Farley Miranda - O Uso das Redes Sociais no Governo Obama ... · tecnologia, é evidente a sua...
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE – UNI-BH
FARLEY ADRIANO MIRANDA
O USO DAS REDES SOCIAIS NO GOVERNO OBAMA: novas
tecnologias para fomentar espaços públicos democrát icos?
Belo Horizonte
2010
FARLEY ADRIANO MIRANDA
O USO DAS REDES SOCIAIS NO GOVERNO OBAMA : novas tecnologias para fomentar espaços públicos democrát icos?
Monografia apresentada ao Centro Universitário de Belo Horizonte como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Relações Internacionais. Orientador: Professor Túlio Sérgio Henriques Ferreira
Belo Horizonte 2010
RESUMO
O presente artigo busca expor alguns conceitos de democracia com o intuito de analisar
o uso politico das redes sociais no governo Obama, com o propósito de aumentar a
participação pública pelo uso desses meios. Será analisado o fluxo de informação
postado através dessas redes, bem como o impacto politico decorrentes do uso das
redes sociais, principalmente Facebook, Twitter e MyBarackObama no governo
americano, considerando a facilidade e amplitude de acesso dessas redes. Portanto,
será exposta uma discussão do impacto do uso dessas ferramentas para a construção
do espaço público democrático em um ciberespaço, assim como será analisado como
essas redes são usadas pelo governo americano para prover serviços públicos e
disponibilidade de informação, ocasionando uma possível aproximação entre o aparato
governamental e a população. Para tal análise, o presente artigo considerará a
construção da ação comunicativa para a concepção do espaço democrático no contexto
específico das redes sociais. Finalmente, esse artigo analisará o impacto deste uso no
caso americano, propondo um estudo de caso, assim como algumas críticas a esse tipo
de ampliação do espaço público, observando a limitação de seu alcance, quando às
vezes alcança somente alguns segmentos da sociedade, embora seja uma ferramenta
útil para encontrar informações e serviços online.
Palavras-chave: Redes Sociais. Obama. Democracia. Sociedade em rede. Ação
Comunicativa. Participação popular.
ABSTRACT
The current article aims to exposure some conceptions of democracy in order to analyze
the political use of social networks in Obama government, with the purpose of increasing
public participation by using those networks. There will be taken into account the
information flow posted on those means, as well as the impact of using them for a
political context, considering the use of Facebook, Twitter and MyBarackObama by the
American government, and how these means are easily and widely accessed.
Therefore, a debate is settled to discuss the impact, both positive and negative of using
these tools for the construction of public democratic spaces in a cyberspace, and how
these social networks are used by the American government to provide public services
and information accountability, causing an approach between the governmental
apparatus and the population. On that analysis, this article will be considering the
construction of the communicative action to the conception of the democratic space on
the specific context of the social networks. Finally, the article analyses the impact of this
use, proposing a study of the case, as well as some critics to this kind of public space
widening, observing its limited reaching, when sometimes only gets to some parts of the
society, although it may be a helpful tool to find services and information online.
Keywords: Social networks. Obama. Democracy. Society organized in networks.
Communication Action. Public Participation.
1
1 - INTRODUÇÃO
Embora muito já tenha sido usado em termos de tecnologia para fins
políticos nos EUA, como por exemplo, na campanha de Howard Dean (DARR; 2006, p.
13), e embora o governo Obama não tenha criado nada de novo em termos de
tecnologia, é evidente a sua inovação em termos de uso das redes sociais para
propósitos políticos (LOS ANGELES TIMES; 2008). Esse uso é visível e o investimento
foi alto para garantir a mudanças na política americana (ESTRATEGY INTERNET
MARKETING BLOG , 2008).
Desde sua campanha ao governo dos EUA em 2008, Obama utilizou das
redes sociais para tal propósito, usando as mesmas como meio direto entre o governo e
a população, de tal forma que alguns jornais sugeriram que ele tenha sido o primeiro
presidente eleito pelas redes sociais (LOS ANGELES TIMES; 2008).
Para análise do caso proposto, focalizaremos principalmente em sua própria
rede social, chamada de mybarackobama.com (tendo recebido o apelido de myBO) e
tendo sido concebida em parceria com o fundador do Facebook (idem).
Em segundo plano, analisaremos alguns fatos dispostos nos sites
governamentais, acoplado aos perfis criados no Facebook e Twitter, cujos fluxos de
informação são atualizados diariamente, e cujas redes são interligadas ao Youtube para
a divulgação de vídeos. Vale ressaltar que a rede do Facebook no governo é integrada
diretamente com as páginas do governo, possibilitanto a troca de informações e o
acesso a materiais, ás vezes até em tempo real (FACEBOOK, White House profile.
2010), para acompanhamento de eventos, debates e fluxo de perguntas respondidas
em tempo real durante a trasmissão dos eventos.
Esse artigo se propõe a analisar o uso das redes sociais como instrumentos
da política democrática, expondo algumas das inúmeras conjunturas dessas redes,
juntamente com algumas de suas plataformas1 (GOUVEIA, 2009). Com isso, procura-se
1 Por plataforma, refere-se a maneira que as páginas são criadas com funcionalidades e peculiaridades, dependendo do sistema usado para criar a mesma .
2
entender a rede de acesso que se forma através desses meios, e como isso tem sido
usado no governo Obama para se ter um fluxo maior de informação e de participação
popular através dos mesmos, que já se encontram difundidos ao redor dos EUA, já que
essas redes possuem um acesso mais facilitado e abrangente.
Com essa proposta em vista, em primeira instância, nos ocuparemos em
trazer alguns conceitos de democracia, focalizando no uso das redes sociais para a
criação de espaços públicos democráticos. Para isso, utilizaremos como critérios os
seguintes aspectos: fluxo de informações, participação popular em si (incluindo opinião
pública) e o impacto e as implicações da participação popular, ou seja, se essa
participação é considerada ou não (CASTELLS, 1999).
Em segundo momento, será exposto a idéia da ‘sociedade em rede’
introduzida por Castells (1999) e as diversas implicações para a sociedade material, e
como o governo pode e/ou precisa se inserir nessa visão interligada de conexões
virtuais. Discutiremos ainda, como as redes sociais favorecem a transposição dos
conceitos materiais de tempo e espaço, criando seu próprio ciberespaço (CASTELLS,
1999). Com isso, discutiremos ainda como as redes sociais pode favorecer a criação de
um espaço público que não tenha limite de tempo e espaço, e como essa idéia em si
remete a um redordenamento social contemporâneo (VILLA, TOSTES; 2006).
Finalmente, faremos uma breve análise do que são essas redes sociais, e
como elas funcionam como instrumento político, tendo como caso estudado, o caso do
governo de Barack Obama, e verificando a partir desse uso das redes sociais pelo
governo americano, se essa vertente insere um novo modelo participativo de
democracia, e uma interação maior entre o povo e o aparato governamental, verificando
os conceitos de tempo e espaço, e como os limites adquirem uma nova forma
conceitual.
Para tal análise torna-se imprescindível trabalharmos neste presente artigo
com o conceito de democracia, usando alguns paramâmetros e conceitos para o
entendimento da importância da participação popular neste processo de construção de
valores democráticos.
