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Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery
http://re.granbery.edu.br - ISSN 1981 0377
Curso de Educação Física - N.7, JUL/DEZ 2009
FATORES DETERMINANTES PARA A PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS NA
TERCEIRA IDADE
LUIZ HENRIQUE FERNANDES1
ALICE ALMERITA MACHADO BURKOWSKI2
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo identificar, analisar e discutir os fatores determinantes para a prática de atividades físicas na Terceira Idade em um âmbito geral e, paralelamente, evidenciar a visão e opiniões dos próprios praticantes destas atividades. Para tanto, foi realizada uma pesquisa descritiva, de abordagem qualitativa, subsidiada por uma pesquisa bibliográfica e enriquecida quali-quantitativamente com os dados de uma investigação de campo, coletados através da aplicação de um questionário a noventa indivíduos participantes de um projeto de atividades físicas voltado para indivíduos da Terceira Idade da cidade de Santos Dumont, Minas Gerais. Os resultados obtidos apontam como fator principal que levam estes sujeitos da Terceira Idade a praticarem atividades físicas regulares, a preocupação com a prevenção de doenças. Ficou demonstrado que a participação feminina se destaca com relação à masculina e que indivíduos de idades variadas (acima e abaixo dos 60 anos), estão aderindo à prática de exercícios físicos regulares, observando-se assim uma melhora nas condições de saúde e na qualidade de vida geral. Outras tendências foram identificadas no estudo, como a adesão e a permanência em programas de atividades físicas, por mais tempo, de indivíduos idosos. O estudo aponta ainda as atividades preferidas pela maioria da população pesquisada e os benefícios dessa prática para este grupo. PALAVRAS-CHAVE: Terceira Idade. Idosos. Atividade Física.
ABSTRACT
This paper aims to discuss the determinants for the practice of physical activities in the Third Age in a general context and also highlight the views and opinions of the practitioners of these activities. For this, we performed a bibliographic search of nature, enriched with qualitative and quantitative research through an application of a questionnaire to ninety individuals participating in a project of physical activities for individuals facing the Third Age of the city of Santos Dumont - MG. The results show how the main factor leading subject of
1 Profissional de Educação Física (licenciado e bacharel) graduado pela Faculdade Metodista Granbery. Contato: [email protected] 2 Professora orientadora – Faculdade Metodista Granbery. Mestre em Educação Física ela UFRJ. [email protected]
the elderly to practice regular physical activities to prevent disease. Indicate that female participation is highlighted in relation to male and individuals of different ages are joining the practice of regular exercise, thus observing an improvement in health and quality of life in general. Other trends were identified in the study, such as joining and remaining in physical activity programs, longer in the elderly. The study also shows the favorite activities for most of the population studied and the benefits of this practice for this group. KEY-WORDS: Third Age. Elderly. Physical Activity.
1 CONCEITUAÇÃO E PRESSUPOSTOS DO CRESCIMENTO E DO DESENVOLVIMENTO HUMANO DAS PESSOAS DA TERCEIRA IDADE
“O envelhecimento se refere a um fenômeno fisiológico de comportamento social
ou cronológico”, afirmam Franchi e Junior (2005, p. 152). Entende-se por idoso ou pessoa da
Terceira Idade, indivíduos com mais de 60 anos de idade, conforme esclarece o Estatuto do
Idoso (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA DO BRASIL, 2003), que tem como referência o
movimento mundial em defesa do idoso alavancado ao final do século passado (1990),
liderado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização Mundial da Saúde
(OMS).
Cronologicamente falando, para que um indivíduo possa ser considerado legal e
efetivamente um idoso ou pessoa da Terceira Idade, deve ter completado 60 (sessenta) anos
de idade. Entretanto, na prática, não é exatamente isto que se observa nos programas
direcionados aos idosos. Indivíduos que não chegaram aos 60 anos participam de grupos da
Terceira Idade e se sentem bem, preferindo praticar atividades físicas em grupo, com pessoas
mais velhas.
A Terceira Idade, para Guillemard (1986, citado por DEBERT, 1996, p. 11),
[...] não é sinônimo de decadência, pobreza e doença, mas um tempo privilegiado para atividades livres dos constrangimentos do mundo profissional e familiar. Com o prolongamento da esperança de vida, a cada um é dado o direito de vivenciar uma nova etapa relativamente longa, um tempo de lazer em que se elaboram novos valores coletivos.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, existiam 390 milhões de
pessoas acima de 65 anos em 1998 e estima-se que em 2025 essa população será o dobro. Em
muitos países em desenvolvimento, especialmente na América Latina e Ásia, é esperado um
aumento de 300% na população idosa, chegando a 2 bilhões de pessoas acima de 60 anos até
2025.
A Terceira Idade é considerada por muitos leigos no assunto, como o período em
que se deve apenas descansar de tudo, compensando o desgaste provocado pelo trabalho
realizado durante a vida, e isto já basta para se ter um “fim de vida” consideravelmente bom.
Para os leigos, não se deve sobrecarregar os idosos com atividades físicas ou outras atividades
porque “eles não aguentam mais”. Ledo engano.
Como em todas as fases da vida, os indivíduos devem se manter ativos, mas em
especial nesta faixa etária, a atividade torna-se essencial para a funcionalidade do corpo, e
como a maioria dos idosos desfruta de mais tempo livre, esta fase é propícia a essas vivências.
Em função do risco de doenças e do envelhecimento natural do organismo, especialmente das
articulações e dos músculos, é aconselhável a prática de atividades físicas regulares
paralelamente a uma série de outros cuidados que colaboram para a manutenção da saúde e
qualidade de vida. A prática de atividades físicas na Terceira Idade é uma importante medida
de prevenção de doenças e de profilaxia, constituindo fator de manutenção da saúde.
Não se pode considerar a Terceira Idade como o fim dos sonhos, ao contrário, é
um novo tempo de vida, no qual novos sonhos surgem e todos devem alimentar a
possibilidade de realizá-los, incentivando os idosos a, cada vez mais, viver intensamente essas
realizações.
