigatória e gratuita dos 4 anos aos 17 anos de idade, iniciando,

portanto, na pré-escola. A nova concepção de educação básica oriunda da Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB), representa uma significativa

mudança em relação às legislações anteriores, salientando a necessidade de

democratização da oferta da educação pública de qualidade para toda a população,

principalmente aqueles que só tem este espaço de acesso ao conhecimento e

aprendizagem (KUENZER, 2010).

A Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI elaborou um

relatório à UNESCO, enfatizando a importância da educação pré-escolar, como fonte

de alguns benefícios e inúmeros ganhos à criança, desde a iniciação à socialização,

através da qual a criança pode ter o contato cultural e linguístico antecipadamente, até

o aumento de uma disposição favorável junto à escola e a redução do risco de abandono

prematuro nas séries iniciais do ensino regular. Embora a UNESCO reconheça a

importância do ensino pré-escolar, justificando que a escolarização iniciada cedo pode

contribuir para a igualdade de oportunidades ajudando a superar dificuldades iniciais de

pobreza, ou de um meio cultural ou social desfavorecido, admite que esta modalidade

de ensino se encontra pouco desenvolvida e restritiva, em sua grande maioria, às

crianças com condição social e financeira satisfatória (DELORS, 2006).

A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica brasileira, é garantida

por dois artigos na Constituição Federal, onde o artigo 208, inciso IV, estabelece que a

criança não é obrigada a frequentar uma instituição de educação infantil, porém, sempre

que sua família deseje ou necessite, o Poder Público tem o dever de intervir e atendê-la,

garantindo que o Estado cumpra com sua obrigação. O artigo 7º, inciso XXV, que denota

direcionamento e cuidado à Educação Infantil, estabelece que os trabalhadores, pais e

33

responsáveis por seus filhos e dependentes de 0 a 6 anos de idade, terão direito à

educação em creches e pré-escolas (BRANDÃO, 2006).

Por determinação da alteração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDB), por meio da Lei nº 12.796/13, reduz-se a faixa etária da Educação

Infantil de 6 para 5 anos, com as creches atendendo crianças de 0 a 3 anos, enquanto as

pré-escolas atendem a faixa etária de 4 a 5 anos de idade, sob responsabilidade do

município (Cf. BRASIL, 1997).

Na sequência do ensino regular, após término da educação infantil, a criança

adentra o nível Ensino Fundamental, que pela alteração da LDB e redução dos anos da

educação infantil, antecipou em um ano o seu início, estendendo sua duração para 9

anos (PNE, 2014). Neste nível de ensino todos os esforços são balizados na formação

mínima da cidadania, assim como na aquisição de qualificações para o trabalho

profissional e para o usufruto do patrimônio cultural da sociedade moderna

(BRANDÃO, 2006).

O ensino fundamental, mais precisamente suas séries finais, as quais constituem

o chamado Fundamental 2 (5ª série/6º ano à 8ª série/9º ano), compreende talvez a fase

mais crítica da Educação Básica, pois retrata um período de mudança na concepção

escolar e didática, em que a criança/jovem passa a ter um professor para cada uma das

disciplinas curriculares (RAMOS, 2011). Quanto a este aspecto, Dhiego Maia, do jornal

Folha de São Paulo (2016), faz uma dura crítica às políticas públicas relacionadas a este

período escolar, chamando-o de “etapa esquecida” dentro do processo de formação, no

qual se espera muito da criança/jovem a despeito das poucas condições dadas pelo

governo para um melhor desempenho. Neste mesmo sentido, a advogada Priscila Cruz,

atual presidente-executiva do TPE, entende que “o ensino fundamental 2 é invisível,

pois o foco do governo é alfabetizar as crianças e fazer o jovem concluir o ensino médio”

(CRUZ, 2016).

2.2.1 O professor e o novo papel da escola

A educação tem o propósito de fornecer, de forma eficaz, em um mundo cada

vez mais complexo, saberes contínuos e de qualidade, servindo como base das

competências do futuro, sendo papel fundamental da educação mapear este contexto em

constante transformação, utilizada como bússola na aquisição do conhecimento

(CANDAU, 2011).

34

A missão da educação como um todo passa, obrigatoriamente, por quatro

aprendizagens fundamentais e que ao longo de toda a vida de um indivíduo servem como

pilares do conhecimento, conforme destaca Delors (2006), organizador do relatório para

a UNESCO da Comissão Internacional sobre educação para o século XXI: aprender a

conhecer, ou seja, contrair os instrumentos de compreensão; aprender a fazer, que

significa ter a habilidade para realizar e agir no meio em que vive; aprender a viver

juntos, onde o convívio possibilita o trabalho compartilhado e a cooperação; e por fim,

o último pilar que integra seus antecedentes, o aprender a ser, ultrapassando a visão

puramente de educação instrumental focada em resultados, considerado a realização da

pessoa em sua totalidade.

As questões relativas aos processos culturais colocam, para a educação escolar

de hoje, novos desafios ainda pouco explorados, aprofundados e mensurados, conforme

pontua Vasconcellos (2003, p. 37), quando afirma que “o trabalho educativo da escola

é apenas uma parcela da educação das pessoas de participam; outros fatores interferem,

com maior ou menor intensidade, na formação de seus agentes”.

Muito se discute sobre o trabalho docente e sua responsabilidade no resultado da

qualidade do ensino, pois, conforme Guirra (2012), o professor é um dos responsáveis

pela educação das crianças, assim como qualquer adulto. Entretanto, considera este

compromisso (visto como lei pela autora) como estruturante e não repressiva, mas

fornecedora de subsídios de amparo na construção e formação do aluno, preparando o

sujeito para sua ação futura na sociedade. Em contrapartida, Vasconcellos (2003)

considera o papel do professor de modo mais objetivo, como sendo o de educar através

do ensino. O autor destaca também a importância do educador e a realidade educacional

e social em que o mesmo está inserido, onde a relevância do seu trabalho está justamente

na complexidade de sua atividade, que implica entre tantos direcionamentos, na

participação na formação do caráter, consciência, personalidade e cidadania do

educando.

A própria especificidade de trabalho do professor acaba trazendo em sua

essência alguns valores além da concepção econômica ditada por muitas profissões

atualmente, como a tradição e cultura, assim como a promoção de novos aspectos da

realidade, por meio de novas maneiras de pensar e ver o mundo (VASCONCELLOS,

2003). Na lógica de encarar o trabalho docente como uma produção humana, diferente

do modo produtivo concebido no capitalismo como produção de bens de consumo,

classifica-se as tarefas educativas em uma escola como um trabalho não material,

35

caracterizando, como produto final deste processo produtivo, o conhecimento

(RODRIGUES, 1991).

Com isso, a sociedade e o Estado passaram a exigir a essa nova escola, o

desempenho de novas tarefas na socialização das crianças, dos adolescentes e dos

jovens, na promoção do seu desenvolvimento individual e na realização da sua instrução

(CUNHA, 2015). Ocorre que a cada ano letivo, são imputadas mais atribuições à escola,

muito pelos anseios do mundo do trabalho e suas mudanças repentinas, assim como em

razão da busca por uma melhor posição no ranking dos indicadores de qualidade da

educação básica (VEIGA; AMARAL, 2012).

Assim, as escolas com níveis socioeconômicos semelhantes e que recebem

recursos semelhantes, podem gerar ambientes escolares e resultados diferentes

(REYNOLDS; TEDDLIE, 2008). Os autores salientam, ainda, que uma escola eficaz

pode contribuir para diminuir o impacto do nível socioeconômico, e quem sabe assim,

reduzir as discrepâncias entre as mesmas (ALBERNAZ, A.; FERREIRA, F.; FRANCO,

2002; ALVES; SOARES, 2013; CUNHA, 2015).

É na escola que a busca por conhecimento se inicia, e onde acontecem as

interações sociais que ajudam a traçar o futuro das crianças e jovens; entretanto, deve-

se ter o cuidado de não apresentá-la como a salvadora dos problemas da sociedade,

combatendo sozinha a desigualdade social e minimizando os impactos das condições

socioeconômicas e culturais no processo de aprendizagem dos alunos (BLAU;

DUNCAN, 1967; MARSHALL; SWIFT; ROBERT, 1997; LEE; BARRO, 1997;

FERNANDES, 2007; LÖBLER, 2013).

Isso porque a escola é uma organização coletiva constituída por um espaço físico

e de práticas vividas, as quais contribuem para compor este sistema integral e único

(MESQUITA, 2012). O que se evidencia neste estudo é a necessidade de se estudar os

fatores intraescolares como meio de contribuir para melhoria da qualidade do ensino a

partir deste espaço vivido, a escola.

O “Conselho de Classe”, estudo quantitativo e qualitativo realizado pelo IBOPE,

em parceria com a Fundação Lemann e o Instituto Paulo Montenegro (2014), procurou

mapear o perfil dos professores do ensino fundamental (I e II) da rede pública. Os

resultados mostram que 82% dos entrevistados foram mulheres, que possuem idade

média de 41 anos e 13 anos de experiência na rede pública. Além disso, 65% da

formação superior foi realizada em escola privada (LEMANN, 2014).

36

A crescente desvalorização dos professores pelo estado brasileiro, foi

demostrada em alguns pontos da pesquisa: 23% dos entrevistados acham boas as

condições de trabalho; 20% concordam que a remuneração é condizente com o

reconhecimento esperado do seu trabalho, portanto, um dos pontos chave de

insatisfação; e por fim, apenas 17% concordam que há o reconhecimento da sociedade

em geral perante o trabalho realizado pelo professor (LEMANN, 2014).

Outro ponto importante da pesquisa, enfatiza que se a opinião do professor fosse

levada em consideração, impactaria positivamente em alguns pontos cruciais no ensino:

condição de trabalho dos professores; desempenho escolar dos alunos; valorização dos

professores pela comunidade escolar; dedicação dos professores com seu trabalho; a

qualidade das aulas ministradas pelos professores e a redução da repetência e evasão

dos alunos (LEMANN, 2014).

Sobre as avaliações externas, 63% acreditam que acabar com tais avaliações

contribuiria negativamente para a qualidade da educação brasileira, entretanto, 74% dos

professores acreditam que outros formatos de avaliações externas que reflitam o

desenvolvimento integral dos alunos, somariam na condição de alavancar a qualidade

de ensino com diagnósticos mais amplos da qualidade do ensino em cada escola

(CALDERANO; PEREIRA; MARQUES, 2012; LEMANN, 2014).

2.2.2 Dificuldades e desafios encontrados no ambiente escolar

Diante deste cenário, constituído pelas transformações nos métodos de ensino,

juntamente com a demanda da sociedade por uma atividade docente mais complexa,

ocorre o alargamento e diversificação da função docente. Além deste aumento

significativo da responsabilidade do professor, a própria sociedade e Estado passaram a

exigir da escola pública, considerada a escola de massas, a promoção do

desenvolvimento individual e realização da instrução por parte das crianças,

adolescentes e jovens, por meio de desempenho de novas tarefas na socialização dos

alunos (CUNHA, 2015).

Neste contexto entende-se que a escola não pode limitar-se à função de ensinar,

ou seja, não há garantias de sucesso ao seguir um método de aprendizagem pré-

determinado e padronizado, pois deve aproximar-se cada vez mais da realidade dos

alunos, e tal realidade varia consideravelmente com o tempo e de um estabelecimento

de ensino para outro (VEIGA; AMARAL, 2012). Além de destacar as novas exigências

37

das escolas, as autoras enfatizam que muitos dos problemas enfrentados pela escola,

estão relacionadas com a crescente diversidade cultural e social dos alunos.

O ponto de vista pedagógico não é uma soma de parcelas de saberes teóricos

que, embora necessários, são insuficientes para alicerçar a compreensão da situação

escolar e a formação do discernimento do educador. Nesses termos, é claro que não há

fórmulas prontas para orientar essa formação, mas o próprio conceito de vida escolar é

básico para que se alcance esse discernimento (OLIVEIRA, 2007; CANDAU, 2012).

Neste sentido, é importante entender as necessidades de transformação, ou seja,

entender o ambiente escolar como um todo (VASCONCELLOS, 2003). Muitas das

dificuldades e anseios por uma melhor qualificação do ensino passam pelas mãos dos

professores, e o seu desempenho está relacionado a múltiplos fatores de ordem

profissional (formação, remuneração, valorização, etc.), pedagógica (desinteresse dos

alunos, a indisciplina dentro e fora da sala de aula, a baixa aprendizagem, etc.), ou ainda

institucional (número de alunos, instalações, materiais, etc.).

Entretanto, o mau uso de indicadores de qualidade no ensino por governantes,

pode gerar conclusões precipitadas sobre os reais problemas no sistema educacional

brasileiro, geralmente com a intenção e necessidade de buscar culpados pelos insucessos

das escolas (PEREIRA; FERNANDES, 2013). Ao se estabelecer um ranking, entre os

municípios e até entre os estados, desconsiderando outras informações relevantes do

atual contexto escolar, pode ocorrer de apenas a escola e seus atores serem

responsabilizados pelo fracasso imposto pelos resultados apresentados nas avaliações

externas, acarretando em uma análise perversa do contexto escolar quanto ao

direcionamento da responsabilidade (CALDERANO; PEREIRA; MARQUES, 2010;

CALDERANO 2012).

O Todos Pela Educação – TPE, movimento da sociedade civil organizada,

participa intensivamente no processo de construção de ideias e princípios para a

construção do PNE, entendendo que é inalienável o direito a educação de qualidade por

todas as criança e jovens brasileiros (RAMOS, 2011). Para o conselheiro do movimento,

Mozart Ramos, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) visa atender às escolas

com resultados baixos no IDEB, no entanto, o aumento das notas pelas escolas não têm

gerado resultados significativos na diminuição das desigualdades (CIEGLINSKI, 2010).

O TPE apresenta 5 metas focadas nos eixos de atendimento escolar,

alfabetização das crianças, aprendizagem escolar, conclusão das etapas da Educação

Básica, e volume e gestão dos investimentos públicos em educação, as quais devem ser

38

alcançadas até 2022, sendo elas: Meta 1 – Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola;

Meta 2 – Toda criança alfabetizada pelo menos até os 8 anos de idade; Meta 3 – Todo

aluno aprendendo o que é apropriado a sua série; Meta 4 – Todos os alunos concluindo

o Ensino Médio; e Meta 5 – Ampliação dos investimentos em Educação Básica e

garantia de que eles sejam bem geridos (RAMOS, 2011).

É importante ter cuidado para não permitir a lógica gerencial, do mercado

empresarial, a qual enfatiza a racionalidade técnica e controle de produção, seja

incorporada pelas escolas (DOURADO, 2007; OLIVEIRA, 2007). Embora seja clara a

necessidade de um controle organizacional eficaz nas escolas, e de melhores

distribuições/usos dos recursos, o processo precisa acontecer de maneira participativa e

democrática. O anseio pela descentralização e autonomia para as escolas não pode ser

confundido com ausência de responsabilidade por parte dos governos federal, estadual

e municipal, sobre a qualidade do ensino (DOURADO, 2007). É provável que, a

qualidade dê-se por meio de políticas que articulam organização escolar e gestão,

pressupondo a formação inicial e continuada para os professores, além de melhor

estrutura física para os alunos e foco na reestruturação curricular e incentivo ao processo

de participação (OLIVEIRA, 2007; OLIVEIRA, 2010).

2.2.3 O IDEB e seus indicadores formadores

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, criado em 2005, pelo

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, e

aplicado no formato atual no ano de 2007, foi atualizado em 2015, a partir da revisão de

resultados da Prova Brasil, por solicitação de redes de ensino (BARBACOVI;

CALDERANO; PEREIRA, 2012; MEC, 2016). O índice é calculado a partir das notas

do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e Prova Brasil,

juntamente com os dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar. O

indicador trabalha com uma escala de zero a dez e sintetiza dois conceitos igualmente

importantes para a qualidade da educação: aprovação e média de desempenho dos

estudantes em língua portuguesa e matemática (INEP, 2016).

O IDEB, indicador que serve de referência para as metas do Plano Nacional da

Educação (PNE), do Ministério da Educação, vem numa crescente evolução desde 2007,

ano que registrou média nacional de 3,8 pontos (PNE, 2015). O índice é medido a cada

dois anos, e sua série histórica iniciou-se em 2005 com a apresentação dos resultados

39

em 2007 (MEC, 2016). O IDEB de 2013 mostra que o país ultrapassou as metas

previstas para os anos iniciais (1º ao 5º ano) do ensino fundamental em 0,3 pontos. O

IDEB nacional nessa etapa ficou em 5,2, enquanto em 2011 havia registrado 5,0

(ALVES; SOARES, 2013).

O Ideb é calculado a partir de dois componentes: taxa de rendimento escolar

(aprovação) e médias de desempenho nos exames padronizados aplicados

pelo Inep. Os índices de aprovação são obtidos a partir do Censo Escolar,

realizado anualmente pelo Inep. As médias de desempenho utilizadas são as

da Prova Brasil (para Idebs de escolas e municípios) e do Saeb (no caso dos

Idebs dos estados e nacional) (INEP, 2016).

A rede estadual, que atende apenas 18% das matrículas públicas nessa fase,

também superou suas metas. Em 75,6% dos municípios, as redes estaduais superaram a

meta prevista para 2013. Ao todo, em 2013 nessa etapa, 5.394 municípios tiveram

IDEB2 calculado (MEC, 2016). Já os anos iniciais do ensino fundamental são

oferecidos, prioritariamente, pelas redes municipais, que respondem por 81,6% das

matrículas da rede pública nessa etapa. As metas da rede municipal de ensino foram

alcançadas por 69,6% dos municípios brasileiros (INEP, 2016).

A proposta e intenção é que cada instância evolua de forma a contribuir, em

conjunto, para que o Brasil atinja o patamar educacional da média dos países da

Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE. Em termos

numéricos, isso significa progredir da média nacional 3,8, registrada em 2005 na

primeira fase do ensino fundamental, para um IDEB igual a 6,0 em 2022, ano do

bicentenário da Independência (PORTAL BRASIL, 2016).

Além das avaliações, outra ferramenta importante na constituição e melhoria da

qualidade do ensino no Brasil é o Censo Escolar, que consiste no levantamento de dados

estatísticos educacionais de âmbito nacional, realizado todos os anos e coordenado pelo

Inep (PNE, 2015). Ele é feito com a colaboração das secretarias estaduais e municipais

de educação e com a participação de todas as escolas públicas e privadas do país. Trata-

se do principal instrumento de coleta de informações da educação básica, que abrange

as suas diferentes etapas e modalidades: ensino regular (educação Infantil e ensinos

fundamental e médio), educação especial, educação de jovens e adultos (EJA) e

educação profissional (cursos técnicos e cursos de formação inicial continuada ou

2 O INEP (2016) apresenta a fórmula IDEBji = Nji Pji para explicar como é realizado o cálculo do índice,

em que, i = ano do exame (Saeb e Prova Brasil) e do Censo Escolar; N ji = média da proficiência em

Língua Portuguesa e Matemática, padronizada para um indicador entre 0 e 10, dos alunos da unidade j,

obtida em determinada edição do exame realizado ao final da etapa de ensino; P ji = indicador de

rendimento baseado na taxa de aprovação da etapa de ensino dos alunos da unidade j.

40

qualificação profissional). O Censo Escolar coleta dados sobre estabelecimentos de

ensino, turmas, alunos, profissionais escolares em sala de aula, movimento e rendimento

escolar (INEP, 2016).

Conforme o MEC (2016), essas informações são utilizadas para traçar um

panorama nacional da educação básica mapeando e referenciando políticas públicas,

facilitando a implantação de programas na área da educação, incluindo os de

transferência de recursos públicos como alimentação e transporte escolar, distribuição

de livros, implantação de bibliotecas, instalação de energia elétrica, Dinheiro Direto na

Escola e Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de

Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Além disso, os resultados obtidos no Censo Escolar, sobre o rendimento

(aprovação e reprovação) e movimento (abandono, transferência, falecimento) escolar

dos alunos do ensino fundamental e médio, servem como base de cálculo do indicador

IDEB, ganhando total relevância, pois é considerado o principal indicador formador do

índice (INEP, 2016).

Já o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) tem como principal

objetivo avaliar a Educação Básica brasileira e contribuir para a melhoria de sua

qualidade e para a universalização do acesso à escola, oferecendo subsídios concretos

para a formulação, reformulação e o monitoramento das políticas públicas voltadas para

a Educação Básica. Ao mesmo tempo, procura oferecer dados e indicadores que

possibilitem maior compreensão dos fatores que influenciam no desempenho dos alunos

nos anos e áreas avaliados.

O Saeb é composto por três avaliações externas em larga escala conforme

informações do INEP (Figura 2).

Figura 2 - Composição do Sistema de Avaliação da Educação Básica

Fonte: INEP 2016.

41

Das três avaliações que compõe o SAEB, duas delas estão diretamente ligadas

ao IDEB, ou seja, são indicadores que fazem parte do cálculo de geração do índice. A

Aneb e a Anresc/Prova Brasil são realizadas a cada dois anos, enquanto a ANA é de

realização anual conforme INEP (2016).

O IDEB foi introduzido na política educacional, através do Plano de Metas

Compromisso Todos pela Educação (LÖBLER, 2013). Os resultados desta combinação

de Censo Escolar e avaliações externas, que juntos formam o IDEB, acabam sinalizando

para sociedade, que a qualidade de ensino está diretamente ligada a uma trajetória

educacional regular, sem reprovações e que deve garantir a aprendizagem dos alunos

(FERNANDES, 2007). Além disso, a questão principal não está mais direcionada ao

acesso escolar, sendo que quase a totalidade das crianças possui acesso ao sistema

educacional, entretanto, o problema ainda reside na alta taxa de repetência, na elevada

proporção de abandono escolar e na baixa proficiência adquirida em exames

padronizados (FERNANDES, 2007).

As avaliações externas já eram realizadas desde os anos 90, porém com um

alcance menor, se comparado com o atual cenário de avaliações. Entretanto, a

consolidação do Saeb possibilitou que um sistema de ensino pudesse ser avaliado e

comparado entre diferentes instituições de ensino, com o foco no aprendizado do aluno

e não somente na análise da extensão da rede de ensino no país (ALVES; SOARES,

2013). Todavia, os resultados obtidos até o ano de 2005, divulgados bianualmente,

propiciaram a produção de um rico diagnóstico sobre a qualidade de educação ofertada

pelas escolas brasileiras a partir de grandes unidades amostrais. Essa evolução do

diagnóstico escolar brasileiro, realizado em todas as regiões do país, fortaleceu,

impulsionou e subsidiou pesquisas relacionadas aos fatores associados à eficácia do

ensino, as quais ainda eram raras no país (ALVES; FRANCO, 2008).

Enquanto aspecto negativo, as avaliações externas são muitas vezes complexas

em suas metodologias, dificultando sua implantação e principalmente interpretação de

alguns resultados, o que deveria ser de fácil entendimento, já que a busca por uma

escolarização mais qualificada, é o principal fodo destas avaliações (CASTRO, 2009).

O governo federal, através do MEC e INEP, demostrou grande esforço na disseminação

dos resultados antes da consolidação do Saeb, entretanto, como tais resultados não eram

expressos por municípios nem por escolas, constituíram valores apenas para os estados

e união.

42

A partir de 2005, com a consolidação do Saeb, este instrumento passou a ser

composto por duas avaliações externas: Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb)

e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc) ou Prova Brasil. Como a

avaliação é feita de forma quase que censitária, possibilitou que os resultados fossem

observados nominalmente, de estabelecimentos de ensino e de estados e municípios

(ALVES; SOARES, 2013).

Neste contexto, as localidades, aqui tratadas como escolas e municípios,

constituídas a partir das relações entre as pessoas, passam a fazer parte da agenda de

pesquisadores, formuladores de políticas públicas e governantes. A operacionalização

destas pesquisas, e neste sentido a área de administração não ficou de fora desse

movimento, deu-se mediante investigações sobre formas organizativas e modelos ou

mecanismos de gestão capazes de prover o desenvolvimento (GOULART et al., 2010).

2.3 PERFORMANCE ESCOLAR

A demanda social por uma melhor escolaridade está diretamente ligada às

oportunidades no mercado de trabalho, aumento da renda e qualidade de vida, o que

resultou em uma expansão do sistema de ensino mundialmente, e no Brasil, esse

aumento da escolaridade média da população é resultado da generalização do ensino

básico a partir da década de 90 (LUZ, 2006). Entretanto, o resultado da performance

educacional está ligado ao indivíduo, seu histórico de vida, sua condição

socioeconômica, fatores escolares que influenciam o desempenho do aluno, assim como

políticas educacionais que fomentam a oportunidade de uma formação de qualidade

(CÉSAR; SOARES, 2001; BUCHMANN; HANNUM, 2001; LUZ, 2006;

CALDERANO, 2012).

Da mesma forma, a condição e composição socioeconômica do indivíduo são

baseadas na qualificação individual, que em um coletivo, está relacionada aos resultados

educacionais (BLAU; DUNCAN, 1967). Por essa razão a educação influencia

diretamente na desigualdade social e condição socioeconômica do indivíduo, sendo o

desempenho escolar explicado através da interação de fatores determinantes, presentes

no contexto micro e macro do aluno. O que determina o desempenho escolar e

consequentemente as desigualdades educacionais entre os indivíduos, são variáveis

(recursos) como: escolaridade dos pais, renda familiar e composição da residência –

43

contexto micro; e variáveis (recursos), tais como insumos disponíveis na escola,

características e formação dos professores e políticas públicas direcionadas à educação

– contexto macro (BUCHMANN; HANNUM, 2001).

No ano de 2015 foi criado pelo INEP o indicador social chamado de Indicador

Socioeconômico das Escolas – INSE, o qual visa classificar as escolas conforme o nível

socioeconômico dos seus alunos, classificação esta, exposta em uma escala de sete

pontos, seguindo a nomenclatura: (1) Muito Baixo; (2) Baixo; (3) Médio Baixo; (4)

Médio; (5) Médio Alto; (6) Alto; e (7) Muito Alto (INEP, 2017). Aproximar o

desempenho escolar junto a condições socioeconômicas de determinada região,

possibilita um maior entendimento das características de determinados ambientes

educacionais, o que em tese, corrobora para o entendimento dos fatores que interferem

ou agregam no melhor desempenho escolar (FERNANDES, 2007; BARBACOVI;

CALDERANO; PEREIRA, 2012; LÖBLER, 2013).

Estudar as origens do desempenho escolar e seu impacto nos resultados sociais,

possibilita esclarecer, ampliar e compreender as diferenças nos resultados educacionais

dentro do respectivo sistema de ensino, possibilitando também, a criação de subsídios

para promoção de políticas públicas que revertam tais desigualdades (MARSHALL;

SWIFT; ROBERT, 1997; FERNANDES, 2007; LÖBLER, 2013).

Além disso, a análise estatística de determinantes da performance educacional

permite esclarecer de forma mais clara os reais fatores que afetam diretamente o ganho

de conhecimento e/ou habilidade no processo de aprendizagem do aluno, e ao longo do

tempo, a proficiência adquirida pelo aluno, desde que essas análises sejam feitas

considerando as condições do contexto regional (HANUSHEK, 2002).

Nesse contexto, saber como são empregados recursos e insumos escolares

possibilita enxergar como os determinantes afetam de forma direta no processo

educacional, ou seja, o quanto refletem no desempenho dos testes formadores de

indicadores (MACEDO; PRADO, 2010). Para tanto, seguindo os conceitos e

classificações dos recursos utilizados conforme quadro 1, visto anteriormente, serão

tipificados os recursos educacionais (Quadro 2), alocando assim, as variáveis do estudo

de acordo com seu tipo.

44

Quadro 2 - Tipificação dos recursos educacionais

TIPOS DE RECURSOS VARIÁVEIS BASES DE DADOS

Tangíveis

Financeiro

Investimento por Habitante

Manutenção e Desenvolvimento do

Ensino

Mapa Social – Ministério

Público-RS

Físico/Estrutural

Infraestrutura;

Complexidade Escolar

Censo Escolar

ICG – índice de complexidade da

gestão escolar

Intangíveis

Humano

Adequação da Formação Docente;

Índice de Esforço Docente

Docente com Ensino Superior

AFD – Adequação Formação

Docente

IED – índice Esforço Docente

DSU – Docente com Ensino

Superior

Relacional

INSE;

ANA;

Distorção Idade Série

Indicador Socioeconômico das

Escolas - INSE;

ANA – Avaliação Nacional da

Alfabetização,

TDI – Taxa Distorção Idade-

Série

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Considerando que as desigualdades sociais são frutos da ineficiência ou

inexistência de políticas públicas, e que se bem geridas e direcionadas, observando as

condições e particularidades do contexto regional (HANUSHEK, 2002; OLIVEIRA,

2007; CALDERANO, 2012), possibilitam um ganho de performance por parte dos

alunos (BUCHMANN; HANNUM, 2001) e que esse melhor desempenho impacta de

maneira significativa na sociedade como um todo (MARSHALL; SWIFT; ROBERT,

1997; FERNANDES, 2007; LÖBLER, 2013), tem-se a seguinte hipótese de pesquisa:

𝐻1: A condição socioeconômica do aluno influencia positivamente no desempenho

escolar do aluno no IDEB.

