“Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

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i “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação” por Tania Maria Brasil Esteves Tese apresentada com vistas à obtenção do título de Doutor em Ciências na área de Saúde Pública. Orientador principal: Prof. Dr. Iúri da Costa Leite Segunda orientadora: Prof.ª Dr.ª Regina Paiva Daumas Terceira orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Inês Couto de Oliveira Rio de Janeiro, maio de 2014.

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“Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

por

Tania Maria Brasil Esteves

Tese apresentada com vistas à obtenção do título de Doutor em Ciências

na área de Saúde Pública.

Orientador principal: Prof. Dr. Iúri da Costa Leite

Segunda orientadora: Prof.ª Dr.ª Regina Paiva Daumas

Terceira orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Inês Couto de Oliveira

Rio de Janeiro, maio de 2014.

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Esta tese, intitulada

“Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

apresentada por

Tania Maria Brasil Esteves

foi avaliada pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros:

Prof.ª Dr.ª Ivis Emilia de Oliveira Souza

Prof. Dr. Cristiano Siqueira Boccolini

Prof.ª Dr.ª Inês Rugani Ribeiro de Castro

Prof.ª Dr.ª Mariza Miranda Theme Filha

Prof. Dr. Iúri da Costa Leite – Orientador principal

Tese defendida e aprovada em 29 de maio de 2014.

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2014

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Catalogação na fonte

Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica

Biblioteca de Saúde Pública

E79 Esteves, Tania Maria Brasil Fatores associados ao início tardio da amamentação./

Tania Maria Brasil Esteves. -- 2014.

102 f. : tab.

Orientador: Leite, Iuri da Costa

Daumas, Regina Paiva

Tese (Doutorado) – Escola Nacional de Saúde

Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2014.

1.Aleitamento Materno. 2. Revisão. 3. Hospitais.

4.Estudos Transversais. 5. Epidemiologia. 6. Sistema

Único de Saúde. 7. Prevalência. 8. Brasil. I. Título.

CDD – 22.ed. – 613.26

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Para meu neto LEONARDO, um “ser de LUZ”,

que me apresentou uma nova forma de amor...

ANDRE e FILIPE, meus filhos queridos, companheiros

de vida e de alegrias, angústias e descobertas.

Para GLORINHA e SALETE, minhas irmãs amadas,

que enfrentaram comigo vários turbilhões

e olha, não foram poucos.

Aos irmãos de alma, SHEILA, WAL, OLGUINHA e TONI

que coloriram esse momento e me deram força,

incentivo e ânimo, para superar todos os obstáculos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela beleza da vida e por me fazer forte para superar todos os problemas de saúde

vividos nesse período.

A minha amada mãe Davina “in memorian” por me mostrar que tudo é possível, quando

existe determinação, perseverança e fé.

À Sonia Bittencourt e a Maria Inês, cuja relação de amizade aprendemos a construir após

alguns descompassos, fundamentais para o meu crescimento.

À Maria Inês, companheira de longa data, militante incansável da causa da amamentação

e minha co-orientadora. Meu respeito e gratidão.

Ao Carlos Andrade que nos introduziu no mundo da revisão sistemática e se manteve

parceiro em todos os momentos.

À Fátima Martins, pela dedicação e desprendimento na busca bibliográfica, para o artigo

de revisão sistemática.

Aos amigos, Letícia Lemos, Paulinha e Arthur pela inestimável ajuda no desenrolar no

domínio do SPSS, para análise dos dados.

A Carolina Krause e Priscilla Sá pelas formatações, sempre no último momento.

A todos os amigos do CSEGSF, pelo carinho e compreensão pela minha ausência, agora

nesta fase final, principalmente a Gisele e Emília.

A minha AMIGA e co-orientadora Regina Daumas pela motivação e acolhimento quando

estava prestes a desistir... “ser humano fora de série”, sempre ao meu lado em dias de sol e

dias de muitas nuvens, pelas críticas sempre construtivas, dedicação e carinho e por me

apresentar ao professor Iuri, meu orientador. Ela é a maior responsável pela condução

desta tese. Toda a minha admiração e gratidão.

Aos professores que participaram da banca de qualificação: Dra. Marli Cruz, Dra. Carla

França, Dra. Ivis Emilia pelas valiosas contribuições que resultaram na tese em forma de

artigo.

Aos professores doutores que aceitaram participar da banca da defesa final: Dra. Inês

Rugani, Dra. Mariza Theme, Dra. Ivis Emília, Dr. Cristiano Boccolini, Dra. Márcia Lázaro

e Dra. Rosana Castro.

Ao professor Iuri por ter acreditado na construção dessa pesquisa e pela convivência de

confiança, aprendizado, crescimento nessa árdua “empreitada” acadêmica e científica.

A ENSP e todo seu corpo técnico, pelo apoio oferecido.

E a todas as mulheres/mães que assisti durante minha jornada.

A todos vocês, o meu muito, muito obrigada!

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v

Resumo

Os objetivos foram realizar revisão sistemática de estudos observacionais

sobre os fatores associados à não amamentação na 1ª hora de vida e analisar

os fatores associados ao início tardio da amamentação nos hospitais com mais

de mil partos/ano, do SUS, no Município do Rio de Janeiro. A tese foi

desenvolvida em formato de dois artigos. O primeiro constitui-se de revisão

sistemática e, no segundo, os fatores associados foram analisados por meio de

regressão logística multinível. Na revisão sistemática verificou-se que parto

cesáreo foi o fator de risco mais consistente para a não amamentação na 1ª

hora. No segundo artigo, o nascimento em HAC mostrou-se associado ao

aleitamento materno na 1ª hora de vida, enquanto o parto cesáreo e o

desconhecimento do resultado do exame anti-HIV até o parto associaram-se à

ausência desta prática. Conclui-se que diversas características e

procedimentos pré-natais e hospitalares podem promover ou dificultar a

amamentação na 1ª hora de vida nos diferentes contextos. Estes achados

podem contribuir para adoção de políticas públicas que ampliem a prática do

aleitamento materno logo após o nascimento.

Palavras-chave: Aleitamento Materno; Hospitais; Revisão; Estudos

Transversais.

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Abstract

This study aimed to perform a systematic review of observational studies on the

factors associated with not breastfeeding within the first hour of life, and to

analyze the factors associated with late initiation of breastfeeding in hospitals

with more than 1,000 deliveries/year, from the SUS in the city of Rio de Janeiro.

The results of this thesis are described in two articles. The first one consists of a

systematic review. In the second, associated factors were analyzed by

multilevel logistic regression. In the systematic review was found that cesarean

delivery was the most consistent risk factor for not breastfeeding within the first

hour. In the second article was found that in a BFH was associated with

breastfeeding in the first hour of life, while cesarean delivery and knowledge of

the result of the HIV test until delivery were associated with the absence of this

practice we conclude that different characteristics and prenatal and hospital

procedures were revealed as predictors of breastfeeding in the first hour of life

in different contexts. These findings may contribute to the adoption of public

policies that enhance the practice of breastfeeding at birth.

Keywords: Breast Feeding; Hospitals; Review; Cross-sectional Studies

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 1

1. INTRODUÇÃO 2

1.1. Aspectos históricos da amamentação 2

1.2. Benefícios da amamentação 4

1.3. Duração e prevalência do aleitamento materno 7

1.4. Políticas pró-aleitamento materno 9

1.5. Amamentação na primeira hora de vida 14

2. ABORDAGENS METODOLÓGICAS 18

2.1. Revisão sistemática 18

2.2. Modelo de regressão logística multinível 19

3. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA 24

4. OBJETIVOS 26

4.1. Objetivo geral 26

4.2. Objetivos específicos 26

5. CONCLUSÕES DA TESE 27

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 31

7. BIBLIOGRAFIA 32

8. ANEXOS 40

ANEXO I – Artigo 1: Fatores associados à amamentação na

primeira hora de vida: revisão sistemática.

41

ANEXO II – Artigo 2: Fatores associados ao início tardio da

amamentação em hospitais do Sistema Único de Saúde no

Município do Rio de Janeiro, Brasil, 2009.

70

ANEXO III – Parecer consubstanciado do Comitê de Ética em

Pesquisa.

100

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LISTA DE QUADROS, FIGURAS E TABELAS

Quadro 1 Classificação internacional das modalidades de

aleitamento materno

6

Quadro 2 Dez passos para o sucesso do aleitamento materno 12

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

AIDS síndrome da imunodeficiência adquirida

AM aleitamento materno

AMC aleitamento materno complementar

AME aleitamento materno exclusivo

AMP aleitamento materno predominante

BLH/IFF Banco de Leite Humano do Instituto Fernandes Figueira

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

DHS Demographic and Health Surveys

ENPACS Estratégia Nacional para Alimentação Complementar Saudável

ENSP/FIOCRUZ Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo

Cruz

HIV virus da imunodeficiência humana

IC 95% intervalo de 95% de confiança

IgA imunoglobulina A

IHAC Iniciativa Hospital Amigo da Criança

INAN Instituição Nacional de Alimentação e Nutrição

HAC Hospital Amigo da Criança

MMC Método mãe-canguru

NBCAL Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes

OMS Organização Mundial da Saúde

OPAS Organização Pan-Americana da Saúde

PAISC Programa de Assistência Integral a Saúde da Criança

PAISM Programa de Assistência Integral a Saúde da Mulher

PAISMCA Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher e da Criança

PNDS Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde

PNIAM Política Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno

PNSN Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição

RC razão de chances

RR risco relativo

SMAM Semana Mundial da Amamentação

SUS Sistema Único de Saúde

UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância

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APRESENTAÇÃO

A tese Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação, segue as normas

regulamentares da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo

Cruz (ENSP/Fiocruz), sendo apresentada sob a forma de artigos científicos.

Na seção de Introdução, são apresentados os principais conceitos relativos à

amamentação, à evolução das práticas, às políticas públicas e às evidências científicas

que dão suporte às políticas de promoção do aleitamento materno. Em especial, as

evidências mais recentes sobre os benefícios do início da amamentação na primeira hora

de vida são exploradas. Abordam-se, ainda, os principais métodos utilizados na

confecção dos artigos da tese, em duas subseções que tratam da revisão sistemática e

dos modelos de regressão multinível. Os métodos e resultados das pesquisas

contempladas nesta tese estão contidos em cada um dos artigos.

O primeiro artigo (Anexo I) consiste em uma revisão sistemática sobre os

determinantes da amamentação na primeira hora de vida. No segundo artigo (Anexo II)

são analisados os fatores associados à não-amamentação na primeira hora de vida nas

maternidades do Sistema Único de Saúde (SUS) no Município do Rio de Janeiro,

utilizando um modelo multinível.

O banco de dados analisado no segundo artigo faz parte do acervo da

Universidade Federal Fluminense (UFF) e teve sua utilização autorizada pela

Coordenadora do projeto, Dra. Maria Inês Couto de Oliveira, professora dessa instituição.

A pesquisa intitulada Avaliação da Implementação da Iniciativa Hospital Amigo da

Criança no Município do Rio de Janeiro, a partir da Percepção das Mulheres quanto às

Questões de Gênero, Poder e Cidadania Envolvidas na Assistência ao Aleitamento

Materno (CAAE: 0057.0.314.000-09, CNPq, Edital 57/2008) a foi realizada no ano de

2009 e contou com a participação da autora desta tese na elaboração dos instrumentos,

no estudo piloto, na capacitação dos entrevistadores e na supervisão de campo.

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da ENSP/Fiocruz sob o

CAAE: 15727113.7.0000.5240 (Anexo III).

a Oliveira MIC, Hartz ZMA, Nascimento VC, Silva KS. Avaliação da implantação da iniciativa

hospital amigo da criança no Rio de Janeiro, Brasil. Rev Bras Saúde Matern Infant 2012; 12:281-

95.

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Aspectos históricos da amamentação

A amamentação é um processo que envolve a natureza feminina, sua formação

biológica e fisiológica 1. É uma prática milenar e um ato cultural, que contribui para

a saúde da mulher e da criança 2, e fortalece o elo mãe-filho 3. O ato de

amamentar implica uma relação complexa entre a mãe e o bebê, a família e a

sociedade. Assim, sofre influências de experiências já vividas, observadas ou

transmitidas.

No decorrer da história, o aleitamento materno passou por diversas

variações. No Brasil com a chegada dos portugueses, houve um grande choque

cultural quando os brancos se depararam com as mulheres índias, com filho no

colo dando de mamar, diferentemente do que ocorria na Europa, onde a

amamentação era considerada um procedimento não muito digno para uma dama

da sociedade 4,5. Com a colonização vieram os escravos e, com eles, as bás,

mães pretas, as amas de leite, que deixavam de amamentar seus filhos em favor

dos filhos das damas da sociedade, estabelecendo o aleitamento cruzado 6.

Surgia então uma nova forma de tratar a amamentação, prática que foi exercida

no Brasil por muitos séculos 7.

No final do século XVIII, início do século XIX, a prática da amamentação,

influenciada por interesses políticos e pelo movimento higienista, onde o discurso

da medicina era pautado na visão da amamentação como um ato natural,

instintivo, biológico e comum às espécies definidas como mamíferos 7, passa a ter

nova conotação; a amamentação que não era prática habitual na sociedade

europeia, é retomada através da redefinição do papel social da mulher 5. A mulher

é levada a assumir os cuidados com seus filhos, estando aí incluídos a educação

e principalmente a amamentação retratada na filosofia higienista, traduzida pelo

slogan: A Saúde de Seu Filho Depende de Você 4,6.

No início do século XX, as pressões sociais da urbanização e a inserção da

mulher no mercado de trabalho contribuem para a introdução dos leites artificiais,

por meio da prescrição médica de leite de vaca, leite em pó, água e chás, que

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3

eram oferecidos na mamadeira, símbolo de modernidade, o que não era benéfico

para a alimentação infantil 8,9.

No período pós-guerra, as fórmulas lácteas se difundem. Chegam ao Brasil

uma série de novos produtos, como o leite condensado e a farinha láctea, que

veiculados pela mamadeira passaram a ser considerados uma alternativa

nutricional e terapêutica 4,10.

O marketing crescente dos substitutos do leite materno e a distribuição

gratuita de leite em pó contribuíram para que a prática do aleitamento materno

decaísse no Brasil e em vários outros países, em especial até a década de 1970

7. Foi a partir desta década que passaram a ser conduzidos no Brasil alguns

estudos isolados sobre índices de amamentação, sendo registrados índices muito

baixos, confirmados por inquérito domiciliar nacional que mostrou uma mediana

de amamentação em torno de 2,5 meses 11.

Surgiram então na Europa vários movimentos de boicote aos produtos

vendidos pela indústria de leites infantis, e, em 1974, foi lançado o livro The Baby

Killer 12, que denunciou a mortalidade de bebês em países do terceiro mundo

decorrente destas estratégias de marketing. Em 1979 a Organização Mundial da

Saúde (OMS) promoveu em Genebra a Reunião Conjunta OMS/UNICEF (Fundo

das Nações Unidas para a Infância) sobre Alimentação Infantil e da Criança

Pequena, que teve como desdobramento a elaboração de um código de conduta

ética quanto à propaganda de produtos que interferiam na amamentação: o

Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno. O

Brasil participou desta reunião, representado pelo Instituto Nacional de

Alimentação e Nutrição (INAN), fato decisivo para que fosse lançado no país, em

1981, um programa amplo de promoção da amamentação, o Programa Nacional

de Incentivo ao Aleitamento Materno (PNIAM) 13.

Ainda no Brasil, desde o PNIAM houve momentos de maior e menor

empenho quanto às ações pró-aleitamento com campanhas da mídia, mobilização

social, criação de coordenadorias de aleitamento materno em diversos estados,

apoio a estratégias internacionais, regulamentações de bancos de leite humano e

credenciamento de hospitais. Ao mesmo tempo em que essas ações aconteciam,

esse tema passou a despertar maior interesse da comunidade acadêmica,

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4

havendo um incremento na produção de evidências científicas sobre os

benefícios que a amamentação traz para a criança, a mãe e a sociedade.

1.2. Benefícios da amamentação

Estudos sobre a composição do leite humano e suas propriedades nutritivas e

imunológicas demonstram que este é o alimento ideal para recém-nascidos e

lactentes. O leite materno contém todos os nutrientes necessários para um

desenvolvimento saudável e ainda anticorpos que protegem os bebês das

doenças mais comuns da infância, como desidratação, desnutrição, diarreia e

pneumonia, importantes causas de morte de crianças no mundo 14.

O leite humano é, comprovadamente, a primeira alimentação saudável que

a criança pode receber e o aleitamento materno apresenta inquestionáveis

vantagens para a criança e para a mãe 15,16. A superioridade do leite materno em

relação a outros alimentos está diretamente relacionada à digestibilidade, à sua

composição, à proteção contra alergias e à ação anti-infecciosa 17.

Até o presente, sabe-se de evidências de que o aleitamento materno pode

reduzir o espaçamento entre uma gestação e outra, pode reduzir câncer de

mama, câncer ovariano, além de promover o retorno ao peso pré-gestacional e

menor sangramento uterino pós-parto (menos anemia) 18,19.

A importância do aleitamento materno para a nutrição, a proteção contra

doenças infecciosas e o desenvolvimento afetivo dos recém-nascidos tem sido

comprovada por estudos promovidos pela OMS 20. Mostram o papel protetor do

colostro e do leite maduro contra as infecções intestinais 21, as infecções do trato

respiratório e otite 1. A imunoglobulina A (IgA) secretora, protege as membranas

das mucosas respiratórias e gastrointestinal a exposição de agentes infecciosos.

Limita o efeito danoso do processo inflamatório e impede que agentes

patogênicos se fixem nas células de crianças amamentadas 22.

Pesquisa realizada em Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, demonstrou que

crianças no período pós-neonatal que estavam em uso de fórmulas lácteas

tinham um risco 17 vezes maior de serem internadas por pneumonia do que

Page 17: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

5

aquelas que estavam sendo alimentadas com leite materno. A probabilidade de

ocorrer internação por pneumonia foi 61% maior nas crianças abaixo de três

meses que não recebiam o leite materno 23. Do ponto de vista nutricional, todo

recém-nascido amamentado recebe nutrientes em quantidade e qualidade

equivalentes às suas necessidades 15.

Estudo realizado em Helsinque mostrou que o aleitamento materno exerce

papel protetor contra doenças atópicas, como eczema, alergia a medicamentos e

alergia respiratória ao longo da infância e adolescência 24. Outros, apontam que a

amamentação favorece o desenvolvimento da criança e é importante fator na

promoção da interação mãe e filho, propiciando o contato físico e favorecendo o

vínculo 25.

As vantagens da amamentação para as mães se voltam principalmente

para o aumento do intervalo entre as gestações, devido à ação contraceptiva do

aleitamento materno, principalmente na sua forma exclusiva 26. Destaca-se ainda

o retardo no retorno da menstruação e a maior rapidez na perda de peso pós-

parto 1.

Apesar de um grande número de estudos comprovando a superioridade do

leite materno sobre outros tipos de leite, ainda é baixa a prevalência do

aleitamento materno, configurando importante problema de saúde pública 27.

Neste contexto, a promoção do aleitamento materno integra um conjunto de

intervenções viáveis, efetivas e de baixo custo que poderiam prevenir até 13%

das mortes de crianças menores de cinco anos em todo o mundo no ano de 2003

28. Artigo publicado na Lancet, em 2010, mostra o aumento da mortalidade

neonatal, que em 2008, correspondia a 41% de todas as mortes ocorridas entre

crianças menores de cinco anos de vida e que poderiam ser prevenidas com a

amamentação 29.

Desde a década de 1980, evidências já mostravam a importância do

aleitamento materno exclusivo (AME) até os seis meses, sem a introdução de

qualquer outro líquido, como água ou chá, como impactante para a redução da

morbimortalidade infantil 30,31.

Uma metanálise com dados de países de três continentes – Americano

(Brasil), Asiático (Filipinas e Paquistão) e Africano (Gâmbia, Gana e Senegal)

revelou uma mortalidade por doenças infecciosas seis vezes maior em crianças

Page 18: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

6

menores de dois meses não amamentadas, comparadas com crianças

amamentadas ao peito 32. O estudo chama a atenção para o fato que, enquanto a

proteção contra mortes por diarreia diminui dramaticamente com a idade, a

proteção contra mortes por infecções respiratórias se mantém constante nos

primeiros dois anos de vida 32.