Para o entendimento da sociedade como um todo, a publicação de Loussa (2005)
define de forma bem simples e objetiva as questões de maior destaque da Terceira Idade. Esta
autora considera esta uma etapa da vida, entre as mais importantes, que
Chega sem percebermos. Só conseguimos identificar esse novo momento quando as outras pessoas nos vêem e começam a nos tratar de maneira um tanto diferente. Diferente também é o sentimento do envelhecimento que acontece entre as pessoas. Algumas se entristecem, outras, porém, encaram naturalmente de maneira serena. Todas as pessoas precisam de atenção. As pessoas da Terceira Idade muito mais, e precisam de bons relacionamentos. Nosso país, entre outras coisas, é rico também em constituição, estatutos e leis. Contudo, não são obedecidos. Mesmo no ambiente familiar, o idoso nem sempre recebe um tratamento digno. A dignidade humana constitui valor fundamental da ordem jurídica para a ordem constitucional. A prática de atos indignos, apesar de não acarretar perda da própria dignidade, coloca o indivíduo numa condição de desigualdade com seus semelhantes.
A referida autora contesta o uso corrente, no Brasil, dos termos “idosos” e
“Terceira Idade”, que são referências para pessoas com mais de 60 anos, como
discriminatórios e denuncia.
Essas terminologias são um enquadramento dessas pessoas como “velho” ou ainda quem já está na “reta final”. Mas isso na verdade está constituindo um roubo do dinamismo peculiar de cada um desses indivíduos. Uma pessoa com 60 anos pode estar mais jovem do que uma de 45 ou de 50 anos; assim como uma pessoa de 40 anos pode estar bem mais velha do que uma de 50 anos. Há muita diferença entre a idade cronológica e a idade mental. (LOUSSA, 2005).
Ainda no mesmo texto, a referida autora afirma que a complexidade do conceito
de Terceira Idade existe
porque para cada pessoa a mudança de idade é muito diferente de outra. As diferenças físicas e biológicas não são as mesmas e isso invalida os critérios cronológicos da definição. O termo “velho” está corrompido, é mal interpretado e está carregado de aspectos negativos, enquanto “Terceira Idade”, “idade ativa”, “melhor idade”, são mais suaves e até carregados de carinho. É de suma importância que os idosos continuem tendo propósitos definidos e estejam motivados para a vida. Biologicamente, somos seres que percorrem o ciclo da vida, interrompido ou não, mas que vai do nascimento à morte, passando por etapas de consecução. Existem pessoas idosas que carregam consigo um espírito jovem. Outras porém, embora não sendo idosas, já vivem num mundo de tristezas e preocupações com seus últimos dias. Envelhecer não é um problema, é sim um privilégio. Interessante que na Bíblia o ancião é tido como um parceiro de sabedoria, um parceiro de prudência. [...]. (LOUSSA, 2005).
Esse pressuposto confronta a atitude preconceituosa dos que não tratam a pessoa
humana com consideração e respeito, e taxam o indivíduo com termos discriminatórios e
pejorativos, acreditando ser correto o que o senso comum impõe. Os próprios indivíduos da
Terceira Idade que praticam atividades físicas regulares adotam uma definição para esta faixa
etária. O conceito se destaca pela originalidade, e se fortalece pela verdade contida nesta
definição, que é: “Terceira Idade não é uma população de velhos, mas sim, uma população
com juventude acumulada”, dizem os participantes do projeto “Atividade Física para a
Terceira Idade”, da cidade de Santos Dumont, integrantes da amostra desse estudo.
Desta forma, pode-se partir do princípio de que as pessoas da Terceira Idade que
praticam atividades físicas regulares estão prontas para enfrentar os desafios contra o
preconceito e principalmente contra o sedentarismo, demonstrando uma disposição que nem
sempre se pode observar em pessoas bem mais jovens.
Um fator importante no impacto econômico de uma população em envelhecimento
é a proporção dos que são saudáveis e fisicamente capazes e dos que não são. Muitos
problemas da atual idade avançada vêm do estilo de vida.
Segundo Papália (2000), pode-se dividir o envelhecimento em duas etapas, sendo a
primeira, o envelhecimento primário, que é o processo gradual, inevitável e irreversível de
deterioração que começa mais cedo na vida e continua com o passar dos anos. A segunda
etapa, segundo a mesma autora, é o envelhecimento secundário, que decorre dos resultados de
doenças, abuso ou desuso, fatores que muitas vezes podem ser evitados e estão dentro das
possibilidades de controle das pessoas. Mantendo-se em boa forma física e se alimentando
adequadamente, muitos idosos conseguem evitar o envelhecimento secundário.
A gerontologia é a ciência que estuda os problemas do velho sob todos os seus
aspectos: biológico, clínico, histórico, econômico e social. (FERREIRA, 1994).
Para Papália (2000), atualmente os Gerontologistas afirmam que existem três
grupos de adultos idosos, os “velhos jovens”, com idade entre 65 e 74 anos, os "velhos
velhos", de 75 a 84 anos, e os “velhos mais velhos”, acima de 85 anos.
Com relação à longevidade e ao envelhecimento, podem-se levantar algumas
questões, como: quanto tempo cada um irá viver? Por que temos que envelhecer? Alguém
gostaria de viver para sempre? Essas perguntas estão intimamente relacionadas à expectativa
de vida e à idade estatisticamente provável.
Sobre as tendências e fatores na expectativa de vida e mortalidade, atualmente
muitas pessoas podem esperar atingir uma idade mais avançada, principalmente pelo número
reduzido de indicadores da mortalidade infantil, nos jovens adultos e principalmente pelo
desenvolvimento científico que a cada dia descobre novos tratamentos de doenças antes fatais.
Ainda de acordo com Papália (2000), em nível mundial, a expectativa de vida
subiu 41% desde 1950, de 46 anos para 65, com maiores aumentos nos países em
desenvolvimento. No Japão, as pessoas vivem mais do que em qualquer outro lugar do
mundo, em média 82,5 anos para as mulheres e 76 para os homens.
