FATORES DA SATISFAÇÃO DO CIDADÃO COM A GESTÃO PÚBLICA ... · Público’ e ‘Contabilidade...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
FATORES DA SATISFAÇÃO DO CIDADÃO COM A GESTÃO PÚBLICA: UM ESTUDO SOBRE ORÇAMENTO PARTICIPATIVO MUNICIPAL
por
ADAMIRES FRANÇA BACHAREL EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 1980, UFRN
TESE SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
MAIO, 2008
© 2008 ADAMIRES FRANÇA.TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
O autor aqui designado concede ao Programa de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao público, em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos termos da Lei.
Assinatura do Autor: ______________________________________________
APROVADO POR:
______________________________________________________________ Prof. Rubens Eugênio Barreto Ramos, D.Sc. – Orientador, Presidente
______________________________________________________________ Prof. Sérgio Marques Júnior, Dr. – Membro Examinador
______________________________________________________________ Prof. Kleber Cavalcanti Nobrega, Dr. – Membro Examinador Externo
ii
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
França, Adamires. Fatores da satisfação do cidadão com a gestão pública: um estudo sobre o orçamento participativo municipal / Adamires França. – Natal, RN, 2009. 82 f.
Orientador: Rubens Eugênio Barreto Ramos.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.
1. Qualidade – Dissertação. 2. Satisfação – Dissertação. 3. Orçamento participativo – Dissertação. I. Ramos, Rubens Eugênio Barreto. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BCZM CDU 658.56(043.3)
iii
SOBRE A AUTORA
Adamires França é bacharel em Ciências Contábeis (UFRN/ 1980) e especialista em
Gestão Pública (UERN/ 1996). Atuou como professora do Curso de Ciências Contábeis da
Universidade Potiguar – UnP (1994-2005), no qual lecionou as disciplinas ‘Orçamento
Público’ e ‘Contabilidade Pública’. Exerceu também a Direção do Curso de Ciências
Contábeis (2002-2005). Atualmente, é professora da Faculdade CDF – Ponta Negra,
ministrando as disciplinas ‘Orçamento Público’ e ‘Contabilidade Pública’ nos cursos de
Auditoria e Gestão. É Servidora Pública Estadual desde 1981 e está à disposição da
Prefeitura Municipal do Natal desde 2002, exercendo atualmente o cargo de Secretária
Adjunta de Orçamento e Gestão Participativa da Secretaria de Planejamento, Orçamento e
Finanças.
.
ARTIGOS PUBLICADOS DURANTE O CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO
FRANCA, A.; TACCONI, M. F. F. S.; SILVA, J. M. D.; MARQUES JUNIOR, S.
Educação Ambiental em Empreendimentos Turísticos do Complexo Parque das Dunas em
Natal/ RN – Brasil. In: Congresso Mundial de Educação Ambiental, 2003, Espinho.
Congresso Mundial de Educação Ambiental, 2003.
FRANCA, A.; TACCONI, M. F. F. S.; SILVA, J. M. D.; MARQUES JUNIOR, S.
Environmental Perfonmance Indicators in the Hotels Industry: an methodological
Analysis. In: Production and Operations Management Society – POMS, 2003, Georgia.
POMS, 2003. Inglês
iv
Dedico este trabalho a meu esposo, Ilo José
Aranha, e aos meus filhos, Bianor Neto e Ilo
José, razão principal de todos os esforços que
faço em minha vida. Aos meus pais, in
memoriam.
v
AGRADECIMENTOS
A Deus, agradeço pela presença e graça constante em minha vida.
Ao Programa de Engenharia de Produção – PEP, pela oportunidade de desenvolver
este trabalho e pela concretização deste sonho.
À Universidade Potiguar – UnP, pelo apoio financeiro que me concedeu durante o curso.
Ao Professor Dr. Rubens Eugênio Barreto Ramos, pelo entusiasmo, seriedade, apoio e
orientação.
A todos os professores do PEP.
A todos os alunos da turma de 2002.
Especialmente, ao Prefeito da Cidade do Natal, Carlos Eduardo Nunes Alves, e à
Secretária de Planejamento, Orçamento e Finanças, Maria Virginia Ferreira Lopes, por tão
bem terem implementado o Processo de Orçamento Participativo na Prefeitura do Natal.
A Haroldo Gomes e a toda a equipe do Departamento de Participação Popular, que
acreditaram na proposta deste trabalho e tornaram-se aliados para o sucesso alcançado.
A José Dionísio Gomes da Silva, eterno incentivador da minha vida acadêmica.
A Jayme Dias Fernandes Filho, pelo enorme incentivo e apoio.
Aos entrevistados que se dispuseram a participar da pesquisa.
A todos que direta ou indiretamente apoiaram este trabalho. Muito obrigada!
vi
Resumo da Tese apresentada à UFRN/ PEP como parte dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia de Produção.
FATORES DA SATISFAÇÃO DO CIDADÃO COM A GESTÃO PÚBLICA: UM ESTUDO SOBRE ORÇAMENTO PARTICIPATIVO MUNICIPAL
ADAMIRES FRANÇA
Maio, 2008
Orientador: Prof. Rubens Eugênio Barreto Ramos, D.Sc.
Curso: Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção
Esta Tese de Mestrado investiga as dimensões da qualidade e da satisfação dos cidadãos no
processo denominado Orçamento Participativo (OP), implementado em cidades brasileiras
desde os anos 1990. Aplica-se um modelo baseado nas dimensões da qualidade do
SERVQUAL (Parasuraman, Zeithal e Berry, 1985, 1988) e adaptado a partir do modelo
estrutural proposto por Johnson ET AL. (2001), para se analisar a significância das
dimensões da qualidade com a satisfação. São usados os construtos Satisfação com o
Processo do OP, Satisfação com os Resultados do OP e Satisfação com a Prefeitura.
Realizou-se uma pesquisa com 84 participantes de reuniões de OP. Os principais
resultados sugerem que as dimensões adotadas, excetuando-se aspectos tangíveis, afetam a
satisfação, embora haja conjuntos diferentes de dimensões para diferentes dimensões da
satisfação.
vii
Abstract of Master Thesis presented to UFRN/PEP as fulfillment of requirements to the
degree of Master of Science in Production Engineering
FACTORS AFFECTING CITIZENS SATISFACTION WITH PUBLIC ADMINISTRATION: A STUDY ON PARTICIPATIVE CITY BUDGET PROCESS
ADAMIRES FRANÇA
May, 2008
Thesis Supervisor: Professor Rubens Eugênio Barreto Ramos
Program: Master of Sciences in Production Engineering
This thesis deals with the quality dimensions and factors affecting citizens satisfaction in
the participatory budgeting process in a major city of Brazil. Participatory budgeting was
introduced as a usual practice in many Brazilian cities since the 1990s. It is adapted a
model proposed by Johnson et al. (2001) of customer satisfaction and loyalty antecedent
factors with constructs related to governance also included, to evaluate the quality
perception and satisfaction rates by citizens representatives in the participatory budgeting
process. It is conducted a survey with a sample of 84 citizens representatives of the seven
city regions of Natal, the capital of a Northeastern State of Brazil. It is applied descriptive
and multiple regression statistical analysis. The main findings related to quality and
governance constructs are that the quality factors are the main factors affecting satisfaction
but also the tax construct is significative to satisfaction. More regarding it was found that
for different perspective of the satisfaction there are different set of factors affecting it.
viii
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO ...................................................................................................................... 1
1.2. OBJETIVO ........................................................................................................................................ 3
1.3. RELEVÂNCIA ................................................................................................................................... 3
1.4. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ........................................................................................................ 3
CAPÍTULO 2 REVISÃO TEÓRICA .................................................................................................... 5
2.1. ORÇAMENTO PARTICIPATIVO .......................................................................................................... 5
2.2. ESTUDOS NACIONAIS SOBRE ORÇAMENTO PARTICIPATIVO............................................................. 8
2.3. O PROCESSO DE ORÇAMENTO PARTICIPATIVO DE NATAL/ RN...................................................... 13
2.4. FUNDAMENTOS DA SATISFAÇÃO DO CLIENTE................................................................................ 18
2.5. OS MODELOS ESTRUTURAIS DE SATISFAÇÃO DO CLIENTE ............................................................ 22
2.5.1. Índice Nacional Sueco ............................................................................................................. 23
2.5.2. Índice Nacional Americano ..................................................................................................... 24
2.5.3. Índice Nacional Europeu ......................................................................................................... 25
2.5.4. Modelo Proposto por Johnson et al. (2001) ............................................................................ 26
2.6. DIMENSÕES DA QUALIDADE – O MODELO SERVQUAL .............................................................. 27
2.7. SÍNTESE – MODELO DA PESQUISA ................................................................................................. 30
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA DA PESQUISA............................................................................. 31
3.1. MÉTODO DA PESQUISA .................................................................................................................. 31
3.2. POPULAÇÃO E AMOSTRA ............................................................................................................... 32
3.3. INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS........................................................................................... 33
3.4. COLETA DE DADOS........................................................................................................................ 34
3.5. TÉCNICAS DE ANÁLISES ................................................................................................................ 35
3.5.1. Análise descritiva e exploratória ............................................................................................. 35
3.5.2. Análise de regressão linear múltipla ....................................................................................... 35
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................. 37
4.1. VALIDAÇÃO DA PESQUISA............................................................................................................. 37
4.1.1. Validação da Amostra Obtida.................................................................................................. 37
4.1.2. Validação do Questionário ...................................................................................................... 39
4.2. ANÁLISE DESCRITIVA.................................................................................................................... 41
4.2.1. Tangíveis: Ambiente Físico...................................................................................................... 41
4.2.2. Confiabilidade.......................................................................................................................... 42
4.2.3. Responsividade ........................................................................................................................ 43
4.2.4. Comunicação ........................................................................................................................... 44
4.2.5. Credibilidade ........................................................................................................................... 44
4.2.6. Segurança ................................................................................................................................ 46
ix
4.2.7. Competência ............................................................................................................................ 47
4.2.8. Cortesia e Relacionamento ...................................................................................................... 48
4.2.9. Conhecimento dos problemas .................................................................................................. 49
4.2.10. Acesso.................................................................................................................................. 50
4.2.11. Impostos .............................................................................................................................. 51
4.2.12. Tratamento de Problemas ................................................................................................... 51
4.2.13. Satisfação ............................................................................................................................ 52
4.3. SÍNTESE DA ANÁLISE DESCRITIVA ................................................................................................ 54
4.4. ANÁLISE DE REGRESSÃO PARA SATISFAÇÃO ................................................................................. 55
4.4.1. Fatores da Satisfação ao Processo do Orçamento Participativo ............................................ 55
4.4.2. Fatores da Satisfação com os Resultados do Orçamento Participativo .................................. 57
4.4.3. Fatores da Satisfação com a Prefeitura................................................................................... 58
4.5. SÍNTESE DA ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................................... 60
CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES................................................................... 62
5.1. PRINCIPAIS RESULTADOS DA PESQUISA......................................................................................... 62
5.2. ANÁLISE CRÍTICA QUANTO AO OBJETIVO ..................................................................................... 62
5.3. IMPLICAÇÕES TEÓRICAS................................................................................................................ 63
5.4. IMPLICAÇÕES GERENCIAIS ............................................................................................................ 63
5.5. LIMITAÇÕES DA PESQUISA............................................................................................................. 63
5.6. DIREÇÕES DA PESQUISA ................................................................................................................ 64
5.7. RECOMENDAÇÕES ......................................................................................................................... 64
5.8. CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 64
REFERÊNCIAS............................................................................................................................................. 66
ANEXOS......................................................................................................................................................... 71
ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA ......................................................................................... 72
ANEXO 2 – ANÁLISE DE CONFIABILIDADE E FATORIAL.............................................................. 74
ANEXO 3 – ESTATÍSTICA DESCRITIVA ............................................................................................... 78
ANEXO 4 – REGRESSÃO MÚLTIPLA: DIMENSÕES DA QUALIDADE E SATISFAÇÃO............. 83
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 2-1 Prioridades resultantes no OP por região da cidade ..........................................16
Tabela 2-2 Dimensões da Qualidade do SERVQUAL (Parasuraman, Zeithmanl, Berry,
1988) ............................................................................................................................27
Tabela 2-3 Dimensões da Qualidade iniciais do SERVQUAL (Parasuraman, Zeithmanl,
Berry, 1985, 1988) .......................................................................................................29
Tabela 4-1 Teste de Confiabilidade de Itens/Escala ............................................................40
Tabela 4-2 Análise Fatorial dos Construtos........................................................................41
Tabela 4-3 Síntese da Avaliação sobre as Dimensões da Qualidade...................................54
Tabela 4-4 Regressão para Satisfação com o Processo do Orçamento Participativo ..........55
Tabela 4-5 Matriz de Correlação para Análise de Multicolinearidade (r > 0,69)...............56
Tabela 4-6 Regressão para Satisfação com o Resultado do Orçamento Participativo ........57
Tabela 4-7 Análise de Regressão para Satisfação com a Prefeitura ....................................59
Tabela 4-8 Tabela Dimensões da Qualidade e Satisfação com o OP (considerando
colinearidade r ≥ 0,7) ...................................................................................................60
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1. Teses no Brasil de Mestrado e Doutorado sobre OP...........................................2
Figura 2.1. Satisfação com o OP em Porto Alegre, Dornelas(2000) ...................................12
Figura 2.2. Os três vértices de Qualidade (Deming, 1990)..................................................21
Figura 2.3. Modelo de Serviço Núcleo e Periféricos de Normann (1993) ..........................22
Figura 2.4. Modelo do índice sueco de satisfação – SCSB (Johnson et al., 2001)..............24
Figura 2.5. Modelo do índice americano de satisfação – ACSI (Johnson et al., 2001).......25
Figura 2.6. Modelo do índice europeu de satisfação – ECSI (Eklof, 2000) ........................26
Figura 2.7. Modelo proposto por Johnson et al., 2001 ........................................................26
Figura 2.8. Modelo da Pesquisa...........................................................................................30
Figura 3.1. Modelo esquemático da Pesquisa......................................................................33
Figura 3.2. Exemplo de questões e escalas de avaliação de dimensões de Qualidade ........34
Figura 3.3. Questões e escalas de avaliação relacionada à dimensão Impostos ..................34
Figura 3.4. Questões e escalas de satisfação........................................................................34
Figura 3.5. Distribuição esperada em pesquisas de qualidade, satisfação e fidelidade do
cliente (Johnson e Gustafsson, 2000) ..........................................................................35
Figura 4.1. Distribuição dos Respondentes por Sexo, Brasil, RN e Pesquisa (Fonte Brasil e
RN: IBGE, PNAD2005) ..............................................................................................38
Figura 4.2. Distribuição por Faixa Etária, Pesquisa e RN (IBGE, PNAD2005) .................38
Figura 4.3. Distribuição por Faixa de Renda, Pesquisa e RN (IBGE, PNAD2005)............39
Figura 4.4. Instalações físicas do local das Reuniões ..........................................................42
Figura 4.5. Avaliação da Pontualidade do Pessoal da Prefeitura.........................................42
Figura 4.6. Cumprimento dos prazos prometidos pela Prefeitura .......................................43
Figura 4.7. Informação disponível sobre o processo por parte da Prefeitura ......................44
Figura 4.8. Informação clara sobre todo o processo ............................................................44
Figura 4.9. Avaliação do Grau de Confiança com o Pessoal da Prefeitura .........................45
xii
Figura 4.10. Certeza de que suas demandas serão atendidas...............................................46
Figura 4.11. Risco das pessoas acharem que você faz o jogo da Prefeitura ........................46
Figura 4.12. Possibilidade de Direcionamento no Processo pela Prefeitura .......................47
Figura 4.13. Competência do Pessoal da Prefeitura ............................................................47
Figura 4.14. Treinamento Fornecido pela Prefeitura...........................................................48
Figura 4.15. Respeito do Pessoal da Prefeitura a você ........................................................48
Figura 4.16. Esforço da Prefeitura em entender os problemas de sua comunidade ............49
Figura 4.17. Conhecimento dos problemas da sua comunidade pela Prefeitura .................49
Figura 4.18. Atenção individual da Prefeitura à sua Comunidade ......................................50
Figura 4.19. Horário das reuniões........................................................................................50
Figura 4.20. O quanto de impostos que você paga ..............................................................51
Figura 4.21. A forma como o problema foi tratado pela Prefeitura.....................................52
Figura 4.22. Satisfação com Todo o Processo do Orçamento Participativo........................52
Figura 4.23. Com os resultados do Orçamento Participativo ..............................................53
Figura 4.24. Satisfação com a Prefeitura .............................................................................53
Figura 4.25. Regressão para Satisfação com o Processo do Orçamento Participativo........56
Figura 4.26. Regressão para Satisfação com os Resultados do Orçamento Participativo ...58
Figura 4.27. Dimensões da Qualidade e Satisfação com a Prefeitura .................................59
Figura 4.28. Dimensões da Qualidade e Satisfação com OP...............................................61
xiii
LISTA DE SIGLAS, NOMES E ACRÔNIMOS
BSC – Balanced Scorecard ou Painel de Indicadores Balanceados (Estratégia de aferição
de desempenho criada por Kaplan & Norton - 1992).
CONCEFET – Conselho de Dirigentes de Centros Federais de Educação Tecnológica.
CGU – Controladoria Geral da União.
FORPLAN – Fórum de Planejamento e Gestão do CONCEFET.
IFET – Instituição Federal de Educação Técnica e Tecnológica.
MEC – Ministério da Educação.
PEP – Programa de Engenharia de Produção
SFCI – Secretaria Federal de Controle Interno
SGC – Secretaria Geral de Controle do Ministério da Fazenda.
TCU – Tribunal de Contas da União.
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
ENANPAD – Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-graduação em
Administração.
ONG’S – Organizações não Governamentais.
SAD-G – Sistema de Apoio à Decisão - Grupo
MDB – Movimento Democrático Brasileiro.
