Falecimento de D. - Agência ECCLESIA · de fé, de convicções e de princípios. (…) O seu...

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04 - Editorial: Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Opinião D. Manuel Linda16 - A semana de... Henrique Matos18 - Dossier Eleições Europeias

40 - Internacional46 - Cinema48 - Multimédia50 - Estante52 - Vaticano II54- Agenda56 - Por estes dias58 - Programação Religiosa59 - Minuto YouCat60 - Liturgia62 - Fundação AIS64 - Lusofonias

Foto da capa: Agência ECCLESIAFoto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Margarida Duarte, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Falecimento de D.Eurico DiasNogueira[ver+]

EleiçõesEuropeias[ver+]

Francisco naTerra Santa[ver+] Cardeal Reinhard Marx |Padre TonyNeves | D. Manuel Linda

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Absentismo, uma arma perigosa

Paulo Rocha, AgênciaEcclesia

É uma história com alguns anos... Aconteceu nodia seguinte a umas eleições, legislativas creio, enas primeiras conversas da manhã. Com o café,comentavam-se as margens das sondagens àboca das urnas, os resultados, os discursos devencedores e vencidos e festejos ou arriar dasbandeiras. Ao grupo chega uma voz e perguntasobre o que acontecera de tão importanteassim… “Eleições, claro!”. “Eleições, onde?”,questiona ainda com mais insistência. “Aqui, emPortugal”, respondemos, com espanto eperguntando se não tinha votado…. “Votar, nempenses…”O discurso aconteceu na capital portuguesa emambiente de trabalho. O que revela em relação àpolítica? Distância, revolta, divórcio, rebeldismo,descrédito?Precisamente um mês depois de comemorar os40 anos do 25 de abril, de Portugal ter festejadoa liberdade e a possibilidade de participarativamente nos processos democráticos, arenúncia ao direito do voto é paradoxal, mesmoadmitindo que metade da população portuguesanão tenha memória das décadas de tensãosocial e política, de perseguições por causa dajusta liberdade de expressão e ainda menos daexistência de vozes de comando únicas!A participação de todos os cidadãos naconstrução das comunidades nacionais,

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a convivência pacífica entre ospaíses da Europa e a cooperaçãoentre eles foi o sonho dos “pais daEuropa”, agora cada vez maisameaçada por extremismos queresultam não não de revoluçõesarmadas mas das urnas... Está, porisso, no voto de cada cidadãoeuropeu o futuro do Continente.A Europa não pode desistir dademocracia! E não votar,mesmo por não acreditar nospossíveis

eleitos, é desistir da democracia. “Oabsentismo é uma arma perigosaque facilmente acaba por penalizarquem a usa”. A afirmação está nodocumento publicado pelaConferência Episcopal Portuguesano contexto das eleições europeias.Uma certeza que está longe dechegar aos ouvidos de quem seabstém. O melhor mesmo é nãousar essa arma!

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“Terreiro” de outros “reinados”Praça do Comércio, Lisboa, 21 de maio de 2014(EPA/Mário Cruz)

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“Somos nascidos e criados aqui nafreguesia. Vimos sempre aqui àIgreja e temos sempre um carinhomuito particular aos cónegos todosque aqui passam, ao senhorArcebispo e também ao senhor D.Eurico” (Testemunho registado emwww.diocese-braga.pt) “…considero que a melhor forma deresumir o apostolado de D. Eurico édefini-lo como o ‘Advogado doHomem’: não somente por ser umdoutorado em Direito Canónico, maspor ser um cristão que conseguiurebater o legalismo ocasional, tãofrequente entre nós, contrapondo-lhe um humanismo intemporal.” (D.Jorge Ortiga, 22 de maio de 2014) "... nos retirou do nosso isolamento,nos ajudou a progredir, nos tornou atodos mais cosmopolitas eintegrados. Não se abdica de tudoisso à primeira dificuldade queaparece pela frente, por maior queseja. A Europa tem de mudar. Masconnosco lá dentro. Nunca fora."(João Miguel Tavares, Público, 22 demaio de 2014)

“Personalidade marcante da vida daIgreja portuguesa no século XX, D.Eurico Dias Nogueira era um homemde fé, de convicções e de princípios.(…)O seu exemplo e o seu testemunhode vida marcaram gerações inteiras,de crentes e não-crentes, queadmiravam profundamente acoragem e a frontalidade com queD. Eurico Dias Nogueira defendia osprincípios em que acreditava.”(Aníbal Cavaco Silva, 21 de maio de2014) "Mas o mais importante ficará paradia 25: saber o nível da abstenção.Em 2009 foi de 63%. Se em 2014ultrapassar esse limite, então o casoserá sério. Um sistema partidárioque sobrevive, mas sem uma massacrítica de eleitores, viola o princípiode que a natureza tem horror aovazio. Seria uma sobrevivência comum inquietante presságio de morte."(Viriato Soromenho Marques, DN 22de maio de 2014) “Como os homens, se eu não tiverbons resultados, serei demitidacomo qualquer treinador.” (HelenaCosta, treinadora do Clermont-Foot,França, 22 de maio de 2014)

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D. Eurico Dias Nogueira (1923-2014)D. Eurico Dias Nogueira, arcebispoemérito de Braga, morreu estasegunda-feira aos 91 anos deidade, e foi sepultado na quarta-feira, após o funeral presidido peloseu sucessor, na Sé bracarense. D.Jorge Ortiga enalteceu a forma“ousada, inteligente e audaciosa”como o seu antecessor “denunciavaos ataques feitos à dignidadehumana, de modo especial, àfamília”.“A melhor forma de resumir oapostolado de D. Eurico é defini-locomo o ‘Advogado do Homem’: nãosomente por ser um doutorado emDireito Canónico, mas por ser umcristão que conseguiu rebater olegalismo ocasional, tão frequenteentre nós, contrapondo-lhe umhumanismo intemporal”, referiu.Durante a celebração na Sé deBraga, o arcebispo bracarenserecordou ainda a forma como D.Eurico Dias Nogueira, “serviu o paíse a Igreja”, sobretudo a seguir aoConcílio Vaticano II e ao 25 de Abril.O modo como o arcebispo emérito

se empenhou em transportar paraPortugal “toda a novidade doConcílio” (1962-1965) acarreta paraa Igreja Católica “uma maiorresponsabilidade na concretizaçãodesse sonho”, frisou D. JorgeOrtiga.Por outro lado, prosseguiu oarcebispo, a intervenção de D.Eurico Dias Nogueira na sequênciada "Revolução dos Cravos" em1974, num “tempo difícil, deindefinição, após a queda dosparadigmas sociorreligiososantecedente”, mostrou que “o maiorpoder de um bispo não é aautoridade mas a caridade”.“Somos portadores dessa sementeque ele nos deixou”, concluiu.D. Eurico Dias Nogueira nasceu a 6de março de 1923 em Dornelas doZêzere, Concelho de Pampilhosa daSerra e Diocese de Coimbra.Frequentou o Seminário de Coimbrade 1934 a 1944, ano em que setornou prefeito e professor noSeminário da Figueira da Foz.Foi ordenado padre a 22 dedezembro de 1945 e no final domesmo mês passou a frequentar oColégio Pontifício Português,

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em Roma. Em 1948 reiniciou aatividade docente e pastoral emCoimbra e dez anos depois tornou-se membro do Cabido da Sé.A 10 de julho de 1964 o Papa PauloVI nomeou-o bispo de Vila Cabral,atual Lichinga, em Moçambique, e apartir de setembro participou naterceira sessão do Concílio VaticanoII, assembleia que decorreu de 1962a 1965. Recebeu a ordenaçãoepiscopal no dia 6 de dezembro de1964 e em 1972 foi transferido paraSá da Bandeira, hoje Lubango, emAngola.

Pediu a resignação da dioceseangolana, aceite por Paulo VI a 3 defevereiro de 1977, e a 5 denovembro do mesmo ano o Papanomeou-o arcebispo de Braga,missão que manteria durante maisde duas décadas.A reconstrução dos seminários e arealização de um sínodo constituemalgumas das marcas da sua ação àfrente da arquidiocese, ministérioque a 18 de julho de 1999 foiconfiado ao atual arcebispo, D.Jorge Ortiga.

