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0,50€ CARRAZEDA DE ANSIÃES Publicação Mensal | 31 de julho de 2016 | Ano XX - Nº 235 | Diretora: Fernanda Natália Lopes Pereira FARPA 2016 de 6 a 9 de Agosto

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0,50€

CARRAZEDA DE ANSIÃES

Publicação Mensal | 31 de julho de 2016 | Ano XX - Nº 235 | Diretora: Fernanda Natália Lopes Pereira

FARPA 2016 de 6 a 9 de Agosto

Julho 2016 2

Quintinha do ManelRua Tenente Aviador Melo Rodrigues

Carrazeda de Ansiães

Restaurante, Pensão / Residencial

278617487

Julho 2016

FICHA TÉCNICANome

O Pombal

PropriedadeAssociação Recreativa e Cultural

de Pombal de Ansiães

Nº de Pessoa Coletiva500 798 001

Publicação Registada na D.G.C.S.122017

Depósito Legal129192/98

DiretoraFernanda Natália Lopes Pereira

Paginação e ComposiçãoJoão Miguel Almeida Magalhães

Redação e ImpressãoLargo da Igreja, 1 - Pombal de Ansiães

5140-222 Pombal CRZTelef. 278 669 199

E-mail: [email protected]@arcpa.pt

Home Pagehttp://www.arcpa.pt

RedatoresTiago Baltazar; Patrícia Pinto; Liliana Carvalho.

FotografiaFernando Figueiredo; Eduardo Teixeira; Fernanda Natália

ColaboradoresVitor Lima; Fernando Figueiredo;

Fernando Campos Gouveia; Flora Teixeira; Manuel Barreiras Pinto; Catarina Lima; José Mesquita; Fátima Santos; Adriana Teixeira; Susana Bento; Matilde Teixeira; Hermínia Almeida; (Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade dos seus autores)

Tiragem Média500 Exemplares

PreçoO jornal O POMBAL é gratuito para os

residentes em Pombal de AnsiãesAssinatura Anual (Sócios)

Portugal: 8,00 Euros; Europa: 18,00 Euros;

Resto do Mundo: 25,00 EurosAssinatura Anual (Não Sócios)

Portugal: 12,00 Euros; Europa: 25,00 Euros;Resto do Mundo: 35,00 Euros

Pontos de VendaSede da ARCPA (Pombal);

Papelaria Horizonte; Ourivesaria Cardoso; Papelaria Nunes

(Carrazeda de Ansiães)Livraria/Papelaria CLIP

(Vila Flor)

FUNDADO EM 1 DE JANEIRO 1997

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EDITORIAL

Fernanda Natália

Na década de 70, havia um jogador de futebol de grande prestígio e que sempre jogou no Belenenses. Seu nome, Raúl Ferreira dos Santos mas conhecido no mundo futebolístico por “Sambinha”. Sambinha nasceu em Angola de onde saiu ainda muito jovem, quando os “olheiros” do Belenenses o viram jogar no “Lusitano Futebol Clube” e logo lhe apreciaram o seu jeito gingão que, afinal de contas, lhe valera a alcunha. Contava-me o meu pai que quando Sambinha era ainda criança, não per-dia uma oportunidade para jogar uma partida de futebol com as demais crianças do bairro. Num desses jogos em que se jogava descalço para poupar os sapatos, Sambinha foi rasteirado com violência e estatelou-se no chão, ficando com um joelho muito mal tratado. O outro miúdo, muito mais corpulento que ele que sempre foi franzino, abeirou-se dele e, enquanto lhe estendia a mão segredou-lhe um “Desculpa”. Sambinha levan-tou-se num impulso, ripostou com uma bofetada e acrescentou “Desculpa não tira a dor!”. Hoje sei que esta atitude não teve nada de fairplay mas a ideia acompanhou-me ao longo da vida e serviu-me de lição a seguir. É verdade que, por outras palavras que viraram jargão, mais não são do que o habitual “Desculpas não se pedem, evitam-se”. De facto, mesmo quando aceitamos o pedido de desculpas, muitas vezes a dor que o ato que as precedeu causou foi tão agressivo que torna difícil a cura ou o abrandamento da dor que nos provocaram. É que há desculpas que têm um efeito do género dos medicamentos que vemos anunciar nas televisões para eternizar a juventude. Não têm qualquer efeito a não ser o de desgastar o pecúlio pessoal. Também há desculpas que nos desgastam mais do que acalentam a dor e isso porque sentimos que não são sinceras ou porque já as ouvimos proferir tantas vezes que desacredita-mos. Não se pode, nem deve andar continuamente a magoar o outro, seja de que forma for, e depois pensar que tudo se resolve com um pedido de desculpas. Isso é puro egoísmo. É des-prezo pelos sentimentos do próximo. Recordo-me de ter lido, não sei onde, que só nos lembramos dos castigos que re-cebemos em criança quando foram injustos. Talvez seja por isso que não haja pedido de desculpa que apague aquele momento em que nos magoaram porque foram injustos connosco. E isso dói, dilacera a mente e fragiliza-nos. Talvez devêssemos colocar--nos, algumas vezes, no lugar do outro e tentar perceber o que aconteceria se fosse ao contrário...É que olhar só para o nosso umbigo, julgarmo-nos o máximo, acharmos que temos sempre razão, pode gerar pequenos monstros e é preciso ter cuidado porque a caça ao Pokemon já começou.

Julho 2016 4

RÁDIO ANSIÃES, C.R.L.Rua Tenente Aviador Melo Rodrigues

5140-100 Carrazeda de Ansiães

Internet: www.radioansiaes.ptE-mail: [email protected]. Comercial: 910 043 373

A Rádio Ansiães apoia a ARCPA, ciente da colaboração no progresso do concelho de Carrazeda de Ansiães.

José Alberto Pinto Pereira

Ex.mo(s) Senhor(es) Associados/Assinantes

Caso pretendam receber o jornal, deverão recortar/copiar e preencher a Ficha de Assinatura abaixo e enviá-la para a ARCPA, com o respectivo meio de pagamento ou comprovativo de transferência bancária dos valores indicados, para as seguintes contas:

Caixa de Crédito Agrícola Mútuo (C.a Ansiães)

IBAN - PT50 0045 2190 40052054541 39

JORNAL – O POMBAL

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NOME -__________________________________________________________

MORADA - __________________________________________________________

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LOCALIDADE - ____________________________ CÓD. POSTAL - ________ - ____

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Envie para: Jornal O POMBAL * Largo da Igreja, 1 POMBAL5140-222 POMBAL CRZ – CARRAZEDA DE ANSIÃES

Obs.: O pagamento deverá ser efectuado no início de cada ano.

