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Avaliação da Insegurança Alimentar, Qualidade de Vida e Autoeficácia Alimentar na Ilha Terceira Leandro Jorge Guimarães de Oliveira Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto Ciências do Consumo e Nutrição 2015 Avaliação da Insegurança Alimentar, Qualidade de Vida e Autoeficácia Alimentar na Ilha Terceira Leandro Jorge Guimarães de Oliveira MSc FCUP FCNAUP 2015 2.º CICLO

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Avaliação da Insegurança Alimentar, Qualidade de Vida e Autoeficácia Alimentar na Ilha TerceiraLeandro Jorge Guimarães de OliveiraDissertação de Mestrado apresentada à

Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Faculdade de

Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto

Ciências do Consumo e Nutrição

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Avaliação da Insegurança Alimentar, Qualidade de Vida e Autoeficácia Alimentar na Ilha Terceira, Açores

Leandro Jorge Guimarães de Oliveira Mestrado em Ciências do Consumo e Nutrição Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território 2015 Orientadora Maria Daniel Vaz de Almeida, Professora Catedrática, Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto

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Todas as correções determinadas pelo júri, e só essas, foram efetuadas. O Presidente do Júri,

Porto, ______/______/_________

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Agradecimentos

À Professora Doutora Maria Daniel Vaz de Almeida por ter aceitado ser minha orientadora,

pela disponibilidade, apoio e incentivo.

Ao Doutor Rui Poínhos pela disponibilidade e apoio estatístico.

Ao Sr. Eng.º Luís Dutra, presidente da Unidade de Saúde de Ilha Terceira (USIT) por me

permitir usufruir das instalações e equipamentos da USIT.

À Enfermeira Ana Matos e ao Enfermeiro Ricardo Silva pela sua disponibilidade e apoio,

bem como, a todas as equipas de enfermagem com quem contactei pela sua simpatia e

incentivo.

Às alunas dos preparatórios de Ciências da Nutrição da Universidade dos Açores, em

especial à Juliana Morais, pelo seu apoio e colaboração durante o pré-teste do

questionário.

A todos os que despenderam algum do seu tempo, de forma altruísta, para responder ao

questionário.

À minha família, especialmente à minha mãe, que distante esteve sempre presente.

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Índice

Lista de Abreviaturas ........................................................................................................................................ iv

Lista de Figuras.................................................................................................................................................. vii

Resumo ................................................................................................................................................................viii

Abstract ................................................................................................................................................................... x

1. Introdução ....................................................................................................................................................1

2. Revisão bibliográfica ................................................................................................................................3

2.1. Insegurança alimentar.....................................................................................................................3

2.1.1. Conceito e determinantes da insegurança alimentar ....................................................3

2.1.2. Fatores associados à insegurança alimentar....................................................................7

2.1.3. Medição de insegurança alimentar .......................................................................................8

2.2. Autoeficácia alimentar .....................................................................................................................9

2.3. Qualidade de Vida ......................................................................................................................... 11

3. Objetivos .................................................................................................................................................... 13

3.1. Objetivo geral................................................................................................................................... 13

3.2. Objetivos específicos.................................................................................................................... 13

4. Metodologia .............................................................................................................................................. 14

4.1. Desenho do estudo ....................................................................................................................... 14

4.2. Local do estudo .............................................................................................................................. 14

4.3. População em estudo................................................................................................................... 15

4.3.1. Amostra e critérios de elegibilidade .............................................................................. 15

4.4. Ferramenta de inquirição ............................................................................................................ 16

4.4.1. Caracterização sociodemográfica e económica dos inquiridos ......................... 16

4.4.2. Saúde e alimentação........................................................................................................... 16

4.4.3. Avaliação da Insegurança alimentar ............................................................................. 16

4.4.4. Avaliação autoeficácia alimentar .................................................................................... 17

4.4.5. Avaliação da Qualidade de Vida .................................................................................... 17

4.4.6. Avaliação antropométrica .................................................................................................. 17

4.4.7. Avaliação do estado nutricional e risco metabólico ................................................ 17

4.5. Análise estatística .......................................................................................................................... 18

4.6. Considerações éticas ................................................................................................................... 18

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5. Resultados e discussão ....................................................................................................................... 19

5.1. Caracterização da amostra ........................................................................................................ 19

5.2. Avaliação da insegurança alimentar ...................................................................................... 21

5.3. Saúde e alimentação .................................................................................................................... 23

5.4. Autoeficácia alimentar .................................................................................................................. 25

5.5. Avaliação da Qualidade de Vida .............................................................................................. 25

5.6. Avaliação antropométrica ........................................................................................................... 27

5.7. Fatores associados à insegurança alimentar ..................................................................... 29

6. Conclusão ................................................................................................................................................. 38

7. Referências Bibliográficas .................................................................................................................. 39

Índice de Anexos .............................................................................................................................................. 47

Anexo 1 – Distribuição da amostra ........................................................................................................... a1

Anexo 2 – Informação aos participantes ................................................................................................ a3

Anexo 3 – Declaração de consentimento Informado ......................................................................... a5

Anexo 4 – Ferramenta de inquirição ........................................................................................................ a7

Anexo 5 – Pedido para autorização do WHOQOL-Bref ................................................................. a14

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Lista de Abreviaturas

AF – Agregado familiar

CET - Curso de especialização tecnológica

CSAH - Centro de Saúde de Angra do Heroísmo

EAEAG - Escala de Autoeficácia Alimentar Global

EBIA - Escala Brasileira de Insegurança Alimentar

EIA - Escala de Insegurança Alimentar

FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

IA – Insegurança alimentar

IC – Intervalo de confiança

IMC – Índice de Massa Corporal

INE – Instituto Nacional de Estatística

OMS – Organização Mundial de Saúde

OR – Odds ratio

QV – Qualidade de Vida

RAA – Região Autónoma dos Açores

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

USDA - United States Department of Agriculture

WHOQOL - World Health Organization Quality of Life

WHOQOL - Bref- Instrumento de Avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial

de Saúde versão reduzida

WHOQOL - 100- Instrumento de Avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial

de Saúde - 100

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Lista de Tabelas

Tabela 1 - Classificação e pontos de corte para insegurança alimentar. ................................... 9

Tabela 2 - Pontos de corte para classificação do nível de risco de complicações

metabólicas para o sexo masculino e feminino. .................................................................................. 18

Tabela 3 - Caracterização da amostra, sexo, faixa etária, estado civil, nacionalidade,

habilitações literárias e situação profissional. ...................................................................................... 19

Tabela 4 - Caracterização da amostra em relação à sua profissão segundo a Classificação

Portuguesa das Profissões(Instituto Nacional De Estatística. e Ip., 2011). ............................. 20

Tabela 5 - Caracterização dos agregados familiares, número, zona de residência,

rendimentos económicos e receção de subsídios/pensões. .......................................................... 21

Tabela 6 - Distribuição dos agregados familiares em função do grau de insegurança

alimentar. ............................................................................................................................................................. 22

Tabela 7 - Distribuição dos inquiridos em função da existência de crianças e grau de

insegurança alimentar do agregado. ........................................................................................................ 22

Tabela 8 - Fatores que os inquiridos acreditam influenciar mais a sua saúde (1ª e 2ª opção).

................................................................................................................................................................................. 23

Tabela 9 - Fatores que têm maior influência na escolha dos alimentos que os inquiridos

consomem (%). ................................................................................................................................................. 24

Tabela 10 - Autoeficácia alimentar dos indivíduos por sexo e amostra total com valores

percentuais expressos em média e desvio padrão. ........................................................................... 25

Tabela 11 - Avaliação da qualidade de vida (WHOQOL-Bref) por sexo e por agregados

familiares com e sem insegurança alimentar - valores percentuais expressos em média e

desvio padrão. ................................................................................................................................................... 26

Tabela 12 - Caracterização antropométrica. ........................................................................................ 27

Tabela 13- Distribuição por classes de IMC e risco metabólico em função do perímetro da

cintura. .................................................................................................................................................................. 28

Tabela 14 - Estimativa de risco para as situações de Insegurança Alimentar em relação às

características sociodemográficas (regressão logística binária). ................................................. 30

Tabela 15 - Estimativa de risco para as situações de Insegurança Alimentar em relação às

características dos agregados familiares (regressão logística binária). .................................... 32

Tabela 16 - Associação entre a situações de Insegurança Alimentar e os fatores que os

inquiridos acreditam ter maior influência na sua saúde (regressão logística binária). ........ 34

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Tabela 17 - Associação entre a situações de Insegurança Alimentar e os fatores que os

inquiridos acreditam ter maior influência na escolha dos alimentos que consomem

(regressão logística binária). ....................................................................................................................... 35

Tabela 18 - Estimativa de risco para as situações de Insegurança Alimentar em relação à

autoeficácia alimentar, qualidade de vida, índice de massa corporal e risco cardiovascular

(regressão logística binária). ....................................................................................................................... 36

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Lista de Figuras

Figura 1 - Determinantes da ausência de insegurança alimentar. ............................................... 6

Figura 2 - Mapa da Ilha Terceira com delimitação geográfica das freguesias e indicação

dos dois concelhos (Angra do Heroísmo e Praia da Vitória). ........................................................ 15

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Resumo

A insegurança alimentar resulta da inexistência ou dificuldade no acesso a uma

alimentação saudável ou da incerteza de obter alimentos e consequentemente sua

privação. A insegurança alimentar pode resultar em fome ou no extremo oposto resultando

noutros problemas como o excesso de peso e obesidade. Além disso, vários estudos

reportam que a insegurança alimentar está associada a piores estados de saúde e menor

capacidade de trabalho e aprendizagem. No continente português, em 2014, a prevalência

de insegurança alimentar era de cerca 50%, não existindo dados sobre as regiões

autónomas. Deste modo, o presente estudo tem um carácter transversal descritivo e visa

avaliar a prevalência da insegurança alimentar, autoeficácia alimentar e qualidade de vida

de indivíduos residentes na Ilha Terceira, Açores.

Utilizou-se um questionário de aplicação indireta com perguntas de caracterização

sociodemográfica e económica, saúde e alimentação onde se incluiu a Escala de

Autoeficácia Alimentar Global, a Escala de Insegurança Alimentar e o Instrumento de

Avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde (WHOQOL-Bref). Por

fim, foi efetuada a avaliação antropométrica dos inquiridos (peso, altura, perímetro da

cintura e perímetro da anca). A recolha de dados realizou-se entre outubro de 2014 e março

de 2015. Foram inquiridos 449 indivíduos distribuídos por quotas de freguesias com uma

média de idades de 47,6 anos com um desvio-padrão de 15,5 anos sendo que 56,7%

pertenciam ao sexo feminino e 43,3% ao sexo masculino. A prevalência de insegurança

alimentar foi 33,6% sendo o grau mais prevalente a IA “ligeira” (20%). O “stress” (49,7%) e

a “alimentação” (25,8%) são os fatores que os indivíduos com insegurança alimentar creem

ser os que mais influenciam a sua saúde. O “preço” (38,4%), “disponibilidade” (18,5%) e

“hábito ou rotina” (21,9%) foram os fatores que os indivíduos com insegurança alimentar

apontaram como os mais influenciadores dos alimentos que consomem. A autoeficácia

alimentar e a qualidade de vida obtiveram uma pontuação de cerca 60%. A prevalência de

excesso de peso/obesidade, risco cardiovascular aumentado/muito aumentado e

distribuição de gordura corporal do tipo androide ultrapassam os 65%.

Foram encontradas associações estatisticamente significativas entre a insegurança

alimentar e o sexo, habilitações literárias, estado civil, concelho de residência, situação

profissional, número de indivíduos, crianças, idosos, desempregados do agregado familiar,

e receção de pensões/apoios sociais, bem como, o “stress” como principal fator que os

indivíduos creem influenciar a sua saúde, o “sabor”, “preço” e “disponibilidade” como

fatores que influenciam os alimentos consumidos por estes e, por fim, a qualidade de vida.

Conclui-se que a prevalência de insegurança alimentar na ilha Terceira é inferior

à do continente português. Contudo, mediante os outros resultados do presente estudo,

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como a elevada prevalência de excesso de peso/obesidade e de risco metabólico “muito

aumentado” torna-se, portanto, necessário implementar programas que incitem a adesão

a estilos de vida saudáveis e económicos de modo a proteger as populações de maior risco

e se possa minimizar as suas consequências.

Palavras-Chave: Insegurança alimentar, qualidade de vida, autoeficácia alimentar,

WHOQOL-Bref, Açores.

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Abstract

Food insecurity results from absence or difficulty in access to healthy food or

uncertainty of obtaining food and consequently their deprivation. Food insecurity may lead

to hunger or at the other hand result in other problems such as overweight and obesity. In

addition, several studies report that food insecurity is associated with poorer health status

and reduced capacity for work and learning. In Portuguese mainland in 2014, prevalence

of food insecurity was about 50%, with no data on the autonomous regions.

Present study has a cross-sectional descriptive measure that aims to assess

prevalence of food insecurity, food self-efficacy and quality of life of residents in the Terceira

Island, Azores.

We used an indirect application of a questionnaire with questions of socio-

demographic and economic characteristics, health and food were included as well General

Food Self-efficacy Scale, Food Insecurity Scale and abbreviated Quality of Life Scale of

World Health Organization (WHOQOL-Bref). Finally, it performed an anthropometric

measurements (weight, height, waist circumference and hip circumference). Data collection

took place between October 2014 and March 2015 was surveyed 449 individuals spread

across parishes shares with an average age of 47.6 years with a standard deviation of 15.5

years of which 56.7% were female and 43.3% male. Prevalence of food insecurity was

33.6% being the most prevalent degree "light" (20%). "Stress" (49.7%) and "food" (25.8%)

are the factors that placed individuals in households living in food insecure believe to be the

most influence your health. The "price" (38.4%), "availability" (18.5%) and "habit or routine"

(21.9%) were the factors that individuals belonging to households in food insecure showed

how most influential of the food they consume. Self-efficacy and quality of life had a score

of about 60%. Prevalence of overweight/obesity, “increased/ greatly increased" metabolic

risk and android’s distribution of body fat exceeds 65%.