3
2 - CONCEITUANDO DEMOCRACIA
Inicialmente, a democracia, como exposto pela Marilena Chauí (Chauí, 2000, p.
42), tem a formação da sua essência em Atenas do século V a.C.(HELD; 1987, p. 15).
Tal modelo é entendido como fonte de todos os conceitos posteriores. Essa vertente
democrática era compreendida pela separação da sociedade ateniense na Pólis, em
que o governo era direcionado do povo para o povo. Assim, analisando a própria palava
em sua origem, temos uma noção prévia de representatividade, permitindo a introdução
de nossa análise sobre democracia2.
Tal conceito sempre remeteu a idéia de uma democracia direta, mesmo que o
caso grego possa ser considerado colocado em perspectiva, já que apenas uma
pequena porcentagem da população podia participar dos assuntos públicos3. Segundo
Marilena Chauí,
[a] democracia grega possuía, entre outras, duas características de grande importância para o futuro da Filosofia. Em primeiro lugar, a democracia afirmava a igualdade de todos os homens adultos perante as leis e o direito de todos de participar diretamente do governo da cidade, da polis. Em segundo lugar, e como conseqüência, a democracia, sendo direta e não por eleição de representantes, garantia a todos a participação no governo, e os que dele participavam tinham o direito de exprimir, discutir e defender em público suas opiniões sobre as decisões que a cidade deveria tomar. Surgia, assim, a figura política do cidadão. (CHAUÍ, 2000, p. 42).
Embora tenhamos outras referências de democracia na antiguidade, a
importância de estudar a democracia grega se dá pelo fato da mesma ter sido
fundamental e influênciadora para “a idéia e a prática da política na Cultura
ocidental” (CHAUÍ; 2000, p. 485).
Assim, foi-se inserindo as idéias de sufrágio universal4 e de eleições para
escolha dos representantes, sendo que esses seriam eleitos para representar o povo e
2 demo=povo e kracia=governo (CHAUÌ; 2000) 3 Somente os senhores de terra, livres e com posses poderiam participar da Acrópolis, ou seja, das reuniões para se discutir sobre politica (CHAUÌ; 2000). 4 A idéia do sufrágio universal surgiu na França, através da Comuna de Paris, que aconteceu em 1871. (HELD; 1987).
4
cuidar de seus interesses, apresentando soluções que vão ao encontro do interesse
comum, ao mesmo tempo técnicos e políticos5 (HOBSBAWN; 2008, p. 98).
Essa conceituação remete à ideia hobbesiana de que exista uma
significância para designar esse modelo democrático que se encontra padronizado
(HOBSBAWN; 2008), e que lembra-nos da visão do Estado constitucional, que
garantiria o ‘Império da lei’ acoplado aos direitos e liberdades civis e políticas que sejam
cabíveis ao povo, em que este Estado seja governado por autoridades escolhidas de
‘tempos em tempos’. Nesse modelo, haveria uma organização regular de assembléias
em que seriam discutidas os interesses populares, para então aplicá-los (HOBSBAWN;
2008, p. 98).
Essa linha de pensamento pode se tornar um pouco perigosa, pois essa
vertente vem evoluindo no decorrer dos anos e está em constante transformação
acompanhando a propria evolução da sociedade. Defende Norberto Bobbio6 (1986)
que, “para um regime democrático, o estar em transformação é seu estado natural: a
democracia é dinâmica”7. (BOBBIO; 1986).
Dessa forma, partindo do pressuposto de que a sociedade tende a evoluir de
acordo com a sua necessidade de interação, ela precisa acompanhar as evoluções
tecnológicas que mudam a concepção das mesmas, de forma a atender as suas
necessidades básicas em todos os sentidos (SCHUMPETER, 1961). Esse fato se dá
para que essa evolução alcance a necessidade de uma sociedade em constante
transformação, acrescentando algumas características, principalmente em seu
valorativo. (BOBBIO; 2000, p. 31), o que justificaria a proposta apresentada nesse
artigo de estudar as redes sociais no contexto político.
Neste modelo de Bobbio (2000), o regime democrático é assim conceituado:
‘Regime democrático entende-se primariamente um conjunto de regras de
procedimento para a formação de decisões coletivas, em que está prevista e facilitada a
participação mais ampla possível dos interessados’. (2000, p. 31).
6 Norberto Bobbio é um filósofo Italiano. Nascido em 1909, Bobbio enfatizava a que os direitos democráticos são fundamentais e irrevogáveis para o Estado moderno.
5
Bobbio considera que o conceito de democracia deva ser mais bem definido
como um modelo democrático em que as decisões sejam tomadas coletivamente,
através de um espaço público democrático. Sendo assim, podemos considerar que um
grupo democratico seja participativo, de acordo com artigo publicado sobre e-
government8 (MURRU; 2003) e democracia (DAHLBERG; 2001). Então, para se definir
um governo como democrático, é necessário observar alguns principios fundamentais:
1) Todo mundo, direta ou indiretamente, participa no processo de tomada de decisão
(GEDDES AND ROOT; 2000);
2) As decisões são tomadas após uma grande discussão e deliberação da maioria
(COWELL AND MARTIN; 2003).
Nessa discussão proposta, portanto, importa-nos considerar, para o caso das
redes sociais, três fatores citados por Bobbio (2000) ao conceituar os regimes
democráticos:
1 - Conjunto de regras de procedimento – ou seja, um meio no qual possa ser
estabelecido um conjunto de regras de comum acordo, e que atende a uma sociedade
concernente às suas necessidades e valores, em que seja claro e esteja visivelmente e
claramente definidos (HABERMAS, 1989).
2 - Formação de decisões comunitárias – para se ter um regime realmente democrático,
o processo decisório não pode depender apenas de um ditador que estabelece o
veredito final de acordo com suas vontades, mas sim, um conjunto de representantes
que facilitam a implantação de uma decisão democrática, em que voicifera a vontade da
população que o elegeu, ou até mesmo a vontade de uma determinada parte da
mesma. Essa formação pode ser inserida através de uma abertura maior para a
participação popular.
3 - Participação mais ampla possível dos interessados9 – isso significa uma facilitação
máxima para que tal participação seja efetiva, motivo pelo qual enfatizamos a evolução
do conceito democrático a partir do viés que acompanha a evolução social, onde as
8 O conceito de e-government remete a própria idéia do uso das redes online para o oferecimento de serviços, informações e possibilidade de acesso ao governo. (ver MURRU, 2003). 9 Essa idéia remete a própria idéia de Habermas (2003), em que a democracia verdadeira só é construída a partir do momento em que a sociedade participa efetivamente na contrução da política.
6
diversas tecnologias poderiam influenciar positivamente ou negativamente na
efetivação e implementação de tal democracia.
Assim, as redes sociais adquiriram grande importância na sociedade
contemporânea. Neste sentido, para analisarmos tal modelo, definimos ‘representação
popular’ nos seguintes termos:
A representação apenas pode ocorrer na esfera do público. Não existe nenhuma representação que se desenvolva em segredo ou a portas fechadas... Um parlamento tem um caráter representativo apenas enquanto se acredita que a sua atividade própria seja pública. Sessões secretas, acordos e decisões secretas de qualquer comitê podem ser muito significativos e importantes, mas não podem jamais ter um caráter representativo. (SCHTNITT, 1928, p. 208).