SÓCIOS ARCPA Assinatura anual

– 8,00 Euros PORTUGAL – 18,00 Euros EUROPA

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NÃO SÓCIOS Assinatura anual

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Rua Marechal Gomes da Costa, 319, 1º Dtº5140-083 Carrazeda de Ansiães

Tlf.: 278 610 040Fax: 278 610 049

Tlm: 917 838 018 [email protected]

Delegado Centro Sul (Coimbra)Arq. Jaime Veiros Tlm.: 917837198

Participar nos programas:Telefone: 278616295SMS: [email protected]

Publicidade:910043373278616365Email: [email protected]

Julho 20165

4150-171 PORTO

Sócio(a) / Filho(a) de Sócio(a) / Cônjuge

RegulamentoCedência do Salão

Obs: Para este efeito, as regalias de sócio, adquirem-se desde que se seja sócio(a) há mais de um ano, na data do pedido.

O salão deverá ser sempre pedido por escrito, com uma antecedência adequada. Para casamentos, principalmente no Verão e datas festivas, a antecedência deverá ser, no mínimo de

três meses, Os pedidos serão objecto de apreciação e decisão, por ordem de chegada. Sempre que os pedidos

sejam coincidentes, os sócios terão preferência sobre os não-sócios.

Dias Salão Loiças Cozinha Salão/Loiças/Cozinha

1 40€ 15€ 30€ 75€ 3/4 100€ 40€ 80€ 200€

Não Sócio(a)

Dias Salão Loiças Cozinha Salão/Loiças/Cozinha

1 80€ 30€ 60€ 150€ 3/4 200€ 80€ 150€ 300€

[email protected] de Ansiães

Visite o nosso sitewww.arcpa.pt

Julho 2016 6Jornal “O Pombal” n.º 235 de 31 de julho de 2016

Conservatória dos Registos Civil, Predial e Comercial e

Cartório Notarial

de Carrazeda de Ansiães

Certifico, para fins de publicação, nos termos do artº.

100º do código do notariado, que por escritura de

justificação notarial, outorgada neste cartório notarial, em

15/07/2016, lavrada a partir de trinta e quatro do respetivo

livro de notas número oitenta e quatro C, Cláudio Roberto

Mesquita Veiga, NIF 215 926 536, solteiro, maior, natu-

ral da freguesia e concelho de Carrazeda de Ansiães,

onde reside na Rua dos Bombeiros Voluntários, declarou:

Que, com exclusão de outrem, é dono e legítimo possuidor

de um prédio rústico composto de terra composta por

uma vinha com um armazém agrícola com a área de

sessenta e quatro metros quadrados, com a área total

de cinco mil novecentos e seis metros quadrados, sito

no Rodelo,freguesia de Lavandeira, Beira Grande e Selores,

concelho de Carrazeda de Ansiães, a confrontar do norte

com Sebastião dos Santos Carvalho, do nascente com

António José Matos, do sul com Julieta Viegas Messena

e do poente com caminho público, ainda não descrito

na Conservatória do Registo Predial de Carrazeda de

Ansiães, inscrito na respetiva matriz sob o artigo4711

(anteriormente inscrito sob o artigo 2052 da extintafre-

guesia de Beira Grande), com o valor patrimonial de €

3084,80, igual ao que lhe atribui.

Que, entrou na posse do referido prédio, por doação

verbal, feita por seus pais Fernando Augusto Veiga

e Maria Manuela Mesquita Veiga, casados entre si na

comunhão de adquiridos e residentes na Rua dos Bombei-

ros Voluntários, Carrazeda de Ansiães, doação essa feita

em dia e mês que não pode precisar, do ano de mil

novecentos e noventa e três, e que nunca foi reduzida

a escritura pública

Que, deste modo não possui título formal que lhe

permita registar na aludida Conservatória do Registo

Predial o identificado prédio, todavia, desde o citado

ano, data em que se operou a tradição material do

mesmo, ele justificante, já possui, em nome e interesse

próprios, o prédio em causa, tendo sempre sobre ele

praticado todos os atos materiais de uso e aproveitamen-

to agr ícola, tais como, amanhando-o, semeando-o,

cultivando-o, colhendo os produtos semeados, apro-

veitando, assim, dele todas as suas correspondentes

utilidades, agindo sempre como seu proprietário, quer

na sua fruição, quer no suporte dos seus encargos,

tudo isso realizado à vista de toda a gente, sem qualquer

ocultação, de forma continuada, ostensiva e ininterrupta

desde o seu início, sem qualquer oposição ou obstáculo

de quem quer que seja e sempre no convencimento de o

fazer em coisa pr ópria, tendo, assim, mantido e exercido

sobre o identificado prédio, durante mais de vinte anos e

com o conhecimento da generalidade das pessoas vizinhas,

uma posse pública, pacífica, contínua e em nome próprio,

pelo que adquiriu o citado prédio rústico por usucapião,

que expressamente invoca para justificar o seu direito

de propriedade para fins de primeira inscrição no

registo predial, direito esse que pela sua própria

natureza não pode ser comprovado por qualquer título

formal extrajudicial.

Extraí a presente certidão de teor parcial que vai con-

forme o seu original, e na parte omitida nada há em

contrário que amplie, restrinja, modifique ou condicione

a parte transcrita. 15.07.2016. A Conservadora, (Ana

Paula Pinto Filipe da Costa) Conta registada sob o n .º 488.

VENDOAgostinho dos Ramos Felgueiras, vem por este meio infor-

mar que pretende vender as seguintes propriedades rústicas, da freguesia de Pombal, a seguir discriminadas:

Espinhosa – 1 290 m2Ruiva – 18 300 m2Val – 414 m2João Paradela – 18 000 m2Fraga Velha – 3 800 m2Quinchozinho

Trata o próprio.

Contactos:Telefone – 939350526 / 217605954Mail – [email protected]

COMISSÃO DE FESTAS DE S. LOURENÇO (POMBAL)

MARCAÇÃO E ARRANJO DE ANDORES

A Comissão de Festas de S. Lourenço (Pombal) informa os interessados que pretendam levar os an-dores nos dias da Festa de S. Lourenço, que deverão inscrever-se junto da Comissão de Festas, o mais breve possível.

De igual modo se informa que quem tenha inten-ção de pagar o arranjo floral de algum andor, deverá comunicá-lo e efetuar o seu pagamento, também junto da referida Comissão de Festas.

A Comissão de Festas

Jornal “O Pombal” n.º 235 de 31 de julho de 2016

Conservatória dos Registos Civil, Predial e Comercial e

Cartório Notarial

de Carrazeda de Ansiães

Certifico, para fins de publicação, nos termos do artº. 100º

do código do notariado, que por escritura de justificação

notarial, outorgada neste cartório notarial, em 07/06/2016,

lavrada a partir de cento e quarenta do respetivo livro de

notas número oitenta e três C,

Carlos Simão Rodrigues, NIF 150 168 381, divorciado,

natural da freguesia de Marzagão, concelho de Carrazeda

de Ansiães, onde reside, declarou:

Que, com exclusão de outrem, é legítimo possuidor de um

prédio urbano composto de uma casa de dois andares, com

a superfície coberta de vinte e quatro metros quadrados,

sito na Rua da Portelinha, freguesia de Marzagão, conce-

lho de Carrazeda de Ansiães, a confrontar a norte com

António Ranhados, a poente e sul com rua e a nascente

com José Pereira, ainda não descrito na Conservatória

do Registo Predial de Carrazeda de Ansiães, inscrito na

respetiva matriz sob o artigo 100, com o valor patrimonial

de €1360,00, igual ao que lhe atribui.