Victora et al. 31, em estudo caso-controle de base populacional,

demonstraram que os bebês em aleitamento materno tinham menor risco de

morrer por diarreia e infecções respiratórias, com a maior proteção para aqueles

em AME. Estudos evidenciaram que bebês amamentados exclusivamente até os

seis meses de vida apresentaram menor morbidade por diarreia em comparação

a aqueles que receberam aleitamento materno junto com outros alimentos

complementares aos três ou quatro meses 20,33. Estimativas para o Brasil revelam

que, a cada ano, aproximadamente 7 mil mortes infantis poderiam ser evitadas

apenas com a amamentação 34.

Em virtude da crescente conscientização da importância do aleitamento

materno, e do AME, a partir de 2001, a OMS passou a estabelecer como

recomendações a classificação internacional das modalidades do aleitamento

materno, a serem considerados em pesquisas científicas conduzidas no mundo

inteiro 35 (Quadro 1).

Quadro 1 Classificação internacional das modalidades de aleitamento materno

35.

Aleitamento materno (AM)

Crianças que recebem leite materno (direto da mama ou ordenhado); independente de receber ou não outros alimentos.

Aleitamento materno exclusivo (AME)

Crianças que recebem somente leite materno, direto da mama ou ordenhado ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos.

Aleitamento materno predominante (AMP)

Crianças que recebem, além do leite materno, água, ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluídos rituais

Aleitamento materno complementado (AMC)

Crianças que recebem, além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semi-sólido com a finalidade de complementá-lo, e não substituí-lo.

Page 19: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

7

1.3. Duração e prevalência do aleitamento materno

Com todos os avanços decorrentes do conhecimento dos benefícios do

aleitamento materno a tendência ao desmame ainda era presente em todas as

épocas e em diferentes localidades.

Em 1981, a UNICEF e o Ministério da Saúde, por meio do INAN,

patrocinaram conjuntamente a primeira pesquisa sobre a situação do aleitamento

materno, cujos dados foram coletados em duas capitais brasileiras, Recife

(Estado de Pernambuco) e São Paulo (Estado de São Paulo). As durações

medianas de amamentação reveladas foram respectivamente de 2,4 e 2,8 meses.

Porém o desmame foi muito mais precoce em Recife, 68% das crianças recebiam

leite artificial , onde no primeiro mês de vida e quase 90% estavam desmamadas

ao final do segundo mês 36.

Analisando dados de inquéritos realizados pela UNICEF em países em

desenvolvimento entre os anos de 1990 e 2000, Labbok et al. 26 observaram um

crescimento de 46% para 53% na prevalência de AME até quatro meses e de

34% para 39% na prevalência do AME até seis meses.

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN) conduzida em

1989 e da Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS) realizada em

1996 mostraram que a duração mediana da amamentação deu um salto de 5,5

para 7 meses, respectivamente. A PNDS de 2006 revelou um discreto aumento

na duração do aleitamento materno exclusivo entre crianças com até três anos no

país, passando de 1,0 mês para 2,2 meses. Já em relação ao aleitamento total, a

mediana passou de 7,0 para 9,4 meses 37.

No Brasil, embora 96% das crianças menores de sessenta meses tenham

sido amamentadas alguma vez, a PNDS 2006 mostra que ainda falta muito para

se alcançar, o padrão de aleitamento materno recomendado pelos organismos de

saúde internacionais e nacionais. A prevalência de aleitamento materno exclusivo

entre crianças de 0 a 3 meses é ainda baixa (45%), ainda que discretamente mais

alta do que na PNDS 1996 (40%). Com relação à faixa etária de 4 a 6 meses, o

aleitamento exclusivo caiu para 11% em 2006. Entre as mães entrevistadas, 43%

relataram ter amamentado seus filhos na primeira hora após o parto 37.

Page 20: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

8

Segundo pesquisa sobre prevalência de aleitamento materno realizada no

conjunto das capitais brasileiras e Distrito Federal 38, a duração mediana do

aleitamento materno exclusivo aumentou um mês, no período de 1999 a 2008

passando de 23,4 dias (22,1-24,7) para 54,1 dias (50,3-57,7). Observou-se

também aumento na prevalência de aleitamento materno exclusivo em menores

de quatro meses no conjunto das capitais brasileiras e Distrito Federal, que

passou de 35,5%, em 1999, para 51,2%, no período estudado em 2008. A

prevalência do AME em menores de seis meses nas capitais brasileiras e Distrito

Federal em 2008 foi de 41%. O Rio de Janeiro apresentou prevalência de 40,7%,

enquanto Cuiabá (Estado do Mato Grosso; 27,1%) e Belém (Estado do Pará;

56,1%) apresentaram a menor e a maior prevalência, respectivamente 38. Já a

duração mediana do aleitamento materno aumentou um mês e meio, passando

de 295,9 dias (289,3-302,7), para 341,6 dias (331,8) 38.

Na pesquisa de prevalência do aleitamento materno realizada no conjunto

das capitais brasileiras e Distrito Federal, foram incluídas por meio de

amostragem probabilística, 34.366 crianças menores de um ano que

compareceram à segunda fase da campanha de multivacinação de 2008. Como

resultado verificou-se que no total 67,7% das crianças até um ano de idade,

mamaram na primeira hora de vida, variando de 58,5% em Salvador (Estado da

Bahia) a 83,5% em São Luís (Estado do Maranhão). No Rio de Janeiro, 65,6%

das crianças menores de um ano foram amamentadas na primeira hora de vida 38.

A dificuldade na comparação entre PNDS e pesquisa de prevalência de

aleitamento materno de crianças amamentadas na primeira hora de vida pode ser

atribuída às diferenças metodológicas entre elas. Enquanto a primeira avaliou

crianças menores de cinco anos, a segunda foi conduzida com crianças de até

um ano de idade. Além disso, a PNDS foi realizada com entrevistas domiciliares e

representatividade para áreas urbanas e rurais de macrorregiões do país, na

Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno, o público-alvo foi constituído

por crianças menores de um ano que comparecem à campanha de vacinação nas

capitais e Distrito Federal 39.

Fatores associados ao tempo entre o nascimento e a primeira mamada nas

primeiras 24 horas de vida 40 foram identificados com base em informações de 47

Page 21: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

9

estabelecimentos de saúde situados no Município do Rio de Janeiro (Estado do

Rio de Janeiro), no período de 1999 a 2001. Das puérperas estudadas, 81%

conseguiram iniciar o aleitamento materno no primeiro dia de pós-parto, sendo

que 86% dessas foram submetidas a parto normal. No que diz respeito apenas à

primeira hora de vida, apenas 22,4% das mães com parto normal iniciaram o

aleitamento materno, índice bem maior do que os 5,8% observados entre mães

submetidas a cesariana.

Em estudo realizado com base em uma amostra de 8.397 mães, usuárias

de serviços conveniados SUS e maternidades privadas no Município do Rio de

Janeiro, período entre 1999 e 2001, verificou-se que 16% das mães

amamentaram na primeira hora de vida 39. O baixo índice de aleitamento materno

na primeira hora de vida ocorreu devido a alguns fatores como: recém-nascidos

com intercorrências imediatas após o parto; mães que não tiveram contato com

os recém- nascidos na sala de parto; mães que tiveram parto cesariana e

ocorrência do parto em maternidade privada ou conveniada com o SUS. Os

autores concluíram que, a amamentação na primeira hora de nascimento foi

prejudicada devido a práticas inadequadas nas maternidades, particularmente,

nas maternidades privadas e conveniadas ao SUS e que as mães possuem

pouco ou nenhum poder de decisão com relação ao início da amamentação,

tornando-se dependentes das práticas vigentes nas maternidades 39. Apesar dos

resultados apresentados, os avanços ainda se mostram tímidos, mesmo diante

dos esforços empreendidos pelo Ministério da Saúde.

1.4. Políticas pró-aleitamento materno

No Brasil na década de 1980, representantes de movimentos sociais iniciaram

amplas discussões sobre propostas assistenciais mais amplas para a política de

saúde, o que resultou na reformulação de alguns programas do Ministério da

Saúde, a exemplo do Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM),

o Programa de Atenção Integral à Saúde da Criança (PAISC), criado através da

Divisão Nacional de Saúde Materno-Infantil e a ampliação do programa de

doenças sexualmente transmissíveis incorporando ações para o controle da

síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) e a formulação de outros como o

Page 22: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

10

Programa de Atenção Integral à Saúde do Adolescente e Saúde do Trabalhador

41. Ainda na década de 1980, ocorreu um forte movimento político para projetar

propostas assistenciais mais amplas para a política de saúde brasileira, com o

intuito de cumprir a meta da 30ª Assembleia Mundial de Saúde, da OMS: Saúde

para Todos no Ano 2000.

Com a colaboração da OMS/OPAS (Organização Pan-Americana de

Saúde) e UNICEF, foi implementado no ano de 1981 o PNIAM, para fortalecer a

prática do aleitamento materno no país e com o intuito de reverter a tendência de

desmame precoce. O INAN lançou este programa que foi responsável pelo

movimento de valorização da prática da amamentação, divulgando as vantagens

do aleitamento materno por campanhas nos meios de comunicação de massa 13 e

muitas outras ações descritas a seguir.

Em 1984 foi criado o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher

e da Criança (PAISMC), subdividido em PAISM e PAISC 41.

Com o PAISM deu-se mais destaque às atividades para aumentar os

índices de aleitamento materno, por meio de ações no pré-natal, na assistência

ao parto e ao puerpério imediato na sala de parto e alojamento conjunto. Com o

PAISC o foco foi a promoção do aleitamento materno e orientação sobre a

alimentação da criança no primeiro ano de vida, incluindo nas práticas educativas

dos serviços as informações quanto ao processo de lactação, técnicas de manejo

e manutenção do aleitamento materno. Focalizou-se, ainda, o acompanhamento

sistematizado do processo de crescimento e desenvolvimento das crianças de

zero até cinco anos 41.

No ano de 1985, ocorreu a expansão de bancos de leite humano, uma

atividade antes esporádica em alguns hospitais 13. Um novo modelo foi criado

pelo Banco de Leite Humano do Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo

Cruz (BLH-IFF/Fiocruz), visando assegurar a qualidade higiênica e sanitária, além

de um melhor aproveitamento das propriedades imunológicas e nutricionais do

leite materno. O BLH-IFF/Fiocruz elaborou, em 1988, o projeto Rede Nacional de

Bancos de Leite Humano 42.

Também em nível internacional várias normatizações e ações foram

desencadeadas na década de 80, divulgando os benefícios e ampliando a prática

Page 23: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

11

do aleitamento materno. Destacam-se a promoção do alojamento conjunto, a

criação das legislações de proteção ao aleitamento materno, como os códigos de

regulação do marketing e comercialização de alimentos para lactentes, e

campanhas de comunicação de massa 43.

Em 1989, a OMS e a UNICEF lançaram a Declaração Conjunta sobre o

Papel dos Serviços de Saúde e Maternidades, documento de grande importância,

no qual se postulam dez ações para a promoção do aleitamento materno nas

maternidades – os chamados Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento

Materno 44. Em 1990, vários líderes mundiais reunidos na Itália se comprometem

a fortalecer a promoção da amamentação em seus países, entre eles o Brasil,

assinando a Declaração de Innocenti. Em 1990, tomando como base os “dez

passos”, foi lançada a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), e na mesma

época e foi criada a Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM),

mobilizando a sociedade civil para temas que se renovam a cada ano, como a

educação, direito, proteção, e apoio à amamentação 13.

A IHAC revelou-se uma estratégia global para a mobilização dos serviços

de saúde hospitalares para a capacitação das equipes e ajuste em suas rotinas e

práticas, a fim de garantir a adoção dos “dez passos” 45,46. Esses passos

resumem as práticas necessárias nas maternidades para apoiar o aleitamento

materno e foram criadas no intuito de combater aquelas que interferem na

amamentação e prejudicam o aleitamento materno. A IHAC destaca-se por

contribuir nas modificações das rotinas hospitalares devido a sua concepção. Os

dois primeiros passos, referentes a normas, informações e capacitações, são

ferramentas das boas práticas, sendo a capacitação das equipes a ferramenta

primordial do programa. Os passos 4 a 9 descrevem as condutas e

procedimentos necessários para uma boa prática na maternidade. O passo 10 é a

continuidade deste suporte, por meio da assistência pela rede básica e junto à

comunidade (Quadro 2).

Page 24: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

12

Quadro 2 Dez passos para o sucesso do aleitamento materno 44.

Passo 1 Ter uma norma escrita sobre aleitamento materno, transmitida rotineiramente a toda equipe de cuidados de saúde.

Passo 2 Treinar toda a equipe de cuidados de saúde, capacitando-a para implementar esta norma.

Passo 3 Informar todas as gestantes sobre as vantagens e o manejo do aleitamento materno.

Passo 4 Ajudar as mães a iniciar a amamentação na primeira meia hora após o nascimento.

Passo 5 Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se vierem a ser separadas dos seus filhos

Passo 6 Não dar a recém-nascidos nenhum outro alimento ou bebida além do leite materno, a ser que tal procedimento tenha uma indicação médica.

Passo 7 Praticar o “alojamento conjunto” – permitir que as mães e bebês permaneçam juntos 24 horas por dia.

Passo 8 Encorajar o aleitamento sob livre demanda.

Passo 9 Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas ao seio.

Passo 10

Encorajar o estabelecimento de grupo de apoio ao aleitamento materno, para onde as mães deverão ser encaminhadas por ocasião da alta hospitalar

Estudo realizado em São Paulo, no ano de 1991, mostra que a IHAC no

Brasil inicialmente apresentou um crescimento acelerado, que com a

incorporação de pré-requisitos para o credenciamento dos hospitais, entre eles a

redução na proporção dos partos por cesariana 13, apresentou uma queda. O

Brasil é o único país que exige o cumprimento de critérios adicionais aos “dez

passos” 47.

No ano de 2000, do Ministério da Saúde instituiu a Portaria nº. 693/2000 48

que normatiza o método mãe-canguru (MMC), utilizado já em alguns hospitais. O

método visa que recém-nascidos de baixo peso permaneçam unidos em contato

pele a pele com suas mães, sendo retirados dessa posição no momento dos

cuidados higiênicos e avaliação pela equipe de saúde.

Page 25: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

13

Entre 2003 e 2008, a Rede de Bancos de Leite Humano tem seus serviços

em franca expansão, sendo a maior e mais complexa do mundo, com 271

unidades. Além de coletar, processar e distribuir leite humano, os bancos de leite

prestam assistência às mães cujos filhos estão hospitalizados ou que tenham

dificuldades com a amamentação em qualquer momento 49.

Além das mudanças nas instituições hospitalares, outras medidas se

fizeram necessárias para melhorar a prática do aleitamento materno, como a sua

promoção na atenção primária. Visando estimular e instrumentalizar a rede básica

de saúde para implantar um conjunto de procedimentos de promoção, proteção e

apoio ao aleitamento materno nos serviços de pré-natal e de puericultura, foi

criada a Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação. Esta iniciativa teve

como base evidência científica de que ações desenvolvidas com gestantes e

binômios mãe-filho prolongam a duração do aleitamento materno. Foi lançada

pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro em 1999, e com apoio de

uma equipe coordenada pelo Ministério da Saúde, criou material instrucional para

capacitação dos profissionais de saúde e instrumentos de avaliação para o

credenciamento das unidades primárias 50.

Em 2006 a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para

Lactentes, (NBCAL) criada em 1988, foi transformada em lei: a Lei nº 11.625, que

regulamenta a comercialização de alimentos para lactentes e crianças de primeira

infância e também a de produtos de puericultura correlatos 43.

Em que pesem todas as vantagens da amamentação e seu impacto

positivo na redução da morbimortalidade infantil, faz-se necessário destacar que

existem situações em que a amamentação não está indicada. O risco de

transmissão do vírus da imunodeficiência humana (HIV) pelo aleitamento materno

é uma delas. A orientação da OMS sobre o assunto é que cada país tome sua

posição, recomendando ou não o aleitamento materno por mulheres infectadas,

levando em consideração não só o risco de transmissão do HIV, mas também a

melhor forma de atender às necessidades nutricionais do bebê e de protegê-lo de

outras causas de morbimortalidade 47. No Brasil, o Ministério da Saúde 51

recomenda que os recém-nascidos de mães soropositivas para o HIV não sejam

amamentados no seio materno, tendo garantido o fornecimento de fórmula láctea

para os bebês até os seis meses de vida.

Page 26: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

14

Com o propósito de implementar uma rede de cuidados para assegurar às

mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e a atenção humanizada à

gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como assegurar às crianças o direito ao

nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis, foi instituída a

Rede Cegonha pelo Ministério da Saúde, no âmbito do SUS, a partir da Portaria

nº 1.459, de 24 de junho de 2011 52.

No ano de 2012 o Ministério da Saúde lançou a estratégia Amamenta e

Alimenta Brasil, com objetivo de qualificar o processo de trabalho dos

profissionais da atenção básica, a fim de reforçar e incentivar a promoção do

aleitamento materno e da alimentação saudável para crianças menores de dois

anos no âmbito do SUS. Essa iniciativa é o resultado da integração de duas

ações importantes do Ministério da Saúde: a Rede Amamenta Brasil e a

Estratégia Nacional para a Alimentação Complementar Saudável (ENPACS), que

se uniram para formar essa nova estratégia, que tem como compromisso a

formação de recursos humanos na atenção básica 53.

Dentre as políticas apresentadas destaco a IHAC, por ser estratégia-chave

para a adoção da amamentação na primeira hora de vida, dando ênfase ao passo

quatro que “preconiza colocar os bebês em contato direto com a mãe logo após o

parto por pelo menos uma hora e incentivar a mãe a identificar se o bebê está

pronto para ser amamentado, oferecendo ajuda se necessário”.

1.5. Amamentação na primeira hora de vida

Por que a amamentação na primeira hora de vida é importante?

Porque é no período pós-parto que os recém-nascidos estão mais aptos

para o estabelecimento da amamentação 55. Iniciar o contato pele a pele logo

após o nascimento possibilita aos recém-nascidos maior resposta ao tato, ao

calor e ao odor da mãe. Este contato constitui-se em um importante fator na

colonização da pele do recém-nascido pela flora bacteriana da mãe, além de

favorecer o início do aleitamento materno 56.

Observação de dez recém-nascidos realizadas por Widström et al. 57 e de

38 recém-nascidos por Righard & Alade 58 mostraram que crianças não sedadas

se dirigem ao seio materno quando colocadas no tórax da mãe, logo após o

Page 27: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

15

nascimento. Verificaram que o período de tempo em que rastejam do colo

materno até a sucção espontânea pode variar de 27 a 71 minutos, mas que aos

45 minutos os movimentos se mostraram mais evidentes, ficando lentos aos

poucos e ausentes por duas a duas horas e meia.

Para verificar o efeito do contato precoce sobre a sucção imediata, Righard

& Alade 58, estudaram dois grupos de crianças, um alocado para o “grupo

contato”, outro para o “grupo separação”, logo após o nascimento. Das crianças

estudadas, 38 tiveram contato imediato por uma hora, sendo que 24 delas

estavam mamando corretamente depois de uma média de 49 minutos. No grupo

“separação” 34 foram separados vinte minutos logo após o nascimento e

retornaram vinte minutos depois, e somente sete delas mamaram efetivamente,

sendo a diferença significante (p < 0,001).

Quando o contato pele-a-pele é iniciado imediatamente após o nascimento,

o recém-nascido apresenta maior sensibilidade olfativa e habilidade para rastejar

em direção ao mamilo e abocanhá-lo adequadamente nos primeiros sessenta

minutos. Após este período, os bebês costumam entrar na fase do sono,

possivelmente pelo decréscimo dos níveis de catecolaminas, dificultando o início

do aleitamento materno 55.

A sucção precoce estimula a hipófise na produção de prolactina e

ocitocina, resultando na produção láctea e na ejeção do leite 2. A diminuição

brusca da progesterona, e de outros hormônios inibidores da lactogênese neste

período, faz com que a glândula mamária produza o colostro, no qual podem ser

observadas concentrações de sódio, potássio, cloro, proteínas, vitaminas

lipossolúveis e minerais. O colostro é “a primeira vacina do bebê”, pois é rico em

proteínas, contém baixo teor de lipídeos, lactose e altas taxas de anticorpos,

especialmente imunoglobulinas como a IgA secretória, que protege o bebê contra

agentes patogênicos 4,17,59.