Esse conceito de representatividade no setor público é crucial para nossa
análise. Essa ideia é colocada como parte invisível de um ser visível, em que o mesmo
representa um aparato da sociedade e seus interesses. (SCHTNITT; 1928, p. 208)10.
Isso significa que os governantes são escolhidos em regimes democráticos para estar
em uma posição buscando os interesses do povo que o elegeu.
Podemos utilizar tal conceito para pensar as redes sociais. Nesse sentido,
elas funcionam como ferramentas de representatividade, pois nelas podem existir um
grande fluxo de informação acessível a todos que buscam esses meios. Neste caso, as
redes sociais funcionariam como um espaço aberto a discussões e participação
popular.
Portanto, existe uma gama de possibilidades de inserções de dados e
opiniões (inputs), bem como possibilidades de comentários e interação do público que
recebe tais informações (outputs). Formando com isso a própria imagem de uma
sociedade conectada e expandida na internet, que faz com que a dinâmica social passe
a acontecer no ciberespaço das redes sociais (CASTELLS, 1999).
Adicionalmente, nessa linha de pensamento, Bobbio observa que a
democracia contemporânea tem mais proximidade com o conceito de reprentatividade:
10 Ibid., p. 209. Sobre este aspecto do pensamento de Schmitt chama a atenção Julien Freund, Vessence du politique, Sirey, Paris, 1965, p. 329.
7
A expressão "democracia representativa" significa genericamente que as deliberações coletivas, isto é, as deliberações que dizem respeito à coletividade inteira, são tomadas não diretamente por aqueles que dela fazem parte, mas por pessoas eleitas para esta finalidade. (BOBBIO, 1987, p. 44).
De acordo com David Held, o Estado democrático é caracterizado como
o mecanismo institucional para a articulação da estrutura que permite aos indivíduos se dedicarem a seus interesses privados na sociedade civil e preocupações públicas com o ‘processo do governo’: todas essas são preocupações da tradição liberal democrática (HELD, 1987, p. 96).
Portanto, nosso foco será a democracia representativa, conceito mais
propício ao entendimento da organização social atual (BOBBIO; 2000). Essa ênfase é
essencial para entendermos a lógica das redes sociais no contexto analisado neste
artigo. Essas redes sociais funcionariam como canais de informação, em que o homem
é inserido nessa sociedade contemporânea, através de inputs e outputs de informação,
podendo relacionar com os governos de uma maneira interativa e dinâmica, e não
somente recebendo informações oriundas desses meios de comunicação. Além disso,
as redes sociais permitem uma interação de ‘iguais’, de grupos que se identificam,
idependentes de seu espaço ou tempo. (CASTELLS, 1999).
3 - A TEORIA DA AÇÃO COMUNICATIVA: UMA ANÁLISE DA T EORIA DE
HABERMAS
Por sua vez, a visão de Habermas (2003) enfatiza que uma sociedade só
pode ser considerada democrática na proporção em que sua população obedeça leis
autoimpostas.
Essa idéia está inserida no chamado Estado de Direito (DURÃO, 2009);
(HABERMAS, 2003) que resgata a necessidade de positivação das leis através de uma
8
interação social entre governantes e governados. Isso significa que a legitimidade das
leis passa a ser resultante dessa interação social, e dessa participação democrática.
A partir dessa linha de pensamento, as redes sociais podem servir como
canais disponíveis para tal, proporcionando um ciberespaço aberto às opiniões e ao
diálogo bilateral (HABERMAS, 1989). Portanto, esse espaço democrático em que existe
uma idéia que ressalta a participação social ativa na elaboração de uma norma jurídica
e na própria construção democrática, só se dá a partir do momento que tal ação
comunicativa seja interativa (2003).
Esses conceitos se juntam aos aparatos democráticos e formais na
construção de uma lei, para constituir um conjunto de requisitos necessários para que
tais leis e tais interações democráticas sejam efetivas.
Essa ação comunicativa se dá a partir do momento que determinado Estado
proporciona abertura para a participação popular, e sanciona leis que favorecem um
diálogo ‘aberto’, em que o discurso seja formado por um viés participativo e interativo,
garantindo, assim, a liberdade e encorajando a participação do indivíduo.
Essa vertente então dialoga com o próprio conceito de democracia à medida
que ambos enfatizam a participação popular e a interação na construção de espaços
públicos democráticos.
Assim, haveria essa veiculação do cidadão à lei, sendo que o Estado toma
consciência de que seu trabalho requer essa interatividade social para ser efetivo, e a
partir dessa abertura à participação popular, o Estado não perderia sua legitimidade,
mas faria com que o cidadão se sentisse parte integrante de um Estado democrático
(FACEBOOK, WHITE HOUSE profile, 2010).
Ao governo caberia a incubência de garantir tais direitos aos indivíduos,
trabalhando para implantar um governo aberto e claro, no sentido de prover um fluxo de
informação consistente com a realidade e proporcionar tal abertura para a sociedade
civil se relacionar como parte desse processo, e até mesmo se engajar nessa proposta
de participação nos processos que tradicionalmente caberia somente ao governante, o
que no caso do presidente Obama, é usado as redes sociais como meio de
comunicação (CASTELLS, 1999).
9
No entanto, a idéia embutida na teoria de Habermas (2003) remete ao
princípio de que essas normas seriam mais facilmente cumpridas devido à participação
do objeto central de cumprimento das mesmas (o povo), inserindo, assim, uma nova
conceituação de participação popular, que poderia usar as redes sociais como
instrumento para tal.
Com essa interação, e como as redes sociais possuem um alcance
populacional abrangente, geraria um ambiente mais democratizado, e, à medida que
essa sociedade cumpre essa norma, ela se identifica e se reconhece na mesma,
levando uma sensação de liberdade, e não de imposição de leis demasiadamente
pesadas e difíceis de serem cumpridas (MY BARACK OBAMA, 2010).
Além disso, é importante a sociedade participar tendo a consciência de que
determinado ordenamento não deve prover favoritismo algum, para uma classe em
detrimento das demais, mas deve ser universal, no sentido de que abranja toda uma
sociedade, não em um concenso propriamente dito, mas uma maior abrangência das
partes interessadas, com a consciência de que uma vez determinada tais leis, essas
gerarão obrigações aos próprios cidadãos envolvidos.
Esse processo acontece ainda através de um viés discursivo de elaboração
de leis (HABERMAS; 2003. p. 50), em que o próprio conceito de democracia remete à
garantia da liberdade social, no qual configurase como o próprio princípio de elaboração
do direito neste contexto democratizado, entendido por ele como necessário para
legitimar o direito positivo.
O Estado, por sua vez, não pode limitar a liberdade do individuo e nem privá-
lo de participar da elaboração de leis que a mesma sociedade deva cumprir, mas ao
contrário, fomentar a participação popular no processo legislativo.