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Uma referência de PortugalO presidente da República lamentouo falecimento de D. Eurico DiasNogueira, que recorda como uma“personalidade marcante”. “O seuexemplo e o seu testemunho de vidamarcaram gerações inteiras, decrentes e não-crentes, queadmiravam profundamente acoragem e a frontalidade com queD. Eurico Dias Nogueira defendia osprincípios em que acreditava”,refere a mensagem de condolênciasenviada por Cavaco Silva à famíliado falecido prelado e à ConferênciaEpiscopal Portuguesa.O presidente da República fala num“um homem de fé, de convicções ede princípios” que foi“personalidade marcante da vida daIgreja portuguesa no século XX”. “Oseu magistério, profundamenteinfluenciado pela renovação eclesialiniciada pelo Concílio Vaticano II, emque participou, pautou-se peladefesa dos valores essenciais dadignidade da pessoa humana”,sublinha a mensagem.Aníbal Cavaco Silva acrescenta queD. Eurico Dias Nogueira defendeu

esses valores “ao longo da suatrajetória de vida”, em Moçambiquee em Angola e, mais tarde, naArquidiocese de Braga.D. Manuel Clemente, presidente daConferência Episcopal Portuguesa,disse à Agência ECCLESIA que D.Eurico Dias Nogueira éindispensável para “aprofundar oconhecimento” do catolicismoportuguês e de Portugal nas“décadas centrais do século XX”.“Ele tinha uma memória muito agudadaquilo que tinha acontecido comele ao longo das décadas e temtrechos absolutamente preciosospara compreendermos a história docatolicismo português, como ahistória do nosso país, nas décadascentrais do século XX, quer aquiquer em África”, considerou opatriarca de Lisboa.

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Bispo das Forças Armadasassinalou Dia da MarinhaD. Manuel Linda, bispo das ForçasArmadas e de Segurança, disseeste domingo na celebração do Diada Marinha Portuguesa que osmarinheiros dão um “inestimávelcontributo” para que nassociedades a “hostilidade” dê lugarà “hospitalidade”. “Herdeira econtinuadora do melhor espíritoaventureiro e globalizador dosmarinheiros de todos os tempos, [aMarinha Portuguesa, ndr] tem plenaconsciência do seu inestimávelcontributo para a edificação de ummundo que se conheça e reconheçacomo habitado pela mesmahumanidade, portadora dos mesmosdireitos e deveres, não obstante asdiferenças que a constituem”,referiu, na homilia da Missa queassinalou o Dia da Marinha.Para D. Manuel Linda, esta “novacultura” “fará esquecer a hostilidadee a substituirá” pela hospitalidade”.“É a grande complementaridade quetorna rico e belo este nosso mundoque aspira a uma nova alma, umanova sensibilidade ética, a tornar-sea casa comum em que

todos caibam e possam coabitar empaz e em segurança, ultrapassandoas estreitas fronteiras dosnacionalismos políticos eeconómicos”, afirmou.Para o bispo responsável peloOrdinariato Castrense, a “grandecomplementaridade” que caraterizao mundo revela que “aspira a umanova alma, uma nova sensibilidadeética, a tornar-se a casa comum emque todos caibam e possam coabitarem paz e em segurança,ultrapassando as estreitas fronteirasdos nacionalismos políticos eeconómicos”.D. Manuel Linda recordou que “asgrandes ações humanas” implicam“investimento, sacrifício e dor”,traduzidos em “renúncia a tantacoisa e até uma certa imolação”.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Programa comemorativo dos 500 anos da criação da Diocese do Funchal

E depois da Troika?

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O Advogado do Homem

Henrique Matos,Agência ECCLESIA

Esta semana partiu D. Eurico Dias Nogueira. Aos91 anos, o Arcebispo Primaz Emérito terminou asua peregrinação terrestre. Um itinerário pelomundo, tão rico quanto diverso, onde nãofaltaram desafios e dificuldades que soube gerire ultrapassar com a mestria e inteligência que ocaracterizavam. Nessa sucessão deacontecimentos que preencheram a suaexistência, ganha relevo a sua participação noConcílio Vaticano II. D. Eurico era a últimamemória viva desse acontecimento que continuahoje a interpelar o agir da igreja no mundocontemporâneo. Nele, participou enquanto bisponomeado para a diocese moçambicana de VilaCabral e, como referiu, percebeu ali que a Igrejaem Portugal não estava preparada para talacontecimento, mas reconheceu também agrandeza de uma iniciativa que, 50 anos depois,ainda tem muito para dar. D. Eurico dizia teracolhido a notícia da convocação do Concíliocom uma grande alegria e com o sentimento deque se cumpria na Igreja um desejo que há muitoacalentava no seu íntimo. Era a vontade de umaIgreja mais autêntica porque mais próxima dahumanidade, mais atenta às questões e aosproblemas que tocam homens e mulheres emdiversas situações e latitudes.Essa preocupação já tinha condicionado o agirde D. Eurico quando a Igreja lhe confiou ogoverno espiritual da diocese de Vila Cabral.

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À época, Moçambique era aindauma colónia portuguesa e D. Euricomostrou ali que a Igreja tinha deassumir o lado dos mais fracos.Manifestou-se contra a censura,despertou a indignação da PIDE eassumiu a defesa de missionáriosque defendiam a justiça para aspopulações que serviam. “A melhor forma de resumir oapostolado de D. Eurico é defini-locomo o ‘Advogado do Homem’: nãosomente por ser um doutorado emDireito Canónico, mas por ser umcristão que conseguiu rebater olegalismo ocasional, tão frequenteentre nós, contrapondo-lhe umhumanismo intemporal”,

referiu D. Jorge Ortiga na despedidaao seu predecessor.À Agência Ecclesia, em 2012, D.Eurico reconhecia, a propósito doConcílio. "No início, parecia que oVaticano, a Santa Sé, quis dominare orientar as coisas só por ela, mashouve uma reação forte da periferia.(…)". Hoje, Francisco envia-nospara a periferia, prefere uma Igrejaque sofra um acidente por seaventurar em caminhos difíceis doque permanecer no conforto dainércia... D. Eurico Dias Nogueirapercebeu isto muito antes do Papa odizer, e a sua vida foi um programade entrega à causa da Igreja que secumpre na fidelidade à cauda doshomens e das mulheres de cadatempo.

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O sonho da Europa em dias difíceisSecretário-geral da Comissão dos Episcopados Católicos da UniãoEuropeia (COMECE), padre Patrick Daly, projeta desafios que secolocam ao projeto comunitária, antecipando as próximas eleições.

Agência ECCLESIA (AE) - O sonhoda União Europeia ainda existe ouestá em perigo?Padre Patrick Daly (PD) - O sonhocontinua, mas eu diria que o projetoenfrenta graves problemas, porquea crise que começou em 2008 foimuito dura e há uma perceçãogeneralizada de que a liderançaeuropeia não conduziu esteprocesso e não promoveu soluções.Há menor convicção de que umarede europeia seja o remédio emuitos dos Estados-membros estãoa regressar a uma abordagem maisnacionalista. É uma grande pena,mas o projeto continua, o sonhoestá lá - apesar de, é a minhaconvicção, as gerações mais novas,principalmente porque dão a pazcomo garantida, estarem habituadosa níveis altos de prosperidadedentro da família europeia, sementender os motivos por detrás davisão dos pais fundadores.

AE - Há uma cidadania europeia ouhá mais nações e menos Europa?PD - No ano passado, a Comissãoelegeu para o seu principal tema aolongo do ano a cidadania e osignificado de ser um cidadão daEuropa. É um conceito recente e, naminha perspetiva, não se afirmou.O retorno a nacionalismos é umcaminho possível, mas eu pensoque não coloca em risco o projetoeuropeu. Um desafio que vai semprecolocar-se na União Europeia é ofacto de ser constituída por 28Estados soberanos, com diversastradições, leis e culinária, religiãoassim como tradições intelectuais.Sempre teremos este contrasteentre unidade e diversidade. É issoque torna o desafio europeuparticularmenteassustador (tremendo?).

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AE - Qual o contributo dos católicose dos seus valores neste processo?PD - Os católicos têm uma visão dasociedade humana e justa, adoutrina social da Igreja é muitorica. Mas o que é importante nocontexto europeu, e no projetoeuropeu, são os dois valoresfundadores, e que fazem com quefuncione, copiados na doutrinasocial da Igreja: solidariedade esubsidiariedade. Aí se reconhece adiferença e percebemos que adiferença tem de continuar a serproposta, mas também vai emsentido contrário ao da frase doAntigo Testamento, porque

eu sou o guardião do meu irmão.Penso que isso está enraizado natradição cristã e é hoje partilhadopor pessoas que não professamnenhuma convicção religiosa. Osvalores católicos e cristãos estão nabase da visão social do projetoeuropeu. AE – Que conselho deixa aoscatólicos portugueses?PD - No domingo vão à Missa edepois vão votar. Examinemcriticamente os candidatos e usem aconsciência quando fizerem aescolha.

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Temos um sonho! As eleições europeias estão à porta. Tendo bem presente o sonho queinspirou os fundadores da Comunidade Europeia, o padre Patrick H.Daly, secretário-geral da COMECE, e Jorge Nuño Mayer, secretário-geralda Càritas Europa, pensam que é uma boa ideia conversar sobre oprojeto europeu. A convicção que partilham é que para lhe dar um novoimpulso é preciso um empenhamento renovado por parte de todos osCristãos responsáveis.

