Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana...

71
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUACÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE E PESCA INTERIOR - BADPI Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana Valenciennes, 1847 (Clupeiformes: Pristigasteridae) da Amazônia Brasileira Amanda Karen Silva de Souza MANAUS, AMAZONAS FEVEREIRO, 2018

Transcript of Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana...

Page 1: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUACÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE E PESCA

INTERIOR - BADPI

Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana Valenciennes, 1847

(Clupeiformes: Pristigasteridae) da Amazônia Brasileira

Amanda Karen Silva de Souza

MANAUS, AMAZONAS

FEVEREIRO, 2018

Page 2: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

AMANDA KAREN SILVA DE SOUZA

Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana Valenciennes, 1847

(Clupeiformes: Pristigasteridae) da Amazônia Brasileira

ORIENTADOR: JOSÉ CELSO DE OLIVEIRA MALTA, Dr.

MANAUS, AMAZONAS

FEVEREIRO, 2018

Dissertação de Mestrado apresentada

ao Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia como parte do requisito

para a obtenção do título de Mestre

em Ciências Biológicas.

i

Page 3: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

ii

Page 4: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

S 729 Souza , Amanda Karen Silva de

Fauna de metazoários parasitos de Pellona Castelnaeana

Valenciennes, 1847 (Clupeiformes: Pristigasteridae) da Amazônia

brasileira. / Amanda Karen Silva de Souza . --- Manaus: [s.n.], 2018.

71 f.: il.

Dissertação (Mestrado) --- INPA, Manaus, 2018.

Orientador: José Celso de Oliveira Malta

Área de concentração: Biologia de Água Doce e Pesca Interior

Parasita de peixes . 2. Monogenoidea . 3. Pellona Castelnaeana Valenciennes . I. Título.

CDD 597.45

Sinopse

Este trabalho se insere na sub-área de Ictioparasitologia. As coletas dos

peixes foram realizadas entre maio e novembro de 2015. Foram coletados e

identificados 477 parasitos pertencentes a sete grupos taxonômicos. Foram

encontradas 8 espécies parasitas. Pellona castelnaeana apresentou correlação fraca

negativa significativa entre o comprimento padrão e a abundância de parasitos

apenas para Anisakis sp. A sua fauna de espécies parasitas é originalmente marinha

e espécies de cinco táxons mantiveram-se como seus parasitos na água doce. Uma

espécie de Monogenoidea, M. makrodemas e três espécies de táxons cosmopolitas.

O Acanthocephala Neoechinorhynchus (N.) sp.; o Nematoda Anisakis sp.; uma

espécie de Branchiura, A. chicomendesi. E, uma espécie de Copepoda, A. pellonidis,

que não é cosmopolita, mas é parasito de peixes eurialinos que ocorrem em água

doce, salobra e salgada. Somente duas espécies parasitas são exclusivamente de

água doce, o Digenea A. compactum e o Branchiura D, bidentata. Estas duas foram

adquiridas no ambiente de água doce

Palavras - chave: Monogenoidea, Digenea, Acanthocephala, Nematoda,

Copepoda, Branchiura, Isopoda, Amazônia.

iii

Page 5: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

A meus filhos Adan, José, Eliana e Clarinha,

Dedico!

v

Page 6: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

Agradecimentos

Primeiramente ao meu querido Mestre e Orientador, Dr. José Celso de Oliveira Malta que

me acolheu em seu laboratório em 2005. Por sua preciosa amizade, conselhos, sou eternamente

grata!

Ao Dr. Daniel Brito Porto pelo apoio e incentivo.

Ao Dr. Celso Morato de Carvalho, pelo incentivo, orientações e amizade.

Ao Dr. Célio Magalhães pela confiança em disponibilizar a chave de seu laboratório para

que eu pudesse usar sua lupa com câmara clara, pelas orientações e dicas para melhorar a qualidade

de meus desenhos e por sua amizade.

Ao Sr. Edilson de Araújo Silva por sua amizade e por todos os anos de trabalho dedicados

ao nosso laboratório.

Aos Srs. Manoel Soares e Leonardo Soares pescadores da comunidade do Catalão que nos

auxiliaram e acompanharam nas primeiras coletas.

Às minhas amigas Renata Evangelista Monteiro pela revisão da estatística neste trabalho e

Marília Rodriguês da Vitória pelos auxílios nas coletas, convívio e por sua sincera amizade.

Ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior.

Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia pela oportunidade.

Ao CNPq pela bolsa de trabalhos a mim concedida.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para execução deste trabalho, obrigada!

vi

Page 7: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”

Albert Einstein

vii

Page 8: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

Resumo

Foram coletados e examinados 63 exemplares de Pellona castelnaeana, capturados no complexo

de lagos do Catalão. O comprimento médio dos peixes foi de 28,5cm ± 6,4 e o peso médio 328,3g

± 208,5. Foram coletados e identificados 477 espécimens parasitos. Monogenoidea 14 indivíduos;

Digenea 1, Acanthocephala 39, 382 Nematoda, Copepoda 43, 01 Isopoda e 2 Branchiura. O

Monogenoidea Mazocraeoides makrodemas parasitava as brânquias; o Digenea,

Austrodiplostomum compactum o olho; o Acanthocephala, Neoechinorhynchus

(Neoechinorhynchus) sp. n. o intestino; o Nematoda, Anisakis sp. a superfície do fígado, o

estômago e o intestino; o Copepoda, Acusicola pellonidis os filamentos branquiais; as espécies de

Branchiura, Argulus chicomendesi e Dolops bidentata a superfície do corpo; o Isopoda, Braga

patagônica a cavidade branquial. Anisakis sp. foi a espécie com a maior prevalência (38%) seguida

de Neoechinorhynchus (N.) sp. (20,63%). Todas as outras espécies ocorreram com baixa

prevalência. Oitenta por cento da comunidade parasita de P. castelnaeana foi dominada por

Anisakis sp., seguida por Neoechinorhynchus (Neoechinorhynchus) sp. (9,6%). A fauna de espécies

parasitas de P. castelnaeana era formada por uma espécie secundária e sete satélites. Apenas uma

espécie parasita apresentou distribuição secundária, Anisakis sp. com prevalência de 38%. As

espécies de Monogenoidea, Acanthocephala, Copepoda e Nematoda apresentaram distribuição

agregada. Anisakis sp. apresentou correlação negativa entre o comprimento total e a abundância.

Somente para Anisakis sp. “p” foi significativo (p ≤ 0,05).

Palavras –chave: Monogenoidea, Digenea, Acanthocephala, Nematoda, Copepoda, Branchiura,

Isopoda, Amazônia.

viii

Page 9: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

Abstract

Were collected and examined 63 specimens of Pellona castelnaeana captured in the Catalão lakes

complex. The mean fish length was 28.5 cm ± 6.4 and the mean weight was 328.3 g ± 208.5. Were

collected and identified 477 specimens of parasites. 14 Monogenoidea; 01 Digenea, 39

Acanthocephala, 382 Nematoda, 43 Copepod, 01 Isopoda and 01 Argulus and 01 Dolops. The

Monogenoidea Mazocraeoides makrodemas parasitized the gills filaments, the Digenea

Austrodiplostomum compactum the eye; the Acanthocephala Neoechinorhynchus

(Neoechinorhynchus) sp. n. the intestine; the Nematoda Anisakis sp. the surface of the liver,

stomach and intestine; the Copepoda Acusicola pellonidis the gills filaments; the Branchiura

Argulus chicomendesi and Dolops bidentata the body surface; and Isopoda, Braga patagonica the

gill cavity. Anisakis sp. was the species with the highest prevalence (38%) followed by N. (N.) sp.

n. (20.63%). All others species occurred with low prevalence. Eighty percent of the parasite

community of P. castelnaeana was dominated by Anisakis sp., followed by Neoechinorhynchus

(Neoechinorhynchus) sp. (9.6%). The fauna of species parasites of P. castelnaeana was formed by

a secondary species and seven satellites species. Only one parasite species presented secondary

distribution, Anisakis sp. with prevalence of 38%. The species of Monogenoidea, Acanthocephala,

Copepoda and Nematoda presented aggregate distribution. Anisakis sp. presented a negative

correlation between total length and abundance. Only for Anisakis sp. "p" was significant (p ≤

0.05).

Keywords: Monogenoidea, Digenea, Acanthocephala, Nematoda, Copepoda, Branchiura,

Isopoda, Amazon.

ix

Page 10: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

Sumário

Lista das figuras..............................................................................................................................xi

1. Introdução..............................................................................................................................10

1.1 – O hospedeiro..............................................................................................................11

1.2 – As espécies parasitas de peixes..................................................................................13

1.3 - Espécies parasitas da Pellona castelnaeana...............................................................16

2. Objetivos................................................................................................................................16

2.1 - Geral...........................................................................................................................16

2.2 - Específicos..................................................................................................................16

3. Material e métodos.................................................................................................................16

3.1. - Área de trabalho........................................................................................................16

3.2. - Coleta, identificação e transporte dos peixes............................................................17

3.3. - Necropsia dos peixes.................................................................................................18

3.4. - Preparação de lâminas e identificação dos parasitos.................................................20

3.5. - Desenho e morfometria dos parasitos.......................................................................22

3.6. – Identificação das espécies parasitas..........................................................................22

3.7. - Análises de dados......................................................................................................22

3.8. – Índices parasitários...................................................................................................22

3.9. – Análises estatísticas..................................................................................................23

4. Resultados..................................................................................................................................25

4.1. Dados biométricos dos hospedeiros.............................................................................25

4.2. Composição da fauna de Pellona castelnaeana...........................................................25

5. Discussão...................................................................................................................................49

5.1. As espécies parasitas de Pellona castelnaeana...........................................................49

5.2. Estrutura da infracomunidade de parasitas de Pellona castelnaeana..........................56

6. Conclusão..................................................................................................................................59

7. Referências bibliográficas.........................................................................................................60

x

Page 11: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

Lista das figuras

Figura 01: Espécime de Pellona castelnaeana coletada no lago do Poção, Catalão......................2

Figura 2: Imagem Landsat da região do complexo de lagos Catalão, estado do Amazonas, Brasil,

2007. Círculo da esquerda destaca os pontos de água preta, o do meio os pontos de água mista e da

direita os de água branca. (Elaborada por Juliana Peixoto). Fonte: Lopes et al.,

2011..................................................................................................................................................9

Figura 3: Mazocraeoides makrodemas,1- ovário, 2- testículo, 3- ovo, 4- clamps, 5- haptor, 6-

âncoras (Escala= 1,0 mm) .............................................................................................................20

Figura 04: Vista ventral da metacercária de Austrodiplostomum compactum..............................23

Fig. 05: Macho de Neochinorhynchus (Neochinorhynchus) sp. (escala = 1,0

mm),,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,..............25

Figura 06: Anisakis sp. parasito do trato digestivo. PA = Porção anterior, DE = Dente larval, PP =

Porção posterior, A = Ânus, EC = Espinha caudal ou mucron (Escala= 1,0 mm) ...........................28

Figura 07: Macho de Dolops bidentata em vista dorsal...............................................................31

Figura 08: Fêmea de Argulus chicomendesi em vista dorsal. Fonte: Malta e Varella, 2000.......33

Figura 09: Acusicola pellonidis em vista dorsal (Escala= 1,0 mm) .............................................35

Figura 10: Fêmea jovem de Braga patagonica em vista dorsal (Escala= 1,0 mm) .....................37

xi

Page 12: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

12

1. Introdução

Os peixes são os vertebrados mais parasitados por serem os mais antigos na

terra. São o substrato vivo, com o maior tempo de exposição e de adaptação para os

organismos simbiontes, além de viverem em ambientes aquáticos que facilitam

transmissão e a dispersão das espécies parasitas (Malta 1984).

Os peixes são parasitados por um grande número de espécies pertencentes a

numerosos filos. Os parasitos possuem uma distribuição mundial, afetam todas as

espécies, das águas tropicais às polares e qualquer nicho ecológico e habitat do

hospedeiro (Eiras 1994; Thatcher 2006).

A posição trófica da espécie hospedeira, em uma teia alimentar, determinará se

sua fauna parasitária será constituída, majoritariamente, de parasitos adultos ou larvas

(Poulin e Leung 2011). As espécies parasitas são excelentes indicadoras das interações

tróficas, ecologia e comportamento dos seus hospedeiros, da migração, do

recrutamento, da filogenia e da distinção da população (Marcogliese 1999; Galli et al.

2001).

As espécies parasitas são organismos com um modo de vida particular e que

formam uma importante parte da biodiversidade, não só pelo grande número de

espécies, mas também pela importante função nos processos ecológicos (Pérez et al.

2006). Geralmente não recebem uma importância por serem sempre associados a

doenças, e com isso, são geralmente excluídos de trabalhos de conservação e manejo

(Marcogliese 2004).

Os parasitos são animais que dependem de seus hospedeiros para sua dispersão

e distribuição geográfica. A relação entre a fauna de parasitos e o habitat do hospedeiro

(ambiente) não é governada por um único fator, mas por um complexo de fatores; logo,

esta fauna pode ser alterada quanto a sua distribuição (Dogiel, 1970). Principalmente

quando ocorrem mudanças na composição da fauna de hospedeiros intermediários

(Bell e Burt 1991).

Durante a vida do peixe, várias mudanças ocorrem no seu comportamento e

biologia, principalmente em relação a sua alimentação e condições fisiológicas. Todas

essas mudanças podem ser consideradas influências sobre a fauna de parasitos,

especialmente aqueles que utilizam vários organismos como hospedeiros

intermediários (Takemoto et al. 1996).

Page 13: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

13

Diferenças na fisiologia, comportamento e hábito alimentar do macho e da

fêmea do hospedeiro podem, também, influenciar ou determinar os níveis de parasitos.

O hábito alimentar do hospedeiro influencia diretamente a composição da fauna

parasitária (Dogiel 1970), assim como as associações existentes entre as espécies de

parasitas (Isaac et al. 2000).

O tamanho do hospedeiro também pode ser relacionado com o parasitismo,

indicando a estrutura das comunidades de parasitos e as alterações que podem sofrer

durante a vida do hospedeiro (Esch et al. 1988). Normalmente ocorre um aumento no

número de parasitos, por hospedeiro, em relação ao comprimento do peixe (Poulin

1993 Isaac et al. 2000; Guidelli et al. 2003).

1.1. O hospedeiro: Pellona castelnaeana Valenciennes, 1847 (Fig. 01)

Figura 01: Pellona castelnaeana Valenciennes, 1847 coletada no lago do Poção, no

complexo de lagos Catalão, estado do Amazonas (Escala = 10 cm).

Pellona castelnaeana Valenciennes, 1847 pertence à família Pristigasteridae

que têm 38 espécies incluídas em nove gêneros. A maioria das espécies é marinha e

ocorre nas regiões tropicais e subtropicais dos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico.

Algumas espécies ocorrem apenas em ambientes de água doce. Nos grandes rios da

Amazônia ocorrem quatro espécies, Ilisha amazonica (Miranda Ribeiro, 1920);

Page 14: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

14

Pellona castelnaeana, Pellona flavipinnis (Valenciennes, 1836), Pristigaster cayana

Cuvier, 1829 (FAO 1985).

Em Pristigasteridae estão incluídas as sardinhas marinhas e costeiras, que

ocorrem em todos os oceanos tropicais e nas águas doces da América do Sul e do

sudeste da Ásia. Elas são distinguidas externamente de outras sardinhas (Clupeidae),

pela nadadeira anal longa, com 30 ou mais raios e pelo corpo comprimido lateralmente.

Elas têm hábito, principalmente, piscívoro e vivem em zonas abertas de rios e boca de

lagos. Até recentemente, os peixes dessa família, estavam incluídos na família

Clupeidae (Santos et al. 2006).

Pellona castelnaeana tem o corpo comprimido lateralmente, cabeça pequena,

boca pequena e ligeiramente voltada para cima e o olho coberto por membrana. A

coloração é amarelada, com o dorso escuro e uma faixa negra no lóbulo caudal inferior.

Possui 10 espinhos abdominais na linha mediana do ventre, entre a base das nadadeiras

pélvicas e o ânus, e 12 rastros branquiais na parte inferior do 1.º arco branquial. As

nadadeiras dorsais e peitorais têm 16 raios ramificados. Em geral não têm nadadeira

adiposa e linha lateral (Ferreira et al. 1998; Santos et al. 2006).