2.3.1 Investimento na Educação

Muito se discute sobre as condicionantes da qualidade no ensino, e

inevitavelmente, o investimento em educação está presente em todos os anseios dos que

imaginam uma educação pública, gratuita e de qualidade (FILHO; AMARAL, 2009). A

educação passa a ter papel importante na atividade econômica dos diferentes países, já

que oferece uma correlação positiva entre o nível de escolaridade e a renda per capita

de uma população (HANUSHEK, 2006; WÖBMANN, 2007).

A educação além de favorecer o desenvolvimento de habilidades cognitivas dos

indivíduos, a longo prazo, proporciona o crescimento econômico e consequentemente,

45

aumento na renda bruta de cada indivíduo (FILHO; AMARAL, 2009). Mesmo com a

evidência sobre a relação estabelecida entre qualidade da educação e desempenho

econômico de uma população, esta abordagem recebeu pouco destaque entre

pesquisadores (HANUSHEK; KIMKO, 2000).

A despeito deste descaso, os testes padronizados aplicados como instrumentos

de medida da qualidade de ensino, estão diretamente ligados ao rendimento individual

e relevância econômica da população dos testes (HANUSHEK, 2006). Em estudos que

contemplaram países da OCDE (Organização para a Cooperação Econômica da

Europa), comprovam que o aumento na qualidade de ensino está diretamente ligado ao

aumento no desempenho econômico de cada país; entretanto, por mais que os resultados

reforcem o impacto da qualidade no ensino como causadora do desenvolvimento

econômico, não significa que o aumento no investimento em educação contemple essa

relação, ou seja, o investimento em educação não está diretamente relacionado com o

aumento na qualidade do ensino (HANUSHEK; RIVKIN, 1997; HANUSHEK;

KIMKO, 2000; GUNDLACH; WÖBMANN, 2001; HANUSHEK, 2006; WÖBMANN,

2007).

Outras variáveis relacionadas ao contexto onde o indivíduo está inserido podem

ser influenciadoras do desempenho escolar, como a renda familiar, grau de instrução

dos pais, fatores relacionados ao ambiente socioeconômico e o contexto escolar em si.

Entretanto, não basta visar somente o aumento dos investimentos em educação, sem

pensar em políticas públicas que fomentem o aumento na qualidade da educação (LEE;

BARRO, 1997). Neste aspecto, salienta-se a importância em manipular e alocar de

forma eficaz os recursos disponíveis para a educação, balizados por políticas públicas

concretas e que almejam a solidificação dos resultados da performance educacional

(HANUSHEK; RAYMOND, 2006).

Na América Latina a defasagem do sistema educacional nas últimas décadas,

ainda influencia políticas públicas voltadas à expansão do número de alunos, na

diminuição da repetência e por lógica, o aumento na aprovação dos alunos e melhores

resultados nas avaliações de ensino. O relatório da PREAL (Partnership for Educational

Revitalization on the Americas), indica o aumento nos investimentos em educação, com

gastos significativos ao longo das últimas décadas; porém, muitos problemas ainda são

corriqueiros e interferem na qualidade do ensino. Dentre estes problemas estão o baixo

desempenho em avaliações externas; a piora da qualidade relacionada - na maioria das

46

vezes - com territórios com maiores problemas socioeconômicos (FILHO; AMARAL,

2009).

O Brasil segue as mesmas características dos demais países latino-americanos,

sendo que o aumento dos alunos matriculados e menores taxas de reprovação,

permanecem como principal foco de resultados das políticas públicas. Portanto, não

reflete-se em melhores desempenhos nas avaliações externas como o IDEB e na melhor

qualidade do ensino, mesmo diante de maiores investimentos educacionais

(CALDERANO, 2012; FILHO; AMARAL, 2009). Não há consenso entre os

pesquisadores quanto a esta afirmação, porém há uma tendência de que um melhor

desempenho é derivado de maiores investimentos educacionais (GOMES, 2005).

Melhores recursos pedagógicos, como infraestrutura e equipamentos adequados

e bem conservados para a prática pedagógica, são importantes para um melhor

rendimento dos alunos, influenciando diretamente na aprendizagem dos mesmos,

portanto, a melhoria nas instituições de ensinos devem ser constantes (SÁTYRO;

SOARES, 2007). Este impacto da infraestrutura, depende essencialmente no grau de

investimento público aplicado às escolas e a maximização do uso desses recursos

(BARBOSA; FERNANDES, 2001).

Para Sátyro e Soares (2007) houve uma evolução nos investimentos em recursos

educacionais, o que pode ser comprovado por sua pesquisa mostrando que de 1997 a

2005 ocorreram melhorias significativas nas infraestruturas das escolas, seguindo um

aumento dos investimentos em educação, entretanto, não incidiram sobre a repetência e

aprendizado dos alunos, valores significativos. Entretanto, a falta de recursos

financeiros, principalmente nos anos finais do ensino fundamental, impactam

negativamente no desempenho escolar (ALBERNAZ; FERREIRA; FRANCO, 2002).

O ministério Público do Rio Grande do Sul, através da criação do aplicativo

denominado “Mapa Social”, tenta promover um panorama da realidade social dos

municípios gaúchos por meio de diversos indicadores divulgados por diferentes

instituições e órgãos públicos (MP, 2017). O aplicativo permite analisar as dimensões

educação, saúde e segurança pública de maneira simplificada e auto informativa. Na

dimensão educação, é possível verificar o investimento por habitante, composto pela

razão do número de habitantes do município pelo valor total investido em educação na

rede pública de ensino, o que facilita para uma análise mais detalhada, o confronto com

outras informações (MP, 2017).

47

Diante do exposto, considerando a variável investimento como importante

informação sobre o panorama educacional e seu possível envolvimento direto no

resultado do desempenho da educação (HANUSHEK; KIMKO, 2000; GOMES, 2005;

HANUSHEK, 2006; WÖBMANN, 2007; FILHO; AMARAL, 2009), mesmo este

resultado estando mais relacionado com a forma de alocar os investimentos e não no

valor propriamente investido (LEE; BARRO, 1997; HANUSHEK; RAYMOND, 2006;

CALDERANO, 2012) tem-se a seguinte hipótese:

H2: Os investimentos em educação influenciam positivamente o desempenho

escolar dos alunos no IDEB.

2.3.2 Esforço e Formação Docente

A necessidade de cobrança de uma formação adequada dos docentes na educação

básica, e sua relação com o dia a dia do aprendizado do aluno vêm desde após a

Revolução Francesa, no século XIX, quando o problema da formação e instrução

popular passou a ter atenção institucionalmente (SAVIANI, 2009). Ainda segundo o

autor, no Brasil, o interesse pela formação dos professores tem início após a

independência, quando passou-se a discutir as questões pedagógicas necessárias para a

instrução popular; contudo, ao longo dos últimos dois séculos, revelam um quadro de

descontinuidade em relação às formas de formação docente, por meio das sucessivas

mudanças empregadas nesta área.

Essas discussões pedagógicas foram agrupadas em períodos históricos por

Saviani (2009), cujo estudo mostra a precariedade das políticas formativas, que não

seguiram padrões consistentes da preparação docente, dificultando ainda mais o

enfrentamento dos problemas gerados na educação no Brasil. Muito se discute Quanto

à responsabilidade da formação do professor, que passa por uma padronização estatal

de conhecimentos obrigatórios a serem disseminados em sala de aula; uma política de

incentivo e motivação para a continuidade de formações complementares aos

professores; uma remuneração maior dos professores, que possibilite e facilite a busca

paralela de conhecimento em cursos de formação, entre outros (PIMENTA, 1997).

Por outro lado, a busca incessante por resultados estabelece uma pressão

involuntária aos professores, que se sentem com a responsabilidade de gerar resultados

positivos para a escola (TARDIF, 2010). Esta responsabilização, na medida em que

48

alunos são avaliados e escolas taxadas de “boas” ou “ruins” dependendo de seus

resultados, intensifica os olhares para o professor e suas habilidades de transmitir

conhecimentos (KUENZER, 1999).

A aprendizagem não pode ser vista como um processo de soluções de problemas,

assim como, a aquisição do saber não é de exclusiva responsabilidade do professor; na

verdade é necessário o envolvimento e dedicação de todos os atores do processo

(TARDIF, 2010). Entretanto, ao elaborar indicadores que, de certa forma, contemplam

as características da atuação dos professores nas escolas, como o índice de esforço

docente e Adequação da formação docente, mostram de maneira escalar o perfil do

professor da escola pública (INEP, 2017).

Sob outro aspecto, a qualidade do ensino é vista como resultado da maximização

da alocação dos recursos em instituições de ensino. Tais recursos tangíveis ou

intangíveis, podem ser mensurados e confrontados com o desempenho educacional,

assim como os referentes à utilidade dos professores, atores essenciais no processo de

aprendizagem e construção do conhecimento (PRITCHETT; FILMER, 1997). Sendo

assim, a formação e dedicação docente vão ao encontro do que os autores citados

anteriormente afirmaram, pois são indicadores de desempenho criados para mensurar o

grau de envolvimento e utilidade do professor através de indicadores, mostrando o

panorama da formação do professor, relacionada à sua área de atuação na escola

(AZANHA, 2004). A esse respeito, tem-se as seguintes hipóteses:

H3: O esforço docente influencia o desempenho educacional do aluno no IDEB.

H4: A formação docente influencia o desempenho educacional do aluno no

IDEB.

2.3.3 Complexidade e Infraestrutura Escolar

Outro desafio para o desempenho escolar, passa inevitavelmente pela

complexidade escolar, a qual impacta substancialmente na infraestrutura necessária para

um melhor funcionamento e cada escola. Os gestores escolares, ficam com a missão de

alocar de maneira eficiente os recursos para atender a complexa estrutura de ensino,

buscando sempre, os melhores resultados possíveis (SANTOS, 2008; ALVES; SOUZA,

2013).

49

Conforme o nível de complexidade do contexto no cotidiano da escola, maior é

a responsabilidade sobre ações capazes de buscar soluções para problemas

administrativos e técnicos. Tais ações, de cunho administrativo, exigem uma postura

dinâmica e criativa dos seus gestores, os quais devem agir visando uma solução eficaz

e que acompanhe as mudanças sociais contingenciais de cada escola (SANTANA,

2015).

Assim o tamanho da escola influencia na complexidade de alocação dos recursos

tanto humanos quanto financeiros, e por consequência, influencia na infraestrutura

disponível para determinado ambiente escolar (NETO et al., 2008). Portanto, a

complexidade está relacionada com os desafios de infraestrutura, e que pode ter impacto

significativo no desempenho de alunos que buscam a aprendizagem em um contexto

escolar favorecido pelas condições mínimas de infraestrutura, ou ainda, em condições

avançadas de infraestrutura. (SOARES NETO et al., 2013).

Estudos mostram que a precariedade das instituições de ensinos com menos de

200 alunos é maior, considerando a comparação com escolas maiores. Além disso, tais

escolas apresentam desempenho inferior na Prova Brasil, com índices abaixo da média

geral, principalmente nas regiões norte e nordeste do país (NETO et al., 2008). No

entanto, na visão de Waiselfisz (2000), o desempenho escolar está mais atrelado à

eficiência pedagógica e dedicação dos docentes na escola, do que o tamanho de seu

porte.

O índice de Complexidade da Gestão Escolar, criado pelo INEP, possibilita uma

visão mais ampla da complexidade da gestão da escola, não visa apenas o número de

alunos matriculados, mas também o número de turnos de funcionamento da escola e

número de etapas de ensino disponíveis, divididos em uma escala de 6 níveis, onde o

nível 1 apresenta o mais baixo grau de complexidade da gestão escolar, e o nível 6, o

mais alto (INEP, 2016).

Promover uma educação pública e de qualidade, passa então, pela análise ampla,

mas também específica, de cada realidade regional, assim como pelos anseios por uma

infraestrutura mais adequada das escolas, independentemente do grau de complexidade

envolvido (ALBERNAZ; FERREIRA; FRANCO, 2002).

Esta relativa diferença de importância ou significância entre infraestrutura e

complexidade escolar, pode ser entendida por Lee e Smith (2002), os quais não

identificam claramente a causalidade entre complexidade escolar com o desempenho do

aluno, ou seja, o número de alunos e números de turmas de uma escola não influencia

50

diretamente no desempenho desses alunos, se claro, a infraestrutura e investimentos

acompanhar a complexidade escolar. Entretanto, o tamanho da turma é vista como um

possível influenciador de desempenho, podendo facilitar o crescimento intelectual,

desenvolvimento de novas habilidades e aquisição de conhecimento (ALVES;

SOARES, 2013).

No esforço de identificar variáveis explicativas do desempenho escolar de alunos

em avaliações de grande escala, muitos pesquisadores identificaram influência da

infraestrutura das escolas com o desempenho dos alunos, e no Brasil, é consolidado a

afirmativa que a infraestrutura está diretamente ligada à melhores resultados no

rendimento do aluno (GARCIA et al., 2015).

Desde a década de 80 intensificou-se estudos relacionados a infraestrutura, e

Fletcher (1986) realiza uma das primeiras pesquisas relacionadas ao tema, identificando

condições precárias em algumas instituições de ensino, principalmente a falta de

materiais pedagógicos que auxiliassem na aprendizagem do aluno (SOARES, 2004;

FRANCO; SZTEJN; ORTIGÃO, 2007). Já em um contexto internacional, em países

desenvolvidos, por terrem uma maior equidade nos investimentos em educação e

disposição de infraestruturas homogêneas entre as escolas, a maior fonte de variância

no desempenho dos alunos reside dentro da escola, e não fora dela, o que remete para o

melhor uso dos recursos pedagógicos disponíveis como alavancagem da aprendizagem

dos estudantes (HATTIE, 2009).

Diante da necessidade de melhor alocar os recursos, evidencia-se a necessidade

de proporcionar ao aluno, maior interessado em usufruir de um ambiente escolar

satisfatório, que contribua significativamente para sua formação acadêmica e social, um

contexto que dignifique e proporcione condições favoráveis para o estudo,

aprendizagem e construção social do indivíduo (ALVES, 2010). Pensar na qualidade de

ensino, e da educação como um todo, é pensar além dos portões das escoas, ou seja,

representa uma perspectiva de um desenvolvimento satisfatório para a sociedade em

geral, com indivíduos capazes de gerar riqueza em forma de desenvolvimento

econômico (HANUSHEK; RAYMOND, 2006).

Para que o aluno tenha condições de desenvolver habilidades cognitivas e,

portanto, adquirir conhecimento, é de suma importância um ambiente escolar favorável,

com harmonia na distribuição e alocação de recursos, pensando no bem estar do aluno

e seu desenvolvimento educacional e social (PINEAU, 2010). Esta infraestrutura

51

disponível nas escolas, é hoje levantada através do Censo Escolar promovido pelo MEC,

que acontece anualmente em todas as escolas públicas do Brasil (MEC, 2017).

Sobre a infraestrutura escolar, levando em consideração a importância em se ter

um ambiente favorável tanto para transmitir quanto para adquirir conhecimento,

(PINEAU, 2010; ALVES, 2010), com recursos essenciais que satisfaçam as

necessidades básicas dos atores da escola e que fomentem um cotidiano favorável para

o desenvolvimento do ensino (ALVES; SOARES, 2013), tem-se a seguinte hipótese de

pesquisa:

H5: A infraestrutura da escola influencia o desempenho educacional do aluno

no IDEB.

E em uma outra perspectiva, também observando o ambiente físico da escola,

mas agora considerando o contexto escolar, o qual interfere significativamente no modo

de gerir a escola levando em consideração quão complexa esta pode ser (ALBERNAZ;

FERREIRA; FRANCO, 2002), temos outra hipótese de pesquisa:

H6: A complexidade da gestão escolar, influencia o desempenho educacional

do aluno no IDEB.

2.3.4 Distorção idade-série e a alfabetização na idade-certa

Além dos já mencionados, há outros fatores - como o analfabetismo e o

abandono escolar - que interferem negativamente no desenvolvimento da educação no

Brasil, mesmo evidenciando uma evolução recente na escolaridade média do brasileiro,

assim como o aumento da renda per capita, não constituiu impacto significante no

desempenho e qualidade do ensino (FERREIRA e VELOSO, 2006).

Ademais, o tempo escolar é fator determinante para o desempenho cognitivo do

aluno. Portanto, alunos que acompanham o fluxo de aprendizagem, ou seja, conseguem

adquirir conhecimento na idade e série adequada para tal feito, concretizam melhores

relações pedagógicas e, por fim, tendem a obter melhores desempenhos em avaliações

e melhores formações e consequentemente, um desempenho socioeconômico

satisfatório (PARENTE, 2002).

A distorção da idade e série do aluno, traz implicações não só de desempenho

em avaliações, mas pode promover um ambiente de exclusão para com o aluno, visto

52

que as relações sociais oriundas dos laços iniciais de amizade, tendem a ser

interrompidos ou até mesmo destruído após uma reprovação e descontinuidade na turma

de origem do aluno (VEIGA-NETO, 2012). Estes laços construídos pelas relações

sociais pontuam a apropriação do espaço, transformando em espaço vivido,

caracterizado pela construção da cidadania por meio da comunidade, família, escola e

trabalho (KOGA, 2003).

Para a construção pedagógica, tal interrupção leva a um grau mais elevado de

dificuldade em o aluno desenvolve habilidades cognitivas, contribuindo para a baixa

aquisição de conhecimento do mesmo (MESQUITA, 2012). Essa interrupção pode

apresentar resultados desastrosos na formação da criança e adolescente, desde

transtornos psicológicos e emocionais, até dificuldades de socialização e construção de

laços de relacionamentos, impactando nos resultados de avaliações de desempenho

escolar (KOGA, 2003; VEIGA-NETO, 2012; MESQUITA, 2012).

Toda e qualquer interrupção do aluno, em sua trajetória escolar seja por

abandono ou repetência, é prejudicial tanto para o próprio aluno que deixará de conviver

com o ambiente escolar, no caso de abandono; quanto para aqueles que ao repetirem o

ano, tendem a sofrer com a readaptação aos novos colegas necessitando a criação de

novos laços de relacionamentos e vínculos sociais (TADA; SÁPIA; LIMA, 2010).

Só a presença do aluno em séries que correspondem às suas idades, ou seja,

alunos que não reprovaram de ano e que juntamente, não evadiram, não garantem

resultados satisfatórios nas avaliações externas, muito menos é garantia de qualidade no

ensino (CALDERANO, 2012; FILGUEIRAS, 2012; VEIGA-NETO, 2012;

MESQUITA, 2012). Sendo assim, ante a discussão sobre a interferência do não

acompanhamento do aluno, nas séries ideais conforme sua idade, e na disponibilidade

de análise o indicador específico – citado anteriormente - criado pelo MEC para tratar

sobre esse assunto (INEP, 2017), constrói-se a seguinte hipótese:

H7: A distorção Idade-série influencia o desempenho escolar do aluno no IDEB.

A Avaliação Nacional da Alfabetização-ANA, indicador aplicado a alunos da 3ª

série do ensino fundamental, foi construído com intuito de identificar a capacidade de

alfabetização relativo às disciplinas de português - que avalia o grau de aprendizagem

em relação a escrita, leitura e interpretação da língua portuguesa; e de matemática - que

53

avalia o grau de conhecimento do aluno diante das funções básicas de subtração, adição,

divisão e multiplicação (INEP, 2017).

Os resultados dos testes de aprendizagem realizados em seu

Município/Estado são apresentados em uma Escala de Proficiência*,

composta por níveis progressivos e cumulativos, da menor para a maior

proficiência. Significa dizer que quando um percentual de estudantes está

posicionado em determinado nível da escala, pressupõe-se que, além de

terem desenvolvido as habilidades referentes a este nível, provavelmente

também desenvolveram as habilidades referentes aos níveis anteriores

(INEP, 2017).

Tal indicador possibilita anteceder possíveis sucessos e insucessos nos

resultados na Prova Brasil dos alunos do Ensino Fundamental I, o que direciona as

escolas, e principalmente as ações dos professores, no foco das principais deficiências

dos alunos com a percepção da proficiência desenvolvida a partir no nível da escala

observada (MORAIS, 2012).

Para Franco (2008), o melhor desempenho dos alunos nas séries iniciais de

ensino é fruto de um alinhamento entre idade e conhecimentos que devem ser

adquiridos, pois um atraso principalmente na alfabetização dos alunos, pode acarretar

além de problemas futuros na trajetória desses alunos nas próximas etapas de ensino,

ocasionando desistências e reprovações, como também impactando de forma negativa

no desempenho da qualidade da educação como um todo.

Tratar o problema de desempenho do aluno já nos primeiros anos de ensino,

focando nos problemas de alfabetização, poderá auxiliar tanto professores quanto

gestores, no entendimento e melhor orientação aplicação do ensino (MORAIS, 2012;

FILGUEIRAS, 2012; CASTRO, 2009). As avaliações em grande escala, mesmo que

muitas vezes interpretadas como uma forma simplista de analisar uma característica

macro de determinada situação educacional, possibilita criar perspectivas e cenários

ricos que viabilizem a implementação de políticas públicas direcionadas e um

monitoramento mais amplo de variáveis de ensino (FILGUEIRAS, 2012).

No recente estudo de Vernier, Bagolin e Jacinto (2015), os quais exploram as

proficiências que compões os resultados do IDEB, dando ênfase para Matemática, por

representar a disciplina de maior reprovação entre os alunos do Ensino Fundamental,

ressaltam que os municípios e escolas com melhores proficiências em Matemática,

maior vai ser a relação com o desempenho positivo nos resultados do IDEB. Além disso,

descrevem que no estado do Rio Grande do Sul, 96,57% dos professores de Matemática

possuem ensino superior completo, e destes, 77,83% possuem o curso de licenciatura.

54

Como já debatido anteriormente, muitos podem ser os condicionantes que

influenciam ou interferem no desempenho dos alunos em sala de aula, e um diagnóstico

preciso e antecipado, pode garantir um melhor rendimento do aluno nas avaliações

externas (LIMA; PEQUENO; MELO, 2008). Portanto, explorar os resultados nas

proficiências dos alunos, podem apresentar resultados que direcionem melhor as causas

do (in)sucesso nas avaliações externas, mapeando as principais regiões com problemas

de aprendizado (VERNIER; BAGOLIN; JACINTO, 2015). Assim, constrói-se a última

hipótese da pesquisa:

H8: O resultado na avaliação da alfabetização influencia o desempenho escolar

do aluno no IDEB.

55

3 MÉTODO

A pesquisa se constrói no sentido de adotar os procedimentos necessários para

examinar e avaliar um problema, sob o aspecto formal e reflexivo. É o exercício da

capacidade intelectual, própria em ver um problema, delimitar seu estudo, definir

instrumentos de coleta/análise e explicar seus fenômenos. A finalidade da pesquisa

encontra-se na compreensão de fatos acumulados, permitindo explicar os fenômenos

cotidianos de forma a atender as necessidades de conhecimento (MARCONI e

LAKATOS, 2011). Nesse sentido, a metodologia é a lógica dos procedimentos

científicos, que ajuda a explicar o processo de desenvolvimento do trabalho e o alcance

dos resultados (FACHIN, 2003).

A pesquisa possibilita uma aproximação e entendimento da realidade, em

constante investigação, pois trata-se de um processo permanente e inacabado

(DALFOVO; LANA; SILVEIRA, 2008). Para se aproximar do tema e problemática do

estudo, utilizou-se a abordagem quantitativa como estratégia e delineamento de

pesquisa, contemplando os paradigmas funcionalista.

3.1 NATUREZA DA PESQUISA

A abordagem quantitativa, pautada no paradigma funcionalista, característico

dos estudos das ciências sociais aplicadas, apresenta predominantemente uma

abordagem objetivista do mundo social; busca a compreensão de um fenômeno social e

tem a preocupação de fornecer descrições racionais do estatus quo numa postura

realista, positivista e determinista da realidade social, contribuindo com a geração

conhecimento sobre o tema abordado (BURREL; MORGAN, 1979; CASALI, 2004).

“A escolha de um Paradigma tem implicações importantes para a escolha da

Metodologia, e consequentemente para os Métodos de coletar os dados” (DIEHL, 2004,

p. 114).

Assim, o paradigma funcionalista, além de possuir uma orientação pragmática,

composto por artefatos empíricos e relacionamentos relativamente concretos, visa à

compreensão de fenômenos na sociedade, e deve ser posto em termos de conhecimentos

gerais, e somente após, colocados em prática (BURREL e MORGAN, 1979).

56

É nesse trajeto que se configura uma pesquisa aplicada, caracterizando-se como

um estudo que procura prover subsídios capazes de gerar informação, conhecimento e

entendimento das possíveis variáveis que influenciam a performance escolar, pautada

no levantamento de problemas e elementos que podem ser identificados, estudados,

medidos e aplicados (MARCONI e LAKATOS, 2011).

Com o intuito de formular o tema de pesquisa, o delineamento de pesquisa assim

como a problemática do estudo, foram utilizadas algumas etapas da pesquisa

bibliográfica, como levantamento bibliográfico preliminar, que pode ser entendido

como um estudo exploratório proporcionando a familiaridade do pesquisador diante do

assunto de interesse, bem como sua delimitação, selecionando conteúdos e materiais a

serem utilizados nas inferências capazes de proporcionar explicações a respeito do

assunto (GIL, 2008).

O levantamento bibliográfico preliminar é de cunho exploratório e tem a

finalidade fundamental de desenvolver, esclarecer e modificar conceitos, vez que se

busca a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses que possam continuar

sendo pesquisadas posteriormente (GIL, 2009).

A fim de atender o objetivo do estudo, o método de investigação se deu por meio

de uma abordagem quantitativa, analítica, do tipo descritiva, que tem como objetivo

principal descrever as características de populações e de fenômenos ou o

estabelecimento de relações entre variáveis, sendo a maioria das pesquisas por

levantamentos, tipificadas como descritivas (GIL, 2008).

3.2 UNIDADE DE ESTUDO

A escolha das coordenadorias, municípios e respectivas escolas, passa pela

intenção de mapear boa parte da região norte do estado do Rio Grande do Sul, como

forma de contribuir com o Arranjo da Educação Norte Gaúcho, criando subsídios para

o Observatório da Educação Norte Gaúcho, produto deste arranjo. A ideia de realizar as

aproximações sobre a realidade da educação nesta região, permite uma aproximação

sobre o atual contexto e características do ambiente escolar e a sua relação com

desenvolvimento da qualidade de ensino nas escolas e municípios.

Como forma de escolha, utilizou-se a conveniência na definição das

Coordenadorias Regionais de Educação que fariam parte do estudo. Neste sentido, deu-

se ênfase à 7ª CRE, com sede na cidade de Passo Fundo - local de nascimento do Arranjo

57

da Educação - e duas outras coordenadorias fronteiriças: 15ª e 20ª CREs, como mostrado

no Apêndice E.

As regiões possuem algumas características em comum, entretanto a escolha se

deu exclusivamente pela posição geográfica e proximidade territorial entre as extensões

das coordenadorias. Nas últimas décadas, a discussão sobre escalas territoriais como

dimensões de aplicação e direcionamento de políticas públicas, sofreu críticas pela sua

insuficiência na formulação e implantação, pela utilização de macrorregiões para a

referência para políticas de enfrentamento das desigualdades sociais (ARAÚJO, 2005).

Existe, portanto, consenso sobre a necessidade de estudos direcionados a regiões

menores dentro da temática territorial. Com isso é possível formar e caracterizar uma

mesorregião, extrair mais subsídios de um determinado contexto regional, com maior

amplitude, para um eficiente direcionamento das políticas públicas em diferentes

frentes, voltado principalmente para o enfrentamento de desigualdades (BANDEIRA,

2006).

Por outro lado, o uso, por parte da administração pública, de uma variedade de

escalas territoriais diferentes, tende a gerar uma multiplicidade de divisões regionais e

setoriais que impossibilitam a formação de uma identidade regional. Não constitui

intenção do presente estudo criar novo papel ou buscar uma identidade territorial para a

mesorregião escolhida, e sim, com base em uma divisão escalar estadual, orientada por

microrregiões educacionais chamadas de Coordenadorias Regionais de Educação,

agrupar a extensão territorial de regiões fronteiriças ou próximas, ampliando o campo

de estudo.

Figura 3 - Coordenadorias Regionais de Educação - CRE

Fonte: Adaptado de Portal da educação: www.educacao.rs.gov.br

7ª, 15ª e 20ª

CREs

58

Como forma de balizar a seleção dos municípios estudados, partindo do

entendimento de que um dos fatores que podem explicar as desigualdades de

desempenho escolar corresponde às diferenças socioeconômicas, escolheu-se o Índice

de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), bem como os respectivos resultados

de cada município no IDEB, relativos ao ano de 2015.

Como o IDEB foi analisado em ambas as redes de ensino público - estadual e

municipal - aplicou-se uma média referente ao ensino Fundamental I (Anos Iniciais) e

Fundamental II (Anos Finais) das diferentes redes de ensino e outra média considerando

a nota acumulada do IDEB – Municipal e Estadual. Filtrou-se, ainda, por escolas

públicas e urbanas, em municípios que apresentaram IDEB na rede municipal e estadual

ao menos em uma das fases - inicial e/ou final - do ensino fundamental.

Utilizou-se um recorte no objeto de pesquisa, e para isso, valeu-se da estatística

descritiva, por meio do Quartil, na construção de um mecanismo de ranqueamento dos

101 municípios correspondentes ao somatório das três coordenadorias. Para a

diferenciação nas tabelas, optou-se por cores na legenda de cada um dos quatro quartis.

Como resultado do filtro criado a partir dos dois índices municipais – IDHM e IDEB -

será apresentado o ranqueamento nas três coordenadorias, conforme sequência de

tabelas no decorrer do texto.