Statistically significant associations were found between food insecurity and gender,

educational background, marital status, county of residence, employment status, number

of individuals, children, elderly, household unemployed and receiving pensions/social

support, as well as "stress" as main factor that individuals believe influence their health,

"taste", "price" and "availability" as factors influencing food consumed and quality of life.

It has found that prevalence of food insecurity in Terceira Island is lower than the

Portuguese mainland. However, with other results of this study, such as high prevalence of

overweight/obesity and "greatly increased" metabolic risk it becomes therefore necessary

to implement programs that encourage adherence to health and economic lifestyles mode

protect populations most at risk and to mitigate their consequences.

Keywords: Food insecurity, quality of life, food self-efficacy, WHOQOL-Bref, Azores.

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1. Introdução

Os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio surgiram após a Declaração

Millennium da Organização das Nações Unidas a 8 de setembro de 2000 sendo que o

primeiro, de oito, a cumprir até 2015 é erradicar a fome e a pobreza extrema uma vez que

até 2005 cerca de 1200 milhões de pessoas sobreviviam com menos de 1 dólar por

dia(United Nations Millennium Project., 2005).

Em Portugal, dados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, de 2013

sobre rendimentos relativos a 2012, indicam que 18,7% das pessoas estavam em risco de

pobreza, ou seja, mais 0,8 pontos percentuais do que em 2011 (17,9%)(Instituto Nacional

De Estatística., 2014).

Além disso, a percentagem da população em risco de pobreza e exclusão social

parece acompanhar a taxa de desemprego que ultrapassou os 16% em 2013(Instituto

Nacional De Estatística. e Pordata., 2014). Deste modo, quanto maior a taxa de

desemprego maior a população em risco de pobreza e exclusão social(Instituto Nacional

De Estatística., 2014), o que poderá contribuir para o aumento da insegurança alimentar

(IA).

A insegurança alimentar resulta da inexistência ou dificuldade no acesso a uma

alimentação saudável ou da incerteza de obter alimentos e consequentemente sua

privação(Anderson, S., 1990). Existe uma relação linearmente inversa entre a insegurança

alimentar e o nível socioeconómico, ou seja, quanto mais baixo é o nível socioeconómico

de um individuo maior será o seu grau de insegurança alimentar. A insegurança alimentar,

também, foi fortemente associada ao desemprego e à receção de apoios sociais dados

pelo governo (Carter, K.N. et al., 2010).

Estes indivíduos gastam a maior parte do seu rendimento mensal na alimentação e

são extremamente afetadas pelo aumento do preço dos alimentos. As limitações físicas

também podem ser uma causa para a insegurança alimentar, pois podem limitar a

obtenção dos alimentos ou a capacidade de trabalho e, consequentemente, o rendimento

mensal(Gulliford, M.C., 2003). Além disso, a insegurança alimentar em adultos mais velhos

é um problema clinicamente relevante, tendo um impacto negativo na nutrição, saúde

física, mental, e qualidade de vida(Lee, J.S. et al., 2010).

Verifica-se que nestas populações existe um consumo elevado de alimentos muito

processados, ricos em açúcar e gordura, carnes vermelhas(Cade, J., 2008; Gulliford, M. et

al., 2005) em detrimento de hortofrutícolas, pescado e carnes brancas(Gulliford, M. et al.,

2005; Gulliford, M.C. et al., 2003).

Assim, o acesso limitado aos alimentos nutricionalmente adequados e seguros

pode ocorrer em condições de insegurança alimentar, levando a vários problemas de

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saúde, como obesidade(Holben, D.H. e Pheley, A.M., 2006; Karnik, A. et al., 2011),

doenças cardiovasculares(Seligman, H.K., Laraia, B.A., et al., 2010), diabetes(Holben,

D.H. e Pheley, A.M., 2006; Seligman, H.K. et al., 2012), entre outras (Skalicky, A. et al.,

2006; Vozoris, N.T. e Tarasuk, V.S., 2003).

Em Portugal continental, a prevalência de insegurança alimentar em 2012 era de

49,0%(Direção Geral Da Saúde., 2013) tendo aumentado para os 50,7% em 2013(Direção

Geral Da Saúde., 2014) não existindo dados sobre esta situação na Região Autónoma dos

Açores (RAA) e Madeira. Tem-se, ainda, verificado que o flagelo da obesidade tem

aumentado nos últimos anos, dados de um relatório da Direcção-Geral da Saúde dão conta

que cerca de um milhão de adultos sofrem de obesidade e 3,5 milhões são pré-

obesos(Direção Geral Da Saúde., 2014).

Além disso, estima-se que em 2015, as doenças não transmissíveis associadas a

excesso de peso/obesidade, como a hipertensão, doenças cardiovasculares e diabetes

mellitus tipo II irão ultrapassar a subnutrição como uma das principais causas de morte,

quer em adultos quer em crianças, nas comunidades com rendimentos mais baixos(World

Health Organization., 2005).

Deste modo, atendendo à atual crise económica mundial, torna-se relevante o

estudo da insegurança alimentar e dos seus fatores para que se tomem medidas de

proteção às populações de maior risco e se possam atenuar as suas consequências.

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2. Revisão bibliográfica

2.1. Insegurança alimentar

2.1.1. Conceito e determinantes da insegurança alimentar

Em português, o termo Segurança Alimentar tem sido utilizado e traduzido tanto

para designar o conceito de food safety como o conceito de food security. Por isso, é

importante desde já clarificar as diferenças existentes inerentes à definição de cada um

destes conceitos.

O termo Segurança Alimentar passou a ser utilizado na Europa durante a Primeira

Guerra Mundial (1914-1918), sendo este estava ligado essencialmente com a capacidade

de cada país produzir a sua própria alimentação, de modo a poder resistir a possíveis

embargos, cercos ou boicotes devido a razões políticas ou militares, ou seja, o conceito

estava relacionado com a autossuficiência alimentar.

Posteriormente, com a constituição da Organização das Nações Unidas (1945)

após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) o conceito de Segurança Alimentar começou

a ganhar força e começando a ser feita pressão para que a Segurança Alimentar fosse

considerada um direito humano e incluísse o acesso a alimentos de qualidade. A partir daí,

foram instituídas iniciativas de promoção de assistência alimentar recorrendo a excedentes

de produção dos países ricos.

Em 1974, na Conferência Mundial de Alimentação verificou-se que a crise mundial

de produção de alimentos levou a alterações no conceito de Segurança Alimentar, assim,

esta além de garantir a produção alimentos também incluiu a regularidade do seu

abastecimento(United Nations., 1975).

Só no final da década de 80 e início da década de 90, o conceito de Segurança

Alimentar passou a incorporar também a noção de acesso a alimentos seguros (não

contaminados biológica ou quimicamente); de qualidade (nutricional, biológica, sanitária e

tecnológica), produzidos de forma sustentável, equilibrada, culturalmente aceite e também

incluindo a ideia de acesso à informação nutricional. Esta visão foi consolidada nas

declarações da Conferência Internacional de Nutrição, realizada em Roma, em 1992, pela

Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e pela

Organização Mundial da Saúde (OMS).

Deste modo, consolida-se um forte movimento em direção à reafirmação do Direito

Humano à Alimentação Adequada, conforme previsto na Declaração Universal dos Direitos

Humanos(Organização Das Nações Unidas., 1993) e no Pacto Internacional dos Direitos

Económicos, Sociais e Culturais(Organização Das Nações Unidas., 1966).

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Em 1986, na I Conferência Nacional de Alimentação e Nutrição e na I Conferência

Nacional de Segurança Alimentar, em 1994 definiu-se a segurança alimentar como sendo

“a garantia, a todos, de condições de acesso a alimentos básicos de qualidade, em

quantidade suficiente, de modo permanente e sem comprometer o acesso a outras

necessidades básicas, com base em práticas alimentares que possibilitem a saudável

reprodução do organismo humano, contribuindo, assim, para uma existência digna”.

Por fim, na Conferência Mundial da Alimentação(Organização Das Nações Unidas

Para a Alimentação E a Agricultura., 1996), realizada em Roma, em 1996 e organizada

pela FAO, realçou-se definitivamente o papel fundamental do Direito Humano à

Alimentação Adequada à garantia da Segurança Alimentar. Destaca-se, ainda, o facto de

esta definição articular duas dimensões bem definidas: a alimentar (referente aos

processos de disponibilidade (produção, comercialização e acesso ao alimento)) e a

nutricional (direcionada para a escolha, ao preparação e consumo alimentar e a sua

relação com a saúde e a utilização biológica do alimento)(Burity, V. et al., 2010).

Assim, até este momento, estamos perante o conceito de Segurança Alimentar

segundo o termo inglês food security. O conceito Segurança Alimentar segundo o termo

inglês food safety definido como sendo a garantia de que um alimento não será prejudicial

ao consumidor – através de perigos biológicos, químicos ou físicos – quando é preparado

e/ou consumido de acordo com o seu uso esperado(Food and Agriculture Organization of

the United Nations. e World Health Organization., 2003) surgiu posteriormente ao de food

security, no seguimento das crises alimentares que ocorreram nos anos 90, como a da

BSE em 1996, que levantaram as discussões sobre políticas agrícolas e alimentares

europeias durante esse período em torno da higiossanidade alimentar(Vos, E., 2000).

Deste modo, neste estudo para que não existam dúvidas em relação à tradução

dos conceitos ingleses food security e food safety para a língua portuguesa, sempre que

for mencionada uma situação de segurança alimentar (food security), será descrita como

uma situação de ausência de insegurança alimentar.

Considerando a definição mais abrangente de insegurança alimentar por oposição

à segurança alimentar (food security) podemos defini-la como a inexistência ou dificuldade

no acesso a uma alimentação saudável e segura ou a incerteza de obter alimentos de

forma digna. Esta resulta também quando o Direito Humano à Alimentação Adequada não

se verifica(Burity, V. et al., 2010).

As questões de insegurança alimentar e a variedade de conceitos que daí advinham

levou a que um grupo de especialistas do American Institute of Nutrition tentassem um

consenso na definição conceptual de alguns termos, estes foram publicados em 1990 pela

Life Sciences Research Office da Federation of American Societies for Experimental

Biology(Anderson, S., 1990):

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Ausência de Insegurança Alimentar: existe quanto todas as pessoas possuem

acesso físico, social e económico a alimentos seguros e nutritivos, que suprimem

as suas necessidades e preferências alimentares para uma vida ativa e saudável

sempre que o pretendam.

Insegurança Alimentar: resulta da disponibilidade limitada ou incerta de alimentos

seguros e nutricionalmente adequados ou capacidade limitada ou incerta para

adquirir alimentos aceitáveis de forma socialmente aceitável.

Fome: no contexto da insegurança alimentar, é considerada como o desconforto

ou a dor física da privação de alimentos. A fome e a desnutrição são potenciais,

mas não necessariamente consequências, da insegurança alimentar.

Segundo Bickel, G. et al. (2000) podemos ainda subdividir as situações de

insegurança alimentar em agregados familiares (AF) como:

Ausência de insegurança alimentar – quando o agregado familiar não apresenta

ou apresenta evidências de insegurança alimentar mínimas;

Insegurança alimentar sem fome (ligeira) – quando a insegurança alimentar é

uma preocupação evidente nos membros do agregado familiar no que se refere à

adequação da oferta e ajustes na gestão da adquisição de alimentos para o

domicílio. E, quando não é reportada ou existe uma pequena redução da ingestão

alimentar;

Insegurança alimentar com fome (moderada) – quando existe uma redução da

ingestão de alimentos nos adultos do agregado familiar que leva à sensação física

de fome por várias vezes. Nesta fase, na maioria dos agregados familiares com

crianças (mas não todos) não existe redução da ingestão alimentar das crianças;

Insegurança alimentar com fome (grave) – quando todo o agregado familiar

incluindo as crianças reduziram a ingestão alimentar de tal forma que indica que as

crianças experimentaram a sensação física de fome. Nalguns agregados familiares

com crianças, esta situação já ocorreu num patamar anterior de severidade.

Também estão incluídos nesta situação adultos em agregados familiares com e

sem crianças que experimentaram muito frequentemente reduções na ingestão de

alimentos.

Deste modo, como se pôde verificar na definição de insegurança alimentar e suas

classificações existem quatro dimensões de que podem destacar para promoção da sua

ausência(Burity, V. et al., 2010) (figura 1):

disponibilidade dos alimentos, que se relaciona com a oferta alimentar pode ser

atingida de forma: direta, a partir de solos produtivos (agricultura, criação de

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animais, cultivo de frutas) ou de outros recursos naturais como pesca, caça, colheita

de alimentos; ou indireta a partir de alimentos comprados na rede de comércio local

ou obtidos por recurso a ações de abastecimento como, por exemplo, entrega de

cabazes básicos;

acesso aos alimentos quer físico, ou seja, a alimentação deve ser acessível a

todos: lactentes, crianças, idosos, deficientes físicos, doentes terminais ou pessoas

com problemas de saúde, presos, bem como, a pessoas que vivem em áreas de

difícil acesso, vítimas de desastres, vítimas de conflitos armados, guerras e outros

grupos em situação de vulnerabilidade; quer económico, isto é, o acesso aos

recursos necessários para a obtenção de uma alimentação adequada com

regularidade durante todo o ano;

adequação nutricional/biológica que consiste no consumo apropriado e adesão

a padrões alimentares saudáveis, inclusive o acesso ao aleitamento materno, que

é essencial para o atingir um bom aporte nutricional. Além disso, esta dimensão

engloba as condições higiossanitárias dos alimentos sendo que estes não devem

conter substâncias nocivas à saúde (toxinas, poluentes resultantes de processos

agrícolas e industriais, como resíduos de drogas veterinárias, promotores de

crescimento e hormonas, entre outros) em níveis superiores aos estabelecidos por

padrões internacionais e pela legislação nacional;

estabilidade, esta dimensão está relacionada com as anteriores, verifica-se que

quer a disponibilidade de alimentos quer a acessibilidade aos mesmos devem ser

garantidas de maneira estável, ou seja, os alimentos adequados devem estar

sempre disponíveis e acessíveis, de forma regular e permanente.