É um peixe pelágico, habita os paranás, lagos e rios de águas brancas, claras e

pretas (Goulding et al. 1988). Nos lagos, pode ser capturado na floresta alagada e na

água aberta, durante os períodos diurno e noturno. É piscívoro, alimenta-se

principalmente de pequenos Characiformes e Perciformes, camarões e invertebrados

aquáticos (Saint-Paul et al. 2000).

É um peixe migrador, tem desova total e fecundação externa. A reprodução

ocorre entre a seca (novembro) e a enchente (abril). As fêmeas iniciam o processo de

maturação sexual aos 32 cm de comprimento padrão (Santos et al. 2006). Em P.

castelnaeana é observado hermafroditismo protândrico, a maior parte dos machos

sofre reversão sexual, em um determinado momento do ciclo de vida (Le Guennec e

Loubens 2004).

Pellona castelnaeana é bastante apreciada pela população ribeirinha e

comercializada nos mercados e feiras da região. Em 2003, as duas espécies (P.

castelnaeana e P. flavipinnis) participaram com 0,02% do total da produção pesqueira

desembarcada nos portos dos principais municípios do estado do Amazonas (Ruffino

et al. 2006).

Page 15: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

15

Peixes piscívoros, como os das espécies do gênero Pellona, têm sido

registrados na literatura como fundamentais agentes reguladores de comunidades de

peixes de água doce. Eles afetam as populações de espécies-presa e atuam

frequentemente como principal fonte de mortalidade das presas (Lowe McConnel

1999; L´Abée-Lund et al. 2002).

1.2. As espécies parasitas de peixes

O número de espécies parasitas necessários para causar danos em um peixe,

varia consideravelmente com a espécie, o tamanho do hospedeiro e com seu estado de

saúde. Muitas espécies parasitas são, pelo menos em algum grau, hospedeiras

especificas sendo capazes de infectar uma ou somente um limitado número de espécies

de hospedeiros. Espécies parasitas individuais podem ter uma ampla diferença de

efeitos em diferentes espécies hospedeiras (Malta et al. 2001)

O filo Platyhelminthes possui três classes parasitas, Monogenoidea, Digenea e

Cestoda. Seus representantes apresentam o corpo achatado dorsoventralmente são

hermafroditas; são acelomados; têm simetria bilateral; sistema digestivo incompleto,

com boca, faringe, intestino muito ramificado, quando presente e ânus ausente

(Travassos et al. 1969).

Os Monogenoidea são, em sua maioria, ectoparasitos de peixes, monoxenos, e

sem hospedeiro intermediário. São hermafroditas e, com exceção das espécies de

Gyrodactylidae, são ovíparos. Do ovo eclode uma larva ciliada livre-natante, o

oncomiracídio, que infestará diretamente o hospedeiro de origem ou outro hospedeiro.

Os Monogenoidea representam o grupo mais numeroso de verdadeiros ectoparasitos,

parasitam principalmente as brânquias de peixes (Fernando e Hanek 1976).

Cerca de 308 espécies de Monogenoidea de água-doce, distribuídas em 70

gêneros, são conhecidas para a região Neotropical. Essas espécies ocorrem em 144

espécies de peixes (Boeger e Vianna 2006). A maioria das espécies descritas, para o

Brasil, são da região amazônica (Kohn e Cohen 1998).

O local de fixação onde são encontrados, com maior frequência, são as

brânquias, pele, fossas nasais, ureter e poucos são encontrados nos ductos intestinais.

Mas podem ser encontrados também na bexiga urinária de anfíbios. A característica,

Page 16: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

16

mais determinante, para reconhecer o táxon Monogenoidea é seu órgão de fixação o

haptor, estrutura geralmente achatada e em forma de disco (Boeger e Vianna 2006).

Existem seis famílias com espécies que parasitam peixes de água doce na

região Neotropical: Hexabotriidae, Microcotylidae, Monocotylidae, Gyrodactylidae,

Diplectanidae e Dactylogyridae (Boeger e Vianna 2006). Dentre estas, principalmente,

Dactylogyridae e Gyrodactylidae são as que possuem o maior número de espécimes

descritos (Pavanelli et al. 2002).

Digenea são Plathyhelminthes endoparasitos de tamanho, forma e habitats

variados (Olsen 1974). Os adultos são parasitos internos obrigatórios de vertebrados e

ocasionalmente de alguns invertebrados (Thatcher 1993). São hermafroditas, com

exceção de algumas formas que parasitam o sangue (Schistosomatidae) e que invadem

o tecido do hospedeiro encontrados em peixes marinhos (Didymozidae). Todas as

espécies da região Neotropical que parasitam peixes de água doce possuem seu sistema

feminino e masculino funcional (Thatcher 2006).

As espécies de Digenea são heteroxenas, o ciclo de vida tem no mínimo dois

hospedeiros e com fases de reprodução sexual e assexual. O primeiro hospedeiro

intermediário é sempre um molusco, geralmente um caramujo. Com poucas exceções,

o hospedeiro definitivo é um vertebrado (Thatcher 1993).

As espécies de Digenea são patogênicas para o peixe quando ele é o hospedeiro

intermediário. As metacercárias, as larvas infectantes, nadam livremente e penetram

através da pele e são mais agressivas que as formas adultas. Elas instalam-se em vários

órgãos como larvas livres ou encistadas e causam danos importantes aos peixes

(Takemoto et al. 2004).

Na região Neotropical ocorrem espécies de Digenea de nove ordens.

Heronimiformes; Faustuliformes; Bucephaliformes; Schistosomiformes;

Sanguinicoliformes; Didymozoiformes; Strigeformes; Paramphistomiformes; e

Fascioliformes (Thatcher 1993).

As espécies do filo Acantocephala não têm trato digestivo, na parte anterior do

corpo têm uma probóscide retrátil, com ganchos e espinhos. Elas têm sexo separados,

fecundação interna e são exclusivamente parasitos do trato digestivo de vertebrados

(Taraschewski 2008). O ciclo de vida é heteroxeno, um artrópode é o hospedeiro

intermediário e um vertebrado o definitivo (Amin 2002).

Page 17: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

17

Os ovos das espécies de Acanthocephala, depois de expelidos para o exterior

pelo hospedeiro definitivo, são ingeridos pelo hospedeiro intermediário. Em seu

interior eclode uma larva acântor, passa para acantela que encista e forma o cistacanto.

Este é ingerido pelo hospedeiro definitivo ao predar o artrópode. No vertebrado o

cistacanto desencista, passa para a forma adulta e fixa-se no intestino do hospedeiro.

Para a América do Sul são citadas 158 espécies incluídas em 44 gêneros (Amin 2002).

As espécies do Filo Nematoda são alongadas, cilíndricas, não segmentadas,

afilados nas extremidades e cobertos por uma cutícula. Elas têm trato digestivo

completo com boca; cavidade bucal; esôfago; intestine e ânus. Elas têm sexo separados

e fecundação interna. Crescem sofrendo uma muda periódica da cutícula que reveste

o corpo, semelhante aos artrópodes (Vicente et al. 1985; Moravec 1998).

Existem mais de 15.000 espécies de Nematoda. Elas ocorrem em: água doce;

salgada; solo; parasitas de plantas e animais. Em peixes, os adultos ocorrem no trato

digestivo e as formas larvais encistadas nos órgãos e músculos (Vicente et al. 1985;

Moravec 1998).

As espécies do filo Arthropoda têm o corpo e os apêndices segmentados, o

corpo é dividido em duas ou três partes: cabeça; tórax e abdômen. Apresentam

exoesqueleto quitinoso extremamente forte, que cobre o corpo. As espécies de

Arthropoda que parasitam peixes são do sub-reino Crustacea, classe Maxillopoda e

subclasses Branchiura e Copepoda. E, da classe Malacostraca, subclasse

Eumalacostraca, ordem Isopoda (Malta 1982a; 1982b; 1984; 1993a; 1994a; 1994b;

Varella 1994; Varella e Malta 2009).

As espécies da subclasse Branchiura são ectoparasitas de peixes, de ciclo

direto; ocorrem na superfície do corpo, na cavidade bucal e branquial de seus

hospedeiros. Medem de dois a três milímetros e apresentam sexo separados com

dimorfismo sexual. As antênulas, antenas e maxilulas foram transformadas em órgãos

e fixação (Malta 1981; 1982a; 1982b; 1984; Malta e Varella 2009).

As espécies a subclasse Copepoda, geralmente, são menores que 3 mm de

comprimento, parasitam quase todos os filos de animais. A maioria parasita a

superfície do corpo, muitos conseguem colonizar micro-habitat mais protegidos como

as brânquias (Malta, 1993a; 1993b; 1993c; 1993d; 1993e; 1994a; 1994b; Varella e

Malta 2009).

Page 18: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

18

1.3. Espécies parasitas da Pellona castelnaeana

Três espécies parasitas são citadas para P. castelnaeana e todas com ocorrência

na região Amazônica. A primeira uma espécie de Digenea, Bacciger pellonae

Thatcher, 1992. Ela foi descrita do estômago de P. castelnaeana coletada no rio

Guaporé, no estado de Rondônia (Thatcher 1992b).

Uma espécie de Copepoda da família Ergasilidae, Acusicola pellonidis

Thatcher & Boeger, 1983. Foi descrita das brânquias de P. castelnaeana capturada no

rio Amazonas no estado do Amazonas, próximo a Manaus (Thatcher e Boeger 1983b).

A terceira uma espécie de Branchiura da família Argulidae Dolops carvalhoi

Lemos de Castro, 1949 (Malta e Varella 1983). Coletada da superfície do corpo (pele)

de P. castelnaeana capturada no lago Janauacá, margem esquerda do rio Solimões no

estado do Amazona (Malta e Varella 1983).

2. OBJETIVOS

2.1. Geral

Analisar a fauna de metazoários parasitos do apapá amarelo, Pellona

castelnaeana Valenciennes, 1847 (Clupeiformes: Pristigasteridae) do lago Catalão.

2.2. Específicos:

Identificar as espécies parasitas do apapá amarelo;

Apresentar as diagnoses de cada grupo de parasitos e breves descrições

taxonômicas;

Descrever as estatísticas parasitárias de rotina em estudos

parasitológicos;

Descrição sistemática das espécies novas de parasitas encontrados no

Apapá amarelo;

Comentar sobre os grupos de parasitas mais prevalentes com relação às

origens evolutivas.

Page 19: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

19

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Área de trabalho

Os peixes foram coletados no sistema de lagos do complexo Catalão

(3º10`04``S e 59º54`45``W), localizado próximo ao município de Iranduba, no estado

do Amazonas, distante cerca de 10 km da cidade de Manaus, está situado na várzea do

rio Solimões, próximo de sua confluência com o rio Negro (Figura 2). A região do

lago Catalão é formada por uma série de “lagos” interconectados que durante os

períodos de cheia formam uma unidade contínua, e nos períodos de seca isolam-se ou

até mesmo secam completamente (Vale 2003).

Figura 2. Mapa da região do lago Catalão (destacada no círculo) – Amazonas – Brasil,

2007.

O lago Catalão é também influenciado, no final da enchente e cheia,2 pelo rio

Solimões que tem a água com elevada turbidez, pH próximo de neutro (6-7) e a

condutividade elétrica em torno de 60-90 μS cm-1. O balanço hidrológico do lago

Catalão é grandemente influenciado pelas magnitudes relativas dos influxos dos rios

Solimões e Negro, podendo ser descrito como uma mistura variável destas duas fontes

quimicamente distintas. Há uma sequência temporal e espacial bastante particular de

variação das características físicas e químicas para este lago (Almeida e Melo 2011).

Page 20: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

20

3.2. Coleta, identificação e transporte dos peixes.

As coletas foram realizadas nos lagos do Padre, Madalena, Queimada e Poção.

Foram utilizadas redes de espera de malhas de 25 a 70 mm entre nós adjacentes,

dispostas aleatoriamente nos lagos. O tempo de permanência das redes na água foi de

aproximadamente de 10 horas, por lago e no período diurno, com despescas a cada

duas horas. As pescarias foram feitas com a licença 036/2016 – CEUA/INPA. Os

peixes foram identificados em campo e as coletas foram realizadas nos meses de maio,

julho, setembro e novembro de 2015.

Logo após a captura as P. castelnaeana foram examinadas: a superfície do

corpo; a base das nadadeiras; a cavidade branquial; a cavidade bucal; a cavidade anal

e brânquias a procura de ectoparasitos. Quando encontrados foram coletados, fixados

e conservados de acordo com o grupo pertencente para posterior identificação no

Laboratório de Parasitologia de Peixes (LPP) do Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia (INPA).

Quando possível, os peixes foram imersos em uma solução anestésica e um

instrumento perfurante fino, pontiagudo e afiado foi introduzido com força e rapidez

na base do crânio, para produzir depressão imediata do sistema nervoso central (SNC).

Para minimizar a dor e o estresse ao animal, de acordo com as diretrizes da prática de

eutanásia do CONCEA 2013.

Posteriormente as P. castelnaeana foram pesadas, medidas e necropsiadas.

Todos os dados foram registrados em fichas de campo. Os órgãos foram fixados e

acondicionados em frascos de vidro, etiquetados, com o local de coleta, data, coletor,

guardados em caixas de isopor. Posteriormente foram transportadas para o Laboratório

de Parasitologia de Peixes em Manaus para análise. As amostras das P. castelnaeana

foram do tamanho requerido, para o grau de confiança de 95%. Para detectar pelo

menos um espécime de peixe parasitado para a prevalência de 10% (Simon e Schill

1984 apud Eiras et al. 2006).

3.3. Necropsia dos peixes

No laboratório os frascos com os órgãos das P. castelnaeana fixados foram

retirados das caixas de isopor. Cada exemplar teve uma ficha onde todos os dados

referentes ao hospedeiro, local coletado, condições do peixe, dia, hora, local, coletor,

Page 21: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

21

necropsiador, parasitas, aparência externa, sexo e estágio gonadal (quando possível),

número de parasitas, local de fixação foram registrados. A necropsia foi realizada

seguindo o roteiro do Laboratório de Parasitologia de Peixes do Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia (LPP/INPA) descrito resumidamente abaixo:

Método para condições sépticas. Todas necropsias começaram (em campo)

com o exame de fora para dentro. Iniciando com os tecidos externos e gradualmente

avançando para os mais internos. Cada tecido deve ser examinado intacto, antes de

qualquer interferência, depois a dissecção e exames sob microscópios estereoscópio e

óptico.

1. Para cada peixe examinado foi aberta uma ficha de necropsia preenchendo

todos os campos. Número do peixe a ser examinado, mais a data do dia em que foi

examinado.

2. Foram examinadas macroscopicamente as superfícies externas dos peixes

(pele, nadadeiras, boca, olhos, opérculos, ânus), a procura de lesões, úlceras,

hemorragias subcutâneas, escamas levantadas ou perdidas, pústulas, cistos, formações

nodulares volumosas e descolorações.

3. Foi examinada a região perianal, procurando áreas vermelhas incomuns e

prolapsos do intestino.

4. O exame das fossas nasais foi feito conforme Varella (1994; Varella e Malta

1995; 2001). Com auxílio de uma tesoura de ponta fina, foram removidas as fossas

nasais e colocadas em placas de Petri. A cavidade nasal foi lavada com água destilada,

a roseta foi retirada, colocada em uma placa de Petri com água destilada e lavada várias

vezes com auxílio de uma pisseta. Cada dobra foi examinada com o auxílio de finos

estiletes. Todos os exames foram feitos sob microscópio estereoscópio.

5. Para o exame das brânquias, os opérculos foram removidos e cada arco

branquial foi individualizado. O primeiro arco branquial esquerdo foi retirado cortando

as extremidades dorsal e ventral. Colocado em uma placa de Petri, coberto com água,

observado sobre estereomicroscópio, seguro com uma pinça e examinando cada

filamento com um fino estilete. Foram procurados parasitas, descolorações, camadas

de muco e outras anormalidades. Arcos pequenos foram colocados em uma lâmina,

coberto com água, coberto com uma lamínula e examinado sob microscópio óptico.

Arcos grandes e finos foram realizados cortes e preparado em uma lâmina com água,

Page 22: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

22

com lamínula e examinado sob microscópio óptico e foi examinado procurando

tecidos anormais, Protozoa, Glochidia e ovos de helmintos. Os demais arcos foram

examinados individualmente sobre estereomicroscópio com auxílio de estiletes.