A estatística descritiva Quartil, permitiu separar os municípios em 4 quadrantes

distintos, visualizados com base na diferenciação de cores já mencionada anteriormente.

Para o enquadramento dos municípios nos respectivos quadrantes, priorizou-se utilizar

os municípios com maiores discrepâncias na relação IDHM e IDEB, ou seja: (i) IDEB

alto (3º e 4º quartil) e IDHM alto (3º ou 4º quartil); (ii) IDEB alto (3º ou 4º quartil) e

IDHM baixo (1º ou 2º quartil); (iii) IDEB baixo (1º ou 2º quartil) e IDHM alto (3º ou 4º

quartil); (iv) IDEB baixo (1º e 2º quartil) e IDHM baixo (1º e 2º quartil).

Para facilitar o entendimento, foram utilizadas cores para identificar os quartis:

(i) Azul para o 4º quartil; (ii) Verde para o 3º quartil; (iii) Laranja para o 2º quartil; (iv)

Vermelho para o 1º quartil. A tabela 1 mostra o resultado do ranqueamento dos

municípios da 20ª CRE, seguindo os procedimentos descritos.

Tabela 1 - Resultado do ranqueamento na 20ª CRE

CIDADES IDHM IDEB FUN

I

IDEB FUN

II

MÉDIA

IDEB

Vista Alegre 0,739 ** ** **

Liberato Salzano 0,685 ** ** **

59

Boa Vista das Missões 0,676 ** ** **

Novo Tiradentes* 0,676 ** ** **

Cerro Grande* 0,674 ** ** **

São Pedro das Missões* 0,664 ** ** **

Cristal do Sul 0,660 ** ** **

Lajeado do Bugre* 0,613 ** ** **

Pinheirinho do Vale 0,710 6,8 ** 6,8

Caiçara 0,699 6,6 ** 6,6

Alpestre 0,671 7,4 4,7 6,1

Pinhal 0,720 5,9 ** 5,9

Jaboticaba 0,658 5,8 ** 5,8

São José das Missões 0,651 5,8 ** 5,8

Palmitinho* 0,720 6,1 5,1 5,6

Rodeio Bonito 0,732 6,4 4,8 5,6

Taquaruçu do Sul 0,739 5,5 ** 5,5

Frederico Westphalen 0,760 6,4 4,3 5,35

Iraí 0,691 5,8 4,8 5,3

Erval Seco 0,685 6,1 4,5 5,3

Sagrada Família* 0,678 ** 5,3 5,3

Planalto 0,687 5,9 4,7 5,3

Novo Barreiro* 0,706 6,0 4,2 5,1

Dois Irmãos das Missões* 0,670 5,1 ** 5,1

Ametista do Sul 0,682 5,7 4,1 4,9

Seberi 0,723 6,1 3,5 4,8

Palmeira das Missões 0,737 5,1 3,7 4,4

Vicente Dutra 0,638 4,7 4,0 4,35

*Municípios que não possuem o fundamental I ou II na rede municipal

** Sem média na Prova Brasil 2015: Não participou ou não atendeu aos requisitos necessários para obter

o desempenho calculado.

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Alguns municípios não participaram da avaliação externa no ano de 2015, sendo,

assim, desconsiderados no critério de ranqueamento. O resultado gerou a exclusão de

12 municípios da 20ª CRE, totalizando 20 unidades de análise. A tabela 2 mostra o

resultado do ranqueamento dos municípios da 7ª CRE, seguindo os mesmos

procedimentos estatísticos anteriores.

Tabela 2 - Resultado do ranqueamento na 7ª CRE

CIDADES IDHM IDEB FUN

I

IDEB FUN

II MÉDIA IDEB

Vanini 0,757 ** ** **

Gentil 0,733 ** ** **

União da Serra 0,733 ** ** **

Santa Cecília do Sul 0,725 ** ** **

Vila Lângaro 0,705 ** ** **

60

Muliterno 0,689 ** ** **

Gramado dos Loureiros 0,685 ** ** **

Rio dos Índios 0,656 ** ** **

São Domingos do Sul* 0,763 6,5 ** 6,5

David Canabarro* 0,762 6,3 ** 6,3

Nicolau Vergueiro* 0,753 6,1 ** 6,1

Coxilha 0,706 6,1 3,3 4,7

Casca 0,785 6,4 5,4 5,9

Guaporé 0,765 6,3 5,4 5,9

Ibiaçá 0,739 6,3 5,5 5,9

Caseiros 0,703 5,9 ** 5,9

Pontão 0,725 5,8 ** 5,8

Capão Bonito do Sul 0,637 5,8 ** 5,8

Ibiraiaras 0,724 6,0 5 5,5

Água Santa 0,750 5,9 4,9 5,4

Camargo 0,736 5,9 4,8 5,35

Vila Maria 0,761 6,1 4,6 5,35

Nonoai 0,702 6,4 4,3 5,4

Tapejara 0,760 6,1 4,5 5,3

Marau 0,774 6,3 4,3 5,3

Ciríaco 0,719 5,5 4,6 5,1

Lagoa Vermelha 0,738 5,8 4,3 5,1

Sertão 0,751 5,4 4,4 4,9

Passo Fundo 0,776 5,4 4,4 4,9

Mato Castelhano* 0,727 5,3 4,3 4,8

Santo Antônio Do Palma 0,764 ** 4,6 4,6

Ernestina 0,716 ** 3,6 3,6

*Municípios que não possuem o fundamental I ou II na rede municipal

** Sem média na Prova Brasil 2015: Não participou ou não atendeu aos requisitos necessários para obter

o desempenho calculado.

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

O município de Nonoai foi incluso no Quadrante II pois seu resultado no IDEB

está no valor limite do 2º Quartil (5,4) acima da média geral da coordenadoria (5,3) e

possui um dos piores IDHM dentre os municípios selecionados. O ranqueamento da 7ª

CRE também gerou exclusões de municípios para o andamento do estudo: dos 32

municípios, 12 foram excluídos da pesquisa por não se encaixarem na metodologia

utilizada para filtragem.

Tabela 3 - Resultado do ranqueamento na 15ª CRE

CIDADES IDHM IDEB FUN

I

IDEB FUN

II

MÉDIA

IDEB

Três Arroios 0,791 ** ** **

Santo Expedito do Sul 0,732 ** ** **

Ponte Preta 0,725 ** ** **

61

São Valentim 0,720 ** ** **

Cruzaltense 0,719 ** ** **

Barra do Rio Azul 0,710 ** ** **

Carlos Gomes 0,708 ** * **

Entre Rios do Sul 0,703 ** ** **

Quatro Irmãos 0,689 ** ** **

Itatiba do Sul 0,681 ** ** **

Charrua 0,620 ** ** **

Benjamin Constant do Sul 0,619 ** ** **

Campinas do Sul 0,760 7,8 ** 7,8

Severiano de Almeida* 0,752 7,2 ** 7,2

Aratiba 0,772 7,7 5,7 6,7

Ipiranga do Sul* 0,791 6,7 ** 6,7

Viadutos 0,702 7,4 5,3 6,4

Centenário 0,701 6,6 5,3 6,0

Tupanci do Sul 0,694 5,9 ** 5,9

Sananduva 0,747 6,6 5,2 5,9

Gaurama 0,738 6,6 5 5,8

Jacutinga 0,726 6,3 5 5,7

Erechim 0,776 6,4 4,7 5,6

Erval Grande 0,681 6,5 4,6 5,6

Maximiliano de Almeida 0,699 6,4 4,6 5,5

São João da Urtiga 0,694 6 5 5,5

Getúlio Vargas* 0,746 6,5 4,4 5,5

Barracão 0,723 6,1 4,7 5,4

Estação 0,753 6,6 4 5,3

Erebango 0,712 5,3 ** 5,3

Marcelino Ramos 0,724 6,1 4,3 5,2

Cacique Doble 0,662 5,8 4,6 5,2

Paim Filho 0,706 5,4 4,8 5,1

São José do Ouro 0,755 5,9 4,2 5,1

Floriano Peixoto 0,663 ** 5 5

Áurea 0,707 ** 4,8 4,8

Machadinho 0,692 5,9 3,7 4,8

Mariano Moro* 0,730 ** 4,6 4,6

Paulo Bento 0,710 ** 4,6 4,6

Barão de Cotegipe* 0,719 5,1 3,8 4,45

Faxinalzinho 0,666 4,9 2,7 3,8

*Municípios que não possuem o fundamental I ou II na rede municipal

** Sem média na Prova Brasil 2015: Não participou ou não atendeu aos requisitos necessários para obter

o desempenho calculado.

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

O ranqueamento da 15ª CRE também gerou exclusões de municípios para o

andamento do estudo: dos 41 municípios, 17 foram excluídos da pesquisa por não se

encaixarem na metodologia utilizada para filtragem. Como resultado do filtro criado a

62

partir dos dois índices municipais, chegou-se aos municípios e seus respectivos

quadrantes. Ressalta-se que foram alocados três municípios em cada um dos quadrantes,

assim como não foram contabilizados os municípios que não apresentaram informações

do IDEB no último ano de levantamento (2015) em ambas as etapas do ensino

fundamental.

Quadro 3 - Unidades de análise da pesquisa

Quadrantes 7ª CRE 15ª CRE 20ª CRE

I

Coxilha Faxinalzinho Vicente Dutra

Ernestina Machadinho Amestista do Sul

Ciríaco Floriano Peixoto Dois Irmãos das Missões

II

Nonoai Viadutos Alpestre

Capão Bonito do Sul Centenário Jaboticaba

Caseiros Tupanci do Sul São José das Missões

III

Casca Campinas do Sul Pinheirinho do Vale

Guaporé Aratiba Caiçara

Ibiaçá Sananduva Taquaroçu do Sul

IV

Passo Fundo São José do Ouro Palmeira das Missões

Sertão Estação Seberi

Marau Barracão Frederico Westphalen

Fonte: Elaborado pelo autor (2017)

Após construídos os quadrantes com base no ranqueamento aplicado, a partir da

intersecção do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal-IDHM com o Índice de

Desenvolvimento da Educação Básica-IDEB, aplicado a metodologia de filtro já citada

anteriormente, chegamos nos municípios que se encaixaram nos quatro quadrantes

denominados de I, II, III e IV, caracterizando-os como unidades de análise do estudo,

representadas e separadas em cada uma das coordenadorias analisadas (Quadro 4).

Após a aplicação do ranqueamento e filtro, foram alocados 3 (três) municípios

para cada um dos quadrantes, correspondendo a 12 (doze) municípios por

coordenadoria, totalizando uma amostra de 36 municípios. Considerando o universo dos

municípios selecionados, o número de escolas corresponde a rede municipal é de 162

escolas, e na rede estadual, 139 escolas, totalizando 301 escolas no agregado das redes

escolares. No entanto, como o objetivo do estudo foi identificar as condicionantes do

desempenho no ensino fundamental, utilizando a mesma metodologia aplicada aos

63

municípios visando selecionar apenas as escolas que possuem ao menos uma das etapas

do ensino fundamental. Após aplicar o filtro, foi reduzido o número de 301 para 173

escolas.

Do total de 173 escolas, 11 não apresentam histórico de resultados no IDEB em

nenhuma etapa de ensino, entretanto, foram mantidas na pesquisa por contribuírem com

as demais variáveis de pesquisa e consequentemente, interferem nos resultados dos

municípios.

Ainda com relação ao resultado do IDEB, no ano de 2015 (último levantamento

do INEP), 31 escolas não apresentaram resultados no FUN I e 49 escolas no FUN II e 8

escolas não apresentaram resultados em ambas as etapas de ensino, ou seja, ou a escola

optou por não participar da Prova Brasil ou então, não apresentaram o requisito de ter

no mínimo 20 alunos nas turmas da 4ª série/ 5º (anos iniciais) e 8ª série/9º ano (anos

finais). A escolha por deixar estas escolas no estudo, refere-se a significância das

informações relativas às variáveis de pesquisa, e que por mais que não tenham

apresentado resultados do IDEB em 2015, mantém um histórico de participação no

indicador.

A partir das informações apresentadas, destaca-se que o objetivo do estudo é

descobrir quais condicionantes impactam na qualidade de ensino, medido pelo

desempenho na educação, a partir de avaliação externa promovida pelo MEC no ensino

fundamental (Prova Brasil).

3.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

A fim de se obter os dados para a pesquisa, utilizou-se o levantamento, um tipo

de pesquisa amplamente utilizada para conhecer uma determinada população ou

fenômeno, caracterizada pelo estudo de objetos, permitindo o detalhamento e

conhecimento, com o objetivo de analisar um fenômeno contemporâneo dentro de um

contexto predefinido (GIL, 2009).

Os dados coletados para cada uma das variáveis do estudo, são do tipo

transversal, ou seja, a coleta das informações é realizada no mesmo período do tempo

(GREENE, 2008). O INEP criou em 2015 o Painel Educacional Municipal, o qual

oferece informações relacionadas às redes Municipais e Estaduais, tanto os anos iniciais

64

quanto finais do Ensino Fundamental, assim como o Ensino Médio. Para acessar os

dados dos municípios, obrigatoriamente deve-se escolher um Estado da federação a qual

deseja realizar a pesquisa, assim como o município desejado.

A dimensão de análises chamadas de Trajetória, contempla informações

relativas as diferentes etapas de ensino, tais como: (i) Matrículas, (ii) Total de

Estudantes Incluídos3, (iii) Taxa de Aprovação, (iv) Taxa de Abandono, (v) Média

Estudantes por Turma, (vi) Matrículas em Tempo Integral, (vii) Taxa de Reprovação,

(viii) Taxa de Distorção Idade-Série. Das variáveis oferecidas na dimensão Trajetória,

não foram utilizadas: Total de Estudantes Incluídos e Matrículas em Tempo Integral.

Tal exclusão se deve por opção de pesquisa, pois não identificou dados significantes que

pudessem ter influência nos objetivos de pesquisa, já que poucos municípios

apresentaram dados nessas duas variáveis.

A dimensão Contexto traz em seu painel, também separando em etapas de

ensino, as seguintes variáveis: (i) Indocador de Nível Socieconômico Escolar, (ii)

Indicador de Complexidade da Gestão Escolar, (iii) Indicador de Esforço Docente,

Indicador de Adequação da Formação Docente, (iv) IDEB, (v) Indicador da

Regularidade Docente. Destas variáveis disponíveis para análises, o Indicador da

regularidade Docente vai ser abordado em casos específicos, pois muitos municípios

não apresentam a informação.

Por fim, a dimensão Aprendizagem oferece informações para os anos iniciais e

anos finais do Ensino Fundamental, sendo que, para o Fundamental I constam

informações sobra a ANA e Prova Brasil 5º ano e no Fundamental II os dados referentes

a Prova Brasil 9º ano, podendo assim, em ambas etapas de ensino, ter acesso a

proficiência em Português e Matemática.

Para facilitar a estruturação, tabulação e filtragem dos dados, escolheu por

utilizar os bancos de dados correspondentes às variáveis do estudo, das diferentes

dimensões criadas pelo INEP. Ademais, adicionou-se as já citadas variáveis, o

Investimento em Educação por Habitante, também disponível pelo INEP e Ministério

Público do Rio Grande do Sul, assim como o Censo Escolar, o qual tem papel destacado

na pesquisa pois contempla as análises referente a Infraestrutura das escolas.

Foram realizados filtros em cada uma das bases de dados, direcionando as

informações para os municípios que compõem as unidades de análise. As bases de dados

3 Total de estudantes com deficiência, transtorno geral do desenvolvimento ou altas

habilidades e superdotação que estão em turmas regulares

65

utilizadas no estudo e a ideia de relacioná-los com a teoria da Visão Baseada em Recurso

a partir da tipificação dos recursos educacionais, já visualizadas anteriormente, no

Quadro 2.

3.3 TÉCNICA DE ANÁLISE DE DADOS

Os dados da pesquisa foram primeiramente estruturados em planilhas eletrônicas

no software Microsoft Excel 16, para posteriormente, serem importadas no programa

estatístico SPSS 21.0. A quantificação dos dados, com o objetivo de descrever o atual

contexto das unidades de análise, perpassam as análises descritivas como médias,

quartis, desvio padrão, frequência, além de algumas análises mais avançadas, como

correlação e regressão linear. A aplicação da estatística descritiva possibilita entre

outros recursos, a organização e sumarização dos dados, contribuindo para a preparação

e conclusão dos resultados (BARBETA, 2003).

Para descrever o grau de associação entre as variáveis do estudo, utilizou-se da

matriz de correlação de Pearson, com intuito de identificar valores significativos, ou

seja: Correlação leve (entre ±0,01 e ±0,20); Correlação pequena (entre ±0,21 e ±0,40);

Correlação moderada (entre ±0,41 e ±0,70); Correlação alta (entre ±0,71 e ±0,90); e por

fim, Correlação forte (acima de ±0,90) (HAIR et al. 2005).

Vale lembrar que as correlações positivas entre as variáveis, mostra uma

associação em um mesmo sentido, e do contrário, quando as correlações apresentaram-

se negativas, a associação é invertida, significando que as variáveis seguem em sentidos

opostos (BARBETA, 2003; HAIR et al. 2005). A análise de regressão linear foi aplicada

na maioria das variáveis independentes que formam as hipóteses de pesquisa na busca

de identificar a influência de variáveis independentes nos resultados da variável

dependente, neste caso, o IDEB (HAIR et al. 2005).

Para a análise da variável Infraestrutura, foi utilizada a metodologia

desenvolvida por Soares Neto (2013) e replicada por Garcia et al. (2015) a qual analisa

os recursos educacionais de infraestrutura baseado nas médias apresentadas, podendo

ser classificada em Infraestrutura: Elementar (até 50% dos recursos), Básica (de 50% a

59% dos recursos), Adequada (60% a 69%) ou Avançada (acima de 70%). Detalhe desse

procedimento aplicado, é apresentado junto aos resultados da Infraestrutura no capítulo

4.

66

Quadro 4 – Hipóteses, variáveis e análises aplicadas no estudo

HIPÓTESES VARIÁVEIS TIPO DE RECURSO TIPO DE

ANÁLISE

H1: A condição socioeconômica do

aluno influencia o desempenho

escolar do aluno no IDEB? INSE Relacional

Descritiva,

Regressão Linear e

Correlação

H2: Os investimentos em educação

influenciam o desempenho escolar

dos alunos no IDEB?

Investimento por

Habitante

MDE

Financeiro

Descritiva,

Regressão Linear,

Correlação

H3: O esforço docente influencia o

desempenho educacional do aluno

no IDEB?

IED - Nível 1,

Nível 2, Nível 3,

Nível 4, Nível

Nível 5, Nível 6

Humano

Descritiva,

Correlação e

Regressão Linear

H4: A formação docente influencia

o desempenho educacional do

aluno no IDEB?

AFD - Grupo 1,

Grupo 2, Grupo 3,

Grupo 4, Grupo 5

DSU

Humano

Descritiva,

Correlação e

Regressão Linear

H5: A infraestrutura das escolas

influencia o desempenho

educacional do aluno no IDEB?

Infraestrutura (20

variáveis*

(Elementar,

Básica, Adequada,

Avançada)

Físico/Estrutural

Descritiva, Quartil,

H6: A complexidade da gestão

escolar, influencia o desempenho

educacional do aluno no IDEB?

ICG - Nível 1,

Nível 2, Nível 3,

Nível 4, Nível 5,

Nível 6

Físico/Estrutural

Descritiva,

Correlação e

Regressão Linear

H7: A distorção Idade-série

influencia o desempenho escolar do

aluno n o IDEB?

TDI Relacional

Descritiva,

Correlação e

Regressão Linear

H8: O resultado na avaliação da

alfabetização influencia o

desempenho escolar do aluno no

IDEB?

ANA-Leitura

(Nível 1, Nível 2,

Nível 3, Nível 4);

ANA-Escrita

(Nível 1, Nível 2,

Nível 3, Nível 4,

Nível 5); ANA-

Matemática (Nível

1, Nível 2, Nível 3,

Nível 4)

Relacional

Descritiva,

Correlação e

Regressão Linear

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

A distinção e aglomeração de variáveis, corrobora para o direcionamento de

algumas estatísticas para as análises, seguindo o objetivo de cada uma das hipóteses de

pesquisa, ou seja, define-se para cada hipótese, a variável a qual se relaciona com o

IDEB, assim como sua tipificação de recurso e tipo de análise aplicada (Quadro 5).

Para um melhor aproveitamento dos dados obtidos no levantamento junto às

bases de dados utilizadas, foram elencadas conjuntos de variáveis que, na perspectiva

do atual estudo, possam elencar as condicionantes que possivelmente apresentam

relação com o desempenho da educação e satisfaçam às hipóteses de pesquisa. Para tal

67

feito, foi necessária a separação das informações coletadas, em dois bancos de dados

distintos: Municípios e Escolas.

Também com o intuito de facilitar o entendimento e transparência dos dados

coletados, foram criados dicionários de variáveis, mostrando a codificação utilizada em

cada banco de dados – tais informações podem ser visualizadas nos anexos A e B.

68

4 RESULTADOS

Neste capítulo, apresentam-se os primeiros frutos da metodologia aplicada ao

ranqueamento dos municípios e seu resultado na forma da criação dos quadrantes de

desempenho – QD. Alocados os municípios de diferentes coordenadorias em seus

respectivos QD, descreve-se o atual contexto em diferentes regiões e mapeiam-se os

casos de (in)sucesso dentre os municípios em relação à condição socioeconômica,

medida pelo IDHM, e sua performance educacional, medida pelo IDEB.

Na sequência, mostram-se os resultados referentes às hipóteses da pesquisa:

infraestrutura e complexidade da gestão escolar, investimento por habitante em

educação, dedicação e formação docente, distorção idade-série, alfabetização na idade

certa, fazendo um comparativo entre os quadrantes de desempenho escolar em cada uma

das coordenadorias.

4.1 CONSTRUÇÃO DOS QUADRANTES DE DESEMPENHO

Em 2013, O PNUD Brasil, IPEA e a Fundação João Pinheiro adaptaram a

metodologia inserida no IDH global, para calcular o IDH Municipal (IDHM) dos 5.565

municípios brasileiros (ATLAS, 2013). Os resultados mostraram crescimento de 47%,

entre 1991 e 2010, passando de muito baixo (0,493 – em 1991) para alto

desenvolvimento humano (0,727 – em 2010) (ATLAS, 2013). O IDHM possui três

dimensões de análise, IDHM-L (longevidade) IDHM-E (educação) e IDHM-R (renda).

Evidencia-se evolução no IDHM medido entre os municípios brasileiros (Figura

4), tendo a Região Sul 65% dos municípios com IDHM considerado alto. As regiões

Sul, Sudeste e Centro Oeste não apresentam nenhum município com IDHM muito

baixo. As regiões Norte e Nordeste não possuem nenhum município com o IDHM muito

alto, a despeito da clara evolução nas últimas duas décadas (ATLAS, 2013).

Figura 4 - Evolução do Índice de Desenvolvimento Municipal Humano (IDMH) dos

municípios brasileiros

69

Fonte: Atlas (2013)

Dentre as dimensões do IDHM (Figura 5), a longevidade apresenta evolução

mais significativa nas últimas décadas, com redução na diferença entre o mais alto e o

mais baixo desempenho neste componente. A dimensão educação constitui o hiato mais

amplo entre o maior e o menor desempenho (0,358), tornando-se o único subíndice

classificado na faixa médio desenvolvimento humano; entretanto, representa o maior

avanço nos últimos 20 anos (ATLAS, 2013).

Figura 5 – Evolução do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) no

Brasil

Fonte: Elaborado pelo autor com base no Atlas (2013)

A proposta de criar um modelo de intersecção de dois indicadores, IDEB e

IDHM, ambos relacionados ao tema da presente pesquisa, tem o intuito de criar quatro

quadrantes de desempenho, que possibilitem classificar e alocar os municípios conforme

sua performance educacional e seu desenvolvimento humano (Figura 6).

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

IDHM IDHM Educação IDHM Renda IDHM Logevidade

Val

ore

s d

o ID

HM

Dimensões do índice de desenvolvimento humano

1991 2000 1010

70

Figura 6 - Quadrantes de Desempenho (IDEB x IDHM)

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

• Quadrante I – denominado pelo autor como ruim (senso comum), é composto

por municípios que seguem o senso comum de que o baixo desenvolvimento

humano afeta negativamente os resultados da educação (apresentaram baixo

IDHM e baixo desempenho no IDEB).

• Quadrante II – denominado pelo autor anomalia positiva, é composto por

municípios que não seguem o senso comum de correlação entre baixo

desenvolvimento humano e resultados da educação, pois alguns municípios

podem apresentar resultados satisfatórios no IDEB, mesmo apresentando IDHM

baixo (possíveis casos de sucesso).

• Quadrante III – denominado pelo autor como bom (senso comum), é composto

por municípios que seguem o senso comum de que o alto desenvolvimento

humano afeta positivamente os resultados da educação (apresentaram alto

IDHM e alto desempenho no IDEB).

• Quadrante IV – denominado pelo autor como anomalia negativa, é composto por

municípios que não seguem o senso comum de correlação entre alto

desenvolvimento humano e resultados positivos da educação, pois alguns

municípios podem apresentar resultados insatisfatórios no IDEB, mesmo

apresentando IDHM alto (possíveis casos de fracasso).

Foram construídos os quadrantes, considerando o Índice de Desenvolvimento

Humano Municipal – IDHM e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica-IDEB.

71

Alocaram-se os municípios nos quatro quadrantes (I, II, III e IV), a quantidade de

escolas municipais e estaduais presentes nos municípios, o IDHM, o resultado do IDEB

nos anos iniciais (FUN I) e anos finais (FUN II) do ensino fundamental, a média geral

do IDEB por município.

Estes dados foram organizados e apresentados conforme cada uma das

coordenadorias analisadas, como expõem as Tabelas 4, 5 e 6.

Tabela 4 – Lista dos Municípios alocados nos Quadrantes de Desempenho – 20ª CRE

Quadrante

20ª CRE Nº Escolas (Ensino Regular)

IDHM

IDEB 2015

Municípios MUN EST TOTAL FUN

I

FUN

II MÉDIA

I

Vicente Dutra 1 1 2 0,638 4,7 4,0 4,4

Ametista do Sul 1 1 2 0,682 5,7 4,1 4,9

Dois Irmãos das

Missões 1 1 2 0,670 5,1 ** 5,1

II

Alpestre 1 1 2 0,671 7,4 4,7 6,1

Jaboticaba 1 1 2 0,658 5,8 ** 5,8

São José das

Missões 1 1 2 0,651 5,8 ** 5,8

III

Pinheirinho do

Vale 1 1 2 0,710 6,8 ** 6,8

Caiçara 0 1 1 0,699 6,6 ** 6,6

Taquaruçu do

Sul 1 1 2 0,739 5,5 ** 5,5

IV

Palmeira das

Missões 3 10 13 0,737 5,1 3,7 4,4

Seberi 1 3 4 0,723 6,1 3,5 4,8

Frederico

Westpfhalen 4 7 11 0,760 6,0 4,2 5,1

Totais e Médias 16 29 45 0,695 5,9 4,1 5,4

** Sem média na Prova Brasil 2015: Não participou ou não atendeu aos requisitos necessários para obter

o desempenho calculado.

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Legenda: MUN: Rede municipal; EST: Rede Estadual; IDHM: Índice de desenvolvimento humano

municipal; IDEB: Índice de desenvolvimento da educação básica; FUN I: Ensino fundamental anos

iniciais; FUN II: Ensino fundamental anos finais.

A Tabela 4 mostra resultado do filtro aplicado, ranqueamento e posterior criação

dos quadrantes de desempenho da 20ª CRE. Os municípios somam um total de 16

escolas municipais e 29 estaduais, totalizando 45 escolas a serem analisadas. Com

relação ao IDHM e ao IDEB médio entre as unidades de análise, tem-se 0,695 e 5,4

respectivamente.

72

Quando comparadas as etapas de ensino, a média do IDEB municipal (5,9)

apresentado pela 20ª CRE não é satisfatório em relação à meta estimada pelo PNE, assim

como o IDEB referente à rede Estadual (4,1), sendo esta a pior média quando comparada

com as das demais coordenadorias analisadas, apresentando IDEB 30,5% menor do que

a rede municipal.

Dentre os municípios analisados nesta coordenadoria, alguns destaques positivos

e negativos foram levantados, como exemplo: o município de Frederico Westphalen

possui o maior IDHM da 20ª CRE (0,760), entretanto apresenta IDEB abaixo da média

(5,1), pertencendo ao quadrante IV (anomalia negativa). Os municípios de Caiçara e

Pinheirinho do Vale apresentam a melhor média do IDEB (6,7) da 20ª CRE,

acompanhando um IDHM satisfatório, com resultado do ranqueamento no terceiro

quartil.

O município de Alpestre destaca-se por apresentar a terceira melhor média no

IDEB (6,1) da 20ª CRE, mesmo estando alocado no quadrante II (anomalia positiva),

ou seja, mesmo apresentando baixo índice de desenvolvimento humano (0,671), obteve

sucesso nos resultados do IDEB, principalmente nos anos iniciais, nos quais exibe a

segunda melhor nota (7,4) dentre todos os municípios investigados. Os municípios de

Palmeira das Missões e Seberi salientam-se negativamente por apresentarem ótimos

IDHM (0,737 e 0,723), mas não terem obtido bons resultados no IDEB, detendo duas

das três piores médias desse indicador (4,6 e 4,8), ficando à frente apenas do município

de Vicente Dutra, que evidenciou resultados preocupantes: IDEB de 4,4 e o pior IDHM

dos municípios da 20ª CRE.