Figura 1 – Determinantes da ausência de insegurança alimentar.

Adaptado de: Gregório, M.J. (2014).

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2.1.2. Fatores associados à insegurança alimentar

O acesso limitado aos alimentos nutricionalmente adequados e seguros pode

ocorrer em condições de insegurança alimentar, levando a vários problemas de saúde,

como o baixo peso à nascença(Borders, A.E. et al., 2007; Cook, J.T. et al., 2004) e

anemia(Skalicky, A. et al., 2006; Weinstein, J.L. et al., 2009) (em crianças) e,

paradoxalmente aumento do risco de obesidade, entre outras doenças(Adams, E.J. et al.,

2003; Seligman, H. et al., 2010).

Existe uma relação entre a insegurança alimentar e a obesidade (índice de massa

corporal superior ou igual a 30kg/m2), na Califórnia num estudo com dados de mulheres de

1998 e 1999, observou-se que a obesidade era mais prevalente em mulheres com

insegurança alimentar do que em mulheres sem insegurança alimentar(Townsend, M.S. et

al., 2001).

Segundo Metallinos-Katsaras (2009) crianças (2-5 anos) em situação de

insegurança alimentar têm 47% mais probabilidade de serem obesas em comparação com

outras crianças em situação de segurança alimentar(Metallinos-Katsaras, E. et al., 2009).

Por outro lado, vários estudos não encontraram relação entre insegurança alimentar e o

peso corporal em crianças(Bhargava, A. et al., 2008; Bhattacharya, J. et al., 2004;

Gundersen, C. et al., 2009; Ramsey, R. et al., 2011).

Todavia o excesso de peso e a insegurança alimentar coexistem em crianças

pertencentes a agregados familiares com baixos rendimentos, pois verifica-se que cerca

de 25% de crianças nesta situação têm excesso de peso(Gundersen, C. et al., 2008).

Este facto pode ser explicado por existir um efeito protetor das mães ao

comprometerem a sua própria ingestão alimentar em prol dos seus filhos(Mcintyre, L. et

al., 2003).

Assim, existe um paradoxo onde o excesso de peso/obesidade são uma

consequência da IA. A principal explicação para este fenómeno é a alteração dos padrões

alimentares nos indivíduos em situação de insegurança alimentar, pois costumam consumir

alimentos com elevada densidade energética que são mais baratos em comparação com

outros alimentos mais saudáveis. As alterações metabólicas no organismo ou a ingestão

de alimentos em excesso quando estes estão disponíveis também pode levar ao excesso

de peso em pessoas com IA(Townsend, M.S. et al., 2001).

Além do excesso de peso e obesidade, a IA também está associada ao

desenvolvimento da síndrome metabólica(Holben, D.H. e Pheley, A.M., 2006; Karnik, A. et

al., 2011; Mark, S. et al., 2012; Parker, E.D. et al., 2010).

Um pior controlo glicémico e diabetes também são reportados em indivíduos em

situação de insegurança alimentar(Bawadi, H.A. et al., 2012; Fitzgerald, N. et al., 2011;

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Seligman, H.K., Davis, T.C., et al., 2010; Seligman, H.K. et al., 2012), sendo que este fator

também é verificado nos indivíduos sem insegurança alimentar, contudo, nos indivíduos

com IA o mau controlo glicémico poderá advir da dificuldade em manter uma alimentação

adequada ao seu estado de saúde(Seligman, H.K. et al., 2012).

A IA também foi associada a alguns fatores de risco para as doenças

cardiovasculares como a hipertensão e a dislipidemia(Seligman, H.K., Laraia, B.A., et al.,

2010; Stuff, J.E. et al., 2006).

Segundo Sattler e Lee (2013) idosos em situação de IA persistente (maior a 8

meses) têm 8 vezes maior probabilidade de aumentar os custos relacionados com a não

aderência à medicação e mais problemas de saúde (autorreportada, polimorbilidades e

polifarmácia) quando comparados com idosos sem insegurança alimentar(Sattler, E.L. e

Lee, J.S., 2013).

Além disso, destacam-se outros estudos que dão conta de indivíduos em situação

de IA reportam piores estados de saúde (física, mental e social) (Cook, J.T., 2002;

Kleinman, R.E. et al., 1998; Nelson, K. et al., 2001; Sorsdahl, K. et al., 2011; Vozoris, N.T.

e Tarasuk, V.S., 2003; Weinreb, L. et al., 2002; Willows, N. et al., 2011) e piores

capacidades para aprender e trabalhar(Cook, J.T., 2002; Kleinman, R.E. et al., 1998;

Wachs, T.D., 1995).

2.1.3. Medição de insegurança alimentar

A medição da insegurança alimentar pode ser efetuada através de vários métodos

como: vigilância alimentar e nutricional, inquéritos alimentares sobre o consumo de

alimentos, inquéritos rápidos e sistemas locais de informação(Pedraza, D.F., 2005).

Contudo, quando se aplicam indicadores indiretos corre-se o risco de não se

conseguir determinar adequadamente a insegurança alimentar e a fome. Por outro lado,

estes métodos são utilizados de forma inadequada, indicando um número excessivo de

famílias afetadas pela fome, que, muitas vezes, não se encontram na linha da pobreza

(Rose, D., 1999). Por isso, o Serviço de Alimentação e Nutrição do Departamento de

Agricultura dos Estados Unidos para tentar ultrapassar esse entrave, nos anos 90, iniciou

o processo de desenvolvimento e implementação de um instrumento adequado para medir

a insegurança alimentar e fome em agregados familiares. Este instrumento denominado

Household Food Security Survey Module é utilizado desde 1995 para colheita de dados

para avaliar a prevalência e severidade da insegurança alimentar nos agregados familiares

americanos(Nord, M. et al., 2006). Como algumas das questões não se adequam a todas

as culturas, quando o Household Food Security Survey Module é aplicado em países

diferentes dos de origem, há necessidade da sua validação para essa população. De

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acordo com Coates, J. et al. (2006) esta escala encontra-se validada em mais de 15 países

distribuídos por África, América Latina e Ásia.

No Brasil, foi ainda desenvolvida a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar

(EBIA) tendo como base a escala americana, este novo instrumento surgiu da necessidade

de uma metodologia e um instrumento brasileiro direcionado para o conhecimento da

insegurança alimentar, acompanhamento e avaliação do impacto das políticas públicas

(Segall-Corrêa, A.M. et al., 2003).

As perguntas da EBIA refletem a expectativa teórica de que o processo de

insegurança alimentar é provocado por alguma instabilidade socioeconómica que,

inicialmente desperta a preocupação com a falta de alimentos num futuro próximo. Se este

problema não for resolvido, começa por existir uma redução quantitativa na ingestão de

alimentos, inicialmente nos adultos e, por fim, nas crianças. Esta redução no início é ligeira,

porém pode agravar-se posteriormente, levando à fome(Radimer, K.L. et al., 1992).

Em Portugal, Gregório, M.J. et al. (2014) validaram uma escala de insegurança

alimentar (EIA) para a população portuguesa com base na EBIA. Esta escala classifica os

agregados familiares em 4 níveis de insegurança alimentar sem e com crianças (indivíduos

menores de 18 anos) (tabela 1).

Tabela 1 - Classificação e pontos de corte para insegurança alimentar.

Classificação Pontos de corte para os agregados familiares

Com crianças Sem crianças

Sem insegurança alimentar 0 0

Insegurança Alimentar Ligeira 1-5 1-3

Insegurança Alimentar Moderada 6-9 4-5

Insegurança Alimentar Grave 10-14 6-8

A EIA mostrou ser um método rápido, simples de aplicar, fiável e de rápida leitura de

resultados o que facilita a avaliação da IA das famílias portuguesas. Com a recolha deste

tipo de dados é possível, em tempo útil, proceder à avaliação da IA, bem como, aferir os

seus fatores associados, permitindo articular respostas de diferentes entidades (de saúde,

politicas, solidariedade social) que podem desempenhar um papel importante ao nível da

avaliação, monitorização e intervenção precoce da IA(Gregório, M.J. et al., 2014).

2.2. Autoeficácia alimentar

O conceito de autoeficácia foi introduzido e desenvolvido por Bandura, A. (1977),

no contexto dos modelos cognitivos de modificação do comportamento, tendo por base a

Teoria da Aprendizagem Social.

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Segundo este autor um dos processos que pode interferir no comportamento é a

motivação. A motivação está relacionada com a atuação e persistência do comportamento,

além de estar parcialmente enraizada em atividades cognitivas. Logo, a primeira fonte de

motivação é a capacidade para representar futuras consequências (resultados da ação),

ou seja, é a antecipação de que assumir um determinado comportamento acarretará em

uma determinada consequência. A segunda fonte de motivação é o tipo de objetivo que se

deseja alcançar e a reação de autoavaliar os seus desempenhos diante do objetivo

traçado(Bandura, A., 1977).

Logo, pode dizer-se que a autoeficácia é a capacidade que um indivíduo possui

para se considerar capaz de realizar com sucesso uma determinada ação(Bandura, A.,

1989). Assim, uma forte perceção de autoeficácia leva a um esforço mais vigoroso e

persistente de realizar uma ação, por outro lado, indivíduos que não se consideram

capazes de lidar com as exigências de determinada situação evitam envolver-se

nela(Bandura, A., 1977).

Portanto, no conceito de autoeficácia deve ser inserida a escolha, a execução e a

manutenção de um comportamento servindo para melhor conhecer as capacidades de

cada indivíduo, o que permite desenvolver e enfrentar melhor as mais diversas situações

impostas no seu dia-a-dia(Bandura, A., 1989; Lent, R. e Maddux, J., 1997).

Assim, a autoeficácia demonstra ser um conceito versátil e heurístico, que pode ser

aplicado em diversas áreas(Hofstetter Cr et al., 1990) e especialidades(Abusabha R e

Achterberg C, 1997). Vários estudos relacionam a autoeficácia com o desenvolvimento

intelectual (Bandura, A. et al., 1996), com a criatividade(Caprara, G.V. et al., 1998), com o

desenvolvimento social e bem-estar (Caprara, G.V. et al., 1998).

Na área da saúde, a autoeficácia consegue explicar que o comportamento é

determinado pela expectativa de resposta, ou seja, pela convicção (crença) de que um

dado comportamento determinará uma resposta específica, e, pela expectativa de eficácia

que consiste na convicção da capacidade que um individuo tem para desempenhar um

comportamento específico, numa situação que dê a resposta desejada.

Segundo O´Learry, A. (1992) os indivíduos com elevada perceção de autoeficácia

escolhem mais facilmente comportamentos de promoção de saúde e alteram os

comportamentos prejudiciais à sua saúde. Outro estudo de Pajares e Urban (2006), refe

que a autoeficácia promove a iniciação, adoção e manutenção de comportamentos

promotores de saúde. Altos níveis de autoeficácia estão relacionados com uma melhor

saúde, maior realização pessoal e melhor integração social(Bandura, A., 1997).

Mais especificamente na área da nutrição e alimentação, estudos abordam o efeito

da autoeficácia nos hábitos alimentares em geral(Conn, V.S., 1997; Strecher, V.J. et al.,

1986), enquanto outros versam comportamentos mais específicos, como o consumo de

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determinados alimentos ou nutrientes(Greene, G.W. et al., 2004; Resnicow, K. et al., 2000;

Schnoll, R. e Zimmerman, B.J., 2001). Além disso, outros trabalhos demonstram que a

autoeficácia é um fator determinante na perda de peso(Wamsteker, E.W. et al., 2005) tendo

também sido utilizada em estudos do comportamento, nomeadamente, no âmbito da

alimentação saudável(Pawlak, R. e Colby, S., 2009; Schwarzer, R. e Renner, B., 2000).

Tal como referido anteriormente, a definição de autoeficácia implica que se trate de

uma característica específica para cada tarefa(Bandura, A., 1989, 1997). Esta espe-

cificidade leva a que a operacionalização deste constructo implique uma definição prévia

do âmbito ou comportamento a que se refere. Relativamente à autoeficácia relacionada

com a alimentação têm sido propostas e aplicadas diversas escalas(Bijl, J.V. et al., 1999;

Clark, M.M. et al., 1991; Marinilli Pinto, A. et al., 2006) para situações clinicas especificas.

Atendendo a que estes instrumentos baseiam-se geralmente em afirmações sobre o

consumo de determinados alimentos ou sobre a alimentação em situações particulares

Poínhos, R. et al. (2013) desenvolveram e validaram pela primeira vez uma escala de

autoeficácia alimentar geral suprindo assim a necessidade de um instrumento para

avaliação de aspetos globais da autoeficácia face à alimentação validado para a população

portuguesa. Assim, esta “Escala de Autoeficácia Alimentar Global” (EAEAG) mostrou ser

um instrumento de fácil e rápida aplicação numa amostra de estudantes universitários.

Portanto, verifica-se que a autoeficácia aplicada à alimentação trás vantagens não

só em termos de investigação, mas também para o prognóstico e avaliação de

intervenções relacionadas com a alteração de hábitos alimentares(Poínhos, R. et al.,

2013).

2.3. Qualidade de Vida

A Organização Mundial de Saúde define como Qualidade de Vida a perceção do

indivíduo sobre a sua posição na vida, dentro do contexto dos sistemas de cultura e valores

nos quais está inserido e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e

preocupações(Whoqol Group, 1994). Este é um conceito holístico que é influenciado de

forma complexa pela saúde física, estado psicológico, nível de independência, relações

sociais, crenças pessoais e suas relações com características salientes do respetivo

meio(Whoqol Group., 1995).

A avaliação da qualidade de vida pode ser efetuada de várias formas, sendo que a

mais comumente utilizada é através de questionários, autoaplicados ou entrevistas que

variam de acordo com a abordagem e objetivos do estudo. Existem instrumentos

específicos como o Medical Outcomes Study Questionaire 36-Item Short Form Health

Survey (SF-36) para avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde e o World Health

Organization Quality of Life -100 (WHOQOL-100) para a avaliação da qualidade de vida

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geral que são tentativas de padronização das medidas permitindo comparação entre

estudos e culturas(Pereira, É.F. et al., 2012).

