FATORES DE DECISÃO NA ADOÇÃO DE UM SISTEMA DE MICRO...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO FATORES DE DECISÃO NA ADOÇÃO DE UM SISTEMA DE MICRO- COGERAÇÃO DE ENERGIA A GÁS NATURAL: UM ESTUDO EM HOTÉIS TRÊS ESTRELAS por PAULO ROBERTO DA CÂMARA GRADUADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, UFRN, 2002 TESE SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO NOVEMBRO, 2005 © 2005 PAULO ROBERTO DA CÂMARA TODOS DIREITOS RESERVADOS. O autor aqui designado concede ao Programa de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao público, em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos termos da Lei. Assinatura do Autor: ___________________________________________ APROVADO POR: ___________________________________________________________ Prof(a). Rubens Eugênio Barreto Ramos, D.Sc. - Orientador, Presidente ________________________________________________________________ Prof(a). Sérgio Marques Júnior, D.Sc., Membro Examinador _______________________________________________________________ Francisco Antônio Vieira, D.Sc., Membro Examinador Externo – CTGÁS

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA

    PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

    FATORES DE DECISÃO NA ADOÇÃO DE UM SISTEMA DE MICRO-COGERAÇÃO DE ENERGIA A GÁS NATURAL: UM ESTUDO EM HOTÉIS TRÊS

    ESTRELAS

    por

    PAULO ROBERTO DA CÂMARA

    GRADUADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, UFRN, 2002

    TESE SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS

    REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

    MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

    NOVEMBRO, 2005

    © 2005 PAULO ROBERTO DA CÂMARA TODOS DIREITOS RESERVADOS.

    O autor aqui designado concede ao Programa de Engenharia de Produção da Universidade

    Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao público, em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos termos da Lei.

    Assinatura do Autor: ___________________________________________ APROVADO POR: ___________________________________________________________ Prof(a). Rubens Eugênio Barreto Ramos, D.Sc. - Orientador, Presidente ________________________________________________________________ Prof(a). Sérgio Marques Júnior, D.Sc., Membro Examinador _______________________________________________________________ Francisco Antônio Vieira, D.Sc., Membro Examinador Externo – CTGÁS

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  • Catalogação da Publicação

    UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

    Camara, Paulo Roberto da.

    Fator de Decisão na Adoção de um Sistema de Micro-cogeração de energia a Gás Natural: Um Estudo em Hotéis Três Estrelas / Paulo Roberto da Câmara. -- Natal, 2005.

    xiv + xxxp. : il. Orientador: Prof. Dr. Rubens Eugênio Barreto Ramos. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

    Centro de Tecnologia. Programa de Engenharia de Produção.

    1. Gás natural – Fatores de Decisão – Project Finance - Tese. 2. Micro-Cogeração - Gás Natural - Brasil - Tese. I. Eugênio Barreto Ramos, Rubens. II. Título. RN/UF/BCZM CDU xxx.xxx.x(xx.x)

    ii

  • CURRICULUM VITAE RESUMIDO

    Paulo Roberto da Câmara é Engenheiro de Produção,

    formado pela Universidade Federal do Rio Grande do

    Norte no ano de 2002. Possui Experiência Profissional

    na área de projetos elétricos nas seguintes empresas:

    COSERN – Companhia Energética do Rio Grande do

    Norte, no período de 09/86 à 12/87; FECOERN –

    Federação das Cooperativas de Eletrificação Rural do

    Rio Grande do Norte, no período de 01/88 à 02/92 e

    CERPAL – Cooperativa de Eletrificação Rural do Rio

    Grande do Norte, no período de 06/92 a 05/00.

    Durante a pós-graduação esteve exercendo a atividade de Pesquisador do CTGÁS – Centro

    de Tecnologias do Gás, em Natal-RN, desde 04/03, foi pesquisador da Agência Nacional do

    Petróleo – ANP, apresentando a monografia de final de curso submetida à Comissão

    Gestora do Programa Multidisciplinar de Petróleo e Gás – ANP/PRH30 como parte das

    atividades relacionadas a Concessão de Bolsa PRH30-ANP/MCT GRADUAÇÃO com o

    título: ESTRATÉGIA DE USO DO GÁS NATURAL PARA CO-GERAÇÃO DE

    ENERGIA EM CAMPUS UNIVERSITÁRIO: “ESTUDO DE CASO NA UFRN” em

    Natal-RN - 2002. Tem publicado diversos artigos científicos em congressos nacionais e

    internacionais, destacando-se o trabalho apresentado no “RIO OIL & GAS 2004 EXPO

    AND CONFERENCE” intitulado “Protótipo de sistema de co-geração de pequena

    potência”.

    ARTIGOS PUBLICADOS DURANTE O PERÍODO DE PÓS-GRADUAÇÃO

    CAMARA, Paulo Roberto da; RAMOS, Rubens Eugenio Barreto. Protótipo de Sistema de

    Co-geração de Pequena Potência. RIO OIL GAS 2004 EXPO AND CONFERENCE, 2004,

    Rio de Janeiro 8p.

    iii

  • CAMARA, Paulo Roberto da; RAMOS, Rubens Eugenio Barreto. Utilização de um

    supervisório como ferramenta de suporte para capacitação de dados no desenvolvimento do

    Sistema de Co-geração de Pequena Potência. 5ª Conferência da Associação Portuguesa de

    Sistema de Informação, 2004, Lisboa, Portugal 8p.

    CAMARA, Paulo Roberto da; RAMOS, Rubens Eugenio Barreto. Análise de Mercado do

    Protótipo de Co-geração de Pequena Potência. PETROGÁS-2004 – I Simpósio da Região

    Nordeste sobre Pesquisa e Desenvolvimento em Petróleo e Gás, 2004, Recife. Resumo.

    CAMARA, Paulo Roberto da; RAMOS, Rubens Eugenio Barreto. Utilização de Supervisório

    na Aquisição e Disponibilização de Dados Via Internet do Sistema de Co-geração de

    Pequena Potência. PETROGÁS-2004 – I Simpósio da Região Nordeste sobre Pesquisa e

    Desenvolvimento em Petróleo e Gás, 2004, Recife. Resumo.

    CAMARA, Paulo Roberto da; RAMOS, Rubens Eugenio Barreto. Desenvolvimento do

    Protótipo de Co-geração de Pequena Potência Utilizando Gás Natural como Combustível.

    PETROGÁS-2004 – I Simpósio da Região Nordeste sobre Pesquisa e Desenvolvimento em

    Petróleo e Gás, 2004, Recife. Resumo.

    iv

  • Dedico a Deus, Nossa Senhora, Mãe Rainha três vezes admirável por ter me iluminado em

    todos os momentos da minha vida.

    À Maria de Lourdes Marinho da Câmara, minha mãe, uma mulher guerreira, que

    contribuiu para a realização deste sonho.

    Aos meus avós maternos, Pedro Tomaz Marinho (in memória) e Maria de Deus Marinho,

    que sempre me foram referência e sempre torceram por mim.

    Aos meus irmãos, Miguel, Cássia, Ricardo e Kátia, por serem, respectivamente, para mim

    símbolos de disposição, cultura e competência.

    À Cleonice, minha esposa, e meus filhos, Matheus e Bárbara, a quem eu devo grande parte

    desta conquista. Seu amor, sua paciência e sua colaboração tornaram-se imprescindíveis

    ao meu sucesso.

    v

  • AGRADECIMENTOS

    À minha família como um todo: avós, tios e primos, sobrinhos, cunhados, cunhadas

    pelas orações e pela torcida.

    Aos meus padrinhos, Genildo Lessa e Maria do Socorro Marinho Lessa, exemplos de

    competência e amor, agradeço a orientação educacional durante minha infância.

    À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, instituição que aprendi a respeitar e

    pela qual tenho um profundo carinho ao qual devo toda minha formação profissional.

    Ao Programa de Engenharia de Produção por desponta com um dos melhores do país.

    Por isso, sinto-me honrado em deter, hoje, uma formação tão valorosa.

    Ao Coordenador do Programa de Engenharia de Produção, Dr. Rubens Eugênio

    Barreto Ramos, orientador deste trabalho, um professor polêmico por sempre quebrar

    paradigmas dentro da UFRN e principal responsável pelo êxito do PEP, agradeço a confiança

    que me foi depositada.

    A Aldemário, Mácia, Aninha e Dona Elzar por serem meus companheiros de

    lanchonete do Setor IV.

    Aos Srs José Alcides Santoro Martins, Pedro Neto Diógenes e Taismar Zanini, pessoas

    humildes e de muita competência, sou grato pelo meu sucesso no CTGÁS.

    Ao Profº Dr. Sérgio Marques Júnior, pelas orientações durante a minha vida acadêmica

    na UFRN.

    Ao CTGÁS – Centro de Tecnologias do Gás, na pessoa do Sr. Pedro Neto Diógenes,

    por ter depositado em mim a confiança no acompanhamento do projeto: Unidade de Co-

    geração de Pequena Potência nessa Empresa.

    A Sara, Elierton e Furini, por emprestar-me seus conhecimentos na área de co-geração.

    À Equipe da Empresa FOCKINK: Roque, Rômulo, Roger, Araldo e Vilson, por

    ajudar-me nas informações sobre o co-gerador da FOCKINK.

    Aos Engenheiros, Marcílio, Ricardo Risuenho, Luiz Ângelo, Jean, Maldonado, Renato,

    Hermann, Bruno, José Luiz, Alysson, Gerizaldo, Everton, Karilany, Kaline (in memória),

    Ronaldo, Breno, Leonardo, Lenildo, Augusto, Franco, Winston, Herman, Tházia e Érika,

    pelas informações técnicas para o enriquecimento desse trabalho.

    vi

  • A José Maria, Gil, Giliane, Lícia, Andrezza, Josenildo, Denílson, pelo apoio junto ao

    CTGÁS.

    À Amora e Kathya amigas nas minhas horas mais turbulentas no CTGÁS.

    A Ederaldo, Rossana e André Mariano, grandes amigos conquistados nessa empreitada

    e que muito contribuíram para este trabalho.