6. Um outro processo utilizado para coleta de parasitas da pele e nadadeiras foi

colocar o peixe em recipiente com formol 1:4000 por duas horas e agitar

vigorosamente a cada 15 minutos, de modo que ficasse completamente imerso no

líquido. Posteriormente foi examinado o conteúdo nas placas de Petri. Este método

não nos permitiu saber o local de fixação de cada parasita. Alternativamente cortou-se

as nadadeiras foram examinadas em placas com água em estereomicroscópio.

7. Os olhos foram cuidadosamente examinados se havia rotação e se as

membranas estavam elásticas e bem visíveis. Foi realizado um corte em torno da

órbita, dos músculos e do nervo óptico, e colocados em placa de Petri com água

destilada. Da câmara interna foram removidos as lentes e o humor, cada componente

do olho foi examinado separadamente.

8. A cavidade abdominal foi aberta com uma tesoura fina, foi efetuada uma

perfuração na linha média ventral da parede abdominal, começando na região do ânus

e prolongando-se até à região anterior.

9. O canal alimentar e órgãos associados como unidade, foram inteiramente

removidos, foi realizado um corte transversal no esôfago, próximo à cavidade bucal,

cortes no ligamento hepático e no reto próximo ao ânus.

Para identificar possíveis hospedeiros intermediários de parasitos foi retirado

o conteúdo alimentar e analisado com auxílio de estereomicroscópio à procura de

ostracodes, camarões e peixes, os organismos encontrados foram identificados e

conservados em álcool a 70%.

3.4. Preparação de lâminas e identificação dos parasitas

Para identificação dos parasitas foram utilizados os seguintes métodos de

preparação de lâminas:

Para trabalho das espécies de Monogenoidea foi utilizado o método de Gray &

Wess que consiste na preparação de uma solução contendo 2 g de álcool polivinílico,

5 ml de glicerina, 7 ml de acetona a 70%, 5 ml de ácido láctico e 10 ml de água

destilada.

Page 23: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

23

Foi preparada uma pasta com o álcool polivinílico e acetona. Metade da água

foi misturada com a glicerina e o ácido láctico, fazendo uma pasta. O restante de água

foi adicionado gota a gota, mexendo sempre. A solução foi colocada em banho-maria

por aproximadamente 10 minutos até ficar transparente. Finalmente cada indivíduo foi

retirado da solução aquosa de formol 5% em que se encontrava e colocado em placas

de Petri contendo água destilada por 1 a 5 minutos, depois transferidos para uma

pequena gota de Gray & Wess sobre uma lâmina, e cobertos com uma lamínula.

Para o trabalho das espécies de Copepoda foram feitas lâminas permanentes

com montagem total dos indivíduos de acordo com o método Eosina/Orange G. Foi

utilizada uma solução corante composta de álcool 95% com partes iguais de Orange G

e Eosina. O espécime permaneceu nessa solução por cerca de três minutos. A seguir

foi transferido para o fenol (cristais de fenol liquefeito em álcool 95%) por alguns

minutos para desidratar, diafanizar, clarificar e descolorir o excesso do corante. Após

esse processo, foram transferidos para o salicilato de metila para interromper o

processo de descoloração, por no mínimo 3 minutos. Os espécimes foram montados

em bálsamo o Canadá, entre lâmina e lamínula e colocados em estufa a 56° C para

secagem.

Para o trabalho das espécies de Nematoda foi realizada pelo método de

clarificação por glicerina 1:6, 1:4 e 1:2 (parte de glicerina: partes de água) adaptado

de Amato et al. (1991). Após clarificação os espécimes foram montados em Bálsamo

do Canadá e levados à estufa a 56°C para secagem e posterior identificação das

espécies.

Para o trabalho das espécies de Digenea e Acanthocephala fez-se coloração

utilizando Carmim alcoólico através do processo regressivo. Ele

consiste na transferência do espécime para uma solução aquosa, em seguida para a

solução de carmim (permanecendo por tempo variável). Após a coloração o

espécime passou por uma sequência de séries alcoólicas (70%, 80%, 90% e 100%)

para completa desidratação. A seguir transferiu-se o parasita para o óleo de imersão, e

montou-se a lâmina usando bálsamo do Canadá. Esta foi transferida para estufa a uma

temperatura média de 56ºC para secagem (Amato et al. 1991).

Page 24: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

24

3.5. Desenho e morfometria dos parasitos

Os desenhos foram feitos a partir de montagens totais de exemplares em

lâminas permanentes e provisórias. Utilizou-se uma câmara clara acoplada ao

microscópio de luz com contraste de fase Olympus BH-2 e Zeiss Axioscope 2 plus.

Todas as pranchas apresentadas são originais, exceto o desenho do exemplar de

Argulus chicomendesi Malta & Varella, 2000, onde a autoria é indicada na legenda da

figura.

A morfometria dos indivíduos foi feita utilizando uma ocular micrométrica

acoplada ao microscópio de luz. Todas as medidas foram apresentadas em milímetros

(mm). As medidas morfométricas foram expressas pelos valores mínimos, máximos e

médias apresentadas entre parênteses. Os tipos e material testemunho desse trabalho

foram depositados na Coleção de Invertebrados não Insecta do INPA, em Manaus.

3.6. Identificação das espécies parasitas

Para identificação das espécies parasitas encontradas em P. castelnaeana

foram utilizadas as características morfológicas e anatômicas, as descrições originais

e bibliografias específicas: Bouvier (1899); Amin (1969); (2002); (2012); Malta e

Varella (2000); Moravec et al. (1998); Price (1936); Mamev (1981); Kohn et al.

(1995); Thatcher e Boeger (1983a; 1983b); Schiodt e Meinert (1881; 1884).

Os espécimes de Monogenoidea e Acanthocephala foram descritos a partir de

uma extensa revisão bibliográfica dos grupos. Os espécimes foram depositados na

Coleção de Invertebrados Não-Insecta do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia.

3.7. Análise de dados

As análises estatísticas foram feitas para as espécies parasitas que apresentaram

uma prevalência maior que 10%.

3.8. Índices parasitários

Para análise quantitativa das espécies parasitas encontradas foram utilizados os

seguintes índices parasitários, segundo Bush et al. (1997).

Índice de prevalência: número de hospedeiros infectados por uma determinada

Page 25: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

25

espécie de parasita, dividido pelo número de peixes examinados, multiplicado por 100

(expresso em porcentagem).

Intensidade média: número total de parasitas de uma determinada espécie de

hospedeiro, dividido pelo número de hospedeiros infectados na amostra.

Abundância: número total de parasitas de uma determinada espécie de hospedeiro

dividido pelo número de hospedeiros infectados ou não.

Status comunitário ou grau de importância dos táxons, dentro das comunidades

parasitárias, foi classificado de acordo com Caswell (1978) e Hanski (1982) citados

por Bush & Holmes (1986). Foram divididas em:

Espécies centrais: presentes em mais de dois terços dos hospedeiros (prevalência

maior que 66%);

Espécies secundárias: presentes em um a dois terços do hospedeiro (prevalência entre

33 a 66%);

Espécies satélites: (em menos de um terço do hospedeiro (prevalência menor que

33%).

3.9. Análises estatísticas

Para as análises estatísticas os resultados foram considerados significativos

quando p≤ 0,05.

- Índice de Dominância (DA): foi calculado o Índice de Dominância (DA) para

verificar o grau de dominância de cada componente nas infracomunidades de parasitos

de P. castelnaeana no complexo de lagos Catalão.

Este índice foi calculado a partir da dominância relativa média (número de

espécimes de uma espécie/número total de espécimes de todas as espécies de cada

infracomunidade) e expressos em porcentagem (Rohde et al. 1995).

Page 26: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

26

Onde:

NA = dominância da espécie A

NA+NB+NC+……...NN = número de indivíduos das espécies A,B,C......N

- Índice de Dispersão e Agregação: Utilizou-se os índices de Dispersão (ID) e de

agregação de Green (IG) a fim de verificar o tipo de dispersão e o grau de agregação

das espécies. O índice de dispersão (ID) foi calculado para cada espécie de parasito

com o intuito de determinar seu padrão de distribuição em relação à população

hospedeira (Rabinovich 1980).

ID = (S2/ X)

Onde:

s2 = variância da abundância;

x = abundância parasitária média.

O Índice de Dispersão (ID) serve para medir o desvio de um arranjo das

condições de aleatoriedade. Valores iguais à unidade indicam uma disposição espacial

ao acaso ou aleatoriedade. Valores menores que a unidade, indicam uma disposição

espacial regular ou uniforme. Valores significativamente maiores que a unidade,

indicam uma disposição agregada ou contagiosa (Rabinovich 1980).

O grau de agregação ou dispersão foi obtido através do cálculo do Índice

de Green (IG) (Ludwig e Reynolds 1988).

Onde:

s2 = variância amostral

x = média amostral

x = somatória do número de indivíduos na amostra

O índice de Green (1966) baseia-se na relação variância/média, e mostra o quão

agrupados os indivíduos se encontram na população. O IG varia de 0 para distribuições

aleatórias até 1 para máxima agregação (Ludwig e Reynolds 1988; Krebs 1999).

∑ IG =

(S2

/ X) -

1

X - 1

Page 27: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

27

-Coeficiente de correlação linear por postos de Sperman (rs): para verificar as

correlações entre o comprimento padrão do hospedeiro e a abundância dos parasitas

(Ayres et al. 2007).

-Coeficiente da correlação linear de Pearson (r): para determinar a correlação entre

classes de comprimento e prevalência dos parasitas.

Todas as análises acima mencionadas foram efetuadas com o auxílio do pacote

estatístico Bioestat ® 5.0 (Ayres et al. 2007).

4. Resultados

4.1 Dados biométricos dos hospedeiros

Foram coletados e examinados 63 espécimes de P. castelnaeana capturados

em quatro lagos do complexo Catalão: Poção, Padre, Madalena e Queimada. Os peixes

apresentaram comprimento médio 28,5cm ± 6,4 e peso médio 328,3g ± 208,5.

4.2 Composição da fauna parasitária de Pellona castelnaeana

Foram coletados e identificados 477 parasitos pertencentes aos filos,

Platyhelminthes (Monogenoidea e Digenea), Acanthocephala, Nematoda e

Arthropoda (Copepoda, Branchiura e Isopoda), incluídos em 7 táxons (Figura 01).

Figura 03: Comunidade Componente de metazoários parasitos de Pellona

castelnaeana, Monogenoidea (monog.), Digenea (Dige), Acanthocephala (Acantho),

Nematoda (Nemat), Copepoda (Copep), Branchiura (Branch.) e Isopoda.

Page 28: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

28

Monogenoidea

Foram coletados 14 espécimes de Mazocraeoides makrodemas, em 10

indivíduos de P. castelnaeana.

Taxonomia

Filo Platyhelminthes

Classe Monogenoidea

Subclasse Polichoinea Bychowsky, 1937

Superfamília Mazocraeoidea (Bychowsky 1957) emend. Beverley-Burton, 1984

Família Mazocraeidae Price, 1936

Gênero Mazocraeoides Price, 1936

Uma espécie ocorreu parasitando P. castelnaeana Mazocraeoides makrodemas

Souza, Porto & Malta, 2017. Material depositado (INPA 695, 747)

Diagnose genérica: Corpo longo, haptor não diferenciado como um órgão

separado, clamps tipo grampo dispostos ao longo da margem ventrolateral do corpo;

o par anterior pode ser anterior ao corpo médio. Aba terminal não dividida, tendo 2 ou

3 pares de âncoras. Testículo oposto ao ovário ou sobrepostos. Cirrus bulboso

geralmente armado com ganchos, e bulbos acessórios. Ovário estreito e dobrado sobre

si mesmo, se estendendo até o terço posterior do corpo, principalmente posterior aos

testículos. Canal gênito-intestinal cruzando ovário ou testículos ou anterior ao ovário.

Ovo com prolongamento polar e tamanho variável. Uma vagina com fundo cego e

abertura médio dorsal pode estar presente. Vitelária esparsa ou escassa até a parte

anterior do intestino. Reservatório de vitelínico em forma de “y” e inteiramente na

zona ovarial ou parcialmente no ovário. Parasitas de clupeídeos e pristigasterídeos.

Descrição específica: baseada em XX exemplares (Fig. 4): Corpo em forma de

clava com 4 pares de pinças na margem posterior do corpo. Testículo e ovário na zona

haptoral. Haptor com dois pares de âncoras, duas centrais e duas laterais. Comprimento

do parasita 4,26 (2,75 - 7,5) ± 1,29, largura 0,32 (0,1 - 0,51) ± 0,12 na parte mais larga

e 0,08 (0,1 - 0, 5) ± 0,02 na parte mais estreita; A região anterior distal ao corpo é

estreita e se alarga progressivamente até o haptor e é três vezes maior que a região

Page 29: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

29

haptoral. Haptor sub-retangular, mais longo do que largo. Quatro pares de grampos de

tipo aberto iguais em tamanho com pedúnculos curtos, mas muito visíveis e definidos,

5 escleritos foram observados nos clamps: SAA (Esclerito Ântero—Anterior), SMB

(Esclerito Médio Basal), SPS (Esclerito Póstero – Posterior), SAP (Esclerito Ântero -

Posterior) e SL (Esclerito Lateral). Grampos semelhantes em forma, sub-igual,

assimétrico; 1, 2, 3, 4 - 0,17 (0,1 - 0,3) × 0,16 (0,1 - 0,2) ± 0,06 de diâmetro. SAA

semicircular que se estende para atender o SAP. SMB sub-pentagonal com seis

orifícios paralelos de forma irregular, SPS sobrepondo a parte mediana do SL em

forma invertida "V". SAP dividido em dois, menor que SL e localizado acima SMB.

SL ampla e sobrepõe o SAA. Extremidade anterior com um par de ventosas 0,09 (0,1

- 0,2) × 0,09 (0,1 - 0,2) ± 0,06. Faringe oval, 0,05 (0,03 - 0,06) × 0,08 (0,05 - 0,09).

Órgão copulatório abaixo da bifurcação intestinal. Ceco intestinal com divertículos

laterais estendendo-se até a altura do primeiro par de braçadeiras. Testículo único e

alongado, 0,4 (0,3 - 0,6) × 0,05 (0,02 - 0,07) menor que o ovário, ambos localizados

na região haptoral. Órgão copulatório circular 0,03 (0,02 - 0,04) × 0,03 (0,02 - 0,04),

armado com 8 grandes picos em tamanhos iguais voltados para fora. Ovários com duas

partes uma anterior e a outra posterior conectada por um filamento, 0,6 (0,5 - 0,8) ×

0,1 (0,1 - 0,2) encontra-se à direita do testículo. Folículos densamente distribuídos

entre o nível de bifurcação intestinal e a extremidade posterior do corpo. Dutos de

gema no nível do ovário. Vagina observada na porção médio-dorsal do corpo. Ovos

0,4 (0,3-0,05) × 0,05 (0,03-0,06) com longos filamentos nas extremidades. Espécimes

estudados: Holótipo, INPA 694; Parátipos INPA 695, 747.

Comentários: Dezenove espécies de Mazocraeoides são conhecidas,

Mazocraeoides acutai Gupta & Krishna, 1976; M. argentinensis Suriano, 1979; M.

australis Williams, 1988 M. bychowskyi Caballero & Caballero, 1976; M. clupei Gupta

& Krishna, 1976; M. dorosomata (Yamaguti, 1938); M. dussumieri Mamaev, 1975;

M. dussumieriai Gupta & Krishna, 1976; M. georgei Price, 1936; M. gonialosae

Tripathi, 1959; M. gussevi Gupta & Masoodi, 1985; M. indica Gupta & Krishna, 1976;

M. jairajpurii Gupta & Masoodi, 1985; M. jimeiensis Ding & Zhang in Zhang, Yang

& Liu, 2001; M. nematoalosae Tripathi, 1959; M. pellonai Gupta & Krishna, 1976; M.

prashadi Chauhan, 1950 M. puriensis Gupta & Krishna, 1976; M. xijiangensis Zhang,

Ding & Liu, 1998.

Page 30: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

30

São listadas 22 espécies, porém, M. opisthonema Hargis, 1955; M.

olentangiensis Sroufe, 1958; M. hargisi Price, 1961 são consideradas sinonímias de

M. georgei (Kohn e Santos, 1988). Neste trabalho é feito o primeiro registro de uma

espécie de Mazocraeidae parasitando um peixe de água doce brasileira da família

Pristigasteridae.