Percebeu-se que alguns municípios conseguiram resultados satisfatórios no

IDEB, mesmo tendo um ambiente socioeconômico desfavorável, com baixo

desenvolvimento humano, o que os caracteriza, nesse estudo, como casos de sucesso:

Alpestre, Jaboticaba e São José das Missões (quadrante II). Em alguns municípios, os

bons resultados no desenvolvimento humano não se refletiram em sucesso nos

resultados do IDEB: Palmeira das Missões, Frederico Westphalen e Seberi (quadrante

IV). Os demais municípios apresentaram correlação positiva nos resultados de ambos

indicadores: quanto menor o IDHM, menor o IDEB, ou quanto maior o IDHM, maior o

IDEB.

Nos quadrantes constituídos por municípios da 7ª CRE, há 93 escolas, 51

municipais e 42 estaduais (Tabela 5). Observa-se nela a maior média com relação ao

73

IDHM (0,733) dentre as coordenadorias investigadas, mas o menor desempenho no

IDEB (5,3) se consideradas suas médias.

Tabela 5 - Municípios alocados nos Quadrantes de Desempenho – 7ª CRE

Quadrante 7ª CRE Nº Escolas (Ensino Regular)

IDHM IDEB

Municípios MUN EST TOTAL

FUN

I

FUN

II MÉDIA

I

Coxilha 3 3 6 0,706 6,1 3,3 4,7

Ernestina 3 1 4 0,716 ** 3,6 3,6

Ciríaco 4 3 7 0,719 5,8 4,6 5,2

II

Nonoai 1 1 2 0,702 6,4 4,3 5,4

Capão Bonito do

Sul 3 1 4 0,637 5,8 ** 5,8

Caseiros 1 1 2 0,703 5,9 ** 5,9

III

Casca 1 6 7 0,785 6,4 5,4 5,9

Guaporé 3 5 8 0,765 6,3 5,4 5,9

Ibiaçá 1 2 3 0,739 6,3 5,5 5,9

IV

Passo Fundo 36 35 71 0,776 5,4 4,4 4,9

Sertão 3 3 6 0,751 5,4 4,6 5,0

Marau 13 4 17 0,774 6,3 4,3 5,3

Totais e Médias 72 65 137 0,731 6,0 4,5 5,3

** Sem média na Prova Brasil 2015: Não participou ou não atendeu aos requisitos necessários para obter

o desempenho calculado.

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Legenda: MUN: Rede municipal; EST: Rede Estadual; IDHM: Índice de desenvolvimento humano

municipal; IDEB: Índice de desenvolvimento da educação básica; FUN I: Ensino fundamental anos

iniciais; FUN II: Ensino fundamental anos finais.

O município de Nonoai, com pior IDHM (0,702) dentre os da 7ª CRE, apresenta

IDEB satisfatório (5,4), acima da média geral observada para a coordenadoria, e, junto

com os municípios de Caseiros e Capão Bonito do Sul, o pior IDHM (0,637) entre todos

os municípios do estudo. Eles receberam destaque por estarem no quadrante II e

alcançarem os melhores resultados no IDEB. Os municípios no quadrante IV, Passo

Fundo, Marau e Sertão, apesar de evidenciarem elevado IDHM, não obtiveram

resultados satisfatórios no IDEB, salientando-se que Passo Fundo, com o segundo

melhor IDHM (0,776), mostrou o terceiro pior IDEB (4,9).

O município de Casca ganha destaque, nesta primeira aproximação aos

resultados encontrados, por apresentar o indicador de desenvolvimento humano mais

elevado na 7ª CRE e a segunda melhor média do IDEB (5,9), no agregado das redes

74

estadual e municipal de ensino. Como destaque negativo identificou-se o município de

Ernestina, situado no quadrante I – que agrega os municípios com resultados

insatisfatórios tanto no IDHM quanto no IDEB. Ele consolidou o pior desempenho no

IDEB (3,6), ficando muito abaixo da meta esperada de 6,0, conforme o PNE.

Dos municípios da 7ª CRE, ranqueados e alocados nos QD, o IDEB, nos anos

iniciais do ensino fundamental, foi superior em 21,7% na comparação com os anos

finais, indicando que segue a tendência dos resultados macros do IDEB, nos quais essa

diferença também existe.

A 15ª CRE está alocada nos quadrantes de desempenho com um total de 59

escolas, 30 municipais e 29 estaduais, respeitados os critérios de escolha de metodologia

apresentados anteriormente. Exibe o segundo melhor índice de IDHM (0,719) e a

melhor média do IDEB (5,6) dentre as coordenadorias estudadas, considerando-se as

médias dos respectivos indicadores.

Tabela 6 - Municípios alocados nos Quadrantes de Desempenho – 15ª CRE

Quadrante 15ª CRE Nº Escolas (Ensino

Regular) IDHM IDEB 2015

Municípios MUN EST TOTAL FUN I FUN II MÉDIA

I

Faxinalzinho 2 1 3 0,666 4,9 2,7 3,8

Machadinho 3 1 4 0,692 5,9 3,7 4,8

Floriano Peixoto 1 1 2 0,663 ** 5 5

II

Viadutos 1 1 2 0,702 7,4 5,3 6,4

Centenário 0 1 1 0,701 6,6 5,3 6,0

Tupanci do Sul 1 1 2 0,694 5,9 ** 5,9

III

Campinas do Sul 1 2 3 0,760 7,8 ** 7,8

Aratiba 1 1 2 0,772 7,7 5,7 6,7

Sananduva 4 3 7 0,747 6,6 5,2 5,9

IV

São José do Ouro 1 1 2 0,755 5,9 4,2 5,1

Estação 2 2 4 0,753 6,6 4 5,3

Barracão 2 1 3 0,723 6,1 4,7 5,4

Totais e Médias 19 16 35 0,719 6,5 4,6 5,7 ** Sem média na Prova Brasil 2015: Não participou ou não atendeu aos requisitos necessários para obter

o desempenho calculado.

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Legenda: MUN: Rede municipal; EST: Rede Estadual; IDHM: Índice de desenvolvimento humano

municipal; IDEB: Índice de desenvolvimento da educação básica; FUN I: Ensino fundamental anos

iniciais; FUN II: Ensino fundamental anos finais.

75

O município de Campinas do Sul, presente no quadrante III, corresponde ao

melhor desempenho, considerando os dois indicadores levantados, sendo o IDHM

(0,760) e o IDEB de 7,9, maior dentre os dos 36 municípios do estudo. Observa-se que

os demais municípios do quadrante III apresentam alto desempenho nos indicadores. O

município de Aratiba exibe o melhor IDEB (5,7) nos anos finais do ensino fundamental

dentre as três coordenadorias.

Os municípios do quadrante II mostraram valores elevados em seu IDEB, com

destaque para Tupanci do Sul que obteve 5,9 no IDEB, mesmo não tendo um

desenvolvimento humano satisfatório, o qual é um dos piores da 15ª CRE (0,694). No

quadrante II, o município de Viadutos evidenciou IDEB bem acima da média (6,4) e

resultado muito significativo para os anos iniciais (7,4). O município de Centenário

atingiu a meta estabelecida pelo PNE, 6,0.

São José do Ouro, alocado no quadrante IV, alcançou desenvolvimento humano

elevado (0,755), o que, no entanto, não garantiu resultado satisfatório no IDEB (5,1)

muito longe da meta estipulada. Faxinalzinho, do quadrante I, além de ter um dos piores

IDHM (0,666) da 15ª CRE, apresentou a segunda pior média geral do IDEB (3,8) e a

pior avaliação nos anos finais, com nota 2,7. A 15ª CRE exibe a melhor média no ensino

fundamental I (6,5), entre as coordenadorias, e a melhor média geral do IDEB (5,7).

Figura 7 - Resultados do IDEB por etapas e redes de ensino

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Legenda: MED=Média; F1=Fundamental I; F2=Fundamental II

Em geral, os resultados são melhores para ensino fundamental I quando

comparados aos do ensino fundamental II. A 20ª CRE alcançou os melhores resultados

na rede estadual, e a 15ª CRE, os melhores resultados na rede municipal. Salienta-se que

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

F1 F2 MED F1 F2 MED F1 F2 MED

20ª CRE 15ª CRE 7ª CRE

Res

ult

ado

s d

o ID

EB

Coordenadorias de Educação

Municipal Estadual

76

a 15ª CRE é a única que concentra os melhores resultados na rede municipal em

comparação com a rede estadual de ensino. O ensino fundamental II segue a tendência

nacional de apresentar resultados abaixo da média estabelecida pelo PNE (6,0) para o

ano de 2015, concentrando os piores resultados nas escolas da 20ª CRE.

O estudo evidencia que 65,1% das escolas com ensino fundamental I atingiram

as metas estabelecidas para o IDEB. No ensino fundamental II, apenas 11,9%

conseguiram atingir o resultado esperado, confirmando a tendência nacional de grande

diferença de performance entre as duas etapas de ensino.

4.4 INDICADOR DE NÍVEL SOCIOECONÔMICO DAS ESCOLAS

O Indicador de Nível Socioeconômico das Escolas, segundo as três variáveis

oferecidas para análise (INSE Classificação, INSE Quantidade Aluno e INSE Valor),

permite identificar quantos alunos participaram do questionário socioeconômico, o

valor absoluto do indicador, assim como o grau de desenvolvimento socioeconômico

dos alunos das escolas, medido por uma escala de sete pontos: muito baixo, baixo, médio

baixo, médio, médio alto, alto e muito alto. A seguir, são mostrados os resultados deste

indicador em um panorama geral e por coordenadorias de educação.

Tabela 7 - Tabela geral de classificação do INSE

Frequência Porcentual Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido

Médio Baixo 1 ,6 ,7 ,7

Médio 22 12,7 15,7 16,4

Médio Alto 74 42,8 52,9 69,3

Alto 42 24,3 30,0 99,3

Muito Alto 1 ,6 ,7 100,0

Total 140 80,9 100,0

Ausente 33 19,1

Total 173 100,0

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

De modo geral, todos os 36 municípios e as 140 escolas que apresentaram

valores para este indicador, correspondendo a 80,9% das escolas do estudo,

apresentaram resultados positivos, já que nenhuma exibiu indicador socioeconômico

classificado como baixo ou muito baixo. Apenas o município de Dois Irmãos das

77

Missões, representado pela E.E.E.M. Bento Goncalves, situado na 20ª CRE, obteve

classificação médio baixo, com INSE de 42,13, correspondendo à participação de 32

alunos.

Um destaque singular na pesquisa coube à escola E.E.E.F. Afonso Pena, situada

no município de Frederico Westphalen, que conforme as respostas de 124 alunos, obteve

INSE de 62,94 e foi classificada como muito alto. A classificação de maior concentração

de escolas é a de médio alto, correspondendo a 52,9%, seguido de alto 30% e médio

15,7%. Verificou-se, por esta análise, que a maioria dos alunos das escolas que

ofereceram resultados para este indicador possuem uma condição socioeconômica

satisfatória.

Tabela 8 - Classificação do INSE por Coordenadorias de Educação

INSE – Classificação por CRE

Coordenadoria de

Educação

Tipo da Rede Escolar Frequência % %

válida

%

acumulativa

7ª CRE

Estadual

Válido

Médio 1 2,4 2,5 2,5

Médio Alto 24 57,1 60,0 62,5

Alto 15 35,7 37,5 100,0

Total 40 95,2 100,0

Ausente Sistema 2 4,8

Total 42 100,0

Municipal

Válido

Médio 4 7,8 9,8 9,8

Médio Alto 24 47,1 58,5 68,3

Alto 13 25,5 31,7 100,0

Total 41 80,4 100,0

Ausente Sistema 10 19,6

Total 51 100,0

15ª CRE

Estadual

Válido

Médio 4 25,0 28,6 28,6

Médio Alto 5 31,3 35,7 64,3

Alto 5 31,3 35,7 100,0

Total 14 87,5 100,0

Ausente Sistema 2 12,5

Total 16 100,0

Municipal Válido

Médio 1 5,3 9,1 9,1

Médio Alto 7 36,8 63,6 72,7

Alto 3 15,8 27,3 100,0

78

Total 11 57,9 100,0

Ausente Sistema 8 42,1

Total 19 100,0

20ª CRE

Estadual

Válido

Médio

Baixo

1 3,4 3,7 3,7

Médio 7 24,1 25,9 29,6

Médio Alto 13 44,8 48,1 77,8

Alto 5 17,2 18,5 96,3

Muito Alto 1 3,4 3,7 100,0

Total 27 93,1 100,0

Ausente Sistema 2 6,9

Total 29 100,0

Municipal

Válido

Médio 5 31,3 71,4 71,4

Médio Alto 1 6,3 14,3 85,7

Alto 1 6,3 14,3 100,0

Total 7 43,8 100,0

Ausente Sistema 9 56,3

Total 16 100,0

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Com relação à rede estadual, a 7ª CRE apresenta a maior concentração de escolas

na classificação médio alto (60%) e alto (37,5%), apresentando apenas 2,5% na

classificação médio. A 15ª CRE exibe a classificação do INSE em médio alto (35,7%)

e alto (35,7%) e médio (28,6%), o que mostra equilíbrio na disposição das escolas na

escala utilizada. A 20ª CRE, com classificação médio alto (48,1%), alto (18,5%) e médio

(25,9%), é a única coordenadoria que possui municípios nas classificações médio baixo

e muito alto, uma escola em cada um dos níveis.

Referente à rede municipal de ensino, tanto 7ª quanto 15ª coordenadorias

apresentam concentração maior de escolas na classificação médio alto (58,5% e 63,6%)

respectivamente. A 20ª CRE obteve maior concentração do indicador, com 71,4% das

escolas dessa rede de ensino classificadas com INSE médio, indicando ser a região

menos favorecida socioeconomicamente.

Salienta-se que a rede municipal de ensino obteve melhores resultados no

indicador apenas na 15ª CRE. Ao compará-las no agregado das classificações, as demais

coordenadorias apresentam melhores indicadores socioeconômicos, em geral, na rede

estadual de ensino. A seguir são apresentadas as outras duas variáveis do INSE:

79

quantidade de alunos com INSE calculado e valor absoluto do INSE (representado de 0

a 100).

Tabela 9 - Valor absoluto e alunos calculados no INSE

Quantidade de alunos com INSE calculado e Valor Absoluto do Indicador (0 a 100)

Coordenadoria

de Educação

Tipo da Rede Escolar N Mínimo Máximo Média Desvio

padrão

7ª CRE

Estadual

INSE Quantidade Alunos

com INSE calculado

40 26 670 201,35 141,527

INSE Valor Absoluto 40 47,25 61,53 54,8073 2,35948

Municipal

INSE Quantidade Alunos

com INSE calculado

41 18 230 111,56 51,032

INSE Valor Absoluto 41 48,57 60,67 53,7720 3,23678

15ª CRE

Estadual

INSE Quantidade Alunos

com INSE calculado

14 14 309 149,79 92,288

INSE Valor Absoluto 14 48,60 58,92 53,0767 3,67442

Municipal

INSE Quantidade Alunos

com INSE calculado

11 17 120 65,45 38,046

INSE Valor Absoluto 11 47,06 60,78 53,1635 3,57608

20ª CRE

Estadual

INSE Quantidade Alunos

com INSE calculado

27 38 427 146,33 96,856

INSE Valor Absoluto 27 42,13 62,94 52,0613 4,51924

Municipal

INSE Quantidade Alunos

com INSE calculado

7 27 238 95,43 72,125

INSE Valor Absoluto 7 46,66 55,36 49,4889 3,04983

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa (2017).

Com média de 201 e 111 alunos participantes no cálculo do INSE, nas redes

estadual e municipal, respectivamente, a 7ª CRE destaca-se com a maior soma de alunos

que responderam ao questionário socioeconômico, considerando os municípios do

estudo, um total de 12.628 alunos, com média geral de 156 alunos por escola. Este

número expressivo pode ser explicado principalmente pela participação do município

de Passo Fundo que, com 49 escolas no presente estudo, somou 7675 alunos

participantes no INSE, representando 60,77% da população analisada na 7ª CRE.

A 15ª CRE apresentou média de participação dos alunos de 149, nas escolas da

rede estadual, e de 65, nas escolas da rede municipal, totalizando 2.817 alunos. Na 20ª

CRE, as escolas da rede estadual obtiveram média de participação de 146 alunos e as

80

escolas da rede municipal, de cerca de 95 alunos, abrangendo 4.619 alunos no cálculo

do INSE.

Com relação à variável valor absoluto, não foram encontradas diferenças

significativas entre as duas redes de ensino, entretanto, ressalta-se que o valor absoluto

do INSE na rede municipal só ultrapassa o da rede estadual na 15ª CRE. Nas demais

coordenadorias, as escolas da rede estadual sobressaem ligeiramente.

Destaca-se, nesta variável, a 20ª CRE com as piores médias do valor absoluto do

INSE na rede municipal (49,48) e estadual (52,06). A 7ª CRE salienta-se por apresentar

os melhores resultados em ambas as redes de ensino, municipal (53,77) e estadual

(54,80). Embora sejam evidentes as melhores condições socioeconômicas dos alunos

desta coordenadoria, a média geral do IDEB ficou abaixo das demais coordenadorias

estudadas, 5,4.

Tabela 10 – Resultados da análise de Correlação de Pearson – IDEB e INSE

Variáveis IDEB Médio Escola IDEB FUN I IDEB FUN II INSE Valor

Absoluto

IDEB Médio Escola 1

IDEB FUN I ,847** 1

IDEB FUN II ,820** ,542** 1

INSE Valor Absoluto ,337** ,424** ,368** 1

**. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades).

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Pela análise de correlação de Pearson (Tabela 10), verifica-se que quanto melhor

a condição socioeconômica dos alunos, maiores são suas médias nas avaliações do

IDEB, tanto no ensino fundamental I – correlação positiva e moderada observada em

0,424 –, quanto no fundamental II – correlação positiva, porém pequena, observada em

0,368. Tal análise reforça as informações encontradas e discutidas a partir de análises

descritivas.

Tabela 11 - Resultado da análise de regressão entre as variáveis INSE (independente) e

IDEB (dependente)

Modelo Coeficientes não

padronizados

Coeficientes

padronizados

t Sig.

81

B Modelo

padrão

Beta

1 (Constante) ,334 1,221 ,274 ,785

INSE Valor Absoluto ,091 ,023 ,337 4,014 ,000

a. Variável dependente: IDEB Médio Escola

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

O teste F da ANOVA obtida da análise da regressão foi significativo (P < 0,01),

indicando que o modelo de regressão ajustado foi significativo (Tabela 11). Observa-se,

entretanto, que o Test T foi significativo para a variável independente do modelo, mas

não para o intercepto (Tabela 11). Analisando a relação entre a variável INSE valor

absoluto e a variável IDEB médio escola – resultados tanto do ensino fundamental I

como do fundamental II do IDEB – verifica-se que o fator socioeconômico do aluno

influencia diretamente os resultados do IDEB, reforçando os resultados já apresentados

nos testes descritivos e de correlação de Pearson.

4.2 INFRAESTRUTURA

Com o intuito de mapear a infraestrutura das escolas municipais e estaduais das

diferentes coordenadorias de educação analisadas, utilizou-se o banco de dados Censo

Escolar relativo ao ano de 2015, com 20 variáveis, conforme proposto por Soares Neto

et al. (2013) e aplicado por Garcia et al. (2015). Deste modo, identificou-se em qual

nível estão classificados os municípios, conforme a disponibilidade dos recursos de

infraestrutura: elementar (até 50% dos recursos), básica (de 50% a 59% dos recursos),

adequada (60% a 69%), avançada (acima de 70%).

Para melhor entendimento e visualização dos resultados das infraestruturas

escolares, as redes municipal e estadual de ensino foram divididas em tabelas e

separadas por coordenadorias, aglomerando-se os municípios conforme seus quadrantes

de desempenho. A codificação dos municípios é mostrada nas notas de rodapé das

tabelas.

Tabela 12 - Infraestrutura das escolas da 7ª CRE (Rede Municipal) incluídas no estudo

Quadrante I Quadrante II Quadrante III Quadrante IV

7 CRE CO ER CI NO CB CS CA GU IB PF SE MA

Municipal %

82

Água filtrada 0 100 0 0 0 100 100 66,7 0 21,87 0 0

Energia Elétrica 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Esgoto (Rede Pública) 0 0 0 0 0 0 0 100 100 34,37 100 85,71

Cozinha 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Sanitário 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Sala Diretoria 100 100 100 100 100 100 100 100 100 87,5 100 100

Equip. TV 100 100 100 100 100 100 100 100 100 96,87 100 100

Equip. DVD 100 100 100 100 100 100 100 100 100 96,87 100 100

Equip. Impressora 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Computador 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Sala Professores 100 100 100 100 100 100 100 100 100 90,62 100 100

Laboratório Informática 100 0 100 0 100 100 100 100 0 96,87 100 100

Equip. Copiadora 100 100 100 100 100 100 0 66,7 100 75 100 100

Internet 100 100 100 100 100 100 100 100 100 96,87 100 100

Quadra de Esportes 100 0 0 100 100 100 0 100 0 90,62 100 100

Biblioteca 100 100 100 100 100 100 100 100 100 78,12 100 100

Sala Atendimento

Especial 100 100 0 100 100 100 0 100 0 84,37 100 28,57

Banheiro PNE 100 0 0 100 0 100 0 100 0 50 100 71,42

Dependências Especiais 100 0 100 100 0 100 0 100 1 56,25 100 71,42

Laboratório de Ciências 0 0 0 100 100 100 0 100 0 0 0 0

Médias 85 70 70 85 80 95 65 96,67 65,05 77,81 90 82,86

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Legenda: NO=Nonoai; ER=Ernestina; CI=Ciríaco; CO=Coxilha; CB=Capão Bonito do Sul;

CS=Caseiros; CA=Casca; GU=Guaporé; IB=Ibiaçá; PF=Passo Fundo; SE=Sertão; MA=Marau

Ao analisar os resultados da rede municipal da 7ª CRE, identifica-se que somente

os municípios de Casca e Ibiaçá foram classificados como infraestrutura adequada. Os

demais foram classificados na categoria avançada. Salienta-se que estes dois municípios

estão alocados no quadrante III, o que corresponde a alto IDHM e a alto IDEB. Fica

evidente, portanto, que, nesses dois municípios, a infraestrutura não provocou impacto

significativo nos resultados satisfatórios no IDEB. O QD III obteve média igual a

75,57%, a segunda pior média entre os quatro quadrantes: QD I = 75%; QD II = 86,7%,;

QD IV = 83,5%.

A análise por QD chama atenção para dois fatores. O primeiro indica que o QD

I menos favorecido, aqui denominado quadrante ruim, seguiu a tendência de que quanto

pior a condição socioeconômica do município constatada pelo IDHM, piores são as

condições gerais da população, no que ser refere a longevidade, renda e educação, e

também piores infraestruturas das escolas. Ressalta-se que, nos municípios de Nonoai e

83

Ernestina, não há laboratório de informática para os alunos, assim como o quesito

quadra de esporte está ausente nas escolas analisadas de Ernestina e Ciríaco.

Além de evidenciar a melhor média entre os quadrantes, o QD II salienta-se por,

no município de Caseiros, não ter sido identificada apenas uma das variáveis levantadas

– esgoto (rede pública). Sublinha-se que esta variável foi identificada em apenas cinco

municípios da 7ª CRE. A variável água filtrada também foi contemplada em apenas

cinco municípios, correspondendo à pior média (32,4%) entre as 20 variáveis do estudo.

Destaca-se aqui o município de Guaporé com a maior média – 96,67% – sendo

o único, mesmo não atingindo 100%, a possuir todas as variáveis do estudo. Energia

elétrica, cozinha, sanitário, impressora e computador foram identificados em 100% das

escolas analisadas.

Apenas quatro municípios e 33,3% de todas as escolas municipais analisadas

apresentaram laboratório de ciências. Dentre os municípios que não apresentaram tal

variável, distinguem-se Passo Fundo, Sertão e Marau – com altos índices de

desenvolvimento humano e resultados insatisfatórios no IDEB. A única variável não

identificada na rede municipal em Passo Fundo foi laboratório de ciências.

Tabela 13 – Infraestrutura das escolas da 7ª CRE (Rede Estadual) incluídas no estudo

Quadrante I Quadrante II Quadrante III Quadrante IV

7 CRE NO ER CI CO CB CS CA GU IB PF SE MA

Estadual %

Água filtrada 0 0 0 0 100 100 66,7 100 23,07 100 25

Energia Elétrica 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Esgoto (Rede Pública) 0 0 100 0 0 100 100 100 61,53 0 100

Cozinha 100 100 100 100 100 100 100 100 96,15 100 100

Sanitário 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Sala Diretoria 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Equip. TV 100 100 100 100 100 50 100 100 100 100 100

Equip. DVD 100 100 100 100 100 50 100 100 100 100 100

Equip. Impressora 100 100 100 0 100 50 100 100 92,3 100 100

Computador 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Sala Professores 100 100 100 100 0 100 100 100 96,15 100 100

Laboratório Informática 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Equip. Copiadora 100 100 100 0 100 50 100 100 76,92 100 100

Internet 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Quadra de Esportes 0 100 100 100 100 50 100 100 96,15 100 100

Biblioteca 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

84

Sala Atendimento

Especial 100 0 100 100 0 100 66,7 0 61,53 100 25

Banheiro PNE 100 0 100 100 0 100 0 0 73,07 100 75

Dependências Especiais 100 0 100 100 100 100 0 100 53,84 100 50

Laboratório de Ciências 100 100 100 100 100 50 66,7 100 73,07 0 75

Médias 85 75 95 80

80 85 85,01 90 85,19 90 87,5

Fonte: Elaborado pelo autor (2017)

Legenda: NO=Nonoai; ER=Ernestina; CI=Ciríaco; CO=Coxilha; CB=Capão Bonito do Sul;

CS=Caseiros; CA=Casca; GU=Guaporé; IB=Ibiaçá; PF=Passo Fundo; SE=Sertão; MA=Marau

Seguindo a análise da infraestrutura da 7ª CRE, agora contemplando a rede

estadual, destaca-se novamente o QD II, porém sob o aspecto negativo, pois apresenta

a pior média entre os quadrantes: QD I = 85%; QD II = 80%; QD III = 86,7% e QD IV

= 88%. Os quadrantes III e IV seguem a tendência de que quanto maior o

desenvolvimento humano e mais favoráveis as condições socioeconômicas, a educação

ganha destaque, neste caso, apresentando melhores infraestrutura e aparelhamento de

recursos educacionais.

A rede estadual da 7ª CRE salienta-se já que todos os 12 municípios analisados

alcançaram a categoria de infraestrutura avançada, ou seja, todos acima dos 70%.

Tal qual na rede municipal, a variável esgoto (rede pública) está ausente em grande parte

das escolas e municípios, correspondendo a apenas 49% das escolas (a escola de Capão

Bonito do Sul não apresentou resultado no Censo Escolar). Energia elétrica, sanitário,

internet, computador, laboratório de informática e biblioteca são recursos presentes em

todas as escolas estaduais elencadas no estudo.

O destaque negativo evidencia-se novamente na variável água filtrada, pois

apenas 46,8% das escolas estaduais são contempladas com este recurso. Outro dado

relevante é a presença de banheiros PNE (para pessoas com necessidades especiais) em

apenas 58,9%.

Percebem-se algumas diferenças consideráveis ao se compararem os percentuais

de escolas que possuem determinados recursos nas duas redes de ensino: laboratório de

ciências – rede municipal: 33,3%, rede estadual: 78,6%; internet – rede municipal:

74,7%, rede estadual: 100%; quadra de esporte –rede municipal: 65,9%, rede estadual:

86%.

A rede municipal sobressai-se significativamente em apenas três recursos: sala

de professores, presente em 99,2% de suas escolas e 90,6% nas da rede estadual;

impressora, existente em 100% das escolas da rede municipal e em 85,7% da estadual;

85

sala de atendimento especial, disponível em 67,7% das escolas municipais e em 59,4%

nas escolas estaduais. De modo geral, as escolas da rede estadual (80,2%) da 7ª CRE

exibem pior infraestrutura em comparação com as escolas da rede municipal (85,2%).

Tabela 14 – Infraestrutura das escolas da 15ª CRE (Rede Municipal) incluídas no

estudo

Quadrante I Quadrante II Quadrante III Quadrante IV

15 CRE FA MC FL VI CE TU CP AR SA SO ES BA

Municipal %

Água filtrada 100 0 0 100 0 0 0 25 0 100 0

Energia Elétrica 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Esgoto (Rede Pública) 50 33,3 0 0 0 100 100 100 100 100 0

Cozinha 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Sanitário 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Sala Diretoria 50 100 0 100 100 100 100 100 0 100 100

Equip. TV 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Equip. DVD 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Equip. Impressora 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Computador 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Sala Professores 0 0 0 100 100 100 100 100 100 100 50

Laboratório Informática 0 100 0 100 100 100 100 75 0 100 50

Equip. Copiadora 100 100 100 0 100 100 100 25 100 100 50

Internet 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Quadra de Esportes 0 0 100 0 100 0 0 100 0 50 0

Biblioteca 100 0 100 100 100 100 100 100 100 50 100

Sala Atendimento Especial 0 33,3 100 100 100 0 100 75 100 100 50

Banheiro PNE 50 33,3 100 100 0 0 100 50 100 50 50

Dependências Especiais 0 33,3 100 100 100 100 100 50 100 100 100

Laboratório de Ciências 0 0 0 0 0 0 100 50 0 0 0

Médias 62,5 61,66 70 80 60 80 90 73,34 80,0 60 60,00

Fonte: Elaborado pelo autor (2017)

Legenda: FA=Faxinalzinho; FL=Floriano Peixoto; MC=Machadinho; VI=Viadutos; CE=Centenário;

TU=Tupanci do Sul; CP=Campinas do Sul; AR=Aratiba; SA=Sananduva; SO=São José do Ouro;

ES=Estação; BA=Barracão.