    Aos meus colegas de Mestrado, com os quais tive o prazer de conviver durante esses

    24 meses.

    Aos amigos Sayonara, Cleyton, Esmeraldo, Ivan, Rose, Célio, Mário, Carlos Eduardo,

    Montes, Josenilson e Paulo Alyson, que me incentivaram durante o mestrado.

    Aos meus ex-professores, hoje amigos, Pedro Hélio e Anatália Saraiva, pelo estímulo e

    exemplo de dedicação à Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

    À Profa Dayse da Mata, amiga e incentivadora.

    Agradeço aos amigos Breno Nunes, Márcio, Mauro, José Ailton, Gustavo, Milano,

    Juliana, Tathiane, Ádler, Alisson, Jeanne, Márcio, Charlier, Augusto, Alice e Franco pela

    amizade e por serem ícones da persistência e do bom humor face às barreiras impostas pela

    Universidade.

    A Andrade Isaias de Lima e Josefa Cazé de Lima, que deram todo o apoio na

    realização desse sonho.

    Aos meus amigos do Bairro de Candelária, Dudu, Francinete, Táfnes e Dalva que tanto

    vibraram com as minhas conquistas junto ao Mestrado.

    E a todos aqueles que não foram citados, mas que contribuíram de alguma forma para

    a conclusão desta pesquisa.

    vii

  • Resumo da Tese apresentada a UFRN/PEP como parte dos requisitos necessários para a

    obtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia de Produção.

    FATORES DE DECISÃO NA ADOÇÃO DE SISTEMA DE MICRO-COGERAÇÃO

    DE ENERGIA A GÁS NATURAL: UM ESTUDO EM HOTÉIS TRÊS ESTRELAS

    PAULO ROBERTO DA CÂMARA

    Novembro/2005

    Orientador: Rubens Eugênio Barreto Ramos

    Curso: Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção

    O gás natural desempenha um papel fundamental, não só no setor de energia primária, mas também em outros setores da economia. Ele terá forte expansão no Brasil, motivado pela decisão do Governo Federal de aumentar a participação desse combustível na matriz energética de 4% para 12% até 2010. Para que isso aconteça é de suma importância o investimento em novas tecnologias e inclusive o aprimoramento. Afim de um aumento do consumo do gás natural, na matriz energética, e propor soluções que atendam aos requisitos elétricos, na geração de calor e refrigeração, utilizando gás natural como fonte de energia primária. Este trabalho tem por objetivo principal analisar a atual percepção dos empresários do setor hoteleiro com relação à viabilidade de investimentos com um sistema de micro-cogeração a gás natural em seus hotéis do setor turístico, na cidade de Natal/RN. É apresentado um estudo de caso para os hotéis selecionados, analisando o atual conhecimento dos empresários sobre alternativas de novas tecnologias na geração de energia própria. Foi realizada uma entrevista com utilização de um questionário padrão, buscando as informações relevantes sobre o tema. Nesta entrevista foram apresentados 04 (quatro) cenários para os empresários, onde foram configuradas diferentes opções de investimentos em micro-cogeração. Dois desses cenários utilizam o Project finance como opção de viabilizar o financiamento dos projetos. Os resultados alcançados mostram que os empresários têm insegurança na tomada de decisão para investir sozinho, ou em parceria com uma empresa local, e talvez com uma empresa nacional na execução de um sistema alternativo de energia, justificando, a inviabilidade isolada e a falta de visão dos empresários locais. Em contrapartida se mostraram receptivos a opção de investimento em micro-cogeração configurado nos cenários utilizando o Project Finance.

    viii

  • Abstract of Master Thesis presented to UFRN/PEP as fullfilment of requirements to the

    degree of Master of Science in Production Engineering

    FACTOR OF DECISION TO ADOPTION OF ENERGY MICRO-COGENERATION

    SISTEM BY NATURAL GÁS: A STUDY IN HOTELS THREE STARS

    November/2005

    Thesis Supervisor: Rubens Eugênio Barreto Ramos

    Program: Master of Science in Production Engineering

    The natural gas perform a essential paper, not only in primary sectors of energy, but also in others sectors of economy. The use natural gas will have expansion in Brazil, motivated by governmental decision to increase the participation of this fuel in the Brazilian energy matrix from 4% to 12% up until 2010. in order to reach the objective related to increase the consumption of natural gas in the energy matrix and to propose solutions to attend the electric requirements of heart and refrigeration, using natural gas as primary power plant. This thesis has a main objective to analysis the perception of businessmen of hotel sector about the feasability of investment with micro-cogeneration system by natural gas in their hotel in turistic sector, in Natal/RN. It’s show a case for the hotels selected analyzing the actual knowledge of businessmen about alternative of new technology in generation of owner energy. There was make a interview using a standard form researching information about this topic. In this interview has shown 4 (four) canaries for businessmen with different configurations of investment in micro-cogeneration. Two of this canaries uses the project finance like option to make fasible this projects. The resulteis showed who businessmen has insecurity to make decision to put in office alone, or with a local company, and perhaps with a national company to perform for a alternative energy system, justifying, the alone feasability and without information by local businessmen. Apart from that, they are receptive for a option to put in office in micro-cogeneration configured in the settings using project finance

    ix

  • SUMÁRIO

    Capítulo 1...................................................................................................................................1

    Introdução..................................................................................................................................1

    1.1 Contextualização do setor energético brasileiro..........................................................1

    1.2 Contextualização do setor hoteleiro..............................................................................3

    1.2.1 Caracterização do setor hoteleiro ..............................................................................3

    1.2.2 Perfil dos hotéis .........................................................................................................4

    1.2.3 Classificação do hotel do caso de estudo ..................................................................5

    1.2.4 Qualidade de serviço na hotelaria..............................................................................5

    1.2.5 Sistema e Cadeia de Processos na Hotelaria .............................................................7

    1.3 Contextualização de soluções energéticas para o setor hoteleiro ...............................8

    1.4 Objetivo da Tese .............................................................................................................9

    1.5 Relevância .....................................................................................................................10

    1.6 Organização da Tese ....................................................................................................10

    Capítulo 2.................................................................................................................................12

    Revisão Teórica utilizando o Gás Natural na Decisão de Adoção de Auto-Geração de

    Energia.....................................................................................................................................12

    2.1 O gás natural no modelo energético brasileiro ..........................................................12

    2.1.1 Segmentação do mercado do gás natural na matriz energética ...............................14

    2.1.2 Definição do Segmento no setor elétrico.................................................................15

    2.1.3 O cenário do gás natural no Estado do Rio Grande do Norte .................................16

    2.2 Contextualização de Geração distribuída, co-geração e micro-cogeração a gás

    natural .................................................................................................................................19

    2.3 Decisão de Adoção como decisão estratégica .............................................................22

    2.3.1 Relação entre estratégia de marketing, estratégia de produção e mercado ............23

    2.3.2 A estratégia de produção e adoção do gás natural...................................................25

    2.4 A abordagem do Project Finance ................................................................................26

    2.5 Os modelos utilizando o project finance......................................................................27

    2.5.1 O Estudo de Caso de Indiantown Cogeneration L. P, EUA ....................................27

    x

  • 2.5.2 O Caso ULBRA, Brasil ...........................................................................................29

    2.6 Visão tradicional de análise de viabilidade de projetos para hotéis ........................32

    2.7 Viabilidade técnica de micro-cogeração a gás natural nos hotéis do estudo...........33

    2.8 Conclusão ......................................................................................................................35

    Capítulo 3.................................................................................................................................37

    Metodologia .............................................................................................................................37

    3.1 Tipologia da Pesquisa...................................................................................................37

    3.2 População alvo ..............................................................................................................38

    3.3 Tamanho do Universo (levantamento censitário)......................................................38

    3.4 Instrumento da Coleta de Dados.................................................................................38

    3.5 Tabela Resumo Envolvendo as Variáveis Tratadas no Formulário ........................41

    3.6 Processo da coleta dos dados .......................................................................................41

    3.7 Técnica estatística empregada.....................................................................................42

    3.7.1 Análise Descritiva ...................................................................................................42

    3.8 Conclusão ......................................................................................................................43

    Capítulo 4.................................................................................................................................44

    Resultados e Discussão............................................................................................................44

    4.1 Validação da pesquisa ..................................................................................................44

    4.1.1 Tamanho do universo ..............................................................................................44

    4.1.2 Perfil dos Entrevistados ...........................................................................................44

    4.1.3 Perfil do Hotel .........................................................................................................45

    4.2 Análise Descritiva .........................................................................................................46

    4.2.1 Considerações Iniciais .............................................................................................46

    4.2.2 Cenários de modelos de negócio para o projeto ......................................................48

    4.2.3 Avaliação da qualidade de energia fornecida pela concessionária..........................53

    4.2.4 Fatores de Decisão: Aspectos Envolvidos...............................................................56

    4.2.5 Fatores de Decisão: Opções de Investimentos ........................................................60

    4.2.6 Análise do custo de energia .....................................................................................61

    xi

  • 4.3 Conclusão ......................................................................................................................68

    Conclusões e Recomendações .................................................................................................71

    5.1 Pesquisa Bibliográfica ..................................................................................................71

    5.2 Metodologia da Pesquisa..............................................................................................72

    5.3 Principais Resultados da Pesquisa ..............................................................................73

    5.4 Análise Crítica do Trabalho ........................................................................................73

    5.5 Limitações do Trabalho ...............................................................................................74

    5.6 Direções da Pesquisa ....................................................................................................75

    5.8 Conclusões finais...........................................................................................................76