Até certo ponto, o ciclo de vida pode ser prolongado, mas muitos gerontologistas
têm afirmado que 110 a 120 anos é o limite do ciclo de vida humano, a duração potencial da
vida para os membros da espécie humana.
Isso sugere que pode haver um limite biológico para o ciclo de vida das células
humanas e, portanto, da vida humana. Segundo Hayflick (1996, apud PAPÁLIA, 2000), se
todas as doenças e causas de morte fossem eliminadas, os seres humanos permaneceriam
saudáveis até aproximadamente 110 anos de idade, quando então o relógio celular chegaria ao
fim e eles morreriam.
Alguns gerontologistas temem que a erradicação dos maiores fatores de morte, o
câncer e as doenças cardíacas, simplesmente aumentaria a capacidade de viver mais tempo,
porém, com isso, acarretaria muitos problemas sociais de difícil resolução.
No início da idade adulta, as perdas físicas normalmente são tão pequenas e tão
graduais que mal são percebidas. Para explicar melhor porque se envelhece, Papália (2000)
apresenta uma teoria na qual o processo do envelhecimento está dividido em duas categorias.
Uma é a teoria de programação genética, que sustenta que os corpos envelhecem segundo um
plano normal de desenvolvimento embutido nos genes, e outra é a teoria de taxas variáveis,
que afirma que o processo de envelhecimento varia de pessoa para pessoa, podendo ser
influenciado tanto por fatores internos e externos.
Com o envelhecimento as mudanças físicas também são inevitáveis, mas além
dessas, acontece também uma queda no funcionamento geral do organismo. No
desenvolvimento do ciclo de vida, os ganhos podem compensar as perdas, ou seja, um
indivíduo que se cuida desde a idade adulta tem grandes chances de retardar as mudanças
físicas inevitáveis a todos os seres.
Como todo processo de envelhecimento, o envelhecimento cerebral difere de
pessoa para pessoa. Em pessoas idosas normais, as mudanças geralmente são modestas e
fazem pouca diferença no funcionamento.
Com relação ao funcionamento sensório e psicomotor, algumas pessoas de idade
sentem um declínio, já outras não sentem nenhuma mudança sequer. A tecnologia vem
ajudando muitos idosos a manterem suas atividades, ajudando a evitar e superar suas
limitações.
Papália (2000) discute aspectos que sofrem alterações à medida que a idade das
pessoas vai avançando, como os órgãos do sentido: visão, audição, olfato, gustação; as
valências físicas como força, coordenação e o tempo de reação; o funcionamento sexual e
outras alterações observadas nas manifestações de inteligência, sabedoria, memória e
educação, respectivamente, proposição com a qual este pesquisador comunga.
2.1.1 Visão
Com o auxílio de óculos e lentes de contato as pessoas podem ver razoavelmente
bem. Muitas doenças oculares surgem com o passar dos anos e com isso as atividades
cotidianas como cozinhar, ler, costurar, etc, ficam comprometidas.
Os problemas de visão podem provocar acidentes tanto dentro como fora de casa.
A capacidade de guiar automóveis é vai se deteriorando a cada momento, fazendo com que os
acidentes se tornem mais comuns entre os idosos.
Os fumantes têm mais chances de desenvolver doenças oculares do que as pessoas
sem este vício, por isso, para Papália (2000), ideal seria conciliar os hábitos saudáveis para
uma melhor qualidade de vida no geral.
2.1.2 Audição
Cerca de uma a cada três pessoas de 65 a 74 anos, e cerca da metade daquelas com
85 anos ou mais, têm perda auditiva, o que interfere na vida diária (NIA, 1995 apud
PAPÁLIA, 2000).
Apenas uma pessoa, entre cinco das que necessitam usar aparelhos auditivos,
possuem um deles, e menos da metade dos que possuem um desses aparelhos o utiliza
regularmente, afirma Papália (2000).
2.1.3 Olfato e gustação
Muitas pessoas mais velhas compensam a perda gustativa ingerindo alimentos
mais temperados. Outras comem menos e ficam subnutridas. É possível que exista uma
relação entre má nutrição e ausência de percepção olfativa em idosos, mas não está claro o
que é causa e o que é consequência, explica Papália (2000).
2.1.4 Força, coordenação e tempo de reação;
As pessoas mais idosas têm menos força do que tinham antes e são limitadas em
atividades que requerem resistência ou capacidade de carregar cargas pesadas. Os adultos
geralmente perdem cerca de 10 a 20% de sua força até os 70 anos, principalmente nos
músculos da parte inferior do corpo, e mais depois dessa idade; algumas pessoas aos 70 ou 80
anos têm apenas a metade da força que tinham aos 30 (SPENCE, 1989; SPIRDUSO &
MACRAE, 1990 apud PAPÁLIA, 2000).
Essas perdas podem ser revertidas, pois o treinamento de alta resistência com
pesos levou a ganhos significativos em força, massa e mobilidade funcional em testes já
realizados. (FIATARONE et al., 1990 apud PAPÁLIA, 2000).
As pessoas cujos músculos se atrofiaram são mais propensas a sofrer quedas e
fraturas e a precisar de ajuda em tarefas da vida cotidiana.
O retardamento no tempo de reação e a menor eficiência de coordenação, quando
combinados com deficiências visuais, podem tornar arriscado dirigir; e dirigir pode ser a
diferença entre participação ativa na sociedade e isolamento forçado.
2.1.5 Funcionamento sexual
O aspecto físico do sexo foi reconhecido como elemento normal das vidas de
pessoas mais velhas. As pessoas que tinham vidas sexuais ativas quando mais jovens
provavelmente continuarão sexualmente ativas, posteriormente, na vida.
Segundo Masters & Johnson (1966), as mulheres são fisiologicamente capazes de
serem sexualmente ativas enquanto viverem. Provavelmente o principal obstáculo para uma
vida sexual gratificante para elas é a falta de um parceiro, pois para o homem esta
funcionalidade pode se perder um pouco mais cedo.
A relação sexual na Terceira Idade tem, geralmente, menor frequência e menos
intensidade. A expressão sexual pode ser mais compensadora para os idosos se tanto jovens
quanto velhos a reconhecerem como normal e saudável.
