Fatores que vão influenciar investimentos e investidores

4

Click here to load reader

Transcript of Fatores que vão influenciar investimentos e investidores

Page 1: Fatores que vão influenciar investimentos e investidores

172011 | janeiro fevereiro | invista |

capa[por Flavia Furlan e Tabata Pitol

|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

11fatores que vão

influenciar investimentose investidores

em 2011

Page 2: Fatores que vão influenciar investimentos e investidores

192011 | janeiro fevereiro | invista | 18 | invista | janeiro fevereiro | 2011

1Começou um novo

ano! e, se entre as promessas de

Réveillon, você incluiu cuidar melhor do seu

dinheiro, poupar e investir, está lendo

a revista certa. Principalmente se, como grande parte

dos investidores, tem dúvidas sobre

como se comportará o mercado em 2011, que já começa com

uma nova equipe econômica no poder.

Para diminuir as incertezas e lhe trazer

dicas importantes para decisões de

investimento, invista conversou com

11 especialistas. uma ajuda e tanto

para quem vai investir no ano que acaba

de chegar.

2 3ricardo amorimEconomisTa E PrEsidEnTE da ricam consulToriaBolsa: “Pode atingiR novos ReCoRdes, mas fatoRes exteRnos Podem levaR à CoRReção de PReços”

É provável que haja uma elevação da taxa de juro no início do ano, para evitar que a inflação se ace-lere. de acordo com amorim, isso, por si só, con-tribuiria para que a queda do dólar continuasse, mas não seria suficiente para evitar que a econo-mia brasileira crescesse cerca de 5% e que a bolsa apresentasse bom desempenho no ano. no entanto, há vários riscos externos importan-tes para a nossa bolsa e para o crescimento do PiB em 2011. “em primeiro lugar, a economia americana pode voltar a entrar em recessão. em segundo lugar, o aperto monetário adicional que acontecerá na China pode ter um impacto negativo sobre o preço das commodities que ex-portamos. Por fim, é provável que a crise sobe-rana europeia se intensifique quando chegar à espanha, uma vez que o fmi (fundo monetário internacional) e a união europeia dificilmente irão dispor de recursos para um pacote de res-gate similar aos oferecidos à grécia e à irlanda e que deve ainda ser oferecido a Portugal”. amorim explica que, até uma provável reestrutu-ração de dívida espanhola, a bolsa pode sustentar um bom desempenho e novos iPos, possivel-mente até atingindo novos recordes. “no entanto, quando ficar evidente que a crise soberana euro-peia e seus efeitos globais irão se intensificar, o mercado deve se fechar temporariamente a iPos e uma correção significativa de preços ocorrerá”.

luiz carlos mendonça de BarrosEx-PrEsidEnTE do BndEs E sócio da QuEsT invEsTimEnTospreços: “questão da inflação É a que Pode CRiaR mais distúRBios aqui dentRo do BRasil”

o movimento dos preços não deve ser ignora-do pelos investidores neste ano. isso porque ele dita qual será a decisão do Copom (Comitê de Política monetária) do Banco Central em rela-ção à taxa básica de juro, a selic, referência de rentabilidade, principalmente na renda fixa. se a inflação sobe, o comitê tende a elevar a selic como forma de frear a atividade econômica e conter o aumento de preços. neste ano, para mendonça de Barros, é prová-vel que isso aconteça. “a questão da inflação é a que pode criar mais distúrbios aqui dentro do Brasil em 2011 e ela está relacionada com a po-lítica de gasto do governo, que é uma das fontes da inflação. neste ano, se o quadro de inflação piorar, o Banco Central vai ter de subir os juros”

Gustavo franco Ex-PrEsidEnTE do Banco cEnTral E sócio da rio Bravo invEsTimEnTos cenário político: mudança É semPRe difíCil PaRa Pessoa físiCa, que não deve aRRisCaR

Com a mudança no governo, franco acredita que os investidores estejam preocupados com a nova equação política e em que medida ela vai alterar a economia. mas o cenário básico não vai mudar em nada; haverá acomodação fiscal e bom senso. se isso acontecer, os mercados continuam de bom humor, a não ser que acon-teça alguma novidade heterodoxa. “se os go-vernos fazem alguma coisa que as pessoas não gostam na economia, é no mercado que eles vão sentir esse mau humor”.

segundo ele, esses momentos de mudança são particularmente difíceis para as pessoas físicas, que ficam tentadas a fazer apostas. “a política do investidor pessoa física não deve ser essa, ou pelo menos a parte de seu patrimônio que ele separa para apostar deve ser pequena. sempre trabalhar com o cenário básico de bom senso, correr pouco risco e ter um horizonte de longo prazo. 2011 é um ano em que a econo-mia vai crescer menos; a bolsa vai reagir bem porque isso é bom para o longo prazo. vai ter muita coisa boa na bolsa para acontecer para a pessoa física”.