    Referências...............................................................................................................................78

    xii

  • LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 Sistema Hotel (Carlos, 2004) 8 Figura 2.1 - Companhias estaduais distribuidoras de gás natural do Brasil. (ABEGÁS, 2005) 15 Figura 2.2 - Descrição da malha atual do gás natural (Potigás, 2004) 17 Figura 2.3 Descrição da distribuição e comercialização de gás natural (POTIGÁS/2004) 18 Figura 2.4 -Descrição da previsão de vendas de gás natural pela POTIGÁS até 2008 (POTIGÁS/2004) 18 Figura 2.5 Descrição do sistema de micro-cogeração a gás natural (CTGÁS, 2004) 22 Figura 2.6 Protótipo do sistema de micro-cogeração a gás natural (CTGÁS, 2004) 22 Figura 2.7 Ferramenta para reflexão da estratégia de produção associada ao marketing (Hill/1993) 24 Figura 2.8 Relação entre estratégia de produção, estratégia de marketing e mercado (Adaptado de Hill/1993) 25 Figura 2.9 Estrutura da Propriedade do Projeto de Co-geração de Indiantown (Finnerty/1998) 29 Figura 2.10 – Descrição da Malha Atual e Prevista de Expansão do Gás Natural na cidade de Natal/RN (Potigás, 2004) 34 Figura 2.11 – Descrição da malha atual de localização dos hotéis na cidade do Natal (CTGÁS/2005) 34 Figura 4.1– Perfil dos clientes do hotel (2005) 46 Figura 4.2– Principais clientes do hotel (2005) 46 Figura 4.3– Nível de competitividade entre dos hotéis três estrelas (2005) 47 Figura 4.4– Nível de confiança da energia para o crescimento dos hotéis três estrelas (2005) 47 Figura 4.5– Grau de viabilidade de investimento sozinho pelos hotéis (2005) 48 Figura 4.6– O hotel investindo sozinho nos riscos desse projeto (2005) 49 Figura 4.7– Grau de viabilidade de investimento em parceria com a POTIGÁS (2005) 49 Figura 4.8– O hotel investindo em parceria nos riscos desse projeto (2005) 50 Figura 4.9– Grau de viabilidade de investimento com a criação de uma empresa (2005) 51 Figura 4.10– O hotel investindo com empresa criada / Cosern / Potigás (2005) 51 Figura 4.11– Grau de viabilidade com a parcerias vários hotéis, Cosern e Potigás (2005) 52 Figura 4.12– O hotel investindo com empresa criada/ Vários Hotéis / Cosern / Potigás (2005) 53 Figura 4.13– Quebra de equipamentos devido à qualidade da energia da COSERN (2005) 54 Figura 4.14– Quebra no fornecimento de energia da COSERN (2005) 54 Figura 4.15– Necessidade de aumento de carga de energia da COSERN (2005) 55 Figura 4.16– Dificuldade de cobrir os custos com aquisição de energia da COSERN (2005) 55 Figura 4.17– Critério de decisão do custo da energia final relativo ao investimento na micro-cogeração (2005) 56 Figura 4.18– Critério de decisão do custo do investimento inicial relativo ao investimento na micro-cogeração (2005) 57 Figura 4.19– Critério de decisão da confiabilidade no fornecimento de energia relativo ao investimento na micro-cogeração (2005) 58 Figura 4.20– Critério de decisão da qualidade de energia relativo ao investimento na micro-cogeração (2005) 58 Figura 4.21– Critério de decisão da capacidade de crescimento relativo ao investimento na micro-cogeração (2005) 59 Figura 4.22– Critério do prazo de retorno do investimento na adoção do sistema de micro-cogeração (2005) 59 Figura 4.23– Critério do aumento na complexidade da rotina do hotel na adoção do sistema de micro-cogeração (2005) 60

    xiii

  • Figura 4.24– Avaliação comparativa: Ampliar em áreas do hotel X micro-cogeração (2005) 61 Figura 4.25– Nível de comparação entre o custo da energia X custos operacionais (2005) 62 Figura 4.26– Valor da Demanda Contratada dos hotéis com a COSERN (2005) 63 Figura 4.27– Valor do consumo mensal em kW/mês dos hotéis (2005) 63 Figura 4.28– Valor do consumo mensal em kW/mês dos hotéis (2005) 64 Figura 4.29– Valor do consumo mensal em kW/mês dos hotéis (2005) 64 Figura 4.30– Valor percentual custos de energia X equipamento de geração de energia (2005) 65 Figura 4.31– Valor percentual custos de energia X equipamento de micro-cogeração (elétrica e frio) de energia (2005) 66 Figura 4.32– Valor percentual custos de energia X equipamento de micro-cogeração (elétrico, frio e calor) de energia (2005) 66 Figura 4.33– Número de quartos do hotel (2005) 67 Figura 4.34– Tamanho da área refrigerada dos quartos do Hotel (2005) 68

    xiv

  • LISTA DE TABELAS Tabela 1.1 - Símbolo da classificação hoteleira (Brasil, 2002) 4 Tabela 2.1 – Segmentação dos setores (POTIGÁS/2004) 17

    xv

  • LISTA DE SIGLAS

    ABIH Associação Brasileira da Indústria dos Hotéis

    ABIH - RN Associação Brasileira da Indústria dos Hotéis do Rio Grande do Norte

    ALGÁS Companhia Distribuidora de Gás do Estado de Alagoas

    ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

    ARSEP Agência Reguladora de Serviços Públicos do Rio Grande do Norte

    BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

    CEGÁS Companhia Distribuidora de Gás do Estado do Ceará

    CNI Confederação Nacional das Indústrias

    COSERN Companhia Energética do Estado do Rio Grande do Norte

    CTGÁS Centro de Tecnologias do Gás

    EMBRATUR Instituto Brasileiro de Turismo

    FIERN Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte

    FNRH Ficha Nacional de Registro de Hóspede

    FULBRA Fundação da Universidade Luterana do Brasil do Rio Grande do Sul

    FUGETUR Fundo do Desenvolvimento do Turismo

    FOCKINK Empresa de Soluções Energéticas do Estado do Rio Grande do Sul

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

    IBH Instituo Brasileiro de Hospitalidade

    MME Ministério das Minas e Energia

    PETROBRAS Petróleo Brasileiro S.A.

    PRODETUR Programa de Desenvolvimento do Turismo

    PROGÁS Programa de Incentivo ao Uso do Gás Natural

    POTIGÁS Companhia Distribuidora de Gás do Estado do Rio Grande do Norte

    RITMOGN Rede de Inovação Tecnológica Mobilizadora do Gás Natural

    SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

    xvi

  • SETURN Secretaria Estadual de Turismo do Rio Grande do Norte

    TBG Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia Brasil

    TERMOAÇU Empresa de Termoelétrica do Município de Açu – RN

    UFRN Universidade Federal do Estado do Rio Grande do Norte

    ULBRA Universidade Luterana do Brasil no Estado do Rio Grande do Sul

    WTO Wold Tourism Organization

    UH’s Unidades Habitacionais (quartos)

    xvii

  • Capítulo 1

    Introdução

    O trabalho tem por objetivo estudar os fatores e critérios de decisão que podem

    influenciar na adoção de um sistema de micro-cogeração a gás natural como fonte principal

    de geração de energia elétrica e térmica pelos empresários de hotéis de categoria 3 (três)

    estrelas. A proposta central do estudo é procurar identificar quais fatores são considerados na

    decisão da aquisição com comparação com a energia elétrica provida pela concessionária de

    energia.

    Este capítulo apresenta uma contextualização do tema, o objetivo central, as questões

    de pesquisa a serem respondidas, a justificativa do trabalho e a organização da tese.

    1.1 Contextualização do setor energético brasileiro

    Segundo a PETROBRAS (2001), a partir dos anos 70 (setenta), o setor elétrico entrou

    em nova fase em vários países, com a elevação dos custos de geração elétrica, alteração das

    tecnologias convencionais, por questões tecnológicas e ambientais, e os processos recessivos

    nos países industrializados associados aos sucessivos choques de petróleo, aceleraram as

    reformas institucionais do setor.

    Para CTGÁS (2004), essas reformas, de caráter eminentemente descentralizador,

    levaram à definição de um maior espaço para a produção elétrica em pequenas escalas, à

    produção independente das concessionárias, ao uso mais intensivo de fontes energéticas

    renováveis, a autoprodução energética e à geração distribuída, sendo a co-geração uma via

    tecnológica de destaque neste contexto.

    1

  • Já FOCKINK (2004) afirma que as principais características desse novo padrão de

    expansão do setor elétrico podem ser identificadas nas pressões sociais pela não dependência

    das concessionárias, na necessidade de uso mais racional dos insumos energéticos e no

    crescente questionamento do papel exercido pelos Estados no aproveitamento da infra-

    estrutura.

    Camara (2002) afirma que essas transformações estruturais do setor elétrico brasileiro

    começaram recentemente, em meados da década 90 (noventa), e vêm seguindo a tendência

    mundial. Estas modificações são favoráveis ao aumento da participação do uso do gás natural

    na geração e co-geração de energia.

    Neste novo ambiente do setor elétrico brasileiro, onde as figuras legais mais

    importantes já estão definidas e o marco regulatório da estrutura competitiva já foi

    estabelecido, encontra-se a oportunidade real de comercialização de excedentes de energia

    elétrica produzida por sistemas de co-geração, com o uso do gás natural, nas indústrias

    brasileiras (Correa Neto, 2001).

    Segundo Silveira (1994), o Brasil poderá sofrer uma nova crise no abastecimento de

    energia elétrica, nos próximos anos. O pouco de investimento nesse setor e o crescente nível

    de consumo, motivados pelo Plano Real, na época do Governo de Fernando Henrique

    Cardoso mostram-se como fatores-chaves de um problema que assume proporções

    assustadoras a cada dia. Apesar de detectado o problema, as soluções dividem-se em três

    grandes blocos: a construção de novas hidroelétricas, de centrais térmicas a ciclo combinado

    com gás natural e a implantação de sistemas de co-geração na indústria, no comércio e de

    serviço. A co-geração é mais vantajosa para o Brasil do que as centrais a ciclo combinado. O

    espaço destas últimas encontra-se nas regiões não industrializadas, onde não pode haver co-

    geração em larga escala. Fazer ciclos combinados em regiões industrialmente desenvolvidas é

    trocar o ótimo pelo sofrível.