Padre Patrick H. Daly: O projetoeuropeu foi o resultado de umsonho. Depois do pesadelo daguerra surgiu um sonho de que aguerra podia ser banida parasempre do nosso continente e quese podia criar uma sociedade emque as pessoas pudessem viver emliberdade e em paz. Setenta anosdepois o sonho dos pais fundadoresda UE – a maioria dos quais cristãosempenhados que trabalharamincansavelmente para transpor asua visão para a esfera política esocial – transformou-se numarealidade que ultrapassa aquilo quepoderiam imaginar. Há cerca dequarenta anos, quando eu, jovemestudante universitário irlandês, vimprosseguir os meus estudos naBélgica, também estava muitoinspirado por

este ideal europeu. Atualmente, em2014, a UE está na sua terceirageração: a crise económica/dabanca está, infelizmente, a lançaruma sombra sobre o projetoeuropeu. Jorge Nuño Mayer: É verdade.Muitos europeus foram fortementeatingidos pela crise. Do nosso postode observação europeu na CaritasEuropa vemos o sofrimento demuitos dos nossos concidadãos. EmEspanha, o meu país natal, 50% dosjovens estão desempregados. Hámais desigualdade e mais pobrezana Europa. Ao mesmo tempo, umnúmero infindável de pobres batemà porta da Europa, procurandoatravessar as nossas fronteiras. Umquinto da população mundial passafome.

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E apesar disso, para os que estãono poder só conta a economia. OPIB e o crescimento não são tudo!Os seres humanos e a sociedadeestão a ser esquecidos. Asprevisões económicas indicam

que há milhões que nuncaencontrarão emprego nas próximasdécadas. A UE vive numa situaçãode emergência: os pobres nãopodem esperar!

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Padre Patrick H. Daly: Estasituação dramática deve-se ao factode termos ido demasiado longe naintegração europeia ou de nãotermos ido suficientemente longe?Pode ser que nos tenhamosafastado demasiado do plano inicialdos pais fundadores. RobertSchuman, Alcide de Gasperi eKonrad Adenauer tinham em menteum projeto centrado na paz e nasolidariedade. Era um projetoassente nos valores cristãos. Norelatório da COMECE intitulado UmaEuropa de Valores [A Europe ofValues] (2007) fizemos uminventário desses valores. Areconciliação era uma condição sinequa non do projeto nos seusprimeiros tempos. O aumento atualdo populismo em diferentes partesda Europa mostra que nuncapodemos dar como garantida areconciliação. A nossa geração e aspróximas gerações de Cristãosprecisam de trabalharafincadamente e dar testemunhodos valores fundamentais doEvangelho, começando nas nossasparóquias, em todo o continente.

Jorge Nuño Mayer: Certamente!Se nós, Cristãos, incitados pelanossa devoção por esses valorescristãos fundamentais (e nãoapenas aos domingos!),pudéssemos assumir maisresponsabilidades na sociedade anível europeu e fazer ouvir a nossavoz na política, nos negócios e nosetor financeiro, como fazemos noscírculos eclesiais e nas nossasfamílias (a Igreja domésticade S. João Paulo II), poderíamosdar uma nova face à Europa. Naverdade, uma face mais humana.Temos de voltar a colocar a pessoahumana no centro da economia edas políticas europeias. Osnegócios e o crescimento devemservir esta missão. O objetivo últimode qualquer decisão deve ser servircada pessoa e o povo como umtodo. Padre Patrick H. Daly: Na verdade,a pobreza é uma das muitasagressões à dignidade humana. Avida humana devia gozar deproteção desde o momento daconceção até à morte natural. Nãose trata apenas de um direito

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passivo, algo que toleramos.Qualquer ser humano, seja cidadãoeuropeu ou migrante, devia teroportunidade de atingir o seudesenvolvimento integral. Temos odireito de determinar as nossaspróprias vidas! A educação, saúde,trabalho

(e não apenas o emprego) e culturasão dimensões essenciais do nossodesenvolvimento pessoal e umrespeito rigoroso do princípio dasubsidiariedade implica que elesobterão o respeito que merecem naUE e nos seus Estados-Membros.

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Jorge Nuño Mayer: A UE deviaconcentrar-se na procura e nadefesa do bem comum, deixando osseus cidadãos participarem o maispossível na construção dacomunidade de valores única que éa UE. O bem comum da comunidadeda minha aldeia está ligado ao bemcomum mais vasto de todos oseuropeus. Se uma decisão criarmais pobreza

ou sofrimento em qualquer parte domundo, é uma má decisão.Montesquieu disse-o de formaadmirável: “Se soubesse de algumacoisa útil para a minha pátria e quefosse prejudicial para a Europa, ouque fosse útil à Europa e prejudicialpara o género humano, considerariaisso um crime.”

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Padre Patrick H. Daly: De facto,somos membros da família humana,todos irmãos e irmãs. E partilhamosa responsabilidade de guardiães dacriação. Para nós, Cristãos, asalterações climáticas são umaquestão fundamental e uma políticada UE harmonizada, partilhada eapoiada por todos permitir-nos-áagir eficazmente e evitar potenciaisdesastres. Em 2008 a COMECEpublicou um relatório sobre o climae o modo de vida cristão. Amensagem era que devíamosaspirar a viver de modo maissimples. É preciso que as nossassociedades sejam maiscompassivas. Nãopodemos fechar os olhosao sofrimento dos outros,sejam pobres,desempregados ou sem-abrigo.

Jorge Nuño Mayer: Justamente. Alongo prazo, a temperança e a vidasimples são o único caminho realistae justo a seguir. Devíamos falarsobre estas coisas entre nós: nasnossas famílias, na nossavizinhança, no trabalho. Devíamosvelar para que os nossos princípiosinformem as decisões económicas epolíticas. É preciso que as nossassociedades sejam maiscompassivas. Não podemos fecharos olhos ao sofrimento dos outros,sejam pobres, desempregados ousem-abrigo. Devíamos estenderuma mão hospitaleira aos estranhosque vivem na miséria – não apenasaos migrantes ou refugiados, mastambém aos nossos vizinhos queenfrentam dificuldades em tempo decrise. Algo tão simples como dar aoutra pessoa oportunidade de falarpode fazer uma grande diferença,mesmo que não possa transformaruma vida.

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Padre Patrick H. Daly: A busca deuma identidade europeia quecorresponda aos nossos sonhosestabelece padrões elevados paraum cristão. Temos de nos abrir aosestranhos, àquilo que inicialmentenos pode parecer desconhecido, eao mesmo tempo renovarconstantemente o nossocomprometimento com as nossasraízes cristãs. Devemos permanecertão abertos ao diálogo como esteveCristo terreno durante o seuministério público. O Papa Franciscoconvida-nos a desenvolver umanova atitude: “Os outros têm semprealgo para nos dar se soubermosaproximar-nos deles num espírito deabertura e sem preconceitos. Definoesta atitude aberta, disponível esem preconceitos como humildadesocial e é isto que favorece odiálogo.” Jorge Nuño Mayer: Foiexatamente este espírito que estevena origem do projeto europeu e queo movimento de integração lançouem 1950. Este espírito permitirá queabandonemos os nossos modos devida individualistas, muitas

vezes centrados no consumo, emostremos abertura aos estranhos.Eu sou o guardião do meu irmão.Devo promover ativamente o bem-estar do meu próximo. A ideia depróximo tem de ser entendida demaneira diferente numa sociedadepluralista e multicultural. Como noslembrou S. João Paulo II: “Europasignifica abertura.” (CAIXA)Apelamos a todos os Cristãos quetêm uma responsabilidade política,social ou económica parareanimarem o sonho europeu. Se osCristãos se empenharem nosvalores que estão no cerne doprojeto europeu e da doutrina socialda Igreja, contribuirão para darforma a um mundo melhor. Há umsonho europeu inabalável – cabe-nos a nós torná-lo realidade!

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A verdadeira reunificação da Europa

Cardeal Reinhard Marx,Presidente da COMECE

Assim que o alargamento a Leste da UniãoEuropeia aconteceu, em maio de 2004, evocou-se muitas vezes uma “reunificação da Europa”.Efetivamente, esse alargamento constituiu umprecedente pela sua dimensão – nunca nopassado tantos países tinham aderido de uma sóvez à União – bem como pela sua dimensãohistórica.Em certo sentido, esta adesão de países daEuropa central e oriental à União Europeia terásido a consequência da revolução pacíficalevada a cabo nos antigos países comunistas em1989. Este acontecimento não é importante sópara a Europa mas também para a históriamundial, porque vamos celebrar este outono o25.º aniversário desta revolução pacífica de1989. Os acontecimentos de 1989 e oalargamento da União Europeia encerraram, porassim dizer, a história do século XX, marcadopelas consequências da I e da II GuerrasMundiais.Quando, há 10 anos, os primeiros Estados daEuropa central e oriental se juntaram à UniãoEuropeia, isso não derivava de um mero pedidode adesão formulado por povos livres, como foi ocaso dos alargamentos precedentes. Bem pelocontrário, esses países tiveram de lutar paraganhar a liberdade de se tornarem membros dacomunidade política dos povos europeus. Asnações da Europa ocidental tinham sempreprometido aos povos por detrás da cortinha deferro que os acolheriam de bom grado na

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sua comunidade. Após a revoluçãopacífica de 1989, essa promessarepresentou um desafio muitoconcreto, tanto para o oeste comopara o leste do nosso continente. AEuropa tinha de reformar-se apósdécadas de divisão: eis porque oalargamento de 2004 representouuma verdadeira reunificaçãoeuropeia.O desafio de aprofundar acomunhão entre Leste e Ocidente,no entanto, continua a ser atual naUnião Europeia.

