Fatores Que Exercem Influência Na Resistência de Aderência de Argamassas

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8/17/2019 Fatores Que Exercem Influência Na Resistência de Aderência de Argamassas http://slidepdf.com/reader/full/fatores-que-exercem-influencia-na-resistencia-de-aderencia-de-argamassas 1/14  II Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas 17 e 18 de abril de 1997 Salvador - BA CEPED EPUFBA UCSAL UEFS FATORES QUE EXERCEM INFLUÊNCIA NA RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA DE ARGAMASSAS CARASEK, Helena (1) (1) Eng. Civil, Mestre e Doutora em Engenharia, Prof. e Pesquisadora da EEC- UFG End.: Praça Universitária, s/n 0  - Setor Universitário - Goiânia - GO - CEP 74605-220 Telefax: (062) 202-0875 - Email: [email protected] PALAVRA-CHAVE: Argamassa, Revestimento, Resistência de Aderência KEY-WORDS:  Mortar, Rendering, Bond Strength RESUMO O presente trabalho aborda de modo científico o tema aderência de argamassas à  base de cimento Portland a substratos porosos, a saber sobre as unidades de alvenaria. Trata-se de um trabalho eminentemente experimental, com o objetivo de avaliar os fatores, relacionados com os materiais, que exercem influência na resistência de aderência à tração. As variáveis experimentais estudadas foram: 6 tipos de unidades de alvenaria (blocos de concreto, cerâmicos, sílico-calcário, de concreto celular e de concreto leve); 6 traços de argamassa (3 traços convencionais de cimento, cal e areia e 3 formulações industrializadas) e 3 teores de umidade do substrato (seco, 10 a 20% e superior a 20% da absorção total de água do componente). ABSTRACT This work deals, with in a scientific way, the study of the bonding of Portland cement-base mortars rendering on porous substrates, that is, on masonry units. The research is basically experimental and aimed to evaluate the factors, related to the materials, which influence the bond strength. ES QUE EXERCEM INFLUÊNCIA NA RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA DE ARGAMASSAS ades das argamassas Helena Carasek argamassa, revestimento, resistência de aderência

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 II Simpósio Brasileiro de

Tecnologia das Argamassas 

17 e 18 de abril de 1997

Salvador - BA 

CEPED

EPUFBA

UCSAL

UEFS 

FATORES QUE EXERCEM INFLUÊNCIA NA RESISTÊNCIADE ADERÊNCIA DE ARGAMASSAS

CARASEK, Helena (1)

(1) Eng. Civil, Mestre e Doutora em Engenharia, Prof. e Pesquisadora da EEC-

UFGEnd.: Praça Universitária, s/n0  - Setor Universitário - Goiânia - GO - CEP74605-220Telefax: (062) 202-0875 - Email: [email protected]

PALAVRA-CHAVE: Argamassa, Revestimento, Resistência de AderênciaKEY-WORDS: Mortar, Rendering, Bond Strength

RESUMO

O presente trabalho aborda de modo científico o tema aderência de argamassas à base de cimento Portland a substratos porosos, a saber sobre as unidades dealvenaria. Trata-se de um trabalho eminentemente experimental, com o objetivo deavaliar os fatores, relacionados com os materiais, que exercem influência naresistência de aderência à tração.

As variáveis experimentais estudadas foram: 6 tipos de unidades de alvenaria(blocos de concreto, cerâmicos, sílico-calcário, de concreto celular e de concretoleve); 6 traços de argamassa (3 traços convencionais de cimento, cal e areia e 3formulações industrializadas) e 3 teores de umidade do substrato (seco, 10 a 20% e

superior a 20% da absorção total de água do componente).

ABSTRACT

This work deals, with in a scientific way, the study of the bonding of Portlandcement-base mortars rendering on porous substrates, that is, on masonry units. Theresearch is basically experimental and aimed to evaluate the factors, related to thematerials, which influence the bond strength.