Que, entrou na posse do indicado prédio no ano de

mil novecentos e setenta e dois, em dia e mês que não

consegue precisar, ainda no estado de solteiro, sendo que

posteriormente foi casado sob o regime da comunhão

de adquiridos, e que foi comprado verbalmente a Berta

Feliciana, que foi solteira e residente na dita Marzagão, já

falecid

Que, deste modo não possui título formal que lhe permita

registar na aludida Conservatória do Registo Predial o

identificado imóvel, todavia, desde o citado ano, data em

que se operou a tradição material do mesmo, ele justifi-

cante, já possui, em nome e interesse próprios, o prédio

em causa, tendo sempre sobre ele praticado todos os atos

materiais de conservação, uso e aproveitamento, tais como,

fazendo as necessárias obras de limpeza e conservação, a

expensas suas, desde então utilizando-o como casa de ha-

bitação própria permanente, cuidando-o, nele guardando

os seus haveres e demais pertences, aproveitando, assim,

dele todas as suas correspondentes utilidades e pagando

todas as contribuições e impostos por ele devidos, agindo

sempre como seu proprietário, quer na sua fruição, quer

no suporte dos seus encargos, tudo isso realizado à vista

de toda a gente, sem qualquer ocultação, de forma con-

tinuada, ostensiva e ininterrupta desde o seu início, sem

qualquer oposição ou obstáculo de quem quer que seja e

sempre no convencimento de o fazer em coisa própria,

tendo, assim, mantido e exercido sobre o identificado

prédio, durante mais de vinte anos e com o conhecimento

da generalidade das pessoas vizinhas, uma posse pública,

pacífica, contínua e em nome próprio, pelo que adquiriu

o citado prédio por usucapião, que expressamente invoca

para justificar o seu direito de propriedade para fins de

primeira inscrição no registo predial, direito esse que

pela sua própria natureza não pode ser comprovado por

qualquer título formal extrajudicial.

Extraí a presente certidão de teor parcial que vai conforme

o seu original, e na parte omitida nada há em contrário

que amplie, restrinja, modifique ou condicione a parte

transcrita.

07.06.2016. A Conservadora,

(Ana Paula Pinto Filipe da Costa) Conta registada sob

o n .º 384

Julho 20167

A difusão da consciência da identidade nacional está asso-ciada, como já referimos, à cres-cente importância da imprensa, ao desenvolvimento das vias de comunicação ferroviárias que aproximam as regiões, à multi-plicação das escolas; às grandes comemorações coletivas dos fei-tos nacionais, como sejam o tri-centenário da morte de Camões (1880), o sétimo centenário da morte de D. Afonso Henriques (1887), a exposição do mundo português que comemorou a for-mação e a restauração do país; entre outros… De notar que, um dos grandes teorizadores da identidade portuguesa, Sérgio Campos Matos, refere também a importância da memória oral, da consciência de pertença a uma cultura, a uma língua e a um pa-trimónio antropológico comum.

Reflitamos sobre esta identida-de portuguesa, que é universal do

Minho aos Açores, e nem posto em dúvida a unicidade territo-rial. A identidade nacional é an-tiga e parece-nos quase natural porque usufruímos de particu-laridades como sejam, a escassez de minorias étnicas, religiosas e linguísticas, que nos distinguem dos outros povos e têm contri-buído para uma relativa estabili-dade e longevidade como nação independente.

Contudo, convém lembrar que a nossa pequenez e relativo des-conforto no contexto da Penín-sula Ibérica perante o apetite he-gemónico, primeiro de Castela, depois de Espanha e por último de França não augurava um su-cesso tão duradouro como nação soberana. Porém fatores externos e internos, que a História assina-la, permitiram mais de oito sé-culos e meio de independência, descontados os sessenta anos de domínio espanhol.

Recordem-se os internos; a bravura, inteligência guerreira e especificidades várias permiti-ram a fundação da nacionalida-de com D. Afonso Henriques; a crise de 1383/1385 esteve cheia do sentimento nacionalista e pa-triótico adicionado à genialidade guerreira de Nuno Álvares Perei-ra assegurou a manutenção da independência; a restauração do domínio espanhol teve a intrepi-dez dos conjurados acrescentado à teorização da portugalidade de vários autores, particularmente o padre António Vieira; o insu-cesso das invasões francesas foi determinado particularmente pelo povo anónimo que liderou a resistência ao invasor, perante a “cobardia” da corte…

Porém outros fatores, os exter-nos foram essenciais, se o alarga-mento do território e na época da expansão contou com o em-penho e a bravura dos seus ato-

res; a restauração só foi coroada de êxito pelo desvio de atenções de Espanha para a crise na Cata-lunha e a ajuda inglesa, também importante nas invasões fran-cesas; a manutenção do império no início do século dependeu da nossa entrada atribulada e trági-ca na i guerra mundial…

Assim, continua válida a tese de Herculano, “é a rivalidade das grandes nações europeias que nos tem salvado” acrescida da colaboração também interesseira das grandes potências europeias, particularmente a Inglaterra, que, em diversas ocasiões, nos fez o peão dos seus interesses, face às rivalidades com espanhóis e franceses, garantindo a indepen-dência nacional.

A explicação para explicar a longevidade do país tem pejado de diversos mitos a História do país de que falaremos a seguir.

Independentes mas... pouco!

José Mesquita

Julho 2016 8Município de Carrazeda de Ansiães

Fernanda Natália Pereira

Casa dos Cantoneiros - Foz-Tua Winehouse

No dia 8 de julho foi inau-gurada mais uma infraestrutu-ra no concelho de Carrazeda de Ansiães, a “Casa dos Canto-neiros”, em Foz-Tua. De acordo com declarações prestadas por José Luís Correia, Presidente da Câmara, trata-se de um local des-tinado à divulgação, degustação e comercialização de produtos do concelho, mormente: vinhos, compotas e frutos secos. Porém, a “Casa dos Cantoneiros”comporta uma vertente de índole emi-nentemente turística, sendo-

-lhe também reservada função de posto de turismo. Tendo uma localização privilegiada, junto à Estrada Nacional 214, não dei-xa de se assumir como a porta de entrada sul do concelho, quiçá aquela com mais movimento, beneficiando das ligações ro-doviária e ferroviária. Este novo espaço, com uma localização so-branceira ao rio Tua e de onde se avista a sua foz no rio Douro, possui valências muito diver-sificadas, que não defraudam os seus visitantes. Antes pelo

contrário. Integram-no uma sala de provas, uma sala de exposi-ção e venda, um auditório, uma sala de leitura e um terraço com amplo espaço para degustar os produtos da região e desfrutar de toda a paisagem envolvente. Não se trata de apenas mais uma infraestrutura pois tem reserva-do um funcionamento em rede com outras do concelho, como é o caso do CITICA, Centro Interpretativo do Castelo de Ansiães (CICA), Museu da Me-mória Rural de Vilarinho da Cas-

tanheira, entre outros. Importa ainda destacar que a “Casa dos Cantoneiros” servirá de local de informação de todos os pontos de interesse a visitar no

concelho, para além de forne-cer outro tipo de informações no âmbito da cultura, gastro-nomia e património. Talvez se venha a assumir como o motor de arranque para a área do tu-rismo em particular e do de-senvolvimento do concelho em geral. O futuro o dirá.