Page 3: Fatores que vão influenciar investimentos e investidores

212011 | janeiro fevereiro | invista | 20 | invista | janeiro fevereiro | 2011

56 74alexandre PóvoaGEsTor da modal assET manaGEmEnTBolhas: Com juRo PRóximo de zeRo, Pode-se CRiaR eufoRia em alguns ativos

É fato que as economias centrais (eua, zona do euro e japão) estão passando por momentos difíceis, após a crise de 2008. desta forma, os fundamentos externos não são bons, o que for-ça os governos, como forma de estimular suas economias, a deixarem suas taxas básicas de juro próximas de zero em 2011. “isso realmente é complicado porque cria, principalmente em momentos de euforia, bolhas em ativos”. os riscos que 2011 pode trazer, em sua opinião, são a não recuperação das economias desen-volvidas, a formação de bolhas em preços de ativos – sobretudo em mercados emergentes – e uma alta na inflação da China. “são os três riscos para o investidor monitorar”.

Bernardo carvalhosócio da GávEapIB: “a exPansão das eConomias emeRgentes seRá CRuCial PaRa manteR CResCimento gloBal”

diante do fraco crescimento em 2011, as eco-nomias centrais devem manter as taxas de juro em níveis baixos e implementar programas de compras de ativos financeiros, segundo Car-valho. “este contexto tende a elevar os fluxos financeiros globais direcionados a países emer-gentes em busca de maior retorno. a expan-são das economias emergentes, como China, Brasil e índia, será crucial para manter o ritmo de crescimento global. Com a elevada liquidez internacional, as taxas de câmbio destas econo-mias tenderão a apreciar contra o dólar”. alguns governos, no entanto, já vêm tentando evitar esta tendência de apreciação com medi-das de controle de capital e com intervenções nos mercados cambiais. “acreditamos que esta tendência intervencionista tende a se manter”. Com o crescimento fraco nos desenvolvidos e expansão mais forte nos emergentes, é prová-vel que observemos uma divergência no cenário de inflação entre estes países. economias com forte crescimento doméstico correm risco de ter maior pressão inflacionária, ao contrário do que tende a acontecer nos desenvolvidos. “neste contexto, acreditamos que o Brasil continuará com forte crescimento da economia em 2011”.

sidnei nehmedirETor da corrETora nGoDólar: mesmo Com menoR gasto PúBliCo, moeda não seRve PaRa investimento

o que se espera, na opinião de nehme, é que o novo governo altere fundamentalmente a matriz da política monetária, cambial e fiscal e, com isso, gaste menos, poupe mais, reduza o juro e, consequentemente, desvalorize o real frente ao dólar em busca de um preço tecni-camente mais equilibrado. “não recomendaria aquisição de dólares como reserva de valor para ganho futuro. evidentemente que, se a pessoa tem uma viagem programada no curto prazo, entendo que seria adequado adquirir os dólares já, desde que, para tanto, não fosse necessário assumir empréstimos em reais”. além disso, nehme diz que 2011 não deve ser um grande ano para a Bovespa (Bolsa de va-lores de são Paulo). “a bolsa brasileira é mui-to dependente do investidor estrangeiro e não estou otimista quanto a um retorno mais forte deste investidor ao mercado brasileiro. toda intervenção de governo no mercado financeiro, criando tributos e alterando normativos, gera insegurança nos investidores”.

stePhen KanitzconsulTor E adminisTrador PEla HarvardRating: “BRasil já deveRia seR aaa”

em 2011, devemos ter uma elevação do rating do Brasil, o que deve influenciar os investimen-tos, de acordo com Kanitz. “o Brasil, na práti-ca, já é aaa. quem é BB1 são os eua, mas há um problema político de falar isso. entretanto, um país com R$ 271 bilhões em reservas e zero de dívidas, que é o caso do Brasil, já de-veria ser aaa. acredito que em breve teremos esse upgrade. se não formos aaa, pelo menos aa merecemos. além disso, acho que teremos uma mudança na forma como os brasileiros in-vestem”.ele contou que, em 2007, antes mesmo de dilma Rousseff ser candidata, ela já dizia que queria transformar o Brasil de um país de investidores de renda fixa em um país de empreendedores e aplicadores em renda variável. “não acho que seja uma tese eleitoreira, acho que ela coloca-rá isso em prática. o que acontece no Brasil é que as taxas de juro são tão elevadas que todo mundo prefere renda fixa para ganhar sem fa-zer nada. as pessoas não querem assumir os riscos da renda variável. mas os títulos do go-verno dão juros de 1% ao ano, se descontarmos inflação, impostos e taxa de administração, ou seja, você não vai poder se aposentar com 1% ao ano. nem que você queira. então eu acredito que, com a nova presidente, vem uma pressão para mais renda variável”.