ES QUE EXERCEM INFLUÊNCIA NA RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA DE ARGAMASSASades das argamassas

Helena Carasekargamassa, revestimento, resistência de aderência

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The following experimental variables were adopted: 6 types of masonry units(concrete, clay, calcium silicate, ligthweight concrete and cellular concrete), 6 mixesof mortars (3 conventional mixes with cement, lime and sand; and 3 dry-packagedmortar mixes) and 3 contents of substrate moisture (dry, 10-20% and upper 20%total absorption of the masonry unit).

1. INTRODUÇÃO

Em nível internacional, o interesse pela aderência de argamassas aplicadas sobresubstratos porosos já é muito antigo, existindo trabalhos datados de 1832 e 1909 (deShaw e Baker, respectivamente), citados por GRIMM & HOUSTON (1975), osquais abordam empiricamente o assunto, alertando para a necessidade de molhartijolos de alta capacidade de sucção de água, previamente ao assentamento, paragarantir boa aderência.

Com o passar dos anos, diversos trabalhos de pesquisa foram realizados sobre otema. No entanto, considerando sobre a necessidade de pesquisas tecnológicas ecientíficas, RIBAR & DUBOVOY, em 1988, afirmaram que a aderência entreunidades cerâmicas de alvenaria e argamassa ainda não era bem entendida e queseriam necessárias investigações adicionais para entender o complexo mecanismo daaderência.

Atualmente, apesar de cerca de 160 anos de interesse pelo assunto, existem ainda,mesmo em nível internacional, várias questões a serem respondidas. Nessa linha,então, é que foi estruturada uma pesquisa, procurando esclarecer, de formacientífica, algumas das questões relacionadas com a interação entre os diversos tiposde substrato e as diferentes características das argamassas de revestimento à base decimento Portland. Essa pesquisa, de cunho eminentemente experimental, constituiu-se em uma tese de doutoramento (CARASEK, 1996). O presente trabalho apresenta parte do trabalho desenvolvido na referida tese e, portanto, maiores informaçõessobre os materiais e métodos adotados e sobre os resultados obtidos, bem como umadetalhada revisão da literatura sobre o tema podem ser encontrados no texto deorigem.

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2. CARACTERÍSTICAS DO PROGRAMA EXPERIMENTAL, MATERIAISE MÉTODOS

2.1 Objetivo

O objetivo do programa experimental realizado foi verificar a existência ou não dainfluência de determinados fatores relacionados com os materiais na resistência deaderência de argamassas aplicadas sobre bases porosas, simulando os revestimentosem argamassa sobre paredes de alvenaria. Uma vez constatado o efeito significativodesses fatores, indicar quais os parâmetros, características ou propriedades dasargamassas e dos substratos, que melhor explicam os comportamentos detectados, a partir do estudo de correlações e regressões estatísticas entre variáveis.

2.2 Var iáveis estudadas

Foram estabelecidas as seguintes variáveis principais:

• 6 tipos de argamassa de revestimento;• 6 tipos de substrato (blocos de alvenaria); e• 3 faixas de umidade do substrato no instante da aplicação da argamassa (seco -

0%, umidade baixa U1 - entre 10 e 20% e umidade alta U2 - entre 10 e 20% daabsorção de água total média do substrato em questão).

Resultando, desta forma, 108 combinações para análise. 

2.3 M ater iais empregados

a) Argamassas

Foram empregados 3 traços convencionais de obra (de cimento, cal e areia) e 3argamassas industrializadas, as quais receberam códigos de identificação através dasletras A até F. Os traços destas argamassas estão apresentados nas Tabelas 1 e 2.

Tabela 1 - Argamassas convencionais estudadas.Traço (cimento:cal:areia) a/c Teor de

Código Volume (areia úmida) Massa (areia seca) (massa) Cimento

(% massa)A 1 : 1/4 : 3 1 : 0,18 : 3,47 0,84 21,5B 1 : 2 : 9 1 : 1,45 : 10,39 2,72 7,8C 1 : 0 : 3 1 : 0 : 3,47 0,70 22,4

As argamassas convencionais de obra foram preparadas com cimento Portland CPII-E-32, cal hidratada tipo CH-III dolomítica e areia média lavada, procedente de

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Jacareí - SP (com módulo de finura igual a 2,28 e dimensão máxima característicaigual a 2,4 mm).