Certamente que as diferenças nasnossas experiências continuam amoldar o nosso pensamento e asnossas opiniões, mas areconciliação e a reunificação são arazão de ser e o principal motorhistórico da integração europeia. Épor isso que temos sempre, dezanos depois do alargamento, odever de continuar a trabalhar numareaproximação na Europa. As Igrejasde todas as confissões, emparticular, estão perante aobrigação particular de contribuirpara a comunidade dos povos.

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A canonização do Papa João PauloII convida-nos a centrar a nossaatenção para o contributo dogrande Papa polaco para a quedado comunismo, o fim da divisão daEuropa e a adesão dos países daEuropa central e oriental à UniãoEuropeia. João Paulo II falava dedois pulmões na Europa, o Leste eo Ocidente.A Europa oriental e ocidental

são, portanto, duas partesdiferentes que não são idênticas eque têm as suas caraterísticaspróprias, mas fazem parte integrantedo mesmo órgão vital e dependemuma da outra. A herança de SãoJoão Paulo II exorta a Igreja e omundo político a prosseguir, noLeste e no Ocidente, o caminhonecessário para chegar a umaverdadeira unidade da Europa.

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Dizer «Europa» deve querer dizer «abertura». Apesar de experiências esinais contrários que também não faltaram, é a sua própria história que oexige (…). Por isso, deve ser um continente aberto e acolhedor, continuandoa realizar, na globalização atual, formas de cooperação não só económicamas também social e cultural. Para que o seu rosto seja verdadeiramentenovo, o continente deve corresponder positivamente a esta exigência: AEuropa não pode fechar-se sobre si mesma. Não pode nem devedesinteressar-se do resto do mundo; pelo contrário, deve ter plenaconsciência do facto que outros países, outros continentes esperam delainiciativas corajosas capazes de oferecer aos povos mais pobres os meiospara o seu desenvolvimento e a sua organização social, e de edificar ummundo mais justo e fraterno.S. João Paulo II, exortação apostólica ‘Ecclesia in Europa’ (2003)

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Exercer o direito e o dever de votarA Conferência EpiscopalPortuguesa publicou uma nota arespeito das próximas eleiçõeseuropeias, alertando para osperigos de uma abstençãogeneralizada: “O absentismo é umaarma perigosa que facilmente acabapor penalizar quem a usa”.“No próximo dia 25 de maio, somoschamados a cumprir o direito e odever de votar nos candidatos quese apresentam para fazer parte doParlamento Europeu, representandoo povo português nesta grandecomunidade de povos e nações”,assinala o documento, saído daúltima assembleia plenária da CEP.Os bispos admitem que existe uma“onda de descrédito” que atingealguns setores, mas sublinham queestas eleições, “que marcarão ofuturo da União Europeia nospróximos anos, devem serencaradas como um momentoprivilegiado para colaborar naconstrução de uma Europa melhor”.“A Europa é muito mais do que umespaço geográfico. Éuma comunidade de ideais evalores,

para a qual muito tem contribuído afé cristã ao longo dos séculos. Oressurgir do ideal europeu, norescaldo de duas guerras mundiaisque tiveram origem no nossoContinente, em boa parte foi obrade líderes políticos cristãos”,recordam.A CEP realça que votar não é um“ato burocrático”, mas “afirmarvalores e exigir responsabilidades aquem deve servir os povos de umaEuropa justa e solidária”.“Numa visão realista do nossoContinente, dinamiza nos aesperança de uma Europa melhor,em que seja salvaguardada a vidahumana desde conceção até mortenatural, em que o desemprego nãopareça um mal inevitável mas umdesafio a responder semadiamentos, em que as fronteirasnão se fechem à solidariedade comos povos maltratados política eeconomicamente, em que o diálogointer-religioso e intercultural seja ocaminho de sentido único para umapaz justa e duradoura, em que ocapital não se arvore em governoautocrático mas sirva a pessoahumana e o bem comum”, pode ler-se.

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No ato de votar, o eleitor cristão tem o dever de não trair a sua consciência,iluminada pelos critérios e valores do evangelho de Jesus. Importa, tambémagora, exercer a virtude da cidadania participativa, assumida como umaobrigação moral. Uma Europa melhor, que justamente desejamos, tambémdepende de cada um de nós.

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Em defesa da EuropaA Comissão dos EpiscopadosCatólicos da União Europeia(COMECE) publicou umadeclaração para as próximaseleições europeias, pedindo aparticipação dos cidadãos e adefesa do “projeto” comunitário.“Nós, bispos católicos, apelamos aque o projeto europeu não sejaposto em risco ou abandonado napresente situação de dificuldades. Éessencial que todos nós – políticos,candidatos, todos os interessados –contribuamos de forma construtivapara moldar o futuro da Europa”,refere o documento, enviado àAgência ECCLESIA.As eleições para o ParlamentoEuropeu vão decorrer em Portugalno próximo domingo. “Temosdemasiado a perder se o projetoeuropeu descarrilar. É essencial quetodos nós, cidadãos europeus,compareçamos nas urnas de 22 a25 de maio”, alerta a COMECE.Os responsáveis católicos pedemque os candidatos a eurodeputados“estejam cientes dos danoscolaterais da crise económica ebancária iniciada em 2008”.

A COMECE convida ao debatesobre as “questõessocioeconómicas centrais” que irãomoldar a União nos próximos anos elembra os milhões de jovenscidadãos que vão votar pelaprimeira vez, “estudantes, nomercado de trabalho ou, muitos,infelizmente, desempregados”.Segundo os bispos, o voto deveseguir os “ditames de umaconsciência informada” numaeleição que vai “configurar” oParlamento Europeu para ospróximos cinco anos e “terá grandesimplicações para aqueles que vãoconduzir a União”.“É essencial que os cidadãos da UEparticipem no processo democrático,por meio do seu voto no dia daseleições. Quanto mais forte aparticipação eleitoral, mais fortesairá o novo Parlamento”, sublinhamos prelados.A mensagem recorda o aumento de"novos pobres" e defende apromoção de uma “cultura demoderação” que deve “inspirar aeconomia social de mercado e apolítica ambiental”. “Temos deaprender a viver com menos eprocurar que as pessoas

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em situação de pobreza realparticipem de uma forma maisequitativa na distribuição dos bens”,pode ler-se.A COMECE retoma algumas dasconvicções fundamentais da IgrejaCatólica, frisando que “a vidahumana deve ser protegida desde omomento da conceção até à mortenatural” e que a família “deve gozartambém da proteção de quenecessita”.A declaração elenca temas como odrama dos imigrantes, a

necessidade de proteger o meioambiente, a defesa da liberdadereligiosa e do descanso dominical,as alterações demográficas e a criseeconómica.Esta crise, referem os bispos,provocou “a pobreza crescente deum grande número de cidadãos e afrustração das perspetivas defuturo” de muitos jovens. “A situaçãoé dramática, para muitos até mesmotrágica”, alertam.

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Por uma Europa com alma

As eleições europeias destedomingo são um teste às liderançascomunitárias, num momento de criseeconómica e financeira que abalouo projeto de unidade entre paísespobres e ricos dentro das fronteirasdo Velho Continente. Uma Uniãoque vai para lá do dinheiro,fundando-se em valores comuns enuma visão espiritual da vida e domundo que tem as suas raízes noCristianismo.Rui Câmara Pestana, membro doMovimento de Schoensttat, fala àAgência ECCLESIA da suaexperiência no ‘Juntos pela Europa’,iniciativa com a qual 240movimentos e comunidades cristãsespalhados pelo continenteeuropeu têm vindo a pôr em comumos seus carismas e colaboram paraunir as suas riquezas e suscitarmais solidariedade, justiça, paz,liberdade e coragem para construiro futuro.“Somos cidadãos Europeus,representante de numerososmovimentos e comunidades cristãsque querem viver o evangelho deJesus Cristo. Juntos constatámosque a unidade é

possível; uma unidade que nãoanula a identidade mas que, pelocontrário, a reforça. Foi assim queos fundadores da Europa aimaginaram. Eles foram cristãos quetiveram coragem de ter um grandesonho, uma visão de unidade, apósa tragédia dos totalitarismos ehorrores da guerra”, refere.“Nós somos pessoas de esperança.Uma das coisas em que acreditamosé que justamente essa esperançaque os cristãos têm na sua origemcromossomática pode trazer umanova alma para a Europa, ondevemos pessoas e países muitodeprimidos e pessimistas”,prossegue.Pedro Vaz Patto, do Movimento dosFocolares, admite que o ideal daunidade europeia está hoje emcrise, por se falar sobretudo nasquestões económicas.“A questão espiritual da unidadeeuropeia é esquecida. A consciênciade que é preciso pôr em relevo essadimensão é aquilo que levou àcriação desta iniciativa e que nosmove”, assinala, a respeito do‘Juntos pela Europa’.