Page 4: Fatores que vão influenciar investimentos e investidores

232011 | janeiro fevereiro | invista | 22 | invista | janeiro fevereiro | 2011

10

119dan arielyProFEssor E EsPEcialisTa Em Economia comPorTamEnTalcomportamento: “Como devemos inteRPRetaR as PRevisões do meRCado”

quando indagado sobre como os investidores enxergam o mercado e como isso pode afetar 2011, ariely expõe sua visão se as pessoas estão otimistas demais ou não diante dos fundamen-tos. segundo o professor da duke university, por mais que a realidade seja triste e deprimente, as pessoas têm memória curta para momentos ruins. “afinal, quanto tempo você consegue viver de forma deprimida? Por isso, as pessoas que estão no mercado financeiro realmente querem acreditar que tudo está certo, por mais que falte confiança. daí você soma o fato de que você não consegue viver todo dia sentindo-se deprimido com o fato de que as pessoas do mercado ado-tam postura otimista, e os investidores acabam vendo o que querem e não o que estão realmen-te enxergando”. ele completa: “Há um grande incentivo para se comportar de forma otimista e isso pode ser um risco. seguir tendências é algo incrivelmente na-tural para as pessoas. quando você vê uma ten-dência, pode até não identificar qual a real causa dela, mas há um enorme desejo de simplesmen-te segui-la. veremos um pouco de efeito manada em 2011, como vimos as pessoas indo para o in-vestimento em ouro durante a crise”.

fernando meiBaKPlanEjador FinancEiro E sócio-dirETor da sunrisE invEsTmEnTsFundos: “Com instaBilidade à vista, fundos do tiPo di são indiCados PaRa 2011”

em razão da mudança na equipe econômi-ca, meibak acredita que teremos um ano de maior instabilidade. Com essas indefinições, é altamente recomendável que as pessoas sejam mais conservadoras em seus investi-mentos. “quem opta pelos fundos deve investir em fundos do tipo di, nos quais você não corre risco com mudanças na taxa de juro ou de volatilidade, que acho que serão maiores nos mercados”. quando o assunto são os fundos, também não dá para esquecer as taxas de administração, que comprometem muito a rentabilidade. “Para quem foca em longo prazo, recomendo os etfs (exchange traded funds), que são fundos que replicam índices de carteira de ações, como o Bova11, e possuem baixa taxa de administra-ção; e também o PiBB, que foi o fundo constitu-ído pelo Bndes e que também tem baixa taxa de administração”.

8erico sodréPrEsidEnTE da acrEFi (associação nacional das EnTidadEs dE crédiTo, FinanciamEnTo E invEsTimEnTo)crédito: “vai ContinuaR CResCendo e investimentos RelaCionados a ele são Boas oPções”

sodré diz que aposta suas fichas no crescimen-to do crédito em 2011. “Com isso, todos os tipos de investimento relacionados ao crédito podem trazer bons resultados aos investidores, seja na renda variável, com ações de empresas de va-rejo e construtoras, por exemplo, ou em investi-mentos mais conservadores, como a compra de um imóvel”, afirma sodré. neste ano, o crédito continuará sendo direcionado para o setor imo-biliário. “Portanto, os investidores pessoas físi-cas precisam “descobrir” como investimento as lCi, que são títulos com lastro em financiamen-tos imobiliários, e que rendem bem mais do que a poupança e são isentos de imposto de renda. da mesma forma, os fundos de investimentos imobiliários poderão ser mais atrativos do que os fundos de ações, e também são isentos de imposto de renda”, completa sodré.

edson francosuPErinTEndEnTE ExEcuTivo dE invEsTimEnTos do sanTandErcpMF: “volta da ContRiBuição Pode CausaR inCeRteza nos investimentos de CuRtíssimo PRazo”

logo após os resultados das eleições presiden-ciais, começou a se discutir a volta de um tributo nos moldes da CPmf (Contribuição Provisória sobre a movimentação financeira), que tinha uma alíquota de 0,38% sobre cada movimenta-ção financeira. “acho que a mudança de gover-no não trará nenhuma mudança drástica para o cenário. mas temos em pauta um assunto sério, que é o retorno da CPmf. a volta dessa contri-buição pode causar incerteza nos investimen-tos de curtíssimo prazo, utilizados para fazer gestão de fluxo de caixa, como fundos em CdB (Certificados de depósitos Bancários) com ren-tabilidade diária, porque aí o custo de transação pode não compensar e, eventualmente, não pa-gar a rentabilidade em um período muito curto”.