1
Capítulo 1
Introdução
Este trabalho apresenta uma pesquisa cujo objetivo é a identificação de
dimensões de qualidade que podem contribuir para a satisfação no processo de Orçamento
Participativo em Natal, Rio Grande do Norte.
Este capítulo está estruturado de forma a apresentar a contextualização da
satisfação do cliente, o processo de Orçamento Participativo de Natal/ RN, os objetivos da
pesquisa, a sua relevância e a estrutura geral da dissertação.
1.1. Contextualização
A temática da satisfação tem tido significativa atenção desde meados dos anos
1980. Diversos modelos, teorias e técnicas foram desenvolvidos nessa direção, fato que
pode ser observado nos modelos de qualidade em serviços (PARASURAMAN,
ZEITHMANL e BERRY, 1988), nos modelos estruturais de satisfação (FORNELL, 1992;
JOHNSON et al., 2001) e nas teorias e técnicas sobre fidelidade e sua importância para as
empresas (VAVRA e PUDREN, 1995; OLIVER, 1999; REICHHELD, 1996). A adoção,
em todo o mundo, de modelos nacionais de excelência gerencial contendo, como um dos
pontos centrais, a satisfação do cliente é evidencia importância desse tema para a gestão
empresarial, como se pode ver no caso dos Estados Unidos (NIST, 2006), da Europa
(EFQM, 2003) e mesmo do Brasil (FNQ, 2006). Essa importância também é evidenciada
pelo uso do modelo do American Customer Satisfaction Index (Índice de Satisfação do
Cliente Americano) nos Estados Unidos (Fornell et al.,1996) como indicador econômico
do mercado de capitais e das decisões das empresas.
No Brasil, assim como noutros países, têm surgido iniciativas de qualidade no setor
público. Uma das iniciativas mais amplas é o Programa de Qualidade do Governo Federal,
criado em 1998 e tornado Programa Qualidade no Serviço Público em 2004 (BRASIL,
2004).
2
Noutra linha de ação voltada à participação do cidadão na Gestão Pública, surgiu,
no Brasil, no final da década de 1980, uma iniciativa denominada Orçamento Participativo
(OP), cuja principal característica diz respeito à tentativa de envolver a população
diretamente nas decisões das prioridades de planejamento e execução do orçamento
público municipal. Desde a sua primeira realização, em Porto Alegre, em 1989, com o
Governo do Partido dos Trabalhadores, até 2003, mais de uma centena de municípios já
haviam experimentado o OP (FRANZESE e PEDROTI, 2004), com Governo dos mais
diferentes partidos, tais como foram os casos de Salvador, com o PSDB, e Recife, com o
PFL (FERNANDES, 2003). A adoção do OP em Natal com uma Prefeitura governada pelo
PSB (Prefeitura do Natal, 2006) sugere que o OP deixou de ser uma iniciativa de um
partido político para se tornar uma iniciativa de Gestão Pública.
O OP tem despertado também o interesse acadêmico. Um levantamento no banco
de dados da CAPES (http://www.capes.gov.br/servicos/bancoteses.html) das teses de
mestrado e doutorado no Brasil, no período de 1987 a 2006, mostra uma evolução
significativa de pesquisa acadêmica sobre o assunto, chegando-se, em 2006, a mais de 200
teses de mestrado e doutorado defendidas (Figura 1.1.).
200
168
125
94
68
54
39
26
1513
722000 0
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 20060
50
100
150
200
250
Acumulado
Ano a ano
Figura 1.1. Teses no Brasil de Mestrado e Doutorado sobre OP
3
Contudo, em nenhuma dessas teses apresentadas na Figura 1.1., houve como foco
primário medir a satisfação dos cidadãos ou pesquisar diretamente destes que fatores
afetam sua satisfação e a intenção de continuar no programa.
Diversos artigos têm sido publicados nos congressos acadêmicos brasileiros, como
se verá no Capítulo 2. Também aqui não se observou, na pesquisa realizada nos anais,
sejam do ENANPAD (Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação em
Administração), principal encontro acadêmico de administração do País, sejam do
ENEGEP (Encontro Nacional de Engenharia de Produção), principal encontro acadêmico
de Engenharia de Produção, qualquer trabalho com foco na satisfação e fidelidade do
cidadão no OP.
A Prefeitura do Natal iniciou, em 2006, uma experiência de OP (Prefeitura do
Natal, 2006). Este trabalho enquadra-se, assim, na tentativa de inserir na área da Gestão
Pública as teorias, as técnicas e os modelos desenvolvidos nas áreas de qualidade e
marketing relacionados à satisfação e à fidelidade, contribuindo também, com essa
abordagem, para os estudos sobre OP realizados.
1.2. Objetivo
Este trabalho tem por objetivo investigar os fatores que afetam a satisfação dos
cidadãos envolvidos com o processo de Gestão Pública denominado Orçamento
Participativo, realizado em Natal/ RN.
1.3. Relevância
A relevância deste trabalho diz respeito à importância acadêmica de se contribuir
cientificamente para o avanço do conhecimento relativo aos modelos de satisfação dos
cidadãos através da análise do Orçamento Participativo, numa abordagem raramente
realizada no País.
Especificamente no caso da Cidade do Natal/ RN, este trabalho pode contribuir,
como fonte de informação, para subsidiar as ações da Prefeitura do Natal no sentido de
aprimorar a sua iniciativa de OP.
1.4. Organização do Trabalho
O presente trabalho está dividido em mais quatro capítulos além desta Introdução.
4
O segundo capítulo é dedicado à revisão de literatura, abordando os conceitos e as
fundamentações a respeito da satisfação, do orçamento participativo e da evolução dos
modelos de índices de satisfação do cliente.
O terceiro capítulo apresenta a metodologia utilizada na execução da pesquisa, a
população-alvo, o instrumento de coleta de dados e as técnicas utilizadas para a análise dos
dados.
O quarto capítulo é composto pelos resultados da pesquisa de campo, com a análise
do modelo utilizado.
O quinto e último capítulo apresentada as principais conclusões e recomendações
do trabalho realizado, incluindo limitações e direções de pesquisa.
5
Capítulo 2
Revisão Teórica
Neste capítulo, é realizada uma revisão teórica a respeito da satisfação do cliente,
tendo como foco principal os modelos nacionais de índices de satisfação.
Destacam-se, inicialmente, o Orçamento Participativo e os fundamentos da
satisfação do cliente; a seguir, são descritos os índices nacionais de satisfação do cliente:
sueco, americano, europeu e o índice norueguês proposto por Johnson et al. (2001), o qual
é utilizado neste estudo. Por último, é apresentada a conclusão deste capítulo.
2.1. Orçamento Participativo
Os movimentos de redemocratização que ocorreram na América Latina e, nos anos
80, no Leste Europeu tomaram caminhos distintos, gerando, com isso, resultados e
experiências diversas. Apesar de esses países usufruírem de agendas comuns, existem
experiências e problemas que os distinguem em termos de ações e práticas democráticas. A
agenda comum no que se refere à democracia dá prioridade à construção ou à reconstrução
de instituições democráticas. Essa agenda tem os fins primordiais de combater a corrupção,
aumentar a participação da sociedade no processo decisório acerca de políticas que a
afetam diretamente e promover a transparência e a responsabilidade dos governos e
agentes políticos, consolidando, assim, forte parâmetro para as demais experiências
oriundas.
O Brasil é um bom exemplo de que, para o exercício da democratização, foi preciso
descentralizar e delegar poderes, como forma de ‘reinventar o governo’ e aproximá-lo da
sociedade pela conciliação de demandas coletivas e individuais, além de aumentar a
eficácia do governo local. Alguns países resistem quanto à descentralização do poder,
carregando diversos exemplos de desigualdade social, concentração de riquezas e
corrupção, possuindo, inclusive, trabalhos que concluem, pelo risco governamental, em
não inserir a população em decisões públicas, promovendo-se, assim, políticas de exclusão
6
social. Outros países, em contrapartida, denotam o êxito governamental nas áreas de
implementação de medidas sociais, principalmente quando não existem políticas de
descentralização do governo.
No Brasil, vastas foram as experiências no Governo Militar, mediante o MDB, que
governava alguns municípios, através da adoção de políticas participativas. Como
exemplo, uma dessas experiências ocorreu em Piracicaba, no período de 1977 a 1982. O
prefeito daquela cidade à época — Castro — encontrou motivação para a participação
popular no processo decisório em razão da possibilidade de demonstrar que os recursos
federais destinados não eram suficientes para a consecução dos projetos e necessidades da
comunidade, além da pressão junto à Câmara dos Vereadores para aprovar e discutir as leis
ditas controvertidas. A conclusão do Poder Executivo mediante seu representante legal foi
de que a participação da sociedade teve mais um caráter consultivo do que deliberativo,
apesar da criação de inúmeros conselhos, principalmente na área orçamentária.
Em continuidade, com o término do regime militar, emergiu ainda mais um
sentimento de liberdade e de democracia na população. Em 1988, com a aprovação da
Constituição Federal, em que, dentre muitos assuntos regulamentados, o planejamento teve
grande realce. Segundo explicita Piscitelli (1997, pág. 25), “o texto da Constituição de
1988, em matéria orçamentária, registrou avanços consideráveis, bastante satisfatórios
[...]”.
Na Carta Magna Brasileira, foram definidos três importantes pontos relacionados
ao orçamento público, quais sejam: o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Houve, com isso, um reforço na
concepção que associa o orçamento ao planejamento, expondo os dois como componentes
de um único sistema, tornando obrigatória a elaboração do Plano Plurianual.
Cabe destacar o surgimento da Lei Complementar 101/00, criada para controlar os
gastos públicos, fiscalizando-os e normatizando-os. Essa lei deu margem, ainda, para o
planejamento, reforçando determinados pontos normatizados pela CF de 88,
primordialmente no que se refere à vinculação dos instrumentos de planejamento, quando
ressalta, em seu art. 5º, que “o projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma
compatível como plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias [...].”
Com o intuito de promover a satisfação da população com ações promovidas pelo
Governo, alguns estados do Brasil implantaram o Orçamento Participativo como
7
ferramenta de políticas públicas, a fim de priorizar as reais necessidades de sua região e
promover o seu desenvolvimento através de parcerias entre o Governo e população.
Segundo Souza et al. (2004), o Orçamento Participativo é um instrumento que serve para
alocar os recursos públicos de forma eficiente e eficaz. Recursos (receitas) esses que
advêm primordialmente do poder do governo de tributar, devendo o governo, pois, reverter
tais recursos em benefícios coletivos (gastos públicos), ou seja, na materialização das
demandas levantadas mediante as diferentes opiniões, interesses e desejos da comunidade.
Dessa forma, o orçamento vem, gradativamente, assumindo dois papéis: o de instrumento e
o de expressão da democracia, uma vez que a lei orçamentária está definida nos marcos do
chamado Estado de Direito.
No mais, há controvérsias no sentido de eficácia na implementação do OP, acreditando alguns estudiosos do assunto que, há muito tempo, o processo de planejamento das ações governamentais vem sofrendo pouco ou quase nada a interferência da população, evidenciando-se, dessa forma, um comportamento impositivo e autoritário do gestor público e de seus assessores, descaracterizando a representatividade social. Nesse sentido, assim afirma OLIVEIRA apud PIRES (2001. p.47):
A história da administração municipal brasileira apresenta mais exemplos de planos de governos esporádicos, elaborados e seguidos conforme estilo de cada governante, do que uma tradição de processo de planejamento sistemático e contínuo e com efetiva participação da população. [...] Até a década de 70, muitos municípios – especialmente os considerados grandes e médios – elaboraram planos diretores, com o auxílio de técnicas integrantes de seus quadros ou de consultores externos. Embora incluindo estudos da situação socioeconômica e administrativa local, esses planos eram voltados precipuamente para os problemas físicos da cidade, o controle de sua evolução e crescimento num prazo relativamente grande [...] não foram, de maneira geral, eficazes nas cidades brasileiras.
Já o Dr. Marcelo Baquero, em sua obra ‘Opinião Pública’, Campinas, volume XI,
n. I, Março 2005, pág. 94-127, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em trabalho
voltado ao município de Porto Alegre, ressalta a ausência de estudos no sentido de
averiguar se o Orçamento Participativo resulta na eficácia e no desígnio de sua criação.
Assim dispõe:
Apesar do crescente interesse por formas alternativas de participação política, entre as quais o Orçamento Participativo (OP), pouco se tem estudado se estas novas modalidades estão incidindo na estruturação de um contrato social mais eficiente e duradouro. Talvez tal situação seja
8
atribuída ao fato de que se considera que o pagamento de tributos é uma obrigação legal e, portanto haveria pouco a ser analisado neste terreno. A perspectiva deste artigo é distinta, argumenta-se que a forma como os cidadãos se posicionam a respeito do pagamento de impostos relaciona-se com outros domínios da política, tais como a confiança institucional e os níveis de envolvimento político. Por meio de pesquisa do tipo survey, os resultados deste estudo apontam para um existência de uma dimensão estrutural negativa no que se refere ao pagamento de tributos, fragilizando o contrato social vigente.
Por fim, cumpre destacar a visão entusiasmada de CARVALHO, Alice Kalyvas e
MILLER, Laurie Jeanette em ‘Orçamento Participativo: a experiência do Distrito Federal’,
Proposta: Rio de Janeiro, fase n. 78, 1991 e predominante entre os estudiosos acerca do
assunto em apreço, quanto a aplicação positiva do Orçamento Participativo:
Em suma, por meio do orçamento participativo, a política pública deixa de ser vista, e experimentada, apenas como um processo de agregação de preferências dadas e passa a incorporar uma visão deliberativa, que abrange também a formação e a transformação das preferências, a construção do consenso e a explicitação da diferença.
2.2. Estudos Nacionais sobre Orçamento Participativo
O principal veículo de trabalhos sobre orçamento participativo tem sido o
ENANPAD. Apresenta-se, abaixo, um extrato não exaustivo desses trabalhos, que
abordam experiências de várias cidades brasileiras. Embora esses estudos não tenham o
enfoque direto desta Tese, servem como pano de fundo do que se tem pesquisado no Brasil
em OP.
Os trabalhos abordam a experiência de diversas cidades, como Porto Alegre
(Dornelas, 2000; Dornelas e Hoppen, 2001; Misoczky, 2000; Frey, 2004), Belo Horizonte
(Misoczky, 2000; Pires, 2001 e 2002; Rocha e Silva et al., 2002), Salvador (Fernandes,
2003), Recife (Fernandes, 2003), Niterói (Silva, 2000), São Carlos (Franzese e Pedroti,
2004), Santos (Frey, 2004) e outras cidades menores (Silva, 2006; Egídio e Silva et al.,
1997); também há trabalhos com abordagens no âmbito estadual, como no caso do Rio de
Janeiro (Peci, 2000). Esses trabalhos possuem visões e enfoques diversos, como se verá a
seguir.
Pires (2001) apud Pires (2002) realizou estudo das mudanças do contexto do OP de
Belo Horizonte à luz das políticas públicas e decisões governamentais de participação
anteriores ao OP. Segundo a teoria neo-institucional, haveria um efeito de trajetória, em
9
que uma mudança institucional no presente decorre da trajetória de uma série de outras
mudanças anteriores. Pires (2001) sugere, que antes do OP em Belo Horizonte, houve uma
série de ações de participação anteriores, que teriam levado gradualmente à possibilidade
de implementação do OP.
Franzese e Pedroti (2004) apresentam a experiência de São Carlos (São Paulo) para
discutir limites e possibilidades do OP, analisando as restrições decorrentes da democracia
representativa e dos mandatos, assim como aspectos de assimetria de informação entre
representantes do governo e cidadãos, no processo de OP.
Rocha e Silva et al. (2002) apresentam o caso do OP de Belo Horizonte no contexto
de uma análise de processos de reforma descentralizadora, no qual a participação seria uma
das novas tendências contemporâneas da Gestão Pública. Em sua análise, concluem não
haver, no caso do OP, uma relação entre as ações de descentralização e participação.
Silva (2006) apresenta uma discussão sobre participação e desenvolvimento local,
estudando o caso do município de Simões Filho, na Bahia, onde há OP. Um de seus
achados refere-se ao fato de que apenas 54% dos pesquisados concordam que há, no
município, o OP e apenas 49% consideram que a comunidade participa de decisões que
melhoram o município. Silva (2006) conclui que a sociedade estudada não possuía a
organização social suficiente para uma efetiva participação, apesar dos esforços dos
governantes em estimular esta. Considera, assim, que a organização da sociedade é um
fator para a efetiva participação e que esta tem uma relação com a escolaridade, já que
observou uma diferença estatisticamente significativa entre os que possuíam mais
escolaridade na percepção da participação da comunidade nas decisões do município.
Frey (2004) apresenta as experiências de OP de Santos e Porto Alegre numa
discussão comparada em ‘Governança Urbana’ e participação pública em relação a
Curitiba, cidade onde não há OP, mas na qual se pratica o que o autor denomina de ‘novo
gerencialismo’, que teria o caráter de estabelecer parcerias público-privadas e, ao mesmo
tempo, promover a descentralização da gestão urbana, mas sem uma participação direta do
cidadão no planejamento do orçamento.
Fernandes (2003) apresenta os casos de OP de Salvador, descontinuado em 1997-
2000, no Governo do PFL, e de Recife, mantido em Governo do PFL. Fernandes adota
também a teoria da ‘dependência de trajetória’ e sugere que a diferença de continuidade
10
dos dois casos deve-se a uma maior presença de ‘lideranças progressistas’ em Recife do
que em Salvador.
Egídio e Silva et al. (1997) apresentam o caso da experiência de Betim (Minas
Gerais), onde o OP foi implementado. Observaram que ,em Betim, então, o OP acabou por
se constituir em espaço de disputa político-partidária, com uma participação limitada da
população e uma situação em que pareciam ser adotadas como propostas da população
aquelas que a Prefeitura considerava como mais adequadas.