Figura 4: Mazocraeoides makrodemas Souza, Porto & Malta, 2017 (Escala= 1mm).

Fonte: Souza, Porto & Malta, 2017.

Page 31: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

31

Trematoda

Um exemplar de Digenea, na fase de metacercária foi encontrado parasitando

o olho esquerdo de P. castelnaeana no período de seca.

Taxonomia

Filo Platyhelminthes Gegenbaur, 1859

Classe Cercomeridea Brooks, O’Grady & Glen 1985

Infraclasse Trematoda Rudolphi, 1808

Subclasse Digenea Carus, 1863

Família Diplostomidae Luehe, 1901

Subfamília Diplostominae Monticelli, 1892

Gênero Austrodiplostomum Szidat & Nani, 1951

Uma espécie ocorreu parasitando P. castelnaeana, Austrodiplostomum

compactum (Lutz, 1928)

Diagnose genérica: Corpo com a porção anterior oval-longitudinal, encurvada

na face ventral, e a posterior pouco desenvolvida. Órgão tribocítico e ventosa oral

pouco desenvolvidos. Acetábulo atrofiado ou ausente. Aparelho genital simples, sem

cone genital nem tubo. Testículo anterior com a metade do tamanho do posterior.

Ovário pequeno e esférico, situado ao lado do testículo anterior. Folículos vitelínicos

dispostos em estrela ao redor do órgão tribocítico.

Diagnose específica: baseada em um espécime (medidas em milímetros)

Corpo foliáceo, face ventral ligeiramente côncava. Comprimento, 1,31; largura

0,6; comprimento da ventosa oral 0,05 comprimento da faringe 0,08. Órgão tribocítico

0,3 de comprimento e 0,12 de largura. Região anterior com uma pequena ventosa oral

subterminal e duas pseudo ventosas laterais uma de cada lado da ventosa oral. Presença

de pré-faringe, faringe oval e esôfago curto; ceco intestinal terminando próximo da

região posterior. Órgão tribocítico oval e células glandulares ocupando a maior parte

da região anterior, estendendo-se desde o início do ceco intestinal até a região anterior 2

2

Page 32: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

32

do órgão tribocítico. As medidas dos caracteres morfológicos de A. compactum estão

de acordo com a variação registrada em Kohn et al. (1995; 1988; 2007).

As espécies de Digenea com importância patogênica pertencem às famílias

Clinostomidae e Diplostomidae, cujas metacercárias ficam encistadas na superfície

corporal e órgãos internos dos peixes, provocando diversas lesões (Luque 2004).

Austrodiplostomum compactum parasitava somente uma P. castelnaeana no período

de seca. Neste trabalho é feito o primeiro registro de A. compactum parasitando P.

castelnaeana. Material depositado: INPA 702.

Figura 5: Vista ventral de metacercária de Austrodiplostomum compactum (Lutz,

1928) (Escala= 0,5mm).

Page 33: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

33

Acanthocephala

Quarenta e seis espécimes do filo Acantocephala foram coletados no intestino

de P. castelnaeana.

Taxonomia

Filo Acantocephala Rudolphi, 1801

Família Neoechinorhynchidae Van Cleave, 1929

Subfamília Neoechinorhynchinae Travassos, 1926

Gênero Neoechinorhynchus Stilles & Hassal, 1905

Subgênero Neoechinorhynchus Stilles & Hassal, 1905

Uma espécie ocorreu parasitando P. castelnaeana, Neoechinorhynchus

(Neoechinorhynchus) sp. (Fig. 6 - 8)

Diagnose genérica: Tronco espinhoso, fusiforme curvado ventralmente, seis núcleos

gigantes presentes na parede do corpo (5 dorsal e 1 ventral). Probóscide curta, globular,

ligeiramente mais longo do que largo. Probóscide com três círculos com seis ganchos

cada. Probóscide recipiente longo, simples, single-walled saco. Lemnisco alongado,

desigual. Testículos alongados, contíguos, pós equatoriais. Glândula de cemento

sincicial, reservatório de cimento alongado, e bolsa de saefftingen presente. Poros

genitais terminal em machos e subterminais em fêmeas. Ovos elípticos e alongados,

com casca concêntrica sem prolongação polar da membrana de fertilização.

Macho: baseado em cinco espécimes. Tronco 9860 - 3740 (6100 ± 2700) X 800 - 600

(500 ± 200). Hipoderme 320 - 810. Pescoço 1000 (1000) X 70 - 100 (80 ± 10).

Probóscide 300 - 100 (200 ± 90) X 200 - 70 (100 ± 50). Lemnisco longo 1530 - 600

(900 ± 300) X 60 - 30 (50 ± 10). Comprimento de ganchos da probóscide no círculo

anterior 100 (100), no círculo médio 30 (30) no círculo posterior 20 (20). Receptáculo

da probóscide 500 - 600 (580 ± 40) X 70 - 90 (80 ± 660). Testículos cilíndricos:

testículo anterior 500 - 2200 (1070 ± 660) X 100 (100), testículo posterior 600 - 2040

(1140 ± 600) X 100 - 300 (140 ± 90). Glândula de cemento 700 - 2890 (1350 ± 890)

X 80 - 100 (90 ± 10). Bolsa Saefftigen 200 - 500 (300 ± 130) X 100 - 200 (140 ± 24).

Page 34: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

34

Vesícula seminal 170 - 300 (200 ± 50) X 70 - 130 (90 ± 23). O sistema reprodutor

masculino ocupa 54 a 74% do comprimento do corpo.

Figure 6 - 8: 6 – Macho de Neoechinorhynchus (Neoechinorhynchus) sp.

(Escala300µ): T – testículos, C – glândula de cemento, L – lemniscos, S – órgão de

saefftingens, SV – vesícula seminal, B – Bursa copulatória; 7 – Probóscide

(Escala100µ); 8 – espinhos da probóscide (Escala100µ).

7

8

T

C

L

S

SV

B

6

Page 35: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

35

Fêmea (Figura 9 e 10). Tronco 10.200 x 510. Hipoderme 1000. Ganchos da

probóscide no círculo anterior 100; o círculo do meio 30, o círculo posterior 20.

Pescoço 70 x 50. Receptáculo de probóscide 850 x 100. Lemnisco mais longo 560 x

50, lemnisco mais curto 450 x 50. Útero 70 x 50. Poro genital sub-terminal. Sistema

reprodutivo 1020 x 100, ocupando 14% do comprimento do tronco. Fêmea maior que

o macho, ovos elípticos maduros 40x10 com prolongamento polar na membrana de

fertilização.

Comentários: Este é o primeiro registro de Acanthocephala para P.

castelnaeana e a descrição de uma nova espécie do gênero Neoechinorhynchus para a

região Amazônica.

9

L

P

R

SR

SR

S

10

Page 36: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

36

Nematoda

Trezentas e oitenta e duas larvas em estágio L3 foram coletadas.

Taxonomia

Filo Nematoda Rudolphi, 1808

Classe Adenophorea Linstow, 1905

Ordem Ascaridida Skrjabin & Schutz, 1940

Superfamília Ascaridoidea, Railliet & Henry, 1905

Família Anisakidae Railliet & Henry, 1912

Gênero Anisakis Dujardin, 1945

Uma espécie de Nematoda Anisakis sp. (larva de 3° estágio) parasitavam P.

castelnaeana.

Diagnose genérica: Lábios com fileiras de dentículos. Inter lábios ausentes.

Esôfago com ventrículo posterior glandular oblongo, sem apêndice ventricular ou ceco

intestinal. Machos de cauda abruptamente cônica, com um grande número de papilas

pré-anais em cada lado. Espículas aproximadamente iguais ou desiguais, curtos ou em

forma de barra ou longos e afilados, espiralados ou não. Fêmeas com cauda longa ou

arredondada ou algumas vezes com uma constrição em sua porção média e contendo

uma proeminência cônica; vulva na metade anterior do corpo. Ovos pequenos, sub-

globulares, não segmentados ou segmentados com pequeno número de blastômeros

quando da eliminação.

Diagnose específica: baseada em 10 larvas de 3º estágio (medidas em mm) não

encapsuladas foram encontradas no intestino de P. castelnaeana. Corpo com 14 - 23

(22,2) de comprimento; largura máxima do corpo 0,48 - 0,56 (0,58). Cutícula com

estrias transversais finas. Boca triangular. Extremidade anterior com lábio dorsal e dois

lábios ventrolaterais pouco desenvolvidos. Seis papilas cefálicas sendo um par no lábio

ventral e o restante nos lábios ventrolaterais. Dente larval presente localizado entre a

abertura oral e o poro excretor. Poro excretor ventral, localizado logo abaixo entre os

lábios ventrolaterais. Esôfago com 1,7 - 2,3 (2,2) de comprimento. Ventrículo com

0,49 - 0,58 (0,56) de comprimento, 0,33 - 048 (0,45) de largura. Apêndice ventricular

e ceco intestinal ausentes. Distância da extremidade anterior ao anel nervoso de 0,04 -

0,05 (0,06); Duas glândulas retais aproximadamente esféricas. Cauda em formato

cônico com 0,14 - 0,17 (0,16) de comprimento com mucrón terminal.

Page 37: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

37

Comentários: O adulto do género Anisakis é caracterizado por apresentar, na

região anterior, 3 lábios, um dorsal e dois ventrolaterais, cada um com uma projeção

anterior bilobada, mas sem interlabia, as larvas L3 apresentam apenas alguns

milímetros, geralmente entre 10 e 36. A sua cor é branca, leitosa ou translúcida e tem

estrias cuticulares transversas marcadas (López Sabater e López Sabater, 2000). No

terceiro estágio larvar, os parasitas deste gênero ainda não possuem lábios

desenvolvidos, mas ventralmente à boca, estão munidos de um dente larvar (Berland

2006), de forma triangular, dirigido exteriormente (Raamat 2012) este dente saliente

tem como função perfurar os tecidos do hospedeiro (Berland 2006). A larva L3 pode

permanecer no hospedeiro teleósteo indefinidamente, mantendo a sua capacidade

infectante por até três anos (López Sabater e López Sabater, 2000). Neste trabalho, as

larvas L3 foram encontradas encistadas na superfície do fígado, estômago e intestino.

Figura 06 - Espécime de Anisakis sp. parasita do trato digestivo de P. castelnaeana,

PA – Porção anterior, DE – Dente larval, PP – Porção posterior, A – Ânus, EC –

Espinha caudal ou mucron (barra=1,0mm).

A

PP

PA

EC

D

E

Page 38: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

38

Copepoda

Taxonomia

Subclasse Copepoda Milne-Edwards, 1840

Ordem Cyclopoida Burmeister, 1834

Família Ergasilidae Von Nordmann, 1832

Gênero Acusicola Cressey & Collette, 1970

Uma espécie ocorreu parasitando P. castelnaeana Acusicola pellonidis

Thatcher & Boeger, 1983.

Diagnose genérica: Cefalotórax inflado, ou não. Abdômen 3 segmentado.

Antênulas com 5 segmentos. Antena com 4 segmentos, terceiro segmento com sulco

para engate da garra oposta quando travado; segundo segmento maior que os outros.

Maxilípede ausente. Pernas 1 – 4 birremes; perna 1 com dois segmentos no exopodito,

todos os outros com 3 segmentos. Perna 5 reduzida a 1 ou 2 setas simples projetando-

se do sexto segmento torácico. Perna 6 ausente. Macho desconhecido. Parasita de

peixes marinhos e de água-doce.

Diagnose específica baseado em 10 indivíduos fêmeas. Corpo, comprimento

0,55 - 1,03 (0,83) e largura 0,22 - 0,439 (0,32). Cefalotórax, comprimento 0,41 - 0,71

(0,54) e com uma estrutura esclerotizada ligeiramente em forma de “Y” ou “T” na

parede dorsal. Antênulas com 5 segmentos, comprimento 0,08 - 0,18 (0,13) e largura

0,02 - 0,04 (0,03). Antena com 4 segmentos e uma garra terminal, 1º segmento,

comprimento 0,07 - 0,16 (0,13) e largura 0,03 - 0,08 (0,06); 2º segmento 0,18 - 0,29

(0,26) e 0,03 - 0,07 (0,06); 3º segmento 0,03 - 0,08 (0,06) e 0,02 - 0,07 (0,03); 4º

segmento 0,01 - 0,08 (0,06) e 0,006 - 0,02 (0,01) e a garra terminal, comprimento 0,02

- 0,07 (0,05) e largura 0,006 - 0,015 (0,011). Exopodito da perna I com três segmentos

e endopodito dois segmentos. Perna II (= perna III), exopoditos e endopoditos com

três segmentos. Perna IV, exopodito com dois segmentos e endopodito com três

segmentos. Todos basepoditos com espinho lateral e externo. Dois ramos caudais.

Material depositado: INPA 2296

Comentários: Foram coletados 31 espécimes de parasitando as brânquias de P.

castelnaeana. Acusicola pellonidis foi descrita das brânquias de P. castelnaeana

coletadas no rio Amazonas, Amazônia Central (Thatcher e Boeger 1983b). Neste

Page 39: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

39

trabalho as medidas dos espécimes analisados de A. pellonidis estão de acordo com os

apresentados por Thatcher e Boeger (1983b).

Figura 09: Acusicola pellonidis Thatcher & Boeger, 1983 em vista dorsal (Escala =

1,00 mm)

Page 40: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

40

Branchiura

Duas espécies de Branchiura foram coletadas na superfície do corpo de P.

castelnaeana.

Taxonomia

Subfilo Crustacea Bünnich, 1772

Classe Maxillopoda Dahl, 1956

Subclasse Branchiura Thorell, 1864

Ordem Arguloida Yamaguti, 1963

Família Argulidae Lech, 1819

Gênero Dolops Audouin, 1837

Uma espécie ocorreu parasitando P. castelnaeana Dolops bidentata (Bouvier,

1899).

Diagnose genérica: Carapaça ligeiramente achatada iniciando na base da região

cefálica estende posteriormente como um par de lóbulos ou asas, cobre parcialmente

os somitos torácicos, varia de forma e tamanho. Cefalon fusionado ao primeiro somito

torácico. Um par de olhos compostos. Um único e pequeno olho de náuplios mediano.

Um par de áreas respiratórias na superfície ventral da carapaça. Urossoma com 1

segmento, bilobado posteriormente e com um par de ramos caudais. Antena e

antênulas reduzidas. Porção basal da antena achatada e armada com uma garra anterior

e uma lateral, porção terminal cilíndrica com 2 ou 3 segmentos. Maxílulas modificadas

em grossos apêndices, arredondados na base, com forte garra na extremidade distal.

Maxilas usualmente com placa basal alargada, com dentes, espinhos ou protuberâncias

e frequentemente com 2 pares de espinhos pós-maxilares. Maxilípedes ausentes.

Quatro toracópodes cobertos pela carapaça, toracópodes 1 e 2 com epípodes,

toracópodes 2, 3 e 4, dos machos, com apêndices acessórios usados na cópula,

toracópodes 4 com lobos natatórios. Urossoma dos machos com um par de testículos

alongados, urossoma das fêmeas com um par de espermatecas na superfície ventral.

Parasitas de peixes de água doce e salgada.

Diagnose específica: Um macho foi medido em mm: comprimento total 9,88.

Carapaça em formato fusiforme mais longa que larga com comprimento de 7,76 e

largura 8,95. A cor da superfície da carapaça é levemente amarelo-esverdeada.

Page 41: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

41

Superfície ventral com coloração semelhante à região dorsal de largura. Costelas

interoculares bem definidas. Olhos compostos grandes, bem definidos, localizados na

junção entre a região frontal e a porção principal da carapaça. Local de fixação:

superfície do corpo. Material depositado: INPA-2234

Comentários: Neste trabalho a morfometria e a morfologia do espécime

analisado de D. bidentata está de acordo com as descrições de Bouvier (1899),

Ringuelet (1948) e Malta (1981). Uma característica marcante de D. bidentata, que a

separa das demais espécies, é a presença de apenas 2 dentes na placa basal do

maxilípede, daí o nome da espécie bidentata. Este é o primeiro registro de D. bidentata

parasitando P. castelnaeana.

Figura 07: Macho de Dolops bidentata (Bouvier, 1899) em vista dorsal.

Gênero Argulus Muller, 1785

Uma espécie ocorreu parasitando P. castelnaeana Argulus chicomendesi

Malta & Varella, 2000.