Tabela 2 - Argamassas industrializadas estudadas.

Código Traço em massa (cimento:inerte) a/c

(massa)

Teor de Cimento(% massa)

D 1:7,33 + aditivos 1,75 12,0E 1:7,33 + aditivos 1,54 12,0F 1:4,88 + aditivos 1,12 17,0

As argamassas industrializadas estudadas são constituídas de aglomerante hidráulicode cimento Portland, agregado miúdo de rocha calcária moída e classificadagranulometricamente e aditivos orgânicos modificadores de propriedades no estado plástico (principalmente hidroxietil celulose).

As argamassas foram caracterizadas no estado plástico e endurecido e os resultadosobtidos estão compilados nas Tabelas 3 e 4. Os valores apresentados nestas tabelascorrespondem a média de no mínimo 3 determinações.

Tabela 3 - Caracterização das argamassas no estado plástico.Consistência Retenção

água/cons.MassaEspec.

Teor de ar

ARG H Espalh.ABNT

a* mm

ConeASTM

b* mm

PapelFiltro

c* %

FunilABNT  d* 

%

BSIe* 

kg/dm3 

Gravim

BSIf* 

%

Press.ABNTg* %

A 0,180 330 60 92 66 2,11 2 4B 0,212 305 56 97 84 2,01 2 4C 0,157 315 40 90 35 2,06 7 7D 0,210 315 64 95 46 1,80 16 12E 0,185 270 58 96 88 1,68 24 11F 0,197 335 51 95 60 2,02 8 7

Observações:H = relação água/materiais secosa* Determinação do índice de consistência por espalhamento do tronco de cone

em mesa ABNT - NBR 7215 (1991); b* Determinação da consistência por penetração estática de cone, de acordo coma ASTM C-780 (1991) - “Cone penetration test method”;

c* Determinação da retenção de água, mediante sucção com papel filtro, deacordo com o projeto de norma CE 18:406.03-002 da ABNT (adaptado danorma BS 4551-1980);

d* Determinação da retenção de consistência mediante sucção em funil deBüchner modificado, de acordo com a norma NBR 9290 (1986);

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e*,f* Determinação da massa específica e teor de ar (gravimétrico), de acordo coma BS 4551 (1980);

g* Determinação do teor de ar pelo método pressométrico, realizado com base no procedimento para o concreto da NBR 11686 (1990).

Tabela 4 - Valores médios obtidos de resistência à compressão (NBR 5739), deresistência à tração por compressão diametral (NBR 7222) e de módulo deelasticidade secante (NBR 8522) determinados através de corpos-de-provacilíndricos com 28 dias de idade.

ArgamassaRESISTÊNCIA À

COMPRESSÃO (MPa)RESISTÊNCIA À TRAÇÃO

(MPa)E secante

(MPa)A 24.52 3.35 15543B 2.63 0.31 1000C 31.11 3.67 17680D 2.66 0.31 1138E 1.98 0.30 722F 6.66 1.20 9313

b) Substratos

Foram empregados seis tipos de substratos de revestimento conforme apresentado naTabela 5.

Tabela 5 - Tipos de substrato estudados. Nomenclatura adotada Descrição Marca comercial / Tipo

BLOCO DE CONCRETO bloco de concreto paravedação

Exactomm - BV-10

CERÂMICO S bloco cerâmico portante Selecta-BR 9x19x39

CERÂMICO T bloco cerâmico de vedaçãoTerraforte-Bloco ved. leve

9x19x24CONCRETO CELULAR bloco concreto celular

autoclavadoSical - BA

SÍLICO-CALCÁRIO bloco sílico-calcário Prensil - 2DF

CONCRETO LEVElajota para laje pré-moldada

em cimento e argila expandida Muniz

A porosidade dos substratos foi caracterizada através de porosimetria a mercúriosendo os resultados obtidos apresentados na Tabela 6.