    Pelo Relatório da FOCKINK (2004), os Programas de Conservação Energética,

    associados a um maior fortalecimento das restrições energéticas, estão gerando incremento na

    participação de sistemas de co-geração de energia nos diversos setores de mercado, em nível

    mundial, devido às suas principais vantagens: altos rendimentos energéticos (70 a 80%),

    redução de poluição global de emissão de CO2, SOx, NOx e a alta confiabilidade e segurança.

    No Brasil, há grandes perspectivas para a utilização de sistemas de co-geração nos

    setores industrial, comercial e de serviços, atendendo aos apelos econômicos, sociais e

    2

  • ambientais, reforçado por um plano do governo federal que incentiva o uso do gás natural, um

    combustível de baixo custo e ecologicamente vantajoso. Meta do governo é aumentar a

    participação do gás natural na matriz energética nacional, passando dos atuais 4% para cerca

    de 12% até 2010 (Alonso, 2004).

    De acordo com Câmara (2004), o sistema de co-geração de energia a gás natural

    apresenta, vantagens ambientais, por exemplo, redução dos níveis de poluição, por utilizar o

    gás natural, combustível pouco poluente, e também, vantagens econômica, por exemplo,

    produção de energia, climatização do ambiente e geração de calor a custos menores que os

    oferecidos pela concessionária local. O grau de maior eficiência dependerá do tamanho do

    porte da empresa.

    1.2 Contextualização do setor hoteleiro

    1.2.1 Caracterização do setor hoteleiro

    Segundo Torres (2001) apud Carlos (2004), com a Revolução Industrial e a expansão

    do capitalismo, a hospedagem passou a ser tratada como uma atividade estritamente

    econômica, a ser explorada comercialmente. Os hotéis com staff padronizado por gerentes e

    recepcionistas aparecem somente no início do século XIX. Um fator decisivo no

    desenvolvimento da indústria hoteleira foi o hábito intenso de viajar dos norte-americanos, o

    qual exerceu grande influência, inclusive na atualidade, tanto nos Estados Unidos como em

    outros países. Outro fator que contribui para a construção de centros de férias, com seus

    respectivos hotéis foi o incremento do transporte em massa na década de 1950.

    No Brasil, a definição oficial de hotel foi elaborada pela EMBRATUR. Considera-se

    empresa hoteleira a pessoa jurídica, constituída na forma de sociedade anônima ou sociedade

    por quotas de responsabilidade limitada, que explore ou administre meio de hospedagem e

    que tenha em seus objetos sociais, o exercício de atividade hoteleira (Carlos, 2004).

    Já Ignarra (1999) apud González (2005), afirma que a história do turismo no Brasil

    iniciou-se no seu próprio descobrimento pelas viagens exploratórias dos portugueses. A

    hotelaria tem seu começo no século XIX, quando a corte portuguesa se transfere para o país,

    demandando o aumento da quantidade e qualidade das hospedarias locais para abrigar os

    visitantes, comerciantes e diplomatas. A partir da Segunda Guerra Mundial, com o

    3

  • desenvolvimento industrial crescente, iniciou-se a diferenciação por categorias de

    estabelecimentos.

    1.2.2 Perfil dos hotéis

    De acordo com González (2005), em 1966 foi criada a EMBRATUR e, junto com ela,

    o FUNGETUR que através de incentivos fiscais na implantação de hotéis, promoveu uma

    nova fase na hotelaria brasileira, principalmente no segmento de hotéis de luxo, os chamados

    cinco estrelas, e os meios de hospedagem são classificados em categorias representadas por

    símbolos. Pode-se observar na Tabela 1.1 os símbolos da classificação hoteleira.

    Tabela 1.1 - Símbolo da classificação hoteleira (Brasil, 2002)

    Categoria Símbolo

    Super Luxo SL

    Luxo

    Superior

    Turístico

    Econômico

    Simples

    A categoria do hotel é utilizada para identificar a qualidade geral do estabelecimento,

    assim como o nível de atendimento e facilidades disponíveis no hotel. O critério pode ser

    diferenciado de hotel para hotel e até mesmo de uma região do país para outra.

    Nesta categoria, pode-se destacar:

    1.2.2.1 Hotel de luxo

    O hotel considerado de luxo tem propriedades que devem apresentar acomodações

    luxuosas, assim como o maior grau de facilidades e grau de atenção especial de serviços para

    os hóspedes (equivalente a uma classificação 5 estrelas).

    1.2.2.2 Hotel superior

    O hotel considerado superior tem propriedades com maior atenção à decoração, nível

    de serviços e atendimento mais detalhado do que nas categorias inferiores, com serviços 24

    horas, por exemplo, atendimento no quarto (equivalente a uma classificação 4 estrelas).

    4

  • 1.2.2.3 Hotel turístico

    O hotel considerado turístico tem propriedades e características intermediárias ótimos

    para atendimentos a grupos com grau de acomodações confortáveis e limpas (equivalente a

    uma classificação 3 estrelas).

    1.2.2.4 Hotel econômico

    O hotel considerado econômico tem acomodações básicas e um nível de serviços

    limitados (equivalentes a uma classificação 2 estrelas).

    1.2.2.5 Hotel simples

    O hotel considerado simples a maioria destas propriedades são pequenas para viajantes

    que procuram economia. São hotéis particulares com facilidades restritas (equivalentes a uma

    classificação 1 estrela).

    1.2.3 Classificação do hotel do caso de estudo

    Segundo a EMBRATUR, a ABIH e a ABIH-RN, na cidade de Natal, existem 50

    (cinqüenta) hotéis, destes, 7 são hotéis de luxo (5 estrelas), 5 são hotéis superiores (4 estrelas),

    29 são hotéis turísticos (3 estrelas), 7 são hotéis econômicos (2 estrelas) e 2 hotéis simples (1

    estrela). Para a realização deste trabalho, optou-se por pesquisar hotéis turísticos (3 estrelas),

    tendo em vista ser esta categoria a que apresenta o maior número de hotéis e não existir

    referências sobre realização de trabalhos com essa categoria, apenas nas categorias de luxo e

    superior. Tomou-se como amostra o universo dos 29 hotéis desta categoria, pois segundo a

    POTIGÁS, a partir de 200, o gás natural será disponibilizado nas áreas da zona sul (praia de

    ponta negra), passando pela orla marítima (via costeira) até chegar às praias do centro da

    cidade do Natal (praia dos artistas, do meio e do forte).

    1.2.4 Qualidade de serviço na hotelaria

    Segundo Albertcht (1992) apud Carlos (2004), uma das formas que dá mais resultados

    para conseguir uma diferenciação no mercado consiste em relacionar a qualidade do serviço

    com a qualidade do produto. A qualidade é responsabilidade de todas as pessoas engajadas na

    organização e não de um departamento. Na hotelaria, todos os funcionários devem executar

    tarefas de uma maneira correlata, desde um auxiliar de serviços gerais à administração geral

    5

  • do hotel. Cada membro da equipe deve contribuir com seu trabalho, buscando um único

    objetivo: promover a qualidade, sedimentando, assim, a satisfação do hóspede.

    Segundo a EMBRATUR, a normativa Nº 429 de 2002, refere-se aos serviços e gestão

    mínimos necessários para os hóspedes que consistem em:

    • Portaria/recepção apta a permitir a entrada, saída, registro e liquidação de contas dos

    hóspedes, durante as 24 horas do dia;

    • Registro obrigatório do hóspede no momento de sua chegada ao estabelecimento,

    mediante preenchimento da Ficha Nacional de Registro de Hóspedes – FNRH;

    • Limpeza e arrumação diária da unidade habitacional – UH;

    • Fornecimento e troca de roupa de cama e banho, bem como de artigos comuns de

    higiene pessoal por conta do estabelecimento;

    • Serviços telefônicos prestados aos hóspedes de acordo com os regulamentos internos

    dos estabelecimentos e as normas e procedimentos adotados pelas concessionárias dos

    serviços;

    • Imunização permanente contra insetos, roedores, com pessoal de serviço em

    quantidade e com a qualificação necessária ao perfeito funcionamento do meio de

    hospedagem;

    • Pessoal mantido permanentemente uniformizado;

    • Instrumento para pesquisar opiniões e reclamações dos hóspedes e solucioná-las;

    • Observância das demais normas e condições necessárias à segurança saúde/higiene e

    conservação/manutenção dos meios de hospedagem para atendimento ao consumidor.

    Segundo Rodrigues (2003), foi elaborada, em 2002, pela EMBRATUR uma estratégia

    de acompanhando, andamento e as metas do projeto para o Estado do Rio Grande do Norte,

    através da Secretaria Estadual do Turismo. O plano estratégico de desenvolvimento turístico

    deste estado teve os seguintes objetivos:

    • Promoção e divulgação do turismo: divulgar o produto turístico do RN, nos mercados

    nacionais e internacionais, através da participação e promoção de eventos diversos,

    objetivando aumentar o fluxo turístico e conseqüentemente o incremento da atividade

    turística do Estado, gerando emprego e renda.

    6

  • • Estudos e pesquisas turísticas e capacitação de recursos humanos: realizar estudos e

    pesquisas para subsidiar o planejamento turístico e acompanhar o comportamento

    evolutivo do setor, através do registro e análise dos seus principais indicadores,

    capacitando os agentes de desenvolvimento que compõem a estrutura dos municípios

    turísticos.

    • Fiscalização de instituições e serviços turísticos: executar o programa de controle de

    qualidade do produto turístico no tocante às funções de cadastro, classificação,

    controle e fiscalização dos prestadores de serviços turísticos e de suas empresas,

    empreendimentos e equipamentos.

    • Apoio a vôo CHARTER: apoiar a realização de vôos charter para o RN, objetivando

    aumentar o fluxo turístico internacional, o que contribui para um maior equilíbrio da

    sazonalidade turística.

    • Apoio a grandes eventos: apoiar eventos que atraiam turistas, principalmente nos

    períodos de baixa estação, objetivando aumentar a taxa de ocupação nos hotéis e o

    incremento de todas as outras atividades turísticas, que geram emprego e renda.

