Falar verdade a mentir
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Ficha de informaçãoFalar Verdade a Mentir
1. A acção
A ACÇÃO gira em torno das sucessivas mentiras de Duarte, das quais ó consegue sair airosamente com a ajuda dos amigos, o que desencadeia uma série de situações.
Estr
utu
ra in
tern
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cção E
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ão
(intr
oduçã
o)
Cenas I e II
Apresentam-se as personagens e o conflito:
- o pai de Amália pretende acabar com o noivado por desconfiar de
Duarte;
- Amália, Joaquina e José Félix unem-se, movidos por interesses
diversos.
Con
flit
o(d
ese
nvolv
imento
)
Cenas III a XV
Complicação dos acontecimentos:
- as sucessivas mentiras inventadas por Duarte aumentam as
desconfianças do pai de Amália;
- José Félix dá vida às mentiras de Duarte, representando as
figuras inventadas por este: o negociante Tomás José Marques, o
inglês Milord Coockimbroock e o Coronel Lemos (primo do
General).
Desen
lace
(concl
usã
o) Cenas XVI e XVII
Resolução do conflito:
- a intervenção final do General faz com que o desenlace seja feliz
(Amália casa com Duarte e Joaquina com José Félix, com o
respectivo dote).
Estrutura externa da
acção
Acto É único: a acção decorre sempre no mesmo espaço.
Cena A peça apresenta 17 cenas, marcadas pela entrada e/ou saídas das personagens.
2. As personagens
JoaquinaÉ empregada da família de Brás Ferreira; simples e dedicada, em particular, a Amália. Noiva de José Félix, ajuda Amália a conseguir a aprovação do pai para casar com Duarte.
José Félix
Criado particular do General Lemos, por interesse no dote de Joaquina, tudo faz, “encarnando” várias personagens, para impedir que Brás Ferreira cumpra a ameaça de desmanchar o casamento de Duarte e Amália.
Amália Filha de Brás Ferreira, por amor, tudo faz para esconder de seu pai o defeito de Duarte.
Duarte Guedes
Noivo de Amália, revela ser um rapaz da moda, que não consegue deixar de mentir, vício que Brás Ferreira não perdoa.
Brás Ferreira
Pai de Amália, é um homem honrado; desconfia das histórias de Duarte e pretende desmascará-lo, impedindo assim o casamento com a sua filha.
General Lemos
Amigo pessoal do pai de Duarte, intervém a favor deste, influenciado pelos elogios que Duarte tece à sua figura.
3. O espaço
Ficha de informação - Falar Verdade a Mentir 1
O ESPAÇO é o lugar onde a acção acontece.
Espaço
- É único: em Lisboa, numa “sala de visitas elegante. Porta no fundo, e laterais. À esquerda, mesa com escrivaninha, etc.” (didascália inicial).- A peça apresenta, também, o ambiente social de Lisboa, dominado pela burguesia rica e com referência a três categorias de estrangeiros: ingleses, brasileiros e espanhóis.
4. O tempo
O TEMPO diz respeito ao momento em que a acção se desenrola.
Tempo
- Século XIX: 1845 (tempo cronológico).- Início da manhã – “Isto sã umas madrugadas!... (…) Lá por fora ainda mal são nove horas…” (Cena I) – até à hora do almoço – “(…) foi agora para a mesa almoçar com o senhor Brás Ferreira (…).” (Cena XII) (tempo da acção).
5. O Cómico
Falar Verdade a Mentir é uma peça teatral que põe em acção, de forma cómica, caracteres, ambientes e usos do quotidiano da sociedade burguesa lisboeta de meados do século XIX.
O CÓMICO da peça resulta da estratégia que assenta nas mentiras de Duarte e nas situações por elas geradas ao tornarem-se realidade no momento em que José Félix lhes dá “vida”.
Veja-se o seguinte exemplo:
Mentira de Duarte
Representação de José Félix
Duarte afirma (cena VII) não se poder ausentar, porque espera pelo inglês Milord Coockimbroock (personagem inexistente) que o desafiara para um duelo.
José Félix torna real a mentira de Duarte, dando vida à personagem Milord Coockimbroock, o que causa a estupefacção de todos e, em especial, de Duarte.
6. A linguagem da peça
A LINGUAGEM é um dos elementos caracterizadores das personagens, evidenciando o estrato social a que pertencem. Assim, podemos encontrar diferentes registos de língua.
Entre Joaquina e José Félix, há um grau de intimidade que admite um diálogo com bastante à-vontade. Neste sentido, o vocabulário e as frases utilizadas são simples e usuais, o que nos dá exemplo de um REGISTO DE LÍNGUA FAMILIAR (“Soube ainda agora que tinham chegado ontem à noite no vapor (…)” – Cena I). Esta à-vontade entre as duas personagens permite, também, a utilização de expressões próximas do calão – estamos, pois, perante um REGISTO DE LÍNGUA POPULAR (“Meu amo, o senhor Brás Ferreira, que é um ricaço como tu sabes, um daqueles negociantes do Porto que têm dinheiro como milho (…)” – Cena I).
José Félix, por conviver há algum tempo com pessoas de uma classe social mais elevada, mostra-se capaz de utilizar um outro registo: o REGISTO DE LÍNGUA CUIDADO (“(…) e vim logo, minha adorada Joaquina, reclamar o prémio de onze meses de eternas saudades”. – Cenas I).
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