Fazendinha do Valizi

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Memórias de José Valizi - www.valizi.com.br - Outubro/2014 Para quem não me conhece, sou radialista aposentado, e durante 40 anos apresentei um programa através da, então, Rádio Cultura AM da cidade de Ituverava-SP. O programa era de eslo sertanejo, com predominância da música brasileira sertaneja de raiz. Eu apresentava o programa como se, na minha imaginação, eu o esvesse fazendo diretamente de uma fazenda: a “Fazendinha do Valizi”, que era também o nome do programa. Além das músicas, eu costumava brincar com os ouvintes, contando-lhes estórias e causos, muitos dos quais eram invenções (algumas até absurdas), mas que diveram o público ouvinte. Assim, acabei por conquistar o carinho e a admiração dos ouvintes, o que me tornou uma pessoa muito conhecida aqui na minha cidade, não somente durante todos os anos em que o programa esteve no ar, mas até nos dias atuais, principalmente entre as pessoas remanescentes daquela época. Além disso, muitos anos antes de eu iniciar o programa no rádio, eu e o meu irmão Osvaldo Valizi (in memoriam) formávamos a dupla sertaneja “Valizi & Valizinho”, a qual também nos proporcionou projeção arsca naquela época, visto que nos apresentávamos em programas de rádio e também em alguns circos e eventos na região. Ainda hoje, mesmo após mais de uma década em que me aposentei, muitas pessoas me abordam na rua e recordam com alegria a época em que eram ouvintes do meu programa, sendo que muitas delas ainda eram crianças naquela época. E muitos até me perguntam o porquê de não voltar a fazer o programa. Bem, tudo na vida tem o seu momento; agora, já com 82 anos de idade, não me sinto mais com tanta disposição para fazer um programa ao vivo, diariamente. Considerando que o programa no rádio e a dupla sertaneja com o meu irmão tornaram-me muito conhecido (não só na cidade de Ituverava, mas também nas adjacências), e também o fato de os fãs e admiradores sempre terem a curiosidade de saber um pouco mais sobre os seus ídolos, resolvi lançar o website www.valizi.com. br e comparlhar através dele um pouco mais sobre minha trajetória de vida, abordando os 40 anos de programa no rádio, a dupla Valizi & Valizinho, os 26 anos em que vivi na zona rural, antes de vir para a cidade, e outras curiosidades mais. Portanto, o website é referente às minhas memórias, às minhas lembranças. Cada texto publicado abordará alguma passagem da minha vida arsca ou pessoal, e as publicações não serão feitas, necessariamente, em ordem cronológica; ou seja: poderei falar de algo mais recente, e num próximo texto falar de algo mais ango, ou vice-versa, à medida que as lembranças me vierem à mente. E como suponho que muitos dos meus fãs não sabem usar um computador para acessar a internet e ver o meu website, estou lançando também este informavo (em formato de jornalzinho) para divulgar (de forma impressa) parte do conteúdo que está disponível no website. Assim, fãs e admiradores terão a oportunidade de conhecerem um pouco mais sobre minha história. Seja bem- vindo(a) e boa leitura! José Valizi Agradecimento Eu gostaria de agradecer a todas as pessoas, não só de Ituverava, mas também de outras cidades, que têm me enviado, através da internet, mensagens de parabenização pelo lançamento do website referente às minhas memórias. E chego a ficar muito emocionado com as palavras de carinho que me são dirigidas. E pela forma enfáca como escrevem e recordam a época do programa no rádio, não tenho dúvida alguma que o programa Fazendinha do Valizi ficou para sempre gravado na lembrança dos ouvintes que o acompanhavam. Muito obrigado a todos os fãs pelas demonstrações de carinho. E para quem não tem como me contactar através da internet, poderá fazer da maneira anga, enviando-me uma carnha para o seguinte endereço: JOSÉ VALIZI Assunto: FAZENDINHA DO VALIZI Rua Dr. Fernando Costa, 62 – Centro 14500-000 – ITUVERAVA – SP Nesta edição Página 2: - A origem do programa Fazendinha do Valizi - Tem gente que pensa que eu tenho uma fazenda Página 3: - A dupla Valizi & Valizinho - Terra das três colinas: homenagem a Franca-SP Página 4: - Como me tornei torcedor da Portuguesa (Lusa) - Estórias e causos da fazendinha: - A goiabeira louca - O bode assombrado Zé Valizi