Quando possível, deve-se evitar a prescrição de drogas que interferem no
funcionamento sexual, e quando uma droga desse tipo precisar ser administrada, o paciente
deve ser alertado sobre seus efeitos, nos ensina Papália (2000).
2.1.6 Outras mudanças físicas
A pele envelhecida tende a se tornar mais pálida, mais manchada e menos elástica.
À medida que a gordura e os músculos desaparecem, a pele pode enrugar-se. Veias varicosas
nas pernas tornam-se mais comuns. Os cabelos tornam-se brancos e mais ralos. A altura
diminui desde o início da idade adulta até a Terceira Idade, cerca de menos dois centímetros e
meio (-2,5cm) para os homens, e até cinco (-5cm) para as mulheres (WHITHOURNE, 1985).
A composição química dos ossos muda, causando maiores riscos de fratura. Os
sistemas e os órgãos do corpo podem se tornar mais suscetíveis a doenças. As mudanças mais
sérias afetam o coração. O aparelho digestivo, incluindo o fígado e a vesícula biliar,
permanece relativamente eficiente. As pessoas dormem menos, sonham menos e têm menos
sono profundo.
Tratando-se da saúde física e mental, vários quesitos devem ser analisados, pois
podem ser encontrados muitos agentes causadores de câncer nos alimentos, no local de
trabalho e no ar que se respira. Associados a um ritmo de vida mais acelerado e estressante,
podem constituir fatores os quais contribuem para hipertensão e doença cardíaca. As chances
de ser saudável e ter boa forma física em idade mais avançada da vida muitas vezes dependem
do estilo de vida, principalmente da dieta e exercício.
Sobre as condições e cuidados com a saúde, as pessoas com mais de 65 anos têm
menos resfriados, infecções gripais e problemas digestivos agudos do que os adultos mais
jovens, mas, à medida que envelhecem as pessoas podem prever que terão problemas de
saúde mais persistentes e potencialmente incapacitadores, ou seja, crônicos.
Pessoas de mais idade precisam de mais cuidados médicos do que as mais jovens.
Embora sua necessidade de serviços médicos e sociais seja maior, com frequência vivem em
áreas onde há menor disponibilidade de serviços, e as experiências com assistência médica
pode lhes ter ensinado a não confiar no sistema de assistência à saúde.
O declínio na saúde mental não é típico na Terceira Idade. Na verdade, a doença
mental é menos comum entre adultos mais velhos do que entre adultos mais jovens. Num
estudo de um ano com 1.300 adultos mais velhos, cerca de 7 (sete) a cada 10 (dez) mantinham
ou melhoravam sua saúde mental (HAUG, BELKGRAVE e GRATON, 1984 apud
PAPÁLIA, 2000). A demência, o mal de Alzheimer e a depressão são as patologias mais
comuns de serem diagnosticadas em pessoas idosas, nesse sentido.
Com relação aos aspectos do desenvolvimento cognitivo, as pessoas mais velhas
podem e efetivamente continuam a adquirir novas informações e habilidades, e são capazes de
lembrar e usar bem aquelas que já conhecem (PAPÁLIA, 2000). A idade muitas vezes traz
mudanças no funcionamento cognitivo, mas nem todas são prejudiciais.
2.1.7 Inteligência, sabedoria, memória e educação
Embora algumas habilidades possam diminuir, outras permanecem estáveis ou até
mesmo são aperfeiçoadas durante a maior parte da vida adulta. Além disso, existe muita
variação individual, sugerindo que os declínios não são inevitáveis e podem ser prevenidos,
afirma Papália (2000).
A sabedoria pode ser definida como conhecimento desenvolvido da pragmática
fundamental da vida, “permitindo excelente julgamento e conselho sobre assuntos importantes
e incertos” (BALTES, 1993). Essa “pragmática fundamental” consiste de conhecimento e
habilidades que têm a ver com a conduta, interpretação e significado da vida. Em outras
palavras, sabedoria é saber viver bem.
As falhas de memória são muitas vezes vistas como sinal de envelhecimento.
Entretanto, em se tratando de memória, assim como de inteligência, o funcionamento de
pessoas mais velhas varia muito, aponta Papália (2000).
Os idosos atualmente têm melhor nível de instrução do que seus predecessores, e
essa tendência deverá continuar à medida que as gerações mais jovens envelhecerem. Como
prova disso, observa-se que um número cada vez maior de adultos mais velhos está optando
por continuar seus estudos (PAPÁLIA, 2000).
2 SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE
Com relação à saúde e qualidade de vida, acredita-se que a manutenção de uma
condição de saúde regular seja o mais almejado entre as pessoas da Terceira Idade, pois, de
fato, pode ser muito mais difícil promover uma melhora considerável na saúde das pessoas
mais idosas do que a manutenção das condições de saúde e qualidade de vida.
De acordo com Vecchia et al. (2005, p. 247),
o conceito de qualidade de vida está relacionado à auto-estima e ao bem-estar pessoal e abrange uma série de aspectos como a capacidade funcional, o nível socioeconômico, o estado emocional, a interação social, a atividade intelectual, o auto-cuidado, o suporte familiar, o próprio estado de saúde, os valores culturais, éticos e a religiosidade, o estilo de vida, a satisfação com o emprego e/ou com atividades diárias e o ambiente em que se vive.[...]
Sendo assim, pode-se observar que, para se considerar que um indivíduo possui
uma boa saúde e qualidade de vida, leva-se em consideração diversos fatores que estão
relacionados a este conceito. Assim ficam mais amplos os campos que devem ser avaliados e,
de certa forma, manipulados para que se possa chegar aos objetivos de atingir a cobiçada boa
saúde e qualidade de vida. O conceito de qualidade de vida é subjetivo, devendo ser levado
em consideração, entre outros fatores, o nível sociocultural, a faixa etária e as aspirações
pessoais do indivíduo.
A qualidade de vida é um termo que pode ser empregado para descrever a
qualidade das condições de vida, levando em consideração fatores como a saúde, a educação,
o bem-estar físico, psicológico, emocional e mental, expectativa de vida, etc. (SOMCHINDA
& FERNANDES, 2003, p. 13). A qualidade de vida pode envolver também fatores como a
família, amigos, emprego ou outras circunstâncias da vida.