    1.2.5 Sistema e Cadeia de Processos na Hotelaria

    Segundo Albertcht (1992) apud Carlos (2004) afirma que todos os membros da

    organização, da presidência aos funcionários da linha de frente, devem trabalhar de acordo

    com os sistemas que organizam a forma pela qual a sua empresa é dirigida, ou seja, todas as

    funções e todos os departamentos de uma organização de prestação de serviços estão

    interligados e cada um depende dos demais, em graus diversos, para cumprir sua missão. Nas

    organizações hoteleiras prestadoras de serviços, são as pessoas que constituem o processo e

    por sua vez são formados por vários subsistemas, tais como: hospedagem; alimentos e

    bebidas e também administração. A hospedagem é formada pela recepção, telefonia e

    governança. A imagem que o pessoal da recepção projetar ao hóspede será de vital

    importância para o bom prestígio do hotel. Alimentos e bebidas: é um conjunto formado pelo

    restaurante, cozinha e almoxarifado. Na administração onde são realizadas as compras, a

    contabilidade, o controle, pode-se observar na Figura 1.1.

    7

  • SISTEMA HOTEL

    HOSPEDAGEM

    Recepção Telefonia

    Governança

    ALIMENTOS EBEBIDAS

    Restaurante Cozinha

    Almoxarifado

    ADMINISTRAÇÃO

    Compras Contabildiade

    Controles

    Figura 1.1 Sistema Hotel (Carlos, 2004)

    1.3 Contextualização de soluções energéticas para o setor hoteleiro

    Segundo FOCKINK (2004), o mercado já dispõe de equipamentos e linhas de

    financiamentos para implantação de sistemas de co-geração com demandas energéticas em

    instalações de médio e grande portes. Entretanto, para a micro e pequena empresas, tais

    equipamentos se tornam escassos ou então muito dispendiosos para que a sua implantação se

    torne viável economicamente. Desta forma além dos benefícios econômicos trazidos pela co-

    geração de energia a gás natural, esse trabalho vem ser justificado também pela utilização de

    tecnologias diferenciada, favoráveis ao desenvolvimento na busca por soluções energéticas.

    A inexistência de equipamentos nacionais adequados ao perfil de consumo na geração

    de energia elétrica (35 kW), climatização do ambiente (7 TR’s) utilizando a água gelada e

    também aquecimento de água (2200 l/h) estimulou esse trabalho no desenvolvimento que

    apresenta intensidade de inovação tecnológica marcante para massificação do uso do gás

    8

  • natural. Neste contexto, a relevância do presente estudo reside na apresentação de

    informações que possam propiciar vantagens aos hotéis do setor turístico, três estrelas, em

    Natal-RN, cujo perfil de consumo elétrico é em média, nessa faixa de geração de energia

    elétrica, climatização do ambiente e aquecimento de água.

    Para que o uso do gás natural no setor de energia seja um agente facilitador na decisão

    de adoção desse equipamento de micro-cogeração, evitando que esse segmento dependa

    100% das concessionárias locais. Portanto, para minimizar as soluções energéticas este

    segmento alvo foi escolhido no conteúdo deste trabalho em um apoio aos hotéis, para que

    possa atender as suas necessidades energéticas, principalmente com relação à energia elétrica,

    climatização do ambiente e aquecimento de água.

    Existe outro meio de solução energética para os hotéis com bastante eficiência que é a

    energia solar fotovoltaica somente para aquecer água, por exemplo, o Mauna Lani Bay Hotel,

    no Hawaii possui um sistema desse com a redução da incidência direta de energia sobre os

    telhados e redução de carga com o aquecimento solar. No Brasil o aquecimento de água e o

    uso racional de energia em meios de hospedagens correspondem a um cenário de 17% de

    energia solar e 21% de GLP (gás de cozinha).

    Segundo a ABIH (2005), existem as aplicações de aquecimento solar e gerenciamento

    de energia para os meios de hospedagem, por exemplo, em vários hotéis de Belo Horizonte-

    MG, há mais de 550 (quinhentos e cinqüenta) prédios instalados, com essa alternativa

    energética, tendo o apoio da CEMIG, Concessionária de Energia Elétrica de Minas Gerais. Na

    Cidade do Natal alguns hotéis para diminuir seus custos de energia, buscam soluções menos

    eficazes, utilizando o gerador a diesel durante o horário de Ponta (das 18:00 às 21:00 h),

    entretanto eles estão gerando impactos ambientais para o meio ambiente.

    1.4 Objetivo da Tese

    O objetivo deste trabalho é investigar na visão dos empresários de hotéis do setor

    turístico, (3) três estrelas, fatores e critérios de decisão que podem influenciar na adoção de

    um sistema de micro-cogeração a gás natural como fonte principal de geração de energia

    elétrica e térmica.

    9

  • 1.5 Relevância

    Na área acadêmica: fornecer um referencial para consulta aos interessados em

    pesquisa na adoção de um sistema de micro-cogeração a gás natural como fonte principal de

    geração de energia elétrica e térmica.

    Em termos práticos fornecer a pesquisadores e gestores de hotéis, (3) três estrelas, na

    área de turismo, informações nas ações estratégicas para contribuir para a tomada de decisão

    pela adoção de um sistema de micro-cogeração a gás natural e às empresas distribuidoras de

    energia e de gás natural sobre fatores de decisão de seus clientes.

    1.6 Organização da Tese

    O procedimento da pesquisa utilizado para atingir os objetivos desse trabalho

    encontra-se estruturado em: Capítulo 02 – Revisão Teórica, Capítulo 03 – Metodologia do

    Estudo, Capítulo 04 – Resultados da Pesquisa e Capítulo 05 – Conclusões e Recomendações.

    O segundo capítulo é formado pelo embasamento teórico, no qual se fundamenta

    através da literatura sobre o objeto de estudo, apresentando de forma sintética os conceitos

    sobre análise estratégica de produção (estrutural e infraestrutural), marketing, relação entre

    estratégia de marketing e de produção na adoção desse projeto; além de conceitos sobre

    fatores que influenciam na tomada de decisão para investimento com análise de viabilidade

    técnica, econômica ambiental e social de um sistema de micro-cogeração. Neste capitulo

    destaca também os aspectos gerais do gás natural no modelo energético brasileiro e análise de

    mercado para o uso desse sistema. Finalizando o capitulo 2 com o project finance em projeto

    de co-geração citando os casos de Indaiantown e de ULBRA e CTGÁS como modelo

    proposto para o trabalho e conclusão.

    O terceiro capítulo apresenta a metodologia utilizada na pesquisa, as características

    do setor estudado: tipologia da pesquisa, população alvo, tamanho do universo (levantamento

    censitário), instrumento da coleta de dados, tabela resumo envolvendo as variáveis tratadas no

    formulário, processos de coleta dos dados, técnica estatística e conclusão.

    No quarto capítulo é realizada a análise dos resultados da pesquisa, em que se

    descrevem a validação da pesquisa (tamanho do universo) e conclusão.

    No quinto capítulo, são apresentadas as conclusões obtidas com o trabalho bem

    como a pesquisa bibliográfica, metodologia da pesquisa, resultado da pesquisa, análise crítica

    10

  • do trabalho, limitação do trabalho, direções da pesquisa, recomendações para trabalhos

    futuros e conclusões.

    A estrutura geral do trabalho possibilita uma contextualização mais preponderante,

    pois proporciona todas suas etapas de forma a facilitar o entendimento do tema, iniciando

    através do referencial teórica e, concluindo-se com as inferências a partir da análise dos dados

    coletados.

    A formatação estrutural do trabalho segue um padrão definido pelo Programa de

    Engenharia de Produção da UFRN.

    11

  • Capítulo 2

    Revisão Teórica utilizando o Gás Natural na Decisão de

    Adoção de Auto-Geração de Energia

    A finalidade deste capítulo é promover uma revisão teórica do tema em estudo. O

    conteúdo explanado faz alusão a fatores que estão direta ou indiretamente relacionados à

    pesquisa.

    Esse capítulo apresenta aspectos gerais sobre o gás natural no modelo energético

    brasileiro, a contextualização sobre geração distribuída, co-geração e micro-cogeração a gás

    natural. Em seguida refere-se à decisão de adoção como decisão estratégica, com a

    abordagem e os modelos utilizando, o project finance. Por fim, é apresentado a visão

    tradicional de análise de viabilidade de projetos para hotéis com a viabilidade técnica de

    micro-cogeração a gás natural nos hotéis estudados e a conclusão sobre esse capítulo.

    2.1 O gás natural no modelo energético brasileiro

    Segundo Rodrigues (1995), o gás natural é uma fração do petróleo, que em sua

    composição química, possui os compostos parafínicos mais leves, sob a forma genérica

    CnH2n+2. O metano (CH4) está representado em uma proporção superior a 80%, e o restante

    está associado ao etano (C2H6), além de pequenas frações de outros compostos parafínicos

    mais pesados, por exemplo, propano, butano, pentano e dependendo das jazidas outros

    elementos com água (H2O), dióxido de carbono (CO2), gás sulfídrico (H2S), hélio (He),

    argônio (Ar) e compostos de enxofre (S). Ele aparece na natureza em acumulações

    denominadas de reservatórios que, em condições de pressão e temperatura ambiente da

    superfície são encontrados em estado gasoso. Cada vez mais sendo utilizado, substituindo

    12

  • derivados de petróleo e chegando a constituir mais de 25% da matriz energética de

    determinados países.

    Alonso (2004) afirma que a meta estratégica da PETROBRAS é elevar a participação

    de 2,5% para 12%, na matriz energética, no período de 1997-2010, passando por 7% em

    2005. Para atingir essa meta, existe a necessidade de incentivar a aplicação da co-geração e

    geração distribuída com um foco intenso no segmento industrial devido à necessidade de

    equacionamento da questão fundamental da infra-estrutura de bens e serviços e a criação de

    condições para a expansão do gás urbano e suas aplicações comerciais. De 2001 até 2003,

    nesse período, houve um crescimento do consumo desse combustível, pode-se destacar que

    no setor industrial foi de 16%, no setor automotivo 53%, na área residencial/comercial 29% e

    na geração de energia elétrica 112%.