Neste entendimento, pode-se dizer que a norma jurídica legitima é a norma
jurídica democrática. A maneira de se legitimar uma norma ou de democratizar uma
norma seria feita através da discussão e do diálogo, através da ação comunicativa.
Assim, somente a discussão entre as partes envolvidas nesse processo social tornaria
uma norma jurídica legítima.
10
Portanto, segundo Habermas (1989), o que importa para a legitimação dos
direitos e a construção do Estado realmente democrático é a participação popular
aplicada através do princípio da construção do discurso.
Habermas, já em seus primeiros trabalhos, investigava as novas formas de
interação da esfera pública, durante o período do Renascimento, até os seus dias
(KELLNER, 2000), o que poderia ser usado para encorajar o uso de meios
contemporâneos de participação, inclusive das redes sociais.
As redes sociais, analisando por um viés habermasiano, funcionaria como
um ‘lugar’ de criação das idéias e do discurso direcionado. Devido ao grande fluxo de
informações disponibilizadas nas redes, essas idéias podem ser construídas de forma a
fomentar um tipo de discurso específico que alcance a população (DURÃO, 2009). Ao
mesmo tempo, essas redes aproximariam a população do governo através de meios
facilitados de participação, considerando a ‘abertura’ das mesmas e a disponibilidade e
possibilidade de interação entre as partes, construindo assim a idéia de ação
comunicativa (HABERMAS, 2003).
Essa ação comunicativa é principalmente observada no uso das redes
sociais, no caso do governo Obama, na idéia de fomentar o engajamento civil
voluntário, bem como recolher doações e/ou votações para assuntos e propósitos
específicos (DARR, 2006; MY BARACK OBAMA, 2010), criando um discurso incisivo de
que cada cidadão seja parte do governo, como slogan que o acompanha desde as
eleições: Yes, we can (WHITE HOUSE, 2010); (MY BARACK OBAMA, 2010). Esse
discurso faz com que o engajamento flua de toda a sociedade, por criar um sentimento
de interação e participação popular.
4 - A IDÉIA DA SOCIEDADE EM REDES
A idéia remete a sociedade contemporânea interligada a partir da visão de
redes interligadas, cujo impacto na sociedade trouxe influência e mudanças e uma
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reorganização da sociedade atual. Essa vertente demostra o esforço intrínseco em
explicar como as novas tecnologias vem ocasionando grande impacto, tendência
amplamente defendida pelo autor Castells (1999).
Manuel Castells (1999) parte do princípio de que as últimas décadas do
século XX, vem sendo marcadas por uma tranformação acelerada de nivel mundial,
devido aos avanços tecnológicos e devido às mudanças ocorridas nas estruturas
econômicas, políticas e sociais decorrentes desse avanço.
Esse avanço apontado pelo autor é dominado de revolução da tecnologia de
informação, decorrente de três fatores: a microeletrônica, os computadores e as
telecomunicações. (1999, p.53). A partir dessa observação, o autor mostra a evolução
dos mesmos, e como isso impactou grandemente as relações sociais.
Assim, o Castells enfatiza o surgimento dos computadores, e como esse fato
resultou em grande influência para todos os demais setores. Mas o surgimento das
redes nos anos 90 gerou mudanças mais drásticas, fazendo com que os custos para as
informações fossem reduzidos, gerando um fluxo maior de informação através dessas
redes.
Dessa forma, o final do século XX presenciou uma clara aproximação entre
os povos de diversas nações diferentes, com acesso rápido e amplo, como nunca havia
acontecido antes. Neste contexto, as barreiras começaram a ser transpostas e as redes
começaram a ter papel fundamental no conceito que amplamente é discutido como
globalização, e seus impactos na sociedade atual.
Essa visão traria o que seria denominado como “paradigma das tecnologias
da informação” (FREEMAN, 1988. P. 11), cuja essência funcional pode ser encontrada
no contexto das redes sociais. Ainda, o autor cita Schumpeter (1961) para falar sobre a
idéia de desenvolvimento e tecnologia:
(...) for Schumpeter, as for us, technical innovation is not a separate phenomenon, but is on the contrary a crucial factor in the explanation of business cycles and the dynamics of economic growth generally.(FREEMAN, 1988, p.1).
12
Embora a inovação tecnológica não seja um evento separado da própria
noção de desenvolvimento, essa revolução e essa idéia de redes trouxe algumas
particularidades: a) a informação passa a ser a matéria-prima sobre a qual atua a
tecnologia; b) as redem possuem grande capacidade de penetração nos mais variados
meios e os seus efeitos capazes de mexer com a base material da sociedade; c)
apresentação de uma morfologia em rede que se materializa nos diversos processos e
organizações mediante as tecnologias. São, por isso, denominadas de redes técnicas;
d) existe uma flexibilização, que favorece modificações nas organizações e instituições;
e e) existe uma convergência crescente de tecnologias em um sistema integrado
(CASTELLS; 1987).
As redes sociais, neste ponto de vista, serviriam como uma rede de sistemas
integrados para fornecer um fluxo de informação ampliado, e uma interatividade entre o
Estado e o indivíduo, proporcionando os requisitos citados acima.
Essa interação de informação no ambito mundial, consequentemente,
ocasiona o que ele denomina como espaço dos fluxos, ou seja, os espaços integrados
das redes globais, que formam o que é denominado como ciberespaço. Em sua
concepção das redes, Castells enfatiza que essas adquirem um papel importante na
formulação social.
Essas colocações rompem com alguns conceitos tradicionais, em que pode
ser destacado as suas concepções de espaço e tempo, de forma que ao aceitarmos o
conceito de espaço de fluxos, quebraríamos o paradigma da ordem ‘normal’ dos
acontecimentos, sendo que os mesmos poderiam estar acontecendo simultaneamente,
globalmente e com a participação de pessoas do mundo inteiro.
Assim, a separação física que existe entre as sociedades se dissipa nessa
visão de ordem social que é inserida pelo autor, sendo que no espaço de fluxos o local
pode ser em ‘qualquer lugar’. Essa idéia porém sugere uma discussão entre o espaço
local e o espaço cosmopolita (VILLA, TOSTES; 2006), em que se discute a importância
em se estabelecer localmente, ou de se expandir no contexto desse ciberespaço para
obter participações mais amplas e de diversos lugares do mundo.
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Castells (1999) identifica duas bases para o seu conceito de poder, que são
colocadas como medidas de distância nesse espaço: uma inexistente, em que se insere
todos aqueles que estejam agregados na rede e um outro viés infinito, para todos os
excluidos desse processo tecnológico. De acordo com essa concepção, portanto, a
sociedade em redes também possuiria desigualdades assim como o mundo real, em
que se materializaria nessa complexa rede, pelas condições dos indivíduos para ter
acesso às informações da rede (IBGE, 2010). Assim sendo, o poder tende a se
encontrar cada vez mais no espaço dos fluxos, cuja lógica manifesta a própria lógica da
sociedade organizada em redes.