Para o desenvolvimento do WHOQOL-100, a OMS recorreu a uma metodologia

própria para construir o instrumento e recomenda também uma metodologia específica

para a sua validação noutros Centros Internacionais WHOQOL. Esta metodologia, é

composta por quatro fases e inclui:

1. Tradução dos instrumentos;

2. Preparação do estudo piloto qualitativo;

3. Desenvolvimento das escalas de resposta;

4. Estudo de campo quantitativo.

Este instrumento é composto por 100 questões organizadas em 6 domínios (físico,

psicológico, nível de independência, relações sociais, ambiente, aspetos

espirituais/religião/crenças pessoais), 24 facetas específicas e uma faceta geral de

avaliação global da qualidade de vida.

Em 1998, foi desenvolvida uma versão reduzida do WHOQOL-100, denominando-

se WHOQOL-Bref (Skevington, S.M. et al., 2004).

O WHOQOL-Bref é composto por 26 questões, duas gerais, relativas à perceção

geral de qualidade de vida e à perceção geral de saúde, e as outras 24 representam cada

uma das 24 facetas específicas que constituem o instrumento original. As questões que

compõem o instrumento foram enunciadas de acordo com metodologia específica da

OMS(Whoqol Group, 1994), e estão organizadas em escalas de resposta de tipo Likert de

5 pontos (intensidade, capacidade, frequência e avaliação). Além disso, o WHOQOL-Bref

está ainda organizado em quatro domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio

ambiente (Vaz Serra, A. et al., 2006b).

Com o desenvolvimento desta versão curta do WHOQOF-100 almejou-se poder

avaliar a qualidade de vida em situações em que o tempo é escasso, se pretenda diminuir

o cansaço dos respondentes e, a informação detalhada no que respeita a subdomínios da

qualidade de vida não avaliada em relação ao WHOQOL-100 (nível de independência e

aspetos espirituais/religião/crenças pessoais) não é relevante(Skevington, S.M. et al.,

2004).

O WHOQOL (em ambas as versões) está disponível em mais de 40 idiomas

diferentes(Skevington, S.M. et al., 2004) e é a nível internacional dos instrumentos mais

utilizados na avaliação da qualidade de vida(Canavarro, M.C. et al., 2008), sendo que o

WHOQOL-100(Vaz Serra, A. et al., 2006a) e WHOQOL-Bref(Vaz Serra, A. et al., 2006b),

também estão validados para a população portuguesa.

Em relação a estudos realizados em Portugal em que se avaliou a qualidade de

vida através do WHOQOL-Bref apenas se encontrou o estudo da sua validação (pesquisa

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realizada na Pubmed, ScienceDirect, B-on e Repositório Científico de Acesso Aberto de

Portugal). Este estudo de Vaz Serra, A. et al. (2006b) com 315 adultos da população em

geral “saudáveis” sendo que 170 pertenciam ao sexo feminino (54,0%) e tinham uma idade

inferior a 45 anos (57,1%) verificou esta população tinha uma classificação de 77,5%

(±12,3%) no domínio físico, 72,3% (±13,5%) no domínio psicológico, 70,4% (±14,5%) no

domínio das relações sociais e 64,9% (±12,2%) no domínio do meio ambiente e no domínio

geral 71,4% (±13,3%).

Existem, contudo, outros estudos na população portuguesa em que se utilizou o

WHOQOL-Bref para avaliar a qualidade de vida mas, em grupos específicos da população,

nomeadamente, cuidadores(Domingues, L., 2010; Pimenta, G. et al., 2009),

enfermeiros(Alves, C., 2012; Gonçalves, J., 2008), estudantes universitários(Meia-Via, A.,

2013), idosos(Fernandes, M., 2014; Neves, C. e Gomes, M., 2013; Silva, M., 2011),

professores ou indivíduos com doenças específicas(Reis, J., 2007; Silva, A.M. et al., 2011;

Silva, J., 2013; Simões, C. et al., 2015).

Verifica-se, assim, que a QV é um dado importante em estudos em saúde,

psicologia e economia, fornecendo aos investigadores e decisores políticos visão mais

abrangente dos efeitos de programas de intervenção(Diener, E. e Biswas-Diener, R.,

2002).

3. Objetivos

3.1. Objetivo geral

Avaliar a prevalência da insegurança alimentar, autoeficácia alimentar e qualidade

de vida de indivíduos residentes na Ilha Terceira, Açores.

3.2. Objetivos específicos

Avaliar a prevalência da IA bem como grau da mesma;

Relacionar a IA com fatores socioeconómicos, como situação profissional ou

existência de crianças no agregado familiar;

Verificar a associação da IA com o excesso de peso e obesidade dos indivíduos

inquiridos;

Relacionar a autoeficácia alimentar com o sexo dos indivíduos e existência ou não

de IA nos AF;

Avaliar a qualidade de vida em geral e identificar os domínios melhor classificados;

Relacionar a QV com o sexo dos indivíduos e existência ou não de IA nos AF.

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4. Metodologia

4.1. Desenho do estudo

Este estudo tem um caráter transversal e descritivo sobre a avaliação da

insegurança alimentar, qualidade de vida e autoeficácia alimentar de agregados familiares

residentes na Ilha Terceira, Açores. A recolha de dados foi realizada entre outubro de 2014

e março de 2015.

4.2. Local do estudo

A Ilha Terceira é a terceira maior ilha do arquipélago dos Açores com uma superfície

de 400 km2, e duas cidades: Angra do Heroísmo (239 km2) e Praia da Vitória (161 km2).

O concelho de Angra do Heroísmo representa 60% da área total da ilha, sendo

constituído por 19 freguesias: Sé, Nossa Senhora da Conceição, São Pedro, Santa Luzia,

São Bento, São Mateus da Calheta, Posto Santo, Terra Chã, São Bartolomeu dos Regatos,

Cinco Ribeiras, Santa Bárbara, Doze Ribeiras, Serreta, Raminho, Altares, Ribeirinha,

Feteira, Porto Judeu e São Sebastião.

A Praia da Vitória detém os restantes 40% da área total da Ilha Terceira sendo

constituída por 11 freguesias: As freguesias da Praia da Vitória são as seguintes: Santa

Cruz, Agualva, Biscoitos, Cabo da Praia, Fonte do Bastardo, Fontinhas, Lajes, Porto

Martins, Quatro Ribeiras, São Brás, Vila Nova(Instituto Nacional De Estatística., 2012).

Segundo o Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do

Território (2012), a Ilha Terceira não possui zonas urbanas atendendo ao número de

habitantes (mais de 4.000) e a densidade populacional (superior a 1.200

habitantes/km2)(Ministério Da Agricultura Do Mar Do Ambiente E Do Ordenamento Do

Território., 2012). Assim, neste estudo serão classificadas como zonas urbanas, as

freguesias pertencentes à cidade (Angra do Heroísmo - Sé, Nossa Senhora da Conceição,

São Pedro, Santa Luzia; Praia da Vitória - Santa Cruz) e as restantes como zonas rurais.

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Figura 2 - Mapa da Ilha Terceira com delimitação geográfica das freguesias e indicação dos dois

concelhos (Angra do Heroísmo e Praia da Vitória).

Fonte: http://www.terceiraemfesta.com/fotos/terceira1.jpg

4.3. População em estudo

Segundo o Censos 2011, residiam na Ilha Terceira 56 537 indivíduos: 35 402

residentes no concelho de Angra do Heroísmo e 21 035 no concelho da Praia da Vitoria.

Sendo que estes constituíam um total de 16 662 agregados familiares (10 303 em Angra

do Heroísmo; 6 359 na Praia da Vitoria)(Instituto Nacional De Estatística., 2012).

4.3.1. Amostra e critérios de elegibilidade

Foi utilizada uma amostra de conveniência composta por 449 indivíduos, distribuída

por quotas de localização geográfica (anexo 1), que se dirigiram à Unidade de Saúde da

Ilha Terceira (constituída pelo Centro de Saúde de Angra do Heroísmo, Centro de Saúde

da Praia da Vitória e, respetivas extensões de saúde) ou tinham agendado apoio

domiciliário no dia de aplicação dos questionários.

Foram incluídos agregados familiares residentes na Ilha Terceira, em que foi

entrevistado um individuo por agregado familiar que: aceitasse participar no estudo (após

esclarecimento- anexo 2), fosse capaz de responder às questões (incluindo avaliação

antropométrica), tivesse idade superior a 18 anos e assinasse a declaração de

consentimento informado (anexo 3).

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4.4. Ferramenta de inquirição

4.4.1. Caracterização sociodemográfica e económica dos inquiridos

O questionário (anexo 4), de aplicação indireta, com duração de aproximadamente

20 minutos, começa com uma caracterização sociodemográfica: sexo, idade, estado civil,

nacionalidade, concelho e freguesia de residência, habilitações literárias, profissão e

situação profissional bem como questões sobre o agregado familiar. Foram também

incluídas questões sobre o rendimento mensal bruto do agregado familiar e sobre a

receção e tipo de subsídios/pensões.

4.4.2. Saúde e alimentação

Acrescentaram-se duas questões: uma sobre os fatores que o inquirido acredita

influenciar a sua saúde e, outra sobre os fatores que o inquirido acredita terem maior

influencia na escolha dos alimentos que consome (retiradas do questionário do estudo

Alimentação e Estilos de Vida da População Portuguesa da autoria da Sociedade

Portuguesa de Ciências da Nutrição e Alimentação, mediante autorização.

4.4.3. Avaliação da Insegurança alimentar

A avaliação da insegurança alimentar foi realizada pela aplicação do questionário

pela Escala de Insegurança Alimentar (EIA), adaptada da Escala Brasileira de Insegurança

Alimentar (EBIA) e validada para a população portuguesa no estudo de Gregório, M.J. et

al. (2014).

A EIA refere-se aos últimos três meses e, possui 14 questões focadas na perceção

de IA, que abrangem desde a preocupação com a possível falta de alimentos, até à

restrição alimentar severa por dificuldades económicas. Além disso, possui 8 questões que

se referem à alimentação do agregado familiar no geral ou exclusivamente dos adultos e

as restantes 6 questões dizem respeito à alimentação das crianças com idade igual ou

inferior a 18 anos do mesmo agregado.

Estas questões referem-se à falta de alimentos por falta de dinheiro, à possibilidade

de realizar uma alimentação saudável e variada, à necessidade de um menor consumo de

alimentos por razões económicas e à presença de situações de restrição alimentar durante

um dia inteiro(Gregório, M.J. et al., 2014).

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4.4.4. Avaliação autoeficácia alimentar

De modo a avaliar a autoeficácia alimentar, validou-se a Escala de Autoeficácia

Alimentar Global (EAEAG) de Poínhos, R. et al. (2013) para este estudo uma vez que nesse

trabalho a EAEAG tinha apenas sido aplicada em estudantes universitários, ou seja, numa

amostra muito específica.

Assim, na validação da EAEAG utilizou-se a mesma metodologia de Poínhos, R. et

al. (2013) sendo que a consistência interna final das respostas da EAEAG, obtida através

do coeficiente de fidedignidade de Cronbach foi de α=0,687.

4.4.5. Avaliação da Qualidade de Vida

Para a avaliação da QV utilizou-se o WHOQOL-Bref que é composto por 26

questões estando organizadas em escalas de resposta de tipo Likert de 5 pontos

(intensidade, capacidade, frequência e avaliação) e divididas por quatro domínios: físico,

psicológico, relações sociais e meio ambiente e validada para a população portuguesa (Vaz

Serra, A. et al., 2006b) tal como descrito anteriormente.

Foi pedida autorização ao Centro Português da OMS para Avaliação da Qualidade

de Vida para aplicar esta ferramenta de avaliação da QV validada para a população

portuguesa sendo alvo de um parecer favorável (anexo 5).

A aplicação e cotação deste instrumento foram realizadas conforme o recomendado

por Canavarro, M.C. et al. (2008).

4.4.6. Avaliação antropométrica

A avaliação antropométrica foi realizada segundo os padrões internacionais de

avaliação antropométrica da “International Society for the Advancement of

Kinanthropometry”(International Society for the Advancement of Kinanthropometry., 2001).

O peso foi medido por uma balança analógica (Seca 761) com capacidade para 200kg e

precisão de +/- 100g. A altura foi medida por um estadiómetro fixo com uma faixa de

medição de 20-205cm e uma precisão de +/- 1 mm, por fim, o perímetro da cintura e anca

(e altura no domicilio) foram medidos com uma fita métrica com uma faixa de medição de

0-200 cm e uma precisão de +/- 1mm. De modo a garantir a precisão da medição da altura

e perímetro da cintura e anca, foram repetidas duas vezes sendo que quando diferiram

mais que 0,5 cm entre elas, foi realizada uma terceira, contando a média das três medições

realizadas.

4.4.7. Avaliação do estado nutricional e risco metabólico

A avaliação do estado nutricional dos indivíduos será realizada utilizando

classificação internacional de baixo peso, normoponderal, excesso de peso, obesidade

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grau I, obesidade grau II, e obesidade grau III pelo Índice de Massa Corporal (IMC) em

adultos segundo a Organização Mundial de Saúde, 2004(Weinreb, L. et al., 2002).

A gordura abdominal está relacionada com o risco metabólico (problemas de saúde

associados à obesidade como a diabetes, doenças cardiovasculares, pressão sanguínea

elevada).

A avaliação da obesidade abdominal faz-se pela medição do perímetro da cintura,

utilizando uma fita métrica, no ponto médio entre o rebordo inferior da costela e a crista

ilíaca. Admite-se, com valor clínico e epidemiológico, a classificação de dois níveis de risco

de complicações associadas à obesidade (tabela 2), através da determinação do perímetro

da cintura(Direção Geral Da Saúde., 2005).

Tabela 2 – Pontos de corte para classificação do nível de risco de complicações

metabólicas para o sexo masculino e feminino.

4.5. Análise estatística

A análise estatística do presente estudo foi realizada pela utilização do software de

Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 22.0.