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Page 1: Fazendinha do Valizi

Fazendinha do Valizi - Memórias de José Valizi 1OUTUBRO/2014www.valizi.com.br

Memórias de José Valizi - www.valizi.com.br - Outubro/2014Fazendinha do ValiziPara quem não me conhece,

sou radialista aposentado, e durante 40 anos apresentei um programa através da, então, Rádio Cultura AM da cidade de Ituverava-SP. O programa era de estilo sertanejo, com predominância da música brasileira sertaneja de raiz. Eu apresentava o programa como se, na minha imaginação, eu o estivesse fazendo diretamente de uma fazenda: a “Fazendinha do Valizi”, que era também o nome do programa. Além das músicas, eu costumava brincar com os ouvintes, contando-lhes estórias e causos, muitos dos quais eram invenções (algumas até absurdas), mas que divertiam o público ouvinte. Assim, acabei por conquistar o carinho e a admiração dos ouvintes, o que me tornou uma pessoa muito conhecida aqui na minha cidade, não somente durante todos os anos em que o programa esteve no ar, mas até nos dias atuais, principalmente entre as pessoas remanescentes daquela época.

Além disso, muitos anos antes de eu iniciar o programa no rádio, eu e o meu irmão Osvaldo Valizi (in memoriam) formávamos a dupla sertaneja “Valizi & Valizinho”, a qual também nos proporcionou projeção artística naquela época, visto que nos apresentávamos em programas de rádio e também em alguns circos e eventos na região.

Ainda hoje, mesmo após mais de uma década em que me aposentei, muitas pessoas me

abordam na rua e recordam com alegria a época em que eram ouvintes do meu programa, sendo que muitas delas ainda eram crianças naquela época. E muitos até me perguntam o porquê de não voltar a fazer o programa. Bem, tudo na vida tem o seu momento; agora, já com 82 anos

de idade, não me sinto mais com tanta disposição para fazer um programa ao vivo, diariamente.

Considerando que o programa no rádio e a dupla sertaneja com o meu irmão tornaram-me muito conhecido (não só na cidade de Ituverava, mas também nas adjacências), e também o fato de

os fãs e admiradores sempre terem a curiosidade de saber um pouco mais sobre os seus ídolos, resolvi lançar o website www.valizi.com.br e compartilhar através dele um pouco mais sobre minha trajetória de vida, abordando os 40 anos de programa no rádio, a dupla Valizi & Valizinho, os 26 anos em que vivi na zona rural, antes de vir para a cidade, e outras curiosidades mais. Portanto, o website é referente às minhas memórias, às minhas lembranças. Cada texto publicado abordará alguma passagem da minha vida artística ou pessoal, e as publicações não serão feitas, necessariamente, em ordem cronológica; ou seja: poderei falar de algo mais recente, e num próximo texto falar de algo mais antigo, ou vice-versa, à medida que as lembranças me vierem à mente.

E como suponho que muitos dos meus fãs não sabem usar um computador para acessar a internet e ver o meu website, estou lançando também este informativo (em formato de jornalzinho) para divulgar (de forma impressa) parte do conteúdo que está disponível no website. Assim, fãs e admiradores terão a oportunidade de conhecerem um pouco mais sobre minha história. Seja bem-vindo(a) e boa leitura!

José Valizi

AgradecimentoEu gostaria de agradecer a todas as pessoas, não só de Ituverava, mas

também de outras cidades, que têm me enviado, através da internet,

mensagens de parabenização pelo lançamento do website referente às

minhas memórias. E chego a ficar muito emocionado com as palavras

de carinho que me são dirigidas. E pela forma enfática como escrevem e

recordam a época do programa no rádio, não tenho dúvida alguma que o

programa Fazendinha do Valizi ficou para sempre gravado na lembrança

dos ouvintes que o acompanhavam. Muito obrigado a todos os fãs pelas

demonstrações de carinho. E para quem não tem como me contactar

através da internet, poderá fazer da maneira antiga, enviando-me uma

cartinha para o seguinte endereço:

JOSÉ VALIZIAssunto: FAZENDINHA DO VALIZIRua Dr. Fernando Costa, 62 – Centro14500-000 – ITUVERAVA – SP

Nesta ediçãoPágina 2:

- A origem do programa Fazendinha do Valizi

- Tem gente que pensa que eu tenho uma fazenda

Página 3:

- A dupla Valizi & Valizinho

- Terra das três colinas: homenagem a Franca-SP

Página 4:

- Como me tornei torcedor da Portuguesa (Lusa)

- Estórias e causos da fazendinha:

- A goiabeira louca

- O bode assombrado

Zé Valizi

Page 2: Fazendinha do Valizi

Fazendinha do Valizi - Memórias de José Valizi2 OUTUBRO/2014 www.valizi.com.br

No ano de 1952, a Rádio Cultura de Ituverava iniciou um programa de auditório, aos domingos, chamado “Brasil Sertanejo”, que perdurou por muitos anos. Naquele programa, apresentavam-se ao vivo diversas duplas de Ituverava e cidades vizinhas, tendo sido um programa muito prestigiado pela população local, que lotava o auditório para assisti-lo. Eu já era um pouco conhecido da população porque eu e meu irmão Osvaldo Valizi (que formávamos a dupla Valizi & Valizinho), juntamente com o amigo e acordeonista Osvaldinho, nos apresentávamos regularmente naquele programa, desde o seu início na década de 1950. Em algumas ocasiões, quando eu ou o Valizinho não podíamos cantar juntos, em virtude de outros compromissos, um de

nós dois era substituído pelo nosso irmão Jonas Valize (com o nome artístico Valizito).

Assim, no início do ano de 1961, o então diretor da Rádio Cultura de Ituverava, Pérsio de Piratininga Assumpção Sen, convidou-me a fazer um programa no rádio, apresentando músicas gravadas em disco, de diversas duplas do Brasil; tanto as de artistas já consagrados quanto as dos que estavam iniciando a carreira. Em princípio, fiquei com receio porque eu tinha pouca escolaridade (eu tinha estudado somente até o segundo ano, na escola da fazenda onde eu morava) e não falava o português corretamente. Mas o Pérsio, que já conhecia o meu jeito através das apresentações e brincadeiras que eu fazia no programa de auditório Brasil

Sertanejo, disse que o meu jeito lembrava realmente o homem do campo, e que para esse novo programa ele não queria um apresentador que falasse corretamente, e sim alguém cuja fala se identificasse com as pessoas que moravam (ou moraram) no campo.

Sendo assim, fiquei contente com o convite, até porque eu tinha nascido em uma fazenda, numa casinha de pau a pique, fui criado naquele ambiente rural, tinha um amor muito grande pelas coisas do mato, da roça, das criações, dos pássaros e por tudo mais que lá existia. Então aceitei o convite, mas com uma condição: de que o programa fosse feito como se, na minha imaginação, eu o estivesse transmitindo diretamente de uma fazenda. O Pérsio gostou da ideia, e assim, no dia 02 de

fevereiro de 1961, começava a minha trajetória no rádio, a qual duraria por quatro décadas, terminando no ano de 2001. No início, o programa era chamado de Fazendinha K8 (em referência ao prefixo da rádio, que era ZYK8); pouco tempo depois, o nome foi mudado para Fazendinha do Valizi, pois era assim que, na prática, os ouvintes haviam se acostumado a chamar o programa.

A origem do programaPor José Valizi

José Valizi nos estúdios daRádio Cultura de Ituverava

Até hoje em dia, provavelmente muitas das pessoas que acompanhavam o meu programa no rádio continuam pensando que eu tenho uma fazenda. Será que isso é verdade? Então, vou explicar...

Meus avós, tanto paternos quanto maternos, eram imigrantes italianos e, após chegarem ao Brasil no final do século XIX (mais precisamente no ano de 1896), foram trabalhar na lavoura de café. Meus avós tiveram seus filhos, meu pai conheceu minha mãe, se casaram e continuaram trabalhando na lavoura. Foi assim que, no período de 1932 a 1958, eu nasci, cresci e vivi por 26 anos na zona rural, ajudando meus pais na lida.

Durante o tempo em que eu vivi e morei na zona rural, meus pais trabalharam em algumas fazendas da região de Franca-SP. Ora eles foram colonos das fazendas, ora foram meeiros (que é o agricultor que trabalha em terras que pertencem a outra pessoa; em geral, o meeiro ocupa-se de todo o trabalho, e reparte com o dono da terra o resultado da

produção) e, portanto, nunca chegamos a ter nossa própria fazenda.