Analisando os dados da rede municipal da 15ª CRE, identifica-se claramente

considerável diferença entre eles e os da 7ª CRE. Encontra-se justificativa para tal fato

nas médias municipais, as quais indicam cinco municípios com infraestrutura

classificada como adequada e seis municípios com infraestrutura avançada. As escolas

86

selecionadas do município de Centenário não forneceram dados sobre os recursos

educacionais explorados.

Um destaque cabe ao município de Aratiba, único que chegou a 90% de presença

das variáveis analisadas. Situados no QD III – único quadrante a atingir a classificação

de infraestrutura avançada, considerando as médias – Capão Bonito do Sul e Sananduva

contemplam a melhor média entre os quadrantes: QD I = 64,72%; QD II = 66,7%; QD

III = 81,11%; QD IV = 66,7%.

O QD III seguiu a tendência de apresentar melhores resultados, pois é

considerado, neste estudo, como quadrante ‘bom’, com alto IDHM e alto IDEB. O QD

I, considerado o menos favorecido e caracterizado, neste estudo, como quadrante ‘ruim’,

com baixo IDHM e baixo IDEB em comparação aos demais quadrantes, apresentou a

pior média de infraestrutura da 15ª CRE.

Os municípios de Tupanci do Sul, Estação e Barracão apresentaram as piores

médias (60%) entre os demais. Dentre os pontos negativos relacionados à infraestrutura

da 15ª CRE, as marcantes médias de 13% para a variável laboratório de ciências, 29%

para água filtrada e 31,8% para quadra de esportes mostram, de certa forma, a

precariedade das escolas municipais analisadas em relação a estes recursos. As variáveis

energia elétrica, cozinha, sanitário, equipamentos de TV e DVD, impressora,

computador e internet estão presentes em 100% das escolas da rede municipal.

Tabela 15 - Infraestrutura das escolas da 15ª CRE (Rede Estadual) incluídas no estudo

Quadrante I Quadrante II Quadrante III Quadrante IV

15 CRE FA MA FL VI CE TU CP AR AS SO ES BA

Estadual %

Água filtrada 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Energia Elétrica 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Esgoto (Rede Pública) 0 0 0 0 0 0 100 100 66,7 100 0 0

Cozinha 100 0 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Sanitário 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Sala Diretoria 0 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Equip. TV 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Equip. DVD 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 50 100

Equip. Impressora 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 50 100

Computador 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Sala Professores 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Laboratório Informática 100 100 100 100 100 100 100 100 100 0 100 100

87

Equip. Copiadora 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 50 100

Internet 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Quadra de Esportes 100 100 100 100 100 100 0 100 100 0 0 0

Biblioteca 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Sala Atendimento Especial 0 100 0 100 100 100 50 100 66,7 0 50 0

Banheiro PNE 0 0 0 100 100 100 100 100 0 100 100 100

Dependências Especiais 0 0 0 100 100 0 50 100 33,4 100 50 0

Laboratório de Ciências 100 100 100 100 100 100 50 100 33,4 0 50 100

Médias 70 75 75 90 90 85 82,5 95 80,01 75 70 75

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Legenda: FA=Faxinalzinho; FL=Floriano Peixoto; MC=Machadinho; VI=Viadutos; CE=Centenário;

TU=Tupanci do Sul; CP=Campinas do Sul; AR=Aratiba; SA=Sananduva; SO=São José do Ouro;

ES=Estação; BA=Barracão.

Com base no levantamento de dados da rede estadual da 15ª CRE, identificou-

se que suas escolas estão melhores assistidas do que as da rede municipal, quanto ao

recursos de infraestrutura. Os quatro quadrantes mostraram resultados que os

classificam como infraestrutura avançada. Nenhum município obteve média inferior a

70% das variáveis observáveis: QD I = 73,4%; QD II = 88,4%; QD III = 85,8% e QD

IV = 73,4%.

Chamam atenção os QD I e Q IV, ambos com 73,4% em suas médias;

correspondendo às piores dentre os quadrantes. Eles são municípios que apresentam os

piores desempenhos no IDEB e as piores infraestruturas da 15ª CRE. Os QD II e QD

III, com melhores desempenhos no IDEB, exibem as melhores infraestruturas escolares.

No caso do QD II (anomalia positiva), mesmo os municípios com IDHM baixo

conseguem obter sucesso.

Mesmo que a rede estadual tenha apresentado melhores resultados em

comparação com a rede municipal, salienta-se a ausência de água filtrada em todas as

escolas da rede estadual. Outro ponto negativo observado foi a variável esgoto (rede

pública), que está presente somente em 30,6% das escolas e em apenas quatro

municípios.

O recurso laboratório de ciências obteve a maior diferença (82,5%) na

comparação entre as duas redes de ensino: 77,8% das escolas estaduais possuem

laboratório de ciências e somente 13,6% das escolas municipais o tem. São

apresentados, na sequência, os resultados das análises realizadas com municípios da 20ª

Coordenadoria Estadual de Educação, nas redes municipal e estadual de ensino,

diferenciadas em quadrantes de desempenho, como já abordado nas tabelas anteriores.

88

Tabela 16 - Infraestrutura das escolas da 20ª CRE (Rede Municipal) incluídas no estudo

Quadrante I Quadrante II Quadrante III Quadrante IV

20 CRE VD AM DM AL JA SM PI CR TA PA SB FR

Municipal %

Água filtrada 0 0 100 100 100 100 100 100 0 100 100

Energia Elétrica 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Esgoto (Rede Pública) 0 0 0 0 0 0 100 0 0 0 50

Cozinha 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Sanitário 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Sala Diretoria 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 75

Equip. TV 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Equip. DVD 100 100 0 100 100 0 100 100 100 100 100

Equip. Impressora 100 100 0 0 100 100 0 100 100 100 100

Computador 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Sala Professores 100 100 100 100 100 100 0 100 33,3 100 100

Laboratório Informática 100 100 100 100 100 0 0 100 100 100 100

Equip. Copiadora 100 100 100 0 100 0 0 0 66,6 100 75

Internet 100 100 100 100 100 100 100 100 66,6 0 100

Quadra de Esportes 100 100 0 0 100 0 0 0 33,3 100 100

Biblioteca 100 100 0 0 100 0 0 0 66,6 100 100

Sala Atendimento Especial 100 100 0 100 0 0 0 100 33,3 100 75

Banheiro PNE 0 100 100 100 0 100 0 100 33,3 0 100

Dependências Especiais 0 100 0 100 0 100 100 100 33,3 100 50

Laboratório de Ciências 100 0 0 0 0 0 0 0 0 0 25

Médias 80 85 60 70 60 60 80 80 88 80 80

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Legenda: VD=Vivente Dutra; AM=Ametista; DM=Dois Irmãos das Missões; AL=Alpestre;

JA=Jaboticaba; SM=São José das Missões; PI=Pinheirinho do Vale; CR=Caiçara; TA=Taquaroçu do Sul;

PA=Palmeira das Missões; SB=Seberi; FR=Frederico Westphalen.

Ao analisar a infraestrutura da 20ª CRE, notadamente os municípios alocados

nos quadrantes de desempenho III e IV, com resultados melhores no IDHM, apresentam

as melhores infraestruturas escolares na rede municipal: QD I = 75%; QD II = 63,4%;

QD III = 80%; QD IV = 82,7%. Interpreta-se que as escolas dos municípios alocados

no QD III, privilegiadas por apresentarem IDHM e IDEB altos, também exibem a

segunda melhor infraestrutura em comparação com os demais quadrantes.

O QD IV, mesmo apresentando índice de desenvolvimento alto e a melhor

classificação da infraestrutura em comparação com os demais quadrantes, não traduz

essa vantagem em melhor performance no IDEB.

89

Outro dado relevante sinaliza que os municípios do QD I e QD II, os quais são

socioeconomicamente menos desenvolvidos, apresentam as piores médias de

infraestrutura, entretanto o QD II, mesmo tendo evidenciado a pior infraestrutura,

apresenta resultados satisfatórios no IDEB.

Destaca-se, dentre os recursos de infraestrutura da 20ª CRE, a água filtrada,

presente em 72,7% das escolas da rede municipal, dado este, muito superior aos 29,5%

da 15ª CRE e aos 32,4% da 7ª CRE. A presença de biblioteca é consideravelmente

menor entre as escolas municipais da 20ª CRE (51,5%) em comparação com as demais

CREs: 7ª CRE (98,2%) e 15ª CRE (86,4%), mostrando uma desigualdade muito grande

em um recurso indispensável para o desenvolvimento de atividades pedagógicas e de

aprendizagem.

Apenas 11,4% das escolas municipais da 20ª CRE possuem laboratório de

ciências para seus alunos, o mais baixo indicador de todas as variáveis analisadas,

seguido de 13,6% correspondente a esgoto (rede pública).

Como destaque positivo, os recursos energia elétrica, cozinha, sanitário, TV e

computador estão presentes em 100% das escolas municiais analisadas. O município de

Seberi é o único, dentre todos os 36, que não possui internet nas escolas da rede

municipal. A seguir, caracteriza-se a infraestrutura da rede estadual de ensino.

Tabela 17 - Infraestrutura das escolas da 20ª CRE (Rede Estadual) incluídas no estudo

Quadrante I Quadrante II Quadrante III Quadrante IV

20 CRE VD AM DM AL JA SM PI CR TA PA SB FR

Estadual %

Água filtrada 0 100 0 0 0 0 100 100 100 100 100 57,1

Energia Elétrica 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Esgoto (Rede Pública) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100 0 42,8

Cozinha 100 100 100 100 100 100 100 100 100 50 100 100

Sanitário 100 100 100 100 100 100 100 100 100 90 100 100

Sala Diretoria 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 85,7

Equip. TV 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Equip. DVD 100 100 100 100 100 0 100 0 100 90 100 85,7

Equip. Impressora 100 100 100 100 100 0 100 100 100 100 66,7 85,7

Computador 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Sala Professores 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 85,7

Laboratório Informática 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Equip. Copiadora 100 100 100 100 100 100 100 100 100 90 100 85,7

90

Internet 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Quadra de Esportes 100 100 100 100 0 100 0 100 100 80 100 85,7

Biblioteca 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 66,7 100

Sala Atendimento Especial 0 0 0 0 100 100 100 100 100 80 100 100

Banheiro PNE 100 100 0 100 100 100 100 100 100 60 66,7 71,4

Dependências Especiais 100 100 0 0 100 0 100 100 100 60 100 57,1

Laboratório de Ciências 100 100 100 100 100 0 0 100 100 50 66,7 42,8

Médias 85 90 75 80 85 70 85 90 95 87,5 88,3 84,3

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Legenda: VD=Vivente Dutra; AM=Ametista; DM=Dois Irmãos das Missões; AL=Alpestre;

JA=Jaboticaba; SM=São José das Missões; PI=Pinheirinho do Vale; CR=Caiçara; TA=Taquaroçu do Sul;

PA=Palmeira das Missões; SB=Seberi; FR=Frederico Westphalen.

A rede estadual da 20ª CRE evidencia melhores resultados em comparação à

rede municipal, com média final de 84,6% a 74,8%, respectivamente. Assim como na

rede municipal, as escolas estaduais dos QD III (90%) e QD IV (87%) também

apresentaram melhores resultados, confirmando que municípios com IDHM mais

elevado exibem melhores resultados de infraestrutura.

Os municípios QD I (83,4%) e QD II (78,4%) obtiveram as piores médias. O

município de São José das Missões revelou a pior infraestrutura da coordenadoria.

Ressaltam-se satisfatoriamente dois municípios. Ametista do Sul que, mesmo

apresentando um IDHM baixo, obteve uma classificação excelente em infraestrutura

(90%), porém tal desempenho não influenciou a performance do IDEB, o qual

permaneceu baixo. Taquaroçu do Sul, com infraestrutura considerada avançada, está

inserido em um quadrante ‘bom’, mostrando IDHM e IDEB altos.

Ao analisar a infraestrutura da rede municipal, identifica-se que a 7ª CRE possui

média geral mais elevada (80,2%), quando comparada com as demais coordenadorias

do estudo, 15ª (70,7%) e 20ª (74,8%), superando assim, a média geral da rede municipal

(75,2%), considerada avançada.

91

Figura 8 - Infraestrutura das escolas pertencentes a Rede Municipal de ensino incluídas

no estudo.

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Embora os resultados gerais da infraestrutura denotem uma classificação

considerada avançada, alguns pontos observados revelam-se insuficientes, como

ilustrado na Figura 8. Existem recursos de infraestrutura que estão bem abaixo da média

e merecem maior atenção do setor público: água filtrada com média geral de 44,9%,

com o pior resultado na 15ª CRE (29,5%); esgoto (rede pública)m com média geral de

33,9%, com pior resultado na 20ª CRE (13,6%); quadra de esportes, com média geral

de 48,7%, com pior resultado na 15ª CRE (31,8%); laboratório de ciências com média

geral de 19,4%, com pior resultado na 20ª CRE (11,4%).

No geral, os resultados da infraestrutura na rede estadual foram superiores aos

obtidos pela rede municipal, reforçando que, nas regiões analisadas, as escolas estaduais

tendem a ter melhor infraestrutura para o ensino e as atividades pedagógicas, como

evidenciado na Figura 9.

0,010,020,030,040,050,060,070,080,090,0

100,0

Val

ore

em

%

Variáveis da Infraestrutura

20ª CRE 15ª CRE 7ª CRE

92

Figura 9 – Infraestrutura das escolas pertencentes a Rede Estadual de ensino

incluídas no estudo

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Mesmo que tenham evidenciado números melhores no comparativo entre as

diferentes redes de ensino, alguns recursos merecem ressalva, pois ainda não estão

presentes em muitas escolas estaduais: água filtrada, com média de 46,8%, e esgoto

(rede pública), com média de 31,2%, com pior resultado para a 20ª CRE (11,9%),

seguem a mesma situação enfrentada pela rede municipal, mostrando ser este um

problema crônico nos municípios de ambas as coordenadorias. Chama especialmente a

atenção a ausência por completo de água filtrada nas escolas estaduais da 15ª CRE.

Outras duas variáveis mensuradas apresentaram médias baixas, se comparadas a

outras variáveis, são elas: sala de atendimento especial (60%) , com pior resultado para

a 15ª CRE (55,6%) e dependências especiais (61,9%), com pior resultado também para

a 15ª CRE (44,5%), revelando a falta de melhorias para o atendimento de alunos com

necessidades especiais.

0,010,020,030,040,050,060,070,080,090,0

100,0

Val

ore

s em

%

Variáveis da Infraestrutura

20ª CRE 15ª CRE 7ª CRE

93

Figura 10 – Comparativo da infraestrutura das escolas das Redes de Ensino Municipal

x Estadual

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Os resultados relativos à infraestrutura das escolas da rede estadual de ensino

seguem a tendência da rede municipal, no que tange à classificação entre as

coordenadorias analisadas (Gráfico 3). A 7ª CRE apresenta a melhor média (85,2%),

seguida da 20ª CRE (84,6%) e da 15ª CRE (80,2%), classificadas como infraestrutura

avançada.

4.3 INVESTIMENTO

Para analisar o recurso tangível investimento, foram utilizadas duas variáveis do

estudo: MDE (percentual da receita do município revertido para educação) e

investimento por habitante. O percentual médio destinado para a educação, entre os

municípios ranqueados, é de 29,3%, ou seja, em média, para cada R$ 100,00 de receita,

R$ 29,30 são destinados para a manutenção e o desenvolvimento do ensino. Quanto ao

investimento por habitante, registra-se a média de R$ 864,00 destinados para cada

habitante dos municípios.

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

20ª CRE 15ª CRE 7ª CRE

Val

ore

s em

%

Valores da Infraestrutura por Coordenadoria de Educação

Municipal Estadual

94

Tabela 18 - Manutenção e Desenvolvimento do Ensino e Investimento por Habitante

MDE e Investimento por Habitante

Coordenadoria Regional de Educação N Mínimo Máximo Média Desvio

padrão

7ª CRE

MDE % - Manutenção e

Desenvolvimento do Ensino

12 26,31 40,64 30,64 4,11342

Investimento por Habitante R$ 12 451,80 2152,10 920,62 484,96

15ª CRE

MDE % - Manutenção e

Desenvolvimento do Ensino

12 25,16 32,84 28,92 2,07552

Investimento por Habitante R$ 12 458,90 1849,00 930,88 435,60

20ª CRE

MDE % - Manutenção e

Desenvolvimento do Ensino

12 25,37 30,77 28,41 1,89285

Investimento por Habitante R$ 12 362,40 1547,30 740,49 352,22

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Comparando o investimento despendido por cada uma das coordenadorias de

educação, evidencia-se que os municípios da 7ª CRE destinam um percentual maior de

suas receitas para a educação (30,64%). Com relação ao investimento aplicado por

habitante, os municípios da 15ª CRE têm a melhor média (R$ 930,88). A 20ª CRE exibe

os piores valores nas duas variáveis selecionadas para o estudo, sendo que os municípios

destinam em média 28,41% de suas receitas para a educação e cerca de R$ 740,49 para

cada um de seus habitantes, valor 20,4% menor, quando comparado com o investimento

da 15ª CRE, o maior entre as coordenadorias.

Frederico Westphalen, situado no QD IV, com índice de desenvolvimento

humano elevado (0,760) e IDEB abaixo da média da 20ª CRE (5,6), é o município que

menos investe em educação por habitante, apenas R$ 362,45, destinando 25,37% de sua

receita para a educação. O município de Capão Bonito do Sul, situado no QD II, com

IDEB acima da média (5,8), mostra investimento de R$ 2.152,08 por habitante, o maior

entre os 36 municípios analisados, representando 31,74% de toda receita adquirida.

Comparando os quadrantes de desempenho, evidenciam-se as seguintes médias

de investimentos por habitante: QD I: R$ 991,91; QD II: R$ 1.087,12; QD III: R$

768,81; QD IV: R$ 608,18. Os resultados obtidos identificam que municípios com um

índice de desenvolvimento humano menor (QD I e QD II) registram um valor mais

95

elevado relativo a investimento por habitante, entretanto só os municípios do QD II

expõem melhores resultados no IDEB.

Com relação ao percentual das receitas municipais destinadas à educação,

observam-se os seguintes resultados: QD I (29,51%) com IDEB de 4,6; QD II (29,31%)

com IDEB de 5,9; QD III (27,99%) com IDEB de 6,3; QD IV (30,50%) com IDEB de

5,1. Verifica-se que, em média de destinação de recursos financeiros para a educação,

os municípios do QD IV, com altos IDHM, apresentam melhores resultados, entretanto

não traduzem isto em efetividade, quando considerado o desempenho no IDEB.

Destacam-se os municípios do QD II, os quais, mesmo repassando à educação

um percentual menor, conseguem obter resultados satisfatórios no IDEB. A

comprovação da inexistência de correlação com o percentual da receita municipal

destinado à educação está mais presente nos QD I (‘ruim’) e QD III (‘bom’),

correspondendo aos quadrantes com maior percentual de receita destinado à educação.

Foram aplicados testes de correlação de Pearson e regressão linear e, em ambos

os casos, não foram encontrados resultados significativos que comprovem a relação

entre maior investimento e melhores resultados no Índice de Desenvolvimento da

Educação Básica, seguindo a tendência das informações geradas anteriormente pelas

análises descritivas.

4.5 COMPLEXIDADE DA GESTÃO ESCOLAR

A complexidade da gestão escolar, medida através do indicador de complexidade

da gestão escolar – ICG, mostra em unidade escalar, seis níveis de complexidade das

escolas: nível 1 – inferior a 50 matrículas, funcionam em turno único, ofertam uma única

etapa de ensino; nível 2 – entre 50 e 300 matrículas, funcionam em dois turnos, com

oferta de até duas etapas de ensino; nível 3 – entre 50 e 500 matrículas, funcionam em

dois turnos, com oferta de duas ou três etapas de ensino; nível 4 - entre 150 e 1000

matrículas, funcionam em dois ou três turnos, com oferta de duas ou três etapas de

ensino; nível 5 - entre 150 e 1000 matrículas, funcionam em três turnos, com oferta de

duas ou três etapas; nível 6 - superior a 500 matrículas, funcionam em três turnos, com

oferta de quatro ou mais etapas de ensino.

96

Tabela 19 - Indicador Complexidade Gestão Escolar (ICG) para as escolas incluídas

neste estudo

Frequência Porcentual Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Nível 1 4 2,3 2,3 2,3

Nível 2 26 15,0 15,0 17,3

Nível 3 78 45,1 45,1 62,4

Nível 4 33 19,1 19,1 81,5

Nível 5 13 7,5 7,5 89,0

Nível 6 19 11,0 11,0 100,0

Total 173 100,0 100,0

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Todas as 173 escolas do estudo apresentaram resultados para esse indicador,

encontrando-se a maior concentração da complexidade no nível 3 (entre 50 e 500

matrículas, funcionam em dois turnos, com oferta de duas ou três etapas de ensino), com

45,1% e um total de 78 escolas nesse nível. A menor média aferida localizou-se no nível

1 (inferior a 50 matrículas, funcionam em único turno, ofertam uma única etapa de

ensino) com 2,3% das escolas alocadas.

No geral, a complexidade da gestão escolar está concentrada nos níveis médios

da escala de seis pontos, totalizando 111 escolas, com média de 3,47 e desvio padrão de

1,227. Para o nível 6, de maior complexidade da gestão escolar, foram identificadas 19

escolas, totalizando 11%.

Considerando as coordenadorias analisadas, observa-se a 7ª CRE com a maior

média de complexidade da gestão escolar (3,66), seguida da 20ª CRE (3,42) e da 15ª

CRE (3,06). A 20ª CRE expõe o maior desvio padrão (1,406) mostrando a variabilidade

dos resultados para as escolas dessa coordenadoria. Acompanhando os resultados da

infraestrutura, anteriormente expostos, a 15ª CRE exibe os menores resultados para a

complexidade da gestão escolar.

Tabela 20 - Complexidade Gestão Escolar x Quadrantes de Desempenho

Indicador Complexidade Gestão Escolar

QD I N

Válido 21

Ausente 0

Média 3,33

97

Mediana 3,00

Desvio padrão 1,390

QD II

N Válido 16

Ausente 0

Média 3,69

Mediana 3,50

Desvio padrão 1,401

QD III

N Válido 28

Ausente 0

Média 3,57

Mediana 3,00

Desvio padrão 1,069

QD IV

N Válido 108

Ausente 0

Média 3,44

Mediana 3,00

Desvio padrão 1,218

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Considerando os quadrantes de desempenho, os maiores índices de

complexidade da gestão escolar estão concentrados nos QD II e QD III, com melhores

desempenhos no IDEB. Os municípios alocados nesses dois quadrantes possuem

complexidade escolar mais elevada do que os demais, mas apresentam melhores

resultados no IDEB. O QD II, considerado o quadrante de sucesso do estudo (anomalia

positiva) exibe concentração da complexidade entre os níveis 3 e 4, com média de 3,57.

4.6 FORMAÇÃO DOCENTE

Pelas análises estatísticas descritivas, aplicadas para as variáveis relacionadas à

formação docente dos professores das redes municipal e estadual, identifica-se que

93,6% dos professores possuem formação em curso superior. Ao se analisar as etapas

de ensino, fundamental I e fundamental II, verifica-se que 90,43% dos professores do

fundamental I e 95,78% dos professores do fundamental II possuem ensino superior

completo. Quando comparados os resultados por tipo de rede de ensino, obtêm-se os

resultados expostos na Figura 11.

98

Figura 11 – Docentes com curso superior por etapa de ensino e rede escolar

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Percebe-se que a rede municipal mostra melhores resultados em ambas as etapas

de ensino, já que apresenta 92,8% de professores com ensino superior no fundamental I

e 96% no fundamental II, havendo, na rede estadual 87,9% de professores com ensino

superior no fundamental I e 95,5% no fundamental II.

Tabela 21 - Formação Docente com curso superior analisada por Coordenadoria

Resultados apresentados em %

Coordenadoria de Educação N Mínimo Máximo Média Desvio

padrão

7ª CRE

Form. Doc. Curso Sup -

Média

93 68,8 100,0 93,658 6,9713

Form. Doc. Curso Sup -

FUN I

91 42,9 100,0 90,037 12,1480

Form. Doc. Curso Sup -

FUN II

90 71,4 100,0 96,513 5,7883

N válido (de lista) 88

15ª CRE

Form. Doc. Curso Sup -

Média

35 75,0 100,0 92,640 6,7036

Form. Doc. Curso Sup -

FUN I

31 20,0 100,0 90,200 16,6604

Form. Doc. Curso Sup -

FUN II

26 70,0 100,0 92,515 7,3431

82,0

84,0

86,0

88,0

90,0

92,0

94,0

96,0

98,0

DSU MED DSU FUN I DSU FUN II

% d

e D

oce

nte

s co

m f

orm

ação

su

per

ior

Docentes com curso superior por etapa de ensino e rede escolar

Municipal Estadual

99

N válido (de lista) 22

20ª CRE

Form. Doc. Curso Sup -

Média

45 73,3 100,0 94,293 6,4415

Form. Doc. Curso Sup -

FUN I

45 44,4 100,0 91,393 12,4760

Form. Doc. Curso Sup -

FUN II

41 75,0 100,0 96,244 5,9442

N válido (de lista) 41

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

A melhor média entre as coordenadorias é a da 20ª CRE, com 94,3% dos

professores com formação em curso superior. A 15ª CRE exibe a menor média (92,6%).

Chama a atenção o grande desvio padrão (16,6604) no fundamental I na 15ª CRE,

evidenciando a grande variabilidade de professores com formação superior nos anos

iniciais.

Se comparados os municípios por seus quadrantes de desempenho, obtêm-se as

seguintes médias para a formação docente: QD I = 95,1%; QD II = 92,3%; QD III =

93,5%; QD IV = 93,6%. Nota-se que o QD II, mesmo com a menor média de professores

com formação docente, contém municípios que se destacaram nos resultados do IDEB.

Embora os QD I e QD IV tenham apresentado as melhores médias, eles são os

quadrantes de pior desempenho no IDEB.

Para analisar o indicador de adequação da formação docente – AFD, são

expostos os resultados gerais, seguidos de resultados por coordenadorias e quadrantes

de desempenho, das diferentes redes de ensino.

A adequação da formação docente é dividida em cinco grupos, em que o grupo

1 corresponde à adequação da formação ideal do professor e o grupo 5 representa

aqueles que não têm formação superior. Especificamente: grupo 1 – superior de

licenciatura (ou bacharelado com complementação pedagógica) na mesma área da

disciplina que leciona; grupo 2 – superior de bacharelado (sem complementação

pedagógica) na mesma área da disciplina que leciona; grupo 3 – superior de licenciatura

(ou bacharelado com complementação pedagógica) em área diferente daquela que

leciona; grupo 4 – docentes com formação superior não considerada nas categorias

anteriores; grupo 5 – docentes sem formação superior.

100

Tabela 22 - Adequação da formação docente

Resultados representados em %

Máximo Média Desvio padrão

Grupo 1 100,0 63,424 14,2175

Grupo 2 8,3 ,249 1,0244

Grupo 3 100,0 26,430 12,3397

Grupo 4 27,8 2,972 5,5731

Grupo 5 43,2 6,925 7,9488

N válido (de lista)

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

A maioria dos professores estão concentrados no grupo 1 (63,4%), portanto

entende-se que sua formação corresponde às exigências das disciplinas ministradas, ou

seja, eles possuem formação específica na área em que estão atuando. Evidencia-se,

entretanto, que 26,4% dos professores possuem formação diferente da aplicada em sala

de aula. A formação em licenciatura é predominante nas escolas selecionadas para este

estudo, já que somados os grupos 1 e 3 totalizam 89,8% dos professores.

Ao comparar os resultados das coordenadorias do estudo, percebe-se que a 15ª

CRE detém a melhor média (65,7%) em relação às outras duas coordenadorias no

quesito adequação da formação docente, especificamente no grupo 1, seguida pela 7ª

CRE (63,7%) e pela 20ª CRE (60,8%).

Figura 12 - Adequação da formação docente relacionado ao Grupo 1

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

101

Os professores dos municípios do QD I apresentam a maior média de adequação

da formação docente, considerando o grupo 1, o mais adequado, representado por 70,5%

dos professores. O QD II evidencia o menor percentual de professores no grupo 1

(53,2%). O quadrante QD III contém 62,9% dos professores no grupo 1 e o QD IV,

63,6%.

Verifica-se que a coordenadoria que alcança os melhores resultados no IDEB

também exibe o maior percentual de professores alocados no grupo 1 da variável

adequação da formação docente. Ao realizar a análise fazendo a abordagem por

quadrante, nota-se que as melhores médias estão presentes em quadrantes que não

obtiveram resultados satisfatórios no IDEB.