A estatística descritiva consistiu no cálculo da média e desvio-padrão (dp) no caso

das variáveis cardinais, e no cálculo de frequências no caso das ordinais e nominais.

Utilizaram-se modelos de regressão logística binária para associar a existência ou

não de uma situação de insegurança alimentar nos agregados familiares com as variáveis

em estudo. Utilizou-se ainda o coeficiente de fidedignidade de Cronbach para efetuar testes

de fiabilidade. Em todas as análises foi considerado um nível de significância (p) de 5%.

4.6. Considerações éticas

O projeto foi submetido à Comissão de Ética da Universidade do Porto. Os

indivíduos foram informados (anexo 2) sobre os objetivos e metodologia do estudo e

convidados a participar neste. A recolha de dados foi efetuada após a assinatura da

declaração de consentimento informado (anexo 3) pelo indivíduo.

Circunferência da cintura (cm)

Nível de Risco de complicações metabólicas Masculino Feminino

Risco Aumentado 94-102 80-88

Risco Muito Aumentado ≥ 102 ≥ 88

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5. Resultados e discussão

5.1. Caracterização da amostra

A amostra foi constituída por 449 indivíduos com uma média de idades de 47,6±15,5

anos sendo que 56,7% pertenciam ao sexo feminino e 43,3% ao sexo masculino, as suas

características estão descritas na tabela 3.

Tabela 3 – Caracterização da amostra, sexo, faixa etária, estado civil, nacionalidade,

habilitações literárias e situação profissional.

Frequência (n =449) %

Sexo

Feminino 287 63,9

Masculino 162 36,1

Faixa etária

Dos 18-34 anos 95 21,2

Dos 35-49 anos 130 29,0

Dos 50-64 anos 139 31,0

Mais de 64 anos 85 18,9

Estado civil

Solteiro 87 19,4

Casado/ união de facto 277 61,7

Divorciado 43 9,6

Viúvo 42 9,4

Nacionalidade

Portuguesa 444 98,9

Outro 5 1,1

Habilitações literárias

Sem escolaridade/1º ciclo incompleto 41 9,1

Ensino Básico- 1º ciclo 175 39,0

Ensino Básico- 2º ciclo 72 16,0

Ensino Básico- 3º ciclo 75 16,7

Ensino Secundário/CET 59 6,0

Ensino Superior 27 13,4

Situação Profissional

Ativo 207 51,7

Doméstico/ Estudante 86 15

Reformado 97 21,7

Desempregado 59 11,7

Há menos de 6 meses 13 22,0

Igual ou superior a 6 meses 46 78,0

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Os intervalos etários mais representativos foram: “dos 50-64 anos” e “dos 35-49

anos” com 31,0% e 29,0% da amostra, respetivamente. Cerca de 62% dos participantes

são casados ou vivem em união de facto, 19,4% são solteiros e os restantes são

divorciados (9,6%) ou viúvos (9,4%). Em relação à escolaridade, verifica-se que a maioria

tem o 1º ciclo (39,0%) e 3º ciclo (16,7%) do ensino básico. Relativamente à situação

profissional, cerca de 52% dos inquiridos estão no ativo enquanto 11,7% estão numa

situação de desemprego sendo que a maior parte destes estão desempregados há 6 ou

mais meses.

Em relação à profissão dos inquiridos, como se pode observar na tabela 4, a maior

percentagem destes pertence à categoria de ”trabalhadores não qualificados” logo seguido

dos inquiridos que nunca trabalharam (18,9%) e em terceiro lugar “pessoal dos serviços e

vendedores” (17,6%).

Tabela 4 - Caracterização da amostra em relação à sua profissão segundo a Classificação

Portuguesa das Profissões(Instituto Nacional De Estatística. e Ip., 2011).

Classificação das profissões segundo a Classificação Portuguesa das Profissões

Frequência n=449

%

Profissões das forças armadas 3 0,7

Quadros Superiores da Administração Pública, Dirigentes e Quadros Superiores de Empresa

11 2,4

Especialistas das Profissões Intelectuais e Científicas 28 6,2

Técnicos e Profissionais de nível intermédio 19 4,2

Pessoal Administrativo e Similares 38 8,5

Pessoal dos Serviços e Vendedores 79 17,6

Agricultores e Trabalhadores Qualificados da Agricultura e Pescas 23 5,1

Operários, Artífices e Trabalhadores Similares 48 10,7

Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem

20 4,5

Trabalhadores não qualificados 95 21,2

Nunca trabalhou 85 18,9

Na tabela 5 estão presentes as características dos agregados familiares que

participaram no estudo. Pode-se verificar que mais de 50% dos agregados familiares são

compostos por 2 ou 3 elementos e que, maioritariamente, não possuem elementos com

idade igual ou superior a 65 anos nem crianças. A maior parte dos agregados familiares

reside em zonas rurais (69,9%). Verifica-se que, em relação aos rendimentos

brutos/ilíquidos aferidos pelo agregado familiar, se situam entre os 530-1060€ mensais

(36,3%), além disso, 63,0% destes recebem pelo menos uma pensão/subsidio.

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Tabela 5 – Caracterização dos agregados familiares, número, zona de residência,

rendimentos económicos e receção de subsídios/pensões.

5.2. Avaliação da insegurança alimentar

Pela análise da tabela 6, é possível verificar que a percentagem de agregados

familiares em situação de insegurança alimentar é de 33,6%. Sendo que o grau de

insegurança alimentar mais prevalente é a IA “ligeira” com cerca de 20% dos agregados

familiares nesta situação. Deste modo verifica-se que a prevalência da IA é inferior à de

Frequência (n =449) %

Número de elementos do agregado familiar

Um 44 9,8

Dois 121 26,9

Três 129 28,7

Quatro 99 22,0

Cinco ou mais 56 12,5

Número de elementos com mais de 65 anos

Nenhum 308 68,6

Um 89 19,8

Dois ou mais 52 11,6

Número de crianças do agregado familiar

Nenhuma 295 65,7

Uma 89 19,8

Duas 49 10,9

Três ou mais 16 3,6

Número de desempregados do agregado familiar

Nenhum 317 70,6

Um 91 20,3

Dois ou mais 41 9,1

Zona de residência do agregado familiar

Rural 314 69,9

Urbana 135 30,1

Rendimento bruto/ilíquido mensal do agregado familiar

Menos de 530€ 94 20,9

De 530€ a 1060€ 163 36,3

De 1061€ a 1590€ 83 18,5

De 1591€ a 2120€ 59 13,1

Mais de 2121€ 33 7,3

Não sabe 14 3,1

Não respondeu 3 0,7

Subsídios/pensões diferentes recebidas pelo agregado familiar

Recebem 283 63,0

Um 209 73,9

Dois 67 23,7

Três ou mais 7 2,5

Não recebe 165 36,7

Não sabe 1 0,2

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Portugal continental em 2013 (50,7%) segundo a Direção Geral Da Saúde. (2014), além

disso, o grau de IA “ligeira” é o mais prevalente, apesar de no continente português este

ter uma prevalência de 33,4% face a 19,6% na ilha Terceira.

Tabela 6 - Distribuição dos agregados familiares em função do grau de insegurança

alimentar.

Na tabela 7, podemos observar a distribuição dos inquiridos em função da

existência de crianças e grau de insegurança alimentar do agregado, verificando-se que a

maior parte dos agregados familiares “sem” e “com” crianças não se encontra numa

situação de insegurança alimentar com 69,5% e 60,5% respetivamente. Quanto ao grau

de insegurança alimentar, observa-se que nos agregados familiares “sem” e “com” crianças

o grau mais prevalente é a IA “ligeira” (15,9% e 26,6%, respetivamente), enquanto o grau

de IA menos prevalente nos agregados sem crianças é o moderado (7,1%), nos agregados

com crianças o grau de IA menos prevalente é o grave (3,9%).

Tabela 7 - Distribuição dos inquiridos em função da existência de crianças e grau de

insegurança alimentar do agregado.

Agregados familiares Frequência

(n=449) %

Sem crianças 295 65,7

Sem Insegurança Alimentar 205 69,5

Com Insegurança Alimentar 90 30,5

Ligeira 47 15,9

Moderada 21 7,1

Grave 22 7,5

Com crianças 154 34,3

Sem Insegurança Alimentar 93 60,4

Com Insegurança Alimentar 61 39,6

Ligeira 41 26,6

Moderada 14 9,1

Grave 6 3,9

Agregados familiares Frequência

(n=449) %

Sem Insegurança Alimentar 298 66,4

Com Insegurança Alimentar 151 33,6

Ligeira 88 19,6

Moderada 35 7,8

Grave 28 6,2

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5.3. Saúde e alimentação

Os resultados referentes ao que os inquiridos creem influenciar mais a sua saúde

em primeiro e segundo lugar estão representados na tabela 8. Assim, podemos observar

que os indivíduos pertencentes a agregados familiares que não vivem numa situação de

IA creem que o fator que mais influencia a sua saúde como primeira opção é a

“alimentação” (38,6%), logo seguida pelo “stress” (32,2%) e como segunda opção a

“alimentação” (21,5%), seguida pela “atividade física” (20,4%). Por outro lado, os indivíduos

inseridos em AF que vivem numa situação de IA creem que o fator que mais influencia a

sua saúde como primeira opção é “stress” (49,7%) logo seguida pela “alimentação” (25,8%)

e como segunda opção a “alimentação” (24,5%), seguida pelo “peso” (14,3%).

Considerando a amostra total, o fator referido como primeira opção é o “stress“ (38,1%)

seguido da “alimentação” (34,4%) e quando lhes é perguntado por um segundo fator que

mais influencia a sua saúde, a “alimentação” (22,5%) aparece em primeiro lugar, seguida

de ter uma “atividade física/fazer exercício” (18,1%). Estes resultados estão de acordo com

os encontrados pelo trabalho de Poínhos, R. et al. (2009) referente à 1ª fase do estudo

“Alimentação e Estilos de Vida da População Portuguesa” e Poínhos, R. et al. (2011) numa

amostra geral de 3529 indivíduos representativa da população portuguesa.

Tabela 8 – Fatores que os inquiridos acreditam influenciar mais a sua saúde (1ª e 2ª

opção).

Fatores que os inquiridos acreditam influenciar mais a sua saúde (%)

Agregados familiares Total Sem insegurança

alimentar Com insegurança

alimentar

Opção Opção Opção

1ª n=298

2ª n=289

1ª n=151

2ª n=247

1ª n=449

2ª n=436

Alimentação 115 38,6 62 21,5 39 25,8 36 24,5 154 34,3 98 22,5

Stress 96 32,2 41 14,2 75 49,7 19 12,9 171 38,1 60 13,8

Fumar 23 7,7 21 7,3 13 8,6 13 8,8 36 8,0 34 7,8

Peso 22 7,4 27 9,3 11 7,3 21 14,3 33 7,3 48 11,0

Não sabe 9 3,0 1 0,3 4 2,6 0 0,0 13 2,9 1 0,2

Meio ambiente 8 2,7 8 2,8 2 1,3 7 4,8 10 2,2 15 3,4

Atividade física 8 2,7 59 20,4 3 2,0 20 13,6 11 2,4 79 18,1

Álcool 7 2,3 10 3,5 2 1,3 4 2,7 9 2,0 14 3,2

Fatores genéticos 6 2,0 11 3,8 2 1,3 6 4,1 8 1,8 17 3,9

Nenhum destes 2 0,7 38 13,1 0 0,0 15 10,2 2 0,4 53 12,2

Apoio dos amigos e família 2 0,7 11 3,8 0 0,0 6 4,1 2 0,4 17 3,9

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Na tabela 9, estão presentes os resultados à questão sobre os fatores que

influenciam a escolha dos alimentos que o inquirido consome. Verifica-se que os indivíduos

pertencentes a agregados familiares que não vivem numa situação de IA os fatores mais

escolhidos como sendo aqueles que mais influenciavam a escolha dos alimentos que

consumiam foram como primeira, segunda e terceira opção: “sabor dos alimentos” (26,2%),

“tentar fazer uma alimentação saudável” (22,0%) e “hábito ou rotina” (18,6%),

respetivamente. Por outro lado, os indivíduos inseridos em AF que vivem numa situação

de IA apontaram o “preço dos alimentos” (38,4%), “disponibilidade de alimentos” (18,5%)

e “hábito ou rotina” (21,9%) como primeira, segunda e terceira opção, respetivamente.

Tabela 9 - Fatores que têm maior influência na escolha dos alimentos que os inquiridos consomem (%).