Quando se fala em saúde e qualidade de vida na Terceira Idade, pode-se deixar
levar por vários caminhos e raciocínios diferentes, pois o que é bom para um indivíduo não é
necessariamente bom para outro.
Se um sujeito se diz mantenedor de uma qualidade de vida, isto pode ser uma
simples forma de viver ou de agir, ou ainda, o simples fato de conviver em meio às pessoas
que o agrada. Já para outros indivíduos, a qualidade de vida pode estar relacionada a bens
materiais, ao quesito financeiro, e para outros, o fato de ter boa saúde já pode ser considerado
um sinônimo de qualidade de vida, não sendo necessário nenhum complemento.
Segundo a literatura gerontológica, tem sido dada certa importância ao
entendimento do significado de uma boa e saudável velhice, ou como “velhice bem-sucedida”
(NERI, 1995) ou “velhice-verde” (SALGADO, 1982). Para Somchinda e Fernandes (2003, p.
13), essas expressões são “expressões que geram polêmica quando se entende que em bem-
sucedida existe uma conotação de bem-estar econômico associado a uma exacerbação do
individualismo, e verde, uma conotação de certa imaturidade, não relativa à idade dos idosos".
É de conhecimento comum que a vida profissional dos indivíduos que se
encontram na Terceira Idade é na maioria das vezes, menos ativa, pois estes indivíduos,
muitas vezes já se aposentaram e assim vivem e ajudam a sustentar suas famílias com o
retorno financeiro retirado deste benefício. Mas, como nessa etapa da vida normalmente os
filhos já estão criados e com suas respectivas famílias, o retorno financeiro da aposentadoria,
apesar de pequeno, tem sido uma possibilidade a mais para que as atividades físicas e
atividades de lazer façam parte do cotidiano desses idosos.
Em função da baixa procura por atividades físicas, pode-se deduzir que a falta de
tempo e de dinheiro podem ser alguns dos fatores que impedem a participação dos idosos em
programas e núcleos de atividades físicas, esportivas e recreativas, sem se esquecer das
lesões, patologias e afins, que são na maioria dos casos, as principais causas. (PAPÁLIA,
2000).
Pode-se, na maioria das vezes, relacionar uma boa condição de saúde a uma
posição em que o indivíduo tenha uma boa qualidade de vida, mas na prática, isto pode não
ser o que acontece efetivamente.
A questão de se ter uma boa saúde ou não, em termos de se viver bem, é complexa
e individualista demais para se chegar a um consenso e a uma generalização. Portanto, deve-
se manter atento às opiniões e análises de cada pessoa, ou seja, na prática, quem pode dizer
que tem uma boa saúde e vive bem com o que tem é apenas o próprio indivíduo em questão,
pois, para ele, ter alguma doença ou patologia pode não ser indicativo primordial de que ele
não tenha e não possa vir a ter uma vida normal e ativa como a vida de qualquer outra pessoa,
como afirma Papália (2000).
Pode-se dizer que, para um envelhecimento com saúde e qualidade de vida,
depende-se muito de um conjunto de elementos, em que um dos principais é o de ordem
econômica, fundamental para a promoção de boa saúde física e para a adequação de atitudes e
eventualidades da vida.
Outro fator ao qual se deve estar atento é a questão de se desenvolver, se adequar e
se educar continuamente para as adaptações sociais necessárias para uma melhor qualidade de
vida. Em suma, envelhecer com saúde e qualidade de vida requer uma preservação da
individualidade potencial para o desenvolvimento, respeitando-se os limites de cada um.
3 ATIVIDADE FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
O aumento da população idosa gera necessidades de mudanças na estrutura social
para que estas pessoas, ao terem suas vidas prolongadas, não fiquem distantes de um espaço
social, em relativa alienação, inatividade, incapacidade física, dependência,
consequentemente, sem qualidade de vida.
A atividade física vem para acrescentar e auxiliar o idoso a não ficar ocioso no seu
tempo livre, a viver de maneira saudável a sua velhice, a não ser sedentário, e principalmente
se sentir bem para realizar as tarefas do dia a dia.
De acordo com o American College of Sports Medicine (1998), está comprovado
que quanto mais ativa é uma pessoa menos limitações físicas ela tem. Com isto, pode-se
observar que com a atividade física fazendo parte do cotidiano das pessoas, obter-se-á uma
resposta satisfatória aos desafios que a própria vida nos impõe.
Para Andeotti (1999, p. 6),
Um estilo de vida fisicamente inativo pode ser causa primária da incapacidade para realizar atividades da vida diária (AVD), porém, um programa de exercícios físicos regulares pode promover mais mudanças qualitativas do que quantitativas, como por exemplo, alteração na forma de
realização do movimento, aumento na velocidade de execução da tarefa e adoção de medidas de segurança para realizar a tarefa.
A população idosa não deve começar a praticar atividades físicas sem a orientação
e supervisão de profissionais capacitados para tal, e sem que tenha realizado previamente
avaliação clínica para atestar que está em condições para a prática.
Segundo Otto (1987, p. 8)
Qualquer pessoa com mais de 35 anos, que não estiver engajada na prática de exercícios regulares por 10 anos, deve submeter-se a exame médico antes de começar um programa. O exame deve incluir avaliação do coração, pulmões, eletrocardiograma de repouso e pesquisa de fatores de risco coronariano. Muitos médicos pedem também um teste de esforço que irá evidenciar não só as possibilidades de doença como também uma forma de orientar um aumento gradativo e adequado das atividades físicas.
As atividades físicas devem ser praticadas pelos idosos, lembrando que devem
proporcionar prazer aos praticantes, pois, na maioria das vezes, esses indivíduos procuram um
momento de sociabilização integrado à prática de atividades físicas, no qual possam juntar o
útil e necessário ao agradável, satisfazendo assim tanto o lado físico quanto o lado
psicossocial de cada um.