Diagnose genérica: Carapaça ligeiramente achatada inicia na base da região cefálica,

estende posteriormente como um par de lóbulos ou asas, cobre parcialmente os somitos

torácicos, varia de forma e tamanho. Cefalon fusionado ao primeiro somito torácico

Page 42: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

42

(metassoma 1). Um par de olhos compostos. Um único e pequeno olho de náuplios

mediano. Um par de áreas respiratórias na superfície ventral da carapaça. Urossoma

com 1 segmento, bilobado posteriormente e com um par de ramos caudais. Antena e

antênula reduzidas. Porção basal da antena achatada e armada com uma garra anterior

e uma lateral, porção terminal cilíndrica com 2 ou 3 segmentos. Maxílulas modificadas

em ventosas com margens suportadas por séries de hastes quitinosas. Estilete anterior

à boca com mecanismo perfurante retrátil, alojada em uma bainha, com glândula de

veneno na base. Probóscide grande. Mandíbula completamente inserida dentro da

probóscide. Maxilas usualmente com placa basal alargada, com dentes, espinhos ou

protuberâncias e frequentemente com 2 pares de espinhos pós-maxilares. Maxilípedes

ausentes. Toracópodes 1 e 2 com epípodes, toracópodes 2, 3 e 4, dos machos, com

apêndices acessórios usados na cópula, toracópodes 4 com lobos natatórios. Urossoma

dos machos com um par de testículos alongados e o das fêmeas um par de espermatecas

na superfície ventral. Parasitas de peixes de água doce e salgada.

Diagnose específica: baseada em uma fêmea coletada e medida em mm:

comprimento total 3,0. Superfície dorsal de cor levemente esbranquiçada com

desenhos formados por pontos de pigmento castanho. Carapaça em forma de coração

mais larga que longa com comprida. Comprimento da carapaça 1,5 e 1,7de largura.

Lobos laterais da carapaça cobrem os simpóditos. Região frontal suavemente

proeminente e bem delimitada pelos sulcos antero-laterais e cefálico posterior.

Costelas inter-ocularis bem definidas. Olhos compostos grandes, bem definidos,

localizados na junção entre a região frontal e a porção principal da carapaça. Olho de

náuplio visível na linha mediana do corpo. Região frontal da carapaça com pequenos

espinhos. Material depositado: INPA 2293.

Comentários: A morfologia do espécime de A. chicomendesi analisado está de

acordo com os apresentados por Malta e Varella (2000). A morfometria foi realizada

a partir de uma fêmea jovem. Local de Infestação: superfície do corpo.

Page 43: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

43

Figura 08: Fêmea de Argulus chicomendesi Malta & Varella, 2000 em vista dorsal.

Fonte: Malta e Varella, 2000.

Isopoda

Somente uma fêmea jovem de Braga patagonica foi encontrada parasitando as

brânquias de P. castelnaeana.

Taxonomia

Classe Malacostraca Latreille, 1802

Subclasse Eumalacostraca Grobben, 1892

Ordem Isopoda Latreille, 1817

Família Cymothoidae Leach, 1814

Gênero Braga Schiodt & Meinert, 1881

Uma espécie ocorreu parasitando P. castelnaeana, Braga patagonica Schiodt

& Meinert, 1884

Diagnose genérica: Corpo cerca de duas vezes mais longo que largo, simétrico.

Céfalo não imerso no pereonito 1; margem frontal obtusa, truncada ou aguda; bases da

antena bem separadas. Pereonito 1 duas ou três vezes mais comprido que o pereonito

7; 5 e 6 menores que o 2 e 4; coxa compacta não se estendendo além dos respectivos

pereonitos. Pereópodos longos, sétimo par frequentemente mais comprido que os

Page 44: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

44

demais. Mandíbula sub-retangular, sem processo incisor. Pléon às vezes imerso no

pereonito 7. Pleópodos multilaminados; pleópodo I com duas lâminas, 2 com 4 e 3 –

5 com três lâminas cada. Pleotelson com forma de escudo, não quilhado; Urópodos

curtos com endópodo mais curto que o exópodo.

Diagnose específica: Corpo mais comprido que largo, superfície dorsal suave.

Cabeça triangular, às vezes mais longo do que largo, extremidade anterior branca

estreita e arredonda; não imerso profundamente no primeiro pereonito. Olhos

pequenos, redondos. Antênulas pequenas, de oito artículos, estendendo para o meio

dos olhos; antena curta de nove artículos, estendendo-se até a margem anterior do

primeiro pereonito. Péreon muito largo, largura máxima no pereonito quatro; pereonito

1 mais longo que os outros. Pereópodos de 1 a 6 com dáctilos progressivamente longos.

Sétimo menor que os outros. Pléon abruptamente curvado, mais curvado na base que

o péreon, mas alargando-se posteriormente. Pleotelson 1 ou 1 ½ de vezes mais largo

que comprido e 1 ou 1 ½ vezes mais longo que os cinco pleonitos juntos; com uma

quilha dorsal baixa presente. Urópodos mais curtos que o Pleotelson; endópodos mais

curtos que os exópodos. Material depositado: INPA-2233

Comentários: Este é o primeiro registro de B. patagonica para P. castelnaeana.

A morfologia do espécime está de acordo com Schiodt e Meinert (1884).

Page 45: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

45

Figura 10: Fêmea jovem de Braga patagonica em vista dorsal (Escala = 1,00 mm)

4.3. Estrutura da comunidade parasitária de Pellona castelnaeana

As espécies que apresentaram maior prevalência foram Anisakis sp. (38%) e

Neoechinorhynchus (N.) sp. (20,63%). As espécies de Copepoda, Branchiura, Isopoda

e Digenea apresentaram baixa prevalência (Tabela 02).

O coeficiente de dominância, das infracomunidades de P. castelnaeana,

indicou que 80% da comunidade foi dominada por uma espécie de Nematoda, Anisakis

sp. A segunda espécie com maior coeficiente de dominância foi o Acanthocephala

Neoechinorhynchus (Neoechinorhynchus) sp. (9,6%). Estas duas espécies

representaram juntas 89,6% da comunidade total (Tabela 03).

Page 46: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

46

Tabela 01- Espécie parasitas de Pellona castelnaeana do complexo de lagos Catalão na Amazônia brasileira

Espécie parasita N Locais de

infestação

Estágios de

desenvolvimento HP/HE P% IM A

Monogenoidea

Mazocraeoides makrodemas 14 Brânquias Adulto 10/63 15,8St 1,4 0,2

Digenea

Austrodiplostomum compactum 01 Olho Metacercária 01/63 1,58St 1 0,01

Acanthocephala

Neoechinorhynchus (Neoechinorhynchus) sp. 46 Intestino Adulto 13/63 20,63St 3,53 0,73

Nematoda

Anisakis sp. 382 Cavidade do corpo Larvas L3 24/63 38S 15,9 6,06

Copepoda

Acusicola pellonidis 31 Brânquias Adulto 6/63 9,5 St 5,1 0,49

Branchiura

Argulus chicomendesi 1 Superfície do corpo Jovem 1/63 1,58 St 1 0,01

Dolops bidentata 1 Superfície do corpo Jovem 1/63 1,58 St 1 0,01

Isopoda

Braga patagonica 1 Brânquias Jovem 1/63 1,58 St 1 0,01

N = Número total de espécimes, HP = hospedeiros parasitados, HE = hospedeiros examinados, P% = Prevalência, IM = Intensidade

Média, A = Abundância, (status comunitário) - S = Secundária, St = Satélite.

Page 47: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

47

Tabela 02- Valores do coeficiente de dominância (DA%) para as infracomunidades de

Pellona castelnaeana, coletados no complexo de lagos Catalão

.

O status comunitário, para as espécies parasitas de P. castelnaeana, foi

constituído por uma espécie secundária e sete satélites. Apenas uma espécie de parasita

apresentou distribuição secundária, Anisakis sp. com prevalência de 38% (Tabela 01).

Espécie parasita DA (%)

Monogenoidea

Mazocraeoides makrodemas

3

Digenea

Austrodiplostomum compactum

0,2

Nematoda

Anisakis sp.

80

Acanthocephala

Neoechinorhynchus

(Neoechinorhynchus) sp.

9,6

Copepoda

Acusicola pellonidis

6,4

Branchiura

Argulus chicomendesi

Dolops bidentata

0,2

0,2

Isopoda

Braga patagonica

0,2

Page 48: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

48

Tabela 03- Valores do índice de dispersão (ID) e índice de agregação de Green (IG),

de Pellona castelnaeana capturadas no complexo de lagos Catalão na Amazônia

brasileira

Espécie parasita ID IG Distribuição

Monogenoidea

Mazocraeoides makrodemas

1,65

0,05

Agregada

Nematoda

Anisakis sp.

20,58

0,05

Agregada

Acanthocephala

Neoechinorhynchus

(Neoechinorhynchus) sp.

3,49

0,05

Agregada

Copepoda

Acusicola pellonidis

5,78

0,15

Agregada

Em P. castelnaeana, as populações de Copepoda, Acanthocephala, Nematoda

e Monogenoidea apresentaram distribuição agregada (Tabela 05).

Em P. castelnaeana Anisakis sp. apresentou correlação negativa entre o

comprimento total e a abundância. Somente para Anisakis sp. “p” foi significativo (p

≤ 0,05) (Tabela 06).

Page 49: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

49

Tabela 04- Valores do coeficiente de correlação por postos de Sperman (rs) e do

coeficiente de Pearson (r), para avaliar a relação entre o comprimento padrão de

Pellona castelnaeana e sua abundância (p = nível de significância).

Espécie parasita r p

Monogenoidea

Mazocraeoides makrodemas

0,20

0,10

Nematoda

Anisakis sp.

- 0,32

0,0097*

Acanthocephala

Neoechinorhynchus (N.) sp. n.

- 0,06

0,59

Copepoda

Acusicola pellonidis

0,03

0,77

(*) Valores significativos

Page 50: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

50

5. Discussão

5.1.As espécies parasitas de Pellona castelnaeana

Três espécies parasitas eram citadas para P. castelnaeana, o Copepoda A.

pellonidis, o Branchiura D. carvalhoi e o Digenea B. pellone (Thatcher e Boeger

1983a; Malta e Varella 1983; Thatcher 2006). Neste trabalho mais sete espécies foram

encontradas parasitando P. castelnaeana. O Monogenoidea Oligochoinea,

Mazocraeidae, M. makrodemas. O Digenea A. compactum. O Nematoda Anisakis sp.

o Acanthocephala Neochinorhynchus (N.) sp. n. o Isopoda B. patagonica e os

Branchiura A. chicomendesi e D. bidentata. E, foi feito o segundo registro de

ocorrência do Copepoda A. pellonidis.

Neste trabalho foram encontradas oito espécies parasitas em P. castelnaeana.

Das três espécies já conhecidas, apenas o Copepoda A. pellonidis ocorreu. Para todas

as outras oito espécies parasitas P. castelnaeana é um novo hospedeiro. A fauna de

metazoários parasitas de P. castelnaeana, a partir deste trabalho passa a ser constituída

de 10 espécies parasitas pertencentes aos táxons: Monogenoidea, Digenea, Nematoda,

Acanthocephala, Copepoda, Isopoda e Branchiura.

As espécies de Monogenoidea da subclasse Oligochoinea, alimentam-se de

sangue de seus hospedeiros e seu aparelho de fixação é modificado de forma a

funcionar como pinças (clamps) (Eiras 1994). Espécies de Mazocraeidae foram citadas

parasitando peixes marinhos da Índia (Gupta e Krishna 1976; Gupta e Masoodi 1985),

Paquistão (Kritsky et al. 1972; e Bilqees 1973), Estados Unidos (McMalon 1963),

China (Jianying et al. 1998) e região costeira do Brasil. Espécies de Mazocraeidae são

parasitas de peixes das famílias Engraulidae, Pristigasteridae, Scianidae e Clupeidae,

todos costeiros e marinhos.

Espécies de peixes das famílias Engraulidae: Lycengraulis batesii (Günter,

1818); Jurengraulis juruensis (Boulenger, 1898); Anchoviela alleni (Myers, 1940); A.

carrikeri Fowler, 1941; A. guianensis (Eigenmann, 1912); A. jamesi (Jordan & Seale,

1926)) (FAO 1985). Da família Sciaenidae: Plagioscion squamosissimus (Heckel,

1840); P. auratus (Castelnau, 1855); P. surinamensis (Bleeker, 1873) e

P. montei Soares & Casatti, 2000, P. casattii Aguilera & Rodrigues de Aguilera, 2001.

Da família Pristigasteridae: I. amazonica, P. castelnaeana, P. flavipinnis, P. cayana e

Page 51: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

51

P. whitehead são representantes de famílias de peixes marinhas, que ocorrem em água

doce, nos rios Orinoco, Amazonas, Mamoré, Tapajós, Jutaí, tributários do rio Negro e

Paraná (FAO 1985).

Pellona castelnaeana é um peixe de origem marinha, que invadiu

secundariamente a água doce. Algumas espécies parasitas, no primeiro momento, não

sobreviveram, outras talvez tenham extinguido. Algumas espécies permaneceram em

P. castelnaeana e co-evoluíram juntas. Mazocraeoides makrodemas é um

Monogenoidea e foi a espécie que co-evoluiu com P. castelnaeana. Todas as espécies

da Mazocraeidae parasitam peixes costeiros e marinhos, exceto M. makrodemas que

parasita um peixe de água doce, P. castelnaeana.

A reconstrução da biogeografia histórica, das espécies de Plagioscion, foi feita

através da filogenia de das espécies de Monogenoidea parasitas. Constatou-se que as

espécies de Plagioscion que invadiram a água doce são parasitadas por espécies do

mesmo gênero de Monogenoidea das que são encontradas nas espécies que se

mantiveram marinhas (Boeger e Kritsky 2003).

Três espécies de Mazocraeoides parasitam peixes marinhos, Mazocraeoides

argentinensis Suriano, 1979 parasito de Brevoortia pectinata (Jenyns, 1842) da

Argentina (Suriano 1979). Mazocraeoides georgei de B. aurea (Spix & Agassiz, 1829)

da Argentina (Alarcos e Etchegoin, 1999) e do Brasil (Kohn e Santos 1988). E, M.

ophisthonema Hargis, 1955 de Harengula clupeola (Cuvier, 1829) do Brasil (Kohn e

Santos 1988). Neste trabalho foi feito o primeiro registro de uma espécie de

Monogenoidea, Polichoinea, M. makrodemas parasito das brânquias de um peixe de

água doce, P. castelnaeana.

A primeira espécie de Monogenoidea, Oligochoinea, Dactylogiridae, citada para

um peixe, do gênero Pellona foi Telethecium paniculum Kritsky, Van Every & Boeger,

1996, parasito das cavidades nasais de P. flavipinnis (Kritsky et al. 1996). Neste

trabalho não ocorreu nenhuma espécie de Oligochoinea parasitando P. castelnaeana.

Nas cavidades nasais não foi encontrada nenhuma espécie parasita.

Austrodiplostomum compactum foi citado parasitando os olhos de várias

espécies de peixes: Hoplias malabaricus (Machado et al. 2005; Paes et al. 2010b;

Ramos et al. 2013; Belei et al. 2013); Metynnis maculatus (Kner, 1858) (Paes et al.

Page 52: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

52

2010b); Piaractus mesopotamicus (Holmberg, 1887) (Ramos et al. 2013);

Serrasalmus maculatus (Kner, 1858) (Yamada et al. 2008); Leporinus amblyrhynchus

Garavello & Britski, 1987 (Ramos et al. 2013); Schizodon nasutus Kner, 1858 (Paes

et al. 2010b; Ramos et al. 2013); Cyphocharax gilbert (Quoy & Gaimard, 1824)

(Abdallah et al. 2005); Auchenipterus osteomystax (Miranda Ribeiro, 1918) (Yamada

et al. 2008); Trachelyopterus striatulus (Steindachner, 1877) (Mesquita et al. 2011);

Hoplosternum littorale (Hancock, 1828) (Ramos et al. 2013); Hypostomus hermanni

(Ihering, 1905) (Zica et al. 2011); H. iheringii (Regan, 1908) (Zica et al. 2011); P.

nattereri, Serrassalmus elongatus Kner, 1858, Acestrorhynchus falcirostris (Cuvier,

1819), Satanoperca jurupari (Heckel, 1840), Geophagus surinamensis (Bloch, 1791),

Crenicichla johanna Heckel, 1840, Mesonalta festivus (Heckel, 1840), P.

squamosissimus Loricariichthys acutus Valenciennes, 1840, Pterygoplichthys

pardalis (Castelnau, 1855), Pimelodus bloch Valenciennes, 1840 e Pellona

castelnaeana Valenciennes, 1847 (Souza et al. 2017).