Fatores que têm maior influência na escolha dos alimentos que os inquiridos consomem (%)

Agregados familiares Total

Sem insegurança alimentar Com insegurança alimentar

Opção Opção Opção

1ª n=298

2ª n=296

3ª n=295

1ª n=151

2ª n=151

3ª n=151

1ª n=449

2ª n=447

3ª n=446

n % n % n % n % n % n % n % n % n %

Tentar fazer uma alimentação

saudável 76 25,5 65 22,0 25 8,5 30 19,9 26 17,2 18 11,9 106 23,6 91 20,4 43 9,6

O sabor dos alimentos

78 26,2 42 14,2 33 11,2 13 8,6 21 13,9 10 6,6 91 20,3 63 14,1 43 9,6

Preço dos alimentos

32 10,7 35 11,8 37 12,5 58 38,4 27 17,9 15 9,9 90 20,0 62 13,9 52 11,7

Hábito ou rotina 42 14,1 60 20,3 55 18,6 18 11,9 20 13,2 33 21,9 60 13,4 80 17,9 88 19,7

Disponibilidade de alimentos

22 7,4 18 6,1 23 7,8 12 7,9 28 18,5 15 9,9 34 7,6 46 10,3 38 8,5

Controlar o peso 18 6,0 17 5,7 26 8,8 8 5,3 9 6,0 14 9,3 26 5,8 26 5,8 40 9,0

Qualidade ou frescura dos

alimentos 11 3,7 33 11,1 41 13,9 5 3,3 12 7,9 21 13,9 16 3,6 45 10,1 62 13,9

Outra pessoa

decide a maior parte dos alimentos que eu

como

6 2,0 5 1,7 6 2,0 3 2,0 1 0,7 8 5,3 9 2,0 6 1,3 14 3,1

Facilidade ou conveniência de

preparação 4 1,3 7 2,4 20 6,8 1 0,7 2 1,3 3 2,0 5 1,1 9 2,0 23 5,2

Apresentação ou

embalagem 4 1,3 7 2,4 11 3,7 1 0,7 3 2,0 7 4,6 5 1,1 10 2,2 18 4,0

Conteúdo em aditivos,

corantes e conservantes

2 0,7 3 1,0 6 2,0 1 0,7 1 0,7 2 1,3 3 0,7 4 0,9 8 1,8

Não sabe 2 0,7 2 0,7 12 4,1 0 0,0 0 0,0 5 3,3 2 0,4 2 0,4 17 3,8

As minhas raízes

culturais, religiosas ou étnicas

0 0,0 2 0,7 0 0,0 1 0,7 0 0,0 0 0,0 1 0,2 2 0,4 0 0,0

Alimentação vegetariana ou

outros hábitos especiais

1 0,3 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 0,7 0 0,0 1 0,2 1 0,2 0 0,0

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Considerando a amostra total, “tentar fazer uma alimentação saudável” foi o fator

mais escolhido como primeira (23,6%) e segunda (20,4%) opção e “hábito ou rotina” foi o

mais escolhido como terceira opção (19,7%). Estes valores não são concordantes os

resultados encontrados por Poínhos, R. et al. (2009) para a amostra dos Açores em que

os fatores que mais influenciavam a escolha dos alimentos que os indivíduos consumiram

eram o “sabor” (60,1%), “qualidade ou frescura dos alimentos” (41,2%) e “tentar fazer uma

alimentação saudável” (37,1%).

5.4. Autoeficácia alimentar

A partir da Escala de Autoeficácia Alimentar Geral obtiveram-se os resultados

referentes à autoeficácia alimentar para o sexo masculino (59,8%±11,9%), sexo feminino

(60,3%±13,1%), agregados familiares sem IA (60,3%±12,1%), agregados familiares numa

situação de IA (59,93%±13,8%), e para a amostra total (60,1%±12,7%) (tabela 10).

A consistência interna das respostas da EAEAG, obtida através do coeficiente de

fidedignidade de Cronbach foi de α=0,608, revelando uma consistência interna aceitável.

Tabela 10 – Autoeficácia alimentar dos indivíduos por sexo e amostra total com valores

percentuais expressos em média e desvio padrão.

5.5. Avaliação da Qualidade de Vida

Com base na análise do WHOQOL-Bref obtiveram-se os resultados para a amostra

feminina, masculina e total referentes à QV Geral e subdividida em: Domínio Físico,

Domínio Psicológico, Domínio Relações Sociais, e Domínio Ambiente (tabela 11). A

consistência interna das 26 questões do WHOQOL-Bref, obtida através do coeficiente de

fidedignidade de Cronbach foi de α=0,918. Os menores valores percentuais para o sexo

feminino e masculino foram encontrados no Domínio Geral com 55,9% (±18,8%) e 60,8%

(±16,7%), respetivamente. Por outro lado, os maiores valores percentuais tanto para o sexo

feminino e masculino foram no Domínio Relações Sociais (69,4% (±18,4%) e 73,3%

(±14,0%), respetivamente). Verifica-se que os agregados familiares que não vivem numa

Masculino (n=162)

Feminino (n=287)

Agregados familiares

Total (n=449)

Sem insegurança

alimentar n= 298

Com insegurança

alimentar n= 151

Média (dp) Média (dp) Média (dp) Média (dp) Média (dp)

Autoeficácia alimentar (%)

59,8 (11,9) 60,3 (13,1) 60,3 (12,1) 59,9 (13,8) 60,1 (12,7)

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situação de insegurança alimentar possuem uma maior percentagem em todos os

domínios da QV (Geral: 62,4% (±16,0%); Físico: 70,3% (±17,1%); Psicológico: 69,9%

(±13,5%); Relações sociais: 73,4% (±13,5%); Ambiente: 72,0% (±10,6%) quando

comparados com os agregados familiares que vivem numa situação de insegurança

alimentar (Geral: 48,4% (±18,7%); Físico: 60,2% (±18,9%); Psicológico: 56,7% (±16,5%);

Relações sociais: 65,6 % (±15,1%); Ambiente: 59,6 % (±11,4%).

Analisando a amostra total verifica-se que o Domínio que possui maior percentagem

é o Domínio Relações Sociais com 70,8% (±14,5%).

Para comparação destes valores com outros estudos, optou-se por escolher os

dados referentes à população de “doentes” do estudo de validação do WHOQOL-Bref para

a população portuguesa(Vaz Serra, A. et al., 2006b), pois, nesta população estão incluídos

utentes de um centro de saúde, tal como no presente estudo. Assim, Vaz Serra, A. et al.

(2006b) encontraram valores de 54,9% (±19,5%), 64,4% (±17,5%), 64,5% (±18,1%), 58,8%

(±14,4%) e 49,1% (±20,2%), para o Domínio Físico, Domínio Psicológico, Domínio

Relações Sociais, e Domínio Ambiente e Domínio Geral, respetivamente. Ou seja, valores

inferiores ao deste estudo em todos os domínios. Por outro lado, o presente estudo,

também incluiu indivíduos da população em geral como os acompanhantes dos utentes,

por isso, comparando estes resultados com os encontrados por Vaz Serra, A. et al. (2006b)

para a população em geral, verifica-se que os indivíduos residentes na ilha Terceira

obtiveram uma percentagem superior nos domínios das Relações Sociais (73,3±14,0%) e

Ambiente (69,9±12,6%) face ao trabalho de Vaz Serra, A. et al. (2006b) com 70,4 %

(±14,5%) e 64,9% (±12,2%), respetivamente.

Tabela 11 – Avaliação da qualidade de vida (WHOQOL-Bref) por sexo e por agregados

familiares com e sem insegurança alimentar - valores percentuais expressos em média e

desvio padrão.

Domínio

Masculino

n=162

Feminino

n=287

Agregados familiares

Total

n=449

Sem

insegurança

alimentar

n= 298

Com

insegurança

alimentar

n= 151

Média (dp) Média (dp) Média (dp) Média (dp) Média (dp)

Geral 60,8 (16,7) 55,9 (18,8) 62,4 (16,0) 48,4 (18,7) 57,7 (18,2)

Físico 71,3 (17,3) 64,4 (18,4) 70,3 (17,1) 60,2 (18,9) 66,9 (18,3)

Psicológico 69,8 (14,2) 63,0 (16,4) 69,9 (13,5) 56,7 (16,5) 65,5 (15,9)

Relações Sociais 73,3 (14,0) 69,4 (14,7) 73,4 (13,5) 65,6 (15,1) 70,8 (14,5)

Ambiente 69,9 (12,6) 66,7 (12,1) 72,0 (10,6) 59,6 (11,4) 67,8 (12,3)

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27

5.6. Avaliação antropométrica

Na tabela 12 podemos verificar a caracterização antropométrica dos indivíduos em

estudo, o peso, estatura e IMC medido e reportado. O peso medido foi em média 78,3kg

(±16,3kg), a altura 163,0 cm (±9,2cm) e o IMC 29,6kg/m2 (±6,1kg/m2) enquanto os

terceirenses reportaram, em média, um peso de 77,4kg (±15,9kg), uma altura de 164,3cm

(±9cm) e um IMC de 28,9kg/m2 (±5, 9kg/m2).

Deste modo, verifica-se que esta amostra apresenta um peso maior e uma estatura

menor, bem como, um maior IMC quando comparados com a população portuguesa e

Região Autónoma dos Açores(Pinhão, S., 2014).

Além disso, geralmente os indivíduos reportam um peso inferior e uma altura

superior e, por isso, um IMC inferior ao medido estando de acordo com a tese de Pinhão,

S. (2014) no que respeita ao peso, altura e IMC em geral. Contudo, ao contrário do

apresentado por Pinhão, S. (2014) onde se verificou que os indivíduos do sexo masculino

reportaram um peso e IMC inferior ao medido, na amostra terceirense, foram os indivíduos

do sexo feminino que reportam valores mais discrepantes.

Tabela 12 - Caracterização antropométrica.

Masculino Feminino

Agregados familiares

Total Sem

insegurança

alimentar

n= 298

Com insegurança

alimentar

n= 151

n Média (dp) n Média (dp) n Média (dp) n Média (dp) n Média (dp)

Med

ido

Peso (kg) 162 82,0 (17,6) 287 76,3 (15,1) 298 79,0 (16,7) 151 76,9 (15,4) 449 78,3 (16,3)

Altura (cm) 162 171,0 (7,2) 287 158,5 (6,8) 298 163,7 (9,2) 151 161,9 (9,1) 449 163,0 (9,2)

IMC (kg/m2) 162 28,0 (5,6) 287 30,4 (6,2) 298 29,6 (6,1) 151 29,5 (6,1) 449 29,6 (6,1)

Rep

ort

ad

o Peso (kg) 157 81,6 (17,3) 277 75,0 (14,5) 288 78,2 (16,1) 146 75,8 (15,3) 437 77,4 (15,9)

Altura (cm) 158 171,8 (7,3) 272 159,9 (6,7) 289 164,8 (9,0) 141 163,1 (9,0) 430 164,3 (9,0)

IMC (kg/m2) 154 27,6 (5,4) 265 29,6 (6,0) 281 29,0 (5,8) 138 28,7 (6,0) 419 28,9 (5,9)

Quanto à distribuição das classes do IMC e risco metabólico em função do

perímetro da cintura, na tabela 13 é possível verificar que a prevalência de excesso de

peso e obesidade é de 75,8% e de 0,4% para o baixo peso. Sendo que o sexo feminino

(78,8%) possui uma prevalência de excesso de peso e obesidade superior ao sexo

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28

masculino (70,5%). Estes valores são em muito superiores aos encontrados por Pinhão, S.

(2014) para a população portuguesa (50,8%).

Em relação ao risco metabólico verifica-se que mais de metade possui um “risco

muito aumentado” (65,3%). Sendo que o sexo feminino possui um “risco metabólico muito

aumentado” (75,3%) superior ao sexo masculino (47,5%). Além disso, o sexo masculino

(32,1%) possui uma classificação de “baixo risco metabólico” superior ao sexo feminino

(11,1%). Estes resultados não são concordantes os valores encontrados por Pinhão, S.

(2014) para a população portuguesa que deu conta de uma prevalência de “baixo risco

metabólico” de 70,2% e que o sexo masculino possuía um “risco metabólico aumentado” e

“muito aumentado” superior (28,1%) ao sexo feminino (31,3%).

Tabela 13- Distribuição por classes de IMC e risco metabólico em função do perímetro da

cintura.

Masculino

n=162

Feminino

n=287

Agregados familiares

Total

n=449 Sem

insegurança

alimentar

n= 298

Com

insegurança

alimentar

n= 151

n % n % n % n % n %

Classes IMC

Baixo peso (< 18,5)

2 1,2 0 0,0 1 0,3 1 0,7 2 0,4

Normoponderal (18,5-24,9)

46 28,4 61 21,3 73 24,5 34 22,5 107 23,8

Excesso de peso (25,0-29,9)

67 41,4 83 28,9 99 33,2 51 33,8 150 33,4

Obesidade grau I (30,0-34,9)

34 21,0 70 24,4 70 23,5 34 22,5 104 23,2

Obesidade grau II (35,0-39,9)

9 5,6 55 19,2 39 13,1 25 16,6 64 14,3

Obesidade grau III (≥40,0)

4 2,5 18 6,3 16 5,4 6 4,0 22 4,9

Risco metabólico em função o perímetro da cintura

Baixo (♂- <94cm;♀- <80cm)

52 32,1 32 11,1 52 17,4 32 21,2 84 18,7

Aumentado (♂- ≥94cm;♀- ≥80cm)

33 20,4 39 13,6 55 18,5 17 11,3 72 16,0

Muito aumentado (♂- ≥102cm;♀- ≥88cm)

77 47,5 216 75,3 191 64,1 102 67,5 293 65,3

Distribuição da gordura corporal

Androide (♂- <1cm;♀- <0,8cm)

72 44,4 256 89,2 213 71,5 115 76,2 328 73,1

Ginóide (♂- ≥1cm;♀- ≥0,8cm)

90 55,6 31 10,8 85 28,5 36 23,8 121 26,9

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Em relação à distribuição da gordura corporal, verifica-se que a distribuição da

gordura corporal do tipo androide é a mais prevalente no total da amostra (73,1%), bem

como, em AF em situação de IA (76,2%) e, curiosamente, no sexo feminino (89,2%), pois

esta distribuição é tipicamente masculina, onde existe acumulação do tecido adiposo na

metade superior do corpo, sobretudo no abdómen. Este tipo de distribuição aumenta a

propensão a dislipidemias, resistência à insulina, diabetes de tipo 2, síndrome metabólica

e doenças cardiovasculares(Direção Geral Da Saúde., 2005). Deste modo, estes dados

corroboram a elevada prevalência de um elevado risco metabólico aumentado/muito

aumentado desta população.

5.7. Fatores associados à insegurança alimentar

Na tabela 14 apresenta-se a estimativa de risco para as situações de IA em relação

às características sociodemográficas a partir de uma regressão logística binária para

modelos ajustados e não ajustados a todas as variáveis da tabela.

Verifica-se que, em relação à análise binária para modelos não ajustados a todas

as variáveis, encontraram-se associações estatisticamente significativas entre a situação

de insegurança alimentar e o sexo feminino (OR: 1,670; IC 95%= 1,094-2,548), o facto de

estar divorciado (OR: 3,811; IC 95% =1,952-7,442), viver no concelho da Praia da Vitória

(OR: 0,554; IC 95%= 0,364-0,842), ter como habilitações literárias o 1º ciclo (OR: 0,496; IC

95%=0,250-0,988) e 3º ciclo (OR: 0,901; IC 95%=0,418-1,940) do ensino básico, bem

como, o ensino secundário ou curso de especialização tecnológica (CET) (OR: 0,194; IC

95%= 0,078-0,485), ensino superior (OR: 0,166; IC 95%= 0,049-0,564) e o facto de estar

desempregado (OR: 4,879; IC 95%= 2,638-9,024).