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“Apesar do passado de divisão,agora acreditamos que agora émais forte o que nos une do que oque nos separa”, acrescenta.Elsa França, da ComunidadeEmanuel, alude às dificuldades delevar informação aos outros e defazer como que se identifiquem como projeto.

“Mas através dos movimentos queestão em cidades vãoacrescentando outros movimentos,não só da Igreja católica mastambém de outras igrejas cristãs,anglicanos, evangélicos eortodoxas. Isso faz com que nãoseja assim tão difícil”, observa.

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Pedro Valente da Silva,representante do Gabinete deinformação do Parlamento Europeuem Portugal, falou à AgênciaECCLESIA do atual momento doVelho Continente.“Uma das virtudes, consequênciaspositivas, do programa doajustamento, da troika, FMI, que naausência de mecanismos europeusteve de liderar, foi que as questõeseuropeias voltaram à agendamediática”, refere, embora lamentaque a emergência do programa deajustamento tenha criado uma visão“redutora” da União Europeia, nodebate político e mediático.“Há problemas de comunicação anível europeu, mas os media e osatores políticos não contribuem parasublinhar a importância destaseleições”, realça, a respeito daseleições de domingo.Pedro Valente da Silva elogia opapel da União como “um grandeestabilizador político”, o que faz comque “continue a haver pedidos deadesão à União Europeia”, um “casode sucesso” apesar das suasvicissitudes

e dificuldades”.O responsável elogia a possibilidadede um cidadão europeu que residanoutro país poder votar nas eleiçõeslocais desse Estado, ser candidatonas eleições locais e nas eleiçõeseuropeias: “É uma grande vantagemnão tem paralelo que noutras áreasde integração”.Luíz Sá Pessoa, chefe interino darepresentação da ComissãoEuropeia em Portugal, destaca porsua vez o elevando nível daabstenção e o “aumento deeurocéticos”.“Há um desconhecimento e a nossaabordagem é fazer com que aspessoas se interessem, explica.Segundo este responsável, “aspessoas ainda não absorveram ofacto de serem europeus emPortugal”. Pensamos na Europacomo sendo Bruxelas, oseurodeputados… A Europa somosnós e nas estruturas europeias quefazemos parte temos representantesnos vários níveis”, precisa.O responsável pela representaçãoda Comissão Europeia em Portugalafirma que os eurocéticos não

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dizem como seria a vida sem aUnião Europeia: “O próprio ReinoUnido que apresenta algumastendências de saída, e em queparte da população se exprime

nesse sentido, não deu nenhumpasso para sair e vemos muitospaíses à porta a querer entrar. É umprojeto que se mantem válido e queatrai muita gente”.

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Papa enfrenta teste da Terra SantaA jornalista argentina ElisabettaPiqué, autora do livro ‘Francisco -Vida e Revolução’, considera que aprimeira viagem do Papa à TerraSanta vai ser um teste numa regiãoem que os seus gestos estãosujeitos a instrumentalizaçõespolíticas e religiosas. “O Papa tem aconsciência de ir a um lugar domundo que é um barril de pólvora,onde as partes vão procurarinstrumentalizar qualquer gesto quefaça. Nesse sentido, ele mostra quenão quer ser usado, desde logocom o formato da viagem”, explica àAgência ECCLESIA a antigacorrespondente de guerra no MédioOriente.Na Terra Santa, o Papa vai visitar,entre outros locais, o SantoSepulcro, o memorial do Holocausto‘Yad Vashem’, o Muro dasLamentações e a Esplanada dasMesquitas.Francisco leva na sua comitivarabino Abraham Skorka, de BuenosAires, e um dignatário muçulmano,Omar Ahmed Abboud, secretário-geral do Instituto de Diálogo Inter-religioso da República daArgentina.

Elisabetta Piqué recorda que jácomo arcebispo eram famosas “asamizades, as cerimónias querealizou, os encontros inter-religiosos” do então cardealBergoglio, que agora leva essaexperiência para a Jordânia,Palestina e Israel.“[O Papa] vai procurar exportar parauma terra – onde estive várias vezes– em que há muito ódio, exportaresse modelo argentino deconvivência entre diversas religiõesmonoteístas. Penso que, nessesentido, essa vai ser umamensagem muito forte”, precisa ajornalista.O itinerário sublinha a posiçãofavorável à solução de dois Estados,Israel e Palestina, defendida pelaSanta Sé e apresenta uma novidadehistórica: pela primeira vez, um Papavai entrar em território palestino semter passado previamente por soloisraelita. “Apesar de ser umaviagem, uma peregrinaçãoeminentemente religiosa, vai seruma visita com grande conteúdopolítico e na qual o Papa vai deixarde novo uma mensagem muito fortede paz”, conclui.

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Francisco disse na audiência geraldesta quarta-feira que a visita àTerra Santa será uma viagem“estreitamente religiosa”, para “rezarpela paz naquela terra que tantosofre”.A peregrinação evoca oficialmente oencontro entre o Papa Paulo VI e opatriarca ecuménico Atenágoras,

de Constantinopla (Igreja Ortodoxa),que teve lugar a 5 e 6 de janeiro de1964 no Monte das Oliveiras emJerusalém.Este foi o primeiro encontro em maisde 500 anos entre os máximosrepresentantes da Igreja Católica eda Igreja Ortodoxa, divididas hámais de nove séculos.

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Mundial 2014:Vaticano contra tráfico de pessoasO Vaticano apresentou a campanhacontra o tráfico de pessoas que vaiser promovida por vários institutosreligiosos durante a próxima ediçãodo Campeonato de Mundo deFutebol, no Brasil. A campanha darede internacional ‘Talitha Kum’ temcomo título ‘Jogue a favor da vida –denuncie o tráfico de pessoas’.A conferência de imprensa destaterça-feira foi aberta pelo cardealbrasileiro D. João Braz de Aviz,prefeito da Congregação para osInstitutos de Vida Consagrada e asSociedades de Vida Apostólica. "Osreligiosos e religiosas encontram-seempenhados com a sua missão emtodo mundo, no meio de todas asformas de pobreza, e tocam com aspróprias mãos a humilhação, osofrimento, o tratamento desumanoe degradante provocado amulheres, homens e crianças poresta escravidão moderna", declarouo responsável, após evocar váriospronunciamentos do PapaFrancisco contra o tráfico depessoas.

Responsáveis religiosos e políticosfalaram da rede que no Brasil éconstituída por aproximadamente150 religiosos de diversascongregações. A Conferência dosReligiosos do Brasil lançou estainiciativa procurando “sensibilizar einformar a sociedade civil, emespecial os grupos mais vulneráveis,sobre o tráfico de pessoas e aexploração sexual”, além de alertarsobre risco do crescimento do crimee outras formas de violações dosDireitos Humanos durante“megaeventos” como o Campeonatodo Mundo de Futebol. Todas asações são divulgadas através doFacebook.

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Vaticano:202 «transações suspeitas» em2013A Autoridade de InformaçãoFinanceira (AIF) do Vaticanoapresentou o seu relatório deatividades de 2013, ano em quesinalizou 202 “transaçõessuspeitas”, um aumento de mais de3 mil por cento face a 2012.O documento foi revelado aosjornalistas pelo diretor da AIF, RenéBrülhart, que destacou os“progressos significativos”realizados no campo da regulaçãofinanceira na Santa Sé e no Estadodo Vaticano, incluindo no Institutopara as Obras de Religião (IOR,conhecido popularmente comoBanco do Vaticano).O responsável disse que este foi umano “desafiante” que trouxe“desenvolvimentos positivos” no quediz respeito à informação financeirae de vigilância para a prevenção ecombate à lavagem de dinheiro e aofinanciamento do terrorismo.A AIF passou de seis informaçõessobre transações suspeitas em2012 para 202 em 2013, fruto do“desenvolvimento do quadro legal” edas melhorias no “desempenhooperacional” das entidadessupervisionadas

no que diz respeito à prevenção doscrimes financeiros.Segundo o documento apresentadona sala de imprensa da Santa Sé,cinco relatórios passaram para opromotor de Justiça do Vaticano,para investigação posterior dasautoridades judiciais. O número depedidos da AIF a autoridadesestrangeiras também aumentou,passando de um em 2012 para 28em 2013; os pedidos recebidos, porsua vez, passou de três para 53.“Este aumento deve-se também àcooperação internacional promovidapor uma série de acordos bilateraisque concluímos”, assinala Brülhart.O diretor da AIF destacou aavaliação levada a cabo emdezembro de 2013 pelo Moneyval,organismo especializado doConselho da Europa.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Réplica da imagem venerada na Capelinha das Aparições recebida em festano Santuário de Aparecida