Por causa desses 26 anos de constante contato com a natureza é que trago comigo um sentimento muito forte em relação às coisas do campo, da fazenda. Por causa disso, quando iniciei o meu programa no rádio, achei interessante que o nome do programa fosse algo relacionado à zona rural. Como o prefixo da Rádio Cultura naquela época era “ZYK8”, então o programa passou

a se chamar, inicialmente, “Fazendinha K8”. Mas as cartas que os ouvintes me enviavam (naquela época não existia a internet, e os aparelhos telefônicos eram raros; apenas poucas residências e alguns estabelecimentos comerciais é que tinham um telefone; a única maneira do ouvinte interagir com o programa era por meio de cartas) endereçadas ao programa “Fazendinha do Valizi”, em vez de “Fazendinha K8”. E assim, percebendo essa tendência, mudei o nome do

programa para “Fazendinha do Valizi”, por influência do próprio público.

A partir de então, durante décadas a expressão “fazendinha” ficou gravada na mente de todos os ouvintes e fãs do programa. E como na minha imaginação eu fazia o programa como se ele estivesse sendo transmitido diretamente de uma fazenda, muitos dos ouvintes acreditavam, e provavelmente há pessoas que ainda acham isso, que eu estava mesmo em uma fazenda e que, além disso, a fazenda era minha.

Mas a “Fazendinha do Valizi” é um lugar fictício que só existe na minha imaginação. Na realidade, não tenho e nunca tive uma fazenda de verdade, embora para os fãs do programa que já sabiam disso é como se eu realmente a tivesse, pois até hoje quando me encontram na rua, mesmo sabendo que não faço mais o programa, me perguntam com carinho: - E aí, Valizi? Como vai a “fazendinha”?

Tem gente que pensa que eu tenho uma fazendaPor José Valizi

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Fazendinha do Valizi - Memórias de José Valizi 3OUTUBRO/2014www.valizi.com.br

A dupla Valizi & Valizinho

Papai e mamãe, apesar de gostarem muito de música, não se dedicaram a cantar. Entretanto, todos os seus filhos, incluindo eu, gostavam de cantar, e eram todos afinados.

Henrique e Antônio, que eram os meus irmãos mais velhos, desde muito jovens já sabiam tocar alguns instrumentos musicais e também cantavam juntos. Henrique tocava violão e bandolim, enquanto que Tonico tocava, além desses dois instrumentos, também violino. Ora eles se apresentavam em dupla, ora com outros músicos, que juntos formavam um conjunto musical e costumavam se apresentar em diversas festas nas fazendas, não somente na que morávamos, como também nas da vizinhança; essas festas eram comumente chamadas naquela época de “show baile”. E nessas apresentações eu já os acompanhava e fazia parte do conjunto, tocando pandeiro muito bem, segundo diziam.

Minhas irmãs Julieta e Maria também cantavam muito bem em dueto. Mas elas não se apresentavam em festas. Cantavam apenas em casa, para a família, e também nos terços realizados nas colônias das fazendas. Então, inspirado pelos meus irmãos e irmãs, fui percebendo que a minha voz combinava com a do meu irmão Osvaldo, que daríamos uma boa dupla, e assim comecei a cantar com ele; eu com 15 anos de idade, e meu irmão Osvaldo com 13

anos, e adotamos o nome artístico de “Zé Valizi e Valizinho”.

No início, apresentávamo-nos somente nas festas nas fazendas, e como ainda não sabíamos tocar violão, apenas cantávamos; nossos irmãos é que faziam o acompanhamento musical para nós. Depois, com o passar do tempo, o meu irmão Henrique nos ensinou a tocar violão.

Em 1949, a Rádio Cultura de Ituverava foi fundada. Em 1951, nosso pai comprou um aparelho de rádio à pilha (a pilha era tão grande que pesava sete quilos e meio), e passamos a ser ouvintes da Rádio Cultura e de outras rádios da região e de grandes centros distantes, como por exemplo São Paulo e Rio de Janeiro. Em 1952, a Rádio Cultura de Ituverava iniciou o programa “Brasil Sertanejo”; era um programa de auditório, ao vivo, sempre aos domingos, onde se apresentavam duplas, trios etc. O primeiro programa Brasil Sertanejo nós ouvimos lá da fazenda; mas a partir do segundo programa, já começamos a nos apresentar, e assim continuamos por muitos anos. Foi através desse programa que conseguimos nos tornar musicalmente conhecidos em Ituverava e nas cidades vizinhas. Cabe ressaltar que em algumas ocasiões, em virtude de outros compromissos que impossibilitavam eu e o Valizinho de nos apresentarmos juntos no programa, um de nós dois era substituído pelo nosso irmão Jonas Valize (que usava o nome artístico Valizito).