Dornelas e Hoppen (2001) realizaram estudo sobre a experiência de OP em Porto
Alegre e usaram métodos etnográficos, questionários com escala tipo Likert de 5 pontos e
entrevistas semi-estruturadas para investigar as percepções dos participantes do OP sobre o
seu processo de funcionamento, as disputas de espaços e poder, a influência da liderança,
as ameaças da tecnologia e do poder instituído e comparativos com outros movimentos
participativos. Um dos achados de Dornelas e Hopen (2001) foi o maior predomínio de
participantes mais jovens, com idade média de 24,3 anos, e uma razoável rotatividade dos
participantes, à exceção dos líderes.
Peci (2000) objetiva a apresentação e a análise da experiência do orçamento
participativo adotado pelo Governo Estadual do Rio de Janeiro. Após a análise de alguns
macrofatores que, direta ou indiretamente, influenciam no sentido de maior participação
cidadã na gestão das políticas públicas, segue-se a descrição da experiência em nível
estadual. Reflete-se sobre as relações do processo orçamentário com os processos de
planejamento, avaliação e desenvolvimento regional. E, por fim, apontam-se as principais
características e dificuldades do processo de orçamento participativo.
O trabalho de Silva (2000) descreve a experiência de Orçamento Participativo de
Niterói, forma institucionalizada designada como participativa na administração do
município. A pesquisa buscou conhecer os significados construídos acerca do fenômeno
participativo pelos diferentes sujeitos sociais, analisando os conflitos, as disputas por
poder, as redes pessoais e as ‘amizades’ que permeiam todo o processo do OP. Nesse
sentido, teve como objetivo analisar se estava ocorrendo a democratização das relações
sociais, através desse mecanismo de participação cidadã criado dentro da administração
pública. A pesquisa procurou verificar a estratégia desenvolvida pela coordenação do
Orçamento Participativo, no que se referia à implementação e execução do Orçamento
Participativo em Niterói, observando a metodologia utilizada para integrar a população a
esse processo. Não se constituiu como proposta aprofundar a discussão sobre a questão
11
orçamentária, e sim verificar o grau de envolvimento com o poder decisório das
comunidades locais.
O estudo de Misoczky (2001) explora dois casos de práticas inovadoras na Gestão
Municipal: o Projeto de Saúde Mental de Belo Horizonte e o Orçamento Participativo de
Porto Alegre. O objetivo central é compreender até que ponto o desenvolvimento de
políticas inclusivas e a relação entre cidadania ativa e governo local estão criando, nesse
nível de governo, uma formação político-organizacional. Assim, o principal interesse é
compreender como atividades e processos de participação social impactam aspectos e
práticas internas de organizações públicas. Após uma revisão teórica, voltada para a
construção de um referencial para a abordagem do objeto de análise e para as
características que diferenciam uma formação burocrática-tradicional de uma formação
político-organizacional, seguem-se uma descrição e uma análise dos casos estudados,
indicando que o Projeto de Saúde Mental de Belo Horizonte aproxima-se mais de uma
formação político-organizacional, enquanto o Orçamento Participativo chega mais perto
de uma formação burocrática-tradicional.
Além desses estudos sobre as experiências nas cidades, outros abordaram o OP
numa perspectiva mais ampla, como De Paula e Mota (2003), na perspectiva de arranjos
institucionais; Dornelas e Hoppen (2000), sobre uso de Sistema de Apoio à Decisão, e
Sacramento (2005), sobre o ambiente jurídico propício ao OP estabelecido pela Lei de
Responsabilidade Fiscal.
De Paula e Mota (2003) abordam o OP no contexto dos novos arranjos
institucionais no Brasil que enfatizam a participação: Fóruns Temáticos, Conselhos
Gestores e OP. De Paula e Mota fazem um histórico dos principais antecedentes da
participação, remontando aos anos 1960, no Governo João Goulart. As autoras discutem,
ainda, os limitantes dos arranjos institucionais da participação, os quais teriam tido ainda
um caráter local e fragmentado.
Dornelas e Hoppen (2000) estudam, numa perspectiva mais ampla, os impactos do
uso de um SAD-G (Sistema de Apoio à Decisão – Grupo) num cenário decisório público e
participativo, de grande repercussão político-organizacional: o Orçamento Participativo de
Porto Alegre. O relato que se estabelece integra o trabalho mais amplo e pretende
averiguar como as variáveis associadas à dinâmica de funcionamento do grupo são
afetadas num ambiente de decisão real e sem as características típicas de controle, comuns
em ambientes laboratoriais de uso de SAD-G.
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Sacramento (2005) estuda aspectos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e seus
impactos no modo de gestão de administradores públicos da Região Metropolitana de
Salvador. Nesse estudo, um dos aspectos é a relação entre a LRF e o OP, na medida em
que a LRF estimula a participação popular, funcionando, assim, como um incentivo ao OP.
Todavia, observa-se, na pesquisa, que os gestores pesquisados não possuíam muito
interesse no OP, tendo uma preferência pelas audiências públicas.
No campo da Engenharia de Produção, a temática do Orçamento Participativo não
tem tido maior difusão. Uma exceção é o trabalho de Dornelas (1997) enfocando uma
análise da viabilidade de aplicação de GDSS (Group Decision Support System – Sistema
de Apoio à Decisão de Grupo, SAD-G) no caso do Orçamento Participativo da cidade de
Porto Alegre.
De Teses de Doutorado, podem-se considerar os trabalhos de Mantovanelli
(2001), que faz um balanço das práticas participativas presentes nos primeiros
dez anos do Orçamento Participativo de Porto Alegre, e o de Dornelas (2000),
que, embora com outro objetivo, realizou entrevistas com participantes do OP em
Porto Alegre, tendo como uma de suas variáveis a satisfação do participante com
sua participação e desempenho do OP. O resultado pode ser visto na Figura 2.1.,
o qual, como se verá adiante, possui distribuição similar à distribuição de
satisfação de clientes.
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
Totalmenteinsatisfeito
Insatisfeito Nem satisfeito, neminsatisfeito
Satisfeito ExtremamenteSatisfeito
Figura 2.1. Satisfação com o OP em Porto Alegre, Dornelas (2000)
13
2.3. O Processo de Orçamento Participativo de Natal/ RN
Em 2006, a Prefeitura do Natal implantou o Orçamento Participativo,
compreendendo-o como um instrumento central no exercício da cidadania: um espaço de
interlocução entre o governo municipal e a população que permite discutir os rumos da
cidade de forma conjunta, construindo, assim, uma cidae mais democrática e popular.
A Prefeitura Municipal do Natal definiu como uma das suas prioridades
institucionais a participação social e popular no ciclo orçamentário, ou seja, no Plano
Plurianual 2006/2009, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na Lei Orçamentária Anual,
para esse mesmo período. Dentro dessa prioridade, a Prefeitura decidiu implantar o
Orçamento Participativo.
No processo de elaboração do Plano Plurianual 2006/2009, a Prefeitura realizou um
processo de consulta à Sociedade Civil, através do Seminário de Participação Social e da
Audiência Pública do Plano Plurianual (PPA), eventos que reuniram diversos setores da
sociedade civil organizada, bem como agentes governamentais e membros da Câmara de
Vereadores. As demandas trazidas pela sociedade civil foram contempladas no PPA;
também foi eleita uma comissão, com representantes dos diversos setores que participaram
do processo de consulta, para acompanhar a votação e a execução do PPA.
Em março de 2005, houve a instituição de uma Comissão de Estudos para
Implementação do OP em Natal, com a participação do Poder Público Municipal
(SEMPLA), um representante da Câmara de Vereadores (Vereador Hermano Morais) e um
representante da Sociedade Civil (Olavo Ataíde – Presidente do CEAHS). Essa comissão
realizou duas visitas às prefeituras de Recife e Aracaju, para conhecer in loco as
experiências de OP nesses municípios. A Prefeitura do Natal realizou, ainda, em 04 de
junho de 2005, um Ato de Lançamento do OP em Natal, com a presença do Ministro das
Cidades, Olívio Dutra, que trouxe as ricas experiências de OP em Porto Alegre e noutras
cidades do Rio Grande do Sul, como subsídios para implantação da experiência em Natal.
Participaram desse ato político cerca de 800 pessoas, entre representantes da sociedade
civil organizada, agentes governamentais municipais, vereadores, deputados estaduais e
deputados federais, além da Governadora Wilma de Faria e do Prefeito Carlos Eduardo
Alves, que fez a abertura do evento.
De março a agosto de 2005, a Comissão acima referida trabalhou na elaboração de
uma proposta para a implementação do OP em Natal, que foi submetida aos agentes
14
governamentais municipais, aos vereadores e à sociedade civil, em dois seminários, nos
quais foram pactuadas as regras para a sua implantação.
O processo do Orçamento Participativo em Natal considera alguns princípios que
asseguram que sua operacionalização dá-se numa perspectiva de construção da
participação popular na administração municipal, quais sejam:
• universalidade – a participação é um direito universal que deve ser assegurado a
todo e qualquer cidadão e cidadã;
• diversidade – abertura da participação no processo do OP a quaisquer grupos e
setores da sociedade e/ ou indivíduos. Essa diversidade possibilita a presença da
pluralidade de forças e setores existentes na sociedade, garantindo que as
decisões sejam tomadas a partir da relevância social de determinado pleito ou
interesse, e não pelo acesso privilegiado aos centros de decisão;
• transparência – significa que o Poder Público Municipal viabiliza o acesso às
informações sobre a administração municipal de maneira que a população possa
entendê-las e
• acordo sobre as regras – as regras que regerão o processo do OP deverão ser
negociadas e pactuadas por todos os envolvidos no mesmo — agentes
governamentais, vereadores e representantes da sociedade civil organizada —,
criando condições para que o processo seja o mais democrático possível.
Para que um Orçamento Participativo possa ser verdadeiramente democrático,
também é preciso viabilizar algumas condições básicas, que garantam à população
participar como sujeito de sua realização:
• 1ª condição – produzir e repassar à população, em linguagem didática, as
informações de governo necessárias para a tomada de decisão em relação ao
orçamento.
• 2ª condição – capacitar as pessoas envolvidas no orçamento participativo sobre
o funcionamento do ciclo orçamentário (Plano Plurianual, Lei de Diretrizes
Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual).
• 3ª condição – criar dentro e fora do governo canais institucionais para facilitar e
estimular a participação ativa e contínua da população no processo
orçamentário. Dentro do Governo, é preciso estabelecer uma negociação entre
15
as diversas secretarias e órgãos da administração municipal, sensibilizando
gestores e técnicos para a proposta do OP. É preciso também definir um
arcabouço legal para a implementação do OP, através de um Decreto-Lei,
assinado pelo Prefeito, ou de um Projeto de Lei apresentado à Câmara
Municipal, que deverá discutir e deliberar sobre o OP.
• 4ª condição – criar instâncias de representação e de deliberação que atuem, em
parceria com a sociedade civil organizada, na elaboração, gestão e monitoria da
execução orçamentária (Plenárias regionais e ou temáticas, Fórum do
Orçamento Participativo e Conselho Gestor do OP)
Levando em conta os princípios e condições elencados acima, a Comissão de
Estudos para implantação do OP em Natal elaborou uma proposta, que foi submetida aos
agentes governamentais e à sociedade civil.
Logo em seguida, em setembro de 2006 a Prefeitura Municipal de Natal realizou,
através da SEMPLA — Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Finanças — a
Consulta para o Orçamento Participativo/ 2006. A Consulta reuniu representantes dos
diversos segmentos da sociedade civil organizada (movimentos sociais, ONGs, entidades
empresariais, sindicatos de trabalhadores, associações e conselhos comunitários, entidades
religiosas e conselhos de gestão de políticas públicas), para ouvir suas demandas e
reivindicações, no sentido de contemplá-las no processo de elaboração da Lei
Orçamentária Anual/ 2006.
O evento se inseriu na programação de implantação do Orçamento Participativo em
Natal, executada desde o início de 2005, com o processo de participação popular no Ciclo
Orçamentário, tendo sido realizados o Seminário de Participação Social e a Audiência
Pública para a elaboração do Plano Plurianual 2006/2009, já nessa perspectiva de
participação da população nas definições de planejamento orçamentário.
Ainda nesse sentido, cumpre destacar que a implantação do Orçamento
Participativo em Natal apresenta números e fatos significativos:
� 4.000 pessoas se cadastraram para participar das Plenárias do Orçamento
Participativo, na firme intenção de ser protagonistas da construção de um novo
modelo de Gestão Pública;
� num primeiro momento, realizaram-se 43 reuniões de mobilização, abrangendo
todas as regiões administrativas da cidade; em seguida, foram promovidas sete
16
Plenárias Regionais e seis Plenárias Temáticas. As primeiras elegeram os
temas prioritários para cada região, e as segundas constituiram-se em espaço de
debate sobre temas que são de interesse de toda a cidade, como saúde,
educação, urbanismo, transporte, assistência social, cultura, esporte e lazer. As
Plenárias Temáticas firmaram-se enquanto uma rica oportunidade de a
Prefeitura prestar contas à população das atividades realizadas desde 2005 e de
apresentar as ações em desenvolvimento e projetadas para o ano seguinte.
Para facilitar a realização das Plenárias Regionais, dividiu-se a cidade em sete
regiões, apenas para efeito de organização do Orçamento Participativo. Cada região
escolheu entre nove temas, elegendo os três mais prioritários. O resultado está apresentado
na Tabela 2-1.
Tabela 2-1 Prioridades resultantes no OP por Região da cidade
Região Prioridade 1 Prioridade 2 Prioridade 3
I Saneamento Saúde Assistência Social
II Saneamento Saúde Urbanismo
III Saneamento Assistência Social Saúde
IV Saúde Educação Saneamento
V Saneamento Urbanismo Transporte
VI Saúde Assistência Social Educação
VII Saneamento Saúde Educação Regiões: I – Igapó, Lagoa Azul e Nossa Senhora da Apresentação II – Pajuçara, Potengi, Redinha e Salinas III – Areia Preta, Cidade Alta, Mãe Luíza, Praia do Meio, Ribeira, Rocas e Santos Reis IV – Alecrim, Bom Pastor, Dix-Sept Rosado, Lagoa Seca, Nazaré, Nordeste, Quintas V – Candelária, Capim Macio, Barro Vermelho, Lagoa Nova, Nova Descoberta, Petrópolis, Tirol VI – Cidade da Esperança, Cidade Nova, Felipe Camarão, Guarapes, Planalto VII – Neópolis, Pitimbu e Ponta Negra
Na escolha das regiões, dois temas se sobressaíram, sendo eleitos entre as três
prioridades em seis das sete plenárias realizadas. Foram eles saneamento ambiental e
saúde. A escolha de ambos representou o clamor de uma cidade que cresceu muito e de
forma desordenada, acumulando problemas relacionados com a infra-estrutura e o bem-
estar da população, que, atualmente, exigem um considerável volume de recursos
financeiros para serem bem tratados.
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No final de junho de 2006, foram realizadas as Plenárias Intermediárias, quando
todas as pessoas cadastradas foram convidadas a participar das reuniões, que aconteceram
nos bairros, para se decidirem as obras prioritárias em cada um deles. Foram mais 37
reuniões. Em cada uma delas, a população escolheu uma obra para cada tema prioritário
eleito na sua região. Depois de escolhida, a obra passou pela análise técnica da Prefeitura,
quando foi apreciada a sua viabilidade de execução. Alertou-se a população para o fato de
que todas as obras seriam acolhidas, mas, provavelmente, em virtude da exigüidade de
recursos, nem todas poderiam ser atendidas. A Prefeitura começaria atendendo aquelas que
haviam recebido um número maior de votos, privilegiando, assim, o critério da
participação, que vai ao encontro ao desejo da atual administração de fortalecer a
cidadania. Com muito debate, respeito e responsabilidade, as demandas da sociedade
foram ajustadas às receitas disponíveis no orçamento municipal. Dos 109 serviços e obras
votados, a Prefeitura do Natal atendeu 40; vinte e seis foram considerados tecnicamente
inviáveis e 43 não foram atendidos por indisponibilidade de recursos. Desses últimos
serviços votados, a maioria era formada por obras de drenagem e pavimentação, que
possuem um custo elevado.
Vale ressaltar que as obras e serviços nas áreas de educação e saúde obtiveram
maior facilidade de atendimento porque essas duas pastas contam com os chamados
‘recursos carimbados’, o que permite melhor possibilidade de investimento. As
reivindicações nas áreas de transporte e urbanismo foram feitas em menor número,
possibilitando-se, assim, o atendimento. Por isso, a seqüência de atendimento das obras
propostas pela população não obedece rigorosamente o fator ‘pontuação da reivindicação’
na Plenária Intermediária. Em relação às obras de drenagem e pavimentação, o critério
utilizado foi o de se assumirem as primeiras colocadas em cada região, pelas razões já
explicitadas acima.
O passo seguinte foi a realização da Conferência Municipal do Orçamento
Participativo, no dia 07 de outubro de 2006, no auditório do SESC de Cidade Alta, quando
foi apresentado aos delegados eleitos nas Plenárias Regionais o resultado do trabalho
desenvolvido no Orçamento Participativo, incluindo-se as obras e os serviços demandados
nas Plenárias Intermediárias e que foram atendidos pela Prefeitura Municipal, além de
outros investimentos que a Prefeitura do Natal planejou realizar em 2007.
A Prefeitura do Natal tem convicção de que o Orçamento Participativo conduz a duas
perguntas básicas:
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1. Quanto custa esta cidade em que desejamos viver bem?
2. Onde vamos encontrar os recursos necessários ao desenvolvimento
sustentável da Cidade do Natal?
A riqueza do Orçamento Participativo está no fato de incluir a população no debate
fraterno e responsável sobre a cidade que se tem e a que se deseja construir desde já,
firmando-se como um canal aberto à participação de todos os segmentos da sociedade, uma
verdadeira e rica experiência de gestão participativa.