Deste modo, foram encontrados como fatores potencialmente protetores da

situação de insegurança alimentar o fato de se viver na Praia da Vitória, ter como

habilitações literárias o ensino básico (1º e 3º ciclo), ensino secundário/CET ou o ensino

superior. Como fatores de risco para a situação de IA encontraram-se o facto de ser do

sexo feminino, estar divorciado e desempregado, sendo que estes têm uma probabilidade

duas, quatro e cinco vezes superior de estar numa situação de insegurança alimentar em

comparação a ser do sexo masculino, estar casado/união de facto, estar no ativo,

respetivamente.

Por outro lado, pela análise binária para modelos ajustados a todas as variáveis

que se encontram listadas na tabela encontraram-se associações estatisticamente

significativas entre a situação de insegurança alimentar e o facto de o respondente estar

divorciado (OR: 3,294; IC95%= 1,581-6,860), viver no concelho da Praia da Vitória (OR:

0,472; IC 95%= 0,294-0,760), ter como habilitações literárias o 1º ciclo (OR: 0,363; IC 95%=

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0,166-0,791) e 3º ciclo (OR: 0,184; IC 95%= 0,068-0,494) do ensino básico, bem como, o

ensino secundário ou CET (OR: 0,083; IC 95%= 0,026-0,262), ensino superior (OR: 0,088;

IC 95%= 0,022-0,350) e o facto de estar desempregado (OR: 4,702; IC 95%= 2,327-9,497).

Tabela 14 - Estimativa de risco para as situações de Insegurança Alimentar em relação às

características sociodemográficas (regressão logística binária).

Modelos não ajustados Modelos ajustados

OR

95% IC para OR OR

95% IC para OR

Inferior Superior Inferior Superior

Sexo

Feminino 1,670* 1,094 2,548 1,598 0,947 2,697

Masculino Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. Ref.

Faixa etária

Dos 18-34 anos Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. Ref.

Dos 35-49 anos 1,147 0,653 2,015 0,739 0,343 1,594

Dos 50-64 anos 1,462 0,844 2,533 0,745 0,320 1,734

Mais de 64 anos 0,667 0,344 1,293 0,319 0,094 1,088

Estado civil

Solteiro 0,861 0,504 1,469 0,852 0,429 1,692

Casado/ união de facto Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. Ref.

Divorciado 3,811* 1,952 7,442 3,294* 1,581 6,860

Viúvo 1,255 0,635 2,479 1,320 0,584 2,985

Nacionalidade

Portuguesa Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. Ref.

Outro 3,000 0,496 18,150 1,540 0,202 11,750

Concelho

Angra do Heroísmo Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. Ref.

Praia da Vitória 0,554* 0,364 0,842 0,472* 0,294 0,760

Habilitações literárias

Sem escolaridade/1º ciclo incompleto Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. Ref.

Ensino Básico- 1º ciclo 0,496* 0,250 0,988 0,363* 0,166 0,791

Ensino Básico- 2º ciclo 0,901 0,418 1,940 0,432 0,169 1,106

Ensino Básico- 3º ciclo 0,370* 0,168 0,819 0,184* 0,068 0,494

Ensino Secundário/CET 0,194* 0,078 0,485 0,083* 0,026 0,262

Ensino Superior 0,166* 0,049 0,564 0,088* 0,022 0,350

Situação Profissional

Ativo Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. Ref.

Doméstico/ Estudante 1,679 0,986 2,858 1,191 0,628 2,257

Reformado 0,886 0,510 1,542 0,973 0,403 2,352

Desempregado 4,879* 2,638 9,024 4,702* 2,327 9,497

Há menos de 6 meses** Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. Ref.

Igual ou superior a 6 meses** 1,172 0,329 4,179 1,172 0,329 4,179

* p<0,05

**Apenas ajustado para a situação profissional OR e IC 95%: Odds Ratio com intervalos de 95% de confiança CET: Cursos de Especialização Tecnológica Ref.: Categoria de referência

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Assim, através da análise binária para modelos ajustados, foram encontrados os

mesmos fatores potencialmente protetores da situação de insegurança alimentar

encontrados pela análise binária para modelos não ajustados. Todavia, como fatores de

risco para a situação de IA encontraram-se o facto de estar divorciado e desempregado,

sendo que estes têm uma probabilidade três e cinco vezes superior de estar numa situação

de insegurança alimentar em comparação aos indivíduos casados/ em união de facto e

que estão empregados, respetivamente.

Estes resultados vão de encontro a outros estudos (Direção Geral Da Saúde., 2013,

2014) que relataram associações entre a insegurança alimentar e as habilitações literárias

(3º ciclo do ensino básico, ensino secundário e ensino superior) e o desemprego. Estes

estudos, ao contrário deste, destacam que ser do sexo masculino é um potencial fator de

risco para se estar numa situação de IA. Além disso, encontraram associações

estatisticamente significativas para o facto de os respondentes serem domésticos(Direção

Geral Da Saúde., 2013, 2014) ou estudantes(Direção Geral Da Saúde., 2013).

De seguida, na tabela 15, apresenta-se a estimativa de risco para as situações de

IA em relação às características do agregado familiar a partir de uma regressão logística

binária para modelos ajustados e não ajustados a todas as variáveis.

Verifica-se que, em relação à análise binária para modelos não ajustados a todas

as variáveis da tabela, a existência de associações estatisticamente significativas entre a

situação de insegurança alimentar e agregados familiares: com cinco ou mais elementos

(OR: 3,179; IC 95%= 1,378-7,338); com um elemento com idade superior a 65 anos (OR:

0,408; IC 95%= 0,232-0,719); com duas (OR: 1,856; IC 95%= 1,003-3,433), três ou mais

(OR: 5,011; IC95%= 1,692-14,842) crianças; com um (OR: 3,186; IC 95%= 1,963-5,172),

dois ou mais (OR: 6,713; IC 95%= 3,313-13,602) desempregados; que não recebem

subsídios ou pensões (OR: 0,493; IC 95%=0,320-0,758); e, que recebem dois (OR: 1,691;

IC 95%= 1,072-2,666), três ou mais (OR: 3,325; IC 95%= 1,865-5,928) subsídios ou

pensões.

Deste modo, conclui-se que os agregados familiares com cinco ou mais elementos,

com duas, três ou mais crianças têm três, duas e cinco vezes, mais probabilidade de

experimentar uma situação de insegurança alimentar que AF que possuem apenas um

elemento e sem crianças, respetivamente. Agregados familiares com dois ou mais

desempregados e que recebem dois, três ou mais subsídios ou pensões têm sete, duas e

três vezes maior probabilidade de estarem numa situação de IA em comparação com AF

sem desempregados, e que recebem apenas uma pensão/subsidio, respetivamente.

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Tabela 15 - Estimativa de risco para as situações de Insegurança Alimentar em relação às

características dos agregados familiares (regressão logística binária).

Modelos não ajustados Modelos ajustados

OR 95% IC para OR

OR 95% IC para OR

Inferior Superior Inferior Superior

Número de elementos do agregado familiar

Um Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. Ref.

Dois 1,268 0,600 2,679 1,744 0,718 4,239

Três 0,853 0,400 1,819 2,005 0,735 5,466

Quatro 1,037 0,477 2,254 2,412 0,816 7,132

Cinco ou mais 3,179* 1,378 7,338 7,444* 1,907 29,057

Número de elementos com mais de 65 anos

Nenhum Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. Ref.

Um 0,408* 0,232 0,719 0,327* 0,157 0,681

Dois ou mais 0,653 0,343 1,241 0,527 0,226 1,230

Número de crianças do agregado familiar

Nenhuma Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. Ref.

Uma 1,046 0,627 1,744 0,805 0,387 1,675

Duas 1,856* 1,003 3,433 1,089 0,422 2,811

Três ou mais 5,011* 1,692 14,842 1,127 0,212 5,986

Número de desempregados do agregado familiar

Nenhum Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. Ref.

Um 3,186* 1,963 5,172 1,607 0,864 2,991

Dois ou mais 6,713* 3,313 13,602 1,991 0,805 4,926

Zona de residência do agregado familiar

Rural Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. Ref.

Urbana 1,130 0,740 1,727 1,573 0,914 2,707

Rendimento bruto/ilíquido mensal do agregado familiar

Menos de 530€ 4,267 0,372 48,918 7,509 0,320 176,173

De 530€ a 1060€ 1,327 0,118 14,931 2,160 0,095 49,235

De 1061€ a 1590€ 0,306 0,026 3,659 0,402 0,017 9,502

De 1591€ a 2120€ 0,185 0,014 2,418 0,303 0,012 7,815

Mais de 2121€ 0,129 0,008 2,109 0,141 0,004 4,434

Não sabe 0,545 0,036 8,270 0,863 0,029 25,432

Não respondeu Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. Ref.

Receção de subsídios/pensões diferentes recebidas pelo agregado familiar

Sim Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. Ref.

Não 0,493* 0,320 0,758 0,869 0,470 1,606

Não sabe 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

Número de subsídios/pensões diferentes recebidas pelo agregado familiar**

Uma Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. Ref.

Duas 1,691* 1,072 2,666 1,117 0,263 4,756

Três ou mais 3,325* 1,865 5,928 2,185 0,485 9,847

* p<0,05

**Apenas ajustado para Receção de subsídios/pensões diferentes recebidas pelo agregado familiar

OR e IC95%: Odds Ratio com intervalos de 95% de confiança.

Ref.: Categoria de referência.

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33

Deste modo, foram encontrados como fatores potencialmente protetores da

situação de insegurança alimentar o fato dos agregados familiares: terem um elemento

com mais de 65 anos; e, não receberem pensões ou subsídios (este fator protetor justifica-

se pelo facto de os agregados familiares com maior poder económico não serem

comtemplados por apoios sociais). Em contrapartida, como fatores de risco para a situação

de IA encontra-se o facto de os agregados familiares: possuírem duas, três ou mais

crianças; terem dois, três ou mais desempregados; e, receberem duas, três ou mais

subsídios ou pensões (este fator de risco é justificado pelo facto de os agregados familiares

com baixas condições económicas receberem apoios sociais e, por isso, maior risco de

uma situação de insegurança alimentar, ou seja, não é pelo facto de o agregado familiar

receber subsídios ou pensões que tem maior risco de no futuro estar numa situação de

insegurança alimentar mas, o facto de estar numa situação de carência económica e daí

receber subsidio ou pensões). Sendo que agregados familiares com um, dois ou mais

desempregados têm três e seis vezes maior probabilidade, respetivamente, de ocorrerem

numa situação de IA que AF sem elementos desempregados.

Por outro lado, pela análise binária para modelos ajustados a todas as variáveis da

tabela encontrou-se uma associação estatisticamente significativa entre a situação de

insegurança alimentar e a existência de cinco ou mais elementos no agregado familiar (OR:

7,444; IC 95%= 1,907-29,057) e existir um elemento com mais de 65 anos (OR: 0,327; IC

95%= 0,157-0,681). Sendo que, no primeiro caso, trata-se de um fator de risco para a

situação de insegurança alimentar familiar em que agregados familiares com cinco ou mais

elementos possuem uma probabilidade sete vezes superior de incorrer numa situação de

IA em comparação com AG com apenas um elemento. Por outro lado, o segundo caso, ou

seja, a existência de um elemento com mais de 65 anos é um potencial fator protetor da

IA. Este resultado contraria o relatório de Direção Geral Da Saúde. (2013) que encontrou

uma associação estatisticamente significativa entre a IA e a existência de um elemento

com mais de 65 anos (OR: 1,536; IC 95%= 1,052-2,241) como fator de risco para a IA. Em

contrapartida, os resultados desta dissertação vão de encontro a uma notícia publicada no

jornal Público(Cunha, P., 2015) a 30-08-2015 “Avós são principal apoio contra os efeitos

da crise nas famílias” que relata as conclusões de um estudo realizado no Centro de

Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Nele, concluiu-se que as famílias não têm

margem para surpresas no orçamento familiar e que avós e mulheres amortecem os efeitos

da crise na medida em que os avós ajudam na aquisição de casa, carro, pagamento de

empréstimos ou com bens alimentares e as mulheres, devido à retenção de custos como

em contratações de empregadas domésticas, creche ou lar, assumem mais trabalho

familiar não remunerado.

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Na tabela 16, apresenta-se a associação entre os fatores que os respondentes

acreditam ter maior influência na sua saúde com o facto de estarem ou não numa situação

de insegurança alimentar.

Assim, registou-se uma associação estatisticamente significativa entre a situação

de insegurança alimentar e o stress como fator que mais influencia a saúde dos

respondentes quando é utilizando a regressão logística binária com modelos não ajustados

(OR: 1,910; IC 95%=1,281-2,848), porém, utilizando modelos ajustados para todas as

variáveis esta associação desaparece (OR: 0,766; IC 95%= 0,104-5,651). Conclui-se, que

indivíduos que vivem em AF numa situação de IA têm uma possibilidade duas vezes maior

de acreditar que o stress influencia a sua saúde em comparação com indivíduos que não

vivem em AF sem uma situação de IA. Além disso, o stress é apontado como um potencial

fator de risco para a situação de IA, contudo, não será o stress que leva a uma situação de

insegurança alimentar mas sim o contrário, ou seja, estar numa situação de insegurança

alimentar ou experimentarem outros fatores que levam à insegurança alimentar que são

também causadores de stress como perder o emprego(Rose, D., 1999).

Tabela 16 – Associação entre a situações de Insegurança Alimentar e os fatores que os

inquiridos acreditam ter maior influência na sua saúde (regressão logística binária).

Quais são os 2 fatores que acredita terem maior influência na sua saúde?