O efeito protetor do aleitamento materno fornecido pelo colostro durante

esse período, pode estar relacionado a ideia de que a composição do leite

materno muda segundo a necessidade dos recém-nascidos para proporcionar

proteção imunológica passiva 60, proteção conferida pelos componentes do

colostro que incluem a fator de transformação do crescimento beta, interleucina 61,

eritropoietina e lactoferrina, que agem individualmente ou por meio da pleiotropia

Page 28: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

16

para conter a resposta inflamatória precoce 62. De forma mais ampla, a proteção

poderá ser fornecida por meio de um grande número de elementos no leite

materno, incluindo enzimas bioativas, hormônios, fatores de crescimento,

citocinas e agentes imunológicos que aumentam e estimulam a defesa do

hospedeiro 60.

Revisão sistemática de 34 ensaios clínicos randomizados sobre os efeitos

do contato precoce pele a pele entre mãe e bebê encontrou um efeito positivo

deste contato sobre a amamentação de um a quatro meses (RR = 1,27; IC95%:

1,06-1,53) e sobre a duração do aleitamento materno (diferença média de 42 dias;

IC95%: 1,69-86,79). Além disso, os recém-nascidos que tiveram contato precoce

apresentaram níveis glicêmicos mais elevados e os prematuros tardios que

tiveram esse contato (34 a < 37 semanas de gestação) tiveram melhor

estabilidade respiratória 63.

Estudo realizado na Suécia mostrou que 63,2% dos bebês colocados de

bruços em contato pele a pele com o seio de suas mães logo após o parto se

arrastaram até a região mamilo-areolar e sugaram espontaneamente.

Demonstrou também que os bebês em geral estão aptos a mamar

espontaneamente entre os 15 e 55 minutos de pós-parto. Esse contato precoce

tem se mostrado favorável para a manutenção do comportamento maternal dos

humanos, propiciando o elo mãe-filho. O contato pele a pele propicia níveis de

glicemia e temperatura corpóreos mais elevados que quando estes são deixados

em berço e contribui para o aumento da amamentação na primeira semana de

vida 56.

De Chateau & Wiberg 64 desenvolveram um estudo na Suécia em que o

contato pele a pele e sucção precoce na primeira hora de vida resultaram em

aumento nos índices de aleitamento materno aos três meses. Estudaram dois

grupos de bebês: grupo contato e grupo controle, 58% das mães do grupo contato

na primeira hora já estavam amamentando, comparado a 26% do grupo controle

(p < 0,05). As mães do grupo contato passaram mais tempo beijando e olhando

nos rostos de seus filhos. Constataram com essa experiência que esses bebês

sorriam mais e choravam menos. Efeitos semelhantes foram encontrados por

Thomson et al. 65 e Strachan-Lindenberg et al. 66.

Pesquisa realizada em quatro distritos da área rural de Gana, com 11.316

Page 29: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

17

bebês não gêmeos, sobreviventes ao segundo dia após o nascimento e que

tinham iniciado a amamentação, evidenciou o efeito protetor da amamentação

precoce em relação à mortalidade neonatal. O estudo aponta que a mortalidade

poderia ser reduzida em 16,3% se todas as crianças tivessem sido amamentadas

no primeiro dia de vida, e em 22,3% se a amamentação ocorresse na primeira

hora 67.

Edmond et al. 68 afirmam que quanto maior o atraso no início do

aleitamento materno, maiores as chances de mortalidade neonatal causada por

infecções. O colostro acelera a maturação do epitélio intestinal e protege o recém-

nascido contra agentes patogênicos 17; o contato pele a pele entre mãe e filho,

aumenta a duração do aleitamento materno 63, protege o recém-nascido contra a

hipotermia 69 e, mantém os níveis de glicemia estáveis 70.

Diante dessas evidências, coloca-se em destaque o início tardio da

amamentação como uma importante barreira para o sucesso do aleitamento

materno. Temos nos deparado com situações operacionais que impedem ou não

favorecem esse ato. Vários são os fatores têm afetado negativamente o processo

de amamentação na primeira hora de vida, destacando-se a separação mãe-filho

no pós-parto imediato 71, as intercorrências maternas e com o recém-nascido 46, o

desconhecimento do resultado do status sorológico para o HIV antes do parto 72 e

as cesarianas 73. Algumas instituições de saúde têm desenvolvido capacitações

das equipes e orientação das mulheres para que estas amamentem seus filhos na

primeira hora de vida, ainda na sala de parto 39.

Estudos apontam que determinadas práticas realizadas na atenção ao

recém-nascido poderiam ser modificadas, uma vez que interferem negativamente

no estabelecimento do vínculo mãe/bebê e na amamentação logo após o parto,

além de não terem nenhuma eficácia. Algumas rotinas poderiam ser suprimidas,

postergadas ou modificadas, como a aspiração gástrica rotineira logo ao nascer, o

afastamento mãe/filho para o berçário de observação, a oferta de glicose como

primeiro alimento, entre outras 73,74.

Alguns autores verificaram que tanto a falta de apoio à amamentação ainda

na sala de parto, com o início tardio da primeira sucção, quanto a falta de apoio

na atenção primária à saúde contribuíram para a redução do AME e para o

desmame precoce 75,76. Para que a amamentação ocorra na primeira hora de

Page 30: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

18

vida, a mulher precisa ser ajudada a amamentar ainda na sala de parto e

encorajada a isto durante o pré-natal.

Page 31: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

19

2. ABORDAGENS METODOLÓGICAS

2.1. Revisão sistemática

A fim de reunir e analisar o conhecimento científico já produzido sobre os fatores

associados ao início tardio da amamentação, realizamos uma revisão sistemática

da literatura seguindo os métodos preconizados para este tipo de estudo (Artigo 1

– Anexo I).

A revisão sistemática da literatura é um estudo, que tem por objetivo reunir

estudos com características semelhantes, avaliando-os criticamente em sua

metodologia e reunindo-os numa análise estatística, a metanálise, quando isto é

possível. Reune estudos semelhantes e de boa qualidade e é considerada o

melhor nível de evidência para tomadas de decisões 77. A revisão sistemática

possibilita a compilação e avaliação crítica do conhecimento científico sobre um

determinado problema, com a finalidade de direcionar as práticas de saúde.

Na tentativa de evitar viés de análise na revisão sistemática, os métodos

de seleção e análise dos dados são estabelecidos antes da revisão ser

conduzida, num processo rigoroso, com critérios bem definidos.

Na elaboração de uma revisão sistemática, devem-se seguir as seguintes

fases: 1ª fase: a construção do protocolo; 2ª fase: a definição da pergunta; 3ª

fase: a busca dos estudos e/ou evidencias; 4ª fase: a seleção dos estudos, 5ª

fase: a avaliação crítica dos estudos/análise da qualidade metodológica dos

estudos; 6ª fase: a coleta dos dados e; 7ª fase: a síntese dos dados 78. Todas as

etapas de uma revisão sistemática devem ser realizada por pares, de forma

independente e depois concensuada, podendo ainda introduzir um terceiro revisor

para os casos de discordância.

Um Editorial da revista Lancet publicado em 2001 afirma que as revisões

sistemáticas são vitais para aqueles envolvidos em processos de decisão

relacionados a condutas de saúde 79.

Revisão sistemática é um recurso importante para a prática baseada em

evidências, tendo por objetivo produzir uma síntese dos resultados de pesquisas

Page 32: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

20

sobre um problema específico que possa informar a tomada de decisão. Deve ser

objetiva e reproduzível, de acordo com um método científico explicitado. Ela tem

como princípios gerais: a exaustão na busca da literatura científica, a seleção

justificada dos estudos por critérios de inclusão e exclusão explícitos e a

avaliação da qualidade metodológica. A síntese quantitativa dos dados por meio

de técnicas estatísticas, a metanálise, é uma ferramenta potente para a

combinação dos resultados quando se considera que os estudos são

comparáveis 80.

A avaliação criteriosa da qualidade dos estudos incluídos na revisão,

particularmente quando se trata de metanálise sobre a eficácia de intervenções

terapêuticas ou preventivas, tem sido preconizada como uma estratégia essencial

para evitar a introdução de vieses pela inclusão de estudos com graves falhas

metodológicas 81,82. Em geral é utilizado instrumento de avaliação da qualidade

específico para cada tipo de estudo.

A qualidade dos estudos individuais é de óbvia relevância para a revisão

sistemática e influencia a magnitude dos resultados 83.

2.2. Modelo de regressão logística multinível

No Artigo 2 (Anexo II), foi utilizado o método de regressão logístico multinível, o

que nos fez escrever um pouco sobre o modelo, para melhor compreensão dos

leitores.

Modelos de regressão têm sido amplamente utilizados para descrever a

relação existente entre uma variável de interesse, denominada de variável

resposta, e uma ou mais variáveis explicativas 84. Na área da saúde, onde

frequentemente a variável resposta é dicotômica, ou seja, indica a ocorrência ou

não de um evento, o modelo de regressão logística tem sido muito utilizado.

O modelo logístico pode ser expresso da seguinte forma:

Onde: é a probabilidade de ocorrência ter sido observada no i-ésimo

indivíduo; β é o vetor de parâmetros associados com o vetor de variáveis

Page 33: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

21

explicativas Xi; é o logaritmo neperiano da chance que é relacionado

linearmente com as variáveis explicativas.

Dada essa relação, pode-se entender facilmente a razão pela qual os

parâmetros do modelo de regressão logístico são interpretados como razão de

chance (RC: odds ratio), expressa como a exponencial do parâmetro.

Os parâmetros do modelo de regressão logística são estimados utilizando-

se o método da máxima verossimilhança, cuja solução requer o uso de métodos

iterativos, sendo o mais popular o de Newton-Raphson.

O pressuposto de independência entre as observações é assumido quando

o modelo de regressão logístico tradicional é utilizado. Contudo, na maioria dos

estudos o pressuposto de independência não é observado.

No Artigo 2 desta tese, argumenta-se que a qualidade do cuidado

hospitalar exerce impacto sobre uma série de eventos observados entre

pacientes. Contudo, na maioria das vezes, as variáveis referentes ao cuidado não

foram observadas ou, não são observáveis, resultando em dependência entre as

observações de pacientes de um mesmo hospital. Quando isso ocorre dizemos

que existe nos dados de pacientes internados em hospitais uma estrutura

hierárquica ou multinível. Nesse caso, modelos de regressão tradicionais não

deveriam ser utilizados, pois o pressuposto de independência está sendo violado.

Quando modelos de regressão tradicionais são utilizados na presença de

estrutura multinível, os erros-padrão dos parâmetros tendem a ser subestimados,

aumentando a chance de seleção de variáveis explicativas, mesmo quando seus

efeitos sobre o desfecho não foram estatisticamente significativos 85.

Uma forma de resolver esse problema seria incluir no modelo, variáveis

dicotômicas representando os efeitos dos hospitais, que dependendo do número

de hospitais podem tornar o modelo menos eficiente. Outro aspecto importante a

ser ressaltado é que nesse estudo o impacto de características hospitalares se

constitui em resultado de interesse, que não podem ser obtidas na medida em

que essas variáveis contextuais sempre poderão ser expressas como combinação

linear das dicotômicas representando os hospitais e, assim, o modelo não pode

ser estimado.

Page 34: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

22

Esse problema é resolvido por meio da utilização de modelos multiníveis

ou hierárquico. O modelo multinível mais simples é aquele no qual um efeito

aleatório medindo a variabilidade entre os hospitais, é incluído no modelo,

aumentando ou diminuindo o efeito médio dado pelo intercepto do modelo (β0).

O modelo logístico multinível 85,86, em sua expressão mais simples, ou seja,

considerando apenas o intercepto aleatório, pode ser apresentado da seguinte

forma:

Onde: é a probabilidade do evento de interesse ter sido observado para

o indivíduo i do j-ésimo hospital. β’ é o vetor de parâmetros associados com a

matriz variáveis explicativas no nível individual ( ); ’ é o vetor de parâmetros

associados com a matriz de variáveis explicativas no nível do hospital ( ); é o

efeito aleatório do nível hospitais, assumido ter distribuição normal com média

zero e variância σ2u.

Assim, pacientes de hospitais situados à um desvio padrão acima e baixo

da média teriam a sua chance de experimentar o evento multiplicada,

respectivamente por:

e .

Modelos multiníveis permitem ainda que o efeito de parâmetros associados

com as variáveis independentes exerça efeito diferenciado sobre a variável

resposta segundo o hospital.

Outra vantagem dos modelos multiníveis é que eles permitem que a

variabilidade não explicada pelas variáveis incluídas no modelo, seja

desagregada pelo nível individual e hospitalar, por meio do cálculo do coeficiente

de correlação intraclasse, calculado da seguinte forma:

Onde: e são, respectivamente, as variâncias dos resíduos no nível

dos hospitais e no nível individual, sendo a soma desses dois componentes a

variância total, não explicada. Assim, o coeficiente de correlação intraclasse mede

Page 35: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

23

o quanto da variabilidade total não explicada seria devido ao hospital (segundo

nível). No caso do modelo logístico a variância do nível individual é dada por =

3,29, onde π = 3,1415926.

Por fim, destaca-se que como os resíduos possuem uma distribuição, cada

hospital possui potencialmente um efeito que pode aumentar ou diminuir a

ocorrência do desfecho.

Vários softwares possuem procedimentos para estimação de modelos

multiníveis. Um dos mais utilizados é o MLwiN (Centre for Multilevel Modelling,

Bristol, Reino Unido) que permite a estimação de modelos com até cinco níveis 87.

No caso de modelos com resposta binária, há quatro procedimentos de

estimação, sendo o mais indicado o da quase-verossimilhança penalizada de

segunda ordem (second-order penalized quase – likelihood – PQL).

Page 36: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

24

3. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

O aleitamento materno na primeira hora de vida é reconhecido pela OMS como

um componente importante na promoção, proteção e suporte do aleitamento

materno e deve ser implementado como uma prática hospitalar de rotina em todos

os países a fim de reduzir a mortalidade neonatal. No mundo, cerca de sete

milhões de crianças menores de cinco anos morrem a cada ano. Apesar da

tendência de queda da mortalidade, que era estimada em 12 milhões em 1990,

parece difícil atingir mundialmente a quarta das oito metas do milênio das Nações

Unidas, de reduzir a mortalidade infantil até 2020 88.

A amamentação na primeira hora é um tema de extrema relevância social,

já que a ação estimula a produção do leite, a contração do útero (reduzindo o

risco de sangramento intenso) e a eliminação do mecônio (primeira evacuação do

bebê). Nessa primeira hora de vida, o reflexo de sucção do bebê é mais forte e

eficaz e contribui para estabelecer uma “pega” apropriada. Além disso,

amamentar o bebê na primeira hora é um grande passo, que garante uma relação

de amamentação de sucesso e a proteção imunológica de que o bebê necessita

assim que nasce. Amamentar na primeira hora de vida evita doenças como

poliomielite, o vírus Coxsakie do gênero dos enterovírus, a Escherichia coli

patogência, as salmonelas e as shigellas. Existem ainda outras indicações para a

amamentação logo que o bebê nasce: o forte vínculo emocional que se cria entre

mãe e bebê. Mesmo que o bebê nasça de uma cesariana, ele pode ir para o colo

da mãe, receber seu calor, seu amor, sentir sua pele, mamar suaviza sua entrada

neste mundo tão diferente do útero. No colo da mãe, o coração do bebê se

acalma, sua temperatura se estabiliza e sua respiração encontra um ritmo

adequado, benefícios que nenhum berço aquecido consegue imitar.

Quase metade das mortes em crianças menores de cinco anos ocorre por

doenças infecciosas, sendo que a desnutrição contribui para mais de um terço

delas. Em sua maioria, essas mortes são evitáveis por intervenções conhecidas,

simples e de baixo custo, entre elas o aleitamento materno exclusivo até os seis

meses e o início precoce da amamentação 54. Com base em evidências científicas

sobre os benefícios da amamentação para a saúde das crianças e das mães, e

Page 37: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

25

seu impacto na morbimortalidade infantil, políticas específicas para a promoção

do aleitamento materno foram criadas e implementadas pela OMS nos últimos

vinte anos. Entre essas políticas, destaca-se a IHAC contemplando um conjunto

de ações, descritas em passos, o quarto passo dessa estratégia consiste em

ajudar as mães a amamentar na primeira meia hora de vida 44.

Apesar da existência de políticas de alcance internacional, a

implementação efetiva das ações preconizadas ainda está muito aquém do

necessário e desejado. No contexto operacional das práticas de proteção,

promoção, incentivo e apoio a amamentação, verificam-se dificuldades na

adoção, pelos profissionais e serviços de saúde, das normas e procedimentos

preconizados pela OMS 89.

Nesse contexto, torna-se importante pesquisar e identificar os fatores que

podem promover ou inibir o início precoce do aleitamento materno, a fim de

superar os entraves à implementação do passo 4 da IHAC.

Este estudo é relevante, por estudar os entraves da adoção da prática da

amamentação ao nascimento, pode favorecer que seja estimulada nas ações de

pré-natal, e de assistência ao parto, mudando o panorama do aleitamento

materno, apresentando benefícios de curto e longo prazo para mães e crianças;

vai ao encontro às medidas de humanização do parto e nascimento 51; pode vir a

subsidiar ações que sejam impactantes para a melhoria da qualidade do

atendimento à saúde da mulher e da criança.

Conhecer os aspectos que podem se configurar como determinantes do

início da amamentação na primeira hora de vida pode vir a auxiliar na formulação

de propostas de intervenção que favoreçam mudanças de comportamentos e

atitudes em relação a essa prática por parte das mães e dos profissionais de

saúde. Pode também permitir a proposição de ações e rotinas para os serviços

que venham a favorecer a amamentação precoce. A ampliação do conhecimento

sobre esse tema, na área de saúde da mulher e da criança, pode auxiliar na

produção de uma assistência de qualidade e segura, que valoriza a vida,

respeitando a ética e a cidadania.

Partindo desse princípio, este trabalho tratou de buscar respostas para os

seguintes questionamentos: (a) com base nos estudos publicados até o presente

momento, que fatores são determinantes da amamentação na primeira hora de

Page 38: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

26

vida? E; (b) qual a prevalência da amamentação na primeira hora de vida e que

fatores estão associados a esta prática nas maternidades do SUS no Município

do Rio de Janeiro?

Page 39: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

27

4. OBJETIVOS

4.1. Objetivo geral

Analisar os fatores associados ao início tardio da amamentação b.

4.2. Objetivos específicos

Realizar revisão sistemática de estudos observacionais sobre os fatores

associados à não-amamentação na primeira hora de vida.

Analisar os fatores associados ao início tardio da amamentação nos

hospitais do SUS, com mais de mil partos/ano, Município do Rio de

Janeiro.

b Consideramos neste estudo início tardio da amamentação como não amamentação na primeira

hora de vida.

Page 40: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

28

5. CONCLUSÕES DA TESE

O início tardio da amamentação é considerado como um importante dificultador

para que a amamentação seja estabelecida com sucesso. Embora haja

recomendações internacionais e políticas públicas instituídas em nosso país no

sentido de tornar os cuidados ao parto e puerpério mais favoráveis ao aleitamento

materno na primeira hora de vida, barreiras culturais e institucionais precisam ser

enfrentadas para que essa prática venha a se tornar o padrão.

Nesta tese, analisamos os fatores associados à não amamentação na

primeira hora de vida em diferentes contextos e sob diferentes perspectivas. No

primeiro artigo, realizamos uma revisão sistemática sobre os determinantes da

amamentação na primeira hora de vida, incluindo estudos de todo o mundo.

Avaliamos estudos observacionais que utilizaram métodos de controle para

variáveis de confusão a fim de identificar fatores associados independentes. No

segundo artigo, analisamos os dados de entrevistas realizadas em maternidades

do SUS do Município do Rio de Janeiro procurando identificar esses mesmos

determinantes, mas desta vez, em um contexto bem específico, de partos

hospitalares em um grande centro urbano no Brasil.