Como surgiu a duplaValizi & Valizinho

Por José Valizi

O trio Valizi (esquerda), Valizinho (direita) e Osvaldinho (centro)

Foi na década de 1950 que a dupla Valizi & Valizinho, acompanhada pelo amigo e acordeonista Osvaldinho, portanto já éramos um trio, se apresentou pela primeira vez em um circo. Esse episódio começou assim...

O Valizinho havia composto (letra e música) a canção “Terra das Três Colinas”, em homenagem ao centenário da cidade de Franca-SP. A Rádio Hertz daquela cidade tinha também um programa de auditório. Meu irmão Tonico, que já estava residindo em Franca, inscreveu-nos para participarmos daquele programa. Foi naquela ocasião que tivemos a oportunidade de cantarmos a música “Terra das Três Colinas” pela primeira vez naquela cidade.

Algum tempo depois, a convite de Catito e Tininho, que eram os apresentadores do programa, apresentamo-nos pela segunda vez no auditório da Rádio Hertz, ocasião em que cantamos novamente, dentre outras músicas, a canção “Terra das Três Colinas”.

Um ouvinte da rádio, chamado Pascoal (se não me falha a memória), ficou fã dessa música; e como ele era amigo do Tonico (meu irmão), perguntou-lhe se o nosso trio gostaria de se apresentar em um circo que estava armado perto da casa dele. O Pascoal havia feito amizade com o dono do circo e, se quiséssemos, ele conseguiria para nós essa apresentação. Era o Circo Piratininga, muito famoso naquela época.

Dessa forma, fizemos um show naquele circo, totalmente lotado, numa noite de sábado, no qual cantamos somente canções de nossa autoria. Para quem ainda não sabe, o Valizinho era compositor,

e tínhamos várias músicas. Foi quando tivemos a oportunidade de cantarmos, mais uma vez, a música “Terra das Três Colinas”. Quando terminamos de cantar, o circo inteiro, que estava totalmente lotado, aplaudiu-nos de pé, pois é uma música com uma letra muito bonita, que enaltece as virtudes daquela cidade.

Apesar de termos várias composições próprias, tendo sido duas delas gravadas em disco, a “Terra das Três Colinas” não foi gravada e, portanto, nunca mais Franca teve a oportunidade de ouvir novamente essa música. Portanto, aproveitando esta oportunidade em que estou relembrando esse capítulo da minha história, fica aqui a sugestão: se alguma dupla francana se interessar em gravar essa canção, entre em contato comigo. Isso seria um grande presente para aquelas pessoas que ouviram nossas apresentações (no programa de auditório, na Rádio Hertz ou no circo); e como havia também muitas crianças e jovens, muitas daquelas pessoas ainda são viventes; e se elas tiverem a oportunidade de ouvir novamente essa música, será uma grata recordação para elas. E para os francanos de hoje, a oportunidade de conhecerem uma canção que reverencia os atributos que a cidade possuía naquela época do seu centenário, muitos dos quais permanecem até hoje.

E foi assim que nos apresentamos pela primeira vez em um circo, onde tivemos a oportunidade de cantarmos nossas músicas, homenagearmos Franca e ainda sermos aplaudidos de pé, o que nos proporcionou um momento memorável.

Terra das três colinas: homenagem a Franca-SP

Por José Valizi

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Fazendinha do Valizi - Memórias de José Valizi4 OUTUBRO/2014 www.valizi.com.br

pesava 7 quilos e meio. E a partir da aquisição do rádio passamos a acompanhar os jogos de futebol dos grandes times da capital.

Foi então que, em uma dessas ocasiões, ouvi pela primeira vez a transmissão de um jogo de futebol da Portuguesa. À medida que eu ia ouvindo a narrativa do locutor daquela partida, fui me encantando com o time; naquela época o clube tinha muito prestígio no futebol, além de ser uma grande equipe, revelando grandes talentos. Lembro-me, como se fosse hoje, os jogadores daquela partida; eram: Muca (goleiro); Nena e Noronha (zagueiros); Djalma Santos (lateral direito); Brandãozinho (médio-volante); Cecim (lateral esquerdo); Julinho, Renato, Nininho, Pinga e Simão (atacantes). E assim, desde então tornei-me um torcedor apaixonado da Portuguesa de Desportos (a Lusa).