Tabela 6 - Caracterização da porosidade dos substrato.Distribuição dos tamanhos dos poros (em %)

Diâmetro dos poros Bloco deConcreto

Cerâm.S

Cerâm.T

ConcretoCelular

Sílico-Calcário

ConcretoLeve

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> 50 mm 41,6 3,5 2,6 7,7 11,9 6,410-50 mm 9,2 5,1 5,4 4,6 19,6 9,95-10 mm 0,3 2,2 0,1 0,5 2,2 1,81-5 mm 5,7 2,8 3,5 2,2 6,5 6,2

0,1-1 mm 22,6 62,1 31,8 18,8 28,3 34,50,05-0,1 mm 5,0 15,5 15,1 29,6 9,0 11,8

0,01-0,05 mm 5,8 5,9 36,5 30,8 16,1 20,7< 0,01 mm 9,8 2,9 5,0 5,8 6,4 8,7

Diâm. méd. poros (mm) 0,124 0,067 0,037 0,035 0,059 0,034

Área Espec. (m2/g) 2,025 8,728 19,039 59,909 10,465 21,261

Os substratos também foram caracterizados quanto à capacidade de sucção de águaatravés de dois métodos, a determinação da taxa inicial de sucção de água e aabsorção de água ao longo do tempo.

O ensaio de determinação da taxa inicial de sucção de água foi executado segundo o

método LUM.A.5 - Initial Rate of Succion (IRS) da RILEM (1988). A faceanalisada foi a mesma que seria revestida. Os resultados obtidos estão apresentadosna Tabela 7.

Tabela 7 - Resultados do ensaio de determinação da taxa inicial de sucção de água(IRS).

Substraton Média

g/200cm2/min

D.P.

g/200cm2/min

C.V.%

Distr. Normal

ValoresEspúrios

Bloco Concreto 55 53 6.01 11 sim 1Cerâmico S 60 12 1.92 15 não 1

Cerâmico T 108 14 1.86 13 não 2Concr. Celular 70 70 29.69 42 sim ---Sílico-Calcário 110 46 20.00 43 não 2Concreto Leve 45 65 15.75 24 sim ---

OBS: n = tamanho da amostra, D.P. = desvio padrão, C.V. = coeficiente devariação

A capacidade de absorção de água ao longo do tempo dos substratos foi determinadacom base no procedimento da DIN 52 617 (1987). Para tanto, foram ensaiados 3

CPs para cada tipo de substrato. A Tabela 8 mostra os valores médios obtidos para ocoeficiente de absorção de água w.

Tabela 8 - Coeficiente de absorção de água (w) dos substratos estudados.Substrato w (kg/m2/h1/2)

Bloco de concreto 0.91Cerâmico S 0.81Cerâmico T 0.80

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Concreto celular 3.15Sílico-calcário 4.35Concreto leve 1.57

2.4 M etodologia

2.4.1 Preparo dos revestimentos de argamassa

a) Preparo dos substratos

Previamente à aplicação da argamassa, a face do bloco a ser revestida foi escovadavisando a remoção de poeiras. No caso dos substratos que deveriam estar úmidos, aface era então imersa em uma lâmina de água de aproximadamente 5 mm durantetempos pré-determinados, imediatamente antes da aplicação da argamassa derevestimento. Após isto, os substratos eram colocados na vertical para escorrer oexcesso de água.

b) Mistura das argamassas

Em todos os casos, a dosagem dos materiais constituintes das argamassas foi feitaem massa. As misturas foram preparadas em betoneira de eixo inclinado, comcapacidade nominal de 120 litros, em ambiente de laboratório e através de procedimentos padronizados.