Os resultados da revisão sistemática revelaram uma grande variedade de

fatores associados à não amamentação na primeira hora de vida. A

heterogeneidade dos contextos socioeconômicos e culturais dos locais de

realização dos estudos explica a diversidade de fatores associados à não

amamentação encontrados e até mesmo alguns resultados aparentemente

contraditórios. A maioria dos estudos incluídos na revisão baseava-se em dados

de inquéritos populacionais como a Demographic and Health Survey (DHS),

quase todos em países de baixa renda. Em geral, a prática da amamentação ao

nascimento teve variação significativa segundo a área geográfica de residência,

indicando a forte influência do contexto. Nascer em área rural foi identificado ora

como risco, ora como proteção. Em alguns estudos, mulheres que não receberam

cuidados pré-natais e que deram à luz no domicílio tiveram menor chance de

amamentar na primeira hora de vida. Quando associadas, a menor renda familiar

e a baixa escolaridade materna tiveram efeitos negativos sobre a amamentação

Page 41: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

29

na primeira hora de vida, demonstrando que até mesmo essa ação extremamente

simples e acessível está menos disponível para as populações mais vulneráveis.

Crenças populares que contra-indicam a ingestão do colostro e o costume de

alimentar o recém-nascido com outros alimentos líquidos nos primeiros dias de

vida estão por trás desses achados. Vencer essas crenças e modificar os

costumes são os principais desafios enfrentados em algumas regiões do mundo.

Ainda na revisão sistemática, a cesariana foi o fator de risco mais

importante e consistente para o atraso no início da amamentação, exceto nos

locais onde os partos domiciliares eram a regra. Essa questão não mereceria

tanto destaque se a proporção de cesáreas se mantivesse nos patamares de até

10 a 15% recomendados pela OMS. No entanto, o aumento das cesarianas em

todo o mundo, chegando a ser a via mais frequente de parto em nosso país, torna

essencial a abordagem do problema, seja no sentido de reduzir as cesarianas

sem indicação clínica, seja no sentido de proporcionar a amamentação oportuna

de modo persistente para as mães submetidas a este tipo de parto.

No segundo artigo, onde analisamos as entrevistas com mães internadas

em alojamento conjunto de maternidades do SUS, no Rio de Janeiro, trabalhamos

com um cenário bem mais restrito: uma única cidade, apenas partos hospitalares,

partos com financiamento público em maternidades com mais de mil partos/ano.

Utilizamos um modelo multinível, tendo os hospitais como as unidades de

segundo nível, por crer que era necessário considerar a dependência das

observações realizadas no mesmo hospital, isto é, que a probabilidade de

amamentar na primeira hora de vida dependeria não só de fatores individuais das

mães, mas também do contexto, representado pelo hospital. Nesse cenário,

apenas metade das mães amamentaram na primeira hora. As cesarianas foram,

mais uma vez, o principal fator de risco para a não amamentação na primeira hora

de vida. O credenciamento do hospital como Hospital Amigo da Criança (HAC),

por outro lado, foi um dos fatores mais importantes para a promoção da

amamentação oportuna, tendo um efeito com quase a mesma magnitude da

cesariana, porém no sentido protetor. O desconhecimento da sorologia para o HIV

na hora do parto foi também um fator de risco para a não amamentação na

primeira hora de vida.

Page 42: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

30

Podemos concluir, com base nesses resultados, que os fatores que impedem ou

promovem o início oportuno da amamentação, na primeira hora de vida, são

variados e altamente dependentes do contexto socioeconômico e cultural. Por

conseguinte, demandam algumas ações específicas voltadas para a superação

das barreiras que se colocam em cada região. Por outro lado, há algumas

questões gerais que atravessam as diferentes culturas e se repetem em vários

locais. A falta de acesso a cuidados de saúde no pré-natal e no parto, com

regularidade e qualidade, aparece como um fator importante para o atraso no

início da amamentação em vários estudos. Indicadores relacionados a menor

nível socioeconômico também foram eventualmente associados a maior risco,

indicando situações de vulnerabilidade que precisam ser abordadas de forma

mais direta, visando reduzir as iniquidades em saúde.

A cesariana apareceu de forma quase universal como um fator de risco

para o atraso no início da amamentação, sendo esta mais uma consequência

danosa da epidemia de cesarianas que se dissemina pelo mundo, com uma

distribuição tão desigual entre os países, que causa danos por super utilização

em uma parte do mundo enquanto permanece inacessível em outras.

De um modo geral, poderíamos dizer que as crenças e costumes das

pessoas comuns, mas também dos profissionais de saúde, são, em última

análise, as causas da não amamentação na primeira hora de vida. Onde há

pouca presença dos serviços de saúde, a amamentação pode ser iniciada mais

precoce ou mais tardiamente, conforme a cultura local indique esta ou aquela

prática. De modo análogo, nos hospitais, a decisão de colocar o bebê em contato

com a mãe logo após o parto e ajudá-la a amamentar, depende muito das

crenças dos profissionais quanto aos benefícios e à segurança desta prática. Por

conseguinte, o trabalho a ser realizado, em alguns locais, é primordialmente,

educação em saúde para a população. Nos hospitais e unidades de saúde em

geral, a capacitação e treinamento dos profissionais de saúde é primordial, para

que se sintam motivados e seguros na implementação desta ação.

A IHAC, pelos resultados aqui apresentados, parece ser uma ferramenta

potente para induzir mudanças nas crenças e práticas dos profissionais de saúde

Page 43: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

31

no contexto da assistência ao parto e ao puerpério. A intensificação das

atividades relativas à IHAC, com expansão do credenciamento e o monitoramento

contínuo das maternidades são essenciais para manter os avanços alcançados e

ampliá-los em abrangência e profundidade.

Com base nas conclusões desta tese, podemos sugerir como

recomendações para a promoção da amamentação oportuna em nosso país:

Que os programas de promoção de aleitamento materno deem maior

ênfase ao início precoce da amamentação, permitindo que prática da

amamentação na primeira hora de vida, passe a ser rotina em todas as

unidades hospitalares, sejam públicas, privadas, ou conveniadas SUS.

Que a IHAC, por ser uma estratégia abrangente baseada em evidências

científicas, seja de fato implementada, uma vez que, evidências

sugerem que ela está diretamente associada ao aumento das taxas de

início, exclusividade e duração do aleitamento materno.

Que haja maior empenho dos governos em garantir o acesso e a

qualidade da atenção às mulheres no pré-natal e no puerpério, visando

uma assistência de acordo com os padrões recomendados, dentro dos

princípios da humanização e da integralidade da atenção.

Especificamente, na promoção da amamentação, que as mulheres

recebam informações sobre aleitamento materno durante o todo o ciclo

gravídico puerperal e apoio para a amamentação ao nascimento e nos

primeiros meses de vida do bebê, favorecendo o estabelecimento do

aleitamento exclusivo e aumentando a prática da amamentação na

primeira hora.

Por fim, acreditamos que a incorporação de conhecimentos sobre a

amamentação possa produzir mudanças nas práticas dos profissionais de saúde,

habilitando-os a participar de forma ativa na promoção do aleitamento materno

mediante ações fundamentadas no conhecimento técnico-científico, mas também

na ética e no respeito ao outro. Desta forma, os profissionais e serviços de saúde

poderão se constituir em verdadeiros promotores da amamentação, capazes de

estimular o desejo das mães de amamentar seus filhos, apoiá-las em sua tarefa e

promover sua autonomia neste processo.

Page 44: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

32

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na gestão pública da saúde, a descentralização das ações de assistência

hospitalar deve procurar aproximar a oferta de serviços às necessidades locais.

Estados e municípios necessitam reforçar a incorporação das ações de

promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno nos serviços de saúde,

priorizando atividades de importância reconhecida na literatura e apoiando os

serviços de saúde na aplicação dessas medidas.

Esperamos que esse estudo possa servir de reflexão de nossos

profissionais e gestores quanto a necessidade de ampliação de hospitais

credenciados na IHAC de se investir mais nas ações de treinamento e

monitoramento e na manutenção dos passos cumpridos, haja maior preocupação

quanto as taxas de cesariana; e que se operacionalize de forma mais efetiva os

procedimentos preconizados para o diagnóstico sorológico do HIV na assistência

pré-natal e ao parto.

Desta forma, este estudo pode ser um veículo para a adoção de políticas

de melhoria do acesso e da qualidade do acompanhamento pré-natal e da

assistência ao parto e puerpério dentro da perspectiva da integralidade e da

humanização da assistência.

Page 45: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

33

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83. Jüni P, Altman DG, Egger M. Systematic reviews in health care: assessing

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85. Hox J. Multilevel analysis: techniques and applications. London: Lawrence

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Page 52: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

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86. Snijders TAB, Bosker RJ. Multilevel analysis: an introduction to basic and

advanced modeling. 2nd Ed. London: Sage; 2012.

87. Rasbash J, Steele F, Browne WJ, Goldstein H. A user’s guide to MLwiN, v.

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89. Moreira KFA. Aleitamento materno à luz dos direitos reprodutivos: afinal do

que se trata? [Tese de Doutorado]. Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem de

Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo; 2003.

Page 53: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

41

8. ANEXOS

ANEXO I – Artigo 1: Fatores associados à amamentação na primeira hora de

vida: revisão sistemática.

ANEXO II – Artigo 2: Fatores associados ao início tardio da amamentação em

hospitais do Sistema Único de Saúde no Município do Rio de Janeiro, Brasil,

2009.

ANEXO III – Parecer consubstanciado do CEP.

Page 54: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

42

ANEXO I – Artigo 1: Fatores associados à amamentação na primeira hora de

vida: revisão sistemática.

Aceito para publicação na Revista de Saúde Pública da Universidade de São

Paulo em 07/Março/2014.

Fatores associados à amamentação na primeira hora de vida: revisão

sistemática

Factors associated to breastfeeding in the first hour of life: systematic

review

Tania Maria Brasil Esteves I

Regina Paiva Daumas I

Maria Inês Couto de Oliveira II

Carlos Augusto de Ferreira de Andrade III

Iuri Costa Leite IV

RESUMO

OBJETIVO:Identificar fatores de risco independentes para a não amamentação

na primeira hora de vida. MÉTODOS: Revisão sistemática nas bases de dados

Medline, Lilacs, Scopus e Web of Science, sem restrição de idioma ou período de

publicação, até 30 de agosto de 2013. Foram incluídos estudos que utilizaram

modelos de regressão e forneceram medidas de associação ajustadas. Foram

excluídos artigos que não especificaram o modelo de regressão utilizado ou que

abordaram populações específicas quanto à faixa etária ou presença de

morbidade. RESULTADOS: Foram identificados 155 artigos, dos quais 18

preencheram os critérios de inclusão. Foram realizados na Ásia (nove), África

(cinco) e América do Sul (quatro) entre 1999 e 2010. A prevalência da

amamentação na primeira hora de vida variou de 11,4%, em uma província da

Arábia Saudita, a 83,3% no Sri Lanka. A cesariana foi o fator de risco mais

consistente para a não amamentação na primeira hora de vida. “Baixa renda

familiar”, “idade materna menor que 25 anos”, “baixa escolaridade materna”,

“ausência de consultas pré-natais”, “parto domiciliar”, “falta de orientação sobre

Page 55: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

43

amamentação no pré-natal” e “prematuridade” foram fatores de risco identificados

em pelo menos dois estudos. CONCLUSÕES: Além de rotinas hospitalares,

indicadores associados a pior nível socioeconômico e menor acesso a serviços de

saúde foram também identificados como fatores de risco independentes para a

não amamentação na primeira hora de vida. Políticas de promoção da

amamentação, adequadas a cada contexto, devem ter como meta a redução das

desigualdades em saúde.

DESCRITORES: Aleitamento Materno. Recém-Nascido. Período Pós-Parto.

Revisão. Estudos Epidemiológicos.

DESCRIPTORES (espanhol): Lactancia Materna. Recién Nacido. Período de

Postparto. Revisión. Estudios Epidemiológicos.

ABSTRACT

OBJECTIVE: To describe systematically the results of observational studies on

the determinants of breastfeeding within the first hour of life. METHODS: A

systematic review was carried out in electronic databases MEDLINE, LILACS,

Scopus and Web of Science, until august2013. Without restrictions on language

or date of publishing. Studies that used regression models and provided adjusted

measures of association were included. Studies in which the regression model

was not specified or those based on specific populations regarding age or the

presence of morbidities were excluded. RESULTS: The search resulted in 155

articles, from which 18 met the inclusion criteria. These were conducted in Asia

(9), Africa (5) and South America (4), between1999 et 2013. The prevalence of

breastfeeding within the first hour of life ranged from 11.4%, in a Saudi Arabia

province, to 83.3% in Sri Lanka. Cesarean delivery was the most consistent risk

factor for not breastfeeding within the first hour of life. “Low family income”,

“maternal age less than 25 years”, “low maternal education”, “no prenatal visit”,

“home delivery”, “no prenatal guidance on breastfeeding” and “preterm birth” were

reported as risk factors in at least two studies. CONCLUSIONS: Besides the

hospital routines, indicators for low socioeconomic status and poor access to

health services were also identified as independent risk factors for not

breastfeeding within the first hour of life. Policies to promote breastfeeding,

appropriate to each context, should aim to reduce inequalities in health.

Page 56: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

44

DESCRIPTORS: Breast Feeding. Infant, Newborn. Postpartum Period. Review.

Epidemiologic Studies.

I Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio

Arouca. Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil

II Departamento de Epidemiologia e Bioestatística. Instituto de Saúde da Comunidade.

Universidade Federal Fluminense. Niterói, RJ, Brasil

III Laboratório de Epidemiologia Clínica. Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas. Fundação

Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil

IV Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos. Escola Nacional de Saúde Pública

Sergio Arouca. Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Correspondência e e-mail:

Tania Maria Brasil Esteves E-mail: [email protected]

Fundação Oswaldo Cruz

Rua Leopoldo Bulhões, 1480 térreo Manguinhos

21041-210 Rio de Janeiro, RJ, Brasil

INTRODUÇÃO

O leite materno contém todos os nutrientes necessários ao lactente até os

seis meses de vida, além de propriedades imunológicas que o protegem de

doenças comuns da infância, como diarreia e pneumonia, importantes causas de

morbimortalidade infantil.4,18,22 O aleitamento materno também apresenta

vantagens para a saúde das mulheres, aumentando o período de infertilidade

pós-parto, ajudando-as a retornar ao peso pré-gestacional e reduzindo seu risco

de desenvolver câncer de mama6 e de ovário.13,25,49

Apesar de reconhecidamente benéfica, a prática da amamentação ainda se

encontra, na maioria dos países, aquém do preconizado pela Organização

Mundial da Saúde (OMS).20 No contexto da promoção do aleitamento materno, a

OMS recomenda colocar os bebês em contato direto com a mãe logo após o

parto por pelo menos uma hora e incentivar a mãe a iniciar a amamentação assim

que o bebê esteja pronto, oferecendo ajuda se necessário.58 Essa recomendação

baseia-se na maior aptidão dos neonatos para buscar espontaneamente a região

mamilo-areolar e iniciar a amamentação nesse período, contribuindo para

estabelecer o aleitamento materno exclusivo.54,57

Page 57: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

45

O início da amamentação na primeira hora de vida está associado à maior

duração do aleitamento materno33,34 e à redução das mortes infantis,

principalmente nos países de baixa renda.2,9,23 Os efeitos positivos sobre a saúde

do neonato podem ser mediados tanto pelos componentes do leite materno

quanto pelo contato mãe-bebê. O colostro, leite dos primeiros dias, contém o fator

epidérmico de crescimento, que acelera a maturação da mucosa intestinal, e

fatores imunológicos bioativos que conferem proteção imunológica ao lactente,

prevenindo a colonização intestinal por micro-organismos patogênicos.5,37

O contato “pele a pele” entre mãe e bebê logo após o parto favorece a

colonização da pele do recém-nascido pela microbiota da mãe, facilita a

regulação da temperatura corporal, mantém os níveis de glicemia estáveis e

contribui para a estabilidade cardiorrespiratória.33,55 A sucção da mama logo após

o nascimento estimula a secreção de prolactina e ocitocina, hormônios que

induzem a produção e ejeção do leite.28,54 A ocitocina também reduz o

sangramento puerperal e acelera a involução uterina, representando benefícios

adicionais para a mulher.15

Nas últimas duas décadas, em função das recomendações da OMS, o

início oportuno da amamentação tem recebido maior atenção dos gestores e dos

pesquisadores que se ocupam das questões relativas ao aleitamento materno e

práticas alimentares infantis. A inclusão da pergunta sobre o tempo entre o

nascimento e o início da amamentação no questionário da Pesquisa de

Demografia e Saúde (DHS – Demographic and Health Survey) permitiu a

realização de estudos semelhantes em diversos países e mesmo a comparação

entre eles.8 Entretanto, não foi encontrada qualquer revisão sistemática reunindo

o conjunto das evidências produzidas sobre os fatores que promovem ou inibem o

início oportuno da amamentação.

O objetivo do presente estudo foi identificar fatores de risco independentes

para a não amamentação na primeira hora de vida.

MÉTODOS

Foi realizada revisão sistemática da literatura utilizando protocolo pré-

estabelecido para a busca, seleção e extração de dados. Os artigos foram

Page 58: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

46

recuperados por busca bibliográfica nas seguintes bases de dados: Medline,

consultada por meio do PubMed,c Lilacs,d Scopuse e Web of Science.f A descrição

dessa revisão sistemática foi baseada na diretriz Preferred Reporting Items for

Systematic Reviews (PRISMA).24

A estratégia de busca na base PubMed utilizou os seguintes termos: (“first

hour” [Title/Abstract]) OR “delayed initiation” [Title/Abstract]) OR (“timely initiation”

[Title/Abstract]) AND (“breast feeding” [Title/Abstract]) OR “breastfeeding”

[Title/Abstract]). Estratégias equivalentes foram adotadas para as demais bases.

Não houve delimitação de período de publicação ou restrição por idioma, sendo

as buscas finalizadas em 30 de agosto de 2013. As listas de referências dos

artigos selecionados foram examinadas para identificar outras publicações

elegíveis.

Foram considerados como critérios de inclusão: estudos observacionais

com análises sobre os determinantes da amamentação ou não amamentação na

primeira hora de vida, utilizando modelos de regressão com intuito de obter

medidas de associação ajustadas. Foram excluídos artigos em que o tipo de

modelo de regressão não foi especificado e estudos que abordaram populações

específicas quanto à idade materna ou presença de morbidades das mães ou dos

neonatos, de modo a preservar a comparabilidade entre os estudos selecionados.

As referências obtidas na busca eletrônica foram armazenadas com o

auxílio do programa EndNote X7.0.1, com o qual se procedeu à exclusão das

duplicatas. Dois revisores independentes avaliaram os resumos das referências

obtidas. Foram selecionadas para leitura na íntegra todas as publicações

potencialmente elegíveis. A extração de dados e classificação final quanto à

inclusão na revisão foram realizadas de forma independente, sendo os resultados

comparados e as discordâncias solucionadas por consenso entre os dois

revisores, ou por um terceiro revisor, quando necessário.

c PubMed: the bibliographic database [Internet]. Bethesda: National Library of Medicine;

[s.d.]. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed

d LILACS: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde [Internet]. São Paulo:

Bireme; [s.d.]. Disponível em: http://lilacs.bvsalud.org/

e Scopus [Internet]. Elsevier; Amsterdan; [s.d.].

f Web of Science [Internet]. Thomson Reuters Scientific. New York; [s.d.].

Page 59: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

47

Na ficha de extração de dados foram registrados: a referência completa do

artigo, local (país/cidade) de realização do estudo, período e cenário de coleta

dos dados, tamanho da amostra, desenho do estudo, prevalência da

amamentação na primeira hora, critérios de inclusão e exclusão dos indivíduos,

variáveis analisadas, resultados encontrados e a pontuação nos critérios de

avaliação da qualidade.

A avaliação da qualidade dos estudos foi realizada com base em

instrumento adaptado da Newcastle-Ottawa Scale para avaliação de estudos de

coorte,g considerando as diretrizes STROBE para estudos seccionais.26 Quatro

itens foram avaliados, recebendo um ponto cada, quando atendiam ao padrão de

referência: forma de seleção dos participantes (S): amostra descrita e

representativa da população-alvo por ser completa, aleatória ou sistemática;

proporção de perdas (P): descrita e inferior a 20,0%; forma de aferição do

desfecho (D): instrumento de aferição disponível ou descrito; e seleção das

variáveis para a análise estatística (A): estimativas brutas apresentadas e critério

de seleção das variáveis para o modelo final descrito.