As metacercária A. compactum não têm especificidade parasitária. Elas podem

parasitar qualquer espécie de peixe que possibilite ao parasita chegar ao hospedeiro

final (Souza et al. 2017). Cerca de 24 espécies de peixes são citadas como hospedeiras

intermediárias de A. compactum. Neste trabalho, apenas um espécime de A.

compactum foi coletado dos olhos de P. castelnaeana. Este é o segundo registro de A.

compactum parasitando P. castelnaeana, o primeiro foi de Souza et al. (2017).

Espécies de Nematoda da família Anisakidae foram citadas parasitando mais de

160 espécies de peixes marinhos. A maioria, teleósteos capturados em todos os

continentes (López Sabater e López Sabater 2000). Nestes peixes, espécimes adultos

de Anisakidae foram encontradas no estômago e intestino. Um grande número de

metacercárias encapsuladas foram encontradas nas vísceras e músculos somáticos.

(Berland 2006).

Espécies da Anisakidae também parasitam peixes de água doce. Na Amazônia,

larvas L3 de Anisakis sp. foram citadas parasitando sete espécies de peixes.

Pygocentrus nattereri (Morais 2011), A. falcirostris (Dumbo 2014); Osteoglossum

bicirrhosum (Cuvier, 1829) (Pelegrini 2013); P. squamosissimus (Fontenele et al.

2016); Serrasalmus altispinis Merckx, Jégu & Santos, 2000, Rhaphiodon vulpinus

Page 53: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

53

Spix & Agassiz, 1829 (Morey 2017) e Cichla monoculus (Spix & Agassiz, 1831)

(Santana 2013). A presença de larvas no estágio L3 de Anisakis sp., em diferentes

espécies de peixes, indica a baixa especificidade desta espécie parasita por hospedeiros

intermediários.

Nos peixes teleósteos, geralmente as larvas de Anisakidae L3 ou L4 abandonam

o tubo digestivo, de seus hospedeiros, para alojarem-se sobre o mesentério, ou em

órgãos internos. Em alguns casos, podem se deslocar do trato gastrointestinal dos

peixes, para a musculatura e lá enrolam em forma de espirais e encistam. Assim podem

permanecer com a capacidade de infectar num período superior a três anos (López

Sabater e López Sabater, 2000; Gonzales et al. 2001). Neste trabalho todas as larvas

L3 de Anisakis sp. foram encontradas parasitando a cavidade gastrointestinal,

enroladas em espiral, formando cistos, na superfície externa do estômago e intestino.

As espécies de Anisakidae podem ser um problema de saúde pública. A doença,

anisakiose, pode ser adquirida ao ingerir larvas L3 de pescado cru ou malcozido. O

termo "anisakíase" refere-se a doenças causadas por parasitas da família Anisakidae e

o termo "anisakiose" designa a infecção parasitária, do tubo digestivo, causada pela

ingestão de larvas do gênero Anisakis. Esta doença caracteriza-se por uma infiltração

eosinofílica, que evolui para a formação de granulomas no trato digestivo do homem

(Armentia et al. 2006; Ferreira 2008; Daschner et al. 2000; Kassai et al. 1988).

A reação inflamatória é consequência da perfuração das larvas na mucosa da

parede do tubo digestivo. Há a formação de granuloma eosinofílico e manifestando-se

por dor abdominal, náuseas e vómitos, nas 12 horas após a ingestão de peixe cru.

Mesmo se as larvas L3 forem consumidas mortas, também podem causar danos, há

reações alérgicas provocadas pela resposta imunológica desencadeada pelo potencial

antigênico das partículas parasitárias (Armentia et al. 2006; Ferreira, 2008; Daschner

et al. 2000; Kassai et al., 1988). As espécies que mais causam infecções em humanos

são Anisakis simplex Rudolphi, 1809 e Pseudoterranova decipiens (Krabbe, 1878)

(Audicana e Kennedy, 2008).

A contaminação de humanos, por larvas de Anisakis sp., parasito de P.

castelnaeana, no estado do Amazonas, será muito improvável. Primeiro porque P.

castelnaeana não é um peixe comercial, não é encontrado facilmente nos mercados e

Page 54: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

54

feiras. É muito pouco consumido nos centros urbanos. É consumido pelos ribeirinhos,

mas estes não têm o costume de comer peixe cru ou mal- cozido. Assim a ocorrência

de "anisakiose" via P. castelnaeana, na região, seria muito improvável.

A abundância de larvas, de uma espécie de parasito, em uma população de

peixes, indica que aquela espécie atua como hospedeira intermediária ou paratênica

dessa espécie de parasita. E, o hospedeiro, ocupa posição intermediária na teia

alimentar (Luque e Poulin 2007; Luque et al. 2008). Neste trabalho os dados indicaram

que P. castelnaeana é hospedeira intermediária de Anisakis sp. É a espécie que

apresentou a maior prevalência 38%, a maior abundância e maior coeficiente de

dominância 80%. Anisakis sp. é a espécie parasita mais importante de P. castelnaeana.

Para o Brasil são citadas oito espécies de Neoechinorhynchus

(Neoechinorhynchus): N. (N.) buttnerae Golvan, 1956; N. (N.) curemai Noronha,

1973; N. (N.) macronucleatus Machado Filho, 1954; N. (N.) paraguayensis Machado

Filho, 1959; N. (N.) pimelodi Brasil-Sato & Pavanelli, 1998; N. (N.) pterodoridis

Thatcher, 1981; N.(N.) veropesoi Melo et al. 2013 e N. (N) inermis Porto, Souza e

Malta, 2017 (Amin, 2002; Thatcher, 2006; Santos, 2008; Porto et al., 2017).

Para a Amazônia são citadas cinco espécies de Neoechinorhynchus

(Neoechinorhynchus): N. (N.) buttnerae Golvan, 1956, N. (N.) pterodoridis, N.(N.)

veropesoi; N. (N) curemai e N. (N) inermis (Noronha 1984; Martins et al. 2000,

Thatcher 2006, Santos et al. 2013; Porto et al. 2017).

As fases larvais das espécies de Acantocephala não são livres. O ovo com o

embrião é lançado ao meio, os hospedeiros intermediários, que podem ser espécies de

Amphipoda, Copepoda, Ostracoda ou peixes predam os ovos. No trato digestivo

eclode uma larva acântor, que passa para uma jovem acantela, elas encistam e o

hospedeiro intermediário, ao ser predado pelo hospedeiro definitivo o ciclo se

completa (Olsen 1978).

Neoechinorhynchus (Neoechinorhynchus) buttnerae é parasito específico de

Colossoma macropomum (Cuvier, 1818), o peixe mais importante na criação o

comercial na região Norte. E, um dos maiores problemas para sua criação, acerca de

17 anos, é a alta taxa de infestação por N. (N.) buttnerae (Malta et al. 2001)

Page 55: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

55

O primeiro ciclo de vida de uma espécie de Acanthocephala da região

Neotropical foi estudado estado do Amazonas. Peixes de uma criação foram analisados

e a prevalência foi de 100%. O hospedeiro intermediário foi uma espécie de Ostracoda

da família Cyprididae, Cypridopsis vidua (O.F. Müller, 1776). Foi encontrado um total

de onze estágios larvais, uma fase de acântor, e dez fases de acantela e o 11º estágio o

infectante. Todos os estágios foram encontrados numa única espécie de Ostracoda

(Lourenço 2017; Lourenço et al. 2018).

A localização e o papel de determinado hospedeiro, no ecossistema, constituem

variáveis importantes para a compreensão das relações que se estabelecem em uma

associação parasitária (Ferreira et al. 2012). Pellona castelnaeana é parasitada ao

predar peixes pequenos, que são os hospedeiros intermediários e estão infestados com

a acantela. No trato digestivo, a acantela desenvolve-se passando a fase adulta N. (N)

sp. Com este trabalho foi conhecida a primeira espécie de Acanthocephala de P.

castelnaeana.

Treze espécies do gênero Acusicola são conhecidas. Elas ocorrem nos Estados

Unidos (Roberts 1965), América Central (Amado e Rocha 1996; Cressey e Collette

1970; El-Rashidy & Boxshall 1999) e norte da América do Sul Cressey & Collette,

1970; Thatcher, 1984; Thatcher e Boeger, 1983a; 1983b; Amado e Rocha, 1996)

(Araújo e Boxshall 2001). As espécies de Acusicola foram descritas de peixes das

famílias: Clupeidae, Engraulidae, Cichlidae, Belonidae e a maioria foi encontrada no

Brasil (El-Rashidy e Boxshall 1999),

Todas as famílias dos peixes hospedeiros de Acusicola spp. têm representantes

que ocorrem na água doce, salobra e salgada. Esta é uma característica de seus

hospedeiros. Para o Brasil são citadas nove espécies de Acusicola e para a Amazônia

sete: A. cunula Cressey, 1970; A. lycengraulidis Thatcher & Boeger, 1983; A.

pellonidis Thatcher & Boeger, 1983; A. tucunarense Thatcher, 1984; A. paracunula

Motta Amado & Rocha, 1996; A. spinulosa Motta Amado & Rocha, 1996 e A. rotunda

Motta Amado & Rocha, 1996.

Esta é a primeira vez que A. pellonidis é citada após a sua descrição, onde 18

espécimens foram coletadas dos filamentos branquiais de P. castelnaeana capturadas

no rio Amazonas próximo a Manaus (Thatcher e Boeger 1983b). Neste trabalho foram

Page 56: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

56

coletados e analisados 31 espécimes, também parasitando as brânquias de P.

castelnaeana capturadas próximas a localidade tipo de A. pellonidis. Todas as medidas

e características estão de acordo com as encontradas por Thatcher e Boeger (1983).

Treze espécies de Argulus são citadas para o Brasil (Malta 1998; Luque et al.

2013). Cinco são citadas para a Amazônia: A. multicolor Stekhoven, 1937; A. pestifer

Ringuelet, 1948 A. juparanaensis Lemos de Castro, 1950; A. amazonicus Malta &

Silva, 1986; A. chicomendesi Malta & Varella, 2000 (Malta 1982a; 1983; 1984; 1998;

Malta e Silva 1986; Malta e Varella 2000).

Argulus chicomendesi foi citado parasitando: C. macropomum, Prochilodus

nigricans (Agassiz, 1829), Pseudoplatystoma tigrinum (Valenciennes, 1840),

Hipophtalmus edentatus Spix, 1829, P. nattereri, S. fasciatum e Brycon amazonicus

(Cope, 1872) (Malta 2000; Silva 2010). Neste trabalho foi feito o primeiro registro de

A. chicomendesi parasitando P. castelnaeana.

Atualmente são conhecidas doze espécies de espécies do gênero Dolops. Dez

ocorrem na América do Sul: D. geayi (Bouvier, 1897), D. discoidalis (Bouvier, 1899),

D. bidentata (Bouvier, 1899) D. carvalhoi Castro, 1949, D. nana Bouvier, Castro,

1950, D. intermedia Silva, 1980, D. kollari Heller, 1847 D. striata (Bouvier, 1899),

D. longicauda Heller, 1857, D. reperta (Bouvier, 1899). Uma na África D. ranarum

(Stulhmann, 1892) e uma na Austrália D. tasmanianos Fryer, 1969 (Walter e Boxshall

2018).

Dolops bidentata foi citado parasitando: S. fasciatum Spix & Agassiz, 1829,

Rhitiodus microlepis Kner, 1858, Pyaractus brachypomus (Cuvier, 1818), P. nattereri

e A. ocellatus (Malta 1982a; Atroch 2016). Neste trabalho foi feito o primeiro registro

de D. bidentata parasitando P. castelnaeana. Argulus chicomendesi e D. bidentata

foram citadas como espécies parasitas que ocorreram simultaneamente em A.

falcirostris capturados em lagos de várzea da Amazônia brasileira (Dumbo 2014).

Neste trabalho também ocorreu o parasitismo simultâneo de A. chicomendesi e D.

bidentata, em um único hospedeiro, de P. castelnaeana.

Muitas espécies de peixes são parasitadas por espécies de Isopoda,

Cymothoidae. Os isópodes alimentam-se de sangue, parasitam a cavidade bucal, a

câmara branquial a superfície do corpo e as nadadeiras. Seu ciclo de vida é monoxeno

Page 57: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

57

(Ramdane et al. 2007). Seis espécies do gênero Braga Schiodt & Meinert, 1884 são

conhecidas, B. amapaensis Thatcher, 1996; B. bachmanni Stadler, 1972; B. cichlae

Schiodt & Meinert, 1881; B. fluviatilis Richardson, 1911; B. nasuta Schiodt &

Meinert, 1881; e B. patagonica Schiodt & Meinert, 1884.

Braga patagonica foi registrada parasitando a cavidade branquial de

Pygocentrus nattereri Kner, 1858 (Morais, 2013), Salminus hilarii Valenciennes, 1850

e Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) (Thatcher, 2006). Este é o primeiro registro de

B. patagonica parasitando P. castelnaeana. Braga patagonica é a única espécie de

Isopoda registrada parasitando um peixe da família Pristigasteridae.

5.2. Estrutura da infracomunidade de espécies parasitas de Pellona

castelnaeana

Em trabalhos com a fauna de parasitos de peixes piscívoros do rio Solimões,

as maiores prevalências ocorreram nas espécies de Monogenoidea. Em duas espécies

de Cichlidae, A. ocellatus foi Gussevia asota Kritsky, Thatcher & Boeger, 1989 com

60% e A. crassipinnis o G. rogersi Kritsky, Thatcher & Boeger, 1989 com 79,12%

(Atroch 2016). Em duas espécies de Pimelodidae, P. fasciatum Linnaeus 1840 e P.

tigrinum Valenciennes 1840 foi Vancleavius fungulus (P=100%) Kritsky, Thatcher &

Boeger, 1986 (Lopes 2011).

Em uma espécie de Osteoglossidae, O. bicirrhosum capturados no rio Solimões

a prevalência foi de 100% para todas as espécies de Monogenoidea, exceto G.

planacrus Kritsky & Thatcher, 1983 que foi de 50%. Mas nos O. bicirrhosum

capturados no rio Negro, as larvas de Anisakidae do mesentério, foram as que

apresentaram a maior prevalência, 100% (Pelegrini 2013).

Neste trabalho, com P. castelnaeana, somente uma espécie de Monogenoidea

ocorreu, o M. makrodemas. Ela apresentou a maior prevalência 16,8%, entre as

espécies ectoparasitas, nas outras espécies as prevalências foram muito baixas. O

Copepoda A. pellonidis 9,5%; os Branchiura A. chicomendesi 1,58% e o D. bidentata

1,58%; o Isopoda B. patagonica 1,58% e o Digenea A. compactum 1,58%. As maiores

prevalências foram das espécies de endohelmintos: Anisakis sp. 38% e

Neoechinorhynchus (N.) sp. 20,63%.

Page 58: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

58

Em O. bicirrhosum do rio Negro, as larvas de Anisakidae foram as que

apresentaram a maior prevalência, 100% (Pelegrini 2013). Apesar de serem

hospedeiros muito diferentes, um Pristigasteridae o outro Osteoglossidae. Um

capturado no rio Solimões, água branca, o outro no rio Negro, águas limnologicamente

muito diferentes. Ambos tiveram em comum, uma espécie parasita de um mesmo

táxon, Nematoda e da mesma família Anisakidae, em P. castelnaeana, Anisakis sp. O

que eles têm em comum é predarem uma espécie de peixe, que se alimenta de um

copépode que é o segundo hospedeiro intermediário de uma espécie de Anisakidae. E,

P. castelnaeana e O. bicirrhosum são os hospedeiros definitivos.

A dispersão das espécies parasitas, entre seus hospedeiros, não obedece a

padrões homogêneos. Ela apresenta características que determinam a ocorrência, em

uma comunidade, de um pequeno número de indivíduos parasitando uma elevada

quantidade de parasitos e muitos indivíduos com baixa intensidade de infestação

(Ferreira et al. 2012).