Causos e estórias da fazendinha

Por José Valizi

A goiabeira louca

Mês de agosto, conhecido também como mês do “cachorro louco”, me fez lembrar de uma estória muito engraçada para contar...

Aqui na fazendinha tem uma goiabeira que ficou doida, maluca. Certa vez, apareceu um cachorro louco por aqui, mordendo em tudo: mordia a criação e tudo mais que via pela frente. Então, a meninada, com medo do cachorro louco, foi correndo e subiu todo

mundo numa goiabeira; ficou cheio de menino em cima da goiabeira. O cachorro louco, que vinha correndo atrás da meninada, começou a morder o tronco da goiabeira por todos os lados. Mordeu, mordeu, mordeu e foi embora. Passado um tempo, veja só o que aconteceu: a goiabeira ficou louca de tudo e começou a produzir, além de goiaba, laranja, abóbora, abacate, melancia, banana e tudo quanto há de fruta. E até hoje em dia essa goiabeira não sarou; continua louca e produzindo todo tipo de fruta. Tem gente que não acredita nisso, mas é verdade! É curioso como tem certas coisas que só acontecem aqui na fazendinha...

O bode assombrado

Aqui na fazendinha, a gente apresentava o programa lá debaixo da mangueira grande. Mas quando estava chovendo, não tinha jeito; então a gente trazia e instalava a aparelhagem aqui na varanda da casa da fazenda, e fazíamos o programa daqui. E observando a varanda, lembrei-me de uma coisa engraçada que certa vez aconteceu. Aqui na fazendinha tinha um bode grande e muito mansinho; em certa ocasião, o bode pulou sobre a mesa da varanda, conseguiu alcançar a lâmpada no teto da varanda e comeu, engoliu a lâmpada. Você acredita que depois disso, toda vez que o bode berrava, acendiam-se as duas pontas das orelhas dele e saía fogo pela boca? Foi aquele alvoroço... Toda a vizinhança comentando

Sendo eu neto de imigrantes italianos, como posso torcer por um time de futebol da comunidade portuguesa? Bem, tudo começou assim...

Meu saudoso pai, Júlio Valisi, quando jovem, jogava futebol nos times das fazendas onde morava. A paixão dele por esse esporte era tamanha que, quando ficou mais velho, passou de jogador a organizador do time. Ele era, ao mesmo tempo, técnico e diretor; enfim, era o “cartola” da equipe. Por incrível que pareça, o meu pai, filho de italianos, era torcedor do Corinthians. Em uma outra ocasião tentarei explicar essa escolha dele. Por ora, vamos voltar ao time de futebol da fazenda.

Adivinhe quem era o auxiliar técnico dele? Eu! Isso mesmo. Desde rapaz, quando comecei a jogar futebol, eu auxiliava o meu pai na escalação da equipe. E a confiança dele na minha percepção futebolística era tamanha que o meu pai não escalava o time para nenhum jogo sem que eu estivesse junto para ajudar na escalação. E sem falar que eu era também jogador do time.

Em 1951, meu pai comprou um aparelho de rádio. Como na fazenda não havia energia elétrica naquela época, o rádio funcionava à pilha. A pilha era enorme e

Como me tornei torcedor da Portuguesa

Por José Valizi

José Valizi com acamisa da Lusa

que aqui na fazendinha tinha assombração, e a gente dava risada porque sabíamos que era o nosso bode...

Vídeos

Zé Valizi e o amigo Têti

No meu website você encontrará vídeos, através dos quais poderá assistir e recordar alguns causos e estórias engraçadas do programa Fazendinha do Valizi, além de outras histórias, como por exemplo aquela em que eu e o meu amigo Têti recordamos a ocasião em que deixamos de ganhar uma partida de futebol contra a equipe do Capivari da Mata por causa de uma bala. Convido-lhe a visitar o meu website www.valizi.com.br e assistir aos vídeos.

NotaA “Fazendinha do Valizi”

é um lugar fictício, criado

na minha imaginação, para

proporcionar ao programa

no rádio um toque de

humor e poder divertir os

ouvintes. Portanto, nem

todas as estórias e causos

que conto são reais. Muitas

dessas brincadeiras que faço

são apenas frutos da minha

imaginação. Faço questão de

ressaltar isso porque na época

do programa tinha gente que

chegava a acreditar mesmo!

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