c) Aplicação das argamassas

Para minimizar o efeito da variável mão-de-obra (a qual não fez parte do escopo do

trabalho), idealizou-se um dispositivo para a aplicação da argamassa, onde o pedreiro tivesse o mínimo de interferência no processo. Esse dispositivo consistiu deuma "caixa de queda", da qual a argamassa era lançada de uma altura padrão, emqueda livre, mantendo-se assim fixa a força de impacto da chegada da argamassa aosubstrato. O substrato (bloco) colocado sob essa caixa, com a face a revestir nahorizontal e voltada para cima, recebia a argamassa sob impacto. Após a queda daargamassa, esta era alisada com desempenadeira de madeira através de um procedimento padronizado, realizado sempre por um mesmo pedreiro e em ambientede laboratório. Assim, foi possível reduzir ao máximo o efeito dessas variáveis - procedimento de aplicação e mão-de-obra.

A espessura do revestimento foi fixada em 20 + 2 mm para todos os tipos deargamassa e, para tanto, foi confeccionado um gabarito metálico, que garantiu essaespessura de camada no instante da aplicação da argamassa.

d) Cura dos revestimentos

Todos os revestimentos foram curados em sala climatizada com temperatura de 20ºC+ 3ºC e umidade relativa do ar de 80% + 10%, durante aproximadamente 8 meses,

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quando então foram retiradas destas condições para a preparação dos corpos-de- prova de resistência de aderência e matidos em ambiente de laboratório.

2.4.2 Determinação da resistência de aderência à tração

A determinação da resistência de aderência à tração seguiu a metodologia prescrita

 pela NBR 13528 - Determinação da resistência de aderência à tração - Método deEnsaio (1995). Para tanto, foram preparados no mínimo seis corpos-de-prova (CPs) para cada uma das 108 combinações analisadas, resultando um total de 1080 corpos-de-prova.

Para efeito de análise dos resultados de resistência de aderência foram consideradosos valores de resistência potencial. Estes valores correspondem ao maior valorobtido em cada exemplar de bloco onde a argamassa foi aplicada para a obtenção darespectiva combinação planejada (tipo de argamassa x tipo de substrato x umidadedo substrato), independentemente do tipo de ruptura apresentado. Desta forma,

resultaram no mínimo dois valores de resistência potencial e no máximo três, umavez que para cada combinação planejada existiam pelo menos dois blocos revestidoscom argamassa.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores de resistência de aderência à tração obtidos foram selecionados de acordocom o critério da resistência potencial e, então, submetidos a uma análise estatísticade variâncias - ANOVA, conforme um modelo fatorial considerando 3 fatores (tipode substrato, tipo de argamassa e teor de umidade do substrato) a níveis fixos. ATabela 9 apresenta os resultados obtidos nesta análise onde os valores de F obtidos(Fcalc) foram comparados com os valores de F tabelados para um nível designificância de 5% (Ftab = Fa = 0.05 (n1,n2), onde n1 e n2 são os graus de liberdadedo efeito avaliado e do resíduo, respectivamente).

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Tabela 9 - Análise de variâncias das resistências de aderência potenciais.

EFEITO GL SQ MQ Fcalc  Ftab  Result.

Modelo 107 46,2124 0,4318 14,44 1,22 signific.

Erro (resíduo) 232 6,9399 0,0299 --- --- signific.

Total 339 53,1524 --- --- --- signific.

Substrato 5 4,2722 0,8544 28,56 2,21 signific.

Argamassa 5 27,3643 5,4728 182,96 2,21 signific.

Umidade 2 2,7351 1,3675 45,72 3,00 signific.

Substrato x Argamassa 25 7,9393 0,3175 10,61 1,50 signific.

Substrato x Umidade 10 0,8409 0,0841 2,81 1,83 signific.

Argamassa x Umidade 10 0,3055 0,0305 1,02 1,83 nãoSubstrato x Argamassa x Umidade 50 2,7549 0,5509 1,84 1,36 signific.