Na verdade, essa concepção não tira a legitimidade do Estado (CASTELLS
2000, p. 280); (DURÂO, 2009) que continua como sendo a única entidade com poder
para gerir com autonomia nas decisões, mas cabe ao mesmo se readaptar às novas
estruturas de poder, que não estão baseadas somente no espaço material e nas
capacidades físicas, criando novas perspectivas e novos desafios que se inserem na
visão tradicional. O Estado continua tendo poder, porém esse poder é difuso
(CASTELLS; 1987). O Estado, portanto, precisa readequar as suas políticas e projetar
as suas decisões globalmente, e não apenas em termos locais (OLIVO; 2004. p. 224);
(VILLA, TOSTES; 2006).
Portanto, o Estado teria não pode sufocar o desenvolvimento, e deve atentar
para três áreas de ruptura (CASTELLS, 1999):
a) A necessidade de incentivar e participar do desenvolvimento das tecnologias de
informação e da criação de mercados, tendo em mente que quando o Estado não
cuida disso, suas empresas e cidadãos podam ser tornar defasados e excluídos do
mercado competidor global, econômica e socialmente (THE ECONOMIST, 2000).
b) A necessidade de controle de transações monetárias ocorridos dentro do espaço
dos fluxos, sob pena de ver cada vez mais diminuído a sua margem de ação na
política econômica interna e externa e a defesa da proteção social dos cidadãos
(DURÂO, 2009).
c) Lidar com a crise que a democracia enfrenta recorrendo ao próprio espaço onde o
exercício dos poderes se define, ou seja, o espaço dos fluxos (CASTELLS, 1999).
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Finalmente, essa linha de pensamento remete a ideia de que o Estado,
frente a essas duas vertentes, deve estar alerta para não obstruir a inserção dessas
novas tecnologias e se tornar ultrapassado. Portanto, o Estado precisa se apropriar das
mesmas (OLIVO; 2004), direcionando-as de forma a explorar as suas potencialidades
para facilitar a participação dos cidadãos, e fomentar o debate sobre democracia, que
se amplia nessa sociedade de espaço e tempo indefinidos.
Neste ponto de vista, as relações inseridas pelo governo Obama nas redes
sociais, olhando pela vertente da sociedade em redes, encontra terreno de ciberespaço
para essa inserção do aparato governamental, em uma rede online que seja de fácil
acesso para ‘todos’.
No entanto, essa vertente será melhor estudada na parte seguinte, onde
tomaremos como base a experiência do uso dessas redes sociais para observarmos a
própria necessidade do Estado em se adaptar a essa reorganização social nas relações
de poder e democracia11.
No entanto, quando nos referimos às redes sociais e às novas tecnologias,
podemos ir para um viés em que discutimos mais a construção da sociedade
contemporãnea. Ou seja, pegando o conceito de espaço de Castells (1987), o
questionamento surge se o espaço deve ser local, ou deve ser cosmopolitizado, assim
seguindo a sua própria tendência política (VILLA, TOSTES. 2006).
5 - UM BREVE RELATO DAS REDES SOCIAIS, ENFATIZANDO O PAPEL DO
TWITTER E DO FACEBOOK NA CONTEMPORANEIDADE
Muitos governos têm optado por montar um sistema de serviços e
informações por meio da internet, com o intuito de diminuir os custos e diminuir a
11 Para algumas informações complementares, favor consultar: <http://political-economy-breakfast.wikischolars.columbia.edu/file/view/BLORA_ACAD_101103_PEB_DISTRIB.pdf>. Acesso em: 16/11/2010).
15
distância entre as pessoas e os aparatos governamentais (DAHLBERG, 2001). Esses
sistemas se integram mutuamente em si para interagir em processos agéis e dinâmicos,
aproximando a população aos aparatos e serviços governamentais (TRINKLE, 2001).
A busca é intrinseca e constante por tecnologias múltiplas e eficazes para
trazer benefícios para os Estados em questão, visto que os mesmos demoraram a
aderir a tais tecnologias por motivos diversos, dentre eles a insegurança e a
vulnerabilidade que acompanham a internet (DAHLBERG, 2001).
Antes se falava em páginas na web, foruns, listas de e-mails (2001; THE
ECONOMIST, 2000). Porém essa vertente alcançou o chamado web 2.0, que neste
setor ficou conhecido como Government 2.0 (GOUVEIA, 2009; CALDOW, 2004), tido
como a nova evolução da internet para utilização de serviços governamentais.
Para termos uma definição mais conscisa de government 2.0, lê-se a seguir:
The term Government 2.0 is understood two-fold. It either describes a vision of a new form of governance, engaging with constituents is understood as a critical element of political legitimacy and citizen-government interaction (e.g. as outlined in the Malmoe declaration) or the use of Web 2.0 applications. (SCHELLONG; GIRREEGER, 2010; p. 1)
De acordo com esse fragmento de texto, Government 2.0 constitui-se como
uma nova forma de governança, além de se uma ferramenta para proporcionar
movimentação política e interação entre os cidadãos e o governo, assim como pode ser
entendida como o uso das ferramentas de web 2.012 como instrumentos no processo de
gestão pública, a partir dessas redes integradas de web sites, lista de e-mails e blogs
que têm o intuito de facilitar a comunicação.
Além disso, existe uma necessidade de agilizar os processos democráticos,
de forma a proporcionar uma maior participação da população, e uma maior clareza das
políticas públicas, gerando uma prestação de contas e um acesso a informações mais
acirrados, etc (THE ECONOMIST, 2000). Essa idéia traria uma facilidade para inserir
dados, reunir assembléias e/ou fóruns onde possam ser discutidos os interesses
populares (HOBSBAWN, 2008; p. 98). 12 Web 2.0 applications: Comments, Forum, Chat, RSS, Voting, Blog, Micro blog (z.B. Twitter), Social Network (internal/external), Social Bookmarking, Tagging, Mash-up, Video, Podcast und Wikis. Further applications were not considered/ examined (SCHELLONG; GIRREEGER, 2010).
16
Em uma visão geral, inumeros são os exemplos de uso da internet com o
intuito de promover a facilitação de acesso à população aos meios públicos. Esses
meios, no entanto, em sua maioria, são diversificados e usam um sistema diversificado
(GOUVEIA, 2009) utilizando os processos de e-government (MURRU, 2003), através de
sites, questionários e etc .
Um exemplo dessa vertente que temos bem perto é o próprio Orçamento
Participativo, amplamente divulgado pela prefeitura de Belo Horizonte, em que existem
diversas discussões feitas online, onde a população pode interagir e votar em obras de
sua preferência13. Assim, a aproximação do aparato público se torna mais acessível à
população e ‘aberto’ a votação e debate (OP, 2010).
Alguns outros casos podem ser citados, como o caso da Austrália, que tem
usado a internet para oferecer serviços e informações do seu governo14. Outro país que
tem usado esse tipo de serviço é a Alemanha, que é citado no artigo Government 2.0 in
Betaphase, tendo inclusive esquemas de governos locais implementando sistemas de
serviços online (SCHELLONG, GIRREEGER; 2010). Outros casos podem ser
encontrados na União Européia como uma instituição15 através da iniciativa conhecida
como ‘eEurope’ (ANTTIROIKO, 2001), bem como seus países membros
separadamente (WILTHIL, 2010)16.