Tendo em vista que a maioria dos artigos utilizou como desfecho a “não

amamentação na primeira hora de vida”, optou-se por converter os resultados de

todos os estudos para esse desfecho. As variáveis que apresentaram associação

estatisticamente significativa (p < 0,05) com o desfecho nos modelos de

regressão ajustados foram consideradas fatores de risco quando resultaram em

aumento da chance ou prevalência da não amamentação na primeira hora de vida

e fatores de proteção quando resultaram na redução da chance ou prevalência

desse desfecho. Os termos “início oportuno” e “atraso no início” foram também

utilizados no presente estudo para se referir, respectivamente, ao início da

amamentação na primeira hora de vida e após esse período.

As variáveis associadas à amamentação na primeira hora de vida foram

classificadas, segundo sua proximidade com o desfecho, em quatro níveis

hierárquicos de determinação:51 contextual (ocasião do nascimento e localização

geográfica), distal (características familiares e maternas), intermediário

g Wells G, Shea B, O'Connell D, Peterson J, Welch V, Losos M, et al. The Newcastle-Ottawa Scale

(NOS) for assessing the quality if nonrandomized studies in meta-analyses. Ontario; [s.d.] [citado

2013 fev 1]. Disponível em: http://www.ohri.ca/programs/clinical_epidemiology/oxford.htm

Page 60: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

48

(características da gravidez e da atenção pré-natal) e proximal (características da

atenção ao parto e do bebê).

RESULTADOS

Foram encontradas 323 referências pela busca eletrônica e removidas 168

repetidas. Foram avaliados 155 títulos/resumos, dos quais 107 foram excluídos

por não atenderem aos critérios pré-estabelecidos e 48 foram selecionados para

leitura do texto completo (Figura 1). Foram acrescidos cinco artigos selecionados

a partir das listas de referências dos artigos lidos, resultando em um total de 53

estudos lidos na íntegra. Dois terços dos estudos (35) foram excluídos por não

serem observacionais (quatro), utilizarem outra definição para início oportuno

(maior que uma hora) (nove), não descrever o modelo de regressão utilizado

(um), não apresentarem medidas de associação ajustadas (19) ou apresentarem

resultados incompletos (dois). Neste último caso, foi feito contato com os autores,

porém não foram obtidos os demais resultados. Ao final desse processo, 18

estudos preencheram os critérios de inclusão. A Tabela 1 apresenta as principais

características dos 18 artigos incluídos, em ordem crescente do período do

estudo. Dezessete estudos foram seccionais e apenas um36 referiu-se a uma

coorte.

Metade dos estudos (nove) foi realizada na Ásia, cinco na África e quatro

na América do Sul (Brasil). O período de realização das pesquisas foi entre 1999

e 2010. A maioria dos estudos analisou informações de inquéritos domiciliares

(11), dos quais seis utilizaram dados das Pesquisas Demográficas e de Saúde,

realizadas entre 2000 e 2010. A idade máxima da criança, à época da entrevista,

variou de dois dias a dois anos. A menor amostra foi composta de 262

participantes35 e a maior teve 10.317.39

A prevalência da amamentação na primeira hora de vida variou de 11,4%

em província da Arábia Saudita10 a 83,3% no Sri Lanka.45 Entre os estudos

realizados na comunidade ou em ambulatórios, a menor proporção de partos

domiciliares foi encontrada na Arábia Saudita (0,0%)10 e a maior foi relatada em

inquérito realizado na Etiópia (93,8%).16 A proporção de cesarianas variou de

Page 61: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

49

2,1% em inquérito na área rural da Etiópia48 a 49,3% em amostra hospitalar na

cidade do Rio de Janeiro.1

A maior parte dos estudos utilizou a regressão logística como método de

análise multivariada. Um dos estudos utilizou regressão logística em um modelo

hierarquizado47 e um outro empregou a regressão de Poisson multinível.1 O único

estudo de coorte utilizou o modelo log-log complementar multinível.36 Quanto à

qualidade dos estudos, 13 dos 18 artigos tiveram pontuação máxima nos critérios

avaliados.

A Tabela 2 mostra quais variáveis foram consideradas fatores de risco, de

proteção ou não estiveram associadas à não amamentação na primeira hora de

vida, bem como o número de vezes em que cada variável foi investigada.

No nível contextual, a amamentação na primeira hora de vida associou-se

à zona geográfica de residência na maior parte dos estudos que a investigaram.

Residir em área rural foi fator de risco em dois estudos realizados em países da

África46,50 e fator de proteção em dois estudos asiáticos.10,31

No nível mais distal, que contempla as características familiares e

sociodemográficas maternas, foram identificados como fatores de risco

independentes: baixa renda familiar em três de 13 estudos (3/13),30,31,45 baixa

escolaridade materna (4/17)39,40,48,50 e baixa renda materna (1/1).36 Estudo

brasileiro associou a baixa escolaridade à proteção (1/17).47 O trabalho materno

foi encontrado como fator de risco em dois estudos14,50 e como fator de proteção

em um de nove estudos.39 A idade materna não foi associada ao desfecho na

maioria dos estudos (11/14). Porém, idades maternas extremas foram

ocasionalmente associadas ao maior risco.39,47,50

No nível intermediário (gravidez e atenção pré-natal), três estudos31,35,39

identificaram o acesso a consultas pré-natais como fator protetor para a

amamentação na primeira hora de vida. Foram também eventualmente

identificados como fatores de proteção: a mãe receber prescrição de ferro na

consulta,16 receber orientação sobre aleitamento materno40,52 e receber visita

domiciliar.44

No nível proximal, constituído pelas características do recém-nascido e da

atenção ao parto, as variáveis relacionadas ao parto foram as mais

frequentemente associadas à não amamentação na primeira hora de vida. O

Page 62: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

50

parto domiciliar foi fator de risco para o atraso no início da amamentação em

quatro de 11 estudos.35,39,45,50 O parto assistido por familiar, quando comparado

ao parto assistido por profissionais de saúde, aumentou o risco de não

amamentação na primeira hora de vida, na Tanzânia,50 enquanto a assistência ao

parto por familiares ou parteiras treinadas foi associada ao início oportuno da

amamentação em estudo realizado na Etiópia.16

A cesariana mostrou ser fator de risco para não amamentação na primeira

hora de vida em 11 dos 14 estudos em que foi investigado. Em estudos de base

hospitalar, características dos hospitais, como o tipo de financiamento1 e a

certificação pela Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC),47 também foram

associadas ao desfecho. A mãe ter recebido resultado do teste rápido anti-HIV,

depois do parto, foi identificado como fator de risco no único estudo no qual foram

investigadas variáveis relativas ao teste anti-HIV.36 O bebê receber alimentos pré-

lácteos10 e a mãe ter problemas nas mamas (dor, ingurgitação, fissuras)10,48 foram

fatores associados ao atraso no início da amamentação em alguns estudos.

Entre as variáveis relacionadas à criança, foram identificados como fatores

de risco a prematuridade (2/3)40,52, o baixo peso ao nascer (1/5)45, intercorrências

imediatas após o parto (1/1)1 e índice de APGAR abaixo de oito no quinto minuto

(1/1).47 Ser do sexo feminino mostrou-se como fator de proteção em um estudo

(1/12).45

A representação gráfica das variáveis relatadas como associadas ao

desfecho em pelo menos um estudo é apresentada na Figura 2 para melhor

compreensão dos níveis de determinação e da relação entre elas.

DISCUSSÃO

A cesariana foi o fator de risco mais consistentemente associado à não

amamentação na primeira hora de vida. As características: baixa renda familiar,

idade materna menor que 25 anos, baixa escolaridade materna, ausência de

consultas pré-natal, parto domiciliar, falta de orientação sobre amamentação no

pré-natal e prematuridade foram identificadas como fatores de risco em pelo

menos dois estudos.

Page 63: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

51

A cesariana tem sido apontada como importante barreira para o início da

amamentação (antes ou após a primeira hora)41,43 e está geralmente associada a

rotinas de cuidados pós-operatórios que retardam ou interrompem o contato entre

mãe e filho no período pós-parto.27 Alguns autores sugerem que fatores

comportamentais também estejam envolvidos nessa relação, de modo que mães

submetidas a cesarianas teriam menor predisposição para amamentar.42,53 Essa

hipótese é reforçada pela meta-análise de Prior et al42 (2012) em que o maior

risco de não amamentar foi encontrado apenas para cesarianas eletivas.

Embora a OMS preconize que as taxas de cesariana não devam

ultrapassar 10,0% a 15,0%,56 taxas muito superiores a essas foram encontradas

em todos os estudos de base hospitalar avaliados, ao passo que taxas inferiores

a 5,0% foram encontradas em locais com pouco acesso a serviços de

saúde.14,31,39,46,48,50 De fato, a proporção de partos por cesariana está em

crescimento em todo o mundo, tendo chegado no Brasil a 52,0% no ano de 2010,

motivando políticas governamentais no intuito de reduzir as cesarianas eletivas.32

Os conhecimentos dos profissionais e as práticas instituídas pelos serviços

de saúde parecem ser os determinantes mais importantes do início da

amamentação nos partos hospitalares,1,41 quando o poder de decisão das mães

tende a ser mais limitado. No Brasil, maternidades privadas foram associadas a

maior risco para o atraso no início da amamentação,1 enquanto o credenciamento

pela IHAC47 foi fator de proteção. Rotinas inadequadas, como a entrega do

resultado do teste rápido anti-HIV após o parto, também contribuíram para o

atraso no início da amamentação entre mulheres submetidas ao teste.36

Onde o parto domiciliar é mais frequente, os conhecimentos e crenças das

mães, familiares e parteiras são os fatores que exercem maior influência sobre o

início da amamentação. O conhecimento inadequado das parteiras tradicionais e

familiares sobre os benefícios do início oportuno da amamentação estão entre as

possíveis causas do pior desempenho desse indicador nos partos

domiciliares.35,39,45,50 Crenças culturais negativas sobre o colostro podem

constituir uma barreira em áreas rurais na África46,50 e também na Índia.30,40 No

estudo de Setegn et al46 (2011), 35% das mães ordenhavam e desprezavam o

colostro por acreditarem que ele prejudica o bebê, causa cólica e é de difícil

digestão. O início tardio da amamentação não só priva a criança das propriedades

Page 64: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

52

protetoras do colostro, mas torna-se a razão para introdução precoce de

alimentação pré-láctea.46

Renda familiar, escolaridade e idade materna não foram determinantes

independentes na maioria dos estudos, possivelmente por terem seus efeitos

mediados por fatores mais proximais ao desfecho, também incluídos nos

modelos. No entanto, nos estudos que encontraram associação com renda, o

maior risco para o atraso no início da amamentação ocorreu entre mulheres com

baixa renda. O mesmo foi observado em relação à baixa escolaridade, com

exceção do estudo de Silveira et al47 (2008), no qual a maior escolaridade foi

identificada como fator de risco para não amamentação na primeira hora de vida.

É possível que essa aparente discordância seja resultado da adoção, por esses

autores, de um modelo de análise hierarquizado,51 em que os efeitos da

escolaridade foram ajustados pelas variáveis do mesmo nível, mas não por

variáveis relacionadas ao parto, consideradas mais proximais ao desfecho. Assim,

a utilização de maternidades privadas e a maior taxa de cesariana poderiam

explicar, em parte, o maior risco de atraso no início da amamentação nas

mulheres com maior escolaridade.

O maior risco de atraso no início da amamentação entre mulheres mais

jovens, relatado em dois estudos,39,50 é concordante com outros estudos sobre

fatores associados ao início do aleitamento materno.7 É possível que esse achado

esteja relacionado à maior inexperiência e insegurança entre essas mães, embora

o fato de não haver diferenças entre multíparas e nulíparas desafie essa hipótese.

A assistência pré-natal deve traduzir a integralidade do cuidado (atenção,

prevenção e promoção da saúde). Na presente revisão, diferentes indicadores de

acesso (número de consultas) e qualidade (prescrição de ferro, orientação sobre

amamentação, visita domiciliar) da atenção pré-natal foram identificados como

fatores associados ao início oportuno da amamentação. A informação que os

profissionais de saúde transmitem à gestante acerca do aleitamento materno

durante o pré-natal favoreceria a preparação para amamentação.52 Bueno &

Teruya3 (2004) afirmam que o adequado acompanhamento pré-natal, com

aconselhamento para a prática da amamentação, encorajamento e apoio podem

contribuir para a amamentação ainda na sala de parto.

Page 65: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

53

Entre os fatores relativos à criança, bebês prematuros40,50 ou nascidos com

baixo peso45 tiveram chances significativamente mais baixas de amamentação

oportuna do que bebês nascidos a termo. A necessidade de cuidados especiais

pode justificar parte desse resultado, mas é importante reconhecer e evitar

práticas hospitalares desnecessárias às quais esse grupo é particularmente

vulnerável. Houve estudos que identificaram intercorrências imediatas com o bebê

após o parto1 e um índice de APGAR abaixo de oito no quinto minuto29 como

fatores de risco para o atraso no início da amamentação. Porém, em geral, os

estudos hospitalares excluíram neonatos com problemas de saúde.

À exceção de um dos estudos, realizado na Arábia Saudita,10 todos foram

conduzidos em países de renda baixa ou média,h o que sugere que o tema não

tem merecido muita atenção nos países mais ricos, onde a sobrevivência infantil

não é ameaçada pelo uso de substitutos do leite materno. No entanto, a

prevenção da obesidade infantil e de doenças alérgicas,49 e mesmo de obesidade

e hipertensão na vida adulta,17configuram-se em benefícios à saúde que podem

apresentar particular importância nesses países.

Em relação à qualidade dos estudos, foi observado que todos pontuaram

em pelo menos dois dos quatro critérios avaliados e a maioria apresentou a

pontuação máxima. Embora a avaliação da qualidade constitua uma etapa

fundamental no processo de elaboração de uma revisão sistemática, não existe

consenso sobre qual o melhor instrumento a ser utilizado,19 sendo a avaliação de

estudos observacionais particularmente complexa. Na presente revisão, foi

utilizado um instrumento adaptado da Newcastle-Ottawa Scale, contendo quatro

itens relativos à seleção da amostra, perdas, informação sobre o desfecho e

análise estatística. Embora muito simplificada, a descrição dos resultados obtidos

nesses critérios provê ao leitor informação útil para apreciação da qualidade dos

artigos.

A presente revisão não investigou uma relação exposição-desfecho

específica, mas abrangeu diferentes exposições, mapeando o conjunto de

variáveis investigadas como potenciais preditores da amamentação na primeira

hora de vida e classificando-as por nível hierarquizado de determinação. Assim,

h The World Bank. Country and lending group. Washington (DC);[s.d.] [citado 2013 set 1].

Disponível em: http://data.worldbank.org/about/country-classifications/country-and-lending-groups

Page 66: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

54

seus resultados contribuem para a compreensão dos processos envolvidos para

sua ocorrência em diferentes contextos, mas não permitem conclusão definitiva

sobre a força das associações encontradas.

Algumas limitações do presente estudo devem ser consideradas. Apesar

de termos elaborado amplas estratégias de busca, sempre há a possibilidade de

não termos capturado todos os estudos relevantes. Embora a síntese quantitativa

por meio de meta-análise seja a forma mais objetiva de apresentação dos

resultados de uma revisão sistemática, a heterogeneidade dos estudos quanto

aos contextos em que foram produzidos e às variáveis incluídas nas análises não

possibilitou o emprego desse método.21 Caso fosse realizada, a combinação dos

resultados produziria medidas-resumo imprecisas e inadequadas.

Outra limitação está relacionada ao desenho dos estudos primários. Quase

todos os estudos incluídos nesta revisão foram seccionais (17/18 = 94,4%),

considerados mais frágeis para a determinação de causalidade por não

garantirem a sequência temporal causa-efeito.12 De fato, algumas associações

relatadas podem representar situação de causalidade reversa na qual o suposto

desfecho é, com efeito, a causa da suposta exposição. Assim, as associações da

não amamentação na primeira hora de vida com “alimentação pré-láctea”10 e

“problemas nas mamas”10,48 provavelmente refletem situações desse tipo, visto

que essas ocorrências geralmente surgem após a primeira hora de vida. Uma

última questão refere-se à validade da informação sobre o desfecho. O fato de ser

obtida com as mães até dois anos após o parto aumenta o risco de erro de

aferição e viés de memória em muitos dos estudos avaliados.

Além das rotinas hospitalares, indicadores referentes ao baixo nível

socioeconômico e menor acesso a serviços de saúde também foram identificados,

na presente revisão, como fatores de risco independentes para a não

amamentação na primeira hora. Embora haja evidências científicas e

recomendações internacionais para colocar o recém-nascido junto ao corpo da

mãe para iniciar a amamentação logo após o parto,57 a implementação dessa

prática ainda encontra barreiras sociais e culturais.

A fim de reverter esse quadro, políticas de promoção da amamentação,

adequadas a cada contexto, devem ser desenvolvidas e ter como meta a redução

das desigualdades em saúde. Nesse sentido, é necessário praticar as

Page 67: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

55

recomendações da Organização Mundial da Saúde para as rotinas hospitalares58

e ampliar o acesso aos cuidados pré-natais, à assistência ao parto e à informação

em saúde.

Nos serviços de saúde, a discussão das rotinas assistenciais, à luz das

evidências científicas atuais, pode propiciar aos profissionais a segurança

necessária para abandonar práticas hoje reconhecidas como prejudiciais à saúde

dos recém-nascidos. Informações sobre os benefícios e a prática do aleitamento

materno devem ser levadas não só às gestantes, mas também à população geral,

tendo em vista a importância do suporte familiar e social. A capacitação de

parteiras e agentes comunitários de saúde é igualmente estratégica. Intervenções

combinadas, que conjugam ações educativas, mudanças estruturais nos serviços

de saúde e campanhas de mídia, tendem a apresentar melhores resultados na

promoção do aleitamento materno.11

Espera-se que os resultados aqui apresentados venham a contribuir para

o debate sobre o início oportuno da amamentação, possibilitando a ampliação do

conhecimento sobre seus determinantes e o planejamento de intervenções que

efetivem a sua prática.

AGRADECIMENTOS

À Drª Maria de Fátima Moreira Martins Correa, pelas contribuições no processo de busca

nas bases de dados eletrônicas para identificação dos artigos.

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Artigo baseado na tese de doutorado de Esteves TMB, intitulada: “Fatores associados ao inicio

tardio da amamentação”, apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto sensu da Escola

Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca – ENSP/Fiocruz, em 2014.

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

Page 74: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

62

Tabela 1. Características dos estudos sobre os fatores de risco para a não amamentação na primeira hora de vida

selecionados para inclusão na revisão sistemática.