2.4. Fundamentos da Satisfação do Cliente
As constantes mudanças tanto na convivência como na política e nos negócios
impulsionam as organizações na busca da satisfação dos seus clientes, a qual, nesta década,
transformou-se em elemento determinante para a sobrevivência e para a continuidade das
organizações. O tema da satisfação do consumidor tem se tornado um dos principais temas
do comportamento do consumidor, já que o aumento de pesquisas nessa área vem
demonstrando como a satisfação pode afetar o desenvolvimento e o crescimento das
empresas, uma vez que a satisfação pode levar o cliente a se fidelizar, melhorando as suas
relações com a empresa (BEBER, 1999). Para uma organização ser bem sucedida, é
necessário que ela saiba atender e, talvez, exceder as expectativas do cliente. Deve definir
as expectativas do ponto de vista do cliente e não do ponto de vista da própria organização.
Proporcionar uma oferta de bens e/ ou serviços de qualidade a preços justos pode ser um
fator de sobrevivência organizacional, permanência no mercado ou ainda de maximização
da imagem organizacional junto com o cliente.
Mirshawka (1993) define satisfação do cliente como um estado no qual as suas
necessidades, os seus desejos e as suas expectativas são atendidos ou excedidos, resultando
na sua volta para comprar ou usar os serviços oferecidos e na manutenção da sua lealdade.
Segundo Kotler e Fox (1994, pg. 98), “satisfação é o resultado da experiência de uma
pessoa quando um desempenho ou resultado atendeu a suas expectativas”. Assim, a
satisfação é uma função relativa de expectativas e desempenho percebido. Dessa forma, se
o serviço ou bem atinge as expectativas, o consumidor fica satisfeito; se as expectativas
são excedidas, ficam muito satisfeitos e, se as expectativas não são atingidas, o cliente fica
insatisfeito. Vavra (1993) afirma que a satisfação é a extensão pela qual as expectativas
dos clientes sobre um produto ou serviço são atendidas pelos benefícios reais que recebem.
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Segundo Gianesi e Corrêa (1994), quatro fatores podem influenciar as expectativas
do cliente: comunicação boca a boca, que representa as recomendações que os clientes
recebem de terceiros; necessidades pessoais, que são o principal fator formador de suas
expectativas; experiência anterior, já que, de acordo com a prestação anterior do serviço, o
cliente gera suas expectativas no retorno ao prestador do serviço, e comunicação externa,
que influencia o cliente a experimentar o serviço, gerando expectativas sobre a sua
prestação. Os autores afirmam que, entre outros fatores que influenciam as expectativas do
consumidor, está o poder de atuação do fornecedor do serviço sobre as necessidades dos
clientes, pois há a possibilidade de restringir o tipo de cliente a ser atendido por
determinado sistema de operações, restringindo o tipo de necessidades e,
conseqüentemente, o tipo de expectativas. Isso funciona como um filtro que só permite a
passagem dos clientes que possuem as expectativas que o fornecedor está preparado para
atender. Kotler (1998) afirma que é preciso ter cuidado para não criar expectativas muito
altas para, em seguida, ter seus clientes desapontados. Por outro lado, empresas que criam
expectativas muito baixas não atraem os compradores.
Para Gianesi e Corrêa (1994), existe uma avaliação da qualidade feita pelo cliente
durante ou após o término do processo de prestação do serviço que se dá através da
comparação entre o que o cliente esperava do serviço e o que ele percebeu do serviço
prestado. Para Grönroos (1993), uma boa qualidade percebida é obtida quando a qualidade
experimentada atende as expectativas do cliente, ou seja, a qualidade esperada. Portanto, o
processo de avaliação da qualidade do serviço que o cliente faz está em função de suas
expectativas (qualidade esperada) e de sua percepção do serviço (qualidade
experimentada). A prestação do serviço é a principal responsável pela percepção do
cliente. Durante esse processo, ocorre um ‘encontro de serviço’. Esse encontro é composto
de vários momentos de interação que impactam a percepção total da qualidade de um
serviço. Esses momentos de contato entre o cliente e o fornecedor do serviço são chamados
de ‘momentos da verdade’ e simbolizam essas interações comprador/ fornecedor.
O momento de verdade retrata o confronto do prestador de serviço com o cliente,
pois, nesse momento, está representado muito mais do que a empresa e o cliente
(NORMANN 1993). Segundo Grönroos (1993), os momentos da verdade podem ser
considerados verdadeiros ‘momentos de oportunidade’, uma vez que representam
oportunidades para o prestador de serviço demonstrar ao cliente a qualidade de seus
serviços. É quando o cliente ‘sente’ o serviço acontecendo. Carlzon (2005) enfatiza que o
20
mais importante na prestação do serviço acontece nesses momentos da verdade e que eles
não devem ser negligenciados. Ele chamou de ‘a hora da verdade’ o momento em que o
cliente entra em contato com o pessoal da linha de frente: é nessas ocasiões que ele forma
sua imagem da empresa e é essa experiência que o faz voltar ou não a procurar os seus
serviços. Albrecht (1998, pg. 59) define o termo ‘a hora da verdade’ como qualquer
episódio no qual o cliente entra em contato com qualquer aspecto da organização e obtém
uma impressão de qualidade. Para Albrecht (1998, pg. 70), "a hora de verdade é como o
átomo básico do serviço, a menor unidade indivisível de valor entregue ao cliente".
Portanto, a percepção do cliente com respeito ao serviço está formada em cada um dos
momentos ou horas de verdade, sendo cada momento de verdade de natureza diferente.
Essas séries de horas ou momentos de verdade ocorrem numa seqüência específica, o que
forma o ciclo de serviço. Albrecht (1998) define o ciclo de serviço como uma “cadeia
contínua de eventos pela qual o cliente passa à medida que experimenta o serviço”. O ciclo
de serviço é a seqüência completa de momentos ou horas de verdade que um cliente
experimenta para ter satisfeita uma necessidade. Os diferentes momentos de verdade têm
impactos diferenciados na satisfação do cliente; além disso, cada nível de satisfação
acumulada em cada estágio do processo pode influenciar o nível de satisfação do cliente
nos estágios seguintes. Por isso, é necessário observar quais características são
consideradas importantes pelos clientes em cada ponto de interação e quais momentos de
verdade têm maior impacto na satisfação do cliente para que possam ser estabelecidos os
momentos ou horas de verdade críticos ou fundamentais para a percepção do cliente a
respeito do serviço prestado.
Feigenbaum (1994) afirma que a obtenção e a manutenção de níveis aceitáveis de
satisfação do consumidor com a qualidade de produtos e serviços são, atualmente,
determinantes fundamentais para a saúde, o crescimento e a viabilidade econômica dos
negócios. Para Grönroos (1995), os clientes normalmente percebem qualidade como um
conceito muito mais amplo, e, além disso, outros aspectos que não técnicos podem,
freqüentemente, dominar a experiência da qualidade. O autor afirma que, na empresa, é
necessário definir qualidade da mesma forma que os clientes; caso contrário, em
programas de qualidade, ações erradas poderão ser tomadas e tempo e dinheiro poderão ser
mal investidos.
Segundo Deming (1990), o cliente deve ser visto como importante peça de linha de
produção, e a satisfação de suas necessidades, sejam elas presentes ou futuras, deve ser a
21
tônica da qualidade. Ao elaborar o seu sistema, Deming (1990) apresenta um fluxograma
de produção, que tem por bases a pesquisa de mercado e a avaliação dos consumidores, a
fim de apontar o caminho para a elaboração ou para a revisão dos projetos organizacionais.
No triângulo de interação da qualidade (Figura 2.1.), o autor destaca, além do julgamento a
ser feito pelo consumidor sobre o produto ou serviço que lhe é oferecido, a possibilidade
de se levar em conta os seguintes pontos: produto em si; usuário, como ele usa, instala e
cuida do produto e quais suas expectativas sobre o produto; instruções de uso, treinamento
do cliente e de assistência técnica e que a qualidade deve ser medida através da interação
destes três itens.
Treinamento do cliente.Instruções de uso. Treinamento da assistência técnica. Serviço.
Substituição de peças defeituosas.Disponibilidade de peças. Propaganda e garantia:
o que você levou o cliente a esperar? O que seu
concorrente o levou a esperar?
O produtoSeus testes em laboratório e simulação de uso do produto.Teste do produto em serviço.
O cliente e a forma como usa o produto. A forma como o instala e o mantém. Para muitos produtos, o que o cliente pensará de seu produto daqui a um ano e daqui a três anos é importante
Figura 2.2. Os três vértices de Qualidade (Deming, 1990)
Segundo Porter (1999), clientes são compradores de bens ou serviços e representam
forças particularmente potentes, mas também podem representar uma ameaça, pois são eles
que ajudam a organização a se firmar no mercado ou, ao contrário, a determinar seu
insucesso. Segundo Kotler (2003), a maioria das empresas dedica mais atenção para a
participação no mercado do que à satisfação do cliente, não tendo a percepção de que, ao
cair o nível da satisfação, conseqüentemente terá início o desgaste da participação no
mercado. Kotler (1998) afirma que, para se alcançar a satisfação do cliente, é necessário
criar uma cultura empresarial em que todas as pessoas da empresa estejam dispostas a
encantar o consumidor.
Para Albrecht (1995), as empresas centralizadas nos clientes vêem o cliente como
ponto de partida, posto de escuta e árbitro final para tudo aquilo que fazem. Elas partem
das necessidades e expectativas do cliente, dos atributos que são desejados. Então,
desenvolvem e aperfeiçoam produtos e serviços para satisfazê-las. A satisfação das
necessidades dos clientes passa por vários estágios até se concretizar, como a identificação
22
das necessidades; a alocação de recursos; o aperfeiçoamento de processos; a definição de
uma clara política de qualidade, com metas e objetivos mensuráveis e a criação de
indicadores de qualidade, além do treinamento de pessoal e das auditorias internas para
checar resultados, com análise crítica para que seja possível rever objetivos e viabilizar a
retroalimentação do processo.
Para Normann (1993), a idéia de agregar valor diz respeito à identificação do que
constitui realmente a satisfação da necessidade do cliente, ou seja, qual componente do
serviço efetivamente atende a sua necessidade básica e quais são os elementos adicionais
incorporados a ele que suplementam o serviço básico. Diante disso, Normann (1993) chega
a descrição de um ‘pacote’ de serviços — conjunto de itens relacionados oferecidos ao
cliente —, que possui um serviço núcleo e serviços periféricos (Figura 2.3.). O serviço
núcleo está relacionado com a necessidade básica, enquanto os serviços periféricos têm a
ver com os elementos adicionais, ou seja, são os componentes não essenciais ou
secundários do serviço. O autor afirma que a experiência e a avaliação do cliente sobre o
serviço total obtido são determinadas por dois fatores: a inclusão de todos os elementos
(núcleo e periféricos) que ele espera no pacote de serviços e a extensão pela qual cada um
desses elementos atende os vários padrões e critérios de qualidade esperados. A tendência,
nos mercados de serviços, é a de que o desenvolvimento do serviço núcleo não tenha tanta
importância, uma vez que várias empresas oferecem um serviço núcleo similar. A
concorrência em serviços tende a se dar principalmente nos serviços periféricos.
Vôo deA para B
Check-in
Embarque da bagagem
Informações
Reserva de Lugar
Limpeza e “detalhes”
Atitude geral dos funcionários
Conforto
Figura 2.3. Modelo de Serviços Núcleo e Periféricos de Normann (1993)
Assim, o entendimento dominante é o de que a qualidade é o principal fator da
satisfação. Em serviços, deve ser analisada em seus componentes ou dimensões.
2.5. Os Modelos Estruturais de Satisfação do Cliente
Segundo Johnson (2001), os modelos de índice de satisfação definem, de uma
23
maneira geral, a satisfação do consumidor como um todo ou a evolução acumulativa da
experiência de compra, podendo ser utilizados em empresas de serviços, órgãos públicos e
indústrias.
A medição da satisfação do consumidor teve início significativo com o
desenvolvimento dos índices de medição sueco (Fornell, 1992), americano (Fornell,
Johnson, Anderson, Cha e Bryant, 1996) e norueguês (Andreassen e Lindestad, 1998a).
Outros índices também têm sido testados na Nova Zelândia, na Coréia, na Áustria e
noutros países da União Européia.
2.5.1. Índice Nacional Sueco
Segundo Fornell (1992), o Barômetro Sueco da Satisfação do Consumidor (SCSB),
criado em 1989, foi o primeiro índice verdadeiramente nacional de medição da satisfação
do consumidor para análise das compras e consumo de produtos e serviços. Ele
historicamente incluiu 130 companhias de 32 grandes indústrias suecas.
Conforme o mesmo autor, o modelo sueco contempla dois fatores antecedentes à
satisfação: o valor percebido pela performance do produto ou serviço e a expectativa em
relação à performance (Figura 2.4.). Essas expectativas afetam a satisfação porque servem
como âncoras na evolução do processo (Johnson, 2001). Enquanto a performance
percebida captura as mais recentes experiências do consumidor, a expectativa é gerada
antes da experiência de consumo. A previsão das expectativas dos consumidores é com a
habilidade de a empresa prover futura performance, já que ela tem um efeito positivo na
satisfação no modelo sueco SCSB.
O modelo sueco inclui um relacionamento, conseqüente à satisfação, entre os
construtos de comportamento e de fidelidade. Quando esse relacionamento é positivo, a
empresa está tendo sucesso e tornando seus clientes fiéis; quando negativo, os clientes
estão dispostos a deixar de consumir os produtos ou serviços oferecidos pela empresa.
24
Figura 2.4. Modelo do índice sueco de satisfação – SCSB (Johnson et al., 2001)
2.5.2. Índice Nacional Americano
O modelo ACSI (American Customer Satisfaction Index) foi desenvolvido em 1994
pela University of Michigan Business School and ASQ, sendo utilizadas as especificações
do modelo sueco como base para a sua criação. Historicamente, incluiu 200 companhias de
35 indústrias americanas. Recentemente, expandiu-se, para incluir agências
governamentais e companhias de e-commerce. Para a medição dos seis construtos
existentes no modelo (expectativa do consumidor, qualidade percebida, valor percebido,
satisfação, reclamação do consumidor e fidelidade), foi realizada uma pesquisa, aplicando-
se um questionário de 15 perguntas a aproximadamente 250 consumidores de cada
empresa, em que se utilizou uma escala de 10 pontos, com exceção dos construtos ‘preço’
e ‘reclamações’, para os quais foi estabelecida uma escala de resposta dicotômica.
Segundo Johnson et al. (2001), as principais diferenças entre o modelo sueco e o
americano são as adições da qualidade percebida, como construto diferente do valor
percebido, e a implementação das medições das expectativas do consumidor (Figura 2.5.).
Em 1996, o modelo foi expandido para medir dois fatores da qualidade percebida: os
produtos (parte física) e a qualidade do serviço. Foram utilizados também outros fatores
para medir a qualidade percebida (personalização, confiabilidade e qualidade em geral).
25
Figura 2.5. Modelo do índice americano de satisfação – ACSI (Johnson et al., 2001)
2.5.3. Índice Nacional Europeu
Em 1996, a comissão Européia, a pedido da EOQ – European Organization for
Quality, encomendou ao MFQ (Movement Français pour la Qualité) um estudo de
viabilidade em desenvolver um índice nacional e um índice europeu de satisfação do
cliente, tomando como base a experiência já conseguida em diferentes países. Esse estudo
recomendou a adoção das metodologias sueca e americana como ponto de partida do ECSI.
No modelo europeu (Figura 2.6.), os construtos ‘expectativas do consumidor’, ‘qualidade
percebida’, ‘valor percebido’, ‘satisfação’ e ‘fidelidade do consumidor’ são modelados da
mesma forma como no modelo ACSI. As diferenças entre o modelo europeu e o americano
são as seguintes: o modelo europeu inclui a modalidade ‘imagem da empresa’ como um
antecedente da ‘satisfação’, influenciando diretamente na ‘expectativa do consumidor’, na
‘satisfação’ e na ‘fidelidade’ e exclui o construto ‘reclamações dos consumidores’ como
uma conseqüência da ‘satisfação’. No modelo ECSI, a ‘fidelidade’ é medida incluindo a
probabilidade de retenção, recomendação da empresa ou marca e se haverá um aumento de
clientes dispostos a realizarem uma compra (Johnson et al., 2001).
26
Figura 2.6. Modelo do índice europeu de satisfação – ECSI (Eklof, 2000)
2.5.4. Modelo Proposto por Johnson et al. (2001)
Baseado na discussão e na revisão dos modelos existentes, um modelo foi proposto
por Johnson et al. (2001), originalmente destinado a ser aplicado na Noruega. O modelo
possui algumas modificações e adições em relação aos modelos apresentados
anteriormente (Figura 2.7.).
Figura 2.7. Modelo proposto por Johnson et al., 2001
A primeira alteração diz respeito à retirada do construto ‘expectativa do cliente’ e à
inserção de ‘imagem da empresa’. Essa imagem tem sido afetada pela satisfação dos
consumidores, advinda das suas experiências de compra mais recentes.
A segunda alteração está relacionada à retirada do construto ‘comportamento de
27
reclamações’ para a inserção de ‘gerenciamento de reclamações’. O gerenciamento tem
efeito direto na satisfação e na fidelidade.
A terceira mudança recomendada diz respeito à eliminação da duplicidade que
existe entre os construtos ‘qualidade percebida’ e ‘valor percebido’. Já que a qualidade faz
parte do valor, essa relação fica um pouco confusa. Foram analisados e testados esses
construtos com os consumidores. O resultado obtido mostra que os consumidores tomam
como referência o preço pago pelo produto ou serviço.
A quarta recomendação é para melhor visualizar o entendimento e prognóstico da
‘fidelidade do cliente’ como uma chave para a performance do sistema.
Foi proposta a utilização de dois construtos de compromisso para ajudar a explicar
mais a fidelidade, fazendo-se uma distinção entre a ‘afetividade’ e o ‘compromisso
calculado’. O componente afetivo está ligado aos aspectos emocionais, e o calculado é
baseado na racionalidade e nos aspectos econômicos, como, por exemplo, a redução de
custos para o consumidor.