Julho 20169Tempo para quê?

Patricia Pinto

Foi na viagem de regresso a casa. Entro no carro e ligo o rá-dio, a música da moda começa a soar e a entoar nos meus ouvi-dos, fartos de problemas sociais, de tempestades políticas, de blo-queios financeiros e entraves co-locados à “geração à rasca”.

A música intitula-se “Tempo pra quê?”, de um grupo portu-guês com cada vez mais sucesso na sua performance em equipa, os D.A.M.A.

Começo por me questionar como ousam pedir-me tempo

a mim, que estou sem tempo, que apenas quero, como tantos outros, mostrar o meu conheci-mento, as minhas capacidades e estimular o desenvolvimento de uma região em progressivo aban-dono.

Coloco a hipótese de tam-bém eu vir a contribuir para este abandono…devo sentir culpa? Pedem-nos calma, que tenha-mos esperança no futuro e que não desistamos de lutar por um futuro que sabemos pertencer a somente determinadas pessoas.

Será que também nós temos validade? Temos, não nos podem pedir tempo, tempo que escas-seia, que passa veloz, que vai e não volta.

Perguntam-me porque es-tou assim, e de olhar cabisbaixo respondo que é só um dia mau, minto pois claro.

É tempo de dar a volta ao mun-do, de gritar até às profundezas do universo que somos pesso-as, que não temos culpa de não termos “padrinhos” e de uma sociedade depravada onde só os

bajuladores são reconhecidos no mundo do trabalho.

Perco tempo no espaço que me rodeia, o sol põe-se agora no ho-rizonte, as estrelas começam aos poucos a decorar um céu límpido de uma noite de verão.

Olho para o relógio e vejo que estou sem tempo, sem tempo de deprimir, sem tempo de me can-sar com quem não se cansa com a gente.

O que ficará deste cenário? Verdade ou consequência?

Julho 201610Homenagem ao S. LourençoManuel Barreiras Pinto

No inicio do mês de Julho, a Diocese de Bragança- Miranda concretizou a operação que uns meses antes tinha iniciado: a pe-regrinação a Roma, nos dias 2 a 9 .

Assim um conjunto de 80 par-ticipantes, divididos em dois grupos partiu nessa viagem. Da alegria, entusiasmo e emoções, cada um sabe por si, pois viveu--as nessa semana cheia de lições de vida espiritual dos nossos san-tos.

A cidade do Vaticano é uma cidade-Estado governado pelo bispo de Roma – o Papa – onde reside na Palácio Apostólico, tem cerca de mil habitantes e está dentro da cidade de Roma, capi-tal de Itália.

É dentro desta cidade que se encontra a enorme e bela Basí-lica de São Pedro, a maior igreja do Mundo Cristão- onde está o túmulo de São Pedro e do Santo João Paulo II, entre outros, cuja fachada principal está de frente

para a Praça com o mesmo nome de São Pedro. É aqui que sua San-tidade, o Papa Francisco, se diri-ge aos peregrinos na oração do Angelus, aos Domingos pelas 12 horas, da janela do palácio.

São Lourenço foi um dos sete primeiros diáconos, guardiões do tesouro da Igreja Cristã, sediada em Roma. O cargo de diácono era de grande responsabilidade pois consistia no cuidado dos bens da igreja e a distribuição de esmolas aos pobres.

No ano 257,o imperador roma-no Valeriano decretou a perse-guição aos cristãos e no ano se-guinte, foi detido e decapitado o Papa Sisto II. Segundo a tradição, quando o Papa São Sisto, se diri-gia ao local da execução, S. Lou-renço seguia na sua companhia e chorava: - “aonde vai sem seu diácono, meu pai?” Preguntou e o Pontífice respondeu: - “Não penses que te abandono, meu fi-lho, pois dentro de três dias me seguirás”.

Após a execução do Papa, o imperador ameaçou a igreja para entregar as suas riquezas, no pra-zo de 3 dias. Passados 3 dias, São Lourenço levou os pobres auxi-liados pela igreja e os fieis cris-tãos diante do imperador. De-pois, exclamava a seguinte frase que lhe valeu a morte. “Estes são a riqueza da Igreja”. O Impera-dor furioso e indignado mandou prendê-lo e ser queimado vivo sobre um braseiro ardente, por cima de uma grelha.

A tradição católica diz que o santo conservou o seu bom hu-mor, mesmo quando era execu-tado, dizendo aos que o queima-vam: - “ podem virar-me agora, pois este lado já está bem assado”

A Basílica de São Lourenço Fora de Muros é uma das cinco basílicas patriarcais de Roma, e onde está o túmulo de São Lou-renço, ou São Lourenço de Hues-ca foi mártir católico que morreu em Roma, a 10 de Agosto do ano 258.

Há na cidade de Roma 8 paró-quias dedicadas a São Lourenço, com 54 Igrejas dentro da cidade de Roma, cidade que tem dez milhões de habitantes. Nas des-locações e visitas que fazíamos aos monumentos, igrejas e mu-seus na cidade do Vaticano, havia sempre muitos, muitos turistas que como nós estavam de visita à cidade de Roma.

Agora entendo como o mártir São Lourenço sofreu e como os Pombalenses têm sofrido com quem os governa.

A peregrinação terminou e em Roma ainda oramos na Basílica de São João de Latrão e na Igreja de Santo António dos Portugue-ses, com o espirito de fé, espe-rança e caridade.

Amigos leitores, a festa ao S. Lourenço, está a chegar, sorriam e façam por serem felizes.