Autores/Ano de publicação Local/País Período do

estudo

Fonte da informação

Idade da criança na entrevista

Tamanho da

amostra

Amamentação na primeira

hora

Parto domiciliar

Cesariana Modelo de análise

regressão

Avaliação da

qualidade

Boccolini et al1 (2011) Rio de Janeiro, RJ,

Brasil

1999-2001

Hospitais públicos e

privados com mais de 200 partos/ano

Até 2 dias 8.379 16,1 NA 49,3 Poisson multinível

1 1 1 1

Senarath et al44 (2010) Sri Lanka 2000 Inquérito domiciliar

nacional (DHS)

< 1 ano 1.127 56,3 2,4 19,4 Logística 1 1 1 1

Silveira et al47 (2008) Pelotas, RS, Brasil

2002-2003

Todas as maternidades da

cidade

Até 2 dias 2.741 35,5 NA 38,5 Logística hierarquizada

1 1 1 1

Horii et al16 (2011) Regiões da Etiópia

2003-2004

Inquérito domiciliar de

linha de base de projeto de saúde

< 1 ano 2.072 41,6 93,8 SI Logística 1 1 1 1

Mihrshahi et al31 (2010) Bangladesh 2004 Inquérito domiciliar

nacional (DHS)

< 1ano 2.482 27,5 88,1 4,9 Logística 1 1 1 1

Vieira et al52 (2010) Feira de Santana, BA, Brasil

2004-2005

Todos os hospitais

públicos e privados da

cidade

Até 2 dias 1.309 47,0 NA 34,2 Logística 0 0 1 1

Ogunlesi35 (2010) Nigéria 2005 Ambulatório infantil vinculado

IHAC

< 2 anos 262 37,4 39,7a SI Logística 1 0 1 1

Patel et al39 (2010) Índia 2005-2006

Inquérito domiciliar

nacional (NFHS)

< 1ano 10.317 23,5 58,9 9,4 Logística 1 1 1 1

Oliveira et al36 (2010) Rio de Janeiro, RJ,

Brasil

2006 Mães submetidas a teste rápido

anti-HIV em HAC

Até 2 dias 944 47,5 NA 32,5 Multinível Log-log

completo

1 1 1 1

Pandey et al38 (2010) Nepal 2006 Inquérito domiciliar

nacional (DHS)

< 1ano 968 35,4 80,3 3,3 Logística 1 1 1 1

Page 75: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

63

Autores/Ano de publicação Local/País Período do

estudo

Fonte da informação

Idade da criança na entrevista

Tamanho da

amostra

Amamentação na primeira

hora

Parto domiciliar

Cesariana Modelo de análise

regressão

Avaliação da

qualidade

Senarath et al45 (2012) Sri Lanka 2006-2007

Inquérito domiciliar nacional (DHS)

< 2 anos 2.735 83,3 0,5 24,4 Logística 1 1 1 1

Hazir et al14 (2013) Paquistão 2006-2007

Inquérito domiciliar

nacional (DHS)

< 2 anos 3.013 27,3 61,3 9,0 Logística 1 1 1 1

Patel et al40 (2013) Índia 2008 HAC terciário Até 2 dias 500 36,4 NA 34,0 Logística 1 1 1 1 El-Gilany et al10 (2012) Al-Hassa,

Arábia Saudita

2009 Centros de atenção primária (na ocasião do

registro do recém-nascido)

< 15 dias 906 11,4 0,0 17,8 Logística 1 0 1 1

Tamiru et al48 (2012) J. Arjo Woreda, Etiópia

2009 Inquérito domiciliar em comunidades

rurais

< 6 meses 384 62,6 SI 2,1 Logística 1 1 0 0

Victor et al50 (2013) Tanzânia 2009-

2010 Inquérito domiciliar

nacional (DHS)

< 1ano 3.112 46,1 49,1 5,1 Logística 1 1 1 1

Setegn et al46 (2011) Distrito de Goba, Etiópia

2010 Inquérito domiciliar em

áreas urbanas e rurais do distrito

< 1 ano 668 52,4 71,7 3,1 Logística 1 1 1 1

Meshram et al30 (2012) Andhra Pradesh,

Índia

Não relatad

o

Inquérito domiciliar em

áreas rurais do distrito

< 1 ano 805 22,0 29,3 SI Logística 1 0 1 0

S: seleção dos participantes; P: perdas; D: desfecho (aferição); A: análise estatística.

DHS: Demographic and Health Survey; IHAC: Iniciativa Hospital Amigo da Criança; HAC: Hospital Amigo da Criança; NFHS: National

Family Health Survey; NA: não se aplica; SI: sem informação

a Outro que não unidade de saúde.

Page 76: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

64

Tabela 2. Fatores de risco, de proteção e não associados ao não aleitamento materno na

primeira hora de vida nos artigos selecionados.

Variável Risco Proteção Não associado Número de estudos

Nível contextual Zona de residência rural 46,50 0,31 14,35,38-39,44 9

Área geográfica de residência 14,39,50 31,38-39,45 44 8

Idade mais elevada da criança na data da entrevista

45 39 14,30-31,44 6

Nível distal

Baixa renda familiar 30-31,45 10,14,36,38-

39,40,44,47,50,52

13

Família nuclear 30 1

Escolaridade paterna 14,31,38-39,47 5

Idade materna (anos) 14

< 20 ou < 25 39,50 1,52

≥ 35 (vs. 20-34) 47 10,14,31,35-36,38,44-46

Maior escolaridade materna 47 39-40,48,50 1,10,14,30-31,35-36,38-

39,44-46,52

17

Baixa renda materna 36 1

Cor da pele não branca 36 47 1 3

Casta (scheduleda) 30 1

Trabalho materno 14,50 39 10,31,36,38,44-45 9

Ocupação materna 35,38,46 3

Índice de massa corporal 31,38-39,45,50 5

Poder decisório da mulher 38 31,39,44-45,50 6

Ouvir rádio 39 31,48,50 4

Assistir televisão 31,39,50 3

Ler jornal 31,39,50 3

Situação conjugal 1,14,31,36,38-39,44,48,50 12

Multiparidade 10 1,14,16,31,35-36,38-

39,44-47,50,52

15

Intervalo interpartal 14,31,38-39,45-46 6

Nível intermediário

Problema obstétrico (toxemia ou hemorragia)

40 1

Tabagismo na gravidez 1,47 2

Acesso a consultas pré-natal 31,35,39 14,16,36,38,40,44-45,47-

48,50

13

Prescrição de ferro na consulta 16 1

Orientação sobre amamentação 40,52 1,16,46 5

Visita domiciliar 44 45-46 3

Nível proximal

Parto domiciliar 35,39,45,50 14,16,30-31,38,44,46 11

Parto assistido por familiarb 50 16 31,38-39,44,48 7

Parto assistido por parteira treinadab

16 50 2

Cesariana 1,14,36,38-40,44-

45,47,50,52 10,31,46 14

Parto em hospital privado 1 10 2

Parto em HAC 47 1

Aconselhamento pós-natal para amamentação

46 1

Page 77: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

65

Variável Risco Proteção Não associado Número de estudos

Não saber que fez teste rápido anti-HIV

36 1

Não saber o resultado do teste rápido ant-HIV

36 1

Receber resultado do teste rápido anti-HIV após o parto

36 1

Referir que profissionais não a escutam

36 1

Não querer amamentar na sala de parto

36 1

Recém-nascido receber alimentação pré-láctea

10 1

Recém-nascido não ser levado à mãe ao nascer

1 1

Tempo até check-up pós-natal 31,38-39 3

Problemas nas mamas (dor/fissuras)

10,48 2

Sexo feminino 45 1,10,14,16,30-31,38-

39,44,46,50

12

Tamanho do recém-nascido (percebido pela mãe)

14,39,40 3

Prematuridade 40,52 10 3

Baixo peso ao nascer 45 10,40,44,52 5

Apgar 0 a 7 no 5º minuto 48 1

Intercorrência imediata pós-parto 1 1

HAC: Hospital Amigo da Criança

aScheduled castes: conjunto de castas consideradas desfavorecidas e catalogadas na Constituição da Índia

como potenciais beneficiárias de ações afirmativas.

b Partos não assistidos por profissionais de saúde.

Variáveis avaliadas em apenas um estudo, sem associação significativa, foram: saneamento básico, relação

pessoas/cômodo, desejo de engravidar, tentativa de aborto, apoio do pai na gravidez, agressão física na

gravidez, adequação do pré-natal (início oportuno e número de consultas), acompanhante na sala de parto,

uso de ocitocina durante o parto, avaliação do atendimento ao parto, gemelaridade, anomalia congênita;1

mãe trouxe bico para hospital e pretende dar bico;47 nível socioeconômico (desnutrição crônica);16 ocupação

paterna;50informação sobre amamentação pela mídia, chorou imediatamente ao nascer;40 experiência prévia

com amamentação, sessão educativa;52 trimestre do exame anti-HIV, receber resultado do exame anti-HIV

pré-natal;36 educação em saúde sobre planejamento familiar;48 admissão em UTI neonatal.10

Page 78: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

66

Figura 1. Fluxograma do processo de seleção dos estudos incluídos na revisão sistemática sobre fatores de risco para a não-

amamentação na primeira hora de vida.

Busca eletrônica: Scopus: 120, MedLine: 110, Web of Science: 75, Lilacs: 18

(N = 323 referências)

Títulos e resumos avaliados (n = 155)

Artigos selecionados pelos resumos (n = 48)

Estudos selecionados para avaliação do texto completo

(n = 53)

Estudos incluídos na revisão (n = 18)

Identificação

Rastreamento

Elegibilidade

Incluídos

Títulos repetidos excluídos (n = 168)

Referências excluídas (n = 107)

Estudos obtidos das referências dos artigos (n = 5)

Estudos excluídos: 35 Desenho quase experimental: 2 Artigo de revisão: 1 Metodologia qualitativa: 1 Outros critérios para definição do desfecho (início em até 2 horas, 24 horas, tempo como variável contínua): 9 Tipo de modelo de regressão não especificado: 1 Descritivo ou sem análise ajustada: 19 Resultados incompletos da análise ajustada: 2

Page 79: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

67

Figura 2. Representação em níveis hierárquicos dos fatores de risco para a não amamentação na primeira hora de vida.a

a Adaptado de Boccolini et al1 (2010).

Fatores contextuais Área geográfica de residência

Zona de residência urbana/rural Idade da criança quando foi feita a entrevista (época do nascimento)

Nível distal

Características familiares Nível de renda Família nuclear

Características maternas Cor da pele Idade Escolaridade Trabalho Renda Poder decisório Paridade Informação sobre amamentação

Nível intermediário

Características da gravidez Problema obstétrico na gravidez Características da atenção pré-natal Número de consultas Orientação sobre amamentação Visita domiciliar

Nível proximal

Características da atenção ao parto

Parto hospitalar Assistência ao parto Financiamento do hospital Nascimento em Hospital Amigo da Criança

Tipo de parto Conhecimento da realização e do resultado do teste anti-HIV

Momento do resultado do teste anti-HIV

Mãe se sentir ouvida pela equipe

Mãe querer amamentar na sala de parto

Neonato ser levado à mãe ao nascer

Características dos bebês Idade gestacional Peso ao nascer Intercorrência pós-parto Sexo

Amamentação na primeira hora de

vida

Page 80: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

68

FICHA DE EXTRAÇÃO DE DADOS POR ARTIGO

ENSP-FIOCRUZ

Revisão sistemática: “Fatores preditores da amamentação na primeira

hora de vida”

a) Objetivo do estudo:

b) Período do estudo:

c) Tipo de publicação: ( ) artigo na integra ( ) estudo não publicado ( ) dissertação

( ) tese

d) Localização (Cidade/ País):

e) Local de recrutamento/forma de seleção da amostra:

f) Tipo / desenho do estudo:

a) Seccional

b) Caso controle

c) Coorte

d) Outro. Qual?

g) População:

h) Critérios de participação no estudo:

N %

Revisor:

Código do artigo:

Idioma:

____________________

Título:

Autores:

Referência completa:

Forma de recuperação

Busca eletrônica () Referência Cruzada ( ) Contato com autores ( )

PARECER Aprovado ( ) Reprovado ( )Porque?

Page 81: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

69

a) Critérios de inclusão:

b) Critérios de exclusão:

i) Avaliação

j) Informações coletadas através de:

( ) Revisão de prontuários ( ) Entrevistas com mães ( ) Observação direta

k) Variáveis analisadas:

l) Análise estatística:

Tabelas ajustadas

m) Preditores finais analisados:

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE 0/1

Forma de seleção dos participantes

– Sem descrição da estratégia de amostragem ou amostra de conveniência

(0)

- Descrita e representativa da população-alvo (completa, aleatória ou

sistemática) (1)

Perdas

- Sem descrição da taxa de resposta ou <80% (0)

- Taxa de resposta >80%.(1)

Avaliação do desfecho

- Não descreve a forma de aferição do desfecho (0)

- Instrumento de aferição disponível ou descrito (1)

Seleção das variáveis e análise estatística

- Não descreve as estimativas brutas ou o critério de seleção das variáveis

para o modelo (0)

- Descreve as estimativas não ajustadas e o critério de seleção das variáveis

para o modelo final (1)

TOTAL

a) Características maternas

b) Caract. Assistência Pré-natal

c) Assistência ao Parto

Page 82: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

70

n) Conclusão:

o) Referências cruzadas:

p) Houve consenso entre os avaliadores: ( ) Sim ( ) Não

q) Fontes de discordância entre os revisores:

Data

Page 83: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

71

ANEXO II – Artigo 2: Fatores associados ao início tardio da amamentação

em hospitais do Sistema Único de Saúde no Município do Rio de Janeiro,

Brasil, 2009.

Fatores associados ao início tardio da amamentação em hospitais do

Sistema Único de Saúde no Município do Rio de Janeiro, Brasil, 2009

Factors associated with late initiation of breastfeeding in Brazilian Unifeid

National Health System in the city of Rio de Janeiro, Brazil, 2009

Factores associados con el inicio de lalactancia materna em los hospitales del

Sistema Único de Salude el municipio de Río de Janeiro, Brasil, 2009

Tania Maria Brasil Esteves 1

Regina Paiva Daumas1

Maria Inês Couto de Oliveira 2

Iuri Costa Leite 1

Carlos Augusto de Ferreira de Andrade 3

1 Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro,

Brasil.

2 Instituto de Saúde da Comunidade, Universidade Federal Fluminense, Niterói, Brasil.

3 Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro,

Brasil.

Correspondência

T. M. B. Esteves

Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio

Arouca, Fundação Oswaldo Cruz.

Rua Leopoldo Bulhões 1480, térreo, Rio de Janeiro, RJ 21041-210, Brasil.

[email protected]

Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer ao CNPq pelo apoio financeiro fornecido através do Edital

nº 57/2008 à pesquisa coordenada pela Universidade Federal Fluminense que deu origem a

este artigo.

Page 84: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

72

Abstract

The objective was to analyze the factors associated with lack of breastfeeding

in the first hour of life (delayed initiation). Cross-sectional study conducted in

2009 through interviews with 673 postpartum women at hospitals belonging to

the Brazilian Unified National Health System (SUS) in the city of Rio de Janeiro,

Brazil. A multilevel logistic regression model with two levels (individual and

hospital) was used in statistical analysis. Prevalence of breastfeeding in the first

hour of life was 50.8%. Birth in a Baby Friendly Hospital (BFH) had a protective

effect against the delay in initiation of breastfeeding (OR = 0.17; 95%CI: 0.05-

0.55), while cesarean section (OR = 5.95; 95%CI: 3.88-9.12) and unawareness

of any HIV test result until delivery (OR = 2.16; 95%CI: 1.04-4.50) increased the

odds of delay. The reduction in cesarean rates, adherence to protocols to

prevent vertical transmission of HIV and the expansion of accreditation of

hospitals in the BFH are important strategies for promote breastfeeding in the

first hour of life.

Breast Feeding; Parturition; Postpartum Period; Health Services; Cross-

Sectional Studies

Resumo

O objetivo foi analisar os fatores associados com a não amamentação na

primeira hora de vida (início tardio). Estudo transversal conduzido em 2009

através de entrevistas com 673 puérperas internadas em hospitais do Sistema

Único de Saúde (SUS) do Município do Rio de Janeiro, Brasil. Um modelo de

regressão logística multinível com dois níveis (individual e hospitalar) foi

utilizado nas análises estatísticas. A prevalência de amamentação na primeira

hora de vida foi de 50,8%. Nascimento em Hospital Amigo da Criança (HAC)

teve um efeito protetor contra o atraso no início da amamentação (OR = 0,17;

IC95%: 0,05-0,55), enquanto a cesariana (OR = 5,95; IC95%: 3,88-9,12) e o

desconhecimento do resultado do exame anti-HIV até o parto (OR = 2,16;

IC95%: 1,04-4,50) aumentaram a chance de atraso. Redução das taxas de

cesariana, adesão aos protocolos de prevenção da transmissão vertical do HIV

e ampliação do credenciamento dos hospitais como HAC são estratégias

importantes para promover o aleitamento materno na primeira hora de vida.

Page 85: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

73

Aleitamento Materno; Parto; Período Pós-Parto; Serviços de Saúde; Estudos

Transversais

Resumen

El objetivo fue analizar los factores asociados a la no lactancia materna em la

primera hora de vida (inicio tardío). Estudio transversal realizado en 2009

mediante entrevistas a una muestra representativa de 673 mujeres em el pós-

parto ingressados em hospitales del Sistema Único de Salud (SUS) em la

ciudad de Río de Janeiro, Brasil. Un modelo de regresión logística multinivel

con dos niveles (individuales y hospitalarios, respectivamente) fue utilizado em

los analísis estadisticos . La prevalencia de lalactancia materna em la

primera hora de vida fue de 50,8%. Nacido en niños (HAC) del Hospital tuvoun

efecto protector contra la iniciación tardía de lalactancia materna (OR = 0,17; IC

95%: 0,05-0,55), mientras que la cesárea (OR = 5,95; IC95%: 3,88-9,12) y no

saber el resultado de la prueba del VIH hasta el parto (OR = 2,16; IC95%: 1,04-

4,50) la posibilidad de retardo. Reducción de lastasas de cesárea, la adhesión

a los protocolos para la prevención de la transmisión vertical del VIH y la

extensión de la acreditación de los hospitales como HAC son importantes para

promover la lactancia materna em la primera hora de estrategias de vida.

Lactancia Materna; Parto; Período Post parto; Servicios Salud;

EstudiosTransversales

Introdução

O aleitamento materno é considerado uma estratégia-chave para a

sobrevivência infantil1, reduzindo o risco das principais causas de

morbimortalidade em crianças, como a diarreia e a pneumonia2,3,4. AIniciativa

Hospital Amigo da Criança (IHAC), lançada no início da década de 905 pelo

Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Organização Mundial

da Saúde (OMS), tem por objetivo mobilizar os funcionários dos hospitais com

leitos obstétricos para o cumprimento dos Dez Passos para o Sucesso do

Aleitamento Materno.

Page 86: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

74

Entre os “Dez Passos” preconizados pela IHAC para promover a

amamentação nos hospitais, o “Passo Quatro” recomenda “Colocar os bebês

em contato com a pele da mãe imediatamente após o parto por pelo menos

uma hora e incentivar as mães a reconhecer quando seus filhos estão prontos

para serem amamentados, oferecendo ajuda se necessário.” (p. 153)6. Essa

recomendação baseia-se em estudos que demonstram efeitos fisiológicos

positivos do contato pele-a-pele e do início da amamentação na primeira hora

de vida para a mãe7 e o recém-nascido8, maior duração do aleitamento

materno8,9e redução da mortalidade neonatal10,11.

No período pós-parto imediato, o recém-nascido está mais apto para

estabelecer a amamentação12, tendo habilidade para rastejar em direção à

região mamilo-areolar e sugar espontaneamente nos primeiros sessenta

minutos13. Após esse período, muitos recém-nascidos entram na fase do

sono14, prejudicando a amamentação e aumentando o risco da prescrição de

complementos15.

Em que pesem as recomendações a seu favor, a amamentação na

primeira hora de vida ainda não é uma prática incorporada às rotinas

hospitalares. Procedimentos que prejudicam o contato precoce mãe-bebê, tais

como a aspiração de vias aéreas e a aspiração gástrica, embora

desaconselhados para recém-nascidos saudáveis, ainda são realizados de

rotina por muitos profissionais16. O uso de sedativos no período final do parto, a

separação mãe-filho e a falta de apoio às mães na sala de parto são outras

práticas hospitalares que dificultam não favorecem o início oportuno da

amamentação17.

Revisão sistemática sobre esse tema apontou a cesariana como o

principal fator de risco para a não amamentação na primeira hora de vida18. O

atraso no início da amamentação também mostrou-se associado à baixa

escolaridade materna, à baixa renda familiar, à idade materna inferior a 25

anos e à ausência de consultas pré-natais em pelo menos dois dos 18 estudos

avaliados18.

No Brasil, segundo dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde

(PNDS), em 2006, a prevalência de amamentação na primeira hora de vida

entre menores de cinco anos foi de 43% no país e 37,7% na Região Sudeste19.

Entretanto, há grandes variações na mesma área geográfica, de acordo com o

Page 87: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

75

local do parto. Em estudo realizado com maternidades do Município do Rio de

Janeiro, entre 1999 e 2001, a prevalência de amamentação na primeira hora

de vida foi de apenas 16%, variando de 1,6% nas maternidades privadas a

39,2% nas unidades municipais e federais20. Uma melhor compreensão dos

fatores que dificultam o início oportuno da amamentação é importante para o

planejamento e implementação de políticas mais efetivas para a promoção da

amamentação nas maternidades.

O objetivo do presente estudo foi analisar os fatores associados ao início

tardio da amamentação nas maternidades do Sistema Único de Saúde (SUS)

do Município do Rio de Janeiro, considerando o efeito de características

individuais (maternas) e do contexto (hospitalares).