Finalmente, os autores recomendaram relacionar os efeitos diretos do preço na
fidelidade a ser considerada.
O novo modelo foi testado com consumidores noruegueses que compraram ou
consumiram algum serviço específico de cinco diferentes indústrias de serviços
norueguesas estudadas: companhias aéreas, bancos, transportes de ônibus, serviços
públicos e transportes de trem.
2.6. Dimensões da Qualidade – O Modelo SERVQUAL
A recomendação de Johnson et al. (2001) é a de se usarem, para a definição dos
direcionadores da qualidade no caso de serviços, as dimensões do SERVQUAL definidas
por Parasuraman, Zeithmanl, Berry (1985, 1988). A Tabela 2-2 apresenta as dimensões do
SERVQUAL após a redução de variáveis do modelo original (Parasuraman, Zeithmanl,
Berry, 1988).
Tabela 2-2 Dimensões da Qualidade do SERVQUAL (Parasuraman, Zeithmanl, Berry, 1988)
Dimensões da Qualidade
Descrição Variáveis do SERVQUAL
Tangíveis Instalações físicas, equipamentos e aparência do pessoal
1 – Equipamentos atualizados 2 – Instalações físicas bonitas 3 – Empregados bem vestidos e limpos 4 – Aparências das instalações físicas de acordo com
28
o serviço
Confiabilidade Capacidade de realizar o serviço prometido no tempo certo e de modo preciso
5 – Cumprir prazos prometidos 6 – Disposição a resolver os problemas 7 – Dependability 8 – Pontualidade 9 – Manutenção precisa dos registros
Responsividade Disposição de ajudar os clientes e prestar um pronto atendimento
10 – Informar aos clientes exatamente quando o serviço será realizado 11 – Realizar pronto atendimento 12 – Disposição de atender os clientes 13 – Resposta às perguntas dos clientes
Empatia
Conhecimento e cortesia dos empregados e sua capacidade de inspirar confiança e credibilidade
14 – Confiança 15 – Sentimento de segurança na relação com a empresa 16 – Polidez 17 – Apoio da empresa aos empregados para quem desempenhem bem
Garantia Atenção individualizada e interessada que a empresa dá a seus clientes
18 – Atenção individualizada 19 – Atenção pessoal dada pelos empregados 20 – Conhecimento das necessidades dos clientes 21 – Agir no melhor interesse dos clientes 22 – Horário conveniente de atendimento
Todavia, dado o caráter exploratório dessa pesquisa, pode ser útil considerar as
dimensões iniciais usadas para definir o modelo do SERVQUAL. Essas dimensões
definidas por (Parasuraman, Zeithmanl, Berry, 1985) são apresentadas na Tabela 2-3.
29
Tabela 2-3 Dimensões da Qualidade iniciais do SERVQUAL (Parasuraman, Zeithmanl, Berry, 1985,
1988)
Dimensões Iniciais
Descrição Dimensões SERVQUAL
Tangíveis
Instalações físicas Equipamentos Aparência do pessoal Representação física do serviço Outros clientes
Tangíveis
Confiabilidade Precisão da nota Manter registros Cumprir prazos
Confiabilidade
Responsividade Enviar comprovante imediatamente Retornar ligação rapidamente Dar pronto atendimento
Responsividade
Comunicação
Explicação do serviço Explicação dos custos Explicação das conseqüências Assegurar ao cliente que o problema será tratado
Credibilidade
Nome da empresa Reputação da empresa Características pessoais do pessoal de atendimento Grau de venda envolvido na iteração com cliente
Segurança Segurança física Segurança financeiras Confidencialidade
Competência Competência do pessoal de atendimento Competência do pessoal de suporte Capacidade da organização
Cortesia
Polidez Consideração pelo cliente Respeito Postura amigável
Empatia
Conhecimento do Cliente
Esforçar-se por entender o cliente Saber os requisitos específicos do cliente Dar atenção individualizada Reconhecer o cliente freqüente
Acesso
Facilidade de acesso ao serviço Tempo de espera Horário conveniente Localização conveniente
Garantia
30
2.7. Síntese – Modelo da Pesquisa
Considerando-se a teoria e os modelos discutidos, adota-se, nesta pesquisa a
perspectiva teórica do modelo proposto por Johnson et al. (2001) e, como direcionadores
da qualidade, as dimensões iniciais geradoras do SERVQUAL. Como o objetivo da
pesquisa é a satisfação, a parte do modelo de Johnson et al. (2001) que se estende até a
fidelidade não é incluída. A Figura 2.8. apresenta o modelo geral da pesquisa.
Figura 2.8. Modelo da Pesquisa
31
Capítulo 3
Metodologia da Pesquisa
Este capítulo apresenta uma descrição e justificativa da metodologia utilizada na
pesquisa de campo aplicada, descrevendo a população, a elaboração do instrumento de
pesquisa, o processo de coleta e as técnicas utilizadas para analisar os dados. Está
estruturado para que se possa entender, de forma abrangente, a metodologia utilizada na
pesquisa.
3.1. Método da Pesquisa
Gil (1995) afirma que as pesquisas são classificadas mediante algum critério e que
usualmente os objetivos gerais determinam a classificação em três grandes grupos:
exploratórias, descritivas e explicativas.
Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa de cunho exploratório e descritivo,
sendo exploratório por envolver a pesquisa bibliográfica na busca de ampliar e aprofundar
os conhecimentos. Segundo Marconi e Lakatos (1996, pg 78), estudos exploratórios são
assim definidos:
[...] são investigações de pesquisa empírica cujo objetivo é a formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade, desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para a realização de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar os conceitos.
Gil (1995) corrobora que a pesquisa exploratória é aquela em que a finalidade é
desenvolver esclarecer e modificar conceitos e idéias. De acordo com o autor, esse nível de
pesquisa é constituído por levantamento bibliográfico e documental, entrevistas e estudos
de caso, sendo realizado principalmente quando o tema escolhido é pouco explorado.
Já a pesquisa descritiva pode ser entendida como sendo aquela em que o
pesquisador procura conhecer e interpretar o âmbito de estudo, sem nele interferir para
modificá-lo, ou seja, descrevendo e narrando o que acontece (RUDIO, 1983). O autor
32
afirma que a pesquisa descritiva está interessada em descobrir e observar fenômenos,
procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los.
Nesse sentido, esse tipo de pesquisa engloba o objetivo deste trabalho, que é
proporcionar uma contribuição na investigação de modelos conceituais de satisfação do
cliente numa perspectiva da validação das variáveis que influenciam a satisfação.
3.2. População e Amostra
Segundo Marconi e Lakatos (1996), população é o conjunto de seres animados ou
inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum. Gil (1995) afirma
que população é a totalidade de indivíduos que possuem as mesmas características
definidas para um determinado estudo e amostra é a parte da população, selecionada de
acordo com uma regra, plano ou critério técnico. Para Marconi e Lakatos (1996), a amostra
é uma parcela convenientemente selecionada da população; é um subconjunto da
população.
De acordo com Barbeta (1999), é de fundamental importância para a realização de
pesquisas científicas o conhecimento de algumas características da população. Também é
muito comum se observar apenas uma amostra de seus elementos e, a partir dos resultados
dessa amostra, se obterem valores aproximados, ou estimativas, para as características
populacionais de interesse.
De acordo com o objetivo da pesquisa, foi definida a população dos elementos
com as seguintes características: delegados eleitos nas Plenárias Regionais que
representam, junto à Prefeitura Municipal de Natal, o Orçamento Participativo.
Atualmente, existem 232 delegados distribuídos por região. A SEMPLA (Secretaria
Municipal de Planejamento, Orçamento e Finanças), órgão responsável pelo
gerenciamento do Orçamento Participativo, através do Departamento de Participação
Popular, possui o registro cadastral de todos os delegados. A partir disso, realizou-se
contato com os mesmos por telefone, e eles foram convidados a participarem da pesquisa.
De acordo com a disponibilidade de cada delegado, os pesquisadores dirigiram-se aos
locais de trabalho ou às suas residências para a aplicação dos questionários.
Escolheu-se, para esta pesquisa, a amostra acidental, que consiste num
subconjunto da população formado pelos elementos que se podem obter, porém sem
nenhuma segurança de que constituam uma amostra exaustiva de todos os possíveis
subconjuntos do universo (Richardson, 1996). Para Fonseca (1996), trata-se de uma
33
amostra formada por aqueles elementos que vão aparecendo, que são possíveis de se
obterem até se completar o número de elementos da amostra.
3.3. Instrumento de Coleta de Dados
A pesquisa utilizou, como instrumento de coleta de dados, um formulário
estruturado (Anexo 1), baseado em dimensões da qualidade das pesquisas de SERVQUAL
e do modelo proposto por Johnson et al. (2001). A seguir, o modelo esquemático da
pesquisa (Figura 3.1.).
Figura 3.1. Modelo esquemático da Pesquisa
O formulário foi refinado com a análise de membros da equipe do Orçamento
Participativo da Prefeitura da Cidade do Natal.
34
Além das variáveis do modelo da pesquisa, também variáveis de perfil foram
incluídas para se entender o perfil dos respondentes e a sua relação com o perfil da
sociedade.
O questionário foi elaborado com perguntas fechadas, medidas em escalas de
diferencial semântico e natureza intervalar de 10 pontos, de acordo com o objetivo a ser
atingido em cada questão. As Figuras 3.2., 3.3. e 3.4. ilustram questões e escalas para
qualidade.
Figura 3.2. Exemplo de questões e escalas de avaliação de dimensões de Qualidade
Figura 3.3. Questões e escalas de avaliação relacionada à dimensão Impostos
Figura 3.4. Questões e escalas de satisfação
3.4. Coleta de Dados
A pesquisa foi realizada utilizando a entrevista pessoal como método de coleta de
dados durante os meses de junho e julho. Os elementos pesquisados foram delegados
eleitos nas Plenárias Regionais e nas Plenárias Temáticas que representam, junto à
Prefeitura Municipal do Natal, o Orçamento Participativo. A equipe formada para
aplicação dos questionários junto aos delegados foi composta por cinco pesquisadores que
trabalham no Departamento de Participação Popular da Secretaria Municipal de
35
Planejamento, Orçamento e Finanças de Natal. Os pesquisadores se deslocaram até a casa
ou trabalho dos delegados para a aplicação dos questionários.
3.5. Técnicas de Análises
Dentre as técnicas estatísticas utilizadas neste trabalho para análise e interpretação
dos dados coletados, utilizaram-se a análise descritiva e a regressão múltipla.
3.5.1. Análise descritiva e exploratória
A estatística descritiva e exploratória consiste na produção de tabelas, figuras e
medidas que possibilitem uma melhor compreensão dos dados.
Neste trabalho, a estatística descritiva e exploratória foi utilizada para descrever a
segunda parte do formulário, que contém o perfil dos entrevistados.
A análise da distribuição das respostas procura comparar a distribuição da avaliação
dos respondentes sobre a qualidade e satisfação com o Orçamento Participativo com a
curva de distribuição esperada em pesquisas desse tipo. A figura 3.5. apresenta essa
distribuição (Johnson e Gustafsson, 2000).
satisfação
Fre
qüên
cia
de r
espo
stas
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Figura 3.5. Distribuição esperada em pesquisas de qualidade, satisfação e fidelidade do cliente
(Johnson e Gustafsson, 2000)
3.5.2. Análise de regressão linear múltipla
A técnica para a análise dos dados, Regressão Linear Múltipla, foi escolhida pelo
fato de fornecer simplicidade, em comparação com as técnicas de Mínimos Quadrados
Parciais (PLS) ou Equações Estruturais (SEM – Structural Equation Model). De acordo
36
com Johnson & Gustafsson (2000, p. 196), a técnica de Regressão Múltipla tem um poder
explicativo de 75% em relação à técnica de Mínimos Quadrados Parciais; contudo, a
simplicidade de seu uso tanto na parte de manipulação das variáveis (permite uso direto)
como no requerimento de software faz com que a técnica de Regressão Múltipla seja
aceitável e prática para a aplicação deste estudo. Adicionalmente, os fatores/ construtos
que aparecem como significativos na Regressão Múltipla também são nas técnicas PLS e
SEM.
A análise de Regressão Linear Múltipla foi aplicada conforme o modelo da
pesquisa em duas fases, uma tendo como variáveis dependentes as variáveis de Satisfação
(com o Processo do Orçamento Participativo, com os Resultados do Orçamento
Participativo e com a Prefeitura) e outra com as variáveis de Fidelidade (Fidelidade com o
Orçamento Participativo, Recomendação e Disposição em Participar de Outras Iniciativas).
A análise é conduzida com métodos passo a passo para trás e para frente (backward
stepwise e forward stepwise). O método backward stepwise começa com todas as variáveis
do modelo e realiza exclusões sucessivas daquelas variáveis cujo peso contribui com pouca
significância para a definição da variável dependente. O método forward stepwise inicia-se
com nenhuma variável no modelo e realiza a inclusão sucessiva daquelas variáveis cujo
peso contribui com maior significância para a definição da variável dependente. A análise
passo a passo foi conduzida até alcançar um modelo apenas com variáveis significativos
para p < 0,05.
37
Capítulo 4
Resultados e Discussão
Este capítulo apresenta os resultados obtidos na pesquisa de campo. Os dados do
estudo foram agrupados e analisados de forma exploratória e descritiva, que consiste na
organização de tabelas, figuras e medidas que facilitam a compreensão das informações;
em seguida, estão descritos os resultados dos relacionamentos entre a satisfação dos
cidadãos com o OP e seus antecedentes.
Este capítulo está organizado nos seguintes tópicos: 1) Validação da pesquisa; 2)
Análise Descritiva; 3) Síntese da Análise Descritiva; 4) Análise de Regressão para
Satisfação e 5) Síntese da Análise Estatística.
4.1. Validação da Pesquisa
A análise preliminar da pesquisa consiste em validar a amostra e o instrumento de
pesquisa.
4.1.1. Validação da Amostra Obtida
A Figura 4.1. apresenta o perfil por gênero dos respondentes comparados ao RN e
ao Brasil. Pelos dados, verifica-se que a amostra dos respondentes é diferente da população
em termos de gênero. Esse resultado era esperado, pois a participação política no Brasil,
neste período, é caracteristicamente mais masculina que feminina.
38
46,7% 46,3%
66,7%
53,3% 53,7%
33,3%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
Brasil RN Pesquisa
M F
Figura 4.1. Distribuição dos Respondentes por Sexo, Brasil, RN e Pesquisa (Fonte Brasil e RN: IBGE,
PNAD2005)
A distribuição etária dos respondentes também é diferente da população na faixa
etária respectiva, como se pode ver na Figura 4.2. Há uma menor participação de pessoas
mais jovens e mais idosas na amostra do que na população. Esse resultado pode ser
considerado como adequado e esperado, dado que um dos principais fatores da
participação em atividades comunitárias é possuir família e filhos.
0,0%
2,0%
4,0%
6,0%
8,0%
10,0%
12,0%
14,0%
16,0%
18,0%
20,0%
18 a 25anos
25 a 29anos
30 a 34anos
35 a 39anos
40 a 44anos
45 a 49anos
50 a 54anos
55 a 59anos
60 a 64anos
65 a 69anos
70 anosou mais
RNPesquisa
Figura 4.2. Distribuição por Faixa Etária, Pesquisa e RN (IBGE, PNAD2005)
39
Na distribuição por renda, o perfil dos respondentes também é distinto da
população. Esse fato também condiz com o esperado, com ausência ou participação abaixo
da distribuição nas camadas de renda mais altas e mais baixas da população.
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
35,0%
Até 1 SM Mais de 1 a 2 SM Mais de 2 a 5 SM Mais de 5 a 10 SM Mais de 10 a 20 SM Mais de 20 SM
RNPesquisa
Figura 4.3. Distribuição por Faixa de Renda, Pesquisa e RN (IBGE, PNAD2005)
Em síntese, a amostra obtida quanto à distribuição de variáveis sociodemográficas
reflete um perfil diferente da população do RN e de Natal; todavia, parece refletir o perfil
da parcela da população que participa em processo do Orçamento Participativo. Pelo
exposto, a amostra é adequada aos propósitos da pesquisa em termos dos cidadãos
envolvidos no processo, mas não pode ser estendida para a população em geral.
4.1.2. Validação do Questionário
A validação do questionário (itens e escala) foi feita utilizando o teste de
confiabilidade de Chronbach com α > 0,700 (Tabela 4-1) e uma análise fatorial para
verificar a uniformidade das variáveis como pertencentes a um mesmo construto (Tabela 4-
2). Na análise fatorial, foi testada a condição de apenas um fator com autovalor > 1,000 e
carga fatorial > 0,700 para uma variável ser aceita como representada pelo fator. As
informações completas dessas análises estão no Anexo 2.
40
Tabela 4-1 Teste de Confiabilidade de Itens/ Escala
Grupo de itens/construtos Variáveis Variáveis Eliminadas
Alfa de Chronbach Avaliação
α > 0,70
Ambiente Físico A1, A2, A3 0,78 ok
Confiabilidade B1, B2,B3 0,73 ok
Responsividade C1, C2, C3 0,85 ok
Comunicação D1, D2, D3, D4 0,92 ok
Credibilidade E1, E2, E3 0,77 ok
Segurança F1, F2 (1) (1)
Competência G1, G2, G3 0,77 ok
Cortesia H1, H2, H3 0,94 ok
Conhecimento I1, I2 I3 0,81 ok
Acesso J1, J2, J3 0,77 ok
Impostos K1, K2 (1) (1)
Satisfação M1, M2, M3 0,83 ok
(1) Análise não realizada por número de variáveis reduzido.
Dessas duas análises combinadas, verifica-se que as variáveis B3 – Pontualidade do
Pessoal da Prefeitura, G3 – Treinamento fornecido pela Prefeitura e I3 – Conhecimento
dos problemas da comunidade pela Prefeitura não apresentaram a consistência ou a
confiabilidade necessária, deixando, assim, de serem utilizadas na análise. As informações
descritivas dessas variáveis, todavia, são apresentadas no Anexo 3.