Fátima e a Terra Santa

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A Mãe e o Mar

Prestes a chegar ao circuitocomercial nacional, ‘A Mãe e o Mar’é o mais recente filme do portuguêsGonçalo Tocha. Apresentado pelaprimeira vez em Fevereiro de 2013no prestigiado Festival Internacionalde Cinema de Roma, odocumentário passaria em Julhopelo Festival de Curtas de Vila doConde, seguindo em fevereiro desteano para o MOMA, Nova Iorque,integrado no Festival Internacionalde Cinema e Media de não Ficção.Um percurso do exterior paraPortugal, semelhante ao seguidopelas anteriores obras dorealizador: ‘Balaou’ (2007), umaprimeira incursão às suas origens,revisitação da Mãe que acabara deperder e cujo diário proporciona umreencontro, em registo poético, pelomar e a costa açoriana. E ‘É NaTerra não é na Lua’ (2011), umdiálogo cinematográfico e identitáriointemporal que nos revela umaextraordinária ilha do Corvo,primeiramente destacado emLocarno, 2011, com uma

Menção Honrosa nacategoria Realizadores daAtualidade, seguindo-se, com doisprémios, os prestigiados festivaisinternacionais de CinemaIndependente de Buenos Aires(BAFICI) e de São Francisco (EUA)em Abril de 2012.Entre estes e o filme que agoraestreia, Gonçalo Tocha cria ainda,‘Torres e Cometas’ (2013), umaencomenda de Guimarães Capitalda Cultura onde, sem se demarcarda condição de sujeito ativo nemabdicar quer da incessante buscada identidade dos espaços quer dasua representação no tempo, sedistancia da harmoniosa poesia dosseus outros filmes, preterida pelaemergência de uma crítica ao modode olhar e viver a cultura: que nãose constrói por decreto, não seedifica em eventos nem seestabelece em discursos. ‘Torres eCometas’, mostrando um outro ladodo olhar desperto do realizador paraa vida, resulta numa crítica mordaz àdescaracterização da nossa

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nacionalidade imposta porconveniências tantas vezes alheiasao registo ou intenção de umasignificativa relação entre aspessoas e os espaços/tempos quehabitam.Já ‘A Mãe e o Mar’ retoma adelicadeza do realizador no diálogoque estabelece com uma realidade,no caso única

na costa portuguesa – a dasmulheres ‘pescadeiras’, algumascom carta de arrais (mestres deembarcação) e da sua relação como mar. Na praia de Vila Chã, Vila doConde, uma forma de vida e umapaixão evocada e ainda assumidapor Glória, a única pescadeira daatualidade. Um encontro íntimo,desvendado com o espanto e oencanto com que se descobre umtesouro, filmado e montado com asensibilidade capaz de nostransportar para um universodesconhecido com tal proximidadeque nos impregna, sem quasedarmos por isso, do mesmosentimento de pertença que uniu eune, anos a fio, aquelas mulheres eaquelas famílias aquele mar.Com a habitual capacidade derevelar a extraordinária beleza dascoisas mais simples, Gonçalo Tochaé certamente um criador do cinemamarcante do nosso tempo.Empenhado na forma como procurao outro, gentil na forma como orecria cinematograficamente, atentoà história e ao seu contexto, humildena forma como olha o seu trabalho eextremamente generoso no modocomo oferece a sua arte ao sujeitodas suas obras e ao espetador.Transformando-nos, da forma maiscordial.

Margarida Ataíde

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Uma Janela virtual para o Altar doMundohttp://www.santuario-fatima.pt/ A poucos dias do fim do mês deMaio, não poderíamos deixar desugerir uma visita a um sítio queestivesse relacionado com a mãe deJesus e mãe da Igreja. Assim, estasemana, propomos uma visita aosítio oficial de um dos maioressantuários marianos do mundo, oSantuário de Fátima.Ao digitarmos o endereçowww.santuario-fatima.pt, acedemos,como é hábito em qualquer portal,às principais notícias e aosdestaques mais atualizados.Paralelamente nos menus laterais,dispomos de um conjunto derecursos que proporcionam aovisitante uma vasta e alargadaexperiência de conhecimento einteriorização do enorme trabalhoque se vai realizando naqueleextraordinário santuário. Pois bem,iremos então percorrer algumasdessas opções que estãodisponíveis.Na primeira opção, “História”,podemos conhecer um pouco sobrea história dos videntes de Fátima,desde as aparições até àsmemórias da irmã Lúcia,

passando naturalmente peloprocesso de beatificação e demaisregistos históricos.De seguida, acedemos a um dosmais importantes itens - o da“Mensagem de Fátima”.Consideramos que é dos maisrelevantes porque, certamentemuitos de nós vamos a Fátima maspoucos conhecemos na realidadequal é a sua mensagem - “AMensagem de Fátima é um convite euma escola de salvação”.Na opção “Locais e Monumentos”,acedemos aos monumentos queestão presentes no santuário(capelinha, capela lausperene,basílica, órgão, azinheira, etc.) bemcomo aos locais à volta do mesmo.Em “Peregrinos a pé”, obtemosinformações importantes acerca decomo se deve peregrinar emsegurança, desde a sua preparaçãopassando pelas etapas necessáriaspara que esta jornada de fé ocorrasem nenhum percalço e com averdadeira devoção eespíritualidade.Por último, destacamos somente asopções relacionadas com osconteúdos multimédia.

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Nomeadamente podemos aceder auma quantidade enorme defotografias dos diversosacontecimentos que vão ocorrendoao longo dos tempos, ouvir osregistos áudio das principaiscanções marianas e ainda a umaquantidade

considerável de vídeos. É aindapossível assistir em direto, atravésda internet, a todas as celebraçõesrealizadas no santuário, para issobasta clicar em “transmissões”.

Fernando Cassola Marques

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Cristãos Exemplares na Diocese doFunchal durante os séculos XIX e XXÉ da maior importância paraqualquer comunidade cristãconhecer as suas raízes espirituais,a sua identidade. [...] A Igrejafunchalense, com cinco séculos deexistência, sente-se honrada pelotestemunho de fé de inúmeros filhosseus, ilustres pela sua santidade.Queira Deus que estes testemunhosluminosos nos orientem noscaminhos de uma verdadeira fécristã, de uma vida de santidade.Este é, aliás, o apelo que ressaltanesta hora, quer da diocese doFunchal, nos 500 anos da suacriação, quer da Igreja Universal, naera de uma nova evangelização. Excerto da obra:O Dr. Romano Santa Clara Gomesfoi um madeirense ilustre queassinalou, de forma inconfundível, avida desta ilha nos finais do séculoXIX e na primeira metade do séculoXX. Diversas foram as facetas quecaracterizaram a sua personalidade,como pai de família, como cidadão,

político e profissional. Há, porém,um aspeto que merece ser relevado:a sua condição de católico leigo.Toda a sua existência teve a inspirá-la e a orientá-la uma profunda esólida fé em Jesus Cristo e aconsciência da sua pertença à IgrejaCatólica. Cidadão e cristãoformavam nele uma harmoniosa eexemplar síntese.Já havia morrido já uns anos (1949)quando o Concílio Vaticano II (1961-1965) apresentou uma doutrinaclara a integral da vocação e damissão do leigo. [....]Quando se consulta a imprensamadeirense, dos vários quadrantespolíticos e ideológicos daquelelongo período, ficamos admiradoscom a crítica elogiosa que sempreacompanhou a atividade do ilustrehomem público. Assim, na edição de18.03.1896, o Diário de Notíciasescrevia:«É zelosíssimo procurador dosinteresses gerais da nossa terra,empregando todos os esforços ediligências para conseguiros melhoramentos reclamados pelonosso estado económico,

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desenvolvendo uma iniciativa etrabalho constante nas secretarias,já tratando com os ministrosrespetivos, já com os diretoresgerias e chefes de repartição sobrenegócios

da Madeira». E segue-se umalista significativa deempreendimentos sociais em que seempenhouAutor: D. Maurílio de Gouveia,arcebispo emérito de ÉvoraEditora: Lucerna

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II Concílio do Vaticano: O pilarhistóricoda mensagem de Belém de Paulo VI