Métodos

Foi realizado um estudo transversal nos 15 hospitais do SUS do

Município do Rio de Janeiro com mais de mil partos/ano, os quais

concentravam 94% do total de partos realizados em unidades hospitalares do

SUS em 200821. À exceção de um hospital filantrópico, todas as demais

unidades eram públicas. Puérperas internadas em alojamento conjunto foram

entrevistadas entre agosto e dezembro de 2009.

A amostra da pesquisa foi constituída de 687 puérperas, distribuídas

proporcionalmente em 15 hospitais, segundo o número de partos/ano21. Foram

consideradas elegíveis para a entrevista as mães com filho nascido vivo há

mais de 24 horas, internado em regime de alojamento conjunto, mesmo que o

recém-nascido tivesse necessitado anteriormente de cuidados na unidade

neonatal. Foram excluídas as mães soropositivas para o vírus da

imunodeficiência humana (HIV), pela contraindicação ao aleitamento materno

em nosso país22, e o recém-nascido mais novo em caso de parto gemelar.

Para o presente estudo, foram excluídas ainda as mães de bebês com Apgar

menor que sete no quinto minuto de vida, pois esta condição poderia impedir a

amamentação ao nascimento. A amostra final foi constituída de 673 mães.

Todas as entrevistas foram realizadas no alojamento conjunto por

profissionais de saúde capacitados previamente na IHAC e treinados para a

aplicação do instrumento de coleta de dados. As atividades de campo foram

supervisionadas por enfermeiras capacitadas como avaliadoras da IHAC,

Page 88: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

76

credenciadas pelo Ministério da Saúde. As mães foram entrevistadas por meio

de questionário adaptado do instrumento para verificação do grau de

cumprimento dos Dez Passos para o Sucesso da Amamentação, utilizado nas

reavaliações dos Hospitais Amigos da Criança (HAC) 21,23.

A variável desfecho “início tardio da amamentação” foi obtida da

pergunta: “Quanto tempo depois do parto seu bebê foi ao peito para mamar

pela primeira vez?”. Foi considerado início tardio quando o tempo até a

primeira mamada foi superior a sessenta minutos.

Tendo em vista que o hospital pode desempenhar um papel importante

sobre a chance de a criança ser amamentada na primeira hora de vida e que

nem sempre as variáveis hospitalares responsáveis por esse efeito são

observáveis, a identificação dos fatores associados ao inicio tardio da

amamentação foi feita por meio da utilização de um modelo logístico multinível

com dois níveis24,sendo o primeiro representado pela mãe e o segundo pela

unidade hospitalar.

Esse modelo logístico multinível pode ser expresso da seguinte forma:

jjij

ij

ijuZX 0

''

1ln

Onde: p ijé a probabilidade da i-ésima mãe do hospital j não amamentar

o seu filho na primeira hora. b é o vetor de parâmetros associados com a

matriz de co-variáveis no nível individual, Xij; g é o vetor associado com a

matriz de co-variáveis no nível do hospital, Z j; e u0 j

é o efeito aleatório do

nível do hospital, que é assumido ter distribuição Normal com média zero e

desvio padrão s j.

O credenciamento pela IHAC foi a variável analisada no nível hospitalar.

No nível individual, foram investigadas as características: idade da mãe,

escolaridade, cor da pele, viver com companheiro, trabalho remunerado,

parturição, realização de pré-natal, trimestre de início do pré-natal, número de

consultas pré-natais, tipo de parto, conhecimento do resultado de exame anti-

HIV antes do parto (qualquer ocasião do pré-natal ou teste rápido na

maternidade), mãe considerar que foi escutada sobre dúvidas em

Page 89: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

77

amamentação pela equipe da instituição, sexo do bebê e peso ao nascer. Foi

considerado o resultado do exame realizado em qualquer período do pré-natal

pois, na ocasião do estudo, ainda não era vigente a recomendação de

realização do teste rápido para HIV na admissão para o parto quando o

resultado do 3º trimestre não está disponível22.

Foram calculadas as frequências das co-variáveis segundo o tempo até

o início da amamentação (na primeira ou após a primeira hora de vida). O teste

qui- quadrado de Pearson com a correção por continuidade de Yates foi

utilizado para identificar possíveis associações entre as covariáveis e o

desfecho “início tardio da amamentação”. As variáveis independentes cujos

níveis de significância no teste qui-quadrado mostraram-se menores do que

25% foram incorporadas à análise multinível, tendo sido interpretadas com

base em suas razões de chance (OR), brutas e ajustadas24.

A análise dos dados foi realizada utilizando-se o software SPSS 17.0

(SPSS Inc., Chicago, Estados Unidos) à exceção da análise multinível,

implementada no software MLwiN 2.26 (Centre for Multilevel Modelling,

University of Bristol, Bristol, Reino Unido). Os parâmetros dos modelos foram

estimados utilizando-se o método de quase-verossimilhança penalizada de

segunda ordem, considerado como o melhor procedimento de estimação para

modelos multiníveis com resposta binária, disponível no MLwiN25.

Resultados

Foram incluídas no estudo 673 puérperas entrevistadas em 15 hospitais,

dos quais sete eram credenciados pela IHAC. As características das mães, dos

recém-nascidos e da assistência pré-natal e hospitalar são apresentadas na

Tabela 1. A prevalência de amamentação na primeira hora de vida foi de

50,8%. Pouco mais da metade (51%) das entrevistas ocorreram em hospitais

credenciados pela IHAC. Uma em cada quatro mães (25,9%) era adolescente;

75% declararam cor da pele não branca e 31,9% não completaram o ensino

fundamental. Quase a totalidade das mães (96,4%) recebeu acompanhamento

pré-natal, embora 22,9% tenham sido consultadas menos de seis vezes

durante a gestação. Cerca de um terço das mães (32,2%) foram submetidas à

cesariana. A maioria (87,8%) declarou ter realizado exame anti-HIV no pré-

natal e 89,5% sabiam do resultado de algum teste anti-HIV antes do parto

Page 90: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

78

(exame pré-natal ou teste rápido na maternidade). Em relação às suas dúvidas

sobre a amamentação, 74,9% das mães consideraram que foram escutadas

sobre estas dúvidas pela equipe do hospital.

Nas análises bivariadas, o início tardio da amamentação foi

significativamente maior entre mães que não realizaram o pré-natal (79,2%),

submetidas à cesariana (70%), que desconheciam seu status sorológico para o

HIV na hora do parto (66,2%) ou que declararam que a equipe do hospital não

havia escutado suas dúvidas sobre amamentação (59,2%). Nos hospitais

credenciados na IHAC, o início tardio foi menos frequente (32,7%) do que nos

demais hospitais (66,4%). Idade materna e escolaridade mostraram-se também

associadas ao início tardio da amamentação ao nível de significância de 25%,

sendo selecionadas para inclusão no modelo de regressão múltipla (Tabela 2).

A Tabela 3 apresenta as OR brutas e ajustadas para cada uma das

variáveis previamente selecionadas, obtidas pelo modelo logístico multinível.

No modelo ajustado, entre as variáveis medidas no nível individual, a cesariana

(OR=5,95; IC95%: 3,88-9,12) e o desconhecimento do resultado da testagem

anti-HIV antes do parto (OR = 2,16; IC95%:1,04-4,50) foram os fatores que

aumentaram significativamente a chance de início tardio da amamentação.

As mães adolescentes foram menos propensas ao início tardio da

amamentação (OR = 0,65; IC95%: 0,41-1,03), embora a significância

estatística tenha sido limítrofe (p = 0,06; dado não apresentado). Também

limítrofe foi a significância estatística da variável escolaridade materna que

mostrou relação inversa com o desfecho, ou seja, quanto menor a escolaridade

da mãe maior a chance de início tardio da amamentação (OR = 1,43; IC95%:

0,95-2,17). A falta de acompanhamento pré-natal, que se mostrou associada

ao início tardio da amamentação nas análises bivariadas, não teve associação

estatisticamente significativa com o desfecho no modelo multivariado. O

mesmo aconteceu em relação à percepção da mãe quanto à escuta pelos

profissionais de saúde de suas dúvidas sobre amamentação, sendo que esta

variável já não foi significativa no modelo multinível bivariado, incluindo apenas

o efeito aleatório (OR bruta = 1,39; IC95%: 0,91-2,11).

No nível hospitalar, a certificação do hospital pela IHAC mostrou-se

como um importante fator de proteção contra o início tardio da amamentação,

reduzindo em 83% a chance desse desfecho (OR = 0,17; IC95%: 0,05-0,55).

Page 91: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

79

Mesmo após a inclusão de variáveis individuais e do hospital, o desvio-padrão

do efeito aleatório mostrou-se estatisticamente significativo, indicando que a

chance de não amamentar entre mães que tiveram seus filhos em hospitais

situados a um desvio-padrão acima da média é quase três vezes a de mães

que tiveram seus filhos em hospitais situados na média da distribuição. Na

Figura 1 são apresentados os efeitos aleatórios referentes a cada um dos

hospitais considerados nesse estudo, apresentados em ordem crescente

segundo seus impactos sobre a chance de início tardio da amamentação.

Conforme pode ser visto, há quatro hospitais com efeitos aleatórios

significativamente diferentes de zero: um com efeito de proteção e três de

risco.

Discussão

Este estudo, elaborado para analisar os fatores associados ao início tardio da

amamentação nas maternidades do SUS do Município do Rio de Janeiro,

mostrou que pouco mais da metade das mulheres que deram à luz iniciaram a

amamentação na primeira hora de vida. Essa proporção foi significativamente

mais elevada nos hospitais credenciados pela IHAC (67,3%), demostrando a

importância desta iniciativa. O nascimento em hospital não credenciado na

IHAC, o parto por cesariana e o desconhecimento do status sorológico para o

HIV foram as condições identificadas como fatores de risco independentes

para o início tardio da amamentação.

A prevalência da amamentação na primeira hora de vida nesta pesquisa

(50,8%) foi um pouco superior à nacional, observada em 2006 (43%). Foi

também superior à prevalência encontrada em maternidades federais e

municipais do Município do Rio de Janeiro, em estudo realizado de 1999 a

2001 (39,2%) 20. Esse resultado pode ser devido a diferenças nas

maternidades incluídas nos estudos, podendo refletir também os avanços da

IHAC no Município do Rio de Janeiro no período 26.

No presente estudo, a cesariana foi o fator de risco mais associado ao

início tardio da amamentação, corroborando resultado de revisão sistemática

sobre este tema na qual este foi o fator de risco identificado de forma mais

consistente 18. Essa modalidade de parto tem sido descrita como uma

Page 92: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

80

importante barreira para o início da amamentação 27, em geral devido às

rotinas de cuidados pós-operatórios que retardam ou interrompem o contato

entre mãe e filho no período pós-parto 28. A proporção de cesarianas em nosso

estudo (32,2%) foi mais que o dobro da considerada aceitável pela OMS (10 a

15%) 29, embora inferior à encontrada no mesmo município por Boccolini et al.

20 (49,4%) em estudo que incluiu a rede hospitalar privada. Embora a cesariana

aumente o risco de morte materna, infecções puerperais e prematuridade, a

proporção de partos por esta via tem se elevado, sendo motivo de

preocupação em todo o mundo 30. No Brasil, no ano de 2010, 52% dos partos

ocorreram por cesariana, a despeito das iniciativas governamentais para

reduzir a ocorrência desse tipo de parto 31.

Além da cesariana, o desconhecimento do status sorológico para o HIV

foi outra variável do nível individual identificada como fator de risco

independente para o início tardio da amamentação. A testagem para o HIV no

pré-natal, e quando necessário, na maternidade, é essencial para que se que

adotem as medidas preconizadas para profilaxia da transmissão vertical do

vírus 32, caso a mãe seja soropositiva, ou para a promoção do aleitamento

materno ao nascimento, quando soronegativa. Apesar de nosso país contar

com um programa de prevenção e controle do HIV-AIDS mundialmente

reconhecido 33, os serviços de saúde ainda enfrentam dificuldades no

cumprimento das orientações protocolares no que se refere à prevenção da

transmissão vertical 22.

Em nosso estudo, o desconhecimento pela mãe de seu status sorológico

para o HIV na hora do parto poderia ser considerado também como uma

condição marcadora de acompanhamento pré-natal inadequado ou de baixo

conhecimento da mãe sobre questões de saúde, visto que as mães nessa

condição desconheciam qualquer resultado de exame HIV do pré-natal, além

de não saberem do resultado do teste rápido da maternidade. Quase metade

dessas mães não haviam mesmo realizado qualquer consulta pré-natal.

Embora todas essas mulheres fossem sabidamente soronegativas no momento

da entrevista, apenas um terço havia amamentado na primeira hora de vida.

Nas maternidades investigadas, o teste rápido anti-HIV esteve

disponível durante todo o período da pesquisa. Como este teste fornece o

resultado em menos de trinta minutos 22, o fato de cerca de 10% das

Page 93: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

81

parturientes chegarem ao momento do parto desconhecendo sua sorologia

para o HIV sugere falhas no processo de aconselhamento e testagem que

transcendem a simples análise laboratorial. De fato, pesquisa realizada com

mães submetidas ao teste rápido para HIV em cinco maternidades do Rio de

Janeiro revelou que apenas 15,6% das mães souberam do resultado antes do

parto e mais da metade delas ainda o desconhecia no momento da entrevista

34. A melhoria desses processos é essencial no sentido de tornar as falhas

absolutamente excepcionais e evitar eventuais prejuízos para a mãe e o bebê.

O credenciamento do hospital pela IHAC foi o fator de proteção mais

importante contra o início tardio da amamentação em nosso estudo,

corroborando pesquisas anteriores que evidenciaram efeitos positivos dessa

iniciativa na promoção do aleitamento materno 35,36. A IHAC foi criada para

encorajar o estabelecimento dos Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento

Materno mundialmente, oferecendo materiais que incluem orientações para o

planejamento de programas nacionais, treinamento para equipes clínicas e

gestores hospitalares, formulários de auto-avaliação e, finalmente, o

credenciamento dos hospitais como “Amigos da Criança” (HAC) 37. Mas a

efetiva implantação da IHAC envolve aquisição de conhecimentos e mudanças

de atitudes por parte dos profissionais de saúde que podem ser difíceis de

conseguir, mesmo quando há forte apoio institucional 38. A certificação por si só

não é suficiente, sendo importantes ações de educação permanente dos

profissionais e monitoramento contínuo, visto que o grau de cumprimento das

ações preconizadas pode variar entre hospitais e ao longo do tempo 21,

podendo a implementação parcial reduzir o impacto da estratégia 36.

Apesar de o Brasil ter instituído um programa nacional de aleitamento

materno desde 1981 e ter adotado a IHAC como política desde 1992, ainda

não foi alcançada a meta de credenciar como HAC pelo menos 50% dos

hospitais com mais de mil partos/ano 26. Diante da efetividade das ações da

IHAC em aumentar os índices de aleitamento materno ao nascimento e de

aleitamento materno exclusivo 39, é importante identificar e ultrapassar os

entraves à adoção desta política pelos hospitais 26.

Nas análises realizadas, foi identificado um efeito de contexto (dos

hospitais) significativo, mostrando que a unidade de saúde onde ocorre o parto

tem um papel importante na determinação do desfecho. Esse efeito não foi

Page 94: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

82

totalmente explicado nem pelo credenciamento na IHAC nem pelas outras

variáveis do modelo, sugerindo que outras características dos hospitais

determinariam as diferenças entre eles na chance de início tardio da

amamentação. Assim, há três hospitais que tem resultado pior e um que

apresenta resultado melhor do que o esperado pelo modelo, não sendo as

diferenças entre eles atribuíveis ao perfil sócio demográfico da clientela ou ao

credenciamento na IHAC. Falhas na manutenção do cumprimento dos Dez

Passos da IHAC em hospitais credenciados e a adoção de práticas favoráveis

à amamentação em hospital não credenciado na IHAC podem estar

relacionadas a esse resultado.

Alguns estudos já identificaram a ausência de assistência pré-natal

como um fator de risco para o início tardio da amamentação 18. No presente

estudo, a assistência pré-natal foi quase universal (96,4%) e, ainda assim, nas

análises não ajustadas, mães sem pré-natal tiveram chance significativamente

maior de não amamentar seus filhos na primeira hora de vida. Na regressão

múltipla, porém, essa associação deixou de ser significativa. É provável que a

associação entre realização de pré-natal e conhecimento do status sorológico

para o HIV tenha contribuído para a perda de significância da primeira. Para

além da realização de consultas, a segunda variável também se relaciona à

qualidade do pré-natal e ao cumprimento de protocolos estabelecidos, fatores

que podem ser importantes para o início oportuno da amamentação.

A idade materna não foi um fator de risco independente para o início

tardio da amamentação na população do estudo. Contudo, nas análises não-

ajustadas, as mães adolescentes tiveram uma maior chance de início oportuno

da amamentação. É provável que a menor proporção de cesarianas nesse

grupo (25,3% vs. 34,7%; p = 0,024, dados não apresentados) tenha contribuído

para esse efeito. O menor nível educacional também teve significância

limítrofe. Ainda que a escolaridade materna seja um indicador importante para

uma série de desfechos de saúde infantil, é provável que fatores relacionados

à assistência ao parto e às práticas dos hospitais, sejam os mais importantes

na determinação do início oportuno da amamentação, conforme evidenciado

por Boccolini et al. 20, que sugerem que as mães teriam pouco ou nenhum

poder de decisão sobre a amamentação ao nascimento.

Page 95: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

83

A variável “escutam dúvidas”, que mostrou associação com a

amamentação na primeira hora de vida pelo teste qui-quadrado (p < 0,01), não

foi estatisticamente significativa ao nível de 5% nas regressões logísticas

utilizando modelo multinível, mesmo quando apenas esta co-variável e o efeito

aleatório foram incluídos no modelo. Esse resultado sugere que a escuta de

dúvidas sobre amamentação é fortemente dependente do contexto (o hospital),

de modo que quando a estrutura multinível é considerada, seu efeito perde a

significância estatística.

Destaca-se, como ponto forte deste estudo, a utilização de uma amostra

representativa das parturientes internadas nas maternidades que concentram

94% dos partos realizados pelo SUS no Município do Rio de Janeiro, que nos

permitiu ter um panorama global da prática do aleitamento materno na primeira

hora nesta rede hospitalar no município. Além disto, a análise dos dados com

um modelo de regressão multinível permitiu estimar de forma mais adequada

os parâmetros associados com as variáveis dos níveis individual e hospitalar,

bem como o próprio efeito de contexto (hospital).

Algumas limitações do presente estudo devem ser consideradas. O

conhecimento do resultado do teste rápido anti-HIV por parte da equipe

assistente não foi aferido, não sendo possível determinar em que medida o

desconhecimento do seu resultado pela mãe reflete problemas no processo de

testagem na maternidade ou falhas no aconselhamento pós-teste. Há também

imprecisão e potencial erro de classificação na informação sobre o tempo

decorrido até a primeira mamada, uma vez que este dado foi estimado pelas

mães. Contudo, a coleta de dados em entrevistas realizadas ainda na

maternidade, em geral menos de 48 horas após o parto, deve ter minimizado

este problema.

Os resultados deste estudo sugerem que os fatores relacionados à

assistência pré-natal e ao parto são aqueles que exercem maior influência

sobre o início oportuno amamentação. Embora a continuidade do aleitamento

materno seja dependente de uma complexa rede de determinantes sociais e

culturais, nos partos hospitalares, o início da amamentação ao nascimento

seria fortemente dependente das práticas instituídas pela maternidade.

Considerando a vulnerabilidade das mães no período pós-parto imediato, cabe

Page 96: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

84

à unidade de saúde a responsabilidade de promover a amamentação oportuna

e as boas práticas de cuidado à mulher e ao recém-nascido 40.

Entre as ações potencialmente efetivas para promover o início da

amamentação na primeira hora de vida, identificamos: (1) a ampliação do

credenciamento dos hospitais na IHAC, com ações de treinamento e

monitoramento periódicos que garantam a manutenção dos passos cumpridos;

(2) a redução na taxa de cesariana; e (3) a operacionalização mais efetiva dos

procedimentos preconizados para o diagnóstico sorológico do HIV na

assistência pré-natal e ao parto. Estas são ações de melhoria do acesso e da

qualidade do acompanhamento pré-natal e da assistência ao parto e puerpério

dentro da perspectiva da integralidade e da humanização da assistência. Por

seu potencial de promover a saúde e reduzir a morbimortalidade materna e

infantil devem se constituir em prioridades na definição das políticas públicas

voltadas para a saúde da mulher e da criança.