Erro (resíduo) 232 6,9399 0,0291 --- --- ---

Coef. determinação R 2=0,87

Coef. correlação R = 0,93

Coeficiente de variação

CV = 34%

Onde: GL = Graus de LiberdadeMQ = Média Quadrada SQ = Soma dos quadradosF = Parâmetro de Fisher para o teste de significância dos efeitos.

Result. = Resultado da análise; o efeito considerado é ou não significativo.

Esta análise mostrou que o modelo fatorial adotado é significativo, uma vez que ovalor de Fcalc é maior que Ftab, e que 87% da variação dos dados é explicada por estemodelo (R 2 = 0,87). O coeficiente de variação obtido, 34%, apesar de elevado podeser considerado aceitável uma vez que a resistência de aderência é a medida dainteração entre a argamassa e o substrato, dependendo pois das características e propriedades associadas a esses dois materiais. A propósito, no caso do substrato éincontestável a variabilidade na sucção de água dentro de um mesmo tipo decomponente de alvenaria.

A ANOVA também mostrou que os efeitos dos fatores principais, substrato,argamassa e umidade, são significativos a um nível de confiança de 95%. Isto querdizer que cada um desses fatores exerce influência na resistência de aderência.Também resultaram significativas as interações duplas entre substrato e argamassa eentre substrato e umidade, demonstrando que o efeito do substrato não éindependente, ou seja, o comportamento quanto à resistência de aderência dependeda argamassa sobre ele aplicada e da sua condição de umidade. A interação triplaentre os fatores também mostrou-se significativa. Uma importante constatação da

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análise é que o fator mais influente na resistência de aderência é o tipo deargamassa, uma vez que o valor de Fcalc  foi muito superior aos obtidos para osdemais fatores em estudo.

3.1 I nf luência do Ti po de Substr ato

Tendo em vista a influência da variável tipo de substrato mostrar-se significativa,realizou-se uma comparação de médias pelos testes estatísticos de Duncan e Tukeycom o objetivo de agrupar as médias que não diferem significativamente entre si. Osdois testes apresentaram o mesmo resultado, mostrando a existência de três gruposdistintos de substratos quanto à resistência de aderência.

Os substratos cerâmico S e de concreto foram os que, de uma forma geral, propiciaram as maiores resistências de aderência, para as argamassas e teores deumidade estudados. No segundo grupo ficaram os substratos de concreto leve e osílico-calcário. Os substratos cerâmico T e concreto celular foram os que

apresentaram o menor desempenho quanto à resistência de aderência. Um fatointeressante de ser salientado foi o comportamento diferenciado entre os dois tiposde substratos cerâmicos, onde o cerâmico S classificou-se no primeiro grupo, ouseja, apresentou as maiores resistências de aderência e o cerâmico T classificou-seno grupo das resistências mais baixas.

Uma vez constatado que o tipo de substrato exerce influência na resistência deaderência, buscou-se verificar a qual, ou a quais propriedades do substrato esteefeito poderia ser atribuído. Desta forma, foram preparados gráficos relacionando aresistência de aderência com a taxa inicial de sucção de água (IRS), com ocoeficiente de absorção de água (w) e com os parâmetros obtidos através da

 porosimetria a mercúrio: área específica e diâmetro médio dos poros. Comoresultado, obteve-se que nenhum destes parâmetros descreveu bem e de formageneralizada a influência que o tipo de substrato exerce na resistência de aderência.Apenas em alguns dos casos, para algumas poucas combinações foram obtidascorrelações e regressões significativas. Este fato pode ser justificado pela existênciade interação significativa entre os fatores substrato e argamassa e substrato eumidade no teste de ANOVA (Tabela 9), demonstrando que a influência dosubstrato não é independente da argamassa sobre ele aplicada e tampouco do seuteor de umidade.