Em síntese, as variáveis apresentadas na Tabela 4-2 com carga fatorial > 0,70,
assim como as escalas adotadas, foram consideradas satisfatórias para o presente estudo.
41
Tabela 4-2 Análise Fatorial dos Construtos
Grupos de Fatores/Construtos
Variáveis com Carga > 0,700
Variáveis com Carga < 0,700
Quantidade de Fatores com
Autovalor > 1,000
Autovalor % da Variância Explicada
Ambiente Físico A1, A2, A3 1 2,11 70,43
Confiabilidade B1, B2 B3 1 1,67 83,63
Responsividade C1, C2, C3 1 2,34 78,14
Comunicação D1, D2, D3, D4 1 3,24 81,13
Credibilidade E1, E2, E3 1 2,07 69,25
Segurança F1, F2 1 1,36 68,24
Competência G1, G2 G3 1 1,76 88,07
Cortesia H1, H2, H3 1 2,70 90,22
Conhecimento I1, I2 I3 1 1,68 84,15
Acesso J1, J2, J3 1 2,05 68,57
Impostos K1, K2 1 1,56 78,03
Satisfação M1, M2, M3 1 2,24 74,98
4.2. Análise Descritiva
A estatística descritiva foi utilizada para analisar as variáveis dependentes no
modelo (satisfação e fidelidade) e as variáveis independentes. Nesta seção, serão
apresentados alguns resultados das questões realizadas. Foram efetuadas 52 perguntas; no
entanto, apenas algumas serão demonstradas, e as demais podem ser observadas no Anexo
3.
4.2.1. Tangíveis: Ambiente Físico
No que diz respeito à dimensão, aqui caracterizada como o ambiente físico, com as
variáveis ‘instalações físicas’, ‘equipamentos utilizados’ e ‘conforto’, a distribuição da
avaliação dos respondentes é conforme a esperada (ver Figura 3.5.) ou um pouco melhor
(Anexo 1). As reuniões de mobilização sobre o Orçamento Participativo acontecem em
prédios Públicos Municipais e em Centros e Associações Comunitárias, ambientes
considerados adequados para a realização das reuniões. A Figura 4.4. ilustra uma das
variáveis estudadas.
42
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)A1 = 84*1*normal(x; 7,8571; 2,0367)
1%
4%
0%
2%
5%6%
11%
33%
14%
24%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
No
of o
bs
Figura 4.4. Instalações físicas do local das Reuniões
4.2.2. Confiabilidade
Com relação à dimensão Confiabilidade, houve diferença de avaliação dentre as
variáveis utilizadas. Enquanto a ‘pontualidade do pessoal da Prefeitura’ teve avaliação
acima do esperado (melhor), como se observa na Figura 4.5., as variáveis ‘cumprimento
dos prazos prometidos pela Prefeitura’ e ‘disposição para resolver problemas’
apresentaram uma avaliação abaixo do esperado (pior), sugerindo haver, nesses aspectos,
uma deficiência, como percebido pelos respondentes.
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)B3 = 84*1*normal(x; 8,2738; 2,136)
2% 2%
0% 0%
8%
4%2%
24%
21%
36%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
B3
0
5
10
15
20
25
30
35
No
of o
bs
Figura 4.5. Avaliação da Pontualidade do Pessoal da Prefeitura
43
A Figura 4.6. apresenta a distribuição de respostas da variável ‘cumprimento dos
prazos’. Observa-se também que, se retirado um grupo com uma avaliação muito negativa,
a distribuição restante é como a esperada.
Esse julgamento negativo feito pelos delegados pode ser justificado pela
experiência vivida por alguns deles em gestões anteriores.
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)B1 = 82*1*normal(x; 5,5488; 2,8595)
13%
10%
5% 5%
15%
4%
20%
13%
10%
6%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
B1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
No
of o
bs
Figura 4.6. Cumprimento dos prazos prometidos pela Prefeitura
4.2.3. Responsividade
Para a dimensão Responsividade, as variáveis utilizadas — ‘informação
disponível’, ‘pronta resposta’ e ‘interesse do pessoal da Prefeitura’ — apresentaram
avaliação conforme o esperado (normal) ou acima (melhor). A Figura 4.7. ilustra essa
dimensão com a variável ‘informação disponível’. As informações a respeito do
Orçamento Participativo são divulgadas através do site da SEMPLA
(www.natal.rn.gov.br/sempla) e de jornais e panfletos elaborados e divulgados pelo
Departamento de Gestão Participativa da SEMPLA, bem como por meio da mídia local.
44
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)C1 = 82*1*normal(x; 7,3049; 2,483)
6%
0%
4%
1%
10%11% 11%
22%
12%
23%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
C1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
No
of o
bs
Figura 4.7. Informação disponível sobre o processo por parte da Prefeitura
4.2.4. Comunicação
A dimensão Comunicação teve, em suas quatro variáveis (‘explicação do
processo’, ‘informação sobre o orçamento’, ‘explicação sobre conseqüências’ e
‘informação clara’), um desempenho acima do esperado (melhor). A Figura 4.8. apresenta
a distribuição da variável ‘informação clara sobre todo o processo’, a qual é similar às
restantes (ver Anexo 3).
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)D4 = 82*1*normal(x; 7,5488; 2,4902)
5%
2% 2% 2%
5%
7%
16%
12%
24%23%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
D4
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
No
of o
bs
Figura 4.8. Informação clara sobre todo o processo
4.2.5. Credibilidade
A dimensão Credibilidade apresentou variação de avaliação dentre as variáveis
adotadas — ‘grau de confiança com a Prefeitura’, ‘grau de confiança com o pessoal da
45
Prefeitura’ e ‘grau de certeza que as demandas serão atendidas’. Embora o ‘grau de
confiança com o pessoal da Prefeitura’ seja acima do esperado (melhor), como se observa
na Figura 4.9., a avaliação do ‘grau de confiança com a Prefeitura’ ou do ‘grau de certeza
que as demandas serão atendidas’ (Figura 4.10.) ficou abaixo do esperado, sugerindo
deficiências nesses aspectos, na percepção dos respondentes.
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)E2 = 83*1*normal(x; 7,8434; 2,3347)
4%
1% 1%
5%4%
8% 8%
20%
18%
30%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
E2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
No
of o
bs
Figura 4.9. Avaliação do Grau de Confiança com o Pessoal da Prefeitura
Esse resultado pode ser decorrente da introdução ainda recente do Orçamento
Participativo em Natal. Além disso, a efetiva realização das ações depende da
disponibilidade Orçamentária e Financeira do Município. Quando da conclusão do
Orçamento da Prefeitura, realiza-se reunião com os delegados para informar das
prioridades que foram por eles votadas e quais foram contempladas na referida peça.
46
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)E3 = 84*1*normal(x; 5,7976; 2,9607)
14%
7%
5%
4%
12%
10%
15% 15%
5%
13%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
E3
0
2
4
6
8
10
12
14
No
of o
bs
Figura 4.10. Certeza de que suas demandas serão atendidas
4.2.6. Segurança
Com relação à dimensão Segurança, houve uma diferença de percepção. Na
variável ‘risco das pessoas acharem que você faz o jogo da Prefeitura’, há uma avaliação
muito acima do esperado (Figura 4.11., que deve ser olhada ao contrário, dada a escala).
Todavia, a variável ‘possibilidade de direcionamento no processo pela Prefeitura’ tem
distribuição abaixo do esperado (Figura 4.12.).
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)F2 = 81*1*normal(x; 4,8148; 3,5606)
41%
1% 1%2%
5%
10%11%
5%
11%12%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
F2
0
5
10
15
20
25
30
35
No
of o
bs
Escala:
1: Nenhum
10: Total
Figura 4.11. Risco das pessoas acharem que você faz o jogo da Prefeitura
47
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)F1 = 80*1*normal(x; 6,25; 2,6743)
8%
5%
6%
3%
14%
18%
13%
10%
13% 13%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
F1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
No
of o
bs
Escala:
1: Nenhum
10: Total
Figura 4.12. Possibilidade de Direcionamento no Processo pela Prefeitura
4.2.7. Competência
A dimensão Competência foi analisada com três variáveis — ‘competência do
pessoal da Prefeitura’, ‘apoio técnico da Prefeitura’ e ‘treinamento fornecido pela
Prefeitura’. À exceção do ‘treinamento fornecido’, que teve avaliação abaixo do esperado,
as variáveis tiveram uma avaliação um pouco acima do esperado, como se pode ver na
Figura 4.13.
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)G1 = 82*1*normal(x; 7,3293; 2,5046)
4%
6%
1%
5%4%
5%
11%
33%
11%
21%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
G1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
No
of o
bs
Figura 4.13. Competência do pessoal da Prefeitura
No caso do ‘treinamento fornecido’, parece haver um grupo de respondentes com
clara insatisfação, os quais, se separados da análise, fariam a variável ter um desempenho
também acima do esperado. Esse aspecto sugere que o treinamento pode não estar
48
atendendo um determinado perfil de participantes do Orçamento Participativo, como se
pode ver na Figura 4.14.
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)G3 = 70*1*normal(x; 6,2857; 2,8799)
14%
1% 1%
6%
11%
10%
17% 17%
4%
17%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
G3
0
2
4
6
8
10
12
14
No
of o
bs
Figura 4.14. Treinamento Fornecido pela Prefeitura
4.2.8. Cortesia e Relacionamento
Na dimensão Cortesia e Relacionamento, as variáveis utilizadas (‘respeito pelo
pessoal da Prefeitura’, ‘postura amigável do pessoal da Prefeitura’ e ‘consideração do
pessoal da Prefeitura’) tiveram desempenho acima do esperado, com o perfil da
distribuição similar ao apresentado na Figura 4.15.
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)H1 = 83*1*normal(x; 8,2048; 2,3152)
4%
1%
4%
0%
2%
6% 6%
18%
22%
37%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
H1
0
5
10
15
20
25
30
35
No
of o
bs
Figura 4.15. Respeito do pessoal da Prefeitura a você
49
4.2.9. Conhecimento dos problemas
Com relação à dimensão Conhecimento dos Cidadãos (clientes), as variáveis
utilizadas — ‘esforço da Prefeitura em entender os problemas da comunidade’, ‘atenção
individual da Prefeitura à sua comunidade’ e ‘conhecimento dos problemas da sua
comunidade pela Prefeitura’ — tiveram respostas distintas. A perspectiva de ‘esforço da
Prefeitura em entender os problemas’ foi percebida como abaixo do esperado (Figura
4.16.), mas o ‘conhecimento dos problemas pela Prefeitura’ foi considerado satisfatório
(Figura 4.17.).
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)I1 = 84*1*normal(x; 6,4643; 2,6455)
7%
4%
7%
1%
13%
14%
12%
17%
12%
13%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
I1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
No
of o
bs
Figura 4.16. Esforço da Prefeitura em entender os problemas de sua comunidade
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)I3 = 84*1*normal(x; 6,9881; 2,4617)
5%
0%
2%
6%
17%
12%13%
14%
7%
24%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
I3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
No
of o
bs
Figura 4.17. Conhecimento dos problemas da sua comunidade pela Prefeitura
50
Já o ‘atendimento individual’ foi claramente deficiente (Figura 4.18.). Esse
resultado, associado à avaliação do ‘esforço da Prefeitura’, sugere haver uma demanda dos
participantes por maior atenção ou presença na comunidade.
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)I2 = 84*1*normal(x; 5,5714; 2,4851)
8% 8%
6%
5%
19%
15%
12%
15%
7%
4%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
I2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
No
of o
bs
Figura 4.18. Atenção individual da Prefeitura à sua Comunidade
4.2.10. Acesso
A dimensão Acesso foi mensurada através das variáveis ‘facilidade de acesso ao
local’, ‘tempo de espera até começar as atividades’ e ‘horário das reuniões’. Todas as
variáveis tiveram avaliação superior ao esperado. A Figura 4.19. apresenta a distribuição
da avaliação do ‘horário das reuniões’, similar às outras duas. Comumente, as reuniões
ocorrem às 19h, em função da disponibilidade dos horários dos delegados.
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)J3 = 84*1*normal(x; 8,0238; 2,1396)
1%2%
4%
1%
4% 4%
11%
31%
10%
33%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
J3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
No
of o
bs
Figura 4.19. Horário das reuniões
51
4.2.11. Impostos
A variável Impostos foi introduzida no modelo adicionalmente às dimensões da
qualidade como um paralelo ao preço no caso dos modelos de satisfação do cliente. O
resultado da avaliação dos respondentes é apresentado na Figura 4.20., que sugere
claramente uma avaliação deficiente (um resultado normal seria simétrico, com média em
torno de 5 a 6). De fato, mais de 40% dos entrevistados consideram que pagam impostos
muito altos.
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)K1 = 81*1*normal(x; 7,642; 2,2875)
2%1%
4%
16%
10%
12%11%
6%
37%
2 3 4 5 6 7 8 9 10
K1
0
5
10
15
20
25
30
35
No
of o
bs
Escala:
1: Muito pouco
5/6: Justo
10: Muito alto
Figura 4.20. O quanto de impostos você paga
4.2.12. Tratamento de Problemas
O fator incluído no modelo relacionado à gestão dos problemas apresentou uma
avaliação abaixo do esperado, como se observa na figura 4.21. Embora esse fator tenha
essa avaliação, deve-se observar também a sua baixa incidência, dado que apenas cerca de
16% dos respondentes manifestaram ter tido algum problema no processo. Essa quantidade
impediu a consideração prática desse fator no modelo explicativo, quando da análise de
Regressão Múltipla que se verá a seguir. Todavia, o resultado da avaliação aponta para a
necessidade de melhorar o processo de gerenciar problemas.
52
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)L1 = 14*1*normal(x; 4; 2,9613)
43%
0% 0%
14%
7%
0%
21%
14%
1 2 3 4 5 6 7 8
L1
0
1
2
3
4
5
6
7
No
of o
bs
Figura 4.21. A forma como o problema foi tratado pela Prefeitura
4.2.13. Satisfação
A satisfação foi medida em três perspectivas — ‘satisfação com o processo do OP’,
‘satisfação com os resultados do OP’ e ‘satisfação com a Prefeitura’.
A avaliação da ‘satisfação com o processo do OP’ (Figura 4.22.) sugere a existência
de um grupo de 16% a 20% dos respondentes muito satisfeitos e outro com satisfação
normal (conforme o esperado). Em seu conjunto, a avaliação da ‘satisfação com o processo
do OP’ teve resultado acima do esperado, ou seja, gerando satisfação acima das
expectativas.
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)
6%
0%
4%
1%
12%
4%
19%
23%
8%
24%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
M1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
No
of o
bs
Figura 4.22. Satisfação com Todo o Processo do Orçamento Participativo
53
Já a avaliação da ‘satisfação com os resultados do OP’ (Figura 4.23.) sugere a
formação de dois grupos: um com cerca de 13 a 20% dos respondentes com clara
insatisfação e outro com um resultado de satisfação como esperado, ou seja, satisfeito.
Histogram (Tabulação Questionário do OP.sta 54v*84c)M2 = 83*1*normal(x; 5,8313; 2,8832)
13%
5%
7%
5%
12%
8%
17%
13%
8%
11%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
M2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
No
of o
bs
Figura 4.23. Com os resultados do Orçamento Participativo
A análise em conjunto da ‘satisfação com o processo’ e ‘com os resultados’ sugere
que os resultados estão aquém do esperado pelos participantes, em decorrência do processo
por eles vivenciado.
A avaliação da ‘satisfação com a Prefeitura’ (Figura 4.24.), proponente e executora
do OP, reflete um quadro positivo, um pouco acima do esperado, para a maior parte dos
respondentes, mas deficiente para cerca de 10% dos respondentes.
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)M3 = 84*1*normal(x; 6,5119; 2,877)
10%
5% 5%
4%
12%
7%
11%
19%
12%
17%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
M3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
No
of o
bs
Figura 4.24. Satisfação com a Prefeitura
54
4.3. Síntese da Análise Descritiva
A análise descritiva mostrou uma diversidade nas avaliações, com dimensões e
variáveis (fatores) avaliadas tanto abaixo do esperado quanto esperado e acima. A tabela 4-
3 sintetiza o resultado para o conjunto de variáveis analisadas.
Tabela 4-3 Síntese da Avaliação sobre as Dimensões da Qualidade
Dimensão Variável Avaliação
Abaixo Esperado Acima
Tangíveis Instalações físicas Equipamentos Conforto
x x x
Confiabilidade Cumprimento de prazos Disposição para resolver problemas Pontualidade
x x
x
Responsividade Informação disponível Pronta resposta Interesse do pessoal da Prefeitura
x
x
x
Comunicação
Explicação do processo Informação sobre o orçamento Explicação das conseqüências do OP Informação clara sobre o processo
x x x x
Credibilidade Grau de confiança na Prefeitura Grau de confiança no pessoal Grau de certeza do atendimento x
x x
Segurança Possibilidade de direcionamento Risco de ser considerado comprometido
x x
Competência Competência do pessoal da Prefeitura Apoio técnico Treinamento fornecido x
x x
Cortesia Respeito Postura amigável Consideração pelo cliente
x x x
Conhecimento da População
Esforçar-se por entender a população Atenção individualizada Conhecer problemas específicos da população
x x
x
Acesso Facilidade de acesso ao local Tempo de espera Horário conveniente
x x x
55
4.4. Análise de Regressão para Satisfação
4.4.1. Fatores da Satisfação ao Processo do Orçamento Participativo
A Tabela 4-4 apresenta os resultados da regressão para ‘Satisfação com o
Processo do Orçamento Participativo’. O modelo resultante possui alta explicabilidade,
com as variáveis independentes explicando 76,43% da variação da ‘Satisfação com o
Processo do Orçamento Participativo’. Das variáveis independentes, cinco foram
significativas para compor o modelo: ‘Informação clara sobre todo o Processo’ (D4);
‘Disponibilidade de Informação sobre o Orçamento’ (D2); ‘Possibilidade de
Direcionamento no Processo pela Prefeitura’ (F1); ‘Respeito do pessoal da Prefeitura’ (H1)
e ‘Consideração do pessoal da Prefeitura’ (H3).