O padrão de distribuição agregado possibilita maior encontro entre os

espécimes de parasitos, facilitando sua reprodução. Porém, se os parasitos forem

heteroxenos, a agregação pode ser explicada através da susceptibilidade e tolerância

dos organismos hospedeiros às infestações, e também pelas diferentes formas de

contato dos hospedeiros com os parasitos (Anderson e Gordon 1982).

Neste trabalho, M. makrodemas, Anisakis sp., Neoechinorhynchus (N) sp. e A.

pellonidis apresentaram distribuição agregada. Como este padrão de distribuição

possibilita maior encontro entre os espécimes de parasitos, para as duas espécies

monoxenas, M. makrodemas e A. pellonidis o encontro dos hospedeiros foi facilitado,

pois P. castelnaeana forma cardumes e está proximidade de hospedeiros facilita o

encontro das espécies parasitas com seus hospedeiros. E, como para as duas espécies

heteroxenas, Anisakis sp., Neoechinorhynchus (N) pellonis, a infestação se dá pela

ingestão de hospedeiros intermediários contaminados com os estágios larvais dos

parasitas. Pellona castelnaeana apresentou susceptibilidade e tolerância às infestações

destas espécies.

O coeficiente de dominância indica o grau de importância de uma espécie em

relação ao conjunto da comunidade parasitária (Serra-Freire 2002). Neste trabalho, os

Page 59: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

59

dados indicaram que a espécie dominante na infracomunidade de parasitos de P.

castelnaeana foi o Nematoda Anisakis sp. com 80%. Mazocraeoides makrodemas, A.

compactum, Neoechinorhynchus (N) sp., A. pellonidis, D. bidentata, A. chicomendesi

e B. patagonica apresentaram baixos índices de Dominância. Este fato corrobora com

a hipótese de que muitos hospedeiros abrigam poucos parasitos e poucos hospedeiros

abrigam um grande número de parasitos (Anderson e Gordon 1982).

Correlações são influenciadas por restrições na fisiologia e imunologia do

hospedeiro e pela dinâmica de distribuição das populações hospedeiras. E, por eventos

estocásticos e/ou interações bióticas como competição, regulação dependente de

intensidade, inimigos naturais e dieta. Tais restrições evitam altas intensidades,

abundância e riqueza de espécies parasitas nos peixes (Case e Cody 1987; Alves

e Luque 2006; Bellay et al. 2013).

Correlações não significativas entre comprimento e intensidade e abundância

foram registradas por Dumbo, 2014 em A. falcirostris, somente em Anisakis sp

(rs=0,345; p<0,05) houve correlação positiva significativa. Neste trabalho não houve

correlação entre abundância e comprimento padrão de P. castelnaeana. Exceção foi

registrada em Anisakis sp. que apresentou correlação fraca negativa significativa entre

comprimento padrão e abundância de parasitas (r = - 0,32, p < 0,0097).

Nas espécies endoparasitas, correlações negativas, possivelmente estão

relacionadas à dieta do hospedeiro (Dumbo, 2014). Pellona castelnaeana é um peixe

piscívoro e preda suas presas engolindo-as inteiras. Suas presas são hospedeiras

intermediárias de espécies parasitas e as formas larvais ingeridas vão completar o ciclo

de vida em P. castelnaeana que é o hospedeiro definitivo de Neoechinorhynchus (N)

sp. n. e intermediário de Anisakis sp.

A ordem Clupeiformes é formada por peixes marinhos. Pellona castelnaeana é

um de seus representantes, é uma das espécies que invadiu secundariamente a água

doce. A sua fauna de espécies parasitas é originalmente marinha e espécies de cinco

táxons mantiveram-se como seus parasitos na água doce. Uma espécie de

Monogenoidea, M. makrodemas e três espécies de táxons cosmopolitas. O

Acanthocephala Neoechinorhynchus (N.) sp.; o Nematoda Anisakis sp.; uma espécie

de Branchiura, A. chicomendesi. E, uma espécie de Copepoda, A. pellonidis, que não

Page 60: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

60

é cosmopolita, mas é parasito de peixes eurialinos que ocorrem em água doce, salobra

e salgada. Somente duas espécies parasitas são exclusivamente de água doce, o

Digenea A. compactum e o Branchiura D, bidentata. Estas duas foram adquiridas no

ambiente de água doce

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Abdallah, V.D.; De Azevedo, R.K.; Luque, J.L. 2005. Ecologia da comunidade de

metazoários parasitos do sairú Cyphocharax gilbert (Quoy e Gaimard, 1824)

(Characiformes: Curimatidae) do rio Guandu, Estado do Rio de Janeiro, Brasil.

Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, 14: 154-159.

Alarcos, A.J.; Etchegoin, J.A. 2010. Parasites assembleges of estuarine-dependent

marine fishes from Mar Chiquita coastal lagoon (Buenos Aires province,

Argentina). Parasitology Research, 107: 1083-1091.

Almeida, F.F.; Melo, S. 2009. Considerações limnológicas sobre um lago da planície

de inundação Amazônica (lago Catalão – Estado do Amazonas, Brasil). Acta

Scientiarum, 31: 387-395.

Amato, J.F.R.; Boeger, W.A.; Amato, S.B. 1991. Protocolos para laboratório-coleta

e processamento de parasitas do pescado. Imprensa Universitária, Universidade

Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. 81p.

Amin, O.M. 1969. Helminth fauna of suckers (Catostomidae) of the Gila River

System, Arizona. II. Five parasites from Catostomus spp. American Midland

Naturalist, 82: 429-443.

Amin, O.M. 2002. Revision of Neoechinorhynchus Stiles & Hassal, 1905

(Acanthocephala: Neoechinorhynchidae) with Keys to 88 species in two

subgenera. Systematic parasitology, 53: 1-18.

Anderson, R.M.; Gordon, D.M. 1982. Processes influencing the distribution of parasite

numbers within host populations with special emphasis on parasite-induced host

mortalities. Parasitology, 85: 373-398.

Armentia, A.; Martín-Gil, F.J.; Pascual, C.; Martín-Esteban, M.; Callejo, A.; Martinez,

A. 2006. Anisakis simplex allergy after eating chicken meat. Journal of

investigational Allergology and Clinical Immunology, 16: 258-263

Page 61: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

61

Atroch, F.M.P.B. 2016. Metazoários parasitas de Astronotus ocellatus (Agassiz,

1831) e Astronotus crassipinis (Heckel, 1840) em lagos de várzea na Amazônia,

Amazonas, Brasil. Dissertação de Mestrado, Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia/ Fundação Universidade do Amazonas. 80p.

Audicana, M.T.; Kennedy, M.W. 2008. Anisakis simplex: from Obscure Infectious

Worm to Inducer of Immune Hypersensitivity. Clinical Microbiology Reviews, 21:

360-379.

Ayres, M.; Ayres, Jr. M.; Ayres, D.L.; Santos, A.S. 2007. Aplicações Estatísticas na

área das Ciências Biológicas e Médicas. BioEstat 5.0. Instituto de

Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Belém, Pará, 364p.

Bell, G.; Burt, A. 1991. The comparative biology of parasite species diversity: internal

helmints of freshwater fish. Journal Animal Ecology, 60: 1047–1063.

Berland, B. 2006. Musings on Nematode Parasites. Report for Institute of Marine

Research, 11. Bergen, Norway: Biologisk institutt, University of Bergen. p. 29-33.

Boeger, W.A.; Kritsky, D. 2003. Parasites, fossil and geologic history: Historical

biogeography of the South American freshwater croakers, Plagioscion spp.

(Teleoistei, Sciaenidae). Zoologica Scripta, 32: 3–11.

Boeger, A.W.P; Vianna, R.T. 2006. Monogenoidea. In: Thatcher, V.E. Amazon fish

parasites. Pensoft. Bulgaria, p.42-110.

Bouvier, M. 1899. Les crustacés parasites du genre Dolops Audoin. Bulletin Sociéte

Philomatique de Paris, 8: 53-81.

Bush, A.O; Holmes, J.C. 1986. Intestinal helminths of lesser scaup ducks: an

interactive community. Canadian Journal of Zoology, 64: 142-152.

Bush, A.O.; Lafferty, K.D.; Lotz, J.M.; Shostak, A.W. 1997. Parasitology meets

ecology on its own terms: Margolis et al Revisited. The Journal of Parasitology,

83: 574-583.

Caswell, H. 1978. Predator mediated coexistence; a nonequilibrium model. The

American Naturalist, 120: 317-339.

Dogiel, V.A. 1970. Ecology of the parasites of freshwater fishes. In: Dogiel, V.A.;

Petrushevski, G.K.; Polyanski, Y.I. (Eds.). Parasitology of fishes. Olivier & Boyd,

London, p. 1-47.

Page 62: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

62

Dumbo, J.C. 2014. Espécies de Metazoários parasitos do Acestrorhynchus falcirostris

(Cuvier, 1819) (Characiformes: Acestrorhynchidae) de lagos de várzea da

Amazônia Central. Dissertação de Mestrado, Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia/ Fundação Universidade do Amazonas. 150p.

Eiras, J.C. 1994. Elementos de ictioparasitologia. Fundação Engenheiro Antônio de

Almeida, Porto, Portugal. 339p.

Eiras. J.C. Takemoto R.M; Pavanelli G.C. 2006. Métodos de trabalhos e técnicas

laboratoriais em parasitalogia de peixes. 2ª Ed., Eduem, Universidade

Estadual de Maringá, Maringá, Brasil. 199p.

Esch, G.W.; Kennedy, C.R.; Bush, A.O.; Aho, J.M. 1988. Patterns in helminth

communities in freshwater fish in Great Britain: alternative strategies for

colonization. Parasitology, 96: 516-532.

FAO - Food and Agriculture Organization. 1985. Clupeoid fishes of the world

(suborder Clupeoidei) an annotated and illustrated catalogue of the herrings,

sardines, pilchards, sprats, shads anchovies and wolf-herrings. FAO Fisheries

Synopsis No. 125, Volume 7, Part 1. Rome.

Fernando, C.H.; Hanek, C. 1976. Gills. In: Kennedy C.R, (Ed.). Ecological aspects of

parasitology. North Holland Publishing Company, Amsterdam, p. 209-226.

Ferreira, M.F. 2008. Frequência de cestoides e nematóides em cinco espécies de peixes

teleósteos e sua importância higiênico – sanitária. Tese de Doutorado Programa

de Pós-Graduação em Medicina Veterinária – Universidade Federal Fluminense.

Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. 78p.

Ferreira, L.F.; Chieffi, P.P.; Araujo A. 2012. Parasitismo não é doença parasitária.

Norte Ciência, 3: 200-221.

Galli, P.; Crosa. L.; Mariniello, M.; Ortis, M.; D´Amelio, D. 2001. Water quality as a

determinant of the composition of fish parasite communities. Hydrobiologia,

452: 173-179.

Goulding, M.; Carvalho, M. L.; Ferreira, E. J.G. 1988. Rio Negro: rich life in poor

water: Amazonian diversity and foodchain ecology As Seen Through Fish

Communities. The Hague: SPB Academic Publishing, 1988. 200p.

Page 63: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

63

Guidelli, G.M.; Isaac, A.; Takemoto, R.M.; Pavanelli, G.C. 2003. Endoparasite

infracommunities of Hemisorubim platyrhynchos (Valencienes, 1840) (Pisces:

Pimelodidae) of the Baía river, Upper Paraná river floodplain, Brazil: specific

composition and ecological aspects. Brazilian Journal Biology, 63: 261-268.

Gupta, P.C.; Masoodi, B.A. 1976. On six new species of the genus Mazocraeoides

Price, 1936 from the marine fishes of Puri, Orissa. India Journal of

Helminthology, 28: 127-140.

Gupta, P.C.; Masoodi, B.A. 1985. Three species of the genus Mazocraeoides Price,

1936 (family: Mazocraeidae) from marine fishes at Puri cost, Orissa, India.

Pakistan Journal of Zoology, 17: 411-416.

Isaac, A.; Guidelli, G.M.; Takemoto, R.M.; Pavanelli, G.C. 2000. Prosthenhystera

obesa (Digenea), parasite of Salminus maxilosus (Characidae) of the floodplain of

the upper Paraná river, Paraná, Brazil: Influence of the size and sex of host. Acta

Scientarium Biological Science, 22: 523-526.

Jianying, Z.; Xuejuan, D.; Qihua, P.; Lin, L. 1998. Two new species of the family

Mazocraeidae Price, 1936 (Monogenoidea) on clupeiform fishes from

Guangdong, China. Systematic Parasitology, 41: 115-122.

Kohn, A.; Santos, C. L. 1988. First report of Mazocraeoides georgey Price, 1936 and

Mazocraeoides opistonema Hargis, 1955 in Brazil with new synonyms

(Monogenoidea: Mazocraeidae). Memories Institute Oswaldo Cruz, 83: 437-440.

Kohn, A.; Cohen, S.C. 1998. South American Monogenoidea – list of species, hosts

and geographical distribution. International Journal for Parasitology, 28: 1517–

1554.

Kohn, A.; Fernandes, B.M.M.; Cohen, S.C. 2007. South American trematodes

parasites of fishes. Rio de Janeiro, Brasil. 318p.

Krebs, C.J. 1999. Ecological methodology. 2ed., Editora Benjamin Cummings, Menlo

Park. 250p.

Kritsky, D.C.; Bilqees F.M.; Leiby, P.D. 1972. Studies on Monogenoidea of Pakistan.

I. Pseudochaiihanea elongatus sp. n. (Gastrocotylidae: Gastrocotylinae) from the

gills of Labeo rohita (Ham.). Proceeding Helminthology Society of Washington,

39: 231-233.

Page 64: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

64

Kritsky, D.C.; Bilqees, F.M. 1973. Studies on Monogenoidea of Pakistan. II

Polyopisthocothileans from the gills of Pellona elongata (Bennett). The

Helminthological Society of Washington, 40: 195-200.

Kritsky, D.C.; Boeger, W.A.; Jégu, M. 1996. Neotropical Monogenoidea. 28.

Ancyrocephalinae (Dactylogyridae) of piranha and their relatives

(Teleostei,Serrasalmidae) from Brazil and French Guiana: Species

of NotozotheciumBoeger and Enallothecium gen. n. Journal of the

Helminthological Society of Washington, 65: 31-49

Le Guennec, B.; Loubens G. 2004. Biologie de Pellona castelnaeana (Teleostei:

Pristigasteridae) dans le basin du Mamoré (Amazonie bolivienne). Ichthyological

Exploration of Freshwaters, 15: 369-383.

Lopes, L.P.C.; Varella, A.M.B.; Malta, J.C.O. 2009. Metazoan parasites of

Pseudoplatystoma fasciatum (Linnaeus, 1766) and Pseudoplatystoma tigrinum

(Spix & Agassiz, 1829) (Siluriformes: Pimelodidae) of the Central Amazon Basin,

Brazil. Biologia Geral e Experimental, 9: 3-15.

López Sabater, E.I.; López Sabater, C.J. 2000. Health hazards related to occurrence of

parasites of the genera Anisakis and Pseudoterranova in fish. Food Science and

Technology International, 6: 183-195.

Lourenço, F.S. 2017. O ciclo de vida de Neoechinorhynchus (Neoechinorhynchus)

buttnerae Golvan, 1956 (Eoacanthocephala: Neoechinorhynchidae) parasito do

Colossoma macropomum (Cuvier, 1818) (Characiformes: Characidae) da

Amazônia brasileira. Dissertação de Mestrado, Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia, Manaus, Amazonas. 45p.

Lourenço, F.S.; Morey, G.A.M.; Malta, J.C.O. 2018. The development of

Neoechinorhynchus buttnerae (Eoacanthocephala: Neoechinorhynchidae) in its

intermediate host Cypridopsis vidua in Brazil. Acta Parasitologica, 63: (No

prelo).

Lowe McConnel, R.H. 1999. Trabalhos Ecológicos de Comunidades de Peixes

Tropicais. Edusp, São Paulo, 534p.

Ludwig, J.A.; Reynolds, J.F. 1988. Statistical ecology: a primer on methods and

computing. 337p.

Page 65: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

65

Luque, J.L. 2004. Biologia, epidemiologia e controle de parasitos de peixes. Revista

Brasileira de Parasitologia Veterinária, 13: suplemento 1.

Luque, J.L.; Poulin, R. 2007. Metazoan parasite species richness in neotropical fishes:

hotspots and the geography of biodiversity. Parasitology, 134: 865-878.