Na visita que o Papa Paulo VI fez à Terra Santa(janeiro de 1964), o discurso proferido em Belém foium dos pilares centrais do seu pontificado. Estavisita, anunciada na alocução de encerramento dasegunda sessão do II Concílio do Vaticano, iluminoue tornou “mais firme a fé dos homens”.Na célebre mensagem de Belém, o sucessor de JoãoXXIII faz apelos fortes e realça que os ensinamentosconciliares devem assegurar à vida da Igreja “umanova maneira de sentir, de querer e de secomportar”. (IN: Boletim de Informação Pastoral (BIP)Ano VI, 1964, Março-Abril, Nº 30). Neste caminho vaiser necessário “um esforço unânime a que todos osgrupos devem juntar a sua colaboração”, disse oPapa Paulo VI em Belém. No trajeto conjunto, abeleza espiritual deve ser reencontrada sob todos osaspectos: “no domínio do pensamento e da palavra,na oração e nos métodos de educação, na arte e nalegislação canónica”.Como o problema da unidade não pode ser iludido,Paulo VI sublinhou que o convite não é apenas paraos católicos que já pertencem ao rebanho de Cristo,mas não se pode “deixar de dirigir o mesmo conviteaos irmãos cristãos que não estão em comunhãoperfeita connosco. A partir de agora, todos vêemclaramente que o problema da unidade não pode seriludido” (IN: Boletim de Informação Pastoral (BIP) AnoVI, 1964, Março-Abril, Nº 30, Pág 6). O Papa quedeu

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seguimento à convocatória e aoinício do II Concílio do Vaticano(1962-65) disse, na peregrinação àTerra Santa, que mesmo nas“circunstâncias particulares”daquele tempo, os resultados nãopodem ser obtidos com prejuízopara as verdades da fé.O Papa Montini afirma também nasua peregrinação á Terra Santa queos cristãos olham o mundo “comimensa simpatia” e acrescenta: “Seo mundo se sente estrangeiro aocristianismo, o cristianismo não sesente estrangeiro ao mundo, sejaqual for o aspecto sob o qual esteúltimo se apresente e qualquer queseja a atitude que adopte a seurespeito”.A missão do cristianismo passa pelaamizade entre os homens da terra,“uma missão de compreensão, deencorajamento, de promoção e deelevação”. Apesar do homemmoderno ter o brio “em fazer ascoisas, por si próprio; inventarcoisas novas” e realizar o que éadmirável. (In: BIP -Ano VI, 1964,março-abril, Nº 30, Pág 7). Mastodas estas

realizações “não o tornam nemmelhor nem mais feliz; nãoproporcionam aos problemas dohomem uma solução radical,definitiva e universal. Ohomem, sabemo-lo ainda, lutacontra si próprio; conhece dúvidasatrozes”.Paulo VI não esquece também dedeixar um apelo aos governantes nahora de deixar Belém, lugar ondenasceu, há cerca de vinte séculos, o“Príncipe paz”. “Que os governantesescutem este grito” do coração eque realizem esforços “generosospara assegurar à humanidade a paza que ela aspira com tanto ardor”. Ecompleta o seu discurso: “Queencontrem junto do Altíssimo e nomais íntimo da sua consciência dehomens, uma inteligência mais clara,uma vontade mais ardente e umespírito renovado de concórdia e degenerosidade, a fim de a todo custoevitarem ao mundo as angústias eos horrores de uma nova guerramundial, cujas consequênciasseriam incalculáveis”.

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MaioDia 23* Fátima - XIV Interescolas nacionaldo 1º ciclo com o tema «Jesus, umtesouro a descobrir».* Lisboa - Conselho Superior daUCP.* Beja - Moura (Igreja do EspíritoSanto) - Conferência sobre «Atécnica do fresco». * Guarda - São Romão (SalãoParoquial da Igreja Nova) (21h00m)-Conferência sobre «A açãomissionária da Igreja à luz daGaudium et Spes» por Frei BentoDomingues. * Braga - 8ª edição da «Noite UPS,uma direta com Deus».* Braga - Soutelo (Casa da Torre) - Actividade «Rezar com os Ícones».(23 a 25)* Açores - Ilha de São Miguel (PontaDelgada) - Festa do Senhor SantoCristo dos Milagres presididas porD. António Francisco Santos, bispode Aveiro. (23 a 29) Dia 24* Évora - Igreja de São Francisco - Apresentação do oitavo número darevista «Invenire» do SecretariadoNacional dos Bens Culturais daIgreja (SNBCI).

* Vaticano - Encerramento da oitavaedição do torneio de futebol paraseminaristas e padres de todo omundo, Clericus Cup. * Fátima - Encontro nacional dosCentros Maristas.* Beja - Moura - Encerramento daSemana do Património.* Guarda - Covilhã - Benção dosfinalistas da UBI por D. ManuelFelício.* Lisboa - Seminário dos Olivais -Assembleia Diocesana deMovimentos e Obras.* Viana do Castelo - XIV VianaJovem.* Braga - Famalicão (CentroPastoral de Santo Adrião) - Diaarquidiocesano da família com otema «Solidariedade familiar».* Coimbra - Seminário Maior -Reunião do Conselho Pastoral.* Lisboa - Portela - FeiraGastronómica cujos fundos revertempara o projeto «Ponte 2014 - GuinéBissau» promovido pelos JovensSem Fronteiras.* Coimbra - Sé Nova - Bênção dosfinalistas dos Institutos politécnicos edas universidades privados.

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* Lisboa - UCP - Encerramento(início a 01 de fevereiro) do primeirosemestre do curso «Espiritualidade Cristã» promovido pela Faculdadede Teologia da UCP.* Fátima - Casa São Nuno - Conselho Nacional Plenário doCorpo Nacional de Escutas. (24 e25)* Fátima - Encontro nacional doMovimento Encontro Matrimonial.(24 e 25)* Santiago de Compostela -Peregrinação dos Missionários daConsolata a Santiago deCompostela. (24 e 25)* Setúbal - Cabo Espichel - Peregrinação dos jovens dadiocese de Setúbal ao CaboEspichel. (24 e 25)* Terra Santa - Visita do PapaFrancisco à Terra Santa. (24 e 26) Dia 25* Portugal - Eleições Europeias - Nota da Conferência EpiscopalPortuguesa - Declaração dos bisposda COMECE.* Lisboa - Mafra - Festa das famíliasda diocese de Lisboa eMensagemdo Patriarca de Lisboa às famílias.* Porto - Conselho diocesano daPastoral Juvenil.

* Lisboa - Paróquia de São Tomásde Aquino - 1º Encontro de CorosInfantis.* Fátima - Peregrinação de militaresao Santuário de Fátima.* Coimbra - Sé Nova - Bênção dosfinalistas da Universidade deCoimbra.* Fátima - Peregrinação da Diocesede Portalegre-Castelo Branco aoSantuário de Fátima. * Braga - São Pedro de Rates (IgrejaRomânica) - Concerto «Sons daEspiritualidade Cristã na História daMúsica Europeia» pelo Coral“Ensaio” da Escola de Música daPóvoa de Varzim e participação doquarteto Verazin e integrado no IXCiclo de Música Sacra da IgrejaRomânica de S. Pedro de Rates. * Évora - Semana da Fé. (25 a 31) Dia 26* Porto - Igreja dos Grilos (16h00m)- Sessão de apresentação dosroteiros turísticos, dedicados aosCaminhos Marianos e aos Caminhosde Santiago, e um «Guia de BoasPráticas de Interpretação doPatrimónio Religioso», uma parceriado Turismo de Portugal e oSecretariado Nacional dos BensCulturais da Igreja.

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Entre os dias 23 e 29 a ilha de São Miguel (Açores)

acolhe a festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres,este ano presidida por D. António Francisco Santos,bispo do Porto. Um ponto alto da religiosidade populare da vida da Igreja Católica na região. O Papa Francisco faz entre 24 e 26 de maio aprimeira visita à Terra Santa, com passagens porAmã, Belém, Telavive e Jerusalém. A agendaprevê 14 intervenções, entre homilias ediscursos, e a assinatura de uma declaraçãoconjunta com o patriarca ecuménico (IgrejaOrtodoxa) de Constantinopla, Bartolomeu,assinalando os 50 anos do encontro entre o PapaPaulo VI e o patriarca Atenágoras, em Jerusalém. O Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igrejaapresenta este sábado, em Évora, o oitavo número darevista ‘Invenire’, que “retoma” no seu caderno centralo tema do “Inventário”. A Arquidiocese de Évora vai promover uma“Semana da Fé” entre 25 e 31 de maio, dia daFesta da Visitação de Maria. Numa nota enviada àAgência ECCLESIA, o arcebispo eborense, D.José Alves realça que o principal objetivo é que“todas as comunidades paroquiais se mobilizempara intensificar a vivência e o testemunho dafé”. A Igreja Católica organiza a 29 de maio, em Lisboa, umencontro de apresentação da mensagem do PapaFrancisco para o Dia Mundial das ComunicaçõesSociais de 2014, “Comunicação ao serviço de umaautêntica cultura do encontro”.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h22Domingo, dia 25 - Europa: umprojeto de paz e decooperação. RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 26 -Entrevista ao superiorregional dos Paulistas, padreJosé Carlos Nunes;Terça-feira, dia 27 -Informação e entrevista aopadre Abel Ferreira;Quarta-feira, dia 28 -Informação e entrevista à irmã Eliete Duarte;Quinta-feira, dia 29 - Informação e entrevista ao padreJoão Aguiar;Sexta-feira, dia 30 - Análise das leituras bíblicas dedomingo. Antena 1Domingo, dia 25 de maio, 06h00 - Projeto europeu eraízes cristãs. Comentário á atualidade com o padreJosé Luís Borga. Segunda a sexta-feira, 22h45 - 26 a 30 de maio -Comunicação: cultura do encontro - a nova versão dosite do Vaticano por Fernando Cassola Marques, i-Vangelho por Padre Abel Ferreira, nova versão siteEcclesia por Paulo Rocha, Editora Paulus por Ir. DarleiZanon e i-Breviary por Padre Tiago Freitas

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Podemos adorar Maria?