Modelos não ajustados Modelos ajustados

OR 95% IC para OR

OR 95% IC para OR

Inferior Superior Inferior Superior

Não sabe 0,784 0,242 2,541 0,204 0,004 10,444

O meio ambiente 1,117 0,482 2,591 0,563 0,060 5,247

A alimentação 0,675 0,455 1,000 0,374 0,050 2,794

Os fatores genéticos/ predisposição familiar 0,986 0,432 2,250 0,404 0,047 3,475

O stress 1,910* 1,281 2,848 0,766 0,104 5,651

O peso 1,313 0,796 2,164 0,550 0,071 4,252

Fumar 1,201 0,707 2,040 0,536 0,069 4,172

Ter uma atividade física/ fazer exercício 0,620 0,368 1,043 0,360 0,046 2,804

O consumo de bebidas alcoólicas 0,684 0,264 1,772 0,329 0,036 2,984

O apoio da família e dos amigos 0,907 0,338 2,436 0,400 0,043 3,698

Nenhum destes 0,732 0,390 1,376 0,334 0,039 2,865

* p<0,05 OR e IC95%: Odds Ratio com intervalos de 95% de confiança.

Este resultado está de acordo com o estudo de Vozoris, N.T.e Tarasuk, V.S. (2003)

que também encontrou uma associação estatisticamente significativa entre o stress e

agregados familiares com insuficiência alimentar (OR: 2,900; IC 95%=2,400 – 3,500) e o

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de Che, J.e Chen, J. (2001) que relatou uma associação entre o stress e agregados

familiares em situação de insegurança alimentar (OR: 3,200; IC 95%=2,700-3,800). Não

foi encontrada mais nenhuma associação estatisticamente significativa entre a IA e outras

variáveis em ambos os modelos.A associação entre os fatores que os inquiridos acreditam

ter maior influência na escolha dos alimentos que consomem com o facto de estarem ou

não numa situação de insegurança alimentar estão apresentados na tabela 17. Quando se

aplica uma regressão logística binária com modelos não ajustados verifica-se que o preço,

com um valor de razão de possibilidade de 3,658 (IC 95%=2,420-5,527) e a disponibilidade

dos alimentos com 2,137 (IC 95%=1,387-3,294) têm uma possibilidade quatro e duas vezes

maior, respetivamente, de influenciar a escolha dos alimentos de indivíduos que vivem em

AF numa situação de IA em relação aos indivíduos que não vivem em AF que não vivem

numa situação de IA.

Além disso, o sabor dos alimentos (0,390; IC 95%=0,257-0,592) possui uma

associação estatisticamente significativa com a situação de insegurança alimentar.

Tabela 17 - Associação entre a situações de Insegurança Alimentar e os fatores que os

inquiridos acreditam ter maior influência na escolha dos alimentos que consomem

(regressão logística binária).

* p<0,05 OR e IC95%: Odds Ratio com intervalos de 95% de confiança.

Por outro lado, quando se aplica uma regressão logística binária com modelos

ajustados para todas as variáveis verifica-se que o preço dos alimentos, com um valor de

Quais são os 3 fatores que têm maior influência na sua escolha dos

alimentos que consome?

Modelos não ajustados Modelos ajustados

OR 95% IC para OR

OR 95% IC para OR

Inferior Superior Inferior Superior

Não sabe 0,839 0,316 2,230 4,652 0,438 49,456

Hábito ou rotina 0,776 0,524 1,150 2,110 0,317 14,042

O sabor dos alimentos 0,390* 0,257 0,592 1,283 0,187 8,814

Preço dos alimentos 3,658* 2,420 5,527 10,658* 1,576 72,073

Controlar o seu peso 1,004 0,618 1,630 4,894 0,693 34,555

Disponibilidade de alimentos 2,137* 1,387 3,294 5,734 0,830 39,615

Apresentação ou embalagem 0,986 0,465 2,091 2,970 0,395 22,353

Outra pessoa decide a maior parte dos alimentos que eu como

1,427 0,663 3,071 5,506 0,689 44,026

Alimentação vegetariana ou outros hábitos especiais

1,980 0,123 31,876 8,205 0,200 336,502

Conteúdo em aditivos, corantes e conservantes

0,710 0,222 2,268 1,818 0,195 16,939

As minhas raízes culturais, religiosas ou étnicas

0,987 0,089 10,969 11,210 0,515 244,085

Facilidade ou conveniência de preparação

0,370* 0,150 0,909 1,152 0,144 9,230

Tentar fazer uma alimentação saudável 0,764 0,516 1,132 2,259 0,338 15,077

Qualidade ou frescura dos alimentos 0,843 0,540 1,315 2,723 0,397 18,673

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razão de possibilidade de 10,658 (IC 95%=1,57-72,073) têm uma possibilidade onze vezes

maior de influenciar a escolha dos alimentos de indivíduos que vivem em AF numa situação

de IA em relação aos indivíduos que não vivem em AF que não vivem numa situação de

IA.

A partir dos resultados apresentados na tabela 18, pode-se observar que existe

uma associação estatisticamente significativa, quando os modelos não são ajustados para

todas as variáveis, entre a insegurança alimentar e a qualidade de vida em todos os seus

domínios (geral (OR: 0,954; IC 95%=0,942-0,967); físico (OR: 0,967; IC 95%=0,959-0,981);

psicológico (OR: 0,944; IC 95%=0,930-0,958); relações sociais (OR: 0,962; I C 95%=0,948-

0,976); ambiente (OR: 0,900; IC 95%=0,879-0,921)).

Tabela 18 - Estimativa de risco para as situações de Insegurança Alimentar em relação à

autoeficácia alimentar, qualidade de vida, índice de massa corporal e risco cardiovascular

(regressão logística binária).

Modelos não ajustados Modelos ajustados

OR 95% IC para OR

OR 95% IC para OR

Inferior Superior Inferior Superior

Autoeficácia alimentar 0,998 0,982 1,013 1,005 0,986 1,025

Qualidade de vida

Domínio Geral 0,954* 0,942 0,967 0,983 0,965 1,003

Domínio Físico 0,970* 0,959 0,981 1,016 0,996 1,035

Domínio Psicológico 0,944* 0,930 0,958 0,967* 0,945 0,989

Domínio Relações Sociais 0,962* 0,948 0,976 1,008 0,987 1,029

Domínio Ambiente 0,900* 0,879 0,921 0,915* 0,888 0,943

Classes IMC

Baixo peso (< 18,5) 2,667 0,143 49,756 0,485 0,006 37,566

Normoponderal (18,5-24,9) 1,242 0,447 3,454 2,424 0,593 9,904

Excesso de peso (25,0-29,9) 1,374 0,507 3,724 1,68 0,51 5,535

Obesidade grau I (30,0-34,9) 1,295 0,465 3,606 1,982 0,602 6,526

Obesidade grau II (35,0-39,9) 1,709 0,59 4,955 2,144 0,622 7,386

Obesidade grau III (≥40,0) Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. Ref.

Risco metabólico

Baixo (♂-≤94cm;♀- ≤80cm) 1,152 0,698 1,903 1,626 0,507 5,22

Aumentado (♂- ≥94cm;♀- ≥80cm) 0,579 0,319 1,049 0,85 0,347 2,085

Muito aumentado (♂- ≥102cm;♀- ≥88cm)

Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. Ref.

Distribuição da gordura corporal

Androide (♂- <1cm;♀- <0,8cm) Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. Ref.

Ginóide (♂- ≥1cm;♀- ≥0,8cm) 0,784 0,5 1,231 0,88 0,398 1,947

* p<0,05 IMC: Índice de Massa Corporal. OR e IC95%: Odds Ratio com intervalos de 95% de confiança Ref.: Categoria de referência

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Porém, analisando as variáveis incluídas nos modelos ajustados para todas as

variáveis, verifica-se que existe uma associação estatisticamente significativa entre a

existência ou não de insegurança alimentar e qualidade de vida no domínio psicológico

(OR: 0,967; IC 95%=0,945-0,989) e do ambiente (OR: 0,915; IC 95%=0,888-0,943), não

sendo associações entre as outras variáveis da referida tabela.

Não foram encontrados estudos que comparassem a situação de insegurança

alimentar com a autoeficácia alimentar nem a qualidade de vida pelo WHOQOL-Bref.

Além disso, ao contrário de outros trabalhos(Álvares, L., 2013; Direção Geral Da

Saúde., 2013, 2014; Gregório, M.J. et al., 2013; Pan, L. et al., 2012), neste estudo, tal como

noutros(Robaina, K.A. e Martin, K.S., 2013; Rocha, P., 2011; Vozoris, N.T. e Tarasuk, V.S.,

2003) não foram encontradas associações entre nenhuma classe do IMC e a situação de

insegurança alimentar.

Terminada a apresentação dos resultados, é oportuno discutir algumas limitações

deste estudo e consequentemente acautelar a sua interpretação uma vez que:

1. O desenho transversal deste estudo não permite a exploração de uma relação

causal entre os fatores identificados e insegurança alimentar;

2. O tamanho da amostra representa cerca de 3% do número de agregados

familiares residentes na ilha Terceira, ou seja, é uma amostra pequena em

relação à população total da ilha Terceira.

3. Amostra foi do tipo não probabilístico consistindo em utentes ou seus familiares

que recorreram aos cuidados de saúde primários da ilha Terceira e, por isso, não

é uma amostra verdadeiramente representativa da população terceirense, pelo

que este facto pode ser considerado como uma limitação deste estudo, não

podendo os dados ser extrapolados para a população açoriana;

Apesar destas limitações, destaca-se como pontos fortes do presente estudo a sua

amostragem por quotas, que permitiu recrutar indivíduos de todas as freguesias da Ilha

Terceira sendo uma amostra representativa em termos geográficos, além disso, os dados

antropométricos foram registados por um investigador com formação da área não se

ficando apenas pelo peso e altura autoreportados. Deste modo, acredita-se que se irá

contribuir para o conhecimento e caracterização da situação insegurança alimentar,

autoeficácia alimentar e qualidade de vida na ilha Terceira, sendo o primeiro estudo que

descreve a situação referente à IA na Região Autónoma dos Açores, podendo servir de

base para um estudo de maiores dimensões que abranja todo o arquipélago, bem como, a

elaboração de políticas e iniciativas para diminuir a situação de insegurança alimentar e

aumentar a qualidade de vida e autoeficácia alimentar na região.

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6. Conclusão

Este foi o primeiro estudo sobre a insegurança alimentar na Região Autónoma dos

Açores tendo-se encontrado uma prevalência de IA (33,6%) inferior à do Continente

português (cerca de 50% em 2014). Sendo também o primeiro estudo em que se utilizou a

EAEAG na população adulta tendo-se encontrado uma autoeficácia alimentar de cerca de

60% o que revela um controlo moderado da alimentação dos indivíduos que participaram

no estudo, não sendo, portanto, surpreendente ter-se encontrado uma prevalência de

excesso de peso/obesidade superior a 75% e um risco metabólico aumentado/ muito

aumentado superior a 80%.

Em relação à avaliação da qualidade de vida, verificou-se que, no total em média

os indivíduos obtiveram uma pontuação no domínio Geral, Físico, Psicológico, Relações

Sociais e Ambiente de cerca 58%, 67%, 66%, 71% e 68%, respetivamente. Verificou-se

que o sexo feminino e os agregados familiares que viviam uma situação de insegurança

alimentar foram os que apresentaram pontuações inferiores em todos os domínios da

qualidade de vida.

Quando se procuraram encontrar associações entre a IA e as variáveis em estudo

através de uma regressão logística binomial, verificou-se que, quando que utilizaram

modelos não ajustados, encontraram-se associações estatisticamente significativas entre

a IA e o sexo feminino, estado civil (divorciado), concelho de residência (Praia da Vitória),

habilitações literárias (1º ciclo do ensino básico), situação profissional (desempregado),

número de elementos do agregado familiar (cinco ou mais), número de indivíduos do AG

com mais de 65 anos (um), número de crianças do AG (duas), número de elementos do

AG desempregados (um, dois ou mais) não receção de subsídios/pensões sociais, a

receção de dois ou mais subsídios/pensões sociais e a qualidade de vida em todos os seus

domínios. Por outro lado, quando se utilizaram modelos ajustados para todas as variáveis

apenas se encontraram associações estatisticamente significativas entre a IA e situação

profissional (desempregado), número de elementos do AG desempregados (um, dois ou

mais) e número de indivíduos do AG com mais de 65 anos (um).

Deste modo, face a estes resultados e, apesar de a prevalência de IA na ilha

Terceira ser inferior à de Portugal continental como referido anteriormente, não representa

a RAA como um todo, por isso, sugere-se a realização de mais estudos sobre a

insegurança alimentar nos Açores que abranjam todas as ilhas do arquipélago e cujo modo

de recrutamento não seja apenas os centros de saúde de modo a diversificar a amostra.

Sendo que também devem ser realizados estudos sobre este tema na Região Autónoma

da Madeira uma vez que até à data desconhecem-se dados relativos à insegurança

alimentar nessa região. Propõe-se, ainda, um estudo que validasse a EAEAG para a

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população portuguesa em geral uma vez que esta escala é útil para o prognóstico e

avaliação de intervenções relacionadas com a alteração de hábitos alimentares(Poínhos,

R. et al., 2013).

Além disso, como a prevalência de excesso de peso/obesidade e o risco metabólico

aumentado/muito aumentado é muito elevada, urge intervir nesta população aumentando

a realização de atividades promotoras de saúde para a população em geral com especial

enfoque nos agregados familiares em situação de IA com vista a estimular estilos de vida

saudáveis, económicos e, consequentemente melhorar a qualidade de vida e autoeficácia

alimentar.

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Anexos

Índice de Anexos

Anexo 1 – Distribuição da amostra ....................................................................................................... 1

Anexo 2 – Informação aos participantes ............................................................................................ 3

Anexo 3 – Declaração de consentimento Informado ..................................................................... 5

Anexo 4 – Ferramenta de inquirição .................................................................................................... 7

Anexo 5 – Pedido para autorização do WHOQOL-Bref ............................................................. 14

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Anexo 1 – Distribuição da amostra

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Anexo 2 – Informação aos participantes

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Anexo 3 – Declaração de consentimento Informado

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Anexo 4 – Ferramenta de inquirição

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Anexo 5 – Pedido para autorização do WHOQOL-Bref

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