Luque, J.L.; Felizardo, N.N.; Tavares LER. 2008. Community ecology of the

metazoan parasites of namorado sandperches, Pseudopercis numida Miranda-

Ribeiro, 1903 and P. semifasciata Cuvier, 1829 (Perciformes: Pinguipedidae),

from the coastal zone of the State of Rio de Janeiro, Brazil. Brazilian Journal of

Biology, 68: 269-278.

Luque, J.L.; Vieira, F.M.; Takemoto, R.M.; Pavanelli, G.C.; Eiras, J.C. 2013.

Checklist of Crustacea parasitizing fishes from Brazil. Checklist, 9: 1449-1470.

Malta, J.C.O. 1981. Os crustáceos branquiúros e suas inter-relações com os peixes do

Lago Janauacá, Amazonas, Brasil (Crustacea, Argulidae). Dissertação de

Mestrado. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas Inpa.

88p.

Malta, J.C.O. 1982a. Os argulídeos (Crustacea: Branchiura) da Amazônia brasileira.

Aspectos da ecologia de Dolops discoidalis (Bouvier, 1899) e D. bidentata

(Bouvier, 1899). Acta Amazonica, 12: 521-528.

Malta, J.C.O. 1982b. Os argulídeos (Crustacea: Branchiura) da Amazônia brasileira,

2. Aspectos da Ecologia de Dolops geayi Bouvier, 1897 e Argulus juparanaensis

Castro, 1950. Acta Amazonica, 12: 701-705.

Malta, J.C.O; Varella, A. 1983. Os argulídeos (Crustacea: Branchiura) da Amazônia

Brasileira. Aspectos da ecologia de Dolops striata Bouvier, 1899 e Dolops

carvalhoi Castro, 1949. Acta Amazonica, 13: 299-306.

Malta, J.C.O. 1984. Os peixes de um lago de várzea da Amazônia Central (Lago

Janauacá, rio Solimões) e suas relações com os crustáceos ectoparasitas

(Branchiura: Argulidae). Acta Amazonica, 14: 355-372.

Malta, J.C.O. 1993a. Miracetyma etimaruya gen. et sp. n. (Copepoda,

Poecilostomatoida, Ergasilidae) from freshwater fishes of the Brazilian Amazon.

Acta Amazonica, 23: 49-57.

Malta, J.C.O. 1993b. Miracetyma kawa SP. Nov. (Copepoda: Poecilostomatoidea,

Page 66: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

66

Ergasilidae) dos peixes de água doce da Amazônia brasileira. Acta amazonica, 23:

251-159.

Malta, J.C.O. 1993c. Miracetyma piraya sp. nov. (Copepoda: Ergasilide) das

brânquias de Pygocentrus nattereri (Kner, 1860) (Characiformes: Serrasalmidae)

da Amazônia brasileira. Acta amazonica, 23: 261-169.

Malta, J.C.O. 1993d. Brasergasilus guaporensis sp. nov. (Copepoda: Ergasilide) das

brânquias de Leporinus fasciatus (Bloch, 1890). Acta Amazonica, 23: 441-447.

Malta, J.C.O. 1993e. Ergasilus urupaenis sp. nov. (Copepoda: Ergasilidae) das

brânquias de Prochilodus nigricans Agassiz, 1829 (Characiformes:

Prochilodontidae) da Amazônia brasileira. Acta amazonica, 23: 449-456.

Malta, J.C.O. 1994a. Miracetyma kawa sp. n. (Copepoda: Poecilostomatoida:

Ergasilidae) dos peixes de água doce da Amazônia Brasileira. Acta Amazonica,

23: 251-259.

Malta, J.C.O. 1994b. Miracetyma piraya sp. n. (Copepoda: Ergasilidae) das brânquias

de Pygocentrus nattereri (Kner, 1860) (Characiformes: Serrasalmidae) da

Amazônia brasileira. Acta Amazonica, 23: 261-269.

Malta, J.C.O.; Gomes, A.L.S.; Andrade, S.M.S.; Varella, A.M.B. 2001. Infestações

maciças por acantocéfalos, Neoechinorhynchus buttnerae Golvan, 1956,

(Neoechinorhynchidae) em tambaquis jovens, Colossoma macropomum (Cuvier,

1818) criados na Amazônia central. Acta Amazonica, 31: 133-143.

Malta, J.C.O.; Varella, A.M.B. 2009. Os crustáceos branquiúros parasitas de peixes

(Argulidae: Maxillopoda). In: Fonseca, C.R.V.; Magalhães, C.; Rafael, J.A.;

Franklin, E. (Eds). A Fauna de Artrópodes da Reserva Florestal Adolpho Ducke.

Estado Atual do Conhecimento Taxonômico e Biológico. Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas. p.17-29.

Mamaev, Y.L. 1981. Some new monogenoidean species and genera of the family

Mazocraeidae. Helminthology, 18: 169–187.

Marcogliese, D.J. 1999. Ecological monitoring and assessment network (EMAN)

Protocols for measuring biodiversity: Parasites of fishes in freshwater.

Environment Canada, St. Lawrence Centre and Parasitology Module Steering

Committee. 22p.

Page 67: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

67

Marcogliese, D.J. 2004. Parasites: small players with crucial roles in the ecological

theather. Ecohealth, 2: 151-161.

Martins M.L, Fujimoto R.Y.; Andrade, P.M.; Tavares-Dias, M. 2000. Recent studies

on Neoechinorhynchus curemai Noronha, 1973 (Acanthocephala:

Neoechinorhynchidae), in Prochilodus lineatus Valenciennes, 1836, from Volta

Grande reservoir, MG, Brazil. Revista Brasileira de Biologia, 60: 673-682.

Morais, A.M. 2011. Biodiversidade de parasitos da piranha vermelha Pygocentrus

nattereri (Kner, 1858) (Characiformes; Serrasalmidae) e sua avaliação como

bioindicadores na Amazônia Central. Tese de Doutorado, Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas. 234p.

Moravec, F. 1998. Nematodes of freshwater fishes of the Neotropical region.

Academia, Praga, Czech Republic. 464p.

Morey, G. A. M. 2017. Diversidade dos metazoários parasitos de peixes carnívoros:

Serrasalmus altispinis Merckx, Jégu e Santos, 2000, Rhaphiodon vulpinus Spix &

Agassiz, 1829 e Acestrorhynchus falcatus (Bloch, 1794) de lagos de várzea da

Amazônia. Tese de Doutorado, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/

Fundação Universidade do Amazonas. 249p.

Noronha D. 1984. Remarcks on Neoechinorhynchus curemai Noronha, 1973

(Eoacanthocephala: Neoechinorhynchidae). Memórias do Instituto Oswaldo

Cruz, 79: 271.

Olsen, W.O. 1974. Animal Parasites. Their life cycles and ecology. University Park

Press, Baltimore, Canada. 562p.

Pavanelli, G.C.; Eiras, J.C.; Takemoto, R.M. 2002. Doenças de Peixes: Profilaxia,

Diagnóstico e Tratamento. 2. ed., Eduem, Maringá, Brasil. 305p.

Pelegrini, L.S. 2013. Fauna de Metazoários parasitas do Aruanã Osteoglossum

bicirrhosum (Cuvier, 1829) (Osteoglossiformes: Osteoglossidae) dos rios Negro e

Solimões, Amazônia Central, Brasil. Dissertação de Mestrado, Instituto Nacional

de Pesquisas da Amazônia, Manaus, Brasil. 48p.

Pérez, J.M.; Meneguz, P.G.; Dematteis, A.; Rossi, L.; Serrano, E. 2006. Parasites and

conservation biology: the “ibex-ecossystem”. Biodiversity and conservation, 15:

2033-2047.

Page 68: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

68

Porto, D.B.; Souza. A.K.S.; Malta, J.C.O. 2017. A new species of Neoechinorhynchus

(Eoacanthocephala: Neoechinorhynchidae) from freshwater fish Ageneiosus

inermis Brazilian Amazon. Revista Mexicana de Biodiversidade, 88: 798-800.

Poulin, R.; Leung, T.L.F. 2011. Body size, trophic level and the use of fish as

transmission routes by parasites. Oecologia, 166: 731-738.

Price, E.W. 1936. North American Monogenetic Trematodes. Doctoral Thesis, George

Washington University. Bulletin Summaries (1934-1936): 10-13.

Ramos, I.; Franceschini, L.; Zago, A.C. 2013. New host records and a checklist of

fishes infected with Austrodiplostomum compactum (Digenea: Diplostomidae) in

Brazil, Brazilian Journal of Veterinary Parasitology, 22: 511-518.

Ringuelet, R. 1948. Argúlidos del Museo de La Plata. Revista Del Museo De La Plata,

5: 1-296.

Ruffino, M.L.; Silva Junior, U.L.; Soares, E.C.; Silva, C.O.; Barthem, R.B.; Batista,

V.S.; Isaac, V.J.; Fonseca, S. Pinto, W. 2006. Estatística Pesqueira do Amazonas

e Pará - 2003. IBAMA, Manaus. 76p.

Saint-Paul, U.; Zuanon, J.A.S.; Villacorta-Correa, M.; Garcia M.; Fabré, N.U.; Junk,

J. 2000. Fish communities in central Amazonian White-and blackwater

floodplains. Enviromental Biology of fishes, 57: 235-250.

Santana, H.P. 2013. A fauna parasitária de Cichla monoculus (Spix & Agassiz, 1831)

(Perciformes: Cichlidae) de lagos de várzea da Amazônia Central, Brasil.

Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Amazonas. 66p.

Santos, G.M.; Ferreira, E.J.G.; Zuanon, J.A.S. 2006. Peixes comerciais de Manaus.

IBAMA – AM Pró-várzea, Manaus, Brasil. 141p.

Santos, C.P.; Gibson, D.I.; Tavares, L.E.R.; Luque, J.L. 2008. Checklist of

Acanthocephala associated with the fishes of Brazil. Zootaxa, 1983: 1-22.

Serra-Freire, N.M. 2002. Planejamento e análise de pesquisas parasitológicas.

Editora Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro. 199p.

Silva, M.P. 2010. A fauna parasitária de Schizodon fasciatus Spix & Agassiz, 1829

(Characiformes: Anostomidae) de lagos de várzea do rio Solimões, Amazônia,

Brasil. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Amazonas. 53p.

Souza, A.K.S.; Porto, D.B.; Malta, J.C.O. 2017. Mazocraeoides makrodemas sp. n.

(Polyopisthocotylida: Mazocraeidae) from the gills of Pellona castelnaeana

Page 69: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

69

Valenciennes, 1847 (Clupeiformes: Pristigasteridae) in the Brazilian Amazon.

Neotropical Helminthology, 11: 343-348.

Suriano, D.M. 1979. Nueva especie de Mazocraeoides del Atlântico Sud y aporte a su

biologia (Monogenea, Polyophisthocotylea). Neotropica, 25: 51-58.

Takemoto, R.M.; Amato, J.F.R.; Luque, J.L. 1996. Comparative analysis of metazoan

parasite communities of leatherjackets, Oligoplites palometa, O. saurus and O.

saliens (Osteichthyes: Carangidae) from Sepetiba Bay. Revista. Brasileira de

Biologia, 56: 639-650.

Takemoto, R.M.; Lizama, M.A.P; Guidelli, G.M.; Pavanelli, G.C. 2004. Parasitas de

peixes de águas continentais In: Sanidade de Organismos Aquáticos. Ed.Varela,

São Paulo, 1: 179-197.

Taraschewski, H. 2008. Acanthocephala. In: Eiras, J.C.; Segner, H.; Wahli, T.;

Kapoor, B.G. (Eds.). Fish disease. v. 2. Science Publishers, Enfield, New

Hampshire. p.1025-1062.

Thatcher, V.E. 1979a. Uma nova espécie de Gorytocephalus Nickol & Thatcher 1971

(Acanthocephala, Neochinorhynchidae) do acari-bodó (Pisces, Loricariidae) na

Amazônia. Acta Amazonica, 9: 199-202.

Thatcher, V.E. 1992a. Two unusual new genera of Paramphistomidae (Trematoda,

Digenea) from freshwater fish of the Brazilian Amazon. Acta amazonica, 22:

609-613.

Thatcher, V.E. 1992b. Bacciger pellonae n. sp. (Trematoda, Fellodistomidae) from a

freshwater fish, Pellona castelnaeana Valenciennes 1847 of Rondônia State,

Brazil. Acta Amazonica, 22: 605-608.

Thatcher, V.E. 1993. Trematódeos Neotropicais. Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia (INPA), Manaus, Amazonas. 553p.

Thatcher, V.E. 2006. Amazon fish parasites. 2a Ed., Editora Aquatic Biodiversity in

Latin America, Sofia. 508p.

Thatcher, V.E.; Boeger, W.A. 1983a. Patologia de peixes da Amazônia Brasileira. 3,

Alterações histológicas das brânquias provocadas por Ergasilus, Brasergasilus e

Acusicola (Copepoda, Cyclopoidea). Acta Amazonica, 13: 441-451.

Page 70: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

70

Thatcher, V.E.; Boeger, W.A. 1983b. The parasitic Crustacean of fishes from the

Brazilian Amazon 10, Acusicola pellonidis n. sp. (Copepoda: Cyclopoidea) from

Pellona castelnaeana (Valenciennes). Amazoniana, 8: 273-279.

Travassos, L.; Freitas, J.F.; Kohn, A. 1969. Trematódeos do Brasil. Memórias do

Instituto Oswaldo Cruz, 67: 1-886.

Vale, J.D. 2003. Composição, diversidade e abundância da ictiofauna na área do

Catalão, Amazônia Central. Dissertação de Mestrado, Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia. 66p.

Varella, A.M.B. 1994. Gamidactylus bryconis sp. n. (Copepoda, Poecilostomatoida,

Vaigamidae) das fossas nasais de peixes, Brycon pellegrini Holly, 1929 e B.

melanopterus (Cope, 1872) da Amazônia Brasileira. Acta Amazonica, 24: 145-

152.

Varella, A.M.B.; Malta, J.C.O. 1995. Gamidactylus hoplius sp. n. (Copepoda,

Poecilostomatoida, Vaigamidae) das fossas nasais de Hoplias malabaricus

(Bloch, 1794) (Characiformes, Erythrynidae) da Amazônia Brasileira. Acta

Amazonica, 25: 281-288.

Varella, A.M.B.; Malta, J.C.O. 2001. Brasergasilus mamorensis sp. n. (Copepoda:

Ergasilidae) from the nasal cavities of Hydrolycus pectoralis (Guenther, 1866)

(Characiformes: Cynodontidae) from the Brasilian Amazon, and considerations

about Abergasilinae. Acta Amazonica, 30: 323-330.

Varella, A.M.B.; Malta, J.C.O. 2009. Copepoda Cyclopoida e Poecilostomatoida. In:

Fonseca, C.R.V.; Magalhães, C.; Rafael, J.A.; Franklin, E. (Eds). A Fauna de

Artrópodes da Reserva Florestal Adolpho Ducke. Estado Atual do

Conhecimento Taxonômico e Biológico. Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia, Manaus, Amazonas. p.21-24.

Vicente, J.J.; Rodrigues, H.O.; Gomes, D.C. 1985. Nematóides do Brasil Primeira

parte: Nematóides de peixes. Atas da Sociedade de Biologia do Rio de Janeiro, 25:

1-79.

Walter, T.C.; Boxshall, G. 2018. World of Copepods database. Accessed at

http://www.marinespecies.org/copepoda on 2018-01-15

Yamada, F.H.; Moreira, L.H.A.; Ceschini, T.L.; Takemoto, R. M.; Pavanelli, G.C.

2008. Novas ocorrências de metacercária de Austrodiplostomum compactum

Page 71: Fauna de metazoários parasitos de Pellona castelnaeana ...bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2478/5/Tese mestrado pós banca... · Abstract Were collected and examined 63 specimens

71

(Lutz, 1928) (Platyhelminthes: Digenea) parasito de olhos de peixes da bacia do

rio Paraná. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, 17: 163-166.

Zica, E.O.P.; Brandão, H.; Zawadzki, C.H.; Nobile, A.B.; Carvalho, E.D.; Da Silva,

R.J. 2011. The occurrence of Austrodiplostomum compactum (Lutz, 1928)

(Digenea: Diplostomidae) metacercariae in the eyes of Loricariid fish

(Siluriformes: Loricariidae) from Brazil. Journal of Helminthology, 85: 73-79.