15/07/2016

Julho 201611Clube Douro Aventura

Fernanda Natália Pereira

Motocross regressa a Carrazeda

Dia 10 de julho foi um dia de grandes emoções para os aman-tes do motocross, as quais foram vivenciadas por mo-tivos diversos. Da parte da organização – Clube Douro Aventura TT – foi a possi-bilidade de fazer regressar a Carrazeda uma prova nacio-nal, dando com isso projeção ao concelho; para alguns pi-lotos, esta prova permitiu-lhes regressar a uma pista da qual confessaram já sentir saudades e, o público, teve oportu-nidade de vibrar ao com-passo dos roncos dos motores e com a destreza dos pilotos. Realizou-se a terceira prova do Campeonato Regional Penta-Control na classe Elite/Pró, na qual participaram treze pilotos da Classe Elite e um da Classe Pró. A primeira manga aca-bou por trazer muita emoção na medida em que houve mui-tos pilotos a arrancarem mal e, por isso, houve necessidade de

recuperar o tempo perdido, o que se traduziu por uma luta taco a taco que se concretizou numa corrida onde a distância entre os pilotos era mínima. No final da prova subiram ao pódio Hugo Santos, para o primeiro lugar, seguindo-se João Oliveira e Rui Magalhães. Também houve a disputa de mais uma prova Regional na Classe Promoção, que contou com a participação de doze pilotos. A ausência do piloto mais conceituado e melhor classificado nesta classe logo fez prever uma corrida empol-gante pois abriam-se as portas a que outros pilotos mostrassem a sua garra e brilhassem qua-se tanto como o sol que esta-va abrasador mas, mesmo as-sim, não intimidou o público. Assim, ao longo da primeira manga pairou sempre a incer-teza quanto ao vencedor na medida em que a mesma aca-bou por ter, alternadamente,

três líderes: Max Ferraz,Paulo Fernandes e Rui Gomes. Já a se-gunda manga ficou marcada

por uma aparatosa queda coletiva logo após o arranque inicial oque acabou por ditar o desenrolar da mesma, uma vez que deuoportunidade a fu-gas individuais. A classificação final ficou assim distribuída: em primeiro lugar Max Ferraz, em segundo mas com o mes-mo número de pontos, Rui Gomes e, em terceiro Paulo Fernandes que conseguiu uma ótima recuperação depois de várias quedas. Finalmente, refi-ra-se que também se realizou a sexta etapa doCampeonato Nacional na Classe Infantis B, a qual foi ganha por Mar-tim Espinho, seguido por Fábio Costa e Sandro Lobo. Duran-te as provas e no final muitos foram os pilotos que quiseram expressar o seu contentamen-to por este regresso ao cros-sódromo de Carrazeda de An-

siães, elogiando não só a pista como também o facto de se lhe associar o Campo de Formação de Escuteiros Chefe Zeferino Bastos, o qual permitiu uma logística ao mais alto nível. Da parte da organização quiseram realçar o enorme apoio dado pela Corporação de Bombei-ros, agradecendo, ainda, ao Dr Silva Ferreira, ao enfermei-ro José Ramires, à Câmara Municipal, ao Agrupamento de Escuteiros 658. Um crossódro-mo cujas potencialidades es-tão espelhadas no facto de ser homologado para provas inter-nacionais, o que diz tudo sobre a qualidade da pista, associan-do-se ao empenho dos elemen-tos do Clube Douro Aventura TT, que mostraram de modo bem evidente que continuam em excelente forma para orga-nizarem este tipo de eventos.

Fotografias: Cortesia Mónica Pires

Julho 201612

À descoberta de VenezaMatilde Teixeira

Toda a gente é capaz de identi-ficar uma foto de Veneza.

Toda a gente sonha ir um dia descobrir essa cidade e dar um passeio de gôndola pelos canais ou ouvir um concerto de violino na Praça S. Marcos, em frente do mítico café Florian.

A evocação dessa cidade mági-ca, frágil ilha no meio da laguna, ameaçada pelas marés altas, mas tão única, tão diferente, com os seus velhos palacetes espelhados no Grande Canal, que a atra-vessa como uma larga avenida de água serpenteando por entre o casario antigo, faz palpitar a fibra romântica de cada um de nós, faz sonhar com sumptuosas festas de Carnaval, faz pensar em figuras tão extraordinárias como Marco Polo, Ticiano, Goldoni, Casanova, Vivaldi, Canova ...

As imagens sobrepõem-se na nossa cabeça: as telas de Cana-letto e Guardi que divulgaram em toda a Europa as vistas de Veneza, as aguarelas do inglês

Turner ou do americano Sargent, os pastéis e os óleos do francês Monet, quadros sumptuosos de uma cidade fotogénica, bom modelo apreciado e repetido por grandes artistas desde que o género da paisagem pitoresca começou a fazer receita. E para isso Veneza muito contribuiu...

Veneza porta do Oriente, Ve-neza a República Sereníssima que durante séculos defendeu, ciosamente, as rotas do comér-cio do Mediterrâneo, fazendo chegar a toda a Europa os pro-dutos do longínquo oriente, acumulando assim riquezas que a tornaram luxuosa, fascinante e muito invejada!

Bem, mas o turista, que che-ga de barco num cruzeiro, ou de comboio à Estação de Santa Cecília, ou aterra no aeroporto Marco Polo, e se contenta em dar um passeio de “vaporetto” pelo Grande Canal, em foto-grafar os pombos na Praça S. Marcos e passear pela Piazzetta

ou pelo cais dos Schiavoni ao lado do palácio dos Doges para apreciar o pôr-do-sol na laguna tendo no horizonte a torre do convento do San Giorgio, ficou a conhecer a Veneza de bilhete postal, mas poderá dizer que co-nheceu a cidade?

É que Veneza é muito mais do que isso.

Veneza é toda ela uma cidade--museu que encerra por detrás de fachadas por vezes anódinas, e decrépitas, muitos e mui inte-ressantes tesouros artísticos.

Para visitar Veneza é preciso demorar-se por lá...

Cada esquina de rua, cada pa-rede de edifício, cada pequena ponte tem algo para apreciar com atenção.

É preciso andar a pé e de “va-poretto”, de olhos bem abertos, e ter tempo e vagar para se perder nas ruelas estreitas, subir pon-tes, descer pontes, todas elas em arco elevado para deixarem pas-sar os barcos.

É preciso sentar-se nas praci-nhas assimétricas e esquinudas em que sempre uma velha árvo-re dialoga com um poço dessa pedra branca de Ístria, parecida ao mármore, delicadamente tra-balhada (tantos poços e todos tão bonitos, todos parecidos e todos diferentes...).

É preciso reparar nas placas esculpidas que decoram as fa-chadas e contrastam com o tijolo das paredes ou o tom avermelha-do da argamassa que as reveste, muitas vezes quase a desfazer-se, acusando as marcas do tempo e da insidiosa humidade...

É preciso reparar nos peque-nos tabernáculos das esquinas, alguns de grande qualidade ar-tística, testemunhos de uma devoção popular e de uma reli-giosidade bem viva e actual pois não é raro que flores ou velas acesas os decorem. Tantos moti-vos curiosos e que nos intrigam nessas pequenas esculturas ou alto-relevos espalhados pela ci-

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dade! Tanta beleza para regalo dos nossos olhos atentos e des-lumbrados!

Mas Veneza é também um conjunto de excelentes e varia-dos museus que podemos visitar para conhecer melhor a sua rica história. Menciono apenas três: o mais importante, a Academia reúne muitas obras dos primiti-vos ( séc.XIV, XV) e dos autores renascentistas ( séc. XVI ) de igrejas e Mosteiros ou “Scuo-le” destruídos, remodelados ou abandonados ( Napoleão tam-bém passou por lá e extinguiu as ordens religiosas); o Ca Ra-zzonico, instalado num magní-fico palácio barroco virado para o Grande Canal, consagrado ao século XVIII; a Galleria Fran-chetti, instalada no palacete Ca d’Oro, um dos mais belos exem-plares do gótico veneziano, com uma interessante coleção de pin-tura e escultura abrangendo vá-rias épocas.