4.7 ESFORÇO DOCENTE

Para analisar o esforço docente, utilizou-se o Índice de Esforço Docente – IED,

o qual é dividido em seis níveis: nível 1 – o docente tem até 25 alunos e atua em um

único turno, escola e etapa; nível 2 – tem entre 25 e 150 alunos e atua em um único

turno, escola e etapa; nível 3 – tem entre 25 e 300 alunos e atua em um ou dois turnos

em uma única escola e etapa; nível 4 – tem entre 50 e 400 alunos e atua em dois turnos,

em uma ou duas escolas e em duas etapas; nível 5 – tem mais de 300 alunos e atua nos

três turnos, em duas ou três escolas e em duas etapas ou três etapas; nível 6 – tem mais

de 400 alunos e atua nos três turnos, em duas ou três escolas e em duas etapas ou três

etapas.

Tabela 23 - Índice de Esforço Docente – IED

Resultados em %

Máximo Média Desvio padrão

Nível 1 80,0 16,266 12,8382

Nível 2 40,0 10,687 9,8865

Nível 3 100,0 22,406 14,4377

Nível 4 100,0 39,609 16,0981

Nível 5 39,1 6,828 7,1327

Nível 6 42,9 4,205 7,0422

N válido (de lista)

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

102

Como observa-se na Tabela 23, a maioria das escolas possuem professores

alocados no nível 4 de esforço docente, o que significa que 39,6% dos professores têm

entre 50 e 400 alunos e atuam em dois turnos, em uma ou duas escolas e em duas etapas

de ensino diferentes. O segundo nível com maior média foi o nível 3: 22,4% dos

professores lecionam em um ou dois turnos em uma única escola, em apenas uma etapa

de ensino, atendendo entre 25 e 300 alunos.

O nível 6, indicador de maior esforço docente, portanto o nível que mais exige

do professor, seja em razão da carga horária, seja pela adaptação de trabalho em escolas

diferentes e etapas de ensino diferentes, contempla apenas 4,2% dos professores do

estudo. O nível 1 de esforço engloba 16,3% dos docentes, a ele pertencendo professores

que possuem, no máximo, 25 alunos; trabalham em apenas uma escola; ministram aulas

em um único turno de trabalho; atuam em disciplinas de somente uma etapa de ensino;

possuem menor carga horária; enfrentam menos diversidades no cotidiano escolar.

Tabela 24 – Índice de Esforço Docente (IED) por coordenadoria e rede de ensino

Valores apresentados em %

Coordenadoria de

Educação

Tipo da Rede Nível

Escolar

N Mínimo Máximo Média Desvio

padrão

7ª CRE

Estadual

Nível 1 42 ,0 80,0 15,512 12,9950

Nível 2 42 ,0 27,8 8,548 7,9016

Nível 3 42 ,0 62,4 19,650 14,5861

Nível 4 42 ,0 76,2 42,964 15,9158

Nível 5 42 ,0 39,1 9,395 8,0721

Nível 6 42 ,0 18,8 3,931 5,1080

N válido (de lista) 42

Municipal

Nível 1 51 ,0 60,0 16,863 12,4589

Nível 2 51 ,0 37,5 12,916 9,8788

Nível 3 51 ,0 52,2 22,202 12,1425

Nível 4 51 10,0 80,0 39,916 14,5340

Nível 5 51 ,0 20,0 4,841 4,9149

Nível 6 51 ,0 15,4 3,263 4,1134

N válido (de lista) 51

15ª CRE Estadual

Nível 1 16 ,0 66,6 16,694 20,0594

Nível 2 16 ,0 18,2 5,725 5,3384

Nível 3 16 ,0 46,2 17,181 13,7486

Nível 4 16 16,7 72,7 47,813 16,1824

103

Nível 5 16 ,0 25,0 7,369 7,4651

Nível 6 16 ,0 18,8 5,219 6,5426

N válido (de lista) 16

Municipal

Nível 1 19 ,0 40,0 22,058 10,2793

Nível 2 19 ,0 27,3 6,584 8,5353

Nível 3 19 11,8 50,0 22,768 11,3106

Nível 4 19 14,3 45,5 31,295 9,8201

Nível 5 19 ,0 25,0 4,884 6,6043

Nível 6 19 ,0 42,9 12,411 14,8736

N válido (de lista) 19

20ª CRE

Estadual

Nível 1 29 ,0 29,5 14,169 7,0170

Nível 2 29 ,0 40,0 14,066 12,2550

Nível 3 29 6,7 43,5 23,072 10,0360

Nível 4 29 12,0 61,5 38,803 13,4837

Nível 5 29 ,0 32,3 8,134 7,9727

Nível 6 29 ,0 7,7 1,755 2,7498

N válido (de lista) 29

Municipal

Nível 1 15 ,0 60,0 12,607 15,0531

Nível 2 15 ,0 33,3 13,053 11,2009

Nível 3 15 ,0 100,0 34,647 24,7422

Nível 4 15 ,0 100,0 32,507 25,3108

Nível 5 15 ,0 23,5 5,753 7,5507

Nível 6 15 ,0 6,7 1,433 2,6095

N válido (de lista) 15

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

A 15ª CRE destaca-se por apresentar as maiores médias, considerando os níveis

mais extremos da escala, nível 1 e nível 6. Esta coordenadoria revela tanto o maior

número de professores em nível de esforço elevado (9,1%) como a maior presença de

professores trabalhando com nível baixo de esforço (19,6%). A menor média de

professores no nível 6 foi encontrada na 20ª CRE, com apenas 1,6%. A 7ª CRE tem

maior concentração de professores no nível 4 de esforço docente, compreendendo

41,3% dos professores.

Considerando as duas redes de ensino para esta análise, a 7ª CRE mantém uma

forte semelhança entre as redes municipal e estadual, ambas concentrando seus

professores no nível 4 de esforço. A 20ª CRE destaca-se por evidenciar, em ambas as

redes de ensino, as menores proporções de professores em nível mais elevado de

104

esforço, mantendo a maior média de professores no nível 4, em ambas as redes de

ensino. Os resultados da 15ª CRE, em comparação com as outras coordenadorias do

estudo, evidencia a maior proporção de professores em nível mais elevado de esforço,

tanto na rede municipal (12,4%) quanto na rede estadual (5,2%).

Quando comparados os resultados desse índice, conforme os quadrantes de

desempenho, obtêm-se os seguintes dados: QD I apresenta as maiores médias nos níveis

mais altos de esforço, nível 5 (8,4%) e nível 6 (10,8%); QD II têm a menor média do

nível 6 (1,7%) e exibe a menor concentração de professores no acumulado dos dois

níveis mais altos de esforço, sua maior média fixou-se no nível 4 (50,7%); QD III, assim

como o QD II, mostra as melhores notas no IDEB, possui a maior proporção (18,7%)

de professores no nível mais baixo de esforço, seguido do QD IV, com 16% dos

professores no nível 1 e maior proporção de professores no nível 2 (12,8%),

apresentando baixa representatividade no nível mais alto de esforço, apenas 2,9%.

No geral, identifica-se que quanto maior a proporção de professores no nível

mais baixo de esforço docente, melhores são os resultados no IDEB. Tal afirmativa está

ilustrada na Tabela 22, na qual foi utilizada a análise de correlação de Pearson.

Tabela 25 – Análise de correlação entre IDEB e IED

1 2 3 4 5 6 7 8 9

1. IDEB Médio 1

2. IDEB Fundamental I ,847** 1

3. IDEB Fundamental II ,820** ,542** 1

4. IED Nível 1 ,227** ,156

-

,075 1

5. IED Nível 2 -,112 -,211* ,042 -,092 1

6. IED Nível 3 -,096 -,139 ,041 -,187* -,122 1

7. IED Nível 4 ,032 ,102 ,066 -,439** -,259** -,533** 1

8. IED Nível 5 -,109 ,105

-

,113 -,243** -,194* -,159* ,055 1

9. IED Nível 6 ,027 -,003

-

,062 -,060 -,197** -,158* -,085 -,095 1

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Pela correlação de Pearson, foram destacadas duas correlações com relevância

para o presente estudo. Uma refere-se às variáveis IDEB médio escola e nível 1 do IED,

ou seja, quanto mais professores incluídos no nível mais baixo de esforço docente,

melhores são os resultados das escolas no IDEB. Na outra, identifica-se uma correlação

negativa, considerando a variável IDEB fundamental I e nível 2 de IED, demonstrando

105

que quanto maior o resultado no IDEB dos anos iniciais do ensino fundamental, menor

é a proporção de professores nesse nível de esforço docente.

4.8 DISTORÇÃO IDADE-SÉRIE

A Taxa de Distorção Idade–Série – TDI mostra o percentual de variação de

alunos que estão inseridos em séries que não correspondem adequadamente à sua idade,

ou seja, o aluno deveria estar em uma série mais avançada, sendo esta distorção causada

por abandono ou reprovação. Pelas primeiras aproximações geradas pelos resultados,

identifica-se a alta média de distorção idade–série (18,4%) nas escolas observadas:

10,5% no fundamental I e expressivos 29,2% no fundamental II. Os resultados expressos

nas Tabelas 26, 27 e 28, mostram que esta variável responde a seguinte hipótese de

pesquisa:

H7: A distorção idade–série influencia o desempenho escolar do aluno no IDEB?

Tabela 26 – Taxa de Distorção Idade-Série (TDI) por coordenadoria de educação e

rede de ensino

Valores apresentados em %

Coordenadoria

de Educação

Tipo da Rede TDI

Escolar

N Mín Máx Média Desvio

padrão

7ª CRE

Estadual

Taxa Distorção Idade - Média 42 3,4 100,0 23,198 18,5098

Taxa Distorção - FUN I 41 ,0 100,0 14,834 20,2137

Taxa Distorção - FUN II 42 5,3 100,0 30,990 17,7974

Municipal

Taxa Distorção Idade - Média 50 3,4 36,8 18,086 7,1418

Taxa Distorção - FUN I 51 ,0 33,0 10,098 6,6674

Taxa Distorção - FUN II 48 5,8 57,1 29,683 10,2067

15ª CRE

Estadual

Taxa Distorção Idade - Média 16 1,7 39,4 15,888 11,5117

Taxa Distorção - FUN I 12 ,0 11,6 3,925 3,7676

Taxa Distorção - FUN II 14 5,4 41,2 22,600 12,1589

Municipal

Taxa Distorção Idade - Média 19 ,0 32,7 11,653 9,3335

Taxa Distorção - FUN I 19 ,0 20,7 7,047 6,4032

Taxa Distorção - FUN II 11 12,0 47,8 25,227 11,8424

20ª CRE2 Estadual Taxa Distorção Idade - Média 29 5,1 36,0 18,100 8,2662

106

Taxa Distorção - FUN I 29 ,4 22,9 10,166 6,8630

Taxa Distorção - FUN II 29 8,1 57,7 27,472 11,8282

Municipal

Taxa Distorção Idade - Média 16 ,0 27,4 18,150 9,2589

Taxa Distorção - FUN I 15 2,2 19,6 10,760 5,4016

Taxa Distorção - FUN II 12 28,8 45,7 36,875 5,8548

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Considerando as redes municipal e estadual de ensino, ambas seguem a

tendência de ter maior distorção idade–série no fundamental II, sendo 28,4% na rede

estadual e 30,2% na rede municipal. No fundamental I, a rede estadual apresenta maior

valor da taxa de distorção (11,6%) em relação à rede municipal (9,5%).

Ao realizar os comparativos por coordenadorias de educação, observa-se que a

7ª CRE exibe as maiores taxas de distorção idade–série, tanto no fundamental I (12,2%)

quanto no fundamental II (30,3%), considerando uma média geral de 20,4%. A 20ª CRE

exibe taxa média de 18,1%, também com alta taxa de distorção no fundamental II

(30,2%) e a segunda maior taxa no fundamental I (10,4%). A 15ª CRE, assim como em

outros indicadores analisados anteriormente, apresenta melhores resultados para a taxa

de distorção, sendo 23,8% no fundamental II e 5,8% no fundamental I, concluindo com

taxa média de 13,6% a menos entre as três coordenadorias.

A 20ª CRE é a única que possui a taxa de distorção da rede municipal, maior do

que na rede estadual, pois, nas demais, a maior taxa média de distorção encontra-se na

rede estadual de ensino. Esta coordenadoria detém o menor IDEB observado para o

fundamental II na rede municipal e a maior taxa de distorção (36,9%) nestas mesmas

rede e etapa de ensino. Com relação ao ensino fundamental I, destaca-se a 15ª CRE,

que mostra as menores taxas em ambas as redes de ensino: 3,9% na rede estadual e 7%

na rede municipal. Correlacionando com os melhores resultados no IDEB para o

fundamental I pela 15ª CRE, verifica-se índice de 6,5 na rede estadual e 6,4 na rede

municipal.

Tabela 27 – Resultados da análise de correlação entre TDI e IDEB

IDEB Médio

Escola

IDEB

FUN I

IDEB

FUN II

TDI -

Média

TDI FUN

I

TDI FUN II

IDEB Médio Escola 1

IDEB FUN I ,847** 1

107

IDEB FUN II ,820** ,542** 1

TDI – Média -,738** -,750** -,631** 1

TDI FUN I -,592** -,702** -,449** ,929** 1

TDI FUN II -,662** -,725** -,676** ,925** ,807** 1

**. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades).

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

A Tabela 24, a qual evidencia a correlação de Pearson entre a Taxa de Distorção

Idade–Série e o IDEB em ambas as etapas de ensino, confirma, pela correlação negativa,

significativa (P < 0,01), que quanto menores as taxas de distorções idade–série, maiores

os resultados no IDEB em ambas as etapas de ensino.

Tabela 28 – Resultado da análise de regressão entre as variáveis TDI (independente) e

IDEB (dependente)

Modelo Coeficientes não

padronizados

Coeficientes

padronizados

t Sig.

B Modelo padrão Beta

1

(Constante) 6,743 ,131

51,342 ,000

Taxa Distorção Idade-

Série

-,084 ,007 -,738 -12,534 ,000

a. Variável dependente: IDEB Médio Escola

Fonte: Elaborado pelo autor (2017)

Aplicada a regressão linear, utilizando a variável Taca Distorção Idade–Série, o

teste F da ANOVA obtida foi significativo (P < 0,01), advertindo que o modelo de

regressão ajustado foi significativo. Observa-se que o Test T foi significativo para a

variável independente do modelo e para o intercepto (Tabela 28).

Analisando a relação entre a variável INSE Valor Absoluto e a variável IDEB

Médio Escola – resultados tanto do ensino fundamental I e fundamental II do IDEB –

verifica-se que o fator socioeconômico do aluno influencia diretamente os resultados do

IDEB, reforçando aqueles apresentados nos testes descritivos e de correlação de

Pearson.

A continuidade do aluno nas séries do ensino fundamental, respeitando a

previsão da idade ideal para adquirir certos conhecimentos cognitivos, não garante

obrigatoriamente a qualidade de sua educação (CALDERANO, 2012; FILGUEIRAS,

2012; VEIGA-NETO, 2012). Com base nos resultados obtidos, neste estudo, pelas

análises estatísticas descritivas, considera-se que a distorção idade–série influencia as

avaliações externas.

108

Não havendo distorção, o aluno estabelece relações pedagógicas mais

adequadas, o que contribui tanto para melhor desenvolvimento educacional como para

melhor aproveitamento do conhecimento gerado em sala de aula, sendo isto

comprovado nas avaliações externas. (PARENTE, 2002; MESQUITA, 2012; KOGA,

2002; VEIGA-NETO, 2012).

4.9 ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA

Alfabetização na Idade Certa – ANA é um indicador criado com o objetivo de

medir o grau de conhecimento dos alunos da 3ª série do ensino fundamental, baseado

na proficiência em leitura, escrita e matemática. Ele possibilita acompanhar, de forma

intensificada, a trajetória do aluno, nos anos iniciais do fundamental, dando à escola a

possibilidade de medir o conhecimento adquirido nas proficiências analisadas e assim

identificar o grau de alfabetização dos alunos. Cada uma das proficiências abordadas –

leitura, escrita e matemática – é constituída por níveis de conhecimento, conforme

detalhado no Apêndice C.

Tabela 29 - Alfabetização na Idade-Certa (Proficiência em Leitura)

Valores apresentados em %

N Mínimo Máximo Média Desvio padrão

ANA Leitura - Nível 1 30 ,00 37,58 10,9163 9,31888

ANA Leitura - Nível 2 30 15,00 54,55 31,5070 9,38546

ANA Leitura - Nível 3 30 15,79 65,00 41,9623 11,79973

ANA Leitura - Nível 4 30 ,00 57,89 15,6763 11,74245

N válido (de lista) 30

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Pelos percentuais obtidos na proficiência de leitura, evidencia-se que a maior

parte dos alunos estão concentrados no nível 3 de proficiência (41,9%), o segundo mais

elevado da escala e 15,7% dos alunos conseguiram atingir o nível mais elevado de

proficiência em leitura. Ressalta-se que, para esta análise, seis municípios não

apresentaram informações sobre a proficiência em leitura e escrita.

109

Tabela 30 – Alfabetização na Idade-Certa (Proficiência em Escrita)

Valores apresentados em %

N Mínimo Máximo Média Desvio padrão

ANA Escrita - Nível 1 30 ,00 19,64 6,0543 5,47588

ANA Escrita - Nível 2 30 ,00 18,28 4,9840 5,58128

ANA Escrita - Nível 3 30 ,00 16,52 4,2207 4,77826

ANA Escrita - Nível 4 30 36,36 94,74 71,6547 13,71321

ANA Escrita - Nível 5 30 ,00 54,55 12,9893 11,96946

N válido (de lista) 30

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Assim como na leitura, a proficiência na escrita revela elevada variação entre os

resultados, em ambos os níveis, com o maior percentual de alunos no nível 4, com

71,6%. O nível mais baixo concentrou 6% dos alunos e o nível mais elevado, nível 5,

englobou 13% dos alunos. Com base nesses resultados, verifica-se que mais alunos

conseguiram atingir o nível de excelência na proficiência em leitura em comparação

com os índices da escrita. Entretanto, existe grande concentração de alunos nos níveis

mais baixos de proficiência na leitura, o que indica que pelo menos 42% dos alunos

demonstram dificuldades de aprendizado.

Tabela 31 – Alfabetização na Idade-Certa (Proficiência em Matemática)

Valores apresentados em %

N Mínimo Máximo Média Desvio padrão

ANA Matemática - Nível 1 29 ,00 35,29 12,8538 9,24686

ANA Matemática - Nível 2 29 5,00 61,70 27,2255 12,84735

ANA Matemática - Nível 3 29 10,00 40,00 23,7334 7,42669

ANA Matemática - Nível 4 29 8,33 80,00 36,1866 16,24589

N válido (de lista) 29

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Com relação à proficiência em matemática (Tabela 31), os municípios se

sobressaíram nos resultados, na comparação com as proficiências anteriores, já que

36,2% dos alunos conseguiram atingir o maior nível. Isto expõe maior facilidade em

atingir os resultados em matemática, do que em escrita e leitura. O segundo maior

percentual corresponde ao nível 2 (27,2%). No pior nível, a proporção de alunos chega

a 12,8%, mostrando que existem muitos estudantes que não conseguem adquirir o

110

conhecimento adequado para essa proficiência. Registra-se que sete municípios não

apresentaram resultados para a proficiência em matemática.

Tabela 32 – Alfabetização na Idade-Certa analisada por coordenadorias

Valores apresentados em %

Coordenadoria Regional de Educação N Mínimo Máximo Média Desvio padrão

7ª CRE

ANA Leitura - Nível 1 11 ,00 29,41 13,0282 8,74084

ANA Leitura - Nível 2 11 15,00 47,83 30,3491 8,82320

ANA Leitura - Nível 3 11 17,65 65,00 44,5545 12,07509

ANA Leitura - Nível 4 11 ,00 22,75 12,0673 7,19545

ANA Escrita - Nível 1 11 ,00 12,50 5,2400 4,36540

ANA Escrita - Nível 2 11 ,00 13,04 3,5800 4,41939

ANA Escrita - Nível 3 11 ,00 14,29 3,9727 4,64578

ANA Escrita - Nível 4 11 64,29 86,96 75,7682 8,06433

ANA Escrita - Nível 5 11 3,85 35,00 11,4391 8,96839

ANA Matemática - Nível 1 11 ,00 35,29 12,1891 9,03803

ANA Matemática - Nível 2 11 10,53 61,70 31,4782 15,20636

ANA Matemática - Nível 3 11 12,77 40,00 24,8473 7,94266

ANA Matemática - Nível 4 11 8,33 73,68 31,4827 17,43121

N válido (de lista) 11

15ª CRE

ANA Leitura - Nível 1 10 ,00 22,22 7,3020 8,18851

ANA Leitura - Nível 2 10 21,05 54,55 31,7720 10,62416

ANA Leitura - Nível 3 10 15,79 53,85 39,5240 11,17606

ANA Leitura - Nível 4 10 7,80 57,89 21,3880 15,09221

ANA Escrita - Nível 1 10 ,00 18,18 6,8210 5,80915

ANA Escrita - Nível 2 10 ,00 18,28 5,3090 6,89697

ANA Escrita - Nível 3 10 ,00 16,52 4,2270 5,24242

ANA Escrita - Nível 4 10 36,36 94,74 66,0790 17,18405

ANA Escrita - Nível 5 10 ,00 54,55 17,5730 15,34241

ANA Matemática - Nível 1 9 ,00 22,73 9,9822 8,03897

ANA Matemática - Nível 2 9 5,00 25,88 20,2533 6,86204

ANA Matemática - Nível 3 9 10,00 37,45 25,9133 7,90630

ANA Matemática - Nível 4 9 35,12 80,00 43,8511 13,81246

N válido (de lista) 9

20ª CRE

ANA Leitura - Nível 1 9 ,00 37,58 12,3511 10,91269

ANA Leitura - Nível 2 9 20,00 50,34 32,6278 9,57484

ANA Leitura - Nível 3 9 18,65 60,00 41,5033 12,84667

ANA Leitura - Nível 4 9 3,92 40,00 13,7411 10,76878

ANA Escrita - Nível 1 9 ,00 19,64 6,1978 6,72619

111

ANA Escrita - Nível 2 9 ,00 17,28 6,3389 5,48503

ANA Escrita - Nível 3 9 ,00 13,55 4,5167 4,96837

ANA Escrita - Nível 4 9 43,29 93,33 72,8222 14,30155

ANA Escrita - Nível 5 9 ,00 35,00 9,7911 10,62634

ANA Matemática - Nível 1 9 ,00 33,94 16,5378 10,36246

ANA Matemática - Nível 2 9 13,64 52,63 29,0000 12,58823

ANA Matemática - Nível 3 9 12,58 27,14 20,1922 5,52436

ANA Matemática - Nível 4 9 12,70 63,64 34,2711 15,89084

N válido (de lista) 9

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Ao comparar os resultados, agrupando-os por coordenadorias, percebe-se que a

7ª CRE detém os piores resultados em leitura, exibindo a menor média no nível 4

(12,1%) e a maior média no pior nível de classificação da proficiência, totalizando 13%

dos alunos. Existem, portanto, mais alunos aprendendo o mínimo necessário nas

exigências de leitura, do que atingindo a excelência na aprendizagem nesta proficiência.

A 15ª CRE detém a maior média (21,39%) no nível mais elevado de proficiência para a

leitura, bem superior às demais coordenadorias, exibindo também o menor percentual

no nível 1 (7,3%).

Na variável escrita, a 20ª CRE exibe o menor percentual de alunos no nível 5

(9,8%) e a 15ª CRE apresenta o maior percentual (17,7%) no nível mais elevado. A 7ª

CRE é a coordenadoria que revela as menores médias nos níveis mais baixos da escala

de proficiência, 5,2% no nível 1 e 3,9% no nível 2.

A 15ª CRE evidencia o melhor resultado para proficiência em Matemática dentre

as coordenadorias, concentrando 43,8% dos alunos no nível 4, mais elevado, e a menor

média no nível 1 (10%). A 20ª CRE mostra um percentual de 16,5% de alunos no pior

nível de classificação da proficiência.

A análise de correlação de Pearson, aplicada a resultados do IDEB e indicadores

da proficiência em leitura da ANA, indica que existe correlação positiva entre o nível

mais alto de proficiência e os resultados do IDEB na rede municipal, tanto na etapa do

fundamental I (0,657) quanto no fundamental II (0,756), constituindo correlações

moderada e alta, respectivamente. Entretanto, se considerada a rede estadual de ensino,

a mesma correlação não é identificada, a menos que seja analisada a etapa fundamental

II em ambas as redes de ensino (0,448) com significância em P < 0,05 (Tabela 33).

112

Tabela 33 – Análise de correlação entre resultados do IDEB e Alfabetização na Idade-

Certa (Proficiência Leitura)

Variáveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1. Média do

IDEB (FUN I +

FUN II)

1

2. IDEB FUN I -

Estadual ,749** 1

3. IDEB FUN I -

Municipal ,700** ,136 1

4. IDEB FUN II

(MUN + EST) ,869** ,477* ,642** 1

5. IDEB FUN II

– Municipal ,859** ,338 ,849** ,949** 1

6. Média IDEB

Municipal ,645** ,226 ,902** ,493* ,934** 1

7. ANA Leitura

- Nível 1 -,329 -,430 -,411 -,287 -,045 -,402 1

8. ANA Leitura

- Nível 2 ,022 ,184 -,532* -,388 -,606* -,736** ,297 1

9. ANA Leitura

- Nível 3 ,000 ,123 ,009 ,068 ,212 ,067 -,548** -,481** 1

10. ANA

Leitura - Nível 4 ,241 ,064 ,657** ,448* ,666* ,756** -,478** -,540** -,192 1

Nota: Correlação de Pearson significativa aos níveis: * p < 0,01; e ** p < 0,05.

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa (2017).

Os resultados indicam correlações negativas quando analisadas junto ao nível 2

de proficiência em leitura, identificando que, na rede municipal, quanto piores os

resultados em leitura, piores são os resultados encontrados no IDEB. A mesma

correlação não é evidenciada quando se analisa a rede estadual de ensino.

Quando se investiga a correlação na proficiência escrita, não se obtém o mesmo

resultado da proficiência em leitura, pois as únicas correlações evidenciadas são

negativas, ou seja, quanto mais alunos concentrados no nível 1 e no nível 2, pior é o

resultado no IDEB no fundamental I da rede municipal, apresentando correlação

moderada em -0,507 e pior média no IDEB municipal, com uma correlação moderada

em -0,427. Ambas as correlações são significativas em P < 0,05 (Tabela 34).

Diferente do observado nas demais proficiências, a matemática está associada

ao resultado geral do IDEB, quando analisada no nível mais alto da proficiência,

indicando correlação positiva moderada (0,592). O nível 4 em matemática mostra

correlação para resultados nas redes municipal e estadual de ensino, nas etapas I e II do

fundamental. Entretanto, a correlação alta foi observada para a rede municipal (Tabela

35).

113

Tabela 34 - Análise de correlação entre resultados do IDEB e Alfabetização na Idade-

Certa (Proficiência Escrita)

Variáveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1. Média do IDEB (FUN I

+ FUN II) 1

2. IDEB FUN I -

Municipal ,700** 1

3. IDEB FUN II -

Municipal ,859** ,849** 1

4. IDEB FUN I (MUN +

EST) ,807** ,876** ,693* 1

5. Média IDEB Municipal ,645** ,902** ,934** ,725** 1

6. ANA Escrita - Nível 1 ,027

-

,507* ,055 -,120

-

,324 1

7. ANA Escrita - Nível 2 ,078 -,413 -,354 ,033

-

,427* ,488** 1

8. ANA Escrita - Nível 3 -,174 -,194 ,231 ,001

-

,304 ,357 ,304 1

9. ANA Escrita - Nível 4 ,115 ,358 -,270 ,073 ,268

-

,562**

-

,406*

-

,370* 1

10. ANA Escrita - Nível 5 -,098 ,207 ,380 -,026 ,261 -,204

-

,364* -,296 -,534** 1

Nota: Correlação de Pearson significativa aos níveis: * p < 0,01; e ** p < 0,05.

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa (2017).

Assim como exposto nas demais proficiências, a correlação negativa apresentada

principalmente no nível 2 da proficiência matemática mostra que quanto piores os

resultados em matemática, mais baixo são os resultados do IDEB. Destaca-se também

que a maior correlação negativa observada, foi também para a rede municipal (-0,692)

considerada moderada e significativa (P < 0,01) (Tabela 35).

Após executar a análise de correlação de Pearson, selecionando as variáveis

relacionadas aos resultados do IDEB e as variáveis relativas ao indicador da

alfabetização na idade certa, identificou-se que municípios que concentram alunos nos

níveis mais altos nas proficiências leitura e matemática, tendem a obter melhores

resultados no IDEB na rede municipal de ensino, entretanto não se confirma a mesma

correlação para a rede estadual.

Os municípios que evidenciam maiores resultados dos alunos concentrados no

nível 2, tanto na proficiência escrita quanto na leitura, apresentam correlações negativas

e significativas, ou seja, tendem a obter piores resultados no IDEB na rede municipal.