    As aplicações, do uso do gás natural, na indústria como combustível para motores,

    fornos, caldeiras geração de energia elétrica e aquecimento aumentam constantemente. Isso

    representa redução de despesas com manutenção de equipamentos, desde que a sua queima

    completa não deixe resíduos, por exemplo, nos fornos e caldeiras. De certa forma, pode-se

    dizer que ocorre, também, melhoria de rendimento dos equipamentos em relação ao óleo

    combustível. Com a sensível redução dos custos operacionais, as empresas contam, ainda,

    com a diminuição dos gastos de transporte, pois o combustível é entregue diretamente através

    de canalização, a partir da fonte de produção (Bet, 1991).

    Enquanto as demais fontes de energia possuem áreas específicas de utilização, ele não

    dispõe de um mercado cativo, adaptando-se facilmente, às necessidades energéticas de um

    determinado setor da economia e às diretrizes de uma política energética de âmbito regional

    ou nacional, foi apontado o combustível do futuro e vem sendo, cada vez mais utilizado

    devido ser uma solução alternativa na substituição aos derivados do petróleo (FOCKINK,

    2004).

    O gás natural corresponde, atualmente a somente 7,5% do consumo de energia

    primária no Brasil. Segundo dados apresentados pelo Planejamento Energético da

    PETROBRAS, estima-se um aumento de 14,2% ao ano do mercado de gás natural, levando a

    um consumo desse combustível para cerca de 100 milhões de metros cúbicos por dia (Santos,

    2004).

    Para Alonso (2004) os estudos recentes pela equipe de planejamento do MME

    associados aos cenários mais prováveis para o crescimento da indústria brasileira no período

    13

  • de 1998-2010, mostraram claramente o papel importante da reserva de gás natural como uma

    resposta alternativa rápida ao aumento da demanda para a energia que será necessária para a

    viabilidade do desenvolvimento sustentado do país.

    Segundo Szklo (2004) a estruturação do setor de energia no Brasil, aliado a parte de

    previsão do aumento de consumo, com viabilidade de custos nas áreas de tecnologias do gás

    natural para a geração de energia, fez com que fosse introduzida um modelo, aparentemente

    favorável à expansão dele, uma solução energética, por exemplo, na co-geração utilizando-o

    como combustível principal.

    2.1.1 Segmentação do mercado do gás natural na matriz energética

    A solução para a questão do gás industrial seria conquistar a confiança do

    empresariado, desenvolvendo base de bens e serviços no país porque existe a previsão de um

    crescimento para 31,24 milhões de Nm³/dia em 2005, esse crescimento poderia ser maior se

    não fossem as dificuldades de falta de informações de que o combustível é inseguro, difícil de

    ser controlada, ineficiência de infra-estrutura dos setores e por fim uma articulação entre as

    distribuidoras e os clientes porque se perdem inúmeras oportunidades no segmento comercial.

    Os fatores de restrição ao crescimento da indústria do gás natural são: ampliação da infra-

    estrutura de distribuição (gasodutos), definições de um marco regulatório (livre acesso, cessão

    de capacidade, critérios tarifários), revisão do preço do gás natural importado, penetração do

    gás no novo modelo elétrico e o mais importante que é o desenvolvimento da indústria

    nacional de bens e serviços para suportar essa inserção do gás natural (Alonso, 2004).

    O Brasil presenciou uma crise no abastecimento de energia elétrica, em 2001, devido a

    escassez de investimentos nesse setor e o crescente nível de consumo, que assumiu

    proporções assustadoras. Com o fim do monopólio estatal na geração de energia abriu

    oportunidades nesta área, permitindo a implantação de sistemas alternativos, por exemplo, a

    co-geração (Ferrão, 2001).

    Das possibilidades apresentadas, a conservação de energia pode representar 10% das

    necessidades dos próximos dez anos, e alguns sistemas alternativos, por exemplos, gás

    natural, geração eólica, solar e biomassa podem significar outros 10%. As bases continuam

    sendo as hidrelétricas, num programa de médio e longo prazo, sem grandes áreas inundadas, e

    reduzindo o atendimento das novas necessidades dos atuais 95% para no máximo 40%. Os

    40% que faltam deverão ser produzidos por centrais térmicas autônomas, sobretudo a ciclo

    combinado, e pelas centrais térmicas de co-geração, sendo o espaço de cada uma delas uma

    14

  • questão de grande relevância. Então existe uma lacuna na geração de energia elétrica de

    15.126.336 kW para ser dividida entre as centrais térmicas autônomas; ciclo combinado e co-

    geração.

    2.1.2 Definição do Segmento no setor elétrico

    O Relatório da PETROBRAS (2001), o MME projeta dados sobre o mercado

    energético até 2022. Nesses dados são apresentados estudos que esboçam um novo perfil para

    o mercado energético, e apresentam quais são as principais fontes energéticas que terão um

    crescimento do consumo no mercado brasileiro. Quem se destaca dentro deste novo quadro

    energético é o gás natural, pois ele é quem apresenta um cenário de maior crescimento em

    qualquer situação.

    É muito importante salientar que o sistema de co-geração utiliza o gás natural como

    combustível principal para atender aos clientes que estão concentrados em localidades ao qual

    possuem o acesso à distribuição deste combustível, através das companhias distribuidoras

    nacionais que estão distribuídas conforme a Figura 2.1 (Alonso, 2004).

    Figura 2.1 - Companhias estaduais distribuidoras de gás natural do Brasil. (ABEGÁS, 2005)

    São 23 companhias estaduais distribuidoras de gás natural no Brasil, com extensão de

    uma rede de gasoduto, aproximadamente, de 7.586 km, sendo que 85,6% correspondente aos

    15

  • estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Até 2003 o número de clientes era de 1.063.514

    (sendo que 99% desses clientes estão nos estados de Rio de Janeiro e São Paulo). Até

    dezembro de 2004, foram comercializados cerca de 29,87 MM m³/dia, com volume

    contratado de 47,5 MM m³/dia. A previsão do volume contratado para 2007 é de 57 MM

    m³/dia (sendo 18 MM m³/dia Nacional e 39 MM m³/dia importado). O volume contratado

    para o transporte em 2003 foi de 30,08 MM m³/dia pela TBG (Alonso, 2004).

    2.1.3 O cenário do gás natural no Estado do Rio Grande do Norte

    O mercado de gás natural no Brasil vem mudando ao longo dos últimos anos,

    principalmente em duas perspectivas, uma referente ao seu modo de utilização e a outra na

    escala de consumo (Souza, 2004).

    Segundo a POTIGÁS (2003), no Rio Grande do Norte, houve um crescimento em

    2004, de 4,0%, no consumo de gás natural. A partir de 2006, essa empresa tem um projeto de

    ampliação, construindo um novo gasoduto para atender a rede hoteleira, e com a manutenção

    do PROGÁS essa evolução de venda terá um crescimento significativo. A meta dessa

    empresa é chegar a 100 clientes, até o final do ano de 2006. Alguns bairros da cidade do Natal

    já possuem gasodutos próximos aos pontos comerciais, mesmo assim esta empresa pretende,

    no próximo ano, disponibilizar o gás natural, começando pelas praias do centro-sul (bairro de

    ponta negra), depois passando pela orla marítima (via costeira) até chegar à praia do forte

    (prolongamento da via costeira). A expansão do mercado atenderá a novos setores: industrial,

    comercial e residencial. Pode-se observar na Figura 2.2 a malha atual e a prevista de expansão

    do gás natural na cidade do Natal.

    16

  • Figura 2.2 - Descrição da malha atual do gás natural (Potigás, 2004)

    De acordo com o levantamento realizado por esta empresa, que distribui o gás natural

    no Estado do RN, o setor automotivo teve maior crescimento na utilização desse combustível,

    com o mesmo cenário nacional. Na Tabela 2.1 pode-se observar a continuação da

    predominância do segmento automotivo, em relação aos outros segmentos, destacando que

    existe apenas, até 2004, um cliente no setor de hotelaria.

    Tabela 2.1 – Segmentação dos setores (POTIGÁS/2004) Segmento Quantidade de Clientes Consumo (m3/dia)

    Industrial 32 138.074 Têxtil 10 114.869 Alimentício/Bebidas 13 20.008 Cerâmica 3 1.074 Curtume 1 245 Metalurgia 1 62 Embalagem 1 87 Químico 1 12 Fármaco 1 470 Hotelaria 1 64

    Comercial 3 194 Serviços 1 989

    Automotivo 34 148.631 TOTAL 70 286.705

    Em 2004, houve um investimento de 17 milhões de reais pela POTIGÁS na

    distribuição e comercialização do gás natural, com a aprovação de financiamento pelo

    BNDES, a partir de 2005 houve uma redução nos investimentos, com projeção de

    estabilização desse crescimento em 2008, conforme a Figura 2.3.

    17

  • Figura 2.3 Descrição da distribuição e comercialização de gás natural (POTIGÁS/2004)

    A POTIGÁS prever um crescimento para o gás natural no Rio Grande do Norte, em

    2008, com a entrada da co-geração, a partir de 2006 da termoelétrica TERMOAÇU,

    localizada no município de Alto do Rodrigues, aproximadamente 200 km da cidade do Natal.

    Esse crescimento pode ser observado através da Figura 2.4.

    Figura 2.4 -Descrição da previsão de vendas de gás natural pela POTIGÁS até 2008 (POTIGÁS/2004)

    18

  • 2.2 Contextualização de Geração distribuída, co-geração e micro-cogeração

    a gás natural

    Segundo Leite (2004), a geração distribuída consiste na geração de energia elétrica de

    distribuição próxima ao usuário final geralmente em sistemas de pequeno porte. Com a

    proximidade entre a geração e a carga, os custos de transmissão são reduzidos

    substancialmente ou eliminados, bem como aumentam a qualidade e a confiabilidade do

    fornecimento de energia elétrica.

    Para Dutra (2004) a geração distribuída vem sendo cada vez mais responsável por uma

    parcela significativa da energia elétrica produzida nos diversos países e tem sido

    crescentemente incentivada por políticas governamentais nos últimos anos, principalmente no

    que diz respeito ao aumento do uso do gás natural no setor produtivo.