3.2 I nf luênci a do tipo de argamassa

Inicialmente as médias das resistências de aderência obtidas por tipo de argamasssaforam submetidas à uma análise múltipla de médias pelos testes de Duncan e Tukey.Destes testes resultaram quatro grupos distintos, onde as médias diferemsignificativamente entre si. As argamassas de obra A e C, de alto teor de cimento,apresentaram as maiores resistências de aderência enquanto que a argamassa B,composta de areia, cal e cimento em baixo teor, foi a argamassa que apresentou as

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mais baixas resistências. As argamassas industrializadas apresentaram resistênciasintermediárias, ficando a argamassa F isolada em um grupo seguido das argamassasE e D em outro grupo.

Vistas estas diferenças de comportamento entre as argamassas, verificou-se quais ascaracterísticas e propriedades das argamassas que estariam exercendo influência

nesses resultados. Desta forma, avaliou-se a influência do teor de cimento, do teorde ar incorporado, da capacidade de retenção de água e das resistências àcompressão e à tração das argamassas. Com o teor de ar e a capacidade de retençãode água não foram obtidas regressões significativas. Já para as regressões testadascom os parâmetros: teor de cimento e resistências da argamassa à compressão e àtração, os coeficientes de determinação foram bastante satisfatórios. Ocomportamento dessas regressões, de uma forma geral, mostrou que, à medida quese aumenta o teor de cimento ou as resistências intrínsecas da argamassa, há umaumento na resistência do aderência. Este aumento foi melhor modelado através deequações exponencias; lineares e logarítmicas; e, lineares, respectivamente quando a

resistência de aderência foi relacionada com o teor de cimento, com a resistência àcompressão e com a resistência à tração.

Com base nos valores de R 2 e na frequência de regressões significativas obtidos, pode-se sugerir que o melhor parâmetro para explicar a influência das argamassasem estudo na resistência de aderência é o teor de cimento. Em outras palavras,quando são avaliadas argamassas de grande faixa de variação da quantidade decimento, este parâmetro prepondera sobre os demais. Desta forma, somente essesresultados serão apresentados neste trabalho; a Tabela 10 apresenta os resultadosobtidos para os parâmetros das regressões exponenciais e os valores de R 2 obtidos.

A Figura 1 mostra, a título de exemplo, este tipo de comportamento obtido, com asargamassas aplicadas sobre o 10 substrato bloco de concreto.

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Tabela 10 - Parâmetros das regressões exponenciais e coeficientes de determinaçãoR 2 obtidos quando foi relacionada a resistência de aderência com o teor de cimentodas argamassas. Equação ajustada: R ader  = C1.e C

2TC  onde R ader  é a resistência de

aderência à tração (em MPa); e TC é o teor de cimento em relação à massa total dosconstituintes secos (em %).

Substrato Teor de umidade C1  C2  R 2 

Seco 0.0392 0.1710 0.93Bloco de U1 0.0391 0.1570 0.92Concreto U2 0.0132 0.2100 0.78

Seco 0.02442 0.0709 0.51Cerâmico S U1 0.0861 0.1256 0.92

U2 0.0173 0.1835 0.73Seco 0.01626 0.0801 0.71

Cerâmico T U1 0.0989 0.0683 0.66U2 0.1852 0.0602 0.19Seco 0.01791 0.0501 0.21

Concreto U1 0.0097 0.1686 0.44Celular U2 0.0103 0.1954 0.93Seco 0.02097 0.0581 0.55

Sílico- U1 0.1270 0.0742 0.58calcário U2 0.0673 0.1135 0.63

Seco 0.0522 0.1427 0.87Concreto U1 0.0118 0.1962 0.80

Leve U2 0.0130 0.1935 0.68

3.3 I nf luênci a do teor de umidade do substrato

Submetendo aos testes de Duncan e Tukey as médias das resistências de aderênciacalculadas com relação ao teor de umidade dos substratos (seco, U1 e U2) obteve-secomo resultado que os teores de umidade devem ser separados em três gruposdistintos. Isto significa que, para cada teor de umidade do substrato (seco, umidade baixa e umidade alta) obtem-se resistências de aderência diferentes com a mesmacombinação tipo de argamassa x tipo de substrato.