Outro exemplo emblemático, é o caso de Singapura, que aumentou
consideravelmente e qualitativamente o serviço público ao implementar esse sistema
de e-government, servindo como modelo para outros governos. (The Economist, 2000;
TRINKLE, 2001).
No artigo de Trinkle (2001), a autora coloca em termos mais claros e
objetivos os impactos das redes criadas pelos aparatos governamentais para servir a
população com serviços e informações, tirando-os ‘from in-line to online’. (TRINKLE,
2001). Tal afirmação remete o alcance que essas redes possuem e o impacto que as
mesmas quando implementadas podem facilitar o oferecimento de serviços públicos.
13 Para maiores informações, visite o site do Orçamento Participativo da Prefeitura de Belo Horizonte, no seguinte endereço: http://www.opdigital.pbh.gov.br/. 14 http://www.business.gov.au/Pages/default.aspx. 15 http://europa.eu/index_en.htm. 16 Olhar também: http://www.eui.eu/Home.aspx. Acesso em 16/11/2010.
17
Como exemplo de tal, podemos citar as diversas prestações de serviços e
burocracias que são exigidas pelos Estados, como pedido de documentação,
pagamento de impostos, acompanhamento de processos, foruns de votação, enquetes
para votação de leis, referendos, etc (THE ECONOMIST, 2000). Existe uma onda de
novas tecnologias que integram as redes sociais para providenciar bases para esse tipo
de serviço através das mesmas.
O objetivo principal para se fazer uso de ferramentas de e-government para
gerir via web é se fazer presente na rede e se mostrar mais transparente e prover uma
prestação de contas mais cuidadosa, além de envolver novos métodos de consulta e
eventuais oportunidades para votação popular online (THE ECONOMIST, 2000).
No entanto, existem alguns critérios a serem observados para o uso da
internet para meios de e-government, soando até mesmo óbvio para qualquer usuário
de internet: precisa haver uma technologia de infraestrutura que seja flexível e
adaptável a diversas quantidades de acesso, sem sofrer grandes quedas de sistema;
precisa haver uma interface simples, que não sofra demasiadamente com números
altos de acesso, e que possam ser acessados de diversos tipos de computadores e
celulares, sem grandes perdas de conteúdo (THE ECONOMIST, 2000).
Observando os critérios acima listados, as redes sociais figuram essas
facilidades em larga medida, ao prover interfaces simples e acessíveis de diversos
meios (Pc´s, celulares, etc). Além disso, o fato de estar interligadas a páginas na web,
manter grande fluxo e facilidade de acessos, interligadas a páginas de vídeo (Youtube,
por exemplo) e prover meios para ampla postagem de informações e entrada de
opiniões diversas (DAHLBERG, 2001), favorecem o uso das mesmas.
Neste quesito, o Twitter ainda remete essa facilidade de acesso ainda mais
concisamente, provendo uma agilidade e provendo a possibilidade de diálogo em
poucas palavras (TWITTER, 2010)17.
Respaldado pelo conceito de sociedade em redes (CASTELLS, 1999), pode-
se destacar o papel emergente das redes sociais (LOS ANGELES TIMES, 2008).
17 Para maiores informações e/ou artigos a respeito, a página no Twitter localizada no endereço: http://twitter.com/#!/participatory pode ser usada para consulta.
18
Essas redes, ao juntar um ambiente propício para a troca de idéia, a
possibilidade de conhecer pessoas e manifestar suas vontades e pensamentos, podem
ser usadas como instrumento para se fazer política. Isso se dá até mesmo pelo fato de
que essas mídias sociais favorecem um contato direto com a população, além de
interagir os sistemas necessários para se criar o ambiente da sociedade em redes e do
ciberespaço (CASTELLS, 1999), que podem ser acessadas de qualquer lugar, a
qualquer hora, sem restrição de pessoas, credos, raças e etc.
Essa interação é feita através de redes inter conectadas e páginas web onde
se adicionam vídeos (YOUTUBE, 2010), informações, mensagens, e-mails, além de
links para assistir eventos em tempo real pela internet, ligados à gestçao do governo
americano atual (FACEBOOK, WHITE HOUSE PROFILE, 2010).
Esse conceito de sociedade conectada virtualmente surgiu a partir da
observação da realidade americana em meados dos anos 70 (DAHLBERG, 2001), e
hoje pode-se dizer que a população americana com acesso à internet é de cerca de
70% da população, de acordo com o site do IBGE (IBGE; 2008), fato que é
consideravelmente baixo contando como sendo uma nação tão poderosa quanto os
EUA.
À beira de completar quinhentos milhões de cadastros, a rede social do
Facebook está entre os sites mais acessados do mundo, de acordo com pesquisa
realizada pela google18, tendo sido fundada por Mark Zuckerberg, em 4 de fevereiro de
2004, e antes sendo usada somente entre os estudantes de Harvard19.
Hoje bastante difundido ao redor do mundo, e principalmente conhecido nos
EUA, sendo usado pelo governo americano para ‘espalhar’ sua política (WHITE
HOUSE, 2010). A interconectividade é tamanha que para ter acesso e assistir videos
em tempo real e/ou participar de fóruns de discussão do governo americano, deve-se
ter uma conta no Facebook (WHITE HOUSE, 2010).
18 Ver pesquisa completa referente ao Facebook no seguinte endereço: https://www.google.com/adplanner/planning/site_profile#siteDetails?identifier=facebook.com. Acesso em 07/06/2010. 19 https://www.facebook.com/press/info.php?timeline. Acesso em 07/06/2010).
19
De acordo com estudos feitos pela Universidade de Birmingham, as redes
sociais proporcionam um ambiente propício para a construção política nos tempos
atuais, e podem ser consideradas como instrumentos políticos muito fortes e evidentes
(WILLS; REEVES, 2009).
No entanto, a proposta dos autores se vale de um viés mais quantitativo, no
sentido de usar o Facebook como uma espécie de poll para colher informações de
determinada região, dando a impressão mais de que um partido possa investir em uma
ou outra região, de acordo com as declarações dos usuários da rede naquela região do
seu ponto de vista político. Dessa forma, o mesmo se utilizaria do Facebook apenas
como base para planejar uma campanha efetiva, ou mapear as possíveis coaligações,
de forma a montar uma estratégia que alcance ‘os setores mais distantes,
ideologicamente falando’ (WILLS; REEVES, 2009).
O Twitter, por sua vez, também entre os mais acessados20, é um microblog
veloz, com limite de 140 caracteres, em que pode ser inserido na forma de textos curtos
e mensagens instantâneas velozmente e que passa uma ‘mensagem’ aos seus
seguidores. Além disso, outras páginas se juntam ao twitter (TWITTER, 2009), já que
no corpo dos tweets (como é conhecido as mensagens enviadas), pode ser inserido
links que levam a outras páginas, podendo direcionar os interessados a outros sites,
postando vídeos, fotos, textos, etc (TWITTER, 2010)21.
Portanto, iremos analisar a seguir como o governo Obama tem feito uso
dessas redes para propósitos políticos, gerando um fluxo intenso de informações e
postagens.