    Conforme a ANEEL (2004), em relação à capacitação de geração, o Brasil possui no

    total 1.232 empreendimentos em operação, gerando 83.210.802 kW de potência. Está prevista

    para os próximos anos uma adição de 37.815.643 kW na capacidade de geração do País.

    No caso de grandes centros urbanos, a geração distribuída a partir do gás natural

    apresenta vantagens, tanto do ponto de vista técnico quanto do econômico para sistemas de

    co-geração e outras formas de geração distribuídas a gás natural (Leite, 2004).

    Segundo Kolanowaki (2000) a co-geração pode ser aplicada em qualquer lugar para

    facilitar a necessidade do uso da energia. O uso dessa energia pode ser descrito, por exemplo,

    eletricidade, vapor, aquecimento de água, ou seja, sobre todas as necessidades que requerem o

    input de energia.

    Para Marimon (2000) a co-geração no Brasil, embora sendo uma tecnologia conhecida

    e praticada a mais de vinte anos na área industrial, somente nos últimos anos passou a

    participar na forma de alternativa para a área de serviço e na área industrial de menor porte.

    Já Paula (2004) define a co-geração como geração coincidente de calor e potência

    elétrica e/ou mecânica, como também geração de potência elétrica e/ou mecânica advinda da

    recuperação de calor de processo rejeitado a altas temperaturas, além de assegurar vantagens

    como o aumento de confiabilidade no abastecimento de eletricidade, também contribui para a

    redução dos custos de produção em decorrência do aumento do rendimento térmico global da

    operação.

    19

  • Souza (2000) resume a co-geração que é o aproveitamento seqüencial de energia

    elétrica e calor útil, produzidos a partir de um mesmo combustível.

    Diferentemente, em plantas de co-geração, calor útil e potência elétrica ou mecânica

    são produzidos a partir da queima de um único combustível, com recuperação de parte do

    calor rejeitado. Deste modo a eficiência global desta modalidade de planta atinge valores

    entre 50% e 90%, dependendo da tecnologia empregada, bem como da aplicação. (Silveira,

    1994).

    Os sistemas de co-geração a gás natural são recomendados devido a sua alta

    confiabilidade e alta eficiência global (Francisco Jr, 2004).

    Segundo CTGÁS (2002), dentre as vantagens de se aplicar um sistema de co-geração,

    destaca-se:

    • Independência da rede da concessionária local, não estando sucessíveis as interrupções

    de fornecimento;

    • Aumento da confiabilidade do suprimento aos consumidores próximos à geração

    local;

    • Redução dos riscos de falta de disponibilidade de energia.

    Segundo Martins (2000), os sistemas de co-geração devem ser submetidos a uma

    detalhada análise técnico-econômica para verificação de sua viabilidade. Os levantamentos

    das cargas elétricos e térmicos deverão ser os mais fiéis possíveis. Em sistemas existentes, o

    melhor procedimento é a verificação das contas de energia por um período mínimo de 12

    meses, avaliando-se então a participação de cada tipo de energético empregado, seu pique de

    demanda, sua curva horária semanal e mensal de consumo.

    A escolha do tamanho ideal de um sistema de co-geração é uma tarefa de difícil

    determinação, já que sistemas de co-geração não precisam ser necessariamente

    dimensionados para atender cargas de pico (Santo, 1997).

    Neste contexto, a co-geração que vem a ser a produção combinada de eletricidade e

    calor obtida pelo uso seqüencial de energia a partir de um combustível se apresenta como uma

    das melhores oportunidades para geração distribuídas e eficiência energética (Almeida, 2004).

    A micro-cogeração é definida como uma noção da geração simultânea de ambos: calor

    e energia em um determinado local de abrigo individual (Entchev, 2004).

    20

  • A utilização de micro-cogeração pode ser empregada em sistemas para uso contínuo,

    sistemas para uso em horários de pico, sistemas emergenciais de geração, sistemas em áreas

    remotas, para geração de frio e calor e como sistemas de aproveitamento energético. A micro-

    cogeração é especialmente atraente para pequenas capacidades, até 250 kW, que necessitem

    de eletricidade e aquecimento de água e climatização do ambiente em diferentes etapas do dia

    (Silveira, 1994).

    A micro-cogeração tem seu domínio de aplicação junto do pequeno consumidor

    privado, por exemplo, restaurantes, hotéis, condomínios, pequenas fábricas, centros

    comerciais, instalações desportivas, etc. e uma grande variedade de aplicações comerciais

    podem satisfazer as suas necessidades de energia elétrica e térmica utilizando sistema de

    micro-cogeração (Dutra, 2004).

    Uma característica fundamental do mercado alvo que se pretende atuar, é a de

    implantação e operação de plantas de micro-cogeração com potência máxima de 35 kW.

    Nesse contexto, a utilização do sistema de micro-cogeração proporciona uma diferença

    competitiva no do mercado, devido à qualidade do equipamento, a segurança de sua operação,

    a sua fácil manutenção e a garantia de performance da produção de energia (FOCKINK,

    2004).

    A Figura 2.5 descreve o sistema de micro-cogeração a gás natural, com a praticidade e

    flexibilidade desse sistema ser modular, por ser constituído em 6 (seis) módulo, por exemplo,

    módulo acionador (motor e gerador), módulo de refrigeração (compressor, condensador,

    válvula de expansão, evaporador, bombas e fan-coils) módulo de emergência (contém 6

    cilindro na falta de gás natural fornecido pela concessionária) e módulo de exaustão (contém

    2 trocadores calor), módulo de controle (contém CLP – Controlador Lógico Programável) e

    módulo chassis. Dependendo da necessidade do cliente o sistema poderá atender tanto para

    geração, e/ou co-geração, apenas fornecimento de energia elétrica, ou climatização, ou

    produção de água quente, ou todo o ciclo, com ou sem paralelismo com a concessionária,

    sendo totalmente monitorado pelo módulo de controle através do CLP - MIP 24/24.

    21

  • Figura 2.5 Descrição do sistema de micro-cogeração a gás natural (CTGÁS, 2004)

    O sistema pode gerar 35kW/50kVA de energia elétrica, 7 (sete) TR’s (Tonelada de

    Refrigeração, equivalente a 84.000 BTU’s) de energia para refrigeração e possui a capacidade

    de aquecer 2200 l/h de água na temperatura de 25ºC até 80ºC. A Figura 2.6 apresenta o

    Sistema de micro-cogeração a gás natural da FOCKINK, instalado no CTGÁS, em Natal-RN.

    Figura 2.6 Protótipo do sistema de micro-cogeração a gás natural (CTGÁS, 2004)

    O nível de concorrência neste mercado é consideradamente muito baixa, pois o

    mercado de fabricação não esta sendo explorada no Brasil. O sistema de micro-cogeração

    entrará no mercado com uma tecnologia diferenciada e incentivando o uso do novo

    combustível, o gás natural.

    2.3 Decisão de Adoção como decisão estratégica

    Segundo Porter (1979), estratégia é a maneira como lidar com a competição. Dentro

    de uma boa estratégia estão contidos elementos direcionadores das decisões para assegurar

    uma vantagem competitiva e também a maneira como planejar as ações.

    22

  • Existem três níveis de hierarquia de uma estratégia. A primeira é a estratégia

    corporativa no sentido de que a estratégia é feita para orientar a atuação da empresa como um

    todo no mercado; a segunda é a estratégia da unidade de negócio, nesta estratégia está

    relacionada a uma determinada linha de produto da empresa, cada linha de produto deve ter

    sua própria estratégia, de acordo com as características, e a terceira é a estratégia funcional,

    em que cada setor da empresa tem sua própria estratégia para dar suporte a estratégia de cada

    unidade de negócio relacionada. Na estratégia corporativa da empresa a estratégia posicionará

    em seus ambientes global, econômico, político, social que consistirá de decisões sobre quais

    partes do mundo deseja operar, quais negócios adquirir e de quais desfazer-se, no sentido de

    alocar seus dinheiro entre vários negócios e assim por diante. Já na estratégia de unidade de

    negócio, estabelece-se sua missão e objetivos individuais, definindo-se o que pretende

    competir em seus mercados. Por fim, a estratégia funcional que dentro de cada unidade de

    negócios tem-se suas próprias estratégias, é preciso, também, em cada função relacionada

    com aquela unidade de negócio ter estratégia para contribuir com os objetivos estratégicos e

    competitivos do mesmo (Hayes e Wheelwright, 1984).

    2.3.1 Relação entre estratégia de marketing, estratégia de produção e mercado

    Segundo Hayes e Wheelwright (1984), quando uma empresa elabora uma estratégia

    ela não deve ser baseada somente numa função da empresa, seja só a logística, e assim por

    diante, o plano traçado deve ter uma interface entre o mercado e as funções. Isso deve ao fato

    de uma mudança em uma determinada função irá ter implicação na outra, por exemplo, ao

    querer aumentar a produção não apenas o setor de manufatura terá alterações, mas também o

    setor de logística ao ter que adquirir mais material e organizar a distribuição do produto final;

    além do mais, ao lançar uma estratégia, ela deve estar de acordo com a capacidade da empresa

    e dos setores fazerem o que lhe são proposto e estar dentro do escopo de negócio da mesma.

    Assim, é importante entender como relacionar estratégia de produção e marketing.

    Existem duas maneiras de poderem estar associadas às estratégias de marketing e

    produção, uma é dentro da própria empresa, ou seja, ao elaborar uma estratégia de marketing

    para uma empresa, deve-se fazer as devidas mudanças no setor de produção da mesma, para

    haver uma estratégia corporativa eficiente e a outra maneira é a combinação existente entre a

    estratégia de produção para o cliente e a estratégia de marketing da empresa fornecedora de

    bens daquele cliente, ou seja, uma organização estará embasada na estratégia de produção do

    23

  • seu cliente para elaborar uma estratégia de marketing que a faça atingir os objetivos do

    mesmo. É nesse segundo tipo que é baseado o presente trabalho.