114

Tabela 35 - Análise de correlação entre resultados do IDEB e Alfabetização na Idade-

Certa (Proficiência Matemática)

Variáveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1. Média do IDEB (Fun I

+ Fun II) 1

2. IDEB Fun I -

Municipal ,700** 1

3. IDEB Fun I (Mun +

Est) ,807** ,876** 1

4. Média IDEB

Municipal ,645** ,902** ,725** 1

5. IDEB Fun II (Mun +

Est) ,869** ,642** ,638** ,493* 1

6. IDEB Fun II - Estadual ,830** ,505 ,536* ,286 ,975** 1

7. ANA Matemática -

Nível 1 -,142 -,335 -,196 -,335 -,394 -,449* 1

8. ANA Matemática -

Nível 2

-

,649**

-

,594**

-

,468*

-

,692**

-

,465* -,363 ,109 1

9. ANA Matemática -

Nível 3 ,005 -,029 -,033 ,073 ,019 -,028 -,301 -,138 1

10. ANA Matemática -

Nível 4 ,592** ,675** ,498** ,713** ,556** ,513* -,518**

-

,790**

-

,176 1

Nota: Correlação de Pearson significativa aos níveis: * p < 0,01; e ** p < 0,05.

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa (2017).

Outro resultado achado corresponde à correlação positiva e significativa para o

nível 1 em escrita e leitura, mostrando que o aluno que revela baixa proficiência em

escrita tende a obter resultado também insatisfatório na proficiência em leitura.

Municípios que concentram mais alunos no nível 5 em escrita apresentam baixos

resultados de alunos com insuficiência na proficiência em leitura, concentrados no nível

1.

Ao considerar os resultados gerais do IDEB, unificando rede municipal e rede

estadual, a única proficiência que manifestou significância e correlação positiva ou

negativa foi matemática. Os municípios que exibem o maior percentual de alunos no

nível mais alto de proficiência em matemática evidenciam também melhores resultados

no IDEB. Aqueles que exibem percentual maior de alunos no segundo pior nível da

referida proficiência apresentam os piores resultados no IDEB.

115

5 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS

As análises relativas ao Índice Socioeconômico das Escolas (INSE), recurso

intangível do tipo relacional, mostram que, em geral, os alunos das escolas da rede

estadual possuem condição socioeconômica mais favorável do que aqueles da rede

municipal – rede esta com melhores resultados apenas na 15ª CRE – e

consequentemente melhores resultados no IDEB. A rede estadual, quando comparadas

as coordenadorias de educação em valores absolutos, não consegue o mesmo destaque

para os resultados obtidos no IDEB, embora a 7ª CRE tenha conseguido os melhores

resultados para esse recurso.

Quando aplicados os testes estatísticos de correlação e regressão, evidencia-se a

influência do INSE nos melhores resultados do IDEB, tanto para o fundamental I quanto

para o fundamental II, o que corrobora a qualificação individual do aluno e a redução

das desigualdades sociais por meio do desenvolvimento da qualidade da educação

(BLAU; DUNCAN, 1967; BUCHMANN; HANNUM, 2001, HANUSHEK, 2002).

A melhora na formação do aluno, evidenciada na performance educacional,

medida através de avaliações externas, fornece condição favorável à continuidade da

formação qualificada. Em um estágio posterior, ela pode, portanto, garantir melhores

condições sociais e econômicas nas regiões favorecidas pela qualidade da educação

(CÉSAR; SOARES, 2001; BUCHMANN; HANNUM, 2001; LUZ, 2006;

CALDERANO, 2012). Considerando a amostragem do presente estudo, políticas

públicas que favorecem melhores condições socioeconômicas da população afetam

diretamente o processo de aquisição de conhecimento e o desenvolvimento de

habilidades cognitivas (HANUSHEK, 2006; WÖBMANN et al., 2007), transformando-

se em subsídio para a redução das desigualdades e para o desenvolvimento regional

(MARSHALL; SWIFT; ROBERT, 1997; FERNANDES, 2007; LÖBLER, 2013).

A infraestrutura, identificada neste estudo como um recurso tangível do tipo

físico/estrutural, mostrou que as melhorias e a evolução nos investimentos em recursos

educacionais colaboram para a melhoria da infraestrutura das escolas (SÁTYRO;

SOARES, 2007). Quando analisada através dos quadrantes de desempenho, identifica-

se que os melhores resultados no IDEB estão associados a municípios com melhor

infraestrutura. Quando comparadas as coordenadorias, a 7ª CRE destaca-se como a

116

melhor infraestrutura, tendo, porém, o pior desempenho no IDEB, confirmando,

parcialmente, a hipótese da presente pesquisa para esta variável.

O estudo expõe, através de um modelo criado por Soares et al. (2013), que a

maioria das escolas têm infraestrutura entre adequada e avançada, evidenciando não ser

este um fator determinante para o (in)sucesso no desenvolvimento da educação básica,

como sugerem Garcia et al. (2015).

Em alguns casos, identifica-se o contraditório, confirmando o ponto de vista de

Hattie (2009), segundo o qual, havendo equidade nos investimentos em infraestrutura

escolar e homogeneidade entre a maioria das escolas, o diferencial do desempenho está

mais relacionado com o que acontece dentro no ambiente escolar, em que se desenvolve

o ensino.

Diferente do exposto em uma das hipóteses desta pesquisa, o investimento em

educação, recurso tangível tipificado como recurso financeiro, não mostrou

significância na relação direta com melhores resultados no IDEB, pois o valor investido

por habitante não apresentou correlação nem causa e efeito, nas análises estatísticas de

correlação e regressão.

Este indicativo se contrapõe à ideia de que quanto maior for o investimento em

educação, maior será a qualidade do ensino (WÖBMANN et al., 2007; HANUSHEK,

2006; HANUSHEK; KIMKO, 2000; HANUSHEK; RIVKIN, 1997; GUNDLACH;

WÖBMANN, 2001). Os mesmos resultados refutam as afirmações de que a falta de

recursos financeiros, principalmente nos anos finais do ensino fundamental, impacta

negativamente o desempenho escolar (ALBERNAZ; FERREIRA; FRANCO, 2002).

Mais do que o valor referente ao investimento, para obter melhores resultados

na performance educacional, é preciso alocar de forma eficaz esses recursos financeiros,

com políticas públicas igualmente eficazes (HANUSHEK; RAYMOND, 2006). Não

basta, portanto, visar apenas ao aumento do valor investido em educação, pois se não

otimizado e gerido de forma eficiente, não garante melhor desempenho escolar, como

propôs Gomes (2005), ou seja, não existe relação que comprove que maiores

investimentos educacionais resultam melhores resultados no IDEB (BARBACOVI;

CALDERANO; PEREIRA, 2013; CALDERANO, 2012; FILHO; AMARAL, 2009).

A complexidade da gestão escolar (ICG), classificada neste estudo, conforme

teoria da RBV, como recurso tangível do tipo físico/estrutural, mostrou que os

municípios alocados nos QD II e QD III, com os melhores resultados no IDEB, também

foram os que revelaram maior complexidade da gestão escolar. Entretanto, analisando

117

o contexto e o comparativo entre as coordenadorias, verifica-se que a 15ª CRE, a qual

apresentou ICG inferior em relação às demais, obteve o melhor resultado no IDEB.

Os resultados observados, através de testes de correlação e regressão, indicam

que não é possível identificar claramente a influência da complexidade da gestão escolar

em melhores resultados no IDEB. No geral, eles não podem ser atrelados ao

desempenho do aluno (LEE; SMITH, 2002). Tais resultados vão ao encontro do que

consta nos trabalhos de Neto et al. (2008), Soares Neto et al. (2013) e Santana (2015),

os quais reforçam que escolas de maior porte tendem a ter melhor infraestrutura e índices

elevados de complexidade escolar.

Tanto formação docente (AFD) quanto docente com ensino superior (DSU),

tipificadas como recursos intangíveis do tipo humano, não apresentaram dados que

confirmem sua influência nos resultados do IDEB, ou seja, a simples formação em nível

superior dos professores do ensino fundamental não garante melhores resultados no

IDEB. Isso se comprova nos resultados mostrados por coordenadoria de educação, pois

a 15ª CRE, mesmo com o menor percentual de professores com nível superior, obteve

o melhor resultado geral no IDEB.

Os resultados vistos através dos quadrantes de desempenho revelam que QD II

e QD III, ambos com melhores resultados no IDEB, comportam o menor percentual de

professores com o ensino superior completo. A adequação da formação docente

apresenta maior concentração de professores com a formação ideal para a disciplina

ministrada em sala de aula (63,4%). Quando analisados através dos quadrantes de

desempenho, novamente QD II e QD III, mesmo com percentuais inferiores aos demais

quadrantes, exibem melhores resultados no IDEB. Os resultados deste estudo refutam,

portanto, que a formação docente corresponda a uma condicionante relevante na

construção dos resultados no IDEB (TARDIF, 2010; SAVIANI, 2009).

A variável de estudo esforço docente (IED), tipificada como recursos intangíveis

do tipo humano, mostra que não se pode afirmar que quanto maior o esforço docente,

pior será o desempenho dos alunos no IDEB. Isto ficou claro quando comparadas

coordenadorias e quadrantes de desempenho. Entretanto, evidenciou-se,

excepcionalmente, que quanto maior o percentual de professores no nível mais baixo de

esforço, ou seja, com menos alunos e atuando somente em um turno e em uma escola,

há tendência para a obtenção de resultados mais elevados no IDEB.

Os resultados obtidos para a variável esforço docente confrontam alguns estudos

como os de Calderano (2012), Waiselfisz (2010) e Alves e Soares (2013), os quais dizem

118

que a carga de trabalho do professor, atuando em mais de uma escola, com muitos

alunos, tende a prejudicar o ensino dos alunos e afetar diretamente os resultados do

IDEB, o que não se evidenciou nesse estudo.

Os resultados apresentados para o recurso intangível do tipo relacional,

denominado distorção idade–série (TDI) comprovam, através de análises descritivas, de

correlação e regressão linear, que a interrupção da continuidade do aprendizado do aluno

interfere negativamente nos resultados referentes ao índice de desenvolvimento da

educação básica. Evidenciou-se, no presente estudo, que se a distorção, ocasionada pelo

abandono – privando o aluno de manter interação com ambiente escolar – ou por

reprovação – gerando transtornos de adaptação, de ordem psicológica e de

acompanhamento de raciocínio – é fator condicionante na queda de rendimento escolar

(TADA; SÁPIA; LIMA, 2010).

Entende-se que um ambiente de exclusão, independentemente do motivo,

ocasiona ao aluno sérias implicações em seu desempenho cognitivo, interferindo na

aquisição de conhecimento e no desempenho nas avaliações pedagógicas (PARENTE,

2002). A descontinuidade causa perda das relações e dos laços afetivos construídos no

ambiente escolar, afetando a construção e a apropriação do espaço de vivência do aluno

(VEIGA-NETO, 2012; KOGA, 2003; MESQUITA, 2012).

Para o recurso intangível do tipo relacional, alfabetização na idade certa (ANA),

os resultados evidenciam que a proficiência dos alunos em leitura, escrita e matemática,

avaliada na 3ª série do ensino fundamental, influencia os resultados do IDEB em escolas

da rede municipal. Na rede estadual, identifica-se apenas correlação para a proficiência

em matemática no fundamental II (Apêncide D), seguindo a tendência da rede

municipal, correspondendo à proficiência de maior impacto no IDEB.

Os resultados vão ao encontro dos estudos de Vernier, Bagolin e Jacinto (2015)

os quais argumentam que escolas e municípios que apresentam melhor proficiência em

matemática exibem melhor desempenho, com influência direta nos resultados do IDEB.

A ANA constitui uma das condicionantes de desempenho no IDEB, comprovando que

se trata de um diagnóstico antecipado da tendência deste resultado (LIMA; PEQUENO;

MELO, 2008). Ela possibilita melhor direcionamento e orientação de políticas públicas

e monitoramento amplo de variáveis que condicionam o desempenho educacional

(FILGUEIRAS, 2012, CALDERANO, 2012; MORAIS, 2012; CASTRO, 2009).

Os dados sobre a não alfabetização na idade certa confirmaram a argumentação

de Franco (2008): alunos que não conseguem atingir um nível adequado de alfabetização

119

tendem a manifestar, posteriormente, problemas em seu desenvolvimento educacional,

o que impacta significativamente a qualidade do ensino. As deficiências de aquisição de

conhecimento tendem a ser continuadas nas séries subsequentes. O presente estudo

comprova que o indicador alfabetização na idade certa antecipa resultados

(in)satisfatórios no desempenho educacional do aluno, tendo sido evidenciado

principalmente na rede municipal de ensino.

No Quadro 6, sintetizam-se os resultados das hipóteses.

Quadro 5 - Hipóteses e resultados da pesquisa

Hipótese de Pesquisa Recurso Resultado

H1: A condição socioeconômica do aluno influencia o

desempenho escolar do aluno.

Relacional Confirmada

H2: Os investimentos em educação influenciam o

desempenho escolar dos alunos. Financeiro Não confirmada

H3: O esforço docente influencia o desempenho

educacional do aluno no IDEB. Humano

Confirmada

parcialmente

H4: A formação docente influencia o desempenho

educacional do aluno no IDEB. Humano Não confirmada

H5: A infraestrutura da escola influencia o desempenho

educacional do aluno no IDEB. Físico/Estrutural

Confirmada

parcialmente

H6: A complexidade da gestão escolar, influencia o

desempenho educacional do aluno no IDEB. Físico/Estrutural

Confirmada

parcialmente

H7: A distorção Idade-série influencia o desempenho

escolar do aluno no IDEB. Relacional Confirmada

H8: O resultado na avaliação da alfabetização influencia

o desempenho escolar do aluno no IDEB. Relacional

Confirmada

parcialmente

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Identifica-se, com base nos resultados correspondentes às hipóteses de pesquisa,

que duas foram confirmadas, quatro confirmadas parcialmente e duas refutadas,

mostrando que a maioria dos recursos educacionais utilizados, neste estudo, como

possíveis condicionantes da performance educacional, influenciam o desempenho

educacional do aluno.

Duas hipóteses chamaram a atenção por não terem sido confirmadas no presente

estudo: as variáveis investimento por habitante e margem da receita destinada à

educação – recursos financeiros – e a variável adequação da formação docente – recurso

humano – não influenciam diretamente os resultados do índice de desenvolvimento da

educação básica, contrariando, em certa medida, alguns estudos relacionados ao tema.

120

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo visou identificar os recursos educacionais que corroboram a

explicação da performance, no ensino fundamental, de escolas públicas, em diferentes

coordenadorias de educação do norte do estado do Rio Grande do Sul. Os indicadores

foram tipificados em recursos tangíveis (físicos/estruturais ou financeiros) e intangíveis

(humanos ou relacional), conforme a visão baseada em recurso – RBV, com o intuito de

elencar quais recursos educacionais condicionam os melhores resultados no índice de

desenvolvimento da educação básica – IDEB.

Os resultados empíricos da pesquisa, aplicados a cada um dos recursos

educacionais escolhidos para o estudo e transformados em hipóteses de pesquisa,

proporcionam interpretações variadas sobre as condicionantes da performance

educacional. Eles mostram que as análises específicas e regionalizadas possibilitam

maior aproximação com o contexto escolar, evidenciando discrepâncias e diferenças

entre regiões fronteiriças.

Pelo mapeamento da performance educacional, identificam-se quais variáveis

podem interferir positiva e negativamente no desempenho dos alunos e, portanto, nos

resultados de escolas e municípios. Analisar os recursos educacionais, como forma de

medir o desempenho de instituições de ensino, fomenta a concepção de que melhores

alinhamento e desenvolvimento dos recursos internos proporcionam melhor

desempenho, levando as instituições a se sobressaírem, gerando ganhos futuros

(BARNEY, 2001; WERNERFELT, 1984; PETERAF, 1993; ARMSTRONG et al.,

1991; HESTERLY, 2011).

O presente estudo evidencia a importância da identificação dos tipos de recurso

presentes nas instituições (HALL, 1982; GRANT, 1991), para que se possa mensurar o

quanto eles impactam os resultados das organizações e discernir pontos fortes e fracos

relacionados às condicionantes de desempenho (LAIMER; LAIMER, 2009; PAVÃO;

SEHNEM; HOFFMANN, 2011; KRETZER; MENEZES, 2006).

As análises dos dados e a posterior discussão dos resultados permitiram elencar

os recursos de maior influência sobre o IDEB, ou seja, os recursos que condicionam a

melhor aprendizagem e proporcionam uma trajetória de sucesso tanto para o aluno,

devido à sua melhor formação, quanto para escolas e municípios, em um efeito cascata.

121

Analisar os recursos educacionais com o aporte teórico da visão baseada em

recurso possibilitou a interação de duas áreas ainda não mescladas – RBV e indicadores

educacionais relacionados ao ensino fundamental – proporcionando uma visão de

desempenho e de resultados baseada na performance dos recursos educacionais

presentes em escolas e municípios.

Identificou-se que recursos intangíveis tendem a influenciar mais os resultados

do IDEB do que recursos tangíveis. Com relação aos recursos educacionais tangíveis,

nenhuma das três hipóteses de pesquisa foi confirmada totalmente, no entanto

encontraram-se resultados interessantes sobre infraestrutura e complexidade da gestão

escolar. A hipótese H2 a qual trata sobre recursos financeiros, também tangível, não

apresentou relação de causa e efeito, impossibilitando fazer a ligação entre melhores

resultados e maiores investimentos na educação.

As duas hipóteses confirmadas (H1 e H7) são indicadores tipificados em

recursos intangíveis e, neste estudo, como recursos relacionais, ou seja, recursos

externos à organização ou sobre cujos resultados ela não tem o total controle: indicador

socioeconômico e distorção idade–série. Notadamente existem outros fatores que

interferem no aprendizado e na performance educacional do aluno, os quais não estão

presentes na formação do IDEB.

A identificação dos recursos que influenciam o melhor desempenho da

organização permite direcionar esforços para a maximização de potencialidades, que

condicionem o desempenho satisfatório, aumentando a perspectiva de melhores

resultados (BARNEY, 2001; WERNERFELT, 1984; GRANT, 1991). Se escolas e

municípios, conseguirem identificar seus recursos, elencando seus pontos fortes e

fracos, será possível estruturar políticas públicas que permeiem melhores resultados

educacionais.

Analisar o índice de desenvolvimento da educação básica isoladamente pode não

representar, com fidelidade, os reais problemas enfrentados no ambiente escolar, os

quais podem determinar os resultados (BARBACOVI; CALDERANO; PEREIRA,

2013; CALDERANO, 2012; FILHO; AMARAL, 2009; CÉSAR; SOARES, 2001;

BUCHMANN; HANNUM, 2001; LUZ, 2006; CALDERANO, 2012; BLAU;

BUCHMANN; HANNUM, 2001, HANUSHEK, 2002; HANUSHEK, 2006).

Entre os objetivos do estudo atendidos com êxito, ressalta-se um: criar um

mecanismo de ranqueamento que possibilite identificar municípios que apresentam

maior discrepância entre a condição socioeconômica e os resultados da avaliação

122

externa do desempenho da educação básica. Sua dimensão foi até ultrapassada, pois

houve a construção de quadrantes de desempenho através da intersecção de dois

indicadores municipais: IDHM e IDEB.

Os quadrantes funcionaram como parâmetros de alocação, comparação e

identificação das causas das discrepâncias entre municípios, contribuindo para elencar

os casos de sucesso e insucesso na performance educacional.

6.1 IMPLICAÇÕES TEÓRICAS E GERENCIAIS

As implicações teóricas deste estudo indicam primeiro a possibilidade de se

abordar a teoria da visão baseada em recurso, observando variáveis tipificadas como

recursos educacionais, tangíveis e intangíveis, ampliando a multidisciplinaridade da

RBV. Analisar o desempenho escolar com base nos recursos educacionais existentes,

tanto em escolas quanto em municípios propiciou visualizar a temática sob outra ótica.

Estender a abordagem do desempenho da educação para além dos resultados

restritos do IDEB, buscando respostas em outros indicadores educacionais que

influenciam diretamente o contexto escolar, possibilitou explorar as dimensões criadas

pelo INEP (2015), o qual separou os indicadores em trajetória, contexto e aprendizagem.

A contribuição desta investigação revela-se na união de indicadores de desempenho e

de qualidade de ensino em um único estudo, usando a lente da RBV e explicando as

condicionantes que influenciam os resultados do IDEB.

Outro ganho teórico advém da possibilidade de replicar, em outros municípios,

escolas, coordenadorias de educação, o modelo de ranqueamento utilizado e,

consequentemente, os quadrantes de desempenho e até mesmo, utilizá-lo em outros

tipos de relação, em estudos voltados a analisar influenciadores de desempenho.

Destaca-se que o presente estudo proporcionou inúmeras aproximações

referentes às características do contexto escolar em uma mesorregião do Estado do Rio

Grande do Sul, gerando insights para o fomento e o direcionamento de políticas

públicas, voltadas ao aumento da qualidade no ensino e à obtenção de melhores

resultados educacionais. Atores públicos poderão utilizar os achados desta investigação

para aprofundar o entendimento dos resultados de escolas e municípios abordados neste

estudo, assim como implantar análises em outras unidades de pesquisa não alcançadas

aqui.

123

Os resultados do presente estudo poderão servir como subsídio para o

Observatório da Educação Norte Gaúcho (OENG), produto do recém criado Arranjo da

Educação Norte Gaúcho (2017), o qual abrange alguns dos municípios integrantes das

coordenadorias regionais de educação selecionadas para esta pesquisa.

6.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES DE ESTUDOS FUTUROS

A falta de estudos que utilizem os indicadores selecionados para esta pesquisa,

como influenciadores da performance educacional, e mesmo de um modelo de

tipificação de recursos específicos para a educação básica brasileira tornou-se

desafiador na escolha de uma teoria que pudesse dar o aporte requerido e ótica

necessária para o desenvolvimento da investigação.

Foi identificada como uma das limitações da pesquisa a distorção dos dados dos

indicadores fornecidos em diferentes bases e estudos, pois foi necessário direcionar a

coleta dos dados exclusivamente para as bases oficiais do governo, ignorando-se

informações cedidas diretamente pelos municípios. Para acesso aos dados, utilizaram-

se, portanto, unicamente as bases e as plataformas do INEP. A fata de informação sobre

algumas escolas e municípios provocaram exclusões no estudo ou, em algumas

variáveis, uma amostra menor do que ao total de unidades de estudo.

Os achados proporcionaram um olhar muito promissor para novas pesquisas e

mesmo para a continuidade do atual estudo, com a ampliação da amostra de

coordenadorias. Denota-se a expectativa de usar o modelo proposto de quadrantes de

desempenho em outra perspectiva de pesquisa, assim como aguardam-se novos

resultados tanto de indicadores, quanto do próprio IDEB, para que, por meio de um novo

corte transversal, sejam revelados avanços ou retrocessos dos resultados apresentados

pelo presente estudo.

124

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133

134

APÊNDICE A – Codificação banco de dados Municípios

Quadro 6 – Codificação banco de dados Municípios

VARIÁVEL UNIDADE DESCRIÇÃO

COD_MUNICIPIO NUMÉRICO CÓD MUNICÍPIO

MUNICIPIO TEXTO MUNICÍPIO

CRE NÚMERO (7, 15, 20) COORDENADORIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO

QUADRANTE NUMÉRICO (1, 2, 3,

4) QUADRANTE DE DESEMPENHO

IDHM NÚMERO DE 0 A 1 ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

MUNICIPAL

IDEB_F1 NÚMERO IDEB FUN I

IDEB_F2 NÚMERO IDEB FUN II

MED_IDEB NÚMERO MÉDIA DO IDEB (FUN I + FUN I)

IDEB_EF1 NÚMERO IDEB FUN I - ESTADUAL

IDEB_EF2 NÚMERO IDEB FUN II - ESTADUAL

MED_ESTADUAL NÚMERO MÉDIA IDEB ESTADUAL

IDEB_MF1 NÚMERO IDEB FUN I - MUNICIPAL

IDEB_MF2 NÚMERO IDEB FUN II - MUNICIPAL

MED_MUNICIPAL NÚMERO MÉDIA IDEB MUNICIPAL

POPULACAO NÚMERO POPULAÇÃO (CENSO 2010)

IDESE NÚMERO DE 0 A 1 IDESE EDUCAÇÃO (2013) - ÌNDICE DE

DESENVOLVIMENTO SÓCIOECONÔMICO/RS

IFDM NÚMERO DE 0 A 1

IFDM EDUCAÇÃO (2013) - ÍNDICE FIRJAN DE

DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL (IFDM).

AVALIA A OFERTA DE EDUCAÇÃO INFANTIL E,

PRINCIPALMENTE, A QUALIDADE DA

EDUCAÇÃO PRESTADA NO ENSINO

FUNDAMENTAL, EM ESCOLAS PÚBLICAS E

PRIVADAS.

MDE2015 % MDE (2015) % - MANUTENÇÃO E

DESENVOLVIMENTO DO ENSINO

INVEST_HABITANTE NÚMERO INVESTIMENTO POR HABITANTE - EDUCAÇÃO

MAT_F1_E NÚMERO MATRÍCULAS FUN I - ESTADUAL

MAT_F2_E NÚMERO MATRÍCULAS FUN II - ESTADUAL

MAT_TOTAL_E NÚMERO MATRÍCULAS TOTAIS - ESTADUAL

MAT_F1_M NÚMERO MATRÍCULAS FUN I - MUNICIPAL

MAT_F2_M NÚMERO MATRÍCULAS FUN II - MUNICIPAL

MAT_TOTAL_M NÚMERO MATRÍCULAS TOTAIS - MUNICIPAL

TOTAL_F1 NÚMERO TOTAL DE MATRÍCULAS FUN I

TOTAL_F2 NÚMERO TOTAL DE MATRÍCULAS FUN II

TOTAL_GERAL NÚMERO TOTAL GERAL DE MATRÍCULAS

POR_F1 NÚMERO PROFICIÊNCIA EM PORTUGUÊS - FUN I (ANOS

INICIAIS)

135

MATEM_F1 NÚMERO PROFICIÊNCIA EM MATEMÁTICA - FUN I (ANOS

INICIAIS)

POR_F2 NÚMERO PROFICIÊNCIA EM PORTUGUÊS - FUN II (ANOS

FINAIS)

MATEM_F2 NÚMERO PROFICIÊNCIA EM MATEMÁTICA - FUN II

(ANOS FINAIS)

PF1_NÍVEL0 % PROFICIENCIA EM PORTUGUÊS -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 0

PF1_NÍVEL1 % PROFICIENCIA EM PORTUGUÊS -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 1

PF1_NÍVEL2 % PROFICIENCIA EM PORTUGUÊS -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 2

PF1_NÍVEL3 % PROFICIENCIA EM PORTUGUÊS -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 3

PF1_NÍVEL4 % PROFICIENCIA EM PORTUGUÊS -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 4

PF1_NÍVEL5 % PROFICIENCIA EM PORTUGUÊS -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 5

PF1_NÍVEL6 % PROFICIENCIA EM PORTUGUÊS -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 6

PF1_NÍVEL7 % PROFICIENCIA EM PORTUGUÊS -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 7

PF1_NÍVEL8 % PROFICIENCIA EM PORTUGUÊS -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 8

PF1_NÍVEL9 % PROFICIENCIA EM PORTUGUÊS -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 9

MF1_NÍVEL0 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 0

MF1_NÍVEL1 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 1

MF1_NÍVEL2 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 2

MF1_NÍVEL3 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 3

MF1_NÍVEL4 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 4

MF1_NÍVEL5 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 5

MF1_NÍVEL6 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 6

MF1_NÍVEL7 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 7

MF1_NÍVEL8 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 8

MF1_NÍVEL9 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 9

MF1_NÍVEL10 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 1_NÍVEL 10

136

PF2_NÍVEL0 % PROFICIENCIA EM PORTUGUÊS -

FUNDAMENTAL 2_NÍVEL 0

PF2_NÍVEL1 % PROFICIENCIA EM PORTUGUÊS -

FUNDAMENTAL 2_NÍVEL 1

PF2_NÍVEL2 % PROFICIENCIA EM PORTUGUÊS -

FUNDAMENTAL 2_NÍVEL 2

PF2_NÍVEL3 % PROFICIENCIA EM PORTUGUÊS -

FUNDAMENTAL 2_NÍVEL 3

PF2_NÍVEL4 % PROFICIENCIA EM PORTUGUÊS -

FUNDAMENTAL 2_NÍVEL 4

PF2_NÍVEL5 % PROFICIENCIA EM PORTUGUÊS -

FUNDAMENTAL 2_NÍVEL 5

PF2_NÍVEL6 % PROFICIENCIA EM PORTUGUÊS -

FUNDAMENTAL 2_NÍVEL 6

PF2_NÍVEL7 % PROFICIENCIA EM PORTUGUÊS -

FUNDAMENTAL 2_NÍVEL 7

PF2_NÍVEL8 % PROFICIENCIA EM PORTUGUÊS -

FUNDAMENTAL 2_NÍVEL 8

MF2_NÍVEL0 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 2_NÍVEL 0

MF2_NÍVEL1 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 2_NÍVEL 1

MF2_NÍVEL2 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 2_NÍVEL 2

MF2_NÍVEL3 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 2_NÍVEL 3

MF2_NÍVEL4 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 2_NÍVEL 4

MF2_NÍVEL5 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 2_NÍVEL 5

MF2_NÍVEL6 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 2_NÍVEL 6

MF2_NÍVEL7 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 2_NÍVEL 7

MF2_NÍVEL8 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 2_NÍVEL 8

MF2_NÍVEL9 % PROFICIENCIA EM MATEMÁTICA -

FUNDAMENTAL 2_NÍVEL 9

Fonte: Elaborado pelo autor.