Os programas de incentivo à prática de atividades físicas pela população da
Terceira Idade ainda são pouco conhecidos, necessitando de atenção das autoridades e da
inserção de propostas, nesse sentido, no planejamento das políticas públicas dos municípios.
Na prática, como deveriam ser realizadas as atividades físicas com indivíduos da
Terceira Idade? Para obter resposta para esta pergunta, alguns aspectos básicos abordados por
Otto (1987) devem ser considerados:
• Um bom equipamento a ser utilizado deve evitar problemas como torções ou
resfriados etc.
• As roupas também são fatores importantíssimos para uma boa prática de atividades
físicas. Um tênis cômodo e bem firme nos pés ajuda a execução dos movimentos.
• A duração ideal da atividade para a Terceira Idade deve ser de até 30 minutos por
sessão.
• O ideal com relação à frequência de atividades é de três a quatro vezes por semana.
Nunca menos de três vezes.
• Os exercícios aeróbicos são os mais aconselhados, por forçarem o processo de
respiração, tais como caminhadas rápidas, natação, ciclismo etc.
• Recomenda-se dividir uma sessão de atividades físicas para a Terceira Idade da
seguinte maneira: 5 minutos de aquecimento, 20 a 30 minutos com o exercício
propriamente dito e 5 minutos de resfriamento ou volta à calma.
Dessa forma, e sempre procurando aprimorar os conhecimentos, podem-se obter
resultados satisfatórios com relação à aceitação das práticas pelos praticantes. Esses
indivíduos podem se sentir melhor mantendo uma prática regular de exercícios físicos. A
evolução individual dos participantes no desenvolvimento das atividades propostas poderá ser
mais evidente e mais rápida, se observados diversos outros fatores que poderão contribuir
para uma maior ampliação dos horizontes a serem trabalhados com esta população.
O repertório de atividades deve ser variado, com atividades prazerosas e eficientes,
atingindo os objetivos e expectativas dos praticantes. Guardadas as devidas proporções,
podem-se testar os limites de cada um dos praticantes, preparando-os para vencer os desafios
que vierem a cruzar o caminho de cada um.
De forma geral, pode-se afirmar que a atividade física orientada, proposta aos
grupos da Terceira Idade é benéfica e deve ser acompanhada de perto pelos profissionais de
Educação Física.
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
A pesquisa de análise quali-quantitativa foi realizada com 90 (noventa)
indivíduos praticantes de atividade física, integrantes do projeto “Atividade Física Para a
Terceira Idade”, oferecido pela prefeitura da cidade de Santos Dumont, Minas Gerais, aos
membros da Terceira Idade.
Os dados foram coletados através da aplicação de um questionário contendo 7
(sete) questões objetivas, cujo conteúdo foi criado com a intenção de contextualizar a questão
em estudo e obter as informações necessárias para a discussão da problemática levantada,
envolvendo os principais fatores que fazem com que os idosos pratiquem atividades físicas.
Para um melhor esclarecimento do significado das opções de respostas, as quais
os respondentes poderiam escolher, foi explicado oralmente para os indivíduos cada questão
e suas respectivas alternativas, sendo citados exemplos do dia a dia dos participantes para
uma satisfatória compreensão. Foi também disponibilizado um espaço no questionário para
que os indivíduos da amostra pudessem deixar um comentário, opinião, sugestão ou crítica
sobre as atividades praticadas por eles. Houve retorno de 88% (oitenta e oito por cento) dos
questionários distribuídos. Dos 102 (cento e dois) questionários disponibilizados, 90
(noventa) retornaram respondidos.
A coleta dos dados foi realizada no período de abril a maio de 2009, quando
cada indivíduo participante da pesquisa aceitou responder as perguntas por livre e espontânea
vontade, contribuindo assim para a realização deste trabalho. O questionário se encontra na
íntegra nos anexos do trabalho.
A primeira questão foi com relação ao sexo dos participantes, em que se buscou
conhecer o gênero dos adeptos da prática de atividades físicas na Terceira Idade. Como se
pode observar no Gráfico n°1, o resultado foi muito expressivo. Obteve-se 100% (cem por
cento) de participação de indivíduos do sexo feminino. Tal porcentagem remete à
necessidade de pesquisas na área, para se conhecer os reais motivos da não participação dos
indivíduos do sexo masculino nestas atividades. Reforçado pela literatura específica pode-se
perceber que, realmente, não só no grupo submetido a esta análise, como nos analisados por
outros pesquisadores na mesma faixa etária, as mulheres são maioria na prática de atividades
físicas na Terceira Idade.
Gráfico n°1 – Distribuição por sexo
1- Sexo:0%
100%
MASCULINO
FEMININO
O que fazer para mudar este quadro? Como atrair o público masculino para estas
atividades? As turmas devem ser separadas por gênero ou devem ser mistas? Como se pode
observar, muitas são as questões pertinentes a esse resultado, o que amplia a necessidade de
novas pesquisas sobre os reais fatores que condicionam a não participação masculina ou a
participação em massa das mulheres.
A questão seguinte tratou da faixa etária dos participantes, na qual foram
levantados os percentuais por cada faixa de idade, como pode ser visto no gráfico nº2. O
intervalo foi estabelecido dentro do próprio grupo, que conta com pessoas de 50 a 81 anos de
idade.
Gráfico n°2 – Distribuição por idade
2- Idade:
31%
46%
17%6%
De 51 a 60 anos
De 61 a 70 anos
De 71 a 80 anos
Acima de 81 anos
No grupo pesquisado foi encontrado um conjunto de pessoas que ainda não
atingiu a idade-limite para serem considerados indivíduos da Terceira Idade, ou seja, acima
de 60 anos, estando este grupo na faixa de 51 a 59 anos. As respostas deste grupo foram
consideradas e analisadas na pesquisa, pois, afinal, eles participam do mesmo projeto de
atividades físicas para idosos e, portanto, aceitam e respeitam as normas do programa, estão
adaptados e se sentem bem nesse grupo.