O edifício mais emblemático

é o Palácio dos Doges, sede do poder cívico e verdadeiro mu-seu, decorado pelos mais famo-sos artistas da escola veneziana. O palácio primitivo sofreu um terrível incêndio e foi reconstru-ído no século XVI, em pleno Re-nascimento, quando a cidade se podia orgulhar de poder enco-mendar novas decorações, que felizmente chegaram até nós, aos grandes Mestres, arquitectos, pintores, escultores, que então aí oficiavam. A extraordinária sala do Conselho foi, até ao final do século XIX, a maior sala da Eu-ropa e possui a maior tela pin-tada do mundo, o célebre Juízo Final de Tintoretto.

Além disso Veneza possui uma património de arte reli-giosa inigualável, para além da celebérrima e original basílica de São Marcos, uma jóia arqui-tectónica do século XI, que deu o nome à Praça mais conheci-da. Muitas igrejas, conventos e “ Scuole” foram construídas ou

reconstruídas, aumentadas e re-decoradas também no séc XVI, época áurea da cidade. Temos, assim, o privilégio raro de poder apreciar grandes telas, grandes esculturas ou frescos nos locais para os quais foram concebidos o que permite uma leitura muito mais rica e coerente das obras. É que o artista, quando concebia um retábulo, tinha em atenção o programa decorativo do con-junto, a arquitectura do espaço no qual a pintura se devia inse-rir, a altura a que deveria ficar, de onde vinha a luz que o iria iluminar, etc, etc! Que diferença com as pinturas religiosas nos museus, que, embora obras-pri-mas a merecerem a nossa admi-ração, nos aparecem desinvesti-das desse contexto especial a que se destinavam! Muitas das vezes são apenas fragmentos, painéis de retábulos desmembrados e repartidos por vários museus, em países diferentes.

Por tudo isso as igrejas de

Veneza merecem bem a visita. E que trabalho extraordinário de restauro e valorização des-se património tem sido levado a cabo! Cada vez mais igrejas restauradas e abertas à visita. O programa levado a efeito pela Associação Chorus é exemplar. Mobilizaram centenas de asso-ciados, arranjaram fundos para a recuperação, limpeza e restauro, publicaram monografias sobre as igrejas intervencionadas, e acolhem muito amávelmente os visitantes e entregam-lhes pre-ciosas notas explicativas para o percurso dentro do edifício que completam as informações afi-xadas junto das próprias obras. Uma iluminação discreta e ade-quada permite apreciá-las nos seu esplendor.

As “Scuole” que referi mere-cem uma atenção especial pois ao contrário do que o nome in-dica, não são escolas e não temos nada de equivalente entre nós para traduzir a palavra. Trata-se

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de instituições laicas, algumas muito ricas e com imponentes sedes próprias, que funciona-vam como confrarias, associan-do pessoas da mesma profissão, ou da mesma paróquia ou nacio-nalidade, e que se reuniam sob a proteção de um santo patrono. Eram instituições muito impor-tantes na vida religiosa, social e cívica de Veneza e tiveram a seu apogeu nos séculos XVI a XVIII. Alguns desses edifícios chega-ram até nós intactos, outros fo-ram desviados para utilizações diferentes ou desapareceram.

Uma da mais extraordinárias é a “Scuola Grande” de São Roque, que continua a funcionar, cujo patrono, o protector da peste e

das epidemias é muito venera-do na cidade. Foi decorada pelo grande Tintoretto que aí, mais do que noutro lugar, revelou o seu imenso talento. A icono-grafia de cada uma das enormes telas com cenas do Novo ou do Antigo Testamento que decoram as grandiosas salas do edifício revela a grande força e originali-dade desse genial pintor.

Mas muitas obras de outros grandes artistas estão espalhadas pelos edifícios que é preciso visi-tar. Grandes mestres que consti-tuem a célebre escola veneziana que se destacou relativamente a outras famosíssimas correntes artísticas de Itália, nomeada-mente a florentina, pela impor-

tância dada à cor. A vibração da luz, a harmonia e a riqueza dos coloridos, as composições sere-namente clássicas ou mais ousa-das e originais, de Paulo Vene-ziano, dos Bellini (uma família de artistas célebres desde o sécu-lo XV, sendo o mais importante Giovanni Bellini), de Carpacio, de Cima da Conegliano (temos no museu Gulbenkian de Lisboa uma excelente obra deste pintor pouco conhecido fora da região) do grande Ticiano, a quem todas as cortes europeias encomenda-ram retratos, de Tintoretto, de Veronese, dos Bassano, outra di-nastia de artistas, e, já no século XVII, os célebres Tiepolo, pai e filho, Canaletto, Guardi e tantos

outros, acompanham-nos na vi-sita da cidade e vão perdurar no nosso olhar interior bem para além da estadia. O estilo de cada um é bem reconhecível após al-guns momentos de contempla-ção e à medida que progredimos nas visitas.

Acreditem, Veneza é uma fes-

ta para quem aprecia arte, para quem se emociona com a beleza!

Vale bem a pena ir até lá des-cobrir esses tesouros que se re-velam apenas a quem sai dos caminhos batidos pelos flashes das máquinas fotográficas e pela vaga das selfies.

Julho 201615Património e CidadaniaFernando Figueiredo

Eutanásia: Sim ou Não?

A palavra eutanásia vem do grego (ευθανασία - ευ “bom”, θάνατος “morte”). Ou seja, sig-nifica uma morte boa, morrer bem, e está associada a uma prá-tica que proporciona uma “mor-te tranquila”.

“Morrer bem” ou ter uma “boa morte” nem sempre significou o mesmo no Ocidente, onde este assunto está mais estudado. No entanto, presentemente, há ainda quem morra “à antiga” e comande até o seu processo de morte.

No passado medieval cristão, quando os elementos mais ve-lhos da família se apercebiam da proximidade da morte, reco-lhiam-se ao leito e aí ditavam o seu testamento, se fosse o caso, exprimiam as suas últimas von-tades e, em agonia, contavam com a presença de familiares, amigos e eclesiásticos, estes últi-mos tratando sobretudo da alma do candidato ao céu, através de sufrágios, esmolas, doações à

Igreja, etc. O quarto do mori-bundo e suas imediações torna-vam-se, assim, um espaço ex-tremamente frequentado, quase público, mas onde ele de algum modo comandava o processo e era o centro das atenções. Os ou-tros iam assistir à sua morte.

De igual modo, no campo de batalha, os moribundos mais im-portantes, quando viam a morte a aproximar-se, procediam de forma idêntica, sendo também assistidos pelos dependentes que os rodeavam e serviam. Se a ago-nia era prolongada, tal era mo-tivo para manifestações de re-conhecimento, de heroísmo, de valentia e de apresentação como caso exemplar.