Tabela 4-4 Regressão para Satisfação com o Processo do Orçamento Participativo
Método Passo a Passo
Forward Backward
n 63 63
p < 0,0001 < 0,0001
R 0,8807 0,8910
R2 ajustado 0,7643 0,7797
Fatores/Variáveis no modelo beta p beta p
D4 – Informação sobre o processo 0,512 *** 0,296 0,011 Comunicação
D2 – Informação sobre o orçamento 0,317 *
Segurança F1 – Possibilidade de direcionamento 0,266 ** 0,262 **
H1 – Respeito 0,260 * Cortesia
H3 – Consideração 0,188 0,014 * < 0,01 ** < 0,001 *** < 0,0001
Analisando-se a multicolinearidade para a Regressão de ‘Satisfação com o Processo
do Orçamento Participativo’, observa-se que as variáveis descritas anteriormente possuem
forte correlação com as variáveis descritas a seguir (Tabela 4-5).
56
Tabela 4-5 Matriz de Correlação para Análise de Multicolinearidade (r > 0,69)
C1 C2 C3 D2 D3 D4 G2 H1 H2 H3
D2 0,7506 1,0000 0,8539 0,8227 0,7404
D4 0,8227 0,8092 1,0000 0,7244
F1 0,7270
H1 0,6961 0,8323 0,9224
H3 0,9224 0,8468
Na figura 4.25., são apresentadas graficamente as inter-relações entre a variável
dependente ‘Satisfação com o Processo do Orçamento Participativo’ e os construtos das
‘dimensões de qualidade’ significativos que compõem o modelo e as suas correlações.
Figura 4.25. Regressão para Satisfação com o Processo do Orçamento Participativo
57
4.4.2. Fatores da Satisfação com os Resultados do Orçamento Participativo
A Tabela 4-6 mostra o resultado da Regressão Múltipla para ‘Satisfação com os
Resultados do Orçamento Participativo’. As variáveis independentes selecionadas para
entrarem no modelo explicam 71,10% da variação na ‘Satisfação com os resultados do
Orçamento Participativo’. As variáveis significativas para compor o modelo foram
‘Confiança na Prefeitura como um todo’ (E1); ‘Certeza de que suas demandas serão
atendidas’ (E3); ‘Disposição para resolver os problemas por parte da Prefeitura’ (B2);
‘Possibilidade de direcionamento no processo pela Prefeitura’ (F1) e ‘Impostos pagos’
(K1).
Tabela 4-6 Regressão para Satisfação com o Resultado do Orçamento Participativo
Método Passo a Passo
Forward Backward
n 63 63
p < 0,0001 < 0,0001
R 0,8514 0,8378
R2 ajustado 0,7110 0,6868
Variáveis no modelo beta p beta p
E1 – Confiança na Prefeitura 0,481 *** 0,548 ***Credibilidade
E3 – Certeza do atendimento das demandas 0,189 0,045
Confiabilidade B2 – Disposição para resolver problemas 0,314 *
Segurança F1 – Possibilidade de direcionamento 0,321 **
Impostos K1 – Impostos pagos -0,180 0,018 * < 0,01 ** < 0,001 *** < 0,0001
Na figura 4.26., são apresentadas as inter-relações entre a variável dependente
‘Satisfação com os resultados do Orçamento Participativo’ e os construtos significativos
das ‘dimensões da qualidade’ que compõe o modelo e as suas correlações.
58
Figura 4.26. Regressão para Satisfação com os Resultados do Orçamento Participativo
4.4.3. Fatores da Satisfação com a Prefeitura
A tabela 4-7 mostra o resultado da análise de regressão. As variáveis independentes
selecionadas para entrarem no modelo explicam 71,57% da variação na ‘Satisfação com a
Prefeitura’. As variáveis significativas para compor o modelo foram ‘Grau de confiança na
Prefeitura como um todo’ (E1); ‘Disposição para resolver problemas por parte da
Prefeitura’ (B2); ‘esforço da Prefeitura em entender os problemas da comunidade’ (I1);
‘Satisfação com os resultados do Orçamento Participativo’ e ‘Postura amigável do pessoal
da Prefeitura’ (H2). A Figura 4.27. apresenta essas relações, incluindo as dimensões que
possuem colinearidade com as dimensões significativas.
59
Tabela 4-7 Análise de Regressão para Satisfação com a Prefeitura
Análises e Métodos
Sem SAT_OP Com SAT_OP
for/backward forward backward
n 68 68 68
p <0,0001 <0,0001 <0,0001
R 0,8535 0,8646 0,8632
R2 ajustado 0,7157 0,7358 0,7333
beta p beta p beta p
E1 - Confiança na Prefeitura 0,530 *** 0,366 ** 0,386 **
B2 – Disposição para resolver problemas 0,279 ***
I1 – Esforço da Prefeitura 0,187 0,025 0,188 0,02
M2 – Satisfação com os resultados 0,419 *** 0,455 ***
H2 – Postura amigável 0,155 0,02* < 0,01 ** < 0,001 *** < 0,0001
Figura 4.27. Dimensões da Qualidade e Satisfação com a Prefeitura
60
4.5. Síntese da Análise Estatística
A tabela 4-8 apresenta uma síntese das dimensões que apareceram como
significativas nas três análises de satisfação: ‘com o processo do OP’, ‘com os resultados
do OP’ e ‘com a Prefeitura’.
Percebe-se que os fatores mais tangíveis, como ambiente físico e acesso, não
apareceram como significativos.
Tabela 4-8 Tabela Dimensões da Qualidade e Satisfação com o OP (considerando colinearidade r ≥ 0,7)
Dimensões da Qualidade no Modelo
Satisfação com o Processo do OP
Satisfação com os Resultados do OP
Satisfação com a Prefeitura
A –Tangíveis
B – Confiabilidade x x
C – Responsividade x x x
D – Comunicação x
E – Credibilidade x x
F – Segurança x x
G – Competência
H – Cortesia x x
I – Conhecimento do Cliente x x
J – Acesso
Outros Fatores
Impostos x
Gestão de Problemas
61
Figura 4.28. Dimensões da Qualidade e Satisfação com OP
A elaboração do Orçamento Participativo foi realizada pela equipe do
Departamento de Gestão Participativa da SEMPLA. A equipe que elaborou o Orçamento
Participativo deslocou-se até as cidades de Aracaju, Recife, Fortaleza e João Pessoa para
conhecer in loco a metodologia de elaboração, organização e execução do Orçamento
Participativo. As experiências dessas cidades contribuíram para um planejamento eficaz na
implantação do Orçamento Participativo na Prefeitura do Natal.
62
Capítulo 5
Conclusões e Recomendações
Este capítulo apresenta uma análise crítica da Tese, assim como as principais
implicações teóricas e práticas do estudo, além das conclusões.
O capítulo está estruturado em oito partes: principais resultados da pesquisa, análise
crítica dos objetivos, implicações teóricas, implicações gerenciais, limitações da pesquisa,
direções de pesquisa, recomendações e conclusões.
5.1. Principais Resultados da Pesquisa
Os principais resultados do estudo apontam que o modelo da pesquisa, baseado em
modelo de satisfação de clientes usado em diversos setores de negócio, possui alta
capacidade de explicar a satisfação dos cidadãos com o Orçamento Participativo, tanto
com o processo como com os resultados e com a Prefeitura, condutora do processo.
Adicionalmente, os resultados sugerem que diferentes perspectivas de satisfação
(processo, resultados e condução) produzem diferentes modelos explicativos, com
diferentes conjuntos de dimensões afetando a satisfação.
O fator ‘Impostos’, introduzido adicionalmente às dimensões da qualidade,
aumenta o poder explicativo de um modelo apenas baseado em qualidade de serviços.
Por fim, os resultados reforçam o entendimento de que a qualidade é o principal
fator a afetar a satisfação também na Gestão Pública.
5.2. Análise Crítica Quanto ao Objetivo
Considerando-se o objetivo de investigar as dimensões da qualidade e a sua relação
com a satisfação dos cidadãos no processo de Gestão Pública denominado Orçamento
Participativo, a revisão teórica realizada, os métodos e os resultados encontrados,
considera-se que o objetivo foi alcançado.
63
5.3. Implicações Teóricas
As principais implicações teóricas deste estudo são as seguintes:
• os conceitos, teorias e modelos de qualidade e satisfação do cliente em
serviços podem ser usados também na Gestão Pública com cidadãos;
• as dimensões adotadas do modelo original do SERVQUAL, com algumas
exceções, ajustaram-se bem à análise;
• o modelo resultante pode ser uma base para avaliação e monitoramento de
satisfação de cidadãos com a Gestão Pública e
• os resultados reforçam a teoria que define a qualidade como o principal
fator a afetar a satisfação.
5.4. Implicações Gerenciais
O estudo fornece alguns elementos importantes para a prática na Gestão Pública em
relação à satisfação de cidadãos com processos e práticas adotadas. Os resultados do
trabalho sugerem que diferentes dimensões do processo de Gestão Pública afetam
diferentes perspectivas de satisfação. Durante a avaliação da satisfação com resultados, o
fator adicional ‘Impostos’ apareceu, por exemplo, como fator a afetar negativamente a
satisfação (quanto mais se acha que se pagam altos impostos, menor é a satisfação).
A análise descritiva aponta as dimensões em que podem estar acontecendo excessos
de aplicação de recursos e em que pontos são necessárias melhorias. Essa análise também
mostra que certas dimensões devem ser atendidas dentro do esperado, mas que não têm
impacto na satisfação.
Por fim, a medição e a avaliação da percepção de qualidade e satisfação são
dinâmicas, havendo mudanças permanentes, que requerem o contínuo ajuste de modelos
explicativos.
5.5. Limitações da Pesquisa
As principais limitações do trabalho decorrem de aspectos do momento da pesquisa
e da amostra.
Em termos de momento, a pesquisa foi realizada apenas num momento e não
permite uma análise longitudinal, que poderia captar a experiência acumulada com o
Orçamento Participativo.
64
Em termos de amostra, trata-se de apenas uma cidade e de uma amostra de 84
participantes, o que sugere que uma amostra maior poderia apontar outras dimensões que
não entraram nos modelos encontrados.
5.6. Direções da Pesquisa
Alguns aspectos e questões não puderam ser tratados nesta pesquisa para que não se
fugisse dos objetivos delineados. Assim, são apresentadas sugestões para estudos
posteriores:
• realizar estudos similares noutras cidades;
• aprimorar o modelo explicativo;
• realizar estudos longitudinais (ao longo do tempo), para acompanhar evoluções
e mudanças e
• realizar estudos incluindo fatores e construtos relacionados à fidelidade
(continuar participando, recomendar a participação, participar de outras
iniciativas da Gestão Pública).
5.7. Recomendações
A partir dos resultados obtidos, recomenda-se à Prefeitura de Natal:
• implementar sistemática de medição e monitoramento da avaliação da
qualidade em suas várias dimensões e da satisfação dos cidadãos;
• realizar melhorias nas dimensões consideradas deficientes (abaixo do esperado)
e
• expandir os estudos de satisfação semelhantes a este a outras áreas da Gestão
Municipal.
5.8. Conclusão
As conclusões centrais situam-se nas dimensões principais deste trabalho:
dimensões da qualidade, satisfação dos cidadãos e avaliação da participação na Gestão
Pública.
65
Em relação às dimensões da qualidade, as dimensões adotadas, baseadas no modelo
original do SERVQUAL, tiveram alto grau de ajuste e explicabilidade da satisfação dos
cidadãos.
Em termos de satisfação, diferentes perspectivas da satisfação do cidadão — ‘com
o processo participativo’, ‘com os resultados do processo’ e ‘com a condução do processo’
— possuem diferentes fatores explicativos.
Finalmente, a medição da percepção dos cidadãos com dimensões da qualidade do
OP e com a sua satisfação com o OP deveria ser uma prática esperada, na medida em que
esse método (medição da satisfação de clientes) tem comprovada capacidade de contribuir
para a manutenção e melhoria contínua da qualidade e satisfação dos clientes, que, no caso
da Gestão Pública, são cidadãos contribuintes.
66
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71
Anexos
72
Anexo 1 – Questionário da
Pesquisa
73
74
Anexo 2 – Análise de
Confiabilidade e Fatorial
Análise de Confiabilidade – Alfa de Cronbach
Summary for scale: Mean=23,0843 Std.Dv.=5,38110Cronbach alpha: ,781967 Standardized alpha: ---Average inter-item corr.: 0,00000
variableMean ifdeleted
Var. ifdeleted
StDv. ifdeleted
Itm-TotlCorrel.
Alpha ifdeleted
A1
A2
A3
15,20482 13,12672 3,623082 0,774680 0,53915715,37349 14,93279 3,864297 0,509753 0,82599715,59036 14,24184 3,773836 0,595729 0,731287
Summary for scale: Mean=19,1951 Std.Dv.=6,39915Cronbach alpha: ,738077 Standardized alpha: ---Average inter-item corr.: 0,00000
variableMean ifdeleted
Var. ifdeleted
StDv. ifdeleted
Itm-TotlCorrel.
Alpha ifdeleted
B1
B2
B3
13,64634 16,81395 4,100482 0,667562 0,51676613,78049 17,41523 4,173156 0,643014 0,55060610,96341 26,76695 5,173679 0,414335 0,804307
Summary for scale: Mean=20,8590 Std.Dv.=7,10720Cronbach alpha: ,858170 Standardized alpha: ---Average inter-item corr.: 0,00000
variableMean ifdeleted
Var. ifdeleted
StDv. ifdeleted
Itm-TotlCorrel.
Alpha ifdeleted
C1
C2
C3
13,56410 24,60486 4,960329 0,768149 0,77236514,28205 23,38198 4,835492 0,714503 0,81872113,87179 23,21433 4,818125 0,719091 0,814551
Summary for scale: Mean=29,0625 Std.Dv.=9,73490Cronbach alpha: ,921867 Standardized alpha: ---Average inter-item corr.: 0,00000
variableMean ifdeleted
Var. ifdeleted
StDv. ifdeleted
Itm-TotlCorrel.
Alpha ifdeleted
D1
D2
D3
D4
21,65000 57,62750 7,591278 0,768015 0,91531821,81250 49,72734 7,051762 0,864567 0,88336722,21250 51,76734 7,194952 0,850185 0,88781821,51250 56,92485 7,544856 0,804037 0,904285
Summary for scale: Mean=20,2892 Std.Dv.=6,69279Cronbach alpha: ,774788 Standardized alpha: ---Average inter-item corr.: 0,00000
variableMean ifdeleted
Var. ifdeleted
StDv. ifdeleted
Itm-TotlCorrel.
Alpha ifdeleted
E1
E2
E3
13,61446 21,05618 4,588701 0,640813 0,66151012,44578 25,45188 5,044986 0,573008 0,74190414,51807 19,14124 4,375070 0,635417 0,674179
75
Summary for scale: Mean=20,6324 Std.Dv.=6,85000Cronbach alpha: ,778814 Standardized alpha: ---Average inter-item corr.: 0,00000
variableMean ifdeleted
Var. ifdeleted
StDv. ifdeleted
Itm-TotlCorrel.
Alpha ifdeleted
G1
G2
G3
13,48529 23,24978 4,821803 0,638254 0,67805813,39706 20,47470 4,524898 0,783080 0,51282814,38235 24,73616 4,973546 0,456499 0,879035
Summary for scale: Mean=24,4268 Std.Dv.=6,62027Cronbach alpha: ,943649 Standardized alpha: ---Average inter-item corr.: 0,00000
variableMean ifdeleted
Var. ifdeleted
StDv. ifdeleted
Itm-TotlCorrel.
Alpha ifdeleted
H1
H2
H3
16,21951 20,00059 4,472202 0,866064 0,93022216,14634 21,66151 4,654193 0,879316 0,92563116,48780 17,68888 4,205814 0,917136 0,894131
Summary for scale: Mean=19,0238 Std.Dv.=5,70135Cronbach alpha: ,612409 Standardized alpha: ---Average inter-item corr.: 0,00000
variableMean ifdeleted
Var. ifdeleted
StDv. ifdeleted
Itm-TotlCorrel.
Alpha ifdeleted
I1
I2
I3
12,55952 13,79408 3,714038 0,584068 0,24707413,45238 15,43821 3,929149 0,544938 0,32838812,03571 21,89158 4,678844 0,185119 0,810736
Summary for scale: Mean=22,9762 Std.Dv.=5,97782Cronbach alpha: ,770759 Standardized alpha: ---Average inter-item corr.: 0,00000
variableMean ifdeleted
Var. ifdeleted
StDv. ifdeleted
Itm-TotlCorrel.
Alpha ifdeleted
J1
J2
J3
15,60714 13,78614 3,712969 0,732358 0,53481415,39286 17,66709 4,203224 0,607793 0,68802114,95238 21,02154 4,584926 0,500666 0,797179
Summary for scale: Mean=19,6145 Std.Dv.=7,14114Cronbach alpha: ,832611 Standardized alpha: ---Average inter-item corr.: 0,00000
variableMean ifdeleted
Var. ifdeleted
StDv. ifdeleted
Itm-TotlCorrel.