Os indivíduos cuja faixa etária está entre 51 a 60 anos constituíram 31% (trinta e
um por cento) da amostra, indicando assim uma participação significativa de pessoas que
ainda não atingiram a idade-limite especificada como Terceira Idade. Pode-se inferir que os
indivíduos que se aproximam da Terceira Idade estão se inserindo no programa de práticas de
atividade física, numa espécie de preparação física e psicológica para vencer os desafios que
se aproximam com o avançar da idade.
Os indivíduos de 61 a 70 anos constituíram a maioria dos participantes,
representando 46% (quarenta e seis por cento) do total da pesquisa. Este resultado confirma o
crescimento da demanda por atividades físicas, por pessoas da Terceira Idade, hipótese
levantada para esse trabalho. Pode-se afirmar que a adesão aos programas voltados para este
público específico está sendo bem aceito por seus integrantes.
Na faixa etária de 71 a 80 anos também foram registrados significativos 17%
(dezessete por cento) de participação, caracterizando um público fiel, perseverante, em
condições de praticar atividades físicas e que deseja participar de um trabalho sério voltado
para ele, para manter a qualidade de vida.
O público alvo de 81 anos em diante se mostrou mais reduzido, representando
apenas 6% (seis por cento) da amostra. Isso não quer dizer que é realmente pequena a
participação nesta faixa etária, pois, se analisarmos a expectativa de vida do brasileiro, que é
de 71,3 anos, segundo o IBGE, a participação destes indivíduos mostra que à medida que se
envelhece é possível se manter em um programa de atividades físicas e se ter uma vida ativa
e saudável.
Perguntados posteriormente sobre qual o principal fator que os levou a praticar
atividades físicas - foco central da presente pesquisa, as respostas se concentraram em três
aspectos, destacando-se a prevenção de doenças, considerado como principal fator pela
maioria (69%) dos respondentes. Esta motivação parece ser verdadeira, pois muitos
informam estar no grupo por recomendação médica ou por ter se conscientizado da
importância da prática de atividades físicas regulares por seus benefícios para a saúde,
evitando e atuando de forma profilática em relação às doenças e patologias provenientes da
idade mais avançada.
Ter um maior contato com outras pessoas, ou seja, dar continuidade ao processo
e possibilidades de socialização, foi a resposta de 18% (dezoito por cento) dos indivíduos,
mostrando que a questão do convívio social é muito importante em todas as fases da vida,
sendo necessária, também, para este grupo de pessoas.
Outros 13% (treze por cento) da amostra, responderam que o que realmente fez
com que eles participassem das atividades foi a ocupação do tempo livre, pois é possível
suprir os períodos de ociosidade praticando atividades físicas e, automaticamente, usufruir
dos benefícios dessa prática, como superar o sedentarismo.
O cuidado de buscar um grupo com supervisão de um profissional capacitado e
habilitado foi destacado como garantia de confiança dos participantes. Não houve opção de
busca por performances esportiva, ou seja, desempenho de nível elevado, não se registrando
outros fatores que motivaram a prática de atividades físicas.
A quarta questão buscou identificar o tempo que os indivíduos praticam
atividades físicas. A resposta de maior frequência a prática há mais de 1 (um) ano, resposta
esta com 70% (setenta por cento) dos respondentes, demonstrando que a prática de atividades
físicas por indivíduos da Terceira Idade vem se tornando mais presente e por um tempo mais
longo na vida
Tendo uma ligação com a questão anterior, a pergunta que se fez em seguida foi
com relação à frequência de prática semanal das atividades físicas pelos participantes e, de
acordo com o Gráfico nº5, a maioria respondeu que 3 (três) vezes por semana era a
frequência de suas práticas, mostrando que estão conscientes da importância da prática
semanal a intervalos regulares, com frequência de 3 (três) sessões semanais, como indicadas
cientificamente para a manutenção da forma física e da funcionalidade do corpo, o que
confirma realmente o interesse em se praticar exercícios físicos que possam trazer benefícios
à saúde. Esta foi a resposta de 63% (sessenta e três por cento) dos sujeitos pertencentes à
amostra.
Outra surpresa foi a concentração de 16% (dezesseis por cento) das respostas
sobre a prática de atividades físicas cinco ou mais vezes por semana, mostrando uma
significativa adesão à prática regular de exercícios físicos, constituindo um hábito diário. O
hábito de praticar atividades físicas diárias, no Brasil, não é comum. Entretanto, se bem
orientado e respeitando o limite de cada indivíduo, é ideal para a manutenção da saúde.
Gráfico n°5 – Frequência de prática
5 - Frequência de Prática:
0% 17%
63%
4%
16%
1 vez porsemana
2 vezes porsemana
3 vezes porsemana
4 vezes porsemana
5 ou mais vezespor semana
Prosseguindo a investigação, procurou-se saber se os praticantes de atividades
físicas regulares já haviam notado alguma melhora neles próprios com estas práticas,
deixando um espaço para que explicassem em caso de resposta positiva, objetivamente, que
tipo de melhora teria sido esta. Como nos aponta o Gráfico nº6, foi registrado o resultado de
98% (noventa e oito por cento) do contingente da amostra (88 indivíduos) disseram ter
notado algum tipo de melhora com a prática regular de atividades físicas e apenas 2% (dois
por cento) dos indivíduos responderam não ter observado nenhuma melhora com a prática
das atividades física.
Os indivíduos que responderam positivamente a esta questão, apontaram alguns
fatores que indicam uma melhora significativa, tais como: diminuição das dores nas pernas e
articulações, maior resistência cardiorespiratória, aumento na flexibilidade, mais disposição
para encarar as etapas do dia, sono mais profundo e duradouro, menos cansaço, maior
descontração, diminuição do estresse diário, maior relaxamento geral, entre outros. Com isto,
pode-se confirmar as teorias que apontam a prática de atividades físicas regulares sob a
supervisão de profissionais capacitados, como benéfica tanto para a saúde física quanto para
a saúde mental do praticante. Com os indivíduos da Terceira Idade não poderia ser diferente.