“Bem morrer” era, pois, es-perar a morte tranquilamente, com resignação e como dádiva de Deus, mesmo com sofrimen-to, dispondo de tempo suficiente para tratar dos assuntos da vida e do além, para poder descansar em paz.

Quando acima referi que ha-via ainda hoje quem desejasse e conseguisse morrer “à antiga”, lembro, por exemplo, a morte do papa João Paulo II que, recolhi-do nos seus aposentos, entrou em agonia prolongada e públi-ca, até ao dia da morte, num mediático processo que já não é comum nos dias de hoje acerca da morte. O papa quis que a sua morte fosse considerada como um exemplo de “bem morrer”, dir-se-ia “à antiga”, para os ca-tólicos e para todos, esperando tranquilamente no leito o fim dos seus dias.

A preocupação de “bem mor-rer” levou a que, nos séculos XVII e XVIII, sobretudo para os cristãos de mais posses, se tornasse quase numa “arte”, pela preparação complexa que acom-panhava o dispendioso proces-so, desde o antes até ao depois da morte, reflectido no cerimonial, nas deixas testamentárias em sufrágios e cerimónias, na per-

petuação da memória. A ideia da morte comandava em larga medida o rumo da vida, pois era necessário estar sempre prepa-rado quando se fosse chamado e tal podia acontecer a qualquer momento. Este sentimento per-dura ainda na consciência cristã.

Por sua vez, a partir dos mea-dos do século XIX e por todo o século XX, a construção de ce-mitérios e todo o cerimonial de acompanhamento passaram a reflectir sobretudo as desigual-dades sociais também na morte e as perspectivas de prolonga-mento da memória que cada um queira deixar de si. É um proces-so que continua e que se mani-festa principalmente na trans-formação dos nossos cemitérios de campos de terra em espaços de mármore, material mais du-radouro, supondo também ele durabilidade.

Na contemporaneidade, mor-re-se pouco em família e mais nos hospitais e nos lares. Perdeu--se muito da convivência com a morte e esta tendeu a tornar-se um tabu incómodo como se não fizesse ela própria parte da vida. Daí a tornar-se prática não apre-sentar os falecidos como exem-plos, sendo raramente referidos, mesmo em reuniões de família, depois do seu desaparecimento sentido, mas não claramente as-sumido. É uma forma de tentar “esconder a morte”, iludindo a sua inevitabilidade e parecendo não a aceitar nunca.

É evidente que sempre houve desigualdades também na mor-te, como no nascimento e ao longo da vida. Continua válido, num certo sentido, o ditado: “Tal vida, tal morte”.

Em todos os tempos, a morte súbita e violenta foi a que mais temor ou perturbação causou, por não ser considerada natu-ral e por não permitir, à partida,

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que o processo fosse controlado e se desenrolasse com alguma preparação. No entanto, presen-temente, com receio sobretudo do sofrimento que muitas vezes uma morte lenta acarreta e da incerteza de todo o processo, há quem prefira uma morte súbita, repentina, sem aviso. Para os que ficam, tanto pode ser um alívio como uma enorme dor, sobretu-do se é precoce.

Depois deste ligeiro enquadra-mento que me pareceu útil, vou agora fazer algumas considera-ções sobre a eutanásia - objec-to deste artigo -, de uma forma simples, ainda que com o rigor possível, para que possa ser en-tendido por quem tem menos informação mas se interessa pelo assunto, trazido recentemente à discussão pública.

Há dois tipos de eutanásia: a eutanásia passiva e a eutanásia activa.

A eutanásia passiva é todos os dias praticada pelos profissionais de saúde quando, com o consen-timento ou não dos familiares dos pacientes, desligam as má-quinas a que estes estão ligados

ou interrompem um tratamento essencial, por se considerar que já não há retorno e, por isso, não se deve prolongar a vida artifi-cial dos doentes naquelas con-dições. Nestes casos, não são os pacientes que decidem, mas os clínicos, com ou sem consen-timento de terceiros. Este pro-cesso é ambiguamente legal em Portugal, ainda que não isento de discussão e reparos, muitas vezes evitáveis se houvesse mais transparência na informação e nos procedimentos. E fico-me por aqui.

A eutanásia activa implica uma acção deliberada e prepara-da de profissionais de saúde para colocar fim à vida a um pacien-te que, num determinado mo-mento e perante uma situação concreta, quer morrer de forma assistida por eles. É esta a que provoca polémica entre os que são a favor e contra.

Aparecem figuras públicas, de várias formações, profissionais da saúde e outros que querem restringir o assunto à sua relação com o sofrimento extremo para, com esse pressuposto, tomar

posição. Percebe-se, pois, deste modo, dados os meios existen-tes para suavizar ou suprimir a dor, os casos seriam poucos, facilmente aceites pelos familia-res, pela opinião pública e talvez pelas suas consciências. Pode até parecer extrema compaixão e ficar bem ser a favor… Mas a matéria é muito mais complexa e não pode restringir-se a uma mera questão a ser tratada por clínicos, juristas, eclesiásticos e políticos. Há muito mais quem pense sobre ela e tenha uma opi-nião fundamentada, porque es-tuda as suas componentes.

Com efeito, aqueles que con-cebem a vida como um dom de Deus e acham que só a Ele per-tence intervir, de forma indiscu-tível e absoluta, para lhe pôr fim, nunca concordarão com a práti-ca da eutanásia activa. Compre-endo-os e acho lógica a sua posi-ção, pois parece de acordo com a sua crença. Mas não queiram impô-la a todos. Com que direi-to devem interferir com as esco-lhas dos outros, se nem sequer elas põem em causa as suas?

Pelo contrário, os que, como

eu, têm um sentido amplo de liberdade e acham que a vida lhes pertence e podem decidir sobre ela, conscientemente, em determinados momentos, estão naturalmente abertos à prática da eutanásia, sob garantia de de-terminadas condições, evidente-mente.

Esta é a grande separação das águas (prós e contras) e não a te-nho visto suficientemente vinca-da nos debates havidos até agora.

Assim, limitar a prática da eu-tanásia à existência de grande sofrimento é restritivo, pois hoje há medicação que pode obviar ou aliviar essa situação. Este é um dos argumentos dos defen-sores do “não”, que limitam ou distorcem, muitos deles delibe-radamente, a questão.

Por sua vez, muitos profissio-nais de saúde excluem-se, argu-mentando que, quem quer mor-rer e o decide conscientemente, pode suicidar-se. Este argumen-to é perverso, pois o suicídio é proibido por lei e, sobretudo, quem defende a eutanásia quer “morrer bem”, de forma orienta-da por profissionais e sem come-

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ter nenhuma ilegalidade, rejei-tando suicidar-se, acto no qual não tem nada disso garantido. Pode até não estar já senhor da sua consciência quando o pro-blema se colocar, o que inviabili-za também o chamado “suicídio assistido”, no qual o paciente é o principal actor, ainda que com acompanhamento clínico. Aliás, neste assunto, o pessoal clínico disporá sempre de “liberdade de consciência”, o que não é pouco, tendo em conta outras áreas e profissões a quem não é conce-dido esse direito.