6 - O USO DAS REDES SOCIAIS PELO PRESIDENTE OBAMA N O APARATO
ESTATAL
20 Ver pesquisa completa referente ao Twitter no seguinte endereço: https://www.google.com/adplanner/planning/site_profile#siteDetails?identifier=facebook.com. Acesso em 16/11/2010. 21 https://twitter.com/about. Acesso em 16/11/2010.
20
Assim como as demais ferramentas de e-government (SCHELLONG;
GIRREEGER, 2010), as redes sociais podem ser usadas com o intuito de ter um meio
de fácil acesso, assim como pode ser considerado como um produto de baixo custo
(CASTELLS, 1999).
Além disso, existe a necessidade de reunir milhões de pessoas e ter um
grande fluxo de informação, fato que pode ocasionar uma ação comunicativa
(HABERMAS, 1989) através dessas redes sociais.
Essa interação aconteceria no ciberespaço pelos meios online, em que se
faria uma tentativa de ampliar o espaço público e criar uma forma de ‘espaço
democrático’ que aconteceria na internet (CASTELLS, 1999).
Neste contexto, o uso dessas redes sociais pelo governo Obama é
emblémático, e foi escolhido como amostragem para o nosso objeto de estudo, pela
grande movimentação feita nessas redes, bem como pelo grande fluxo de postagens e
diversas interfacese perfis em redes sociais diferentes (LOS ANGELES TIMES; 2008).
Podemos observar a presença do governo americano atual em todas as redes sociais
usadas atualmente, alcançando com isso diversos segmentos da sociedade (BARRON;
2008).
Embora Barack Obama não tenha sido o primeiro candidato a usar as redes
sociais como estratégicas para sua campanha, e muito menos tenha sido o único
(DARR; 2006, p. 13), fato que John MacCain já havia feito um breve ensaio em 2000
(The Economist, 2000), ele com certeza inovou bastante no uso das mesmas,
chegando a criar uma rede social para ‘si mesmo’.
A começar pelo alto investimento durante a campanha nessas redes, assim
como parcerias com o Facebook (WHITE HOUSE, 2010), e mais de 1800 vídeos
postados na página oficial de Obama durante a campanha no Youtube22, por exemplo.
Ambas as redes estão hoje interligadas às páginas oficiais do governo. Além disso, o
site da Los Angeles Times publicou artigo dizendo que Obama foi o primeiro presidente
eleito pelas redes sociais (LOS ANGELES TIMES; 2008).
22 http://www.youtube.com/barackobama. Acesso em 07/06/2010.
21
Sua rede social, chamada MyBarackObama23, e apelidada de MyBO,
arrematou diversos seguidores ao redor do país, chamando a população a ser co-
participante a fazer doações e se voluntariar para uma mudança que era extremamente
necessária no contexto em que os EUA estavam vivendo em um período como aquele
(LOS ANGELES TIMES; 2008).
Adicionalmente, suas conexões no Facebook, Twitter e no MyBO fundaram
um novo conceito de participação popular em termos de voluntariado para uma ação
comunicativa (HABERMAS, 2003; DURÃO, 2009), fazendo com que a população se
sentisse parte de uma História que precisava ser mudada, remetendo o famoso
“American Dream”, num slogan de: “We make changes” (WHITE HOUSE, 2010),
chamando toda a população a ser co-participante dessa mudança
(MYBARACKOBAMA, 2010).
Durante toda sua eleição houve uma monitoração próxima nas redes sociais
(LOS ANGELES TIMES; 2008), sendo que isso realmente chamou a atenção dos
americanos, ampliando um ambiente participativo, em que as redes eram
interconectadas com outros sistemas, formando uma cadeia entre essas redes sociais,
o youtube (YOUTUBE Barack Obama, 2010), e-mails (email list -
[email protected]) e diversos outros aplicativos, que juntamente com os sites
oficiais do governo, formam uma imensa cadeia acesso, proporcionando um fluxo de
informação bastante extendida24.
Mesmo depois de sua posse, a participação populacional não cessou e as
redes sociais continuaram ativas. No Facebook (WHITE HOUSE, BARACK OBAMA e
US GOVERNMENT), por exemplo, existe até hoje uma gama de informações que é
inserida em tempo real, seja pela postagem de fotos, seja pela troca de informações,
links ou vídeos, podendo inclusive assistir algumas reuniões em tempo real, ao vivo, e
23 Para maiores esclarecimentos, vá em www.MyBarackObama.com. Acesso em 13/06/2010. 24 Essa informação pode ser verificada nos seguintes sites: http://www.nytimes.com/2008/11/10/business/media/10carr.html, http://www.e-strategyblog.com/2008/12/barack-obamas-use-of-social-networking/ e http://www.e-strategyblog.com/2008/12/barack-obamas-use-of-social-networking/. Acesso em 13/06/2010.
22
podendo opinar também em tempo real, alguns comentários são lidos e respondidos ao
vivo.25 (WHITE HOUSE, 2010); (FACEBOOK WHITE HOUSE PROFILE, 2010).
No Twitter também são enviados diversas atualizações e links diariamente
para o acesso ao aparato administrativo americano, como por exemplo para chamadas
a votações de lei, chamados a pedir o apoio da população e cobertura de eventos
importantes no governo, meios aos quais deixa a população a par e torna possivel o
acompanhammento das notícias postadas nas diversas redes onde o governo
americano marca presença26.
Outra coisa que figura como estratégia do governo Obama, é dividir os
acessos do Twitter por região, facilitando a comunicação com a população, provendo
um fluxo de informação mais específico e direcionado de acordo com necessidades
localmente situadas, e colhendo apoio e engajamento civil localmente falando27. Isso
ocorre porque, além do perfil geral que o governo mantem no microblog, eles mantêm
perfis separados regionalmente, mostrando como é feito a construção do discurso
americano nas redes sociais, e como acontece essa participação popular através da
tentativa de criação de uma ação comunicativa voluntária (HABERMAS, 2003; DURÃO,
2009).
7 - CONCLUSÃO
Através da análise do uso dessas redes sociais no governo Obama,
podemos associar este uso com a a idéia da sociedade organizada em redes
(CASTELLS, 1999), cujo fluxo de informações e abertura ao acesso pode proporcionar
uma ampliação de serviços e comunicados governamentais. Esse fato se dá à medida
25https://www.facebook.com/WhiteHouse; https://www.facebook.com/USAgov e https://www.facebook.com/barackobama. Acesso em 13/06/2010. 26https://twitter.com/BarackObama/organizing-for-america, https://twitter.com/BarackObama, https://twitter.com/OFA_DE, https://twitter.com/HouseFloor, https://twitter.com/OFA_TN, https://twitter.com/OFA_TN, https://twitter.com/whitehouse. Acesso em 13/06/2010. 27 Por exemplo, para mais informações, os seguintes sites podem ser consultados: <http://twitter.com/#!/HouseFloor, http://twitter.com/#!/OFA_TN, http://twitter.com/#!/OFA_MO>
23
em que existe um conjunto de regras de procedimentos e, em certo ponto, uma
formação de decisões comunitárias que acontecem através desses meios, ou o uso de
tais redes para difundir uma idéia (GOUVEIA, 2009). Essa maior abertura ocorre devido
à presença do governo americano em diversas redes sociais e a facilidade com a qual
as postagens feitas são acessadas28.