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Ano A - 6º Domingo da Páscoa “Não vosdeixareiórfãos”

Esta promessa de Jesus pode ser uma boa síntese dotema da liturgia da Palavra deste 6.º Domingo daPáscoa. Tal diz respeito a cada um de nós e àcomunidade, sempre transformados pelo Espírito.O Evangelho apresenta-nos parte do testamento deJesus aos discípulos, inquietos e assustados. Prometeo Paráclito, o Espírito, que conduzirá a comunidadecristã em direção à verdade, a uma comunhão cadavez mais íntima com Jesus e com o Pai.A segunda leitura exorta os crentes, confrontados coma hostilidade do mundo, a terem confiança, a daremum testemunho sereno da sua fé, a mostrarem o seuamor a todos os homens, mesmo aos perseguidores.Sempre ao modo de Cristo.A primeira leitura mostra a comunidade cristã a dartestemunho da Boa Nova de Jesus e a ser umapresença libertadora e salvadora na vida dos homens.A ação evangelizadora de Filipe diante dascontrariedades só pode ser pela força do Espírito.Apesar dos riscos corridos em Jerusalém, Filipe nãodesistiu, não sentiu que já tinha feito o possível, nãose acomodou. Partiu para outras paragens a dartestemunho de Jesus.É o mesmo entusiasmo que nos anima, quando temosde dar testemunho do Evangelho de Jesus? Mesmonas perseguições, dificuldades, propostas contráriasaos valores cristãos que há em nós, na nossa Igreja,no mundo que habitamos?O caminho que Jesus propõe aos seus discípulos, ocaminho do amor, do serviço e do dom da vida,parece, à luz dos critérios com que a maior parte

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das pessoas avaliam estas coisas,um caminho de fracasso, que nãoconduz nem à riqueza, nem aopoder, nem ao êxito social, nem aobem estar material; afinal, tudo oque parece dar verdadeiro sabor àvida das pessoas do nosso tempo.Jesus garante-nos que é nocaminho do amor que encontramosa vida nova e definitiva. Na minhaleitura da vida e dos seus valores, oque é que prevalece: o pessimismode alguém que se sente fraco,indefeso, e que vai passar ao ladodas grandes experiências que fazemfelizes os grandes do mundo, ou aesperança de alguém que seidentifica com Jesus e sabe que én'Ele que se

encontra a felicidade plena e a vidadefinitiva?«Não vos deixarei órfãos. Eu estouno Pai, vós estais em Mim e Eu emvós. Quem Me ama será amado pormeu Pai e Eu amá-lo-ei emanifestar-Me-ei a ele». Palavras doEvangelho sem meias-tintas, aliáscomo é sempre a Palavra de Deus.Ou nos deixamos levar pelo Espíritode Cristo, ou partimos para outrasondas, órfãos da sua presença. Sesomos em Cristo, não temosalternativa. Sempre com profundosentido de liberdade, que nos vemdo Espírito do amor de Deusderramado nos nossos corações.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Síria: recomeçar tudo de novo em Homs

Viver entre ruínasMais de 30 mil pessoas, emHoms e no “Vale dos Cristãos”,precisam desesperadamente deajuda. Mesmo com a saída dasforças rebeldes que estavamsitiadas na cidade, ninguém estáa salvo. Desde há duas semanas que nãose escutam tiros em Homs. Com asaída das forças rebeldes há umestranho silêncio no ar. Porém, nãohá rua que não tenha sidodestruída, as casas estãoesburacadas, os carrosesventrados, os prédios desfeitos.Não há água nem electricidade. Acidade é, toda ela, uma ruína.Milhares de pessoas fugiram, empânico, quando os combatescomeçaram. A cidade ficouliteralmente sequestrada. Cercadapor todos os lados. A morrer daviolência e de fome.Agora, com a saída das forçasrebeldes e o regresso dos soldadosdo regime, Homs pode começar aviver uma nova etapa da sua vida.Quem gostaria de assistir a esterecomeço seria

o Padre Frans Van der Lugt, jesuítaholandês, assassinado no início domês passado com dois tiros nacabeça depois de ter sidoespancado, no jardim do convento,precisamente em Homs. Tinha 75anos. Recusou-se sempre a deixar asua casa, o bairro, a cidade. Foisempre fiel ao povo que serviudurante dois anos. A sua missão emprol da comunidade - que é apoiadapela Fundação AIS -, é prosseguidaagora pelo Padre Ziad Hillal, tambémele da Companhia de Jesus. “Vale dos Cristãos”Na região de Homs há muitasfamílias refugiadas num lugarconhecido como o "Vale dosCristãos". Aí, quase todosdependem do que lhes é oferecido.Quer sejam alimentos ou roupa. Oumedicamentos. Não têm nada. Nemtrabalho. A Fundação AIS está aapoiar 2 mil famílias no "Vale dosCristãos" e mais 2 mil em Homs. OPadre Ziad, que conhece comopoucos

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o mapa desta tragédia, pede aindamais apoio. Ele fala em mais de 30mil pessoas que precisam de ajudadesesperadamente.Depois de três anos de terror, oscristãos de Homs estão a descobrircomo é viver sem o barulho dostiros, o medo permanente. Oscristãos de Homs precisam da nossaajuda para recomeçarem de novo.Homs é só um dos palcos destatrágica guerra que começou emMarço de 2011. Em muitos outroslugares,

vivem-se dias aterradores, como emRaqqa, de onde chegaram notíciasde cristãos crucificados por se teremrecusado a converter ao Islão ou apagar “um imposto de protecção”. Omesmo já aconteceu em Maalula eem Abra. Na Síria, especialmentepara os cristãos, ninguém está asalvo. E nós, não podemos fingirque ignoramos o que está aacontecer.

Paulo Aido www.fundacao-ais.pt

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África com futuro

Tony Neves

O continente verde, a África, transpira futuro portodos os poros. É rico, é plural, está a crescerem número e em progresso. Esperança é valorque não falta no coração de grande parte dosafricanos, habituados a superar obstáculos e aolhar com confiança para os dias que hão-de vir.Claro que eu quando falo em África, vem-me àmemória e ao coração a África que conheço,onde vivi, onde acompanho missões e projetos.Refiro-me á África lusófona, felizmente amelhorar, mesmo em países com dificuldadescomo a Guiné-Bissau, cujas eleições podem teraberto caminhos de mais estabilidade rumo aobem-estar das populações.Mas a verdade é que a África vai muito para alémda lusofonia. Tem toda a parte norte, de maioriamuçulmana, onde os problemas são muitos, aliberdade é pouca e a instabilidade política esocial tem marcado a vida das populações civis.A ‘primavera árabe’ tornou-se, em alguns casos,‘inverno’ ou mesmo ‘inferno’ para o povo. Ainstabilidade que se vive em países como aRepública Centro Africana é preocupante. Aentrada a matar dos guerrilheiros Seleka, umamilícia multinacional fundamentalista islâmica,semeou o pânico entre os civis cristãos e pôs opaís a ferro e fogo. O rapto recente de largasdezenas de meninas cristãs na Nigéria paraserem ‘vendidas como esposas’ tem

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consternado a comunidadeinternacional e suscitado reaçõesde repúdio á escala do mundo.Também continua a apertar ocoração ver as barcaças a abarrotarde imigrantes clandestinos quetentam, empurrados e exploradospor traficantes mafiosos, chegar áEuropa, através de Lampedusa eoutros acessos.Mas, tudo somado, a África temfuturo à sua frente. A visita que oPapa Bento XVI fez a esteContinente permitiu ao mundointeiro ver a alegria, a festa e ajuventude que caracteriza o estiloafricano de estar na vida. Aexistência de países em francoprogresso económico (Angola, porexemplo) mostra ao mundo que estecontinente outrora colonizado temcondições para ser senhor do seudestino

e porta aberta à colaboração comos restantes continentes.Não consigo falar de África sem umacerta emoção. Ali vivi os anos maisintensos da minha vida missionária,ali deixei uma parte significativa domeu coração, ali vou regressandosempre que tenho bons pretextospara o fazer. É sempre uma festareencontrar as pessoas, celebrarcom elas, partilhar histórias,acompanhar projetos solidários.O mundo inteiro tem de ajudar Áfricaa ultrapassar os seus problemas,beneficiando também das suasenormes riquezas (e não falo só,nem sobretudo, de riquezasmateriais!). O futuro mora do outrolado do Mediterrâneo e África vaiocupar um lugar cada vez maisdecisivo no concerto dos povos.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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