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Page 101: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

89

Tabela 1 - Distribuição de frequência do início do aleitamento materno e das

características das mães, da assistência pré-natal e ao parto e do recém-

nascido, município do Rio de Janeiro, 2009 (n= 673)

Variáveis analisadas n %

Início do aleitamento materno Na primeira hora de vida 342 50,8 Após a primeira hora de vida 331 49,2

Idade da mãe

13 a 19 anos 174 25,9 20 a 34 anos 437 64,9 35 ou mais 62 9,2 Escolaridade (anos de estudo) 0 a 7 anos 215 31,9

8 a 10 anos 255 37,9 11 anos e mais 203 30,2 Cor da pele da mãe

Branca 168 25,0 Não branca 505 75,0 Vive com companheiro

Sim 504 74,9 Não 169 25,1 Trabalho remunerado Sim 334 49,6 Não 339 50,4

Parturição Primíparas 322 47,8 Multíparas 351 52,2

Realização de pré-natal Sim 649 96,4 Não 24 3,6

Período de início do pré-natal No primeiro trimestre 453 67,3 Após o primeiro trimestre ou não realizado 220 32,7 Número de consultas pré-natais (n = 672) 0 a 5 consultas 154 22,9

6 ou mais consultas 518 77,1 Tipo de parto Vaginal 456 67,8

Cesariana 217 32,2 Parto em Hospital Amigo da Criança Sim 343 51,0

Não 330 49,0 Na hora do parto, mãe sabia seu status sorológico para o HIV (pré-natal ou teste rápido) Sim (HIV-negativo) 602 89,5 Não (Ignorado) 71 10,5 Equipe escuta as dúvidas sobre amamentação (n = 672)

Sim 503 74,9 Não/ mais ou menos 169 25,1 Sexo do bebê

Feminino 323 48,0 Masculino 350 52,0 Baixo Peso ao Nascer (n = 672)

Sim 45 6,7

Não 627 93,3

Page 102: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

90

Tabela 2 - Distribuição do Início da amamentação na primeira hora de vida

segundo as características das mães, da assistência pré-natal e ao parto e do

recém-nascido, município do Rio de Janeiro, 2009 (n = 673).

Variáveis do nível individual Início da amamentação na primeira hora de vida p-valor

Sim Não

N % N %

Idade da mãe 13-19 anos 99 56,9 75 49,2 0,076 20 anos e mais 243 48,7 256 51,3 Escolaridade (anos de estudo) 0 a 7 anos 101 47 114 53 0,200 8 anos ou mais 241 52,6 217 47,4 Cor da pele da mãe Branca 87 51,8 81 48,8 0,841 Não branca 255 50,5 250 49,5 Vive com companheiro Sim 257 51 247 49 0,946 Não 85 50,3 84 49,7 Mãe tem trabalho remunerado Sim 169 50,6 165 49,4 0,972 Não 173 51 166 49 Parturição Multíparas 183 52,1 168 47,9 0,524 Primíparas 159 49,4 163 50,6 Realizou pré-natal Sim 337 51,9 312 48,1 0,005 Não 5 20,8 19 79,2 Início do pré-natal no primeiro trimestre

Sim 233 51,4 220 48,6 0,706 Não 109 49,5 111 50,5 Número de consultas pré-natal (n = 672)

0 a 5 74 48,1 80 51,9 0,464 6 ou mais 267 51,5 251 48,5 Tipo de parto Vaginal 277 60,7 179 39,3 <0,001 Cesariana 65 30 152 70 Na hora do parto, mãe sabia seu status sorológico para o HIV (pré-natal ou teste rápido)

Sim (HIV-negativo) 318 52,8 284 47,2 0,004 Não (ignorado) 24 33,8 47 66,2 Equipe escuta as dúvidas sobre amamentação (n = 672)

Sim 273 54,3 230 45,7 0,003 Não/ mais ou menos 69 40,8 100 59,2 Sexo do bebê Feminino 167 51,7 156 48,3 0,716 Masculino 175 50 175 50 Baixo Peso ao Nascer (n = 672) Sim 21 46,7 24 53,3 0,665

Não 321 51,2 306 48,8 Variáveis do nível de contexto (hospitalar)

Hospital Amigo da Criança Sim 231 67,3 112 32,7 <0,001 Não 111 33,6 219 66,4

Page 103: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

91

Tabela 3 - Distribuição das Razões de Chances (OR) brutas e ajustadas para o

início tardio da amamentação de vida no modelo multinível, município do Rio

de Janeiro, 2009 (n=673)

Características individuais Modelo univariado Modelo multinível

OR bruto IC 95% OR ajustado IC 95%

Idade Materna <= 19 anos 0,61 (0,41-0,92) 0,65 (0,41-1,03)

20 anos ou mais 1,00 1,00 Escolaridade Materna 0 a 7 anos 1,38 (0,95-2,01) 1,43 (0,95-2,17) 8 anos ou mais 1,00 1,00 Realizou Pré-natal Sim 1,00 1,00 Não 3,32 (1,05-10,52) 2,36 (0,64-8,61) Cesariana Não 1,00 1,00 Sim 5,72 (3,77-8,68) 5,95 (3,88--9,12) Na hora do parto, mãe sabia seu status sorológico para o HIV

Sim (negativo) 1,00 1,00 Não (ignorado) 2,21 (1,20-4,09) 2,16 (1,04-4,50) Escutam dúvidas Não ou mais ou menos 1,39 (0,91-2,11) 1,43 (0,90--2,26) Sim 1,00 1,00

Características do hospital -contexto

Hospital Amigo da Criança Sim 0,19 (0,06-0,54) 0,17 (0,05-0,55) Nâo 1,00 1,00

Efeito aleatório 3,66 (1,82-5,66) 2,95 (1,56-4,33)

Page 104: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

92

Figura 1 - Efeitos aleatórios referentes aos hospitais e seus respectivos

intervalos de confiança. Municipio do Rio de janeiro, 2009.

Page 105: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

93

Questionário de Entrevista à Mãe de Alojamento Conjunto

INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO QUESTIONÁRIO |___|___|___|

Preencher 8 ou 88 - não se aplica, 9 ou 99 - não informado. PRONTUÁRIO

|___|___|___|___|___|___|___|___|

I. Identificação do questionário ENFERMARIA |___|___|___|___|

LEITO |___|___|___|

1. Hospital (MCD, MAF, MON, MFM, MHP, HMC, MLD, APM, HGB, HEAS, HEPII, HERF,

UFRJ,HUPE,IFF) |___|___|___|___|

2. Data da entrevista __|___|/|___|___|/|___|___| 3. Entrevistador_____________________ |___|___|

4. Revisado por _________________________ |___|___| 5. Data |___|___|/|___|___|/|___|___|

6. Data da digitaçã |___|___|/|___|___|/|___|___| 7. Digitador _________________________ |___|___|

II. Identificação da mãe

8. Qual é o seu nome? (completo)

9. Quantos anos você tem? |___|___|

10.Você sabe ler e escrever?

0. Não1. Sim |___|

11.Qual foi a última série que você completou na escola?

|___| Série do Ensino 1.fundamental 2.médio 3.superior |___|

12. A sua cor ou raça é? (ler): 1.Branca 2.Preta 3.Amarela 4.Parda

5.Indígena

|___|

13. Quantas pessoas moram na sua casa, contando com você e o bebê? |___|___|

14. Você tem companheiro? 0. Não (vá à questão 16) 1. Sim |___|

15. Você vive com ele? 0. Não 1. Sim |___|

16. Você estuda? 0. Não 1. Sim |___|

17. Você trabalha ou estava trabalhando quando ficou grávida? 0.Não (vá à

questão 20) 1.Sim

|___|

18. Em quê você trabalha(va)? 1.servidora pública 2.empregada, não servidora

pública 3.autônoma (vá à questão 20) 4.empregadora (vá à questão 20)

|___|

19. Você tem (tinha) carteira assinada? 0. Não 1. Sim |___|

20. Você tem outra fonte de renda, como pensão, aposentadoria, biscate ou bolsa

família? 0.Não 1.pensão 2.aposentadoria 3.biscate 4.bolsa família

5.outro ________________

|___|

|___|

Page 106: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

94

21. Quanto você ganha (ou ganhava, qdo ficou grávida) ao todo? R$

|___|___|___|___|,|___|___|

0.não tem ganhos 1.ganha até 1 salário mínim 2.ganha mais de 1 salário

mínimo

|___|

Agora, vou fazer algumas perguntas sobre coisas que você pode ter ou não ter

na sua casa.

22.Na sua casa tem: 1.rádio? 0. Não 1. Sim

2.geladeira ou freezer? 0. Não 1. Sim

3.videocassete ou DVD? 0. Não 1. Sim

4.máquina de lavar roupa? 0. Não 1. Sim

5.forno de microondas 0. Não 1. Sim

6.linha de telefone 0. Não 1. Sim

7.computador 0. Não 1. Sim

8.televisão 0. Não Sim,

quantos?

9.carro para uso particular 0. Não Sim,

quantos?

10.ar condicionado 0. Não Sim,

quantos?

1. |___|

2. |___|

3. |___|

4. |___|

5. |___|

6. |___|

7. |___|

8. |___|

9. |___| 10. |___|

23. Qual é o nome do seu bebê? ___________________ Sexo 1. M 2. F |___|

24. Em que data e hora (nome do bebê) nasceu? |___|___|/|___|___|/|___|___| às |___|___| h |___|___| min

25. Você tem outros filhos? 00. Não

Sim, quantos?

|___|___|

III Dados sobre o pré-natal

26. Você fez pré-natal? 0. Não (vá à questão 33) 1. Sim |___|

27. Onde você fez o pré-natal? 1.em unidade básica 2.aqui neste hospital

. . 3.em outro hospital 4. em clínica particular |___|

|___|

28. Com quantos meses de gravidez começou o pré-natal? |___|

29. Quantas consultas de pré-natal você fez? |___|___|

Page 107: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

95

30. No pré-natal foi feito o exame da AIDS?

0. Não (vá à questão 33) Sim, quantos? Não sei (vá à questão 33) |___|

31.Em que período(s) da gravidez o(s) exame(s) da AIDS foi feito? a.|___| trimestre e b.|___|trimestre

32. Qual foi o resultado? 1.Negativo 2.Positivo 3.Não sei a.|___| e b.|___|

IV. Dados sobre o parto e a assistência recebida na maternidade

33 Aqui na maternidade foi feito o exame da AIDS?

0. Não (vá à questão 36) 1. Sim 2.Não sei (vá à questão 36)

|___|

34.Qual foi o resultado? 1.Negativo 2.Positivo (encerrar a entrevista) 3.Não sei (vá à

questão 36)

|___|

35. Este resultado saiu antes ou depois do parto? 0. antes 1.

depois

|___|

36. Qual foi o tipo do seu parto? 0. normal (ou fórceps) 1.

cesariana

|___|

37. Após o nascimento, quanto tempo esperou para segurar seu bebê junto à pele pela

primeira vez? 0. na primeira meia hora de vida 1. após a primeira meia hora de

vida

|___|

38. Quanto tempo durou este primeiro contato com seu bebê?

0.Pouco tempo 1.Tempo suficiente

|___|

39. Na sala de parto, alguém do hospital ofereceu ajuda para você começar a

amamentar? 0. Não 1. Sim (vá à questão 41) 2. Amamentei por

conta própria (vá à questão 41)

|___|

Page 108: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

96

40. Você sabe por que não foi ajudada a amamentar na sala de parto? 0. Não sei

1.Intercorrência com recém-nato _____________________________

2. Intercorrência materna __________________________________

3. Superlotação ( ), rotina do hospital ( ), mãe não sabia que bebê mama quando

nasce ( )

4. Parto cesáreo

5. Não saiu resultado do teste rápido anti-HIV

6. Resistência materna

7.Outro_____________________________________________________________

|___|

|___|

41. E perguntaram para você se você queria colocar o bebê no peito para mamar na sala

de parto? 0. Não (vá à questão 43) 1. Sim

|___|

42. O que você disse? 0.Não queria 1.Queria Por que?______________________ |___|

4nvjnf 43. Seu bebê já mamou no peito? 0. Não 1. Sim (vá à questão 45) |___|

44. Por que não? 0.Não sei

1.Bebê doente____________________________________________________

2. Mãe doente______________________________________________

3. Não saiu resultado do teste rápido anti-HIV

4. Outro _________________ (após respondida esta pergunta, vá à questão 47)

|___|

|___|

45. Onde seu bebê foi no peito para mamar pela 1ª vez ? 1.na sala do parto (normal ou

cesáreo) 2. no corredor/sala de recuperação/outro 3. no alojamento conjunto

|___|

46. Quanto tempo depois do parto seu bebê foi no peito para mamar pela 1ª vez?

|___|___| horas |___|___| minutos

0. até uma hora de vida 1. após uma hora de vida

|___|

47. Após sair da sala de parto, alguém da maternidade ofereceu ajuda para você começar

(ou continuar) a amamentar? 0. Não 1. Sim

|___|

48. Desde sua internação, você recebeu ajuda sobre como colocar o bebê no peito para

uma boa pega? 0. Não 1. Sim

|___|

Page 109: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

97

49. Você poderia me mostrar como se deve colocar o bebê para mamar?

0. Não a. Sim, posicionamento: 1.correto 2.incorreto

b. Sim, pega: 1.correta 2.incorreta

a.|___|

b.|___|

50. Alguém do hospital explicou o que você deve fazer se o seu peito ficar muito cheio?

0. Não Sim, 1.acordar o bebê e amamentar 2.retirar o leite com as mãos

3.retirar leite com bomba 4.ir ao banco de leite humano

5.outro________________________________________

|___|

|___|

51. Você poderia me mostrar como se pode retirar leite do peito com as mãos?

0. Não Sim, 1.técnica correta: compressão da aréola 2.técnica inadequada:

compressão base ou bico

|___|

52. Desde que seu bebê nasceu ele recebeu algum outro alimento ou líquido além do leite de peito?

00. Não (vá à questão 55) Sim, qual (e quantas vezes)? a.leite industrializado |___|___|

b. água ou chá |___|___|

c. outro___________|___|___|

53. Por quê? 1.bebê com problema de saúde _______________________________________

0. Não sei 2.mãe com problema de saúde _______________________________________

3.rotina do hospital

4.não saiu resultado do teste rápido anti-HIV

5.outro_______________________________________________

|___|

|___|

54. Este alimento ou líquido foi fornecido em copinho ou mamadeira? 0.copinho 1.mamadeira |___|

55. Desde que seu bebê nasceu vocês foram afastados em alguma ocasião?

0. Não (vá à questão 58) Sim, quantas vezes?

|___|

56. Por que ficaram afastados? 0. Não sei

1. para higienização e procedimentos com o bebê / rotina do hospital

2. não havia lugar no alojamento conjunto

3. mãe cesareada ficou na recuperação pós-anestésica e bebê foi para outro lugar

4. bebê precisou de cuidados médicos _____________________________________________

5. mãe precisou de cuidados médicos ______________________________________________

6. outro______________________________________________________________________

|___|

|___|

Page 110: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

98

57. Quanto tempo o bebê ficou afastado de você (na vez em que ficou afastado mais tempo)?

0. até uma hora 1. mais de uma hora

|___|

58. Alguém do hospital estabeleceu algum limite quanto à freqüência ou duração da mamada?

0. Não 1. Sim

|___|

59. Quando se deve amamentar o bebê?

1. Sempre que o bebê quiser/quanto o bebê quiser 2. Com hora/duração marcada

|___|

60. Alguém do hospital explicou o que você deve fazer se o bebê dormir por muito tempo? 0. Não

1. Sim, acordar o bebê e tentar amamentá-lo 2. Sim, outro__________________________ |___|

61. Seu bebê usou chupeta? 0. Não (vá à questão 63) 1.Sim |___|

62. Quem deu a chupeta? 1. a própria mãe, o pai ou visita 2. membro da equipe do hospital |___|

63. Alguém do hospital orientou você ou deu um folheto com informações sobre onde procurar ajuda

para amamentar, após a alta, no caso de você precisar? 0.Não (vá à questão 65) 1.Sim

|___|

64. Qual foi a ajuda oferecida para a amamentação após a alta?

1. grupo de apoio no hospital 2. procurar o banco de leite humano

3. consulta individual ou outro tipo de acompanhamento após a alta no hospital

4. encaminhada para unidade básica com acolhimento (ou outro tipo de apoio à amamentação)

5. apoio pelo telefone 6. visita domiciliar

7. grupo de mães na comunidade 0. outro _______________________________

|___|

|___|

65.Você acha que nesta Maternidade eles escutam o que você tem a dizer sobre dúvidas ou problemas

com a amamentação? 0.Não 1.Mais ou menos 2.Sim

|___|

66.Você acha que esta maternidade está apoiando você para amamentar?

0.Não 1.Mais ou menos 2.Sim

|___| 67. Por quê?

|___|

68. E como está sendo para você amamentar agora? 1.Bom/gostoso/me aproxima do bebê 2.Normal/já tinha vivência/tranqüilo 3.Ainda tenho dificuldade/estamos aprendendo/insegura 4.Não gosto/não consigo 5.Outro ______________________________________

|___|

69. Quanto tempo planeja amamentar seu bebê? 0. Não pretendo amamentar

1.menos de 6 meses 2. entre 6 meses e 1 ano 3. mais de 1 ano / o quanto o bebê quiser

|___|

Page 111: “Fatores Associados ao Início Tardio da Amamentação”

99

70.Você diria que o acompanhamento seu e do bebê nesta Maternidade está sendo (ler):

1. Ótimo 2. Bom 3. Mais ou menos 4. Ruim 5. Péssimo

|___|

71. Você gostaria de dar alguma sugestão para o Hospital melhorar seu trabalho de ajuda à

amamentação? 0. Não 1.Sim, qual?

|___|

V. Para ser preenchido pelo entrevistador ao final da entrevista

Muito obrigada!!!

72. A cooperação da entrevistada foi: 1.Ótima 2. Regular 3.Fraca |___|

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100

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - MÃE

Prezada

você está sendo convidada a participar do projeto de pesquisa: “Avaliação da

implementação da Iniciativa Hospital Amigo da Criança no Município do Rio de

Janeiro a partir da percepção das mulheres quanto às questões de gênero, poder e

cidadania envolvidas na assistência ao aleitamento materno”, de responsabilidade

da pesquisadora Maria Inês Couto de Oliveira, da Universidade Federal

Fluminense.

O estudo pretende entender como as mulheres vêem o atendimento dos hospitais

em relação à orientação e à ajuda recebidas para amamentar.

Queríamos pedir o seu consentimento para fazer uma entrevista, quando serão

feitas perguntas sobre você, sobre a gravidez, sobre o parto e sobre a

amamentação. Suas respostas serão anotadas pelo entrevistador.

Suas respostas ficarão em segredo, e o seu nome não será divulgado em qualquer

hipótese. Os resultados do estudo serão apresentados em conjunto, não sendo

possível identificar as pessoas que participaram da pesquisa.

Você tem direito de pedir outros esclarecimentos sobre a pesquisa e pode se

recusar a participar, ou parar de participar dela a qualquer momento, sem que isto

prejudique você em nada.

Eu,______________________________________________________________RG

no ________________________________, declaro ter sido informada e concordo em participar, como

voluntária, desta pesquisa.

Representante legal, em caso de mãe adolescente (menor de 18 anos) não

emancipada

_________________________________________RG no _______________________

Assinatura da paciente ou seu responsável legal

Rio de Janeiro, _______ / _______ / _______ .

Em caso de dúvida, entrar em contato com Maria Inês Couto de Oliveira, telefone 2629-9342

E-mail: [email protected], ou através do Comitê de Ética em Pesquisa SMS-RJ à Rua Afonso Cavalcanti 455/601, Cidade Nova Tel.: 2503-2024 / 2503-2026 E-mail: [email protected]

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ANEXO III - Parecer consubstanciado do Comitê de ética em Pesquisa.

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