A última questão objetiva teve como foco saber qual o tipo de atividades os
indivíduos da Terceira Idade preferem praticar. Constatou-se que a maioria, composta por
48% (quarenta e oito por cento) da amostra, prefere atividades relaxantes, seguidos por 24%
(vinte e quatro por cento) que preferem atividades que emagreçam. A preferência por
atividades que trabalham a resistência, somou 17% (dezessete por cento), tendo 8% (oito por
cento) manifestado a preferência por jogos e brincadeiras e 3% (três por cento) dos
indivíduos apontam atividades que trabalham a força. Sendo assim, as atividades relaxantes
são as preferidas por quase a metade do público. Esse tipo de atividade extrapolou o foco
principal identificado, que é o relaxamento, e representa a crença nos benefícios e resultados
das atividades físicas, percebidos de diversas maneiras e formas de ação, como se pode
verificar no Gráfico nº7, a seguir.
Gráfico n°7 – Preferência de Atividade
7- Atividade que prefere:
3%
17%
24%48%
8%
0%Que trabalhe força
Que trabalheresistênciaQue emagreça
Que relaxe
Jogos ebrincadeirasOutra
Ao final do questionário, foi disponibilizado um espaço para que os participantes
deixassem um comentário pessoal, opinião, sugestão ou crítica sobre as atividades praticadas.
As informações contidas neste espaço concentraram-se em torno das diferenças e melhoras
que os participantes vêm sentindo com a prática regular de atividades físicas, além de
sugerirem tipos de atividades que gostariam de praticar com mais frequência e de elogios à
forma com que o trabalho é realizado, não tendo sido constatadas críticas negativas a este
respeito. Todas as respostas foram objetivas e sucintas, convergindo e reforçando respostas já
analisadas em outros momentos dessa pesquisa.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Constatou-se, pelo presente estudo, que o ser humano está sujeito ao processo de
envelhecimento, fenômeno irreversível, que se manifesta no caráter fisiológico, no
comportamento social e de ordem cronológica. Os idosos, conhecidos como pessoas da
Terceira Idade, são indivíduos com idade superior a 60 anos.
Verificou-se que a prática de atividades físicas vem ganhando adeptos entre
pessoas da Terceira Idade e se tornando mais comum para a população idosa hoje em dia,
tornando nítido o crescimento da relação oferta/demanda. Isso demonstra uma mudança de
mentalidade nesse sentido e torna importante e necessária a realização de pesquisas na área,
abordando os variados focos dessa relação.
Confirmou-se que o estilo de vida dos indivíduos idosos influencia a forma com
que organizam as ações em suas vidas, seja no campo financeiro, emocional, físico ou social
e, segundo os estudos realizados, seria possível que um ser humano vivesse aproximadamente
110 anos caso as doenças e os fatores de causas-morte fossem erradicados.
Diretamente relacionado ao avanço da idade identificaram-se as possíveis
alterações que podem ocorrer na visão, na audição, no olfato e na gustação; na força, na
coordenação, no tempo de reação e no funcionamento sexual, com o passar dos anos. Tais
processos precisam ser conhecidos, assim como outras alterações como as que ocorrem na
inteligência, na sabedoria, na memória e na educação, sendo necessária uma atenção
permanente dos profissionais que lidam com pessoas da Terceiras Idade para com o processo
de adaptação para a convivência e sobrevivência dos indivíduos idosos.
Ficou constatado, pela pesquisa de campo, que a maioria dos idosos da amostra
selecionada, praticantes de atividades físicas regulares, é do sexo feminino e que a faixa
etária que mais aderiu a essa prática é composta por indivíduos entre 61 e 70 anos, atentando
para um contingente significativo de adeptos com menos de 60 anos e uma minoria de idade
mais avançada. Tal constatação remete à necessidade de pesquisas sobre as causas da não
participam dos homens em programas de atividades físicas para idosos.
Registrou-se a prevenção de doenças como fator principal de adesão dos
indivíduos da Terceira Idade à prática de atividades físicas, deixando clara a preocupação
dessas pessoas com a boa saúde e a manutenção da qualidade de vida.
A maioria dos respondentes afirmou perceber e estar satisfeita com os resultados
das atividades físicas que praticam e declararam ter notado diferenças ou alguma melhora
neles próprios com essa prática, tanto no aspecto físico quanto no psicológico.
Confirmou-se que a prática de atividades físicas está relacionada à aquisição,
manutenção e melhoria da saúde e qualidade de vida na Terceira Idade, condições
mensuráveis pela avaliação de aspectos como o financeiro e social, e não só pela ausência de
doenças ou patologia, levando em consideração a individualidade dos idosos.
Observou-se que os programas de atividade física na Terceira Idade estão sendo
implementados para responder a essa demanda social. O objetivo é acrescentar motivações à
vida dos idosos e auxiliá-los a manter uma vida ativa, a viver de maneira saudável a sua
velhice, não cedendo aos apelos do sedentarismo, e, principalmente, que os idosos se sintam
bem e possam realizar as tarefas do dia-a-dia com agilidade. Isso exigirá a consolidação do
hábito de praticar exercícios físicos sistemática e permanentemente ao longo da vida.
Em respeito à pessoa do idoso, e para subsidiar o planejamento de atividades para
a Terceira Idade, registra-se a necessidade de levantar dados que permitam traçar o perfil
desses indivíduos, identificando o que pensam sobre as atividades físicas e quais são as
preferidas. No grupo pesquisado, a preferência recaiu sobre as atividades de relaxamento.
Ressalta-se que a prática de atividades físicas deve ser orientada por profissionais
de Educação Física capacitados, devendo ser precedida de avaliação médica, face aos perigos
de uma prática indiscriminada, sem os necessários cuidados e orientação, inadequada para as
pessoas da Terceira Idade. É da responsabilidade desses profissionais cuidarem para que as
atividades físicas ofertadas resultem em benefícios para a saúde e a melhoria da qualidade de
vida dos idosos.
Isto posto, espera-se que a presente pesquisa tenha contribuído para trazer mais
informações sobre alguns fatores determinantes para a prática de atividades físicas na Terceira
Idade em seus aspectos gerais, sugerindo-se novas investigações a fim de dar continuidade a
essa relevante discussão, atualizando e gerando conhecimentos sobre o tema abordado.
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