O efeito geral é a redução da resistência de aderência à medida que se aumenta oteor de umidade. No entanto, cada tipo de substrato tem um comportamentoindividual quanto à resistência de aderência com as variações de sua umidade inicial,o que é evidenciado pela existência da interação estatisticamente significativa entre

os fatores tipo de substrato e teor de umidade na análise de variâncias (Tabela 9).

 Na Figura 1 também pode-se notar que os maiores valores de resistência deaderência foram obtidos com os substratos secos. Os substratos que forammolhados, com teores de umidade U1 (baixa) e U2 (alta), não apresentaram umcomportamento bem definido, por vezes alternando as maiores resistências relativasa essas condições de umidade.

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 Na ANOVA também constatou-se que a interação dupla entre o tipo de argamassa eo teor de umidade do substrato não é significativa. Isto quer dizer que para todas asargamassas, quando o tipo de substrato não é levado em consideração, as maioresresistências de aderência médias são obtidas com os substratos secos; com amolhagem dos substratos o comportamento geral é a queda da resistência deaderência seja qual for a argamassa sobre ele aplicada.

y = 0,0423e16,776x

R 2 = 0,9719

y = 0,0329e16,663x

R 2

 = 0,9869

y = 0,0191e19,311x

R 2 = 0,9648

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25

Teor de cimento (MPa)   R  e  s   i  s   t .   d  e  a   d  e  r   ê  n  c   i  a   (   M   P  a   )

S

U1

U2

S

U1

U2

 Figura 1 - Resistência de aderência em função do teor de cimento das argamassasaplicadas sobre o substrato bloco de concreto, com diferentes condições de umidade

inicial.

4. CONCLUSÕES

As principais conclusões obtidas a partir do trabalho experimental foram:• O tipo de substrato, o tipo de argamassa e o teor de umidade do substrato

exercem influência na resistência de aderência. No entanto, existe, além do efeitoindividual desses fatores, um efeito sinérgico entre eles, ou seja, para umdeterminado tipo de substrato a resistência de aderência depende em maior oumenor grau do tipo de argamassa sobre ele aplicada e do seu teor de umidade.

• O fator individual de maior influência é o tipo de argamassa, sendo o teor decimento o aspecto que melhor explica as variações na resistência de aderência.Para a faixa de teor de cimento estudada, entre 7,8 e 22,4%, à medida que seaumenta esse teor nas argamassas tem-se uma elevação nos valores de resistênciade aderência. Essa elevação da resistência foi melhor modelada através deequações exponenciais.

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• Em geral, os substratos secos resultaram nos mais altos valores de resistência deaderência, tendo tais valores decrescido à medida que foi aumentado o teor deumidade.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de ter sido obtido como resultado que com o aumento do teor de cimentoobtém-se um aumento na resistência de aderência, é importante salientar um aspectonegativo da excessiva quantidade de cimento nas argamassas. É sabido que misturasmuito ricas em cimento resultam em revestimentos rígidos, que tendem a fissurar e,consequentemente, perder resistência de aderência ao longo do tempo. Asargamassas mistas com cal são mais flexíveis permitindo acomodar pequenasdeformações sem rompimento da ligação, apresentando portanto maior durabilidadeda aderência.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARASEK, Helena. Aderência de argamassas à base de cimento Portland asubstratos porosos - Avaliação dos fatores intervenientes e contribuição aoestudo do mecanismo de ligação. São Paulo, 1996. Tese (Doutorado) - EscolaPolitécnica, Universidade de São Paulo.

GRIMM, C.T.; HOUSTON, J.T. Structural significance of brick water absorption.

In: Masonry: past and present, American Society for Testing Materials, 1975. p.272-289. (ASTM Special Technical Publication, 589)

RIBAR, J.W.; DUBOVOY, V.S. Investigation of masonry bond and surface profileof brick. In: H.A. HARRIS, ed. Masonry: materials, design, construction, andmaintenance, American Society for Testing Materials, 1988. p.33-37. (ASTMSpecial Technical Publication, 992)