137

APÊNDICE B – Codificação banco de dados Escolas

Quadro 7 – Codificação banco de dados Escolas

VARIÁVEIS UNIDADE DESCRIÇÃO

CASO NUMERICO INDICADOR DO CASO (ESCOLA)

CO_ENTIDADE NUMERICO CÓDIGO DA ESCOLA

NO_ENTIDADE TEXTO NOME DA ESCOLA

CO_ORGAO_REGIONAL NUMERICO

(7,15,20)

CÓDIGO DA COORDENADORIA

REGIONAL DE EDUCAÇÃO

QUADRANTES NUMERICO (1,2,3,4) QUADRANTES DE DESEMPENHO

CO_MICRORREGIAO NUMERICO CÓDIGO DA MICRORREGIÃO DO

ESTADO RS

CO_MUNICIPIO NUMERICO CÓDIGO DO MUNICÍPIO

MUNICIPIO TEXTO NOME DO MUNICÍPIO

IDEB_MED NUMERICO VALOR MÉDIO DO IDEB = MÉDIA

DO FUN I + FUN II

IDEB_F1 NUMERICO VALOR DO IDEB NO ENSINO

FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS

IDEB_F2 NUMERICO VALOR DO IDEB NO ENSINO

FUNDAMENTAL ANOS FINAIS

IDEB_F1_ATI NUMERICO (0 OU 1)

1 = SIM (ATINGIU A META); 0 =

NÃO (NÃO ATINGIU A META) NO

FUNDAMENTAL I (ANOS

INICIAIS)

IDEB_F2_ATI NUMERICO (0 OU 1)

1 = SIM (ATINGIU A META); 0 =

NÃO (NÃO ATINGIU A META) NO

FUNDAMENTAL II (ANOS

FINAIS)

INSE_QNT_ALU NUMERICO

QUANTIDADE DE ALUNOS QUE

PARTICIPARAM DO INDICADOR

DE NÍVEL SOCIOECONOMICO

POR ESCOLA

INSE_VALOR NUMERICO VALOR ABSOLUTO DO INSE

INSE_CLASS ESCALA (1 A 7)

1=MUITO BAIXO; 2=BAIXO;

3=MÉDIO BAIXO; 4=MÉDIO;

5=MÉDIO ALTO; 6=ALTO;

7=MUITO ALTO

TDI_MED % MÉDIA DA TAXA DE DISTORÇÃO

IDADE/SÉRIE

TDI_F1 %

TAXA DE DISTORÇÃO

IDADE/SERIE - FUNDAMENTAL I

(ANOS INICIAIS)

TDI_F2 %

TAXA DE DISTORÇÃO

IDADE/SERIE - FUNDAMENTAL II

(ANOS FINAIS)

TR_AP_MED % TAXA DE RENDIMENTO -

APROVAÇÃO - MÉDIA

TR_AP_F1 %

TAXA DE RENDIMENTO -

APROVAÇÃO - FUNDAMENTAL I

(ANOS INICIAIS)

138

TR_AP_F2 %

TAXA DE RENDIMENTO -

APROVAÇÃO - FUNDAMENTAL II

(ANOS FINAIS)

TR_RE_MED % TAXA DE RENDIMENTO -

REPROVAÇÃO - MÉDIA

TR_RE_F1 %

TAXA DE RENDIMENTO -

REPROVAÇÃO - FUNDAMENTAL

I (ANOS INICIAIS)

TR_RE_F2 %

TAXA DE RENDIMENTO -

REPROVAÇÃO - FUNDAMENTAL

II (ANOS FINAIS)

TR_AB_MED % TAXA DE RENDIMENTO -

ABANDONO - MÉDIA

TR_AB_F1 %

TAXA DE RENDIMENTO -

ABANDONO - FUNDAMENTAL I

(ANOS INICIAIS)

TR_AB_F2 %

TAXA DE RENDIMENTO -

ABANDONO - FUNDAMENTAL II

(ANOS FINAIS)

DSU_MED % FORMAÇÃO DOCENTE CURSO

SUPERIOR - MÉDIA

DSU_F1 %

FORMAÇÃO DOCENTE CURSO

SUPERIOR - FUNDAMENTAL I

(ANOS INICIAIS)

DSU_F2 %

FORMAÇÃO DOCENTE CURSO

SUPERIOR - FUNDAMENTAL II

(ANOS FINAIS)

ATU_MED % ALUNO POR TURMA - MÉDIA

ATU_F1 %

ALUNO POR TURMA -

FUNDAMENTAL I (ANOS

INICIAIS)

ATU_F2 %

ALUNO POR TURMA -

FUNDAMENTAL II (ANOS

FINAIS)

ICG ESCALA (1 A 6)

Nível 1 - Inferior a 50 matrículas,

funcionam em único turno, ofertam

uma única etapa de ensino; Nível 2 -

Entre 50 e 300 matrículas, funcionam

em 2 turnos, com oferta de até 2

etapas de ensino; Nível 3 - Entre 50 e

500 matrículas, funcionam em 2

turnos, com oferta de 2 ou 3 etapas de

ensino; Nível 4 - Entre 150 e 1000

matrículas, funcionam em 2 ou 3

turnos, com oferta de 2 ou 3 etapas de

ensino; Nível 5 - Entre 150 e 1000

matrículas, funcionam em 3 turnos,

com oferta de 2 ou 3 etapas; Nível 6 -

Superior a 500 matrículas, funcionam

em 3 turnos, com oferta de 4 ou mais

etapas de ensino

IED_N1 % Até 25 alunos e atua em um único

turno, escola e etapa

139

IED_N2 % Tem entre 25 e 150 alunos e atua em

um único turno, escola e etapa

IED_N3 %

Tem entre 25 e 300 alunos e atua em

um ou dois turnos em uma única

escola e etapa

IED_N4 %

Tem entre 50 e 400 alunos e atua em

dois turnos, em uma ou duas escolas e

em duas etapas

IED_N5 %

Tem mais de 300 alunos e atua nos

três turnos, em duas ou três escolas e

em duas etapas ou três etapas

IED_N6 %

Tem mais de 400 alunos e atua nos

três turnos, em duas ou três escolas e

em duas etapas ou três etapas

AFD_G1 %

Superior de licenciatura (ou

bacharelado com complementação

pedagógica) na mesma área da

disciplina que leciona

AFD_G2 %

Superior de bacharelado (sem

complementação pedagógica) na

mesma área da disciplina que leciona

AFD_G3 %

Superior de licenciatura (ou

bacharelado com complementação

pedagógica) em área diferente daquela

que leciona

AFD_G4 % Docentes com formação superior não

considerada nas categorias anteriores

AFD_G5 % Docentes sem formação superior

TP_DEPENDENCIA NUMERICO (2 OU 3) Tipo da Rede Escolar

(2=ESTADUAL; 3=MUNICIPAL)

TP_OCUPACAO_PREDIO_ESCOLAR ESCALA

Forma de Ocupação do Prédio Escolar

(1=PROPRIO; 2=ALUGADO;

3=CEDIDO)

IN_AGUA_FILTRADA NUMERICO (1 OU 0) ESCOLA POSSUI AGUA

FILTRADA (1=SIM; 0=NÃO)

IN_ENERGIA_REDE_PUBLICA NUMERICO (1 OU 0) ESCOLA POSSUI ENERGIA

ELÉTRICA (1=SIM; 0=NÃO)

IN_ESGOTO_REDE_PUBLICA NUMERICO (1 OU 0) ESCOLA POSSUI ESGOTO (1=SIM;

0=NÃO)

IN_SALA_DIRETORIA NUMERICO (1 OU 0) ESCOLA POSSUI SALA DA

DIREÇÃO (1=SIM; 0=NÃO)

IN_SALA_PROFESSOR NUMERICO (1 OU 0) ESCOLA POSSUI SALA DOS

PROFESSORES (1=SIM; 0=NÃO)

IN_LABORATORIO_INFORMATICA NUMERICO (1 OU 0)

ESCOLA POSSUI LABORATÓRIO

DE INFORMÁTICA (1=SIM;

0=NÃO)

IN_LABORATORIO_CIENCIAS NUMERICO (1 OU 0) ESCOLA POSSUI LABORATÓRIO

DE CIÊNCIAS (1=SIM; 0=NÃO)

140

IN_QUADRA_ESPORTES NUMERICO (1 OU 0) ESCOLA POSSUI QUADRA DE

ESPORTES (1=SIM; 0=NÃO)

IN_COZINHA NUMERICO (1 OU 0) ESCOLA POSSUI COZINHA

(1=SIM; 0=NÃO)

IN_BIBLIOTECA NUMERICO (1 OU 0) ESCOLA POSSUI BIBLIOTECA

(1=SIM; 0=NÃO)

IN_BANHEIRO_DENTRO_PREDIO NUMERICO (1 OU 0)

ESCOLA POSSUI BANHEIRO

DENTRO DO PRÉDIO (1=SIM;

0=NÃO)

NU_SALAS_EXISTENTES NUMERICO NÚMERO DE SALAS DE AULAS

NU_SALAS_UTILIZADAS NUMERICO NÚMERO DE SALAS DE AULAS

UTILIZADAS

IN_EQUIP_TV NUMERICO (1 OU 0) ESCOLA POSSUI TV (1=SIM;

0=NÃO)

IN_EQUIP_DVD NUMERICO (1 OU 0) ESCOLA POSSUI DVD (1=SIM;

0=NÃO)

IN_EQUIP_COPIADORA NUMERICO (1 OU 0) ESCOLA POSSUI COPIADORA

(1=SIM; 0=NÃO)

IN_EQUIP_IMPRESSORA NUMERICO (1 OU 0) ESCOLA POSSUI IMPRESSORA

(1=SIM; 0=NÃO)

IN_COMPUTADOR NUMERICO (1 OU 0) ESCOLA POSSUI COMPUTADOR

(1=SIM; 0=NÃO)

NU_COMPUTADOR NUMERICO NÚMERO DE COMPUTADORES

NU_COMP_ADMINISTRATIVO NUMERICO MÚMERO DE COMPUTADORES

ADMINISTRATIVOS

NU_COMP_ALUNO NUMERICO NÚMERO DE COMPUTADOR POR

ALUNOS

IN_INTERNET NUMERICO (1 OU 0) ESCOLA POSSUI INTERNET

(1=SIM; 0=NÃO)

NU_FUNCIONARIOS NUMERICO NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS DA

ESCOLA

IN_REGULAR NUMERICO (1 OU 0)

1=ENSINO REGULAR (TODAS AS

SELEÇÕES NESTE BANCO DE

DADOS, SÃO ESCOLAS COM

ENSINO REGULAR)

IN_COMUM_FUND_AI NUMERICO (1 OU 0)

ESCOLA POSSUI ENSINO

FUNDAMENTAL I (ANOS

INICIAIS)

IN_COMUM_FUND_AF NUMERICO (1 OU 0)

ESCOLA POSSUI ENSINO

FUNDAMENTAL II (ANOS

FINAIS)

Fonte: Elaborado pelo autor.

141

APÊNDICE C – Níveis de proficiência Leitura, Escrita e Matemática

Quadro 8 – ANA Leitura

Nível Distribuição percentual dos estudantes por nível de proficiência - Leitura

(prova objetiva)

Nível 1 (Até

425 pontos)

Neste nível, os estudantes são capazes de: Ler palavras com estrutura silábica

canônica, não canônica e ainda que alternem sílabas canônicas e não canônicas.

Nível 2 (Maior

que 425 até

525 pontos)

Além das habilidades descritas no nível anterior, os estudantes provavelmente são

capazes de: Localizar informações explícitas em textos curtos como piada, parlenda,

poema, quadrinho, fragmentos de narrativas e de curiosidade científica; em textos de

maior extensão, quando a informação está localizada na primeira linha do texto.

Reconhecer a finalidade de texto como convite, cartaz, receita, bilhete, anúncio com

ou sem apoio de imagem. Identificar assunto de um cartaz apresentado em sua forma

original e ainda em textos cujo assunto pode ser identificado no título ou na primeira

linha. Inferir sentido em piada e em história em quadrinhos que articula linguagem

verbal e não verbal.

Nível 3 (Maior

que 525 até

625 pontos)

Além das habilidades descritas nos níveis anteriores, os estudantes provavelmente são

capazes de: Localizar informação explícita em textos de maior extensão como

fragmento de literatura infantil, lenda, cantiga folclórica e poema, quando a

informação está localizada no meio ou ao final do texto. Identificar o referente de um

pronome pessoal do caso reto em textos como tirinha e poema narrativo. Inferir

relação de causa e consequência em textos exclusivamente verbais - piada, fábula,

fragmentos de textos de literatura infantil e texto de curiosidade científica - com base

na progressão textual; e em textos que articulam a linguagem verbal e não verbal -

tirinha; sentido em história em quadrinhos que articula linguagem verbal e não verbal

com vocabulário específico de textos de divulgação científica ou que exige

conhecimento intertextual de narrativas infantis; o assunto de texto de extensão média

de divulgação científica para crianças, com base nos elementos que aparecem no

início do texto; o significado de expressão de linguagem figurada em textos como

poema narrativo, fragmentos de literatura infantil, de curiosidade científica e tirinha.

Nível 4 (Mais

que 625

pontos)

Além das habilidades descritas nos níveis anteriores, os estudantes provavelmente são

capazes de: Reconhecer relação de tempo em texto verbal e os participantes de um

diálogo em uma entrevista ficcional. Identificar o referente de pronome possessivo em

poema; o referente de advérbio de lugar em reportagem; o referente de expressão

formada por pronome demonstrativo em fragmento de texto de divulgação científica

para o público infantil. Inferir sentido em fragmento de conto; sentido de palavra em

fragmento de texto de literatura infantil; assunto em texto de extensão média ou longa,

considerando elementos que aparecem ao longo do texto, em gêneros como

divulgação científica, curiosidade histórica para criança e biografia.

Fonte: Adaptado de INEP (2017).

Quadro 9 – ANA Escrita

Nível Distribuição percentual dos estudantes por nível de proficiência - Escrita

(prova discursiva)

Nível 1

(Menor que

350 pontos)

Em relação à escrita de palavras, os estudantes que se encontram neste nível

provavelmente não escrevem as palavras ou estabelecem algumas correspondências

entre as letras grafadas e a pauta sonora, porém ainda não escrevem palavras

alfabeticamente. Em relação à produção de textos, os estudantes provavelmente não

escrevem o texto ou produzem textos ilegíveis.

142

Nível 2 (Maior

ou igual a 350

e menor que

450 pontos)

Em relação à escrita de palavras, os estudantes que se encontram neste nível

provavelmente escrevem alfabeticamente palavras com trocas ou omissão de letras,

alterações na ordem das letras e outros desvios ortográficos. Em relação à produção

de textos, os estudantes provavelmente não escrevem o texto ou produzem textos

ilegíveis.

Nível 3 (Maior

ou igual a 450

e menor que

500 pontos)

Em relação à escrita de palavras, os estudantes que se encontram neste nível

provavelmente escrevem ortograficamente palavras com estrutura silábica consoante-

vogal, apresentando alguns desvios ortográficos em palavras com estruturas silábicas

mais complexas. Em relação à produção de textos, provavelmente escrevem de forma

incipiente ou inadequada ao que foi proposto ou produzem fragmentos sem conectivos

e/ou recursos de substituição lexical e/ou pontuação para estabelecer articulações

entre partes do texto. Apresentam ainda grande quantidade de desvios ortográficos e

de segmentação ao longo do texto.

Nível 4 (Maior

ou igual a 500

e menor que

600 pontos)

Em relação à escrita de palavras, os estudantes que se encontram neste nível

provavelmente escrevem ortograficamente palavras com diferentes estruturas

silábicas. Em relação à produção de textos, provavelmente atendem à proposta de dar

continuidade a uma narrativa, embora possam não contemplar todos os elementos da

narrativa e/ou partes da história a ser contada. Articulam as partes do texto com a

utilização de conectivos, recursos de substituição lexical e outros articuladores, mas

ainda cometem desvios que comprometem parcialmente o sentido da narrativa,

inclusive por não utilizar a pontuação ou utilizar os sinais de modo inadequado. Além

disso, o texto pode apresentar alguns desvios ortográficos e de segmentação que não

comprometem a compreensão.

Nível 5 (Maior

ou igual a 600

pontos)

Em relação à escrita de palavras, os estudantes que se encontram neste nível

provavelmente escrevem ortograficamente palavras com diferentes estruturas

silábicas. Em relação à produção de textos, provavelmente atendem à proposta de dar

continuidade a uma narrativa, evidenciando uma situação central e final. Articulam as

partes do texto com conectivos, recursos de substituição lexical e outros articuladores

textuais. Segmentam e escrevem as palavras corretamente, embora o texto possa

apresentar alguns desvios ortográficos e de pontuação que não comprometem a

compreensão.

Fonte: Adaptado a partir do INEP (2017)

Quadro 10 – ANA Matemática

Nível Distribuição percentual dos estudantes por nível de proficiência - Matemática

Nível 1 (Até

425 pontos)

Neste nível, os estudantes são capazes de: Ler horas e minutos em relógio digital;

medida em instrumento (termômetro, régua) com valor procurado explícito. Associar

figura geométrica espacial ou plana a imagem de um objeto; contagem de até 20

objetos dispostos em forma organizada ou desorganizada à sua representação por

algarismos. Reconhecer planificação de figura geométrica espacial (paralelepípedo).

Identificar maior frequência em gráfico de colunas, ordenadas da maior para a menor.

Comparar comprimento de imagens de objetos; quantidades pela contagem,

identificando a maior quantidade, em grupos de até 20 objetos organizados.

143

Nível 2 (Maior

que 425 até

525 pontos)

Além das habilidades descritas nos níveis anteriores, os estudantes provavelmente são

capazes de: Ler medida em instrumento (balança analógica) identificando o intervalo

em que se encontra a medida. Associar a escrita por extenso de números naturais com

até três ordens à sua representação por algarismos. Reconhecer figura geométrica

plana a partir de sua nomenclatura; valor monetário de cédulas ou de agrupamento de

cédulas e moedas. Identificar registro de tempo em calendário; uma figura geométrica

plana em uma composição com várias outras; identificar frequência associada a uma

categoria em gráfico de colunas ou de barras; identificar frequência associada a uma

categoria em tabela simples ou de dupla entrada (com o máximo de 3 linhas e 4

colunas, ou 4 linhas e 3 colunas). Comparar quantidades pela contagem, identificando

a maior quantidade, em grupos de até 20 objetos desorganizados; quantidades pela

contagem, identificando quantidades iguais; números naturais não ordenados com até

três algarismos. Completar sequências numéricas crescentes de números naturais, de

2 em 2, de 5 em 5 ou de 10 em 10. Compor número de dois algarismos a partir de suas

ordens. Calcular adição (até 3 algarismos) ou subtração (até 2 algarismos) sem

reagrupamento. Resolver problema com as ideias de acrescentar, retirar ou completar

com números até 20; problema com a ideia de metade, com dividendo até 10.

Nível 3 (Maior

que 525 até

575 pontos)

Além das habilidades descritas no nível anterior, o estudante provavelmente é capaz

de: Associar um agrupamento de cédulas e/ou moedas, com apoio de imagem ou dado

por meio de um texto, a outro com mesmo valor monetário. Identificar frequências

iguais em gráfico de colunas. Identificar gráfico que representa um conjunto de

informações dadas em um texto. Identificar frequência associada a uma categoria em

tabela de dupla entrada (com mais de 4 colunas, ou mais de 4 linhas). Completar

sequência numérica decrescente de números naturais não consecutivos. Calcular

adição de duas parcelas de até 03 algarismos com apenas um reagrupamento (na

unidade ou na dezena). Calcular subtração sem reagrupamento envolvendo pelo

menos um valor com 3 algarismos. Resolver problema, com números naturais maiores

do que 20, com a ideia de retirar. Resolver problema de divisão com ideia de repartir

em partes iguais, com apoio de imagem, envolvendo algarismos até 20.

Nível 4 (Maior

que 575

pontos)

Além das habilidades descritas no nível anterior, o estudante provavelmente é capaz

de: Ler medida em instrumento (termômetro) com valor procurado não explícito;

horas e minutos em relógios analógicos, identificando marcações de 10, 30 e 45

minutos, além de horas exatas. Reconhecer decomposição canônica (mais usual) de

números naturais com três algarismos; composição ou decomposição não canônica

(pouco usual) aditiva de números naturais com até três algarismos. Identificar uma

categoria associada a uma frequência específica em gráfico de barra. Calcular adição

de duas parcelas de até 03 algarismos com mais de um reagrupamento (na unidade e

na dezena); subtração de números naturais com até três algarismos com

reagrupamento. Resolver problema, com números naturais de até três algarismos, com

as ideias de comparar, não envolvendo reagrupamento; com números naturais de até

três algarismos, com as ideias de comparar ou completar, envolvendo reagrupamento;

de subtração como operação inversa da adição¿ com números naturais; de

multiplicação com a ideia de adição de parcelas iguais, de dobro ou triplo, de

combinação ou com a ideia de proporcionalidade, envolvendo fatores de 1 algarismo

ou fatores de 1 e 2 algarismos; de divisão com ideia de repartir em partes iguais, de

medida ou de proporcionalidade (terça e quarta parte), sem apoio de imagem,

envolvendo números de até 2 algarismos.

Fonte: Adaptado de INEP (2017).

144

APÊNCIDE D – CORRELAÇÃO DE PEARSON (IDEB E ANA)

QUADRO 11 – Correlação ANA e IDEB

**. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades) |

*. A correlação é significativa no nível 0,05 (2 extremidades).

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

1.IDEB Fun I (Mun

+ Est)

1 ,638** ,807** ,887** ,536* ,644** ,876** ,693* ,725** -,372 -,047 -,019 ,348 -,120 ,033 ,001 ,073 -,026 -,196 -,468* -,033 ,498**

2. IDEB

Fun II (Mun +

Est)

,638** 1 ,869** ,477* ,975** ,792** ,642** ,949** ,493* -,287 -,388 ,068 ,448* -,166 -,430* -,182 ,177 ,143 -,394 -,465* ,019 ,556**

3. Média

do IDEB (Fun I +

Fun II)

,807** ,869** 1 ,749** ,830** ,898** ,700** ,859** ,645** -,329 ,022 ,000 ,241 ,027 ,078 -,174 ,115 -,098 -,142 -

,649** ,005 ,592**

4. IDEB

Fun I - Estadual

,887** ,477* ,749** 1 ,389 ,815** ,136 ,338 ,226 -,430 ,184 ,123 ,064 ,163 ,138 ,077 -,226 ,107 -,203 -,020 ,174 ,038

5.IDEB Fun II -

Estadual

,536* ,975** ,830** ,389 1 ,806** ,505 ,796** ,286 -,337 -,275 ,065 ,390 -,198 -,404 -,160 ,233 ,076 -,449* -,363 -,028 ,513*

6. Média

IDEB Estadual

,644** ,792** ,898** ,815** ,806** 1 ,075 ,601 ,025 -,225 ,229 ,032 -,059 ,181 ,328 -,013 -,074 -,134 -,104 -,313 -,043 ,312

7. IDEB Fun I -

Municipal

,876** ,642** ,700** ,136 ,505 ,075 1 ,849** ,902** -,411 -,532* ,009 ,657** -,507* -,413 -,194 ,358 ,207 -,335

-,594**

-,029 ,675**

8. IDEB

Fun II - Municipal

,693* ,949** ,859** ,338 ,796** ,601 ,849** 1 ,934** -,045 -,606* ,212 ,666* ,055 -,354 ,231 -,270 ,380 ,034 -,554 ,375 ,552

9. Média IDEB

Municipal

,725** ,493* ,645** ,226 ,286 ,025 ,902** ,934** 1 -,402

-,736**

,067 ,756** -,324 -,427* -,304 ,268 ,261 -,335 -

,692** ,073 ,713**

10. ANA

Leitura - Nível 1

-,372 -,287 -,329 -,430 -,337 -,225 -,411 -,045 -,402 1 ,297 -

,548**

-

,478** ,570** ,259 ,358 -,068

-

,472** ,830** ,258 -,160

-

,603**

11. ANA Leitura -

Nível 2

-,047 -,388 ,022 ,184 -,275 ,229 -,532* -,606*

-,736**

,297 1 -

,481** -

,540** ,385* ,588** ,443* -,220 -,382* ,450* ,605**

-,370*

-,565**

12. ANA

LEitura - Nível 3

-,019 ,068 ,000 ,123 ,065 ,032 ,009 ,212 ,067 -

,548**

-

,481** 1 -,192

-

,479** -,196 -,276 ,125 ,294

-

,480** -,070 ,438* ,129

13. ANA LEitura -

Nível 4

,348 ,448* ,241 ,064 ,390 -,059 ,657** ,666* ,756**

-,478**

-,540**

-,192 1 -,279 -

,475** -,357 ,105 ,379*

-,480**

-,556**

-,062 ,742**

14. ANA

Escrita - Nível 1

-,120 -,166 ,027 ,163 -,198 ,181 -,507* ,055 -,324 ,570** ,385* -

,479** -,279 1 ,488** ,357

-

,562** -,204 ,614** ,183 -,035

-

,478**

15. ANA Escrita -

Nível 2

,033 -,430* ,078 ,138 -,404 ,328 -,413 -,354 -,427* ,259 ,588** -,196

-,475**

,488** 1 ,304 -,406* -,364* ,512** ,324 -,358 -,384*

16. ANA

Escrita - Nível 3

,001 -,182 -,174 ,077 -,160 -,013 -,194 ,231 -,304 ,358 ,443* -,276 -,357 ,357 ,304 1 -,370* -,296 ,289 ,496** -,107 -

,508**

17. ANA Escrita -

Nível 4

,073 ,177 ,115 -,226 ,233 -,074 ,358 -,270 ,268 -,068 -,220 ,125 ,105

-,562**

-,406* -,370* 1 -

,534** -,049 -,185 -,109 ,224

18. ANA

Escrita - Nível 5

-,026 ,143 -,098 ,107 ,076 -,134 ,207 ,380 ,261 -

,472** -,382* ,294 ,379* -,204 -,364* -,296

-

,534** 1

-

,551** -,216 ,333 ,332

19. ANA Matemática

- Nível 1

-,196 -,394 -,142 -,203 -,449* -,104 -,335 ,034 -,335 ,830** ,450*

-,480**

-,480**

,614** ,512** ,289 -,049 -

,551** 1 ,109 -,301

-,518**

20. ANA

Matemática - Nível 2

-,468* -,465* -

,649** -,020 -,363 -,313

-

,594** -,554

-

,692** ,258 ,605** -,070

-

,556** ,183 ,324 ,496** -,185 -,216 ,109 1 -,138

-

,790**

21. ANA Matemática

- Nível 3

-,033 ,019 ,005 ,174 -,028 -,043 -,029 ,375 ,073 -,160 -,370* ,438* -,062 -,035 -,358 -,107 -,109 ,333 -,301 -,138 1 -,176

22. ANA

Matemática - Nível 4

,498** ,556** ,592** ,038 ,513* ,312 ,675** ,552 ,713** -

,603**

-

,565** ,129 ,742**

-

,478** -,384*

-

,508** ,224 ,332

-

,518**

-

,790** -,176 1

145

APÊNDICE E - CRE E MUNICÍPIOS CONTEMPLADOS NESTE ESTUDO

7ª CRE 15ª CRE 20ª CRE

Água Santa Aratiba Alpestre

Camargo Áurea Ametista do Sul

Capão Bonito do Sul Barao de Cotegipe Boa Vista das Missões

Casca Barra do Rio Azul Caiçara

Caseiros Barracão Cerro Grande

Ciríaco Benjamin Constant do Sul Cristal do Sul

Coxilha Cacique Doble Dois Irmãos das Missões

David Canabarro Campinas do Sul Erval Seco

Ernestina Carlos Gomes Frederico Westphalen

Gentil Centenário Iraí

Gramado dos Loureiros Charrua Jaboticaba

Guaporé Cruzaltense Lajeado do Bugre

Ibiaçá Entre Rios do Sul Liberato Salzano

Ibiraiaras Erebango Novo Barreiro

Lagoa Vermelha Erechim Novo Tiradentes

Marau Erval Grande Palmeira das Missões

Mato Castelhano Estação Palmitinho

Muliterno Faxinalzinho Pinhal

Nicolau Vergueiro Floriano Peixoto Pinheirinho do Vale

Nonoai Gaurama Planalto

Passo Fundo Getúlio Vargas Rodeio Bonito

Pontão Ipiranga do Sul Sagrada Família

Rio dos Índios Itatiba do Sul São José das Missões

Santa Cecília do Sul Jacutinga São Pedro das Missões

Santo Antônio do Palma Machadinho Seberi

São Domingos do Sul Marcelino Ramos Taquaruçu do Sul

Sertão Mariano Moro Vicente Dutra

Tapejara Maximiliano de Almeida Vista Alegre

União da Serra Paim Filho Vanini Paulo Bento Vila Lângaro Ponte Preta Vila Maria Quatro Irmãos

Sananduva

Santo Expedito do Sul

São João da Urtiga

São José do Ouro

São Valentim

Severiano de Almeida

Três Arroios

Tupanci do Sul

Viadutos Fonte: Elaborado pelo autor (2017).