Alpha ifdeleted
M1
M2
M3
12,34940 28,51648 5,340082 0,612722 0,84373613,78313 21,85658 4,675102 0,758057 0,70029913,09639 22,42444 4,735445 0,722528 0,738675
76
Análise Fatorial
Grupos de Fatores/Construtos
Variáveis com Carga > 0,700
Variáveis com Carga < 0,700
Quantidade de Fatores com Autovalor > 1,000
Autovalor % da Variância Explicada
Ambiente Físico A1, A2, A3 1 2,11 70,43 Confiabilidade B1, B2 B3 1 1,67 83,63 Responsividade C1, C2, C3 1 2,34 78,14 Comunicação D1, D2, D3, D4 1 3,24 81,13 Credibilidade E1, E2, E3 1 2,07 69,25 Segurança F1, F2 1 1,36 68,24 Competência G1, G2 G3 1 1,76 88,07 Cortesia H1, H2, H3 1 2,70 90,22 Conhecimento I1, I2 I3 1 1,68 84,15 Acesso J1, J2, J3 1 2,05 68,57 Impostos K1, K2 1 1,56 78,03 Satisfação M1, M2, M3 1 2,24 74,98
77
Factor LoadExtraction: P(Marked loa
VariableFactor
1A1
A2
A3
Expl.VarPrp.Totl
-0,920712-0,755275-0,8336462,1131170,704372
Factor LoaExtraction:(Marked lo
VariableFactor
1B1
B2
B3
Expl.VarPrp.Totl
0,8752260,8612700,6791271,9690210,656340
Factor LoaExtraction:(Marked lo
VariableFactor
1B1
B2
Expl.VarPrp.Totl
0,9145220,9145221,6727000,836350
Factor LoadExtraction: P(Marked loa
VariableFactor
1C1
C2
C3
Expl.VarPrp.Totl
-0,902238-0,873286-0,8761232,3442550,781418
Factor LoadExtraction: (Marked loa
VariableFactor
1D1
D2
D3
D4
Expl.VarPrp.Totl
-0,865727-0,927299-0,918569-0,8900053,2452430,811311
Factor LoadExtraction: P(Marked loa
VariableFactor
1E1
E2
E3
Expl.VarPrp.Totl
-0,847629-0,803355-0,8448072,0775550,692518
Factor LoaExtraction:(Marked lo
VariableFactor
1F1
F2
Expl.VarPrp.Totl
0,8261190,8261191,3649440,682472
Factor LoaExtraction:(Marked lo
VariableFactor
1G1
G2
G3
Expl.VarPrp.Totl
0,8709950,9329190,6994992,1182700,706090
Factor LoaExtraction:(Marked lo
VariableFactor
1G1
G2
Expl.VarPrp.Totl
0,9385000,9385001,7615650,880783
Factor LoadExtraction: P(Marked loa
VariableFactor
1H1
H2
H3
Expl.VarPrp.Totl
-0,938738-0,945892-0,9647312,7066470,902216
Factor LoaExtraction:(Marked lo
VariableFactor
1I1
I2
I3
Expl.VarPrp.Totl
0,9019360,8864350,3989711,7584340,586145
Factor LoaExtraction:(Marked lo
VariableFactor
1I1
I2
Expl.VarPrp.Totl
0,9173460,9173461,6830470,841524
Factor LoaExtraction:(Marked lo
VariableFactor
1J1
J2
J3
Expl.VarPrp.Totl
0,9022770,8285120,7462312,0573960,685799
Factor LoaExtraction:(Marked lo
VariableFactor
1K1
K2
Expl.VarPrp.Totl
0,8833660,8833661,5606710,780335
Factor LoadExtraction: P(Marked loa
VariableFactor
1M1
M2
M3
Expl.VarPrp.Totl
-0,813117-0,900834-0,8814822,2496710,749890
78
Anexo 3 – Estatística
Descritiva
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)
74%
26%
1 2
1,000000
0
10
20
30
40
50
60
70
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)A1 = 84*1*normal(x; 7,8571; 2,0367)
1%
4%
0%
2%
5%6%
11%
33%
14%
24%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
No
of o
bsHistogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)
A2 = 83*1*normal(x; 7,7108; 2,2335)
4%
1% 1%0%
8% 8%
17%
19%
13%
28%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)A3 = 84*1*normal(x; 7,4762; 2,1648)
1%2% 2%
1%
11%12%
18%
14%15%
23%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)B1 = 82*1*normal(x; 5,5488; 2,8595)
13%
10%
5% 5%
15%
4%
20%
13%
10%
6%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
B1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)B2 = 84*1*normal(x; 5,4762; 2,8262)
18%
6%
4%2%
14%
8%
21%
14%
7%
5%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
B2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
No
of o
bs
79
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)B3 = 84*1*normal(x; 8,2738; 2,136)
2% 2%
0% 0%
8%
4%2%
24%
21%
36%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
B3
0
5
10
15
20
25
30
35
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)C1 = 82*1*normal(x; 7,3049; 2,483)
6%
0%
4%
1%
10%11% 11%
22%
12%
23%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
C1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)C2 = 79*1*normal(x; 6,557; 2,7491)
9%
5%
3% 3%
10%
11%
20%
11% 11%
16%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
C2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)C3 = 83*1*normal(x; 6,9759; 2,7717)
10%
2%
4%
1%
5%
11%
16%
17%
16%
19%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
C3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)D1 = 81*1*normal(x; 7,3827; 2,5474)
6%
2%1%
2%
7%6%
15%
22%
12%
25%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
D1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)D2 = 83*1*normal(x; 7,1807; 2,8972)
8%
5%4%
1%
6%5%
8%
24%
12%
27%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
D2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)D3 = 82*1*normal(x; 6,878; 2,7773)
11%
1%
4%
1%
6%
11%
13%
21%
15%
17%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
D3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)D4 = 82*1*normal(x; 7,5488; 2,4902)
5%
2% 2% 2%
5%
7%
16%
12%
24%23%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
D4
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
No
of o
bs
80
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)E1 = 84*1*normal(x; 6,6786; 2,7028)
7%
2%
4%
7%
13%
11% 11%
13%
14%
18%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
E1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)E2 = 83*1*normal(x; 7,8434; 2,3347)
4%
1% 1%
5%4%
8% 8%
20%
18%
30%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
E2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)E3 = 84*1*normal(x; 5,7976; 2,9607)
14%
7%
5%
4%
12%
10%
15% 15%
5%
13%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
E3
0
2
4
6
8
10
12
14
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)F1 = 80*1*normal(x; 6,25; 2,6743)
8%
5%
6%
3%
14%
18%
13%
10%
13% 13%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
F1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)F2 = 81*1*normal(x; 4,8148; 3,5606)
41%
1% 1%2%
5%
10%11%
5%
11%12%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
F2
0
5
10
15
20
25
30
35
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)G1 = 82*1*normal(x; 7,3293; 2,5046)
4%
6%
1%
5%4%
5%
11%
33%
11%
21%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
G1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)G2 = 83*1*normal(x; 7,3855; 2,5985)
7%
2% 2% 2%4%
5%
12%
29%
14%
22%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
G2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)G3 = 70*1*normal(x; 6,2857; 2,8799)
14%
1% 1%
6%
11%
10%
17% 17%
4%
17%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
G3
0
2
4
6
8
10
12
14
No
of o
bs
81
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)H1 = 83*1*normal(x; 8,2048; 2,3152)
4%
1%
4%
0%
2%
6% 6%
18%
22%
37%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
H1
0
5
10
15
20
25
30
35
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)H2 = 83*1*normal(x; 8,3012; 2,1111)
2%
0%
4%2%
1%
4%
10%
18%
23%
36%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
H2
0
5
10
15
20
25
30
35
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)H3 = 83*1*normal(x; 7,9639; 2,5155)
5%
1% 1%
5% 5%6%
5%
14%
22%
36%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
H3
0
5
10
15
20
25
30
35
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)I1 = 84*1*normal(x; 6,4643; 2,6455)
7%
4%
7%
1%
13%
14%
12%
17%
12%
13%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
I1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)I2 = 84*1*normal(x; 5,5714; 2,4851)
8% 8%
6%
5%
19%
15%
12%
15%
7%
4%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
I2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)I3 = 84*1*normal(x; 6,9881; 2,4617)
5%
0%
2%
6%
17%
12%13%
14%
7%
24%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
I3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)J1 = 84*1*normal(x; 7,369; 2,6742)
6%
2%1%
5%
10%
7%
12%
17%
8%
32%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
J1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)J2 = 84*1*normal(x; 7,5833; 2,3756)
1%
5%4%
2%
7%6%
12%
20%
18%
25%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
J2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
No
of o
bs
82
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)J3 = 84*1*normal(x; 8,0238; 2,1396)
1%2%
4%
1%
4% 4%
11%
31%
10%
33%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
J3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)K1 = 81*1*normal(x; 7,642; 2,2875)
2%1%
4%
16%
10%
12%11%
6%
37%
2 3 4 5 6 7 8 9 10
K1
0
5
10
15
20
25
30
35
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)K2 = 81*1*normal(x; 8,8765; 1,9836)
1% 0% 0%
5% 4% 2%
7% 9%
4%
68%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
K2
0
10
20
30
40
50
60
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)L1 = 14*1*normal(x; 4; 2,9613)
43%
0% 0%
14%
7%
0%
21%
14%
1 2 3 4 5 6 7 8
L1
0
1
2
3
4
5
6
7
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)L2 = 15*1*normal(x; 3,9333; 3,0582)
47%
0% 0%
13%
0% 0%
27%
13%
1 2 3 4 5 6 7 8
L2
0
1
2
3
4
5
6
7
8
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)
6%
0%
4%
1%
12%
4%
19%
23%
8%
24%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
M1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP.sta 54v*84c)M2 = 83*1*normal(x; 5,8313; 2,8832)
13%
5%
7%
5%
12%
8%
17%
13%
8%
11%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
M2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
No
of o
bs
Histogram (Tabulação Questionário do OP 54v*84c)M3 = 84*1*normal(x; 6,5119; 2,877)
10%
5% 5%
4%
12%
7%
11%
19%
12%
17%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
M3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
No
of o
bs
83
Anexo 4 – Regressão Múltipla:
Dimensões da Qualidade e
Satisfação
1. Satisfação com o Processo
Forward Regression Summary for Dependent Variable: M1 (Tabulação Questionário do OP.sta) R= ,88077596 R²= ,77576629 Adjusted R²= ,76436458 F(3,59)=68,039 p<0,0000 Std.Error of estimate: 1,2293
N=63 Beta Std.Err. B Std.Err. t(59) p-level
Intercept -0,365275 0,594544 -0,614379 0,541327D4 0,512118 0,083870 0,512077 0,083863 6,106117 0,000000F1 0,266781 0,075196 0,249616 0,070358 3,547795 0,000769H1 0,260325 0,078600 0,281914 0,085119 3,312008 0,001585
Backward Regression Summary for Dependent Variable: M1 (Tabulação Questionário do OP.sta) R= ,89105215 R²= ,79397393 Adjusted R²= ,77976524 F(4,58)=55,879 p<0,0000 Std.Error of estimate: 1,1885
N=63 Beta Std.Err. B Std.Err. t(58) p-level
Intercept -0,320118 0,583691 -0,548438 0,585496D2 0,317799 0,106819 0,299717 0,100742 2,975102 0,004264D4 0,296409 0,113024 0,296386 0,113015 2,622535 0,011131F1 0,262954 0,072554 0,246034 0,067886 3,624221 0,000612H3 0,188665 0,075145 0,207192 0,082524 2,510680 0,014860
84
2. Satisfação com os Resultados
Forward Regression Summary for Dependent Variable: M2 (Tabulação Questionário do OP.sta) R= ,85148078 R²= ,72501952 Adjusted R²= ,71103746 F(3,59)=51,854 p<,00000 Std.Error of estimate: 1,5922
N=63 Beta Std.Err. B Std.Err. t(59) p-level
Intercept -0,352166 0,546586 -0,644302 0,521877E1 0,481154 0,090660 0,510228 0,096138 5,307245 0,000002B2 0,314932 0,091584 0,338183 0,098345 3,438744 0,001078E3 0,189857 0,092779 0,194606 0,095100 2,046342 0,045187
Backward (Step 24) Regression Summary for Dependent Variable: M2 (Tabulação Questionário do OP.sta) R= ,86715675 R²= ,75196082 Adjusted R²= ,73020300 F(5,57)=34,560 p<,00000 Std.Error of estimate: 1,5385
N=63 Beta Std.Err. B Std.Err. t(57) p-level
Intercept -0,825471 1,214200 -0,67985 0,499353D4 0,191836 0,086087 0,224346 0,100676 2,22838 0,029816E1 0,486699 0,088833 0,516108 0,094200 5,47883 0,000001F1 0,274871 0,084523 0,300794 0,092495 3,25201 0,001927K1 -0,296024 0,082405 -0,368134 0,102479 -3,59230 0,000684K2 0,215743 0,081830 0,307558 0,116654 2,63649 0,010775
Bacward (Step 26) Regression Summary for Dependent Variable: M2 (Tabulação Questionário do OP.sta) R= ,83786477 R²= ,70201738 Adjusted R²= ,68686572 F(3,59)=46,333 p<,00000 Std.Error of estimate: 1,6575
N=63 Beta Std.Err. B Std.Err. t(59) p-level
Intercept 1,707404 1,016414 1,67983 0,098278E1 0,548225 0,088568 0,581351 0,093919 6,18991 0,000000F1 0,321913 0,085432 0,352272 0,093489 3,76807 0,000382K1 -0,180039 0,074286 -0,223896 0,092381 -2,42361 0,018452
85
3. Satisfação com a Prefeitura
Forward=Backward Regression Summary for Dependent Variable: M3 (Tabulação Questionário do OP.sta) R= ,87106559 R²= ,75875526 Adjusted R²= ,74648858 F(3,59)=61,855 p<,00000 Std.Error of estimate: 1,4777
Beta Std.Err. B Std.Err. t(59) p-level
Intercept -0,334439 0,544353 -0,614379 0,541327E1 0,531913 0,088317 0,558877 0,092794 6,022769 0,000000B2 0,319492 0,079519 0,339931 0,084606 4,017811 0,000169I1 0,164465 0,079831 0,180481 0,087606 2,060148 0,043804
Incluindo Satisfação com o OP
Forward Regression Summary for Dependent Variable: M3 (Tabulação Questionário do OP.sta) R= ,86760382 R²= ,75273639 Adjusted R²= ,74449427 F(2,60)=91,328 p<,00000 Std.Error of estimate: 1,4835
N=63 Beta Std.Err. B Std.Err. t(60) p-level
Intercept 0,473616 0,481747 0,983122 0,329495M2 0,475316 0,102171 0,470955 0,101233 4,652180 0,000019E1 0,444807 0,102171 0,467356 0,107350 4,353566 0,000053
Modelo sem E2 Regression Summary for Dependent Variable: M3 (Tabulação Questionário do OP.sta) R= ,88871528 R²= ,78981485 Adjusted R²= ,77531932 F(4,58)=54,487 p<,00000 Std.Error of estimate: 1,3911
Beta Std.Err. B Std.Err. t(58) p-level
Intercept -0,258878 0,513115 -0,504522 0,615806M2 0,325211 0,111085 0,322227 0,110065 2,927594 0,004873E1 0,358585 0,102069 0,376763 0,107243 3,513174 0,000865B2 0,194468 0,086185 0,206909 0,091699 2,256391 0,027831I1 0,152819 0,075260 0,167701 0,082589 2,030538 0,046895
Regression Summary for Dependent Variable: M3 (Tabulação Questionário do OP.sta) R= ,86467547 R²= ,74766367 Adjusted R²= ,73583541 F(3,64)=63,210 p<0,0000 Std.Error of estimate: 1,4992
N=68 Beta Std.Err. B Std.Err. t(64) p-level
Intercept -0,092408 0,534536 -0,172875 0,863295M2 0,419358 0,099172 0,420117 0,099352 4,228593 0,000076E1 0,366990 0,103672 0,395647 0,111767 3,539916 0,000752I1 0,188452 0,078562 0,207769 0,086615 2,398765 0,019375
86
Backward Modelo com E2 Regression Summary for Dependent Variable: M3 (Tabulação Questionário do OP.sta) R= ,91818463 R²= ,84306301 Adjusted R²= ,82929660 F(5,57)=61,241 p<0,0000 Std.Error of estimate: 1,2125
Beta Std.Err. B Std.Err. t(57) p-level
Intercept -0,049183 0,734402 -0,06697 0,946840E1 0,376130 0,090436 0,395197 0,095021 4,15906 0,000109E2 -0,327271 0,068684 -0,409097 0,085857 -4,76486 0,000013H2 0,188683 0,062596 0,290771 0,096463 3,01431 0,003840I1 0,206076 0,070987 0,226144 0,077900 2,90301 0,005248M2 0,534440 0,085742 0,529536 0,084955 6,23313 0,000000
Modelo sem E2 Regression Summary for Dependent Variable: M3 (Tabulação Questionário do OP.sta) R= ,87809059 R²= ,77104308 Adjusted R²= ,75940120 F(3,59)=66,230 p<,00000 Std.Error of estimate: 1,4395
Beta Std.Err. B Std.Err. t(59) p-level
Intercept -1,03336 0,836625 -1,23516 0,221668E1 0,383738 0,103055 0,40319 0,108279 3,72362 0,000441H2 0,147133 0,067742 0,22674 0,104393 2,17197 0,033889M2 0,479592 0,099165 0,47519 0,098255 4,83631 0,000010
Regression Summary for Dependent Variable: M3 (Tabulação Questionário do OP.sta) R= ,86327445 R²= ,74524278 Adjusted R²= ,73330104 F(3,64)=62,407 p<,00000 Std.Error of estimate: 1,5064
N=68 Beta Std.Err. B Std.Err. t(64) p-level
Intercept -1,14615 0,858131 -1,33563 0,186400E1 0,386767 0,102142 0,41697 0,110118 3,78657 0,000340H2 0,155641 0,068978 0,24145 0,107009 2,25637 0,027471M2 0,455796 0,098388 0,45662 0,098566 4,63266 0,000018
Apenas com Satisfação com OP
Forward Regression Summary for Dependent Variable: M3 (Tabulação Questionário do OP.sta) R= ,72971430 R²= ,53248296 Adjusted R²= ,52671115 F(1,81)=92,256 p<,00000 Std.Error of estimate: 1,9909
N=83 Beta Std.Err. B Std.Err. t(81) p-level
Intercept 2,247031 0,495465 4,535196 0,000020M2 0,729714 0,075972 0,732431 0,076255 9,604984 0,000000