    Segundo Hill (1993), a empresa precisa conhecer bem a dinâmica do seu mercado e as

    necessidades atuais e futuras dos seus clientes. Essa é a premissa básica para a empresa ao

    começar visualizar uma estratégia de marketing eficiente e isso inclui determinar os volumes

    de produção correntes e futuros, examinar as tendências do mercado e práticas industriais e

    entender o comportamento dos compradores. Ao compreender a maneira em que seu cliente

    estará lidando com a competição ao fazer modificações em sua estrutura, seja ela física, seja

    no mix de produção, seja no volume, ou mesma, na sua infraestrutura é que a companhia

    poderá iniciar ações que estejam de acordo com os objetivos dos clientes e dessa maneira

    introduzir um marketing compatível com a realidade do mercado alvo.

    Na Figura 2.7 pode-se observar as ferramentas na compreensão da forma que ocorre à

    interface entre o marketing e a produção.

    Estratégia Coorporativa

    Estratégia de Marketing

    Estratégia de Produto Estratégia de Produção

    Objetivos de Negócio

    Posicionamento no Mercado

    Como os produtos são competitivos Estrutural Infraestrutural

    Crescimento Mercado de Produtos e Segmentos

    Preço Capacidade Planejamento

    Lucro Mix Qualidade Tecnologia Organização Volume Confiabilidade Tempo Controle Nível de Inovação

    Design Tamanho Outros Negócios

    Aumento de oferta Localização

    Força de Trabalho

    Figura 2.7 Ferramenta para reflexão da estratégia de produção associada ao marketing (Hill/1993)

    Dependendo do tipo de objetivo corporativo, define-se uma estratégia de marketing,

    compreende-se de que forma o produto é competitivo e decide-se pelos elementos estruturais

    e infraestruturais da produção de modo consistente. Para tanto, o autor considera essencial

    conhecer o mercado para saber os fatores que levariam os clientes adquirirem o produto

    ofertado pela empresa, para a partir daí começar fazer as relações existentes entre os objetivos

    da mesma, maneira de atuar no mercado e sua estratégia de produção adotada. A relação da

    Figura 2.7 demonstra a existência de várias opções de competir no mercado e tipos de

    estratégia a serem adotadas, por exemplo, quando o objetivo do cliente é de crescimento de

    mercado a partir um aumento de oferta, com isso uma estratégia de produção a ser assumida é

    24

  • de ampliar a sua estrutura física, assim dependendo de que tipo de produto a empresa oferta é

    que será escolhida a melhor estratégia de marketing para atender ao cliente alvo (Hill, 1993),.

    Na Figura 2.8 pode-se inter-relacionar a estratégia de produção, estratégia de

    marketing e mercado.

    Objetivosda

    Empresa

    Estratégiade

    Marketing

    Como oProdutovence

    nomercado

    Estratégiade

    ProduçãoTecnologia

    Estratégiade

    Produção:Gestão

    Objetivosda

    Empresa

    Estratégiade

    Marketing

    Como oProdutovence

    nomercado

    Estratégiade

    ProduçãoTecnologia

    Estratégiade

    Produção:Gestão

    Figura 2.8 Relação entre estratégia de produção, estratégia de marketing e mercado (Adaptado de Hill/1993)

    2.3.2 A estratégia de produção e adoção do gás natural

    Um dos tipos de decisão estratégica de produção é a decisão estratégica estrutural de

    tecnologia, na qual, insere-se entre outras, a questão energética da empresa. Decisões sobre

    comprar ou produzir energia, medidas de racionalidade de consumo, reduzindo custos com

    energia e quais tipos de energia e combustíveis utilizar são planejadas dentro deste tipo de

    estratégia.

    O gás natural poderá contribuir, quando for bem utilizado, suprindo com eficaz para a

    competitividade da empresa, uma vez que este energético utilizado como fonte geradora de

    energia elétrica/térmica suprindo simultaneamente as duas necessidades, permitirá a redução

    do custo final da energia e tenderá a médio e longo prazo a redução, significativamente, do

    preço pago com energia; oferecendo ao sistema uma maior confiabilidade dos processos, uma

    vez que o fornecimento da energia está sendo controlado pelo próprio cliente, além da

    garantia da quantidade contínua do fornecimento, elemento de grande importância

    principalmente para empresas dos setores de hotéis, pousadas e restaurantes, onde a energia é

    um dos principais insumos (Souza, 2004).

    A questão da energia deve fazer parte da estratégia de negócio da empresa, pois além

    de ser importante no que diz respeito ao elemento da produção, é também relevante para

    25

  • marketing da mesma, pois ao tentar certificar-se com a norma ISO 14001, utilizar

    combustível pouco agressivo ao ambiente contribui na certificação e melhoria na imagem da

    empresa, por ser ambientalmente correta.

    Portanto, a energia é um dos elementos de decisão estratégica de produção (tecnologia

    e gestão) para competir com outras definições de prioridade de investimento, ou seja, o

    investimento em gás natural, compete assim, com outros investimentos tanto na dimensão

    estrutural dessa estratégia, na infraestrutura, assim como em outras áreas da empresa, por

    exemplo, marketing.

    2.4 A abordagem do Project Finance

    Segundo Finnerty (1998) apud Xavier (2005), o project finance é uma técnica de

    captação de recursos para financiar um projeto de investimento de capital economicamente

    separável, no qual o fluxo de caixa vem desse projeto. Os arranjos do project finance

    envolvem, invariavelmente fortes relações contratuais entre as múltiplas partes, com

    funcionamento para projetos que possam estabelecer relações e mantê-las a custos toleráveis.

    O project finance geralmente engloba as seguintes características básicas:

    • Um acordo entre partes financeiramente responsáveis pela complementação do projeto

    que, para esse fim, disponibilizam, ao projeto todos os recursos financeiros

    necessários à sua finalização.

    • Um acordo entre as partes financeiramente responsáveis (tipicamente, na forma de um

    contrato para a compra da produção do projeto) que garantiu que, quando ocorrer a

    finalização do projeto e se iniciarem as operações, o projeto tenha dinheiro suficiente

    para atender a todas as suas despesas operacionais e exigências de serviço de sua

    dívida, mesmo que o projeto não seja bem-sucedido por motivos de força maior ou

    quaisquer outros.

    • Garantias das partes financeiramente responsáveis de que, ocorrendo uma dificuldade

    nas operações, que torne imprescindível o investimento de recursos financeiros para

    devolver ao projeto condições de operação, os recursos necessários serão

    disponibilizados através de indenizações de seguro, adiantamentos contra entregas

    futuras ou algum outro meio.

    26

  • A integridade de um project finance depende da força do suporte de crédito fornecido

    pelos dispositivos contratuais que regem a venda da produção, suprimento de matérias-

    primas, fornecimento de serviços de gestão, e assim por diante. Os principais contratos

    associados ao projeto são típicos de projetos de co-geração financiados em bases sem direito a

    regresso ao longo dos últimos anos (Finnerty, 1998).

    Segundo Xavier (2005) as vantagens do project finance são: o compartilhamento dos

    riscos diminuindo o risco do empreendimento, controle da capacidade de endividamento das

    partes envolvidas, facilidade de financiamento do projeto através de créditos de terceiros e a

    empresa-projeto poderá distribuir o fluxo de caixa líquido, permitindo que o invistam como

    melhor os aprouver, reduzindo o custo de capital próprio para o projeto.

    O project finance pode ser utilizado para projetos de co-geração nos casos em que um

    pool de empresas se unirem para a realização do projeto. Nesse pool podem estar empresas

    distribuidoras de gás, empresas de fornecimento de energia elétrica, empresas que demandem

    energia elétrica e empresas que demandem vapor. O importante é que todas as participantes

    do project finance tenham os objetivos convergentes para o sucesso do empreendimento.

    Segundo Finnerty (1998) o estudo de caso do projeto de co-geração de Indiantown é

    um componente chave do project finance e é a modelagem de negócio do empreendimento,

    buscando envolver vários participantes. Os casos a seguir ilustram esta modelagem.

    2.5 Os modelos utilizando o project finance

    2.5.1 O Estudo de Caso de Indiantown Cogeneration L. P, EUA

    Segundo Finnerty (1998), em 9 de novembro de 1994, a Indiantown Cogeneration

    L.P.(sociedade) e a Indiantown Cogeneration Funding Corporation (corporação financiadora)

    venderam conjuntamente $505 milhões em bônus de primeira hipoteca a investidores, através

    de uma oferta pública registrada. Na mesma época da oferta de $505 milhões, a Martin

    County Industrial Development Authority (órgão de desenvolvimento industrial do condado

    de Martin), simultaneamente com a oferta de $505 milhões comercializou $125 milhões

    adicionais em bônus isentos de tributação com prazo de 31 anos, a receita dos quais havia

    concordado emprestar a Indiantown. O longo prazo de resgate se mostrou útil à sociedade

    para fins de gestão de ativos-passivos.

    27

  • O projeto envolveu a construção e operação de uma unidade de co-geração movida a

    carvão no sudoeste do condado de Martin, na Flórida com uma capacidade líquida de geração

    de energia de 330MW, e uma capacidade de produção de vapor de 175.000 libras/peso por

    hora.

    A sociedade foi projetada para vender a energia elétrica à Flórida Power & Light

    Company – “FPL” sob contrato de compra de energia elétrica com prazo de 30 anos, e para

    vender o vapor a Caulkins Indiantown Citrus Company – “Caulkins” – sob contrato de

    serviços de contrato de construção especificava um preço fixo de $438,7 milhões. As

    responsabilidades da Bechtel Power incluíam serviços de projeto, engenharia, compras e

    construção; inicialização de operações; treinamento de pessoal; e testes de desempenho.

    energia de 15 anos de vida útil do projeto.

    A sociedade é por quotas de responsabilidade limitada, constituída para desenvolver,

    adquirir, deter propriedade de, projetar, construir, testar e operar uma unidade de co-geração

    movida a carvão, com capacidade liquida projetada de aproximadamente 330MW. Os sócios

    integrais são a Toyan Enterprises, e a Palm Power Corporation.

    A unidade de co-geração