Apesar do fato de não ser toda a população que tenha acesso à internet,
vale ressaltar que as pessoas que possuem acesso a essas redes, podem ter acesso
rápido e transfronteirístico de todo o conteúdo governamental disponibilizados nessas
redes, com maior facilidade do que se fosse ‘acessar’ por outros meios de
comunicação.
Embora seja razoavelmente nova a idéia de usar as redes sociais com esse
propósito político, existe um modelo democrático sendo usado (BOBBIO, 1997) no qual
o uso dessas redes figura-se como um meio diferente para se fazer o mesmo modelo
de governança pautado em um tipo de governo aberto e participativo (ONU, 2005).
Assim, as redes sociais seriam apenas ‘meios’ diferentes para se fazer a mesma
política que era feita antes, tornando-as meios alternativos para garantir a presença do
governo ‘no meio da população’, já que o espaço encontra-se na forma de ciberespaço,
indo além do próprio espaço físico (GOUVEIA, 2009). Porém a própria facilidade de
acesso delimita a cobertura dessas informações, devido principalmente a fatores de
segurança.
Por outro lado, essas redes alcançam uma porcentagem maior da população
oferecendo maiores facilidades de acesso, por se tratarem de redes com interfaces
simples e que podem ser acessadas de diversos meios, móveis ou imóveis.
Vale ressaltar ainda que esses as redes sociais são efetivas no sentido de
diminuir os custos das operações, uma vez que a criação de perfis em páginas como o
Facebook e Twitter não requer qualquer tipo de pagamento.
28 Fato analisado pelo próprio autor através de amostragens, que ocorreu com a adição de alguns perfis do governo americano no Facebook e no Twitter, e acompanhamento das postagens feitas pelo mesmo. Além disso, foi-se criado um perfil para acompanhar a rede social My Barack Obama, que ocasionou em diversos e-mails informativos recebidos.
24
Portanto, além da diminuição dos custos, o uso das redes pode alcançar um
maior número de pessoas, ampliando com isso o ‘espaço público’, no sentido que ele
passa a existir em um conceito de tempo e espaço que ultrapassa o senso material
comumente aplicado (CASTELLS, 1999).
Nessa linha de pensamento, a idéia implícita no uso das redes sociais é a
facilitação de acesso a informações e encurtamento de meios para os cidadãos terem
acesso ao aparato público e aos seus serviços, na idéia implicita de que através dessas
ferramentas, existe uma mobilidade das pessoas da “fila para o meio online” (TRINKLE,
2001). Assim, como essas redes são difundidas mundialmente, o oferecimento de
serviços públicos através desses meios facilitariam ainda mais o acesso a essas
informações e desobstruiria os serviços governamentais, desde que esses meios não
necessitem de presença da pessoa para assinatura e etc.
Neste ponto de vista, se olharmos para a idéia remetida pela teoria de
Habermas (2003), elas certamente podem também servir de facilitadoras para a ação
comunicativa, e o Estado americano de certa forma está utilizando essas mídias com
esse propósito, através da construção durante esse tempo de um discurso de ação
comunicativa que coleciona voluntários e doações. Além disso, o discurso nas redes
sociais é criado de forma a fazer com que cada cidadão sinta-se ‘parte’ do próprio
governo e das ‘mudanças’ que vem tomando lugar nos EUA.
Apesar de uma ponderação da necessidade de haver segurança e cautela
que, podemos dizer que na visão Habermasiana, as redes sociais proporcionam espaço
para se construir um tipo de discurso específico, e fomentar discussões que podem
ocasionar em construção de uma ação comunicativa.
Assim, a possibilidade democrática englobada nessas redes sociais
certamente exibe um fluxo grande de informações, existe uma demostração de clareza
de regras de procedimentos ao divulgar links de eventos e notícias governamentais,
além de e-mails enviados para os membros do MYBarackObama.com, que não se
observava no governo anterior, por exemplo.
Mas será que o aparato governamental americano realmente considera essa
opinião pública mostrada nas redes sociais? Ou será que as informações
25
disponibilizadas são sejam manipuladas e que essas redes remetem a própria vontade
do governo, e não do povo, fazendo com que o discurso seja criado para convencer as
pessoas e adquirir as respostas manipuladas?
Dialogando com as teorias de Castells (1999), quando o governo incita a
participação popular através de foruns e de postagens no facebook e twitter, gerando
uma participação mais ampla possível das partes interessadas, inclusive através de
recrutamento de voluntários e/ou doações, isso gera um maior interesse da população,
que busca os serviços oferecidos nas redes sociais como forma de escapar de longas
filas, ocasionando uma participação mais abrangente da mesma. Mas a questão que
fica é a de que, será que essas redes realmente proporcionam uma democratização
efetiva para a sociedade americana? Outra questão certamente seria se as pessoas
certas, no sentido de ser as que mais necessitam do apoio do governo, possuem
acesso a essas informações, o que provavelmente não acontece.
Outro problema deve ser considerado quando observado o fato de que existe
cerca de 30% da população que não tem acesso à internet nos EUA (IBGE, 2008).
Esse fato incita a preocupação de que os menos favorecidos e as minorias étnicas não
poderiam participar dessa movimentação nas redes online que acontecem, e
consequentemente não teriam acesso às informações e foruns que acontecem no
ambiente da internet, não podendo usufruir dessa abertura aos serviços e informações
do governo americano (The Economist, 2000).
Assim, o que desencadeia também é um questionamento se as informações
passadas publicamente podem realmente ser consideradas como confiáveis, e se o
governo pode começar a usar esses meios como parâmetros para construção de leis,
ou se deve haver ações mais voltadas para a segurança e garantia da seriedade dos
comentários recebidos.
Por outro lado, fica dificil garantir que essas redes proporcionem maior
democratização da sociedade, porque é difícil ‘medir’ o nível de democracia por esses
meios. No entanto, embora não garanta que as decisões sejam tomadas a partir de
toda informação e da opinião pública coletada, certamente existe uma pressão maior
para fazê-lo.
26
O governo Obama, nesse sentido, exemplifica o esquema especificado por
Castells e movimenta uma sociedade mundial a partir de interesses americanos,
ampliando uma sociedade cosmopolita (VILLA, TOSTES. 2006). No entanto, essa
tentativa de sociedade cosmopolita poderia estar fazendo uso da internet para difundir
muldialmente interesses que são exclusivamente americanos, devendo ser mantidos
localmente.
Embora alguns fatores limitem o acesso de alguns, ainda podemos dizer que
existe uma liberdade e igualdade maior, já que ‘qualquer pessoa’ pode se juntar a
essas redes sociais e passar a fazer parte das mesmas, como receptoras de
informação e expressando suas opiniões, podendo serem organizadas localmente, ou
globalmente (BOBBIO, 2000); (MY BARACK OBAMA, 2010).
Finalmente, neste contexto de globalização e de sistemas interligados, o
programa do governo Obama coloca em prática essa teoria, não como um novo modelo
democrático, mas como uma nova forma de participação popular, sem limite de tempo e
local ((VILLA, TOSTES. 2006); (CASTELLS, 2009).
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27
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