Em minha opinião, a questão da eutanásia não deve ser re-solvida em referendo, pois não se trata de algo que respeite a todos decidir. Não é um pro-blema nacional. É uma questão do foro pessoal. Cada um deve poder optar se sim ou não quer dispor dessa possibilidade e não sujeitar-se ao que outros, tam-bém por si, decidam. Já basta nas opções políticas, pois aí tem que se delegar poder em alguém, votando, escolhendo…

Quando e onde deve manifes-tar-se tal escolha?

Em testamento vital - que já existe disponível na internet -, plenamente consciente, o cida-dão deve deixar claro que, achan-do-se em situação vegetativa sem retorno, e sem a dignidade com que gostaria de continuar a viver, mediante a avaliação de uma equipa clínica, quer colocar fim à vida, tranquilamente, com a intervenção activa de profissio-nais de saúde.

Como se trata de um acto vo-luntário e de uma opção cons-ciente de cada um, só a ele re-correrá quem pretender. Para tal, é preciso que a lei o permita e os serviços e os profissionais de saúde estejam preparados para este exercício de liberdade dos pacientes.

Se não é de ânimo-leve que se toma uma decisão destas – e não deve ser -, também não é um sa-crilégio, pelo menos para quem entende que o corpo lhe perten-ce e dele pode dispor. No fundo, quem toma tal escolha, que pode nem sequer vir a ser necessária, tem um sentido positivo da vida e não quer vivê-la quando ela já não é digna para o próprio, sen-

do muitas vezes, pelo contrário, um grande incómodo para a família, um pesado fardo para quem tem de o tratar, e objecto de dó para os que o observam e acompanham em estado vegeta-tivo. Quantas vezes, perante ca-sos concretos, não ouvimos al-guém dizer: “Isto já não é viver”!

Perante uma situação destas, se existe uma vontade expres-sa de que tal pessoa não querer continuar a viver assim, os pró-prios familiares ou quem tem responsabilidades para com o paciente, apenas terão de cum-prir essa vontade, mesmo que ela não corresponda à sua sensi-bilidade pessoal sobre o assunto.

Afinal, quem opta pela euta-násia apenas quer morrer tran-quilamente, “morrer bem”, como em todas as épocas, ainda que com sentido diferente.

Mais uma vez, nesta discussão, vamos ouvir os argumentos mais distorcidos e arrevesados, com origem muitas vezes preconcei-tuosa ou a coberto de posições religiosas. Também a hipocrisia estará presente, de forma mais ou menos militante, como acon-

teceu, por exemplo, na discussão sobre a interrupção voluntária da gravidez…

Como não sou clínico nem ju-rista, mas estudei o assunto, en-tendi partilhar a minha opinião, por dever cívico.

Estou ciente que este combate, como tantos outros, está a en-contrar pela frente uma grossa muralha, com guerreiros que, por muitos meios, a querem ainda tornar inexpugnável. Uns, sentir-se-ão protegidos; outros, querem atirar sobre todos e tudo o que mexe, com a ilusão de que nada mais existe do que o bastião que pretendem defen-der. Mas, dentro da fortaleza, há quem não tenha essa obsessão e queira apenas que lhe seja aber-ta a porta para, como cidadão consciente e informado, optar por ficar ou sair do bloqueio. Estes últimos não aceitam travar lutas inglórias e desejam, acima de tudo, ser livres.

Já estamos na segunda década do século XXI, mas ainda está difícil o reconhecimento da li-berdade em todas as suas mani-festações! Há que lutar por ela…

Julho 201618Programa de Empreendedorismo do Vale do TuaPEVTUA

Fernanda Natália Pereira

A Agência de Desenvolvi-mento Regional do Vale do Tua (ADRVT), em conjunto com a Coimbra Advanced Innovation (CBRAIN) encontram-se em fase de apresentação do seu “Pro-grama de Empreendedorismo do Vale do Tua” – PEVTUA.

O Programa de Empreende-dorismo do Vale do Tua – PE-VTUA - abrange os seus cinco municípios – Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça, Vila Flor- e ambiciona promover e in-centivar a qualificação da capaci-dade empreendedora do Vale do Tua.

Esta é uma oportunidade para todos os que se interessem por empreendedorismo, ou que

procurem informação e apoio especializado na idealização, pla-neamento e concretização do seu projeto, e será assente em diver-sas iniciativas e atividades.

No próximo dia 6 de setem-bro inicia a primeira edição do TUAMP – TUA MENTO-RING PROGRAM “Amplifica--te!”, uma ação plurianual de ca-pacitação através de um programa integrado com um conjunto de especialistas e ferramentas. que contará com uma duração de aproximadamente 3 meses. As suas sessões (Workshop, Mento-ring) são distribuídas quinzenal-mente pelos cinco municípios, e conta também com 3 sessões conjuntas - apresentação/lança-

mento TUAMP, sessão intermé-dia e sessão final. (Para saber mais: www.pevtua.pt/iniciativas/tuamp-amplifica-te/).

As inscrições estão abertas até dia 1 de setembro em: http://www.pevtua.pt/formulario-de--inscricao-tuamp-amplifica-te--mentoring-program/

O TUACIN, outra das inicia-tivas, é um concurso que visa estimular o desenvolvimento de conceitos de negócio, em torno dos quais se perspetive a criação de novas empresas ou o apoiar do desenvolvimento de novos produtos /serviços de empresas. (Mais informação em: http://www.pevtua.pt/iniciativas/tua-cin-concurso-de-ideias-de-ne-

gocio/ ) Todas as iniciativas pretendem

envolver os demais agentes da região: Autarquias, Associações Empresariais, Instituições de En-sino Superior e Associações de Desenvolvimento Local, Empre-sas e Investidores e demais que contribuam maximizar as opor-tunidades impulsionadas pela construção da nova barragem.

Todos os interessados pode-rão aderir aos meios de divulga-ção do PEVTUA de modo a co-nhecer e a estar a par de todas as novidades, através do Facebook em www.facebook.com/pevtua e do site www.pevtua.pt.

Saiba mais em:

www.pevtua.pt

Julho 201619

Organização:Comissão de Festas de S. Lourenço - Pombal de Ansiães

09 (terça - feira)19h30 - Chegada da Banda Filarmónica de Carlão

Arruada pela Ruas da Aldeia

21h30 - Procissão de Penitência

10 (quarta - feira)09h00 - Procissão das prendas

15h00 - Concerto pela Banda Filarmónica de Carlão

17h00 - Missa na Igreja Matriz

18h00 - Majestosa Procissão pelas Ruas da Aldeia

23h00 - Arraial pelo Grupo Musical «OS KÀ DA BILA»

01h00 - Fogo de Artifício

11 (quinta - feira)22h00 - Arraial pelo Grupo Musical «VIA 5"

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